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CLASSIC TRACKS GRAVANDO ‘GHOST TOWN’ Gravação As sessões de ‘Ghost Town’ começaram no Woodbine Street na sexta-feira, dia 3 de abril de 1981, e continuaram até a quintafeira seguinte, quando todos tiraram uma folga de três dias, antes de embarcar em outros três dias de gravação do dia 15 ao 17 – 10 dias de trabalho em apenas um pouco mais de duas semanas. “Eu não acredito que ainda tenho o meu diário de 1981,” exclama John Rivers. Com compositores separados para cada um dos tracks – Jerry Dammers para ‘Ghost Town’, Lynval Golding para ‘Why?’ e Terry Hall para ‘Friday Night, Saturday Morning’ – cada um tinha um forte interesse em garantir que a sua música fosse priorizada e colocada como lado-A, o que daria mais direitos autorais. Então, assim que ficou claro que, mais uma vez, a música de Dammers seria a escolhida, as tensões existentes aumentaram. “Todos ficavam em partes diferentes da sala com os seus equipamentos e ninguém falava,” Horace Panters disse ao The Guardian em uma entrevista em março de 2002. “Jerry saiu algumas vezes praticamente chorando e eu fui atrás dele dizendo ‘Calma, calma.’ Era uma situação muito desagradável.” “Eu lembro como eles olhavam para Jerry enquanto ele tentava descrever a melodia vocal no meio de ‘Ghost Town’,” John Rivers diz agora. “Todo mundo achou que ele estava ficando louco. Depois passamos um dia com Roddy, gravando a guitarra dele, antes de descartá-la porque ele estava fora de si.” Quando um frustrado Byers tentou entrar na sala de controle chutando a parede, Rivers achou um absurdo e ameaçou expulsar a banda do seu estúdio. Felizmente, as coisas se acalmaram, todo mundo ficou e, depois que bases iniciais foram gravadas – bateria, baixo, guitarra base e órgão guia -, os overdubs individuais foram feitos. “Como estávamos gravando em oito tracks, eu tinha um plano de faixas,” diz Collins. “Eu queria a bateria em mono em um track, o baixo em mono em outro e o ritmo – o órgão guia e a guitarra de Lynval – em outro. Eles são a estrutura de uma música de reggae. Depois existiam metais em outro track, vocais principais em outro, vocais de apoio em outro e vários pedacinhos e partes. Com dub, você quer poder mutar coisas. Então, se o baixo e a bateria fossem gravados com um par estéreo, não poderíamos tirar o baixo sem fazer o mesmo com a bateria.” ‘Ghost Town’ 130 O produtor John Collins, em 1980. é basicamente uma gravação mono com eco e reverb estéreo que eu adicionei na mixagem. “Para mim, a música adolescente era muito hiperativa e não era de raiz. Eu achei que o The Specials devia soar mais como Sly & Robbie, então levei um track do Sly & Robbie comigo – ‘What a Feeling’ de 12 polegadas do Gregory Isaacs – e, se você ouvi-lo, a bateria soa parecida com ‘Ghost Town’. Básica, com menos bateria para Brad tocar e menos microfones, tinha um som mais limpo. O mesmo valeu para os metais: John colocou um microfone no meio da sala, colocou Dick e Rico em cantos diagonais e, quando ouvimos na sala de controle, soou ótimo. Gravar simplesmente em mono ajudou muito os instrumentos a se equilibrarem e John é um engenheiro tão bom que tudo foi gravado corretamente, criando um som íntimo naquele espaço limitado.” “É um pensamento assustador, não é, trabalhar com apenas oito tracks,” John Rivers acrescenta. “Como eu consegui fazer isso? Lembre-se que, em vez do Specials ser gravado como uma banda ao vivo, tudo foi meticulosamente montado. Foi muito louco e nunca deveria ter dado certo.” Para a bateria de Bradbury, Rivers microfonou o bumbo com um AKG D12, a caixa com um Beyer M67 e o chimbal com um Calrec 1051. Com a adição de um filtro de pop, o 1051 também foi usado para o vocal principal de Terry Hall. “Eu só tinha um pouco mais de 20 microfones na época,” diz Rivers. “Tudo era meio precário e deu certo!” O ritmo central da música – um som de órgão pulsante que combinou com as Novembro 2011 / w w w . s o u n d o n s o u n d . c o m . b r habilidades de guitarra de Lynval Golding para o ritmo básico do reggae – foi sugerido por John Collins e tocado por Jerry Dammers no Hammond na sala de controle. “Foi um momento bastante confuso,” Collins recorda. “Jerry achou a parte difícil de tocar e John salvou o dia. Ele era meticuloso assim, mas Jerry não ficou satisfeito e eu achei que a sessão seria interrompida até John verificar o ritmo e dizer que estava bom. Naquele momento, Jerry voltou e, graças a John, concluiu a parte.” “Eu preciso admitir, Jerry é um ótimo tecladista,” Rivers acrescenta. “Muito talentoso e extremamente versátil.” Dammers tocou o seu teclado Yamaha no estúdio para as melodias principais de clarinete que foram duplicadas com uma flauta de teclado. Isso em acréscimo a uma flauta verdadeira. “O cara que tocou a flauta era membro da banda [de New Wave baseada em Coventry] King e o gravamos no corredor com um microfone no topo da escada para obter o reverb natural da escadaria,” Rivers recorda. “Entretanto, fazer o overdub da flauta quase me matou porque ela não estava em um track livre. [O trompetista] Dick Cuthell e [o trombonista] Rico Rodriguez já tinham voltado para Londres, e eu precisava gravar aquela flauta. Originalmente, a parte principal foi feita no órgão guia de Jerry antes de a flauta ser adicionada no track de metais. Bom, eu precisei colocar um lenço embaixo do meu queixo porque pingava suor do meu rosto, de tanto medo – um erro e estaria tudo perdido!” Mais queixas Durante a gravação, Jerry Dammers ainda estava concluindo a letra de ‘Ghost Down’... e, de quebra, sendo incomodado por John Collins. “Eu dizia ‘Vamos lá, Sr. Songsmith, termine essa letra para podermos gravála’,” Collins recorda. “Ele sentava lá com o seu caderno, trabalhando nela, incluindo as partes de Neville – ‘This town is coming like a ghost town’. Entretanto, ao se tratar dos vocais de apoio, Jerry tinha uma ou duas ideias sobre como eles deviam ser, e eu achei que o pessoal devia cantar como achasse melhor. Assim, eles provavelmente cometeriam menos erros e, quando você está fazendo dub, também é ótimo saber que, quando você tirar o mute de um track, algo vai estar lá. Então eles cantaram tudo como um mantra, a cada dois compassos, e isso funcionou muito bem para o final. É preciso dizer que eles fizeram mais vocais de apoio do que tinham planejado