programa de mestrado e doutorado em fisioterapia
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PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM FISIOTERAPIA UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO ANA CAROLINA TACCOLINI MANZONI TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E ANÁLISE DAS PROPRIEDADES DE MEDIDA DA VERSÃO PORTUGUÊS-BRASILEIRO DO CONSULTATION AND RELATIONAL EMPATHY (CARE) MEASURE SÃO PAULO 2016 PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM FISIOTERAPIA UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO ANA CAROLINA TACCOLINI MANZONI TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E ANÁLISE DAS PROPRIEDADES DE MEDIDA DA VERSÃO PORTUGUÊS-BRASILEIRO DO CONSULTATION AND RELATIONAL EMPATHY (CARE) MEASURE Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito para a obtenção do título de Mestre, sob a orientação da Profa. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral. SÃO PAULO 2016 Banca examinadora ________________________________________ Prof. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral Universidade Cidade de São Paulo ________________________________________ Prof. Dra. Lucíola da Cunha Menezes Costa Universidade Cidade de São Paulo ________________________________________ Prof. Dr. Vinicius Cunha de Oliveira Universidade Federal de Minas Gerais DEDICATÓRIA Dedico esta dissertação de Mestrado à minha família, que desde criança sempre me incentivaram e me apoiaram em minhas escolhas. Aos meus pais, Carlos Augusto Manzoni e Claudia Regina Charles Taccolini Manzoni, que são minha maior fonte de exemplos e inspiração, ao qual lhes sou muito grata por todo o apoio e o amor recebido. À minha irmã, Nathalia Taccolini Manzoni, que em todos os momentos está presente em minha vida, me apoiando e sendo muito companheira. Aos meus avós, que sempre me deram muito amor e carinho. Por último, dedico esta dissertação ao meu namorado e companheiro de sonhos e realizações, Ricardo Caravieri Vicente Junior. Obrigada por estar presente em todos os momentos mais importantes da minha vida, sempre sendo um parceiro especial e muito paciente. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à minha orientadora, a professora Dra. Cristina Maria Nunes Cabral, que vem me apoiando e me ajudando a crescer desde a minha primeira iniciação científica, no segundo ano da minha graduação (já são 6 anos de orientação, nem acreditei quando fiz as contas). Com certeza eu só tenho a agradecer por todo o apoio, incentivo e por acreditar em mim e me fazer crescer sempre, tanto pessoalmente como profissionalmente. Você é e sempre vai ser uma professora, amiga que admiro muito. Agradeço também o apoio da FAPESP, pela bolsa concedida para a realização deste estudo (referente ao processo número 2014/13461-9). Agradeço também ao amigo Felipe Ribeiro Cabral Fagundes, que pudemos trabalhar juntos em nossas pesquisas de iniciação científica e de seu mestrado. Pude aprender muitas coisas, e desde sempre você me incentivou. Admiro muito seu trabalho e sua dedicação, obrigada por tudo. Agradeço também a minha amiga Fernanda Ferreira Fuhro, que é minha amiga e companheira de histórias e graduação há 7 anos. Você está presente em todos os momentos da minha vida, já passamos por muita coisa juntas, e sei o quanto nos apoiamos e estamos sempre juntas em tudo. Obrigada por me apoiar e por estar presente nessa fase da minha vida. Também agradeço aos meus “amigos-irmãos” que sempre me apoiam e estão presentes em todos os momentos bons e ruins, Aline Portella, Daniel Bialowas, Gabriele Matroni e Juliana Altschul. Também agradeço aos tradutores deste estudo, a minha prima Isabela Taccolini Sarno, a minha grande amiga-irmã Juliana Altschul e aos amigos Fernanda Fuhro e Felipe Fagundes, muito obrigada pela colaboração ao meu projeto. Agradeço a todos os locais de coleta deste estudo, primeiramente a Universidade Cidade de São Paulo e a todos os terapeutas dos estudos que me auxiliaram na coleta. Agradeço também ao Hospital do Servidor Público Municipal e aos terapeutas de lá. Agradeço à Secretaria Municipal de Saúde, em especial ao Centro de Especialidade em Reabilitação da Freguesia do Ó, aos terapeutas que lá me auxiliaram e a coordenadora Rose. Agradeço também a todos os meus colegas e professores do mestrado, nesses dois anos puder aprender muita coisa e a crescer muito. Obrigada pelos ensinamentos e pela paciência. Por fim, agradeço à minha família e aos meus amigos, pela paciência e apoio. SUMÁRIO PREFÁCIO ........................................................................................................................ i RESUMO ........................................................................................................................ iii CAPÍTULO 1 - Contextualização .................................................................................... 1 1. Introdução ..................................................................................................................... 2 1.1 Relação terapeuta-paciente.................................................................. 2 1.2 Empatia................................................................................................ 3 1.3 Influência nas condições clínicas e/ou crônicas .................................. 4 1.4 Idiomas e culturas................................................................................ 6 - Estágio 1: Tradução inicial ...................................................................... 7 - Estágio 2: Síntese da tradução ................................................................. 7 - Estágio 3: Retro-tradução......................................................................... 7 - Estágio 4: Comitê de experts ................................................................... 8 - Estágio 5: Pré-teste da versão final .......................................................... 8 1.5 Propriedades de medida de questionários ........................................... 8 1.6 Questionário CARE: histórico e descrição............................................12 1.7 Justificativa e objetivos..........................................................................15 2. Referências Bibliográficas...........................................................................................17 CAPÍTULO 2 - Tradução, adaptação transcultural e análise das propriedades de medida da versão português-brasileiro do Consultation and Relational Empathy (CARE) Measure.................................................................22 Introdução........................................................................................................................25 Métodos...........................................................................................................................27 Amostra.........................................................................................................27 Instrumentos de medida................................................................................27 Procedimentos...............................................................................................29 Análise estatística.........................................................................................31 Resultados........................................................................................................................33 Discussão.........................................................................................................................36 Conclusão........................................................................................................................41 Referências bibliográficas...............................................................................................41 CAPÍTULO 3 – Considerações finais ............................................................................ 49 Anexo 1 – Normas da revista Quality of Life Research..................................................54 Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...............................................69 Anexo 3 – Consenso do autor original do CARE (Dr. Stewart Mercer) para a realização deste estudo......................................................................................................................71 Anexo 4 – Versão original do CARE..............................................................................73 Anexo 5 – Questionário demográfico utilizado na coleta de dados................................74 Anexo 6 – CARE versão português-brasileiro................................................................75 Anexo 7 – Escala numérica de dor..................................................................................77 Anexo 8 – Escala de percepção do efeito global ............................................................78 Anexo 9 – Questionário MedRisk Instrument for Measuring Patient Satisfaction With Physical Therapy Care (MRPS) …...…………………….…………………………….79 i PREFÁCIO Esta dissertação de mestrado aborda temas relacionados com a relação terapeutapaciente, empatia e sua influência na melhora clínica. Especificamente, este trabalho aborda o questionário Consultation and Relational Empathy (CARE) na versão português-brasileiro e suas propriedades de medida. É constituída por três capítulos, sendo que cada um apresenta sua própria bibliografia. O Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo permite que artigos publicados, aceitos, submetidos ou em preparação para publicação sejam incluídos em seu formato de publicação ou submissão no corpo do exemplar da qualificação. O capítulo 1 apresenta uma contextualização dos assuntos abordados, como a empatia, a relação terapeuta-paciente e a sua influência nas condições clínicas e/ou crônicas. Neste capítulo também será apresentado o questionário CARE, assim como seu histórico e propriedades de medida. As diretrizes relacionadas aos estudos de tradução, adaptação transcultural e avaliação das propriedades de medida de questionários na área da saúde também serão abordadas, além dos objetivos da dissertação. O capítulo 2 consiste no estudo de tradução, adaptação transcultural e análise das propriedades de medida da versão português-brasileiro do questionário CARE. Este capítulo está formatado de acordo com as normas da revista Quality of Life Research (Anexo 1). O capítulo 3 apresenta as considerações finais da qualificação. Após o capítulo 3, estão disponíveis os anexos desta qualificação, que são: Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, Anexo 3 – Consenso do autor original do CARE (Dr. Stewart Mercer) para a realização deste estudo, Anexo 4 – Versão original do CARE, Anexo 5 – Questionário demográfico utilizado na coleta de dados, Anexo 6 – ii CARE versão português-brasileiro, Anexo 7 – Escala numérica de dor, Anexo 8 Escala de percepção do efeito global, e Anexo 9 – Questionário MRPS. iii RESUMO O objetivo deste estudo foi traduzir, adaptar transculturalmente e analisar as propriedades de medida da versão em português-brasileiro do Consultation and Relational Empathy (CARE). O objetivo secundário foi investigar se a empatia é um preditor na melhora clínica do paciente. Para a etapa de adaptação transcultural foram avaliados 30 pacientes com dor musculoesquelética crônica e para a avaliação das propriedades de medida 106 pacientes com a mesma condição. Após a terceira sessão de fisioterapia com o mesmo fisioterapeuta, foram aplicados os seguintes questionários: questionário demográfico, Escala Numérica de Dor, CARE, MedRisk Instrument for Measuring Patient Satisfaction With Physical Therapy Care (MRPS) e a Escala de Percepção do Efeito Global, para avaliação da consistência interna, validade do construto e efeitos de teto e piso. Para a reprodutibilidade, o CARE foi respondido 48 horas depois da avaliação inicial. Para investigar se a empatia do terapeuta é um preditor na melhora da dor do paciente, foram realizados testes de regressão linear. Para isto, os participantes responderam aos questionários CARE, Escala Numérica de Dor e a Escala de Percepção do Efeito Global 2 meses após a avaliação inicial. No processo de tradução e adaptação transcultural (n=30), alguns termos do questionário foram discutidos na etapa do comitê de experts, o teste da versão pré-final foi realizado e os participantes não tiveram dúvidas. A consistência interna foi classificada como adequada (alfa de Cronbach de 0,88), a confiabilidade como substancial (Coeficiente de Correlação Intraclasse= 0,77), a concordância como muito boa (Erro Padrão de Medida= 2,58%) e foi encontrada uma correlação moderada com o questionário MedRisk (r=0,50). Também foi encontrado efeito teto, em 39,6% dos participantes, o que pode ser esperado em questionários que mensuram a empatia. A empatia não foi considerada um preditor na melhora clínica do paciente. Apesar do efeito teto ter sido iv encontrado, é um resultado comumente encontrado em estudos que avaliam esses construtos (como satisfação e aliança terapêutica), pode-se sugerir que o CARE mostrou-se confiável e adequado na versão português-brasileiro, e pode ser utilizado nos ambientes de saúde e também para futuros estudos no Brasil. Palavras-chave: tradução, validação, dor crônica, empatia, relação terapeuta-paciente v ABSTRACT The objective of this study was to translate, cross-culturally adapt and test the measurement properties of the Brazilian-Portuguese version of the Consultation and Relational Empathy (CARE). The secondary objective was to perform a correlation analysis between empathy and patient’ clinical improvement. For the transcultural adaptation stage 30 patients with chronic musculoskeletal pain were evaluated and to analyze the measurement properties 106 patients with the same condition were evaluated. After the third session of physiotherapy with the same physical therapist, the following questionnaires were applied: demographic questionnaire, Pain Numerical Rating Scale, CARE, MedRisk Instrument for Measuring Patient Satisfaction With Physical Therapy Care (MRPS) and Global Perceived Effect Scale, to assess the internal consistency, construct validity and ceiling and floor effects. For reproducibility, the CARE was answered 48 hours after the initial evaluation. To analyze the correlation of CARE with clinical improvement, participants responded the questionnaires CARE, Pain Numerical Rating Scale and the Global Perceived Effect Scale 2 months after the initial assessment. In the process of translation and crosscultural adaptation (n = 30), some terms of the questionnaire were discussed at the stage of the expert committee, the test of the pre-final version was performed and participants had no doubts. Internal consistency was classified as adequate (Cronbach's alpha = 0.88), reliability as substantial (intraclass correlation coefficient = 0.77), agreement as very good (standard error of measurement = 2.58%) and a moderate correlation with the questionnaire MedRisk was found (r = 0.50). Ceiling effect was observed in 39.6% of participants, which can be expected in questionnaires that measure empathy. Empathy was not considered a predictor of clinical improvement. Although the ceiling effect was found, it is a result commonly found in studies that vi evaluate these constructs (such as satisfaction and therapeutic alliance), it can be suggested that the CARE is reliable and adequate in the Brazilian-Portuguese version, and can be used in healthcare environments and also for future studies in Brazil. Keywords: translation, validation, chronic pain, empathy, therapist-patient relationship CAPÍTULO 1 - CONTEXTUALIZAÇÃO 2 1 INTRODUÇÃO A relação entre profissionais da saúde e pacientes é um fator que interfere na eficácia do tratamento. Em particular, a satisfação do paciente, adesão e o resultado do tratamento têm sido associados com a relação terapeuta-paciente1-3. Estudos vêm mostrando que a qualidade da relação entre profissionais da saúde e pacientes pode afetar significativamente o resultado do tratamento, pois um bom atendimento é capaz de aumentar a confiança do paciente com relação ao profissional e, consequentemente, ao tratamento4-7. 1.1 Relação terapeuta-paciente Esta relação pode ser definida como uma conexão social ou a relação de trabalho positiva entre o paciente e seu terapeuta8. Porém esta relação é complexa e envolve algumas questões: a aliança terapêutica é um aspecto que ajuda na relação terapeuta-paciente, mas não se resume só nela; ela requer a colaboração tanto do terapeuta como do paciente; assim, a aliança é uma conquista, uma qualidade da parceria e que pode mudar com o tempo6. Atualmente, estudos vêm mostrando que um bom atendimento é capaz de aumentar a confiança do paciente com relação ao profissional de saúde, consequentemente a adesão ao tratamento e seus resultados também melhoram4-7. Especificamente, a relação terapeuta-paciente têm sido apontada como um diferencial do resultado do tratamento, bem como da satisfação do paciente2, 3. Bordin9 em 1979 definiu os três principais componentes que contribuem para a construção da relação terapeuta-paciente: (1) o acordo terapeuta-paciente sobre os objetivos do tratamento, (2) o acordo terapeuta-paciente nas intervenções, e (3) o vínculo afetivo entre o paciente e o terapeuta. A partir desta definição, pesquisas 3 começaram a ser realizadas para medir a relação entre terapeutas e pacientes na prática clínica e avaliar o seu impacto sobre os resultados do tratamento10. Os primeiros estudos sobre esta relação foram na área da psicologia e em áreas gerais da medicina e ainda existem poucos estudos relacionando a relação terapeuta-paciente com a reabilitação física10. 1.2 Empatia A empatia é um componente da relação terapeuta-paciente e tem sido identificada como um fator determinante da satisfação nesta relação11, 12 . A empatia também é essencial para os profissionais da saúde demonstrarem sua preocupação e assim criar uma experiência positiva para o paciente13. A empatia pode ser confundida com simpatia. A distinção entre os termos "empatia" e "simpatia" na área da saúde tem sido resumida como: "médicos empáticos compartilham a sua compreensão, enquanto médicos simpáticos compartilham suas emoções com os seus pacientes”14. A empatia clínica pode melhorar os resultados de saúde por aprimorar a comunicação médico-paciente e tornar a consulta mais eficaz. Esta característica também é altamente valorizada pelos pacientes15, de modo que a empatia clínica é um elemento essencial na qualidade do atendimento, e está associada com uma melhor satisfação do paciente e adesão ao tratamento, bem como com menor número de queixas de negligência16, 17. Em uma metanálise recente, a empatia também foi associada a melhores resultados terapêuticos na psicoterapia, independentemente do tipo de intervenção utilizada18. Uma revisão sistemática19 realizada para verificar quais fatores de comunicação estão associados a uma satisfação no atendimento em saúde, classificou-os em fatores verbais, não verbais, ou fatores de tipo de interação. Os resultados para expressões verbais de empatia mostraram uma correlação positiva e moderada com 4 satisfação; já a conversa psicossocial e a construção de parcerias/relacionamento para envolver os pacientes tiveram correlações positivas e fracas19. Outro estudo20 que teve o objetivo de identificar fatores comunicativos em uma consulta da área da saúde que influenciam na relação terapeuta-paciente identificou alguns fatores como positivos, e estes fazem parte da definição de empatia. Entre os fatores verbais, apenas três fatores (discutir opções/pedir a opinião do paciente, incentivar perguntas/responder claramente, e explicar o que o paciente precisa saber) mostraram associação positiva com a aliança terapêutica20. Com relação aos estilos de interação, os fatores que mostraram maior correlação positiva com a aliança terapêutica foram os que ajudam os médicos a se envolver mais com os pacientes por ouvir o que eles têm a dizer, fazendo perguntas e mostrando sensibilidade às suas preocupações emocionais20. 1.3 Influência nas condições clínicas e/ou crônicas Alguns estudos10, 21-23 verificaram a influência da relação terapeuta-paciente em desfechos clínicos. Esses estudos existem em diversas áreas médicas, mas mais recentemente pesquisadores vêm analisando a relação terapeuta-paciente no tratamento de doenças musculoesqueléticas crônicas. Em 2010 foi publicada uma revisão sistemática10 em que um dos objetivos era determinar se existe uma associação entre a relação terapeuta-paciente e os resultados de tratamento de reabilitação física, com a hipótese de que a relação terapeuta-paciente teria uma correlação positiva com o resultado do tratamento. Nesta revisão foram incluídos 13 estudos com pacientes em diferentes condições: lesão cerebral (3/13), condições musculoesqueléticas (6/13), doenças cardíacas (1/13) e outras doenças, como doenças sistêmicas, trauma e condições pós-operatórias, dor nas costas, no pescoço e no ombro (3/13). O resultado para as condições musculoesqueléticas foi significativamente 5 positivo na relação entre a aliança terapeuta-paciente e o efeito global de melhora percebido pelo paciente, com relação a dor, função física, satisfação do paciente com o tratamento, depressão e estado geral de saúde. Esta correlação positiva também foi encontrada em pacientes com outras condições, incluindo doenças cardiovasculares, pacientes geriátricos com dificuldades funcionais e as condições gerais de dor crônica10. Dos 13 estudos, apenas três (todos da área de condições musculoesqueléticas) eram estudos controlados aleatorizados. Assim é possível observar que existem poucos estudos longitudinais na área de relação terapeuta-paciente10. Outro estudo21 realizado em 2013 teve como objetivo investigar se a relação entre fisioterapeutas e pacientes com dor lombar prediz os resultados clínicos de função, efeito percebido de melhora, dor e incapacidade após tratamentos conservadores comuns para dor lombar. O resultado apontou que a aliança entre fisioterapeutas e pacientes com dor lombar foi capaz de predizer todos os desfechos clínicos medidos em oito semanas. Além disso, níveis mais elevados de aliança terapêutica foram associados a maiores melhoras no efeito global percebido de melhora, função e redução da dor e incapacidade21. Vale ressaltar que a análise da relação terapeuta-paciente foi realizada apenas na segunda sessão do tratamento e o questionário não foi reaplicado, como os questionários dos outros desfechos21. Outro estudo22 também foi publicado para avaliar essa relação. Trata-se de um estudo longitudinal em que os autores dividiram os pacientes com dor lombar crônica em dois grupos de tratamento: terapia convencional (corrente interferencial associada a exercícios) e terapia convencional com a adição de terapia motivada, que tem como um dos pilares expressar a empatia. Ambos os grupos receberam a orientação de realizar exercícios em casa. Os resultados mostraram que a adição de terapia motivada apresentou resultados significantemente melhores com relação à capacidade física, 6 saúde geral auto avaliada e realização de exercícios em casa do que no grupo de terapia convencional. Com relação a dor, houve uma diminuição da dor contínua até um mês de tratamento no grupo de terapia motivada. Um outro estudo recente23 também foi publicado para avaliar essa relação terapeuta-paciente em pacientes com dor lombar crônica. O objetivo do estudo foi comparar o efeito da relação terapeuta-paciente reforçada contra uma relação limitada. Os desfechos avaliados foram intensidade da dor e sensibilidade à dor muscular em pacientes com dor lombar crônica, que receberam como terapia uma corrente interferencial ativa ou simulada. Como resultado, foi encontrado um efeito significativo na melhora da dor do paciente, quando este era tratado com uma aliança terapêutica reforçada e a corrente interferencial ativa. Este estudo concluiu que uma boa relação terapeuta-paciente é capaz de melhorar significativamente os desfechos clínicos23. Os questionários foram aplicados apenas uma vez, após a sessão23. Assim, torna-se importante que a relação terapeuta-paciente, mais especificamente o componente empatia, seja avaliada em ambientes de saúde em geral. Esta avaliação comumente é realizada por questionários. No Brasil, ainda não existe nenhum questionário que avalie especificamente a empatia. 1.4 Idiomas e culturas A maioria dos questionários que utilizamos na prática clínica foi desenvolvida na língua inglesa. Assim, a linguagem desses instrumentos é própria e específica para as pessoas que têm a língua inglesa como nativa24, 25. Para que clínicos de outros países, que tenham idiomas diferentes que o inglês, possam utilizar esses questionários, é preciso que estes sejam traduzidos e adaptados transculturalmente de maneira adequada. Sendo assim, teremos instrumentos confiáveis disponíveis para a utilização pelos clínicos e pesquisadores24. Para o processo adequado de tradução e adaptação 7 transcultural de questionários ou escalas foram desenvolvidas diretrizes, pois é essencial que a tradução seja feita corretamente para um outro idioma, ou seja, um outra cultura, transformando a linguagem do questionário compreensível para essa outra cultura24. Atualmente, é utilizada uma diretriz que analisa os questionários da área da saúde através de checklists, que é o COSMIN, do inglês COnsensus based Standards for the selection of health Measurement INstruments26. Essa diretriz possui um checklist com perguntas que devem ser respondidas com relação ao processo de tradução e adaptação transcultural de questionários, e essas perguntas são baseadas em uma diretriz anteriormente publicada24, a qual foi seguida neste estudo e que contém os cinco estágios descritos a seguir24: - Estágio 1: Tradução inicial Nesta fase dois tradutores bilíngues e independentes irão traduzir o questionário do idioma de origem para o idioma de interesse. Um dos tradutores (T1) deve ser da área da saúde enquanto o outro (T2) não. - Estágio 2: Síntese da tradução Nesta etapa é realizada uma reunião com os autores e tradutores (T1 e T2) para comparar as duas versões e observar possíveis termos ambíguos. Esta etapa tem por objetivo obter um consenso e uma versão única do questionário traduzido. - Estágio 3: Retro-tradução Dois novos tradutores bilíngues realizarão a retro-tradução da versão traduzida do questionário para o idioma de origem, sendo um da área da saúde e o outro não. Esta etapa tem por objetivo confirmar se a versão traduzida representa a versão original do instrumento. 8 - Estágio 4: Comitê de experts A quarta etapa consiste na formação de um comitê de especialistas composto por profissionais da saúde, tradutores, retro-tradutores e autores. Eles deverão analisar todas as versões do questionário, discutir possíveis diferenças, revisar traduções e então desenvolver a versão final com apropriada equivalência cultural. - Estágio 5: Pré-teste da versão final Nesta etapa, recomenda-se que pelo menos 30 pacientes da população alvo respondam ao questionário, os quais também devem ser questionados quanto à compreensão e dificuldade de preenchimento. 1.5 Propriedades de medida de questionários As propriedades de medida são parâmetros que indicam qual o melhor questionário a ser utilizado para avaliar uma determinada condição clínica27. A qualidade metodológica de estudos com questionários de avaliação na área da saúde é determinada através dessas propriedades de medida. Também existem diretrizes26, 27 para essa avaliação, e atualmente a diretriz utilizada para analisar as propriedades de medida é o COSMIN26. O objetivo da iniciativa COSMIN é fornecer ferramentas para seleção dos melhores questionários com base em provas. Para um questionário ser considerado adequado, é necessário que a análise das propriedades de medida seja adequada ao checklist que existe para cada propriedade avaliada. O COSMIN é dividido em três domínios e cada domínio possui uma ou mais propriedades de medida26: 1. Confiabilidade, que é definida como o grau em o questionário é livre de erro de medição, e suas propriedades são: - Consistência interna, que é o grau de inter-relação entre os itens26. Esta avalia a homogeneidade do questionário, ou seja, se os itens de uma escala (ou subescalas) estão 9 relacionados entre si, mensurando o mesmo construto. Deve ser aplicada uma análise fatorial para determinar a dimensionalidade da escala e assim determinar quantas dimensões são compostas pelos itens do instrumento. O número necessário de participantes para a análise fatorial é debatido, este pode variar de 4 a 10 participantes por item do questionário, porém para assegurar a estabilidade da matriz de variância e covariância, utiliza-se um número mínimo de 100 participantes. Esta propriedade é analisada por meio do cálculo do índice alfa de Cronbach e alfa de Cronbach para cada item deletado, que é realizada com os itens homogêneos encontrados. Os valores de alfa são considerados adequados quando maiores ou iguais a 0,70 e menores que 0,9527; - Erro de medida, que é o erro sistemático e aleatório de pontuação de um paciente, que não é atribuído a verdadeiras mudanças do construto medido26. A concordância é o erro absoluto do questionário e é calculada por meio do Erro Padrão da Medida (EPM) e da Menor Mudança Detectável (MMD). O EPM é expresso em unidades de medida do questionário e calculado por meio da razão do desvio-padrão da média das diferenças pela raiz quadrada de 2 (DP das diferenças/√2)26. A porcentagem do EPM relacionada com o escore total do questionário é considerada um importante indicador de concordância e deve ser interpretada como: ≤ 5% muito bom; > 5% e ≤ 10% bom; > 10% e ≤ 20% duvidoso e > 20% negativo27. A MMD é calculada pela fórmula MMD= 1,645 x √2 x EPM, com 90% de intervalo de confiança, e reflete a menor mudança detectada na pontuação de um paciente. Assim, valores acima da MMD caracterizam uma mudança na pontuação de uma pessoa acima do erro da medida27; - Confiabilidade, que é a proporção da variância total nas medidas, devida às diferenças "verdadeiras" entre os pacientes26. A confiabilidade é o erro relativo do questionário e é calculada pelo Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) do tipo 2,1 e seus respectivos intervalos de confiança (IC) a 95%. Para ser realizada essa análise, deve ser 10 testada em pelo menos 50 pacientes. Valores de CCI menores que 0,40 representam confiabilidade pobre, valores entre 0,40 e 0,75 representam confiabilidade moderada, valores entre 0,75 e 0,90 confiabilidade substancial e valores maiores do que 0,90 confiabilidade excelente27. Para escores nominais o Coeficiente de Kappa deve ser utilizado para avaliar a confiabilidade27. Para as medidas ordinais, o coeficiente de Kappa ponderado deve ser utilizado e assim informar a forma de ponderação, por exemplo a quadrática27. O resultado é positivo para a confiabilidade quando o CCI ou Kappa ponderado é de pelo menos 0,7027. 2. Validade, que é o grau em que um questionário mede o construto que se propõe a medir e suas propriedades de medida são: - Validade de conteúdo, que é o grau em que o conteúdo de um questionário é um reflexo adequado do construto a ser medido26. Tem o objetivo de avaliar a extensão com a qual os pontos de interesse são representados pelos itens do questionário a ser analisado. Esta propriedade de medida é pontuada como positiva ou como indeterminada. Ela é dada como positiva se o objetivo do instrumento é válido, se a população alvo avaliada é claramente determinada, se os conceitos avaliados pelo questionário são determinados, se foi realizada uma seleção de itens de forma a melhorar a leitura e a compreensão do questionário, que envolve a população alvo e os experts no assunto. A validade de conteúdo é pontuada como indeterminada se a descrição dos itens acima não for clara27. A validade de conteúdo contém mais um aspecto, que é a validade de face, que representa o grau em que os itens de um questionário são um reflexo adequado do construto a ser medido26; - Validade de construto, que é o grau em que as pontuações de um questionário são consistentes com base no pressuposto de que o questionário mede o construto específico; e a validade de critério, que é o grau em que as pontuações de um 11 questionário são um reflexo adequado de um "padrão ouro”26. Esta análise é realizada a partir do teste de correlação de Pearson. A correlação é realizada entre os escores totais do questionário estudado com os escores dos questionários a serem correlacionados. Para ser realizada essa análise, ela deve ser testada em pelo menos 50 pacientes. Quando r < 0,30 a correlação é considerada fraca, quando r ≥ 0,30 e < 0,60 a correlação é considerada moderada e quando r ≥ 0,60 a correlação é considerada boa27. A validade de construto também inclui a validade estrutural, que é o grau em que as pontuações de um questionário são um reflexo adequado da dimensionalidade do construto a ser medido; testes de hipóteses, que é semelhante a validade do construto; e validade transcultural, representando o grau em que o desempenho dos itens em um questionário traduzido ou adaptado transculturalmente são um reflexo adequado do desempenho dos artigos da versão original do questionário26. 3. Responsividade, que é a capacidade de um questionário detectar alterações clínicas ao longo do tempo no construto medido26. Pode ser dividida em responsividade interna e externa. A responsividade interna é uma medida longitudinal, caracterizada pela capacidade de detectar mudanças ao longo de um período de tempo pré-estabelecido. A responsividade externa indica a extensão em que as mudanças de uma medida ao longo de um período de tempo especificado estão relacionadas com as alterações observadas em uma medida de referência do estado de saúde27. O COSMIN também descreve a interpretabilidade, que não é considerada uma propriedade de medida, mas uma característica importante de um instrumento de medição, que é o grau em que se pode atribuir significado qualitativo em um escore quantitativo de um questionário26. Uma classificação positiva é considerada quando há apresentação de média e desvio-padrão dos escores de informações relacionadas aos pacientes. Os pesquisadores devem fornecer informações sobre qual mudança na 12 pontuação total seria clinicamente significativa27. Alguns tipos de informação podem auxiliar na interpretação da pontuação em um questionário: 1- média e desvio-padrão dos escores de uma população de referência; 2- média e desvio-padrão de escores de subgrupos relevantes de pacientes em que são esperados escores diferentes (por exemplo, grupos com diferente diagnóstico clínico, grupos de idade, grupos de gêneros); 3- média e desvio-padrão dos escores dos pacientes antes e após tratamento de eficácia conhecida; e 4- média e desvio-padrão de escores de subgrupos de pacientes com base em uma classificação global de mudanças do paciente27. Um exemplo é quando é realizada uma estratificação por grupos de gênero e faixa etária, se a médias e o desvio-padrão estão presentes em uma população geral (valores normativos)27. Além disso, uma mudança minimamente importante deve ser definida, para assim permitir a interpretação das pontuações de mudança ao longo do tempo e os cálculos do tamanho da amostra. Uma amostra recomendada é de, no mínimo, 50 participantes27. Os efeitos de teto e piso também devem ser apresentados e avaliados pela porcentagem de entrevistados que alcançaram os escores máximo e mínimo do questionário26. Os efeitos são analisados por meio de análise de frequência das pontuações totais obtidas na coleta inicial do questionário. Para essa análise ser realizada, recomenda-se que pelo menos 50 pacientes respondam ao questionário. Este efeito é considerado presente quando mais de 15% da amostra obtém a pontuação mínima (piso) ou máxima (teto) do questionário27; 1.6 Questionário CARE: histórico e descrição Atualmente, questionários que avaliam a empatia têm sido utilizados em ambientes médicos, como o Consultation and Relational Empathy Scale (CARE)28. O CARE é um questionário que avalia a empatia do profissional da saúde com relação ao paciente e é composto por apenas 10 questões. Cada questão é pontuada de 1 a 5 e o escore total do questionário varia de 10 a 50, sendo que quanto maior a pontuação, 13 maior a empatia do terapeuta. Originalmente, foi desenvolvido na Escócia para uso na Medicina da Família, junto com considerações teóricas e definições dos componentes da empatia, que envolveram informações fornecidas pelos pacientes após encontros clínicos28. Este estudo realizou a análise das propriedades de medida de consistência interna, validade do construto e efeitos de teto e piso. O valor de consistência interna foi analisado pelo alfa de Cronbach e o valor encontrado foi de 0,93. Para a análise da validade do construto, o estudo correlacionou o CARE com outros dois questionários, Barret-Lennard Empathy Subscale e Reynolds Empathy Scale, e os valores de r encontrados foram de 0,84 e 0,85, respectivamente. Este estudo também encontrou efeito teto. Foram realizados dois estudos pilotos para chegar na versão final. O efeito teto foi encontrado nos dois pilotos e na versão final. No piloto 1 o efeito teto encontrado foi de 42%, no piloto 2 foi de 27% e na versão final foi de 26%28. As mudanças realizadas no piloto 2 foram a diminuição do número de questões (de 13 para 10 questões) e o aumento de objetividade e diminuição do tamanho das frases (por exemplo, a questão 1 era: “The doctor’s manner made me feel completely at ease” e passou a ser “Making you feel at ease”)28. Este questionário é validado internacionalmente e é uma medida replicável, relevante e prática para uso no contexto da saúde11, 28, 29. Uma revisão sistemática de 2007 mostrou que o CARE apresenta uma adequada consistência interna e que pode ser considerado um questionário completo, pois avalia a empatia do ponto de vista do paciente30. O questionário CARE já foi traduzido e adaptado para os idiomas japonês31, chinês32, croata33 e alemão34. O estudo da versão japonesa31 não seguiu as diretrizes de tradução e adaptação transcultural, mas cita que dois tradutores realizaram uma tradução do inglês para o japonês, após isso outros dois tradutores realizaram uma retro-tradução e por último o questionário no idioma japonês foi aplicado em 20 pacientes que estavam 14 em consulta médica em um hospital de uma universidade. Este estudo31 realizou apenas a análise de consistência interna e validade do construto em uma amostra de 311 pacientes que estavam em tratamento de condições clínicas gerais. Os valores das propriedades analisadas foram considerados adequados e o estudo concluiu que o questionário é válido e confiável para utilização em um ambiente de cuidados médicos primários31. A versão chinesa32 também não seguiu as diretrizes do processo de tradução e adaptação transcultural, mas o estudo relata que foi realizada uma tradução inicial a partir de dois tradutores bilíngues, uma retro-tradução com outros dois tradutores e a versão final do questionário foi aplicada em 25 pacientes em duas clínicas de atenção primária diferentes na cidade de Hong Kong. A amostra para a avaliação das propriedades de medida foi de 253 pacientes que estavam em atendimento em clínicas médicas e somente duas propriedades de medida foram analisadas: a consistência interna e a validade do construto. A validade do construto foi realizada com um questionário que avalia a satisfação do paciente. Os resultados encontrados também foram adequados. O estudo concluiu a partir dos resultados das propriedades de medida que estes demonstram ser confiáveis para o uso clínico da versão chinesa do CARE32. O estudo realizado na Croácia33 descreve que foi realizada uma tradução do idioma inglês para o croata por dois tradutores bilíngues independentes. Desta versão foi criada uma única versão e foi realizada sua retro-tradução. Esta versão croata foi aplicada em 40 pacientes de centros de clínica geral. Para a análise das propriedades de medida, a amostra foi de 568 pacientes que estavam em atendimento em clínicas médicas. A versão croata do questionário CARE foi considerada adequada e confiável. O estudo de análise das propriedades de medida da versão alemã do CARE não apresenta as propriedades avaliadas nem seus valores no resumo em inglês do estudo35. 15 Como o artigo foi publicado em uma revista que não está disponível nas bases de dados, não foi possível obtê-lo na íntegra, nem por meio de contato com os autores. No início de 2014, foi publicado um estudo de tradução do questionário CARE para o português-brasileiro e de resultados iniciais da validação36. Porém este estudo incluiu uma amostra de apenas 20 pacientes que estavam em atendimento em um ambulatório de pneumologia geral e não seguiu as diretrizes de tradução e adaptação transcultural24. Além disso, também não seguiu as diretrizes descritas na literatura para a avaliação das propriedades de medida de questionários26, 27, pois só realizou análise da consistência interna e da validade do construto com dois instrumentos não validados no idioma português-brasileiro. A consistência interna foi considerada adequada e o questionário se relacionou significativamente com os questionários Escala de Percepção de Empatia pelo Paciente (EPEP) e o Inventário de Empatia (IE). Vale ressaltar que estudos que seguem as diretrizes descritas na literatura possuem uma maior confiabilidade e menor risco de viés24, 25, 27. 1.7 Justificativa e objetivos A proposta de tradução e avaliação das propriedades de medida do CARE seguindo as diretrizes24, 26, 27 propostas pela literatura é de disponibilizar uma ferramenta confiável para a avaliação da qualidade de consultas em termos dos aspectos "humanos" de cuidados médicos. Assim, o questionário será capaz de fornecer um feedback aos profissionais da saúde, com relação a sua empatia, como percebido por seus pacientes. Por este motivo, tem utilidade não apenas em investigação científica, mas também como uma ferramenta de avaliação e acompanhamento clínico29. Portanto, este estudo tem como objetivo principal traduzir e adaptar transculturalmente o CARE e testar as propriedades de medida da versão portuguêsbrasileiro em uma amostra de pacientes com dor musculoesquelética crônica. Como 16 objetivo secundário, este estudo analisará se a empatia é um preditor da melhora clínica do paciente. 17 2 1. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS Martin DJ, Garske JP, Davis MK. Relation of the therapeutic alliance with outcome and other variables: a meta-analytic review. J Consult Clin Psychol. 2000;68(3):438-50. 2. Fuertes JN, Mislowack A, Bennett J, Paul L, Gilbert TC, Fontan G, et al. The physician-patient working alliance. Patient Educ Couns. 2007;66(1):29-36. 3. Griffith S. A review of the factors associated with patient compliance and the taking of prescribed medicines. Br J Gen Pract. 1990;40(332):114-6. 4. du PA. Accomplishing the impossible: talking about body and soul and mind during a medical visit. Health Commun. 2002;14(1):1-21. 5. Romm J. Teaching empathy, learning about equanimity. Arch Womens Ment Health. 2007;10(3):91-2. 6. Stepien KA, Baernstein A. Educating for empathy. A review. J Gen Intern Med. 2006;21(5):524-30. 7. 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Riess H, Kraft-Todd G. E.M.P.A.T.H.Y.: a tool to enhance nonverbal communication between clinicians and their patients. Acad Med. 2014;89(8):1108-12. 14. Hojat M, Gonnella JS, Nasca TJ, Mangione S, Vergare M, Magee M. Physician empathy: definition, components, measurement, and relationship to gender and specialty. Am J Psychiatry. 2002;159(9):1563-9. 15. Jani BD, Blane DN, Mercer SW. The role of empathy in therapy and the physician-patient relationship. Forsch Komplementmed. 2012;19(5):252-7. 16. Levinson W, Roter DL, Mullooly JP, Dull VT, Frankel RM. Physician-patient communication. The relationship with malpractice claims among primary care physicians and surgeons. JAMA. 1997;277(7):553-9. 17. Little P, Everitt H, Williamson I, Warner G, Moore M, Gould C, et al. Observational study of effect of patient centredness and positive approach on outcomes of general practice consultations. BMJ. 2001;323(7318):908-11. 18. Elliott R, Bohart AC, Watson JC, Greenberg LS. Empathy. 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Fuentes J, Armijo-Olivo S, Funabashi M, Miciak M, Dick B, Warren S, et al. Enhanced therapeutic alliance modulates pain intensity and muscle pain sensitivity in patients with chronic low back pain: an experimental controlled study. Phys Ther. 2014;94(4):477-89. 24. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa 1976). 2000;25(24):3186-91. 25. Maher CG, Latimer J, LOP. C. The relevance of cross-cultural adaptation and clinimetrics fot physical therapy instruments. Rev Bras Fisioter. 2007;11(4):245-52. 26. Mokkink LB, Terwee CB, Patrick DL, Alonso J, Stratford PW, Knol DL, et al. The COSMIN checklist for assessing the methodological quality of studies on measurement properties of health status measurement instruments: an international Delphi study. Qual Life Res. 2010;19(4):539-49. 20 27. Terwee CB, Bot SD, de Boer MR, van der Windt DA, Knol DL, Dekker J, et al. Quality criteria were proposed for measurement properties of health status questionnaires. J Clin Epidemiol. 2007;60(1):34-42. 28. Mercer SW, Maxwell M, Heaney D, Watt GC. The consultation and relational empathy (CARE) measure: development and preliminary validation and reliability of an empathy-based consultation process measure. Fam Pract. 2004;21(6):699-705. 29. Mercer SW, McConnachie A, Maxwell M, Heaney D, Watt GC. Relevance and practical use of the Consultation and Relational Empathy (CARE) Measure in general practice. Fam Pract. 2005;22(3):328-34. 30. Hemmerdinger JM, Stoddart SD, Lilford RJ. A systematic review of tests of empathy in medicine. BMC Med Educ. 2007;7:24. 31. Aomatsu M, Abe H, Abe K, Yasui H, Suzuki T, Sato J, et al. Validity and reliability of the Japanese version of the CARE measure in a general medicine outpatient setting. Fam Pract. 2014;31(1):118-26. 32. Fung CS, Hua A, Tam L, Mercer SW. 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Escala CARE de empatia: tradução para o Português falado no Brasil e resultados iniciais de validação. Medicina (Ribeirão Preto). 2014;47(1):51-8. 22 CAPÍTULO 2 TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL PARA O PORTUGUÊSBRASILEIRO E ANÁLISE DAS PROPRIEDADES DE MEDIDA DO CONSULTATION AND RELATIONAL EMPATHY (CARE) MEASURE 23 Tradução, adaptação transcultural para o português-brasileiro e análise das propriedades de medida do Consultation and Relational Empathy (CARE) Measure Ana Carolina Taccolini Manzoni1, Fernanda Ferreira Fuhro1, Felipe Ribeiro Fagundes Cabral1, Cristina Maria Nunes Cabral1* 1 Programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia, Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo SP, Brasil *Autor Correspondente: Rua Cesário Galeno 448/475, CEP 03071-000, Tatuapé, São Paulo, SP, (11) 2178 1565, [email protected], Fax: (11) 2178 1565 Agradecimentos: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo pela bolsa de mestrado (processo número 2014/13461-9). 24 Resumo Objetivo: Traduzir, adaptar transculturalmente para o português-brasileiro e analisar as propriedades de medida do Consultation and Relational Empathy (CARE) measure; e investigar se a empatia é um preditor da melhora clínica do paciente. Métodos: Para a adaptação transcultural foram avaliados 30 pacientes com dor musculoesquelética crônica e para a avaliação das propriedades de medida 106 pacientes com a mesma condição. Após a terceira sessão de fisioterapia com o mesmo fisioterapeuta, foram aplicados os seguintes questionários: Escala Numérica de Dor, CARE-BR, MedRisk Instrument for Measuring Patient Satisfaction With Physical Therapy Care (MRPS) e a Escala de Percepção do Efeito Global, para avaliação da consistência interna, validade do construto e efeitos de teto e piso. Para a confiabilidade e erro de medida, o CAREBR foi respondido 48 horas depois da avaliação inicial. Para a análise de predição do CARE-BR com a melhora clínica do paciente, os participantes responderam aos questionários Escala Numérica de Dor e a Escala de Percepção do Efeito Global 2 meses após o baseline. Resultados: Alguns termos do questionário foram discutidos na etapa do comitê de experts, o teste da versão pré-final foi realizado e os participantes não tiveram dúvidas. Na análise das propriedades de medida, a consistência interna foi adequada (alfa de Cronbach de 0,88), a confiabilidade substancial (Coeficiente de Correlação Intraclasse= 0,77), o erro de medida bom (Erro Padrão de Medida= 5,16%) e foi encontrada uma correlação moderada com o MRPS (r= 0,50). Também foi encontrado efeito teto, em 39,6% dos participantes, o que pode ser esperado em questionários que mensuram a empatia. A empatia não foi considerada um preditor da melhora clínica do paciente. Conclusão: Pode-se sugerir que o CARE-BR se mostrou confiável e adequado na versão português-brasileiro, e pode ser utilizado nos ambientes de saúde e também para futuros estudos no Brasil. 25 Palavras-chave: tradução, validação, dor crônica, empatia, relação terapeuta-paciente INTRODUÇÃO A qualidade da relação entre profissionais da saúde e pacientes pode afetar o resultado do tratamento, pois alguns estudos sugerem que um bom atendimento é capaz de aumentar a confiança do paciente com relação ao profissional e, consequentemente, ao tratamento[1-4]. Especificamente, a satisfação do paciente, adesão e o resultado do tratamento têm sido associados com a relação terapeuta-paciente[5-7]. A empatia é um componente importante na relação terapeuta-paciente e tem sido identificada como um fator determinante da satisfação nessa relação[8; 9]. A empatia do profissional da saúde é altamente valorizada pelos pacientes[10], está associada a menores queixas de negligência[11; 12] e pode melhorar os resultados do tratamento, pois aprimora a comunicação terapeuta-paciente e torna a consulta mais eficaz. Estudos vêm sendo realizados com o objetivo de analisar a influência da empatia em desfechos clínicos. Uma revisão sistemática[13], com o objetivo de investigar se a relação terapeuta-paciente está relacionada com o resultado do tratamento no contexto da reabilitação física, identificou que a relação entre o terapeuta e o paciente está associada de forma positiva com o resultado do tratamento. Outros estudos também vêm mostrando que a relação terapeuta-paciente pode interferir positivamente na melhora clínica de pacientes com dores crônicas[14; 15]. Em geral, pacientes com dores crônicas que apresentam uma boa aliança terapêutica, têm seus resultados de terapia melhores do que pacientes que não tem uma boa relação terapeutapaciente[14; 15]. A relação terapeuta-paciente, e mais especificamente a empatia, é avaliada através de questionários que atualmente têm sido utilizados em ambientes médicos, como o Consultation and Relational Empathy Measure (CARE)[16]. O CARE é um 26 questionário que avalia a empatia do profissional da saúde com relação ao paciente [16], é validado internacionalmente e é uma medida replicável, relevante e prática para uso no contexto da saúde[8; 16; 17]. Uma revisão sistemática de 2007 mostrou que o CARE apresenta uma adequada consistência interna e constatou que pode ser considerado um instrumento completo, que avalia a empatia do ponto de vista do paciente[18]. Desse modo, o questionário é capaz de fornecer um feedback aos profissionais da saúde, com relação a sua empatia, como percebido por seus pacientes. Por este motivo, tem utilidade não apenas em investigação científica, mas também como uma ferramenta de avaliação e acompanhamento clínico[17]. Até o momento, não existe nenhum questionário em português-brasileiro que avalie a empatia do terapeuta e que seguiu as diretrizes de processo de tradução e adaptação transcultural e análise das propriedades de medida recomendadas pela literatura[19-21]. Em 2014 foi publicado um estudo brasileiro que traduziu o questionário CARE, porém sua amostra foi de apenas 20 pacientes e só foram avaliadas as propriedades de consistência interna e validade do construto[22]. Assim, torna-se importante a tradução e avaliação das propriedades de medida do CARE seguindo as diretrizes propostas na literatura. Vale destacar também a importância de disponibilizar uma ferramenta confiável para a avaliação da qualidade de consultas em termos dos aspectos "humanos" de cuidados médicos. Portanto, o objetivo primário deste estudo foi traduzir e adaptar transculturalmente o CARE para o português-brasileiro e testar as suas propriedades de medida em uma amostra de pacientes com dor musculoesquelética crônica. Como objetivo secundário, este estudo investigou se a empatia do terapeuta é um preditor da melhora clínica do paciente, considerando intensidade da dor e percepção de melhora. 27 MÉTODOS O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo (CAAE: 35585114.6.0000.0064) e seguiu todas as suas recomendações éticas. Todos os participantes concordaram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido para participar do estudo. Este estudo contou com o consenso do autor original do CARE (Dr. Stewart Mercer) por meio de correio eletrônico. Amostra Foram incluídos 136 pacientes com dor crônica de origem musculoesquelética em tratamento em clínicas de fisioterapia e hospitais da cidade de São Paulo no período de janeiro a setembro de 2015. Os critérios de inclusão foram: participantes que tinham domínio de escrita e leitura da língua portuguesa, com idade igual ou acima de 18 anos, com dor musculoesquelética crônica (acima de três meses de duração[23]) e que estavam realizando tratamento fisioterápico com o mesmo fisioterapeuta. Foram excluídos do estudo pacientes que realizaram cirurgia na região da dor nos últimos seis meses, que apresentaram doenças graves (como tumores), que sofreram lesão traumática na região da dor nos últimos três meses, que tinham algum comprometimento cognitivo e que estavam grávidas. Instrumentos de medida Questionário demográfico Foram coletadas informações relacionadas à idade, gênero, escolaridade, massa, estatura, local e duração da dor. CARE-BR Este questionário avalia a relação terapeuta-paciente, tendo como principal 28 conceito a empatia do terapeuta, do ponto de vista do paciente. O CARE é composto por 10 questões e seu escore total varia de 10 a 50 pontos, sendo que cada resposta pontua de 1 a 5 (ruim = 1 ponto, razoável = 2 pontos, bem = 3 pontos, muito bem = 4 pontos, excelente = 5 pontos, e uma resposta referente a não se aplica). Pontuações mais altas indicam uma maior empatia do terapeuta[16]. Com relação a pontuação do questionário CARE, no geral, os estudos[17; 24; 25] consideram pontuações válidas quando o questionário possui até duas respostas como “não se aplica”. Se o questionário possui uma ou duas respostas assim, deve ser feito um cálculo de equivalência para obtenção do escore final. Neste estudo os cálculos necessários foram realizados de acordo com o sugerido pelo site oficial do questionário CARE[26]. Escala Numérica de Dor A escala numérica de dor é uma escala de 11 pontos, que varia de 0 a 10, na qual o paciente mensura a intensidade da dor, sendo que 0 corresponde a “nenhuma dor” e 10 corresponde a “pior dor possível”. Os pacientes foram questionados sobre a intensidade da dor em três momentos: na última crise, a média de dor nas últimas duas semanas e a dor no momento da avaliação. Esta escala está disponível na versão português-brasileiro e seus valores de propriedade de medida são semelhantes à escala original[27]. Escala de Percepção do Efeito Global Essa escala avalia a mudança clínica percebida, comparando o início dos sintomas com os últimos dias. É uma escala numérica de 11 pontos, que vai do -5 ao +5, sendo -5 extremamente pior; 0 sem modificação; e +5 completamente recuperado. Pontuações maiores indicam uma melhor recuperação da condição[27]. Esta escala encontra-se disponível na versão português-brasileiro e seus valores de propriedade de medida são semelhantes aos da versão original[27]. 29 MedRisk Instrument for Measuring Patient Satisfaction With Physical Therapy Care (MRPS) Este questionário tem o objetivo de avaliar a satisfação dos pacientes que estejam realizando tratamento fisioterapêutico[28]. Ele já foi adaptado para o portuguêsbrasileiro e suas propriedades de medida são adequadas[28]. O MRPS é composto por treze questões, cada questão pontuada numa escala likert de 1 a 5 pontos, sendo que um ponto seria “discordo completamente” e 5 “concordo completamente”. Sua pontuação total vai de 13 a 65 pontos, sendo que quanto maior a pontuação, maior a satisfação do paciente[28]. Procedimentos O estudo foi realizado em duas etapas: 1) tradução e adaptação transcultural do questionário CARE para o português-brasileiro em uma amostra de 30 pacientes para o pré-teste da versão final; e 2) teste das propriedades de medida da versão em portuguêsbrasileiro do questionário em uma amostra de 106 pacientes com dor musculoesquelética crônica. O processo de tradução e adaptação transcultural seguiu as recomendações da diretriz COSMIN[19], do inglês COnsensus based Standards for the selection of health Measurement INstrument Guidelines for the Process of Cross-Cultural Adaptation of Self-Report Measure, que analisa os questionários da área da saúde através de checklists. O checklist de artigos de tradução e adaptação transcultural é baseado na diretriz descrita por Beaton et al[20], que divide esse processo em cinco estágios: • Tradução inicial: esta fase foi realizada por dois tradutores bilíngues e independentes, que traduziram o CARE do inglês para o português. Um dos tradutores (T1) era da área da saúde enquanto o outro (T2) não. 30 • Síntese da tradução: nesta etapa foi realizada uma reunião com os autores e tradutores (T1 e T2) para comparar as duas versões e observar possíveis termos ambíguos. Esta etapa teve como objetivo obter um consenso e uma versão única do questionário traduzido. • Retro-tradução: dois novos tradutores bilíngues realizaram a retro- tradução da versão traduzida do questionário para o inglês, sendo um da área da saúde e o outro não. Esta etapa teve como objetivo confirmar se a versão traduzida representava a versão original do instrumento. • Comitê de experts: a quarta etapa consistiu na formação de um comitê de especialistas composto por profissionais da saúde, tradutores, retro-tradutores e autores. Eles analisaram todas as versões do questionário, discutiram diferenças nas traduções, revisaram as traduções e então desenvolveram a versão final com apropriada equivalência cultural. • Pré-teste da versão final: nesta etapa, 30 pacientes com dor musculoesquelética crônica responderam ao questionário e foram questionados quanto à compreensão e dificuldade de preenchimento do questionário. Para a avaliação das propriedades de medida, os pacientes responderam todos os questionários na avaliação inicial, que foi realizada no período entre a terceira e quarta sessão de fisioterapia. Decidimos aplicar nesse período pois achamos que seria um tempo suficiente para o paciente conhecer o seu terapeuta. Foi realizada uma avaliação por telefone após 48 horas da avaliação inicial apenas com o questionário CARE-BR. No baseline foram avaliadas as propriedades de consistência interna, validade de construto e efeitos de piso e teto; no follow-up de 48 horas foram analisadas a confiabilidade e o erro de medida. Houve mais um follow-up, que foi realizado dois meses após a avaliação inicial. Este follow-up foi realizado para podermos realizar a 31 segunda análise deste estudo, que foi verificar se a empatia é um preditor da melhora clínica do paciente. Para isso, os pacientes responderam aos questionários Escala Numérica de Dor e a Escala de Percepção do Efeito Global. Análise estatística Hipóteses do estudo Neste estudo foram testadas as seguintes hipóteses: • O questionário CARE-BR apresentará um nível adequado de consistência interna (Índice alfa de Cronbach > 0,70); • O CARE-BR apresentará valores aceitáveis de confiabilidade e erro de medida num teste-reteste com 48 horas de intervalo. Serão esperados valores de confiabilidade de moderada a substancial e erro de medida de bom a muito bom; • A versão em português-brasileiro do instrumento CARE-BR irá se correlacionar positivamente com instrumentos que avaliam construtos clínicos. Assim, espera-se que a correlação seja de moderada a boa com o MRPS, pois os dois questionários medem construtos semelhantes. A análise estatística foi realizada com o software SPSS para Windows. Para analisar se a relação terapeuta-paciente (empatia do fisioterapeuta) era um preditor da melhora clínica do paciente, foram realizadas duas análises de regressão linear separadas do escore total do questionário CARE-BR (baseline) com a Escala Numérica de Dor e a Escala de Percepção do Efeito Global avaliadas 2 meses após o baseline (variáveis dependentes). Foram testadas propriedades de medida dos domínios de confiabilidade (consistência interna, erro de medida e confiabilidade) e validade (validade do construto), da seguinte forma: • Consistência interna: avalia a homogeneidade do questionário e foi 32 analisada por meio do cálculo do índice alfa de Cronbach e alfa de Cronbach para cada item deletado. Os valores de alfa foram considerados adequados quando maiores ou iguais a 0,70 e menores que 0,95[21]; • Confiabilidade (erro relativo da medida): foi calculada pelo Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) do tipo 2,1 e seus respectivos intervalos de confiança (IC) a 95%. Valores de CCI menores que 0,40 representam confiabilidade pobre, valores entre 0,40 e 0,75 representam confiabilidade moderada, valores entre 0,75 e 0,90 confiabilidade substancial e valores maiores do que 0,90 confiabilidade excelente[21]; • Erro de medida: é o erro absoluto da medida que foi calculado de duas formas: pelo Erro Padrão da Medida (EPM) e pela Menor Mudança Detectada (MMD). O EPM é expresso em unidades de medida do instrumento e foi calculado por meio da razão do desvio-padrão da média das diferenças pela raiz quadrada de 2 (DP das diferenças/√2)[29]. A porcentagem do EPM relacionada com o escore total do questionário é considerada um importante indicador de concordância e deve ser interpretada como: ≤ 5% muito bom; > 5% e ≤ 10% bom; > 10% e ≤ 20% duvidoso e > 20% negativo[21]. A MMD foi calculada através da fórmula MMD= 1,645 x √2 x EPM, com 90% de intervalo de confiança. Ela reflete a menor mudança detectada na pontuação de um paciente. Assim, valores acima da MMD caracterizam uma mudança na pontuação de um paciente acima do erro[21]. • Validade do construto: foi avaliada a partir do teste de correlação de Pearson. A correlação foi realizada entre os escores totais do questionário CARE e MRPS. Quando r < 0,30 a correlação é considerada fraca, quando r ≥ 0,30 e < 0,60 a correlação é considerada moderada e quando r ≥ 0,60 a correlação é considerada boa[30]. 33 Além disso, os efeitos de teto e piso foram analisados por meio de análise de frequência das pontuações totais obtidas na coleta inicial do questionário. Este efeito é considerado presente quando mais de 15% da amostra obtém a pontuação mínima (piso) ou máxima (teto) do questionário[21]; RESULTADOS O processo de tradução e adaptação transcultural foi realizado com um n de 30 participantes. A análise da consistência interna e dos efeitos de teto e piso foi realizada com um n de 106 participantes, da reprodutibilidade com um n de 104 participantes; e da validade do construto com o MRPS com um n de 50 participantes, o que é considerado pelas diretrizes como um número amostral adequado[19]. Os participantes recrutados estavam em tratamento gratuito em uma clínica-escola, no Hospital do Servidor Público Municipal e no Centro Especializado em Reabilitação da Freguesia do Ó. A Tabela 1 apresenta as características da amostra, tanto dos participantes do processo de tradução e adaptação transcultural (n=30), quanto dos participantes do processo de análise das propriedades de medida (n=106). Algumas informações com relação a dor do paciente e aos outros questionários utilizados não foram coletadas na amostra da etapa de tradução e adaptação transcultural do CARE, por não serem pertinentes para esta etapa. Também foi coletada a frequência dos pacientes nas terapias. Porém, como cada tratamento variou muito em número de sessões, optamos por fazer uma média em porcentagem da presença desses pacientes. Esse dado foi coletado de 50 participantes, e a média foi de 93,6% de presença nas sessões. 34 Tabela 1 – Características dos participantes do estudo Características Tradução Baseline (n=106) (n=30) Gênero Masculino 10 (33,3) 26 (24,5) Feminino 20 (66,7) 80 (75,5) 72,8 (8,86) 76, 4 (14) 1,6 (0,1) 1,6 (0,1) Idade (anos) 57,9 (15,7) 56,8 (12,5) Duração da dor (meses) 98,3 (109,6) 86,5 (98,8) 24 (80) 67 (63,2) Joelho 6 (20) 32 (30,2) Coluna cervical 0 (0) 3 (2,8) Pé 0 (0) 4 (3,8) Dor relatada na última crise (0 a 10 pontos) NA 7,6 (2,2) Média da dor nas duas últimas semanas (0 a 10 NA 6,5 (2,3) Dor atual (0 a 10 pontos) NA 4,3 (2,8) Mudança clínica percebida (-5 a + 5 pontos) NA 0,8 (3,7) 45,7 (4,7) 46,1 (4,8) NA 54,7 (6,2) Peso (kg) Altura (m) Local da dor Coluna lombar pontos) Empatia (10 a 50 pontos) Satisfação (13 a 65 pontos) As variáveis contínuas estão expressas em média (DP) e as categóricas estão expressas em n (%); NA: não se aplica. Processo de Tradução e Adaptação Transcultural O processo de tradução seguiu as etapas descritas pela diretriz[20]. As questões 4, 6 e 9 foram revisadas na etapa do comitê de experts, pois foram traduzidas de forma 35 diferente pelos tradutores T1 e T2. Sendo assim, foram realizadas algumas adaptações transculturais. O Anexo 1 mostra como as diferentes traduções foram realizadas e como ficou a versão final. Essas mudanças foram realizadas para que o público-alvo conseguisse compreender melhor o questionário. Na etapa de teste da versão pré-final os participantes responderam ao questionário sem dificuldades, o que possibilitou gerar a versão final do questionário, que se encontra no Anexo 2. Análise das propriedades de medida Os valores da análise das propriedades de medida estão apresentados na Tabela 2. O questionário CARE-BR apresentou um valor adequado para consistência interna e seus valores de alfa de Cronbach para cada item deletado também foram adequados. Sua confiabilidade foi classificada como substancial e o erro de medida foi classificado como bom. As correlações utilizadas para avaliar a validade do construto foram classificadas como moderada com o questionário MRPS. Com relação aos efeitos de teto e piso, foi encontrado o efeito teto, com 39,6% dos participantes tendo atingido o valor máximo do questionário. Tabela 2 – Propriedades de medida do CARE-BR Propriedades de medida Baseline Consistência interna Alfa de Cronbach (alfa para cada item deletado) 0,88 (0,86 a 0,88) Confiabilidade – CCI2,1 (IC a 95%) 0,77 (0,67 a 0,83) Erro de medida – EPM (pontos, %) 2,58 (5,16) MMD (pontos) 6,00 Validade do Construto, r (p) MRPS 0,50 (<0,001) CCI2,1: Coeficiente de Correlação Intraclasse, tipo 2,1; IC: Intervalo de Confiança; EPM: Erro Padrão de Medida; MMD: Menor Mudança Detectada. 36 Análise de regressão linear A análise de regressão linear está representada na Tabela 3. Foram realizadas duas análises de regressão linear, uma do CARE com a dor atual e outra do CARE com a Escala de Percepção do Efeito Global. Estas análises mostraram que a empatia do fisioterapeuta não foi considerada um preditor da melhora da dor do paciente e nem de sua percepção de melhora ou piora. Tabela 3 – Resultados da análise de regressão linear usando a empatia como variável independente Variáveis dependentes Coeficiente Beta IC 95% p Dor atual -0,012 -0,148 a 0,123 0,860 Escala de Percepção do Efeito Global 0,091 -0,015 a 0,197 0,092 DISCUSSÃO Os resultados obtidos mostraram que o questionário CARE-BR possui consistência interna, confiabilidade e erro de medida considerados adequados pelas diretrizes[21]. Com relação à validade do construto, o questionário mostrou uma correlação moderada com o questionário MRPS. Porém, foi encontrado efeito teto. Os resultados das propriedades de medida dos estudos de tradução do CARE e do presente estudo estão apresentados na Tabela 4. Os outros estudos de tradução do questionário CARE também encontraram valores adequados para a propriedade de consistência interna[24; 25; 31]. A consistência interna também foi analisada pelo alfa de Cronbach e seus valores foram de 0,98 no estudo japonês[24], 0,96 no estudo chinês[25] e 0,72 no estudo croata[31]. O CARE-BR mostrou correlação moderada com o questionário MRPS, que avalia a satisfação. Os estudos japonês[24] e chinês[25] também analisaram a validade do construto. Ambos correlacionaram o questionário 37 CARE com um questionário que avalia a satisfação dos pacientes (Spearman’s rho) e os resultados foram considerados estatisticamente significantes com correlação boa e moderada (r= 0,74 no estudo japonês[24] e r=0,59 no estudo chinês[25]). Nenhum desses estudos[24; 25; 31] analisou as propriedades de erro de medida, confiabilidade e efeitos de teto e piso. Todos os estudos consideraram o questionário CARE como um questionário adequado e confiável para aplicação[24; 25; 31]. Vale a pena ressaltar que estes estudos não realizaram a análise completa da confiabilidade nem dos efeitos de teto e piso, o que é muito importante para saber se um instrumento é confiável e adequado para aplicação em todos os seus contextos avaliados[19; 21]. No presente estudo, foi encontrado efeito teto em 39,6% dos participantes. O estudo original, de desenvolvimento do questionário CARE, realizou a análise das propriedades de consistência interna, validade do construto e efeitos de teto e piso[16]. A análise de consistência interna encontrou um valor de alfa de Cronbach de 0,93. Este estudo também encontrou efeito teto. Na tentativa de diminuir esse efeito teto, foram realizados dois estudos pilotos para chegar na versão final. O efeito teto foi encontrado nos dois pilotos e na versão final. No piloto 1 o efeito teto encontrado foi de 42%, no piloto 2 foi de 27% e na versão final foi de 26%[16]. Um estudo[28] brasileiro que analisou as propriedades de medida de um questionário que avalia a satisfação dos pacientes também encontrou efeito teto. Os autores citam que o efeito teto parece ser comumente encontrado em estudos que avaliam as propriedades de medida em questionários de satisfação do paciente[28]. A empatia, apesar de não ser o mesmo construto, também parece tender a ter o mesmo resultado de efeito teto. Esse resultado deve ter sido encontrado por serem construtos que não avaliam diretamente a melhora clínica do paciente, e envolverem diversos 38 fatores com relação ao atendimento em si. Um outro fator que pode explicar esse efeito é o fato de parte da nossa amostra ter sido composta por pacientes que estavam realizando tratamentos gratuitos oferecidos por estudos clínicos. Assim, eles estavam bem satisfeitos e seus terapeutas lhe davam uma atenção especial por sua presença ser necessária para a conclusão dos estudos. 39 Tabela 4 – Propriedades de medida das versões traduzidas do CARE Questionário CARE Mercer et al[16] Aomatsu et al[24] Fung et al[25] Hanževački et al[31] Presente estudo (inglês) (japonês) (mandarim) (croata) (português-brasileiro) 0,93 0,98 0,96 0,72 0,88 Confiabilidade, CCI2,1(IC 95%) - - - - 0,77 (0,67 a 0,83) Erro de medida, EPM (pontos, %) - - - - 2,58 (5,16) Consistência interna Alfa de Cronbach Confiabilidade Legenda: "-" Dados não apresentados pelos autores 40 Quanto ao nosso objetivo secundário, que era saber se o questionário CAREBR (a empatia do terapeuta) seria capaz de ser um preditor da melhora da dor do paciente e da sua percepção de melhora ou piora da dor, o resultado encontrado foi de que a empatia não foi considerada um preditor de nenhum dos dois desfechos. Este resultado é diferente dos encontrados nos outros estudos que pesquisam se a relação ou aliança do terapeuta com seus pacientes influencia em desfechos como a dor[13-15; 32]. Porém, a maioria desses estudos não realiza uma análise de predição, e sim de uma correlação da aliança terapêutica com a dor do paciente, e esta análise também é realizada em um único momento, em apenas uma sessão[13-15]. Apenas um estudo realizou uma análise de predição, e o resultado encontrado foi que a relação terapeutapaciente é um preditor do efeito global percebido e da função física, não encontrado uma predição para a melhora da dor especificamente[32]. Esses estudos também não utilizam questionários específicos de empatia, sendo assim uma área de carência na literatura, principalmente em estudos de reabilitação física. Como limitações, este estudo não controlou variáveis que poderiam influenciar na melhora da dor e na relação do terapeuta com o paciente, como uso de medicamento ou já ter realizado fisioterapia, pois assim o paciente já podia ter uma vivência prévia em relação à satisfação com um tratamento fisioterapêutico. Porém, com relação ao processo de tradução, adaptação transcultural e análise das propriedades de medida, o presente estudo seguiu todas as diretrizes descritas e seguidas atualmente, confirmando que os resultados deste estudo são confiáveis. Assim, é preciso que os pesquisadores invistam em estudos que avaliem a relação dos terapeutas com os pacientes, em especial a empatia dos terapeutas, e que essa análise seja feita em estudos longitudinais e com fisioterapeutas. 41 CONCLUSÃO O questionário CARE-BR pode ser considerado adequado e confiável para uso tanto em futuras pesquisas como na prática clínica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. du, P. A. (2002). 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Mercer, S. W., Maxwell, M., Heaney, D., & Watt, G. C. (2004). The 43 consultation and relational empathy (CARE) measure: development and preliminary validation and reliability of an empathy-based consultation process measure. Fam Pract, 21(6), 699-705. 17. Mercer, S. W., McConnachie, A., Maxwell, M., Heaney, D., & Watt, G. C. (2005). Relevance and practical use of the Consultation and Relational Empathy (CARE) Measure in general practice. Fam Pract, 22(3), 328-334. 18. Hemmerdinger, J. M., Stoddart, S. D., & Lilford, R. J. (2007). A systematic review of tests of empathy in medicine. BMC Med Educ, 7, 24. 19. Mokkink, L. B., Terwee, C. B., Patrick, D. L., Alonso, J., Stratford, P. W., Knol, D. L., Bouter, L. M., & de Vet, H. C. (2010). The COSMIN checklist for assessing the methodological quality of studies on measurement properties of health status measurement instruments: an international Delphi study. Qual Life Res, 19(4), 539-549. 20. Beaton, D. E., Bombardier, C., Guillemin, F., & Ferraz, M. B. (2000). Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa 1976), 25(24), 3186-3191. 21. Terwee, C. B., Bot, S. D., de Boer, M. R., van der Windt, D. A., Knol, D. L., Dekker, J., Bouter, L. M., & de Vet, H. C. (2007). Quality criteria were proposed for measurement properties of health status questionnaires. J Clin Epidemiol, 60(1), 34-42. 22. Scarpellini, G. B., Capellato, G., Rizzatti, F. G., Silva, G. A., & BaddiniMartinez, J. A. (2014). Escala CARE de empa Escala CARE de empatia: tradução para o Português f tuguês f tuguês falado no Br alado no Brasil e resultados iniciais de v esultados iniciais de validação alidação. Medicina 44 (Ribeirão Preto), 47(1), 51-58. 23. Classification of chronic pain. Descriptions of chronic pain syndromes and definitions of pain terms. Prepared by the International Association for the Study of Pain, Subcommittee on Taxonomy. (1986). Pain Suppl, 3, S1-226. 24. Aomatsu, M., Abe, H., Abe, K., Yasui, H., Suzuki, T., Sato, J., Ban, N., & Mercer, S. W. (2014). Validity and reliability of the Japanese version of the CARE measure in a general medicine outpatient setting. Fam Pract, 31(1), 118126. 25. Fung, C. S., Hua, A., Tam, L., & Mercer, S. W. (2009). Reliability and validity of the Chinese version of the CARE Measure in a primary care setting in Hong Kong. Fam Pract, 26(5), 398-406. 26. . Retrieved January 20, 2016, from http://www.caremeasure.org/ 27. Costa, L. O., Maher, C. G., Latimer, J., Ferreira, P. H., Ferreira, M. L., Pozzi, G. C., & Freitas, L. M. (2008). Clinimetric testing of three self-report outcome measures for low back pain patients in Brazil: which one is the best? Spine (Phila Pa 1976), 33(22), 2459-2463. 28. de Fatima Costa Oliveira, N., Oliveira Pena Costa, L., Nelson, R., Maher, C. G., Beattie, P. F., de Bie, R., Oliveira, W., Camara Azevedo, D., & da Cunha Menezes Costa, L. (2014). Measurement properties of the Brazilian Portuguese version of the MedRisk instrument for measuring patient satisfaction with physical therapy care. J Orthop Sports Phys Ther, 44(11), 879-889. 29. de Vet, H. C., Terwee, C. B., Knol, D. L., & Bouter, L. M. (2006). When to use agreement versus reliability measures. J Clin Epidemiol, 59(10), 1033-1039. 30. F., J. (1986). The design and analysis of clinical experiments. New York: Wiley. 45 31. Hanzevacki, M., Jakovina, T., Bajic, Z., Tomac, A., & Mercer, S. (2015). Reliability and validity of the Croatian version of Consultation and Relational Empathy (CARE) Measure in primary care setting. Croat Med J, 56(1), 50-56. 32. Ferreira, P. H., Ferreira, M. L., Maher, C. G., Refshauge, K. M., Latimer, J., & Adams, R. D. (2013). The therapeutic alliance between clinicians and patients predicts outcome in chronic low back pain. Phys Ther, 93(4), 470-478. 46 Anexo 1 Tabela 2. Modificações do processo de tradução e adaptação transcultural do CARE ITEM 4 VERSÃO ORIGINAL T1 T2 T12 Being interested in you as a whole Estar interessado em você como um Estar interessado em você como Estar interessado em você como person... (asking/knowing relevant todo… (Perguntando detalhes uma pessoa… (Perguntar sobre um todo… (Perguntando detalhes details about your life, your relevantes sobre a sua vida, sua detalhes relevantes da sua vida, relevantes sobre a sua vida, sua situation; not treating you as situação; não te tratando como sobre a sua situação, e não te situação; não te tratando como “Just a number”) “apenas um número”) tratando como apenas outro “apenas um número”) paciente) 6 Showing care and Demonstrar cuidado e compaixão… Mostrar carinho e compaixão… Demonstrar cuidado e compassion...(seeming genuinely (Parecendo realmente preocupado, (Aparentar realmente preocupado, compaixão… concerned, connecting with you conectando humanamente com se conectando com você em um (Parecendo realmente on a human level; not being você; não sendo indiferente ou nível pessoal, sem ser indiferente) preocupado, conectando indifferent or “detached”) “isolado”) humanamente com você; não sendo indiferente ou “isolado”) 9 Helping you to take Ajudar você a ter controle... Ajudar você a tomar controle… Ajudar você a ter controle... control...(exploring with you what (Discutindo com você o que fazer (Explorar com você as atitudes que (Discutindo com você o que fazer you can do to improve your health para melhorar sua própria saúde, você mesmo pode tomar para para melhorar sua própria saúde, yourself; encouraging rather than incentivando ao invés de melhorar a sua saúde, encorajando incentivando ao invés de “lecturing” you) “ensinando” você) e não pregando sermão) “ensinando” você) AneAnexo 2 47 CARE-versão português-brasileiro I – Por favor, avalie as seguintes afirmações sobre a consulta de hoje. Marque uma opção para cada questão e não deixe de responder todas as questões. Como o profissional que o atendeu foi em relação a: Ruim Razoável Bem Muito bem 1. Fazer você se sentir à vontade… (Sendo simpático e acolhedor, tratando com respeito; não sendo frio ou abrupto) 2. Deixar você contar a sua “história”... (Dando tempo para que você descreva sua condição com suas próprias palavras; sem te interromper ou se desviar dos fatos) 3. Realmente te ouvir… (Prestando muita atenção ao que você estava dizendo; não olhando para as anotações ou computador/celular enquanto você estava falando) 4. Estar interessado em você como um todo… (Perguntando detalhes relevantes sobre a sua vida, sua situação; não te tratando como “apenas um número”) 5. Entender completamente suas preocupações… (Comunicando que ele(a) entendeu precisamente suas preocupações; não negligenciando ou descartando algo) 6. Demonstrar cuidado e compaixão… (Parecendo realmente preocupado, conectando humanamente com você; não sendo indiferente ou “isolado”) Excelente Não se aplica 48 Como o profissional que o atendeu foi em relação a: Ruim Razoável Bem Muito bem 7. Ser positivo… (Tendo uma abordagem positiva e uma atitude positiva; sendo honesto mas não negativo sobre seus problemas) 8. Explicar as coisas claramente… (Respondendo completamente as suas questões, explicando claramente, fornecendo informações adequadas; não sendo vago) 9. Ajudar você a ter controle... (Discutindo com você o que fazer para melhorar sua própria saúde, incentivando ao invés de “ensinando” você) 10. Fazer um plano de ação com você... (Discutindo as opções, te envolvendo nas decisões o quanto você gostaria de ser envolvido; não ignorando suas opiniões) Excelente Não se aplica CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 50 Este estudo teve o objetivo de traduzir, adaptar transculturalmente e analisar as propriedades de medida da versão português-brasileiro do questionário Consultation and Relational Empathy – CARE. Os métodos deste estudo, tanto da etapa de tradução e adaptação transcultural quanto da etapa de análise das propriedades de medida, seguiram as diretrizes atuais de avaliação de questionários na área da saúde1-3. Este estudo teve seu andamento dentro do prazo previsto. No início houve um pouco de dificuldade na coleta, pois a demanda de pacientes era muito pequena, mas quando a coleta passou a ser em mais dois ambientes (Hospital do Servidor Público Municipal e Centro Especializado em Reabilitação da Freguesia do Ó), foi realizada dentro do tempo esperado. Para a análise da validade do construto, nós inicialmente optamos por utilizar o questionário Working Alliance Inventory (WAI) para correlacionar com o CARE. Porém, após termos iniciado nossa coleta, veio ao nosso conhecimento que este questionário, apesar de ter sido traduzido, não teve as propriedades de medida adequadamente avaliadas na versão em português-brasileiro4. As diretrizes mais atuais de avaliação das propriedades de medida sugerem que a validade de construto seja analisada somente utilizando questionários que tenham os processos de adaptação transcultural e propriedades de medida adequadamente avaliados. Assim, inserimos um questionário que avalia a satisfação dos pacientes com relação ao tratamento (Instrumento Medrisk5) que já foi traduzido e validado para o português-brasileiro, por ser um construto que se assemelha a empatia e que foi utilizado nos outros estudos de tradução, adaptação transcultural e de avaliação das propriedades de medida do CARE em outros idiomas6, 7. Por conta disso, a análise de validade de construto foi realizada com um n de 50 participantes, o que as diretrizes consideram um número adequado para esta análise2, 3. 51 A partir dos resultados do processo de tradução e da análise das propriedades de medida do CARE, pode-se concluir que este é um questionário adequado e confiável para uso no Brasil, tanto em ambientes de atendimento em saúde quanto em futuras pesquisas. Durante o decorrer do mestrado, também foi realizado um estudo secundário de revisão sistemática com o tema: “O papel da aliança terapêutica no alívio da dor em reabilitação musculoesquelética: uma revisão sistemática”. Atualmente, este estudo está na fase de análise dos resultados, com previsão de finalização do artigo para publicação em fevereiro de 2016. O objetivo deste estudo é investigar o papel da relação terapeutapaciente na melhora da dor em pacientes com condições musculoesqueléticas. Esta revisão sistemática vem seguindo as recomendações da diretriz PRISMA. A revisão foi registrada no site da PROSPERO com número de registro CRD42015029426. Com relação aos métodos, foi realizada uma busca na literatura em setembro de 2015, composta por três grupos principais de termos (aliança terapêutica, fisioterapia/condições musculoesqueléticas e tipo de estudo) com as suas palavras e sinônimos. Foram incluídos estudos prospectivos (ensaios clínicos aleatorizados, ensaios controlados não-aleatorizados ou estudos de coorte), com amostra de pacientes em tratamento fisioterapêutico para as condições musculoesqueléticas; realizado em qualquer ambiente terapêutico, com pelo menos uma medida da aliança terapêutica e o desfecho dor. O tratamento fisioterápico para as condições musculoesqueléticas poderia ser qualquer tipo de terapia. A seleção dos estudos relevantes foi baseada em duas fases: 1) título e resumo e 2) texto completo. Dois revisores fizeram a extração de dados. A avaliação da qualidade metodológica dos estudos também foi avaliada. Na busca eletrônica, foram encontrados 885 artigos e na manual foram encontrados 4. Após a remoção das duplicatas, ficou em um total de 758 artigos. Depois 52 disso, os artigos foram excluídos por título e resumo, chegou-se a um total de 20 artigos para leitura na íntegra. Destes, 5 foram selecionados para a revisão. Como dito anteriormente, este estudo encontra-se na fase de análise dos dados, com previsão de término em fevereiro de 2016. Este estudo não foi incluído nesta dissertação por não ser possível mostrar todos os resultados e discussão a tempo. Portanto, como resultado desta pesquisa foi possível disponibilizar um questionário confiável que avalia a empatia do terapeuta, e pode ser utilizado por qualquer profissional da área de saúde. Este questionário também pode ser utilizado em futuras pesquisas, pois assim as evidências nessa área poderão ser mais claras para os profissionais, direcionando-os em seus atendimentos e condutas. 53 REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS 1. Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine (Phila Pa 1976). 2000;25(24):3186-91. 2. Mokkink LB, Terwee CB, Patrick DL, Alonso J, Stratford PW, Knol DL, et al. 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Fam Pract. 2009;26(5):398-406. 54 Anexo 1 – Normas da revista Quality of Life Research 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu,____________________________________________________________________ RG.: _________________________, nascido em ______________________, do sexo _________________, residente à ___________________________________________ ______________________________________________________________________ na cidade de _________________________________, estou sendo convidado a participar do projeto intitulado “Tradução, adaptação transcultural e análise das propriedades de medida da versão português-brasileiro do Consultation and Relational Empathy (CARE) Measure” cujo objetivo é traduzir e adaptar transculturalmente a versão em português-brasileiro do questionário “Consultation and Relational Empathy (CARE)”. Para isto será necessária a participação de 130 pacientes portadores de dor lombar crônica com idade acima de 18 anos, com o domínio de leitura e escrita da língua portuguesa, com mais de 3 meses de sintomas de dor lombar, com ou sem irradiação associada para as pernas. Serão excluídos do estudo pacientes com sinais de doenças graves, doenças associadas a comprometimento cognitivo, que realizaram cirurgia na coluna nos últimos seis meses, grávidas ou que não sejam capazes de participar do estudo. Para realizar a tradução é necessário que os participantes respondam seis questionários com o intuito de verificar a validade da versão traduzida para o português brasileiro. Estes questionários serão aplicados depois da primeira sessão de terapia a ser realizada na clínica frequentada pelo paciente. A duração do preenchimento de tais documentos não excede o tempo de 20 min. Os pesquisadores do estudo ficarão durante toda a duração da pesquisa à disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas que venham a surgir antes, durante e após a realização do estudo. Dois dias após a primeira sessão, o avaliador entrará em contato com o paciente, via telefone, para este responder a apenas um questionário. Um mês após a primeira sessão, o avaliador entrará em contato novamente para o participante responder a dois questionários. As informações obtidas neste trabalho serão mantidas em sigilo e não poderão 70 ser consultadas por outras pessoas, salvo prévia autorização. No entanto, poderão ser utilizadas para fins científicos, ressaltando que a privacidade dos participantes será resguardada. A participação no estudo não envolve risco, mesmo assim, no caso de ocorrerem riscos não previstos e, caso seja necessário, os próprios pesquisadores se responsabilizam pelas condutas de primeiros socorros. A participação no estudo é estritamente voluntária, bem como não há nenhuma forma de remuneração ou custo pela participação no estudo. Os resultados obtidos a partir deste serão propriedade exclusiva dos pesquisadores, podendo ser divulgados de qualquer forma científica, a critério dos mesmos. A recusa em participar do trabalho não trará qualquer prejuízo, estando livre para abandonar o estudo a qualquer momento. Qualquer dúvida ou esclarecimento poderá ser dado pelo pesquisador responsável, Cristina Maria Nunes Cabral, que pode ser encontrado na Cesário Galeno 475,Tatuapé, São Paulo SP, ou pelo telefone 11-21781565. O voluntário tem a garantia de sigilo de todas as informações coletadas e pode retirar seu consentimento a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou perda de benefício. Declaro ter sido informado e estar devidamente esclarecido sobre os objetivos deste estudo, sobre as técnicas e procedimentos a que estarei sendo submetido e sobre os riscos e desconfortos que poderão ocorrer. Recebi garantias de total sigilo e de obter novos esclarecimentos sempre que desejar. Assim, concordo em participar voluntariamente deste estudo e sei que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou perda de qualquer benefício (caso o sujeito de pesquisa esteja matriculado na Instituição onde a pesquisa está sendo realizada). Data: ___ /___ / ______ _____________________________________________ Assinatura do sujeito da pesquisa ou representante legal _____________________________________________ Pesquisador responsável / orientador 71 Anexo 3 – Consenso do autor original do CARE (Dr. Stewart Mercer) para a realização deste estudo 72 73 Anexo 4 - Versão original do CARE 74 Anexo 5 - Questionário demográfico utilizado na coleta de dados Questionário Demográfico Data: _____________ Nome: ______________________________________________ Idade: ______________________ Gênero:_________________ Massa:______________________ Estatura:________________ Escolaridade: ________________ Profissão:________________ Possui o domínio da leitura e escrita da língua portuguesa? Sim Não Você teve perda de peso abrupta nos últimos seis meses? Sim Não Duração da sua dor (em semanas): ________________________ Local da dor: __________________________________________ Você realizou cirurgia na região da sua dor nos últimos 6 meses? Sim Não Você está grávida? Sim Não Telefone:____________________ Celular (operadora): _____________ E-mail: ____________________________________________________ Telefone de amigo ou parente: ____________________ Já realizou quantas sessões de fisioterapia? ________ Qual o tratamento fisioterapêutico você realiza? _________________ 75 AneAnexo 6 - CARE versão português-brasileiro CARE-versão português-brasileiro I – Por favor, avalie as seguintes afirmações sobre a consulta de hoje. Marque uma opção para cada questão e não deixe de responder todas as questões. Como o profissional que o atendeu foi em relação a: Ruim Razoável Bem Muito bem 1. Fazer você se sentir à vontade… (Sendo simpático e acolhedor, tratando com respeito; não sendo frio ou abrupto) 2. Deixar você contar a sua “história”... (Dando tempo para que você descreva sua condição com suas próprias palavras; sem te interromper ou se desviar dos fatos) 3. Realmente te ouvir… (Prestando muita atenção ao que você estava dizendo; não olhando para as anotações ou computador/celular enquanto você estava falando) 4. Estar interessado em você como um todo… (Perguntando detalhes relevantes sobre a sua vida, sua situação; não te tratando como “apenas um número”) 5. Entender completamente suas preocupações… (Comunicando que ele(a) entendeu precisamente suas preocupações; não negligenciando ou descartando algo) 6. Demonstrar cuidado e compaixão… (Parecendo realmente preocupado, conectando humanamente com você; não sendo indiferente ou “isolado”) Excelente Não se aplica 76 Como o profissional que o atendeu foi em relação a: Ruim Razoável Bem Muito bem 7. Ser positivo… (Tendo uma abordagem positiva e uma atitude positiva; sendo honesto mas não negativo sobre seus problemas) 8. Explicar as coisas claramente… (Respondendo completamente as suas questões, explicando claramente, fornecendo informações adequadas; não sendo vago) 9. Ajudar você a ter controle... (Discutindo com você o que fazer para melhorar sua própria saúde, incentivando ao invés de “ensinando” você) 10. Fazer um plano de ação com você... (Discutindo as opções, te envolvendo nas decisões o quanto você gostaria de ser envolvido; não ignorando suas opiniões) Excelente Não se aplica 77 Anexo 7 - Escala numérica de dor Escala numérica de dor Eu gostaria que você desse uma nota para sua dor numa escala de 0 a 10 onde 0 seria nenhuma dor e 10 seria a pior dor possível. Por favor, dê um numero para descrever sua dor: Sobre a última dor sentida: A média da dor nas duas últimas semanas: Dor atual: 78 Anexo 8 – Escala de percepção do efeito global Escala de Percepção do Efeito Global Comparando a quando este episódio começou, como você descreveria sua dor nestes dias? 79 Anexo 9 – Questionário MPRS INSTRUMENTO MEDRISK PARA AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DO PACIENTE COM O TRATAMENTO FISIOTERÁPICO Por favor, preencha e marque os dados propostos e em seguida responda as questões abaixo: (1) Idade: ______ anos (2) □ Masculino □ Feminino (3) Tempo gasto para chegar na clínica de fisioterapia: □ menos de 15 minutos □ entre 16 e 30 minutos □ entre 31 e 60 minutos □ mais de 60 minutos (4) Área do corpo em tratamento (marque todas que se aplicam): □ pescoço/cervical □ lombar/costas □ braço o perna □ pé o tornozelo □ mão/punho □ outra (especificar): ____________________________ Por favor, responda as questões abaixo circulando a resposta que melhor descreve sua opinião a respeito de seu tratamento: Discordo Discordo Neutro Concordo completamente 1. A recepcionista foi cortês 2. O processo de registro foi adequado Concordo completamente 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 NA ■ 3. A sala de espera era confortável (iluminação, 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 temperatura, móveis) 4. Os horários NA de atendimento desta clínica foram convenientes para ■ mim 5. Meu fisioterapeuta me explicou cuidadosamente os tratamentos que eu 1 2 3 4 5 ■ recebi 6. Meu fisioterapeuta me tratou respeitosamente 7. Os funcionários da clínica foram respeitosos 8. Meu fisioterapeuta respondeu a todas as 1 2 3 4 5 ■ 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 NA ■ 80 minhas questões 9. Meu fisioterapeuta aconselhou-me sobre for- 1 mas de evitar futuros 2 3 4 5 ■ problemas 10. A clínica e suas dependências 1estavam 1 2 3 4 5 ■ limpas 11. Meu fisioterapeuta forneceu-me detalhadas instruções sobre meu 1 2 3 4 5 ■ programa de exercícios para casa 12. De uma forma geral, estou completamente satisfeito (a) com os 1 2 3 4 5 ■ serviços que eu recebi do meu fisioterapeuta 13. Eu retornaria a esta clínica para futuros ser- 1 2 4 3 5 ■ viços ou tratamento Sigla: NA, não se aplica. ■ A resposta tem que ser um número de 1 a 5. Como está a sua atual condição comparada como você estava antes de começar o tratamento fisioterápico? (circule o comentário que melhor responda a essa pergunta) 1 Extrema mente melhor 2 Muito melhor 3 Pouco melhor 4 Pouquís simo melhor 5 Mesmo 6 Pouquís simo pior 7 Pouco pior 8 Muito pior 9 Extrema mente pior