File
Transcrição
File
ANO 2 QUINZENA 1 “ «Teve uma infância estranha», disse Austin. «Em última análise, todas as infâncias o são», disse Mister DeLuxe. «Molero diz». Disse Austin, «que a infância do rapaz foi particularmente estranha, condicionada por questões de ambiente que fizeram dele, simultaneamente, actor e espectador do seu próprio crescimento, lá dentro e um pouco solto, preso ao que o rodeava e desviado, como se um elástico o afastasse do corpo (…).» «É curioso pensar (…) que o rapaz tirava burriés do nariz quando era pequeno, mas não os comia logo». «Hã?», fez Mister DeLuxe.” O QUE DIZ MOLERO,1977 DINIS MACHADO 17 NOVEMBRO 2008_09 DINIS RAMOS MACHADO - 1930 - 2008 BIOGRAFIA Nasceu em Lisboa a 21 de Março de 1930 e viveu no Bairro Alto até 1963. Faleceu a 3 de Outubro de 2008. Foi jornalista desportivo no Record, Norte Desportivo, Diário Ilustrado e Diário de Lisboa. Organizou no princípio da década de 1960 os primeiros ciclos de cinema da Casa da Imprensa e publicou críticas na revista Filme. Também escreveu poesia, fez entrevistas e publicou três romances policiais sob o pseudonimo Dennis McShade na colecção Rififi, então dirigida por ele: O seu maior sucesso literário, tanto junto da crítica como do público, foi O que diz Molero, que já foi traduzido para quatro idiomas (alemão, búlgaro, castelhano e romeno). A sua adaptação ao teatro, feita por Nuno Artur Silva, José Pedro Gomes e António Feio, foi também um sucesso. Sobre o seu romance O Que Diz Molero – grande êxito editorial, traduzido em várias línguas e objecto de uma versão teatral de Nuno Artur Silva – afirmou Eduardo Lourenço tratar-se «de um livro-chave do nosso tempo». António Mega Ferreira considerou-o o «mais importante texto de ficção que se publicou em Portugal nos últimos anos [...] páginas miraculosamente repletas de sinais da mais bela, inteligente e emocionada escrita produzida por um escritor português na década de 70.» E Luiz Pacheco fala de «uma cavalgada furiosa de episódios, uma feira, um tropel de gente, uma festa popular de malucos e malucas, tudo chalado, uma alegria enorme quase insensata, o sintimento nos momentos doloridos mas tudo tão próximo de nós e tão naturalmente reproduzido na escrita.» in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. V, Lisboa, 1998 OBRA Mão direita do Diabo (1967), Requiem para D. Quixote (1967) e Mulher e arma com guitarra espanhola (1968), O que diz Molero (1977), Discurso de Alfredo Marceneiro a Gabriel Garcia Marquez (1984), de Reduto quase final (1989) e de Gráfico de vendas com orquídea (1999). BE/CRE Escola Secundária Alexandre Herculano