TEORIA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS EM ENFERMAGEM DE

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TEORIA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS EM ENFERMAGEM DE
TEORIA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS EM ENFERMAGEM DE
PEPLAU' A NALISE E EVOL UÇÃO
Silvana Sidney Costa Santos
15
Maria Miriam Lima da Nóbrega
16
R E S U M O : Este é um est u d o d e s c ri t i v o a n a lítico o n d e pro c u ra-se a n a l i s a r a
T e o ri a
das
Relações
I n terpess o a i s
em
E nferm a g e m ,
de
H i l d e g ard
E.
P e p l a u . s e g u i n d o o m o d e l o c o n c eitu a l d e a n á l i s e e e v o l u ç ã o proposto
p o r T h i b o d e a u . Descreve os c o n c eitos d e pess o a , a m b i e n t e , s a u d e e
e n f e rm a g e m , a ori g e m e a m e t o d o l o g i a u t i l i za d a p a ra a form a ç ã o d essa
teori a , a l é m d a sua g e n era liza ç ã o , u t i l i d a d e , a c e i t a ç ã o e s i g n ific a d o
d e n tro d a e nferm a g e m . Desta c a a i m p o rtâ n c i a p a ra a s u a a p l i c a ç ã o n a
prá t i c a d o s e nferm eiros e m vista d e s e r o processo i n terpess o a l u m a
eta p a p ri m ord i a l n a assistê n c i a d e enferm a g e m .
U N I T E R M O S : Teoria d e enferm a g e m - R e l a ç ã o i n terpess o a l - Enferm a g e m .
I NTRO D U ÇÃO
Na década de 6 0 , com a evol u ção da abordagem científica na
enfermagem , os enferm e i ros começaram a q uestionar os p ropósitos da
p rofissão e o valor d a p rática de e nfermagem tradicional e de n atu reza
i ntuiti v a .
Seg u n d o Fawce tt ( 1 987) , estes q uestionamentos levara m os
enferm e i ros a d iscuti re m e a escreverem sobre suas bases fi losóficas para a
p rática , o u sej a , ao rem desenvolvimento das teorias de enferm a g e m e
conseqüe nteme nte a identificação de elem entos com u n s q u e i n c l u i a natureza
da enferm a g e m , o i n d i v í d u o como reci pie nte do cu idado, a sociedade e
a m b iente e a s a ú d e . Contu d o , merece ser ressaltad o q u e , apesar do consenso
e ntre estes elementos , as teorias de e nfermagem d iferem em seus ca m i n hos e
especificidade na q u a l d efi ne seus conceito s . Para a uti l ização d a s teori a s de
enfe rmagem , como nortead o ra d a p rática de e nferm a g e m , é i m p resci n d ível
que o e nferm e i ro con heça o seu desenvolvime nto e i ntrojete o s con ceitos de
acordo com as especificidades de cada teori a .
15
16
SS
Professora Adjunto d o Depa rtamento d e E n fermagem d e Saúde Públ i ca e Psiquiat ria da
U n i versidade Federal da Paraíba . Doeente do Mest rado de E nfermagem em Saúde Públ ica U FPB .
Professora Adjunto do Depana mento de Ellfermagem de Saúde Públiea e Psiquiatria da
Universidade Federal da Paraíba . Doeente do Mestrado de Enfermagem em Saúde Públiea UFPB.
R. Bras. l�"n/erm . B rasíl ia. v
.
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n. I
p . S S -ú4.
jan./mar. 1 9%
Para facil itar esta ta refa , vários e nfermeiros têm desenvolvido estudos para
a n á l i s e , avaliação e crítica das teo ri a s , objetivando a com p ree nsão dos
con ce itos e ao mesmo tem p o pos s i b i l ita ndo a sua uti l ização n a p ráti ca . no
ens i no e n a pes q u i s a . Entre as várias p roposta s de modelos de a n a l i s e das
teorias destaca m-se os trabalhos de Steven s , Meleis , C h i n n , Thi bodea u , e
Wa l ker e Avant ( Cian cíarullo, 1 987) .
Dentre as teorias de enfermagem exi stente s , a Teoria das Relações
I nterpessoa i s em E nfermagem fo i p u b l icada em 1 952 no l i v ro I nterpersonal
Relati o n s i n N u rs i n g , da Dr.a H i ldegard Elizabeth Pepl a u . o q u a l . segundo
Ta vlor ( 1 990) . revolucionou , de m u itas form a s , o ensino e a p ratica da
enfermagem p s i q u i átrica nos Estados U n idos.
A partir de uma leitura
pre l i m i n a r podemos con statar q u e nesta teoria Peplau enfoca o potencial
terapêutico do relacionamento de pessoa-para-pessoa e mostra que, e m bora o
enferm e i ro possa a d m i n i stra r medicamentos e auxiliar em outros trata mentos
p s i q u i átricos , o p rincipal modo como ele i nfl uencia d i retame nte n o ate n d i m ento
ao paciente é através do uso q u e faz de si mesmo e n q u a nto l i d a com um
cl iente e m i nte rações i n d i v i d u a i s . Para lidar em i nterações i n d i v i d u a i s , a
referi da autora apresentou as fases da re lação i nterpessoa l , os p a p é i s nas
situações de e nfermagem e os métodos para o estudo da e nfermagem como
um processo i nterpessoal com foco no desenvolvim ento das relações e ntre o
paciente e o enfermeiro , os q u a i s têm como base o i nte racion i s m o , a
fenomenolog i a , o existencial ismo fi losófico e o h u m a n i s m o .
A p a rtir de sta constatação, associado ao fato de sermos e nferm e i ras
p s i q u i átrica s , deci d i mos desenvolver este estudo objetivando a n a l i s a r a Teoria
das R e lações I nterpessoais em Enfermagem de H i ldegard E. Pep l a u , a partir
do modelo conceitual de análise e evolução de Thibodea u , visando a uti l ização
desta a n á l i s e como s u porte/co nceituação teórica n o trabalho de d i s sertação da
autora p ri nci pal do estu d o . A escol h a por este modelo de avaliação se deu em
virtude do mesmo perm itir a avaliação por mais de u m a pessoa , com
difere ntes perspectivas e com diferentes fi n s .
M ETODOLOG IA
Trata-se de u m estudo descritivo a n a l ítico , real izado a p a rtir do
levantamento n a Rede de co m p utadores da B i b l i oteca da U F P B , n a B i b l i oteca
da F E N SG/U P E , na Sala de Leitu ra do Mestrado de l i v ros e periódicos q u e
conte m p l assem a Teoria das Rel ações I nterpessoa is de Pepl a u . A partir desta
tentativa . foi fe ito u m a leitura seletiva do materi a l coletado de acordo com os
objetivos p roposto s , fichamento em resumo · crítico-anal ítico dos textos
selecionados para posterior leitura i nterpretativa dos conteúdos dos diferentes
autores pesq u i sados e considerações dos pesq u i sadores sobre o fenômeno
evidenciado e por fi m a a n á l i s e obedecendo as seg u i ntes eta pas do modelo de
análise e evolução de Th ibodeau ( 1 988) :
I - A n á l i se dos conceito s : pessoa , ambiente saúde e e nferm a g e m ,
e nfatiza ndo os objetivos da enfermagem e o p rocesso d e
e nfe rmagem e a relação entre os q uatro conceitos p ri n ci p a i s .
R. Hras. Fnferl1l . B rasí l i a .
v.
4 '> ,
n . I p . 5 5 -64, j a n . /mar.
1 '> %
56
1 1 - I d entifica r a origem d o p ro b l e m a .
1 1 1 I d e ntifica r a metodologia para desenvolver o modelo atentando
-
para a con s i stência i nterna e a validação e m p í rica .
I V - Verificar a g e n e ra l ização da teori a .
V - Descrever a utilidade, a a ceitação e o s i g n ificad o d o modelo
teórico para a e nfermagem .
TEORIA D E P E P LAU E OS QUATRO CONCEITOS F U N DAM E N TAIS
1 . PESSOA
Peplau defi n e a pessoa e m termos d e homem e este homem como u m
org a n i s m o q u e "luta a seu modo para reduzir a tensão gerada pelas
necessidades" . A autora uti l iza ainda a d efi n i ção d e paciente com o sendo o
indivíduo q u e necessita d e cuidados d e s a ú d e , conside ra n d o o ser h u m a n o u m
org a n i s m o vivo e m estado d e e q u i l íbrio i n stável q u e l uta p a ra ati n g i r u m estado
de e q u i l í b rio perfeito , o que só ati n g i rá pela morte ( George, 1 993) .
2. A M B I E N TE
Para Tom e v ( 1 989) , o a m b iente e stá i m p l icita m ente defi n i d o q u a n d o
Peplau afi rma q u e " h á forças fora do organismo e no contexto da cultura que
influem no paciente ", mas a teori sta não se refere , d i reta m e nte , a
sociedade/a m b i e nte ; e l a n a verdade esti m u l a o p rofissional d e e nfermagem a
levar em conta a cultura e os costu mes do paciente . Acred itamos q u e a
escassa p e rcepção d e Peplau acerca d a sociedade/a m b i e nte con stitu i u m a
das principais l i m itações da s u a teori a .
3. SAÚ DE
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(George, 1 993).
4. ENF ERMAGE M
Peplau ( 1 988) considera a enfermagem u m a a rte tera p êutica e u m
processo i nterpessoal , onde cada indivíduo é visto como u m s e r bio-psico­
sócio-es p i ritua l , dotado de cre n ças , costu m e s , usos e modos de vida voltados
Para a a utora , a
para d eterm i n a d a cultura e a m b i e nte diversifica d o .
enfermagem é u m a rel ação h u m a n a entre u m indivíduo q u e está doente o u
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R.
Bras. Enferm . B rasília.
v.
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n.
I p.
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1 996
necessitado de s e rviços de saúde e u m e nfermeiro p reparado p a ra reco n h ecer
e para responder às n ecessidades de ajuda do paciente .
Segundo Stefanelli ( 1 987) , Peplau considera como elementos básicos ou
variávei s , nas situações de e nferm a g e m , a s necessidades humanas básica s , a
frustração, o confl ito e a a n s iedade, q u e devem ser tratados, no
relacion a m e nto e nferm e i ra-paciente de modo a favorecer o cresci m e nto , ou
Peplau enca ra a
sej a , o desenvolvimento saudável da personalidade.
Enfermagem com o u m a "força de amadurecimento e um instrumento
educativo " (G E O R G E , 1 993) , u m a vez q u e à medida que o enferm e i ro assiste
o paciente uti lizando a relação i nterpessoal como p rincipal ferra menta , cresce,
con h ecendo-se mel hor, e aj uda o paciente a crescer tam b é m .
5
-
COM PARAÇÃO ENTRE OS QUATRO CONCEITOS
Comparando a relação entre os q uatro conceitos a p resentados, verifica-se
que todos se adeq u a m à visão do fi nal da década de 40 e do i n ício d a década
de 50, q u a ndo o livro de Peplau foi pu blicado , ou sej a , não havia a i n d a u m a
a m pla i nfl uência a m biental sobre o i n d i v í d u o , pois se foca lizava mais as
tarefas p sicológ icas individuais do ser necessitado de aj u d a , cuj a aj uda e ra
encontrada n u m hospita l . Observa-se, então , q u e os q uatro conceitos da
Teoria das Relações I nterpessoais de Peplau baseiam-se n a s teorias
desenvolvimenta i s , dos conceitos de adaptação à vida e das reações aos
conflitos das relações i nterpessoais.
6
-
OUTROS CONCEITOS DA TEORIA
Os outros conceitos d a teoria de Peplau i n cl u e m cresci m e nto ,
desenvolvimento , com u n icação e papel . Para Boniean ( 1 987) , a com u n icação
é um p rocesso de solução de problema usado pelo enferm e i ro n a relação com
o cl iente . E ste p rocesso é cOlaborativo, no q u a l o enferm e i ro pode assumir
m u itos papeis para aj udar o cl iente no atendimento de suas necessidades e
desta forma colaborando com o seu crescimento e desenvolvimento .
Para atender a assistência de enfermagem, Peplau desenvolveu u m a série
de passos q u e seguem determ i nado padrão terapêutico e e m cujo centro está
a relação do enfe rm e i ro com o paciente , a q u a l é flexível , está baseada nos
p ri ncipios científicos e a q u i s ição de papéis. Estes passos são: ( 1 ) orientaçã o ,
( 2 ) identificação, ( 3 ) exploração e (4) solução, os q u a i s s u p e rpõem-se e
i nterrelacionam-se à medida q u e o p rocesso evo l u i na d i reção de u m a solução
( George, 1 993 ) .
A fase de orientação é o i n ício d a rela ç ão i nterpessoal , e ocorre q uando o
paciente/fa m í l i a percebe a necessidade de aj uda. Tanto o enferm e i ro q u a nto o
paciente trazem suas bagagens a nteriores (cultu ra , valores , idéias p ré­
concebidas, etc. ) , q u e devem ser levadas em consideração; a m bos têm papel
igualmente i m portante na interação i nterpessoa l . Existe nesta fase todo o
aspecto educativo d a relação.
R . Bras. Enferm .
B rasília.
v.
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n. 1
p.
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.
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N a fase de identificação o paciente reage seletivam ente no e nferm e i ro ;
a m bos p recisam esclarecer as percepções e expectativas m ú tu a s . N o final
desta fase o paciente começa a lidar com o p roblema, o q u e diminui a
sensação de i m potência e desespera nça do e nferm e i ro , criando u m a atitude
de oti m i s m o .
N a fase de exploração o paciente começa a sentir-se p a rte i nteg ra nte do
ambiente provedor de cuidados e pode necessita r "demais" do e nferm e i ro
como u m a forma de "conseguir a ten ção" . É i m po rtante para o enferm e i ro
saber u s a r os p ri ncípios p a ra técn icas de e ntrevi sta . O p�ciente poderá
a p resentar u m confl ito entre dependência-independênci a . O enferm e i ro
preci sa oferece r u m a atmosfera sem ameaças e uti l izar adequadamente a
i nterpretando
e
aceita ndo
escuta n d o ,
esclarecendo,
com u n i caçã o :
correta mente ; assim o enferm e i ro aj u d a o paciente na exploração de todos os
cam i n hos da saúde.
A fase de solução é a últi m a do p rocesso i nterpessoal . P re s u me-se q u e as
necessidades do paciente já foram satisfeitas através dos esforços
cooperativos do enfermeiro e do paciente . Ocorre a dissolução do elo da
relação terapêutica .
N a execução destas fases são a s s u m idos d iferentes papéis p rofissionais ,
os q u a i s podem ser descritos da seg u i nte m a n e i ra : P rofessor
-
aquele q u e
parti lha con hecimentos a respeito de u m a necessidade o u i nteresse; Rec u rso
aquele que oferece i nformações específica s , necessári a s , que auxi l i a m n a
com p reensão d e u m problema ou situação, de determ i n adas habil idades e
atitudes, auxi l i a outra pessoa no reconheci mento , e nfrentamento , aceitação e
-
solução de p roblemas q u e i nterfere m e m s u a capacidade d e viver feliz e
eficiente m e nte; Líder
-
aquele q u e executa o p rocesso de i n ício e m a n utenção
das metas do g ru p o , através da interação; Espe c i a l i sta Téc n i c o a q u e l e q u e
providencia cu idados físicos , exi bindo h a b i l idades cl ínica s e q u e a p resenta a
-
ca pacidade de uti lizar e q u i p a me ntos nessa tarefa ; e S u bstituto aquele q u e
a s s u m e o l u g a r do outro ( George, 1 993) .
Peplau d escreve a i n d a q uatro experiências psicobiológica s : nece ssidades,
frustração, conflito e ansiedade. Estas experiências proporcionam e n e rg i a que
é transformada e m a l g u m a forma de a ção. Peplau não util iza con ceitos
-
teóricos de e nfermagem para identificar e explicar estas experiências q u e
compelem respostas destrutivas ou con strutivas p rovenientes do enferm e i ro e
do paciente . Este entendimento providencia u m a base p a ra formação de
objetivo e i ntervenções de e nfermagem ( Tomey, 1 989) .
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R . Bras. Enferm .
Brasília.
v.
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C o m p a ração d o P rocesso de E nfermagem e as Fases da Teoria de Pep l a u
Fonte : G EO R G E , 1 993
Observamos que há uma sign ificativa relação entre a s fases do trabalho
teórico de Peplau e o q u e precon iza o processo de enfermagem , pois há u m
conti n u u m e m a m bos q u e enfatizam as seqüências lóg icas d a i nteração
terapêutica , onde são i ncl u ídas como ferramentas básicas à observação,
com u n icação e reg istros utilizados pelo enfermeiro no desenvolver de suas
ações ( George, 1 993) .
ORIGEM DA TEORIA I NTERPESSOAL DE PEPLAU
R.
Bras. E/�rerm . B rasília.
v.
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n.
I
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Peplau usou con hecimento e m p restado d a ciência com portamenta l i sta e do
q u e possa ser chamado de modelo psicológico ( Tomev, 1 989) . A com posição
conceitual dos relacionamentos i nterpessoais procu ra desenvolver as
h a b i l idades do e nfe rm e i ro usando a orientação através dos eventos de
s i g n ificância psicológica , senti mentos e comportam entos d o paciente. A teoria
i nterpessoal de H a rry Stack S u l l i va m ; a teoria da psicod i n â m ica d e S i g m u n d
Fre u d ; a teori a de Abra h a m Maslow d a motivação h u m a n a ; o trabalho d e Neal
Elgar M i l l e r voltado para a teoria d a personalidade, meca ni s mos d e aj u ste ,
psicotera p i a e princípios do aprend izado soci a l são a l g u n s dos m u itos recursos
que Peplau usou no desenvolvimento da sua com posição conceitua l (TO M EY,
1 989) .
Peplau
estava
com p rometida
em
i n corpora r con hecime ntos Ja
estabelecidos dentro da com posição conceitua l d e l a , para assim desenvolver
u m a teoria baseada no modelo de enferm a g e m , o que conseg u i u com sua
Teoria d a s R e lações I nterpesso a i s .
C u m p re destaca r a i m portâ ncia d o referencial das teorias i nterpessoais
para a enfermagem ao se col ocar como uma tentativa de m u d ança de um
olhar cl ín ico , mera m e nte , para u m olhar com p reensivo, da enferm e i ra d i rigido
ao paciente (AG U IA R , 1 995) .
M ETODOLOGIA DA TEORIA DAS RELAÇÕES I N TERPESSOAIS
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Percebe-se a i n d a q u e , a l é m do m étodo i n d utivo , Peplau utilizou também
con hecim entos m a i s a m p l o s , de o utras ciênci a s , d a í poder-se afi rma r que o
61
R. Bras. Enferm .
Brasília.
v.
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método q u e melhor responde pela Teoria das Relações I nterpessoais é o
método h ipotético-dedutivo.
UTILIDADE, ACEITAÇÃO E S I G N I F I CADO DA TEORIA DAS RELAÇÕES
I N TERPESSOAIS
Peplau trouxe u m a nova perspectiv a , u m novo m étodo , · u m a fu n d a mentação
teorica m ente baseada para a p rática de enfermagem no trabalho tera pêutico
com pacientes ( Tomey, 1 989) . O trabalho de Peplau é responsável por uma
seg u n d a m u d a nça de ordem na cu ltu ra da enfermagem , pois "possibilitou a
compreensão de que o cuidado en volve contato, rela ção e intera çã o" (Aguiar,
1 995) .
As críticas ao modelo i n d i ca m a falta de desenvolvimento dos s i stemas
soci a i s que poderiam ampliar o conhecimento base para se entender o
problema do paciente . Apesar de Peplau ter usado as teorias i nterpessoal e
i ntrapessoal de S u l l ivan e Freud como base teórica para o seu modelo. não
levou em consideração os i nterrelacionamentos entre homem e sociedade
( Tomey, 1 98 9) .
A teoria de Peplau é m u ito aceita em enfermagem p s i q u i átrica , saúde
mental e e nfermagem clín i ca , ta nto ao n ivel de ensino, da pesquisa e com
menor intensidade na prática . A teoria de Peplau pode ser considerada
precis a , poré m há necessidade de ser mais uti l izada a fim de que este g ra u de
p recisão a u mente .
Q u a nto ao s i g n ificado, Peplau é u m a das p ri m e i ra s teoristas desde
N ig htingale a a p resentar uma teoria para enfermagem . Por isso o trabalho dela
pode ser considerado como pioneiro dando á enfermagem u m m étodo
sign ificativo d a prática do autod i recionamento n u m a época em q u e a medicina
domina o campo do cuidado á saúde.
CONSIDERAÇÕES F I NAIS
Embora o l ivro de Peplau ten h a sido p u b l i cado na década de 5 0 , q uatro
décadas atrá s , constatamos q u e os conceitos da teoria conti n u a m dando
d i reção p a ra a prática da enfermagem , para a educação e a pesq u i s a . Este
fato se expl i ca por ter sido esta teoria desenvolvida co base na rea l i d a d e , o
q u e tem favorecido a relação existente entre a teoria e os dados e m p í ri cos , os
q u a i s perm item a validação e verificação da teoria por outros cientista s .
A Teoria de P e p l a u lida c o m relacionamentos do processo i nterpessoal
enfe rm e i ro - paciente e experiências psicobiológicas . Cada u m desses
relacionamentos é então desenvolvido dentro da teori a , de uma forma
compreen síve l . Daí a teoria ser descrita como uma j u n ção de a lto g ra u de
s i m p l ici d a d e . A teoria de Peplau é adaptável apenas na e nfermagem · em
loca i s onde possa haver a com u n i cação entre o paciente e o enferm e i ro . O
seu uso é l i m itado no trabalho com pacientes inconsciente s , recém-nascidos e
a l g u n s pacientes idosos. Portanto , nesta teoria a q u alidade da genera l i d ade
não é encontra d a . Desta forma podemos concl u i r q u e o trabalho d e Peplau
R.
Bras. Enferm . Brasília.
v.
49, n. I p. 5 5 -64. jan./mar.
1 9 96
62
tem fornecido u m a contrib u i ção s i g n ificante p a ra a base de con h e ci m entos da
enfe rmagem .
A BST R A C T : T h is is a b i b l i o g ra p h ic s t u d y w h ere t h e a u t h ors tri e d to a n a lyse
the
i n terpers o n a l
re l a ti o n s h i ps
of
n u rs i n g
from
H i l d e g ard
E.
Peplau
fo l l owi n g t h e c o n c e p t u a l p a ttern o f a n a lysis a n d e v o l u ti o n proposed by
Thibodea u .
It d e s cribes the c o n c e pts of p e rs o n . e n v i ro m e n t . h e a l t h a n d
n u rs i n g ; t h e s o u rc e a n d p ro c e d u res u s e d to t h i s t h e o ry form a t i o n ; a n d its
g e n era lizati o n . u s e . a c c e p t a n c e a n d s i g n ifi c a n c e for n u rs i n g .
i m porta n c e
of
its
a p p l i c a ti o n
in
n u rs i n g
p ra c ti c e
It s h ows t h e
beca use
the
i n terpers o n a l proc ess is a pri m a ry sta g e i n n ursi n g assista n c e .
K E Y W O R D : T h e o ry ; I n terpers o n a l R e l a ti o n s h i p - N u rsi n g .
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