caderno de resumos - Gestão da Informação

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caderno de resumos - Gestão da Informação
25º Encontro Anual da
Associação Nacional
de Programas de
Pós-Graduação em
Comunicação
25º Encontro Anual da
Associação Nacional
de Programas de
Pós-Graduação em
Comunicação
Goiânia
7 a 10 de junho de 2016
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO
Diretoria 2016/2017
Presidente
Prof. Dr. Edson Fernando Dalmonte
Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas - UFBA
Vice-Presidente
Profa. Dra. Cristiane Freitas Gutfreind
Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social - PUC-RS
Secretário-Geral
Prof. Dr. Rogério Ferraraz
Programa de Pós-Graduação em Comunicação - Universidade Anhembi Morumbi
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Reitor
Prof. Dr. Orlando Afonso Valle do Amaral
Vice-Reitor
Prof. Dr. Manoel Rodrigues Chaves
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
Diretor
Prof. Dr. Magno Medeiros
Vice-diretora
Profa. Dra. Eliany Alvarenga de Araújo
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO
Coordenação
Profa. Dra. Ana Carolina Rocha Pessôa Temer
Vice-coordenação
Prof. Dr. Claudomilson Fernandes Braga
COORDENAÇÃO GERAL
Ana Carolina Rocha Pessôa Temer
COORDENAÇÃO EXECUTIVA
Claudomilson Fernandes Braga
Rosana Maria Ribeiro Borges
Simone AntoniaciTuzzo
Tiago Mainieri Oliveira
PRODUÇÃO EXECUTIVA
Comissão Financeira e de Obtenção de Recursos
Tiago Mainieri Oliveira
Luiz AntonioSignates Freitas
Rosana Maria Ribeiro Borges
Claudomilson Fernandes Braga
Comissão de Identificação, Espaço Físico e Equipamentos
Alexandre Tadeu dos Santos
Magno Luiz Medeiros da Silva
Comissão de Transporte e deslocamentos
Andréa Pereira dos Santos
Ângela Teixeira de Moraes
Comissão de Lançamento de Livros
Luiz AntonioSignates Freitas
Maria Francisca Magalhães Nogueira
Comissão de Apoio e Hospedagem
GoiaméricoFelicio Carneiro dos Santos
Suely Henrique Gomes
Comissão Cultural
Rosana Maria Ribeiro Borges
GoiaméricoFelicio Carneiro dos Santos
Comissão de Apoio Editorial
Nélia Del Bianco
Luciene de Oliveira Dias
Coordenação do Apoio discente
Jordana Oliveira
Jordânia Bispo Rocha
Carolina Silva de Moura
IDENTIDADE VISUAL E DIAGRAMAÇÃO
Paulline Guimarães Brandão e Abner Gabriel Sousa Soares - Núcleo de Publicidade Institucional da Assessoria de Comunicação da UFG
APOIO
Rhayssa Fernandes Mendonça, Núcleo de Relações Públicas da Assessoria de Comunicação
da UFG. SECRETARIA
Tessa Monteiro Lettieri
Annelise Vinhal Lício
Boas vindas ao 25º Encontro COMPÓS
Este 25º Encontro da COMPÓS – Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação – acontece em meio a um momento bastante conturbado de nossa
história. O cenário político é de incertezas e, ao mesmo tempo, de esperança, que deve ser
mantida a todo custo. Nesse clima, a ideia de um encontro é muito propícia. Para além de um
evento científico consolidado, o Encontro de 2016, sediado em Goiânia, será oportuno para
rever nossos pares, amigos, parceiros de trabalho, e encontrar gente nova, movidos todos pela
vontade de produzir pesquisa, contribuir com a educação e assegurar um futuro melhor para
a nossa gente. Em momentos adversos, é fundamental o encontro, a conversa e a partilha.
Esse encontro de 2016, que chega a um quarto de século, apresenta uma configuração
bastante distinta das origens da associação, criada por alguns Programas em 1991. Hoje,
contamos com quase 50 PPGs filiados, oriundos de todas as regiões do país. São muitos os
desafios de uma Área ainda jovem que se afirma como campo de investigação, e segue contribuindo com o debate sobre o lugar da comunicação na construção de uma sociedade mais
justa e igualitária, com respeito aos pactos e conquistas sociais, em especial a Democracia.
A diversidade temática dos nossos objetos e temas de pesquisa pode ser constatada
pelos 170 trabalhos selecionados para os 17 GTs que atualmente compõem o Encontro Anual
da COMPÓS.
Com profunda esperança e votos de melhores dias, damos as boas vindas a todas e
todos.
Edson Dalmonte (Presidente)
Cristiane Freitas Gutfreind (Vice-Presidente)
Rogério Ferraraz (Secretário Geral)
Diretoria 2015-2017
Bem vindos ao PPGCOM/UFG – Compós 2016 – Goiânia
O Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás busca estabelecer-se como lugar
de promoção da reflexão crítica a respeito dos sentidos da comunicação. Neste sentido, ao
receber o XXV COMPÓS GOIÂNIA/GO, o programa dá prosseguimento a uma proposta
que antecede até mesmo a sua criação, uma vez que seus professores estiveram presente no
primeiro encontro da COMPÓS, igualmente realizado no Estado de Goiás.
Dessa forma, o retorno do Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de
Pós-Graduação em Comunicação – COMPÓS - para o Estado é ao mesmo tempo um prazer um privilégio, e todas as nossas ações tem sido no sentido de receber os congressistas da
melhor forma possível e, sobretudo, proporcionar o melhor ambiente possível para debater
a comunicação.
Mais do que em qualquer ocasião, a forte presença das mídias e da interferência dos
processos de comunicação mediados tem marcado presença na situação social e política do
Brasil. Mais do que nunca também, a atuação dos meios e a reflexão sobre a comunicação
devem estar presentes uma vez que trata-se de um mundo de muitas vozes no qual estudar
comunicação, em suas múltiplas faces, é um desafio e uma necessidade.
Essa tem sido, aliás, a motivação do PPGCOM – UFG, que atua em duas vertentes de
interface a da cultura e a da cidadania, e trabalha com a perspectiva de aprofundar cada vez
mais essa orientação, com a realização, já em curso, de vínculos com universidades e pesquisadores de ponta, no país e no mundo.
Assim, a proposta deste PPG é garantir um nível cada vez mais alto de formação pósgraduada, no qual a pesquisa e a reflexão teórica e epistemológica sobre a comunicação possam operar a qualificação da produção de conhecimento na área e estabelecer uma tradição
de pensamento, no qual a noção de comunicação ocupe a centralidade da composição do
objeto. E, com isso, estabelecer as condições para uma reflexão crítica sobre a comunicação
na sociedade, seja pela formação de professores e pesquisadores capazes para tal, seja pelo
aperfeiçoamento dos recursos humanos disponíveis ao mundo profissional, capazes da compreensão aprofundada a respeito de seus próprios afazeres.
O quadro docente deste PPG conta atualmente com pesquisadores fortemente estimulados a alcançar tais objetivos. Tem sido grande o esforço recente no sentido de tanto
ampliar e qualificar a produtividade acadêmica, quanto garantir a participação do Programa
nos fóruns e congressos onde se debatem os percursos e direcionamentos do campo da comunicação no Brasil.
Alguns cursos de graduação da FIC estão entre os mais antigos e tradicionais da Universidade e do Estado de Goiás. São cursos nas áreas de comunicação social (jornalismo,
publicidade e relações públicas) e de ciência da informação (biblioteconomia e gestão da
informação), os quais, especificamente em Goiás, têm cumprido um importante papel no
campo da profissionalização dos quadros de trabalho e gestão da comunicação e da informação. Com a recente ampliação do ensino superior privado no país, ampliou-se a demanda por
formação docente e de pesquisa na área em Goiás e, nesse sentido, o PPG em Comunicação
passou a ter importância estratégica para o desenvolvimento da área no estado.
Por tais razões, entendemos que a realização do Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação – Compós em Goiânia, com a
participação ativa de discentes e docentes de todos os níveis em Goiânia será um momento
inesquecível.
O jeito goiano de recebê-los envolve calor e simpatia e a certeza de que será um encontro de alto nível, certamente inesquecível em função da qualidade dos trabalhos apresentados, mas também em função da hospitalidade da cidade e do esforço de todos para tornar o
XXV Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação – COMPÓS, um momento marcado pelo espírito de congraçamento e colaboração,
da qual resultarão amizades e parcerias intelectuais.
Imbuído nestes princípios, damos as boas vindas a todos os participantes.
Com afeto,
Ana Carolina Rocha Pessôa Temer
Coordenadora Local do XXV Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de
Pós-Graduação em Comunicação
Programação Compós 2016-Goiânia
Dia 7 de junho
ABERTURA OFICIAL
Abertura oficial do 25º Encontro Anual da Compós
Local:
Universidade Federal de Goiás - Campus II – Samambaia– Auditório da Biblioteca Central
Horário: 19h
CONFERÊNCIA DE ABERTURA
Estudos contemporâneos da Comunicação
Conferencista: Guillermo Orozco
Horário: 19h30
Entrega do Prêmio Compós de Dissertações e teses 2014
Horário: 20h20
Coquetel de Boas Vindas
Dia 8 de junho
REUNIÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO
Horário: 9h00 às 12h00 e 14h00 às 18h00
Local: Salas de Aulas da FIC – UFG / Labicom/Centro de Aula C
Campus II – Samambaia – Universidade Federal de Goiás
Dia 9 de junho
REUNIÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO
Horário: 9h00 às 12h00 e 14h00 às 18h00
Local: Salas de Aula do FIC – UFG / Labicom/Centro de Aula C
Campus II – Samambaia – Universidade Federal de Goiás
Dia 10 de junho
REUNIÃO DOS COORDENADORES DE GT
Horário: 9h às 12h
Local: Plaza Inn Augustus Hotel
Av. Araguaia, 702 - St. Central
REUNIÃO DO CONSELHO DA COMPÓS
Horário: 14h às 17h30
Local: Plaza Inn Augustus Hotel
Av. Araguaia, 702 - St. Central
SUMÁRIO
GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA......................................................... 19
GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA ................................................................. 27
GT COMUNICAÇÃO E CULTURA..................................................................... 35
GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA......................................... 43
GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA .................................................................... 51
GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE......................................................... 59
GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO................................... 67
GT CULTURA DAS MÍDIAS................................................................................ 75
GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO .................................................... 81
GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL ..................... 87
GT ESTUDOS DE JORNALISMO....................................................................... 95
GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA.................................................................. 103
GT ESTUDOS DE TELEVISÃO.........................................................................111
GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS.................................................117
GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS............................................................................. 125
GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS
NA COMUNICAÇÃO.......................................................................................... 133
GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO,
USO E CONSUMO MIDIÁTICOS .................................................................... 141
Localização das salas
Comunicação e Cibercultura
Comunicação e Cidadania
Comunicação e Cultura
Comunicação e Experiência Estética
SALA 04 - FIC
AUDITÓRIO FIC
SALA RP01 – LABICOM
SALA 203 – Centro de Aula C
Comunicação e Política
SALA 09 –FIC
Comunicação e Sociabilidade
SALA 10 – FIC
Consumos e Processos de Comunicação
Cultura das Mídias
Epistemologia da Comunicação
Estudos de Cinema, Fotografia e Audiovisual
SALA PP01 - LABICOM
SALA 108 – Centro de Aula C
SALA 08 – FIC
CINE UFG
Estudos de Jornalismo
SALA 05 – FIC
Estudos de Som e Música
SALA 07 – FIC
Estudos de Televisão
Imagem e Imaginários Midiáticos
Memória nas Mídias
Práticas Interacionais e Linguagens na Comunicação
ESTUDIO DE RTV – FIC
SALA ADM.. LABICOM
SALA JOR 01 – LABICOM
SALA 37 – 1º Piso FIC
Recepção: Processos de Interpretação, Uso e Consumo
Midiáticos
SALA 06 - FIC
COOFE-BREAK
SALA 25 –FIC
SALA VIP
SALA DOS PROFESSORES
Grupos de Trabalho
RESUMO E APRESENTAÇÃO
GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA
Coordenadora: Fátima Regis de Oliveira (UERJ)
Vice-Coordenador: Carlos d’Andréa (UFMG)
SALA 04 - FIC
DIA 08 DE JUNHO
BIOPOLÍTICA E CIBERCULTURA: O JOGO DO CUIDADO DE SI DA
GUERRA EM REDE ÀS REVOLTAS JUVENIS
HENRIQUE ANTOUN (UFRJ)
Produzir a subjetividade é um problema da atualidade que ultrapassa o poder da fabricação do corpo orgânico e genético. O trabalho se propõe pensar como
uma cultura de si, constituinte das lutas biopolíticas, pode emergir no campo da
subjetivação dominada pelo biopoder. O pano de fundo da internet das coisas e
o quadro ambivalente do lugar ocupado pelas redes comunicacionais na transformação positiva e democrática da subjetivação social conduzem nosso percurso.
Um risco desta genealogia seria conceber o sujeito como o produto passivo das
técnicas de dominação. Retomamos a questão de Foucault sobre as condições e as
indefinidas possibilidades de transformação do sujeito, para pensá- lo constituindo uma relação consigo mesmo pela exploração de técnicas de si historicamente
constituídas - como a comunicação na internet - que se compõem com técnicas de
dominação também datadas, como a mídia de massa. Pode o sujeito emergir no
entrecruzamento de uma técnica de dominação e uma técnica de si?
Relatores: Laura Cánepa e Thiago Falcão
UM MÉTODO PERSPECTIVISTA DE ANÁLISE DE REDES SOCIAIS: CARTOGRAFANDO TOPOLOGIAS E TEMPORALIDADES EM REDE
FÁBIO MALINI (UFES)
O método perspectivista de análise de redes busca identificar, processar
e interpretar os pontos de vistas que são expressos no espaço e tempo das interações em redes sociais. Do ponto de vista teórico, o método perspectivista de
rede parte de uma reflexão que articula a teoria antropológica formulada por
Eduardo Viveiros de Castro (de onde retiramos os conceitos de perspectiva e
relação); a concepção de Bruno Latour sobre a teoria ator-rede (de onde retiramos os conceitos de cartografia, grupos, mediadores e intermediários); e a teoria
dos grafos (de onde retiramos o conceito de clusterização, modularidade, centralidade e densidade). Do ponto de vista empírico, o método perspectivista de
rede apresenta os conceitos de perspectiva topológica e perspectiva temporal nas
análises de redes sociais, a partir da produção de mensagens escritas e imagens
que os perfis fabricam em diferentes plataformas de redes sociais. Para ilustrar
tal possibilidade metodológica, analiso as redes de RTs do movimento #ContraTarifa (de onde é possível interpretar as perspectivas topológicas) e o movimento
#VemPraRua (de onde é possível interpretar as perspectivas temporais).
Relator: Leonardo Pastor Bernardes Rodrigues
GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA
MANHÃ
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GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA
TARDE
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CONVERSAÇÕES FLUIDAS NA CIBERCULTURA
ALEX PRIMO (UFRGS), VANESSA VALIATI (UFRGS/FEEVALE), LAURA
BARROS (UFRGS) e LUDMILA LUPINACCI (UFRGS)
Este artigo visa estudar como o amplo leque de serviços de comunicação
online participa da criação e manutenção de relações interpessoais na contemporaneidade. Atenção especial é conferida a como as pessoas se apropriam desses
serviços, combinando-os para atingir variados fins relacionais com públicos diversos e em tempos e lugares distintos. A partir de uma pesquisa empírica com
810 pessoas — residentes nas regiões Sul e Sudeste, maiores de 16 anos e com
pelo menos o Ensino Superior Incompleto —, este artigo define e discute o fenômeno que chama de “conversações fluidas”.
Relator: Fábio Malini
COMPREENDENDO OS M.E.D.I.A. – MÍDIAS, ENTRETENIMENTO, DESIGN, INFORMAÇÃO E ARTES: AS EXTENSÕES DA COMUNICAÇÃO
VINICIUS ANDRADE PEREIRA (UERJ e ESPM/SP)
A proposta do artigo é salientar um conjunto de práticas midiáticas contemporâneas, mais especificamente um conjunto de produtos midiáticos singulares
(nomeados no estudo como PMS), apostando que a crescente presença desses produtos na contemporaneidade revela a importância, no campo da comunicação, de
cinco áreas de conhecimento, a saber: mídias, entretenimento, design, informação
e artes, às quais se propõe nomear com o acrônimo M.E.D.I.A. O estudo pretende,
assim, explorar os papeis que cada uma dessas área tiveram na constituição do
campo da comunicação e, mais ainda, pensar tensões e extensões que os M.E.D.I.A.
promovem no campo e nas práticas da comunicação na contemporaneidade.
Relatores: Alex Primo, Vanessa Valiati, Laura Barros e Ludmila Lupinacci
DOES CODE DREAM OF STUFF? DINÂMICAS MATERIAIS EM MÍDIAS
DIGITAIS
JOSÉ CLÁUDIO CASTANHEIRA (UFSC), BEATRIZ POLIVANOV (UFF) e
ALESSANDRA MAIA (UERJ)
Desde o final dos anos 1980 a ideia de materialidades dos objetos tem se
consolidado como uma perspectiva sedutora nos estudos de comunicação. Hans
U. Gumbrecht, dentre outros pesquisadores, em sua constante busca por um viés
epistemológico que ultrapasse questões hermenêuticas ou a autorreferência humana enquanto base do conhecimento, procurou desenvolver noções relacionadas às materialidades. Contudo, assistimos, por parte de uma série de estudiosos,
à apropriação e transposição dessas ideias – que lidam com aspectos especialmente físicos – para o universo digital, comumente associado a uma não corpo-
DIA 09 DE JUNHO
MANHÃ
JORDAN LIVES FOR THE APPLAUSE: PERFOMANCES DE SI COMO
PROPULSORAS DE CIBERACONTECIMENTOS
RONALDO HENN (UNISINOS), CHRISTIAN GONZATTI (UNISINOS) e FELIPE VIERO KOLINSKI MACHADO (UNISINOS)
Brendan Jordan tornou-se uma celebridade instantânea ao ter a sua coreografia, da canção Applause, de Lady Gaga, capturada durante uma transmissão
televisiva. O menino diva, como foi chamado, passou a constituir a si mesmo em
programas televisivos, canais específicos de redes sociais e propagandas envolvendo questões identitárias. O objetivo desse texto é o de refletir sobre o que as
possibilidades e as tensões que as performatizações de si em sites de redes sociais
produzem no que se refere aos gêneros e às sexualidades, buscando perceber
como, nesses múltiplos espaços, o self é constituído.
Relator: Vinicius Andrade Pereira
IMAGENS DE SI: EXPERIÊNCIA E INTIMIDADE EM TORNO DA PRÁTICA CONTEMPORÂNEA DO SELFIE
LEONARDO PASTOR BERNARDES RODRIGUES (UFBA)
Buscou-se neste trabalho produzir uma investigação inicial das práticas
atuais e cotidianas do selfie que, em meio às mediações dos dispositivos digitais,
inserem-se em uma cultura contemporânea de interação, compartilhamento e
comunicação. Tal perspectiva é aqui relacionada com a antropologia filosófica
desenvolvida por Bruno Latour (2012b) e com a teoria das esferas de Peter Sloterdijk (2011). Tomando os dois autores como ponto de partida, produzimos uma
pequena etnografia das práticas atuais do selfie, a partir de entrevistas com pessoas que estão habituadas a utilizar o smartphone para fotografar. Se pensado
enquanto prática, o selfie exibe sua complexidade, suas diversas experiências de
facilidade em uma multiplicação e disseminação intensa de imagens.
Relatores: Sandra Portella Montardo, Suely Fragoso, Mariana Amaro e
Samyr Paz
GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA
reidade, o que gera tensionamentos metodológicos e conceituais. Este trabalho
procura, assim, identificar de que forma a noção de materialidades pode ser útil
para o estudo das mídias digitais, apontando para suas dinâmicas de funcionamento a partir de objetos como sites de redes sociais, jogos eletrônicos, gadgets e
widgets, utilizados para delimitar o campo.
Relatores: Ronaldo Henn, Christian Gonzatti e Felipe Viero Kolinski Machado
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GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA
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A RETÓRICA DA PROCEDIMENTALIDADE COMO MODO DE MIDIATIZAÇÃO DOS CUIDADOS DE SI NA FITBIT CHARGE HR
ELIAS CUNHA BITENCOURT(UFBA)
Os estudos sobre midiatização geralmente se debruçam sobre as transformações nas instituições sociais e culturais em função do crescimento e da
influência dos meios de comunicação. O advento da digitalização e da softwarizaçãodas ferramentas comunicacionais, entretanto, sinaliza para mudanças
na ontologia da mídia, modificando os modos como esses meios veiculam informação e estabelecem interações entre usuários e instituições. O artigo problematiza essas mudanças ontológicas, sinalizando para um possível modo de
midiatização que opera por meio de mecanismos de persuasão presentes no
caráter procedimental da mídia digital. Recorreu-se ao dispositivo de monitoramento pessoal – o FitBit Charge HR – para ilustrar alguns processos de
midiatização do cuidado de si operados por meio da retórica da procedimentalidade comentada.
Relatores: José Cláudio Castanheira,Beatriz Polivanov e Alessandra Maia
(UERJ)
TARDE
CONSUMO DIGITAL COMO PERFORMANCE SOCIOTÉCNICA:
ANÁLISE DOS USOS DA PLATAFORMA DE STREAMING DE GAMES
TWITCH
SANDRA PORTELLA MONTARDO (FEEVALE), SUELY FRAGOSO (UFRGS), MARIANA AMARO (UFRGS) e SAMYR PAZ (FEEEVALE)
Este artigo tem como objetivo discutir as interrelações entre performance, consumo digital e condicionantes de interface na plataforma de
streaming de games Twitch. Considerações teóricas sobre os três aspectos são comparadas às respostas obtidas através de um questionário online,
respondido por 177 usuários brasileiros do Twitch. Os resultados indicam
que, a despeito da importância do aspecto de mídia social para o Twitch, as
interfaces não facilitam a interação social. As relações hierárquicas implícitas entre os streamers e o público não resultam apenas da expertise dos
primeiros. O consumo digital demanda que eles demonstrem outras habilidades, como a performance “entreter”. O próprio Twitch coloca desafios
adicionais para os streamers e viewers, de ordem técnica e cognitiva, mas
a base de usuários parece ser auto-motivada o suficiente para superar esses
obstáculos do sistema.
Relator: Elias Cunha Bitencourt
Reunião de avaliação do GT
GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA
HORROR E DISTOPIA NOS VIDEO GAMES - EXPERIÊNCIA NARRATIVA E CULTURA CONTEMPORÂNEA EM THE LAST OF US
LAURA CÁNEPA (UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI) e THIAGO FALCÃO (UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI)
Nosso intuito neste artigo é buscar identificar no jogo The LastofUso diálogo entre duas discussões distintas: a primeira (1) acerca dos gêneros da ficção
científica (ou FC) e do horror como mobilizadores de traços culturais recorrentes
nos jogos eletrônicos da atualidade, apontando para o fato de que tais valores se
comportam como vetores para narrativas subjetivas de desejo e de interpretação
(representação) contextual. A segunda discussão diz respeito aos aspectos da experiência narrativa nos video games, considerando questões de agência e performance em seus enredos; e de como esta se beneficia do diálogo próximo com os
gêneros citados acima à medida que demonstra uma evolução na linguagem dos
jogos eletrônicos e a forma através da qual imaginário contemporâneo é representado por estes artefatos genuinamente surgidos na cultura digital.
Relator: Henrique Antoun
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GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA
Coordenadora: Márcia Vidal Nunes (UFC)
Vice-coordenadora: Raquel Paiva (UFRJ)
AUDITÓRIO FIC
DIA 8 DE JUNHO
EPISTEMOLOGIA E MÉTODO DA PESQUISA-AÇÃO. UMA APROXIMAÇÃO AOS MOVIMENTOS SOCIAIS E À COMUNICAÇÃO
CICILIA MARIA KROHLING PERUZZO (UNIVERSIDADE METODISTA DE
SÃO PAULO)
Estudo sobre os princípios epistemológicos, os métodos e técnicas da
pesquisa-ação. O objetivo é sistematizar seus principais aspectos metodológicos e situar este tipo de pesquisa no âmbito da epistemologia da ciência.
A abordagem deste texto é teórica, baseada em pesquisa bibliográfica, e faz
uma tentativa de aproximação à comunicação e aos movimentos sociais. A
pesquisa-ação admite um nível elevado de envolvimento e intervenção do
pesquisador na situação ou grupo investigado e pressupõe a participação
ativa de representantes do grupo no processo de pesquisa. A intenção é
fazer com que a própria pesquisa possa contribuir para o equacionamento
de problemáticas relacionadas à ampliação da cidadania e à transformação
social.
Relatores: Márcio Simeone Henriques e Daniel Reis Silva (UFMG)
MIGRANTES, UMA MINORIA TRANSACIONAL EM BUSCA DE CIDADANIA UNIVERSAL
MOHAMMED ELHAJJI (UFRJ)
O objetivo da presente comunicação é conjugar a questão migratória àcategoria sociopolítica de minoria; no afã de desvelar, de um lado, os dispositivos
de opressão e alienação operados pelo regime político e econômico atual e, por
outro lado, os mecanismos e estratégias de resistência acionados pelas minorias
sociais excluídas em geral e os migrantes transnacionais em particular. O nosso
intuito é que, entre assujeitamento e subjetivação, a própria presença massiva dos
migrantes na cena mundial contemporânea e o uso adequado de instrumentos
de comunicação comunitária acabam subvertendo os tradicionais conceitos de
direitos políticos e revigorando o antigo ideal cosmopolítico de cidadania universal.
Relatores: Denise Cogo e Matheus Passaro
GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA
MANHÃ
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GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA
TARDE
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A “FOTO ROUBADA”: MÍDIAS, VISIBILIDADE E CIDADANIA DA IMIGRAÇÃO HAITIANA NO BRASIL
DENISE COGO E MATHEUS PASSARO (ESPM)
O artigo analisa a produção de imagens e a visibilidade midiática de imigrantes
haitianos no Brasil, buscando compreender os impactos dessa visibilidade nos processos de cidadania das migrações transnacionais. O foco de
análise são os posicionamentos e disputas em torno de um episódio específico envolvendo a produção e publicação “não consentida”, pelos jornais Agora
e Folha São Paulo, da foto de um imigrante haitiano que, posteriormente, foi
contemplada com o prêmio de jornalismo, anistia e direitos humanos Vladimir Herzog. A partir de reflexões teóricas sobre as noções de imagem, visibilidade midiática e cidadania das migrações transnacionais, observamos,
coletamos e analisamos, em espaços da internet, um conjunto de posicionamentos de atores envolvidos no episódio de produção e publicação da foto, na
perspectiva de reconstituir e problematizar o campo de disputa que envolvem
as políticas de visibilidade e os processos de cidadania de novos grupos migratórios no Brasil.
Relator: Mohammed Elhajji
PUBLICIDADE COMUNITÁRIA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE: ESTRATÉGIA DE RESISTÊNCIA E FERRAMENTA DE INCLUSÃO A PARTIR DA
APROPRIAÇÃO DA COMUNIDADE.
PATRÍCIA GONÇALVES SALDANHA (UFF)
O objetivo do trabalho é propor uma reflexão sobre a relação entre o indivíduo e sua comunidade com base nos resultados do trabalho empírico de Comunicação Comunitária, mais especificamente um curso de Publicidade Comunitária, realizado em duas etapas em São Tomé e Príncipe. A partir do relato de
experiência da atividade, pode-se notar a pressão da comunidade em relação ao
indivíduo que se mostrou dissonante do grupo e reagiu com vigor favorecendo
as novas demandas do mercado, já que a população estava em pleno processo de
reinvenção de sua relação com o consumo. Nesse sentido, o acesso à educação
formal, alicerçada em princípios éticos que primam pelo bem comum, pode assegurar que o sujeito fará uma escolha em prol do coletivo? Para pensar a tensão
entre a natureza humana e a força do mercado na ressubjetivação do indivíduo,
a pesquisa de campo e as entrevistas com membros locais foram primordiais e
para embasar teoricamente, Thomas Hobbes e Mary Douglas, dentre outros,essenciais.
Relatores: Eloisa Beling Loose e Myrian Regina del Velcchio de Lima
DIA 09 DE JUNHO
MANHÃ
AS VOZES DO VOZ DAS COMUNIDADES: CONSIDERAÇÕES SOBRE
POLIFONIA E DIALOGISMO NO DISCURSO DA IMPRENSA COMUNITÁRIA
IGOR WALTZ (UFRJ)
A crescente digitalização da sociedade suscitou maior participação
do público na produção noticiosa e abriu caminho para novas vozes exercerem o Jornalismo fora das organizações tradicionais de mídia, como os
veículos dedicados a dar visibilidade a contextos locais e comunitários. Este
trabalho busca identificar se as estratégias discursivas do portal Voz das
Comunidades sobre o Complexo do Alemão implicam maior abertura ao
diálogo com as audiências, por meio de uma análise comparativa de suas
enunciações com aquelas praticadas pelo site G1 das Organizações Globo
sobre a experiência cotidiana neste bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro.
Assim, este artigo pretende contribuir para compreensão das mediações e
das dinâmicas tensões entre inovação e conservação nas práticas jornalísticas contemporâneas.
Relatora: Natália Ledur Alles
GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA
#TÁFALTANDOÁGUA: CIDADANIA, VIGILÂNCIA CIVIL E A PRODUÇÃO DE DADOS INDEPENDENTES
MÁRCIO SIMEONE HENRIQUES e DANIEL REIS SILVA (UFMG)
O artigo aborda e analisa o aplicativo Tá Faltando Água, que visa gerar
dados independentes sobre a crise hídrica paulista a partir de uma lógica de
colaboração entre os cidadãos, que compartilhariam informações geolocalizadas sobre a falta de água em suas residências. Posicionando a iniciativa
dentro de um fenômeno mais amplo de vigilância civil que ganhou força nos
últimos anos, destacamos a questão da desconfiança em relação às informações oficiais, bem como aspectos da crise hídrica. Em seguida, abordamos
características da dinâmica de geração de dados independentes e alguns dos
entraves e desafios envolvidos em tal processo, especialmente a tensão entre
o seu caráter políticoe utilitário, a mobilização social e a credibilidade das
informações geradas.
Relatora:Cicilia Maria Krohling Peruzzo
31
GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA
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PROSTITUIÇÃO, CLANDESTINIDADE E ESTIGMA: REFLEXÕES SOBRE
A VISIBILIDADE COMUNICACIONAL DE MULHERES PROSTITUTAS
NATÁLIA LEDUR ALLES (UNISINOS)
O presente artigo pretende propor uma discussão sobre a importância da
visibilização em espaços comunicacionais das narrativas de prostitutas para a
construção e circulação de enquadramentos que mostrem a heterogeneidade dos
indivíduos que compõem o grupo de profissionais do sexo e para a transformação de representações que os posicionam entre os polos da culpabilização e da
vitimização. A partir da análise de 65 textos publicados na internet, da realização
de entrevistas com oito mulheres prostitutas e de um trabalho de campo, procedimentos desenvolvidos durante minha pesquisa de doutorado, busca-se problematizar a escassa presença de falas das prostitutas nos textos em questão e refletir
sobre a visibilidade como potencial modificador de estereótipos, mas também
como condição que pode aprofundar a marginalização e a discriminação enfrentada cotidianamente pelas trabalhadoras do sexo.
Relatores: Marialina Côgo Antolini e Edgard Rebouças
COMUNICAÇÃO DE RISCOS EM PROL DA CIDADANIA: ANÁLISE DO
PAPEL DA GAZETA DO POVO NO ENFRENTAMENTO DAS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS NO ÂMBITO LOCAL
ELOISA BELING LOOSE (UFG) e MYRIAN REGINA DEL VELCCHIO DE
LIMA (UFPR)
Este trabalho, derivado de um doutorado, discute as potencialidades do
jornalismo, como parte da comunicação de riscos, na promoção e envolvimento
dos cidadãos para o enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas (MCs)
no âmbito local. Para tanto, examina a relação entre a cobertura sobre o assunto
do jornal de maior abrangência em Curitiba, a Gazeta do Povo, e as percepções
de risco de seus leitores, assim como suas ações para mitigar as causas da intensificação do fenômeno. O estudo revela que apesar das prerrogativas de um veículo
local, o jornal citado apresenta o assunto, majoritariamente, sob a perspectiva
global, distanciando a percepção do seu público para os efeitos negativos das
MCs e acarretando medidas frágeis ou insuficientes para minimizar a situação.
Além disso, a ausência de se estabelecer as relações local-global corrobora para
o não entendimento da necessidade de uma governança “de baixo para cima”, no
qual a população poderia exercer sua cidadania de forma plena.
Relator: Moisés Sbardelotto
OS ÂMBITOS COMUNICACIONAIS NOS MOVIMENTOS SOCIAIS
MARIALINA CÔGO ANTOLINI e EDGARD REBOUÇAS (UFES)
Este artigo busca compreender a relação entre os processos comunicativos
utilizados pelos movimentos sociais e as conquistas de cidadania. Para isso, é
apresentado um histórico do estudo dos movimentos sociais e são debatidos três
âmbitos comunicacionais que têm grande influência na constituição e ação dos
movimentos: a comunicação massiva, dos meios hegemônicos, que traz informações e entretenimento e é frequentemente manipulada por interesses econômicos; a comunicação dialógica, interpessoal, que gera debates e compartilhamentos nas esferas públicas; e a comunicação alternativa, que amplia vozes e luta por
direitos, responsável por fornecer espaços de fala para uma parcela da sociedade
ignorada pela grande mídia. O objetivo é contribuir para o entendimento da relação entre comunicação e os processos democráticos e construção da cidadania,
a partir da análise desta comunicação que envolve os movimentos sociais.
Relatora: Patrícia Gonçalves Saldanha
A RECONEXÃO DO ‘’RELIGIOSO’’ EM REDES COMUNICACIONAIS ONLINE: O CASO ‘’DIVERSIDADE CATÓLICA’’
MOISÉS SBARDELOTTO (UNISINOS)
As práticas sociais no ambiente online, a partir de lógicas midiáticas, ressignificam o fenômeno religioso. Neste artigo, analisamos a divulgação no Facebook do 1º Encontro Nacional de Católicos LGBT, ocorrido no Rio de Janeiro
em 2014, organizado pelo grupo Diversidade Católica como um momento de
partilha e troca de experiências entre católicos LGBTs brasileiros. Apresentamos,
primeiro, a identidade do grupo e sua relevância no contexto sociorreligioso brasileiro. Em seguida, aprofundamos o conceito de reconexão, como processo sociossimbólico de interação em rede. Descrevemos, depois, postagens da página
do Diversidade Católica no Facebook, que apontam para ações comunicacionais
de reconexão, analisando-as a partir de suas lógicas de condensação. Por fim,
concluímos que, em plataformas como o Facebook, vão se construindo saberesfazeres alternativos sobre o catolicismo, mediante uma prática político-eclesial
dos usuários comuns.
Relator: Igor Waltz
GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA
TARDE
Reunião de avaliação do GT
33
GT COMUNICAÇÃO E CULTURA
Coordenador: Mauricio Ribeiro da Silva (UNIP)
Vice-coordenador: Júlio Pinto (PUC-MG)
Sala RP01 - Labicom
DIA 8 DE JUNHO
JÁ NÃO SE FAZEM CHAPEUZINHOS COMO ANTIGAMENTE...
TAÍSA SIQUEIRA (PUC-MG) e JÚLIO PINTO (PUC-MG)
Discute-se a relação entre modificações nos contos clássicos infantis e possíveis alterações nas formas de conceber a infância contemporaneamente. Estudam-se para isso tratamentos dados ao conto Chapeuzinho Vermelho em distintas manifestações da narrativa em diferentes mídias e momentos.
Relatora: Ieda Tucherman
A ENCENAÇÃO NA FOTOGRAFIA – MONTANDO CENAS E CONTANDO
HISTÓRIAS
OSMAR GONÇALVES DOS REIS FILHO (UFC) e ISABELLE FREIRE DE MORAIS (UFC)
Neste trabalho buscamos compreender historicamente, o que seria e como
tem sido construída a encenação na linguagem fotográfica. Partindo das reflexões de Fontcuberta, Soulages e Rouillé, refletiremos sobre categorias como performance, manipulação, ficção e verdade. Trata-se de mostrar que, apesar do que
advoga o senso comum e defende certas teorias ontológicas da fotografia (em especial Barthes, mas também Kracauer, Krauss, entre outros), a encenação sempre
fez parte do processo fotográfico e hoje, num momento em que ela é praticada
de forma mais aberta e consciente, um novo campo de experimentações se abre à
fotografia, novas formas de ver e mostrar permeadas por um desejo de fabulação,
uma vontade de inventar mundos e contar histórias.
Relator: Luiz Carlos Assis Iasbeck
TARDE
GT COMUNICAÇÃO E CULTURA
MANHÃ
O TERRAÇO É O MUNDO: VILÉM FLUSSER E O PENSAMENTO DA
COMPREENSÃO
DIMAS A. KÜNSCH (FACASPER) e JOSE EUGENIO DE OLIVEIRA MENEZES (FACASPER)
O trabalho ocupa-se com as concepções do filósofo tcheco-brasileiro
Vilém Flusser (1920-1991) a respeito dos termos “diálogo” e “discurso” nos
processos comunicativos e problematiza a forma como essas noções oferecem
elementos para os estudos e práticas da compreensão. A partir da autobiografia do autor, publicada com o titulo alemão Bodenlos (“sem chão” ou “ sem
fundamento”), investiga sua formação como autodidata que teceu os fios da
vida e dos conhecimentos no diálogo com um conjunto de interlocutores, com
37
GT COMUNICAÇÃO E CULTURA
onze dos quais ele conversa na obra citada. Aborda as noções de diálogo, tenso
e compreensivo, com o mundo em que se habita, do ensaio como forma de expressão do pensamento e da fala e escrita como opções de engajamento. Na medida em que o objetivo de Flusser era provocar novos pensamentos e ampliar
a conversação, situação diferente do que denominava “conversa fiada”, mostra
como suas concepções contribuem para uma epistemologia compreensiva no
universo da Comunicação.
Relatora: Ana Paula da Rosa
38
COMUNICAÇÃO E LEBENSWELT, RACIONALIDADE E EXPERIÊNCIA
ESTÉTICA: UMA DISCUSSÃO INTERDISCIPLINAR COM AUTORES
PRAGMATISTAS A PARTIR DE CONSIDERAÇÕES DE VILÉM FLUSSER
MICHAEL HANKE (UFRN)
Este artigo pretende discutir a tríade comunicação, racionalidade e experiência estética no contexto do Lebenswelt (mundo-da-vida), que é essencial para
a condição social do ser humano e sua cultura, tomando como ponto de partida
algumas contribuições de VilémFlusser. Enquanto a racionalidade tem sido um
dos grandes temas da filosofia desde o início da antiguidade grega – e o termo
latim ratio traduz, em conjunto com oratio, o grego lógos -, a atenção dada à
comunicação e à experiência estética, como em Alfred Schütz e William James,
é mais recente, assim como a racionalidade comunicativa de Jürgen Habermas.
O texto tenta desenvolver enfrentamentos e uma discussão entre esses autores e
outros como John Dewey e Ernst Cassirer, baseada numa perspectiva pragmatista e fenomenológica do Lebenswelt, que é visto como uma rede produzida pelas
trocas simbólicas e comunicativas
Relatores: Dimas A. Künsch e José Eugenio de Oliveira Menezes
O ÊXITO DA GULA: A INDESTRUTIBILIDADE DA IMAGEM TOTEM NO
CASO AYLAN KURDI
ANA PAULA DA ROSA (UNISINOS)
Partimos de um cenário marcado pela midiatização em processo crescente, onde a cultura é atravessada pela comunicação. Assim, as imagens aguçam
e convocam estruturas simbólicas, acionando memórias. Quando publicadas
nos meios de comunicação e inseridas na circulação com base nas reelaborações dos atores sociais, tais imagens ganham vida própria, autonomizam-se.
Os homens passam a devorar imagens, nem sempre as digerindo, mas expelindo as no processo. Este artigo visa discutir o caso do menino Aylan Kurdi,
encontrado em uma praia em setembro de 2015, cuja imagem constituiu-se no
símbolo da crise da imigração Síria. A partir da hipótese de cinco movimentos
de circulação da imagem (ROSA, 2015), questiona-se: a fagia social e midiática pela fotografia do menino retrata o êxito do programa da gula de Flusser?
Para responder a esta questão mobilizamos a análise empírica, os conceitos de
iconofagia de Baitello Jr (2005), da gula de Flusser (2006), além dos aportes da
midiatização.
Relatores: Fábio Henrique Ciquini e Norval Baitello Junior
O IMAGINÁVEL, O PREVISÍVEL E CATASTRÓFICO – O PROJETO DO
PRESENTE NAS PROJEÇÕES FUTURO.
LUIZ CARLOS ASSIS IASBECK (UCB)
O sonho de dominar o futuro, de não ser surpreendido pelas intempéries
e pelos acasos da vida sempre foi alimentado como uma espécie de antídoto da
nossa precária condição de seres imperfeitos, sujeitos aos desígnios dos deuses,
às forças da natureza e às leis que nós mesmos criamos para nos regular em meio
a tantas irregularidades. Neste artigo discorreremos sobre a natureza imaginativa
e prospectiva da cultura, no que esses fenômenos estão, direta ou indiretamente,
relacionados à iminência das catástrofes e desastres. As catástrofes não são portanto, o objetivo central desta incursão, senão o ponto de checagem, o ponto de
evidência das frustrações da arrogância visionária da ciência.
Relator: Michael Hanke
O CINEMA SILENCIOSO E O SOM NO BRASIL (1894-1920)
DANIELLE CREPALDI CARVALHO (ECA-USP)
O cinema silencioso recorreu ao som desde seu princípio. Porém, malgrado
a relevância da conexão dessas duas esferas, apenas recentemente os estudiosos
estrangeiros começaram a se debruçar sobre os usos que o cinema silencioso fez
do som. No Brasil, pesquisas neste âmbito ainda tateiam. Este trabalho pretende
recuperar os usos que o cinema silencioso fez do som em território nacional, das
primeiras experiências com o kinetoscópio (em fins de 1894) até o início dos
anos de 1920, quando ocorre a estabilização no que diz respeito ao lugar da música no espetáculo cinematográfico. A partir de uma perspectiva transdisciplinar,
pretende-se demonstrar que a cena cinematográfica do período em questão integrava um contexto de circularidade cultural: apropriava-se de canções queridas pelo público, nos âmbitos popular e erudito (oriundas do circo, do teatro de
variedades e da ópera), e, ao costurá-las aos filmes silenciosos, os impregnava
dos sentidos já construídos – elaborando, por conseguinte, outros, aos quais se
misturavam as sombras moventes dos artistas das telas à polifonia social.
Relatores: Taísa Siqueira e Júlio Pinto
GT COMUNICAÇÃO E CULTURA
MANHÃ
DIA 09 DE JUNHO
39
GT COMUNICAÇÃO E CULTURA
RECEITANDO FICÇÕES PARA AFLIÇÕES: A FARMÁCIA LITERÁRIA X
COMO PROUST PODE MUDAR SUA VIDA.
IEDA TUCHERMAN (UFRJ)
Este texto trata do estudo dos vínculos e dos afetos na subjetividade contemporânea. Nosso interesse é o de, sem desconhecer as pesquisas biotecnológicas, apontar que a cultura somática que começou a se desenvolver desde os anos
80, correlata de uma compreensão neuroquímica da subjetividade, atua reforçando um narcisismo pragmático e nos afastando do regime que alimentou nossos
sistemas imaginários e simbólicos: a literatura. Com os exemplos do livro A cura
pelo romance e como Proust pode mudar sua vida buscamos demonstrar como,
mesmo quando a literatura se faz presente, sua chave de leitura a aproxima da
autoajuda. Resumindo: propomos que a crise das grandes narrativas, inclusive as
literárias, é causa e efeito da crise dos afetos. No mesmo sentido defendemos a
necessidade da perda de tempo e a prática do devaneio.
Relator: Márcio de Souza Gonçalves
TARDE
UM, DOIS, MUITOS E A RELAÇÃO ENTRE COMUNICAÇÃO E CULTURA
MÁRCIO SOUZA GONÇALVES (UERJ)
O presente texto mobiliza referências de dois campos de saber distintos
do campo da comunicação, nomeadamente da filosofia e da antropologia, para
propor uma consideração dos modos de se conceber a relação entre cultura e comunicação no primeiro. Dois autores são diretamente tratados, o filósofo Alain
Badiou e o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro. O eixo central da argumentação é uma crítica da utilização de certos esquemas binários de compreensão e
teorização, o que Viveiros de Castro nomeia como Grande Partilha. É proposto
um modo alternativo de análise, mais atento às variações contínuas, às misturas
e às hibridações entre diferentes meios de comunicação e usuários humanos. É
indicada, finalmente, a necessidade de se levar em conta a filosofia de Badiou na
reflexão em torno do conceito de evento dentro do campo comunicacional.
Relator: Danielle Crepaldi Carvalho
O INCONSCIENTE ÓTICO E A AURA ENVIESADA
FÁBIO HENRIQUE CIQUINI (PUC-SP) e NORVAL BAITELLO JUNIOR (PUC-SP)
Este artigo analisa criticamente a formulação do conceito de inconsciente
ótico desenvolvida por Walter Benjamin em paralelo ao conceito freudiano de
inconsciente (Unbewusste). Segundo o filósofo, há uma capacidade de a câmera
fotográfica operar como amplificador perceptivo e, sob esse escopo, nossa proposta analítica busca compreender essa possibilidade de atuação do inconsciente
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ótico, que revelaria imagens subjacentes em camadas mais profundas e deflagraria um tipo de experiência aurática enviesada. Para tal exercício, elegemos o
trabalho do artista alemão Michael Wolf, que fotografa imagens do site googlestreetview e, diante das análises, sugerimos que a série em questão e o modo como
é articulada no site podem deflagrar uma modalidade aurática tortuosa, captada
por meio do inconsciente ótico.
Relatores: Osmar Gonçalves dos Reis Filho e Isabelle Freire de Morais
GT COMUNICAÇÃO E CULTURA
Reunião de avaliação do GT
41
GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
Coordenador: Denilson Lopes (UFRJ)
Vice-coordenador: Jorge Cardoso Filho (UFBA)
Sala 203 - Centro de Aula C
DIA 08 DE JUNHO
EXPERIÊNCIA ESTÉTICA: COMUNICAÇÃO SEM ANESTESIA LAAN MENDES DE BARROS (UNESP)
Reflexões epistemológicas sobre comunicação e experiência estética. A comunicação tomada como experiência sensível, vivenciada no plano da estesia, da
sensibilidade, pensada na perspectiva do compartilhamento, do tornar comum,
e das interações entre sujeitos e suas comunidades de apropriação. A questão da
produção de sentidos, observada tanto no âmbito da poiesis, que caracteriza a
constituição de um objeto estético, quanto no âmbito da aisthesis, presente no
exercício de percepção desses objetos por parte do espectador, marcada assim
por polifonias e polissemias. A questão da interpretação na chave da compreensão e da alteridade, modulada por mediações culturais e comunicacionais características da sociedade midiatizada contemporânea Relatores: Consuelo Lins e José Benjamim Picado Sousa e Silva
QUANDO AS IMAGENS RASGAM O TECIDO DO SENSÍVEL THALES VILELA LELO (UNICAMP)
Inspirado por um conjunto de considerações teóricas que balizam as pesquisas recentes em estética da comunicação, esse artigo se propõe a compreender, no âmbito dos estudos de mídia contemporâneos, como o registro estético é
incorporado às reflexões de autores que problematizaram, de um ângulo normativo, os desafios implicados na representação midiática da alteridade, conferindo
relevância às reações morais e afetivas do espectador no contato com as imagens.
Tecendo uma crítica ao modo como esses autores lidaram com a questão, propõe-se: a) uma interface entre estética e política forjada na desconstrução do
nexo causal entre o conteúdo político de uma mensagem e sua repercussão na
esfera da recepção; b) uma defesa da “livre inatividade” do espectador na apreciação estética intensa, concebida como chave de uma redistribuição dos regimes
de sensibilidade que configuram a repartição singular dos objetos da experiência
comum.
Relator: Érico Oliveira de Araújo Lima
GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
MANHÃ
TARDE
QUANDO O CINEMA SE FAZ VIZINHO
ÉRICO OLIVEIRA DE ARAÚJO LIMA (UFF)
Este artigo se pergunta sobre algumas formas de vizinhança possíveis nas
quais pode se engajar o cinema na sua relação com os espaços e com os sujei-
45
GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
46
tos filmados. Propomos duas camadas coengendradas para tentar acessar esse
problema. De um lado, levantamos uma visada geográfica, que enfatiza os modos pelos quais a escritura fílmica constitui, por mise-en-scène e montagem,
a contiguidade das vidas, das casas, das ruas, dos espaços em cena. De outro,
estamos interessados em um gesto, que arriscamos chamar de avizinhamento,
quando essa vizinhança geográfica e esses sujeitos filmados interagem com a
máquina cinema segundo um modo de hospitalidade. Nosso objetivo é vincular essas questões a uma indagação mais ampla, a respeito da possibilidade de
os recursos expressivos da arte participarem da instauração de uma vida em
comum. Trata-se aqui de investigar os modos de ser da imagem no filme A vizinhança do tigre (2014), de Affonso Uchoa, nessa dupla condição da vizinhança
que tentamos traçar.
Relatora: Kênia Cardoso Vilaça de Freitas
AS REVOLUÇÕES ÁRABES: A RESSONÂNCIA DOS VAGA-LUMES
KÊNIA CARDOSO VILAÇA DE FREITAS (UCB)
O artigo faz a análise de dois filmes que abordam os acontecimentos ressonantes das manifestações recentes nos países árabes: PlaceTahrir: Liberation
Square (2011) e The Uprising (2013). O primeiro trata da insurgência em 2011,
no Egito, e o último usa imagens-acontecimentos de países diversos do Oriente
Médio e do Norte da África. O objetivo do texto é o de construir uma reflexão
sobre as imagens em movimento das manifestações de rua atuais por meio da
qualidade ressonante que as atravessam, entendendo a ressonância como uma
efervescência corporal, afetiva e tangível gerada pelo encontro da multidão nas
mobilizações políticas.
Relatora: Virginia Laís de Souza
A ESTÉTICA DOS MONSTROS E SUA INCOMPATIBILIDADE COM O
MERCADO ARTÍSTICO
VIRGINIA LAIS DE SOUZA (PUC-SP) Este artigo pensa a ausência da monstruosidade na arte nos dias atuais.
Chamaremos monstros os sujeitos que estão marginalizados por motivos como
classe social, país de origem, cor de pele. Para autores como Antônio Negri, esses
sujeitos formam uma multidão de singularidades com potência para subverter
discursos e representações. A partir disto, interessa pensar a respeito do mercado
artístico e das formas de trabalho a que os artistas estão submetidos; para ter
reconhecimento o artista aceita, por exemplo, regimes incessantes de produção.
Assim, temos a questão central do artigo: é possível um artista usar a potência
da monstruosidade em tempos em que o mercado dita regras de uma arte digerível e não reflexiva? O objetivo é fomentar o debate sobre a dificuldade de uma
obra crítica ganhar espaço onde a arte mercadológica parece dominante. Autores
DIA 09 DE JUNHO
MANHÃ
AS DIMENSÕES DA RELAÇÃO ESTÉTICA NA OBRA FOTOGRÁFICA DE
CAO GUIMARÃES
CONSUELO LINS (UFMG) e JOSÉ BENJAMIM PICADO SOUSA E SILVA (UFF)
Pretende-se analisar séries fotográficas do artista mineiro Cao Guimarães
no contexto das dimensões estética, experiencial e comunicacional nelas implícitas. Essa produção é considerada aqui tanto em suas qualidades imanentes de composição e tematização, quanto no caráter pragmático que define seus
padrões de interação sensível. A questão da “receptividade estética” é discutida
nas atitudes e regimes sensoriais e cognitivos que originam a obra fotográfica, e
no modo como essas imagens são postas em jogo para o apreciador. No corpus
desse exame, definimos especialmente as séries “Paisagens Reais: homenagem a
Guignard” (2009), “Úmido” (2015), “Plano de Vôo” (2015), “Steps” (2015). Os aspectos aqui salientados envolvem as atitudes que conectam sua obra fotográfica
com outros segmentos de sua produção artística e com os perfis “pragmáticos” da
experiência sensível suscitada por sua fotografia.
Relator: Thales Vilela Lelo
IMAGENS DO CÉU E DO INFERNO NA FOTOGRAFIA DE WITKIN
CRISTINA VALÉRIA FLAUSINO (USP)
As fotografias de Joel-Peter Witkin, artista cujas imagens são pontuadas
por elementos como sexo, erotismo, pornografia e transgressão às normas, são
o objeto de um exercício que tem como proposta colocar em prática as noções
de modelização advindas do campo da semiótica da cultura, compreendendo-a como uma ferramenta de trabalho para o investigador que busca traduzir as
muitas linguagens que compõem a arte, a fim de fazer ecoar suas reverberações
e ressonâncias, num trabalho de percepção sensorial, respaldado pelos próprios
elementos que o constitui e nem sempre estão visíveis. O tema da decomposição
física e da morte, aspecto perturbador das imagens de Witkin, é também apoio
reflexivo às nossas indagações sobre a natureza das imagens técnicas. No mundo
das recodificações, do vazio e da brutalidade inócua das narrativas contemporâneas, está no centro da investigação a noção da presença de ausência e o desejo
de sobreviver à perenidade material do corpo.
Relator: Laan Mendes de Barros
GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
como Pascal Gielen, Jonathan Crary, Gilles Lipovetsky, Nicolas Bourriaud e Arthur Danto são fundamentais para essa reflexão. Relatora: Cristina Valéria Flausino
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GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
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O CAMP E O LINDO NO CINEMA QUEER BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
RICARDO JOSÉ GONÇALVES DUARTE FILHO (UFRJ)
O seguinte artigo almeja analisar as novas configurações estéticas do cinema queer brasileiro que vêm se destacando por fugir ao realismo da filmografia
mundial contemporânea. Serão analisados quatro filmes, “Estudo em Vermelho”
(Chico Lacerda, 2013); “Doce Amianto” (Guto Parente, 2013), “Batguano” (Tavinho Teixeira, 2014) e “A Seita” (André Antônio, 2015). Dedicaremos uma maior
atenção ao último por vermos nele a interseção dos conceitos explanados ao longo do artigo como possíveis chaves de leitura dos elementos estéticos e narrativos
presentes nesses filmes, a saber: o camp, o lindo e a superficialidade. A hipótese
aqui levantada é de que ler esses elementos estéticos como novas possibilidades
políticas queer, indo de encontro ao assimilacionismo e normatização através da
estetização e da ludicidade.
Relatores: Ângela Cristina Salgueiro Marques, Frederico Vieira e Tamires
Coêlho
TARDE
FACES DO ROSTO: MÁSCARA E IDENTIDADE EM LES YEUX SANS VISAGE, DE GEORGES FRANJU
GABRIELA FROTA REINALDO e ISABEL PAZ SALES XIMENES CARMO (UFC)
O rosto é a principal parte do corpo pela qual interagimos com o ambiente
e com os outros que nos rodeiam (COURTINE E HAROCHE, 1995). Este artigo
aborda justamente a ausência de um rosto em uma instância particular e como,
nessa ausência, desdobram-se várias potências de sentido. A partir da análise
do filme Os Olhos Sem Rosto (LesYeuxSansVisage, 1960), filme realizado pelo
francês Georges Franju, pretendemos desenvolver interpretações do que seria o
fenômeno do sem rosto, apoiadas nas categorias de rosto, máscara e identidade.
Tais conceitos são discutidos por autores como Le Breton, Belting, Agamben,
Deleuze e Guattari, os quais, a partir de diferentes perspectivas, pensam o rosto
como lugar de comunicação e ambivalência.
Relator: Ricardo José Gonçalves Duarte Filho
Reunião de avaliação do GT
GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA
O ROSTO NA IMAGEM, A IMAGEM SEM ROSTO: APONTAMENTOS
PARA PENSAR OUTRAMENTE A RELAÇÃO ENTRE ESTÉTICA E POLÍTICA
ÂNGELA CRISTINA SALGUEIRO MARQUES, FREDERICO VIEIRA e TAMIRES COÊLHO (UFMG)
O objetivo deste texto é refletir acerca da noção de rosto enquanto vocalização de uma agonia e de uma demanda ética feita pelo outro, implicandonos em
uma relação de responsabilidade. Tal concepção, derivada do pensamento de Lévinas, é aqui retomada como fio condutor da análise de três imagens específicas:
(a) o rosto e sua aparição no cenário da seca; (b) a aparição do rosto de mulheres
sertanejas em perfis do Facebook; (c) a emergência do rosto no comum e nas vidas precárias em situação de pobreza. Buscamos evidenciar como o rosto nessas
imagens se apresenta como um apelo, um chamado que nos é endereçado e nos
alerta para a precariedade da vida do outro e da nossa própria vida. Essa vocalização do sofrimento, de um lamento e de uma demanda aproxima a estética da
política a partir do modo como as imagens operam nas relações éticas resultantes
da escuta do rosto.
Relatoras: Gabriela Frota Reinaldo e Isabel Paz Sales Ximenes Carmo
49
GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA
Coordenador: Francisco Paulo Jamil Almeida Marques (UFC)
Vice-coordenador: Danila Cal (UFPA)
Sala 09 - FIC
DIA 08 DE JUNHO
AGENTES DE CAMPANHA NÃO-OFICIAL: A REDE ANTIPETISTA NA
ELEIÇÃO DE 2014
MARCELO ALVES DOS SANTOS JUNIOR (UFF)
Grade parte da literatura especializada em campanha eleitoral na internet
se dedica à análise dos canais oficiais dos candidatos e dos partidos. Oferecemos
uma abordagem diferente, investigando as articulações entre agentes não-institucionais que fizeram campanha contra Dilma Rousseff e o PT no Facebook
em 2014. O argumento é que a internet, mais especificamente, as mídias sociais
são arenas nas quais novos atores disputam os espaços da comunicação eleitoral, complexificando o ecossistema político-midiático. Aplicamos procedimentos
metodológicos inovadores da análise de redes sociais com a finalidade de mapear
os canais que mobilizaram o antipetismo no Facebook. O principal resultado é o
que chamamos de Rede Antipetista, um agregado multifacetado de cerca de 500
fan-pages que alcançou um público total de mais de 10 milhões de seguidores.
Discutimos as implicações deste achado para a diversificação dos objetos de pesquisa em comunicação político-eleitoral.
Relatora: Patricia Rossini e Vanessa Veiga
SUPERPOSTERS, ESPECIALIZAÇÃO E SERVIÇO: A PRIMEIRA CONSULTA PÚBLICA DO MARCO CIVIL DA INTERNET NO TWITTER
ARTHUR CÉZAR DE ARAÚJO ITUASSU FILHO, SÉRGIO LIFSCHITZ, LETÍCIA CAPONE e VIVIAN MANNHEIMER (PUC-RIO)
O objetivo deste estudo é analisar a comunicação desenvolvida no Twitter
durante a Primeira Consulta Pública do Marco Civil da Internet, de 29/10 a 17/12
de 2009, de modo a contribuir para o debate sobre os efeitos das mídias sociais
nas discussões públicas no Brasil. Assim, definimos uma amostra de 1378 tweets
sobre o tema no período delimitado (n = 1378, MOE = 0,026), buscando perceber quem são os participantes da conversa, que mídia está presente no espaço e
quais os assuntos abordados. Feita a análise, encontramos uma alta incidência de
vozes especializadas, alta concentração das postagens (superposters), bem como
um espaço de informação e de publicidade dos mecanismos de participação. A
nosso ver, apesar da concentração e especialização, que poderiam denotar um
caráter elitista ao objeto, a comunicação analisada parece desempenhar um papel
específico de serviço ao cidadão, com a divulgação de fontes, informação, fóruns
consultivos e eventos sobre a lei e seu processo decisório.
Relatores: Emerson Urizzi Cervi, Michele Massuchin e Eva Campos.
GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA
MANHÃ
53
GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA
TARDE
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ESTRATÉGIAS POLÍTICAS E COMUNICAÇÃO PÚBLICA SOBRE A
QUESTÃO DA IMIGRAÇÃO NA FRANÇA
PAULA DE SOUZA PAES (UEPG)
Este artigo se interessa à ação pública e à comunicação do Estado a partir da análise de um caso convencionalmente chamado de “violência urbana”
ocorrido, em 2010, no bairro Villeneuve. O objetivo é demonstrar a maneira
pela qual o chefe de estado, Nicolas Sarkozy (2007-2012) participa da definição desses atos de violência como um problema relacionado à imigração.
Apresentada como não-partidária, a política de imigração proposta por Nicolas Sarkozy dissimula, na realidade, seu conteúdo propriamente político
ligado ao seu partido (UMP) tradicionalmente de direita. Nosso objetivo é
de confrontar o tratamento público dos incidentes na Villeneuve ao projeto
político no então presidente Nicolas Sarkozy. A hipótese a partir da qual este
artigo foi elaborado revela que a definição estatal da questão da imigração
enquanto problema contribui para a constituição de um consenso sobre os
aspectos desse problema e, como consequência, para a regulação da esfera
pública.O artigo baseia-se em alguns elementos do trabalho de pesquisa realizado na nossa tese de doutorado.
Relatores: Heloiza Helena Matos e Nobre e Jorge Pereira Filho
O USO DE PESQUISAS ELEITORAIS NO COLUNISMO POLÍTICO: UMA
COMPARAÇÃO ENTRE O GLOBO E LA NACIÓN NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE BRASIL (2014) E ARGENTINA (2015)
LIZIANE GUAZINA e ANDRE LUIS SOARES FONTENELLE (UnB)
Neste artigo, comparamos as colunas políticas de Merval Pereira (O
Globo) e Joaquín Morales Solá (La Nación) publicadas durante as campanhas eleitorais de Brasil (2014) e Argentina (2015), respectivamente, com
o objetivo de identificar como esses colunistas utilizaram os resultados das
pesquisas eleitorais em suas análises. Do ponto de vista teórico-metodológico, realizamos uma análise comparativa dos contextos de cada país, e
uma análise de enquadramento, conforme proposto por Entman, dos textos
dos dois colunistas. A omissão dos candidatos mal situados nas pesquisas, a
defesa do voto útil em favor da alternativa oposicionista com mais chances
de vitória e a valorização de um certo anseio de mudança foram alguns dos
enquadramentos observados que apontam para um alinhamento de estratégias argumentativas desenvolvidas pelos colunistas em favor das candidaturas de oposição.
Relatoras: Maria Helena Weber e Fiorenza Zandona de Carnielli
DIA 09 DE JUNHO
MANHÃ
PERSONALISMO E PARTIDARISMO EM PERSPECTIVA COMPARADA
NAS POSTAGENS DO FACEBOOK
EMERSON URIZZI CERVI (UFPR), MICHELE MASSUCHIN (UFMA) e EVA
CAMPOS (VALLADOLID)
O paper discute, de modo comparado, algumas características das postagens feitas pelos principais jornais impressos com perfil no Facebook em dois
países distintos: Brasil e Espanha. Foca-se a análise nas diferenças entre o personalismo e partidarismo ao longo da campanha, já que se trata de dois sistemas
políticos distintos sistemas políticos distintos – presidencialista (Brasil) e parlamentarista (Espanha). A hipótese é que no primeiro a produção jornalística
referente aos candidatos é mais evidente do que no segundo, em aparecem os
partidos políticos. Os grandes veículos jornalísticos também possuem produção
para a internet e usam as redes sociais para dar visibilidade aos conteúdos, o que
justifica esta pesquisa. A análise considera as postagens feitas em ambos os países
durante respectivas campanhas eleitorais. Foram selecionados os perfis de três
jornais em cada país: Folha de S.Paulo, O Globo e Estado São Paulo (Brasil) e El
l Confidencial, El mundo y El País (Espanha).
Relator: Viktor Chagas
GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA
A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA COMO PROCESSO DISCURSIVO: O DEBATE SOBRE A EDUCAÇÃO DE SURDOS COMPREENDIDO A PARTIR
DE UMA PERSPECTIVA PROCESSUAL
REGIANE GARCÊZ e ROUSILEY MAIA (UFMG)
O presente trabalho tem como objetivo discutir a noção de representação
política não eleitoral a partir de uma perspectiva comunicacional, com ênfase na
processualidade e na discursividade do ato de representar (Saward, 2010). Em
particular, analisamos os processos de representação que emergem do debate sobre qual o melhor modelo de escola para as pessoas surdas buscando responder o
que, quem e o quê se representa. A unidade de análise consistiu no mapeamento
e na análise sistêmica dos representativeclaims (demandas por representação)
proferidos a) em um grupo fechado de lideranças surdas organizado no Facebook, b) em uma audiência pública do judiciário e c) no GT de Educação da
Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Conclui-se que a
definição do grupo de representados, bem como a autopercepção dos surdos e
a defesa de determinado modelo de escola são fluidas e móveis, a depender das
audiências, levando em conta a dimensão estratégica quanto a discursiva.
Relatores: Liziane Guazina e AndreLuis Soares Fontenelle
55
GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA
E-DEMOCRACIA E LEGISLAÇÃO COLABORATIVA: A DISCUSSÃO DA
REFORMA POLÍTICA NO BRASIL
PATRICIA ROSSINI e VANESSA VEIGA (UFMG)
Governos democráticos têm adotado a Internet para criar iniciativas de
fomento à participação politica on-line. Neste sentido, a Internet prove oportunidades de consulta, participação e discussão que cidadãos interajam com instituições políticas. Este artigo contribui para esta literatura ao examinar o debate
da reforma política no Portal E-Democracia da Câmara dos Deputados. À luz
da teoria deliberativa, focamos nas dinâmicas de interação, heterogeneidade e
tolerância nas discussões. Observamos, ainda, em que medida os participantes
do debate estiveram engajados em propor soluções para os problemas em pauta.
Os resultados revelam um debate heterogêneo, caracterizado por civilidade, cooperação e caráter propositivo, o que demonstra que, a despeito das limitações da
plataforma, participantes com interesse e motivação do debate protagonizaram
uma discussão capaz de informar a esfera de decisão política.
Relator: Marcelo Alves dos Santos Junior
“NÃO TENHO NADA A VER COM ISSO”: CULTURA POLÍTICA, HUMOR
E INTERTEXTUALIDADE NOS MEMES DAS ELEIÇÕES 2014
VIKTOR HENRIQUE CARNEIRO CHAGAS (UFF)
O presente artigo propõe uma reflexão sobre a relação entre cultura popular e narcisismo político (PAPACHARISSI, 2011) a partir do caráter de ironia e intertextualidade (RAPPORT & OVERING, 2003) presente em conteúdos
produzidos por internautas durante os debates eleitorais em 2014 e veiculados
em sites de redes sociais. Compreendidos como memes de internet (SHIFMAN,
2014; CHAGAS et al., 2015), estes conteúdos se ancoram em forte senso de pertencimento a valores de referência próprios de subculturas e alavancam um humor situacional intensamente baseado na cultura pop. A análise de conteúdo se
concentra nos memes coletados no Twitter durante e após o debate exibido pelo
canal SBT.
Relatores: Arthur Ituassu, Sérgio Lifschitz, Letícia Capone e Vivian Mannheimer
TARDE
A COMUNICAÇÃO DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E O PARADOXO DA
VISIBILIDADE ESTRATÉGICA
MARIA HELENA WEBER e FIORENZA ZANDONADECARNIELLI (UFRGS)
Este artigo propõe uma reflexão sobre a comunicação pública identificada
em instituições públicas, em duas dimensões. A primeira constitutiva das funções da organização e demarcada pela natureza da sua atividade e a segunda
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A PARTICIPAÇÃO NA COMUNICAÇÃO PÚBLICA: PARA ALÉM DO
CONSENSO
HELOIZA HELENA MATOS E NOBRE e JORGE JOSE PEREIRA FILHO (USP)
Mobilizada por diversos discursos contemporâneos, a participação constitui-se em um campo de estudo amplo, cuja definição é proposta em variados
referenciais teóricos, às vezes de modo conflitivo. Tema de relevância crescente,
tem sido mobilizado por diversos autores para discutir impasses do sistema político das democracias modernas e constitui-se também em um conceito-chave
da comunicação pública. Como iremos abordar, o fundamento da comunicação
assenta-se em procedimentos, que precisam estar abertos à participação ativa da
sociedade, e em objetivos, que têm o interesse público como pano de fundo. Este
artigo procura, assim, discutir teoricamente o conceito de participação, tecendo
algumas relações possíveis entre essa reflexão e o conceito de comunicação pública.
Relatores: Regiane Lucas de Oliveira Garcêz e Rousiley Maia
Reunião de avaliação do GT
GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA
decorrente da comunicação estratégica produzida, em busca de visibilidade. O
objeto de estudo é a Defensoria Pública do Rio Grande do Sul que permite desenvolver esta análise pois a natureza da sua atividade é marcada pela defesa dos
direitos humanos e da igualdade de pessoas excluídas do sistema judicial. Ao
mesmo tempo, essa instituição se faz visível, através de dispositivos estratégicos
que não valorizam a sua natureza, mas promovem sua estrutura e gestão. O texto
aciona conceitos como democracia, comunicação pública, cidadania e visibilidade voltados à análise da comunicação da Defensoria Pública.
Relatora: Paula de Souza Paes
57
GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE
Coordenador: Bruno Campanella (UFF)
Vice-coordenador: Vander Casaqui (ESPM)
Sala 10 - FIC
DIA 08 DE JUNHO
AFETO E COMUNICAÇÃO: DAS CONSTRUÇÕES DO MEDO
MARIA CRISTINA FRANCO FERRAZ (UFRJ)
Este artigo ensaístico dedica-se, inicialmente, a um conceito presente nos
estudos atuais em Comunicação e Cultura: o de afeto. Partindo da filosofia deleuzeana, tematiza o conceito, discute questões de linguagem e privilegia um feixe
de afetos, provisoriamente chamado de “medo”, explorado a partir do conto de
Franz Kafka intitulado “A construção” (1923). A leitura do conto permite articular medo, insegurança e risco ao gesto de construir moradas ou habitats. Por fim,
o tema é desdobrado em um ensaio de Nietzsche no qual o autor avalia diferentes
tipos de construção, vinculando-os a determinadas perspectivas e pulsões vitais.
Na esteira de Nietzsche, elegem-se duas construções como apostas para a construção teórica: andaime e brinquedo.
Relator: José Luiz Aidar Prado
CORRENTES DA FELICIDADE: EMOÇÕES, GÊNERO E PODER
JOÃO BATISTA DE MACEDO FREIRE FILHO (UFRJ)
Na derradeira etapa de minha pesquisa sobre as formas e as normas da vida
feliz, redireciono o foco analítico das representações e dos receituários midiáticos para os tribunais emocionais da Internet. Apresento, neste artigo, a proposta
de construção de um quadro de referência teórico e metodológico adequado para
a futura análise dos debates em torno da postura emocional de duas mulheres:
uma prostituta que se declarou “feliz” com sua profissão, no material de uma
campanha do Ministério da Saúde; uma mãe que revelou “detestar” a experiência
da maternidade, em resposta a um desafio do Facebook. Argumento que o esforço investigativo para analisar a vasta repercussão dos dois casos poderá resultar
em um vívido panorama das implicações genéricas e políticas de ideais e normas
afetivas que, juntamente com outras forças disciplinares, constrangem e produzem identidades.
Relatores: Everardo Rocha e Lígia Lana
GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE
MANHÃ
61
GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE
TARDE
DA VIOLÊNCIA COMO INSTRUÇÃO AO (DES)AFETO COMO CONSTRANGIMENTO: ACUMULAÇÃO PULSIONAL, IDENTIDADES SEGMENTADAS E CLAUSURAS DO COMUM EM CASA GRANDE (FELIPE
BARBOSA, 2014) E QUE HORAS ELA VOLTA (ANNA MUYLAERT, 2015)
RAFAEL TASSI TEIXEIRA (UTP/PR)
O trabalho problematiza as releituras da construção do pertencimento em
novas (velhas) dialéticas das impossibilidades (diversas paisagens, distintos pertenceres) na construção social do habitar na realidade cotidiana brasileira. Estas
dialéticas são observadas nas relações entre afetos potentes e desafetos invariantes nos dois filmes brasileiros que geraram ampla discussão sobre as relações
entre patrões e empregados na cena do imaginário cotidiano da execussão da
alteridade: Que Horas Ela Volta (Anna Muylaert, 2015) e Casa Grande (Felipe Barbosa, 2014). Dois filmes como dois desencontros, duas potencialidades
da fisionomia do abandono e do seletivismo dos laços na clandestinidade dos
apegos. Da mesma forma, são observados os descompassos entre a admissão da
alteridade pela via do ‘pessimismo sentimental’ e pela clausura dramática em
novos paradigmas sobre as sentidas (i)mobilidades clássicas da realidade social
brasileira; desde o comum da repetição ao pulsional da ordem na ciclotimia nas
relações patrões-empregados.
Relatora: Maria Cristina Franco Ferraz
ACONTECIMENTO, TENSIVIDADE E CIRCUITO DOS AFETOS
JOSÉ LUIZ AIDAR PRADO (PUC/SP)
A partir de uma teoria do acontecimento buscamos pensar a comunicação
como circulação de marcas num campo tensivo, afetivamente investido, em que
os sujeitos emergem ao serem fiéis ao processo de verdade instaurado com o
acontecimento. A tensividade é pensada com Zilberberg, a teoria do acontecimento com Badiou, a formação do sujeito, submetido ao poder, mas capaz de
agência, com Butler e Safatle, que por sua vez propõe o desamparo como afeto
fundamental. A comunicação se coloca, portanto, a partir da teoria do acontecimento, de cunho político, capaz de tematizar a transformação do circuito dos
afetos e, portanto, a emergência de novas sociabilidades.
Relatora: Barbara Regina Altivo
POTÊNCIAS E LIMITES PARA A SUBJETIVAÇÃO POLÍTICA NA RELAÇÃO ENTRE PIXAÇÃO E ARTE
ANA KARINA DE CARVALHO OLIVEIRA (UFMG)
O texto discute seis eventos ocorridos entre 2008 e 2012 – três invasões
e três convites – que entrelaçaram de forma tensa e conflituosa os universos da
62
DIA 09 DE JUNHO
MANHÃ
GABY AMARANTOS, VESTIDA PARA CAUSAR: INTERFACES ENTRE
MODA E COMUNICAÇÃO
DILERMANDO GADELHA DE VASCONCELOS NETO e REGINA LÚCIA
ALVES DE LIMA (UFPA)
A partir da percepção de um constante recurso a uma dimensão comunicativa da moda nos estudos que compõem os fashionstudies, principalmente
nos Estados Unidos e na Europa, propomos pensar em como alguns desenvolvimentos contemporâneos no campo da comunicação contribuem para abordar
processos caros aos estudos de moda. Principalmente por conta da preocupação com uma dimensão interacional/relacional presente nos dois campos. Após
apresentarmos a proposta de interface, dedicamo-nos à análise dos figurinos da
cantora paraense Gaby Amarantos, a fim de apontar como essa perspectiva se
aplica ao estudo de casos empíricos.
Relatora: Gisela Castro
FAMA E AFETAÇÃO: AS PASSAGENS DE SARAH BERNHARDT NO RIO
DE JANEIRO (1886-1905)
EVERARDO ROCHA e LÍGIA LANA (PUC/RJ)
Neste trabalho, examinamos as três turnês da atriz francesa Sarah Bernhardt no Rio de Janeiro, ocorridas em 1886, 1893 e 1905. A presença da
atriz, intensamente noticiada, motivou a reflexão os modos de sociabilidade
no Brasil daquele período. Os hábitos de Sarah Bernhardt durante as estadias
foram registrados por textos jornalísticos que exploravam a percepção do
carioca sobre sua cidade, o papel da mulher na urbanização e o valor do lazer
para o país. A presença Sarah Bernhardt motivou a divulgação de anúncios
GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE
pixação e da arte. O objetivo é analisar como esses eventos constituem cenas
de dissenso e processos de subjetivação política que guardam potências para a
reconfiguração dos nomes, lugares e funções que são comumente destinados
aos pixadores. O trabalho foi desenvolvido, principalmente, a partir do pensamento político de Jacques Rancière, para quem a política é o questionamento
dos lugares conferidos hierarquicamente por uma ordem social que impõe um
modo de partilha do sensível: a ordem policial. A análise aponta que as mudanças na forma de apreensão e apresentação da pixação são muito específicas
daquele contexto, não se estendendo à rua, ambiente comum e cotidiano da
pixação.
Relatora: Janice Caiafa
63
GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE
de liquidações em lojas, produtos para cabelo, artigos de vestuário, entre outros. Indicamos, assim, o lugar de Sarah Bernhardt como uma referência para
o debate sobre os modos de subjetivação estimulados por práticas comunicacionais da publicidade, do consumo e da fama no Brasil, na passagem do
século XIX para o XX.
Relatores: Dilermando Gadelha de Vasconcelos Neto, Regina Lúcia Alves
de Lima
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LINDAS PARA SEMPRE, JOVENS DE CORAÇÃO: NARRATIVAS DO ENVELHECIMENTO NA PUBLICIDADE NATALINA
GISELA GRANGEIRO DA SILVA CASTRO (ESPM/SP)
Considerando que a publicidade ao mesmo tempo interpela e constitui o
seu público consumidor, este trabalho discute as narrativas sobre o envelhecimento acionadas em duas campanhas publicitárias de Natal. Apontando o papel
de destaque da comunicação e das lógicas de consumo na produção de subjetividades e modos de sociabilidade em nossos dias, argumenta-se que as fórmulas
‘linda para sempre’ e ‘jovem de coração’ resumem, de modo exemplar, o tratamento conferido às imagens dos mais velhos promovidas na linguagem publicitária.
Relator: João Freire Filho
TARDE
O METRÔ DE SÃO PAULO E O PROBLEMA DA REDE
JANICE CAIAFA (UFRJ)
Neste trabalho, exploramos alguns aspectos socioculturais da cidade
de São Paulo que a caracterizam como cidade-mundo e grande metrópole
brasileira e mostramos como, nesse contexto, a questão da mobilidade assume particular centralidade. Apontamos o papel importante do metrô como
transporte de massa e organizador do transporte coletivo na cidade e o definimos como meio de comunicação, na medida em que funciona a partir de
um conjunto de interfaces, tanto em nível da operação quanto no de sua utilização pelos usuários. Procuramos compreender, em seguida — a partir de
resultados de pesquisa etnográfica e de uma discussão sobre características
das infraestruturas urbanas — os impactos que a implementação da Linha
4-Amarela, de condução totalmente automática e operação privada, tem trazido para o metrô paulista, sobretudo ao interferir, de diversas maneiras, em
seu aspecto de rede.
Relator: Rafael Tassi Teixeira
Reunião de avaliação do GT
GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE
SUBJETIVAÇÕES POLÍTICAS DO “POVO DE AXÉ”: MODOS DE EXISTÊNCIA AFRO-BRASILEIROS NO ESPAÇO PÚBLICO DE BELO HORIZONTE
BÁRBARA REGINA ALTIVO (UFMG)
O objetivo deste artigo é sondar as potências de subjetivação política efetuada por comunidades de terreiro de Belo Horizonte em sua ocupação ritual de
espaços públicos. Buscamos pensar essa produção insurgente de si pelas religiões
afro-brasileiras dentro de uma proposta cosmopolítica que alarga a democracia
para nela coabitarem diferentes modos de existência. Em contraste com a privatização capitalística da subjetividade, consideramos que as operações de subjetivação das comunidades de umbanda e candomblé forjam resistências através do
direito à diferença e à variação, instaurando dobras nas dimensões 1) do corpo
intempestivo em transe e dos cuidados rituais de si e da relação com os mundos,
2) das agências humanas e não humanas e de uma temporalidade mítica, 3) da
produção de novas coordenadas de enunciação sobre si, sobre a história da experiência da escravidão, que desafia as estratificações de saber e 4) de projeções
potentes para o futuro através de contínuas transformações.
Relatora: Ana Karina de Carvalho Oliveira
65
GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO
Coordenadora: Tânia Hoff (ESPM)
Vice-coordenador: Ricardo Freitas (UERJ)
Sala PP01 - Labicom
DIA 08 DE JUNHO
ENTRE A VIDA ORDINÁRIA E O SUCESSO: PRESTÍGIO SOCIAL E RECONHECIMENTO MIDIÁTICO DOS EMBAIXADORES DE MARCA
CLÁUDIA PEREIRA (PUC-RIO), AMANDA ANTUNES (PUC-RIO) e ALINE
MAIA (PUC-RIO)
Este artigo se propõe a refletir sobre o papel do que hoje se denomina “embaixador de marca” a partir das ideias de “identidade”, “representações midiáticas”, “estilo de vida” e “imitação prestigiosa”, todas perpassadas,
de alguma forma, por dinâmicas do fenômeno social do consumo. Considerando, ainda, o lugar do “embaixador” e de seus “seguidores” no engajamento com marcas, o presente trabalho pretende discutir os processos
contemporâneos de visibilidade, reconhecimento e prestígio relacionados
a aspectos da Comunicação. Busca-se, enfim, compreender a natureza qualitativa dessa vinculação triangular (marca-embaixador-seguidores) com a
investigação das circunstâncias envolvidas e das práticas que se estabelecem nessas relações.
Relatoras: Sarah Batista Correa e Mirna Feitoza Pereira
BRANDING EMOCIONAL: AS SENSAÇÕES E EMOÇÕES DESPERTADAS
DURANTE A EXPERIÊNCIA OLFATIVA DO CONSUMIDOR EM SUA RELAÇÃO COM O ECOSSISTEMA COMUNICACIONAL DA MARCA FARM.
SARAH BATISTA CORREA e MIRNA FEITOZA PEREIRA (UFAM)
O presente artigo trata do reconhecimento do design da experiência olfativa vivenciada pelo consumidor da marca Farm e tem como objetivo a investigação das sensações e emoções despertadas no consumidor pelo aroma de
ambiente da marca. Nesse sentido, o referencial teórico envolve a perspectiva
ecossistêmica da comunicação, segundo Pereira (2015), as semióticas pierciana
e da cultura, a teoria das affordances de Gibson (1979) e o conceito de hipermodernidade de Lipovetsky (2004). A pesquisa é de cunho qualitativo, empírico
e exploratório, tendo em sua metodologia as técnicas de Moraes e Mont’Alvão
(2010) na modelagem sistêmica da marca, a observação sistemática de Gil (2010)
na análise do sistema-alvo, além da análise de conteúdo de Bardin (2011). Como
principais resultados, busca-se a apresentação da complexidade comunicacional
da marca estudada e a análise do processo do design da experiência de consumo
organizado com o objetivo de atingir a memória emocional e sensorial do consumidor.
Relatoras: Cláudia Pereira, Amanda Antudes e Aline Maia.
GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO
MANHÃ
69
GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO
TARDE
70
O PROCESSO DE FORMAÇÃO EM PUBLICIDADE E AS MULHERES NA
CRIAÇÃO PUBLICITÁRIA: UMA PROPOSTA TEÓRICO-METODOLÓGICA
FÁBIO HANSEN (UFPR) e CÁTIA SCHUH WEIZENMANN (ESPM)
O texto apresenta uma proposta teórico-metodológica para analisar o discurso de estudantes de Publicidade e Propaganda. Trata-se de um estudo que, ao
considerar o processo de formação da ordem do consumo, aborda a constituição
dos sentidos sobre as relações de gênero e seu atravessamento nas condições de
atuação do homem e da mulher na criação publicitária. O quadro teórico que dá
suporte à pesquisa se baseia nas discussões do consumo (Canclini) e na interface
comunicação e educação (Martín-Barbero), articuladas à Análise de Discurso
francesa de orientação pecheutiana. A abordagem metodológica é desenvolvida a
partir da produção de relatos de vida de estudantes de Publicidade que permitam
dar visibilidade às experiências formativas e associá-las ao lugar do masculino e
do feminino na criação publicitária.
Relatoras: Fernanda Martinelli e Isabel Travancas
A VELHICE EM TEMPOS DE “FETICHIZAÇÃO DO FETICHE”
CLAUDIMIRO LINO DE ARAÚJO e TIAGO MAINIERI (UFG)
Procura-se, neste artigo, estabelecer uma relação entre a noção atual de
reprivatização da velhice, vinculada ao conceito de “terceira idade”, e as contradições da pós-modernidade. O texto explora também conceitos e autores, estudiosos do capitalismo, e, ainda, a configuração da velhice a partir de um contexto
histórico, cultural, social e econômico. O objetivo é ressaltar os desafios de se envelhecer (e viver) no sistema capitalista tardio, e de como esse sistema econômico
se voltaria contra o ser humano e sua busca por cidadania. O desenvolvimento
das novas tecnologias de informação e comunicação, bem como da internet, evidencia a luta simbólica das pessoas na “terceira idade” enquanto partícipes do
bios midiático.
Relatores: Fábio Hansen e Cátia SchuhWeizenmann
ENTRE A ANTROPOLOGIA DO CONSUMO E A COMUNICAÇÃO: O
CASO DA PIRATARIA
FERNANDA MARTINELLI (UNB) e ISABEL TRAVANCAS (UFRJ)
O objetivo deste artigo é discutir o consumo de bens através de um olhar
antropológico. Na primeira parte são analisadas pesquisas na área da antropologia do consumo e em conexão com a comunicação, a partir de autores internacionais e brasileiros que trabalham com uma perspectiva cultural do consumo. A
segunda parte apresenta um recorte de pesquisa de campo sobre o consumo de
DIA 09 DE JUNHO
MANHÃ
CONSUMO E PUBLICIDADE: ENTRE INTERESSES RESPONSABILIDADES
ROGÉRIO LUIZ COVALESKI (UFPE)
No presente artigo, refletimos sobre fenômenos contemporâneos do binômio comunicação-consumo, em especial, às adaptações das estratégias persuasivas da publicidade e das novas retóricas do capital frente ao empoderamento
e à maior conscientização dos consumidores. Realizando uma breve retomada
de preceitos de Jean Baudrillard sobre A Sociedade de Consumo, propomos diálogos entre diferentes autores que, direta ou indiretamente, apoiam-se nessa
proposição teórica para repensar a postura – seja espontânea ou calculada – de
anunciantes que se veem desafiados pelo dinamismo dos mercados atuais e pelos
novos papeis que desempenham os consumidores.
Relator: Luiz Peres Neto
TEORIAS DA COMUNICAÇÃO E O CONSUMO: ALGUMAS CONJECTURAS TEÓRICAS E PROSPECÇÕES
LUIZ PERES-NETO (ESPM)
Este artigo propõe discutir alguns elementos teóricos fundantes para a pesquisa em comunicação e consumo. Para tal, em um primeiro momento, realiza
uma breve revisão teórica sobre o conceito de consumo apreendido a partir de
algumas das principais teorias da comunicação. Posto isso, em um segundo momento, realiza-se uma pesquisa bibliométrica nos resumos disponíveis no banco
de teses e dissertações da CAPES a fim de verificar como teses e dissertações vêm
trabalhando tais intersecções. Como principal conclusão aponta-se para o fato
de que a multiplicidade de aproximações epistemológicas encontradas, longe de
oferecer uma debilidade para a discussão das inter-relações entre comunicação e
consumo, fortalece a construção de laços empíricos e teóricos - “amarrações” - e
é extremamente benéfica na medida em que possibilita o desenvolvimento de
visadas críticas.
Relatores: Eneus Trindade Barreto Filho e Maria Clotilde Perez Rodrigues
GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO
bens de luxo piratas, entendendo o consumo como um sistema de comunicação
onde ocorrem trocas materiais e simbólicas. A intenção é discutir a construção
social do consumo e, mais especificamente, do consumo de bens de luxo piratas,
considerando que os objetos pirateados podem ser usados para promover marcação visual e classificação social.
Relatores: Claudimiro Lino de Araújo e Tiago Mainieri
71
GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO
72
O LUGAR DO SUJEITO CONSUMIDOR ENTRE MEDIAÇÕES E MIDIATIZAÇÕES DO CONSUMO: UMA PERSPECTIVA LATINOAMERICANA.
ENEUS TRINDADE BARRETO FILHO e CLOTILDE PEREZ RODRIGUES
(USP)
O artigo discute as possibilidades de compreensão do sujeito consumidor no âmbito dos estudos de comunicação e consumo, a partir da articulação
teórica entre as abordagens da mediações culturais do consumo e seus processos de midiatização. O texto aponta as distintas formas de percepção sobre o
sujeito consumidor na perspectiva latino-americana das mediações culturais e
do conceito nórdico europeu de midiatização. A combinação entre estas abordagens teóricas busca fortalecer a ideia de complementaridade teórico-metodológica necessária para entender o lugar do sujeito consumidor nos estudos
de comunicação e consumo em suas dimensões midiatizadas pelos processos
de interação, materializados em lógicas da participação, do engajamento, da
circulação e da criação, dados nos vínculos constituídos entre marcas e consumidores. O trabalho tenta contribuir para situar este tipo de enquadramento
teórico no âmbito do pensamento latino-americano dos estudos de comunicação e consumo.
Relator: Rogério Luiz Covaleski
TARDE
OS FRAGMENTOS DA FORTALEZA-PRODUTO: REPRESENTAÇÕES DA
CIDADE-SEDE DA COPA DO MUNDO NO JORNALISMO LOCAL
ALISSA CENDI VALE DE CARVALHO e SILVIA HELENA BELMINO (UFC)
O presente artigo tem como objetivo investigar as representações sociais de Fortaleza, capital do Ceará, como cidade-sede da Copa do Mundo,
produzidas e reproduzidas jornalismo local. Para isso, o procedimento metodológico utilizado é a categorização de regiões e atributos da cidade que estão
presentes nas 42 notícias analisadas. O aporte teórico trata da relação entre
os conceitos de cidademercadoria e direito à cidade, além da articulação da
noção de representações sociais ao jornalismo. Como primeira etapa de uma
pesquisa mais ampla, o artigo aponta para a redução de Fortaleza, como uma
mercadoria, a uma visão positiva da região litorânea, ainda que o jornal abra
espaço para alguns problemas da cidade. São construídas e reforçadas representações de Fortaleza como “um bom destino turístico, apesar de seus
problemas”.
Relatores: Maria Ataide Malcher e Ronaldo de Oliveira Rodrigues
Reunião de avaliação do GT
GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO
CULTURA E CONSUMO: PROGRAMAS TELERRELIGIOSOS E A PERCEPÇÃO DE JOVENS CATÓLICOS E ASSEMBLEIANOS
MARIA ATAIDE MALCHER e RONALDO DE OLIVEIRA RODRIGUES
(UFPA)
Neste artigo são apresentados dados de observação dos processos de consumo e assistência de programas telereligiosos das Igrejas Católica (IC) e Assembleias de Deus (AD) por jovens moradores de Breves-Marajó, no Pará. A partir
de uma agenda de observação, foram identificadas e analisadas as estratégias de
uso de anúncios publicitários em programas veiculados em TV aberta das Igrejas
Católicas (TV Nazaré e Canção Nova) e das igrejas Assembleia de Deus do Brás
e Vitória em Cristo, a partir da percepção de jovens católicos e assembleianos.
Enquanto a IC tem utilizado com mais cadência a exploração de anúncios em
sua programação de TV, a AD mostra esse recurso como sua principal estratégia
dentro dos programas telerreligiosos. De modo geral, observações que as práticas
de consumo institucionalizadas pela igreja e os processos de consumo estabelecidos pelos jovens não podem ser compreendidos em uma perspectiva isolada das
demais mediações implicadas no cotidiano do grupo investigado.
Relatoras: Alissa Cendi Vale de Carvalho e Silvia Helena Belmino
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GT CULTURA DAS MÍDIAS
Coordenador: Maurício de Bragança (UFF)
Vice-coordenador: Rosana Lima Soares (USP)
Sala 108 - Centro de Aula C
DIA 08 DE JUNHO
AS PRÁTICAS DO ESPECTADOR: RECEPÇÃO E ENTRETENIMENTO EM
GOGGLEBOX
MARCIO SERELLE (PUC MINAS)
A partir do reality show Gogglebox (Austrália, 2015), discuto as figurações
do espectador que emergem desse programa que trata da recepção televisiva.
Centrado nos lares, o show registra a diversidade de reações e opiniões em frente
à TV, em uma narrativa de entretenimento que afirma o caráter doméstico do
meio. Pretendo demonstrar que esse revigoramento do receptor – já tratado, de
certo modo, na teoria do leitor –, não implica diminuição do poder dessa mídia
no que se refere, principalmente, à reprodução da crença em seu papel social de
propiciar interações e senso de coletividade. O programa busca, assim, em momento de transformação aguda da televisão, afirmar a autonomia do espectador,
mas também a qualidade do televisivo, sua condição privilegiada de engajamento
para propiciar trocas no lar privatizado e na diversidade da nação.
Relatora:Vera Follain Figueiredo
REALISMO, VERDADE E POLÍTICA EM VÍDEOS AMADORES DE ACONTECIMENTOS
FELIPE POLYDORO (USP)
Neste texto, nos concentramos numa categoria específica dentro do vasto
conjunto das imagens amadoras: os vídeos operados por pessoas “comuns” que
flagram um fato de grande importância, aqui chamados de vídeos amadores de
acontecimentos. Além de delimitar essa categoria de imagens, problematizamos
alguns atributos aos quais estas geralmente estão associadas: o efeito de verdade
vinculado à crença numa evidência documental tomada diante do fato; o efeito
de real calcado nos ruídos e na urgência das filmagens amadoras; e a hipótese
de que contribuam para uma modificação significativa na política das imagens,
impondo ao universo midiático novos atores e novos lugares de fala.
Relatora: Renata Tomaz
GT CULTURA DAS MÍDIAS
Manhã
TARDE
CRISE DA CRÍTICA E DECLÍNIO DO PARADIGMA ESTÉTICO DA MODERNIDADE
VERA LÚCIA FOLLAIN DE FIGUEIREDO (PUC RIO)
O artigo aborda a crise da atividade crítica a partir do declínio dos valores
que davam sustentação ao ideal de autonomia da arte e do impacto causado,
77
GT CULTURA DAS MÍDIAS
pelo menos desde os ready-mades de Duchamp, pela incorporação do banal ao
campo artístico. Tendo em vista as mudanças decorrentes da tecnologia digital
e da consolidação de uma cultura de mercado, discute-se, ainda, até que ponto
a defesa de um padrão de gosto considerado inferior, excluído do paradigma da
alta cultura, se justifica, na contemporaneidade, como estratégia de subversão de
uma ordem estética hegemônica.
Relatora: Sonia Montaño
EM BUSCA DE JANET MALCOLM
BRUNO COSTA (UFMS)
A obra de Janet Malcolm tem um atração magnética sobre seus leitores e
parece atrair tanto admiração e reverência como receio e desconfiança. Neste artigo exploramos as reações à obra e a influência de Malcolm no jornalismo a partir de variados depoimentos de críticos, jornalistas, entrevistadores,etc pesando
constantemente o componente dialético de seus escritos e a influência marcada
de suas narrativas.
Relator: Marcio Serelle
A CULTURA DAS MÍDIAS E A EXPERIÊNCIA URBANA NA BELLE ÉPOQUE CARIOCA
TATIANA OLIVEIRA SICILIANO (PUC RIO)
Pretende-se refletir, apartir da visão dos cronistas e do material produzido
na mídia impressa, sobre a relação intrínseca entre a cultura midiática, a experiência urbana e a vida moderna. Partindo-se do pressuposto de que a comunicação é uma prática social, o artigo procura discutir sobre como o principal meio
de comunicação da época, a imprensa, representada pelos jornais e pelas revistas
ilustradas, narravam as mudanças técnicas que engendraram diferentes modos
de ver, novos padrões de sensibilidade e distintas práticas de interação social.
Quais eram as percepções transmitidas pela imprensa sobre as transformações e
invenções que estavam afetando a Capital Federal doBrasil nas últimas décadas
do século XIX e no início do XX.
Relator: Felipe Polydoro
DIA 9 DE JUNHO
MANHÃ
A CONSTRUÇÃO DO USUÁRIO NA CULTURA AUDIOVISUAL DO YOUTUBE
SONIA MONTAÑO (UNISINOS)
O artigo apresenta uma cartografia inicial dos modos em que o usuá-
78
YOUTUBE, INFÂNCIA E SUBJETIVIDADES: O CASO JULIA SILVA
RENATA TOMAZ (UFRJ)
Um dos objetivos da pesquisa àqual este artigo está vinculado é compreender as condições de possibilidade da passagem de uma infância moderna para uma infância contemporânea, no contexto brasileiro da virada
do século. Nessa perspectiva, o artigo investiga como os youtubers mirins,
crianças com centenas de milhares de assinantes em seus canais no YouTube,
constroem modos de ser e estar no mundo através da produção e divulgação
de seus vídeos. A análise se ampara no seguinte argumento: uma vez que “os
muros da vida privada” tenham sido fundamentais na construção de uma
infância moderna, sua erosão está permitindo a visibilidade crescente das
crianças e sua colonização na esfera pública, contribuindo para o surgimento
de novas concepções de infância. Dentre as conclusões preliminares desse
estudo está a de que ser famoso ou uma celebridade figura uma possibilidade
de ser criança na contemporaneidade.
Relator: Ricardo Pavan
GT CULTURA DAS MÍDIAS
rio é construído no YouTube e formula problemas de conhecimento para os
estudos contemporâneos da imagem e do audiovisual na web. Ao longo dos
dez anos de existência, a plataforma foi construindo o usuário associado a
sentidos diversos como o de colecionador e flâneur audiovisual, valorizando
sua condição de amador ou, mais recentemente sua condição de criador, desenvolvedor e empreendedor. Essas relações são problematizadas em diálogo
com autores como Benjamin e Certeau, que discutem o lugar da técnica na
cultura e nas relações entre produção e consumo e os modos de produção por
apropriações e usos no cotidiano. As contradições entre um usuário programado pela interface e um usuário que a reprograma demonstra um estágio
transitório e complexo da técnica e, por isso, fértil para os estudos do audiovisual e da comunicação.
Relator: Bruno Costa
DISPOSIÇÕES SOBRE ANÔNIMOS
ERCIO DO CARMO SENA CARDOSO (PUC MINAS)
O artigo pretende articular perspectivas da pesquisa sobre os anônimos
nos meios de comunicação. Para isso, estabelece relação com estudos sobre a
abordagem dos anônimos na história e nas ciências sociais brasileiras. Esses movimentos buscam capturar a ação de sujeitos populares em vestígios nem sempre
configurados por eles. A partir daí propõe desafios que destacam a presença deles
na cultura midiática, sugerindo proposições de intervenção e pesquisa.
Relator: Gelson Santana
79
GT CULTURA DAS MÍDIAS
TARDE
REPRESENTAÇÃO E FORMAS DA DIFERENÇA NA CULTURA MIDIATIZADA DE HOJE
GELSON SANTANA (UAM)
A experiência cultural contemporânea foi capturada pelo imaginário das
mídias. Assim, as performances da cultura contemporânea apresentam-se, em
suas estratégias, não com a simbólica que dá forma ritual ao coletivo, mas como
um espectro de um simbolismo que define, na atualidade, a sua própria constituição. Estar em representação hoje é construir castelos virtuais de realidade que
funcionam como formas da diferença, referenciais da experiência individual de
mundo, refletidas nos produtos midiáticos, e constituem as marcas reveladoras
do que nos tornamos e do que se tornou a cultura nesse labirinto sem guia das
mídias contemporâneas.
Relatora:Tatiana Siciliano
REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS NA CULTURA MIDIÁTICA – O LUGAR DO ESTEREÓTIPO NA PRODUÇÃO HUMORÍSTICA
RICARDO PAVAN (UFG)
Partimos da compreensão de que as estratégias de produção usadas nos
humorísticos exprimem identificações estereotipadas do contexto sociocultural
em que é reproduzido. Não tomamos a ideia de identidade como algo estático,
natural, mas como constantemente reinventada e investida de novos significados.
Embora leve-se em conta que nem todos se encontram sob uma mesma linguagem cultural, as perspectivas indicam que ao consumirem um produto midiático
humorístico, os espectadores refletem um sistema de representação do mundo. A
conclusão é a de que a tessitura dos processos comunicacionais envolvidos nessa
relação depende de uma série de dispositivos que acionam repertórios de significados e perspectivas de vinculação social.
Relator: Ercio do Carmo Sena Cardoso
Reunião de avaliação do GT
80
GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO
Coordenador: Luís Mauro Sá Martino (CÁSPER LÍBERO)
Vice-coordenador: Carlos Alberto de Carvalho (UFMG)
Sala 08 - FIC
DIA 08 DE JUNHO
ANÁLISE DO ACONTECIMENTO: POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS
VERA REGINA VEIGA FRANÇA e SUZANA CUNHA LOPES (UFMG)
A proposta deste artigo é refletir de que maneira o conceito de acontecimento pode se transformar em um orientador e/ou operador metodológico na
área de Comunicação. Para isso, primeiramente apresentamos a noção pragmatista de acontecimento com a qual trabalhamos. Depois, destacamos alguns vieses
analíticos: 1) o poder hermenêutico do acontecimento para busca de sentidos em
jogos de temporalidades e enquadramentos; 2) a passibilidade do acontecimento
para análise de experiências, afetações e configuração de públicos; 3) a dupla vida
do acontecimento para investigar as dimensões existenciais e simbólicas de um
fenômeno; 4) a espetacularização para estudos de acontecimentos midiáticos; e
5) a individualização do acontecimento para interpretar suas particularidades
e o contexto social que faz emergir. Trata-se de um exercício experimental de
sistematizar e evidenciar as possibilidades analíticas permitidas pelo conceito de
acontecimento.
Relatora: Regina Rossetti
O ESTRANHO MUNDO DA INFORMAÇÃO – E DA MATERIALIDADE NO CAMPO DA COMUNICAÇÃO
LIRÁUCIO GIRARDI JÚNIOR (CÁSPER LÍBERO / USCS / UNICAMP)
A presença, cada vez maior, de estudos centrados na materialidade da comunicação trouxe para o campo da comunicação dois tipos de abordagem muito
particulares. Neste trabalho, vamos nos concentrar na especificidade das novas
mídias e no reaparecimento de modelos baseados na teoria da informação de
Claude E. Shannon e da cibernética de Norbert Wiener. A convergência entre
media technologies e digital computing, indicada por Manovich, trouxe para o
campo da Comunicação um conjunto de novos problemas de pesquisa ou a reorientação de problemas enfrentar reflexivamente.
Relator: Márcio Telles
GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO
MANHÃ
TARDE
MUDANÇAS TEÓRICAS NAS TRAJETÓRIAS DE FUNCIONALISTAS E
FRANKFURTIANOS
REGINA ROSSETTI (USCS)
Este artigo trata das mudanças ocorridas no conceito de comunicação na
trajetória inicial de desenvolvimento da Teoria da Comunicação Funcionalista
83
GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO
84
e durante toda trajetória da Teoria da Comunicação Frankfurtiana. Descreve a
evolução da concepção de comunicação dos funcionalistas Lasswell, Lazarsfeld
e Hovland, a crítica dos frankfurtianos Adorno e Horkheimer a essa concepção
funcionalista e a renovação teórica que ocorre no interior do próprio pensamento frankfurtiano quando do surgimento das teses de Habermas, Honneth e Forst.
Os resultados indicam que enquanto a trajetória funcionalista inicial é marcada
pela continuidade evolutiva de um mesmo conceito que vai tornando-se complexo, a trajetória frankfurtiana é marcada pela ruptura e renovação de suas concepções.
Relatoras: Rafiza Varão e Katrine Boaventura
UMA BIFURCAÇÃO NA ESTRADA: ROBERT CRAIG, LUIZ C. MARTINO
E A FUNDAMENTAÇÃO DO CAMPO DA COMUNICAÇÃO
KATRINE TOKARSKI BOAVENTURA (UNICEUB) e RAFIZA VARÃO (UCB)
Este trabalho discute o pensamento de dois autores sobre o estatuto do
saber comunicacional: Robert Craig e Luiz C. Martino. As reflexões de ambos foram publicadas entre o final dos anos 1990 e começo deste século. Os dois autores
se empenham em discutir o status epistemológico do campo da Comunicação.
Pretendemos apresentar as semelhanças entre as descrições dos dois pesquisadores sobre a constituição da área e, posteriormente, as diferentes conclusões a que
chegam em suas respectivas análises. Por fim, discutiremos como Craig e Martino chegam, a partir das mesmas premissas, a diagnósticos tão distintos sobre a
Comunicação
Relatoras: Vera V. França e Suzana Lopes
MIDIATIZAÇÃO: INVESTIGAÇÕES BRASILEIRAS E EUROPEIAS E O
MIDIACENTRISMO
CARLOS ALBERTO DE CARVALHO (UFMG)
Apesar de pontos comuns nos estudos brasileiros e europeus sobre midiatização, percebe-se mais diferenças de abordagem do que coincidências, a começar por maior preocupação histórica nos estudos europeus. Outra diferença
é quantitativa: no Brasil as pesquisas sobre midiatização ainda são tímidas. Ao
identificarmos algumas das características centrais nos estudos brasileiros e europeus sobre midiatização detectamos ao menos duas posições distintas sobre as
noções de mediação. Esclarecer essas diferenças é um dos propósitos do artigo,
pois abre caminho para indicar um dos mais sérios limites às teorizações sobre
a midiatização, qual seja, o midiacentrismo. Encerramos as reflexões propondo
a necessidade de considerar as textualidades como componentes esclarecedores
para a noção de midiatização, inclusive para evitar os limites das abordagens
midiacêntricas.
Relator: Ciro Marcondes Filho
A EPISTEMOLOGIA POLÍTICA DA COMUNICAÇÃO
LUCRÉCIA D’ALESSIO FERRARA (PUC-SP)
Parte de pesquisa que se encontra em desenvolvimento, esse trabalho estuda as polaridades dicotômicas que, emergindo da linguística, atingiram a comunicação através de várias tendências epistemológicas dos anos 60 do último
século até os anos 2000 do século atual. As profundas alterações tecnológicas
que atingiram e transformaram a comunicação nos últimos anos, obrigam-nos
a uma revisão das suas bases epistemológicas. Nesse sentido, impõem-se rever
os paradigmas que sedimentaram a produção de conhecimento e suas transformações. Esse trabalho se propõe a acompanhar, entre os índices do passado, os
rastros que podem sustentar essa revisão e propor uma comunicação interativa
que, coletiva nos seus complexos processos de transindividuação, pode produzir
as bases de uma epistemologia política da comunicação.
Relator: Carlos Alberto Carvalho
SOBRE O TEMPO DE INCUBAÇÃO NA VIVÊNCIA COMUNICACIONAL
CIRO MARCONDES FILHO (USP)
O ensaio em questão propõe um procedimento de pesquisa para que se possa estudar a comunicação em todas as suas modalidades, seja ela eletrônica, de
massa ou interpessoal. Para tanto, sugere três momentos do processo investigativo
caracterizados pelo vivenciar o fato comunicacional, observar suas reverberações
sobre aquele que o vivencia e elaborar a partir disso um relato consistente, que
servirá para dar substância às necessidades epistemológicas da área. Distancia-se
dos estudos da ciência cognitiva e da chamada “pesquisa de recepção” buscar um
componente filosófico e qualitativo na experiência comunicacional.
Relatoras: Karla Regina Macena P. Patriota, Carolina Cavalcanti Falcão e
Emanuelle Gonçalves Brandão Rodrigues
DAS MATERIALIDADES ÀS MATÉRIAS-PRIMAS DA COMUNICAÇÃO:
NOTAS PARA UMA PERSPECTIVA TEÓRICA GEOLÓGICA
MARCIO TELLES (UFRGS)
Partindo de outra “materialidade” da mídia, que não se limita ao suporte
e ao não-sentido, busca-se, nas matérias-primas empregadas no fabrico da tecnocultura midiática, um outro fluxo material que erige novos significados. Tal
pensamento “geológico” dar-se através de três dimensões: geofísica, focando na
ontologia das matérias e como elas entram em relação nos aparelhos comunicacionais; geopolítica, procurando as articulações que as cadeias produtivas de
matérias primas e econômicas da indústria tecnomidiática operam, deixando
rastros no trabalho e nas posições estratégicas das nações; geológica, tendo a
GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO
MANHÃ
DIA 09 DE JUNHO
85
GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO
Terra como matéria cujos dados são minados e significados nos domínios humanos, reconhecendo um contínuo entre processos cognitivos culturais e impacto
ambiental. Atualiza-se, na comunicação, a proposta de Félix Guattari em pensar
ecosoficamente através de três domínios imbricados: o meio-ambiente, as relações sociais e a subjetividade humana.
Relator: Francisco J. P. Pimenta
TARDE
BIOSEMIÓTICA COMO NOVA FRONTEIRA E SUA APLICAÇÃO NA COMUNICAÇÃO AMBIENTAL
FRANCISCO J. PAOLIELLO PIMENTA (UFJF)
O objetivo desse artigo é apresentar a biosemiótica derivada do Pragmaticismo de Peirce como um desenvolvimento teórico capaz de ampliar a atual
concepção do campo da Comunicação em seus propósitos práticos. Por meio da
descrição de hipótese relativa à esfera da Comunicação Ambiental, aplicada em
seguida a dois testes empíricos, buscamos descrever de que forma essas aproximações podem ser realizadas. Ao final, a partir dos resultados obtidos, defendemos que a biosemiótica poderá constituir uma extensão produtiva do campo na
medida em que conseguir superar resistências de concepções autorrestritivas dos
processos comunicacionais.
Relatora: Lucrécia D´A. Ferrara
A CARTOGRAFIA DE UM CAMPO: SINGULARIDADES E POSSIBILIDADES NAS RELAÇÕES ENTRE RELIGIÃO E CONSUMO NOS TRABALHOS
DESENVOLVIDOS NA COMUNICAÇÃO
KARLA REGINA MACENA P. PATRIOTA (UFPE), CAROLINA CAVALCANTI FALCÃO (UNIFAVIP/UFEP) e EMANUELLE GONÇALVES BRANDÃO
RODRIGUES (UFPE)
Este trabalho apresenta uma síntese cartográfica com considerações iniciais sobre quatro Zonas (metáfora emprestada da cartografia da malha viária) da produção acadêmica, que agrupam, no período dos últimos 10 anos, os trabalhos
desenvolvidos dentro das temáticas Religião e Consumo na comunicação. A proposta do texto é refletir sobre os vínculos epistemológicos e os níveis de articulação entre diferentes correntes teóricas, que por vezes se distanciam, por vezes se
aproximam. Trata-se, de início, de um estudo exploratório cuja proposta central
é resumir, em um mapa, as abordagens-chave dessas pesquisas em nossa área,
apontando as particularidades desses estudos e o que distingue a Comunicação
quando se trata de pesquisas que articulam essas temáticas.
Relator: Liráucio Girardi Jr
Reunião de avaliação do GT
86
GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL
Coordenador: AngelaPrysthon (UFPE)
Vice-coordenador: Fernando Gonçalvez (UERJ)
Sala Administração - Labicom
MANHÃ
ESPELHOS OPACOS, ESPELHOS REFLEXOS: SELFIES E AUTORREPRESENTAÇÃO NA ERA DOS SMARTPHONES
ISAAC PIPANO (UFF)
Forma de autorretrato hegemônica, a selfiesitua-se como um registroperfeitamente ajustada ao horizonte de estratégias que visam à exposição da vida íntima e à espetacularização do ordinário; à ubiquidade dos aparatos sociotécnicos
e aos estreitos vínculos entre imagem e experiência, tão comuns em nosso tempo.
Ao tensionar performance eautorrepresentação, essa modalidade de “escrita de
si” contemporânea nos convoca para uma reflexão sobre o que a diferencia das
demais práticas fotográficas enquanto gesto e produção subjetiva.
Relator: Henrique Codato
AS PAISAGENS FOTOGRÁFICAS HISTORICIZADAS DE “TO FACE”, DE
PAOLA DE PIETRI
KATIA HALLAK LOMBARDI (UFSJ)
As paisagens fotográficas do livro To Face (2012), de Paola De Pietri, provocam muito mais que o deleite visual. Ao incorporarem vestígios da Primeira
Guerra Mundial, com suas batalhas travadas em territórios que pertencem hoje
à Itália e à Áustria, essas fotografias chamam a atenção para um passado sombrio que não deve ser esquecido. São imagens que jogam com a experiência
histórica, ora revelando-a parcialmente, ora apontando para o seu apagamento.
Tomamos como base as reflexões de Anne Cauquelin e Simon Schama sobre
natureza, cultura e paisagem e a dimensão histórica e temporal do pensamento
benjaminiano para discutirmos o modo como as fotografias de To Face evocam o acontecimento histórico e trazem à tona um tema tão relevante como a
guerra.
Relator: Marcelo Leite Barbalho
TARDE
CINEMA INDEPENDENTE DO BRASIL NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO: PRÁTICAS ESTÉTICAS, PERFORMANCES POLÍTICAS, CONDIÇÕES ECONÔMICAS
MANNUELA COSTA (UFRJ)
A noção de independência é um aspecto muito caro aos estudos de cinema no Brasil e no mundo, de modo que tem sido usada de forma recorrente por
diversos atores do setor: instituições públicas, crítica e pelos próprios cineastas.
GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL
DIA 08 DE JUNHO
89
GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL
90
A noção de cinema independente se relaciona a esferas políticas, econômicas e
estéticas, e incorpora dinâmicas cada vez mais fluidas e porosas, quando situadas
no contexto globalizado de produção e consumo de produtos audiovisuais na
contemporaneidade. Este artigo busca estabelecer parâmetros para a categorização do que se considera cinema independente no Brasil, através de uma recuperação histórica do uso do termo (nos EUA, França e Brasil), bem como por meio
uma análise empírica da produção cinematográfica contemporânea feita no país,
em termos técnico-estéticos e econômicos.
Relatora: Lúcia Ramos
ENTRE O OLHAR E O GESTO: COMENTÁRIOS SOBRE AS VOZES EM
CONVERSAS NO MARANHÃO
LAÍS FERREIRA OLIVEIRA (UFF)
Este artigo estuda a composição e a reverberação das diferentes vozes que
animam o documentário “Conversas no Maranhão” (Andrea Tonacci, 1977),
atentando principalmente para a maneira como o filme se faz permeado pela
experiência do mundo dos sujeitos filmados. Para tanto, recorremos à teoria do
perspectivismo ameríndio, à discussão da polifonia no filme, além de reflexões
sobre a forma do documentário.
Relatora: Katia Hallak Lombardi
CENAS DO TESTEMUNHO E MEMÓRIAS SUBTERRÂNEAS DE BRASÍLIA
TATIANA HORA ALVES DE LIMA (UFMG)
Conterrâneos velhos de guerra (1991), de Vladimir Carvalho, e Branco
sai, preto fica (2014), de Adirley Queirós partem de pequenos eventos esquecidos pela história oficial para desvendar o que há de catástrofe e ruína sob os
monumentos de Brasília erguidos segundo a utopia modernista. Conterrâneos
busca a “verdade soterrada” contra a farsa da história, e BSPF traz contaminações entre documentário e ficção científica para elaborar o testemunho como
“máquina do tempo”. Investigamos o testemunho como cena tendo em vista
as formas de convocação da escuta e da visão próprias da mise-en-scène cinematográfica, particularmente as relações travadas entre sujeitos filmados e
antecampo, as articulações espaço-temporais produzidas na cena e na montagem de arquivos, e a memória evocada pela música. Os filmes trazem à tona o
testemunho como resto, ou como experiência partilhada possível entre sujeitos
filmados, antecampo e espectador, que salva as histórias dos vencidos do esquecimento.
Relator: Isaac Pipano
MANHÃ
SOM E MOVIMENTO NA EXPANSÃO DO FOTOJORNALISMO
LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA JUNIOR (USP)
A partir da obra dos fotógrafos franceses Guillaume Herbaut e Samuel
Bollendorff, este artigo discute o atual processo de expansão do fotojornalismo. Para isso examina uma questão em especial: a conexão fotografia-vídeo utilizada pelo repórter-fotográfico e a relação que ele estabelece com o
cinema. Analisam-se obras que, mesclando fotografia com aspectos da linguagens cinematográfica, têm levado o fotógrafo a aventurar-se por outras
áreas estabelecendo novas alianças com técnicos de som e de montagem.
Num mundo saturado de imagens e com a mídia impressa deixando cada
vez mais de ser o principal meio para o fotojornalista divulgar reportagens
aprofundadas, o texto mostra como ele procura criar novas formas de narrar visualmente um evento e explorar a internet como canal de distribuição
de suas imagens.
Relatora: Mariana Baltar
DAS NARRATIVAS DE FUNDAÇÃO ÀS NARRATIVAS DE DISSOLUÇÃO.
A QUESTÃO DA IDENTIDADE NACIONAL EM FILMES CONTEMPORÂNEOS “PERIFÉRICOS”
LUCIA RAMOS (USP)
Este artigo propõe pensar a questão do “nacional” dentro do cinema
contemporâneo. Apesar da crise nos conceitos de “nação” e “nacionalismo”,
eles ainda são usados no cinema, tanto pela historiografia e pelos estudos cinematográficos quanto por festivais e retrospectivas. Em contraponto às chamadas “narrativas fundacionais” (SOMMER, 2004), que entrelaçavam felicidade doméstica e ideal nacional, em um conjunto de filmes contemporâneo
realizados em regiões “periféricas” com relação ao cânone cinematográfico
(Brasil, China, Filipinas, Portugal), e cuja visibilidade se situa sobretudo no
âmbito de festivais internacionais, as esferas “individual” e “nacional” continuam ligadas, mas em chave negativa. Por essa razão, propomos o conceito de “narrativas de dissolução nacional”. Haveria uma relação entre a crise
de identidade nacional no âmbito diegético, e uma suposta crise do cinema,
numa época em que os suportes digitais de gravação e exibição se tornam
predominantes?.
Relator: Luís Felipe Duarte Flores
GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL
DIA 9 DE JUNHO
91
GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL
92
CORPO E VOZ NO CINEMA CONTEMPORÂNEO: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O FILME “ELA”, DE SPIKE JONZE
HENRIQUE CODATO (UFC)
Propomos pensar as antinomias corpo/voz; visível/invisível; homem/máquina no contexto do cinema contemporâneo, ao estabelecermos um diálogo
com o filme “Ela” (Her, 2013), de Spike Jonze. Com a ajuda de algumas teorias
que pensam o dispositivo cinematográfico em interação com a psicanálise, defendemos que a obra apresenta uma correspondência bastante singular e complexa entre corpo e voz no espaço do filme. Ao problematizarmos o jogo entre a
presença da voz e a ausência do corpo de Samantha na cena, buscaremos mostrar
que o filme inaugura uma nova dialética entre o visível e o invisível, fazendo com
que imagem e voz funcionem, aqui, sob uma outra economia de forças. Consideraremos e discutiremos a oposição homem/máquina na ficção encenada por
Jonze, cujas fronteiras se indeterminam e se confundem, uma vez que amar, em
“Ela”, deixa de ser uma capacidade exclusivamente humana.
Relatora: Mannuela Costa
TARDE
POR UM CINEMA DE ATRAÇÕES CONTEMPORÂNEO
MARIANA BALTAR (UFF)
Partindo da reflexão em torno das permanências e implicações do regime
de atrações no cinema e audiovisual contemporâneo, este artigo pretende estabelecer uma correlação entre os conceitos de cinema de atrações e afeto. O objetivo
central é traçar a importância de determinada teorização sobre o afeto para refletir sobre os desdobramentos do conceito de atrações e suas possibilidade para
pensar um cinema ao mesmo tempo narrativo e “disruptivo” capaz de colocar
em cena um certo sentido de política que se presentifica de modo ambivalente a
partir das performances do e no corpo. Para tanto, cotejaremos as questões teóricas com comentários analíticos de filmes como Homem ao Banho (Christophe
Honoré, 2010) e Algo a romper (Ester Martin Bergsmark, 2014)
Relatora: Tatiana Hora Alves Lima
RECONHECER A IMAGEM, PERSEGUIR A HISTÓRIA: CRÍTICA DA VISIBILIDADE TÉCNICA NO CINEMA DE HARUN FAROCKI
LUÍS FELIPE DUARTE FLORES (UFMG)
O artigo se dedica a discutir aspectos da relação entre cinema e história
no filme-ensaio Reconhecer e perseguir (2003), do cineasta alemão HarunFarocki.Na obra, o artista utiliza arquivos e voz off para refletir criticamente sobre o
devir tecnológico da humanidade. Ao mesmo tempo, sua crítica constitui uma
operação reflexiva sobre o funcionamento das imagens técnicas. Farocki faz uso,
Reunião de avaliação do GT
GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL
dentre outros, de um tipo particular das imagens de arquivo, as chamadas imagens operacionais, produzidas pelos próprios objetos e sistemas técnicos. Nossa
análise busca compreender os procedimentos formais utilizados na retomada ensaística das diferentes imagens, bem como os sentidos possíveis de sua apropriação. O método do diretor é dividido, assim, em duas figuras com valor heurístico:
por um lado, o reconhecimento da imagem, o ato de arrancá-la das instituições
do poder, por outro, a busca da história, a ressignificação das imagens em seus
relacionamentos complexos com o mundo e o tempo humano.
Relatora: Laís Ferreira Oliveira
93
GT ESTUDOS DE JORNALISMO
Coordenador: Carlos Eduardo Franciscato (UFS)
Vice-coordenador: Beatriz Becker (UFRJ)
Sala 05 - FIC
DIA 08 DE JUNHO
AFFORDANCES INDUTORAS DE INOVAÇÃO NO JORNALISMO MÓVEL
DE REVISTAS PARA TABLETS
ADALTON DOS ANJOS FONSECA (UFBA) e SUZANA BARBOSA
(UFBA)
Este artigo examina a inovação no jornalismo móvel a partir do conceito de affordance aplicado no estudo de revistas para tablets em três momentos
definidos entre 2010 e 2016. Criou-se uma ferramenta metodológica de análise com o objetivo de explorar os quatro conjuntos de affordances identificados:
operação, coleção, compartilhamento e multimidialidade. A partir destes grupos,
pontuou-se a emersão de affordances inovadoras possibilitadas pelos recursos e
funcionalidades dos tablets e que também permitem interações inéditas ou renovadas na relação entre usuários e revistas. Entre elas estão: ouvir, assistir, jogar, pesquisar, armazenar. A comparação entre as revistas analisadas que mais
se destacaram pela inovação também revelou uma tendência de estabilização de
um formato para exploração dos recursos e funcionalidades do tablet, apesar de
reconhecermos que há possibilidades ainda não exploradas pelos produtos que
têm o potencial de induzir mais inovações.
Relatores: Walter Teixeira Lima Júnior e André Rosa de Oliveira
JORNALISMO ESTRUTURADO: USO DE METADADOS PARA ENRIQUECIMENTO DE BASES NOTICIOSAS NA WEB
WALTER TEIXEIRA LIMA JÚNIOR (UFAP) e ANDRÉ ROSA DE OLIVEIRA
(UMESP)
Bases de dados abastecidas com notícias produzidas para a Web representam um repositório de informação estruturada com potencial tecnológico de ser
reutilizada de inúmeras formas e por outras plataformas digitais conectadas via
redes. No entanto, a dinâmica de recuperação deste material costuma ser limitada a busca por palavras-chave; da mesma forma, a sua organização é composta
por categorizações simples ou apenas por marcações em HTML, não permitindo
a flexibilização do seu uso de outras formas. Novas ferramentas baseadas na adoção de vocabulários controlados, ontologias formais e outros padrões de metadados estruturam melhor a recuperação da informação jornalística inserida em
banco de dados. Neste artigo, pretende-se relacionar a informação jornalística a
conceitos que estendam bases de dados além de seu uso como repositório, mas
na obtenção de “relações invisíveis” de temas e contextos.
Relatores: Adalton dos Anjos Fonseca e Suzana Barbosa
GT ESTUDOS DE JORNALISMO
MANHÃ
97
GT ESTUDOS DE JORNALISMO
TARDE
NARRATIVAS DO TRAUMA NO JORNALISMO LOCAL: BENTO RODRIGUES
KARINA GOMES BARBOSA (UFOP) e ANDRÉ LUÍS CARVALHO (UFOP)
Este artigo busca analisar as estratégias narrativas empregadas pelo jornalismo laboratorial universitário marianense para construir uma narrativa do
trauma nas páginas do jornal Lampião. O objetivo é perceber como o veículo
materializa a experiência do rompimento da barragem do Fundão, pertencente
à Samarco, em Mariana (MG), evento traumático das coletividades locais, por
meio de sua narração, compreendendo o jornalismo contemporâneo como meio
e possibilidade para tal. Ao mesmo tempo, o trabalho procura problematizar tal
estratégia de construção do acontecimento catastrófico nas páginas de jornais.
Nos debruçamos sobre o texto impresso nas matérias do jornal com o aporte das
abordagens psicanalíticas sobre o trauma e estudos do campo do jornalismo sobre a cobertura de riscos e catástrofes, ancorados na análise de conteúdo.
Relatoras: Ana Carolina Rocha Pessôa Temer e Marli dos Santos
CIDADES INVISÍVEIS: AS EXPERIÊNCIAS DE OUTROS JORNALISMOS
EM GRANDES CENTROS URBANOS
SUZANA ROZENDO BORTOLI (USP) e CRISELLI MONTIPÓ (UFSC)
As narrativas humanas são formas simbólicas organizadas em função de
performances socioculturais. Ademais, o jornalismo tem como uma de suas funções sociais tratar de temas relacionados à cidadania, principalmente os invisibilizados, conforme Medina (2008) e Ijuim (2012). A partir de tal perspectiva,
este artigo visa analisar narrativas inseridas na cultura de convergência, segundo
Jenkins (2008), que se traduzem em novas oportunidades para o jornalismo, de
acordo com Meditsch (2012). Para o recorte desta análise foram selecionadas as
iniciativas SP Invisível e Rio Invisível, que dão visibilidade às pessoas em situação
de rua a partir de textos e imagens em redes sociais. Verificou-se que as referidas
propostas emancipatórias conseguem não apenas evidenciar a esse grupo minoritário das duas metrópoles, mas também alcançar a sensibilidade humana por
meio de um modo alternativo de se fazer jornalismo.
Relatora: Anelise Schütz Dias
SUBJETIVIDADES FEMININAS NA COBERTURA JORNALÍSTICA
ANA CAROLINA ROCHA PESSÔA TEMER (UFG) e MARLI DOS SANTOS
(UMESP)
Este artigo é um desdobramento da pesquisa continuada sobre Jornalismo
e gênero, desenvolvida em parceria entre Grupo de Pesquisa Novas Práticas em
Jornalismo do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade
98
MANHÃ
DIA 09 DE JUNHO
A CONSTRUÇÃO DA AGENDA PÚBLICA NA ERA DA COMUNICAÇÃO
DIGITAL
DIÓGENES LYCARIÃO (UFC) e RAFAEL CARDOSO SAMPAIO (UFPR)
A teoria do agendamento é, até hoje, umas das mais poderosas peças intelectuaisproduzidas pela pesquisa em Comunicação. Entretanto, não se trata de
uma teoria estabilizada. Isso porque estudos recentes baseados no processamento de dados massivos na Internet (big data) indicam resultados,aparentemente,contraditórios entre si. Enquanto alguns achados reforçam o modelo original de
McCombs e Shaw (i.e. os media agendam o debate público), outros demonstram
grande capacidade das mídias sociais em determinar a agenda dos media, o que
se designa por agendamento reverso. Este artigo, a partir de um modelo interacional de construção da agenda pública, indica como tais resultados seriam coerentes entre si. Isso porque eles revelam, a partir do aludido modelo, a complexa,
multidirecional e, em certa medida, imprevisível rede de interações que acabam
por conformar o debate público em função de diferentes tipos de agendamento
(factual e temático) e temporalidades (curto, médio e longo prazo).
Relator: Francisco Rüdiger
GT ESTUDOS DE JORNALISMO
Metodista de São Paulo e o Laboratório de Leitura Crítica da Mídia, da Faculdade de Comunicação e Informação da UFG, e se propõe a refletir sobre jornalistas
e as subjetividades femininas na cobertura jornalística. A partir das ideias de
Foulcalt e Lipovetsky, entre outros autores, buscou-se identificar as subjetividades femininas tendo como material empírico entrevistas semiestruturadas com
repórteres da grande imprensa. É possível verificar nos relatos das mulheres participantes que há múltiplas subjetividades, construídas a partir de uma cultura
jornalística que não valoriza o trabalho feminino, a identidade feminina e outros
aspectos que influenciam na prática jornalística.
Relatores: Iluska Coutinho e José Tarcísio Oliveira Filho
IDADE PENAL NO JORNALISMO DE REFERÊNCIA: UMA ANÁLISE DOS
NÚCLEOS DE SENTIDO CENTRAIS NA COBERTURA DO DEBATE SOBRE REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
ANELISE SCHÜTZ DIAS (UFRGS)
O presente estudo se vale de uma perspectiva discursiva para compreender
os fenômenos que envolvem jornalismo e segurança pública. Para tal, analisamos
os núcleos de sentido que mais apareceram no discurso jornalístico de referência
no debate sobre redução da maioridade penal, estimulado, dentre outros fatores,
pela votação da PEC 171/1993. Também intentamos entender, a partir dos dis-
99
GT ESTUDOS DE JORNALISMO
cursos postos em circulação, qual o papel desempenhado pelojornalismo para o
conhecimento do tema da idade penal e também da segurança pública. A observação foi realizada no período de 01 de junho a 05 de julho de 2015 nos jornais
Folha de S. Paulo, O Globo e o Estado de S. Paulo. As sequências discursivas
extraídas de 60 reportagens apontaram para quatro núcleos de sentido principais: disputa política/barganha/alianças temporárias; falhas no ECA/no sistema
socioeducativo; violência dos “menores” x violência contra os “menores”; e ausência de dados nacionais para o debate sobre a redução da idade penal.
Relatores: Karina Gomes Barbosa e André Luís Carvalho
A MATRIZ DE AVALIAÇÃO E O ÍNDICE DE QUALIDADE COMO SUPORTES PARA AFERIÇÃO DA QUALIDADE DO TELEJORNALISMO NAS
EMISSORAS PÚBLICAS
ILUSKA COUTINHO (UFJF) e JOSÉ TARCÍSIO OLIVEIRA FILHO (UFMG)
A busca por formas de aferição da qualidade é importante para avaliar o
cumprimento do papel social do jornalismo por emissoras de TV, seja através
dos princípios editoriais ou das obrigações constitucionais. Devido à ausência
de uma regulação no Brasil, os métodos de avaliação elaborados pela academia
ocupam uma posição importante. Por meio da pesquisa bibliográfica sobre qualidade na perspectiva do (tele)jornalismo como construção social, além de entrevistas com profissionais envolvidos no processo de produção da notícia da
TV Brasil, propõe-se uma matriz para avaliar a qualidade da TV Pública. Em
conjunto é desenvolvido o Índice de Qualidade (IQ), um indicador para mensurar a qualidade do produto audiovisual expressa numericamente. Tomando
o noticiário Repórter Brasil como objeto empírico, as conclusões apontam que
muitos dos verificadores de qualidade não são atendidos pela emissora pública.
Entretanto, a matriz e o Índice de Qualidade se mostraram ferramentas eficazes
para cidadãos e jornalistas.
Relatores: Diógenes Lycarião e Rafael Cardoso Sampaio
TARDE
OS PRIMÓRDIOS DO ESTUDO DA IMPRENSA E DA TEORIA DO JORNALISMO NO JAPÃO
FRANCISCO RÜDIGER (PUC/RS)
No entre-Guerras, o Japão se tornou palco para a elaboração de importantes estudos sobre a imprensa e para a teorização do jornalismo. A transformação
do jornalismo em objeto de grande empresa provocou rica discussão e exame a
seu respeito nos meios acadêmicos e profissionais. O artigo apresenta a primeira
análise em português sobre este fenômeno, pouco tratado inclusive em centros
mais avançados. O período estudado no artigo é o que se estende de 1920 até
100
TESTIMONIO COMO MOVIMENTO E FAIT DIVERS COMO INSTRUMENTO: UM OUTRO PROCESSO PRODUTIVO JORNALÍSTICO
LUIS FERNANDO ASSUNÇÃO (UNASP)
Entre os 1955 e 1970 surgiu na América Latina um movimento no meio
jornalístico denominado testemunho político, ou Testimonio. Este movimento
envolvia jornalistas e escritores que adotavam em suas práticas jornalísticas investigação, observação, fluxo de consciência e, mais do que isso, elementos de
narrativa literária em suas reportagens. Neste artigo, pretende-se realizar uma relação entre o Testimonio e um novo olhar sobre o fait divers, expressão de jargão
jornalístico e, por extensão, um conceito de teoria do jornalismo, que designa os
assuntos não categorizáveis nas editorias tradicionais dos veículos. Dessa relação
nasceu uma nova forma de fait divers que não aquela tradicionalmente conhecida nos meios de produção jornalísticos que aposta no melodrama humano e por
vezes no sensacionalismo para dar vazão a histórias de interesse humano.
Relatoras: Suzana RozendoBortoli e Criselli Montipó
Reunião de avaliação do GT
GT ESTUDOS DE JORNALISMO
1937. A seção inicial aponta as origens e contexto histórico do fenômeno. As 3
seções seguintes relatam as tendências filosóficas e acadêmicas que pautaram seu
desenvolvimento. A conclusão esclarece as circunstâncias de sua ruptura, ocorrida em meio ao avanço da ditadura militar e à escalada da guerra contra a China.
Relator: Luis Fernando Assunção
101
GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA
Coordenador: Simone Pereira de Sá (UFF)
Vice-Coordenador: JederJanotti (UFPE)
Sala 07 - FIC
DIA 08 DE JUNHO
COMUNICAÇÃO, MÚSICA E ESTILOS DE VIDA AGENCIADOS NO BAILE BLACK BOM
MICAEL HERSCHMANN (UFRJ) e LUCIANA XAVIER DE OLIVEIRA (UFF)
Tomando como base a pesquisa empírica realizada desde 2013 (construída
não só a partir da seleção e análise de matérias veiculadas na mídia impressa
tradicional e material postado nas redes sociais da web, mas também de observações de campo e entrevistas semiestruturadas realizadas presencialmente com
os atores), esse artigo pretende – a partir do estudo de caso do Baile Black Bom
realizado especialmente na Pedra do Sal (no Centro do Rio de Janeiro) – analisar
as relevantes interações entre músicas, estilos de vida e corpos no reagenciamento de uma cena black carioca construída por neotribos locais.
Relator: Rafael José Azevedo
O QUEEN, A QUEEN: CONTROVÉRSIAS SOBRE GÊNEROS E PERFORMANCES
ADRIANA AMARAL (UNISINOS), THIAGO SOARES (UFPE) e CAMILA
MONTEIRO (UNIVERSITY OF HUDDERSFIELD-UK)
A partir da apresentação ao vivo do grupo Queen, na edição 2015 do Rock
in Rio, quando a banda inglesa de rock contou com um ex-integrante de reality show musical como vocalista, traça-se aqui uma espécie de mapeamento de
controvérsias para pensar de que maneira as questões de gênero, em especial o
debate sobre masculinidades, podem ser importantes ferramentas para pensar
a construção do valor na música pop. A problemática diz respeito às diferentes performances do masculino dos dois vocalistas (Freddie Mercury, o cantor
original da banda e Adam Lambert, que foi convidado para assumir os vocais
no Rock in Rio), evocando lugares distintos nas corporalidades da música pop,
bem como a noção de trajetória como um aparato capaz de evocar princípios de
autenticidade para os artistas
Relatores: Almicar Bezerra, Gustavo Alonso e Henrique Reichelt
GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA
MANHÃ
TARDE
“SE MACUMBA GANHASSE JOGO, O CAMPEONATO BAIANO TERMINAVA EMPATADO”: NOTAS SOBRE TÉCNICAS SÔNICAS TORCEDORAS, AMBIÊNCIAS FUTEBOLÍSTICAS E MÁGICA .
PEDRO SILVA MARRA (UFF)
Amantes do futebol apelidam atletas habilidosos de bruxos ou santos e es-
105
GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA
106
tádios onde nunca perdem de espaços místicos, a fim de descrever a forma como
fazem lances difíceis parecerem fáceis. Os sons produzidos no estádio durante
as partidas apresentam um importante papel na ocorrência destes eventos “sobrenaturais”, constituindo uma ambiência em comunicação com o espetáculo. A
partir de gravações de campo realizadas em pesquisa de doutorado acerca das
sonoridades deste esporte em jogos do Clube Atlético Mineiro, exploramos a
forma como se constituem tais dinâmicas interativas. Assim, trabalhamos a performance tanto de jogadores quanto de torcedores como uma forma de magia,
devido a sua natureza de conhecimento corporificado, seu caráter afetivo e de
transformação de corpos, e a presença da fé como elemento que garante a eficácia
destes processos.
Relator: Rodrigo Carreiro
TRIUNFO DO AMADOR: O SOM EM O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA
RODRIGO CARREIRO (UFPE)
Filme influente na consolidação de uma estética semidocumental muito
popular no cinema de horror contemporâneo, O Massacre da Serra Elétrica (The
Texas Chain Saw Massacre, TobeHooper, 1974) ganhou status de inovador, com
o passar dos anos, por ter antecipado a explosão do subgênero slasher, e por causa da crueza das imagens. No entanto, pouco se fala do caráter original e arrojado
dos sons que ajudam a assustar o público do filme. Este ensaio tem o objetivo de
reconstituir o processo criativo da trilha sonora, destacando a presença majoritária de amadores na equipe responsável pelo sound design.
Relatores: Felippe da Costa Trotta e Gabriella da Costa Moreira
DO BREGA PARAENSE AO TECNOBREGA: HISTÓRIA E TRADIÇÃO NA
WEBSÉRIE SAMPLEADOS
RAFAEL JOSÉ AZEVEDO (UFMG)
O artigo trata da websérie musical Sampleados. A partir da descrição de
seus episódios, discutimos possíveis relações entre história e música popular feita
no Brasil. A série foi ao ar em 2015 e, indiretamente, nos conta parte da história
do brega paraense ao apresentar, em suas narrativas, artistas e canções supostamente importantes para o fenômeno desde os anos 1980. Ao convocar determinado passado, Sampleados apresenta o brega como uma espécie de tradição
musical. Sendo assim, buscamos evidenciar as contradições que permeiam as
narrativas históricas a partir do pensamento de Paul Ricoeur
Relatores: Adriana Amaral Unisinos, Thiago Soares e Camila Monteiro
DIA 09 DE JUNHO
UM MUSEU DE GRANDES NOVIDADES? A MÚSICA NA NARRATIVA DA
CULTURA CARIOCA NO NOVO MIS
FELIPPE DA COSTA TROTTA (UFF) e GABRIELLA DA COSTA MOREIRA
(PUC-RJ)
A construção da nova sede do Museu da Imagem e do Som (MIS) em
Copacabana insere-se num conjunto de alterações urbanas que buscam imprimir um viés turístico e cosmopolita à cidade do Rio. No MIS, a música
desempenha um papel de destaque na elaboração dessa “identidade carioca”,
sendo apresentada como cartão de visitas para a cidade e para o novo museu. Nesse texto, discutimos os conflitos e contradições das escolhas estéticas
processadas pelo MIS, entendendo que os repertórios musicais legitimados
na instituição operam segundo uma lógica de consagração musical e artística
convencional, reificando modelos e valores já sedimentados no imaginário
estereotípico do Rio.
Relatores: Djenane Arraes Moreira, Amanda Wanderley de Azevedo Ribeiro e Liliane Maria Macedo Machado
A CONSOLIDAÇÃO DOS SERVIÇOS DE STREAMING: RECONFIGURAÇÃO DOS MERCADOS DE MÍDIA SONORA E DESAFIOS À DIVERSIDADE MUSICAL NO BRASIL
EDUARDO VICENTE (USP), MARCELO KISCHINHEVSKY (UERJ) e LEONARDO DE MARCHI (USP)
O presente artigo propõe a discussão de pontos-chave da reconfiguração dos mercados de mídia sonora no Brasil. Parte-se do fenômeno de consolidação dos serviços de streaming, entendidos como ambientes híbridos de
comunicação e consumo musical, para se analisar os desafios à diversidade
musical diante de um processo de reintermediação das indústrias midiáticas em que se afirmam novos atores de alcance planetário. A concentração
no segmento, acirrada em 2015, coloca uma série de questões, objetos deste
estudo de caso exploratório, entre as quais se destacam o colapso de tradicionais atores – notadamente as emissoras musicais de rádio –, as incertezas
em relação à regulação da arrecadação de direitos autorais na internet e as
barreiras à distribuição da produção local.
Relatores: Simone Luci Pereira Unip e Theophilo Augusto Pinto
GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA
MANHÃ
107
GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA
108
NA TRILHA DOS COMPOSITORES: MÚSICA, ATORES, REDES E MÍDIAS
AUDIOVISUAIS
SIMONE LUCI PEREIRA (UNIP/ESPM) e THEOPHILO AUGUSTO PINTO
(CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO/UNIP)
Este texto trata das redes de atores ligados ao meio audiovisual, mais precisamente, compositores de trilhas sonoras. Não restrita à composição para o
cinema, observa-se a existência de um grupo cada vez maior de músicos brasileiros que vem criando composições para serem partes integrantes de filmes,
animações, videogames, programas de televisão, peças de teatro, eventos, etc.
Num desdobramento dos trabalhos já realizados pelos autores deste artigo, contemplamos nesta pesquisa em processo alguns debates que se interpõem quando
pesquisamos estas redes de atores, tais como a formação de vínculos sociais (artísticos e profissionais) em que o uso de conceitos como mediações (A.Hennion)
e associações (B.Latour) mostram-se como um caminho epistemológico para
a compreensão destes fenômenos; e o caráter dos processos de audiovisão (M.
Chion), onde imagem e som elaboram sentidos e significados numa sociedade
midiatizada e com farto uso das tecnologias para composição e recepção.
Relatores: MicaelHerschmann e Luciana Xavier de Oliveira
TARDE
NINGUÉM MEXE COM O DIABO: O DISCURSO RELIGIOSO NO PATO
FU
DJENANE ARRAES MOREIRA (UNB), AMANDA WANDERLEY DE AZEVEDO RIBEIRO (UCB) e LILIANE MARIA MACEDO MACHADO (UNB)
A banda Pato Fu caracteriza-se, entre outras temáticas do seu repertório,
pela criação de canções nas quais a religião está presente em letras que abordam
crenças e geram discussões na sociedade. Escolhemos como corpus para este artigo as canções Deus; Uh UhUh, Lá LáLá, IéIé e Ninguém Mexe com o Diabo,
bem como capas de discos e videoclipe, para que compreendamos os sentidos
que elas encerram e como elas estabelecem o interdiscurso com questões que
interessam à sociedade, tais como menores abandonados e o comércio religioso.
Utilizaremos como metodologia a análise de discurso da massa folhada. Pato Fu
é uma banda de expressividade no cenário do pop rock nacional, com uma trajetória de quase 25 anos. Observamos que as letras estabelecem linha narrativa
e discurso religioso que passeiam entre o anarquista e o agnóstico, com menção
a ações de transformação social. Ademais, desconstroem a visão majoritária de
religiões do Ocidente, que apregoam a existência de um Deus salvador.
Relator: Pedro Silva Marra
Reunião de avaliação do GT
GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA
SERTANEJO, MANGUE-BIT E TCHÊMUSIC: DA PERTINÊNCIA (OU
NÃO) DO CONCEITO DE CENA MUSICAL PARA GÊNEROS PERIFÉRICOS
ALMICAR BEZERRA (UFPE), GUSTAVO ALONSO (UFPE) e HENRIQUE
REICHELT (UFF)
A partir do estudo de três gêneros musicais regionais dos anos 1990, a saber, a Tchê Music, o Sertanejo e o Mangue Beat, pretendemos avaliar a pertinência do conceito de cena musical para compreender as dinâmicas culturais de consolidação e legitimação desses gêneros em escala local e nacional. Trata-se de três
gêneros que surgem à margem do eixo Rio-São Paulo incorporando tradições
rurais pré-modernas, ao mesmo tempo em que assimilam influências oriundas
de fluxos simbólicos globais. Percebemos que, apesar de inseridas nesses fluxos
globalizados, tais manifestações musicais se estruturam enraizadas em fortes vínculos locais, o que nos leva a refletir sobre a operacionalidade do conceito de
“cena musical” para designá-las
Relatores: Eduardo Vicente, Marcelo Kischinhevsky e Leonardo de Marchi
109
GT ESTUDOS DE TELEVISÃO
Coordenador: Maria ImmacolataVassallo de Lopes (USP)
Vice-coordenador: Renato Luiz Pucci Jr. (UAM)
Estúdio de RTV - FIC
DIA 8 DE JUNHO
A TELEVISÃO EM TRANSFORMAÇÃO... OU COMO O CONTEÚDO COLABORATIVO PODE INVADIR A TV ABERTA
ROSANE SVARTMAN (UFF)
De que forma o conteúdo colaborativo feito por fãs a partir do universo
de um programa pode ser absorvido pela televisão aberta como parte de uma
estratégia de se reinventar e se revolucionar? A partir de experiências empíricas
envolvendo projetos de convergência para televisão aberta, este artigo se propõe
a fazer uma reflexão sobre as novas possibilidades de renovação da televisão hegemônica em sua busca por sobrevivência e relevância na atualidade.
Relator: João Damasceno Martins Ladeira
PERFURABILIDADE EM SERIADOS: ESPECTADORES COMO INVESTIGADORES EM GAME OF THRONES
GLAUCO MADEIRA DE TOLEDO (UAM)
É traçado, em um contexto de produtos de entretenimento transmidiáticos
e de redes sociais, um paralelo entre o leitor-detetive de Van Dine e de Todorov e
o espectador com características de fã forense, perante uma obra com alto grau de
perfurabilidade, conceito proposto por Mittell, como é o caso de Game ofThrones,
série adaptada dos livros Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin.
Relatora: Ariane Diniz Holzbach
TARDE
TELEJORNALISMO, NARRATIVAS E REPRESENTAÇÕES: UM ESTUDO
SOBRE O ANIVERSÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO NO SPTV
FERNANDO ALBINO LEME (FIAM-FAAM) e EVICENTE WILLIAM DA SILVA DARDE (FIAM-FAAM)
A proposta do artigo é identificar e compreender as estratégias discursivas
adotadas pelo telejornal SPTV, da TV Globo, na construção de representações
sobre a cidade de São Paulo para o público local na data de comemoração dos
462 anos da capital paulista. Quais as representações (re)construídas pelas narrativas jornalísticas acerca da cidade e sua população? Buscamos problematizar
se há espaços no jornalismo para representações de valores identitários distintos
e plurais. Entendemos que na rotina diária da produção jornalística há vários
constrangimentos, de tempo e espaço, que acabam contribuindo para o enquadramento dessa questão de forma simplificada, atendendo ao senso comum e
contribuindo para a permanência do status quo.
Relator: Igor Sacramento
GT ESTUDOS DE TELEVISÃO
MANHÃ
113
GT ESTUDOS DE TELEVISÃO
A IMAGEM EM MOVIMENTO: GOOGLE, APPLE E A TELEVISÃO POR VIR
JOÃO DAMASCENO MARTINS LADEIRA (UNISINOS)
A fim de compreender um traço da reorganização contemporânea da televisão, o artigo se concentra em um aspecto na elaboração de sistemas de difusão pautados pela associação entre smart TVs; smartphones-tablets; aplicativos.
Atenta-se a eventos nos quais a presença de tecnologias de informação se tornam
centrais ao audiovisual. Observa-se a chance de acesso a conteúdo através não
de canais segmentados, como em serviços de cabo-satélite, mas por produtores
diversos, difundindo material por aplicativos e passando ao largo das emissoras convencionais. Concentra-se em Apple e Google, interpretando seu envolvimento como indício da transição à lógica de controle e modulação. Analisa-se a
introdução do formato por Apple, a partir de mecanismos como iPod-iPhone e
iTunes, instituindo o fluxo pela associação entre equipamento e conteúdo. Concentra-se à expansão da lógica, atentando a Google, em sua tentativa de criar não
equipamentos, mas softwares atuando em variados mecanismos.
Relatores: João Carlos Massarolo e Dario Mesquita
A PRODUÇÃO DA VÍTIMA NA TELENOVELA E NO TELEJORNALISMO
LEANDRO LAGE (UFMG)
A vítima se tornou, em nosso tempo, categoria social e cultural das mais
relevantes, que torna problemática tanto a visibilidade pública dos sujeitos e de
suas vulnerabilidades, quanto os gestos instrumentalizadores do sofrimento
alheio que resultam na coisificação da vítima. O artigo, portanto, busca examinar
formas de inscrição das vítimas na televisão, analisando-se a configuração narrativa da singularidade e da exemplaridade desses sujeitos. São escolhidos como
exemplos balizadores das reflexões sobre a vítima personagens da novela Verdades secretas (2015) e do programa Profissão Repórter, ambos produzidos pela
Rede Globo. Ao final do percurso, fica evidente a vocação da teleficção para a
recriação cosmética da vítima, em contraste ao telejornalismo, confrontado pela
vítima que não é indiferente à própria aparição.
Relatoras: Daiana Sigiliano e Gabriela Borges
DIA 9 DE JUNHO
MANHÃ
VÍDEO SOB DEMANDA: UMA NOVA PLATAFORMA TELEVISIVA
JOÃO CARLOS MASSAROLO (UFSCAR) e DARIO MESQUITA (UFSCAR)
Nos últimos anos, as empresas de tecnologias e de mídia apostaram nas
funcionalidades das plataformas de vídeo sob demanda para inovar os negócios
da indústria audiovisual, criando uma base de usuários que faz uso da visualização conectada para acessar conteúdo em múltiplas telas quando desejar, onde
114
A COMIDA COMO CHEF DE UM FORMATO TELEVISIVO: MASTERCHEF BRASIL VERSUS MASTERCHEF COLÔMBIA
ARIANE DINIZ HOLZBACH (UFF)
O objetivo deste trabalho é entender como um reality show de comida, a
despeito de ser um formato televisivo e, portanto, trabalhar elementos globalizados, lida com questões locais, vinculadas ao contexto onde o programa é produzido e exibido. Para tanto, a proposta é comparar o MasterChef Brasil com o
MasterChef Colômbia, veiculados em 2015, numa tentativa de compreender de
que maneira as similaridades e diferenças no desenvolvimento de ambos explicita como cada versão do reality show estrutura a relação entre o global e o local. A
análise enfatiza três perspectivas: a identidade dos jurados, a origem geográfica
e social dos competidores e a maneira como os programas lidam com a alimentação. Como premissa, considera-se que a comida, quando explorada midiaticamente, evoca elementos vinculados à cultura globalizada e, simultaneamente, à
identidade do local onde se desenvolve.
Relatores: Carlos Eduardo Marquioni e Fernando Andacht
O DIÁLOGO ENTRE A COMPLEXIDADE NARRATIVA E A SOCIAL TV
NO PROJETO XFREWATCH DA SÉRIE THE X- FILES
DAIANA SIGILIANO (UFJF) e GABRIELA BORGES (FJF)
Conceituada por Mittell (2012,2015) a complexidade narrativa tem como
característica central a alternância entre a fruição episódica e a seriada. O modelo de storytelling teve início em 1990 e se estende até hoje, abrangendo os canais
estadunidenses abertos e segmentados. Exibida pela emissora Fox, a série The XFiles alterna entre episódios com arco narrativo prolongado, que são focados na
mitologia da trama, e episódios isolados, tais como o monstro da semana. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é refletir sobre os aspectos da complexidade
narrativa presentes nos comentários postados no Twitter durante o XFRewatch.
Lançado pelo fã clube The X-Files News, o projeto dialoga com a Social TV ao
estimular os fãs da série a compartilharem em tempo real suas impressões sobre
os episódios no microblogging, resgatando e potencializando a ritualização e a
socialização em torno do conteúdo televisivo.
Relator: Glauco Madeira de Toledo
GT ESTUDOS DE TELEVISÃO
desejar e como desejar. Neste artigo, pretende-se analisar as mudanças no mercado e na experiência de consumo audiovisual provocadas pela abertura de novos
canais de distribuição online, a partir da convergência das empresas de tecnologia e de mídia, procurando entender os serviços de vídeo sob encomenda como
uma nova plataforma televisiva, entre outas formas de distribuição de conteúdo
audiovisual, especialmente no atual cenário midiático brasileiro.
Relatora: Rosane Svartman
115
GT ESTUDOS DE TELEVISÃO
TARDE
CONVERSANDO COM A COMIDA: MASTERCHEF E O SOLILÓQUIO
COMO ACESSO PRIVILEGIADO À AUTENTICIDADE
CARLOS EDUARDO MARQUIONI (UTP) e FERNANDO ANDACHT (UTP)
O artigo propõe uma análise e uma contextualização histórica dos componentes da franquia televisual de competição gastronômica MasterChef enquanto
um híbrido entre reality show e talent show. Complementarmente à revelação
da competência culinária dos participantes (talent), o público tem acesso ao que
consideraria como as emoções autênticas dos aspirantes a chef (reality), à sua
intimidade, através do uso recorrente, na economia narrativa do programa, de
uma forma de fala pouco natural no cotidiano: o solilóquio. Realizando uma
recuperação histórica dessa classe de monólogo na literatura e no teatro, é apresentada uma tentativa de compreensão de como se dá o fenômeno que os autores
defendem como o efeito de autenticidade em MasterChef. São analisadas cinco
variantes de solilóquio na franquia, a partir de episódios das edições brasileira,
argentina e estadunidense do programa.
Relatores: Fernando Albino Leme e Vicente William da Silva Darde
A FORMATAÇÃO TELEVISIVA DE EXPERIÊNCIAS TRAUMÁTICAS:
UMA ANÁLISE DO PROGRAMA ENCONTRO COM FÁTIMA BERNARDES
IGOR SACRAMENTO (LACES/ICICT/FIOCRUZ)
Este trabalho analisa a formatação televisiva de experiências traumáticas
no programa Encontro com Fátima Bernardes entre 2012 e 2015, demonstrando:
1.º) o que está em jogo na ampliação da definição de trauma e na classificação de
determinadas experiências ordinárias de sofrimento como traumáticas; 2.º) de
que maneira o formato do programa atribui teor testemunhal a relatos pessoais
de sofrimento; e 3.º) como se dão as articulações do formato do talk show com o
discurso terapêutico contemporâneo. A fala sobre si nesse programa reinscreve o
deslocamento do problema individual ao coletivo pelo clamor de representação
por meio de voz, corpo e presença que se tornam midiaticamente públicos por
exemplificarem os desígnios atuais de autoestima, empoderamento e superação
num clima de leveza, informalidade e descontração. Nesse sentido, o trauma é
menos o que interdita uma cadeia representacional de acontecimentos passados
do que aquilo que se supera.
Relator: Leandro Lage
Reunião de avaliação do GT
116
GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS
Coordenadora: Ana Taís Martins Portanova Barros (UFRGS)
Vice-coordenadora: Rose de Melo Rocha (ESPM)
Magnífica-Mundi - FIC
DIA 08 DE JUNHO
A IDEIA DE SAÚDE IMAGINÁRIA NO REALITY SHOW DE REPROGRAMAÇÃO CORPORAL, UMA ANÁLISE DE MEDIDA CERTA E ALÉM DO
PESO
CRISTINA TEIXEIRA VIEIRA DE MELLO (UFPE) e PATRÍCIA MONTEIRO
CRUZ MENDES (UFPE)
O artigo busca compreender como o imaginário midiático utiliza a
associação entre cuidados com o corpo e responsabilização dos indivíduos para produzir uma ideia de saúde atrelada à aparência, chamada aqui
de “saúde imaginária”. Utiliza-se o conceito de biopolítica e as teorias do
imaginário para o estudo do material empírico: os reality shows “Medida
Certa” e “Além do Peso”, veiculados pela TV Globo e TV Record, respectivamente. Propõe-se um modelo de análise centrado em três categorias: 1)
corpo sem formas, baseado no imaginário social sobre os riscos da gordura/sedentarismo à saúde; 2) modelagem midiática dos corpos, enfatizando
os esforços em busca dos pesos e medidas da saúde imaginária; e 3) corpo
prêt-à-porter, destinado à apresentação de um corpo-imagem pronto para
exposição/consumo.
Relatora: Louise Ferreira Carvalho
FRONTEIRAS IMPURAS: MONSTRO, LIMITE E A FABRICAÇÃO DA ALTERIDADE EM WHERE THE WILD THINGS ARE
JOÃO VICTOR DE SOUSA CAVALCANTE (UFC)
O artigo se dedica a analisar a obra do escritor e ilustrador Maurice Sendak, notadamente o livro Wherethe Wild Things Are (1963). Interessa-nos discutir, a partir das ilustrações de Sendak, as figurações da monstruosidade e pensar
os monstros como elementos de intersecção cultural e sígnica. Como habitantes
das fronteiras, os monstros passam a ser corpos limítrofes, pelos quais os signos
se deslocam dinamicamente e são ressignificados e transformados. Percebemos
isso no contato entre herói e monstro que ocorre em Wherethe Wild Things Are:
o herói Max transporta-se para uma zona fronteiriça onde disputa questões relacionadas à alteridade, às delimitações culturais de si e do outro, vivenciadas,
sobretudo no hibridismo dos corpos e num duplo processo em que o monstro
é humanizado e o humano bestializa-se. Nossas discussões travam encontram
suporte na noção de fronteira, elaborada pela Semiótica da Cultura, e de limite,
desenvolvida pelo filósofo Eugénio Trias.
Relatora: Florence Dravet
GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS
MANHÃ
119
GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS
TARDE
120
IMAGENS- MEMÓRIA: DOCUMENTÁRIOS-HOMENAGEM, AUTOBIOGRÁFICOS E BIOPICS
DENIZE CORREA ARAUJO (UTP)
Este estudo contempla imagens que constroem memórias em três tipos
de documentários que seguem a concepção de John Grierson sobre o documentário como “o tratamento criativo da realidade”. Pertencem ao corpus desta
pesquisa os filmes Elena, de Petra Costa (Brasil, 2012), As Praias de Agnès, de
AgnèsVarda (França, 2008) e Steve Jobs, de Danny Boyle (USA, 2015), documentários recentes com concepções diversas que sugerem novos enfoques ao
gênero. A pesquisa objetiva analisar a questão da construção de imagens- memória que cada tipo de documentário elabora, enfocando a subjetividade da
factualidade retratada, tendo Beatriz Sarlo, Pierre Nora e Maurice Halbwachs
como referenciais teóricos. O segundo objetivo é dialogar com as noções de
documentário de Manuela Penafria, Bill Nichols e Arlindo Machado, sugerindo novas terminologias para o corpus em questão. O referencial teórico inclui
teóricos como Jacques Derrida, Guy Debord, Jean Baudrillard, Gilles Deleuze
e Félix Guattari.
Relatores: Rosana Maria Ribeiro Borges e Eguimar Felício Chaveiro
O CORPO MALDITO: A INUSITADA POTÊNCIA DO IMAGINÁRIO DA
DECAPITAÇÃO
LOUISE FERREIRA CARVALHO (UFRJ)
Partindo das reflexões de alguns filósofos, sobretudo Georges Bataille, Friedrich Nietzsche e Gilles Deleuze, este artigo ensaístico objetiva explorar o imaginário da decapitação na filosofia, arte e literatura modernas
e seus desdobramentos no mundo contemporâneo. Em um primeiro movimento, investiga a relação entre o Acéfalo batailleano e o corpo monstruoso, pautada sobretudo na transgressão do antropomorfismo divino e na
potência excessiva possibilitada pela ausência da cabeça. Em seguida, traça
uma breve genealogia do motivo da “perda da cabeça” no Ocidente, elegendo algumas obras da cultura letrada que sinalizam a emergência desse
imaginário. Ao final, aposta-se na ideia de que a supremacia da cabeça tem
seu retorno triunfal no mundo contemporâneo, diante da tendência de se
reduzir o “eu” ao cérebro e à materialidade bioquímica do corpo, ao mesmo
tempo que a corporeidade mesma passa a ser crescentemente condenada
como a parte maldita.
Relatores: Carlos Alberto Orellana Gonçalvez e Ada Cristina Machado da
Silveira
DIA 09 DE JUNHO
MANHÃ
O SIMBOLISMO DO CENTRO, O MITO DO INFILTRADO E O MITO DO
GOLPE DE ESTADO POSITIVO: DO DOCUMENTÁRIO HISTÓRICO AO
IMAGINÁRIO ANTROPOLÓGICO DO REGIME MILITAR BRASILEIRO
DANILO FANTINEL (UFRGS)
A partir dos anos 2000, com a aproximação das cinco décadas do golpe civil-militar que instaurou a ditadura no Brasil em 1o de abril 1964, o regime autoritário se firmou como tema de pesquisas acadêmicas e de produtos culturais ou
midiáticos. Na tentativa de observar os conteúdos arquetípicos e simbólicos da
ditadura brasileira estimulados por seis filmes documentários nacionais, elegemos os Estudos do Imaginário como heurística apropri à dissertação de mestrado que deu origem a este primeiro artigo sobre o assunto. Aqui, buscamos revelar
as imagens, os símbolos e as narrativas míticas relativas aos momentos iniciais
do governo João Goulart até o golpe que o tirou da Presidência da República.
Para a realização da pesquisa, damos atenção a noções teóricas oferecidas por
Carl Gustav Jung, Mircea Eliade, Gaston Bachelard e Gilbert Durand, utilizando
a mitocrítica como procedimento metodológico esclarecedor da carga simbólica
oculta sob camadas fílmicas documentais.
Relatora: Denize Correa Araujo
GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS
IMAGINÁRIOS DO EXCESSO E SEDUÇÃO DO ARTIFÍCIO: HIPER-MULHERES E SEUS PARAÍSOS INFERNAIS
ROSE DE MELO ROCHA (ESPM/SP)
Questionando os sentidos da experiência do excesso e do recurso ao artifício nas sociedades midiáticas e discursivas, o artigo propõe pensá-los a partir
das ambivalências destas noções e das práticas que a elas se articulam. O objeto
empírico que medeia à análise são os processos de auto-construção e consumo
de figuras femininas célebres, denominadas hiper-mulheres, que têm seu corpoimagem como negócio.
Relator: João Victor de Sousa Cavalcante
O IMAGINÁRIO TELÚRICO NAS IMAGENS DA TRAGÉDIA DE MARIANA
CARLOS ALBERTO ORELLANA GONÇALVEZ (UFSM) e ADA CRISTINA
MACHADO DA SILVEIRA (UFSM)
O texto detém-se na análise dos aspectos míticos presentes na cobertura
jornalística sobre a destruição ocorrida cidade de Mariana, Estado de Minas Gerais. Na análise perfilam-se duas hermenêuticas acerca da narrativa sobre o Profeta Jonas com vistas a produzir uma aproximação com a significação plasmada
121
GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS
122
na narratividade midiática. Abordamos a inscrição do mito como facilitador da
abordagem da cobertura à luz dos mitemas telúricos no Brasil, ocupados do simbolismo da lama e da poética da terra na deglutição de Jonas pela baleia. Igualmente abordamos a critica da obra fotográfica de Sebastião Salgado centrados
nas questões da morte e da destruição da vida na bacia do Rio Doce. A análise
aponta que a lama no sentido mítico sintetiza os valores pelos quais o discurso
jornalístico pode ser tomado e tratado como moção social ligada ao desenvolvimento retilíneo e crescente, proveniente da tradição iluminista.
Relatoras: Juliana Tonin e Larissa Azubel
IMAGINÁRIO ENTRE CORPO E LINGUAGEM – PROBLEMATIZAÇÃO
DO FENÔMENO DA INCORPORAÇÃO NO BRASIL
FLORENCE MARIE DRAVET (UCB)
O presente trabalho visa explorar a noção de “incorporação” como fenômeno mediúnico brasileiro, relacionando-a com as concepções acadêmicas clássicas de transe, êxtase e possessão, especificando-a e identificando suas particularidades. Após uma revisão conceitual, partimos para a observação do fenômeno
brasileiro in loco, em uma observação etnográfica que nos permite identificar a
incorporação mediúnica como um processo de alteridade/identidade. Partindo
da hipótese segundo a qual o imaginário seria responsável pela mediação entre
a sensação física e a linguagem, colocamos as bases para um pensamento- corpo
e concluímos, ainda que provisoriamente, que o imaginário pode ser objeto da
terceira ciência, esta que poderia dar conta do terceiro incluído entre corpo e
mente, entre corpo e espírito; a responsável pela relação com a alteridade em nós
e fora de nós.
Relatora: Rose de Melo Rocha
TARDE
NAS REPRESENTAÇÕES, IMAGENS E IMAGINÁRIOS
JULIANA TONIN (PUC-RS) e LARISSA AZUBEL (PUC-RS)
O presente artigo tem por objetivo pensar a relação entre imagens, representações e imaginários. As imagens podem alimentar representações que
definem imaginários. Os imaginários são bacias semânticas de onde jorram representações em forma de imagens. Imagens, imaginários e representações se
retroalimentam, se interpenetram, se confundem; são senhas sem as quais não
se pode pensar a comunicação, mesmo a vida em sociedade. Para refletir sobre
as relações complexas entre tais noções, neste estudo trabalhou-se com o aporte
teórico de Georg Simmel, Serge Moscovici, Gilbert Durand e Michel Maffesoli,
numa perspectiva compreensiva.
Relator: Danilo Fantinel
Reunião de avaliação do GT
GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS
A IMAGEM FOTOGRÁFICA E O ESPAÇO CONTEMPORÂNEO: PARA
ATRAVESSAR OS ESPELHOS
ROSANA MARIA RIBEIRO BORGES (UFG) e EGUIMAR FELÍCIO CHAVEIRO (UFG)
A popularização da fotografia e a sua conexão com vários meios é uma
marca das chamadas sociedades de controle. Ao apresentar diferentes imagens do
espaço contemporâneo, a fotografia tem a capacidade de revelá-lo e de ocultá-lo,
gerando uma ambiguidade tensionadora naquele que frui, lê e significa as imagens. Com o objetivo de refletir o modo pelo qual a imagem fotográfica pode ser
identificada como expressão, composição e meio e, assim, permitir que o sujeito
contemporâneo contorne a sua ação no espaço por meio de dois movimentos
ontológicos, ver e ser visto, elaborou-se a seguinte interrogação: a tarefa humana
central de pensar, posicionar-se e compor a trama do discurso tornou-se menos
importante que outrora, levando o sujeito contemporâneo a acessar os móveis
que alimentam a sociabilidade atual marcada pelo consumo, performance e espetáculo? Inspirou-se numa concepção totalizante da imagem fotográfica e do seu
vínculo com a história e com o espaço, bem como se tratou de esmiuçar o procedimento da sondagem percepcional, a leitura de documentos e a construção
de sínteses de interpretações feitas por autores de diversos campos científicos.
Sintetizou-se que os vários sentidos da imagem fotográfica ancoram num desafio
cognitivo crucial: construir representações do espaço contemporâneo.
Relatoras: Cristina Teixeira Vieira de Mello e Patrícia Monteiro Cruz
Mendes
123
GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS
Coordenação: Herom Vargas (UMESP)
Vice-coordenação: Barbara Heller (UNIP)
Sala JOR01 - Labicom
DIA 08 DE JUNHO
MEMÓRIAS E MATRIZES EM TEXTOS MIDIÁTICOS EXPLOSIVOS: CENAS MEDIEVALISTAS NA CULTURA JOVEM
MÔNICA REBECCA FERRARI NUNES (ESPM-SP)
Este artigo apresenta resultados parciais obtidos com a pesquisa Comunicação, consumo e memória: da cena cosplay a outras teatralidades juvenis (Chamada MCTI/CNPq/MEC/CAPES N. 22/2014 –Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas) junto ao PPGCOM-ESPM. Investigam-se as cenas medievalistas
em coletivos jovens de São Paulo e Rio de Janeiro com base nas postulações de I.
Lotman sobre o desenvolvimento da cultura, compreendendo-a como memória,
e os processos graduais e explosivos que a acompanham. O objetivo é deslindar a
constituição destas cenas que evidenciam a presença de textos midiáticos e suas
matrizes. Espera-se demonstrar a tessitura da memória tramada nestes coletivos
que teatralizam valores e rituais de um medievo possível.
Relator: Mozahir Salomão Bruck
VELHICE E ESQUECIMENTO: O MAL DO ALZHEIMER NOS RELATOS
MIDIÁTICOS
ANA PAULA GOULART RIBEIRO (UFRJ)
Nas últimas décadas, mudaram os sentidos sociais da velhice, sobretudo
no que se refere à relação com a memória. De guardião das lembranças, o idoso
passou a ser, cada vez mais, percebido como um ser do esquecimento, que sofre
de patologia ou disfunção grave. A associação da sua figura a doenças como o
Alzheimer é um exemplo disso. O medo e a angústia que envolvem esse tipo de
distúrbio geram, nas mídias, um conjunto significativo de relatos, que este trabalho busca analisar.
Relatora: Irene de Araújo Machado
GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS
MANHÃ
TARDE
DESLIZAMENTOS DAS MÍDIAS: TEXTOS DE MEMÓRIA, LIVRO DE HISTÓRIA E NARRATIVA DE HISTÓRIA DE VIDA EM INGRID, UMA HISTÓRIA DE EXÍLIOS
PRISCILA F. PERAZZO (USCS) e BARBARA HELLER (UNIP)
Investigamos nesse artigo como as memórias transitam de uma mídia a outra, partindo, em ordem cronológica, do texto da memória (manuscritos e relatos
orais), de Ingrid Koster, para o texto do livro Ingrid, uma história de exílios, uma
publicação editorial de 2010. Temos como objetivo verificar adaptações, silen-
127
GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS
ciamentos, acréscimos na construção dos textos da memória no livro, diante das
diferentes formas de produção das mídias. Mostramos que as memórias e seus
suportes midiáticos, cada vez mais deslizantes, são atravessados por esses acréscimos (imaginados e documentados) e, por supressões (de natureza emocional e
política). Produtos midiáticos têm sido cada vez mais hibridizados, uma vez que
as fronteiras que os separam encontram-se cada vez mais esgarçadas na sociedade contemporânea. Lucia Santaella, com “cultura midiática” e “deslizamentos”,
Beatriz Sarlo, com “memória” e “testemunha”, Walter Benjamin, com “narrativa e
cura” dão sustentação teórica à análise.
Relatora:Ana Paula Goulart Ribeiro
128
ENTRE O DIÁRIO DE EXÍLIO E OS FILMES-DIÁRIO: UMA ANÁLISE SOBRE A REMEMORAÇÃO NA OBRA DE JONAS MEKAS
RAFAEL ROSINATO VALLES (PUC-RS)
Neste trabalho pretendemos refletir sobre como a construção do processo
de rememoração se opera no diário de exílio e nos filmes-diário do cineasta Jonas
Mekas. Como objeto de estudo, será analisado o filme-diário Reminiscencesof a
Journey to Lithuania, por entender que esta obra sintetiza a importância da memória nas escolhas narrativas do cineasta.
Relatora: Mônica Rebecca Ferrari Nunes
A RECICLAGEM DE FILMES DOMÉSTICOS NO DOCUMENTÁRIO: UMA
ANÁLISE DAS IMAGENS DA MEMÓRIA NOS FILMES “ELENA” E “OS
DIAS COM ELE”
ANA CLARA CAMPOS DOS SANTOS (UFJF) e CHRISTINA FERRAZ MUSSE (UFJF)
Na contemporaneidade, a percepção de um tempo que flui rapidamente
parece criar a necessidade de narrativas que organizem e deem significado ao
mundo e à própria existência individual. Assim, o processo de reconstituiçãoda
memória familiar funciona como uma referência para o sujeito, ressignificando
o presente. Neste artigo vamos verificar como se dá a exibição de cenas da vida
íntima familiar nos filmes domésticos e quais são os efeitos causados na narrativa
cinematográfica, quando esses arquivos audiovisuais são “reciclados” no tempo
presente. Para analisar a relação entre memória e identidade, utilizamos autores como Andreas Huyssen, Beatriz Sarlo e Zygmunt Bauman; para investigar
as narrativas autobiográficas e os filmes domésticos, trabalhamos com Philippe
Lejeune, Roger Odin e Efrén Cuevas Álvarez, entre outros autores. Para nossa
análise empírica, estudamos os documentários autobiográficos “Elena” (Petra
Costa, 2012) e “Os dias com ele” (Maria Clara Escobar, 2013).
Relator: Rafael R. Valles
DIA 09 DE JUNHO
MEMÓRIA DA CULTURA EM ESPAÇOS DE RELAÇÕES DIALÓGICAS: O
CASO DO CINEMA POLÍTICO
IRENE DE ARAÚJO MACHADO (USP)
Discutir o papel controvertido das relações dialógicas em sistemas comunicacionais a partir da dinâmica da memória dialógica da cultura é o desafio
a ser enfrentado nesse estudo cuja demanda emerge numa situação específica:
as relações dialógicas do discurso audiovisual, particularmente aquele desenvolvido no cinema. Para examinar a propriedade de nossa hipótese, adotou-se o
método comparativo de análise de cinematografias em que as relações dialógicas do discurso têm sido consideradas prioritariamente no âmbito da dominante
verbal, caso das cinematografias que abrigam as realizações do cinema político
que aqui será particularizado pela análise de filmes produzidos no Brasil após a
instalação do regime militar no ano de 1964. Espera-se, assim, compreender o
caráter discursivo da semiose audiovisual no contracampo do ambiente histórico
do não-dito que mobilizou relações dialógicas que marcaram a criação na esfera
cinético-audiovisual.
Relatores: Bruno Souza Leal e Phellipy Pereira Jácome
A REVISTA PAZ E TERRA: UM LUGAR DE MEMÓRIA DA COMUNICAÇÃO RELIGIOSA NO BRASIL
AUTORA: MAGALI DO NASCIMENTO CUNHA (UMESP)
Este trabalho aprofunda a pesquisa exploratória, apresentada a este GT em
2015, que buscou identificar produções midiáticas de contra-informação desenvolvidas durante a ditadura civil-militar no Brasil por grupos religiosos. O estudo
aqui apresentado tem por objetivo examinar a relevância de uma dessas produções, a revista Paz e Terra, publicada pela Editora Civilização Brasileira nos anos
1960, como iniciativa ímpar no campo da comunicação religiosa, ecumênica e
política. A fim de se responder à questão-problema “qual o lugar da revista Paz
e Terra na memória das produções midiáticas religiosas no Brasil?” são tomadas
por base teorias sobre “suportes da memória” e “lugares de memória”. A articulação entre a narrativa da memória de Paz e Terra e um estudo descritivo do
conteúdo dos dez exemplares publicados, que forma a metodologia da pesquisa
empregada, foi feita com base no acervo da revista, em pesquisa documental, em
depoimentos de personagens envolvidas e em obras sobre a Editora Civilização
Brasileira, sobre o editor Ênio Silveira, sobre as lideranças evangélicas criadoras
do projeto e sobre a própria Paz e Terra.
Relatoras: Ana Clara Campos dos Santos e Christina Ferraz Musse
GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS
MANHÃ
129
GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS
130
MEMÓRIA E ESQUECIMENTO NA CNV: UM ESTUDO SOBRE A (RES)
SIGNIFICAÇÃO DA DITADURA
FERNANDA NALON SANGLARD (UERJ) e TERESA NEVES (UFJF)
O artigo reflete sobre a revisão de um trauma histórico brasileiro: a ditadura militar. Tendo como perspectiva o campo da comunicação e como respaldo
teórico as discussões sobre memória e esquecimento, toma-se como ponto de
partida da análise uma política pública recente: a Comissão Nacional da Verdade
(CNV). Instituída em 2012 para investigar os casos graves de violações de direitos humanas ocorridos especialmente no período da ditadura militar, a CNV encerrou seus trabalhos em 2014, com a divulgação de um relatório. Este relatório,
e a cobertura jornalística conferida a ele, servem de instrumentos para questionar como o Brasil tem trabalhado as (res)significações da ditadura na contemporaneidade.
Relatora:Magali do Nascimento Cunha
TARDE
ESSE COQUEIRO QUE DÁ COCO: AGENCIAMENTOS DA MEMÓRIA DA
MÚSICA POPULAR BRASILEIRA COMO MODO DE COMPREENSÃO DA
VIDA SOCIAL
MOZAHIR SALOMÃO BRUCK (PUC-MG)
O artigo propõe reflexões sobre formas de agenciamento da memória da
música brasileira como modo de compreensão da vida social, a partir da análise de quatro livros que se dedicam à história da MPB. A aproximação das
obras Chega de Saudade e A noite do meu bem (Ruy Castro), Eu não sou cachorro, não (Paulo César de Araújo) e Cowboys do Asfalto (Gustavo Alonso)
busca perceber como tais autores articulam aspectos da memória social, enredando um diversificado leque de fontes documentais, em especial, entrevistas
realizadas por eles mesmos, compondo um rico mosaico em que o passado
– capturado por meio de versões e percepções – é tensionado por narrativas
outras, agora do presente, num jogo de readequações e (re)inscrições. Entre os
operadores conceituais convocados para este texto, destacamos as noções de
memória social, as relações entre memória e identidade social (Pollack, 1992),
memória coletiva (Le Goff, 2013) e as distinções sobre a memória assinaladas
por Halbwachs (2006).
Relatoras: Fernanda Nalon Sanglard e Teresa Neves
Reunião de avaliação do GT
GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS
MUDAR PARA PERMANECER O MESMO: MARCAS DE UM DISCURSO
DE AUTOLEGITIMAÇÃO AO LONGO DA HISTÓRIA
BRUNO SOUZA LEAL (UFMG) e PHELLIPY PEREIRA JÁCOME (UFMG)
Relatoras: Priscila Este artigo busca caracterizar indícios do discurso de
autolegitimação de mídias informativas e as relações que ele estabelece com a
historicidade e demais dimensões temporais presentes no jornalismo. Nesse esforço de caracterização, recupera-se um conjunto de falas institucionais de agentes jornalísticos brasileiros sobre si mesmos, especialmente aquelas vinculadas
às reformas editoriais e processos de modernização de jornais e outros produtos.
A hipótese é de que há, nesse discurso de autolegitimação, uma simplificação da
historicidade dos fenômenos jornalísticos, na medida em que se baseia na (re)
afirmação dos mesmos valores e princípios ao longo da história.
Relatores: F. Perazzo e Barbara Heller
131
GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E
LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO
Coordenação: Kleber Mendonça (UFF)
Vice-Coordenação: Isaltina Gomes (UFPE)
Sala 37 1º Piso - FIC
MANHÃ
EM REVISTA: INTERAÇÃO, MODA E MODOS DE VIDA BRASILEIROS
ANA CLAUDIA M. A. DE OLIVEIRA (PUCSP) e MARIANA BRAGA(PUCSP)
As revistas Fon-Fon, O Cruzeiro e Manchete atravessam o século XX,
trazendo na composição das páginas anúncios diversos, a partir dos quais
retraçamos os modos de vida implementados no social. Essa mídia e seus
destinadores configuram nos enunciados do corpo-revista programações
prescritivas que são lançadas para serem seguidas, apoiadas em estratégias
que se articulam ao fazer sentir as promessas no e pelo corpo do leitor. Essa
complexa triangulação de regimes de sentido e procedimentos interacionais,
à luz da semiótica francesa, é explorada na análise de como os corpos (re)
vestidos são capazes de modelar hábitos, vestes e corpos dos destinatários,
assim como do que leva esses corpos vestidos a assumir modos de vida propagadores dos produtos e marcas da indústria brasileira. Esse assumir faz
o sujeito-leitor ser pelo ter: consumir a mídia impressa e suas proposições
são ensinamentos prescritivos de como viver sentindo-se de seu tempo pela
moda e pelos modos de vida adotados.
Relatores: Maria Ângela Mattos, Ellen Barros, Lidiane Ferreira Sant’Ana,
Lílian Bahia e Max Emiliano Oliveira
A LINGUAGEM SINCRÉTICA DOS PORTAIS DE NOTÍCIAS: UM ESTUDO SOBRE OS REGIMES DE VISIBILIDADE DO JORNALISMO ON-LINE
GABRIELA PAVANATO SARDINHA (UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO)
O objetivo deste trabalho é voltar o olhar para a linguagem sincrética em
portais de notícias, mais especificamente, para os regimes de visibilidade desse
ambiente que abriga o jornalismo- on-line. A análise situa-se na forma de se dar
a ver desse espaço virtual, como um campo que se constitui a partir de mosaicos que enunciam intencionalidades. Debate questões como a cromaticidade e
a topologia desses ambientes virtuais, bem como as relações entre que aquele
que se mostra e aquele que vê. Assim, busca estabelecer as estratégias de manipulação que definem a relação entre destinador e destinatário. Como processo
metodológico, fundamenta-se na semiótica discursiva, especialmente, no estudo
dos objetos sincréticos.
Relatores: Luciana Miranda Costa e Bruno Monte de Assis
GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO
DIA 08 DE JUNHO
135
GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO
136
TARDE
VIELAS DE SENTIDO: DISCURSO E IMAGINÁRIO NA COBERTURA DO
GLOBO SOBRE A “OCUPAÇÃO” DO ALEMÃO
WEDENCLEY ALVES SANTANA (UFJF) e CÍCERO COSTA VILLELA (UFJF)
O presente trabalho se insere no contexto de uma pesquisa que pretende
fazer uma cartografia dos discursos sobre as favelas. Nesse sentido, a partir da
perspectiva da Análise de Discurso, busca-se analisar matérias sobre o acontecimento discursivo em que se constituiu a chamada “pacificação do Alemão”.
Intenta-se compreender o papel do jornalismo na construção imaginária e simbólica do espaço urbano enquanto destituído de heterogeneidade. Para isso recorre-se ao jornal “O Globo” e ao arquivo de reportagens sobre o dia seguinte da
ocupação do Complexo do Alemão. Parte-se do pressuposto de que ao narrar o
espaço urbano, a mídia também situa e contribui para a construção de sentidos
e sujeitos passíveis de serem encontrados em determinados ambientes, mas que,
hipótese central, é também marcada por uma certa heterogeneidade.
Relatoras: Kati Caetano e Sandra Fischer
TATUAGENS E HISTÓRIAS DE VIDA: O PERSONAGEM NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
JOÃO BATISTA FREITAS CARDOSO (USCS)
Quando alguém faz uma tatuagem, geralmente, pretende preservar a memória de algo que considera importante. A prática de tatuar personagens de histórias em quadrinhos ou desenhos animados, ainda que não seja muito comum,
revela um modo de expressão de um grupo específico. Tendo esses pressupostos,
o presente texto visa discutir como o portador de tatuagem de personagem faz
uso desse tipo de signo para narrar suas histórias e construir sua identidade. Para
isso, identificamos traços comuns no comportamento dos portadores desse tipo
de tatuagem e verificamos como eles fazem uso dos personagens para narrar suas
histórias. A pesquisa utilizou técnica de revisão bibliográfica, análise documental
e entrevista em profundidade. Verificamos que, ainda que os entrevistados compartilhem o mesmo interesse pelo tema, existem diferentes formas de uso dos
personagens como tatuagens e essas formas são definidas em razão da história
que se deseja contar.
Relatores: Wedencley Alves Santana e Cícero Costa Villela
PROCESSOS DE MIDIATIZAÇÃO E FORMAS DE VIDA: HUMANOS, ROBÔS E HISTÓRIAS DE PAIXÃO
KATI CAETANO (UTP) e SANDRA FISCHER (UTP)
O texto tem o propósito de examinar os modos como o envolvimento afetivo entre homens e máquinas vêm sendo discutidos em produtos culturais mi-
DIA 09 DE JUNHO
MANHÃ
TV SOCIAL, PRÁTICAS INTERACIONAIS E MODOS DE PRESENÇA:
CONTRIBUIÇÃO PARA A DELIMITAÇÃO DO CONCEITO
YVANA FECHINE (UFPE)
A denominação “TV Social” vem sendo empregada para designar um conjunto variado de fenômenos que envolve, genericamente, comentários sobre conteúdos televisivos por meio de redes sociais digitais. É preciso, no entanto, caracterizar e delimitar melhor este conceito frente aos distintos modos de articulação
entre Televisão e Internet e às diferentes manifestações da cultura participativa
no ambiente de convergência. Propomo-nos, neste artigo, a tratar a TV Social
como uma prática interacional fundada numa conversação em rede e em ato em
torno de conteúdos televisivos por meio de plataformas/tecnologias interativas,
atreladas a estratégias das indústrias televisiva e/ou de desenvolvimento de softwares, capazes de proporcionar a experiência de assistir junto a algo, a partir de
um modo de presença produzido pelo compartilhamento desses conteúdos em
uma mesma temporalidade.
Relatoras: Ana Claudia M. A. de Oliveira (PUCSP) e Mariana Braga(PUCSP)
AUDIOVISUAL PANORÂMICO PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS: RECONFIGURAÇÕES EM TELA, IMERSÃO E INSTÂNCIA NARRADORA
ANA SILVIA MÉDOLA (UNESP) e BRUNO JARETA DE OLIVEIRA (UNESP)
O presente trabalho tem o propósito de analisar as lógicas de linearidade
e práticas de fruição e interação inauguradas nos textos audiovisuais em vídeos
panorâmicos para dispositivos móveis. Considerando ser este objeto um sistema de significação, o constructo teórico da semiótica discursiva subsidia o fazer
analítico, notadamente sobre as estratégias enunciativas voltadas à produção de
efeitos de sentido de imersão e participação do enunciatário no consumo destes
GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO
diáticos, visando a identificar e analisar as diferenças entre tais apropriações, e,
sobretudo, suas consequentes transformações em formas de vida que legitimam
ou polemizam esse fenômeno de sensibilização nos processos de midiatização
em que se materializam. Para tanto, são abordados filmes, séries televisivas e matérias jornalísticas, com o intuito de perceber a passagem do debate da esfera da
ficção para o micro-universo da informação e da opinião pública, momento que
o estatuto de ficção-científica adentra a ambiência midiática jornalística como
forma de vida atualizada.
Relatores: Ana Silvia Médola e Bruno Jareta de Oliveira 137
GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO
138
vídeos, denominados também como esférico, 360o, omnidirecional e surrounded. Como resultado, observou-se a relevância da aspectualização espacial nos
arranjos enunciativos que regem a “montagem” produzida pelo enunciatário, a
partir do conjunto de possibilidades oferecidas em ambiente visual navegável.
Relatora: Yvana Fechine
REGIMES DE INTERAÇÃO NO VIDEOCLIPE INTERATIVO: UMA ABORDAGEM SOCIOSSEMIÓTICA DESSE FENÔMENO
CARLOS HENRIQUE SABINO CALDAS (UNESP)
O objetivo deste artigo é entender as mudanças nas relações de comunicação e formas de consumo do videoclipe em novos formatos, pautados pelos
conteúdos interativos, possibilitados pelas tecnologias digitais das mídias contemporâneas. Para constituição do corpus, foram selecionados três projetos de
videoclipe interativo desenvolvidos pelo diretor Chris Milk em parceria com a
Google Data Arts, The Johnny Cash Project, The Wilderness Downtown e Three
Dreamsof Black. O referencial teórico-metodológico utilizado baseia-se nos estudos de Eric Landowski com a sociossemiótica, em especial os regimes de interação e sentido.
Relatora: Gabriela Pavanato Sardinha
TARDE
INTERAÇÕES SOCIAIS E DINÂMICAS COMUNICACIONAIS NOS GAMES
LUCIANA MIRANDA COSTA (UFRN/UFPA) e BRUNO MONTE DE ASSIS
(UFPA)
Este artigo tem como principal objetivo refletir sobre as práticas interacionais desenvolvidas nos games, tendo como objeto empírico, o jogo Brasil Ragnarök Online-BRO. Uma das principais motivações referentes ao ato de jogar é
a interação entre jogadores mediada pelos games (jogo como atividade social),
o que evidencia o caráter comunicativo do jogo a partir das ações dos jogadores.
Nossa proposta busca compreender as potencialidades das ações dos jogadores
quando em interação com o jogo, como processos modificadores em diferentes
gradações na experiência com o produto midiático. BRO possibilita a interação
entre os jogadores e destes com o mundo virtual, transformando-o e transformando-se, de modo que ambos são agentes mediadores, fazendo emergir novas
práticas culturais permeadas por essas interações, tanto nos ambientes virtuais,
quanto nos presenciais.
Relator: Carlos Henrique Sabino Caldas
Reunião de avaliação do GT
GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO
INTERAÇÕES COMUNICACIONAIS E/OU MIDIATIZADAS NOS ESTUDOS DE RECEPÇÃO
MARIA ÂNGELA MATTOS (PUC MINAS), ELLEN BARROS (PUC MINAS),
LIDIANE FERREIRA SANT’ANA (PUC MINAS), LÍLIAN BAHIA (METODISTA SÃO BERNARDO DO CAMPO) e MAX EMILIANO OLIVEIRA (PUC MINAS)
A fim de desvendar o que há de interacional nos papers apresentados na
Compós, no período de 2001 a 2010, este trabalho apresenta uma análise piloto
do GT de Recepção – o mais representativo do corpus global da metapesquisa
desenvolvida pelo grupo “Campo Comunicacional e suas Interfaces” (CNPq). Ao
acionar a Análise de Conteúdo, cinco matrizes teóricas emergiram dos 40 textos
que abordam a interação comunicacional e/ou midiatizada, a saber: Matriz Comunicacional, Culturalista, Sociológica, Literária e Matrizes Híbridas. Um dos
achados diz respeito à construção do capital teórico das interações a partir da
dimensão empírica. Conjugando empiria à perspectiva comunicacional dos articulistas em interseção com referenciais diversos, alcançou-se uma visão abrangente e complexa dos processos interacionais. Em última instância, tal cenário
constitui uma abordagem contemporânea do próprio campo da Comunicação.
Relator: João Batista Freitas Cardoso
139
GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE
INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO
MIDIÁTICOS
Coordenador: ROSELI FIGARO (USP)
Vice-coordenação: LILIANE DUTRA BRIGNOL (UFSM)
SALA 06 – FIC
MANHÃ
O MAPA DAS MEDIAÇÕES COMUNICATIVAS DA CULTURA: UMA SEGUNDA ONDA NA ABORDAGEM DAS MEDIAÇÕES DE MARTÍN-BARBERO?
LIRIAN SIFUENTES e CAROLINA ESGOSTEGUY (PUCRS)
O foco do trabalho se concentra no programa de pesquisa das mediações,proposto por Jesús Martín-Barbero, mais especificamente, no Mapa
das Mediações Comunicativas da Cultura ([1998]2003) e sua utilização na
investigação empírica,no contexto nacional. Para tal, recapitula-se a matéria, sem objetivar o debate crítico, e identificam-se os usos dessas mediações na pesquisa em Comunicação. Conclui-se que, apesar de possuir
posição de destaque no debate teórico-metodológico, o Mapa em questão
é ainda pouco explorado na pesquisa empírica,seja de modo integral, seja
parcial.
Relatora: Regiane Ribeiro
DESLOCAMENTOS NA METODOLOGIA DOS USOS SOCIAIS PARA O
ESTUDO DE MEIOS LIVRES E COMUNITÁRIOS: O CASO DA PESQUISA
SOBRE A RÁDIO MEXICANA FRECUENCIA LIBRE
ISMAR CAPISTRANO COSTA FILHO (UFMG)
Este artigo apresenta os deslocamentos e os métodos utilizados para
aplicar a metodologia dos usos sociais dos meios de Jesus Martín-Barbero
no estudo da rádio Frecuencia Libre, emissora comunitária da cidade de San
Cristóbal de Las Casas, em Chiapas, México do coletivo homônimo aderente
ao movimento zapatista. As lógicas de mercado foram ampliadas para lógicas
de produção a fim de dar conta das subversões ao sistema legal de radiodifusão e das resistências ao modelo comercial da emissora investigada. Os
formatos industriais foram deslocados para formatos dos meios para analisar
as rupturas ao padrão tradicional de rádio. Para compreender as matrizes
culturais, o método dos endereçamentos, proposto por JonhHartley foi utilizado e os sentidos culturais dos mundos possíveis Jesus Galindo Cáceres
possibilitou entender as competências da recepção.
Relatoras: LiviaSaggin e Jiani Bonin
GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO MIDIÁTICOS
DIA 08 DE JUNHO
143
GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO MIDIÁTICOS
TARDE
144
O FANDOM E SEU POTENCIAL COMO COMUNIDADE INTERPRETATIVA: UMA DISCUSSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA PARA OS ESTUDOS
DE RECEPÇÃO
REGIANE RIBEIRO (UFPR)
O texto discute o cenário contemporâneo das pesquisas em recepção no
que diz respeito à preocupação com o grau, o modo de participação e a classificação das audiências. Nesse contexto, apresenta-se não somente o seu potencial
interpretativo, mas também sua capacidade de atuar ativamente, recebendo, circulando e produzindo novos sentidos. O objetivo foi articular os conceitos de comunidades interpretativas ao de fandom, apresentando os pontos convergentes e
limitadores dos termos nas práticas de produção de sentido e significação. Tendo
como pano de fundo os estudos culturais e a crítica literária, procurou-se apresentar um panorama dos principais autores que discutiram tais conceitos com o
intuito de nortear um protocolo metodológico que auxilie a classificação desses
grupos e suas mediações nas pesquisas empíricas do campo.
Relator: Rafael Grohmann
PROBLEMATIZAÇÕES PARA PENSAR AS APROPRIAÇÕES/PRODUÇÕES DIGITAIS DE JOVENS
LIVIA SAGGIN e JIANI BONIN (UNISINOS)
O texto tem como objetivo principal explorar perspectivas teóricas para
entender aspectos relativos às apropriações/produções comunicativas das mídias
digitais realizadas por sujeitos jovens. As problematizações empreendidas focalizam aspectos relativos ao processo de midiatização e às reconfigurações que
ganha com o advento da comunicação digital, particularmente pensadas em relação ao âmbito da chamada recepção; incluem concepções mais específicas para
o entendimento dos sujeitos comunicantes e de suas apropriações/produções
midiáticas e, também, elementos para pensar os vínculos entre essas apropriações/produções e a constituição das culturas e identidades juvenis no contexto
contemporâneo.
Relatora: Juliana Doretto
SEMIÓTICA E RECEPÇÃO: ALGUMAS BASES CONCEITUAIS E METODOLÓGICAS
MARCELO SANTOS, ROBERTO CHIACHIRI e SIMONETTA PERSICHETTI
(CASPER LÍBERO)
Os estudos de recepção costumam ser negligenciados pelas duas escolas
de semiótica mais populares no Brasil: a discursiva e a peirceana. Usualmente,
as análises feitas com base nos postulados destas escolas trabalham com a noção
DIA 09 DE JUNHO
MANHÃ
ESTUDOS DE RECEPÇÃO E CLASSE SOCIAL: NOTAS SOBRE TESES E
DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS ENTRE 2010 E 2014 NO CAMPO DA COMUNICAÇÃO
RAFAEL GROHMANN (USP)
O artigo traz uma análise de16 teses e dissertações defendidas em programas de pós-graduação em comunicação no Brasil que utilizaram a categoria
de classe social em um estudo de recepção entre os anos de 2010 e 2014. A partir dessa seleção, foi realizada uma bibliometria dos trabalhos e uma análise de
cunho qualitativo, de forma a compreender como os conceitos de “recepção” e
“classe” apareceram nos trabalhos, procurando refletir questões de ordem teórica
e metodológica que impactam os estudos de recepção e, de maneira geral,o próprio campo da comunicação.
Relatores: Veneza Ronsini , Otávio Chagas Rosa, Hellen Barbiero e Marina Machiavelli
“FALA CONNOSCO!”: O JORNALISMO INFANTIL E A PARTICIPAÇÃO
DAS CRIANÇAS, EM PORTUGAL E NO BRASIL
JULIANA DORETTO (NOVA DE LISBOA)
Este trabalho, parte de tese de doutoramento, se concentra na participação
das crianças no jornalismo infantil. Buckingham (2009) entende que os meninos
e meninas devem exercer os seus direitos de participação, estabelecidos na Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), também na área da produção midiática: segundo ele, as novas formas de comunicação online que as crianças têm à
sua disposição são possíveis formas de assegurar esse direito. Mas as crianças as
GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO MIDIÁTICOS
de receptor pressuposto, conjecturando possíveis interpretações para produtos
eprocessos midiáticos, sem que se escute os receptores reais e se conheça a sua
verdadeira apropriação/posicionamento com relação a uma mensagem. Neste
artigo, temos o objetivo de propor, para a semiótica peirceana, uma conexão com
os estudos de recepção. Inicialmente, exploramos a noção de interpretação em
Peirce, para depois evidenciar a importância do contexto ou da informação colateral em tal atividade. Assim, nós destacamos os limites do signo e a relevância
da participação do receptor para que este último extraia variados graus de significados do signo. Ao final, trabalhamos a sugestão metodológica de se conectar, na
última fase de uma análise semiótica, a exploração do potencial de comunicação
do signo com pesquisas quantitativas ou qualitativas de recepção.
Relator: Fausto Neto
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utilizam para interagir com os jornalistas que escrevem para elas? Para responder
a essa questão, entrevistamos 50 crianças de nove a 16 anos de idade, em Portugal
e no Brasil. O trabalho mostrou que, para que haja participação, é preciso que as
crianças se sintam motivadas a acompanhar com frequência os veículos infantis
—o que está atrelado à mediação adulta e à temática abordada. Além disso, dois
obstáculos aparecem: a ausência de resposta por parte dos produtores de informação e a preocupação das crianças em expor-se.
Relatora:Valquiria M. John
TARDE
OS SENTIDOS DAS TELENOVELAS NAS TRAJETÓRIAS SOCIAIS DE
MULHERES DA CLASSE DOMINANTE
VENEZA MAYORA RONSINI,OTÁVIO CHAGAS ROSA, HELLEN BARBIERO e MARINA MACHIAVELLI (UFSM)
O foco do texto é entender os usos sociais da ficção televisiva por mulheres
das frações alta e média alta da classe dominante, em particular, a construção
de uma feminilidade de classe, a qual é capturada pelas visões de mundo que as
informantes manifestam. Tais representações se compõem de enunciados sobre
as práticas cotidianas – de gestão do corpo, do trabalho e do estudo, da família
e das relações amorosas – que dão sentido às práticas e as constituem. Inspirado
no conceito de gênero, no trabalho de Pierre Bourdieu e nos Estudos Culturais
latino-americanos, disserta sobre a incorporação das narrativas das telenovelas
na formação de um capital cultural midiático como forma de endosso ao estilo
de vida das mulheres heterossexuais da elite. A análise revela que a assimilação
da noção hegemônica da distinção burguesa ocorre pela rejeição da figura fútil
da “perua” e pela identificação com a imagem da mulher “moderna”.
Relator: Ismar Capistrano Costa Filho
TELENOVELA E MUNDOS POSSÍVEIS NA PRISÃO: UM ESTUDO DE RECEPÇÃO COM MULHERES ENCARCERADAS
VALQUIRIA M JOHN (UNIVALI)
A pesquisa teve como objetivo compreender como o cotidiano de mulheres
detentas se (re)configura a partir da mediação da telenovela nesse novo ambiente
de socialização. A partir das proposições da “Metodologia dos mundos possíveis”
de Galindo Cáceres e das mediações de Martín-Barbero buscou-se compreender
como a telenovela medeia seu cotidiano, como articula outros mundos que vão
além dos limites impostos pelas grades e como estes mundos se relacionam com
as temporalidades da prisão, bem como de suas memórias. A principal técnica
adotada foi a história de vida em consonância com a proposição da metodologia
dos mundos possíveis. Os resultados apontam para uma “memória do melodra-
O CONCEITO DE RECEPÇÃO NA OBRA DE ELISEO VERÓN: 1968 – 2013
FAUSTO NETO (UNISINOS)
O conceito de recepção atravessa a obra de Eliseo Veron-1968/2013. Estudos iniciais enfatizam a dimensão temporal para a produção de sentidos.
Destacam processos que envolvem momentos em que se diz e se recebe uma
mensagem, para definição da significação. Tal aspecto tem merecido pouca atenção, mas é algo que exigirá muito no futuro (Verón, 1971). O papel dos atores é
destacado, pois reconstruir “(...) gramáticas de reconhecimento supõe trabalhar
com a palavra individual (...)”3. Descreve-se a pertinência da noção de “gramáticas” –suas incompletudes e diferentes lógicas –para a formulação da teoria do
reconhecimento, a partir da articulação produção/recepção. E reflete-se sobre
interrogações, de cujas respostas dependem o avanço da pesquisa sobre a recepção: “como captar esta grande fragmentação de palavras(...)?” (Verón, 2013:430).
Relatores: Marcelo Santos, Roberto Chiachiri e Simonetta Persichetti
Reunião de avaliação do GT
GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO MIDIÁTICOS
ma” e um processo de construção de mundos possíveis a partir da identificação e
projeção de suas trajetórias nas trajetórias das personagens da telenovela, sobretudo no que se refere às memórias e práticas relacionadas à família.
Relatoras: Lirian Sifuentes e Carolina Esgosteguy
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