GUPBT July09 Por
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JULHO 2009 – Nº 17 Tutu lança Comissão pela Verdade e Reconciliação nas Ilhas Salomão IdeM ajudou a trazer oradores de fora para compartilhar suas experiências. Niketu Iralu, coordenador do comitê de igrejas de Naga para a cura e reconciliação em Nagaland, Índia, contou do trabalho de reconciliação em sua cidade depois de anos de conflitos entre diferentes facções militantes. ‘Mágoas e feridas que não são transformadas são sempre transferidas’, disse ele. O ex-editor de jornal queniano, Bedan Mbugua, que acabou órfão durante as rebeliões de seu país pela independência, contou como foi preso por ter desafiado o resultado de uma eleição presidencial. Ele foi para a prisão por seis meses e se ficou mais forte a ponto de posicionar-se pela verdade. ‘A fé é a base da coragem’, disse ele. Arcebispo Emérito Desmond Tutu na Conferência Ex-militantes e vítimas das recentes tensões nas Ilhas Salomão estavam entre os 300 participantes na conferência regional de 3 dias, ‘Reconciliação – um caminho à frente’, organizada pelo Ventos de Mudança (o nome local para IdeM), de 29 de Abril a 1º de Maio. Um homem até remou numa canoa por 7 horas para chegar. As tensões de 1998 a 2003 deixaram muitos mortos e mais de 20000 desabrigados. A conferência ocorreu sob solicitação do governo do país de forma a coincidir com o lançamento oficial da Comissão pela Verdade e Reconciliação (TRC), com a presença do Arcebispo Emérito Desmond Tutu da África do Sul, que também falou na conferência. Líderes religiosos unem forças para lançar novo livro sobre perdão Líderes judeus, muçulmanos e cristãos ajudaram a lançar o novo livro de Michael Henderson, de IdeM, no Centro pela Paz e Reconciliação de St. Ethelburga, em Londres, 13 de Maio. O centro, uma antiga igreja antes bombeada pelo IRA (Exército Republicano Irlandês), tem o objetivo de ‘estabelecer pontes nas divisões causadas por conflito onde pessoas podem se sentir iguais’. Recepcionando pessoas no centro, seu diretor, Siomn Keyes, disse que Henderson teve ‘uma enorme influência no desenvolvimento de nosso trabalho’ e que seu livro anterior, ‘Perdão – quebrando a corrente de ódio’, ‘foi um dos textos-base de nosso trabalho aqui’. O Arcebispo Tutu contou experiências da TRC sul-africana, falando como perpetradores e vítimas encontraram alívio. ‘Foi algo espiritual’, disse ele. Depois, Andrew Fioga, fundador e ex-comandante de uma das forças-milicianas do país, explicou como se sentiu levado a armar-se para vingar a morte de seu pai. Desde então percorreu uma jornada espiritual e era ‘agora um homem transformado e pronto a perdoar’. Ele concluiu: ‘Assim como eu e outros começamos a guerra, eu também começarei o processo de cura’. Uma semana depois, ocorreu a primeira oficina unindo 30 ex-combatentes e vítimas no conflito, organizadas por IdeM com apoio financeiro do Ministério da Reconciliação. Organizando o evento de lançamento, Dr. Musharraf Hussain al-Azhari, Co-Diretor do Fórum Cristão-Muçulmano, enfatizou que no Alcorão um dos nomes mais comuns de Deus é ‘o perdoador’. A força do livro de Henderson, disse ele, passa por suas ’25 emocionantes e profundas histórias’ assim como as contribuições de personalidades como Arcebispo Desmond Tutu e o líder rabino britânico, Sr. Jonathan Sacks. O rabino Dr. Jonathan Magonet, teólogo judeu e Vice-Presidente do Movimento pela Reforma Judaica do Reino Unido, disse que o livro também ‘cobre muito da perspectiva judaica sobre o perdão’. Michael Smith RAMSI Participating Police Force Media Unit Iniciativas de Mudança OLHAR GLOBAL Henderson disse que um de seus objetivos em seu novo livro, ‘Sem inimigo a conquistar – perdão num mundo intolerante’, era ‘também a apreciação de nossos irmãos e irmãs de fé muçulmana’. Michael Henderson falando com o Imame Musharraf Hussain al-Azhari Últimas Notícias Muçulmanos e protestantes expandem diálogo Pelos últimos 5 anos o programa Esperança nas Cidades (HiC) de IdeM nos EUA tem organizado diálogos entre protestantes e muçulmanos – grupos freqüentemente caracterizados por estarem altamente polarizados. Seu diálogo mais recente ocorreu em 16 de Maio na sede do HiC em Richmond, Virginia, com a pergunta: ‘Como extremistas que seguem teologias que promovem amor, cuidado e serviço a outros, usam sua tradição religiosa para justificar exclusão e ódio, baseado em diferenças políticas, teológicas ou culturais?’ O grupo, 4 cristãos e 4 muçulmanos, intencionalmente escolheram um assunto que os induziria a engajar profundamente enquanto trabalhavam sobre o modelo civil e respeitoso que desenvolveram por anos. Um observador notou que era a primeira vez que ele havia experimentado um diálogo tão profundo entre cristãos e muçulmanos sobre o assunto sem rancor. Outro disse que foi inesquecível que os participantes pudessem falar tão firmemente, com tal paixão porém sem abandonar suas convicções, e ainda trabalharam civilidade e cuidado sem ‘perderem o foco’. Filme O Imame e o Pastor no Egito Enquanto o Presidente Barack Obama estava fazendo seu histórico discurso sobre as relações dos EUA com o mundo árabe no Cairo, o Imame Ashafa e o Pastor Wuye estavam no Egito lançando a versão árabe do premiado ‘O Imame e o Pastor’. O documentário, produzido pela FLTfilms de IdeM, conta como esses dois ex-líderes de milícias e amargos inimigos se reconciliaram e agora trabalham por paz. Seu tour no Egito, de 27 de Maio a 5 de Junho, incluiu encontros e apresentações na Biblioteca de Alexandria, na Universidade do Cairo, na Universidade Americana do Cairo e no centro cultural juvenil Saqiat El Sawy. A cobertura jornalística incluiu a maioria dos principais jornais diários e uma entrevista de TV num programa popular. Professores aprendem sobre construção de confiança IdeM-Nigéria organizou uma oficina para 40 professores sobre ‘integridade e construção de confiança num cenário multirreligioso’ em Lagos, 29 de Maio. É uma série de CALENDÁRIO Caux, Suíça Conferências Internacionais Veja www.iofc.org/pt-br/caux 9 – 15 Julho 2009 Aprendendo a Viver num Mundo Multicultural e Levando a Mudança para um Mundo Sustentável Diálogo para mestres na Nigéria ‘diálogo entre professores’ com o objetivo de fomentar mestres compartilhando valores similares. Eles tiveram a introdução das idéias básicas de IdeM, como escutar à ‘voz interior’ para conexão, correção e direção, seguido de uma discussão sobre valores como pureza, honestidade, altruísmo e amor absolutos na sociedade contemporânea. ‘Os professores são custódios dos líderes do amanhã’, diz Obas Ukoko, um dos facilitadores. Ele acredita que os diálogos ‘serão um programa regular através do qual valores morais possam ser incluídos no sistema escolar’. Transformando vidas no Brasil ‘Jovens Transformando Vidas’, um novo programa de IdeM-Brasil, foi lançado no Rio de Janeiro em 9 de Maio. O primeiro grupo de 11 jovens incluiu vários que já trabalham por mudança em suas comunidades locais. Através de ‘conversas honestas’ sobre as ligações entre a mudança pessoal e a social e as ferramentas básicas de IdeM, o grupo almeja equipar-se para expandir sua visão e reforçar seus valores. Uma participante disse, ‘minha expectativa é que haja bastante troca de idéias, experiências e crescimento pessoal que nos ajude a escolher o melhor para nós mesmos e para o mundo’. Acampamento na Índia Um acampamento de 2 dias para 20 crianças de um orfanato e 50 crianças de cidades locais ocorreu em Grampari, o centro rural e ecológico de IdeM em Panchgani, Índia. O programa ofereceu a chance para que órfãos interagissem com outras crianças, e compartilhassem seus pensamentos e medos num ambiente seguro. As atividades incluíram oficinas de arte, grupos de discussões, um show de mágica, momentos de reflexão interior e programa cultural. Percebendo que cada um pode fazer uma diferença no mundo, muitos decidiram agir de forma diferente. Encerraram acendendo uma lâmpada simbolizando esperança pelo futuro 17 – 22 Julho 2009 Fórum pela Segurança Humana de Caux 24 – 29 Julho 2009 Confiança e Integridade na Economia Global – uma abordagem focada em pessoas para a globalização 9 – 15 Agosto 2009 Ferramentas para Transformação – Aprendendo a ser Agentes de Paz Cidade de KaohsHiung, Taiwan 1 – 8 Agosto 15º Conferência Juvenil da Ásia do Pacífico: Desafio, Escolha e Mudança Sydney, Austrália 30 Setembro – 4 Outubro 2009 Conferência Internacional de Criadoras da Paz Addis Ababa, Etiópia 17 Outubro – 30 Novembro Programa de Treinamento Harambee Rio de Janeiro, Brasil 9 Maio – 5 Dezembro 2009 Programa Jovens Transformando Vidas Olhar Global é uma tradução do boletim bimensal GLOBAL UPDATE editado por IM Internacional. E-mail: [email protected]. Incentivamos todos a fazer réplicas e distribuir em sua comunidade. Por favor, envie seus comentários em inglês para [email protected]. ou em português para iniciativasdemudanca@ br.iofc.org Construindo a confiança em meio às divisões do mundo Iniciativas de Mudança www.iofc.org/pt-br JULY 2009 – No 17 Rahul Kapadia Emmanuel Aliba Kiiza GENTE PROMOVENDO CONFIANÇA Tradições e novos começos Aos 34 anos, Emmanuel Aliba Kiiza tornou-se o mais jovem primeiro-ministro do mais antigo reino do leste africano. Mike Lowe o encontra na Austrália. A primeira coisa que te surpreende sobre Emmanuel Aliba Kiiza é seu sorriso bem-humorado e sua risada contagiante. Talvez seja por seu sorriso que se contam as bênçãos de alguém. Apesar de sua humilde origem, tornou-se, aos 34 anos, o primeiro-ministro mais jovem do reino de Bunyoro-Kitara em Uganda. Encontramonos em Melbourne, onde Kiiza está participando do curso Questões da Vida, organizado por IdeMAustrália. Ele faz parte de um diversificado grupo com 19 participantes, em sua maior parte com 20 anos, que vivem em comunidade por 9 dias aprendendo uns com os outros e com vários experientes ‘agentes de mudança’ na cidade. Questões são feitas que encorajam profunda reflexão interna sobre os valores próprios e como eles são vividos. Conexões são feitas entre a jornada interior e as necessidades do mundo. Espaços seguros são criados nos quais participantes compartilham suas histórias únicas de vida. Quase interrompera sua educação aos 9 anos quando sua esforçada mãe não podia mais pagar as mensalidades escolares E assim aprendemos que Kiiza nunca conheceu seu pai, que foi morto antes de ele nascer. Um dos 8 irmãos e 5 irmãs, Kiiza era o mais brilhante em sua classe. Quase interrompera sua educação aos 9 anos quando sua esforçada mãe não podia mais pagar as mensalidades escolares. Por sorte, um gentil professor ofereceu de Iniciativas de Mudança pagar ele mesmo. Quando este professor foi transferido para outro vilarejo, Kiiza o seguiu caminhando 5 milhas indo e voltando da escola cada dia. Ele continuou a se superar, mas a escola secundária apresentou novos desafios financeiros e como resultado em seu primeiro período acabou ficando em casa. Dessa vez foi um sacerdote católico, Frade Deogratias Zziwa, que ofereceu para pagar sua educação. Com o encorajamento do Frade Zziwa, Kiiza também começou a estudar no seminário antes de perceber que sua vocação era, acima de tudo, na educação. Com ajuda financeira de seu bispo, ele continuou a completar o mestrado e pós-graduação em educação na Universidade de Makarere, Uganda. Pelos 2 anos seguintes Kiiza passou a preparar professores na Universidade de Namasagali, leste de Uganda. Até os dias de hoje, diz ele, é feliz atuando numa sala de aula. Ele avançou e tornou-se chefe de um programa de educação à distância, assim como diretor da Escola de Educação. Com esposa e remuneração estável, deve ter sido difícil abandonar tudo isso quando seu bispo pediu que ele retornasse para sua terra natal para ajudar Sua Majestade Rei Agutamba Solomon Gafabusa Iguru I a coordenar a nova Universidade Bunyoro para o Desenvolvimento. Com tradição de mais de 4000 anos, Bunyoro-Kitara é o mais antigo reino no leste da África. Controlou quase toda a região entre o Lago Vitória, Lago Edward e o Lago Albert, e é um dos 4 reinos que hoje conformam a atual Uganda, que pagou caro por sua resistência. De 1890 a 1899 os britânicos arrasaram a região, o que fez com que 75% da população morresse ou abandonasse o reino. O rei foi capturado e exilado para Seychelles e as tradicionais terras Bunyoro foram dadas a reinos rivais vizinhos. Em conseqüência do desenvolvimento da Uganda colonial, Bunyoro-Kitara foi punida, enquanto seu rival Buganda (que ficou do lado dos britânicos) foi favorecida. ‘Quando o bispo pediu, eu não pude recusar’, diz Kiiza, ‘ainda que o trabalho não fosse remunerado’. No entanto seus esforços não foram ignorados. Um ano depois o rei pediu a ele que se pusesse como orador do Conselho do Reino composto por 150 membros. Um ano depois disso, para sua enorme surpresa, foi indicado como primeiro-ministro. Depois de nove dias de orações, contemplações e consultas, ele aceitou, e foi nomeado o 11o. primeiro-ministro do reino em 2 de Dezembro de 2006. Alguns deles eram inimigos de Kony, a quem havia jurado matar. No cargo, Kiiza se dedicou a preservar a rica herança cultural de Bunyoro-Kitara com a finalidade de dar a seu povo um sentido de pertencimento e orgulho. Em 1967 o Presidente de Uganda, Milton Obote, aboliu os reinos - temendo talvez uma autoridade rival. Estes foram restaurados até 1994. Kiiza ajudou a recuperar o sistema tradicional de clãs; o palácio e duas tumbas reais foram restaurados; e o aniversário de coroação (de nove dias), ocorrendo em cada ano na capital, Hoima, é agora o evento cultural mais importante de Uganda. Ele também persuadiu o governo de Uganda para que reconhecesse o Omukama Kabalega (o rei Bunyoro que lutou contra os ingleses) como herói nacional. Isto se sucedeu na cerimônia de 9 de junho de 2009, quando o presidente Yoweri Museveni colocou uma grinalda na tumba de Kabalega e foi homenageado. Sua paixão pela educação não termina, arrecada fundos por meio da Fundação Educativa Kabalega, para oferecer becas aos brilhantes alunos de famílias pobres. Em 2006, como porta-voz, Kiiza representou o rei em conversas com Joseph Kony, chefe do Exército da Resistência do Senhor (LRA). “Por causa de seus laços de parentesco com Bunyoro-Kitara, Kony pediu a ajuda do rei, por isso o rei me enviou”, explica. Estava nervoso, sabia da reputação de LRA por sua brutalidade e o uso de crianças durante os 20 anos de conflito com o exército de Uganda. Junto de outros mediadores caminharam, desarmados, durante vários dias entrando em território do LRA, sem saber se sobreviveria. “Alguns deles eram inimigos de Kony, a quem havia jurado matar. Mas quando o rei me enviou tive que obedecer. Não podia me negar!”. A mensagem que levava do rei era que Kony devia deixar as armas e unir-se aos diálogos de paz com o governo. Por sorte a delegação foi bem recebida. Kony aceitou o cessar-fogo e as negociações pela paz começaram. Kiiza se encontrou com Kony muitas outras vezes antes que as negociações se rompessem e o trágico conflito começasse novamente. O legado colonial de “divide e vencerás” tem deixado sua marca por toda a África, surtindo conflitos tribais e regionais. “Em Uganda estamos tratando de unir todas as instituições culturais para que vivamos juntos”, disse Kiiza. Em novembro do ano passado pela primeira vez Kiiza convocou uma reunião com todos os líderes culturais, reis, chefes e chefes supremos, “para que se reconciliassem”. Todos assistiram e o rei de Buganda enviou o príncipe herdeiro! Durante o curso Questões da V ida, com a oportunidade de visitar o centro de conferências de IdeM em Caux, Suíça, Kiiza ficou impressionado especialmente com os debates sobre o perdão e seu papel na superação das feridas do passado. Voltou para casa com a convicção de que a amargura que alguém tenha por causa da opressão sofrida pela colônia não deixa que o povo de Bunyoro siga adiante. Está convencido que o perdão incondicional é possível e que é o único que sanará a memória ferida. È um assunto controverso. Muitos culpam (como justificativa) aos ingleses pela contínua pobreza e analfabetismo que existe no reino. Não sendo mais primeiro-ministro, Kiiza não teme nada. Em maio ocorreu um diálogo intercultural em Bunyoro-Kitara com a União Européia. Kiiza foi convidado pela comissão residente do distrito (representando o presidente de Uganda) a escrever o seu discurso para a ocasião, no qual faziam um chamado a uma nova relação baseada no perdão. Semanas depois ajudou a acalmar aqueles que foram despejados de suas terras durante o período colonial, através do inspetor geral da policia, a encontrar-se com as pessoas e entrarem em diálogo. A demostração que estava planejada foi cancelada. Em conversa com estudantes universitários, uma moça disse que “aquele que enterrou sua mãe não permanece dormindo no cemitério, chorando. Por mais que ame sua mãe, deve deixá-la ir e aprender a viver sem ela! Bunyoro tem enterrado seus entes queridos, mas tem permanecido no cemitério chorando até os dias de hoje”. Kiiza tem esperança. “Até Roma começou com a primeira pedra”, disse. “Era pequena, mas se transformou numa grande cidade”. Kiiza com participantes do curso Questões de Vida Para mais informação visite www.iofc.org/pt-br GENTE PROMOVENDO CONFIANÇA
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