gis planet 98 proceedings format - Intituto Geográfico Português

Transcrição

gis planet 98 proceedings format - Intituto Geográfico Português
SIGMC Explorer
O Explorador de Informação Espacial do Município de Cantanhede
MACHADO, João Oliveira
Resumo
O Sistema de Informação Geográfica (SIG) nas autarquias tem vindo a afirmar-se como um componente
fundamental do sistema de informação destas organizações. Talvez porque tradicionalmente as
entidades que têm implementado os sistemas de informação de gestão não têm sido as mesmas que
implementam o SIG, temos assistido a alguma resistência a esta ligação efectiva nos processos diários
das Autarquias. Após alguma consolidação dos processos SIG mais simples, foi crescendo a necessidade
de recorrer a tecnologias de SIG distribuído para fazer chegar a informação geográfica e os
procedimentos que lhe estão subjacentes a todos os processos do Município. Surgiu, assim, a plataforma
SIGMC Explorer, num contexto de vulgarização da utilização da Internet nos procedimentos do dia-adia das organizações e de uma certa tendência para a webização nos restantes sistemas de informação.
O principal propósito do sistema é o de servir de interface para gestão e exploração do território
municipal em todos os seus aspectos que envolvam directa ou indirectamente a localização e
representação espacial de informação. Esta interface permite visualizar, analisar e imprimir informação
geográfica, assim como aceder a aplicações específicas para as diversas áreas de intervenção do
município. O sistema foi integralmente desenvolvido para tecnologia Internet, pelo que o utilizador
apenas necessita de um browser Internet para a sua exploração. O conjunto das especificações técnicas
que suportam o sistema assenta na interoperabilidade entre as tecnologias WEB e SIG e entre estas e o
restante sistema de informação, com o objectivo de complementar as soluções SIG existentes no
mercado, normalmente demasiado genéricas para suprir de forma expedita necessidades específicas.
PALAVRAS-CHAVE: SIG Distribuídos; WebGIS; SIG Municipais; Sistema Espacial de Apoio à Decisão.
1. INTRODUÇÃO
Numa época em que as Autarquias Locais tendem cada vez mais a apoiar os seus processos de funcionamento e de
decisão em sistemas de informação, assume cada vez mais relevo a incorporação da componente espacial nesses sistemas,
uma vez que se estima que pelo menos dois terços da informação que circula numa autarquia tenha uma dimensão
espacial. A informação georeferenciada assume uma importância crucial para as autarquias, no exercício das suas
competências ligadas ao ordenamento, gestão e desenvolvimento do território.
O SIGMC - Sistema de Informação Geográfica do Município de Cantanhede - é uma infra-estrutura tecnológica para
aquisição, produção, gestão, distribuição e análise de informação geográfica do concelho de Cantanhede, que tem vindo a
ser desenvolvido desde 1998 naquela Autarquia.
No seio do projecto SIGMC nasceu o sistema SIGMC Explorer, que consiste num framework de aplicações SIG e de gestão e
manutenção do próprio sistema, concebido e desenvolvido integralmente no Município de Cantanhede. O principal
propósito do sistema é o de servir de interface para gestão e exploração do território municipal em todos os seus aspectos
que envolvam directa ou indirectamente a localização e representação espacial de informação. Esta interface permite
visualizar e imprimir informação geográfica, assim como aceder a aplicações específicas para as diversas áreas de
intervenção do município. Foi ainda incluída uma política de acessos e permissões baseada em perfis de utilizadores,
permitindo desta forma que o mesmo conjunto de aplicações e de dados possa ser utilizado quer pelos dirigentes e
técnicos da autarquia, quer por outras entidades externas à autarquia mas com interesses partilhados, quer ainda pela
comunidade em geral. O sistema foi integralmente desenvolvido para tecnologia Internet, pelo que o utilizador apenas
necessita de um browser Internet para a sua exploração.
Nesta comunicação é feita a defesa da plataforma WEB como solução de base para a democratização dos processos SIG ao
nível interno de uma organização e simultaneamente para a comunidade, ilustrada com o exemplo do SIGMC Explorer.
Será feito o enquadramento do projecto SIGMC e a caracterização do contexto que levou à criação de um novo paradigma
de abordagem do SIG numa organização com necessidades comuns ao nível dos processos internos e externos. Depois
será apresentado o projecto ao nível da tecnologia envolvida e dos recursos utilizados, abordando as dificuldades e os
obstáculos encontrados para o seu desenvolvimento. Finalmente será apresentado o sistema no seu actual estado e as
perspectivas futuras do seu desenvolvimento.
1.1 O SIGMC Explorer
A motivação do projecto SIGMC Explorer surge da identificação de um conjunto de dificuldades à penetração dos
procedimentos do SIG nos diversos serviços da instituição, assim como no relacionamento desta com a comunidade. Estas
dificuldades prendiam-se com a necessidade de fazer chegar a informação geográfica existente e actualizada aos diversos
departamentos a que ela mais directamente diz respeito, criando simultaneamente condições para que os diversos
serviços e a própria comunidade pudessem usufruir das mais valias que o SIG traz para a resolução de problemas do
quotidiano e no apoio a decisões estratégicas.
Mas entretanto, verificou-se que seria impossível num médio ou mesmo longo prazo, que este objectivo fosse cumprido à
custa de um esforço de envolvimento de recursos semelhante ao que foi efectuado no núcleo de trabalho do SIG. Foi assim
necessário encontrar uma solução capaz de permitir aos diversos serviços da autarquia satisfazer uma elevada
percentagem das suas necessidades em matéria de informação geográfica, com o menor custo possível. Seja o custo
referente à aquisição de bens e serviços seja o relativo ao envolvimento dos recursos humanos desses serviços em
procedimentos exclusivamente do âmbito do SIG. Pretendeu-se assim que tarefas de acesso e consulta à informação
geográfica e alguma análise, sobretudo exploratória, impressão de mapas, bem como algumas operações de actualização
de informação, sobretudo alfanumérica, passassem a ser possíveis por parte de utilizadores que não disponham de
software SIG especializado e obtenham resultados com apenas algumas horas de formação, ou mesmo sem quaisquer
conhecimentos específicos sobre SIG.
Neste contexto surgiu como solução natural o desenvolvimento de um sistema sobre tecnologia Internet, o que potencia a
distribuição de informação geográfica por uma vasta audiência, familiarizada ou não com SIG, permitindo a realização de
funções e obtenção de resultados similares aos existentes num ambiente SIG tradicional. A partir de um browser de
Internet é possível aceder, visualizar e interagir com os dados produzidos por soluções SIG profissionais em qualquer
parte do mundo, bem como integrar dados a partir de múltiplas origens para realizar inquirições e análises localizadas. A
solução desenvolvida recorre a um software servidor de mapas comercial - o ArcIMS - por constituir uma sofisticada
plataforma de desenvolvimento de aplicações de WebGis, em arquitectura cliente/servidor, com ferramentas de
desenvolvimento e gestão que podem ser utilizadas para construir soluções empresariais seguras, fiáveis e facilmente
adaptáveis ao aumento da procura.
Os domínios de intervenção do SIGMC Explorer coincidem com os próprios domínios de intervenção da autarquia,
sempre que nestes esteja envolvida informação geográfica ou então informação que seja referenciável no espaço. Do
levantamento de necessidades efectuado ao universo da autarquia, resultou a identificação de onze aplicações temáticas a
integrar gradualmente no SIGMC Explorer. Actualmente encontra-se desenvolvido o próprio framework horizontal, que
inclui as principais funcionalidades de gestão e administração do sistema e o explorador de informação geográfica, e
ainda duas aplicações verticais para dois domínios de intervenção. As aplicações que deverão integrar a plataforma
SIGMC Explorer são as seguintes:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Explorador de IG
Mapas de Localização
Gestão Urbanística
Planos de Ordenamento
Rede Viária
Publicidade
Gestão de Imóveis
Ambiente e Recursos Naturais
Redes de Saneamento Básico
Gestão de Cartas de Equipamentos
Protecção Civil
Estatística Espacial
A implementação do sistema SIGMC Explorer exigiu e continua a exigir a adopção de um conjunto de procedimentos na
instituição indispensáveis ao seu correcto funcionamento. A viabilidade de implementar alguns deles obrigou
inclusivamente à sua regulamentação em instrumentos legais em vigor no Município. Os procedimentos criados incluem
actos que envolvem desde os munícipes e técnicos autores de projectos até aos diversos serviços da organização. O
estabelecimento de procedimentos, um dos componentes fundamentais de um SIG, visou documentar e estruturar a
forma como os mecanismos necessários à implementação do sistema iriam afectar ou envolver os diversos intervenientes
da instituição. Por exemplo, foram estipuladas regras sobre como deveriam ser georeferenciadas as parcelas e as
construções, sobre como esta informação seria incorporada no SIG, sobre como os técnicos iriam interagir com ela e
finalmente sobre o modo como a informação armazenada é explorada pelos diversos intervenientes.
Relativamente à componente humana, o sistema inclui intervenientes internos e externos à instituição e com diferentes
níveis de acesso, organizados em perfis de utilizadores. Os utilizadores internos foram divididos em dois grandes grupos.
Um grupo que pode consultar e editar informação e um grupo que apenas pode consultar. Quanto aos utilizadores
externos, apenas possuem permissões de consulta e impressão de informação que não seja classificada como sigilosa.
A necessidade de saber em qualquer instante as características da informação geográfica existente no SIGMC, bem como a
vontade de divulgar junto da comunidade a informação existente, levou à criação de procedimentos e módulos de
aplicações capazes de gerir e distribuir metainformação de dados geográficos naquele sistema. A informação geográfica
com metadados é informação geográfica de qualidade, na medida em que facilita a sua localização por parte de quem a
procura e na medida em que, quem a utiliza sabe exactamente o que está a utilizar e como tirar o melhor partido dessa
utilização. Um dos factores que permitem classificar informação como de qualidade é precisamente a sua relevância para
um determinado objectivo.
Outro aspecto que demonstra bem a importância da metainformação, tem a ver com a normalização dos dados,
fundamental para a sua reutilização. Para se conhecer bem os dados e a sua consistência são necessárias normas de
catalogação e de descrição da sua qualidade.
O armazenamento dos metadados em XML, propicia um conjunto de novos métodos de partilha, pesquisa e distribuição
dos conteúdos, que dificilmente seriam implementados se a informação estivesse armazenada numa base de dados. Não
podemos esquecer que a metainformação é pela sua natureza informação tão pública quanto possível. Mas se alguma
metainformação for de natureza confidencial, a tecnologia Web e a linguagem XML dispõem igualmente de mecanismos
de protecção dos dados e o acesso a estes pode ser feito de forma condicionada [6].
O SIGMC Explorer visa permitir que qualquer utilizador, interno ou externo à autarquia, satisfaça a esmagadora maioria
das suas necessidades em matéria de informação georeferenciada. Operações como consulta e impressão de cartografia e
mapas temáticos elaborados à medida, confrontação entre informação dos diversos domínios de intervenção da autarquia
e de outras entidades com interferência no território, processos de apoio à decisão envolvendo análise espacial, como o
caso da confrontação automática de uma parcela com o plano de ordenamento aplicável, terão de ser possíveis a qualquer
utilizador apenas com um browser e o SIGMC Explorer.
Desta forma, visa-se uma clara economia de recursos, materiais e humanos, na medida em que o sistema desenvolvido
evita deslocações não desejadas de pessoas à autarquia e dentro dos seus próprios serviços, para efectuar procedimentos
que podem ser comodamente realizados pela Internet. Desta forma, contribui-se ainda para a redução da replicação de
processos e documentos em papel.
Para além das vantagens ao nível dos recursos, o sistema traz ainda vantagens qualitativas ao permitir um acesso
generalizado e simplificado a informação que de outra forma poderia demorar horas ou dias a obter, podendo envolver
vários funcionários, facilitando-se assim incomparavelmente
a sua utilização. Pretende-se desta forma uma maior
celeridade e transparência no tratamento dos processos por
parte da autarquia e na comunicação com os diversos
intervenientes nestes, muito especialmente os munícipes.
Os objectivos específicos a atingir com a presente estratégia
decorrem, sobretudo, das opções estratégicas consideradas e
dos factores críticos de sucesso identificados, e são os
seguintes:
•
•
•
•
•
•
•
Generalizar o acesso ao SIG;
Substituir
procedimentos
presenciais
por
procedimentos online;
Manter a base de dados geográfica actualizada;
Acesso a informação de todos os domínios do território;
Criação regular de novos serviços;
Divulgação dos produtos e serviços e captação de
feedback;
Reduzir ao máximo o software comercial dispensável
2. ARQUITECTURA DO SISTEMA
A arquitectura tecnológica do sistema SIGMC Explorer
encontra-se esquematizada na figura 1. A infra-estrutura
física necessária ao funcionamento do sistema não é
Figura 1. Implementação da metainformação
exclusiva para o funcionamento do SIGMC Explorer, sendo
em duas camadas. A interligação entre as duas
utilizada por outras aplicações. Desta infra-estrutura
camadas faz-se por XML.
necessária, uma parte é específica ao SIG e outra é comum ao
restante sistema de informação da autarquia. A parte específica inclui um servidor que funciona como servidor de dados
geográficos e alfanuméricos específicos do SIG, como servidor Internet do site do SIGMC e ainda como servidor de
mapas. A parte que não é específica inclui a base de dados da informação administrativa e a própria infra-estrutura de
rede local e de ligação à Internet.
O SIGMC Explorer consiste num framework de aplicações de processamento e visualização de informação geográfica
sobre plataforma Internet, vocacionadas para todas as áreas de intervenção da autarquia, assim como para outras
entidades externas à Câmara, mas que interajam com a mesma informação geográfica. A solução desenvolvida assenta em
serviços de mapas em tecnologia WEB, recorrendo ao servidor de mapas ArcGIS/ArcIMS [11] e [13].
A interface visível da aplicação foi desenvolvida em páginas Web estáticas e dinâmicas, utilizando as linguagens
habituais, nomeadamente HTML e DHTML, javascript, vbscript, e o código do lado do servidor em ASP (Active Server
Pages). As aplicações disponíveis a partir da interface utilizam além daquelas linguagens, componentes ActiveX
desenvolvidos especificamente para processamento de pedidos dessas aplicações. O acesso às diferentes bases de dados é
feito utilizando a tecnologia ODBC.
O sistema é constituído por uma camada horizontal que inclui o próprio explorador de mapas, a gestão da base de dados
de informação geográfica, a gestão dos perfis de utilizadores que
traduzem a política de acesso aos dados e às funcionalidades das
aplicações e finalmente ferramentas de gestão e administração do
sistema.
Sobre esta camada, que constitui por si só a aplicação principal com
funcionalidades de exploração de mapas, funcionam aplicações
específicas, encontrando-se actualmente duas desenvolvidas e
estando previstas mais nove. Para além de acederem à base de dados
de informação geográfica, as aplicações podem aceder a informação
do sistema de gestão autárquica, via ODBC, o que tem constituído a
única forma de integração dos dois sistemas.
Ao nível da metainformação, o sistema SIGMC Explorer implementa
uma solução numa arquitectura de duas camadas (figura 2), uma
relativa à criação e manutenção da metainfomação, recorrendo a
software comercial [10], outra relativa à exploração dos metadados,
desenvolvida em tecnologia WEB e integrada no explorador.
Das aplicações actualmente desenvolvidas uma é para apoio à gestão
urbanística e monitorização do licenciamento de obras particulares e
outra para a produção de mapas temáticos ou simplesmente de
localização (plantas de localização).
Figura 2. Implementação da
metainformação em duas camadas. A
interligação entre as duas camadas faz-se
por XML.
3. O SISTEMA DESENVOLVIDO
3.1 Visão Geral
O acesso à aplicação começa com a indicação do nome de utilizador e palava-passe, após o que é apresentada uma versão
do framework parametrizada para o perfil a que o utilizador pertence. A criação de utilizadores e definição das
respectivas permissões é feita pelo administrador do sistema.
O sistema foi concebido para ser entendido e utilizado por utilizadores sem conhecimentos específicos de sistemas de
informação geográfica. No caso das aplicações temáticas será obviamente necessário ter conhecimentos do domínio de
intervenção dessas aplicações.
Na figura 3 apresenta-se a janela principal da aplicação e as principais zonas que a compõem. A partir desta janela é
possível começar de imediato a utilizar o explorador através da aplicação base, ou então escolher uma aplicação
específica.
No caso de utilizadores registados, foi associada uma aplicação por pré-definição para o respectivo perfil. Nestes casos, o
explorador inicia logo com a configuração dessa aplicação. Os utilizadores não registados podem aceder com um registo
genérico (utilizador geral) que dá acesso à informação geográfica e às funcionalidades das aplicações consideradas
públicas.
Figura 3. Janela principal do explorador.
3.2 Aplicação Base
Todas as aplicações de todos os perfis incluem um conjunto de funcionalidades comuns, que são o explorador de mapas,
o catálogo de temas de informação geográfica disponíveis no SIGMC e organizados numa estrutura de categorias, as
ferramentas de controlo da visualização do mapa, as funções de localizar, o mapa de enquadramento, as opções de
apresentação dos temas e da legenda e finalmente a possibilidade de imprimir mapas utilizando um layout específico que
pode ser parcialmente personalizado.
O explorador inclui um catálogo onde se pode encontrar toda a informação geográfica validada e disponibilizada pelo
SIGMC. Neste catálogo é possível saber a informação disponível de acordo com o perfil, assim como torná-la visível ou
invisível no mapa. A aplicação está preparada para mostrar os temas adequados por níveis de escala de visualização.
A partir da zona “localizar” é possível indicar o nome de lugares ou ruas do concelho, após o que é apresentada uma
janela com os resultados. Ao seleccionar uma opção na janela, o mapa desloca-se para essa zona.
Para a consulta da metainformação da informação geográfica, foi criada uma ferramenta que funciona com os modos
activo e inactivo. Se estiver activa, ao seleccionar um tema no catálogo, é exibida uma janela com a metainformação desse
mesmo tema.
A ferramenta de impressão de mapas cria uma nova janela com a pré-visualização do mapa produzido, bastando efectuar
um clique sobre ela para iniciar a impressão.
3.3 Aplicação para Mapas de Localização
A aplicação de mapas de localização foi pensada sobretudo para a emissão de plantas de localização para instrução de
processos e requerimentos, ou para qualquer outro uso. Contudo, com as funcionalidades disponibilizadas, esta aplicação
permite a produção e impressão de mapas temáticos em geral, a partir do catálogo de informação disponível no SIGMC.
Permite ainda criar e obter extractos de cartografia em formato digital (formato DXF) necessários, por exemplo, para
licenciar obras no concelho de Cantanhede.
Ao escolher uma determinada planta, a aplicação cria um layout de impressão com uma formatação pré-definida (figura
4, esquerda) e com o mapa centrado na zona que o utilizador está a visualizar. A aplicação permite ainda criar mapas
temáticos construídos pelo utilizador e efectuar a sua impressão.
Figura 4. Layout de impressão de plantas de localização tipo (esquerda) e formulário para descarga de
extractos de cartografia digital (direita).
A criação do extracto digital faz-se por indicação da área desejada, após o que a aplicação lança uma nova janela com uma
pré-visualização do ficheiro criado, no formato DXF. A partir desta janela é possível efectuar o download do ficheiro
(figura 4, direita).
3.4 Aplicação de Gestão Urbanística
A aplicação de apoio à gestão urbanística visa permitir explorar a informação da georeferenciação dos processos de
licenciamento de obras, tornando assim possível efectuar uma exploração espacial e monitorização dos licenciamentos, e
consequentemente da dinâmica de construção no concelho. Inclui um conjunto de funcionalidades para consulta dos
processos de licenciamento de obras, permitindo acompanhar a evolução da tramitação e simultaneamente a evolução da
ocupação do solo. A informação administrativa dos processos é gerida numa base de dados Informix em Unix, à qual a
aplicação vai ligar via ODBC. A aplicação destina-se também ao apoio aos técnicos que fazem a apreciação dos projectos
de licenciamento, permitindo indicar uma parcela e confrontá-la por análise espacial com o instrumento de planeamento
em vigor para o local.
Por cada novo pedido de licenciamento entrado na Câmara Municipal é digitalizada para a base de dados a respectiva
parcela de implantação e o polígono (ou polígonos) dos edifícios propostos. Depois, a parcela é codificada, sendo gerado
um código por análise espacial que inclui a freguesia, o arruamento confinante e o número de polícia. De seguida é
codificado o edifício com base na parcela onde fica implantado e finalmente efectuada a ligação entre o edifício e o
respectivo processo administrativo, com base no código do edifício.
A localização de processos de licenciamento pode ser feita com base na informação alfanumérica ou na sua localização
espacial. A informação alfanumérica pode ser o número do processo, o nome ou parte dele de um dos requerentes, ou
ainda o número de contribuinte. Por outro lado, a aplicação permite localizar uma parcela ou um edifício no mapa e obter
os processos que lhe estejam associados.
Para cada processo, o utilizador pode efectuar um conjunto de acções sobre ele, nomeadamente:
•
•
•
•
•
Visualizar o mapa do local;
Consultar informação relativa ao licenciamento;
Saber a localização (órgão) do processo físico;
Consultar ou emitir informações técnicas do licenciamento;
Confrontá-lo com os planos municipais de ordenamento.
A aplicação permite ainda efectuar um conjunto de consultas espaciais com base nos
atributos armazenados, quer no sistema administrativo quer na base de informação
geográfica. Adicionalmente, o utilizador pode emitir mapas com a informação que
está a ser visualizada, utilizando um layout específico que pode ser parcialmente
parametrizado.
A caixa de escolha dos processos exibe a lista de processos existentes para um
determinado número de contribuinte ou para um determinado nome ou parte dele,
para um número de processo ou ainda para uma parcela no espaço.
Caso existam processos para os dados fornecidos, estes são colocados na caixa de
escolha, com o mais recente seleccionado automaticamente.
O utilizador pode usufruir de toda a informação espacial existente no sistema e
confrontar o pedido de licenciamento com todas as variáveis que entender. A
ferramenta “Confrontar PMOT” faz a confrontação espacial automática com o plano
de ordenamento aplicável no local do pedido (figura 5).
Figura 5. Resultado da
confrontação de uma parcela
com o plano de ordenamento,
por análise espacial
4. CONCLUSÕES
4.1 Benefícios Alcançados
A principal e mais visível vantagem da utilização do SIGMC Explorer é a possibilidade oferecida a qualquer interveniente
nos processos do Município, ou a qualquer cidadão em geral, de consultar a informação geográfica existente a partir de
um browser de Internet, em vez da aquisição de fotocópias nos serviços da Câmara. Para além da incontestável facilidade
de acesso, a mais valia oferecida aos utilizadores ultrapassa esta questão prática e estende-se ao acesso a funcionalidades
impossíveis de outra forma. A título de exemplo podemos referir a possibilidade de escolher entre diferentes bases de
informação de acordo com as necessidades, ou a facilidade de saber automaticamente a informação geográfica existente
para determinado local e para os diversos domínios de intervenção da autarquia e de outras entidades externas, ou ainda
obter respostas instantâneas a processos que antes poderiam demorar horas ou mesmo não ser possíveis sem o
envolvimento de diversos funcionários.
Outro aspecto relevante tem a ver com o facto de todo o universo de utilizadores aceder à mesma base de informação,
com o mesmo estádio de desenvolvimento, assim como à informação dos outros domínios de intervenção que está
automaticamente disponível. Antes, este tipo de funcionalidades estava disponível apenas para a equipa de trabalho do
SIG.
De salientar ainda o contributo desta forma de gerir o território para o aumento da celeridade e transparência nos
processos de decisão, por partilhar, de acordo com os perfis de utilizadores, informação que antes estava em pilhas de
papéis e portanto de acesso extremamente difícil à maioria dos intervenientes. Criou-se assim uma ferramenta que, com
uma enorme rapidez e com um elevado grau de qualidade e confiança, produz informações de grande relevância para os
interesses dos dirigentes, dos técnicos, dos munícipes e da comunidade em geral.
4.2 Obstáculos Encontrados
O principal obstáculo encontrado no desenvolvimento do sistema prende-se com a escassez de recursos disponíveis numa
Câmara Municipal para o desenvolvimento de aplicações informáticas, uma vez não ser esta a orientação habitual. Esta
realidade aliada ao facto de se tratar de desenvolvimento para a Web, que tem vantagens incontestáveis mas
normalmente implica mais trabalho de programação, tem como consequência ciclos de desenvolvimento mais longos.
Deve-se apenas a esta razão o facto de ainda não estarem desenvolvidas mais aplicações de entre as previstas.
A possibilidade de desenvolver as aplicações de forma totalmente orientada aos requisitos da instituição traz benefícios
directos, mas pode também trazer inconvenientes. Uma vez que se trata de um projecto sem paralelo, não existem
padrões de orientação para o seu desenvolvimento, podendo incorrer-se numa má especificação de requisitos. Tem-se
procurado que este risco seja permanentemente monitorizado e as conclusões reflectidas nos ciclos de desenvolvimento
seguintes.
Outra dificuldade entretanto verificada tem a ver com a penetração do sistema em alguns serviços da Câmara, por se
tratar de um sistema totalmente novo. Este problema está a ser ultrapassado com acções de demonstração e formação
diferenciadas para os utilizadores internos e externos.
4.3 Considerações Finais
O SIGMC Explorer pauta-se por um conjunto de especificações técnicas que conduzem ao desenvolvimento de um
sistema de informação, suportado em tecnologia SIG e Internet, e como solução de base para os diversos domínios da
administração municipal. Esta solução visa complementar as soluções SIG existentes no mercado, que normalmente são
demasiado genéricas para suprir necessidades específicas. Mesmo as aplicações verticais desenvolvidas para satisfazer
determinadas necessidades, tratam cada área de actuação como sendo uma realidade à parte, o que é particularmente
inadequado no âmbito da administração local. As autarquias estão envolvidas em tudo quanto tenha a ver com o seu
território, necessitando, por isso, de soluções capazes de abordar, de forma integrada, os diferentes temas de informação
que o compõem.
A experiência adquirida com alguns meses de funcionamento do SIGMC Explorer veio demonstrar que a Internet
constitui um meio privilegiado e com um elevado potencial de crescimento no que respeita à disponibilização de grandes
quantidades de informação geográfica, tornando possível o acesso a sofisticadas funcionalidades SIG por parte de
qualquer utilizador. Assim, a aposta nesta plataforma para aplicações SIG distribuído, seja para acesso interno ou externo,
será para continuar.
Com esta opção ficam garantidos alguns pressupostos de funcionamento e evolução do sistema, mas também de
rentabilização de esforço de desenvolvimento de aplicações específicas para Intranet, Extranet e Internet.
Temos registado um impacto muito positivo do sistema nos processos da instituição e muito especialmente no
relacionamento desta com os munícipes. Este impacto tem-se traduzido numa maior celeridade no tratamento de
processos, por exemplo de licenciamento de obras, mas sobretudo numa maior transparência nestes mesmos processos.
Ao permitir confrontar as pretensões com toda a informação sobre o território existente na base de dados geográfica e com
as decisões proferidas sobre processos próximos geograficamente ou de características semelhantes, a aplicação contribui
para uma maior coerência e consistência nas decisões do município.
O SIGMC Explorer surge assim como um sistema que melhora o desempenho interno da autarquia, mas que também
presta serviços fundamentais à comunidade em matéria de informação geográfica através da Web, contribuindo assim
para que os serviços públicos que são prestados aos cidadãos sejam mais eficientes, mais eficazes e mais satisfatórios.
REFERÊNCIAS
1.
AGUIAR, A. et al. (1998), SIMAT – Relatório de Especificação de Requisitos. INESC Porto.
2.
AGUIAR, A. et al. (2000), SIMAT – Relatório de Especificação da Aplicação GU. INESC Porto.
3.
AQUILANO, CHASE (1997), Gestão da Produção e das Operações, MONITOR, Lisboa,
4.
CHENEZ, C. e KERMARREC, G. (1999), On-going Metadata Initiatives in Europe, EUROGI (The European Umbrella
Organisation for Geographic Information)
5.
CLARE, C. e STUTELAY, G. (1995), Information Systems – Strategy to Desig, Internacional Thomson Computer Press.
6.
COELHO, P. (2000), XML A nova linguagem da WEB, FCA – Editora de Informática Lda
7.
COUCLELIS, H. e LIU X. (2000), The Geography of time and ignorance – Dynamics and uncertainty in integrated
urban-environmental process models. GIS/EM4, Canada.
8.
DAMAS, L. (1999), SQL – Structured Query Language, FCA – Editora de Informática Lda
9.
EGENHOFER, M. e GOLLEDGE, R. (1994), Time in Geographic Space: Report on the Specialist Meeting of Reaserch
Initiative 10. National Center of Information and Analysis
10. ESRI (2001), ESRI Profile of the Content Standard for Digital Geospatial Metadata – An ESRI Technical Paper, ESRI.
11. ESRI (2001a), Customizing ArcIMS ActiveX Connector, ESRI.
12. ESRI (2001b), Customizing ArcIMS HTML Viewer, ESRI.
13. ESRI (2001c), Introduction to ArcIMS, ESRI
14. ESRI (2002), Modeling and Using History in ArcGIS – An ESRI Technical Paper, ESRI
15. GREEN, D. e BOSSOMAIER, T. (2002), Online GIS and Spatial Metadata, Taylor & Francis
16. MITCHEL, A. (1999), The ESRI Guide to GIS Analysis – Volume I: Geographic Patterns & Relationships, ESRI Press.
17. NSDI (1996), FGDC Standards Reference Model, Federal Geographic Data Committee
18. NSDI (1998), Content Standard for Digital Geospatial Metadata, Federal Geographic Data Committee
19. OGC (1999), The OpenGIS Abstract Specification Topic 11: Metadata Version 4, Open Gis Consortium
20. OpenGIS (1998), The OpenGIS
http://www.opengis.org,.
Service
Architecture.
Relatório
Técnico,
Open
GIS
Consortium.
21. PAINHO, M. e MARQUES, F. (2002), Bases de Dados – Alguns Aspectos sobre Bases de Dados em SIG (Tradução e
adaptação), Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação – Universidade Nova de Lisboa.
22. SILVA, A. e VIDEIRA, C. (2001), UML Metodologias e Ferramentas CASE, Centro Atlântico.
23. ZEILER, M. (1999), Modeling Our World. The ESRI Guide to Geodatabase Design, ESRI Press.
24. ZWASS, V. (1998), Foundations of Information Systems, Irwin/McGraw-Hill.
Município de Cantanhede
Departamento de Urbanismo
Divisão de Informação Geográfica
Praça Marquês de Marialva
3060 - 909 CANTANHEDE
PORTUGAL
Tel: (+ 351) 231410100
Fax: (+ 351) 231410199
URL: http://sig.cm-cantanhede.pt

Documentos relacionados