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ECOMUSEO DELLE ACQUE DEL GEMONESE: PAN DI SORC – a história de um projeto
ECOMUSEU DAS ÀGUAS DO GEMONESE – PAN DI SORC
Etelca Ridolfo
APRESENTAÇÃO AO IV EIEMC – IV ENCONTRO INTERNACIONAL DE ECOMUSEUS
E MUSEUS COMUNITÁRIOS (BELEM – PARÁ – BRASIL)
Eu venho da uma região que situa-se no nordeste da Italia: o Friuli Venezia Giulia; uma faixa de terra metade
montanhosa e metade plana de apenas 7850 km quadrados.
O Ecomuseo das Aguas do Gemonese situa-se num território que coincide com uma área geográfica do Friuli Venezia
Giulia, o Campo Osoppo Gemona, a primeira parte da planície. Uma área de 156 quilômetros quadrados gerida por
seis municípios diferentes: Artegna, Buja, Gemona, Majano, Montenars e Osoppo e com uma população de pouco
mais de 30.000 habitantes.
O Campo de Osoppo Gemona é um vale aluvial cercado por relevos, montanhas ao norte e colinas ao sul. É o
resultado da ultima glaciaçao e dos aluviões do nosso grande rio: O Tagliamento.
Um rio pequeno comparado com os vossos rios e que é de tipo torrencial pois enche de água o seu leito só durante as
estações particularmente chuvosas. Um rio que pela sua naturalidade é considerado um dos mais bem preservados da
Europa.
Mas o território do Campo de Osoppo Gemona tambem é particular por causa da presença de diversos elementos
naturais de grande importança para o estudo e a conservação da biodiversidade: rios e exsurgências, pequenos lagos,
pântanos e brejos.
A idéia de propor um ecomuseu para preservar e valorizar tudo este património veio de um pequeno grupo de
ambientalistas, que já lutaram três décadas atrás para evitar que o leito de um dos maiores rios da área fosse
cimentado: o Ledra
E o Ledra ainda hoje é o simbolo de aquele compromisso civil que evitou a sua destruiçao e que fez evoluir o protesto
em proposta.
Proposta de restauração e valorização do território que nasceu para reagir à perda de identidade devido ao terremoto
catastrófico que atingiu em 1976 as comunidades do nosso ecomuseu apagando uma boa parte do patrimonio
arquitectónico.
O ecomuseu das Águas do Gemonese nasceu, portanto, pela vontade de um grupo de pessoas envolvidas na defesa
do seu território e da propria identidade que em 2000 tem encontrado na administração pública da cidade de
Gemona del Friuli e no então responsável pelos assuntos ambientais, hoje em dia prefeito, um aliado valioso para
iniciar esse processo de resgate cultural.
Hoje colaboram com o ecomuseu os seis municípios que governam o territorio do Campo di Osoppo Gemona e as
atividades são geridas por uma associação com conselho, onde as entidades públicas (municípios) sentam-se com os
representantes das instituições privadas (associações, empresas, técnicos). O ecomuseu foi reconhecido ser de
interesse regional por uma lei regional aprovada em 2006 pela Região Friuli Venezia Giulia.
A lei regional estabelece que o ecomuseu é um tipo de museu inovativo, um proceso dinâmico através do qual as
comunidades conservam, interpretam e valorizam o proprio patrimonio em função de um desenvolvimento
sustentável.
Abrange um território homogêneo, estendendo seus limites para além das paredes dos simples edifícios, incluindo
paisagens, panoramas, aspectos físicos e biológicos, as obras do homem, na prática, todos os elementos que existem
no território, caracterizando-o e qualificando-o.
O ecomuseu, alem de ser um meio ideal para conjugar as iniciativas de salvaguarda da natureza com as de valorização
e conservação do património cultural, favorece um desenvolvimento territorial que atende as necessidades da
população, visando a preservar a memória coletiva e histórica do território e agindo como uma entidade em evolução,
que enriquece-se com as contribuições provenientes das iniciativas implementadas.
O ecomuseu para nós é um pacto com as comunidades que cuidam de seu território. Este slogan foi criado pela
comunidade “Mondi Locali”, uma rede de ecomuseus que na Itália e na Europa busca o reconhecimento do seu
proprio trabalho em favor de uma nova museologia.
O Friuli Venezia Giulia com a lei sobre os ecomuseus introduziu requisitos específicos para o seu reconhecimento. Os
ecomuseus são obrigados a registrar e catalogar a riqueza da comunidade, seguindo os mesmos procedimentos dos
museus tradicionais e devem mostrar terem um projeto válido que envolve a população nas actividades de
valorização do próprio patrimônio que devem respeitar os procedimentos da Agenda 21.
O nosso ecomuseu ocupa-se, portanto, pela catalogação e faz isso com a abordagem participativa das comunidades,
em colaboração com instituições e universidades e com o serviço do catálogação da Região Friuli Venezia Giulia: o
Centro Regional de Catalogação e Restauração (http://www.sirpac-fvg.org).
Tambem ocupa-se da valorização do patrimônio cultrual através de projetos que impactam positivamente nas
actividades econômicas da população local. E aqui, hoje eu gostaria de falar sobre um de essos projetos: o “Pan di
Sorc”, um pão doce e temperado feito com três tipos farinhas (milho, trigo e centeio), adoçados com figos secos e
temperados com canela. Um pão que era produzido para celebrar nas nossas comunidades rurais que até os anos 60
do século XX vivam dos frutos da própria terra.
Um projeto que atingiu vários objectivos:
1) tem enriquecido os Arquivos da Memória do ecomuseu com a catalogação de todo o patrimônio material e
sobretudo imaterial relacionado principalmente à gastronomía, ao trabalho da terra e aos conhecimentos técnicos
para fabricar e usar das ferramentas agrícolas
2a)tem invertido a tendência do cultivo intensivo de milho promovendo a diversificação agrícola nas fazendas
requalificando, assim, a paisagem agrícola
2b) tem facilitado a agregação dos pequenos produtores com pequenas parcelas que, através do serviço agronômico
do ecomuseu, tem obtido a certificação biológica das próprias produções criando assim as condições para obter
produtos competitivos
3a) a agregação dos pequenos produtores tem favorecido a criação de uma associação para a proteção e a valorização
dos
produtos
locais.
Desta
forma
nasceu
a
cadeia
de
produção
do
pão
que elaborou uma marca e um protocolo para proteger o produto e relacioná-lo com o lugar de origem das materias
com as quais è produzido acrescentando o valor das empresas
3b) a associação tem favorecido a conscientização dos produtores os quais organizaram-se para promover os proprios
produtos partecipando juntos nos mercados locais (nas praças) e favorecendo a criação de um site internet para a
venda dos próprios produtos (http://www.pandisorc.it/il-paniere)[*]
3c) a associação também facilitou a recuperação de algumas das actividades artesanais já abandonadas as quais
ajudaram algumas senhoras idosas para voltar a ter uma vida gratificante e ativa. Eles trabalham por paixão e o
ecomuseu beneficia-se, porque tem artesanato original e identitario para oferecer aos turistas.
4a) a participação da população na catalogação e a formação de jovens e de adultos tem incentivado os intercâmbios
culturais
com
outros
ecomuseus.
Um exemplo é o emocionante projeto educativo entre as escolas do nosso ecomuseu e os da área rural da Cidade do
México (delegação de Milpa Alta e Xochimilco) que permitiu um intercâmbio cultural entre os meninos sobre a
herança ligada ao cultivo do milho. Muito do material está disponível no site www.pandisorc.it/didattica
4b) a disponibilidade de produtos enogastronomicos e tradicionai de qualidade, atraiu agências de turismo para
promover pacotes organizados no território do ecomuseo, de facto, promovendo uma economia ligada ao turismo
rural
5a) um dos principais objectivos do projeto foi a formação do pessoal que continua até hoje e é um dos pilares do
ecomuseu para manter o interesse vivo e não dispersar o património cultural ligada ao conhecimento tradicional da
população. Todos os anos em outono organizam-se cursos e reuniões para ampliar a participação da comunidade cada
vez mais
5b) as reuniões e os cursos para a educação dos consumidores têm objetivos analogos. O objetivo é levar as pessoas a
confiar nos seus próprios produtos e preparações, introduzindo também conceitos de educação para uma
alimentação correcta
5c) a educação dos jovens tem um valor estratégico para qualquer projeto ecomuseal, de facto aproximar os jovens ao
próprio património cultural afeta positivamente na identidade da comunidade e forma novas gerações mais
conscientes e dispostas a defender os valores e os recursos de seu território
6a) os intercâmbios culturais, os programas educacionais com os jovens e os cursos para transmissão dos
conhecimentos, também favoreceram a cooperação ativa dos membros das comunidades imigrantes que foram
capazes de expressar a sua identidade e criaram um pequeno núcleo de integração. Sobre esta questão o ecomuseu
ainda terá muito trabalho porque o acolhimento deve ser praticada para ser eficaz
6b) a colaboração inesperada com a autoridade de saúde local permitiu ao ecomuseu trabalhar numa nova área, a da
inclusão social. O Departamento de Saúde Mental lançou um estudo em alguns pacientes que ainda estão envolvidos
em atividades educacionais, turisticas e agrícolas do ecomuseo demonstando, depois de dois anos do começo da
experimentação, benefícios consideráveis à saúde, tais como redução do uso de drogas psicotrópicas e a redução nas
hospitalizações. O ecomuseu tornou-se um local de encontro para estas pessoas, onde as atividades são motivadoras
e nunca passivas
6c) o ecomuseo tem desenvolvido uma função analoga a favor dos idosos que encontram nas lembranças, na
transmissão do seu trabalho e seus conhecimentos, na disponibilidade a doar o próprio tempo no volontariado, razões
gratificantes para uma vida ativa e culturalmente produtiva
Todos os esforços empreendidos por parte do ecomuseu para trazer de volta para a mesa o pão de Sorc têm
mostrado que é possível combinar o património local e a cultura tradicional com o progresso económico, promovendo
a participação cívica da população e beneficiando diversas categorias produtivas
Os números
Descrição das atividades
no 2006(*)
hoje(**)
Hectares de terras cultivadas com métodos orgânicos
2
6
500 mq
7
Empresas participantes em actividades culturais relacionadas com o projecto
(educativo, animação turística)
1
4
Empresas participantes na associação de produtores “pan di sorc”
zero
7
zero
15
1
10
Investimento inicial do ecomuseu em favor das atividades relacionadas ao projecto
pan di sorc
30.000
euros/ano
10.000
euros/ano
O pessoal do ecomuseu envolvido no projeto
3
3
Voluntários e participantes das atividades oferecidas pelo projeto (classes,
degustações, a recolha de informação / entrevistas)
26
1280
Hectares de terra destinados ás culturas tradicionais (milho, centeio, legumes locais)
Empresas incluídas no “Cabaz dos produtos locais” (venda direta dos próprios
produtos)
Atividades relacionadas com o turismo rural (restaurantes, artesãos, guias, agências
de viagens)
(*)
(**)
o
projeto
Os dados referem-se a 31 de dezembro, 2011
começou
no
outono
de
2006
[*] O CABAZ DE PRODUTOS LOCAIS (“PANIERE”)
O “Paniere” do “Ecomuseo delle acque” é o resultado da colaboração dos pequenos agricultores locais, amadores e
artesãos do território do Gemonese. Esta colaboração surgiu com o objetivo de fortalecer e revitalizar o potencial
produtivo da área e a riqueza dos "conhecimentos" relacionados ao território. Queremos provar com fatos que esta
terra ainda pode oferecer, embora os processos de mecanização agrícola sejam cada vez mais acentuados, uma
produção diversificada de alta qualidade e sustentável. Tudo isso para garantir o cuidado e a boa gestão dos terrenos
agrícolas, coisa indispensável para reduzir o risco hidrogeológico e para manter o carácter distintivo dos lugares, a fim
de promover o desenvolvimento de iniciativas de turismo rural e educativo para complementar a receita agrícola. O
Cabaz ofrece uma vasta gama de produtos, de acordo com a tradição produtiva que ao longo dos séculos nunca
favoreceu a especialização de uma única cultura: demasiado arriscado para a agricultura de subsistência que tinha de
atender às diversas necessidades da vida de cada dia. Fazem parte do cabaz: frutas e legumes, mel, sucos, xaropes e
geléias, queijos de vaca feitos com leite cru, manteiga, requeijão, iogurte, cereais e seus derivados, pão, bolos, peixe,
carne, enchidos, mas também produtos artesanais como cerâmica, cestos e outros.
"Um pouco de tudo e de alta qualidade " é o princípio comum que distingue os produtos do cabaz, e que ajuda a
manter vivo o encanto da diversidade.
Os produtores do cabaz participão ao serviço “Cabaz a domicílio”, um serviço que permite ás pessoas fazer as compras
simplesmente com uma chamada (ou e-mail) e depois ir a pegar as suas compras diretamente na sede do ecomuseo.
No futuro o ecomuseo gostaria que o no cabaz estivessem presentes produtos de outros ecomuseus, sejam italianos
que extrangeiros para promover a economia real e fornecer oportunidades para o progresso econômico das pequenas
comunidades rurais.
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ECOMUSEO DELLE ACQUE DEL GEMONESE: PAN DI SORC – l’histoire d’un projet
Etelca Ridofo*
Ecomuseo delle Acque del Gemonese – ITALIA
1.
le début
En 2006 le Groupe d’Action Locale (GAL) Euroleader de Tolmezzo a publié un avis pour soutenir
des initiatives visant à créer des opportunités de développement économique.
Objectif central : développer la notion d’identité locale en identifiant un territoire avec un
produit de la tradition.
Depuis longtemps, l’Ecomuseo delle Acque del Gemonese était à la recherche de sinancements
favorisant le retour de certaines activités artisanales presque disparues (le travail des feuilles de
maïs, la vannerie) qui avaient déjà été l’objet de cours de formation qui, entre autres,
permettaient à des personnes âgées de transmettre leurs savoirs et leurs habiletés manuelles.
Pendant ces rencontres, les participants pouvaient aussi se souvenir de leur jeunesse em parlant
des travaux agricoles d’autrefois, des rapports sociaux, du souci du territoire, de la nourriture… et
du Pan di Sorc, le seul gâteau des fêtes d’autrefois.
Deux importants collaborateurs de l’écomusée dès le début de son activité [en 2000] étaient Le
meunier Anedi Basaldella et le boulanger Domenico Calligaro, nés tous les deux en 1926 (Le
premier est décédé en 2010). Associés aux activités de l’écomusée grâce à leurs connaissances
techniques sur le fonctionnement des machines meunières (Anedi) et sur la pêche en sleuve
(Domenico), ils gardaient une connaissance directe du Pan di Sorc (le premier pour avoir préparé
la farine, le second pour avoir pétri et cuit le pain). C’est ainsi que l’idée du projet est née: le pain
comme produit de la tradition lié à un territoire.
Le projet aurait eu plusieurs implications :
a) environnementales parce que on aurait cultivé des variétés différentes de céréales, fruits et
herbes
[pour le Pan di Sorc on employait trois farines (blé, maïs « cinquantino » ‐ prêt pour la récolte
après cinquante jours ‐, seigle), les noix, les sigues et les graines de fenouil sauvage]
b) paysagères -
parce que la diversité culturale aurait permis de recréer de petits coins de
campagne traditionnelle, en mettant ainsi un frein à l’agriculture intensive
[une des missions principales de l’écomusée est celle d’endiguer la dégradation environnementale
et paysagère du territoire]
c) culturelles- parce que le retour sur le marché d’un produit traditionnel aurait impliqué des
activités de recherche (historique, agronomique, gastronomique) et la diffusion de leurs résultats
[en permettant à la population de participer aux activités de l’écomusée, la recherche sur le
terrain favorise des actions réelles de animation locale]
d) sociales - parce que le projet, fondé sur la récupération de savoirs et connaissances
techniques que seulement la population âgée possède, aurait reconnu à celle‐ci un rôle clé dans la
transmission de la tradition et lui aurait aussi renouvelé son rôle actif dans l’économie locale.
[la participation active des personnes âgées aux initiatives pour la valorisation du territoire est um
instrument de soutien des politiques sociales : une étude du Service Socio‐sanitaire local (ASS 3
Alto Friuli) a montré que les personnes socialement défavorisées, si associées à des activités
culturelles,diminuent l’emploi de psycholeptiques]
e) économiques parce que la promotion d’un produit de la tradition aurait amorcé un circuit
commercial apparemment de niche [le soutien économiques des premières phases d’un procès de
commercialisation favorise les idées et lês occasions entrepreneuriales]
2. les contenus du projet
Le Plan de Développement Local de Euroleader prévoyait le sinancement d’interventions en faveur
des administrations locales, des associations et des fondations pour soutenir des initiatives
prenant le territoire et l’identité locale comme occasions de développement économique. Il
s’agissait de l’Action 4 Ecomusée (Mesure 1.2, Action 1.2.2 du Programme Leader + Régional et du
Complément de Programmation). L’idée du projet devait montrer une connaissance précise des
principes de base menant à la création d’un écomusée. En partant de l’attention que l’écomusée
doit prêter aux besoins de la collectivité, on a proposé de réaliser une petite silière
agro‐alimentaire, courte et transparente, pour la production d’un pain traditionnel, le Pan di Sorc,
capable d’exprimer l’identité du territoire en expérimentant un circuit commercial fermé au
niveau local (production – transformation – commercialisation). L’objectif était de transformer la
silière en plus‐value pour le territoire même, aussi pour donner de l'espace aux questions
concernant le rôle de l’agriculture dans la gestion et l'entretien du territoire et comme instrument
de réintégration et valorisation du paysage.
Les actions prévues par le Projet Pan di Sorc visaient à atteindre les objectifs suivants:
1. redécouverte, sauvegarde et promotion du territoire à travers un produit de la tradition
2. conservation de la biodiversité agronomique
3. récupération du rôle de l’agriculture dans la gestion et l'entretien du territoire et
comme instrument de réintégration et valorisation du paysage.
Pour atteindre ces objectifs, on désinissait les actions suivantes :
‐ recherche et localisation des agriculteurs cultivant encore des variétés locales de
céréales
‐ commencement des procédures de récupération et classisication des variétés
céréalières locales encore cultivées à travers l’activation de conventions spécifiques pour études
et recherches (en associant des institutions et des organismes spécialisés, des universités, des
chercheurs individuels)
‐ préparation des activités pour la reproduction et l'expérimentation agraire
‐ organisation d’un réseau de « conservateurs » qui, même en amateurs, cultivaient les espèces
locales retrouvées
‐ organisation de groupes de travail pour les différentes catégories intéressées :
agriculteurs, meuniers, boulangers, restaurateurs (prévus : échanges et voyages
d’études, supports techniques, activités d’animation)
‐ préparation d'activités éducatives pour les écoles (activités didactiques et d'animation, matériels
didactiques, échanges et voyages d'études)
‐ organisation d'un événement culturel de grand intérêt (titre provisoire: « Le maïs des origines à
nos jours »)
‐ organisation de cours et ateliers pour les adultes (cuisine traditionnelle, souci et
gestion du paysage agraire, travail des feuilles de maïs)
‐ réalisation de supports d'information et de textes de vulgarisation.
L'Association culturelle CEA Mulino Cocconi, qui gère l'Ecomuseo delle Acque, chef de sile du
projet, commençait donc la silière pour la production du Pan di Sorc en faisant fonction de point
d'union entre producteurs, transformateurs et consommateurs, et en collaborant avec:
a) AIAB (Association Italienne pour l'Agriculture Biologique), qui s'engageait à donner un soutien
méthodologique et technique aux agriculteurs à travers ses agronomes
b) Forno Arcano qui, grâce à l'expérience de sa propriétaire, se servant depuis longtemps de
matières premières biologiques pour la production de pain et produits de boulangerie, s'engageait
à donner un support technique pour proposer la recette du Pan di Sorc, en expérimentant
directement les matières premières et les techniques les plus appropriées pour réaliser un produit
désirable et commercialement efficace du point de vue organoleptique et nutritionnel
c) Groupe des boulangers de l'Association des Commerçants de la Province de Udine qui
s'engageait, à travers sa structure, à encourager la production du pain chez ses associés une fois
vérisiés les résultats de l'expérimentation
d) Moulin de Godo qui s'engageait à moudre les graines de céréales destinées à la silière
e) Association Lady Chef de la Fédération Italienne des Cuisiniers qui s'engageait à expérimenter
des recettes avec le Pan di Sorc et à les faire connaître à travers ses canaux de promotion
f) Ecomuseo del Casentino (Toscane), promoteur, depuis longtemps, d'initiatives pour la
récupération et la sauvegarde des productions locales en étroite collaboration avec les
producteurs du territoire; il s'engageait à organiser des échanges de formation pour faire
connaître les modalités opérationnelles des projets de silière (pomme de terre de Cetica et farine
de châtaignes)
g) Ecomuseo del Vanoi (Trento) qui, en expérimentant un projet similaire sur la récupération des
moulins de Ronco Cainari grâce à un groupe d'agriculteurs engagés en actions de protection et
réinterprétation de l'identité locale, aurait organisé des échanges culturelles entre agriculteurs
h) Ecomuseo della Segale (Piémont), dédié à une céréale, le seigle, qui est un ingrédient Du Pan di
Sorc; cet écomusée a créé un parcours sur la conservation et valorisation du patrimoine matériel
et immatériel (il a promu un projet sur la récupération des toits de paille) et, à travers le Parc
National des Alpes Maritimes qui le gère, il s'engageait à organiser um « jumelage » entre les
classes et les opérateurs de Gemona et Valdieri pour collaborer au programme didactique «
Adopte un champ de seigle »
i) Consolat Italien au Mexique qui se proposait de favoriser un échange culturel entre lês écoles
de Gemona et des territoires de Milpa Alta et Xochimilco, en se servant des Technologies du
réseau internet, pour promouvoir la connaissance des traditions liées au maïs
j) Municipalités de Gemona del Friuli, Montenars et Buja et l'Association pour les Services
Touristiques de l' « Alto Friuli », qui s'engageaient à diffuser et promouvoir le projet à travers des
initiatives pour la valorisation de la silière
k) Municipalité de Reana del Rojale, la capitale du travail des feuilles de maïs (scus' di blave), qui
étaient employées autrefois pour réaliser des sacs appréciés en Italie et à l'étranger; la
municipalité s'engageait à collaborer pour trouver des parcours valorisant les produits artisanaux
créés avec les feuilles de maïs.
3. ce que nous avons fait
En automne 2007, une fois le projet approuvé et sinancé par le GAL, l'écomusée a mené une
recherche préliminaire pour:
1. repérer les espèces de maïs traditionnel qui étaient encore cultivées dans le territoire de
l'écomusée et évaluer l'intérêt des catégories économiques impliquées (agriculteurs et
commerçants) sur la création d'une silière agroalimentaire liée à la production du pain
[conclusions présentées dans la relation de l'agronome Matteo Paladini]
2. chercher, à travers un projet éducatif réalisé avec les écoles, des variétés végétales
anciennes et des recettes traditionnelles [les contenus de la recherche sont insérés dans le site
pandisorc.it, actuellement en révision] En même temps, on a commencé une série d'interviews
parmi la population: les collaborateurs âgés de l'écomusée ont contacté d'autres personnes âgées
qui, à leur tour, ont appelé les agriculteurs, les meuniers, les boulangers... Les matériels ainsi
réunis représentent une partie des Archives de la Mémoire de l'écomusée, qui seront mis
prochainement à la disposition du public dans un site internet spécisique. [les témoins les plus
signisicatifs ont été photographiés par Ulderica Da Pozzo et ils ont été insérés dans le calendrier
2010 de l'écomusée]
En novembre 2008, après avoir vérisié les résultats positifs des recherches sur le terrain, on a
commencé l'expérimentation agraire en cultivant une variété de blé idéale pour La panisication,
déjà expérimentée par l'Université de Udine et Forno Arcano, et des semences de seigle venant de
l'Autriche (localement le seigle n'était plus cultivé depuis des années). Au printemps 2009 on a
semé des variétés locales de maïs « cinquantino ». La production de la première récolte et la
première panisication, dont on a diffusé la nouvelle lors des évènements publics auxquels
l'écomusée a participé (foires, marchés, initiatives populaires...), ont attiré beaucoup de
personnes, qui ont goûté le pain et reçu des graines à planter, même dans leurs potagers, pour
garder la diversité biologique des espèces agraires.
De cette façon l'intérêt pour le projet a augmenté, on a approché d'autres agriculteurs et on a
associé le Centre de Santé Mentale de Tolmezzo, avec lequel on a décidé plusieurs initiatives qui
ont permis à un groupe de patients de cultiver le maïs.
[non seulement la collaboration avec le Centre de Santé Mentale continue, mais en plus elle s'est
renforcée et le Service Socio‐sanitaire 3 Alto Friuli a signé un accord de collaboration avec
l'écomusée pour des initiatives communes de solidarité sociale]
Puisqu'on a visé à une silière de qualité, on a fait appel aux agriculteurs biologiques qui, encore
peu nombreux, sont actifs sur des surfaces petites et parfois ne remplissent pas lês conditions
requises par la loi. La certification des cultures biologiques prévoit une série d'opérations qui ont
un certain coût économique et nécessitent un engagement constant de la part des agriculteurs,
qui doivent préparer un dossier de l'entreprise avec tous les travaux faits: semis, fumages,
traitements, verdages, récoltes...
Pendant sa recherche de formes de soutien aux agriculteurs pour surmonter cet obstacle à
l'élargissement des cultures biologiques, l'écomusée a contacté l'Institut Méditerranéen de
Certisication (IMC) et, ensemble, ils ont désini une nouvelle modalité pour certisier lês productions
en autorisant un tiers organisme, dans ce cas l'écomusée, à réaliser un seul dossier pour tous les
agriculteurs faisant partie de la silière du Pan di Sorc.
Cela a entraîné la rédaction d'un accord de silière qui a obligé, d'un côté, les producteurs à
respecter la réglementation et, de l'autre, l'écomusée à fournir aux signataires un service
agronomique et administratif pour les pratiques bureaucratiques. Tous les deux sujets en ont
bénéficié: les premiers ont reçu une aide économique et technique, le second a obtenu les terrains
nécessaires pour planisier les cultures en guidant les agriculteurs et en les motivant à l'entretien
du territoire. [en juillet 2009 la demande de l'écomusée a été accepté: depuis lors le fonctionnaire
s'occupant des contrôles a un seul interlocuteurs, l'écomusée, alors que la certisication est
étendue à tous les terrains appartenant à la silière]
Du moment que la production des agriculteurs biologiques est exiguë, on a décidé de commencer
une autre silière, cette fois‐ci conventionnelle, pour faire participer aussi deux grandes entreprises
spécialisées dans les productions céréalières. Même dans ce cas on a rédigé un règlement pour
désinir les modalités de culture des terrains destinés au maïs pour la panisication: fumages
organiques, désherbage seulement de post‐émergence, traitements phytosanitaires seulement si
nécessaires.
[puisqu'on n'a pas une quantité sufsisante de graines de variétés locales, on a semé un maïs
hybride commercial à cycle végétatif court, qui ressemble a une des variétés anciennes
retrouvées]
La production céréalière de 2009 a été bonne, l'aide donnée aux agriculteurs a augmenté l'intérêt
pour le projet et la disponibilité à élargir les surfaces pour la production pour la silière. En ce qui
concerne la transformation, on a associé deux moulins: un traditionnel, pour la mouture du maïs,
et l'autre certifié, pour les productions biologiques, qui transforme aussi le blé et le seigle. La
panisication a été consiée au four Forno Arcano (jouissant de la certisication pour les productions
biologiques) qui, avec le boulanger Domenico Calligaro, a élaboré la recette traditionnelle, qui a
été aussi employée pour le dépôt de la marque du produit. Aussi deux restaurants et un gîte rural
ont adhéré au projet: ils servent le pain et la polenta de mais « cinquantino », en promouvant ainsi
le projet. En 2010 c'était le tour d'un atelier artisanal: il s'occupe de la production de la polenta,
qui est vendue sous vide et qui est en train d'avoir ungrand succès.
[en 2009 on a commencé la procédure, dans le respect des lois nationales en vigueur, pour
enregistrer la marque qui défend le nom « Pan di Sorc »: elle est collective (elle peut être
employée par tous lês participants à la silière) et territoriale (liée géographiquement au territoire
de production des matières premières); en 2010 on a reçu le décret du Ministère des Activités
productives pour l'enregistrement. Ils'agit d'un moyen excellent pour protéger le produit et le
projet: des boulangers ont essayé d'employer le nom en éludant les accords de silière, mais ils ont
dû y renoncer après avoir reçu une sommation]
En 2010 d'autres organismes se sont intéressés au projet:
– l'Université de Udine: à travers le Département de Sciences agraires et
environnementales, qui gère la Banque de germoplasme régional, elle a commencé une
campagne pour la caractérisation et la conservation des graines de variétés locales de mais [la
Banque de germoplasme est prévue par la loi pour protéger le patrimoine végétal de l'érosion
génétique et elle remplit des fonctions de classisication et protection des plantes en voie
d'extinction]
– l'Office Régional pour le Développement de l'Agriculture (ERSA): il s'est mis à la
disposition pour évaluer les espèces de maïs et commencer l'amélioration génétique de la variété
la plus appropriée. L'amélioration génétique, qui est réalisé au niveau mécanique sur le terrain et
pas dans le laboratoire, permettra d'avoir des graines à enregistrer auprès de l'ENSE, l'organisme
national qui contrôle les brevets des semences commercialisables.
[si elles ne sont pas enregistrées à l'ENSE, les graines ne peuvent pas être l'objet des échanges
commerciales, en niant ainsi la conservation de la diversité biologique et en empêchant les
agriculteurs d'obtenir un revenu complémentaire des cultures de qualité]
– l'Association Slow Food: elle a commencé la procédure pour donner le titre de
sentinelle au Pan di Sorc en avançant la possibilité d'une diffusion nationale du produit.
[Slow Food est un mouvement international pour le droit à la nourriture saine, juste et équitable.
Les Sentinelles Slow Flood soutiennent les petites productions excellentes qui risquent de
disparaître, valorisent les territoires, récupèrent des métiers et des techniques de travail
traditionnels, sauvent de l'extinction des races autochtones et des anciennes variétés de fruits et
légumes]
En 2010 on a promu deux recherches historiques: une pour évaluer les aspects historiques et
paysagers de colonisation agraire de la plaine de Osoppo‐Gemona [Londero‐Miniati], l'autre pour
étudier les modalités culturales et les aspects économiques qui ont favorisé la culture du maïs «
cinquantino » au Frioul, en particulier dans la zone de Gemona [Costantini].
En 2011 on a activé le Panier des produits liés au maïs « cinquantino » avec la création d'une
Association de producteurs [Association des Producteurs du Pan di Sorc] qui s'occupera en
autonomie, avec ses ressources, de la valorisation et de la commercialisation des produits dérivés
de la nouvelle culture de céréales mineures. De cette façon, on pourra vérifier si a silière peut
avancer toute seule ou si, dans le cas contraire, il faut d'autres mesures pour qu'elle soit capable
d'affronter le marché, en se servant du soutien économique direct de l'écomusée seulement pour
l'assistance technique et le déroulement des activités sociales.
[les agriculteurs intéressés par l'expérimentation ont demandé d'élargir la production; selon
certains, leur choix repose sur la réslexion suivante: « il est mieux de produire quelque chose de
qualité pour lês personnes que de réaliser une grande quantité de produit pour les animaux » ]
En août le Pan di Sorc est devenu une Sentinelle italienne Slow Food: c'est la reconnaissance de la
qualité du produit et des caractéristiques du projet, qui vise à protéger la biodiversité et la
production traditionnelle du territoire de Gemona et qui s'engage à stimuler l'adoption de
pratiques soutenables et propres de la part des producteurs et à développer une approche
éthique au marché.
4. ce que nous voudrions pour l'avenir
Pendant les quatre années de l'expérimentation, l'écomusée a assuré non seulement lês aspects
promotionnels, mais aussi la couverture des frais pour la participation aux foires, aux marchés, aux
rencontres et aux dégustations et le soutien économique aux agriculteurs; de plus, il a investi dans
la recherche et l'assistance technique agronomique.
[on a décidé d'intervenir sur le point faible de la silière avec une intégration qui a couvert le
manque de récolte des agriculteurs qui ont commencé la production du maïs « cinquantino »,
moins productif que lês hybrides commerciaux. L'intégration a été calculée sur la base du prix de
marché du maïs alimentaire]
Dans l'avenir on devra désinir les rôles de l'écomusée et du groupe des producteurs em élaborant
une projection économique de la silière et en évaluant les couts‐bénéfices à travers le bilan social.
On intensifiera les initiatives visant à associer les boulangers et les restaurateurs pour qu'ils
comprennent ce que signifie faire partie d'une silière disposant d'une marque du produit et d'une
reconnaissance nationale de qualité [Sentinelle Slow Food]. On voudrait aussi associer la Chambre
de Commerce de Udine pour qu'elle aide la silière en trouvant des occasions et des canaux de
financement spécifiques pour les entreprises (innovation, qualité des produits, e‐commerce).
[en particulier, on devra résoudre le problème du stockage des graines de mouture et trouver les
terrains les plus appropriés pour la production de semence de maïs « cinquantino »]
On devra aussi se consacrer à l'information pour faire connaître les potentialités de la certification
biologique liée à une silière. En insérant les amateurs qui cultivent des petites pièces de terre
(retraités, ménagères, travailleurs précaires) dans un procès de silière, avec les avantages dérivant
de la certification du produit, on pourra leur offrir un revenu complémentaire. Ainsi on assurera
une base solide pour la production de matières premières de qualité [km 0] qui puissent satisfaire
les besoins du marché local et les exigences du tourisme rural.
[dans une période de récession, trouver des modalités nouvelles pour la promotion d'économies
de niche qui mettent en relation l'emploi, l'entretien du paysage, la protection de
l'environnement, la production de qualité, le tourisme et le bien‐être social signifie revêtir un rôle
important en faveur de la soutenabilité du développement territorial].

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