Juan López Diana Larrea Abigail Lazkoz Raúl Belinchón Javier Arce
Transcrição
Juan López Diana Larrea Abigail Lazkoz Raúl Belinchón Javier Arce
Diana Larrea ----------------Electrocosmos ----------------p.49 Juan López ----------------Hoy no aspiro a nada ----------------p.33 OS 24 DEGRAUS JOAN MIRO e Raúl Belinchón ----------------Kéyah ----------------p.97 Javier Arce Abigail Lazkoz ----------------Shuffle ----------------p.81 ----------------El ornamento de las masas: rojo, blanco y azul ----------------p.65 LOS 24 ESCALONES Y JOAN MIRÓ. THE 24 STEPS & JOAN MIRÓ OS 24 DEGRAUS JOAN MIRO e Governo do Distrito Federal Secretaria de Estado da Educação / D.F. Secretaria de Estado da Cultura / D.F. SOCIEDAD ESTATAL PARA LA ACCIÓN CULTURAL EXTERIOR (SEACEX) Presidenta Charo Otegui Pascual Diretora Pilar Gómez Gutiérrez Gerente Javier Sevillano Martín Comunicação e Relações Institucionais Alicia Piquer Sancho Exposições Belén Bartolomé Francia Arte Contemporânea Marta Rincón Areitio Financeiro Julio Andrés Gonzalo Pere Jaume Borrell Josep M. Carreté Josep Colomer Jacques Dupin Josep M. Fargas Emili Fernández Miró Lola Fernández Joan Gardy Artigas Kazumasa Katsuta Daniel Lelong Jordi Martí Álvaro Martínez-Novillo Joaquim de Nadal Lluís Noguera Eva Prats Joan Punyet Miró Carles Usandizaga Francesc Vicens Carles Viladàs Patronato Emérito Oriol Bohigas Josep M. Mestres Quadreny Albert Ràfols-Casamada Antoni Tàpies Conselho de Administração Carlos Alberdi Alonso Ángeles Albert de León Carmen Caffarel Serra Guillermo Corral Van Damme Elena Madrazo Hegewisch María Prieto Pleite Francisco de Asís Javier Rodríguez Mañas María Fernanda Santiago Bolaños Directora Rosa Maria Malet Secretário de Conselho Alfonso Redondo Cerro Governador do Distrito Federal Rogério Rosso FUNDACIÓ JOAN MIRÓ Patronato President emérito Eduard Castellet Presidente Jaume Freixa Secretário Josep M. Coronas Vogales Frederic Amat Maria Lluïsa Borràs Subdirectora-gerente Dolors Ricart Museu Nacional do Conjunto Cultural da República Vice Governadora do Distrito Federal Ivelise Long Secretário de Estado da Cultura do Distrito Federal Silvestre Gorgulho Diretor do Museu Nacional do Conjunto Cultural da República Wagner Barja Comissáo Intergovernamental do Conjunto Cultural da República Carlos Alberto Ribeiro de Xavier Administrador Joáo Bastos Transporte TTI, S.A. Museologia Lucia Mafra, Ana Frade, Anelise Weingartner Producción OITTO Agência de Projetos Núcleo Gráfico Eder Santos, Joaquim Augusto Assessoria Técnica Ana Taveira Fotografia E Vídeo Documentaçáo André Santangelo, Alexandre Rangel Montagem Manoel Nascimento, Venício Egídio LOS 24 ESCALONES Y Joan Miró Exposição Realização Secretaria de Estado da Cultura do Distrito Federal, Brasil Museu Nacional do Conjunto Cultural da Republica Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior, SEACEX Fundació Joan Miró Ministerio de Asuntos Exteriores y de Cooperación de Espanha Ministerio de Cultura de Espanha Embaixada da Espanha no Brasil Curador Jorge Díez Acón Coordenação Geral Silvia Villanueva Beltramini Açáo Educativa Museu Nacional Design da montagem Jesús Moreno & Asociados, S.L. Seguros Axa Art Generali España, S.A. Aon Gil y Carvajal S.A. Correduría de Seguros Catálogo Edição Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior de España (SEACEX) Design Folch Estudio Traduções Joanna Martinez (espanhol-inglês) Fotografias do Espai 13 Pere Pratdesaba Impressão e encadernação Gráfica Pancrom © da edição, SEACEX © dos textos, seus autores © das fotografias, seus autores © Successió Miró 2010 ISBN: 978-84-96933-49-1 Inicialmente a exposição Los 24 escalones foi um ciclo de exposições para o Espai 13 da Fundació Joan Miró de Barcelona durante a temporada 2008-09. Índice -7Apresentação -13Joan Miró Uma Escrita Universal Wagner Barja -19Os 24 degraus e Joan Miró Jorge Díez -33Juan López Hoy no aspiro a nada -49Diana Larrea Electrocosmos -65Javier Arce El ornamento de las masas: rojo, blanco y azul -81Abigail Lazkoz Shuffle -97Raúl Belinchón Kéyah -113Textos en español -129English Texts -4- -5- -Apresentação- Do diálogo entre as obras de Joan Miró e dos artistas Javier Arce, Raúl Belinchón, Diana Larrea, Abigail Lazkoz e Juan López nasce esta mostra intitulada “Os vinte e quatro degraus”, que são os degraus que separam o Espai 13 do itinerário da coleção permanente na Fundação Miró. Com esta iniciativa da Fundação, cinco criadores espanhóis recuperam o espírito sincero de Miró e sua inquietação pelas novas expressões e tendências artísticas. As 16 obras do pintor barcelonês evocam e inspiram novas expressões artísticas que servem para ter uma reflexão sobre grandes temas como o cosmos e a terra que, através de linguagens inovadoras, são devolvidos à luz de nossos dias com espírito crítico e construtivo. A criatividade e o simbolismo, as imagens, a antecipação e a fotografia são elementos que conduzem a obra destes cinco artistas que enfrentam o desafio de dialogar com os trabalhos de Miró e de construir um novo discurso de grande força invocadora. Se Juan López toma como referência as colagens de Joan Miró e seu apego aos materiais simples, Diana Larrea encontra inspiração nas constelações mironianas e Javier Arce faz uma reflexão sobre os limites da arte através das imagens. Por sua vez, Abigail Lazkoz submerge nos cadernos de rascunhos para interpelar o acaso da composição exaustiva e Raúl Belinchón aborda a terra e a paisagem a partir da fotografia. “Os vinte e quatro degraus” é um convite à inspiração e à recriação interpretativa da obra de Miró que, através destes cinco artistas, nos devolve sua temática com linguagens e sensibilidades diversas. -6- -7- -Os 24 degraus e Joan Miró- -Apresentação- SELEÇÃO ESPANHOLA EM BRASÍLIA Joan Miró: Feliz encontro entre Modernos A partir do compromisso político de promover o conhecimento e a difusão da obra de nossos criadores mais consagrados, assim como das novas gerações de artistas, os Ministérios de Assuntos Exteriores e de Cooperação e da Cultura, com a organização da Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior (SEACEX), a Fundació Joan Miró e o Museu Nacional do Conjunto Cultural da República de Brasília, apresentam estes “vinte e quatro degraus” para descender e ascender à obra de Miró e a destes cinco artistas espanhóis os quais recriam com suas linguagens e códigos uma nova narrativa que nos descortina enfoques muito variados dos grandes temas que inspiram a obra deste artista universal. Ainda no embalo da Copa do Mundo da África, vencida pela Espanha, não há como não reverenciar o trio que comandou a seleção do país ao primeiro título de Campeão do Mundo: o goleiro Iker Casillas, Xabi Alonso e Andrès Iniesta. Estes três foram para a galeria dos melhores. Também no campo das artes, existe um trio que fez a diferença a favor dos espanhóis: a trindade catalã Pablo Picasso, Salvador Dali e Joan Miró. Miguel Ángel Moratinos Ministro de Assuntos Exteriores e de Cooperação, Espanha Não sabemos se, na Copa de 2014, no Brasil, teremos os três jogadores de futebol defendendo a Espanha. Mas, com certeza, teremos neste setembro de 2010, ano das Comemorações do Cinqüentenário de Brasília, pelo menos um dos ídolos da arte catalã: Joan Miró. Ángeles González-Sinde Ministra da Cultura, Espanha Como Casillas, Xabi e Iniesta alteraram para sempre os rumos da história da Copa de Futebol de 2010, Picasso, Dali e Miró alteraram profundamente os rumos da arte no mundo em todos os tempos. Esperamos muito desta exposição, pois Brasília e Miró têm suma coisa em comum: ambos são símbolos de modernidade. A Secretaria de Estado da Cultura do Distrito Federal tem a honra de abrir o Museu Nacional, para – com o apoio do embaixador espanhol, Carlos Alonso Zaldívar, em parceria com a SEACEX (Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior) e a Fundació Miró de Barcelona – apresentar ao público brasileiro esta fantástica Mostra. Uma exposição que, além de trazer obras de Miró, traz dez talentosos e jovens artistas contemporâneos espanhóis para fazerem uma releitura da obra do grande mestre. No campo das artes, um gol de placa para a cultura brasiliense! Silvestre Gorgulho Secretário de Estado de Cultura do Distrito Federal, Brasil -9- -Os 24 degraus e Joan Miró- Falar de Miró e de sua capacidade de resposta às necessidades estéticas do homem do século XX é adentrar em uma obra que dispensa qualquer rotulação apressada e entre cujas formas, já clássicas, figuram algumas das imagens mais difundidas de nossa arte, dentro e fora da Espanha. A trajetória de um dos protagonistas mais importantes das vanguardas históricas, cuja visão pessoal do surrealismo evoluiu em direção a novos horizontes do expressionismo abstrato e do informalismo, convida a contemplar suas criações a partir da mesma observação elementar com a qual harmonizou suas visões do ato representativo, interpretadas como um símbolo ao mesmo tempo ingênuo e sofisticado de uma modernidade em permanente renovação. Esse desafio, apresentado aos simples espectadores, é ainda maior para os artistas que, a partir da fragmentação atual dos códigos de expressividade, continuam encontrando estímulos para sua própria criatividade nas provocações e sugestões do mestre. Partindo disso, há dois anos a Fundação Joan Miró, dentro de sua programação destinada a divulgar a criação contemporânea e, em especial, dos jovens artistas, iniciou um diálogo vivo entre a obra de Miró e alguns dos principais intérpretes das últimas tendências. Para isso, escolheu um título inspirado na romance de John Buchan, levada ao cinema por Hitchcock e, neste caso, adaptada ao número de degraus que conduziam ao espaço de exposição na Fundação onde originalmente se organizou esta mostra e que agora se apresenta ao público brasileiro. Este público agora poderá desfrutar da confrontação então impulsionada entre dezesseis das peças mironianas guardadas em sua sede e as obras realizadas especialmente para aquela ocasião por cinco artistas que representam diversas correntes e gêneros da arte espanhola mais recente. -Apresentação- De acordo com o afã de colaboração institucional que governa todas as suas atuações, a Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior organiza a exposição juntamente com a Fundació Joan Miró e o Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, que a acolhe em suas salas de Brasília. Desta forma, pretendemos colaborar ao mesmo tempo para a difusão de nossa arte mais atual e uma nova aproximação desse grande patrimônio comum que constitui a obra do artista maiorquino, capaz de superar barreiras e de continuar nos incitando a novas buscas estéticas e de conhecimento. Charo Otegui Pascual Presidente da Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior Rosa Maria Malet Diretora da Fundació Joan Miró Dessa forma se rende um tributo a uma obra que se presume ser uma das mais importantes contribuições à arte de nosso país, sobretudo graças à sua capacidade de estar aberta a novas sugestões, sem abandonar a coerência fundamental. Esta também é uma das muitas mensagens transmitidas pelas novas visões da realidade e dos sonhos, desdobradas pelos criadores selecionados, para renovar este diálogo visual, através do tempo. -10- -11- -Os 24 degraus e Joan Miró- --------------------------------------------------------------------------- Joan Miró Uma Escrita Universal Wagner Barja --------------------------------------------------------------------------Para descrever o que significa receber uma exposição de Joan Miró no Museu Nacional de Brasília no ano do cinqüentenário da cidade, pode-se dizer que um termo apropriado para este evento seria “a mão na luva”, pois as formas da obra do artista catalão dialogam com as da capital modernista do Brasil. No início desta década, o Museu Reina Sofia abrigou obras, em histórica retrospectiva, de Pablo Picasso e Joan Miró. Os dois espaços contíguos energizavam, de formas diferentes, o ambiente do museu e passavam a impressão do prédio pulsar como um corpo vivo e pró-ativo, onde as obras desses célebres artistas espanhóis poderiam ser percebidas como partes de um sistema de órgãos desse suposto corpo, que também fazia parte do surpreendente acervo com mais de duzentas peças das duas coleções exibidas. Essas mostras conjuntas revelavam por que as genialidades de Miró e de Picasso revolucionaram, cada um à sua maneira, a arte do século XX. No caso, essa comparação metafórica traz a idéia de um museu corporificado no vasto campo da arte moderna, idealizada e representada na linguagem plástica como se esta fosse o sangue, parte vital desse corpo da linguagem das artes plásticas. Se pudéssemos imaginar uma lição de anatomia para criticamente dissecarmos o tal corpo da arte com a posse de uma ferramenta do olhar, que funcionasse tal como um bisturi a operar um corte epistêmico na história da arte, e então buscássemos, com uma sonda crítica para localizar e diagnosticar o aparelho digestivo constituído neste corpo, encontraríamos da obra de Pablo Picasso, aquele que engole e digere múltiplos elementos estéticos. Nesse mesmo corpo, o aparelho respiratório seria constituído da obra de Joan Miró -aquele dispositivo orgânico que aspira e expira e que também representa para o ambiente das artes uma boa parte do oxigênio que a pintura moderna precisou para inspirarse, para sobreviver às rupturas e às constantes transições pautadas pela arte contemporânea na pós-modernidade. Joan Miró. Primera centella da aurora II, 1966. Fundació Miró Barcelona. -12- Pode-se assim definir as obras dos dois gênios da plastica moderna, aqui abordadas por meios comparativos e análogos tendo como referências simbólicas uma densa organicidade corpórea. Aqui observada como parte de uma história orgânica -13- -Wagner Barja- -Os 24 degraus e Joan Miróda arte, específicamente da pintura, uma linguagem que se propôs, a princípio, construir, mas depois, ao final de cada trajetória desses artistas, desconstruir e dissecar seu próprio espectro corpóreo de linguagem. No âmbito da plasticidade moderna, o fertilizante projeto estético de Joan Miró diferenciou-se das demais tendências de seu tempo, principalmente no que se refere às possíveis comparações com outras proposições. Sua arte distancia-se de nivelamentos com o Surrealismo, com o Cubismo e outros ismos, pois na obra de Miró a poética das formas planas outorgou às suas composições um espacialismo inédito, como se o suporte e o seu conteúdo estivessem confundidos num mesmo plano bidimensional próprio ao plano pictórico. Joan Miró. Personaje, 1949. Fundació Miró Barcelona. O fato crucial que afasta e diferencia a obra de Miró das de outros grupos modernistas como os cubistas, os surrealistas ou os futuristas e sem dúvida, o seu fulminante e radical rompimento com os paradigmas das artes renascentistas e a negação à hegemonia do tradicional modelo desta vertente, que adota a perspectiva linear (o escorço) como algo essencial -14- Joan Miró. Sem título II, 1973. Fundació Miró Barcelona. Nada mais apropriado comparar-se e metaforizar-se a obra de Picasso como um grande aparelho digestivo: um super estômago e um super intestino engolidor e deglutidor, que ao final expele violentamente uma pintura contundente. A diáfana obra de Miró sujeita nessas comparações, aparece como um ampliado aparelho respiratório, um imenso e pulsante pulmão que rarefez e influenciou todo ambiente da estética modernista, quando surgiu com a sua leve e solta cosmologia formal pautada por elementos puros como o ponto, a linha e a mancha em profícuo diálogo formal. para o agenciamento e a fundamentação do espaço pictórico. Embora transformados e redimensionados na modernidade, os modelos que fundamentaram a arte do Renascimento não são de todo abandonados ou sumariamente eliminados do cenário e do conjunto dos movimentos modernos. É fato visível que esses paradigmas do Renascimento permaneceram e deixaram vestígios marcantes na constituição das dimensões espaciais dessas correntes artísticas. Alguns elementos plásticos, fundamentais à construção das imagens dessas tendências artísticas, são reconhecíveis no uso inconteste das linhas de terra e pontos de fuga, que assentam e firmam as formas plásticas no espaço da pintura de Picasso, Fernand Legèr e Matisse, entre outros. Esse mesmo elemento da linha de terra e as convergências de um ponto de fuga agenciam a espacialidade na pintura renascentista supostamente tridimensional e representativa. Mas na obra de Miró esses elementos sequer existem, o que lhe confere esta novidade planar que potencializa o movimento na bidimensionalidade em detrimento da tridimensão. Há na plástica de Miró um total abandono da perspectiva linear, um recurso básico para a pintura do Renascimento. Em suas composições esse recurso sequer é revisto ou visualmente mencionado. Há um total e revolucionário desvestir da perspectiva plana sem inclusive ocorrer em seu projeto plástico uma preocupação espacial óbvia, ou seja, tudo que está no espaço compositivo é suspenso no ar. Nenhuma linha do horizonte configura suas formas planas, não há a terra nem há o céu, tudo é forma numa espacialidade que tenciona todo suporte, com intensa profusão de elementos naturais da plástica. O lugar da pintura encontra-se no aéreo das formas auto-narrativas constituídas de elementos fundamentais à visualidade pertinente ao quadro: o ponto, a linha e a mancha. O universo de Joan Miró é por excelência bidimensional. É -15- -Os 24 degraus e Joan Mirónesse mundo plano que tudo se configura e se resolve. As suas concepções oníricas reverenciam os elementos básicos do desenho, nas artes da gravura e da pintura e, para além, nos objetos e nas esculturas que no decorrer de sua longa trajetória pôde conceber. Uma arte fluídica e definitiva, inimitável e inconfundível, detentora de uma poética sem precedentes no mundo das artes. Por vezes inspiradas em referências simbólicas das artes da pré-história, suas composições também transparecem aos sentidos como partituras elaboradas para uma sinfonia semiabstrata, com notas flutuantes num espaço sonoro sensível e harmônico. -Wagner Barjacríticas fundamentais para a obra de Miró e apresenta como fatores preponderantes: o rompimento com os modelos da tradição renascentista e o apagamento de hábitos relativos ao virtuosismo, aqui manifestados no desejo do desaprender, do desconstruir as proclamadas habilidades técnicas, tão em voga no meio artístico da época. Nesse caso, em Joan Miró, Cabral ressalta a importância do alcance da inocência por meio de um retorno à infância. Para o poeta pernambucano, o que resguarda a obra do artista dos lugares comuns é a sua poderosa síntese e simplicidade de propostas. * Wagner Barja - Diretor do Museu Nacional do Conjunto Cultural da República em Brasília. Joan Miró. Maquete do piso de cerâmica do Pla de l’Os, Barcelona, 1976. Fundació Miró Barcelona. A poética visual de Joan Miró é transversal às outras linguagens, como bem se inscreve e se ambienta na música e na poesia escrita, pois suas figurações constituídas de componentes abstraídos de uma estética quase infantil e muito pessoal soam à percepção, como um rito de transferências; da pintura para a música, também assim para a poesia escrita, adiante para o cinema. Suas composições bailam no ambiente das artes visuais como signos, não recriados ou revisitados, mas inaugurais, surgidos de um novo mundo estético, importantíssimos para as matrizes do projeto moderno. O João de cá e o Joan de lá. Uma das aproximações mais conhecidas da arte de Joan Miró com o projeto estético brasileiro deu-se em virtude da sua amizade com o poeta João Cabral de Melo Neto, que viveu em Barcelona como diplomata no final dos anos 40. Há um célebre texto de Cabral sobre Miró publicado em Barcelona em 1950, e no Brasil em 1952. O texto aponta argumentações -16- -17- -Os 24 degraus e Joan Miró- --------------------------------------------------------------------------- Os 24 Degraus e Joan Miró 1 Jorge Díez --------------------------------------------------------------------------- Miró e a arte emergente O Espai 13, sucessor do primeiro Espai 10 (1977-1987), é um projeto único da Fundació Miró dedicado à arte emergente, vinculado à vontade do próprio artista de que a base de sua obra permaneça atenta e aberta à força das novas propostas artísticas. Esta iniciativa foi pioneira na Catalunha e no âmbito do território espanhol, dando oportunidade para que artistas jovens e organizadores apresentassem seus trabalhos e idéias, comprometidos com as novas linguagens artísticas durante os anos oitenta e noventa do século XX. O boom da arte jovem e a proliferação dos centros, museus e iniciativas provavelmente contribuíram para que as linhas de atuação que identificavam este projeto fossem em parte desaparecendo. Por conta do vigésimo quinto aniversário da morte de Miró, em dezembro de 2008, a Fundació Miró decidiu impulsionar o papel do Espai 13 e dar-lhe uma nova importância neste evento, vinculando o ciclo de exposições da temporada de 2008-2009 à figura e ao espírito de Miró. O ciclo Os 24 degraus incluiu as intervenções de Javier Arce, Raúl Belinchón, Diana Larrea, Abigail Lazkoz e Juan López, especialmente produzidas para a ocasião. Joan Miró. Letras e cifras por uma centelha I, 1968. Fundació Miró Barcelona. A Fundació Miró e a Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior (SEACEX) colaboraram para a itinerância internacional de um projeto que, a partir das obras produzidas, integra obras do próprio Miró em uma variedade de diálogos entre temas como o cosmos ou a terra, de linguagens como o desenho ou a colagem e de formas de produção que em diferentes âmbitos estiveram na origem das propostas deste ciclo, cujo título parafraseia o filme baseado no romance histórico Os 39 degraus, de John Buchan, publicado em 1915 e adaptada ao cinema por Alfred Hitchcock em 1935. São vinte e quatro os degraus que se devem descer até o Espai 13, dentro do percurso pela coleção permanente de Miró, e que conduzem o espectador desprevenido a se confrontar com as novas práticas criativas, provavelmente estranhas à intenção da sua visita, e que lhe oferecem a possibilidade de descobrir outras propostas artísticas. Algumas propostas se potencializam ao se readaptarem agora ao magnífico espaço do Museu Nacional da República, em Brasília, ampliadas pela presença e pela confrontação com as pinturas, desenhos, 1. Texto ampliado e revisado do catálogo Els vint-i-quatre graons, editado pela Fundação Joan Miró de Barcelona em 2009. -18- -19- -Jorge Díez- litografias e escultura de Joan Miró, além de obras distintas a respeito do artista e de seu trabalho abundante. nova capa simbólica, feita com os recursos utilizados pela publicidade que invade as cidades: descontextualizações, apropriações, ambigüidades, imagens, textos, fotografias, cartazes e grafites. Para isso emprega diversas ferramentas artísticas: desenho, forma, cor, composição e colagem. Apesar da publicidade e das artes visuais compartilharem atualmente recursos e ferramentas, o objetivo aqui é outro: surpreendernos e sacudir-nos da apatia consumista com que nos envolvem as propagandas requintadas e falsamente ousadas. As obras O final dos anos vinte e início dos anos trinta foi o período inicial do jovem Miró entre Barcelona e Paris, e o início de seu reconhecimento internacional, etapa de encontro e de muitos casos de amizade, entre outros, com Max Jacob, Michel Leiris, Paul Éluard, Antonin Artaud, Tristan Tzara, André Breton, Robert Desnos, Jean Arp, Max Ernst e René Magritte. Na biblioteca pessoal de Miró, além de numerosas obras de alguns destes autores, encontram-se também vários romances de Fantômas, o célebre personagem criado em 1911 por Marcel Allain e Pierre Souvestre, que apareceu em trinta e dois romances de ambos e em outras onze de Marcel. Após a morte de Pierre, além de receber adaptações para o cinema, a televisão e as histórias em quadrinhos; Fantomas é um personagem que representa, dentro do gênero policial, a transição entre os vilões da novela gótica e os assassinos nas séries modernas, ambos muito distantes dos killers modernos de Quentin Tarantino. Quase todos os artistas desse período provavelmente tenham suas referências mais próximas deste cineasta norte-americano do que dos autores de Fantômas, pelo que foi observado, com uma mistura de distância e curiosidade, nos volumes distintos da biblioteca de Joan Miró guardada na Fundação, quando se reuniram no encontro inicial preparatório. Uma curiosidade transformada em estímulo e emoção ao se observar tanto os cadernos preparatórios de desenho do artista como a obra gráfica, todos cuidadosamente preservados. Também fizeram um percurso minucioso pelos diferentes departamentos, depósitos e outros locais da Fundação que não ficavam expostos à visitação cotidiana. A partir de tudo isto construíram seus projetos, sem recorrerem a recursos de um mero exercício de biografia, nem a um reflexo banal do universo mironiano ou da instituição, mas sim, incorporando criticamente suas respectivas linguagens e interesses nos resultados desse encontro. Em alguns casos, a referência final poderia ter sido mais explícita e, em outros, quase um MacGuffin, à maneira de Hitchcock, que o espectador deve descobrir, mas sempre a serviço da construção de seus universos criativos pessoais, tal como o próprio Miró foi configurando o seu universo durante sua trajetória grandiosa e fértil, com honestidade e sem atalhos, feito mais difícil de se conseguir atualmente, mas que coincide, sem dúvida, em todos os casos com o mestre. Juan López, Hoy no aspiro a nada (Hoje não desejo nada) Juan López constrói suas obras com sinais, imagens e mensagens; em intervenções, tanto em espaços urbanos como em exposições. Em ambos os casos, altera o espaço anterior e sobrepõe uma -20- Juan López. Muta ó GR, 2008. -Os 24 degraus e Joan Miró- do artista estimulam uma reflexão sobre a realidade que nos rodeia, incluindo os mecanismos da experiência artística. Nesta ocasião, Juan López, que teve como referência as colagens de Joan Miró e o interesse comum pelo uso de materiais simples e acessíveis, participou nos murais do Espai 13, utilizando diversas técnicas como o desenho e o vídeo. Ele dá continuidade com este trabalho até em suas intervenções de murais, em que modifica a visão do espaço mediante o desenho com fita isolante e os vinis com imagens fotográficas. A partir de obras anteriores, como Satán Mola -New Grecas Specific Project, nas quais combinava a videoprojeção de personagens em tamanho real com o desenho em mural, surgiu a idéia de que o movimento ocupava todas as paredes da sala de maneira seqüencial. Em Hoy no aspiro a nada, tomou como tema principal os traceurs, que é como se denominam os praticantes de parkour, uma modalidade esportiva que consiste em se locomover pelo meio urbano ou natural, superando da melhor forma possível os obstáculos que se apresentam no decorrer do percurso, tais como valas, muros ou o próprio espaço vazio, utilizando para isso os únicos recursos que o corpo humano oferece. O resultado final recria uma série de obstáculos desenhados sobre as paredes e na extensão, também desenhada, de elementos visíveis ou ocultos da sala, como -21- -Os 24 degraus e Joan Miró- -Jorge Díezdos corpos celestes, da mulher e dos pássaros. Um tema que protagonizou uma obra-chave em sua trajetória: as Constelações, que realizou em paralelo à série Barcelona, onde a cor exerce um papel fundamental em meio a grande complexidade de formas. peças de metal com roscas, tubos, fumaça ou botões enormes; a estrutura fixada no teto como suporte dos videoprojetores reflete uma sombra falsa, convertida na moldura como ilustrações pelas quais se movimentam os traceurs. Estes personagens projetados em uma escala real recorriam em um movimento contínuo das paredes, apoiando-se para dar seus saltos e piruetas nos objetos e elementos desenhados, entrando em alguns deles para reaparecer em outro lugar. Agora, em Brasília, o trabalho se articula em torno da rampa interior que comunica as duas plantas de exposição do Museu Diana Larrea, Electrocosmos Joan Miró. Série Barcelona 19, 1944. Fundació Joan Miró, Barcelona. Diana Larrea tomou como ponto de partida para Electrocosmos a série Constelações, vinte e três aquarelas feitas entre 1940 e 1941 em Varengeville-sur-Mer, um pequeno povoado na costa da Normandia. A idéia de constelação nasce dessa afinidade inata da artista pelas forças vitais da natureza e de sua percepção atenta ao mundo dos fenômenos. A atmosfera mironiana inconfundível tem ressonâncias cósmicas e evoca plasticamente essa disposição que os corpos celestes que desenham no espaço interestelar. Mais adiante, em 1958, editou-se um livro em pouquissimos exemplares, com a reprodução de vinte e duas dessas aquarelas de Miró e vinte e duas obras paralelas em prosa, escritas por André Breton, que agora teremos oportunidade de ver no Museu Nacional de Brasília. Nacional e junto à que exibe o filme de balé Jeux d’enfants, estrelado pelos Ballets Russos de Montecarlo em 14 de abril de 1932, com cortinas, cenografia, vestuário e objetos desenhados por Miró. Este filme mudo se conecta com o rumor da Guerra Civil Espanhola pontuada pela série Barcelona no filme Miró 37 - Aidez l’Espagne de Pere Portabella, que antecede as seis litografias da série mencionada na exposição. O ‘pochoir’ Aidez l’ Espagne foi realizado com a finalidade de arrecadar fundos para a República e muitos anos depois protagonizou o cartaz da polêmica exposição España. Vanguardia artística y realidad social, 1936-1976 (España. Vanguardia artística y realidad social, 1936-1976), que foi mostrada na Fundació Miró, depois de sua presença na Bienal de Veneza. A série épica Barcelona é composta de desenhos dramáticos em uma ampla gama de pretos e cinzas, a maior parte feita diretamente sobre papel litográfico em uma edição completa e limitada a cinco exemplares e duas provas do artista, das quais somente se conservam a série dos herdeiros de Joan Prats e a da Fundació Miró. A necessidade de fuga de Miró em seu exílio interior, após o triunfo do franquismo e a expansão nazista na Europa, talvez explique que o humor apontará em alguns destes desenhos, para a temática -22- Joan Miró. Constelações, 1959. Fundació Joan Miró, Barcelona. Depois dos primeiros trabalhos focados nas cores primárias vermelha e azul, Diana Larrea abordou uma série de intervenções e projetos surgidos de elementos míticos como as pragas ou o labirinto, relacionando-os com o imaginário popular através, por exemplo, de fantasias procedentes do cinema clássico norte-americano, como na -23- -Os 24 degraus e Joan Miró- -Jorge Díeziluminação, espalhados e organizados sobre um fundo vazio escuro, evoca um campo de energia astral, um microcosmo de trajetórias lineares concebidas como expressão poética das forças motoras do Universo. Seu objetivo com essa proposta tem sido construir uma peça que convide à participação ativa do público e ao percurso de seu traçado, como se tratasse de um enigma que pode ser decifrado, colocando à prova sua própria intuição através desta brincadeira atualizada de um ritual ancestral iniciático, que nos coloca no mesmo centro de uma grande imagem mítica, envolvente e quase onírica, dotada de um forte poder de evocação. intervenção Palacio encantado que realizou na fachada da Casa da América, inspirada em Os pássaros de Alfred Hitchcock, dentro do programa internacional de arte pública Madrid Abierto em 2004.2 Ela mesma escolhe o ano 2000 como ponto de partida da linguagem que elabora na atualidade, uma frente dupla de ações em espaços públicos, como a recente Espiral mudéjar na Exposição Universal de Zaragoza, e trabalhos fotográficos, com grande capacidade para se movimentar com liberdade entre disciplinas artísticas. Afirma que, quando concebe um projeto, imagina o tempo de sua execução no espaço e nas fotografias ou nos vídeos que fará. Em sua proposta, a fotografia e o vídeo não são utilizados simplesmente como instrumentos de documentação de suas intervenções, mas possuem identidade própria como obras artísticas. forma de muros contínuos de luz, compostos por uma série de tubos fluorescentes brancos simples, dotados de um apoio independente sobre o piso. Este sistema de pontos de 2. Vid. Madrid Abierto 2004 - 2008 Madrid: Asociación Cultural Madrid Abierto, edição bilíngue espanhol e inglês, 2008, 544 págs. e www.madridabierto.com -24- Quantas pessoas passam diariamente pelo Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, o Tate Modern, o Centro Georges Pompidou ou a Fundação Joan Miró? Quantas delas saem das lojas destes museus e centros de arte com qualquer tipo de souvenir em que Javier Arce. Guernica, 2007. Diana Larrea. Espiral Mudéjar, 2008. As constelações sempre têm sido um ponto de referência e orientação para o homem, que as tem utilizado como coordenadas para encontrar o caminho perdido. Neste sentido, seu simbolismo está intimamente relacionado com a estrutura do labirinto, porque o desenho labiríntico é interpretado como um diagrama que dispõe na Terra um reflexo da retícula astral, isto é, uma representação que reproduz os traços imaginários que desenhamos sobre a abóbada celeste. Ambas as figuras encarnam esse afã instintivo do homem de impor e buscar coerência em sua própria existência. Baseando-se nesses conceitos, Diana Larrea dispôs dentro da sala uma trama labiríntica de linhas luminosas, em Javier Arce, El ornamento de las masas: rojo, blanco y azul (O ornamento das massas: vermelho, branco e azul) aparece estampada alguma das obras mais famosas ali expostas ou conservadas e que fizeram parte do discurso estabelecido na história da arte? Às vezes trata-se inclusive dos mesmos objetos impressos com o logotipo do respectivo museu ou a assinatura do artista principal; o caso de Miró é um dos mais profusamente utilizados, chegando a se produzir nos anos oitenta uma espécie de “praga” de logotipos mironianos, muitos deles apenas inspirados nele ou simplesmente plágios mal feitos. A partir de perguntas como essas, Javier Arce vem percorrendo as fronteiras da arte, na busca dos limites que abalizem a definição de sua natureza. Para isso, pretende estender o espaço do artisticamente possível até aqueles territórios em que a arte com “A maiúsculo”, enquanto expressão da alta cultura, contaminase pelas manifestações -25- -Os 24 degraus e Joan Miró- -Jorge Díez- da cultura popular. O que pretende questionar, quase sempre de uma maneira irônica, são essas barreiras, o que de convencional e planejado possui esse registro ou tom elevado que se atribui como o próprio discurso artístico instituído para marcar a diferença a respeito daquelas outras práticas significativas de caráter massivo. Teresa Alcocer, converteu o plano inicial em uma criação conjunta que questionava as linguagens do cinema e da pintura, a partir da ação efêmera, protagonista da obra. Com esta nova proposta, o artista pretende fazer uma reflexão sobre os usos e abusos das imagens da obra de arte, com a pretensão de diluir os limites entre a cultura de elite e a cultura de massas, de transgredir as fronteiras estabelecidas entre arte e vida. Trata-se de uma montagem integrada por dois trabalhos que partem do gesto seminal de Andy Warhol com seu Brillo Box na Stable Gallery de Nova Iorque em 1964, para atravessar, segundo Arthur C. Danto, o limite da história, mostrando que não é possível distinguir as obras de arte e os objetos reais somente mediante sua visão, e inaugurando uma nova etapa para a arte contemporânea depois do fim da arte em que tudo parece possível e o artista está aberto ao pluralismo. Ao fundo das intervenções de Juan López, Diana Larrea e Javier Arce, como uma segunda pele que as circunda, encontramos três desenhos de 1973 e as pinturas Mujer (1969), Personaje en la noche (1974), La primera chispa del día II (1966) e Letras e cifras atraídas por una chispa (1968), junto ao Proyeto del pavimento de cerámica del Pla de l’Os, Barcelona (1976), um dos trabalhos específicos de Miró para o espaço público. Tudo isso confrontado com os desenhos de Abigail Lazkoz na parede oposta. Esta artista tem atuado em diversas ocasiões sobre as paredes das salas de exposição, preenchendo-as com murais que narram cenas cotidianas e coletivas do ciclo da vida e da morte Nas proximidades da instalação escultural de Javier Arce está a pequena peça de Miró Personaje (1949), um dos bronzes feitos depois das experimentações com argila refratária, por volta dos anos quarenta, além de outro audiovisual de Pere Portabella, Miró l’altre realizado pela ocasião da intervenção do artista em 1969, nos vidros da fachada do Colégio de Arquitetos em Barcelona, destruída pelo próprio Miró ao finalizar a exposição por proposta de Portabella, com quem contou com a total cumplicidade e que, com música de Carles Santos, fotografia de Manel Esteban e montagem de -26- Abigail Lazkoz. Soldado cachaba, 2008. Enfrentamos um acúmulo de desenhos tridimensionais que representam a Caixa Brillo, realizados com um carimbador sobre papéis resistentes e transformando cada um deles em um aglomerado; desta maneira a ordem e a limpeza se convertem em um acúmulo de dejetos artísticos, sobre os quais pende Dos aves de presa, uma grande tela de Miró dos anos setenta. Além disso, integram-se várias projeções do registro fotográfico de uma série de ações realizadas por Javier Arce, que consistiram em “abandonar” junto aos outros produtos e souvenires que se comercializam nas lojas dos museus anteriormente citadas, obras originais da série Estrujados (Brillo Box). Pode ser que Warhol tenha acertado em seu prognóstico de que todo museu acabaria se transformando em um supermercado. Vemos de uma atendente de caixa tentando encontrar o código de barras do Estrujado que alguém quer comprar, a um visitante que reconhece satisfeito a pequena e enrugada Caixa Brillo ou que a observa intrigado, e o frustrado comprador, que decide finalmente levá-la, ciente de que nada vai se opor à sua ação. Abigail Lazkoz, Shuffle e Soldados pessoal ou social. Cenas que sintetizam um momento e que de alguma maneira explicam a empatia, a rejeição emocional ou ambos os sentimentos por parte da artista em relação a quem protagoniza tais cenas. Narrações que se fundem com a linguagem da pequena história como narração seqüenciada, através da associação de imagens, no caso de Abigail, sem nenhum apoio textual e com uma busca da expressividade que tem combinado alguns trabalhos praticamente lineares com outras composições mais barrocas e saturadas de elementos gráficos, ambos compartilhando da teatralidade dos personagens, e um exagero de rostos e gestos que enfatizam a tragédia coletiva ou o pequeno drama individual, fazendo com que convivam o horror e o humor. Lazkoz reivindica a trilha estética do sinistro, no que diz respeito à união dos gravuristas tradicionais japoneses e mexicanos, -27- -Jorge Díez- -Os 24 degraus e Joan Miróexpressionistas e surrealistas, singularizada em seu interesse por artistas como Bill Traylor e Öyvind Fahlström, ou nas reverberações da série Der Krieg de Otto Dix no mural realizado pela artista para Brasília. Assim, Shuffle pretende ser essa espécie de caderno de notas, de contas pendentes que normalmente não se finalizam ou porque acabou a página ou porque novos projetos exigem toda a atenção e tempo disponíveis. A idéia da artista tem sido oferecer ao espectador a oportunidade de revisar seu caderno de anotações enquanto ela mesma o repassa. Uns apontamentos, umas notas que na verdade são uma grande quantidade de desenhos de todos os tamanhos de trabalhos inéditos, rascunhos, esboços e séries que se apresentam misturadas, como se tivessem sido embaralhadas, sem uma hierarquia ou fio narrativo que não seja a própria numeração e a mera sorte com que se celebra a alquimia da obra de arte. Agora em Brasília recupera-se uma parte dessa intervenção e se realiza um novo mural de grandes dimensões: Soldados. Raúl Belinchón, Kéyah Raúl Belinchón representa com seu trabalho a reflexão que muitos fotógrafos têm feito nestes últimos anos sobre o status da fotografia e sua capacidade como meio de representar a realidade. Desde seu início precoce, centrou-se em contar suas experiências pessoais através da fotografia, utilizando a reportagem como recurso para a introspecção ou para ressaltar suas convicções pessoais. Em seus retratos de uma família cigana ou de uma família de operários valencianos propunha -28- Raúl Belinchón. Opening Doors, 2007. Depois de pesquisar durante os últimos anos as possibilidades expressivas da linha e da mancha negra sobre o fundo branco, aplicadas com freqüência diretamente sobre as paredes da sala ou sobre muros construídos anteriormente no espaço de exposição, Abigail Lazkoz alcança agora um ponto superior em sua trajetória e uma reflexão sobre as séries distintas de desenhos que têm articulado seu universo. O leitmotiv tem sido a contemplação dos cadernos preparatórios de Joan Miró, revisados pessoalmente pelo artista e guardados na Fundação, os quais a surpreenderam ao reconhecer neles algumas de suas próprias formas, como por exemplo, o trabalho em séries ou a antecipação quase exaustiva da composição dos esboços das obras. Além disso, confessa Lazkoz, que naquele momento preparava um livro compilatório de seus últimos nove anos de trabalho, a descoberta a ajudou a pensar em sua obra de um modo novo, ou seja, de forma retrospectiva, revisando as pendências e as idéias não finalizadas, assim como o processo de criação da obra, o laboratório de idéias, o discipulado cujo caderno de esboços se transforma em receituário. uma reflexão maior a partir do retrato social individual e sempre a partir de uma aproximação mais visual do que literária, na qual se refletem com certa claridade suas referências pessoais cinematográficas. Em séries anteriores, como Ciudades subterráneas, Raúl reflete a idéia de cidades paralelas às que habitamos, ressaltando esses lugares transitórios, como os túneis, escadas ou esteiras transportadoras, que aparecem entre o tumulto coletivo e o silêncio individual. Um silêncio que é coletivo, entre o sonho e o real, no caso das arquiteturas vazias do espetáculo cultural atrás da representação em seu trabalho exaustivo Patio de butacas, e que confronta o passado histórico e o presente na série Nuova Roma Antica. Para abordar mais recentemente em Se traspasa e Escenarios urbanos o entrecruzamento do público e do privado no espaço da cidade atual, onde se sobrepõem as identidades distintas e se confundem frente às barreiras sociais e a uniformidade das cidades contemporâneas. Neste momento, Belinchón envereda em um dos temas mironianos por excelência: a terra, força criadora e paisagem que o vincula à sua experiência vital e ao gosto pela matéria frente ao formalismo, com uma busca permanente do ancestral e da confluência com os astros, a fertilidade e as culturas agrícolas. Terra é o significado da palavra Kéyah na língua dos índios navajo, palavra que provém de um vocábulo tewa, navahuu, traduzível como campo de cultivo em um leito seco de rio. Trata-se de um projeto fotográfico sobre a terra e sua paisagem, uma viagem ao seu interior, imaginando outras realidades. As fotos foram tiradas em uma pequena fenda sob a terra no noroeste do Arizona (EUA), onde a erosão da pedra arenosa produzida pela ação da água e do vento, criou, com o decorrer do tempo, pedras com texturas raiadas e moldadas com formas curvas e retas. Algumas formas que se dobram -29- -Os 24 degraus e Joan Miróe se fecham, até impedir em alguns momentos que se passe pelos espaços ocos criados, configuram um percurso singular para o qual somente a luz que penetra do exterior mostra as possíveis saídas. Sombras e luzes de uma arquitetura quase orgânica da matéria lapidada com precisão e paciência pela natureza, ao mesmo tempo labirinto e refúgio, como o espaço médio escondido atrás dos painéis em que se penduram as pinturas de Miró, no qual se fixaram as fotografias vibrantes de Belinchón. O futuro Joan Miró. Personagem na noite, 1974. Fundació Joan Miró, Barcelona. Em 1928 foi publicada no jornal nacionalista La Publicitat a primeira entrevista de Miró, na qual declarou: “O que faço agora possui um grande paralelismo com minha obra. Mas até mesmo daqui a muitos anos, as pessoas não saberão compreender. Certamente, então, se descobrirá a união autêntica entre o que faço atualmente com o restante de minha obra. Acredito que para fazer algo no mundo, deve-se ter um amor pelo risco e pela aventura, e sobretudo prescindir daquilo que o povo e as famílias burguesas chamam: ‘futuro’”3. Esta sua recusa em negociar o espírito de aventura, em favor da situação futura, foi uma constante na trajetória artística de Joan Miró, que o levou a pesquisar todo o tipo de materiais, fazer murais e esculturas para o espaço público, participar em produções cênicas ou colaborar com outros criadores em campos bastante distintos. -Jorge DíezFazem parte desta conjunção várias publicações e audiovisuais, alguns dos quais podem ser vistos tanto na própria trajetória da exposição em Brasília como no amplo espaço de documentação apresentado na sua saída. Por exemplo, A aventura estrelada de Miró, título do poema dedicado ao artista por Thiago de Melo, realizador desta produção da rede brasileira TV Globo que inclui a colaboração de Francesc Català-Roca em parte dedicada a Mori el Merma, espetáculo do grupo Teatre de La Claca estreado em 1978 no Gran Teatro del Liceo de Barcelona, com marionetes, máscaras e cenários pintados por Joan Miró. O artista também aparece pintando os personagens desta obra no vídeo Miró en escena, documentário da inauguração da exposição de mesmo nome na Fundação Joan Miró de Barcelona. Chicago’s Miró reúne a criação e colocação da escultura Lluna, sol i una estrella (Miss Chicago) na rua Washington dessa cidade norte-americana. Em Toiles brûlées. Miró 73 pode-se observar o artista contemplando ao ar livre o resultado das obras que integram a coleção de telas queimadas. Este panorama audiovisual se encerra com três capítulos de Trazos, uma produção do mítico programa da televisão estatal espanhola nos anos oitenta La edad de oro, produzida e dirigida por Paloma Chamorro. Estes documentos da trajetória de Joan Miró, junto com suas obras incluídas na exposição, confrontam-se com as produções de cinco artistas espanhóis emergentes que, através da fotografia, do desenho, da instalação, do vídeo ou da colagem, transformam o espaço de exposição e induzem o espectador a construir percursos e leituras diferentes. Já não existe nesses artistas, talvez por ser desnecessário, o desejo manifesto de Miró de “assinar a pintura”, porém sobrevive um afã de liberdade que se estende ao uso de linguagens, temas e referências, como é próprio da prática artística contemporânea. Uma variedade de colagens urbanas de desenhos e imagens em movimento; a luz cegante de um cosmos labiríntico; a confusão de objetos, obras de arte e mercadorias em alguns museus transformados em supermercados culturais; um acúmulo aparentemente frustrado de desenhos convivendo com um grande mural; e as imagens de cores brilhantes e formas extraídas das pedras pela ação da natureza e pelo tempo. Diferentes maneiras, com um interesse compartilhado pelo cotidiano e pelo excesso, de compreender a prática artística como um campo aberto de experimentação e de interpretação da realidade na qual ainda reflete com tons diferentes o impulso poético de fundir o mistério e o ancestral com a vida sem os impedimentos do futuro. Junho de 2010 - Jorge Díez 3. Joan Miró. Escritos y conversaciones. Valencia: IVAM, 2002, pág. 155. -30- -31- -Os 24 degraus e Joan Miró- JUAN LÓPEZ Hoy no aspiro a nada Joan Miró. Série Barcelona 2, 1944. Fundació Joan Miró, Barcelona. -32- -33- -36- -37- -42- -43- JUAN LÓPEZ Alto Maliaño (Cantàbria), 1979 Vive e trabalha em Madrid. FORMAÇÃO / FORMACIÓN / EDUCATION Licenciado em Belas Artes pela UCLM Cursos de Doutorado em “Arte e pesquisa” pela UCM. EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS / EXPOSICIONES INDIVIDUALES / SOLO EXHIBITIONS 2008 - Avui no aspiro a res, Espai 13, Fundació Joan Miró. Barcelona. - Galería La Fábrica, Madrid. 2007 - Spider Lab, Intervenció a LABORAL Centro de Arte y Creación Industrial, Gijón. 2006 - Galería La Fábrica, Madrid. 2005 - Juan López con PH Collection, Sala Mercado, Barcelona. - Para tu tara, Centre d’Art Santa Mònica, Barcelona. - Estuve en Toledo y me acorde de tí Espacio Contemporáneo Archivo de Toledo. 2004 - One´n´One, Proyecto En Casa, La Casa Encendida, Madrid. - www.perfornika.com, Treballs a la xarxa. 2003 - Presentació de redibujo.02, Museo de Bellas Artes de Santander. - www.joystick.org, Treballs a la xarxa. 2002 - 1 pone y Dios dispone, Facultad de Bellas Artes de Cuenca. 2001 - Cube2, Galeria Engler&Piper, Berlín, Alemània. 2000 - Exposició a “LA CASA”, Tiradores Bajos F n. 47, Conca. 1999 - Pub Minimal, Maliaño, Cantàbria. EXPOSIÇÕES COLETIVAS / EXPOSICIONES COLECTIVAS / GROUP EXHIBITIONS 2009 - Arco 09, Solo Project, en col·laboració amb Galería La Fábrica, Madrid. 2008 - Concurso de Artes Plásticas, Gobierno de Cantabria, Santillana del Mar, Cantàbria. - PHOTOESPAÑA, Casa Zavala, Conca - Arco 08, en col·laboració amb la galeria La Fábrica, Madrid. - Area Compartida, Artecan, Santander. 2007 - Muestra de Arte Injuve, en col· laboració amb Raúl Hidalgo, Círculo de Bellas Artes, Madrid. - Espacios Vitales, Universidad Autónoma de Madrid. - My name is Esperanza, Mercado de La Esperanza, Santander. - PAS(t)TO(o)R(e)AL, Festival Periferias, Osca. - Planes Futuros, Baluarte de Pamplona, Navarra. - Existencias, Musac, Lleó. - Proeye, Sala Aquarius, Santander. - AAAAA, Galería Subaquatica, Madrid. - New Contemporary Artists from Spain. A proposal, KIAF 2007, Seül, Corea. - DFoto 07, en col·laboració amb Galería La Fábrica, Sant Sebastià. - Arco 07, en col·laboració amb Galería La Fábrica, Madrid. - Cart[ajena], Congreso Internacional de la Lengua Española, Cartagena de Indias, Colòmbia. - Premio Altadis Artes Plásticas 200607, Cosmic Galerie, Paris, Salvador Díaz, Madrid. - Generación 2007, Premios de Arte Caja Madrid, La Casa Encendida, Madrid, Barcelona, Valladolid. - Foconorte, Observatorio de la Naturaleza de Transmiera, Cantàbria. 2006 - Nit Hangar, Centre d’Art Santa Mònica, Barcelona. - Premio Altadis Artes Plásticas 2006-007, MK2 Bibliothèque, Paris, França. - I Bienal de Arquitectura Arte y Paisaje de Canarias. - Ayer-Mañana, Facultad de Bellas Artes de Cuenca. - In my own, Mostra de vídeo, Artesantander, Cantàbria. - 251. Una de rabas y arrabales, Centro Cultural Tantín, Santander. - Hangar Obert, Hangar, Barcelona - Trial Balloms/Globos Sonda, MUSAC, Lleó. - Crossing Europe Film Festival, Projecció del vídeo Para Tu Tara, Linz, Àustria. - Mirador 06, Media Art from Spain, O.K. Centrum, Linz, Àustria. - La ilusión del pirata, Premi Miquel Casablancas, Centre Cívic Sant Andreu, Barcelona. - La verbena de los sentidos, Espacio C. Camargo, Cantàbria. - Mañana es demasiado tarde, Los 29 enchufes y el Invernaderocultural, Madrid. 2005 - Itinerarios 04-05, Fundación Marcelino Botín, Santander. - 143 Delicias, Festival de Vídeo, Madrid. - Can Ricart, Hangar Obert, Hangar, Barcelona. -46- - Nao llores mais, Zumo Natural, Sala Plataforma Revólver, Lisboa. - Permanencias Difusas, Centro de Arte Caja de Burgos, Burgos. - DIVA, Galería Ca-Revolta, València. - Proyecto Se Busca, Hangar Obert, Hangar, Barcelona. - S.K.I.D.C, Galería Kitch International, València. - Proyecto Azúcar, Espacio C, Camargo, Cantàbria. - Festival DECIBELIO, Future Arts, Madrid. 2004 - Certamen Audiovisual Injuve, Sala Amadís, Madrid. - DIVA, Galería Ca-Revolta, València. - 5Km/h, PHOTOESPAÑA, Madrid. - Colección EspacioC, La Granja, Sta. Cruz de Tenerife y Centro de Arte La Regenta, Las Palmas. 2003 - Urbania, Sala Amadis, Madrid. - Dieciocho, Muestra de Arte Injuve, Centro Simon I. Patiño, Cochabamba, Bolívia. - Naturaleza y Coexistencia, Esles, Cantàbria. - TRANS/ACCION, Espacio C Collection, European Satellite, espai Camouflage, Brussel·les. - Jornadas Nacionales de Diseño, UCLM, Conca. 2002 - Dieciocho, Muestra de Arte Injuve, Círculo de Bellas Artes de Madrid. - 143 Delicias, Festival de Video Ameno, Madrid. - Zumo natural, Casa del Gitano, Festival SITUACIONES, Conca. - Imágen y Poder, EspacioC, Camargo, Cantàbria. - Le Zoo, Colectiva de dibujo, Facultad de Bellas Artes de Cuenca. - Cuchillo de Palo, Tiradores Bajos C n_17, Conca. 2001 - Curando y Ordenando, juntament amb V. Garcia, Facultad de Bellas Artes de Cuenca. - 4 Freaks, Galeria Trazos Tres, Santander. - Dibujos y Objetos, Festival situaciones, Conca. - DMO, Festival de Arte, Maliaño, Cantàbria. - Regaos en Cuenca, Espacio Tangente, Burgos. - Intervenció pública, Festival de Teatre de Salt, Girona. 2000 - 1…0 Cinema, Facultad de Bellas Artes de Cuenca. 1999 - Los últimos seran los primeros, Facultad de Bellas Artes de Cuenca. - Como dijo el abuelo: ”comiendo papel me sobran imágenes”, Pub Minimal. Maliaño, Cantàbria. - Video Abierto, Festival de Arte Situaciones, Conca. PRÊMIOS E INSÍGNIAS / PREMIOS Y BECAS / GRANTS AND AWARDS 2008 - Premio Cantabria Concurso Artes Plásticas del Gobierno de Cantabria. 2007 - Premio Altadis de Artes Plásticas. - Seleccionat a Generación 2007, Premios de Arte Caja Madrid. 2006 - Seleccionat al Concurs d’Arts Visuals Premi Miquel Casablancas, Barcelona. 2005 - Seleccionat a la mostra de vídeo FIAV, Centre d’Art Santa Mònica, Barcelona. - Adquisició d’obra, Concurso de Artes Plásticas, Gobierno de Cantabria. - Residència a HANGAR, Centre de Producció d’Arts Visuals, Barcelona. 2004-05 - Beca de Artes Plásticas, Fundación Marcelino Botín. 2003 - Accèssit Certamen Audiovisual Injuve, Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales 2002 - Muestra de Arte Injuve, Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales. - Menció d’honor I Concurso Artes Plásticas, Gobierno de Cantabria. 2001 - Primer Premi Escultura Pancho Cossío, Gobierno de Cantabria. - Beca Erasmus per la UCLM per cursar estudis a la KHB. Berlín, Alemània. 2000 - Beca Facultad de Bellas Artes de Cuenca per a la realització del projecte Curando y ordenando, juntament amb Víctor García. - Seleccionat al premi Fernando Zobel, Conca. 1998 - Tercer premi d’escultura, Pancho Cossío, Gobierno de Cantabria. 1997 - Segon premi d’escultura, Pancho Cossío, Gobierno de Cantabria. OBRA EM COLEÇÕES / OBRA EN COLECCIONES / WORKS IN COLLECTIONS - Gobierno de Cantabria. - Espacio C. - Universidad de Castilla-La Mancha. - Injuve. - Fundación Marcelino Botín. - Fundación Altadis. - MUSAC, Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León. -47- DIANA LARREA Electrocosmos -49- -52- -53- -58- -59- DIANA LARREA Madrid, 1972. Vive e trabalha em Madrid. FORMAÇÃO / FORMACIÓN / EDUCATION 1991-1996 Licenciada em Belas Artes, Universidade Complutense, Madrid. EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS / EXPOSICIONES INDIVIDUALES / SOLO EXHIBITIONS 2009 - Las ciudades, los signos y la memoria, Galería Espacio Líquido, Gijón. 2008 - Electrocosmos, Comissari: Jorge Díez, Espai 13, Fundació Joan Miró, Barcelona. 2007 - Gabinete oriental, FRAGIL, Madrid. 2004 - Galería Vacío 9, Madrid. 2002 - Galería Garage Regium, Madrid. 2000 - Sistema de ventilación, Espacio F, Madrid. - Madriguera de observación, La Ventana de La Fábrica, Madrid. 1999 - Espacio de signos, Doblespacio, Madrid. - Base de datos, Sala del Centro de Arte Joven de la Comunidad de Madrid. EXPOSIÇÕES COLETIVAS / EXPOSICIONES COLECTIVAS / GROUP EXHIBITIONS 2009 - ARCO’09, stand Comunidad de Madrid 10+. Diez años del premio ABC de Arte, Comissària: Laura Revuelta, Instituto Cervantes, Nova York. 2008 - Expo Zaragoza’08, Intervencions artístiques permanents, Parque del Agua, Saragossa. - CIGE, 5th China Internacional Gallery Exposition, Secció: Subliminals, Casa Asia, Comissària: Menene Gras, Beijing, Xina. - In Transition Russia, Comissaris: Helene Black & Sheila Pinkel, Ekaterinburg Museum of Fine Arts / National Centre for Contemporary Art, Moscou, Rússia. - PULSE New York, Contemporary Art Fair, Stand Galería Espacio Líquido, Nova York. - CIRCA Puerto Rico, International Art Fair, Stand Galería Espacio Líquido, San Juan, Puerto Rico. - Camps de Joc, Museu de Lleida, Lleida Uno más uno, multitud, Comissària: Tania Pardo, Doméstico’08, Madrid. - VI Bienal de Artes Plásticas Rafael Botí, Palacio de la Merced, Còrdova. - XI Bienal de Artes Plásticas Ciudad de Pamplona, Sala Conde Rodezno, Pamplona. 2007 - Cuentos modernos, Comissària: Giulietta Speranza, Galería Max Estrella, Madrid. BIDA, 17ª Bienal Internacional Deporte en el Arte, Antiguo Instituto Jovellanos, Gijón. - Destino Futuro, Comissària: Oliva Ma. Rubio, Salas del Real Jardín Botánico, Madrid. - Fragmentos del todo, Museo Mimara, Zagreb, Croàcia. - Alter-Arte, II Festival de Arte Emergente, Intervencions urbanes, Múrcia. 2006 - IV Bienal Internacional de Artes Plásticas, Centro Municipal de las Artes, Alcorcón. - MACO, México Arte Contemporáneo, Stand Galería Vacío 9, México DF. - ARCO’06, Galería Vacío 9 i Diario ABC, Madrid. - La ilusión del pirata, Centre Cívic Sant Andreu, Barcelona. - INTERFERÈNCIA, selecció videogràfica d‘intervencions artístiques en espais públics, Auditori de l’Espai Cultural Caja Madrid, Barcelona. - Frammenti del tutto, Sala Carlos V Castelnuovo, Nàpols, Palazzo Ducale, Mòdena. 2005 - Itinerarios 04-05, Fundación Marcelino Botín, Santander. - ARCO’05, Galería Vacío 9, Madrid- Ho fem per a tu, disculpa les molèsties, Comissàries: laPinta, La Llotja, Sant Andreu i Centre Cultural Can Fabra, Barcelona. - Abierto_05, Sala San Hermenegildo, Sevilla. 2004 - ARCO’04, Madrid abierto, projecte d’art públic, Director: Jorge Díez, Fundación Altadis, Fundación Canal, Comunidad de Madrid i Fundación Madrid Nuevo Siglo. - Deformes II, Festival Internacional de Performance, Santiago de Xile. - I Premio a la Videocreación Iberoamericana, Direcció: MUSAC, Casa de América, Madrid. - Periferias Tres, Projecte d’art públic, Ateneo de La Calzada, Gijón. 2003 - Les Muses. God. Human and Art, Galleria Kobo Chika, Tòquio, Japó - Otros incluidos, Comissàries: Eva Grinstein i Suset Sánchez, Casa de América, Madrid. - NIT NIU’03, Comissària: Marta Moriarty, Cala Sant Vicenç, Pollença, Mallorca. - 40 views of an icon, Comme des Garçons, Comissària: Rei Kawakubo, Londres, Milà, Madrid, Hamburg, Tòquio, Brussel·les, Amsterdam, Zuric, Moscou i Nova York. -62- - Barrios creando barrios, Arte Público, Acción y Lucha Social en Lavapiés, Madrid. 2002 - ARCO’02, Obra Social Caja Madrid - Magazine, Comissari: Rafael Doctor, Sala Amadís, Madrid. - Zona Cero, Festival Escena Contemporánea, Sala del Canal de Isabel II, Madrid. - Ardearganda’02, II Encuentro de Arte Público, Ayuntamiento de Arganda del Rey. - ARTissima, Internacional Fair of Contemporary Art, Galeria Garage Regium, Torí, Itàlia. 2001 - XVII Muestra de Arte Injuve, Comissaris: Juan Guardiola i Rosa Pera, Círculo de Bellas Artes, Madrid. - Capital confort, Muestra de Arte Público, Comissaris: El Perro, Ayuntamiento Alcorcón. - Songs of love and hate- side b, Galerie Wieland, Berlín, Alemània. - VII Bienal de Pamplona, Ciudadela del Ayuntamiento de Pamplona. 2000 - ne travaillez jamais, Künstlerwerkstätte, Munic, Alemània. - XXVI Bienal de Arte de Pontevedra, Comissària: María de Corral, Pontevedra. - XII Circuitos de Artes plásticas y Fotografía, Centro de Arte Joven de la Comunidad de Madrid. Pontevedra, Alcalá de Henares i Nova York. PRÊMIOS E INSÍGNIAS / PREMIOS Y BECAS / GRANTS AND AWARDS 2008 - Premio de Creación Artística de la Comunidad de Madrid, Consejería de Cultura y Turismo. 2006 - Premio Anteproyecto, Concurso Intervenciones Artísticas, Sociedad Expoagua Zaragoza. - Premio de Creación Artística, Comunidad de Madrid. - Accèssit, VII Premio ABC de Pintura y Fotografía, Diario ABC. - Primer premi, modalitat escultura urbana, IV Bienal Internacional de Artes Plásticas, Ayuntamiento de Alcorcón. 2004/2005 - Beca Fundación Marcelino Botín de Artes Plásticas a San Francisco, EUA. 2003 - Primer premi, modalitat Incentivo a las producciones Iberoamericanas, V Concurso Internacional sobre Arte y Vida Artificial, Vida 6.0, Fundación Telefónica. 2002 - Beca de Creación Plástica, Casa de América, Madrid. - Primer premi, II Concurso de Fotografía El Cultural. - Projecte, II Certamen Audiovisual Injuve, Instituto de la Juventud. 2001 - Beca Generación 2001, Obra Social Caja Madrid. 1998 - Beca d’art, Ayuntamiento de Mojácar, Almeria. 1997 - Menció honorífica, V Premio Nacional de Grabado, Calcografía Nacional y Real Academia de Bellas Artes de San Fernando. OBRA EM COLEÇÕES / OBRA EN COLECCIONES / WORKS IN COLLECTIONS - Anonyme Zeichnungen, Berlín, Alemània. - Ayuntamiento de Alcorcón. - Ayuntamiento de Mojácar, Almeria. - Ayuntamiento de Zaragoza. - Biblioteca Nacional, Madrid. - Calcografía Nacional, Madrid. - ABC, Madrid. - Arte y Naturaleza, Madrid. - Caja Madrid. - Francisco Palma, Màlaga. - Unicaja de Arte Contemporáneo, Màlaga. - Consejo Superior de Deportes, Ministerio de Educación y Ciencia Dirección General de la Mujer, Comunidad de Madrid. - Fundación BBVA, Madrid. - Fundación Marcelino Botín, Santander. - Fundación Provincial de Artes Plásticas Rafael Botí, Còrdova. - Ino-cho Paper Museum, Kochi-ken, Japó. - Instituto de la Juventud, Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales. - MACUF, Museo de Arte Contemporáneo Unión FENOSA, La Corunya. -63- JAVIER ARCE El ornamento de las masas: rojo, blanco y azul -65- -68- Série Abandonaments. Fundació Joan Mirò, Barcelona. -72- Série Abandonaments. Centre Pompidou, Paris. -73- Série Abandonaments. Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid. -74- Série Abandonaments. Tate Modern, Londres. -75- JAVIER ARCE Santander, 1973. Vive e trabalha em Nova Iorque. FORMAÇÃO / FORMACIÓN / EDUCATION - Mestre em Escultura pela Wimbledon School of Art, Londres. - Licenciado em Belas Artes, Universidad del País Vasco. - Graduado em Técnicas de Estamparia, Escuela de Artes Aplicadas de Oviedo. EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS / EXPOSICIONES INDIVIDUALES / SOLO EXHIBITIONS 2009 - L’ornament de les masses: vermell, blanc i blau, Espai 13, Fundació Joan Miró, Barcelona. 2008 - Capilla Sixtina, El ornamento de las masas: Duelo de lo dionisiaco y apolíneo, Casal Solleric, Espai Quatre, Palma de Mallorca. 2007 - El ornamento de las masas, Galeria Llucià Homs, Barcelona. - El ornamento de las masas, Galería Max Estrella, Madrid. 2006 - Project Room, Arco´06, Galería Max Estrella, Madrid. - Guide to easier living 1, Galería del Sol St., Santander. 2004 - 1+1=1, Galería Siboney, Santander La cosa inútil o esa alucinante fuente luminosa, Galeria Van der Voort, Eivissa. 2002 - Galería Max Estrella, juntament amb Arancha Goyeneche. 2001 - Diálogos en el Sur, Galería Fernando Serrano, Trigueros, Huelva. 2000 - Feria Tránsito´00, Galería Siboney, Toledo. - El puente de la visión 4, Museo de Bellas Artes de Santander, Santander. 1999 - Los hermosos vencidos, Galería Siboney, Santander. 1997 - Un rayo de sol, Galería Didáctica, San Vicente de la Barquera. 1995 - Mundo maravilloso TV, Casa de Cultura Valle de San Jorge, Llanes. EXPOSIÇÕES COLETIVAS / EXPOSICIONES COLECTIVAS / GROUP EXHIBITIONS 2009 - Open Studios, ISCP, Nova York. - Un No por respuesta, Laboratorio 987, MUSAC, Lleó. - Cultura, pobreza y megápolis, Fundación Botín, Villa Iris, Santander. - Arco 09, Galería Max Estrella, Madrid Art Brussels, Galeria Max Estrella, Brussel·les. - Uno más uno, multitud, Domestico 08, Madrid. - Itinerarios 2006-2007, Becarios Fundación Botín. - ArtForum Berlín, Galería Max Estrella - El puente de la visión, Museo de Bellas Artes de Santander. - Outdoor Project, SH Contemporary, Xangai. - Levantamiento, Centro de arte Dos de mayo, Móstoles. - Art Brussels, Galería Max Estrella CAB, Adquisiciones recientes, Burgos. - Itinerarios 06/07, Fundación Botín, Santander. - Premi Ciutat de Palma, Casal Solleric, Palma de Mallorca. 2007 - Existencias, MUSAC, Lleó. Art Brussels´07, Galeria Max Estrella, Brussel·les. - Premi Caja Madrid Generación 2007, La Casa Encendida, Madrid. - Arco´07, Galería Max Estrella, Madrid. - Arco´07, Stand ABC, Madrid. 2006 - Art Cologne´06, Galeria Max Estrella, Colònia. - Interzonas´06, Palacio de Vástago, Saragossa. - Premio Ciudad de Palma´06, Casal Solleric, Palma de Mallorca. 2004 - XIX Muestra de Arte Joven, Injuve, Círculo de Bellas Artes, Madrid. - Artesles´04, Esles de Cayón, Cantàbria - Arco´04, Galería Fernando Serrano, Madrid. - Arco´04, Galería Max Estrella, Madrid. - ArteSantander´04, Galería Siboney, Santander. 2003 - Where are you from? I am from Spain. Artistas españoles en Londres, Galería Fernando Serrano, Trigueros, Huelva. - Master Degree Show, Wimbledon School of Art, Londres. - Champions of Gravity, Space 44 Gallery, Londres. - Sin Límites, Museo de Bellas Artes de Santander, Santander. - Generación 2003, Caja Madrid, La Casa Encendida, Madrid. - Exposició itinerant: Barcelona, Santander, Santiago de Compostel·la, Sevilla, Cascais (Portugal). - Arco´03, Galería Max Estrella, Madrid. - Arco´03, Galería Fernando Serrano, Trigueros. -78- 2002 - Arco´02, Galería Fernando Serrano, Trigueros. - Arco´02, Galería Max Estrella, Madrid. - Artissima´02, Galería Max Estrella, Torí. - Forosur, Galería Fernando Serrano, Càceres. 2001 - VII Premio Unicaja de Artes Plásticas, Palacio Episcopal, Màlaga. - Mercancías, Espacio C, Camargo, Cantàbria. - Hotel y Arte, Galería Fernando Serrano, Sevilla. - Arco’01, Galería Max Estrella, Madrid. 1999 - Arco´99, Galería Max Estrella, Madrid. - Memoria de un fin de siglo. Los años noventa. Objeto y Concepto, Palacete del Embarcadero, Sala Luz Norte, Santander. 1998 - II Trienal de Arte Gráfico, Palacio de Revillagigedo. - Reciclarte, Casa de Cultura La Vidriera, Murieras, Cantàbria. - Beca d’arts plàstiques, Consejería de Cultura. 1994 - Beca de disseny gràfic, Ayuntamiento de Camargo. OBRA EM COLEÇÕES / OBRA EN COLECCIONES / WORKS IN COLLECTIONS - Caja Madrid, Madrid. - Museo ARTIUM, Vitòria. - Fundación Coca-Cola. - Museo de Bellas Artes de Santander. - Unicaja, Obra Social y Cultural. - Consejería de Cultura del Gobierno de Cantabria. - Caja Castilla La Mancha, Obra Social y Cultural. - CAB Centro de Arte Caja Burgos. - MUSAC, Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León. - Fundación El Monte, Sevilla. - Fundación Botín, Santander. - Comunidad de Madrid. - Fundació La Caixa, Barcelona. PRÊMIOS E INSÍGNIAS / PREMIOS Y BECAS / GRANTS AND AWARDS 2009 - Artista resident, Internacional Studio & Curatorial Program, Nova York. 2008 - Beca Propuestas, Fundacion Arte y Derecho. 2007 - Menció d’honor, Generación 2007, Caja Madrid. - Menció d’honor, VII Premio de Pintura y Fotografía de ABC. 2006 - Fundación Marcelino Botín de Artes Plásticas. - Beca de residència a Hangar, Centre d’Art i Producció, Barcelona. Finalista, Premio Ciudad de Palma. 2003 - Seleccionat, Generación 2003, Caja Madrid. 2002 - Consejería de Cultura del Gobierno de Cantabria. 1999 - VII Certamen de Artes Plásticas, Fundación Unicaza. - Casa de Velázquez, Madrid. - Consejería de Cultura del Gobierno de Cantabria. 1998 - Consejería de Cultura del Gobierno de Cantabria. 1995 - Primer Premi de Pintura, Muestra Regional Juvenil de Artes Plásticas. -79- ABIGAIL LAZKOZ Shuffle -81- -84- -85- -88- -89- -92- -93- ABIGAIL LAZKOZ Bilbao, 1972. Vive e trabalha em Nova Iorque. FORMAÇÃO / FORMACIÓN / EDUCATION 1996-1998 Curso de Doutorado no Departamento de Pintura da UPV. 1990-1995 Licenciatura em Belas Artes pela Universidade del País Vasco, na especialidade de Pintura. EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS / EXPOSICIONES INDIVIDUALES / SOLO EXHIBITIONS 2009 - Máquinas extraordinarias, Sala Rekalde, Bilbao. - Shuffle, Fundació Joan Miro, Barcelona. 2007 - Desastres naturales, Centre d’Art La Panera, Lleida. - 130.000 years of last tendencies, Monya Rowe Gallery, Nova York. - Premios Gure Artea, Museo Artium, Vitoria-Gasteiz. 2006 - Mano firme, Project Room, ARCO 2006, Madrid. - Abigail Lazkoz, Galeria dels Àngels, Barcelona. 2005 - Esconde la Mano, Laboratorio 987, MUSAC, Lleó. - On view at this exhibition, Monya Rowe Gallery, Nova York. - Dibujos, Galería DV, Donostia-San Sebastián. 2004 - Dibujos, Galería Bilkin, Bilbao War stories I have heard, Momenta Art, Brooklyn, Nova York. 2003 - Abi Lazkoz Zeichnungen, Werkraum Godula Buchholz, Denklingen, Munic. - Humus, Intervenció a la Casa Encendida, Madrid. 2002 - Welcome drawings, galeria Abel: Raum für Neue Kunst, Berlín. 2001 - Dibujos de bienvenida, Fundación BilbaoArte, Bilbao. EXPOSIÇÕES COLETIVAS / EXPOSICIONES COLECTIVAS / GROUP EXHIBITIONS 2009 - La vida, Mucsarnok, Budapest, Hongria. 2008 - We have moved, Monya Rowe Gallery, NY L’Art en Europe, Domain Pommery, Reims, França. - From Brooklyn with love, Parkers Box Gallery, Brooklyn, NY. 2007 - Chacun a son goute, Guggenheim Bilbao, Bilbao. - Becarios Endesa 2003-2004, Museo de Teruel, Terol. - Streetmodernism, Mama Showroom, Rotterdam. - Creación Montehermoso 06, Palacio Montehermoso, Vitoria-Gasteiz. 2006 - Deus ex machina, Market Gallery, Glasgow. - Marra Aski, Palacio Montehermoso de Vitoria-Gasteiz. - Imágenes de la masculinidad, Sala Juana Francés, Saragossa. - A picturesque view, Monya Rowe Gallery, Nova York. 2005 - Greater New York, PS1-MOMA, Nova York. - Fondo de Arte Fundación Marcelino Botín, Fundación Marcelino Botín, Santander. - 15 años de Las Becas Fundación Endesa, Edificio Endesa, Madrid. - Gifts, Queens Museum of Art, Nova York. - El mundo como creo que es…, Galeria Estrany de la Mota, Barcelona. 2004 - Mientras tanto, en otro lugar..., Sala Rekalde, Bilbao. - Goya+España, I Capricci di Goya e L’arte contemporanea spagnola nella collezione del Centro d’Arte la Panera di Lérida, Il Filatoio, Caraglio, Cuneo. - I have met someone else, Monya Rowe Gallery, Nova York. - Gure Artea 2004, Palacio Montehermoso, Vitoria-Gasteiz. - Itinerarios 2002/03, Fundación Marcelino Botín, Santander. - 4a. Biennal Leandre Cristòfol, Centre d’Art La Panera, Lleida. 2003 - Internal excess, Selections Fall 2003, the Drawing Center, Nova York. - Urbania, Sala Amadís, Injuve, Madrid. - 70´s setentas, Galería Moisés Pérez de Albéniz, Pamplona. 2002 - Ertibil 2002, Exposició itinerant per municipis de Biscaia. - La ciudad y la memoria, Orduña, Biscaia. - Generación 2002 de Cajamadrid, Casa de América, Madrid. - Kunst 2002 Zurich, stand de la galeria - Abel: Raum für Neue Kunst, Zuric. - Berlin Wall Paints, projectes murals d’artistes de galeries de Berlín. - ArtFrankfurt 2002, Frankfurt. -94- 2001 - Selecció d’artistes de la XVI Muestra de Arte Joven, Centro España-Córdoba, Córdoba, Argentina. - II Certámen de Artes Plásticas del Colegio de Ingenieros de Caminos, Canales y Puertos del País Vasco, Bilbao. 2000 - XVI Muestra de Arte Joven, Injuve, Círculo de Bellas Artes, Madrid. - Artistes de Bilbao-Arte 2000, Fundación Bilbaoarte, Bilbao. PRÊMIOS E INSÍGNIAS / PREMIOS Y BECAS / GRANTS AND AWARDS 2006 - Premi Gurea Artea 2006 de Artes Plásticas. 2005 - 1r. premi Ertibil de Artes plásticas de la Diputación Foral de Bizkaia. 2003 - Beca d’arts plàstiques de la Fundación Endesa. 2002 - Beca d’arts plàstiques de la Fundación Marcelino Botín. - Ertibil 2002, Diputación Foral de Bizkaia. - Generaciones 2002 de Cajamadrid. 2001 - Beca per a la creació artística de la Diputación Foral de Bizkaia. 2000 - Muestra de Arte Joven, Injuve, Círculo de Bellas Artes de Madrid. 1995 - Beca Erasmus a la Winchester School of Arts del Regne Unit. OBRA EM COLEÇÕES / OBRA EN COLECCIONES / WORKS IN COLLECTIONS - Guggenheim Bilbao Museoa, Bilbao. - Artium, Vitoria-Gasteiz. - MUSAC, Museo de Arte Contemporáneo de Castilla-León. - Diputación Foral de Bizkaia. - Fundación Endesa y del Museo de Teruel, Terol. - Centre d’Art La Panera, Lleida. - Fundación Marcelino Botín, Santander. - Fons artístic de les Juntas Generales de Bizkaia. - Instituto de la Juventud del Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales, Madrid. - Fomento de Construcciones y Contratas, Bilbao. - Fundación Bilbaoarte, Bilbao. - Facultad de Bellas Artes de la UPV/ EHU, Leioa. -95- RAÚL BELINCHÓN Kéyah -97- RAÚL BELINCHÓN Valência, 1975. - Colour Summer, Young Gallery Photo, Brussel·les. 2005 - Art Forum Berlín, Galeria Mudimadue 2004 - Ministeri de Cultura, Exposició a la Real Academia de San Fernando, Madrid Academia de España, Roma. - Arco, Stand Ministeri de Cultura Palazzo Venezia, Fuji Euro Press Photo Awards, Roma. - World Press Photo, Museu de Roma a Trastevere, Roma. - Miart, Galeria Mudimadue, Milà. 2004, 2003 - Artissima, Turí, Galeria T20. 2003 - PHOTOESPAÑA, Cuadros de una exposición, Fondos de la Colección de Fotografía de la Comunidad de Madrid. - Miart, Galeria T20, Milà. 2002 - ARCO, stand de la Comunidad de Madrid, Consejería de las Artes. 2000 - Rencontres d’Arles. - Primavera fotográfica. - Generación 2000, Certamen de Arte Caja Madrid. FORMAÇÃO / FORMACIÓN / EDUCATION 2004 Licenciatura em História da Arte pela Universitat de València. EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS / EXPOSICIONES INDIVIDUALES / SOLO EXHIBITIONS 2009 - Kéyah, Espai 13, Fundació Joan Miró, Barcelona. 2008 - Galeria Mas Art, Barcelona. 2007 - Biennal Sao Paulo-València. 2005 - París Photo, Stand T20, Musée du Louvre. - Galeria Mudimadue, Milà. 2004 - Galeria Mudimadue, Berlín. - Galeria T20, Múrcia. 2002 - PHE01, Sala Efti, Madrid 2001 - Palacio Vallesantoro, Sangüesa, Pamplona. 1999 - Sala Railowsky, València. EXPOSIÇÕES COLETIVAS / EXPOSICIONES COLECTIVAS / GROUP EXHIBITIONS 2009 - Miradas Arquitectónicas en la Colección del Ivam, Mubag, Alacant. 2008 - Feria Internacional de Arte de Sao Paulo, Galeria Marilia Razuk Balelatina Hot Art, Basilea. - El Color. El Tiempo de los Ritmos, Espacio Escala, Fundación Cajasol, Sevilla. - Carne y Piedra, Palacio de Altamira, Instituto Europeo di Design, Madrid. - Urbana 08, Galería Sandunga, Granada. 2008, 2007, 2006, 2005, 2004, 2003 Arco, Galería T20. 2007 - Encuentro entre dos mares, Bienal de Sao Paulo-València. - Balelatina, Basilea. - I Exposición Becas CAM Artes Plásticas, Museo Universidad de Alicante. - Paris Photo, Galería T20. 2007, 2006, 2005, 2004 - DFOTO, Feria Internacional de Fotografía Contemporánea y Vídeo-Arte, Sant Sebastiá. 2006 - CICC, Centro Internacional de Cultura Contemporánea, Fundación Ordóñez Falcón MACO, Feria de Arte contemporáneo de Méjico. PRÊMIOS E INSÍGNIAS / PREMIOS Y BECAS / GRANTS AND AWARDS 2008 - IX Premi ABC de pintura i fotografía, Menció honorífica. 2007 - Finalista del II Premi Internacional de Fotografia Contemporànea Pilar Citoler Generació 2007, Premis i beques d’Art, Caja Madrid. - Finalista del Premi de Fotografia Fundación Aena, Madrid. 2006 Nominat per a la beca Joop Swart Master Class del World Press Photo, Amsterdam 2006, 2005 - Beca Colección CAM d’arts plàstiques 2004 - World Press Photo, 3rd Prize/Arts and Entertainment Stories. - 1r. Premi Fuji Euro Press Photo Awards, Roma. - Premi ABC de pintura i fotografía, Menció honorífica. - Beca Casa de Velázquez de Artes Plásticas, Madrid. 2003 - Beca de fotografia del Ministeri d’Exteriors, Academia de España, Roma. - VIII Certamen Unicaja de Artes Plásticas, Màlaga. 2002 - Beca d’arts plàstiques del Ministeri de Cultura, Colegio de España, París. -110- - Beca Art Visual, Circuito de Arte Contemporáneo, Consorcio de Museos de la Comunidad Valenciana. - Becat per al taller de fotografia i periodisme 2003, Fundación Santa María de Albarracín, Terol. 2001 - Beca Pépinières Pour Jeunes artistes, Lió. - Certamen d’art Generación 2000, Caja Madrid. 2000 - 2n. Premi al Certamen de Fotografía Injuve, Madrid. 1999 - Finalista en la selecció de porfolios, Photoespaña 99, Madrid. - Beca Benetton dirigida pel fotògraf Oliviero Toscani, (Treviso) Itàlia. - V Bienal Internacional de Fotografía Fotonoviembre, Tenerife. - Catàleg Arco, projecte Ciudades Subterráneas, Galería T20. - Sensación de Vivir, catàleg editat pel Consorcio de Museos de la Comunidad Valenciana, Generalitat Valenciana. 2001 - Vendimiar, catàleg editat per la CAM, Alacant. 2000 - Generación 2000, Caja Madrid, reportatge José y Familia. OBRA EM COLEÇÕES / OBRA EN COLECCIONES / WORKS IN COLLECTIONS - IVAM Centro de Arte Reina Sofía, Madrid. - Fundación Coff, Centro Ordóñez Falcón de Fotografía, Ministeri de Cultura, Fundación Unicaja, Màlaga. - Fundación Cajasol, Sevilla. - Fundació Vila Casas, Barcelona. - Comunidad de Madrid, Consejería de las Artes Comunidad Autónoma Región de Murcia. - Centro de Fotografía de Tenerife - Instituto de la Juventud (INJUVE), Madrid. PUBLICAÇÕES / PUBLICACIONES / PUBLICATIONS 2007 - Poéticas.cam. - Generación 2007 Premios y becas de Arte, Caja Madrid. - Encuentro entre dos Mares, Bienal de Sao Paulo-València. 2006 - 100 Fotógrafos españoles, editat per Rosa Olivares, Exit Publicaciones. - Espacios Reales, Espacios Ficticios, Colección Ordóñez-Falcón de Fotografía - Catàleg Arco, projecte Patio de Butacas, Galería T20. 2005 - Catàleg Paris Photo, País invitado España, Proyecto Patio de Butacas 2004 - World Press Photo, projecte Ciudades Subterráneas. - Catàleg Becarios de Artes Plásticas, Colegio de España, París, projecte Ciudades Subterráneas. 2003 - Catàleg dels fons de la col·lecció de fotografía de la Comunidad de Madrid. - Projecte Sensación de Vivir. -111- LISTA DE OBRAS -113- Obra Joan Miró ------------------------------------------------------------ Obra Joan Miró ------------------------------------------------------------ Primeira Centelha da Aurora II, 1966 Acrílico e óleo sobre tela 146 x 114 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Sem título II, 1973 Tinta nanquim, aquarela, acrílico e lápis de cor sobre papel 44,7 x 57,5 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Série Barcelona (19), 1944 Litografia 69,9 x 52,3 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Personagem, 1949 Cobre 19 x 27 x 23 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Letras e Cifras atraídas por uma centelha I, 1968 Acrílico sobre tela 145,9 x 114 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Sem título I, 1973 Tinta nanquim, aquarela e acrílico sobre papel 44,5 x 57,5 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Série Barcelona (25), 1944 Litografia 70 x 52,8 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Joan Miró, André Breton Constelações, 1959 Litografia. Reproduções realçadas com pochoir 47,5 x 38,3 x 5,3 cm (livro) / 43,5 x 35,7 cm (litografia) / 35,8 x 43,3 cm (reproduções) Fundació Joan Miró, Barcelona Duas aves rapinas, 1973 Acrílico sobre lona 258,5 x 210,5 cm Fundació Joan Miró, Barcelona. Doação de Pilar Juncosa de Miró Sem título III, 1973 Tinta nanquim, aquarela e acrílico sobre papel 44,7 x 57,6 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Série Barcelona (32), 1944 Litografia 70 x 52,8 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Personagem na noite, 1974 Acrílico e óleo sobre tela 73 x 91,9 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Série Barcelona (1), 1944 Litografia 69,9 x 52,3 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Série Barcelona (37), 1944 Litografia 69,9 x 52,2 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Mulher, 1969 Técnica mista sobre papel de embalar 64 x 55 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Série Barcelona (2), 1944 Litografia 69,6 x 49,6 cm Fundació Joan Miró, Barcelona Maquete do piso de cerâmica do Pla de l'Os, 1976 Tinta nanquim, lápis oleoso, pastel e água-forte sobre papel 90 x 105 cm / 74,5 x 89,5 cm Fundació Joan Miró, Barcelona ----------------------------------- 114 ----------------------------------- ----------------------------------- 115 ----------------------------------- Audiovisuais -------------------------------------------------------------- Obras de Arte Contemporânea ----------------------------------------------- A aventura estrelada de Miró Realização: Thiago de Mello com la colaboração de F. Català-Roca Produção: TV Globo, Brasil Produção executiva: Flavio Campelo Idioma: Português Duração: 28’ 49’’ Juan López Hoje não aspiro a nada Chicago´s Miró Realização: Terry Moyemont Produção: Chicago Council of Fine Arts. City of Chicago, Jane Byrne, Mayor Idioma: Inglês Duração: 19’ Joan Miró – Trazos (programa da TVE exibido em 3 capítulos) Realização e apresentação: Paloma Chamorro Produção: RTVE Productor executivo: Mariano de Pedraza Data: 1978 Idioma: Castelhano Duração: 56’ 47’’ / 60’ 41’’ / 59’ 13’’ Jeux d´enfants Realização: balé russo dirigido por René Blum e pelo coronel Basil no Teatro de Montecarlo Enredo: Boris Kochno Música: George Bizet Coreografia: Leonide Massine Cenografia y vestiário (desenho): Joan Miró Cenografia (criação): Príncipe Schervachidze Vestiário (criação): Madame Karinska Direitos autorais: Ms. Tatiana Massine Weinbaum, Mr. Theodor Massine e © Successió Miró 2010 Empréstimo: Jerome Robbins Dance Division of the New York Public Library Data: 1932 Duração: 20’ Diana Larrea Electrocosmos Raúl Belinchón Kéyah Javier Arce O ornamento das massas: vermelho, branco e azul Abigail Lazkoz Shuffle e Soldados Miro 37 – Aidez l´Espagne Realização: Pere Portabella. Data: 1969 Duração: 4’ 30’’ Miró em cena Realização: Rafael Boladeras, Pere Pratdesaba, David Rubira, com a colaboração de Exit Produção: Fundació Joan Miró Data: 1994 Duração: 7’ 49” Miró L´altre Realização: Pere Portabella Produção: Col·legi d’Arquitectes de Catalunya i Balears Fotografia: Manel Esteban Música: Carles Santos Data: 1969 Duração: 15’ Toiles brûlées. Miró Realização: Francesc Català-Roca Produção: Aimé Maeght Música: F. J. Garrido Direitos autorais: ©Arxiu Històric del Col·legi d´Arquitectes de Catalunya Data: 1973 Duração: 20’ ----------------------------------- 116 ----------------------------------- ----------------------------------- 117 ----------------------------------- Textos en español --------------------------------------------------------- LOS 24 ESCALONES JOAN MIRÓ y ------------------------------------ 119 ----------------------------------- Los 24 escalones y Joan Miró ---------------------------------------------- Presentación -------------------------------------------------------------- Del diálogo entre las obras de Joan Miró y los artistas Javier Arce, Raúl Belinchón, Diana Larrea, Abigail Lazkoz y Juan López nace esta muestra titulada “Los 24 escalones y Joan Miró”, que son los peldaños que separan el Espai 13 del itinerario de la colección permanente en la Fundació Joan Miró. Con esta iniciativa de la Fundació, cinco creadores españoles recuperan el espíritu abierto de Miró y su inquietud por las nuevas expresiones y tendencias artísticas. La Selección española en Brasilia Joan Miró: el feliz encuentro de la modernidad Las 16 obras del pintor barcelonés evocan e inspiran nuevas expresiones artísticas que sirven para reflexionar sobre grandes temas como el cosmos o la tierra que, a través de lenguajes novedosos, son devueltos a la luz de nuestros días con espíritu crítico y constructivo. La creatividad y el simbolismo, las imágenes, la anticipación y la fotografía son elementos que conducen la obra de estros cinco artistas que afrontan el desafío de dialogar con los trabajos de Miró y construir un nuevo discurso de gran fuerza evocadora. Republica de Brasilia, les proponemos estos “veinticuatro escalones” para descender y ascender a la obra de Miró y a la de estos cinco artistas españoles que recrean con sus lenguajes y códigos una nueva narrativa que nos descubre enfoques muy variados de los grandes temas que inspiran la obra de este artista universal. Miguel Ángel Moratinos Ministro de Asuntos Exteriores y de Cooperación, España Ángeles Gozález-Sinde Ministra de Cultura, España Si Juan López toma como referencia los collages de Joan Miró y su apego a los materiales sencillos, Diana Larrea encuentra inspiración en las constelaciones mironianas y Javier Arce reflexiona sobre los límites del arte a través de las imágenes. Por su parte, Abigail Lazkoz se sumerge en los cuadernos de bocetos para interpelar al azar desde la composición exhaustiva y Raúl Belinchón aborda la tierra y el paisaje desde la fotografía. “Los 24 escalones y Joan Miró” es una invitación a la inspiración y a la recreación interpretativa de la obra de Miró, que, a través de estos cinco artistas nos devuelve su temática con lenguajes y sensibilidades diversas. Desde el compromiso político de promover el conocimiento y la difusión de la obra de nuestros creadores más consagrados así como de las nuevas generaciones de artistas, los ministerios de Asuntos Exteriores y de Cooperación, y el de Cultura, con la organización de la Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior (SEACEX), la Fundació Joan Miró y el Museu Nacional do Conjunto Cultural da ----------------------------------- 120 ----------------------------------- Todavía en plena euforia tras el Mundial de Sudáfrica y el triunfo de España, no podemos dejar de rendir homenaje al trío que llevó a la selección de ese país a lograr su primer título como Campeones del Mundo: el portero Iker Casillas, Xabi Alonso y Andrés Iniesta. Los tres jugadores se han situado entre los mejores del mundo. También en el ámbito de las artes tenemos un destacado trío de españoles: la trinidad catalana formada por Pablo Picasso, Salvador Dalí y Joan Miró. Del mismo modo que Casillas, Xabi e Iniesta han cambiado para siempre el curso de la historia en el Mundial 2010, Picasso, Dalí y Miró cambiaron profundamente el curso del arte a escala mundial para todos los tiempos. No sabemos si en el Mundial de Brasil de 2014 veremos a estos tres jugadores de fútbol defendiendo los colores de España. Pero lo que sí sabemos con certeza es que en septiembre de 2010, con motivo de la conmemoración del Cincuentenario de Brasilia, tendremos con nosotros al menos a uno de los ídolos del arte catalán: Joan Miró. Esperamos mucho de esta exposición, ya que Brasilia y Miró tienen algo en común: ambos son símbolos de modernidad. La Secretaría de Estado de la Cultura del Distrito Federal tiene el honor de abrir las puertas del Museu Nacional da República para presentar al público brasileño esta magnífica exposición, con el apoyo del Embajador de España, Carlos Alonso Zaldívar, y la colaboración de SEACEX, Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior, y la Fundació Joan Miró de Barcelona. Una exposición que, además de exhibir obras de Miró, incluye obras de jóvenes talentos contemporáneos españoles que hacen una relectura de la obra del gran maestro. En el campo de las artes, estamos ante todo un golazo para la cultura brasileña. Silvestre Gorgulho Secretario de Estado de Cultura del Distrito Federal, Brasil ----------------------------------- 121 ----------------------------------- Los 24 escalones y Joan Miró ---------------------------------------------Hablar de Miró y de su capacidad de respuesta a las demandas estéticas del hombre del siglo XX, es adentrarse en una obra que desborda cualquier catalogación apresurada y entre cuyas formas, ya clásicas, figuran algunas de las imágenes más difundidas de nuestro arte, dentro y fuera de España. La trayectoria de uno de los máximos protagonistas de las vanguardias históricas, cuya personal visión del surrealismo evolucionó hacia nuevos horizontes del expresionismo abstracto y el informalismo, invita a contemplar sus creaciones desde la misma elemental mirada con la que conjugó sus visiones del acto pictórico, interpretadas como símbolo ingenuo y sofisticado a la vez de una modernidad en permanente renovación. Ese desafío, planteado a los simples espectadores, es aun mayor para los artistas que, desde la fragmentación actual de los códigos expresivos, siguen encontrando estímulos para su propia creatividad en las provocaciones y sugestiones del maestro. De ahí que hace dos años la Fundació Joan Miró, dentro de su programación destinada a divulgar la creación contemporánea y, en especial, de los jóvenes artistas, planteara un diálogo vivo entre la obra de Miró y algunos de los principales intérpretes de las últimas tendencias. Para ello, se eligió un título inspirado en el de la novela de John Buchan, llevada al cine por Hitchcock y en este caso adaptada al número de escalones que conducían al espacio expositivo de la Fundación donde originalmente se organizó esta muestra que ahora se presenta al público brasileño. Este podrá disfrutar ahora de la confrontación entonces impulsada entre dieciséis de las piezas mironianas custodiadas en su sede y las obras realizadas específicamente para aquella ocasión por cinco artistas que representan diversas corrientes y géneros del arte español más reciente. Jorge Díez ---------------------------------------------------------------- coherencia fundamental. Ese es también uno de los muchos mensajes transmitidos por las nuevas visiones de la realidad y los sueños que despliegan los creadores seleccionados para renovar este diálogo visual a través del tiempo. Los 24 escalones y Joan Miró De acuerdo con el afán de colaboración institucional que preside todas sus actuaciones, la Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior organiza la exposición junto con la Fundació Joan Miró y el Museu Nacional do Conjunto Cultural da Republica, que la alberga en sus salas de Brasilia. De esa forma, pretendemos servir a la vez a la difusión de nuestro arte más actual y a un nuevo acercamiento a ese gran patrimonio común que constituye la obra del artista mallorquín, capaz de superar barreras y de seguir incitándonos a nuevas búsquedas estéticas y del conocimiento. Miró y el arte emergente El Espai 13, sucesor del inicial Espai 10 (1977-1987), es un proyecto singular de la Fundació Joan Miró dedicado al arte emergente, vinculado a la voluntad del propio artista de que la sede de su obra permaneciera atenta y abierta al pulso de las nuevas propuestas artísticas. Charo Otegui Pascual Presidenta de la Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior Rosa Maria Malet Directora de la Fundació Joan Miró Se rinde así tributo a una obra que, desde sus comienzos en el gran crisol vanguardista de los años veinte del pasado siglo, supuso una de las más altas aportaciones a la internacionalización del arte de nuestro país, sobre todo gracias a su capacidad para abrirse a nuevas sugestiones sin abandonar una ----------------------------------- 122 ----------------------------------- 1 Esta iniciativa fue pionera en Cataluña y en el ámbito español, dando ocasión a que jóvenes artistas y comisarios presentaran sus trabajos e ideas comprometidos con los nuevos lenguajes artísticos durante los años ochenta y noventa del pasado siglo. El boom del arte joven y la proliferación de centros, museos e iniciativas quizás contribuyeron a que las líneas de actuación que singularizaban este proyecto se fueran en parte diluyendo. Con motivo del veinticinco aniversario de la muerte de Miró en diciembre de 2008, la Fundació Joan Miró decidió impulsar el papel del Espai 13 y darle un nuevo protagonismo en dicha efeméride vinculando el ciclo expositivo de la temporada 2008-2009 a la figura y al espíritu de Miró. El ciclo Los veinticuatro escalones incluyó las intervenciones de Javier Arce, Raúl Belinchón, Diana Larrea, Abigail Lazkoz y Juan López específicamente producidas para la ocasión. La Fundació Joan Miró y la Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior (SEACEX) han colaborado en la itinerancia internacional de un proyecto que, a partir de estas obras producidas, integra obras del propio Miró en una suerte de diálogo entre algunos temas como el cosmos o la tierra, lenguajes como el dibujo o el collage y modos de hacer que en distinta medida han estado en el origen de las propuestas de este ciclo, cuyo 1. Texto ampliado y revisado del catálogo Els vint-i-quatre graons, editado por la Fundació Joan Miró de Barcelona en 2009. título parafrasea la película basada en la novela Los treinta y nueve escalones de John Bucham, publicada en 1915 y adaptada al cine por Alfred Hitchcock en 1935. Veinticuatro son los escalones que hay que bajar hasta el Espai 13 dentro del recorrido por la colección permanente de Miró y que conducen al espectador no prevenido a enfrentarse a las nuevas prácticas creativas, probablemente extrañas a la intención de su visita y que le ofrecen la posibilidad de descubrir otras propuestas artísticas. Unas propuestas que se potencian al readaptarse ahora al espléndido espacio del Museo Nacional de la República de Brasilia, tensadas por la presencia y la confrontación con las pinturas, dibujos, litografías y escultura de Joan Miró, junto con distintas obras y documentos videográficos acerca del artista y su prolífico trabajo. El final de los años veinte y principio de los treinta fue el período inicial del joven Miró entre Barcelona y París y el del comienzo de su reconocimiento internacional, etapa de encuentro y en muchos casos de amistad, entre otros, con Max Jacob, Michel Leiris, Paul Éluard, Antonin Artaud, Tristan Tzara, André Breton, Robert Desnos, Jean Arp, Max Ernst o René Magritte. En la biblioteca personal de Miró, además de numerosas obras de algunos de estos autores, se encuentran también varias novelas de Fantômes, el célebre personaje creado en 1911 por Marcel Allain y Pierre Souvestre que apareció en treinta y dos novelas de ambos y en once más de aquél tras la muerte del segundo, además de en adaptaciones para el cine, la televisión y el cómic; un personaje que representa dentro del género policíaco la transición entre los villanos de la novela gótica y los asesinos en serie modernos, muy lejos ambos de los killers postmodernos de Quentin Tarantino. Casi todos los artistas de este ciclo tienen probablemente sus referencias más próximas a este cineasta norteamericano que a los autores de Fantômes, por lo que observaban con una mezcla de distancia y curiosidad los distintos volúmenes de la biblioteca de Joan Miró depositada en la Fundación cuando se reunieron en el inicial ----------------------------------- 123 ----------------------------------- Los 24 escalones y Joan Miró ---------------------------------------------encuentro preparatorio. Una curiosidad transformada en estímulo y emoción al contemplar tanto los cuadernos de dibujos preparatorios del artista como la obra gráfica cuidadosamente conservados. También hicieron un minucioso recorrido por los distintos departamentos, almacenes y otras zonas de la Fundación no expuestas a la mirada cotidiana de los visitantes. A partir de todo ello han construido sus proyectos, sin caer ni en un mero ejercicio hagiográfico ni en un banal rechazo del universo mironiano o de la institución, sino más bien incorporando críticamente a sus respectivos lenguajes e intereses los resultados de ese encuentro. En algún caso la referencia final ha podido ser más explícita y en otros casi un MacGuffin a la manera de Hitchcock, que el espectador tiene que descubrir, pero siempre al servicio de la construcción de sus personales universos creativos, tal y como el mismo Miró fue configurando el suyo propio durante su larga y fértil trayectoria, con honestidad y sin atajos, empresa si cabe más difícil de conseguir actualmente, pero en la que sin duda coinciden todos ellos con el maestro. Juan López, Hoy no aspiro a nada Juan López construye sus obras con señales, imágenes y mensajes; en intervenciones tanto en espacios urbanos como expositivos. En ambos .1 casos altera el espacio previo y superpone una nueva capa simbólica, realizada con los recursos utilizados por la publicidad que inunda las ciudades: descontextualizaciones, apropiaciones, ambigüedades, imágenes, textos, fotografías, carteles y grafitis. Para ello emplea diversas herramientas artísticas: dibujo, forma, color, composición y collage. A pesar de que la publicidad y las artes visuales comparten actualmente recursos y herramientas, el objetivo aquí es distinto: sorprendernos y sacudirnos de la modorra consumista con la que nos envuelven los reclamos publicitarios, rebuscados y falsamente atrevidos. Las obras del artista aportan una reflexión sobre la realidad que nos rodea, incluidos los mecanismos de la práctica artística. En esta ocasión Juan López, que ha tomado como referencia los collages de Joan Miró y el común interés por el uso de materiales sencillos al alcance de la mano, intervino en los muros del Espai 13 utilizando diversas técnicas como el dibujo y la videoinstalación. Da continuidad con este trabajo a sus intervenciones murales, en las que modifica la visión del espacio mediante el dibujo con cinta aislante y los vinilos de imágenes fotográficas. A partir de obras anteriores, como Satán Mola —New Grecas Specific Project, en las cuales combinaba la videoproyección de personajes a tamaño real con el dibujo mural, surgió la idea de que el movimiento ocupara todos los muros de la sala de manera secuencial. En Hoy no aspiro a nada ha tomado como motivo principal a los traceurs, que es como se denomina a los practicantes del parkour, una disciplina deportiva que consiste en desplazarse por el medio urbano o natural, superando de la forma más fluida posible los obstáculos que se presenten en el recorrido, tales como vallas, muros o el propio vacío, utilizando para ello los únicos recursos que ofrece el cuerpo humano. El resultado final recrea una serie de obstáculos dibujados sobre las paredes y la prolongación, también dibujada, de elementos visibles u ocultos de la sala como tuercas, tuberías, humo o enormes pulsadores; la estructura fijada en el techo como soporte de los videoproyectores refleja una falsa sombra convertida en el encuadre a modo de viñetas por las que se mueven los traceurs. Estos personajes proyectados a escala real recorrían en un movimiento continuo las paredes apoyándose para dar sus saltos y piruetas en los objetos y elementos dibujados, introduciéndose en alguno de ellos para reaparecer en otro lugar. ----------------------------------- 124 ----------------------------------- Jorge Díez ---------------------------------------------------------------Ahora en Brasilia el trabajo se articula en torno a la rampa interior que comunica las dos plantas de exposición del Museo Nacional y junto a la que se muestra la película del ballet Jeux d’enfants, estrenado por los Ballets Rusos de Montecarlo el 14 de abril de 1932, con telón, escenografía, vestuario y objetos diseñados por Miró. Esta película sin sonido enlaza con el rumor de la Guerra Civil española punteada por la serie Barcelona en el film Miró 37Aidez l’Espagne de Pere Portabella, que antecede a las seis litografías de la mencionada serie incluidas en la exposición. El ‘pochoir’ Aidez l’Espagne fue realizado con el fin .2 de recaudar fondos para la República y muchos años después protagonizó el cartel de la polémica exposición España. Vanguardia artística y realidad social, 1936-1976, que se mostró en la Fundación Miró después de su presencia en la Bienal de Venecia. La épica serie Barcelona, dramáticos dibujos en una amplia gama de negros y grises, la mayor parte realizados directamente sobre papel litográfico en una edición completa y limitada a cinco ejemplares y dos pruebas de artista, de las que sólo se conservan la serie de los herederos de Joan Prats y la de la Fundació Joan Miró. La necesidad de evasión de Miró en su exilio interior, tras el triunfo del franquismo y la expansión nazi en Europa, explica quizás que el humor apuntara en algunos de estos dibujos entre la temática de los astros, la mujer y los pájaros. Una temática que protagonizó una obra clave en su trayectoria: Las Constelaciones, que realizó en paralelo a la serie Barcelona y en la que el color juega un papel fundamental entre la gran complejidad de formas. Diana Larrea, Electrocosmos Diana Larrea ha tomado como punto de partida para Electrocosmos la serie Constelaciones, veintitrés aguadas realizadas entre 1940 y 1941 en Varengeville-sur-Mer, un pequeño pueblo de la costa de Normandía. La idea de constelación nace de esa innata afinidad del artista por las fuerzas vitales de la naturaleza y de su atenta percepción del mundo fenoménico. La inconfundible atmósfera mironiana tiene resonancias cósmicas y evoca plásticamente esa disposición que los astros dibujan en el espacio interestelar. Más adelante en 1958 se editó un libro de muy pocos ejemplares, con la reproducción de veintidós de esas aguadas de Miró y con veintidós prosas paralelas escritas por André Breton, que ahora tenemos ocasión de contemplar en el Museo Nacional de Brasilia. Después de unos primeros trabajos centrados en los colores primarios rojo y azul, Diana Larrea abordó una serie de intervenciones y proyectos surgidos de elementos míticos como las plagas o el laberinto, relacionándolos con el imaginario popular a través, por ejemplo, de recreaciones procedentes del cine clásico norteamericano, como en la intervención Palacio encantado que realizó en la fachada de la Casa de América a propósito de Los pájaros de Alfred Hitchcock, dentro del programa internacional de arte público Madrid Abierto en 20042. Ella misma fija el año 2000 como arranque del lenguaje que elabora en la actualidad, un doble frente de acciones en espacios públicos, como la reciente Espiral mudéjar en la Exposición Universal de Zaragoza, y trabajos fotográficos, con gran capacidad para moverse con libertad entre disciplinas artísticas. Afirma que cuando concibe un proyecto piensa al tiempo en su ejecución en el espacio y en las 2. Vid. Madrid Abierto 2004-2008. Madrid: Asociación Cultural Madrid Abierto, edición bilingüe español e inglés, 2008, 544 págs. y www.madridabierto.com. ----------------------------------- 125 ----------------------------------- Los 24 escalones y Joan Miró ---------------------------------------------- Jorge Díez ---------------------------------------------------------------- fotografías o vídeos que realizará. En su propuesta, la fotografía y el vídeo no son utilizados simplemente como instrumentos de documentación de sus intervenciones, sino que tienen entidad propia como obras artísticas. atravesar según Arthur C. Danto el linde de la historia, mostrando que no es posible distinguir las obras de arte y los objetos reales sólo mediante la vista e inaugurando una nueva etapa para el arte contemporáneo después del fin del arte en la que todo parece posible y el artista está abierto al Las constelaciones han sido siempre un punto de referencia y orientación para el hombre, que las ha utilizado como coordenadas para encontrar el camino perdido. En este sentido, su simbolismo está muy relacionado con la estructura del laberinto, porque el diseño laberíntico es interpretado como un diagrama que conforma en la tierra un reflejo de la retícula astral, es decir, como una representación que reproduce geométricamente los trazos imaginarios que perfilamos sobre la bóveda celeste. Ambas figuras encarnan ese afán instintivo del hombre por ordenar y dotar de coherencia a su propia existencia. Basándose en estos conceptos Diana Larrea ha dispuesto dentro de la sala una trama laberíntica de líneas luminosas en forma de muros continuos de luz, compuestos por una serie de sencillos tubos fluorescentes blancos .3 dotados de un apoyo independiente sobre el suelo. Este sistema de puntos de iluminación, diseminados y organizados sobre un fondo vacío oscuro, evoca un campo de energía astral, un microcosmos de trayectorias lineales concebidas como expresión poética de las fuerzas motrices del universo. Su propósito con esta propuesta ha sido construir una pieza que invite a la participación activa del público y al recorrido de su trazado, como si se tratara de una adivinanza que pide ser descifrada, poniendo a prueba su propia intuición a través de esta recreación actualizada de un ancestral ritual iniciático, que nos coloca en el centro mismo de una gran imagen mítica, envolvente y casi de ensueño, dotada de un fuerte poder de evocación. Javier Arce, El ornamento de las masas: rojo, blanco y azul ¿Cuántas personas pasan a diario por el Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, la Tate Modern, el Centro Georges Pompidou o la Fundació Joan Miró? ¿Cuántas de ellas salen de las tiendas de estos museos y centros de arte con cualquier tipo de suvenir en el que aparece estampada alguna de las obras más famosas allí expuestas o conservadas y que forman parte del discurso establecido en la historia del arte? A veces se trata incluso de los mismos objetos con la impresión del logotipo del respectivo museo o la firma del artista estrella; el caso de Miró es de los más profusamente utilizados, llegando a producirse en los años ochenta una especie de plaga de logotipos mironianos, muchos de ellos sólo inspirados en él o simplemente burdos plagios. A partir de preguntas como esas Javier Arce viene transitando por las fronteras del arte, a la búsqueda de unos límites que acoten la definición de su naturaleza. Para ello intenta tensar el espacio de lo artísticamente posible hasta aquellos territorios en los que el arte con mayúsculas, en tanto que expresión de la alta cultura, se contamina de las manifestaciones de la cultura popular. Lo que pretende cuestionar, casi siempre de una manera irónica, son esas barreras, lo que de convencional y construido tiene ese registro o tono elevado que se atribuye como propio el discurso artístico instituido para marcar la diferencia respecto a aquellas otras prácticas significativas de carácter masivo. Con esta nueva propuesta el artista ha querido hacer una reflexión sobre los usos y abusos de las imágenes de la obra de arte, con la pretensión de diluir los límites entre cultura de élite y cultura de masas, de transgredir las fronteras establecidas entre arte y vida. Se trata de una instalación integrada por dos trabajos que parten del gesto seminal de Andy Warhol con su Brillo Box en la Stable Gallery de Nueva York en 1964, para ----------------------------------- 126 ----------------------------------- 4. pluralismo. Nos enfrentamos a una acumulación de dibujos tridimensionales que representan la Caja Brillo, realizados con rotulador sobre papeles irrompibles y convertidos cada uno de ellos en un gurruño; de esta manera el orden y limpieza de la instalación original se convierte en una acumulación de desechos artísticos, sobre los que pende Dos aves de presa, una gran lona de Miró de los años setenta. Además se integran varias proyecciones del registro fotográfico de una serie de acciones realizadas por Javier Arce, que han consistido en ‘abandonar’, junto al resto de los productos y suvenires que se comercializan en las tiendas de los museos anteriormente citados, obras originales de la serie Estrujados (Brillo Box). Podría ser que Warhol hubiera acertado en su pronóstico de que todo museo acabaría convirtiéndose en un supermercado. Vemos a una cajera intentando encontrar el código de barras del Estrujado que alguien quiere comprar, a un visitante que reconoce satisfecho la pequeña y arrugada Caja Brillo o que la observa intrigado, incluso al frustrado comprador que decide finalmente llevársela sabedor de que nadie va a reclamarle por su acción. En las proximidades de la escultórica instalación de Javier Arce está la pequeña pieza de Miró Personaje (1949), uno de los bronces realizados después de haber experimentado con la tierra refractaria a mediados de los cuarenta, y también se ha incluido otro audiovisual de Pere Portabella, Miró l’altre, realizado con ocasión de la intervención del artista en 1969 en los cristales de la fachada del Colegio de Arquitectos en Barcelona, destruida por el propio Miró al finalizar la exposición a propuesta de Portabella, quien contó con la total complicidad de aquél y que, con música de Carles Santos, fotografía de Manel Esteban y montaje de Teresa Alcocer, convirtió el inicial documental en una creación conjunta que cuestionaba los lenguajes del cine y la pintura a partir de la acción efímera protagonista de la obra. Abigail Lazkoz, Shuffle y Soldados Al fondo de las intervenciones de Juan López, Diana Larrea y Javier Arce, como una segunda piel que las circunda, encontramos tres dibujos de 1973 y las pinturas Mujer (1969), Personaje en la noche (1974), La primera chispa del día II (1966) y Letras y cifras atraídas por una chispa I (1968), junto con el Proyecto del pavimento de cerámica del Pla de l’Os, Barcelona (1976), uno de los distintos trabajos de Miró para el espacio público. Todo ello enfrentado a los dibujos de Abigail Lazkoz en la pared opuesta. Esta artista ha actuado en distintas ocasiones sobre las paredes de las salas de exposición, llenándolas con dibujos murales que narran escenas cotidianas individuales y colectivas del ciclo de la vida y la muerte personal o social. Escenas que condensan un momento y que de alguna manera explican la empatía, el rechazo emocional o ambos sentimientos de forma simultánea por parte de la artista respecto a quienes protagonizan dichas escenas. Narraciones que entroncan con el lenguaje de la historieta como narración secuenciada a través de la asociación de imágenes, en el caso de Abigail sin ningún apoyo textual y con una búsqueda de la expresividad que ha ido combinando algunos trabajos prácticamente de línea con otras composiciones más barrocas y saturadas de elementos gráficos, compartiendo ambos la teatralidad de los personajes y una exageración de rasgos y gestos que enfatizan la tragedia colectiva o el pequeño drama individual, haciendo convivir con acierto el horror y el humor. Reivindica Lazkoz la senda ----------------------------------- 127 ----------------------------------- Los 24 escalones y Joan Miró ---------------------------------------------- Jorge Díez ---------------------------------------------------------------- estética de lo siniestro en la que une a los grabadores tradicionales japoneses y mejicanos con artistas románticos, expresionistas y surrealistas, singularizada en su interés por artistas como Bill Traylor y Öyvind Fahlström o en las reverberaciones de la serie Der Krieg de Otto Dix en el trabajo mural expresamente realizado por la artista para Brasilia. pasado histórico y el presente en la serie Nuova Roma Antica. Para abordar más recientemente en Se traspasa y Escenarios urbanos el entrecruzamiento de lo público y lo privado en el espacio de la ciudad actual, donde se superponen las distintas identidades y se desdibujan frente a las barreras sociales y a la uniformidad de las urbes contemporáneas. Tras investigar durante los últimos años sobre las posibilidades expresivas de la línea y mancha negra sobre fondo blanco aplicadas con frecuencia directamente sobre las paredes de la sala o sobre muros construidos previamente en el espacio expositivo, Abigail Lazkoz hace ahora un alto en .5 su trayectoria y reflexiona sobre las distintas series de dibujos que han ido articulando su universo. El leitmotiv ha sido la contemplación de los cuadernos preparatorios de Joan Miró, revisados personalmente por el artista y conservados en la Fundación, los cuales la sorprendieron al reconocer en ellos algunas maneras de hacer propias como, por ejemplo, el trabajo en series o la anticipación casi exhaustiva de la composición de las obras en los bocetos. Además confiesa Lazkoz, quien en esos momentos se encontraba preparando un libro recopilatorio de sus últimos nueve años de trabajo, que este descubrimiento le ha ayudado a pensar en su obra de un modo nuevo, es decir, de forma retrospectiva, revisando las cuentas pendientes y las ideas no llevadas a cabo, así como el proceso de creación de la obra, el laboratorio de ideas, el taller en el que el cuaderno de bocetos se convierte en recetario. Así, Shuffle pretende ser esa especie de cuaderno de notas, de cuentas pendientes que normalmente no se llevan a cabo bien porque se ha pasado página o bien porque nuevos proyectos reclaman toda la atención y el tiempo disponible. La idea de la artista ha sido ofrecer al espectador la oportunidad de revisar su cuaderno de apuntes mientras ella misma lo repasa. Unos apuntes, unas notas que en realidad son una gran cantidad de dibujos de todos los tamaños de trabajos inéditos, descartes, bocetos y series que se presentan todos mezclados, como si se hubieran barajado, sin otra jerarquía o hilo narrativo que no sea la propia enumeración y el mero azar con el que se celebra la alquimia de la obra de arte. Ahora en Brasilia recupera una parte de esta intervención y realiza un nuevo dibujo mural de grandes dimensiones: Soldados. Raúl Belinchón, Kéyah Raúl Belinchón representa con su trabajo la reflexión que en estos últimos años han hecho muchos fotógrafos sobre el estatus de la fotografía y su capacidad como medio para representar la realidad. Desde sus tempranos inicios se centró en contar sus experiencias personales a través de la fotografía, utilizando el reportaje como recurso para la introspección o para resaltar sus convicciones personales. En sus retratos de una familia gitana o de una familia de temporeros valencianos proponía una reflexión más amplia a partir del retrato social individual y siempre desde una aproximación más visual que literaria, en la cual se reflejan con cierta claridad sus personales referencias cinematográficas. En series anteriores como Ciudades subterráneas refleja Raúl la idea de unas ciudades paralelas a las que habitamos, resaltando esos lugares de tránsito, como los túneles, las escaleras o las cintas transportadoras, recorridos entre el tumulto colectivo y el silencio individual. Un silencio que es colectivo, entre el sueño y lo real, en el caso de las arquitecturas del espectáculo cultural vacías tras la representación en su exhaustivo trabajo Patio de butacas, y que confronta el ----------------------------------- 128 ----------------------------------- Ahora se adentra Belinchón en uno de los temas mironianos por excelencia: la tierra, fuerza creadora y paisaje que lo vincula a su experiencia vital y al gusto por la materia frente al formalismo, con una búsqueda permanente de lo ancestral y de la confluencia con los astros, la fertilidad y las culturas agrícolas. Tierra es el significado de la palabra Kéyah en la lengua de los indios navajo, término éste que proviene de un vocablo tewa, navahuu, traducible como campo de cultivo en cauce seco. Se trata de un proyecto fotográfico sobre la tierra y su paisaje, un recorrido por su interior tratando de imaginar otras realidades. Las fotos están tomadas en un pequeño cañón bajo tierra en el noreste de Arizona (EE UU), en el que la erosión de la piedra arenisca, producida por la acción del agua y el viento, ha creado a lo largo del tiempo piedras con texturas rayadas y moldeadas con formas curvas y rectas. Unas formas que se pliegan y cierran hasta impedir en ocasiones pasar por los reducidos huecos creados, configurando un singular recorrido en el que sólo la luz que penetra del exterior muestra posibles salidas. Sombras y luces de una arquitectura cuasi orgánica de la materia tallada con precisión y paciencia por la naturaleza, a la vez laberinto y refugio, como el espacio medio escondido tras los paneles de los que cuelgan las pinturas de Miró en el que se han instalado las vibrantes fotografías de Belinchón. El porvenir En 1928 se publicó en el periódico nacionalista La Publicitat la primera entrevista a Miró, en la que declaró: “Lo que ahora hago tiene un gran paralelismo con mi obra. Pero hasta dentro de un par de años la gente no lo sabrá ver. Seguramente, entonces se descubrirá la auténtica unión que tiene lo que hago actualmente con el resto de mi obra. Creo que para hacer algo en el mundo, se debe tener un amor por el riesgo y por la aventura, y sobre todo prescindir de aquello que el pueblo y las familias burguesas llaman: ‘porvenir’”3. Esta renuncia a hipotecar el espíritu de aventura en aras de la situación futura fue una constante en la trayectoria artística de Joan Miró, que le llevó a investigar todo tipo de materiales, realizar murales y esculturas para el espacio público, participar en producciones escénicas o colaborar con otros creadores en muy distintos campos. De todo ello dan cuenta distintas publicaciones y audiovisuales, algunos de los cuales pueden verse tanto en el propio recorrido de la exposición en Brasilia como en el amplio espacio de documentación dispuesto al final de la misma. Por ejemplo A aventura estrelada de Miró, título del poema dedicado al artista por Thiago de Melo, realizador de esta producción de la brasileña TV Globo, que incluye la colaboración de Francesc Català-Roca en la parte dedicada a Mori el Merma, espectáculo del grupo Teatre de La Claca estrenado en 1978 en el Gran Teatro del Liceo de Barcelona, con títeres, máscaras y decorados pintados por Joan Miró. El artista también aparece pintando los personajes de dicha obra en el vídeo Miró en escena, documental de la inauguración de la exposición del mismo nombre en la Fundación Joan Miró de Barcelona. Chicago’s Miró recoge la creación y colocación de la escultura Lluna, sol i una estrella (Miss Chicago) en la calle Washington de esa ciudad norteamericana. En Toiles brûlées. Miró 73 puede observarse al artista contemplando al aire libre el resultado de las obras que integran la colección de telas quemadas. Se cierra esta panorámica audiovisual con los tres capítulos de Trazos, una producción del mítico programa de la televisión pública española en los años ochenta La edad de oro, producido y dirigido por Paloma Chamorro. Estos documentos de la trayectoria 3. Joan Miró. Escritos y conversaciones. Valencia: IVAM, 2002, pág. 155. ----------------------------------- 129 ----------------------------------- Los 24 escalones y Joan Miró ---------------------------------------------- Wagner Barja -------------------------------------------------------------- de Joan Miró, junto con sus piezas incluidas en la exposición, se confrontan con las producciones de cinco artistas emergentes españoles que, a través de la fotografía, el dibujo, la instalación, el vídeo o el collage, transforman el espacio expositivo e inducen al espectador a construir distintos recorridos y lecturas. Ya no existe en estos artistas, quizás por innecesario, el manifiesto deseo de Miró de “asesinar la pintura”, pero pervive un afán de libertad que se extiende al uso de lenguajes, temas y referencias, como es propio de la práctica artística contemporánea. Una suerte de collage urbano de dibujos e imágenes en movimiento; la luz cegadora de un cosmos laberíntico; la confusión de objetos, obras de arte y mercancías en unos museos convertidos en hipermercados culturales; una acumulación aparentemente azarosa de dibujos conviviendo con un gran mural; y las imágenes de los brillantes colores y formas extraídos de las piedras por la acción de la naturaleza y el tiempo. Distintas maneras, con un interés compartido por lo cotidiano y por el exceso, de entender la práctica artística como un campo abierto de experimentación y de interpretación de la realidad en la que aún resuena con distintos tonos la pulsión poética de fusionar el misterio y lo ancestral con la vida sin las ataduras del porvenir. Joan Miró Un lenguaje universal Junio de 2010. En este caso, esta comparación metafórica crea la idea de un museo corporificado en el amplio mundo del arte moderno, idealizado y representado a través del lenguaje de la pintura, como si ésta fuera la sangre, la parte vital de ese cuerpo que constituye el lenguaje de las artes plásticas. Fotografías 1. Juan López. Cart[ajena], 2007. 2. Diana Larrea. Madrid Abierto, 2004. 3. Javier Arce. Serie Abandonados, 2008 4. Abigail Lazkoz. Chacun a son goute, 2007. 5. Raúl Belinchón. Patio de butacas, 2005. ----------------------------------- 130 ----------------------------------- Para describir lo que significa celebrar una exposición de Joan Miró en el Museo Nacional de Brasilia coincidiendo con el cincuentenario de la ciudad, podríamos decir que este evento nos viene “como anillo al dedo”, ya que las formas de la obra del artista catalán establecen un diálogo permanente con las formas de la moderna capital de Brasil. A principios de esta década, el Museo Reina Sofía presentó obras de Pablo Picasso y Joan Miró en una retrospectiva histórica. Los dos espacios contiguos inyectaban vigor, de distinta forma, al ambiente del museo, dando la impresión de que éste latía como un cuerpo vivo y proactivo. Las obras de estos célebres artistas españoles podían percibirse como distintos órganos de ese mismo cuerpo, que también formaba parte del sorprendente acervo de más de doscientas piezas que reunían las dos colecciones expuestas. Estas muestras conjuntas pusieron de manifiesto por qué el genio de Miró y Picasso revolucionaron, cada uno a su manera, el arte del siglo XX. Imaginemos que estamos en una clase de anatomía en la que pudiéramos diseccionar de una manera crítica este cuerpo de las arte con ayuda de una herramienta visual que funcionase como un bisturí para realizar un corte epistémico en la historia del arte, y que también nos permitiera visualizar a través de una sonda crítica para localizar y diagnosticar el aparato digestivo de ese cuerpo, constituido por la obra de Pablo Picasso, que engulle y digiere múltiples elementos estéticos. En este mismo cuerpo, elaparato respiratorio sería la obra de Joan Miró, ese órgano que permite inspirar y expirar, y que también representa para el mundo de las artes buena parte del oxígeno que la pintura moderna necesitó para sobrevivir a las rupturas y constantes transiciones del arte contemporáneo en la postmodernidad. Así pues, podemos definir las obras de estos dos genios de la pintura, que aquí se abordan recurriendo a medios comparativos y análogos, tomando como referencia simbólica una densa organicidad corpórea. Observado aquí como parte de la historia orgánica de la pintura, vemos un lenguaje cuyo objetivo, en un principio, es construir, pero que más tarde, al final de cada una de las trayectorias de estos artistas, acaba por deconstruir y diseccionar su propio espectro corpóreo de lenguaje. Nada más apropiado que comparar y metaforizar la obra de Picasso con un gran aparato digestivo: un súper estómago y un súper intestino engullidor y deglutidor, que acaba por expulsar con violencia una pintura contundente. Al igual que la diáfana obra de Miró, comparada en este caso con un enorme aparato respiratorio, un pulmón inmenso y vivo que logró dilatar e influir en la atmósfera de la estética modernista con su cosmología pictórica ligera y suelta, marcada por elementos puros como el punto, la línea y la mancha unidos en un fructífero diálogo formal. En el ámbito de la plasticidad moderna, el fértil proyecto estético de Joan Miró se diferencia de las demás tendencias de su tiempo principalmente por lo que respecta a las posibles comparaciones con otras propuestas. Su arte se aleja de similitudes con el surrealismo, con el cubismo o con otros ismos. En la obra de Miró la poética de las formas planas otorga a sus composiciones un inédito sentido del espacio, como si el soporte y su contenido se confundieran en un mismo plano bidimensional propio del plano pictórico. El hecho fundamental que aleja y ----------------------------------- 131 ----------------------------------- Los 24 escalones y Joan Miró ---------------------------------------------diferencia la obra de Miró de la de otros grupos modernistas, como los cubistas, los surrealistas o los futuristas, es, sin duda, su fulminante y radical ruptura con los paradigmas del arte renacentista y la negación hegemónica del modelo tradicional de esta vertiente, que adopta la perspectiva lineal (el escorzo) como elemento esencial para la disposición y la fundamentación del espacio pictórico. Aunque transformados y redimensionados en la modernidad, los modelos que fundamentaron el arte del Renacimiento no se abandonan del todo ni se eliminan de manera sumaria de la escena y del conjunto de los movimientos modernos. Es evidente que estos paradigmas del Renacimiento permanecerán y dejarán vestigios importantes en la constitución de las dimensiones espaciales de estas corrientes artísticas. Algunos elementos plásticos, fundamentales para la construcción de imágenes según esas tendencias artísticas, pueden incluso reconocerse en el uso incontestable de líneas de tierra y puntos de fuga que asientan y afianzan las formas plásticas dentro del espacio de la obra pictórica de Picasso, Fernand Léger y Matisse, entre otros. Este mismo elemento de la línea de tierra y las convergencias de un punto de fuga otorgan una espacialidad supuestamente tridimensional y representativa en la pintura renacentista. Sin embargo, en la obra de Miró estos elementos ni siquiera existen, lo que confiere a sus obras una nueva perspectiva plana que potencia el movimiento del artista hacia la bidimensionalidad en detrimento de la tridimensionalidad. En la plástica de Miró asistimos a un total abandono de la perspectiva linear, un recurso básico de la pintura del Renacimiento. De hecho, este recurso ni siquiera aparece ni se menciona visualmente en sus composiciones. Se produce el desnudo total y revolucionario de la perspectiva plana sin que en el proyecto plástico del artista exista una preocupación espacial obvia, es decir, todo lo que está en el espacio compositivo está suspendido en el aire. No existe ninguna línea del horizonte que limite sus formas planas, no hay ni tierra ni cielo, todo está incluido en una única espacialidad que hace las veces de único soporte, con una intensa profusión de elementos naturales de la plástica. El lugar de la pintura se encuentra en el carácter aéreo de las formas autonarrativas constituidas por elementos que resultan fundamentales para la correcta visualización del cuadro: el punto, la línea y la mancha. El universo de Joan Miró es bidimensional por excelencia. En un mundo plano en el que todo se configura y se resuelve. Sus creaciones oníricas reverencian los elementos básicos del dibujo, tanto en los grabados y pinturas como en los objetos y esculturas que el artista concibió a lo largo de su larga trayectoria. Un arte fluido y definitivo, inimitable e inconfundible, que encierra una poética sin precedentes en el mundo de las artes. Wagner Barja -------------------------------------------------------------como diplomático a finales de los años cuarenta. Existe un famoso texto de Cabral sobre Miró que se publicó en Barcelona en 1950, y en Brasil en 1952, en el que el autor aporta críticas fundamentales a la obra de Miró, presentando los siguientes como factores preponderantes: la ruptura con los modelos tradicionales renacentistas y la extinción de las costumbres asociadas al virtuosismo, que se ponen de manifiesto en su obra a través del deseo de desaprender, de deconstruir las proclamadas habilidades técnicas tan de moda en el medio artístico de la época. En el caso de Joan Miró, Cabral resalta la importancia del alcance de la inocencia a través de un retorno a la infancia. Para el poeta de Pernambuco, lo que protege la obra del artista de los tópicos es su poderosa síntesis y simplicidad de propuestas. * Wagner Barja - Director del Museu Nacional do Conjunto Cultural da República en Brasilia. En ocasiones inspiradas a partir de referencias simbólicas de las artes de la prehistoria, sus composiciones traspasan nuestros sentidos como partituras elaboradas para una sinfonía semiabstracta, con notas fluctuantes en un espacio sonoro sensible y armónico. La poética visual de Joan Miró es transversal a los demás lenguajes, al igual que se inscribe y se ambienta en la música, en la poesía escrita, así sus figuraciones compuestas por elementos sacados de una estética casi infantil y muy personal se perciben como un rito de transferencias: de la pintura a la música, o incluso a la poesía escrita y posteriormente al cine. Sus composiciones danzan en el entorno de las artes visuales como signos no recreados ni revisitados, sino como símbolos originales surgidos de un nuevo mundo estético; signos de fundamental importancia para las raíces del proyecto moderno. El João de aquí y el Joan de allí Una de las aproximaciones más conocidas del arte de Joan Miró al proyecto estético brasileño se produjo gracias a su amistad con el poeta João Cabral de Melo Neto, que vivió en Barcelona ----------------------------------- 132 ----------------------------------- ----------------------------------- 133 ----------------------------------- English Texts ------------------------------------------------------------- & THE 24 STEPS JOAN MIRÓ ----------------------------------- 135 ----------------------------------- The 24 Steps & Joan Miró -------------------------------------------------- Foreword -------------------------------------------------------------- This exhibition represents a dialogue between the works of Joan Miró and those of the artists Javier Arce, Raúl Belinchón, Diana Larrea, Abigail Lazkoz and Juan López. Its title, “The 24 Steps”, refers to the flight of stairs leading down to the Espai 13 from the permanent collection at the Fundació Joan Miró in Barcelona. In this initiative organised by the foundation, five Spanish artists emulate Miró’s open-minded spirit and exploratory approach to new forms of expression and new artistic trends. The Spanish Team in Brasilia Joan Miró: the discovery of modernity artists who use their own vocabularies and codes to create a new narrative that reveals their varied approaches to the principal themes underlying the work of this great universal artist. Miguel Ángel Moratinos Minister for Foreign Affairs and Cooperation, Spain Ángeles González-Sinde Minister for Culture, Spain The sixteen works by Miró provoke and inspire new artistic ideas on such broad themes as the cosmos or the earth that are updated in a constructive, critical manner through innovative art forms. Creativity, symbolism, images, anticipation and photography are elements that drive the work of these five artists, who have been challenged to establish a dialogue with Miró’s art and construct an inventive and powerfully evocative discourse. While Juan López takes as his point of reference Miró’s collages and liking for simple materials, Diana Larrea finds inspiration in the Catalan artist’s constellations, and Javier Arce reflects on the limits of art through images. Abigail Lazkoz immerses herself in Miró’s sketchbooks to explore the effects of chance through detailed composition, whereas Raúl Belinchón approaches landscape and the earth through photography. “The 24 Steps” is an invitation to these five artists to seek inspiration in Miró’s art and produce a creative reinterpretation of it through their different languages and sensibilities. In line with a political commitment to promote and publicise the work of both distinguished and up-and-coming artists, the Spanish Ministry of Foreign Affairs & Cooperation and Ministry of Culture, with the cooperation of the Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior (SEACEX), the Fundació Joan Miró and the Museu Nacional do Conjunto Cultural da República in Brasilia, are pleased to present “The 24 Steps” as a way to access on different levels the works of Joan Miró and of these five Spanish ----------------------------------- 136 ----------------------------------- In the euphoric aftermath of Spain’s World Cup victory we must pay tribute to the trio who took this team to its first title as World Champions: goalkeeper Iker Casillas, Xabi Alonso and Andrés Iniesta. Three players who have shown themselves to be among the best in the world. In the world of the arts too, we have an outstanding Spanish threesome: the Catalan trio formed by Pablo Picasso, Salvador Dalí and Joan Miró. In the same way as Casillas, Xabi and Iniesta changed the course of history in the 2010 World Cup, so Picasso, Dalí and Miró profoundly altered forever the course of art the world over. We don’t know whether at the 2014 World Cup in Brazil we will be seeing these three players defending Spain’s colours again. But we do know with certainty that in September 2010, to commemorate the fiftieth anniversary of the founding of Brasilia, we will have with us at least one of the idols of Catalan art: Joan Miró. A great deal is expected of this exhibition, since Brasilia and Miró have one thing in common: they are both symbols of modernity. As Secretary of State for Culture in the Federal District, I have the honour to open the doors of the Museu Nacional da República to this splendid exhibition, organised with the support of the Spanish Ambassador, Mr. Carlos Alonso Zaldívar, and with the collaboration of SEACEX, Sociedad Estatal para la Acción Cultural Exterior, in Spain, and the Fundació Joan Miró in Barcelona. In addition to pieces by Miró, the exhibition includes works by young Spanish contemporary artists who reinterpret the great master. In the field of the arts, this is most certainly a winning goal for Brazilian culture. Silvestre Gorgulho Secretary of State for Culture, Federal District, Brazil ----------------------------------- 137 ----------------------------------- The 24 Steps & Joan Miró -------------------------------------------------- Jorge Díez ---------------------------------------------------------------- To talk about Joan Miró and his ability to respond to our aesthetic demands in the twentieth century is to explore an œuvre that defeats any hasty attempt to label it and that contains among its now classical forms some of the bestknown images of the art of our time both in and outside Spain. The artistic career of one of the leading exponents of the historical avant-gardes, whose personal vision of Surrealism evolved towards new horizons of Abstract Expressionism and Informalism, invites us to contemplate his creative work with the same elementary gaze with which he himself viewed the act of painting, interpreted as a naïve and at the same time sophisticated symbol of a modernity in a permanent state of renewal. The 24 steps and Joan Miró This challenge to mere viewers is even greater for those artists who, in the current disintegration of traditional codes of expression, continue to find a stimulus to their own creativity in Miró’s provocations and proposals. Hence the fact that, two years ago, as part of its programme for promoting contemporary art and in particular the work of younger artists, the Fundació Joan Miró in Barcelona organised a living dialogue between Miró and a number of well-known interpreters of the latest trends. The title chosen was inspired by John Buchan’s novel The Thirty-Nine Steps, made into a film by Alfred Hitchcock, but here adapted to the number of steps on the stairs leading down to the area at the foundation where the works were originally shown. The Brazilian public will now be able to enjoy the encounter between sixteen pieces by Miró held at the foundation in Barcelona and the works specifically produced for that occasion by five artists representing different currents and genres in Spanish art today. artists selected for the purpose of renewing this visual dialogue across the years. In line with its on-going objective of institutional collaboration, the State Corporation for Spanish Cultural Action Abroad has organised this exhibition jointly with the Fundació Joan Miró and the Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, which will be holding it in its centre at Brasilia. In this way we aim not only to show examples of the very latest artistic trends but also to bring the public closer to the great universal heritage that is the art of Joan Miró – an art able to overcome barriers and to incite us to explore new ideas in aesthetics and new areas of knowledge. Charo Otegui Pascual President of the State Corporation for Spanish Cultural Action Abroad Rosa Maria Malet Director of the Fundació Joan Miró The show thus pays tribute to an artist who, from his early days in the great avant-garde melting pot of the 1920s, made one of the greatest contributions to the internationalisation of Spanish art, in particular as a result of his ability to open up his mind to new ideas without abandoning a fundamental coherence. This is also one of the many messages transmitted by the new visions of reality and dreams proposed by the ----------------------------------- 138 ----------------------------------- 1 Miró and emerging art The Espai 13 that succeeded the original Espai 10 (1977-1987) at the Fundació Joan Miró in Barcelona is a singular undertaking devoted to emerging art, in keeping with the artist’s wishes that the museum housing his work should be open to new ideas in art. This initiative was a pioneering project in Catalonia and in Spain too, giving young artists and curators the opportunity to show their work, their ideas and their commitment to new artistic languages during the 1980s and 1990s. The boom in young art and the proliferation of art centres, museums and initiatives perhaps contributed to the fact that the guiding lines that made this project so singular ended up becoming diluted to a certain extent. On the occasion of the twenty-fifth anniversary of the death of Joan Miró in December 2008, the Fundació Joan Miró decided to give a new impetus to the role of the Espai 13 by linking the programme for the 2008-2009 season to the life, work and spirit of Miró. “The 24 Steps” comprised works by Javier Arce, Raúl Belinchón, Diana Larrea, Abigail Lazkoz and Juan López produced specifically for the occasion. The Fundació Joan Miró and the State Corporation for Spanish Cultural Action Abroad (SEACEX) have collaborated on the overseas tour of a project that also includes pieces by Joan Miró alongside the works produced by these artists, in a kind of dialogue between themes such as cosmos and earth, between languages such as drawing and collage, and between methods of working that have to a greater or lesser extent been at the heart of the proposals for this cycle. Its title is a play on the 1935 film by Alfred Hitchcock based on The Thirty1. Revised text of the exhibition catalogue Els vint-i-quatre graons, published by the Fundació Joan Miró, Barcelona, 2009. Nine Steps by John Buchan, published in 1915. Twenty-four is the number of steps leading down to the Espai 13 from the area of the foundation housing the permanent collection of Miró’s work. They take the unsuspecting viewer to a confrontation with new artistic practices that most likely have nothing to do with the original purpose of his visit but give him the chance to discover other forms of art. These are now enhanced by being adapted to the splendid exhibition area of the Museu Nacional do Conjunto Cultural da República in Brasilia, offset by Joan Miró’s paintings, drawings, lithographs and sculptures as well as various works and videos about the artist and his output. The late 1920s and early 1930s marked the start of the period that Miró spent working between Paris and Barcelona and began to become internationally known. It was a time when he met and in many cases formed friendships with artists and writers such as Max Jacob, Michel Leiris, Paul Éluard, Antonin Artaud, Tristan Tzara, André Breton, Robert Desnos, Jean Arp, Max Ernst and René Magritte. In Miró’s private library, in addition to numerous works by some of these writers there are also several novels about Fantômas, the famous character created in 1911 by Marcel Allain and Pierre Souvestre, who appeared in thirty-two books by them both and in eleven more by Allain after the death of Souvestre, in addition to adaptations for the cinema, television and comics. Fantômas was a character in the detective genre who represented the transition between the villains of Gothic novels and the murderers of modern thrillers, both far removed Quentin Tarantino’s post-modern killers. Almost all the artists taking part in this programme probably feel closer to Hitchcock than to the authors of Fantômas, and therefore during our initial meeting they contemplated with a mixture of distance and curiosity the books in Joan Miró’s library now held at the foundation. But their curiosity was transformed into stimulation and enthusiasm when they saw first the artist’s sketchbooks and then his original prints. We also went ----------------------------------- 139 ----------------------------------- The 24 Steps & Joan Miró -------------------------------------------------- Jorge Díez ---------------------------------------------------------------- on a detailed tour of the different departments, storage rooms and other parts of the foundation not normally seen by visitors. It was on the basis of all this that they created their projects, without falling into mere hagiography or a banal rejection of Miró’s universe or the foundation, but instead incorporating intelligently the results of this encounter into their respective languages and areas of interest. In some cases the final links are more explicit, while in others they are more of a Hitchcock type of “MacGuffin”, which the viewer has to decipher – but in all cases the references have been used in constructing their personal creative universes, in the same way as Miró configured his own during his long and productive career, with honesty but without short-cuts. It is an undertaking that is perhaps more difficult to achieve today, but it is one in which all the artists have affinities with the master. d’enfants, premiered by the Ballets Russes de Monte-Carlo on 14 April 1932, with curtain, sets, costumes and props designed by Miró. This silent film links up with the rumblings of the Spanish Civil War reflected by the Barcelona series in the film Miró 37 - Aidez l’Espagne by Pere Portabella, which was the prelude to the six lithographs from the series that are included in the exhibition. The Aidez l’Espagne stencil was produced for the purpose of collecting funds for the Republic, and many years later it was used on the poster for the controversial exhibition “Spain. Artistic Avant-garde and Social Reality, 1936-1976”, which moved to the Fundació Joan Miró in Barcelona after being shown at the Venice Biennale. The epic Barcelona series consists of dramatic drawings in a wide range of blacks and greys, most of them drawn straight on to lithographic paper, which were published in a limited edition of five sets and two artist’s proofs; the two surviving sets are held by the Joan Prats estate and the Fundació Joan Miró. Miró’s need to escape into his interior exile, after the triumph of Franco’s forces and the Nazi expansion in Europe, perhaps explains the humour in some of these drawings on the theme of stars, woman and birds. It is a theme that pervaded one of Miró’s key works, the Constellations, which he produced at the same time as the Barcelona series and in which colour plays a fundamental role among the complexity of the forms. Juan López: Today I aspire to nothing Juan López constructs his works with signs, images and messages, in the form of interventions in urban spaces and exhibition areas. In both cases he alters the existing space and superimposes on it a new symbolic layer using the advertising resources that inundate our cities: decontextualisations, appropriations, .1 ambiguities, images, texts, photographs, posters and graffiti. For this he uses a variety of artistic tools, such as drawing, form, colour, composition and collage. Despite the fact that advertising and the visual arts share the same resources and implements, the purpose here is very different: it is to take us by surprise and shake us out of the consumerist somnolence induced by overblown, pseudo-shocking advertisements. His works are a reflection on the reality around us, including the mechanisms of artistic practice. On this occasion, López – who decided to take as a starting point Joan Miró’s collages and the two artist’s common interest in the use of simple materials that can be found to hand – intervened on the walls of the Espai 13 using such varied techniques as drawing and video-installation. In this way he gives continuity to his mural work in which he alters the view of the space by drawings produced with insulating tape and photographic images printed on vinyl. Earlier works such as Satán Mola – New Grecas Specific Project, in which he combined video projections of lifesize figures with wall drawing, had led to the idea that movement should occupy all the walls of the room in sequential form. In Today I aspire to nothing, López takes as the principal motif the traceurs, the name given to practitioners of parkour, a sport that consists in moving through the urban or rural environment and overcoming the obstacles encountered on the way, such as walls, fences, empty space, etc., as quickly and efficiently as possible and using solely the resources of the human body. The final result recreates a series of obstacles drawn on the walls, together with the drawn prolongation of visible or concealed elements of the room, such as bolts, pipework, smoke or enormous press-buttons; the fixed structure of the ceiling as a support for the videos reflects a false shadow converted into the frame of the shot in the form of comic strips through which the traceurs move. These projected life-size figures travel continuously round the walls, leveraging themselves for their leaps and pirouettes on the drawn objects and elements, disappearing into some of them and reappearing elsewhere. Here in Brasilia, the work is articulated around the internal ramp linking the two exhibition floors of the museum; alongside it, visitors can watch the film of the ballet Jeux ----------------------------------- 140 ----------------------------------- Diana Larrea: Electrocosmos Diana Larrea has taken as her starting point for Electrocosmos Miró’s Constellations series of twentythree gouaches produced in 1940-41 at Varengeville-sur-Mer, a small town on the Normandy coast. The idea for the constellation came from the artist’s innate affinity with the living forces of nature and his close observation of natural phenomena. The unmistakable Mironian atmosphere has cosmic connotations and evokes the pattern traced by the heavenly bodies in the heavens. Later on, in 1958, a small limited edition of twenty-two of these gouaches was published with twenty-two parallel prose texts by André Breton, which we have the privilege of seeing in the Museu Nacional in Brasilia. After her early works focusing on reds and blues, Diana Larrea began a series of projects based on concepts from classical mythology such as plagues and labyrinths, relating them to popular images through re-workings from classic American films, such as her Enchanted .2 palace on the outside of the Casa de América, based on Alfred Hitchcock’s film The Birds, as part of the Madrid Abierto festival in 2004.2 Larrea herself mentions the year 2000 as the starting date of the art she is now producing, which is divided between actions in public spaces, such as the recent Mudejar spiral at the Expo in Zaragoza, and photographic works. She has a great capacity for moving freely between artistic disciplines, and says that when she conceives a project she thinks not only about its execution in space but also about the photographs or video she will produce. In her proposal, photography and video are not used simply as instruments to document her interventions but are works of art in their own right. The constellations have always been a point of reference and orientation for mankind, who has used them as coordinates for finding the way. In this respect, their symbolism is closely connected with the structure of the labyrinth, with the maze pattern being interpreted as a diagram of the reflection on Earth of the 2. Madrid Abierto 2004-2008. Madrid: Asociación Cultural Madrid Abierto, bilingual Spanish and English edition, 2008, 544 pp, and www.madridabierto.com. ----------------------------------- 141 ----------------------------------- The 24 Steps & Joan Miró -------------------------------------------------- Jorge Díez ---------------------------------------------------------------- reticular arrangement of the stars – in other words, like a geometrical representation of the imaginary lines that we trace on the vault of the heavens. Both figures embody man’s instinctive urge to give order and coherence to his own existence. that every museum would eventually become a supermarket. We see a checkout girl trying to find the bar code on the Crumpled that someone wants to buy, a visitor who smugly recognises the small squashed Brillo Box or another who examines it with curiosity, and even the frustrated buyer who finally Based on these concepts, Diana Larrea has set up a labyrinthine network of luminous lines in the form of continuous walls of light, composed of a series of simple white fluorescent tubes standing on the floor. This system of points of illumination, arranged against an empty dark background, recalls an astral energy field, a microcosm of lines conceived as the poetic expression of the driving forces of the universe. Her aim in this work is to construct a piece that encourages the active participation of viewers and invites them to follow the lines as if they were a conundrum asking to be deciphered, testing their own intuition by means of this modern re-creation of an ancestral initiation rite that places us in the very centre of a huge mythical, enveloping, almost dreamlike .3 image imbued with strong powers of suggestion. Javier Arce: The ornament of the masses: red, white and blue How many people a day visit the Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Tate Modern, the Centre Georges Pompidou or the Fundació Joan Miró? How many of them leave the shops in these museums with a souvenir decorated with one of the famous works of art exhibited there that form part of the established discourse on the history of art? Sometimes they are objects bearing the logo of the respective museum or the signature of a famous artist; in the case of Miró, his signs are some of those most widely used, and in the 1980s there was a sort of plague of Miró-style logos, many of them merely inspired by his art or quite simply plagiarised. On the basis of questions such as these, Javier Arce has been exploring the frontiers of art in search of limits that define its nature. In doing so he tries to expand the space of the artistically possible into those territories in which Art with a capital A, as an expression of high culture, is adulterated by the manifestations of popular culture. What he tries to question, nearly always with a strong vein of humour, are these barriers: the conventional, constructed side of that high register or tone that the artistic discourse appropriates in order to emphasise how different it is from those other mass-produced practices. 4. With this new proposal, the artist reflects on the uses and abuses of images of the work of art, with the aim of blurring the boundaries between elite culture and mass culture, and transgressing the established frontiers between art and life. The installation consists of two works based on Andy Warhol’s seminal gesture with Brillo Box in the Stable Gallery in New York in 1964, in which, according to Arthur C. Danto, he crossed the boundary of history, demonstrating that it is impossible to distinguish works of art from real objects simply by sight, and opening up a new period for contemporary art, after the end of art, in which everything seems possible and the artist is open to plural ideas. decides to pocket it knowing that nobody will notice. Close to Javier Arce’s sculptural installation is Miró’s small Figure (1949), one of the bronzes produced after he had been experimenting with fired clay in the 1940s, and also another film by Pere Portabella – Miró l’altre (The other Miró) – made during the artist’s intervention in 1969 on the glass front of the Architects Association in Barcelona that was destroyed by Miró himself at the end of the exhibition, on Portabella’s advice. Miró collaborated fully with Portabella, who converted the initial documentary into a joint work – with music by Carles Santos, photography by Manel Esteban and editing by Teresa Alcocer – that used Miró’s ephemeral act to challenge the languages of painting and film. The space is occupied by a mound of crumpled, three-dimensional drawings representing the Brillo Box, produced with a felt-tipped pen on untearable paper. In this way the neatness and clean lines of the original installation are turned into an accumulation of art junk, over which hangs Two birds of prey, a large 1970s canvas by Miró. The room also contains projections of photographs of a series of actions produced by Arce in recent months, which consisted in “abandoning” original works from the Crumpled (Brillo Box) series along with all the other products and souvenirs sold in museum shops. It would seem that Warhol was right in his prediction Abigail Lazkoz: Shuffle and Soldiers At the back of the works by Juan López, Diana Larrea and Javier Arce, and like a second skin enveloping them, are three drawings from 1973 and the paintings Woman (1969), Figure in the night (1974), The first spark of day II (1966) and Letters and numbers attracted by a spark I (1968), together with the Design for the tiled paving in the Pla de l’Os, Barcelona (1976), one of Miró’s various pieces for public places. All these are contrasted with the drawings by Abigail Lazkoz on the opposite wall. This artist has acted on several occasions on the walls of exhibition spaces, filling them with mural drawings that narrate ----------------------------------- 142 ----------------------------------- everyday scenes of individuals or groups referring to the personal or social cycle of life and death. They are scenes that condense a moment and that in some way explain the artist’s empathy or emotional rejection –or both feelings simultaneously– towards the persons portrayed. The narratives follow the sequential language of comic strips, through an association of images with no textual support and with a search for expressiveness in which the artist combines mere linear works with more Baroque compositions filled with graphic signs. In all of them, the theatrical nature of the figures and the exaggerated features and gestures emphasise the collective tragedy or the small personal drama, in a well-judged amalgam of horror and humour. Lazkoz aims at an aesthetic approach to the dark side of life –in which she links traditional Japanese and Mexican print-makers with Romantic, Expressionist and Surrealist artists– and projects this on to her interest in artists such as Bill Traylor and Öyvind Fahlström or in the repercussions of Otto Dix’s Der Krieg series on this mural work produced specifically for Brasilia. After spending the last few years researching the expressive possibilities of black lines and patches on a white background, frequently applied directly on to the walls of the exhibition room or a wall built specifically for the show, Lazkoz has now called a halt in order to reflect on the different series of drawings that have articulated her universe. This was triggered by seeing the sketchbooks containing Joan Miró’s preparatory drawings, held at the Fundació Joan Miró, in which she was surprised to recognise some of her own working methods, such as the production of series or the exhaustive ideas for compositions that appear in his sketches. In addition, Lazkoz, who at the time was preparing a book containing a compilation of her work over the last nine years, confesses that this discovery helped her to look at her art in a new way, that is to say retrospectively, by going over ideas as yet unimplemented, and also the actual process of creation of a piece, the laboratory of ideas, the workshop in ----------------------------------- 143 ----------------------------------- The 24 Steps & Joan Miró -------------------------------------------------- Jorge Díez ---------------------------------------------------------------- which the sketchbook becomes the recipe book. Shuffle is that kind of notebook for jotting down things to be done that are normally never completed, either because we turned over the page or else because new projects require all our time and attention. The artist’s aim is to give the viewer the chance to go through her notebook while she herself is checking it. The jottings and notes are in fact a large number of drawings in different sizes of unpublished works, discards, sketches and series, shown jumbled together as if they had been shuffled, with no hierarchy or narrative thread other than their numbering and the random it he stated that “What I’m doing now closely parallels my other work, but people won’t be able to see that until a couple of years from now. By then they will certainly discover the links between what I am doing now and the rest of my work. I feel that if you’re going to do anything in this world you’ve got to love risk and adventure and, more than anything, you’ve got to give up that middle-class idea that what you do has to last.”3 This refusal to restrain his adventurous spirit in order to provide for the future was a constant factor in Miró’s artistic career, and it led him to explore materials of all kinds, to produce murals and sculptures for public places, to take part in theatrical productions and to collaborate with other artists working in very different fields. goes hand in hand with individual silence. It is a collective silence, between dreams and reality, in the case of the empty architecture of a cultural show after the performance, in his exhaustive work Stalls; and a silence that contrasts the historical past and the present in the series titled Nuova Roma Antica. More recently, in Lease for sale and Urban scenes, he has tackled the mingling of the public and the private in today’s cities, where the different identities are superimposed upon each other and become blurred in the face of the social barriers and the uniformity of contemporary urban areas. .5 chance that serves to celebrate the alchemy of the work of art. Here in Brasilia the artist recovers part of this intervention and does a new largeformat mural drawing titled Soldiers. Raúl Belinchón: Kéyah Raúl Belinchón’s work embodies the reflections of many photographers in recent years on the status of photography and its capacity as a medium for representing reality. From the outset he has focused on recounting his personal experiences through photography, using reportage as a resource for introspection or for underlining his personal convictions. In his pictures of a gipsy family or of seasonal workers from Valencia, he proposed a wider social reflection on the basis of individual portraits, always with a visual rather than a literary approach, in which he clearly demonstrates his personal cinematographic references. In earlier series such as Subterranean cities, Belinchón depicted the idea of cities parallel to those we inhabit, emphasising those places of transit such as tunnels, flights of steps and travelators where the collective tumult Belinchón now tackles one of the Mironian themes par excellence – the earth – a creative force and landscape which he links to his personal experience and to his liking for matter as opposed to form, with a permanent search for the ancestral and the confluence with the stars, fertility and agrarian cultures. “Earth” is the meaning of the word Kéyah in the language of the Navajo Indians, a term that comes from a Tewa word navahuu, which can be translated as a cultivated field in a dry river bed. This is a photographic project about the earth and its landscape, a journey through its interior trying to imagine other realities. The photos are taken in a small underground canyon in north-east Arizona (USA), where the erosion of the sandstone, caused by the action of wind and water, has created over time stones with striped textures, moulded into curved and straight-sided shapes. The stones are folded over in such a way as to sometimes entirely block the small gaps created, forming a singular landscape in which only the light filtering in from outside indicates any possible way out. The light and shade of an almost organic architecture of matter carved with precision and patience by Nature, in what is both a labyrinth and a refuge, like the spaces behind the panels on which Miró’s paintings hang and on which Belinchón’s vibrant photographs are installed. The future The first interview with Joan Miró was published in the nationalist newspaper La Publicitat in 1928. In ----------------------------------- 144 ----------------------------------- All this is recorded in a variety of publications and films, some of which can be seen at the exhibition in Brasilia and in the extensive resources section at the end of the show. For example, A aventura estrelada de Miró, the title of the poem dedicated to the artist by Thiago de Melo, director of this production by Brazil’s TV Globo, which includes the collaboration of Francesc Català-Roca in the part relating to Mori el Merma, the show by the Teatre de La Claca group first performed in 1978 at the Gran Teatre del Liceu in Barcelona, with puppets, masks and sets painted by Miró. The artist is also shown painting the figures for that show in the video Miró en escena, the documentary of the opening of the exhibition of the same name at the Fundació Joan Miró in Barcelona. Chicago’s Miró covers the creation and mounting of the sculpture Moon, sun and a star (Miss Chicago) in Washington Street, Chicago. In Toiles brûlées. Miró 73 we can observe the artist in the open air contemplating the result of the paintings that make up the series of “burnt canvases”. This audiovisual section ends with the three chapters of Trazos, the legendary programme broadcast by Spanish State TV in the 1980s, La edad de oro, produced and directed by Paloma Chamorro. 3. Joan Miró. Escritos y conversaciones. Valencia: IVAM, 2002, 155 pp. These items documenting Joan Miró’s career, together with his pieces included in the exhibition, are offset by the works of five emerging Spanish artists who, through photography, drawing, installation, video and collage, transform the exhibition area and impel the viewer to make different itineraries and interpretations. With these artists there is no desire to “assassinate painting” like Miró had felt – perhaps because it is no longer necessary – yet a yearning for freedom still survives and extends to the use of languages, themes and references, as befits contemporary artistic practice. A kind of urban collage of drawings and images in movement; the blinding light of a labyrinthine cosmos; the confused mingling of objects, works of art and merchandise in museums that have become cultural supermarkets; an apparently random accumulation of drawings alongside a large mural; and images of the brilliant colours and forms extracted from stones by the action of nature and the passing of time. Different ways – but all with a shared interest in the everyday and the extreme – of understanding the practice of art as a field open to experimentation and to the interpretation of reality in which we can still hear the different tones of the poetic compulsion to merge the mysterious and the ancestral with life unfettered by the future. June 2010 Images 1. Juan López. New Grecas Specific Project, 2006. 2. Diana Larrea. Sobre los Pasajes, 2006. 3. Javier Arce. Serie Estrujados, 2007. 4. Abigail Lazkoz. Desastres naturales, 2007. 5. Raúl Belinchón. Ciudades subterráneas, 2005. ----------------------------------- 145 ----------------------------------- The 24 Steps & Joan Miró -------------------------------------------------- Wagner Barja -------------------------------------------------------------- Joan Miró A universal language movements. It is clear that these Renaissance concepts will survive and will leave a considerable mark on the constitution of the spatial dimensions of these artistic trends. Certain visual elements that are fundamental to the construction of images in these movements can also be seen in the undeniable use of horizon lines and vanishing points that establish and sustain the forms inside the picture space in the paintings of Fernand Léger and Matisse, among others. The horizon line and the converging lines at the vanishing point add a supposedly three-dimensional aspect that is representative of Renaissance painting. However, these elements do not exist in Miró’s art, and this gives his paintings a new flat perspective that enhances the artist’s shift towards the two-dimensional to the detriment of the three-dimensional. compositions assail our senses like a score for a semi-abstract symphony, with notes fluctuating in a sound space that is sensitive and harmonic. In Miró’s work we find a complete absence of the linear perspective that was a basic resource of Renaissance painting. It does not appear and nor is it even hinted at in his compositions: there is a complete, radical stripping out of all flat perspective. There are no obviously spatial concerns in his art – in other words, everything on the picture surface is suspended in space. There is no horizon line limiting his flat forms – no earth or sky. Everything is contained in a single spatial context that serves as the only support and is filled with a profusion of natural elements. The place of the picture is in the aerial nature of the self-narrating forms made up of the elements that are essential in order to view the painting properly: the dot, the line and the patch. The João here and the Joan there One of the best known approaches to Brazilian aesthetics by Joan Miró’s art occurred as a result of his friendship with the poet João Cabral de Melo Neto, who was posted to Barcelona as a diplomat in the late 1940s. There is a famous article on Miró by Cabral, published in Barcelona in 1950 and in Brazil in 1952, in which the author gives a critical appreciation of the artist’s work and singles out the following predominant factors: the break with traditional Renaissance models and the elimination of practices associated with the virtuoso, both of which are apparent in the artist’s work through the desire to unlearn, to deconstruct the proclaimed technical skills so fashionable in artistic circles of the day. In the case of Miró, Cabral underlined the importance of achieving innocence through a return to childhood. For the poet from Pernambuco, what saved the artist’s work from cliché was his formidable simplification and the simplicity of his ideas. In order to describe what it means to hold a Joan Miró exhibition in the Museu Nacional in Brasilia, coinciding with the city’s fiftieth anniversary, we could say the event “fits like a glove”, since the forms found in Miró’s work establish a permanent dialogue with the forms of the modern capital of Brazil. Almost a decade ago, the Centro de Arte Reina Sofía showed works by Pablo Picasso and Joan Miró in a historical retrospective. The two adjacent spaces each injected vitality into the museum, giving the impression that it was a living, breathing body. The works by these two famous Spanish artists could be perceived as different organs of that body, which also formed part of the magnificent selection of over two hundred pieces in the two displays. The double exhibition demonstrated how, in their own individual ways, these two geniuses, Miró and Picasso, had revolutionised the art of the twentieth century. This metaphorical comparison gives the idea of a corporealised museum in the wide world of modern art, idealised and represented through the language of painting, as if the paint were its blood, the vital part of that body that constitutes the language of the visual arts. Let us imagine for a moment that we are in an anatomy class where we are able to critically dissect this body of the arts with the help of an imaging tool that functions like a scalpel for making an epistemic cut in the history of art, and that would also serve as an endoscope for exploring the digestive tract of this body – Picasso’s painting – that swallows and absorbs so many aesthetic elements. In this same body, Miró’s œuvre would be the respiratory system, that organ that enables it to breathe air in and out and that also represents for the world of the arts a large part of the oxygen that modern painting needed in order to survive the ruptures and constant shifts in contemporary art in the post-modern era. This is perhaps how we can best define the works of these two geniuses of painting, whom we approach here by resorting to comparison and analogy, taking as a symbolic reference a dense corporeal organicity. Viewed here as part of the organic history of painting, we see a language whose initial purpose is to construct but that later on, at the end of each artist’s career, finally deconstructs and dissects its own corporeal spectrum of language. Nothing could be more appropriate than to compare and symbolise Picasso’s work with a large digestive system: a gulping super-stomach and a gobbling super-intestine, that ends by violently expelling a forceful art. In a similar vein we have Miró’s transparent art, compared here with an enormous respiratory system, an immense living lung that dilated and influenced modernist aesthetics with his light, fluid, pictorial cosmology denoted by pure elements such as dots, lines and patches united in a productive dialogue of forms. In the field of modern art, Joan Miró’s prolific output is distinguished from the other trends of his time mainly with respect to the possible comparisons with other proposals. His art has little to do with Surrealism, Cubism or other isms. In Miró’s work, the poetry of the flat forms gives his compositions a extraordinary sense of space, as if the support and its contents were fused in the single two-dimensional plane of the picture surface. The fundamental fact that distances and distinguishes Miró’s work from the other modernist groups, such as the Cubists, Surrealists or Futurists, is without doubt his sudden, radical break with the paradigms of Renaissance art and his negation of its traditional model, which uses linear perspective (foreshortening) as the essential method of laying out and organising the picture space. Although transformed and redimensioned in the modern era, the models on which Renaissance art was based were not altogether abandoned and nor were they summarily removed from all the modern ----------------------------------- 146 ----------------------------------- Joan Miró’s universe is the twodimensional universe par excellence. It is a flat world in which everything is configured and resolved. His dreamlike creations pay tribute to the basic elements of drawing, both in the paintings and prints and in the sculptures and objects that he produced throughout his life. It is a fluid, definitive, inimitable and unmistakable art, imbued with a poetry that has no precedent in the world of the arts. His visual poetry cuts across the other languages in the same way as it is inscribed and set in music and in written poetry. In this way his configurations composed of elements taken from an almost childlike and highly personal aesthetic are perceived as a rite of transferences: from painting to music, or even to written verse and thence to film. His compositions dance in the environment of the visual arts not like signs recreated or revisited but like original symbols emerging from a new world aesthetic; signs that are of fundamental importance to the roots of modern art. * Wagner Barja – Director of the Museu Nacional do Conjunto Cultural da República in Brasilia. Inspired at times by symbolic references to prehistoric painting, Miró’s ----------------------------------- 147 ----------------------------------- Governo do Distrito Federal Secretaria de Estado da Educação / D.F. Secretaria de Estado da Cultura / D.F.