Versão PDF - NEEMAAC - Universidade de Coimbra

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Versão PDF - NEEMAAC - Universidade de Coimbra
O QUE ERA O DEPARTAMENTO DE ENG. MECÂNICA SEM O
MAR 2014
PROFESSOR
LUIS
ADRIANO
OLIVEIRA
JORNADAS
PEDAGÓGICAS
BIOMIMÉTICA
FÓRMULA 1
E MUITO MAIS
NO TEU PISTON!
aCADEMIA DO
EMPREGO
ÍNDICE
3Editorial
4A Maratona Pela Plenitude
5A Febre Que Lá Vem
6Biomimética
Queres colaborar connosco?
9
Jornadas Pedagógicas
Encontraste algum erro ou informação errada?
10
Exposição de Fotografias
Queres agradecer ou elogiar o nosso trabalho?
10
Biblioteca vira Sala de Estudo
Escreve-nos para
10
Base de Dados NEEMAAC
[email protected]
11
“Última” Aula do Professor Luis Adriano Oliveira
12Academia do Emprego
13
Uma aventura em... Turim
14
À Conversa Com... Professor Luis Adriano Oliveira
17
Magníficas Bugigangas do séc XXI
19Apresentado novo Scirocco
20
Fórmula 1: A Revolução
22
Do vazio à glória
23
Eusébio da Silva Ferreira
24
Momentos: Eusébio
27
O menino de ouro
28
Mundia FIFA 2014
29
3 Adversários, 3 Momentos
30
Planeta Académica
31Almanaque Cultural
33
Castlevania, Lords of Shadow 2
36Passatempos
RÚBRICAS
4
UNIVERSO UC
6
ENGENHARIA DE TOPO
9NOTÍCIAS
2
Março 2014
13
ERASMUS WORLD
14
À CONVERSA COM...
17
VICÍOS URBANOS
19
MUNDO AUTOMÓVEL
22
CÍRCULO CENTRAL
31
ALMANAQUE CULTURAL
33
WHAT’S HOT?
EDITORIAL
A família DEM é enorme e dela fazem parte estudantes, docentes e funcionários. A cultura de união e
diálogo neste Departamento é única, o que é demonstrado
pela abertura com que são abordados problemas pedagógicos ou organizacionais entre estudantes e docentes. É também isso que contribui para que o DEM seja visto como um
modelo a seguir na Universidade de Coimbra.
Nesse sentido, o PISTON-NEEMAAC faz do seu tema
de capa o Professor Luís Adriano Oliveira, aproveitando a
sua aposentação. O Professor Luís Adriano sempre foi das
personalidades mais acarinhadas do DEM, tanto a nível
pedagógico como pela sua relação com os alunos. Disso são
exemplos a sua participação em actividades do NEEMAAC
(nomeadamente, nas Jornadas Pedagógicas, em que sempre
fez questão de demonstrar a sua visão crítica e exigente), os
“shots” de Whisky por si oferecidos na última aula do semestre, os “penaltys” recorrentes nos jantares de Natal do
Departamento, ou o pujante e apaixonado “é-fe-erre-á” com
que nos brindou na Gala dos 15 anos do NEEMAAC.
É também destas referências de que será constituído
o imaginário estudantil quando um dia, já Engenheiros, nos
recordarmos dos nossos tempos de estudantes em Coimbra.
Lembrar-nos-emos das noitadas e dos amigos muito mais
do que das aulas ou dos exames. Mas também ecoará na
nossa memória a união entre toda a comunidade do nosso
Departamento, para a qual contribuíram pessoas como o
Professor Luís Adriano.
Votos de um excelente semestre!
P.S. – A “Academia do Emprego” realizou-se nos
dias 14 e 15 de Fevereiro. Todos os 35 participantes aproveitaram para aumentar a sua rede de contactos e conhecer
empresas da área, enquanto que dois deles foram efectivamente chamados para realizar entrevistas de emprego com
uma das empresas presentes. Uma das participantes ficou
colocada na Bosch, sendo que o primeiro contacto foi realizado na Academia do Emprego. Espero que este facto funcione como um “abre-olhos” para aqueles que dizem que as
actividades do NEEMAAC não trazem nada de novo.
P.P.S. – Como já foi anunciado, a antiga biblioteca do
DEM reabriu como sala de Estudo, com um horário alargado, das 8h45 às 19h45. Este foi um problema levantado nas
últimas Jornadas Pedagógicas, sendo que o NEEMAAC e a
direcção do DEM acordaram por levar avante esta solução.
Mais um exemplo, para aqueles que não o querem ver dessa
maneira, de que o propósito do Núcleo é a defesa efectiva
dos direitos dos nossos estudantes.
JOÃO MARQUES
PRESIDENTE DO NEEMAAC
FICHA TÉCNICA
Propriedade
NEEMAAC - Comunicação
e Imagem
Director
António Almeida
Editor
António Almeida
Miguel Clemente
Fotografia
Hugo Matos
José Miguel Nunes
Produção Gráfica
António Almeida
Miguel Clemente
Colaboradores
Designados em cada texto
Impressão
AAC
Distribuição
NEEMAAC
Tiragem
XX exemplares
Piston NEEMAAC
A Maratona Pela Plenitude
Imagina-te tu deitado em largas redes, em sensibilidade, sumiu-se o tacto da realidade parsono posto, dopado com calor e luz ao fartote e ticular do nosso departamento. Especifico, uma
por isso de energia abraçado. Logo te assome a realidade única caracterizada pela liberdade de
ideia de sossego inabalável, incorruptível. Assim escolha e autonomia na gestão do tempo, muise fazia sentir o sistema de avaliações no DEM, to à frente de qualquer prática na UC. Por estes
riquíssimo e firmado.
motivos, deveria o rigor ter-se dissipado, entre a
Há umas semanas, qual forte abalo, as re- matriz do regulamento e a carne que é nossa.
des caíram e o descanso foi interrompido. É justo Na prática, existiu sempre a possibilidade
pensar que estando todos nós avisados para as de abrir as três épocas e, na tentativa de se ser
mudanças nos acautelássemos para isto. Mas se fiel ao regulamento, ponderou-se a possibilidade
o aviso fora lançado, fora não de alarme mas de de o aluno escolher as tais duas épocas, cabenpromessa de protecção. Desfazendo o nó que é do ao docente decidir se o quereria (regime dito
falar para dentro, explico-te sem peneiras ao que pleno). Com isto caiu-se numa salada russa, onde
me refiro. A aplicação do novo regulamento ped- existiam cadeiras para o mesmo ano com regime
agógico, no DEM, fazia-se esperar pela continui- periódico, exame e pleno.
dade dos três momentos de avaliação, cabendo O NEEMAAC, ao tomar conhecimento do
ao estudante escolher dois deles, ditas regras planeamento dos regimes de avaliação, viu a tua
iguais para todos.
rede ao sol cair. Não se deteve, calçou os ténis e
Começavam as aulas do segundo semes- correu na maratona pelo regime pleno. De porta
tre, e ainda a Páscoa ia longe, quando o núcleo em porta, foi reportando aos docentes a situação
recebeu um Ovo Kinder Surpresa, mais amargo e pediu-lhes que ponderassem a adopção do reque um limão verde, que no seu interior trazia as gime pleno. Duplicámos o número de cadeiras em
figuras dos docentes vestidos à data do Iluminis- regime pleno!
mo, dada a liberdade que lhes fora dada para es- Continuo com a ideia que o melhor seria
colher o seu regime de avaliação, qual Revolução todas as cadeiras realizarem este sistema, porque
Francesa.
a unidade é o melhor exemplo de trabalho, a mel
Os mais entendidos perguntarão, mas afi- hor resistência ao atrito de opiniões e discordânnal não fizeram somente o que lhes era devido? cias, se me perdoarem o abuso científico de tal
Fizeram com toda a legitimidade, é certo, mas expressão.
num contexto de leitura sacramental do regula- Não quero dizer que a rede ao sol ficará
mento. Sacramental porque a fé nunca é questio- com o mesmo equilíbrio, nas mesmas condições,
nada, nem tão pouco interpretada.
mas voltará certamente aos braços das árvores e
Coloco nos termos do rigor o processo tu poderás tomá-la de novo.
conduzido, a decisão nas mãos de cada professor,
e como qualquer rigor que se preze faltou-lhe a
Catarina Barradas
4
Março 2014
A Febre Que Lá Vem
Eu vos digo, passa rápido. Tão rápido que
quase não tenho tempo para dizer rápido. São anos
que repetidamente se elevam ao ouro e à fugacidade. Venho não aos deleites dos que se apertam
em largas experiências, mas ao campo intangível
que se abre a seguir. Falo, pois, do início da carreira profissional.
A ambição tem ponto em toda a gente,
quem não aspirar ser bem-sucedido na mínima
tarefa que faça, pode arrumar as botas e parar
de andar, que a sola ainda não tem culpa dos que
andam sem saber para onde ir. Digo boa ambição,
a que não é trapaceira.
Se construção sustentada se fizer na ambição, mais tarde ou mais cedo, os resultados
virão. Mas se me permitem, há um factor quase
lírico que não tem amarras nem ligação aos ditos
resultados. A Sorte. O Fortuito. As leis fantásticas
de páginas em branco.
Mas a Sorte carrega uma culpa excessiva
para a sua condição. Muitas vezes não é sua a
causa do sucesso ou do insucesso. Conheces o
planeamento? Quantas vezes a sorte foi encarcerada por má estratégia e fraca visão? Conhecer
todos os factores, dominá-los, preparar-se para o
que aí vem é a melhor forma de encarar a selva
que cresce às portas da tua saída do DEM.
Nesta base aconteceu a Academia do Emprego. Apontamento o faço pelo número de participantes aquém das expectativas. Estarão os
meus colegas confiantes do seu futuro assegurado? Pensarão eles que o trabalho está longe e
não preocupa? Haverá entre eles a prepotência de
que o que sabem basta para enfrentar desafios?
Não sei, mas a essas perguntas de incompreensão
sucede um balanço de exaltação! Quem foi saiu
de satisfação repleto.
Análise em detalhe te faço. Sobre a primeira palestra não te digo como foi, não por ser segredo, mas porque não lhe tomei a cor, já que out-
ras tarefas haviam para cumprir. Como à cabeça
não se cala a fome, seguiu-se um almoço, de farta
comida e farta conversa. Mas a conversa não foi
de amigo para amigo, nem de conhecido para
conhecido. Foi privilegiada ao ponto da troca de
opiniões entre os participantes e os responsáveis
das empresas que no mesmo espaço almoçavam.
A conversa poderá ter servido para quebrar o constrangimento e retirar sinais importantes para a
apresentação que cada participante haveria de
fazer se seguida no pitch.
O Pitch foi a mais enriquecedora das experiências. Fomos testados como se de uma entrevista de emprego se tratasse, entre vários empregadores. Era a feijões, pensávamos nós, e era
mais ou menos, já vos conto. Tal e qual um jogo, a
tua derrota ou a tua vitória resumia-se a uma avaliação que eles te faziam. Da minha parte adorei.
Adorei porque nunca me senti de tal forma observada e perscrutada, levo isso como uma sensação vantajosa. Havia, todavia, uma empresa que
estava a recrutar! E boas notícias vos dou, uma
das pessoas que passou por eles na Academia trabalha agora ao seu serviço! Tão rápido e eficaz
que foi que me encho de orgulho. Os responsáveis
das empresas adoraram este modelo!
Por fim, de assinalar a palestra sobre
dinâmica de grupo que trouxe a dimensão da
psicologia dessa temática e os case-studys, referência do trabalho em contra-relógio e crepitante.
Acho que já não me consigo descolar da
escrita em ciclo, do que abre e do que fecha se
tocarem. Por isso, antes que me falhe o jeito, vos
digo, passa rápido. Agarrem o que devem agarrar
o quanto antes, aprendam mais e conheçam-se
melhor. Vos digo, passa rápido.
Catarina Barradas
Piston NEEMAAC
Biomimética
Desde a pré-história que o Homem apren- vinte), e semelhante ao processo de acasalamento
deu ao observar o ambiente e a perceber como entre algumas espécies de aves ou mesmo das bausar o que o rodeia em seu proveito. Exemplo disso leias; ou ainda o estudo da Universidade estatal
foi o uso das peles dos animais caçados, de modo da Pennsylvania financiado pela NASA e pela
a manter o calor corporal. Ao longo da evolução Agência de Investigação de Projectos Avançados
o Homem tem vindo a aperceber-se, ainda que de Defesa (DARPA – sigla original) que conseguiu
com alguns períodos mais negros na História que desenvolver aviões cujas asas alteram a forma seservem de excepção, da importância da Natureza, melhantemente a um pássaro e são cobertas por
da sua própria pequenez relativamente à Natureza uma camada exterior semelhante às escamas de
envolvente, e que quanto mais aprende sobre o um peixe, de modo a maximizar a eficiência do
funcionamento do Universo, mais se apercebe do avião a várias velocidades. Ainda relacionado com
seu próprio grau de ignorância.
a aviação, e também fruto de uma colaboração
Corria o ano de 1941 quando o Engenhei- entre a DARPA e uma universidade (desta vez a
ro suíço George de Mestral regressava de uma californiana Stanford), surge o desenvolvimento
caçada com o seu companheiro canino e resolveu de um drone, que teve como inspiração os vôos
analisar em detalhe as várias sementes que fica- de grande aceleração conseguidos por aves como
vam agarradas ao pêlo do cão. Observando a sua os beija-flores, o Festo SmartBird, e que é um feiestrutura baseada em ganchos, ele tentou replicar to na área da robótica e da engenharia (feito em
o que via, e assim nasceu o velcro. Ainda antes SolidWorks).
disso, e provavelmente não o primeiro, no século
XV encontraríamos Leonardo Da Vinci a observar a dinâmica do vôo e a anatomia dos pássaros
e a tentar esquematizar máquinas voadoras que
lhe permitissem imitar o vencimento à gravidade;
não tendo sido tal possível porém até 1903, com
os irmãos Wright, também inspirados por aves.
Desde essa épica experiência que a aviação se tem
vindo a desenvolver até aos nossos dias, e pode-se
dizer que os seus mais fantásticos desenvolvimentos vieram de ideias já há muito existentes na Natureza, como a de planear o vôo de vários aviões
em formação semelhante à dos bandos de aves de
modo a economizar combustível; ou o abastecimento de aviões em pleno vôo com as suas óbvias vantagens (cujo primeiro registo é dos anos
Georges de Mestral
6
Março 2014
Os nanomateriais, tão em voga e tão prometedores, não são mais do que a aplicação daquilo
que aprendemos ao longo do tempo a uma escala
nova para nós, mas não para a Natureza. Como tal,
e à semelhança do Homem pré-histórico que usava as peles dos animais caçados para se aquecer,
hoje usamos o primeiro vírus descoberto, o TMV
(de Tobacco Mosaic Virus), a servir de nanotubo,
ou de elemento constructivo para a criação de estruturas nanómetricas maiores.
As tão visualmente cativantes superfícies e
materiais hidrofóbicas, que não são mais que uma
replicação de um mecanismo da Flor de Lótus, ou
o já antigo desejo de se conseguir replicar a fotossíntese como ocorre naturalmente, o que seria
uma parte da solução para limpar o excesso de
carbono que transferimos diariamente da crosta
terreste para a atmosfera.
No Zimbabué encontramos o primeiro edifício do mundo (e trata-se de um shopping e centro de escritórios), cuja ventilação e controlo térmico é totalmente natural. É o Eastgate Centre,
aberto em 1996 e cujo consumo energético não
passa dos 10% em comparação com os edifícios
convencionais. O princípio no qual o edifício foi
projectado não é mais que uma cópia da estrutura
das colónias-“torre” construídas pelas térmitas
africanas.
menor atrito medido na água, e que se revelou de
alguma maneira como uma surpresa, na medida
em que naturalmente associamos uma superfície
que reduza o atrito a uma superfície totalmente
lisa. Outro exemplo disso é a descoberta de que
se modelarmos as lâminas de turbinas de forma
semelhante a uma barbatana de uma baleia ao
invés de uma simplesmente lisa ou curva, obtemos aumentos de eficiência na ordem dos 20%
no caso de turbinas eólicas, e reduções de cerca de um terço do arrasto e aumentos de quase
10% na força de sustentação, tanto para turbinas
em contacto com o ar como em contacto com a
água, facto revelado por uma investigação feita
pela U.S. Naval Academy (USNA), facto particularmente relevante hoje em dia, em que tentamos
maximizar a força das energias alternativas.
Festo SmartBird, esquema de vôo
A pensar num conceito semelhante até
os gigantes da indústria automóvel, que durante
tanto tempo ignoraram o conceito de eficiência
energética (sobretudo os americanos), ou do uso
de combustíveis não fósseis, estão a tentar usar
estes conceitos no desenvolvimento de novos carros. A Mercedes por exemplo, desenvolveu um
carro que denominou como sendo biónico, e que,
apesar de não agradar aos conceitos estéticos de
toda a gente (na opinião do autor, é um carro feio
que dói, quase ao nível dos Fiat Multipla), mas
Máquina Voadora de Leonardo
que a nível de tecnologias usadas, reduz a emissão de 80% no que diz respeito aos óxidos de
E quem é que não viu Michael Phelps a nitrogénio, redução conseguida com o uso de um
quebrar o record de medalhas olímpicas ganhas tipo de catalisador diferente, juntamente com o
em 2008, Beijing? Um dos motivos que justifi- uso de placas de forma hexagonal na carroceria, a
caram tantos records quebrados no mesmo evento própria forma da carroceria, que se assemelha aos
(não só por Phelps) no campo da natação foi o peixes ostraciontídeos (vulgarmente designados
desenvolvimento de novos factos de banho por por “peixes-cofre”).
parte da Speedo (denominados de Fastskin FSII)
cuja superfície rugosa foi desenhada tão próxima
da dos tubarões quanto possível, que já se sabia há algum tempo ser a superfície natural com
Piston NEEMAAC
ENGENHARIA DE TOPO
Até em computação, que usualmente consideramos algo de domínio puramente humano,
temos as chamadas redes neurais, que são redes
de computadores ou de processadores, cuja estrutura se baseia nos sistemas nervosos encontrados nos animais, e que conseguem algo tão magnífico como assustador, que é o reconhecimento
de padrões e aprendizagem própria, algo que contrasta com a computação que até agora tivemos, a
de um computador “burro” e totalmente dependente de uma programação prévia e linear.
Bando de Aves em Formação
Tabletop model of the complaint cellular truss structure (avião com
asas polimórficas)
Associando uma rede de processadores
que consegue aprender sozinha à Salamandra
Robotica II, chegamos a um novo patamar tecnológico (e ao pesadelo de muita gente). Este
robot foi desenvolvido pela École Polytechnique
Fédérale de Lausanne (EPFL, também denominado de Swiss Federal Institute of Technology),
no âmbito de vencer os problemas de locomoção
normalmente associados à robótica e de estudar
algumas hipóteses acerca relação entre a espinal
medula e a locomoção de vertebrados. Para isso
apresenta-se sob uma forma multi-modal e tratase, como o próprio nome indica de um robot inspirado numa salamandra: é anfíbio, tem um conjunto de processadores ligados numa rede neural,
e sendo multi-modal apresental um certo grau de
independência caso algum dos módulos se danifique. É o único robot que anda, rasteja e nada.
Também pelo mesmo instituto chega-nos
uma ponte construída com base nos conceitos de
integridade tensional. Para os mais interessados
em Projecto Mecânico esta pode ser das mais interessantes investigações aqui presentes. Olhando
para os animais vertebrados (ainda que aconteça
em vários outros exemplos da Natureza), vemos
um caso de integridade tensional
8
no seu conjunto “osso + músculo”, que é responsável pelo aumento significativo da sua resistência
quando comparado com a soma das resistências
do osso e do músculo individualmente. Integridade tensional é, em termos simplificadores, uma
simbiose entre elementos sujeitos à tracção e à
compressão, sendo que em contraste com os elementos sujeitos à tracção, os elementos sujeitos à
compressão vêem alterada a intensidade da mesma, o que permite o movimento. Uma estrutura
assim permite que alguns dos elementos sofram
danos graves sem que isso ponha em causa a integridade estrutural do projecto. E permite também
que haja reparações com um número muito menor
de elementos humanos. Construir estruturas fazendo uso da integridade tensional é algo novo,
e que implica usar regras de dimensionamento
diferentes das clássicas, mas também é algo aliciante e prometedor.
Depois deste artigo, olhas para a Natureza
e o que vês?
Março 2014
Partículas de TMV, apliadas 160k vezes
RICARDO BAILA
Jornadas Pedagógicas
Dia 26 de Fevereiro foi a data da realização
da quinta edição das Jornadas Pedagógicas com o
intuito de abordar e esmiuçar a actividade lectiva
relativa ao primeiro semestre do presente ano
lectivo.
Mais uma vez, o evento apresentou-se
como uma larga ponte de ligação entre os alunos
e o corpo docente, bem como de toda a comunidade associada ao bom funcionamento do nosso
departamento, tendo por base o tratamento do
último inquérito pedagógico. Contando sensivelmente com o mesmo número de preenchimentos
relativamente ao homólogo do penúltimo semestre, revelou-se e discutiu-se a qualificação do
ensino no DEM, desde a qualidade das aulas à
organização do nosso meio, contando, relevantemente, com as críticas dos alunos.
Tratando de temas variados, como o controlo dos alunos não inscritos em determinadas
aulas ou ao horário disponível da sala de estudo, o
mote, desta vez, foi a implementação do novo Regime Pedagógico no semestre que agora decorre,
sendo que no anterior, os estudantes tinham já
sido ambientados com esta realidade. O sentimento foi sobretudo de indignação, quer com o
facto de os estudantes não possuírem, em muitos
casos, livre-arbítrio na sua gestão de avaliações,
quer pela perda de oportunidades para concluir
unidades curriculares.
Facto é, que o NEEMAAC está prosseguir
com o seu trabalho, na tentativa de maximizar
o número de cadeiras em que a avaliação possa
ser mais flexível com o chamado “Regime Pleno”
e necessita obviamente do apoio e assertividade
dos estudantes. O futuro do nosso ensino é par-
te de nós no presente e a Pedagogia agradece e
proclama a voz dos estudantes que mais uma vez
garantiram a qualidade e eficácia de um evento
informalmente simbiótico feito pelos alunos, com
os professores.
DANIEL SILVA
Piston NEEMAAC
Notícias
Exposição de Fotografias
Brevemente, o departamento de engenharia mecânica receberá uma nova atividade do
NEEMAAC, uma exposição de fotografias tiradas quer por alunos, quer por professores do departamento. Qualquer um pode participar, basta
mandar a fotografia que achar que deve ficar pendurada nas paredes do departamento para o correio electrónico do NEEMAAC. A exposição encontrar-se-á por todo o departamento. Mais uma
excelente atividade para divulgar que os talentos
fotográficos do departamento, quer para mostrar
que em mecânica também existe espaço para a
arte e para a cultura.
ANTÓNIO ALMEIDA
Biblioteca vira Sala de Estudo
Desde que o conteúdo da Biblioteca do
DEM passou para a Biblioteca Central do Pólo 2
que se tem vindo a comentar que o espaço da
Biblioteca deveria servir o departamento e os seus
estudantes como Sala de Estudo. Depois de este
assunto ter sido debatido nas Jornadas Pedagógicas, realizadas dia 26 de Fevereiro, o NEEMAAC
e a direcção do DEM acordaram a abertura do
espaço como Sala de Estudo. Esta terá um fun-
cionamento alargado, algo muito pretendido pelos estudantes, num horário ininterrupto entre as
08h45m e as 19h45m. Passo importante para os
estudantes do departamento que garante um espaço onde se pode estudar mais à vontade.
Base de Dados NEEMAAC
Outro passo importante dado pelo
NEEMAAC. Após tanto tempo como hipótese a
ser equacionada, cerca de dois anos, esta semana
passa a estar disponível online uma plataforma
que servirá como base de dados de apontamentos
de apoio às cadeiras. A plataforma não está concluída a 100%, pelo que algumas funcionalidades
ainda não estarão disponíveis e outras não estarão
completamente funcionais.
MIGUEL CLEMENTE
10
Março 2014
MIGUEL CLEMENTE
“Última” Aula do Professor Luis Adriano Oliveira
Decorreu no passado
dia 5 de Março, uma aula intitulada “Navier-Stokes: Música
na Equação” com o propósito
de assinalar a recente aposentação da função pública por
parte do Professor Luis Adriano Oliveira.
Para assistir e estar
presente nesta despedida ao
Professor, amigos, colegas e
estudantes afluíram ao Auditório do DEM, com uma
assistência superior à sua capacidade. O director do DEM,
Professor Cristóvão Silva, e
o presidente do NEEMAAC,
João Marques, com um discurso inicial deram início
à aula que decorreu numa forma relaxada, com
emoção, risos e aplausos.
MIGUEL CLEMENTE
Piston NEEMAAC
Notícias
Academia do Emprego
Nos passados dias 14 e 15 de Fevereiro realizou-se no nosso departamento a Academia do
Emprego, uma das actividades mais ambiciosas
e representativas do que o NEEMAAC se propõe
a ser para os seus estudantes, facilitando-lhes no
limite das suas capacidades o seu acesso futuro
ao mercado de trabalho.
No 1ºdia, logo de manhã, começou-se por
ouvir e discutir algumas técnicas de elaboração
de um CV conciso e ilustrativo das reais capacidades de cada um, assim como adaptável a cada
empresa e ao seu perfil empregador. Para este
efeito tivemos a honra de receber a assessora do
Secretário de Estado que assegura a pasta do Emprego.
Seguiu-se um Almoço Networking, almoço volante onde os alunos tiveram oportunidade, de uma forma mais informal, de começar a
estabelecer contactos com algumas empresas que
os iriam receber no Pitch durante a tarde. Pitch
esse que permitiu aos participantes simulações
reais de entrevistas de emprego, onde em cerca
de 4 minutos teriam de se apresentar e descrever
porque seriam uma mais-valia especificamente
para aquela empresa - um dos desafios mais entusiasmantes que exige um auto-conhecimento
profundo e uma certeza exacta de onde se quer
ir e o que se quer fazer. Fizeram parte do nosso
Pitch:a Bosch, a Te and M, a Renault e a Active
Space Tecnologies.
Para finalizar este dia repleto de valorização pessoal e profissional contámos com uma
palestra de um professor de Psicologia especialista na área da dinâmica de grupo, já a ter em conta
o que iria acontecer no dia seguinte.
Neste 2ºDia mudou-se a faixa e deu-se
mais enfoque ao trabalho de equipa e à resolução
de um Case-Study, um problema real de uma empresa, alimentando e desenvolvendo assim a criatividade dos nossos participantes, o que ficou
provado pelas diversas e bastante válidas soluções
apresentadas pelos mesmos. Agradecemos a disponibilidade da Professora Marta, e dos Professores Cristóvão Silva e António Raimundo para a
12
realização desta actividade, que constituíram o
nosso júri convidado.
No cômputo geral a Academia do Emprego foi um
sucesso e o NEEMAAC espera que seja apenas a
primeira de muitas, visto que nunca deixaremos
de apostar na aproximação de cada estudante
ao seu futuro e na importância que este tipo de
formação tem no desenvolvimento das suas competências transversais.
Para fechar com chave de ouro gostaríamos de congratular uma colega nossa, que através
desta actividade, conseguiu arranjar emprego na
Bosch. As maiores felicidades para ela e para todos aqueles que não esperam que o futuro lhes
bata a porta. Segue o seu testemunho.
“A Academia do Emprego foi uma actividade do NEEMAAC que teve desde inicio grandes
expectativas da minha parte e posso dizer que as
ultrapassou. Para além de uma optima oportunidade para treinar o momento de entrevista, crucial para qualquer pessoa que esteja à procura de
trabalho, foi também uma oportunidade unica de
ouvir feedback sobre a nossa performance, o que
melhorar e o que manter no nosso discurso, pelos empregadores. So por isto a Academia ja teria
sido um sucesso, mas no meu caso proporcionoume ainda a oportunidade de uma posterior entrevista, que levou a que fosse aceite e esteja neste
momento prestes a iniciar um estagio profissional
na grande empresa que é a BOSCH. Por tudo isto,
so tenho a agradecer e congratular o NEEMAAC
pela excelente actividade que organizou.”
Andreia Ribeiro
Março 2014
FILIPE AMARO
UMA AVENTURA EM... TURIM
Ciao ragazzi, a minha experiência de Erasmus foi passada em Torino, Itália.
Fui para Torino a achar que ia para uma
pequena cidade de Itália. Estava enganada, quando lá cheguei foi assustador. No primeiro dia,
depois de ir deixar as mala à residência (previamente reservada por intermédio da Universidade),
fui assinar o contrato de residência. De início não
fiquei muito deslumbrada, pois nesse dia andei
por uma parte da cidade maioritariamente residencial. Mas no segundo dia tudo melhorou ao
ir ao centro, que é fantástico, e ver que afinal
sempre existiam italianos naquela cidade, apenas
ainda não me tinha apercebido da real dimensão
desta.
No terceiro dia houve um welcome meeting que o Politécnico organizou para explicar o
funcionamento do mesmo e que para estrangeiros
iria existir um curso de italiano para nos adaptarmos melhor ao novo país.
No decorrer do semestre, sendo uma faculdade com imensos estudantes internacionais, à
mesma disciplina chegava a haver várias versões
das aulas, em italiano e em inglês, por isso foi
bastante fácil acompanhar as aulas.
A adaptação à cidade foi bastante fácil,
não só porque fui com colegas portugueses, mas
também porque fui viver para uma residência só
de estudantes internacionais em que comecei a
conhecer pessoas na mesma situação que eu logo
no primeiro dia. No que toca à aprendizagem da
língua, o italiano é muito fácil de perceber para
nós Portugueses devido à semelhança da língua:
é só necessário falar cantando que eles logo nos
entendem!
Tive muitas oportunidades para conhecer
Itália, para além de Turim: ao longo do semestre vários grupos de Erasmus organizavam viagens para visitar outras cidades. Então consegui
ir ao Oktoberfest em Munique e a Roma em viagens organizadas, assim como às vilas ao redor
de Torino de comboio. A uma hora de distância
de comboio tinha também a estância de esqui de
Bardonecchia, palco dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006. É muito fácil movermo-nos dentro
e fora da cidade.
Foi uma experiencia fantástica e aconselho
toda a gente a experienciar o Erasmus. Não é fácil
porque terás de te adaptar a uma cidade diferente, a uma universidade nova e outros métodos
de ensino e de avaliação. No entanto, compensa!
Será uma experiência que guardarás para sempre
na memória.
MARIA MARGARIDA SÁ
Piston NEEMAAC
O entrevistado desta edição do Piston é o professor Luis Adriano Oliveira. Desde já,
um muito obrigado pela disponibilidade do professor para responder às perguntas. O Piston
agradece todos os conhecimentos e todos os momentos que o professor deu ao nosso departamento.
1. O que o levou a estudar Engenharia Mecânica e como surge a relação com a área da
mecânica dos fluidos?
1.a - O curso de Engenharia Mecânica presta-se a um equívoco de identidade: não é raro ver,
ainda hoje, quem associe esse curso à mecânica de automóveis (ou algo equivalente…) e pouco mais!
Daí, penso, a população estudantil feminina ser significativamente inferior à masculina.
Basta um rápido olhar para os títulos e/ou os programas das cadeiras do curso para desmontar
este preconceito. Felizmente, isso tem sido feito, e as pessoas apercebem-se, cada vez mais, do largo
espetro temático e do enorme potencial de empregabilidade que o curso oferece.
No meu caso pessoal, sempre adorei automóveis e, em linha com o referido equívoco, desde
muito jovem achei que o meu curso seria, portanto, Engenharia Mecânica! Hoje, teria continuado a
escolhê-lo, mas por razões bem diferentes: não há, praticamente, tema ligado às Ciências da Terra que
não possa ser abordado no âmbito deste curso!
1.b - A minha opção pelo ramo então conhecido por “Térmicas” e, dentro dele, pela Mecânica
dos Fluidos, decorreu, em grande parte, do meu relacionamento com o Professor A. R. Janeiro Borges
(hoje, catedrático jubilado da Universidade Nova de Lisboa). Ele convidou-me para monitor dessa
cadeira, e aconteceu algo de muito comum: quando aprofundamos um tema, começamos a apaixonarnos por ele!
Mais tarde, fiz o mestrado e o doutoramento na mesma área, primeiro em Poitiers (França),
depois em Coimbra. Isso apenas reforçou o meu gosto pela área, e a perceção da sua vastíssima aplicabilidade prática. Afinal, 75% da Terra está coberta de água, e 100% de ar, ambos fluidos!
2. O professor estudou na UC. Como era a vida dum estudante de Coimbra nessa altura?
Quais as grandes diferenças que aponta, dos seus tempos para os atuais?
Coimbra estudantil sempre teve uma tradição boémia, e eu não fugi a essa regra. Mas desde
cedo me apercebi de que o meu grau de inteligência é mediano (génios, há poucos!), ou seja, tive de
trabalhar imenso para concluir o curso com média de 16, condição à época necessária para a concessão
de uma bolsa que me permitisse fazer o doutoramento fora do País.
A minha perceção é de que, hoje, e sobretudo nos primeiros anos do curso, a cultura de trabalho está menos implantada no perfil do estudante de Coimbra, havendo acrescida tendência para
ignorar que “conhaque é conhaque, e trabalho é trabalho”. Julgo que é pena, porque isso acaba por
pagar-se mais tarde, impondo a recuperação de bases que deveriam ter sido alicerçadas no início do
curso. Por outro lado, o fácil acesso a computadores pessoais, ligados entre si e à Internet, representa
14
Março 2014
um trunfo de potencial incomensurável que, na minha fase de estudante, simplesmente não existia!
3. O que o motivou a tornar-se professor universitário?
Por estranho que possa parecer no momento atual, professor universitário é, para mim, uma
profissão privilegiada. Com efeito, pese embora o facto de o salário ser significativamente inferior ao
de um Cristiano Ronaldo, o professor universitário goza de real autonomia: contribui para a formação
de sucessivas gerações de jovens (com quem aprende diariamente), ensina sobre aquilo que investiga,
investiga sobre aquilo de que gosta, e tem invejável capacidade de gerir o seu próprio horário de trabalho. É um cenário utópico? Não digo que não. Em todo o caso, foi assim que o sonhei e, mais tarde,
vivi.
Tenho, porém, consciência das crescentes dificuldades enfrentadas pelos professores universitários atuais, que passam pela imperiosa necessidade de: publicar a um ritmo por vezes frenético;
financiar a sua própria investigação e a dos seus formandos; colmatar falhas decorrentes de limitações
orçamentais impostas pela tutela (de que, não raro, decorrem pesadíssimas cargas horárias de ensino); satisfazer intermináveis processos de avaliação de desempenho, envolvendo níveis crescentes
de complexidade e burocracia… Talvez por tudo isto eu tenha optado pela aposentação, mas não sem
exprimir respeito e admiração pelos que, de forma mais ou menos voluntária, permanecem ligados ao
sistema.
4. Como foi a sua primeira aula? E o que sente quando dá uma aula?
Adoro dar aulas a alunos interessados, tal como detesto fazê-lo a alunos indiferentes (também
existem!). Trata-se de um espaço privilegiado de comunicação, de tipo win-win : todos ganhamos,
alunos e professor. É profundamente gratificante sentir quando a mensagem passa, e a cumplicidade
se instala. Muitas vezes, chega a ser divertido: o humor, em particular, é um instrumento didático de
enorme eficácia! Tenho um bom relacionamento com os alunos e orgulho-me disso.
A minha primeira aula foi dada a colegas, já que eu era, então, monitor (1974). Tratávamo-nos
todos por tu, em atmosfera altamente informal. Desde o primeiro momento senti o prazer desse espaço de partilha. Quando, três anos volvidos, regressei de França, os alunos passaram a tratar-me por
você: percebi que tinha envelhecido!
5. Qual o momento mais caricato
que decorreu numa
aula sua?
Ve r d a d e i r a mente caricato, do
tipo caírem as calças
do professor em plena
exposição de matéria, não me recordo
de nenhum momento
em particular. Algo
insólitos, mas giríssimos, têm sido os momentos de aula em que
circula pelos alunos
uma garrafa de whiskey, ganha de cada vez
que detetam um total
de três gralhas no livro
de apoio à cadeira de
Mecânica dos Fluidos,
assinado pelo meu coPiston NEEMAAC
à CONVERSA COM...
lega António Gameiro Lopes e por mim próprio. Tenho fotos de momentos desses, que guardo como
documentos preciosos da minha carreira de professor.
6. Muitas pessoas afirmam que é dos melhores professores que já passou pelo curso. O que
acha desta afirmação?
Honestamente, não enjeito o elogio, aliás muitíssimo gratificante! Dar aulas é, como referi, um
momento de enorme fruição: de algum modo, estou em palco, mas a peça é interativa, só funciona
quando o público reage bem. E eu tenho tido a sorte de contar sempre com públicos excelentes, com
casa cheia e de aplauso generoso. Mas não posso deixar de sublinhar que este departamento dispõe,
sem qualquer dúvida, de vários docentes cujas qualidades didáticas os colocam entre os melhores.
7. Do que vai sentir mais falta no departamento?
Espero que a questão não se coloque, para já, desse modo. Este departamento faz demasiadamente parte de mim para que eu me despeça radicalmente dele: prefiro adotar a postura do Dr. Pedro
Santana Lopes: “vou continuar a andar por aí…”
8. O que pensa acerca do futuro do departamento e desta engenharia?
O nosso departamento conta com gente fabulosa, entre professores, alunos e funcionários. E
a Engenharia Mecânica tem sido das que melhor resistem às dificuldades recentes que todos conhecemos (para o comprovar, basta ver o número e o perfil dos alunos que entram anualmente no curso).
Há claros indícios de retoma económica. O DEM, e os alunos por ele formados, vão ser protagonistas
de peso nessa retoma.
9. Alguma mensagem para os estudantes do DEM?
Como referi na resposta 2., parece-me essencial distinguir trabalho de cognac, sendo que há
tempo para ambos.
O DEM dispõe do melhor núcleo de estudantes da nossa academia, o NEEMAAC. Vale a pena
explorar todos os benefícios decorrentes da sua notável capacidade de iniciativa, nomeadamente participando de forma ativa nas jornadas pedagógicas: com periodicidade anual, tais eventos constituem
excelente oportunidade, não apenas para “malhar” nos professores (o que é altamente saudável, se
bem feito), mas também para refletir, de forma construtiva e abrangente, sobre o quotidiano dos estudantes no departamento.
Vive-se, no DEM, um clima de proximidade entre alunos e professores que é invejável a todos
os títulos. Há que tirar o melhor partido desse enorme trunfo, que considero, aliás, singular em toda
a nossa Universidade.
Por fim, a carga letiva decorrente da reforma de Bolonha não facilita a inclusão de matérias
curriculares do foro humanístico. Acontece que essas matérias são cruciais na formação do perfil de
um engenheiro moderno: saber estar, falar e redigir, “vender” a sua própria imagem de marca e a do
produto do seu trabalho, podem fazer toda a diferença na procura de um bom emprego, ou de um
emprego tout court. Toda essa vertente formativa e cultural fica a cargo dos próprios estudantes, que
devem sentir-se motivados para lhe atribuir a importância que realmente tem. Em particular, a capacidade de internacionalização (aprendizagem de línguas, frequência de estágios ou pós-graduações no
estrangeiro, participação em projetos de investigação envolvendo vários países) é hoje fundamental,
até porque ninguém nos livra de poder aparecer um primeiro-ministro que se lembre de aconselhar a
via da emigração…
ANTÓNIO ALMEIDA
16
Março 2014
Magníficas Bugigangas do séc XXI
Que o século XXI iria ser pródigo em
avanço da ciência e evolução tecnológica todos
nós sabíamos, mas que neste “curto” espaço de
tempo esse grande avanço tecnológico iria trazer
um reviravolta tão grande na sociedade poucos de
nós desconfiaríamos.
Hoje em dia o acesso à cultura e informação
está muito mais facilitado e agilizado. Enquanto
que há um século, as pessoas que queriam adquirir
algum nível de cultura teriam, inevitavelmente,
de estar dias e dias mergulhados em grandes bibliotecas a ler enormes calhamaços, hoje em dia
basta um clique e acedemos à maioria da informação contida nas enciclopédias mais comuns,
aliás clique não, porque o próprio “clique” algo
que parece moderno já está a começar de fazer
parte do passado com o domínio avassalador do
mercado dos touch.
A verdade é que o uso de tablets e smartphones generalizou-se, e nós portugueses sempre
fomos atrás das tendências, ou mesmo à frente,
dependendo do ponto de vista, prova disso é
que temos mais telemóveis activos do que habitantes em Portugal, imagine-se agora que com os
telemóveis cada vez mais finos cabem ainda mais
no bolso.
Hoje é vulgar ver-se um jornalista apresentar o telejornal servindo-se da ajuda do seu tablet, sair-se à rua e ver pessoas a tomar o seu café
enquanto lêem as noticias no seu smartphone ou
mesmo ver-se alunos a tirar os seus apontamentos nas aulas para estes aparelhos, e isso é o lado
bom da moeda, porque como em qualquer outra
invenção, estes aparelhos podem ser instrumentos
preciosos ou não passarem de simples bugigangas
mediante o uso que se lhe dá. E é esse, na minha
opinião, o ponto fulcral da questão, porque cada
vez mais é vulgar ver-se famílias que vão passear
para um jardim e as crianças não são capazes de
tirar partido do mundo que as rodeia porque estão a trocar a bola real pela bola virtual, jogando
nestes aparelhos portáteis, vê-se almoços/jantares
de grupo em que alguns dos elementos do grupo
já vão na sobremesa e ainda alguns não iniciaram
o prato principal, porque ainda não descolaram os
olhos dos seus ecrãs tácteis. Por este andar ainda
se terá de repensar as regras de etiqueta e modificar a disposição dos diversos elementos nas mesas, para arranjar espaço para o telemóvel e/ou
tablets ali bem ao lado do guardanapo.
Piston NEEMAAC
VÍCIOS URBANOS
É esta a sociedade para a qual caminhamos, onde pessoas trocam apertos de mão e
abraços por “likes”, conversas cara a cara por
“comments” ou por alguns minutos de chat. E
é este distanciamento inevitável que contribui
para uma desumanização da população, em que
as pessoas são capazes de não falar com pessoas
chegadas há meses simplesmente porque vão tendo notícias delas através de fotos e “posts” partilhados nas redes sociais.
Não quero com isto desvalorizar o avanço
da tecnologia ou mesmo das redes sociais, porque
as mesmas são indispensáveis nos dias de hoje e
podem ser elas uma ajuda preciosa para atingir os
nossos fins, contudo é preciso ser sensato e não
viver dependente destes aparelhos, descuidando
valores essenciais e que devem permanecer na sociedade.
José miguel nunes
18
Março 2014
Apresentado Novo Scirocco
Depois do dia 6 de Março, ter sido revelado
no Salão Automóvel de Genebra, o novo modelo
Scirocco foi apresentado na fábrica de Palmela. O
desportivo da VW estará disponível no mercado
a partir de Agosto, sendo o objectivo da fábrica
de Palmela uma produção diária de 150 a 160 unidades por dia. Desta produção,99,9% será para
exportação, sendo a China o principal destino.
O novo modelo do Scirocco apresenta alterações sobretudo ao nível das linhas traseiras,
mais vincadas, correspondendo isto a um design mais desportivo e arrojado do automóvel.
Ao nível da grelha frontal há também mudanças,
sendo agora uma peça única aquela que une os
dois faróis dianteiros e a grelha. Os dispositivos
auxiliares de estacionamento também sofreram
modificações. No que diz respeito á motorização,
estas foram rentabilizadas diminuindo-se assim
os consumos entre 4 e 9 litros aos 100.
Na cerimónia de apresentação do novo
Scirocco esteve também o secretário de Estado
da Inovação e do Empreendedorismo, Pedro
Gonçalves, que reforçou o comprometimento do
Governo em continuar a apoiar o investimento
em Palmela sendo de extrema importância, a introdução deste novo modelo para o futuro da fábrica.
Carlos Figueiral
Piston NEEMAAC
MUNDO AUTOMÓVEL
Fórmula 1: A Revolução
Acabou como começou. A Era dos motores
V8 na Fórmula 1 teve vitórias da Renault a abrir e
fechar o pano. Primeiro como equipa (Renault F1)
e finalmente como fornecedora de motores (Red
Bull Renault), a marca francesa participou no início e fim dos motores que agora serão substituídos. Mas nem só de motores novos vive a Fórmula
1. O escalão máximo do desporto automóvel tem
este ano uma das maiores alterações conjuntas de
regulamentos e tecnologia da sua história. Uma
autêntica revolução. Mais alterações do que nas
épocas de 83 e 98 e ainda das alterações aerodinâmicas com o objectivo de criar mais ultrapassagens e regresso dos pneus “slick” em 2009.
Falando sucintamente do que salta logo à
vista: a aerodinâmica. Os monolugares da época
que se avizinha estão irreconhecíveis quando
comparados com os seus antecessores. Os atualizados regulamentos foram pensados para promoverem a segurança e diminuerem o downforce.
Desde cedo na preparação da nova época a FIA
teve por convicção instaurar narizes baixos nas
frentes dos monolugares e, no seguimento dessa
ideia, é exigida uma altura máxima de 550mm da
frente do carro (sendo que a altura máxima da
20
monocoque continua inalterada no valor de 625
mm), o que força as equipas a baixarem os narizes
e a colocarem-nos mais perto das asas dianteiras.
Mas não é tudo! Os narizes, à semelhança do ano
anterior, têm de estar ligados à asa frontal por
dois pilares mas agora a largura máxima da asa
frontal foi “cortada” 75 mm de cada lado com
o já referido objectivo de diminuir o downforce
das máquinas. Ora isto traz desafios extra para os
projectistas já que implica alterações substanciais
no fluxo de ar em torno dos pneus.
Outro grande pacote de alterações recai
sobre o motor e sistemas de recuperação de energia. Os F1’s serão equipados com motores 1.6L
V6 Turbo, turbo esse que transferirá energia para
um motor eléctrico que se encarregará de carregar
as baterias. No sentido inverso, a energia armazenada nas baterias pode ser aplicada tanto no
turbo como num segundo motor eléctrico ligado
às rodas traseiras e que funcionará similarmente
ao KERS. O sistema de travagem traseiro terá a
possibilidade de estar ligado a ambas as baterias e, portanto, fornecer-lhes energia o que torna
todo este sistema bastante complexo. Com várias
“unidades” interligadas e com vários caminhos
Março 2014
energéticos a seguir, será interessante ver como
é que as equipas e os pilotos vão gerir as devidas
alturas em que devem recolher energia e quando
é que a devem aplicar, sendo que, este pode, à
partida, ser um ponto de distanciamento pontual
na classificação bastando para isso que sejam feitas as escolhas certas. Na nova configuração, os
monolugares vão dispôr de um maior binário, o
que implica necessariamente uma nova (e mais
robusta) caixa de velocidades. Esta será constituídas por 8 velocidades a que se adiciona a marchaatrás. Em resumo, os motores ficarão mais pequenos enquanto que as caixas de velocidade ficarão
mais compridas.
Falando ainda acerca dos motores, sabemos já que irão produzir cerca de 600 cv a que se
junta um extra de 160 cv a serem usados durante
33 segundos. O motor eléctrico trará uma importantíssima vantagem de aumentar o binário em
rotações baixas já que diminui o lag do turbo.
Em suma estão reunidos alguns dos ingredientes necessários para tornar a próxima época
de F1 marcante. As alterações nas “regras do jogo”
colocam todos de novo na estaca zero o que, à
partida, prejudica principalmente a Red Bull pelo
domínio avassalador que tem imposto nos últimos
anos e pela forma brilhante como Adrian Newey
moldou época atrás de época os seus monolugares às regulações vigentes até à passada época.
No pólo oposto, esta temporada é uma oportunidade de ouro para equipas como a Ferrari ou a
Williams provarem o porquê de serem lendárias
no seio da F1. Do lado dos italianos, o regresso do
“Iceman”, Kimi Raikkonen, é um trunfo de peso
a juntar ao já rapidíssimo Fernando Alonso. Uma
equipa em que ambos os pilotos já se sagraram
Campeões do Mundo (!!!). Do lado da “turma” de
Frank Williams há uma óptima sensação de “reset”. Felipe Massa parece estar a adaptar-se que
nem uma luva à nova equipa e ao novo carro, e as
indicações de pré-época confirmam que a equipa
está no bom caminho. Não ter de “correr para
Fernando Alonso” como o piloto referiu, pode ser
o factor determinante para que tenhamos novamente um brasileiro a “mostrar como se faz”. O
lendário Emerson Fittipaldi já demonstrou todo o
seu apoio por Massa nas redes sociais referindo
estar à espera que o “Williams esteja ao nível do
seu talento”.
Por isto e muito mais, a Fórmula 1 terá em
2014 o condão de “agarrar” os fãs e apaixonados
pelo mundo automóvel ao ecrã da televisão e,
para os mais afortunados, proporcionar fantásticas corridas ao vivo. Com um leque de alguns dos
melhores pilotos do mundo e equipas de topo a
entrarem numa nova realidade tecnológica, 2014
tem tudo para nos trazer momentos para “mais
tarde recordar”.
Francisco Vieira e Brito
Piston NEEMAAC
DO VAZIO À GLÓRIA
“Ano Novo, vida nova!”
assim enuncia o dito popular e a
certeza que fica é que em pouco
mais de dois meses, no novo ano
civil, o futebol nacional nunca
mais vai voltar a ser o mesmo.
Ainda se contavam os dias
do ano pela mão e já se chorava o
desaparecimento do ‘Rei’.
Falecia Eusébio da Silva
Ferreira, figura maior da história
lusitana. O Pantera Negra sucumbiu a uma insuficiência cardíaca
ao quinto dia do ano, apanhando
de surpresa o país e o Mundo.
Eusébio foi herói, bandeira de
um país, outrora moribundo e
desconhecido, além-fronteiras.
Eusébio foi decisivo e único
e, por tudo isto vai ser sempre
visto como alguém intemporal,
pertencente a um círculo restrito
onde jazem todos os grandes artistas que nunca morrem.
Eusébio foi decisivo e único
e, por tudo isto vai ser
sempre visto como alguém
intemporal, pertencente
a um círculo restrito onde
jazem todos os grandes
artistas que nunca morrem.
22
Do Bairro da Mafalala
para o Mundo, Eusébio conquistou palcos, conquistou plateias,
conquistou toda a estirpe futebolística e vai ter sempre um
lugar reservado na galeria de
honra do futebol mundial pois a
sua dimensão assim o exige.
Ainda no pranto do King,
por terras lusitanas se aguardava a decisão das decisões, o momento pelo qual o país parou, o
momento em que todo o fervoroso adepto colocou a ‘pastilha
no canto da boca’ e aguardou
pelo anúncio. Messi, Ribéry ou
Ronaldo?
Pélé, bola de ouro honorário, proferiu timidamente o
que já há alguns anos Portugal
esperava e desesperava. Cristiano Ronaldo é o melhor jogador do Mundo ao arrecadar a
sua segunda Bola de Ouro, a
primeira desde que o troféu é
chancelado pela FIFA, tornando-se assim no primeiro jogador português a atingir o topo
do Mundo por mais de uma vez
na sua carreira. Ronaldo chorou,
deixou-se mover pela emoção
padecendo o sentimento de
alívio como quem, depois de
sucessivas desilusões, vê finalmente todo o seu trabalho meriMarço 2014
Quo vadis porto?
benfica na linha
da frente para
a conquista do
título.
Se as primeiras dez jornadas
do Campeonato anteviam
um domínio exacerbado do
Porto de Paulo Fonseca, desde
Novembro que se tem tornado
notório que os azuis-e-brancos
se encontram num fim de ciclo.
A derrota com o Estoril esgotou
a paciência da massa adepta,
assim como a margem de
manobra de Paulo Fonseca no
reino do Dragão que está agora
com ‘um pé e meio’ fora da luta
pelo título e nem o regresso do
‘Mustang’, Ricardo Quaresma,
permitiu uma súbita mudança
de velocidade nas ambições
do tricampeão nacional. Por
outro lado, tudo se perspetiva
que seja na 2ª circular que o
campeonato seja decidido entre
os eternos rivais da capital e
nesse capítulo o Benfica parte
na linha da frente e em alerta,
para não cometer os mesmo
erros de há 12 meses atrás,
quando ‘tudo o vento levou’
no espaço de uma semana.
Jesus está impedido de errar
pelo terceiro ano consecutivo,
e se lógica existir e a caravana
circular sem anormalidades,
a decisão da Liga Zon Sagres
2013/2014 está nas mãos do
Benfica apesar de a margem
ainda não ser 100% segura e
intocável.
CÍRCULO CENTRAL
toriamente recompensado.
As lágrimas do capitão da seleção nacional
atravessaram o planeta do futebol mas, ainda de
lágrimas seria feito o primeiro bimestre do ano.
No Benfica, Eusébio tinha um ‘pai’, um tutor, um
exemplo de respeito e liderança em Mário Coluna
e eis que, apenas algumas semanas após o desaparecimento do Pantera Negra, quis o destino que
o Monstro Sagrado, como era apelidado, também
deixasse de nos agraciar com a sua presença. Em
dois meses, Portugal perde Eusébio e Coluna, espinhas dorsais dos heróis de 1966, os Magriços
que lograram o terceiro lugar no Campeonato do
Mundo de Inglaterra, classificação que permanece
como a melhor de sempre da selde Mundial do
Brasil, os dados estão lançados para ser um torneio memorável. Homenagear Coluna e Eusébio
com uma boa campanha é imperativo, até porque
Portugal chega ao Brasil com o melhor jogador do
Mundo na sua comitiva. Até Junho, muita água
vai correr por baixo da ponte mas por terras de
Vera Cruz, o coletivo lusitano não pode vacilar.
EUSÉBIO DA SILVA FERREIRA
1942-2014: Longa Vida ao ‘Rei’
O Mundo do futebol ficou mais pobre!
Aos 71 anos, morreu um dos maiores símbolos do futebol nacional, vítima de paragem cardiorrespiratória.
Bola de Ouro em 1965, Eusébio já tinha
dado sinais de saúde debilitada mas nada fazia
antever um desfecho tão repentino na epopeia do
Pantera Negra.
Nascido a 25 de Janeiro de 1942 na então
Lourenço Marques, hoje Maputo, Eusébio tornouse no maior símbolo do futebol português. Vindo
de Moçambique, depois de ter jogado no Sporting
de Lourenço Marques, chegou ao clube da Luz
no Inverno de 1960. Foi nessa década que o King
mais brilhou nos relvados, ao serviço do Benfica
e da seleção de Portugal, na qual se destacou no
Mundial de 1966, onde foi o melhor marcador.
Com primor técnico, força física acima da
média e um preciso remate de pé direito, Eusébio
pegou destaque no retângulo verde e foi assim
ao ‘ritmo’ de “Tu és o nosso Rei, Eusébio!” que
milhares de adeptos se mobilizaram para dizer
um último adeus ao Pantera Negra. Um momento
comovente e envolto em emoção, rubricado, por
certo, na página de um país que apontou prontamente para o desejo de o antigo artilheiro da
seleção nacional e do Benfica ser, num futuro
próximo, transladado para o Panteão Nacional,
sob o estigma de apesar de não ser um homem da
prosa, também Eusébio foi, é e sempre será um
dos notáveis artistas que agraciou Portugal.
Piston NEEMAAC
pORTFÓLIO –
eusébio da silva
ferreira
MOMENTOS: EUSÉBIO
Eusébio é sinónimo de irreverência e com ele foram celebrados
momentos irrepetíveis. A seguinte lista enumera algumas das passagens que elevaram o Pantera Negra a ídolo, transversal a todas
as gerações:
Mundial 1966: Portugal – Coreia do Norte | O apuramento pela batuta de Eusébio
Nome: Eusébio da Silva
Ferreira
Nascimento: 25 Janeiro 1942
Falecimento: 5 de Janeiro de
2014 (71 anos)
Altura: 1,75m
Palmarés:
1962 – Vencedor Taça dos
Campeões Europeus
1962 – 2º Lugar Bola de Ouro
1965 - Bola de Ouro
1965 – Melhor marcador Taça
dos Campeões Europeus
1966 – 3ª Lugar Mundial FIFA
1966 – Bota de Ouro no
Mundial FIFA
1966 – Melhor marcador Taça
dos Campeões Europeus
1966 – Bola de Bronze no
Mundial FIFA
1966 – 2º Lugar Bola de Ouro
1968 – Melhor marcador Taça
dos Campeões Europeus
1968 – 1º Jogador a ganhar a
Bota de Ouro
1972 – Bota de Ouro
11 Campeonatos nacionais
5 Taças de Portugal
24
Em 1966, Portugal e Coreia do Norte faziam a sua estreia em
fases finais do campeonato do Mundo e ambas as seleções viviam
uma estreia de sonho e auspiciosa no palco maior do futebol mundial, ao atingirem os quartos-de-final da competição, cotando-se
assim como parte integrante das oito melhores equipas do torneio, organizado por terras de sua majestade. Em terra de nobres
brilhou o ‘Rei’ ao liderar a recuperação dos Magriços, quando já
perdiam por 3-0 contra os norte-coreanos. De rompante, Eusébio
celebra quatro golos virando por completo um jogo que acabaria
com a vitória lusitana por 5-3. Nos tempos que correm, a exibição
do Pantera Negra continua a ser conotada como uma das melhores
de sempre, em fases finais de Mundiais. Contas feitas, Portugal
viria a terminar o torneio num honroso 3º lugar depois de ter caído
contra a anfitriã, Inglaterra, nas meias-finais.
Mundial 1966: Brasil – Portugal | Quando Eusébio bateu
o pé a Pelé
Edson Arantes do Nascimento, o nome por si só pode significar pouco para o mais comum dos seguidores do ‘desporto
rei’, mas se o traduzirmos simplesmente para Pelé, então o acontecimento adquire de imediato outra dimensão. Foi em Goodison
Park, estádio do Everton no coração de Liverpool, que Portugal
defrontou o Brasil bicampeão do Mundo em título (venceu em
1958 e 1962) e liderado pela lenda viva, Pelé. Ao avaliar o histórico
das duas seleções, neste confronto entre países ‘irmãos’, o favoritismo pendia a favor dos canarinhos. No entanto, história seria
feita, naquela que representou a segunda vitória de Portugal contra
o Brasil (de um total de quatro em toda a história de confrontos
entre os dois países), a primeira em jogos oficiais. Embalada por
António Simões e por Eusébio que bisou na partida, Portugal gelou
o Brasil e adiou o sonho do tricampeonato para os cariocas que
foram forçados a esperar mais quatro anos por nova conquista.
Março 2014
CÍRCULO CENTRAL
1962 – No topo da Europa
Quando chegou a Portugal em Dezembro
de 1960, Eusébio foi apelidado de ‘O Disputadíssimo’, fruto da briga existente entre Benfica e
Sporting, para garantir os serviços do promissor jogador que atuava no Sporting de Lourenço
Marques. A associação ao Sporting local viria a
dificultar o ingresso de Eusébio no clube da Luz,
dado que os responsáveis do clube de Lourenço
Marques desejavam que Eusébio assinasse contrato com a ‘casa-mãe’ – o Sporting Clube de Portugal. Envolto em especulação, o quarto filho de
Laurindo António da Silva Ferreira, um angolano
branco que trabalhava nos caminhos-de-ferro de
Moçambique, e Elisa Anissabeni, uma mulher
moçambicana, acabaria mesmo por aterrar em
Lisboa, ainda menor de idade, na esperança de
representar o Benfica ainda no decorrer da temporada 1960/1961. No entanto, o pior cenário confirma-se e o processo arrasta-se por largos meses
até que se chegue a um veredito, um verdadeiro
epílogo na peripécia d’O Disputadíssimo.
Assim, foi em Maio de 1961 que Eusébio
teve o avale para vestir de águia ao peito, numa
fase em que os encarnados já se encontravam
apurados para a sua primeira final europeia contra
o Barcelona. Apesar de expectante, Eusébio viu
gorada a hipótese de alinhar na final desse ano
apesar de ser, nessa altura, oficialmente jogador
do Benfica, que paga por ele 400 contos, sendo
assim impedido de defrontar a turma blaugrana,
respeitando os regulamentos da UEFA, como é
conhecida no nosso quotidiano.
Eusébio esperou e desesperou mas a espera valeu a pena, não só porque na estreia, na
última jornada do campeonato nacional de 60/61,
alinhou de início contra o Atlético CP e fez o ‘gosto ao pé’ por três ocasiões, mas também porque,
12 meses mais tarde, estaria prestes a entrar na
galeria de ilustres do futebol europeu.
O jovem Eusébio, ao serviço do campeão
europeu Benfica – que ganhou, um ano antes, a final diante o Barcelona por 3-2 – tinha pela frente,
na final de Amsterdão, o poderoso Real Madrid.
A equipa espanhola era vista como um autêntico
‘colosso’, ao contar nas suas fileiras com nomes
como Alfredo di Stéfano e Ferenc Puskás, mas o
‘fado’ lusitano viria a imperar naquela noite holandesa.
Relatos da época referem um Benfica com
“Costa Pereira a colocar a bola como um doce nos
pés de Eusébio que sozinho deixava de rastos a
equipa contrária e resolvia.” e a imagem de um
estádio cheio em tremenda ebulição é o que fica
de uma final europeia que, consagrou os lisboetas como a força dominante do ‘velho continente’.
Contudo, nem tudo foram rosas naquela noite
uma vez que, o Benfica de Bella Guttman esteve
a perder 2-0, procedendo-se uma reação quase
imediata. Com golos de José Águas e Cavem, o
empate foi uma certeza antes de novo golpe do
magiar Puskás, que completava o seu hat-trick. A
perder, o Benfica parte assim para a mais gloriosa
das segundas partes, que terminaria com um 5-3
a favor das águias. Mário Coluna fez o empate,
libertando o palco para a afirmação europeia de
Eusébio que, com os dois golos apontados, deu ao
Benfica o segundo título de campeão europeu e
fez das águias o clube da moda, no início da década de 60, tornando-se no primeiro bicampeão
europeu português além-fronteiras. Eusébio da
Silva Ferreira deixava de ter apenas e só o reconhecimento nacional, alcançava assim um novo
Eusébio (esquerda), Bella Guttman (centro) e Coluna
(Direita) construiram mais uma victória europeia do
Benfica. A primeira e única de Eusébio.
Piston NEEMAAC
patamar, tinha a Europa a seus pés, aos 20 anos de idade!
Um ícone na Luz – A cadeira de Eusébio
Por momentos, noutros tempos, o voo da águia era substituído pela ovação, de cada vez que
o ‘Rei’ se regozijava no seu trono. Na Luz antiga, onde Eusébio escreveu num diferente tipo de prosa
a história de um clube e de um país, no tempo em que não existia banco auxiliar e cuja logística era
rudimentar, quando comparada com a atualidade, Eusébio tinha um lugar único: uma cadeira alinhada
com a linha central. Era assim um símbolo e, tal como sucede nos dias que correm, com o já referido
voo da águia antes dos jogos, o Pantera Negra subia ao relvado, sendo a sua entrada sempre muito
aplaudida. Nesse tempo, a águia era Eusébio e o público não se cansava de o aplaudir, como se se
tratasse da primeira vez.
Sem Luvas, uma toalha, uma nação expectante, a Luz sempre como pano de fundo
Ao recordar Eusébio torna-se impossível não invocar o desempate por grandes penalidades
que opôs Portugal a Inglaterra em pleno Euro 2004. Por inúmeras vezes Eusébio usava, quase como
amuleto da sorte, uma toalha branca nos jogos, fossem da seleção ou do Benfica, mas naquela noite
de 24 de Junho de 2004, a magia do Europeu lusitano foi o 12º jogador num desesperante, assim como
enervante, desempate na marca de grande penalidade. Sobre o risco fatal, Ricardo tirou as luvas,
numa decisão tomada no calor do momento, seguindo-se a defesa do penalti por parte do guardião
oriundo do Montijo. Após ter levado a melhor perante o remate de Darius Vassell, Ricardo, que havia
conferenciado com Eusébio por alguns segundos antes do momento crucial, tomou a iniciativa de
marcar a penalidade decisiva. Ricardo foi herói e, num pranto de alegria, Eusébio entra de rompante
com a sua toalha branca na mão. Eusébio era o espelho de um povo eufórico e aliviado depois de mais
de duas horas de sofrimento. Portugal abria naquele momento caminho para a final, que viria a ser de
má memória para os portugueses.
PORTUGAL CAIU EM CASA PERANTE UMA SURPREENDENTE GRÉCIA MAS EUSÉBIO NUNCA ‘DEITOU A TOALHA AO CHÃO’
26
Março 2014
CÍRCULO CENTRAL
O MENINO DE OURO
Cristiano Ronaldo eleito Melhor Jogador do
Mundo
A espera foi longa mas certamente valeu a pena para o madeirense do Real Madrid. Cristiano Ronaldo bateu a forte concorrência
de Lionel Messi e Franck Ribéry, na conquista do prémio individual
mais aguardado do futebol Mundial – a Bola de Ouro FIFA. O internacional português arrecadou 27,99% dos votos, contra os 24,72% do
astro argentino, que teve que se contentar com o segundo lugar, e os
23,36% de Ribéry que fechou o pódio.
Depois de anos na sombra de Messi, Ronaldo reivindicou a
sua segunda Bola de Ouro, tornando-se deste modo no primeiro jogador português a atingir o topo do Mundo, por mais de uma vez na
sua carreira. Ronaldo chorou, deixou-se mover pela emoção e, apesar
de parcas, as palavras do capitão da seleção nacional demonstraram
o que lhe ia na alma, o dever cumprido, fruto de um árduo trabalho
desenvolvido para atingir o nível a que se exibe nos relvados semana
após semana.
No entanto, a decisão de 2013 vai ficar para sempre na memória
por toda suspeita, muito por culpa da autoridade máxima da FIFA,
Joseph Blatter. O economista suíço de 77 anos tornou pública a sua
preferência pelo astro argentino ao não medir a consequência da
sua intervenção, não optando pela melhor abordagem para opinar
sobre a temática que move mundos e fundos no hemisfério do ‘desporto rei’. ‘Sepp’ Blatter, como é conhecido, levou para além do
desejado os limites da liberdade de expressão e viu-se assim envolto
numa polémica que acabou por tornar o prémio Bola de Ouro FIFA
2013 num dos mais badalados dos últimos anos e que certamente
agudizou ainda mais o feito alcanDepois de anos na sombra de
çado por Cristiano Ronaldo.
Messi, Ronaldo reivindicou a
Em ano de Mundial do Brasil,
Ronaldo é o melhor jogador do
sua segunda Bola de Ouro da
Mundo e assim vai permanecer
carreira ao tornar-se deste modo
quando pisar os relvados em terras
no primeiro jogador português
de Vera Cruz, pelo que os holofotes
a atingir o topo do Mundo por
vão estar, mais do que nunca, somais de uma vez na sua carreira. bre o Menino de Ouro português!
bola de ouro fifa –
Cristiano ronaldo
Nome: Cristiano Ronaldo dos
Santos Aveiro
Nascimento: 5 de Fevereiro de
1985 (29 anos)
Altura: 1,85m
Um ano de sonho foi o que
viveu Cristiano Ronaldo no
plano individual, dado que
coletivamente o Real Madrid
esteve muito longe dos
resultados
que
ambiciona
alcançar, ao não conseguir
em 2013 conquistar qualquer
troféu.
Ainda assim, o astro português
somou 69 golos, 10 dos quais
pela seleção das quinas, que se
perfila a passos largos como o
melhor marcador de todos os
tempos da seleção nacional.
Num ano em que muita tinta
correu sobre um possível
regresso a Manchester, Ronaldo
rubricou novo contrato com o
Real Madrid e afigura-se cada
vez mais como uma figura
que marca a história do clube
merengue, o que evidencia que
o ‘CR7’ pode mesmo terminar
a carreira ao serviço do clube
da capital espanhola.
Quebrada a malapata da Bola
de Ouro em 2013, o futuro
próximo vai ser certamente
desafiante para o Madeirense.
Visivelmente emocionado, Ronaldo recebe a bola de ouro das mãos de Pelé
Piston NEEMAAC
MUNDIAL FIFA 2014
Portugal no Grupo G com Alemanha, EUA e Gana
Tal como há dois anos no Europeu da Ucrânia
e da Polónia, a seleção nacional vai iniciar a competição frente à Alemanha a 16 de Junho próximo
na Arena Fonte Nova, em Salvador. Os comandados
de Joachim Löw são já velhos conhecidos da seleção
portuguesa, com as duas formações a encontraremse por múltiplas ocasiões em fases finais de grandes
competições, num passado recente (Euro 2000, Mundial 2006, Euro 2008 e Euro 2012) que não deixa boa
memória para a estirpe lusitana. A Troika do grupo
onde se insere Portugal, fica completa com Estados
Unidos da América e Gana, assim ditou o sorteio realizado no complexo turístico da Costa do Sauípe, na
Baía, em Dezembro passado. Duas seleções que, apesar de ocuparem lugares de menor destaque no ranking FIFA, vão ser certamente oponentes complicados,
pelo que os selecionados de Paulo Bento não podem
tomar o apuramento como garantido à partida para
terras de Vera Cruz mesmo que, numa fase inicial,
partilhe com os germânicos o favoritismo, no que diz
respeito ao apuramento para os oitavos-de-final do
torneio.
A ‘Copa’ tem início a 14 de Junho com o anfitrião Brasil a defrontar o México no jogo inaugural em São Paulo, num alinhamento que ditou ainda emparelhamentos interessantes, uma vez que
as seleções finalistas do passado Campeonato do Mundo, Espanha e Holanda, vão ter oportunidade
de reeditar o duelo decisivo logo a abrir o certame na jornada inaugural do Grupo B, sendo que se
perspetiva que La Roja ou a Laranja Mecânica defrontem o Brasil, à procura do ‘Hexa’, nos ‘oitavos’
da prova.
Nos extremos do sorteio, no que incide no tradicional jogo de sorte ou azar, proveniente do
acaso da lotaria das bolas, é possível classificar a França como a maior beneficiada do sorteio de
Dezembro passado, dado que, se os critérios do Campeonato do Mundo 2010 tivessem sido mantidos,
os gauleses não teriam como evitar o confronto contra duas seleções teoricamente favoritas, algo
que não sucedeu, prevendo-se um período de bonança nas hostes francesas, com a sua seleção a ser
colocada no grupo teoricamente mais acessível, o Grupo D, onde vai defrontar Suíça, Ecuador e Honduras. Sorte francesa, azar ‘Azzurro’ uma vez que o destino, que trocou as voltas a favor da França
de Deschamps, prejudicou a formação transalpina, que perfila no denominado ‘Grupo da Morte’ onde
vai defrontar Inglaterra, Uruguai e Costa Rica, prevendo-se um conjunto de jogos entusiasmantes logo
nas primeiras semanas da competição.
Quanto aos restantes portugueses em prova, e convém referir que Portugal vai ter três treinadores principais no Brasil, Carlos Queiroz, selecionador do Irão, que vai ter pela frente a Argentina
de Messi, Nigéria e Bósnia no Grupo F, ao passo que a Grécia, de Fernando Santos, que já anunciou
o abandono da seleção helénica após o Mundial, joga com Japão, Costa do Marfim, naquele que
pode ser o último certame de Drogba, e Colômbia, que anseia pela recuperação da sua figura maior,
Radamel Falcao, antes de entrar em ação no Grupo C.
Os dados estão lançados e em Junho próximo 32 seleções reúnem-se no Brasil para o Mundial
da América Latina, o Mundial da Lusofonia, o Mundial em que Portugal vai estar por certo no lote das
favoritas à vitória final.
28
Março 2014
CÍRCULO CENTRAL
3 Adversários, 3 Momentos
Alemanha – 0 : 3 – Portugal | Euro 2000: Verão de Sonho
O Campeonato da Europa de 2000 marcaria não só um virar
de página no milénio desportivo mas também um importante virar de página na fortuna lusitana visto que desde o já
longínquo ano 2000 que Portugal não mais falhou presença
em fases finais de grandes competições. Na época, o sorteio ditara confrontos contra as super favoritas Inglaterra e
Alemanha, esta última campeã europeia em título depois de
ter conquistado o ‘Velho Continente’ em 1996, assim como
contra uma sempre pragmática Roménia que já havia feito
parte do grupo de Portugal na fase de apuramento, tendo
inclusivamente vencido esse grupo, relegando Portugal para
o 2º lugar, tendo a seleção das ‘quinas’ se apurado, derivado
do facto de ter sido o melhor segundo classificado na fase de
qualificação para o torneio coorganizado pela primeira vez
entre dois países, Holanda e Bélgica.
Posto isto, pouco se esperava de uma seleção maioritariamente composta por elementos da
‘Geração de Ouro’ mas eis que o Mundo do futebol ficaria rendido a Portugal. Naquela noite de 20
de Junho de 2000, já com o apuramento para os Quartos-de-Final garantido, Humberto Coelho fez
descansar grande parte dos titulares da seleção, promovendo ao ‘onze’ nomes como os de Ricardo Sá
Pinto, Pedro Espinha, Nuno Capucho, Beto, Paulo Sousa e Sérgio Conceição, que tinham tido pouca
utilização nos dois primeiros compromissos portugueses pelos Países Baixos. Foi inclusive este último
nome, Sérgio Conceição, que viria a brilhar no afastamento do campeão europeu em título do torneio.
O extremo conimbricense, atual treinador da Académica de Coimbra, apontou um hat-trick, colocando
a bola nas redes da baliza que se encontrava à guarda do gigante das balizas, Oliver Kahn, por três
ocasiões, sem resposta de uma defunta formação germânica. Portugal fez história ao ganhar todos
os jogos do seu grupo. Seguiu-se a Turquia e o epílogo, bem, esse já é conhecido, Portugal viria a ser
mais tarde afastado pela França no prolongamento, fruto da tão badalada mão de Abel Xavier. Foi um
Verão de sonho e este resultado, particularmente, vai ficar nos anais da história do futebol lusitano.
EUA – 3 – 2 – Portugal | Mundial 2002: Americanos regressam às vitórias em Mundiais
Depois de um Europeu de ouro em 2000, Portugal chegava à Coreia do Sul e ao Japão na sua
melhor posição de sempre no Ranking FIFA. A seleção das ‘quinas’ ocupava o 4º lugar do ranking mas
logo de início, na ronda inaugural, fica mal na fotografia ao conceder uma derrota contra a congénere
formação Americana que nunca antes havia logrado vencer uma partida em fases finais de campeonatos do Mundo. O Mundial asiático foi de má memória para Portugal, naquela que foi a primeira participação desde o México 86. Com Saltilho na memória, Portugal passou do céu ao inferno em apenas
2 anos. Esgotava-se um ciclo na seleção depois de um apuramento imaculado. António Oliveira saia
assim do comando técnico, no final do Campeonato do Mundo, abrindo caminho para o ingresso de
Luiz Felipe Scolari na seleção nacional visando o Campeonato Europeu português, a realizar em 2004.
Piston NEEMAAC
Portugal sub-20 – 2 – 3 – Gana sub-20 | Nem Bruma salvou Portugal
Portugal e Gana podem não ter
qualquer registo de confrontos ao nível de seleções ‘AA’ mas quando ambos os conjuntos
se defrontarem no Brasil vai perfazer um ano
desde que as duas federações se enfrentaram
pela última vez, no Mundial sub-20. Terminou
nos Oitavos-de-final o sonho de Portugal no
torneio pelos ‘pés’ dos jovens ganeses. Foi um
adeus precoce de Portugal, motivado por uma
vasta coleção de erros, numa competição em
que ambicionava regressar à final. Contudo,
ficou provado que tanto Portugal como o Gana
têm nas suas fileiras, jovens e promissores talentos, pelo que não constituiria surpresa se
alguns deles perfilassem nos 23 eleitos para o
Mundial do Brasil.
PLANETA ACADÉMICA
Manutenção ao virar da esquina
Ao virar do mês de Fevereiro, a Académica está bastante confortável no que fiz respeito à manutenção no principal escalão do futebol nacional. Mantendo-se fiel a si mesma, a turma de Sérgio
Conceição chegou inclusive a desafiar os lugares europeus, algo que caricatamente tem sido negado a
uma Académica que tem tido razões para reclamar da arbitragem em jogos decisivos contra Estoril e
Nacional da Madeira.
Fevereiro foi mês inglório para os ‘estudantes’ que depois de um início de ano promissor, foram
afastados da Taça de Portugal em Vila do Conde diante do Rio Ave, num jogo que foi pautado pelas
precoces condições do tapete do Estádio dos Arcos. Um erro de Ricardo Nunes, que em tantas outras ocasiões foi herói, permitiu aos vila-condenses adiantarem-se no marcador, não mais largando a
condição de vencedor. O sonho de novo regresso ao
Jamor esfumou-se, pelo que a Académica tem agora
apenas o campeonato para apontar baterias.
A época estável da Académica a muito se
deve ao seu treinador, Sérgio Conceição, e relatos
recentes apontam para uma renovação de contrato
do timoneiro brioso, numa altura em que o interesse
no ex-internacional português se começa a intensificar, após uma temporada bem conseguida, longe
do aperto e sufoco tradicional nas hostes conimbricenses, sendo que o único aspeto negativo a apontar
é mesmo a fraca finalização, cifrando-se como um
Ricardo tem feito face à falta de golos mantendo as redes
dos piores ataques da Liga e da Europa.
dos “estudantes” invioláveis.
Deste modo, contam-se pelos dedos das mãos
o
número de jornadas remanescentes na presente temporada. Uma época que chega a bom porto e em que a previsão mais modesta aponta a um lugar estável
no meio da tabela, entre o 8º e o 10º lugar, resta para isso que a turma de Conceição afine a máquina
e a sua pontaria, visto que pode ainda ir a tempo de desafiar objetivos mais elevados nesta
temporada.
VÁLTER FERREIRA
30
Março 2014
Película
Incendies – A mulher que canta de Denis Villeneuve
(2010)
Duração: 139min
País: Canadá/França
Com : J: Lubna Azabal, Maxim Gaudette, Mélissa
Désormeaux-Poulin
Dois gémeos a viver no Canadá acedem aos últimos
pedidos da mãe, e partem em busca das suas raízes no Médio Oriente. Um filme que aborda temas como o choque cultural, as guerras em torno a religião (a mãe dos Protagonistas
é cristã), as relações familiares. “A Mulher que canta” é um
drama fluido, com trejeitos de filme de dectevive, e que transmite a ideia do transtorno que pode causar o levantar das pedrinhas do passado. Povoado com flashbacks da vida da mãe
tal é também utilizado como ferramenta para contextualizar
historicamente as vivências daquele povo. O filme conta com
uma abordagem cinematográfica marcadamente diferente nas
cenas passadas no Médio Oriente e no Canadá para reforçar a
ideia de dissonância de ambientes e de pontos de vista.
Disco
Álbum: Kid A
Interprete: Radiohead
Ano: 2010
Piston NEEMAAC
O quarto álbum da banda britânica ousa
em pôr de parte as guitarras que lhe até então
tinham feito companhia, estas só aparecem esporadicamente como vultos. Optam por dar maior
ênfase aos sintetizadores e a aparição pontual de
trombones, saxofones e outros instrumentos de
sopro. Estruturalmente o álbum é como uma cebola, cheio de camadas de sons, é muito difícil
na primeira audição dissecar na totalidade todos
os samples que o compõem. Embora com uma
Livro
roupagem mais electrónica não caíram num registo cerebral. Kid A representa uma proposta de
súmula para o rock alternativo com o virar do milénio. Este álbum foi gravado durante um período
difícil para a banda pois esta sentia uma enorme
pressão devido ao sucesso do seu antecessor Ok
Computer (cuja mensagem demonstrava que a
sociedade moderna estava cada vez mais vazia e
rendia-se ao consumismo) o que levou a um esgotamento nervoso do seu vocalista Thom Yorke.
Kafka á Beira Mar
Autor: Haruki Murakami
Editora: Casa das Letras
2002 (2006 Ed. Portuguesa)
Certo dia um rapaz de 15 anos chamado Kaf ka decide
fugir de casa do pai numa saga para encontrar a mãe e a irmã.
Do outro lado do Japão, Nakata um homem de idade avançada
ocupa-se a procurar gatos perdidos chegando até mesmo a conversar com outros gatos sobre o seu paradeiro. Certo dia sem
nada que o prenda à sua cidade, decide pela primeira vez na sua
vida sair desta. É sobre estas duas histórias aparentemente herméticas que o livro se debruça. Cada capítulo apresenta o desenvolvimento das histórias alternadamente. O estilo de Haruki
Murakami é uma mistura de muitas influências desde os Gregos
até ao Realismo Mágico Sul-Americano. A sua narrativa é muito
realista contudo é polvilhada pontualmente por episódios de
cariz surrealista, além disso são comuns as referências culturais
(de música, de cinema e literatura) o que leva a uma construção
das personagens mais sólida. Dotado de um sentido de humor
invulgar, Haruki apresenta-nos reflexões sobre os mais díspares
assuntos.
Eventos
28º Aniversário da Ru(
Uma das revelações dos últimos tempos no campo da música electrónica, Laurel Halo vem celebrar
o 28º Aniversário da Ru( no Teatro Académico Gil Vicente no dia 7 de Março, a sua música apresenta
um enorme leque de influências desde o Techno, passando pelo Industrial e até ao Synthpop. Um
concerto a não perder.
ANDRÉ PORTUGAL
32
Março 2014
Castlevania Lords Of Shadow 2
“What a timely coincidence! I am dying for a little drop of blood…”
- Drácula antes de confrontar os soldados da Brotherhood of Light
Castlevania, Lords of Shadow 2 é uma sequela direta do jogo Castlevania, Lords of Shadow
e Mirrors of Fate. No jogo iremos controlar Gabriel Belmont, conhecido após os eventos de Mirror
of Fate como Drácula. O jogo começa com Drácula sentado na sala do trono, no seu castelo, a beber
sangue de um cálice. Depois de alguns momentos, ouve-se um súbito barulho através do corredor.
Drácula olha e testemunha a porta para a grande sala ser destruída. Drácula levanta-se e atira com o
cálice agora vazio. Caminha lentamente para o meio da sala pronto para enfrentar os seus inimigos, a
Brotherhood of Light.
Quando o Drácula abandona o interior do seu castelo apercebe-se de que este está a ser atacado por uma legião de soldados da Brotherhood of Light e por um colossal Gigante metálico. De seguida aparece de imediato um Paladino Dourado, que a nossa personagem ilude e usa para ir destruindo pontos estratégicos do Gigante metálico. Quando este finalmente chega há fonte de energia do
Gigante, um imenso cristal azul, Drácula vomita uma grande quantidade de sangue sobre este que fica
vermelho e leva à destruição do Gigante. Em seguida, voltamos à luta com o Paladino e quando este
é derrotado, brande uma larga cruz e começa a rezar. O poder de Deus não pode destruir o Drácula,
pois este é o escolhido de Deus. Drácula agarra na cruz e começa também a rezar, o que leva a uma
grande erupção de luz, destruindo tudo a sua volta deixando apenas o Drácula sozinho e sem todas
as suas armas. E assim começa a nossa aventura. Curiosos?
Piston NEEMAAC
No início do jogo, poderemos controlá-lo enquanto este ainda tem todos os seus poderes e
todas as suas armas. A arma principal do Drácula é o Blood Whip, este bebe ainda o sangue dos seus
inimigos que é canalizado para o Chaos e o Void. O Void permite que ao atacar os inimigos lhes drene
a sua energia vital e a transfira para Gabriel sempre que estes são atingidos, para tal, temos a Void
Sword. O Chaos facilita-nos a vida quando temos um inimigo com mais capacidades para a guerra
através das Chaos Claws. Estas armas secundárias têm cada uma delas, uma série de combos que podem ser utilizados. Ao utilizar muitas vezes o mesmo combo, Drácula domina-o e uma vez dominado
o seu poder pode ser direcionado para a arma, tornando-a mais forte, o que permite desbloquear novas habilidades e dano extra. Drácula tem outros poderes, tal como transformar os seus inimigos em
névoa o que lhe permite passar por zonas invisível ou obter acesso a determinadas áreas.
O jogo ocorrerá, apesar do seu início linear, num mundo aberto o que permite ao jogador escolher o caminho que bem desejar, dando assim uma sensação de exploração e evitar a transição entre
níveis. Assim sendo, Castlevania: Lord of Shadows 2 tenta explorar o meio ambiente, tendo a maior
parte dos cenários muitas outras áreas que podem ser exploradas como salões, corredores, túneis, etc.,
onde podemos encontrar vários itens e colecionáveis. Alguns desses itens são livros e diários de soldados caídos em batalha que nos ajuda assim a perceber melhor a história de Gabriel. O jogo também
conta com uma câmara móvel, algo que é inedito na saga. Os fatores que obtiveram maiores críticas,
nos títulos anteriores, foram corrigidos.
A intenção dos produtores era a
de se jogar com Drácula pela primeira vez
na série Castlevania, concluindo assim a
história da saga Lord of Shadows. Apesar
de a prequela ter sido bem recebida, os
designers notaram que o jogo tinha muitas falhas que precisavam ser corrigidas,
assim como a jogabilidade. A maior alteração foi a passagem de uma câmara fixa
para uma câmara 360º. Invés de haver uma
reciclagem dos elementos de jogos anteriores, a equipa decidiu redesenhar o motor
de jogo por completo.
O último ponto que merece nota é a sua banda sonora clássica, digna de qualquer filme de Hollywood. A voz de Patrick Stewart e Robert Caryle podem ainda ser escutadas durante o jogo.
Castlevania: Lords of Shadows 2 é um jogo muito ao estilo de God of War e Devil May Cry.
Como fã da saga God of War fiquei imprecionado com a qualidade da história e com a qualidade do
jogo em si, é um bom título para poder matar as saudades do Deus da Guerra. A única diferença é que,
agora controlamos o vampiro mais conhecido da história.
34
Março 2014
what’s hot?
Lords of Shadows 2 assenta muito na
mecânica hack´n slasch, o que introduz uma
diversidade na jogabilidade fantástica e leva o
jogador a querer descobrir mais. Os “bosses”
são algo maravilhoso de se ver, os combates
são fantásticos e recompensadores. O castelo
do Drácula está muito bem desenhado, já o
mesmo não se pode dizer das demais localizações. O enredo está enrolado como um
novelo, a espera de ser desenrolado. Nunca
um ser tão malevolo suscitou tanto desejo, e
admiração.
SÉRGIO ALMEIDA
Piston NEEMAAC
passatempos
SUDOKU
ANTÓNIO ALMEIDA
36
Março 2014
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