Manual de Formação CarryOn

Transcrição

Manual de Formação CarryOn
Textos |
Ana Lúcia Santos Silva, Joana Antunes, Judite Peixoto
Bruno Ferreira, Flávia Alves, Joana Vieira da Silva
Coordenação e revisão | Ana Lúcia Santos Silva
Aconselhamento científico (Psicologia) | Marlene Matos
Design | Flávia Alves
Unidade de Educação Ambiental da Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem © 2015
ÍNDICE
7
INTRODUÇÃO
8
ECOLOGIA E OS SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS
10 PSICOLOGIA E A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
12
AVALIAÇÃO E A METODOLOGIA CARRYON
14
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO HOLÍSTICO
24 ANEXOS
29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
A Violência Doméstica é um fenómeno social com graves repercussões, não só nas vítimas mas também em
toda a sociedade. Os números alarmantes de casos detetados e a gravidade dos mesmos tornam essencial o
desenvolvimento de respostas de apoio cada vez mais diversificadas e abrangentes, que visem não só abordar a
vitimação diretamente mas, também, o bem-estar das vítimas, potenciando uma nova visão de vida.
O Projeto CarryOn – Serviços dos Ecossistemas e o seu papel nos processos de apoio a Vítimas de
Violência Doméstica tem como principal objetivo contribuir para a melhoria do bem-estar deste público, através
da implementação de uma metodologia multidisciplinar centralizada no potencial terapêutico e educacional da
natureza. Os serviços culturais dos ecossistemas, como os estéticos, espirituais, educacionais, recreacionais,
patrimoniais e sociais, constituem um pilar essencial na definição e coesão social e no próprio desenvolvimento
do indivíduo. São fundamentais para o nosso bem-estar físico e psicológico e são um dos factores de relevo na
definição sociocultural das sociedades humanas. Promover uma ligação consistente e saudável ao mundo natural
é contribuir para o desenvolvimento de um sentimento de pertença e identidade, que irá fortalecer os próprios
laços sociais entre indivíduos e o estabelecimento de uma rede social coesa.
A metodologia CarryOn engloba as premissas acima descritas, incluindo atividades de diversas tipologias
realizadas em meios naturais ou naturalizados, permitindo o contacto direto com a natureza e o desenvolvimento
de analogias entre o mundo natural que nos rodeia e as nossas próprias vivências. A natureza é assim encarada
como um recurso terapêutico e educacional de excelência, permitindo uma autodescoberta e empoderamento
contínuos de cada indivíduo e do próprio grupo.
Assumindo a importância de todas as dimensões inerentes às vivências de cada indivíduo, a promoção do
bem-estar irá ser desenvolvida tendo em conta uma perspetiva holística. Assim, a metodologia CarryOn visa
trabalhar as seguintes dimensões: social, física, afetiva-emocional, espiritual, cognitiva e cultural. Apesar
de trabalhadas, de forma mais enfática, em dias distintos, o facto de estarem amplamente interligadas leva a que
em cada dia, todas as dimensões sejam abordadas, direta ou indiretamente.
A metodologia CarryOn não visa substituir os processos de apoio atualmente disponíveis para vítimas de violência
doméstica, mas sim constituir uma metodologia de implementação paralela aos mesmos, focando-se não na
vitimação mas sim na promoção do bem-estar das vítimas.
Este manual constitui um apoio teórico à formação sobre a metodologia CarryOn, direcionada para profissionais,
tanto nas áreas de intervenção social como em áreas ambientais, que desenvolvam ou pretendam vir a
desenvolver atividades promotoras de bem-estar com base nos serviços dos ecossistemas. A informação
presente neste manual será complementada com a transmitida durante a formação, ministrada por técnicos
do Projeto CarryOn, que contemplará uma exploração teórica e prática dos conceitos e atividades abordados.
7
ECOLOGIA
E OS SERVIÇOS
DOS ECOSSISTEMAS
It is folly to think that we can destroy one species and
ecosystem after another and not affect humanity.
When we save species, we’re actually saving ourselves.
(Joel Sartore)
SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS
A Humanidade beneficia dos ecossistemas através de
uma enorme variedade de formas, sendo estes benefícios
denominados por Serviços dos Ecossistemas (SE). Os
Serviços dos Ecossistemas são as contribuições diretas
e indiretas dos ecossistemas para o bem-estar humano.
Estes serviços suportam direta ou indiretamente a
nossa sobrevivência e qualidade de vida. Para melhor
compreender o que são e como funcionam estes serviços,
é necessário compreender a própria estrutura e dinâmica
dos ecossistemas.
CONCEITO DE ECOSSISTEMA
Um ecossistema, expressão que deriva da conjugação das
palavras gregas oikos (casa) e systema (sistema), representa
um conjunto formado por todos os organismos bióticos
(seres vivos), que vivem e interagem entre si, e pelos
fatores abióticos que atuam sobre as comunidades de seres
vivos existentes (FIGURA 1). As interações que contribuem
para a própria definição de ecossistema vão para além
das estabelecidas entre os organismos bióticos, incluindo
também as que estes estabelecem com o próprio meio que
os rodeia, ou seja, através dos ciclos de nutrientes e fluxos
de energia dentro do sistema. As componentes bióticas e
abióticas encontram-se assim interligadas.
Uma característica fundamental dos ecossistemas é o seu
dinamismo, apesar de limitados no espaço, não são limitados
no tempo pois encontram-se em constante evolução. Estão
invariavelmente sujeitos a perturbações periódicas naturais,
quer de origem natural ou antrópica, e constantemente
em processo de recuperação de eventos de perturbação
passados. Quando um ecossistema é sujeito a algum tipo
de perturbação, responde movendo-se na direção do
restabelecimento do equilíbrio. Esta evolução, ou sucessão,
pode, inúmeras vezes, dar-se na direção em que ocorre perda
de serviços.
TIPOS DE ECOSSISTEMAS
Os ecossistemas dividem-se em duas tipologias principais:
aquáticos e terrestres. Os ecossistemas aquáticos, por sua
vez, dividem-se em dois grandes grupos: dulceaquícolas
(água doce) e marinhos (água salgada e salobra). Já os
terrestres podem ser divididos em florestais, litorais,
ripários, urbanos, desérticos, entre outros. A biodiversidade
de um determinado local afeta o funcionamento do
ecossistema, o que revela também a importância dos
fatores abióticos, essenciais na definição da biodiversidade
do mesmo.
No entanto, estes os serviços contribuem de forma
determinante para o bem-estar humano, especialmente
a nível psicológico, mas também físico. Na verdade, e
isto é bem visível nas sociedades mais desenvolvidas
e economicamente mais fortes, mesmo quando todos
os outros serviços (Suporte, Produção e Regulação)
estão presentes, a necessidade pelos Serviços Culturais
mantém-se inalterada, pois estes constituem um pilar
essencial para o bom funcionamento individual e social.
As quatro categorias dos SE possuem uma forte relação
com os grandes vetores do bem-estar – segurança,
recursos materiais básicos, saúde e relações sociais
(FIGURAS 2 e 3). Estes quatro vetores, ou componentes, têm
um forte papel no que concerne o exercício de liberdade
de escolha e de ação individual. Assim, alterações nos SE
têm um impacto acentuado no bem-estar humano.
FIGURA 1 | Fatores abióticos e bióticos.
AS CATEGORIAS DOS SE
Os SE, apesar de já serem discutidos há décadas na
comunidade científica, foram conceptualizados e
popularizados pelo Millenium Ecosystem Assessment
(MEA, 2005). Segundo o MEA, os SE são os benefícios que
as pessoas obtêm dos ecossistemas e dividem-se em
quatro categorias, onde os chamados “serviços de suporte”
são encarados como a base para as outras três categorias
(FIGURA 2).
Os Serviços Culturais dos Ecossistemas (SCE) são os mais
difíceis de quantificar e de atribuir um valor monetário. Se
em termos de recreação e turismo este exercício é menos
complicado, é extremamente complexo atribuir um valor
económico a serviços como os espirituais, estéticos ou
educativos.
FIGURA 2 | As quatro categorias dos Serviços dos Ecossistemas.
FIGURA 3 | Determinantes e componentes do bem-estar humano.
(adaptado de MA, 2005)
(adaptado de MA, 2005)
9
PSICOLOGIA
E A VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA
A violência, seja qual for a maneira como
ela se manifesta, é sempre uma derrota.
(Jean-Paul Sartre)
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
A violência doméstica (VD) configura-se como uma violação
dos direitos humanos e um grave problema de saúde
pública (Organização Mundial de Saúde [OMS], 2014), sendo
transversal a toda a sociedade.
A VD pode definir-se como “qualquer conduta ou omissão,
reiterado e/ou intensa ou não, que sirva para infligir
sofrimento e obter poder/controlo, de modo direto ou
indireto, sobre qualquer pessoa que habite no mesmo
agregado familiar ou que não residindo, seja cônjuge
ou ex-cônjuge, companheiro/a ou ex-companheiro/a,
namorado/a ou ex-namorado/a, ascendente ou
descendente, sem olhar ao sexo, idade e sexualidade”
(adaptado de Machado & Gonçalves, 2003). Atualmente,
assume a natureza de crime público, estando consagrada
no Código Penal Português (art.º. 152 da Lei 59/2007,
publicada em Diário da República - 1.ª Série, a 04 de
Setembro de 2007).
O agressor doméstico pode recorrer a uma variedade de
tipos, formas e/ou estratégias de exercício da violência para
manter o poder e controlo sobre a vítima (FIGURA 4).
Violência Física
ex.: pontapear, esbofetear, apertar o pescoço, empurrões, murros
Violência Sexual
ex.: contactos sexuais indesejados, tentativa de violação, violação
Violência Psicológica/Emocional
ex.: chantagear, ameaçar, insultar, intimidar, isolar, humilhar,
instrumentalizar os filhos
Violência Económico-financeira
ex.: controlar gastos, ficar com o ordenado, recusar dar dinheiro
FIGURA 4 | Tipos, formas e/ou estratégias de exercício da violência.
A violência doméstica tende a desenrolar-se ao longo
de um sistema circular de 3 fases, o chamado Ciclo da
Violência Doméstica, que mascara ainda mais a situação
abusiva e dificulta a saída da relação (FIGURA 5). Com o
decorrer do tempo, os maus-tratos tendem a aumentar
de intensidade, frequência e risco associado. A primeira
fase do ciclo (“Aumento da tensão”) torna-se cada vez
mais curta e intensa; a segunda fase (“Explosão”) tornase cada vez mais frequente e grave; e a terceira cada
(“Lua de mel”) cada vez menos duradoura e intensa.
Para além dos elevados custos económicos e sociais, a
violência doméstica pode provocar diversas consequências
ao nível do bem-estar e da saúde física e mental das vítimas,
a curto e/ou a longo-prazo (FIGURA 6). Fatores como as
características da vitimação (ex.: tipo, gravidade, frequência),
os recursos disponíveis pré e pós-vitimação (ex.: suporte
social) e o significado atribuído à experiência abusiva
(ex.: autoculpabilização, responsabilização do agressor)
podem mediar o impacto evidenciado (Matos, 2011).
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM PORTUGAL
Segundo a Direção Geral de Administração Interna (DGAI),
em 2014 registaram-se um total de 27 317 participações
às autoridades por violência doméstica, menos uma
participação do que no ano transato (FIGURA 7). O local de
maior risco para o exercício deste tipo de violência continua
a ser a própria habitação e o marido ou cônjuge o principal
agressor (DGAI, 2013).
As mulheres são vítimas preferenciais da violência
doméstica. De acordo com o último inquérito nacional
realizado em Portugal (2008), em média, cerca de uma em
cada três mulheres são vítimas de VD (Lisboa, 2009).
O tipo de violência com maior prevalência é a psicológica
(53,9%), seguido da física (22,6%) e da violência sexual
(19,1%) (Lisboa, 2009).
Informação complementar: Anexos 1 e 2
31235
28980
27318
26064
FIGURA 5 | Ciclo da Violência Doméstica.
(Walker, 2009)
62%
FIGURA 6 | Domínios de impacto e consequências da violência doméstica.
(Adaptado de Matos, 2011)
82%
82%
81%
FIGURA 7 | Alguns números da realidade conhecida do fenómeno
em Portugal, nomeadamente o número de participações por
Violência Doméstica, a percentagem de vítimas do sexo feminino e
o número de homicídios conjugais.
(DGAI)
11
AVALIAÇÃO
E A METODOLOGIA
CARRYON
If you want to assert a truth, first make sure it´s not
just an opinion that you desperately want to be true.
(Neil deGrasse Tyson)
OBJETIVOS
A metodologia CarryOn consiste no desenvolvimento e
implementação de atividades de grupo promotoras do
bem-estar e da melhoria da qualidade de vida através do
recurso aos serviços dos ecossistemas.
RESULTADOS ESPERADOS
A participação em atividades de desenvolvimento
holístico, em formato grupo, pela componente educacional
e emocional providenciada, poderá contribuir para
redução da perceção de isolamento social, promoção
de suporte emocional e da utilização ou mobilização de
estratégias de coping mais adaptativas para lidar com o
impacto físico, psicológico e social de acontecimentos de
vida desestruturantes ou stressantes (National Centre for
Victims of Crime [NCVC], 2009).
A integração desta metodologia no processo de apoio
a vítimas de violência doméstica visa contribuir para o
processo de restabelecimento psicológico, empoderamento
e capacitação individual deste público-alvo, através da
promoção do seu bem-estar físico e psicológico, bem como
da adoção de hábitos de vida mais saudáveis e sustentáveis.
MÉTODO
Participantes
Devido às idiossincrasias de cada vítima, torna-se essencial
uma seleção criteriosa e bem planeada dos participantes,
no sentido de reduzir a possibilidade de drop-out do grupo e
assegurar que a experiência de participação nas atividades
contribuirá, efetivamente, para o bem-estar integral das
vítimas. Deve haver um propósito similar para a integração
das vítimas nos grupos de desenvolvimento holístico,
ainda que a experiência de vida, recursos pessoais e sociais
e padrões culturais das mesmas possam ser distintos
(Matos & Machado, 2011; NCVC, 2009). Os facilitadores,
ou dinamizadores, devem por isso estabelecer critérios
comuns de seleção (inclusão/exclusão) dos participantes
(sobretudo, mulheres vítimas de VD), embora não demasiado
restritivos ou inflexíveis, de modo a abarcar a necessária
heterogeneidade que enriquecerá o grupo, em termos de
idade, estado da relação e estatuto socioeconómico das
vítimas (NCVC, 2009).
A participação em atividades de grupo poderá, no entanto,
não responder às necessidades individuais de qualquer
vítima (ex.: problemas graves de saúde física, quadro
psiquiátrico, uso ou abuso de substâncias, risco de violência
letal), como também poderá impedir os outros participantes
de atingir os seus objetivos, gerando instabilidade no próprio
funcionamento do grupo. No âmbito do Projeto CarryOn,
considerou-se igualmente importante a inclusão dos filhos
das mulheres vítimas de violência doméstica, no sentido
de se contribuir para o fortalecimento do vínculo maternofilial, muitas vezes fragilizado pela situação de violência.
Para este grupo de vítimas foram também estabelecidos um
conjunto de critérios de integração (ex.: experienciação
exclusiva de violência indireta ou vicariante; ausência de
comprometimento grave da saúde física e mental).
O profissional nas atividades: o papel de dinamizador
Qualquer profissional que realize atividades de intervenção
com vítimas de violência doméstica deverá reger a sua
conduta pelos princípios gerais do respeito pelo outro,
competência, responsabilidade e da beneficência, como
também pelos princípios específicos do consentimento
informado, assegurando a participação voluntária, autónoma
e autodeterminada, e da privacidade e confidencialidade,
especificando os limites éticos e legais (ex.: se uma vida
estiver em risco) (Ordem dos Psicólogos Portuguesas
[OPP], 2011). A abordagem interdisciplinar subjacente à
aplicação da metodologia CarryOn – que alia a ecologia
à psicologia – torna importante o recurso a pelo menos
dois dinamizadores, com perspetivas, competências
técnicas e estilos de dinamização distintos, embora
complementares, nomeadamente: um profissional da
área da ecologia com experiência no desenvolvimento de
ações de educação ambiental e um profissional de apoio
a vítimas com conhecimento prático sobre a intervenção
técnica ou atuação com este tipo de população. O número
de dinamizadores presentes deverá ser sempre suficiente
para permitir um acompanhamento otimizado e eficaz dos
participantes durante os dias das atividades. A existência
de mais do que um dinamizador permite a partilha de
responsabilidades durante os dias de atividades, o que
acaba por reduzir a sobrecarga emocional e cognitiva, e
poderá aumentar a capacidade de ação face a qualquer
eventualidade (ex.: agressor aparecer no local de atividades).
O respeito e a confiança mútua entre dinamizadores
e participantes são absolutamente necessários para
a criação de um ambiente positivo, de à vontade e de
suporte. Os dinamizadores deverão estar sensibilizados
para a problemática da violência doméstica e possuir,
ou ter beneficiado previamente, de formação técnicocientífica neste âmbito. Competências de comunicação
pessoais, relacionais e técnicas assentes na escuta ativa,
sensibilidade, flexibilidade, otimismo e empatia são
imprescindíveis (NCVC, 2009). Da mesma forma, possuir
conhecimentos e formação específica na dinamização de
grupos (ex.: dinâmicas de integração, gestão de conflitos),
no planeamento (ex.: duração do programa de atividades,
periodicidade dos dias temáticos, estabelecer parcerias), na
organização (ex.: estrutura do grupo) e ao nível da logística
(ex.: locais de desenvolvimento das atividades), assim
como na capacidade de avaliação e disseminação da
eficácia do programa de desenvolvimento holístico (Matos
& Machado, 2011) são requisitos fundamentais de um bom
dinamizador.
Procedimentos de avaliação da eficácia
Design da avaliação
De modo a avaliar a reação dos participantes à
metodologia CarryOn e as possíveis aprendizagens e
mudanças daí decorrentes - empoderamento, capacitação
pessoal, melhoria do bem-estar integral -, recomendase a aplicação de uma avaliação pré e pós-teste,
complementada por uma avaliação contínua, ao longo
do processo de implementação das atividades. No que
concerne ao design pré e pós-teste, a avaliação do impacto
da metodologia CarryOn nas mulheres vítimas deverá
centrar-se em dimensões como a qualidade de vida, o
ajustamento psicológico, a autoestima, o suporte social,
o vínculo materno-filial e a relação com o meio natural.
Com os menores, a avaliação da eficácia deverá privilegiar
dimensões centrais como ajustamento psicológico e o
autoconceito.
Estratégias de avaliação durante as atividades
No sentido de recolher o feedback dos grupos em relação à
sua satisfação e bem-estar geral com as atividades, sugerese o recurso a estratégias verbais (ex.: questionamento
semiaberto, diálogo informal) e de observação, bem
como escritas (ex.: logbook). Estas últimas deverão
ser especificamente utilizadas no final de cada dia de
desenvolvimento holístico.
No que respeita à dimensão da “relação ou vínculo maternofilial”, torna-se particularmente necessária uma avaliação e
observação contínua dos indicadores ou comportamentos
da ligação emocional mãe-filho(s), ao longo dos dias de
desenvolvimento holístico, designadamente: a proximidade
e o contacto físico; a afetividade e a expressão emocional
manifestas; o diálogo, a comunicação verbal e não verbal; o
reforço espontâneo ou solicitado; a postura e motivação para
as tarefas conjuntas.
RECOMENDAÇÕES FINAIS
No âmbito da avaliação da eficácia, a médio ou longo prazo,
da metodologia CarryOn, recomenda-se a realização de uma
avaliação de seguimento (follow-up), num período posterior
ao término do programa de desenvolvimento holístico (entre
3 meses a 6 meses), no sentido de se perceber se os efeitos
esperados decorrentes da participação nos dias de atividades
(ex.: bem-estar físico, melhoria da autoestima) permanecem.
Este tipo de avaliação permitirá ainda compreender se os
participantes têm reproduzido, proativa e regularmente, as
atividades de desenvolvimento holístico no seu dia-a-dia e
o nível de satisfação e autoeficácia experienciado associado.
Esta avaliação de follow-up pode ser realizada com recurso
a uma metodologia qualitativa (ex.: questões abertas ou
semiabertas) e quantitativa (ex.: questionários fechados).
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PROGRAMA
DE
DESENVOLVIMENTO
HOLÍSTICO
The forest is at once a laboratory, a club and a temple.
(Robert Baden-Powell)
DESCRIÇÃO E FINALIDADES
O programa de desenvolvimento holístico do Projeto
CarryOn perspetiva o ser humano de forma sistémica
e integrada, pelo que visa promover o bem-estar
biopsicossocial dos participantes com experiências de
vida bastante adversas. Deste modo, operacionaliza
um conjunto organizado, coerente e integrado de
atividades, coordenadas entre si.
Cada dia do programa assume um foco específico numa
dimensão holística, contudo importa salientar que,
apesar disso, as outras dimensões são transversalmente
trabalhadas ao longo desses dias (FIGURA 8). A fim de
reforçar o seu caráter contínuo e consistente, este
programa apresenta a mesma estrutura inicial e final, o que
proporciona aos participantes um sentido de organização
e previsibilidade sobre os acontecimentos. Este plano
inicial e final de briefing e debriefing terá sempre como
finalidade quer o auto, quer o heteroconhecimento do
grupo.
Para cada dimensão estão definidas as competências a
adquirir pelos participantes nas várias atividades a realizar.
Neste manual, é sugerida apenas uma atividade para cada
um dos dias de desenvolvimento holístico e, ainda, duas
atividades transversais.
As atividades encontram-se categorizadas em cinco
tipologias: experimental, lúdico-pedagógica, artística,
narrativa e terapêutica, conforme o método mais
utilizado: ativo, expositivo, interrogativo ou demonstrativo.
A duração corresponde ao tempo estimado para a
realização da atividade com um grupo de participantes
não superior a 25. O material e os recursos utilizados são,
maioritariamente, de fácil obtenção e de baixo custo, uma
vez que o recurso vital é a própria natureza. A descrição
fornecida refere-se ao procedimento a ser seguido
pelo dinamizador da atividade. Por fim, estabelecem-se
algumas analogias, com intuito de orientar a reflexão/
debate a desenvolver com os participantes nas atividades.
Desenvolvimento Social
//conceber o grupo como um espaço de direitos e
deveres (ex.: necessidade de cumprir regras)
//perspetivar o grupo (relação com os outros) como um
espaço de partilha, de entreajuda e de aprendizagem
mútua
//reduzir o isolamento social, promovendo o sentido de
pertença e coesão social
//aumentar a repertório de competências pessoais,
relacionais e sociais
//desenvolver relações interpessoais saudáveis e
igualitárias
Desenvolvimento Físico
//promover a sensação de bem-estar físico e satisfação
global, perspetivando a natureza como um contexto
sereno e de relaxamento
//atenuar a psicossintomatologia depressiva (ex.:
pensamento negativos, cefaleias, insónias)
//reduzir os níveis de stress, aliviando os sentimentos de
ansiedade e agitação
//estimular a adoção de hábitos de vida mais saudáveis
e sustentáveis
Desenvolvimento Afetivo-emocional
//promover o autoconhecimento e a autoperceção
como pilares para o cresicmento pessoal
//promover a valorização pessoal e a autoestima,
mobilizando as vozes da competência e potenciando as
qualidades do “Eu”
//reforçar o vínculo materno-filial, promovendo
interações lúdicas e afetivas entre mãe e filho
Desenvolvimento Espiritual
//promover a capacidade de introspeção e de
autorreflexão
//promover a paz interior
//reforçar a ligação à natureza
RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS
No momento de planificação das atividades torna-se
essencial disponibilizar tempo para definir as indicações
práticas necessárias para o bom funcionamento do
grupo, antevendo possíveis constrangimentos e prevendo
soluções alternativas para o plano do dia.
De seguida, elencamos algumas recomendações práticas
e logísticas:
• certificar que todos os participantes têm seguro de
acidentes pessoais;
• conhecer o espaço previamente e identificar locais de
acessibilidade como WC, zonas de refeição, eventuais
zonas de risco que possam requerer cuidados
redobrados;
• verificar antecipadamente as condições climatéricas;
• quando necessário, informar as autoridades
responsáveis pela vigilância do local (ICNF, GNRSEPNA/GIPS);
• a entidade promotora deverá disponibilizar um kit de
primeiros socorros;
• sempre que possível, deverá ser a entidade promotora
a disponibilizar transporte aos participantes.
Algumas recomendações a transmitir aos participantes,
antes do dia de realização da(s) atividade(s):
• usar vestuário e calçado adequado e confortável (em
dias de sol, salientar chapéu, boné e protetor solar);
• caso a entidade promotora não disponibilize,
recomendar que cada participante traga água;
• assegurar que se alerta os participantes que careçam
de medicação específica para a trazerem nos dias de
atividades;
• trazer sempre consigo o cartão de cidadão e o cartão
de identificação do grupo.
Desenvolvimento Cognitivo
//promover as capacidades de atenção/concentração e
de memória
//fomentar a capacidade de comunicação e de
linguagem
//reforçar a capacidade de resolução de problemas e de
tomada de decisão
//aumentar e promover conhecimentos ao nível dos SE
Desenvolvimento Cultural
//fomentar a adoção hábitos de recreação e lazer,
promotores de bem-estar
//fortalecer o sentimento de identidade sócio-cultural
//promover a inclusão de expressões culturais nas
vivências diárias
FIGURA 8 | Objetivos das seis áreas de desenvolvimento holístico.
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1 | A TEIA
TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Narrativa
DURAÇÃO | 1 hora
OBJETIVOS
• Acolher e integrar os participantes, clarificando
os procedimentos e regras de participação e de
funcionamento do grupo;
• Promover o respeito pela diferença, sustentando um
discurso pró-igualdade e de respeito intragrupo;
• Desenvolver um sentido de coesão grupal,
promovendo o espírito de partilha e entreajuda.
MATERIAL/RECURSOS
Rolo de sisal
:::: DESCRIÇÃO ::::
Iniciar esta atividade com a apresentação do grupo, dispondo-o
em círculo e explicando os objetivos do programa. De seguida,
solicitar a cada participante que segure o sisal e se apresente,
dizendo o seu nome e o elemento natural com que mais se
identifica, justificando a sua escolha. Após a apresentação, o
participante deverá segurar na ponta do sisal e, sem a largar,
passar o rolo de sisal para outro participante à sua escolha. Isto
deve ocorrer de forma sucessiva, até se perfazer uma teia que
inclua todos os participantes.
:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::
Na natureza tudo está interligado. A forte interdependência
entre os seres vivos e o meio ambiente demonstra-nos que
existe uma complexa ligação entre estes. Assim, se uma parte
falha, quebra ou sofre alterações, isso traz implicações para o
resto do sistema.
Também na sociedade, a manutenção desta teia de conexões
exige que cada um baseie as suas relações na igualdade, na
tolerância e aceitação, no respeito pela sua individualidade
e pela identidade do outro, assim como pelas regras de bom
funcionamento em grupo.
Por outro lado, cada participante ao escolher o elemento natural
com que mais se identifica, trouxe um valor único para a teia,
evidenciando a sua individualidade. Este valor representa a
função do elemento no ecossistema, assim como o papel
indispensável que cada individuo representa nesta teia da vida.
Transferências de matéria e energia entre os seres vivos
Teias alimentares na natureza
:::: individualidade e interdependência na sociedade
DIMENSÃO
HOLÍSTICA
ATIVIDADE
SOCIAL
Empatia | Tolerância | Espírito de equipa
Assertividade | Sentimento de pertença
Gestão de conflitos | Liderança
Comunicação verbal e não verbal
2 | ZOO-GINCANA
TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Lúdico-pedagógica
DURAÇÃO | 1 hora e 30 minutos
OBJETIVOS
• Incentivar o desenvolvimento de capacidades motoras
e físicas, aliadas a hábitos de vida saudáveis;
• Fortalecer o espírito de equipa e o sentimento de
pertença ao grupo;
• Promover o fair play e o respeito pelo outro;
• Proporcionar aprendizagens relacionados com a vida
animal na natureza.
:::: DESCRIÇÃO ::::
Começar por explicar que uma gincana é um conjunto de provas com
obstáculos, disputadas por diferentes equipas, vencendo aquela que
realizar as tarefas com maior rapidez.
Percorrer com o grupo a gincana, demonstrando as tarefas a
serem realizadas em cada prova. Indicar que estas, na Zoo-gincana,
estão relacionadas com hábitos, comportamentos e estratégias de
sobrevivência de alguns animais, tais como: modos de locomoção,
procura de abrigo e alimento.
O início de cada prova é dado pelo som de um apito, realizando-se
apenas uma prova de cada vez, jogada em simultâneo por todas
as equipas. Ao longo de cada prova, é importante estar atento às
dinâmicas do grupo, assim como registar os tempos de cada equipa,
uma vez que a pontuação final é obtida através do somatório desses
tempos. No caso de incumprimento das tarefas, a equipa pode ser
penalizada em 5 segundos adicionados ao tempo final. Alertar para
a importância do fair play e do respeito pelas regras e, em seguida,
dar início à gincana.
Apresentar os resultados finais, valorizando o esforço e dedicação de
todos. Debater com os participantes o desempenho global, tal como:
os timings, o espírito de equipa, a liderança e, simultaneamente,
abordar as especificidades das tarefas associadas aos animais.
DIMENSÃO
HOLÍSTICA
ATIVIDADE
FÍSICA
Consciência corporal | Autoimagem
Consciência da homeostasia corporal e da energia vital
Relaxamento | Hábitos de vida saudáveis
Habilidades locomotoras | Flexibilidade/ Agilidade
MATERIAL/RECURSOS
Apito | Cronómetro | Folha de registo e lápis
Venda | Bola e mecos | Arco
RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS
• Montar e testar antecipadamente a gincana;
• Os percursos preparados para cada prova, devem ter
em conta o número total de equipas, assim como estar
adaptados em função dos recursos físicos existentes
no local;
• As equipas devem ser previamente divididas, através
de uma dinâmica de divisão de equipas.
:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::
Os diferentes modos de locomoção e comportamentos
alimentares são excelentes exemplos de como através dos
sentidos e de adaptações físicas, os animais conseguem realizar
de forma eficiente as suas ações diárias, sobreviver e ter sucesso
no seu percurso de vida.
A dimensão fisica e a utilização plena dos sentidos assumem,
cada vez mais, uma importância fulcral na sociedade atual. A
atividade física regular desenvolve as habilidades motoras, a
agilidade e a flexibilidade. No caso do ser humano, o domínio
físico está também reciprocamente interligado com o domínio
psicológico. No final de uma atividade física, é frequente ocorrer
uma sensação de bem-estar promotora do desenvolvimento da
autoestima.
A vivência destas atividades em grupo promove também o
espírito de equipa, o fair play e as capacidades de comunicação,
como ilustrado através do exemplo das formigas obreiras,
que assim que descobrem alimento deixam um rasto (com
feromonas) no caminho de volta à colónia, para que o mesmo,
seja seguido.
EXEMPLOS DE PROVAS | ANALOGIAS
:::: Corrida de Sapos ::::
Dispostos em fila, os elementos da equipa,
deslocam-se, um de cada vez, saltando
para cima e para baixo, fletindo os joelhos,
seguindo o percurso marcado até atingirem a
meta. O segundo elemento inicia o percurso
após o primeiro cortar a meta e, assim,
sucessivamente.
Locomoção dos anfíbios
:::: a importância do processo e dos ritmos
individuais para atingir os objetivos
:::: valorização da capacidade individual e das
diferenças para alcançar um objetivo comum
:::: Morcegos à escuta ::::
Dispostos ao longo de um percurso, os
elementos da equipa (excepto dois),
permanecem de pé, sinalizando obstáculos
físicos. Os dois elementos restantes, um de
olhos vendados e outro sem a possibilidade
de falar, colocam-se no início e no fim do
percurso, respetivamente. Orientado pelas
vozes dos colegas e desviando-se dos
obstáculos, o elemento de olhos vendados
faz o percurso com o objetivo de alcançar o
outro elemento.
Ecolocalização dos morcegos e a orientação
dos animais noturnos
:::: a relevância da escuta ativa, da atenção/
concentração e da perspicácia na descoberta do
caminho
:::: Formiga trabalhadora ::::
Dividida em dois grupos (A e B), a equipa é
colocada nas extremidades de um percurso
com obstáculos (mecos). Aos elementos do
grupo A é dada a indicação das manobras
a efetuar para contornar os mecos (por
exemplo, contornar pela direita o primeiro
meco, dar duas voltas no segundo e contornar
pela esquerda o terceiro). Aos elementos
do grupo B apenas é dada a indicação que
após rececionarem o objeto transportado
pelo elemento do grupo A, devem efetuar o
percurso contrário, seguindo exatamente o
mesmo percurso e as mesmas manobras. O
objeto transportado é uma bola que, conduzida
com os pés, deve passar de um elemento do
grupo A para um elemento do grupo B e viceversa, até que todos tenham jogado.
Comunicação das formigas no transporte de
alimentos
:::: necessidade do trabalho de equipa e da
entreajuda no cumprimento de objetivos
:::: importância da mestria e da autoeficácia em
contornar certos obstáculos
:::: importância da comunicação (verbal
e não verbal) nas relações humanas
17
3 | FOTOMOMENTOS
TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Narrativa
DURAÇÃO | Pontualmente, ao longo do dia
OBJETIVOS
• Proporcionar experiências e emoções positivas nas
mulheres e filhos, valorizando e reforçando os afetos
evidenciados no grupo;
• Promover uma relação positiva mãe-filho,
fortalecendo o vínculo afetivo materno-filial;
• Fortalecer o sentimento de pertença e a coesão
de grupo, pelo envolvimento e proximidade entre os
participantes.
MATERIAL/RECURSOS
Máquina fotográfica descartável
:::: DESCRIÇÃO ::::
Iniciar o discurso com a explicação do que são emoções e afetos e
da sua importância na vivência de cada um, pedindo, em seguida,
que cada participante enumere uma emoção ou afeto (gesto,
atitude, verbalização) que valorize. Ao longo do dia, o participante
deve expressar essa emoção ou afeto com quem tem maior
proximidade, ou com quem gostaria de ter maior proximidade,
no grupo.
De seguida, apresentar a atividade “Fotomomentos”, explicando
que cada participante terá acesso, por uma hora, à máquina
fotográfica para que capte um momento emocional entre
participantes do grupo ou entre mães e filhos. As fotografias
servirão para serem posteriormente debatidas, através de um
questionamento direcionado para a importância das emoções
positivas na relação interpessoal, como um elemento essencial
para o bem-estar humano.
:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::
A natureza assume-se como um local onde as pessoas se
sentem mais livres e conectadas com o mundo envolvente. Este
é um contexto privilegiado em que o ser humano se consegue
relacionar com os grupos e consigo mesmo de uma forma
emocionalmente mais profunda. De facto, as emoções e os afetos
estão patentes em qualquer gesto na e para com a natureza.
Aquando da exploração das fotografias, deve-se promover
a reflexão individual e construtiva em redor de momentos
emocionais entre os participantes do grupo. Esta discussão
desenvolve-se através de alguns tópicos de discussão: “O que vê
nesta fotografia?”, “O que aconteceu no momento da fotografia?”,
“Que importância tem para si esta paisagem natural?”, “De que
modo esta paisagem contribui para o momento da fotografia?”,
“De que forma esta fotografia lhe mostra como pode melhorar o
seu bem-estar?” “O que pensa fazer diferente?” (diálogo crítico
adaptado da metodologia participativa – photovoice).
Natureza e beleza das paisagens
:::: fonte de afetos e emoções para o bem-estar
:::: importância dos afetos na criação da rede de suporte
sustentável
DIMENSÃO
HOLÍSTICA
ATIVIDADE
AFETIVO-EMOCIONAL
Autoestima | Autoconhecimento | Afeto positivo
Tomada de decisão | Identidade/Individualidade
Relações positivas | Tomada de iniciativa
Regulação/Estabilidade emocional
4 | PAPAGAIOS AO VENTO
TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Lúdico-pedagógica
DURAÇÃO | 1 hora e 30 minutos
OBJETIVOS
• Promover o espírito e o trabalho em equipa, facilitando
momentos de partilha, negociação e gestão de conflitos;
• Refletir acerca da capacidade de lidar com algumas
circunstâncias menos positivas da vida, tornando-as
momentos de crescimento pessoal;
• Estimular as capacidades cognitivas, nomeadamente
a memória e atenção e a capacidade de planeamento
(ex.: pensamento lógico), desenvolvendo a sensação de
autoeficácia e competência pessoal.
DIMENSÃO
HOLÍSTICA
ATIVIDADE
ESPIRITUAL
Homeostasia corporal | Sinergia corpo-mente
Postura e equilíbrio
Identidade/Individualidade
Externalização de significados
MATERIAL/RECURSOS
Construção de papagaios | Anexo 3
RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS
• Esta atividade pode ser realizada em dois momentos
distintos – construção e lançamento do papagaio;
• A escolha do local deve prever que para a construção
do papagaio é necessário uma superfície plana e,
para o seu lançamento, um local amplo com algum
vento (sugere-se uma praia com bons acessos e
recursos).
:::: DESCRIÇÃO ::::
:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::
Introduzir o desafio do papagaio aos participantes, demonstrando
que esta tarefa terá de ser levada a cabo em equipa e só terá
sucesso se houver um verdadeiro trabalho de equipa organizado
e bem distribuído.
Após a distribuição/seleção dos participantes por equipa e a
apresentação de todo o material necessário, importa explicar
passo por passo a construção do papagaio para que todas as
equipas sigam as orientações providenciadas. Ao longo da
atividade, deve-se reforçar os comportamentos e o alcance
das etapas da construção do papagaio, proporcionando um
momento construtivo e de boa disposição.
De seguida, cada grupo de participantes experimenta o papagaio
até que o consiga manter estável e ter alguma facilidade a
controlá-lo. Pretende-se que as equipas consigam manter o
papagaio no ar o máximo de tempo possível.
No momento de lançamento do papagaio é sempre proveitosa
a ajuda de alguém que o segure, enquanto o outro elemento
da equipa o lança, para que este levante voo. Esta entreajuda é
essencial para alcançar os objetivos individuais e reflete-se nos
mais simples acontecimentos da vida.
Durante o período em que o papagaio voa, os participantes
poderão reconhecer o domínio sobre o mesmo, à semelhança do
poder e controlo que cada um detém sobre a sua vida. Perante
isso, e apesar de a qualquer momento poder surgir a perceção de
não ser bem-sucedido numa determinada situação ou da atuação
prejudicial de forças externas, essa conjuntura pode constituir-se
uma oportunidade de mudança, desde que haja uma boa dose de
confiança, otimismo e sentido de competência pessoal. Tal como
foi necessário para o controlo do papagaio, importa salientar a
importância do ser humano ser proativo, explorando junto dos
participantes a identificação e o reconhecimento de estratégias
necessárias para a manutenção deste controlo na sua vida, tais
como a tomada de iniciativa e tomada de decisão.
Finalizar com o paralelismo de que, tal como é necessária a
competência de orientação do papagaio, cada um tem a mestria
de orientar a sua vida, desde que tenha presente os seus objetivos
individuais. E, de facto, quanto mais tempo e dedicação se atribui
à vida, mais poder se tem sobre a mesma.
Forças da natureza | Vento
:::: papel das figuras de confiança e suporte no desenvolvimento
humano
:::: proatividade, capacidade de mestria e de planeamento
fundamentais na orientação e controlo da vida
19
5 | ECO PEDDYPAPER
TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Lúdico-pedagógica
DURAÇÃO | 1 hora e 30 minutos
OBJETIVOS
• Promover as competências de resolução de problemas,
despoletando a capacidade de tomada de decisão;
• Aumentar os níveis de atenção e concentração na
tarefa, como estratégias facilitadoras de um pensamento
lógico e de um processamento cognitivo mais eficiente;
• Proporcionar momentos de descoberta e
aprendizagem do mundo natural.
DIMENSÃO
HOLÍSTICA
ATIVIDADE
COGNITIVA
Atenção/concentração | Autoaprendizagem
Tomada de iniciativa | Resolução de problemas
Pensamento lógico | Capacidade de abstração
Processamento cognitivo
MATERIAL/RECURSOS
Mapa do percurso
Listagem de material | Anexo 4
RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS
• Montar previamente os postos e testar antecipadamente o
mapa e a sinalética do percurso;
• O percurso deve ser preparado em função dos recursos
naturais existentes no local;
• Esta atividade pode exigir a presença de um monitor por
cada posto;
• As equipas devem ser previamente divididas, através de
uma dinâmica de divisão de equipas.
:::: DESCRIÇÃO ::::
:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::
Introduzir a atividade explicando o funcionamento de um peddypaper - prova pedestre de orientação para equipas, que consiste
num percurso com postos intermédios e tarefas que determinam
a passagem à seguinte fase do percurso. Indicar que as tarefas do
eco peddy-paper estão relacionadas com conhecimentos sobre
os animais e as plantas que ocorrem em território português.
Entregar a cada equipa o mapa do eco peddy-paper, pedindo que
o analisem durante 5 minutos, prestando atenção ao percurso,
aos símbolos e às legendas. Informar que, dependendo das
decisões da equipa, esta pode optar por trajetos diferenciados
no percurso. Terminado o tempo de preparação, realçar que o
sucesso do peddy-paper está na resolução das tarefas propostas
em cada posto e não do tempo de realização das mesmas.
Para tal, o trabalho em equipa, a atenção e concentração e o
pensamento lógico são fundamentais.
Iniciar o eco peddy-paper fazendo partir a primeira equipa.
Enviar as próximas com um intervalo de 10 minutos entre elas.
No eco peddy-paper, o tempo das equipas não é contabilizado.
No fim, apresentar, de forma sucinta, as soluções das tarefas e
debater com o grupo quais os conhecimentos adquiridos e qual a
importância das etapas de resolução de problemas no quotidiano.
As várias etapas de resolução eficaz de problemas são essenciais
no desenvolvimento cognitivo. Neste eco peddy-paper, os
conhecimentos sobre o mundo natural serviram de base para
seguir as várias etapas de resolução de problemas de uma forma
eficaz. A necessidade de reconhecer o problema existente, para
melhor analisar possíveis respostas e soluções, é um ponto
de partida fundamental no processo de resolução do mesmo,
independentemente de este se reportar, por exemplo, a questões
emocionais ou de vivências quotidianas. Após a representação
mental do problema, impera avaliar as alternativas encontradas,
refletindo sobre as vantagens e desvantagens de cada uma,
assim como sobre as eventuais consequências decorrentes de
cada opção. Só após obter esta visão abrangente das diferentes
etapas é que é possível uma escolha mais adequada. Na verdade,
o ser humano, ainda que por vezes não identifique estes passos,
tende a executá-los espontaneamente no seu dia-a-dia. Estes
passos explorados constituem-se “a receita” para uma resolução
de problemas mais consciente e eficiente.
EXEMPLOS DE POSTOS | ANALOGIAS
:::: Detetive de animais ::::
Combinar pegadas de animais (moldes) com
o seu nome e respetiva fotografia.
Combinar excrementos e outros vestígios
com o nome do animal respetivo.
:::: Banda sonora ::::
Imitar animais, através de gestos e sons.
Rastros e vestígios dos animais terrestres
:::: importância de interpretar a realidade
individual, necessidades e potencialidades, de
modo a escolher o melhor percurso de vida,
tomando decisões fundamentadas
:::: Bilhete de identidade ::::
Combinar letras de modo a formar nomes
de plantas e legendar a fotografia respetiva.
Combinar letras de modo a descobrir o nome
científico de determinada planta ou animal.
:::: Floresta encaixada ::::
Fornecer as peças para a construção de um
puzzle. Depois de montado, entregar uma
imagem equivalente para que encontrem as
diferenças entre ambas (a imagem do puzzle
e a outra imagem fornecida). Estas imagens
representam uma floresta onde os animais
estão colocados nos seus respectivos locais e
outra onde estes estão fora do seu ambiente
(por exemplo, um lobo em cima de uma
árvore).
:::: Instrumentos naturais ::::
Construir um instrumento musical que
simula o som de um grilo (gri-gri).
Instruções: Passar um elástico por um pau
de gelado dando duas voltas. Depois de
abrir a caixa de fósforos, colocar o pau sobre
a mesma, dando ao elástico o número de
voltas necessárias para que o pau fique
bem preso (o número de voltas depende do
comprimento do elástico). Depois, deslocar
o elástico juntamente com o pau para a
extremidade fechada da caixa. Assim, uma
das extremidades do pau fica livre e a outra
sobre a caixa. Segurar a caixa de fósforos
com a mão esquerda e, com o polegar da
mão direita, bater duas vezes seguidas, de
forma contínua.
Nomes científicos e nomes comuns
:::: necessidade de clarificar e salvaguardar a
nossa identidade pessoal
Habitats naturais
:::: a importância do espaço pessoal para o
autoconhecimento e a autoaprendizagem
Sons dos animais
:::: importância da linguagem assertiva no
desenvolvimento do espírito crítico
Comunicação no reino animal
:::: valor da comunicação não verbal
6 | PLANTAS COM SABOR
TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Experimental
DURAÇÃO | 2 horas
OBJETIVOS
• Promover a adoção de hábitos alimentares
sustentáveis;
• Salientar o importante papel da natureza em setores
como a alimentação, medicina e farmacêutica, assim
como nas tradições culturais do nosso país.
DIMENSÃO
HOLÍSTICA
ATIVIDADE
CULTURAL
Capacidade de utilização dos serviços culturais
Capacidade artística | Criatividade
Consciência e expressão cultural
Capacidade de observação – ação
MATERIAL/RECURSOS
Plantas Aromáticas e Medicinais - PAM
(frescas, preferencialmente em vasos)
Exemplos de PAM | Anexo 5
Receitas com PAM | Anexo 6
RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS
• Esta atividade é mais indicada para locais indoors, mas
pode ser adaptada a locais outdoors com condições
que permitam a confeção das receitas;
• Preparar previamente as bancadas, com os
ingredientes e os utensílios necessários;
• As equipas podem ser divididas, através de um curto
jogo de divisão de equipas;
• Importante ressalvar para uma utilização correta e
responsável destas plantas.
:::: DESCRIÇÃO ::::
:::: REFLEXÃO | ANALOGIAS ::::
Fazer uma pequena introdução à temática das Plantas Aromáticas
e Medicinais (PAM) e os seus usos no quotidiano. É importante dar
exemplos de plantas mais vulgarmente conhecidas, tais como o
alecrim, a salsa, a alfazema, permitindo que os participantes se
sintam motivados a partilhar as suas próprias experiências e criar
assim um elo emocional com a temática.
Apresentar cada planta, referindo os seus nomes comum e
científico e as suas utilizações medicinais e condimentares.
Posteriormente, dividir o grupo em pequenas equipas e
entregar, a cada uma, uma receita. Indicar que os ingredientes
e os utensílios encontram-se dispostos nas bancadas referentes
às equipas. Alertar para a importância da higiene e segurança
na cozinha. Durante a preparação auxiliar, caso necessário, os
participantes na confeção das receitas.
Por fim, reunir o grupo à volta dos pratos confecionados e pedir
a cada equipa que apresente os resultados obtidos. Degustar
os pratos e conduzir uma conversa sobre as descobertas e as
sensações despertadas por estas plantas.
A história das Plantas Aromáticas e Medicinais confunde-se
com a história da própria humanidade. Frases de escritores da
antiguidade, tais como “Que o teu alimento seja o teu remédio, que
o teu remédio seja o teu alimento” ou “Somos o que comemos”
de Hipócrates, Pai da Medicina, evocam precisamente o papel
inquestionável dos serviços que a natureza presta à humanidade
e salientam a importância que esta adquire na vida do ser
humano. Uma boa alimentação e hábitos de vida mais saudáveis
estão intrinsecamente associados a um respeito e conhecimento
dos produtos da natureza que privilegiam a saúde e o bem-estar.
A utilização destas plantas permite confecionar receitas rápidas
e práticas podendo proporcionar momentos de descontração
e diversão, envolvendo até os mais jovens. Tanto a confeção
como a degustação podem ser efectuadas numa cozinha ou
proporcionar piqueniques num jardim ou numa área natural/
parque urbano.
Plantas Aromáticas e Medicinais
:::: sinergia corpo e mente
:::: como fonte de saúde e bem-estar
21
ATIVIDADE
7 | HOJE É O DIA!
ATIVIDADE
8 | OS MEUS 15 minutos
TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Narrativa
DURAÇÃO | 30 minutos
TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Terapêutica
DURAÇÃO | 15 minutos
OBJETIVOS
• Aumentar o sentido de individualidade e identidade
de cada participante, estimulando, paralelamente, o
seu sentido de pertença ao grupo;
• Desafiar a sua conceção de capacitação individual,
promovendo novas perceções e limites acerca dos seus
recursos pessoais;
• Refletir sobre os objetivos individuais e grupais do dia
de intervenção, motivando para um repertório/registo
comportamental fora da sua “zona de conforto”.
OBJETIVOS
• Promover o recurso à respiração diafragmática na
natureza como ferramenta a utilizar em momentos de
maior tensão e stress;
• Restabelecer o equilíbrio e a homeostasia física,
proporcionando uma sensação de relaxamento e
bem-estar.
MATERIAL/RECURSOS
Não requer material específico (se pretender fazer com os
participantes deitados, necessita de tapetes ou semelhantes).
:::: DESCRIÇÃO ::::
:::: DESCRIÇÃO ::::
No início de cada dia, apresentar a dimensão que irá ter um
enfoque especial e descrever sucintamente as atividades que
vão fazer parte do programa do dia. Aquando desta abordagem,
pretende-se estimular em cada participante a vontade de “sair
fora da caixa”, ou seja, motivar cada participante a fazer ou
conseguir algo diferente. A ideia será encorajar cada participante
a sair da zona de conforto, de forma a predispô-la, desde logo, à
abertura a novas experiências e sensações do mundo em redor.
Assim, espera-se que a participante partilhe aquilo que antevê
para o seu dia. No final desta atividade, pretende-se que esta
intervenção motivacional se reflita no comportamento de cada
participante ao longo do dia.
Adotando um tom de voz pausado, iniciar a atividade com a
explicação de que as propriedades terapêuticas e revigorantes
da natureza são amplamente reconhecidas, quer ao nível
da saúde física, quer psicológica. De seguida, introduzir a
respiração diafragmática como técnica que potencia este
efeito tranquilizante da natureza, a qual pode ser utilizada em
momentos de tensão e stress.
Neste sentido, recomendar que os participantes se coloquem
de forma confortável (sentados ou deitados) e posicionem uma
mão sobre o abdómen junto ao umbigo (barriga) e outra sobre
o tórax. Pede-se que respirem naturalmente, inspirando pelo
nariz e expirando pela boca, e percebam qual das duas mãos se
movimenta mais, quando inspiram e expiram.
De seguida, sugerir que observem atentamente o espaço
envolvente e fechem os olhos, permanecendo em silêncio.
Recomendar que se concentrem na sua respiração e inspirem até
encherem progressivamente, de forma lenta e suave (contando
até três), os pulmões de ar e até sentirem que o abdómen fica
expandido (quando inspiram, a barriga vai para fora e a mão vai
para cima). Pede-se que retenham o ar por dois segundos e o
libertem, expirando gradualmente e mais lentamente do que
inspiraram. Durante este momento, ir apresentando, num tom de
voz suave, verbalizações de tranquilização: “Sintam-se calmas,
relaxadas”, “sintam-se leves”, “como é sereno este momento!”.
Por fim, finalizar este momento explicando que esta é uma
ferramenta que cada participante pode utilizar nos momentos
de maior tensão, em qualquer lugar, e que pode ajudá-los a
sentirem-se melhor e a responderem de forma menos tensa
face a algumas experiências adversas.
Sucessão natural
:::: importância de abertura a novas experiências
Fotossíntese
:::: sensação de tranquilidade, serenidade e de renovação de
energias
:::: paz interior: uma sensação positiva e madura de saber que o
mundo gira no sentido certo
ATIVIDADE
9 | ANIMALIA
ATIVIDADE
10 | ARCA DE EMOÇÕES
TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Lúdico-pedagógica
DURAÇÃO | 15 minutos
TIPOLOGIA DA ATIVIDADE | Narrativa
DURAÇÃO | 30 minutos
OBJETIVOS
• Dividir o grupo em diferentes equipas/subgrupos;
• Proporcionar o sentido de coesão do grupo, criando
momentos de interação positiva;
• Desenvolver um sentido de identificação e pertença à
equipa, estabelecendo-se a identidade do grupo.
OBJETIVOS
• Potenciar o estabelecimento de relações sociais,
desenvolvendo o sentido de coesão e vinculação
grupal;
• Dar “voz” a cada participante sobre a sua contribuição
individual, promovendo a reflexão e a sistematização
das aprendizagens e dos melhores momentos do dia.
MATERIAL/RECURSOS
Vendas para os olhos
MATERIAL/RECURSOS
Folhas de registo | Lápis
:::: DESCRIÇÃO ::::
:::: DESCRIÇÃO ::::
Introduzir a atividade indicando que existem sons de animais
bastante conhecidos. Com o grupo disposto em roda, e após
os participantes terem os olhos vendados, sussurrar ao ouvido
de cada um o nome de um animal (por exemplo: cão, lobo,
gato, sapo, coruja, cuco). Seguidamente, cada participante é
desafiado a imitar os sons do animal que lhe for atribuído e
a encontrar os respetivos animais da sua espécie, criando-se
assim as diferentes equipas.
No término de um dia de atividades, realizar um briefing dos
momentos-chave, evocando nos participantes memórias
de experiências positivas e de bem-estar ao longo desse dia.
Pretende-se que esta atividade não só se torne uma atividade
reflexão conjunta, como também um momento de introspeção
individual. Durante esta reflexão, sugerir a cada participante que
observe a natureza em redor e descreva, numa folha de registo
(por exemplo: um caderno/diário), aquilo que aprendeu ou que
fez de diferente nesse dia. A fim de assinalar o caráter especial e
peculiar do dia, entregar, a cada participante, um objeto simbólico
relacionado com a temática explorada, realizando um discurso
construtivo acerca da harmonia e coesão do grupo, que ressalve
a importância do contributo individual de cada participante para
o desenvolvimento positivo do dia (ex.: “este dia só fez sentido
com os vossos contributos”).
Forma de comunicação intraespecíficas
:::: sentido de identificação
:::: sentimento de pertença
:::: identidade do grupo
Ciclos naturais e as diferentes estações do ano
:::: capacidade de observação e introspeção
:::: reconhecimento das mudanças positivas
:::: valorização da passagem do tempo e do desenvolvimento
pessoal
23
ANEXOS
1 | RODA DO PODER E
CONTROLO
2 | PERSPETIVA HISTÓRICA
Violência Doméstica
3 | CONSTRUÇÃO DE
PAPAGAIOS
Papagaios ao Vento
4 | LISTAGEM DE MATERIAL
Eco PeddyPaper
5 | EXEMPLOS DE PAM
Plantas com Sabores
6 | RECEITAS COM PAM
Plantas com Sabores
ANEXO 1 | RODA
DO PODER E
CONTROLO
FIGURA A | Roda do Poder e Controlo.
(adaptado de Domestic Abuse Intervention Project, http://www.theduluthmodel.org)
25
ANEXO 2 |
PERSPETIVA
HISTÓRICA
Violência Doméstica
ANEXO 3 |
CONSTRUÇÃO
DE PAPAGAIOS
Papagaios ao Vento
MATERIAL
1 cana (50cm de comprimento) | 1 cana (60cm de comprimento)
Papel de seda de várias cores | Corda de algodão (1m30) | Fio de
nylon (1 carreto com 100m) | Cola
ANEXO 4 |
LISTAGEM DE
MATERIAL
Eco PeddyPaper
Detetive de animais
Pegadas e fotografias de animais
Caixa com excrementos e vestígios (ex.: pinha roída)
INSTRUÇÕES
Bilhete de identidade
Nomes comuns e científicos de plantas e respetivas fotografias
(selecionar em flora-on.pt)
1. Colocar uma cana em cima da outra, formando uma cruz e
atando-as com um bocado de fio de nylon, obtendo a armação
do papagaio. (As canas funcionam como diagonais do papagaio
e, por isso, devem ser perpendiculares);
Banda sonora
Alguns animais a imitar: Cão, Gato, Coelho, Lobo, Morcego, Cuco,
Galinha, Peru, Gaivota, Cobra, Lagarto, Tartaruga, Sapo, Abelha,
Rã, Borboleta, Minhoca
2. Depois da armação preparada, forrar o papagaio com o papel
de seda, que se pode decorar com várias cores e/ou desenhos;
3. Atar a corda de algodão numa das pontas da cana mais
comprida;
Instrumentos “naturais”
Paus de gelado | Caixas de fósforos vazias | Elásticos
4. Depois, decorar a corda, atando com o fio laços de papel de
seda de várias cores;
5. Cortar quatro pedaços de fio de nylon com 50 cm e atar cada
um desses pedaços a cada uma das pontas da cana;
6. Com os quatro fios fazer um nó, que deve atar ao resto do fio
de nylon do carreto.
Outras sugestões: Utilizar materiais de recuperação tais como:
um saco de lixo, uma toalha de papel, estacas em bambu,
pauzinhos chineses, uma corda para estender a roupa em nylon...
O fundamental é que a estrutura do papagaio se mantenha
suficientemente leve de modo a poder voar corretamente.
(Imagem ilustrativa de um gri-gri)
Floresta encaixada
Imagem de uma floresta
Outra imagem alterada
27
ANEXO 5 |
EXEMPLOS DE
PAM
Plantas com Sabores
Alecrim | Rosmarinus officinalis
Curiosidades: Na Grécia Antiga, era usado sobre a cabeça dos
habitantes, para melhorar a memória; é considerado a erva da
recordação, da amizade e do amor.
Culinária: Combinar com ovos, queijo, peixe, carnes de caça,
abóbora, tomate, cogumelos, ananás.
Algumas propriedades medicinais: Tratamento de doenças
dispépticas, reumatismo e problemas circulatórios. Estimulante
do couro cabeludo, é usado em dermatites seborreicas (caspa)
e outros problemas de pele.
Camomila | Chamaemelum nobile
Curiosidades: Deriva da palavra grega “chamoemelon”, que
significa “maça da terra” descrevendo o aroma terroso, doce e
levemente ácido da camomila.
Culinária: Usada em licores e em infusões.
Algumas propriedades medicinais: Relaxante dos sistema
nervoso e digestivo. Combate cólicas menstruais e digestivas.
Podem utilizar-se as flores na água do banho dos bebés para
relaxar e aliviar problemas de pele.
Canela | Cinnamomum zeylanicum
Curiosidades: É considerada como uma das espécies mais
antigas conhecidas pela humanidade; A canela é a especiaria
obtida da parte interna da casca do tronco da caneleira.
Culinária: Usada como condimento e aromatizante e na
preparação de certos tipos de chocolates e licores.
Algumas propriedades medicinais: Para refrescar a
respiração, é usada como um condimento de pasta de dentes.
Em forma de lavagem, previne e cura infecções fungosas
como o pé-de-atleta. É muito usada também como óleo de
massagem.
Cebolinho | Allium schoenoprasum
Curiosidades: Pertence ao mesmo género da cebola (Allium
cepa), do alho (Allium sativum), e do alho-francês (Allium
porrum).
Culinária: Combinar com peixe, queijo, marisco, iogurte,
tubérculos, alface, abacate.
Algumas propriedades medicinais: Melhora a qualidade do
sono, o movimento muscular, a aprendizagem e a memória.
Um bom aliado contra a depressão.
Hortelãs | Mentha sp.
Curiosidades: As mentas possuem uma grande afinidade
genética, originando uma enorme variedade de hortelãs.
Culinária: Combinar com queijo, peixe, carne de porco, carnes
brancas, curgete, beringela, ervilhas, cereais, iogurte, frutos
vermelhos, pepino.
Algumas propriedades medicinais: Uso aprovado nas más
digestões e enfartamentos. Tem ação espasmódica e elimina
dores do estômago e do intestino.
Manjericão | Ocimum basilicum
Curiosidades: Pertence ao mesmo género do popular
manjerico (Ocimum minimum).
Culinária: Combinar com ovos, queijo, tubérculos, tomate,
beringuela, azeitonas, massa, frutos vermelhos.
Algumas propriedades medicinais: É antiespasmódico,
digestivo, diurético e carminativo (eficaz no controle de
gases).
Orégãos | Origanum vulgare
Curiosidades: Na Grécia Antiga, era usado para fazer vinhos
aromáticos e considerada a erva da felicidade.
Culinária: Combinar com queijo, carnes brancas, peixe, ovos,
cogumelos, tomate, tubérculos, pimento.
Algumas propriedades medicinais: Aliviam a flatulência,
diarreias e dores de estômago. Aumentam o apetite e
atenuam a menstruação dolorosa. Tem ainda propriedades
antibacterianas e desinfectantes.
Salsa | Petroselinum crispum
Curiosidades: Era usada nos banquetes Romanos, para
prevenir a embriaguez; popularmente, é usada para tirar o
mau hálito devido ao consumo de alho.
Culinária: Combinar com ovos, peixe, marisco, limão,
leguminosas, cogumelos, legumes, arroz.
Algumas propriedades medicinais: Está aprovada como
diurética, em infecções do aparelho urinário e na prevenção
e tratamento de cálculos renais. Alivia a flatulência e as dores
menstruais dolorosas. Tem também ações antioxidante e
expectorante.
Stévia | Stevia sp.
Curiosidades: A planta Stevia é um adoçante natural com
baixo valor calórico.
Culinária: Usada para adocicar, como substituto do açúcar.
Algumas propriedades medicinais: É considerada como
hipoglicémica, hipotensiva, diurética, cardiotónica e tónica.
As folhas são utilizadas em casos de diabetes, de obesidade,
de cárie dentária, de hipertensão, de fadiga, de depressão, de
dependência do açúcar e de infeções.
Tomilho | Thymus vulgaris
Curiosidades: na Idade Média, representava a coragem. Para
fortalecer o espírito dos amados que partiam para as Cruzadas,
as mulheres ofereciam-lhes lenços bordados com um raminho
de tomilho.
Culinária: Combinar com carne, cogumelos, tubérculos,
tomate, cebolas, couve.
Algumas propriedades medicinais: O óleo essencial usase, externamente, nas infecções cutâneas e das mucosas,
estomatites, sinusites, rinites, otites e dores reumáticas. Está
ainda aprovado para a bronquite e tosse. Usa-se também para
aliviar desconfortos abdominais.
ANEXO 6 |
RECEITAS COM
PAM
Plantas com Sabores
Manteiga de Ervas
Ingredientes: Manteiga sem Sal | Alecrim, Tomilho, Salsa (ou
outras ervas, a gosto!) | Sal q.b. | Tostas
Utensílios: Taça, Colher, Faca, Tabuleiro, Filme PVC
Preparação: Amassar a manteiga e acrescentar as ervas
picadas!; Se necessário, adicionar sal a gosto; Colocar a
manteiga no formato de um tubo e embrulhar com filme de
plástico PVC; Consumir de imediato, servido em tostas.
Outras sugestões: Utilizar o mesmo processo usando queijo
para barrar; Guardar o produto final no frigorífico até duas
semanas ou no congelador até 3 meses.
Cebolinho para barrar
Ingredientes: Cebolinho | 1 Lata de Atum em azeite | Maionese |
Sal e pimenta q.b. | Tostas
Utensílios: Taça, Colher, Garfo, Faca, Tabuleiro, Tigela para
servir
Preparação: Escorrer o atum e misturar com a maionese,
metade do cebolinho picado, sal e pimenta; Colocar numa tigela
para servir e polvilhar com o cebolinho restante; Servir com
tostas.
Espetadas especiais
Ingredientes: Raminhos de Alecrim | Queijo mozzarella | 1 Lata
de Ananás | Azeite e Orégãos q.b.
Utensílios: Grelhador, Faca, Tabuleiro, Travessa para servir
Preparação: Grelhar o ananás cortado ao cubos; Limpar os
raminhos de alecrim, de forma a possibilitar as espetadas;
Espetar num raminho, uma bola de mozzarella seguido do
ananás (repetir para os outros raminhos); Regar com um fio de
azeite, polvilhar com orégãos secos e servir!
Refresco de verão
Ingredientes: Folhas de Stévia (ou açúcar) e de Hortelã | 1
Melancia | 2 Limas | Gelo q.b.
Utensílios: Misturadora, Faca, Colher, Tabuleiro, Caneca e copos
para servir
Preparação: Misturar uma melancia cortada em cubos
pequenos, sumo de 2 limas, 1-2 folhas de stévia frescas;
Decorar e aromatizar com folhas de hortelã; Servir fresco!
Infusão relaxante
Ingredientes: Flores secas de Camomila | Água
Utensílios: Fervedor ou Chaleira, Caneca e chávenas para servir
Preparação: Ferver a água e verte-la sob as flores secas; Tapar
e deixar em infusão por 10 minutos;
Adocicar e decorar a gosto.
Infusão de hortelã
Ingredientes: Folhas de Stévia (ou açúcar) e de Hortelãpimenta | Água
Utensílios: Fervedor ou Chaleira, Caneca e chávenas para servir
Preparação: Ferver a água e verte-la sob as ervas; Tapar e
deixar em infusão por 5 minutos; Adocicar com 1-2 folha de
stévia fresca, decorar a gosto e servir.
Requeijão à Sobremesa
Ingredientes: Requeijão | Manjericão | Açúcar e Canela q.b.
Utensílios: Taça, Garfo, Faca, Tabuleiro, Tigela para servir
Preparação: Com um garfo, esmagar o requeijão; Adicionar o
manjericão finamente picado; Polvilhar a mistura com açúcar e
canela, a gosto; Servir como sobremesa.
Outras sugestões: Adicionar morangos cortados aos cubos!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Gabinete do Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna.
Relatórios Anuais de Segurança Interna (Anos 2014, 2013, 2012, 2011,
2010). Ministério da Administração Interna. Lisboa.
Matos, M. & Machado, A. (2011). Violência Doméstica: Intervenção em
grupo com mulheres vítimas. Manual para profissionais. Lisboa: Comissão
para a Cidadania e Igualdade do Género.
Lisboa, M. (coord.); Z. Barroso, Patrício, J., & Leandro, A. (2009), Violência
e Género. Inquérito Nacional sobre a Violência exercida contra Mulheres e
Homens, Lisboa, Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
Millennium Ecosystem Assessment. 2005. Ecosystems and Human WellBeing: Synthesis. Washington, Island Press, 137p.
Matos, M. (2006). Violência nas relações de intimidade : estudo sobre
a mudança psicoterapêutica na mulher. Tese de Doutoramento em
Psicologia. Acedida em 02 de março de 2015 em http://repositorium.
sdum.uminho.pt/handle/1822/5735;
Machado, C. & Gonçalves, R. A. (2003). Violência e Vítimas de Crimes, vol.
1 – Adultos. Coimbra: Quarteto
Matos, M. (2011). Avaliação Psicológica de Vítimas de Violência Doméstica.
In M. Matos, R. A. Gonçalves, & C. Machado (Coords.)
Manual de Psicologia Forense: Contextos, práticas e desafios (pp. 175197). Braga: Psiquilíbrios.
National Center for Victims of Crime [NCVC] (2009). How to start and
facilitate a support group for victims of stalking [Online]. Disponível
em: http://www.victimsofcrime.org/docs/src/support-group-guide.
pdf?sfvrsn=2
Organização Mundial de Saúde [OMS] (2014, novembro). Violence against
women: Intimate partner and sexual violence against women [Online].
Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs239/en/
Ordem dos Psicólogos Portugueses [OPP] (2011, abril). Código
Deontológico [Online]. Disponível em: https://www.ordemdospsicologos.
pt/ficheiros/documentos/caodigo_deontolaogico.pdf
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