O problema metodológico da introspecção no pensamento inicial de

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O problema metodológico da introspecção no pensamento inicial de
Apresentação em pôster
O problema metodológico da introspecção no pensamento inicial de
William James
Camila Soares Carbogim1; Rayssa Maluf de Souza2 & Saulo de Freitas Araujo3
1. Bolsista de Iniciação Científica FAPEMIG, Discente do Curso de Psicologia da UFJF, Integrante
do Núcleo de História e Filosofia da Psicologia Wilhelm Wundt (NUHFIP); 2. Aluna de pósgraduação do programa de psicologia da UFJF, Integrante do Núcleo de História e Filosofia da
Psicologia Wilhelm Wundt (NUHFIP); 3. Docente do Programa de Pós-Graduação do curso de
Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); Diretor do Núcleo de História e
Filosofia da Psicologia Wilhelm Wundt (NUHFIP).
Palavras-chave: William James; Introspecção; História da Psicologia
A psicologia, definida como a ciência dos fenômenos mentais, depara-se desde seu
início com o problema de determinar o método mais adequado para a investigação do seu
objeto. Nesse contexto, a introspecção surge como possível método para o conhecimento
desses fenômenos, contrapondo-se à observação das ciências naturais. O debate em torno do
tema apontou diversas propostas metodológicas, sendo o método introspectivo uma delas.
De acordo com Abbagnano (1998), em linhas gerais, a introspecção pode ser
entendida como a auto-observação dos próprios estados internos. Entretanto, ao longo da
história da psicologia, observamos que o termo “psicologia introspectiva” abrange uma
variedade de posições diferentes e divergentes sobre teoria e prática.
Há que se salientar que as discussões sobre a introspecção são anteriores ao século
XIX, estando presentes, por exemplo, nas tradições britânicas e alemãs, com especificidades
próprias aos debates de então. Embora sofra inúmeras críticas ao longo dos tempos, no século
XX a introspecção reaparece no centro dos debates contemporâneos na filosofia da mente e na
ciência cognitiva, que buscavam o método mais adequado para o estudo empírico da
consciência.
Tendo por base os argumentos apresentados e a importância histórica da introspecção,
este trabalho tem como objetivo analisar e discutir o papel do método introspectivo na
psicologia proposta por William James, no fim do século XIX, e apontar a relevância de sua
posição para os debates psicológicos contemporâneos.
Para tanto, foi realizada uma pesquisa historiográfica que partiu de uma análise
minuciosa da obra de William James, tendo sempre em vista o contexto específico de suas
discussões ou reflexões sobre a introspecção e questões a ela relacionadas. A pesquisa tomou
como fonte primária a “Edição Crítica” das obras reunidas de James (The Works of William
James) – editada pela Harvard University Press (Burkhardt, 1975-1988).
Feito um levantamento dos textos que trataram da introspecção na obra de James,
foram encontradas, até 1890, seis fontes de análise, sendo elas por ordem cronológica: The
Feeling of Effort (1880); On Some Omission of Introspective Psychology (1884a); What is an
Eemotion (1884b); What The Will Effects (1888); The Physical Basis of Emotion (1890) e
The Principles of Psychology (1890); sendo que no Principles of Psychology, James dedica
um capítulo ao tema, denominado “Métodos e Armadilhas da Psicologia”.
Levando-se em consideração os textos de James até o período de 1890 observamos,
primeiramente, que a mente é, para James, o objeto de estudo dos psicólogos. E, para
investigá-la, é necessária a introspecção como uma metodologia que se deve confiar em
primeiro lugar e sempre, principalmente quando a fisiologia passa a ser insuficiente para
descrever os fenômenos da vida mental. Contudo, James completa que nós só podemos
descobrir, através desse método, os estados de consciência.
O autor também aponta algumas dificuldades do método, ligadas principalmente à
capacidade de apreensão de certas partes de transição do fluxo de consciência e à percepção
enviesada pelos sentimentos pessoais do observador. Ele acreditava que, para utilizarmos a
introspecção, devemos sempre ter em mente essas dificuldades inerentes a seu uso, pois
quando utilizada de maneira ingênua, a introspecção pode gerar resultados duvidosos e até
mesmo errados. Em suma, o que se pode perceber é que a introspecção seria, apesar dos seus
limites, indispensável à psicologia, principalmente para garantir sua autonomia em relação à
fisiologia.
Referências:
Abbagnano, N. (1998). Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes
James, W (1880) The Feeling of Effort. Boston: Published by the society
James, W. (1884a). On some omissions of introspective psychology. Mind, 9, 1-29.
James, W (1884b) What is an emotion? Mind, 9, 188-205
James, W (1888) What the will effects. Scribners, 240-249.
James, W (1890) The Physical Basis of Emotion. Psychological Review, 1, 516–529
James, W. (1981). The principles of psychology. Cambridge, Mass.: Harvard University Press
(Trabalho original publicado em 1890).