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faculdade de administração trabalho de conclusão de
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC
DIEGO DE PAULA KERN
ANALISE DE PERFIL INVESTIDOR EM CLIENTES DE UMA CORRETORA
DE VALORES MOBILIARIOS EM PORTO ALEGRE
Porto Alegre
2015
1
DIEGO DE PAULA KERN
ANALISE DE PERFIL INVESTIDOR EM CLIENTES DE UMA CORRETORA
DE VALORES MOBILIARIOS EM PORTO ALEGRE
Trabalho de Conclusão de Curso - TCC
apresentado como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em
Administração de Empresas, na Faculdade
de Administração do Centro Universitário
Ritter dos Reis - UNIRITTER.
Orientador: Professor Me. Maximiliano Kruel
Porto Alegre
2015
2
Dedico este trabalho especialmente a minha
família, alicerce da minha formação. Em
geral dedico essa conquista a todos que me
apoiaram em toda a caminhada, participando
das horas boas e dando força nos momentos
de dificuldade. Um muito obrigado a todos os
meus amigos, familiares e pessoas que sei
que estarão sempre ao meu lado. Em
especial agradeço a minha mãe, Claudia
Teresinha de Paula Kern, que foi a primeira
motivadora para a minha entrada no curso
de Administração, pois independente de
qualquer
dificuldade,
sempre
viu
na
formação acadêmica o melhor caminho e a
base de todas nossas futuras conquistas.
3
RESUMO
O entendimento de cada um em relação à necessidade de possuirmos um correto
planejamento financeiro, seja para nos prepararmos para o futuro, seja para a
realização de algum sonho, é fundamental. Com a oferta cada vez mais diversificada
em relação a tipos de investimentos no mercado financeiro, se faz mais necessário
que os investidores tenham maior conhecimento acerca de seu perfil de
investimentos, que são moldados por algumas variáveis estudadas nesse trabalho.
O conhecimento em finanças não é comum a grande parte das pessoas e a mais
adequada assessoria em finanças é fator determinante para que sejam atingidos os
objetivos financeiros do investidor. O trabalho em questão consiste em analisar o
perfil investidor de clientes de uma corretora de valores mobiliários através da
aplicação de uma ferramenta de análise de perfil investidor desenvolvida nesse
trabalho, comparando seu resultado com a percepção de perfil identificada na
corretora através da aplicação da sua própria ferramenta. A correta identificação de
perfil investidor permite que sejam apresentados os tipos de investimentos mais
indicados a cada perfil, possibilitando a correta ligação entre o investimento e o
objetivo para o mesmo. O procedimento metodológico utilizado foi um estudo de
caso, com abordagem quantitativa e descritiva. A técnica de coleta de dados foi
dada pela aplicação de um questionário aos investidores pertencentes a uma
carteira de clientes da filial da corretora em Porto Alegre. Os resultados permitiram
entender o perfil de investimento de cada cliente respondente do questionário e
traçar o perfil investidor da carteira e seus percentuais, percebendo ao final que
houve concordância em relação ao perfil identificado através da aplicação da
ferramenta desenvolvida nesse trabalho com a aplicada pela referida corretora.
Palavras-Chave: Finanças. Perfil investidor. Planejamento.
4
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Tributação para fundos de curto prazo ..................................................... 34
Tabela 2 - Tributação para fundos de longo prazo: ................................................... 34
Tabela 3 - Faixa Etária .............................................................................................. 55
Tabela 4 - Valor a aplicar .......................................................................................... 56
Tabela 5 - Tempo para investir.................................................................................. 58
Tabela 6 - Nível aceito de risco ................................................................................. 59
Tabela 7 - Comparativo de resultado de perfil entre as ferramentas ......................... 60
5
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Três tipos mais comuns de investidor e a composição de suas
carteiras ............................................................................................................ 28
Quadro 2 - Classes de ativos que podem ser comprados por classe de fundo de
investimento...................................................................................................... 35
Quadro 3 - Tipos de Ações ................................................................................ 36
Quadro 4 - Garantias das Debêntures ............................................................... 37
Quadro 5 - Parâmetros de perfil e composição de investimentos aplicado na
ferramenta ........................................................................................................ 51
6
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Idade dos clientes .................................................................................... 55
Gráfico 2 - Valor a aplicar .......................................................................................... 56
Gráfico 3 - Tempo para aplicar .................................................................................. 57
Gráfico 4 - Nível aceito de Risco ............................................................................... 58
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fluxo de funcionamento do sistema financeiro ......................................... 18
Figura 2 - Objetos de Garantia do FGC .................................................................... 30
Figura 3 - Classificação dos clientes - ponto de vista dos bancos ............................ 31
Figura 4 - Tributação aplicada sobre CDB ................................................................ 33
Figura 5 - Tela inicial da Ferramenta ......................................................................... 44
Figura 6 - Tela de resultados da ferramenta - Perfil conservador ............................. 44
Figura 7 - Tela de resultados da ferramenta - Perfil moderado ................................. 45
Figura 8 - Tela de resultados da ferramenta - Perfil agressivo .................................. 45
Figura 9 - Opções de renda variável ......................................................................... 46
Figura 10 - Opções de renda fixa .............................................................................. 46
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ..................................................................... 12
1.1 PERFIL INSTITUCIONAL ................................................................................ 12
1.2 MISSÃO ........................................................................................................... 13
1.3 VISÃO .............................................................................................................. 13
1.4 PRINCÍPIOS .................................................................................................... 13
2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA ............................................................................... 14
3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 16
4 OBJETIVOS ........................................................................................................... 17
4.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 17
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 17
5 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 18
5.1 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) .................................................... 18
5.1.1 Subsistema Normativo ............................................................................ 19
5.1.1.1 Conselho Monetário Nacional (CMN) .................................................. 19
5.1.2 Entidades Supervisoras .......................................................................... 20
5.1.2.1 Banco Central do Brasil (BACEN) ....................................................... 20
5.1.2.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ............................................. 21
5.1.2.3 Banco do Brasil (BB) ........................................................................... 21
5.1.2.4 Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) .. 22
5.1.2.5 Caixa Econômica Federal.................................................................... 22
5.1.3 Principais Intermediários Financeiros ................................................... 23
5.1.3.1 Bancos Comerciais .............................................................................. 23
5.1.3.2 Bancos Múltiplos ................................................................................. 23
5.1.3.3 Bancos Investimento (BI)..................................................................... 23
5.1.4 Principais Instituições Auxiliares no Mercado Financeiro ................... 24
5.1.4.1 Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (SCTVM) ..... 24
5.1.4.2 Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (SDTVM) 24
5.1.4.3 Bolsa de Valores ................................................................................. 24
5.1.5 Sistemas e Câmaras de Liquidação e Custódia .................................... 25
5.1.5.1 Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) .......................... 25
5.1.5.2 Câmara de Custódia e Liquidação (CETIP)......................................... 25
5.1.5.3 BM&FBovespa - Câmara de Ações ..................................................... 25
5.2 PRINCÍPIOS DE INVESTIMENTO................................................................... 26
9
5.2.1 Retorno ..................................................................................................... 26
5.2.2 Liquidez .................................................................................................... 26
5.2.3 Risco ......................................................................................................... 27
5.2.4 Tipos de Investidores .............................................................................. 27
5.2.5 Fundo Garantidor de Crédito (FGC) ....................................................... 29
5.2.6 Principais Tipos de Investimentos ......................................................... 30
5.2.7 Caderneta de Poupança .......................................................................... 31
5.2.8 Certificado de Depósito Bancário (CDB) ............................................... 32
5.2.9 Fundos de Investimento .......................................................................... 33
5.2.10 Ações ...................................................................................................... 35
5.2.11 Debêntures ............................................................................................. 36
5.2.12 Letra de crédito imobiliário (LCI) .......................................................... 37
5.2.13 Letra de crédito do agronegócio (LCA) ............................................... 38
5.3 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS ................................................................. 38
5.3.1 Processos Heurísticos ............................................................................ 39
6 METODOLOGIA .................................................................................................... 41
6.1 CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DE PESQUISA ............................................... 41
6.2 POPULAÇÃO/AMOSTRA ................................................................................ 42
6.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS .............................................................. 42
6.3.1 Ferramenta que foi utilizada com os clientes da corretora .................. 43
6.4 ANÁLISE DE DADOS ...................................................................................... 47
6.4.1 Entrevista com profissional ........................................................................ 48
6.4.2 Funcionamento da ferramenta que foi utilizada ......................................... 50
7 RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................. 54
7.1 COMPARATIVO ENTRE RESULTADO DA FERRAMENTA PROPOSTA E DA
FERRAMENTA DA CORRETORA........................................................................ 59
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 61
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63
APÊNDICE ................................................................................................................ 66
APENDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ................................... 66
ANEXOS ................................................................................................................... 69
ANEXO A - FORMULARIO DE ANALISE DE PERFIL DE INVESTIDOR
UTILIZADO NO BANCO SANTANDER BRASIL.................................................... 69
ANEXO B - FORMULÁRIO DE ANALISE DE PERFIL INVESTIDOR UTILIZADO
NA ATIVA CORRETORADE VALORES MOBILIÁRIOS ........................................ 71
10
INTRODUÇÃO
Um investimento ocorre quando um poupador decide obter uma remuneração
com o recurso que o mesmo tem guardado. Procura então aquele investimento e
também a instituição que lhe concede uma maior remuneração frente ao seu nível
de risco aceito e com base naquele valor inicialmente investido. Em contrapartida, a
Instituição paga certa remuneração ao poupador para ter disponível para emprestar
a tomadores aquele recurso.
Em qualquer contexto econômico em que estivermos inseridos, precisamos
ter a preocupação com nossos ativos, planejá-los da maneira mais adequada
possível às nossas necessidades e objetivos financeiros.
“Maioria das pessoas procura o melhor retorno possível, mas isso deve ser
definido em função do prazo, risco e liquidez do investimento”. (INFOMONEY, 2015).
O conhecimento acerca de investimentos em renda fixa e variável e o
esclarecimento que nenhuma decisão de investimento deve ser tomada sem uma
completa avaliação das variáveis envolvidas nos investimentos, para que a
aplicação seja feita com ciência e minimização dos riscos, já que não podemos
elimina-los na grande maioria das opções é um dos direcionamentos deste trabalho.
Atualmente no mercado financeiro, mais especificamente falando no
segmento bancário e de corretora de valores mobiliários, são utilizadas ferramentas
de análise de perfil de Investidor para classificar os mesmos em perfis de
investimento para possibilitar uma maior assertividade na oferta de investimentos e
para que o cliente tenha maior ciência do seu perfil.
Levando em consideração as ferramentas utilizadas como parâmetros neste
trabalho e com os autores que falam sobre o tema, foram percebidos os três perfis
de investimento existentes: Conservador, Moderado ou Agressivo e Agressivo ou
arrojado ou Especulador. Cada instituição financeira possui sua própria ferramenta
de API (Análise de Perfil Investidor) para identificar qual o perfil de investimento
predominante em cada cliente. Trata se do primeiro passo que a instituição
financeira tem de tomar antes de indicar os investimentos adequados a cada
investidor. Apesar de o cliente ter o direito de investir seu capital no ativo que
preferir, é de responsabilidade da empresa lhe informar qual o perfil atribuído e se a
formatação do investimento escolhido está de acordo com o perfil identificado na
ferramenta.
11
A mesma serve também para que o profissional da área de investimentos
possa apresentar os investimentos que são mais indicados para o perfil.
Com essas medidas a instituição financeira e o profissional de investimentos
estão possibilitando ao cliente ter ciência do seu perfil, saber quais os investimentos
estão mais adequados com ele, ou seja, estão possibilitando ao cliente tomar as
decisões mais assertivas em relação ao seu objetivo com o capital, seja reduzindo
risco ou aumentando possibilidade de retorno de capital.
Com a utilização desta ferramenta, desenvolvida com base nas mesmas já
existentes em mercado, mais especificamente na Corretora de Investimentos Ativa e
no Banco Santander Brasil S.A., foi possível analisar e identificar o perfil de cada
cliente investidor da corretora de valores Ativa Investimentos em Porto Alegre e
comparar com o resultado da análise que a mesma fez com a mesma carteira de
clientes através da sua própria ferramenta.
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1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
A Ativa Investimentos é uma corretora de Câmbio e Valores Mobiliários que
possui sua matriz no Rio de Janeiro e filiais em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e
Porto Alegre (onde o estudo foi desenvolvido). Uma corretora de valores segundo
Lima, Galardi e Neubauer (2009):
É uma instituição financeira membro da bolsa de valores, que estão
habilitados a negociar valores mobiliários em pregão. Operam com títulos e
valores mobiliários por conta própria e de terceiros e têm exclusividade para
executar a intermediação nos pregões das bolsas de valores. Elas também
podem:
§ Promover ou participar de lançamentos públicos de ações;
§ Administrar e custodiar carteiras de títulos e valores mobiliários;
§ Efetuar operações de compra e venda de metais preciosos;
§ Operar em bolsas de mercadorias e futuros;
§ Operar na compra e venda de moedas estrangeiras;
§ Prestar serviços de assessoria em operações do mercado financeiro;
§ Organizar e administrar fundos e clubes de investimento.
Abaixo informações retiradas do site da própria empresa:
1.1 PERFIL INSTITUCIONAL
Somos uma empresa de investimentos independente e com mais de 30 anos
de experiência no mercado, agindo com responsabilidade e transparência.
Nossa longa experiência no mercado financeiro é apoiada por uma equipe
técnica altamente qualificada e que conta com rigorosos padrões de governança e
compliance.
Somos
conservadores
em
relação
ao
capital
dos nossos
clientes.
Acreditamos que um patrimônio conquistado com seriedade e dedicação deve ser
gerido do mesmo modo e, por isso, trabalhamos com ética e diligência para
conquistar o que você deseja.
Investimos continuamente em treinamento e capacitação, pois acreditamos
que a excelência no atendimento é peça chave para construção de relacionamentos
duradouros. Visamos sempre a satisfação do cliente e a segurança do seu
patrimônio.
13
1.2 MISSÃO
Contribuir para a rentabilização do patrimônio de nossos clientes, através de
orientações técnicas adequadas e preceitos éticos, garantindo relacionamentos fiéis
e duradouros.
1.3 VISÃO
Buscamos ser a corretora mais rentável do mercado financeiro, atuando com
foco na satisfação dos nossos clientes, colaboradores e acionistas.
1.4 PRINCÍPIOS
§ Reputação e Credibilidade;
§ Soluções financeiras personalizadas;
§ Atendimento qualificado e comprometido;
§ Investimento de capital com segurança.
Segundo Marcelo D’Avila, gerente da filial Porto Alegre, onde o estudo foi
realizado, a corretora vem nos últimos anos diversificando o seu portfólio de
produtos e serviços, principalmente pela dificuldade no mercado de ações. Com
isso, a corretora vem aumentando a sua base de distribuição de títulos de Renda
Fixa nos últimos anos, aumentando sua receita com prestação de serviços de
distribuição frente à receita de corretagem de bolsa de valores.
14
2 SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA
Há um entendimento de que para qualquer tipo de aplicação financeira, seja
ela de renda fixa ou variável, é muito importante que o poupador tenha convicção e
conhecimento acerca do seu perfil, da sua predisposição à risco e sobretudo um
conhecimento mais esclarecido dos tipos de aplicações e suas condições. Uma
ferramenta que possibilite que o investidor consiga se posicionar e deliberar sobre
seus investimentos será importante para essa tomada de decisão.
Pequena parcela de nossa população goza de educação financeira e
conhecimento do mercado de investimentos, o que faz com que as mesmas
demandem de orientação financeira. Um investidor pode, por exemplo, ser
direcionado para renda variável somente por que em determinado momento a Bolsa
de Valores está em alta, como pode manter suas aplicações sempre em renda fixa,
como poupança ou CDB, por falta de conhecimento de outras opções eventualmente
mais rentáveis. Isso demonstra o fato de que os investidores tomam suas decisões
baseadas muito mais em fatores de momento de mercado ou por falta de acesso a
informações do que respeitando o seu próprio perfil de risco, pois muitas vezes nem
conhecem tal perfil.
Para podermos identificar o perfil de cada investidor e classificá-los conforme
as instituições financeiras e os autores determinam, desenvolvemos uma ferramenta
de análise de perfil baseada nas mesmas bases de variáveis aplicadas atualmente
no mercado.
Os gerentes de investimento atuantes no mercado, mais especificamente no
segmento bancário, atuam de uma forma mais reativa, embora tenham capacitação
para exercer a função de planejador financeiro. Este perfil de atuação, que está
diretamente ligado à necessidade de entrega de metas de produtividade, faz com
que muitas vezes na composição de carteira de clientes, haja um relevante
percentual de clientes que estão com seus recursos alocados em investimentos que
podem não estar enquadrados com seu perfil.
Esse é o grande desafio dos profissionais de mercado e das instituições
financeiras que oferecem esses serviços, ofertar os ativos de acordo com o perfil de
cada investidor e aumentar ao máximo a eficácia da carteira, reduzindo os riscos de
ter investidores com seu patrimônio alocado em investimentos desenquadrados com
seus objetivos e perfil.
15
Esse resultado se dá através da verificação da análise do perfil de cada
aplicador recorrentemente através da aplicação da ferramenta e análise da carteira
de investimentos periodicamente junto ao cliente.
Existem diversas possibilidades de se formar uma carteira de investimento e
elas se tornam mais atrativas e ou adequadas para cada investidor com algumas
variáveis melhor definidas como: predisposição à risco, prazo de aplicação,
finalidade do investimento, idade do poupador, dentre outras, e isso aumenta a
necessidade de se ter controle e conhecimento sobre o destino que cada parte do
volume de aplicação do investidor será investido em cada opção disponível e
também quais são as características de cada aplicação.
Para isso é fundamental que o investidor aprimore seu autoconhecimento em
relação ao seu perfil, para que possam ser ofertadas aplicações que sejam mais
adequadas com o mesmo.
As ferramentas de Análise de Perfil de Investidor existentes no mercado têm
em seu resultado o perfil predominante do cliente analisado, mas fica a cargo do
profissional de investimentos a tarefa de recomendar e detalhar quais os
investimentos estão mais indicados a este perfil e quais as suas características.
Uma demanda não atendida atualmente no mercado é a indicação de tipos de
investimentos e suas características na própria ferramenta, juntamente com uma
indicação de percentuais de aplicação para cada perfil de investimento (renda fixa e
variável). Este conceito foi inserido na ferramenta proposta neste projeto para
complementar a sua função de melhor orientar o investidor para a composição de
carteira mais adequada, juntamente com as definições teóricas de cada tipo de
investimento.
A incerteza do mercado juntamente com as diversas possibilidades de
investimentos tornam muito complexa essa decisão.
Com estes desafios e objetivos se pergunta: Como possibilitar maior
autonomia e esclarecimento para o cliente investidor decidir onde aplicar seus
ativos?
16
3 JUSTIFICATIVA
À medida que cada vez mais há concorrência de mercado e opções diferentes
para que o investidor aplique seus ativos, se torna cada vez mais importante que o
mesmo se cerque de informações que o orientem na tomada correta de decisões
para a destinação de suas aplicações.
O autoconhecimento de perfil de investimentos e apetite à risco é fundamental
para o processo decisório do cliente.
Como o autor do presente trabalho atua no mercado financeiro há nove anos,
mais especificamente como gerente comercial em um Banco Privado na cidade de
Porto Alegre, existe a percepção de que há espaço para aprimoramento e
desenvolvimento de uma ferramenta que respalde o cliente com mais consistência
nesse processo de decisão de onde e como aplicar seus ativos.
É de suma importância o pleno conhecimento por parte do investidor de que
tipo de investimento o seu patrimônio está sendo empregado, pois, isso irá definir o
risco e também a sua perspectiva de ganhos ou eventuais prejuízos, inclusive.
Sendo assim, esse trabalho se justifica na medida em que conhecendo o
investimento e as características inerentes a ele, o investidor poderá escolher, com o
auxílio da ferramenta proposta neste trabalho, aquele que mais corresponde às suas
expectativas de ganhos e também com as suas características de aceitação de
riscos a serem corridos.
17
4 OBJETIVOS
Conforme Roesch (1999, p. 95):
O objetivo é definido como ‘alvo ou desígnio que se pretende atingir’ (novo
dicionário Aurélio, 1986) Esta definição tem duas implicações importantes. A
primeira é que, ao formular objetivos, o autor do projeto está fixando
padrões de sucesso pelos quais seu trabalho será avaliado; a segunda é
que a formulação de objetivos leva o autor do projeto a perceber as etapas
contidas em seu trabalho, isto é, os objetivos orientam a revisão de
literatura e a metodologia do projeto.
4.1 OBJETIVO GERAL
Analisar o perfil investidor dos clientes da Ativa Investimentos através da
aplicação de uma ferramenta desenvolvida, baseada nas já existentes no mercado.
Possibilitar uma análise assertiva acerca de cada cliente de uma forma simples e
objetiva.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
§ Identificar as principais características que moldam cada perfil de
investimento dos clientes no mercado financeiro;
§ Desenvolver uma ferramenta de análise de perfil investidor, baseada nas
ferramentas existentes no mercado financeiro para aplicação nos clientes de
determinada carteira desta corretora;
§ Comparar o resultado da aplicação da ferramenta em questão nos clientes
da Ativa Investimentos, com o perfil percebido pela corretora através da
aplicação do questionário próprio que os mesmos já utilizam em sua
atuação.
18
5 REVISÃO DE LITERATURA
5.1 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN)
O SFN é composto por um conjunto de instituições financeiras públicas e
privadas, tendo como seu órgão máximo o Conselho Monetário Nacional (CMN).
Segundo Fortuna (2008, p.17),
Uma conceituação bastante abrangente de sistema financeiro poderia ser a
de um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao
trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo
de recursos entre poupadores e investidores.
Essa ideia é também reforçada por Assaf Neto (2003, p. 74) que diz que:
“Por meio do SFN, viabiliza-se a relação entre agentes carentes de recursos para
investimento e agentes capazes de gerar poupança e, consequentemente, em
condições de financiar o crescimento da economia”.
Segundo Cavalcante, Misumi e Rudge (2005) os tomadores finais de recursos
são aqueles que estão com déficit financeiro, necessitando de complemento de
recursos oriundos de terceiros e se disponibilizando a pagar pelo capital
necessitado. Já os ofertadores finais são os que se encontram em papel inverso, ou
seja, em superávit financeiro. Um fluxo do sistema financeiro segundo os mesmos
autores poderia ser assim definido:
Figura 1 - Fluxo de funcionamento do sistema financeiro
Fonte: Cavalcante, Misumi e Rudge, 2005.
19
Como pode ser observado no fluxo acima e utilizando a definição dos autores
Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p. 32):
O sistema financeiro é o conjunto de instituições e instrumentos financeiros
que possibilita a transferência de recursos dos ofertadores finais para os
tomadores finais, e cria condições para que os títulos e valores mobiliários
tenham liquidez no mercado.
O Sistema Financeiro Nacional está dividido em Subsistema Normativo e
Subsistema de Intermediação (operativo). Os órgãos pertencentes a cada
subsistema serão abordados a seguir:
5.1.1 Subsistema Normativo
Os órgãos e instituições pertencentes a esse sistema serão abordados a
seguir:
5.1.1.1 Conselho Monetário Nacional (CMN)
Órgão normativo que não desempenha nenhuma função executiva. Conforme
Fortuna (2008, p. 19), “O CMN como órgão normativo, por excelência, não lhe
cabem funções executivas, sendo o responsável pela fixação das diretrizes das
políticas monetária, creditícia e cambial do País”. Ainda de acordo com o mesmo
autor,
A medida provisória 542, de 06/94, que criou Plano Real, simplificou a
composição do CMN, caracterizando seu perfil monetário, que passou a ser
integrado pelos seguintes membros: Ministro da Fazenda (Presidente),
Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, e Presidente do Banco
Central. (FORTUNA, 2008, p.44).
As principais atribuições do CMN, também conforme o autor acima, são
citadas a seguir:
§ Autorizar as emissões de papel-moeda;
§ Fixar diretrizes e normas da política cambial
§ Regular a constituição, o funcionamento e a fiscalização de todas as
instituições financeiras que operam no país;
20
§ Disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações
creditícias;
§ Estabelecer limites para a remuneração das operações e serviços bancários
ou financeiros;
§ Regulamentar as operações de redesconto de liquidez.
5.1.2 Entidades Supervisoras
A seguir serão descritos os órgãos supervisores do Sistema Financeiro
Nacional.
5.1.2.1 Banco Central do Brasil (BACEN)
Segundo Fortuna (2008, p.20),
O BACEN é a entidade criada para atuar como órgão executivo central do
sistema financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer
cumprir as disposições que regulam o funcionamento do sistema e as
normas expedidas pelo CMN.
Conceito que também é reforçado por Assaf Neto (2003, p.79) que afirma
que: “pode-se tratar o Banco Central como um banco fiscalizador e disciplinador do
mercado financeiro”.
As principais atribuições do BACEN segundo Fortuna (2008, p.20-21) são as
seguintes:
§ Emitir papel-moeda e moeda metálica nas condições e limites autorizados
pelo CMN;
§ Receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e os
depósitos voluntários das instituições financeiras e bancárias que operam no
País;
§ Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras
dentro de um enfoque de política econômica do Governo ou como socorro a
problemas de liquidez;
§ Exercer a fiscalização das instituições financeiras, punindo-as quando
necessário;
21
§ Estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção
nas instituições financeiras privadas;
§ Controlar
o
fluxo
de
capitais
estrangeiros,
garantindo
o
correto
funcionamento do mercado cambial, operando, inclusive, via ouro, moeda ou
operações de crédito no exterior;
§ Efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e
venda de títulos públicos federais.
5.1.2.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
Segundo o conceito de Assaf Neto (2003, p.80) “A CVM é uma autarquia
vinculada ao poder executivo (Ministério da Fazenda), que age sob a orientação do
Conselho Monetário Nacional”. Utilizando-se também do conceito de Fortuna (2008,
p.22): “Órgão normativo do sistema financeiro, especificamente voltado para o
desenvolvimento, a disciplina e a fiscalização do mercado de valores mobiliários não
emitidos pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional”.
Ainda segundo Fortuna (2008, p. 23) os objetivos fundamentais da CVM são
os seguintes:
§ Estímulo a aplicação de poupança no mercado acionário;
§ Garantia do funcionamento eficiente e regular das bolsas de valores e
instituições auxiliares que operam neste mercado;
§ Proteção aos titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e
outros tipos de atos ilegais que manipulem preços de valores mobiliários nos
mercados primários e secundários de ações;
§ Fiscalização da emissão, do registro, da distribuição e da negociação de
títulos emitidos pelas sociedades anônimas de capital aberto.
5.1.2.3 Banco do Brasil (BB)
O Banco do Brasil reúne as funções de agente financeiro do Governo Federal,
executor das políticas de crédito rural e industrial e de banco comercial. Conceito
que é reforçado por Fortuna (2008, p.24):
22
O BB é um conglomerado financeiro de ponta, que vem aos poucos se
ajustando à estrutura de um banco múltiplo tradicional, embora ainda opere,
em muitos casos, como agente financeiro do Governo Federal. É o principal
executor da política oficial de crédito rural.
Na visão de Assaf Neto (2003, p.81) “O Banco do Brasil é uma sociedade
anônima de capital misto, cujo controle acionário é exercido pela União”. Até 1986, a
instituição era considerada uma autoridade monetária, atuando na emissão de
moeda no país. Esse mesmo autor afirma que: “por decisão do CMN, esse privilégio
do BB foi revogado, conservando ainda a função de principal agente financeiro do
Governo Federal”. (ASSAF NETO, 2003, p.41).
5.1.2.4 Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
O BNDES é uma empresa pública que está vinculada ao Ministério do
Planejamento. Conforme Assaf Neto (2003, p.81):
O BNDES é uma empresa pública que está atualmente vinculada ao
Ministério do Planejamento. Constitui-se no principal instrumento, de médio
e longo prazos, de execução da política de financiamento do Governo
Federal.
Conceito ratificado por Fortuna (2008, p.25) que afirma: “BNDES é a
instituição responsável pela política de investimentos de longo prazo do Governo
Federal. É a principal instituição financeira de fomento do País”.
5.1.2.5 Caixa Econômica Federal
Segundo Fortuna (2008, p.26):
A Caixa é a instituição financeira responsável pela operacionalização das
políticas do Governo Federal para habitação popular e saneamento básico,
caracterizando-se cada vez mais como o banco de apoio ao trabalhador de
baixa renda.
Assaf Neto (2003, p.83) também afirma que:
Tanto a CEF como as demais caixas econômicas são instituições
financeiras públicas que atuam de forma autônoma e apresentam um
23
objetivo claramente social. São classificados como órgãos auxiliares do
Governo Federal na execução de sua política creditícia.
5.1.3 Principais Intermediários Financeiros
Os principais intermediários financeiros pertencentes ao SFN serão descritos
e caracterizados a seguir.
5.1.3.1 Bancos Comerciais
Segundo Fortuna (2008, p.28) o objetivo dos BC é “proporcionar o suprimento
oportuno e adequado dos recursos necessários para financiar, a curto e médio prazos,
o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas”.
Segundo Assaf Neto (2003, p. 84):
Os bancos comerciais são instituições financeiras constituídas
obrigatoriamente sob a forma de sociedades anônimas. Executam
operações de crédito caracteristicamente de curto prazo, atendendo, dessa
maneira, às necessidades de recursos para capital de giro das empresas.
5.1.3.2 Bancos Múltiplos
Segundo os autores Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p.29):
Os BM podem operar simultaneamente, com autorização do BACEN,
carteiras de banco comercial, de investimento, de crédito imobiliário, de
crédito, financiamento e investimento, de arrendamento mercantil e de
desenvolvimento.
5.1.3.3 Bancos Investimento (BI)
Conforme conceito de Fortuna (2008, p.32) “Os BI foram criados para
canalizar recursos de médio e longo prazos para suprimento de capital fixo ou de
giro das empresas”. Assim como Assaf Neto (2003, p. 86) que afirma:
Os bancos de investimentos são os grandes municiadores de créditos de
médio e longo prazos no mercado, suprindo os agentes carentes de
recursos para investimento em capital de giro e capital fixo.
24
5.1.4 Principais Instituições Auxiliares no Mercado Financeiro
As principais instituições auxiliares serão descritas a seguir:
5.1.4.1 Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (SCTVM)
Segundo Fortuna (2008, p. 37) “são instituições típicas do mercado acionário,
operando com a compra, venda e a distribuição de títulos e valores mobiliários
(inclusive ouro) por conta de terceiros”. Reforçando esse conceito, temos também
Assaf Neto (2003, p. 90) que afirma que: “As sociedades corretoras são instituições
que efetuam, com exclusividade, a intermediação financeira nos pregões das bolsas
de valores”.
5.1.4.2 Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (SDTVM)
Seguindo o conceito de Assaf Neto (2003, p.90) “São também instituições
intermediadoras de títulos e valores mobiliários, cujos objetivos básicos se
assemelham bastante aos das corretoras”. Já segundo Fortuna (2008, p.37) “Suas
atividades têm uma faixa operacional mais restrita do que a das corretoras, já que
elas não têm acesso às bolsas de valores e de mercadorias”.
5.1.4.3 Bolsa de Valores
Conforme Assaf Neto (2003, p.89) “as bolsas de valores são associações
civis sem finalidades lucrativas, cujos patrimônios são constituídos por títulos
patrimoniais adquiridos por seus membros, as sociedades corretoras”. Em nosso
país existiam basicamente duas principais bolsas, a Bolsa de Valores de São Paulo
(BOVESPA) e a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), entidades essas que
foram fusionadas em 2008, quando criou-se a BM&FBOVESPA.
25
5.1.5 Sistemas e Câmaras de Liquidação e Custódia
Têm por objetivo a organização, a liquidação e a transferência dos títulos
públicos e privados negociados no mercado financeiro. Abaixo serão descritos os
principais sistemas:
5.1.5.1 Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC)
Sistema que foi criado em 1979 pelo BACEN e a ANDIMA (Associação
Nacional das Instituições do Mercado Aberto) com o objetivo de operar com títulos
públicos de emissão do BACEN e do Tesouro Nacional.
Segundo Assaf Neto (2003, p.107):
Esse sistema constitui-se, na verdade, num grande computador que tem por
finalidade controlar e liquidar financeiramente as operações de compra e
venda de títulos públicos e manter sua custódia física e escritural.
5.1.5.2 Câmara de Custódia e Liquidação (CETIP)
Tem o funcionamento semelhante ao Selic, porém, abrigando títulos privados.
Conforme Assaf Neto (2003, p.108) “A Cetip passou a funcionar a partir de 1986
como um sistema bastante semelhante ao Selic, só que abrigando títulos privados,
como CDB, RDB, debêntures, CDI, etc.”.
Algumas vezes, o sistema pode também operar com títulos públicos que
estejam em posse do setor privado.
5.1.5.3 BM&FBovespa - Câmara de Ações
A Câmara de Ações tem como principal objetivo regular os sistemas e
garantias para que ocorram as liquidações das operações efetuadas na BOVESPA.
Tem também a função de fazer a custódia escritural e física dos valores
mobiliários negociados na Bolsa.
26
5.2 PRINCÍPIOS DE INVESTIMENTO
Todo e qualquer investimento deve ser sempre previamente analisado e
planejado para que os objetivos de consumo futuro sejam atingidos. O grande
objetivo da administração de um investimento é atender as necessidades do
investimento nos seguintes termos:
§ Retorno (Rentabilidade);
§ Liquidez;
§ Risco (Segurança).
As descrições de cada uma dessas necessidades serão abordadas a seguir:
5.2.1 Retorno
O retorno segundo Gitman (2002, p. 203) “É medido como o total de ganhos
ou prejuízos dos proprietários decorrentes de um investimento durante um
determinado período de tempo”. Trata-se, portanto, do ganho financeiro nominal
sobre o total do investimento. Porém, para efetuarmos uma análise completa da
rentabilidade, não basta somente analisar o seu percentual de rendimento, mas sim
compará-lo ao seu benchmark, que será considerado o objetivo de rendimento do
nosso investimento.
Há também a rentabilidade esperada, que é o quanto se espera de
rendimento de determinado investimento. Sabendo-se que as rentabilidades
passadas não são garantias de rendimento futuro, deve-se fazer uma projeção de
acordo com os rendimentos no passado.
5.2.2 Liquidez
A liquidez de um investimento é simplesmente a capacidade desse
investimento em ser negociado transformando-se em dinheiro para o investidor
quando o mesmo necessitar. Quanto mais rápido e fácil for a transformação do ativo
em dinheiro, maior será a sua liquidez no mercado. Utilizando também o conceito
dos autores Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p.52) que afirmam que “liquidez é a
maior ou menor facilidade de se negociar um título”, pode-se entender este conceito.
27
5.2.3 Risco
O risco é uma característica inerente a todos os investimentos. Alguns em
menor escala, obviamente. Conforme Gitman (2002, p.202) “O risco é a
possibilidade de prejuízo financeiro ou, mais formalmente, a variabilidade de
retornos associada a um determinado ativo”. Trata-se então da hipótese de perda
total ou parcial do valor inicialmente investido. Refere-se à possibilidade de um
investimento não atingir o nível de rentabilidade imaginado pelo seu investidor.
A escolha do tipo de investimento passa obrigatoriamente pelo grau de risco
que o investidor está disposto a correr.
Os riscos estão agrupados em três grandes grupos:
a) Risco de Mercado: O risco de mercado está intimamente ligado à
possibilidade de perda por oscilação de preços e taxas em função dos
descasamentos de prazos, moedas e indexadores das carteiras. Como
exemplo, podemos citar a crise econômica que teve início em países da
Europa em 2011, e na qual o mercado ainda está se recuperando, que
provocou oscilações em ativos ao redor de todo o mundo.
b) Risco de Crédito: Esse tipo de risco está associado a possíveis perdas pelo
quando o contratante não deseja ou perde a capacidade de honrar seus
compromissos. Nesse caso, os recursos podem não ser recebidos pelo
investidor.
c) Risco de Liquidez: Está associado ao poder de negociação de um
determinado título no mercado. Esse tipo de risco pode estar associado à
falta de opções de venda do título anteriormente adquirido ou pela falta de
liquidez do mercado como um todo por questões políticas ou econômicas.
5.2.4 Tipos de Investidores
Cada investidor tem o seu perfil de acordo com sua aceitação de riscos e
comportamento. Antes de iniciar uma aplicação deve-se sempre analisar cada tipo
de investimento para verificar qual tipo se adequa ao perfil do investidor.
Os três tipos mais comuns de investidor e a composição de suas carteiras são
apresentados a seguir:
28
Quadro 1 - Três tipos mais comuns de investidor e a composição de suas carteiras
CONSERVADOR
AGRESSIVO
ESPECULADOR
Não hesita nas decisões,
busca performance
40% em títulos de renda fixa
de alta liquidez
Procura
ganhar
dos
indicadores
10% em títulos de renda fixa
de alta liquidez
30% em ações especulativas
e operações alavancadas
10% em ações Blue Chip ou 30%
em
ações
de
de 2ª linha
companhias de primeira linha
Fonte: Cavalcante, Misumi e Rudge (2005, p.232).
40% em ações especulativas
e operações alavancadas
50% em ações de alta
performance
Procura preservar capital
50% em imóveis, seguros,
ouro,
poupança,
títulos
federais
40% em títulos de renda fixa
a) Perfil conservador: Esse tipo de investidor está embasado principalmente no
quesito segurança. É avesso a correr riscos, portanto, prefere concentrar
seus investimentos em renda fixa. Justamente por não ter pré-disposição
para correr riscos, esses investidores não se preocupam com as oscilações
de taxas.
b) Perfil Agressivo: Esse tipo de investidor busca uma boa rentabilidade, por
isso, seu investimento é embasado principalmente nas boas rentabilidades
no médio e longo prazo da renda variável. Busca sempre assumir o maior
risco possível, em busca do maior retorno possível desejado.
c) Perfil Especulador: Esse tipo de investidor faz suas aplicações em mercados
de alto risco. Assume riscos indesejáveis, em busca de retornos
praticamente irreais. Normalmente são investidores que pouco tempo
permanecem com um ativo, pois, querem sempre tirar proveito de taxas,
resultando em liquidez ao mercado.
De acordo com o Banco Santander, os tipos de perfis se resumem em:
Conservador, Moderado e Arrojado com suas definições através das variáveis
objetivo, tolerância a riscos e horizonte de tempo. Abaixo a descrição de cada um
desses investidores, segundo o Site do próprio banco:
§ Conservador
Procura preservar o capital investido com baixa tolerância a riscos
§ Moderado
Corre riscos de eventuais perdas em investimentos, buscando maior retorno
no médio prazo.
29
§ Arrojado
Está disposto a tolerar riscos mais elevados e a aceitar as oscilações e
perdas em busca de retornos a longo prazo, superiores aos investimentos
conservadores e moderados.
Já de acordo com a Ativa Corretora, o perfil de investidor se divide em
Conservador, Moderado e Agressivo/Arrojado, conforme descrito abaixo:
§ Conservador
Privilegia a preservação de seu patrimônio. Ele abre mão de retornos maiores
por maior segurança.
Investidores dessa categoria têm baixa tolerância ao risco, não admitem
perdas, e têm necessidade de resgatar seus recursos em um curto período de
tempo.
§ Moderado
Este perfil de investidor busca um equilíbrio entre segurança e rentabilidade e
está disposto a correr certo risco para que o seu dinheiro renda um pouco mais do
que as aplicações mais conservadoras.
§ Agressivo/Arrojado
Tem como prioridade o retorno do seu investimento. Este investidor é capaz
de incorrer em grandes riscos para que seu dinheiro renda o máximo possível.
O grupo dos arrojados, no geral, acompanha o noticiário de todas finanças e
tem mais conhecimento teórico do mercado de produtos financeiros.
5.2.5 Fundo Garantidor de Crédito (FGC)
Segundo Fortuna (2008) “O FGC é uma associação civil sem fins lucrativos,
com personalidade jurídica de direito privado”.
Ainda segundo o mesmo autor, o FGC tem por objetivo prestar garantia
contra instituições pertencentes a esse fundo nos casos abaixo:
§ decretação da intervenção, liquidação extrajudicial ou falência da instituição;
§ reconhecimento, pelo BACEN, do estado de insolvência de instituição.
O principal objetivo do FGC é dar proteção ao pequeno investidor, evitando
assim, a corrida de saques por pequenos depositantes em eventuais crises
bancárias. O FGC garante o total de créditos até R$ 250.000,00 para cada pessoa.
30
Para tanto, devem ser somados os créditos de cada depositante através do seu
CPF/CNPJ contra todas as instituições de um mesmo conglomerado financeiro.
São objeto da garantia proporcionada pelo FGC (Fundo garantidor de crédito)
os seguintes Créditos:
Figura 2 - Objetos de Garantia do FGC
Fonte: FGC, 2015.
5.2.6 Principais Tipos de Investimentos
Neste capítulo serão descritas as principais opções de investimento em renda
fixa e variável disponíveis no mercado financeiro nacional, descrevendo suas
características e riscos inerentes.
Os produtos de investimento funcionam como ferramentas de captação para
os Bancos que utilizam esses recursos captados para empréstimos para os
tomadores.
Segundo Fortuna (2008) os clientes podem ser classificados, do ponto de
vista dos bancos, quanto à captação (conforme figura abaixo):
31
Figura 3 - Classificação dos clientes - ponto de vista dos bancos
Fonte: Eduardo Fortuna (2008).
Após a definição de cada tipo de investimento, foram colocados conceitos
retirados de sites das principais instituições financeiras para que fiquem claras as
caracterizações.
Abaixo as principais opções de investimentos disponíveis atualmente no
mercado financeiro:
5.2.7 Caderneta de Poupança
Como informa Fortuna (2008) a caderneta de poupança é o investimento mais
simples e usual, se tratando de um dos poucos em que um pequeno valor pode ser
investido e que se pode ter liquidez, considerando sempre a perda de rentabilidade
quando ocorrer saques fora da data de aniversário da aplicação.
Conforme informações obtidas no site do Banco HSBC, a caderneta de
poupança tem remuneração mensal de juros de 0,5% ao mês para depósitos que
foram realizados até 03/05/2012 aplicada sobre os valores atualizados pela TR na
data de aniversário de cada aplicação. Para depósitos a partir de 04/05/2012 a
cotação da taxa Selic é a referência para a remuneração da poupança. Com taxa
Selic superior a 8,5% a.a. a remuneração se mantém 0,5% a.m. e se a cotação da
taxa Selic for igual ou menor a 8,5% a.a. a rentabilização fixada será de 70% do
valor da Selic + TR (Taxa Referencial).
32
Segundo o Banco HSBC, a poupança é a modalidade de investimento mais
tradicional, simples e segura para investir dinheiro e fazê-lo multiplicar. Trata-se de
uma conta de depósitos com rendimento líquido de TR + valor pré-fixado conforme
taxa Selic. Ideal para quem busca um investimento de baixo risco ou uma opção de
investimento de curto prazo.
Ainda segundo o mesmo banco, as principais vantagens da poupança são:
§ Isenção de IOF e Imposto de Renda para Pessoa Física;
§ Resgate na mesma data da solicitação;
§ Garantia do Fundo Garantidor de Crédito de até R$ 250 mil por CPF.
5.2.8 Certificado de Depósito Bancário (CDB)
Segundo Fortuna (2008), o CDB é o mais antigo e mais utilizado instrumento
de captação de recursos, junto aos poupadores, por todos os tipos bancos, e
caracteriza-se por um depósito a prazo fixo. O CDB é um título de crédito escritural,
e sua emissão gera o compromisso de a instituição emissora pagar no final do prazo
estipulado a remuneração ao investidor. Assim, o CDB é um título que representa
uma dívida da instituição emissora para com o investidor.
Utilizando também o conceito de Assaf Neto (2003), que afirma que o CDB
pode ser emitido com remuneração pré-fixada ou pós-fixada. No caso do título préfixado, o investidor sabe no ato da compra o quanto receberá no prazo de
vencimento daquele título. Já o pós-fixado tem seu rendimento atrelado a algum
índice de preço do mercado (IGPM, TR, etc.), somada com uma taxa real de juro.
Segundo o Banco Santander, o CDB é um título de renda fixa com
investimento inicial de R$ 100,00 e rentabilidade pré ou pós-fixada. O CDB também
conta com a garantia adicional do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de até R$ 250
mil por CPF/CNPJ.
Ainda segundo este banco, as principais vantagens desse investimento são:
§ Rentabilidade e liquidez diárias;
§ Garantia adicional do FGC, de até R$ 250 mil por CPF/CNPJ;
§ O imposto de renda é cobrado apenas no vencimento ou resgate da
operação.
Abaixo a tabela de tributação do IR e desconto de IOF para resgates
inferiores a 30 dias sobre aplicações em CDB:
33
Figura 4 - Tributação aplicada sobre CDB
Fonte: Santander, 2015.
5.2.9 Fundos de Investimento
Segundo os autores Cavalcante, Misumi e Rudge (2005) os fundos de
investimento são entidades financeiras, que com a emissão de títulos próprios,
acabam concentrando o capital de vários investidores para posterior aplicação em
carteiras diversificadas de títulos e valores mobiliários.
O objetivo dos fundos é a busca de melhores condições por conta dos
grandes volumes investidos, visto que, se todos os participantes do fundo
investissem isoladamente não conseguiriam as condições técnicas favoráveis que
podem ser possíveis com a união dos recursos permitida pelo fundo.
Segundo o Banco HSBC, um fundo de investimento é um condomínio que
reúne recursos de um conjunto de investidores (cotistas) com objetivo de obter
ganhos financeiros a partir da aquisição de uma carteira de títulos ou valores
mobiliários, de acordo com o regulamento ou política de investimento do fundo.
Apesar de possuir CNPJ, um fundo não tem personalidade jurídica própria. Quando
você investe em fundos de investimento, significa que está confiando seus recursos
à administração de terceiros, isto é, contratando um serviço de cotistas.
34
Ainda segundo este banco, as principais vantagens dessa aplicação são:
§ Profissionalismo na gestão dos recursos;
§ Acessibilidade a diversos ativos;
§ Condições favoráveis de investimentos;
Os fundos de investimento de curto prazo e longo prazo têm o recolhimento
semestral do Imposto de Renda, que ocorre no último dia útil dos meses de maio e
novembro. Para essa cobrança é utilizado sempre a menor alíquota para cada
fundo, que posteriormente é adequada de acordo com o prazo da aplicação com
relação ao seu resgate.
Abaixo as tabelas de tributação dos fundos de investimento:
1) Fundos de tributação de curto prazo: São aqueles que possuem carteira de
títulos com prazo médio igual ou inferior a 365 dias.
Tabela 1 - Tributação para fundos de curto prazo
Prazo da aplicação
Até 180 dias
Acima de 180 dias
Alíquota de IR
22,5%
20%
Fonte: HSBC, 2015.
2) Fundos de tributação de longo prazo: São aqueles que possuem carteira de
títulos com prazo médio igual ou superior a 365 dias.
Tabela 2 - Tributação para fundos de longo prazo:
Prazo da aplicação
Até 180 dias
Alíquota de IR
22,5%
De 181 a 360 dias
20%
De 361 a 720 dias
17,5%
Acima de 720 dias
15%
Fonte: HSBC, 2015.
3) Imposto sobre Operações Financeiras
O IOF apenas incide nos resgates feitos em um período inferior a 30 dias.
Para os resgates que ocorrerem antes do período de 30 dias, ocorre a tributação
que começa em 96% no primeiro dia após a aplicação e pode chegar a 3% no 29°
dia após a aplicação. Fundos de Ações não sofrem incidência de IOF.
35
Os fundos de investimentos não contam com a garantia do FGC (Fundo
Garantidor de Crédito)
O risco presente nos investimentos em Fundos depende basicamente da
classe que o mesmo pertence. Cada classe de fundo de Investimento irá adquirir
ativos específicos de acordo com a classe que pertence. Abaixo uma tabela com as
classes e ativos que podem comprar, de acordo com a Instrução CVM número 555
de dezembro de 2014:
Quadro 2 - Classes de ativos que podem ser comprados por classe de fundo de investimento
Classe
Curto Prazo
Referenciado
% Mínimo da Carteira que
Deve Comprar
Prazo máximo: 375 dias
Prazo médio: inferior a 60 dias
No mínimo 95% do P.L
No mínimo 80% do P.L
Renda Fixa
No mínimo 80% do P.L
Cambial
Ações
No mínimo 80% do P.L
No mínimo 67% do P.L
Dívida Externa
No mínimo 80% do P.L
Multimercado
Não existe
O que compra?
Títulos Públicos Federais e ativos
financeiros com baixo risco de crédito
A.F indexado ao índice de referência
A.F com baixo risco de crédito
A.F indexados a taxa de juros
doméstica e/ou índice de preços
A.F indexados a variação cambial
Ações
Em Títulos da Dívida Externa emitidos
pela União
Várias classes de ativos sem
concentração em mercado específico
Fonte: Instrução CVM 555 de dezembro de 2014.
5.2.10 Ações
Conforme Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), uma ação representa uma
fração do capital social de uma empresa. Sendo assim, o acionista não é um credor
da empresa, mas sim proprietário desta, possuindo direito na participação de seus
lucros na proporção das ações que possui. Por se tratar de objeto de negociação
diária, o valor de uma ação varia muito de acordo com a lei de oferta e procura para
aquele ativo.
No quadro abaixo, descreve-se os tipos de ações:
36
Quadro 3 - Tipos de Ações
ORDINÁRIAS
PREFERENCIAIS
Ações com direito a voto
Ações com preferência na distribuição dos resultados
Presume-se a propriedade para aquele que constar no Livro Registro das
NOMINATIVAS
Ações Nominativas; transferência é feita mediante registro no Livro de
Transferências das Ações Nominativas
ESCRITURAIS
Dispensam a emissão de títulos de propriedade. Circulam e se transferem
mediante extratos dos bancos depositários
Fonte: Cavalcante, Misumi e Rudge (2005).
Segundo o Banco HSBC, quando fala sobre investimento em ações, é
ressaltado que apesar da oscilação de preço no curto prazo, é preciso ter em mente
que uma ação é um ativo real, que dá direito a participar da rentabilidade futura da
empresa, ou seja, o investimento é de longo prazo.
Ainda segundo este mesmo banco, para investir no mercado acionário, é
imprescindível que se esteja atento a todas as informações internacionais e locais,
informando-se quanto ao risco, e diversificando o investimento em diferentes papéis
para poder obter o melhor retorno possível.
Seguindo na lógica do HSBC, quanto maior for o retorno esperado, maior será
o risco associado ao investimento, mas o investimento de maior risco não
necessariamente garante maior retorno.
Para as ações a tributação ocorre da seguinte forma:
Sobre os dividendos pagos pelas companhias não incide imposto, pois, o
lucro que os originou já foi tributado. Porém, o ganho de capital auferido pela venda
das ações é tributado em 15% de imposto de renda na fonte no momento do resgate
e sobre o rendimento bruto da aplicação.
5.2.11 Debêntures
Segundo Pinheiro (2014, p.44):
Debênture é um título emitido por sociedade anônima, previamente
autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com a finalidade
de captar recursos de médio e de longo prazos, destinados normalmente a
financiamento de projetos de investimento ou alongamento do perfil do
passivo. Caracteriza-se como um título de valor mobiliário, com
remuneração baseada em taxas de renda fixa.
37
Sendo assim, o investidor que adquire debênture de uma empresa está
emprestando recursos para a mesma, ou seja, a empresa que emitir debêntures
possui uma dívida com esse investidor. É uma diferença com relação as ações,
onde o investidor se torna sócio da empresa.
Esse conceito é reforçado pelo mesmo autor citado acima:
As debêntures asseguram aos seus titulares um direito de crédito contra a
companhia nas condições constantes da escritura de emissões e do
certificado, havendo preferência quanto ao recebimento de capital aplicado.
Prestam-se ao carregamento de recursos para o financiamento do capital
fixo e de giro das empresas. (PINHEIRO, 2014, p.36).
No ato da emissão da debênture, a mesma pode ter garantias para dar maior
segurança aos investidores. No quadro abaixo temos as garantias das debêntures:
Quadro 4 - Garantias das Debêntures
Garantia
Descrição
Real
Penhor ou hipoteca sobre bens do ativo da empresa
Flutuante
Assegura privilégio geral sobre o ativo o ativo da emissora
Quirografária
Não tem privilégio especial ou geral
Subordinada
Só tem preferência em relação aos acionistas
Fidejussória
É um complemento as garantias anteriores. Oferece reforço ou
coobrigação de terceiros (fiança bancária do controlador)
Fonte: Pinheiro (2014).
A tributação das debêntures ocorre da mesma forma que ocorre no CDB
(conforme já tratado nesse trabalho). Porém, atualmente se o investidor for Pessoa
Física possui isenção de Imposto de Renda em Debêntures, quando esse título for
emitido pela empresa para captação de recursos para investimento em
Infraestrutura.
5.2.12 Letra de crédito imobiliário (LCI)
A LCI é um título de renda fixa emitido por instituições financeiras para
captação de recursos. São lastreados em financiamento imobiliários.
Segundo o site do Banco do Brasil (2015):
38
A Letra de Crédito Imobiliário - LCI é mais uma nova opção de investimento
para o cliente pessoa física.
A remuneração dos recursos investidos é de 80% do CDI, para aplicações
de qualquer valor, a partir de R$ 1 mil.
Além de oferecer condições diferenciadas, isenção de impostos e outras
vantagens especiais, contribui para o desenvolvimento do mercado
imobiliário brasileiro.
Depois da carência de 90 dias* após a data da aplicação, passa a ter
liquidez diária, permitindo, inclusive, a realização de resgates parciais,
desde que observado o saldo mínimo de R$ 1 mil.
Risco do Investimento: Muito Baixo.
Pessoa física que investe em LCI está isenta de Imposto de Renda.
5.2.13 Letra de crédito do agronegócio (LCA)
A LCA é um título de renda fixa emitidos por instituições financeiras para
captação de recursos. São lastreados em financiamentos do agronegócio.
Segundo o site do Banco do Brasil (2015b):
A Resolução Bacen 4.410, de 28/05/2015, instituiu carência de 90 dias para
resgate de Letra de Crédito do Agronegócio - LCA.
Após os 90 dias de carência, contados da data da aplicação, a LCA do
Banco do Brasil passa a ter liquidez diária, permitindo, inclusive, a
realização de resgates parciais.
Para a Letra contratada até o dia 28/05/2015, inclusive, não há qualquer
alteração. A liquidez continua diária, desde o primeiro dia útil após a data da
aplicação.
A aplicação oferece condições diferenciadas de rendimento e de tributação.
Investindo em LCA, você também contribui para o desenvolvimento do
agronegócio brasileiro.
Risco do investimento: Muito Baixo.
Pessoa Física que investe em LCA está isento de Imposto de Renda.
5.3 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS
Este assunto trata sobre um novo campo de estudos em relação às tomadas
de decisão em investimentos, onde à uma contraposição em relação ao pressuposto
de racionalidade dos tomadores de decisão adotado pelas finanças tradicionais.
Trata se de um dos ramos mais polêmicos no que tange ao estudo de
finanças. Um dos principais pilares das Finanças comportamentais é o conceito de
aversão à perda, visto que o modelo diz que o investidor pondera tanto ganhos
quanto perdas, mas não dá a elas o mesmo valor psicológico.
39
Para Shleifer (2000 apud KIMURA 2003), as finanças comportamentais
representam o estudo do potencial de falha humana em mercados competitivos,
abordando os impactos em variáveis financeiras quando diversos tipos de
investidores, tanto racionais quanto irracionais, interagem entre si.
As aplicações de descobertas da psicologia na teoria econômica são a origem
das Finanças comportamentais. Essas descobertas foram feitas por estudos de
Daniel Kahneman, prêmio Nobel de Economia em 2002 juntamente com Amos
Tversky.
5.3.1 Processos Heurísticos
Conforme Lima (2003), Processos Heurísticos se referem a modelos criados
pelo homem para tomar decisões complexas em ambientes incertos.
Lima (2003) ainda cita que estes processos podem resultar em decisões
errôneas.
Exemplos típicos de ilusões resultantes do uso de processos heurísticos:
§ Representatividade;
§ Autoconfiança Excessiva;
§ Padrões Históricos;
§ Aposta errônea;
§ Ponderação Errônea.
O Princípio da Representatividade foi proposto pelos psicólogos Daniel
KAHNEMAN e Amos TVERSKY (1974), e se refere à tendência dos
tomadores de decisão se basearem em estereótipos, isto é, enxergarem
modelos de procedimentos práticos, onde talvez não existam. A
representatividade também aparece na forma da "lei dos pequenos
números", onde os investidores tendem a assumir que eventos recentes irão
continuar a acontecer no futuro. Nos mercados financeiros, isto se
manifesta quando os investidores procuram comprar as ações "quentes" e a
evitar as ações que tiveram uma performance pobre em um passado
recente. Esse comportamento poderia fornecer uma explicação para os
exageros quanto ao otimismo e ao pessimismo, um efeito que foi sugerido
por De BONDT e THALER (1985). Neste mesmo ano, estes autores
documentaram um exemplo financeiro que ilustra melhor este princípio. De
BONDT e THALER perceberam que as ações que tiveram performances
perdedoras no passado apresentavam resultados melhores nos anos
subseqüentes, do que as próprias ações com resultados satisfatórios no
passado.
No entanto, as previsões de longo prazo feitas por analistas de mercado
enviesaram, favorecendo as ações com melhores resultados no passado.
Especificamente, analistas se anteciparam demasiadamente, sendo
otimistas em relação às ações que apresentavam melhores resultados nos
40
últimos tempos. Isso demonstra que, embora os profissionais conheçam o
método de regressão à média, não o utilizam sempre, como esperado.
(LIMA, 2003).
Há um grande impacto do excesso de autoconfiança nesse processo
decisório. Lima (2003) entende que o excesso de autoconfiança pode levar o
investidor a sobrestimar suas habilidades perceptivas e acreditar que elas podem
“medir” o mercado. Ele afirma que há diversos estudos que comprovam que cerca
de 80% das pessoas consideram-se acima da média no que diz respeito às suas
habilidades.
41
6 METODOLOGIA
Esta seção tem como objetivo descrever o processo pelo qual atingiremos os
objetivos específicos do projeto e consequentemente o objetivo geral.
É através da metodologia de pesquisa que se identificará o tipo de estudo a
ser realizado, bom como seus procedimentos em relação à coleta e análise de
dados.
6.1 CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DE PESQUISA
O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso. De acordo com Vergara
(2010, p. 44) “Estudo de caso é o circunscrito a uma ou poucas unidades,
entendidas essas como pessoa, família, produto, empresa, órgão público,
comunidade ou mesmo país. Tem caráter de profundidade e detalhamento”.
A pesquisa envolve uma amostra da população de clientes de uma corretora
de valores mobiliários de Porto Alegre, ficando restrita a essa unidade de negócios.
Yin (2005) afirma que o estudo de caso deve ser usado em estratégias de
pesquisa para contribuir com o conhecimento que temos com fenômenos
organizacionais, dentre outros.
A abordagem da pesquisa será quantitativa. Roesch (1999) define que se o
propósito é de avaliar o resultado de algum sistema ou projeto, recomenda-se
preferencialmente o enfoque da pesquisa quantitativa.
Um projeto de levantamento apresenta uma descrição quantitativa ou
numérica de tendências, atitudes ou opiniões de uma população,
estudando-se uma amostra dessa população. A partir dos resultados da
amostra, o pesquisador generaliza ou faz afirmações sobre a população.
(CRESWELL, 2010, p. 178).
Podemos considerar a pesquisa descritiva porque expõe características de
determinada população ou fenômeno. Não há um compromisso de explicar os
fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. (VERGARA,
2010).
Se realizou uma entrevista com um consultor de investimentos do mercado. A
pesquisa foi realizada presencialmente no escritório do profissional, no dia 26 de
agosto na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, onde o mesmo atua. A
42
pesquisa foi grava e transcrita. A intenção com a referida entrevista é agregar para a
pesquisa (que é algo quantitativo), justificando-se assim a implantação da
ferramenta proposta nesse trabalho. Este momento do projeto tem caráter
qualitativo. Cresswell (2010) afirma que nas entrevistas qualitativas cabe ao
pesquisador conduzir entrevistas face a face com os participantes, onde geralmente
envolve questões não estruturadas e em geral abertas, que são em pequeno
número e se destinam a suscitar concepções e opiniões dos participantes.
6.2 POPULAÇÃO/AMOSTRA
A delimitação da população/amostra e o tratamento estatístico devem atender
a duas situações: em um primeiro momento, a seleção e a definição do universo; e,
em seguida, a organização do questionário para tabulação. (LABES, 1998).
“O universo ou população é o conjunto de seres animados ou inanimados que
apresentam pelo menos uma característica em comum [...] dependem do assunto a
ser investigado”. (OLIVEIRA, 2002, p. 72).
Tanto a pesquisa científica de natureza quantitativa, quanto a qualitativa tem
por objetivo estabelecer generalizações, a partir da observação de grupos de
indivíduos chamados de população ou universo. A amostra é uma parte significativa
da população, determinada por um processo de amostragem.
“A amostra é uma parcela convenientemente selecionada do universo
(população); é um subconjunto do universo”. (MARCONI; LAKATOS, 2008, p.16).
A população participante do estudo em questão é composta por 182 clientes
investidores de uma carteira de investidores de uma Corretora de Valores
Mobiliários na Cidade de Porto Alegre.
6.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS
Para obter as respostas dos objetivos, o meio utilizado foi o questionário,
elaborado com perguntas fechadas, de múltipla escolha, por meio de formulário
escrito, que tem o intuito de identificar o conhecimento de opiniões, crenças,
sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas e outras. (GIL, 1996).
43
Um questionário caracteriza-se por uma série de questões apresentadas ao
respondente, por escrito, de forma impressa ou digital. Às vezes é chamado
de teste, como é comum em pesquisa psicológica; outras, é designado por
escala, quando quantifica respostas. (VERGARA, 2010, p.52).
Roesch (1999) define o questionário como um instrumento de coleta de dados
que busca mensurar alguma coisa.
O instrumento de pesquisa foi construído com questões fechadas de múltipla
escolha, sem identificação dos sujeitos, onde a resposta de cada questão deve ser
uma dentre as 5 (cinco) opções disponíveis. Trata se de uma ferramenta
desenvolvida com base nas ferramentas já existentes no mercado, levando em
conta as principais variáveis identificadas, justificadas no presente trabalho, para
moldar o perfil mais adequado de investimentos de cada entrevistado. As variáveis
em questão são: idade, volume de aplicação, prazo de investimento e nível aceito de
risco.
O questionário foi entregue aos respondentes via e-mail através do gerente
da carteira de clientes em questão, composta por 182 investidores. Houve um
retorno de 84 questionários, devidamente respondidos, o que corresponde a 46,15%
de respondentes em relação ao total da carteira. Os dados foram coletados entre os
dias 10 (dez) de setembro a 27 (vinte e sete) de setembro de 2015 (dois mil e
quinze).
6.3.1 Ferramenta que foi utilizada com os clientes da corretora
Para a pesquisa que já foi anteriormente detalhada, foi utilizada a ferramenta
abaixo descrita com os clientes da Ativa Corretora.
Abaixo as telas da ferramenta que foi enviada para todos os clientes
pertencentes a uma carteira sob responsabilidade de um gerente de investimentos
na Ativa Corretora:
44
Passo 1: Em um primeiro momento o cliente deve responder ao questionário
abaixo e clicar na tecla “Resultado”:
Figura 5 - Tela inicial da Ferramenta
Fonte: Ferramenta da Ativa Corretora.
Esta tela apresenta as questões fechadas a serem respondidas, baseadas em
temas de idade do investidor, valor a aplicar, tempo para investir e nível aceito de
risco, no caso para aceitação de perda de patrimônio.
Passo 2: A partir da combinação de respostas do usuário, se obtém a
indicação de perfil e também da composição de carteira do cliente.
Figura 6 - Tela de resultados da ferramenta - Perfil conservador
Fonte: Ferramenta desenvolvida no trabalho.
45
A tela acima apresenta o resultado do perfil identificado pela ferramenta,
quando da indicação de perfil conservador e sua indicação de alocação de
investimentos, no caso de 100% de renda fixa para composição da carteira de
investimentos do cliente.
Figura 7 - Tela de resultados da ferramenta - Perfil moderado
Fonte: Ferramenta desenvolvida no trabalho.
A tela acima apresenta o resultado de perfil moderado para um cliente, com
orientação nessa situação específica, de 15% de alocação de capital em renda
variável e 85% de alocação em renda fixa.
Figura 8 - Tela de resultados da ferramenta - Perfil agressivo
Fonte: Ferramenta desenvolvida no trabalho.
46
A tela acima apresenta um resultado de perfil agressivo para um cliente, com
orientação nessa situação específica, de 35% de alocação de capital em renda
variável e 65% de alocação em renda fixa.
Passo 3: Ao clicar no botão “Opções de Renda Variável” ou “Opções de
Renda Fixa” o cliente terá as opções abaixo:
Figura 9 - Opções de renda variável
Fonte: Ferramenta desenvolvida no trabalho.
A tela acima apresenta as opções de renda variável, quando o cliente clica
neste botão ao final do passo 2 (dois), quando aparece o resultado de seu perfil
investidor.
Figura 10 - Opções de renda fixa
Fonte: Ferramenta desenvolvida no trabalho.
A tela acima apresenta as opções de renda fixa, quando o cliente clica neste
botão ao final do passo 2 (dois), quando aparece o resultado de seu perfil investidor.
47
O objetivo, conforme já mencionado foi identificar o perfil dos investidores da
Ativa Investimentos e comparar com a base de dados dessa mesma corretora. Com
a intenção de verificar se existe divergência entre o banco de dados que a Instituição
Financeira possui e a que foi diagnosticada com a pesquisa realizada através da
aplicação da ferramenta.
A amostragem desse trabalho foi do tipo não probabilística, onde sua
característica principal envolve a impossibilidade de aplicação de fórmulas
estatísticas para cálculo. Não podem ser objetos de tratamento estatístico
(MARCONI; LAKATOS, 2008).
Além disso, FOI realizada uma pesquisa bibliográfica. Mattar (2001) define
que o levantamento em fontes bibliográficas é uma forma rápida de aprofundar um
problema de pesquisa. Este levantamento envolve consultas em livros relacionados
ao tema, revistas, teses e dissertações realizadas por alunos de universidades e
informações publicadas em jornais. Marconi e Lakatos (1999) defendem que a
pesquisa bibliográfica, também chamada de fontes secundárias, abrange toda a
bibliografia pública relacionada ao tema estudado. Publicações avulsas, livros,
monografias, teses. “Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com
tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto”. (MARCONI;
LAKATOS, 1999, p. 73).
Por fim, foi realizada uma pesquisa documental. A pesquisa em fontes
documentais são as informações mantidas em arquivo que podem ser relevantes
para o desenvolvimento do estudo. (MATTAR, 2001). Documentos como relatórios
anuais da organização que possam ser utilizados, declarações sobre práticas
gerenciais, políticas de dentro da empresa, enfim, todos os documentos que possam
complementar entrevistas ou outros métodos de coletas. (ROESCH, 1999).
6.4 ANÁLISE DE DADOS
A análise de dados foi realizada a partir da tabulação e geração de gráficos
via planilha do Microsoft Excel com as informações obtidas através dos
questionários individuais respondidos. Os mesmos estão apresentados no capítulo
de Resultados da Pesquisa, a fim de ilustrar e facilitar o entendimento passo a passo
do processo de identificação de perfil investidor dos clientes investidores da Ativa
Corretora.
48
6.4.1 Entrevista com profissional
Para embasar a relevância do presente trabalho se decidiu por procurar um
profissional da área financeira e realizar uma entrevista.
A mesma foi gravada e transcrita para o presente trabalho no dia 26 de
agosto no escritório do profissional, na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
onde o mesmo atua.
O objetivo da presente entrevista é o de trazer uma análise qualitativa para
esse trabalho. Com a pesquisa de dados que foi realizada na Corretora de Valores,
foram coletados dados quantitativos acerca da carteira de investidores e foi feita a
identificação do perfil dos mesmos.
Já o intuito da entrevista é trazer uma visão prática para a importância e a
necessidade de se analisar o Perfil do Investidor através da Análise do Perfil do
Investidor (API). Possíveis melhorias nessa ferramenta e também uma melhor
educação financeira e autoconhecimento do investidor foram os temas tratados pelo
Planejador Financeiro que foi entrevistado.
Abaixo os principais trechos da entrevista que foi realizada em 16/09/2015:
O profissional que foi entrevistado foi Lucas da Silva e Silva, Planejador
Financeiro que atua como consultor de investimentos e professor de cursos de MBA
na disciplina de Mercado de Capitais e também de Curso para Concursos Públicos.
Atualmente reside em Porto Alegre - RS. Abaixo os principais pontos da entrevista:
1) Como funciona o trabalho de Planejador Financeiro?
Bom, o nosso trabalho é dar uma visão geral sobre Planejamento para nossos
clientes. Não se trata de uma simples consultoria financeira, onde se olha a carteira
de investimentos e orienta quanto as aplicações. O trabalho é bem mais amplo e
envolve discussão do orçamento e sua adequação à realidade do cliente, orientação
para investimentos financeiros ou não financeiros, blindagem patrimonial (proteção
do patrimônio), seguros, planejamento de aposentadoria e também planejamento
sucessório.
2) Existe educação financeira no Brasil?
Não. Infelizmente ainda não temos esse conceito de falar sobre o dinheiro.
Algumas escolas particulares já adotam essa metodologia e eu acho que esse é
49
uma tendência bastante positiva. Apesar de uma eventual crise que estamos
passando nesse momento, estamos em outro patamar econômico, se comparado
com o Brasil dos anos 80, por exemplo. E me parece que esse é um caminho sem
volta, tomara. Nesse cenário temos que ter uma população que sabe ter uma boa
relação com o dinheiro. E isso só acontece com educação financeira. Por mais que
algumas pessoas digam que “não gostam de dinheiro”, essas pessoas gostam de
conforto, de ir a um bom cinema, de ir a um bom restaurante, ir à praia, etc. E não
tem como escapar, tudo custa dinheiro. Então, sempre digo que você pode não
gostar de dinheiro, mas gosta das coisas que ele te proporciona. Nesse sentido para
se ter qualidade de vida é essencial ter uma relação equilibrada com o dinheiro.
3) Como que a falta de educação financeira atrapalha na hora da escolha
de um produto de investimento?
Em todos os sentidos Diego. Imagina que você irá dirigir um carro de Fórmula
1. Tem grandes chances de não conseguir nem arrancar com o mesmo. A ideia é
similar. Sem você entender o as opções que você tem de investimento, de controle
financeiro e alternativas para um planejamento financeiro você fica totalmente na
mão dos profissionais do mercado. Claro que isso não é ruim, pois nem todo mundo
irá entender sobre finanças. Porém, se você não souber nada sobre o assunto, tudo
que você receber de informação aceitará como correta. É isso que temos que
mudar. Ao ter mais educação financeira, a tendência é de uma relação melhor com o
dinheiro, de um mercado de capitais muito mais desenvolvido, com empresas
captando recursos a custo mais baixo. Acho que isso nos elevará para um padrão
bem mais interessante de desenvolvimento. Tudo passa por educação. Seja ela
social, financeira ou de qualquer outra área.
4) Saber o perfil de cada investidor é importante?
Não é importante. É vital. Questão de vida ou morte talvez. A gente tem um
cenário onde os clientes estão em sua maioria mal orientados, infelizmente. A
maioria das pessoas está com seus recursos nos grandes bancos, e isso é um
desperdício de rentabilidade em um cenário onde temos o Fundo Garantidor de
Crédito (FGC) garantindo até R$ 250.000,00 para vários títulos. Com um perfil bem
definido, pode-se fazer uma alocação correta de carteira, adaptando ao prazo de
cada cliente, à sua tolerância ao risco e ao seu objetivo de vida. Infelizmente hoje
50
são poucos os clientes que têm acesso a uma consultoria de verdade nos bancos.
Normalmente o que acontece é uma situação onde se chama o cliente (aqueles
poucos privilegiados que são chamados) para vender produtos, porém disfarçado de
consultoria de investimentos. Essa é a verdade. Identificar, respeitar e entender o
perfil do cliente é questão de sobrevivência para o mesmo. E se a instituição
financeira não ajudar nesse processo, fica ainda mais complicado para o investidor,
pois, normalmente tem pouco conhecimento sobre o mercado financeiro e suas
opções.
5) Você acha que a ferramenta API dos bancos poderia ser melhorada?
Certamente. Principalmente para trazer para o cliente quais são os
parâmetros utilizados. É uma ferramenta pouco divulgada e utilizada. A CVM vem
trabalhando para melhorar isso, haja visto suas instruções de números 554 e 555
que tentam justamente melhorar essa relação entre produtos e perfil de cliente.
Somos ainda um país iniciante em investimentos, então é natural que se tenham
muitos processos a melhorar. Até pouco tempo tínhamos índices de inflação fora da
realidade, o que não traz confiança para investir. Tenho confiança que vamos
caminhar para um futuro melhor nesse sentido. Eu mesmo tenho desenvolvido
ferramentas para melhorar a identificação de perfil e também de adequação de
produtos para os clientes. Uma das principais questões que sinto falta nas
ferramentas convencionais dos bancos é que essas ferramentas apenas indicam o
tipo de perfil de cada cliente, que deve posteriormente procurar produtos de acordo
com esse perfil.
A partir da análise da entrevista acima descrita, observou-se uma
possiblidade de melhoria na ferramenta atualmente disponível na maior parte do
mercado financeiro. Com isso se desenvolveu a ferramenta proposta no presente
trabalho, onde a partir da identificação do perfil de cada cliente se realiza a indicação
de opções de investimentos, na própria ferramenta, de acordo com cada perfil.
6.4.2 Funcionamento da ferramenta que foi utilizada
Neste tópico será demonstrado o tralho de montagem e também como a
ferramenta funciona operacionalmente para chegar aos resultados.
51
O principal objetivo é levar o investidor a já ter ciência das principais opções
de investimentos que existem no mercado de acordo com o seu perfil, e é isso que a
ferramenta se propõe: Informar, através de quatro perguntas básicas, o perfil do
cliente e já indicar opções de investimentos de acordo com esse perfil. Certamente a
ferramenta não deve ser observada como a última instância para a tomada de
decisão de investimento de um cliente, mas sim como um auxílio, uma diretriz para
trazer maior conhecimento acerca das opções de investimentos.
A partir das quatro perguntas que foram anteriormente citadas, o sistema
responderá qual o perfil do investidor. Abaixo serão detalhados o funcionamento e
os parâmetros para se chegar nas respostas:
Quadro 5 - Parâmetros de perfil e composição de investimentos aplicado na ferramenta
PONTUAÇÃO
PORTFÓLIO INDICADO
DE -3 A 5 PONTOS
100% EM RENDA FIXA (CONSERVADOR)
DE 6 A 11 PONTOS
15% EM RENDA VARIÁVEL E 85% EM RENDA FIXA (CONSERVADOR)
DE 12 A 16 PONTOS
ATÉ 30% EM RENDA VARIÁVEL E 70% EM RENDA FIXA (AGRESSIVO)
DE 17 A 20 PONTOS
ATÉ 35% EM RENDA VARIÁVEL E 65% EM RENDA FIXA
DE 21 A 25 PONTOS
ATÉ 40% EM RENDA VARIÁVEL E 60% EM REDA FIXA
Fonte: Elaborada pelo autor, 2015.
Os três possíveis perfis de investidores que a ferramenta utiliza são os
mesmos que a Ativa Corretora utiliza, inclusive com as definições sobre perda ou
não de capital e também de objetivos de ganhos.
A seguir é descrito quanto cada resposta impacta para a formação da
pontuação final:
§ Idade do pesquisado: Pontuação conforme abaixo:
a) Até 25 anos (5 pontos);
b) De 26 a 35 anos (4 pontos);
c) De 36 a 45 anos (3 pontos);
d) De 46 a 55 anos (1 ponto).
Todos os pontos dessa questão são multiplicados pelo índice 1.
Essa questão é importante, pois, teoricamente um investidor com menor
idade terá um horizonte de investimento mais longo, podendo assim, incorrer em
mais riscos do que um investidor com maior idade. Sendo assim, o fator idade é
inversamente proporcional ao aumento do risco.
52
§ Valor a aplicar: Pontuação conforme abaixo:
a) Até R$ 5.000,00 (1 ponto);
b) De R$ 5.001 até R$ 30.000 (2 pontos);
c) De R$ 30.001 até R$ 60.000 (3 pontos);
d) De R$ 60.001 até R$ 90.000 (4 pontos);
e) Acima de R$ 90.000 (5 pontos).
Todos os pontos dessa questão são multiplicados pelo índice 1.
Nessa questão, o conceito da ferramenta é o de que quanto maior for o valor
de investimento disponível do investidor, maior poderá ser a sua diversificação,
portanto conseguirá fazer a mitigação do risco. Portanto, quanto maior for o volume
de recursos, mais opções de risco serão direcionadas para o investidor.
§ Tempo para investir: Pontuação conforme abaixo:
a) Até 12 meses (- 1 ponto);
b) De 13 a 18 meses (0 ponto);
c) De 19 a 24 meses (1 ponto);
d) De 25 a 36 meses (2 pontos);
e) A partir de 37 meses (3 pontos).
Todos os pontos dessa questão são multiplicados pelo índice 2.
Sem nenhuma dúvida o fator tempo para investir é um dos mais importantes
quando se trata em adequação da carteira de investimentos ao nível de risco da
mesma. Quanto maior for o prazo, maior o tempo de recuperação de uma possível
perda, ou seja, o prazo é diretamente proporcional ao nível de risco.
§ Nível aceito de risco: Pontuação conforme abaixo:
a) Aceitaria perder 5% (0 ponto);
b) Aceitaria perder até 10% (1 ponto);
c) Aceitaria perder até 20% (2 pontos);
d) Aceitaria perder até 30% (3 pontos);
e) Não aceitaria perder nada (- 1 ponto).
Todos os pontos dessa questão são multiplicados pelo índice 3.
O objetivo dessa pergunta é justamente entender o quanto o investidor está
disposto a perder, o quanto ele aceitaria perder. Obviamente quando menor a
aceitação de perda, menos renda variável terá no portfólio de investimento desse
cliente. Trata-se da pergunta mais importante desse simulador.
53
Como já descrito, a ferramenta irá responder para o investidor qual o seu
perfil de risco atual, de acordo com as respostas dadas naquele momento. O Perfil
de cada investidor é algo dinâmico que poderá sofrer alterações de acordo com
vários aspectos: Alteração da renda, da composição familiar, estado civil, momento
profissional, aumento da idade, entre outros vários fatores. Por esse motivo se
aconselha sempre ao investidor verificar constantemente o seu perfil e também
validar o portfólio de investimentos de acordo com o perfil do momento.
54
7 RESULTADOS DA PESQUISA
O formulário de Análise de Perfil do Investidor proposto no presente trabalho
foi enviado para 182 (cento e oitenta e dois) clientes da Corretora Ativa de Porto
Alegre para se identificar as principais características desses clientes. Essa é a
carteira total de clientes que é atendida por um Gerente de Investimentos da referida
corretora.
O envio foi realizado através de correspondência eletrônica de acordo com os
e-mails que os próprios investidores informaram nos seus respectivos cadastros. A
data de envio da pesquisa foi no dia 10 (dez) de setembro de 2015 (dois mil e
quinze) e o prazo definido como limite para o retorno dos mesmos foi dia 27 (vinte e
sete) de setembro de 2015 (dois mil e quinze).
O questionário enviado para os clientes consiste em uma ferramenta para
Análise de Perfil do Investidor e está organizado em quatro perguntas: Idade; Valor a
Aplicar; Tempo para Investir e; Nível Aceito de Risco.
Até a data estipulada como limite máximo para o recebimento das respostas,
foram recepcionadas oitenta e quatro respostas da pesquisa, a qual está
demonstrada abaixo em gráficos que ilustram cada uma das perguntas:
1) Idade:
A primeira pergunta tem como objetivo entender a idade dos clientes que
responderam a pesquisa. O fator idade é importante para ajudar a entender um
possível horizonte de investimento desses investidores.
55
Gráfico 1 - Idade dos clientes
Idade dos Clientes (%)
10
22
12
27
29
Até 25 anos
26 a 35 anos
36 a 45 anos
46 a 55 anos
Mais de 56 anos
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
Através do gráfico acima se percebe que a maior concentração de clientes
que responderam a pesquisa se encontra na faixa entre 46 e 55 anos, que engloba
29% do público pesquisado.
Abaixo a descrição do número de respondentes para cada uma das faixas
etárias:
Tabela 3 - Faixa Etária
Faixa Etária
Número de Investidores
Percentual do Total
Até 25 anos
9
10%
De 26 a 35 anos
10
12%
De 36 a 45 anos
23
27%
De 46 a 55 anos
24
29%
Mais de 56 anos
18
22%
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
Na tabela acima verificou-se que 10% dos investidores pertence a faixa etária
de até 25 anos, 12% na faixa compreendida por 26 a 35 anos, 27% entre 36 e 45
anos, 29% de 46 a 55 anos e 22% com mais de 56 anos. A faixa etária
predominante entre os respondentes foi de 46 a 55 anos.
56
2) Valor a aplicar:
Após se identificar a idade dos respondentes, a ferramenta se propôs a entender o
valor a ser investido por cada cliente da Corretora. Trata-se também de uma
informação de vital importância para a definição de produtos e ferramentas de
investimentos adequados à realidade do cliente.
Gráfico 2 - Valor a aplicar
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
Percebe-se também que existe uma maior concentração de clientes na faixa
entre R$ 30.0001 e R$ 60.000,00. Ou seja, não se trata de uma carteira de grandes
investidores.
Na tabela abaixo encontra-se a descrição detalhada do valor a aplicar dos
investidores:
Tabela 4 - Valor a aplicar
Valor a aplicar
Nº de Investidores
Percentual do Total
Até R$ 5.000,00
2
3%
De R$ 5.001,00 até R$ 30.000,00
12
14%
De R$ 30.001,00 até R$ 60.000,00
30
36%
De R$ 60.001,00 até R$ 90.000,00
24
28%
Acima de R$ 90.000,00
16
19%
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
57
A tabela acima demonstra que 3% dos investidores respondentes aplicam
recursos até R$ 5.000,00, 14% aplicam entre R$ 5.001,00 até R$ 30.000,00, 36%
aplicam entre R$ 30.001,00 até R$ 60.000,00, 28% aplicam entre R$ 60.001,00 até
R$ 90.000,00 e 19% dos investidores aplicam mais de R$ 90.000,00. Perfil
predominante de investidores que aplicam entre R$ 30.001,00 e R$ 60.000,00.
3) Tempo para investir
A próxima variável que a ferramenta se propôs a identificar foi a de tempo para o
valor ficar investido. Também é uma questão vital, pois investidores que têm um prazo
maior para alocar seus recursos, podem ter um tempo maior de recuperação de
eventuais perdas, podendo assim, eventualmente assumir maiores riscos.
Gráfico 3 - Tempo para aplicar
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
A partir da pesquisa e com base no gráfico acima pode-se perceber que
existe uma maior incidência de investidores com um prazo compreendido entre 19 e
24 meses para realizar a sua aplicação. O que se encaixaria em uma aplicação de
médio prazo.
Abaixo se tem a descrição detalhada de acordo com os prazos de
investimento:
58
Tabela 5 - Tempo para investir
Tempo para investir
Nº de Investidores
Percentual do Total
Até 12 meses
7
8%
De 13 até 18 meses
20
24%
De 19 até 24 meses
28
34%
De 25 até 36 meses
11
13%
A partir de 37 meses
18
21%
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
A tabela acima demonstra que 8% dos entrevistados pretende manter
investidos seus recursos em até 12 meses da aplicação, 24% entre 13 e 18 meses,
34% de 19 a 24 meses, 13% de 25 a 36 meses e 21% acima de 37 meses. Faixa
predominante de horizonte de investimento é de 19 a 24 meses, com 28 dos
respondentes, o que representa 34% dos entrevistados.
4) Nível aceito de risco
Para tentar entender como cada investidor lidaria com uma perda, fator
decisivo para se definir o perfil de cada um, a ferramenta propôs esse
questionamento para os respondentes, perguntando em percentuais qual seria a
perda máxima aceitável.
Gráfico 4 - Nível aceito de Risco
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
59
Como se pode observar a grande maioria da carteira aceitaria uma perda de
até 10%, ou seja, 37% dos entrevistados escolheram essa opção, se caracterizando
como uma carteira que não assume muitos riscos.
Abaixo se tem o detalhamento das informações obtidas com essa pergunta:
Tabela 6 - Nível aceito de risco
Nível aceito de risco
Nº de Investidores
Percentual do Total
Até 5% de perda
11
13%
Até 10% de perda
31
37%
Até 20% de perda
28
33%
Até 30% de perda
6
7%
Não aceitaria perder nada
8
10%
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
A tabela acima demonstra que 13% dos investidores aceitam perder até 5%
do seu patrimônio investido, 37% permitem perda de até 10%, 33% permitem perda
de até 20%, 7% permitem perda de até 30% e 10% dos respondentes não aceitam
perder nada em relação ao capital investido. Perfil predominante da carteira é
composto por investidores que aceitam perder até 10% do capital aplicado, o que
corresponde a 37% dos respondentes.
7.1 COMPARATIVO ENTRE RESULTADO DA FERRAMENTA PROPOSTA E DA
FERRAMENTA DA CORRETORA
Com o objetivo de comparar a metodologia utilizada pela Ativa corretora para
definir perfil com a metodologia da ferramenta proposta no presente trabalho, se
consolidou o resultado da pesquisa com os 84 investidores que responderam e se
realizou um comparativo com as informações consolidadas da carteira de
investidores que foi disponibilizado pela corretora através de coleta de dados junto
ao Gerente de investimentos da filial Porto Alegre.
O intuito é confrontar o perfil da carteira que a Corretora apurou com o seu
formulário de Análise de Perfil do Investidor com o perfil da carteira que a ferramenta
do presente trabalho verificou.
Os resultados estão expostos na tabela abaixo:
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Tabela 7 - Comparativo de resultado de perfil entre as ferramentas
Pesquisa realizada com
Dados fornecidos pela
ferramenta do trabalho
Corretora de Valores
Conservador
11,90%
Conservador
15%
Moderado
48,80%
Moderado
50%
Agressivo
39,30%
Agressivo
35%
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
De um total de oitenta e quatro investidores que responderam a pesquisa, dez
investidores ficaram enquadrados como “Conservador”, resultando em 11,90% do
total de respondentes. Esse percentual ficou muito próximo ao do banco de dados
da corretora (que aponta 15% de investidores como “Conservador”).
Enquadrados como “Moderado” teve-se um total de quarenta e um
respondentes, resultando em 48,80% do total. Praticamente o mesmo percentual de
clientes com esse perfil é observado no banco de dados da corretora (que aponta
50% de investidores como “Moderado”)
Já enquadrado como “Agressivo” se observou um total de trinta e três
investidores na pesquisa que foi aplicada, resultando em 33,90% do total de
respondentes. Também muito próximo ao percentual informado pela Corretora de
Valores (que aponta 35% de investidores como “Agressivo”).
As diferenças dos percentuais de perfis podem ser explicadas por um motivo
bastante importante e já tratado no presente trabalho que é o momento de aplicação
da pesquisa. Como se sabe o perfil de um investidor é algo dinâmico e passa por
mudanças. Como a Corretora faz a atualização do perfil de cada cliente anualmente,
eventuais mudanças puderam ter sido constatadas por meio da presente pesquisa,
antes mesmo de serem observadas pela Corretora na sua atualização.
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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento em finanças não é algo comum à maioria da população,
portanto se torna cada vez mais importante apresentar meios para que o investidor
possa se cercar do conhecimento necessário para dar mais autonomia e
entendimento no momento de fazer uma aplicação financeira. A AMBIMA
(Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais)
regulamenta a aplicação da Análise de Perfil Investidor (API) a todos os investidores
que forem aplicar capital em renda fixa ou variável no mercado financeiro.
O presente trabalho teve como objetivo principal analisar o perfil investidor de
clientes de uma corretora de valores mobiliários em Porto Alegre.
Um dos objetivos específicos foi buscar identificar quais as variáveis são mais
relevantes para moldar o perfil investidor de cada pessoa. Verificamos que idade,
prazo de aplicação, volume de aplicação e nível de aceitação de risco são os pontos
mais importantes e mais recorrentes na utilização das ferramentas já existentes no
mercado.
A partir dos parâmetros mais relevantes que moldam o perfil do investidor,
desenvolvemos um questionário de API, cuja finalidade foi tornar mais simples este
processo de análise. A ferramenta disponibiliza a indicação de possíveis
direcionamentos de capital, alinhados com o perfil de investimento percebido através
das respostas do mesmo.
Os parâmetros para as indicações de alocação de investimentos, assim como
a de análise de perfil, foram baseados no modelo que é utilizado no mercado
financeiro. Verificamos que há variações em relação à classificação de perfil e
indicação de composição de carteira por parte das instituições financeiras, não
encontrando uma constante entre elas. Os parâmetros variam de uma empresa para
outra e no trabalho buscamos analisar os perfis e modelos utilizados em instituições
financeiras consolidadas no mercado para criarmos um parâmetro próprio e aplicar
na carteira de clientes em questão.
Após a aplicação da ferramenta, comparamos os perfis identificados com os
informados pela Ativa Investimentos. Com isso foi possível observar uma
similaridade entre os resultados apresentados pela referida Corretora e os
identificados com a aplicação do questionário. Para perfil conservador identificamos
um resultado de 11,90% dos clientes, comparado com o informado pela Ativa (15%).
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Para o perfil moderado, encontramos 48,80% de clientes (perfil mais recorrente na
carteira) enquanto o informado pela Ativa foi de 50%. Em relação ao perfil agressivo,
observamos um resultado de 39,30% e a Ativa tem a informação de 35% de clientes
para esse mesmo perfil.
Salientamos que nosso questionário de API foi desenvolvido com as
principais variáveis que moldam o perfil investidor identificadas, gerando um
simulador mais simples e objetivo do que os existentes no mercado com maior
agilidade para seu preenchimento e chegando a resultados muito próximos dos
auferidos pela Corretora em questão. A partir disso podemos concluir que o objetivo
foi alcançado, uma vez que conseguimos identificar o perfil de investimento dos
clientes da referida corretora com resultados alinhados aos da ferramenta já
existente.
As limitações desse estudo baseiam-se na ausência de um padrão para traçar
cada perfil e indicação de investimentos entre as instituições financeiras atuantes no
mercado. O prazo de aplicação do questionário foi outro limitador, uma vez que a
idade e tempo de investimento são pontos de muita relevância. A aplicação da
ferramenta desenvolvida nesse trabalho foi aplicada em um período específico e a
ferramenta aplicada na corretora se dá de forma periódica e é atualizada
anualmente, o que pode distanciar os resultados percebidos na comparação entre
as ferramentas.
Por fim, entendemos que o tema abordado tem muita continuidade, uma vez
que há cada vez mais opções de aplicações financeiras no mercado e os clientes
tendem a desenvolver maior conhecimento e autonomia para direcionar suas
aplicações financeiras, o que exige um constante aperfeiçoamento das ferramentas
de análise de perfil investidor. Com a atualização constante dos questionários de
API e seu desenvolvimento contínuo, mais facilmente poderá o investidor atingir os
objetivos em relação às suas aplicações financeiras.
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YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2005.
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APÊNDICE
APENDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Prezado (a) Cliente
Na qualidade de graduando do curso de Administração (UNIRITTER - Laureate
International Universities), solicito a gentileza de responder ao questionário anexo, a
fim de possibilitar elaboração de uma pesquisa acerca da análise de perfil investidor
relacionado ao meu trabalho de conclusão de curso na referida universidade.
Desde já agradeço pela colaboração.
Atenciosamente,
Diego de Paula Kern
A seguir, apresento as telas pertencentes ao questionário, que foi enviado como
anexo no e-mail, para possibilitar a coleta de dados, sendo o mesmo uma planilha
de do Microsoft Excel.
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ANEXOS
ANEXO A - FORMULARIO DE ANALISE DE PERFIL DE INVESTIDOR UTILIZADO
NO BANCO SANTANDER BRASIL
O banco Santander, um dos principais bancos privados do Brasil possui a
seguinte ferramenta de Análise de Perfil do Investidor, composta de 7 perguntas
conforme abaixo:
1) Qual sua renda mensal declarada?
a) Até R$ 1.200,00
b) De R$ 1.201,00 até R$ 4.000,00
c) De R$ 4.001,00 até R$ 10.000,00
d) Acima de R$ 10.001,00
2) Indique, dentre as opções abaixo, quais operações e instrumentos
financeiros você conhece quanto ao funcionamento e riscos. Se
necessário, assinale mais de uma opção:
a) Poupança
b) Renda Fixa (Ex : CDB, Fundos DI, Títulos Públicos, LCI, LCA,
Debêntures)
c) Renda Variável e Mercado de Ações (Ex : Fundos Multimercados e
Fundos Imobiliários).
d) Derivativos e/ou Produtos Estruturados com e sem Capital Protegido
3) Levando em consideração sua situação financeira e seus objetivos de
investimento, em qual prazo você pretende utilizar os recursos
aplicados?
a) Irei utilizar no Curto Prazo. Pretendo utilizar a maior parte dos recursos
investidos em até 1 ano. Invisto para acumular recursos para eventuais
emergências ou gastos imediatos.
b) Irei utilizar no Médio Prazo. Pretendo utilizar uma pequena parcela dos
recursos em até 1 ano e o restante em até 3 anos. Invisto para formação
de patrimônio ou objetivos específicos (ex.viagem, aquisição de bens,
etc.).
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c) Irei utilizar no Longo Prazo. Pretendo manter a maior parte dos
recursos por um período superior a 3 anos, utilizando uma pequena
parcela no curto prazo para eventuais compromissos. Invisto para minha
aposentadoria ou conquistar independência financeira.
d) Indefinido. Não possuo planos imediatos para sua utilização.
4) Qual das seguintes frases identifica o que você considera mais
importante em seus investimentos:
a) Preservar o valor investido, sem risco de perdas.
b) Obter rentabilidade um pouco acima das aplicações tradicionais
disponíveis, aceitando o risco de pequenas oscilações.
c) Obter rentabilidade acima das aplicações tradicionais disponíveis,
aceitando o risco de maiores oscilações.
d) Obter rentabilidade elevada, aceitando o risco de que poderá haver
oscilações e perdas expressivas em alguns períodos, inclusive com
possibilidade de perda de principal investido.
5) Qual das alternativas abaixo melhor define sua atividade atual?
a) Profissional liberal ou autônomo sem vínculo de emprego.
b) Empregado de empresa pública ou privada, exceto instituições
financeiras.
c)
Empregado ou aposentado de instituições financeiras.
d) Atividade diretamente relacionada a investimentos (ex. trader, broker,
etc.).
6) Qual o valor total do seu patrimônio incluindo aplicações financeiras e
outros bens (exceto imóvel que reside)?
a) Até R$ 50.000
b)
De R$ 50.001,00 a R$ 200.000,00
c) De R$ 200.001,00 a R$ 500.000,00
d) Acima de R$ 500.001,00
7) Com qual frequência você realizou aplicação no último ano?
a) Não realizou aplicações
b) Realizou aplicações até 5 vezes por mês
c) Realizou aplicações até 10 vezes por mês
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d)
Realizou aplicações acima de 10 vezes por mês
ANEXO B - FORMULÁRIO DE ANALISE DE PERFIL INVESTIDOR UTILIZADO NA
ATIVA CORRETORADE VALORES MOBILIÁRIOS
A Ativa Corretora está entre as 10 maiores corretoras do nosso país. Abaixo
será descrita a ferramenta que essa empresa de investimentos está utilizando
atualmente com os seus clientes:
QUESTIONÁRIO SUITABILITY - PF
Estágio de Vida:
1) Indique a sua faixa de renda familiar mensal:
( ) De 1 a 9 salários mínimos
( ) De 10 a 19 salários mínimos
( ) A partir de 20 salários mínimos
2) Indique a faixa que corresponde ao valor total de seu patrimônio (bens móveis,
imóveis, etc):
( ) Até R$ 500.000,00
( ) De R$ 500.000,00 até R$ 5 milhões
( ) Acima de R$ 5 milhões
3) Indique quais ativos compõem o seu patrimônio:
( ) Salários / Pro Labore ou outros rendimentos
( ) Salários / Pro Labore, bens móveis e imóveis
( ) Salários / Pro Labore, bens móveis, imóveis, investimentos financeiros e
outros rendimentos
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Grau de Instrução
4) Indique sua formação acadêmica:
( ) Não possuo graduação
( ) Possuo graduação
( ) Possuo pós graduação (especialização, mestrado, doutorado entre outros)
5) Indique se possui alguma experiência profissional no mercado financeiro:
( ) Não possuo experiência profissional / Experiência de 1 a 3 anos
( ) Experiência de 3 a 10 anos
( ) Experiência acima de 10 anos
Investimentos Atuais
6) O valor atualmente investido corresponde a aproximadamente quanto da sua
renda anual:
( ) Até 20%
( ) De 21 a 30%
( ) Maior ou igual a 31%
7) Seus investimentos representam que percentual do total do seu patrimônio
(bens móveis, imóveis, etc)?
( ) Ate 25%
( ) Entre 26% e 50%
( ) Mais de 51%
8) Já aplicou seus recursos no mercado de renda fixa? Em qual período?
( ) Nunca investi no mercado de renda fixa / Há mais de 3 anos atrás
( ) Entre 1 ano e 3 anos atrás
( ) Há 1 ano atrás / Possuo recursos em renda fixa investidos atualmente
9) Já aplicou seus recursos no mercado de renda variável? Em qual período?
( ) Nunca investi no mercado de renda variável / Há mais de 3 anos atrás
( ) Entre 1 e 3 anos atrás
( ) Há 1 ano atrás / Possuo recursos investidos em renda variável atualmente
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10) Já aplicou seus recursos no mercado de derivativos? Em qual período?
( ) Nunca investi no mercado de derivativos / Há mais de 3 anos atrás
( ) Entre 1 e 3 anos atrás
( ) Há 1 ano atrás / Possuo recursos investidos em derivativos atualmente
11) Qual período que você deseja manter seus investimentos na Ativa
Investimentos?
( ) Até 1 ano
( ) Entre 1 e 3 anos
( ) Acima de 3 anos
12) Em seus investimentos atuais, qual parcela você precisará resgatar nos
próximos 12 meses?
( ) Até 25%
( ) Entre 26% e 50%
( ) Mais de 51%
Intenção de Alocação e Personalidade
13) Qual seu objetivo com relação aos recursos investidos?
( ) Preservação de Capital - Preservar o poder de compra sem riscos que
comprometam o principal investido
( ) Geração de renda - obter ganhos que superem a inflação em prazo superior
a um ano
( ) Aumento de capital - obter ganhos expressivos em prazo superior a um ano,
mesmo que a estratégia implique em perda potencial de parte e/ou total dos
recursos investidos
14) Qual sua visão de risco e retorno em seus investimentos?
( ) Alta aversão - não quero perder capital mesmo que isto signifique que
minha rentabilidade seja pequena
( ) Moderava aversão - posso aceitar perdas ocasionais em busca de retornos
maiores, desde que signifiquem pequenas parcelas do total investido
( ) Baixa aversão - posso aceitar perdas ocasionais em meus investimentos,
em busca de retornos muito elevados
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15) Indique quais dos produtos e serviços abaixo você tem mais familiaridade?
(poderá ser marcada mais de uma opção):
( ) Títulos Públicos ( ) Ações ou Participações Societárias
( )
CRI/CRA
( ) CDB
( ) Fundos de Investimentos em Ações
( )
Debêntures
( ) Fundos Renda Fixa
( ) LCI / LCA
( )
Derivativos
( ) Outros Tít. Privados
( ) Letras Financeiras (LF)
( )
Conta Margem
( ) Fundos de Investimentos Multimercados
ATIVA
( ) Fundos de Investimentos Imobiliários
( ) Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios
( ) Não costumo realizar investimentos
( ) Limite