o sector eléctrico em portugal continental
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O SECTOR ELÉCTRICO EM PORTUGAL CONTINENTAL CONTRIBUTO PARA DISCUSSÃO 31 de Março de 2011 O presente documento resume as principais conclusões do Estudo “O Sector Eléctrico em Portugal Continental” elaborado em Março de 2011 pelo Banco BPI e disponível para consulta em versão integral no site do Banco BPI (www.bancobpi.pt). 2 ÍNDICE 1. ASPECTOS CHAVE DO SECTOR 2. PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO 3. ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PREVISTOS 3 1. ASPECTOS CHAVE DO SECTOR Reduzida autonomia energética Luxemburgo 2% Chipre 3% Irlanda Elevada intensidade energética 10% Itália 15% Portugal 18% Espanha 21% Bélgica 23% Grécia 31% Zona Euro 36% Alemanha 39% UE (27 países) 47% França 49% Reino Unido 75% Dinamarca 134% Noruega 0% 0% 20% 40% 60% 140% 160% # País Indicador # País 1 Dinamarca 103,13 15 Bélgica Indicador 199,82 2 Irlanda 106,52 16 Chipre 213,39 3 Reino Unido 113,66 17 Finlândia 217,79 4 Áustria 138,06 18 Eslovénia 257,54 5 Itália 142,59 19 Letónia 308,74 6 Alemanha 151,12 20 Polónia 383,54 7 Suécia 152,08 21 Hungria 401,35 8 Luxemburgo 154,61 22 Lituânia 417,54 9 França 166,74 23 Eslováquia 519,68 10 Grécia 169,95 24 R. Checa 11 Holanda 171,58 25 Estónia 570,51 12 Espanha 176,44 26 Roménia 614,57 13 Portugal 181,53 27 Bulgária 944,16 14 Malta 194,88 525,3 180%735% 200% 80% 100% 120% 100% 40%200%60% 300% 20% 80% 400% 100% 500% 140% 600% 600% 700% 700% 120% 160% 180% 800% 200% 800% Portugal ocupa a 22.ª posição em termos de autonomia energética (peso da produção doméstica no consumo de energia primária) com um rácio de 17,8% correspondente a 38% da média Europeia. Fonte: Eurostat (2008) 4 Portugal ocupa a 13.ª posição em termos de intensidade energética (consumo de energia primária por unidade de PIB) com um indicador de 181,5 face a 167,1 em termos médios para a Europa dos 27 (+8,6%). 1. ASPECTOS CHAVE DO SECTOR Forte dependência das importações de energia primária Repartição do Consumo de energia primária em Portugal Biodiesel Outros 5% Renováveis 1% 30,000 25,000 Produção doméstica (média 00-09): 16% 20% 1.000 tep 20,000 Hídrica 16% Licores Sulfíticos 17% Eólica 13% Resíduos Sólidos Urbanos 4% Resíduos Industriais 1% 15,000 Importações Líquidas (média 00-09): 84% 10,000 80% 5,000 0 2000 Solar Térmico 1% Lenhas e Resíduos Vegetais 42% Produção Doméstica (2009) = 4.873 mil tep 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009P Electricidade 2% Consumo de energia primária (2009) = 24.139 mil tep Gás natural 22% As importações líquidas representaram cerca de 84% do consumo de energia primária, em média, entre 2000 e 2009, com uma preponderância do petróleo (60% das importações líquidas em 2009). A produção doméstica de energia primária concentra-se nas fontes de energia renováveis, com as lenhas e resíduos vegetais a representarem 42% do total em 2009. Fonte: DGEG 5 Carvão 16% Petróleo 60% Importações Líquidas (2009) = 19.410 mil tep 1. ASPECTOS CHAVE DO SECTOR Importância do petróleo e do sector dos transportes no consumo de energia Consumo de Energia Final em 2009 (1.000 Transportes Indústria tep) Doméstico Serviços Agricultura e pesca Total peso % no consumo total de energia final 0 22 0 0 0 22 0,1% 6.703 1.508 531 481 332 9.555 52,8% Gás Natural 12 933 265 204 6 1.420 7,8% Electricidade 51 1.322 1.220 1.445 85 4.123 22,8% Calor 0 1.107 0 15 1 1.123 6,2% Resíduos Industriais 0 39 0 0 0 39 0,2% Outras Renováveis 4 619 1.185 8 0 1.816 10,0% 6.771 5.550 3.201 2.152 424 18.098 100,0% 37,4% 30,7% 17,7% 11,9% 2,3% 100,0% Carvão Petróleo Total peso % no consumo total de energia final Fonte: DGEG O petróleo é a principal forma de consumo de energia final em Portugal (53% do total) representando o sector dos transportes 70% deste consumo em 2009. A electricidade é a segunda forma mais importante de consumo de energia final (23% do total) com a seguinte repartição por principais sectores consumidores: serviços com 35%, indústria com 32% e pelo sector doméstico com 30% do total. 6 1. ASPECTOS CHAVE DO SECTOR Défice da balança energética Financiamento externo 11.000 40% 10.000 32,5% 33,8% 35,1% 35% 32,7% (Milhões de euros) 9.000 8.073 28,3% 8.000 7.000 26,3% 22,9% 22,8% 24,0% 5.923 6.215 3.792 3.766 (saldos em % do PIB) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010E 1. Balança Corrente e de Capital -8,9 -9,0 -6,6 -4,2 -6,1 -8,3 -9,2 -8,9 -11,1 -9,4 -8,9 1.1 Balança Corrente -10,2 -9,9 -8,1 -6,1 -7,6 -9,5 -10,0 -10,1 -12,6 -10,3 -9,7 1.1.1 Bens -12,9 -12,0 -10,4 -9,1 -10,3 -11,0 -10,8 -11,4 -13,4 -10,4 -10,6 25% 6.271 4.960 20% 5.000 4.000 30% 25,6% 6.000 Necessidades de Financiamento Externo da Economia: Balança Corrente e de Capital 4.176 3.551 15% 3.537 3.000 dos quais Energia -3,1 -2,9 -2,6 -2,6 -2,9 -4,0 -4,0 -3,7 -4,7 -2,9 -3,4 10% 1.1.2 Serviços 1,8 2,2 2,5 2,6 2,8 2,6 3,2 3,9 3,8 3,6 4,0 5% 1.1.3 Rendimentos -2,1 -3,0 -2,3 -1,7 -2,1 -2,6 -4,1 -4,2 -4,5 -4,7 -4,4 0% 1.1.4 Transferências Correntes 3,0 2,9 2,2 2,1 2,0 1,5 1,6 1,5 1,4 1,3 1,4 1.2 Balança de Capital 1,4 0,9 1,5 1,9 1,5 1,2 0,8 1,2 1,5 0,8 0,7 2.000 1.000 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Exportações Importações Défice da Balança Energética Peso da balança energética na balança de bens Fonte: Banco de Portugal e MEID Fonte: DGEG O défice da balança energética foi, em média, no período 2000-2009, de 5,0 mil milhões de euros, acompanhando a evolução do preço dos combustíveis fósseis nos mercados internacionais, com valores de 8,1 mil milhões de euros em 2008 e de 5,0 mil milhões de euros em 2009. As necessidades de financiamento externo da economia portuguesa são fortemente influenciadas pela Balança de bens energéticos cujo saldo atingiu na última década um máximo de 4,7% do PIB em 2008. 7 1. ASPECTOS CHAVE DO SECTOR Regimes de subsidiação da produção/potência instalada 120 110 101,3 100 101,0 90 97,3 euros/MWh 2008 77,7 80 70 97,1 96,2 75,8 2009 Custo médio anual CAE Custo médio anual PRE 72,2 72,0 Custo médio anual CMEC 60 53,4 50 Preço médio anual MIBEL - Portugal 40,2 40 39,3 30 2008 2009 2010 O preço da electricidade no MIBEL não reflecte o custo de produção de electricidade, uma vez que: – Os produtores em regime ordinário (PRO) auferem preços superiores, dado beneficiarem, na sua maioria, dos regimes de Contratos de Aquisição de Energia (CAE), de Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) e de garantia de potência. – Os produtores em regime especial (PRE), por seu lado, gozam de prioridade de escoamento da produção e de tarifas reguladas, apenas entrando na formação do preço de mercado de forma indirecta. Na realidade, a produção PRE, que representou 29% do consumo em 2009, é adquirida directamente pela EDP Serviço Universal, o que contribuirá para reduzir o preço de mercado. 8 1. ASPECTOS CHAVE DO SECTOR Défice tarifário Evolução do preço do petróleo 2008 2.200 160 2.000 140 120 1.600 1.400 100 1.200 80 2.019 1.000 1.892 800 1.759 60 600 40 820 400 20 621 200 325 0 0 2006 2007 2008 2009 2010 Jan-00 Jul-00 Jan-01 Jul-01 Jan-02 Jul-02 Jan-03 Jul-03 Jan-04 Jul-04 Jan-05 Jul-05 Jan-06 Jul-06 Jan-07 Jul-07 Jan-08 Jul-08 Jan-09 Jul-09 Jan-10 Jul-10 Jan-11 Mihões de euros 1.800 2011 O défice tarifário do sector eléctrico era de 1.759 milhões de euros em Dezembro de 2010 tendo sido gerado, em grande parte, no ano de 2008, em resultado da subida não antecipada do preço dos combustíveis nos mercados internacionais e da “fuga” de consumidores do mercado liberalizado para o mercado regulado. O défice tarifário gerado em 2008, acrescido dos respectivos encargos financeiros, é repercutido nas tarifas eléctricas pagas pelos consumidores num prazo de 15 anos, com efeitos a partir de 2010. 9 ÍNDICE 1. ASPECTOS CHAVE DO SECTOR 2. PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO 3. ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PREVISTOS 10 2. PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO Modelo de organização do sector (2010 VS. 2030) ORGANIZAÇÃO DO SECTOR ELÉCTRICO EM 2030 ORGANIZAÇÃO DO SECTOR ELÉCTRICO EM 2010 Produção em regime ordinário Produção em regime ordinário (Pagamento pela Produção – Hídricas e Pagamento pela Disponibilidade Térmicas) (CAE, CMEC, Garantia de Potência) Operador da Rede de Transporte Produção em regime especial Produção em regime especial (Feed-in Tariff – novos e Mercado – antigos) (Feed-in Tariff) Operador da Rede de Distribuição Operador da Rede de Transporte Operador da Rede de Distribuição Comercializador de Último Recurso (CUR) Comercializadores em regime de mercado Comercializador de Último Recurso (CUR) Comercializadores em regime de mercado Consumidores do mercado regulado Consumidores do mercado liberalizado Consumidores beneficiários da tarifa social Consumidores do mercado liberalizado Nota: A dimensão das caixas espelha a importância relativa de cada actividade Circuito da produção de electricidade em regime ordinário Circuito da produção de electricidade em regime especial Baseado em esquema ERSE 11 2. PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO Modelo de organização do sector (2010 VS. 2030) O PNAER prevê um forte investimento até 2020 em produção de electricidade com base em fontes de energia renovável, conduzindo a: – – Quanto à produção em regime especial: – – A potência actualmente instalada, mais concretamente a eólica, deixará em grande parte de beneficiar da feed-in tariff, entre 2020 e 2025, passando a vender a energia produzida no mercado; É expectável que os novos investimentos continuem a beneficiar de um mecanismo de tarifas fixas. Relativamente à produção em regime ordinário: – – – Maior peso da produção em regime especial no consumo de electricidade; Capacidades térmicas subutilizadas na medida em que passam a existir essencialmente para segurança de abastecimento, dada a intermitência das fontes de energia renováveis. Os CAE em vigor terminam em 2021 (Tejo Energia) e em 2024 (Turbogás); As centrais termo e hidroeléctricas actualmente com CMEC deixam de beneficiar deste regime até 2027; Caso o plano de investimentos constante do PNAER seja implementado é expectável que a potência termoeléctrica instalada venha a ser remunerada em grande parte pela disponibilidade e que as grandes hídricas, que se incluem nas fontes de energia renováveis, sejam pagas pela produção. Por último, no que respeita à comercialização, a tendência é no sentido do aumento dos consumidores em mercado liberalizado, passando o mercado regulado apenas a ser aplicável aos consumidores economicamente mais vulneráveis, beneficiários de uma tarifa social. 12 ÍNDICE 1. ASPECTOS CHAVE DO SECTOR 2. PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO 3. ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PREVISTOS 13 3. ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PREVISTOS Metodologia e objectivos da análise desenvolvida Desenvolveram-se três cenários de realização futura de investimentos no sector eléctrico: – Cenário PNAER: pressupõe a realização dos investimentos previstos no Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis; – Cenário Intermédio: pressupõe que apenas são realizados os investimentos relativos a projectos já adjudicados, ainda que não estejam em fase de desenvolvimento; – Cenário de Investimento Mínimo: pressupõe que apenas são realizados os investimentos mínimos necessários para fazer face à evolução estimada do consumo de ponta de electricidade. – Nota: Em todos os cenários desenvolvidos assume-se o descomissionamento da central termoeléctrica do Carregado (710 MW), da central termoeléctrica de Tunes (165 MW), da central termoeléctrica de Setúbal (946 MW) e de parte da central termoeléctrica de Sines (380 MW). Seguidamente: – Procedeu-se a uma análise comparativa do custo global e unitário de produção de electricidade até 2020 nos três cenários; – Apurou-se o ponto de indiferença do preço do petróleo que iguala, em termos dos custos de produção de electricidade, o Cenário PNAER e o Cenário Intermédio ao Cenário de Investimento Mínimo. 14 3. ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PREVISTOS Investimento nos 3 cenários considerados Investimento Previsto nos Cenários alternativos analisados (até 2020) Cenário PNAER (a preços de 2010) Reforços de potência hídrica (EDP) 2 novos aproveitamentos hidroeléctricos (EDP) Cenário Intermédio Cenário de Investimento Mínimo Potência (MW) Investimento (milhões euros) Potência (MW) Investimento (milhões euros) Potência (MW) Investimento (milhões euros) 1.951 1.236 1.951 1.236 1.951 1.236 248 372 248 372 248 372 Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH) 2.204 3.306 2.204 3.306 2.204 3.306 Novas Centrais de Ciclo Combinado a Gás Natural 1.660 1.079 1.660 1.079 830 540 Aumento de potência eólica 2.619 3.405 2.400 3.120 0 0 Aumento de potência minihídrica 340 408 82 98 0 0 Aumento de potência solar 1.344 4.704 160 558 0 0 Aumento de potência energia das ondas 245 980 0 0 0 0 Aumento de potência biomassa e geotermia 355 888 250 625 0 0 10.966 16.378 8.955 10.395 5.233 5.454 Total Investimentos mínimos necessários para satisfação do consumo estimado em ponta até 2020: PNBEPH com 2.204 MW; Reforços de potência hídrica com 1.951 MW; Novos aproveitamentos hidroeléctricos de Ribeiradio (77 MW) e Baixo-Sabor (171 MW); 1 central termoeléctrica em Sines com 830 MW (não seria necessária a central termoeléctrica de Lavos com 830 MW). O valor do investimento previsto realizar até 2020, a preços de 2010, ascende a cerca de 16.378 milhões de euros no Cenário PNAER (10.966 MW), obtendo-se nos dois cenários alternativos uma redução substancial do montante do investimento e garantindo-se, ainda assim, a potência instalada necessária para a resposta ao consumo de ponta: – No Cenário Intermédio obtém-se uma redução de 37% no montante de investimento, ou seja, -5.983 milhões de euros; – No Cenário de Investimento Mínimo atinge-se uma redução de 67% no montante de investimento, ou seja, -10.924 milhões de euros. 15 3. ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PREVISTOS Custos normalizados, capacidade de produção e hierarquia de utilização das tecnologias Factor de Utilização(1) Custos normalizados de produção (euros por MWh, a preços 2011)(2) Disponibilidade (euros por MW, a preços 2011) Eólica 26,2% 71 - Mini hídrica 23,8% 73 - Fotovoltaica 19,6% 243 - Ondas 30,0% - - Biomassa (sem cogeração) 81,0% 117 - Outras térmicas PRE 85,0% 100 - 22,5% a 16,3% 63 a 81 - Gás natural com CO2 85,5% 79 86.812 Carvão com CO2 85,5% 70 189.050 Tecnologia Grande Hídrica (PRO)(3) Nota 1: Factor de utilização = factor de disponibilidade x factor de produção Nota 2: Os custos normalizados foram calculados pelo BPI com base em estimativas de custos de investimento, de operação e manutenção, de matérias-primas e de emissões de CO2 (quando aplicável), de factores de utilização e de rentabilidade objectivo dos investidores em projectos-tipo de cada tecnologia, e representam o preço de venda da electricidade em 2011 considerando a respectiva evolução à taxa de inflação ao longo de toda a vida útil dos equipamentos. Nota 3: Relativamente à Grande Hídrica, consideraram-se os factores de utilização constantes do PNAER (a evoluir de um máximo de 22,5% em 2011, para um mínimo de 16,3% em 2020) e custos de investimento em nova potência de 1.500 mil euros por MW e de 634 mil euros por MW relativamente aos reforços de potência. 16 HIERARQUIA DE UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE ELECTRICIDADE PARA SATISFAÇÃO DO CONSUMO NACIONAL 1.º Utilização de toda a produção em regime especial, dado ter escoamento garantido na rede. 2.º Utilização da produção hidráulica em regime ordinário, dado ser uma tecnologia com custos variáveis de produção mais reduzidos do que a térmica 3.º Utilização da produção térmica em regime ordinário, com prioridade do carvão sobre o gás natural, dados os custos variáveis de produção mais baixos do carvão 3. ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PREVISTOS Evolução dos custos anuais globais de produção de electricidade (a preços de 2011) (valores em milhões de euros, a preços de 2011) 2011E 2012E 2013E 2014E 2015E 2016E 2017E 2018E 2019E 2020E Cenário PNAER Custos da Produção 4.131 4.184 4.305 4.384 4.691 4.833 4.985 5.226 5.298 275 325 339 345 361 405 404 400 420 427 4.406 4.509 4.644 4.729 5.052 5.238 5.388 5.626 5.718 5.786 (A)/(C) 101% 102% 103% 105% 106% 108% 108% 109% 110% 111% Custo unitário (euros por MWh) 84,0 85,4 87,1 88,3 90,1 91,7 92,7 92,8 93,8 94,4 4.131 4.180 4.281 4.327 4.600 4.705 4.819 5.021 5.053 5.078 275 325 337 338 350 389 382 372 384 381 Custos de Disponibilidade Total de Custos (A) 5.358 Cenário Intermédio Custos da Produção Custos de Disponibilidade Total de Custos (B) (B)/(C) Custo unitário (euros por MWh) 4.406 4.505 4.618 4.665 4.950 5.094 5.201 5.393 5.437 5.459 101% 102% 103% 103% 104% 105% 105% 104% 104% 104% 84,0 85,3 86,7 87,1 88,3 89,2 89,5 88,9 89,2 89,1 4.113 4.130 4.209 4.243 4.517 4.627 4.740 4.946 4.984 5.009 Cenário Investimento Mínimo Custos da Produção Custos de Disponibilidade Total de Custos (C) Custo unitário (euros por MWh) 261 284 280 278 245 242 234 218 223 219 4.374 4.414 4.490 4.522 4.762 4.868 4.974 5.164 5.207 5.228 83,4 83,5 84,2 84,5 84,9 85,3 85,6 85,1 85,4 85,3 Face ao Cenário de Investimento Mínimo, o custo global de produção de electricidade até 2020 a preços de 2011, é: No Cenário PNAER (i) em 2020 superior em 558 milhões de euros (+10,7%) e (ii) em termos acumulados entre 2011 e 2020 superior em 3,1 mil milhões de euros (+6,4%); No Cenário Intermédio (i) em 2020 superior em 231 milhões de euros (+4,4%) e (ii) em termos acumulados superior em 1,7 mil milhões de euros (+3,6%). Conclui-se que, considerando a manutenção ao longo do período de projecções do preço do petróleo brent nos mercados internacionais nos níveis considerados no estudo para o ano base (97,8 dólares por barril) e os pressupostos de custeio unitário e de disponibilidade desenvolvidos pelo BPI, a não realização dos investimentos previstos no PNAER em fontes de energia renovável incluídas na produção em regime especial e da nova central termoeléctrica de Lavos seria economicamente mais vantajosa do que a implementação do PNAER. 17 3. ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PREVISTOS Evolução dos custos anuais unitários de produção de electricidade (a preços de 2011) 100,0 100,0 Custo unitário no Cenário PNAER Custo unitário no Cenário Investimento Mínimo 95,0 93,8 92,7 94,4 92,8 91,7 92,5 90,1 90,0 88,3 87,1 87,5 82,5 89,5 88,3 85,4 85,0 89,2 84,0 84,0 86,7 83,4 83,5 2011E 2012E 84,2 88,9 89,2 89,1 87,1 85,3 84,5 84,9 85,3 Custo unitário no Cenário Intermédio 97,5 Custo unitário no Cenário Intermédio 85,6 85,1 85,4 85,3 euros por MWh, a preços de 2011 euros por MWh, a preços de 2011 97,5 Custo Unitário no Cenário Intermédio com fotovoltaicas 95,0 93,8 92,7 91,7 92,5 94,5 92,7 +1.185 MW fotovoltaico 90,1 90,0 88,3 87,5 87,1 85,4 85,0 84,0 86,7 89,2 89,5 2016E 2017E 88,3 88,9 89,2 89,1 2018E 2019E 2020E 87,1 85,3 84,0 82,5 80,0 80,0 2013E 2014E 2015E 2016E 2017E 2018E 2019E 2020E Os custos unitários correspondentes ao Cenário PNAER e ao Cenário de Investimento Mínimo apresentam uma tendência divergente à medida que o peso das FER aumenta, atingindo a diferença máxima em 2020 com o custo de produção (a preços de 2011) no Cenário de Investimento Mínimo inferior em 9,1 euros por MWh (9,6%). 2011E 2012E 2013E 2014E 2015E O investimento adicional de 1.185 MW em potência fotovoltaica altera drasticamente a evolução dos custos unitários ao longo do tempo, atingindo, em 2020, um custo unitário médio por MWh semelhante ao verificado no Cenário PNAER. O investimento em potência adicional fotovoltaica deve ser reequacionado, uma vez que não se justifica do ponto de vista económico, conduzindo a um agravamento muito substancial dos custos de produção de electricidade em Portugal. 18 3. ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PREVISTOS Correlações do preço do petróleo com gás natural e carvão Preços Históricos - Carvão & Brent Preços Históricos - Gás Natural & Brent 12,0 40,0 20,0 Gás Natural (Alemanha) (USD / mmbtu) Brent (USD / Barril) 19 Carvão (USD / Ton) 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 0,0 1987 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 0,0 1990 0,0 1989 0,0 1988 2,0 20,0 1987 20,0 Brent (USD / Barril) USD/Ton 60,0 40,0 1992 4,0 80,0 60,0 1991 40,0 100,0 1990 6,0 USD/Barril 60,0 80,0 USD/mmBTU 8,0 140,0 120,0 10,0 80,0 USD/Barril 100,0 1989 100,0 y = 1,0638x + 16,102 R² = 0,8424 1988 y = 0,1264x - 0,0178 R² = 0,9531 160,0 120,0 14,0 120,0 3. ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PREVISTOS Ponto de indiferença do preço do petróleo (a preços de 2011) CENÁRIO INTERMÉDIO CENÁRIO PNAER 113,8 115,0 115,00 113,8 109,8 109,8 110,00 105,7 105,7 105,0 100,8 100,0 97,8 98,5 99,5 104,6 102,9 100,9 101,2 96,1 95,0 106,3 101,6 Custo unitário em euros por MWh (produção e disponibilidade) Custo unitário em euros por MWh (produção e disponibilidade) 110,0 97,6 94,43 95,1 93,5 Ponto de indiferença 172,1 dólares por barril a preços de 2011 90,0 89,4 85,0 85,33 80,0 105,00 106,7 101,6 104,2 100,8 101,7 100,00 97,6 94,1 95,00 99,1 96,6 95,1 91,6 90,00 98,6 95,1 93,5 89,10 89,4 Ponto de indiferença 144,7 dólares por barril a preços de 2011 85,00 85,3 80,00 0% 20% 40% 48% 60% 76% 80% 100% 120% 140% 0% 40% 48% 60% 76% 80% 100% 120% 140% Variação percentual do preço do petróleo do ano base (a preços de 2011) Variação percentual do preço do petróleo do ano base (a preços de 2011) Cenário PNAER 20% Cenário Intermédio Cenário de Investimento Mínimo 20 Cenário de Investimento Mínimo 3. ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PREVISTOS Conclusões Os investimentos previstos no PNAER devem ser reequacionados com impactos favoráveis, tanto ao nível da redução do investimento previsto (-10,9 mil milhões de euros), como de uma menor pressão para subida das tarifas eléctricas (conforme hipóteses consideradas no estudo para o preço do petróleo). Verifica-se que: – A tecnologia fotovoltaica não é actualmente minimamente competitiva com as restantes tecnologias de produção de electricidade, pelo que os investimentos previstos, de cerca de 1.344 MW e 4,7 mil milhões de euros, não devem ser efectuados, pelo menos até que esta tecnologia atinja uma maior maturidade tecnológica. – Os investimentos previstos na central termoeléctrica a gás natural de Sines (830 MW) e em centrais hídricas (considerando tanto a nova potência, como os reforços de potência) são suficientes para fazer face ao consumo de electricidade estimado em ponta até 2020, pelo que o investimento previsto na central termoeléctrica de Lavos, com 830 MW de potência instalada e 540 milhões de euros de investimento, não deve ser implementado. – Dado o actual contexto de endividamento e de mercados financeiros, o investimento previsto em nova potência eólica, ascendente a 2.619 MW de potência instalada e a 3,4 mil milhões de euros, deve ser adiado. 21