49 jogadores 01

Transcrição

49 jogadores 01
49 JOGADORES 01
EDITORIAL
Televisão
e direitos televisivos
“Não nos iludamos: a dignidade da profissão de futebolista depende
de todos. De ti também. Não fiques de fora da nossa equipa”
Por boas e más razões nunca se falou tanto de televisão em
Portugal. A privatização da RTP, a centralização dos direitos
desportivos, os canais dos clubes ou os novos projectos
televisivos no âmbito do desporto alimentam o assunto.
O jogo está no início e será renhido. Prognósticos só no fim!
Bruno Teixeira
Joaquim Evangelista
Presidente do SJPF
Áreas de Intervenção
Assessoria Jurídica e Fiscal
Formação e Qualificação Profissional
Protecção Social e Seguros
Defesa da Saúde
Fundo de Garantia Salarial
Fundo de Solidariedade Social
Estágio do Jogador
Football Jobs - O Portal do Emprego
Futebol Feminino, Futsal e Futebol de Praia
Acordos e Benefícios
02 JOGADORES 49
Joaquim Evangelista | Presidente da Direcção
Canal A Bola TV
Num período particularmente difícil, A Bola
ousou arrancar com o seu projecto televisivo.
Cumpre registar a iniciativa e endereçar os
maiores sucessos. O projecto é ambicioso
e percebe-se que quer fazer a diferença ao
nível dos conteúdos desportivos. Todos os dias
desfilam no canal A Bola TV quem intervém
directa e indirectamente no desporto português.
Para os que se queixam de que os canais
televisivos só se interessam pelo futebol espero
que tenham reencontrado a tranquilidade.
Fez-se justiça. A equipa de A Bola TV também
promete uma boa época. Liderados por João
Bonzinho, estes profissionais têm um capital
de experiência acumulado que dá garantias.
É verdade que jogar em “pelado” é diferente
de jogar em “relvado” mas estes profissionais
depressa se habituarão. A todos, em meu
nome pessoal e na qualidade de presidente da
Ronaldo
centenário
Aos 27 anos atingiu as 100
internacionalizações. Parabéns!
Venham mais 100.
direcção do Sindicato, deixo votos sinceros de
sucesso.
Bola ao Centro
Este programa, que vai para o ar às quintasfeiras à noite, pretende, com tempo, abordar
os grandes temas do desporto. Conduzido por
Vítor Serpa e José Manuel Delgado (dispensam
apresentações) tem tudo para ser uma
referência no canal. O primeiro programa além
de juntar o presidente da Federação (Fernando
Gomes), da Liga (Mário Figueiredo) e do
Sindicato (Joaquim Evangelista), momento raro
em televisão, debateu o estado actual do futebol.
O tema central foi a situação económica mas
os direitos televisivos, atenta a queixa da Liga
na Autoridade para a Concorrência, estiveram
em destaque. Notória foi a defesa que cada um
fez da sua instituição e dos seus pontos de vista
mas, apesar das divergências, constata-se que
Bracali
um exemplo para a classe
Nesta edição, Bracali revela a
importância da classe se unir e
lutar pelos seus direitos. A ler.
é possível concertar posições. O Bola ao Centro
cumpriu o seu dever de informar juntando os
protagonistas. Cabe-lhes agora a eles, na defesa
do futebol e do desporto português, conciliar
posições e mobilizar os agentes desportivos.
Direitos Televisivos
Discute-se a centralização dos direitos
televisivos e as suas consequências. Há quem
augure receitas astronómicas e anuncie, por
esta via, o fim de todos os problemas do futebol.
Oxalá. Eu, independentemente do modelo
adoptado e do seu sucesso, estou convencido
de que só com uma mudança cultural,
nomeadamente ao nível da disciplina financeira,
será possível resolver a maioria dos problemas
com sucesso. Atacar o actual operador numa
atitude ad homminem ou dar mais dinheiro a
quem é irresponsável, salvo melhor opinião, não
são solução.
Besiktas vs Quaresma
Não pode valer tudo
O tratamento de que Quaresma
está a ser alvo é vergonhoso. O
SJPF está solidário com o jogador.
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memória
Bruno Teixeira/SJPF
ASF — Agência de Serviços Fotográficos — [email protected] | Imagens que fazem história
Edição e propriedade
SJPF, Rua Nova do Almada, nº 11
3º Drt., 1200-288 Lisboa
www.sjpf.pt | [email protected]
T: 213 219 590 | f: 213 431 061
Director
Dossier:
Portugueses lá fora
P.14
Congresso anual
FIFPro
P.26
Jovens Talentos:
David Simão e Ricardo Esgaio
P.44
As Nossas Internacionais:
Neide Simões
P.46
Prémios
Liga Zon Sagres | II Liga
P.34
Joaquim Evangelista
Director adjunto
Vitor Crisóstomo
Redacção
Gabinete de Comunicação
Artur Jorge
Design
Gabinete de Comunicação
Paginação
Bruno Teixeira
Fotografia
Bruno Teixeira, Stephane Saint Raymond,
ASF, Lusa
Colaboradores
Gustavo Pires, João Lobão,
José Neto e Manuel Sérgio
Impressão
Locape
Tiragem
2000 Exemplares
Dep. Legal 256825/07
3 Editorial 4 Índice 5 Memória: Artur Jorge 6 Zoom: Bola ao Centro
08 Entrevista: Bracali 14 Dossier: Portugueses lá fora 22 Notícias
24 Gabinete Jurídico 26 Congresso anual FIFPro 38 Who’s Who: Carlos Pandolfi
30 Prémios 34 Estudos vs Profissão: Tarantini (Rio Ave)
36 O Capitão: Alex (V. Guimarães) 38 Área Técnica: Marco Silva (Estoril)
40 Apito: João Ferreira 42 Selecção: Mundial 2014 43 Opinião: Gustavo Pires
44 Jovens Talentos: David Simão e Ricardo Esgaio
46 As Nossas Internacionais: Neide Simões 48 Onze Remates: Fredy e Vítor Moreno
50 Opinião: Manuel Sérgio 51 Clipping 52 Glórias: Augusto Inácio
52 Lazer: Relógios e Jogos 57 O Meu Estádio: Restelo 58 Regresso à Infância: Paulo Madeira
membro
O MEU ESTÁDIO: Restelo P.57
LAZER: PES 2013 P.52
Assinatura de
compromisso com
a Académica na
presença da direcção
do clube e do
colaborador do jornal
A Bola em Coimbra.
Abril de 1968.
Figura incontornável do futebol português, Artur Jorge já desempenhou as mais variadas
funções. Por exemplo, fundou um clube (Centro Académico Futebol Clube), foi jogador
profissional, treinador, seleccionador nacional e presidente do Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol.
Fez a sua formação desportiva no FC Porto e já como sénior solicitou a transferência para
a Académica de Coimbra. E ali, na cidade dos estudantes, iniciou a sua ascensão como
futebolista profissional sem descurar os estudos. Licenciou-se em Germânicas. Mais um bom
exemplo de que é possível conciliar a universidade com a carreira de futebolista profissional.
Fotografia de capa: Bruno Teixeira/SJPF
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zoom
Bola ao Centro.
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa
de Futebol, e Mário Figueiredo, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, debateram o estado do futebol português no programa Bola
ao Centro, de A Bola TV. No programa que foi moderado por Vítor Serpa e José Manuel Delgado, respectivamente director e sub-director de A Bola,
Joaquim Evangelista, além de felicitar o jornal pelo lançamento do canal televisivo, reforçou três ideias fortes: o respeito pelos contratos, a aposta
desportiva nos jovens jogadores e o apoio aos jogadores que atravessam dificuldades.
André Alves/ASF
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ENTREVISTA
BRACALI
Rafael Bracali, 31 anos, chegou a Portugal em 2006 para defender as cores do Nacional.
Após cinco anos na Madeira transferiu-se para o FC Porto e esta época foi cedido por empréstimo ao Olhanense.
Conheça a visão de um jogador estrangeiro sobre a classe e o futebol português.
Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: Bruno Teixeira/SJPF
08 JOGADORES 49
Como é que surgiu o seu gosto pela baliza?
Eu sempre joguei futebol sem ser à baliza.
Jogava a trinco e a pivot no futsal. O meu pai
foi guarda-redes até aos 38 anos e sempre
me disse para não jogar à baliza. Na minha
adolescência joguei em alguns clubes amadores
e no Paulista, o clube onde comecei como
guarda-redes. Mas não foi fácil. Chumbei nos
treinos de captação do Paulista como jogador
de campo e continuei a jogar futsal e nos clubes
amadores e quando estava a terminar o 12.º ano
e o meu pai perguntou-me: ‘queres jogar futebol
ou continuar os estudos?’. Eu disse que queria
jogar futebol e ele perguntou-me se eu queria
ser guarda-redes porque ele era o treinador
de guarda-redes da equipa sénior do Paulista.
Treinei com o meu pai durante três meses e
comecei a gostar do lugar. Então fui fazer testes
ao Paulista como guarda-redes e fiquei. Tinha 16
anos. Lá encontrei o Artur [actual guarda-redes
do Benfica]. Fiquei no Paulista até aos 24 anos.
regressei ao Paulista, que jogava a Taça dos
Libertadores, e seis meses depois, após o
Mundial de 2006, vim para o Nacional da
Madeira.
E como foi o seu percurso?
Em 2005, ganhei a Copa do Brasil pelo Paulista
e fui emprestado ao Juventude que estava a
disputar Brasileirão. Após este empréstimo
deixava de pagar e era uma confusão. Tínhamos
de rescindir ou ficávamos a treinar à parte. O
jogador não era tão protegido como por exemplo
o sindicato português protege os seus jogadores
O que o levou a sair do Brasil e a optar por
Portugal?
O meu contrato com o Paulista estava a acabar
e eu não queria renovar. Estava a atravessar
uma boa fase e apareceu o Nacional com uma
proposta de um contrato de cinco anos. Na
altura, no Brasil, os contratos eram de um ou
dois anos. Quando se fazia um contrato mais
longo e o jogador passava a jogar pior, o clube
“
Quando as coisas
estão mal no balneário isso
reflecte-se no campo
”
em Portugal. Então fiz um balanço da minha
carreira. Cinco anos de contrato, na Europa, em
Portugal, uma selecção semifinalista do Mundial
de 2006, Scolari como seleccionador nacional, o
Nacional ia jogar as eliminatórias da Taça UEFA...
tudo isso fez com que eu aceitasse a proposta
do Nacional.
Conhecia alguma coisa do Nacional da
Madeira?
Muito pouco. No Brasil não passava o
campeonato português e como se costuma dizer
o que não é visto não é lembrado. Na verdade
fui para o Nacional pelo meu instinto. De que
ali poderia haver uma progressão. Mas na
verdade só tive a noção de qual era a realidade
do Nacional e do futebol português quando cá
cheguei. E aí constatei que não era exactamente
aquilo que eu imaginava.
Como assim?
O Brasil tem muitos clubes mas é muito mais
equilibrado. Quando cheguei a Portugal vi que
não ia jogar por um campeonato, que era quase
proibido dizer que tínhamos hipóteses de ser
campeões, que era visto como uma espécie de
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ENTREVISTA
anedota ou piada. A própria cultura é diferente,
empatar com o FC Porto já era espectacular. No
Brasil é diferente. Mesmo num clube pequeno
queremos sempre ganhar, não interessa o
adversário. Vi que em Portugal a cultura era
outra. Havia ainda uma mistura de raças:
brasileiros, portugueses, africanos, do leste da
Europa... Era diferente. Na verdade quem tinha
de se adaptar era eu e não o contrário.
A adaptação foi difícil?
O meu primeiro ano foi difícil. Não por não ter
jogado mas porque o guarda-redes tem um
treino específico e em Portugal era diferente
ao que eu estava acostumado. Treinava menos
e pensava: ‘Será que vou conseguir jogar ao
meu mais alto nível a treinar tão pouco?’. Já
o resto foi fácil. O clima, a alimentação, os
madeirenses... Eu imaginava que a integração
seria mais difícil mas o mais complicado foi
a parte desportiva. Pensava que ia jogar num
clube que estaria sempre entre os primeiros e
até imaginava que iria lutar pelo título. Foi pura
falta de informação. Bastava consultar a história
do futebol português para alterar esta visão.
Para um jogador que chega do Brasil e que teve
a oportunidade, como eu tive, de ganhar um
título importante, mexe connosco. Mesmo a Taça
de Portugal é pouco. Não sou o Buffon ou o Júlio
César mas tenho ambição, quero ir o mais longe
possível e ganhar títulos.
Veio sozinho ou acompanhado pela família?
Acompanhado pela família. A família representa
a base e o equilíbrio de um atleta até porque
vivemos longe de todos os restantes familiares.
Por vezes, quando chegas a casa depois de um
treino e vens de cabeça quente é a tua mulher
que te acalma e te mostra a luz da razão.
O facto de existir uma grande comunidade
de jogadores brasileiros em Portugal ajuda
a minimizar as saudades de casa?
Sim, ajuda na integração. Na Madeira criei
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amizades com brasileiros dos outros clubes da
ilha. Acabamos por nos ajudar uns aos outros, até
a nível financeiro.
Por causa dos salários em atraso?
Sim. Está-se fora do país, muitas vezes pela
primeira vez, o empresário falou isto e aquilo e o
jogador vem cheio de ilusão e depois de repente
começam os problemas. Surgem os salários em
atraso e o que o jogador ganha não chega para
poupar e estar sem receber. O jogador liga para
o empresário e este já não atende o telefone... Na
Madeira, como havia muitos brasileiros, era mais
fácil ter um suporte.
Que balanço faz da sua passagem pelo
Nacional da Madeira?
Foi bastante positivo. Conseguimos um quarto
lugar, alcançámos o maior número de pontos na
história do clube e no ano seguinte entrámos pela
primeira vez na fase de grupos da Liga Europa.
Transferiu-se do Nacional para o FC Porto.
Foi o reconhecimento das suas qualidades?
Penso que sim. Cheguei ao FC Porto aos 30 anos
e o FC Porto dificilmente contrata um jogador
com essa idade. Acabei o contrato com o Nacional
e tive a oportunidade de assinar pelo FC Porto.
Não pensei duas vezes. O FC Porto é o maior clube
de Portugal. Até hoje acho que tenho uma carreira
vencedora. Nós já somos vencedores porque
quase todos querem ser jogadores profissionais
de futebol e só uma pequena parte o consegue
e quando há quem reclame a dizer que não teve
oportunidade de jogar e não sei o quê... Todos
têm a sua oportunidade se trabalhar. Em todos
os clubes por onde passe consegui sempre fazer
uma coisinha que entrasse na história. É a minoria
que ganha milhões. Chegar ao FC Porto foi o
reconhecimento do meu trajecto.
Como encara a cedência ao Olhanense?
Com naturalidade. Não joguei muito o ano
passado. Por incrível que pareça valoriza-se
menos um segundo guarda-redes de um clube
grande do que um que esteja a jogar num
clube menor. O Helton não me deixou jogar
mais. Queria e sabia que tinha condições para
vencer no FC Porto mas a partir do momento
que optaram por contratar outro guarda-redes
é seguir em frente, a vida continua. Custa sair
do FC Porto após só lá ter estado um ano mas
já tenho a cabeça no Olhanense. Fui muito bem
recebido, é um clube organizado, tem um bom
staff técnico e um bom grupo de jogadores. Tem
tudo para fazer um campeonato tranquilo.
“
O jogador é egoísta.
Todos falam mas na hora
de ‘botar a cara’
ninguém assume
”
Esta é a sua sétima época em Portugal. O
que é que mudou, se mudou alguma coisa,
no futebol português?
Acho que piorou. Saíram muitos jogadores
para campeonatos como os da Roménia, do
Irão ou de Chipre. Como plano de carreira
talvez não seja tão bom mas deve compensar
financeiramente. Penso que é um sinal de que
em Portugal, principalmente os clubes menores,
não estão a conseguir oferecer bons contratos
e assim a conservar os melhores jogadores.
Comparativamente com a época em que cheguei
a Portugal, hoje há um maior desequilíbrio entre
os grandes e os pequenos clubes. O fosso é
maior e a competitividade baixa. Na sua maioria,
os jogadores contratados são também de nível
inferior. Depois a crise que o País atravessa
também ajuda as pessoas a afastarem-se do
futebol.
O jogador, sendo o protagonista do futebol,
é muitas vezes o elo mais fraco. Como
justifica isso?
Porque o jogador só pensa nele próprio. Se ele
está bem não quer saber dos outros. O jogador
é egoísta. A solução passa pelo jogador, pela
classe. Um, dois, dez jogadores sozinhos não
conseguem mudar nada. Todos falam mas na
hora de “botar a cara” vai fazê-lo sozinho porque
os outros não vão estar com ele.
É imperiosa uma mudança de
mentalidades?
Sem dúvida. Se não se fizer nada não adianta
reclamar.
Os salários em atraso no futebol é um tema
que o preocupa?
Sim.
Alguma vez passou por essa situação?
Graças a Deus não. Tive a sorte de trabalhar em
clubes cumpridores. Nunca saí de nenhum clube
deixando dinheiro para trás. Sempre lutei pelos
meus direitos.
Como é possível superar o problema dos
salários em atraso?
Só se os jogadores se unirem. Por exemplo,
chega o final da temporada e o jogador tem três
meses para receber e aí o clube diz para fazer
um acordo. Não tem que ter acordo, a verba
é do jogador por direito. O clube paga o que
deve e o jogador vai embora. Se atrasar uma
ou duas semanas não há problema, o jogador
entende, agora quando são meses a situação
começa a arrastar-se. Nem todos os jogadores
ganham milhões. O dinheiro que ele ganha dá
para um mês e pouco mais. Se os jogadores não
se unirem, não tentarem mudar a situação... É
inexplicável que clubes com processos na Justiça
tenham estes comportamentos. Isto sucede
durante anos e anos. É preferível acabar com
estes clubes. Se não têm como pagar fechem as
portas. Se é para enganar o jogador, é preferível
49 JOGADORES 11
ENTREVISTA
que o jogador procure um novo caminho, que
tenha tempo para estudar. A realidade é dura
mas é preferível. Temos um sonho que é jogar
futebol mas chegar a um clube e não receber, ir
para outro e outra vez não receber não pode ser.
É preciso mudar e isto só é possível com alguma
atitude dos jogadores, da classe, dos treinadores...
O Sindicato tem estado na primeira linha do
combate a este fenómeno. Como vê o papel
do Sindicato?
Está interventivo e participativo. Claro que o
Sindicato não vai conseguir pagar o salário em
atraso, nem tem essa obrigação, de todos os
jogadores. Tem sim o direito de proteger, informar
e defender o atleta em relação aos seus direitos.
Claro que para os clubes o Sindicato pode ser uma
ameaça mas esta só será real se os clubes não
cumprirem. Para o Sindicato ser cada vez mais
forte é preciso que os jogadores se tornem sócios.
“
Lucho Gonzalez é um
exemplo perfeito do que
deve ser um capitão
”
A maioria dos jogadores brasileiros
em Portugal são sócios do Sindicato.
Surpreendido?
Eu quando sai do Brasil já era sócio do sindicato
brasileiro mas no Brasil a maioria dos jogadores só
procura o sindicato quando tem salários em atraso.
Agora quando vêm para Portugal geralmente tornamse sócios do Sindicato. É uma espécie de garantia.
Eles pensam: ‘Vou sair do Brasil, vou para Portugal
e não vou receber? Quem é que me pode ajudar? O
sindicato.’ Acho que o jogador brasileiro é um pouco
mais destemido do que o português. É algo cultural,
não tem medo de lutar pelos seus direitos.
12 JOGADORES 49
Já precisou do Sindicato em Portugal?
Correspondeu às suas expectativas?
Já para esclarecer-me sobre algumas situações
contratuais e fui muito bem atendido. Não tenho
qualquer razão de queixa.
Aconselha os seus colegas a tornarem-se
sócios do Sindicato?
Digo-lhes sempre que não têm nada a perder,
antes pelo contrário. O valor da anuidade é
irrisório em comparação com a importância que
o Sindicato pode vir a ter na carreira de um
jogador. Tomara que o jogador nunca precise
do Sindicato, que tenha um empresário que o
oriente para que nunca tenha problemas com
os contratos ou os impostos, por exemplo. Eu
sindicalizei no ano em que cheguei.
Tem alguma referência como guardaredes?
Cláudio Taffarel.
Quem é o melhor guarda-redes a actuar em
Portugal?
Pelo seu percurso é o Helton (FC Porto). Logo
a seguir, o Rui Patrício (Sporting) e o Artur
(Benfica).
É importante que haja um treinador de
guarda-redes?
É vital. Quando cheguei a Portugal bati nessa
tecla vezes sem conta. Por detrás de um bom
Qual o papel do capitão na gestão
de um grupo?
O capitão deve ser escolhido pelo treinador. Deve
ser respeitado pelos colegas. Não é fácil ser capitão
de equipa. Não concordo com a eleição do capitão
devido à sua antiguidade no clube. Dos que conheci
até agora há um que é fenomenal: Lucho Gonzalez.
Ele é tranquilo, é respeitado pela sua forma de ser
e estar. Quando fala diz o que é preciso. Isso é um
capitão. Ajuda os colegas, incentiva-os, tem postura
de líder. Lucho Gonzalez é um exemplo perfeito do
que deve ser um capitão.
guarda-redes há sempre um bom treinador de
guarda-redes.
Já passou por balneários difíceis?
Já. Há treinadores que dizem que os jogadores
se podem odiar desde que dentro do campo
sejam amigos. Isto raramente resulta. Quando as
coisas estão mal no balneário isso reflecte-se no
campo. Hoje não é fácil encontrar um balneário
harmonioso. A responsabilidade para criar
um bom balneário está na mão dos próprios
jogadores e dos treinadores. É fundamental uma
boa gestão.
O maior frango que já sofreu?
Pelo Paulista contra o Avaí. A bola era fácil de
defender mas entrou. De repente tinha a claque do
Avaí a chamar-me frangueiro! Frangueiro! Não é
agradável mas faz parte da aprendizagem de um
guarda-redes.
No seu caso pessoal como reage quando
não é titular?
O jogador ficar chateado por não jogar mas tem
de continuar a trabalhar, a oportunidade, mais
cedo ou mais tarde, vai chegar. No Nacional
demorei ano e meio a atingir a titularidade mas
quando tive a oportunidade nunca mais larguei
a titularidade. Agarrei-a com as duas mãos. Já
perante o grupo é uma questão de carácter. Se o
jogador achar que é mais que o grupo então cria
mal-estar. Agora se respeitar os colegas tudo
corre bem.
Uma mensagem final para os jogadores
profissionais de futebol que estão a passar
dificuldades?
Se o jogador está com salários em atraso ou
lesionado não deve temer nada. Deve perguntar,
deve procurar quem o pode ajudar. Se já foi iludido
uma vez não seja novamente, pergunte, não
assine nada sem ler, sem que o Sindicato ou uma
pessoa da sua confiança o ajude. Quem está em
dificuldades deve procurar ajuda, falar com outros
jogadores, dar entrevistas e expôr o caso, não
tenha medo, pior não vai ficar.
Rafael Wihby Bracali
05-05-1981 (31 anos)
Naturalidade: Santos (São Paulo), Brasil
Posição: Guarda-redes
Camisola nº: 81
Clubes: Paulista, Juventude e Paulista (Brasil),
Nacional da Madeira, FC Porto e Olhanense
Títulos: Campeão Nacional da I Liga (2011/12),
Supertaça Cândido de Oliveira (2011), Copa do Brasil
(2005), Campeonato Brasileiro Série C (2001) e
Paulista A2 (2001)
49 JOGADORES 13
Jogadores
portugueses
lá fora
dossier
Quase todos
“obrigados”
a emigrar
Segundo dados recolhidos
pelo Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol (SJPF)
há 390 futebolistas portugueses
a actuarem esta época em
campeonatos fora de Portugal.
Para ser mais exacto, estão
espalhados por 33 países dos
mais variados continentes.
Com 70 atletas lusos, a liga
cipriota é quem acolhe mais
jogadores portugueses. Seguese a Suíça (35), Espanha (34),
Luxemburgo (32) e Angola (30).
14 JOGADORES 49
Existem igualmente casos de
campeonatos que apenas têm
um representante português
como são os casos do Chile
(Marcelo Paulino, nos sub19 do Colo-Colo), Finlândia
(Hugo Magalhães, no Oulu),
Cazaquistão (Fausto Lourenço,
no Atyrau), Liechtenstein
(Tobias Guerreiro, no Schaan),
Noruega (Nuno Marques, no
Notodden) e Estados Unidos da
América (Davide Viana, no Real
Salte Lake).
Cada vez mais, campeonatos de
pouca expressão como Bulgária,
China, Chipre ou Irão recebem
jogadores portugueses. E não
se pense que são só jovens
jogadores ainda à conquista do
seu espaço de afirmação. Nuno
Assis, Diogo Valente, João Vilela
ou Anselmo — todos com provas
na liga portuguesa — são apenas
alguns exemplos de jogadores
que esta temporada foram
“obrigados” a emigrar.
Ao contrário do que muitos
Textos: Vítor Crisóstomo | Fotografia: ASF, Lusa, SJPF
ainda pensam apenas uma
minoria dos jogadores a actuar
em Portugal aufere salários que
lhes permite enfrentar o futuro
confortavelmente. A maioria
ganha pouco – quando recebe –
tendo em conta a especificidade
da profissão.
A crise instalada em Portugal e
no futebol português levou-os, a
eles e a outros, a tomarem essa
atitude. Os sistemáticos salários
em atraso protagonizados por
muitos clubes portugueses
empurra os jogadores para
o estrangeiro e para o
desconhecido. Os jogadores
optam então entre o não ter nada
e o ter alguma coisa.
Porém, a “fuga” de Portugal
comporta riscos. Há jogadores
que são aliciados por melhores
condições contratuais e quando
chegam ao destino constatam
que foram enganados por
empresários ou dirigentes sem
escrúpulos. E passam novamente
pelo drama do incumprimento
salarial ou por contratos que
não condizem com o que foi
anteriormente estabelecido.
Gritante e grave é a contínua
falta de oportunidades para
os mais jovens. Tapados nos
planteis profissionais por excesso
de estrangeiros de qualidade
duvidosa não lhes resta outra
alternativa que não emigrar. Em
Portugal não jogam. Não lhes é
dado crédito, nem tempo, nem
oportunidades de mostrar a sua
valia.
A crise financeira que está
instalada poderia levar a crer
que os responsáveis dos clubes
e das SAD apostassem mais em
jogadores portugueses mas os
números mostram uma realidade
completamente diferente. Há cada
vez mais estrangeiros a jogar nos
campeonatos profissionais em
Portugal e é rara a equipa onde o
onze titular não seja constituído
maioritariamente por atletas
além-fronteiras. E para agravar
o cenário até os futebolistas
estrangeiros de maior qualidade
estão a fugir de Portugal. A perda
de competitividade financeira das
ligas portuguesas relativamente
a outros campeonatos de
menor expressão conduz ao
enfraquecimento qualitativo
em Portugal. Apostar forte na
formação e alterar a legislação
de forma a proteger o jogador
português é essencial para a
sobrevivência, com qualidade,
do futebol nacional. Dirigentes e
treinadores têm a palavra.
49 JOGADORES 15
Jogadores portugueses lá fora
ESPANHA
Almansa | João Moreira
At. Madrid | Sílvio | Tiago
Atético Baleares | Pedro Moutinho
Barcelona B | Agostinho Cá |
Edgar Ié | Luís Gustavo
Bétis | Nelson | Salvador Agra
Cartagena | Cristiano
Deportivo | André Santos | Bruno Gama
| Diogo Salomão | Nelson Oliveira | Pizzi
| Roderic | Tiago Pinto | Zé Castro
Espanhol | Rui Fonte | Simão Sabrosa
Maiorca | Nunes
Málaga | Duda | Eliseu
Ponferradina | Hélder Rosário
Real Madrid | Cristiano Ronaldo | Fábio
Coentrão | Pepe | Ricardo Carvalho
San Fernando | Éder Pereira
Sp. Gijon | Hugo Vieira
Valência | João Pereira | Ricardo Costa
Valladolid | Sereno
Zaragoza | Hélder Postiga
EUA
dossier
AEK Kouklia | Nuno Gomes
AEL Limassol | Carlitos | Dossa Junior |
Jorge Monteiro | José Embalo | Orlando Sá |
Paulo Sérgio | Rui Miguel | Aguinaldo
AEP | Cris | Hugo Sousa | Silas
Akritas Chiorakas | Miguel Herlein | Pipo |
Zé Eduardo
Alki Larnaca | Barge | Bernardo Vasconcelos
| Bruno Fernandes | Santamaria | Stélvio
Anagennisis | Bonifácio | Jorge Neves
Wesllem | Paulo Jorge
Anorthosis | Pedro Almeida | Helder Sousa |
Hélio Pinto | Mário Sérgio | Nuno Morais
Apollon Limassol | Toni | Bruno Vale |
Miguelito | Milton | Pedro Alves
Ayia Napa | Fabeta | Fausto Lúcio | Ginho |
Hugo Soares | Marquinhos | Ricardo Catchana
| Vitor Afonso
DOXA | Abel Pereira | Carlos André | Carlos
Marques | Castanheira |Ricardo Fernandes |
Tiago Conceição
ENP | Filipe Gui | Hugo Faria | Milhazes
Ermis Aradippou | Pedro Lopo
Ethnikos Achnas | António Oliveira | Marco
Paixão | Vítor Lima
Nea Salamis | Hélio Roque | Saavedra
Olympiakos Nicósia | Helder Castro |
Henrique | Pedro Duarte | Tiago Costa
Omonia | Bruno Aguiar | João Alves | João
Paulo | Marco Soares | Margaça | Nuno Assis
Omonia Aradippou | Combóio | Ludjero
Silveira
Onisilos | Gustavo Ribeiro
PAEEK | Jorge
16 JOGADORES 49
Eintracht Braunschweig | Marcel Correia
Halescher | Telmo Teixeira
Hannover 96 | Sérgio Pinto
Preuben Münster | Amaury Bischoff
Wolfsburgo | Vieirinha
TURQUIA
FINLÂNDIA
Lusitanos | Bruninho |
Bruno da Silva | Fernando Pereira |
Franclim Soares | Henrique Teixeira |
Hugo Veloso | Leonel Maciel | Luís Miguel
| Luís Pinto | Manuel Lázaro | Pedro Reis
| Rafael Brito | Samuel Martins
Santa Coloma | António Marinho |
Renato Mota
GRÉCIA
AEK | Furtado | Yago Fernandez
Anagennisi Giannitsa | Fábio
Aris Salónica | Nuno Coelho
Iraklis | Julien
Larissa | Zequinha
Olympiacos | Paulo Machado
Panachaiki | Jordão Diogo
Panathinaikos | Zeca | André Pinto
Veria | Zé Vitor
Xanthi | Dani
REINO UNIDO
Cercle Brugge | Rudy | William Carvalho
Royal Antuérpia | Bruno Carvalho
Standard Liège | Yohan Tavares
ANDORRA
Real Salt Lake | Davide Viana
SUÉCIA
ITÁLIA
Oulu | Hugo Magalhães
Enkopings | Alexander Alan
Enkopings SK | Ernesto
Aprilia | Aladje
Ascoli | Vasco Faísca
Cesena | Gonçalo Brandão
Crotone | Pedro Correia
Empoli | Ricardo Ferreira
Gubbio 1910 | Bruno Pacheco
Novara | Bruno Fernandes
Siena | Luís Neto
Spezia | Mário Rui
Besiktas | Hugo Almeida | Manuel
Fernandes | Ricardo Quaresma
Fernabache | Raúl Meireles
Istambul BB | Eduardo | Geraldes
Karsiyaka | Makukula
Orduspor | Miguel Garcia
RÚSSIA
NORUEGA
Krasnodar | Márcio Abreu
Zenit | Bruno Alves | Danny
Notodden | Nuno Marques
LIECHTENSTEIN
Schaan | Tobias Guerreiro
Barnsley | Toni Silva
Blackburn Rovers | Diogo Rosado | Edinho
| Fábio Nunes | Henrique | Nuno Gomes |
Paulo Jorge | Rafael Veloso
Blackpool | Tiago Gomes
Boreham Wood | Mauro Vilhete
Chelsea | Hilário | Paulo Ferreira
Cheltenham | Sido Jombarti
Fulham (Res.) | Mesca
Harrogate Town | José Veiga
Leeds United | Ricardo Rocha
Liverpool (Res.) | João Carlos | Yalany Baio
Manchester City | Rony Lopes
Manchester United | Bébé | Nani
Queens Park Rangers | Bosingwa
Sheffield Wednesday | Semedo
Southampton | Alberto Seidi | José Fonte
Stevenage | Filipe Morais
West Ham | Ricardo Vaz Tê
Workington | André Costa
Wycombe Wanderers | Bruno Andrade
Chesterfield | Boa Morte
CROÁCIA
Dínamo Zagreb | Tonel
Hajduk Split | Ruben Lima
MOLDÁVIA
SUIÇA
CHIPRE
BÉLGICA
ALEMANHA
HUNGRIA
Sheriff | João Pereira | José Coelho
Bulle | Carlos Filipe | Micael da Silva |
Pierre | Simão Magalhães
Chiasso | Luís Pimenta | Mateus Fonseca
Etoile-Carouge | Daniel Soares
Fribourg | Bruno Valente
Geneva | Crispim | Nelinho | Rafaelzito
Grasshoppers | João Paiva
Le Mont | Jérémy Pereira Monteiro |
Micael Martins
Lugano | Carlos da Silva
Luzern | Sava Bento
Meyrin | David de Freitas | Mikael Cardoso
| Negrão Pato | Paulo Soares
Neuchatel Xamax | Ricardo da Costa
Schaffhausen | Ruben Saldanha
Servette | Barroca | Nélio | Thierry
Moutinho
Sion | André Marques | José Gonçalves
Stade Nyonnais | David Marques |
Michael Leal | Ricardo da Silva
Thun | Nelo
Yverdon | Dany da Silva
Zurique | André Gonçalves | David da
Costa | Jorge Teixeira
Videoton | Filipe Oliveira | Marco Caneira
FRANÇA
Auxerre | Marco Ramos
Châteauroux | David de Freitas
Cherbourg | Pinto Borges
Créteil | Pedro Oliveira
Lorient | Pedrinho
Lyon | Anthony Lopes
Sochaux | Rafael Dias |
Vicent Nogueira
Toulouse | Yannick Djaló
US Boulogne | Stanislas Oliveira
US Lusitanos | Hélder Esteves
CHINA
UCRÂNIA
Arsenal Kyiv | Pelé
Chornomorets | Tiago Terroso | Artur
Dínamo Kiev | Miguel Veloso
Metalurh Donetsk | China
CAZAQUISTÃO
HOLANDA
Roda | Danilo Pereira
Twente | Daniel Fernandes
BRASIL
Flamengo | Liedson
Fluminense | Deco
Atyrau | Fausto Lourenço
BULGÁRIA
Beroe | Alberto Louzeiro | David
Caiado | Élio Martins | Livramento
| Pedro Eugénio
Chernomorets | Pedro Mendes
CSKA Sofia | Tengarrinha
Levski Sofia | Cristóvão | João
Silva | Nuno Pinto
Loko Plovdiv | Serginho
IRÃO
Tractor Club | Anselmo |
Flávio Paixão | João Vilela
Zob Ahan | Hugo Machado
LUXEMBURGO
SÉRVIA
ROMÉNIA
CHILE
Colo-Colo (sub-19) | Marcelo Paulino
Infografia: Bruno Teixeira | Joaquim Rebelo
Brasov | Bruno Madeira | Nuno
Viveiros | Pedro Taborda | Ricardo
Machado
Cluj | Cadú | Camora | Celestino
| Diogo Valente | Ivo Pinto | Mário
Felgueiras | Nuno Claro | Nuno
Diogo | Rui Pedro
Gloria | Bragança
Pandurii | Pedro Mingote
Petrolul Ploiesti | Geraldo Alves
Rapid Bucareste | Filipe Teixeira
| Rui Duarte
Turnu Severin | Hugo Moutinho
Univ. Cluj | Paulinho
Vaslui | Davide | Fernando Varela
Jagodina | Marcelo Santiago
Vojvodina | Moreira
ANGOLA
Caála | Edson Silva | Ito | Jorge Vidigal
| Mangualde | Marinho | Maurício | Nuno
Rodrigues | Vado
Interclube | Bryan | Daniel Lara | Hugo
Firmino | Nuno Fonseca | Tiquinho
Kabuscorp | Cláudio | Hugo Marques
Libolo | Ari Oliveira | Carlitos | Fernando |
Lameirão | Manú | Pedro Ribeiro | Ruben
Gouveia | Valdir
Nacional Benguela | Testas | André Barata
| Jaime Linares | Mário Costa | Rossano
ESLOVÁQUIA
MSK Zilina | Guima | Ricardo Nunes
Differdange | André Rodrigues | Pedro
Ribeiro | Yannick Bastos
Dudelange | Bruno Matias | Daniel da Mota
| Joel Pedro
Etzella | Gilson Delgado
Fola Esch | David Veiga | Maikel Veloso |
Rui Peixoto
Grevenmacher | Daniel Brandão |
Dany | Gabriel Gaspar | Mika
Jeunesse Canach | Augusto Roxo |
Ferro | Luís Alvites | Marco Semedo
Progrés Niederkorn | Arthur Carvas |
Bruno Costa | Cédric Sousa | Daniel Vieira |
David Soares | Jorge Ribeiro | José Vieira |
Michael Oliveira | Miguel Araújo | Paulo da
Costa | Ricardo Rocha
Union 05 | Flávio Pina | Keiven
US Sandweiler | Jorge Machado
Beijing Guoan | Manú
Benfica de Macau | Amorim |
Daniel Melo | Edgar | Fábio Silva
| Filipe Duarte | Iuri Capelo | João
Guedes | Pedro Pires | Vinício Alves
Casa do FC Porto | Daniel Ferreira |
Francisco Cunha | Francisco do
Rosário | Helder Ricardo | Henrique
Street | Lino Lopes | Mané | Nuno
Capela
Dalian Shide | Ricardo Esteves
Lam Ieng | Leonardo Im de Abrantes
| Miguel Sou
Lam Pak | Emmanuel Noruega |
Plíneo Souza
MFA Development | Eduardo Tong |
Henrique Afonso
Monte Carlo | Domingos Chan
PSP Macau | Herculano Soares
Windsor Arch Ka I | Alexandre
Matos | Paulo Conde | Ricardo Torrão
49 JOGADORES 17
13 é o número de jogadores portugueses ao serviço do FC Lusitanos, clube de Andorra, fundado por emigrantes lusos em 1999 e que já
conseguiu sagrar-se campeão nacional deste principado.
Brasileirão só conta com 2 portugueses. Falamos dos luso-brasileiros Deco e Liedson.
O
Para muitos é o
melhor jogador do Mundo. É português, dá pelo nome de Cristiano Ronaldo
e joga em Espanha, no Real Madrid.
Também se fala português nos relvados finlandeses.
Hugo Magalhães joga no Oulu.
Segundo um relatório da FIFA, Portugal foi o quarto maior
semestre de 2012, com
exportador mundial de futebolistas (portugueses e estrangeiros) no primeiro
157 jogadores. Só o Brasil (230), a Inglaterra (186) e a Argentina (174) superaram os números lusos.
Marcelo Paulino é o único português a jogar no Chile. Alinha no Colo-Colo (sub-19).
33 é o número de nações que contam com jogadores portugueses nos seus campeonatos.
China é longe mas não atemoriza o espírito aventureiro os jogadores portugueses. 30 atletas lusos alinham na liga chinesa.
Anselmo, Flávio Paixão, João Vilela (todos no Tractor) e Hugo Machado (Zob Ahan) são o
O
quarteto português presente no Irão.
Cluj, da Roménia, tem 9 jogadores portugueses e o Desportivo da Corunha 8 atletas originários de Portugal.
Fausto Lourenço e Tobias Guerreiro são os únicos portugueses nos campeonatos principais do
Liechtenstein respectivamente.
dossier
Na
Cazaquistão e do
Noruega não há só bacalhau, há também 1 jogador português na liga norueguesa. É o Nuno Marques e joga no Notodden.
David Beckham ou Thierry Henry são estrelas na liga norte-americana mas Portugal não poderia deixar de estar representado.
Viana alinha no Real Salt Lake.
70
Davide
Chipre
jogadores,
é o país que mais importa futebolistas portugueses. AEK Limassol e Ayia Napa, ambos com sete jogadores, são os
Com
clubes cipriotas que mais apostam no mercado luso.
18 JOGADORES 49
49 JOGADORES 19
ANSELMO
“Quando estamos fora damos mais valor ao que temos”
Aos 28 anos Anselmo vive a sua primeira experiência fora de Portugal e logo num país no mínimo exótico
(tendo em conta os padrões europeus). O avançado assinou por dois anos com os irarianos do Tractor.
Viveu um grande susto no Irão
devido a um sismo. Como é que
foi?
Quando decidi ir para o Irão foi
também com o objectivo de viver uma
nova experiência de vida e absorver
uma nova cultura. Agora, num tom
de brincadeira, posso dizer que tive
mais uma experiência que foi essa
de viver um sismo. Naquele momento
foi assustador. Estava em casa e esta
tremia por todo o lado. O primeiro
sismo foi por volta das 17 horas e
depois houve outro uma hora depois.
dossier
Estava sozinho?
Não, estava em casa do Flávio Paixão,
num quinto andar, com ele e com o
João Vilela [também jogadores do
Tractor] a prepararmo-nos para ir para
o treino que depois foi cancelado.
E depois?
No Irão, a quinta e a sexta-feira são
como se fosse o fim-de-semana e
nestes dias os iranianos têm o hábito
de dormir em tendas nos jardins das
cidades. No dia do sismo, acho que
mais de metade da população deve ter
dormido na rua. Ficámos uma noite na
rua e depois fomos para a minha casa
que é no mesmo prédio da do Flávio
Paixão mas no primeiro andar e dá
inclusive para sair pela janela em caso
de emergência.
20 JOGADORES 49
A nível pessoal e profissional como
está a correr a integração ao Irão?
É um país difícil e é necessário ter
uma boa resistência psicológica para
aguentar aquela realidade. O estilo de
vida é diferente, há muitas restrições...
passámos lá o mês do Ramadão e
nesse período não podemos comer ou
beber na rua. Durante os treinos íamos
ao balneário beber líquidos. Todos
sabem que vamos beber mas não o
podemos fazer em público. Mas é uma
experiência diferente e da qual não
me arrependo. Quando estamos fora
damos mais valor ao que temos.
emigrante mas surgiu a oportunidade e
era boa e aceitei.
E em termos de clube?
É fascinante. Em todos os jogos — são
quase todos às 10 da noite — temos
cerca de 50, 60 mil espectadores e as
mulheres não podem ir ao estádio. Os
nossos adeptos são fanáticos. É uma
espécie de Vitória Guimarães mas com
muito mais gente. Apoiam os jogadores
ao máximo e há uma grande interacção
entre adeptos e jogadores. Sentimo-nos
num grande clube. Na rua pedemme para tirar fotos... o povo é muito
prestável e hospitaleiro.
Comunicam em que língua?
Em inglês. Na equipa há quatro ou
cinco jogadores que falam bem inglês.
Temos ainda a vantagem de ter um
treinador português [Toni] e um
tradutor que fala muito bem português.
É a sua primeira aventura no
estrangeiro. Tem espírito de
emigrante?
Sempre achei que dificilmente
emigraria. Não tenho espírito de
A ida para o Irão foi mais opção ou
uma necessidade?
Foi uma opção. Em termos desportivos
e financeiros foi uma boa oportunidade
para mim.
Como foi recebido pelos
companheiros de equipa?
Muito bem. No Irão há uma regra, que
devia ser implementada em Portugal,
que diz que só podem jogar quatro
estrangeiros.
Fora dos treinos, o Anselmo,
o Flávio Paixão e o João Vilela
costumam dar-se com os
jogadores iranianos?
Lá não há a cultura de jantares de
equipa. Damo-nos muito com o iraniano
que esteve muito tempo na Holanda.
Os preços dos produtos são
idênticos nos dois países?
A gasolina no Irão é baratíssima.
Pagamos cerca de oito euros para
atestar um depósito de 80 litros. Os
bens de primeira necessidade também
são mais baratos.
Qual é o prato típico no Irão?
É o Kebab, uma espécie de fatia de
carne no prato de frango ou de borrego
com arroz. Eu geralmente vou aos
restaurantes mais internacionais.
Continua a seguir a Liga
portuguesa?
Sim, pela RTP Internacional e por
outros canais de satélite e ainda pelos
sites portugueses.
Qual a importância das redes
sociais para quem está a jogar no
estrangeiro?
Não sou viciado em redes sociais
mas quando estou em casa tenho-as
sempre ligadas. O telefone é muito
caro.
Mesmo no estrangeiro, sente-se
apoiado pelo SJPF?
Sim, sem dúvida. Desde a chegada de
Joaquim Evangelista à presidência do
Sindicato que se registou um processo
evolutivo grande no Sindicato, na
força deste com as instituições. Penso
também que os jogadores estão a
cooperar mais com o Sindicato porque
acreditam mais neste e veêm que o
trabalho está a ser bem feito.
SJPF
49 JOGADORES 21
notícias
Messi abriu a votação
para o FIFA FIFPro World XI
Cristiano Ronaldo | Real Madrid
Lionel Messi | Barcelona
Pepe | Real Madrid
F. Coentrão | Real Madrid
João Tomás | Rio Ave
Nuno Silva | Leixões
Anselmo | Tractor
João Vilela | Tractor
Laranjeiro | Freamunde
Rúben | Portimonense
Cunha Rodrigues
preside Controlo Financeiro da UEFA
Fotos FIFPro e SJPF
“É um prémio enorme pelo que significa, ou seja,
são os teus próprios colegas de profissão que votam.
Qualquer jogador pode ganhar e é, sem dúvida, um
excelente prémio”, explicou a estrela argentina do
Barcelona após colocar o seu voto na urna.
Anualmente, a FIFPro visita o Melhor Jogador do
Mundo em título para que este inicie a votação. Nos
últimos três anos, este papel foi desempenhado por
Lionel Messi.
A FIFPro distribuiu 45 mil boletins de voto pelos
sindicatos de futebolistas profissionais de África,
Ásia e Europa. Em Portugal, os futebolistas
das ligas Zon Sagres e II Liga já começaram a
preencher os boletins distribuídos pelo Sindicato de
Jogadores. Atletas do Atlético, Leixões, Freamunde,
Portimonense e Rio Ave, entre outros, já exerceram o
seu direito de voto. Também os portugueses a alinhar
no estrangeiro votaram nos seus eleitos. Ronaldo,
Pepe, Coentrão, Anselmo e João Vilela, entre outros,
deram o exemplo. Refira-se que o onze ideal terá que
obrigatoriamente ser composto por um guarda-redes,
quatro defesas, três médios e três avançados. A equipa escolhida será anunciada na gala da Bola
de Ouro que decorrerá a 7 de Janeiro de 2013, em
Zurique, na Suíça.
O antigo procurador-geral da República é o novo
responsável máximo da Instância de Controlo
Financeiro da UEFA.
O até agora juiz do Tribunal de Justiça da União
Europeia, função que desempenhava desde 2000,
aceitou o convite endereçado em Junho por Michel
Platini, presidente da UEFA, para presidir a Instância de
Controlo Financeiro da UEFA e assim ficar responsável
pelo órgão que regulará o licenciamento de clubes e o
fair play financeiro até 30 de Junho de 2015.
A Instância de Controlo Financeiro é composta por uma
câmara de instrução dirigida pelo inquiridor principal e
por uma câmara de julgamento dirigida pelo presidente.
Tem competência para aplicar medidas disciplinares
em caso de incumprimento das regras estabelecidas e
tomar decisões em processos relativos à qualificação
dos clubes para as competições da UEFA. As suas
decisões poderão ser objecto de recurso para o Tribunal
Arbitral do Desporto, com sede em Lausana, na Suíça.
SJPF na comissão para a Formação de Agentes Desportivos
A sede da Federação Portuguesa de Futebol (FPF)
foi o palco da primeira reunião da comissão para
a Formação de Agentes Desportivos. O Sindicato
dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF)
esteve representado por Joaquim Evangelista. A
comissão para a Formação de Agentes Desportivos,
presidida por Rui Manhoso (vice-presidente da FPF),
é composta por sete a 10 elementos e terá cinco
secções: Jogadores Amadores e Futebol Jovem;
Jogadores Profissionais; Treinadores; Árbitros; e
Dirigentes. O SJPF indicou como seu representante
para a referida comissão o jurista João Lobão, o qual
presidirá à secção Jogadores Profissionais.
22 JOGADORES 49
49 JOGADORES 23
Gabinete Jurídico
esclarece
Texto: João Lobão (Jurista)
Salários em atraso e Fundo
de Garantia Salarial na I e II Liga
Tens uma responsabilidade acrescida. Actua de forma e em tempo oportuno.
Nada fazer beneficia o infractor e prejudica-te.
O incumprimento salarial é, infelizmente, uma
prática recorrente em Portugal. O Sindicato
tudo tem feito para erradicar este fenómeno
e minimizar os seus efeitos mas não depende
exclusivamente de si. O respeito pelos contratos
deve ser a regra e não a excepção. Para
precaver esta situação foram, entretanto, criados
mecanismos legais que permitem, em tempo
oportuno, evitar ou corrigir esta situação que
tem consequências graves para o jogador quer
profissional quer, sobretudo, pessoalmente.
Muitos jogadores no final da época ou quando
o clube os confronta com esta questão aceitam
celebrar acordos de pagamento ou declarar que
nada lhes é devido quando tal não corresponde
à verdade. Desta forma os clubes continuam,
aparentemente, a competir regularmente e os
clubes que cumprem escrupulosamente as suas
obrigações são penalizados. Compreende-se que a
maioria das vezes exista uma razão para o jogador
assumir esta atitude — a dependência económica,
a estima pelo clube ou dirigentes, a pressão dos
sócios, receio, etc — mas ela tem consequências.
Na verdade quem aceita o incumprimento salarial
nada fazendo ou pactuando com ele, limita as
suas opções legais.
É, pois, uma decisão pessoal (ou colectiva) que
deve ser ponderada em cada momento.
Assim, para te ajudar a fazê-lo da melhor maneira
deixamos-te um conjunto de informações
necessárias sobre esta matéria.
24 JOGADORES 49
1. Controlo Financeiro de Dezembro.
Obrigação dos clubes/SAD
• Até 15 de Dezembro, os clubes/
SAD têm de comprovar o pagamento
dos salários devidos por contratos de
trabalho desportivo, bem como contrato
de formação, devidos entre 31 de Maio e
10 de Novembro de 2012, relativamente
aos jogadores que integrem o plantel da
época desportiva em curso.
• Esta prova é feita através da
apresentação dos recibos assinados
pelos jogadores, dos recibos das
remunerações dos jogadores juntos aos
documentos que comprovem a realização
dos depósitos ou transferências
bancárias respectivas ou de declarações
assinadas pelos jogadores certificando
que se encontram com os salários
regularizados.
• Os clubes que não façam esta prova
ficam impedidos de registar novos
contratos de jogadores ou renovar os
existentes e são sancionados com a
perda de pontos a fixar entre o mínimo
de dois e um máximo cinco pontos.
• Os jogadores que aceitem
subscrever documentos que não
correspondem á verdade ficam
impedidos de reclamar as verbas
em falta.
2. Queixa do jogador por salários
em atraso
O jogador, de modo próprio, pode apresentar
queixa fundamentada por salários em atraso
à Comissão Executiva da Liga. Neste caso
o impulso é do jogador e cabe à Comissão
Executiva da Liga notificar os clubes para no
prazo de 15 dias apresentarem os documentos
comprovativos do pagamento das remunerações.
A queixa pode ser apresentada a todo o tempo e
deve ser fundamentada.
3. Pré-aviso e rescisão contratual
Quando, apesar das tentativas de regularização,
a situação de incumprimento se mantiver o
jogador pode optar por formas mais eficazes da
defesa dos seus direitos.
a. Pré-aviso
Pode o jogador, numa primeira fase, quando o
atraso no pagamento do salário seja superior a
30 dias, interpelar por escrito o clube/SAD para
pagamento. O clube tem três dias uteis para o
pagamento do salário em dívida. Caso a entidade
patronal não proceda ao pagamento do salário
nos três dias uteis subsequentes ao recebimento
do Pré-aviso, poderá então o jogador avançar
para a rescisão do contrato com justa causa.
b. Rescisão
Quando o incumprimento salarial se estende
por um período superior a 60 dias, o jogador,
fundamentando a sua posição, pode promover
a rescisão do contrato de trabalho desportivo.
Neste caso, dada a gravidade da situação, a
rescisão é imediata.
4. Fundo de Garantia salarial
Para fazer face ao incumprimento salarial
nas competições profissionais (I e II Ligas)
o SJPF sensibilizou a Federação e a Liga
para a constituição de um Fundo de Garantia
Salarial. O Fundo compreende um conjunto
de regras que têm de se verificar para ser
atribuído. Assim, sem prejuízo de melhor
esclarecimento, deixamos-te o essencial
sobre esta matéria.
• Os salários abrangidos são os
decorrentes de contratos de trabalho
desportivo registados na Liga e na
Federação, celebrados a partir de 1 de
Julho de 2012;
• Os salários devem estar em atraso há
mais de 60 dias e há menos de 160 dias;
• O jogador não pode ter assinado
declarações aceitando o pagamento em
data posterior;
• O valor mensal pago pelo Fundo, até
ao montante máximo de 5 vezes é
correspondente ao salário mínimo da
categoria (I Liga: 1455,00 euros; II Liga:
848,75 euros);
• O jogador deve fazer o pedido através de
requerimento dirigido ao sindicato;
• A LPFP dá 3 dias úteis ao clube/SAD
para fazer prova do pagamento.
Para requerer a intervenção do Fundo
de Garantia Salarial deves preencher o
respectivo requerimento e entregar o mesmo
nas instalações do Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol.
Apôs o preenchimento e entrega do
requerimento no SJPF, a Liga vai notificar o
clube para pagar os salários em dívida. Caso o
clube mantenha o incumprimento é activado o
Fundo de Garantia Salarial.
O Sindicato resolve
Charles Pontes, Rui Miguel Machado de Freitas, Rui Jorge da Silva Freitas, Fernando Jorge Ribeiro Cunha, Luís Carlos da Rocha
Rodrigues e João Fernando Lima Ribeiro conseguiram com a ajuda do SJPF resolver a questão que os opunha ao Sport Clube Mirandela, da
mesma forma que André Vilas Boas e Hugo Carreira conseguiram também solucionar o diferendo que tinham com o Portimonense.
Por fim, Pedro Figueiredo, após a intervenção jurídica do SJPF, receberá uma indemnização fruto de um acidente de trabalho que sofreu quando
estava ao serviço do Vitória Futebol Clube.
49 JOGADORES 25
Theo Van Seggelen
Secretário-geral
da FIFPro
FIFPro
Ali Bin Al Hussein
Vice-presidente
da FIFA
Walter Palmer
Secretário-geral da UE
Athletes
Piara Powar
Director-executivo
do FARE
Takuya Yamakazi
Japan Pro-Footballers
Association
Bob Fosse
MLS
Players Union
Sindicato
no Congresso anual
Novos membros FIFPro
República Checa
26 JOGADORES 49
Croácia
Montenegro
Ucrânia
Joaquim Evangelista, presidente da direcção do Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol (SJPF), e João Nogueira da Rocha, presidente
do Comité de Regulamentação da FIFPro, representaram o SJPF no
Congresso Anual da FIFPro que decorreu em Washington, nos Estados
Unidos da América.
Da agenda de trabalho constaram, entre outros, os seguintes temas:
Apresentação da MLS (Major League Soccer); Relatório e Contas de
2011/2012 e Orçamento 2012/2013; Cooperação Institucional FIFPro com
Interpol, WADA, FIFA, UEFA, Global Union; Estrutura interna da FIFPro;
Estatutos da FIFPro: alterações; FIFPro World XI; FARE (Football Against
Racism in Europe); Match Fixing; Comités FIFPro; Third Party Ownership;
Protecção de menores; Insolvência e bancarrota dos clubes; e FIFPro On
Line Academy.
Destaque especial para o ingresso de quatro sindicatos – Croácia, Montenegro,
República Checa e Ucrânia – no seio da FIFPro e aos quais o SJPF acolhe com
o maior agrado desejando naturalmente as maiores felicidades.
Com estas quatro entradas, a “família FIFPro” passa a ser constituída por 49
membros e seis candidatos a membros.
Fotos de Stephane Saint Raymond
49 JOGADORES 27
Futbolistas Argentinos Agremiados
CARLOS PANDOLFI
“A violência é o maior problema na Argentina. EXIGIMOS PROTECÇÃO”
Fundado a 2 de Novembro de 1944, o Futbolistas Argentinos Agremiados (FAA) é um dos
sindicatos de jogadores mais influentes a nível mundial. Na estreia da rúbrica FIFPro Who’s
Who apresentamos Carlos Pandolfi, um dos destaques da entidade alviceleste.
Quais as funções que desempenha
no Futbolistas Argentinos
Agremiados (FAA)?
Sou o tesoureiro e ainda presidente
do Serviço Social e da fundação O
Futebolista.
Quais são os principais serviços
prestados pelo FAA?
O FAA presta todos os serviços
relacionados com a actividade sindical,
em defesa dos interesses dos seus
associados. O Serviço Social apoia todos
os associados e respectivas famílias a
nível médico. Temos ainda o Instituto de
Medicina del Deporte y Rehabilitación
(IMDYR), único na América do Sul,
equipado com equipamento de última
geração e onde também se faz pesquisa
e docência. Já a Fundação O Futebolista
prepara o jogador para o pós-futebol.
São ministrados gratuitamente cursos
de línguas (inglês, francês, italiano
e português), de culinária, etc e
promovidas conferências para que a
retirada seja menos traumática.
Quais são os maiores problemas
que afectam os jogadores na
Argentina?
A violência é hoje o maior problema
28 JOGADORES 49
a afectar os jogadores na Argentina.
Quando os resultados não são os
melhores, os jogadores são ameaçados
pelos adeptos, tanto nos treinos como
nas concentrações. Exigimos protecção
por parte das autoridades policiais para
que os jogadores desenvolvam com
tranquilidade a sua actividade.
Os salários em atraso são também
um problema na Argentina?
Também na Argentina os jogadores
sofrem com os salários em atraso. Nem
quando o sindicato argentino denuncia
esse incumprimento conseguimos que
paguem de imediato aos jogadores.
O FAA tem alguma acção dedicada
a jogadores desempregados?
Temos uma equipa técnica a trabalhar
diariamente. Este ano conseguimos
colocar mais de 40 jogadores nos mais
variados clubes — 13 deles estiveram
presentes no Torneio FIFPro America
2012.
Como acompanha o trabalho da
FIFPro? E da Divisão América?
Na FIFPro estamos presentes na
Comissão de Estratégia da Divisão
América participando com a nossa
experiência para que todos possam
usufruir das nossas conquistas em
benefício dos jogadores.
Quais as mudanças mais
importantes que se registaram no
futebol desde que ingressou no
sindicato?
Muitas, como por exemplo o grande
negócio em que se converteu o
futebol que movimenta verbas
exorbitantes e que cresce diariamente,
fundamentalmente graças aos direitos
televisivos. Em relação a esta matéria
devemos avançar em conseguir uma
percentagem para quem é a parte
deste jogo, ou seja, os jogadores. Em
segundo, os contratos. Hoje em dia os
jogadores têm muito mais direitos do
que antigamente. Uma consequência
das muitas lutas protagonizadas e
reivindicadas pelos jogadores. Um
exemplo é a FIFPro. Nas primeiras
reuniões em que participei, em 1980
e 1981, éramos seis ou sete países e
agora somos 55. A FIFA reconhece-nos
como entidade e esse foi um passo
muito importante para os jogadores.
Temos muito em comum. Ambos somos
entidades que têm sabido fortalecerse enquanto sindicatos e que têm
entendido a problemática dos seus
associados. A entrega, a seriedade,
a dedicação e fundamentalmente as
convicções de todos os que integram
os sindicatos são e serão parte
fundamental para que continuem a
proporcionar mais benefícios para todos
os seus associados.
Uma mensagem para os argentinos
que estão a jogar em Portugal.
Estamos orgulhosos ds futebolistas
argentinos que jogam em Portugal. São
verdadeiros embaixadores desportivos.
O seu desempenho fará com que os
clubes portugueses continuem a olhar
para a Argentina como um fornecedor
de futuras gerações de jogadores de
futebol. À distância, saudações cordiais
para todos.
Qual a sua opinião sobre o trabalho
do SJPF?
49 JOGADORES 29
melhor jogador liga zon sagres agosto/setembro
melhor jogador ii liga agosto/setembro
1.º Miguel Rosa [Benfica B] 20,6% | 2.º Barry [Oliveirense] 14,4% | 3.º Joeano [Arouca] 7,3%
Nome: Miguel Alexandre Jesus Rosa | Naturalidade: Lisboa | Data de nascimento: 13 de Janeiro de 1989 |Posição: médio | Número da camisola: 77 |
Clubes: Benfica (formação), Estoril, Carregado, Belenenses e Benfica B
1.º JAMES RODRIGUEZ [FC PORTO] 19,6% | 2.º SALVIO [BENFICA] 13,9% | 3º LIMA [BENFICA] 9,1%
Nome: James David Rodríguez Rubio “El Bandido” | Naturalidade: Cúcuta, Colômbia | Data de nascimento: 17 de Julho de 1991 | Posição: avançado | Número
da camisola: 10 | Clubes: Banfield (Argentina) e FC Porto | Internacional AA pela Colômbia
30 JOGADORES 49
Gualter Fatia/SL Benfica
Hernani Pereira/Liga Portugal
JAMES RODRIGUEZ MELHOR JOGADOR
MIGUEL ROSA MELHOR JOGADOR
49 JOGADORES 31
melhor jogador jovem liga zon sagres agosto/setembro
melhor jogador jovem ii liga agosto/setembro
1.º Miguel Lourenço [V. Setúbal] 49,9% | 2.º Cédric [Sporting] 17,9% | 3.º Diogo Amado [Estoril] 10,8%
MIGUEL ROSA MELHOR JOVEM
MIGUEL LOURENÇO MELHOR JOVEM
32 JOGADORES 49
Bruno Teixeira/SJPF
Bruno Teixeira/SJPF
Nome: Miguel Martelo Lourenço | Naturalidade: Lisboa | Data de nascimento: 27 de Maio de 1992 | Posição: defesa | Número da camisola: 44 | Clubes: AD
Lisboa, Esc. António Pica e Vitória de Setúbal (formação), Casa Pia e Vitória de Setúbal.
1.º Miguel Rosa [Benfica B] 38,9% | 2.º Bruma [Sporting B] 32,4% | 3.º João Pinho [Oliveirense] 12,3%
Nome: Miguel Alexandre Jesus Rosa | Naturalidade: Lisboa | Data de nascimento: 13 de Janeiro de 1989 | Posição: médio | Número da camisola: 77 |
Clubes: Benfica (formação), Estoril, Carregado, Belenenses e Benfica B.
49 JOGADORES 33
Estudos versus profissão
TARANTINI
“Deixar de estudar é desperdiçar uma ferramenta que será útil no futuro”
Saltou para a ribalta após
os dois golos que marcou
ao FC Porto. Tarantini – na
realidade o seu nome é
Ricardo Monteiro –, 29
anos, médio do Rio Ave, é
licenciado em Ciências do
Desporto e Educação Física
pela Universidade da Beira
Interior e um modelo de
como conciliar os estudos
com o futebol profissional.
Foi difícil conciliar os estudos com
o futebol ao mais alto nível?
Não é impossível mas é necessário
muito empenho e vontade. Neste
processo tive a sorte de estar rodeado
de pessoas certas, principalmente dos
treinadores João Cavaleiro, Fernando
Pires e João Salcedas.
Sentiu-se apoiado pela família e
pelos clubes por onde passou para
concluir os estudos?
Sempre. Os meus pais sempre me
incentivaram a concluir uma formação
académica e durante os cinco anos da
licenciatura o Sporting da Covilhã nunca
colocou qualquer entrave à realização do
meu percurso académico.
Faltam adoptar medidas que
facilitem a conciliação do estudo
com a profissão de futebolista
profissional?
Do ponto de vista burocrático é uma
situação muito complicada, mas
34 JOGADORES 49
considero que a maior medida deve vir
do próprio profissional. A vontade de
querer atingir determinados objectivos
de vida deve superar o comodismo que
esta vida muitas vezes nos proporciona.
Não acredito que haja algum treinador
ou dirigente que não seja sensível ao
facto de um jogador ter que faltar
a um ou outro treino por causa dos
estudos. A imagem dos grandes
jogadores nacionais e internacionais
que apresentam uma boa estabilidade
financeira que lhes permite encarar
o futuro com tranquilidade não é a
realidade do nosso futebol (tirando
uma percentagem de 50 por cento
dos plantéis de três ou quatro equipas
em Portugal o que poderá representar
cerca de 50 jogadores do futebol
profissional). Os restantes têm de estar
atentos pois o futebol é uma passagem
importantíssima, mas não decisiva nas
nossas vidas.
Porquê a opção pelo curso de
Ciências do Desporto e Educação
Física?
Porque o Desporto sempre foi a paixão
de uma vida. Desde muito novo que
me identificava com os profissionais
do Desporto, no início mais ao nível do
ensino e mais tarde ao nível da gestão.
O SJPF está a criar uma estrutura
de formação online que combate,
em parte, a dificuldade provocada
pela mobilidade (mudança de clube
ou até de país) dos atletas.
Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: Hugo Delgado/Lusa
Parece-lhe uma boa ideia?
Tudo o que seja realmente importante
para uma rápida adaptação do
jogador, mais depressa ele vai estar
focado nas tarefas importantes. É
uma mais-valia, principalmente no
momento em que observamos uma
enorme emigração dos jogadores
nacionais. O SJPF está também a criar um
cheque-formação para que os
jogadores possam frequentar
determinados cursos. Pode ser
algo apelativo para os jogadores?
Em alguns níveis considero que possa
ser bastante apelativo, principalmente
para aqueles que estão interessados,
mas que infelizmente têm ou passem
por maiores dificuldades financeiras.
Se assim for pode-se concluir que
os custos estão na base da decisão
de não estudar, caso contrário o
problema permanece e o caminho de
resolução não é por aí.
Um jogador com formação
académica e até mesmo superior
torna-se um melhor jogador?
Acho que não tem uma influência
directa, contudo além de me ter
fornecido um plano B na minha
vida, este percurso fez-me valorizar
questões como o trabalho, empenho,
persistência, determinação,
compromisso, que de facto são valores
que se foram solidificando e que
contribuem para nossa profissão.
É visto pelos seus colegas como
um exemplo? Dá-lhes conselhos
para não abandonarem os
estudos?
Durante todo o meu percurso fui
visto como um caso real do que é
esta combinação Futebol-Estudos, e
daí presumo que seja um exemplo,
apesar de sentir a irrelevância que
esta situação tem para muitos
(sinto que estes devem pensar: mas
que contributo têm os estudos na
minha vida se eu vou ser o próximo
Cristiano Ronaldo e vou ganhar muito
dinheiro?). Sempre lhes digo para
recomeçarem ou não abandonarem
os estudos mas é uma tarefa muito
difícil, há muita passividade no meio.
Abandonar os estudos
precocemente é uma das pragas
de quem quer ser futebolista
profissional?
Sem dúvida. Definitivamente porque
são mal orientados desde muito
novos. Há muitos jogadores, atenção!
com legitimidade, a querer chegar
a um nível alto, mas poucos o vão
conseguir, e deixar de estudar é
desperdiçar uma ferramenta que
será útil no futuro, seja para aqueles
que consigam ou para aqueles que
nunca o vão conseguir.
Tarantini
Idade: 29 anos
Posição: Médio
Clubes: Sporting da Covilhã,
Gondomar, Portimonense e Rio Ave
49 JOGADORES 35
o capitão
ALEX
“Tenho um grande orgulho em ser capitão do Vitória”
Formado no Vitória de
Guimarães, Alex encarna
a alma vimanarense.
Capitão de equipa
explica o seu orgulho em
capitanear o grupo de
trabalho e como procura
transmitir a mística do
Vitória.
A nível colectivo que balanço
que faz da época até ao
momento?
Ainda é um pouco cedo para fazer
um balanço mas as coisas estão
a correr bem. É positivo estarmos
bem classificados tanto mais
sabendo que esta temporada o
Vitória mudou a sua filosofia.
E a nível pessoal?
Ainda estamos no início da época
mas para já as coisas estão a
correr bem. Ainda estou à procura
do melhor momento e trabalho
diariamente para que esse
momento chegue. Obviamente
que ainda não estou no meu
melhor nível, tudo leva o seu
tempo. Lá mais para a frente, com
todo este trabalho irei apresentar
outro nível, tanto eu como os
meus colegas.
36 JOGADORES 49
É o capitão do Vitória de
Guimarães. Como foi escolhido
para o cargo?
As escolhas partem da direcção
e têm a ver com a longevidade e
com o tipo de atleta em causa e
com o seu tipo de personalidade
e carácter. Neste caso, somando
estes factores e sendo eu um dos
mais antigos a direcção optou por
me escolher.
Gosta de ser capitão?
Tenho um grande orgulho em ser
capitão do Vitória. Sou natural de
Guimarães, formei-me neste clube
e sou apaixonado por este clube.
Quais são as principais
características de um bom
capitão?
No Vitória uma das características
obrigatória é que tem de prevalecer
o colectivo em prol do individual
e esta mensagem tem que ser
passada para o grupo de trabalho.
Tentar unir todos em volta de
um objectivo e procurar um bom
funcionamento no dia-a-dia.
Basicamente é fazer ver aos que
cá estão e aos que chegam que
o clube está acima de qualquer
individualidade. Tenho um papel
importante nessa matéria e, como
já disse, no bom funcionamento do
grupo de trabalho e dos valores que o
clube pretende incutir dentro da sua
filosofia.
e do Flávio Meireles. O Flávio, para
além de meu amigo, é um profissional
exemplar e que como capitão deixou
marcas dentro da estrutura.
Considera-se uma peça-chave na
gestão do balneário?
Não diria tanto, sou apenas mais um
com responsabilidades acrescidas.
Todos são importantes. Sou apenas
mais um com as responsabilidades
normais de um capitão de equipa e
conto com todos para que no final o
grupo de trabalho saia vencedor.
Como tem visto a actuação do
Sindicato no futebol português?
Tem sido uma actuação positiva,
próxima dos grupos de trabalho. Já
trabalho com o sindicato há muito
tempo e vejo que ano após ano, o
sindicato tem-se desenvolvido a
bom nível. Tem revelado grande
proximidade com os grupos de
trabalho na tentativa de perceber se
está tudo bem e por isso o sindicato
merece a minha nota positiva.
Como capitão qual o seu papel na
integração dos novos jogadores
no clube?
Quem chega depara-se com uma
nova realidade e parte do capitão e
dos jogadores que estão no clube
há mais tempo a responsabilidade
de integrarem os novos elementos
o mais rápido possível e fazê-los ver
de que o Vitória é um clube diferente
com características especiais.
Há algum capitão de equipa que
tenha como exemplo?
Felizmente tive a oportunidade de
integrar bons grupos de trabalho e
com grandes capitães. Aqui no Vitória
trabalhei com dois capitães que foram
grandes exemplos, falo do Cléber
Já alguma vez precisou de
recorrer ao sindicato?
Recorrer oficialmente não mas já
me aconselhei várias vezes com o
sindicato. Felizmente que ao longo
da minha carreira nunca tive grandes
problemas mas as vezes há questões
jurídicas que não dominamos e por
isso o sindicato é muito importante.
Domingos Alexandre M. Costa
Idade: 33 anos
Posição: Defesa
Clubes: Fafe, Moreirense,
Benfica, V. Guimarães, Benfica,
Wolfsburg (Alemanha)
e Vitória de Guimarães
Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: Pedro Lima/ASF
49 JOGADORES 37
ÁREA TÉCNICA
MARCO SILVA
“É muito importante o relacionamento equipa técnica/jogadores”
Na época passada,
Marco Silva agarrou o
Estoril na 14.ª posição e
em apenas sete jornadas
levou os canarinhos
à liderança da II Liga.
Sagrou-se campeão e esta
temporada é o técnico
mais jovem da I Liga.
Na I e II ligas só há dois
treinadores estrangeiros
(Vercauteren, no Sporting, e
Jokanovic, no União da Madeira).
É sinal do valor do treinador
português?
Sim, não há dúvidas de que o
treinador português tem muito valor.
Isso está mais do que provado,
quer a nível nacional, quer a nível
internacional. Não é por acaso que,
pelo menos os clubes profissionais,
não têm dúvidas em apostar no
treinador português. Isto não quer
dizer que não se deva apostar
também em estrangeiros de
qualidade que acrescentem algo ao
nosso futebol. Esses também são
sempre bem-vindos.
Os treinadores portugueses estão
mais qualificados ou assistiu-se
a uma mudança de mentalidade
por parte dos dirigentes que
começaram a olhar para os
treinadores portugueses de modo
38 JOGADORES 49
diferente?
Vou mais pela segunda opção. Não
faço uma barreira entre gerações.
Quem tem valor tem, não interessa a
idade, se é mais novo ou mais velho.
Não há que ter medo de apostar nos
mais novos ou de dar continuidade a
quem tem mais experiência. O que
é certo é que tem muito a ver com a
mentalidade de quem dirige.
A reintrodução das equipas B é
bom para a competição?
Sim. Podemos questionar a forma
como entraram directamente para a
II Liga mas acredito que no campo da
notoriedade foi muito importante. O
campeonato ficou mais longo – para
quem dificuldades financeiras a
situação ficou mais apertada – mas
em termos de notoriedade, acima de
tudo para o futebol jovem português,
foi muito importante. Há também
mais jogos da II Liga a serem
transmitidos na televisão, ou seja, a
competição ganhou visibilidade.
O horário dos jogos tem
influência no rendimento dos
atletas? Qual a sua hora preferida
para a sua equipa jogar?
Acho que não. É tudo uma questão
de hábito. São mais importantes as
questões climatéricas do que a hora
do jogo em si. Não tenho qualquer
hora preferida.
Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: Helena Valente/ASF
Foi jogador profissional. Nota que
o futebol mudou com o passar
dos anos?
Mudou e bastante. Costumamos
dizer que está tudo inventado no
futebol mas o futebol tem evoluído
muito. Está cada vez mais difícil em
termos de tempo e espaço. Cada vez
mais os jogadores têm de executar
mais rápido. As equipas estão muito
melhores tacticamente e o fosso
entre os grandes e os pequenos é
mais pequeno. O futebol mudou, quer
táctica quer mentalmente.
A relação treinador/jogador tem
vindo a alterar-se?
Muda consoante o treinador e
a sua mentalidade. Sem dúvida
que a relação mudou. Eu gostava
muito quando tinha treinadores
que mantinham um bom
relacionamento com os jogadores,
independentemente da hierarquia
e do respeito que se deve manter.
Acho que a melhor forma do treinador
também melhorar tem a ver com
a maneira como se relaciona com
os jogadores. É muito importante
o relacionamento equipa técnica/
jogadores.
Os dirigentes estão mais
pacientes com os treinadores e
não recorrem tanto à chamada
chicotada psicológica, ou isto é
daquelas “coisas” que não há volta
a dar?
Em Portugal a palavra projecto faz
pouco sentido. Fala-se muito do projecto
mas os resultados é que ditam tudo.
Passadas cinco, seis ou sete jornadas
deitam o projecto por água abaixo com
uma facilidade incrível. Talvez a própria
crise financeira instalada em alguns
clubes possa colocar essa realidade
mais em causa e permitir maior
paciência da parte de quem dirige.
Existe algum local ou fórum
entre a classe de treinadores
para debaterem ideias sobre a
profissão?
Que eu tenha conhecimento não.
Era importante existir um fórum
de treinadores para debatermos
algumas questões tal como faz a UEFA
anualmente com os treinadores da Liga
dos Campeões.
Tem alguma referência enquanto
treinador?
Felizmente que ao longo da minha
carreira tive bons treinadores e fui
absorvendo um pouco de cada um deles
para depois juntar áquilo que é a minha
ideia de futebol. Mas não quero referir
nenhum treinador em particular.
Nome: Marco Silva
Idade: 35 anos
Clubes como treinador: Estoril
49 JOGADORES 39
Apito
JOÃO FERREIRA
“Ninguém gosta de cometer erros”
Com a experiência
de 24 anos de arbitragem
– 14 dos quais a dirigir
jogos no futebol profissional
– João Ferreira elogia
o estado da arbitragem
portuguesa, a passagem
desta para a FPF e apoia
a profissionalização
dos árbitros.
Qual é o estado da arbitragem em
Portugal?
A arbitragem portuguesa atingiu
um patamar de reconhecimento
internacional sem comparação no seu
historial. A nomeação para a final da
Liga dos Campeões e a participação
no Euro 2012, que culminou com a
participação na final, faz do Pedro
Proença um dos melhores árbitros do
Mundo. O estado da arbitragem em
Portugal está ao nível da excelência.
Foi benéfica a passagem da
arbitragem da Liga para a FPF?
Sou um convicto defensor de que a
arbitragem deve ser gerida de forma
autónoma da entidade que representa
os clubes (Liga), pelo que a mudança
é de salutar. Na verdade há já uma
grande alteração que julgo ser muito
profícua: formação comum, simultânea
e com os mesmos conteúdos a
todas as categorias de árbitros,
privilegiando deste modo a partilha
40 JOGADORES 49
de conhecimentos e a uniformização
de procedimentos em todas as
competições nacionais.
Quais são as medidas que devem
ser implementadas para melhorar
o sector?
Profissionalizar o sector.
Quais são os grandes desafios
da arbitragem?
Manter o legado deixado na última
época, sobretudo em termos
internacionais. Importa também
afirmar que esta credibilização que
o sector tem junto da UEFA e FIFA
deveria rapidamente passar para as
mentes dos responsáveis dos clubes
portugueses. Todos nós cometemos
erros e em todos os jogos. Ninguém
gosta de cometer erros.
E como avalia o estado do futebol
português?
Em termos desportivos, o futebol
português está saudável como
comprova o facto de pela primeira vez
Portugal ter seis clubes na fase de
grupos das competições da UEFA e da
Selecção estar no top 5 da FIFA. No
entanto receio que haja também um
fenómeno económico menos positivo
que arruína esta visibilidade e que
se prende com a falta de liquidez de
alguns clubes e, consequentemente, o
incumprimento salarial. Não é saudável
a um profissional não ter a garantia
de que irá ter o seu ordenado no fim
de cada mês para cumprir os seus
compromissos!
Como é que deve ser uma relação
árbitro/jogador?
Deve ser aberta e cordial. O jogador
deve saber e sentir que o árbitro está
no jogo para o proteger e ao futebol.
Por um lado o árbitro deve sentir que o
jogador está a dar o seu melhor e que
é um profissional que está a defender
a sua equipa. Por outro lado o jogador
deve saber que o árbitro tem de
decidir através das suas capacidades
sensoriais e com a ajuda dos seus
colegas, e que por vezes é quase
impossível ter uma certeza absoluta
sobre um ou outro lance. Facilita esta
relação se existir e cada momento,
respeito! Respeito, porque cada um
destes intervenientes está a dar o seu
melhor. Respeito pelo adepto, se não
existirem simulações para enganar
(pura batota). Respeito, garantindo
a imparcialidade e valorização do
futebol, com desempenhos assertivos
por parte do árbitro e da sua equipa. O
árbitro não é inimigo do jogador nem
vice-versa. Todos deverão promover,
dentro do espectáculo, uma franca e
leal conduta, de forma recíproca.
Ao longo dos anos tem notado
se os jogadores têm mudado o
seu comportamento para com os
árbitros?
Sim, mas também tem mudado o
comportamento dos árbitros em
relação aos jogadores. Na verdade
há uma melhor aceitação das nossas
decisões. A generalidade dos jogadores
sabem o quão difícil é decidir em
escassos segundos, centenas de
situações em cada jogo. Sinto que
nestes últimos anos há uma empatia
generalizada dos jogadores com a
maioria dos árbitros. E isso facilita o
nosso desempenho e a aceitação das
nossas decisões.
Ser árbitro é uma actividade
apelativa para os jovens?
Será tanto mais apelativa quanto mais
positiva for transmitida a imagem e
importância do árbitro. Recentemente
tivemos alguns percalços na
cativação de novos jovens, fruto de
questões associadas à fiscalidade
e que demoveu alguns a entrar
nesta actividade. Como formador de
arbitragem vejo, a cada época que
passa, mais jovens a tirarem a sua
formação e entrarem na arbitragem.
Mas passados alguns meses, a grande
maioria abandona. Isto é resultado de
privação que a actividade exige.
João Ferreira
Idade: 45 anos
Associação: Setúbal
Profissão: Oficial do Exército
Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: Miguel Nunes/ASF
49 JOGADORES 41
MUNDIAL 2014
opinião
“Temos os melhores jogadores e treinadores
do mundo. O problema está nos dirigentes e este
problema não se resolve a curto prazo. Por isso, é
necessário começar a preparar os dirigentes do futuro.
E onde estão eles? Hoje, enquanto jogadores de
futebol, militam nos clubes dos vários campeonatos.”
Eduardo Oliveira/ASF
Gustavo pires Presidente do Fórum Olímpico de Portugal
Cristiano Ronaldo centenário
O avançado português atingiu a
centésima internacionalização com
a principal camisola da Selecção
Nacional no encontro frente à
Irlanda do Norte. Cristiano Ronaldo,
27 anos, tornou-se no terceiro
jogador português a chegar às 100
internacionalizações (Luís Figo tem
127 e Fernando Couto 110) e o
primeiro a alcançar tal marca antes
dos 30 anos. Figo atingiu tal registo aos
31 anos e Couto aos 34 anos. A manter
a actual cadência, Cristiano Ronaldo
irá pulverizar todos os recordes. Desde
que se tornou internacional (em 20 de
Agosto de 2003, com apenas 18 anos),
o capitão da Selecção Nacional nunca
falhou uma fase final de uma grande
competição de selecções.
“Foi em 20 de Agosto de 2003, frente
ao Cazaquistão, que vesti pela
primeira vez a camisola da nossa
Seleção. Foi um dos momentos
mais marcantes da minha vida e
um percurso que muito me orgulha
pelo que todos juntos, conseguimos.
Gostaria de agradecer a todos os
que me ajudaram a chegar até aqui”
escreveu Cristiano na sua página do
Facebook. A sua assiduidade com a
Em nome do futuro do futebol
camisola das Quinas é notável. Desde
a sua estreia apenas não esteve
presente em 22 jogos da Selecção.
Também no capítulo dos golos, CR7
tem tudo para se tornar no melhor
marcador da Selecção de todos os
tempos. Neste momento tem 37
golos, menos quatro que Eusébio e
menos 10 que Pedro Pauleta, o líder
da tabela. Parabéns Ronaldo!
Não correu bem a dupla jornada de
apuramento para o Mundial do Brasil
que inclui a deslocação ao Moscovo
para defrontar a Rússia e a recepção à
Irlanda do Norte. No primeiro encontro,
Portugal não conseguiu superar a
formação russa e perdeu por 1-0,
mesmo com 72 por cento de posse
de bola.
Apesar da derrota, a Selecção Nacional
partiu optimista para o segundo
desafio, com a Irlanda do Norte, no
42 JOGADORES 49
Estádio do Dragão. O jogo até começou
em clima festivo dado que assinalava
a centésima internacionalização de
Cristiano Ronaldo. Mas as contas
saíram furadas. Portugal realizou uma
exibição muito aquém das expectativas
e empatou a uma bola. Com estes
resultados, Portugal é agora terceiro
classificado no Grupo F, com sete
pontos, e está a cinco do líder Rússia.
O próximo jogo de Portugal é a 22 de
Março de 2013, contra Israel.
Eduardo Oliveira/ASF
Portugal complica apuramento
para o Campeonato do Mundo de 2014
m treinador munido de uma
“caixa de ferramentas” como
é o “Dossier do Treinador de
Futebol”, um oportuno livro de
José Carvalho e Paulo Correia com prefácio de
Manuel Sérgio e editado pela Prime Books, ganha
vantagem competitiva que, certamente, pode
determinar um melhor resultado no campeonato.
Ele parte de variáveis mais ou menos constantes
a fim de prever uma série de acontecimentos
que, depois, trata de programar no espaço, no
tempo e em função das circunstâncias. Mas não
é tudo. Por mais informação que o treinador
possa recolher, por mais planeamento que possa
elaborar e por mais organização que possa
instituir, a sua ação dependerá sempre da vontade
do adversário. Quer dizer que não lhe chega
prever, planear e organizar. A ação do treinador
ultrapassa os mecanicismos do planeamento
estratégico e a capacidade de análise das forças
em presença.
A ação do treinador sustenta-se na capacidade
de pensar estrategicamente o jogo que, na sua
complexidade, apela à criatividade e intuição
que é adquirida através do conhecimento teórico
e da experiência prática. É esta capacidade
que lhe permite, em tempo útil, encontrar as
soluções necessárias à singularidade de cada
situação.
O problema é que, ao pensar estrategicamente,
o treinador ultrapassa a sua própria esfera
de responsabilidade e entra no âmbito da
responsabilidade do vértice estratégico do clube.
Por isso, o sucesso da equipa depende também
da qualidade do pensamento estratégico dos
líderes dos respetivos clubes que devem ser
capazes de gerir a dinâmica das múltiplas
polaridades do grande jogo de todos contra
todos que é o campeonato.
Por isso, se os treinadores necessitam de ter o
“sistema básico de vida” do clube a funcionar,
necessitam ainda mais de uma superestrutura
competente com uma ideia concreta acerca da
organização do futuro. Os clubes que ganham
são aqueles que têm as melhores lideranças.
Quando as equipas claudicam, remeter imediata,
sistemática e sucessivamente as culpas para os
treinadores representa o descontrolo do presidente
que entra em pânico ao primeiro sinal de perigo. E
quando ele pede desculpa aos apaniguados para,
depois, assumir as consequências despedindo
o treinador, prova à saciedade que não tem
capacidade para gerir seja o que for. E muito
menos um clube de futebol.
Temos os melhores jogadores e treinadores do
mundo. O problema está nos dirigentes e este
problema não se resolve a curto prazo. Por isso,
é necessário começar a preparar os dirigentes
do futuro. E onde estão eles? Hoje, enquanto
jogadores de futebol, militam nos clubes dos vários
campeonatos.
Talvez seja tempo do Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol começar a pensar no
assunto. Muito jogadores querem continuar ligados
ao futebol. Mas nem todos querem ou podem
ser treinadores. A formação de dirigentes
desportivos profissionais é uma porta que o
Sindicato podia abrir aos seus associados. Em
nome do futuro do futebol.
49 JOGADORES 43
jovens talentos
Sporting B | Extremo | 19 anos
DAVID
SIMÃO
Emprestado pelo Benfica ao Marítimo,
David Simão é um dos jovens médios
mais promissores da I Liga.
44 JOGADORES 49
Pedro Trindade
Veloz a pensar e a executar, resistente e raçudo a defender, Ricardo
Esgaio é jogador para fazer todo o corredor direito. Tanto a defender
como a atacar, Esgaio é uma garantia para qualquer treinador. A
continuar com este desempenho o seu objectivo de um dia jogar na
formação principal do Sporting – o seu clube do coração, como diz –
está cada vez mais perto. Natural da Nazaré, Esgaio começou a jogar
nos Nazarenos mas ainda como infantil transferiu-se para o Sporting.
Actuando na posição de extremo direito sagrou-se campeão nacional
de iniciados. Nos juvenis foi transformado num lateral direito capaz de
fazer toda a faixa. Ainda com idade de júnior, participou na pré-época
da equipa sénior. Esgaio elege Maicon (Manchester City) como o seu
jogador preferido e o Barcelona como o seu clube de sonho. Não esconde
também que um dia gostava de jogar ao lado de Cristiano Ronaldo e de
ser treinado por José Mourinho. Esta época, Esgaio foi incluído no plantel
da equipa B do Sporting. Voltou a alinhar como extremo direito, uma
posição que de resto nunca abandonou já que, apesar de jogar a defesa
direito no Sporting, nos diversos escalões das selecções nacionais nunca
deixou de alinhar a extremo direito.
E o seu avançar no terreno tem dado resultados: dez golos em 11 jogos!
RICARDO
ESGAIO
À 11.ª jornada da II Liga, o jogador leonino
liderava a tabela dos melhores marcadores
da competição com dez golos.
Helena Valente/ASF
Marítimo | Médio | 22 anos
Desde que subiu a sénior, David Simão representou (sempre
emprestado pelo Benfica) o Fátima, o Paços de Ferreira, a Académica
e, esta época, o Marítimo.
Até à data, o actual número 90 da formação insular ainda não
conseguiu concretizar o seu grande sonho – impor-se em definitivo
no clube da Luz – e seguir as pisadas do seu ídolo: Rui Costa.
David Simão chegou ao Benfica em 1999, proveniente do Grupo de
Instrução Musical e Desportivo de Abóboda, e tornou-se uma figura
de destaque nos vários escalões da formação – foi inclusive capitão
de equipa.
Jogador criativo, David Simão gosta de ter a bola e de comandar as
operações no meio-campo. A passagem dos juniores para os seniores
conferiu-lhe uma maior agressividade na disputa dos lances e sempre
que pode não desdenha em utilizar o seu forte remate com o pé
esquerdo. Depois de em 2010/11 ter feito um boa época no Paços
de Ferreira e de na temporada seguinte ter evoluído na Académica,
o criativo benfiquista foi emprestado este ano ao Marítimo. Até
ao momento a aposta tem dado resultado já que tem jogado com
regularidade no clube insular. A manter esta tendência fica mais perto o
regresso de David Simão ao Benfica.
49 JOGADORES 45
As nossas internacionais
NEIDE SIMÕES
“Emigrar vai permitir-me
evoluir como jogadora”
Neide Simões, 24 anos, trocou no início desta época
o Escola Futebol Clube (emblema de Molelinhos,
Tondela) pelos alemães do SC 07 Bad Neuenahr.
Com a transferência, a guarda-redes da Selecção
Nacional de Portugal enfrenta uma nova realidade,
tanto social como desportiva.
“No início foi um pouco difícil porque não é
fácil vir sozinha para um país onde não se
conhece ninguém e onde não se fala a língua. Temme valido o inglês”, explica Neide que, entretanto,
está a aprender alemão.
Ao contrário do que estava habituada em Portugal,
a guardiã treina agora uma ou duas vezes por
dia. “Além de treinar mais a maior diferença que
encontrei foi a intensidade nos treinos”, adianta.
Para Neide, a ida para a Bundesliga foi a
concretização de um desejo. “Sempre pensei
que gostaria de passar por uma experiência fora do
País não só para conhecer outras realidades onde o
futebol feminino está mais desenvolvido como para
poder evoluir mais enquanto atleta”, revela. Licenciada em Desporto e Actividade Física,
Neide começou a jogar futebol federada aos 13
anos. “O gosto pelo futebol já nasceu comigo,
talvez por influência do meu pai. Além disso, a
minha família sempre me apoiou, tanto nos bons
como nos maus momentos, e isso é determinante
no futebol feminino porque muitas vezes este é
visto como um desporto para homens o que nos
faz sentir algo descriminadas. É muito importante
sentir que a família está do nosso lado”.
À pergunta de “como é ser mulher num desporto
dominado por homens?”, Neide não se fica: “É um
46 JOGADORES 49
Texto: Vítor Crisóstomo | Fotografia: Carlos Vidigal Jr./ASF
prazer e um orgulho porque fazemos ver a muitos
homens como se joga futebol”.
Apesar da boa disposição, a internacional portuguesa
tem noção da realidade. “Para o futebol feminino
em Portugal dar o salto é necessário que a Selecção
AA feminina consiga apurar-se para a fase final
de um Europeu ou de um Mundial [o seu grande
sonho]. Dessa forma, as pessoas, a imprensa, todos
iriam ver o futebol feminino de outra forma e assim
acabariam por chegar mais apoios. Em Portugal
é impensável viver-se do futebol porque o futebol
feminino é apenas amador mas já na Alemanha
pode viver-se do futebol”, explica.
Por fim, Neide Simões elogia o papel do Sindicato
dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF)
relativamente ao futebol feminino. “Está a fazer
um excelente trabalho e tenho de enaltecer a
nomeação de Carla Couto para embaixadora da
modalidade pois ela merece dado tudo o que deu
à modalidade”.
NEIDE SIMÕES
Nacionalidade Altura
Portuguesa 1,75 m
Naturalidade Peso
Viseu 60 kg
(17/05/1983) Posição
Idade Guarda-redes
24 anos
Clubes Escola Futebol
Clube (Molelinhos, Tondela) e SC 07 Bad
Neuenahr (Alemanha)
49 JOGADORES 47
Sporting CP
do, 22 anos
Belenenses, avança
Atlético, defesa, 33
FREDY
VÍTOR MORENO
Kalibrados
Grupo de música favorito?
Step Up 3
Um filme?
Sumol de ananás
América Proibida
Coca-Cola
Marca de automóveis?
Audi
Salsa
Marca de roupa?
Nike
PES
Jogo de PC ou consola?
Moamba de Galinha
Jogar playstation
Thierry Henry
Bombeiro
48 JOGADORES 49
Uma bebida?
Lil Wayne
Dodge
Nenhum
em particular
anos
Raúl Cardoso/ASF
Vítor Gracez/ASF
Miguel Nunes/ASF
Actor
e actriz preferidos?
Prato favorito?
Hobbie?
Ídolo?
Call of Duty
Morgan Freeman
Meryl Streep
Cachupa
Estar com os meus filhos
Ronaldo, o Fenómeno
Se não fosse futebolista profissional Professor de línguas
o que gostaria de ser?
49 JOGADORES 49
clipping
opinião
“Escuta, Zé-Ninguém, sou, como tu, um
apaixonado do futebol. O meu Belenenses vive
dentro do meu coração. Mas sei que o futebol é
produto, não é causa. Embora também não passe
de um Zé-Ninguém para a lógica da economia
neoliberal, o pensar ainda não paga imposto...”
O Sindicato solidarizou-se
com o jogador Luisão
Joaquim Evangelista e as
dificuldades da nova época
SJPF ao lado
de Ricardo Quaresma
MANUEL SÉRGIO Filósofo do Desporto
Escuta, Zé-Ninguém
uem quer que esteja lutando
pela preservação da vida e
pelo futuro dos seus filhos
deve necessariamente
opor-se ao fascismo, mesmo que mascarado
de democracia, tanto da direita como da
esquerda. Não tanto porque os fascistas de
esquerda, à semelhança dos fascistas de
direita, no seu apogeu, tenham uma ideologia
assassina, mas porque transformam os
jovens em desempregados, em inválidos, em
tristes e deprimidos; porque, através de uma
informação alienante, exaltam o Estado mais
do que a Justiça, a mentira mais do que a
verdade e a guerra mais do que a vida”.
Estas palavras, com mais de 60 anos, não
são da minha autoria. São de Wilhelm Reich,
no seu livro Escuta, Zé-Ninguém. E tudo isto,
Zé-Ninguém, onde tu também tens algumas
culpas. Foram perseguidos ou mortos
Sócrates, Jesus de Nazaré, Galileu, Tomás
Morus, Giordano Bruno, Mahatma Gandhi,
Luter King, Nelson Mandela, Oscar Romero e
50 JOGADORES 49
tantos, tantíssimos mais, ao longo dos anos
até hoje, e tu acreditaste e aplaudiste, numa
atordoadora vozearia, as hipócritas palavras dos
reis e dos ditadores e o cascalhar diabólico do riso
de contentamento dos algozes e dos esbirros.
Muitas vezes dás a entender de que o que gostas,
verdadeiramente, é de ditaduras. Com efeito,
o ditador pensa e deseja e decide por ti. Tu
ficas com o tempo bastante para beberes uns
copos, para jogares às cartas, para navegares na
Internet, para discutires o trabalho dos árbitros
de futebol e para contemplares, crédulo, acéfalos
programas televisivos. E assim vais continuando
Zé-Ninguém! Há, em Portugal e num Estado de
Direito, 852 000 desempregados e um Orçamento
do Estado de tamanha austeridade que a criação
de empregos parece quase impossível. Por outro
lado, o Governo, por sua vontade, privatizava
tudo: a Saúde, a Educação, a Justiça, a Defesa,
etc, – enfim, tudo o que pode ser serviço público!
Demais, trata-se de um governo de ideologia
neoliberal, ou seja, sabe muito de economia,
mas de uma economia ao serviço da exploração
Jogadores não
escapam à austeridade
do trabalho, da maximização do lucro e do
agravamento das desigualdades.
Escuta, Zé-Ninguém, sou, como tu, um apaixonado
do futebol. O meu Belenenses vive dentro do
meu coração. Mas sei que o futebol é produto,
não é causa. Embora também não passe de um
Zé-Ninguém para a lógica da economia neoliberal,
o pensar ainda não paga imposto...
Escuta, Zé-Ninguém, o futebol é sintoma, não é
causa! McLuhan disse, um dia, que o mundo se
transformou numa aldeia global – a aldeia global
do capitalismo neoliberal e do Ronaldo e do
Messi e do Neymar e tantos mais, também todos
eles, embora inconscientemente, ao serviço da
triunfante economia de mercado que proclama, à
boca cheia, como Hayek, que o “estado social é o
caminho da servidão”.
Escuta Zé-Ninguém, não deixes de frequentar
os estádios onde joga o clube do teu coração. O
futebol é o fenómeno cultural de maior magia
no mundo contemporâneo. Mas, lucidamente,
criticamente. Como um sujeito, não como um
objeto!
Congresso anual
da FIFPro nos EUA
Prémio Liga/SJPF
de Melhor Jogador do Mês
para James Rodríguez
49 JOGADORES 51
glórias
augusto inácio
Formado no Sporting, alcançou a glória europeia no FC Porto. Já como treinador devolveu
o título nacional aos sportinguistas após 18 anos de jejum. Falamos de Augusto Inácio,
um dos melhores defesas laterais da história do futebol português.
Texto: Vítor Crisóstomo | Fotografia: Lusa
Augusto Soares Inácio nasceu em
Lisboa, a 1 de Fevereiro de 1955.
O pai António, fervoroso adepto do
Sporting, não descansou enquanto
não levou o petiz Augusto para
Alvalade — um desejo que se
concretizou quando Inácio tinha
apenas 11 anos.
No Sporting, Augusto Inácio
percorreu todos os escalões de
formação do clube e em 1974/75
chegou à equipa principal.
Tinha 20 anos quando envergou
pela primeira a camisola dos seus
sonhos. Foi a 5 de Abril de 1975,
frente à Académica, em jogo para
a Taça de Portugal. Foi o único
encontro de Inácio nessa época
devido à feroz concorrência de
Manaca e Fernando Tomé para a
ala direita e de Carlos Pereira e
Baltasar para a ala esquerda.
Na época seguinte, Inácio ganhou
finalmente a titularidade, tanto
a lateral direito como a lateral
esquerdo.
Em 1977/78, Inácio conquistou
52 JOGADORES 49
a sua primeira Taça de Portugal
e consolidou o seu estatuto na
equipa. Em 1978/79, o defesa
marcou o seu primeiro golo oficial
com a camisola verde e branca.
Porto. Sentia-se desvalorizado
em Alvalade. No clube da
cidade Invicta ganhou três
campeonatos nacionais, duas
taças de Portugal, três supertaças,
Saiu do Sporting em 1982 como
campeão. Os leões só voltaram a
conquistar o título nacional em 2000,
quando Inácio, já como treinador,
regressou a Alvalade
Foi a 3 de Fevereiro de 1979, no
encontro Sporting-Sarilhense (3-0)
para a Taça de Portugal.
Em 1979/80, Inácio sagrou-se
campeão pelo Sporting, pela
primeira vez. Viria a repetir esse
feito em 1981/82, então treinado
pelo excêntrico inglês Malcolm
Allison.
Inácio sagrou-se campeão mas
decidiu dar um novo rumo à
sua carreira e assinou pelo FC
uma Liga dos Campeões, uma
Supertaça Europeia e uma Taça
Intercontinental.
Após sete épocas no Sporting e
sete temporadas no FC Porto,
Augusto Inácio pendurou as
chuteiras. Tinha 34 anos.
Selecção Nacional.
Inácio foi internacional português
em 25 ocasiões (quatro no
Sporting e 21 no FC Porto).
Estreou-se com a camisola das
Quinas a 5 de Dezembro de 1976,
contra o Chipre. Esteve presente
na fase final do Campeonato do
Mundo de 1986, no México.
Após esta competição, retirou-se
da Selecção Nacional.
Treinador.
Abandonou os relvados no final da
época de 1988/89 e dedicou-se à
carreira de treinador. Começou pelos
escalões de formação do FC Porto.
Seguiu-se Rio Ave, FC Porto (adjunto
de Bobby Robson), Felgueiras,
Marítimo, Desportivo de Chaves,
Sporting — a sua maior proeza até
à data enquanto técnico já que sob
a sua orientação os leões voltaram
a conquistar o título nacional após
18 anos de jejum —, Vitória de
Guimarães, Belenenses, Al-Ahli
Doha (Catar), Beira-Mar, Ionikos
(Grécia), Fooland (Irão), Interclube
(Angola), Naval, Leixões e Vaslui
(Roménia). Neste momento está
desempregado.
49 JOGADORES 53
LAZER
LAZER
relógios
PES 2013
MONTBLANC O exclusivo TimeWriter II Chronographe Bi-Fréquence 1000 foi criado pela Montblanc em conjunto com o relojoeiro hispano-suíço Bartolomeu Gomila.
Edição limitada a 36 unidades com cada uma a custar 230 mil euros (antes de impostos).
BREITLING Bentley Barnato 42 Midnight Carbon é o nome do cronógrafo Breitling for Bentley que homenageia Barnato, um dos “Bentley Boys” vencedores de cinco
edições das 24 Horas de Le Mans entre 1924 e 193º. Série limitada de 1000 exemplares.
URWEK Pela primeira vez num relógio de pulso é destacada e monitorizada a relação simbiótica entre o homem e o seu relógio mecânico. O UR-210 da Urwer,
único na forma original de apresentar a hora, custa 113 mil euros.
Para controlar o
tempo
Jogar como Cristiano Ronaldo
O Pro Evolution Soccer (PES),
para muito o melhor videojogo de
futebol para PC e consolas, está
de regresso com a versão 2013. Os
responsáveis pelo título decidiram
voltar às origens e potenciar
as capacidades individuais dos
melhores futebolistas da actualidade
como Cristiano Ronaldo ou Lionel
Messi, por exemplo. Assim, PES
2013 oferece uma total liberdade
para jogar qualquer estilo de jogo,
permitindo um controlo máximo
sobre a colocação e o estilo dos
remates. Para o efeito, 50 estrelas
do futebol mundial foram analisadas
e ganharam vida no PES 2013,
sendo imediatamente reconhecidas
pela forma como jogam no ecrã.
Pela primeira vez existem remates
manuais, o que permite aos
utilizadores determinar a altura e a
força de cada um. Também a defesa
e o ataque foram melhorados. A
54 JOGADORES 49
linha defensiva é mais difícil de
bater e as equipas ajustam-se mais
rapidamente à perda ou recuperação
da bola, permitindo disputas mais
rápidas. Por fim, também os guardaredes estão muito mais reais com
melhores reacções e sem saídas em
falso ou frangos monumentais.
Football Manager 2013
Gerir como os melhores do mundo
GRAHAM O novo Chronofighter Oversize GMT Blue & Red da Graham apresenta o tradicional gatilho de acionamento rápido do cronógrafo numa caixa em aço
de 47 mm de diâmetro. Tem uma resistência à água até 100 metros.
VACHERON CONSTANTIN Produto líder da colecção, o modelo Overseas Cronógrafo apresenta este ano uma nova expressão, com esta variação de aço reforçada
com um mostrador de cor azul profundo.
DEWITT A alternância dos níveis distintos presentes no mostrador do novo Academia Mirabilis da DeWitt dão-lhe destaque e uma impressão de profundidade.
jogos
A grande novidade do Football
Manager 2013 (FM13) passa pela
introdução de um modo Clássico
mais conhecido por FMC. Este
representa uma forma alternativa e
menos morosa de abordar o jogo. Na
prática simplifica a maneira como
os jogadores gerem o seu clube e
permite-lhes concentrarem-se em
levar a sua equipa ao topo. Além de
reestruturar o papel do manager –
uma época pode ser jogada entre
oito a 10 horas – o FMC proporciona
duas formas distintas de jogo: os
seus jogadores podem enveredar por
uma carreira normal ou testar a sua
coragem no modo Challenge. Neste
é possível alcançar o sucesso com
uma equipa constituída somente
por miúdos ou salvar uma equipa da
descida de divisão? Mas atenção,
para quem deseja o “velho” Football
Manager, o FM13 mantém a maior e
a mais envolvente versão da melhor
simulação de gestão de futebol do
mundo. Uma nota final, com elevada
carga de actualidade. Atenção com o
fisco! O FM13 inclui regimes fiscais
actualizados para cada um dos
países apresentados e os jogadores
levarão em conta este item no
momento de assinarem contrato.
49 JOGADORES 55
Estádio DO RESTELO
O MEU ESTÁDIO
André Alves/ASF
José António
Características:
ção: 30 000
Medidas: 105M x 70 M - Lota
Inauguração: 1956
Com vista para o Tejo
A 9 de Setembro de 1956, o
Belenenses realizou o seu último
jogo no Estádio José Manuel Soares.
Praticamente cumpridos 29 anos
sobre o primeiro encontro oficial ali
realizado, cerca de 20 mil adeptos do
“Belém” disseram adeus às Salésias
presenciando uma vitória por 4-2
frente ao Atlético. As Salésias deram
então lugar ao Estádio do Restelo.
Com vista para o rio Tejo, o Estádio
do Restelo — construído num local
onde antes era uma pedreira — é
um dos recintos desportivos mais
bonitos do País. Localizado numa das
zonas mais nobres de Lisboa está
rodeado de monumentos históricos.
Inaugurado em 23 de Setembro de
1956, o Estádio do Restelo surgiu
como uma obra revolucionária dada
a excelência da construção, as boas
instalações sonoras e luminosas, o
campo de futebol relvado, a pista de
atletismo e a lotação para cerca de 44
mil espectadores, divididas por quatro
bancadas unidas de forma oval, com
duas bancadas cobertas e três delas
com dois anéis, um inferior e outro
superior. Num dos topos há apenas
56 JOGADORES 49
um anel reduzido o que permite a
quem está nas outras bancadas uma
bela visão sobre a cidade de Lisboa.
No momento da estreia, o estádio
tinha apenas duas bancadas — as
centrais — cobertas, mas desde
logo nasceu e ficou lá a estrutura
necessária para o aumento da
capacidade do recinto para cerca de
60 mil lugares, com a construção de
uma bancada superior no topo sul, e
para a construção de uma cobertura,
no topo norte, conforme veio a
verificar-se cerca de 50 anos depois.
No encontro de inauguração, o
Belenenses venceu o Sporting por
2-1. Dois dias depois disputou-se o
primeiro jogo nocturno, para estrear
a iluminação, com o Belenenses a
derrotar Stade de Reims por 2-0. Já
no primeiro jogo oficial, a equipa do
Restelo bateu o Vitória de Setúbal por
5-1. Em Outubro de 1975, o Estádio
do Restelo registou a maior enchente
de sempre, quando cerca de 60 mil
pessoas assistiram à partida entre o
Belenenses e o Benfica, a contar para
o Campeonato Nacional da 1ª Divisão,
que os azuis ganharam por 4-2.
Nacionalidade: Portuguesa
Naturalidade: Cascais
Idade: 1957 — 2005
Posição: Defesa
Clubes: Carcavelos e Benfica (formação),
Benfica, Estoril e Belenenses
Internacional AA por Portugal
Acácio Franco/Lusa
49 JOGADORES 57
regresso à infância
Quando teve noção de que gostava de futebol?
O bichinho da bola começou aos 11, 12 anos e mais a sério a partir dos 13
anos.
Jogou muitos jogos de bairro?
Sim, como tinha um irmão mais velho jogava muitas vezes com eles. Eu,
como era o mais novo, ia quase sempre à baliza.
E onde jogavam?
Nos bancos da escola secundária. À noite saltávamos a vedação e íamos para
lá jogar.
Dividiam-se as equipas por clubes?
Não, era de forma aleatória. Geralmente os mais velhos escolhiam as equipas.
E tinham algum troféu?
Não, nada, só pelo prazer de jogarmos e para estarmos entretidos.
Tinha alguma alcunha?
Não, só mais tarde, já no futebol federado, é que me puseram a alcunha de O
Tronco.
Para além da bola, o que não podia faltar?
Eramos multifacetados. Além de futebol, jogávamos hóquei em patins — mas
sem patins —, basquetebol, etc. E quase sempre nos mesmos bancos da
escola.
Mudava e terminava aos quantos?
Geralmente era até nos cansarmos ou até existir luz. Basicamente era até nos
fartarmos.
Primeiro a bola ou a namorada?
A bola sempre primeiro. Só mais tarde a partir dos 15, 16 anos é que
começaram as namoradas.
PAULO MADEIRA
Ex-internacional português, defesa, 42 anos
“Jogávamos só pelo prazer
e para estarmos entretidos”
58 JOGADORES 49
Muitos joelhos esfolados?
Sim, além dos arranhões nas ancas por causa dos carrinhos. Mas raramente
havia uma lesão.
Havia algum ”chato” que não gostava de ver a malta a
jogar?
Nós acabávamos de jogar à bola na escola e íamos conversar para um muro
de um vizinho. O dono da casa era “o Velho” e às vezes lá aparecia ele porque
estávamos a fazer muito barulho. Outras vezes, a seguir ao jantar, lá íamos
para o muro e estávamos ali na brincadeira e, por vezes, tornávamo-nos algo
barulhentos. Nessa altura até criamos um clube que é o Desportivo Sapalense
Clube e o emblema é uma laranja por causa do Velho e o pau de laranjeira.
49 JOGADORES 59
envia o teu currículo
[email protected]
www.sjpf.pt
60 JOGADORES 49
queres participar? inscreve-te!
mercado de inverno
2012/2013