atividade citotóxica in vitro de três complexos triazenidos de cobre(ii)
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atividade citotóxica in vitro de três complexos triazenidos de cobre(ii)
ATIVIDADE CITOTÓXICA IN VITRO DE TRÊS COMPLEXOS TRIAZENIDOS DE COBRE(II) FRENTE A LINHAGEM TUMORAL B16F10(1) Maísa Kräulich Tizotti(2), Marissa Bolson Serafin(3), Julien Wergutz(4), Angelita Bottega(5), Manfredo Hörner(6), Rosmari Hörner(7) (1) Trabalho executado com recursos da Chamada Pública Universal Nº 14-2013, Processo 485262/2013-4, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). (2) Aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas; Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria, RS; [email protected]. (3) Acadêmica do Curso de Farmácia; Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria, RS; [email protected]. (4) Acadêmico do Curso de Biomedicina, Bolsista de iniciação científica CNPq; Centro Universitário Franciscano; Santa Maria, RS; [email protected] (5) Aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas; Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria, RS; [email protected]. (6) Co-orientador, Professor Titular do Departamento de Química; Universidade Federal de Santa Maria. (7) Orientadora, Professora Associada do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas; Universidade Federal de Santa Maria. RESUMO: Estimativas revelam que o impacto das neoplasias crescerá drasticamente nas próximas décadas. Assim, na busca por novas moléculas com propriedade antitumoral, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade citotóxica in vitro frente a linhagem celular tumoral B16F10 (melanoma murino) do ligante triazeno denominado 1,2,3-benzotriazina-4(3H)ona [L1H] (1) e de três complexos triazenidos de cobre(II) relacionados: [bis-(κN11-L1-κN-py)-Cu(II)-OH2] (2), [bis-(L1κN11)-(μ2N21,22-L1)-(κN31,κN41-bipy)-Cu(II)] (3) e [bis-(L1-κN11)-(μ2N21,22-L1)-(κN31,κN41-phen)-Cu(II)] (4), em que py = piridina; bipy = 2,2’-bipiridina e phen = 1,10-fenantrolina. As células foram cultivadas em meio de cultura DMEM suplementado com soro fetal bovino e antibióticos, a 37 °C e 5% de CO2. A atividade citotóxica foi determinada por meio de ensaio colorimétrico com brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio (MTT). Os resultados demonstram uma promissora atividade citotóxica dos complexos 3 e 4 frente a linhagem B16F10 (CI50 = 32,53 µM e CI50 = 11,14 µM, respectivamente), os quais apresentaram potencial citotóxico in vitro muito maior do que o medicamento antineoplásico Cisplatina (CI50 = 69,32 µM). Considerando esses achados, pode-se inferir que os dois complexos dinucleares de cobre(II) contendo ligantes heterocíclicos estudados, especialmente 4, mostraram-se potencialmente citotóxicos frente a células de melanoma murino diminuindo a viabilidade celular de modo dependente da concentração. Palavras-Chave: Triazenos, Complexos de Cu(II), Citotoxicidade, Câncer, Melanoma. INTRODUÇÃO O câncer corresponde a um conjunto distinto de doenças caracterizadas pelo crescimento desordenado de células anormais com potencial invasivo. Estas neoplasias têm emergido como uma das principais causas de morbidade e mortalidade (BRASIL, 2014). Conforme estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 2012, houve 8,2 milhões de óbitos relacionados a doenças neoplásicas no mundo, sendo esperados para o ano 2025, aproximadamente 20 milhões de novos casos e 11,4 milhões de óbitos (FERLAY et al., 2015). Dentre as neoplasias mais incidentes estão os tumores de pele, os quais possuem ampla distribuição e apresentam-se sob três formas principais: carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanoma. As duas primeiras são mais frequentes, possuindo bom prognóstico e altas taxas de cura quando diagnosticadas e tratadas precocemente. O melanoma representa apenas 4% dos tumores cutâneos, no entanto, assume grande importância em razão do alto potencial de gerar metástases, apresentando o pior prognóstico e o maior índice de mortalidade. Infelizmente, contra o estabelecimento ou a prevenção da metástase há uma carência de métodos terapêuticos (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2014), sendo a busca por fármacos alternativos cada vez mais necessária. Diante deste quadro, a comunidade científica tem visado o desenvolvimento de moléculas antitumorais inovadoras. Desde a descoberta dos efeitos antiproliferativos da cisplatina, há aproximadamente 50 anos (ROSENBERG; VAN CAMP; KRIGAS, 1965), houve um grande interesse por complexos contendo metais de transição em sua estrutura, destacando-se os complexos de cobre (II), em virtude das promissoras propriedades biológicas apresentadas (GAMA et al., 2011). Assim, o objetivo do presente estudo foi investigar a atividade citotóxica de três compostos triazenidos inéditos contendo íons cobre(II), frente a uma linhagem celular de melanoma murino B16F10. METODOLOGIA O ligante triazeno (1) e três complexos triazenidos de cobre(II) (2, 3, 4) foram sintetizados e caracterizados no Núcleo de Investigação de Triazenos e Complexos (NITriCo) da UFSM, sendo estes denominados: 1,2,3-benzotriazina-4(3H)-ona (1) trans-Bis[1,2,3-benzotriazenido-4-ona)-N3]bis(piridinaAnais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa N)(aquo)cobre(II) (2); Bis{[1,2,3-benzotriazenido-4-ona)-N3](2,2’-bipiridina-N2,N2’)(µ2-[1,2,32 3 benzotriazenido-4-ona]-N ,N )}cobre(II) (3); Bis{[1,2,3-benzotriazenido-4-ona)-N3](fenantrolinaN1,N10)(µ2-[1,2,3-benzotriazenido-4-ona]-N2,N3)}cobre(II) (4). A citotoxicidade dos compostos foi investigada frente a linhagem celular tumoral B16F10 por meio do ensaio MTT (MOSMANN, 1983). Cisplatina, um medicamento antineoplásico em uso clínico, e solução de peróxido de hidrogênio foram utilizadas como controle positivo. As células foram cultivadas em meio de cultura Dulbecco’s Modified Eagle Medium (DMEM, Sigma-Aldrich), suplementado com 10% de soro fetal bovino (Cultilab) e antibióticos, a 37 °C e 5% de CO2. Aproximadamente, 1 x 104 células/poço foram adicionadas em microplacas de 96 poços e incubadas para a adesão celular. Em seguida, foram expostas por 24 h a diferentes concentrações dos compostos (1, 3, 6, 12, 25, 50, 100 µM) diluídos em meio de cultura. Após, solução de MTT (5mg mL-1) foi adicionada aos poços e as placas foram incubadas por mais 4 horas. Por conseguinte, o meio foi removido e os cristais de formazan dissolvidos pela adição de dimetilsulfóxido (DMSO). Os efeitos dos compostos sobre a viabilidade celular foram observados por meio da medida das absorbâncias a 570nm em leitora de microplacas. A Cl50 (concentração necessária para reduzir em 50% a viabilidade celular) foi determinada por análise de regressão não-linear. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores de Cl50 obtidos para os compostos 1-4, bem como, para Cisplatina, podem ser visualizados na tabela 1. Tabela 1 – Valores de Cl50 (μM) determinados para a linhagem celular B16F10 Composto B16F10 1 > 100 2 > 100 3 32,53 4 11,14 Cisplatina 69,32 Fonte: Elaborado pelos autores De acordo com os dados apresentados na tabela 1, pode-se inferir que os compostos compostos 3 e 4 apresentaram uma atividade antiproliferativa bastante promissora, principalmente quando comparada a do medicamento antineoplásico Cisplatina. O composto 4, que possui em sua estrutura co-ligantes phen, foi o mais ativo, mostrando-se seis vezes mais citotóxico que a Cisplatina e três vezes mais citotóxico que o composto 3. Resultados semelhantes a estes foram encontrados por outros pesquisadores brasileiros em um estudo recentemente publicado (NUNES et al., 2015). Ao avaliarem a atividade de complexos de cobre(II) contendo ligantes imina e diimina frente a linhagem celular de melanoma murino B16F10, eles também evidenciaram uma melhor atividade para o complexo contendo 1,10-fenantrolina. CONCLUSÕES Esses achados revelam a promissora atividade de um novo complexo de cobre(II), no qual o íon cobre(II) encontra-se coordenado a um ligante triazeno e a 1,10-fenantrolina. Salienta-se a importância desses resultados uma vez que a linhagem celular tumoral testada caracteriza-se pela alta habilidade de formar metástases. REFERÊNCIAS AMERICAN CANCER SOCIETY. Cancer facts & figures 2014. Atlanta, 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2014: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2014. FERLAY, J. et al. Cancer incidence and mortality worldwide: sources, methods and major patterns in GLOBOCAN 2012. International Journal of Cancer, 136, E359-E386, 2015. GAMA, S. et al. Copper(II) complexes with tridentate pyrazole-based ligands: synthesis, characterization, DNA cleavage activity and cytotoxicity. Journal of Inorganic Biochemistry, 105, 637-644, 2011. MOSMANN, T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: Application to proliferation and cytotoxicity assay. Journal of Immunological Methods, 65, 55-63, 1983. NUNES, C. J. et al. Reactivity of dinuclear copper(II) complexes towards melanoma cells: Correlation with its stability, tyrosinase mimicking and nuclease activity. Journal of Inorganic Biochemistry, 149, 49-58, 2015. ROSENBERG, B.; VAN CAMP, L.; KRIGAS, T. Inhibition of Cell Division in Escherichia coli by Electrolysis Products from a Platinum Electrode. Nature, 205, 698-699, 1965. Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa