Parâmetros de qualidade de polpas de frutas congeladas
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Parâmetros de qualidade de polpas de frutas congeladas
Parâmetros de qualidade de polpas de frutas congeladas: uma abordagem para produção do agronegócio familiar no Alto Vale do Jequitinhonha 1 2 2 3 Ângela Giovana Batista , Brigida D'Ávila Oliveira , Marina Amaral Oliveira , Tiago de Jesus Guedes , Daniele Ferreira da Silva4 e Nisia Andrade Villela Dessimoni Pinto5 1 Bacharel em Nutrição, MSc. Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil ([email protected]) 2Bacharel em Nutrição. Departamento de Nutrição, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus JK ([email protected]; [email protected]) 3Bacharel em Farmácia, MSc. Instituto de Ciência e Tecnologia, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus JK ([email protected]) (autor para correspondência) 4Bacharel em Nutrição, DSc. Departamento de Nutrição, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus JK ([email protected]) 5Biologa, DSc. Departamento de Nutrição, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus JK ([email protected]) Resumo - Avaliou-se a qualidade de polpas de frutas congeladas obtidas a partir de uma agroindústria familiar, no município de Datas, MG, Brasil. As polpas congeladas de acerola, caju, goiaba, manga, maracujá e morango foram coletadas em dois lotes diferentes de produção A (2009) e B (2010). No lote B avaliaram-se também os sabores abacaxi, mamão e tamarindo por meio de análises físico-químicas (pH, sólidos solúveis totais, acidez total, ácido ascórbico e ratio) e microbiológicas. Os dados das análises físico-químicas foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey 5% de probabilidade para comparação entre médias de tratamentos. Os resultados permitiram verificar que as polpas analisadas encontravam-se dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente com relação à coliformes totais e Salmonella. Em relação a bolores e leveduras, 75% das polpas analisadas mostraram-se conformes no tempo A e apenas 40% no tempo B. Observaram-se também inconformidades em aspectos físico-químicos em algumas polpas, encontrando-se em determinados parâmetros analisados valores abaixo do preconizado. Quando comparados os dois períodos de análise foram verificadas diferenças estatísticas indicando seleção e/ou processamento dos frutos inadequados nestes casos, bem como a não adoção de medidas de Boas Práticas de Fabricação. Palavras-chave: polpa de frutas congeladas, agronegócio, qualidade, bolores e leveduras, ácido ascórbico. Quality parameters of frozen fruit pulp: an approach to a familiar agribusiness production of Jequitinhonha Upper Valley Abstract - The objective of this work was to evaluate the quality of frozen fruit pulps obtained from a family agribusiness, in Datas municipality, MG, Brazil. The frozen pulps of acerola, cashew, guava, mango were collected in two different lots of production A (2009) and B (2010). In lot B was also evaluated the pineapple, papaya and tamarind flavours through physical-chemical analysis (pH, soluble solids, total acidity, ascorbic acid and ratio) and microbiological. The data of physical- chemical analysis were submitted to analysis of variance and Tukey 5% probability for comparison between means of treatments. The results allowed to verify that the pulps analyzed were within the standards established by current legislation regarding total coliforms and Salmonella. In relation to molds and yeasts, 75% of pulps were within the standards in lot A and only 40% in lot B. Also were observed unconformities in physical-chemical aspects in some pulps, lying in certain parameters analyzed values below of the recommended. When comparing the two periods of analysis were verified statistical differences, indicating selection and / or processing improper of fruits in these cases, as well as not adopting measures of Good Manufacturing Practices. Keywords: fruit pulp, agribusiness, quality, molds and yeasts, ascorbic acid. Introdução As frutas tem grande importância na nutrição humana graças a seus conteúdos de vitaminas e sais minerais. No entanto, tem alta perecibilidade que pode ser associada a problemas de armazenamento, levando a grandes perdas na produção. Deste modo, o processamento de frutas para obtenção de polpas é uma atividade agroindustrial importante uma vez que surgem como uma excelente alternativa de garantia de aproveitamento do excedente, de melhores condições de manuseio, de armazenamento, de transporte e acima de tudo a oferta desses frutos para o mercado consumidor mesmo em períodos entre safras (Arruda et al., 2006). No Brasil a qualidade de polpas de fruta comercializadas é regulamentada pela resolução RDC nº 12, Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.4, p.49-54, dez. 2013 49 de 02 de janeiro de 2001 que aprova o regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos (Brasil, 2001) e pela Instrução Normativa de Nº 1 de 07 de janeiro de 2000 que determina os Padrões de Identidade e Qualidade (PQI's) definindo polpa como sendo o produto não fermentado, não concentrado, não diluído, obtido pelo esmagamento de frutos polposos através de processo tecnológico adequado, com teor mínimo de sólidos totais, proveniente da parte comestível do fruto (Brasil, 2000). As características físicas, químicas e organolépticas das polpas devem ser as provenientes do fruto de origem e não podem ser alteradas pelos equipamentos, utensílios, recipientes e embalagens utilizadas durante o seu processamento e comercialização. Os parâmetros físicoquímicos que indicam a qualidade das polpas são: pH, sólidos solúveis totais, açúcares totais, acidez total titulável e ácido ascórbico (Brasil, 2000). Quanto aos padrões microbiológicos é importante que sejam feitas análises afim de se avaliar a presença de microrganismos, conhecer as condições de higiene em que os alimentos são preparados, os riscos que o alimento pode oferecer à saúde do consumidor e a vida útil do produto. Além disso, torna-se possível verificar se os padrões e especificações microbiológicos para alimentos, estabelecidos por legislações nacionais, estão sendo atendidos adequadamente (Franco; Landgraf, 2005). A Instrução Normativa n. 1 de 07 de Janeiro de 2000, do Ministério de Agricultura e do Abastecimento, estabelece valores máximos de 1 NMP g-1 de coliformes fecais, 2x103 –1 UFC g de bolores e leveduras, para polpa conservada quimicamente e/ou que sofreu tratamento térmico e ausência de Salmonella em 25 g de polpa. Já a resolução RDC n. 12, de 02/01/2001, estabelece valor máximo de 102 –1 UFC g para coliformes termotolerantes, porém não estabelece padrões para bolores e leveduras. Deste modo, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade físico-química e microbiológica de polpas de frutas congeladas, processadas em uma agroindústria do Alto Vale Jequitinhonha em dois diferentes períodos de análise. Material e Métodos As polpas congeladas foram selecionadas de forma aleatória, na própria embalagem em que são comercializadas a partir de uma agroindústria familiar, localizada no município de Datas, MG, Brasil e transportadas em caixas isotérmicas, contendo gelo até o Laboratório de Tecnologia e Biomassas do Cerrado (LTBC), do Departamento de Nutrição da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) ficando 50 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.4, p.49-54, dez. 2013 acondicionadas em freezer horizontal a cerca de -18 °C para a realização de análises físico-químicas e microbiológicas. Analisou-se polpas das seguintes frutas em dois diferentes tempos denominados A e B: acerola, caju, goiaba, manga, maracujá e morango. Os tempos A e B referem-se à coleta e análise de lotes diferentes de produção, para cada sabor, nos anos de 2009 e 2010, respectivamente. No tempo B, acrescentou-se a análise de três outros sabores processados na mesma agroindústria: abacaxi, mamão e tamarindo. Para todas as análises, as polpas das frutas foram descongeladas, homogeneizadas e não foram diluídas. Os resultados obtidos foram comparados com a legislação vigente para polpa de frutas. Para a caracterização físico-química das amostras de polpa de fruta congelada foram analisados os seguintes parâmetros conforme os métodos adotados pelo instituto Adolf Lutz (IAL, 2008): pH determinado por medida direta, utilizando-se um potenciômetro (pH Ion Meter 450) previamente calibrado; sólidos solúveis totais (SST) medido em refratômetro de bancada portátil (QUÍMIS ISSO-9002), escala 0-32 °Brix e seus resultados corrigidos para 20 °C; teor de ácido ascórbico pelo método de Tillmans; acidez total titulável (AT) determinada por titulometria com -1 solução de hidróxido de sódio 0,01 mol L padronizada usando fenolftaleína como indicador, sendo o resultado -1 expresso em equivalentes de NaOH 1 mol L e em porcentagem de ácido cítrico, com exceção ao tamarindo que foi expresso em gramas de ácido tartárico e calculou-se a relação SST/AT (ratio). Os resultados das análises físico-químicas foram expressos em média de três repetições e desvio padrão. Bolores e leveduras: foi utilizado o método de -1 -2 plaqueamento direto em superfície das diluições 10 , 10 e 10-3 (Silva, Junqueira & Silveira, 1997) em meio Ágar Batata Dextrose (BDA) acidificado com solução de ácido tartárico a 10%. Alíquotas de 100 μL foram semeadas na superfície do ágar, o plaqueamento foi realizado em triplicata e as placas foram incubadas a 25±2 °C por 5 dias. Os resultados foram expressos pelo número de Unidades Formadoras de Colônia por grama de material (UFC g-1; Apha, 2002). Coliformes: para contagem de coliformes totais utilizouse Petrifilms EC 3M®, nos quais uma alíquota de 1mL de -1 amostra diluída em solução salina 0,85% (10 ) foi aplicada perpendicularmente ao gel na base do petrifilm. Foram incubados a 35±2 °C por 48h (Apha, 2002). Para contagem considerou-se as colônias vermelhas como Coliformes totais e as de E. coli aquelas azuladas com formação de gazes ao redor (AOAC, 2002). Salmonella sp.: Para o análise de Salmonela foi feito o meio enriquecido, no qual pesaram-se 25 g das amostras, diluiu-se em 225 mL de água peptonada e incubou-se a 35±2 °C por 24 h. Após este período retirou-se alíquota de 1 mL da solução e colocou-se em tubos contendo 9 mL de caldo selenito cistina e caldo tetrationato, e logo incubou-se a 35±2ºC por 20 h. Em seguida, uma alíquota de 0,5 mL foi retirada e incubada a 35±2 °C por 8 horas em um tubo contendo caldo M, que posteriormente foi aquecido em banho-maria a 100 °C por 15 minutos. Por fim, o substrato TM resultante foi misturado com o conjugado do Kit TECRA Salmonella Visual Inmunoassay 3M®. A coloração verde indicaria casos positivos, esverdeada à translúcida indicariam casos negativos (AOAC, 2002). Os resultados das análises físico-químicas de polpas de frutas congeladas foram submetidos à análise de variância (ANAVA) e teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparação entre as médias, utilizando o software estatístico SISVAR (Ferreira, 2003). Resultados e Discussão Os resultados das análises físico-químicas nos dois diferentes tempos de análise são mostrados na Tabela 1. Comparando-se os resultados obtidos com os padrões de identidade e qualidade para as polpas em estudo, estabelecidos na Instrução Normativa nº 1, de 07 de janeiro de 2000 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), verificou-se que os valores de pH para as amostras de maracujá no tempo B e manga no tempo A encontram-se em desacordo com a legislação que estabelece valores entre 2,7 e 3,8 para a polpa de maracujá e 3,3 a 4,5 para manga. Os valores em desacordo podem ter sido influenciados pelo estágio inadequado de maturação para fins de processamento (Benevides et al., 2008). Não existem padrões para as polpas de morango, tamarindo e abacaxi sendo os valores de pH encontrados para polpa de tamarindo diferentes dos estudos de Canuto et al. (2010) e Santos, Coelho e Carreiro (2008) que obtiveram 2,5 para este parâmetro. A polpa de abacaxi evidenciou valor semelhante ao da fruta in natura e aos estudos de Dantas et al. (2010) que obtiveram valores entre 3,58 e 3,65. Já os valores de pH encontrados para as polpas de morango, são semelhantes aos encontrados por Pereira et al. (pH 3,50) (2006). As demais polpas encontraram-se dentro dos valores preconizados na legislação. Comparando-se os resultados obtidos nos tempos A e B, percebe-se que para a maioria das polpas houve diferença estatisticamente significativa para o parâmetro pH nos dois tempos de análise o que indica que não existe um padrão de qualidade para as polpas analisadas. Tais diferenças também são observados em outros parâmetros conforme Tabela 1. Os sólidos solúveis totais (°Brix) são usados como índice Tabela 1. Características químicas e físico-químicas de polpas de frutas congeladas em dois períodos de análises A (2009) e B (2010). Polpas Acerola Caju Goiaba Manga Maracujá Morango Abacaxi Mamão Tamarindo A B A B A B A B A B A B A B A B A B pH SST (ºBrix) AT (mL NaOH 1M) SST/AT 3,48 a ± 0,02 3,32 b ± 0,01 4,21 a ± 0,01 3,86 b ± 0,01 3,91 a ± 0,01 3,52 b ± 0,15 3,14 a ± 0,04 4,66 a ± 0,10 3,26 a ± 0,04 2,64 b ± 0,03 3,49 a ± 0,02 3,51 a ± 0,01 3,84 ± 0,01 4,63 ± 0,02 3,52 ± 0,15 8,93 a ± 1,15 6,00 b ± 0,10 13,20 a ± 2,91 10,20 b ± 0,40 6,93 b ± 1,15 11,80 a ± 0,10 12,27 a ± 3,06 17,33 b ± 0,12 13,60 a ± 1,39 10,30 b ± 0,12 7,87 a ± 2,31 6,40 b ± 0,20 18,07 ± 1,60 10,30 ± 0,12 14,40 ± 0,10 10,72 a ± 1,16 0,80 b ± 0,06 4,15 a ± 0,46 5,15 a ± 0,90 6,97 a ± 0,89 1,09 b ± 0,06 5,75 a ± 0,12 0,67 b ± 0,17 27,01 a ± 2,98 109,06 b ± 2,76 11,41 a ± 0,02 5,78 b ± 0,18 0,71 ± 0,14 0,14 ± 0,02 0,33 ± 0,02 1,20 b ± 0,12 7,48 a ± 0,50 3,19 a ± 0,14 2,01 b ± 0,34 1,09 b ± 0,11 18,11 a ± 0,89 2,13 b ± 0,01 15,88 a ± 3,92 0,50 a ± 0,01 0,09 b ± 0,00 0,67 b ± 0,03 1,10 a ± 0,01 1,63 ± 0,13 4,96 ± 0,69 3,27 ± 0,18 AT** 0,69 a ± 0,12 0,05 b ± 0,00 0,27 a± 0,02 0,33 b ± 0,06 0,45 a ± 0,08 0,07 b ± 0,01 0,37 a ± 0,12 0,04 b ± 0,01 1, 73 b ± 0,25 6,98 a ± 0,18 0,73 a ± 0,02 0,37 b ± 0,01 0,71 ± 0,14 0,14 ± 0,02 0,33 ± 0,02 Ácido ascórbico (mg 100 g-1) 564,97 b ± 34,19 944,96 a ± 121,89 142,03 a ± 12,93 126,90 b ± 5,10 24,39 a ± 2,71 4,67 b ± 0,18 27,79 a ± 3,79 3,32 b ± 0,87 21,78 a ± 3,57 16,50 a ± 0,30 35,72 a ± 6,46 11,40 b ± 0,60 37,92 ± 4,92 73,80 ± 8,40 0,89 ± 0,20 Médias seguidas de letras minúsculas diferentes em uma mesma linha (tempo de análise) diferem estatisticamente entre si pelo teste F. ** *Valores de acidez total (AT) expressos em g de ácido cítrico, exceto para a polpa de tamarindo (expresso em ácido tartárico) SST -Sólidos Solúveis Totais, SST/AT - relação entre Sólidos Solúveis Totais e acidez total Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.4, p.49-54, dez. 2013 51 de maturidade para alguns frutos, e indicam a quantidade de substâncias que se encontram dissolvidos no suco, sendo constituído na sua maioria por açúcares. Os resultados obtidos para sólidos solúveis (ºBrix) indicaram que as polpas de goiaba no tempo A e maracujá no tempo B apresentaram valores de °Brix abaixo do preconizado pela legislação que são no mínimo 11 e 7 para cada fruta respectivamente sugerindo diluição da amostra por adição de água durante o processamento. Santos et al (2004) ressaltam que o teor de sólidos solúveis pode variar também com a intensidade de chuva durante a safra, fatores climáticos, variedade, solo além da adição eventual de água durante o processamento por alguns produtores, causando a diminuição dos teores de sólidos solúveis no produto final. As polpas de morango, tamarindo e abacaxi não apresentam valores de referência para comparação e as demais polpas encontram-se dentro dos padrões especificados. Para acidez total titulável (AT) as polpas de acerola, apresentaram, nos dois períodos de análise, valores abaixo do preconizado, sendo bastante pronunciada a não conformidade no tempo B. As polpas de goiaba, manga e mamão em B também apresentaram valores abaixo do preconizado, assim como as polpas de caju e maracujá no tempo A. Sabe-se que a acidez diminui com o amadurecimento (Chitarra; Chitarra, 2005), sugerindo que os baixos valores são devido à utilização de frutos em um estádio inadequado de maturação ou à diluição das amostras. A acidez das frutas é a responsável pelo sabor ácido ou azedo dos frutos. É um importante parâmetro na análise do estado de conservação de um produto alimentício. Dentre os ácidos mais encontrados estão: o málico, tartárico, cítrico e pirúvico. Estes por serem voláteis, contribuem para o aroma da fruta (Chitarra; Chitarra, 2005), o que é um atrativo para dos consumidores. A relação SST/AT é uma das melhores formas de avaliação do sabor dos frutos, a qual ocorre, em grande parte, devido ao balanço de ácidos e açúcares, sendo mais representativo que a mensuração destes parâmetros isoladamente. Deste modo, quando os valores desta relação são altos, significa que o fruto está em bom grau de maturação, pois esse grau aumenta quando há decréscimo de acidez e alto conteúdo de SST, decorrentes da maturidade (Chitarra; Chitarra, 2005). O ácido ascórbico é também um índice da qualidade dos alimentos (Brasil, 2000) e pode ser influenciado pelas condições de cultivo, processamento e armazenamento de matéria-prima e produto final (Chitarra; Chitarra, 2005). Na legislação Brasileira só há parâmetros de qualidade para determinação de ácido ascórbico em polpas de caju, 52 Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.7, n.4, p.49-54, dez. 2013 acerola e goiaba sendo que destas somente as polpas de caju apresentaram-se conformes nas análises realizadas nos dois diferentes tempos. As polpas de acerola em A apresentaram valores abaixo do mínimo estabelecido (800 -1 g 100 g ), assim como as polpas de goiaba (A e B) que apresentaram teores abaixo de 40 g 100 g-1 que é o preconizado. As não conformidades observadas podem ser relacionadas às práticas de processamento, exposição à luz e oxigênio e às condições inadequadas de armazenamento, uma vez que o ácido ascórbico é altamente reativo (Teixeira; Monteiro, 2006). Os resultados das análises microbiológicas para detecção de salmonelas e coliformes totais nas polpas congeladas mostraram que estas se encontravam de acordo com a legislação vigente, à qual estabelece ausência de Salmonela em 25g e um limite máximo de 5x102 coliformes a 45º/g de amostra, uma vez que não foram encontrados tais agentes nas amostras. (BRASIL, 2001). Quanto à contagem de bolores e leveduras a Instrução Normativa Nº 01 de 07 de janeiro de 2000 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabelece o limite máximo de 5 x 103 UFC g–1 para contagem de bolores e leveduras em polpas de frutas in natura. Sendo assim, as polpas de acerola e caju (Tabela 2) foram as únicas que encontraram-se dentro dos padrões nos dois diferentes tempos analisados. As polpas de manga apresentaram contagem superior ao estabelecido nos dois tempos de Tabela 2. Resultado das análises microbiológicas para bolores e leveduras (UFC.g-1) em diferentes polpas de frutas congeladas. Polpas Abacaxi Acerola Caju Goiaba Manga Mamão Maracujá (1)*** Maracujá (2)*** Morango Tamarindo Limite Máximo Bolores e Leveduras B A -* 5x103 nr** nr 3x104 nr nr 1,75x105 - 4 4,6x10 2 2,3 x10 2 5,3x10 3 5,3x10 5 1,7x10 2 4,0 x10 3,61x104 2,4x104 nr 7,46x103 5x103 * Não Avaliado ** nr: Nao Representativo *** Maracujá (1): embalagem de 100 g; Maracujá (2): Embalagem de 5 kg. análises e as demais polpas tiveram valores superiores ao limite máximo permitido em pelo menos um tempo de análise. Segundo Franco e Landgraf (2005), baixas contagens de bolores e leveduras são consideradas normais (não significativas) em alimentos frescos e congelados. No entanto, contagens elevadas representam, além do aspecto deteriorante, que pode levar inclusive à rejeição do produto, um risco à saúde pública devido à possível produção de micotoxinas por algumas espécies de bolores. A contaminação de polpas de frutas congeladas por fungos parecem ser frequentes. Pereira et al. (2006) 3 -1 observaram contagens superiores a 5x10 UFC g de fungos filamentosos e leveduras em 13,33% das amostras, indicando a contaminação. Santos, Coelho, e Carreiro (2008) encontraram 29,6% das amostras com valores acima do permitido para bolores e leveduras. Assim, uma alternativa para atingir a qualidade microbiológica satisfatória é a utilização de tratamentos térmicos, tais como o branqueamento e pasteurização. Irregularidades no layout do agronegócio e condições inseguras sobre instalações, equipamentos, móveis e utensílios, produção e transporte, e manipuladores de alimentos foram encontrados no agronegócio no qual foram obtidas as amostras analisadas. Conclusão As polpas analisadas encontravam-se dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente com relação à coliformes totais e Salmonella. Em relação a bolores e leveduras, 75% das polpas analisadas mostraram-se conformes no tempo A e apenas 40% no tempo B. Foram também observadas inconformidades em aspectos físicoquímicos em algumas polpas, encontrando-se em determinados parâmetros analisados valores abaixo do preconizado. Quando comparados dois períodos de análise também foram verificadas diferenças estatísticas indicando seleção e/ou processamento inadequados dos frutos nestes casos, bem como a não adoção de medidas de Boas Práticas de Fabricação. Referências APHA - American Public Health Association. Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods. 4 ed. Washington: American Public Health Association, 2002. ARRUDA, M.G.P.; MATOS, V.C.; CASIMIRO, A.R.S.; TELLES, F.J.S. Incidência de fungos em polpas de cajá produzidas no município de Fortaleza: uma análise comparativa entre os métodos convencional e simplate. Higiene Alimentar, v.20, n.141, p.94-97, 2006. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY - AOAC. Official Methods of Anaysis of the AOAC, 17ª. edição. Washington: AOAC, 2002. 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