CARACTERÍSTICAS DE UM AUTÊNTICO LÍDER
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CARACTERÍSTICAS DE UM AUTÊNTICO LÍDER
Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo A ORAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO Resumo O subsídio desta semana (Lição 02 – 4º Trimestre 2010 de 10/10/2010) da Revista “Lições Bíblicas” de Jovens e Adultos, que está abordando o tema “O Poder e o Ministério da Oração – O Relacionamento do Cristão com Deus”, traz o assunto acerca da oração no antigo pacto, com o título “A Oração no Antigo Testamento”. O texto áureo desta lição está registrado no 2º Livro de Crônicas 30.27, que diz: ―Então, os sacerdotes e os levitas se levantaram e abençoaram o povo; e a sua voz foi ouvida, porque a sua oração chegou até à sua santa habitação, aos céus‖. O Pr. Eliezer de Lira e Silva extraiu a seguinte verdade prática do texto base da aula (1 Reis 18.31-39): ―Assim como hoje, a oração no Antigo Testamento era um canal permanente de comunicação entre Deus e o seu povo”. Este subsídio tem como objetivo explorar profunda e exaustivamente este assunto; não sendo, de forma alguma, a última palavra em um assunto tão amplo. Espera-se contribuir assim com os objetivos da lição que diz: ―descrever a oração no Pentateuco, e nos livros Proféticos e Poéticos; explicar o desenvolvimento da oração no Antigo Testamento; e, conscientizar-se de que a oração é o elo entre Deus e o homem‖.1 Bons estudos!!! Palavras-Chaves: Oração; Antigo Testamento; Pentateuco; Monarquia; Profetas Introdução Na lição anterior, fora dado destaque ao significado da oração. Nesta semana, abordaremos histórica e teologicamente o entendimento que as pessoas possuíam nos tempos bíblicos da História Antiga registrada nas páginas do Antigo Testamento, ou seja, no Pentateuco, na Monarquia e nos Profetas. Qual era a forma de interpretação do ato de orar naquela época? Será que, também, havia interpretações errôneas desse significado? Será que só pediam? Ou falavam sem cessar? 1 LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 4º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 11 p. www.iead-msbc.com.br - 1 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo Ou exigiam, decretavam, determinavam?? Ou será que repetiam frases iguais continuamente e várias vezes?? Ou pensavam que orar é sacrificar, é uma penitência, é um castigo. Bem, vamos tentar apresentar um quadro que, na verdade, para um remanescente fiel, era um canal permanente de comunicação entre Deus e seu povo. Relembrando a história da prática da oração O Pastor Luis Carlos Gomes, procurou relatar quando começou a prática da oração. Veja: Quando o ser humano começou a orar? Quem fez a primeira oração?A última frase de Gênesis 4 registra que, logo após o nascimento de Enos, começou-se “a invocar o nome do Senhor” (Gn 4.26). Embora o verbo “invocar” pareça sinônimo de cultuar ou adorar, em outros textos ele é sinônimo de clamar ou orar. Numa de suas orações, Davi escreve: “Na minha angústia, “invoquei” o Senhor, “clamei” a meu Deus; ele, do seu templo, ouviu a minha voz” (2Sm 22.7). No Salmo 50, Deus diz: “Invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50.15). As mesmas palavras são proferidas pela boca do profeta Jeremias: “Invoca-me, e te responderei” (Jr 33.3). A expressão “invocar o nome do Senhor” aparece seis vezes no primeiro livro da Bíblia. Abraão (12.8; 13.4; 21.33), sua escrava Agar (16.13) e seu filho Isaque (26.25) invocam o nome do Senhor. A esta altura da história humana tal ato já seria um exercício religioso habitual. As outras orações de Gênesis não são meras invocações da presença de Deus, mas súplicas bem elaboradas e mais explícitas. A primeira é um modelo de oração intercessória. As outras são “pedidos” em favor da interferência da misericórdia e do poder de Deus para resolver situações difíceis (a oração do servo de Abraão), situações ligadas a problemas de saúde (a oração de Isaque) e situações de perigo (as orações de Jacó). Abraão demora-se na presença de Deus e insiste o quanto pode em favor da não-destruição de Sodoma e Gomorra, em benefício de alguns poucos justos porventura ali residentes. E ele consegue o favor de Deus vez após vez: Deus não destruiria as cidades da campina caso houvesse ali cinquenta, 45, quarenta, trinta, vinte ou dez justos. Como não havia nem sequer dez, as cidades foram destruídas (Gn 18.22-33). O mesmo Abraão orou em favor da saúde de Abimeleque, sua mulher e servas (Gn 20.17). O filho de Abraão e Agar, ao ser mandado embora junto com a mãe, não tendo mais água para beber, clamou e “Deus ouviu a voz do menino” (Gn 21.17). O servo de Abraão não sabia como cumprir a delicada missão de conseguir uma esposa para o filho solteirão de seu senhor. Então apelou à oração e foi plenamente atendido. A primeira moça com a qual se encontrou na Mesopotâmia tornou-se esposa de Isaque. O servo fez questão de contar essa experiência de oração à família da jovem (Gn 24.10-50). Como Rebeca não engravidava, “Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque ela era estéril”. Depois de completar bodas de porcelana, aos 60 anos, nasceram os gêmeos Esaú e Jacó (Gn 25.19-26). Depois de casar-se com quatro mulheres, de se tornar pai de doze rapazes e de Diná, e de ficar muito rico, Jacó resolveu voltar para sua terra. Porém, logo soube que o irmão ainda alimentava vingança contra ele e vinha ao seu encalço com quatrocentos homens armados. Ao perceber que ele e sua família estavam em perigo, Jacó orou ao Senhor: “Livra-me das mãos de meu irmão Esaú, porque eu o temo, para que não venha ele matar-me e as mães com os filhos”. Foi uma oração perseverante e audaciosa, pois do lado de cá do Jaboque ele disse ao Senhor: www.iead-msbc.com.br - 2 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo “Não te deixarei ir se não me abençoares”. A emoção desarmou Esaú, os dois inimigos choraram um no ombro do outro e a guerra acabou (Gn 32.3-32). O que mais se aprende com esta história de oração é a humildade com que elas foram feitas. Na intercessão por Sodoma, Abraão declarou: “Eis que me atrevo a falar ao Senhor, eu que sou pó e cinza” (Gn 18.27). Jacó também confessou o que de fato era ao começar sua oração com as seguintes palavras: “Sou indigno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo” (Gn 32.10). Bom seria se todas as nossas orações começassem com essa confissão de Jacó e a do publicano: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” (Lc 18.13).2 A questão da oração no Antigo Testamento é importante Estudar acerca da Oração no Antigo Testamento é pertinente, pois existe certo despreparo para lidar com respeito à compreensão do Antigo Testamento na atualidade. Será que ela produz uma mensagem para hoje? Será que tem relevância? Veja o pensamento de Juan F. Martínez3, sobre o assunto: Para muitos cristãos o Antigo Testamento (AT) é algo assim como o apêndice do corpo humano. Suspeita-se que em algum tempo passado tivesse certa importância, porém, no dia de hoje a sua utilidade é marginal. A parte de alguns salmos e uma série de histórias e biografias, o AT tende a ser um livro fechado para a margem da vida da igreja. Esta tendência obedece a toda uma série de fatores, muitos dos quais estão fora do alcance deste artigo. Porém se temos de “desmarginalizar” o AT, é vital entender a importância de sua mensagem para a vida e ensino da igreja. Neste artigo veremos: 1) algumas das formas como a igreja têm entendido o lugar e a autoridade da mensagem do AT ao longo da história; 2) As formas como se utilizam a mensagem do AT na igreja, e 3) alguns pontos chaves da mensagem do AT para os cristãos. Ao ler o AT alguém enfrenta a realidade de que sua ética e moral nem sempre são as do evangelho de Cristo. Se a mensagem do AT reflete um entendimento anterior à revelação completa em Cristo, como se deve utilizar essa mensagem na igreja hoje? Qual é o valor da mensagem veterotestamentária para os cristãos? A atitude da igreja sobre estas perguntas tem sido afetada pelas polêmicas e problemáticas que cada geração tem enfrentado. As respostas que se têm elaborado através da história nos têm delimitado os marcos para o uso que damos ao AT nos dias atuais. Por isso, é fundamental entender a história do uso que a igreja tem feito desta mensagem do AT. Os primeiros crentes, por serem todos judeus, entendiam que Jesus era o cumprimento, que Ele era o Messias anunciado no AT. Eles aceitavam as Escrituras judaicas como suas, dando-lhes uma interpretação decididamente messiânica. As Escrituras que Paulo recomenda a Timóteo que o pode tornar sábio para a salvação (2 Timóteo 3.15) são o texto inspirado do povo judeu. Os escritores do Novo Testamento (NT) fazem um uso extenso do texto judeu. O AT forma o marco e o pano de fundo teológico para o NT e se faz muitas citações 2 Disponível em http://mensageirodapazluizbq.blogspot.com/2009/08/historia-da-oracao.html, acessado em 25/09/2010, às 20h50 3 Comentario Biblico Mundo Hispano Tomo 13 Oseas—Malaquias, Alabama: 2003 p.9-22. Tradução: João Ricardo Ferreira de França. Disponível em http://www.eleitosdedeus.org/antigo-testamento/mensagem-doantigo-testamento-para-igreja-de-hoje-juan-f-martinez.html#ixzz11UI1l9R5, acessado em 05/10/2010, às 09h40. www.iead-msbc.com.br - 3 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo diretas, majoritariamente da versão grega conhecida como Septuaginta (LXX). Também se encontra toda uma série de alusões ao texto e ao ensino do AT. Suas interpretações refletem um grande respeito para com o texto e é claro que o aceitam como Palavra de Deus. A novidade que traz a igreja primitiva para a interpretação do texto é o enfoque cristológico. Usa-se o AT para provar, primeiramente para os judeus, que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. As escrituras judaicas se cumprido na pessoa e obra de Cristo. Ao distanciar-se de suas raízes judaicas, a igreja começou a enfrentar vários dilemas relacionados com a mensagem do AT. Por um lado teve que começar a explicar o lugar, na mensagem cristã, daquelas partes do AT que não se enquadravam com revelação completa do evangelho em Cristo Jesus (p.e. as guerras destrutivas, a vingança, a poligamia, o exclusivismo judaico, etc.). Por outro lado, a obra missionária começou a trabalhar entre pessoas que não conheciam o judaísmo e que não aceitariam automaticamente que a Bíblia judaica fosse Palavra de Deus. A igreja já não podia usar o AT como comprovante, mas tinha que justificar seu uso diante de um mundo incrédulo. Próximo do ano 150 Marcião, filho de um bispo, chegou a conclusão de que o Deus vingativo do AT não podia ser o mesmo Pai amoroso do NT. Segundo Marcião o AT era um livro inferior que não tinha mensagem alguma para a igreja de Cristo Jesus. Para ele somente o Evangelho de Lucas e as epístolas de Paulo refletiam a verdadeira mensagem cristã. O ataque de Marcião obrigou a igreja a considerar os limites e a autoridade do AT. Rejeitou-se a solução proposta por Marcião e se afirmou claramente que a fé cristã não era algo novo, mas que Deus havia preparado o caminho para o advento de Cristo. Se afirmou que o AT dava testemunho desta preparação. Por isso, seguiu-se defendendo o Cânon bíblico, e o AT foi uma parte íntegra com os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e as epístolas, do Canon aceito pela igreja, passou a ser conhecido como Bíblia (MARTÍNEZ, JUAN F., 2010)4 O estudo do Antigo Testamento testifica acerca do Deus que sempre esteve atento às necessidades de Seu povo. O Deus do Novo Testamento é o mesmo do Antigo Testamento. Os fiéis do Antigo Testamento bem o souberam disso, pois, aprenderam a se relacionar com Ele na dimensão do amor, e do coração, e, portanto, aguardavam a redenção futura na pessoa de Cristo Jesus. Concepção de Deus no Antigo Testamento5 A concepção de Deus no Antigo Testamento revela o relacionamento que o ser humano estabelecia com seu Criador. Assim, sua percepção de Deus revela a forma como o ser humano buscava ao Senhor. Para os escritores do Antigo Testamento não surgiram dúvidas sobre a existência de Deus. Não julgaram necessária a apresentação de argumentos para estabelecer a prova da existência de Deus.6 No Antigo Testamento Deus se apresenta nas 4 Comentario Biblico Mundo Hispano Tomo 13 Oseas—Malaquias, Alabama: 2003 p.9-22. Tradução: João Ricardo Ferreira de França. Disponível em http://www.eleitosdedeus.org/antigo-testamento/mensagem-doantigo-testamento-para-igreja-de-hoje-juan-f-martinez.html#ixzz11UI1l9R5, acessado em 05/10/2010, às 09h40. 5 Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro: JUERP, 1991. 57 -211p. 6 Idem 57p. www.iead-msbc.com.br - 4 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo experiências religiosas dos homens, e não nas suas especulações filosóficas. Os profetas baseiam todos os seus ensinos na certeza inabalável do conhecimento que Deus lhes transmitiu nas suas comunicações com o homem. A premissa básica de todos os escritores da Bíblia é que Deus pode ser conhecido. O conhecimento de Deus revelado aos homens é justamente aquele que satisfaz à fome da sua natureza espiritual. A palavra hebraica “Yadha´” significa “conhecer pessoalmente” (Gn. 12.11); “conhecer por experiência” (Js. 23.14); “ganhar conhecimento” (Sl. 119.152); “conhecer o caráter de uma pessoa” (2 Sm. 3.25); “ter relações amistosas com alguém” (Gn. 29.5; Ex. 1.8; Jó 42.11); “conhecer a Deus” (Ex. 5.2). A palavra também descreve o profundo conhecimento que Deus tem de pessoas (Os. 5.3; Jó 11.11; Sl. 1.6). O conhecimento de Deus resulta em adoração e obediência inteligente à sua vontade (Jz. 2.10; Sl. 79.6). Segundo os profetas, o conhecimento de Deus é o discernimento da natureza divina por parte do conhecedor que fica habilitado a reconhecer as verdadeiras manifestações ou revelações da natureza e da vontade do Senhor. Este conhecimento de Deus, da parte do homem, é o seu intercurso com Deus. É tão real, tão verdadeiro como o seu intercurso pessoal com qualquer outra pessoa. É a qualidade de conhecimento que resulta de relações intelectuais da consciência de uma pessoa com qualquer outra consciência pessoal. A experiência de Isaías com Deus transformou a sua vida, e determinou o caráter do seu serviço na direção da história do seu povo (Is. 6.1, 5-7). Não há outra palavra que, no seu pleno sentido bíblico, descreva mais perfeitamente a natureza de Deus do que o termo santidade. É a tradução da palavra hebraica “qodesh”, que tem uma longa e complicada história, e que tem sido usada em vários sentidos, mas exclusivamente para expressar idéias religiosas.7 A história do conceito de santidade é longa e complicada, variando na sua significação entre as nações antigas. Entre os hebreus a santidade se referia primeiramente ao mysterium tremendum, ao numious, ou aos característicos da Divindade que a separa de tudo que é comum, tudo que é o mundo físico ou da humanidade. 8 Na religião dos hebreus a diferença entre o homem e Deus ficava cada vez mais claramente apreendida. Os hebreus progrediam na distinção entre o sagrado e o secular. Com proibições e leis cerimoniais, eles governavam a vida religiosa do povo santo, ou separado, no esforço de orientá-lo no cumprimento das responsabilidades sagradas e seculares. A Santidade não é propriamente um atributo de Deus. Descreve antes a própria natureza de Deus. Assim, a Santidade abrange, ou compreende, todos os atributos de Deus. É na santidade que Deus é transcendente, ficando, na sua Divindade, por cima de tudo e independente de toda a sua criação. Tomando este conceito da santidade do Senhor como seu ponto de partida, os escritores bíblicos chegaram a reconhecer a claridade e a pureza do Deus Santo que exclui a comunhão com tudo que é mau e perverso. Então como se relacionar com esse Deus Santo, sendo o homem pecador. Quando Isaías recebeu a visão da santidade do Senhor (Is. 6.1-5), foi-lhe revelado o terrível abismo que o separava, juntamente com o seu povo, de Deus. O abismo separador foi o pecado de Israel, manifestado pela ignorância, ingratidão, injustiça, formalismo e rebelião (Is. 1.1-23). Com o desenvolvimento do conceito da santidade do Senhor, os profetas entenderam cada vez mais claramente a 7 Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro: JUERP, 1991. 101 p. 8 Idem. 103 p. www.iead-msbc.com.br - 5 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo pureza moral do seu caráter, a justiça absoluta em todos os seus pensamentos, propósitos e planos, e em todas as suas relações com o povo de Israel, com os povos das outras nações. 9 Temos, portanto que a concepção dos hebreus, no Antigo Testamento, acerca de Deus é que Ele é pessoal e santo. Como, portanto, relacionar com esse Deus Pessoal e Santo, sendo que o homem é pessoal, ímpio e pecador? Através de sua justiça e amor, que implica em sua atitude redentora com Israel. À luz da santidade do Senhor, Israel certamente não era justo, e não podia justificar-se, ou salvar-se a si mesmo. Os profetas Jeremias, Ezequiel e Isaías reconheceram a necessidade imperiosa da transformação espiritual do seu povo. Jeremias pergunta: “Pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas malhas?” (Jr. 13.23.). Estes profetas chegaram a reconhecer que a natureza humana é pecaminosa, e que o pecador não pode mudar a sua natureza, sem o auxílio da graça poderosa de Deus. Um ato pecaminoso contra Deus não tem tanta significação como o fato de que todos os pecados de Israel resultam da sua perversidade moral, da sua natureza pecaminosa. Jeremias apresentou o novo conceito da religião espiritual que justiça o homem. A salvação espiritual de Israel, bem como o seu livramento político, é conseguida pela justiça de Deus. Sendo Santo, Justo e Soberano, Deus exige a retidão e a justiça do homem. Ele se interessa em ver que a justiça seja feita entre os homens de toda a terra. A justiça deriva-se dEle. Portanto, não pode haver justiça à parte dele. Na sua soberania, ele é o único que pode decidir o que é, ou não, justo de acordo com a norma da verdadeira justiça. 10 O amor de Deus é a força operativa no estabelecimento da justiça no mundo. O Deus do Velho Testamento é o Deus de amor, o mesmo que se apresenta no Novo Testamento. O amor de Deus exigia de Israel obediência fiel, e a responsabilidade de cumprir as condições co concerto generoso que Deus fez com ele. 11 Deus estabeleceu seu concerto com seu povo, na base da santidade, justiça e amor. Os elementos fundamentais do concerto foram preservados desde o tempo de Moisés, mas os grandes profetas, à luz de Deuteronômio, esclareceram a sua importância na vida e na história de Israel, e na amorável beneficência de Deus, eles fundaram e firmaram as esperanças para o futuro do povo escolhido do Senhor. No estudo da história de Israel, os profetas entenderam cada vez mais claramente as fraquezas, a desobediência, e as vacilações do seu povo, em contraste com amor firme, fiel, constante e persistente do Senhor, “o Santo de Israel”. 12 Assim, que, Deus ao estabelecer o Concerto com Israel, o fez de forma a aceitá-Lo no seu relacionamento. Há certas verdades subentendidas no Velho Testamento que nem todos os teólogos entendem. Primeiro de tudo, o povo de Israel, libertado e escolhido pelo Senhor, apresenta-se, desde o Monte Sinai, como povo salvo 9 Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro: JUERP, 1991. 57 a 105 p. 10 Idem 113 - 116p. 11 Ibidem. 117 p. 12 Ibidem. 118 p. www.iead-msbc.com.br - 6 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo pela graça de Deus, separado, escolhido ou eleito e dedicado, segundo o concerto, ao serviço do Senhor. Mas nem o amor imutável do Senhor poderia prender qualquer israelita contra a sua própria vontade. Assim, qualquer israelita, ou grupo de israelitas, poderia perder o seu lugar, entre o povo escolhido, pela revolta contra o Senhor, como no caso dos mais culpados, que fizeram e adoraram o bezerro de ouro. Outro fato subentendido no Velho Testamento é que o sistema sacrificial nunca se apresenta em qualquer lugar como meio de salvação. Koehler trata os sacrifícios como “expediente do homem para a sua própria redenção”.13 A.B. Davidson explica, em termos bem claros, o significado das ofertas no sistema sacrificial, como praticados pelos israelitas. “Os sacrifícios foram assim oferecidos a Deus, que estava em relações de graça com o seu povo. Não foram oferecidos para alcançar a sua graça, mas para retê-la, ou para evitar que a comunhão existente entre Deus e o seu povo fosse interrompida ou terminada pelas imperfeições ainda inevitáveis do seu povo, quer seja de indivíduos, quer seja do povo inteiro”.14 Reconhecendo que o povo, na sua enfermidade moral, poderia cair em várias qualidades de erros, o Senhor estabeleceu o sistema de sacrifícios e ofertas para fazer expiação dos pecados de enfermidade e ignorância. Assim o sistema ritual foi instituído para tratar de pecados cometidos dentro do concerto. Deste modo ofereceu ao povo meio de livrar-se do sentimento de culpa de uma qualidade limitada de pecados. Para os pecados cometidos com alta mão (yadh rama), pecados de rebelião contra Deus, não havia expiação, porque tais pecados eliminavam o pecador do povo do concerto. Convém lembrar, mais uma vez, a longa história dos israelitas, e o desenvolvimento da sua teologia, através das experiências históricas, em harmonia com a revelação progressiva da santidade e da justiça de Deus. Esta advertência é especialmente importante no estudo da influência do sistema sacrificial na história antiga de Israel. Quando os profetas receberam uma revelação mais completa do caráter de Deus, entenderam mais claramente a natureza do pecado. Reconheceram a tendência e o perigo de atribuir eficácia ao próprio sacrifício, ao invés de lembrar que era apenas um símbolo de arrependimento e da fé do ofertante, e que nestas condições Deus perdoa o pecado. A lei cerimonial servia para ensinar, treinar e preparar o povo para entender o que o Deus santo e justo requer do homem. 15 Todas as pessoas dentro do povo escolhido tinham a responsabilidade de cumprir todas as condições do concerto. Quando uma pessoa cometia um pecado de fraqueza, embora involuntariamente, tinha que apresentar a oferta ordenada pela lei. No curso do desenvolvimento da religião de Israel manifestou-se a tendência de estabelecer duas opiniões a respeito da eficácia do sacrifício. Persistia a idéia tradicional, fortemente combatida pelos profetas, de que o próprio sacrifício tinha o efeito de cancelar o pecado do ofertante. Com o conhecimento mais claro do caráter de Deus, e da dignidade do homem, 13 Ludwig Koehler, op. Cit., 181 – 198. Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro: JUERP, 1991. 196 p. 14 A. B. Davidson, The Theology of The Old Testament, p. 316. Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro: JUERP, 1991. 196 p. 15 Idem 197 p. www.iead-msbc.com.br - 7 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo desenvolveu-se um entendimento mais profundo da natureza do pecado. O pecado interrompe a comunhão entre o homem e Deus, e afasta o pecador da presença de Deus. Chegou-se finalmente a entender que o verdadeiro arrependimento do pecador, que envolve o ódio ao seu pecado e a firme determinação de abandoná-lo, era necessário no preparo do coração para receber o perdão divino e regozijar-se de novo na comunhão com Deus. Assim os profetas entendiam que o sacrifício era apenas simbólico do espírito reto que devia acompanhar a oferta. Com a interpretação profética do significado do arrependimento e o entendimento mais profundo da graça de Deus, os profetas ensinavam que o motivo do perdão do pecado está sempre no amor eterno e fiel do Senhor. Mas, apesar de seus defeitos, o sistema sacrificial servia ao propósito do Senhor no treinamento espiritual do povo escolhido no período primitivo da sua história. A graça de Deus operava por intermédio do sacrifício para aliviar o pecador do sentido da culpa e manter a comunhão com o Senhor. Gradualmente esclareceu e aprofundou o conhecimento da santidade e da justiça de Deus. Servia também para acentuar a gravidade do pecado, que separa o homem da presença de Deus, e para mostrar o amor imutável do Senhor na salvação do pecador. Os profetas e os salmistas têm muito a dizer sobre o perdão divino dos pecados humanos. Os profetas apresentam novas revelações sobre a santidade, a justiça e o amor do Senhor. Sendo justo, o Senhor exige a prática da justiça entre o seu povo. Com o conhecimento mais profundo do caráter de Deus, aumentou-se o entendimento do valor e da dignidade moral do homem individual e da vida humana em geral. Assim o perdão do pecado e a pureza do coração tinham valor essencial e dignidade própria. Os profetas e salmistas tinham também um entendimento mais claro do amor persistente e imutável do Senhor, da sua amorável benignidade e do poder transformador da sua graça. A salvação não era simplesmente o livramento das conseqüências do pecado, mas a liberdade do poder do pecado. Reconhecendo a natureza pecaminosa do seu próprio coração, o profeta Jeremias exclamou: “Sara-me, Senhor, e serei sarado; salva-me, e serei salvo” (17.14). Evidentemente ele desejava a verdadeira regeneração, tal como descreve o novo concerto, a revelação no interior, escrita no coração (31.33). “Perdoarei a sua iniqüidade, e nunca mais me lembrarei do seu pecado” (31.34).16 Essas informações são necessárias devido ao fato de muitos pensarem que o relacionamento de Deus no Antigo Testamento era pautado no cumprimento exclusivo de leis e cerimoniais. Aqueles que compreenderam o Deus como pessoal, santo, justo e amoroso; também, conseguiram manter um relacionamento santo, de intimidade e amizade. Deus sempre foi, é, e, será o mesmo. Quando encontra um coração quebrantado e desejoso de converter, arrependido, Deus o perdoa e restabelece a comunhão com o ser humano. O problema é que muitos não entenderam nada acerca do seu relacionamento com Deus e pautou sua relação com na esfera do legalismo e obrigações. Quando o Senhor, na sua compaixão, redimiu os filhos de Israel, e lhes deu o seu concerto no Monte Sinai, assim estabeleceu a base das suas relações com eles em todas as atividades históricas que prepararam o caminho para a fundação do reino de Deus no mundo inteiro. No sistema sacrificial dos israelitas, as ofertas apresentadas ao Senhor representaram apenas o espírito 16 Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro: JUERP, 1991. 197 - 200 p. www.iead-msbc.com.br - 8 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo de arrependimento do ofertante, enquanto o amor imutável do Senhor operava persistentemente no perdão do pecador desviado que desejava o restabelecimento da comunhão com o seu Deus.17 O pouco conhecimento de Deus nos leva a termos imagens negativas e distorcidas d’Ele. A realidade de um pai terreno, muitas vezes insensível, violento, egocêntrico, exigente que não dá o valor que merecemos, nos dificulta a compreensão de Deus como Pai amoroso, misericordioso, valorizador e perdoador. Podemos conhecer melhor a Deus como Pai? Há uma pessoa que se identifique melhor com o amor do Pai celestial? Muitos teólogos não dizem nada sobre o amor paterno do Deus do Velho Testamento. Pregadores do evangelho exageram demais o contraste entre os ensinos do Novo Testamento sobre o amor paterno de Deus e a ênfase do Antigo Testamento na autoridade severa do Deus de Israel. É verdade que os termos marido e pai, entre os povos antigos, incluindo semitas, acentuavam tanto a autoridade como o amor do pai. Mas na religião do povo de Deus, no Velho Testamento, o amor de Deus, como pai, recebe muito mais ênfase do que a sua autoridade paterna, especialmente entre os grandes profetas que receberam a mais ampla revelação do caráter de Deus. Entre as onze passagens que se referem diretamente a Deus, como pai, nove delas dão ênfase ao seu amor, enquanto as outras duas falam da honra e o temor que lhe é devido, como pai de seu povo (Mt. 1.6; 2.10). Há também várias passagens que falam figuradamente do Senhor como pai, e Israel como seu filho, ou os israelitas como seus filhos (Sl. 103.13; Os. 11.1; 2 Sm. 7.14; Jr. 3.4). Nestas passagens o Senhor é reconhecido como o pai do seu povo. Oséias é o primeiro pregador da graça de Deus, o primeiro profeta que descreve o amor do Senhor nos termos íntimos de ternura e compaixão nas mais profundas relações humanas. Despertou a consciência do seu povo pela exibição do amor do Senhor como o mais poderoso atributo divino na redenção do homem. 18 Assim, a concepção que o israelita tinha de Deus demarcava sua forma de relacionar com o Senhor. Para aqueles que confiavam nos sacrifícios, seu relacionamento era na forma de legalismo e cumprimento frio dos preceitos do Antigo Concerto, entendendo que deveria aplacar a ira de um Deus iracundo e irado. Assim sua relação com o divino era de estranhamento e distanciamento. Para outros, um remanescente fiel, que confiavam na graça e misericórdia do Senhor, entendiam que sua relação com o divino devia ser pautada no amor imensurável de Deus, mantinham um relacionamento pessoal, íntimo e respeitoso com o Deus Pai. Assim, este era recebido diante de Deus. Assim aconteceu com Elias. Esse profeta era um homem a frente de seu tempo no tocante ao conhecimento e relacionamento com Deus. Ele desafiou o povo a fazer a escolha definitiva entre seguir a Deus ou a Baal. Segundo a Bíblia de Estudos Pentecostais (CPAD, 552 p.), ...os israelitas achavam que podiam adorar o Deus verdadeiro e também Baal. O pecado deles era o de terem o coração dividido, querendo servir a dois senhores. O próprio Cristo advertiu contra essa atitude fatal. O coração 17 Crabtree, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro: JUERP, 1991. 202 p. 18 Idem. 211 p. www.iead-msbc.com.br - 9 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo e a fé patentes em Elias não têm paralelo em toda a história da redenção. Seu desafio ao rei, sua repreensão a todo Israel, e seu confronto com os 450 profetas de Baal foram embates que ele os enfrentou dispondo apenas das armas da oração e da fé em Deus. Vemos sua confiança em Deus na brevidade e simplicidade da sua oração. O propósito de Elias no seu confronto com os profetas de Baal, e a oração que se seguiu, foi revelar a graça de Deus para com seu povo. Elias queria que o povo voltasse para Deus. 19 A oração de Elias demonstrou sua singela intimidade com o Senhor Deus, longe dos sistemas sacrificiais, mas perto do coração de Deus. Veja a intimidade: ―Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, manifesta-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra fiz todas estas coisas. Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo reconheça que tu, Senhor, és Deus e que tu fizeste tornar o seu coração atrás‖(I Rs. 18.36-37). Conclui-se que o relacionamento de Deus com o ser humano no Antigo Testamento, embora no contexto de todo aparato sacrificial vigente naqueles tempos, era pautada no amor, intimidade, do coração arrependido, limpo, contrito e quebrantado. A Oração no Antigo Testamento20 Diante da compreensão desse quadro aqui retrato da pessoa bendita de Deus, chegamos a conclusões maravilhosas que a relação de Deus com o ser humano é uma relação afetuosa, amorosa, boa, santa e agradável. Então, longe do Deus vingativo que alguns querem atrelar ao Pai Celestial, está a presença real do Deus que fala, ouve, salva, perdoa e santifica. Esse mesmo Deus que empresta seus ouvidos para ouvir nossa oração, quando esta é feita com disposição e verdade, com sinceridade, consciência e afetividade, procurando expor os mais profundos sentimentos da alma, resultante de um coração derramado na presença do Santo de Israel. Na Bíblia, a oração é uma adoração que inclui todas as atitudes do espírito humano em sua aproximação de Deus. O crente cristão presta culto a Deus quando adora, confessa, louva e O suplica em oração. Essa, a mais alta atividade da qual o espírito humano é capaz, também pode ser considerada como comunhão com Deus, se a ênfase devida for posta sobre a iniciativa divina. O homem ora porque Deus tocou no seu espírito. A oração, na Bíblia, não é uma “reação natural”. “O que é nascido da carne, é carne” (Jo 4.24). Conseqüentemente, o Senhor não “ouve” qualquer oração. A doutrina bíblica da oração destaca o caráter de Deus, a necessidade do indivíduo se achar em relação de salvação ou de aliança com Ele, e a necessidade de entrar plenamente em todos os privilégios e obrigações dessa relação com Deus.21 19 BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Pentecostal. Almeida Revista e Corrigida.CPAD, 1995. 552-553 p. O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edição em 1 Volume. Organizado por J. D. Douglas. Editor da edição em português: R. P. Shedd, M. A., B. D., Ph. D. Tradução João Bentes – São Paulo: Edições Vida Nova, 1997. 1146 – 1148 p. 21 Idem 1146 p. 20 www.iead-msbc.com.br - 10 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo No período patriarcal a oração consiste em invocar o nome do Senhor, isto é, o nome sagrado é usado em invocação ou apelo. Em conseqüência disso, há uma oração inequivocamente direta e familiar (Gn. 15.2). A oração também está intimamente associada com o sacrifício, embora essa associação igualmente apareça em épocas posteriores. Esse proferir de oração, num contexto de sacrifício, sugere uma união da vontade do homem com a vontade de Deus. Isso se verifica especialmente no fato que Jacó ligou sua oração com um voto ao Senhor. O voto, em si mesmo uma oração, promete serviço e fidelidade se a bênção buscada for concedida (Gn. 28.20).22 No período pré-exílico umas das principais ênfases da oração recaem sobre a intercessão; embora a intercessão também tivesse sido um fator nos tempos patriarcais. A intercessão se fez especialmente proeminente na oração de Moisés (Ex. 32.11 – 13, 31). Deuteronômio 30 é também principalmente uma oração de intercessão, como também o são as orações de Arão (Nm. 6.22-27), de Samuel (1 Sm. 7.5-13), de Salomão (1 Rs. 8.22-53), de Ezequias (3 Rs. 19.14-19). Em Deuteronômio 26.1-15, aparece uma fórmula de adoração. E a ênfase não recai sobre a oração. Nos versículos 5-11 há ação de graças, e, nos versos 13 e 14 há uma profissão de obediência passada, mas somente no verso 15 é que há súplica. Entretanto, provavelmente temos razão ao supor que os sacrifícios eram freqüentemente oferecidos acompanhados de oração (Sl. 55.14).23 A oração deve ter sido indispensável no ministério dos profetas. A própria recepção da Palavra revelatória de Deus envolvia o profeta numa relação de oração com Yahweh. Nos Salmos há certa combinação de padronização e espontaneidade nas orações. Juntamente com as mais formais orações do “santuário” (Sl. 24; 100; 150). Há orações pessoais solicitando perdão (51); comunhão (63); proteção (57); cura (6); vindicação (109); e orações que são repletas de louvor m(103).Sacrifício e oração também são combinados nos Salmos (54.6; 66.13 e segs).24 No período do exílio o fator determinante da religião para os judeus foi a emergência da sinagoga. O Templo de Jerusalém fora arruinado, e ritos e sacrifícios sobre o altar não podiam ser realizados na imunda Babilônia. O judeu, então, não era mais aquele que nascera na comunidade e nela estava residindo, mas antes, era alguém que escolhera a ser judeu. O centro da comunidade religiosa era a sinagoga, e entre as obrigações religiosas aceitas como circuncisão, jejum e a observância do sábado, a oração também era importante. Isso era inevitável porque cada pequena comunidade em exílio agora dependia do culto na sinagoga onde a Palavra era lida e exposta, e onde orações eram 22 O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edição em 1 Volume. Organizado por J. D. Douglas. Editor da edição em português: R. P. Shedd, M. A., B. D., Ph. D. Tradução João Bentes – São Paulo: Edições Vida Nova, 1997.1146 p. 23 Idem. 1147 p. 24 Ibidem 1148 p. www.iead-msbc.com.br - 11 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo feitas. E, depois do retorno a Jerusalém, assim como ao Templo não foi permitido substituir a sinagoga, nem a sacerdote foi permitido substituir ao escriba, nem ao sacrifício foi permitido substituir a Palavra viva, semelhantemente o ritual não pôde substituir a oração. Tanto no Templo como na sinagoga, tanto no ritual sacerdotal como nas exposições dos escribas, o adorador devoto agora buscava a face de Yahweh. Sua presença pessoal (Sl. 100.2) e recebia Suas bênçãos em termos da luz de Seu rosto a brilhar sobre ele (Sl. 8.3, 7, 19).25 O período pós-exílio indubitavelmente havia um arcabouço de devoção, mas, dentro disso o indivíduo tinha certa liberdade. Isso é exemplificado em Esdras e Neemias, os quais, se por um lado insistiam sobre o culto e a lei, como também sobre o ritual e o sacrifício, e, por conseguinte, sobre os aspectos sociais da adoração, por outro lado, todavia, salientavam igualmente o fator espiritual da verdadeira devoção (Ed. 7.27; 8.22). No período pós-exílico, pois, encontramos uma combinação de ordem, no ritual do Templo, com a simplicidade da reunião da sinagoga e a espontaneidade de devoção pessoal.26 Dentro do Antigo Testamento certamente existem padrões de oração, porém, nenhum regulamento obrigatório governa seu ritual ou seu conteúdo. A oração mecânica, a oração limitada por prescrições coercivas, não apareceu senão já no fim do período inter-testamental, conforme os Evangelhos deixam claro. Então, infelizmente, tanto através dos sacrifícios no Templo de Jerusalém, como através da diáspora espalhada por diversos lugares mediante seu louvor, a oração e a exposição do culto da sinagoga, e, através da circuncisão, a observância sabática, os dízimos, o jejum e os feitos supérfluos, os adoradores, tanto no Templo como na sinagoga, buscavam ser aceitos por Deus mediante o mérito próprio.27 Conclusão A dificuldade da compreensão acerca da Teologia do Antigo Testamento esbarra nos contextos históricos, culturais, sociais, bem diferentes do nosso contexto; e, principalmente, no tocante à progressividade da revelação divina. Deus foi revelando seus mistérios aos poucos dentro dos tempos bíblicos. E, à medida que sua Revelação foi tornando-se mais clara, mais compreensível dentro da história do povo de Israel, passaram a compreender a necessidade de buscar ao Senhor em espírito (ou seja, “disposição”) e verdade (isto é, segundo os preceitos de Deus). Assim, fizeram Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Josué, Samuel, David, Neemias, Esdras, Isaías, Jeremias, Oséias, dentre tanto outros homens de Deus, que conseguiram ver além dos sacrifícios..., ver além do óbvio..., ver além do véu. Eles viram O 25 O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edição em 1 Volume. Organizado por J. D. Douglas. Editor da edição em português: R. P. Shedd, M. A., B. D., Ph. D. Tradução João Bentes – São Paulo: Edições Vida Nova, 1997.1147 p. 26 Idem 1147 p. 27 Ibidem 1147 p. www.iead-msbc.com.br - 12 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo Deus Redentor, o Deus Pai, o Deus que sara, que salva, que se relaciona com seus filhos... Aquele ouve a oração de todo aquele que n Ele crê. Muito mais que a definição do significado da oração, é a sua prática. E que essa seja mais qualitativa do que quantitativa. Pois muitos passam várias horas em oração, mas seus corações estão distantes. Porém, ―se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra." (2 Crônicas 7:14) Você pode estar se perguntando: Será que eu posso orar como Elias orou? Ora Elias tinha uma fé enorme no Deus que ele servia, será que eu tenho essa mesma fé? Em Tiago 5:17, 18 diz: ―Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para que não chovesse, e por três anos e seis meses não choveu sobre a terra. E orou outra vez e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.‖ Viram? Elias era como nós somos hoje, ou seja, Elias tinha as mesmas características nossas, ele era carne como nós! E o que aprendemos com essa informação? Aprendemos que sendo Elias, semelhante a eu e a você, Deus o ouviu!! Então podemos, nos disponibilizar para Deus!!! E, essa é a hora! Oremos, portanto, ao Senhor! www.iead-msbc.com.br - 13 Subsídios para Escola Bíblica Dominical Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo Referências BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Pentecostal. Almeida Revista e Corrigida.CPAD, 1995. BÍBLIA. Português. Novo Testamento King James – Edição de Estudo. Tradução King James Atualizada (KJA). São Paulo, Sociedade Ibero-Americana. CRABTREE, Asa Routh, 1889-1965. Teologia do Velho Testamento / A. R. Crabtree.- 5ª Ed. - Rio de janeiro: JUERP, 1991. LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 4º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA – Edição em 1 Volume. Organizado por J. D. Douglas. Editor da edição em português: R. P. Shedd, M. A., B. D., Ph. D. Tradução João Bentes – São Paulo: Edições Vida Nova, 1997. DICIONÁRIO DO MOVIMENTO PENTECOSTAL – 1ª Edição. Organizado por Isael de Araújo – Rio de Janeiro: CPAD, 2007. TEOLOGIA SISTEMÁTICA: Uma Perspectiva Pentecostal. Título Original: Systematic Theology: a Pentecostal Perspective. 1ª Edição. Editado por HORTON, S. M. Tradução para o português: CHOWN, G. – Rio de Janeiro: CPAD, 1996. São Bernardo do Campo, 05 de outubro de 2010. Valter Borges dos Santos28 28 Evangelista, pastor AD Thelma. E-mail: [email protected] www.iead-msbc.com.br - 14