caderno de resumos - Gestão da Informação
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caderno de resumos - Gestão da Informação
25º Encontro Anual da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação 25º Encontro Anual da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação Goiânia 7 a 10 de junho de 2016 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO Diretoria 2016/2017 Presidente Prof. Dr. Edson Fernando Dalmonte Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas - UFBA Vice-Presidente Profa. Dra. Cristiane Freitas Gutfreind Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social - PUC-RS Secretário-Geral Prof. Dr. Rogério Ferraraz Programa de Pós-Graduação em Comunicação - Universidade Anhembi Morumbi UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Reitor Prof. Dr. Orlando Afonso Valle do Amaral Vice-Reitor Prof. Dr. Manoel Rodrigues Chaves FACULDADE DE COMUNICAÇÃO Diretor Prof. Dr. Magno Medeiros Vice-diretora Profa. Dra. Eliany Alvarenga de Araújo PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO Coordenação Profa. Dra. Ana Carolina Rocha Pessôa Temer Vice-coordenação Prof. Dr. Claudomilson Fernandes Braga COORDENAÇÃO GERAL Ana Carolina Rocha Pessôa Temer COORDENAÇÃO EXECUTIVA Claudomilson Fernandes Braga Rosana Maria Ribeiro Borges Simone AntoniaciTuzzo Tiago Mainieri Oliveira PRODUÇÃO EXECUTIVA Comissão Financeira e de Obtenção de Recursos Tiago Mainieri Oliveira Luiz AntonioSignates Freitas Rosana Maria Ribeiro Borges Claudomilson Fernandes Braga Comissão de Identificação, Espaço Físico e Equipamentos Alexandre Tadeu dos Santos Magno Luiz Medeiros da Silva Comissão de Transporte e deslocamentos Andréa Pereira dos Santos Ângela Teixeira de Moraes Comissão de Lançamento de Livros Luiz AntonioSignates Freitas Maria Francisca Magalhães Nogueira Comissão de Apoio e Hospedagem GoiaméricoFelicio Carneiro dos Santos Suely Henrique Gomes Comissão Cultural Rosana Maria Ribeiro Borges GoiaméricoFelicio Carneiro dos Santos Comissão de Apoio Editorial Nélia Del Bianco Luciene de Oliveira Dias Coordenação do Apoio discente Jordana Oliveira Jordânia Bispo Rocha Carolina Silva de Moura IDENTIDADE VISUAL E DIAGRAMAÇÃO Paulline Guimarães Brandão e Abner Gabriel Sousa Soares - Núcleo de Publicidade Institucional da Assessoria de Comunicação da UFG APOIO Rhayssa Fernandes Mendonça, Núcleo de Relações Públicas da Assessoria de Comunicação da UFG. SECRETARIA Tessa Monteiro Lettieri Annelise Vinhal Lício Boas vindas ao 25º Encontro COMPÓS Este 25º Encontro da COMPÓS – Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação – acontece em meio a um momento bastante conturbado de nossa história. O cenário político é de incertezas e, ao mesmo tempo, de esperança, que deve ser mantida a todo custo. Nesse clima, a ideia de um encontro é muito propícia. Para além de um evento científico consolidado, o Encontro de 2016, sediado em Goiânia, será oportuno para rever nossos pares, amigos, parceiros de trabalho, e encontrar gente nova, movidos todos pela vontade de produzir pesquisa, contribuir com a educação e assegurar um futuro melhor para a nossa gente. Em momentos adversos, é fundamental o encontro, a conversa e a partilha. Esse encontro de 2016, que chega a um quarto de século, apresenta uma configuração bastante distinta das origens da associação, criada por alguns Programas em 1991. Hoje, contamos com quase 50 PPGs filiados, oriundos de todas as regiões do país. São muitos os desafios de uma Área ainda jovem que se afirma como campo de investigação, e segue contribuindo com o debate sobre o lugar da comunicação na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, com respeito aos pactos e conquistas sociais, em especial a Democracia. A diversidade temática dos nossos objetos e temas de pesquisa pode ser constatada pelos 170 trabalhos selecionados para os 17 GTs que atualmente compõem o Encontro Anual da COMPÓS. Com profunda esperança e votos de melhores dias, damos as boas vindas a todas e todos. Edson Dalmonte (Presidente) Cristiane Freitas Gutfreind (Vice-Presidente) Rogério Ferraraz (Secretário Geral) Diretoria 2015-2017 Bem vindos ao PPGCOM/UFG – Compós 2016 – Goiânia O Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás busca estabelecer-se como lugar de promoção da reflexão crítica a respeito dos sentidos da comunicação. Neste sentido, ao receber o XXV COMPÓS GOIÂNIA/GO, o programa dá prosseguimento a uma proposta que antecede até mesmo a sua criação, uma vez que seus professores estiveram presente no primeiro encontro da COMPÓS, igualmente realizado no Estado de Goiás. Dessa forma, o retorno do Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação – COMPÓS - para o Estado é ao mesmo tempo um prazer um privilégio, e todas as nossas ações tem sido no sentido de receber os congressistas da melhor forma possível e, sobretudo, proporcionar o melhor ambiente possível para debater a comunicação. Mais do que em qualquer ocasião, a forte presença das mídias e da interferência dos processos de comunicação mediados tem marcado presença na situação social e política do Brasil. Mais do que nunca também, a atuação dos meios e a reflexão sobre a comunicação devem estar presentes uma vez que trata-se de um mundo de muitas vozes no qual estudar comunicação, em suas múltiplas faces, é um desafio e uma necessidade. Essa tem sido, aliás, a motivação do PPGCOM – UFG, que atua em duas vertentes de interface a da cultura e a da cidadania, e trabalha com a perspectiva de aprofundar cada vez mais essa orientação, com a realização, já em curso, de vínculos com universidades e pesquisadores de ponta, no país e no mundo. Assim, a proposta deste PPG é garantir um nível cada vez mais alto de formação pósgraduada, no qual a pesquisa e a reflexão teórica e epistemológica sobre a comunicação possam operar a qualificação da produção de conhecimento na área e estabelecer uma tradição de pensamento, no qual a noção de comunicação ocupe a centralidade da composição do objeto. E, com isso, estabelecer as condições para uma reflexão crítica sobre a comunicação na sociedade, seja pela formação de professores e pesquisadores capazes para tal, seja pelo aperfeiçoamento dos recursos humanos disponíveis ao mundo profissional, capazes da compreensão aprofundada a respeito de seus próprios afazeres. O quadro docente deste PPG conta atualmente com pesquisadores fortemente estimulados a alcançar tais objetivos. Tem sido grande o esforço recente no sentido de tanto ampliar e qualificar a produtividade acadêmica, quanto garantir a participação do Programa nos fóruns e congressos onde se debatem os percursos e direcionamentos do campo da comunicação no Brasil. Alguns cursos de graduação da FIC estão entre os mais antigos e tradicionais da Universidade e do Estado de Goiás. São cursos nas áreas de comunicação social (jornalismo, publicidade e relações públicas) e de ciência da informação (biblioteconomia e gestão da informação), os quais, especificamente em Goiás, têm cumprido um importante papel no campo da profissionalização dos quadros de trabalho e gestão da comunicação e da informação. Com a recente ampliação do ensino superior privado no país, ampliou-se a demanda por formação docente e de pesquisa na área em Goiás e, nesse sentido, o PPG em Comunicação passou a ter importância estratégica para o desenvolvimento da área no estado. Por tais razões, entendemos que a realização do Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação – Compós em Goiânia, com a participação ativa de discentes e docentes de todos os níveis em Goiânia será um momento inesquecível. O jeito goiano de recebê-los envolve calor e simpatia e a certeza de que será um encontro de alto nível, certamente inesquecível em função da qualidade dos trabalhos apresentados, mas também em função da hospitalidade da cidade e do esforço de todos para tornar o XXV Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação – COMPÓS, um momento marcado pelo espírito de congraçamento e colaboração, da qual resultarão amizades e parcerias intelectuais. Imbuído nestes princípios, damos as boas vindas a todos os participantes. Com afeto, Ana Carolina Rocha Pessôa Temer Coordenadora Local do XXV Encontro Anual da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Programação Compós 2016-Goiânia Dia 7 de junho ABERTURA OFICIAL Abertura oficial do 25º Encontro Anual da Compós Local: Universidade Federal de Goiás - Campus II – Samambaia– Auditório da Biblioteca Central Horário: 19h CONFERÊNCIA DE ABERTURA Estudos contemporâneos da Comunicação Conferencista: Guillermo Orozco Horário: 19h30 Entrega do Prêmio Compós de Dissertações e teses 2014 Horário: 20h20 Coquetel de Boas Vindas Dia 8 de junho REUNIÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO Horário: 9h00 às 12h00 e 14h00 às 18h00 Local: Salas de Aulas da FIC – UFG / Labicom/Centro de Aula C Campus II – Samambaia – Universidade Federal de Goiás Dia 9 de junho REUNIÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO Horário: 9h00 às 12h00 e 14h00 às 18h00 Local: Salas de Aula do FIC – UFG / Labicom/Centro de Aula C Campus II – Samambaia – Universidade Federal de Goiás Dia 10 de junho REUNIÃO DOS COORDENADORES DE GT Horário: 9h às 12h Local: Plaza Inn Augustus Hotel Av. Araguaia, 702 - St. Central REUNIÃO DO CONSELHO DA COMPÓS Horário: 14h às 17h30 Local: Plaza Inn Augustus Hotel Av. Araguaia, 702 - St. Central SUMÁRIO GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA......................................................... 19 GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA ................................................................. 27 GT COMUNICAÇÃO E CULTURA..................................................................... 35 GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA......................................... 43 GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA .................................................................... 51 GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE......................................................... 59 GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO................................... 67 GT CULTURA DAS MÍDIAS................................................................................ 75 GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO .................................................... 81 GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL ..................... 87 GT ESTUDOS DE JORNALISMO....................................................................... 95 GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA.................................................................. 103 GT ESTUDOS DE TELEVISÃO.........................................................................111 GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS.................................................117 GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS............................................................................. 125 GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO.......................................................................................... 133 GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO MIDIÁTICOS .................................................................... 141 Localização das salas Comunicação e Cibercultura Comunicação e Cidadania Comunicação e Cultura Comunicação e Experiência Estética SALA 04 - FIC AUDITÓRIO FIC SALA RP01 – LABICOM SALA 203 – Centro de Aula C Comunicação e Política SALA 09 –FIC Comunicação e Sociabilidade SALA 10 – FIC Consumos e Processos de Comunicação Cultura das Mídias Epistemologia da Comunicação Estudos de Cinema, Fotografia e Audiovisual SALA PP01 - LABICOM SALA 108 – Centro de Aula C SALA 08 – FIC CINE UFG Estudos de Jornalismo SALA 05 – FIC Estudos de Som e Música SALA 07 – FIC Estudos de Televisão Imagem e Imaginários Midiáticos Memória nas Mídias Práticas Interacionais e Linguagens na Comunicação ESTUDIO DE RTV – FIC SALA ADM.. LABICOM SALA JOR 01 – LABICOM SALA 37 – 1º Piso FIC Recepção: Processos de Interpretação, Uso e Consumo Midiáticos SALA 06 - FIC COOFE-BREAK SALA 25 –FIC SALA VIP SALA DOS PROFESSORES Grupos de Trabalho RESUMO E APRESENTAÇÃO GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA Coordenadora: Fátima Regis de Oliveira (UERJ) Vice-Coordenador: Carlos d’Andréa (UFMG) SALA 04 - FIC DIA 08 DE JUNHO BIOPOLÍTICA E CIBERCULTURA: O JOGO DO CUIDADO DE SI DA GUERRA EM REDE ÀS REVOLTAS JUVENIS HENRIQUE ANTOUN (UFRJ) Produzir a subjetividade é um problema da atualidade que ultrapassa o poder da fabricação do corpo orgânico e genético. O trabalho se propõe pensar como uma cultura de si, constituinte das lutas biopolíticas, pode emergir no campo da subjetivação dominada pelo biopoder. O pano de fundo da internet das coisas e o quadro ambivalente do lugar ocupado pelas redes comunicacionais na transformação positiva e democrática da subjetivação social conduzem nosso percurso. Um risco desta genealogia seria conceber o sujeito como o produto passivo das técnicas de dominação. Retomamos a questão de Foucault sobre as condições e as indefinidas possibilidades de transformação do sujeito, para pensá- lo constituindo uma relação consigo mesmo pela exploração de técnicas de si historicamente constituídas - como a comunicação na internet - que se compõem com técnicas de dominação também datadas, como a mídia de massa. Pode o sujeito emergir no entrecruzamento de uma técnica de dominação e uma técnica de si? Relatores: Laura Cánepa e Thiago Falcão UM MÉTODO PERSPECTIVISTA DE ANÁLISE DE REDES SOCIAIS: CARTOGRAFANDO TOPOLOGIAS E TEMPORALIDADES EM REDE FÁBIO MALINI (UFES) O método perspectivista de análise de redes busca identificar, processar e interpretar os pontos de vistas que são expressos no espaço e tempo das interações em redes sociais. Do ponto de vista teórico, o método perspectivista de rede parte de uma reflexão que articula a teoria antropológica formulada por Eduardo Viveiros de Castro (de onde retiramos os conceitos de perspectiva e relação); a concepção de Bruno Latour sobre a teoria ator-rede (de onde retiramos os conceitos de cartografia, grupos, mediadores e intermediários); e a teoria dos grafos (de onde retiramos o conceito de clusterização, modularidade, centralidade e densidade). Do ponto de vista empírico, o método perspectivista de rede apresenta os conceitos de perspectiva topológica e perspectiva temporal nas análises de redes sociais, a partir da produção de mensagens escritas e imagens que os perfis fabricam em diferentes plataformas de redes sociais. Para ilustrar tal possibilidade metodológica, analiso as redes de RTs do movimento #ContraTarifa (de onde é possível interpretar as perspectivas topológicas) e o movimento #VemPraRua (de onde é possível interpretar as perspectivas temporais). Relator: Leonardo Pastor Bernardes Rodrigues GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA MANHÃ 21 GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA TARDE 22 CONVERSAÇÕES FLUIDAS NA CIBERCULTURA ALEX PRIMO (UFRGS), VANESSA VALIATI (UFRGS/FEEVALE), LAURA BARROS (UFRGS) e LUDMILA LUPINACCI (UFRGS) Este artigo visa estudar como o amplo leque de serviços de comunicação online participa da criação e manutenção de relações interpessoais na contemporaneidade. Atenção especial é conferida a como as pessoas se apropriam desses serviços, combinando-os para atingir variados fins relacionais com públicos diversos e em tempos e lugares distintos. A partir de uma pesquisa empírica com 810 pessoas — residentes nas regiões Sul e Sudeste, maiores de 16 anos e com pelo menos o Ensino Superior Incompleto —, este artigo define e discute o fenômeno que chama de “conversações fluidas”. Relator: Fábio Malini COMPREENDENDO OS M.E.D.I.A. – MÍDIAS, ENTRETENIMENTO, DESIGN, INFORMAÇÃO E ARTES: AS EXTENSÕES DA COMUNICAÇÃO VINICIUS ANDRADE PEREIRA (UERJ e ESPM/SP) A proposta do artigo é salientar um conjunto de práticas midiáticas contemporâneas, mais especificamente um conjunto de produtos midiáticos singulares (nomeados no estudo como PMS), apostando que a crescente presença desses produtos na contemporaneidade revela a importância, no campo da comunicação, de cinco áreas de conhecimento, a saber: mídias, entretenimento, design, informação e artes, às quais se propõe nomear com o acrônimo M.E.D.I.A. O estudo pretende, assim, explorar os papeis que cada uma dessas área tiveram na constituição do campo da comunicação e, mais ainda, pensar tensões e extensões que os M.E.D.I.A. promovem no campo e nas práticas da comunicação na contemporaneidade. Relatores: Alex Primo, Vanessa Valiati, Laura Barros e Ludmila Lupinacci DOES CODE DREAM OF STUFF? DINÂMICAS MATERIAIS EM MÍDIAS DIGITAIS JOSÉ CLÁUDIO CASTANHEIRA (UFSC), BEATRIZ POLIVANOV (UFF) e ALESSANDRA MAIA (UERJ) Desde o final dos anos 1980 a ideia de materialidades dos objetos tem se consolidado como uma perspectiva sedutora nos estudos de comunicação. Hans U. Gumbrecht, dentre outros pesquisadores, em sua constante busca por um viés epistemológico que ultrapasse questões hermenêuticas ou a autorreferência humana enquanto base do conhecimento, procurou desenvolver noções relacionadas às materialidades. Contudo, assistimos, por parte de uma série de estudiosos, à apropriação e transposição dessas ideias – que lidam com aspectos especialmente físicos – para o universo digital, comumente associado a uma não corpo- DIA 09 DE JUNHO MANHÃ JORDAN LIVES FOR THE APPLAUSE: PERFOMANCES DE SI COMO PROPULSORAS DE CIBERACONTECIMENTOS RONALDO HENN (UNISINOS), CHRISTIAN GONZATTI (UNISINOS) e FELIPE VIERO KOLINSKI MACHADO (UNISINOS) Brendan Jordan tornou-se uma celebridade instantânea ao ter a sua coreografia, da canção Applause, de Lady Gaga, capturada durante uma transmissão televisiva. O menino diva, como foi chamado, passou a constituir a si mesmo em programas televisivos, canais específicos de redes sociais e propagandas envolvendo questões identitárias. O objetivo desse texto é o de refletir sobre o que as possibilidades e as tensões que as performatizações de si em sites de redes sociais produzem no que se refere aos gêneros e às sexualidades, buscando perceber como, nesses múltiplos espaços, o self é constituído. Relator: Vinicius Andrade Pereira IMAGENS DE SI: EXPERIÊNCIA E INTIMIDADE EM TORNO DA PRÁTICA CONTEMPORÂNEA DO SELFIE LEONARDO PASTOR BERNARDES RODRIGUES (UFBA) Buscou-se neste trabalho produzir uma investigação inicial das práticas atuais e cotidianas do selfie que, em meio às mediações dos dispositivos digitais, inserem-se em uma cultura contemporânea de interação, compartilhamento e comunicação. Tal perspectiva é aqui relacionada com a antropologia filosófica desenvolvida por Bruno Latour (2012b) e com a teoria das esferas de Peter Sloterdijk (2011). Tomando os dois autores como ponto de partida, produzimos uma pequena etnografia das práticas atuais do selfie, a partir de entrevistas com pessoas que estão habituadas a utilizar o smartphone para fotografar. Se pensado enquanto prática, o selfie exibe sua complexidade, suas diversas experiências de facilidade em uma multiplicação e disseminação intensa de imagens. Relatores: Sandra Portella Montardo, Suely Fragoso, Mariana Amaro e Samyr Paz GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA reidade, o que gera tensionamentos metodológicos e conceituais. Este trabalho procura, assim, identificar de que forma a noção de materialidades pode ser útil para o estudo das mídias digitais, apontando para suas dinâmicas de funcionamento a partir de objetos como sites de redes sociais, jogos eletrônicos, gadgets e widgets, utilizados para delimitar o campo. Relatores: Ronaldo Henn, Christian Gonzatti e Felipe Viero Kolinski Machado 23 GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA 24 A RETÓRICA DA PROCEDIMENTALIDADE COMO MODO DE MIDIATIZAÇÃO DOS CUIDADOS DE SI NA FITBIT CHARGE HR ELIAS CUNHA BITENCOURT(UFBA) Os estudos sobre midiatização geralmente se debruçam sobre as transformações nas instituições sociais e culturais em função do crescimento e da influência dos meios de comunicação. O advento da digitalização e da softwarizaçãodas ferramentas comunicacionais, entretanto, sinaliza para mudanças na ontologia da mídia, modificando os modos como esses meios veiculam informação e estabelecem interações entre usuários e instituições. O artigo problematiza essas mudanças ontológicas, sinalizando para um possível modo de midiatização que opera por meio de mecanismos de persuasão presentes no caráter procedimental da mídia digital. Recorreu-se ao dispositivo de monitoramento pessoal – o FitBit Charge HR – para ilustrar alguns processos de midiatização do cuidado de si operados por meio da retórica da procedimentalidade comentada. Relatores: José Cláudio Castanheira,Beatriz Polivanov e Alessandra Maia (UERJ) TARDE CONSUMO DIGITAL COMO PERFORMANCE SOCIOTÉCNICA: ANÁLISE DOS USOS DA PLATAFORMA DE STREAMING DE GAMES TWITCH SANDRA PORTELLA MONTARDO (FEEVALE), SUELY FRAGOSO (UFRGS), MARIANA AMARO (UFRGS) e SAMYR PAZ (FEEEVALE) Este artigo tem como objetivo discutir as interrelações entre performance, consumo digital e condicionantes de interface na plataforma de streaming de games Twitch. Considerações teóricas sobre os três aspectos são comparadas às respostas obtidas através de um questionário online, respondido por 177 usuários brasileiros do Twitch. Os resultados indicam que, a despeito da importância do aspecto de mídia social para o Twitch, as interfaces não facilitam a interação social. As relações hierárquicas implícitas entre os streamers e o público não resultam apenas da expertise dos primeiros. O consumo digital demanda que eles demonstrem outras habilidades, como a performance “entreter”. O próprio Twitch coloca desafios adicionais para os streamers e viewers, de ordem técnica e cognitiva, mas a base de usuários parece ser auto-motivada o suficiente para superar esses obstáculos do sistema. Relator: Elias Cunha Bitencourt Reunião de avaliação do GT GT COMUNICAÇÃO E CIBERCULTURA HORROR E DISTOPIA NOS VIDEO GAMES - EXPERIÊNCIA NARRATIVA E CULTURA CONTEMPORÂNEA EM THE LAST OF US LAURA CÁNEPA (UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI) e THIAGO FALCÃO (UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI) Nosso intuito neste artigo é buscar identificar no jogo The LastofUso diálogo entre duas discussões distintas: a primeira (1) acerca dos gêneros da ficção científica (ou FC) e do horror como mobilizadores de traços culturais recorrentes nos jogos eletrônicos da atualidade, apontando para o fato de que tais valores se comportam como vetores para narrativas subjetivas de desejo e de interpretação (representação) contextual. A segunda discussão diz respeito aos aspectos da experiência narrativa nos video games, considerando questões de agência e performance em seus enredos; e de como esta se beneficia do diálogo próximo com os gêneros citados acima à medida que demonstra uma evolução na linguagem dos jogos eletrônicos e a forma através da qual imaginário contemporâneo é representado por estes artefatos genuinamente surgidos na cultura digital. Relator: Henrique Antoun 25 GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA Coordenadora: Márcia Vidal Nunes (UFC) Vice-coordenadora: Raquel Paiva (UFRJ) AUDITÓRIO FIC DIA 8 DE JUNHO EPISTEMOLOGIA E MÉTODO DA PESQUISA-AÇÃO. UMA APROXIMAÇÃO AOS MOVIMENTOS SOCIAIS E À COMUNICAÇÃO CICILIA MARIA KROHLING PERUZZO (UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO) Estudo sobre os princípios epistemológicos, os métodos e técnicas da pesquisa-ação. O objetivo é sistematizar seus principais aspectos metodológicos e situar este tipo de pesquisa no âmbito da epistemologia da ciência. A abordagem deste texto é teórica, baseada em pesquisa bibliográfica, e faz uma tentativa de aproximação à comunicação e aos movimentos sociais. A pesquisa-ação admite um nível elevado de envolvimento e intervenção do pesquisador na situação ou grupo investigado e pressupõe a participação ativa de representantes do grupo no processo de pesquisa. A intenção é fazer com que a própria pesquisa possa contribuir para o equacionamento de problemáticas relacionadas à ampliação da cidadania e à transformação social. Relatores: Márcio Simeone Henriques e Daniel Reis Silva (UFMG) MIGRANTES, UMA MINORIA TRANSACIONAL EM BUSCA DE CIDADANIA UNIVERSAL MOHAMMED ELHAJJI (UFRJ) O objetivo da presente comunicação é conjugar a questão migratória àcategoria sociopolítica de minoria; no afã de desvelar, de um lado, os dispositivos de opressão e alienação operados pelo regime político e econômico atual e, por outro lado, os mecanismos e estratégias de resistência acionados pelas minorias sociais excluídas em geral e os migrantes transnacionais em particular. O nosso intuito é que, entre assujeitamento e subjetivação, a própria presença massiva dos migrantes na cena mundial contemporânea e o uso adequado de instrumentos de comunicação comunitária acabam subvertendo os tradicionais conceitos de direitos políticos e revigorando o antigo ideal cosmopolítico de cidadania universal. Relatores: Denise Cogo e Matheus Passaro GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA MANHÃ 29 GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA TARDE 30 A “FOTO ROUBADA”: MÍDIAS, VISIBILIDADE E CIDADANIA DA IMIGRAÇÃO HAITIANA NO BRASIL DENISE COGO E MATHEUS PASSARO (ESPM) O artigo analisa a produção de imagens e a visibilidade midiática de imigrantes haitianos no Brasil, buscando compreender os impactos dessa visibilidade nos processos de cidadania das migrações transnacionais. O foco de análise são os posicionamentos e disputas em torno de um episódio específico envolvendo a produção e publicação “não consentida”, pelos jornais Agora e Folha São Paulo, da foto de um imigrante haitiano que, posteriormente, foi contemplada com o prêmio de jornalismo, anistia e direitos humanos Vladimir Herzog. A partir de reflexões teóricas sobre as noções de imagem, visibilidade midiática e cidadania das migrações transnacionais, observamos, coletamos e analisamos, em espaços da internet, um conjunto de posicionamentos de atores envolvidos no episódio de produção e publicação da foto, na perspectiva de reconstituir e problematizar o campo de disputa que envolvem as políticas de visibilidade e os processos de cidadania de novos grupos migratórios no Brasil. Relator: Mohammed Elhajji PUBLICIDADE COMUNITÁRIA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE: ESTRATÉGIA DE RESISTÊNCIA E FERRAMENTA DE INCLUSÃO A PARTIR DA APROPRIAÇÃO DA COMUNIDADE. PATRÍCIA GONÇALVES SALDANHA (UFF) O objetivo do trabalho é propor uma reflexão sobre a relação entre o indivíduo e sua comunidade com base nos resultados do trabalho empírico de Comunicação Comunitária, mais especificamente um curso de Publicidade Comunitária, realizado em duas etapas em São Tomé e Príncipe. A partir do relato de experiência da atividade, pode-se notar a pressão da comunidade em relação ao indivíduo que se mostrou dissonante do grupo e reagiu com vigor favorecendo as novas demandas do mercado, já que a população estava em pleno processo de reinvenção de sua relação com o consumo. Nesse sentido, o acesso à educação formal, alicerçada em princípios éticos que primam pelo bem comum, pode assegurar que o sujeito fará uma escolha em prol do coletivo? Para pensar a tensão entre a natureza humana e a força do mercado na ressubjetivação do indivíduo, a pesquisa de campo e as entrevistas com membros locais foram primordiais e para embasar teoricamente, Thomas Hobbes e Mary Douglas, dentre outros,essenciais. Relatores: Eloisa Beling Loose e Myrian Regina del Velcchio de Lima DIA 09 DE JUNHO MANHÃ AS VOZES DO VOZ DAS COMUNIDADES: CONSIDERAÇÕES SOBRE POLIFONIA E DIALOGISMO NO DISCURSO DA IMPRENSA COMUNITÁRIA IGOR WALTZ (UFRJ) A crescente digitalização da sociedade suscitou maior participação do público na produção noticiosa e abriu caminho para novas vozes exercerem o Jornalismo fora das organizações tradicionais de mídia, como os veículos dedicados a dar visibilidade a contextos locais e comunitários. Este trabalho busca identificar se as estratégias discursivas do portal Voz das Comunidades sobre o Complexo do Alemão implicam maior abertura ao diálogo com as audiências, por meio de uma análise comparativa de suas enunciações com aquelas praticadas pelo site G1 das Organizações Globo sobre a experiência cotidiana neste bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Assim, este artigo pretende contribuir para compreensão das mediações e das dinâmicas tensões entre inovação e conservação nas práticas jornalísticas contemporâneas. Relatora: Natália Ledur Alles GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA #TÁFALTANDOÁGUA: CIDADANIA, VIGILÂNCIA CIVIL E A PRODUÇÃO DE DADOS INDEPENDENTES MÁRCIO SIMEONE HENRIQUES e DANIEL REIS SILVA (UFMG) O artigo aborda e analisa o aplicativo Tá Faltando Água, que visa gerar dados independentes sobre a crise hídrica paulista a partir de uma lógica de colaboração entre os cidadãos, que compartilhariam informações geolocalizadas sobre a falta de água em suas residências. Posicionando a iniciativa dentro de um fenômeno mais amplo de vigilância civil que ganhou força nos últimos anos, destacamos a questão da desconfiança em relação às informações oficiais, bem como aspectos da crise hídrica. Em seguida, abordamos características da dinâmica de geração de dados independentes e alguns dos entraves e desafios envolvidos em tal processo, especialmente a tensão entre o seu caráter políticoe utilitário, a mobilização social e a credibilidade das informações geradas. Relatora:Cicilia Maria Krohling Peruzzo 31 GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA 32 PROSTITUIÇÃO, CLANDESTINIDADE E ESTIGMA: REFLEXÕES SOBRE A VISIBILIDADE COMUNICACIONAL DE MULHERES PROSTITUTAS NATÁLIA LEDUR ALLES (UNISINOS) O presente artigo pretende propor uma discussão sobre a importância da visibilização em espaços comunicacionais das narrativas de prostitutas para a construção e circulação de enquadramentos que mostrem a heterogeneidade dos indivíduos que compõem o grupo de profissionais do sexo e para a transformação de representações que os posicionam entre os polos da culpabilização e da vitimização. A partir da análise de 65 textos publicados na internet, da realização de entrevistas com oito mulheres prostitutas e de um trabalho de campo, procedimentos desenvolvidos durante minha pesquisa de doutorado, busca-se problematizar a escassa presença de falas das prostitutas nos textos em questão e refletir sobre a visibilidade como potencial modificador de estereótipos, mas também como condição que pode aprofundar a marginalização e a discriminação enfrentada cotidianamente pelas trabalhadoras do sexo. Relatores: Marialina Côgo Antolini e Edgard Rebouças COMUNICAÇÃO DE RISCOS EM PROL DA CIDADANIA: ANÁLISE DO PAPEL DA GAZETA DO POVO NO ENFRENTAMENTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO ÂMBITO LOCAL ELOISA BELING LOOSE (UFG) e MYRIAN REGINA DEL VELCCHIO DE LIMA (UFPR) Este trabalho, derivado de um doutorado, discute as potencialidades do jornalismo, como parte da comunicação de riscos, na promoção e envolvimento dos cidadãos para o enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas (MCs) no âmbito local. Para tanto, examina a relação entre a cobertura sobre o assunto do jornal de maior abrangência em Curitiba, a Gazeta do Povo, e as percepções de risco de seus leitores, assim como suas ações para mitigar as causas da intensificação do fenômeno. O estudo revela que apesar das prerrogativas de um veículo local, o jornal citado apresenta o assunto, majoritariamente, sob a perspectiva global, distanciando a percepção do seu público para os efeitos negativos das MCs e acarretando medidas frágeis ou insuficientes para minimizar a situação. Além disso, a ausência de se estabelecer as relações local-global corrobora para o não entendimento da necessidade de uma governança “de baixo para cima”, no qual a população poderia exercer sua cidadania de forma plena. Relator: Moisés Sbardelotto OS ÂMBITOS COMUNICACIONAIS NOS MOVIMENTOS SOCIAIS MARIALINA CÔGO ANTOLINI e EDGARD REBOUÇAS (UFES) Este artigo busca compreender a relação entre os processos comunicativos utilizados pelos movimentos sociais e as conquistas de cidadania. Para isso, é apresentado um histórico do estudo dos movimentos sociais e são debatidos três âmbitos comunicacionais que têm grande influência na constituição e ação dos movimentos: a comunicação massiva, dos meios hegemônicos, que traz informações e entretenimento e é frequentemente manipulada por interesses econômicos; a comunicação dialógica, interpessoal, que gera debates e compartilhamentos nas esferas públicas; e a comunicação alternativa, que amplia vozes e luta por direitos, responsável por fornecer espaços de fala para uma parcela da sociedade ignorada pela grande mídia. O objetivo é contribuir para o entendimento da relação entre comunicação e os processos democráticos e construção da cidadania, a partir da análise desta comunicação que envolve os movimentos sociais. Relatora: Patrícia Gonçalves Saldanha A RECONEXÃO DO ‘’RELIGIOSO’’ EM REDES COMUNICACIONAIS ONLINE: O CASO ‘’DIVERSIDADE CATÓLICA’’ MOISÉS SBARDELOTTO (UNISINOS) As práticas sociais no ambiente online, a partir de lógicas midiáticas, ressignificam o fenômeno religioso. Neste artigo, analisamos a divulgação no Facebook do 1º Encontro Nacional de Católicos LGBT, ocorrido no Rio de Janeiro em 2014, organizado pelo grupo Diversidade Católica como um momento de partilha e troca de experiências entre católicos LGBTs brasileiros. Apresentamos, primeiro, a identidade do grupo e sua relevância no contexto sociorreligioso brasileiro. Em seguida, aprofundamos o conceito de reconexão, como processo sociossimbólico de interação em rede. Descrevemos, depois, postagens da página do Diversidade Católica no Facebook, que apontam para ações comunicacionais de reconexão, analisando-as a partir de suas lógicas de condensação. Por fim, concluímos que, em plataformas como o Facebook, vão se construindo saberesfazeres alternativos sobre o catolicismo, mediante uma prática político-eclesial dos usuários comuns. Relator: Igor Waltz GT COMUNICAÇÃO E CIDADANIA TARDE Reunião de avaliação do GT 33 GT COMUNICAÇÃO E CULTURA Coordenador: Mauricio Ribeiro da Silva (UNIP) Vice-coordenador: Júlio Pinto (PUC-MG) Sala RP01 - Labicom DIA 8 DE JUNHO JÁ NÃO SE FAZEM CHAPEUZINHOS COMO ANTIGAMENTE... TAÍSA SIQUEIRA (PUC-MG) e JÚLIO PINTO (PUC-MG) Discute-se a relação entre modificações nos contos clássicos infantis e possíveis alterações nas formas de conceber a infância contemporaneamente. Estudam-se para isso tratamentos dados ao conto Chapeuzinho Vermelho em distintas manifestações da narrativa em diferentes mídias e momentos. Relatora: Ieda Tucherman A ENCENAÇÃO NA FOTOGRAFIA – MONTANDO CENAS E CONTANDO HISTÓRIAS OSMAR GONÇALVES DOS REIS FILHO (UFC) e ISABELLE FREIRE DE MORAIS (UFC) Neste trabalho buscamos compreender historicamente, o que seria e como tem sido construída a encenação na linguagem fotográfica. Partindo das reflexões de Fontcuberta, Soulages e Rouillé, refletiremos sobre categorias como performance, manipulação, ficção e verdade. Trata-se de mostrar que, apesar do que advoga o senso comum e defende certas teorias ontológicas da fotografia (em especial Barthes, mas também Kracauer, Krauss, entre outros), a encenação sempre fez parte do processo fotográfico e hoje, num momento em que ela é praticada de forma mais aberta e consciente, um novo campo de experimentações se abre à fotografia, novas formas de ver e mostrar permeadas por um desejo de fabulação, uma vontade de inventar mundos e contar histórias. Relator: Luiz Carlos Assis Iasbeck TARDE GT COMUNICAÇÃO E CULTURA MANHÃ O TERRAÇO É O MUNDO: VILÉM FLUSSER E O PENSAMENTO DA COMPREENSÃO DIMAS A. KÜNSCH (FACASPER) e JOSE EUGENIO DE OLIVEIRA MENEZES (FACASPER) O trabalho ocupa-se com as concepções do filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser (1920-1991) a respeito dos termos “diálogo” e “discurso” nos processos comunicativos e problematiza a forma como essas noções oferecem elementos para os estudos e práticas da compreensão. A partir da autobiografia do autor, publicada com o titulo alemão Bodenlos (“sem chão” ou “ sem fundamento”), investiga sua formação como autodidata que teceu os fios da vida e dos conhecimentos no diálogo com um conjunto de interlocutores, com 37 GT COMUNICAÇÃO E CULTURA onze dos quais ele conversa na obra citada. Aborda as noções de diálogo, tenso e compreensivo, com o mundo em que se habita, do ensaio como forma de expressão do pensamento e da fala e escrita como opções de engajamento. Na medida em que o objetivo de Flusser era provocar novos pensamentos e ampliar a conversação, situação diferente do que denominava “conversa fiada”, mostra como suas concepções contribuem para uma epistemologia compreensiva no universo da Comunicação. Relatora: Ana Paula da Rosa 38 COMUNICAÇÃO E LEBENSWELT, RACIONALIDADE E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA: UMA DISCUSSÃO INTERDISCIPLINAR COM AUTORES PRAGMATISTAS A PARTIR DE CONSIDERAÇÕES DE VILÉM FLUSSER MICHAEL HANKE (UFRN) Este artigo pretende discutir a tríade comunicação, racionalidade e experiência estética no contexto do Lebenswelt (mundo-da-vida), que é essencial para a condição social do ser humano e sua cultura, tomando como ponto de partida algumas contribuições de VilémFlusser. Enquanto a racionalidade tem sido um dos grandes temas da filosofia desde o início da antiguidade grega – e o termo latim ratio traduz, em conjunto com oratio, o grego lógos -, a atenção dada à comunicação e à experiência estética, como em Alfred Schütz e William James, é mais recente, assim como a racionalidade comunicativa de Jürgen Habermas. O texto tenta desenvolver enfrentamentos e uma discussão entre esses autores e outros como John Dewey e Ernst Cassirer, baseada numa perspectiva pragmatista e fenomenológica do Lebenswelt, que é visto como uma rede produzida pelas trocas simbólicas e comunicativas Relatores: Dimas A. Künsch e José Eugenio de Oliveira Menezes O ÊXITO DA GULA: A INDESTRUTIBILIDADE DA IMAGEM TOTEM NO CASO AYLAN KURDI ANA PAULA DA ROSA (UNISINOS) Partimos de um cenário marcado pela midiatização em processo crescente, onde a cultura é atravessada pela comunicação. Assim, as imagens aguçam e convocam estruturas simbólicas, acionando memórias. Quando publicadas nos meios de comunicação e inseridas na circulação com base nas reelaborações dos atores sociais, tais imagens ganham vida própria, autonomizam-se. Os homens passam a devorar imagens, nem sempre as digerindo, mas expelindo as no processo. Este artigo visa discutir o caso do menino Aylan Kurdi, encontrado em uma praia em setembro de 2015, cuja imagem constituiu-se no símbolo da crise da imigração Síria. A partir da hipótese de cinco movimentos de circulação da imagem (ROSA, 2015), questiona-se: a fagia social e midiática pela fotografia do menino retrata o êxito do programa da gula de Flusser? Para responder a esta questão mobilizamos a análise empírica, os conceitos de iconofagia de Baitello Jr (2005), da gula de Flusser (2006), além dos aportes da midiatização. Relatores: Fábio Henrique Ciquini e Norval Baitello Junior O IMAGINÁVEL, O PREVISÍVEL E CATASTRÓFICO – O PROJETO DO PRESENTE NAS PROJEÇÕES FUTURO. LUIZ CARLOS ASSIS IASBECK (UCB) O sonho de dominar o futuro, de não ser surpreendido pelas intempéries e pelos acasos da vida sempre foi alimentado como uma espécie de antídoto da nossa precária condição de seres imperfeitos, sujeitos aos desígnios dos deuses, às forças da natureza e às leis que nós mesmos criamos para nos regular em meio a tantas irregularidades. Neste artigo discorreremos sobre a natureza imaginativa e prospectiva da cultura, no que esses fenômenos estão, direta ou indiretamente, relacionados à iminência das catástrofes e desastres. As catástrofes não são portanto, o objetivo central desta incursão, senão o ponto de checagem, o ponto de evidência das frustrações da arrogância visionária da ciência. Relator: Michael Hanke O CINEMA SILENCIOSO E O SOM NO BRASIL (1894-1920) DANIELLE CREPALDI CARVALHO (ECA-USP) O cinema silencioso recorreu ao som desde seu princípio. Porém, malgrado a relevância da conexão dessas duas esferas, apenas recentemente os estudiosos estrangeiros começaram a se debruçar sobre os usos que o cinema silencioso fez do som. No Brasil, pesquisas neste âmbito ainda tateiam. Este trabalho pretende recuperar os usos que o cinema silencioso fez do som em território nacional, das primeiras experiências com o kinetoscópio (em fins de 1894) até o início dos anos de 1920, quando ocorre a estabilização no que diz respeito ao lugar da música no espetáculo cinematográfico. A partir de uma perspectiva transdisciplinar, pretende-se demonstrar que a cena cinematográfica do período em questão integrava um contexto de circularidade cultural: apropriava-se de canções queridas pelo público, nos âmbitos popular e erudito (oriundas do circo, do teatro de variedades e da ópera), e, ao costurá-las aos filmes silenciosos, os impregnava dos sentidos já construídos – elaborando, por conseguinte, outros, aos quais se misturavam as sombras moventes dos artistas das telas à polifonia social. Relatores: Taísa Siqueira e Júlio Pinto GT COMUNICAÇÃO E CULTURA MANHÃ DIA 09 DE JUNHO 39 GT COMUNICAÇÃO E CULTURA RECEITANDO FICÇÕES PARA AFLIÇÕES: A FARMÁCIA LITERÁRIA X COMO PROUST PODE MUDAR SUA VIDA. IEDA TUCHERMAN (UFRJ) Este texto trata do estudo dos vínculos e dos afetos na subjetividade contemporânea. Nosso interesse é o de, sem desconhecer as pesquisas biotecnológicas, apontar que a cultura somática que começou a se desenvolver desde os anos 80, correlata de uma compreensão neuroquímica da subjetividade, atua reforçando um narcisismo pragmático e nos afastando do regime que alimentou nossos sistemas imaginários e simbólicos: a literatura. Com os exemplos do livro A cura pelo romance e como Proust pode mudar sua vida buscamos demonstrar como, mesmo quando a literatura se faz presente, sua chave de leitura a aproxima da autoajuda. Resumindo: propomos que a crise das grandes narrativas, inclusive as literárias, é causa e efeito da crise dos afetos. No mesmo sentido defendemos a necessidade da perda de tempo e a prática do devaneio. Relator: Márcio de Souza Gonçalves TARDE UM, DOIS, MUITOS E A RELAÇÃO ENTRE COMUNICAÇÃO E CULTURA MÁRCIO SOUZA GONÇALVES (UERJ) O presente texto mobiliza referências de dois campos de saber distintos do campo da comunicação, nomeadamente da filosofia e da antropologia, para propor uma consideração dos modos de se conceber a relação entre cultura e comunicação no primeiro. Dois autores são diretamente tratados, o filósofo Alain Badiou e o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro. O eixo central da argumentação é uma crítica da utilização de certos esquemas binários de compreensão e teorização, o que Viveiros de Castro nomeia como Grande Partilha. É proposto um modo alternativo de análise, mais atento às variações contínuas, às misturas e às hibridações entre diferentes meios de comunicação e usuários humanos. É indicada, finalmente, a necessidade de se levar em conta a filosofia de Badiou na reflexão em torno do conceito de evento dentro do campo comunicacional. Relator: Danielle Crepaldi Carvalho O INCONSCIENTE ÓTICO E A AURA ENVIESADA FÁBIO HENRIQUE CIQUINI (PUC-SP) e NORVAL BAITELLO JUNIOR (PUC-SP) Este artigo analisa criticamente a formulação do conceito de inconsciente ótico desenvolvida por Walter Benjamin em paralelo ao conceito freudiano de inconsciente (Unbewusste). Segundo o filósofo, há uma capacidade de a câmera fotográfica operar como amplificador perceptivo e, sob esse escopo, nossa proposta analítica busca compreender essa possibilidade de atuação do inconsciente 40 ótico, que revelaria imagens subjacentes em camadas mais profundas e deflagraria um tipo de experiência aurática enviesada. Para tal exercício, elegemos o trabalho do artista alemão Michael Wolf, que fotografa imagens do site googlestreetview e, diante das análises, sugerimos que a série em questão e o modo como é articulada no site podem deflagrar uma modalidade aurática tortuosa, captada por meio do inconsciente ótico. Relatores: Osmar Gonçalves dos Reis Filho e Isabelle Freire de Morais GT COMUNICAÇÃO E CULTURA Reunião de avaliação do GT 41 GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA Coordenador: Denilson Lopes (UFRJ) Vice-coordenador: Jorge Cardoso Filho (UFBA) Sala 203 - Centro de Aula C DIA 08 DE JUNHO EXPERIÊNCIA ESTÉTICA: COMUNICAÇÃO SEM ANESTESIA LAAN MENDES DE BARROS (UNESP) Reflexões epistemológicas sobre comunicação e experiência estética. A comunicação tomada como experiência sensível, vivenciada no plano da estesia, da sensibilidade, pensada na perspectiva do compartilhamento, do tornar comum, e das interações entre sujeitos e suas comunidades de apropriação. A questão da produção de sentidos, observada tanto no âmbito da poiesis, que caracteriza a constituição de um objeto estético, quanto no âmbito da aisthesis, presente no exercício de percepção desses objetos por parte do espectador, marcada assim por polifonias e polissemias. A questão da interpretação na chave da compreensão e da alteridade, modulada por mediações culturais e comunicacionais características da sociedade midiatizada contemporânea Relatores: Consuelo Lins e José Benjamim Picado Sousa e Silva QUANDO AS IMAGENS RASGAM O TECIDO DO SENSÍVEL THALES VILELA LELO (UNICAMP) Inspirado por um conjunto de considerações teóricas que balizam as pesquisas recentes em estética da comunicação, esse artigo se propõe a compreender, no âmbito dos estudos de mídia contemporâneos, como o registro estético é incorporado às reflexões de autores que problematizaram, de um ângulo normativo, os desafios implicados na representação midiática da alteridade, conferindo relevância às reações morais e afetivas do espectador no contato com as imagens. Tecendo uma crítica ao modo como esses autores lidaram com a questão, propõe-se: a) uma interface entre estética e política forjada na desconstrução do nexo causal entre o conteúdo político de uma mensagem e sua repercussão na esfera da recepção; b) uma defesa da “livre inatividade” do espectador na apreciação estética intensa, concebida como chave de uma redistribuição dos regimes de sensibilidade que configuram a repartição singular dos objetos da experiência comum. Relator: Érico Oliveira de Araújo Lima GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA MANHÃ TARDE QUANDO O CINEMA SE FAZ VIZINHO ÉRICO OLIVEIRA DE ARAÚJO LIMA (UFF) Este artigo se pergunta sobre algumas formas de vizinhança possíveis nas quais pode se engajar o cinema na sua relação com os espaços e com os sujei- 45 GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA 46 tos filmados. Propomos duas camadas coengendradas para tentar acessar esse problema. De um lado, levantamos uma visada geográfica, que enfatiza os modos pelos quais a escritura fílmica constitui, por mise-en-scène e montagem, a contiguidade das vidas, das casas, das ruas, dos espaços em cena. De outro, estamos interessados em um gesto, que arriscamos chamar de avizinhamento, quando essa vizinhança geográfica e esses sujeitos filmados interagem com a máquina cinema segundo um modo de hospitalidade. Nosso objetivo é vincular essas questões a uma indagação mais ampla, a respeito da possibilidade de os recursos expressivos da arte participarem da instauração de uma vida em comum. Trata-se aqui de investigar os modos de ser da imagem no filme A vizinhança do tigre (2014), de Affonso Uchoa, nessa dupla condição da vizinhança que tentamos traçar. Relatora: Kênia Cardoso Vilaça de Freitas AS REVOLUÇÕES ÁRABES: A RESSONÂNCIA DOS VAGA-LUMES KÊNIA CARDOSO VILAÇA DE FREITAS (UCB) O artigo faz a análise de dois filmes que abordam os acontecimentos ressonantes das manifestações recentes nos países árabes: PlaceTahrir: Liberation Square (2011) e The Uprising (2013). O primeiro trata da insurgência em 2011, no Egito, e o último usa imagens-acontecimentos de países diversos do Oriente Médio e do Norte da África. O objetivo do texto é o de construir uma reflexão sobre as imagens em movimento das manifestações de rua atuais por meio da qualidade ressonante que as atravessam, entendendo a ressonância como uma efervescência corporal, afetiva e tangível gerada pelo encontro da multidão nas mobilizações políticas. Relatora: Virginia Laís de Souza A ESTÉTICA DOS MONSTROS E SUA INCOMPATIBILIDADE COM O MERCADO ARTÍSTICO VIRGINIA LAIS DE SOUZA (PUC-SP) Este artigo pensa a ausência da monstruosidade na arte nos dias atuais. Chamaremos monstros os sujeitos que estão marginalizados por motivos como classe social, país de origem, cor de pele. Para autores como Antônio Negri, esses sujeitos formam uma multidão de singularidades com potência para subverter discursos e representações. A partir disto, interessa pensar a respeito do mercado artístico e das formas de trabalho a que os artistas estão submetidos; para ter reconhecimento o artista aceita, por exemplo, regimes incessantes de produção. Assim, temos a questão central do artigo: é possível um artista usar a potência da monstruosidade em tempos em que o mercado dita regras de uma arte digerível e não reflexiva? O objetivo é fomentar o debate sobre a dificuldade de uma obra crítica ganhar espaço onde a arte mercadológica parece dominante. Autores DIA 09 DE JUNHO MANHÃ AS DIMENSÕES DA RELAÇÃO ESTÉTICA NA OBRA FOTOGRÁFICA DE CAO GUIMARÃES CONSUELO LINS (UFMG) e JOSÉ BENJAMIM PICADO SOUSA E SILVA (UFF) Pretende-se analisar séries fotográficas do artista mineiro Cao Guimarães no contexto das dimensões estética, experiencial e comunicacional nelas implícitas. Essa produção é considerada aqui tanto em suas qualidades imanentes de composição e tematização, quanto no caráter pragmático que define seus padrões de interação sensível. A questão da “receptividade estética” é discutida nas atitudes e regimes sensoriais e cognitivos que originam a obra fotográfica, e no modo como essas imagens são postas em jogo para o apreciador. No corpus desse exame, definimos especialmente as séries “Paisagens Reais: homenagem a Guignard” (2009), “Úmido” (2015), “Plano de Vôo” (2015), “Steps” (2015). Os aspectos aqui salientados envolvem as atitudes que conectam sua obra fotográfica com outros segmentos de sua produção artística e com os perfis “pragmáticos” da experiência sensível suscitada por sua fotografia. Relator: Thales Vilela Lelo IMAGENS DO CÉU E DO INFERNO NA FOTOGRAFIA DE WITKIN CRISTINA VALÉRIA FLAUSINO (USP) As fotografias de Joel-Peter Witkin, artista cujas imagens são pontuadas por elementos como sexo, erotismo, pornografia e transgressão às normas, são o objeto de um exercício que tem como proposta colocar em prática as noções de modelização advindas do campo da semiótica da cultura, compreendendo-a como uma ferramenta de trabalho para o investigador que busca traduzir as muitas linguagens que compõem a arte, a fim de fazer ecoar suas reverberações e ressonâncias, num trabalho de percepção sensorial, respaldado pelos próprios elementos que o constitui e nem sempre estão visíveis. O tema da decomposição física e da morte, aspecto perturbador das imagens de Witkin, é também apoio reflexivo às nossas indagações sobre a natureza das imagens técnicas. No mundo das recodificações, do vazio e da brutalidade inócua das narrativas contemporâneas, está no centro da investigação a noção da presença de ausência e o desejo de sobreviver à perenidade material do corpo. Relator: Laan Mendes de Barros GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA como Pascal Gielen, Jonathan Crary, Gilles Lipovetsky, Nicolas Bourriaud e Arthur Danto são fundamentais para essa reflexão. Relatora: Cristina Valéria Flausino 47 GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA 48 O CAMP E O LINDO NO CINEMA QUEER BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO RICARDO JOSÉ GONÇALVES DUARTE FILHO (UFRJ) O seguinte artigo almeja analisar as novas configurações estéticas do cinema queer brasileiro que vêm se destacando por fugir ao realismo da filmografia mundial contemporânea. Serão analisados quatro filmes, “Estudo em Vermelho” (Chico Lacerda, 2013); “Doce Amianto” (Guto Parente, 2013), “Batguano” (Tavinho Teixeira, 2014) e “A Seita” (André Antônio, 2015). Dedicaremos uma maior atenção ao último por vermos nele a interseção dos conceitos explanados ao longo do artigo como possíveis chaves de leitura dos elementos estéticos e narrativos presentes nesses filmes, a saber: o camp, o lindo e a superficialidade. A hipótese aqui levantada é de que ler esses elementos estéticos como novas possibilidades políticas queer, indo de encontro ao assimilacionismo e normatização através da estetização e da ludicidade. Relatores: Ângela Cristina Salgueiro Marques, Frederico Vieira e Tamires Coêlho TARDE FACES DO ROSTO: MÁSCARA E IDENTIDADE EM LES YEUX SANS VISAGE, DE GEORGES FRANJU GABRIELA FROTA REINALDO e ISABEL PAZ SALES XIMENES CARMO (UFC) O rosto é a principal parte do corpo pela qual interagimos com o ambiente e com os outros que nos rodeiam (COURTINE E HAROCHE, 1995). Este artigo aborda justamente a ausência de um rosto em uma instância particular e como, nessa ausência, desdobram-se várias potências de sentido. A partir da análise do filme Os Olhos Sem Rosto (LesYeuxSansVisage, 1960), filme realizado pelo francês Georges Franju, pretendemos desenvolver interpretações do que seria o fenômeno do sem rosto, apoiadas nas categorias de rosto, máscara e identidade. Tais conceitos são discutidos por autores como Le Breton, Belting, Agamben, Deleuze e Guattari, os quais, a partir de diferentes perspectivas, pensam o rosto como lugar de comunicação e ambivalência. Relator: Ricardo José Gonçalves Duarte Filho Reunião de avaliação do GT GT COMUNICAÇÃO E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA O ROSTO NA IMAGEM, A IMAGEM SEM ROSTO: APONTAMENTOS PARA PENSAR OUTRAMENTE A RELAÇÃO ENTRE ESTÉTICA E POLÍTICA ÂNGELA CRISTINA SALGUEIRO MARQUES, FREDERICO VIEIRA e TAMIRES COÊLHO (UFMG) O objetivo deste texto é refletir acerca da noção de rosto enquanto vocalização de uma agonia e de uma demanda ética feita pelo outro, implicandonos em uma relação de responsabilidade. Tal concepção, derivada do pensamento de Lévinas, é aqui retomada como fio condutor da análise de três imagens específicas: (a) o rosto e sua aparição no cenário da seca; (b) a aparição do rosto de mulheres sertanejas em perfis do Facebook; (c) a emergência do rosto no comum e nas vidas precárias em situação de pobreza. Buscamos evidenciar como o rosto nessas imagens se apresenta como um apelo, um chamado que nos é endereçado e nos alerta para a precariedade da vida do outro e da nossa própria vida. Essa vocalização do sofrimento, de um lamento e de uma demanda aproxima a estética da política a partir do modo como as imagens operam nas relações éticas resultantes da escuta do rosto. Relatoras: Gabriela Frota Reinaldo e Isabel Paz Sales Ximenes Carmo 49 GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA Coordenador: Francisco Paulo Jamil Almeida Marques (UFC) Vice-coordenador: Danila Cal (UFPA) Sala 09 - FIC DIA 08 DE JUNHO AGENTES DE CAMPANHA NÃO-OFICIAL: A REDE ANTIPETISTA NA ELEIÇÃO DE 2014 MARCELO ALVES DOS SANTOS JUNIOR (UFF) Grade parte da literatura especializada em campanha eleitoral na internet se dedica à análise dos canais oficiais dos candidatos e dos partidos. Oferecemos uma abordagem diferente, investigando as articulações entre agentes não-institucionais que fizeram campanha contra Dilma Rousseff e o PT no Facebook em 2014. O argumento é que a internet, mais especificamente, as mídias sociais são arenas nas quais novos atores disputam os espaços da comunicação eleitoral, complexificando o ecossistema político-midiático. Aplicamos procedimentos metodológicos inovadores da análise de redes sociais com a finalidade de mapear os canais que mobilizaram o antipetismo no Facebook. O principal resultado é o que chamamos de Rede Antipetista, um agregado multifacetado de cerca de 500 fan-pages que alcançou um público total de mais de 10 milhões de seguidores. Discutimos as implicações deste achado para a diversificação dos objetos de pesquisa em comunicação político-eleitoral. Relatora: Patricia Rossini e Vanessa Veiga SUPERPOSTERS, ESPECIALIZAÇÃO E SERVIÇO: A PRIMEIRA CONSULTA PÚBLICA DO MARCO CIVIL DA INTERNET NO TWITTER ARTHUR CÉZAR DE ARAÚJO ITUASSU FILHO, SÉRGIO LIFSCHITZ, LETÍCIA CAPONE e VIVIAN MANNHEIMER (PUC-RIO) O objetivo deste estudo é analisar a comunicação desenvolvida no Twitter durante a Primeira Consulta Pública do Marco Civil da Internet, de 29/10 a 17/12 de 2009, de modo a contribuir para o debate sobre os efeitos das mídias sociais nas discussões públicas no Brasil. Assim, definimos uma amostra de 1378 tweets sobre o tema no período delimitado (n = 1378, MOE = 0,026), buscando perceber quem são os participantes da conversa, que mídia está presente no espaço e quais os assuntos abordados. Feita a análise, encontramos uma alta incidência de vozes especializadas, alta concentração das postagens (superposters), bem como um espaço de informação e de publicidade dos mecanismos de participação. A nosso ver, apesar da concentração e especialização, que poderiam denotar um caráter elitista ao objeto, a comunicação analisada parece desempenhar um papel específico de serviço ao cidadão, com a divulgação de fontes, informação, fóruns consultivos e eventos sobre a lei e seu processo decisório. Relatores: Emerson Urizzi Cervi, Michele Massuchin e Eva Campos. GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA MANHÃ 53 GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA TARDE 54 ESTRATÉGIAS POLÍTICAS E COMUNICAÇÃO PÚBLICA SOBRE A QUESTÃO DA IMIGRAÇÃO NA FRANÇA PAULA DE SOUZA PAES (UEPG) Este artigo se interessa à ação pública e à comunicação do Estado a partir da análise de um caso convencionalmente chamado de “violência urbana” ocorrido, em 2010, no bairro Villeneuve. O objetivo é demonstrar a maneira pela qual o chefe de estado, Nicolas Sarkozy (2007-2012) participa da definição desses atos de violência como um problema relacionado à imigração. Apresentada como não-partidária, a política de imigração proposta por Nicolas Sarkozy dissimula, na realidade, seu conteúdo propriamente político ligado ao seu partido (UMP) tradicionalmente de direita. Nosso objetivo é de confrontar o tratamento público dos incidentes na Villeneuve ao projeto político no então presidente Nicolas Sarkozy. A hipótese a partir da qual este artigo foi elaborado revela que a definição estatal da questão da imigração enquanto problema contribui para a constituição de um consenso sobre os aspectos desse problema e, como consequência, para a regulação da esfera pública.O artigo baseia-se em alguns elementos do trabalho de pesquisa realizado na nossa tese de doutorado. Relatores: Heloiza Helena Matos e Nobre e Jorge Pereira Filho O USO DE PESQUISAS ELEITORAIS NO COLUNISMO POLÍTICO: UMA COMPARAÇÃO ENTRE O GLOBO E LA NACIÓN NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE BRASIL (2014) E ARGENTINA (2015) LIZIANE GUAZINA e ANDRE LUIS SOARES FONTENELLE (UnB) Neste artigo, comparamos as colunas políticas de Merval Pereira (O Globo) e Joaquín Morales Solá (La Nación) publicadas durante as campanhas eleitorais de Brasil (2014) e Argentina (2015), respectivamente, com o objetivo de identificar como esses colunistas utilizaram os resultados das pesquisas eleitorais em suas análises. Do ponto de vista teórico-metodológico, realizamos uma análise comparativa dos contextos de cada país, e uma análise de enquadramento, conforme proposto por Entman, dos textos dos dois colunistas. A omissão dos candidatos mal situados nas pesquisas, a defesa do voto útil em favor da alternativa oposicionista com mais chances de vitória e a valorização de um certo anseio de mudança foram alguns dos enquadramentos observados que apontam para um alinhamento de estratégias argumentativas desenvolvidas pelos colunistas em favor das candidaturas de oposição. Relatoras: Maria Helena Weber e Fiorenza Zandona de Carnielli DIA 09 DE JUNHO MANHÃ PERSONALISMO E PARTIDARISMO EM PERSPECTIVA COMPARADA NAS POSTAGENS DO FACEBOOK EMERSON URIZZI CERVI (UFPR), MICHELE MASSUCHIN (UFMA) e EVA CAMPOS (VALLADOLID) O paper discute, de modo comparado, algumas características das postagens feitas pelos principais jornais impressos com perfil no Facebook em dois países distintos: Brasil e Espanha. Foca-se a análise nas diferenças entre o personalismo e partidarismo ao longo da campanha, já que se trata de dois sistemas políticos distintos sistemas políticos distintos – presidencialista (Brasil) e parlamentarista (Espanha). A hipótese é que no primeiro a produção jornalística referente aos candidatos é mais evidente do que no segundo, em aparecem os partidos políticos. Os grandes veículos jornalísticos também possuem produção para a internet e usam as redes sociais para dar visibilidade aos conteúdos, o que justifica esta pesquisa. A análise considera as postagens feitas em ambos os países durante respectivas campanhas eleitorais. Foram selecionados os perfis de três jornais em cada país: Folha de S.Paulo, O Globo e Estado São Paulo (Brasil) e El l Confidencial, El mundo y El País (Espanha). Relator: Viktor Chagas GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA COMO PROCESSO DISCURSIVO: O DEBATE SOBRE A EDUCAÇÃO DE SURDOS COMPREENDIDO A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA PROCESSUAL REGIANE GARCÊZ e ROUSILEY MAIA (UFMG) O presente trabalho tem como objetivo discutir a noção de representação política não eleitoral a partir de uma perspectiva comunicacional, com ênfase na processualidade e na discursividade do ato de representar (Saward, 2010). Em particular, analisamos os processos de representação que emergem do debate sobre qual o melhor modelo de escola para as pessoas surdas buscando responder o que, quem e o quê se representa. A unidade de análise consistiu no mapeamento e na análise sistêmica dos representativeclaims (demandas por representação) proferidos a) em um grupo fechado de lideranças surdas organizado no Facebook, b) em uma audiência pública do judiciário e c) no GT de Educação da Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Conclui-se que a definição do grupo de representados, bem como a autopercepção dos surdos e a defesa de determinado modelo de escola são fluidas e móveis, a depender das audiências, levando em conta a dimensão estratégica quanto a discursiva. Relatores: Liziane Guazina e AndreLuis Soares Fontenelle 55 GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA E-DEMOCRACIA E LEGISLAÇÃO COLABORATIVA: A DISCUSSÃO DA REFORMA POLÍTICA NO BRASIL PATRICIA ROSSINI e VANESSA VEIGA (UFMG) Governos democráticos têm adotado a Internet para criar iniciativas de fomento à participação politica on-line. Neste sentido, a Internet prove oportunidades de consulta, participação e discussão que cidadãos interajam com instituições políticas. Este artigo contribui para esta literatura ao examinar o debate da reforma política no Portal E-Democracia da Câmara dos Deputados. À luz da teoria deliberativa, focamos nas dinâmicas de interação, heterogeneidade e tolerância nas discussões. Observamos, ainda, em que medida os participantes do debate estiveram engajados em propor soluções para os problemas em pauta. Os resultados revelam um debate heterogêneo, caracterizado por civilidade, cooperação e caráter propositivo, o que demonstra que, a despeito das limitações da plataforma, participantes com interesse e motivação do debate protagonizaram uma discussão capaz de informar a esfera de decisão política. Relator: Marcelo Alves dos Santos Junior “NÃO TENHO NADA A VER COM ISSO”: CULTURA POLÍTICA, HUMOR E INTERTEXTUALIDADE NOS MEMES DAS ELEIÇÕES 2014 VIKTOR HENRIQUE CARNEIRO CHAGAS (UFF) O presente artigo propõe uma reflexão sobre a relação entre cultura popular e narcisismo político (PAPACHARISSI, 2011) a partir do caráter de ironia e intertextualidade (RAPPORT & OVERING, 2003) presente em conteúdos produzidos por internautas durante os debates eleitorais em 2014 e veiculados em sites de redes sociais. Compreendidos como memes de internet (SHIFMAN, 2014; CHAGAS et al., 2015), estes conteúdos se ancoram em forte senso de pertencimento a valores de referência próprios de subculturas e alavancam um humor situacional intensamente baseado na cultura pop. A análise de conteúdo se concentra nos memes coletados no Twitter durante e após o debate exibido pelo canal SBT. Relatores: Arthur Ituassu, Sérgio Lifschitz, Letícia Capone e Vivian Mannheimer TARDE A COMUNICAÇÃO DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E O PARADOXO DA VISIBILIDADE ESTRATÉGICA MARIA HELENA WEBER e FIORENZA ZANDONADECARNIELLI (UFRGS) Este artigo propõe uma reflexão sobre a comunicação pública identificada em instituições públicas, em duas dimensões. A primeira constitutiva das funções da organização e demarcada pela natureza da sua atividade e a segunda 56 A PARTICIPAÇÃO NA COMUNICAÇÃO PÚBLICA: PARA ALÉM DO CONSENSO HELOIZA HELENA MATOS E NOBRE e JORGE JOSE PEREIRA FILHO (USP) Mobilizada por diversos discursos contemporâneos, a participação constitui-se em um campo de estudo amplo, cuja definição é proposta em variados referenciais teóricos, às vezes de modo conflitivo. Tema de relevância crescente, tem sido mobilizado por diversos autores para discutir impasses do sistema político das democracias modernas e constitui-se também em um conceito-chave da comunicação pública. Como iremos abordar, o fundamento da comunicação assenta-se em procedimentos, que precisam estar abertos à participação ativa da sociedade, e em objetivos, que têm o interesse público como pano de fundo. Este artigo procura, assim, discutir teoricamente o conceito de participação, tecendo algumas relações possíveis entre essa reflexão e o conceito de comunicação pública. Relatores: Regiane Lucas de Oliveira Garcêz e Rousiley Maia Reunião de avaliação do GT GT COMUNICAÇÃO E POLÍTICA decorrente da comunicação estratégica produzida, em busca de visibilidade. O objeto de estudo é a Defensoria Pública do Rio Grande do Sul que permite desenvolver esta análise pois a natureza da sua atividade é marcada pela defesa dos direitos humanos e da igualdade de pessoas excluídas do sistema judicial. Ao mesmo tempo, essa instituição se faz visível, através de dispositivos estratégicos que não valorizam a sua natureza, mas promovem sua estrutura e gestão. O texto aciona conceitos como democracia, comunicação pública, cidadania e visibilidade voltados à análise da comunicação da Defensoria Pública. Relatora: Paula de Souza Paes 57 GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE Coordenador: Bruno Campanella (UFF) Vice-coordenador: Vander Casaqui (ESPM) Sala 10 - FIC DIA 08 DE JUNHO AFETO E COMUNICAÇÃO: DAS CONSTRUÇÕES DO MEDO MARIA CRISTINA FRANCO FERRAZ (UFRJ) Este artigo ensaístico dedica-se, inicialmente, a um conceito presente nos estudos atuais em Comunicação e Cultura: o de afeto. Partindo da filosofia deleuzeana, tematiza o conceito, discute questões de linguagem e privilegia um feixe de afetos, provisoriamente chamado de “medo”, explorado a partir do conto de Franz Kafka intitulado “A construção” (1923). A leitura do conto permite articular medo, insegurança e risco ao gesto de construir moradas ou habitats. Por fim, o tema é desdobrado em um ensaio de Nietzsche no qual o autor avalia diferentes tipos de construção, vinculando-os a determinadas perspectivas e pulsões vitais. Na esteira de Nietzsche, elegem-se duas construções como apostas para a construção teórica: andaime e brinquedo. Relator: José Luiz Aidar Prado CORRENTES DA FELICIDADE: EMOÇÕES, GÊNERO E PODER JOÃO BATISTA DE MACEDO FREIRE FILHO (UFRJ) Na derradeira etapa de minha pesquisa sobre as formas e as normas da vida feliz, redireciono o foco analítico das representações e dos receituários midiáticos para os tribunais emocionais da Internet. Apresento, neste artigo, a proposta de construção de um quadro de referência teórico e metodológico adequado para a futura análise dos debates em torno da postura emocional de duas mulheres: uma prostituta que se declarou “feliz” com sua profissão, no material de uma campanha do Ministério da Saúde; uma mãe que revelou “detestar” a experiência da maternidade, em resposta a um desafio do Facebook. Argumento que o esforço investigativo para analisar a vasta repercussão dos dois casos poderá resultar em um vívido panorama das implicações genéricas e políticas de ideais e normas afetivas que, juntamente com outras forças disciplinares, constrangem e produzem identidades. Relatores: Everardo Rocha e Lígia Lana GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE MANHÃ 61 GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE TARDE DA VIOLÊNCIA COMO INSTRUÇÃO AO (DES)AFETO COMO CONSTRANGIMENTO: ACUMULAÇÃO PULSIONAL, IDENTIDADES SEGMENTADAS E CLAUSURAS DO COMUM EM CASA GRANDE (FELIPE BARBOSA, 2014) E QUE HORAS ELA VOLTA (ANNA MUYLAERT, 2015) RAFAEL TASSI TEIXEIRA (UTP/PR) O trabalho problematiza as releituras da construção do pertencimento em novas (velhas) dialéticas das impossibilidades (diversas paisagens, distintos pertenceres) na construção social do habitar na realidade cotidiana brasileira. Estas dialéticas são observadas nas relações entre afetos potentes e desafetos invariantes nos dois filmes brasileiros que geraram ampla discussão sobre as relações entre patrões e empregados na cena do imaginário cotidiano da execussão da alteridade: Que Horas Ela Volta (Anna Muylaert, 2015) e Casa Grande (Felipe Barbosa, 2014). Dois filmes como dois desencontros, duas potencialidades da fisionomia do abandono e do seletivismo dos laços na clandestinidade dos apegos. Da mesma forma, são observados os descompassos entre a admissão da alteridade pela via do ‘pessimismo sentimental’ e pela clausura dramática em novos paradigmas sobre as sentidas (i)mobilidades clássicas da realidade social brasileira; desde o comum da repetição ao pulsional da ordem na ciclotimia nas relações patrões-empregados. Relatora: Maria Cristina Franco Ferraz ACONTECIMENTO, TENSIVIDADE E CIRCUITO DOS AFETOS JOSÉ LUIZ AIDAR PRADO (PUC/SP) A partir de uma teoria do acontecimento buscamos pensar a comunicação como circulação de marcas num campo tensivo, afetivamente investido, em que os sujeitos emergem ao serem fiéis ao processo de verdade instaurado com o acontecimento. A tensividade é pensada com Zilberberg, a teoria do acontecimento com Badiou, a formação do sujeito, submetido ao poder, mas capaz de agência, com Butler e Safatle, que por sua vez propõe o desamparo como afeto fundamental. A comunicação se coloca, portanto, a partir da teoria do acontecimento, de cunho político, capaz de tematizar a transformação do circuito dos afetos e, portanto, a emergência de novas sociabilidades. Relatora: Barbara Regina Altivo POTÊNCIAS E LIMITES PARA A SUBJETIVAÇÃO POLÍTICA NA RELAÇÃO ENTRE PIXAÇÃO E ARTE ANA KARINA DE CARVALHO OLIVEIRA (UFMG) O texto discute seis eventos ocorridos entre 2008 e 2012 – três invasões e três convites – que entrelaçaram de forma tensa e conflituosa os universos da 62 DIA 09 DE JUNHO MANHÃ GABY AMARANTOS, VESTIDA PARA CAUSAR: INTERFACES ENTRE MODA E COMUNICAÇÃO DILERMANDO GADELHA DE VASCONCELOS NETO e REGINA LÚCIA ALVES DE LIMA (UFPA) A partir da percepção de um constante recurso a uma dimensão comunicativa da moda nos estudos que compõem os fashionstudies, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, propomos pensar em como alguns desenvolvimentos contemporâneos no campo da comunicação contribuem para abordar processos caros aos estudos de moda. Principalmente por conta da preocupação com uma dimensão interacional/relacional presente nos dois campos. Após apresentarmos a proposta de interface, dedicamo-nos à análise dos figurinos da cantora paraense Gaby Amarantos, a fim de apontar como essa perspectiva se aplica ao estudo de casos empíricos. Relatora: Gisela Castro FAMA E AFETAÇÃO: AS PASSAGENS DE SARAH BERNHARDT NO RIO DE JANEIRO (1886-1905) EVERARDO ROCHA e LÍGIA LANA (PUC/RJ) Neste trabalho, examinamos as três turnês da atriz francesa Sarah Bernhardt no Rio de Janeiro, ocorridas em 1886, 1893 e 1905. A presença da atriz, intensamente noticiada, motivou a reflexão os modos de sociabilidade no Brasil daquele período. Os hábitos de Sarah Bernhardt durante as estadias foram registrados por textos jornalísticos que exploravam a percepção do carioca sobre sua cidade, o papel da mulher na urbanização e o valor do lazer para o país. A presença Sarah Bernhardt motivou a divulgação de anúncios GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE pixação e da arte. O objetivo é analisar como esses eventos constituem cenas de dissenso e processos de subjetivação política que guardam potências para a reconfiguração dos nomes, lugares e funções que são comumente destinados aos pixadores. O trabalho foi desenvolvido, principalmente, a partir do pensamento político de Jacques Rancière, para quem a política é o questionamento dos lugares conferidos hierarquicamente por uma ordem social que impõe um modo de partilha do sensível: a ordem policial. A análise aponta que as mudanças na forma de apreensão e apresentação da pixação são muito específicas daquele contexto, não se estendendo à rua, ambiente comum e cotidiano da pixação. Relatora: Janice Caiafa 63 GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE de liquidações em lojas, produtos para cabelo, artigos de vestuário, entre outros. Indicamos, assim, o lugar de Sarah Bernhardt como uma referência para o debate sobre os modos de subjetivação estimulados por práticas comunicacionais da publicidade, do consumo e da fama no Brasil, na passagem do século XIX para o XX. Relatores: Dilermando Gadelha de Vasconcelos Neto, Regina Lúcia Alves de Lima 64 LINDAS PARA SEMPRE, JOVENS DE CORAÇÃO: NARRATIVAS DO ENVELHECIMENTO NA PUBLICIDADE NATALINA GISELA GRANGEIRO DA SILVA CASTRO (ESPM/SP) Considerando que a publicidade ao mesmo tempo interpela e constitui o seu público consumidor, este trabalho discute as narrativas sobre o envelhecimento acionadas em duas campanhas publicitárias de Natal. Apontando o papel de destaque da comunicação e das lógicas de consumo na produção de subjetividades e modos de sociabilidade em nossos dias, argumenta-se que as fórmulas ‘linda para sempre’ e ‘jovem de coração’ resumem, de modo exemplar, o tratamento conferido às imagens dos mais velhos promovidas na linguagem publicitária. Relator: João Freire Filho TARDE O METRÔ DE SÃO PAULO E O PROBLEMA DA REDE JANICE CAIAFA (UFRJ) Neste trabalho, exploramos alguns aspectos socioculturais da cidade de São Paulo que a caracterizam como cidade-mundo e grande metrópole brasileira e mostramos como, nesse contexto, a questão da mobilidade assume particular centralidade. Apontamos o papel importante do metrô como transporte de massa e organizador do transporte coletivo na cidade e o definimos como meio de comunicação, na medida em que funciona a partir de um conjunto de interfaces, tanto em nível da operação quanto no de sua utilização pelos usuários. Procuramos compreender, em seguida — a partir de resultados de pesquisa etnográfica e de uma discussão sobre características das infraestruturas urbanas — os impactos que a implementação da Linha 4-Amarela, de condução totalmente automática e operação privada, tem trazido para o metrô paulista, sobretudo ao interferir, de diversas maneiras, em seu aspecto de rede. Relator: Rafael Tassi Teixeira Reunião de avaliação do GT GT COMUNICAÇÃO E SOCIABILIDADE SUBJETIVAÇÕES POLÍTICAS DO “POVO DE AXÉ”: MODOS DE EXISTÊNCIA AFRO-BRASILEIROS NO ESPAÇO PÚBLICO DE BELO HORIZONTE BÁRBARA REGINA ALTIVO (UFMG) O objetivo deste artigo é sondar as potências de subjetivação política efetuada por comunidades de terreiro de Belo Horizonte em sua ocupação ritual de espaços públicos. Buscamos pensar essa produção insurgente de si pelas religiões afro-brasileiras dentro de uma proposta cosmopolítica que alarga a democracia para nela coabitarem diferentes modos de existência. Em contraste com a privatização capitalística da subjetividade, consideramos que as operações de subjetivação das comunidades de umbanda e candomblé forjam resistências através do direito à diferença e à variação, instaurando dobras nas dimensões 1) do corpo intempestivo em transe e dos cuidados rituais de si e da relação com os mundos, 2) das agências humanas e não humanas e de uma temporalidade mítica, 3) da produção de novas coordenadas de enunciação sobre si, sobre a história da experiência da escravidão, que desafia as estratificações de saber e 4) de projeções potentes para o futuro através de contínuas transformações. Relatora: Ana Karina de Carvalho Oliveira 65 GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO Coordenadora: Tânia Hoff (ESPM) Vice-coordenador: Ricardo Freitas (UERJ) Sala PP01 - Labicom DIA 08 DE JUNHO ENTRE A VIDA ORDINÁRIA E O SUCESSO: PRESTÍGIO SOCIAL E RECONHECIMENTO MIDIÁTICO DOS EMBAIXADORES DE MARCA CLÁUDIA PEREIRA (PUC-RIO), AMANDA ANTUNES (PUC-RIO) e ALINE MAIA (PUC-RIO) Este artigo se propõe a refletir sobre o papel do que hoje se denomina “embaixador de marca” a partir das ideias de “identidade”, “representações midiáticas”, “estilo de vida” e “imitação prestigiosa”, todas perpassadas, de alguma forma, por dinâmicas do fenômeno social do consumo. Considerando, ainda, o lugar do “embaixador” e de seus “seguidores” no engajamento com marcas, o presente trabalho pretende discutir os processos contemporâneos de visibilidade, reconhecimento e prestígio relacionados a aspectos da Comunicação. Busca-se, enfim, compreender a natureza qualitativa dessa vinculação triangular (marca-embaixador-seguidores) com a investigação das circunstâncias envolvidas e das práticas que se estabelecem nessas relações. Relatoras: Sarah Batista Correa e Mirna Feitoza Pereira BRANDING EMOCIONAL: AS SENSAÇÕES E EMOÇÕES DESPERTADAS DURANTE A EXPERIÊNCIA OLFATIVA DO CONSUMIDOR EM SUA RELAÇÃO COM O ECOSSISTEMA COMUNICACIONAL DA MARCA FARM. SARAH BATISTA CORREA e MIRNA FEITOZA PEREIRA (UFAM) O presente artigo trata do reconhecimento do design da experiência olfativa vivenciada pelo consumidor da marca Farm e tem como objetivo a investigação das sensações e emoções despertadas no consumidor pelo aroma de ambiente da marca. Nesse sentido, o referencial teórico envolve a perspectiva ecossistêmica da comunicação, segundo Pereira (2015), as semióticas pierciana e da cultura, a teoria das affordances de Gibson (1979) e o conceito de hipermodernidade de Lipovetsky (2004). A pesquisa é de cunho qualitativo, empírico e exploratório, tendo em sua metodologia as técnicas de Moraes e Mont’Alvão (2010) na modelagem sistêmica da marca, a observação sistemática de Gil (2010) na análise do sistema-alvo, além da análise de conteúdo de Bardin (2011). Como principais resultados, busca-se a apresentação da complexidade comunicacional da marca estudada e a análise do processo do design da experiência de consumo organizado com o objetivo de atingir a memória emocional e sensorial do consumidor. Relatoras: Cláudia Pereira, Amanda Antudes e Aline Maia. GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO MANHÃ 69 GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO TARDE 70 O PROCESSO DE FORMAÇÃO EM PUBLICIDADE E AS MULHERES NA CRIAÇÃO PUBLICITÁRIA: UMA PROPOSTA TEÓRICO-METODOLÓGICA FÁBIO HANSEN (UFPR) e CÁTIA SCHUH WEIZENMANN (ESPM) O texto apresenta uma proposta teórico-metodológica para analisar o discurso de estudantes de Publicidade e Propaganda. Trata-se de um estudo que, ao considerar o processo de formação da ordem do consumo, aborda a constituição dos sentidos sobre as relações de gênero e seu atravessamento nas condições de atuação do homem e da mulher na criação publicitária. O quadro teórico que dá suporte à pesquisa se baseia nas discussões do consumo (Canclini) e na interface comunicação e educação (Martín-Barbero), articuladas à Análise de Discurso francesa de orientação pecheutiana. A abordagem metodológica é desenvolvida a partir da produção de relatos de vida de estudantes de Publicidade que permitam dar visibilidade às experiências formativas e associá-las ao lugar do masculino e do feminino na criação publicitária. Relatoras: Fernanda Martinelli e Isabel Travancas A VELHICE EM TEMPOS DE “FETICHIZAÇÃO DO FETICHE” CLAUDIMIRO LINO DE ARAÚJO e TIAGO MAINIERI (UFG) Procura-se, neste artigo, estabelecer uma relação entre a noção atual de reprivatização da velhice, vinculada ao conceito de “terceira idade”, e as contradições da pós-modernidade. O texto explora também conceitos e autores, estudiosos do capitalismo, e, ainda, a configuração da velhice a partir de um contexto histórico, cultural, social e econômico. O objetivo é ressaltar os desafios de se envelhecer (e viver) no sistema capitalista tardio, e de como esse sistema econômico se voltaria contra o ser humano e sua busca por cidadania. O desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação, bem como da internet, evidencia a luta simbólica das pessoas na “terceira idade” enquanto partícipes do bios midiático. Relatores: Fábio Hansen e Cátia SchuhWeizenmann ENTRE A ANTROPOLOGIA DO CONSUMO E A COMUNICAÇÃO: O CASO DA PIRATARIA FERNANDA MARTINELLI (UNB) e ISABEL TRAVANCAS (UFRJ) O objetivo deste artigo é discutir o consumo de bens através de um olhar antropológico. Na primeira parte são analisadas pesquisas na área da antropologia do consumo e em conexão com a comunicação, a partir de autores internacionais e brasileiros que trabalham com uma perspectiva cultural do consumo. A segunda parte apresenta um recorte de pesquisa de campo sobre o consumo de DIA 09 DE JUNHO MANHÃ CONSUMO E PUBLICIDADE: ENTRE INTERESSES RESPONSABILIDADES ROGÉRIO LUIZ COVALESKI (UFPE) No presente artigo, refletimos sobre fenômenos contemporâneos do binômio comunicação-consumo, em especial, às adaptações das estratégias persuasivas da publicidade e das novas retóricas do capital frente ao empoderamento e à maior conscientização dos consumidores. Realizando uma breve retomada de preceitos de Jean Baudrillard sobre A Sociedade de Consumo, propomos diálogos entre diferentes autores que, direta ou indiretamente, apoiam-se nessa proposição teórica para repensar a postura – seja espontânea ou calculada – de anunciantes que se veem desafiados pelo dinamismo dos mercados atuais e pelos novos papeis que desempenham os consumidores. Relator: Luiz Peres Neto TEORIAS DA COMUNICAÇÃO E O CONSUMO: ALGUMAS CONJECTURAS TEÓRICAS E PROSPECÇÕES LUIZ PERES-NETO (ESPM) Este artigo propõe discutir alguns elementos teóricos fundantes para a pesquisa em comunicação e consumo. Para tal, em um primeiro momento, realiza uma breve revisão teórica sobre o conceito de consumo apreendido a partir de algumas das principais teorias da comunicação. Posto isso, em um segundo momento, realiza-se uma pesquisa bibliométrica nos resumos disponíveis no banco de teses e dissertações da CAPES a fim de verificar como teses e dissertações vêm trabalhando tais intersecções. Como principal conclusão aponta-se para o fato de que a multiplicidade de aproximações epistemológicas encontradas, longe de oferecer uma debilidade para a discussão das inter-relações entre comunicação e consumo, fortalece a construção de laços empíricos e teóricos - “amarrações” - e é extremamente benéfica na medida em que possibilita o desenvolvimento de visadas críticas. Relatores: Eneus Trindade Barreto Filho e Maria Clotilde Perez Rodrigues GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO bens de luxo piratas, entendendo o consumo como um sistema de comunicação onde ocorrem trocas materiais e simbólicas. A intenção é discutir a construção social do consumo e, mais especificamente, do consumo de bens de luxo piratas, considerando que os objetos pirateados podem ser usados para promover marcação visual e classificação social. Relatores: Claudimiro Lino de Araújo e Tiago Mainieri 71 GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO 72 O LUGAR DO SUJEITO CONSUMIDOR ENTRE MEDIAÇÕES E MIDIATIZAÇÕES DO CONSUMO: UMA PERSPECTIVA LATINOAMERICANA. ENEUS TRINDADE BARRETO FILHO e CLOTILDE PEREZ RODRIGUES (USP) O artigo discute as possibilidades de compreensão do sujeito consumidor no âmbito dos estudos de comunicação e consumo, a partir da articulação teórica entre as abordagens da mediações culturais do consumo e seus processos de midiatização. O texto aponta as distintas formas de percepção sobre o sujeito consumidor na perspectiva latino-americana das mediações culturais e do conceito nórdico europeu de midiatização. A combinação entre estas abordagens teóricas busca fortalecer a ideia de complementaridade teórico-metodológica necessária para entender o lugar do sujeito consumidor nos estudos de comunicação e consumo em suas dimensões midiatizadas pelos processos de interação, materializados em lógicas da participação, do engajamento, da circulação e da criação, dados nos vínculos constituídos entre marcas e consumidores. O trabalho tenta contribuir para situar este tipo de enquadramento teórico no âmbito do pensamento latino-americano dos estudos de comunicação e consumo. Relator: Rogério Luiz Covaleski TARDE OS FRAGMENTOS DA FORTALEZA-PRODUTO: REPRESENTAÇÕES DA CIDADE-SEDE DA COPA DO MUNDO NO JORNALISMO LOCAL ALISSA CENDI VALE DE CARVALHO e SILVIA HELENA BELMINO (UFC) O presente artigo tem como objetivo investigar as representações sociais de Fortaleza, capital do Ceará, como cidade-sede da Copa do Mundo, produzidas e reproduzidas jornalismo local. Para isso, o procedimento metodológico utilizado é a categorização de regiões e atributos da cidade que estão presentes nas 42 notícias analisadas. O aporte teórico trata da relação entre os conceitos de cidademercadoria e direito à cidade, além da articulação da noção de representações sociais ao jornalismo. Como primeira etapa de uma pesquisa mais ampla, o artigo aponta para a redução de Fortaleza, como uma mercadoria, a uma visão positiva da região litorânea, ainda que o jornal abra espaço para alguns problemas da cidade. São construídas e reforçadas representações de Fortaleza como “um bom destino turístico, apesar de seus problemas”. Relatores: Maria Ataide Malcher e Ronaldo de Oliveira Rodrigues Reunião de avaliação do GT GT CONSUMOS E PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO CULTURA E CONSUMO: PROGRAMAS TELERRELIGIOSOS E A PERCEPÇÃO DE JOVENS CATÓLICOS E ASSEMBLEIANOS MARIA ATAIDE MALCHER e RONALDO DE OLIVEIRA RODRIGUES (UFPA) Neste artigo são apresentados dados de observação dos processos de consumo e assistência de programas telereligiosos das Igrejas Católica (IC) e Assembleias de Deus (AD) por jovens moradores de Breves-Marajó, no Pará. A partir de uma agenda de observação, foram identificadas e analisadas as estratégias de uso de anúncios publicitários em programas veiculados em TV aberta das Igrejas Católicas (TV Nazaré e Canção Nova) e das igrejas Assembleia de Deus do Brás e Vitória em Cristo, a partir da percepção de jovens católicos e assembleianos. Enquanto a IC tem utilizado com mais cadência a exploração de anúncios em sua programação de TV, a AD mostra esse recurso como sua principal estratégia dentro dos programas telerreligiosos. De modo geral, observações que as práticas de consumo institucionalizadas pela igreja e os processos de consumo estabelecidos pelos jovens não podem ser compreendidos em uma perspectiva isolada das demais mediações implicadas no cotidiano do grupo investigado. Relatoras: Alissa Cendi Vale de Carvalho e Silvia Helena Belmino 73 GT CULTURA DAS MÍDIAS Coordenador: Maurício de Bragança (UFF) Vice-coordenador: Rosana Lima Soares (USP) Sala 108 - Centro de Aula C DIA 08 DE JUNHO AS PRÁTICAS DO ESPECTADOR: RECEPÇÃO E ENTRETENIMENTO EM GOGGLEBOX MARCIO SERELLE (PUC MINAS) A partir do reality show Gogglebox (Austrália, 2015), discuto as figurações do espectador que emergem desse programa que trata da recepção televisiva. Centrado nos lares, o show registra a diversidade de reações e opiniões em frente à TV, em uma narrativa de entretenimento que afirma o caráter doméstico do meio. Pretendo demonstrar que esse revigoramento do receptor – já tratado, de certo modo, na teoria do leitor –, não implica diminuição do poder dessa mídia no que se refere, principalmente, à reprodução da crença em seu papel social de propiciar interações e senso de coletividade. O programa busca, assim, em momento de transformação aguda da televisão, afirmar a autonomia do espectador, mas também a qualidade do televisivo, sua condição privilegiada de engajamento para propiciar trocas no lar privatizado e na diversidade da nação. Relatora:Vera Follain Figueiredo REALISMO, VERDADE E POLÍTICA EM VÍDEOS AMADORES DE ACONTECIMENTOS FELIPE POLYDORO (USP) Neste texto, nos concentramos numa categoria específica dentro do vasto conjunto das imagens amadoras: os vídeos operados por pessoas “comuns” que flagram um fato de grande importância, aqui chamados de vídeos amadores de acontecimentos. Além de delimitar essa categoria de imagens, problematizamos alguns atributos aos quais estas geralmente estão associadas: o efeito de verdade vinculado à crença numa evidência documental tomada diante do fato; o efeito de real calcado nos ruídos e na urgência das filmagens amadoras; e a hipótese de que contribuam para uma modificação significativa na política das imagens, impondo ao universo midiático novos atores e novos lugares de fala. Relatora: Renata Tomaz GT CULTURA DAS MÍDIAS Manhã TARDE CRISE DA CRÍTICA E DECLÍNIO DO PARADIGMA ESTÉTICO DA MODERNIDADE VERA LÚCIA FOLLAIN DE FIGUEIREDO (PUC RIO) O artigo aborda a crise da atividade crítica a partir do declínio dos valores que davam sustentação ao ideal de autonomia da arte e do impacto causado, 77 GT CULTURA DAS MÍDIAS pelo menos desde os ready-mades de Duchamp, pela incorporação do banal ao campo artístico. Tendo em vista as mudanças decorrentes da tecnologia digital e da consolidação de uma cultura de mercado, discute-se, ainda, até que ponto a defesa de um padrão de gosto considerado inferior, excluído do paradigma da alta cultura, se justifica, na contemporaneidade, como estratégia de subversão de uma ordem estética hegemônica. Relatora: Sonia Montaño EM BUSCA DE JANET MALCOLM BRUNO COSTA (UFMS) A obra de Janet Malcolm tem um atração magnética sobre seus leitores e parece atrair tanto admiração e reverência como receio e desconfiança. Neste artigo exploramos as reações à obra e a influência de Malcolm no jornalismo a partir de variados depoimentos de críticos, jornalistas, entrevistadores,etc pesando constantemente o componente dialético de seus escritos e a influência marcada de suas narrativas. Relator: Marcio Serelle A CULTURA DAS MÍDIAS E A EXPERIÊNCIA URBANA NA BELLE ÉPOQUE CARIOCA TATIANA OLIVEIRA SICILIANO (PUC RIO) Pretende-se refletir, apartir da visão dos cronistas e do material produzido na mídia impressa, sobre a relação intrínseca entre a cultura midiática, a experiência urbana e a vida moderna. Partindo-se do pressuposto de que a comunicação é uma prática social, o artigo procura discutir sobre como o principal meio de comunicação da época, a imprensa, representada pelos jornais e pelas revistas ilustradas, narravam as mudanças técnicas que engendraram diferentes modos de ver, novos padrões de sensibilidade e distintas práticas de interação social. Quais eram as percepções transmitidas pela imprensa sobre as transformações e invenções que estavam afetando a Capital Federal doBrasil nas últimas décadas do século XIX e no início do XX. Relator: Felipe Polydoro DIA 9 DE JUNHO MANHÃ A CONSTRUÇÃO DO USUÁRIO NA CULTURA AUDIOVISUAL DO YOUTUBE SONIA MONTAÑO (UNISINOS) O artigo apresenta uma cartografia inicial dos modos em que o usuá- 78 YOUTUBE, INFÂNCIA E SUBJETIVIDADES: O CASO JULIA SILVA RENATA TOMAZ (UFRJ) Um dos objetivos da pesquisa àqual este artigo está vinculado é compreender as condições de possibilidade da passagem de uma infância moderna para uma infância contemporânea, no contexto brasileiro da virada do século. Nessa perspectiva, o artigo investiga como os youtubers mirins, crianças com centenas de milhares de assinantes em seus canais no YouTube, constroem modos de ser e estar no mundo através da produção e divulgação de seus vídeos. A análise se ampara no seguinte argumento: uma vez que “os muros da vida privada” tenham sido fundamentais na construção de uma infância moderna, sua erosão está permitindo a visibilidade crescente das crianças e sua colonização na esfera pública, contribuindo para o surgimento de novas concepções de infância. Dentre as conclusões preliminares desse estudo está a de que ser famoso ou uma celebridade figura uma possibilidade de ser criança na contemporaneidade. Relator: Ricardo Pavan GT CULTURA DAS MÍDIAS rio é construído no YouTube e formula problemas de conhecimento para os estudos contemporâneos da imagem e do audiovisual na web. Ao longo dos dez anos de existência, a plataforma foi construindo o usuário associado a sentidos diversos como o de colecionador e flâneur audiovisual, valorizando sua condição de amador ou, mais recentemente sua condição de criador, desenvolvedor e empreendedor. Essas relações são problematizadas em diálogo com autores como Benjamin e Certeau, que discutem o lugar da técnica na cultura e nas relações entre produção e consumo e os modos de produção por apropriações e usos no cotidiano. As contradições entre um usuário programado pela interface e um usuário que a reprograma demonstra um estágio transitório e complexo da técnica e, por isso, fértil para os estudos do audiovisual e da comunicação. Relator: Bruno Costa DISPOSIÇÕES SOBRE ANÔNIMOS ERCIO DO CARMO SENA CARDOSO (PUC MINAS) O artigo pretende articular perspectivas da pesquisa sobre os anônimos nos meios de comunicação. Para isso, estabelece relação com estudos sobre a abordagem dos anônimos na história e nas ciências sociais brasileiras. Esses movimentos buscam capturar a ação de sujeitos populares em vestígios nem sempre configurados por eles. A partir daí propõe desafios que destacam a presença deles na cultura midiática, sugerindo proposições de intervenção e pesquisa. Relator: Gelson Santana 79 GT CULTURA DAS MÍDIAS TARDE REPRESENTAÇÃO E FORMAS DA DIFERENÇA NA CULTURA MIDIATIZADA DE HOJE GELSON SANTANA (UAM) A experiência cultural contemporânea foi capturada pelo imaginário das mídias. Assim, as performances da cultura contemporânea apresentam-se, em suas estratégias, não com a simbólica que dá forma ritual ao coletivo, mas como um espectro de um simbolismo que define, na atualidade, a sua própria constituição. Estar em representação hoje é construir castelos virtuais de realidade que funcionam como formas da diferença, referenciais da experiência individual de mundo, refletidas nos produtos midiáticos, e constituem as marcas reveladoras do que nos tornamos e do que se tornou a cultura nesse labirinto sem guia das mídias contemporâneas. Relatora:Tatiana Siciliano REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS NA CULTURA MIDIÁTICA – O LUGAR DO ESTEREÓTIPO NA PRODUÇÃO HUMORÍSTICA RICARDO PAVAN (UFG) Partimos da compreensão de que as estratégias de produção usadas nos humorísticos exprimem identificações estereotipadas do contexto sociocultural em que é reproduzido. Não tomamos a ideia de identidade como algo estático, natural, mas como constantemente reinventada e investida de novos significados. Embora leve-se em conta que nem todos se encontram sob uma mesma linguagem cultural, as perspectivas indicam que ao consumirem um produto midiático humorístico, os espectadores refletem um sistema de representação do mundo. A conclusão é a de que a tessitura dos processos comunicacionais envolvidos nessa relação depende de uma série de dispositivos que acionam repertórios de significados e perspectivas de vinculação social. Relator: Ercio do Carmo Sena Cardoso Reunião de avaliação do GT 80 GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO Coordenador: Luís Mauro Sá Martino (CÁSPER LÍBERO) Vice-coordenador: Carlos Alberto de Carvalho (UFMG) Sala 08 - FIC DIA 08 DE JUNHO ANÁLISE DO ACONTECIMENTO: POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS VERA REGINA VEIGA FRANÇA e SUZANA CUNHA LOPES (UFMG) A proposta deste artigo é refletir de que maneira o conceito de acontecimento pode se transformar em um orientador e/ou operador metodológico na área de Comunicação. Para isso, primeiramente apresentamos a noção pragmatista de acontecimento com a qual trabalhamos. Depois, destacamos alguns vieses analíticos: 1) o poder hermenêutico do acontecimento para busca de sentidos em jogos de temporalidades e enquadramentos; 2) a passibilidade do acontecimento para análise de experiências, afetações e configuração de públicos; 3) a dupla vida do acontecimento para investigar as dimensões existenciais e simbólicas de um fenômeno; 4) a espetacularização para estudos de acontecimentos midiáticos; e 5) a individualização do acontecimento para interpretar suas particularidades e o contexto social que faz emergir. Trata-se de um exercício experimental de sistematizar e evidenciar as possibilidades analíticas permitidas pelo conceito de acontecimento. Relatora: Regina Rossetti O ESTRANHO MUNDO DA INFORMAÇÃO – E DA MATERIALIDADE NO CAMPO DA COMUNICAÇÃO LIRÁUCIO GIRARDI JÚNIOR (CÁSPER LÍBERO / USCS / UNICAMP) A presença, cada vez maior, de estudos centrados na materialidade da comunicação trouxe para o campo da comunicação dois tipos de abordagem muito particulares. Neste trabalho, vamos nos concentrar na especificidade das novas mídias e no reaparecimento de modelos baseados na teoria da informação de Claude E. Shannon e da cibernética de Norbert Wiener. A convergência entre media technologies e digital computing, indicada por Manovich, trouxe para o campo da Comunicação um conjunto de novos problemas de pesquisa ou a reorientação de problemas enfrentar reflexivamente. Relator: Márcio Telles GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO MANHÃ TARDE MUDANÇAS TEÓRICAS NAS TRAJETÓRIAS DE FUNCIONALISTAS E FRANKFURTIANOS REGINA ROSSETTI (USCS) Este artigo trata das mudanças ocorridas no conceito de comunicação na trajetória inicial de desenvolvimento da Teoria da Comunicação Funcionalista 83 GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO 84 e durante toda trajetória da Teoria da Comunicação Frankfurtiana. Descreve a evolução da concepção de comunicação dos funcionalistas Lasswell, Lazarsfeld e Hovland, a crítica dos frankfurtianos Adorno e Horkheimer a essa concepção funcionalista e a renovação teórica que ocorre no interior do próprio pensamento frankfurtiano quando do surgimento das teses de Habermas, Honneth e Forst. Os resultados indicam que enquanto a trajetória funcionalista inicial é marcada pela continuidade evolutiva de um mesmo conceito que vai tornando-se complexo, a trajetória frankfurtiana é marcada pela ruptura e renovação de suas concepções. Relatoras: Rafiza Varão e Katrine Boaventura UMA BIFURCAÇÃO NA ESTRADA: ROBERT CRAIG, LUIZ C. MARTINO E A FUNDAMENTAÇÃO DO CAMPO DA COMUNICAÇÃO KATRINE TOKARSKI BOAVENTURA (UNICEUB) e RAFIZA VARÃO (UCB) Este trabalho discute o pensamento de dois autores sobre o estatuto do saber comunicacional: Robert Craig e Luiz C. Martino. As reflexões de ambos foram publicadas entre o final dos anos 1990 e começo deste século. Os dois autores se empenham em discutir o status epistemológico do campo da Comunicação. Pretendemos apresentar as semelhanças entre as descrições dos dois pesquisadores sobre a constituição da área e, posteriormente, as diferentes conclusões a que chegam em suas respectivas análises. Por fim, discutiremos como Craig e Martino chegam, a partir das mesmas premissas, a diagnósticos tão distintos sobre a Comunicação Relatoras: Vera V. França e Suzana Lopes MIDIATIZAÇÃO: INVESTIGAÇÕES BRASILEIRAS E EUROPEIAS E O MIDIACENTRISMO CARLOS ALBERTO DE CARVALHO (UFMG) Apesar de pontos comuns nos estudos brasileiros e europeus sobre midiatização, percebe-se mais diferenças de abordagem do que coincidências, a começar por maior preocupação histórica nos estudos europeus. Outra diferença é quantitativa: no Brasil as pesquisas sobre midiatização ainda são tímidas. Ao identificarmos algumas das características centrais nos estudos brasileiros e europeus sobre midiatização detectamos ao menos duas posições distintas sobre as noções de mediação. Esclarecer essas diferenças é um dos propósitos do artigo, pois abre caminho para indicar um dos mais sérios limites às teorizações sobre a midiatização, qual seja, o midiacentrismo. Encerramos as reflexões propondo a necessidade de considerar as textualidades como componentes esclarecedores para a noção de midiatização, inclusive para evitar os limites das abordagens midiacêntricas. Relator: Ciro Marcondes Filho A EPISTEMOLOGIA POLÍTICA DA COMUNICAÇÃO LUCRÉCIA D’ALESSIO FERRARA (PUC-SP) Parte de pesquisa que se encontra em desenvolvimento, esse trabalho estuda as polaridades dicotômicas que, emergindo da linguística, atingiram a comunicação através de várias tendências epistemológicas dos anos 60 do último século até os anos 2000 do século atual. As profundas alterações tecnológicas que atingiram e transformaram a comunicação nos últimos anos, obrigam-nos a uma revisão das suas bases epistemológicas. Nesse sentido, impõem-se rever os paradigmas que sedimentaram a produção de conhecimento e suas transformações. Esse trabalho se propõe a acompanhar, entre os índices do passado, os rastros que podem sustentar essa revisão e propor uma comunicação interativa que, coletiva nos seus complexos processos de transindividuação, pode produzir as bases de uma epistemologia política da comunicação. Relator: Carlos Alberto Carvalho SOBRE O TEMPO DE INCUBAÇÃO NA VIVÊNCIA COMUNICACIONAL CIRO MARCONDES FILHO (USP) O ensaio em questão propõe um procedimento de pesquisa para que se possa estudar a comunicação em todas as suas modalidades, seja ela eletrônica, de massa ou interpessoal. Para tanto, sugere três momentos do processo investigativo caracterizados pelo vivenciar o fato comunicacional, observar suas reverberações sobre aquele que o vivencia e elaborar a partir disso um relato consistente, que servirá para dar substância às necessidades epistemológicas da área. Distancia-se dos estudos da ciência cognitiva e da chamada “pesquisa de recepção” buscar um componente filosófico e qualitativo na experiência comunicacional. Relatoras: Karla Regina Macena P. Patriota, Carolina Cavalcanti Falcão e Emanuelle Gonçalves Brandão Rodrigues DAS MATERIALIDADES ÀS MATÉRIAS-PRIMAS DA COMUNICAÇÃO: NOTAS PARA UMA PERSPECTIVA TEÓRICA GEOLÓGICA MARCIO TELLES (UFRGS) Partindo de outra “materialidade” da mídia, que não se limita ao suporte e ao não-sentido, busca-se, nas matérias-primas empregadas no fabrico da tecnocultura midiática, um outro fluxo material que erige novos significados. Tal pensamento “geológico” dar-se através de três dimensões: geofísica, focando na ontologia das matérias e como elas entram em relação nos aparelhos comunicacionais; geopolítica, procurando as articulações que as cadeias produtivas de matérias primas e econômicas da indústria tecnomidiática operam, deixando rastros no trabalho e nas posições estratégicas das nações; geológica, tendo a GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO MANHÃ DIA 09 DE JUNHO 85 GT EPISTEMOLOGIA DA COMUNICAÇÃO Terra como matéria cujos dados são minados e significados nos domínios humanos, reconhecendo um contínuo entre processos cognitivos culturais e impacto ambiental. Atualiza-se, na comunicação, a proposta de Félix Guattari em pensar ecosoficamente através de três domínios imbricados: o meio-ambiente, as relações sociais e a subjetividade humana. Relator: Francisco J. P. Pimenta TARDE BIOSEMIÓTICA COMO NOVA FRONTEIRA E SUA APLICAÇÃO NA COMUNICAÇÃO AMBIENTAL FRANCISCO J. PAOLIELLO PIMENTA (UFJF) O objetivo desse artigo é apresentar a biosemiótica derivada do Pragmaticismo de Peirce como um desenvolvimento teórico capaz de ampliar a atual concepção do campo da Comunicação em seus propósitos práticos. Por meio da descrição de hipótese relativa à esfera da Comunicação Ambiental, aplicada em seguida a dois testes empíricos, buscamos descrever de que forma essas aproximações podem ser realizadas. Ao final, a partir dos resultados obtidos, defendemos que a biosemiótica poderá constituir uma extensão produtiva do campo na medida em que conseguir superar resistências de concepções autorrestritivas dos processos comunicacionais. Relatora: Lucrécia D´A. Ferrara A CARTOGRAFIA DE UM CAMPO: SINGULARIDADES E POSSIBILIDADES NAS RELAÇÕES ENTRE RELIGIÃO E CONSUMO NOS TRABALHOS DESENVOLVIDOS NA COMUNICAÇÃO KARLA REGINA MACENA P. PATRIOTA (UFPE), CAROLINA CAVALCANTI FALCÃO (UNIFAVIP/UFEP) e EMANUELLE GONÇALVES BRANDÃO RODRIGUES (UFPE) Este trabalho apresenta uma síntese cartográfica com considerações iniciais sobre quatro Zonas (metáfora emprestada da cartografia da malha viária) da produção acadêmica, que agrupam, no período dos últimos 10 anos, os trabalhos desenvolvidos dentro das temáticas Religião e Consumo na comunicação. A proposta do texto é refletir sobre os vínculos epistemológicos e os níveis de articulação entre diferentes correntes teóricas, que por vezes se distanciam, por vezes se aproximam. Trata-se, de início, de um estudo exploratório cuja proposta central é resumir, em um mapa, as abordagens-chave dessas pesquisas em nossa área, apontando as particularidades desses estudos e o que distingue a Comunicação quando se trata de pesquisas que articulam essas temáticas. Relator: Liráucio Girardi Jr Reunião de avaliação do GT 86 GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL Coordenador: AngelaPrysthon (UFPE) Vice-coordenador: Fernando Gonçalvez (UERJ) Sala Administração - Labicom MANHÃ ESPELHOS OPACOS, ESPELHOS REFLEXOS: SELFIES E AUTORREPRESENTAÇÃO NA ERA DOS SMARTPHONES ISAAC PIPANO (UFF) Forma de autorretrato hegemônica, a selfiesitua-se como um registroperfeitamente ajustada ao horizonte de estratégias que visam à exposição da vida íntima e à espetacularização do ordinário; à ubiquidade dos aparatos sociotécnicos e aos estreitos vínculos entre imagem e experiência, tão comuns em nosso tempo. Ao tensionar performance eautorrepresentação, essa modalidade de “escrita de si” contemporânea nos convoca para uma reflexão sobre o que a diferencia das demais práticas fotográficas enquanto gesto e produção subjetiva. Relator: Henrique Codato AS PAISAGENS FOTOGRÁFICAS HISTORICIZADAS DE “TO FACE”, DE PAOLA DE PIETRI KATIA HALLAK LOMBARDI (UFSJ) As paisagens fotográficas do livro To Face (2012), de Paola De Pietri, provocam muito mais que o deleite visual. Ao incorporarem vestígios da Primeira Guerra Mundial, com suas batalhas travadas em territórios que pertencem hoje à Itália e à Áustria, essas fotografias chamam a atenção para um passado sombrio que não deve ser esquecido. São imagens que jogam com a experiência histórica, ora revelando-a parcialmente, ora apontando para o seu apagamento. Tomamos como base as reflexões de Anne Cauquelin e Simon Schama sobre natureza, cultura e paisagem e a dimensão histórica e temporal do pensamento benjaminiano para discutirmos o modo como as fotografias de To Face evocam o acontecimento histórico e trazem à tona um tema tão relevante como a guerra. Relator: Marcelo Leite Barbalho TARDE CINEMA INDEPENDENTE DO BRASIL NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO: PRÁTICAS ESTÉTICAS, PERFORMANCES POLÍTICAS, CONDIÇÕES ECONÔMICAS MANNUELA COSTA (UFRJ) A noção de independência é um aspecto muito caro aos estudos de cinema no Brasil e no mundo, de modo que tem sido usada de forma recorrente por diversos atores do setor: instituições públicas, crítica e pelos próprios cineastas. GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL DIA 08 DE JUNHO 89 GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL 90 A noção de cinema independente se relaciona a esferas políticas, econômicas e estéticas, e incorpora dinâmicas cada vez mais fluidas e porosas, quando situadas no contexto globalizado de produção e consumo de produtos audiovisuais na contemporaneidade. Este artigo busca estabelecer parâmetros para a categorização do que se considera cinema independente no Brasil, através de uma recuperação histórica do uso do termo (nos EUA, França e Brasil), bem como por meio uma análise empírica da produção cinematográfica contemporânea feita no país, em termos técnico-estéticos e econômicos. Relatora: Lúcia Ramos ENTRE O OLHAR E O GESTO: COMENTÁRIOS SOBRE AS VOZES EM CONVERSAS NO MARANHÃO LAÍS FERREIRA OLIVEIRA (UFF) Este artigo estuda a composição e a reverberação das diferentes vozes que animam o documentário “Conversas no Maranhão” (Andrea Tonacci, 1977), atentando principalmente para a maneira como o filme se faz permeado pela experiência do mundo dos sujeitos filmados. Para tanto, recorremos à teoria do perspectivismo ameríndio, à discussão da polifonia no filme, além de reflexões sobre a forma do documentário. Relatora: Katia Hallak Lombardi CENAS DO TESTEMUNHO E MEMÓRIAS SUBTERRÂNEAS DE BRASÍLIA TATIANA HORA ALVES DE LIMA (UFMG) Conterrâneos velhos de guerra (1991), de Vladimir Carvalho, e Branco sai, preto fica (2014), de Adirley Queirós partem de pequenos eventos esquecidos pela história oficial para desvendar o que há de catástrofe e ruína sob os monumentos de Brasília erguidos segundo a utopia modernista. Conterrâneos busca a “verdade soterrada” contra a farsa da história, e BSPF traz contaminações entre documentário e ficção científica para elaborar o testemunho como “máquina do tempo”. Investigamos o testemunho como cena tendo em vista as formas de convocação da escuta e da visão próprias da mise-en-scène cinematográfica, particularmente as relações travadas entre sujeitos filmados e antecampo, as articulações espaço-temporais produzidas na cena e na montagem de arquivos, e a memória evocada pela música. Os filmes trazem à tona o testemunho como resto, ou como experiência partilhada possível entre sujeitos filmados, antecampo e espectador, que salva as histórias dos vencidos do esquecimento. Relator: Isaac Pipano MANHÃ SOM E MOVIMENTO NA EXPANSÃO DO FOTOJORNALISMO LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA JUNIOR (USP) A partir da obra dos fotógrafos franceses Guillaume Herbaut e Samuel Bollendorff, este artigo discute o atual processo de expansão do fotojornalismo. Para isso examina uma questão em especial: a conexão fotografia-vídeo utilizada pelo repórter-fotográfico e a relação que ele estabelece com o cinema. Analisam-se obras que, mesclando fotografia com aspectos da linguagens cinematográfica, têm levado o fotógrafo a aventurar-se por outras áreas estabelecendo novas alianças com técnicos de som e de montagem. Num mundo saturado de imagens e com a mídia impressa deixando cada vez mais de ser o principal meio para o fotojornalista divulgar reportagens aprofundadas, o texto mostra como ele procura criar novas formas de narrar visualmente um evento e explorar a internet como canal de distribuição de suas imagens. Relatora: Mariana Baltar DAS NARRATIVAS DE FUNDAÇÃO ÀS NARRATIVAS DE DISSOLUÇÃO. A QUESTÃO DA IDENTIDADE NACIONAL EM FILMES CONTEMPORÂNEOS “PERIFÉRICOS” LUCIA RAMOS (USP) Este artigo propõe pensar a questão do “nacional” dentro do cinema contemporâneo. Apesar da crise nos conceitos de “nação” e “nacionalismo”, eles ainda são usados no cinema, tanto pela historiografia e pelos estudos cinematográficos quanto por festivais e retrospectivas. Em contraponto às chamadas “narrativas fundacionais” (SOMMER, 2004), que entrelaçavam felicidade doméstica e ideal nacional, em um conjunto de filmes contemporâneo realizados em regiões “periféricas” com relação ao cânone cinematográfico (Brasil, China, Filipinas, Portugal), e cuja visibilidade se situa sobretudo no âmbito de festivais internacionais, as esferas “individual” e “nacional” continuam ligadas, mas em chave negativa. Por essa razão, propomos o conceito de “narrativas de dissolução nacional”. Haveria uma relação entre a crise de identidade nacional no âmbito diegético, e uma suposta crise do cinema, numa época em que os suportes digitais de gravação e exibição se tornam predominantes?. Relator: Luís Felipe Duarte Flores GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL DIA 9 DE JUNHO 91 GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL 92 CORPO E VOZ NO CINEMA CONTEMPORÂNEO: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O FILME “ELA”, DE SPIKE JONZE HENRIQUE CODATO (UFC) Propomos pensar as antinomias corpo/voz; visível/invisível; homem/máquina no contexto do cinema contemporâneo, ao estabelecermos um diálogo com o filme “Ela” (Her, 2013), de Spike Jonze. Com a ajuda de algumas teorias que pensam o dispositivo cinematográfico em interação com a psicanálise, defendemos que a obra apresenta uma correspondência bastante singular e complexa entre corpo e voz no espaço do filme. Ao problematizarmos o jogo entre a presença da voz e a ausência do corpo de Samantha na cena, buscaremos mostrar que o filme inaugura uma nova dialética entre o visível e o invisível, fazendo com que imagem e voz funcionem, aqui, sob uma outra economia de forças. Consideraremos e discutiremos a oposição homem/máquina na ficção encenada por Jonze, cujas fronteiras se indeterminam e se confundem, uma vez que amar, em “Ela”, deixa de ser uma capacidade exclusivamente humana. Relatora: Mannuela Costa TARDE POR UM CINEMA DE ATRAÇÕES CONTEMPORÂNEO MARIANA BALTAR (UFF) Partindo da reflexão em torno das permanências e implicações do regime de atrações no cinema e audiovisual contemporâneo, este artigo pretende estabelecer uma correlação entre os conceitos de cinema de atrações e afeto. O objetivo central é traçar a importância de determinada teorização sobre o afeto para refletir sobre os desdobramentos do conceito de atrações e suas possibilidade para pensar um cinema ao mesmo tempo narrativo e “disruptivo” capaz de colocar em cena um certo sentido de política que se presentifica de modo ambivalente a partir das performances do e no corpo. Para tanto, cotejaremos as questões teóricas com comentários analíticos de filmes como Homem ao Banho (Christophe Honoré, 2010) e Algo a romper (Ester Martin Bergsmark, 2014) Relatora: Tatiana Hora Alves Lima RECONHECER A IMAGEM, PERSEGUIR A HISTÓRIA: CRÍTICA DA VISIBILIDADE TÉCNICA NO CINEMA DE HARUN FAROCKI LUÍS FELIPE DUARTE FLORES (UFMG) O artigo se dedica a discutir aspectos da relação entre cinema e história no filme-ensaio Reconhecer e perseguir (2003), do cineasta alemão HarunFarocki.Na obra, o artista utiliza arquivos e voz off para refletir criticamente sobre o devir tecnológico da humanidade. Ao mesmo tempo, sua crítica constitui uma operação reflexiva sobre o funcionamento das imagens técnicas. Farocki faz uso, Reunião de avaliação do GT GT ESTUDOS DE CINEMA, FOTOGRAFIA E AUDIOVISUAL dentre outros, de um tipo particular das imagens de arquivo, as chamadas imagens operacionais, produzidas pelos próprios objetos e sistemas técnicos. Nossa análise busca compreender os procedimentos formais utilizados na retomada ensaística das diferentes imagens, bem como os sentidos possíveis de sua apropriação. O método do diretor é dividido, assim, em duas figuras com valor heurístico: por um lado, o reconhecimento da imagem, o ato de arrancá-la das instituições do poder, por outro, a busca da história, a ressignificação das imagens em seus relacionamentos complexos com o mundo e o tempo humano. Relatora: Laís Ferreira Oliveira 93 GT ESTUDOS DE JORNALISMO Coordenador: Carlos Eduardo Franciscato (UFS) Vice-coordenador: Beatriz Becker (UFRJ) Sala 05 - FIC DIA 08 DE JUNHO AFFORDANCES INDUTORAS DE INOVAÇÃO NO JORNALISMO MÓVEL DE REVISTAS PARA TABLETS ADALTON DOS ANJOS FONSECA (UFBA) e SUZANA BARBOSA (UFBA) Este artigo examina a inovação no jornalismo móvel a partir do conceito de affordance aplicado no estudo de revistas para tablets em três momentos definidos entre 2010 e 2016. Criou-se uma ferramenta metodológica de análise com o objetivo de explorar os quatro conjuntos de affordances identificados: operação, coleção, compartilhamento e multimidialidade. A partir destes grupos, pontuou-se a emersão de affordances inovadoras possibilitadas pelos recursos e funcionalidades dos tablets e que também permitem interações inéditas ou renovadas na relação entre usuários e revistas. Entre elas estão: ouvir, assistir, jogar, pesquisar, armazenar. A comparação entre as revistas analisadas que mais se destacaram pela inovação também revelou uma tendência de estabilização de um formato para exploração dos recursos e funcionalidades do tablet, apesar de reconhecermos que há possibilidades ainda não exploradas pelos produtos que têm o potencial de induzir mais inovações. Relatores: Walter Teixeira Lima Júnior e André Rosa de Oliveira JORNALISMO ESTRUTURADO: USO DE METADADOS PARA ENRIQUECIMENTO DE BASES NOTICIOSAS NA WEB WALTER TEIXEIRA LIMA JÚNIOR (UFAP) e ANDRÉ ROSA DE OLIVEIRA (UMESP) Bases de dados abastecidas com notícias produzidas para a Web representam um repositório de informação estruturada com potencial tecnológico de ser reutilizada de inúmeras formas e por outras plataformas digitais conectadas via redes. No entanto, a dinâmica de recuperação deste material costuma ser limitada a busca por palavras-chave; da mesma forma, a sua organização é composta por categorizações simples ou apenas por marcações em HTML, não permitindo a flexibilização do seu uso de outras formas. Novas ferramentas baseadas na adoção de vocabulários controlados, ontologias formais e outros padrões de metadados estruturam melhor a recuperação da informação jornalística inserida em banco de dados. Neste artigo, pretende-se relacionar a informação jornalística a conceitos que estendam bases de dados além de seu uso como repositório, mas na obtenção de “relações invisíveis” de temas e contextos. Relatores: Adalton dos Anjos Fonseca e Suzana Barbosa GT ESTUDOS DE JORNALISMO MANHÃ 97 GT ESTUDOS DE JORNALISMO TARDE NARRATIVAS DO TRAUMA NO JORNALISMO LOCAL: BENTO RODRIGUES KARINA GOMES BARBOSA (UFOP) e ANDRÉ LUÍS CARVALHO (UFOP) Este artigo busca analisar as estratégias narrativas empregadas pelo jornalismo laboratorial universitário marianense para construir uma narrativa do trauma nas páginas do jornal Lampião. O objetivo é perceber como o veículo materializa a experiência do rompimento da barragem do Fundão, pertencente à Samarco, em Mariana (MG), evento traumático das coletividades locais, por meio de sua narração, compreendendo o jornalismo contemporâneo como meio e possibilidade para tal. Ao mesmo tempo, o trabalho procura problematizar tal estratégia de construção do acontecimento catastrófico nas páginas de jornais. Nos debruçamos sobre o texto impresso nas matérias do jornal com o aporte das abordagens psicanalíticas sobre o trauma e estudos do campo do jornalismo sobre a cobertura de riscos e catástrofes, ancorados na análise de conteúdo. Relatoras: Ana Carolina Rocha Pessôa Temer e Marli dos Santos CIDADES INVISÍVEIS: AS EXPERIÊNCIAS DE OUTROS JORNALISMOS EM GRANDES CENTROS URBANOS SUZANA ROZENDO BORTOLI (USP) e CRISELLI MONTIPÓ (UFSC) As narrativas humanas são formas simbólicas organizadas em função de performances socioculturais. Ademais, o jornalismo tem como uma de suas funções sociais tratar de temas relacionados à cidadania, principalmente os invisibilizados, conforme Medina (2008) e Ijuim (2012). A partir de tal perspectiva, este artigo visa analisar narrativas inseridas na cultura de convergência, segundo Jenkins (2008), que se traduzem em novas oportunidades para o jornalismo, de acordo com Meditsch (2012). Para o recorte desta análise foram selecionadas as iniciativas SP Invisível e Rio Invisível, que dão visibilidade às pessoas em situação de rua a partir de textos e imagens em redes sociais. Verificou-se que as referidas propostas emancipatórias conseguem não apenas evidenciar a esse grupo minoritário das duas metrópoles, mas também alcançar a sensibilidade humana por meio de um modo alternativo de se fazer jornalismo. Relatora: Anelise Schütz Dias SUBJETIVIDADES FEMININAS NA COBERTURA JORNALÍSTICA ANA CAROLINA ROCHA PESSÔA TEMER (UFG) e MARLI DOS SANTOS (UMESP) Este artigo é um desdobramento da pesquisa continuada sobre Jornalismo e gênero, desenvolvida em parceria entre Grupo de Pesquisa Novas Práticas em Jornalismo do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade 98 MANHÃ DIA 09 DE JUNHO A CONSTRUÇÃO DA AGENDA PÚBLICA NA ERA DA COMUNICAÇÃO DIGITAL DIÓGENES LYCARIÃO (UFC) e RAFAEL CARDOSO SAMPAIO (UFPR) A teoria do agendamento é, até hoje, umas das mais poderosas peças intelectuaisproduzidas pela pesquisa em Comunicação. Entretanto, não se trata de uma teoria estabilizada. Isso porque estudos recentes baseados no processamento de dados massivos na Internet (big data) indicam resultados,aparentemente,contraditórios entre si. Enquanto alguns achados reforçam o modelo original de McCombs e Shaw (i.e. os media agendam o debate público), outros demonstram grande capacidade das mídias sociais em determinar a agenda dos media, o que se designa por agendamento reverso. Este artigo, a partir de um modelo interacional de construção da agenda pública, indica como tais resultados seriam coerentes entre si. Isso porque eles revelam, a partir do aludido modelo, a complexa, multidirecional e, em certa medida, imprevisível rede de interações que acabam por conformar o debate público em função de diferentes tipos de agendamento (factual e temático) e temporalidades (curto, médio e longo prazo). Relator: Francisco Rüdiger GT ESTUDOS DE JORNALISMO Metodista de São Paulo e o Laboratório de Leitura Crítica da Mídia, da Faculdade de Comunicação e Informação da UFG, e se propõe a refletir sobre jornalistas e as subjetividades femininas na cobertura jornalística. A partir das ideias de Foulcalt e Lipovetsky, entre outros autores, buscou-se identificar as subjetividades femininas tendo como material empírico entrevistas semiestruturadas com repórteres da grande imprensa. É possível verificar nos relatos das mulheres participantes que há múltiplas subjetividades, construídas a partir de uma cultura jornalística que não valoriza o trabalho feminino, a identidade feminina e outros aspectos que influenciam na prática jornalística. Relatores: Iluska Coutinho e José Tarcísio Oliveira Filho IDADE PENAL NO JORNALISMO DE REFERÊNCIA: UMA ANÁLISE DOS NÚCLEOS DE SENTIDO CENTRAIS NA COBERTURA DO DEBATE SOBRE REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL ANELISE SCHÜTZ DIAS (UFRGS) O presente estudo se vale de uma perspectiva discursiva para compreender os fenômenos que envolvem jornalismo e segurança pública. Para tal, analisamos os núcleos de sentido que mais apareceram no discurso jornalístico de referência no debate sobre redução da maioridade penal, estimulado, dentre outros fatores, pela votação da PEC 171/1993. Também intentamos entender, a partir dos dis- 99 GT ESTUDOS DE JORNALISMO cursos postos em circulação, qual o papel desempenhado pelojornalismo para o conhecimento do tema da idade penal e também da segurança pública. A observação foi realizada no período de 01 de junho a 05 de julho de 2015 nos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e o Estado de S. Paulo. As sequências discursivas extraídas de 60 reportagens apontaram para quatro núcleos de sentido principais: disputa política/barganha/alianças temporárias; falhas no ECA/no sistema socioeducativo; violência dos “menores” x violência contra os “menores”; e ausência de dados nacionais para o debate sobre a redução da idade penal. Relatores: Karina Gomes Barbosa e André Luís Carvalho A MATRIZ DE AVALIAÇÃO E O ÍNDICE DE QUALIDADE COMO SUPORTES PARA AFERIÇÃO DA QUALIDADE DO TELEJORNALISMO NAS EMISSORAS PÚBLICAS ILUSKA COUTINHO (UFJF) e JOSÉ TARCÍSIO OLIVEIRA FILHO (UFMG) A busca por formas de aferição da qualidade é importante para avaliar o cumprimento do papel social do jornalismo por emissoras de TV, seja através dos princípios editoriais ou das obrigações constitucionais. Devido à ausência de uma regulação no Brasil, os métodos de avaliação elaborados pela academia ocupam uma posição importante. Por meio da pesquisa bibliográfica sobre qualidade na perspectiva do (tele)jornalismo como construção social, além de entrevistas com profissionais envolvidos no processo de produção da notícia da TV Brasil, propõe-se uma matriz para avaliar a qualidade da TV Pública. Em conjunto é desenvolvido o Índice de Qualidade (IQ), um indicador para mensurar a qualidade do produto audiovisual expressa numericamente. Tomando o noticiário Repórter Brasil como objeto empírico, as conclusões apontam que muitos dos verificadores de qualidade não são atendidos pela emissora pública. Entretanto, a matriz e o Índice de Qualidade se mostraram ferramentas eficazes para cidadãos e jornalistas. Relatores: Diógenes Lycarião e Rafael Cardoso Sampaio TARDE OS PRIMÓRDIOS DO ESTUDO DA IMPRENSA E DA TEORIA DO JORNALISMO NO JAPÃO FRANCISCO RÜDIGER (PUC/RS) No entre-Guerras, o Japão se tornou palco para a elaboração de importantes estudos sobre a imprensa e para a teorização do jornalismo. A transformação do jornalismo em objeto de grande empresa provocou rica discussão e exame a seu respeito nos meios acadêmicos e profissionais. O artigo apresenta a primeira análise em português sobre este fenômeno, pouco tratado inclusive em centros mais avançados. O período estudado no artigo é o que se estende de 1920 até 100 TESTIMONIO COMO MOVIMENTO E FAIT DIVERS COMO INSTRUMENTO: UM OUTRO PROCESSO PRODUTIVO JORNALÍSTICO LUIS FERNANDO ASSUNÇÃO (UNASP) Entre os 1955 e 1970 surgiu na América Latina um movimento no meio jornalístico denominado testemunho político, ou Testimonio. Este movimento envolvia jornalistas e escritores que adotavam em suas práticas jornalísticas investigação, observação, fluxo de consciência e, mais do que isso, elementos de narrativa literária em suas reportagens. Neste artigo, pretende-se realizar uma relação entre o Testimonio e um novo olhar sobre o fait divers, expressão de jargão jornalístico e, por extensão, um conceito de teoria do jornalismo, que designa os assuntos não categorizáveis nas editorias tradicionais dos veículos. Dessa relação nasceu uma nova forma de fait divers que não aquela tradicionalmente conhecida nos meios de produção jornalísticos que aposta no melodrama humano e por vezes no sensacionalismo para dar vazão a histórias de interesse humano. Relatoras: Suzana RozendoBortoli e Criselli Montipó Reunião de avaliação do GT GT ESTUDOS DE JORNALISMO 1937. A seção inicial aponta as origens e contexto histórico do fenômeno. As 3 seções seguintes relatam as tendências filosóficas e acadêmicas que pautaram seu desenvolvimento. A conclusão esclarece as circunstâncias de sua ruptura, ocorrida em meio ao avanço da ditadura militar e à escalada da guerra contra a China. Relator: Luis Fernando Assunção 101 GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA Coordenador: Simone Pereira de Sá (UFF) Vice-Coordenador: JederJanotti (UFPE) Sala 07 - FIC DIA 08 DE JUNHO COMUNICAÇÃO, MÚSICA E ESTILOS DE VIDA AGENCIADOS NO BAILE BLACK BOM MICAEL HERSCHMANN (UFRJ) e LUCIANA XAVIER DE OLIVEIRA (UFF) Tomando como base a pesquisa empírica realizada desde 2013 (construída não só a partir da seleção e análise de matérias veiculadas na mídia impressa tradicional e material postado nas redes sociais da web, mas também de observações de campo e entrevistas semiestruturadas realizadas presencialmente com os atores), esse artigo pretende – a partir do estudo de caso do Baile Black Bom realizado especialmente na Pedra do Sal (no Centro do Rio de Janeiro) – analisar as relevantes interações entre músicas, estilos de vida e corpos no reagenciamento de uma cena black carioca construída por neotribos locais. Relator: Rafael José Azevedo O QUEEN, A QUEEN: CONTROVÉRSIAS SOBRE GÊNEROS E PERFORMANCES ADRIANA AMARAL (UNISINOS), THIAGO SOARES (UFPE) e CAMILA MONTEIRO (UNIVERSITY OF HUDDERSFIELD-UK) A partir da apresentação ao vivo do grupo Queen, na edição 2015 do Rock in Rio, quando a banda inglesa de rock contou com um ex-integrante de reality show musical como vocalista, traça-se aqui uma espécie de mapeamento de controvérsias para pensar de que maneira as questões de gênero, em especial o debate sobre masculinidades, podem ser importantes ferramentas para pensar a construção do valor na música pop. A problemática diz respeito às diferentes performances do masculino dos dois vocalistas (Freddie Mercury, o cantor original da banda e Adam Lambert, que foi convidado para assumir os vocais no Rock in Rio), evocando lugares distintos nas corporalidades da música pop, bem como a noção de trajetória como um aparato capaz de evocar princípios de autenticidade para os artistas Relatores: Almicar Bezerra, Gustavo Alonso e Henrique Reichelt GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA MANHÃ TARDE “SE MACUMBA GANHASSE JOGO, O CAMPEONATO BAIANO TERMINAVA EMPATADO”: NOTAS SOBRE TÉCNICAS SÔNICAS TORCEDORAS, AMBIÊNCIAS FUTEBOLÍSTICAS E MÁGICA . PEDRO SILVA MARRA (UFF) Amantes do futebol apelidam atletas habilidosos de bruxos ou santos e es- 105 GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA 106 tádios onde nunca perdem de espaços místicos, a fim de descrever a forma como fazem lances difíceis parecerem fáceis. Os sons produzidos no estádio durante as partidas apresentam um importante papel na ocorrência destes eventos “sobrenaturais”, constituindo uma ambiência em comunicação com o espetáculo. A partir de gravações de campo realizadas em pesquisa de doutorado acerca das sonoridades deste esporte em jogos do Clube Atlético Mineiro, exploramos a forma como se constituem tais dinâmicas interativas. Assim, trabalhamos a performance tanto de jogadores quanto de torcedores como uma forma de magia, devido a sua natureza de conhecimento corporificado, seu caráter afetivo e de transformação de corpos, e a presença da fé como elemento que garante a eficácia destes processos. Relator: Rodrigo Carreiro TRIUNFO DO AMADOR: O SOM EM O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA RODRIGO CARREIRO (UFPE) Filme influente na consolidação de uma estética semidocumental muito popular no cinema de horror contemporâneo, O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chain Saw Massacre, TobeHooper, 1974) ganhou status de inovador, com o passar dos anos, por ter antecipado a explosão do subgênero slasher, e por causa da crueza das imagens. No entanto, pouco se fala do caráter original e arrojado dos sons que ajudam a assustar o público do filme. Este ensaio tem o objetivo de reconstituir o processo criativo da trilha sonora, destacando a presença majoritária de amadores na equipe responsável pelo sound design. Relatores: Felippe da Costa Trotta e Gabriella da Costa Moreira DO BREGA PARAENSE AO TECNOBREGA: HISTÓRIA E TRADIÇÃO NA WEBSÉRIE SAMPLEADOS RAFAEL JOSÉ AZEVEDO (UFMG) O artigo trata da websérie musical Sampleados. A partir da descrição de seus episódios, discutimos possíveis relações entre história e música popular feita no Brasil. A série foi ao ar em 2015 e, indiretamente, nos conta parte da história do brega paraense ao apresentar, em suas narrativas, artistas e canções supostamente importantes para o fenômeno desde os anos 1980. Ao convocar determinado passado, Sampleados apresenta o brega como uma espécie de tradição musical. Sendo assim, buscamos evidenciar as contradições que permeiam as narrativas históricas a partir do pensamento de Paul Ricoeur Relatores: Adriana Amaral Unisinos, Thiago Soares e Camila Monteiro DIA 09 DE JUNHO UM MUSEU DE GRANDES NOVIDADES? A MÚSICA NA NARRATIVA DA CULTURA CARIOCA NO NOVO MIS FELIPPE DA COSTA TROTTA (UFF) e GABRIELLA DA COSTA MOREIRA (PUC-RJ) A construção da nova sede do Museu da Imagem e do Som (MIS) em Copacabana insere-se num conjunto de alterações urbanas que buscam imprimir um viés turístico e cosmopolita à cidade do Rio. No MIS, a música desempenha um papel de destaque na elaboração dessa “identidade carioca”, sendo apresentada como cartão de visitas para a cidade e para o novo museu. Nesse texto, discutimos os conflitos e contradições das escolhas estéticas processadas pelo MIS, entendendo que os repertórios musicais legitimados na instituição operam segundo uma lógica de consagração musical e artística convencional, reificando modelos e valores já sedimentados no imaginário estereotípico do Rio. Relatores: Djenane Arraes Moreira, Amanda Wanderley de Azevedo Ribeiro e Liliane Maria Macedo Machado A CONSOLIDAÇÃO DOS SERVIÇOS DE STREAMING: RECONFIGURAÇÃO DOS MERCADOS DE MÍDIA SONORA E DESAFIOS À DIVERSIDADE MUSICAL NO BRASIL EDUARDO VICENTE (USP), MARCELO KISCHINHEVSKY (UERJ) e LEONARDO DE MARCHI (USP) O presente artigo propõe a discussão de pontos-chave da reconfiguração dos mercados de mídia sonora no Brasil. Parte-se do fenômeno de consolidação dos serviços de streaming, entendidos como ambientes híbridos de comunicação e consumo musical, para se analisar os desafios à diversidade musical diante de um processo de reintermediação das indústrias midiáticas em que se afirmam novos atores de alcance planetário. A concentração no segmento, acirrada em 2015, coloca uma série de questões, objetos deste estudo de caso exploratório, entre as quais se destacam o colapso de tradicionais atores – notadamente as emissoras musicais de rádio –, as incertezas em relação à regulação da arrecadação de direitos autorais na internet e as barreiras à distribuição da produção local. Relatores: Simone Luci Pereira Unip e Theophilo Augusto Pinto GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA MANHÃ 107 GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA 108 NA TRILHA DOS COMPOSITORES: MÚSICA, ATORES, REDES E MÍDIAS AUDIOVISUAIS SIMONE LUCI PEREIRA (UNIP/ESPM) e THEOPHILO AUGUSTO PINTO (CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO/UNIP) Este texto trata das redes de atores ligados ao meio audiovisual, mais precisamente, compositores de trilhas sonoras. Não restrita à composição para o cinema, observa-se a existência de um grupo cada vez maior de músicos brasileiros que vem criando composições para serem partes integrantes de filmes, animações, videogames, programas de televisão, peças de teatro, eventos, etc. Num desdobramento dos trabalhos já realizados pelos autores deste artigo, contemplamos nesta pesquisa em processo alguns debates que se interpõem quando pesquisamos estas redes de atores, tais como a formação de vínculos sociais (artísticos e profissionais) em que o uso de conceitos como mediações (A.Hennion) e associações (B.Latour) mostram-se como um caminho epistemológico para a compreensão destes fenômenos; e o caráter dos processos de audiovisão (M. Chion), onde imagem e som elaboram sentidos e significados numa sociedade midiatizada e com farto uso das tecnologias para composição e recepção. Relatores: MicaelHerschmann e Luciana Xavier de Oliveira TARDE NINGUÉM MEXE COM O DIABO: O DISCURSO RELIGIOSO NO PATO FU DJENANE ARRAES MOREIRA (UNB), AMANDA WANDERLEY DE AZEVEDO RIBEIRO (UCB) e LILIANE MARIA MACEDO MACHADO (UNB) A banda Pato Fu caracteriza-se, entre outras temáticas do seu repertório, pela criação de canções nas quais a religião está presente em letras que abordam crenças e geram discussões na sociedade. Escolhemos como corpus para este artigo as canções Deus; Uh UhUh, Lá LáLá, IéIé e Ninguém Mexe com o Diabo, bem como capas de discos e videoclipe, para que compreendamos os sentidos que elas encerram e como elas estabelecem o interdiscurso com questões que interessam à sociedade, tais como menores abandonados e o comércio religioso. Utilizaremos como metodologia a análise de discurso da massa folhada. Pato Fu é uma banda de expressividade no cenário do pop rock nacional, com uma trajetória de quase 25 anos. Observamos que as letras estabelecem linha narrativa e discurso religioso que passeiam entre o anarquista e o agnóstico, com menção a ações de transformação social. Ademais, desconstroem a visão majoritária de religiões do Ocidente, que apregoam a existência de um Deus salvador. Relator: Pedro Silva Marra Reunião de avaliação do GT GT ESTUDOS DE SOM E MÚSICA SERTANEJO, MANGUE-BIT E TCHÊMUSIC: DA PERTINÊNCIA (OU NÃO) DO CONCEITO DE CENA MUSICAL PARA GÊNEROS PERIFÉRICOS ALMICAR BEZERRA (UFPE), GUSTAVO ALONSO (UFPE) e HENRIQUE REICHELT (UFF) A partir do estudo de três gêneros musicais regionais dos anos 1990, a saber, a Tchê Music, o Sertanejo e o Mangue Beat, pretendemos avaliar a pertinência do conceito de cena musical para compreender as dinâmicas culturais de consolidação e legitimação desses gêneros em escala local e nacional. Trata-se de três gêneros que surgem à margem do eixo Rio-São Paulo incorporando tradições rurais pré-modernas, ao mesmo tempo em que assimilam influências oriundas de fluxos simbólicos globais. Percebemos que, apesar de inseridas nesses fluxos globalizados, tais manifestações musicais se estruturam enraizadas em fortes vínculos locais, o que nos leva a refletir sobre a operacionalidade do conceito de “cena musical” para designá-las Relatores: Eduardo Vicente, Marcelo Kischinhevsky e Leonardo de Marchi 109 GT ESTUDOS DE TELEVISÃO Coordenador: Maria ImmacolataVassallo de Lopes (USP) Vice-coordenador: Renato Luiz Pucci Jr. (UAM) Estúdio de RTV - FIC DIA 8 DE JUNHO A TELEVISÃO EM TRANSFORMAÇÃO... OU COMO O CONTEÚDO COLABORATIVO PODE INVADIR A TV ABERTA ROSANE SVARTMAN (UFF) De que forma o conteúdo colaborativo feito por fãs a partir do universo de um programa pode ser absorvido pela televisão aberta como parte de uma estratégia de se reinventar e se revolucionar? A partir de experiências empíricas envolvendo projetos de convergência para televisão aberta, este artigo se propõe a fazer uma reflexão sobre as novas possibilidades de renovação da televisão hegemônica em sua busca por sobrevivência e relevância na atualidade. Relator: João Damasceno Martins Ladeira PERFURABILIDADE EM SERIADOS: ESPECTADORES COMO INVESTIGADORES EM GAME OF THRONES GLAUCO MADEIRA DE TOLEDO (UAM) É traçado, em um contexto de produtos de entretenimento transmidiáticos e de redes sociais, um paralelo entre o leitor-detetive de Van Dine e de Todorov e o espectador com características de fã forense, perante uma obra com alto grau de perfurabilidade, conceito proposto por Mittell, como é o caso de Game ofThrones, série adaptada dos livros Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin. Relatora: Ariane Diniz Holzbach TARDE TELEJORNALISMO, NARRATIVAS E REPRESENTAÇÕES: UM ESTUDO SOBRE O ANIVERSÁRIO DA CIDADE DE SÃO PAULO NO SPTV FERNANDO ALBINO LEME (FIAM-FAAM) e EVICENTE WILLIAM DA SILVA DARDE (FIAM-FAAM) A proposta do artigo é identificar e compreender as estratégias discursivas adotadas pelo telejornal SPTV, da TV Globo, na construção de representações sobre a cidade de São Paulo para o público local na data de comemoração dos 462 anos da capital paulista. Quais as representações (re)construídas pelas narrativas jornalísticas acerca da cidade e sua população? Buscamos problematizar se há espaços no jornalismo para representações de valores identitários distintos e plurais. Entendemos que na rotina diária da produção jornalística há vários constrangimentos, de tempo e espaço, que acabam contribuindo para o enquadramento dessa questão de forma simplificada, atendendo ao senso comum e contribuindo para a permanência do status quo. Relator: Igor Sacramento GT ESTUDOS DE TELEVISÃO MANHÃ 113 GT ESTUDOS DE TELEVISÃO A IMAGEM EM MOVIMENTO: GOOGLE, APPLE E A TELEVISÃO POR VIR JOÃO DAMASCENO MARTINS LADEIRA (UNISINOS) A fim de compreender um traço da reorganização contemporânea da televisão, o artigo se concentra em um aspecto na elaboração de sistemas de difusão pautados pela associação entre smart TVs; smartphones-tablets; aplicativos. Atenta-se a eventos nos quais a presença de tecnologias de informação se tornam centrais ao audiovisual. Observa-se a chance de acesso a conteúdo através não de canais segmentados, como em serviços de cabo-satélite, mas por produtores diversos, difundindo material por aplicativos e passando ao largo das emissoras convencionais. Concentra-se em Apple e Google, interpretando seu envolvimento como indício da transição à lógica de controle e modulação. Analisa-se a introdução do formato por Apple, a partir de mecanismos como iPod-iPhone e iTunes, instituindo o fluxo pela associação entre equipamento e conteúdo. Concentra-se à expansão da lógica, atentando a Google, em sua tentativa de criar não equipamentos, mas softwares atuando em variados mecanismos. Relatores: João Carlos Massarolo e Dario Mesquita A PRODUÇÃO DA VÍTIMA NA TELENOVELA E NO TELEJORNALISMO LEANDRO LAGE (UFMG) A vítima se tornou, em nosso tempo, categoria social e cultural das mais relevantes, que torna problemática tanto a visibilidade pública dos sujeitos e de suas vulnerabilidades, quanto os gestos instrumentalizadores do sofrimento alheio que resultam na coisificação da vítima. O artigo, portanto, busca examinar formas de inscrição das vítimas na televisão, analisando-se a configuração narrativa da singularidade e da exemplaridade desses sujeitos. São escolhidos como exemplos balizadores das reflexões sobre a vítima personagens da novela Verdades secretas (2015) e do programa Profissão Repórter, ambos produzidos pela Rede Globo. Ao final do percurso, fica evidente a vocação da teleficção para a recriação cosmética da vítima, em contraste ao telejornalismo, confrontado pela vítima que não é indiferente à própria aparição. Relatoras: Daiana Sigiliano e Gabriela Borges DIA 9 DE JUNHO MANHÃ VÍDEO SOB DEMANDA: UMA NOVA PLATAFORMA TELEVISIVA JOÃO CARLOS MASSAROLO (UFSCAR) e DARIO MESQUITA (UFSCAR) Nos últimos anos, as empresas de tecnologias e de mídia apostaram nas funcionalidades das plataformas de vídeo sob demanda para inovar os negócios da indústria audiovisual, criando uma base de usuários que faz uso da visualização conectada para acessar conteúdo em múltiplas telas quando desejar, onde 114 A COMIDA COMO CHEF DE UM FORMATO TELEVISIVO: MASTERCHEF BRASIL VERSUS MASTERCHEF COLÔMBIA ARIANE DINIZ HOLZBACH (UFF) O objetivo deste trabalho é entender como um reality show de comida, a despeito de ser um formato televisivo e, portanto, trabalhar elementos globalizados, lida com questões locais, vinculadas ao contexto onde o programa é produzido e exibido. Para tanto, a proposta é comparar o MasterChef Brasil com o MasterChef Colômbia, veiculados em 2015, numa tentativa de compreender de que maneira as similaridades e diferenças no desenvolvimento de ambos explicita como cada versão do reality show estrutura a relação entre o global e o local. A análise enfatiza três perspectivas: a identidade dos jurados, a origem geográfica e social dos competidores e a maneira como os programas lidam com a alimentação. Como premissa, considera-se que a comida, quando explorada midiaticamente, evoca elementos vinculados à cultura globalizada e, simultaneamente, à identidade do local onde se desenvolve. Relatores: Carlos Eduardo Marquioni e Fernando Andacht O DIÁLOGO ENTRE A COMPLEXIDADE NARRATIVA E A SOCIAL TV NO PROJETO XFREWATCH DA SÉRIE THE X- FILES DAIANA SIGILIANO (UFJF) e GABRIELA BORGES (FJF) Conceituada por Mittell (2012,2015) a complexidade narrativa tem como característica central a alternância entre a fruição episódica e a seriada. O modelo de storytelling teve início em 1990 e se estende até hoje, abrangendo os canais estadunidenses abertos e segmentados. Exibida pela emissora Fox, a série The XFiles alterna entre episódios com arco narrativo prolongado, que são focados na mitologia da trama, e episódios isolados, tais como o monstro da semana. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é refletir sobre os aspectos da complexidade narrativa presentes nos comentários postados no Twitter durante o XFRewatch. Lançado pelo fã clube The X-Files News, o projeto dialoga com a Social TV ao estimular os fãs da série a compartilharem em tempo real suas impressões sobre os episódios no microblogging, resgatando e potencializando a ritualização e a socialização em torno do conteúdo televisivo. Relator: Glauco Madeira de Toledo GT ESTUDOS DE TELEVISÃO desejar e como desejar. Neste artigo, pretende-se analisar as mudanças no mercado e na experiência de consumo audiovisual provocadas pela abertura de novos canais de distribuição online, a partir da convergência das empresas de tecnologia e de mídia, procurando entender os serviços de vídeo sob encomenda como uma nova plataforma televisiva, entre outas formas de distribuição de conteúdo audiovisual, especialmente no atual cenário midiático brasileiro. Relatora: Rosane Svartman 115 GT ESTUDOS DE TELEVISÃO TARDE CONVERSANDO COM A COMIDA: MASTERCHEF E O SOLILÓQUIO COMO ACESSO PRIVILEGIADO À AUTENTICIDADE CARLOS EDUARDO MARQUIONI (UTP) e FERNANDO ANDACHT (UTP) O artigo propõe uma análise e uma contextualização histórica dos componentes da franquia televisual de competição gastronômica MasterChef enquanto um híbrido entre reality show e talent show. Complementarmente à revelação da competência culinária dos participantes (talent), o público tem acesso ao que consideraria como as emoções autênticas dos aspirantes a chef (reality), à sua intimidade, através do uso recorrente, na economia narrativa do programa, de uma forma de fala pouco natural no cotidiano: o solilóquio. Realizando uma recuperação histórica dessa classe de monólogo na literatura e no teatro, é apresentada uma tentativa de compreensão de como se dá o fenômeno que os autores defendem como o efeito de autenticidade em MasterChef. São analisadas cinco variantes de solilóquio na franquia, a partir de episódios das edições brasileira, argentina e estadunidense do programa. Relatores: Fernando Albino Leme e Vicente William da Silva Darde A FORMATAÇÃO TELEVISIVA DE EXPERIÊNCIAS TRAUMÁTICAS: UMA ANÁLISE DO PROGRAMA ENCONTRO COM FÁTIMA BERNARDES IGOR SACRAMENTO (LACES/ICICT/FIOCRUZ) Este trabalho analisa a formatação televisiva de experiências traumáticas no programa Encontro com Fátima Bernardes entre 2012 e 2015, demonstrando: 1.º) o que está em jogo na ampliação da definição de trauma e na classificação de determinadas experiências ordinárias de sofrimento como traumáticas; 2.º) de que maneira o formato do programa atribui teor testemunhal a relatos pessoais de sofrimento; e 3.º) como se dão as articulações do formato do talk show com o discurso terapêutico contemporâneo. A fala sobre si nesse programa reinscreve o deslocamento do problema individual ao coletivo pelo clamor de representação por meio de voz, corpo e presença que se tornam midiaticamente públicos por exemplificarem os desígnios atuais de autoestima, empoderamento e superação num clima de leveza, informalidade e descontração. Nesse sentido, o trauma é menos o que interdita uma cadeia representacional de acontecimentos passados do que aquilo que se supera. Relator: Leandro Lage Reunião de avaliação do GT 116 GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS Coordenadora: Ana Taís Martins Portanova Barros (UFRGS) Vice-coordenadora: Rose de Melo Rocha (ESPM) Magnífica-Mundi - FIC DIA 08 DE JUNHO A IDEIA DE SAÚDE IMAGINÁRIA NO REALITY SHOW DE REPROGRAMAÇÃO CORPORAL, UMA ANÁLISE DE MEDIDA CERTA E ALÉM DO PESO CRISTINA TEIXEIRA VIEIRA DE MELLO (UFPE) e PATRÍCIA MONTEIRO CRUZ MENDES (UFPE) O artigo busca compreender como o imaginário midiático utiliza a associação entre cuidados com o corpo e responsabilização dos indivíduos para produzir uma ideia de saúde atrelada à aparência, chamada aqui de “saúde imaginária”. Utiliza-se o conceito de biopolítica e as teorias do imaginário para o estudo do material empírico: os reality shows “Medida Certa” e “Além do Peso”, veiculados pela TV Globo e TV Record, respectivamente. Propõe-se um modelo de análise centrado em três categorias: 1) corpo sem formas, baseado no imaginário social sobre os riscos da gordura/sedentarismo à saúde; 2) modelagem midiática dos corpos, enfatizando os esforços em busca dos pesos e medidas da saúde imaginária; e 3) corpo prêt-à-porter, destinado à apresentação de um corpo-imagem pronto para exposição/consumo. Relatora: Louise Ferreira Carvalho FRONTEIRAS IMPURAS: MONSTRO, LIMITE E A FABRICAÇÃO DA ALTERIDADE EM WHERE THE WILD THINGS ARE JOÃO VICTOR DE SOUSA CAVALCANTE (UFC) O artigo se dedica a analisar a obra do escritor e ilustrador Maurice Sendak, notadamente o livro Wherethe Wild Things Are (1963). Interessa-nos discutir, a partir das ilustrações de Sendak, as figurações da monstruosidade e pensar os monstros como elementos de intersecção cultural e sígnica. Como habitantes das fronteiras, os monstros passam a ser corpos limítrofes, pelos quais os signos se deslocam dinamicamente e são ressignificados e transformados. Percebemos isso no contato entre herói e monstro que ocorre em Wherethe Wild Things Are: o herói Max transporta-se para uma zona fronteiriça onde disputa questões relacionadas à alteridade, às delimitações culturais de si e do outro, vivenciadas, sobretudo no hibridismo dos corpos e num duplo processo em que o monstro é humanizado e o humano bestializa-se. Nossas discussões travam encontram suporte na noção de fronteira, elaborada pela Semiótica da Cultura, e de limite, desenvolvida pelo filósofo Eugénio Trias. Relatora: Florence Dravet GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS MANHÃ 119 GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS TARDE 120 IMAGENS- MEMÓRIA: DOCUMENTÁRIOS-HOMENAGEM, AUTOBIOGRÁFICOS E BIOPICS DENIZE CORREA ARAUJO (UTP) Este estudo contempla imagens que constroem memórias em três tipos de documentários que seguem a concepção de John Grierson sobre o documentário como “o tratamento criativo da realidade”. Pertencem ao corpus desta pesquisa os filmes Elena, de Petra Costa (Brasil, 2012), As Praias de Agnès, de AgnèsVarda (França, 2008) e Steve Jobs, de Danny Boyle (USA, 2015), documentários recentes com concepções diversas que sugerem novos enfoques ao gênero. A pesquisa objetiva analisar a questão da construção de imagens- memória que cada tipo de documentário elabora, enfocando a subjetividade da factualidade retratada, tendo Beatriz Sarlo, Pierre Nora e Maurice Halbwachs como referenciais teóricos. O segundo objetivo é dialogar com as noções de documentário de Manuela Penafria, Bill Nichols e Arlindo Machado, sugerindo novas terminologias para o corpus em questão. O referencial teórico inclui teóricos como Jacques Derrida, Guy Debord, Jean Baudrillard, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Relatores: Rosana Maria Ribeiro Borges e Eguimar Felício Chaveiro O CORPO MALDITO: A INUSITADA POTÊNCIA DO IMAGINÁRIO DA DECAPITAÇÃO LOUISE FERREIRA CARVALHO (UFRJ) Partindo das reflexões de alguns filósofos, sobretudo Georges Bataille, Friedrich Nietzsche e Gilles Deleuze, este artigo ensaístico objetiva explorar o imaginário da decapitação na filosofia, arte e literatura modernas e seus desdobramentos no mundo contemporâneo. Em um primeiro movimento, investiga a relação entre o Acéfalo batailleano e o corpo monstruoso, pautada sobretudo na transgressão do antropomorfismo divino e na potência excessiva possibilitada pela ausência da cabeça. Em seguida, traça uma breve genealogia do motivo da “perda da cabeça” no Ocidente, elegendo algumas obras da cultura letrada que sinalizam a emergência desse imaginário. Ao final, aposta-se na ideia de que a supremacia da cabeça tem seu retorno triunfal no mundo contemporâneo, diante da tendência de se reduzir o “eu” ao cérebro e à materialidade bioquímica do corpo, ao mesmo tempo que a corporeidade mesma passa a ser crescentemente condenada como a parte maldita. Relatores: Carlos Alberto Orellana Gonçalvez e Ada Cristina Machado da Silveira DIA 09 DE JUNHO MANHÃ O SIMBOLISMO DO CENTRO, O MITO DO INFILTRADO E O MITO DO GOLPE DE ESTADO POSITIVO: DO DOCUMENTÁRIO HISTÓRICO AO IMAGINÁRIO ANTROPOLÓGICO DO REGIME MILITAR BRASILEIRO DANILO FANTINEL (UFRGS) A partir dos anos 2000, com a aproximação das cinco décadas do golpe civil-militar que instaurou a ditadura no Brasil em 1o de abril 1964, o regime autoritário se firmou como tema de pesquisas acadêmicas e de produtos culturais ou midiáticos. Na tentativa de observar os conteúdos arquetípicos e simbólicos da ditadura brasileira estimulados por seis filmes documentários nacionais, elegemos os Estudos do Imaginário como heurística apropri à dissertação de mestrado que deu origem a este primeiro artigo sobre o assunto. Aqui, buscamos revelar as imagens, os símbolos e as narrativas míticas relativas aos momentos iniciais do governo João Goulart até o golpe que o tirou da Presidência da República. Para a realização da pesquisa, damos atenção a noções teóricas oferecidas por Carl Gustav Jung, Mircea Eliade, Gaston Bachelard e Gilbert Durand, utilizando a mitocrítica como procedimento metodológico esclarecedor da carga simbólica oculta sob camadas fílmicas documentais. Relatora: Denize Correa Araujo GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS IMAGINÁRIOS DO EXCESSO E SEDUÇÃO DO ARTIFÍCIO: HIPER-MULHERES E SEUS PARAÍSOS INFERNAIS ROSE DE MELO ROCHA (ESPM/SP) Questionando os sentidos da experiência do excesso e do recurso ao artifício nas sociedades midiáticas e discursivas, o artigo propõe pensá-los a partir das ambivalências destas noções e das práticas que a elas se articulam. O objeto empírico que medeia à análise são os processos de auto-construção e consumo de figuras femininas célebres, denominadas hiper-mulheres, que têm seu corpoimagem como negócio. Relator: João Victor de Sousa Cavalcante O IMAGINÁRIO TELÚRICO NAS IMAGENS DA TRAGÉDIA DE MARIANA CARLOS ALBERTO ORELLANA GONÇALVEZ (UFSM) e ADA CRISTINA MACHADO DA SILVEIRA (UFSM) O texto detém-se na análise dos aspectos míticos presentes na cobertura jornalística sobre a destruição ocorrida cidade de Mariana, Estado de Minas Gerais. Na análise perfilam-se duas hermenêuticas acerca da narrativa sobre o Profeta Jonas com vistas a produzir uma aproximação com a significação plasmada 121 GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS 122 na narratividade midiática. Abordamos a inscrição do mito como facilitador da abordagem da cobertura à luz dos mitemas telúricos no Brasil, ocupados do simbolismo da lama e da poética da terra na deglutição de Jonas pela baleia. Igualmente abordamos a critica da obra fotográfica de Sebastião Salgado centrados nas questões da morte e da destruição da vida na bacia do Rio Doce. A análise aponta que a lama no sentido mítico sintetiza os valores pelos quais o discurso jornalístico pode ser tomado e tratado como moção social ligada ao desenvolvimento retilíneo e crescente, proveniente da tradição iluminista. Relatoras: Juliana Tonin e Larissa Azubel IMAGINÁRIO ENTRE CORPO E LINGUAGEM – PROBLEMATIZAÇÃO DO FENÔMENO DA INCORPORAÇÃO NO BRASIL FLORENCE MARIE DRAVET (UCB) O presente trabalho visa explorar a noção de “incorporação” como fenômeno mediúnico brasileiro, relacionando-a com as concepções acadêmicas clássicas de transe, êxtase e possessão, especificando-a e identificando suas particularidades. Após uma revisão conceitual, partimos para a observação do fenômeno brasileiro in loco, em uma observação etnográfica que nos permite identificar a incorporação mediúnica como um processo de alteridade/identidade. Partindo da hipótese segundo a qual o imaginário seria responsável pela mediação entre a sensação física e a linguagem, colocamos as bases para um pensamento- corpo e concluímos, ainda que provisoriamente, que o imaginário pode ser objeto da terceira ciência, esta que poderia dar conta do terceiro incluído entre corpo e mente, entre corpo e espírito; a responsável pela relação com a alteridade em nós e fora de nós. Relatora: Rose de Melo Rocha TARDE NAS REPRESENTAÇÕES, IMAGENS E IMAGINÁRIOS JULIANA TONIN (PUC-RS) e LARISSA AZUBEL (PUC-RS) O presente artigo tem por objetivo pensar a relação entre imagens, representações e imaginários. As imagens podem alimentar representações que definem imaginários. Os imaginários são bacias semânticas de onde jorram representações em forma de imagens. Imagens, imaginários e representações se retroalimentam, se interpenetram, se confundem; são senhas sem as quais não se pode pensar a comunicação, mesmo a vida em sociedade. Para refletir sobre as relações complexas entre tais noções, neste estudo trabalhou-se com o aporte teórico de Georg Simmel, Serge Moscovici, Gilbert Durand e Michel Maffesoli, numa perspectiva compreensiva. Relator: Danilo Fantinel Reunião de avaliação do GT GT IMAGEM E IMAGINÁRIOS MIDIÁTICOS A IMAGEM FOTOGRÁFICA E O ESPAÇO CONTEMPORÂNEO: PARA ATRAVESSAR OS ESPELHOS ROSANA MARIA RIBEIRO BORGES (UFG) e EGUIMAR FELÍCIO CHAVEIRO (UFG) A popularização da fotografia e a sua conexão com vários meios é uma marca das chamadas sociedades de controle. Ao apresentar diferentes imagens do espaço contemporâneo, a fotografia tem a capacidade de revelá-lo e de ocultá-lo, gerando uma ambiguidade tensionadora naquele que frui, lê e significa as imagens. Com o objetivo de refletir o modo pelo qual a imagem fotográfica pode ser identificada como expressão, composição e meio e, assim, permitir que o sujeito contemporâneo contorne a sua ação no espaço por meio de dois movimentos ontológicos, ver e ser visto, elaborou-se a seguinte interrogação: a tarefa humana central de pensar, posicionar-se e compor a trama do discurso tornou-se menos importante que outrora, levando o sujeito contemporâneo a acessar os móveis que alimentam a sociabilidade atual marcada pelo consumo, performance e espetáculo? Inspirou-se numa concepção totalizante da imagem fotográfica e do seu vínculo com a história e com o espaço, bem como se tratou de esmiuçar o procedimento da sondagem percepcional, a leitura de documentos e a construção de sínteses de interpretações feitas por autores de diversos campos científicos. Sintetizou-se que os vários sentidos da imagem fotográfica ancoram num desafio cognitivo crucial: construir representações do espaço contemporâneo. Relatoras: Cristina Teixeira Vieira de Mello e Patrícia Monteiro Cruz Mendes 123 GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS Coordenação: Herom Vargas (UMESP) Vice-coordenação: Barbara Heller (UNIP) Sala JOR01 - Labicom DIA 08 DE JUNHO MEMÓRIAS E MATRIZES EM TEXTOS MIDIÁTICOS EXPLOSIVOS: CENAS MEDIEVALISTAS NA CULTURA JOVEM MÔNICA REBECCA FERRARI NUNES (ESPM-SP) Este artigo apresenta resultados parciais obtidos com a pesquisa Comunicação, consumo e memória: da cena cosplay a outras teatralidades juvenis (Chamada MCTI/CNPq/MEC/CAPES N. 22/2014 –Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas) junto ao PPGCOM-ESPM. Investigam-se as cenas medievalistas em coletivos jovens de São Paulo e Rio de Janeiro com base nas postulações de I. Lotman sobre o desenvolvimento da cultura, compreendendo-a como memória, e os processos graduais e explosivos que a acompanham. O objetivo é deslindar a constituição destas cenas que evidenciam a presença de textos midiáticos e suas matrizes. Espera-se demonstrar a tessitura da memória tramada nestes coletivos que teatralizam valores e rituais de um medievo possível. Relator: Mozahir Salomão Bruck VELHICE E ESQUECIMENTO: O MAL DO ALZHEIMER NOS RELATOS MIDIÁTICOS ANA PAULA GOULART RIBEIRO (UFRJ) Nas últimas décadas, mudaram os sentidos sociais da velhice, sobretudo no que se refere à relação com a memória. De guardião das lembranças, o idoso passou a ser, cada vez mais, percebido como um ser do esquecimento, que sofre de patologia ou disfunção grave. A associação da sua figura a doenças como o Alzheimer é um exemplo disso. O medo e a angústia que envolvem esse tipo de distúrbio geram, nas mídias, um conjunto significativo de relatos, que este trabalho busca analisar. Relatora: Irene de Araújo Machado GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS MANHÃ TARDE DESLIZAMENTOS DAS MÍDIAS: TEXTOS DE MEMÓRIA, LIVRO DE HISTÓRIA E NARRATIVA DE HISTÓRIA DE VIDA EM INGRID, UMA HISTÓRIA DE EXÍLIOS PRISCILA F. PERAZZO (USCS) e BARBARA HELLER (UNIP) Investigamos nesse artigo como as memórias transitam de uma mídia a outra, partindo, em ordem cronológica, do texto da memória (manuscritos e relatos orais), de Ingrid Koster, para o texto do livro Ingrid, uma história de exílios, uma publicação editorial de 2010. Temos como objetivo verificar adaptações, silen- 127 GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS ciamentos, acréscimos na construção dos textos da memória no livro, diante das diferentes formas de produção das mídias. Mostramos que as memórias e seus suportes midiáticos, cada vez mais deslizantes, são atravessados por esses acréscimos (imaginados e documentados) e, por supressões (de natureza emocional e política). Produtos midiáticos têm sido cada vez mais hibridizados, uma vez que as fronteiras que os separam encontram-se cada vez mais esgarçadas na sociedade contemporânea. Lucia Santaella, com “cultura midiática” e “deslizamentos”, Beatriz Sarlo, com “memória” e “testemunha”, Walter Benjamin, com “narrativa e cura” dão sustentação teórica à análise. Relatora:Ana Paula Goulart Ribeiro 128 ENTRE O DIÁRIO DE EXÍLIO E OS FILMES-DIÁRIO: UMA ANÁLISE SOBRE A REMEMORAÇÃO NA OBRA DE JONAS MEKAS RAFAEL ROSINATO VALLES (PUC-RS) Neste trabalho pretendemos refletir sobre como a construção do processo de rememoração se opera no diário de exílio e nos filmes-diário do cineasta Jonas Mekas. Como objeto de estudo, será analisado o filme-diário Reminiscencesof a Journey to Lithuania, por entender que esta obra sintetiza a importância da memória nas escolhas narrativas do cineasta. Relatora: Mônica Rebecca Ferrari Nunes A RECICLAGEM DE FILMES DOMÉSTICOS NO DOCUMENTÁRIO: UMA ANÁLISE DAS IMAGENS DA MEMÓRIA NOS FILMES “ELENA” E “OS DIAS COM ELE” ANA CLARA CAMPOS DOS SANTOS (UFJF) e CHRISTINA FERRAZ MUSSE (UFJF) Na contemporaneidade, a percepção de um tempo que flui rapidamente parece criar a necessidade de narrativas que organizem e deem significado ao mundo e à própria existência individual. Assim, o processo de reconstituiçãoda memória familiar funciona como uma referência para o sujeito, ressignificando o presente. Neste artigo vamos verificar como se dá a exibição de cenas da vida íntima familiar nos filmes domésticos e quais são os efeitos causados na narrativa cinematográfica, quando esses arquivos audiovisuais são “reciclados” no tempo presente. Para analisar a relação entre memória e identidade, utilizamos autores como Andreas Huyssen, Beatriz Sarlo e Zygmunt Bauman; para investigar as narrativas autobiográficas e os filmes domésticos, trabalhamos com Philippe Lejeune, Roger Odin e Efrén Cuevas Álvarez, entre outros autores. Para nossa análise empírica, estudamos os documentários autobiográficos “Elena” (Petra Costa, 2012) e “Os dias com ele” (Maria Clara Escobar, 2013). Relator: Rafael R. Valles DIA 09 DE JUNHO MEMÓRIA DA CULTURA EM ESPAÇOS DE RELAÇÕES DIALÓGICAS: O CASO DO CINEMA POLÍTICO IRENE DE ARAÚJO MACHADO (USP) Discutir o papel controvertido das relações dialógicas em sistemas comunicacionais a partir da dinâmica da memória dialógica da cultura é o desafio a ser enfrentado nesse estudo cuja demanda emerge numa situação específica: as relações dialógicas do discurso audiovisual, particularmente aquele desenvolvido no cinema. Para examinar a propriedade de nossa hipótese, adotou-se o método comparativo de análise de cinematografias em que as relações dialógicas do discurso têm sido consideradas prioritariamente no âmbito da dominante verbal, caso das cinematografias que abrigam as realizações do cinema político que aqui será particularizado pela análise de filmes produzidos no Brasil após a instalação do regime militar no ano de 1964. Espera-se, assim, compreender o caráter discursivo da semiose audiovisual no contracampo do ambiente histórico do não-dito que mobilizou relações dialógicas que marcaram a criação na esfera cinético-audiovisual. Relatores: Bruno Souza Leal e Phellipy Pereira Jácome A REVISTA PAZ E TERRA: UM LUGAR DE MEMÓRIA DA COMUNICAÇÃO RELIGIOSA NO BRASIL AUTORA: MAGALI DO NASCIMENTO CUNHA (UMESP) Este trabalho aprofunda a pesquisa exploratória, apresentada a este GT em 2015, que buscou identificar produções midiáticas de contra-informação desenvolvidas durante a ditadura civil-militar no Brasil por grupos religiosos. O estudo aqui apresentado tem por objetivo examinar a relevância de uma dessas produções, a revista Paz e Terra, publicada pela Editora Civilização Brasileira nos anos 1960, como iniciativa ímpar no campo da comunicação religiosa, ecumênica e política. A fim de se responder à questão-problema “qual o lugar da revista Paz e Terra na memória das produções midiáticas religiosas no Brasil?” são tomadas por base teorias sobre “suportes da memória” e “lugares de memória”. A articulação entre a narrativa da memória de Paz e Terra e um estudo descritivo do conteúdo dos dez exemplares publicados, que forma a metodologia da pesquisa empregada, foi feita com base no acervo da revista, em pesquisa documental, em depoimentos de personagens envolvidas e em obras sobre a Editora Civilização Brasileira, sobre o editor Ênio Silveira, sobre as lideranças evangélicas criadoras do projeto e sobre a própria Paz e Terra. Relatoras: Ana Clara Campos dos Santos e Christina Ferraz Musse GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS MANHÃ 129 GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS 130 MEMÓRIA E ESQUECIMENTO NA CNV: UM ESTUDO SOBRE A (RES) SIGNIFICAÇÃO DA DITADURA FERNANDA NALON SANGLARD (UERJ) e TERESA NEVES (UFJF) O artigo reflete sobre a revisão de um trauma histórico brasileiro: a ditadura militar. Tendo como perspectiva o campo da comunicação e como respaldo teórico as discussões sobre memória e esquecimento, toma-se como ponto de partida da análise uma política pública recente: a Comissão Nacional da Verdade (CNV). Instituída em 2012 para investigar os casos graves de violações de direitos humanas ocorridos especialmente no período da ditadura militar, a CNV encerrou seus trabalhos em 2014, com a divulgação de um relatório. Este relatório, e a cobertura jornalística conferida a ele, servem de instrumentos para questionar como o Brasil tem trabalhado as (res)significações da ditadura na contemporaneidade. Relatora:Magali do Nascimento Cunha TARDE ESSE COQUEIRO QUE DÁ COCO: AGENCIAMENTOS DA MEMÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA COMO MODO DE COMPREENSÃO DA VIDA SOCIAL MOZAHIR SALOMÃO BRUCK (PUC-MG) O artigo propõe reflexões sobre formas de agenciamento da memória da música brasileira como modo de compreensão da vida social, a partir da análise de quatro livros que se dedicam à história da MPB. A aproximação das obras Chega de Saudade e A noite do meu bem (Ruy Castro), Eu não sou cachorro, não (Paulo César de Araújo) e Cowboys do Asfalto (Gustavo Alonso) busca perceber como tais autores articulam aspectos da memória social, enredando um diversificado leque de fontes documentais, em especial, entrevistas realizadas por eles mesmos, compondo um rico mosaico em que o passado – capturado por meio de versões e percepções – é tensionado por narrativas outras, agora do presente, num jogo de readequações e (re)inscrições. Entre os operadores conceituais convocados para este texto, destacamos as noções de memória social, as relações entre memória e identidade social (Pollack, 1992), memória coletiva (Le Goff, 2013) e as distinções sobre a memória assinaladas por Halbwachs (2006). Relatoras: Fernanda Nalon Sanglard e Teresa Neves Reunião de avaliação do GT GT MEMÓRIA NAS MÍDIAS MUDAR PARA PERMANECER O MESMO: MARCAS DE UM DISCURSO DE AUTOLEGITIMAÇÃO AO LONGO DA HISTÓRIA BRUNO SOUZA LEAL (UFMG) e PHELLIPY PEREIRA JÁCOME (UFMG) Relatoras: Priscila Este artigo busca caracterizar indícios do discurso de autolegitimação de mídias informativas e as relações que ele estabelece com a historicidade e demais dimensões temporais presentes no jornalismo. Nesse esforço de caracterização, recupera-se um conjunto de falas institucionais de agentes jornalísticos brasileiros sobre si mesmos, especialmente aquelas vinculadas às reformas editoriais e processos de modernização de jornais e outros produtos. A hipótese é de que há, nesse discurso de autolegitimação, uma simplificação da historicidade dos fenômenos jornalísticos, na medida em que se baseia na (re) afirmação dos mesmos valores e princípios ao longo da história. Relatores: F. Perazzo e Barbara Heller 131 GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO Coordenação: Kleber Mendonça (UFF) Vice-Coordenação: Isaltina Gomes (UFPE) Sala 37 1º Piso - FIC MANHÃ EM REVISTA: INTERAÇÃO, MODA E MODOS DE VIDA BRASILEIROS ANA CLAUDIA M. A. DE OLIVEIRA (PUCSP) e MARIANA BRAGA(PUCSP) As revistas Fon-Fon, O Cruzeiro e Manchete atravessam o século XX, trazendo na composição das páginas anúncios diversos, a partir dos quais retraçamos os modos de vida implementados no social. Essa mídia e seus destinadores configuram nos enunciados do corpo-revista programações prescritivas que são lançadas para serem seguidas, apoiadas em estratégias que se articulam ao fazer sentir as promessas no e pelo corpo do leitor. Essa complexa triangulação de regimes de sentido e procedimentos interacionais, à luz da semiótica francesa, é explorada na análise de como os corpos (re) vestidos são capazes de modelar hábitos, vestes e corpos dos destinatários, assim como do que leva esses corpos vestidos a assumir modos de vida propagadores dos produtos e marcas da indústria brasileira. Esse assumir faz o sujeito-leitor ser pelo ter: consumir a mídia impressa e suas proposições são ensinamentos prescritivos de como viver sentindo-se de seu tempo pela moda e pelos modos de vida adotados. Relatores: Maria Ângela Mattos, Ellen Barros, Lidiane Ferreira Sant’Ana, Lílian Bahia e Max Emiliano Oliveira A LINGUAGEM SINCRÉTICA DOS PORTAIS DE NOTÍCIAS: UM ESTUDO SOBRE OS REGIMES DE VISIBILIDADE DO JORNALISMO ON-LINE GABRIELA PAVANATO SARDINHA (UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO) O objetivo deste trabalho é voltar o olhar para a linguagem sincrética em portais de notícias, mais especificamente, para os regimes de visibilidade desse ambiente que abriga o jornalismo- on-line. A análise situa-se na forma de se dar a ver desse espaço virtual, como um campo que se constitui a partir de mosaicos que enunciam intencionalidades. Debate questões como a cromaticidade e a topologia desses ambientes virtuais, bem como as relações entre que aquele que se mostra e aquele que vê. Assim, busca estabelecer as estratégias de manipulação que definem a relação entre destinador e destinatário. Como processo metodológico, fundamenta-se na semiótica discursiva, especialmente, no estudo dos objetos sincréticos. Relatores: Luciana Miranda Costa e Bruno Monte de Assis GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO DIA 08 DE JUNHO 135 GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO 136 TARDE VIELAS DE SENTIDO: DISCURSO E IMAGINÁRIO NA COBERTURA DO GLOBO SOBRE A “OCUPAÇÃO” DO ALEMÃO WEDENCLEY ALVES SANTANA (UFJF) e CÍCERO COSTA VILLELA (UFJF) O presente trabalho se insere no contexto de uma pesquisa que pretende fazer uma cartografia dos discursos sobre as favelas. Nesse sentido, a partir da perspectiva da Análise de Discurso, busca-se analisar matérias sobre o acontecimento discursivo em que se constituiu a chamada “pacificação do Alemão”. Intenta-se compreender o papel do jornalismo na construção imaginária e simbólica do espaço urbano enquanto destituído de heterogeneidade. Para isso recorre-se ao jornal “O Globo” e ao arquivo de reportagens sobre o dia seguinte da ocupação do Complexo do Alemão. Parte-se do pressuposto de que ao narrar o espaço urbano, a mídia também situa e contribui para a construção de sentidos e sujeitos passíveis de serem encontrados em determinados ambientes, mas que, hipótese central, é também marcada por uma certa heterogeneidade. Relatoras: Kati Caetano e Sandra Fischer TATUAGENS E HISTÓRIAS DE VIDA: O PERSONAGEM NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE JOÃO BATISTA FREITAS CARDOSO (USCS) Quando alguém faz uma tatuagem, geralmente, pretende preservar a memória de algo que considera importante. A prática de tatuar personagens de histórias em quadrinhos ou desenhos animados, ainda que não seja muito comum, revela um modo de expressão de um grupo específico. Tendo esses pressupostos, o presente texto visa discutir como o portador de tatuagem de personagem faz uso desse tipo de signo para narrar suas histórias e construir sua identidade. Para isso, identificamos traços comuns no comportamento dos portadores desse tipo de tatuagem e verificamos como eles fazem uso dos personagens para narrar suas histórias. A pesquisa utilizou técnica de revisão bibliográfica, análise documental e entrevista em profundidade. Verificamos que, ainda que os entrevistados compartilhem o mesmo interesse pelo tema, existem diferentes formas de uso dos personagens como tatuagens e essas formas são definidas em razão da história que se deseja contar. Relatores: Wedencley Alves Santana e Cícero Costa Villela PROCESSOS DE MIDIATIZAÇÃO E FORMAS DE VIDA: HUMANOS, ROBÔS E HISTÓRIAS DE PAIXÃO KATI CAETANO (UTP) e SANDRA FISCHER (UTP) O texto tem o propósito de examinar os modos como o envolvimento afetivo entre homens e máquinas vêm sendo discutidos em produtos culturais mi- DIA 09 DE JUNHO MANHÃ TV SOCIAL, PRÁTICAS INTERACIONAIS E MODOS DE PRESENÇA: CONTRIBUIÇÃO PARA A DELIMITAÇÃO DO CONCEITO YVANA FECHINE (UFPE) A denominação “TV Social” vem sendo empregada para designar um conjunto variado de fenômenos que envolve, genericamente, comentários sobre conteúdos televisivos por meio de redes sociais digitais. É preciso, no entanto, caracterizar e delimitar melhor este conceito frente aos distintos modos de articulação entre Televisão e Internet e às diferentes manifestações da cultura participativa no ambiente de convergência. Propomo-nos, neste artigo, a tratar a TV Social como uma prática interacional fundada numa conversação em rede e em ato em torno de conteúdos televisivos por meio de plataformas/tecnologias interativas, atreladas a estratégias das indústrias televisiva e/ou de desenvolvimento de softwares, capazes de proporcionar a experiência de assistir junto a algo, a partir de um modo de presença produzido pelo compartilhamento desses conteúdos em uma mesma temporalidade. Relatoras: Ana Claudia M. A. de Oliveira (PUCSP) e Mariana Braga(PUCSP) AUDIOVISUAL PANORÂMICO PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS: RECONFIGURAÇÕES EM TELA, IMERSÃO E INSTÂNCIA NARRADORA ANA SILVIA MÉDOLA (UNESP) e BRUNO JARETA DE OLIVEIRA (UNESP) O presente trabalho tem o propósito de analisar as lógicas de linearidade e práticas de fruição e interação inauguradas nos textos audiovisuais em vídeos panorâmicos para dispositivos móveis. Considerando ser este objeto um sistema de significação, o constructo teórico da semiótica discursiva subsidia o fazer analítico, notadamente sobre as estratégias enunciativas voltadas à produção de efeitos de sentido de imersão e participação do enunciatário no consumo destes GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO diáticos, visando a identificar e analisar as diferenças entre tais apropriações, e, sobretudo, suas consequentes transformações em formas de vida que legitimam ou polemizam esse fenômeno de sensibilização nos processos de midiatização em que se materializam. Para tanto, são abordados filmes, séries televisivas e matérias jornalísticas, com o intuito de perceber a passagem do debate da esfera da ficção para o micro-universo da informação e da opinião pública, momento que o estatuto de ficção-científica adentra a ambiência midiática jornalística como forma de vida atualizada. Relatores: Ana Silvia Médola e Bruno Jareta de Oliveira 137 GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO 138 vídeos, denominados também como esférico, 360o, omnidirecional e surrounded. Como resultado, observou-se a relevância da aspectualização espacial nos arranjos enunciativos que regem a “montagem” produzida pelo enunciatário, a partir do conjunto de possibilidades oferecidas em ambiente visual navegável. Relatora: Yvana Fechine REGIMES DE INTERAÇÃO NO VIDEOCLIPE INTERATIVO: UMA ABORDAGEM SOCIOSSEMIÓTICA DESSE FENÔMENO CARLOS HENRIQUE SABINO CALDAS (UNESP) O objetivo deste artigo é entender as mudanças nas relações de comunicação e formas de consumo do videoclipe em novos formatos, pautados pelos conteúdos interativos, possibilitados pelas tecnologias digitais das mídias contemporâneas. Para constituição do corpus, foram selecionados três projetos de videoclipe interativo desenvolvidos pelo diretor Chris Milk em parceria com a Google Data Arts, The Johnny Cash Project, The Wilderness Downtown e Three Dreamsof Black. O referencial teórico-metodológico utilizado baseia-se nos estudos de Eric Landowski com a sociossemiótica, em especial os regimes de interação e sentido. Relatora: Gabriela Pavanato Sardinha TARDE INTERAÇÕES SOCIAIS E DINÂMICAS COMUNICACIONAIS NOS GAMES LUCIANA MIRANDA COSTA (UFRN/UFPA) e BRUNO MONTE DE ASSIS (UFPA) Este artigo tem como principal objetivo refletir sobre as práticas interacionais desenvolvidas nos games, tendo como objeto empírico, o jogo Brasil Ragnarök Online-BRO. Uma das principais motivações referentes ao ato de jogar é a interação entre jogadores mediada pelos games (jogo como atividade social), o que evidencia o caráter comunicativo do jogo a partir das ações dos jogadores. Nossa proposta busca compreender as potencialidades das ações dos jogadores quando em interação com o jogo, como processos modificadores em diferentes gradações na experiência com o produto midiático. BRO possibilita a interação entre os jogadores e destes com o mundo virtual, transformando-o e transformando-se, de modo que ambos são agentes mediadores, fazendo emergir novas práticas culturais permeadas por essas interações, tanto nos ambientes virtuais, quanto nos presenciais. Relator: Carlos Henrique Sabino Caldas Reunião de avaliação do GT GT PRÁTICAS INTERACIONAIS E LINGUAGENS NA COMUNICAÇÃO INTERAÇÕES COMUNICACIONAIS E/OU MIDIATIZADAS NOS ESTUDOS DE RECEPÇÃO MARIA ÂNGELA MATTOS (PUC MINAS), ELLEN BARROS (PUC MINAS), LIDIANE FERREIRA SANT’ANA (PUC MINAS), LÍLIAN BAHIA (METODISTA SÃO BERNARDO DO CAMPO) e MAX EMILIANO OLIVEIRA (PUC MINAS) A fim de desvendar o que há de interacional nos papers apresentados na Compós, no período de 2001 a 2010, este trabalho apresenta uma análise piloto do GT de Recepção – o mais representativo do corpus global da metapesquisa desenvolvida pelo grupo “Campo Comunicacional e suas Interfaces” (CNPq). Ao acionar a Análise de Conteúdo, cinco matrizes teóricas emergiram dos 40 textos que abordam a interação comunicacional e/ou midiatizada, a saber: Matriz Comunicacional, Culturalista, Sociológica, Literária e Matrizes Híbridas. Um dos achados diz respeito à construção do capital teórico das interações a partir da dimensão empírica. Conjugando empiria à perspectiva comunicacional dos articulistas em interseção com referenciais diversos, alcançou-se uma visão abrangente e complexa dos processos interacionais. Em última instância, tal cenário constitui uma abordagem contemporânea do próprio campo da Comunicação. Relator: João Batista Freitas Cardoso 139 GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO MIDIÁTICOS Coordenador: ROSELI FIGARO (USP) Vice-coordenação: LILIANE DUTRA BRIGNOL (UFSM) SALA 06 – FIC MANHÃ O MAPA DAS MEDIAÇÕES COMUNICATIVAS DA CULTURA: UMA SEGUNDA ONDA NA ABORDAGEM DAS MEDIAÇÕES DE MARTÍN-BARBERO? LIRIAN SIFUENTES e CAROLINA ESGOSTEGUY (PUCRS) O foco do trabalho se concentra no programa de pesquisa das mediações,proposto por Jesús Martín-Barbero, mais especificamente, no Mapa das Mediações Comunicativas da Cultura ([1998]2003) e sua utilização na investigação empírica,no contexto nacional. Para tal, recapitula-se a matéria, sem objetivar o debate crítico, e identificam-se os usos dessas mediações na pesquisa em Comunicação. Conclui-se que, apesar de possuir posição de destaque no debate teórico-metodológico, o Mapa em questão é ainda pouco explorado na pesquisa empírica,seja de modo integral, seja parcial. Relatora: Regiane Ribeiro DESLOCAMENTOS NA METODOLOGIA DOS USOS SOCIAIS PARA O ESTUDO DE MEIOS LIVRES E COMUNITÁRIOS: O CASO DA PESQUISA SOBRE A RÁDIO MEXICANA FRECUENCIA LIBRE ISMAR CAPISTRANO COSTA FILHO (UFMG) Este artigo apresenta os deslocamentos e os métodos utilizados para aplicar a metodologia dos usos sociais dos meios de Jesus Martín-Barbero no estudo da rádio Frecuencia Libre, emissora comunitária da cidade de San Cristóbal de Las Casas, em Chiapas, México do coletivo homônimo aderente ao movimento zapatista. As lógicas de mercado foram ampliadas para lógicas de produção a fim de dar conta das subversões ao sistema legal de radiodifusão e das resistências ao modelo comercial da emissora investigada. Os formatos industriais foram deslocados para formatos dos meios para analisar as rupturas ao padrão tradicional de rádio. Para compreender as matrizes culturais, o método dos endereçamentos, proposto por JonhHartley foi utilizado e os sentidos culturais dos mundos possíveis Jesus Galindo Cáceres possibilitou entender as competências da recepção. Relatoras: LiviaSaggin e Jiani Bonin GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO MIDIÁTICOS DIA 08 DE JUNHO 143 GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO MIDIÁTICOS TARDE 144 O FANDOM E SEU POTENCIAL COMO COMUNIDADE INTERPRETATIVA: UMA DISCUSSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA PARA OS ESTUDOS DE RECEPÇÃO REGIANE RIBEIRO (UFPR) O texto discute o cenário contemporâneo das pesquisas em recepção no que diz respeito à preocupação com o grau, o modo de participação e a classificação das audiências. Nesse contexto, apresenta-se não somente o seu potencial interpretativo, mas também sua capacidade de atuar ativamente, recebendo, circulando e produzindo novos sentidos. O objetivo foi articular os conceitos de comunidades interpretativas ao de fandom, apresentando os pontos convergentes e limitadores dos termos nas práticas de produção de sentido e significação. Tendo como pano de fundo os estudos culturais e a crítica literária, procurou-se apresentar um panorama dos principais autores que discutiram tais conceitos com o intuito de nortear um protocolo metodológico que auxilie a classificação desses grupos e suas mediações nas pesquisas empíricas do campo. Relator: Rafael Grohmann PROBLEMATIZAÇÕES PARA PENSAR AS APROPRIAÇÕES/PRODUÇÕES DIGITAIS DE JOVENS LIVIA SAGGIN e JIANI BONIN (UNISINOS) O texto tem como objetivo principal explorar perspectivas teóricas para entender aspectos relativos às apropriações/produções comunicativas das mídias digitais realizadas por sujeitos jovens. As problematizações empreendidas focalizam aspectos relativos ao processo de midiatização e às reconfigurações que ganha com o advento da comunicação digital, particularmente pensadas em relação ao âmbito da chamada recepção; incluem concepções mais específicas para o entendimento dos sujeitos comunicantes e de suas apropriações/produções midiáticas e, também, elementos para pensar os vínculos entre essas apropriações/produções e a constituição das culturas e identidades juvenis no contexto contemporâneo. Relatora: Juliana Doretto SEMIÓTICA E RECEPÇÃO: ALGUMAS BASES CONCEITUAIS E METODOLÓGICAS MARCELO SANTOS, ROBERTO CHIACHIRI e SIMONETTA PERSICHETTI (CASPER LÍBERO) Os estudos de recepção costumam ser negligenciados pelas duas escolas de semiótica mais populares no Brasil: a discursiva e a peirceana. Usualmente, as análises feitas com base nos postulados destas escolas trabalham com a noção DIA 09 DE JUNHO MANHÃ ESTUDOS DE RECEPÇÃO E CLASSE SOCIAL: NOTAS SOBRE TESES E DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS ENTRE 2010 E 2014 NO CAMPO DA COMUNICAÇÃO RAFAEL GROHMANN (USP) O artigo traz uma análise de16 teses e dissertações defendidas em programas de pós-graduação em comunicação no Brasil que utilizaram a categoria de classe social em um estudo de recepção entre os anos de 2010 e 2014. A partir dessa seleção, foi realizada uma bibliometria dos trabalhos e uma análise de cunho qualitativo, de forma a compreender como os conceitos de “recepção” e “classe” apareceram nos trabalhos, procurando refletir questões de ordem teórica e metodológica que impactam os estudos de recepção e, de maneira geral,o próprio campo da comunicação. Relatores: Veneza Ronsini , Otávio Chagas Rosa, Hellen Barbiero e Marina Machiavelli “FALA CONNOSCO!”: O JORNALISMO INFANTIL E A PARTICIPAÇÃO DAS CRIANÇAS, EM PORTUGAL E NO BRASIL JULIANA DORETTO (NOVA DE LISBOA) Este trabalho, parte de tese de doutoramento, se concentra na participação das crianças no jornalismo infantil. Buckingham (2009) entende que os meninos e meninas devem exercer os seus direitos de participação, estabelecidos na Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), também na área da produção midiática: segundo ele, as novas formas de comunicação online que as crianças têm à sua disposição são possíveis formas de assegurar esse direito. Mas as crianças as GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO MIDIÁTICOS de receptor pressuposto, conjecturando possíveis interpretações para produtos eprocessos midiáticos, sem que se escute os receptores reais e se conheça a sua verdadeira apropriação/posicionamento com relação a uma mensagem. Neste artigo, temos o objetivo de propor, para a semiótica peirceana, uma conexão com os estudos de recepção. Inicialmente, exploramos a noção de interpretação em Peirce, para depois evidenciar a importância do contexto ou da informação colateral em tal atividade. Assim, nós destacamos os limites do signo e a relevância da participação do receptor para que este último extraia variados graus de significados do signo. Ao final, trabalhamos a sugestão metodológica de se conectar, na última fase de uma análise semiótica, a exploração do potencial de comunicação do signo com pesquisas quantitativas ou qualitativas de recepção. Relator: Fausto Neto 145 GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO MIDIÁTICOS 146 utilizam para interagir com os jornalistas que escrevem para elas? Para responder a essa questão, entrevistamos 50 crianças de nove a 16 anos de idade, em Portugal e no Brasil. O trabalho mostrou que, para que haja participação, é preciso que as crianças se sintam motivadas a acompanhar com frequência os veículos infantis —o que está atrelado à mediação adulta e à temática abordada. Além disso, dois obstáculos aparecem: a ausência de resposta por parte dos produtores de informação e a preocupação das crianças em expor-se. Relatora:Valquiria M. John TARDE OS SENTIDOS DAS TELENOVELAS NAS TRAJETÓRIAS SOCIAIS DE MULHERES DA CLASSE DOMINANTE VENEZA MAYORA RONSINI,OTÁVIO CHAGAS ROSA, HELLEN BARBIERO e MARINA MACHIAVELLI (UFSM) O foco do texto é entender os usos sociais da ficção televisiva por mulheres das frações alta e média alta da classe dominante, em particular, a construção de uma feminilidade de classe, a qual é capturada pelas visões de mundo que as informantes manifestam. Tais representações se compõem de enunciados sobre as práticas cotidianas – de gestão do corpo, do trabalho e do estudo, da família e das relações amorosas – que dão sentido às práticas e as constituem. Inspirado no conceito de gênero, no trabalho de Pierre Bourdieu e nos Estudos Culturais latino-americanos, disserta sobre a incorporação das narrativas das telenovelas na formação de um capital cultural midiático como forma de endosso ao estilo de vida das mulheres heterossexuais da elite. A análise revela que a assimilação da noção hegemônica da distinção burguesa ocorre pela rejeição da figura fútil da “perua” e pela identificação com a imagem da mulher “moderna”. Relator: Ismar Capistrano Costa Filho TELENOVELA E MUNDOS POSSÍVEIS NA PRISÃO: UM ESTUDO DE RECEPÇÃO COM MULHERES ENCARCERADAS VALQUIRIA M JOHN (UNIVALI) A pesquisa teve como objetivo compreender como o cotidiano de mulheres detentas se (re)configura a partir da mediação da telenovela nesse novo ambiente de socialização. A partir das proposições da “Metodologia dos mundos possíveis” de Galindo Cáceres e das mediações de Martín-Barbero buscou-se compreender como a telenovela medeia seu cotidiano, como articula outros mundos que vão além dos limites impostos pelas grades e como estes mundos se relacionam com as temporalidades da prisão, bem como de suas memórias. A principal técnica adotada foi a história de vida em consonância com a proposição da metodologia dos mundos possíveis. Os resultados apontam para uma “memória do melodra- O CONCEITO DE RECEPÇÃO NA OBRA DE ELISEO VERÓN: 1968 – 2013 FAUSTO NETO (UNISINOS) O conceito de recepção atravessa a obra de Eliseo Veron-1968/2013. Estudos iniciais enfatizam a dimensão temporal para a produção de sentidos. Destacam processos que envolvem momentos em que se diz e se recebe uma mensagem, para definição da significação. Tal aspecto tem merecido pouca atenção, mas é algo que exigirá muito no futuro (Verón, 1971). O papel dos atores é destacado, pois reconstruir “(...) gramáticas de reconhecimento supõe trabalhar com a palavra individual (...)”3. Descreve-se a pertinência da noção de “gramáticas” –suas incompletudes e diferentes lógicas –para a formulação da teoria do reconhecimento, a partir da articulação produção/recepção. E reflete-se sobre interrogações, de cujas respostas dependem o avanço da pesquisa sobre a recepção: “como captar esta grande fragmentação de palavras(...)?” (Verón, 2013:430). Relatores: Marcelo Santos, Roberto Chiachiri e Simonetta Persichetti Reunião de avaliação do GT GT - RECEPÇÃO: PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO, USO E CONSUMO MIDIÁTICOS ma” e um processo de construção de mundos possíveis a partir da identificação e projeção de suas trajetórias nas trajetórias das personagens da telenovela, sobretudo no que se refere às memórias e práticas relacionadas à família. Relatoras: Lirian Sifuentes e Carolina Esgosteguy 147