Arábia Saudita

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Arábia Saudita
Arábia Saudita
01. ASPECTOS GEOGRÁFICOS:
O Reino da Arábia Saudita é um país do Oriente Médio, com uma área de 2.149.690 km²,
ocupa 80% do território da península Arábica. Três quartos do país são formados por desertos: no
norte está o an-Nafaud; no sul, o Rub al-Jali. O primeiro é um planalto de 57 mil quilômetros quadrados. O segundo, pouco explorado, tem uma superfície de 650 mil quilômetros quadrados maior que o estado brasileiro de Minas Gerais - e é considerado o mais árido do mundo. Eles
estão ligados pelo planalto central de ad-Dhana, que é cruzado por wadis, pequenas correntes de
água que permanecem secas durante quase todo o ano. O oeste do país é marcado por uma
cordilheira de 1,2 mil metros de altitude média e por uma estreita faixa costeira banhada pelo mar
Vermelho. No litoral do golfo Pérsico estende-se a al-Hasa, uma zona de baixa altitude onde se
encontram os maiores poços de petróleo do país. Berço do islamismo, a nação recebe a cada ano
milhões de peregrinos, nas cidades sagradas de Meca e Medina. Sua capital é a cidade de Riad.
O clima tropical seco e a rede hidrográfica praticamente inexistente fazem com que a
vegetação seja pobre, formada por arbustos com os de mirra e café. Nos oásis crescem acácias,
tamarindos e tamareiras.
Mais de 80% da população é de origem árabe, nômades beduínos, iemenitas, iranianos,
paquistaneses, africanos e árabes de outras procedências. Quanto à religião, os muçulmanos (a
maioria sunitas) constituem a maioria dos habitantes (92,2%), cristãos (5,1%) são minoritários. A
língua oficial é o árabe. População é de 28,1 milhões de habitantes, governados por uma
monarquia islâmica. As leis islâmicas são aplicadas de forma rígida, privando as mulheres de uma
série de direitos.
02. ASPECTOS ECONÔMICOS:
A economia saudita baseia-se na extração, no processamento e na exportação de petróleo
e gás natural. Outros recursos minerais disponíveis são cal, gesso, mármore, ouro, ferro e prata.
Essas riquezas alimentam o importante setor industrial - responsável por mais da metade do PIB
do país -, cujos principais ramos são o petroquímico, o químico e o siderúrgico. A agricultura
produz cereais, hortaliças, café, tâmara e outras frutas. Ovinos, caprinos, bovinos e camelos
constituem os principais rebanhos. O PIB saudita é de US$ 375,8 bilhões e a moeda o rial saudita.
03. ASPECTOS HISTÓRICOS:
Habitada por tribos nômades de origem semita desde o segundo milênio a.C., a península
Arábica é palco de intensa movimentação mercantil de caravanas na Antiguidade. Após o
surgimento do islamismo, no século VII d.C., as diversas tribos da região são unificadas e iniciam
processo expansionista de divulgação do Islã e conquista de novas terras. A expansão dá origem
ao vasto Império Árabe, que se estende da Espanha e África do Norte, no Ocidente, ao Afeganistão
e ao Paquistão, no Oriente. No século XV, a região passa ao domínio turco-otomano, que se
prolonga até o século XX.
a) Dinastia Sa’ud
Os fundadores da dinastia Sa'ud, pertencentes à seita islâmica Wahabi, conquistam o
interior da península Arábica no século XVIII e fundam o emirado de Nedjed, recuperado pelos
turcos no fim desse mesmo século. Em 1902, Abd al-Aziz (ou Bin Sa'ud) inicia a retomada de
Nedjed. Ele lidera o processo de reunificação árabe e conquista, em 1924, a cidade santa de Meca.
Em 1932 reúne, sob o nome de Arábia Saudita, os reinos de Hejaz e Nedjed, governados como
unidades separadas desde 1927.
b) MECA: a cidade sagrada do Islã
A importância religiosa da península Arábica deve-se sobretudo a Meca. Berço do
islamismo, é o local onde, em 570, nasceu o profeta Muhammad (conhecido por Maomé),
fundador da religião. Como pregava o monoteísmo numa sociedade politeísta, Muhammad foi
perseguido e, em 622, emigrou para Medina, ao norte, evento conhecido como hégira. Depois de
unificar as tribos árabes sob a nova religião, ele voltou para Meca, que se tornou cidade sagrada e
destino de milhões de peregrinos todos os anos durante o ritual conhecido por Haj. É dever de
todo muçulmano que puder visitar ao menos uma vez na vida a cidade sagrada. O fiel dá sete
voltas em torno da mesquita Caaba e depois beija a pedra sagrada da Caaba, a qual, segundo a
religião, foi dada por Deus a Abraão. Além de Meca, são consideradas sagradas Medina, onde
Muhammad construiu a primeira mesquita, e Jerusalém, de onde teria subido ao céu.
c) O petróleo
A indústria do petróleo, a partir de 1940, transforma a economia do país, que concede a
companhias dos EUA permissão para a exploração das jazidas. Bin Sa'ud morre em 1953 e é
substituído pelo filho mais velho, também chamado Sa'ud, deposto em 1964 por Faisal, seu irmão.
Em 1973, os exportadores árabes embargam o fornecimento de petróleo em represália ao apoio
dos EUA e da Europa Ocidental a Israel, o que provoca enorme alta no preço do produto. Em 1975,
Faisal é assassinado por um sobrinho e sucedido pelo irmão Khaled, que reina até a morte, em
1982. Fahd, outro irmão, passa a ocupar o poder. Em 1995 se afasta por problemas de saúde e seu
irmão um ano mais novo, Abdullah ibn Abdul Aziz, ocupa o lugar interinamente.
d) Guerra do Golfo
Em 1991, na Guerra do Golfo, a Arábia Saudita é o principal aliado dos EUA contra o Iraque
na região. A presença maciça de tropas norte-americanas no país estimula protestos contra o
poder absoluto dos Sa'ud. Sob pressão, o rei Fahd cria, em 1992, um conselho consultivo para
examinar os decretos do governo, mas sem poderes efetivos.
As despesas com a compra de armas e com a guerra provocam uma crise econômica no
país, abalado pela queda do preço do petróleo, nos anos 1980. Em 1995, seguindo o receituário
do FMI, o governo eleva tarifas básicas e reduz despesas públicas. Grupos fundamentalistas
iniciam campanha terrorista contra forças dos EUA no país. Em 1996, 19 soldados norteamericanos morrem quando um caminhão-bomba explode na entrada de uma base militar.
04. ATUALIDADES
Os atentados de 11 de setembro de 2001 provocam tensão com os EUA. Dos 19
seqüestradores dos aviões usados nos ataques, 15 eram sauditas. O líder da rede terrorista Al
Qaeda, Osama bin Laden, havia perdido a cidadania do país em 1994. O regime de Riad
condena os atentados e começa a reprimir os militantes islâmicos no país. Ao mesmo tempo,
o príncipe Abdullah mantém-se à margem da operação militar norte-americana contra o
Iraque. Em 2003, recusa permissão para uso do território saudita pelos EUA em operações de
guerra.
a) Tensão com os EUA
Depois da ocupação do lraque, em 2003, os Estados Unidos (EUA) anunciam redução
significativa de sua presença militar na Arábia Saudita, que remontava ao fim da II Guerra
Mundial. Os sauditas já haviam recusado autorização para que o território do país fosse utilizado
pelas tropas norte-americanas nos ataques ao Iraque. Um dos principais aliados dos EUA no
Oriente Médio, o rei Abdullah opera mudanças na política externa do regime, que era vista por
muitos árabes como submissa aos norte-americanos.
Encorajado pelo próprio governo de George W. Bush, o reino procura aumentar sua
liderança no Oriente Médio. A meta norte-americana é fazer com que a Arábia Saudíta se
contraponha aos inimigos da Casa Branca na região: Irã, Síria e os grupos radicais por eles
apoiados, o libanês Hezbollah e o palestino Hamas. A Arábia Saudita começa, então, a envolver-se
mais diretamente nos palestinos e israelenses, passa a demonstrar maior apoio ao governo libanês e a falar
publicamente sobre o conflito no Iraque.
Essa movimentação acaba mostrando as diferenças entre os governos de Riad e de Washington. Em
março de 2007, por exemplo, o rei Abdullah recebe o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad - uma
aproximação que os EUA não aprovam -, com o objetivo de discutir a violência sectária nos países do Oriente
Médio.
No mesmo mês, o rei saudita critica a ocupação norte-americana do Iraque e conclama os países
árabes a resolver suas diferenças, como forma de combater o domínio ocidental. O comentário pegou os EUA
de surpresa, mas agradou à população local, entre a qual existe forte sentimento antiamericano. Essa parece
ser a estratégia saudita: acompanhar a política proposta por Bush, mas sem perder prestígio entre os árabes.
Em agosto de 2005 morre o rei Fahd. Seu meio irmão, o príncipe Abdullah ibn Abdul que já governava de fato desde o derrame sofrido por Fahd em 1995 -, é coroado novo rei e
promove mudanças liberais. No mesmo ano, o país passa a integrar a Organização Mundial
do Comércio (OMC), abrindo as portas de sua economia. Em janeiro de 2006, mais de 360
peregrinos morrem pisoteados na cidade de Meca durante o Haj, importante ritual
muçulmano.
Em março de 2007, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, fecha um acordo
com a Arábia Saudita que tem como objetivo combater a violência entre xiitas e sunitas no
Oriente Médio. No mesmo mês, o rei Abdullah critica a ocupação norte-americana do
Iraque. O gesto é interpretado por analistas como a tentativa do regime de fortalecer-se
como liderança na região, mas não indica ruptura com os EUA.
Em agosto, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, e o
secretário de Defesa, Robert Gates, visitam o país para discutir a crise no Oriente Médio e
o comércio de armas. Em outubro, o rei Abdullah visita o Reino Unido, em meio a
protestos de ativistas que acusam o monarca de violação dos direitos humanos.
Em 2009, é realizado o primeiro julgamento de militantes da AI Qaeda no pais. Em 2010, o
governo prende 262 supostos membros da AI Qaeda. Em setembro, os EUA anunciam o plano de
vender 60 bilhões de dólares em armas à Arábia Saudita.
b) Contrarrevolução
Em janeiro de 2010, a Arábia Saudita oferece refúgio ao ditador deposto da Tunísia Zine alAbidine Ben Ali, acusa os EUA de terem abandonado o aliado Hosni Mubarak, no Egito; e lança
uma ofensiva diplomática, financeira e militar para impedir a queda de outros regimes amigos, em
especial as demais monarquias sunitas do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) - Kuweit,
Emirados Árabes Unidos, Barein, Catar e Oman (não sunita). O maior foco de preocupação é
Barein. Riad envia, em março, sob a bandeira do CCG, mais de mil soldados ao país vizinho para
reprimir as manifestações da maioria xiita e evitar o contágio regional. O establishment em Riad
acusa o Irã pelos protestos.
Para amparar as monarquias sunitas do Marrocos e da Jordânia, o CCG propõe, em maio, a
inclusão dos dois países no seleto clube. No mesmo mês, Riad libera bilhões de dólares em ajuda
ao Egito, procurando aproximar-se da junta militar que planeja reatar relações diplomáticas com o
Irã. O governo saudita também pressiona o presidente iemenita Ali Abdullah Saleh, em tratamento
médico no país, a entregar o poder.
Dezenas de mulheres sauditas saem ao volante em 17 de junho de 2010 para pressionar o
rei a anular o decreto religioso (Fatwa) que as proíbe de dirigir. Em setembro, o rei Abdullah
concede às mulheres o direito de votar e se candidatar no próximo pleito municipal, em 2015, e
integrar a Shura. Em outubro, os EUA frustram um suposto plano do Irã de matar embaixador
saudita em Washington.
Em outubro de 2010, o príncipe Nayef, meio-irmão de Abdullah, de 78 anos, é escolhido o
herdeiro do trono saudita, após a morte do príncipe Sultan, que estava na linha de frente da
sucessão. Nayef, mentor da campanha contra o radicalismo islâmico, é considerado mais
conservador em questões sociais e políticas e também mais hostil ao Irã.
c) Primavera Árabe
Os levantes da Primavera Árabe chegam fracos ao país, com protestos menores nas áreas
de maioria xiita, no leste. Ainda assim, em março de 2011, o rei anuncia gastos de 130 bilhões de
dólares em programas sociais para agradar os descontentes, sobretudo os jovens - a taxa de
desemprego na faixa etária de 15 a 24 anos é de 39%. Em julho, é divulgado um projeto de lei
antiterror que, se aprovado pelo rei, permitirá detenções sem julgamento e tribunais secretos de
indivíduos que ameacem a unidade nacional.
* Compilação feita a partir de:
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Almanaque Abril 2012, 38ª ed. São Paulo: Ed. Abril, 2012.
Arruda, J. e Piletti, N. Toda a História, 4ª ed. São Paulo: Ática, 1996.
Atlas National Geografic: Ásia. São Paulo: Ed. Abril, 2008.
www.wikipedia.org

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