O individualismo e a inteligência coletiva nas - grupo

Transcrição

O individualismo e a inteligência coletiva nas - grupo
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES – ECA
ANA MARIA PEREIRA
O individualismo e a inteligência coletiva nas comunidades virtuais
Um estudo sobre o grupo de Relações Públicas Digitais da Associação Brasileira
das Agências de Comunicação - Abracom
São Paulo
2011
ANA MARIA PEREIRA
O individualismo e a inteligência coletiva nas comunidades virtuais
Um estudo sobre o grupo de Relações Públicas Digitais da Associação Brasileira
das Agências de Comunicação - Abracom
Monografia
apresentada
à
Escola
de
Comunicação e Artes da Universidade de São
Paulo – USP, para obtenção do título de pósgraduada
em
Comunicação
Digital
Ambientes Corporativos.
Orientadora: Prof. Dra. Carolina Frazon
Terra
São Paulo
2011
para
PEREIRA, Ana Maria. O individualismo e a inteligência coletiva nas
comunidades virtuais. Um estudo sobre o grupo de Relações Públicas Digitais da
Associação Brasileira das Agências de Comunicação – Abracom. São Paulo – SP
2011. [Monografia – Pós Graduação – Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo].
BANCA EXAMINADORA:
______________________
ECA-USP
______________________
ECA- USP
______________________
______________________
DEDICATÓRIA
Às pessoas maravilhosas que Deus colocou em minha vida: minha família,
meu amor Gláucio e sua família, pelo apoio, força e incentivo em cada passo que
dou nesta caminhada.
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus, que sempre, em todos os momentos da
minha vida, sejam eles felizes ou tristes, NUNCA me deixa desamparada e SEMPRE
está ao meu lado. Agradeço aos meus pais e à minha família, pela compreensão
nos momentos em que não pude estar por ter que me dedicar ao projeto e pelo amor
com que dedicam sua vida a mim.
Também agradeço ao Gláucio pelo amor, paciência e apoio durante todo o
trabalho. Sem esquecer-me da sua família, sempre pronta para me receber de
braços abertos.
Agradeço à minha orientadora multitarefa e nota 10 Carolina Terra
(@carolterra) pela enorme dedicação, carinho e atenção que fizeram com que este
projeto fosse possível.
Por último agradeço a todos os amigos do Digicorp, pelo ombro amigo,
principalmente à Karinna Schmidt, Karen Matos e Beatriz Saraiva. Ao meu querido
chefe Carlos Henrique Carvalho, pela total liberdade para estudar o grupo e pela
compreensão que me é oferecida sempre que preciso. À Marina da Abracom, pela
força e paciência, ao Eduardo Vasquez, coordenador do grupo de Relações Públicas
Digitais da Abracom e a todos os moderadores de grupos virtuais que participaram
deste projeto.
RESUMO
Este projeto tem como objeto os relacionamentos e a comunicação que se
estabelecem
em
ambientes
digitais
de
grupo,
mais
especificamente
em
comunidades virtuais, tendo como campo de análise o Grupo de Relações Públicas
Digitais da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação). O
objetivo é verificar, por meio das metodologias de pesquisa bibliográfica, observação
não participante, análise de conteúdo e questionário, se o individualismo ajuda ou
atrapalha a construção de uma inteligência coletiva, tudo sobre a ótica da
Comunicação Organizacional Digital e das Relações Públicas Digitais.
Palavras chave: comunidades virtuais, comunicação organizacional, relações
públicas digitais, individualismo, inteligência coletiva.
ABSTRACT
This project aims to study the relationship and the communication that are
established in digital group environments, more specifically in virtual communities,
using as field analysis the Abracom (Brazilian Association of Communication
Agencies) Digital Public Relation Group. Its purpose is to verify, through
methodologies such as bibliographic research, non-participant observation, content
analysis and survey, whether individualism helps or hinders the construction of
colletive inteligence, all from the perspective of Organizational Communication and
Digital Public Relations.
Keywords: virtual communities, organizational communication, digital public
relations, individualism, colletive inteligence.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12
2 COMUNIDADES VIRTUAIS .......................................................................... 16
2.1 História ....................................................................................................... 16
2.2 Conceito ..................................................................................................... 18
2.3 Inteligência Coletiva ................................................................................... 22
3 RELAÇÕES PÚBLICAS E COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL.............. 27
3.1 História e evolução ..................................................................................... 28
3.2 Relações Públicas e Comunicação na era digital....................................... 29
4 ABRACOM.................................................................................................... 34
4.1 História ....................................................................................................... 34
4.2 Estrutura ..................................................................................................... 35
4.3 Objetivos .................................................................................................... 36
4.4 Linhas de trabalho ...................................................................................... 36
4.5 Grupos de trabalho ..................................................................................... 38
4.6 Capacitação ............................................................................................... 38
4.7 Cadernos de Comunicação Organizacional ............................................... 38
4.8 Atuação internacional ................................................................................. 39
4.9 Agências de Comunicação Corporativa - um panorama do setor .............. 39
5 GRUPO DE RELAÇÕES PÚBLICAS DIGITAIS ........................................... 40
5.1 Contextualização ........................................................................................ 40
5.2 Descrição do grupo no Google Groups ...................................................... 40
5.3 Situação atual ............................................................................................. 44
6 O INDIVIDUALISMO ..................................................................................... 45
7 METODOLOGIA E APLICAÇÃO. ................................................................. 51
7.1 Pesquisa bibliográfica................................................................................. 51
7.2 Observação não participante...................................................................... 51
7.3 Análise de conteúdo ................................................................................... 55
7.4 Questionário ............................................................................................... 74
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 93
APÊNDICE A - Índices .................................................................................... 98
ANEXO – Respostas do Questionário ........................................................ 104
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Modelo de mensagem enviada por email ....................................... 53
Figura 2 – Página do grupo na internet ........................................................... 54
Figura 3 – Questionário enviado por email ...................................................... 75
Figura 4 – Pirâmide de interação e participação do usuário mídia .............. ....89
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Tópicos......................................................................................... 59
Tabela 2 – Categorização dos tópicos ........................................................... 61
Tabela 3 – Quantidade total de tópicos postados .......................................... 63
Tabela 4 – Índices.......................................................................................... 65
Tabela 5 – Quantidade de mensagens postadas........................................... 71
Tabela 6 – Distribuição de mensagens por participantes............................... 71
Tabela 7 – Quantidade de membros e participantes ativos ........................... 90
12
1. INTRODUÇÃO
Estamos em um mundo globalizado e conectado. A cada nova pesquisa,
novos números nos mostram que a internet chegou para ficar e, a cada dia, fazer
mais parte das nossas vidas. Segundo pesquisa da comScore Media Metrix1, de
fevereiro de 2011, o número de internautas no mundo chegou a mais de um bilhão
em 2010, sendo contabilizados neste estudo apenas os acessos de casa e do
trabalho. O Brasil é um dos grandes responsáveis pelo aumento da audiência da
internet, passando dos 40 milhões, perfazendo 20% a mais do que em 2009,
conforme a mesma pesquisa.
Através da internet podemos fazer de tudo: ir ao banco, às compras, consultar
mapas, trabalhar, estudar, marcar consultas, conhecer lugares que talvez nunca
possamos conhecer fisicamente e, tudo isto, sem sair da frente do computador,
celular ou até mesmo, de um tablet.
As tecnologias avançam a passos largos e os produtos se tornam menores.
Os celulares se transformam em minicomputadores com acesso à internet. Segundo
pesquisa da International Telecomunication Union2 com o tema “The world in 2010”,
cerca de 940 milhões de pessoas no mundo já têm acesso à internet pelo celular. No
Brasil, já chegamos a mais de 200 milhões de celulares, sendo 82% pré-pagos,
segundo a Teleco3. O número de celulares no país com acesso à internet cresceu
24% em um ano, chegando a mais 25 milhões de aparelhos 3G em abril de 2011, de
acordo com a Anatel 4. Assim, o “estar conectado” hoje não quer dizer estar sentado
em uma cadeira de um escritório ou em casa: mobilidade é a bola da vez.
Desta forma, cada vez mais os relacionamentos são feitos por meio da
internet. A quantidade de “amigos” que podemos ter em uma rede social supera tudo
o que podíamos imaginar antes da rede. É possível conversar em tempo real com
pessoas que estão do outro lado do mundo, independente de classe social, cor,
sexo e outras limitações impostas pela convivência física. Avatares são comuns na
rede e muitas pessoas os utilizam para talvez, esconder algo que não gostam ou os
incomodam.
Vivemos sempre com pressa, com muitas tarefas a serem realizadas ao
mesmo tempo e a internet facilita a nossa vida por romper as barreiras de tempo,
1
Disponível em http://pt.scribd.com/doc/48622322/ComScore-SOI-Brazil-Webinar-Feb-2011. Acesso em 09 jun.2011.
Disponível em http://www.itu.int/ITU-D/ict/material/FactsFigures2010.pdf. Acesso em 14 jun.2011.
3
Disponível em http://www.teleco.com.br/ncel.asp. Acesso em 14 jun.2011.
4
Disponível em http://www.mobilepedia.com.br/noticias/brasil-ultrapassa-25-milhoes-de-acessos-3g. Acesso em 14 jun.2011.
2
13
simultaneidade e espaço. Mas será que a internet é uma revolução, uma mudança
de paradigma e esta globalização e conexão irão nos tornar melhores e diferentes
do que fomos até hoje?
Lévy (1998, p.29) acredita que sim. Para o autor, a rede pode tornar as
pessoas melhores e mais inteligentes, pois permite que todos se conectem e se
ajudem com seus conhecimentos. Cada um pode compartilhar com um pouco do
que sabe, e ajudar ao próximo. Para ele, não existe quem não saiba nada e assim,
juntos, é possível criar uma inteligência coletiva. A rede, para Lévy, tornará o mundo
mais democrático.
Com certeza as coisas ficaram bem mais acessíveis com o advento da
internet. O Google, buscador número um no Brasil5, é muitas vezes página inicial de
diversos computadores. Quem nunca ouviu a frase “joga no Google, se não estiver
lá não existe”? Podemos ter contato com culturas diversas, vídeos, fotografias,
trabalhos acadêmicos, tutoriais de tudo que se possa imaginar. A internet veio sim
para democratizar muita coisa, mas até o próprio acesso, apesar dos números
estrondosos, não é tão democrático assim.
O Brasil possui mais de 190 milhões de habitantes e o número de usuários de
internet, se contabilizado todos os possíveis locais de acesso, segundo a pesquisa
já citada da comScore Media Metrix, chega a cerca de 77 milhões. Com estes dados
podemos observar o abismo que o país ainda enfrenta, mas que pretende ser
modificado com o Plano Nacional de Banda Larga, onde o governo prevê o aumento
deste número para 90 milhões até 20146.
Outras formas de relacionamento na internet são as comunidades virtuais,
como exemplo, podemos citar as listas de discussões do Google (googlegroups) e
Yahoo! (yahoogroups). Estas listas geralmente têm um tema central de discussão,
em que há um ou vários moderadores e os participantes trocam mensagens através
de email ou pela própria página do grupo na internet. Muitas destas listas, na área
de comunicação, são voltadas para discutir temas atuais que afligem os
comunicadores.
As pessoas que participam destas listas não necessariamente se conhecem,
podendo manter uma comunicação mediada apenas pelo computador.
Neste
projeto estudamos os relacionamentos e as comunicações que se estabelecem
5
Disponível em: http://www.administradores.com.br/informe-se/tecnologia/google-cai-mas-ainda-detem-89-das-buscas-nobrasil/45440/. Acesso em 14 jun. 2011.
6
Disponível em: http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2011/01/20/ministro-das-comunicacoes-quer-acelerar-oplano-de-banda-larga-nacional.jhtm. Acesso em 02 abr. 2011.
14
em uma comunidade virtual, o grupo de Relações Públicas Digitais da Abracom,
Associação Brasileira das Agências de Comunicação.
Este grupo é formado por comunicadores, independente de fazerem parte de
agências associadas ou não, e o tema do grupo é Relações Públicas Digitais. Este
termo ainda é muito discutido, tanto no meio acadêmico quanto no mercadológico.
Alguns autores como Carolina Frazon Terra e profissionais de mercado, como Todd
Defren, fundador da Shift Communications, utilizam o termo Relações Públicas 2.0.
Neste trabalho utilizamos o termo Relações Públicas Digitais, por ser o nome
do grupo e também o termo utilizado pela associação até o fechamento deste
trabalho (junho de 2011).
Nossa intenção com este trabalho não é a de colocar o grupo como centro
das atenções e sim, o ser humano atual, como ele se comporta dentro destas
comunidades. O grupo é apenas o nosso campo de análise.
O que buscamos entender é se o individualismo, característica do ser humano
e que, segundo autores como Bauman, está cada vez mais latente em nossas vidas,
atrapalha ou ajuda na construção de uma inteligência coletiva. Todos somos
individualistas em maior ou menor grau, mas até que ponto isso pode ajudar ou
atrapalhar nossa vida em comunidade?
Começamos nosso projeto explicando sobre as comunidades virtuais, sua
história e definições. O grupo de Relações Públicas Digitais da Abracom é
considerado uma comunidade virtual, por ser um “local” onde pessoas com
interesses comuns encontram-se para “conversar”. Neste capítulo, contamos uma
breve história da ARPANET, primeira rede de computadores do mundo, e também
da WELL, uma comunidade virtual iniciada nos Estados Unidos e descrita por
Howard Rheingold em seu livro “Comunidades Virtuais”. No livro, o autor descreve
situações vividas por ele e pelo grupo participante da Well, suas tristezas e alegrias
e a evolução da rede.
Fechamos este capítulo com os conceitos de inteligência coletiva, de Pierre
Lévy e inteligência conectiva, de Derrick de Kerckhove.
No
capítulo
três,
tratamos
das
Relações
Públicas
e
Comunicação
organizacional, suas definições, importância, um pouco de história, evolução e em
seguida entramos no campo das Relações Públicas e Comunicação na era digital.
Neste ponto, informamos alguns números relacionados à internet e falamos sobre as
.
15
mudanças que ela ocasionou, principalmente no que diz respeito à comunicação
organizacional e suas dificuldades. Esta parte do trabalho visa situar o leitor quanto
ao tema que é discutido no grupo, as Relações Públicas Digitais.
Em seguida, o capítulo quatro é sobre a Abracom, Associação Brasileira das
Agências de Comunicação, que formalizou o Grupo de Relações Públicas Digitais,
campo de análise do nosso estudo. Neste capítulo contamos um pouco da história
da associação, estrutura, objetivos, entre outros e também fazemos um breve
panorama do setor de agências de comunicação, visto que o grupo é formado
principalmente por trabalhadores deste segmento.
O capítulo cinco trata do grupo que estudamos, desde seu surgimento, sua
descrição no Google Groups, sua missão, visão, valores, além de uma visão atual
sobre ele.
No capítulo seguinte, tratamos de um outro ponto importante no nosso
estudo, o individualismo. Como autor principal desse capítulo utilizamos o sociólogo
Zygmunt Bauman, seus conceitos de liquidez, rapidez e a busca contínua de
realização dos interesses individuais, além de outros autores que falam sobre os
laços fracos e o distanciamento que a comunicação mediada pelo computador pode
causar.
A metodologia utilizada é descrita no capítulo sete. Nele explicamos cada
uma das metodologias escolhidas, como foram aplicadas e encerramos com uma
breve conclusão do trabalho de pesquisa realizado.
Por fim, o último capítulo refere-se às considerações finais, com a opinião da
pesquisadora em relação a todo o estudo feito, tanto no que diz respeito às
bibliografias utilizadas, quanto à pesquisa aplicada e seus resultados.
Buscamos em todo o projeto utilizar autores que atendessem aos objetivos
propostos, principalmente os que foram “inventores” dos termos, como Heinghold
em comunidades virtuais e Pierre Levy em inteligência coletiva. Lembramos que
devido ao escopo do trabalho e o período para sua realização não pudemos utilizar
tantos quantos gostaríamos, com destaque para Massimo di Felice, Alex Primo,
André Lemos, Beth Saad, entre outros.
.
16
2. COMUNIDADES VIRTUAIS
2.1 História
A primeira rede de computadores surgiu nos Estados Unidos, nos anos 70,
para uso militar. Com ela os investigadores do Departamento de Defesa poderiam
trabalhar com vários computadores, mesmo à distância. Esta rede era chamada
ARPANET, uma adaptação do projeto anterior ARPA (Advanced Research Projects
Agency), que era uma agência que desenvolvia projetos de investigações
avançadas.
A ARPANET não tinha como principal objetivo a troca de mensagens e sim a
transmissão de dados, mas logo perceberam que ela poderia ser usada para este
fim de forma fácil e prática. Desta forma, o correio eletrônico foi incorporado a ela.
Assim surgia a conferência por computador, de forma “acidental”, mas muito
utilizada pelo governo americano para tomar decisões em diversos locais em que a
rede atuava. (Rheingold, 1996 p. 19,20).
Com o surgimento da rede, os programadores utilizavam-na conforme
necessidades de comunicação do momento, mesmo que estas adaptações não
fossem o objetivo inicial do projeto. Este tipo de comportamento é verificado até os
dias de hoje, visto que algumas tecnologias que foram criadas para um determinado
propósito acabam adaptando- se às necessidades do ambiente e são absorvidas
para outros propósitos, outras áreas. Um exemplo desta apropriação é o site de
relacionamento Facebook, que foi criado com o intuito de promover uma votação
sobre quem eram as garotas mais bonitas da Universidade de Harvard e que,
segundo pesquisa da comScore Media Metrix, já ultrapassa os 650 milhões de
usuários pelo mundo7.
Com o tempo, amadores começaram a utilizar a rede de forma caseira,
ligando os computadores às linhas telefônicas e comunicando-se através de quadros
de mensagens eletrônicas, as chamadas BBS (Bulletin Board Systems), fazendo
com que a tecnologia fosse liberada e acessada pelas massas. Estas BBS
começaram com pequenas comunidades, limitadas geograficamente e as pessoas
tinham que ligar para um número específico para poderem se conectar.
7
Disponível em http://pt.scribd.com/doc/48622322/ComScore-SOI-Brazil-Webinar-Feb-2011. Acesso em 09 jun.2011.
17
Em 1985, ainda nos Estados Unidos, foi criada a WELL (Whole Earth
‘Lectronic Link). A WELL era um sistema de teleconferência em que as pessoas
poderiam se comunicar tanto particular (correio eletrônico) quanto publicamente
(conferência) através de seus computadores, em qualquer lugar do planeta. Foram
alugadas 12 linhas telefônicas, um minicomputador e modens para fazê-la funcionar.
Howard Rheingold (1996) participou da WELL e publicou um livro sobre ela,
dando a este tipo de rede a denominação de comunidade virtual, que hoje é utilizada
por diversos autores. No livro ele fala sobre sua experiência com a rede, as
emoções que sentiu ao resolver problemas pessoais, ajudar pessoas que ele nunca
tinha visto e a possibilidade de se fazer amigos verdadeiros via comunicação
mediada por computador.
Rheingold participava de diversos fóruns de discussões sobre assuntos
intelectuais, de estudos, de trabalho, mas também sobre coisas pessoais, como uma
lista criada apenas para falar sobre os filhos. Esta lista unia ainda mais as pessoas
ajudando-as a criar eventos especiais durante o decorrer do ano, se conhecer
melhor, estreitar amizade e ajudar uns aos outros.
Em 1992 a rede WELL já contava com 15 colaboradores e um computador
mais potente do que o inicial. No ano seguinte, a Well já possuía aproximadamente
8.000 usuários interligados. De acordo com Rheingold (1996, p. 14):
[...] apercebi-me claramente, desde os primeiros tempos, de que estava a
participar na autoconstrução de uma nova cultura. Observei como os laços
sociais da comunidade se estreitavam e modificavam à medida que aos
primeiros fundadores da WELL se juntavam tantos outros e se iam
estabelecendo
normas,
posteriormente
desafiadas,
alteradas,
restabelecidas e novamente desafiadas, tudo numa espécie de evolução
social acelerada.
Espaço e tempo já não eram empecilhos para a comunicação. Com os
avanços tecnológicos, a comunicação mediada pelo computador evoluía e novas
ferramentas surgiam. Uma delas, que fez um enorme sucesso entre estudantes
universitários, foi o IRC (Internet Relay Chat), que era uma mistura de escrita com
fala direta.
As comunidades online foram crescendo e se espalhando pelo mundo. Hoje
elas existem de diversas formas, seja em fóruns de discussões, em sites de
relacionamento, plataformas de trocas de email, entre outros.
18
Inúmeras
ferramentas
que
permitem
a
comunicação
mediada
pelo
computador estão disponíveis gratuitamente na rede, de forma a possibilitar milhares
de interações e criações de comunidades de diversos tipos e interesses, tanto por
indivíduos como por empresas e governo.
Podemos
citar
alguns
exemplos
destas
ferramentas:
o
Skype
(www.skype.com), que permite tanto a troca de mensagens de texto quanto ligações
gratuitas; o MSN (www.windowslive.com.br), que é um sistema de troca de
mensagens de texto, envio de arquivos, vídeos, jogos, etc.; os Grupos do Google
(groups.google.com.br) e do Yahoo! (br.groups.yahoo.com), ferramentas utilizadas
para troca de mensagens por email em um grupo que pode ser fechado ou aberto ao
público; o Twitter (www.twitter.com), serviço de microblogging em que se posta
mensagens (tweets) e, através do qual se acompanha as mensagens das pessoas
que o usuário segue; e as redes sociais de relacionamento como Orkut
(www.orkut.com)
e
Facebook
(www.facebook.com)
que
possuem
lista
de
discussões, chats, compartilhamento de fotos, vídeos, entre outros.
2.2 Conceito
O termo “comunidade virtual”, cunhado por Rheingold, muitas vezes é visto
com maus olhos por alguns autores, já que para eles, o conceito de comunidade,
que é muito antigo, acaba se “opondo” ao termo como hoje é aplicado. Costa (2005),
em um artigo sobre comunidade, fala sobre o conceito apontado por Zygmunt
Bauman, sociólogo que trata de temas como individualismo, comunidade,
modernidade líquida, entre outros. Para Bauman, comunidade é algo que deve ser
mantido em longo prazo, com compromissos, direitos e obrigações que não podem
ser mudados e nem abalados.
Perruzzo (apud Terra, 2010, p. 35) se baseia em autores clássicos como
Weber, Comte e outros para estabelecer as condições básicas para a existência de
uma comunidade. São elas: um processo de vida comum via relacionamentos e
interações intensos entre seus membros; autossuficiência; cultura e objetivos
comuns; identidade natural e espontânea entre os interesses de seus membros;
consciência de suas singularidades identificativas; sentimento de pertencimento;
participação ativa de seus membros na vida da comunidade; lugar específico;
linguagem comum.
19
O que se percebe é que, o termo comunidade precisa ser atualizado e
adaptado às mudanças tanto tecnológicas e de comunicação, quanto culturais. Hoje,
com a facilidade de comunicação entre pessoas que estão do outro lado do mundo,
independente de se conhecerem fisicamente ou não, a criação de comunidades no
ciberespaço8 é geralmente desprendida dos laços e conceitos que as comunidades
físicas e geográficas possuíam antigamente.
De acordo com Costa (2005):
Cobrar das comunidades virtuais aquilo que se entendia romanticamente
por comunidade, tal como Baumann (2003) o faz, seria simplesmente se
impedir de ver o que vem acontecendo nos movimentos coletivos de nossa
época. Como afirma Pierre Lévy (2002), as comunidades virtuais são
uma nova forma de se fazer sociedade.
As relações que antes eram feitas com pessoas da família, amigos de infância
e vizinhos, saíram da esfera limite de espaço e tempo para se tornarem virtuais. E
não por isso, menos reais ou produtivas. Além disso, a possibilidade de criação de
novas redes de relacionamentos é altamente potencializada no ciberespaço.
Para Lévy (1999, p. 127), sociólogo francês entusiasta da rede e das
tecnologias de informação e comunicação (TIC’s), uma comunidade virtual é
formada por interesses comuns, em que há cooperação, troca e reciprocidade. Para
o autor, as comunidades virtuais também possibilitam relacionamentos duráveis,
encontros físicos, amizades verdadeiras, tanto quanto ocorre no mundo físico.
Seus membros estão reunidos pelos mesmos núcleos de interesses, pelos
mesmos problemas: a geografia, contingente, não é mais nem um ponto de
partida, nem uma coerção. Apesar de “não-presente”, essa comunidade
está repleta de paixões e de projetos, de conflitos e de amizades. (LÉVY,
1996).
Terra (2010, p. 35) afirma que o termo comunidades virtuais tem sido utilizado
para designar os “grupos interconectados pela internet com interesses comuns”.
Para a autora, nestas comunidades não é necessário haver simultaneidade no
tempo, e nem interação face a face. Ela acredita que apesar de o termo comunidade
não ser exclusivo da internet, ele foi potencializado com sua chegada.
De acordo com Rheingold (1996, p.13) as comunidades virtuais são grandes
grupos sociais formados por intermédio do computador, em que as pessoas falam
sobre negócios, recebem apoio emocional, relacionam-se com amigos, namoram,
8
Palavra citada por William Gibson no romance de ficção científica Neuromancer, significa universo das redes digitais.
(TERRA, 2010 p. 16).
20
jogam, batem papo. Ou seja, tudo o que fazem na vida real. O autor ainda afirma
que:
As comunidades virtuais são agregados sociais surgidos na rede, quando
os intervenientes de um debate o levam por diante em número e
sentimento suficiente para formarem teias de relações pessoais no
ciberespaço. (RHEINGOLD, 1996, p. 18)
O autor ainda afirma que as comunidades virtuais evitam que, pessoas com
dificuldades de fazer amizades em encontros físicos, enfrentem este tipo de
problema, e permite, por exemplo, que um deficiente físico possa ser tratado de
forma igual perante a comunidade, sendo ouvido pelo que ele possui para contribuir,
seus sentimentos, sua racionalidade e não pela sua aparência. Neste caso,
consideramos que isso não seja a solução para todos os problemas dos deficientes
físicos, mas de acordo com o autor, é uma possibilidade de melhora da sua relação
com as pessoas.
Podemos inferir que os autores citados concordam entre si em vários
aspectos. Para eles, as comunidades virtuais são “lugares” onde as pessoas
mantêm relações e interações com os membros, com objetivos comuns. Um lugar
em que há troca, ajuda mútua, reciprocidade e podem falar sobre tudo, abordando
assuntos pessoais ou profissionais, em que a cooperação de cada um para o
coletivo pode fazer com que o grupo se torne cada vez mais forte.
Assim, as comunidades virtuais, são espaços virtuais em que são realizadas
interações entre pessoas que possuem interesses em comum, partilham emoções,
conhecimentos, fazem amizades duradouras ou não, solicitam e fornecem ajuda. É
um local onde se conhecem pessoas novas, mesmo que nunca se encontrem
fisicamente, participa-se de conferências sobre diversos assuntos, sejam eles
públicos ou privados. Além disso, nas comunidades virtuais as pessoas podem
encontrar grupos de referências e até mesmo criar e/ou participar de grandes
causas de bem público.
A força de uma comunidade virtual pode ser muito grande, quando os
participantes estão engajados em interesses comuns. Quando Rheingold estava na
WELL, a rede começou a crescer de forma avassaladora e os computadores
começaram a ficar lentos, uma mensagem digitada demorava muito para aparecer
na tela. A comunidade estava extremamente unida e participante na rede e logo se
21
frustrou ao perceber o que estava acontecendo. Resultado, os integrantes da rede
se juntaram e acumularam dinheiro suficiente para trocar o computador da sede e a
rede começou a funcionar mais rapidamente, além de adquirir novos membros.
Apesar das características sobre comunidade virtual citadas anteriormente,
não queremos dizer que seja um lugar onde apenas coisas positivas acontecem e
que nelas não possam existir problemas como ocorrem em qualquer outra
comunidade.
Muitos críticos designam as comunidades virtuais como um espaço para laços
fracos e sem calor humano. Para melhor ilustrar, veremos a definição de “laços” por
Wellman (apud RECUERO 2009, p. 38):
Laços consistem em uma ou mais relações específicas, tais como
proximidade, contato freqüente, fluxos de informação, conflito ou suporte
emocional. A interconexão destes laços canaliza recursos para
localizações específicas na estrutura dos sistemas sociais. Os padrões
destas relações – a estrutura da rede social – organizam os sistemas de
troca, controle, dependência, cooperação e conflito.
Estes laços podem ser divididos entre fracos e fortes. Granovetter (apud
RECUERO, 2009, p.41) define: “[...] a força de um laço é uma combinação
(provavelmente linear) da quantidade de tempo, intensidade emocional, intimidade
(confiança mútua) e serviços recíprocos que caracterizam um laço”.
Recuero (2009, p.41) descreve os laços fracos como aqueles que não
expressam intimidade e proximidade e os laços fortes como abrangentes não só
destas duas características, mas também da intenção entre as pessoas de se criar e
manter uma conexão. Apesar disso, Granovetter (apud RECUERO, 2009 p. 41)
acredita que os laços fracos são fundamentais na rede, visto que eles a estruturam e
conectam os grupos que, para o autor, são formados por laços fortes.
Castells (1999, p. 45) também partilha desta opinião, afirmando que:
[...] tanto off line quanto on line, os laços fracos facilitam a ligação de
pessoas com diversas características sociais, expandindo assim a
sociabilidade para além dos limites socialmente definidos do autoreconhecimento.
22
Já para o sociólogo Bauman (2004) as relações virtuais foram substituídas
pelas conexões, e por serem conexões, podem ser desfeitas a qualquer momento,
sendo perfeitas para o atual cenário da modernidade líquida, em que tudo é
passageiro e os relacionamentos duradouros de “antigamente” não são mais
valorizados.
Os autores que criticam os laços formados na rede não levam em conta uma
ajuda recebida, como no caso de Rheingold com sua filha, quando foi auxiliado por
pessoas que nunca encontrou fisicamente e de forma rápida e providencial. Naquela
ocasião, sua filha tinha dois anos e surgiu um coágulo de sangue em sua cabeça,
Rheingold tentou contatar o pediatra e, sem sucesso, buscou ajuda na WELL. Em
minutos, o coágulo foi retirado pelo próprio Rheingold, através de instruções de um
médico da rede. Mas é claro que os limites devem ser respeitados sempre e as
pessoas precisam ficar atentas às armadilhas que podem encontrar na rede, já que:
[...] as comunicações mediadas por computador originam novas formas de
enganar o próximo, e as fraudes de identidade mais óbvias só
desaparecerão quando um número suficiente de utentes9 aprender a usar o
meio com espírito crítico. (RHEINGOLD, 1996, p. 44)
Quando utilizada de forma consciente e construtiva, as comunidades virtuais
podem servir tanto para soluções de problemas específicos, visto que podem ser
formadas por diversos membros com diferentes tipos de conhecimento, quanto para
filtrar a quantidade enorme de informações que permeiam o ciberespaço. Elas
podem trazer para o grupo informações realmente importantes, fomentar discussões
e buscar soluções sobre um determinado assunto, além de servir de berço para a
inteligência coletiva, que abordaremos no próximo tópico.
2.3 Inteligência coletiva
A “inteligência coletiva” é um termo do filósofo francês Pierre Lévy que é
adotado por diversos estudiosos da comunicação mediada por computador. Para o
autor inteligência coletiva:
9
Usuários.Disponível em http://pt.wiktionary.org/wiki/utente. Acesso em 16 abr.2011.
23
É uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada,
coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das
competências. Acrescentemos à nossa definição este complemento
indispensável: a base e o objetivo da inteligência coletiva são o
reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas [...]. (LÉVY, 1998,
p. 28-29)
O autor define esta inteligência distribuída como o fato de que ninguém sabe
tudo e todos sabem algo, podendo se completar. Quando ele fala “incessantemente
valorizada”, refere-se à valorização desta inteligência, de modo a não ser
desprezada, humilhada. E, por último, a coordenação em tempo real depende da
comunicação baseada nas tecnologias digitais da informação, de modo a permitir
que os membros de uma comunidade possam coordenar suas interações.
Lévy acredita que as pessoas nunca pensam sozinhas e que só podem
exercer suas faculdades mentais superiores aplicando-as em comunidades. Para o
autor, a inteligência coletiva, termo amplamente abordado em seus livros, faz do
ciberespaço um espaço mais democrático, um lugar para a troca de conhecimentos,
participação em fóruns de discussões e respeito às desigualdades.
Jenkis (2008, p. 30) define bem as características da inteligência coletiva:
“nenhum de nós pode saber tudo; cada um de nós sabe alguma coisa; e podemos
juntar as peças, se associarmos nossos recursos e unirmos nossas habilidades”. E
ainda:
Comunidades de conhecimento formam-se em torno de interesses
intelectuais mútuos; seus membros trabalham juntos para forjar novos
conhecimentos, muitas vezes em domínios em que não há especialistas
tradicionais; a busca e a avaliação de conhecimento são relações ao
mesmo tempo solidárias e antagônicas. (JENKINS, 2009, p. 48)
Para Jenkins, a inteligência coletiva é a capacidade das comunidades virtuais
de fazer com que cresça a expertise dos seus membros, juntando esforços
individuais para se realizar o que não se pode fazer sozinho. É um processo social,
dinâmico, participativo.
Costa (2004) afirma que “[...] É importante notar que a inteligência coletiva
deve ser entendida, antes de tudo, como um potencial de uma população, sua
disponibilidade para a ação coletiva”.
No ciberespaço, as pessoas têm hoje, o poder de serem não apenas
receptoras, mas também emissoras, podendo se relacionar baseadas não em
24
localizações geográficas ou posições sociais e sim, por interesses comuns, como é
o caso das comunidades virtuais.
As relações no ciberespaço não são apenas trocas de mensagens através de
uma ferramenta na rede e sim, um intercâmbio de vivências, experiências,
sentimentos, reconhecimento mútuo, escuta.
Para Lévy (1999), a moral implícita nas comunidades virtuais é a
reciprocidade, visto que quando você é ajudado ou aprende algo, o ideal é que se
faça o mesmo e contribua para o crescimento do outro. Assim, o indivíduo será
reconhecido simbolicamente através da sua reputação na rede.
Um grupo humano qualquer só se interessa em constituir-se como
comunidade virtual para aproximar-se do ideal do coletivo inteligente, mais
imaginativo, mais rápido, mais capaz de aprender e de inventar do que um
coletivo inteligentemente gerenciado. O ciberespaço talvez não seja mais
do que o indispensável desvio técnico para atingir a inteligência coletiva.
(LÉVY, 1999, p. 130)
Uma comunidade virtual participa da construção da inteligência coletiva a
partir do momento em que os indivíduos não apenas informam, mas compartilham
conhecimentos uns com os outros. Nesta interação, cada um colabora com o seu
ponto de vista no que lhe é mais familiar, na troca de experiências, associando
competências e fazendo com que o grupo aprenda mais e se torne cada vez mais
inteligente.
Em sua visita ao Brasil no Sesc Vila Mariana, em agosto de 2010, Lévy fez
uma conferência e falou sobre a inteligência coletiva. O autor destacou que as
pessoas estão cada vez mais buscando se organizar por meio de comunidades para
a cooperação intelectual, não só apenas nas comunidades científicas, mas também
na área dos negócios, sendo esta troca de idéias algo fundamental para o
desenvolvimento tanto cultural quanto social.
As ferramentas e a comunicação mediada por computador facilitam e
potencializam a criação da inteligência coletiva e a internet favorece esta interação,
esta conectividade. De acordo com Lévy, para existir a inteligência coletiva, é
necessário que haja não só apenas a cooperação, mas também a competição, além
de um equilíbrio entre as duas.
A inteligência coletiva deve ser analisada sob três pólos, segundo Lévy (2010,
p. 26,27): o físico, que seria o capital técnico (como o equipamento necessário para
25
uma conferência por computador, a internet, etc.); o dos signos, que seria o capital
cultural (bibliotecas, web, conteúdo); e o do capital social, que são os vínculos entre
as pessoas. Vamos nos ater ao pólo social, que é tema recorrente quando se fala
de comunidade virtual. Costa (2005) define capital social como:
[...] a capacidade de interação dos indivíduos, seu potencial para interagir
com os que estão a sua volta, com seus parentes, amigos, colegas de
trabalho, mas também com os que estão distantes e que podem ser
acessados remotamente. Capital social significaria aqui a capacidade de os
indivíduos produzirem suas próprias redes, suas comunidades pessoais.
Assim, o capital social é extremamente importante em uma comunidade
virtual para seu sucesso na construção da inteligência coletiva. Dependendo do nível
em que estiver, pode-se verificar como a comunidade sabe negociar as diferenças e
as preferências de cada participante.
Para Matos (apud SAAD, SOUZA E RAMOS, 2009 p. 207):
[...] a noção de capital social na Comunicação pode ser melhor definida a
partir do momento que buscamos compreender como os atores sociais e
as instituições podem, partindo de interesses conflitantes, atingir objetivos
comuns, por meio de uma dinâmica conversacional em diferentes espaços
e momentos do cotidiano.
Além disso, para que o capital social exista é necessário que o indivíduo
esteja participando de uma comunidade engajada e também de várias redes de
interação.
Outra autora que possui estudos sobre capital social é Raquel Recuero (2009,
p. 37). Para ela, capital social é um conjunto de recursos de um grupo, baseado em
reciprocidade, em que todos os membros podem participar, mesmo que possuam
interesses individuais. Este capital está nas relações sociais e o conteúdo destas
relações é que o determina, conteúdo este, existente nas trocas de mensagens
entre os participantes do grupo.
Para a inteligência coletiva fluir é necessário que este nível de capital social
esteja ao ponto de os participantes da comunidade possuir confiança elevada nas
pessoas que fazem parte do grupo. Assim, nos propomos observar se no Grupo de
Relações Públicas Digitais da Abracom existe capital social que permita a
construção da inteligência coletiva.
26
2.3.1 Inteligência conectiva
Derrick de Kerckhove, teórico das relações entre tecnologias digitais e
sociedade e doutor em Língua e Literatura Francesas, em entrevista para a Revista
Semiosfera10, da Universidade Federal do Rio de Janeiro em abril de 2010, utiliza o
termo inteligência conectiva. Para o autor, a inteligência conectiva se difere da
inteligência coletiva de Lévy, por ter aplicações reais.
Kerckhove afirma que a inteligência coletiva é teoria. Para o autor, com
relação à inteligência conectiva: “[...] eu compreendo o mundo, o mundo me
compreende, sem exclusão, juntos. E cada indivíduo que compreende o mundo
comigo partilha da minha inteligência, da minha consciência conectiva”. Para ele, um
mutirão é uma aplicação de inteligência conectiva, é um trabalho que é feito junto,
ao mesmo tempo, e cada um sabe o que outro está fazendo e quando. Conectar-se
e trabalhar à distância pode ser feito da mesma maneira que face a face. A
inteligência conectiva expressada pelo autor diz respeito à interação, a conexão em
tudo, seja por celular, pela internet, com hipertextos, hipermídia. Todos conversam,
interagem e compartilham.
Kerckhove exemplifica a teoria conectiva quando fala sobre o instituto
McLuhan. Segundo ele, o instituto reúne 300 dos melhores alunos todo ano e faz
com que eles estudem o país, descubram problemas e façam mutirões para resolvêlos. Para o autor esta é a diferença entre a inteligência conectiva e a coletiva. Esta
última, em sua opinião, teórica e não prática.
Apesar das diferenças de nomenclaturas, teoria ou prática, o que estes
estudos apontam é que os coletivos podem produzir juntos, de forma a melhorar e
desenvolver uma comunidade, uma sociedade. Utilizamos o termo inteligência
coletiva, mais abordado pelos autores que são descritos neste projeto.
O grupo que estudamos neste trabalho é uma comunidade virtual, e tem
como tema principal as Relações Públicas Digitais. No próximo capítulo, tratamos
um pouco sobre a Comunicação e as Relações Públicas Digitais para melhor
entendermos qual é o tipo de discussão proposta no grupo, além de conhecermos
um pouco sobre o que eles procuram fazer no dia a dia do trabalho com
comunicação organizacional.
10
Disponível em http://www.semiosfera.eco.ufrj.br/anteriores/semiosfera01/perfil/entrevis/txtentre.htmAceso em 22 abr.2011.
27
3. RELAÇÕES PÚBLICAS E COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
O grupo que estudamos tem como objetivo a discussão sobre Relações
Públicas Digitais. Os integrantes buscam discutir sobre o tema, suas dificuldades,
ações realizadas na rede, etc. Assim, neste capítulo, buscamos situar o leitor no que
diz respeito à Comunicação Organizacional e Relações públicas.
As Relações Públicas são responsáveis pela boa administração dos
relacionamentos de uma empresa com seus públicos de interesse. Quando bem
utilizadas, atuam estrategicamente de acordo com a visão global das organizações,
sua visão, seus valores e tornam-se fundamentais para o sucesso da mesma.
O profissional de Relações Públicas é gestor da comunicação organizacional
e tem em suas mãos a responsabilidade de manter todos os departamentos da
empresa em sintonia. Ele atua tanto na comunicação interna quanto na
mercadológica, institucional e administrativa, e deve fazer com que cada área
“converse” com a outra, mantendo uma harmonia entre o discurso e as ações da
organização. Além disso, o profissional tem que administrar o relacionamento com
os outros públicos da organização, seja governo, consumidor, sociedade entre
outros.
A comunicação organizacional é entendida, como define TERRA (2010, p.
123) como: “[...] conjunto de atividades de comunicação promovidas pela
organização com fins de relacionamento com seus públicos-chave”.
Com relação à comunicação organizacional como objeto de pesquisa, Kunsch
(2003, p. 149), afirma que:
(...) é a disciplina que estuda como se processa o fenômeno
comunicacional dentro das organizações no âmbito da sociedade global.
Ela analisa o sistema, o funcionamento e o processo de comunicação entre
a organização e seus diversos públicos.
Independente de cada área na organização, Kunsch (2003) acredita que a
comunicação deve ser integrada e atender a uma política global. Segundo a autora,
desta forma, as ações estratégicas e táticas da comunicação serão mais eficazes.
A autora ainda afirma que com a evolução da área de comunicação, a
comunicação
integrada
foi
ocupando
um
espaço
mais
estratégico
nas
28
organizações. Assim, os profissionais devem estar cada vez mais preparados para
poder atuar de forma a atender as demandas dos públicos da empresa.
3.1 História e evolução
Apesar do primeiro curso de Relações Públicas no ensino superior ter sido
criado em 196711, foi apenas na década de 80 que o tema começou a ganhar força
no Brasil.
Segundo Grunig (2009, p. 18), vários historiadores discordam com relação ao
verdadeiro ponto de surgimento das Relações Públicas. A versão mais tradicional é
de que surgiu nos Estados Unidos, mas há indícios de que imperadores da China já
utilizavam as práticas de Relações Públicas há mais de cinco mil anos. Discussões à
parte, sabe-se que a atividade de Relações Públicas só se tornou profissão há cerca
de um século.
O autor aponta ainda que, antigamente, Relações Públicas era apenas uma
ocupação para se ganhar a vida e não era necessário ter uma formação específica
para exercê-la. Os profissionais eram especialistas em técnicas da área, como
produção de releases, jornais, entre outros.
A maior parte das organizações (muitas delas até hoje) acreditava que a
função das Relações Públicas na comunicação organizacional era fazer com que a
empresa conseguisse uma “imagem positiva” na mídia, através de uma
comunicação unidirecional e tradicional.
Atualmente, a atividade de Relações Públicas é exercida por diversas
pessoas em organizações de todo o mundo. Os profissionais trabalham em
empresas, governos, ONGs (Organizações não Governamentais), agências de
comunicação que prestam serviços para clientes de diversas áreas da economia
como petrolífera, automotiva, telefonia móvel, entre outras.
No cenário em que vivemos, o profissional de Relações Públicas precisa ter
conhecimentos científicos e teóricos, e muitos deles atuam com estratégia e
gerenciamento da comunicação organizacional.
Com o surgimento da internet e das mídias digitais, os profissionais mais
capacitados já percebem que é o indivíduo quem decide como utilizar a mídia e que
as tecnologias digitais são grandes exemplos disso.
11
Disponível rodapé http://www.sinprorp.org.br/clipping/2007/091.htm. Acesso em 09 jun.2011.
29
Para Grunig (2009, p. 19) “[...] as pessoas usam a internet, a mídia social e os
blogs para pesquisar e compartilhar informação tanto ou mais do que usam os meios
de comunicação de massa”. Desta forma, não é possível ou viável tentar impor uma
“imagem positiva”, visto que estas plataformas digitais permitem que as pessoas
expressem o que realmente sentem e pensam sobre tudo que as cercam.
Para Gasparetto (apud TERRA 2010, p. 98), a comunicação empresarial se
divide em três fases: a primeira iniciada nos anos 60, destacando-se o pioneirismo
de profissionais e organizações; a segunda nos anos 80, com destaque para a
abertura política e crise econômica no Brasil; e a terceira iniciada na década de 90,
que fez com que a comunicação fosse consolidada como parte estratégica na
organização.
A comunicação organizacional, antes feita para as massas, unidirecional,
através de veículos específicos e que não permitia a interação do usuário, está
tendo que se moldar para se adequar a este novo ambiente. Para Terra (2010, p.
10):
[...] As organizações, assim como a mídia, deixam de ser emissoras
exclusivas de informação e passam a compartilhar com usuário-mídia a
produção, distribuição e disseminação de mensagens sobre marcas,
produtos e serviços.
É neste contexto que entram as Relações Públicas e a Comunicação na era
digital.
3.2 Relações Públicas e Comunicação na era digital
Estamos em uma seara comunicacional nova, em um novo meio cuja
espinha dorsal é feita de redes de computadores e cuja linguagem é digital.
Seus emissores estão globalmente distribuídos e interativos. Ainda assim o
meio não determina o conteúdo e o efeito das mensagens, mas torna
possível a diversidade sem limites e a autonomia dos fluxos de
comunicação que constroem, reconstroem cada segundo da produção de
significado global e local na mente pública. (TERRA, 2010 p. 20)
A comunicação digital ocorre no ambiente tecnológico e faz parte do dia a dia
das pessoas, seja por celular, redes sociais, comunidades virtuais, entre outros.
Ainda segundo Terra (2010, p.127,128):
30
A comunicação digital é a forma comunicativa da sociedade da informação.
[...] Institui uma nova forma de comunicação afetando o conjunto das
relações sociais, não apenas as estritamente comunicacionais, mas em
todos os níveis, na comunicação, relações pessoais, interpessoais, no
trabalho, nas instituições, na indústria.
De acordo com a pesquisa comScore Media Metrix, como já citamos em
nossa introdução, o Brasil já possui a maior população online da América Latina. A
tendência é que o número de usuários de internet aumente ainda mais caso sejam
aprovadas as ações do Plano Nacional de Banda Larga12, que prevê barateamento e
a triplicação do aumento da mesma.
As tecnologias de comunicação e informação (TIC’s) fizeram uma revolução
na sociedade. Ferramentas como o Twitter (microblogging), Facebook (rede social) e
Youtube (serviço de vídeos) viraram febre no país. O Facebook, ainda de acordo
com a pesquisa da comScore, cresceu 258% em 2010 em relação a 2009. No
Twitter, o Brasil chegou a estar em segundo lugar na lista de mercado Global do
microblogging em dezembro de 2010, e o Youtube alcançou a marca de 33,5
milhões de visitantes únicos. Plataformas gratuitas de mensagens instantâneas,
como Skype e MSN são utilizadas não apenas para conversar com amigos, mas
para o trabalho, servindo inclusive para baixar os custos de comunicação nas
empresas.
Sites de e-commerce, compra coletiva, publicação de fotos, são mais alguns
exemplos das novidades que a internet proporciona todos os dias. Hoje, qualquer
um que tenha acesso à rede pode criar um blog, perfis em diversas redes, produzir
conteúdo, fazer reclamações em sites específicos, como o www.reclameaqui.com.br,
pagar contas pela internet, tudo sem sair do lugar, bastando estar conectado.
De acordo com Saad (2008, p. 145):
[...] Cada vez mais, o usuário tem, em seus dispositivos eletrônicos,
ferramentas que potencializam suas opções de escolha de conteúdos para
compor sua cesta informativa e, assim, ampliar sua condição intelectual e
de conhecimento sobre o ambiente.
As pessoas estão “conversando” sobre vida pessoal, trabalho, marcas,
produtos, política e as empresas não têm como fugir ou tentar se esconder, pois
querendo ou não, suas “imagens” - negativas ou positivas - já estão na rede.
Segundo Bueno (2010, p.210):
12
Disponível em http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2011/01/20/ministro-das-comunicacoes-quer-acelerar-oplano-de-banda-larga-nacional.jhtm Acesso em 08 jun.2011.
31
A revolução da comunicação na era digital muda a forma das pessoas se
comportarem e se comunicarem. Uma vez que isto passa a atingir
diretamente marcas e organizações, torna-se imprescindível que, de uma
forma ou de outra, estas também se integrem à rede.
Os públicos passaram a ter a possibilidade de serem produtores de conteúdo.
Suas opiniões são publicadas na rede, multiplicadas ou não, podendo destruir ou
alavancar marcas, imagens, ou simplesmente tornar visível o que estava escondido,
às vezes causando grandes danos às organizações. Além disso, tudo o que
acontece fora da rede, um mau atendimento, um pedido não atendido, pode ser
publicado na internet, podendo destruir reputações. Como afirma Terra (2010, p.
123): “[...] A reputação é cada vez mais terceirizada nas percepções que os públicos
têm dela e expressam por meio de diversas ferramentas tanto on quanto off line”.
Schiavoni (2009, p. 67), sócio da agência de Comunicação S2 Publicom e expresidente da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação)
define bem este cenário:
É assim o mundo das comunicações hoje, um cruzamento entre o mundo
real e o virtual, num descompasso contínuo, um interferindo no outro, se
somando e se contradizendo. E tudo isso vai influenciar a nossa vida
radicalmente, seja como seres humanos ou como profissionais, tenhamos
internet ou não, gostemos ou não dela.
Assim, com o advento das chamadas “tecnologias digitais”, várias empresas
passaram a atuar também no mundo online, para manter e/ou criar relacionamentos
com seus públicos estratégicos, ou seja, fazer Relações Públicas.
Na web 2.013, definida por Marcelo Coutinho (apud Saad, 2008, p. 149) como
sendo “[...] conjunto de inovações no software e no hardware que facilitam a troca de
informações e mixagem de conteúdo na web”, a comunicação que era unidirecional
e massiva passa por transformações e o receptor de ontem é o produtor de
conteúdo de hoje, possibilitando uma troca social, uma interação.
Neste contexto, Todd Defren, fundador da Shift Communications, agência que
utiliza os recursos digitais em trabalhos para seus clientes, afirmou para a Revista
Bites (2008) que o profissional de Relações Públicas precisa ter, como pontos
fundamentais de suas ações estratégicas, a interação com os consumidores e
transparência corporativa. Para ele, as marcas estão expostas e tudo o que diz
respeito a elas está disperso pela rede, bastando apenas uma busca no Google para
13
Termo cunhado por Tim O’Reilly em 2004 ma conferência de brainstorming entre a O’Reilly e a MediaLive International.
32
poder alcançá-las. O empresário acredita que uma boa reputação na rede é
fundamental para o sucesso da corporação. Acrescentamos aqui, que Relações
Públicas não diz respeito apenas aos consumidores e sim, a todos os públicos
envolvidos com a organização, sendo necessária uma atuação estratégica global.
Assim, a relação entre públicos e organizações está mudando de forma
drástica. As pessoas querem mais respostas, exigem mais das marcas, querem
mais atenção e quando não são atendidas recorrem à rede. Seja postando em
blogs, listas, redes sociais ou até mesmo em sites específicos para reclamações de
marcas/produtos como o já citado reclameaqui.com.br, os usuários da internet se
apoderam das ferramentas por ela disponibilizadas para fazerem valer seus direitos,
suas opiniões, seus desejos.
Desta forma, a comunicação organizacional deve ser planejada de acordo
com a estratégia geral da empresa, buscando atuar em todos os lugares onde o
público possa estar, de modo a minimizar a possibilidade de crise e fazer com que a
marca/empresa faça parte deste universo chamado ciberespaço, de forma
transparente e responsável. Neste sentido, de acordo com Saad (2009, p. 319):
[...] a comunicação organizacional fica potencializada pelas tecnologias
digitais, assumindo um importante papel estratégico de integração de
discursos e de complexificação dos processos, exigindo-se uma postura
planejada de forma sistemática para seu sucesso.
Ainda com relação às potencialidades promovidas pelas tecnologias digitais
às organizações, a revista Proxxima publicou, em novembro de 2010, um especial
sobre os 15 Anos da Internet no Brasil14. No artigo denominado “Excelência: The
Digital Quest”, diversos autores debatem sobre o desafio que estas comunicações
mediadas por computador trazem às empresas.
De acordo com o artigo, as oportunidades para as organizações são imensas,
pois elas podem estar mais próximas dos seus consumidores e desta forma, melhor
atender às suas expectativas. Apesar disso, elas ainda não conseguiram explorar
todo o potencial da rede. O digital exige uma nova mentalidade, uma transformação
no modo de operação das organizações e isso, às vezes, é muito difícil.
No campo da comunicação digital, grande parte das organizações ainda está
engatinhando, aprendendo, testando, atuando muitas vezes na forma de tentativa e
erro. Diversos profissionais atuam neste mercado, como publicitários, relações
14
EDELMAN, David et al. Excelência: The Digital Quest. Revista Proxxima. São Paulo, p. 52-57, nov.2010. Número especial.
33
públicas, jornalistas, entre outros. Cursos, workshops e palestras que tratam da
comunicação digital, redes sociais, internet e afins vivem repletos de participantes,
discutindo, estudando e buscando a melhor forma de atuar neste novo cenário.
Nas agências de comunicação que atuam com comunicação corporativa, o
tema Relações Públicas Digitais é recorrente. Devido às dificuldades das agências
com relação às mudanças ocorridas neste campo, foi criada uma comunidade virtual
sobre o tema, formalizada pela Associação Brasileira das Agências de Comunicação
(Abracom), com o nome de Relações Públicas Digitais da Abracom, que é o campo
de análise do nosso trabalho.
34
4. ABRACOM
A Abracom é a Associação Brasileira das Agências de comunicação
(www.abracom.org.br), entidade que representa as agências do setor de
comunicação corporativa no Brasil. É uma associação sem fins lucrativos e tem
como principal objetivo a representação do segmento econômico das agências de
comunicação junto a entidades setoriais, poder público, meio acadêmico e
organismos nacionais ou internacionais de comunicação empresarial.
4.1 História
No ano de 2000, um grupo de donos de agências de comunicação começou a
se reunir para tentar fortalecer o mercado e criar uma entidade que representasse
seus interesses, profissionalizasse suas agências, lutasse por seus ideais e claro,
fizesse com que os serviços por eles oferecidos ganhassem destaque.
Aos poucos, o grupo foi crescendo e mais empresários começaram a
participar das reuniões. Foram criadas comissões para se discutir ética, preços,
organização, entre outros temas, e os profissionais foram percebendo que o
mercado de comunicação organizacional precisava de uma entidade forte para sua
consolidação.
Em 16 de abril de 2002 surgia a Abracom – Associação Brasileira das
Agências de Comunicação, uma entidade nacional, formada na época por 56
agências de cinco estados do Brasil. Estas empresas atuavam com eventos,
assessoria de imprensa, relações públicas, publicidade institucional, gerenciamento
de crise, entre outros. Eduardo Ribeiro, sócio da agência Mega Brasil e organizador
do Congresso Brasileiro de Comunicação Corporativa, ajudou na formação do
núcleo fundador da associação.
A associação organizou uma estrutura para atendimento e articulação dos
associados, com escritório e uma secretaria executiva, esta última, se transformou
em uma diretoria executiva, comandada pelo jornalista Carlos Henrique Carvalho. O
primeiro presidente da Abracom foi João Rodarte, sócio-presidente da CDN
Comunicação. Com menos de um ano de existência a associação já contava com
35
mais de 100 associados, se consolidando nacionalmente. Um dos primeiros passos
foi estabelecer um Código de Ética Empresarial.
A cada ano a associação crescia e conforme o estatuto, a cada dois anos
uma nova assembleia é realizada para eleição ou renovação da diretoria.
A Abracom caminha para a primeira década de existência e contava com
cerca de 340 associados em 21 estados, até junho de 2011.
4.2 Estrutura
A diretoria é formada por 14 diretores nacionais e quatro diretores regionais,
conselho fiscal, conselho consultivo e conselho de Ética. Os diretores são donos de
agências, não são remunerados e participam de reuniões mensais para deliberações
sobre o andamento da entidade.
A eleição dos diretores pelos associados é feita a cada dois anos na
assembleia geral da associação. A diretoria é responsável pela contratação de
profissionais, coordenação do dia a dia da entidade e por colocar em prática o que é
determinado em assembleia geral.
O conselho fiscal, também eleito pela assembleia geral, analisa as contas da
entidade e emite parecer sobre o balanço da associação, que é discutido e votado.
Eles também participam dos grupos de trabalho da entidade e representam a
associação institucionalmente.
O conselho consultivo é composto por nomes representativos do setor de
comunicação.
O conselho de ética é formado por presidente indicado pela diretoria, além de
cinco conselheiros convidados através de indicações de associados. Este conselho
no momento está em reformulação.
Outro departamento que faz parte da entidade, o lado físico da associação, é
a diretoria executiva, situada no Itaim Bibi, em São Paulo. Essa diretoria tem como
responsabilidades articular os grupos de trabalho, representar a associação,
coordenar trabalhos diários e atender a diretoria geral. É formada por um diretor
executivo, uma estagiária de jornalismo, uma coordenadora de comunicação e uma
coordenadora administrativa. Todo o fluxo dos trabalhos da associação passa por
eles.
36
Além das diretorias citadas a associação também possui comissões estaduais
e regionais, que são formadas pela articulação entre os associados e que decidem
seus objetivos de acordo com os objetivos gerais da entidade.
A Abracom agrega as maiores agências do setor, com tendência a crescer
nos próximos anos, devido principalmente aos eventos esportivos que serão
realizados no país.
Atualmente, quem preside a entidade é Ciro Dias dos Reis, sócio da agência
Imagem Corporativa.
4.3 Objetivos
Os principais objetivos da Abracom são:
·
Estabelecer padrões de qualidade e ética para o mercado de comunicação
corporativa;
·
Aprofundar a profissionalização da gestão empresarial;
·
Divulgar o setor e ampliar as oportunidades de negócios para as agências
nos segmentos público e privado;
·
Estabelecer diálogo e parceria com entidades empresariais;
·
Organizar informações e dados sobre o setor;
·
Criar parcerias com universidades e cursos de comunicação para o
aperfeiçoamento da formação do profissional de comunicação corporativa.
Para atender a estes objetivos, a associação possui diferentes grupos de
atuação, os chamados grupos de trabalho, formados por associados que discutem
diversos temas, todos relacionados às demandas das agências.
4.4 Linhas de trabalho
·
Ética
Zelo para as boas práticas de comunicação: Conselho de Ética; palestras;
debates.
37
·
Ação institucional – Segmento privado
Divulgação do Setor: presença em câmaras setoriais; comunicação dirigida.
·
Ação institucional – Segmento Público
Ampliação do mercado junto a governos: audiências com governos legislativo
e judiciário; apresentação do modelo de edital de licitação; divulgação do setor junto
aos gestores públicos.
·
Capacitação Profissional
Capacitação em Gestão e Comunicação: cursos de gestão – custos e preços,
práticas contratuais, licitações, tributos e contabilidade; cursos de comunicação –
pesquisa aplicada à comunicação, técnicas de venda e apresentação pessoal.
·
Formação Profissional:
Parceria com Universidades: aperfeiçoamento de currículos; descoberta de
talentos; palestras.
·
Reflexão e debate
Promoção de eventos e debates com:
·
Profissionais do mercado: apresentação de cases; intercâmbio de práticas;
conhecimento de novas tendências no mercado.
·
Profissionais da mídia: alinhamento de práticas anti-spam; divulgação do
setor para jornalistas.
38
4.5 Grupos de trabalho
Dentre os grupos de trabalho da Abracom encontram-se o grupo de
Comunicação Interna, que é liderado pela diretora de comunicação da associação e
sócia da agência Klaumonforma, Cláudia Cezaro Zanuzo. Este grupo se encontra
mensalmente e já organizou eventos na área de comunicação interna, além de criar
uma publicação chamada “Como entender a comunicação interna”, disponível no
site da associação, no setor de cadernos de comunicação organizacional.
Outro grupo que está trabalhando na associação no momento é o grupo de
Recursos Humanos, que é liderado por Márcio Cavalieri, sócio da agência RMA
Comunicação e diretor financeiro da entidade.
Diversos outros grupos atuam na associação, como o de capacitação
profissional, liderado por Gisele Lorenzetti, sócia da agência LVBA, o de licitações,
coordenado por Moisés Gomes, da FSB, entre outros.
Estes grupos atuam de forma aberta a todos os associados e buscam discutir
entre si, as melhores práticas e necessidades do setor, para melhor atender ao
mercado.
4.6 Capacitação
Além destes grupos, a associação oferece workshops, cursos, palestras, e
treinamentos. Os cursos em sua maioria são voltados não apenas para os
associados, mas para o mercado em geral, e são muito bem avaliados em suas
pesquisas sobre satisfação.
4.7 Cadernos de Comunicação Organizacional
A associação publica, como citado anteriormente, cadernos de comunicação
organizacional. No site da entidade é possível baixar gratuitamente o caderno de
comunicação interna, o caderno “Comunicar é preciso” e o caderno “Como escolher
uma agência de comunicação”. A ideia é que em 2011 novos cadernos sejam
publicados.
39
4.8 Atuação internacional
A Abracom é filiada ao ICCO (www.iccopr.com.br), uma entidade internacional
que agrega as associações de agências de comunicação do mundo todo e que
indica suas associadas, através do seu site, para possíveis parcerias com empresas
estrangeiras.
4.9 Agências de Comunicação Corporativa - Um panorama do setor
De acordo com a Abracom, o mercado de agências de comunicação
corporativa abrange, até o fechamento deste trabalho (junho 2011), cerca de 1.400
agências operando no país, sendo aproximadamente 600 só na cidade de São
Paulo e 120 no Rio de Janeiro.
Segundo pesquisa publicada no Anuário Mega Brasil de Comunicação
2010/2011, com 337 agências em todo país, o setor emprega cerca de 8.000
colaboradores, possui em torno de 6.000 clientes de todos os setores da economia,
e as agências que declararam faturamento bruto de 2009 somam juntas mais de R$
465 milhões.
A maior parte do setor é formada por micro e pequenas agências sendo elas
80% do total, com o faturamento de até R$ 2,4 milhões/ano. Outro dado importante
da pesquisa é que 54,1% das agências são novas, criadas a partir do ano de 2000.
Aproximadamente 21% das agências de médio e grande porte já possuem parcerias
internacionais e 28,1% têm especialidade em algum setor da economia.
O setor de comunicação no Brasil está se profissionalizando, crescendo e
tomando o seu espaço no setor da economia do país. Apesar de toda essa
evolução, a comunicação organizacional na rede ainda é algo muito novo e as
agências buscam a participação em cursos, palestras, workshops, listas de
discussões, fóruns, entre outros, para poderem se aprimorar e trocar conhecimentos
nessa área.
Como forma de criar um canal de relacionamento entre as agências para
poder discutir a Comunicação e as Relações Públicas Digitais, a Abracom promove
uma comunidade virtual em que, tanto associados quanto qualquer outra pessoa
que tenha interesse no tema, possa ingressar e trocar conhecimentos. É o nosso
grupo de estudos, o grupo de Relações Públicas Digitais, que explicaremos a seguir.
40
5. GRUPO DE RELAÇÕES PÚBLICAS DIGITAIS
5.1 Contextualização
Neste contexto de comunicação digital surgem diferentes formas de
comunicação e relacionamento entre as pessoas, além de novas plataformas, em
que o estar presente não é fundamental, pois as barreiras geográficas, temporais e
de espaço não configuram mais nenhum impedimento.
As comunidades virtuais são uma nova forma de interagir e se relacionar,
baseando-se em interesses comuns. Para estudar as mudanças nas comunicações
mediadas por computador, suas nuances, aplicações e dificuldades, principalmente
com relação à comunicação corporativa, foi criado com a chancela da Abracom, o
grupo
online
chamado
“Relações
Públicas
Digitais”
(https://groups.google.com/group/rpdigital?hl=pt), que é uma comunidade virtual,
como explicado anteriormente no capítulo sobre comunidades virtuais (capítulo dois,
p. 18).
O grupo foi iniciado em julho de 2008, em um encontro físico na terceira
edição do Newscamp, evento que aborda temas de comunicação como mídias
sociais, jornalismo online, entre outros.
Em setembro de 2008, o grupo foi
formalizado pela Abracom, tendo como fundadores diversos profissionais de
comunicação e, como coordenador, o jornalista Eduardo Vasques, da agência TV1
RP.
O grupo, em geral, é formado por profissionais da área de comunicação, de
diversas modalidades e tem como foco principal o estudo das Relações Públicas no
meio digital.
Atua online, com raros encontros presenciais e utilizava até o fechamento
deste trabalho uma plataforma digital do Google chamada Google Groups.
5.2 Descrição do Grupo no Google Groups
Neste item, descrevemos a página do grupo na internet exatamente como
estava quando foi criada, com a mesma linguagem utilizada. No próximo item,
abordamos a situação atual do grupo, para fazer um comparativo de atuação.
41
5.2.1 Fundação
“Criado durante o Newscamp, o grupo pretende discutir, trocar idéias e
experiências e promover conceitos e ações em torno da utilização de meios e
plataformas digitais para a prática de Relações Públicas, com apoio integral da
Abracom”.
5.2.2 Objetivos
·
Debater, formar, divulgar e disseminar a cultura da gestão da comunicação
corporativa a partir das mídias sociais;
·
Formar referências para a atuação das agências em Relações Públicas
Digitais;
·
Influenciar positivamente a tomada de decisão dentro das organizações no
que diz respeito ao trabalho de comunicação e Relações Públicas na web.
5.2.3 Missão, Visão e Valores
Missão
Promover a cultura, conceitos e a adoção de ferramentas digitais nos
processos estratégicos de comunicação e relacionamentos das organizações com
seus stakeholders.
Visão
Tornar a atividade de Relações Públicas, por meio da Abracom, referência
positiva para o mercado em projetos de gestão de relacionamentos no ambiente
digital.
Valores
Ética, Engajamento, Expertise, Inovação.
42
5.2.4 Plano de Trabalho
Como forma de delimitar o escopo do grupo aos objetivos propostos, as
ações a serem definidas no futuro deverão se enquadrar em alguma das categorias
abaixo:
1) Educação e capacitação:
a) o grupo deve visar a formação e a capacitação de profissionais de
agências e empresas, podendo, para tanto, realizar parcerias com instituições
reconhecidas pelo mercado;
b) o grupo também deve preparar materiais (papers, estudos, guias) que
possam colaborar para a ampliação do conhecimento do mercado, principalmente
dos tomadores de decisão, a respeito das novas plataformas de comunicação
proporcionadas pelas mídias digitais.
2) Divulgação
O grupo deve promover a divulgação das atividades de RP Digital promovidas
pelas agências de comunicação, de forma a criar uma representatividade sobre a
área de atuação dentro do setor de relações públicas.
3) Estabelecimento de referências
Estudo de métricas, ferramentas e melhores práticas para as agências de
comunicação na área de mídias digitais.
4) Regras de funcionamento
a) Associados e fundadores
O grupo foi inicialmente formado por profissionais ligados a agências de
comunicação e relações públicas que mantêm áreas de Relações Públicas Digitais.
A idéia não é a de que os integrantes se sobreponham ao trabalho
desenvolvido pelas agências de forma individual. O grupo pretende apenas
promover conhecimento para ajudar a elucidar as dificuldades encontradas por
43
todas as empresas no mercado sobre a forma de atuação, criação e manutenção de
marca e imagem institucional nessa nova fase da internet conhecida como web 2.0.
Não será permitida a disseminação de autopromoção de qualquer membro
integrante deste grupo. As reuniões serão realizadas para debater temas pertinentes
ao mercado de maneira geral, bem como as ações serão definidas em conjunto por
maioria.
Os representantes do grupo na Abracom foram definidos por consenso entre
os membros fundadores do grupo, e deverão exercer suas funções por um período
de seis meses, a contar de novembro/2008. Após esse período e com a participação
de outras agências interessadas, os representantes poderão ser reeleitos, e novos
integrantes poderão se candidatar aos cargos.
b) Novos integrantes
O grupo está aberto a todo e qualquer tipo de colaboração de agências
vinculadas ou associadas da Abracom para ampliar o leque de discussões e temas
abordados. A participação, porém, precisa ser de forma transparente, objetiva e
estruturada, para não causar concorrência ou competição desnecessária no
ambiente do grupo.
c) Regras para participação de representantes das agências
Após a instalação oficial do grupo de trabalho, o funcionamento deverá seguir
as seguintes regras:
·
Realização de assembleias mensais abertas a todos os associados Abracom,
de forma a discutir os temas previstos por este regimento; As assembléias
deverão ser convocadas por meio do blog do grupo no site da Abracom e por
meio de aviso no próprio site da entidade, com pelo menos sete (7) dias
corridos de antecedência em relação à data do evento;
·
Inscrição de representantes das agências para os subgrupos definidos no
item "Ações", em número de até seis representantes por grupo. Caso o
número de candidatos para quaisquer dos grupos ultrapasse cinco, será
realizada eleição.
44
d) Critérios para participação no grupo
·
Ser comprometido com a missão, visão e valores do grupo;
·
Freqüência nas reuniões do grupo – mínimo de 70%;
·
Ter espírito colaborativo na divisão de tarefas e na proposição de idéias;
·
Trabalhar em favor dos interesses do grupo e da Abracom e não privilegiar
aspectos individuais;
5.3 Situação atual
O tópico anterior aborda todos os objetivos e regras do grupo quando foi
criado em 2008 e sua descrição na internet. Devido às mudanças nas páginas do
Google Groups, algumas informações citadas não podem mais ser visualizadas.
Muito do que foi decidido pelo grupo no início de sua fundação hoje não está
sendo realizado, como por exemplo, a preparação de materiais sobre o tema,
realização de reuniões para encontros presenciais, reeleição dos cargos, realização
de assembleias mensais, inscrições em subgrupos de ações, entre outros.
O grupo teve pouquíssimos encontros presenciais e atua muito mais online,
trocando informações sobre cases que surgem na internet, ferramentas, atuações de
empresas nas mídias digitais, busca de colaboradores, entre outros temas. Hoje o
grupo é aberto a qualquer pessoa que queira participar e colaborar, independente de
ser associada ou não à Abracom e possuía 208 membros até o fechamento deste
trabalho (junho de 2011). Após a nossa pesquisa ser finalizada, este grupo migrou
da ferramenta do Google Groups para um grupo fechado no Facebook.
O objetivo do nosso trabalho é verificar até que ponto o individualismo ajuda
ou atrapalha a construção da inteligência coletiva em comunidades virtuais. Sendo
assim, no próximo capítulo falamos um pouco sobre este “individualismo” que
sabemos fazer parte da nossa moderna “sociedade líquida”.
45
6 O INDIVIDUALISMO
A comunicação na era digital mudou completamente o modo como os
indivíduos se relacionam. A facilidade da comunicação em tempo real, a rapidez de
transmissão de mensagens, a “proximidade” e o enorme aparato tecnológico foram
pontos importantes que contribuíram para esta transformação.
Já afirmava Castells (1999, p. 414):
[...] O surgimento de um novo sistema eletrônico de comunicação
caracterizado pelo seu alcance global, integração de todos os meios de
comunicação e interatividade potencial está mudando e mudará para
sempre nossa cultura.
Não é mais necessário estar perto para poder solucionar um problema, fazer
amizades, reencontrar pessoas que ficaram para trás ou até mesmo, manter
relações de trabalho ou estudo. Basta abrir um email, um sistema de mensagem
instantânea, uma rede social ou qualquer outro tipo de plataforma existente, para
poder se comunicar com qualquer pessoa que esteja conectada em qualquer lugar
do planeta.
O mundo ficou “menor” e há maior possibilidade de se relacionar com mais
pessoas, mas será que as pessoas estão mais próximas umas das outras quando
estão online? E será que esta “proximidade virtual” é algo positivo tanto para o
indivíduo quanto para o coletivo ou esta distância física traz consigo consequências
como o individualismo, a solidão, tristeza ou até mesmo depressão e perda da
identidade?
Segundo Wolton (2001, p. 25):
[...] em algum momento, é preciso também aconselhar o internauta a sair
da comunicação mediatizada e se confrontar com a comunicação natural
humana e social. Daí a importância dos contatos, da voz, dos olhares, além
da troca de signos. Atenção às solidões interativas!
O autor acredita que a internet afasta as pessoas do convívio físico, além de
formar comunidades que são compostas por interesses parecidos, e por pessoas
parecidas,
não
dando
oportunidades
a
heterogeneidade,
e
sim,
criando
segmentação. Para ele, é preciso resistir a esta segmentação para manter o
46
sentimento de coletividade e não deixar que, o individual seja contra o coletivo e a
segmentação contra a sociedade e o diferente.
Wolton (2001) afirma que as pessoas têm dificuldades para conviver com
estas diferenças e por isso mantém certa distância uns dos outros para conseguir
suportá-las.
Além disso,
aponta
que
estamos
vivendo
um momento
de
individualização da sociedade.
Escrever, se corresponder, arquivar, apagar, sem limite, sem esforço,
constituem o principal trunfo dos sistemas automatizados. É sem dúvida
tanto a performance quanto a autonomia que seduzem. Cada um faz o que
quer e quando quer: sem Deus, sem mestre. Está aí o âmago do ideal
individualista liberal. O indivíduo é o único responsável por si mesmo, e
fora de qualquer estrutura pode livremente desenvolver sua competência,
assegurar seu destino, se cultivar, se corresponder, criar relações.
(WOLTON, 2003, p. 86)
Diversos autores divergem em suas considerações, alguns acreditam que a
internet causou uma revolução positiva em que todos podem se ajudar, participar de
comunidades, criar inteligência coletiva, estabelecer laços fortes e laços fracos,
estes últimos indispensáveis para a convivência social, desenvolvimento pessoal,
profissional, entre outros. Já os opostos acreditam que esse “novo mundo” faz com
que as pessoas se tornem individualistas, não tendo mais amor ao próximo, não
conseguindo mais manter relacionamentos duradouros, amizades verdadeiras e que
possuem muito menos tempo para tudo, sempre apressadas à custa de um relógio
que não para nunca.
Aranha (2009, p. 27) afirma que “(...) mesmo mantendo o prazer de dialogar
abertamente, as pessoas estão se tornando mais individualistas, portanto menos
gregárias” e ainda:
[...] paradoxalmente ao crescente
só, e cresce o desejo de estar
presencial ou virtual. As redes
sentido de conexão on-line e
individualismo, ninguém quer se sentir
conectado, pertencer a algum grupo,
sociais florescem proporcionando um
nos botecos de esquina também.
(ARANHA, 2009, p. 28)
O fato é que muita coisa mudou e, positiva ou negativamente, tem afetado
nosso modo de viver, agir, se relacionar e comunicar. Assim, novas formas de
relacionamento surgem e aos poucos, a convivência é feita na maior parte do tempo,
virtualmente.
47
Castells cita uma questão em seu livro “A Sociedade em Rede”, que já era
uma preocupação nos fins da década de 90:
[...] com relação à questão que dominou o debate sobre as dimensões
sociais da internet durante a década de 1990: a internet favorece a criação
de novas comunidades, comunidades virtuais, ou, pelo contrário, está
induzindo ao isolamento pessoal, cortando os laços das pessoas com a
sociedade e, por fim, com o mundo real? (CASTELLS, 1999, p. 442).
Será que este isolamento e este distanciamento com os quais os estudiosos
já se preocupavam em 1990, não tornam as pessoas muito mais individualistas e
preocupadas apenas com seus problemas e não com o coletivo? Até que ponto o
individualismo pode ajudar ou prejudicar a construção coletiva de uma comunidade
virtual?
Em uma comunidade virtual as pessoas buscam o bem comum, cooperam
entre si, crescem e se desenvolvem juntas, criando inteligência coletiva ou apenas
utilizam-se da plataforma e dos conhecimentos e cooperação para atender aos seus
interesses pessoais?
Um dos grandes sociólogos, estudioso do individualismo e dos conceitos de
liquidez,
em
que
tudo
é
fluido
e
nada
é
permanente,
é
o
polonês
Zygmunt Bauman. Para Bauman (2001 e 2004), as pessoas entram em
relacionamentos como se estes fossem investimentos, esperando algo em troca.
Na chamada modernidade líquida, os laços são temporários e relativos à
satisfação da necessidade do indivíduo, conforme afirma:
[...] A sociedade moderna existe em sua atividade incessante de
“individualização”, assim como as atividades dos indivíduos consistem na
reformulação e renegociação diárias da rede de entrelaçamentos chamada
sociedade. (BAUMAN, 2001, p. 39)
Aqui, Bauman trata dos laços fracos, já estudados neste trabalho, no capítulo
dois (p. 21), mas que pode ser reforçado por Granovetter e Lin e Burt (apud MATOS,
2007, p. 60) em que: “Os laços fracos seriam ocasionais, esparsos, e, formais ou
informais, não se baseariam em intimidade”.
Apesar das facilidades que possuímos hoje, o tempo ainda é muito curto e a
cada dia parece menor. As pessoas estão passando grande parte do tempo
correndo, preocupadas, estressadas com o trânsito e os diversos problemas do dia a
48
dia. De acordo com estudo da ISMA15 (International Stress Management
Association), o Brasil já ocupa um dos primeiros lugares no ranking de países em
que mais se trabalha no planeta, causando um aumento elevado no estresse do
trabalhador.
Metas a cumprir e jornadas exaustivas são alguns dos motivos para esta
situação. Estresse, correria, muitas coisas para se fazer ao mesmo tempo são
características da modernidade líquida de Bauman, em que nada é sólido e
duradouro.
Com este tipo de vida, a internet veio para solucionar diversos problemas que
nos causariam muitos transtornos para serem resolvidos de outra forma.
Economizamos tempo e dinheiro com o que podemos resolver sem sair de casa,
mas mesmo assim, muitas vezes as pessoas se sentem sozinhas, apesar de terem
tantos “amigos” em suas redes sociais online.
A comunicação mediada por computador possui, como tudo, pontos positivos
e negativos, podendo influenciar nosso modo de vida, nossa relação com a família,
amigos e trabalho.
Para Recuero (2009, p. 37) “[...] a mediação pelo computador traz aspectos
importantes para a relação social, como o distanciamento entre as pessoas
envolvidas na construção dessa relação pode alterar a forma através da qual ela é
estabelecida”.
Ou seja, a comunicação digital é um facilitador na vida das pessoas, pode ser
utilizada em prol do bem comum, da cooperação, da ajuda ao próximo, do
desenvolvimento de um grupo, mas também tem problemas, tanto no que diz
respeito ao relacionamento, quanto no que nos aprisiona.
Chegamos a um ponto em que estes meios de comunicação nos tornam meio
homem meio máquina, visto que muitas pessoas não conseguem ao menos dormir
sem ter o celular debaixo do travesseiro?
Milhares de indivíduos saem assim, celular à mão, correio eletrônico
conectado e a secretária eletrônica ligada como última medida de
segurança! Como se tudo fosse urgente e importante, como se fosse
morrer caso não pudesse ser encontrado a qualquer instante.
(WOLTON, 2003, p. 103)
15
Disponível em http://pensandogrande.com.br/brasil-e-um-dos-campeoes-em-stress-no-trabalho/ acesso em 09 jun.2011.
49
Para Wolton (2003) as solidões interativas, propiciadas pela internet,
compreendem um mundo em que não há obrigações e regras e as pessoas têm
uma enorme dificuldade em estar em contato com o outro. Sentindo-se sempre
solitárias, elas têm a necessidade de estarem sempre conectadas para poderem ser
encontradas.
É preciso analisar se, e até que ponto, as tecnologias nos afastam das
pessoas e se estamos nos isolando e nos tornando cada vez mais individualistas,
voltando nossas atenções apenas para nossos problemas. Bauman (2004, p. 111)
afirma que:
O relacionamento puro tende a ser, nos dias de hoje, a forma predominante
de convívio humano, na qual se entra pelo que cada um pode ganhar e se
continua apenas enquanto ambas as partes imaginem que estão
proporcionando a cada uma das satisfações suficientes para permanecerem
na relação.
Neste ponto, percebemos que o autor acredita que os relacionamentos de
hoje se baseiam apenas em interesses próprios, individualistas. O que ele usa para
afirmar estes pensamentos é o fato de que o termo conectar-se, está substituindo o
relacionar-se:
[...] em vez de relatar suas experiências e expectativas utilizando termos
como relacionar-se e relacionamentos, as pessoas falam cada vez mais
(auxiliadas e conduzidas pelos doutos especialistas) em conexões, ou
conectar-se, e ser conectado. Em vez de parceiros, preferem falar em
redes. (BAUMAN, 2004, p. 12)
O individualismo faz parte das nossas vidas, isso é fato. Bauman é um grande
estudioso deste tema, e um crítico também, mas é preciso analisar até que ponto
este individualismo é forte e existente nas relações. Como pudemos ver até agora,
as comunidades virtuais podem criar sim laços fortes, mesmo que estes sejam
estabelecidos na rede e depois na vida real, mas também cria os chamados laços
fracos, que são pontos importantes para o funcionamento da rede.
O que buscamos estudar neste trabalho é como este individualismo presente no ser humano desde sempre e de acordo com alguns autores como
Wolton e Bauman, mais forte do que nunca nos dias atuais - atua nas comunidades
virtuais. Se ele é tão forte a ponto de prejudicar o desenvolvimento de uma
inteligência coletiva ou é um ponto inicial de discussão, em que a ajuda a um
50
interesse primeiramente individual e cria um momento de compartilhamento de
idéias que faz com que esta inteligência coletiva seja melhor desenvolvida.
Bauman (2001, p. 45) coloca a questão: “Qual é o sentido de interesses
comuns senão permitir que cada indivíduo satisfaça seus próprios interesses?” E
ainda completa dizendo que, por mais que os indivíduos trabalhem juntos e mais
benefícios possam trazer com este trabalho, logo eles irão perceber sua liberdade
de buscar o que lhes parecer melhor fora do grupo e não irão mais ajudar.
Castells (1999, p. 445) tem uma outra visão sobre o individualismo.
Diferentemente de Bauman, ele acredita que a internet pode trazer benefícios a esta
sociedade em rápida individualização, através da expansão dos vínculos sociais.
Para ele, as comunidades virtuais são muito fortes, e há indícios substanciais de
solidariedade recíproca e laços fortes.
É o que pretendíamos avaliar ao estudar este grupo, através da metodologia
que será explicitada no próximo capítulo.
51
7. METODOLOGIA E APLICAÇÃO
As modalidades de pesquisa em que nos baseamos para a realização deste
trabalho foram: pesquisa bibliográfica, observação não participante (como técnica de
coletas de dados) e análise do conteúdo. Para verificar o comportamento de outras
comunidades virtuais, também utilizamos um questionário, como técnica de
investigação. Explicaremos a seguir, cada uma destas etapas.
7.1 Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica é o planejamento inicial do projeto de pesquisa. Ela
abrange a identificação, localização e obtenção de bibliografia sobre o assunto a ser
trabalhado e, posteriormente, a leitura e elaboração de um texto com o que foi
entendido das ideias dos autores, acrescido da opinião do pesquisador. Após isso,
as anotações poderão ser usadas na redação do trabalho acadêmico.
Após a leitura do material disponível, o pesquisador organiza uma
seqüência de idéias lógicas para formar um quadro referencial teórico e
conceitual que vai lhe oferecer elementos para o modelo de pesquisa
escolhido. Este quadro deve conter um conjunto de conceitos preferidos
pelo pesquisador para orientar sua pesquisa, buscando na literatura que
teve acesso. (STUMPF, 2005, p. 54)
A revisão da literatura foi feita durante todo o processo de desenvolvimento
deste trabalho acadêmico e nos baseamos em autores como Castells, Bauman,
Lévy, Recuero, Terra, Wolton, entre outros, que podem ser verificados em nossas
referências bibliográficas (p. 93).
Para a realização desta metodologia, o orientador e a pesquisadora atuaram
juntos na busca de autores e materiais que tratassem do tema proposto no trabalho
e adicionaram a este projeto os pontos considerados mais importantes e que melhor
atendessem ao seu objetivo.
7.2 Observação não participante
Outra modalidade de pesquisa que utilizamos foi a observação não
participante, que foi aplicada como forma de coletar as mensagens a serem
52
estudadas através da análise de conteúdo. De acordo com BUY (2002) a pesquisa
não participante:
É uma técnica de coleta de dados, que não consiste em apenas ver ou
ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam
estudar. É um elemento básico de investigação científica, utilizado na
pesquisa de campo como abordagem qualitativa.
Na observação não participante, o pesquisador não interage e nem interfere
no ambiente a ser pesquisado, além disso, o grupo não sabe que está sendo
observado16.
Para fazer a coleta das mensagens a serem analisadas, nos pautamos por
esta técnica, pois apesar da pesquisadora estar cadastrada como membro do grupo,
não participava da troca de mensagens entre eles, não afetando o ambiente a ser
estudado.
As interações ocorriam em uma plataforma do Google chamada Google
Groups. O grupo é aberto para quem quiser participar, mas é necessário solicitar
participação para o orientador. As mensagens eram recebidas por email, mas
podiam ser visualizadas na página do grupo pela internet. Segue modelo de
interação no grupo:
16
Disponível em http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/ichagas/mi1/AntonioMarisaPaulaObservacao.pdf. Acesso em 09 jun.2011.
53
Por email:
Remetente
Mensagem a ser enviada
Figura 1 – Modelo de mensagem enviada por email
54
Diretamente na página do Grupo:
Figura 2 – Página do grupo na internet
Neste tipo de metodologia é necessário estabelecer a duração do período de
observação e registro. Para isso, determinamos um tempo de estudo de seis meses
de troca de mensagens, entre novembro de 2010 e abril de 2011. É um tempo
suficiente tanto para possibilitar a análise de diversos períodos de trocas de
mensagens, quanto para não atrapalhar o andamento do projeto e a possibilidade de
sua realização.
55
Pelo fato de o campo de análise do nosso projeto ser um grupo virtual, as
mensagens ficam armazenadas e a pesquisadora pôde fazer toda a coleta em
apenas dois dias. Nesta etapa, todas as mensagens referentes ao período
determinado (novembro de 2010 a abril de 2001) foram selecionadas, totalizando-se
457 mensagens.
Em nosso trabalho, esta modalidade foi utilizada apenas para fazermos a
coleta das mensagens no período estipulado e arquivá-las em um documento Word.
A análise e classificação das mensagens foram feitas por meio do embasamento na
metodologia de análise de conteúdo, que será explicitada no próximo tópico.
7.3 Análise de conteúdo
Após a coleta das mensagens com a pesquisa não participante, começamos
a avaliá-las a partir da metodologia de análise de conteúdo.
Bardin (2000 p. 42) define a análise de conteúdo como:
[...] conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência
de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens.
Para Bardin (2000), um dos pontos em que a análise de conteúdo pode ser
aplicada é nas comunicações trocadas dentro de um grupo restrito, independente de
sua natureza. Assim sendo, nos baseamos nesta metodologia para estudar o grupo
de Relações Públicas Digitais da Abracom.
De acordo com Krippnedorff (apud JUNIOR, 2005, p. 287), na análise de
conteúdo o pesquisador deve levar em conta os seguintes pontos: dados, contexto
dos dados, conhecimento do pesquisador, objetivo da análise de conteúdo,
inferência como tarefa intelectual básica, validade como critério de sucesso (critérios
de validação dos dados).
Utilizamos a análise de conteúdo no estudo dos tópicos e das mensagens
trocadas entre os participantes do grupo de Relações Públicas Digitais da Abracom,
entre novembro de 2010 e abril de 2011. A seguir explicaremos um pouco do
método e como foi aplicado.
56
7.3.1 O método
Para realização da nossa pesquisa, baseamo-nos na metodologia de análise
de conteúdo, proposta pela autora francesa Laurence Bardin (2000), e a
complementamos com Junior (2005), facilitando a compreensão do método.
Bardin (2000) divide o método de análise de conteúdo em cinco partes:
organização da análise, codificação, categorização, inferência e tratamento
informático.
1. Organização da análise
A autora subdivide a organização da análise em três fases, conforme abaixo:
pré-análise; exploração do material; tratamento dos resultados, inferência e
interpretação.
1.1 Pré-análise
É a fase considerada mais importante, já que é nesta fase que se escolhem
os documentos a serem analisados, formulam hipóteses e objetivos, e elaboram-se
índices qualitativos ou quantitativos que serão utilizados na interpretação final dos
dados.
1.1.1 Leitura Flutuante
Bardin (2000, p. 96) acredita que para início de um trabalho de análise de
conteúdo a primeira coisa a se fazer é uma leitura flutuante sobre os documentos no nosso caso sobre as mensagens trocadas - com a intenção de conhecê-los
melhor, deixando-se levar por impressões e orientações, mesmo quando já
possuímos um problema a ser pesquisado. Assim, para a autora, aos poucos “[...] a
leitura vai se tornando mais precisa, em função de hipóteses emergentes, da
projeção de teorias adaptadas sobre o material e da possível aplicação de técnicas
utilizadas sobre materiais análogos”.
57
Após unir tudo em um arquivo em Word, totalizando 457 mensagens a serem
estudadas, iniciamos a leitura flutuante sobre todas as mensagens. As principais
impressões que tivemos com esse procedimento foram:
·
Mensagens relativas ao oferecimento de vagas de emprego geralmente não
são respondidas;
·
Algumas poucas pessoas, quando acham algo interessante quando estão
navegando pela internet, compartilham com o grupo;
·
Algumas respostas acabam por serem formuladas aproveitando para divulgar
algum trabalho pessoal, como um post em um blog;
·
O grupo era formado (até o fechamento deste trabalho) por 208 pessoas, mas
as discussões são sempre feitas por um extrato menor, raramente entrando
algum outro participante na discussão;
·
Existem vários tópicos que não são respondidos por ninguém;
·
Muitos dos participantes são observadores, lêem as mensagens, aprendem
com elas, provavelmente tirando proveito do que é discutido e nunca se
expressam;
·
Quando solicitada ajuda para algum trabalho específico, geralmente não se
obtém resposta;
·
Quando postado algo sobre uma mudança de área, ou lançamento de um
bom produto, há respostas de incentivo e parabenização;
·
Chamadas para eventos, parecidas com propagandas, não são respondidas;
·
Pessoas que nunca participaram ativamente acabam postando algo quando
precisam de ajuda, e são bem atendidas pelo grupo;
·
Os tópicos de cases mal sucedidos ou assuntos polêmicos geram as maiores
discussões no grupo;
·
Indicações de contatos ou agências são sempre respondidas;
·
Posts copiados de algum lugar e colados no email do grupo, sem nenhuma
apresentação, são ignorados;
·
Vários tópicos são interrompidos no meio com assuntos totalmente diferentes,
geralmente quando precisam de indicação de um profissional ou resolver
algum problema com urgência;
58
·
Algumas vezes, um tópico é postado com um tema e a resposta é outro tema,
dando a impressão de ignorar o que o outro escreveu.
1.1.2 Escolha dos documentos
Após a leitura flutuante o próximo passo é a escolha de documentos e muitas
vezes, como em nosso caso, é necessário constituir um corpus, ou seja, os
documentos que serão analisados, escolhidos dentro de um universo.
Para se estabelecer este corpus, segundo Bardin (2000, p. 97-98), é
necessário seguir algumas regras:
a) Regra da exaustividade: devem-se pesquisar todos os documentos do
período selecionado, sem exclusão;
Coletamos e pesquisamos todas as mensagens trocadas entre o grupo no
período de seis meses (novembro de 2010 a abril de 2011), totalizando 457
mensagens.
b) Regra da representatividade: pode-se utilizar uma amostra para trabalho,
desde que ela seja representativa do universo e possa ser generalizada a
todo ele;
Apesar de termos uma quantidade muito grande de mensagens, muitas delas
são respostas pequenas, de poucas linhas, passíveis de análise. Mesmo assim,
decidimos por excluir de nossa amostra os tópicos que se relacionavam com vagas
de trabalho, indicações de contatos e agências, happy hour, piadas e dicas, além de
pedidos para adicionar novos membros. Fizemos este corte visto que estas
mensagens não serviriam para verificar o objetivo proposto pelo trabalho, já que são
muito pontuais. Assim, ficamos com uma amostra de 364 mensagens a serem
analisadas, distribuídas em 52 tópicos, conforme tabela a seguir:
59
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
Tópicos
<jabá> Leitura de dissertação sobre profissionalização de blogs<jabá>
Advogado Digital ajuda
Até o Eike quer mais nas redes sociais
Blogs Femininos
Case
Case Bis Limão Colheita Feliz
Case de contratação de recursos humanos utilizando o ambiente on-line
Cerimonial para audiência pública
Clipping
Como você acha que a Campus Party repercute o crescimento do mercado de rede...
Compra coletiva
Comunicação e Liderança
Convite Lançamento Reality Books nesta quarta
Convite Lançamento Reality Books, 15/12 na livraria Cultura da Villa Lobos
Credenciamento - Imprensa - Fórum de Marketing Digital Nordeste Acontece em Recife
Crise da Arezzo
Dia das Relações Públicas
Empregado pode falar mal da empresa nas redes sociais?
ENC: Las redes sociales como oportunidad pedagógica y formativa
Facebook - Desenvolvimento de Aplicativos
Fórum Internacional de Comunicação Corporativa
Fundador da Web afirma que redes sociais são uma ameaça
Homens ficam mais tempo online, diz pesquisa
Informação gerada pelo consumidor em guias locais e portais de reclamação
Manual de conduta para blog corporativo
Marketing Mobile
Não toquem nos blogueiros
O caso Renault
O fenômeno das redes socias no Brasil
Off Topic, mas nem tanto
Onde estão os limites da web?
Perfect PR pitches: NYT tech columnist picks his favorites
Pesquisa Final
Pesquisa Redes Sociais e Ti em Empresas
Pesquisa sobre RP Digital ajuda
Por que existimos?
Post pago. Pode?
Programa mala direta
Publieditorial e jabá, ou tem algo mais?
Quanto vale o trabalho em mídias sociais
Rede Social de Voz
Relações com a Imprensa "2.0"? #ARPO
ROI
SMW
Sobre Nissan
STF se desculpa por piada sobre Sarney e Ronaldo no Twitter
Sugestão de cases de internet + moda
Trending Topics
Um novo evento
Uso corporativo do Plaxo
Vídeo corporativo no Youtube
WSA: o maior prêmio de conteúdo digital do mundo!
Tabela 1 – Tópicos
60
c) Regra da homogeneidade: os dados a serem analisados devem ser da
mesma natureza, homogêneos.
Atendemos a esta regra, pois as mensagens são originárias de um único
grupo virtual e fechado, com tema de discussão específico, as Relações Públicas
Digitais.
d) Regra de pertinência: os dados devem ser adequados ao que se
estabeleceu nos objetivos da pesquisa, objeto, tempo de estudo,
processos.
A intenção do projeto era analisar o próprio grupo e se suas ações
contribuíam ou atrapalhavam a construção da inteligência coletiva, e observamos a
troca de mensagens entre eles.
1.1.3 Hipóteses e objetivos
Outro ponto sugerido pela autora, após seguir estas regras, é a formulação
das hipóteses e objetivos do trabalho. Como hipótese sendo uma afirmação a ser
verificada – e, portanto, podendo ser confirmada ou negada após a análise observamos que o individualismo atrapalha a construção da inteligência coletiva. O
objetivo principal deste projeto é verificar se o individualismo interfere na construção
desta inteligência nas comunidades virtuais.
1.2 Exploração do material
A exploração do material citada por Bardin (2000) trata-se da análise em si,
com a codificação do material em função de regras que serão explicitadas no tópico
de codificação.
1.3 Tratamento dos resultados, inferência e interpretação.
O tratamento dos resultados refere-se à transformação dos dados brutos,
para torná-los válidos e significativos, e pode ser feito através de quadro de
61
resultados, diagramas, modelos, que são utilizados pelo analista para trabalhar suas
inferências sobre estes resultados. (Bardin 2000, p. 101)
Em nosso projeto, utilizamos planilhas de Excel para fazer uma primeira
classificação do material coletado, separando os tópicos selecionados em: cases,
discussões propostas, matérias compartilhadas, eventos e solicitações particulares.
Segue abaixo o modelo:
Cases
Discussões Propostas
Informação gerada pelo
consumidor em guias
Até o Eike quer mais nas loca is e p ortais de
redes sociais
reclamação
Matérias compartilhada s
Eventos
C omo você acha que a
C ampus Party
repercute o crescimento do
mercado
Comu nicação e
d e rede...
Liderança
Solicitaç ões particulares
<jabá> Leitura de
dissertação
sobre profissionalização de
blogs<jabá>
Onde estão os limites
da web?
C ompra coletiva
Por que existimos?
Empregad o pode falar mal
d a empresa
n as redes sociais?
Convite
Lançamento Reality
Books nesta quarta Advogad o Digital ajuda
Convite
Lançamento Reality
Books, 15/12 na
livraria Cultura da
Blogs Femininos
Crise da Arezzo
Post pago. Po de?
ENC: Las re des sociales
como
o portunidad pedagógica y
forma tiva
Cred encia mento Imprensa - Fó rum
de Marketing D igital
Nord este Acon tece
em Recife
O caso Renau lt
Publieditorial e jab á,
ou tem algo mais?
Sobre Nissan
ROI
Case
Case Bis Limão Colheita
Feliz
Fundador da W eb afirma
q ue redes
sociais são u ma a meaça
H omens ficam mais tempo
o nline,
d iz pesquisa
O fenômeno das rede s
socias no
Brasil
Vídeo corpora tivo no
Youtube
Off Topic, mas
n em tanto
Fórum In ternacio nal
de Comunica ção
Cerimonial para audiência
Corp orativa
pública
Não toquem nos blogueiros
Clipping
Um novo eve nto
W SA: o maio r
prêmio de
conteúdo dig ital do
mund o!
Perfect PR pitches: NYT
tech
columnist picks h is favorite s
Pesquisa Redes Sociais e Ti
em
Empresas
Quanto vale o tra balh o em
mídias
sociais
STF se de sculpa por piad a
sobre
Sarney e Ronaldo no Twitte r
T rending Top ics
Tópico s
Cases
Discussões propostas
Matérias comp artilhadas
Eventos
Solicitações particulares
Total
Quantida de
% em re lação ao total
6
7
13
8
18
52
Case de contratação d e
re cursos humanos
utilizando
o ambiente o n-lin e
12%
13%
25%
15%
35%
Tabela 2 – Categorização dos tópicos
Dia das Relações
Públicas
Face book Desenvolvimento
de Aplica tivos
Manual d e condu ta pa ra
blog
corporativo
Marketing Mobile
Pesquisa Fina l
Pesquisa sobre RP
Digital ajuda
Programa mala direta
Rede Social de Voz
Rela ções com a Impre nsa
"2 .0"? #ARPO
SMW
Sugestão de case s de
internet + moda
Uso co rporativo d o Plaxo
62
Nesta primeira classificação, chegamos com 52 tópicos, que foram distribuídos
da seguinte forma:
·
Cases – 12% – nesta categoria incluímos cases de empresas com
repercussão (geralmente negativa) muito forte nas mídias sociais;
·
Discussões propostas – 13% – são as discussões propostas sobre um
determinado
assunto
de
comunicação
digital,
quase
sempre
sendo
acompanhado por uma pergunta que busca gerar debate no grupo;
·
Matérias compartilhadas – 25% – são matérias publicadas na mídia,
geralmente na internet, que o participante envia para o grupo, para discussão;
·
Eventos – 15% – nesta categoria, incluímos mensagens relativas à eventos
em geral, seja um convite ou algum evento em que algum integrante do grupo
está participando e dividindo informações.
·
Solicitações particulares – 35% – são os pedidos de ajuda para solucionar
algum
problema
individual,
geralmente
relacionado
ao
trabalho
do
participante.
As inferências e interpretação serão explicitadas mais adiante.
2. Codificação
A codificação é o processo de transformação dos dados brutos de forma
sistemática, segundo regras de enumeração, agregação e classificação,
visando esclarecer o analista sobre as características do material
selecionado. Sua principal função é servir de elo entre o material escolhido
para a análise e a teoria do pesquisador [...].
Junior (2005, p. 294)
De acordo com Bardin (2000, p. 104), para se fazer a codificação do material
bruto coletado, é preciso escolher as unidades de registro e de contexto. As
unidades de registro são as partes da amostragem delimitada na construção do
corpus que, em nosso trabalho, corresponde aos tópicos e suas respectivas
mensagens, que foram selecionadas para análise.
As unidades de contexto se referem ao momento em que estas unidades de
registro se situam, ou seja, se as mensagens foram trocadas em períodos de férias,
natal, ou algum acontecimento especial, é preciso contextualizá-las para entender
63
quais tipos de unidades de registros estão sendo utilizadas e o porquê (Bardin,
2000). Neste projeto, a unidade de contexto mais percebida é o fato de que as
Relações Públicas Digitais ainda estão em desenvolvimento no país, muitas
empresas não sabem ao certo como utilizá-las e o grupo é uma forma de tentar
entender este processo e poder aprender com os temas propostos no grupo.
Outro ponto que achamos importante citar aqui é que, dependendo do mês,
existe certa sazonalidade nas mensagens. De acordo com o fluxo de tópicos abaixo
(referente ao total das mensagens antes da definição da amostra), podemos
perceber que nos meses de dezembro e janeiro, quando geralmente as empresas
fazem fechamento anual e possuem férias coletivas, a quantidade de tópicos
propostos é bem menor.
Mês
Qt Tópicos
Novembro
13
Dezembro
8
Janeiro
6
Fevereiro
19
Março
13
Abril
19
Total
78
Tabela 3 – Quantidade total de tópicos postados
2.1 Regras de enumeração
As regras de enumeração é o modo como as unidades de registros são
contadas. Assim, estabelecemos nossos índices de acordo com o teor das
mensagens estudadas, e cada tópico de cada categoria já estabelecida foi testado
nestes índices.
Com esta classificação, buscamos responder em cada tópico se as
mensagens tinham algo para compartilhar, se eram respondidas e quantas
respostas tiveram, se foram ignoradas, se buscavam a autopromoção de quem
escrevia, se eram completadas com novas informações e se fomentavam o debate.
A categoria “solicitações” foi a única em que realizamos uma alteração.
Incluímos um novo índice para saber se as solicitações seriam um pedido de um
“modelo pronto”, separando-as dos demais pedidos.
64
Destacamos que nesta etapa do trabalho, a quantidade de mensagens (306)
será inferior ao total de mensagens analisadas (364), pois nestas categorias não
estão sendo contabilizadas as mensagens que geraram os tópicos e nem os
agradecimentos da categoria “solicitações particulares”. Só estão inclusas as
respostas aos tópicos.
Após criarmos estes índices, acrescentamos mais dois tópicos em nossa
planilha, e os classificamos como “matemática” e “destaques”. O tópico “matemática”
analisa os índices de cada categoria e nos dá um valor em porcentagem de cada
uma delas, desde que seja diferente de 0. O tópico “destaques” busca salientar
informações que foram importantes para a criação da categorização final, que
explicaremos a seguir.
Segue exemplo da classificação das categorias nos índices17:
17
Esta classificação completa pode ser visualizada no apêncice A, p. 98
65
1
2
3
4
5
6
Tópico
Até o Eike quer mais nas redes
sociais
Case
Case Bis Limão Colheita Feliz
Crise da Arezzo
O caso Renault
Sobre Nissan
Total respostas
Respondido
Cases
Qt.
Resposta Ignorado Autopromoção Complementado
X
X
X
X
X
X
1
20
2
30
18
18
89
X
X
X
X
X
X
X
X
Matemática
6 tópicos
89 respostas
média = 15 respostas por tópico
67% dos tópicos foram complementados e geraram debate
Destaques
Todos os tópicos respondidos
Esta categoria tem uma média de quase 15 respostas, que corresponde à maior média entre todas as categorias
4 tópicos com complementações com relação ao assunto proposto
4 tópicos geraram debate
Tabela 4 – Índices
Gerou
debate
66
3. Categorização
Categorização é o “trabalho de classificação e reagrupamento das unidades
de registro em número reduzido de categorias, com o objetivo de tornar inteligível a
massa de dados e sua diversidade”. (JUNIOR, 2005, p. 298).
Utilizamos o critério semântico de classificação de Bardin (2000) que são as
categorias temáticas. A categorização foi a técnica utilizada em todo processo da
análise dos tópicos e mensagens. Para atender ao que a autora entende como uma
boa categorização, tomamos o cuidado de obedecer às características fundamentais
por ela explicitadas, tais como:
·
Não incluir em uma categoria o que foi incluído em outra;
·
Classificar unidades de registro de acordo com sua natureza;
·
Categorizar de acordo com as nossas intenções;
·
Buscar a objetividade e fidelidade na classificação;
·
Criar
categorias que forneçam resultados
que possam atender
às
necessidades da pesquisa.
Após separarmos os tópicos e suas mensagens de acordo com a primeira
classificação estabelecida e criarmos nossas regras de enumeração, ou seja, os
índices que os avaliaram, as porcentagens e os destaques de cada tema, iniciamos
a categorização final. Para Bardin (2000, p. 118), “classificar elementos em
categorias, impõe a investigação do que cada um deles tem em comum com os
outros”. Assim, analisamos as cinco planilhas (apêndice A) e as reagrupamos
conforme a seguir:
Categoria com mais respostas:
·
Cases – média de 15 respostas por tópico.
Categoria com menos respostas:
·
Solicitações particulares – média de 3,3 respostas por tópico.
67
Categorias que mais promovem o debate, construção coletiva:
·
Cases – 67% dos tópicos.
·
.Discussões propostas – 57% dos tópicos.
Categorias que promovem pouco debate:
·
Matérias compartilhadas – 23% dos tópicos.
·
Eventos – 12,5% dos tópicos.
Categoria que não promove debate:
·
Solicitações particulares – nenhum tópico gerou debate.
Categoria com mais mensagens ignoradas e busca de autopromoção:
·
Eventos – 62,5% dos tópicos ignorados, 62,5% buscam autopromoção.
Categoria mais complementada com novas informações:
·
Discussões propostas – 86% dos tópicos.
Após esta última categorização dos dados, iniciamos o processo de
inferência.
4. Inferências
As inferências são as deduções feitas de forma lógica pelo pesquisador, em
relação ao tratamento dos dados. Para Junior (2009, p. 284), a inferência é
“destinada a extrair conhecimentos sobre os aspectos latentes da mensagem
analisada”. Elas são feitas por meio dos índices estabelecidos e o pesquisador tenta:
68
[...] compreender o sentido da comunicação (como se fosse o receptor
normal), mas também e principalmente desviar o olhar para uma outra
significação, uma outra mensagem entrevista através ou ao lado da
mensagem primeira. A leitura efetuada pelo analista, do conteúdo das
comunicações não é, ou não é unicamente uma leitura à letra, mas antes o
realçar de um sentido que se encontra em segundo plano. BARDIN (2000,
p. 41)
Em nosso trabalho, utilizamos as inferências específicas, ou seja, que estão
ligadas ao problema investigado. Assim, descrevemos as inferências que fizemos
com relação à análise realizada, buscando atender ao nosso objetivo de descobrir
se nos grupos virtuais, o individualismo ajuda ou atrapalha a construção da
inteligência coletiva. Para isso, utilizamos duas variáveis de inferências, o
individualismo e a construção coletiva:
a) Individualismo
As matérias compartilhadas algumas vezes chegam a promover algum
debate, mas para isso tem que ser algo que esteja acontecendo no dia-a-dia, que
esteja na mídia e provoque polêmica. Matérias que não fazem parte deste escopo
são ignoradas e, quando respondidas, não trazem nenhuma contribuição, recebendo
alguma piada de resposta ou um único agradecimento. Ou seja, se não fizer parte
do interesse dos participantes, geralmente são descartadas e o receptor pode se
sentir mal, pois, apesar de ter conseguido compartilhar uma matéria que achou
interessante o grupo não deu retorno, podendo assim, fazer com que ele deixe de
postar novas matérias.
Como exemplo, no primeiro tópico18 abaixo, o retorno de respostas dos
participantes chegou a 31 mensagens, já o segundo, não obteve nenhuma resposta.
·
Empregado pode falar mal da empresa nas redes sociais?
1. Lara
Olá, pessoal, tudo bem?
Vi esta matéria agora no G1, e gostaria de saber a opinião de vocês. Conselho diz que empregado
pode falar mal de empresa no Facebook* Companhia americana demitiu funcionária que criticou
18
As mensagens transcritas neste trabalho contém nomes fictícios tanto de pessoas quanto das empresas que trabalham e
seus respectivos sites
69
o chefe na rede social. Empresa infringiu direito de liberdade de expressão, diz conselho dos EUA.
*Link:* *http://migre.me/3QnqA. E aí?
Abs
·
Homens ficam mais tempo online, diz pesquisa
1. Emerson
Pessoal,
Boa tarde.
Veja uma nova pesquisa sobre comportamento de homens e mulheres
http://www.band.com.br/jornalismo/tecnologia/conteudo.asp?ID=10000040...
Abraço, Emerson.
na
internet.
As solicitações particulares correspondem à maior porcentagem de todos os
tópicos, 35%. Daí se percebe o destaque dos interesses particulares no grupo. Este
tipo de tópico possui menor quantidade de respostas, ou seja, apesar de ser maioria
no montante analisado, os participantes não o recebem bem, chegando a ignorar
40% dos tópicos postados. Esse ponto é algo que pode atrapalhar o grupo, visto que
ocupa muito espaço nos tópicos gerais e não trazem nenhum retorno para a
construção coletiva, não promove nenhum tipo de debate, apenas atendendo aos
interesses individuais. Abaixo, exemplo de tópico ignorado da categoria solicitações
particulares:
·
<jabá> Leitura de dissertação sobre profissionalização de blogs<jabá>
1. Cristina
Caros,
Acabo de ler a dissertação de Ana Pereira sobre profissionalização de blogs e fazer minhas
elucubrações...seria uma honra ter a presença de pelo menos um de vocês para uma conversa no
blog. Segue o link:
http://casasocial.wordpress.com/2011/04/17/o-que-virou-da-blogosfera...
Algumas das novas inquietações que a leitura provocou:
1- alguém conhece pesquisador que investiga o reinado de lessig com creative
commons?
2- alguém conhece pesquisador que investigou o histórico da publicidade na
web brasileira?
Abraços e inté!
70
Outra categoria que promove o individualismo no grupo é a categoria eventos.
Além de ser a mais ignorada pelos participantes é a que mais aparenta uma
intenção de autopromoção por parte do participante. Em sua maioria são eventos
promovidos pela empresa em que o participante trabalha, por um cliente ou por ele
mesmo e acabam sendo ignoradas pelo restante do grupo. Com relação aos tópicos
mais respondidos desta categoria, um se relacionava à criação de um evento entre
eles que nunca foi realizado e o outro, referia-se a um evento, em que todos
gostariam de estar e um dos participantes estava, mas não conseguiu ou não quis
dividir muita informação com o grupo, nem quando o evento foi finalizado. Esta
categoria abrange 15% das respostas, sendo maior do que a categoria “cases” e
“discussões propostas”. Segue exemplo de tópico da categoria eventos:
·
Comunicação e Liderança
1. Tatiane
Olá pessoal
Peço
licença
para
convidá-los
a
participar
do
especial
que
a
Projeto
Comunicação
(www.projetocomunicacao.com) está realizando a partir de hoje (até 6/12) sobre Comunicação e
Liderança. Além de uma série de reportagens e artigos especiais sobre o tema, amanhã às 10h
teremos um chat com o jornalista José Antônio, diretor de Relações Institucionais e Comunicação da
Rede e autor do blog 'Na hora do janta'. Para participar, basta ter cadastro simples no Vida. E para
quem está no Rio, na quarta teremos um encontro na ESPM, que reunirá Gláucio Cerqueira, diretor
de Gente da RH; João Regis, diretor de Comunicação Corporativa da Sá Brasil, e Paulo José, diretor
da agência Ace. A mediação será de José Roberto, diretor de Atendimento e Planejamento da Projeto
e o evento terá como tema a 'Liderança no século XXI'. As inscrições são gratuitas (pelo e-mail
[email protected]), mas as vagas são limitadas à capacidade do auditório. Mais
informações aqui: http://www.projetocomunicacao.com/panorama_ciclo.asp
Abraços a todos,
Outro fato importante a ser citado em nossas inferências é que o grupo era
formado por 208 participantes, mas apenas 68 participaram de alguma forma da
troca de mensagens analisadas, lembrando que cobrimos um período de seis
meses.
Separamos a contagem das mensagens emitidas pelos participantes da
seguinte forma:
71
Qt participantes
60 participantes
5 participantes
2 participantes
1 participante
Total geral
Qt mensagens individuais
até 10 mensagens
de 11 até 20 mensagens
de 21 até 30 mensagens
acima de 30 mensagens
Qt mensagens total
198
71
57
38
364
Tabela 5 – Quantidade de mensagem postadas
Assim temos:
68 participantes
60 correspondiam a 54% das mensagens, sendo uma média de menos de 1% para cada
5 correspondiam 20% das mensagens, sendo uma média de 4% para cada
2 correspondiam a 16% das mensagens, sendo uma média de 8% para cada
1 correspondia a 10% das mensagens
Tabela 6 – Distribuição das mensagens por participantes
Podemos inferir que a maioria das mensagens (46%) estava concentrada em
apenas oito participantes, sendo que tivemos um total de 364 mensagens
analisadas. Muitos dos que enviaram mensagens, só o faziam porque precisavam
de alguma ajuda e, a grande parte do grupo, apenas lê e provavelmente tira
proveito, não ajudando na construção coletiva do grupo, que é feita por poucos.
b) Construção coletiva
As categorias cases e discussões propostas são as que mais produzem o
debate e a construção coletiva no grupo. Os cases são a menor fatia dos tópicos
propostos, correspondendo apenas a 12%. Neles se encontram os tópicos mais
respondidos, em que geralmente se discute sobre algo negativo que aconteceu nas
mídias sociais com alguma empresa famosa, e que repercutiu em vários meios de
comunicação. Neste tipo de discussão, os participantes do grupo procuram dar sua
opinião sobre o assunto, incluir matérias que possam acrescentar informações ao
conhecimento do grupo, chegando muitas vezes a fazerem um exercício,
explicitando quais seriam as medidas a serem tomadas tanto antes quanto depois
do acontecimento. Exemplo de mensagem de casos de êxito ou de insucesso:
72
·
Crise da Arezzo
1. Bernardo
Caros, tudo bem?
Viram a repercussão negativa em torno da marca Arezzo? Pra quem não conseguiu acompanhar, a
marca lançou peças de sua coleção com pele animal e começou a apagar posts negativos na página
da empresa no Facebook. Depois, pararam.
Mas a crise é grande. Agora pouco, a Arezzo recuou e decidiu recolher as peças de todas as lojas,
vejam o comunicado:
http://www.facebook.com/notes/arezzo/comunicado/208897042461847
Em minha modesta opinião, o comunicado piorou as coisas: não reconheceu o erro de usar pele
animal e traduziu um erro de marketing gigantesco. Em pleno século 21, com todas as mídias sociais
dando voz a protestos, a marca não pensou na reação contrária a uma ação politicamente incorreta.
E vocês, o que acharam?
_________________________________________________________________________________
2. Lívia
Pois é Bernardo.
A emenda saiu mesmo pior que o soneto. Ou quase isso.
O mesmo erro de marketing se converteu em falha de comunicação.
Uma indicação pra mim seria reconhecer os problemas socioambientais e aderir a programa de
proteção animal em médio prazo.
Uma falha de comunicação precisa de retorno gerencial/administrativo a altura.
Eu não acredito em mero pedido de desculpas.
Ainda mais neste em fração.
E vocês?
As discussões propostas também são pouco aproveitadas dentro do grupo,
correspondendo a 13% do total dos tópicos, começa geralmente por uma pergunta
de um dos participantes e em seguida é respondida e debatida facilitando a
construção coletiva. Abaixo, exemplo de mensagem sobre discussão proposta ao
grupo:
·
Post pago. Pode?
1. Pietro
Pessoal, tudo bem?
Estou acompanhando a repercussão de um post do José Paulino no Twitter. Ele fez um jabazão pra
Samsung e a repercussão não foi nada boa. Vejam o anexo que montei com alguns posts.
Aproveito para pedir a opinião de vocês sobre esse tipo de ação nas redes sociais, eu,
particularmente acho super arriscado para a marca. O que acham?
Abraços,
_________________________________________________________________________________
2. Ilton
Oi Pietro, trabalho em uma agência que faz uma quantia relativamente grande de posts e tweets
pagos. Debatemos muito sobre isso constantemente e é inegável que é uma via perigosa, por isso
tentamos ao máximo criar posts e tweets mais naturais e mesmo trabalhando com grandes ações
nunca tivemos repercussões tão negativas.
A Samsung é rainha em fazer ações equivocadas nas redes. Na cobertura do carnaval colocou as
meninas do @pedreroonline para cobrir os circuitos Barra Ondina em Salvador. Qual a relação entre
o produto, o perfil e a cobertura?
73
Não tem, esse é o problema. No geral a marca não possui uma curadoria nos seus representares, faz
posts agressivos em suma acaba gerando esse buzz negativo em cima do produto.
Acho que é isso!
At
As categorias “cases” e “discussões propostas” foram as que mais se
destacaram com relação ao complemento, ou seja, nestes tópicos, os participantes
incluíam novas informações, vídeos, matérias, fazendo com que aumentasse
inteligência coletiva do grupo.
Apesar de algumas pessoas nunca terem participado e algumas iniciarem um
tópico por precisarem de uma ajuda, a impressão que tivemos é que o grupo acaba
aceitando bem este participante.
4.2 Considerações
Os grupos virtuais geralmente possuem um nome que refletem qual o tipo de
assunto que nele será discutido. As pessoas participam destes grupos por
indicações ou por achar o tema do grupo interessante, mas no fundo, o que elas
querem é estar “perto” de pessoas que possuam interesses comuns, para
compartilhar, observar, aprender e interagir.
Notamos que as matérias que atendem ao objetivo do grupo são melhor
aceitas por ele, mais debatidas, mais respondidas. Questões que buscam interesse
próprio, autopromoção ou mesmo que estejam fora do escopo esperado pelos
participantes, geralmente são colocadas de lado. Mesmo assim, são maioria.
Apesar de ser um grupo relativamente grande, com 208 participantes, (até
junho de 2011) a minoria do grupo é ativa e a grande parte dele apenas “assiste” às
discussões, não colaborando para o debate.
Já quando observamos as categorias que promovem o debate, como cases e
discussões propostas, verificamos que os participantes discutem, dão opinião,
colocam novos links, novos apontamentos. Alguns concordam, outras vezes
discordam, sempre com muito respeito.
74
5. Tratamento informático
Não utilizamos ordenadores ou softwares de análise de conteúdo para
realizar este trabalho. Nosso tratamento informático foi feito através de planilhas de
Excel, que facilitaram a categorização, a criação dos índices e os cálculos
matemáticos utilizados para realizarmos nossas inferências. Todas as tabelas
podem ser vistas no decorrer do trabalho e no apêndice A.
7.4 Questionário
Pode-se definir questionário como a técnica de investigação composta por
um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito
às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento das opiniões, crenças,
sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas, etc. (GIL,
1999, p. 128).
De forma a complementar nosso trabalho e conhecer um pouco sobre outras
comunidades virtuais, também utilizamos um questionário com técnica de
investigação. O mesmo foi elaborado em plataforma do Google Docs e enviado um
link (http://migre.me/51DLI) por email aos respondentes.
As questões buscavam verificar se os participantes de outras comunidades
virtuais possuíam comportamento semelhante ao grupo estudado e foi realizado com
coordenadores e/ou moderados de grupos de discussões na área de comunicação.
O questionário possuía 14 questões e conseguimos respostas de nove
moderadores19.
Antes de enviar o questionário aos participantes, realizamos um pequeno préteste com cinco pessoas para verificar se teriam algum tipo de dificuldade ao
respondê-lo.
Segue exemplo do questionário enviado:
19
Anexo A, p. 104.
75
Figura 3 – Questionário enviado por email
7.4.1 Grupos Participantes
Antes de iniciarmos a tabulação do questionário, apresentamos abaixo uma
breve descrição dos grupos participantes, feitas por eles próprios.
1 Papos na rede
O Papos na Rede é um chat quinzenal
criado por Márcia Ceschini
Especialista em Gerenciamento de Marketing e Consultora de Comunicação
Digital, como um projeto para compartilhar conteúdo sobre comunicação digital nas
redes sociais. O Papos na Rede é divulgado pelo Twitter, Facebook e email do
grupo de discussão.
76
2 Webees
A Webees é um espaço que reúne diversos profissionais, estudantes e
entusiastas das áreas de comunicação, internet e publicidade. É um espaço para
conversarmos sobre como estas três áreas funcionam e se relacionam, comentar
inovações e principalmente trocar conhecimento e experiência.
Webees é como uma mesa de bar. Haverá quem se sente só nela, e quem se
sinta só nela. Quem fique um pouco em cada mesa, e em todas ao mesmo tempo.
Há também a turma que ficará em pé, observando. A mesa é redonda, sem ninguém
na ponta, e ninguém vai pagar a conta sozinho.
3 Relações Públicas
Profissionais, estudantes e entusiastas da profissão se encontram e
compartilham conteúdo aqui!
4 Mundo das Relações Públicas
Mundo das Relações Públicas desvendado por profissionais da área
registrados no CONRERP de seus estados, por acadêmicos e outros interessados
no tema: cerimonial, protocolo, planejamento de comunicação, assessoria de
divulgação, marketing editorial, webmercados e muito mais. A Comunicação e muito
mais.
5 GestaoECAUSP2002
O e-group "GestaoECAUSP2002" foi criado em 8 de abril de 2002, e é
gerenciado
por
Marcus
Vinicius Bonfim (formado
em Relações
Públicas,
morando em SP) e Fabiana Lopes (formada em Letras, morando hoje nos
EUA). O grupo foi criado para circulação de informações de interesse
dos alunos da então turma 10 do curso de especialização lato sensu em
Gestão de Processos Comunicacionais da ECA-USP.
77
6 Horizonte RP
O Horizonte RP é um grupo que se formou em 2006 para discutir e realizar
ações para um maior reconhecimento da profissão de Relações Públicas na Região
Metropolitana de Belo Horizonte e em Minas Gerais.
7 Rede Brasileira de Comunicação Pública
Rede Brasileira de Comunicação Pública - Criada em fevereiro de 2002, é
uma rede de profissionais de todas as áreas da comunicação e que estejam
interessados em discutir a comunicação pública. É integrada tanto por profissionais
que atuam em instituiçoes públicas brasileiras, quanto por aqueles que trabalham na
área privada. O fórum discute, prioritariamente, a comunicação nas instituições
públicas, bem como as funções a serem desempenhadas pelo comunicador público.
Também discute a comunicação pública a partir de um conceito mais amplo, em que
ela inclui o debate sobre concessões públicas, comunicação das ONGs, veículos
comunitários e a comunicação de interesse público em geral.
8 Aberje Comitê de Comunicação Digital
Ambiente para interação entre os integrantes do Comitê de Comunicação
Digital da Aberje. Oportunidade para as empresas compartilharem experiências e
boas práticas de comunicação corporativa nos meios digitais.
9 Jornalistas da Web
A lista de discussão Jornalistas da Web foi criada em 2000 para servir de
canal de comunicação não só para quem trabalha com jornalismo online e Internet
em geral, mas também para qualquer interessado na relação entre o jornalismo e as
novas mídias. No grupo, os membros discutem, por email, a evolução do cenário de
jornalismo digital e assuntos relacionados.
Hospedada no Yahoo! Groups - serviço de criação de grupos de discussão do
portal Yahoo! -, a lista é considerada hoje a principal referência no país sobre
jornalismo online e conta com mais de 1.700 membros entre estudantes de
78
Comunicação, blogueiros e profissionais vindos de alguns dos principais veículos
online nacionais, como Estadão, Folha Online, Gazeta Esportiva, Globo Online,
iBest, iG, Infoglobo, JB Online, Lancenet, O Dia, Reuters, Revista Imprensa, Terra,
UOL e Webinsider.
7.4.2 Tabulação20
1) Qual é o nome do grupo que você coordena?
Papos na Rede, Webees, Relações Públicas, Mundo das Relações Públicas,
GestaoECAUSP2002, Horizonte RP, Rede Brasileira de Comunicação Pública,
Aberje Comitê de Comunicação Digital e Jornalistas da Web.
2) Quando o grupo foi iniciado?
2
4
3
Menos de 5 anos
De 5 a 10 anos
Mais de 10 anos
Apenas dois grupos têm mais de 10 anos de existência.
3) Em qual plataforma o grupo se relaciona?
3
5
1
Google Groups
20
Facebook
Yahoo!Groups
SAMARA, Beatriz Santos; BARROS, José Carlos. Pesquisa de marketing: Conceitos e metodologia. 4. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2007.
79
A maioria dos grupos respondentes se relaciona na plataforma do Yahoo!
Groups.
4) Quantas pessoas fazem parte do seu grupo de discussões e quantas
participam efetivamente?
Participantes (relativos aos grupos)
2
2
1
1
1
2
até 100
de 101 a 300
de 701 a 900
mais de 900
de 301 a 500
de 501 a 700
A quantidade de participantes por grupo varia muito, sendo que dois deles
possuem mais de 900.
Ativos (relativos aos grupos)
1
2
1
3
2
Não sabe
Até 5%
Mais de 5% até 10%
24%
34%
Dos nove grupos analisados, um moderador não soube mensurar quantas
pessoas atuavam ativamente e em cinco grupos, a quantidade de ativos chega a no
máximo 10%.
80
5) Quantos tópicos já foram postados pelo grupo?
1
2
2
1
1
2
Até 500
De 500 a 1.000
De 1.001a 3000
De 3001 a 5000
De 5001 a 7000
Acima de 7000
A quantidade de mensagens por grupo varia muito, mas a grande parte deles
(oito grupos) já postou mais de 500 mensagens.
6) O grupo que você coordena promove ou já promoveu encontros
presenciais? Se sim, quantos?
Encontros presenciais
3
6
Sim
Não
Apenas três grupos não promoveram encontros presenciais.
Quantidade de encontros
1
3
2
Até 5
De 6 a 10
De 11 a 15
81
Dos grupos que já promoveram encontros, a maioria promoveu menos que
10.
7) Dos temas abaixo, quais são mais abordados no grupo:
*Pode escolher mais de uma opção
Alternativa
Bibliografias
Cases
Discussões propostas referentes a algum tema do momento
Eventos
Matérias da mídia
Solicitações particulares (pedidos de ajuda)
Troca de Experiências
Total de respostas
Total de entrevistas
Respostas
%
1
5
8
5
7
7
1
34
9
11%
56%
89%
56%
78%
78%
11%
* Nas questões de múltipla escolha, a porcentagem das alternativas é obtida tendo por base o total de
entrevistados/respondentes.
Média de respostas por entrevistado = 34/9=3,8
Os temas mais abordados pelos grupos segundo 89% dos moderadores são
as discussões propostas, referentes a algum tema do momento, na área de
comunicação. Em seguida, as matérias da mídia e as solicitações particulares,
citadas por 78% dos entrevistados. Cases vem em terceiro lugar, segundo 56% dos
entrevistados.
8) Em quais temas abordados pelo grupo você percebe a construção de uma
inteligência coletiva?
Alternativa
Respostas
%
Cibercultura
1 8,33%
Comunicação pública e comunicação privada
2 16,67%
Discussões propostas referentes a algum tema do momento
6
50%
Diversos
1 8,33%
Não percebe
1 8,33%
Relações Públicas
1 8,33%
Total de respostas
12
82
* Nas questões abertas a porcentagem é dada sobre o total de respostas e os resultados foram
arredondados para evitarmos um número muito grande de caracteres.
De acordo com os entrevistados, os temas que geram uma construção de
inteligência coletiva são as discussões propostas referentes a algum tema do
momento.
9) Existe algum tipo de tema discutido no grupo que você acredita atrapalhar
esta construção? Se sim, qual seria?
Algum tema atrapalha?
1
4
4
Não
Sim
Não busca inteligência coletiva
Apenas um grupo não busca a inteligência coletiva, nos demais, quatro
possuem temas que atrapalham essa construção e quatro não.
Alternativa
Associação de classe
Autopromoção
Diploma jornalístico
Governos
Pisos Salariais
Problemas pessoais
Propagandas
Total de respostas
Respostas
1
2
1
1
1
1
1
8
%
12,5%
25%
12,5%
12,5%
12,5%
12,5%
12,5%
100%
* Nas questões abertas a porcentagem é dada sobre o total de respostas
Foram poucos os temas citados que atrapalham a construção, apenas oito,
sendo dois deles (25%), referentes à autopromoção.
83
10) Existe algum tipo de tema proposto que geralmente fica sem resposta?
Se existe
2
7
Não
Sim
Apenas em dois grupos nenhum dos temas propostos fica sem resposta.
Temas sem resposta
Alternativa
Demandas particulares
Divulgações
Eventos
Temas fora do objetivo da lista
Total de respostas
Respostas
1
1
2
1
5
%
20%
20%
40%
20%
100%
* Nas questões abertas a porcentagem é dada sobre o total de respostas
Poucos foram os temas citados que não recebem respostas. Em dois grupos
foi citado o tema Eventos.
11) Os temas que demonstram certo individualismo são menos respondidos
que os demais?
84
2
3
4
Não
Sim
Depende do tema
Para quatro dos nove moderadores, os temas que demonstram individualismo
são menos respondidos e, para dois deles, depende do tipo de assunto abordado.
12) Na sua opinião, a maioria dos laços entre os participantes do grupo são
fortes ou fracos?
3
5
1
Fracos
Médios
Fortes
Para cinco moderadores, os laços entre os participantes são considerados
fracos21.
13) Avaliando o grupo e as discussões que nele ocorre você acredita que o
individualismo ou a coletividade é mais predominante?
1
3
5
Coletividade
21
Individualismo
Ambos
Sobre laços fracos, consultar capítulo dois sobre comunidades virtuais, p. 21.
85
Na maioria dos grupos (cinco), segundo seus moderadores, a coletividade é
considerada predominante.
14) Com base na resposta anterior, você acredita que este grupo virtual é mais
coletivo/individual do que grupos offline? Deixe seus comentários.
1
1
3
1
2
Depende
Equilibrado
Independe de ser virtual ou off line
Mais coletivo
Mais individual
Três grupos são considerados mais individuais do que os offlines e dois mais
coletivos.
Comentários
1
3
3
Off line exige maior participação
O que importa são os interesses comuns
Online presença 24 horas
Três moderadores acreditam que a interação offline exige uma maior
participação e três acreditam que o que importa são os interesses em comum e não
a plataforma.
86
7.4.3 Conclusão do questionário
Todos os grupos que fizeram parte do questionário se reúnem online para
discutir temas relacionados à área de comunicação. Utilizam plataformas da internet
para dividir experiências, buscar ajuda, fazer divulgações, se relacionar. As
plataformas online permitem a participação de muito mais pessoas neste tipo de
comunidade, devido à possibilidade de serem acessados de qualquer lugar, desde
que conectados à internet.
Com relação às questões respondidas, verificamos que existem grupos que já
estão online há muito tempo, mais de dez anos, evoluindo e buscando sempre se
renovar, servindo de incentivo para o surgimento de novos grupos. Percebemos que
as plataformas de email são bem requisitadas, dos nove grupos, oito atuam nelas.
Estas plataformas têm várias vantagens, como a possibilidade de receber todos os
emails trocados ou um resumo geral, de acordo com a necessidade do usuário, além
de estes emails aparecerem diretamente na página do grupo na internet.
Apesar das vantagens das listas de email, há uma tendência de mudança
destes grupos para redes sociais, como é o caso do Grupo de Relações Públicas
Digitais da Abracom que, após nossa pesquisa, migrou para o Facebook e o grupo
Relações Públicas, que participou de nosso questionário. Este último, antigamente,
funcionava por email.
Um ponto que notamos tanto no grupo estudado, o de Relações Públicas
Digitais da Abracom, quanto nos grupos que responderam ao questionário é que,
apesar de terem em geral um número grande de participantes, a parte ativa do
grupo é muito pequena. O grande conteúdo que é gerado nestes grupos parte
apenas de uma pequena parcela, sempre disposta a motivar, provocar, promover
debates. A grande maioria apenas observa. Ainda verificamos que, apesar de serem
poucos os ativos, não são poucas as mensagens postadas.
Encontros presenciais não são muito comuns neste tipo de grupo e apenas
um promoveu mais do que dez.
Os temas mais abordados nos grupos são as discussões propostas referentes
a algum tema do momento, matérias da mídia e solicitações particulares. Existe uma
semelhança com o grupo que estudamos, visto que as discussões propostas ficaram
em segundo lugar quanto à categoria que mais promove o debate no grupo, apesar
da pequena quantidade de tópico proposto. Também as solicitações particulares são
87
temas bastante abordados nos grupos, correspondendo a 35% dos tópicos do grupo
da Abracom.
Com relação à construção da inteligência coletiva, os grupos elegeram a
categoria “discussões propostas”, também uma das mais respondidas no Grupo de
Relações Públicas Digitais da Abracom.
Nos grupos avaliados, de acordo com os moderadores, poucos temas
atrapalham a construção de uma inteligência coletiva, mas em apenas dois grupos
nenhum tópico fica sem resposta, portanto, podemos inferir que existe certa
contradição neste ponto, visto que a construção coletiva é feita pela participação e
cooperação.
Quatro dos nove grupos acreditam que os temas que demonstram
individualismo são menos respondidos, enquanto três acreditam que não. De acordo
com a análise que fizemos do grupo da Abracom, as solicitações particulares fazem
parte da categoria que menos tem resposta e não gera debate e que, temas
individualistas geralmente são ignorados.
Os moderadores em sua maioria acreditam que os laços existentes entre os
participantes dos grupos são fracos e mesmo assim, consideram a coletividade
predominante no grupo, ou seja, buscam os mesmos objetivos, mesmo não havendo
relacionamentos fortes.
Com relação a um grupo virtual ser mais coletivo ou individual que um grupo
offline, percebemos certo equilíbrio nas respostas dos moderadores e em seus
comentários, alguns acreditando que o que realmente interessa não é o offline ou
online e sim os interesses comuns entre os participantes. Outros afirmam que a
presença face a face exige uma participação e interação maiores.
Lembramos que este questionário foi enviado ao moderador de cada grupo,
portanto, as respostas podem não refletir 100% do que acontece e, para isso,
teríamos que avaliar os grupos como fizemos com o grupo da Abracom. Este
questionário é uma forma de termos um panorama mais abrangente dos
relacionamentos que ocorrem em comunidades virtuais.
88
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A internet trouxe consigo diversas mudanças, velocidade, quebra de barreiras
de tempo e espaço, instantaneidade, possibilidade de “estar próximo” de pessoas
que estão em qualquer parte do mundo e a oportunidade de se “conectar”. O mundo
mudou, tudo ficou muito mais rápido e o que era novo, em segundos, se torna
passado.
A quantidade de informações disponíveis na internet chega muitas vezes a
nos fazer mal, pois não temos filtros suficientes para separarmos tanta coisa, além
disso, temos a necessidade de estar em comunidade. Assim, muitas vezes,
acabamos por participar de comunidades virtuais, que acabam agindo como um
“filtro” e também como um “local” para estabeler laços, sejam eles fortes ou fracos.
Nestas
comunidades,
nos
reunimos
por
interesses
comuns,
geralmente
encontramos muita coisa interessante para ler, os participantes sempre estão com
algo atualizado para fomentar a discussão e nos sentimos um pouco menos
ansiosos.
Seja em grupo de discussões, em redes sociais ou pelo celular, queremos
estar conectados, precisamos nos relacionar. Isso não é nenhuma novidade.
Comunidade também não. A diferença é que estas comunidades estão se tornando
cada vez mais onlines e, muitas vezes, se transformando em redes sociais.
Podemos verificar esta migração em dois grupos que estudamos, o de Relações
Públicas Digitais da Abracom, que após concluirmos esta pesquisa passou a atuar
no Facebook, e um dos grupos que participou do questionário. No grupo da
Abracom, os integrantes gostaram muito da mudança, e a elogiaram.
Redes sociais como o Facebook permitem criação de grupos fechados ou
abertos, além de possibilitar a distribuição dos comentários um abaixo do outro,
facilitando a visualização e também evitando a grande quantidade de emails que os
grupos podem gerar. Esta mudança poderá ser campo de análise de uma próxima
pesquisa, analisando se o comportamento dos participantes muda, a partir do
momento em que suas fotos e/ou intimidade ficam expostas aos outros, visto que
nas redes sociais o contato é mais “próximo”.
As comunidades virtuais possuem diversas vantagens: poder discutir com
pessoas que sabem coisas que você não sabe; pedir uma ajuda para um trabalho
uma indicação de um livro; debater; aprender. Desvantagens também existem, como
89
em tudo que nos cerca. Os laços em sua maioria são fracos, os encontros físicos
quase não acontecem e você pode passar anos em uma comunidade e nunca ter
visto a maioria dos integrantes. Aliás, muitos deles você pode não conhecer nem por
mensagem, pois muitos não participam das trocas, apenas observam, aprendem e
não compartilham. Mas isso já faz parte do ser humano. Muitos fazem parte, mas
poucos fazem a diferença.
A pirâmide de interação e participação do usuário-mídia, da ComScore (apud
Terra 2010 p. 94) pode ser aplicada não só para a mídia, mas também no caso das
comunidades virtuais aqui estudadas.
Figura 4 - Pirâmide de interação e participação do usuário-mídia
A pequena parte no topo da pirâmide é a que cria o conteúdo, as pessoas que
colocam os posts, incitam a discussão e o debate. São os participantes que buscam
coisas interessantes para dividir com o grupo, e que gastam um pouco do seu
tempo, geralmente muito complicado, para compartilhar.
Na segunda parte da tabela estão pessoas que colaboram, que agregam
conhecimento, que participam, ajudam, debatem. Na terceira, os participantes que
concordam, replicam e na última e maior parte da pirâmide, as pessoas que
consomem o conteúdo. Entre a primeira e a última percebemos uma grande
distância, mas que reflete o comportamento das pessoas que ocorre tanto off quanto
online.
Para melhor ilustrar a diferença entre quem realmente atua e quem apenas
consome o conteúdo, segue abaixo, em números reais, as quantidades de membros
90
e de participantes ativos tanto do grupo que estudamos quanto de cada grupo que
participou do questionário.
Grupo
Relações Públicas Digitais
Jornalistas da Web
Relações Públicas
Grupo de discussão do portal Mundo das Relações Públicas
Webees
Coordeno a Rede Brasileira de Comunicação Pública.
Horizonte RP
Papos na Rede
Aberje Comitê de Comunicação Digital
GestaoEcaUSP2002
Membros
208
1658
1373
747
544
500
328
148
43
41
Ativos
%
8
165
100
10
20
não sabe
6
50
15
10
4%
10%
7%
1%
4%
não sabe
2%
34%
35%
24%
Tabela 7 – Quantidade de membros e participantes ativos
O ser humano é individualista e disso não temos dúvida. Mas também não
gosta de ficar sozinho, basta conferir a quantidade enorme de participantes nos
grupos que analisamos. Podemos ver isso também nas redes sociais, que crescem
a números significativos conforme falamos neste projeto.
A pergunta é: o individualismo ajuda ou atrapalha a construção da inteligência
coletiva, tão aclamada por Lévy e outros autores? Pela pesquisa feita com o grupo
de Relações Públicas Digitais da Abracom e o questionário aplicado, percebemos
que ele atrapalha. Nos momentos em que ele mais se mostra, seja em solicitações
particulares, autopromoção, divulgações, etc. ele não permite a construção e o
debate. Podemos ver que no grupo da Abracom, a categoria de solicitações
particulares não promoveu nenhuma discussão. Além disso, o individualismo
existente nos grupos corresponde à maioria dos tópicos postados.
Os tópicos que buscam a discussão e o debate geralmente se referem aos
assuntos de interesses comuns. Estes assuntos sim promovem e facilitam uma
construção coletiva, mas não a inteligência sonhada por Lévy, em que todos sabem
um pouco e todos compartilham. É uma inteligência formada por poucos, pela ponta
da pirâmide22, está longe de ser completa e provavelmente nunca será.
A internet é considerada por muitos como uma revolução, uma nova era, mas
é composta por máquina e por pessoas. Apesar das ferramentas que surgem a cada
dia, sempre mais agregadoras, fornecendo maiores possibilidades de integração,
conexão,
22
interação,
compartilhamento,
as
Pirâmide de interação e participação do usuário-mídia (apud TERRA, 200, p. 94).
pessoas
continuam
91
individualistas. Os interesses particulares geralmente se sobrepõem aos interesses
coletivos e plataformas que proporcionam as comunidades virtuais não são tão
aproveitadas como poderiam ser.
Com relação aos relacionamentos no mundo virtual, muitos são conexões,
como Bauman (2004, p. 12) costuma definir, que podem ser desfeitos com um
clique. Daí a necessidade de ficar atento aos vícios, à necessidade incessante que
muitos têm de estar sempre conectados, à falta de contato físico com as pessoas.
Claro que a internet veio para facilitar e muito nossas vidas, vide o questionário
respondido por nove moderadores de grupos virtuais, que poderia nem ter sido
concretizado caso a rede não possibilitasse.
As vantagens da internet e da comunicação mediada por computador são
incontáveis, mas é preciso ter em mente que são as pessoas que estão por trás
delas e tentar fazer com que essa possibilidade de união seja cada vez mais em prol
do bem comum.
Uma inteligência coletiva como descreve Lévy, em toda a rede e em todo o
mundo globalizado, é uma utopia, mas já evoluímos muito quando atuamos em
grupos, mesmo havendo pouca participação. As comunidades virtuais são uma
forma de coletividade, de estar junto, mesmo que seja apenas para observar.
O trabalho buscou estudar os relacionamentos e a comunicação que se
estabelecem em ambientes digitais de grupo, nas chamadas comunidades virtuais,
para verificar se o individualismo ajudava ou atrapalhava a construção da
inteligência coletiva e tínhamos como hipótese que ele prejudicava.
Nossa hipótese foi confirmada, pois verificamos que muitos tópicos postados
têm como principal objetivo os interesses individuais, e o individualismo atrapalha a
construção coletiva, a troca e o compartilhamento. Mas podemos inferir que ele não
impede esta construção. No grupo de Relações Públicas Digitais da Abracom este
tipo de tópico, apesar de maioria, é ignorado. Ou seja, o próprio grupo de uma
forma geral não aceita este tipo de atitude.
Notamos que este grupo tem um capital social elevado, mas apenas no
pequeno subgrupo que participa. Todos podem participar, independente dos
interesses individuais ou não, todos são tratados com respeito, sabem discutir e
negociar suas opiniões, considerando a opinião do outro, mas poucos o fazem.
92
Se analisarmos as respostas dadas pelos respondentes do questionário,
também podemos perceber que no geral, os grupos também não compactuam com
estas abordagens individualistas.
Não pretendemos com este estudo finalizar o tema proposto, muito pelo
contrário,
apenas
buscamos
abrir
novos
caminhos
para
a
análise
dos
comportamentos em comunidades virtuais, principalmente no que diz respeito ao ser
humano e sua relação com o outro e com a máquina.
Percebemos
com
este
projeto
que,
como
seres
humanos,
somos
individualistas e muitas vezes deixamos de promover uma construção maior,
perdemos grandes oportunidades de crescermos juntos, mas, apesar disso, quando
estamos em grupo, não aceitamos este individualismo, mesmo praticando-o. É o
contraditório. Uma inteligência coletiva global está longe de ser realizada, mas quem
sabe agora, com a possibilidade muito maior de formarmos comunidades, aos
poucos, o coletivo ocupe um maior espaço neste mundo conectado chamado
ciberespaço.
93
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94
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98
APÊNDICE A – Índices
1
2
3
4
5
6
Tópico
Até o Eike quer mais nas redes
sociais
Case
Case Bis Limão Colheita Feliz
Crise da Arezzo
O caso Renault
Sobre Nissan
Total respostas
Respondido
Cases
Qt.
Resposta Ignorado Autopromoção Complementado
X
X
X
X
X
X
1
20
2
30
18
18
89
Gerou
debate
X
X
X
X
X
X
X
X
Matemática
6 tópicos
89 respostas
média = 15 respostas por tópico
67% dos tópicos foram complementados e geraram debate
Destaques
Todos os tópicos respondidos
Esta categoria tem uma média de quase 15 respostas, que corresponde à maior média entre todas as categorias
4 tópicos com complementações com relação ao assunto proposto
4 tópicos geraram debate
99
Discussões Propostas
1
2
3
4
5
6
7
Tópico
Informação gerada pelo consumidor em guias locais e portais de
reclamação
Onde estão os limites da web?
Por que existimos?
Post pago. Pode?
Publieditorial e jabá, ou tem algo mais?
ROI
Vídeo corporativo no Youtube
Total respostas
Respondido
Qt.
Resposta
X
X
X
X
X
X
X
10
2
1
16
14
5
1
49
Matemática
7 tópicos
49 respostas
média = 7 respostas por tópico
29% dos tópicos buscavam autopromoção
86% dos tópicos foram complementados
57% dos tópicos geraram debate
Destaques
Todos os tópicos respondidos
Os dois tópicos mais debatidos são relacionados a situações cotidianas no trabalho de comunicação
6 tópicos com complementações com relação ao assunto proposto
4 tópicos geraram debate
Ignorado Autopromoção Complementado
X
X
Gerou
debate
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
100
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Tópico
Como você acha que a Campus Party repercute o crescimento do
mercado de rede...
Compra coletiva
Empregado pode falar mal da empresa nas redes sociais?
ENC: Las redes sociales como oportunidad pedagógica y formativa
Fundador da Web afirma que redes sociais são uma ameaça
Homens ficam mais tempo online, diz pesquisa
O fenômeno das redes socias no Brasil
Off Topic, mas nem tanto
Perfect PR pitches: NYT tech columnist picks his favorites
Pesquisa Redes Sociais e Ti em Empresas
Quanto vale o trabalho em mídias sociais
STF se desculpa por piada sobre Sarney e Ronaldo no Twitter
Trending Topics
Total respostas
Matérias compartilhadas
Respondido Qt. Resposta Ignorado Autopromoção Complementado Gerou debate
X
X
X
X
X
X
X
X
0
16
31
0
2
0
0
20
2
1
4
4
0
80
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Matemática
13 tópicos
80 respostas
média = 6 respostas por tópico
38% dos tópicos foram ignorados
8% dos tópicos buscavam autopromoção
46% dos tópicos foram complementados
23% dos tópicos geraram debate
Destaques
8 tópicos respondidos
Os 3 tópicos mais debatidos são relacionados a situações atuais vivenciadas no dia a dia de quem
trabalha com comunicação digital - Estes tópicos correspondem a 83% de todas as mensagens trocadas nesta categoria
5 tópicos ignorados sendo 1 de autopromoção
6 tópicos com complementações com relação ao assunto proposto
X
101
Eventos
1
2
3
4
5
6
7
8
Tópico
Respondido
Comunicação e Liderança
Convite Lançamento Reality Books nesta quarta
Convite Lançamento Reality Books, 15/12 na livraria Cultura da Villa
Lobos
X
CREDENCIAMENTO - IMPRENSA - Fórum de Marketing Digital Nordeste
acontece em Recife
Fórum Internacional de Comunicação Corporativa
X
Não toquem nos blogueiros
Um novo evento
X
WSA: o maior prêmio de conteúdo digital do mundo!
Total respostas
Qt.
Resposta
Ignorado Autopromoção Complementado
0
X
X
0
X
X
5
0
13
0
10
0
28
Gerou
debate
X
X
X
X
X
X
X
Matemática
8 tópicos
28 respostas
média = 3,5 respostas por tópico
62,5% dos tópicos foram ignorados
62,5% dos tópicos se referiam a auto promoção
25% dos tópicos foram complementados
12,5% dos tópicos geraram debate
Destaques
3 tópicos respondidos
Os dois tópicos mais debatidos são relacionados a enventos importantes para a área de comunicação digital
5 tópicos ignorados sendo 4 de autopromoção
5 tópicos de autopromoção
X
X
102
Solicitações particulares
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
Tópico
<jabá> Leitura de dissertação sobre
profissionalização
de blogs<jabá>
Advogado Digital ajuda
Blogs Femininos
Case de contratação de recursos humanos
utilizando o ambiente on-line
Cerimonial para audiência pública
Clipping
Dia das Relações Públicas
Facebook - Desenvolvimento de Aplicativos
Manual de conduta para blog corporativo
Marketing Mobile
Pesquisa Final
Pesquisa sobre RP Digital ajuda
Programa mala direta
Rede Social de Voz
Relações com a Imprensa "2.0"? #ARPO
SMW
Sugestão de cases de internet + moda
Uso corporativo do Plaxo
Total respostas
Matemática
18 tópicos
60 respostas
média = 3,3 respostas por tópico
40% dos tópicos foram ignorados
17% dos tópicos se referiam a auto promoção
40% dos tópicos foram complementados
“Modelo
Pronto"
Respondido Qt. Resposta Ignorado Autopromoção Complementado Gerou debate
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
0
6
18
1
0
2
0
3
3
0
6
0
5
8
1
0
7
0
60
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
103
Destaques
3 tópicos solicitando modelos prontos
11 tópicos respondidos
O único tópico mais comentado foi a indicação de blogs femininos
7 tópicos ignorados sendo apenas 1 de autopromoção
7 tópicos com complementações com relação ao assunto proposto
não houve promoção de debate
104
ANEXO A – Respostas do questionário
1) Qual é o nome do grupo que você coordena?
2) Quando o grupo foi iniciado?
3) Em qual plataforma o grupo se relaciona?
Papos na Rede
maio de 2010
Google Groups
Webees
jun/2008
Google Groups
Relações Públicas
em maio de 2011
Facebook
Grupo de discussão do portal Mundo
das Relações Públicas
dezembro de 1998
Yahoogrupos
GestaoEcaUSP2002
8/4/2002
Utilizamos o Yahoo! Grupos.
Horizonte RP
17 de agosto de 2006
Yahoo! Groups
Coordeno a Rede Brasileira de Comunicação Pública.
Em fevereiro de 2002.
Na plataforma YahooGrupos.
Aberje Comitê de Comunicação Digital
Julho de 2009
Google Groups
Jornalistas da Web
Fevereiro de 2000
Yahoo! Groups
105
4) Quantas pessoas fazem parte do seu grupo de discussões
5) Quantos tópicos já foram postados pelo grupo?
148 membros, e creio quem uns 50
654
544 total, ~20 efetivas
mais de 30.000
1373 compõem o grupo. É dificil definir número de participantes
pois o FB é mto dinâmico. Mas diria que não chegam a 100
ativos!
683
747 integrantes, com participação efetiva atual de 10 pessoas,
no máximo.
Não tenho controle por tópicos, somente por mensagens.
Foram 6990.
Temos 41 membros cadastrados, mas efetivamente "conversam"
entre si cerca de 10 ou 11 pessoas, com regularidade.
Já circularam cerca de 2900 mensagens no e-group.
328 fazem parte, umas 5 ou 6 participam com frequencia e mais
umas 10 esporadicamente
Form 3415 mensagens até o momento. O nº de tópicos
(assuntos aglutinando mensagens) eu não teria como quantificar
rapidamente
Estão inscritas cerca de 500 pessoas, mas é difícil mensurar
quantas participam efetivamente.
43 pessoas são membros do grupo e 15 participam
mais ativamente
1658 membros. Cerca de 10% trocam mensagens ativamente.
Muitos entram para aprender.
Até o dia 17 de junho de 2011, foram postadas 12.570
mensagens sobre os mais variados tópicos relacionados à
comunicação.
117
Difícil contabilizar isso. Seguramente, mais de cinco mil tópicos.
106
6) O grupo que você coordena promove ou já
promoveu encontros presenciais? Se sim, quantos?
7) Dos temas abaixo, quais são mais abordados no
grupo:
sim sim. uns 5
Cases, Discussões propostas referentes a algum tema do
momento,
Solicitações particulares (pedidos de ajuda)
Discussões propostas referentes a algum tema do
momento,
Matérias da mídia
Nenhum ainda
Cases, Discussões propostas referentes a algum tema do
momento,
Matérias da mídia, Eventos, Solicitações particulares
(pedidos de ajuda)
sim, um só no Social Media Brasil
Discussões propostas referentes a algum tema do
momento,
Sim, apenas um encontro presencial, no ano de 1999 no Rio
Matérias da mídia, Eventos, Solicitações particulares
Grande do Sul.
(pedidos de ajuda)
Cases, Matérias da mídia, Eventos, Solicitações
Sim, promovemos encontros, em média, 1 por ano, pra rever a particulares
turma mesmo
(pedidos de ajuda)
Sim, 6 encontros oficiais, fora diversos informais (na verdade
começou como
uma forma de organizar coisas discutidas em encontros
presenciais, depois
se tornou comunidade virtual)
Não, há muita dificuldade em função dos custos para
organização.
Discussões propostas referentes a algum tema do
momento,
Solicitações particulares (pedidos de ajuda)
Discussões propostas referentes a algum tema do
momento,
Matérias da mídia, Eventos, troca de experiências,
bibliografias.
Sim, promovemos encontros presenciais constantemente,
bimestralmente (foram uns 15 encontros)
Cases, Discussões propostas referentes a algum tema do
momento,
Matérias da mídia, Eventos, Solicitações particulares
(pedidos de ajuda)
Não
Cases, Discussões propostas referentes a algum tema do
momento,
Matérias da mídia, Solicitações particulares (pedidos de
ajuda)
107
8) Em quais temas abordados pelo grupo você percebe
a construção de uma inteligência coletiva?
a proposta do grupo é de inteligência coletiva. Discutimos
semanalmente a cibercultura com algum representante de
áreas
diversas da comunicação digital.
9) Existe algum tipo de tema discutido no
grupo que você acredita atrapalhar esta construção?
Se sim, qual seria?
Não
Não existe a intenção de construção de
nenhum saber coletivo ou coisa semelhante.
Pelo contrário, a ideia é manter as opiniões
Não percebo uma inteligência coletiva, mas mais um consenso plurais e divergentes e do atrito sair alguma fagulha de
de opiniões e saberes
conheciemento.
Em muitos deles. Tivemos um falando sobre a necessidade de
se escrever bem, e fomos buscar de onde vem e como lidar
com
a defasagem. Em outro, opiniões sobre o case do Facebook X
Google
(Burson-Marsteller) e até discussões sobre o conselho federal
e regionais
de RP, suas atribuições, funcionamento. Em fim, há sim o
desenvolvimento
e criação de inteligência coletiva, mesmo sem que as pessoas
compreendam,
entendam ou vejam isso.
Somente na discussão de "temas do momento" é possível
perceber
algum tipo de construção coletiva de conhecimento, até
porque postagens
sobre livros e eventos ou sobre pedidos específicos de
integrantes não
suscitam continuidade de conversa. Estes temas seriam todos
relativos
à profissão de relações públicas, assumidamente o assuntofoco do grupo,
no sentido de questões de legitimidade/reconhecimento,
conquistas da área,
novidades de vagas de mercado ou de concursos públicos,
polêmicas relativas
ao uso da terminologia RP em matérias jornalísticas ou
produtos ficcionais (filmes e novelas).
Notadamente durante a época do curso de pós-graduação
(entre os anos de 2002/2003), havia no e-group uma série de
discussões
sobre os temas debatidos em aula. Hoje em dia, quanto algum
colega posta
algo do trabalho, meio como que um desabafo, é que as
pessoas também fazem
reflexões pessoais a respeito de um assunto.
10) Existe algum tipo de tema proposto
que geralmente fica sem resposta?
Não
Vários.
Algumas pessoas jogam problemas pessoais,
pontuais, ou as vezes divulgam o próprio blog, que
não tem muito interesse geral. Isto não prejudica,
mas polui o grupo!
Dificilmente. Tema, não,
mas perguntas sim. Estes dias tivemos uma
menina perguntando se haviam RPs de Marília
no grupo... ficou sem resposta....
Não existe um tema que atrapalhe a discussão,
mas sim posturas de integrantes, que expõem seus
pontos-de-vista de maneira muito incisiva ou agressiva e
quase fazem interromper as postagens seguintes,
parecendo estar colocando um "ponto final" no debate.
Várias demandas particulares de integrantes
ficam sem resposta. A lista de discussão é
vista como um ponto de "salvamento" para
diversos trabalhos universitários, então alguns
integrantes estão sempre prontos para postar
suas demandas, e quase nunca participam da
formulação/proposição de resposta para demandas
dos outros. Fica um uso muito utilitarista e egoísta
da plataforma interativa, que subverte sua própria
condição de existência.
Não, o grupo é tão heterogêneo, que não existe tema
ruim o que atrapalhe uma discussão, apenas focos
de interesse mais ou menos próximos da realidade
de cada um.
Só quando há divulgação de eventos genéricos,
que não tem relevância pessoal entre o grupo, como
uma peça de teatro ou filme no cinema que todo mundo
já sabe que está rolando na cidade, por exemplo.
108
Como o grupo pretende discutir a profissão de RP, os temas
que geram mais
discussão são geralmente os mais polêmicos dentro desse
âmbito. Ex.: se
RP é ferramente de marketing ou vice-versa, o papel dos
Conselhos de RP,
a imagem da profissão diante da sociedade e do mercado.
Nas discussões sobre o que seja uma comunicação voltada
para o interesse
público, em como o interesse privado pode influir no desvios
de objetivos da
comunicação pública, na diferenciação entre as funções que
cada área da
comunicação desempenha e em pautas que estejam
polemizando naquele momento.
O que gera certa inteligência coletiva são os tópicos que se
antecipam ou se
precedem às discussões de um tema debatido nos encontros
presenciais.
Discussões sobre temas do momento. Em geral existe muita
contribuição
com temas como futuro do jornalismo ou exercício da
profissão.
Dos temas realmente discutidos nenhum costuma
atrapalhar.
Porém, existem duas políticas básicas que sigo diante de
práticas
9e não temas) que atrapalhavam: 1) não permitir o envio
de propagandas
e divulgações que não tenham a ver com os membros do
grupo (que são
da área de RP e comunicação em geral e estão ali para
discutir isso)
e 2) não permitir que membros usem o grupo
exclusivamente como
mala-direta para suas prórpias divulgações, mesmo que
sejam divulgações
da a área de comunicação. No primeiro caso, as
propagandas eram
um ruído incômodo e muita gente já saiu do grupo após
receber
coisas que não tinham a ver com o espaço. Já no
segundo, a intenção
é evitar que o grupo se transforme num espaço de mera
publicidade,
numa "newsletter", criando a impressão de que ali não
circulam assuntos
a serem discutidos, você se inscreveria apenas para
receber propagandas
- e, infelizmente, com o tempo foi possível perceber que
muita gente
realmente se interessava nesse tipo de uso do grupo e
não participava,
queria apenas receber as divulgações.
Raramente os temas ficam sem resposta (exceto, claro,
as divulgaçoes).
Mas também poucas vezes o assunto rende mais que 3
ou 4 réplicas.
Isto ocorre, na maioria das vezes, com temas
que fujam daquele proposto pela rede. O pessoal
reclama quando alguém propõe algo fora do objetivo
lista. sindicais e de associações de classe em geral, política partidária e sobre governos e
quase nunca isto acontece, mas se evitam discussões sobreda
eleições
Convites para eventos. Algumas pessoas indicam
eventos, mas às vezes, os outros membros apenas
e não
comentamaos
sobre
ele. em discussão ajudam a construir conhecimento entre os in
Não. Todos os tópicos são construtivos, até a divulgação dosolham
eventos
relacionados
temas
Não me lembro de algum. Geralmente ninguém
resposta.
Em particular, no caso da nossa lista, questões relacionadasfica
ao sem
diploma
jornalístico ou a pisos salariais geram muita polêmica. Por causa disso, procuram
109
11) Os temas que demonstram certo individualismo são menos
respondidos que os demais?
não, o pessoal é bem colaborativo
Pelo contrário.
Sim, com certeza. Se é um tema específico pelo qual a pessoa
está passando ou tem dificuldades, mas outros já passaram
por isso, aí sim existe debate e geração de conteúdo, caso contrário...
Totalmente sim, como explicado na resposta anterior.
Não. Nunca ocorreu nenhum tipo de crítica
aberta dentro do e-group nesse sentido.
12) Na sua opinião, a maioria dos laços entre os
participantes do grupo são fortes ou fracos?
São médios, diria que tendendo para o forte.
Fracos.
São fracos. Percebe-se muito a divisão de "grupos"
dentro do grupo, ou seja, aquelas pessoas que tem ou já
tiveram relacionamento presencial e que, por isso,
interagem mais! Entretanto existem também algumas
poucas pessoas que começam a querer criar relações
por meio da rede, lhe procuram para conversar e se
aproximar.
São laços absolutamente fracos na maioria dos casos.
Se forem fortes, é porque foram estabelecidos e
incrementados através de outros canais (digitais ou não).
Pode acontecer de integrantes terem sido postos em
contato pela primeira vez por causa da lista, mas o
adensamento de suas relações privadas acontece fora
da plataforma coletiva, por telefone, troca de emails,
instant-messengers ou chats.
São laços fortes, de amizade mesmo.
Eu diria que são fracos. Poucos se conhecem
pessoalmente, e muitos nunca sequer mandaram uma
Depende. Pedidos de ajuda, por exemplo, são muito comuns,
mensagem. Apenas uma parcela pequena, justamente
no entanto quase sempre obtêm resposta. Poucas vezes não
os que estão há mais tempo, têm laços que eu chamaria
há pelo menos um retorno mas, como disse na resposta anterior, exceto os que de médios, e uns poucos fortes, por se conhecerem e
têm um caráter mais polêmico, a maioria também não rende discussões longas. inclusive eventualmente se encontrarem pessoalmente
Sim, os temas que geram mais debates são
aqueles que sejam ou possam ser de interesse
da maioria.
Sim.
Isso varia muito. Quando alguma pessoa posta
mensagem sobre, por exemplo, uma conquista
pessoal, às vezes tem muito retorno, às vezes não.
Na medida em que poucos se conhecem pessoalmente,
os laços são mais superficiais. Um encontro presencial
ajudaria a firmar laços mais fortes.
Acho que os laços entre os participantes ativos do grupo
são fortes.
Entre os usuários ativos os laços são fortes.
110
14) Com base na resposta anterior, você acredita que este
13) Avaliando o grupo e as discussões que nele ocorre, você acredita que grupo virtual é mais coletivo/individual do que grupos off line?
o individualismo ou a coletividade é mais predominante?
Deixe seus comentários.
Eu só participo de grupos on line e tenho boas experiências. É
através desse grupo que pratico conversas diferenciadas sobre
Nos que participo, vejo a coletividade bem representada.
comunicação digital.
mais individual. há uma menor necessidade de colocar energia nas
relações digitais, tornando-as mais fluidas, mais atrtivas e menos
Individualismo, de certo.
perenes.
A coletividade é mais predominante. AS
pessoas que tendem ao individualismo
poucas vezes são respondidas e quase
nunca voltam a publicar um tema individual.
Comparar com o "offline" é mto difícil, principalmente por não
termos um encontro off ainda. Acredito que haja um equilíbrio pelo
simples fato de que pessoas gostam de se relacionar com pessoas
que tem histórias/gostos/objetivos/valores parecidos com os nossos.
Assim os assuntos viram coletivos e não individuais. Se não fosse
assim, pq nos reuniríamos em grupos? O que precisamos saber ~e
qual assunto levar para cada grupo :-)
Nas discussões especificamente, claro que a predominância é do
espírito coletivo e de compartilhamento. Ou seja, quando o tema instiga os
integrantes, há participação e troca. Todavia, a maior parte dos conteúdos
circulados são de perguntas individuais de integrantes para seus trabalhos
acadêmicos ou eventuais necessidades no mercado de trabalho, que geram
poucas ou nenhuma resposta, ou então simples postagens informativas
unidirecionais - eventos, lançamento de livros, links de conteúdos digitais da
área, que acabam não gerando nenhuma réplica e tréplica.
O coletivo predomina, embora o fluxo de mensagens tema diminuído bastante.
Penso que se este mesmo grupo de pessoas tivesse desenvolvendo
encontros presenciais (offline, portanto), as respostas das
demandas dos colegas seriam em maior número. Face-a-face, há
um esforço maior de participar, de prestar um retorno à questão do
colega, mas na virtualidade a participação só acontece em assunto
de relevância para as duas partes - quem pergunta e quem
responde. Este grupo virtual, portanto, sem dúvida nenhuma é mais
individual, infelizmente.
Depende. Teria que analisar um grupo muito específico offline, de
Pelo número de participantes total e dos efetivamente ativos, eu
diria que ele ainda é mais individual do que um grupo offline. Como
Pelo tipo de discussão, a coletividade é mais comum se for se
são raras as manifestações de outras pessoas, não é possível saber
considerar os temas que renderam mais mensagens. Percebe-se a intenção de se realmente há um "consumo" e contribuição daquele conteúdo
uma tentativa de debate público para fomentar mais debate, mesmo que os
para os demais membros, ao passo que, se os mesmos assuntos
argumentos e informações sejam mais centrados na experiência pessoal.
forem discutidos num grupo offline, provavelmente haveria uma
Porém, se for se considerar não a quantidade de mensagens, e sim a
participação maior, mesmo que em "grupos interno" (grupos dentro
quantidade de novos assuntos abertos, eu diria que o individualismo
do grupo) e seria mais fácil adaptar o tom, a frequencia e o tipo de
predomina, pois o mais comum são pedidos de ajuda para coisas específicas e informação baseando-se nas reações possíveis de observar sem a
as divulgações (muitas vezes de projetos cujo divulgador está envolvido)
necessidade de uma solicitação direta de feedback.
Não creio que a questão coletivo/individual esteja tão relacionada
ao fato do grupo ser virtual ou off-line. Acredito que isso esteja mais
diretamente relacionado ao fato de o grupo ter ou não objetivos e
temas comuns. Penso que a grande vantagem dos grupos virtuais é
que facilita muito a interação entre pessoas que estão fisicamente
distantes e que não teriam oportunidade de debater temas de
interesse comum de outra forma.Com o advento das redes sociais e
das comunidades virtuais, talvez as listas de discussão virtual
estejam perdendo muito da importância que tinham até há alguns
anos. Mas continua sendo um meio muito válido de propiciar um
debate entre pessoas que tenham um interesse comum e estejam
em locais diferentes. É uma forma de descobrirmos, em qualquer
lugar do mundo, pessoas que enfrentam as mesmas dificuldades,
Sem dúvida, a coletividade predomina. O que une as pessoas, no grupo, é o
tem as mesmas indagações e interesses e que nunca teriam
interesse comum pelo tema abordado. O individualismo não encontra muito
possibilidade de debater entre si se não houvessem as redes
espaço.
virtuais.
Acho que o grupo online é mais coletivo que o grupo off line, por
estar disponível 24 horas por dia, todo o dia. Dessa maneira, os
participantes, dentro das suas individualidades - dúvidas, críticas,
dicas - podem postar e esperar uma resposta sobre determinado
tema a qualquer momento. Eles sabem onde buscar uma
informação ou onde podem obter ajuda sobre determinada questão.
Acho que as pessoas entram em grupos online em busca da coletividade, para Assim eles fazem levantamentos de novos temas a serem
compartilhar conhecimentos e construir inteligência. Mas por outro lado, elas
discutidos nas reuniões presenciais e continuam a debatê-los após
também entram em grupos para exercer a sua individualidade, transmitir os
os encontros. O grupo online ajuda a manter os laços entre os
seus pontos de vista. Não sei dizer qual predomina, porque acho que em
integrantes, gerando a coletividade que eles buscaram ao entrar no
qualquer grupo, o individualismo acaba gerando a coletividade e vice-versa.
grupo.
Existe uma coletividade muito forte no grupo. Não sei dizer se é
mais do que grupos offline. Mas posso dizer que até por causa da
idade do grupo (11 anos), muitas pessoas se conheceram primeiro
nele e depois se conheceram no plano físico. Os membros vivem se
A coletividade. Se a pessoa for muito individualista no grupo em questão,
esbarrando nos eventos de Internet e às vezes relembram
acaba naturalmente não sendo bem recebida.
discussões que foram iniciadas na lista.

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