Monografia Helena FINAL
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Monografia Helena FINAL
1 UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO HELENA NOGUEIRA DE SANTANA MIRANDA CAUSA DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO COM MOTORISTAS DE TRANSPORTE COLETIVO NA CIDADE DE RECIFE - PE MACEIÓ - AL 2014 2 HELENA NOGUEIRA DE SANTANA MIRANDA CAUSA DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO COM MOTORISTAS DE TRANSPORTE COLETIVO NA CIDADE DE RECIFE - PE Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Manoel Ferreira do N. Filho Co-Orientador: Eduardo Cabral da Silva MACEIÓ - AL 2014 3 HELENA NOGUEIRA DE SANTANA MIRANDA CAUSA DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO COM MOTORISTAS DE TRANSPORTE COLETIVO NA CIDADE DE RECIFE Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. APROVADO EM ____/____/____ ____________________________________________________ PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO ORIENTADOR: ____________________________________________________ PROF.DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA BANCA EXAMINADORA 4 DEDICATÓRIA Dedico esta monografia a meu esposo Osvaldo, que não mediu esforços para me apoiar, minimizando as dificuldades, me acompanhando sempre até o aeroporto nos horários mais diversificados. Seu companheirismo trouxe muita tranquilidade quando decidi realizar o curso de Pós-Graduação em uma cidade tão distante. Também a minha filha Verônika, que no último ano da faculdade de RI, está elaborando sua monografia também, teve muita compreensão com minha pouca dedicação a ela neste momento, quando tinha que priorizar a monografia para concluir o curso. Aos amigos, que vendo minhas dificuldades, quiseram me ajudar, oferecendo materiais para consultas como modelos. Aos professores que me ensinaram que por mais que achamos que o nosso conhecimento já está bem profundo, estamos enganadas, pois o conhecimento é algo que está sempre se renovando. Obrigado por tudo! 5 AGRADECIMENTOS Dentre essas pessoas que citarei, algumas participaram direta ou indiretamente na construção deste trabalho. Tem um pouco de cada um, em cada página dessa pesquisa. Agradeço a Deus pela força e coragem de enfrentar esse desafio e conseguir concluir. Sendo o curso realizado em outro Estado, foi necessário fazer escolhas como remarcar os atendimentos do consultório por algumas semanas, deixar a família e adiar outros compromissos para priorizar a pós. Agradeço aos meus pais, José e Leontina Maria (in memoriam), que mesmo sendo analfabetos, sempre incentivaram os filhos a estudarem e terem uma profissão. A todos meus irmãos pelo afeto e carinho que recebo deles, embora residam a 200km de distancia. Agradecimento especial ao meu irmão José Eduardo, que foi o pioneiro na família a estudar, ter uma profissão respeitada, conseguindo por seu mérito chegar a alto cargo no país, tornando-se para mim uma referencia como pessoa e profissional de caráter, sensibilidade, e senso de justiça. Revelando que com fé, determinação e coragem podemos atingir o topo do que desejarmos. Agradeço meu esposo Oswaldo e minha filha Verônika, que sempre me apoiaram e nas semanas que estive em curso, cuidaram com atenção especial do que foi necessário. Aos meus “filhos peludos” os cães Luke, 06 anos, e Thoby, 13 anos, que sentiram bastante minha ausência, mas foram valentes e aguentaram a espera. Agradeço ao Departamento de Transito em Itu, especialmente ao Bellão Petrans, que disponibilizou diversos materiais com boa vontade. Agradeço também aos motoristas de ônibus da cidade de Recife que colaboraram com a pesquisa. E meu agradecimento ao Coordenador Professor Dr.. Manoel Ferreira por oferecer a oportunidade de realizar a especialização de forma intensiva, facilitando aos profissionais que não podem ficar um ano e meio de curso, ainda que seja quinzenal ou mensal. Agradecimento especial ao meu Co-Orientador Eduardo Cabral, que em momentos que estava me sentindo perdida, quase desistindo, foi uma luz no fim do túnel, com paciência mostrou que era possível concluir e a utilidade para do trabalho. 6 “Nem tudo o que é enfrentado pode ser mudado, mas nada pode ser mudado se não for enfrentado ”. (Johnson e Johnson) 7 RESUMO A evolução do trânsito nos grandes centros urbanos, como é o caso de Recife, nos últimos anos tem ocasionado a elevação dos níveis de estresse dos seus elementos, principalmente dos motoristas de transporte coletivo. As Condições das ruas para o tráfego, o comportamento humano e a falta de sinalização, são alguns dos principais fatores que levam a ocorrência de acidentes de trânsito. O objetivo desse trabalho foi avaliar os elementos causadores de estresse aos motoristas de ônibus, e como esses impactam na saúde dos mesmos e as suas possíveis relações com os acidentes de trânsito. Para a realização do trabalho foi desenvolvido um questionário com 17 perguntas e submetidos a 55 motoristas de ônibus urbano da cidade de Recife/PE entre o período de 13 a 17 de maio de 2013. O questionário abordou sobre as principais dificuldades que esses profissionais enfrentam diariamente. Os resultados mostram que a profissão de motorista de ônibus é extremamente desgastante, levando-os a desenvolver vários problemas de saúde, por vezes impossibilitando esses de exercer a profissão, devido aos elevados níveis de estresse e a excessiva carga de trabalho a qual são submetidos. A falta de sinalização, as péssimas condições de circulação das vias também constituem fatores cruciais para a ocorrência de acidentes de trânsito. Diante do exposto, percebe-se a necessidade de um acompanhamento psicológico contínuo desses profissionais e também da melhoria das condições das vias de circulação, assim como investimentos em mobilidade urbana na cidade de Recife, a fim de que se tenha melhoria da qualidade de vida da população e no trânsito de uma forma geral. Palavras chaves: Centros urbanos, transporte coletivo, estresse, acidentes de trânsito 8 ABSTRACT The evolution of transit in big cities, such as Recife, in recent years has caused the increase in the stress levels of their elements, particularly of drivers of public transport. Conditions of streets to traffic, human behavior and the lack of signage are some of the main factors leading to the occurrence of traffic accidents. The aim of this study was to evaluate the causative factors of stress to bus drivers, and how these impact on the health of themselves and their possible relationships with traffic accidents. To perform the work developed a questionnaire with 17 questions and subjected to 55 urban bus drivers in Recife / PE between from 13 to 17 May 2013. The questionnaire included about the main difficulties that professionals face daily. The results show that the profession bus driver is extremely exhausting, causing them to develop various health problems, sometimes preventing those practicing the profession due to high levels of stress and excessive workload which are submitted. The lack of signage, poor conditions of movement pathways are also crucial factors for the occurrence of traffic accidents. Given the above, we see the need for continued psychological counseling these professionals and also the improvement of the conditions of the taxiways, as well as investments in urban mobility in the city of Recife, so that has improved quality of life population and traffic in general. Keywords: urban centers, public transportation, stress, traffic accidents 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01. Resultado das entrevistas com os motoristas de ônibus na cidade de Recife/PE a pergunta “com que freqüência você costuma se irritar diante de situações de estresse?” ............................................. 30 Figura 02. Resultado das entrevistas com os motoristas de ônibus na cidade de Recife/PE com relação ao comportamento dos mesmos no trânsito ............................................................................................... 31 Figura 03. Resultado das entrevistas com os motoristas de ônibus na cidade de Recife/PE a pergunta “Dos conflitos que você se envolveu quem iniciou?” .................................................................................... 32 Figura 04. Resultado das entrevistas com os motoristas de ônibus na cidade de Recife/PE relativo a agressividade dos entrevistados e os possíveis estados de conservação das vias como fatores desencadeadores de acidentes de trânsito ........................................ 33 Figura 05. Resultado das entrevistas com os motoristas de ônibus na cidade de Recife/PE relativo a sobrecarga de trabalho e condições de saúde ................................................................................................. 34 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 14 2.1 Definições de Trânsito ..................................................................................... 14 2.2 Importância do Transporte Coletivo ............................................................... 15 2.3 A Profissão de Motorista de Ônibus ............................................................... 15 2.4 Motivos que Levam a Violência no Trânsito .................................................. 18 2.4.1 Comportamento no Trânsito ........................................................................ 19 2.4.2 Agressividade e Estresse ............................................................................. 20 2.5 As Diversas Causas dos Acidentes ................................................................ 23 2.6 Psicologia do Trânsito ..................................................................................... 25 3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 27 3.1 Ética ................................................................................................................... 27 3.2 Tipos de Pesquisa ............................................................................................ 27 3.3 Universo ............................................................................................................ 27 3.4 Sujeitos da Amostra ......................................................................................... 28 3.5 Instrumentos de Coleta de Dados .................................................................. 28 3.6 Plano para Coleta dos Dados ......................................................................... 28 3.7 Plano para a Análise do Dados ....................................................................... 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 29 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 36 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38 APENDICE ................................................................................................................ 42 ANEXO ..................................................................................................................... 44 11 1 INTRODUÇÃO O aumento do número de veículos nas vias brasileiras vem tornando o trânsito cada vez mais complicado e estressante, principalmente para quem trabalha intensivamente nesse ambiente. A falta de educação e a imprudência dos elementos do trânsito acarretam em altos níveis de estresse, ocasionando uma intensificação da violência nas vias e conseqüentemente a ocorrência de perdas materiais e humanas. Segundo Panichi e Wagner (2006), 96% dos acidentes estão associados a fatores humanos. É freqüente também a ocorrência de problemas relacionados à falta de infraestrutura das estradas, tais como a situação da pavimentação, buracos e falta da pista de rolamento, e a falta ou deficiência da sinalização das vias, fatores esses que causam vários acidentes de trânsito (citação). Nas cidades além de termos os problemas supracitados os motoristas enfrentam o caótico trânsito urbano, o que eleva o nível de estresses dos motoristas, motociclistas e pedestres, e por conseqüência, cresce também o número de acidentes. O nível de estresse no transito é um fator que leva a ocorrência de muitos acidentes nos centros urbanos, principalmente para os elementos que estão intimamente inseridos nesse ambiente, como por exemplo, os taxistas, os motoboys, os motoristas de ônibus, pedestres, dentre outros. Um fator comum que ocorre na profissão de motorista, é a alta carga horária diária desses profissionais, que para complementar a renda mensal muitos necessitam fazer hora extra, outro motivo é a baixa quantidade de funcionários na empresa e dessa forma contribui grandemente para ocorrência de acidentes provocado pelo cansaço e sono. Segundo Nailton de Souza diretor do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo, é prática comum trabalhadores da área fazerem horas extras, (R7 NOTICIAS, 2012). Quem mais sofre com esses problemas relacionados ao trânsito são os motoristas, que estão insatisfeitos com as péssimas condições das estradas e da sinalização. Eles sofrem muito, devido a intensos períodos de trafego, passando a maior parte do dia na estrada, que somando a outros fatores como, o sono que se torna frequente na vida desses profissionais e também o desgastes das estradas, como consequência afeta sua saúde e também coloca a população em risco. 12 Outro fator de grande relevância que esses profissionais enfrentam diariamente é o comportamento humano, a população muitas vezes descarrega seus problemas pessoais ou até mesmo um atraso no horário do ônibus como culpa dos motoristas, não enxergando que o mesmo não tem controle do caos que o trânsito está se tornando a cada dia, e que eles são os que mais sofrem com a intensidade da situação, com tantos veículos nas vias os motoristas não conseguem em determinadas horas do dia cumprir os horários estabelecidos, devido ao grande fluxo de veículos naquele momento. Esses profissionais sofrem agressão verbal da população frequentemente, as pessoas agridem esses profissionais pelo atraso e acaba colocando os mesmo em uma situação de estresse e que somando a outros fatores já citados torna um nível de estresse altíssimo. Outro fator de grande relevância são os assaltos no interior do ônibus que ocorrem com grande frequência, causando uma grande tensão e medo nos trabalhadores que se preocupam em perder sua própria vida pela ocorrência de assaltos. De acordo com Caldeira (2001), é prática normal os assaltos em transporte coletivo intermunicipal e interestadual. Originando um dos grandes problemas sociais da atualidade. Muitas pesquisas vêm mostrando o quanto os motorista de transporte coletivo estão sofrendo com tantos problemas no trânsito, onde sua saúde está em risco e isso ocorre por diversos motivos como, por exemplo: a grande trajetória de viagem sem poder fazer suas necessidades fisiológicas, o pouco tempo para as refeições e a falta de estrutura para as mesmas, o calor e o barulho do motor ao longo do dia, a falta de água disponível e de qualidade para os profissionais por parte da empresa onde os mesmos têm que tirar do seu próprio dinheiro, as grandes cargas horárias diária, horas extras e muitos dispensam seu dia de folga para ganhar um pouco mais no fim do mês e com isso priva de um dia de lazer com a família e um dia de descanso para ele mesmo. Todos esses fatores citados acima estão colocando a saúde desses motoristas em risco, onde os principias problemas são: obesidade, problemas com a pressão arterial, estresse e ansiedade o que ocasiona a depressão, problemas de coluna pela má postura e pelo o esforço ao conduzir o veículo; outro fator é seu relacionamento com a família, que diminui cada vez mais e que consequentemente atinge na sua saúde e no seu emocional. 13 O objetivo desse trabalho é de pesquisar a qualidade de vida dos motoristas de transporte coletivo, o motivo do estresse e o que leva a grandes quantidades de acidentes; pesquisar também as condições de trabalhos dos mesmos e avalia como o trabalho influência na sua saúde. A pesquisa foi realizada em recife, com cinquenta questionários e com diversas questões relacionadas ao tema e os resultados foram calculados no Excel. 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Definições de Trânsito O termo trânsito tem origem no latim transitu: ato ou efeito de caminhar, marchar, movimento, circulação de pessoas ou de veículo, tráfego. Assim, ainda que em nossa língua o trânsito enfatize a dificuldade de locomover-se, também faz sentido, haja vista, que o significado original da palavra trânsito é também: movimento de transeuntes ou veículos numa via de comunicação; afluência de pessoas ou veículos; ato ou efeito de transitar; passagem; trajeto e circulação, Ferreira (1988, p. 645 apud JUNCAL, 2009, p. 09). Segundo Vasconcelos (1985), “o trânsito é uma disputa pelo espaço físico, o que reflete uma disputa pelo tempo e o acesso aos equipamentos urbanos,- é uma negociação permanente do espaço, coletiva e conflituosa. E essa negociação, dadas as características de nossa sociedade, não se dá entre pessoas iguais: disputa pelo espaço tem uma base ideológica e política; depende de como as se vêem na sociedade e de seu acesso real ao poder”. Rozestraten (1988) afirma que o trânsito é “o conjunto de deslocamentos de pessoas e veículos nas vias públicas, dentro de um sistema convencional de normas, que tem por fim assegurar a integridade de seus participantes” e afirma que: O sistema funciona através de uma série bastante extensa de normas e construções e é constituído de vários subsistemas, dentre os quais os três principais são: o homem, a via e o veículo. O homem aqui é o subsistema mais complexo e, portanto, tem maior probabilidade de desorganizar o sistema como um todo (ROZESTRATEN, 1988, p.5). Desta forma podemos ver que da definição de trânsito favorece uma abordagem multidisciplinar, em diversas áreas como a psicologia, engenharia, políticas etc. É de suma importância compreender como o trânsito funciona e como podemos interagir melhor no dia-a-dia, respeitando dessa forma as regras e as normas, e consequentemente a população e com isso gerar um trânsito mais pacífico. 15 2.2 Importância do Transporte Coletivo A importância do transporte coletivo é extremamente grande, pois é essencial para a maior parte da população que depende exclusivamente deste tipo de transporte e diante disto estudos vem sendo realizados com o intuito de melhorar as condições de trabalho dos motoristas de transporte coletivo e também de sua saúde, devido aos grandes prejuízos decorrentes por diversos motivos que serão abordados aqui. Onde os mesmo têm a responsabilidade de deslocamento gerando a segurança dos passageiros e também a segurança do veículo que por ele é conduzido. Segundo Souza (1996, p. 39) transporte coletivo é essencial pelo seguinte motivo: [...] requer intervenções cuidadosas não só no sentido da preservação do direito social ao acesso a um transporte de boa qualidade e, mais barato, mas também no sentido da preservação do direito dos trabalhadores à sua saúde. Estas duas questões devem ser compartilhadas e não antagonizadas. Até porque no caso de um maior estresse entre os motoristas de ônibus com a supressão do trabalho do seu auxiliar, pode-se ocasionar no limite, ao longo do tempo, um aumento do número de acidentes de ônibus e, aumentar os riscos de problemas de saúde entre motoristas. Segundo Vasconcelos (2005), o ônibus é o transporte público mais antigo no mundo. O ônibus é um veículo que pode transportar entre 22 e 45 pessoas sentadas (há ônibus para viagens rodoviárias com maior capacidade) e aproximadamente a mesma quantidade em pé. Recentemente, foram desenvolvidos veículos articulados (com duas partes) e biparticulados (com três partes) que pode transportar muito mais pessoas. No Brasil, o ônibus é o meio mais importante para transportar as pessoas. A frota brasileira de ônibus era, em 2003, 340.000 unidades, trabalhando no transporte interestadual, intermunicipal e dentro das cidades. 2.3 A Profissão de Motorista de Ônibus Existem poucos trabalhos relacionados a motorista de transporte coletivo quando comparado com outras área ou categorias. Estudos sobre as condições de trabalho e as patologias do motorista de ônibus são recentes e possui uma grande diversificação. Essa profissional precisa de uma grande concentração no horário de 16 trabalho, uma vez que é responsável pela vida de milhares de pessoas que depende desse tipo de transporte, além da concentração ele tem que relevar a crítica dos passageiros quando, por exemplo, chega atrasado na parada ou quando o ônibus está super lotado. A profissão de motorista de ônibus é descrita, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho, como aquele profissional que dirige veículos de empresas particulares, municipais e interestaduais, acionando comandos de marcha e direção, bem como conduzindo o veículo no itinerário, de acordo com as regras e normas estabelecidas no trânsito, com a finalidade de transportar passageiro dentro de uma localidade (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 1994). Segue alguns fatores que contribuem para particularidade ao trabalho dos motoristas: [...] A manutenção da postura em equipamentos, o estresse em trânsito congestionado, a poluição, as desavenças com o público e muitos outros fatores favorecem a caracterização de uma profissão altamente fatigante. Acrescidos a estes fatores supramencionados, o motorista pode estar exposto a ruídos, temperaturas elevadas e vibrações (BERNDT; MERINO; PACHECO, 1996, p. 8). O trabalho que esses motoristas desenvolvem não reflete apenas na sua vida, mas também em diversas questões sociais, pois o cargo que eles desempenham é em um lugar democrático e inteiramente público. Boa condição de trabalho para esses profissionais reflete não só na segurança deles e sim em todos que utilizam o transporte público e também os que não utilizam, mas participam do trânsito, pois com péssimas condições de trabalho o trânsito como todo sofre por consequência de um trabalhador que é mal reconhecido. Esses trabalhadores possuem uma péssima qualidade de vida, que é afetada, pela falta de tempo que tem como o principal motivo o cansaço, devido a grande carga horário que exerce diariamente e que muitos até dobram a quantidade de horas que pode percorrer e dessa forma esquece de si mesmo e de sua família, pois acaba abrindo mão de um dia de lazer e descanso para trabalhar. O penoso trabalho de motorista de ônibus ocorre por diversos motivos como, por exemplo: 1- Carga horária de trabalho: 17 Que geralmente são maiores que a permitida por dia, devido a hora extra. 2- Posição: Os motoristas permanecem apenas em uma posição ao longo do percurso e por longo período de tempo. 3- Responsabilidade: Por trabalhar com a população coloca uma maior responsabilidade pela vida das pessoas, o que acaba gerando maior atenção e esforço mental. 4- Necessidade de atenção redobrada com o trânsito: Atenção com as regras de trânsito, uma vez que esse profissional corre o risco de levar multas, além da entrada e saída dos passageiros e também os veículos em geral. 5- Risco de acidentes e assaltos: Com a necessidade de cumprir os horários exigidos pela empresa, os motoristas acabam aumentando a velocidade e ocorrendo acidentes. Outro ponto é o receio de parar em alguns lugares por medo de assaltos, lugares que tem histórico de ocorrência de assaltos com frequência. 6-Temperatura: A temperatura ocasiona um grande desconforto, pois a alta temperatura decorrente da posição do motor na parte dianteira do veículo, a quantidade de passageiros no interior do veículo acaba aumentando ainda mais a temperatura e também as condições climáticas dependendo da região. 7- Excesso de ruídos: A grande quantidade de ruídos sendo ele pelo motor, pela batida de porta, pelos próprios passageiros pode desviar a atenção do motoristas. 8- Conforto e higiene : Ineficientes terminais de ônibus com banheiros impróprios e falta de água potável, pois a empresa não disponiibiliza péssimos locais para que possam fazer uma refeição tranquila leva os trabalhadores a se sentirem humilhados. 9- Contato humano constante: Por ser um transporte público o contato constante dos motoristas com as pessoas é extremamente grande e inevitável, o que fazem os mesmos passarem por diversos problemas, pois convivem. com pessoas de temperamentos fortes e pessoas agressivas, que cobram desses trabalhadores o que eles muitas vezes não podem cumprir, podendo sofrer muitas vezes ameaças e até ser agredido fisicamente 18 10- Problemas com o sono: São decorrentes principalmente de horas extras desses trabalhadores com o intuito de complementação da sua renda mensal, fazendo com que os mesmo não durmam tempo suficiente para a jornada de trabalho no dia seguinte. De acordo com o site sindicato dos motoristas, um estudo realizado pelo médico especialista em Medicina do trabalho, Dr. Éber Assis dos Santos, mostra que a profissão de motoristas é uma das mais “insalubres e estressantes” que existe. Ou seja, estes profissionais sofrem um nível de estresse no trabalho muito acima da média, e demonstram que eles estão submetidos a riscos maiores de desenvolverem doenças coronarianas. Diante desses exemplos ainda existe o problema de segurança do veiculo por falta de manutenção por parte da empresa e que cabe também aos motoristas orientar sobre os defeitos dos veículos para uma posterior manutenção. Todos esses fatores desencadeiam problemas com a saúde como :estresse, ansiedade, pressão alta, ansiedade, problemas gastrointestinais, agressividade, problemas respiratórios, obesidade, depressão entre muitos outros. Os problemas em ralação a saúde desse trabalhadores influenciam não somente a si próprio, mas também a população e a empresa em que prestam seus serviços. Considerando a complexidade do ato de dirigir, suas competências, habilidades ou comportamentos do indivíduo, segundo o pensamento de Hoffmann e González (2003), considera-se fundamental que o motorista disponibilize de satisfatório nível de maturidade emocional e de capacidade intelectual que lhe permita agir com cautela, cognição e equilíbrio. Frise-se aqui a necessidade da avaliação psicológica com o intuito de favorecer a segurança do motorista e dos demais envolvidos no trânsito. 2.4 Motivos que Levam a Violência no Trânsito Os acidentes de trânsito são ocasionados por muitos fatores, como seu comportamento diante do trânsito, estresse e agressividade que por meio das condições que se encontra o trânsito se torna um motivo cada vez mais comum no nosso cotidiano, e outros fatores que serão mencionados junto com os já citados acabam levando a ocorrência de acidentes que vem aumentando a cada dia. 19 2.4.1 Comportamento no Trânsito Dentre os fatores que contribui para um aumento no número de acidentes no transito está o fator humano como o principal, pois sem ele o trânsito não existiria. São diversas as causas que leva o ser humano a um comportamento inadequado, cada um tem uma personalidade diferente e age diferente quando está em cada situação, pois mesmo com regras estabelecidas cada individuo cria uma regra de como ver o mundo, em relação aos motoristas de ônibus muitos não seguem as leis estabelecidas, onde seguem as regra de acordo com sua necessidade e que acaba colocando em risco a vida da população. Por outro lado os passageiros também criam suas próprias leis de comportamento e age de acordo com a situação do momento e de seu modo de pensar, o que torna um convívio no trânsito cada vez complicado. Os vários tipos de comportamento da população no trânsito podem levar a ocorrência de acidentes como mostra Corassa (2001): existem três tipos de comportamentos comuns no trânsito: o dos motoristas cautelosos, que seriam aqueles indivíduos que respeitam o trânsito, fazendo com que o mesmo flua de forma adequada; os donos do mundo, definidos como sujeito “reclamões e briguentos”, que acabam por tornar o trânsito um ambiente ainda mais estressante, fazendo com que os outros motoristas percam também a paciência, e por último, os que têm comportamentos mascarados, ou seja, indivíduos que demonstram ser equilibrados em suas relações, porém, no trânsito, tendo controle de uma máquina (carro), buscam auto-afirmação, apresentando comportamentos agressivos. Cada individuo tem valores e ideias diferentes, experiências de vida diferentes e com isso adquire durante a vida uma carga grande de fatores que acaba levando e colocando em prática de acordo com o momento e a circunstância, mudando o seu comportamento de acordo com sua necessidade e os problemas diários seja ele no trânsito ou não. De acordo com, Vasconcellos (1998): “As condições do momento determinam o comportamento de cada indivíduo no trânsito. A cada situação dada, reações, comportamentos e atitudes diferentes se apresentam. Tudo depende de uma complexidade de fatos, ligados aos fatores de necessidades e interesses pessoais, diversificando esses comportamentos. Saber quais as causas desse comportamento agressivo se faz necessário”. Atualmente surgem cada vez mais problemas de ordem pessoal o que consequentemente levam a população passarem de certa forma para o trânsito. O 20 comportamento muda de acordo com a necessidade de cada um. Muitas vezes ocorrem devido a correria do dia a dia, a pressa para cumprir os horários e não poder se atrasar nas tarefas diárias como pegar os filhos na escola, não chegar atrasado no trabalho ou na aula, entre outros motivos. Dessa forma, os condutores de veículos automotores acabam refletindo esse comportamento no trânsito. Para firmar a linha de estudos, Huffmann, Cruz e Alchiieri (2011, p.108) acrescentam que: A Psicologia, como Ciências, pode contribuir na mudança de comportamento na mudança de comportamento de motoristas infratores, com o objetivo de reduzir os acidentes, uma vez que o trânsito é um fenômeno eminentemente social. Parece prioritário o desenvolvimento de estudos voltados ao conhecimento dos fenômenos envolvidos na situação de trânsito, que especialmente àqueles que procuram caracterizar as determinações e os condicionantes da conduta humana no trânsito. 2.4.2 Agressividade e Estresse O Brasil vem enfrentando grandes problemas relacionados ao trânsito como, acidentes, congestionamento, péssima qualidade no transporte público e aumento cada vez maior na frota de veículos o que ocasiona um trânsito cada dia mais caótico e uma população com alto nível de estresse. Para Gaspar (2003), além da agressividade existente pelo estresse diário e que tem efeito sobre o comportamento das pessoas no trânsito, o próprio trânsito gera situações de estresse, fazendo com que o comportamento agressivo de um motorista, desencadeia agressividade de outros motoristas. Segundo Souza (1996, p. 39) transporte coletivo é essencial pelo seguinte motivo: [...] requer intervenções cuidadosas não só no sentido da preservação do direito social ao acesso a um transporte de boa qualidade e, mais barato, mas também no sentido da preservação do direito dos trabalhadores à sua saúde. Estas duas questões devem ser compartilhadas e não antagonizadas. Até porque no caso de um maior estresse entre os motoristas de ônibus com a supressão do trabalho do seu auxiliar, pode-se ocasionar no limite, ao longo do tempo, um aumento do número de acidentes de ônibus e, aumentar os riscos de problemas de saúde entre motoristas. A agressividade por parte da população incluindo os motoristas é uma atitude humana e todos nos somos agressivos quando uma situação é desagradável, no 21 trânsito a agressividade tem uma relação intima, uma vez que a situação no trânsito está cada vez mais complicada e acaba levando as pessoas a um descontrole e nos levando a ser agressivos, seja pelo barulho, congestionamento, ônibus lotado, condições climáticas como temperatura alta, estradas com buracos tornando-se inviáveis para o transporte, ônibus quebrado deixando de cumprir as rotas e consequentemente faz com que os passageiros cheguem atrasados no seu destino. São vários os motivos que podem levar a população a um ato agressivo e que junto ao estresse diário torna o trânsito ainda mais complicado. Hoffman et al (2003) afirmam ainda, que o comportamento agressivo é uma das causas de acidentes de trânsito, mas aponta para o fato de a agressividade ser algo presente em todos nós e que ela não pode ser reprimida por ninguém. De acordo com Melo et al (2012), para a psicologia: a agressividade se define como um comportamento diferente da violência em si, por ser uma construção social: é aprendido. Apesar de relacionado com o repertório inato de violência, os ato de agressão só se mantém se forem devidamente reforçados. A agressividade tem como objetivo causar danos ao outro que é, de maneira geral, motivado a evitar tal comportamento. Crianças em meados da segunda infância, que é um período em que elas estão se apropriando das leis de convivência e socialização, tendem a demonstrar comportamento violento ao ver adulto (sobretudo pais e familiares) se comportando de maneira hostil e tendem a aprender este comportamento – e associar a violência a resolução de problemas, surgindo o aspecto da agressividade em sua personalidade, que poderá se manter por anos: uma criança violenta pode, então, se tornar um adulto agressivo. A educação, aqui, tem um grande poder de coibir uma possível manutenção do comportamento, sob o risco de gerar um sujeito que não dissocia agressividade de viver em sociedade – inclusive no trânsito (MELO et al, 1012). Néri, Soares e Soares (2005), afirmam que a saúde física e mental dos motoristas são reflexos das condições de vida e de trabalho destes indivíduos. Se tratando de motoristas de transportes coletivos, é de grande importância seu tipo de comportamento visto que eles são responsáveis á atividades que supre a necessidade da população. Battiston, Cruz e Hoffmann, (2006), Mendes, (1997), o motorista de transporte urbano possui um “macro” local de trabalho, caracterizado pelo trânsito e um “micro” que corresponde a um ônibus. Muitos estudos realizados, expressão o contexto de trabalho dos motoristas de ônibus relatam que o ato de dirigir é uma atividade altamente estressante, principalmente para estes profissionais e são vários os fatores que podem afetar o seu desempenho, como por exemplo: carga horária de trabalho irregular, baixos 22 salários, insegurança (expostos a assaltos), altos níveis de ruído tanto dentro quanto fora do veículo, altas temperaturas ambientais, necessidade de lidar com o público e passageiro, exigência da empresa, más condições das vias, pressão para cumprirem o horário, falha nos equipamentos, excesso de paradas durante as viagens, entre outros (SILVA e GÜNTHER, 1999; ALMEIDA, 2002). De acordo com Câmara (2002, p. 61) coloca que: Pode haver uma relação entre estresse e acidentes de trânsito, [...] na medida em que mais da metade dos acidentes ocorreu no final da jornada de trabalho ou enquanto os motoristas „dobravam‟ sua jornada de trabalho, ou seja, alguns acidentes podem ter como causa o cansaço e o estresse. No que se refere aos fatores estressantes, Ballone (2002) conceitua-os como um fato, uma situação, uma pessoa ou um objeto capaz de proporcionar suficiente tensão emocional, ou seja, capaz de induzir à reação de estresse. Segundo Hans Selye (1959, apud FILGUEIRAS e HIPPERT,1999 p.01) o estresse é um elemento inerente a toda doença, que produz certas modificações na estrutura e na composição química do corpo, as quais podem ser observadas e mensuradas. O estado físico e psicológico do corpo conhecido como estresse pode ser especificado como um conjunto de reações vitais, que facilmente nos revelam a sua função original, a qual difere do significado adquirido pela palavra ao longo do tempo. Bayeh (s/d) aborda que esse conjunto de reações vitais são a defesa ao meio ambiente hostil ou a capacidade de moldar-se a ele. Trata-se do estado causado pelas mudanças maléficas nos hábitos de vida e na interação com o meio ambiente, no qual se perde a naturalidade das reações de estresse. As pessoas passam a receber estímulos interpretados pelo corpo como geradores de estresse muitas vezes ao dia, numa freqüência maior do que a capacidade do corpo de eliminar seus efeitos (BAYEH, s/d, s/p). Segundo Cavalcanti (1996), os motoristas de ônibus estão diariamente expostos a um grande estresse relacionados a condições do ambiente como, barulhos de motor, porta e buzina; iluminação precária; temperaturas inadequadas, poluição principalmente do veículo que está conduzindo como, (monóxido de carbono) e poeira (pó do asfalto); e a convivência com os passageiros e chefes, podendo levar a condições conflituosas e que por consequência levá-los a desequilíbrios psicoemocionais. 23 2.5 As Diversas Causas dos Acidentes Com as atitudes que geram violência citadas acima e as ouras causas que levam a ocorrência de acidentes no trânsito que serão abortadas em seguida, mostra como é grande os fatores que levam o individuo a causar acidentes. De acordo com Bastos; Andrade; Soares (2005) apud Farias et al. (2009), O crescimento expressivo do número de veículos circulantes e a alta freqüência de comportamentos inadequados, aliados a uma vigilância insuficiente, tornaram os acidentes de trânsito, envolvendo veículos a motor, uma causa importante de traumatismos na população mundial, que passaram, assim, a se constituírem entre os fatores que mais contribuem para os AT’s. No que diz respeito às causas de acidentes de trânsito no meio urbano, Rozestraten (1988) define os eventos materiais ou psíquicos como principais: falhas no ambiente, (conservação das vias e sinalizações e tráfegos); defeitos mecânicos e inúmeros fatores humanos. De acordo com Rozestraten (2003), a via funciona como um importante indicador ao condutor do veículo, mas a circulação nela não flui tranquilamente, mesmo com uma sinalização que seja eficiente, a segurança não pode ser garantida, já que depende também do conjunto de comportamentos que compõe a atividade de dirigir. A respeito dos fatores humanos, Guimarães (1998, p. 84 apud ANDRADE, 2007): colabora ao definir imprudência, negligência, imperícia e ignorância como atitudes extremamente negativas e contribuintes para acidentes ou problemas de fluidez no trânsito. Entende imprudência como agir sem cautela; negligência como desatenção ou descuido; imperícia seria a falta de habilidade para a realização de uma tarefa e ignorância igual à ausência de conhecimento (diferente de erro, que pode ser compreendido como conhecimento falso). Um estudo realizado em 2000, pela Fundação SEADE, com 1762 motoristas de ônibus da região metropolitana de São Paulo, em relação às condições de saúde e segurança dos motoristas, mostrou péssimas condições de trabalho, como: longos percursos, pausas para refeição muito curtas, precárias condições dos veículos, motoristas com mais de 10 horas diárias (22%). Uma característica marcante do trabalho dos rodoviários é eles não atuarem 24 em um ambiente fixo, fechado e protegido como os locais de trabalho situados em edificações [...] outra especificidade está relacionada com o contato estreito do rodoviário com um público volátil, que, possuindo como característica comum o uso do transporte, tem acesso indistinto ao interior dos veículos coletivos, Paes-Machado e Levenstein (2002). De acordo com Caldeira (2001), é prática normal os assaltos em transporte coletivo intermunicipal e interestadual. Originando um dos grandes problemas sociais da atualidade. Segundo Panichi e Wagner (2006), noventa e seis por cento dos acidentes estão associados a fatores humanos. Segundo Lemes (2003), apesar do Novo Código de Trânsito, o Brasil ainda continua sendo mundialmente conhecido pelas estatísticas em acidentes de trânsito, feridos e mortos. Galvão (1996, citado por Almeida, 2002), analisando 1.101 comunicados de acidentes de trabalho emitidos pelas empresas de ônibus urbanos na cidade de São Paulo, no período de outubro de 1989 a junho de 1995, constatou: (...) a importância da violência urbana nos acidentes de trabalho dos motoristas. Entre os motoristas, as freqüências de acidentes foram em primeiro lugar as quedas, choques e perda de equilíbrio (60,6%), em segundo, atropelamento e colisões (14,8%) e, em terceiro, as agressões por passageiros e assaltos (12%). Os acidentes de trânsito com os motoristas de ônibus têm como um dos principais motivos a dupla jornada de trabalho. Segundo Nailton de Souza diretor do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo, é prática comum trabalhadores da área fazerem horas extras, R7 Noticias (2012). Isso ocorre devido a baixa quantidade de funcionários e consequentemente sobrecarrega os motoristas que acabam dobrando a sua carga horária e o que os levam a sérios problemas de saúde, colocando em risco sua vida e a vida dos passageiros. As empresas de transporte público devem fornecer boas condições de trabalho para seus funcionários, uma vez que os mesmos trabalham com um público que pode tomar qualquer tipo de reação até mesmo pela demora na parada e desta forma quem sofre com as consequências são motoristas e cobradores. Muitos estudos têm expressado os efeitos do trabalho do motorista de ônibus urbano sobre sua saúde: Evans et al. (1987) destacam os altos níveis de pressão sanguínea; Mulders et al. (1982) e Carrère et al. (1991) ressaltam ter registrado altas taxas de adrenalina, noradrenalina e cortisol. Kompier (1996) e Pereira (2004) identificaram sensação de fadiga, tensão e sobrecarga mental. Outros estudos 25 (Backman,1983; Winkleby et al., 1988; Evans,1994; Gobel, Springer & Scherff, 1998) indicam relações entre estes custos psicofisiológicos e as deficiências ergonômicas do posto de trabalho (desenho e construção dos ônibus), vibração e barulho, altas temperaturas, irregularidades no esquema de trabalho e limitações (pressões) psicossociais na situação de trabalho. É extremamente grande as causas que geram acidentes de trânsito, onde muitos fatores estão relacionados, fatores esses que diz respeito a toda população que está ligada a um trânsito com péssima qualidade seja ele por má condições das vias ou pela atitude de cada um. O importante é tentar fazer o trânsito funcionar melhor e o principal motivo para que isso aconteça é a educação, que evita que tantas ocorrências de acidentes ocorram. 2.6 Psicologia do Trânsito O reconhecimento da profissão de psicólogo no país ocorreu na década de 1960, por meio da Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962, e sua regulamentação pelo Decreto nº 53.464, de 21 de janeiro de 1964. Nessa época, os psicólogos iniciaram o movimento de criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Psicologia. Vale ressaltar que os profissionais que atuam na avaliação das condições psicológicas para dirigir já contavam com a tradição de mais de uma década na aplicação dos exames psicológicos (HOFFMANN & CRUZ, 2003; DAGOSTIN 2006 apud GÜNTHER e SILVA 2009 p.165). A Psicologia do Trânsito surgiu com o intuito de orientar da melhor maneira a se comportar no trânsito e o que fazer para conseguir se comportar diante de tanto fatores que nos leva ao estresse. Tudo que envolve o trânsito são objetos de estudo do psicólogo de trânsito, onde os mesmos usam seus resultados para buscar uma forma de minimizar os impactos causados por eles mesmos. De acordo com Melo et al (2012): O psicólogo de trânsito estuda a vida urbana e rural, bem como os mecanismos de apropriação da dinâmica do transporte e oferece modelos de inserção do sujeito na realidade dos meios de transporte, bem como práticas psicoterapicas relacionadas ao trânsito, como tratamento de fobias (MELO et al, 2012). 26 Rozestraten (1988) relata que a Psicologia do Trânsito investiga o comportamento dos participantes do trânsito indistintamente, não excluindo ninguém. Ela é uma das Psicologias aplicadas mais abrangente e mais extensa, incluindo muito mais categorias de indivíduos do que a Psicologia Escolar, a Psicologia Organizacional e a Psicologia Clínica. Segundo Alchieri (1999) fazendo uma distinção entre avaliação psicológica e exame psicotécnico, referindo-se a primeira como uma medida de avaliação clínica e diagnóstica de caráter geralmente individual e, à segunda, como uma forma de avaliação psicológica obrigatória, entre essas, a avaliação psicológica para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). De acordo com Rueda (2009), a Psicologia do Trânsito procura estudar as variáveis psicológicas que poderiam influenciar o modo de os motoristas se comportarem e de que forma esse comportamento poderia levá-lo a envolver-se em acidentes de trânsito ou colocar-se em situações de risco. O psicólogo trabalha o problema pelo qual o profissional de trânsito ou todos que convivem e enfrentam o trânsito, buscando dessa forma evitar esses problemas através de métodos que façam com que a população tenha mais conscientização no trânsito, tornando o mesmo melhor. Dessa forma a orientação do psicólogo de trânsito é de extrema importância para o desempenho dos profissionais de trânsito, e também para todos que necessitam de um trânsito mais seguro, com menos violência e consequentemente menor ocorrência de acidentes. 27 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Ética A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº 93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos: As identidades dos sujeitos da pesquisa seguem preservadas, conforme apregoa a Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário identificar-se ao responder o questionário. Os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em anexo. Foram coletados dados a respeito da rotina dos motoristas de trânsito na Região Metropolitana de Recife (RMR), os conflitos nos quais se envolveram e suas causas e consequências, bem como a parcela de culpa de cada uma das partes envolvidas. 3.2 Tipos de Pesquisa O trabalho foi conduzido a partir de uma pesquisa bibliográfica, visando conhecer as causas e a relação entre agressividade, estresse, péssima sinalização e condições das vias de trânsito, segundo a literatura existente. Em seguida, foi realizada uma pesquisa de campo, a fim de se coletar dados acerca dos possíveis fatores que desencadeiam os acidentes de trânsito na Cidade de Recife. 3.3 Universo A pesquisa abrangeu motoristas de ônibus da Cidade de Recife. A capital pernambucana é núcleo da Região Metropolitana de Recife (RMR), a qual conta com mais 13 municípios. Recife tem uma área de 218,50 km² e possui uma população de aproximadamente 1.599.513 habitantes (IBGE, 2013). Recife constitui o centro de negócios e atividades governamentais do Estado, ocupando posição de destaque no contexto regional. Atualmente, a cidade se consolida como o maior pólo de serviços modernos do Nordeste, o que faz dela uma cidade voltada para atividades urbanas, logo, completamente dependente do trânsito para a realização 28 dessas atividades. A capital conta com uma frota de 601.858 veículos, sendo que 4.196 desses são ônibus (DENATRAN, 2013). O trânsito de Recife, como todas as capitais brasileiras, está caótico e, portanto, propício a problemas de agressividade e estresse, o que subsidia a ocorrência de acidentes de trânsito. 3.4 Sujeitos da Amostra A amostra deu-se por conveniência quando se lançou mão de 55 motoristas de ônibus urbano, com diferentes faixas etárias na cidade de Recife/PE. A aplicação do questionário se deu a partir do convite à participação da pesquisa, o qual os motoristas prontificaram-se a responder. 3.5 Instrumentos de Coleta de Dados Construiu-se um instrumento estruturado, um questionário com perguntas objetivas que levavam a repostas de múltipla escolha. Composto por 17 perguntas, que abrange a caracterização dos sujeitos quanto a identificação (idade e tempo de profissão), personalidade, comportamento e condições do trânsito, agressividade no trânsito e problemas com a saúde. O questionário segue em anexo. 3.6 Plano para Coleta dos Dados A aplicação do questionário foi realizada entre os dias 13 e 17 de maio de 2013 nos terminais integrados da cidade de Recife. Na oportunidade, o questionário foi entregue pessoalmente aos motoristas, num total de 55 participantes, que concordaram em responder e participar da pesquisa. 3.7 Plano para a Análise do Dados Os dados foram tratados e analisados com auxílio de uma planilha eletrônica e seguidos de tratamento estatístico e plotagem dos dados (Média, calculo de percentagens e construção de gráficos). Quanto a parte qualitativa recorreu se a análise de conteúdo enquanto técnica para dar sentido as falas dos sujeitos entrevistados. 29 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das respostas dos motoristas de ônibus da cidade de Recife ao questionário proposto estão dispostos nesse tópico. O estudo desses dados proporcionou uma análise do perfil dos motoristas, dos fatores que vêm a desencadear situações de estresse e seus impactos sob os acidentes de trânsito. A primeira parte do questionário faz uma análise da identificação dos entrevistados. Com base nesses dados, percebemos que a maioria dos motoristas entrevistados está na faixa etária de 40 e 54 anos de idade e têm o tempo médio de exercício de profissão de 18 anos. A segunda parte do questionário procura fazer uma análise da personalidade dos motoristas entrevistados. Com relação ao fator agressividade, apenas um motorista, dos 55 entrevistados, afirmou ser uma pessoa agressiva. Quando perguntados sobre o relacionamento com a família, os motoristas afirmaram ter “bom” (28 entrevistados – 51%) e “ótimo” (27 entrevistados - 49%) relacionamento. Nenhum dos entrevistados afirmou ter relacionamento familiar “razoável” ou “ruim”. O estresse é um estado condicionado pelo desequilíbrio nos mecanismos fisiológicos do individuo, onde cada organismo é um sistema vivo que troca informações e matéria entre seu ambiente interno (ser humano composto por um sistema orgânico que contêm órgãos, tecidos e células) e externo (é a família, a sociedade, trabalho e a comunidade) (SMELTZER, 2012). Com base nessa teoria e nos dados supracitados observamos que os motoristas entrevistados tendem a ter níveis de estresse laboral menores quando comparados com outros que apresentam problemas familiares. A Figura 1 mostra os resultados da pergunta “com que frequência você costuma se irritar diante de situações de estresse?”. Dos 55 entrevistados, apenas 4 (7%) afirmaram “nunca” se irritarem diante de situações de estresse, 41 (75%) responderam que “raramente”, 6 (10%) responderam “frequentemente” e 4 (7%) afirmaram que “sempre” se irritam. As situações de estresse que esses profissionais estão submetidos se dão de diversas formas. Segundo Zanelato e Oliveira (2004), em entrevista a 204 motoristas de ônibus urbano de Bauru/SP, os principais fatores estressantes são, a) as más condições das vias; b) as condições do trabalho precárias; c) o conforto ambiental dentro do ônibus. 30 Figura 01. Resultado das entrevistas com os motoristas de ônibus na cidade de Recife/PE a pergunta “com que freqüência você costuma se irritar diante de situações de estresse?” 45 Quantidade de motoristas 40 35 30 25 41 20 15 10 5 0 6 4 FREQUENTEMENTE SEMPRE 4 NUNCA RARAMENTE Fonte: Dados da pesquisa. Recife/PE, maio de 2013 A Figura 2 nos mostra o comportamento dos motoristas entrevistado perante o trânsito, através de três perguntas condutoras, numeradas como seguem: 1) Você se envolve em situações desagradáveis no trânsito?; 2) Diante de uma falha de outro condutor você buzina/xinga?; 3) Quando em um congestionamento, você buzina e/ou acelera o veículo? Para a pergunta 1) os entrevistados se dividiram em afirmar que “nunca” se envolviam em discussões e brigas no trânsito ( 40 entrevistados – 73%) e “raramente” tinham envolvimento (15 entrevistados – 27%). A pergunta 2) teve uma diversidade maior de respostas, sendo que, 84% (46) dos entrevistados afirmaram que “raramente” buzinam diante da falha de outro condutor, 4% (2) disseram que “frequentemente” buzinam, 5% (3) disseram que “sempre” buzinam e 7% (4) afirmaram “nunca” buzinarem diante dessas situações. Para a pergunta 3) 44%(24) dos motoristas entrevistados afirma que “nunca” buzinam diante de congestionamentos, 53% (29) afirmaram que “raramente” buzinam e apenas 4% (2) afirmaram que “frequentemente” buzinam nessas circunstâncias. A pergunta 1) tem uma relação com a agressividade dos condutores no trânsito, e observamos uma percentagem relativamente alta de condutores que se envolve em brigas e discussões no trânsito. O papel do psicólogo do trânsito é fundamental diante desses indivíduos, a fim de trabalhar esse comportamento, 31 mesmo acontecendo em raras ocasiões. Os níveis de intolerância a erros por outros condutores pelos entrevistados foi avaliado pela pergunta 2). Percentagem superior a 90% dos entrevistados afirmaram ser intolerantes a erros dos outros. A pergunta 3) está mais atrelada a paciência do condutor diante de um congestionamento. A Percentagem para essa variável ficou acima de 56% dos entrevistados. As buzinadas desnecessárias e contínuas no trânsito constituem em mais um fator desencadeador de estresse. Figura 02. Resultado das entrevistas com os motoristas de ônibus na cidade de Recife/PE com relação ao comportamento dos mesmos no trânsito Você se envolve em situações desagradáveis (discussões, brigas) no trânsito Diante de uma falha de outro condutor você buzina/xinga Quando em um congestionamento você buzina e/ou acelera o veículo SEMPRE FREQUENTEMENTE 3 2 2 15 RARAMENTE 46 29 40 NUNCA 4 24 Fonte: Dados da pesquisa. Recife/PE, maio de 2013 A agressividade dos condutores no trânsito constitui um fator de grande relevância para a ocorrência de desentendimentos a ponto de chegar a agressões físicas. A Figura 3 mostra as respostas dos entrevistados com relação a pergunta “dos conflitos que você se envolveu, quem iniciou?”. Dos 55 entrevistados, apenas 15 (27%) afirmaram ser iniciados por eles próprios, os demais (40 – 73%) afirmaram que o início dos conflitos foi desencadeado pelos outros. 32 Figura 03. Resultado das entrevistas com os motoristas de ônibus na cidade de Recife/PE a pergunta “Dos conflitos que você se envolveu quem iniciou?” Dos conflitos que você se envolveu quem iniciou? 27% Motorista Outros 73% Fonte: Dados da pesquisa. Recife/PE, maio de 2013 No tocante a agressividade dos entrevistados e as principais causas prováveis de acidentes de trânsito, a Figura 4 mostra o resultado de algumas questões relacionadas ao tema. Com base na análise dessa Figura, percebemos que 100% dos entrevistados afirmaram que as vias com a presença de buracos e mal sinalizadas são responsáveis pela ocorrência de acidentes de trânsito. Diversos estudos (SANTOS, 2005; WASKSMAN; 2005; QUEIROZ, 2005; ANDRADE, 2004; FARIA, 2000) confirmam que, dentre outros, as más condições das vias de circulação é um dos motivos principais de ocorrência de acidentes de trânsito no Brasil. Quando perguntados sobre o efeito do estresse das pessoas e sua relação com os índices de acidentes, 50 (91%) motoristas responderam que esse fator “nunca” desencadeiam acidentes, enquanto que, 5 (9%) motoristas disseram que “frequentemente” o estresse das pessoas desencadeiam acidentes de trânsito. A agressividade dos motoristas foi avaliada na Figura 3. Através da Figura 4 podemos observar que apesar de existir algumas situações de agressividade no trânsito, nenhuma delas “nunca” desencadeou em agressão física. Eles apontaram também que em 91% (50) dos casos não foi necessário a intervenção de outras pessoas para a resolução do problema. 33 Figura 04. Resultado das entrevistas com os motoristas de ônibus na cidade de Recife/PE relativo a agressividade dos entrevistados e os possíveis estados de conservação das vias como fatores desencadeadores de acidentes de trânsito Vias com buracos vem causando muitos acidentes? A falta de sinalização adequada contribui para o índice de acidente? Você acha o que o estresse das pessoas no trânsito contribui para o índice de acidente? Dentre esses conflitos, houve agressão física: Foi necessária a intervenção de outras pessoas para que se resolvesse o problema: Na sua opinião, o comportamento de alguém que estava dentro do seu veículo influenciou você a entrar em conflito 55 55 SEMPRE FREQUENTEMENTE 5 RARAMENTE 5 5 NUNCA 50 50 50 55 Fonte: Dados da pesquisa. Recife/PE, maio de 2013 A Figura 5 mostra o resultado do questionário relativo a frequência do excesso de trabalho (através do número de horas extras) dos motoristas e também com relação a saúde dos mesmos. Dos 55 entrevistados, 40 (73%) afirmaram fazer hora extra com frequência, pois só assim conseguem fazer a complementação da renda familiar. Na maioria desses casos foi observado, através de pergunta verbal, que apenas esse integrante da família trabalhava, ou seja, há uma dependência exclusiva da renda dele para a manutenção da casa. Segundo estudo de Erosa (2001) o excesso de trabalho é um fator que ocasiona altos níveis de estresse. No caso dos motoristas de ônibus a situação é ainda mais crítica, uma vez que, o seu 34 instrumento de trabalho, o ônibus, tem altos níveis de poluição sonora e fontes térmicas. Figura 05. Resultado das entrevistas com os motoristas de ônibus na cidade de Recife/PE relativo a sobrecarga de trabalho e condições de saúde Você faz hora extra com freqüência? A empresa em qual trabalha presta socorro eficiente? Se afeta sua saúde, você já ficou impossibilitado de trabalhar pela ocorrência de alguma doença? Sua saúde é afetada devido o estresse diário? 15 34 NÃO 43 40 SIM 21 12 55 Fonte: Dados da pesquisa. Recife/PE, maio de 2013 Quanto a saúde dos trabalhadores entrevistados, todos afirmaram que acham que o estresse diário do trânsito está relacionado com a ocorrência de problemas de saúde. Quando perguntados com relação à impossibilidade de trabalho por motivo de doença, 43 (78%) entrevistados afirmaram já ter passado por isso e 12 (22%) entrevistados afirmaram que não tiveram problemas de saúde a ponto de perder dias de trabalho. Em caso de doença, 62% (34) dos motoristas afirmaram que a empresa não presta assistência eficiente. O trabalho de motorista de ônibus já estudado por diversos autores por ser uma profissão de excessivo desgaste físico e mental, no qual os motoristas se afastam da profissão por causa das doenças originadas principalmente pelo estresse diário (TAVARES, 2010). A carga de trabalho excessiva é um fator de grande relevância para o desenvolvimento de doenças ocupacionais. O Ministério Público do Recife, em setembro de 2013, entrou com o processo contra a empresa que administra o transporte público de Recife, pois essa instituição estaria permitindo que as empresas de ônibus abusassem da sobrecarga de trabalho sob 35 os motoristas, o que vinha ocasionando sérios problemas de saúde e altos índices de afastamento de profissionais devido a impossibilidade de trabalho (MELO, 2013). 36 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa pesquisa foram entrevistados 55 motoristas de ônibus urbano da cidade de Recife/PE. A maioria dos entrevistados está na faixa etária entre 40 e 54 anos de idade, os quais possuem em média 18 anos de exercício da profissão. A profissão de motorista de ônibus urbano é apontada por ser extremamente desgastantes, principalmente, devido ao estresse sofrido por fatores externos e pelo excesso de trabalho aos quais são submetidos. Vários fatores são considerados como desencadeadores de estresse, tais como problemas familiares, excesso de trabalho, problemas financeiros, poluição sonora, entre outros. Nos entrevistados, percebemos que os problemas familiares não são fatores de grande relevância para a causa do estresse laboral, pois nenhum dos motoristas afirmou ter problemas familiares constantes, ficando assim, portanto, o excesso de trabalho, os altos de níveis de poluição sonora e o fator térmico (clima mais geração de calor pelo ônibus) responsáveis por desencadearem situações de estresse. Essas situações, segundo os entrevistados, acarretam em impaciência, irritação, agressividade verbal e a problemas de saúde. Sendo assim, notamos a importância do acompanhamento psicológico desses profissionais, assim como, a resolução de alguns problemas supracitados que desencadeiam situações de estresse. Outro fator que está embutido nessa temática é causa de acidentes devido aos altos níveis de estresse. Alguns motoristas afirmaram já ter se envolvido em acidentes de trânsito por estarem bastante estressados e/ou estar exaustos (excesso de horas extra). A causa dos acidentes de trânsito também pode ser devida as condições das vias de tráfego. Todos os motoristas entrevistados afirmaram que a presença de buracos nas vias, a falta e/ou a deficiência da sinalização são fatores cruciais para desencadearem acidentes de trânsito. As pesquisas para essa profissão devem ser estudadas com o número mais representativo de profissionais, a fim de que se possa avaliar com mais detalhes os principais fatores que causam estresse, e consequentemente levam a ocorrência de acidentes de trânsito na cidade de Recife - PE. A capital pernambucana possui um trânsito caótico e com tendência a pioras, uma vez que a previsão da frota é de crescimento, portanto, é essencial o acompanhamento psicológico desses profissionais e também um maior compromisso dos psicólogos do trânsito na aplicação das avaliações psicológicas, 37 para que se possa avaliar não apenas os motoristas de ônibus mas também todos os motoristas do trânsito. 38 REFERÊNCIAS ALMEIDA, N. D. V. Contemporaneidade X Trânsito: reflexão psicossocial do trabalho dos motoristas de coletivo urbano. Psicologia: Ciência e Profissão, v.1, n.3, p.6269, 2002. ANDRADE, M. O. P. E. M. de. Nível de atenção e sinais e sintomas de estresse em motoristas com e/ou sem infrações e acidentes. 2007. 127 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2007. Backman, A. L. (1983). Health survey of professional drivers. Scandinavian Journal of Work, Environmental and Health, v.9, p.30-35. BALLONE, G. J. Curso sobre estresse. 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Trânsito/comportamento no trânsito Quando em um congestionamento você buzina e/ou acelera o veículo: ( ) nunca ( ) raramente ( ) de vez em quando ( ) frequentemente ( ) sempre Diante de uma falha de outro condutor você buzina/xinga: ( ) nunca ( ) raramente ( ) de vez em quando ( ) frequentemente ( ) sempre Você se envolve em situações desagradáveis (discussões, brigas) no trânsito: ( ) nunca ( ) raramente ( ) de vez em quando ( ) frequentemente ( ) sempre Obs.: se sua resposta para a última pergunta foi diferente de nunca, continue respondendo as perguntas abaixo. 43 4. Agressividade no trânsito Dos conflitos nos quais você se envolveu, quem iniciou o problema foi: Motoristas ( ) Outros ( ) Na sua opinião, o comportamento de alguém que estava dentro do seu veículo influenciou você a entrar em conflito ( ) nunca ( ) raramente ( ) de vez em quando ( ) frequentemente ( ) sempre Foi necessária a intervenção de outras pessoas para que se resolvesse o problema: ( ) nunca ( ) raramente ( ) de vez em quando ( ) frequentemente ( ) sempre Dentre esses conflitos, houve agressão física: ( ) nunca ( ) raramente ( ) de vez em quando ( ) frequentemente ( ) sempre Você acha o que o estresse das pessoas no trânsito contribui para o índice de acidente? ( ) nunca ( ) raramente ( ) de vez em quando ( ) frequentemente ( ) sempre A falta de sinalização adequada contribui para o índice de acidente? ( ) nunca ( ) raramente ( ) de vez em quando ( ) frequentemente ( ) sempre Vias com buracos vem acusando muitos acidentes? ( ) nunca ( ) raramente ( ) de vez em quando ( ) frequentemente ( ) sempre 5- Problemas com a saúde Sua saúde é afetada devido o estresse diário? ( ) sim ( ) não Se afeta sua saúde, você já ficou impossibilitado de trabalhar pela ocorrência de alguma doença? ( ) sim ( ) não A empresa em qual trabalha presta socorro eficiente? ( ) sim ( ) não Você faz hora extra com freqüência? ( ) sim ( ) não 44 ANEXO 45