produção de sabão de sementes de frutos regionais
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produção de sabão de sementes de frutos regionais
PRODUÇÃO DE SABÃO DE SEMENTES DE FRUTOS REGIONAIS XAVIER, G. P. L. (IC); SILVEIRA, A. J. ª(QO)* Universidade Federal do Pará – Departamento de Química, CEP 8600, 66075-900, Belém – Pará. E-mail: [email protected] Trabalho Prático da Disciplina Química Orgânica Experimental – Curso de Química Industrial – Departamento de Química – CCEN ABSTRACT The purpose of this work is to make soap from the seeds of Amazonian plants. We are studying species originates from the Amazon Region itself, such as the bacuri(Platoria insignis Mart, Gutiferae), cupuaçu(Theobroma grandiflorum, Sterculiaceae) and cacau(Theobroma cacau, Sterculiaceae), and species that were brought from other tropical forests, such as manga(Mangifera indica L, Anacardiaceae). The seeds are macerates in acetone to obtain triacilglicerol. Then, the triacilglicerol is further purified and converted in soap by the means of a saponification reaction. INTRODUÇÃO A região Amazônica oferece diversos frutos comestíveis. Em Belém do Pará, os mais consumidos pela população são: bacuri(Platoria insignis Mart, Gutiferae); manga(Mangifera indica L, Anacardiaceae); cupuaçu(Theobroma grandiflorum, Sterculiaceae) e cacau(Theobroma cacau, Sterculiaceae) [2]. Consideradas como frutas prediletas da maioria dos amazônidas, elas vêm conquistando o mercado de outras regiões do país(e do exterior). São plantas de boa adaptação à sombra. Isto faz com que sejam espécies apropriadas para a formação de consórcio com outras plantas de porte florestal. Na Amazônia existem cerca de cem mil quilômetros quadrados de terras abandonadas, quase sempre tomadas por capoeira. Estas áreas poderiam ser recuperadas e valorizadas com plantio destas mudas, proporcionando excelentes resultados, tento econômico quanto ecológicos, por não haver necessidade de desmatamento para a formação de novos pomares[1]. O maior valor das espécies está no fruto, cujo endocarpo(polpa comestível) possui um sabor bastante agradável, cheiro intenso e característico. Com a separação da polpa, resta a casca do fruto que é utilizada em alguns locais, como adubo orgânico[3]. As sementes destes frutos são ricas fontes de trigliceróis. Por esta razão, no curso de química orgânica experimental da UFPA, trabalha-se com a gordura da semente destes frutos na obtenção de sabão, proporcionando assim, mais um aproveitamento nobre. MATERIAIS E MÉTODOS A gordura foi extraída através da maceração das sementes em acetona, sob agitação por um período de 9 a 15 horas, conforme é mostrado no fluxograma abaixo: Revista Virtual de Iniciação Acadêmica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 1, No 1, março 2001 Página 1 de 4 A reação de saponificação da gordura foi conduzida para produzir o sabão com a seguinte composição: gordura 33,3%; etanol 21%; água 26%; hidróxido de sódio 35%, aroma de rosas 2%. Não foi necessária a adição de corante, pois para cada semente do fruto obteve-se uma cor de sabão FLU X O G R A M A G E R A L D O P R O C E S S O D E E X T R A Ç Ã O D E G O R D U R A M a terialTriturado Acetona9-15h(Maceração) Filtração ExtratoAcetônico Torta Precipitação(aprox.10ºC) Filtraçãosimples FiltradoAcetônico G ordura(Triacilglicerol) Destilaçãosimples Saponificação Extratoconcentradocomoutrassubstâncias DestiladoAcetônico Sabão ÁcidoG raxo Destilaçãofracionada AcetonaRetificada diferente. O tempo de saponificação da gordura em aparelhagem de fluxo [4] foi diferente para cada semente de fruto estudado. Obtém-se das amêndoas do bacuri, uma gordura com alto índice e de matéria insaponificável. A composição percentual da mistura de ácidos graxos liberados das amêndoas do cupuaçu e cacau, revela um alto teor de ácido oléico para o cupuaçu e esteárico para o cacau, como mostra a tabela 01, gráfico 01, [03]. Tabela 01: Composição Percentual de Ácidos Graxos nas Amêndoas do Cupuaçu e Cacau Ácido Graxo Cupuaçu Cacau Palmítico C16/0 5,8 32,8 Esteárico C18/0 38,3 35,5 Oléico C18/1 42,8 29,6 Araquídico C20/0 4,8 1 Linoleico C18/2 8,3 1,1 Gráfico 01: Composição de Ácidos Graxos nas Amêndoas do Cupuaçu e Cacau Revista Virtual de Iniciação Acadêmica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 1, No 1, março 2001 Página 2 de 4 50 40 Palmítico C16/0 Esteárico C18/0 Oleico C18/1 Araquídico C20/0 Linoleico C18/2 30 20 10 0 Cupuaçu Cacau RESULTADOS EXPERIMENTAIS Os resultados experimentais obtidos no processo de obtenção de sabão estão relatados na tabela abaixo. O trabalho está em andamento, em uma próxima fase será efetuado o controle de qualidade do sabão. Não foi necessária a adição de corantes, pois para cada semente do fruto obteve-se uma cor de sabão diferente. O tempo de saponificação da gordura extraída foi diferente para cada fruto, como mostra a tabela abaixo: Tabela 02: Resultados da Saponificação Semente Cacau Manga Bacuri Cupuaçu Cor da Gordura antes da saponificação Branco Branco Amarelo Branco Tempo de saponificação (hora) 1 3,5 1,5 1,5 Cor do sabão Chocolate Preto Marrom Vinho Tabela 03: Rendimento em Triacilglicerol (TAG) Para cada 100g de sementes maceradas foram obtidos os seguintes rendimentos em TAG: Semente Bacuri Manga Cupuaçu Cacau Rendimento % 10% 8% 8% 8% Revista Virtual de Iniciação Acadêmica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 1, No 1, março 2001 Página 3 de 4 CONCLUSÃO O processo científico em estudo levará à obtenção de produto economicamente viável, pois este utilizará matéria prima de baixo custo extraída das sementes que, normalmente, são consideradas como refugo pelos fornecedores de polpas de frutos regionais. BIBLIOGRAFIA 01- Cavalcante, P. B., Frutas Comestíveis da Amazônia, 1976, Editora Falângola. 02- Luna, M. S. ; Bentes, M. H.; Arruda, A. C., Análise das Amêndoas de Duas Gutíferas, Encontro de Profissionais da Química da Amazônia, 1981. 03- Vasconcelos, M. N. L; Silva, M. L.; Gottieb, O. R, Estudo Químico das Sementes de Cupuaçu, Acta Amazonica 1975 5(3): 293-295. 04- Zubrick, J. W., Organic Chem Lab Survival Manual, 1992, Editora John Wile & Sons, Inc. Revista Virtual de Iniciação Acadêmica da UFPA http://www.ufpa.br/revistaic Vol 1, No 1, março 2001 Página 4 de 4