4. Enquanto isso, na sala de embarque
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4. Enquanto isso, na sala de embarque
expediente editoras Adriana Brito [email protected] Patrícia Favalle [email protected] chefe de redação Ariana Brink [email protected] editor de estilo Ray Mendel [email protected] editor de moda Cristiano Oiwane editor de fotografia Marcelo Guarnieri [email protected] produtora Helen Pessoa [email protected] redação Sergio Martins [email protected] Alex Mendes [email protected] Daniel Froes [email protected] estagiária Ana Luisa Linhares designer visual Robson Lopes [email protected] ilustrador Orpheu Maia colaboradores Aline Costa, Caio Zalc, Fernando Monteiro de Carvalho, Henrique Reimman, Jéssica Seciliano, Joy Models, Julia Rodrigues, L’Equipe Models, Leilah Antunes, Patrick Demarchelier, Paula Queiroz, Rickyy Tofanello, Sandi Dias, Sergio Caddah, Tom Cruz, Tita Berg expediente sans nom lado a o céu é o limite lado b inferninho de portas abertas ürbe senhores da fé art calendário do fim do mundo prato feito pão e vinho tour escatologia pura 666 apocalipse now! acabou.com moda em grande estilo w w w . s t u d i ot o ro. com Fim dos tempos? As escrituras da última edição de 2011 apresentam uma odisseia incorpórea, ordenada por tabuleiros ouijas, incensos e cânticos, para revelar do que é feito, afinal, o armagedom. Munidos excepcionalmente de curiosidade, investigamos os disfarces do Messias e cada algoritmo dos calendários que apontam a data de validade da Terra. Dos vãozinhos da janela de Johari, clicamos a musa dos Cavaleiros do Apocalipse no melhor estilo ‘fab four’, além de reunir os close-ups protagonizados pelo Coisa-Ruim. Depois da viagem pelos territórios escaldantes, a redenção pareceu o acesso ideal para se chegar ao Paraíso. No fim, mais próximo a cada segundo, nos fartamos num banquete de despedida regado a pão e vinho por lugares onde as catástrofes exibem contornos grandiosos. Há quem diga, entretanto, que a morte nada mais é do que o arremate de um ciclo, a simbologia ideal para descrever tudo o que muda. Nos últimos nove meses, desde o lançamento da pedra fundamental, a equipe responsável pela produção de Sans Nom também se dedica a isso: ao que emociona e o que transforma a vida das pessoas. Da Catalunha, na Espanha, à capital paulistana, designers, jornalistas, fotógrafos, estilistas, modelos e, eles, os entrevistados, compartilharam com mais de um milhão de leitores, impressões capazes de iluminar realidade e fantasia. sans nom lado a Por Adriana Brito Fotos Divulçgação Desapega! A contagem regressiva para o fim dos tempos começou. E você, já adquiriu o cartão de embarque sentido Éden? Antecipe-se e evite as filas Apocalipse com data marcada só é possível para uma espécie tão narcisista como a humana. Manipuladas por líderes carismáticos, a exemplo de Charles Manson, Marshall Applewhite, Luc Jouret, Jim Jones e Aum Shinrikyo, e ratificadas por extremistas e místicos afeitos aos equívocos religiosos, essas teorias cataclísmicas tornam-se robustas pelas mãos de fiéis que desejam, talvez, vincular-se socialmente ou dominar o impossível – o tempo e a morte. No fundo, a história tratou de provar que as teses sobre a aniquilação do mundo vêm sendo utilizadas somente para subsidiar o crime, a violência e o terror. Depois de sobreviver ao bug do Milênio, veja que nem mesmo a tecnologia escapou, a seara virtual se converteu na rota preferida para a disseminação das hipóteses mais rocambolescas. A catástrofe da vez arrastou a cultura meso-América pré-colombiana para a primeira página, através da leitura do antigo conjunto de calendários maia, dando como certa a destruição total do doce lar no ano que vem. Tudo isso porque a Terra seria composta de cinco ciclos de duração com 5.125 anos cada e, pasme, o encerramento da quinta etapa estaria marcado para 21 de dezembro de 2012. Como todo roteiro que o valha, nesse mesmo momento, durante o solstício de Inverno, nosso mundinho azulado – já com o eixo alterado por conta de uma precessão que acontece a cada 26 mil anos –, se alinharia com o Sol e a Via Láctea. Diz-se, daí, que esse desenho astronômico causaria a modificação do campo magnético, trazendo a reboque erupções vulcânicas, terremotos e tsunamis. Em pânico? Há ainda os que completam a receita com meteoros, ataques nucleares, invasões interplanetárias e aquecimento global. Certos de que o ‘The End’ ronda por aí, bloggers e fãs do assunto – veja www.ofimdomundo.com. br; www.211212.info; porque2012.com e www.december212012.com – se esforçam para creditar o tal combo de desgraças. Sendo assim, se tudo correr como prenunciado, confira os sete tópicos para quem não quer fazer feio no reino da abóboda celeste. Afinal, como afirmou o lendário dirigente de futebol, Vicente Matheus, “Quem sai na chuva é pra se queimar”. 1. De malas prontas Antes dos trompetistas do além sacudirem de norte a sul, muita gente tem pesquisado como será a nova casa. Confira a pergunta – seguida da réplica – que lidera o disque-dúvidas divinal: Por que o Céu muda de cor? Segundo a Fiocruz, isso acontece uma vez que a luz solar se movimenta através de ondas de extensões e tons diferentes. No instante que elas tentam aportar por aqui encontram uma grande massa de ar que envolve a orbe – a atmosfera. Ao esbarrar nas moléculas que a compõem, ondas de menor comprimento se espalham com mais facilidade. E adivinhe de que cor elas são? Azul, é claro! Com o passar do dia, a poeira, culpada pelo espessamento da atmosfera, é varrida pelo vento e dá lu- gar às ondas de comprimentos mais generosos, caso das amarelas, laranjas e vermelhas. Juntas, elas projetam o efeito belíssimo conhecido como crepúsculo. www.invivo.fiocruz.br 2. Definindo a rota Se a ciência é capaz de explicar cada trecho do Sistema Solar e de outras galáxias por meio da Física, a cultura e a religião traduzem o Paraíso de formas distintas. Para os gregos antigos, o termo Campos Elíseos definia um trecho no mundo dos mortos onde as almas divertiam-se por prados intermináveis. O prospecto do empreendimento, aliás, lembra em muito o Jardim do Éden dos persas, bem como o povoado mítico escondido nas montanhas malaias, chamado de Shangri-lá pelo escritor inglês James Hilton, em 1925. Por outros púlpitos, enquanto as Testemunhas de Jeová apontam o descanso eterno como uma espécie de paraíso-terrestre, os budistas creem que a coisa toda está em alcançar o Bodhi, grau máximo de iluminação capaz de quebrar o ciclo de renascimentos. Já no quesito variedade, destacam-se os sete céus do judaísmo e os sete céus dos muçulmanos. 3. Guichê de entrada Para fugir dos corretores mal intencionados que comercializam lotes dessa área com vista para a galáxia, através dos chamados “Contratos de Fé”, segue a dica da Liga dos Pastores (ligadospastores.blogspot.com), que respondeu da seguinte maneira a pergunta de Edersom Moreira de Sá, “Já ouvi por essas bandas que tem uns homens da igreja que vendem terreno no céu (...). Tem como? E eu posso pagar em 60 vezes no boleto?”: Infelizmente, não é possível lhe vender nenhum terreno nos céus porque vai contra os preceitos da Bíblia. Quem escolhe em qual terra cada pessoa vai habitar é o próprio Jesus, que é como um síndico (já que é Rei) e decide essas coisas... 4. Enquanto isso, na sala de embarque... Segundo o diretor Federico Fellini, “O cinema é um modo divino de contar a vida”. Então, aproveite a seleção de sete filmes que inspiram os bons espíritos logo de cara, a começar com recém-lançado O Céu sobre os Ombros, de Sérgio Borges. Também estão na lista O Céu que nos Protege, de Bernardo Bertolucci, e sua prodigiosa crítica à modernidade; além das duas versões da comédia O Céu pode Esperar – com Warren Beatty (1978) e Chris Rock (2001). Se em O Céu de Suely, de Karim Aïnouz, a linha condutora é a crítica social; no longa Entre o Céu e a Terra, assinado por Oliver Stone, são as diferenças culturais que conduzem as cenas. Antes de fechar o inventário aproveite O Céu de Outubro na companhia dos filhos e deixe os lencinhos à mão para conferir os dois volumes de Uma Janela para o Céu. 5. Seja cordial com a vizinhança Com sete bilhões de indivíduos chegando por lá em tão pouco tempo, presume-se que até mesmo o distrito dos anjos passe a ter espaços exclusivos. Entre as celebridades com endereços fantásticos estão Elvis e John, passando por Marilyn, Greta, Alfred e Carmem. E nesse time que comanda o Nirvana, dizem que Kurt ainda está em treinamento. No centro, a disputa territorial traz grupos de milicianos comandados por apóstolos e algumas divindades que arrematam grandes rebanhos em seus fronts. A briga promete e só um milagre encerrará a questão. Para saber como o problema da superpopulação será resolvido, tentamos uma comunicação via copo com o Serviço de Atendimento do Céu (SAC), mas, até o fechamento desta edição, não obtivemos retorno. 6. Aqui se faz aqui se paga Dante Alighieri escreveu no Canto I de sua obra, A Divina Comédia, dona de uma das descrições mais aterrorizantes do inferno: “Tu estás dominado pelo medo; porém, o homem que se acovarda perde a razão, passando a agir como um animal assustado”. A abertura do sexto item explica porque não obtivemos resposta alguma do SAC. O que eles poderiam informar? Uma vez que o estado dos Céus foi feito unicamente para os justos, quantos realmente seguirão pra lá? A premissa, se não é verdadeira, serve de alerta. E, se nem ao mesmo Dante te convenceu, fique com a frase malandresca de Adoniran Barbosa – bom de briga é aquele que cai fora. Sacou? 7. Final feliz Mesmo o firmamento estando tão escuro, siga em frente e vire à direita. Sim, ainda há uma vaga pra você! Desça e corra pra comprar o presente da namorada, afinal, daqui a dois dias o Noel aparece. Lembra-se do que ela disse? Se não tiver ao menos uma sacola, das grandes, debaixo da árvore, o mundo acaba. Acorda, hoje ainda não é dia de Apocalipse, bebê... lado b Por Patrícia Favalle Fotos Divulgação Inferno 400ºC Fora de época e muito menos por conta do buraco na camada de ozônio ou do efeito estufa, os graus nas alturas que fritam os nervos dos mortais não passam de traquinagem do ente que habita os tutanos do imaginário popular A Terra esquentou geral, e o suor que sobe pelas entranhas encontra as justificativas, quem diria, no sentido implícito da tecnologia – é pura troca de calor. Seja para punir os pecadores ou para desnudar de vez a moral e os bons costumes, os termômetros colocam à prova toda a sacrocastidade. Há tempos, o Dono do Mundo desencanou das barbáries cometidas por suas crias – e simplesmente saiu de férias, para ninguém sabe onde, sem data certa para retornar. Enquanto isso nas profundezas bíblicas, Sir Demonão mandou instalar um belo sistema de refrigeração, o que lhe rendeu mais pontos entre os seus súditos. Recostado na sua poltrona Egg, encarapuçado por uma beca que reluz nuances do vermelho em tons de fazer corar as musas de bateria da festa de Dionísio, ele aproveita o tempo ocioso para arrebatar algumas almas nas mesas de pôquer. Ah, sim, Dionísio gargalha sobre os ombros do seu Capeta, brincando de tirar as peças de roupa das escravas endiabradas que mergulham nas acres lavas vulcânicas. Uma delas, Carmelita, espanhola de seios fartos e rabo grande, que em vida foi moça da vida – sem a clemência do trocadilho – faz questão de mordiscar, com o ar sacana, os chifres pontiagudos de Lênin. Enciumado, o briguento Stalin faísca sua ira aos pés do Coisa-Ruim, que o ignora com o desdém fumegante da Terra do Nunca. Jorge Luís Borges (eu sempre soube que ele estaria por ali) anota cada piscadela do rival Jorge Amado, este, cercado por Gabrielas e Tietas fervorosas. Mais afastados, entretanto, na mira dos olhos negros da Besta, Michael (o Jackson, claro!) faz duo com a cabeluda Amy, acompanhado pelo som das guitarras que ecoa das encruzilhadas do Inferno. Lennon acabou impedido de entrar nas trevas por causa da bala disparada por David Chapman – e ele ainda não se conforma por tamanha desventura. Mas como o cara tem lábia, trata de jogá-la para cima de Caronte, que sempre se deixa convencer de que ele é merecedor dos verões soturnos. Longe de ser esculpida no relento provinciano retratado por João, a morada de Belzebu é um misto engenhoso da arquitetura palaciana diluída pelo minimalismo de Bauhaus – por sinal, boa parte dos bambas dessa área reside nas imediações do reino rubro... O décor chama atenção pela funcionalidade das formas e profusão de cores; além disso, tudo é incrivelmente lúdico, detalhe que instiga Alice a perturbar a boneca de pano Emília. Tia Anastácia é outra que preferiu servir Lúcifer, pudera, a comilança é deslize mortal do lado de lá da força. E olha que os seus quitutes levam alguns moradores às vias de fato; que o diga Marilyn, que ficou obesa. (Só Gandhi ainda belisca escondido o cuscuz da velha, na esperança de ser um dia resgatado daquele antro). Se para alguns o Tártaro remete ao desassossego do blues e do rock´nd´roll, para outros, é uma bênção ele ser o oposto da calmaria e do silêncio vigentes nos prados celestes. Para turbinar ainda mais os recônditos satânicos, Steve abocanhou a maça e arruinou as suas expectativas divinas. A boa-nova é que agora o Inferno tem o seu próprio Ipad, com 3G integrado, banda larga e “i” maiúsculo! ürbe Por Alex Mendes Fotos Divulgação Ao deus dará A TV aberta, com seus pastores midiáticos pregando em pleno horário nobre, está tão abandonada, tão classe média, tão sem fé e sem crédito, que nem é capaz de alavancar um rebanho de fiéis Quem não tem canal pago sabe o inferno que é ligar a televisão e ver os pastores e seus dedos apontados para nossas telas de LCD (ou de LED, na melhor das hipóteses). Assim, como num show de MMA – versão agarra-agarra da velha luta livre –, os milagres intermediados por eles são tão falseados que se tornam fascinantes aos olhos da audiência, que acredita e grita “amém!” como pombos em meio às migalhas do escapismo urbano. Os pastores do século 21 têm suas verdades fundamentadas nas páginas rudimentares da Bíblia, detalhe que os fazem desprezar à eventual inteligência e independência do espectador-irmão. Na verdade, esses programas (e até canais) dos Hernandes, Macedos, Malafaias, Santiagos e Soares, só para citar os mediadores mais famosos e ricos do império divino, quase sempre são a tradução de quem os vê e nunca de quem os fazem. A arte de lucrar com a fé alheia [ou com a falta dela] gera também altos índices de Ibope. Trocando em miúdos, se Jesus é o caminho, o dízimo é o pedágio. E ele pode ser pago em espécie, cartão de crédito, débito automático ou até mesmo a prestação via boleto bancário. Deus precisa de você, diz um dos messias eletrônicos. E o apelo toca fundo, lá no fundo do bolso. Afinal, quem quer ficar com o nome sujo na praça e não ir direto para o céu? Eu que não me arrisco! art Por Paula Queiroz Fotos Divulgação O fim do mundo é agora! Os calendários são ótimos para explorar nus sensuais ou nos lembrar daquele compromisso na segunda-feira pela manhã, mas já como instrumento de previsão do futuro... Albert Einstein já dizia que o tempo não passa de uma invenção humana. “Espaço e tempo são modos pelos quais o homem pensa o mundo, e não condições sob as quais ele vive.” E é assim, desde que o mundo é mundo, que as civilizações desenvolvem fórmulas mirabolantes para contar os segundos, criando seus próprios calendários. Calenda era o nome do primeiro dia de cada mês romano e foi daí que surgiu o termo usado até hoje. Uns mais curtos, outros mais longos, baseados no Sol ou na Lua, os calendários são instrumentos que variam geográfica e historicamente. O sistema utilizado atualmente deriva de uma intervenção dos antigos romanos, cuja origem é atribuída ao segundo rei de Roma, Numa Pompílio. A folhinha tinha duração de 12 meses, que podiam variar entre 29 e 31 dias, com no máximo 355 dias por ano, dez a menos que a versão solar, o que acarretou numa série de erros. Quando Julio César invadiu o Egito, por exemplo, o inverno já estava acontecendo em plena primavera, e algumas mudanças foram necessárias para não arruinar a missão. Foi aí que César encomendou um calendário mais funcional, e o astrônomo Sosígenes de Alexandria apareceu com a solução. O ano foi dividido em 365 dias e as seis horas da translação que não entraram nas contas foram reunidas em um dia a ser acrescentado no mês de fevereiro, de quatro em quatro anos, obrigatoriamente. Este calendário, conhecido ela alcunha de Juliano, também propiciou o conhecido ano da confusão, que chegou a ter 432 dias. Depois deste, a mudança para o calendário Gregoriano, que é absoluto na maior parte do globo, deu-se ao longo de três séculos. Adotado oficialmente em 15 de outubro de 1582 pelos países católicos, ele se diferencia do antecessor pelos anos bissextos não serem anos seculares, exceto os múltiplos de 400, o que hoje acumula um saldo entre eles de exatos 13 dias. Já no judaísmo e no islamismo, o nascimento de Cristo não serve como referência para a contagem do tempo. Para os maias, uma das civilizações da América Central pré-colombiana, o advento era chamado de conta longa. Nessa agenda, 20 dias representavam um mês, o uinal, e cada 18 uinals formavam um tun, ou ano; 20 tuns somavam um katun, e assim por diante. Mas ao contrário do método presente, esse procedimento levava a um fim. O calendário de conta longa se arrasta até o ano 5.200 e se encerra na data 13.0.0.0.0, que para muitos estudiosos corresponde ao 21 de dezembro de 2012. Para os que se assustam com a previsão, a dica é se encantar apenas com os atributos estéticos do achado. Então, escolha o seu favorito e arrase no décor; pode ser ao costume das décadas de 1940 e 1950, quando foram criadas as pin-ups girls – pinturas atrevidas utilizadas no lugar das peladas mulheres-frutas do século 21, ou ainda no consagrado estilo do Calendário Pirelli, que reúne anualmente, desde 1964, fotógrafos ambas e uma lista de celebs e tops em prol de uma boa causa: a de embelezar até os ambientes mais grosseiros do planeta! Kate Moss posa para o Calendário Pirelli prato feito Por Daniel Froes Fotos Divulgação Salvos pela boca Para se dar bem no pós-vida e sanar os altos níveis de ansiedade, abandone as unhas dos dedos e se entregue aos banquetes e jejuns religiosos Roer a unha num momento de desespero nem de longe é a melhor saída. O mau hábito pode provocar uma série de lesões tanto para as garras afiadas, quanto para a região em torno delas. Isso sem falarmos no risco de contrair uma verminose e de causar a destruição definitiva das falanges dos dedos das mãos – e até fazer a passagem mais cedo. E, cá entre nós, para fechar esse enredo com a pompa que a ocasião exige, não é má ideia cruzar a fronteira com look bem cuidado. Com isso, proporcionaremos tons menos horrendos à situação de catástrofe iminente – prenunciada pelas temerosas sete trombetas do Senhor Todo Poderoso. Para espantar a inquietação e o estresse, que tal celebrar as vésperas da despedida com um replay da pândega cristã mais célebre de todos os tempos: a Santa Ceia? Empanturrar-se de pão e vinho, o alusivo corpo e sangue de Cristo, respectivamente, parece uma alternativa saborosa (ainda que soe antropofágica) às cutículas. E, mais do que isso, rememorar a celebração da sacra refeição é uma forma de remissão dos pecados humanos. Ir para o abate final livre de impurezas é, necessariamente, uma tentação (ou perdição)! Mas, se preferir, sabote as horas de espera com boas colheradas do omolocum, comida servida ao Orixá Oxum, que, nas crenças afrodescendentes, levanta a bandeira da harmonia e do equilíbrio emocional. A iguaria é feita de feijão-frade cozido, refogado com cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê ou azeite doce. Ataque de nervos algum resiste a essa delícia! Outra dica é recorrer ao lactovegetarianismo. Deus da destruição e da renovação no hinduísmo, Shiva tem tudo pra agravar a situação caso descubra que seu último prato por estas bandas foi uma carne de vaca assada na brasa. Então, se jogue na porção de tali, quitute tipicamente indiano, feito de arroz basmati, dhal (espécie de ervilha), subji (delicioso refogado de legumes), chapati (pão semelhante ao sírio) e chutnei (picles). Mas, se você é daqueles que não abre mão de chegar ao além com a dieta em dia, opte pelo jejum. Como fazem os muçulmanos no mês do Ramadã, o nono no calendário islâmico, evite a ingestão de água e de comida. Apenas medite sobre quais serão as suas manifestações finais – um satisfeito arroto ou um sonoro ronco do estômago? moda 666 Fotos Julia Rodrigues Editor de Estilo Ray Mendel Editor de Moda Cristiano Oiwane Dizem que o fim do mundo está próximo. Lenda ou não, antes do Apocalipse – de acordo com escritos bíblicos –, a Besta desfilará entre nós. E nada de imaginar a figura caricata avermelhada e chifruda zanzando por aí; o ser bestial tem aura angelical e jeito inofensivo. Mas como quem vê cara não vê coração, vale o conselho dado pelas avós: “Fujam daqueles que se fazem de bonzinhos, afinal, de boas intenções, o inferno está cheio!”. Assistente de fotografia: Rickyy Tofanello Vestido de tule bordado em sutache, RONALDO FRAGA, pulseiras, soco-inglês e máscara, HI! SKULL, sapatos FERNANDO PIRES Vestido de tule bordado em sutache, RONALDO FRAGA, pulseiras, soco-inglês e máscara, HI! SKULL Vestido de tule bordado em sutache, RONALDO FRAGA, pulseiras, soco-inglês e máscara, HI! SKULL, sapatos FERNANDO PIRES Vestido de tule bordado em sutache, RONALDO FRAGA, pulseiras, soco-inglês e máscara, HI! SKULL, Vestido de tule bordado em sutache, RONALDO FRAGA, pulseiras, soco-inglês e máscara, HI! SKULL, sapatos FERNANDO PIRES Vestido de tule bordado com maxi paetês, RONALDO FRAGA, luvas e máscara, HI! SKULL, sapatos, FERNANDO PIRES Vestido de tule bordado com maxi paetês e boneca, RONALDO FRAGA, luvas e máscara, HI! SKULL, sapatos, FERNANDO PIRES Vestido de tule bordado com maxi paetês e boneca, RONALDO FRAGA, luvas e máscara, HI! 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SKULL Colete e short de jacquard de algodão sobre top de malha, tudo, RONALDO FRAGA, luvas e máscara, HI! SKULL moda Acabou.com Fotos Sergio Caddah Editor de Estilo Ray Mendel Editor de Moda Cristiano Oiwane Esqueça o amanhã, rasgue a agenda e mergulhe no melhor da moda apocalíptica, com direito a apliques de caveiras, penachos e ossos – afinal, até os simples mortais merecem circular pelos tribunais do Juízo Final em grande estilo. #Voilà! Assistente de fotografia: Gabriel Colombrara Paletó, ARAMIS, sunga, HRC, colares, HI! SKULL Paletó, ARAMIS, sunga, HRC, colares, HI! SKULL Sobretudo, ACERVO, sunga, HRC, cinto e caveira, HI! SKULL Sobretudo, ACERVO, sunga, HRC, cinto e caveira, HI! SKULL Sobretudo, ACERVO, sunga, HRC, cinto e caveira, HI! SKULL Caveira, HI! SKULL Calça, UMA, máscara e acessórios, HI! SKULL Jaqueta jeans, DENIN JUNKIE, sunga, ARAMIS, colar, ACERVO Modelos: Tom Cruz/ L'Equipe e Henrique Reimman/ Joy Model Agradecimento: Agência Fotosite Jaqueta jeans, DENIN JUNKIE Jaqueta jeans, DENIN JUNKIE Calça, HRC, colar, HI! SKULL, luvas, ACERVO Máscaras, ACERVO Máscara, ACERVO Sunga, ARAMIS, sunga HRC, colares e pulseiras, ACERVO Camisa, ARAMIS, braceletes, GALERIA DO ROCK, máscara, HI! SKULL Calça, HRC, colar, HI! SKULL, luvas, ACERVO Paletó, HRC, crucifixo, ACERVO tour Por Caio Zalc Fotos Divulgação Bem-me-quer, mal-me-quer... “Meu pai disse que não há como se esconder”, diz Leo, assustado. “Se seu pai disse isso é por que ele se esqueceu da cabana mágica”, respondeu a tia Justine. O meteoro ‘melancholia’ se aproxima, e Justine, sua irmã Claire e o sobrinho Leo aguardam dentro da cabana de sete galhos. Conclusão? Que se o fim chegar, não temos para onde escapar! Tudo que sobe, desce. Tudo que nasce, morre. Tudo que começa, tem um fim. Ah, a racionalização humana! Precisamos de regras e de explicações o tempo todo. Por que sim não é resposta, nunca foi e nem será. Qual é o rumo da humanidade? Ui! O fim está próximo? Segundo os Maias (e alguns estudiosos), sim. Ou melhor, 21 de Dezembro de 2012 está decretado como o grand finale. Mas, afinal, o que o novo testamento tem a dizer sobre a escatologia? Voltemos à Idade Média. Mais precisamente após a decadência do Império Romano, no período denominado de feudalismo. Mais profundo que analisar as relações monótonas de aliança entre os senhores e os seus vassalos, o xis da questão está na sociedade denominada estamental e na aceitação daqueles quase escravos a viverem na função de serviçais, enquanto os senhoris gargalhavam à toa. Como manter os infelizes trabalhando longos períodos sem direito a escassa diversão? Voilà: a Igreja. O órgão permanecia fiel aos nobres, visto que as suas terras estavam afiançadas pela monarquia. Em troca, pregava a predestinação divina; “Você nasceu assim por que Deus quis. E se não aceitar tal condição incidia na passagem sem volta para o inferno”. Desde então, a sociedade ortodoxa carola vive à crista entre os podes e não podes, à sombra da proibição na tentativa de salvação. Está escrito no livro novo que antes do mundo acabar ocorrerá o juízo final e que Jesus voltará como juiz dos vivos e dos mortos. A martelada assombra o fim das espécies. E não é por menos, aqueles que acreditam que não há vida após a morte e nem um destino certo para as almas, o fim do mundo é praticamente um blackout oco. Agora, em meio a tanta escatologia, imagina passar a eternidade no purgatório? Sai de mim! E já que o fim é logo ali, aproveite as dicas de lugares para desfrutar dos melhores ângulos do juízo final: 1) Monte Sinai – Egito. Moisés recebeu as primeiras e as segundas Tábuas da Lei de Deus, lá. Vai que..., né? 2) Muro das Lamentações – Israel. É bom lamentar muito mesmo antes da hora H. #quemnuncaatirouumapedra 3) Muralha da China – China. Sei lá, se dá para ver do espaço, deve ser coisa boa, pelo menos para evitar a fúria das águas! 4) Cristo Redentor – Brasil. Abraça o Cristo, abraça! 5) Quinta avenida – Estados Unidos. Estamos perdidos, mesmo... Vamos gastar até o último centavo! Evite os piores lugares para assistir a passagem do Juízo Final: 1) Aos pés do monte Sinai – Egito. Foi lá que o povo construiu o bezerro de ouro, e Moisés, de frente ao pecado, destruiu as primeiras Tábuas. 2) Las Vegas – Estados Unidos. A cidade do pecado não é o melhor lugar para se redimir! 3) Baixa Augusta – Brasil. Preciso comentar? 4) Machu Picchu – Peru. Cidade perdida dos Incas? Sério? 5) No show do Calypso – Brasil. Já imaginou morrer ao som de Joelma? #nemapioralmadomundomerece