nietzsche com freud: sobre a possibilidade ou impossibilidade da

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nietzsche com freud: sobre a possibilidade ou impossibilidade da
Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 NIETZSCHE COM FREUD: SOBRE A POSSIBILIDADE OU
IMPOSSIBILIDADE DA AFIRMAÇÃO DO ETERNO RETORNO1
Alexandre Starnino
Graduando em filosofia na UFRJ
Resumo: o tema do eterno retorno de Nietzsche foi associado por algumas
interpretações a um imperativo existencial. No presente artigo, procuramos
problematizar esta interpretação ao estabelecer uma discussão acerca da possibilidade ou
impossibilidade do “sujeito” afirmar o eterno retorno como um imperativo existencial.
Seria um ato da consciência, um esforço da vontade humana, afirmar o eterno retorno de
Nietzsche? Para estabelecer essa discussão e examinar o questionamento que carrega o
titulo deste artigo, traçamos aproximações entre o pensamento de Nietzsche e a
psicanálise de Freud, particularmente naquilo que remete à noção de Psique de ambos os
autores. Apenas abrangendo a compreensão do domínio psicológico avesso à tradição
filosófica anterior a Nietzsche e Freud, ampliando, portanto, o domínio psicológico para
uma unidade onde se é reconhecido o inconsciente, é que podemos estimar o valor do
imperativo existencial. Essa é a hipótese defendida no presente artigo.
Palavras Chaves: Nietzsche, Freud, Eterno Retorno, Psicanálise.
Abstract: Nietzsche’s concept of eternal recurrence has been associated, in some
interpretations, to an existential imperative. In the following paper, our goal is to
problematize this interpretation by building a discussion about the possibility, or the
impossibility, of the “subject”’s affirming of the eternal recurrence as an existencial
imperative. Could it be an act of the conscience, an effort of human will, to affirm
Nietzsche’s eternal recurrence? To better build this discussion and to examine the
question that this paper’s title brings forth, we draw approximations between
Nietzsche’s thought and Freud’s psychoanalysis, particularly in what refers to both
1
O presente artigo está vinculado ao projeto de pesquisa que recebeu o apoio da FAPERJ - Fundação
Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro : Para repensar o desejo: um
diálogo entre filosofia e psicanálise (2014).
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 1 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 authors’ idea of psyche. Only by including the understanding of the psychological
domain contrary to the philosophical tradition prior to Nietzsche and Freud, and by,
therefore, broadening the psychological domain and allowing it to comprehend the
unconscious, can we estimate the value of the existencial imperative. This is the
hypothesis put forth by the following article.
Keywords: Nietzsche. Freud. Eternal recurrence. Psychoanalysis.
Introdução
Seria exagero nosso expor algumas aproximações teóricas entre dois “mestres da
suspeita”, Nietzsche e Freud, em uma pequena comunicação como esta? É possível que
não agradasse nem aos estudiosos do filósofo alemão, tampouco aos estudiosos do
freudismo. O que sabemos é que Nietzsche influenciou profundamente a Psicanálise, e
isso deixou de ser novidade há algum tempo.2 Neste artigo, as aproximações entre a
filosofia de Nietzsche e a psicanálise de Freud são promovidas no intento de discutir o
tema do eterno retorno e a sua relação com o domínio psicológico, vale lembrar,
valorizado por Nietzsche.
Isto posto, convém salientar que o tema do eterno retorno aludido por Nietzsche
não foi interpretado de uma única forma: a temática já recebeu interpretações de ilustres
filósofos como é o caso, por exemplo, das interpretações de Heidegger e Deleuze.3
Entretanto, nossa investigação se concentra nas interpretações que pretenderam
relacionar o eterno retorno a uma espécie de imperativo existencial. Interessa-nos
problematizar e discutir essa interpretação. No trecho do §341 de A Gaia Ciência,
Nietzsche diz:
2
O próprio Freud admite a profunda influência de Nietzsche: “[A Psicanálise] recebeu muito da literatura
e da filosofia. Nietzsche foi um dos primeiros psicanalistas. É surpreendente até que ponto sua intuição
prenuncia as nossas descobertas. Ninguém se apercebeu mais profundamente dos motivos duais da
conduta humana e da insistência do princípio do prazer em predominar indefinidamente. O seu
Zaratustra diz: ‘A dor Grita: vai! Mas o prazer quer eternidade. Pura, profunda eternidade’". SOUZA.
Sigmund Freud e o Gabinete do Dr. Lacan. p. 126. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989. Há
importantes obras que abordam a influencia de Nietzsche em Freud, a saber, Freud e Nietzsche:
Semelhanças e Dessemelhanças. São Paulo: Brasiliense, 1991; e também a recente obra de Reinhard
Gasser, que ainda não foi traduzida para o português: Nietzsche und Freud. Walter de Gruyter.
Berlin/New York: 1997.
3
Para ver as respectivas interpretações do eterno retorno de Nietzsche, consultar: Deleuze, G. Nietzsche.
Lisboa: Edições 70; HEIDEGGER, Nietzsche – Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária, 2014.
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 2 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária
solidão e te dissesse: Esta vida, assim como tu a vives e como a viveste, terás
de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de
novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de
indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar. (..) Se esse
pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e
talvez te triturasse; a pergunta diante de tudo e de cada coisa: Quero isto ainda
uma vez e ainda inúmeras vezes?
Um pensamento, uma ideia, um imperativo, teria o poder de pesar como o mais
pesado dos pesos sobre teu agir? As consagradas palavras de Nietzsche podem atingir
uma dimensão própria? Dito de outro modo, poderia uma representação psíquica
(Vorstellung), um pensamento como esse, em si mesmo, dominar imperativamente o
homem?4 Pode um pensamento em si mesmo ter o poder de orientar e conduzir os atos
procedentes de um ser? Pode uma perspectiva de existência que valorize o momento
presente nos perseguir a ponto de nos transformar, nos triturar? Interpelações como
essas podem nos conduzir e nos farão refletir acerca da possibilidade ou impossibilidade
do “sujeito” afirmar o eterno retorno como um imperativo existencial.
Para tanto, pretendemos expor uma possível interpretação da noção de psique que
encontramos na obra de Nietzsche. É preciso compreender certos elementos do
pensamento de Nietzsche que fazem dele um crítico fundamental da noção de psiquismo
atrelado a uma suposta autonomia do eu consciente. Como afirma Nietzsche, “o ser
humano, como toda criatura viva, pensa continuamente, mas não o sabe; o pensar que se
torna consciente é apenas a parte menor; a mais superficial”5. Apenas abrangendo a
compreensão do domínio psicológico fragmentado e avesso à tradição filosófica anterior
a Nietzsche, é que podemos estimar o valor do imperativo existencial, essa é nossa
principal suposição. Sem isso corremos o risco de superestimar a atividade consciente,
considera por Nietzsche corrupta, rasa e superficial.6
4
Cf. NIETZSCHE, Além e do bem e do mal. § 19. 13ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.
NIETZSCHE, A gaia ciência. São Paulo: Cia. das Letras, 2002. § 354.
6
Cf. Ibidem.
5
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 3 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 O aspecto psicológico das obras de Nietzsche
O fato do aspecto psicológico presente nas obras de Nietzsche não ter sido
devidamente valorizado por algumas leituras é visto com espanto por Kaufmann, um dos
precursores que observou a dimensão psicológica da obra de Nietzsche: “Isso é decerto,
espantoso. Porém, ainda mais espantoso é que ninguém se espante com isso”7, afirma.
Algumas passagens relevantes podem atestar a importância central dada por Nietzsche à
questão psicológica. Em Ecce Homo, por exemplo, Nietzsche diz: “Que nos meus
escritos fala um psicólogo, que não tem igual, eis porventura a primeira discriminação a
que chega um bom leitor, tal como eu o mereço, que me lê como os bons velhos
filólogos liam o seu Horácio”8.
De antemão, é preciso lembrar que a possível compreensão de Psicologia ou
Pisque
9
encontrada nas obras de Nietzsche não deve, indubitavelmente, ser
compreendida e associada à noção de psicologia experimental. A naturalização do
pensamento é criticada, veementemente, por Nietzsche 10 . Uma possibilidade de
compreensão se apresenta como a "imagem" de uma psique expandida ou grande
psicologia. Não devemos associar, também, à dimensão fenomênica dos simples atos da
consciência ou do comportamento imediato do ente humano, à ideia de psique
formulada por Nietzsche. A imediatez da consciência, a primazia do eu penso cartesiano,
sempre foram criticados por Nietzsche. É atribuída ao filósofo alemão a originalidade
das duras críticas à primazia da consciência como aspecto principal da psique humana.
Como afirma Nietzsche, “toda psicologia, até o momento, tem estado presa a
preconceitos e temores morais: não ousou descer até às profundezas. [...] Na medida em
que é permitido ver, no que foi até agora escrito, um sintoma do que foi até aqui
silenciado” 11 . Esse descer as profundezas significa descortinar a primazia do eu
consciente, e isso nos conduz diretamente a uma noção de psique expandida:
7
KAUFMANN, Apud, GIACOIA, Nietzsche como psicólogo. P. 9 – Unisinos, 2004.
NIETZSCHE, Ecce Homo. P.58, São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
9
Utilizo no decorrer do texto os termos psique, psicologia e psiquismo como se fossem correlatos. A
rigor, a noção de Psicologia contemporaneamente está mais associada à "ciência" que estuda os atos
psíquicos. E Psique é o termo grego que a Psicanálise se apropria para desiginar a estrutura mental ou
psíquica de um indivíduo, se diferenciando da proposta de ciência psicológica que leva em conta,
sobretudo, os caracteres comportamentais, naturais e positivos do organismo.
10
Cf. NIETZSCHE, Além e do bem e do mal. § 21. 13ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.
11
NIETZSCHE, Além e do bem e do mal. P.27. 13ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.
8
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 4 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 O programa dessa “grande psicologia” [psique expandida] deve incluir,
portanto, além da tarefa de reportar a esfera espiritual da cultura aos seus
condicionantes afetivos e pulsionais, uma série de outras tarefas. Dentre elas,
gostaria de apontar a desconstrução do primado atribuído a consciência do
domínio psicológico, o reconhecimento e a valorização de um vasto e inaudito
psiquismo inconsciente, a proposta de um novo conceito de unidade subjetiva
– ou de processos de subjetivação -, que se orienta por uma compreensão
ampliada do corpo e da racionalidade. (Giacoia, 2001, P. 11)
A noção de psique expandida que pretendemos expor a seguir diz respeito a toda
história da filosofia. A tradição filosófica sempre se moveu a partir do pressuposto
metafísico - o homem é um animal racional12. Esta definição grega do homem, que
remete a metafísica, em si mesma, não havia até então sido devidamente discutida:
“pensa-se sempre a partir dessa definição, mas não se problematiza a definição em si
mesma”13. De saída ela impõe uma dicotomia, a do corpo e da alma, e mais que isso,
esse dualismo assume uma hierarquia entre corpo e alma: o corpo sendo inferior, por ser
perecível, contingente; ao passo que a alma é superior, por ser imortal, eterna, espiritual.
Esta dicotomia é aprofundada no percurso da tradição filosófica: em Descartes, o
homem, literalmente, passa a ter duas substâncias sem vinculação imanente entre ambas.
“No fundo, a compreensão do homem como animal racional apenas espelha a
interpretação geral da realidade, também ela dividida em dois mundos” 14 . Essa
compreensão de duas realidades promovida pela filosofia não é inaugural, pois bem
antes do desabrochar da filosofia, no período neolítico “entendia-se a realidade como
12
Circulava na cultura grega a concepção de que “o homem é o vivente que tem o poder do logos”. Essa
definição percorre toda a história da filosofia. Embora haja diversos significados para o termo Logos,
comumente esse termo assume o conceito de razão e é empregado para invocar e caracterizar a
essência mesma do homem. “A ‘razão’ era assim concebida como a diferença específica do homem em
relação aos demais seres vivos – e, portanto, como uma forma imutável, a-histórica, da humanidade,
ela própria forma imutável e a-histórica”. WOLFF, Nascimento da razão, origem da crise. P. 67-82.
In.: NOVAES, Adauto, Crise da razão. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. Como se sabe, esse
pressuposto é veementemente questionado após a modernidade por diversos pensadores, Heidegger,
por exemplo, afirma que “a questão sobre a essência do ser humano não entra no rumo certo até que
nos afastemos da mais velha, mais obstinada e mais perniciosa das práticas da metafísica europeia:
definir o ser humano como animal rattionale. Nessa interpretação da essência do homem, este
continua a ser entendido como uma animalitas expandida por adições espirituais” HEIDEGGER,
Apud SLOTERDIJK, Regras para o parque humano: uma resposta à carta de Heidegger sobre o
humanismo. São Paulo: Estação Liberdade, 2000. p. 24-25.
13
BORNHEIM, Da superação à necessidade: o desejo em Hegel e Marx. p.144. in A. NOVAES, O
Desejo - São Paulo: Cia das Letras, 1990.
14
Ibidem.
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 5 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 composta por um mundo superior, dos deuses, residência do fundamento, e um mundo
inferior, sensível, habitado inclusive por esses pobres mortais que são os homens”15.
Portanto, antes mesmo da filosofia essa dicotomia já se hierarquizava. Quando
esse preceito “doutrinante” que divide a realidade em dois mundos começou a
manifestar sinais de decadência, com a crise da metafísica, o fundamento da existência
humana passou a ser devidamente questionado.
Os pressupostos dessa grande psicologia criticam as dicotomias existentes, e
questiona veementemente a plena autonomia da consciência, suspeitando do caráter
axial da consciência, da pureza e incorruptibilidade da razão. Poderíamos nos perguntar:
por que o pensar, em sua consumação, é causado apenas pela atividade racional? Qual o
papel do corpo e de suas forças no uso da razão e da consciência? Por que a expressão
daquilo que denominamos psicológico deve necessariamente estar associado aos
processos conscientes?
A decomposição do Eu e a noção de psique expandida
A expansão do domínio psicológico numa unidade que admita o inconsciente e
não mais a submissão do psíquico aos processos conscientes é a grande contribuição
dessa grande psicologia. Sempre foram tecidas por Nietzsche sólidas críticas ao caráter
axial da consciência e direcionadas aos filósofos da tradição filosófica. A autonomia do
eu, da vontade, e a desconfiança quanto ao caráter incorruptível da razão, também
foram criticados por este pensador:
A maior parte do pensamento consciente deve incluir-se entre as atividades
instintivas, inclusive o pensamento filosófico. Atrás de toda lógica e da
aparente soberania de seus movimentos existem valorações, ou melhor,
exigências fisiológicas para a preservação de determinada espécie de vida. [...]
Assim como o ato de nascer não conta no processo geral da hereditariedade,
também “estar consciente” não se opõem de algum modo decisivo ao que é
instintivo. Em sua maior parte, o pensamento consciente de um filósofo é
secretamente guiado “governado” pelos seus instintos e forçosamente
conduzido por vias definidas [...] Suponho que nada seja “dado” como real,
exceto nosso mundo de desejos e paixões, e que não possamos descer a
15
Ibidem. (P. 146).
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 6 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 nenhuma outra “realidade”, exceto à realidade de nossos impulsos – pois
pensar é apenas a relação desses impulsos entre si. (Nietzsche, 2013 § 3, §
36)
No trecho acima o filósofo afirma que "pensar" é a relação de impulsos entre si:
desejos, paixões, instintos, necessidades, etc. Participa e vigora da atividade consciente
um “complexo de forças” que se estende, sem fronteira nítida, a uma dimensão
denominada por Nietzsche de Isso (Es). E tal complexo, efetivamente, impulsiona,
motiva aquilo que é simplificado em eu penso. A célebre crítica que Nietzsche faz ao
sacro “eu penso” pode ser encontrada no §16 e §17 da obra Além do bem e do Mal:
Ainda há ingênuos observadores de si mesmos que acreditam existir “certezas
imediatas”; por exemplo o “ eu penso”. [Este] "eu penso" pressupõe que eu
compare meu estado momentâneo com outros estados que em mim conheço,
para determinar o que ele é: devido a essa referência retrospectiva a um
“saber” de outra parte, ele não tem para mim, de todo modo, nenhuma
“certeza imediata”. – No lugar dessa “certeza imediata”, em que o povo pode
crer, no caso presente, o filósofo depara com uma série de questões da
metafísica, verdadeiras questões de consciência para o intelecto, que são: “De
onde retiro o conceito de pensar? Porque acredito em causa e efeito? O que
me dá o direito de falar de um Eu, e até mesmo de um Eu como causa, e por
fim de um Eu como causa do pensamento?” Quem, invocando uma espécie de
intuição do conhecimento, se aventura a responder de pronto essas questões
metafísicas, como faz aquele que diz: “eu penso, e sei ao menos que isso é
verdadeiro, real e certo” – esse encontrará hoje à sua espera, num filósofo, um
sorriso. [...] Isso pensa: mas que este “isso” seja precisamente o velho e
decantado “eu” é, dito de maneira suave, apenas uma suposição, uma
firmação, e certamente não uma “certeza imediata”.
Nietzsche investe suas criticas na certeza imediata, e nos questiona porque
devemos crer que o pensar tem como causa o eu: “De onde retiro minha noção de
"pensar"? Por que devo crer na causa e no efeito? Com que direito posso falar de um
"eu" como causa e para cúmulo, causa do pensamento? Freud, inspirando-se em
Nietzsche e Groddeck, também afirma que a atividade pensante é sublinhada pela
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 7 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 impessoalidade de um Isso16 (Es), em oposição à postura doutrinante que afirma ser a
consciência o princípio da consumação do pensar.
Quando se toma como premissa básica não afirmar o eu como axial e como causa
do pensar, necessariamente, estamos expandindo a noção de psique. Freud, convergindo
com Nietzsche, diz:
A diferenciação do psíquico em consciente e inconsciente é a premissa básica
da psicanálise e o que a ela permite compreender e inscrever na ciência os
processos patológicos da vida psíquica, tão frequentes e importantes.
Dizendo-o mais uma vez e de outra forma: a psicanálise não pode pôr a
essência do psíquico na consciência, mas é obrigada a ver a consciência como
uma qualidade do psíquico, que pode juntar-se a outras qualidades ou estar
ausente. Se eu pudesse imaginar que todos os interessados em psicologia
leriam este trabalho, esperaria que já neste ponto um bom número de leitores
parasse e não seguisse adiante, pois aqui está o primeiro xibolete da
psicanálise. Para a maioria daqueles que têm cultura filosófica, é tão
inapreensível a ideia de algo psíquico que não seja também consciente, que
lhes parece absurda e refutável pela simples lógica. Acho que isto se deve ao
fato de não terem jamais estudado os pertinentes fenômenos da hipnose e do
sonho, que — sem considerar o dado patológico — obrigam a tal concepção.
A sua psicologia da consciência é incapaz de resolver os problemas do sonho
e da hipnose. “Estar consciente” é, em primeiro lugar, uma expressão
puramente descritiva, que invoca a percepção imediata e segura. A
experiência nos mostra, em seguida, que um elemento psíquico — por
exemplo, uma ideia — normalmente não é consciente de forma duradoura.
(Freud, 2013, P.15)
Nota-se que a posição de Nietzsche e Freud relacionada ao domínio psíquico se
diferencia das posturas experimentais e fenomênicas. No trecho acima Freud afirma que
é um xibolete da psicanálise atribuir a atividade psicológica marcada por uma instância
16
É imprescindível frisar que o teórico do inconsciente recalcado é Freud. Nietzsche admite a influencia
da atividade inconsciente, inclusive valoriza mais esta do que a tradicional consciência psíquica, mas
não se pode dizer que ambos dizem exatamente o mesmo quando aludem ao termo Isso (Es) e ao termo
inconsciente. Como já mencionado, existem estudos consagrados que discutem as aproximações
teóricas de ambos os autores, contudo não é intuito deste ensaio discutir, a rigor, tais “semelhanças e
dessemelhanças”. Como já dissemos, algumas obras se destacam no estudo das relações entre
Nietzsche e Freud: a consagrada obra de Assoun: Freud e Nietzsche: Semelhanças e Dessemelhanças,
São Paulo: Brasiliense, 1991, e também a atualíssima obra de Reinhard Gasser, que ainda não há
tradução para o português: Nietzsche und Freud. Berlin/New York: Walter de Gruyter, 1997.
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 8 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 inconsciente17. À medida que se formula “a equivalência do eu = consciência”, se
promove a impossibilidade de outra instância que não a consciência efetuar a atividade
pensante. Nietzsche e Freud, cada um a seu modo, contestam a antropologia metafísica
ao admitir um “complexo de força”, um Isso (Es) inconsciente, que de algum modo
impulsiona o “epigonal” pensamento consciente18. Ambos deslocam da consciência
para o inconsciente o caráter fundamental da psique: “o sujeito se identificava com a
consciência; a partir de Freud [e também Nietzsche] temos de nos perguntar por esse
sujeito do inconsciente e por sua articulação com o sujeito consciente”.19
Portanto, a noção de psique de ambos os autores é expandida numa unidade
subjetiva onde se reconhece e valoriza um vasto psiquismo inconsciente.
O mais pesado dos pesos
Ocorre que não é tão simples assim desarticular a primazia da atividade consciente
e da autonomia do eu. Tal discussão remete a toda história da filosofia e somente neste
artigo seria impossível articular rigorosamente o problema. É fundamental deixar claro,
também, que não é nosso intuito expor qual é a posição de Nietzsche e Freud em relação
à atividade volitiva. Até aqui procuramos, na verdade, problematizar a atividade
consciente ao apresentar os pressupostos que visam compreender a noção de psique
expandida valorizada por Nietzsche e Freud.
17
Como nos alerta Garcia-Roza, "Aquilo em relação ao qual o inconsciente freudiano marca uma
diferença radical é a psicologia da consciência. [...] É importante ser ressaltado que a identificação do
inconsciente com o caos, o mistério, o inefável, ilógico etc., e esta identificação ocorreu tanto
anteriormente a Freud como no interior do próprio espaço do saber psicanalítico. Até hoje
encontramos 'descrições' do inconsciente como sendo o lugar da vontade em estado bruto e
impermeável a qualquer inteligibilidade. A esse respeito, Lacan declara que 'o inconsciente de Freud
não é de modo algum o inconsciente romântico da criação imaginante. Não é o lugar das divindades da
noite'. [...] O inconsciente não é aquilo que se encontra 'abaixo' da consciência, nem o psicanalista é o
mineiro da mente que, inversamente ao alpinista platônico da psicologia clássica, vai descer às
profundezas infernais do inconsciente para encontrar, no mínimo, o malin génie cartesiano" GARCIAROZA, Freud e o inconsciente. P.170 – 171, 24.ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
18
“Nietzsche e Freud são pensadores que implodem a noção substancial de subjetividade identificada com
a unidade da consciência, seja como unidade simples, como Res-cogitans ou como Vontade, o eu
perde seu caráter de dado natural e de unidade autárquica da razão ou volição, não mais podendo ser
considerado ‘senhor em sua própria casa’”. GIACOIA, Nietzsche como psicólogo. P. 43. – Unisinos,
2004.
19
GARCIA-ROZA, Freud e o inconsciente. P.170 – 171, 24.ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 9 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 Após termos problematizado a atividade consciente e deixado evidente a postura
de Nietzsche frente à incerteza do eu, podemos pensar naquilo que Nietzsche intitula de
“o mais pesado dos pesos”.
O mais pesado dos pesos. – E se um dia ou uma noite um demônio se
esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “esta vida, assim como
tu a vives e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras
vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada
pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande
em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência – e do
mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este
instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada
outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!” – Não te lançarias ao chão e
rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou
viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias: “Tu és
um deus, e nunca ouvi nada mais divino!” Se esse pensamento adquirisse
poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse; a
pergunta diante de tudo e de cada coisa: “Quero isto ainda uma vez e ainda
inúmeras vezes?” pesaria como o mais pesado dos pesos sobre teu agir! Ou
então, como terias de ficar de bem contigo mesmo e com a vida, para não
desejar nada mais do que esta última, eterna confirmação e chancela? –
(Nietzsche, 2002 § 341)
Encarar o eterno retorno - como um imperativo existencial que procura valorizar a
existência terrena, onde cada acontecimento ganha peso único, tornando a vida
magnífica ou infernal, uma vez que ela seria repetida infinitamente, de forma cíclica, “o
inferno da simples repetição” ou “Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais divino!” – é
um caminho possível de se trilhar?
A nosso ver é um ato de ingenuidade afirmar que o imperativo existencial por si só
produza um efeito ético. Seria uma postura idealista e conflitante20 frente à compreensão
de psique descrita nas obras de Nietzsche. Em nenhum momento o autor assume tal
postura. O simples “exercício” do pensamento consciente não é determinante para
20
Nietzsche sempre procurou afastar a sua concepção de psicologia das perspectivas idealistas: “Quem,
entre os filósofos, foi antes de mim psicólogo, e não o seu oposto, superior embusteiro, ‘idealista’?
Antes de mim, não havia absolutamente psicologia”. NIETZSCHE, Ecce Homo. Porque sou um
destino § 6, São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 10 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 conduzir os atos precedentes de um ser. A nós parece claro que o desígnio de Nietzsche
é competir com os pressupostos de valor que desvalorizavam a existência terrena,
permeados e difundidos por diversas correntes da metafísica e pelas diversas religiões.21
Em O futuro de uma Ilusão e Mal Estar na Civilização de Freud e em diversas
obras de Nietzsche, em especial a Genealogia da Moral, Além do bem e do Mal e O
nascimento da tragédia, ambos os autores apresentam uma constelação de valores
contidos em concepções metafísicas e religiosas, que convergem numa desvalorização
da existência mesma: vida eterna, a verdade absoluta, a verdade do ser, da unidade.
Tais perspectivas se amparam em uma justiça transcendental, incorporando em suas
crenças um bem e mal em si. Todos esses elementos metafísicos e ascéticos podem
culminar numa desvalorização do momento presente e da existência mesma em prol de
uma vida além-túmulo, concebida pela admissão de uma alma eterna, independente do
corpo, este que, por sua vez, é considerado por essas perspectivas como sendo inferior,
perecível, mortal.22 Afasta-se com isso o medo do vir-ser, do sem sentido, por operar,
parece, uma espécie de consolo metafísico.
É aceitável admitir que a tentativa de reintegrar o valor ao momento presente, acolher a tragicidade da existência terrena e, por isso mesmo, valorizar cada escolha,
cada ato, cada momento, - é uma proposta pertinente e valorizada em diversas obras de
Nietzsche, mas em nenhum momento é afirmado pelo filósofo à possibilidade de
autonomia do homem em deliberar sobre se será influenciado realmente por qualquer
imperativo. Como diz Nietzsche: “se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim
como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse; a pergunta diante de tudo e de cada
coisa”.
O imperativo ético por si só é, como diz Nietzsche, “uma introspecção ingênua”,
“falsificação, superficialização e generalização”. Como é possível catequizar o Isso (Es),
o inconsciente, valorizado por Nietzsche? Como instruir, prescrever, converter o
inconsciente a qualquer doutrina, ideia, ou princípio ético? É possível que uma ideia por
si só nos triture? Como!? Mas se não está na tutela do eu e portanto não é unicamente
21
Nietzsche por vezes descreve uma dinâmica onde um pensamento “desce às profundezas” e se torna
“instinto dominante”. Ver, por exemplo, Genealogia da Moral, II, § 3.
22
A extrema vergonha de Plotino relacionada ao seu corpo ilustra bem a hierarquização entre “corpo” e
“alma” que atravessa a humanidade: “o exemplo oferece as brenhas da própria metafísica. Conta a
lenda que Plotino, solicitado por um pintor a posar a fim de tornar imortal a sua imagem, recusa
alegando vergonha de ter um corpo”. BORNHEIM, ‘Da superação à necessidade: o desejo em Hegel
e Marx’ P.144. in NOVAES, O desejo - São Paulo: Cia das Letras, 1990.
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 11 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 um esforço da vontade humana afirmar o eterno retorno, qual seria, então, o devido
valor, o lugar, o poder do imperativo existencial, intitulado por Nietzsche de o mais
pesado dos pesos?
Conclusão
Uma ideia apreendida pela consciência, um "pensamento ético", não age por si só.
Mas, em contrapartida, seria infundado pensar que o inconsciente, o Isso (Es), por si só,
fosse capaz de autonomia irrestrita: Isto não é afirmado nem por Nietzsche nem por
Freud.23 O que se pode afirmar é que uma ideia lançada à consciência só torna-se capaz
de possibilitar um movimento dilacerante, pungente, desde que encontre reforço noutro
lugar: na dimensão inconsciente.
Seria preciso e adequado afastar-se, mesmo que por um instante, do premente
“desejo de livre arbitrariedade” 24 e autonomia depositadas no eu, com a estrita
finalidade de não identificar o eterno retorno de Nietzsche a uma espécie de doutrina
prescritiva direcionada à consciência, pois no fundo,
nossas ações são, todas elas, pessoais de uma maneira incomparável, únicas,
ilimitadamente individuais, sem dúvida nenhuma; mas, tão logo nós as
traduzimos na consciência, elas não parecem mais sê-lo ... Isto é propriamente
o fenomenalismo e perspectivismo, assim como eu o entendo: a natureza da
consciência animal acarreta que o mundo, de que podemos tomar consciência,
é apenas um mundo de superfícies e de signos, um mundo generalizado,
vulgarizado – que tudo que se torna consciente justamente com isso se torna
raso, ralo, relativamente estúpido, geral, signo, marca de rebanho, que, com
todo tornar consciente, está associada a uma grande e radical corrupção,
23
Nem Freud nem Nietzsche defendem qualquer forma de determinismo. Sobre isso ver § 19 e § 21 de
Alem do bem e do mal, onde Nietzsche expõe e critica as noções de cativo e livre arbítrio. Convêm
citar, também, a interessante metáfora do cavalo e do cavaleiro exposta por Freud para ilustrar a
dinâmica entre o Eu e o Isso: “A importância funcional do Eu se expressa no fato de que normalmente
lhe é dado o controle dos acessos à motilidade. Assim, em relação ao Id [Isso], ele se compara ao
cavaleiro que deve pôr freios à força superior do cavalo, com a diferença de que o cavaleiro tenta fazêlo com suas próprias forças, e o Eu, com forças emprestadas. Este símile pode ser levado um pouco
adiante. Assim como o cavaleiro, a fim de não se separar do cavalo, muitas vezes tem de conduzi-lo
aonde ele quer ir, também o Eu costuma transformar em ato a vontade do Id [Isso], como se ela fosse a
sua própria”. FREUD, O Eu e o Id. P. 31 In: Obras Completas, V.16 – O Eu e o Id, “Autobiografia” e
outros textos– São Paulo: Cia das Letras, 2013.
24
NIETZSCHE, Além e do bem e do mal. § 21. 13ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2013
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 12 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 falsificação, superficialização e generalização. (Nietzsche, 2002 §354 (grifo
nosso))
Freud, convergindo com Nietzsche, afirma:
Normalmente nada nos é mais seguro do que o sentimento de nós mesmos, de
nosso Eu. Este Eu nos aparece como autônomo, unitário, bem demarcado e
tudo o mais. Que esta aparência é enganosa, que o Eu na verdade se prolonga
para dentro, sem fronteira nítida, numa entidade psíquica inconsciente a que
denominamos Isso, à qual ele serve como uma espécie de fachada — isto
aprendemos somente com a pesquisa psicanalítica. (Freud, 2010, P.9)
Se associarmos o eterno retorno unicamente a um imperativo ético existencial
lançado
a
imediatez
do
eu consciente, necessariamente
realizaríamos
uma
superestimação da ação consciente; o que seria completamente incompatível com a
postura de Nietzsche. O imperativo ético tem valor e influência na medida em que
assume uma dimensão afetiva, de forma alguma como um “exercício” da consciência.
Apenas pesaria como o maior dos pesos se atingisse uma dimensão afeccional. Uma
afecção capaz de ser sentida - como o mais pesado dos pesos - de tal forma que fizesse o
homem estimar a existência mesma. Um mal estar que “te transformaria e talvez te
triturasse”. Não é, insistimos, uma atitude genuinamente consciente. Não é possível
deliberar, decidir ser afectado por tal força: não se trata de um simples esforço da
vontade.
É preciso, na verdade, ir além da experiência imediata. Porque é propriamente na
relação de reciprocidade entre o Eu e o Isso (Es) que se pode situar o poder afetivo do
mais pesado dos pesos de Nietzsche: Os desejos, representações, paixões, impulsos
inconscientes formam o Isso (Es), o qual contrasta com a experiência imediata, que é
conduzida pela ação inseparável da consciência, do nosso Eu. Dito de outro modo, a
vivência do ser no mundo e suas possibilidades originam as afecções sentidas. É o que
nos precisa o já citado trecho de Além do Bem e do Mal: “Suponho que nada seja “dado”
como real, exceto nosso mundo de desejos e paixões, e que não possamos descer a
http://www.aproximacao.ifcs.ufrj.br/ 13 Revista Aproximação — Primeiro semestre de 2015 — Nº 9 nenhuma outra “realidade”, exceto à realidade de nossos impulsos – pois pensar é
apenas a relação desses impulsos entre si25”.
Em suma, uma ideia, um imperativo existencial, é capaz de mobilizar e comover o
“sujeito” a agir como se fosse para a eternidade, desde que encontre apoio sublinhado e
acentuado por fortes desejos e paixões estruturadas inconscientemente. Deve-se,
portanto, afastar-se de qualquer paradigma da filosofia naturalista, da filosofia
mentalista ou da consciência, para se conceber o eterno retorno. Se os textos de
Nietzsche carregam uma dimensão “Ética”, ela certamente é incompatível com uma
espécie de doutrina moral prescritiva, nem tampouco se consuma como exigência de
uma espécie de tomada de consciência a respeito de algum conjunto de conteúdos.
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