AtividAdes - Revista Outdoor

Transcrição

AtividAdes - Revista Outdoor
www.revistaoutdoor.pt
nº5 Maio/junho 2012
outdoor
Revista
Torna-te fã
Portugal em kayak
por Aurélio Faria
entra na onda
com a Rita Pires
portugal a pé
O livro de Nuno Ferreira
sos
Psicologia da Sobrevivência
descobrir
A Costa Vicentina!
Aventura
Lisboa-Madrid em BTT
atividades
em família
the tall ships races
A grande regata está a chegar a Lisboa
Diretrizes
EDITORIAL
04
nº5 Maio_Junho
GRANDE REPORTAGEM
PORTUGAL EM KAYAK por Aurélio Faria
2012
06
EM FAMÍLIA
ATIVIDADE- Canoagem em Sesimbra
12
DESCOBRIR - Dog Trekking
EVENTO - Tall Ships
14
MINHA EXPERIÊNCIA - O Embarque
22
06
aventura
EVENTO — Norte Alentejano O’Meeting
24
DESAFIO — 2numundo
28
entrevista
Rita Pires — A onda é da Rita
34
POR TERRA
ATIVIDADE — Caminho do Abade
40
DESAFIO — Lisboa Madrid em BTT
42
ATIVIDADE — Birdwatching
47
CRÓNICA — Hola Peregrino!
52
“São Vicente à vista!” - exclamaram extenuados, mas felizes Nuno Pereira e Rui
Calado ao desembarcar no areal da Arrifana, depois de 7 horas de remadas com
vento forte e mar grande e agitado.
POR ÁGUA
ATIVIDADE — Bodyboard
59
INDOOR — Preparação para Bodyboard
62
EVENTO — Volvo Ocean Race
64
descobrir — Whale Whatching
70
34
FOTOGRAFIA
TRUQUES E DICAS — Fotografar Sequências
76
PORTFOLIO DO MÊS — Rui Romão
80
foto-reportagem — PAN Park Oulanka
86
SOS
Psicologia da Sobrevivência
92
DESCOBRIR
costa vicentina
96
EVENTO - cliff diving series
104
Pousada de Juventude da Arrifana
108
PROJETO - Descobrir o projeto de Sílvia Romão
110
DESAFIO - IronMena-Dê Sangue, Apoie a Vida
114
LIVRO AVENTURA - Portugal a Pé
116
RECEITA OUTDOOR - Esparguete à Puttanesca
118
Rita Pires dispensa apresentações... É Bodyboarder profissional e uma amante do
mar e da descoberta! Rita esteve à conversa com a Outdoor e contou-nos alguns
dos seus segredos e projetos para o futuro... Já és fã? Entra nesta onda...
104
kids
FESTAS DE ANIVERSÁRIO
120
ATIVIDADES OUTDOOR
124
DESPORTO ADAPTADO
ecoparque sensorial da pia do urso
130
ESPAÇO APECATE
Conquistar o Mercado Externo
134
A fechar
138
Os textos e imagens presentes na Revista Outdoor são da responsabilidade dos seus autores.
Não é premitido editar, reproduzir, duplicar, copiar, vender ou revender, qualquer informação presente na revista.
A ilha de S. Miguel ganha em julho próximo honras de capital mundial de um dos
desportos mais técnicos e exigentes de
todos os tempos: o Cliff Diving. O Red
Bull Cliff Diving World Series visita assim
Portugal e os Açores pela primeira vez,
trazendo consigo os melhores atletas do
planeta.
Editorial Ficha técnica
chegou o
número 5!
www.portalaventuras.clix.pt
N
Edição nº5
ovos temas, novos desafios,
novas personalidades…com
estes ingredientes chega o
novo número da Outdoor!
WPG – Web Portals Lda
NPC: 509630472
A natureza começa a brindar-nos com as
suas cores primaveris, o sol começa a espreitar e o ficar em casa deixa de ser opção. Vamos mostra-lhe o
que andam a fazer grandes aventureiros portugueses, queremos dar-lhe sugestões de atividades para que se deslumbre
com o nosso país. Desejamos que a sua vontade de descoberta
deixe de ser uma vontade e passe a ser um desafio concretizado. Mergulhe nas páginas da Revista Outdoor: desfrute e parta
à aventura!
Começamos com uma travessia em Kayak pela nossa costa.
Passamos por grandes eventos que se vão realizar no nosso
“cantinho” fantástico e entrevistamos a nossa campeã de Bodyboard Rita Pires. Descobrimos truques para grandes fotografias, conhecemos projetos que nos fascinam: já se imaginou
numa aventura de Ovar a Macau em bicicleta? E em fazer uma
travessia entre Lisboa e Madrid? Que tal entrar na onda: ler e
partilhar este número?
Aventure-se e já sabe, a Revista Outdoor também é sua: participe. Existe algum tema que gostasse que fosse explorado por
nós? Algum dos nossos artigos que tenha gostado em particular? É fã dos artigos de algum dos nossos redatores? Dê-nos a
sua opinião e eventuais sugestões para que nos seja possível ir
ao seu encontro.
E não se esqueça: até ao próximo número pode acompanhar
todas as novidades no Portal Aventuras!
Boas Aventuras!
Nuno Neves
Capital Social: 10.000,00
Rua Melvin Jones Nº5 Bc – 2610-297 Alfragide
Telefone: 214702971
Site internet: www.revistaoutdoor.pt
E-mail: [email protected]
Registo ERC n.º 126085
Editor e Diretor
Nuno Neves | [email protected]
Marketing, Comunicação e Eventos
Isa Helena | [email protected]
Sofia Carvalho | [email protected]
BEBIANA CRUZ | [email protected]
Revisão
Cláudia Caetano
Colaboraram neste número:
ana barbosa, ana lima, andré melo, Aurélio
Faria, cláudio silva, fernando costa,
filomena gomes, gonçalo benttencourt,
luís varela, nuno ferreira, nuno pereira,
paulo gonçalves, pedro filipe, rafael
polónia, rita pires, ricardo mendes, rui
calado, rui cunha, rui romão, sílvia romão,
spea, susana muchacho tanya ruivo, tiago
costa.
Design Editorial
Inês Rosado
Fotografia de capa
stork
Desenvolvimento
Ângelo Santos
4
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Onde
eficiência
e cOntrOlO
se juntam.
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Advanced Dynamics é a tecnologia com que criámos
a bicicleta de trail mais eficiente do mercado. Uma
máquina que te fará subir mais ágil do que nunca
e te dará o máximo controlo para fazeres faísca
em qualquer descida. Nova Orbea Occam, onde
eficiência e controlo se juntam.
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Grande Reportagem
TRAVESSIA PORTUGAL
EM kayak
“S
ão Vicente à vista!” - exclarevoltas do Cabo Sardão, os dois canoístas
maram extenuados,
acreditaram finalmente que cumprimas felizes Nuno
riam o sonho de serem os primeiros
“O
Pereira e Rui
a realizar a travessia de Portugal
desafio:
Calado ao deem caiaque.
percorrer toda
sembarcar no areal da Arrifana,
«O desafio: percorrer toda a cosdepois de 7 horas de remadas
ta portuguesa em caiaque! De
a costa portuguesa
com vento forte e mar grande
Caminha a Vila Real de Santo
em caiaque! De Cae agitado.
António (...), são quase 900km
minha a Vila Real
de costa, esta costa que nos deÀ 15ª etapa de 53km entre Vila
fine como portugueses, e atrade Santo AntóNova de Milfontes e a praia da
vés
da qual nos aventurámos nas
nio “
costa vincentina, que incluiu canmaiores conquistas. É sem dúvida
sativas pagaiadas para vencer as águas
um grande desafio, mas nada é impos6
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
«A 1ª etapa correu de vento em popa, quase
sempre com vaga média/alta para ajudar na
surfada. Agora, é continuar com força, etapa
após etapa, até Vila Real de Santo António.» O
plano é cumprido, e no primeiro dia, Nuno e
Rui remam 31,37km em 5h09m entre Caminha e Viana do Castelo, onde montam também
o primeiro acampamento à beira mar.
À falta de patrocínios chorudos, têm o apoio
moral que marcará sempre a aventura até
Vila Real Santo António: a companhia de amigos e seguidores, «malta dos caiaques» que
vai acompanhá-los no início ou final de cada
etapa... Nalguns casos, a solidariedade valerá
também rancho melhorado nas pernoitas em
terra.
AS PRIMEIRAS ETAPAS
O cansaço de remar horas seguidas no mar,
sob o sol inclemente de verão, provoca sequelas imediatas: a enxaqueca de Nuno, por
insolação, e a dor de ombro de Rui, por repetição de movimentos, assinalam as primeiras
etapas. Mas o diário da viagem reflete a determinação: «2ª Etapa Viana do Castelo - Vila
do Conde, 41,28 km, tempo 6h13m A segunda
etapa está cumprida! Acabámos de chegar a
Vila do Conde, o dia esteve calmo, sem nada
de relevante a assinalar. 3ª Etapa Vila do Conde – Espinho, 41,48 km, média 6,8, tempo
6h06m. 4ª Etapa Espinho – Aveiro, 46,04 km,
média 6,0, tempo 7h38m».
RUMO SUL
sível!» - resumia a apresentação para angariação de patrocínios.
A PARTIDA
Preparada durante sete meses pelos dois aventureiros que se conheceram no grupo Amigos
da Pagaia, a travessia, planeada para 1 mês de
duração máxima, arrancou a 3 de julho de 2010
na foz do rio Coura, em Caminha, no extremo
norte da costa continental portuguesa.
Nos 2 caiaques monolugar de 5,5m de comprimento e pouco mais de meio metro de largura,
além do canoísta, há 140kg de carga: material
diverso, mantimentos, 10 litros de água, comi-
Com a costa sempre em linha de vista, previsões meteorológicas favoráveis, e o mar
«umas vezes calmo, outras vezes agitado, para
não perder o interesse», os aventureiros cumprem em excelente ritmo, um quinto do percurso em cinco dias.
No blogue da expedição, a 5ª etapa de 61,54km
e 12 horas de pagaiadas entre Aveiro e a Figueira da Foz é especialmente relembrada por
Nuno: «Foram mais de 60kms e quase 12 horas
a remar. Está feito! Fomos visitados pelo ISN
que nos foram cumprimentar em duas motas
de água do ISN, garantir que estava tudo OK,
e de uns pescadores que, por causa dos caiaques pesados, nos confundiram com arrastões
da concorrência!»
80 km e mais de 12 horas a remar, a jornada
seguinte até São Martinho do Porto é marcada
OUTDOOR Maio_Junho 2012
7
Reportagem
Portugal em Kayak
das liofilizadas e muitas massas, «comida que
não se estraga...» - explicou Nuno à largada.
Grande Reportagem
pelo «mar e o vento a crescerem nos últimos
kms».
TERRA PERIGOSA
GOLFINHOS, PESCARIA E RISOTA
Desde a Ericeira, e até à foz do rio Tejo, as 2
etapas seguintes são marcadas pelo avistamento de golfinhos e pela tentativa gorada de melhorar a ementa com pescarias...
Paradoxalmente, é em terra, na praia do Porto
de Abrigo, na Ericeira, no término da 8ª etapa,
que correm risco de vida.
É quase à socapa, e por causa dos eventuais
No local da pernoita, sentem já de mapedidos de autorização que não posdrugada, um forte estrondo na tensuem, e sob os efeitos de uma
“Da Cosda. Um basalto de calçada arrecorrente muito forte que atramessado do alto da muralha
vessam a foz do Tejo entre
ta da Caparica
da vila rompe a tenda e cai a
Cascais e a Cova do Vapor.
até Sesimbra, e da
centímetros dos pés de Nuno e
O desembarque, atribulado,
vila piscatória até à
Rui. Os gritos de protesto protermina na praia da Cornélia
vocam novos apedrejamentos
na Costa da Caparica, sob ripraia dos Coelhos, em
deliberados, e só a corrida
sota geral do comité de boas
Setúbal, os dias sede Rui até ao cimo da rampa
vindas: «Na areia, e por cauguintes decorrem em
sa das ondas, o grupo assistiu
do porto provoca a fuga dos
literalmente à gargalhada, ao
desconhecidos atacantes que
ritmo de passeio
nosso viranço!»
podiam ter comprometido fatal(..)”
mente a aventura.
SUL DO TEJO
Com a tenda destruída, ambos dorDa Costa da Caparica até Sesimbra, e da
mem o resto da noite sobressaltados e envila piscatória até à praia dos Coelhos, em Secharcados junto dos caiaques.
túbal, os dias seguintes decorrem em ritmo de
8
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Reportagem
Portugal em Kayak
passeio, ou de «descanso ativo» nas palavras
dos próprios.
Entre Setúbal e Sines, a 13ª etapa faz jus à superstição: é a mais longa (9h e 64km), a mais
dura e cansativa – com vento e ondulação lateral que obrigam a quilómetros adicionais e a
navegação longe da costa, para dobrar o cabo
de Sines-, e a mais azarada – Nuno corta a mão
com uma faca enquanto preparava uma sandes.
PARAGEM FORÇADA
A etapa seguinte que termina em Vila Nova de
Milfontes, e com previsões meteorológicas adversas, acaba por obrigar a uma paragem forçada de 3 dias «“Daqui para baixo“ as etapas
serão cuidadosamente estudadas de modo a
acertar com os ventos favoráveis, e a navegar
sem pressas».
Na Costa Vicentina, com raros portos de abrigo,
e sem refúgio imediato, em caso de alteração
do vento e do estado do mar, a dupla prefere
“jogar pelo seguro” e passa a avaliar cuidadosamente as condições meteorológicas.
Ao 20º dia de aventura, Nuno e Rui cumprem finalmente a 15ª etapa, e re“A
mam 7 horas seguidas, com vento
dobragem
forte, mar grande e agitado, para
do Cabo de São
cumprir os 52 km de percurso até
à Arrifana.
Vicente, e especialApós a aborrecida espera de 3
mente do Cabo de
dias na foz do rio Mira, a Arrifana
Sagres, requer alrepresenta um prémio pela perseguns cuidados
verança desde Caminha: «nada parece intransponível» já com Sagres,
(...)”
o último grande desafio geológico, em
“ponto de mira”!
S.VICENTE E SAGRES
A dobragem do Cabo de São Vicente, e especialmente do Cabo de Sagres, requer alguns cuidados, e a melhor meteorologia possível, para a
dobragem em segurança dos 2 cabos atlânticos.
Com boas condições climatéricas a etapa mítica cumpriu-se sem sobressaltos. O GPS regista
um percurso de 45,30km, a uma média de 5,8
durante 7h52m.
No Martinhal, a praia escolhida para o fim da
«etapa mítica», há festa e uma “tainada“ levada
do norte do país por alguns dos caiaquistas que
acompanharam Nuno e Rui na passagem do extremo sul de Portugal Continental.
ÚLTIMAS ETAPAS
Sem pressas, a travessia do Algarve é programada para desfrutar o verão, o mar calmo e as
praias que permitem momentos de descontracção e convívio em terra.
OUTDOOR Maio_Junho 2012
9
Grande Reportagem
etapas
Com a temperatura a convidar a ir à água, é finalmente tempo de remar sem stress, e apreciar
a paisagem, as grutas e as falésias. De Sagres
até Portimão, e da praia da Falésia, em Albufeira, até à Ilha do Farol, há tempo inclusive para
beber uma sangria na Praia do Lourenço!
É na penúltima etapa que são surpreendidos
por «um mar que nada tem de algarvio, devido
ao sueste e à ondulação de sul que complica a
navegação». Com a rebentação a começar a 50
m da praia, o desembarque assusta, mas acaba
por decorrer sem problemas.
FINAL, 21ª ETAPA
Às 11 da manhã de 29 de julho, Nuno e Rui iniciam a última etapa: Cabanas,Tavira –Vila Real
de Santo Antonio (26km).
Compassadamente, a dupla rema de modo a
chegar às 16h a Vila Real Santo António.
Com Portugal numa margem e Espanha na outra, os aventureiros entram no Guadiana, e é na
companhia de amigos, e com um mergulho no
rio que festejam o fim da 1ª travessia de Portugal em caiaque.
Quase 2 anos depois, a pequena epopeia marítima de 851,05km de Rui Calado e Nuno Pereira
permanece ainda (infelizmente) desconhecida
da maioria dos portugueses. ø
Aurélio Faria
sabia que ...
Nuno Pereira, parceiro de Rui Calado na Travessia
Portugal em Kayak, acabou de partir para mais uma
grande Aventura? A Volta Ibérica já começou e a Outdoor vai acompanhar diariamente esta travessia! Podem acompanhar no blogue oficial em www.voltaiberica.com
10
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
1ª Etapa Caminha – Viana do Castelo 31,37 km
Média 6,1 Tempo 5h09m
2ª Etapa Viana do Castelo - Vila do Conde 41,28 km
Tempo 6h13m
3ª Etapa Vila do Conde – Espinho 41,48 km
Média 6,8 Tempo 6h06m
4ª Etapa Espinho – Aveiro 46,04 km
Média 6,0 Tempo 7h38m
5ª Etapa Aveiro –Figueira da Foz 61,54 km
Média 5,8 Tempo 10h33m
6ª Etapa Figueira da Foz – São Martinho do Porto 80
km
Média 6,5 Tempo 12h20m
7ª Etapa São Martinho do Porto – Peniche 33,75 km
Média 6,3 Tempo 5h21m
8ª Etapa Peniche - Ericeira 45,46 km
Média 6,2 Tempo 7,21
9ª Etapa Ericeira- Cabo da Roca 26,15 km
Média 5,4 Tempo 4h50m
10ª Etapa Cabo da Roca – Costa da Caparica-Praia
da Cornelia 33,85 km
Média 6,2 Tempo 5h27m
11ª Etapa Costa da Caparica-Praia da Cornelia – Sesimbra 34,39 km
Média 6,2 Tempo 5h33m
12ª Etapa Sesimbra – Setubal 16,56 km
Média 6,7 Tempo 2h28m
13ª Etapa Setúbal - Sines 63,82 km
Média 7,2 Tempo 8h50m
14ª Etapa Sines – Vila Nova de Milfontes 30km
Tempo 4h00m
15ª Etapa Vila Nova de Milfontes - Arrifana 52km
Tempo 7h00m
16ª Etapa Arrifana – Praia do Martinhal, Sagres
45,30km
Média 5,8 Tempo 7h52m
17ª Etapa Praia do Martinhal, Sagres – Portimão
44,06km
Média 6,3 Tempo 7h01m
18ª Etapa Portimão – Albufeira, praia da Falésia
37km
19ª Etapa Albufeira, praia da Falesia – Ilha do Farol
33km
20ª Etapa Ilha do Farol – Tavira, Ilha de Cabanas
28km
FINAL: 21ª Etapa – 29 de Julho Tavira, Ilha de Cabanas –Vila Real de Santo António 26km
(As más condições do mar obrigaram a paragens
forçadas no 5ºdia – Figueira da Foz, 17º, 18º, e 19º
dias – Vila Nova de Milfontes e 21º dia da expedição,
descanso em Sagres )
Em Família
 Aventura
Passeio em canoa
sesimbra selvagem
Entre grutas
e paisagens de
cortar a respiração,
iremos fazer uma
paragem numa
praia selvagem
(...)
12
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Em Família
Passeio Canoa
Hoje em dia a canoagem já
não se limita a simples descidas de rio. A costa marítima
portuguesa é muito bonita e
existem vários locais bastante abrigados que permitem
um agradável passeio de
canoa em total segurança
quando devidamente planeado. A costa Arrábida – Espichel é um desses locais
que oferece excelentes
condições para a prática da
modalidade.
ficha técnica
U
m passeio de canoa ao longo da linha
de Costa de Sesimbra, é a nossa sugestão. Com um nível de dificuldade
baixo, este é um programa indicado
para famílias.
Dificuldade: Baixa
Duração:
½ dia (normalmente das 9:30 as
13:30)
Atividade:
10 participantes
Preço por pessoa:
25€ - Desconto de 50% para
crianças que não ocupem lugar
de remador.
Advertências:
Deve trazer calçado prático que
se possa molhar, fato de banho,
toalha, chapéu para a cabeça,
protetor solar, pequena mochila,
reforço alimentar e uma muda de
roupa para vestir pós atividade.
O uso de colete é obrigatório.
Promotor:
Vertente Natural
Realizado na área da Reserva marinha Professor Luís Saldanha, uma zona extremamente
rica em vida marinha, deslumbre-se e deixe a
natureza falar por si!
Entre grutas e paisagens de cortar a respiração,
poderemos observar a fauna e flora local. Iremos fazer uma paragem numa praia selvagem
para lanche e descanso.
Caso as crianças não se sintam em segurança
na canoa, haverá um barco de apoio, onde podem ir e, desta forma desfrutar de um fantástico passeio de barco com todo o conforto.
Ainda não está convencido? ø
OUTDOOR Maio_Junho 2012
13
Em Família
 Dog Trekking
Rota das Broas
um legado a descobrir
a pé e à pata
O
carácter de um cão não resulta
unicamente da herança genética. A
aprendizagem adquirida na vivência do quotidiano, principalmente
na fase inicial do seu crescimento,
imprime uma marca profunda na personalidade do cão.
A manifestação de inquietude e ansiedade são
sinais de falta de sociabilidade e de exercício
que podem ser minorados se integrarmos o
cão, como animal gregário que é, periodicamente em caminhadas de grupo para que possa mostrar a sua expressividade. Naturalmente
interessado por tudo o que o rodeia, tem uma
14
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
enorme vontade de explorar, descobrir territórios que o estimulem.
Dotado de formas próprias de relacionamento social, o convívio ao ar livre proporciona a
sociabilização e traz outras vantagens ao criar
relações de cordialidade que se desenrolam de
forma mais natural em território neutro. Aconselhamos por isso a realização destes percursos
idealmente na companhia de mais de um elemento canino.
É precisamente tendo por base todas estas premissas, aliadas às estreitas relações que se estabelecem no binómio cão / dono, que promo-
Fotos: Paulo Gonçalves
Pequena Rota ao encontro da Aldeia
fantasma de Broas
O ritual dos preparativos que antecedem uma
caminhada é sempre de grande excitação para
o Champi, o nosso cão. Cedo se apercebe que o
dia vai ser diferente, denunciado pelas botas de
marcha e pelo amontoar das mochilas. A azáfama e o vaivém atarefado não lhe deixam dúvidas… hoje é o dia.
Um dos imperativos é levarmos sempre bastante água, pelo menos 1,5l para cada cão e 1l
para cada pessoa. Neste tipo de caminhada que
vamos realizar de nível I, recomendamos o material básico, ou seja, calçado confortável adaptado ao pé, corta-vento, impermeável, batons
de marcha e protetor solar. Levamos como não
podia deixar de ser, a indispensável máquina
fotográfica para mais tarde recordar.
Como equipamento para os cães mais sensíveis ao calor, recomendamos o uso do cooler.
Principalmente para os de pelo escuro como é
o caso do Champi, este colete de arrefecimento
é comprovadamente eficaz, funcionando como
um “ar condicionado” para os manter frescos
e ativos.
O percurso que vamos realizar não está sinalizado, razão pela qual temos especial
atenção a todos os desvios que nos vão
conduzir ao nosso objetivo, a aldeia
“Dotaabandonada de Broas, conhecida
do de formas
por aldeia fantasma…
próprias de rela[01] O ponto de partida é o parque de estacionamento do Mucionamento social,
seu Arqueológico de Odrinhas.
o convívio ao ar
Depois de verificarmos todo o
livre proporciona
vemos o Dog trekking.
material, estamos prontos para
a sociabilização
dar início a um salutar percurso
Em traços gerais, esta ativida[02]
tomando a estrada de asfal(...)”
de desportiva de outdoor existe
to que atravessa a localidade até ao
em duas vertentes: a desportiva e
Largo Rossio de Cima. [03] Entramos na
a de lazer. É nesta última que nos cenR. da Fonte e fazemos a primeira paragem no
tramos, convidando os participantes a trocar pitoresco chafariz, estrutura outrora indispenexperiências e vivências em que o dominador sável para o abastecimento da população e anicomum é o nosso “cãopanheiro”.
mais. Continuamos pela Travessa do Vale, por
veredas rurais ora estreitas ora mais abertas.
Uma tarde plena de liberdade, exercício [04] Sempre no trilho, seguimos no cruzamento
e aventura
com a R. dos Jerónimos pela R. das Faceiras.
A nossa proposta é como referimos, para os en- A paisagem tipicamente agrícola contrasta sintusiastas do ar livre e aventura que procuram gela, com a imponência do convento de Mafra
partilhar com o seu cão um dia de liberdade e (século XVIII) que se ergue no horizonte à nosOUTDOOR Maio_Junho 2012
15
Em Família
Dog Trekking
descoberta no mundo da natureza.
Acompanhe-nos e deixe-se levar pelos sentidos
na descoberta de marcas sulcadas na memória
do tempo! Estas são as riquezas imperdíveis
que queremos partilhar consigo.
Em Família
ano em que a única moradora a deixou entregue à completa degradação e silêncio.
Causas sociais ditaram-lhe o fim. A migração
dos residentes mais novos para os centros urbanos e o envelhecimento gradual dos que ficaram foram alguns dos motivos que tiveram
como consequência a debilitação e o aniquilamento da agricultura.
As adegas, os fornos ainda existentes dão-nos
indícios do quanto próspera teria sido a vida
nesta aldeia. A identidade de Broas foi preservada desde o século XVI e era referenciada em
1527 como Boroas.
Embora não se inserisse numa economia comunitária, existiam na aldeia espaços públicos
como as duas eiras, os poços e o secular freixo,
ponto de encontro para reuniões e convívio da
comunidade.
O tempo passa depressa quando nos estamos a
sa esquerda. Por ter recebido a bênção de des- divertir. Temos de nos despedir de Broas com
pena, tomando o mesmo trilho por onde
cendência que tardava do seu casamente
entrámos na aldeia. [11] Divergicom D. Maria Ana de Áustria, D. João
“O
mos um pouco mais à frente na
V cumpriu a promessa e mandou
rota que realizámos na ida, [12]
tempo
erigir este monumento.
seguindo por caminho de ter[05] Entramos no Caminho dos
passa depressa
ra batida em direção a mais
Moinhos e de novo dois traços
quando nos estaum moinho recuperado. [13]
da memória rural e social esmos a divertir. Temos Chegamos a um troço de esquecidos pelo tempo, a fonte
trada principal e junto ao posdatada de 1892 e o lavadouro
de nos despedir
te de alta tensão fazemos um
público.
de Broas com
desvio avistando de seguida o
[06] Após a passagem da Quinpena(...)”
estacionamento do museu.
ta da Alcobara vemos quase de
imediato quatro moinhos de vento,
Terminamos o percurso tendo peratualmente sem a funcionalidade de extrema importância que justificaram outrora a
sua construção. Erigidos em locais de altitude
mais elevada, o seu isolamento e envolvência
de silêncio quase absoluto determinaram o destino atual de alguns deles, a transformação em
habitações de férias. [07] Depois da passagem
do último moinho, tomamos o trilho dos fósseis
marinhos até à povoação de Almorquim. [08]
Entramos na povoação e na R. do Lajeal, impõe-se uma paragem na padaria local. O cheiro
a pão quente cozido a lenha é uma tentação a
não perder, é claro que dois olhos irresistíveis
habituados a táticas de pedinte nos obrigaram
a dividir este aconchego de estômago.
Continuamos a nossa rota pela R. da Tomadilha, saindo da povoação.[09] Depois da última
habitação, seguimos por caminho rural e amplo até ao nosso objetivo, a aldeia abandonada
de Broas.
[10] Isolada da povoação mais próxima, esta típica aldeia saloia está desabitada desde 1977,
16
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Em Família
Dog Trekking
corrido aproximadamente 8 km em cerca de
2h30m de marcha.
A satisfação de qualquer cão é sem dúvida
divertir-se no seu elemento natural. Combinar essa alegria com a presença do seu companheiro humano é criar naturalmente laços
mais fortes entre ambos. Duas espécies, uma
natureza… ø
Por Mafalda Gonçalves & Vanda Araújo
[email protected]
ficha técnica
[01]- Parque de Estacionamento junto ao Museu de
Odrinhas (N38º53.194´ ; W09º21.960´)
[02]- Sair pelo alcatrão pela esquerda até ao Largo
do Rossio de Cima.
[03]- Direita a descer pela R. da Fonte, seguindo
em frente pela Travessa dos Vales.
[04]- Cruzamento da R. dos Jerónimos seguir pela
R. das Faceiras.
[05]-Entrada na R. dos Moinhos (N38º53.493´ ;
W09º21.599´)
[06]- Passagem pela quinta da Alcobara, viragem
à esquerda.
[07]- Depois do 4º moinho seguir por estradão pela
direita a descer.
[08]- Na povoação de Almorquim virar à direita a
subir, voltar à esquerda pela rua principal, no entroncamento seguir à esquerda pela R. do Lajeal.
No cimo desta, viramos à esquerda pela R. da Tomadilha.
[09]- Cerca de 100 metros voltar à direita seguindo
por vereda. Antes de um caminho que segue pela
direita entre muros um pouco mais altos, tomar o
caminho da esquerda (N38º53.136´; W09º20.908´) *
(Ter em atenção que depois da visita à aldeia fazse o retorno a este ponto do percurso).
[10]- Sempre a descer chegada à aldeia de Broas
(N38º53.123´ ; W09º20.588´).
Retorno:
[11]-*Voltar atrás pelo mesmo trilho até ao muro de
pedra que surge à esquerda, seguir em paralelo
com este entrando em estradão.
[12]- Passagem do moinho recuperado.
[13]- Seguir sempre em frente até surgir um
caminho alcatroado à direita, perpendicular à estrada alcatroada principal. Virar à esquerda e cerca de 100 m à frente voltar à direita junto ao poste
de alta tensão. Por estradão seguir pela esquerda
e após a passagem do pinhal, o local do estacionamento.
OUTDOOR Maio_Junho 2012
17
Em Família
 Evento
Tall Ships Races
2012 Lisboa
A
menos de dois meses do arranque do
evento cresce a expetativa e a ansiedade aumenta entre os amantes do
Mar. Nesta altura, a lista de inscritos
conta com 30 embarcações mas um
número igual deve alargá-la até à data de arranque da maior regata de veleiros do mundo.
As “The Tall Ships Races” são Regatas organizadas todos os anos pela Sail Training International, com vista a promover a formação e o
treino de mar, assim como a convivência intercultural junto dos jovens de todo o mundo. O
18
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
grande objetivo é embarcar os mais novos na
frota dos Grandes Veleiros e proporcionar-lhes
experiências de Treino de Mar sem igual.
Lisboa prepara-se para receber as “The Tall
Ships Races 2012 Lisboa” de 19 a 22 de julho,
sendo esperados ao longo dos quatro dias, cerca de 60 Tall Ships, 3.000 tripulantes, em representação de 49 países.
O acolhimento dos Tall Ships em 2012 é da responsabilidade da Aporvela, representante em
Portugal da Sail Training International (STI)
e detentora de um vasto histórial na área dos
Em Família
Tall Ships Races
“Lisboa
prepara-se para
receber as “The
Tall Ships Races
2012 Lisboa” de 19
a 22 de julho,
(...)”
grandes acontecimentos náuticos e com fortes responsabilidades na formação de novos
valores, atendendo ao trabalho
desenvolvido ao longo dos anos
com as Caravelas Bartolomeu Dias,
Boa Esperança e Vera Cruz, é sem dúvida
um marco histórico de grande impacto nacional e internacional.
O grande objetivo para 2012 é que o evento, a
chegada e estadia dos grandes veleiros em Lis-
boa não seja apenas uma escala, mas sim uma experiência
gratificante, enriquecedora e
única, dando a conhecer a nossa
História e os nossos feitos náuticos.
Mar, vento, liberdade, trabalho em equipa, responsabilidade, navegação e interculturalidade:
uma aventura inesquecível! Para o público esta
será uma oportunidade de assistir a um espetáculo único bem como de poder visitar os Tall
OUTDOOR Maio_Junho 2012
19
Em Família
Ships e partilhar as suas aventuras..
Sail Training International encantada
com organização portuguesa
Dois dos mais altos responsáveis pela organização das “The Tall Ships Races” estiveram em
Lisboa no mês de março. Paul Bishop e Gwyn
Brown reuniram-se com a APORVELA para
acertar mais detalhes da escala dos cerca de
60 Grandes Veleiros em Portugal. Os britânicos
deixam o nosso país encantados.
“Em Lisboa, até hoje, tudo tem sido planeado
de forma sustentada pela APORVELA. O recinto é fantástico, realmente espetacular”, aponta
o Diretor de Regata. Paul Bishop não deixa de
aguçar o apetite aos portugueses que anseiam
pela chegada do evento: “Este é um evento familiar de três gerações. Nesta escala em Portugal, como em todas as outras, esperamos receber avós e netos, pais e filhos. Os visitantes vão
poder contactar com os capitães dos veleiros e
com toda a tripulação.”
Pelo Porto de Lisboa já passaram este ano dois
dos veleiros inscritos nas “The Tall Ships Races
2012”. O Lord Nelson e o Alexander Von Humboldt coloriram com as velas a capital portuguesa. Agora é tempo de o nosso país aproveitar a promoção para o exterior com o evento.
Training International não encontra adjetivos
para descrever o Porto de Lisboa, que aponta
como fantástico para o trabalho com os jovens
marinheiros.
“A APORVELA tem uma equipa de trabalho
muito jovem e muito eficaz e isso só pode tornar num êxito este evento. Venham visitar o
espaço e certamente voltarão”, diz com entusiasmo.
A prova vai passar por Portugal entre 19 e 22
de julho e são esperados mais de três mil tripulantes de diversas nacionalidades e de países
espalhados por todo o mundo. Porém, o trabalho já leva muitos meses de azáfama mas para
Marta Lobato, Manager do Projeto “Tall Ships
Races 2012 Lisboa”, tudo tem valido a pena.
Apesar das dificuldades financeiras do país.
“Há cortes em todo o lado mas nós, com trabalho, vamos longe. Organizar o evento nesta altura, com os problemas económicos que
o mundo atravessa, torna-se um desafio mais
exigente. Ainda assim, a partir de agora é sempre a subir num trabalho mais extenso para um
grande evento”, diz a responsável que recebeu
feedback positivo dos responsáveis da Sail Training International depois de acertar todos os
detalhes.
“O trabalho que a APORVELA tem feito não é Presidente da República concede Alto
fácil, sobretudo tendo em conta a conjuntu- Patrocínio ao Evento
ra económica que vivemos. O ideal
O Presidente da República concedeu o Alto
é canalizar esforços, e os media
Patrocínio às “The Tall Ships Races
“Dois
partners têm sido importantes
2012 Lisboa”. Cavaco Silva reconhedos mais
nesse aspeto, para promover
ce assim o valor e a importância
Portugal aos olhos do mundo grande acontecimento para o
altos responsáveis
do”, explica Gwym Brown.
país.
pela organização
O Diretor Comercial da Sail
das “The Tall Ships
“A Aporvela tem vindo a desenvolver atividades há anos para
Races” estiveram em
tornar o mar mais próximo dos
Lisboa no mês de
portugueses. O Alto Patrocínio do
Março(...)”
Presidente da República a esta regata é o reconhecimento da importância do mar e simultaneamente da
atividade promovida pela Aporvela”, explica
António Lobato, presidente da Associação Portuguesa de Treino de Vela.
Durante os quatro dias do evento cerca de um milhão de visitantes vão percorrer o recinto de animação entre Santa Apolónia e a Praça do Comércio.
Com entrada livre, o público tem a oportunidade de visitar os Grandes Veleiros, assistir a concertos e espetáculos, assim como participar em
20
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Em Família
Tall Ships Races
conferências e workshops sobre o Mar e sobre
a cidade de Lisboa.
“É sabido que o nosso Presidente da República
apadrinha e reconhece a importância tanto do
Mar como dos Jovens no futuro de Portugal.
Com este evento juntamos as duas coisas visto que o nosso principal objetivo é promover a
ligação entre os dois e levar o máximo de jovens para o mar. Para mim e para toda a equipa
envolvida na organização, receber o Alto Patro-
cínio da Presidência da República é a confirmação de que estamos no bom caminho com
o trabalho que já desenvolvemos até aqui e é
sem dúvida mais um incentivo para trabalharmos arduamente para que este evento seja um
grande sucesso”, afirma Marta Lobato, manager
do projeto Tall Ships Races 2012 Lisboa. ø
Ana Lima
www.tallshipslisboa.com
OUTDOOR Maio_Junho 2012
21
Em Família
 A minha experiência por André Nogueira Melo
Foto: Aporvela
embarque...
22
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
O comboio seguia munido de impermeáveis e
galochas, imagem não comum para o verão polaco, a não ser que numa das estações/cidades
esteja atracada uma frota de 100 navios.
Cumprimentos num saltar de convés em convés;
cabelos loiros, olhos azuis e outros castanhos;
sacos com mantimentos de último preparo;
mantas ao sol, guitarras e música; soares de
sereia e buzina, amarras soltas, formalidades
cumpridas e a Polónia desvanece no horizonte.
É inevitável o nervosismo inicial. Experimentam-se os quartos, trocas de horário, manobras de leme, confia-se em quem comanda e repousa-se. Surgem os jogos para quebrar o gelo,
cantigas e outras línguas, tempestades, enjoos
e tempos de bonança. Todos cozinham, ajudam
na manutenção do navio e há tempo para dedicação à arte de marinheiro, nós e costumes.
Os portos de chegada: uma conquista triunfal,
pessoal e coletiva. A antiga Leninegrado é a cidade intocável onde no metro há senhoras pagas
para vigiar. Os submarinos amurados pelas
Rumamos para Oeste, Finlândia. Pernoitamos
ao abrigo da recortada costa, uma baía ladeada
por pedra granítica e infindáveis pinhais. Avisto
um alce a nadar, durante um demorado quarto
ao ferro, imagem inesquecível misturada com o
torpor de cansaço físico mas não de espírito.
Mais a sul, as danças eslavas e a alegre boémia
de outros que, como eu, haviam conquistado
mais uma parte do seu planisfério.
No ano seguinte continuei a navegar, desta vez
no Pacífico, à descoberta da Ásia. Perfaz agora
um ano, que a navegar “subi” ao Ártico para de
lá ver o Mundo.
Na realidade acabei por nunca sair do Mar.
Passei ao largo da vela de competição e iniciei-me no Ametista, veleiro de madeira de 33pés.
Nas Regatas de Grandes Veleiros, confirmei um
grande apreço à viagem marítima e, hoje em
dia, dedico-me à transmissão de experiência
e treino de mar. Ter navegado antes não é de
todo requisito a quem queira inscrever-se numa
viagem a bordo de um grande veleiro a participar na regata.
O mar e as viagens que este propicia, são traços
que ficam gravados na nossa história. Os desenhos que fazemos no mundo tal como o arquiteto procura desenhar, através da linha, o tão
essencial espaço de habitação eu, acredito que
a viagem, é assim, o nosso traço. ø
André Nogueira Melo
www.andrenogueiramelo.com
Descobrir
O Embarque
margens do Neva, com marinheiros de braços
cruzados e boina descaída, fumam e pouco se
comovem.
Fotos: André Melo
E
m 2009 surge pela primeira vez a
hipótese de embarcar numa Regata
de Grandes Veleiros, a regata do Mar
Báltico.
Tratada toda a logística inerente à
viagem, passagem de fronteiras e visitas à embaixada Russa: dou por mim, a aterrar em Varsóvia, capital minuciosamente rejuvenescida
por jovens entusiastas e empenhados no progresso científico de um país que procura conhecer e acompanhar os seus vizinhos.
As horas corriam para Gdynia; linhas de comboio, gerida por intermináveis bilheteiras em
unilingue, polaco, e velhas que mais pareciam
tricotar bilhetes.
Aventura
 Evento
Norte Alentejano
O’ Meeting 2012
Fotos: Joaquim Margarido
Aventura
NAOM 2012
Depois de Nisa, Castelo de Vide,
Alter do Chão, Crato e Portalegre, o
Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos elegeu Marvão para palco da
organização do Norte Alentejano O’
Meeting em 2012 (NAOM 2012).
Aventura
A
organização será conjunta entre o Grupo Desportivos dos Quatro Caminhos,
Câmara Municipal de Marvão e Federação Portuguesa de Orientação.
O Norte Alentejano O’ Meeting já conseguiu um
lugar de destaque na região tendo nas cinco primeiras edições reunido 5.500 participantes, dos
quais 2.200 estrangeiros de 30 Países.
Em 2011, ano em que coincidiu com o Portugal
O’ Meeting, foi o evento mais internacional do
ano no nosso país, ao atingir a soma de 1.200
participantes estrangeiros.
O evento de 2011 criou um impacto financeiro
no País de mais de 1.500,000€ pois a grande parte dos participantes permaneceram cerca de 10
dias em treinos e competições.
É de realçar que vários voluntários da região,
entre os quais se destacam a Desportalegre, colaboraram no evento. Acima de tudo merecem
uma palavra os proprietários dos terrenos que
têm viabilizado desde a primeira edição a realização do evento.
A Grande riqueza no Alto Alentejo é a
natureza
A importância do terreno na Orientação leva a que alguns dos melhores
eventos nacionais se realizem no
“A imporAlto Alentejo bem como estátância do terregios de muitos dos melhores
atletas mundiais. Esta reno na Orientação
alidade é particularmente
leva a que alguns dos
patente no inverno, onde se
melhores eventos naaliam as excelentes condicionais se realizem
ções climatéricas a terrenos
com grande qualidade técnino Alto Alentejo
ca. À enorme quantidade de
(...)”
elementos característicos rochosos, junta-se a facilidade e a velocidade de progressão, fazendo as delícias de orientistas nacionais e estrangeiros.
As entidades que tutelam o turismo da região,
começam aos poucos a perceber as potencialidades da modalidade, como forma de atrair no
inverno as principais equipas Internacionais
para treinarem no Alto Alentejo. Em 2012 marcaram presença em campos de treino 10 dos
20 melhores especialistas Mundiais o que vai
promover para o futuro este destino de turismo
desportivo.
O projeto PROVERE - “INMOTION: Alentejo, Turismo e Sustentabilidade” acredita que a moda26
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
O NAOM 2012 tem vários motivos para
atrair muitos praticantes
O Norte Alentejano “O” Meeting é um evento de
Orientação pedestre, aberto a pessoas de qualquer idade, podendo participar nos escalões de
competição ou nos escalões abertos, individualmente, ou em grupo.
Em 2012 a competição integra pela segunda vez
os Campeonatos Nacionais de Sprint e Distância
Média, tal como aconteceu na edição de Castelo
de Vide, em 2008.
O evento vai atribuir os títulos de campeões Individuais e coletivos de Sprint e distância Média em Orientação pedestre, o que representará
para o clube organizador mais uma grande responsabilidade e um enorme desafio.
- A 1ª etapa do Campeonato Nacional de Sprint
será realizada na aldeia da Herdade do Pereiro,
que foi noticia no inicio do ano por ter sido colocada à venda por uma famosa imobiliária pelo
valor de 7 milhões de euros.
- A 2ª etapa será realizada no interior das muralhas da vila de Marvão, numa prova com tanto
de belo como de exigente.
- O Campeonato Nacional de Distância Média
realiza-se no Carvalhal de Vale do Rodão, numa
encosta única em Portugal, com a sua frondosa
e verdejante floresta a constituir um sério obstáculo à capacidade dos melhores especialistas
presentes .
Mas o evento não é só competição, pelo que
todos os curiosos poderão participar e a organização estará disponível para fazer acompanhamento e ensino através de monitores especializados. A Orientação assume um papel
importante pela capacidade de conseguir fazer
regressar as pessoas ao campo e pela sua cumplicidade pura com a natureza.
Venha conhecer Marvão e descubra o desporto
da Floresta! ø
Fernando Costa
NAOM 2012
“A
Orientação
assume um papel
importante pela capacidade de conseguir
fazer regressar as pessoas ao campo e pela sua
cumplicidade pura
com a natureza.”
OUTDOOR Maio_Junho 2012
27
Aventura
NAOM 2012
lidade é estratégica para a região e está a incluir
os campos de treino do Alto Alentejo e o NAOM
nos seus projetos de desenvolvimento.
Aventura
 2numundo
Mapa meu
Aventura
2numundo
Shahrisabz, Uzebequistão
Aventura
Estrada Fora
T
eria eu alguma vez imaginado fazer
parte da massa de fiéis numa sexta-feira, numa mesquita na Turquia?
Teria eu alguma vez imaginado beber um chá com os beduínos, num
deserto na Jordânia? Teria eu alguma vez imaginado chorar de emoção, durante uma missa,
numa pequena igreja esculpida na rocha, na
Síria? Teria eu alguma vez imaginado percorrer duzentos quilómetros de estrada, olhos nos
olhos, com o Afeganistão? Teria eu alguma vez
imaginado ser acolhido duma forma tão amigável, em famílias por todo o Irão? Teria eu alguma vez imaginado tudo isto, se nunca tivesse eu
saído de casa para percorrer mais de 17000 quilómetros até Macau, de bicicleta? Nunca!
Pedalar a Pamir Highway, no Tajiquistão! Percorrer templos em ruínas, em Angkor, no CamAcampando no deserto do Sinai
boja! Dormir dentro duma casa troglodita, em
Petra, na Jordânia! Conversar com quem lida
quase diariamente com os talibans, no Paquistão! Tomar banho num templo budista, enquanto famílias inteiras te olham com curiosidade!
Fazer parte da fila para água do poço, numa aldeia nas montanhas do Laos! Atravessar a Karakorum Highway, entre a China e o Paquistão!
Dançar num casamento no Uzebequistão, quando pensávamos estar a entrar num restaurante!
Quantas foram as emoções vividas? Quantas
viveria se continuasse a imaginar tudo
isto da janela do meu quarto? Quan“Teria eu
to me arrependeria se nunca tivesalguma vez
se partido? Quanto ainda existe
para ver? Quanto tempo vamos
imaginado tudo
isto, se nunca tivesse eu nós aguentar até à próxima
saído de casa para percorrer mais de 17000
quilómetros até
Macau, de bicicleta?”
4655 metros na Pamir Highway,
Tajiquistão
Quando foi a última vez que fizeste alguma coisa pela primeira vez?
“O mundo é um T0” – disse-nos uma amiga uma
vez e nós concordámos. Mas o mundo, é gigante
e não é tão pequeno, como o cliché gosta de referir. O mundo é gigante, sem limites, um infinito
de possibilidades e nós somos uma formiga no
microscópio deste planeta. Há que partir, arriscar, ir sem medos, sem receio do que a televisão
nos diz, sem preconceitos, abertos a tudo, porque
as pessoas são boas e nascem boas! Em viagem
aprende-se, muito! Enquanto em viagem, são-nos
colocados obstáculos e questões para as quais
não estamos preparados e é nesse momento que
nos lembramos do que foi a nossa vida de luxo
até aí, o comodismo, o fácil que é viver numa
sociedade ocidental, onde não nos confrontam
com falta de água, onde um supermercado nos
oferece tudo aquilo que necessitamos, onde temos sempre um chuveiro para tomar o nosso
duche, onde encontramos sempre as explicações às nossas dúvidas, onde falamos o mesmo
idioma e por isso a comunicação torna-se fácil.
Aventura
2numundo
partida?
Acolhimento no Uzebequistão
Chá com beduínos
Nestes 19 meses de viagem, tivemos direito a
uma noite de jaccuzi, numa aldeia perto de Tolouse, mas também a uma semana sem banho
no deserto do Sinai, no Egito e que nos
soube bem melhor! Tivemos direito
“O mundo
a fondue de queijo e babatinhas
cozidas, algures na Suíça, mas
é um T0” –
também partilhámos um pão
disse-nos uma
seco de quantos dias existiam,
amiga uma vez e nós
concordámos. Mas o
mundo, é gigante e não
é tão pequeno, como
o cliché gosta de
referir.”
Tarefas diárias no Tajiquistão
Aventura
Antes da descida - Petra
“A nossa viagem é
difícil de colocar em
palavras, porque até nós
descobrimos cada vez que
pensamos, uma nova aventura
dentro dela, mais um momento
que nos faz sorrir, ou um que
nos faz cair lágrimas pela
face e nos arrepia a pele,
quão porco-espinho!”
32
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
água, comida ou tirarem um fotografia connosco! Aquelas que só queria conversar com um estrangeiro, para que lhe contássemos como era o
mundo “lá fora”! Aquelas que nos explicaram a
sua religião e a defenderam, mas que nos respeitaram por não termos nenhuma, ou por não
concordarmos com tudo o que diziam! Aquelas
que apenas nos disseram um Adeus, por detrás
A nossa viagem é difícil de colocar em palavras, do vidro daquele carro, sentados atrás de uma
porque até nós descobrimos cada vez que pensa- qualquer carroça, ou por debaixo das casas onde
mos, uma nova aventura dentro dela, mais
faziam a sesta! E ainda as outras, aquelas
um momento que nos faz sorrir, ou um
que nunca conhecemos, que nunca
que nos faz cair lágrimas pela face
nos sorriram e que talvez nunca
“Depois, ou
e nos arrepia a pele, quão porconos cruzaremos outra vez, mas
antes de tudo isto,
-espinho! Como foi? Não sabeque fazem os países existirem,
mos, ainda não sabemos como
as culturas continuarem vivas,
existem as pessoas.
foi. Precisamos de tempo, de
as identidades sobreviverem e
As que ficaram e nos
espaço, de digerir todos estes
pelas quais continuaremos a
apoiaram nesta imensa
meses de tanto! Precisamos
viajar, com esperança de que,
de refletir, de pensar no que
um dia talvez, façam parte de
odisseia, mas sobretudo
aprendemos, no que ensinánós também! Porque é por elas
aquelas que fizeram
mos, no que dissemos sobre
que viajamos, pelas pessoas!
a nossa aventura
nós, sobre os nossos, sobre o
possível (...)”
nosso país que, apesar de estar
E depois de tudo isto, o que fica?
em crise e de toda a gente se queiUma vontade imensa de voltar a
xar, é o nosso país e não há melhor sítio
ter prateleiras onde colocar as nossas
para viver…acreditem!
coisas, um frigorífico recheado de luxos, uma
Depois, ou antes de tudo isto, existem as pesso- casa-de-banho limpa, uma mesa de café onde
as. As que ficaram e nos apoiaram nesta imensa encontrar os amigos de sempre, um dominodisseia, mas sobretudo aquelas que fizeram a go para ver a família, uma janela para abrir e
nossa aventura possível, essas que nos rece- nos fazer sonhar outra vez…um mapa-munberam, que nos acolheram em suas casas, que do! O nosso mapa-mundo! Um mapa-meu! ø
nos abriram as portas e nos disseram “Entrem
e fiquem quanto tempo quiserem!” e nos pediRafael Polónia e Tânia Ruivo
ram para ficarmos mais um dia, só mais um!
www.2numundo.com
Aquelas que paravam na estrada para nos darem
Contemplando o Mar Morto
Fim do asfalto, Pamir Highway
OUTDOOR Maio_Junho 2012
33
Aventura
2numundo
oferecido por uma senhora amorosa, no Turquemenistão e que nos caiu como bolo de chocolate!
Foi maravilhosa a cama que nos ofereceram na
última casa onde estivemos na Alemanha, mas
dormir num estrado de madeira, numa pequena
vila na Índia, com olhares curiosos a vir das grelhas da janela sem vidros, fez-nos rir ainda mais!
Entrevista
 Rita Pires
A onda é da rita!
Foto: Stork
Entrevista
Rita Pires
Entrevista
Fotos: Romeu Ribeiro
Com 13 títulos Nacionais e 6 Europeus,
qual a chave para ter sucesso na modalidade?
O segredo acho que passa por fazer o que mais
gosto, dando o máximo por aquilo que isso representa em termos de motivação pessoal, e
não para agradar alguém. A vitória é muito estimulante e às vezes viciante, e a necessidade de
querer superar-me é uma constante!
Rita Pires dispensa apresentações... É Bodyboarder profissional e uma amante do mar e da
descoberta! Rita esteve à conversa com a Outdoor e contou-nos alguns dos seus segredos e
projetos para o futuro... Uma conversa que nos
deixou ainda mais fascinados pelo desporto na
água! Já és fã? Entra nesta onda...
por Isa Helena
Outdoor: Como surgiu a paixão pelo Bodyboard?
RITA PIRES: A paixão pelo Bodyboard surgiu aos
nove anos de idade quando experimentei com
uma prancha do meu irmão.
Fiquei logo fascinada com a modalidade e lembro-me que a partir daí passei a ser viciada em
Bodyboard!
Para ti, até ao momento, qual foi o ponto alto da tua carreira?
Já tive vários pontos altos na minha carreira...
Entre eles destaco a primeira vez que fui Campeã Nacional, com apenas 16 anos, o título de
Campeã Europeia que alcancei na Caparica, e o
segundo lugar numa etapa do mundial que decorreu na mítica onda de Pipeline, no Hawaii,
em 2008.
Falta-te atingir algum objetivo enquanto atleta profissional de Bodyboard?
Falta-me obviamente atingir o título de Campeã
Mundial, sendo que neste momento tenho outros projetos que requerem a minha atenção e
para os quais dedico grande parte do meu tempo, além de continuar a treinar assiduamente no
mar e no ginásio.
Qual o balanço que fazes do programa
a Onda da Rita?
O programa “A Onda da Rita”, começou em 2009
na SPORT.TV e foi um enorme sucesso nos 3
anos em que esteve no ar. Neste momento “A
Onda da Rita” tornou-se num projeto um pouco
mais abrangente e dedicado à comunicação dos
Desportos de Ondas. O programa na televisão
é para continuar, mas à parte disso queremos
também estar no terreno com a realização de
eventos muito direcionados para o público feminino.
Entrevista
Rita Pires
No programa viajaste muito… Qual o Em Portugal, qual o teu Spot de eleição?
teu destino de eleição para fazer Body- Em Portugal gosto muito de surfar na Costa de Caboard?
paria, onde sou local e também na zona de Sagres
Os dois anos em que duraram as filmagens fo- e em algumas Ilhas do arquipélago dos Açores.
ram excelentes... tive a oportunidade de conhecer destinos que muito dificilmente estariam ao Como é o teu dia a dia? Como são os teus
meu alcance. Ter ido à Samoa, à Micronésia e treinos?
ao Japão, tirando outros destinos que já conhe- O meu dia a dia é bastante agitado, porque além
cia, fizeram-me ter um visão mais abrangente dos meus projetos pessoais ainda tenho de ter
do mundo em que vivemos, e as inúmeras
tempo para os treinos. Normalmente faço
experiências pelas quais passei no desempre um treino de ginásio de manhã
“O
correr dessas viagens trazem-me ree tento também fazer um treino na
cordações inesquecíveis.
praia, dentro de água. Treino este
Bodyboard
que pode ser de Bodyboard, ou
tem atravessado
De todos os destinos, o que mais
SUP Stand up Paddle. Da parte
várias fases evolutigostei para surfar foi a Indonéda tarde aproveito para fazer
vas ao longo dos últi- algum trabalho de computador
sia!
mos anos. Há alturas e ao fim do dia volto a treinar;
Houve algum destino que
faço corrida, ou Yoga.
em que o crescimente tenha marcado de uma
to é muito granforma menos positiva?
Como tens visto a evoluNão houve nenhum que me tenha
ção do Bodyboard no nosso
de (...)”
marcado de forma menos positiva, mas
país?
os destinos que se aproximam do ocidenO Bodyboard tem atravessado várias fases
te, são bem menos interessantes do que os do evolutivas ao longo dos últimos anos. Há alturas
oriente...
em que o crescimento foi muito grande, e ouQuando viajo para surfar, gosto também de ex- tras em que abrandou um pouco. Acho que neste
plorar um pouco a cultura e interagir com a momento atravessamos uma fase menos boa, um
comunidade. Essa interação é muito mais enri- pouco devido às circunstâncias que o país vive em
quecedora em países mais exóticos e remotos.
termos económicos, com poucos investimentos
OUTDOOR Maio_Junho 2012
37
Entrevista
“Neste momento
comecei também
a praticar Stand Up
Paddleboard, uma modalidade recente no
nosso país e bastante
exigente.”
38
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
O Bodyboard é um desporto muito acessível e bastante agradável para quem gosta do contacto com
o mar.
Para além do Bodyboard, estás a praticar duas novas modalidades na Água.
Quais são?
Há dois anos comecei a praticar Longboard,
sempre que o mar apresentava condições desfavoráveis para o Bodyboard, como ondas muito
pequenas. Assim para poder continuar a ir para a
água, dei os primeiros passos nesta modalidade.
Neste momento comecei também a praticar Stand
Up Paddleboard, uma modalidade recente no nosso país e bastante exigente. Essa exigência tem
sido para mim um grande estímulo e sempre que
posso vou para dentro de água com o meu SUP, no
sentido de poder evoluir nesta modalidade e talvez
um dia vir a competir.
O Bodyboard conta com cada vez mais
adeptos… Para quem se quer iniciar na
modalidade, quais as tuas sugestões?
Penso que o mais importante é ter à-vontade com
o mar e estar disposto a enfrentar desafios. O Bodyboard é uma modalidade que envolve algum risco por isso é também importante ter a consciência
das capacidades e saber avaliar até onde se pode
ir. Para uma primeira experiência aconselho sempre o recurso a aulas numa escola, pois é sempre a
uma preciosa ajuda, a todos os níveis. ø
Sabe mais sobre a Rita Pires em
www.aondadarita.com
Facebook
Perfil
rita pires
Rita Pires é uma atleta profissional
de bodyboard que dedica a sua carreira á competição e a promover os
desportos de ondas. Apaixonada pelo
mar e pelo contato com o oceano, viu
crescer o gosto pelo Bodyboard com
apenas 9 anos de idade. Com 13 títulos de Campeã Nacional e 6 títulos de
Campeã Europeia, Rita Pires é a atleta mais premiada a nível nacional.
Aos 28 anos opta pela carreira desportiva a tempo inteiro, deixando de lado o
trabalho no atelier como arquiteta.
Na atualidade, é reconhecida como uma
referência nos desportos de ondas, não
só pelos seus resultados competitivos,
mas também pelo trabalho que realiza ao
nível da promoção destas modalidades.
Em 2009, iniciou o projeto “A Onda da
Rita”, uma plataforma de comunicação
e promoção de desportos de ondas,
onde Rita Pires partilha experiências e
o trabalho que desenvolve em modalidades tão diversificadas como o Surf,
Bodyboard, Longboard ou Stand Up Paddleboard, tanto no panorama nacional
como internacional.
Momentos altos da carreira:
- 2008: VICE CAMPEÃ MUNDIAL DO HAWAII
- 2000 & 2010: T2 x Vice Campeã Mundial
do Sintra Pro
- 2008: Medalha de Bronze do ISA Games
- 2005: medalha de ouro no eurosurf
- 2009 A 2011: REALIZAÇÃO DO PROGRAMA DE TV: “A ONDA DA RITA” NA SPORT.TV
- 2011: REALIZAÇÃO DO ROYAL CARRIBEAN
EXPERIENCE - EVENTO DE 5 DIAS NO MAR
MEDITERRÂNEO
- 2012: CRIAÇÃO DA ACADEMIA ONDA DA
RITA
OUTDOOR Novembro_Dezembro 2011
39
Entrevista
Rita Pires
em patrocínios e na organização de campeonatos.
No entanto, acho que isso não prejudica o número
de praticantes, que nas praias são sempre muitos!
Por Terra
 Atividade
caminho do abade
“Preferia tê-lo e amá-lo nas matas chilreadas,
nos desfiladeiros dos montes, no sinceiral da
ínsua, nas alcovas de ramagem que só eles e
os rouxinóis conheciam nas margens do Tâmega.” (Camilo Castelo Branco -”Maria Moisés”).
N
Por Terra
Atividade
ascido em Lisboa, no Largo do Carmo, a 16 de março de 1825, Camilo
Castelo Branco foi o primeiro escritor
de língua portuguesa a viver exclusivamente dos seus escritos literários.
Órfão de tenra idade, é acolhido por família em
Vilarinho da Samardã (1839). Camilo Castelo
Branco “Calcorreou rios e montes atrás de trutas e de coelhos, (…)” (Francisco Botelho, 2005),
casando com Joaquina Pereira de França, com
apenas 16 anos, na Igreja do Salvador, Ribeira de Pena, a 18 de agosto de 1841. Instalou-se
em Friúme e, aqui, eternizou as suas memórias
numa obra única, Maria Moisés, perpetuando a sua vivência por terras Ribeirapenenses.
O percurso interpretativo “O Caminho do Abade”
desenvolve-se em Ribeira de Pena, região norte
de Portugal e sub-região do Tâmega (distrito de
Vila Real), conhecida pelos vestígios civilizacionais diferenciados como as gravuras rupestres
de Lamelas, sepulturas, pontes medievais, indícios de Cultura Castreja e Romana e as grandes
casas rurais e solares brasonados pertencentes
à fidalguia que um dia se instalou nesta região.
Com início na Igreja Matriz de Ribeira de Pena
(Igreja do Salvador), o percurso linear “O Caminho do Abade” é feito por caminhos antigos
de calçada até à aldeia de Friúme, onde Camilo
Castelo Branco habitou, com passagem por locais emblemáticos e carregados de história tais
como o Lugar da Sobreira e a “ilha dos amores”, fonte de inspiração do conhecido escritor.
O restante percurso segue ao longo das margens do Rio Tâmega, com paisagens idílicas
e azenhas em ruínas, testemunhos dos afazeres agrícolas ligados ao cultivo do milho.
O percurso terminará com a passagem da famosa Ponte de Arame, considerada um dos
monumentos de maior interesse do concelho de Ribeira de Pena, engenhosamente construída e com a particularidade de ser
um monumento viário muito importante que
manteve as funções de ligação para a freguesia de Santo Aleixo até ao ano de 1963.
Para além das paisagens únicas que esta região
portuguesa providencia e do marcante teor cultural devido à presença de Camilo Castelo Branco, “O Caminho do Abade” envolve-se sempre
numa aura de nostalgia devido ao sentimento
de que “esta” poderá ser a última vez que se o
percorre porque, devido à barragem de Daivões
a edificar num futuro muito próximo no Rio Tâmega, todo este cenário único ficará um dia submerso. ø
ficha técnica
Dificuldade do Percurso: Média / Baixa
Duração: Cerca de 3/4 horas
Distância: 7 km
Tipo de percurso: Linear
Promotor: Nicho Verde
Nuno Quidiongo
OUTDOOR Maio_Junho 2012
41
Por Terra
 Desafio
MADRID-LISBON MTBIKE
Para este ano já está definida a data
para a travessia Madrid-Lisboa organizada, que já tem partida confirmada! Será de 23 de junho a 7 de julho!
Todas as informações disponíveis no
Portal Madrid-Lisboa
“O
MADRID-LISBON MTBIKE
é a mais recente travessia épica, disponível para
todos os BTTistas amantes dos grandes espaços
de natureza e montanha e das grandes rotas
em bicicleta. Esta travessia é uma grande rota
em BTT (Bicicleta Todo-o-Terreno), que liga
42
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Madrid a Lisboa.
A Rota foi elaborada através das montanhas da
Cordilheira Central, espinha dorsal da Península Ibérica, privilegiando as paisagens de
maior beleza natural.
A travessia de Madrid até Lisboa é apresentada
Em termos dos principais locais por onde a rota
se desenvolve:
Montanhas:
• Espanha: Guadarrama, Sierra de Madrid,
Zapatero, Gredos, Bejar, Las Hurdes e Gata
• Portugal: Malcata, Estrela, Açor, Lousã, Aires
e Candeeiros, Montejunto e Sintra
Parques Naturais:
• Espanha: Parque Natural Cumbre, Curso y
Lagunas de Peñalara; Parque Regional de la
Sierra de Gredos; Parque Natural de Las Batuecas-Sierra de Francia‎;
• Portugal: Reserva da Malcata, PN Serra da
Estrela, PN Serras Aires e Candeeiros, PN Sintra-Cascais
Esta rota foi elaborada por António Gavinho
com a preciosa ajuda do Filipe Gomes, Miguel
Faria e Elsa Gavinho, e contou com o apoio da
Caminhos da Natureza.
A definição e elaboração do percurso da travessia em BTT de Madrid a Lisboa, foi um trabalho de cerca de um ano, tendo a travessia sido
efetuada pela primeira vez em julho de 2011. O
percurso foi melhorado e a segunda travessia
realizou-se em agosto de 2011. Posteriormente realizaram-se mais alterações e novos
reconhecimentos de rotas alternativas
até finalmente no início de 2012 se ter
“A definição e eladefinido a rota oferecendo o mais interessante traçado para a travessia de
boração do percurso
Madrid a Lisboa em BTT.
da travessia em BTT de
Madrid a Lisboa, foi um
trabalho de cerca de
um ano (...) “
O portal :
www.bikemadridlisbon.com
em 15 etapas correspondentes a 15 dias de BTT
para um nível de esforço físico elevado.
No âmbito da apresentação desta rota,
foi elaborado um Portal que é o ponto de
encontro de toda a informação relativa ao
projeto, e onde se pretende ter regularmente
atualizada toda a informação relativa ao percurso, aos parceiros e aos patrocinadores.
Percorre cerca 1200km e mais de 28 000m D+
por estradões florestais, caminhos, estradas
rurais, trilhos e espetaculares single-tracks,
atravessando as mais altas montanhas do sistema Ibérico central e a linha montanhosa Mon-
Para além disso existe neste portal a possibilidade de se saber as mais recentes notícias
sobre a travessia e participar no fórum sobre a
travessia e onde partilhar aí dúvidas e histórias
que possam existir.
OUTDOOR Maio_Junho 2012
43
Por Terra
Madrid-Lisbon MTBIKE
tejunto-Estrela, até chegar ao mar, com trilhos
sobre as falésias e um final épico na ponta mais
ocidental da Europa - o Cabo da Roca.
Por Terra
As etapas:
Etapa 1: Madrid - Miraflores (63km)
O início da rota é no centro de Madrid, na famosa
Plaza del Sol, onde se encontra o marco kilométrico que assinala o Km 0 de todas as estradas que
saem de Madrid! Segue-se por ruas pedonais passando por alguns parques da cidade, tais como o
Parque do Retiro.
O percurso segue para Norte por grandes avenidas
e passa junto ao mítico estádio Santiago Barnabéu.
Alguns Km depois e apenas 1h depois de iniciar a
rota surge o primeiro troço de terra e alguns divertidos km em single-tracks junto ao caminho de
Santiago. A grande cidade começa a ficar para trás
e atravessamos alguns belos campos dourados a
caminho das montanhas! O destino é Miraflores a
1100m de altitude à entrada da Serra do Guadarrama.
Etapa 2: Miraflores - Cercedilla
(64km)
Partimos de Miraflores de la Sierra, atravessamos
o rio Guadalix e iniciamos uma suave e calma subida entre pinheiros e carvalhos. Este dia é marcado por cenários de alta montanha, com fortes
possibilidades de encontrar cavalos, gado e vida
selvagem. Iremos encontrar alguns single-tracks
divertidos num vale junto a uma ribeira de montanha, por entre um fantástico bosque. Grandes
e longas subidas e divertidas descidas, este é um
dia para recordar. O final deste belo dia nas montanhas é feito através de uma longa descida (os 10
km da etapa) para terminar em Cercedilla, hoje já
com 1850m de acumulado de subida!
Etapa 3: Cercedilla -Ávila (91km)
No terceiro dia da travessia, temos a primeira etapa
mais longa com 91 km a iniciar em Cercedilla. Este
é um dia de planaltos em altitude, caminhos florestais e alguns locais históricos interessantes , como
a Cruz dos Caidos e El Escorial. Iremos pedalar
parte do dia numa longa cumeada com um parque
eólico. Para finalizar este longo dia, há um tesouro escondido, um espetacular single-track que o
levará até ao interior da cidade de Ávila, uma das
cidades históricas e culturais mais interessantes ao
longo da rota.
Etapa 4: Ávila – Barco D’Ávila
(116km)
Deixamos a cidade medieval de Ávila, descendo
pelas ruas ao longo das muralhas e dirigindo-se
para oeste. Á saída da cidade entra num fantástico single-track sinuoso ao longo de uma ribeira e
no meio de uma denso e fabuloso bosque. Este é
mais um dia de bicicleta em que vai pedalar por
incríveis caminhos de alta montanha e é ainda o
44
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Por Por
Terra
Terra
GR-14 Rio Douro
Madrid-Lisbon
MTBIKE
dia com passagem a maior altitude de toda a travessia na Serra do Zapatero a 1822m no Montanha
de Gredos. A beleza das paisagens e o fantástico
percurso ao longo do rio Tormes com vários single-tracks e com as suas pontes romanas, ajudam
a esquecer que este é um longo dia. Chegada a
Barco d’Ávila, uma cidade histórica dentro desta
cadeia de montanhas.
Etapa 5: Barco D’Ávila - Sotoserrano (83km)
Estamos no quinto dia da travessia e temos um
desafio, a Montanha de Béjar. Este é um dia com
subidas difíceis, trilhos técnicos, e muitos single-tracks que resultam num progresso lento, mas
sempre cheio de emoções. Atravessamos várias
florestas de carvalhos e passamos pela espetacular e pitoresca Vila de Candelario. Com excelentes
single tracks e depois de 83 km chegará a Sotoserrano, a tempo de repousar no final da tarde!
Etapa 6: Sotoserrano - Pinofranqueado (82km)
Este é um dia onde o terreno é mais suave, e uma
boa maneira para se recuperar da última etapa
bem mais difícil. As montanhas perdem alguma
elevação e o terreno altera-se dos granitos para o
xisto. Este é o reino de carvalhos e pinheiros com
excelentes caminhos na floresta, muito agradáveis
para pedalar. Atravessa ainda a região de Las Hurdes com excelentes paisagens, em mais cerca de
82 km e uns suaves 1650 m de subida, para terminar em Pinofranqueado.
Etapa 7: Pinofranqueado – Valverde del Fresno (85km)
No sétimo dia da travessia, e com quase metade
da distância percorrida é hora de desfrutar atravessando pequenas aldeias repletas de história e
tradição, como que perdidas noutra época. A Serra da Gata oferece belos trilhos e surpreendentes
oportunidades para fotos durante este dia. A etapa
termina em Valverde del Fresno depois de 2000 m
de subida e 85 km pedalados.
Etapa 8: Valverde del Fresno - Sabugal (56km)
Metade da travessia está feita! Este é o dia mais
curto, bom, para recuperar para as próximos 7
etapas. Subida a montanha para atravessar a fronteira entre Portugal e Espanha a cerca de 1000m
na Serra da Malcata. O objetivo é atravessar esta
região montanhosa isolada e selvagem para chegar às primeiras aldeias típicas de Portugal. O percurso segue através de uma floresta de pinheiros e
carvalhos e contorna uma barragem para chegar à
cidade de Sabugal.
OUTDOOR Maio_Junho 2012
45
Por Terra
Etapa 9: Sabugal - Manteigas
(85km)
Etapa de grande beleza numa região de aldeias
históricas de Portugal. Passagem por Sortelha,
uma incrível aldeia de granito em estado medieval com um impressionante castelo! Calçadas medievais e single tracks em vales entre
aldeias vão fazer as delicias dos ciclistas nesta
etapa. Entrada na maior serra de Portugal com
passagem por belos bosques e chegada a pitoresca vila de Manteigas no leito de um vale glaciar!
Etapa 10: Manteigas - Piodão
(67km)
paisagem que irá dominar as próximas etapas
com os seus bosques de Oliveiras e Azinheira!
Estamos no reino da Pedra!
Etapa 13: Tomar – Rio Maior
(95Km)
Saída de Tomar, cidade dos Templários, para um
dia de Serras Calcárias. Um dia totalmente passado no reino da pedra! Os caminhos são ladeados por muros de pedra construídos ao longo de
centenas de anos, um cenário único e impressionante. No final do dia, ao chegar à última
cumeada da Serra vamos avistar pela primeira
vez a Costa Atlântica!
Paisagens de montanha de grande beleza. Este
é também o dia mais alto em Portugal com“Calçadas
passagem aos 1600 m junto a uma lagoa damedievais
mais
e
alta Serra de Portugal – A Serra da Estrela, um
single tracks em
belo e imponente maciço granitico com bosvales
entre aldeias
ques, prados de montanha e aldeias
serranas
típicas! Final da etapa na mais bela aldeia
farãode
as delicias
Xisto de Portugal – Piodão!
dos ciclistas nes-
Etapa 14: Rio Maior – Torres Vedras (66Km)
No início deste dia dominam os
bosques de Eucaliptos. Atravessa-se a última serra calcaria da
travessia, Montejunto por um
caminho a meia encosta com
vistas soberbas sobre as planícies. Single tracks nas cumeadas
ta etapa. “
Etapa 11: Piodão – Castanheira
repletas de típicos moinhos de
de Pera (78km)
vento e por ribeiras no meio de uma
Esta etapa atravessa o sistema de montanhas de
luxuriante vegetação mediterranica são
xisto do centro de Portugal e o percurso segue o ponto forte deste dia!
grande parte do tempo por cumeadas próximas
dos 1000m. É um dia de grandes paisagens e de Etapa 15: Torres Vedras – Cabo
travessias de longos parque éolicos. Este é o ul- da Roca (77Km)
timo dia acima dos 1000m. Final da etapa com Finalmente, no último dia desta épica travesuma incrível descida de 700 m de desnível até a sia chegamos ao mar! Para quem conseguiu
tranquila vila de Castanheira de Pêra.
atravessar 14 dias de montanha desde o centro
da Península Ibérica este é um grande dia! EsEtapa 12: Castanheira de Pera - tradas e caminhos sobre o mar, single-tracks,
Tomar (89km)
trilhos nas falésias e praias fazem deste um dia
Um dia incrível e com grande variedade de diferente e único nesta travessia. Chegada ao
paisagens! Percurso de montanha com passa- Cabo da Roca, a ponta mais ocidental da Eurogem em aldeias serranas e passagem pelo mag- pa! ø
nífico desfiladeiro da Foz do Alge. Cascata imAntónio Gavinho
pressionante com single tracks super divertidos
junto à ribeira. Entrada nas Serras de Calcário,
www.bikemadridlisbon.com
46
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Por Terra
 Birdwatching
observação de aves
um desafio para os amantes da natureza
A
Se gosta de passear na floresta, junto ao mar ou
mesmo em jardins e perder-se a observar o que
o rodeia, então a observação de aves é uma atividade que tem de conhecer.
observação de aves, mundialmente
conhecida por birwatching, é uma
atividade praticada por mais de 100
milhões de pessoas em todo o mundo.
A Península Ibérica é um destino por
excelência para a sua prática, sendo um dos principais destinos ornitológicos na Europa e procurado por milhares de birdwatchers estrangeiros
todo o ano.
O que é a observação de aves?
A observação de aves é uma atividade de lazer
baseada na identificação e observação de aves
selvagens no seu meio natural. É uma atividade ao ar livre, muito relaxante e extremamen-
48
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
te aliciante para pessoas que gostam de andar
no campo e descobrir coisas novas. Explora a
sensação de ver o nunca visto, porque as aves
são muito apelativas e possuem plumagens e
comportamentos muito interessantes. Além da
observação simples, com recurso a binóculos
e telescópios de campo, tem outras variantes,
como a fotografia, o digiscoping (fotografia com
recurso a telescópio), a pintura e a ilustração da
natureza.
Observar aves em Portugal
Situado no extremo oeste da Europa, Portugal é
um país pequeno mas extremamente diverso em
paisagens e habitats naturais: uma extensa zona
Por Terra
Observação de Aves
Foto: Joana Andrade
Foto: Cristina Mendes
“(...) é
uma atividade praticada
por mais de 100
milhões de pessoas
em todo o mundo. “
costeira, com grandes estuários, lagoas
e vastas praias, dunas
e falésias rochosas, amplas planícies cerealíferas,
montados de sobro admiráveis,
montanhas soberbas e vales fluviais magníficos.
Nos arquipélagos dos Açores e da Madeira existem importantes colónias de aves
marinhas, como a cagarra, a alma-negra e
o garajau-rosado. Ainda é possível encontrar
espécies endémicas, como a freira-da-madeira
(Madeira), o pombo-da-Madeira, a estrelinha-da-madeira ou o priolo (Açores).
Um observador de aves ao visitar o território
nacional pode observar cerca de 70 espécies
exclusivas da bacia mediterrânica. A complementar este hobby que move milhares de observadores de aves pelo mundo, Portugal ainda
oferece uma reconhecida gastronomia, excelentes vinhos e uma componente cultural bastante
diversificada aliada a temperaturas amenas.
O birdwatching pode também ser um motor de
promoção e desenvolvimento de zonas rurais
mais desfavorecidas e é uma atividade de lazer
com pouco impacto sobre a natureza. Existem
cerca de 10 000 espécies de aves em todo o mundo. As aves ocorrem nos mais variados meios
naturais, desde as imensidões geladas dos pólos
até aos desertos escaldantes; desde a florestas
OUTDOOR Maio_Junho 2012
49
Por Terra
Foto: Faísca
Abelharucos
densa até às planícies e pradarias; desde as cabeceiras dos
rios até ao mar; e desde do alto
das montanhas até ao nosso
jardim. Ocorrem também em
meios artificiais e humanizados, como os campos agrícolas,
jardins e parques urbanos e
zonas residenciais e industrias.
Ou seja, é possível observar
aves praticamente em todo o
lado, numa multiplicidade de
formas, cores e comportamentos, que desde sempre atraiu a
curiosidade das pessoas. Com
uns binóculos, um guia de bolso e alguma paciência é possível passar horas a observar as
aves que habitam no nosso jardim ou num bosque ou ribeiro
perto da nossa residência. É a
beleza das aves, mas também a
sua ubiquidade, que torna tão
popular este passatempo.
Entre 30 de setembro e 7 de
outubro, decorre a 3ª edição do
Festival de Birdwatching, em
Sagres, o evento mais emblemático de observação de aves
em Portugal, que junta aficionados de vários países e convida também simples curiosos
Foto: Faísca
Colhereiros
50
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
possuidoras de magnificas plumagens e espetaculares hábitos de vida. Podem ser observadas
em passeios calmos e fotografadas em obserAves de Portugal
vatórios edificados para o efeito, rodeados de
A Península Ibérica é um destino de eleição de paisagens soberbas e com o acompanhamento
muitos birdwatchers e muito procurado
de técnicos especializados. Muitas destas
por operadores turísticos especializaespécies têm uma distribuição muidos em viagens de birdwatching.
to restrita na Europa e no Mundo,
Para além da grande diversidade
pelo que se tornam atrativos para
Em Portugal
de espécies de aves (cerca de
os visitantes estrangeiros. A obpodemos encontrar
400) e de habitats caracterísservação de aves em Portugal
a maioria da bioditicos (ex.: montados, pseué ainda facilitada pela dimendo-estepes), na Península
são relativamente pequena
versidade da Península
Ibérica ocorrem cerca de 70
do território, pela qualidade
Ibérica, incluindo as
espécies tipicamente meda rede rodoviária, pelo cliespécies de aves mais
diterrânicas (ex.: flamingo,
ma ameno e pelo elevado níBritango, águia-perdigueira,
vel de segurança pública. Conemblemáticas desta
perdiz-do-mar, cuco-rabilongo,
tudo, ainda há falta de alguns
região.
andorinha-daúrica, melro-azul,
apoios como sinalética adequada
melro-das-rochas, toutinegra-real,
nos locais mais procurados para a
pardal-espanhol, etc). Destas, cerca
prática e pouca divulgação e apoio por
de 25 são exclusivas desta região (ex.: águiaparte das entidades governamentais.
-imperial, peneireiro-cinzento, cortiçol-de-barriga-preta, noitibó-de-nuca-vermelha, chasco- Por onde começar?
-preto, charneco, etc.).
Por isso já sabe, se se identifica com o que aqui
Em Portugal podemos encontrar a maioria da foi mencionado, comece por participar numa
biodiversidade da Península Ibérica, incluindo atividade da Sociedade Portuguesa para o Estuas espécies de aves mais emblemáticas des- do das Aves (SPEA). Uma vez por mês dirija-se
ta região. No nosso país existem 93 Áreas Im- ao Parque Tejo, junto ao Parque das Nações e a
portantes para as Aves e podem ser observadas equipa da SPEA espera por si com binóculos, teregularmente cerca de 330 espécies diferentes, lescópios e guias que o ajudarão a conhecer um
pouco da biodiversidade que o rodeia.
Se gostar desta experiência e quiser começar a
Pisco-de-Peito-Ruivo
frequentar outras atividades acompanhado por
guias, faça-se sócio da organização sem fins lucrativos SPEA e participe nas atividades gratuitamente ou mediante preços simbólicos. Nestas
atividades, o material é emprestado aos participantes que não tiverem binóculos, telescópios e
guias. Numa fase posterior, poderá pensar em
comprar o seu próprio equipamento e aventurar-se sozinho, com família e/ou amigos, na
aventura de descobrir você mesmo que espécies
o rodeiam. Existem também atualmente cada
vez mais empresas de animação turística que
disponibilizam este serviço.
Foto: José Viana
Pode encontrar em www.spea.pt o programa de
atividades para os próximos meses. Ser sócio da
SPEA permite não só que participe nas atividades da associação, mas está também a contribuir para o trabalho de conservação das aves em
Portugal. ø
Por Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
[email protected]
OUTDOOR Maio_Junho 2012
51
Por Terra
Observação de Aves
que querem conhecer um pouco mais a atividade.
Por Terra
 Crónica
H
Hola peregrino!
á muito que acalentava fazer férias
pacatas, sozinha, de mochila às costas. Imaginava-me a calcorrear algum trilho, não como o David Carradine / Kwai Chang Caine na série
Kung Fu, que ajudava as pessoas nos interstícios da
sua procura pessoal, mas como alguém que busca
um apaziguamento para a sua inquietação. Assim,
fazer um dos caminhos de Santiago de Compostela
pareceu-me o mais lógico por três razões: boa sinalização, vasta rede de albergues/apoio logístico
e proximidade geográfica. Escolhi o Caminho Português e em outubro de 2009 percorri-o, não como
tinha imaginado, porém fi-lo.
Dormi no Albergue dos Bombeiros Voluntários de
Valença do Minho na véspera da minha demanda.
Logo aqui os meus planos de férias pacatas foram
gorados. Nesse dia, o albergue fora invadido por
uma horda de bárbaros, perdão, ciclistas, provenientes de Parede. Poderiam ser os descendentes
de Atila o Huno, pois aquele grupo de cerca de cinquenta criaturas fez um estanderete digno da fama
daquele líder tribal.
petáculo digno de um circo ambulante. Os bárbaros, perdão, ciclistas, tinham armado estendais entre os beliches com calções de chumaços, peúgas e
toalhas; t-shirts jaziam pelo chão; mochilas e sacos
vomitavam o seu conteúdo de forma indulgente,
sem pudor por se ver, mesmo sem querer, alguma
roupa mais íntima. Temi pela minha mochila, onde
os meus haveres se encontravam bem arrumados,
alheios àquele caos. Os bárbaros tinham deixado
o “meu” beliche incólume. Suspirei aliviada, pois
afinal mostraram não serem tão vândalos assim.
“A menina vai dormir aqui?” Perguntou-me um
homem na casa dos cinquenta anos, que se acomodava no beliche ao lado do meu. Fiquei surpreendida, mas na minha inocência respondi que sim,
sem imaginar o banzé que aquele bando iria fazer
durante a noite. Após longas abluções e pequenos rituais disparatados, os bárbaros recolheram
aos seus sacos camas. Quando o silêncio imperou
por escassos segundos, um grilo resolveu cantar.
Cantou, cantou, cantou até eu descobrir que era o
toque de telemóvel de um elemento da tribo. Afinal a horda não tinha retirado, apenas mudado de
estratégia de ataque.
Quando regressei da cozinha, onde tinha confecionado massas para o jantar, fui obrigada a saltitar
entre sacos cama e desviar-me de bicicletas até
chegar ao dormitório. Aí deparei-me com um es-
O “grilo” calou-se. Após alguns segundos de silêncio beatífico, ecoou um berro: “cabeçudo!” Risota
geral. Luzes acenderam-se, bárbaros, perdão, ciclistas, levantaram-se e quiseram saber quem era
52
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Por terra
Hola Peregrino!
o responsável por tão ímpar toque de telemóvel.
Poucos minutos volvidos, já o “grilo” e o “cabeçudo” digladiavam-se pela supremacia do dormitório, até que alguém apelou ao bom senso daqueles
dois e lembrou-os que a “menina precisa dormir”.
Pensei que era desta que conseguia descansar, mas
a fama de Atila e da sua tribo não é vã. Voltaram a
acalmar por breve tempo até que a guerra química
tomou conta do dormitório. De vários beliches, dos
cerca de vinte existentes só naquele dormitório, fui
vítima e testemunha da maior saraivada de puns
e arrotos que alguma vez ouvi ou tive capacidade para imaginar. Como que emboscada no meu
próprio covil, só tive capacidade para me enroscar,
tapar a cabeça com o saco cama e esperar que a
morte fosse rápida.
Deixei cedo o albergue. Encaminhei-me pelas ruas
silenciosas através da fortaleza, depois pela ponte
do rio Minho e por fim despedi-me de Portugal.
Já em Tui, adiantei o relógio de pulso uma hora.
Era um gesto simbólico do início de uma empresa.
Naquele momento cortava o cordão umbilical de
ideias de fraqueza, desistência e fracasso. Estava
na Galiza, em Espanha e tinha seis jornadas a pé
de pacatez e solidão voluntária. Suspirei decidida,
ajustei as alças da mochila, apertei os bastões nas
mãos e atravessei Tui.
Na zona industrial de O Porriño vi o primeiro caminheiro, mas em sentido contrário. Vislumbrei-o no
início da grande reta que atravessa aquela zona.
“A menina
vai dormir aqui?”
Perguntou-me um
homem na casa dos
cinquenta anos, que se
Era
uma
acomodava no belimanchinha
che ao lado do
preta a cerca
meu.
de um quilómetro
de
distância. Avançávamos
os dois para um ponto invisível,
onde nos cruzaríamos. Aos poucos fui discernindo
pormenores do homem: mochila cinzenta; chapéu
azul; casaco preto. Deveria sentir-se observado e,
tal como eu lhe fazia, tentava perscrutar-me sem
dar nas vistas. Quando finalmente nos cruzámos,
olhámos para o chão e emitimos um tímido “hola”.
O Porriño, o destino do dia, estava todo engalanado. Segundo os cartazes colados nas paredes, era
a XVI festa de Callos. As pessoas faziam fila com
uma tigela de barro na mão para provar os ditos
que eram distribuídos em várias bancas. Cheirava
a sopa de grão e, tentada a provar a gastronomia
local, indaguei sobre os outros ingredientes. Quando soube que consistia numa sopa de tripas de porco com grão e salsa, passou-me logo a curiosidade.
No albergue dormi a sesta, visto não ter conseguido dormir devido aos bárbaros de Parede. Com o
sono retemperado, voltei às ruas para explorar a
feira. Não compreendo as pessoas que depreciam
os hábitos e tradições portuguesas e consideram
que só o que é estrangeiro é que é bom. Esta festa
era em tudo idêntica a tantas que já tinha visto em
Portugal. Os feirantes a vender brinquedos de plástico, pipocas, algodão doce e torrão de Alicante; a
OUTDOOR Maio_Junho 2012
53
Por terra
pista dos carrinhos de choque, o carrossel e a barraquinha do tiro ao alvo. Até palco havia, onde o
equipamento de som estava a ser preparado. Estas
e outras mostras de cultura regional são as melhores oportunidades de conhecermos um povo.
A única diferença, e boa, que encontrei em Espanha é o comércio fechar ao domingo. Isso sim
devia ser implantado em Portugal. Não encontrei
nenhum local aberto onde comprar comida para
fazer para o jantar. Resignei-me a “em Roma sê
romano” e decidi comer uma tortilla e beber uma
Mahou num café apinhado de galegos que devoravam tapas. Voltei a deambular pelas ruas cheias de
pessoas, de luzes e música e, apesar de tudo aquilo ser engraçado, lembrei-me das férias pacatas.
Voltei ao albergue, sentei-me na sala e pus-me a
desenhar.
Acordei com a chuva a bater nas janelas. Mesmo
às nove horas estava escuro de tão carregadas as
nuvens estavam. Sabia pelo meu guia de bolso que
iria ter à saída de O Porriño um troço perigoso. Era
uma via rápida percorrida por muitos camiões TIR
que teria de atravessar e caminhar pela berma por
várias dezenas de metros. Optei por abordar três
caminheiros que saíam do albergue ao mesmo
tempo que eu e perguntei-lhes se os podia acompanhar durante esse troço. Sempre seria mais seguro.
Eram dois irmãos alemães e a filha do mais velho.
Apesar da chuva forte, a conversa entre os quatro
foi fluida. O irmão mais velho, um homem rijo e
seco, vivia há muitos anos no Canadá. Tinha uma
face redonda, olhos azuis e rugas
profundas que lhe sulcavam as
maçãs do rosto. A filha era uma
canadiana loura de ancas largas,
olhos igualmente azuis e faces
rosadas. Falava pela boca, mãos,
olhos, braços, cotovelos, tudo! O
outro irmão, de rosto alongado
e olhos castanhos, era mais alto
e circunspecto. A dificuldade no
inglês e o aparelho auditivo não
ajudavam à comunicação. Contudo era afável e educado.
Ultrapassámos o troço perigoso
e embrenhámo-nos pelo campo.
As videiras faziam linhas paralelas a perder de vista pelos campos ondulantes, onde grandes
pingos de chuva escorregavam
pelas uvas maduras. Por esta altura, a Magdalene e o pai “Gross”
já me tinham “adotado”. O irmão
54
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
“Klein”, à sua maneira mais comedida, também
me tinha aceitado e eu achei que seria uma falta
de educação deixá-los assim, no meio do percurso, depois de tão animada conversa. A caminhada
continuou, sempre sob chuva intensa e trovoada.
Abrigámo-nos numa paragem de autocarro, pois
a tempestade era tal, que até um cão vadio ultrapassou o medo e abrigou-se junto a nós sob a
paragem.
Chegámos a Redondela sob as mesmas condições
meteorológicas. Entrámos todos atrás do “Klein”
no primeiro café que viu aberto. Assim que perceberam que eu falava a língua de “nuestros irmanos”, os meus companheiros regozijaram-se
pelo nosso encontro e afirmaram que jamais me
deixariam até chegarmos a Compostela. Há vários dias que se encontravam no estrangeiro e
a hora da refeição era uma autêntica roleta russa, pois não sabiam o que comiam. Agora com
a minha presença, tudo seria mais fácil. Tinham
de comemorar. “Klein” pediu à empregada uma
garrafa de Rioja. Pelo menos essa palavra ele conhecia.
Apesar de não ter ficado muito confortável com
aquela decisão de jamais me deixarem até Compostela, não consegui ripostar porque me distraíram com o Rioja. Mais uma vez, os meus planos
saiam furados. Agora bebia o vinho, mais tarde
pensaria em voltar ao plano A. Entrei na onda e
decidi apenas comemorar o “Camino” e as coisas boas que se encontram nele; e pude constatar
que se encontram muitas.
O albergue de Redondela é um edifício medie-
Por terra
Hola Peregrino!
val recuperado. A casa de banho foi o que mais
me impressionou. Um toque de modernidade no
meio daquelas paredes grossíssimas. Tencionava
aninhar-me no beliche a escrever e desenhar e já
não sair do albergue a não ser no dia seguinte. Tinha mantimentos suficientes para o jantar, só que
as coisas nunca são como nós as delineamos. A
Magdalene pediu-me para ir com ela à rua comprar um casaco e umas calças impermeáveis, pois
ela tinha toda a roupa molhada e nenhum casaco
para a chuva.
Eu segurava o caderno numa mão e o lápis na
outra. Fiquei com vontade de dizer “não”, que já
não saía do albergue, mas lembrei-me que se eu
estivesse num país onde não conhecesse a língua,
também gostaria de ter alguém que me ajudasse.
Deste modo, vesti a roupa por cima do pijama e lá
fui enfrentar a tempestade que não abrandava.
As ruas estavam inundadas e viam-se vários piquetes a desentupir sarjetas. Os carros passavam
e provocavam cortinas de água que molhavam os
transeuntes. Saltitámos por entre poças de águas e
na terceira loja encontrámos roupa impermeável.
A Magdalene comprou o seu fato e voltámos para o
albergue a pingar água de todos os lados. Ainda me
convidaram para jantar, mas fui categórica. Não
voltaria a sair, iria ficar no albergue até à manhã
seguinte!
O dia amanheceu muito nublado
Abrigámoe cinzento, mas pelo menos não
chovia. O trilho percorria zonas
-nos numa pabonitas de bosques e vinhedos.
ragem de autocarro,
Passávamos por muitas aldeias
pois a tempestade era
onde sacos com uma nota ou
rápidos e uns pensos preventialgumas moedas estavam
vos de bolhas (deuses, o que
tal, que até um cão vapendurados no puxador da
eles inventam!) e depois de
dio ultrapassou o medo descansarmos fomos explorar
porta das casas. Esperavam a
passagem do padeiro. À saída
a cidade.
e abrigou-se junto a
de uma dessas aldeias, a sola
nós sob a parada bota da Magdalene saltou. FiPontevedra é uma cidade histógem.
cámos todos pasmados a olhar ora
rica muito bonita. Tem passeios
para a sola no chão, ora para a Magdalargos, a zona antiga está bem arranlene, sem saber o que fazer. Ela foi muito
jada, com muitas lojas abertas até ao final
desembaraçada. Procurou os seus chinelos dentro da tarde. Foi numa dessas lojas que comprámos
da mochila e substituiu-os pelas botas, que as dei- umas botas para a Magdalene. Deambulámos pela
tou no caixote de lixo mais próximo.
zona histórica, com praças rodeadas de arcadas
medievais. Esta zona era animada por muitos resContinuámos a caminhada. O “Klein” seguia em taurantes e bares que, ao cair da noite, chamavam
frente mantendo o ritmo, depois eu, o “Gross” ia o caminheiro cansado da jornada através da ilumiem terceiro lugar e a Magdalene ia ficando cada nação interior confortável.
vez mais para trás. Tomava comprimidos para as
dores como quem chupa rebuçados. Devia estar Optámos por jantar num restaurante pequeno
cheia de dores nos pés, mas lá ia emborcando o de canto. A empregada, muito simpática e eficaz,
frasquinho e seguindo-nos. Já em Pontevedra, recomendou-nos o peixe grelhado e um vinho reperguntei-lhe se tinha bolhas nos pés. Disse-me gional, Albariño das Rias Bajas. Confiámos na sua
que não, que só os sentia doridos. Colocou pensos sugestão e quando o peixe chegou, já os quatro
OUTDOOR Maio_Junho 2012
55
Por terra
brindávamos “Buen camino!” todos alegres pois
tínhamos bebido dois copos de vinho cada um.
A meio do peixe o “Gross” pediu outra garrafa. A
cada minuto brindávamos “Buen camino!” e bebíamos outro gole.
pele dos pés a bisturi. A coitada tapou a cara com
as mãos e amiúde tremia-lhe o corpo enquanto lágrimas escorriam-lhe entre os dedos. O único som
que se ouvia era um suspiro baixinho, de tempos a
tempos. No final, o enfermeiro enfaixou-lhe os pés
(estavam inflamados e infetados), informou que a
Sinceramente, não me lembro como é que regres- pessoa que inventou os pensos preventivos de bosámos ao albergue, pois bebi mais do que a minha lhas (!) devia ser encarcerada e mandou-a ter com
conta e estava com um pifo dulcíssimo. Apesar do a médica. O “Camino” para a Magdalene terminapifo, acordei durante a noite com uma trovoada va em Briallos.
titânica e com um ressonar idêntico. Alguém no Regressámos cabisbaixos ao albergue, onde o
dormitório ressonava com fúria, pois parecia que “Klein” nos aguardava ao portão. Assim que entrárosnava como um cão raivoso. Como se não bas- mos na cozinha, Magdalene recebeu uma grande
tasse, dava puns!
salva de palmas, abraços e até alguns beijos. Neste
De manhã, para meu grande espanto e alegria, momento deixou de tentar ser forte e chorou; talacordei sem ressaca. A caminhada foi longa até vez não pelas dores, mas pela emoção da receção.
Briallos, perto de Caldas de Reis e dolorosa para Já todos tinham jantado, mas a María Madrilena
a Magdalene. Sentia os pés inchados e custava-lhe preparou-nos umas tapas. Comemos ovos, pão,
andar. Encontrámos várias pessoas que nos habi- queijo, chouriço e bebemos mais um belo Rioja.
tuámos a ver ao longo dos dias nos albergues e no Este “Camino” estava a ficar pouquíssimo pacato
caminho: as irmãs alemãs, a rapariga do Tirol, o e demasiado gastro-etílico, mas para meu gáudio,
casal dinamarquês, o outro casal alemão.
cheio de emoções e experiências. Estava a gostar
bastante da partilha e do convívio com todas as
Caminhávamos quase sempre em silêncio. Perce- pessoas que ia conhecendo pelo caminho. Não era
bíamos que a Magdalene estava em sofrimento, a pacatez e a solidão ambicionada, mas quiçá estamas ela, estóica, não se queixava. Quando che- ria a ser melhor do que o planeado.
gámos ao albergue, já não aguentou mais e pediu No dia seguinte, a saída de Briallos foi algo emopara lhe tratarem dos pés. Foi aqui que me aperce- tiva. Despedimo-nos da Magdalene com abraços,
bi do encanto e da magia do “Camino”. Compreen- que seguiu de táxi até Padrón, e eu e os dois irmãos
di que naqueles dias tornámo-nos quase uma iniciámos a marcha. Seguíamos a alguma distânfamília. Toda a gente naquele albergue queria par- cia entre os três e cada um ia com os seus pensatilhar o seu Betadine, a sua agulha e linha preta, os mentos. Foi talvez o dia mais meditativo de todo
seus pensos, as suas dicas. Todos queriam ajudar e o “Camino”. Consegui redimir-me com a minha
queriam à força que se usassem os seus produtos, consciência e encontrei um meio-termo entre as
pois eram melhores do que os dos outros. Foi uma férias planeadas e o plano efetivo. Não ia só, mas
grande lição de partilha e cooperação, pois todos em silêncio, como que em verdadeira peregrinaos caminheiros se envolveram no drama pessoal ção.
da Magdalene, que podia ser o drama de qualquer Mesmo se não houvesse indicação a dizer que esum de nós.
távamos em Padrón, várias senhoras vendiam
nas ruas saquinhos de plástico com piA María, uma madrilena, conseguiu
mentos padrón e anunciavam assim o
Coma hegemonia sobre os outros caminome da localidade. Tinha sido a etanheiros e conquistou o monopólio
pa mais cansativa e ansiava por chepreendi que
do tratamento das bolhas da Maggar ao fim. A Magdalene esperava
naqueles dias
dalene. Cedo percebeu que os pés
tornámo-nos
da canadiana estavam para além
de um tratamento amador. Solícita,
quase uma
desceu à entrada e telefonou ao tafamília.
xista que publicitava os seus serviços
no placar da entrada do albergue. “Está
fatal, fatal!”, disse-me ela. A decisão era óbvia: a Magdalene iria ao hospital.
Entretanto, eu já tinha perdido as esperanças de
fazer férias pacatas e solitárias. Acompanhei a
Magdalene e o “Gross” ao hospital para servir de
intérprete. A Magdalene foi deitada e, sem anestesia, um enfermeiro começou a cortar-lhe postas de
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Maio_Junho 2012 OUTDOOR
confortos terrestres dos peregrinos.
Chegámos a Compostela. A cidade fremia de agitação. Lojas, cafés, restaurantes, tudo efervescia de
energia. Pessoas comiam e bebiam nas esplanaDurante a noite, apesar do cansaço, acordei duas das, caminheiros de rosto cansado com mochilas
vezes com o ressonar e rosnar do caminheiro mis- enormes às costas subiam a rua, jovens estudantes
terioso. Tão perto do final, descobria quem era a vil desciam-na apressados com livros nos braços; tucriatura: era o “Gross”! Como é que um ser huma- ristas passeavam-se.
no consegue emitir sons tão cavernosos?! Por duas Entrámos na zona histórica, de edifícios bem convezes obriguei-me a levantar e a dar-lhe umas sa- servados, ruas limpas, arcadas bem arranjadas.
cudidelas a ver se ele reduzia os decibéis. Assim Chegados à praça principal e à catedral o Sol brique lhe tocava no braço, rosnava danado como se
lhava com um céu azul maravilhoso. Abraçámoestivesse a lutar com algum urso pardo lá
-nos. Ao lado do nosso triângulo de felinas florestas canadianas. Da segunda
cidade pelo feito concluído, outros
Este
vez que o fui abanar presenteou-me
caminheiros terminavam o deles
“Camino”
com uma saraivada de puns. Recom a mesma expressão mista de
signei-me a voltar para a cama e
cansaço e alegria no rosto. Cada
estava a ficar
tentar abstrair-me dos barulhos.
um com os seus motivos, relipouquíssimo pacato
giosos ou não, o chegar à catee demasiado gastroA saída de Padrón foi menos
dral tem o seu significado. O Sol
-etílico, mas para meu
emotiva, sem abraços. Despebatia-me no rosto e fez-me lemdimo-nos da Magdalene, que
brar o quanto tinha ansiado por
gáudio, cheio de
seguiu mais uma vez de táxi, e
ele durante estes dias de chuva
emoções e expevoltámo-nos a pôr ao “Camino”.
intensa.
riências.
Continuávamos a ser brindados com
aguaceiros, mas ao longo da manhã
Ao final do dia fomos jantar peixe greforam escasseando e tornou-se um dia ralhado e vinho Albariño para comemorar.
dioso e quente. Mais uma vez, o ritmo era imposto Brindámos “buen camino!” com duas australianas
pelo “Klein”, seguido de mim e do “Gross”. Cami- que também o tinham terminado e fomos os últinhávamos em silêncio até que vimos ao longe os mos a sair do restaurante. Encontrámos a raparipináculos da catedral de Santiago. Parecia escon- ga do Tirol e continuámos a comemorar num café
dida no topo da colina pelos outros edifícios, mas com mais vinho Albariño. Acabei o “Camino” com
acredito que nos primeiros tempos de peregrina- outro pifo dulcíssimo, de braço dado com a Magção, em que a catedral guardava sozinha a região, dalene pelas ruas de Compostela, mas aprendi que
seria uma vista muito bonita, mas principalmen- o melhor caminho não é o solitário ou pacato, mas
te acalentava a esperança do término da viagem. sim aquele que se faz com as pessoas que se vai
Naqueles tempos medievos não havia um negócio encontrando. ø
Susana Muchacho
tão bem oleado em torno das peregrinações e dos
Geosphera
OUTDOOR Maio_Junho 2012
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Por terra
Hola Peregrino!
por nós, deitada na cama com os pés com pensos
e gazes novas. Voltámos a jantar no albergue, pois
para a Magdalene era ainda doloroso andar.
Por Água
 Atividade
Bodyboard
O
desporto faz parte dos padrões
culturais do ser humano. Está
provado que o desporto e a atividade física são um bem necessário não só para o bem estar fí-
58
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
sico, mas também para o psíquico e social.
Na componente água são várias as modalidade
que se podem praticar, no entanto, os desportos
de ondas estão a ganhar cada vez mais adeptos.
Há quem defenda que estas modalidades deve-
Por Água
Bodyboard
Fotos: João Melo
riam fazer parte da Educação Física como matéria, mais concretamente no que respeita aos
Desportos de Exploração da Natureza, onde se
insere o bodyboard, um desporto de ondas que
só pode ser praticado no mar.
Quando temos oportunidade de praticar atividade física ao ar livre e em contacto com a natureza, a nossa boa disposição aumenta e o nosso
rendimento será potenciado.
Efetivamente o bodyboard é um desporto que
OUTDOOR Maio_Junho 2012
59
Por Água
permite deslizar sobre as ondas e manobrá-las,
sendo sem dúvida uma modalidade que conjuga
o condicionamento físico, com os prazeres terrenos do contacto com a natureza. Que melhor
sensação haverá que o vento afagando o corpo,
o sol bronzeando o rosto, o mar envolvendo-nos
como uma dança apaixonante?
É cada vez mais frequente as pessoas que procuram o bodyboard como escapatória ao stress,
em vez de se fecharem num ginásio a praticar
exercício físico. Sendo praticado no mar, acalma e permite um contacto unico com o elemnto
água!
Em Portugal, a partir da década de 90 e até aos
dias de hoje, o bodyboard tem tido uma procura
crescente. A costa Portuguesa oferece-nos, de
Norte a Sul, belíssimas praias com as melhores condições para a prática desta modalidade.
Destacam-se as zonas da Ericeira, Peniche,
Equipamento
bodyboard
Uma prancha pequena (já que neste desporto o
praticante encontra-se deitado sobre esta)
Fato de neoprene para proteger do frio, com
medidas adequadas à temperatura da estação do ano
(4/3 é um fato para inverno e 3/2 fato para verão)
Pés de pato (que não são mais do que um tipo
de barbatanas que ajudam não apenas em velocidade a apanhar as ondas, como também no batimento
de pernas caso se sinta cansado de remar com os
braços)
Shop (também denominado “leash”) para prender a prancha ao pulso cujo objetivo é não perder a
prancha, mantendo-a por perto.
Praia Grande, Santa Cruz, Costa da Caparica,
Linha do Estoril, Alentejo, Moledo, Nazaré, entre outras.
Nas praias em que existem ondas, encontrarão
com certeza sempre algum praticante deste
magnífico desporto.
Por fim é conveniente realçar a importância de
que o praticante saiba nadar muito bem.
Esta é uma consideração deveras importante,
sendo a regra de segurança número um, pois
ninguém faz uma corrida de barreiras sem saber correr. ø
Miguel Baceira Roldão da Silva Santos
Treinador da Pocean Surf Academy
Visite www.pocean.pt
60
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Por Água
 Indoor
Cláudio Silva
Coordenador de treino personalizado
Aquafitness Clube Tejo
PREPARAÇÃO
Indoor para
bodyboard
O
Bodyboard é um desporto outdoor, onde o praticante utiliza
uma prancha de dimensões
reduzidas para poder deslizar
nas ondas de barriga para baixo ou de joelhos .
Devido às manobras altamente tecnicistas,
é importantíssimo que a preparação física
seja muita cuidadosa.
1
Abdominais no bosu
3x 30 repetições 3 x semana
Os músculos da zona lombar são os mais
requisitados e, por este motivo é necessário ter cuidados especiais durante a prática
deste desporto.
Mas mesmo assim é um desporto muito
procurado, com cada vez mais adeptos…
principalmente por pessoas mais jovens
que adoram estar em contacto com mar
num momento de puro entusiasmo e adrenalina.
Prepare-se bem indoor e parta à aventura
em segurança! ø
www.aquafitness.pt
62
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
2
Exercícios para o posterior dos ombros
2x 15 repetições 3x semana
Por Água
Indoor
4
3
Trabalho para os deltóides
3 séries de 15 repetições 3 x semana
Exercício para o posterior da coxa
3x 12 repetições 3x semana
6
5
Exercício para os glúteos
3x 20 repetições 2 x semana
Trabalho
Trabalho
Trabalhocardiovascular
cardiovascular
cardiovascularna
na
naWave
Wave
Wave
333xxxsemana
semana
semana15
15
15minutos
minutos
minutos
7
Exercício lombar em máquina
3 x 12 repetições 3 x semana
8
Trabalho dorsal em Kinesis e Core
3 x 15 repetições 3 x semana
OUTDOOR Maio_Junho 2012
63
Por água
 Evento
lISBOA
vOLVO oCEAN rACE
64
Julho_Agosto 2011 OUTDOOR
P
ela primeira vez nos 38 anos de história da Volvo Ocean Race, Lisboa receberá a maior regata à volta do mundo.
A frota de seis veleiros Volvo Open 70,
juntamente com as suas tripulações
profissionais, permanecerá na capital entre os
dias 31 de maio e 10 de junho, na doca de Pedrouços – onde estará sediado o Race Village da
competição – numa organização a cargo da Lagos Sports, com o apoio da Câmara Municipal
de Lisboa, Câmara Municipal de Oeiras e do Turismo de Portugal, que volta a colocar a capital
portuguesa no seio dos grandes eventos desportivos internacionais.
70.000 kms) à volta do planeta.
A bordo dos veleiros monocasco de alta competição de 70 pés (Volvo Open 70) – construídos
em fibra de carbono, com cerca de 14 toneladas
de peso, equipados com compartimentos estanques à proa e à popa, quilha pivotante e um jogo
de 17 velas de tamanhos e formatos diversos –
reúnem-se experientes velejadores oceânicos,
recordistas mundiais, campeões olímpicos, especialistas em ‘match racing’ e participantes da
Taça América.
A VOLVO OCEAN RACE E A CIDADE DOS OCEANOS EM LISBOA
Não fosse a coragem ilimitada destes homens a
Volvo Ocean Race seria um evento impossível.
Depois da Tennis Masters Cup Lisboa 2000, do Em primeiro lugar, porque este evento no ponto de vista da segurança é um pesadeEuro 2004 e do Lisboa-Dakar, entre
lo. Temos de ter em conta que estes
outros eventos culturais como foi
“A
barcos estão permanentemente,
o caso da Expo-98, a etapa tranmais
com24 horas/24 horas, a tentar bater
satlântica da Volvo Ocean Race
recordes. Passam grande parte
que ligará o continente norteplexa regata de
do tempo da competição poten-americano à Europa, elevará
circum-navegação
cialmente mais perto da estação
o nome de Portugal ao primeiteve
início
a
5
de
espacial internacional do que de
ro plano mundial – neste caso
qualquer
ponto em terra e sobrecom um dos cinco maiores cerNovembro em Alitudo
de
qualquer
ajuda.
tames desportivos mundiais, a
cante, Espanha
par dos Campeonatos do Mundo
(...)”
Só um sofisticado número de meios
e Europa de Futebol, Jogos Olímpia
bordo
dos V70 mantém o race control
cos e Ryder Cup em golfe.
informado do que se vai passando, qual a
Nas palavras de Knut Frostad, CEO da Volvo posição, a velocidade e o rumo dos barcos, perOcean Race, “é muito importante ter uma cida- mitindo inclusive aconselhar e conferir com
de como Lisboa nos stopovers da prova. Não só cada um dos skippers, sobre as condições de napelas ótimas condições para a prática da vela, vegabilidade e segurança de um barco depois de
que certamente permitirão assistir a uma espe- um qualquer incidente, como já tem acontecido
tacular In-Port Race, mas também porque será nesta edição.
um enorme prazer chegar à capital portuguesa Esta capacidade em adquirir informação permidepois da sempre rigorosa travessia do Atlânti- te também acompanhar a par e passo a competição, a qualquer minuto, cruzando-a com as preco”.
visões meteorológicas, podendo-se adivinhar
as alterações classificativas. (Cerca de 200.000
DE ALICANTE A LISBOA… RUMO A GALWAY
A mais complexa regata de circum-navegação velejadores virtuais acompanham a regata e fateve início a 5 de novembro em Alicante, Espa- zem isso pelo menos de 12 em 12 horas.)
nha, e cumpriu até ao momento as suas escalas No entanto o uso destes meios foi levado para
na Cidade do Cabo (África do Sul), em Abu Dha- uma nova dimensão quando na última edição
bi (Emirados Árabes Unidos), em Sanya (Chi- foi introduzido a bordo um elemento suplemenna), , em Auckland (Nova Zelândia), em Itajaí tar – O Media Crew.
(Brasil) e em Miami (EUA), de onde partirão as Este tripulante que está impedido de interferir
com a navegação (para além da sua função pode
embarcações rumo a Portugal.
Depois de deixar a capital portuguesa, a 10 de apenas cozinhar) é o responsável pela ligação
junho, a Volvo Ocean Race seguirá para Lorient ao Mundo do seu Barco. As imagens e notícias
(França), antes da largada rumo à meta final que recebemos todos os dias quer em Live Streem Galway (Irlanda) – completando-se assim am, quer via Volvo Ocean Race, são da sua resum trajeto de 39.000 milhas náuticas (mais de ponsabilidade.
OUTDOOR Maio_Junho 2012
65
Por água
Volvo Ocean Race
A MAIOR REGATA DO MUNDO ESTÁ A CHEGAR A PORTUGAL
Por água
Com a introdução da captação de imagens a
bordo e do Media Crew a Volvo Ocean Race ganhou uma nova dimensão. Durante 9 meses, 6
barcos comunicam continuamente. É o resultado do acompanhamento dessa comunicação
massiva que faz com que a Volvo Ocean Race
seja atualmente o 5º maior evento do Mundo e
que permitiu que na edição anterior fosse atingido os mil milhões de pessoas ligadas em várias plataformas a esta regata.
Lisboa, uma importante oportunidade de se
mostrar ao Mundo junto dos que nos visitam
diretamente devido à vinda desta regata (só ligados diretamente à regata são cerca de 2.000
pessoas), e também junto dos que pelas diferentes plataformas, vão receber imagens e notícias
desta passagem por Lisboa. Todos vão certamente qualificar de forma superior o nosso país
e os nossos produtos, ajudando a aumentar os
impactos económicos diretos e indiretos, associados a este evento, uma das grandes apostas
do Turismo de Portugal em 2012.
Para além da dimensão mediática há também a
dimensão geográfica. Gerida e participada por
Para impactar todos os visitantes de forma popessoas dos 5 continentes, a Volvo Ocean
sitiva, começamos logo por mostrar
Race é das mais extensas competições
uma nova infraestrutura dedicada à
do Mundo. Percorrendo todos os
“Pornáutica de recreio, construída na
oceanos, fazendo escala em 10
tugal tem na
recuperada Doca de Pedrouços
Portos tão diferentes geografiescala de Lisboa,
e fruto de um trabalho hercúcamente como culturalmenleo da equipa do Porto de Liste.
uma importante oporboa. Quem viu esta doca há
Portugal tem na escala de
tunidade de se mostrar
um ano atrás, com enormes
ao Mundo junto dos que
armazéns frigoríficos em estado de derrocada e enormes
nos visitam diretamenbarcos afundados no meio de
te devido à vinda
metros de lodo, vai ser positivadesta regata
mente surpreendido quando visitar a Volvo Ocean Race.
(...)”
Será aí, no dia 31 de maio, dia previsto
para a chegada do barcos oriundos de Miami,
que Lisboa receberá a Volvo Ocean Race com
fogo de artifício e com uma festa, noite a dentro,
animada por DJ’s.
Durante o primeiro fim de semana da escala da
Volvo Ocean Race em Lisboa, os V70 à medida
que vão aportando, serão colocados por uma
mega grua em terra na zona das equipas onde
irão ser reparados. De facto, vão ser certamente
reparados já que em Lisboa completam a travessia do Atlântico e 8 meses de circum–navegação. Nesse espaço a Lagos Sports irá criar canais
de circulação para que os visitantes possam ver
em terra os barcos de perto.
Mas haverá mais vela na Volvo Ocean Race em
Lisboa. Várias classes nacionais se juntarão a
esta festa:
Vela com classes de vela nacionais;
• Nos dia 2, 3 e 4 Team Racig de Optimist (regatas de equipas disputadas em Optimist com 6
equipas de 5 velejadores cada)
• Nos dias 2 e 3 regata costeira Cascais-Algés-Cascais com várias classes de vela ligeira (Laser SB3, Dragão, entre outras)
66
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Por água
Volvo Ocean Race
instalado o Race Office e o Gabinete de ImprenProgramas de Solidariedade Social
sa, que os mais de 600 jornalistas internacionais
• Dia 4 sessão de vela adaptada em Access 303
• Dia 5 de junho Match Racing em vela adap- acreditados na prova, receberão as informações
tada, 6 equipas, constituídas por um velejador essenciais sobre as incidências da 7ª etapa e da
nacional e um de cada equipa da Volvo Ocean In-Port Race em Lisboa.
Race.
Entre os dias 31 de maio e 5 de junho, sessões O Race Village terá ainda dois palcos para onde
estão projetadas, para além das cerimódiárias de batismo de vela.
nias de entrega de prémios do ProPara além dos barcos os visitantes
-Am (dia 8 de junho) e In-Port Race
do Race Village, cuja entrada é
(dia 9 de junho), atuações de
gratuita, terão ao seu dispor
“Será aí, no dia
vários grupos musicais e Dj’s,
inúmeras animações.
31 de Maio, dia precom especial enfoque para um
Nos stands das equipas Camvisto para a chegada
grande concerto no dia 9. Este
per, Puma, Groupama, dediprograma de animações musicados ao público, e ainda no
do barcos oriundos de
cais será revelado nas próxistand da Volvo, os visitantes
Miami, que Lisboa remas semanas.
vão ter acesso às mais variaceberá a Volvo Ocean
No dia 7 de junho, feriado mudas experiências interativas.
nicipal de Oeiras, que é um dos
Um grande Cinema 3D e um
Race (...)”
anfitriões da Volvo Ocean Race
simulador vão estar disponíveis
em Portugal, os barcos, que entrepara mostrar como é estar a bordo
tanto já regressaram à água, irão fazer
de um V70, enquanto navega em onum percurso que durante 5 dias irá permitir
das de 15 metros.
aos habitantes da Grande Lisboa ver estas peças
Outro simulador estará no Race Village. Trata- de tecnologia em ação.
-se do Champimóvel, um simulador disponibili- Oeiras para além de animações especificamente
zado pela Fundação Champalimaud, que coloca delineadas para esse dia, trará para o Race Villaos utilizadores a fazer outra viagem em grande, ge uma roda gigante dando a possibilidade aos
desta vez ao infinitamente pequeno, o interior visitantes de visualizar todo o espaço do evento,
do corpo humano. É aliás a partir das instala- de um patamar elevado.
ções da Fundação Champalimaud onde estará
OUTDOOR Maio_Junho 2012
67
Por água
No próprio dia 7 de junho terá lugar a entrega de prémios da 7 etapa da Volvo Ocean Race
(Miami-Lisboa). Este evento onde estarão todas
as equipas com cerca de 700 pessoas, será realizado no Pátio das Galé e Sala do Risco, espaços
disponibilizados pela Associação de Turismo de
Lisboa, que se tem revelado um parceiro entusiasta, desde o momento da candidatura de Lisboa a este evento.
No dia 8 de junho, dia Mundial dos Oceanos realiza-se a Regata Pro-Am. Neste dia terá especial
enfoque a presença da Secretaria de Estado do
Mar. Desde a primeira hora a João lagos Sports
tem trabalhado com o Ministério da Agricultura,
Mar, Ambiente e Ordenamento do Território e
com a Secretaria de Estado do Mar através da
Estrutura de Missão para os Assuntos do Mar,
utilizando a Volvo Ocean Race como um momento marcante e promotor do desígnio nacional que é o novo Mar Português.
Nesse sentido, para além de animações específicas para esse dia, estará presente no Race Village uma grande mostra da Secretaria de Estado,
dando conta, entre outros, do projeto de extensão da plataforma continental sob jurisdição nacional, que se encontra em fase de apreciação
na ONU, e que poderá permitir que Portugal
veja o seu território acrescido de mais 2.000.000
km2.
Para todas as regatas que aqui se realizem (Treinos dia 6 e 7; Pro-Am dia 8 e In-Port Race dia 9)
e na partida da Regata rumo a França no Dia 10
de junho, os Barcos da Volvo Ocean Race cumprirão um percurso que se iniciará frente à Doca
de Pedrouços e que se desenrolará Tejo acima
até ao Terreiro do Paço, havendo aí de novo uma
boia para que façam a rondagem e regressem a
Pedrouços.
Este percurso foi delineado pela Lagos Sports
e pela Volvo Ocean Race no sentido de ter Lisboa como plano de fundo durante as duas transmissões diretas de Televisão (Sábado dia 9 – 90
minutos, e Domingo dia 10 – 60 minutos) e que
terão uma enorme distribuição Mundial.
Caso as condições de vento e de maré o permitam, ao regressar a Pedrouços (passando de
novo junto ao Evento), os barcos irão ainda a
S. Julião (passando também frente ao concelho
de Oeiras), repetindo este percurso tantas vezes
quantas as possíveis, dentro dos tempos previstos para as transmissões live das televisões.
Estas transmissões terão lugar no dia 9 entre
12.30 e as 14.00 horas e no dia 10 entre as 13.00
e as 14.00 horas e serão também difundidas pela
RTP e pela SportTv.
Entretanto foi anunciado pela Presidência da
República que este ano o Dia de Portugal no 10
de junho será celebrado em Lisboa. Em conjunto com a Câmara Municipal de Lisboa, estamos
a trabalhar com a Presidência da República para
que a Volvo Ocean Race, nomeadamente a partida para a 8º etapa rumo a França e que terá uma
rondagem nos Açores, seja integrada no programa das comemorações.
Para isso, muito contribuirá a Marinha Portuguesa que certamente nesse fim de semana
terá no Tejo alguns dos seus mais emblemáticos
meios a comandar a enorme frota de despedida
da Volvo Ocean Race, que contará com barcos
tão variados como as fragatas do Tejo, dos Barcos Cruzeiros ou porque não, nesse dia do mar
e de todos os portugueses, de Barcos Rabelos. ø
Lisboa Volvo Ocean Race
www.volvooceanracelisbon.com
Facebook
“No próprio
dia 7 de Junho
terá lugar a entrega
de prémios da 7 etapa
da Volvo Ocean Race
(Miami-Lisboa).
(...)”
68
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Franck Cammas (Groupama): o skipper
francês é o atual recordista do Troféu Júlio
Verne – com a marca de 48 dias e 7 horas
de circum-navegação sem escalas a bordo
de um trimarã em 2010.
IkerMartinez(TeamTelefónica):skipper
do veleiro espanhol, o campeão mundial e
medalha olímpica de ouro e prata na classe 49er, conta ainda no seu currículo com o
título de vice-campeão na Barcelona World
Race – a regata à volta do mundo sem escalas para duplas de navegadores, realizada
em 2011.
Ian Walker (Abu Dhabi Ocean Racing): o
velejador olímpico inglês, com duas medalhas de prata no currículo, lidera a campanha dos Emirados Árabes Unidos, naquela que é a primeira participação árabe no
evento. ChrisNicholson (CAMPERwithEmirates
Team New Zealand): o skipper australiano soma três participações na Volvo Ocean
Race desde 2001, contando ainda seis títulos mundiais nas classes 49er e 505, com
representações pela Austrália em duas edições dos Jogos Olímpicos (Sydney 2000 e
Atenas 2004). Na equipa também o chefe
de quarto, o neozelandês Stu Banatyne,
com cinco participações na prova.
Ken Read (PUMA): o norte-americano
marca a sua segunda participação no evento, depois de ter figurado como timoneiro
em duas campanhas para a Taça América e
amealhado 46 títulos mundiais, norte-americano e nacionais.
Mike Sanderson (Team Sanya): um impressionante palmarés quando se fala em
vela de alto mar (offshore), com destaque
para duas vitórias na Volvo Ocean Race –
a primeira com o NZ Endeavour em 19931994, então sob o comando de Grant Dalton
e mais tarde, em 2006, já como skipper do
ABN AMRO ONE, numa das vitórias mais
dominadoras na história da competição,
com seis triunfos em nove das etapas
offshore, e cinco em sete das In-Port Races.
Entre as tripulações de 10 velejadores com
currículos náuticos invejáveis, encontram-se ainda os Media Crew Members, que
mais não são do que o 11º tripulante em
cada equipa, estando encarregue de relatar
a vida diária a bordo dos veleiros, enviando
via satélite vídeos, fotografias e testemunhos escritos para todo o mundo – para lá
de serem os responsáveis pela confeção
das refeições desidratadas e limpeza do
interior da embarcação.
Por água
Volvo Ocean Race
heróis do alto mar
A Volvo ocean race em números
- 1,619 biliões de leitores em 13.000 artigos
na imprensa escrita internacional*
- 1,327 biliões de audiência televisiva através de mais de 11.000 transmissões*
- 1,170 biliões de audiência rádio acumulada*
- 90 milhões de visitas ao site da Volvo
Ocean Race*
- 56 milhões de euros de impacto económico, 420 mil visitantes em Galway (Irlanda)*
- 220.000 pagantes registados de 180 países no jogo virtual Volvo Ocean Race*
- 39.000 milhas náuticas (70 mil quilómetros) é a extensão da prova
- 72 km/h (42 nós) é a velocidade máxima
atingida pelos barcos Volvo Open 70
- 9 meses é a duração da prova
Dados da Edição (2008-2009) - Lisboa Volvo Ocean Race
OUTDOOR Maio_Junho 2012
69
whale watching
Por Água
A verdade é que muito se fala e escreve sobre os Açores, o verde da vegetação, o azul das hortênsias, das vacas
que pastam livres e da chuva e nevoeiro que aparecem sem aviso, mesmo
no verão. O bem receber dos açorianos, o sotaque, são características que
não passam despercebidas.
Cachalote, Sul do Pico, Açores
70
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Fotos: Ana Sofia Mendonça
Golfinhos Roazes, Canal Faial-Pico, Açores
OUTDOOR Maio_Junho 2012
71
Foto: Manuel Fernandes
Descobrir
WhaleWatching
Por Água
M
as o mar (sempre o mar) acaba
por ser motivo da maioria das
conversas entre os locais, seja
por causa da pesca, da meteorologia, dos barcos de carga ou
por causa da baleia. A baleia…
Nos Açores, quando falamos de baleia, falamos, mais especificamente de uma em especial, o cachalote, “o rei dos mares”. Quem
o diz é Antero Soares, vigia da baleia em S.
Mateus no Pico. Por muito grande que sejam
as baleias de barbas (as azuis, comuns, sardinheiras ou de bossas), o cachalote vive no
passado e no futuro de homens como este que
andaram “à baleia”, e agora as vigiam de terra.
Deixemos por agora os vigias, mantendo sempre presente que sem eles, seriamos apenas
“uns tipos com uns barcos!”.
Decorreram já mais de duas décadas desde
que se iniciou a observação de cetáceos nos
Açores, atividade que veio tomar o lugar de
uma outra atividade praticada no arquipélago
durante cerca de 200 anos, a caça ao cachalote.
Hoje em dia, com objetivos diferentes, continuamos em busca desses gigantes marinhos,
que nadam em redor das nossas ilhas. “Whale
Watching” tornou-se uma expressão familiar,
utilizada por todos, fazendo parte do léxico de
todos quantos nos visitam.
Ver uma baleia ao vivo e a cores continua a
ser o sonho de muitos e a obsessão de alguns.
Este vosso escriba inclui-se no segundo grupo, onde cada viagem, cada baleia tornam a
sua vida um pouco mais rica. As palavras que
se seguem refletem meia-dúzia de anos ligado a esta atividade, e a visão de quem chegou vindo de fora e se embrenhou nesta vida.
Como tal corro o risco de ser mal interpretado
e o de me esquecer de algum detalhe importante.
No Faial e no Pico, a atividade desenvolveu-se
Cachalote, Sul do Faial, Açores
72
Maio_Junho 2011 OUTDOOR
Cachalote, Açores
OUTDOOR Maio_Junho 2012
73
Descobrir
WhaleWatching
rapidamente, surgindo durante a década de 90, Os dias da época de observação de cetáceos, que
uma série de empresas dedicadas a esta nova vai de março a outubro, tornam-se rotineiros, na
“indústria”. As razões são fáceis de explicar e sua mecânica. Receber os visitantes, dar-lhes as
compreender. Para além da existência de vi- boas vindas, fazer o briefing inicial de introdugias com conhecimento enciclopédico do que se ção à atividade, onde se explicam as diferenças
passa em “cada canto do mar”, a abundância de entre as espécies de baleias e golfinhos, se estaalimento, as características dos fundos e as
belecem as regras do nosso comportamento
rotas migratórias, tornam estas águas
no mar (e em terra!), e onde se desnumas das mais ricas do mundo do
venda um pouco das informações
Blóóóóós!
que toca aos cetáceos.
que vamos recebendo dos nossos
Estabeleceu-se que são 26 o
vigias sobre o que se passa no
Esta era a exnúmero de espécies possíveis
mar. Vento, ondulação, nebulopressão utilizada
de serem avistadas nos mares
sidade (também conhecida por
pelos antigos baleeidos Açores, desde a magnífica
“fumaça”) e presença ou não
e incrivelmente grande baleia
de animais nas zonas de ação
ros e vigias quando
azul, ao sempre presente golfide cada operador.
era avistado um
nho comum. Mas o símbolo dos
bufo de uma
Açores foi há muito eleito: o caBlóóóóós! Esta era a expressão
chalote.
utilizada pelos antigos baleeiros e
baleia.
vigias quando era avistado um bufo
Alvo de caça incessante, um pouco por
de uma baleia. Hoje pode também ser outodo o mundo, nos Açores era a única baleia vida nos rádios que equipam os modernos barcaçada de forma continuada. O conhecimento cos envolvidos na atividade. Variante portuguecientífico e comportamental que se adquiriu du- sa da expressão americana (de língua inglesa)
rante esses tempos, é ainda hoje utilizado por “thar she blows!”, tornada famosa pelo não menós que andamos em busca deles para lhes “ati- nos famoso romance “Moby Dick” de Herman
rarmos umas fotos!”.
Mellville.
Por Água
Golfinhos-comuns, Sul do Pico, Açores
Os Açores
são, de uma
forma geral um dos
melhores locais do
mundo para se entrar
neste mundo. Na
Europa, não há
lugar igual.
Confirmado que está o avistamento, aí vão, um,
dois, três (e mais) barcos em direção à posição
indicada pelo vigia. Por vezes navegamos 10
minutos, outras, um pouco mais. A incerteza é
parte integrante de quem se dedica a procurar
animais que vivem grande parte da sua vida debaixo de água! Paciência e persistência são duas
palavras que não nos cansamos de repetir, sobretudo se houver crianças a bordo. É fantástico
ver os sorrisos que se formam nas suas caras pequenas, à vista de um pequeno golfinho que se
junta ao nosso barco.
Cumprir as regras impostas pela lei regional,
fazer prevalecer os comportamentos estabelecidos no código de conduta voluntário, são talvez
as grandes diferenças entre os Açores e os outros locais mais conhecidos onde se pratica esta
atividade. A aproximação aos animais, o número
de barcos, o tempo de permanência junto destes
e o nosso comportamento na presença deles, estão perfeitamente definidos por lei regional, não
sendo permitido tocar e fazer festas nos animais
(não que eles deixassem), alimentá-los, persegui-los ou permanecer a menos de 50 metros.
Há muito que estas regras foram criadas, e alguns consideram-nas avançadas em relação ao
que se faz noutras partes do mundo. Outros há,
que defendem uma reforma e revisão da lei vigente. A ver vamos o que o futuro nos reserva.
Dedicarmos a nossa vida e cada fibra do nosso
corpo a este mundo, só é compreensível para
quem partilha esta paixão pelas baleias. Terminamos a época doridos, queimados pelo sol,
com algumas mazelas, mas com o coração cheio
de uma energia difícil de explicar. E com novos
amigos! No mar e em terra! Descobrem-se ou
identificam-se novos indivíduos (sobretudo cachalotes), e travam-se amizades com visitantes
próximos e distantes.
Descobrir
WhaleWatching
Golfinho-comum, Sul do Pico, Açores
No meu caso, sou um privilegiado, e sei que o
sou. Todos os dias me deparo com alguém que
não gosta do que faz e que é infeliz no seu trabalho. A satisfação de um trabalho bem feito
torna-se uma realidade quando os sorrisos e por
vezes as lágrimas não são possíveis de evitar.
Os Açores são, de uma forma geral um dos melhores locais do mundo para se entrar neste
mundo. Na Europa, não há lugar igual. ø
“Porque é que há tantas baleias nos Açores?!
Vêem ver as vistas! Com paisagens tão bonitas,
verdes e montanhosas, acham que as baleias que
aqui passam, lhes ficam indiferentes?!” - cidadão
açoriano anónimo
Pedro Filipe
Horta Cetáceos
Golfinhos Roazes, Açores
Moleiro ou Grampo - Sul do Pico, Açores
OUTDOOR Maio_Junho 2012
75
Fotografia
fotografar sequências
 Truques e Dicas
Uma vez tirada a sequência de fotos, estas são
juntas no Photoshop durante o pós-processamento; pelo que o equipamento necessário é
relativamente acessível: um computador com o
Photoshop instalado e uma câmara digital com
uma velocidade de obturação capaz de capturar
o processo que se quer mostrar. Há diferentes
maneiras de montar a imagem: o uso de camadas é provavelmente o mais popular, no entanto
eu uso a ferramenta “clone stamp” que eu penso
ser a maneira mais rápida e simples de obter o
mesmo resultado.
Quanto fotografo uma sequência, considero
importante manter o enquadramento da imagem desde o início até ao fim. A melhor forma
de o fazer é manter a máquina fixa num tripé.
Nem sempre é muito prático ter o tripé à mão,
e por vezes acontece ver uma potencial e interessante sequência para fotografar quando não
se está à espera. No entanto é possível não usar
o tripé desde que se consiga segurar a máquina
numa posição relativamente estável no decorrer
da ação. Pessoalmente nunca utilizei um tripé
para uma sequência, mas é importante manter
a câmara o mais fixa possível. Evite cair no erro
comum de seguir a ação. Isto é extremamente
importante quando se utiliza lentes de grande
angular, onde os ângulos de visão são mais extremos e as perspetivas mudam ao mais pequeno
movimento da máquina, o que pode tornar mais
difícil a pós-produção das imagens.
Após ter o conjunto de imagens, segue-se o simples processo de escolha das imagens que ficarão melhores na sequência. Depois, escolha a
imagem base, a melhor para trabalhar (é normalmente uma imagem do meio da sequência, a
inicial ou a final, mas fica ao seu critério), abra-a
no Photoshop juntamente com as outras fotografias das ações que quer adicionar à sequência.
Usando a ferramenta “clone stamp”, selecione o
primeiro movimento da ação da fotografia. Copie a mesma para a imagem base. A sequência é
criada repetindo este processo com as restantes
imagens. Fácil! Não?
Quando se faz a seleção de um movimento com
a ferramenta “clone stamp”, é importante que escolha um ponto de referência na imagem base,
de modo a manter correto o movimento do ação.
Por exemplo: se a sua sequência começar num
céu azul, o trabalho de copiar a imagem de base
vai ser em grande parte por tentativas. Se existir
Base: A imagem base aberta e pronta para o passo seguinte.
OUTDOOR Maio_Junho 2012
77
Fotografia
Truques e dicas
F
otografar sequências tornou-se uma
forma muito popular de mostrar uma
série de ações únicas ou complexas
que por sua vez não seriam compreensível numa única fotografia, além
de que em termos de publicação uma fotografia
de sequência requer muito menos espaço do que
uma sequência de fotografias.
Fotografia
um ramo de uma árvore ou a borda de uma nuvem, deve utilizar isto como ponto de referência.
Selecione este ponto com a ferramenta “clone
stamp” e depois procure o local exato na sua imagem base e copie. Convém que o mesmo ponto
coincida em ambas as imagens. Após referenciar
o ponto, o seu movimento será facilmente colocado no sítio exacto na imagem base como estava na imagem inicial, uma vez que a partir deste
momento a ferramenta “clone stamp” memorizou todas as áreas da imagem inicial. Uma vez
dominado este processo, daqui para a frente basta aplicar esta rotina para adicionar as restantes
imagens à sequência, ou fazer qualquer ajuste de
cor ou contraste.
Embora as sequências sejam úteis para mostrar
movimentos novos, interessantes ou complexos,
pode haver uma tendência para o uso excessivo
desta técnica. Apesar de considerar esta técnica um truque indispensável a qualquer fotógrafo, deverá ser utilizada com moderação. Se um
condutor de uma BMX fizer um “backflip” triplo
sobre chamas e aterrar numa piscina com água,
é um exemplo perfeito para uma boa sequência.
No entanto se for apenas um salto simples “up-down”, penso não haver necessidade de criar
uma sequência com este panorama, visto ser
uma situação comum. É claro que isto não se
aplica quando se está a aprender a fazer sequências. Neste caso, quase todas as situações são
boas para aplicar a técnica de sequência de modo
a aperfeiçoar e dominar este processo.
Em 2010, durante a Red Bull Cliff Diving World
Series em Polignano e Mare, em Itália, o mergulhador Gary Hunt fez pela primeira vez um novo
e complexo mergulho, potencialmente bastante
perigoso. De modo a capturar o mergulho da melhor maneira, posicionei-me de lado para o mergulho a uma distância que me permitia a totalidade da ação (25 fotografias no total - em anexo),
enquanto que uma segunda fotografa, Romina
Amato, estava a disparar num ângulo frontal a
três quartos, de forma a mostrar os movimentos
iniciais (uma sequência de dez fotografias). O
mergulho foi perfeito e as fotografias mostram os
detalhes todos deste mergulho histórico. No dia
seguinte ao evento, Hunt tentou o mesmo mergulho mas falhou a entrada na água, e desde então
não voltou a tentar o mergulho novamente. No
entanto, as sequências do dia anterior mostram
os detalhes de quando foi feito corretamente. Foi
sem dúvida um grande momento escolhido para
fotografar a sequência. ø
Por Dean Treml - Fotógrafo
Acção 1: A primeira fotografia da acção aberta sobre a imagem base, ferramenta “clone stamp” assinalada com um círculo vermelho.
78
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Fotografia
Truques e dicas
Acção 2: O ponto de referência usado para a cópia do primeiro movimento (círculo vermelho), com a versão clone a mostrando o local exato
da imagem anterior.
Acção 3: As imagens são juntas para mostrar a sequência. Para chegar a este ponto na montagem da sequência levou cerca de 5 minutos.
OUTDOOR Maio_Junho 2012
79
Fotografia
 Portfólio — Rui Romão
80
Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR
Fotografia
Portfólio
A
primeira fotografia que alguma
vez tirei foi um quase típico retrato de grupo. Os meus pais e a
minha irmã Sílvia estavam sentados num banco e sugeri ser eu a
tirar a fotografia. Peguei na Nikkormat que o
meu avô Romão encontrou à porta de casa e
enquanto seguia instruções de como colocar o
“ponteiro da luz” entre o “+” e o “-” e a minha
família se encolhia com medo de estar fora de
enquadramento, foquei e disparei.
Há muito tempo que não vejo esta imagem,
mas é recorrente subir-me à memória. Deve
estar perdida nalgum caixote em alguma
cave. Devia ter uns 5 anos quando tirei essa
foto. Nessa altura, enquanto os meus amigos
jogavam à bola eu preferia subir as árvores.
Lembro-me de uma vez chegar a casa descalço porque tinha tentado atravessar um lamaçal por alguma razão tonta, infantil e muito
pertinente. As botas lá ficaram soterradas.
Só mais tarde, já estava na faculdade, descobri
a montanha, a escalada, os rios, as cascatas e a
tranquilidade que os espaços naturais me oferecem. Se passo mais do que dois dias enfiado
em casa ou num escritório fico doente. Preciso
sair, respirar ar puro. Olhar para longe e contrariar o vício do computador, de olhar sempre para os 50cm mais próximos. Costumo
brincar com os meus amigos e dizer-lhes que
estou a “distorcer” os músculos dos olhos enquanto observo o horizonte. Preciso descobrir
novos caminhos, novos lugares, novos cheiros,
novas amizades e novas cores. Portugal é um
país bonito, profundamente bonito. Sinto-me
muito privilegiado de conhecer alguns destes
recantos tão especiais da ponta da Europa.
As memórias que trago desses dias, são minhas e muito especiais. É impossível realmente partilhar tais momentos com quem não esteve lá.
As imagens, os filmes e as fotos que faço são
uma ínfima parte dessas experiências. Uma
tentativa de partilhar esses momentos com
outros seres humanos. Uma tentativa de guardar histórias para um dia as encontrar num
álbum, dentro de uma caixa no sótão e poder
lembrar-me: “Mas que dia tão bem passado!”
www.be.net/ruiromao
Fotos: Rui Romão
www.ruiromao.com
OUTDOOR
Setembro_Outubro
2011 (secção média),
81 durante o enconRappel Guiado
na Ribeira dos Ilheus
tro das IV Jornadas Técnicas de Canyoning na Ilha das Flores, Açores.
Fotografia
Passeio de bicicleta com a Mónica (na foto) e o Gonçalo pela floresta Düppler, em Wannsee nos arredores de Berlim - Setembro 2010
Biografia:
Nasci no dia mundial da Energia de 1981.
Enquanto tirava uma licenciatura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, aprendi
muita coisa sobre imagem e animação.
Nos tempos livres dediquei-me a ir ao
cinema muitas vezes e a aprender ainda
mais coisas sobre como trepar paredes e
descer cascatas em segurança.
A certa altura decidi ir fazer Erasmus em
Inglaterra onde voltei uns anos depois
para experimentar trabalhar em produções audiovisuais. Carreguei material e
conduzi carrinhas grandes. Foi divertido
mas fazia muito frio.
Por isso, em 2007, decidi ir para Barcelona fazer um mestrado em Direcção de
Fotografia de Cinema. Fiquei lá uns tempos a carregar mais material em algumas
curtas e longas metragens.
Em Dezembro de 2008 voltei calmamente
a Portugal para fazer uns quantos filmes
com a produtora Take It Easy. Dois anos
mais tarde decidi aventurar-me por caminhos desconhecidos como trabalhador
independente. Alguns dias dedico-me a
treinar judo, outros dedico-os à natureza
e quando estou livre dedico-me à imagem, seja filme, video ou fotografia, de
ficção e documental. Também há alguns
dias em que me dedico a todas estas coisas ao mesmo tempo. Esses são os melhores dias! ø
82
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Descida de Tizi-n-Ouraïn para a aldeia de Tagounite acompanhamos por um berbere e uma mula, durante uma travessia de 4
dias no Atlas com o João - Marrocos - Abril 2011.
Subida a Tizi-n-Likemt (3555m.), durante uma travessia de 4 dias no Atlas com
o João (na foto) - Marrocos - Abril 2011
Fotografia
Portfólio
Travessia com o João, o Daniel e o Eduardo no
Gerês nos últimos dias de 2011.
“Sinto-me
muito privilegiado de conhecer
alguns destes recantos tão especiais da
ponta da Europa.”
Escalada desportiva com o Daniel
nas Pedreiras - Arrábida 2011
Palácio em Marrakech - Marrocos
Abril 2011
Canyoning num afluente do Rio Balces na
Serra de Guara em Espanhã - Verão 2009
OUTDOOR Maio_Junho 2012
83
Fotografia
Angra do Heroísmo - Açores - Outubro 2011
Floresta Düppler, em Wannsee nos arredores
de Berlim - Setembro 2010
Escalada desportiva com o Pedro (na foto) e
o Branquinho nas Pedreiras - Arrábida 2011
84
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
OUTDOOR Setembro_Outubro 2011
85
Fotografia
 Foto-Reportagem
PAN Park Oulanka
O lago de Niska
Juuma, uma minu
N
a fronteira entre a Finlândia e a
Rússia, no limiar do Circulo Polar
Árctico, o Parque Nacional de Oulanka surge como uma vasta área
selvagem onde ursos, linces e outras espécies florescem.
As poucas horas de luz solar durante o inverno
e as temperaturas mínimas que podem atingir os - 40ºC, moldam a paisagem e as poucas
pessoas que nela habitam. O povo Sami, pioneiro na ocupação da região, garantiu a sua
86
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
subsistência domesticando as renas, desenvolvendo a agricultura, a pesca e a caça. Ainda
nos dias de hoje os nativos Sami são os únicos
com autorização para o pastoreio das renas.
Pela importância do seu ecossistema e remota
localização, Oulanka tornou-se em 2002 o primeiro parque Finlandês classificado como um
PAN Park, integrando a rede europeia dos parques naturais mais importantes de preservar,
promovida pela WWF (lista na qual figura o nosso PN Peneda Gerês). ø
akoski reflecte as casas de
uscula aldeia na entrada do
PP Oulanka
Fotografia
Foto-Reportagem
Em Juuma, por volta das 17h, as famílias recolhem a casa para jantar
“ O povo Sami,
pioneiro na ocupação da região, garantiu a sua subsistência
domesticando as renas,
desenvolvendo a agricultura, a pesca e a
caça.”
OUTDOOR Novembro_Dezembro
Com as2011
tempreaturas a87
descer a pique a fotógrafa Sara Wong dá o dia por terminado
Fotografia
Churrasco e chá ao ar livre, um hábito comum ao longo do bear trail
“ Oulanka
tornou-se em
2002 o primeiro
parque Finlandês
classificado como
um PAN Park
(...)”
Este lince, fotografado num centro de recuperação, mostra-nos a fauna que ainda existe em
Oulanka
Para Eki Ollila, guia de montanha em Oulanka, o inverno trazlhe duras, mas espetaculares condições de trabalho.
88
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Fotografia
Foto-Reportagem
“ As poucas
horas de luz
solar durante o
inverno e as temperaturas minímas que
podem atingir os
- 40ºC(...)”
O quotidiano em Oulana significa viver com
temperaturas que atingem os -40ºC
No outono ainda é possível ver a força dos rápidos
do Rio Myllykoski, que em breve irá congelar
OUTDOOR Maio_Junho 2012
89
Fotografia
O “Bear Trail” é o trekking mais procurado de
Oulanka.
As renas são uma das poucas formas de subsistência para quem vive em Oulanka.
Quem é
o TIAGO COSTA?
A paixão do Tiago pela viagem e pelo outdoor já o levou da Patagónia aos Himalaias, do círculo polar Árctico na Lapónia à
floresta tropical no Brasil, de Buenos Aires
a Istambul.
O ski de fundo é a distração preferida para
as manhãs de domingo
90
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
As suas imagens e crónicas de viagem já
foram publicadas em edições como a Blue
Travel, National Geographic Adventure,
Público, Visão, World Wide Fund for Nature, entre outras.
Faz parte da equipa permanente da agência de viagens aventura Nomad.pt
S.O.S.
...
Psicologia
da Sobrevivência
O
tema da sobrevivência está na moda.
Existem vários programas de televisão que focam esta temática, com
milhões de espectadores em todo o
mundo, onde especialistas demostram técnicas para sobreviver em determinadas
situações. No entanto há que ser pragmático: Estamos a assistir a um programa de entretenimento
e não a uma formação em sobrevivência. Estes
programas são espetáculos televisivos que procuram audiências e não informar devidamente os
espectadores sobre o que fazer em situações de sobrevivência.
Poderá o leitor perguntar para que precisa destes
conhecimentos, se no seu dia a dia nunca vai estar
92
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
numa situação de sobrevivência? Acredite que
estas situações surgem quando menos esperamos:
Num acidente automóvel, desastres naturais,
ataque terrorista ou mesmo num simples passeio
por zonas mais despovoadas. São tudo situações
comuns nos dias de hoje, por isso não devemos
dizer que nunca nos vai acontecer.
Quando ouvimos a grande maioria dos especialistas falar nestas questões, normalmente debruçam-se sobre dois grandes eixos: Equipamento
e conhecimento. Tendo os conhecimentos corretos
e equipamento adequado, podemos sobreviver a
praticamente todas as situações de sobrevivência.
Eu não concordo e dou bastante enfâse nas minhas formações a mais um eixo, na minha opinião
O pânico é o inimigo psicológico número um do
sobrevivente e afeta grandemente a capacidade de
raciocínio e bom senso. Mesmo que o sobrevivente
não o admita, ele passou por momentos de pânico
e a diferença é apenas se os conseguiu ultrapassar
ou a rapidez com que os dominou. Existe uma estratégia para prevenir ou combater este estado,
chamada STOP (do inglês Sit, Think, Observe and
Plan, o que traduzido à letra quer dizer sente-se,
pense, observe e planeie). A primeira fase pretende ser apenas um corte radical com a situação
S.O.S.
Psicologia da Sobrevivência
até mais importante que os dois referidos: O psico- anterior, onde vai respirar fundo e colocar os penlógico. E a importância deste eixo é demonstrada samentos em ordem. Na fase seguinte (pensar)
não em teoria, mas na prática: Existem váfaça um inventário do que tem disponível que
rias situações de sobrevivência relalhe possa ser útil. Se tiver meios para
tadas em que indivíduos com pouco
isso, escreva num papel algumas das
mais do que a roupa do corpo socoisas que lhe vieram à ideia e o
O nosso cérebreviveram, enquanto outros
podem ajudar. Esta simples prática
bro não está hoje
totalmente equipados e muitas
pode fazê-lo sentir-se mais conem dia preparado
vezes conhecedores de técnicas
fiante e seguro e ocupará algum
de sobrevivência acabaram por
do seu tempo, tirando os seus
para estas situações,
morrer. O nosso cérebro não
pensamentos de outras coisas
como estava nos priestá hoje em dia preparado para
mais negativas (útil também para
mórdios da humaestas situações, como estava nos
combater a ansiedade, como venidade (..)
primórdios da humanidade e é
remos mais à frente). Depois das
preciso voltar a “programá-lo” para
ideias em ordem, é preciso observar
agir perante elas.
à nossa volta, contabilizando os perigos
mas também as oportunidades de abrigo,
água
e
comida, e dependendo dos casos acesso
Aspetos psicológicos da sobrevia terreno elevado e a possibilidade de sinalizar a
vência a curto prazo: Negação, an- sua posição. Depois de tudo isto é preciso planear.
siedade, medo e pânico
Nesta fase pense positivo porque afinal já venceu
Como podem ver não inclui o stress nesta lista. O o pânico, um dos seus maiores inimigos, por isso
stress é um conceito difícil de definir e ainda hoje pode vencer tudo o resto. Ordene as suas priorios investigadores têm acesas discussões sobre se dades e faça um plano de acordo com a sua realio stress é uma causa, um efeito ou algo entre os dade: O que vai fazer, como pode ser salvo o mais
dois. Dos aspetos que referi, praticamente todos rápido possível, etc.
podem ser resultado do stress ou em sentido contrário podem eles próprios causar stress. Sejamos Entre estes dois extremos (negação e pânico),
então mais objetivos e falemos de aspetos mais temos o medo. Na introdução referi que o nosso
concretos.
cérebro não está preparado para situações de soO primeiro a surgir é normalmente a negação brevivência no geral, mas felizmente manteve
Quantas vezes já ouvimos pessoas a dizer “Isto algumas características do homem primitivo.
não me pode estar a acontecer!” Enquanto o nosso Talvez nunca tenha pensado nisso, mas o medo
cérebro não tiver plena consciência do que nos
aconteceu, não tomaremos as decisões corretas.
Esta negação vai colocar-nos em perigo, pois teremos a tendência de não fazer nada, porque nada
de especial se passa. Muitas pessoas em situação
de sobrevivência precisam que alguém as desperte para a realidade, o que pode ser complicado
se estivermos sós. É preciso termos rapidamente
a noção que estamos potencialmente em perigo,
para começar de imediato a raciocinar e planear,
evitando passar de uma situação de negação, para
o outro extremo: o pânico.
Ilustração: Luis Varela
OUTDOOR Maio_Junho 2012
93
S.O.S.
é ele próprio um mecanismo de sobrevivência. É
ele que nos alerta para perigos que, por exemplo,
podem colocar a nossa integridade física em risco.
Não vale a pensa entrarmos profundamente no
que acontece no nosso corpo em termos fisiológicos, mas podemos resumir que a libertação de
adrenalina e de outros químicos em situações de
medo provoca várias reações que podem ser úteis,
preparando-nos para o que possa surgir: aumento
da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, dilatação das pupilas, aumento do nível de glucose,
aumento da capacidade dos pulmões receberem
oxigénio, entre outros. Analisando estas reações,
pode o leitor ficar a pensar que numa situação de
sobrevivência é bom estar constantemente com
medo. Infelizmente não. O medo deve ser controlado, porque o mesmo nos pode impedir de
realizar algumas tarefas essenciais para sobrevivermos e faz com que o nosso corpo tenha tendência a parar funções não vitais como a digestão
e o sistema imunitário. Uma coisa é certa, você não
irá querer o seu sistema imunitário parado numa
situação de sobrevivência. Resumindo, é bom ter
medo, mas convém mantê-lo controlado e para
isso pode sempre confrontar a sua mente, arremessando contra ela ideias como “eu já fiz coisas
mais difíceis do que isto e consegui”.
colhendo acendalha ao longo do caminho, porque
já estamos preocupados em como fazer o fogo no
final do dia. Tal e qual como o medo, precisa ser
dominada, porque uma ansiedade constante trás
sentimentos de angústia que nos quebram física
e psicologicamente. Na minha opinião um dos fatores que causam mais ansiedade numa situação
de sobrevivência é a falta de confiança em nós próprios, por isso é importantes dar passos seguros, ir
resolvendo pequenos problemas para ganharmos
confiança para os desafios maiores. Se tiver ferramentas para isso faça um diário escrito registando
principalmente os seus triunfos e apontando tudo
o que lhe pareça útil no futuro (conforme já referi
acima).
Aspetos psicológicos da sobrevivência a medio e longo prazo: Depressão
Existem outros fatores nesta categoria, mas são
quase insignificantes perto da grande ameaça para
o sobrevivente ao longo do tempo: a depressão.
Esta pode surgir mais ou menos rapidamente,
consoante os casos. Por vezes ao falharmos consecutivamente as tarefas que planeamos leva-nos
a entrar num estado depressivo rapidamente. O
normal será isto acontecer ao fim de alguns dias
Em relação à ansiedade, também ela é um alarme (ou semanas, dependendo de cada um), quando
natural que nos mantêm alerta e nos faz planear
começamos a pensar que por muito que nos esantecipadamente. Pessoalmente cosforcemos nunca mas vamos ser resgatados. A esperança é sermos salvos
tumo chamar-lhe “o medo do medo”,
Exisantes de se instalar a depressão, mas
porque é um “sofrimento” precoce
tem vantadevemos ter a consciência de que
relativamente a algo que pode vir
ela pode surgir, devemos coma acontecer. A ansiedade positiva
gens e desvantabate-la mantendo-nos ocupados,
numa situação de sobrevivência é
gens de estarmos
evitando momentos aborrecidos
o que nos faz, por exemplo, ir re-
Foto: Javsport
numa situação de
sobrevivência com
mais pessoas
(...)
S.O.S.
Psicologia da Sobrevivência
e sem nada para fazer, podendo obter dicas mais à
frente, na conclusão deste artigo.
Sobrevivência solitária vs sobrevivência em grupo
Existem vantagens e desvantagens de estarmos
numa situação de sobrevivência com mais pessoas, mas é muito mais vantajoso termos companhia. A sobrevivência em grupo tem mais
possibilidades de ser bem sucedida em termos
psicológicos, pois mais facilmente temos alguém
que nos desperte rapidamente do estado de negação inicial, nos auxilia em situações para as
quais temos mais medo e através da troca de experiências reduz os níveis de ansiedade, sendo
mais difícil de instalar-se o pânico. Mas nem tudo
é um mar de rosas e convém lembrarmo-nos de
alguns pontos negativos: Competição pelos recursos, choque de personalidades, etc. O melhor
nestes casos é que surja um líder que seja o mais
consensual possível, delineando o grupo um conjunto de regras que todos sigam, para haver disciplina e todos trabalharem em prol de um bem
comum (usando os conhecimentos e habilidades
de cada um), reduzindo os conflitos ao mínimo,
distribuindo as tarefas e promovendo a rotatividade nas mesmas para todos estarem em pé de
igualdade.
Conclusão
A grande regra numa situação de sobrevivência
é nunca desistir. Por muito difícil que a situação
pareça, lute para além do limite das suas forças,
porque o salvamento pode estar ao virar da esquina e você não quer “morrer na praia”. Tire
um curso de sobrevivência numa entidade idónea com formadores experientes, porque se já
tiver conhecimentos, vai gerir melhor os dias, vai
estar mais preparado até psicologicamente. Tenha uma atitude positiva e puxe pela sua criatividade, pois a mesma é muito importante nestas situações. Seja flexível e adapte-se à natureza, não
espere que seja ela a adaptar-se a si. Aprecie a
beleza da paisagem e se tem alguma fé agarre-se
a ela com unhas e dentes. Lembre-se frequentemente de coisas boas que já passou na vida e
afaste o pensamento das más. Tenha algo que o
motive a ser salvo: a sua família, amigos, os seus
filhos ou mesmo o sair da situação como um herói. Uma boa atitude psicológica é meio caminho
andado para sobreviver e ser resgatado, por isso
nunca, mas nunca desista! ø
Luís Varela
Formador Certificado de Bushcraft e técnicas
de sobrevivência
Instrutor na Escola do Mato
Facebook
www.luisvarela.org
OUTDOOR Maio_Junho 2012
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Descobrir
costa vicentina
uma praia única
Já imaginou? Pois
Sines até Sagres já no Algarve,
magine uma extensa liencontramos uma variedade de
nha de costa onde o Sol
este paraíso existe e
paisagens e habitats que fazem
é rei e a maresia se
espera por si. Desde a
desta zona uma das mais bem
mistura com perfumes
península de Troia até
conservadas faixas costeiras
do campo, onde praias
da Europa. Aqui é possível
inexploradas se fundem com
próximo da ribeira de
observar
diversas espécies de
enseadas abrigadas e pequeOdeceixe, há muito
flora e fauna, como as lontras
nos portos de pesca, onde os
a explorar e a
que raramente se encontram em
tons do horizonte convidam ao
aprender.
ambiente marinho e as aves que
sonho e o passado aguarda por ser
I
descoberto... Já imaginou? Pois este
paraíso existe e espera por si. Desde a
península de Troia até próximo da ribeira de
Odeceixe, há muito a explorar e a aprender.
No Litoral alentejano, o clima permite-nos partir à descoberta da Natureza durante quase todo
o ano. No Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, que se estende desde
96
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
nidificam nas arribas junto ao mar.
As praias alternam com lagoas costeiras,
salinas, estuários e sapais, dando origem a zonas protegidas como a Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha ou a Reserva
Natural do Estuário do Sado, onde poderá admirar golfinhos e cegonhas no seu habitat natural.
No interior, contrastam os declives das Serras de
Grândola, do Cercal e as Colinas de Odemira.
Conteúdo Infoportugal SA em www.descubraportugal.pt
OUTDOOR Maio_Junho 2012
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Descobrir
Costa Vicentina
campo de golfe. A Reserva Botânica das dunas
da Península de Troia também merece uma visita atenta. Em direção a sul, os areais extensos de praias como a da Comporta, ideal para
a prática de surf e kitesurf, ou a de Melides,
onde poderá praticar parapente e bodyboard,
vão dando lugar a pequenas enseadas abrigadas entre rochas até chegarmos a Zambujeira
do Mar. Esta pequena localidade é muito concorrida durante o verão, em especial na primeira semana de agosto com a realização do
Festival do Sudoeste, um dos mais importantes
festivais de música do país que atrai milhares
de jovens. ø
Fotos: Caminhos da Natureza
Os antigos não foram alheios à fertilidade e riqueza destas terras que, aliadas à sua posição
geográfica estratégica, atraíram a presença
do homem desde a pré-história e excitaram a
cobiça de Celtas, Fenícios e Cartagineses. Os
Romanos também não se fizeram rogados em
aproveitar os recursos da região. Daqui se adivinha a diversidade de vestígios arqueológicos
encontrados na região, que podem ser apreciados nas Ruínas de Miróbriga perto de Santiago
do Cacém ou de Cetóbriga em Tróia.
Entre o Estuário do Sado e o Oceano Atlântico
avistamos a península de Troia, rodeada de longas praias de areia branca e águas transparentes, onde encontrará uma vasta oferta de hotéis,
restaurantes, campos de ténis e um magnífico
Descobrir
parque natural
Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina
O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina estende-se por uma faixa estreita
do litoral Sudoeste de Portugal, Costa Sudoeste,
entre S. Torpes e Burgau, com uma extensão de
110 km, sendo a Área total de cerca de 131 000
ha. A Costa Sudoeste como é denominada, por
vezes, esta zona, corresponde a uma zona de
interface mar-terra com características muito
específicas que lhe conferem uma elevada diversidade paisagística, incluindo alguns habitats que suportam uma elevada biodiversidade,
tanto florística como faunística.
A rede hidrográfica da Costa Sudoeste é constituída por cursos de água pertencentes à bacia
hidrográfica do rio Mira e à bacia hidrográfica
do Barlavento Algarvio constituída, por alguns
sistemas atípicos temporários, para a sustentação de elevado número de espécies da flora e
da fauna, incluindo algumas espécies de peixes
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Maio_Junho 2012 OUTDOOR
prioritárias e endémicas. As suas galerias ripícolas constituem um habitat relevante para a
migração de passeriformes transharianos bem
como para a alimentação e refúgio de várias espécies de mamíferos. Mas não mais importante são alguns estuários com as suas zonas de
nursery para várias espécies de peixes, como
habitat privilegiado de alimentação, repouso e
nidificação para aves migradoras.
No que respeita aos aspectos económicos, destaca-se o sector primário, ligado à actividade
agrícola e à pecuária. Grande parte da área
encontra-se ocupada por terrenos agrícolas,
maioritariamente por sistemas e culturas tradicionais, com excepção da área ocupada pelo
Perímetro de Rega do Mira, onde a disponibilidade de água tem permitindo a reconversão e
intensificação dos sistemas produtivos.
ICNB
cerro da fontinha
As casas de taipa do Cerro, com mais de um
século e meio de existência, são recuperações
únicas talhadas em terra, madeira e pedra e
que espelham uma completa integração com a
natureza. Canoagem, terapias de corpo e mente, aulas de surf, caminhadas na natureza em
percursos circulares compreendendo partes da
Rota Vicentina (Rota dos Pescadores), são algu-
mas das actividades que propomos.
Rodeado de praias de beleza impar como as
praias do Carvalhal, da Amália, dos Machados
e de Odeceixe, o Cerro encontra-se em situação
geográfica privilegiada e de uma imensa riqueza gastronómica alentejana. Dispõe de 6 casas, 4
T2, 1 T1 e um estúdio. Wifi, Btt’s, canoa e canas
de pesca incluídos no aluguer.
Cerro da Fontinha
Cx.P.5782, 7630-575
São Teotónio, Portugal
Tel: 00351 917802588
Email: [email protected]
Site: Cerro da Fontinha
Facebook Cerro da Fontinha
casas do moinho
Um sonho, um pensamento, um projecto, uma
obra. É isto que queremos partilhar consigo.
Após vários anos a usufruir do descanso que este
local proporciona, de uma natureza com características únicas e praias inesquecíveis, decidimos partilhar um pouco do melhor de Portugal.
Foram várias as viagens por este Mundo, continentes, raças, povos, culturas, paisagens e experiências vividas, que nos permitiram acreditar e
concretizar este projeto.
Disponibilizamos 8 casas típicas da antiga aldeia de Odeceixe para que possa descansar,
com a promessa de encontrar um novo conceito
de receber. Em família, a dois ou a sós, proporcionamos-lhe óptimas condições para um descanso de acordo com o seus objectivos: calmo e
tranquilo ou activo e explorador.
Temos o alojamento ideal para que possa apreciar todas as características deste local único,
que apetece conhecer e desvendar.
Rua 25 de Abril, 44 (junto ao moinho)
Aldeia Nova do Concelho
8670-320 Odeceixe - Aljezur
Tel. 282 949 266 • Fax 282 949 100
E-mail: [email protected]
Site: www.casasdomoinho.com
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Descobrir
Costa Vicentina
Alojamento
Descobrir
alojamento
Herdade da Matinha
Country House & Restaurant
Em pleno Litoral Alentejano, rodeada de belas
paisagens, a Herdade da Matinha cativa pela
sua atmosfera acolhedora e ambiente intimista.
Tanto a praia como a piscina exterior são ótimas opções para a primavera e verão. Muito ligada à natureza, a Herdade proporciona várias
actividades: piqueniques, aulas de yoga e surf,
workshops de culinária e magníficos passeios
a cavalo. Proporciona ainda condições únicas
para os amantes do BTT, com trilhos da Rota
Vicentina que partem da Herdade. Todas as refeições são feitas com muita dedicação e preparadas cuidadosamente com os ingredientes de
origem local. São as longas conversas, os jantares e o ambiente aconchegante, ideal para grupos de amigos ou encontros em família.
Herdade da Matinha
7555-231 Cercal do Alentejo
Portugal
Tel. 933 739 245• Tel2: 939 095 685
E-mail: [email protected]
Site: www.herdadedamatinha.com
É o cenário ideal para relaxar e desfrutar da
Vida. “as simple as life is”
Mais Informações: Herdade da Matinha
aldeia da pedralva
A Aldeia da Pedralva era um amontoado de habitações em ruínas numa localização sem igual,
entre o Parque Natural e dezenas de praias.
Uma aldeia que chegou a contar com mais de
100 pessoas, ficando reduzida, nos nossos dias,
a 7 habitantes originais.
As casas abandonadas e em grande deterioração foram sendo abandonadas e a vida dos que
ficaram na Aldeia foi sendo cada vez mais difícil.
Foi então necessário reconstruir esta aldeia, tão
próximo do original quanto possível, surgindo
a Aldeia da Pedralva, que quer ser uma aldeia
tipicamente portuguesa, mas, ao mesmo tempo,
uma aldeia ativa, apaixonada, trendy e mística.
Aldeia da Pedralva | Rua de Baixo – Casa
da Pedralva | 8650-401 Vila do Bispo |
Tel: +351 282 639 342 | +351 933 669 256
Coordenadas GPS: 37° 08 30 N | 8° 5142
E-mail: [email protected]
Site: www.aldeiadapedralva.com
O nosso posicionamento é ser um Turismo de
Aldeia Ativo, pelo que, Go, é a nossa palavra de
incentivo para que desfrute da Aldeia da Pedralva e da Costa Vicentina ao máximo. Para além
da praia, surf e mergulho, a localização da Pedralva permite ainda excelentes percursos a pé,
de BTT e observação da natureza no Parque Natural e na Serra Algarvia. Uma opção para todo
o ano com Sol e temperaturas amenas.
Mais Informações: Aldeia da Pedralva
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Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Descobrir
Costa Vicentina
Canoagem no Rio Mira
Pelo rio explora-se o Alentejo para descobrir sítios
longe dos trilhos traçados. As famílias e pequenos
grupos partem em geral sem acompanhamento,
para maior autonomia e planos personalizados.
A rota mais simples e adequada para crianças segue o rio para o interior, sobe-se desde Odemira
rio acima com o maré a encher numa certa hora,
para voltar quando o maré começa a vazar.
Este passeio relaxante pode durar entre três a cinco horas, uma preparação ideal para as outras etapas, entre Vila Nova de Milfontes e Odemira.
Preço: Desde 15€/ adulto, criancas (5-15 anos)
pagam metade de preço
Grau de dificuldade: Baixa
Duração: 4 h
Mais Informações: Eco Trails
Foto: Eco Trails
atividades outdoor
Os Poços da Barbarouxa
Preço:18€ (mínimo 2 paxs)
Duração: 4 Kms
Dificuldade:baixa
Inclui: Percurso guiado, informação cultural, binóculos, apoio logístico especializado e abastecimento alimentar no decurso da actividade e seguro de
acidentes pessoais e responsabilidade civil.)
Outras
actividade
disponíveis:
Passeios
BTT,aluguer bikes, transferes e tours turísticos.
Mais Informações: Passeios e Companhia
Foto: Passeios e Companhia
Descubra o Alentejo Litoral num descansado passeio pedestre pelo complexo dunar da sublime
praia de Santo André e integrado na RNLSAS. Irá
acompanhado com um guia especializado que lhe
dará a conhecer a fauna e flora deste local único.
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Foto: Aventura Activa
CANOAGEM EM VILA NOVA DE MILFONTES
A calma e beleza do Rio Mira em Vila Nova de Milfontes em plena Costa Alentejana, convida àsua
exploração de canoa ou kayak, a Aventuractiva sugere esta actividade como uma das mais populares
na região devido às condições óptimas para a prática em segurança.
Todos os passeios de canoagem são realizados à
medida conforme a disponibilidade e resistência
do grupo, dispomos de circuitos circulares (mais
comuns) e em linha.
Grau de dificuldade: Baixo/Médio
Duração: Meio dia
Preço: Desde 15€/ pax; » Preços especiais para
famílias e grupos.
Mais Informações: AventurActiva
Foto: Caminhos da Natureza
trekking com burros na costa vicentina
Parta a descoberta da natureza na companhia dos
nossos simpáticos amigos orelhudos. Por belas paisagens campestres e falésias fantásticas, uma caminhada diferente e uma experiência para toda a
familia. Se pensa que os burros são teimosos e dão
coices, esqueça... o burro é afável, terno, paciente,
robusto, cooperativo e pachorrento e será, antes de
tudo, o seu companheiro, vida e alma nesta bela
travessia.
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Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Venha burricar connosco!!!
Grau de dificuldade: Moderado (10 a 12km diários)
Duração: 2 dias.
Preço: Desde 120€/ pax; » Desconto 10% para famílias 4 pessoas.
Mais Informações: Caminhos da Natureza
Descobrir
Costa Vicentina
léguas na costa vicentina
Neste fim de semana da Primavera, caminharemos entre a terra e o mar, por terras do fim da
Europa. Dois dias à descoberta de uma das regiões mais bonitas do litoral português - a Costa
Vicentina.
Preço: Desde 180€ /pessoa
Inclui: 2 noites de alojamento em quarto duplo
1 jantar no hotel; 2 passeios pedestres (15 e 10
quilómetros); 2 almoços piquenique; Café e chá
durante os passeios pedestres; Acompanhamento de um guia Papa-Léguas; Guia de campo; Seguro de acidentes pessoais.
Dificuldade: Fácil-médio.
Duração: 2 dias
Local: Parque Natural do Sudoeste Alentejano e
Costa Vicentina.
Mais Informações: Papa Léguas
Foto: Caminhos da Natureza
Mais Informações: Caminhos da Natureza
Foto: Papa Léguas
lisboa sagres btt
Uma fantástica travessia em BTT de Lisboa a
Sagres em 4 dias bem cheios do mais puro BTT.
Será uma mistura de serra e mar, partindo de
Belém e seguindo até ao Cabo Espichel e Serra
da Arrábida logo no primeiro dia e com a travessia das Serras de Grândola e do Cercal nos
dias seguintes. Segue-se o percurso mais costeiro, com a travessia de grande parte do Parque
Natural da Costa Alentejana e Vicentina, onde
descobriremos típicas e pitorescas localidades
costeiras, falésias e praias únicas e onde desfrutaremos de espectaculares trilhos e caminhos
sobre o mar!
Preço: Desde 320€ (mínimo 8 pax)
Dificuldade: Muito exigente.
OUTDOOR Maio_Junho 2012
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Descobrir
 Evento
Red Bull
Cliff Diving World Series
açores na rota
mundial
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Julho_Agosto 2011 OUTDOOR
OUTDOOR Julho_Agosto 2011
Fotos: Red Bull Content Pool
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Descobrir
Evento
Descobrir
A ilha de S. Miguel ganha no próximo mês de
julho honras de capital mundial de um dos desportos mais técnicos e exigentes de todos os
tempos: o Cliff Diving. O Red Bull Cliff Diving
World Series visita assim Portugal e os Açores
pela primeira vez, trazendo consigo os melhores
atletas do planeta.
É
um verdadeiro regresso à pureza
original. Os Açores estão pela primeira vez na rota do Red Bull Cliff
Diving World Series, uma escolha
que está em perfeita sintonia com a
exuberante natureza do ilhéu de Vila Franca do
Campo – sem dúvida uma das jóias mais escondidas e bem preservadas da ilha de São Miguel.
Este cenário da mais pura natureza evoca as origens do desporto nascido há mais de 200 anos
no Havai.
Uma visão partilhada pelo britânico Gary Hunt,
o detentor do título mundial, que não esconde
a “grande expectativa de competir nos Açores
num cenário que promete”.
Entre a mais pura natureza e as paisagens urbanas, são muitas as novidades da edição deste ano do circuito mundial, mantendo-se apenas inalterada uma etapa de 2011. O arranque
terá lugar em França (23 junho), seguindo-se a
Noruega (7 julho), Açores (21 julho), Irlanda (4
agosto), E.U.A. (25 agosto), Reino Unido (8 setembro) e Oman (28 setembro).
NOS LIMITES DA TÉCNICA E DA CONCENTRAÇÃO
Um total de 11 atletas, a que se somam três wild
cards por etapa, vão disputar o título de 2012 do
Red Bull Cliff Diving World Series. O britânico
Gary Hunt (Bi-Campeão do Mundo) terá de enfrentar o provável regresso do colombiaO antigo atleta olímpico de saltos para a
no Orlando Duque (veterano que doágua e atual Director Desportivo do
“Os
minou o Cliff Diving durante quase
circuito, Niki Stajkovic confirmou
duas décadas) e ainda um conjunno terreno as características únicas
Açores estão
to de novos talentos com grande
do Ilhéu de Vila Franca do Campo
pela primeira
vontade de vencer.
para a prática desta modalidade.
vez na rota do
Red Bull Cliff
Diving World
Series”
106
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Descobrir
Evento
“Provavelmente
tão antigo como
a humanidade, o
Cliff Diving tem
no Havai o seu
berço (...)”
O formato da competição inclui três
rondas, passando apenas à final oito
atletas. Com notas de 1 a 10, a avaliação do salto (saída da plataforma,
posição no ar e entrada na água) é
garantida por um júri internacional
de cinco elementos, onde se destaca o
norte-americano Greg Louganis - vencedor de quatro medalhas de ouro na disciplina
de saltos para a água dos Jogos Olímpicos.
Recebendo influências dos saltos para a água do
programa olímpico, sobretudo ao nível das regras de avaliação, a modalidade só mais recentemente se assumiu como um desporto de alta
competição. Os saltos têm como ponto de partida uma plataforma fixa a 27 metros de altura,
o que permite aos atletas alcançarem quase 85
quilómetros por hora na queda, antes de furarem a água com os pés.
UMA LONGA HISTÓRIA
Provavelmente tão antigo como a humanidade,
o Cliff Diving tem no Havai o seu berço - datando as primeiras competições conhecidas de
finais do século XVIII. O México e as escarpas de
La Quebrada fazem também parte das referên-
cias deste desporto extremo,
assim como ficou na história o
salto que o duplo suíço Oliver
Favre realizou em 1987 a partir de uma altura de 53.9 metros - um record que se mantém
até hoje.
A partir de meados dos anos 90 do
século passado o Cliff Diving melhora a
sua organização e o primeiro reflexo é o nascimento dos mundiais da especialidade.
Dado o perfil eminentemente técnico do desporto, muitos atletas que competiam nos Jogos
Olímpicos na disciplina de Saltos para a Água
(modalidade olímpica desde 1904) atravessam
a fronteira de acesso ao Cliff Diving. É esse
precisamente o caso do colombiano Orlando
Duque, lenda viva que deverá regressar ao ativo em 2012 já plenamente recuperado de uma
lesão grave que o impediu de disputar a maior
parte da época passada, e também do recém
apurado Blake Aldridge - britânico que conta
no seu percurso com uma medalha de ouro nos
mundiais de saltos para a água em piscina. ø
Bartholomeu Vasconcellos
OUTDOOR Maio_Junho 2012
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Descobrir
Pousada de
Juventude
da ARRIFANA
Com o Verão aí à porta, a Pousada de Juventude de Arrifana, em plena Costa Vicentina, é
o spot ideal para umas férias com muito sol,
mar e muita natureza à mistura!!!
S
ituada em plena praia da Arrifana,
no concelho de Aljezur, esta recente
Pousada de Juventude, com uma vista
de mar deslumbrante, é o local ideal
para partir à descoberta das fantásticas praias da costa ocidental do Algarve (Costa
Vicentina): banhadas pelo Atlântico, oferecem
muitas vezes um cenário selvagem e desértico,
em contraste com os areais mais quentes do Sul.
Uma das zonas mais paradisíacas de toda a costa
portuguesa, a Costa Vicentina constitui área de
Parque Natural, encerrando património natural
único no mundo, em alguns casos intocado pelo
Homem. Formada por extensos areais, acolhedoras conchas de areia ou por escarpas imponentes, esta região algarvia acolhe algumas das
mais belas praias de Portugal. Acolhe também
muita vida selvagem que inclui espécies únicas
de plantas a aves de rapina, como as águias e os
falcões. Aqui, as águas são revoltas e de um azul
profundo, especialmente procuradas pelos praticantes de surf, bodyboard e pesca desportiva.
Para todos aqueles que não perdem uma oportunidade para “partir ondas”, no Algarve, a
Costa Vicentina assume-se como o spot ideal.
Desde Odeceixe, onde o Algarve começa, passando pela praia da Arrifana - uma espécie de
baía abrigada nas falésias e uma das praias mais
procuradas por surfistas e praticantes de bodyboard – e por Vale Figueiras - praia de grande
beleza natural e pouco frequentada, devido ao
difícil acesso -, até à praia do Amado - palco de
inúmeras provas nacionais e internacionais de
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Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Para além das praias e do abundante património
natural, o concelho de Alzejur detém numerosos vestígios arqueológicos, com especial destaque para a presença árabe na Península Ibérica.
Obrigatória é, sem dúvida, uma visita ao Castelo
de Aljezur, Monumento Nacional, erguido pelos
árabes no séc. X e tomado aos mouros no séc.
XIII - o último castelo a ser conquistado no Algarve.
Embora em mau estado de conservação, mantém a sua cerca de muralhas (séc. XIV) e duas
torres, oferecendo uma admirável vista panorâ-
mica. Igualmente esplêndida, é a paisagem que
se avista da Fortaleza da Arrifana, actualmente
em ruínas.
A Costa Vicentina é ainda local de eleição para
os apreciadores de bom peixe e marisco, que
aqui são capturados com formas artesanais de
pesca, com destaque para a apanha do percebe,
arrancados das rochas banhadas pelo mar.
É assim a deslumbrante Costa Vicentina, detentora de cenários únicos, em que o mar é recortado por falésias altas e bravias, por vezes
manchadas de areais, e onde a nebulosa costa
atlântica convida à descoberta…
Características
Preços
Época Baixa (01/01 a 15/02; 01/10 a 27/12)
Quarto Múltiplo (p/ pessoa) - 11,00 €
Quarto Duplo c/ WC (p/ quarto) - 32,00 €
Quarto Duplo s/ WC (p/ quarto) - 28,00 €
Época Média Época Média (16/02 a 04/04; 09/04 a
28/06; 02/09 a 30/09)
Quarto Múltiplo (p/ pessoa) - 14,00 €
Quarto Duplo c/ WC (p/ quarto) - 36,00 €
Quarto Duplo s/ WC (p/ quarto) - 30,00 €
Época Alta (05/04 a 08/04; 29/06 a 01/09; 28/12 a
31/12)
Quarto Múltiplo (p/ pessoa) – 17,00 €
Quarto Duplo c/ WC (p/ quarto) – 47,00 €
Quarto Duplo s/ WC (p/ quarto) - 38,00 €
Com Cartão Jovem ou Cartão LD<30 tens desconto
nas Pousadas de Juventude em Portugal Continental. Mas, se quiseres dormir numa pousada, e não
tiveres nenhum destes cartões, tens de possuir o
Cartão Pousadas de Juventude, que te dá acesso às
Pousadas de Juventude em todo o mundo e é válido
por um ano (www.hihostels.com). Podes obter o
Cartão Pousadas de Juventude numa Pousada de Juventude ou nas lojas Ponto Já (Delegações Regionais
do Instituto Português da Juventude).
■■ 32 camas distribuídas por :
■■ - 6 Quartos Duplos c/ WC (um adaptado a pessoas com mobilidade condicionada);
■■ - 3 Quartos Duplos s/ WC;
■■ - 1 Quarto Múltiplo c/ 2 camas;
■■ - 3 Quartos Múltiplos c/4 camas;
■■ Horário: das 8h00 às 24h00 (recepção)
■■ 24 horas (funcionamento)
■■ Serviços: Bar, Esplanada, Sala de convívio, Cozinha e Lavandaria de Alberguista.
Contactos
Pousada de Juventude da Areia Branca
Pousada de Juventude de Arrifana
Urbanização Arrifamar
Praia da Arrifana
8670-111 Aljezur
Tel. +351 282 997 455 Fax. +351 217 232 101
E-mail: [email protected]
Site: www.pousadasjuventude.pt
Como efectuar a reserva
Podes reservar alojamento em qualquer Pousada de Juventude, ou através da Internet em
www.pousadasjuventude.pt. Para tal, basta escolheres a Pousada, indicar o número de pessoas, o
tipo de quarto, datas de entrada e saída… depois é só pagar. Se preferires, telefona para o 707
23 32 33 ou envia um e-mail para [email protected]. Também podes efetuar a tua
reserva nas lojas Ponto Já ou diretamente na Pousada que escolheres.
OUTDOOR Maio_Junho 2012
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Pousadas
Surf e de Bodyboard - são várias as excelentes
opções para a prática destes desportos.
Descobrir
 Projeto por Silvia Romão
Conhecer Portugal
N
asci 15 dias antes do tempo, num precisava de ser uma “jovem executiva de suparto natural que nem demorou cesso” para ver o mundo. Que aliás, as limitauma hora. Vim ao mundo com pres- ções de um emprego formal, de uma carreira
sa de conhecer, ansiosa por expe- promissora me estavam a deixar os pés presos
rimentar a vida. Na escola sempre aos solos de cimento de edifícios climatizados.
tive dificuldade em estar muito tempo senO formigueiro das caminhadas cada
tada na carteira. Chegava a inventar
vez mais adiadas pelos compromisnecessidades urgentes para ir à casa
“Vim ao
sos de uma vida de trabalho escrade banho só para passar pelo pátio
mundo com
vizante instalava-se com a mesma
e sentir o ar, o sol e a luz do mundo
ansiedade e pressa com que vim
lá de fora.
pressa de conheao mundo.
cer, ansiosa por
Estudei Marketing com a certeza
experimentar
Um dia gritei basta! E perante os
de que o escritório, a secretária ou
olhos incrédulos de quem colocava
as salas de reuniões infinitas não
a vida.”
em mim as esperanças de uma carreieram para mim.
ra brilhante, desci dos meus saltos altos,
Trabalhei no meio audiovisual durante 12
saí do meu tailleur, desliguei o computador,
anos, sempre em atividades que me permitiam apaguei a luz do gabinete sem janelas e fechei
sair, viajar, ver o mundo. Talvez por isso andei a porta.
por esta vida durante tanto tempo.
No dia seguinte, acordei em pânico. Tinha todo
Chegou o momento em que percebi que não o tempo do mundo e não fazia ideia como ia
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Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Descobrir
Projeto
ocupá-lo. Mais, tinha uma vida para sustentar a minha - e não sabia como iria garantir esse
sustento. Imediatamente a seguir uma sensação
de liberdade infinita invadiu-me e percebi. Não
tenho nada. Nenhum projeto. Nenhum plano.
Nenhuma estratégia. Apenas vazio. E o vazio é
espaço para preencher. Que grande oportunidade!
Por isso a minha decisão para esse ano - e para
a vida - foi a de continuar a esvaziar. Fui aprendendo aos poucos que aquilo que possuía não
me definia. Aprisionava-me. Ter custa dinheiro,
rouba tempo, retira espaço, limita movimentos.
Uma mochila pesada obriga-nos eventualmente
a pagar a carregadores, atrasa-nos a caminhada, torna-nos preguiçosos à medida que os passos se sucedem, provocam-nos dores no corpo.
A primeira vez que experimentei esta liberdade de não possuir foi no Caminho de Santiago. Foram 90 quilómetros a pé em 5 dias. Com
uma mochila que levava apenas o indispensável. Pensava eu, porque ao fim do segundo dia
fiz uma nova triagem e consegui ganhar ainda
mais espaço na mochila e mais leveza nos passos. Fazer uma caminhada em autonomia durante vários dias é uma excelente oportunidade
para perceber o peso do que temos e relativizar
sobre a verdadeira utilidade dos nossos objetos.
Hoje, o minimalismo com que vivi esses dias
transborda para a minha vida e tudo o que possuo é objeto de reflexão. E é cada vez menos.
Isso dá-me a oportunidade de não ter de sair todos os dias para um emprego que não gosto para
pagar contas daquilo que não preciso.
“Adotando uma
vida simplificada conquistei a liberdade de fazer
apenas aquilo
que gosto.”
Adotando uma vida simplificada conquistei a liberdade de fazer apenas aquilo que gosto. Caminho. Escrevo. Oriento seres humanos a encontrarem saídas para caminhos de vida mais
soalheiros. Através da arte que se cruzou algures nesta minha caminhada que dura há já sete
anos: o Chi Kung. E desafiando pés inquietos a
juntarem-se aos meus para conhecer trilhos por
onde os carros não passam e as excursões não
chegam.
Vivo os meus dias ao ritmo dos meus passos, saboreando as minhas paixões. Cada viagem que
faço, seja nos meus afazeres da cidade, seja pela
vereda de algum parque natural, procuro que
seja sentida para lá da estatística dos quilómetros, do tempo percorrido, das listas de monumentos a visitar ou da meta final. Cada caminho
que percorro é um abraço ao momento e ao lo-
OUTDOOR Maio_Junho 2012
111
Descobrir
“São reflexões sobre mim,
sobre as vidas com
que me vou cruzando e os acontecimentos que vão sendo
experimentados”
cal em que o faço. Dois braços
esticados disponíveis para sentir a paisagem, as pessoas, o ar
que passa pelo rosto e as emoções que vão brotando ao longo
dos trilhos.
Por isso, o que escrevo sobre os caminhos que faço não descreve tanto os quilómetros, graus de dificuldade, estado dos trilhos ou história dos monumentos. São reflexões
sobre mim, sobre as vidas com que me vou cruzando e os acontecimentos que vão sendo experimentados. No corpo e na alma. Porque não sei
viver de outra forma. Seja nas caminhadas, nas
aulas, nos relacionamentos humanos.
Sair do conforto dos meus blogs e aceitar o de-
safio de escrever sobre os meus
passos para a Outdoor foi por
isso mais uma possibilidade de
gastar sola das minhas botas de
caminhada. De desvanecer a tinta
das letras do teclado do meu computador. De sair. De andar e andar. E
escrever. E conhecer. Com a curiosidade
infinita de percorrer um país pequeno em tamanho mas tão grande em experiências. Saudáveis
e gratuitas!
Desafio-vos a acompanharem-me nos trilhos
da minha escrita para a próxima edição. Até lá
convido-vos a ler as minhas experiências de viagens no meu blog: 30dp.org ø
Sílvia Romão
Descobrir
 Desafio
ironmena
Dê Sangue, Apoie a Vida
D
as minhas primeiras participações no Triatlo
em Portugal, em distâncias “sprint”, como forma de me preparar e ambientar às provas e
transições, tendo depois participado
num Duplo Olímpico em Espanha,
para passar mais naturalmente ao
“Um Ironman
Ironman no ano seguinte (2010).
esde há muitos anos que se interesso pelo Triatlo, mas só há relativamente pouco tempo (3 anos) é
que decidi realizar um!
O Triatlo é composto por 3 disciplinas: natação, ciclismo e corrida, por esta ordem, e com
transições rápidas (segundos/
minutos) entre elas, sendo a
prova sem paragens. As distâncias variam, consoante se
trate de provas curtas (vulgo
“sprints” e olímpicos) ou longas (half-Ironman e Ironman).
São as distâncias longas que me
atraem!
consiste em 3.800
metros de natação,
180kms de ciclismo e
42.195 metros de corrida (maratona) final,
sem paragens.”
Na verdade, prestes a fazer 40 anos, achei que
não haveria melhor forma de os comemorar do
que realizando um Ironman! Assim nasceram
114
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Um Ironman consiste em 3.800
metros de natação, 180kms de
ciclismo e 42.195 metros de
corrida (maratona) final, sem
paragens. É um desafio físico,
sem dúvida, mas em que o papel da mente e a determinação
de cada um, são essenciais. O corpo obedece à mente, e se não obedece, a isso temos de o forçar.
É uma luta interior permanente, em que o corpo tenta convencer-nos a todo o momento de
que devemos parar, e a nossa mente teima em
contrariá-lo!
Descobrir
Ironmena
O natural desejo humano de evoluir, levou-me a
cumprir outro Ironman no ano seguinte (2011),
e leva-me agora a mais um: o Ironman France,
que terá lugar em Nice (sul de França), no dia
24 de junho de 2012. É uma prova difícil, pois o
percurso de ciclismo será em montanha (Alpes),
mas será também muito bonita. Para além de
inúmeros triatletas de renome mundiais, participará na prova o conhecido Lance Armstrong,
em representação da Fundação que criou, a Livestrong, um ícone na luta contra o cancro.
O meu desafio é poder utilizar a minha paixão
por este desporto em prol de uma causa filantrópica, colocando a minha devoção ao serviço dos
outros. Assim nasceu a ideia de contactar o Instituto Português do Sangue, e colaborarmos para
que a minha participação numa prova que seria
meramente individual, passasse a
servir um fim: o de captar novos
e antigos dadores de sangue,
numa altura em que os
“Os cerca de 2 memesmos escasseiam ou
ses que me separam
são menos regulares, e
do evento, serão dedicaestando as reservas de
sangue atualmente disdos a intensos e exigentes
poníveis nos hospitais,
treinos, os quais fazem parte
em níveis inferiores ao
da elevada dose de sacridesejável.
fício que caracterizam
ama-
Os cerca de 2 meses que
qualquer atleta
me separam do evento,
dor (...)“
serão dedicados a intensos
e exigentes treinos, os quais
fazem parte da elevada dose de
sacrifício que caracterizam qualquer atleta amador, com os inerentes problemas
de tempo, horários e compromissos que temos
de ajustar continuamente. A si só peço que se
disponibilize a realizar um ato simples, rápido,
altruísta e de amor pelo próximo, e por si mesmo, pois quem sabe um dia não precisará também?
DÊ SANGUE, APOIE A VIDA! Vai ver que não
custa nada e fá-lo-á sentir-se realizado.
O meu agradecimento à Movefree que me apoia
com uma bicicleta Specialized; à Cofides-Competição, que apoia com equipamentos de treino
e de prova; e ao Portal Aventuras/Revista Outdoor, pela cobertura e divulgação da causa. ø
Filomena Gomes
www.ronmenanice.blogspot.pt
Facebook
OUTDOOR Maio_Junho 2012
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Descobrir
 Livro Aventura por Nuno Ferreira
“Se toda a gente anda a viajar e a escrever
sobre todos os cantos do mundo, pensei então, porque não revisitar o interior do meu
país a pé e escrever sobre o que vou encontrando pelo caminho?»
Em Fevereiro de 2008, o jornalista Nuno Ferreira iniciou a pé, em Sagres, um longo e demorado
caminho pelo que é habitualmente designado
“Portugal profundo”. Ao longo de mais de dois
anos, com percalços e interrupções pelo meio,
enquanto passava por vagabundo, contrabandista ou peregrino a Fátima, redescobria um país
esquecido, muitas vezes entregue a si próprio, a
lutar desesperadamente contra a desertificação.
A caminhar do Algarve ao Minho pelo interior
dos interiores, pôde ir observando Portugal,
atento aos pormenores: uma partida de futebol
num campo pelado, um funeral, a partida para a
pesca de uma traineira sobrevoada por gaivotas,
a azáfama de um restaurante de estrada repleto
de camionistas, um idoso lavrando com a ajuda
do burro a última das courelas transmontanas.
Portugal pela lupa de Nuno Ferreira é assim: mal
gerido mas definitivamente muito bonito.
Pelo caminho, foi encontrando e conversando
com aqueles que teimam em viver longe das
grandes cidades e mantêm viva a chama das
tradições culturais e do regionalismo: músicos,
artesãos, poetas populares, aldeões guardadores
da memória de um povo.
Foi redescobrindo também as belezas escondidas do país: Vales estreitos entre fragas em São
Macário, cascatas perdidas na Serra de São Mamede, lameiros entre as águas bravias e geladas
de rios transmontanos como o Maçãs ou o Sabor,
searas ondulantes e douradas na planície alentejana, garranos à solta entre a névoa da Serra
Amarela. ø
Título: Portugal a Pé
Edição: Vertimag
Texto/fotografia: Nuno Ferreira
Revisão: Flávio Gonçalves
Projecto gráfico/paginação: Paula Bouças
Mapas: Sofia Krupenski
Nº de páginas: 500
1ª edição: Novembro de 2011
Tiragem da 1ª edição: 5 mil exemplares
ISBN: 978-989-97545-0-8
Depósito legal: 335322/11
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Maio_Junho 2012 OUTDOOR
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Livro Aventura
Quem é
nuno ferreira?
Natural de Aveiro, onde nasceu em 1962, Nuno
Ferreira licenciou-se em Comunicação Social na
Universidade Nova de Lisboa.
Foi colaborador permanente do semanário Expresso de 1986 a 1989, ano em que ingressou nos
quadros do jornal Público, onde se manteve até
Setembro de 2006.
Em cerca de 25 anos de carreira, fez todo o tipo
de reportagens de cariz social, primeiro na revista do Expresso e mais tarde Portugal a pé Nuno
Ferreira em diversas secções do Público (Sociedade, Local e Pública).
Entre outros prémios, recebeu em 1996 o Prémio
de Jornalismo de Viagem do Clube de Jornalistas
do Porto com o trabalho “Route 66 a Estrada da
América”, que lhe valeu também uma menção
honrosa da Fundação Luso-Americana. Um ano
mais tarde, recebeu o Prémio de Jornalismo de
Viagem do Clube Português de Imprensa com o
trabalho “A Índia de Comboio”. Em 2007, foi autor juntamente com Pedro Faria do livro “Ao Volante do Poder”, publicado pela editora Bertrand.
Actualmente colabora com o site “Café Portugal”
e a revista “Epicur”.
Acompanhe o blog do autor em:
Portugalape.blogspot.com
OUTDOOR Maio_Junho 2012
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Descobrir

Receitas Outdoor
Uma rubrica destinada à partilha
de receitas e sugestões
de Cozinha Outdoor.
Partilha as tuas receitas Outdoor preferidas!
Envia-nos um email para [email protected]
e poderás ver a tua receita na próxima edição da
Revista Outdoor e no Portal Aventuras.
Nesta edição da Revista Outdoor, o Ricardo
Mendes, um dos nossos grandes aventureiros,
dá-nos uma sugestão que ele e a Filomena
fizeram na fantástica viagem que realizaram à
Patagónia... Não percam! Nós já experimentámos e adorámos...
Esparguete à
Puttanesca
Ingredientes:
■■ 400g de esparguete
■■ 1 posta de atum /Salmão ou Truta
■■ 100g de chouriço
■■ Cogumelos Laminados
■■ Azeitonas pretas
■■ 2 tomates
■■ 1 dl de azeite
■■ 4 dentes de alho
■■ 1pitada orégãos
bem finos. Retirar o caroço às azeitonas e cortar em
rodelas.
Cortar o chouriço em pequenos pedaços e desfazer
em lascas o peixe.
Levar ao lume um tacho com água e sal, deixar ferver
e juntar o esparguete para cozer durante cerca de 9
minuto. Após isto escorrer o excesso de água.
Leve ao lume uma frigideira com o azeite, os dentes
de alho e o chouriço deixando cozinhar até ficarem
dourados.
Adicionar o tomate picado, mexer e deixar cozinhar
durante cerca de 5 minutos. Acrescentar o peixe, as
■■ Pimenta preta moída q.b.
azeitonas, os cogumelos escorridos e misture.
Retificar os temperos e acrescentar os orégãos. Por
Como Preparar:
fim, adicione o esparguete, misture bem e bom apeDescascar os dentes de alho e picá-los tite. ø
■■ Sal q.b.
Kids
FESTAS DE ANIVERSÁRIO COM AVENTURA!
Reunimos neste espaço algumas
sugestões de Festas de Aniverásrio
recheados de animação, desporto e
aventura! Vai ser um dia inesquecível!
sherlock holmes
“Sherlock Holmes” é um jogo interativo, divertido e
dinâmico, que levará o mistério até aos participantes, os mistérios de Sherlock Holmes.
Personificando equipas de detetives, discípulos do
grande Sherlock Holmes, os participantes irão ativamente procurar a solução de um crime ou até mesmo evitar que um seja cometido, seguindo as pistas
disponíveis!
Duração: Meio Dia
Local: Queluz
Promotor: Equinócio
espeleologia
Situada no Parque Natural da Arrábida junto a Sesimbra, esta gruta apresenta vestígios de ocupação
humana desde o neolítico à conquista de Portugal
e é através da escavação arqueológica realizada no
seu interior, que conseguimos entender melhor os
povos que habitaram estas bandas há milhares de
anos atrás. Com um desenvolvimento horizontal
de cerca de 300 metros é uma gruta perfeitamente acessível a qualquer pessoa que queira ter um 1º
contacto com a espeleologia.
Duração: ½ dia
Nível: Baixo-Médio
Local: Parque Natural da Arrábida
Promotor: Vertente Natural
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Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Em equipa com a utilização de um GPS outdoor,
num circuito maioritariamente florestal, terás que te
orientar e ter um grande desafio, que consiste em
descer, através de uma corda, um obstáculo vertical:
rappel em rocha natural.
Duração: 2h30/3h
Local: Sintra
Promotor: Muitaventura
geocaching
Atividade de Geocaching onde os pequenos participantes terão que fazer um percurso em busca das
várias Caches-Mistério, tendo como único apoio as
pistas que lhes serão entregues no inicio.Atividade
com bons índices de atividade física, preparação/execução mental, consciência ambiental e que poderá
ser adaptada a qualquer tema pretendido.
Duração: 2horas
Local: Parque de Avioso na Maia
Promotor: Nicho Verde
Trilho Interpretativo da Floresta
Realização de um percurso pedestre, com cerca de
2,5 Km, que permite aos participantes contactar
diretamente com o património natural, cultural e
paisagístico do PNPG. Este percurso passa junto ao
núcleo megalítico.
Duração: 2,5h
Local: PN Peneda Gerês
Promotor: Oficina da Natureza
Kids
Aniversários
A revista Outdoor não se responsabiliza por eventuais alterações de preços e informações das atividades divulgadas. As mesmas são da responsabilidade das empresas que as organizam.
Desafio de GPS com Rappel
Kids
A caminho dos Dinossáurios
Passeio Pedestre no planalto e santuário do Cabo
Espichel, passando pelas pistas de pegadas de Dinossáurios e com identificação de fauna, flora, interpretação histórica e cultural do Santuário e das
pegadas.
Duração: Meio Dia
Local: Cabo Espichel
Promotor: Vertente Natural
Rappel Natural e Escalada Artificial
A escalada, atividade de manobra de cordas, que consiste em trepar na vertical uma parede, com o objetivo
de chegar ao topo. O rappel por sua vez, baseia-se em
descer uma parede com uma corda. Com monitores
qualificados e foto-orientação, serão ensinados os passos base de escalada em parede artificial e rappel em
rocha natural.
Duração: 3h
Local: Sintra
Promotor: Muitaventura
Trilho Interpretativo do Mezio
Realização de um percurso pedestre, com cerca de 3
km, que se desenrola junto à Porta de Mezio e que
permite adquirir/aprofundar conhecimentos sobre a
floresta realçando a sua importância para o equilíbrio
ambiental, assim como a compreensão/interpretação
das relações Homem – Meio Natural.
Duração: 2,5h
Local: PN Peneda Gerês
Promotor: Oficina da Natureza
buggy tour
Desafiamos-te à diversão num dos nossos Buggys
todo o terreno. Convida os teus amigos e venham
divertir-se... Vai ser inesquecível e um dia repleto de
aventura.
Duração: de 1h a meio dia
Local: Praia do Guincho e Sintra
Promotor: Guincho Adventours
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Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Uma aventura na Lagoa de Óbidos, nesta atividade
os participantes irão realizar um passeio de iniciação à canoagem pela lagoa. Após esta excelente experiencia os participantes irão realizar uma prova
de orientação e ter a oportunidade de deslizar num
slide.
Duração: Meio Dia
Local: Lagoa de Óbidos
Promotor: Experience Sport
workshop de capoeira
Como desporto pode dizer-se que a Capoeira é um dos
mais completos que existem, trabalhando o corpo na
sua totalidade e permitindo que se obtenham melhorias físicas, a nível de velocidade, agilidade, elasticidade e força.
Duração: Meio Dia
Local: Monsanto
Promotor: Equinócio
Confronto laser
É um jogo muito parecido com o Paintball mas com
disparos ilimitados e um nível de segurança acrescida que permite participantes desde os 6 anos de
idade.
Duração: 4h
Local: Parque Aventura Sniper
Promotor: Sniper
Surf/bodyboard
A festa de aniversário do seu filho vai ser fantástica!
Porque não proporcionar-lhe uma experiência nova,
e que ele nunca esquecerá? Junte os amigos dos seus
filhos e proporcione-lhes uma experiência única na
“Meca” do Surf em Portugal – Ribeira D´Ilhas… Surf
e Bodyboard são as opções para um dia memorável!
Local: Ericeira
Promotor: Pocean Surf Academy
OUTDOOR Maio_Junho 2012
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Kids
Aniversários
A revista Outdoor não se responsabiliza por eventuais alterações de preços e informações das atividades divulgadas. As mesmas são da responsabilidade das empresas que as organizam.
Uma Aventura à volta da lagoa
OUTDOOR Até 25€
Atividades Outdoor
rappel noturno
Na fase final da Lua Nova, desafie-se participando neste rappel
noturno em rocha natural no Parque Natural Sintra Cascais.
Preço: 19,90€ / pax
Dificuldade: Médio
Um Programa: MuitAventura
Venha passar um momento único, escalando em rocha natural,
junto ao mar de Cascais.
Preço: 15€ / pax
Dificuldade: Iniciação
Um Programa: MuitAventura
trilhas do jurássico
canoagem SSB
Passeio Pedestre desde a Praia
das Bicas até ao Santuário do
Cabo Espichel. Não perca esta
Passeio de canoa ao longo da li-
aventura.
Preço: 15€ / pax
Dificuldade: Médio Alto
Um Programa: Vertente Natural
nha de costa de Sesimbra.
Onde: Costa de Sesimbra.
Preço: 25€ / pax
Dificuldade: Fácil/Médio
Um Programa: Vertente Natural
socalcos do douro
caminhada fórnea
Com início em Valença do Douro
este percurso leva-nos pela encosta abaixo em direção ao Douro. Centro de todas as atenções e
criador de toda esta paisagem.
Preço: 20€ / pax
Um Programa: Papa-Léguas
Partiremos de uma aldeia típica
por um trilho escavado no calcário, convidam à descoberta da
História Natural da região.
Preço: 20€ / pax
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Papa-Léguas
escalada e rappel
por praias e falésias
Venha conhecer a Serra de Sintra
por ângulos únicos. Esta ativida-
Nesta caminhada andaremos ora
pelo topo da falésia, ora pelos
extensos areais das praias. Não
perca!
Preço: 20,30€ / pax
Dificuldade: Fácil/Médio
Um Programa: Equinócio
de promete grandes emoções.
Onde: Serra de Sintra
Preço: Desde 25€ / pax
Dificuldade: Fácil/Médio
Um Programa: Equinócio
paintball
linha torres vedras
E que tal um jogo entre os seus
amigos de paintball?
Quem disse que a história é aborrecida? Um dia passado em boa
companhia e com muitas histó-
Onde: Parque Aventura Sniper;
Preço: 17,50€ / pax
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Sniper
rias divertidas. Atrevam-se!”
Preço: 9,90€ / pax
Dificuldade: Fácil/Médio
Um Programa: Sniper
cultural bike tour
trekking sintra cascais
Venha conhecer a zona do Oeste
duma forma diferente. Através de
um bike tour levamo-lo a conhecer esta zona lindíssima!
Preço: Desde 20€ / pax
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Experience Sport
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Escalada guia, cascais
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Conheça o Parque Natural Sintra
Cascais num trekking fabuloso.
Preço: Sintra/Cascais
Preço: 20€ / pax
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Guincho Adventours
Um passeio em plena Lagoa de
Óbidos onde desfrutará de paisagens magníficas.
Preço: Lagoa de Óbidos
Preço: Desde 25€ / pax
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Experience Sport
percurso ajuda
grande
O percurso pretende associar ao
local de interesse histórico, ou
seja, o forte da Ajuda Grande
Preço: 12,50€ / pax
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Sniper
kayak aventura
Batismo surf
Em kayak com início em Vilar de
Mouros e chegada junto a plataforma de embarque do rio Coura.
E que tal um batismo de surf na
praia da Ericeira? Venha apren-
Onde: Rio Coura
Preço: 20€ / pax
Dificuldade: Médio
Um Programa: Minha Aventura
der esta modalidade.
Preço: 25€ / pax
Dificuldade: Iniciação
Um Programa: Pocean Surf Academy
bridge jumping
Bungee jumping
Saltar de uma ponte com cerca de
50 metros de altura, apenas com
Pouco ou nada eleva a adrenalina
como um salto de bungee jumping. Realizado por marcação.
uma corda especial e um arnês.
Onde: Minho
Preço: 25€ / pax
Um Programa: Rafting Atlântico
Local: Minho.
Preço: 20€ / pax
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Rafting Atlântico
bike tour
passeio aldeias xisto
Venha desfrutar de um passeio de
btt pelas mais bonitas paisagens
de Sintra.
Talasnal, Casal Novo e Chiqueiro
são aldeias cravadas na serra da
Lousã.
Onde: Guincho
Preço: 20€ / pax
Dificuldade: Médio
Um Programa: Guincho Adventours
Onde: Lousã
Preço: Sob consulta
Dificuldade: Fácil/Média
Um Programa: Javsport
caminho do abade
btt lagoa são joão
Caminhada em Ribeira de Pena,
com a presença de um guia interprete.
Passeio de BTT numa das cotas
mais elevadas da Serra de Montemuro, São Cristóvão.
Onde: Ribeira de Pena
Preço: 20€ / pax
Dificuldade: Fácil/Média
Um Programa: Nicho Verde
Onde: Serra Montemuro
Preço: 12,50€ / pax
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Nicho Verde
Canoagem no Rio Alva
invasões francesas
Venha conhecer esta modalidade
no Rio Alva e emocione-se com
esta descida!
A zona das Linhas de Torres,
marcadamente rural, mantém vivas as memórias de há duzentos
anos.
Preço: 10€ / pax
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Geosphera
Realizado por marcação.
Preço: 21,50€ / pax
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Transserrano
OUTDOOR Maio_Junho 2012
125
Atividades Outdoor
A revista Outdoor não se responsabiliza por eventuais alterações de preços e informações das atividades divulgadas. As mesmas são da responsabilidade das empresas que as organizam.
canoagem óbidos
OUTDOOR Até 25€
Atividades Outdoor
rota aldeias xisto
soft rafting
Percurso com cerca de 10 Km,
circular, com alguns declives
acentuados e de médio grau de
dificuldade
Onde: Lousã
Preço: 10€ / pax
Um Programa: Transerrano
O percurso que vai realizar possui uma bela paisagem num vale
protegido do vento, descendo por
umas águas tranquilas e limpidas.
Preço: 20€ / pax
Dificuldade: Médio
Um Programa: Rafting Atlântico
carros elétricos
canoagem no zêzere
Venha conhecer a cidade de Évora de uma forma diferente. Aventure-se nos carros eléctricos.
A beleza natural, a água translúcida ou a proximidade de Lisboa
são fatores que o levarão a descer
este Rio.
Preço: Sob consulta.
Dificuldade: Fácil/Médio
Um Programa: Aventur
Realizado por marcação.
Preço: Sob consulta.
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Rota do Fresco
OUTDOOR até 75€
batismo surf praia
sta rita
Venha desfrutar de uma zona
cheia de potencial. A lagoa de
Óbidos irá proporcionar-lhe uma
inesquecível experiência.
Preço: Desde 30,70€ / pax
Um Programa: Experience Sport
canyoning ribeira de
quelhas
Desfrute de voos de Parapente
nas bonitas praias de Sintra.
Preço: Arribas das praias Grande, Aguda ou S. Julião.
Preço: Sob consulta
Dificuldade: Fácil/médio
Um Programa: Muitaventura
golfinhos do sado
pé da Ribeira das Quelhas.
Viagem de barco à descoberta dos
golfinhos do Sado, partilhando as
belezas do estuário e da costa da
Onde: Ribeira de Quelhas, Lousã
Preço: 40€ / pax
Dificuldade: Fácil/Médio
Um Programa: Transerrano
Arrábida. Venha e divirta-se!
Preço:Sob Consulta.
Dificuldade: Fácil/médio
Um Programa: Muitaventura
btt Idanha a monsanto
passeio noturno
Atividade que envolve a descida a
Muitos single tracks e trilhos por
calçadas históricas esperão por si
para dias intensos de BTT.
Preço: 51€ / pax
Dificuldade: Fácil/Médio
Um Programa: Caminhos da Natureza
126
batismo de parapente
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Passeio a pé e concerto Taças tibetanas nas grutas artificiais da
Quinta do Anjo. que nos levam a
descobrir os encantos da Arrábida.
Preço: 30€ / pax
Um Programa: Papa-Léguas
Situado em Ribeira de Pena (Cerva), o Rio Poio é o rio mais extenso
e técnico de Portugal continental.
Preço: Rio Poio
Preço: A partir de 40€ / pax
Dificuldade: Médio
Um Programa: Nicho Verde
paintball + Aventura 3
Tenha um fim de semana em
cheio! Venha connosco fazer
canyoning
rio bestança
Considerado um dos rios mais
limpos da Europa, o Rio Bestança apresenta-se com uma
envolvente única.
Preço: A partir de 40€ / pax
Um Programa: Nicho Verde
Passeio a cavalo por
terras do Vez
Uma aitividade que mostra uma
multi-atividades!
vila carregada de história: O Vez.
Onde: Parque Aventura Sniper
Preço: Desde 34€ / pax
Dificuldade: Fácil/Médio
Um Programa: Sniper
Onde: Arcos de Valedevez
Preço: 75€ / pax
Um Programa: Oficina da Natureza
kayak tour
aventura 6
O percurso disponível em Cascais,
o kayak tour leva-te a conhecer a
baía de Cascais de uma perspetiva
Um dia com muita curtição,
adrenalina e boa disposição.
Atrevam-se!”.
totalmente diferente.
Preço: 35€ / pax
Dificuldade: Médio
Um Programa: Guincho Adventours
Onde: Parque Aventura Sniper
Preço: A partir de 48€ / pax
Dificuldade: Baixa
Um Programa: Sniper
rafting no minho
workshop de licores
Este é um rio para um contacto inicial para a modalidade
de Rafting.
Venha aprender como se confecionam os licores e as compotas
de forma tradicional.
Onde: Rio Minho
Preço: Desde 37,5€ / pax
Dificuldade: Fácil/Médio
Um Programa: Rafting Atlântico
Local: Ponte de Lima
Preço: 48€ / pax
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Oficina da Natureza
guincho à praia grande
arrábida terra mar
Venha descobrir a costa do Guincho a Praia Grande, com passagem pela ponta mais Ocidental
da Europa – O cabo da Roca
Preço: 49€ / pax
Um Programa: Caminhos da Natureza
coasteering tamboril
O Coasteering é uma atividade
onde se percorre a linha de costa, através de vários desportos.
Onde: Sesimbra
Preço: 35€ / pax
Um Programa: Vertente Natural
Circuito de Multiatividade com
rappel, escalada, caminhada e
canoagem numa das mais belas
zonas da Arrábida.
Preço: 35€ / pax
Dificuldade: Médio/Alto
Um Programa: Vertente Natural
buggy ou moto4
Desafiamos-te à diversão num
dos nossos automáticos Moto 4
ou Buggy todo o terreno.
Onde: Sintra
Preço: 75€ /para duas pessoas.
Dificuldade: Fácil
Um Programa: Guincho Adventours
OUTDOOR Maio_Junho 2012
127
Atividades Outdoor
A revista Outdoor não se responsabiliza por eventuais alterações de preços e informações das atividades divulgadas. As mesmas são da responsabilidade das empresas que as organizam.
canyoning rio poio
canyoning rio arado
tour aéreo
Venha sentir a adrenalina do Rio
Paiva e desfrutar de um momento
de aventura
Onde: Terras de Bouro
Preço: Sob consulta
Dificuldade: Médio
Um Programa: Equinócio
Saboreie a maravilhosa perspectiva de uma ave, através de uma
inovadora forma de turismo, realizada em passeios aéreos, sobre
o concelho de Sintra e Cascais.
Preço: Sob consulta
Um Programa: Guincho Adventours
Vila do Bispo a Sagres
trekking com burros
tureza
canyoning
formação bodyboard
Já experimentaste? Não percas
um dos melhores anos de sempre:
rios fantásticos, temperatura fan-
5 manhãs de aprendizagem que o
leverão a aprender a modalidade.
Não perca esta atividade.
tástica, água fabulosa...
Preço: Sob consulta
Dificuldade: Médio
Um Programa: Rafting Atlântico
Onde: Praia de Carcavelos
Preço: 196,80€ /pax.
Dificuldade: Iniciação.
Um Programa: Equinócio
Rota dos antepassados em Buggy
picos da europa
Conheça Cascais e Sintra em
buggy
Preço: 105€ (inclui entrada e
vista ao Convento dos Capuchos)
Um Programa: Guincho Adventours
curso essencial de
bushcraft
Esta atividade leva-nos numa travessia de montanha única, onde
paisagens deslumbrantes e grandes.
Preço: 520€ / pax
Dificuldade: Médio/Alto
Um Programa: Vertente Natural
história armações
Bushcraft é a arte de prosperar no mato, ou uma extensão
a longo prazo das técnicas de
Circuito de canoagem de aventura no Parque Marinho Professor Luís Saldanha (costa Sesimbra/Espichel), com pernoita em
sobrevivência.
Preço: 116,85€ / pax
Um Programa: Equinócio
acampamento.
Preço: Desde 78€ / pax
Um Programa: Vertente Natural
sob e sobre o montado
alentejano
a fóia marafada
A aldeia do Lousal funcionou
como uma aldeia mineira até
aos anos 80 do século XX.
Dificuldade: Médio/Alto.
Preço: Sob consulta.
Um Programa: Geosphera
128
Venha burricar na Costa Vicentina... vamos descobrir belas
paisagens campestres e falésias
fantásticas!
Preço: 120€ p/pax
Um Programa: Caminhos da Na-
Final da grande travessia da Costa Alentejana e Vicentina, com
chegada ao Cabo de São Vicente.
Preço: Desde 180€ / pax
Um Programa: Caminhos da Natureza
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Não fique aí, venha à descoberta
do Algarve verdadeiro! Atividade não recomendada a principiantes.
Locais: Sagres a Monchique.
Preço: A partir de 40€ / pax
Dificuldade: Médio
Um Programa: Geosphera
OUTDOOR mais de 75€
OUTDOOR mais de 75€
Atividades Outdoor
campo sniper
Venha aprender a modalidade
na praia da reserva de surf portuguesa
Onde: Praia de Ribeira d´Ilhas
Preço: 100€ /pack de 10 aulas
Um Programa: Pocean Surf Academy
Campo de férias repleto de
aventura para os mais pequenos, Atrevam-se
Locais: Campo Sniper
Preço: 285€ / pax
Dificuldade: Médio
Um Programa: Sniper
léguas piodão
léguas peneda
Serra do Açor, Fraga da Pena, Aldeia do Piodão. Mata da Margaraça.Estes são alguns dos condimentos para um fim de semana
de aventura e lazer.
Preço: 180€ / pax
Um Programa: Papa-Léguas
Eis uma oportunidade para conhecer uma das mais belas regiões de Portugal, o Parque Nacional da Peneda- Gerês.
Preço: 195€ / pax
Dificuldade: Médio
Um Programa: Papa-Léguas
bodyboard aventura
caynoning âncora
Colónia de férias externa recheada de atividades como bodyboard, missão impossível, jogos sem
fronteiras, entre outros.
Colónia de férias externa recheada de atividades como bodyboard, missão impossível, jogos sem
fronteiras, entre outros.
Onde: Arredores de Lisboa
Preço: 297,00€ /semana.
Um Programa: Equinócio
Onde: Rio Âncora
Preço: Sob consulta.
Um Programa: Nicho Verde
campo património
viagens finalistas
No Campo de Férias Património
pretendemos
levar as crianças a descobrir outra forma de estar
Programas pedagógicos e divertidos, pensados especialmente
para as crianças que terminam
mais um ciclo na sua vida escolar.
Onde: Alvito, Alentejo
Preço: 290,00€ /semana.
Um Programa: Rota do Fresco
Onde: Arredores de Lisboa
Preço: Desde 135,00€
Um Programa: Rota do Fresco
OUTDOOR Maio_Junho 2012
129
Atividades Outdoor
A revista Outdoor não se responsabiliza por eventuais alterações de preços e informações das atividades divulgadas. As mesmas são da responsabilidade das empresas que as organizam.
aulas surf
Desporto Adaptado
 Descobrir
Ecoparque Sensorial
pia da do Urso
São Mamede, Batalha
L
ocalizado a cerca de 10 quilómetros
de Fátima, na saída da Autoestrada
(A1), o Ecoparque Sensorial da Pia
do Urso, assume-se como a primeira
infraestrutura nacional outdoor concebida a pensar na população cega e amblíope.
Vale a pena conhecer esta aldeia, cuja designação toponímica remonta ao Século XVIII então designada por Piadussa – num local que
nos presenteia, num primeiro e imediato contacto, com a Natureza em todo o seu esplendor.
A Aldeia da Pia do Urso, localizada em pleno Ma130
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
ciço Calcário Estremenho, oferece-nos uma sensação única de descoberta da abundante fauna
e flora serranas, que no caso em apreço, se assumem como excelentes cartões de visita para
os visitantes. Carvalhos centenários e oliveiras
opulentas ladeiam todo o percurso sensorial
que merece ser efetuado e que recomendamos
vivamente para quem se faça acompanhar por
crianças.
Destacamos também uma observação atenta
ao magnífico e paciente trabalho de restauro
das habitações típicas que agora dão vida a esta
Desporto Adpatado
Ecoparque Sensorial
aldeia serrana, pertencente ao Concelho da Batalha. A pedra e a madeira são, por assim dizer,
os elementos estéticos principais das casas recuperadas em larga medida pelos proprietários
e que agora, com natural brio, as ostentam aos
turistas e visitantes.
Voltando à vocação acessível deste espaço, facto
que levou a que o Turismo de Portugal o premiasse em 2007 com uma Menção Honrosa no
concurso “Prémio Turismo - Valorização do
Espaço Público”, destacamos a componente do
Ecoparque sensorial. Na prática, este conceito
pretende levar até aos cidadãos portadores de
deficiência visual a possibilidade da apreensão
do meio envolvente que os rodeia utilizando,
para tal, os restantes sentidos, particularmente
o tacto e o olfacto.
Para a concretização de tal objetivo, foi construído um percurso composto por diversas estações sensoriais que, adaptadas aos cegos,
abordam e explicitam temáticas como a água,
a astronomia, a música e os jogos, Mais recentemente, fruto de um apoio financeiro atribuído
OUTDOOR Maio_Junho 2012
131
Desporto Adaptado
pela Fundação Gulbenkian, o Município da Ba- no local, do mel e do Vinho “Real Batalha”. São
talha, detentor do espaço, passou a disponiprodutos de grande qualidade e que por sinal,
bilizar gratuitamente aos visitantes
foram já distinguidos internacionalaudioguias que associam a cada
mente.
uma das diferentes estações
conteúdos literários de prosa
É também possível alugar
O traçado levae poesia. Uma junção feliz
algumas das casas típicas
-nos a conhecer uma
e que contribui para a dique se encontram logo à
boa parte desta zona
vulgação da literatura e
entrada da Aldeia. Para
serrana, com diversos midas preocupações com a
quem permaneça mais
acessibilidade.
do que um dia neste
radouros turísticos, moinhos
local, torna-se obriga(alguns deles em perfeito esDe volta à aldeia, adiantório realizar a rota petado de conservação) e ditamos que os visitantes
destre “Rota dos Moipodem efetuar refeições
nhos”. O traçado leva-nos
versos algares (poços nano restaurante típico que
a conhecer uma boa parte
turais provocados pela
ali se fixou, não sendo fácil
desta zona serrana, com dierosão da água).
encontrar mesa disponível
versos miradouros turísticos,
ao fim de semana sem marmoinhos (alguns deles em percação prévia, ou optar por um
feito estado de conservação) e dipiquenique num dos dois parques de
versos algares (poços naturais provomerendas criados para o efeito. Aconselhamos cados pela erosão da água). ø
vivamente, para matar saudades deste paraíso,
Rui Cunha
a compra do Azeite “Pia do Urso” que se vende
Município da Batalha
132
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
Espaço APECATE
Este espaço é seu
Envie-nos as suas dúvidas e questões sobre
temáticas de Animação Turística, Congressos e Eventos e a APECATE responderá.
[email protected]
Conquistar o Mercado Externo
Para as Empresas de Animação Turística (EAT),
seja qual for a sua dimensão, conquistar o mercado externo deixou de poder ser um objectivo
longínquo. Tem que ser entendido como uma
prioridade e, em muitos casos, como uma condição de sobrevivência.
A
s Empresas de Animação Turística
integram na sua oferta uma substancial diversidade de produtos, que podemos categorizar em três tipologias:
actividades de turismo de natureza e
aventura, actividades de turismo cultural e exploração de parques temáticos. Todos têm potencialidades no quadro da Internacionalização,
ou seja, todos são passíveis de comercialização
no mercado externo. Fazemos parte dos expor134
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
tadores e os nossos produtos têm grandes vantagens para o país: geram efeitos multiplicadores
significativos, contribuem decisivamente para a
sustentabilidade das regiões onde se desenvolvem e não são deslocalizáveis.
Interessa, pois, afinar estratégias para o sector
para que ele possa, consciente do seu valor, assumir o papel que lhe compete nesta fase do seu
desenvolvimento e, também, da crise do país.
À atenção de todos os que estão a pensar nestas
questões pela primeira vez e/ou se sentem menos informados, gostava de aqui deixar duas ou
três ideias simples sobre algumas das condições
requeridas para que o investimento na internacionalização valha a pena.
A primeira condição para a conquista do mercado externo é a estruturação do produto de
acordo com parâmetros de excelência que devem exprimir-se quer ao nível da natureza da
oferta quer ao nível da prestação do serviço.
tínhamos considerado importante mas, pelo
contrário, para avançarmos com uma estratégia de sucesso.
Definir os mercados-alvo
Criadas as condições-base, surge a segunda
No que respeita à natureza da oferta, é impor- pergunta: vamos vender a quem?
tante ter em conta o que se passa nos destinos
concorrentes de Portugal e construir o nosso Os mercados prioritários para cada região do
produto valorizando tudo o que ele tem de úni- país são definidos pelo Turismo de Portugal
co e singular. Não temos a paisagem mais fan- que também definiu, no PENT, actualmente
tástica do mundo, nem o património construído em revisão, os respectivos produtos estratégimais rico, nem a gastronomia e os vinhos mais cos. Fazer escolhas diferentes significará semapreciados do planeta. Mas, se calhar, somos pre menor possibilidade de apoio institucional.
um país onde, de forma genuína, estes valores Mas, em particular em produtos de nicho, pode
se articulam a uma escala ainda muito humana, valer a pena.
que é especial e nos distingue. Transformar estas potencialidades em produto é um desafio
Como conseguir os dados necessários à
sem receita para todas as empresas. O
definição da estratégia de cada emque oferecemos tem que estar tão
presa? Será obrigatório recorrer
bem construído e ser comuniaos serviços de empresas es“No que respeita
cado de forma tão eficaz que
pecializadas em análises de
à natureza da oferos nossos potenciais clienmercado?
tes têm que perceber que a
ta, é importante ter em
experiência que estamos a
Cada um saberá das suas
conta o que se passa nos
oferecer só pode ser vivida
necessidades e, sobretudestinos concorrentes de do, das suas finanças. Mas
connosco e em Portugal.
Numa palavra, temos que
tudo indica que grande
Portugal e construir o nossaber diferenciar o nosso
parte
das empresas não
so produto valorizando
produto.
utiliza ainda o que o Estado,
tudo o que ele tem de
com os impostos que nos coMas não basta ter um produto
único e singular.”
bra, põe à nossa disposição. É
aliciante e conquistar clientes.
o caso das Equipas de Turismo
Sem uma prestação de serviço de
no estrangeiro que “são responelevada qualidade, os que vêm uma
sáveis por actividades promocionais
vez não só não voltam como promovem um bo- institucionais e por apoiar empresas portugueca-a-boca negativo que, em muitos casos, pode- sas com objectivos de internacionalização nos
rá matar à nascença os seus responsáveis direc- mercados turísticos da Alemanha, (que tamtos, o produto e o destino.
bém coordena as acções na Suíça, Áustria e
República Checa), do Brasil, da Escandinávia,
Por isso, todos temos que nos interrogar sobre a de Espanha, dos Estados Unidos (que coordena
formação dos nossos recursos humanos. Cum- o mercado no Canadá), de França, da Holanda
prem os requisitos? Dominam os idiomas dos (que também abrange a Bélgica e o Luxemburmercados que nos propomos conquistar? Estão go), da Irlanda, de Itália, da Polónia, da Rússia
familiarizados com as diferenças que existem e do Reino Unido”.(Fonte: Turismo de Portugal)
entre clientes oriundos de países diferentes?
Precisam de formação suplementar? O mesmo São estas Equipas que poderão dar-nos as prise diga sobre os nossos fornecedores que, ou meiras informações de que necessitamos para
estão sintonizados com a essência do nosso pro- começarmos a cruzar as características do
jecto e vestem a sua camisola ou podem trans- nosso produto com as tendências da procura
formar-se, objectivamente, em agentes da sua dos mercados que já operam, ou se preparam
destruição.
para operar, em Portugal. Basta contactá-las e
perguntar, tendo como linha orientadora que,
Em síntese, temos que perguntar com humilda- para que a resposta seja eficaz, a pergunta tem
de a nós próprios: estamos preparados? o que que ser bem feita. Quem pergunta generalidanos falta? Não para ficarmos paralisados pela des recebe generalidades. Mas quem tem um
OUTDOOR Maio_Junho 2012
135
Espaço APECATE
Mercado Externo
Qualificar e diferenciar o produto consciência de que há algo a fazer que não
Espaço APECATE
objectivo preciso obterá, seguramente, uma resposta
precisa.
Link: Turismo de Portugal
“Tendo o produto estruturado
e os mercados prioritários definidos, temos
agora que decidir
sobre o processo de
venda.”
Desenvolver parcerias
na promoção e venda
Tendo o produto estruturado e os mercados prioritários definidos, temos agora que decidir sobre o processo de venda.
Embora o modus operandi possa ser complexo,
a resposta é simples: ou podemos vender directamente, a individuais, a agências, a operadores, a quem quisermos; ou temos que recorrer
a terceiros que aceitem intermediar os programas que lhes propomos, ou que integrem os
nossos produtos nos seus programas.
Como bem sabem as EAT, a venda de produtos
em regime de tudo incluído exige a intermediação de uma Agência de Viagens e Turismo
(AVT). Até 2011, os custos inerentes ao upgrade
das EAT, já previsto na legislação das AVT então
em vigor, eram demasiado elevados para o seu
136
Maio_Junho 2012 OUTDOOR
volume de negócios. Felizmente, a aplicação às AVT da mesma
Directiva Europeia para os Serviços, que esteve na base do DL
108/2009 das EAT, veio diminuir
os custos de constituição das agências e, assim, abrir portas à inscrição
das EAT no RNAVT. O que várias já fizeram. A revisão em curso do DL 61/2011 de 6 de
Maio ampliará ainda mais esta possibilidade.
De qualquer forma, não é forçoso que todas as
EAT tenham a dinâmica necessária à conquista
do mercado externo por esta via. Neste particular, a palavra de ordem é estabelecer parcerias
que tenham em conta e salvaguardem os projectos das entidades parceiras. Cada vez mais a
união faz a força e é altura de as empresas perceberem as vantagens de se associarem para
conseguirem, com custos menores, benefícios
maiores.
Finalmente, o financiamento
Temos capitais próprios para investir no nosso
projecto ou precisamos de financiamento? Na 2ª
Mas existem outros tipos de candidaturas. Ao
nível das Agências Regionais de Promoção Turística (ARTP), as entidades com quem o TP estabelece protocolos para a distribuição de fundos para a promoção, podem ser especialmente
apetecíveis os chamados Planos de Comercialização e Venda.
to comercial ou de promoção conjunta e novos
canais de comercialização. Por exemplo, uma
empresa (ou grupo de empresas) que pretenda construir um website dirigido à promoção
no mercado externo pode ser subsidiado a fundo perdido em valores que rondam os 50%.
Link: Turismo de Portugal
Diga-se, em jeito de conclusão, que podemos
começar sozinhos e é sempre uma experiência
positiva: pesquisar na Net, descobrir operadores, ter um bom website em língua estrangeira
e disparar.
O universo da promoção e marketing também
tem a sua quota-parte de aleatório e às vezes a
roleta joga a favor de quem arrisca na busca solitária perseverante do parceiro certo. Mas, hoje,
o futuro está mesmo nas boas parcerias que nos
fazem ganhar escala: ao nível do produto e ao
nível da promoção e comercialização.
É desta experiência de busca de sinergias que a
Com este instrumento de promoção, os
APECATE é exemplo: na sua própria consprivados e as ARPTs podem definir
tituição e na forma como se tem prouma estratégia de promoção mais
posto apoiar as empresas associadas
“Hoje, o
adequada às necessidades de cada
no caminho da internacionalizafuturo está
região e do tecido empresarial,
ção. ø
através da presença em feiras
nas boas parAna Barbosa - Presidente da Direcção
internacionais, acções de contacAPECATE
Este artigo encontra-se escrito sob o antigo acordo ortográfico
cerias que nos
fazem ganhar
escala”
OUTDOOR Maio_Junho 2012
137
Espaço APECATE
Mercado Externo
hipótese, há que estar muito atento. Diariamente.
Têm-se multiplicado as sessões de informação
e esclarecimento sobre os fundos do QREN de
apoio à internacionalização das empresas. No
website do Turismo de Portugal (www.turismodeportugal.pt) está constantemente a ser
actualizado o calendário dos concursos, acompanhado de explicações sobre os destinatários
e os projectos elegíveis. Os interessados devem
habituar-se a esta consulta e aproveitar para
navegar um pouco por um portal que tem mais
interesse para o Turismo do que à primeira vista
poderá pensar-se.
A fechar
I Alentejo Orienteering Trophy
Conhecida como a “Terra dos Tapetes” e pelas suas condições naturais de excelência, Arraiolos será o centro do I Alentejo Orienteering
Trophy (ALOT) 2012 nos dias 23 e 24 de Junho de 2012.
Mais Informações:
I Alentejo Orienteering Trophy
AXtrail®series 2012
2 de Junho 2012: #02 SERIE - Alvaiázere
Na transição entre o xisto e o calcário, o AXtrail regressa a Alvaiázere, no extremo Oeste do território das Aldeias do Xisto. O percurso
possui cerca de 28 km e um desnível acumulado de 1100m.
Mais Informações:
Axtrail
LISBOA ANTIGA DE BICICLETA
A FPCUB organiza novamente e pela 20ª vez um passeio turístico
pela cidade de Lisboa em bicicleta.Para participar basta apenas uma
bicicleta (BTT, citybike, dobrável ou convencional) e vontade de conhecer Lisboa de uma forma saudável e ecológica.
Mais Informações:
Lisboa Antiga de Bicicleta
Tejo ciclável
O dia 24 de junho vai ficar na memória de quem entrar nesta grande
aventura... Vem fazer a travessia da Ponte Vasco da Gama com a tua
bicicleta!
Mais Informações:
Tejo Ciclável
Aplicação iFlipViewer
Bem-vindo ao FlipViewer Xpress (i-Edition), uma experiência de
leitura agradável Flipbook para o IPAD. Esta é a aplicação aconselhada para poderes ler a tua Revista Outdoor no teu IPAD.
Descarrega gratuitamente aqui:
Iflipviewer
138
Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR
meia maratona sport zone
A Meia Maratona Sport Zone é dia 16/09/12 e já te podes inscrever
online na Meia Maratona Sport Zone ou na Mini Maratona Santander Totta. O primeiro período de inscrição é até 30 de Junho.
Mais Informações:
Meia Maratona Sport Zone
mus 2012
O MUS PORTUGAL é a mais divertida corrida de aventura, um desafio de equipa aberto a todos os que gostam de estar em movimento e ao ar livre, com mais de 14 anos idade.
Depois da enorme adesão registada nas duas edições anteriores,
a Merrell volta assim a trazer a Portugal a maior e mais divertida
corrida de aventura mas com algumas novidades !
Évora, Porto, Coimbra, Lisboa, Guimarães, Leiria e Braga são as
cidades que vão acolher o MUS PORTUGAL 2012. Esta iniciativa
tem por base a corrida, mas outras modalidades podem surpreender as equipas ao longo das diferentes provas, como por exemplo
desafios de bicicleta, trotineta, carrinho de compras, patins, skate,
orientação entre outros elementos surpresa.
Mais Informações:
Mus Portugal 2012
OUTDOOR Setembro_Outubro 2011
139
Onde
eficiência
e cOntrOlO
se juntam.
OCCAM
Advanced Dynamics é a tecnologia com que criámos
a bicicleta de trail mais eficiente do mercado. Uma
máquina que te fará subir mais ágil do que nunca
e te dará o máximo controlo para fazeres faísca
em qualquer descida. Nova Orbea Occam, onde
eficiência e controlo se juntam.
ADY
GSB
THT
CHT
www.orbea.com

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