oncologia clínica
Transcrição
oncologia clínica
ONCOLOGIA CLÍNICA ANO 2 • NÚMERO 5 • MAI - AGO de 2005 REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA ISSN 1806-6054 Editor Chefe José Luiz Miranda Guimarães Conselho Executivo Artur Katz (SP) Carlos Gil Ferreira (RJ) José Luiz Miranda Guimarães (RS) Corpo Editorial Adriana Alves de Souza Sheliga (RJ) Artur Katz (SP) André Murad (MG) Caio Rocha Lima (EUA) Carlos Gil Ferreira (RJ) Carlos Henrique Barrios (RS) Gilson Delgado (SP) Jéferson José da Fonseca Vinholes (RS) José Luiz Miranda Guimarães (RS) Nise Yamaguchi (SP) Yana Augusta Sarkis Novis (SP) Sérgio Simon (SP) Diagramação / Editoração / Capa Rachel Gomes Magalhães Communicatio Design Fotolitos / Impressão Gráfica e Editora O Lutador Conteúdo/ Contents EDITORIAL José Luiz Miranda Guimarães ........................................................................................................... 07 REVISÃO / Review Carcinóides Gástricos - Biologia e Tratamento / Gastric Carcinoids - Biology and Treatment Maurício Collares Araújo Manoel Luiz Neto Rodrigo N. Pinheiro Ana Medeiros Farias da Mata ........................................................................................................... 09 Disfunção Gonadal Secundária a Tratamento Oncológico / Gonadal Disfunction Due to Oncology Treatment Marcelo Carraro Nascimento ........................................................................................................... 15 ARTIGOS ORIGINAIS / Original Reports Disfunções no Sistema Imune Induzidas pelo Estresse e Depressão: Implicações no Desenvolvimento e Progressão do Câncer. / Stress and Depression-induced Immune Dysfunction: Implications for the Development and Progression of Cancer. Edna Maria Vissoci Reiche Sandra Odebrecht Vargas Nunes Helena Kaminami Morimoto ........................................................................................................... 19 A Mulher Mastectomizada / The Woman and the Mastectomy Roque Andrade ........................................................................................................... 29 Perfil Nutricional das Pacientes com Câncer de Mama em Quimioterapia / Nutritional Profile of Patients with Breast Cancer on Chemotherapy Patrícia Villas-Bôas de Andrade ........................................................................................................... 31 RELATO DE CASO / Case Report Lesão Amigdaliana: Uma Manifestação de Mieloma Múltiplo / Tonsil Lesion: a Multiple Myeloma Manifestation Marcelo Eduardo Capra Zanella Alessandra Bastian Francesconi Fabiano Hanh de Souza Gustavo Pereira Zerwes Leonardo Polli Maurício Bittencourt Rosa Renato Cramer Peixoto Júnior Rui Fernando Weschenfelder ........................................................................................................... 33 ONCOLOGIA BASEADA EM PROVAS / Oncology Evidence-Based Doença de Hodgkin / Hodgkin's Disease Carlos Eugênio Santiago Escovar ........................................................................................................... 35 RESIDÊNCIA MÉDICA / Medical Residence Fórum de Residencia Médica em Oncologia Clínica - INCA / Meeting of Clinical Oncology Residence: INCA José Luiz Miranda Guimarães ........................................................................................................... CARTAS AO EDITOR ........................................................................................................... AGENDA 2005 / Agenda ........................................................................................................... FICHA DE AFILIAÇÃO / Application Form ........................................................................................................... NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / Publishing Instructions ........................................................................................................... I III IV V VI EDITORIAL A Comissão Executiva da Revista da Sociedade componentes celulares e moleculares dos sistemas Brasileira de Oncologia Clínica vem trabalhando para neuroimunoendrócrino estão comprometidos no estresse oferecer aos oncologistas um periódico à altura das crônico e na depressão. exigências de uma especialidade que está consolidada no Roque Andrade faz um verdadeiro tributo à mulher Brasil. A troca de informações, de experiências e a mastectomizada, revelando uma sensibilidade ímpar e constante avalanche de informações científicas, torna sobretudo dando vazão a sua verve literária. Patrícia de obrigatório uma publicação que dê espaço e oportunidade Andrade relata o perfil nutricional e as queixas mais para os novos e agregue a experiência dos mais renomados frequentes de 152 pacientes com câncer de mama em especialistas. Os resultados desta política são bastante quimioterapia, sendo que 43,5% foram classificadas como animadores, consolidando uma estratégia de maior obesas. As queixas mais comuns foram ganho de peso e visibilidade da especialidade implementada por Roberto de constipação intestinal, direcionando para a necessidade de Almeida Gil, presidente da SBOC, quando do início de sua orientação nutricional, em razão de que estes sintomas gestão. Alinhados a esta filosofia de ação e objetivando podem estar relacionados aos maus hábitos alimentares. aprimorar cada vez mais as nossas ações, iniciamos o O grupo do Hospital Santa Rita de Porto Alegre contribui processo de solicitação de indexação deste periódico, que com o relato de um paciente de 49 anos portador de atestará a qualidade e maturidade da produção científica Mieloma Múltiplo, que apresenta progressão de doença em nacional. O momento é de expectativa e sabemos do rigor região amigdaliana, situação esta de raridade inconteste. a que estará sendo submetida a revista. Na seção de Oncologia Baseada em Provas, a Doença de Neste número, temos a oportunidade de aprofundar Hodgkin é o assunto debatido por Eugênio Escovar com nossos conhecimentos sobre os Tumores Carcinóides de conhecimento de causa. De maneira elegante e sustentado Estômago. Araújo e sua equipe fazem uma revisão por uma ampla e sólida revisão bibliográfica, o autor procura completa, abordando aspectos de biologia molecular, determinar os níveis de evidência e graus de recomendação patologia, classificação e considerações sobre o tratamento no que tange a política de tratamento desta doença. preconizado. Marcelo Carraro examina detalhadamente a Obviamente que seu objetivo foi alcançado com êxito e sucesso. disfunção gonadal secundária a tratamentos radioterápico Esta edição também traz os resultados do Fórum sobre a e quimioterápico, com ênfase em fatores de risco e Residência Médica de Oncologia Clínica que foi realizado no abordando estratégias de prevenção. A Profa. Edna Reiche Instituto Nacional do Câncer no Rio de Janeiro, patrocinado e colaboradores, da Universidade Estadual de Londrina nos pelo Ministério da Saúde. remete a reflexões de extrema importância no que concerne ao Estresse e Depressão como possíveis indutores de distúrbios no sistema imune do indivíduo contribuindo Cremos que o leitor tem diante de si uma edição que reúne temas de grande importância e sobretudo ecléticos. Boa leitura a todos! para o desenvolvimento e progressão de certos tipos de câncer. Reiche revisa estudos experimentais em modelos José Luiz Miranda Guimarães animais, estudos em humanos e demonstra que vários Editor Chefe EDITORIAL | 7 REVISÃO / Review Carcinóides Gástricos - biologia e tratamento Gastric Carcinoids - biology and treatment Maurício Collares Araújo* Manoel Luiz Neto** Rodrigo N. Pinheiro*** Ana Medeiros Farias da Mata**** Resumo Os carcinóides gástricos são lesões raras porém têm sido foco de extensa revisão científica. A incidência desta doença tem aumentado, permanecendo ainda com prognóstico bastante reservado a despeito dos avanços na terapêutica e no entendimento da biologia molecular de tais tumores. Assim esta revisão apresenta a biologia molecular, as modalidades terapêuticas e o curso clínico de tais tumores, enfocando o papel da hipergastrinemia e da hiperplasia das células enterocromafins. A medida que o conhecimento da biologia molecular avança, cresce a expectativa de desenvolvimento de terapias multimodais individualizadas para o comportamento tumoral específico. Palavras-chave Carcinóides gástricos, Tumores carcinóides, Hipergastrinemia. Abstract Gastric carcinoid tumors are rare lesions but have been the focus of much scientific review. The incidence of such disease has increased, without a corresponding increase in survival. In this paper is reviewed the molecular biology, the therapeutic approaches and the clinical behavior of these tumors, emphasizing the role of hypergastrinemia on enterochromafin-like cell proliferation. As the knowledge about the molecular biology is increasing, rises the hope for the developing of multimodal therapies individualized for the specific tumoral beahavior. Key Words Gastric carcinoids, Carcinoid tumors, Hypergastrinemia. INTRODUÇÃO INCIDÊNCIA Os tumores carcinóides foram descritos inicialmente por Lubarsch, há mais de 100 anos (1), sendo que o termo carcinóide foi proposto por Oberndorfer (2), e o primeiro carcinóide gástrico descrito em 1923 por Askanazy (3). Os tumores carcinóides neuroendócrinos constituem 2% de todos os tumores malignos do trato gastro-intestinal [TGI] (4), sendo que 0,8% de todas as malignidades gástricas são carcinóides (7). Inicialmente descritos como lesões raras e de relatos anedóticos, principalmente como curiosidades relativamente benignas (4), vem hoje ganhando notoriedade pelo aumento na incidência e melhor conhecimento de sua biologia molecular, bem como do papel da gastrina na estimulação das células enterocromafins [ECL] (5,6). Trabalhos mais recentes têm sugerido aumento na incidência deste tipo de tumor (8), sendo o aumento estimado a partir de 1950 até os dias atuais de 0,3% para 1,77% com relação a todas as malignidades (8). Dados de uma outra grande revisão, dão conta de um aumento tanto no número de carcinóides gástricos tanto em níveis absolutos quanto relativos (9). A razão para este aumento ainda é desconhecida. * Oncologista Clínico e Dir. Técnico do Inst. de Oncologia Kaplan de Brasília ** Cirurgião Geral e Intensivista do Hospital Daher de Brasília. *** Cirurgião Oncológico do Instituto de Oncologia Kaplan de Brasília. **** Residente de Clínica Médica do Hospital de Sobradinho Cerca de 64% dos carcinóides gástricos identificados são encontrados em mulheres, o pico de incidência ocorre entre 4550 anos de idade variando com o subtipo do tumor (10). Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 9-14 | 9 1 0 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 9-14 Atribuem o aumento da incidência ao maior número de endoscopias altas realizadas, porém ainda se cogita a influência do uso de inibidor de bomba de prótons como estimulador da hipergastrinemia (11). BIOLOGIA As células endócrinas correspondem a cerca de 1 a 2 % de todas as células da mucosa gástrica normal, e as técnicas de imuno-histoquímica mostram a existência de oito tipos diferentes: EC, ECL, G, D, D1, A, P e X (12). Todas essas foram agrupadas sob a denominação de células enterocromafins [ECL] pelo fato de captarem e reduzirem a prata caracterizando sua natureza argirófila, sendo por fim, agrupadas em neoplasias do sistema endócrino difuso ou APUD (amino precursor uptake descarboxilase) (13). No estômago, os tumores diferenciados são principalmente de células enterocromafins, com uma pequena minoria sendo de outros tipos celulares (14). A proliferação das células ECL do fundo gástrico dão origem aos tumores carcinóides gástricos, sendo que este tipo celular corresponde a 35% de toda a massa de células endócrinas do estômago e encontradas na mucosa oxíntica. A histamina é o principal produto de secreção das ECL. FISIOPATOLOGIA Apesar de ainda não muito bem estabelecida, a genética parece ter um fator de importância por ser condição nosológica mais associada ao sexo feminino e por possuir forte associação com a neoplasia endócrina múltipla tipo I (NEM - I). Pode ser observada, embora sem correlação com malignidade, a perda da heterogozicidade no lócus 11q13 do gene (NEM - I) sendo encontrada com certa freqüência em alguns carcinóides (15). Acredita-se que a secreção de gastrina pelas células G antrais levam a liberação de histamina pelas células ECL, as quais levam, por sua vez as, células parietais a liberarem ácido clorídrico (16). A gastrina possui tanto efeito secretório quanto trófico nas células ECL (17), portanto a hipertrofia e hiperplasia destas células se dará pelo estímulo da gastrina. Logo, existe grande preocupação que condições levem a hipergastrinemia crônica como na gastrite crônica atrófica ou tratamento crônico com inibidores de bomba de prótons, possam levar a hiperplasia e desenvolvimento de tumores carcinóides (18,19). Contra regulando a ação da gastrina nas células ECL se encontra a somatostatina (20). Parece então haver uma sinergia entre fatores genéticos como sugerido pela maior incidência em mulheres e naqueles com heterogozicidade do lócus 1lq 13 do gene MEN 1, e nos quais a expressão do oncogene BCL-2 aparece (21). CLASSIFICAÇÃO ARAÚJO ET AL Os tumores do tipo I se correlacionam com gastrite crônica atrófica do tipo A (22), sendo esta caracterizada por uma inflamação crônica da mucosa oxíntica que resulta em atrofia glandular e acloridria. (23). Este subtipo é mais comum em mulheres e aparece geralmente no quinto decênio de vida (24). A proporção de homens para mulheres afetados fica em torno de 2:1 a 3:1 (25). Os tumores do tipo I são os mais freqüentes carcinóides gástricos (83%), em geral multicêntricos e menores que 1 cm, sendo as metástases tanto locais quanto a distância raras, conferindo aspecto pouco agressivo (26). Exceção feita a tumores maiores que 1 cm que podem cursar com invasão vascular e invasão linfática pouco mais freqüentes (27). Os tumores do tipo II ocorrem em pacientes com hipergastrinemia devido a síndrome de Zollinger-Ellison [SZE] em combinação com a neoplasia endócrina múltipla tipo I. Sendo menos comuns que as lesões do tipo I, correspondendo a 8% de todos os carcinóides gástricos, ocorrendo igualmente entre homens e mulheres, tendo a idade média de diagnóstico em torno de 45 a 50 anos. Possuem maior agressividade que as lesões do tipo I com metástases em 7 a 12% dos pacientes (28, 29). A maioria dos tumores carcinóides gástricos associados à SZE acorrem nos pacientes portadores da NEM-1, o que sugere uma possível associação genética para o aparecimento tumoral (30). Os tumores do tipo III (composição celular mista) não estão associados à hipergastrinemia. Usualmente se apresentando como neoplasias solitárias, grandes, que invadem profundamente a parede gástrica, com freqüentes metástases no período do diagnóstico (31, 32). No momento do diagnóstico em geral têm mais de 2 cm, sendo mais freqüentes no sexo masculino (80%), tendo como idade média uma variante chamada de atípica que está associada à rápida progressão local e morte precoce. (29). (Tabela 2) Tabela 2 Percentual de Tipo I Tipo II Tipo III tumores carcinóides 70-80% 5-10% 15-20% 63 50 55 Multicêntrico Multicêntrico Solitário e < 2cm < 2cm > 2cm 3:1 1:1 1:3 Gastrina Aumentada Aumentada Normal Potencial < 5% 7-12% >50% gástricos Idade média diagnóstico Número Gênero Metastático Os carcinóides gástricos são classificados de acordo com a existência ou não de associação com a hipergastrinemia e com a ocorrência em mucosa gástrica normal ou não. Sendo proposta a seguinte classificação (Tabela 1): Tabela 1 Tipo I - Carcinóides associados com gastrite crônica atrófica tipo A Tipo II - Carcinóides associados à Síndrome de Zollinger - Ellison DIAGNÓSTICO A apresentação clínica dos carcinóides gástricos é extremamente variável e pode ser indistinguível daquela apresentada pela úlcera péptica, pólipos gástricos ou adenocarcinoma. Tipo III - Carcinóides argirófilos esporádicos Os sintomas mais comuns são: dor abdominal, sangramento Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 9-14 C A R C I N Ó I D E S G Á S T R I C O S - B I O LO G I A E T R ATA M E N T O gastrointestinal, "flushing", diarréia, vômitos ou quaisquer uns dos componentes da Síndrome Carcinóide. | 11 Os níveis de cromogranina A estão elevados em pacientes com carcinóides gástricos e os níveis deste peptídeo podem ser usados como marcador bioquímico para diagnóstico e monitorização subseqüentes (24) existindo maior correlação de níveis elevados com o subtipo III. A concentração da cromogranina A se correlaciona com o tamanho do tumor e é um preditor isolado do prognóstico (36). Quando é feito o diagnóstico, ocasionalmente ocorre em pacientes submetidos à endoscopia encontrados incidentalmente (23). Para o diagnóstico é necessário endoscopia digestiva alta com biópsias múltiplas, já que em geral são multicêntricos (34). A tomografia computadorizada raramente detecta as lesões precoces, mas pode ser útil para o diagnóstico de acometimento linfonodal, das metástases hepáticas ou à distância. A cintilografia para receptores de somatostatina com octreotíde marcado [ I 123-octreotide] pode ser útil para determinar a localização e extensão dos tumores e de suas lesões metastáticas quando estas possuem receptores de somatostatina (37). O nível sérico de gastrina se encontra elevado nos pacientes com tumores tipo I e II; tanto o teste de secretina como a mensuração dos níveis de secreção ácida gástrica podem sugerir, se elevados, um gastrinoma em associação com uma lesão tipo II. A triagem genética para heterogozicidade do gene MEN 1 pode triar aqueles pacientes com casos hereditários e com risco de tumor neuroendócrino hereditário. O exame histopatológico com coloração por hematoxilinaeosina permite uma avaliação geral da morfologia. Para uma avaliação mais detalhada dos estágios de proliferação das células ECL, o método de escolha é a imuno-histoquímica com cromogranina A. À endoscopia, as lesões do tipo I e II se apresentam, em geral, como lesões múltiplas de localização fúndica, pequenas, polipóides, com coloração amarelada e ocasionalmente com superfície ulcerada, tendo o diagnóstico dificultado pela freqüente localização submucosa. Sendo necessário neste último caso o ultra-som endoscópico com biópsia transmucosa, confirmando a suspeita por estudo anatomopatológico (35). Veja o fluxograma 1 com a estratégia diagnóstica para os tumores carcinóides gástricos: Endoscopia digestiva alta Gastrite crônica atrófica Úlcera gástrica com Endoscopia negativa Permanência da suspeita clínica OU com Sinais e sintomas: - Anemia perniciosa - Síndrome Carcinóide Sinais e sintomas: - Síndrome carcinóide - Doença consumptiva Solicitar: - Teste de secretina - Gastrina sérica Carcinoide tipo I? Carcinóide tipo II? Carcinóide tipo III Positivo Biópsia Tumor de mais de 2 cm com biópsia de fundo gástrico normal Ultra-som endoscópico Biópsia positiva para Biópsia Negativo Imuno-histoquímica Negativo Avaliar metastases com: - Ecografia abdominal - Tomografia - Octreoscan Considere outros diagnósticos Fluxograma 12 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 9-14 TRATAMENTO CIRÚRGICO DO CARCINÓIDE GÁSTRICO A cirurgia se impõe como método de escolha e opção curativa do armamentário terapêutico para carcinóide gástrico, seu manejo adequado é amplamente dependente do subtipo e do tamanho da lesão (38). As lesões do tipo I, que cursam com hipergastrinemia, podem ser, inicialmente, abordadas por ressecção endoscópica desde que menores que 1 cm, em número inferior a 5 (3 a 5 lesões) e que não invadam a camada submucosa do órgão ao USG endoscópico (38,39,40,41,42). O acompanhamento endoscópico deve ser realizado semestralmente (de preferência) ou, como defendido por alguns, 01 (uma) vez ao ano. Em caso de recorrência, a ressecção cirúrgica está indicada podendo esta corresponder à gastrectomia parcial ou até à gastrectomia total, dependendo da extensão e localização da doença no órgão (38). A antrectomia promove normogastrinemia, removendo o estímulo para células enterocromafins-like (ECL). Alguns autores demonstraram regressão tumoral com a abolição deste mecanismo de estímulo (38,43,44,45). Ressecções locais atípicas, com ou sem antrectomia associada, também são aceitáveis para lesões menos extensas, reservandose a gastrectomia subtotal ou total para tumores de maior tamanho (38). As lesões do tipo II (associadas a NEM I) são tratadas de forma semelhante às lesões do tipo I (38). Tumores menores que 1 cm podem ser tratados por ressecção endoscópica e acompanhamento seriado com endoscopias diagnósticas (38). Pela associação desse tipo com gastrinomas (causa da hipergastrinemia), a antrectomia perde sua função na abordagem cirúrgica. Relatos comprovam que uma conduta cirúrgica agressiva (incluindo a ressecção dos gastrinomas), sem doença macroscópica residual, resulta em controle da gastrinemia e resolução da hiperplasia de ECL (38,46). Assim, como nas lesões do tipo I, a ressecção agressiva das massas com o objetivo de remoção completa da doença (ressecção R0), constitui o princípio maior do seu tratamento. As técnicas cirúrgicas podem variar de ressecção local à gastrectomia total (38). As lesões do tipo III são as mais agressivas, cerca de 64% dos pacientes apresentam lesão localmente avançada e 82% apresentam metástases locais ou à distância (38,47). Seu tratamento se assemelha ao do adenocarcinoma gástrico, envolvendo gastrectomia subtotal ou total com linfadenectomia na doença não metastática ou citorredução na doença metastática ressecável. Pacientes submetidos à ressecção radical apresentam 75% de sobrevida em 5 anos, comparada a 1,3 meses de média nas cirurgias paliativas (38,47). TRATAMENTO DA DOENÇA AVANÇADA No paciente portador de metástase hepática, a ressecção cirúrgica deve ser realizada, pois pode reduzir os sintomas e aumentar a sobrevida; em pacientes selecionados, a embolização da artéria hepática com ou sem quimioembolização pode ser benéfica (48). O uso de análogos da somatostatina, α-interferon, e várias combinações de quimioterápicos têm sido tentados. Os análogos da somatostatina são efetivos e bem tolerados, especialmente úteis nos portadores da síndrome carcinóide, que ocorre com doença metastática para o fígado, contudo estas drogas não alteram a sobrevida. Os agentes quimioterápicos como a estreptozocina, 5-fluorouacil, ciclofosfamida, etoposide e cisplatina, vêm sendo usados isolados ou em combinação sem melhora na sobrevida. ARAÚJO ET AL A embolização simples e a quimioembolização mostram respostas parciais em 67% dos pacientes, resposta completa < 9% e doença estável em 11% (49) e a maioria apresenta melhora nos sintomas, porém sem nenhuma melhora na sobrevida. Em 5 anos, o paciente com doença avançada, tem sobrevida média menor que 50% . O uso de terapia alvo com nucleotídeos usando I ¹²³- MIGB ou In ¹¹¹ ou 90-y-octreotide vem sendo aguardada para tentar melhorar o prognóstico nestes pacientes (50). REFERÊNCIAS 1 - Lubarsch O: Ueber den primaren Krebs des Ileum, nebst Bemerkungen uber das gleichzeitige Vorkommenvon Krebs und Tuberkolose. Virchows Arch 1888, 111:280-317 2 - Oberndorfer S: Karzinoide Tumoren des Dunndarms. Frankf Z Pathol 1907, 1:425-429 3 - Askanazy M: Zur Pathogenese der Magen-krebse und uber inhren gelegentlichen Ursprung aus angeboren epithelialen Keimen in der Magenwand. Dtsch Med Wochenschr 1923, 49:49-51 4 - Irvin M, Sandor A. A 40-year analysis of 265 gastric carcinoids. Am J Gastroenterol. 1997 Apr;92(4):633-8 5 - Ranson, W.B.: A case of primary carcinoma of the ileum. Lancet 2:1020, 1890 6 - Masson, P.: Carcinoids (argentaffin-cell tumors) and nerve hyperplasia of appendicular mucosa. Am. J. Pathol. 4:181, 1928 7 - Azzouz MM, Kallel S, Essid M, Chatti S.; Gastric carcinoid tumors, Tunis Med. 2004 Sep;82(9):889-92 8 - Modlin IM, Lye KD, Kidd M. A 50-year analysis of 562 gastric carcinoids: small tumor or larger problem?, Am J Gastroenterol. 2004 Jan;99(1):23-32 9 - Maggard MA, O'Connell JB, Ko CY: Updated populationbased review of carcinoid tumors. Ann Surg 2004, 240:117122. 10 - Thompson NW. Surgical Management of endocrine tumors of the gastrointestinal tract. In Wanebo HJ (ed) Surgery for Gastrointestinal cancer: A multidisciplinay Approach. Philadelphia: Lippincott-Raven, 1997:459-64. 11 - Dayal, Y., Wolfe, H.J.: Regulatory substances in clinically nonfunctioning gastrointestinal carcinoids: evolution and tumor pathology of the neuroendocrine system. In Evolution and Tumor Pathology of the Neuroendocrine System, S. Falkmer, R. Hakanson, F. Sundler, editors. Amsterdam, Elsevier, 1984, pp. 497-517 12 - Solcia E, Fiocca R, Villani L, et al. Morphology and pathogenesis of endocrine hyperplasias, precarcinoid lesions, and carcinoids arising in chronic atrophic gastritis. Scand J Gastroenterol Suppl 1991;180:146-59. 13 - Pearse AG. The cytochemistry and ultrastructure of polypeptide hormone-producing cells of the APUD series and the embryologic, physiologic and pathologic implications of the concept.J Histochem Cytochem. 1969 May;17(5):303-13 14 - Rindi G, Bordi C, Rappel S, et al.: Gastric carcinoids and neuroendocrine carcinomas: pathogenesis, pathology, and behavior. World J Surg 1996, 20:168-172. C A R C I N Ó I D E S G Á S T R I C O S - B I O LO G I A E T R ATA M E N T O 15 - D'Adda T, Keller G, Bordi C, et al.: Loss of heterozygosity in 11q13-14 regions in gastric neuroendocrine tumors not associated with multiple endocrine neoplasia type 1 syndrome. Lab Invest 1999, 79:671-677. Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 9-14 | 13 31 - Bordi C, Yu JY, Baggi MT, Davoli C, Pilato FP, Baruzzi G, Gardini G, Zamboni G, Franzin G, Papotti M, et al. Gastric carcinoids and their precursor lesions. A histologic and immunohistochemical study of 23 cases. Cancer. 1991 Feb 1;67(3):663-72. 16 - Prinz C, Kajimura M, Scott DR, et al.: Histamine-secretion from rat enterochromaffin-like cells. Gastroenterology 1993, 105:449-461. 32 - Bordi C. Endocrine tumours of the stomach. Pathol Res Pract. 1995 May;191(4):373-80 17 - Borch K, Renvall H, Liedberg G. Gastric endocrine cell hyperplasia and carcinoid tumors in pernicious anemia. Gastroenterology. 1985 Mar;88(3):638-48. 33 - Onaitis MW, Kirshbom PM, Hayward TZ, et al.: Gastrointestinal carcinoids: characterization by site of origin and hormone production. Ann Surg 2000, 232:549-555. 18 - Havu N. Enterochromaffin-like cell carcinoids of gastric mucosa in rats after life-long inhibition of gastric secretion. Digestion. 1986;35 Suppl 1:42-55. 34 - Bordi C, Azzoni C, Ferraro G, Corleto VD, Gibril F, Delle Fave G, Lubensky IA, Venzon DJ, Jensen RT. Sampling strategies for analysis of enterochromaffin-like cell changes in ZollingerEllison syndrome; Am J Clin Pathol. 2000 Sep;114(3):419-25. 19 - Poynter D, Pick CR, Harcourt RA, Selway SA, Ainge G, Harman IW, Spurling NW, Fluck PA, Cook JL. Association of long lasting unsurmountable histamine H2 blockade and gastric carcinoid tumours in the rat, Gut. 1985 Dec;26(12):1284-95 20 - Bakke I, Sandvik AK, Waldum HL.: Octreotide inhibits the enterochromaffin-like cell but not peroxisome proliferatorinduced hypergastrinemia; J Mol Endocrinol. 2000 Aug;25(1):109-19 21 - Azzoni C, Doglioni C, Viale G, Delle Fave G, De Boni M, Caruana P, Ferraro G, Bordi C. Involvement of BCL-2 oncoprotein in the development of enterochromaffin-like cell gastric carcinoids. Am J Surg Pathol. 1996 Apr;20(4):433-41. 22 - Rindi G, Bordi C. Highlights of the biology of endocrine tumours of the gut and pancreas; Endocr Relat Cancer. 2003 Dec;10(4):427-36. 23 - Solcia, E., Bordi, C., Creutzfeld, W., et al.: Histopathological classifi cation of nonantral gastric endocrine growths in man. Digestion 41:185, 1988. 24 - Granberg D, Wilander E, Stridsberg M, Granerus G, Skogseid B, Oberg K. Clinical symptoms, hormone profiles, treatment, and prognosis in patients with gastric carcinoids; Gut. 1998 Aug;43(2):223-8 25 - Rappel, S., Altendorf-Hofmann, A., Stolte, M.: Prognosis of gastric carcinoid tumours. Digestion 1995;56(6):455-62. 26 - Rindi G, Azzoni C, La Rosa S, Klersy C, Paolotti D, Rappel S, Stolte M, Capella C, Bordi C, Solcia E. ECL cell tumor and poorly differentiated endocrine carcinoma of the stomach: prognostic evaluation by pathological analysis; Gastroenterology. 1999 Mar;116(3):532-42 35 - Giovannini M, Seitz JF, Thomas P, Houvenaeghel G, Delpero JR, Giudicelli R, Fuentes P.; Electronic sectorial ultrasound endoscopy in benign and malignant tumoral pathology of the stomach. Results in 30 patients; Gastroenterol Clin Biol. 1993;17(1):26-32. 36 - Janson ET, Holmberg L, Stridsberg M, Eriksson B, Theodorsson E, Wilander E, Oberg K. Carcinoid tumors: analysis of prognostic factors and survival in 301 patients from a referral center. Ann Oncol. 1997 Jul;8(7):685-90. 37 - Krenning EP, Kwekkeboom DJ, Bakker WH, Breeman WA, Kooij PP, Oei HY, van Hagen M, Postema PT, de Jong M, Reubi JC, et al. Somatostatin receptor scintigraphy with [111In-DTPA-D-Phe1]- and [123I-Tyr3]-octreotide: the Rotterdam experience with more than 1000 patients. Eur J Nucl Med. 1993 Aug;20(8):716-31. 38 - . Mulkeen A, Cha C. Gastric carcinoid. Curr Opin Oncol. 2005 Jan;17(1):1-6. 39. Akerstrom G. Management of carcinoid tumors of the stomach, duodenum, and pancreas. World J Surg. 1996 Feb;20(2):173-82. 40. Gough DB, Thompson GB, Crotty TB, Donohue JH, Kvols LK, Carney JA, Grant CS, Nagorney DM. Diverse clinical and pathologic features of gastric carcinoid and the relevance of hypergastrinemia.World J Surg. 1994 Jul-Aug;18(4):473-9. 41. Modlin IM, Tang LH, Svennevik E. Gastric carcinoid tumors. In: Doherty GM, Skögseid B (eds.) Surgical Endocrinology Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2001:431-46. 42. Thompson NW. Surgical management of endocrine tumors of the gastrointestinal tract. In: Wanebo HJ (ed.) Surgery for Gastrointestinal cancer: A multidisciplinary Aproach. Philadelphia: Lippincott-Raven, 1997:459-64. 27 - Carney JA, Go VL, Fairbanks VF, Moore SB, Alport EC, Nora FE.: The syndrome of gastric argyrophil carcinoid tumors and nonantral gastric atrophy; Ann Intern Med. 1983 Dec;99(6):761-6. 43- Eckhauser FE, Lloyd RV, Thompson NW, et al.: Antrectomy for multicentric, argyrophil gastric carcinoids-a preliminary report. Surgery 1998,104: 1046-1053. 28 - Rindi G, Luinetti O, Cornaggia M, et al.: 3 Subtypes of gastric argyrophil carcinoid and the gastric neuroendocrine carcinoma-a clinicopathological study. Gastroenterology 1993, 104:994-1006. 44. Hirschowitz BI, Griffith J, Pelegrin D, et al.: Rapid regression of enterochromaffin-like cell gastric carcinoids in permiciousanemia after antrectomy. Gastroenterology 1992,102:14091418. 29 - Modlin IM, Tang LH, Svennevik E. Gastric carcinoid tumors. In Doherty GM, Surgical endocrinology. Philadelphia: Lippincott Wiliams&Wilkins,2001, pp431-436. 45- Stuart RC:Primary gastric carcinoids. Br J Surg 1991, 78:122-123. 30 - Gibril F, Jensen RT. Advances in evaluation and management of gastrinoma in patients with zollinger-ellison syndrome, Curr Gastroenterol Rep. 2005 Apr;7(2):114-21 46. Richards ML, Gauger P, Thompson NW, Giordano TJ. Regression of type II gastric carcinoids in multiple endocrine neoplasia type 1 patients with Zollinger-Ellison syndrome after surgical excision of all gastrinomas. World J Surg. 2004 Jul;28(7):652-8. 1 4 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 9-14 47 Schindl M, Kaserer K, Niederle B. Treatment of gastric neuroendocrine tumors-The necessity of a type-adapted treatment. Arch Surg 2001,136:49-54. 48 - Gupta S, Yao JC, Ahrar K, Wallace MJ, Morello FA, Madoff DC, Murthy R, Hicks ME, Ajani JA. Hepatic artery embolization and chemoembolization for treatment of patients with metastatic carcinoid tumors: the M.D. Anderson experience. Cancer J. 2003 Jul-Aug;9(4):261-7. 49 - Mignon M. Natural history of neuroendocrine enteropancreatic tumors. Digestion. 2000;62 Suppl 1:51-8. 50 - Kaltsas G, Rockall A, Papadogias D, Reznek R, Grossman AB. Recent advances in radiological and radionuclide imaging and therapy of neuroendocrine tumours. Eur J Endocrinol. 2004 Jul;151(1):15-27. ARAÚJO ET AL REVISÃO / Review Disfunção Gonadal Secundária a Tratamento Oncológico Gonadal Disfunction Due to Oncology Treatment Marcelo Carraro Nascimento* Resumo Considerando que os tratamentos oncológicos apresentam efeitos adversos nos mais diversos tecidos, não há como relegar a segundo plano um possível efeito deletério nas gônadas. Tanto a terapia por irradiações, quanto a terapia sistêmica que envolve drogas citotóxicas, quando utilizadas em pacientes na idade reprodutiva, detêm um risco a ser lembrado. Este trabalho discutirá os fatores de risco e possíveis estratégias de prevenção do dano gonadal, de forma objetiva e concisa. Palavras-chave disfunção gonadal, infertilidade, toxicidade gonadal. Abstract Considering that the oncology treatments present adverse effects in most diverse tissues, it does not have as minimize a possible deleterious effect of the gonadal. As much the therapy for irradiations, and the sistêmic therapy that involves cytotoxic drugs, when used in patients in the reproductive age, withholds a risk to be remembered. This work will argue factors of risk and possible strategies of prevention of the gonadal damage, of objective and concise form. Key Words Gonadal disfunction, infertility, gonadal toxicity. INTRODUÇÃO O avanço no tratamento quimioterápico e radioterápico tem prolongado radicalmente a sobrevida de pacientes jovens portadores de doenças malignas. Entretanto, estes tratamentos estão associados com significativa morbidade e efeitos adversos a longo prazo. Dentre eles, toxicidade gonadal é um importante e comum efeito adverso associado tanto à radioterapia quanto à quimioterapia. Levando em consideração que muitos dos pacientes tratados são jovens e têm ainda uma vida reprodutiva pela frente, menopausa precoce e esterilização podem potencialmente causar um impacto negativo importante em suas vidas alterando sua auto-estima dramaticamente. Em média, aproximadamente um terço das pacientes póspuberais expostas a quimioterapia ou radioterapia desenvolvem falência ovariana (1). Em homens, a terapia anticancer causa uma redução na concentração do sêmen em quase todos os pacientes, podendo variar desde oligoospermia até azoospermia. * Cirurgião Oncológico Associate Lecturer, School of Medicine, University of Queensland Queensland Centre for Gynaecological Cancer, Royal Brisbane & Women's Hospital, Brisbane, Australia Entretanto, a extensão desse defeito varia imensamente na dependência da terapia escolhida. O risco é mais significativo em pacientes expostos a radioterapia pélvica, com ate 32% de diminuição na taxa de fertilidade, e em pacientes pos quimioterapia com agentes alquilantes, onde a taxa de infertilidade chega a atingir 22%. O risco de falência ovariana precoce é em media nove vezes maior em pacientes submetidos a combinação de radioterapia pélvica e quimioterapia com alquilantes (1). É importante entender e considerar os riscos e fatores que afetam a capacidade reprodutiva antes da administração da terapêutica antineoplásica. A preservação da fertilidade deve ser um objetivo secundário durante a formulação do plano de tratamento. Até recentemente sobreviver era o único objetivo. Atualmente, pacientes e médicos estão cada vez mais discutindo a preservação da fertilidade. É fundamental a discussão sobre os riscos de infertilidade associados ao tratamento e as possíveis estratégias de prevenção que podem ser tomadas objetivando a redução do dano gonadal associado com a terapia do câncer. Discutiremos de maneira objetiva os fatores de risco e possíveis estratégias de prevenção do dano gonadal associados ao tratamento quimioterápico e radioterápico. Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 15-18 | 15 16 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 15-18 INFERTILIDADE INDUZIDA PELA RADIOTERAPIA Radioterapia isolada ou combinada a quimioterapia é usada no tratamento de uma série de neoplasias, e tem o potencial de causar esterilidade permanente. Seus efeitos na função gonadal ocorrem em todas as idades. O grau e persistência do dano gonadal é variável e depende da dose utilizada, da idade e sexo do paciente e do campo de irradiação. Por exemplo, a dose de tolerância do tecido ovariano de uma menina é maior do que a de uma mulher adulta, ao passo que a função gonadal endócrina em garotos é mais sensível ao dano radioterápico quando comparados aos pacientes adultos. Homens: Exposição dos órgãos reprodutores masculinos à radiação ionizante pode potencialmente ocasionar dano irreversível ao DNA durante sua replicação resultando em inibição da divisão celular. Assim como em outras células de rápida divisão celular, o epitélio germinativo é muito susceptível a injúria ocasionada pela radioterapia. O dano epitelial é variável e dose dependente. A recuperação completa da espermatogênese ocorre mais comumente até os 2 primeiros anos após o término da radioterapia e passa a ser improvável após o terceiro ano que se segue ao tratamento. Curvas dose/toxicidade de irradiação ionizante mostram diferentes danos testiculares. Em média, oligoospermia temporária ocorre com uma dose de 0.1-0.3Gy ao passo que azoospermia irreversível acontece com uma dose de exposição de 2GY(2). Doses tão baixas quanto 0.1-1.2Gy causam dano às espermatogonias em divisão, modificam a morfologia celular e ocasionam oligoospermia. (3). Além de comprometer a espermatogênese, em maior ou menor grau, o tratamento radioterápico pode ocasionar disfunção das células de Leydig e consequente atrofia testicular (4). Entretanto, frequentemente, a despeito de uma espermatogênese já prejudicada, há uma relativa preservação da função das células de Leydig. A atrofia testicular resulta em grande parte da perda do volume tubular secundário ao dano do epitélio germinal, mas há preservação do número e função das células de Leydig (5). Fatores que contribuem para o desenvolvimento de efeitos adversos pós- radioterapia incluem o campo de irradiação e as doses administradas. Sempre que possível, proteção testicular é mandatoria. Além disso, a função testicular e a idade dos pacientes antes do inicio do tratamento são importantes fatores prognósticos. Quando combinada à quimioterapia, a radioterapia oferece aos pacientes um pior prognóstico. Embora raros, existem alguns casos de recuperação de azoospermia mesmo após longo prazo, após tratamento com radioterapia ou quimioterapia. O limite para esta recuperação é variável e pode ser tão longo quanto 15 anos. Mulheres: Os folículos ovarianos são extremamente vulneráveis a agentes que causam dano ao DNA, como por exemplo a radiação ionizante e a quimioterapia. Diferentemente da quimioterapia, o tratamento radioterápico e particularmente tóxico aos oócitos. Particularmente em mulheres jovens, pode causar amenorréia transitória com resolução entre 6 e 18 meses. Algumas vezes o dano tem um caráter temporário, mas frequentemente ele é permanente(6). Radioterapia utilizada para o tratamento do câncer abdomino-pélvico, como por exemplo, câncer do reto e do colo uterino, expõe os ovários a significantes doses de irradiação que potencialmente podem levar a esterilização. Efeito semelhante ocorre em mulheres diagnosticadas com Doenca de Hodgkin que necessitam tratamento das cadeias pélvicas linfonodais ou quando irradiação NASCIMENTO corporal total é necessária como parte do regime de tratamento que antecede ao transplante de medula óssea. Campos protetores para as gonadas devem ser utilizados sempre que possível. Outra opção e o uso de campos restritos de radioterapia que visam minimizar o dano, mas em certos casos não há alternativa para evitar o efeito radioterápico direcionado às gonadas. Uma dose estimada entre 5Gy-10Gy é o suficiente para ocasionar perda de pelo menos 50% dos folículos ovarianos. De acordo com diferentes autores, doses ovarianas variáveis entre 3.2 to 20Gy podem induzir menopausa completa(7,8). A tolerância dos ovários ao dano radioterápico diminui com o avançar da idade. Assim, uma dose de 4Gy pode ocasionar infertilidade em 30% das mulheres com menos de 40 anos e até 100% das pacientes com mais de 40 anos de idade. Entretanto, devemos considerar as variações individuais na resposta à radioterapia (9). Os riscos de menopausa precoce e infertilidade aumenta com o aumento das doses de radioterapia abdomino-pélvica, e com a quantidade de agentes quimioterápicos utilizados. Radioterapia pode também ocasionar infertilidade mesmo em pacientes que mantêm fluxo menstrual normal devido ao dano endometrial. A espessura endometrial torna-se reduzida e não responsiva ao estrogênio. A significância clinica das diferenças na espessura endometrial permanece controversa, porem taxas reduzidas de gestação na presença de uma espessura endometrial reduzida têm sido publicadas (10). INFERTILIDADE INDUZIDA PELA QUIMIOTERAPIA Homens: Drogas utilizadas em quimioterapia interferem na espermatogênese e na função endócrina/exócrina do sistema reprodutor masculino. De uma maneira geral, a função gonadal e influenciada pelo tipo, dose e numero de ciclos de quimioterapia utilizados. Além disso, a contagem de espermatozóides pré-quimioterapia e a idade do paciente (que reflete o estágio da maturação sexual do testículo) são importantes fatores prognósticos da função testicular após o término do tratamento sistêmico. Os agentes quimioterápicos manifestam seu efeito citotóxico ocasionando dano no processo celular obrigatório de síntese de DNA e interrompendo a metabolização do folato em células neoplásicas de rápida divisão. Quando comparado a outros tecidos, o testículo é altamente susceptivel aos efeitos tóxicos da quimioterapia. Os achados histopatológicos na gonada masculina podem variar, e vão desde alterações leves até a fibrose testicular completa com eliminação das células germinativas e de Leydig. Em adultos, o dano gonadal ocasionado pela quimioterapia é claro. Por outro lado, o impacto dos agentes quimioterápicos no testículo de crianças e menos conhecido. Dano no epitélio germinativo pode ser encontrado 16 anos ou mais após o tratamento quimioterápico e radioterápico. O dano pode ser especificamente direcionado a espermatogênese e consequentemente os pacientes podem apresentar caracteres sexuais secundários normais com níveis de testosterona também normais (11). A disfunção gonadal secundária a quimioterapia é agente específica e depende da dose cumulativa. O uso de adriamicina, methotrexate, vincristina, tioguanina e mercaptopurina é assossiado com uma recuperação da função gonadal considerada boa. Os esquemas BEP (bleomicina, etoposide e cisplatina) e ABVD (adriamicina, bleomicina, vinblastina e dacarbazida) estao associados com uma recuperação moderada. Por outro lado, ciclofosfamida, clorambucil, procarbazina e cisplatina ocasionam dano mais grave, e por conseguinte estão associados com uma pobre recuperação gonadal. D I S F U N Ç Ã O G O N A D A L S E C U N D Á R I A A T R ATA M E N T O O N C O L Ó G I C O Com o advento da injeção intracitoplasmática de espermatozóides, é possível oferecer aos pacientes portadores de oligoospermia grave que suas parceiras possam conceber. Entretanto, tais pacientes devem ser aconselhados sobre a possibilidade de transmissão de cromossomos anormais a sua prole, risco este ainda não extensivamente elucidado e estudos ainda contraditórios. Mulheres: O objetivo principal do tratamento quimioterápico é o de alcançar um efeito terapêutico citotóxico máximo nas células malignas com a mínima toxicidade aos tecidos normais. Diferentemente do dano reversível na medula óssea e no trato gastrointestinal, o número de células germinativas no ovário é fixo. Consequentemente, a perda de oócitos devido à quimioterapia é um processo irreversivel e resulta em um risco elevado de falência ovariana precoce (6). Falência ovariana induzida pela quimioterapia não é necessariamente relacionada a um dano direto do oócito. Os agentes quimioterápicos têm um impacto maior no numero de folículos primordiais e na maturação folicular do que nos oócitos propriamente ditos. A perda de folículos ovarianos leva a fibrose do estroma e consequente perda dos oócitos. Devido ao fato de que o número de folículos primordiais diminui com o avanço da idade, este processo torna-se mais pronunciado em pacientes com mais idade quando expostas à quimioterapia. A idade das pacientes durante o período de tratamento e o regime quimioterápico especificamente utilizado influenciam o risco de falência ovariana e infertilidade. Embora muitas pacientes jovens retomem os ciclos menstruais normais após o término da quimioterapia, isto necessariamente não significa que o dano ovariano não ocorreu. Uma percentagem significativa de pacientes jovens que mantêm um padrão menstrual regular pós-quimioterapia apresentam alto risco de desenvolver menopausa precoce ate vários anos após o término do tratamento (12). A diminuição da função ovariana depende em grande parte dos agentes quimioterápicos utilizados. Os agentes alquilantes estão entre as drogas que oferecem os maiores riscos de falência ovariana. Lower et al. (13) determinaram a prevalência de anormalidades do padrão menstrual em pacientes com câncer de mama precoce submetidas a quimioterapia adjuvante contendo methotrexate ou antraciclina. Ciclofosfamida foi utilizada em ambos os grupos. Amenorréia foi encontrada em 31% das pacientes que receberam methotrexate e em 33% das mulheres que receberam um agente antraciclinico. Um ano após o tratamento esta proporção de pacientes em amenorréia elevouse para 45% no grupo que recebeu methotrexate e 46% no grupo que usou antraciclinas. Este aumento global da taxa de pacientes com amenorréia no primeiro ano após o tratamento salienta a necessidade de um longo período de seguimento nestes estudos. ESTRATEGIAS PREVENTIVAS Após um diagnóstico de neoplasia, o nível de ansiedade do paciente e enorme e todos os esforços são concentrados no rápido início do tratamento em busca de melhores resultados. Haja visto que muitas neoplasias são tratadas atualmente com intenção de cura, é função do oncologista considerar as necessidades do paciente uma vez que a neoplasia seja tratada. Por conseguinte, médicos envolvidos no tratamento de pacientes jovens portadores de neoplasias necessitam estar cientes das estratégias preventivas para a restauração/manutenção da fertilidade. Estas medidas preventivas necessitam ser iniciadas antes do início da terapia radioterápica e/ou quimioterápica. As estratégias preventivas da fertilidade mais comumente utilizadas serão suscintamente descritas a seguir. Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 15-18| 17 Estratégias Preventivas nos Homens Criopreservação de esperma: a estratégia mais simples para a preservação da fertilidade masculina é a obtenção de uma amostra de sêmen para crioarmazenagem antes do início do tratamento. Entretanto, esta abordagem é acompanhada de uma série de limitações. Primeiro, os parâmetros do sêmen pré-tratamento apresentam anormalidades em um significativo numero de pacientes. Segundo, o processo de congelamento e recuperação do sêmen pode danificar ainda mais a função dos espermatozóides diminuindo sua motilidade (14). Terceiro, a criopreservação obviamente não é uma opção para pacientes que ainda são pré-puberais. Devido ao enorme avanço no campo da infertilidade masculina (FIV: Fertilização In Vitro) e técnicas de micromanipulação, todos os pacientes deveriam ser aconselhados sobre a possibilidade de criopreservação de esperma, inclusive os portadores de graves anormalidades do sêmen. Antes da introdução da injeção intracitoplasmática de espermatozóides, amostras com concentração espermática < 2 milhões/ml e/ou <40% de espermatozóides móveis eram consideradas inapropriadas para criopreservação e costumavam mostrar resultados pobres mesmo com FIV. Atualmente, o número mínimo de espermatozóides necessário para uma fertilização com sucesso tem diminuído dramaticamente. Para tal, técnicas mais requintadas de armazenamento e recuperação dos espermatozóides têm sido desenvolvidas. Manipulacao hormonal: uma série de estudos em animais tem sugerido que a espermatogênese em pacientes recebendo quimioterapia pode ser protegida pela administração de um agonista ou antagonista do GnRH. O mesmo efeito protetor da fertilidade foi demonstrado em ratos com o uso de testosterona. Até o momento os resultados em humanos têm sido desapontadores. Estudos controlados são necessários para determinar a utilidade clinica da manipulação hormonal na preservação da espermatogênese. Estrategias Preventivas nas Mulheres Transposicao ovariana (ooforopexia): transposição e plicatura dos ovários fora do campo de radioterapia pode preservar a função gonadal e deveria ser considerada em mulheres de idade reprodutiva com neoplasias pélvicas ou antes do tratamento das cadeias pélvicas linfonodais. Os resultados da ooforopexia dependem da dose de irradiação que atinge os ovários e da idade das pacientes. Em câncer do colo uterino, a taxa de preservação da função ovariana póstransposição e irradiação pélvica varia de 17% a 71% (15). A ooforopexia pode ser feita através de laparotomia durante o tratamento cirúrgico da neoplasia (ex. câncer do colo uterino) ou através de laparoscopia antes do início do tratamento radioterápico (ex. Doenca de Hodgkin). A transposição ovariana laparoscópica é realizada pela liberação ovariana de suas conexões uterinas e plicatura lateral e superior após a criação de um pedículo longo pela dissecção do ligamento infundíbulo-pélvico. A transposição ovariana é altamente efetiva, mas os riscos do procedimento cirúrgico não devem ser minimizados. As principais complicações incluem lesão das artérias ovarianas, isquemia tubária e uma alta taxa de formação de cistos ovarianos. FIV é frequentemente necessária para a restauração da fertilidade nessas pacientes. Supressão ovariana: baseado no fato de que células em divisão são mais suscetíveis aos efeitos citotóxicos da quimioterapia, tem sido hipotetizado que a inibição do eixo hipófise-ovário ocasionada pelos anticoncepcionais ou 18 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 15-18 agonistas/antagonistas do GnRH tornariam o epitélio germinativo menos susceptivel ao dano celular. Em animais, agonistas do GnRH têm a capacidade de reduzir o risco do dano ovariano induzido pela quimioterapia. Entretanto, o beneficio de tal terapia em humanos ainda é limitado. Alguns estudos mostram um efeito protetor ovariano dos agonistas do GnRH quando administrados antes da quimioterapia enquanto outros não confirmam este efeito. Criopreservação de oócitos/embriões: ainda mostrando resultados inaceitáveis, o congelamento de oócitos com posterior fertilização "in vitro" pelo esperma do parceiro e reimplante uterino tem sido ativamente investigado. Por outro lado, a criopreservação de embriões tem obtido melhores índices de sucesso. A desvantagem deste método e a necessidade da identificação de um parceiro e disponibilidade de tempo antes do inicio do tratamento antineoplásico. Criopreservação de tecido ovariano: ainda em processo experimental, a criopreservação do tecido ovariano seguida de auto-transplante é um método novo e promissor. O tecido gonadal pode ser obtido sem a necessidade de estimulação ovariana e consequentemente não retarda o inicio da quimioterapia. CONCLUSÕES Existem estratégias preventivas de sucesso para a prevenção da fertilidade que devem ser utilizadas sempre que possível. O risco de infertilidade pós-radioterapia depende do campo utilizado e é dose dependente. A taxa de azoospermia pósquimioterapia é dependente da droga utilizada e é dose cumulativa. Recuperação da espermatogênese normalmente ocorre dentro de 2 a 5 anos após o término da terapia anticancer. Como o risco de infertilidade não é previsível, todos os homens adultos devem ser orientados sobre a possibilidade de criopreservação de esperma. Uma dose de 4Gy é capaz de causar infertilidade em 30% das mulheres com menos de 40 anos de idade e em 100% das mulheres com mais de 40 anos. O maior risco de infertilidade pós-quimioterapia ocorre com agentes alquilantes e cisplatina (50-70%). Mulheres em amenorréia pósradioterapia e quimioterapia devem ser alertadas quanto ao uso de anticoncepcionais, devido a ocorrência de gravidez espontânea. Ooforopexia pode preservar a função ovariana e deve ser considerada em mulheres de idade reprodutiva com neoplasias pélvicas, ou antes do tratamento radioterápico de cadeias pélvicas linfonodais. Criopreservação de tecido ovariano é um método promissor para a conservação da fertilidade em pacientes jovens com câncer. REFERÊNCIAS 1. Revel A, Davis V, Casper R. Ovarian cortex cryopreservation in pediatric and adolescent medicine. J Pediatr Adolesc Gynecol 2000;13:95. 2. Damewood M, Grochow L. Prospects for fertility after chemotherapy or radiation for neoplastic disease. Fertility and Sterility 1986;45:443-59. 3. Clifton D, Bremner B. The effect of testicular X-irradiation on spermatogenesis in man. A comparison with the mouse. J Androl 1983;6:387-92. 4. Littley M, Shalet S, Morgenstern G. Endocrine and reproductive dysfunction following fractionated total body irradiation in adults. Q J Med 1991;78:265-74. NASCIMENTO 5. Thomson A, Anderson R, Irvine D. Investigation of suppression of the hypothalamic-pituitary-gonadal axis to restore spermatogenesis in azoospermic men treated for childhood cancer. Human Reproduction 2002;17:1715-23. 6. Alexander C, Tanner E, LKolp L. Fertility after cancer therapy. Postgraduate Obstetrics & Gynecology 2005;25(5):1-6. 7. Falcone T, Bedaiwy. Fertility preservation and pregnancy outcome after malignancy. Curr Opin Obstet Gynecol 2005;17:21-6. 8. Chiarelli A, Marrett L, Darlington G. Early menopause and infertility in females after treatment for childhood cancer diagnosed in 1964-1988 in Ontario, Canada. Am J Epidemiol 1999;150:245-54. 9. Ash P. The influence of radiation on fertility in man. Br J Radiol 1980;53:271-8. 10. Konvacs P, Matyas S, Boda K. The effect of endometrial thickness on IVF/ICSI outcome. Human Reproduction 2003;18(11):2337-41. 11. Howell S, Radford J, Ryder W, Shalet S. Testicular function after cytotoxic chemotherapy: evidence of Leydig cell insuficiency. J Clin Oncol 1999;17:1493-98. 12. Byrne J, Fears T, Gail M. Early menopause in long-term survivors of cancer during adolescence. Am J Obstet Gynecol 1992;166:788-93. 13. Lower E, Blau R, Gazder P. The risk of premature menopause incuced by chemotherapy for early breast cancer. J Womens Health Gend Based Med 1999;8:949-54. 14. O'connell M, McClure N, Lewis S. The effects of cryopreservation on sperm morphology, motility and mitocondrial function. Human Reproduction 2002;17:704-9. 15. Morice P, Thiam-Ba R, Castaigne D. Fertility results after ovarian transposition for pelvic malignancies treated by external irradiation or brachytherapy. Human Reproduction 1998;13:660-3. ARTIGO / Article Disfunções no Sistema Imune Induzidas pelo Estresse e Depressão: Implicações no Desenvolvimento e Progressão do Câncer Stress and Depression-induced Immune Dysfunction: Implications for the Development and Progression of Cancer Edna Maria Vissoci Reiche* Sandra Odebrecht Vargas Nunes** Helena Kaminami Morimoto* Resumo A ativação persistente do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal em resposta ao estresse crônico e à depressão prejudica a resposta imunológica e contribui para o desenvolvimento e progressão de certos tipos de câncer. Este trabalho apresenta uma revisão de estudos experimentais em modelos animais, estudos em humanos e evidências clínicas de que vários componentes celulares e moleculares dos sistemas neuroimunoendrócrino estão comprometidos no estresse crônico e na depressão e discute as implicações clínicas da imunomodulação do estresse psicológico associado com o desenvolvimento e progressão do câncer. O estresse e a depressão foram associados com uma diminuição da atividade das células T citotóxicas e natural killers, afetando os processos de imunovigilância contra tumores e de controle do desenvolvimento e acúmulo de mutações somáticas e instabilidade genômica. Intervenções psiquiátricas e psicofarmacoterapêuticas que aumentam a capacidade de enfrentamento e que reduzem o distresse afetivo mostraram serem benéficas para a sobrevida de pacientes com câncer. Um melhor entendimento das comunicações bidirecionais entre os sistemas neuroimunoendócrino poderá contribuir para a utilização de novas estratégias clínicas e terapêuticas em oncologia. Palavras-chave Estresse, depressão, psiconeuroimunologia, vigilância imunológica, câncer. Abstract The persistent activation of the hypothalamic-pituitary-adrenal axis in the chronic stress response and in depression impairs the immune response that contributes to the development and progression of some types of cancer. This overview presents results from experimental animal models, human studies, and clinical evidences that various cellular and molecular immunological parameters are compromised in chronic stress and depression and discusses the clinical implications of psychological stress-associated immune modulation in cancer initiation and progression. Both stressors and depression were associated with the decreased cytotoxic T cell and natural killer cell activities affecting the processes of the immune surveillance of tumours, and the events that modulate the development and the accumulation of somatic mutations and genomic instability. Psychiatric and psychopharmacotherapy interventions that enhance effective coping and reduce affective distress showed beneficial effects on survival in cancer patients. A better understanding of the bidirectional communication between the neuroendocrine and immune systems could contribute to novel clinical and treatment strategies on oncology. Key Words Stress, depression, psychoneuroimmunolgy, immune surveillance, cancer. * Docente de Imunologia Clínica, Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil. ** Docente de Psiquiatria, Departamento de Clínica Médica, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil. A idéia de que estados psicológicos podem afetar o desenvolvimento de doenças é muito antigo. Desde 200 D.C., o grego Galeno afirmava que mulheres melancólicas eram mais susceptíveis a problemas de mama do que mulheres otimistas. O primeiro estudo, realizado Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 19-28 | 19 20 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 19-28 por Walter Canonn, em 1911, demonstrou uma elevação de catecolaminas circulantes durante o estresse, tendo como fonte, a medula da adrenal. Em 1936, Hans Selye definiu estresse fisiologicamente como um estado no qual os sistemas simpatoadrenomedular (SAM) e o eixo límbico-hipotálamohipófise-adrenal (HPA) estão co-ativados (1). Em uma perspectiva histórica, os estudos sobre o efeito do estresse no sistema imune surgiram em duas sucessivas ondas, uma pequena nos anos 1950 e uma mais significativa, nos anos 1980 (2). Nas últimas décadas, os avanços nas metodologias empregadas para a avaliação do estado biológico, psicológico, endócrino e imunológico possibilitaram o delineamento de estudos experimentais em modelos animais e estudos em humanos, o que possibilitou uma melhor elucidação da existência de uma comunicação bidirecional entre os sistemas neurológico, endócrino e imune. O entendimento das interações entre o eixo HPA e as reações inflamatórias mediadas pelo sistema imune tem expandido, enormemente, e muitos estudos demonstraram que o estresse psicológico pode comprometer vários aspectos da resposta imune (3). A comunicação entre o sistema nervoso central (SNC), sistema endócrino e o sistema imune ocorre pela ação de mensageiros químicos, mediadores solúveis secretados pelas células nervosas, células de órgãos endócrinos ou células imunes, e os estressores psicológicos podem perturbar esta rede de comunicação. As evidências para a interação entre os sistemas SNC, endócrino e imune derivaram das observações de que alguns neurotransmissores como a noradrenalina, serotonina, dopamina e acetilcolina; neuropeptídeos como as encefalinas, substância P, peptídeo intestinal vasoativo (VIP), fator liberador de corticotrofina (CRF) e neuropeptídeo Y; neurohormônios como Hormônio do REICHE ET AL Crescimento (hGH) e prolactina (PRL) e os hormônios da adrenal como corticosteórides e adrenalina alteram as funções imunes in vivo e in vitro, e os receptores para estas moléculas estão presentes nos linfócitos e macrófagos. As citocinas como a interleucina (IL)-1, Fator de Necrose Tumoral-α (TNF-α), Interferon-α (IFN-α), Interferon-γ (IFN-γ) secretados pelas células ativadas do sistema imune podem, por sua vez, alterar a função do eixo HPA (4-6). A interação do sistema nervoso com o sistema imune é, também, mediada pela IL-1, uma vez que é produzida, localmente, pelas células da glia, os astrócitos, e apresenta funções semelhantes aos neurotransmissores. Órgãos linfóides primários e secundários são inervados pelo sistema nervoso simpático (SNS) e cada estimulação ou interrupção destas conexões influencia a resposta imune; os receptores nos linfócitos são capazes de receberem sinais emitidos pela atividade neurológica ou endócrina e, inversamente, o cérebro é capaz de detectar sinais liberados pelas células ativadas do sistema imune (Figura 1). Estudos experimentais e clínicos indicam que o comportamento, incluindo a emoção, é capaz de influenciar a resposta imune, e que estados imunológicos causam conseqüências para o comportamento. As interações entre as emoções e as funções imunes podem ser a base para o aumento da susceptibilidade a doenças infecciosas ou tumores malignos. Por sua vez, doenças que ativam o sistema imune, como trauma, sepse e doenças auto-imunes, podem implicar em manifestações psicopatológicas (6). Durante situações de estresse, ocorre liberação de mediadores solúveis como neuropeptídeos, neurotransmissores, citocinas e hormônios pelo sistema nervoso central, de hormônios pelo sistema endócrino e de citocinas pelo sistema imunológico, que exercem um papel inibitório e/ou estimulatório nestes sistemas. Figura 1 . Comunicação bidirecional entre os sistemas neurológico, endócrino e imune. Durante situações de estresse, ocorre liberação de mediadores solúveis como neuropeptídeos, neurotransmissores, citocinas e hormônios pelo sistema nervoso central, de hormônios pelo sistema endócrino e de citocinas pelo sistema imunológico, que exercem um papel inibitório e/ou estimulatório nestes sistemas. DISFUNÇÕES NO SISTEMA IMUNE INDUZIDAS PELO ESTRESSE E DEPRESSÃO O objetivo deste artigo é apresentar uma revisão de estudos experimentais realizados em modelos animais, estudos em humanos e evidências clínicas de que vários componentes celulares e moleculares dos sistemas neuroimunoendrócrino estão comprometidos no estresse crônico e na depressão e discutir as implicações clínicas da imunomodulação do estresse psicológico associado ao desenvolvimento e progressão do câncer. RESPOSTA FISIOLÓGICA AO ESTRESSE As experiências estressantes incluem estressores físicos como as infecções (patógenos ou toxinas) e lesão tecidual e estressores psicológicos como os principais eventos da vida (luto, separação conjugal, isolamento social, desemprego), trauma, abuso sexual, fatores relacionados ao ambiente familiar, ao trabalho ou a vizinhança. A habilidade de se adaptar ao estresse repetitivo é individual (7). As principais vias ativadas pelo estresse são o eixo HPA e o SNS (6,8-10). Sinais sensoriais são processados no núcleo paraventricular (PVN) do hipotálamo e no centro noradrenérgico Locus Coeruleus (LC). Em resposta, o hipotálamo secreta CRF e arginina vasopressina, que ativam o eixo PHA, levando a liberação, pela hipófise, de peptídeos produzidos pela clivagem do propiomelanocortina (POMC), como o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e as endorfinas. O ACTH induz a liberação de glicocorticóides pelo córtex da adrenal. A ativação do SNS pelo CRF é mediada pela inervação direta do LC, que leva a uma liberação de noradrenalina por todo o cérebro e tecidos periféricos. A ativação do SNS também estimula a liberação de CRF pelo PVN. Portanto, o sistema de resposta ao estresse parece funcionar como uma alça de feed-back positivo, onde a ativação de um componente do sistema estimula o outro. Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 19-28 | 21 inicial, a IL-12 é uma importante indutora da resposta imune celular, estimulando a diferenciação de linfócitos Th0 em células Th1. Glicocorticóides, adrenalina, noradrenalina e histamina inibem a produção de IL-12 pelas células apresentadoras de antígenos como os macrófagos, monócitos e células dendríticas. No entanto, estes mediadores do estresse não afetam a produção de IL-10. Uma vez que a IL-12 e o TNF-α promovem a resposta imune mediada por células e que a IL-10 suprime tanto a produção de IL-12 como a atividade das células Th1 e estimula as células Th2, os mediadores neuroendócrinos liberados durante o estresse podem causar uma supressão seletiva da resposta de células Th1. A alteração do balanço da resposta imune Th1/Th2 compromete a resposta imune celular contra vários agentes infecciosos e alguns tumores que, normalmente, são mediados pela resposta Th1 (Figura 2). A estrutura e função hipocampal também têm sido relacionadas com a neurobiologia de distúrbios psiquiátricos e resposta imune, uma vez que o hipocampo desempenha importante papel na regulação da resposta ao estresse em humanos, entretanto, é altamente sensível aos efeitos neurotóxicos de episódios repetitivos de estresse. Inúmeros estudos de neuroimagem têm demonstrado a presença de atrofia hipocampal e alterações no volume do hipocampo em pacientes com distúrbios psiquiátricos, como o estresse pós-traumático e depressão, sugerindo uma disfunção na região posterior do hipocampo, um processo que reflete o desequilíbrio na atividade dos sistemas adaptativos como o eixo HPA (18-19). Experimentos de estresse sugerem que a concentração plasmática de adrenalina é inversamente relacionada com as funções específicas de linfócitos e monócitos. As catecolaminas e os opióides são considerados imunossupressores. Além disto, muitos estudos têm sugerido que os corticoesteróides, que são encontrados em altas concentrações séricas no estresse, apresentam importantes efeitos imunossupressivos nas funções dos linfócitos e macrófagos, como a alteração do padrão do tráfego celular, diminuição da produção de várias citocinas e mediadores da inflamação. Embora o estresse agudo cause aumento da secreção de hGH e PRL, o estresse crônico está associado com a inibição da secreção destes hormônios, um efeito secundário à estimulação da secreção de somastotatina pelo CRF e com inibição da expressão de mRNA para a síntese da PRL (8-12). As citocinas são mediadores solúveis liberados por várias células como macrófagos e linfócitos na periferia e por astrócitos no cérebro, que funcionam como uma rede complexa e atuam de maneira sinergia ou antagônica. A produção de citocinas é dividida em duas categorias dependendo do perfil funcional das células secretoras T helper: (a) linfócitos T helper tipo 1 (Th1), que produzem as citocinas IFN-γ, TNF-α e IL-2, principalmente, atuam como mediadoras da resposta imune celular pela ativação de linfócitos T citotóxicos, células natural killers (NK), macrófagos e dos próprios linfócitos Th1; (b) linfócitos T helper tipo 2 (Th2), que produzem as citocinas IL-4, IL-5, IL-6, IL-10, principalmente, atuam como estimuladoras da resposta imune humoral mediada por anticorpos. Durante a resposta imune, há um equilíbrio na ativação das células Th1 e Th2, onde a IL-4 e a IL-10 liberadas pelas células Th2 exercem um efeito anti-inflamatório com a supressão da ativação das células Th1 e estimulação das células Th2 (13). Além disto, a presença de IL-10 produzida pelas células Th2 suprime a síntese de IL-12 pelos monócitos, macrófagos e linfócitos B, processo pelo qual ocorre a inibição da produção de IFN-γ derivado das células Th1. Têm sido relatadas alterações no balanço das respostas Th1 e Th2 mediadas pelo estresse (910,14-17). Entre as citocinas produzidas pela resposta imune Figura 2 . Efeitos sistêmicos de hormônios e neurotransmissores liberados durante o estresse psicológico (emoções negativas, depressão) e estresse físico (infecções, trauma e autoimunidade) no sistema imunológico. Estes mediadores solúveis inibem ou diminuem a ação estimulatória de alguns componentes do sistema imune inespecífico e da resposta imune celular e estimulam ou diminuem a ação inibitória de determinados componentes da resposta inflamatória e da resposta imune humoral. SNS: sistema nervoso simpático; LC: locus ceruleus; CRF: fator liberador de corticotrofina; AVP: arginina-vasopressina; ACTH: hormônio adrenocorticotrófico; PRL: prolactina; hGH: hormônio do crescimento; TNF-α: Fator de Necrose Tumoral-α; IFN-γ: Interferon-γ; IL-1: interleucina-1; IL-2: interleucina-2; IL-4: interleucina-4; IL-5: interleucina-5; IL-6: interleucina-6; IL-10: interleucina-10; IL-12: interleucina-12; NK: células natural killer; Th1: linfócitos T helper 1; Th2: linfócitos T helper 2; DNA: ácido desoxiribonucleico. 22 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 19-28 Condições que contribuem para a alteração no balanço entre o TNF-α, IFN-γ produzidos pelas células Th1 e a IL-10 produzida pelas células Th2, podem, também, exercem um papel na indução, na expressão e na progressão de algumas doenças auto-imunes, doenças cardiovasculares, osteoporose, artrite reumatóide, diabetes tipo 2, alergias e o crescimento de certos tumores. Estas condições incluem estresse agudo ou crônico, exercícios físicos severos e/ou exaustivos, procedimentos cirúrgicos, lesões traumáticas, queimaduras, isquemia ou hipóxia severas, gestação ou período pós-parto (10,14-17). PAPEL DO ESTRESSE E DA DEPRESSÃO NA RESPOSTA IMUNE ANTI-TUMORAL Inúmeros estudos experimentais realizados em modelos animais e em humanos têm sugerido que o estresse causa maior susceptibilidade a doenças e compromete a função do sistema imune (20-21). Inicialmente, os estudos focavam a avaliação da resposta imune inespecífica como a função das células NK, a proliferação de linfócitos periféricos com mitógenos e a produção de citocinas. Com o avanço das metodologias utilizadas nos ensaios imunológicos, avaliou-se o efeito do estresse em processos celulares como o dano do DNA celular, a produção de células anormais e a alteração das defesas do organismo como as enzimas que destroem substâncias químicas carcinogênicas, os processos de reparo do dano do DNA celular e a apoptose. Mais recentemente, explorou-se a resposta imune contra antígenos tumorais específicos como as células epiteliais da mama, de pâncreas, cólon, pulmão, próstata, tumores ovarianos e melanoma. Estudos em modelos animais Uma grande variedade de estressores tem sido utilizada no estudo da resposta imune. Um exemplo clássico é que células esplênicas isoladas de camundongos expostos diariamente ao estresse sonoro apresentaram uma redução na capacidade de resposta a mitógenos (22). Ratos que receberam choques elétricos inescapáveis apresentaram aparecimento de tumor mais precocemente, um aumento do volume do tumor, uma diminuição da sobrevida e uma menor rejeição do tumor, comparados com aqueles que tiveram a oportunidade de escapar do choque (23) e uma menor resposta linfoproliferativa a lectinas (24). Estresse rotacional foi associado com uma diminuição na concentração de O6-metiltransferase, uma importante enzima de reparo de DNA em resposta ao dano provocado por carcinógenos em linfócitos esplênicos de ratos. Verificou-se, também, um aumento do dano citogenético e da instabilidade genômica, importantes marcadores pré-clinicos para o câncer (25). Dois paradigmas de estresse, a natação forçada e a cirurgia abdominal, foram utilizados em estudos animais e demonstraram uma indução da supressão da atividade das células NK suficiente para causar um aumento no desenvolvimento de tumor em ratos F344, um aumento da mortalidade e desenvolvimento de metástases de tumores sensíveis às células NK (26). Ratos estressados no período pré-natal apresentaram um comprometimento da resposta imune. Vários estudos demonstraram que o estresse materno ocasionado pela luz acarreta uma diminuição da atividade das células NK nos filhotes após o nascimento (27). O choque elétrico como estresse maternal em camundongos BALB/c promove uma diminuição da atividade de fagocitose dos macrófagos, um aumento do crescimento tanto da forma sólida como da ascítica do tumor de Ehrlich, um aumento do volume do tumor e do número de células tumorais (28). Camundongos submetidos ao estresse físico e psicológico apresentaram aumento da concentração sérica de corticosterona, diminuição da atividade REICHE ET AL fagocítica de macrófagos e aumento do crescimento da forma ascítica do tumor de Ehrlich (29). A ausência de interação social é outro modelo de estresse utilizado em modelos animais. Camundongos BALB/c submetidos ao isolamento social apresentaram aumento da produção in vitro de TNF-α, que poderia estar envolvido no aumento da invasão tumoral e formação de metástases, em parte, pelo aumento da expressão de enzimas proteolíticas e angiogênicas como a matrix metaloproteinase (MMP)-2 e MMP-9 (30). Outro estudo realizado também com camundongos BALB/c submetidos ao estresse social demonstrou uma diminuição do período de tempo requerido para a formação de metástases e aumento da mortalidade após a injeção de células de carcinoma de cólon 26-L5, o que sugere que a ativação do eixo HPA estimularia a angiogênense e a supressão da imunidade mediada por células (31). Camundongos submetidos ao estresse pela proximidade com urina de raposa, fonte do odor de seu natural predador, e expostos a doses carcinogênicas de luz ultravioleta (UV), apresentaram uma significativa aceleração no desenvolvimento de neoplasias cutâneas (após oito semanas) comparados com animais do grupo controle não submetidos ao mesmo estressor (após 21 semanas). Estes resultados sugerem que o estresse tem um papel na carcinogênese cutânea (32). Entretanto, outros estudos realizados com diferentes estressores crônicos e linhagens de animais têm demonstrado resultados discordantes, como uma diminuição das citocinas IL-2 e IFNγ, secretadas pelas células Th1 e de IL-10, secretada pelas células Th2 e a não alteração da atividade das células NK ou do número de linfócitos T citotóxicos, sugerindo que o aumento das metástases do tumor não estaria associado com as alterações na resposta imune inespecífica e específica. Os resultados contraditórios refletem a complexidade da interação entre o comportamento, o cérebro, o sistema imune e os estressores. Fatores genéticos do animal, a natureza, a intensidade e a duração do estressor seriam alguns dos fatores que determinam a magnitude e a direção das alterações no desenvolvimento das doenças (33). Estudos em humanos Os efeitos dos estressores biológicos nos vários componentes da função imune e a associação com o câncer têm sido demonstrados em vários estudos longitudinais e prospectivos, (21, 34). Em nível celular, os pacientes estressados e depressivos apresentaram leucocitose, neutrofilia, redução da contagem absoluta das células NK e contagem relativa dos linfócitos T, aumento da relação de LT CD4+ e LT CD8+, redução da resposta linfoproliferativa a mitógenos e da atividade fagocítica dos neutrófilos e moderada diminuição das funções das células NK, LT e monócitos (35-38). Em nível molecular, verificou-se elevação dos níveis séricos de cortisol basal, dos componentes do complemento C3 e C4, das proteínas de fase aguda, dos anticorpos específicos contra Herpes Vírus Simples tipo 1 e Epstein Barr Vírus (EBV) e uma mudança no balanço da resposta imune mediada pelos linfócitos Th1 e Th2 (10, 3539). Outro componente da resposta imune que pode ser alterado pelo estresse psicológico é a produção de citocinas. Elevações dos níveis séricos das interleucinas IL-1 e IL-6, dos receptores solúveis de IL-2 e de IL-6 foram relatadas em pacientes com depressão, sugerindo que as concentrações das citocinas pró-inflamatórias se correlacionam com a severidade da doença e com a atividade do eixo HPA (10, 40-42). Entretanto, a mensuração de concentrações plasmáticas de citocinas não é muito viável e os valores são geralmente indetectáveis ou apresentam grande variabilidade, sendo de difícil interpretação. A secreção in vitro de citocinas poderia fornecer resultados mais úteis para a avaliação quantitativa e qualitativa destes mediadores solúveis (42). DISFUNÇÕES NO SISTEMA IMUNE INDUZIDAS PELO ESTRESSE E DEPRESSÃO O luto conjugal tem sido um modelo de estresse psicológico muito utilizado para a avaliação da possível associação do estresse com um aumento da morbidade e mortalidade. O primeiro estudo (43) demonstrou que a resposta linfoproliferativa de linfócitos T a baixas doses de fitohemaglutinina estava reduzida após a morte do cônjuge. Outro estudo demonstrou uma significativa redução na resposta proliferativa de células T estimulada por mitógenos em 15 cônjuges de mulheres com câncer de mama avançado nos dois primeiros meses após a morte do cônjuge, comparada com os níveis de resposta antes da ocorrência do luto (44). Entretanto, nestes dois estudos, o indivíduo em luto não recebeu, sistematicamente, um diagnóstico psiquiátrico padronizado ou avaliação do humor, causando uma dificuldade de se determinar se as alterações imunológicas observadas foram causadas pelo estresse do luto ou por outras desordens psiquiátricas não diagnosticadas, como a depressão maior (34). Em outro estudo, os cônjuges em luto apresentaram uma redução da atividade das células NK e um aumento dos níveis plasmáticos de cortisol em comparação com indivíduos do grupo controle. Redução na atividade das células NK também foi observada em mulheres durante o período que precedeu o luto (45). O risco de doenças associado com separação ou divórcio parece ser maior do que quando associado com o luto, segundo alguns estudos (46). Mulheres separadas ou divorciadas apresentaram uma alteração qualitativa e quantitativa significativa da resposta imune, como uma pior resposta linfoproliferativa a mitógenos, diminuição do número de células NK e LT helper e aumento do título de anticorpos contra antígenos do capsídeo viral do EBV (47). O menor número de células NK observado em mulheres separadas ou divorciadas e em pacientes com depressão persistente pode levar à conseqüências moleculares que comprometem a velocidade e a qualidade dos processos de reparo do DNA, o que poderia mediar um aumento do risco de câncer nestes indivíduos (48). Outro estudo demonstrou que eventos negativos originados de discussões conjugais entre os casais comprometeriam a reposta imune, como uma acentuada redução da atividade das células NK, avaliada 24 horas após o evento estressante (49). Embora o numero de amostras avaliadas na maioria dos estudos revisados sobre o efeito do luto conjugal, da separação e divórcio na resposta imune foi muito pequeno, os resultados obtidos reforçam o efeito de eventos estressantes intensos na competência imunológica e na saúde de indivíduos saudáveis. O efeito do estresse crônico vivenciado por indivíduos cuidadores de pacientes com doença de Alzheimer tem sido, também, muito investigado. Estudos com este modelo de estresse crônico demonstraram um aumento das concentrações plasmáticas do neuropeptídeo Y e este aumento apresentava uma correlação negativa com a atividade das células NK entre os cuidadores (50). Um estudo demonstrou que eventos estressantes negativos e pessimismo apresentaram associação com uma diminuição da atividade citotóxica das células NK e da porcentagem dos linfócitos T CD8+ em mulheres negras co-infectadas pelos vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) e o papilomavirus humano (HPV). Uma atitude de pessimismo pode estar associada com alteração da resposta imune e, possivelmente, um pior controle da infecção pelo HPV e um aumento do risco de futura progressão de displasia cervical para um câncer cervical invasivo em mulheres com estas co-infecções (51). O estresse acadêmico entre estudantes universitários tem sido um modelo de estresse avaliado em vários estudos e os resultados demonstraram uma correlação da redução da atividade das células NK com o grau de solidão (52) e alterações significativas dos os níveis de anticorpos contra herpesvírus latentes, sugerindo uma alteração no balanço da resposta imune pelas células Th1 e Th2 (53). Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 19-28 | 23 Entre os resultados obtidos nos estudos sobre a depressão e a resposta imune em adultos e crianças, a alteração mais consistente foi a diminuição da atividade das células NK (54). Adultos jovens com depressão maior apresentaram maior número de leucócitos e granulócitos circulantes, menor número e atividade citotóxica das células NK CD56+ (55). Embora um grande número de estudos em pacientes com depressão documente a supressão de vários componentes da resposta imune, resultados contraditórios também têm sido descritos, nos quais não se detectou alteração significativa em algumas variáveis da resposta imune associada com a depressão. Estas inconsistências podem ser resultado dos diferentes delineamentos experimentais utilizados nos estudos e na avaliação imunológica, da avaliação de várias formas de depressão, com diferente duração ou severidade, da idade dos indivíduos inseridos no estudo e de outras variáveis difíceis de serem controladas e que poderiam alterar a resposta imune como a perda de peso, desnutrição, uso de tabaco, privação do sono resultante de insônia, consumo de cafeína e álcool e exercícios físicos (21,36,56-57). Uma importante associação entre depressão, uso de tabaco e carcinogênese foi demonstrada quando homens fumantes e que apresentavam critérios de diagnóstico para depressão maior apresentaram uma menor atividade citotóxica das células NK do que homens depressivos não fumantes, sugerindo que as alterações imunes não poderiam ser atribuídas somente pelo efeito do uso do tabaco na população avaliada e que a depressão maior poderia interagir com o tabaco para a redução da atividade das células NK (57). EFEITOS DO ESTRESSE NO DESENVOLVIMENTO E PROGRESSÃO DO CÂNCER Câncer é um grupo heterogêneo de doenças com etiologia multifatorial e o envolvimento imunológico varia nos diferentes tipos de tumores. Tumores induzidos por substâncias químicas carcinogênicas podem ser menos afetados por fatores psicológicos, comportamentais e imunológicos do que os associados com determinados DNA vírus associados a tumores, como o HPV, EBV, vírus da hepatite B (HBV) e vírus da hepatite C (HCV) (58) ou com a inserção de um retrovírus próximo a um oncogene. A supressão da imunidade celular está associada com uma maior incidência de alguns tipos de tumores, particularmente com as doenças linfoproliferativas associadas ao EBV em pacientes que receberam transplantes de órgãos, com o sarcoma de Kaposi associado ao Herpes vírus humano tipo 6 e com linfomas de células B associados com o EBV em pacientes com a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids), a fase mais avançada da infecção pelo HIV-1 (59). Uma proposta sobre a relação entre estresse, depressão e carcinoma seria de que o estresse estaria associado com aumento das citocinas IL-1 e TNF-α secretadas por macrófagos ou monócitos ativados, com uma redução da expressão das citocinas IL-2, IFN-γ e das moléculas do complexo maior de histocompatibilidade (MHC) classe II, com uma redução da atividade das células NK. A depressão estaria associada com aumento das citocinas IL-1 e IFN-γ e com a diminuição da IL-2 e da atividade das células NK. Muitos carcinomas relacionados a órgãos estão associados com altas concentrações de TNF-α, que inibiria a atividade da tirosina fosfatase, que por sua vez, diminuiria a expressão de moléculas MHC classe I na superfície das células, permitindo que células malignas escapem da vigilância imunológica. Portanto, o estresse e a depressão poderiam acelerar a progressão do tumor pela inibição da expressão de moléculas MHC classes I e II e pela redução da atividade das células NK (60). Estes conceitos poderiam explicar o aumento da ocorrência de doenças malignas linfáticas e hematológicas e de melanoma observadas em uma coorte de 6.284 judeus que perderam um 24 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 19-28 filho adulto no período de 1970-1977. A incidência de câncer foi aumentada nos pais de vítimas de acidentes e nos pais que perderam um filho durante uma guerra, quando comparada com indivíduos não enlutados da mesma população. Observou-se, também, um risco aumentado para câncer uterino, ovariano e no sistema respiratório nos pais de vítimas de acidentes. Após 20 anos de seguimento destes indivíduos, o estudo de sobrevida demonstrou que o risco de morte foi aumentado nos indivíduos com o luto se o câncer tivesse sido diagnosticado antes da perda (61). Além dos estudos que avaliam como o estresse afeta os processos de vigilância imunológica que modulam a sobrevida do tumor, outros estudos têm demonstrado como o estresse afeta, também, os eventos que modulam o desenvolvimento e acúmulo de mutações somáticas e a instabilidade genômica. Outros processos biológicos relevantes como o aumento do dano do DNA, alterações no reparo do DNA e a inibição da apoptose poderiam explicar a variabilidade no curso clínico das neoplasias (21, 48, 62-63). Após exposição a raios-X, leucócitos periféricos obtidos de indivíduos não psicóticos, não medicados e pacientes psiquiátricos apresentaram maior comprometimento nos processos de reparo do DNA quando comparados com o grupo controle, constituído de indivíduos não expostos à radiação e pareados quanto ao sexo e idade. Pacientes depressivos apresentaram um pior reparo do DNA danificado do que os indivíduos não depressivos (48). Estudos têm sugerido que as espécies oxigênio reativas exercem um importante papel na patogênese de várias doenças, incluindo o câncer (64-65). Portanto, o estresse psicológico poderia contribuir para o desenvolvimento do câncer, pelo menos, via estresse oxidativo, que causaria danos celulares. A depressão severa em mulheres foi associada com os níveis de 8-hidroxideoxiguanosina (8-OH-dG), um biomarcador de câncer relacionado ao dano oxidativo do DNA em leucócitos humanos, o que sugere que a depressão poderia estar relacionada com o risco de câncer devido ao dano oxidativo do DNA em mulheres, possivelmente, via ativação de neutrófilos (66). Vários estudos têm apontado uma associação entre inflamação crônica e o desenvolvimento de certos tipos de câncer. Pesquisadores estimam que a inflamação contribui para o desenvolvimento, de pelo menos, 15% de todos as neoplasias e sugerem que as células inflamatórias produzem inúmeras substâncias que podem contribuir para o crescimento e sobrevida do tumor. Entre as várias substâncias produzidas pelos macrófagos ativados e que podem aumentar o crescimento do tumor incluem substâncias oxigênio reativas que causam mutações carcinogênicas, fatores de crescimento, fatores angiogênicos, proteases e TNF-α. E o TNF-α, por sua vez, aumenta a atividade de um importante fator intermediário na promoção de alterações celulares, a proteína NF-B, tanto nas células teciduais como nos macrófagos, (67). Apoptose é outro importante mecanismo de defesa contra o desenvolvimento de células malignas pelo processo de alterações geneticamente programadas na estrutura celular que impede a proliferação e diferenciação das células, e eventualmente, causa da morte destas células (63). Em um estudo de estresse acadêmico em universitários, verificou-se uma redução na apoptose de linfócitos induzida por radiação (68). A relação entre as experiências de vida estressantes e o câncer de mama tem sido exaustivamente investigada. No entanto, muitos estudos apresentam um fraco delineamento metodológico, pequeno número de indivíduos avaliados e resultados contraditórios. Os resultados de um estudo retrospectivo não demonstraram importante associação entre eventos estressantes e câncer de mama (69). Um estudo de meta-análise concluiu que os poucos estudos bem delineados não demonstraram evidências de uma relação (70). Outro estudo observacional também não confirmou que o estresse severo aumenta o risco de recidivas de câncer de mama (71). REICHE ET AL Estudos falharam em demonstrar o papel de um fator psicológico especifico envolvido no início e na progressão do câncer. O que poderia estar ocorrendo seriam as interações entre vários fatores psicológicos e as interações entre os fatores psicológicos e biológicos, que raramente foram investigadas. O efeito dos fatores psicológicos tem sido demonstrado, de uma maneira mais convincente, na progressão do câncer do que no seu início (72). O estresse psicológico poderia causar um impacto negativo no sistema imune levando à susceptibilidade individual a neoplasias. Os efeitos do estresse psicológico gerado pelas desvantagens socioeconômicas e pelas experiências relacionadas ao racismo poderiam explicar, em parte, a maior incidência de desenvolvimento de câncer de próstata e de morte por esta neoplasia em homens afro-americanos comparados com homens europeus-americanos (73). O risco familial de câncer de mama é amplamente conhecido e filhas de mulheres com câncer de mama apresentam profundos sentimentos de ansiedade em relação à sua saúde, além dos problemas ocasionados pela doença de suas mães. Como resultado, filhas de mães com câncer de mama vivem em um alto grau de estresse crônico. E é neste modelo de estresse que verificou-se uma associação significativa entre o aumento do distresse emocional observado em filhas de pacientes com câncer de mama e o aumento dos níveis dos hormônios de estresse (cortisol sérico e catecolaminas urinárias), diminuição da secreção in vitro das citocinas IL-2, IL-12 e IFN-γ e diminuição da atividade citotóxica de células NK contra linhagens celulares NK resistentes (MCF-7, COLO-205, U937) e NK sensíveis (K562), o que poderia contribuir para um aumento do risco de desenvolvimento de câncer de mama nestas mulheres (74). O aumento dos níveis de catecolaminas poderia aumentar os níveis intracitoplasmáticos de AMPc, que por sua vez, poderia inibir a produção ou secreção de certas citocinas Th1, como a IL-2. Os autores sugerem que a combinação de fatores genéticos juntamente com estilos de vida podem alterar as funções de imunovigilância em filhas de mulheres com câncer de mama e colocá-las em risco aumentado para o desenvolvimento do câncer de mama. Terapias intervencionistas que possam aumentar a capacidade de enfrentamento e reduzir os níveis de estresse podem melhorar as funções imunes e reduzir o risco de desenvolvimento de câncer de mama nestas mulheres (74). Embora os estudos publicados que exploram o envolvimento dos fatores psicológicos na etiologia, na progressão ou na resposta ao tratamento sejam numerosos, os estudos mais comuns envolve a comparação entre pacientes com câncer com aqueles que não apresentam a doença. Estes estudos poderiam ter falhado devido aos efeitos do conhecimento do prognóstico da doença pelos pacientes avaliados. Muitos dos efeitos dos fatores psicológicos são, provavelmente, relacionados ao comportamento como o uso de tabaco, que sabidamente, afeta o risco de câncer. A determinação da relação causal entre os fatores psicológicos e a incidência de câncer é, também, dificultada pelo tempo prolongado que pode ocorrer entre o desenvolvimento da doença maligna e a detecção de metástases. Além destes fatos, os estudos têm utilizados diferentes tipos de câncer e em diferentes estágios de desenvolvimento, que poderiam ser afetados diferentemente pelos fatores psicológicos e imunológicos (75). IMPLICAÇÕES CLÍNICAS Além da influência direta dos estados psicológicos nas funções dos sistemas imune e endócrino, indivíduos estressados ou pacientes depressivos podem apresentar hábitos e comportamentos que os colocam em risco aumentado para o desenvolvimento de doenças, como a maior probabilidade de consumo de álcool e tabaco, o uso de drogas ilícitas, alteração no padrão do sono, pior nutrição e menor atividade física, e estes comportamentos DISFUNÇÕES NO SISTEMA IMUNE INDUZIDAS PELO ESTRESSE E DEPRESSÃO têm conseqüências aos sistemas neuroendócrino e imunológico (76-78). Estratégias de suporte social, intervenções psiquiátricas e psicofarmacoterapêuticas que aumentam a capacidade de enfrentamento e que reduzem o distresse afetivo mostraram serem benéficas para os pacientes com certos tipos de câncer, aumentando o tempo de sobrevida e diminuindo a taxa de metástases (72, 75, 77, 79-82). A correlação entre a evolução do tumor e o papel da depressão e do sistema imune foi investigado em pacientes que realizaram cirurgia para o tratamento de câncer de mama. O grupo de mulheres que recebeu psicoterapia individual e tratamento psicofarmacoterapêutico, além do tratamento convencional da neoplasia apresentada, apresentou uma evolução mais lenta do tumor e uma relevante melhora da depressão acompanhada da normalização dos parâmetros da resposta imune comparado com o grupo controle, randomicamente selecionado (83). Outro estudo demonstrou que pacientes com melanoma que receberam terapia de grupo apresentaram um aumento significativo do número de linfócitos e células NK (82). Um estudo de recorrência e sobrevida avaliada em grupo de pacientes com melanoma que participaram de uma intervenção psiquiátrica de grupo estruturada, durante seis semanas, em comparação com um grupo de pacientes que não receberam a intervenção psiquiátrica (grupo controle), demonstrou uma maior tendência à recorrência do câncer após a cirurgia e uma elevação significativa da mortalidade nos pacientes do grupo controle. Estes resultados não foram reproduzidos em outro estudo quando não se verificou aumento da sobrevida de mulheres com câncer metastático de mama que receberam psicoterapia de grupo. No entanto, verificou-se melhora do humor e da percepção da dor, especialmente nas mulheres que apresentavam distresse no início do tratamento (84). Pacientes com câncer de mama (estágios 1 e 2) podem se beneficiar da terapia com três sessões de massagem, uma vez que apresentaram uma melhora nas funções dos sistemas imune e neuroendócrino. Os efeitos imediatos da terapia de massagem incluem a redução da ansiedade, do humor depressivo e da raiva e os efeitos a longo prazo incluem redução da depressão e hostilidade e aumento dos valores de dopamina e serotonina urinárias, do número de células NK e de linfócitos (85). CONSIDERAÇÕES FINAIS A maioria dos estudos publicados mostra uma alteração de vários componentes da resposta imune em situações de estresse crônico e depressão. As alterações mais consistentes foram leucocitose, neutrofilia, redução da resposta linfoproliferativa a mitógenos e da atividade fagocítica dos neutrófilos, elevação dos níveis séricos das catecolaminas, cortisol basal, dos componentes do complemento C3 e C4, das proteínas de fase aguda, dos anticorpos específicos contra vírus de infecções latentes, das citocinas TNF-α, IL-1 e IL-6 e uma mudança no balanço da resposta imune mediada pelos linfócitos Th1 e Th2. O estresse e a depressão foram associados com processos resultantes da inflamação crônica como um aumento das substâncias oxigênio reativas, fatores de crescimento, fatores angiogênicos e proteases, o que contribuiria para o desenvolvimento de crescimento de certos tipos de tumores. Foram associados, também, com uma diminuição da atividade das células T citotóxicas e natural killers, o que afetaria os processos de imunovigilância contra tumores e de controle do desenvolvimento e acúmulo de mutações somáticas e instabilidade genômica. Entretanto, as características da amostra e o tipo de resposta imune avaliadas, a natureza do estressor psicológico empregado e os métodos utilizados devem ser cuidadosamente avaliados. A homogeneidade das amostras avaliadas causa algumas limitações quanto à generalização dos resultados obtidos nos delineamentos experimentais para a população em geral. Os resultados obtidos em indivíduos jovens e adultos saudáveis devem ser extrapolados com cautela para os Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 19-28 | 25 indivíduos idosos. As diferenças na competência da resposta imune entre os indivíduos jovens e idosos devem sugerir cautela na avaliação dos resultados de estudos que incluem uma amostra com uma grande variação na faixa etária. Os estressores utilizados nos diferentes estudos variam quanto à natureza, agudo ou crônico, quanto à intensidade e duração, o que pode influenciar substancialmente o efeito na resposta imune. Alguns pesquisadores têm sugerido que durante o estresse agudo, com duração menor que duas horas, hormônios do estresse podem auxiliar na melhora da resposta imune, como o tráfego de células dos órgãos linfóides para o sangue periférico e pele, aumentando a capacidade do sistema imune para os desafios que podem ser impostos pelo agente estressor, enquanto que a cronicidade tem sido associada com efeitos deletérios à saúde, levando ao organismo à exaustão, distresse e doença (78). Além destes fatos, deve ser observado que muitos estudos relacionados ao câncer têm avaliado uma grande variedade de neoplasias com diferentes etiologias, em populações geneticamente heterogêneas e com influências comportamentais distintas, o que torna difícil a avaliação e comparação dos resultados obtidos. Mesmo diante destas limitações, os resultados obtidos na área da psiconeuroimunologia têm fornecido argumentos científicos significativos e convincentes para a consideração e integração dos aspectos psicológicos na terapia das doenças somáticas e o crescente entendimento das comunicações bidirecionais entre os sistemas neuroimunoendócrino poderá contribuir para a utilização de novas estratégias clínicas e terapêuticas em oncologia. REFERÊNCIAS 1- Dunn AJ. Psychoneuroimmunology: introduction and general perspectives. In: Leonard BE, Miller K. Stress, the immune system and psychiatry. Chichester: John Wiley & Sons Ltd. 1996, 1-16. 2- Dantzer R, Mormede P. Psychoneuroimmunology of stress. In: Leonard BE, Miller K. Stress, the immune system and psychiatry. Chichester: John Wiley & Sons Ltd. 1996, 47-67. 3- Reiche EMV, Nunes SOV, Morimoto HK. Stress, depression, the immune system, and cancer. Lancet Oncol. 2004; 5:617-625. 4- Blalock JE. The syntax of immune-neuroendocrine communication. Immunol Today 1994; 15: 504-510. 5- Ader R, Cohen N, Felten D. Psychoneuroimmunology: interactions between the nervous systems and the immune system. Lancet 1995; 345: 99-103. 6- Hass HS, Schauenstein K. Immunity, hormones, and the brain. Allergy 2001; 56: 470-477. 7- McEwen B. Protective and damaging effects of stress mediators. N Engl J Med 1998; 338: 171-179. 8- Black PH. Central nervous system-immune system interactions: psychoneuroendocrinology of stress and its immune consequences. Antimicrob Agents Chemother 1994; 38:106. 9- Moyniham JA. Mechanisms of stress-induced modulation of immunity. Brain Behav Immun 2003; 17:S11-S16. 10- Elenkov IJ, Chrousos GP. Stress hormones, Th1/Th2 patterns, pro/anti-inflammatory cytokines and susceptibility to disease. TEM 1999; 10:359-368. 26 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 19-28 REICHE ET AL 11- Wilder RL. Neuroendocrine-immune system interactions and autoimmunity. Annu Rev Immunol 1995; 13:307-38. 27- Klein SL, Rager DR. Prenatal stress alters immune function in the offspring of rats. Dev. Psychobiol 1995 ; 28: 321-336. 12Plotsky P., Owens M., Nemeroff C. Psychoneuroendocrinology of depression. HypothalamicPituitary-Adrenal axis. Psych Clin North Am 1998; 21: 293307. 28- Palermo-Neto J, Massoco CO, Fávare RC. Effects of maternal stress on anxiety levels, macrophage activity, and Ehrlich tumor growth. Neurotoxicology and Teratology 2001; 23: 497-507. 13- Kim YK, Maes M. The role of the cytokine network in psychological stress. Acta Neuropsychiatrica 2003; 15:148-155. 29- Palermo-Neto J, Massoco CO,. Souza WR. Effects of physical and psychological stressors on behaviour, macrophage activity, and Ehrlich tumor growth. Brain, Behav and Immun 2003; 17: 43-54. 14- Agarwal SK, Marshall GD Jr. Glucocorticoid-induced type 1/type 2 cytokine alterations in humans: a model for stressrelated immune dysfunction. J Interferon Cytokine Res 1998; 18:1059-68. 15- Glaser R, Rabin B, Chesney M, et al. Stress-induced immunomodulation: implications for infectious disease? JAMA 1999; 281: 2268-2270. 16- Elenkov IJ, Chrousos GP, Wilder RL. Neuroendocrine regulation of IL-12 and TNF- [alpha]/IL-10 balance: clinical implications. Ann NY Acad Sci 2000; 917: 94-105. 30- Wu W, Yamaura T, Murakami K, Ogasawara M, Hayashi K, Murata J, Saiki I. Involvement of TNF-alpha in enhancement of invasion and metastasis of colon 26-L5 carcinoma cells in mice by social isolation stress. Oncol Res. 1999; 11(10): 461-9. 31- Wu W, Murata J, Hayashi K, et al. Social isolation stress impairs the resistance of mice to experimental liver metastasis of murine colon 26-L5 carcinoma cells. Biol Pharm Bull 2001; 24: 772-776. 17- Kiecolt-Glaser JK, McGuire L, Robles TF, Glaser R. Psychoneuroimmunology: psychological influences on immune function and health. J Consult Clin Psychol 2002; 70: 537-547. 32- Parker J, Klein SL, McClintock MK, Morison WL, Ye X, Conti CJ, Peterson N, Nousari CH, Tausk FA. Chronic stress accelerates ultraviolet-induced cutaneous carcinogenesis. Journal American Academy Dermatology. 2004; 51(6): 919922. 18- McEwen BS. Glucocorticoids, depression, and mood disorders: structural remodelling in the brain. Metablism Clinical and Experimental. 2005; 54(Suppl1): 20-23. 33- Moyniham JA, Ader R. Psychoneuuroimmunology: animal models of disease. Psychosomatic Medicine 1996; 58:546558. 19- Neumeister A, Wood S, Bonne O, Nugent AC, Luckenbaugh DA, Young T, Bain EE, Charney DS, Drevets WC. Reduced h´ppocampal volume in unmedicated, remitted patients with major depression versus control subjects. Bioi Psychiatry.2005; 57:935-37. 34- Calabrese JR, King MA, Gold PW. Alterations in immunocompetence during stress, bereavement, and depression: focus on neuroendocrine regulation. Am J Psychiat 1987; 144:1123-43. 20- Koolhaas JM, Bohus B. Animal models of stress and immunity. In: Leonard BE, Miller K. Stress, the immune system and psychiatry. Chichester: John Wiley & Sons Ltd. 1996, 70-83. 21- Biondi M, Pancheri P. Clinical research strategies in psychoimmunology: a review of 46 human research studies (1972-1992). In: Leonard BE, Miller K. Stress, the immune system and psychiatry. Chichester: John Wiley & Sons Ltd. 1996, 85-111. 22- Monjan AA, Collector MI. Stress-induced modulation of the immune response. Science 1977; 196:307-8. 23- Visintainer MA, Volpicelli JR, Seligman MEP. Tumour rejection in rats after inescapable or escapable shock. Science, 1982; 216: 437-9. 24- Laudenslager ML, Ryan SM, Drugan RC. et al. Coping and immunosuppression: inescapable but not escapable shock suppresses lymphocyte proliferation. Science 1983; 221: 568-570. 25- Glaser R, Thorn BE, Tarr KL et al. Effects of stress on methyltransferase synthesis: an important DNA repair enzyme. Health Psychol 1985; 4: 403-412. 26- Ben-Eliyahu S, Page GG, Yirmiya R, Sharhar G. Evidence that stress and surgical interventions promote tumor development by suppressing natural killer cell activity. Int J Cancer 1999; 80: 880-8. 35- Schleifer SJ, Keller SE, Meyerson AT, Raskin MJ, et al. Lymphocyte function in major depressive disorders. Arch Gen Psychiatry 1984; 41: 484-486. 36- Leonard BE, Song C. Stress and the immune system in the etiology of anxiety and depression. Pharmac Biochem Behav 1996; 54(1):299-303 37- Zorrilla EP, Luborsky L, McKay JR, et al. The relationship of depression and stressors to immunological assays: a meta-analytic review. Brain Behav Immun 2001; 15(3):199-226. 38- Nunes SOV, Reiche EMV, Morimoto HK, et al. Immune and hormonal activity in adults suffering from depression. Braz J Med Res 2002; 35:581-7. 39- Kronfol Z, House JD. Lymphocyte mitogenesis, immunoglobulin and complement levels in depressed patients and normal controls. Acta Psychiatr Scand 1989; 80: 142-7. 40- Maes M., Meltzer HY, Bosmans E, Bergmans R, et al. Increased plasma concentrations of interleukin-6, soluble interleukin-6, so0000luble interleukin-2 and transferrin receptor in major depression. J Affect Disord 1995; 34: 301-9. 41- Connor TJ, Leonard BE. Depression, stress and immunological activation. The role of cytokines in depressive disorders. Life Sci 1998; 62: 583-606. 42- Kronfol Z, Remick D. Cytokines and the brain: implications for clinical psychiatry. The American Journal of psychiatry 2000; 157: 683-694. DISFUNÇÕES NO SISTEMA IMUNE INDUZIDAS PELO ESTRESSE E DEPRESSÃO Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 19-28 | 27 43- Bartrop RW, Lazarus L, Luchhurst E, et al. Depressed lymphocyte function after bereavement. Lancet 1977; 1: 834-36. 60- Holden RJ, Pakula IS, Mooney PA. An immunological model connecting the pathogenesis of stress, depression and carcinoma. Med Hypotheses 1998; 51: 309-14. 44- Schleifer SJ, Keller SE, Camerino M, et al. Suppression of lymphocyte stimulation following bereavement. JAMA 1983; 250: 374-77. 61- Levav I, Kohn R, Iscovich J, et al. Cancer incidence and survival following bereavement. Am J Public Health 2000; 90: 1601-07. 45- Irwin M., Daniels M., Risch C., et al. Plasma cortisol and natural killer cell activity during bereavement. Biol Psychiatry 1988; 24:173-78. 62- Forlenza MJ, Baum A. Psychosocial influences on cancer progression: alternative cellular and molecular mechanisms. Current Opinion in Psychiatry. 2000; 13: 639-45. 46- Bloom BL, Asher SJ, White SW. Marital disruption as a stressor: a review and analysis. Psychol Bull 1987; 85: 867-94. 63- Cohen L, Marshall GD, Cheng L et al. DNA repair capacity in healthy medical students during and after exam stress. J Behav Med 2000; 23: 531-44. 47- Kiecolt-Glaser JK, Fisher LD, Ogrocki P, et al. Marital quality, marital disruption, and immune function. Psychosom Med 1987; 49: 13-34. 64- Olinski R, Gackowski D, Foksinski M, Rozalski R, Roszkowski R, Jaruga P. Oxidative DNA damage: assessment of the role in carcinogenesis, atherosclerosis, and acquired immunodeficiency syndrome. Free Radic Bio Med .2002; 33: 192-200. 48- Kiecolt-Glaser JK, Stephen RE, Lipetz PD et al. Distress and DNA repair in human lymphocytes. J Behav Med 1985; 8: 311-20. 49- Kiecolt-Glaser JK, Malarkey WB, Chee M et al. Negative behaviour during marital conflict is associated with immunological down-regulation. Psychosom Med 1993; 55: 395-409. 50- Irwin M, Brown M, Patterson T, et al. Neuropeptide Y and natural killer cell activity: findings in depression and Alzheimer caregivers stress. FASEB J 1991; 5: 3100-07. 51- Byrnes MD, Antoni MH, Goodkin K, et al. Stressful events, pessimism, natural killer cell cytotoxicity, and cytotoxic/ suppressor T cells in HIV+ black women at risk for cervical cancer. Psychosom Med 1998; 60: 714-22. 52- Kiecolt-Glaser JK, Garner W, Speicher CE et al. Psychosocial modifiers of immune competence in medical students. Psychosom Med 1984; 46: 7-14. 53- Glaser R, Kiecolt-Glaser JK, Stout JC et al. Stress-related impairments in cellular immunity. Psychiatr Res 1985; 16: 233-39. 54- Schleifer SJ, Keller SE, Bartlett JA, et al. Immunity in young adults with major depressive disorder. Am J Psychiatry 1996; 153: 477-82. 55- Andersen BL, Farrar WB, Golden-Kreutz D et al. Stress and immune responses after surgical treatment for regional breast cancer. J Natl Cancer Inst 1998; 90: 30-36. 56- Pariante CM, Carpiniello B, Orru MG, et al. Chronic caregiving stress alters peripheral blood immune parameters: the role of age and severity of stress. Psychother Psychosom 1997; 66: 199-207. 65- Cooke MS, Evans MD, Dizdaroglu M, Junec J. Oxidative DNA damage: mechanisms, mutations, and disease. FABEB J. 2003; 17: 1195-1214. 66- Irie M, Asami S, Ikeda M, Kasai H. Depressive state relates to female oxidative DNA damage via neutrophil activation. Biochem Biophys Res Commun.2003; 311(4): 1014-8. 67- Marx J. Inflammation and cancer: the link grows stronger; Science.2005; 306: 966-968. 68- Tomei LD, Kiecolt-Glaser JK, Kennedy S, Glaser R. Psychological stress and phorbol ester inhibition of radiation-induced apoptosis PBLs. Psychiatry Res 1990; 33: 59-71. 69- Roberts FD, Newcomb PA, Trentham-Dietz A, Storer BE. Self-reported stress and risk of breast cancer. Cancer 1996; 77: 1089-93. 70- Petticrew A, Fraser J, Regan M. Adverse life events and risk of breast cancer: a meta analysis. Br J Health Psychol 1999; 4: 1-17. 71- Graham J, Ramirez A, Love S, et al. Stressful life experiences and risk of relapse of breast cancer; observational cohort study. BMJ 2002; 321:1420-23. 72- Garssen B, Goodkin K. On the role of immunological factors as mediators between psychological factors and cancer progression. Psychiatry Res 1999; 85: 51-61. 73- Ellison GL, Coker AL, Hebert JR, Sanderson SM, Royal CD, Weinrich SP. Psychosocial stress and prostate cancer: a theoretical model. Etn Dis. 2001; 11(3): 484-95. 57- Jung W, Irwin M. Reduction of natural killer cytotoxic activity in major depression: interaction between depression and cigarette smoking. Psychosom Med 1999; 61: 263-70. 74- Cohen M, Klein E, Kuten A, Fried G, Zinder O, Pollack S. increased emotional distress in daughters of breast cancer patients is associated with decreased natural cytotoxic activity, elevated levels of stress hormones and decreased secretion of Th1 cytokines. Int J Cancer. 2002; 100(3): 347-54. 58- Steel J, Carney M, Carr BI, Baum A. The role of psychosocial factors in the progression of hepatocellular carcinoma. Med Hypotheses. 2004; 62(1): 86-94. 75- Segerstrom SC. Individual differences, immunity, and cancer: Lessons from personality psychology. Brain Behav Immun 2003; 17: S92-S97. 59- Kiecolt-Glaser JK, Robles TF, Heffner KL et al. Psychooncology and cancer: psychoneuroimmunology and cancer. Ann Oncol 2002; 13: 165-69. 76- Kiecolt-Glaser JK, Glaser, R. Depression and immune function. Central pathways to morbidity and mortality. Journal of Psychosomatic Research 2002; 53: 873-876. 28 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 19-28 77- Kiecolt-Glaser JK, McGuire L, Robles TF, Glaser R. Emotions, Morbidity, and Mortality: new perspectives from Psychoneuroimmunology. Annu Rev Psychol. 2002; 53:83107. 78- Glaser R, Kiecolt-Glaser J. Stress-induced immune dysfunction: implications for health. Nature Reviews. 2005; 5:243-251. 79- Morganstern H, Gellert GA, Walter SD et al. The impact of a psychological support program on survival with breast cancer: the importance of selection bias in program evaluation. J Chron Dis 1984; 37: 273. 80- Spiegal D, Bloom JR. Kraemer HC, Gottheil E. Effect of psychosocial treatment on survival of patients with metastatic breast cancer. Lancet 1989; 14: 888-91. 81- Fawzy IF, Kemeny ME, Fawzy NW, et al. A structured psychiatric intervention for cancer patients. Arch Gen Psychiatry 1990; 47: 729-35. 82- Fawzy IF, Fawzy NW, Hyun CS, et al. Malignant melanoma: effects of an early structured psychiatric intervention, coping, and affective state on recurrence and survival 6 years later. Arch Gen Psychiatry 1993; 50: 681-89. 83- La-Raja MC, Virno F, Mechella M et al., Depression secondary to tumors in patients who underwent surgery for mammary carcinoma: psycho-pharmaceutical and psychotherapeutic care. J Exp Clin Cancer Res. 1997; 16: 209-16. 84- Goodwin PJ, Leszcz M, Ennis M et al. The effect of group psychological support on survival in metastatic breast cancer. N Eng J Med 2001; 345: 1719-26. 85- Hernandez-Reif M, Ironson G, Field T, Hurley J, Katz G, Diego M, Weiss S, Fletcher MA, Schanberg S, Kuhn C, Burman I. Breast cancer patients have improved immune and neuroendocrine functions following massage therapy. J Psychosom Res. 2004; 57(1):45-52. REICHE ET AL ARTIGO / Article A Mulher Mastectomizada The Woman and the Mastectomy Roque Andrade Os seios são o único atributo feminino capaz de identificar natural e inequivocamente uma mulher, sem o despudor da nudez. A silhueta das mamas é que confere à adolescente o sinal público da sua feminilidade e da sua lenta passagem à assunção da condição plena de mulher. O ser humano, como um todo, está na ponta do processo evolutivo das espécies, mas a mulher vai algo adiante do homem, não pelos diferenciais da genitália, a doçura da voz, as feições curvilíneas do corpo ou até mesmo as peculiaríssimas especialidades do seu espírito o que a mantém um passo à frente são as mamas, provedoras do leite primordial que sustenta a vida e é o símbolo transcendental da imortalidade. Ao leite está associada a simbologia da abundância, da fertilidade, do conhecimento, do sentido iniciatório do homem, do crescimento espiritual e da vida eterna. Zeus quis conferir poderes divinos e a imortalidade a seu filho Hércules, colocando-o furtivamente, com a cumplicidade de Mercúrio, a sugar o leite da deusa Juno adormecida. O bastardo infante mamou com tanta volúpia que a esposa de Zeus acordou e espavorida, ao repelir afoitamente a ignomínia, fez espargiremse no espaço sideral gotas do seu leite, que de pronto se transformaram em um caminho pontilhado por bilhões de estrelas, a Via Láctea, a galáxia em cujo seio todos vivemos. Assim como Hércules sugou o leite da imortalidade, na mitologia egípcia também o faraó, amamentado por uma deusa, alcançava por este ritual uma nova existência, inteiramente divina, de onde tirava a força para garantir sobre a terra a sua missão soberana. Era também leite que se vertia sobre as 365 mesas de oferendas que cercavam o túmulo de Osíris, o deus Sol, tantas mesas quantos dias no ano, e essas aspersões faziam o deus ressuscitar todas as manhãs, clareando e energizando o Universo. Os seios, além de fonte primordial do leite, e portanto da eternidade, simbolizam a segurança, a maternidade, e o refúgio. É deles que flui a vida, como uma dádiva do céu. O seio direito simboliza o Sol, o esquerdo a Lua. Mas eles, como todo receptáculo e símbolo maternal, carregam também uma promessa de regenerescência, assim é que "a volta ao seio da terra", como toda morte, assinala o prelúdio de um renascimento. Assim como "O seio de Abraão" designa o lugar de repouso dos justos, à espera da graça da ressurreição e por isto ele é relembrado em todas as liturgias funerárias. A autêntica feminilidade da mulher, grande parte do seu fascínio, reside exatamente na sedução dos seios, seja pela realidade consciente e objetiva de seus eróticos contornos, seja pela mensagem subliminar de tantos mitos impregnados milenarmente no inconsciente coletivo. A tradição árabe, desde os tempos auspiciosos dos califados de Bagdad - das Mil e uma noites de Damasco, e de Córdoba, na Espanha Sarracena - quando a civilização moura febricitava sobre o mundo, sob o Califa Haroun Al Raschid, sempre acreditou, * Oncologista Clínico. Diretor Médico da ONCO - Sociedade de Oncologia da Bahia. Diretor de Marketing da Associação Médica Brasileira * e ensinou, que só haviam três caminhos para se encontrar a felicidade na terra nas páginas de um bom livro (a erudição); no lombo de um bom cavalo (coragem, destemor); e nos seios da mulher (amor, eternidade). A identificação da mulher com o pecado, implícita na lenda do Jardim Edênico, é um dos mais cruéis desvios impostos à natureza e à história da civilização, posto não haver felicidade humana sem mulher "- a semente é o símbolo mágico do ciclo infinito". Há ainda, nos seios, uma cumplicidade visceral com a mulher eles são os ornamentos que não se manifestam desde o berço, ao nascer. Despontam exatamente quando a jovem inicia a sua jornada heróica de mulher e se modelam quando ela está pronta às sagradas missões que a vida lhe confere, como um atestado de competência ou o passaporte com que se há de apresentar às delícias e provações do mundo. É como se eles lhe sussurrassem aos ouvidos dúbios vá cumprir o teu destino, tu já és plenamente mulher!... Cumprir o teu destino, plenamente mulher! E os poetas de todos os tempos te haverão de saudar, nas tranças dos teus cabelos; nos contornos das linhas sediças; no aroma do teu corpo em flor, no teu canto de sereia, sedutor; na redoma dos teus seios de alabastro. E te dirão, mulher, quando eventualmente lhes negar os seios, a suprema dádiva da felicidade e da eternidade. "Teus seios, são dois frutos proibidos, maduros pomos que me fogem à mão. Promessas e prazeres não vividos, Jardim do Éden que não teve Adão. Encantos de perfumes coloridos, recamos do teu corpo, sedução ... Buquês de rosas nem sequer colhidos e pétalas perdidas pelo chão. Não os festeja o beijo apaixonado, nem a volúpia do teu bem amado neles encontra calmaria e cais. É que não sabes, o calor do seio semelha um porto, de amarras cheio, e atraca amantes, que não zarpam mais." Seios Proibidos Ernane N. A. Gusmão Mas não! Mulher inteira serás, magnânima, generosa, mesmo que o destino te arranque um seio. Ou até dois. Os seios são um símbolo tão forte, deixam impregnada no cérebro a marca indelével da sua representação. Com reconstrução ou sem reconstrução. Com reparação ou sem reparação. Com remodelagem ou sem remodelagem, serás sempre mulher, um passo à frente Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 29-30 | 29 30 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 29-30 na ponta do processo evolutivo da espécie. A Mastectomia é algo a princípio doloroso, por vezes trágico, mas nem por isto negador da feminilidade, do aguerrido e afirmativo espírito da mulher. A Mastectomia é algo a que alguém se submete, na porfia, na luta do dia-a-dia, na afirmação do ser intimorato que aceita e enfrenta galhardamente as tormentas da vida, em nome do sagrado direito de viver. Vou contar-te, mulher mastectomizada, uma estória, meio lendária mas muito explícita do que podem construir mulheres de um peito só. As Amazonas. Elas eram guerreiras, e tão destemidas como as Valquírias, ninfas do palácio do deus Votan, que em seus corcéis rápidos como nuvens fagueiras, desdobravam-se em exemplos de bravura, oscilando entre a embriaguez dos arrebatamentos e a ternura das recompensas. As Amazonas representam uma sobrevivência, ou reminiscência, das sociedades matriarcais. Costumavam amputar ou queimar um dos seios - geralmente o direito - para melhor apoio do arco retesado ou da lança, tão corriqueiramente utilizados em suas guerras e escaramuças. Eram filhas de Marte, o deus da Guerra. Não importa aqui recordar as difíceis relações das Amazonas com os homens, mas elas foram heróicas aliadas do povo troiano, contra os gregos, na Guerra de Tróia. Seu ímpeto só se desfez quando sua impetuosa rainha Pentesiléia, enfrentando os helenos em grande desvantagem, tombou com um profundo golpe de lança no peito direito, desferido pelos também heróicos Aquiles e Ajax. A rainha e seu cavalo rolaram na poeira e a alma de guerreira que ela possuía abandonou o corpo feminino da Amazona. Aquiles, feliz com sua vitória, observando o corpo inerte de Pentesiléia, admirou a finura e o brilho de seus cativantes atrativos. Até na morte uma graça divina brilhava sobre o seu rosto de mulher - os gregos viram em seu esplendor todo o encanto e a graça de Ártemis, a Diana dos latinos, deusa da Caça. Todos à sua volta desejaram as carícias de uma mulher tão bela e o próprio Aquiles sentiu em seu coração um lancinante arrependimento por havê-la imolado - a Rainha das Amazonas, a guerreira de um peito só, brava na vida admirada, ainda, na morte, e desejada por todos os mortais que a viram. O tempo das Amazonas passou. Restou-lhes a lenda. O patronímico Amazonas - do grego A = sem, mazon = seio, ficou na História, na Mitologia, em antropônimos atuais e especialmente na nominação da maior reserva ecológica do Planeta, em extensão, biodiversidade, recursos naturais e hidrografia, a nossa Amazônia peito e pulmão do mundo. A Amazônia respira pelo planeta. E tem um peito só, a formidável hiléia subequatorial. Por mais que a tenham amputado em suas reservas, ela está aí, reafirmando a sua presença e rugindo, alto e bom som, a força e a importância de sua floresta verde perenifólia. As Amazonas. A Amazônia. Elas são como as mulheres mastectomizadas. Têm peito e têm raça. Nunca desistem. Se caírem um dia, cairão de pé, amparadas na lança ou no machado. Mas deixarão um exemplo. O exemplo da luta. De um peito, que é o símbolo da imortalidade. A AMAZONA ANDRADE REFERÊNCIAS 1. Ions, Verônica., História Ilustrada da Mitologia, Primeira Edição Brasileira, 1999 2. Bulfinsh, Thomas., 1796-1867 - O Livro de Ouro da Mitologia: (a idade da fábula): História de Deuses e Heróis, Ed. Ouro, 2002 3. Gusmão, Ernane Nelson Antunes, 1941, Ursa Maior Versos e Apontamentos, Press Color Ltda., 1989 ARTIGO / Article Perfil Nutricional das Pacientes com Câncer de Mama em Quimioterapia Nutritional Profile of Patients with Breast Cancer on Chemotherapy Patrícia Villas-Bôas de Andrade * Resumo O câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres, sendo responsável pelo grande número de óbitos. O tratamento quimioterápico tem se mostrado eficaz, entretanto apresenta diversos efeitos colaterais. O objetivo desse trabalho é relatar o perfil nutricional e as queixas mais frequentes das pacientes com câncer de mama em quimioterapia. Foram estudadas 152 pacientes, dentre as quais, 43,5% foram classificadas como obesas. As queixas mais referidas foram ganho de peso (39,6%), alterações de exames laboratoriais (28,5%) e constipação intestinal (25,9%).Há necessidade de orientação nutricional visto que os sintomas mais comuns podem estar relacionados aos maus hábitos alimentares. Palavras-chave Câncer de mama, quimioterapia, obesidade, orientação nutricional. Abstract Breast cancer is the most common tumor among women and it is also associated with the largest number of deaths. Despite the efficacy of chemotherapy, most patients have side effects during the treatment. The objective is to relate the nutritional profile with the most common complaints of patients with breast cancer on chemotherapy. It was studied 152 patients with breast cancer on chemotherapy. According to the nutritional classification 43,5% were obese. The most complaints described were weight gain (39,6%), changes in laboratory exams (28,5%) and constipation (25,9%). The results stress the importance of nutritional intervention, once the most common symptoms may be related to bad food habits. Key words Breast cancer, chemotherapy, obesity, nutritional intervention. INTRODUÇÃO Em países industrializados, o câncer de mama é a segunda causa de morte por câncer em mulheres (1). De acordo com dados encontrados na literatura, o sobrepeso, a obesidade e o sedentarismo contribuem com 20%-25% dos casos (2,3). Mulheres com sobrepeso ou obesas têm 50%-250% mais chances de desenvolverem a doença (3). Existe uma correlação positiva entre o ganho de peso e o risco de câncer de mama (4,5,6).O ganho de peso é um efeito colateral comum encontrado em mulheres submetidas ao tratamento * Oncoclínica - Centro de Tratamento Oncológico - RJ Nutricionista da Oncoclínica- Centro de Tratamento Oncológico- RJ quimioterápico adjuvante e pode ter implicações negativas na sobrevida (7,8,9). Alguns estudos sobre prognóstico de mulheres obesas com câncer de mama mostram que a sobrevida livre de doença é menor nas pacientes obesas (4). Dentre as possíveis causas de ganho de peso, tem sido proposto um efeito direto da quimioterapia no metabolismo (7), levando à redução no gasto energético basal e consequentemente ao ganho de massa gorda; pois a mulher não consegue reduzir a ingestão calórica em detrimento do menor gasto energético (9), desenvolvendo, então, a obesidade sarcopênica (7,8). Todas as modalidades de tratamento como a cirurgia, a radio, a quimioterapia e a hormonioterapia podem ser adversamente afetadas na presença de obesidade (4). O peso corporal deve Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 31-32 | 31 32 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 31-32 ser mantido para alcançar um Índice de Massa Corporal entre 18.5-25 kg/m (6). Prevenir o ganho de peso nessas pacientes, pode ser importante na redução das chances de recorrência da doença, assim como de outras comorbidades associadas (8,9). ANDRADE resultados da classificação nutricional, na qual grande parte das pacientes encontra-se com obesidade grau 1. O pequeno percentual de pacientes com queixa de perda de peso estava relacionado ao grau avançado da doença. O presente trabalho tem como objetivo relatar o perfil nutricional e as queixas mais frequentes das pacientes com câncer de mama em tratamento quimioterápico. MATERIAL E MÉTODOS Foram estudadas 152 pacientes com câncer de mama em tratamento quimioterápico. Na primeira consulta foi realizada a avaliação antropométrica e a classificação nutricional utilizando-se o parâmetro de GARROW (12). Foi feito um registro dos sintomas mais referidos pelas pacientes. Os resultados ressaltam a importância da orientação nutricional visto que os sintomas mais comuns podem estar relacionados aos maus hábitos alimentares. Após o início do tratamento, os fatores psicológicos, o uso de medicamentos ou mesmo o sedentarismo podem agravar essas queixas. REFERÊNCIAS 1. Nkondjock A, Ghadirian P. Risk factors and risk reduction of breast cancer Med Sci (Paris). 2005 Feb;21(2):175-80. RESULTADOS A média de idade das pacientes foi de 54,5 anos (± 12,2). De acordo com a classificação nutricional, 13,8% eram desnutridas; 42,7% eutróficas e 43,5% obesas; sendo 57,6% obesidade grau 1, 33,4% obesidade grau 2 e 9% obesidade grau 3. Das pacientes obesas, a média de peso pré quimioterapia foi de 72Kg (± 12,8), a média após o início do tratamento foi de 78,6Kg (± 14,8) e a média de IMC, de 31,1 (±5,24). Os sintomas mais comuns referidos pelas pacientes podem ser vistos na tabela abaixo (Tabela 1). Tabela 1 Incidência dos sintomas mais comuns relatados pelas pacientes em quimioterapia Sintomas CONCLUSÕES Percentual de pacientes Ganho de peso 39,6% Alteração de exames laboratoriais Hipercolesterolemia Hiperglicemia Hipertrigliceridemia 28,5% Constipação intestinal 25,9% Perda de peso 12,9% Náuseas / vômitos 9,7% Flatulência 7,1% Diarréia 6,4% Epigastralgia 5,8% Perda de apetite 5,8% Alterações de odor e paladar 5,1% Mucosite 1,9% 34% 41% 25% 2. Greenwald P. Lifestyle and medical approaches to cancer prevention. Recent Results Cancer Res. 2005;166:1-15. 3. McTiernan A. Behavioral risk factors in breast cancer: can risk be modified? Oncologist. 2003;8(4):326-34. 4. Carmichael AR, Bates T. Obesity and breast cancer: a review of the literature. Breast. 2004 Apr;13(2):85-92. 5. Stoeckli R, Keller U. Nutritional fats and the risk of type 2 diabetes and cancer. Physiol Behav. 2004 Dec 30;83(4):611-5. 6. Key TJ, Schatzkin A, Willett WC, et al. Diet, nutrition and the prevention of cancer. Public Health Nutr. 2004 Feb; 7(1A):187-200. 7. Del Rio G, Zironi S, Valeriani L, et al. Weight gain in women with breast cancer treated with adjuvant cyclophosphomide, methotrexate and 5-fluorouracil. Analysis of resting energy expenditure and body composition. Breast Cancer Res Treat. 2002 Jun;73(3):267-73. 8. Demark-Wahnefried W, Peterson BL, Winer EP, et al. Changes in weight, body composition, and factors influencing energy balance among premenopausal breast cancer patients receiving adjuvant chemotherapy.J Clin Oncol. 2001 May 1;19 (9):2381-9. 9. Harvie MN, Campbell IT, Baildam A, Howell A. Energy balance in early breast cancer patients receiving adjuvant chemotherapy. Breast Cancer Res Treat. 2004 Feb;83(3):201-10. 10. Kumar, N, Allen, KA, Riccardi D, et al. Fatigue, weight gain, lethargy and amenorrhea in breast cancer patients on chemotherapy.: is subclinical hypothyroidism the culprit? Breast Cancer Res Treat. 2004 Jan; 83 (2): 149-59. 11. Lankester KJ, Phillips JE, Lawton PA. Weight gain during adjuvant and neoadjuvant chemotherapy for breast cancer: an audit of 100 women receiving FEC or CMF chemotherapy. Clin Oncol (R Coll Radiol) 2002 Feb; 14 (1): 64-7. 12. Garrow JS, Webster J. Quetelet's index (W/H2) as a measure of fatness. Int J Obesity 1985 9:147. Cerca de 44 pacientes apresentavam comorbidades associadas, sendo 20,7% hipertensas e 7,8% diabéticas. A queixa principal foi o ganho de peso, que correlaciona-se com os dados relatados na literatura (7,8,9,10,11) e com os RELATO DE CASO Lesão Amigdaliana: Uma Manifestação de Mieloma Múltiplo Marcelo Eduardo Capra Zanella Alessandra Bastian Francesconi Fabiano Hanh de Souza Gustavo Pereira Zerwes Leonardo Polli Maurício Bittencourt Rosa Renato Cramer Peixoto Júnior Rui Fernando Weschenfelder Paciente E.L.S., 49 anos, masculino, branco. Apresenta-se, em maio de 2000, com dor em membro inferior direito, sendo diagnosticado plasmocitoma em porção isquiopúbica direita. Na avaliação clínico- laboratorial complementar, obteve-se o diagnostico de Mieloma Múltipo EC IIIA. O paciente realizou tratamento radioterápico local, seguido de cirurgia ortopédica para fixação de MID. Fez tratamento sistêmico com quimioterapia e pamidronato de outubro de 2000 a outubro de 2001. Manteve-se em seguimento, sem evidência de progressão de doença até fevereiro de 2005, quando apresentou aumento de linfonodo cervical direito concomitante a um desconforto na cavidade oral e disfagia. Os exames evidenciaram aumento de Imunoglobulina G (Ig G) e a CT de região cervical mostrou duas massas com densidade de partes moles: uma na parede lateral da orofaringe de 3,0 x 2,7 cm de diâmetro, bem como outra em região cervical à direita, na cadeia jugulo-carotídea superior, provavelmente relacionada a conglomerado linfonodomegálico de 5,0 x 3,5 cm de diâmetro (figura 1). A nasofaringolaringoscopia evidenciou abaulamento de orofaringe à direita. Realizou cirurgia diagnóstica, em junho de 2005, sendo ressecada a amígdala palatina direita. O anátomo-patológico, confirmado através de exame imunohistoquímico, foi conclusivo para Mieloma de Células Plasmáticas. Interna no Serviço de Hematologia do Complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, para reestadiamento e conduta terapêutica. Apresenta hemograma e função renal normais, Beta-2 microglobulina e IgG elevadas, proteinograma sérico com pico gama, biópsia de medula óssea negativa para infiltração medular e tomografias de região cérvico-tóraco-abdominal demonstrando acometimento linfonodal difuso. Diagnóstico final de Mieloma Multiplo secretor de IgG, EC IIIA com acometimento de amígdala palatina direita e linfonodos cervicais, mediastinais e retroperitoniais. Discussão Mieloma Múltiplo e uma neoplasia relativamente incomum representando 1% das malignidades em homens brancos e 2 % em homens africanos. A média de idade do diagnostico é 71 anos. Os pacientes podem apresentar-se assintomáticos ou com uma variedade de sintomas, incluindo manifestações hematológicas, alterações ósseas, infecções, disfunções orgânicas, queixas neurológicas ou sangramento fácil. Estes sinais e sintomas são decorrentes do envolvimento direto da medula óssea ou plasmocitomas extramedulares, efeito de produtos derivados de células tumorais, do microambiente medular e seus efeitos no sistema imune. * Serviço de Hematologia da Santa Casa de Porto Alegre -RS * * * * * * * * As manifestações extramedulares são incomuns na apresentação. No entanto, tais manifestações têm sido observadas na doença avançada ou recorrência após transplante alogênico. Plasmocitomas extramedulares tem sido descritos no fígado, baço, linfonodos, rins, tecidos subcutâneos e parênquima cerebral. O surgimento de plasmocitoma extramedular na topografia de cabeça e pescoço é muito raro, sendo mais comumente encontrado no trato aereodigestivo. O tratamento do plasmocitoma extra-medular depende do estagio da doença ao diagnóstico, podendo compreender cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Pacientes com Mieloma Múltiplo apresentam prognóstico variável, com sobrevida menor de 1 ano na doença agressiva e até mais de 10 anos na apresentação indolente. Atualmente, o Mieloma apresenta caráter incurável, porém alguns pacientes podem apresentar sobrevida global prolongada, especialmente após tratamento com quimioterapia em altas doses com resgate por transplante autólogo de medula óssea. REFERÊNCIAS 1. Nolan KD. Plasma cell neoplasms Review of disease progression and report of a new variant. Surg Oncol. 2005 Aug;14(2):85 2. Guler N. Extramedullary plasmacytoma: tumor occurrence and therapeutic concepts. Cancer. 1999 Jun 1;85(11):2305 3. Susnerwala SS. Extramedullary plasmacytoma of the head and neck region: clinicopathological correlation in 25 cases. Br J Cancer. 1997;75(6):921 4. Borges GS. Retromolar mass as manifestation of multiple myeloma. Lancet Oncol. 2004 Oct;5(10):599 Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 33-34 | 33 Case Report Tonsil Lesion: A Multiple Myeloma Manifestation Marcelo Eduardo Capra Zanella Alessandra Bastian Francesconi Fabiano Hanh de Souza Gustavo Pereira Zerwes Leonardo Polli Maurício Bittencourt Rosa Renato Cramer Peixoto Júnior Rui Fernando Weschenfelder E.L.S., 49 years old, male, white. In May 2000, the patient complained of right inferior limb pain, having a diagnosis of plasmocytoma in the right pelvis. In the following exams, he was diagnosed Multiple Myeloma clinical stage IIIA. The patient has undergone local radiotherapic treatment, followed by ortopedic surgery for right limb fixation. He got sistemic tretament with chemotherapy and pamidronate from October 2000 to October 2001. In follow up, without disease progression till february 2005, when he began to complain about a growing right cervical node, oral disconfort, dysfagia, Ig G rising and a cervical CT showing two masses with soft tissue density: one in the oropharynx lateral wall with 3,0 x 2,7 cm, and another in the right cervical region, in the upper jugular-carotidea chain, probably related to linfonodes fusion with 5,0 x 3,5 cm (figure 1). He got a nasopharingealaringoscopy, that showed a right tonsil growth. After a diagnostic right tonsil ressection, the anatomopatologic diagnosis, confirmed by imunohistochemistry exam, of Plasma Cells Myeloma. He was admitted in the Hematology Department of the Complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre-RS, to reevaluation and therapeutic managment. CBC and renal function tests normal. Elevated B-2 microglobulin and Ig G, serum protein electrophoresis showing a gama peak, a negative bone marrow biopsy and cervical-toraco-abdominal CTs showing difuse nodal disease. Final diagnosis of Ig G Multiple Myeloma clinical stage IIIA with right tonsil, cervical, mediastinal and retroperitoneal nodes disease Discussion Multiple Myeloma is a relatively uncommon, representing 1% of all malignancies in white and 2% in african american. The main age at diagnosis is 71 years old. The patients may be entirely asymptomatic or may present with a myriad of symptons, including: hematologic manifestations, bone related problems, infections, various organs dysfunctions, neurologic complaints or bleeding tendencies. The signs and symptons result from direct tumor involvement in bone marrow or extramedullary plasmocytoma, efect of the tumor cells products, the bone marrow microenvironment and effects on the immune system. The extramedullary manifestations are uncommon at diagnosis. However, these manifestations has been observed in advanced disease or recurrence after allogenic transplantation. Extramedullary plasmocytomas have been * Hematology Service of the Santa Casa de Porto Alegre-RS 34 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 33-34 * * * * * * * * described in the liver, spleen, linfatic nodes, kidneys, subcutaneous tissues and cerebral parenchyma. The extramedullar plasmocytoma occurrence in the head and neck topography is rare, usually being found in the aerodigestive tract. The extramedullar plasmocytoma treatment depends on the disease clinical stage at diagnosis, including surgery, radiotherapy and chemotherapy. Multiple myeloma patients have a variable prognosis, with survival ranging from less than 1 year in the agressive disease to more than 10 years in the indolent or sensitive disease. Nowadays, such disease has incurable caracter, however some patients can show a longer global survival, specially after high dose chemotherapy treatment with autologus transplant rescue. REFERÊNCIAS 1. Nolan KD. Plasma cell neoplasms Review of disease progression and report of a new variant. Surg Oncol. 2005 Aug;14(2):85 2. Guler N. Extramedullary plasmacytoma: tumor occurrence and therapeutic concepts. Cancer. 1999 Jun 1;85(11):2305 3. Susnerwala SS. Extramedullary plasmacytoma of the head and neck region: clinicopathological correlation in 25 cases. Br J Cancer. 1997;75(6):921 4. Borges GS. Retromolar mass as manifestation of multiple myeloma. Lancet Oncol. 2004 Oct;5(10):599 ONCOLOGIA BASEADA EM PROVAS / Oncology evidence-based Doença de Hodgkin Hodgkin's Disease Carlos Eugênio Santiago Escovar* Resumo O sucesso atingido no tratamento do Linfoma de Hodgkin nas últimas décadas nos trouxe um paradigma no quais muitos dos tratamentos atuais são baseados. A combinação de quimioterapia com radioterapia no tratamento da doença de Hodgkin obteve resultados que atualmente conferem uma possibilidade real de cura para 75 % dos pacientes com esta patologia independentemente do estágio.Atualmente a discussão foca-se em qual tratamento deve ser o adequado,com a tentativa de reduzir-se duração e agressividade do tratamento.Também enfocaremos o papel da quimioterapia de altas doses nos pacientes com Linfoma de Hodgkin. Por fim,nosso objetivo é realizar uma revisão da terapêutica atual e seus resultados Palavras-chave Linfoma de Hodgkin, Doença de Hodgkin, Linfoma. Abstract The success that has been achieved in treatment of Hodgkin's Lymphoma in the last few decades has provides a paradigm on which much of modern treatment is based. The combination of chemotherapy and radiotherapy in the treatment of Hodgkin's disease brought us results of up to 75% of cure rates in newly diagnosis patients. Today, we discuss the amount of treatment that is necessary to obtain cure, its intensity and duration. We also want to discuss the high dose chemotherapy in patients with Hodgkin's Lymphoma.So; our goal is review the modern therapeutics and its results. Key words Hodgkin's lymphoma, Hodgkin's Disease, Lymphoma. INTRODUÇÃO O sucesso atingido nas últimas décadas com o tratamento combinado de quimioterapia e radioterapia para o Linfoma de Hodgkin foi tão afirmativo que muitos do tratamento modernos para diversas neoplasias baseam-se na sua estrutura. Os estudos iniciais do linfoma de hodgkin são hoje considerados estudos fundamentais para avaliação e controle de efeitos tardios dos tratamentos oncológicos. Estes estudos foram os primeiros a utilizar métodos de randomização prospectiva, (isto há mais de 4 décadas) e tornaram -se referências através dos anos. Sabe-se hoje que o sucesso no tratamento da doença de Hodgkin está associado a diversos fatores,sendo os mais importantes à ausência de sintomas sistêmicos,o estágio da doença,presença de massas linfonodais grandes e a adequada escolha do tratamento para cada paciente. Outros fatores importantes são a idade (tratamento para pacientes jovens requer atenção especial) sexo, velocidade de eritrossedimentação, doença infra-diafragmática, hematócrito e o número total de sítios linfonodais envolvidos (1,2). * Hematologista do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre O tratamento baseado em quimioterapia, associada ou não, a radioterapia e até mesmo quimioterapia de altas doses com resgate de células progenitoras oferece ao paciente com doença de hodgkin um arsenal grande e uma real chance de cura que poucas patologias onco-hematológicas podem oferecer.Dependendo do tempo da duração da remissão após tratamento de primeira linha,os pacientes podem ainda ser curados com a instituição de outro protocolo de tratamento. Outros pacientes podem ser curados com quimioterapia de altas doses (3). A mortalidade pela recidiva de doença de Hodgkin é a maior causa de mortalidade dos pacientes até 15 anos do fim do tratamento. Após este período, a morte por outras causas sobrepõe-se em muito a mortalidade pela doença de Hodgkin (4). Esta revisão será feita não com a intenção de esgotar o assunto, mas sim oferecer aos médicos oncologistas e hematologistas, a visão atual do tratamento ideal da doença de Hodgkin baseada na opinião de experts e em revisão da literatura indexada disponível até o momento. Revisaremos a classificação, estadiamento e principalmente o tratamento do linfoma de hodgkin, que nos dias de hoje é o tema que mais suscita discussões, com vários pontos de vista quanto a melhor duração do tratamento, a necessidade de associação de radioterapia e Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 35-40 | 35 36 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 35-40 quimioterapia e o real papel da quimioterapia de altas doses com resgate de células progenitoras no tratamento. Iniciaremos realizando uma revisão sucinta da classificação histológica, após revisaremos o estadiamento e os fatores prognósticos para finalmente discutirmos as peculiaridades do tratamento. PATOLOGIA A classificação histológica do Linfoma de Hodgkin foi padronizada e atualmente todos os grupos de patologia utilizam a classificação Real/Organização Mundial da Saúde (OMS) para a classificação do Linfoma de Hodgkin (5,6). Os tipos histológicos ficaram assim definidos: 1) DOENÇA DE HODGKIN clássica: Esclerose nodular Celularidade mista Depleção linfocitária Predominância linfocitária 2) DOENÇA DE HODGKIN NODULAR c/ predominância Linfocitária O linfoma nodular com predominância linfocítica é uma entidade clinico - patológica de células B distinta do linfoma de Hodgkin tradicional (7-9). O perfil imunofenotípico mostra expressão de CD15-, CD20+, CD30- e CD45+ enquanto a doença de Hodgkin tradicional apresenta CD20-, CD30+ e CD45-. Pacientes com Linfoma nodular com predominância linfocitica apresentariam doenças mais precoces e menos falhas de tratamento que o paciente com Hodgkin clássico. Esta entidade é mais freqüente em pacientes masculinos jovens com doença inguinal mas sem envolvimento mediastinal. O maior estudo foi realizado por Diehl, Sextro et al englobando 426 pacientes e foi incapaz de demonstrar diferenças na resposta clínica ou na sobrevida dos dois grupos (Nível de evidência III Grau de recomendação A).(10) ESTADIAMENTO O estadiamento correto da doença de Hodgkin apresenta um papel fundamental na decisão terapêutica. A definição do estádio é feita baseada na combinação de estadiamento clínico e patológico. Estadiamento clínico inclui história clínica, exame físico, provas hematológicas que necessariamente contenham hemossedimentação, prova de função hepática e renal, e exames de imagem. Atualmente é aceito como método padrão a tomografia do tórax e abdôminopélvica (11). A Tomografia Computadorizada com emissão de pósitrons (PETCT) associada à tomografia, pode substituir quando necessário a linfografia e a cintilografia com gálio (12-14). O uso da PETCT na avaliação da resposta ao tratamento para evitar acréscimo de terapias desnecessárias, ainda mantém-se sob investigação. Envolvimento da medula óssea ocorre em 5% dos pacientes e a biópsia de medula deverá ser realizada em pacientes com sintomas constitucionais ou com qualquer citopenia marcada. A laparotomia para estadiamento não encontra sustentação científica após o advento da tomografia e do PET CT. O sistema de estadiamento utilizado, ainda é o sistema adotado em 1971 na Conferência de Ann Arbor, com pequenas modificações, 18 anos após, no Meeting de Cotswolds (11). GRUPOS DE ESTADIAMENTO Os estágios I, II, III e IV do linfoma de Hodgkin do adulto podem ser sub-classificados em A ou B, de acordo com a presença ou ausência de sintomas constitucionais. A presença E S C O VA R de qualquer dos seguintes sintomas, coloca o paciente como portador do subgrupo B: - perda de + de 10 % peso corporal sem explicação nos últimos 6 meses - febre acima de 38 ° C sem outra causa - sudorese noturna profusa. Nota: os sintomas B mais significativos são febre e perda de peso. Sudorese noturna sozinha não confere pior prognóstico. Prurido como sintoma sistêmico mantém-se controverso e não é considerado como sintoma B pela classificação de Ann Arbor a não ser que seja recorrente, generalizado e sem outra explicação. A designação E é utilizada quando a neoplasia surge em tecidos não linfáticos, mas que estão próximos as grandes cadeias linfáticas. Doença Estádio IV refere-se à doença que apresenta disseminação além do tecido linfático como por exemplo o fígado. Se comprometimento patológico de sítios extra-nodais é comprovado, o símbolo do sítio seguido de (+) é colocado no estadiamento. SÍTIOS IDENTIFICADOS: N = linfonodos S = baço H = fígado P = pleura L = pulmão O = ossos M = medula óssea D = pele. Estágios Estágio I: envolvimento de um único sítio linfonodal ou extra nodal.(IE) Estágio II: envolvimento de 2 ou mais linfonodais do mesmo lado do diafragma. Estágio III: envolvimento de linfonodos nos dois lados do diafragma. Estágio IV: envolvimento de múltiplos órgãos extra nodais com ou sem envolvimento linfonodal ou envolvimento de um órgão extra-nodal com envolvimento linfonodal a distância. Massa mediastinal com mais de 10 cm, é considerada doença maciça ou BULKY, e deve receber atenção especial (15). Muitos investigadores separam os pacientes com estágios I e II em prognóstico favorável ou desfavorável baseado em fatores prognósticos. Os pacientes no grupo favorável são tratados terapias de curta duração, enquanto os pacientes com prognóstico desfavorável são tratados com terapias combinadas. Os pacientes do grupo com prognóstico favorável e com doença inicial podem ser tratados somente com radioterapia (16-24). Os pacientes nestes subgrupos possuem uma chance de cura de 80 % somente com radioterapia (1925). Os fatores prognósticos são assim designados: -hemossedimentação < 50 - pacientes com menos de 50 anos -histologia : esclerose nodular e predominância linfocitária - ausência de sintomas B -menos de 3 sítios envolvidos - sem doença maciça (bulky). O International Prognostic Factors Project on Advanced Hodgkin´s lymphoma desenvolveu um escore prognóstico baseado em 7 fatores prognósticos adversos (26): - albumina < 4 g/dl - hemoglobina < 10,5 g/ dl - sexo masculino DOENÇA DE HODGKIN - 45 anos ou mais - Estágio IV - Leucócitos acima de 15.000 - contagem de linfócitos < 600 ou < que 8 % da contagem leucocitária total. Mesmo os pacientes com risco alto, com mais de 4 fatores prognósticos adversos, possuem uma chance de cura de 42% a 51% em 5 anos com terapia de primeira linha (26). ⇒ Nível de evidência III Grau de recomendação D. Este escore encontra-se baseado em estudos que randomizaram mais de 4000 pacientes com doença avançada e possui um peso estatístico significativo Nestes estudos os pacientes foram tratados com protocolos como ABVD ou outros semelhantes (26, 27). TRATAMENTO DA DOENÇA DE HODGKIN N OS ESTÁGIOS INICIAIS OU DOENÇA LIMITADA As sociedades européia e americana de oncologia estimam que anualmente sejam diagnosticados 20.000 novos casos de Hodgkin. Destes, de 6000 a 7000 pacientes serão diagnosticados com doença limitada, ou seja, Estágios I e II sem sintomas B associados. A grande maioria destes pacientes obterá a cura após o tratamento, e o desafio colocado aos oncologistas, hematologistas e pesquisadores de hoje, é a otimização do tratamento para que este objetivo seja atingido com a menor toxicidade e maior eficiência possível. As abordagens terapêuticas hoje existentes nos permitem eliminar quase por completo a possibilidade de recidiva e mesmo assim minimizar a toxicidade a longo prazo. Para que este objetivo seja plenamente atingido devemos nos ater a alguns pontos cruciais que nos permitam uma boa elaboração terapêutica. Entre estes pontos, estão incluídos a definição de doença limitada, a escolha do regime terapêutico e a intensidade e abrangência da radioterapia. Os pacientes considerados com doença limitada são aqueles portadores de estágios I e II, sem sintomas B e sem doença bulky. Pacientes com sintomas B foram excluídos deste grupo devido a recidivas em até 25% . O tratamento destes pacientes é campo fértil para discussões sobre qual a melhor terapêutica, qual a melhor duração de tratamento e se a possibilidade de realizar-se radioterapia como tratamento único é pertinente e não acarretará piora nos índices de sobrevida. A radioterapia possui mais de 50 anos de utilização e experiência, comprovando sua eficiência em doença localizada. No entanto, a partir da década de noventa, vários estudos questionaram principalmente a toxicidade a longo prazo da radioterapia, que está associada a aumento de doenças cardiovasculares, pulmonares, em mamas e trato gastrintestinal (28-33). A partir daí, inúmeros estudos tentaram comprovar a eficiência da quimioterapia como complementação ou substituição da radioterapia. Três grupos destacaram-se nesta linha, o grupo de Milão, o Grupo Canadense e mais recentemente, e com maior peso, o grupo alemão.Todos os grupos associaram ABVD à radioterapia. O grupo de Milão, coordenando por Bonfante utilizou 4 ciclos de ABVD à radioterapia com campos envolvidos, em comparação com radioterapia de campos estendidos como tratamento único. Os resultados demonstraram igualdade na sobrevida livre de doença mas não conseguiram provar superioridade da radioterapia com campos envolvidos perante a radioterapia de campos estendidos (34). ⇒ Nível de evidência I Grau de recomendação D. Os estudos do grupo Canadense, capitaneados por Connors e do Grupo alemão, coordenados por Tesch e Sieber foram publicados recentemente e foram fundamentais para a confirmação de que o uso de quimioterapia com 2 ciclos de ABVD associado à radioterapia possui resultados iguais à Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 35-40 | 37 radioterapia e ocasionam menos efeitos tóxicos tardios (3536). ⇒ Nível de evidência I Grau de recomendação A. Por último, o estudo do ECOG associado ao grupo do NCI Canadense cujos resultados serão publicados ainda este ano comprovou que 4 ciclos de ABVD sem radioterapia possuem o mesmo resultado, definindo assim a terapêutica menos extensa de doença localizada como padrão ouro (37). ⇒ Nível de evidência I Grau de recomendação A. TRATAMENTO DA DOENÇA DE HODGKIN AVANÇADA A doença de Hodgkin avançada durante longo tempo foi considerada incurável, sendo que somente na década de 70, com o advento da quimioterapia esta realidade foi alterada. O primeiro esquema utilizado foi o MOPP, que produziu taxas de resposta de até 80% e sobrevida longa de 50% (38) O protocolo ABVD foi desenvolvido pelo grupo de Milão em 1973, e apresentava menos toxicidade a longo prazo, menos infertilidade, menos leucenogênese e menos menopausa prematura (27). O protocolo também foi amplamente utilizado na década de 80 associados ao MOPP, compondo o protocolo MOPP/ABV híbrido. Recentemente, em um estudo fundamental o CALGB comparou o ABVD com MOPP/ABVD e com MOPP (39). Os resultados foram muito claros e mostraram que tanto o ABVD quanto o MOPP/ABVD são superiores ao MOPP em termos de progressão livre de doença. ⇒ Nível de evidência I Grau de recomendação A. A conclusão definitiva deste estudo é que o ABVD não é inferior aos outros protocolos e possui um perfil de toxicidade menor que os outros protocolos e deve ser considerado o tratamento padrão para a Doença de Hodgkin. NOVOS REGIMES Na última década, vários novos regimes foram propostos e testados para o tratamento de pacientes com doença avançada. Dois regimes surgiram como os mais promissores, tanto em eficácia como de perfil de toxicidade. No regime Stanford V, as drogas foram administradas semanalmente por 12 semanas, seguida de irradiação com 36 Gy aos locais de doença maciça (40). Na atualização mais recente dos dados com um acompanhamento de 6,9 anos, a taxa atual de sobrevida livre de doença é de 91%, e a sobrevida global é de 95 %. A fertilidade foi mantida. O grupo alemão randomizou 1201 pacientes com doença avançada para utilização dos protocolos COPP/ABVD, BEACOPP e BEACOPP escalonado. As taxas de resposta mostram superioridade do esquema BEACOPP escalonado, atingindo 91 % de sobrevida livre de doença em 5 anos (41). ⇒ Nível de evidência I Grau de recomendação A. RADIOTERAPIA EM DOENÇA AVANÇADA Durante muitas décadas, convivemos com a dúvida sobre a validade da radioterapia como consolidação, ou mesmo como parte do tratamento em pacientes com Doença de Hodgkin avançada e, principalmente, aqueles pacientes portadores de doença bulky. Finalmente, na década de 90, uma meta-análise comandada por Loeffler (42) e outros estudos, estes, randomizados prospectivos, não mostraram benefício em sobrevida nos pacientes que realizaram radioterapia, mesmo com doença bulky. ⇒ Nível de evidência I Grau de recomendação A. 38 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 35-40 E S C O VA R Mesmo que a radioterapia pareça oferecer um melhor controle local e diminuição da recidiva local em sítios com doença maciça, não houve qualquer benefício na sobrevida longa dos pacientes com doença avançada (43, 44). manter controle regular com seu oncologista para acompanhamento de sua evolução ,demandando consultas e realização de exames de reavaliação periódicos e sempre que necessários. QUIMIOTERAPIA DE ALTAS DOSES COM RESGATE DE CÉLULAS PERIFÉRICAS LINFOMA DE HODGKIN E AIDS A utilização de quimioterapia de altas doses em Linfoma de Hodgkin vem sendo estudada em doença avançada. Apesar dos inúmeros estudos, ainda existem muitos pontos controversos. Um estudo publicado em 2003 realizado por Federico, Bellei e Brice, randomizou 163 pacientes com doença avançada e sem resposta completa após 4 ciclos de ABVD, para realização de outros 4 ciclos de ABVD ou quimioterapia de altas doses. Os resultados foram muito semelhantes (45). ⇒ Nível de evidência I Grau de recomendação A. Com o surgimento de protocolos mais intensivos como o STANFORD V e o BEACOPP, e a falha dos trabalhos em mostrar melhores respostas com a quimioterapia de altas doses ou até o amadurecimento dos estudos em andamento, não parece existir base teórica para a indicação desta terapia como terapia de primeira linha. TRATAMENTO DE DOENÇA REFRATÁRIA OU RECIDIVADA Para tratamento destes pacientes é muito importante separarmos os mesmos em 3 subgrupos. O primeiro subgrupo é dos pacientes refratários a tratamento, ou seja, aqueles onde a doença progride dentro de 3 meses após o fim do tratamento. Estes pacientes possuem um prognóstico muito ruim e devem ser incluídos em protocolos que envolvam o transplante de células periféricas, já que os resultados até o momento são bastante encorajadores, apesar da taxa considerável de complicações e mortes a longo prazo. O segundo subgrupo é dos pacientes que recaíram dentro de 1 ano após o fim do primeiro tratamento. Estes pacientes podem ser colocados em protocolos mais intensivos como os anteriormente relacionados, ou colocados em protocolos que contenham transplante de células periféricas. A decisão encontra-se muitas vezes baseada na expertise do serviço e na decisão do próprio paciente. Existe um terceiro subgrupo, que talvez seja o que mais suscite dúvidas em seu manejo. Este subgrupo é o dos pacientes que possuem recaídas após mais de 1 ano do fim do tratamento. Estes pacientes possuem indicação de re-tratamento com o mesmo protocolo utilizado inicialmente, ou com outro protocolo e associação de radioterapia, podendo atingir taxas de resposta de até 40 %. Novamente, conforme a expertise do serviço, estes pacientes podem ser submetidos a protocolos que contenham o transplante como ferramenta. COMPLICAÇÕES E ACOMPANHAMENTO PÓS-TRATAMENTO A maioria dos adultos com doença de Hodgkin, especialmente os com menos de 65 anos ao diagnóstico ficarão curados. A maioria dos pacientes curados apresentará pequenos efeitos tóxicos a longo prazo, entretanto alguns efeitos tardios pouco freqüentes podem ocorrer e necessitarem de medidas preventivas. Assim, o paciente deve ser avaliado, sempre que necessário, por especialistas que podem incluir odontologista pelo risco de cáries, endocrinologista pelo risco de hipotiroidismo, especialista em reprodução devido ao risco de infertilidade, etc... . Além destes profissionais, o paciente deve Como conclusão desta revisão, nos parece importante focar esta particularidade no tratamento dos pacientes com Hodgkin. As últimas estimativas mostram que a doença de Hodgkin apresentou um aumento de incidência nos pacientes com AIDS, de mais de 10 vezes as taxas esperadas. Muitos pacientes possuem associação de Hodgkin com o vírus de Epstein Barr, apresentam histologia com celularidade mista ou depleção linfocitária e apresentam doença avançada com sintomas B. Apesar destes critérios de mau prognóstico, os pacientes também não possuem condições clínicas muitas vezes de realizarem o melhor tratamento. Atualmente a indicação é de realizar suporte com terapia antiretroviral e tratar estes paciente com protocolos como ABVD ou EBVP. Mesmo com todos estes cuidados, os estudos mostram que as taxas de resposta e sobrevida nos pacientes com AIDS são muito menores que em pacientes não infectados, e apesar da melhora na terapia antiretroviral as taxas de cura ainda mantêmse baixas. CONCLUSÃO Esperamos que esta revisão possa ajudar os colegas na tomada de decisão para o tratamento de seus pacientes com Doença de Hodgkin. Os resultados aqui apresentados nos encorajam e nos permitem dizer que possivelmente não tenha havido nas últimas décadas, progresso tão consistente na sobrevida dos pacientes e diminuição nos para-efeitos tardios do tratamento. Os próximos anos possivelmente trarão aos oncologistas a discussão do uso de tratamento mais intensivos, menos prolongados e a viabilidade de serem realizados de maneira que possam tornarem-se os novos esquemas de tratamento. Por fim, nos parece claro que os pacientes deverão ser, já ao diagnóstico, avaliado quanto ao seu prognóstico, através dos fatores prognósticos para que seja, desde o início, planejada a intensidade de tratamento. REFERÊNCIAS 1. Kennedy BJ, Loeb V Jr, Peterson V, et al.: Survival in Hodgkin's disease by stage and age. Med Pediatr Oncol 1992, 20 (2): 100-4. 2. Cosset JM, Henry-Amar M, Meerwaldt JH, et al.: The EORTC trials for limited stage Hodgkin's disease. The EORTC Lymphoma Cooperative Group. Eur J Cancer 1992, 28A (11): 1847-50. 3. Marshall NA, DeVita VT Jr: Hodgkin's disease and transplantation: a room with a (nontransplanter's) view. Semin Oncol 1999 ,26 (1): 67-73. 4. Mauch PM, Kalish LA, Marcus KC, et al.: Long-Term Survival in Hodgkin's disease Cancer J Sci Am 1995 1 (1): 33-42. 5. Lukes RJ, Craver LF, Hall TC, et al.: Report of the Nomenclature Committee. Cancer Res 1966 26 (1): 1311. 6. Harris NL: Hodgkin's lymphomas: classification, diagnosis, and grading. Semin Hematol 1999 36 (3): 220-32. DOENÇA DE HODGKIN 7. von Wasielewski R, Mengel M, Fischer R, et al.: Classical Hodgkin's disease. Clinical impact of the immunophenotype. Am J Pathol 151 (4): 1123-30, 8. Bodis S, Kraus MD, Pinkus G, et al.: Clinical presentation and outcome in lymphocyte-predominant Hodgkin's disease. J Clin Oncol 1997 15 (9): 3060-6. 9. Orlandi E, Lazzarino M, Brusamolino E, et al.: Nodular lymphocyte predominance Hodgkin's disease: long-term observation reveals a continuous pattern of recurrence. Leuk Lymphoma 1997 26 (3-4): 359-68. 10. Diehl V, Sextro M, Franklin J, et al.: Clinical presentation, course, and prognostic factors in lymphocyte-predominant Hodgkin's disease and lymphocyte-rich classical Hodgkin's disease: report from the European Task Force on Lymphoma Project on Lymphocyte-Predominant Hodgkin's Disease. J Clin Oncol 1999 17 (3): 776-83. 11. Lister TA, Crowther D, Sutcliffe SB, et al.: Report of a committee convened to discuss the evaluation and staging of patients with Hodgkin's disease: Cotswold's meeting. J Clin Oncol 1989 7 (11): 1630-6. 12. Jerusalem G, Beguin Y, Fassotte MF, et al.: Whole-body positron emission tomography using 18F-fluorodeoxyglucose compared to standard procedures for staging patients with Hodgkin's disease. Haematologica 2001 86 (3): 266-73. 13. Naumann R, Beuthien-Baumann B, Reiss A, et al.: Substantial impact of FDG PET imaging on the therapy decision in patients with early-stage Hodgkin's lymphoma. Br J Cancer 2004 90 (3): 620-5. 14. Munker R, Glass J, Griffeth LK, et al.: Contribution of PET imaging to the initial staging and prognosis of patients with Hodgkin's disease. Ann Oncol 2004 15 (11): 1699-704. Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 35-40| 39 22. Gospodarowicz MK, Sutcliffe SB, Bergsagel DE, et al.: Radiation therapy in clinical stage I and II Hodgkin's disease. The Princess Margaret Hospital Lymphoma Group. Eur J Cancer 1992 28A (11): 1841-6. 23. Mauch PM, Connors JM, Pavlovsky S, et al.: Treatment of favorable prognosis, stage I-II Hodgkin's disease. In: Mauch PM, Armitage JG, Diehl V, et al., eds.: Hodgkin's disease. Philadelphia: Lippincott Williams and Wilkins, 1999. pp 435-458. 24. Hoppe RT, Cosset JM, Santoro A, et al.: Treatment of unfavorable prognosis, stage I-II Hodgkin's disease. In: Mauch PM, Armitage JG, Diehl V, et al., eds.: Hodgkin's disease. Philadelphia: Lippincott Williams and Wilkins, 1999. pp 459-481. 25. Salloum E, Brandt DS, Caride VJ, et al.: Gallium scans in the management of patients with Hodgkin's disease: a study of 101 patients. J Clin Oncol 1997 15 (2): 518-27. 26. Hasenclever D, Diehl V: A prognostic score for advanced Hodgkin's disease. International Prognostic Factors Project on Advanced Hodgkin's disease. N Engl J Med 1998 339 (21): 1506-14. 27. Bonnadonna G,Zucali R,Monfardini S ,et al:Combination chemotherapy of Hodgkin's disease with adriamycin, bleomicin,vinblastine and imidazole carboxamide versus MOPP.Cancer 1975,36;252-259. 28. Josting A,Wiedenmann S,Franklin J, et al:Secondary myeloid leukemia and myelodysplastic syndromes in patients treated for Hodgkin's disease; A report from the German Hodgkin's Lymphoma Study Group.J.Clin.Oncol 2003,21;3440-3446 29. Connors JM: Hodgkin's lymphoma: the hazards of success. J Clin Oncol 2003, 21;3388-3390 15. Bradley AJ, Carrington BM, Lawrence JA, et al.: Assessment and significance of mediastinal bulk in Hodgkin's disease: comparison between computed tomography and chest radiography. J Clin Oncol 1999 17 (8): 2493-8. 30. Aleman BM, van den Belt-Dusebout AW, Klokman WJ, et al: Long-term cause specific mortality of patients treated for Hodgkin's disease. J Clin Oncol 2003, 21; 3431-3439. 16. Horning SJ: Early stage Hodgkin's disease: can we have our cake and eat it, too? Ann Oncol 1996 7 (2): 115-7. 31. Ng AK, Bernardo MV, Weller E, et al: Second malignancy after Hodgkin disease treated with radiation with or without chemotherapy: Long term risks and risk factors. Blood 2002, 100; 1989-1996. 17. Noordijk EM, Carde P, Mandard AM, et al.: Preliminary results of the EORTC-GPMC controlled clinical trial H7 in early-stage Hodgkin's disease. EORTC Lymphoma Cooperative Group. Groupe Pierre-et-Marie-Curie. Ann Oncol 1994 5 (Suppl 2): 107-12. 32. Ng AK , Bernardo MP, Weller, et al: Long term survival and competing causes of death in patients with early stage Hodgkin's disease treated at age of 50 or younger Clin Oncol,2002,20;2101-2108. 18. Abrahamsen AF, Hannisdal E, Nome O, et al.: Clinical stage I and II Hodgkin's disease: long-term results of therapy without laparotomy. Experience at one institution. Ann Oncol 1996 7 (2): 145-50 33. Henry-Amar M: second cancer after the treatment for Hodgkin's disease: A report from the International Database on Hodgkin's disease. Ann Oncol 1992, suppl 4, 3; 117-128. 19. Leibenhaut MH, Hoppe RT, Efron B, et al.: Prognostic indicators of laparotomy findings in clinical stage I-II supradiaphragmatic Hodgkin's disease. J Clin Oncol 1989 7 (1): 81-91. 34. Bonfante V,Viviani S, Devizzi L et al:Ten years experience with ABVD plus radiotherapy: Subtotal nodal(STNI) vs involved(IFRT) in early-stage Hodgkin's disease.Proc Am Soc Clin Oncol,2001,20;281a(abstract) 20. Cosset JM, Henry-Amar M, Meerwaldt JH, et al.: The EORTC trials for limited stage Hodgkin's disease. The EORTC Lymphoma Cooperative Group. Eur J Câncer 1992 28A (11): 1847-50. 35. Klasa RJ, Connors JM, Fairey R, et al: Treatment of early stage Hodgkin's disease: Improved outcome with brief chemotherapy and radiotherapy without staging laparotomy. Ann Oncol, 1996, 7; 21(suppl 3). 21. Mauch PM, Canellos GP, Shulman LN, et al.: Mantle irradiation alone for selected patients with laparotomystaged IA to IIA Hodgkin's disease: preliminary results of a prospective trial. J Clin Oncol 1995 13 (4): 947-52. 36. Tesch H,Sieber M, Ruffer JU, et al: 2 cycles of ABVD plus radiotherapy is more effective than radiotherapy alone in early stage Hodgkin's disease-Interim analysis of the HD7 trial of the GHSG.Blood 1998,91;485a 40 | Rev. Bras. Oncologia Clínica 2005 . Vol. 1 . N.º 5 (Mai/Ago) 35-40 37. Meyer RM ,Gospodarowicz MK, Connors JM, et al: A randomized comparison of ABVD chemotherapy with a strategy that includes radiation therapy in patients with limited-stage Hodgkin's lymphoma.J Clin Oncol.2005,23,in press 38. Devita VT, Serpick AA, Carbone PP: Combination chemotherapy in the treatment of advanced Hodgkin's disease. Ann Inter Med 1970, 73:881-895. 39. Canellos GP, Anderson JR, Propert KJ, et al : Chemotherapy of advanced Hodgkin's disease with MOPP,ABVD or MOPP alternating with ABVD.N Eng J Med,1992,327;1478-1484. 40. Horning SJ, Hoppe RT, Advani R et al: Efficacy and late effects of Stanford V and radiotherapy for locally extensive and advanced Hodgkin's disease. Mature results of a prospective clinical trial.J Clin Oncol, 202, 20; 630-637. 41. Diehl V, Franklin J, Pfreundschuc M et al: Standard and increased dose BEACOPP chemotherapy compared with COPP-ABVD for advanced Hodgkin's disease.N Eng J Med 2003,348;2386-2395. 42. Loeffler M, Brosteanu O, Hasenclever D, et al.Metaanalysis of chemotherapy versus combined modality treatment trials in Hodgkin's disease: International Database on Hodgkin's disease Overview Study Group.J Clin Oncol 1998, 16; 818-829. 43. Diehl V, Loeffler M, Pfreundschuch M, et al: Further chemotherapy versus low-dose involved field radiotherapy as consolidation of complete remission after six cycles of alternating chemotherapy in patients with advance Hodgkin's disease: German Hodgkin's Study Group. Ann Oncol 1995, 6; 901-910. 44. Ferme C, Sebban C, Hennequin C, et al: Comparison of chemotherapy to radiotherapy as consolidation of complete or good partial response after six cycles of chemotherapy for patients with advanced Hodgkin's disease: Results of the Groupe d'Etudes des Lymphomes de l'Adulte H89 trial. Blood 2000, 95; 2246-2252. 45. Federico M, Bellei M, Brice P, et al: High dose therapy and autologous stem-cell transplantation versus conventional therapy for patients with advanced Hodgkin's lymphoma responding to front line therapy.J Clin Oncol, 2003, 21; 2320-2325. E S C O VA R RESIDÊNCIA MÉDICA Fórum de Residencia Médica em Oncologia Clínica - INCA Meeting of Clinical Oncology Residence: INCA José Luiz Miranda Guimarães* O Conselho Consultivo do INCA (CONSINCA), composto pelas principais entidades envolvidas com o controle do câncer no país, em sua reunião de 16/02/2005 pronunciou-se favoravelmente à criação de um Grupo de Trabalho voltado à questão de formação de recursos humanos para o controle do câncer no país. Entendeu o Conselho ser a primeira tarefa do referido grupo a construção de argumentos sólidos, assentados em metodologia de trabalho claramente definida, que orientem o debate nacionalmente travado ao redor da duração de programas de residência médica em oncologia clínica e cirúrgica, de forma a responder ao compromisso inequívoco do INCA (órgão do Ministério da Saúde, responsável pela elaboração da política de prevenção e controle do câncer no país) com a formação de qualidade de profissionais para atuarem em todos os níveis de cuidado na rede de atenção oncológica do país. Tomando por base a diretriz de que as definições a serem tomadas devem resultar de debate e consenso a ser construído entre grupos e instituições envolvidos na formação de profissionais em oncologia no país, o INCA, em parceria com a SGETS/MS, operacionalizou um Ciclo de oficinas para construção de programas de residência médica orientados por competência. Com base nessa diretriz, teve lugar no INCA, Rio de Janeiro, em 31 de março, a 1ª Oficina do referido ciclo na qual pactuaram-se metodologia e cronograma de trabalho. Segundo a metodologia proposta, uma oficina deverá explorar as capacidades e áreas de competência de cirurgiões oncológicos e de oncologistas clínicos cuja prática reflete, segundo a visão de cada instituição participante, o exercício profissional de excelência em cada área. A SBOC participou ativamente destas duas oficinas promovidas pelo Ministério da Saúde nas dependências do INCA, propondo e sugerindo mudanças. Abaixo transcrevemos a ata da reunião da primeira oficina de março deste ano, demonstrando cabalmente que o problema enfrentado por todas as instituições possuidoras de programas de residência, foi levado às autoridades e felizmente obtivemos um sinal positivo para corrigir os rumos. formadoras e, em particular, para as da saúde. Foram estabelecidas correlações entre esses desafios e tensões e os problemas vivenciados pelas instituições que oferecem Residência Médica (RM) em oncologia. A questão da duração da RM em oncologia clínica e cirúrgica traduz, segundo o exposto, um problema no âmbito da certificação. Em outras palavras, envolve a questão de que capacidades e desempenhos são exigidos para certificar alguém como especialista em cada uma dessas áreas e o que é necessário para alcançar, em termos de programa de formação, o nível de competência desejado. O INCA se posiciona dizendo entender ser seu lugar, como instituição em âmbito nacional, responsável pela política de prevenção e controle do câncer, propor e promover uma discussão entre as instituições relacionadas com a regulação da residência médica, de forma a construir uma posição pactuada. Propõe como metodologia traçar o perfil de competência em cada uma dessas especialidades para qualificar o debate sobre o processo de formação, do qual depende uma decisão sobre a duração dos programas. O grupo sugere fazer uma rodada de problemas da RM pelos presentes, sendo as principais questões levantadas: • a questão da RM se situa no contexto mais amplo da política de formação de recursos humanos e deve ser situada frente ao modelo de assistência oncológica no país; • não devemos deixar de considerar a diversidade das demandas e necessidades regionais; • parte das questões da RM se deve à graduação não contemplar a questão do câncer, devendo haver maior intercâmbio entre as universidades e as instituições formadoras; • novos processos de seleção para a RM são necessários, não é possível continuar só no cognitivo; • a identidade do cirurgião oncológico não está claramente definida, sendo preciso discutir os conflitos entre as especialidades; • como podemos trabalhar em rede? • RM deve contemplar o trabalho em equipe e a multidisciplinariedade; ATA DE 31 DE MARÇO DE 2005 DA OFICINA Abertos os trabalhos pelo senhor Diretor do INCA e tendo todos os presentes se apresentado, foi realizada breve exposição sobre os desafios colocados hoje para as instituições * Editor Chefe • O RM em oncologia deve ter um perfil de especialista ou generalista? O debate foi encerrado, seguindo-se uma dinâmica de construção do significado de competência para o grupo. Foi ressaltada a importância de ser pactuada a idéia que orienta o RESIDÊNCIA MÉDICA | I projeto metodológico, sendo brevemente discutidas as principais tendências encontradas na abordagem de competências pelo grupo: uma primeira, que a identifica com a posse de atributos de natureza cognitiva, afetiva e psicomotora; uma segunda, identificada com o fazer, com a capacidade de realizar tarefas; e uma terceira, que dialoga com essas duas, e que propõe que a competência seja trabalhada na perspectiva de capacidade de mobilização de atributos para a realização de tarefas constitutivas de um dado campo profissional nos diferentes cenários em que se desenvolvem. Um texto sobre conceitos e implicações de currículos orientados por competência foi distribuído para os participantes. Na parte da tarde foi discutida a composição do grupo de indicantes, sendo sugerida a participação da Associação Nacional de Médicos Residentes, da Associação Brasileira de Registros de Câncer, da Associação de Enfermagem Oncológica, da Sociedade de Radioterapia e de Anestesistas. Essas sugestões tiveram como objetivo assegurar a participação como atores do processo de médicos residentes e de componentes da equipe multiprofissional. A seguir foi discutido o perfil do membro titular a ser indicado, sendo consenso que deveria ser profissional atuante, não aposentado, com perfil de especialista (residência ou especialização) e experiência de pelo menos cinco anos como cirurgião. Foi amplamente discutida a importância da participação das sociedades SBOC e SBCO na CNRM/MEC, da qual faz parte apenas a SBC. A participação efetiva dessas sociedades, bem como a apresentação de sólida argumentação para fazer face à pálida justificativa apresentada na comissão em relação ao programa de residência nessas especialidades foram apontadas como cruciais. Foi discutida a importância de haver uma composição de instituições formadoras que representassem as macrorregiões do país, a natureza pública, privada e filantrópica e as instituições com programas credenciados. A composição final de indicantes para a segunda oficina foi: Instituições formadoras FCECON (Manaus), Hospital Ofir Loyola (PA), Instituto do Câncer do Ceará (CE), Hospital do Câncer Pernambuco (PE), Hospital Araújo Jorge Assoc. CC GOIÁS (GO), Hospital A C.CAMARGO (SP); Hospital Sírio Libanês (SP - privado), Hospital Amaral de Carvalho, Jaú (SP); Hospital Celso Ramos (SC), Hospital Erasto Gaestner, Liga Paranaense Combate ao Câncer (PR), Santa Casa de Misericórdia (RS); Hospital Felício Rocho (MG); Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (RJ), INCA (RJ), Grupo Hospitalar Conceição (RS). Gestores do SUS CONASS, CONASEMS, Ministério da Saúde: SGETS, DECIT, SAS Sociedades ABIFCC, ABRAHUE, ABEM, AMB, CFM, CNRM/SESU/MEC, ANRM, SBC, SBOC, SBCO, SBC, ANMR, da Associação Brasileira de Registros de Câncer, da Associação de Enfermagem Oncológica, Sociedade de Radioterapia e de Anestesistas. Finalmente, decidiu-se que as sociedades de especialistas SBOC e SBCO indicariam 2 especialistas nas respectivas oficinas, bem como a ABIFCC indicaria 2 profissionais da região nordeste. A oficina foi encerrada com uma avaliação das atividades, sendo destacados pontos negativos e positivos do encontro. Foi ressaltada a importância do evento, tendo o INCA manifestado seu agradecimento pela participação de todos em iniciativa que não pode prescindir da construção coletiva. II | RESIDÊNCIA MÉDICA CONCLUSÕES Certamente é a primeira vez que as instituições são convidadas a participar ativamente de discussões desta envergadura, podendo influenciar de maneira consistente e efetiva em temas de grande relevância para a nossa especialidade. Formar recursos humanos é uma tarefa que exige experiência, técnicas adequadas e sobretudo ter acesso a novas tecnologias. Por outro lado, os hospitais devem possuir uma estrutura que privilegie assistência e ensino de forma equânime e que tenham a atenção redobrada do Ministério da Saúde no que concerne ao financiamento, para se evitar o déficit financeiro usual. A Oficina dos Cirurgiões Oncológicos se deu em maio deste ano e o resultado será tornado público no próximo Congresso da SBOC. Com a mesma dinâmica de trabalho, a Oficina da Oncologia Clínica foi realizada nos dias 12 e 13 de setembro no Rio de Janeiro, onde os resultados estão sendo tabulados pela Profa. Marisa Martins (Coordenação de Ensino do Instituto Nacional de Câncer) e Eliana Cláudia (Coordenadora CEDC/INCA), sendo que dentro de algumas semanas será validado pelos membros participantes. A meta é publicar os resultados obtidos no próximo número e de posse deste resultado, enviar a Comissão Nacional de Residência Médica para efetivar as demandas necessárias. Vamos aguardar! Cartas ao Editor Oi Guima Recebi a Revista SBOC e fiquei feliz com a inclusão do meu artigo. Vários colegas me enviaram e-mail congratulando sobre o tema. Extende-se os parabéns para a SBOC e conselho editorial, que articulou uma revista muito boa. Resgatou a vontade de ler nossas publicações nacionais. Escrevo para peguntar se existe alguma acesso online (fica a sugestão) ou disponibilidade do artigo em PDF, para que eu possa passar no formato publicado para os colegas que solicitam. Prezado Dr José Luiz Guimarães, Meu nome é Geraldo Felício da Cunha Jr, médico do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital da Baleia - Fundação Benjamin Guimarães, em BH, MG. Tivemos acesso à lista das residências credenciadas de cancerologia divulgada pela SBOC, e pudemos constatar que, no que se refere à nossa instituição, as informações estão desatualizadas (consta "em diligência"). Envio-lhe em nome de nossa equipe o parecer do MEC de 09/04 credenciando definitivamente nossa residência. Despeço-me agradecendo desde já o empenho. Atenciosamente, Abraço, Stephen Stefani Geraldo Felício da Cunha Jr. Na REVISTA BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA N.o 4, de janeiro/abril 2005, na página 41, é apresentado o Diretório das Residências Médicas em Oncologia Clínica. Como podemos observar, não consta do mesmo a RM da Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP/Instituto Ribeirão-pretano de Combate ao Câncer - Ribeirão Preto - IRPCc, de Ribeirão Preto - São Paulo. Tratase de RM em Oncologia, com credenciamento provisório aprovado pelo MEC em 2004, com 2 vagas para R1 e 2 vagas para R2. Como se trata de programa reconhecido recentemente, acho compreensível a não inclusão de mesmo no Diretores, mas gostaria que essa falha fosse sanada da melhor forma possível. Peço, portanto, a inclusão de nosso Programa no referido Diretório e que conste nos registros desta SBOC e daquela conceituada Revista. Escrevo para o e-mail da SBOC por não constar na REVISTA as formas de contato com o Editor-Chefe, Dr. José Luis Miranda Guimarães. Por esse motivo, solicito que este email seja direcionado a ele para que tome conhecimento e as providencias cabíveis. Coloco-me a disposição para maiores esclarecimentos, inclusive disponibilizando os documentos comprobatórios da aprovação de nosso Programa de RM. Desde já agradeço e aguardo uma resposta a esse meu pedido. Resposta do Editor Adilson A Faccio Na edição anterior incluímos o diretório das residências médicas de oncologia clínica existentes em nosso país. Imperativo reafirmar que as informações foram obtidas diretamente da Comissão Nacional de Residência Médica, dirigida pelo Prof. Antônio Carlos Lopes e através de contatos telefônicos com as COREMES da cada instituição. Portanto, foram nos fornecidos de forma oficial por estes órgãos mencionados. Obviamente que temos todo o interesse e nos esforçaremos para que este diretório seja o espelho da realidade, entretanto a própria Comissão Nacional reconhece falhas nas informações prestadas. Estamos atualizando os dados e solicitamos que se manifestem através de e-mails para a Sociedade Brasileira de Oncologia, informando o número de vagas disponíveis para residentes de primeiro-ano (R1), o número de residentes que estão cursando o programa de treinamento e o nome do oncologista clínico responsável. José Guimarães [email protected] Preceptor Chefe do PRM de Cancerologia do Grupo Hospitalar Conceição (Ministerio da Saúde) [email protected] Professor de Oncologia Clinica - UNAERP - Preceptor da RM em Oncologia Clínica Diretor do IRPCc - Ribeirão Preto - SP III Agenda 2005 4th International Colorectal Cancer Congress 14 a 16 de Outubro Fairmont Turnberry Isle Resort & Spa Aventura, FL - EUA Congresso Internacional Argentino de Oncologia 16 a 19 de Novembro Marriott Plaza Hotel Buenos Aires - Argentina XIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clinica ECCO 13 - The European Cancer Conference 19 a 22 de Outubro Marina da Gloria - RJ Informações: (21) 2215-0208 www.matrizdeeventos.com.br 30 de Outubro a 3 de Novembro Paris - França www.palais-congres-paris.fr Oncology World Congress 16 a 19 de Novembro Marriott Marquis Nova Iorque - EUA www.oncologycongress.com Breast Cancer in Young Women Colorectal Cancer Conference 21 a 22 de Novembro 2 a 3 de Dezembro Londres - Inglaterra Londres - Inglaterra [email protected] [email protected] 2006 Il Carcinoma della mammella: chirurgia e immagine corporea 17 a 18 de Novembro Florença - Italia www.oic.it/senologia2005 The American Society of Hematology 47th Annual Meeting and Exposition 10 a 13 de Dezembro Georgia World Congress Center Atlanta, Georgia - EUA [email protected] 5th European Breast Cancer Conference 21 a 25 de março de 2006 Nice - França [email protected] IV Ficha de Afiliação à Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica Application Form Nome:___________________________________________________________________________ Data de Nasc.:_____ / ______ / ______ End. Resid.: ________________________________________________________________________________________________________ Cidade: __________________________________________________ Estado: _______________________ CEP: ____________________ End. P/ Corresp.: ____________________________________________________________________________________________________ Cidade: __________________________________________________ Estado: _______________________ CEP: ____________________ Telefone: (_______) _________________________ FAX: (_______) _________________________ E-MAIL: _______________________ CRM : ____________ Federação: _______ Ano de Graduação : ____________ Escola de Medicina : _______________________________ Residência Clínica Médica: _______________________ Ano: ______ Residência Oncologia Clínica: _____________________Ano: ______ Especialização: ________________________________ Ano: _______ Mestrado: _____________________________________ Ano: ______ Doutorado: ____________________________________ Ano: ______ Livre Docência: _________________________________ Ano: ______ Instituições onde atua : __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________ Favor enviar em anexo Curriculum Vitae e carta de apresentação de dois membros titulares da SBOC. Endereço p/ correspondência Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica Av. dos Andradas, 2287 - sala 709 - Centro 30120-010 - Belo Horizonte - MG Telefax: (31) 3241-2920 e 3241-2729 www.sboc.org.br [email protected] V Normas para Publicação Publishing Instructions A REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA publica artigos enviados espontaneamente ou por solicitação dos editores, que são aprovados pelo Conselho Editorial. Esses artigos expressam prioritariamente a produção científica na área médica. As afirmações contidas nos trabalhos são da responsabilidade dos autores. As colaborações poderão ser submetidas em português, inglês ou espanhol e deverão ser enviadas para: Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica Av. dos Andradas, 2287 - sala 709 - Centro 30120-010 - Belo Horizonte - MG Telefax: (31) 3241-2920 e 3241-2729 www.sboc.org.br [email protected] NORMAS PARA ENVIO E REVISÃO Instruções Técnicas de Preparo do Artigo As instruções técnicas de preparo do artigo são baseadas nas recomendações do Comitê Internacional de Editores de Periódicos Médicos. New Engl J Med 1997; 336(4); 309 - 315. Os revisores permanecerão anônimos e também não tomarão conhecimento do nome dos autores. Os comentários dos revisores poderão ser enviados aos autores, a critério dos editores. Os trabalhos deverão ser impressos, digitados no Microsoft Word, em papel branco, tamanho ofício, espaço duplo, em apenas um lado da folha, mantendo-se uma margem de 25mm em todos os lados. Deverão ser enviados o original e uma cópia em disquete, em um envelope grosso, sem dobras. Recomenda-se a proteção de papelão, sobretudo para fotografias. As páginas deverão ser numeradas no canto superior direito a começar pela página-título, organizadas na seguinte ordem: página-título (título em português e inglês), página da sinopse e do abstract (incluindo os unitermos), texto, página de agradecimentos, referências bibliográficas, tabelas, figuras (fotos, para melhor nitidez, tam. 14 x 8) e legendas. Atrás da figura deve constar a lápis ou em etiqueta adesiva o nome do autor correspondente, o título reduzido do original, indicação correta do lado superior da figura e seu número no texto. Cada uma das seções deverá ser iniciada em página separada. Os trabalhos que não se ajustarem a estas diretrizes não serão aceitos. Os autores devem manter cópias de todo o material enviado. Página-Título Deverá conter as seguintes informações: um título conciso e informativo; nome e sobrenome, por extenso, dos autores; instituição onde se realizou o trabalho; principal titulação dos autores; nome de um autor com endereço e telefone para correspondência e para pedido de separatas. Resumo e Abstract A segunda página deve incluir um resumo (de não mais de 150 palavras para resumos não estruturados ou 250 palavras para resumos estruturados. A sinopse deverá ser informativa, trazendo, nos artigos originais, o objetivo, a metodologia, os resultados e as conclusões, enfatizando aspectos novos e importantes do estudo. Em artigos de revisão, os achados mais importantes da revisão devem ser apresentados. O abstract deverá ser uma versão correta da sinopse para a língua inglesa, devendo trazer também o título do trabalho e os unitermos em inglês. VI Unitermos Ao final o resumo deverá ser fornecida uma lista de 3 a 10 palavras ou frases curtas, que identifiquem os temas revisados, com vistas à indexação. Deverão ser usados termos da lista de cabeçalhos de temas médicos (M e SH) do Index Médicus; se não existirem termos adequados no M e SH, poderão ser utilizados expressões de uso conhecido. Texto de Artigo Original A organização de artigo original inclui introdução, material e métodos, resultados e discussão. A introdução deve apresentar os motivos que levaram o autor a realizar a pesquisa, dentro do contexto da situação atual do tema na literatura. No parágrafo final da introdução o objetivo do trabalho deve ser claramente apresentado. A seção de material e métodos deve descrever precisamente a população ou a amostra estudada e os métodos, de forma a que eles possam ser reproduzidos. Se utilizados métodos já descritos na literatura, citar a referência original e descrever sumariamente o procedimento realizado. Os métodos estatísticos adotados devem ser citados no último parágrafo da seção. Os resultados devem ser apresentados com a utilização de figuras e tabelas, sem repetição de informação em formas diferentes de apresentação. A discussão é a parte mais importante do texto, devendo apresentar a comparação dos resultados com os de outros autores, as limitações do estudo, os aspectos originais do trabalho, suas implicações clínicas. No último parágrafo da discussão, as conclusões podem ser apresentadas, procurando sempre responder ao objetivo definido na introdução. Texto de Artigo de Revisão A organização de artigo de revisão inclui uma introdução, o desenvolvimento do tema e as conclusões. A introdução deverá conter a apresentação do tema e os objetivos do artigo. O desenvolvimento do tema deverá tratar dos diversos aspectos do assunto, buscando achados controvertidos na literatura, evitando a descrição pura e simples de resultados. É recomendável criticar a metodologia dos trabalhos e procurar posicionar-se quando apropriado. Deverão ser indicados subtítulos que identifiquem as diversas áreas ou assuntos revisados. As conclusões deverão apresentar sinteticamente os achados mais importantes da revisão, ressaltando os aspectos de aplicação prática para o grupo de leitores para o qual o trabalho foi escrito. Cartas ao Editor Será dada a oportunidade do leitor se manifestar a respeito de um artigo publicado, manifestando de forma sucinta a sua opinião e eventualmente expondo o contraditório, com um número máximo de 350 palavras (aproximadamente uma página e meia de texto) e com número de referências bibliográficas não superior a 5. O (s) autor (es) terão a oportunidade de se utilizar deste espaço para a réplica, seguindo as mesmas normas. Relato de Caso A estrutura do texto de um Relato de Caso deverá ser sucinto, devendo abordar o tema de forma bastante objetiva. É permitido incluir uma foto, gráfico, tabela ou gravura. Somente 5 referências bibliográficas serão permitidas. É esperado que os relatos tenham uma sólida justificativa para serem publicados. Imprescindível a versão em inglês. Trabalhos enviados por meio eletrônico A Revista da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica está apta a receber artigos por meio eletrônico. Entretanto, deverão seguir as mesmas normas e deverão ser enviados como anexo para o endereço: e-mail: [email protected]. Os Editores se resguardam o direito de requisitar uma fotografia original, no caso do trabalho ser aceito para publicação Referências Bibliográficas Os trabalhos publicados citados no texto deverão ser numerados entre parênteses (uma referência para cada número) e ordenados conforme a ordem de aparecimento no texto. Todas as referências listadas deverão ser citadas no artigo. Citações como "comunicação pessoal", "dados não publicados" deverão ser evitadas ao máximo e não serão incluídas na lista de referências. Também deverá ser evitada a citação de resumos publicados, a menos que sejam muito recentes e constituam a única fonte de referência de assunto. Conferências e trabalhos apresentados em congressos, mas não publicados, não deverão ser citados. Artigos aceitos para publicação, mas ainda não publicados, poderão ser citados, colocando-se, entre parênteses, a expressão "no prelo". Informações de artigos submetidos à publicação, mas ainda não aceitos, deverão ser citadas no corpo do texto como "observações não publicadas" (entre parênteses). Todas as informações objetivas incluídas no artigo deverão ser acompanhadas da referência original correspondente. Os modelos adotados são os que seguem. Tabelas Imprimir cada tabela em espaço duplo em uma folha separada. Não enviar as tabelas em forma de fotografias. Numerar as tabelas em ordem consecutiva de acordo com a primeira citação no texto e dar um título curto a cada uma. Definir para cada coluna um cabeçalho abreviado ou curto. Colocar as explicações em rodapés, não no cabeçalho. Explicar em notas de rodapé todas as abreviações não-padronizadas usadas em cada tabela. Identificar medidas estatísticas de variações, tais como desvio padrão e erro padrão. Não usar linhas internas, horizontais ou verticais. Constatar que cada tabela esteja citada no texto. Se forem usados dados de outra fonte, publicada ou não, obter autorização e agradecer por extenso. Ilustrações Enviar o número requerido de ilustrações ou "figuras". As figuras devem ser desenhadas profissionalmente e fotografadas; não são aceitáveis desenhos à mão livre ou legendas datilografadas. Enviar cópias fotográficas em papel acetinado, em branco e preto, usualmente de 127 x 173 mm (5x7) pol.), não maiores do que 203 X 254 mm (8x 10 pol.), e não desenhos originais, filmes de raiosX ou outros materiais. As letras, os números e símbolos devem ser claros e de tamanho suficiente, de tal forma que quando reduzidos para a publicação, ainda sejam legíveis. Colocar os títulos e explicações abaixo das legendas e não nas próprias ilustrações. Cada figura deve ter uma etiqueta colada no verso, indicando seu número, o nome do primeiro autor e qual é a parte superior. Não escrever no verso das figuras nem arranhar ou juntá-las usando clipes para papel. Não dobrar as figuras nem colar em cartolina. As fotomicrografias devem ter marcadores de escala internos. Os símbolos, setas ou letras usadas nestas fotografias devem contrastar com o fundo. Se forem usadas fotografias de pessoas, os sujeitos não devem ser identificáveis ou suas fotografias devem estar acompanhadas por consentimento escrito para publicação (Proteção dos Direitos de Privacidade dos Pacientes). Recomendase usar meio eletrônico para enviar as fotos. As figuras devem ser numeradas de acordo com a ordem em que foram citadas no texto. Se uma figura já foi publicada, agradecer à fonte original e enviar a autorização escrita do detentor dos direitos autorais para reproduzir o material. A autorização é requerida, seja do autor ou da companhia editora, com exceção de documentos de domínio público. correspondam às ilustrações. Quando símbolos, setas, números ou letras forem usados para identificar as partes de uma ilustração, identificar e explicar cada uma claramente na legenda. Explicar a escala interna e identificar o método de coloração utilizado nas fotografias. Unidades de medida Medidas de comprimento, altura, peso e volume devem ser relatadas em unidades métricas (metro, quilograma, litro, etc.) ou seus múltiplos decimais. As temperaturas devem ser fornecidas em graus Celsius. As Pressões Arteriais devem ser dadas em milímetros de mercúrio. Todas as medidas hematológicas e de química médica devem ser relatadas no sistema métrico, em termos do Sistema Internacional de Unidades (SI). Os editores podem, antes da publicação, solicitar ou incluir unidades distintas das do SI. Abreviações e símbolos Usar somente abreviaturas padrão. Evitar abreviaturas no título e no resumo. O termo completo ao qual a abreviatura se refere deve preceder seu primeiro uso no texto, a menos que seja uma unidade padrão de medida. Envio do manuscrito a revista Enviar 3 cópias do manuscrito num envelope de material resistente, com as cópias e ilustrações juntas a uma cartolina, se for necessário, para prevenir que as fotografias se dobrem. Colocar as fotografias num envelope resistente, em separado. Os manuscritos devem estar acompanhados por uma carta de apresentação assinada por todos os co-autores. Esta carta deve incluir (a) informação sobre publicação anterior ou duplicata, ou submissão a qualquer outro lugar de qualquer parte do trabalho, como já foi definido acima, neste documento; (b) uma declaração de relações financeiras ou de outro tipo que pudessem levar a conflito de interesse; (c) o nome, endereço, e número de telefone do autor responsável pela correspondência, responsável por comunicar aos outros autores sobre revisões e a aprovação final dos rascunhos. A carta deve conter qualquer informação adicional que possa ser de ajuda ao editor, como o tipo de artigo na revista particular que o manuscrito representa e se o autor estaria disposto a cobrir o custo de reproduzir ilustrações coloridas. O manuscrito deve estar acompanhado por cópias de todas as autorizações para reproduzir material já publicado. Direitos Autorais Os autores cederão à Revista Brasileira de Oncologia Clínica os direitos autorais das colaborações aceitas para publicação. Os autores poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações desde que indiquem claramente a Revista como o local da publicação original. Provas Os autores receberão as provas gráficas para revisão antes da publicação. Apenas modificações mínimas serão aceitas nesta fase, para correção de erros de impressão (05 dias úteis para revisar). Separatas Os autores receberão 05 separatas de seus artigos. Se o autor desejar receber um número maior, o editor da Revista deverá ser notificado no momento da aceitação do artigo. As despesas de impressão, neste caso, correrão por conta do autor. Legenda das ilustrações Imprimir as legendas para ilustrações em espaço duplo, começando numa página separada, com numerais arábicos que VII