As Palavras Pintadas nos Livros dos Séculos XIV e XV 2

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As Palavras Pintadas nos Livros dos Séculos XIV e XV 2
As Palavras Pintadas nos Livros dos
Séculos XIV e XV
2)- A função da imagem no mundo clássico e no ambiente cristão.
Firmado digitalmente por Kathia
Alves
Nombre de reconocimiento (DN):
cn=Kathia Alves, o, ou,
[email protected], c=BR
Fecha: 2010.10.19 03:33:39 +02'00'
Relevo em marmore com grupo de estudantes de Bolonha
Artistas: Jacobello Masegne & Paolo Pier (1383-1409) - Museo Civico, Bolonha – It.
2a)- A Imagem, no Mundo Clássico e no Ambiente Cristão.
A Igreja católica se
serve dos
fundamentos da
arte da memória
elaborada no
mundo clássico,
para difundir sua
doutrina.
Simônides de Ceos – poeta e pintor grego,
do séc. V a.C. traça os fundamentos da
mnemônica afirmando: “A pintura é
poesia silenciosa, enquanto, a poesia é a
pintura que fala.” Portanto, se deve
pintar com palavras e narrar com
imagens, intercalando os dois discursos
para formar um quadro mental
completo.
Gregório Magno – Pontífice e filósofo do
séc. VI d.C. defende a instrução dos
iletrados através de um programa de
divulgação dos textos sagrados com
auxílio de imagens que “representam” as
virtudes das tradições filosóficas e os
princípios da Igreja.
2b)- A Imagem e a Palavra no ambiente dos oradores latinos.
Na Grécia e na Roma antiga a oratória era uma componente da retórica.
A retórica era a habilidade de expor as próprias idéias compondo textos e versos, enquanto a
oratória era a arte de falar em público. Esta disciplina fazia parte da formação dos homens
políticos do mundo clássico.
Durante a Idade Média e o Renascimento a oratória foi confinada ao ambiente eclesiástico.
Cicerone (séc. I aC.)
Sêneca (séc. I dC.)
Horácio (séc. I aC.)
Alegoria da
Editoria, de C.
Ripa.
Os oradores latinos Cicerone e Sêneca, para não se perderem no discurso, usavam imagens para
evocar na memória a ordem das idéias. A sua vez, o poeta Horácio no seu texto Ars Poetica, defende
a Ut pictura poësis, ou seja, a importância da imagem e da estética na pintura assim como na poesia.
Ele demonstra a importância da composição, da harmonia, da ordem e da estética como espírito das
palavras e das imagens. Estas fontes inspiraram figuras mnemônicas das alegorias de Alciato, de
Cesare Ripa e de outros artistas no séc. XVI.
2c)- A imagem e a palavra dois caminhos para alcançar o
conhecimento de Deus.
No mesmo período de Richart de
Fournival, o teólogo São
Boaventura, prefere acentuar a
importância da visão, afirmando
que a causa da fragilidade da
memória o que se ouve é mais
facilmente esquecido daquilo
que se vê.
Richart de Fournival –
canônico de Amiens no séc.
XIII - teorizou sobre o
utilizo da palavra e da
imagem: Deus doou à alma a
capacidade da memória e
duas diferentes estradas
para chegar a ela: a visão,
sensibilizada pela pintura e a
audição estimulada pela
palavra.
2d)-A imagem e a palavra como canais da
mensagem da Igreja.
O patrimônio artístico e intelectual que sobreviveu à
antiguidade passa a ser tutelado pela Igreja. A função
mediadora da imagem vem estreitamente controlada
para servir os interesses das instituições religiosas,
pois será seu principal veículo de doutrina. Isto ocorre
na pintura monumental, como nas imagens dos códices
miniados.
2e)-As imagens falavam. Pinturas e esculturas dos monumentos
recordavam os sagrados textos e enfatizavam a sua essência.
Giotto pintou na capela dos Scrovegni em Pádua, o tema dos vícios e das virtudes: cardinais
(justiça, temperança, força e prudência) e teologais (fé, esperança e caridade), invocando a
sabedoria dos sacros textos da doutrina cristã.
2f)-Mosaicos, pinturas e esculturas dos monumentos evocavam os
sagrados textos e enfatizavam a sua essência.
Mosaico da cúpula da Igreja de Santo Ambrogio de Mi. séc. VI-VIII d.C. A figura de Cristo entre os santos e mártires milaneses.
Os canônicos medievais utilizavam a arte mnemônica evocando a doutrina católica
nas imagens das catedrais. Os templos passam a ser livros tridimensionais e os livros
se transformam na mais íntima capela para o espírito.
2g)-O livro ilustrado constitui um
dos frutos mais refinados da
civilização. Suas imagens
inspiraram: tapeçaria, escultura,
vitraux e figuras em esmalte.
Vitrais de 1215 da Catedral NotreDame de Laon. St.Etienne aparece
diante do sacerdote.
Sexto dia da
Criação: Bíblia
de Maciejowski,
conhecida como
Bíblia de
Morgan. França
XIII. Se
encontra na
Pierpont
Morgan.
O Anjo do
Αpocalipse de
Angers.
Tapeçaria de
Nicolas
Bataille, 13631400: Museu
da Tapeçaria
de Angers,
França.
Copyright
Brigdeman
Education –
London.
2h)- Artistas que realizavam pinturas em grande formato e
miniaturas. comunicando com imagens, textos e idéias sobre o
mundo.
Iluminura de Simone Martini no Codex
Virgilianuns de 1344 de F. Petrarca. Simone
nasceu em Siena em 1284, faleceu em
Avinhão em 1344, foi um dos maiores
mestres da escola sienese do Trecento.
http://www.youtube.com/watch?v=FuejCkK
pWHM
Iluminura de Beato Angelico, nasceu
em 1387 faleceu 1455, foi importante
pintor e miniaturista do Tardo Gótico
ao início do Renascimento.
http://www.youtube.com/watch?v=WW
X-Igis0FA&feature=related
2i)-Palavras, Imagens, Luzes, Cores, Incenso e Sons.
Um mergulho na atmosfera do século XII.
Grande parte da obra de Hildegarda Von Bingen ganha relevo graças as imagens dos seus
manuscritos que descrevem com precisão as suas visões.
http://www.youtube.com/watch?v=-_DM07FP7B4&feature=related
Música escrita pela Santa Beneditina Hildegarda Von Bingen que viveu entre 1098 e 1179 na
Alemanha. Foi monaca, visionária desde a idade de 8 anos, mas revela suas visões somente ao redor
dos 40 anos. Dizia-se inspirada por Deus e em nome do Altíssimo realizou obras de imenso valor. Foi
escritora, musicista e compositora, artista, poeta, filosofa, conselheira política, estudiosa da natureza
e médica naturalista.

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