Associação entre parâmetros da MAPA, niveis de atividade fisica e
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Associação entre parâmetros da MAPA, niveis de atividade fisica e
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA NÚCLEO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA ASSOCIAÇÃO ENTRE PARÂMETROS DA MONITORIZAÇÃO AMBULATORIAL DA PRESSÃO ARTERIAL (MAPA-24H), NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DO SONO EM HIPERTENSOS DE DIFÍCIL CONTROLE. Ednéia A. Leme Orientadora: Profa. Dra. Katia Vergetti Bloch RIO DE JANEIRO 2002 ASSOCIAÇÃO ENTRE PARÂMETROS DA MONITORIZAÇÃO AMBULATORIAL DA PRESSÃO ARTERIAL (MAPA-24H), NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DO SONO EM HIPERTENSOS DE DIFÍCIL CONTROLE. Ednéia A. Leme Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Departamento de Medicina Preventiva – Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva - Mestrado em Saúde Coletiva. Área de concentração: Epidemiologia Rio de Janeiro 2002 FICHA CATALOGRÁFICA Leme, Ednéia A Associação entre os parâmetros da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA-24H), níveis de atividade física e qualidade do sono em hipertensos de difícil controle/ Ednéia A. Leme. Rio de Janeiro: UFRJ/NESC, 2002. Tese (mestrado)- Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, Departamento de Medicina Preventiva – NESC Área de Concentração: Epidemiologia Orientadora: Katia Vergetti Bloch Descritores: 1.MONITORIZAÇÃO AMBULATORIAL DA PRESSÃO ARTERIAL (MAPA) 2.ATIVIDADE 4.HIPERTENSÃO ARTERIAL FÍSICA REFRATÁRIA 3. 5.EFEITO JALECO BRANCO 6.TESE. I. Bloch, Katia Vergetti. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. UFRJ/FM/NESC SONO Aos meus queridos pais, Geraldo A. Leme e Aparecida dos Santos Leme, que sempre me incentivaram e permitiram sonhar, e sobretudo sonharam comigo, não medindo esforços para o meu crescimento e realização. Minha profunda gratidão e amor. Ao meu irmão, Edmilson e a Vitor meu sobrinho, pelo apoio às minhas decisões e nos constantes desafios apresentados pelo caminho. À minha preciosa amiga, Ana Luiza Góes, pela fé incondicional em minhas habilidades, pelo incentivo, apoio, acolhida e generosidade, em especial a sua filha Diana, pela paciência. À minha orientadora Katia Vergetti Bloch, Pela incansável e respeitada capacidade de compartilhar conhecimentos. Por me mostrar que a observação e a reflexão são indispensáveis para a busca de novas idéias. Pelo otimismo, incentivo e gentileza ao conduzir-me, minha profunda gratidão e admiração. "A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.” (A. Einstein) À Dra. Elizabeth Muxfeldt, meus sinceros agradecimentos pela paciência e disposição em repassar os conhecimentos técnicos durante a realização dos exames da MAPA e pelas valorosas contribuições durante a revisão dos resultados. A equipe do Programa de Hipertensão Arterial – HUCFF/ UFRJ, nas pessoas do Dr. Armando da Rocha Nogueira e Dr. Gil Salles cujo profissionalismo e dedicação contribuíram significativamente para a realização deste trabalho. A equipe médica do Setor de Ergometria do HUCFF, em especial ao Dr. Jaime Gold e Dr. Julio, pelas gentis contribuições. Aos enfermeiros João, Sra. Iva e Sra. Marlene da Divisão de Enfermagem do HUCFF, pelo auxílio na coleta dos dados. A todos os professores e coordenadores do NESC, pelo profissionalismo, por compartilharem sua valorosa experiência, pelo suporte, encorajamento e compreensão, que muito contribuíram para meu crescimento pessoal e profissional. Aos professores Ronir, Rejane e Tânia do departamento de Bioestatística (NESC-UFRJ), pela orientação durante a análise dos resultados. Ao Dr. Evandro Coutinho, pelas contribuições conceituais, indispensáveis a este trabalho. Aos amigos de Mestrado, Ricardo, Nádia e Márcia pelo apoio e incentivo nos momentos difíceis, e sobretudo pela confiança e amizade, que deram leveza a esta jornada. A Jorcely (Jô), Flávia e Alexandre, pela estimada ajuda durante o curso. Aos funcionários do NESC, em especial a D. Ana, Delvaci , Marinete e D. Cleia, pelo profissionalismo e cordialidade demonstrados. Aos pacientes que aceitaram participar deste estudo, o meu muito obrigado. Aos amigos que fiz e àqueles que a distância não impediu de me confortarem. Obrigada pelo incentivo e compreensão dispensados ao longo de mais esta etapa do meu crescimento profissional e pessoal. Finalmente, ao CNPQ pela assistência financeira, e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para o êxito deste trabalho, os meus sinceros agradecimentos. Se estar certo é o teu objetivo, acharás erros no mundo e procurarás corrigi-los, mas não esperes paz de espírito. Se paz de espírito é o teu objetivo, procura pelos erros em tuas crenças e expectativas, procura mudá-los, não mudar o mundo, e esteja sempre pronto para estar errado. Upanishad Chandogya RESUMO LEME, Ednéia A. Associação entre os parâmetros da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA-24H), níveis de atividade física e qualidade do sono em hipertensos de difícil controle. Orientadora: Profa. Katia Vergetti Bloch. Rio de Janeiro: UFRJ/NESC, 2002. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva). Introdução: Entre os hipertensos há um subgrupo que apresenta uma resposta insatisfatória ao tratamento mesmo quando em uso de três ou mais drogas de diferentes mecanismos de ação e em doses adequadas. Estes pacientes são classificados como hipertensos refratários (HAR) e têm um pior prognóstico. Objetivos: Investigar a associação entre atividade física e distúrbios do sono e HAR utilizando a monitorização ambulatorial de 24h (MAPA) no diagnóstico de HAR, diferenciando-a do efeito do jaleco branco (EJB) e de outros tipos de hipertensão (sistólica isolada, noturna). Metodologia: Foi construído um questionário para a avaliação de atividade física e distúrbio do sono, aplicado em pacientes avaliados pelo Programa de Hipertensão Arterial do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – UFRJ, de ambos os sexos, com idade acima de 18 anos, em uso de três ou mais drogas anti-hipertensivas sem controle da pressão arterial (>140/90 2 mmHg), que realizaram MAPA. São descritas as características da população e comparadas as características clínicas e demográficas dos diferentes tipos de hipertensão. Médias e desvios-padrão dos parâmetros da MAPA foram calculadas para as categorias das variáveis estudadas e foi ajustado um modelo de regressão linear múltiplo para cada parâmetro da MAPA, a fim de identificar o melhor conjunto de variáveis que explicam a variação de cada parâmetro. Resultados: Foram avaliados e realizaram MAPA 138 indivíduos; destes, 9 foram excluídos por não alcançarem o padrão requerido de qualidade da MAPA. Dos 129 restantes, 69 (53,5%) indivíduos eram hipertensos refratários, 39 (30,2%) tinham EJB, e 21 (16,3%) outros tipos de hipertensão. A média de idade foi de 58,1 (DP=13,7) anos, 73,6% eram mulheres. A HAR foi mais freqüente nos homens (70,5%) do que nas mulheres (47,4%, p=0,06) e nos indivíduos com distúrbio do sono (62,3%) do que nos que não tinham (40,4%, p=0,01). Não foi detectada associação estatisticamente significativa entre tipo de hipertensão e idade, índice de massa corporal, diabetes e exercício físico. Os hipertensos refratários tiveram mais lesões de órgão alvo (69,6%) do que os pacientes com EJB (59,0%) ou com outro tipo de hipertensão (38,1%, p=0,03). A análise multivariada, evidenciou diferentes conjuntos de variáveis que explicaram, em geral, uma pequena parte da variação de cada parâmetro da MAPA. As 3 pressões de pulso foram os parâmetros que apresentaram os maiores R2 ou seja, tiveram maior percentual da variação (45 a 50%) explicada pelas variáveis estudadas. Conclusões: Os resultados encontrados sugerem que atividade física e distúrbios do sono são fatores associados à hipertensão de difícil controle. A associação dos parâmetros da MAPA com as variáveis estudadas indica que é possível identificar formas mais eficazes de tratamento para subgrupos de pacientes, sabendo-se que indivíduos com determinadas características tendem a ter pressões mais elevadas em determinados períodos do dia, ou, a terem maiores pressões de pulso ou menores descensos noturnos. 4 ABSTRACT Introduction: Among hypertensive patients there is a subgroup with inadequate response to the treatment, even taking three or more drugs with different mechanisms of action and in adequate doses. These patients are classified as refractory hypertensives and have a worse prognosis than other hypertensive patients. Objectives: To investigate the association between physical activity and sleep disorders and refractory hypertension (RH) using 24h ambulatory blood pressure monitoring (ABPM) to discriminate true resistant hypertension from white-coat effect (WCE) and other types of hypertension (systolic, night-time). Methods: A questionnaire was elaborated to evaluate physical activity and sleep disorders. Hypertensive men and women, older than 18 years, evaluated in the Hypertension Program of the University Hospital Clementino Fraga Filho – UFRJ and submitted to ABPM using three or more drugs without control of blood pressure (>140/90 mmHg), answered the questionnaire. Characteristics of these patients are described and compared between the groups with different types of hypertension. Means and standard deviations of the ABPM parameters were calculated for the categories of the studied variables. A multiple linear regression model was 5 fitted for each ABPM parameter, to determine the best set of variables that explain the variability of each parameter. Results: 138 patients were evaluated and submitted to the ABPM; 9 were excluded as their exams (ABPM) did not reach the standard quality criteria. From the 129 studied, 69 (53.5%) had refractory hypertension, 39 (30.2%) had WCE and 21 (16.3%) had other type of hypertension. The mean age was 58.1 (SD=13.7), 63.6% were women. RH was more frequent in men than in women (70.5% vs 47.4%, p=0.06) and in patients with sleep disorders than in patients without it (62.3% vs 40.4%, p=0.01). No significant statistical association was detected between type of hypertension and age, body mass index, diabetes and physical activity. Patients with refractory hypertension had more target organ damage (69.6%) than patients with WCE (59.0%) or with other type of hypertension (38.1%), p=0.03. The multivariate analysis showed different sets of variables that explained, in general, a small amount of the variation of each ABPM parameter. The pulse pressures had the highest R2, that is, they had a high proportion of variability (45 to 50%) explained by the studied variables. Conclusion: The results suggest that physical activity and sleep disorders are associated to uncontrolled hypertension . The association of ABPM parameters with the variables studied may help to identify more 6 effective treatments for sub-groups of patients, once it is known that patients with certain characteristics may have higher blood pressure levels in a specific day period than in others, or, they may have high pulse pressure or reduced nocturnal blood pressure fall. 7 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABPM: Ambulatory blood pressure monitory AVC : Acidente vascular cerebral BP: Blood pressure DBP: Diastolic blood pressure CO2: Gás carbônico DC: Débito cardíaco DCV : Doenças cardiovasculares DN: Descenso noturno DNSIS: Descenso noturno sistólico DNDIAS: Descenso noturno diastólico DND: Diastolic nocturnal decline EJB: Efeito jaleco branco ECG: Eletrocardiograma EUA: Estados Unidos da América FC: Freqüência cardíaca FDA: Food and Drug Administration FR: Frequência respiratória HVE: Hipertrofia ventricular esquerda HA: Hipertensão Arterial HAR: Hipertensão arterial refratária HDL: Lipoproteína de alta densidade HUCFF: Hospital Universitário Clementino Fraga Filho IC: Intervalo de Confiança IMC: Índice de Massa Corporal Kg/m2: Quilogramas por metro quadrado (sistema de medidas) LOA: Lesões de orgão-alvo 8 MAPA: Monitorização ambulatorial da pressão arterial MmHg: Milímetros de mercúrio ML: Mililitros (ml-sistema de medidas) PA: pressão arterial PAD: Pressão Arterial Diastólica PAS: Pressão Arterial Sistólica PP: Pressão de Pulso PASVIG: Pressão arterial sistólica na vigília PADVIG: Pressão arterial diastólica na vigília PAS24H: Pressão arterial sistólica em 24h PAD24H: Pressão arterial diastólica em 24h PASSONO: Pressão arterial sistólica no sono PADSONO: Pressão arterial diastólica no sono PPVIG: Pressão de pulso na vigília PPSONO: Pressão de pulso no sono PP24H: Pressão de pulso em 24h PROHART: Programa de hipertensão arterial do HUCFF RH: Resistant Hypertension REM: rapid eyes movement RR: Risco Relativo SBP: Systolic blood pressure SND: Systolic nocturnal decline TOD: Target organ damage TMB: Taxa metabólica basal UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro VO2: Volume de oxigênio (consumido) WHO: World Health Organization WCE: White coat effect 9 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1: Distribuição do IMC por sexo GRÁFICO 2: Média de IMC por categoria de idade GRÁFICO 3: Fatores de risco para HA distribuídos por sexo GRÁFICO 4: Distribuição total das lesões de órgão alvo por sexo GRÁFICO 5: HAR distribuída por sexo GRÁFICO 6: HAR distribuída por categoria de idade GRÁFICO 7: HAR e presença de Diabetes GRÁFICO 8: HAR e índice de massa corporal categórico GRÁFICO 9: HAR e prática de atividade física regular GRÁFICO 10: Tipos de HA e distúrbios do sono GRÁFICO 11: HAR e descenso noturno quanto aos padrões “dipper” e não “dipper” GRÁFICO 12: Distribuição de LOA por Tipo de HA 10 LISTA DE QUADROS QUADRO 1: Classificação das modalidades de atividade física regular QUADRO2: Distribuição das médias dos parâmetros da MAPA em relação a HAR. 11 LISTA DE TABELAS TABELA 1: Média das pressões de vigília e 24 horas para atividade física relativa TABELA 2: Média das pressões e descenso noturno para atividade física relativa TABELA 3: Média das pressões de vigília e 24 horas para atividade física regular TABELA 4: Média das pressões e descenso noturno para atividade física regular TABELA 5: Média das pressões de vigília e 24 horas para frequência de atividade física TABELA 6: Média das pressões e descenso noturno para frequência de atividade física TABELA 7: Média das pressões de vigília e 24 horas para duração da atividade física TABELA 8: Média das pressões e descenso noturno para duração da atividade física TABELA 9: Média das pressões de vigília e 24 horas para horas trabalhadas TABELA 10: Média das pressões e descenso noturno para horas trabalhadas TABELA 11: Média das pressões de vigília e 24 horas para distúrbios do sono TABELA 12: Média das pressões e descenso noturno para distúrbios do sono 12 TABELA 13: Média das pressões de vigília e 24 horas para duração da sesta TABELA 14: Média das pressões e descenso noturno para duração da sesta TABELA 15: Média das pressões de vigília e 24 horas para horas de TV TABELA 16: Média das pressões e descenso noturno para horas de TV TABELA 17: Média das pressões de vigília e 24 horas para atividade durante TV TABELA 18: Média das pressões e descenso noturno para atividade durante TV TABELA 19: Média das pressões de vigília e 24 horas para sexo TABELA 20: Média das pressões e descenso noturno para sexo TABELA 21: Média das pressões de vigília e 24 horas para idade TABELA 22: Média das pressões e descenso noturno para idade TABELA 23: Modelo de regressão linear para PASVIG TABELA 24: Modelo de regressão linear para PADVIG TABELA 25: Modelo de regressão linear para PASSONO TABELA 26: Modelo de regressão linear para PADSONO TABELA 27: Modelo de regressão linear para PAS24H TABELA 28: Modelo de regressão linear para PAD24H TABELA 29: Modelo de regressão linear para PPVIG TABELA 30: Modelo de regressão linear para PPSONO TABELA 31: Modelo de regressão linear para PP24H TABELA 32: Modelo de regressão linear para DNSIS TABELA 33: Modelo de regressão linear para DNDIAS 13 SUMÁRI0 RESUMO ...................................................................................................................... 1 ABSTRACT ................................................................................................................. 4 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ....................................................... 7 LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................... 9 LISTA DE QUADROS .......................................................................................... 10 LISTA DE TABELAS............................................................................................ 11 INTRODUÇÃO: ...................................................................................................... 15 PRESSÃO ARTERIAL .............................................................................................. 16 VARIABILIDADE DA PRESSÃO ARTERIAL ........................................................ 17 HIPERTENSÃO ARTERIAL .................................................................................... 22 Conceito: ................................................................................................................ 22 CLASSIFICAÇÃO: ................................................................................................. 24 AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL .................................................................. 25 MONITORIZAÇÃO AMBULATORIAL DA PRESSÃO ARTERIAL – CRITÉRIOS DE NORMALIDADE E VALOR PROGNÓSTICO ................... 30 SONO ......................................................................................................................... 32 HIPERTENSÃO ARTERIAL E SONO .................................................................... 32 DIPPERS X NONDIPPERS............................................................................... 34 ATIVIDADE FISICA ................................................................................................ 41 BENEFÍCIOS ......................................................................................................... 43 HAS E ATIVIDADE FISICA ................................................................................... 45 QUANTIFICAÇÃO DA ATIVIDADE FISICA ........................................................ 51 INSTRUMENTOS PARA QUANTIFICAÇÃO DE ATIVIDADE FISICA E GASTO ENERGÉTICO. .................................................................................... 51 CALORIMETRIA .......................................................................................... 52 DOUBLY LABELED WATER (ÁGUA DUPLAMENTE MARCADA) .... 53 VO2 ................................................................................................................. 54 ACELEROMETROS ..................................................................................... 55 FREQÜÊNCIA CARDÍACA ......................................................................... 56 QUESTIONÁRIOS ........................................................................................ 57 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 60 OBJETIVOS ............................................................................................................. 62 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 62 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 64 14 PARTICIPANTES ..................................................................................................... 64 DESENHO DO ESTUDO .......................................................................................... 64 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO:................................................................................. 65 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO: ................................................................................ 65 COLETA DE DADOS:............................................................................................... 66 FICHA DE AVALIAÇÃO CLÍNICA – .................................................................... 66 MAPA......................................................................................................................... 66 PROTOCOLO DA MAPA...................................................................................... 67 FICHA DE AVALIAÇÃO DE NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA ............................ 67 CARACTERÍSTICAS DAS VARIÁVEIS................................................................. 68 TIPOS DE HIPERTENSÃO: .................................................................................. 68 VARIÁVEIS DO Questionário utilizadas na análise: ............................................ 69 MODELO LINEAR MULTIVARIADO ................................................................... 75 RESULTADOS......................................................................................................... 77 CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS .................................................. 77 FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR .......................................................... 77 LESÕES DE ORGÃO-ALVO E OUTRAS PATOLOGIAS ...................................... 81 HIPERTENSÃO ARTERIAL REFRATÁRIA.......................................................... 82 MÉDIAS E DESVIO PADRÃO DOS PARÂMETROS DA MAPA SEGUNDO CATEGORIAS DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES PRÉ SELECIONADAS CONTROLADAS POR SEXO E IDADE. ................................................................. 91 Atividade física relativa .......................................................................................... 91 Atividade física regular .......................................................................................... 92 Frequência semanal da atividade física ................................................................. 94 Duração de pratica da atividade física .................................................................. 95 Número de horas diárias de trabalho .................................................................... 96 Distúrbios do sono .................................................................................................. 97 Sesta ........................................................................................................................ 98 Número de horas que assiste televisão ................................................................... 99 Atividade enquanto assiste televisão. ................................................................... 100 Sexo ....................................................................................................................... 101 Idade ..................................................................................................................... 102 CARACTERÍSTICAS DOS MODELOS SELECIONADOS PARA CADA PARÂMETRO DA MAPA ...................................................................................... 103 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 111 HIPERTENSÃO ARTERIAL REFRATÁRIA ........................................................ 111 MAPA....................................................................................................................... 115 ATIVIDADE FISICA / TRABALHO ...................................................................... 116 SONO ....................................................................................................................... 121 OS MODELOS ......................................................................................................... 125 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................... 127 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 128 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 130 ANEXOS ................................................................................................................... 141 15 INTRODUÇÃO: As doenças cardiovasculares (DVC) – doença arterial coronária, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, insuficiências vasculares e arteriopatias constituem a principal causa de morbimortalidade na população adulta do Estado do Rio de Janeiro, e do Brasil. (Datasus-1996). Sua alta prevalência, aliada à sua morbidade traz como conseqüência um enorme ônus ao sistema de saúde e à qualidade de vida dos indivíduos portadores da doença. Essas patologias podem ocorrer em todas as camadas sociais, nas diferentes faixas etárias, porém são mais freqüentemente observadas em portadores de condições ou doenças preexistentes na história clínica, denominadas genericamente de “fatores de risco”. A prevalência das DCV aumenta dos 40 anos em diante, sendo esse aumento de caráter contínuo até os 80 anos, responsável pela metade da mortalidade total. A população economicamente ativa, entre 30 e 60 anos é a mais afetada. Estudos epidemiológicos demonstraram que a hipertensão arterial, o tabagismo, as dislipidemias, o diabetes, a presença de hipertrofia ventricular esquerda (HVE), a idade, o sexo masculino e a história familiar 16 são fatores de risco reconhecidos para o desenvolvimento futuro de doenças cardiovasculares (1). Dentre os citados, a hipertensão arterial (HA) pode ser considerada, o principal fator de risco para doença cardiovascular. Espera-se que com um tratamento adequado haja uma redução de 39% no risco de AVC; 16% no risco de doença coronariana e 21% no risco de mortes por problemas vasculares.(Dados do Prodatha-1998). A evolução do conhecimento epidemiológico, médico e tecnológico tem viabilizado intervenções em diferentes níveis de prevenção e tratamento que são capazes de reduzir a morbi-mortalidade cardiovascular. Assim é que o reconhecimento de fatores de risco cardiovasculares associados à detecção precoce de lesões de orgãos-alvo (LOA) possibilita a identificação de grupos de maior risco que necessitam de investigação e tratamento mais agressivos. Essa estratégia de abordagem do problema deve ocorrer paralelamente e contribuir com a estratégia de prevenção primária das doenças, que envolve questões mais amplas como educação e modificações de hábitos de vida, tanto individuais como coletivos. PRESSÃO ARTERIAL O nível da pressão arterial é controlado próximo a um valor de referência pela ação simultânea de diversos mecanismos que basicamente 17 regulam a atividade bombeadora do coração e a atividade contrátil do músculo liso vascular nos vasos de resistência. Esta estabilidade é observada tanto em períodos de horas e dias como por quase toda a vida de indivíduos normais não hipertensos. Este estado basal ou valor de referência é comumente chamado nível tônico da pressão arterial (2) . Isto é possível graças a mecanismos de natureza neural, humoral, parácrina e intrínseca do músculo liso vascular, do coração e dos rins que atuam simultaneamente de forma coordenada e hierarquizada. Estes mecanismos ditos pressores e depressores são complexos e não é nosso objetivo descrevê-los aqui. É necessário sim, considerar que eles interagem e se equilibram e que quando o equilíbrio se rompe com predominância de um dos fatores pressores ocorre a hipertensão primária. Essa ruptura pode ser provocada e/ou acelerada pelos fatores ambientais como: excesso de sal na dieta e estímulos psico-emocionais, entre outros (3). VARIABILIDADE DA PRESSÃO ARTERIAL O conhecimento das flutuações (variabilidade) da pressão arterial na vida diária é importante porque há evidências de que a elevação de seus valores associados ao incremento do valor médio da pressão arterial nas 24 horas reflete melhor a agressão sobre os orgãos-alvo, do que unicamente o valor basal ou clínico da pressão nos indivíduos hipertensos (4, 5, 6). 18 As flutuações da pressão arterial nas 24 horas vêm sendo estudadas há muito tempo pelos fisiologistas através do registro contínuo obtido em cães e ratos e os conhecimentos adquiridos procuram ser adaptados para o homem (7, 8, 9). Uma conhecida forma de variação da pressão arterial é atribuída às oscilações da mesma quando o indivíduo está em repouso. São chamadas de variações intrínsecas da pressão arterial e respondem no homem, por aproximadamente 25% da variabilidade total. Classicamente alguns fisiologistas identificaram variações de pressão arterial com maior freqüência, o que atribuíram aos movimentos respiratórios. Outras variações de menor frequência da pressão arterial foram atribuídas às oscilações do sistema simpático (7, 10). Mais recentemente com a possibilidade de realizar medidas diretas da pressão arterial e com a monitorização indireta a cada 10 ou 15 minutos houve um enorme avanço sobre os aspectos fisiológicos da pressão arterial, bem como melhor identificação dos estados hipertensivos e da real carga da pressão sobre a circulação durante 24 horas. A principal influência sobre a variabilidade diária da pressão arterial é exercida pelo grau de atividade física do sono ao exercício (7). 19 Todo o comportamento assumido pelo indivíduo na vida diária envolve atividades físicas e mentais (modificações posturais, alimentação, estado psico-emocional, descanso, sono, andar, correr, comer, falar, etc.), que desencadeiam também ajustes do aparelho circulatório e oscilações da pressão arterial ocorridas em função da ação simpática e da sua atenuação pelos reflexos pressoreceptores e outros controladores da pressão arterial. Essas variações também estão sujeitas às mudanças da temperatura ambiente, da posição do corpo, à prática de atividade física, às atividades do sistema nervoso autônomo, e a outros tantos fatores (11) . A significância clínica dessa variabilidade irregular da pressão arterial tem sido objeto de muitos estudos. Mancia (10) demonstrou que 25% das variações da pressão arterial ocorrem quando o indivíduo está em repouso sendo também chamadas de variações intrínsecas. Outros trabalhos publicados por Mancia registram a pressão arterial batimento por batimento durante 24 horas no homem e demonstram que embora a pressão arterial e a freqüência cardíaca dos hipertensos guarde o mesmo perfil circadiano que nos normotensos, a variabilidade está aumentada. E esta é maior quanto mais elevada for a pressão arterial, guardando relação com a depressão da sensibilidade do reflexo pressoreceptor podendo desempenhar importante papel na ocorrência de eventos cardiovasculares e lesões de orgãos-alvo (7, 12, 13). 20 A variabilidade da pressão arterial está sujeita como dito, a muitos fatores, dentre esses gostaríamos de ressaltar a questão emocional uma vez que está relacionada a uma entidade de suma importância no contexto dessa patologia. Alguns pacientes, na presença do médico, freqüentemente apresentam uma significativa variabilidade da PA conhecida como efeito do “jaleco branco” e hipertensão do “jaleco branco”. A hipertensão do “jaleco branco” ocorre no paciente normotenso que apresenta níveis tensionais elevados na presença do médico. Sua prevalência na população geral oscila em torno de 20% (13). A outra situação que merece nossa atenção é o “efeito do jaleco branco”, uma mudança no paciente hipertenso que ao encontrar-se diante do médico eleva ainda mais a sua pressão arterial, dificultando principalmente o acompanhamento adequado e o controle dos níveis tensionais, caracterizando uma pseudo-resistência ao tratamento (13) . Possivelmente essas pessoas apresentam uma reação de alerta geral exacerbada, respondendo a qualquer tipo de estresse com aumento dos níveis tensionais. Estudos demonstram que aproximadamente 30% dos hipertensos considerados refratários sofrem do efeito do “jaleco branco” (5) quando avaliados pela MAPA, ou seja, fora do consultório médico têm níveis tensionais normais. Em alguns trabalhos estes valores chegam a 50%. 21 O diagnóstico adequado de ambos os casos citados é fundamental para diminuir custos com investigação de hipertensão arterial secundária, número de consultas médicas e tratamento excessivo destes pacientes. Além disso, estes pacientes apresentam menor risco cardiovascular (14). Como veremos posteriormente, o advento da MAPA permitiu que esses distúrbios do controle da PA pudessem ser mais bem estudados e se tornasse uma das principais indicações do exame. Em nosso estudo será investigada a relação entre a variabilidade da PA e o nível de atividade física e qualidade do sono dos pacientes submetidos ao exame. 22 HIPERTENSÃO ARTERIAL CONCEITO: Hipertensão arterial é uma situação clínica que se caracteriza por elevação dos níveis tensionais acima dos valores estabelecidos como normais da pressão arterial sistêmica. A hipertensão arterial é definida como uma entidade de etiologia múltipla, de fisiopatogenia multifatorial, e sua evolução é acompanhada de lesões de órgãos-alvo (cérebro, coração, e rins) (7,3,15). Os valores normais da pressão arterial são difíceis de definir por não haver um valor fixo acima do qual possamos enquadrar um paciente como hipertenso. Na realidade os valores pressóricos estão distribuídos em uma curva normal, sem uma separação real entre normotensão e hipertensão. Portanto a linha divisória entre hipertensão e normotensão é arbitrariamente definida de forma operacional. (Anexo 1) Anos atrás, a hipertensão arterial era definida pelo nível da pressão diastólica talvez por esta sofrer menor variabilidade. Hoje contudo, a pressão sistólica se mostrou tão ou mais preditiva do risco cardiovascular 23 do que a diastólica e deve ser incorporada à nossa definição de hipertensão (4,16) . Um paciente só deverá ser considerado hipertenso quando houver pelo menos três medidas consecutivas em um período de duas ou três semanas com níveis tensionais elevados (>140 mmHg x 90 mmHg). Com efeito, tais medidas são dispensáveis quando o nível pressórico está muito elevado na primeira medida (PAS≥180 mmHg e/ou PAD≥110mmHg), ou quando há evidências de lesão nos orgãos-alvo. Nestas condições, o diagnóstico e conseqüente tratamento já se impõe na primeira consulta (5,4) . Para efeitos práticos na idade adulta consideramos 140/90mmhg o limite superior da normalidade (4,13). Os níveis tensionais e o grau de lesões dos órgãos-alvo devem ser avaliados em separado, porque o grau de lesão dos orgãos-alvo depende em muito de variações individuais e levam a uma outra forma de classificação da hipertensão (Anexo 2). Resultados obtidos em estudos populacionais com pacientes portadores de hipertensão (17, 18, 19) , mostram que quanto maiores os níveis pressóricos maior a morbidade, ou seja, maior o número de complicações. 24 CLASSIFICAÇÃO: A causa da elevação da pressão arterial é desconhecida em 90% a 95% dos casos e é denominada de hipertensão essencial ou primária (3). Em uma minoria de pacientes podemos identificar uma causa específica, que é caracterizada como hipertensão secundária (Anexo 3). Dentre os portadores de hipertensão há uma população que apresenta como característica uma resposta insatisfatória ao tratamento mesmo quando em uso de até três drogas. Esta população particularmente de nosso interesse, pode ser portadora da hipertensão arterial refratária ou resistente (HAR) (17). A hipertensão arterial refratária é definida como a falência em controlar a pressão arterial apesar do uso de três ou mais anti-hipertensivos com diferentes mecanismos de ação (20) . A literatura não é exata quanto à prevalência desta patologia na população (17) , mas estudos (20, 21, 22, 23, 24, 25) mostram que muitos são os fatores que contribuem para esta ausência de resposta ao tratamento anti-hipertensivo dentre eles: efeito do jaleco branco, volume terapêutico inadequado ou interação medicamentosa, falta de aderência ao tratamento, obesidade e resistência à insulina, tabagismo e ingestão de álcool excessiva, etc. 25 AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL A medida da pressão arterial é um procedimento relativamente simples porém de grande importância, uma vez que decidirá o diagnóstico do paciente. A medida da pressão arterial pode ser feita por método direto através da introdução de um cateter na artéria radial que acoplado a um transdutor registra a pressão continuamente. Por ser um procedimento invasivo, seu uso está restrito a pesquisas (7). O método indireto de medida da pressão arterial pode ser: Contínuo; Intermitente - com técnica auscultatória ou oscilométrica, registrada no braço, consistindo na Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial por 24horas; Casual - com técnica auscultatória ou oscilométrica registrada no braço com aparelhos automáticos; Casual - com técnica auscultatória registrada no braço usando esfignomanômetro aneróide ou de coluna de mercúrio. Este é o modo mais utilizado na prática clínica. As primeiras medidas da pressão arterial foram realizadas pelo reverendo Stephen Hales (1677-1761), que canulou a artéria crural de uma 26 égua conectando-a a um tubo de vidro vertical. O resultado foi o deslocamento do sangue nesta coluna que atingiu 8 pés e três polegadas, cerca de 290cm de altura, o que equivaleria a uma pressão de 190 mmHg. Os primeiros relatos de hipertensão arterial foram feitos por Frederick Mahomed (1849-1884), que adaptou o esfigmógrafo de Marey (7,26) , uma invenção francesa para registrar a onda de pulso. Na virada do século, em 1896, Scipione Riva Rocci (1863-1920) desenhou uma bolsa de borracha repleta de ar que podia ser insuflada a fim de ocluir a artéria braquial (7,26) . A pressão medida era considerada como sendo a pressão sistólica, idealizando assim o primeiro esfignomanômetro de coluna de mercúrio. Nicolas Sergievic Korotkoff, foi quem em 1905 associou ao esfignomanômetro de Riva Rocci à possibilidade de auscultar a pressão diastólica. Ele constatou que quando o manguito oclusivo de Riva Rocci era desinsuflado o primeiro som que aparecia coincidia com a pressão arterial sistólica. O abafamento e o desaparecimento dos sons ocorriam em pressões muito mais baixas que foram identificadas como representativas da pressão arterial diastólica. Em 1960, Allen Henmais e Maurice Sokolow, iniciaram o desenvolvimento do método não invasivo ambulatorial de aferição da 27 pressão arterial. Ao realizarem estudos sobre hipertensão arterial em seus pacientes verificaram que muitos deles apesar de apresentarem um alto nível pressórico tinham maior sobrevida que outros com menores pressões. Solicitaram ajuda de um físico e um internista que desenvolveram um modelo de monitor fabricado pela Remler Corporation .Este foi o precursor dos atuais monitores para MAPA. Na sua primeira versão era um sistema volumoso que necessitava de insuflação manual para seu funcionamento. Em 1966, Sokolow, ao utilizar os gravadores Remler, demonstrou pela primeira vez que as medidas ambulatoriais se correlacionavam melhor com lesões de orgão-alvo do que as medidas casuais de pressão arterial. A partir dos trabalhos de Sokolow houve uma corrida para o desenvolvimento de outros modelos de monitores da pressão arterial. Foi durante esta corrida que Frank Scott, na Inglaterra, desenvolveu um gravador não invasivo, plenamente automático, porém não portátil, mas que já permitia a aferição da pressão arterial com o paciente dormindo. Somente no final de 1970 se desenvolveu um sistema automático não invasivo e portátil de monitoramento da pressão arterial chamado Pressurômetro II, que na realidade era semelhante em tamanho ao sistema Remler. 28 Com o aperfeiçoamento do Pressurômetro II, vieram as versões III, IV e mais recentemente o Pressurômetro V. Atualmente dispomos de uma infinidade de equipamentos baseados nas diversas técnicas para medidas da pressão arterial. (Anexo 4). Para a aferição da pressão arterial freqüentemente utilizamos: a tradicional medida casual de consultório, ou a medida domiciliar (automedida) e/ou a MAPA em 24 horas. A medida do consultório é a mais simples, de baixo custo e capaz de diagnosticar hipertensão arterial na maioria dos pacientes porém, devemos lembrar que ela é mais confiável em indivíduos normotensos do que nos hipertensos (27) . A medida domiciliar é útil na avaliação inicial da hipertensão arterial refratária sem lesões de orgãos-alvo e na observação da resposta terapêutica (27,28). Embora as medidas casuais ou de consultório sejam utilizadas nos trabalhos epidemiológicos que associam níveis tensionais e risco cardiovascular, existe uma tendência crescente de se aceitar as medidas fora do consultório médico como as mais fiéis no diagnóstico da hipertensão. Uma vez que as medidas casuais, especialmente na hipertensão leve, apresentam baixos índices de correlação com o aparecimento de complicações provocadas pela hipertensão arterial. 29 As principais limitações da medida domiciliar são (Mion, 1998) (7): Impossibilidade de avaliação durante o sono; Necessidade de treinamento adequado do paciente e familiares; Reação de alerta exacerbada pelo ato de medir a PA (semelhante ao efeito do “jaleco branco”); Induzir a esquema terapêutico prescrito pelo médico de acordo com níveis tensionais encontrados pelo paciente; Falta de padronização da técnica e da calibragem dos aparelhos. Felizmente, a MAPA permite o acesso a essas medidas independentemente da manipulação do equipamento pelo paciente, e por isso vem se tornando um método cada vez mais difundido, sendo útil no diagnóstico de hipertensão arterial e como dito, principalmente no diagnóstico do efeito e da hipertensão do “jaleco branco”. Além disso é importante instrumento na avaliação de pacientes portadores de hipertensão arterial refratária (27) , no acompanhamento da eficácia terapêutica nas 24 horas e possivelmente como preditor de lesões de orgãos-alvo. Devemos lembrar que a MAPA ainda tem uma série de limitações técnicas relacionadas ao equipamento e ao próprio paciente. Segundo o II Consenso Brasileiro para o uso da MAPA o tamanho do cuff, movimentos, posição corporal, grande variabilidade da pressão arterial e o sono seriam 30 limitantes importantes. Pacientes idosos, gestantes e a realização de exercícios físicos também interferem nas medidas (29,30). MONITORIZAÇÃO AMBULATORIAL DA PRESSÃO ARTERIAL – CRITÉRIOS DE NORMALIDADE E VALOR PROGNÓSTICO A Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) por ser uma técnica não invasiva através de método auscultatório e/ou oscilométrico e/ou plestimográfico; é atualmente a melhor técnica disponível para o estudo clínico dinâmico da pressão arterial em condições fisiológicas e patológicas. O uso cada vez mais disseminado da MAPA na prática clínica com o objetivo de definir diagnóstico de hipertensão arterial e controle de eficácia terapêutica chamou a atenção para a necessidade de definição dos valores normais de referência da pressão arterial nas 24 horas. Vários estudos longitudinais foram realizados com o objetivo de estabelecer critérios de normalidade. Esses critérios variam de acordo com a metodologia adotada para definição dos valores limítrofes. Pode-se usar medidas extremas (sistólicas ou diastólicas), ou a média das medidas, como é o caso da carga pressórica, Staessen (1991) (31), em sua metanálise de 23 estudos, concluiu que a suspeita de hipertensão deve ocorrer quando as medidas realizadas pela 31 MAPA forem maiores que 139/87mmHg, ou quando as medidas diurnas ou noturnas da pressão arterial excederem 146/91 ou 127/79 mmHg, respectivamente. 32 SONO HIPERTENSÃO ARTERIAL E SONO Como estaremos tentando estabelecer correlações entre alterações do sono e as variações da pressão arterial, gostaríamos de fazer uma breve introdução sobre as fases do sono e suas características. O sono é definido como um estado de inconsciência do qual a pessoa pode ser despertada por estímulos sensoriais ou por outros estímulos apropriados. A cada noite as pessoas passam por dois tipos diferentes de sono que se alternam um ao outro. Eles são denominados: 1) Sono de Ondas Lentas ou Sincronizado, caracterizado por ondas cerebrais lentas e de grande amplitude no EEG e que se subdivide em 4 estágios de acordo com a profundidade do sono. Os episódios duram de 30 a 60 minutos e ocupam a maior parte do período de sono sendo interrompido por episódios de sono dessincronizado. 2) Sono Rem ou Dessincronizado – neste tipo de sono os olhos apresentam movimentos rápidos daí o nome REM, do inglês rapid eye movement (movimento rápido dos olhos). O sono REM tem menor duração, em geral de 2 a 20 minutos, também chamado de sono paradoxal, por aparecer no EEG como ondas semelhantes às da vigília (baixa 33 voltagem e alta frequência), embora o indivíduo esteja em sono profundo. Essa fase é acompanhada de atonia da musculatura esquelética (7,32). Grande parte do sono a cada noite é da variedade de ondas lentas, este é o tipo de sono profundo e restaurador que a pessoa apresenta durante a primeira hora de sono após ter sido mantida acordada por muitas horas. Episódios de sono REM ocorrem periodicamente durante o sono e ocupam cerca de 25% do tempo de sono do adulto jovem (32) ; normalmente se repetem mais ou menos a cada 90 minutos. Este tipo de sono não é tão restaurador e está geralmente associado aos sonhos. Durante o sono de ondas lentas há uma redução do tônus vascular periférico, como também de muitas outras funções vegetativas do corpo. Além disso, há redução de 10% a 30% da pressão arterial, da freqüência respiratória e do metabolismo basal. Estudos clínicos da pressão arterial através de métodos não invasivos têm mostrado que muitas complicações cardiovasculares da hipertensão primária (hipertrofia ventricular e AVC) (33,34) , são mais freqüentes em pacientes cuja pressão arterial em 24 horas não apresenta um descenso noturno e que conseqüentemente sofrem uma exposição mais longa aos altos níveis de pressão arterial. Da mesma forma há estudos que correlacionam a atividade física com os níveis de pressão arterial, 34 sugerindo que a pressão arterial noturna é principalmente o resultado das atividades “físicas” realizadas no dia-a-dia (35,36). Os estudos mais completos sobre as alterações hemodinâmicas durante o sono foram realizados em gatos pelo grupo de Mancia em Milão (8) . Esses pesquisadores verificaram discreta queda da freqüência cardíaca e do débito cardíaco sem alteração da resistência periférica, com discreta queda da pressão arterial durante o sono sincronizado. Esta queda persiste no sono dessincronizado quando é acompanhada de redução da resistência periférica com queda adicional da pressão arterial. No rato, este padrão de comportamento da pressão arterial é diferente por não haver praticamente alteração da pressão arterial no sono sincronizado. Já, a pressão arterial que era muito estável no sono dessincronizado passa por um período de grandes oscilações. No homem ocorre geralmente uma discreta queda da pressão arterial no sono sincronizado enquanto que no sono dessincronizado, como ocorre no rato, aparece grande instabilidade da pressão arterial, atribuída a modificações tanto do débito cardíaco como da resistência periférica (7). DIPPERS X NONDIPPERS A utilização de medidas intra-arterial, da pressão arterial demonstrou que as mesmas sofrem variações de 20% a 25% entre o dia e a noite. O 35 desenvolvimento de técnicas não invasivas para medir a pressão arterial ao nível de ambulatório tornou possível o aprofundamento das pesquisas no sentido de esclarecer estas variações circadianas da pressão arterial. Já é conhecido o fato de que indivíduos com hipertensão, falência autonômica, apnéia do sono e distúrbios endócrinos, apresentam uma diminuição da variação circadiana da pressão arterial (33). Séries de estudos vêm tentando relacionar estas alterações com a maior incidência de lesões de orgãos-alvo como veremos a seguir. Em estudo de revisão sobre os valores prognósticos da MAPA, Verdechia (29) refere-se à primeira classificação de dippers e nondippers introduzida por O’Brien. Este último classificou os indivíduos com redução da pressão arterial menor que 10% no período noturno como nondippers, e aqueles com variação circadiana normal da pressão arterial como dippers e assim encontrou uma prevalência de 17,1% de nondippers. Verdechia et al (34) estudando uma população de 137 pacientes portadores de hipertensão através da MAPA, encontraram uma prevalência de 40% de indivíduos nondippers. Em 1992, Palatini (37) sugeriu forte associação entre a ausência de descenso noturno e a presença de cardiopatia hipertensiva, questionando se 36 estas alterações observadas na MAPA seriam causa ou efeito das lesões de orgãos-alvo. Em 1993, Fogari (5) comparou quatro grupos com pacientes diabéticos hipertensos e normotensos e não diabéticos hipertensos e normotensos. A elevação da FC e da PAS e a ausência do descenso noturno foram mais importantes nos grupos de diabéticos com HA associada (31%) ou não (30%). Já entre os não diabéticos estas alterações foram observadas em apenas 6,4% dos hipertensos e em 6,0% dos normotensos. No estudo prospectivo de hipertensão, Verdechia (38) acompanhou 1187 hipertensos e um grupo controle de 205 normotensos por 7,5 anos. Observou que o risco relativo de eventos cardiovasculares fatais ou não por 100 pacientes anos foi: normotensos: 0,47 por 100 pacientes/ano; hipertensão do jaleco branco: 0,49 por 100 pacientes/ano; hipertensos dippers e nondippers: 1,79 e 4,99 por 100 pacientes/ano, respectivamente. Após ajustes para marcadores de risco cardiovascular (idade, sexo, diabetes mellitus e HVE), os pacientes dippers com hipertensão essencial revelaram um aumento do risco para eventos cardiovasculares (RR. 3,70: IC 95%. 1,13-12,5) em relação aos pacientes portadores de “hipertensão do jaleco branco”. Há um aumento ainda maior para os pacientes nondippers (RR. 6,26: I.C 95% 1.92-20,32). Uma análise multivariada somente com 37 pacientes hipertensos, revela que o risco para DCV é maior em mulheres nondippers (RR. 6,79: IC. 95% 2,45-18,82). No estudo japonês de Ohasama, Ohkubo (33) investigou a relação entre declínio noturno da pressão arterial e mortalidade. Ele usou as seguintes classificações para as variações noturnas da pressão arterial: nondippers (descenso noturno < 10%), dippers, dippers extremos (descenso noturno > 20%) e dippers invertidos (sem descenso noturno em pressão arterial sistólica ou diastólica). Seus achados revelaram que o risco de mortalidade por doença cardiovascular foi maior para os indivíduos dippers invertidos, seguidos de indivíduos nondippers; e que não havia diferença significativa entre dippers extremos e dippers no tocante à mortalidade por doença cardiovascular. Chaves Júnior (26) mostrou que a PA média de sono e a PAS média do sono são parâmetros promissores para a construção de modelos matemáticos capazes de estimar a probabilidade de existência de HVE e até mesmo ajudaria a quantificar esta hipertrofia, sendo, portanto passíveis de serem utilizadas como marcadores prognósticos na HA. A primeira questão que surge na avaliação do descenso noturno é sobre a reprodutibilidade do método e a responsabilidade da própria monitorização nos distúrbios da qualidade do sono (34). 38 Há desacordos entre os estudos sobre a quantificação da redução da PA noturna em indivíduos saudáveis ou hipertensos. Duas razões explicam tais controvérsias: 1- Alguns estudos usam métodos invasivos, outros usam métodos não invasivos para medir a PA, 2- Os intervalos de tempo utilizados para definir dia e noite também variam de estudo para estudo. Tal fato não permite a comparabilidade entre tais estudos. Mochizuki (39) após ter realizado a MAPA em grupo de indivíduos por 48 horas encontrou variações do padrão de descenso noturno apresentado por um mesmo indivíduo em dias diferentes da monitorização. Com este resultado, o autor mostrou que há uma dificuldade na classificação exata de dippers e nondippers que pode gerar um alto índice de falsos positivos e falsos negativos. Chaves Júnior (26) , realizou três MAPAS de 24 horas consecutivas (com intervalos de 8 a 15 dias entre elas) em indivíduos hipertensos e normotensos e não encontrou diferenças significativas entre os descensos noturnos de ambos os grupos quando analisados como variáveis contínuas, com diferenças absolutas das médias inferiores a 4 mmHg. Já, quando foi utilizado o ponto de corte arbitrário de 10% do descenso noturno houve maior reprodutibilidade para o padrão dipper (88%) do que para o nondipper (69%). 39 Faltam dados para explicar os mecanismos envolvidos nesse fenômeno, que são atribuídos entre outros à hiperatividade simpática e às alterações autonômicas. Apesar de estudos mostrarem que a privação do sono está relacionada com eventos cardíacos, e que indivíduos hipertensos com alteração do sono têm aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca e um aumento da norepinefrina na urina pela manhã, Kato (40) em seu estudo mostrou que a presença destes fatos por si não explica as alterações da pressão arterial durante a noite e sugere que um processo de ativação do mecanismo renina-angiotensina ou a produção de um vasoconstrictor pelo endotélio possam estar envolvidos na alteração deste controle. Há evidências de que uma melhor avaliação do descenso noturno é obtida quando se individualiza o período sono x vigília ao invés de se utilizar um padrão fixo (7, 8,34). Quanto ao intervalo das medidas noturnas, existem diversos protocolos que estabelecem medidas a cada 20, 30 ou 60 minutos. Verdechia (10) mostrou que o maior número de medidas não interfere na qualidade do sono, portanto, nos valores obtidos. Quanto menor o intervalo (ideal a cada 20 minutos), maior o número de medidas registradas e assim, maior a chance de obtermos o mínimo necessário para uma boa avaliação – 40 2 medidas válidas por hora no intervalo noturno segundo o II Consenso Brasileiro para Uso da MAPA (7). É importante ressaltar que todos estes estudos foram realizados em indivíduos hipertensos leves e/ou moderados da população geral, sem haver nenhum estudo específico para pacientes portadores de HAR que demonstre a validade da MAPA como instrumento de avaliação de risco cardiovascular neste grupo de pacientes. 41 ATIVIDADE FISICA “A atividade física é operacionalmente definida como: os movimentos corpóreos produzidos pelos músculos esqueléticos que resultam em gasto energético” (41). Todo o comportamento realizado pelo indivíduo na vida diária envolve atividades físicas e mentais, como: modificações posturais, alimentação, estado psico emocional, descanso, sono, andar, correr, comer, falar, etc. Portanto, a atividade física não engloba somente as atividades desportivas, caminhadas, corridas, etc. mas qualquer tipo de atividade corporal, inclusive aquelas relacionadas aos afazeres domésticos, trabalho, lazer, locomoção, etc. Estima-se que 15% a 40% do gasto energético total e mais de 50% da variação de gasto energético entre populações associam-se à atividade física (41). Os comportamentos realizados pelo homem requerem ajustes do aparelho circulatório e oscilações da pressão arterial que ocorrem em função da ação simpática e da sua atenuação pelos reflexos pressoreceptores e outros controladores da pressão arterial. A intensidade e a “qualidade” desses ajustes irão variar de acordo com as atividades 42 realizadas e com o “condicionamento” do indivíduo. Dentre estes ajustes requisitados para a realização das atividades de vida diária, estão entre outros: a resposta cardiovascular, a distribuição do fluxo sangüíneo, o comportamento da pressão arterial e a diferença arterio-venosa de oxigênio. A resposta cardiovascular durante as atividades tem como objetivo o aumento do fluxo sanguíneo aos grupos musculares em atividade. Na maioria dos exercícios com exceção do isométrico, o débito cardíaco aumenta proporcionalmente ao consumo de oxigênio. A freqüência cardíaca aumenta linearmente com o aumento do consumo de oxigênio e atinge seu valor máximo quando é obtida a captação máxima de oxigênio, tanto em indivíduos sedentários como em atletas altamente treinados. A distribuição do fluxo sangüíneo nas diferentes circulações regionais varia consideravelmente em função da intensidade do exercício, da natureza da atividade contrátil, do nível de aptidão física e das considerações ambientais. Durante o exercício, a pressão arterial sistólica aumenta na proporção direta do aumento do débito cardíaco. A pressão arterial diastólica reflete diretamente a eficiência do mecanismo vasodilatador local nos músculos em atividade. Quanto maior a densidade capilar nos músculos esqueléticos, 43 melhor será a “acomodação” do débito e conseqüentemente menor será a resistência periférica, e menor a pressão arterial. A extração periférica de oxigênio aumenta proporcionalmente à intensidade do exercício e ao nível de aptidão física. Um indivíduo não treinado apresenta extração de cerca de 15ml de O2/100ml de sangue. Em indivíduos treinados, esta marca pode chegar a 18ml de O2/100ml de sangue (42). O conhecimento destes fatores se faz necessário quando vamos avaliar indivíduos do ponto de vista da sua capacidade adaptativa ao exercício, e/ou da sua condição de resposta ao esforço, bem como, quando precisamos quantificar seu gasto energético, para comparações intra ou inter pessoais. BENEFÍCIOS A atividade física nas últimas décadas vem recebendo cada vez mais atenção dos estudos epidemiológicos. Relação entre a inatividade e diversas doenças (cardiovasculares, câncer, diabetes, osteoporose, etc) têm sido descritas (42, 43,44). É conhecido o fato de que o condicionamento físico através do exercício reduz a mortalidade e a morbidade. Estima-se que pequenos 44 aumentos da atividade física em populações sedentárias teriam um impacto maior na redução de doenças crônicas do que a redução do tabagismo (41). Dentre os benefícios da atividade física podemos enumerar: 1. Melhora na função cardio-respiratória, obtido por: Aumento do consumo máximo de Oxigênio, tanto por adaptações centrais como periféricas; Menor dispêndio de oxigênio miocárdio para uma determinada intensidade submáxima absoluta; Pressão sangüínea e freqüência cardíaca mais baixas a uma determinada intensidade submáxima; Maior limiar de exercício para acúmulo de lactato no sangue; Maior limiar de exercício para início dos sintomas das doenças cardiovasculares (por ex. angina); 2. Redução dos fatores de risco de doença da artéria coronária, obtido por: Pressões diastólica e sistólica em repouso diminuídas (ainda que modestamente em hipertensos); Aumento do HDL sérico e redução de triglicérides séricos; Redução da gordura corporal; 45 Necessidades de insulina reduzidas, tolerância à glicose melhorada. 3. Outros: Diminuição da ansiedade e depressão; Melhora da sensação de bem estar; Melhora do desempenho no trabalho e atividades de lazer, ou esportivas (45). HAS E ATIVIDADE FISICA A indicação de condicionamento físico para prevenção e tratamento da hipertensão arterial sistêmica ganhou reforço com a publicação do Sexto “Joint National Committee on Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure”, que além dessa indicação, endossa dados de pesquisas que referem incremento de 20% a 50% no risco de desenvolvimento de hipertensão arterial sistêmica em indivíduos normotensos sedentários e redução da pressão arterial sistólica em aproximadamente 10mmHg após atividade física aeróbica regular (46). 46 Diversos estudos epidemiológicos prospectivos sobre a prática de exercícios regulares mostram associação inversa da mortalidade por doenças cardiovasculares com a prática de atividade física. Nestes estudos se tem investigado o impacto do exercício físico nos pacientes, principalmente, com a avaliação das alterações fisiológicas decorrentes do mesmo e tem-se tentado mostrar a presença de riscos relativos maiores de morte por doença cardiovascular para sedentários, quando comparados com indivíduos fisicamente ativos (42). Embora existam dúvidas sobre os mecanismos de ação do treinamento físico na hipertensão arterial sistêmica, é de consenso seu benefício. Seals e Hagberg (47,48) , em 1983, discutem o efeito do treinamento físico na hipertensão arterial sistêmica ao qual atribuem possivelmente duas respostas que seriam mediadoras da redução da pressão arterial: uma resposta aguda de vasodilatação ao exercício a partir da qual o treinamento físico regular manteria o estado permanente de vasodilatação; da mesma forma que o treinamento físico reduz a frequência cardíaca (FC), em repouso diminuiria também a pressão arterial de indivíduos hipertensos com resposta cardiovascular hipercinética (FC e DC aumentados) em repouso. As duas respostas constituiriam mecanismos de participação da atividade simpática. 47 A prática de atividade física por indivíduos portadores de hipertensão revela que estes indivíduos apresentam uma maior elevação da pressão arterial durante o exercício quando comparados com indivíduos normotensos. Isto se deve provavelmente, a uma tendência em amplificar os estímulos pressóricos devido à hipertrofia da camada média das arteríolas. No entanto, quando o exercício cessa, a pressão arterial tende a cair a níveis pressóricos até inferiores aos do período controle devido a uma redução acentuada do tônus simpático em parte, provocado pelos opióides endógenos liberados no exercício. A duração do efeito hipotensor para alguns autores é de 60 minutos e para outros de até 12 horas. As divergências se devem à metodologia empregada (49,50). Os efeitos crônicos do exercício sobre o sistema nervoso autônomo explicam pelo menos parcialmente, a redução da mortalidade cardiovascular em indivíduos cardiopatas fisicamente condicionados. Alguns dados têm demonstrado que uma única sessão de exercício físico provoca queda da pressão arterial fazendo os níveis pressóricos no período de recuperação permanecerem inferiores àqueles observados no período pré-exercício (50,51,52) . É importante ressaltar entretanto, que essa hipotensão pós-exercício somente terá importância clínica se possuir magnitude expressiva e perdurar por pelo menos 24 horas. 48 A experiência com o treinamento físico em portadores de hipertensão arterial sistêmica é limitada. Arrol (51) em revisão sistemática de 22 trabalhos recentes mostrou que desses, apenas 13 eram controlados e em 12 deles havia falha metodológica importante. Todos os estudos mostraram uma redução da pressão arterial independentemente do peso. A redução média da PA mostrada nos estudos com melhor metodologia, ficou em torno de 6,4±4,4 mmHg para pressão sistólica e em torno de 6,4 ±2,7 mmHg para pressão diastólica. A literatura é muito controversa no que diz respeito à redução dos níveis pressóricos pós-atividade física (53) . Fitzgerald ficou conhecido pela anedota “Se a queda da PA pós-exercício se mantiver por 4 a 10 horas, então bastariam boas caminhadas duas vezes ao dia para o tratamento da hipertensão moderada”. Extensos estudos se seguiram avaliando a relação de atividade física e redução da PA em normotensos e hipertensos porém, a magnitude desta relação ainda não foi sistematizada (54). Somers e colaboradores (49) verificaram redução pressórica apenas por uma hora após o exercício. Wilcox (52) em um estudo com 24 indivíduos relatou não haver redução por longo tempo pós-atividade física e mostrou que esta redução foi importante somente na primeira hora pós- 49 atividade. Forjaz e colaboradores (53) mostraram redução significante da PA por 90 minutos pós-exercício. Em contrapartida Pescatello (46) mostrou haver importante redução dos níveis pressóricos por até 12,7 horas pós-atividade física. As evidências mostram que a dose resposta se mantém relacionada com grandes benefícios derivados do aumento da intensidade e duração da atividade física (47) . Alguns achados sugerem haver uma relação entre um longo período de exercícios e um aumento dependente da vasodilatação endotelial através de um aumento dos níveis de ácido nítrico (58) . Pode-se atualmente sugerir que a atividade física regular provoca aumento crônico da atividade vagal e diminuição da atividade adrenérgica, reduz a mortalidade cardiovascular em cardiopatas através de adaptações funcionais no controle autonômico cardíaco protegendo o miocárdio contra arritmias. A variabilidade da pressão arterial durante os exercícios pode ser de 30 mmHg em indivíduos normotensos, a 40 mmHg em hipertensos (53) fato que decorre de: • Tipo de exercício realizado: exercícios isométricos tendem a elevar mais a pressão arterial do que os exercícios dinâmicos (6). 50 • Grupos musculares envolvidos no trabalho: quanto maior o grupo muscular trabalhado maior será o aumento da pressão arterial durante o exercício, quando se trata de exercícios isométricos. No entanto, para atividades dinâmicas esta regra nem sempre se aplica. • Intensidade e duração do exercício: exercícios mais prolongados e mais intensos levam a uma maior elevação da pressão arterial, principalmente a sistólica, durante a realização dos mesmos. . Seals e colaboradores (47) criticaram modelos de estudos cuja estrutura metodológica é frágil e fazem algumas críticas como: interferência de medicação, necessidade de separação dos diferentes tipos de hipertensão arterial sistêmica, falta de padronização para medida da PA, variações nos programas de exercícios, pouca utilização do consumo de oxigênio (VO2) direto e falta de grupo controle. O que vemos é que os componentes da atividade física diária são muitos e não é fácil medi-la. De fato, esta tarefa se torna ainda mais árdua quando trabalhamos com pacientes cujo índice de atividade física é baixíssimo ou seja, aqueles considerados sedentários (56) . Ainda assim tentaremos categorizá-los de acordo com a quantidade de atividade exercida ao nível domiciliar, laborativo, de lazer e ou “atividade física” propriamente dita. 51 QUANTIFICAÇÃO DA ATIVIDADE FISICA Diversos são os pontos a serem considerados no momento da escolha do instrumento a ser utilizado para quantificação de atividade física e/ou gasto energético: objetivos do estudo, tamanho da amostra, perfil social e cultural, fatores ambientais, acurácia, precisão, entre outros. Muitos instrumentos têm sido utilizados para quantificação de atividade física e gasto energético (59). Vários questionários e equipamentos diferindo metodologicamente com relação à validade, segurança e praticabilidade foram desenvolvidos e validados. Podemos citar por exemplo, a calorimetria direta ou indireta, classificação de trabalho (gasto energético), marcadores fisiológicos, monitores eletrônicos, medidas de dieta, observação comportamental, etc. Os instrumentos considerados mais precisos na maioria das vezes são impraticáveis, principalmente para abordagens em estudos de larga escala por serem muito caros ou de difícil manipulação e utilização pelo paciente ou mesmo por não permitirem observação em tempo real. INSTRUMENTOS PARA QUANTIFICAÇÃO DE ATIVIDADE FISICA E GASTO ENERGÉTICO. Em estudos epidemiológicos não podemos considerar que um único instrumento possa avaliar as várias dimensões da atividade física que 52 incluem: gasto energético, deslocamento de peso, intensidade aeróbica, flexibilidade, fortalecimento muscular. Por exemplo, na obesidade ou doenças relacionadas à obesidade como o diabetes, a mensuração do nível total de gasto energético é relevante. Contrariamente, na osteoporose, uma avaliação da descarga de peso será mais relevante. A atividade física e o gasto energético podem ser medidos por métodos diretos ou indiretos (59,60) , água duplamente (56) . Os métodos diretos incluem: calorimetria marcada (61) , sensores de movimento (acelerômetros), diários, etc. Os métodos indiretos incluem: quantificação da atividade, medidas metabólicas, dados antropométricos, freqüência cardíaca e questionários. Faremos uma breve descrição dos mais conhecidos para que possamos posteriormente esclarecer a nossa escolha. CALORIMETRIA A calorimetria direta é um método utilizado para medir a taxa metabólica basal (TMB), que é a quantidade de energia necessária para a manutenção das funções vitais do organismo. Esta deve ser medida em condições padrão de jejum, repouso físico e mental, em ambiente tranqüilo com controle de temperatura, iluminação e sem ruído. 53 DOUBLY LABELED WATER (ÁGUA DUPLAMENTE MARCADA) Estudos recentes (61) têm validado o uso do método de “Água duplamente marcada” em humanos durante períodos de repouso ou de alta atividade e demonstram que este método é tão preciso quanto a calorimetria e a análise de gases. Em essência esta técnica torna o corpo seu próprio marcador metabólico. Ela baseia-se no conceito de que o oxigênio contido no dióxido de carbono expirado, está em equilíbrio isotópico como o oxigênio contido na água corporal. Uma dose de água contendo Deuterium (2H 2) e isótopo de oxigênio estável 18 O, é ingerido e se equilibra com a água corporal total. Com o passar do tempo, a água perdida do corpo durante a atividade fisiológica normal contém os 2 isótopos marcados em proporção às suas concentrações na água corporal. Nota-se a perda do oxigênio isotópico como água e em adição, este também é perdido no ar expirado como gás carbônico. Portanto, a diferença na taxa de perda entre os dois isótopos marcados está relacionada com a taxa de produção de carbono. O uso de um quociente respiratório mensurado ou assumido juntamente com a taxa de CO2 estimada, pode calcular o consumo de oxigênio e o gasto de energia. 54 Em situações estáveis, a diferença entre as duas eliminações é a medida de dióxido de carbono eliminada. Como o gasto energético é calculado pela produção de dióxido de carbono, com o uso de equações para calorimetria indireta obtém-se o gasto energético. Este método tem como vantagem não precisar colher o ar expirado, pois basta colher amostras de líquidos corporais (urina, sangue ou saliva) antes e após a ingestão do isótopo estável. O indivíduo em observação poderá realizar suas atividades diárias normalmente, com pouca ou nenhuma interrupção. VO2 Podemos considerar que nos últimos 40 anos não houve conceito tão dominante na fisiologia do exercício quanto o consumo máximo de oxigênio. O consumo máximo de oxigênio reflete na realidade, a medida objetiva da capacidade de transportar e utilizar oxigênio ou seja, expressa a capacidade funcional do sistema cardiovascular. O consumo de O2 para um homem adulto jovem em repouso é de aproximadamente 250ml por minuto. No entanto, em condições máximas pode aumentar para aproximadamente 3.600 ml/min em um homem destreinado ou ainda 5.100 ml/min em um maratonista. Tanto o consumo 55 de oxigênio como a ventilação pulmonar total aumenta cerca de 20 vezes entre o estado de repouso e a intensidade máxima do exercício (32). O primeiro método para examinar a VO2 max. foi realizado por Cooper num teste de 12 minutos. Ele está baseado na relação linear de que o aumento da velocidade na corrida aumenta o consumo de oxigênio que ao se aproximar do ponto de esgotamento pode ser utilizado para determinar o VO2 max .(65). Embora as definições de consumo de VO2 max.(62,63) não variem muito entre autores, os protocolos para determinar o VO2 max. podem variar e influenciar o seu valor. ACELEROMETROS Avaliação através de sensores motores especificamente acelerômetros, têm sido amplamente utilizado para “quantificar” atividade física podendo ser usado durante longos períodos sem desconforto pelo sujeito e assim representando as atividades de um dia normal. Alguns dos acelerômetros mais conhecidos são o Caltrac, Actigraph; tri-axial accelerometer Tritrac-R3 D; e tri-axial accelerometer para registro de movimentos (Tracmor). Uma revisão feita por Westerterp, utilizando a calorimetria e a água duplamente marcada para validar algumas marcas de acelerômetros mostrou que não há claras diferenças entre os resultados 56 apresentados por acelerômetros e calorimetria durante a marcha independente do modelo ser o uno-axial ou o tri-axial e onde esteja sendo usado: no pulso, quadril, ou nas costas. Neste mesmo estudo ele verificou que as atividades sedentárias são mais bem refletidas utilizando um acelerômetro tri-axial.(64,61) FREQÜÊNCIA CARDÍACA A monitorização da frequência cardíaca é um método barato que permite acessar o indivíduo em atividades de vida diária e que tem um bom potencial de informação sobre o gasto energético. Um dos problemas desta abordagem é que embora a frequência cardíaca e o gasto energético estejam intimamente relacionados durante o exercício, não há uma relação clara durante os períodos de atividade leve ou de descanso. Outro ponto discutível é a necessidade de “calibração” prévia do indivíduo a fim de encontrar a curva de flexão média que coincide com o ponto de disparo do trabalho anaeróbico. Ou seja, o ponto de referencia ótimo para o indivíduo trabalhar por longos períodos. Esta calibração exige várias medidas feitas em dias e situações diferentes e devem ser anteriores ao teste o que nem sempre é possível (65,66). 57 QUESTIONÁRIOS Um dos métodos mais populares freqüentemente utilizados são os questionários. Os questionários são instrumentos práticos e de fácil acesso. Eles podem diferir no que diz respeito ao período referido. Alguns questionários enfocam atividades passadas (recentes ou remotas) ou atividades do presente. Outros diferem na natureza e tipo de atividade ou seja, podem considerar a atividade física habitual incluindo as atividades ocupacionais, ou ainda focar a atividade física desportiva. Colhem informações de modalidade, frequência e duração da atividade. O modo de coleta dos dados também pode variar, eles podem ser de auto-preenchimento, entrevista por telefone, entrevistas pessoais ou uma combinação de métodos. Finalmente, o método de cálculo de gasto energético também pode diferir (57,58). Estudos como o de Framingham utilizaram questionários para medir atividade física, estes também incluíam horas de sono por dia, trabalho e atividades extracurriculares (56). Lee e colaboradores (62), investigaram uma amostra de 36 indivíduos, incluindo indivíduos saudáveis e portadores de doenças cardíaca no intuito de averiguar a correlação do auto-relato de atividades diárias com uma 58 “escala de atividades específicas”. A análise de regressão foi utilizada para avaliar a correlação entre VO2 max. e a classe da escala de atividade específica revelando forte correlação (r=0,75; p<0.0001). Os dados demonstraram portanto, que a informação auto-relatada na habilidade de executar atividades diárias como expressadas através da “escala de atividade funcional” é altamente reprodutiva. O questionário modificado de Baecke (58) , que faz referência às atividades (de trabalho, domésticas, de estudo ou lazer) realizadas durante o último ano foi utilizado no estudo de BALANS, em uma população alemã participante do EPIC (European Prospective Investigation into Câncer on Nutrition). Neste estudo os autores utilizaram diários para validação do gasto energético. O índice total de Baecke não mostrou ser um bom instrumento para classificar sujeitos de acordo com o nível de atividade física principalmente para mulheres, talvez porque o uso de diários não seja uma boa referência para esta população. O uso de um questionário que enfatize mais as atividades domésticas talvez seja um melhor instrumento (58). Outro tipo de avaliação global é a avaliação de habilidade funcional. Pesquisas de inaptidão, movimento prejudicado, e atividades de vida diária são projetadas para avaliar níveis de atividade física que são abaixo 59 daquelas de populações consideradas “capazes”. Estas pesquisas indexam a habilidade de indivíduos para executar movimentos, ou atividades de vida diária como: caminhada, subir e descer escadas. A suposição é de que aquelas pessoas com maior deficiência são também as menos ativas. Porém, estes instrumentos são geralmente carentes de detalhes com respeito à confiabilidade e validade (57,58,64). A prevalência do tempo despendido vendo televisão é um indicador de sedentarismo (56,64) e têm recebido muita atenção nos estudos relacionados ao sedentarismo e riscos para a saúde. Na realidade há uma variação muito grande de questionários para medir atividade física (57,58). Uma provável razão para esta variedade é que há muitas dimensões da atividade física, e cada uma está associada a um aspecto da vida saudável. Assim a atividade física medida em um estudo, não é a mesma atividade física medida em outro estudo (59). 60 JUSTIFICATIVA A Hipertensão Arterial, como relatado constitui-se hoje em um problema de saúde pública, considerando-se sua alta morbidade. Há entre os pacientes portadores de hipertensão arterial refratária uma grande prevalência de obesidade e sedentarismo, além da associação de múltiplas co-morbidades cardiovasculares e não cardiovasculares que tendem a limitar ainda mais as atividades físicas neste grupo. Considerando a possibilidade de que um pequeno aumento na atividade física desses pacientes pode ser benéfico no controle da hipertensão arterial e na prevenção das suas complicações, a associação dos parâmetros da MAPA, com a atividade física, mesmo de baixa intensidade, pode contribuir para identificar grupos que teriam um maior benefício. 61 A Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial em 24 horas é uma forma que permite avaliar as variações pressóricas, promovidas pela prática da atividade física nesses pacientes (69). Outro ponto importante, discutido atualmente na literatura é a associação entre os distúrbios do sono e hipertensão arterial. A MAPA possibilita investigar essa associação fornecendo informação sobre a influência dos distúrbios do sono na variabilidade da pressão arterial na vigília e no sono. 62 OBJETIVOS Avaliar o padrão da variação da pressão arterial nas 24 horas em pacientes portadores de hipertensão arterial refratária e a associação desse padrão com a atividade física e qualidade do sono através de instrumento de avaliação do nível de atividade física e da MAPA. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Descrever e comparar as características clínicas e demográficas dos diferentes tipos de hipertensão. 2. Construir instrumento simplificado que possa medir o nível de atividade física e a qualidade do sono em população com alto índice de morbidade e sedentarismo. 63 3. Correlacionar padrões de atividade física com variações na curva pressórica medidas pela MAPA (Pressão de pulso, PAS e PAD médias, na vigília, no sono e nas 24 horas) e descenso noturno. 4. Correlacionar padrões de sono com variações na curva pressórica medidas pela MAPA (Pressão de Pulso, PAS e PAD médias, na vigília, no sono e nas 24 horas) e descenso noturno em pacientes com HAR. 64 MATERIAL E MÉTODOS DESENHO DO ESTUDO Foi um estudo seccional, exploratório, utilizando uma amostra por conveniência. O estudo foi previamente aprovado pelo comitê de Ética em Pesquisa do HUCFF-UFRJ e cada paciente entrevistado assinou previamente um termo de consentimento esclarecido. PARTICIPANTES Foram coletados dados em um grupo de hipertensos, com mais de 18 anos, encaminhados ao Programa de Hipertensão Arterial (PROHART), para investigar hipertensão arterial resistente. Estes pacientes foram avaliados em uma primeira consulta, onde o uso prévio de medicação para controle da PA, e/ou o uso de drogas que podiam elevar a PA foram checados e sofreram ajustes quando necessário. 65 Este ajuste terapêutico inicial visava a otimização das drogas e doses medicamentosas, incluindo diuréticos, se o paciente ainda não fazia uso. Depois de 15 a 30 dias num regime medicamentoso adequado os pacientes eram então submetidos a MAPA . CRITÉRIOS DE INCLUSÃO: Homens e mulheres com idade acima de 18 anos, hipertensos em acompanhamento no ambulatório de Clínica Médica do Programa de Hipertensão arterial do HUCFF há pelo menos três meses. Pacientes em uso de três ou mais drogas anti-hipertensivas, sem controle da Hipertensão arterial. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO: Pacientes não cooperativos Hipertensão arterial secundária Existência de doença crônica grave e/ou terminal 66 COLETA DE DADOS: FICHA DE AVALIAÇÃO CLÍNICA – Todos os pacientes foram cadastrados no PROHART por um dos médicos do programa que preenchia uma ficha com informações sóciodemográficas e clínicas (Anexo 5). MAPA Foram utilizados 3 aparelhos automáticos, marca DYNAMAPA, método oscilométrico, movidos à bateria. Os exames que obtiveram no mínimo 70% de medidas válidas foram incluídos no estudo. A programação dos intervalos entre as medidas para o período de vigília era de 10/10 minutos, e para o período de sono, à noite, de 20/20 minutos. Aos pacientes solicitava-se o preenchimento de um diário, com atenção para o registro do horário em que iam dormir e que despertavam, para posterior reajuste do período de sono. 67 PROTOCOLO DA MAPA Os aparelhos eram instalados de segunda a quinta-feira, no período da manhã por um técnico treinado, e retirados 24h após. O braço escolhido para a instalação do manguito era sempre o não dominante. Nos indivíduos com paresias ou paralisias, o braço não parético era escolhido. As medidas avaliadas durante o exame: PAS e PAD média de vigília, sono e 24 horas. Pressão de pulso média de vigília, sono e 24 horas: definida como a diferença entre a pressão sistólica média e a pressão diastólica média, da vigília, do sono e em 24 horas respectivamente. Descenso noturno sistólico e diastólico: definido como a porcentagem de queda das pressões sistólica e diastólica durante o sono, em relação as médias das pressões sistólica e diastólica diurnas. FICHA DE AVALIAÇÃO DE NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA A entrevista foi realizada pela pesquisadora na Sala de Mapa do Programa de Hipertensão arterial (PROHART), previamente à colocação 68 da Mapa, ou imediatamente após a retirada do equipamento, com duração em média de 15 minutos. Os pacientes portadores de déficits de compreensão ou comunicação foram auxiliados pelos acompanhantes nas respostas requeridas. O instrumento utilizado foi construído com a finalidade de captar os baixos níveis de atividade física esperados nessa população, explorando-se diferentes categorias de atividade (Anexo 6). A qualidade do sono explora os distúrbios encontrados com maior freqüência (75, 83). As variáveis analisadas são descritas a seguir. CARACTERÍSTICAS DAS VARIÁVEIS TIPOS DE HIPERTENSÃO: 1.Hipertensão arterial refratária 2.Efeito jaleco branco 3.Outros: hipertensão sistólica isolada 4.Hipertensão noturna 69 VARIÁVEIS DO QUESTIONÁRIO UTILIZADAS NA ANÁLISE: A- Carga horária de trabalho/dia: Considera quem trabalha em casa ou fora. 0.não trabalha 1.< 8 horas 2.≥ 8 horas B- Atividade física total comparativa: Reflete uma auto-análise da intensidade de atividades realizadas, considerando-se trabalho e lazer, comparando-se com a população de mesma idade e sexo. 1.muito menor 2.menor 3.igual 4.maior 5.muito maior * Foi recodificada para: 1.muito menor 2.outras categorias 70 C- Prática de atividade física regular: Considera a prática de qualquer modalidade desportiva, caminhadas, dança, entre outras, desde que realizadas regularmente, há pelo menos 3 meses 0.Não pratica 1.Pratica D - Intensidade e tipo de atividade física: Representada do quadro 1. Havendo mais de uma atividade nos grupos 2 e 3, a frequência e duração serão somadas. Quadro 1- Modalidade, frequência e duração da atividade física regular. Grupos de Atividades 1-Caminhadas Freqüência (dias/semana) Duração (minutos) Há quantos meses ______ por semana __________ __________ 2-Andar rápido, correr, bicicleta, vôlei, ginástica, ______ por semana dança, musculação, __________ __________ 3-Natação, futebol, basquete. ______ por semana __________ __________ 4-Outros (quais): ______ por semana __________ __________ 71 D1- Intensidade: foi avaliada usando-se a soma dos produtos de frequência e duração dos diferentes grupos. Foi categorizada usando-se como ponto de corte o valor da mediana. 0.não faz 1.≤ 160 min 2.> 160 min D-. Duração: O número de meses que pratica a(s) atividade(s), considerando-se no caso de mais de uma o tempo da mais longa. Foi categorizada usando-se como ponto de corte o valor da mediana. 0.não faz 1.≤ 18 meses 2.> 18 meses E- IMC: Peso (kg)x Altura2 (m) 1. <30kg/m2 2. ≥30kg/m2 F- Assiste TV – número de horas que assiste TV/dia. Foi categorizada usando-se como ponto de corte o valor da mediana. 1. <120 min 72 2. ≥120 min G- Atividade durante TV: Considera a realização de atividades como: cozinhar, passar, auxiliar uma criança, tricotar, costurar, durante o período em que esta assistindo TV. 0.não faz 1.faz H- Sesta: se dorme durante o dia, por pelo menos 60 min. 0.não 1.≤ 60min 2.> 60 min I- Distúrbios do sono: Presença de interrupções ou dificuldade para conciliar o sono. 0.Não tem 1.Demora a dormir 2.Acorda 1 vez 3.Acorda + de 1 vez 4.Acorda cedo 5.Combinação de distúrbios 73 Foi categorizada como: 0.Não = 0+1+2+4 1.Sim = 3 + 5 J- Horas de sono: Número de horas dormidas durante a noite. Foi categorizada como: 1 < 8 horas 2 ≥ 8 horas 74 ANÁLISE ESTATÍSTICA Os dados foram armazenados utilizando-se o Software EpiInfo 6 / Versão 6.04d. A análise dos dados foi feita utilizando-se EpiInfo, Stata 7.0 e SPSS. As características da população estudada são descritas usando-se médias e respectivos desvios-padrão e IC. Foi realizada uma análise exploratória dos dados na qual foram comparadas as médias de pressões nos diferentes níveis das variáveis estudadas o que nos permitiu agrupá-las em um número menor de categorias quando adequado. Para a comparação das médias foi utilizado o log neperiano (ln) das variáveis para permitir a utilização de testes paramétricos, T-Student e Anova. Foram realizadas comparações brutas e ajustadas por sexo e idade. 75 A regressão linear múltipla foi utilizada para determinar o melhor subconjunto de variáveis que descreve a relação entre cada variável dependente (parâmetro da MAPA) e as variáveis explicativas (atividade física, sono e outras). MODELO LINEAR MULTIVARIADO Consiste em uma variável dependente ou variável resposta e de uma ou mais variáveis independentes ou variáveis explicativas. Neste tipo de modelo a relação entre a variável dependente e as variáveis independentes assume a seguinte forma: βp Xp+ ε Y= β0 + β1 X1 + β2 X2+ .........+β No modelo de regressão linear múltipla a variável dependente (Y), está numa escala contínua, enquanto as variáveis independentes podem ser utilizadas na forma categórica ou continua. O que se pretende com os modelos de regressão linear é encontrar o máximo de fatores explicativos para a variabilidade da resposta estimada empiricamente, deixando o mínimo de variabilidade por conta do erro. Foi utilizada a estratégia passo a passo para ajuste do modelo iniciando-se com todas as variáveis e retirando-se uma a uma. O nível de significância utilizado para retenção das variáveis no modelo foi p=0,20. 76 As varáveis dependentes foram log transformadas para garantir o pressuposto de normalidade da distribuição dos resíduos e foi investigada pela existência de outliers e de colinearidade. No nosso estudo a variável resposta, são os parâmetros da MAPA (pressões arteriais) e as variáveis explicativas são os valores atribuídos às diversas categorias de atividade física e sono, IMC, idade e sexo. Assim pudemos gerar modelos como os exemplos que se seguem: 1. PAS 24 HORAS = α + β1nível de atividade física +β2padrões de sono + β3sexo + β4idade + β5IMC 2. PRESSÃO DE PULSO 24H = α + β1nível de atividade física +β2padrões de sono + β3sexo + β4idade + β5IMC+ β6HAR 3. DNDIAS = α + β1nível de atividade física +β2padrões de sono + β3sexo + β4idade + β5IMC. 77 RESULTADOS CARACTERÍSTICAS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS Foram entrevistados no total 138 pacientes, destes 09 não apresentaram MAPA dentro dos padrões requeridos, portanto, foram excluídos do estudo. A amostra efetiva continha 129 pacientes, dos quais 26,4% eram homens e 73,6% mulheres. A média de idade da população foi de 58,1 anos (DP= 13,7), sendo a média de idade para homens discretamente maior que a das mulheres, 58,8 (DP=13,8), e 57,9 (DP=13,7) respectivamente. Mais da metade da população, 74,5% não tinha 1o grau completo, desses 15,5% era analfabeta, 38,8% . Em relação ao estado civil 69% dos entrevistados referiam união conjugal. Entre os homens o índice de união conjugal foi maior (76,5%), do que entre as mulheres (66,3%). Apenas 44 entrevistados (33,3%) apresentavam algum tipo de vínculo empregatício. O tipo de vínculo mais freqüente foi autônomo (52,5%). A média diária de horas trabalhadas foi de 8,5 horas (DP=2,6). FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR A seguir são apresentadas as distribuições de alguns fatores de risco cardiovascular. As tabelas correspondentes encontram-se em anexo (Anexo 7). A média do índice de massa corporal (IMC) para a amostra estudada (n=106) foi de 30,1 Kg/m2 (DP=7). Nos GRÁFICOS 1 e 2 estão apresentadas as médias de IMC por sexo e faixa etária. 78 GRÁFICO 1 – Distribuição do IMC por sexo IMC<30 IMC>30 % 100 80 70,4 60 53,2 46,8 40 29,6 20 0 Homens N=27 Mulheres N=79 As mulheres são mais obesas (média= 30,9 DP=7,3) do que os homens (média= 27,6 DP= 5,2). 79 GRÁFICO 2 – Média de IMC por categoria de idade IMC<30 % IMC>30 100 80 68,8 60,3 60 39,7 40 31,3 20 0 <60 anos N=58 >60 anos N=48 Os indivíduos mais jovens são mais obesos (média=31,5 DP=7,1) do que os mais velhos (média=28,4 DP=6,5). A prevalência de tabagismo na população estudada foi 8,5% e o uso de bebida alcoólica foi referida por 24% dos entrevistados, sendo que dentre estes 8,5% faziam uso de bebida alcoólica no mínimo 3 vezes por semana. A modalidade mais freqüente de atividade física foi a caminhada (81%). 80 No GRÁFICO 3 apresentamos prevalência destes entre outros fatores de risco por sexo. GRÁFICO 3 – Fatores de risco por sexo HOMENS N=27 MULHERES N=79 5,3 Tabagismo 5,3 Tabagismo 18,9 Uso de Álcool 18,9 Uso de Álcool História F amiliar de Doença Coronariana História Familiar de Doença Coronariana 28,6 História F amiliar de HA 92,3 0 20 40 60 80 70,5 Sedentarismo 70,5 Sedentarismo 62,9 Dislipidemia 62,9 Dislipidemia 55,7 Distúrbios do Sono 55,7 Distúrbios do Sono 35,7 Diabetes 35,7 Diabetes 28,6 % 100 História Familiar de HA 92,3 0 20 40 60 80 % 100 81 LESÕES DE ORGÃO-ALVO E OUTRAS PATOLOGIAS Em relação às lesões de orgão-alvo 60,6% (80) dos pacientes apresentavam alguma lesão. As distribuições das lesões podem ser vistas no GRÁFICO 4. GRAFICO 4: Lesões de órgão alvo distribuídas por sexo. Homens Mulheres 3,7 ICC DCART ICC 14,8 2,9 TIA/AVC 14,5 22,2 TIA/AVC Nefropatia Nefropatia 30,5 55,9 60 Retinopatia Qualquer lesão 76,5 0 20 40 60 80 % 55,8 Retinopatia 56,1 0 20 40 60 100 n=26 n=53 ICC: Insuficiência cardíaca congestiva AIT(TIA): Ataque isquêmico transitório Qualquer lesão DCART: Doença arterial AVC: Acidente vascular cerebral Em mulheres não foi detectada a presença de doença arterial periférica. 80 % 100 82 HIPERTENSÃO ARTERIAL REFRATÁRIA Hipertensão arterial refratária foi confirmada em 69 (53,5%) pacientes. O Efeito jaleco branco foi constatado em 39 (30,2%) pacientes. Os demais pacientes, 21 (16,3%) apresentavam outros tipos de hipertensão. A seguir são apresentadas as distribuições de alguns fatores de risco cardiovascular por tipo de hipertensão. As tabelas correspondentes encontram-se em anexo (Anexo 8). GRÁFICO 5– Tipo de hipertensão por sexo HAR EJB Outros % 100 p-valor=0,06 p-valor = 0,06 80 70,5 60 47,4 34,7 40 20 17,6 11,8 17,9 0 Homens N=34 Mulheres N=95 Os homens tendem a ter mais HAR do que as mulheres. 83 Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os tipos de hipertensão em relação a idade, IMC e diagnóstico de diabetes como pode ser visto nos GRÁFICOS 6,7 e 8. GRÁFICO 6– Tipo de hipertensão por categorias de idade HAR % EJB Outros 100 p-valor=0,14 80 60 56,5 50,7 33,9 40 26,9 22,4 20 9,7 0 <60 anos N=67 n=67 >60 anos N=62 84 GRÁFICO 7– Tipo de hipertensão e presença de Diabetes HAR % EJB Outros 100 p-valor=0,77 80 60 56 51,8 40 28 26,8 21,4 16 20 0 IMC<30 n=56 IMC>30 n=50 Somente 96 pacientes da amostra possuíam dados sobre diabetes. 85 GRÁFICO 8– Tipo de HA e Índice de Massa Corporal HAR % EJB Outros 100 p-valor =0,81 80 60 58,7 57,6 40 33,3 28,6 20 12,7 9,1 0 Tem Diabetes n=33 Não tem Diabetes n=63 Somente 106 pacientes da amostra possuíam dados sobre IMC. 86 GRÁFICO 9– Tipo de HA e prática de atividade física regular HAR % 100 EJB Outros p-valor=0,41 80 60 55,9 47,2 38,9 40 26,9 17,2 20 13,9 0 Não Faz Exercício n=93 Faz Exercício n=36 Não há evidências de associação estatisticamente significativa entre atividade física e tipo de hipertensão. 87 GRÁFICO 10- Tipo de HA e distúrbios do sono HAR % EJB Outros 100 p-valor=0,01 80 62,3 60 40,4 40 32,7 26,9 20 28,6 9,1 0 Não Tem Distúrbio N=52 Tem Distúrbio N=77 Pacientes que referiram distúrbios do sono têm mais HAR do que os pacientes que não referiram. 88 GRÁFICO 11: HAR e descenso noturno segundo a classificação: “dipper’’ e não “ dipper’’ Dipper % 70 Não Dipper p-valor=0,27 60,9 60 53,8 46,2 50 40 52,4 47,6 39,1 30 20 10 0 HAR N=69 EJB N=39 Outros N=21 No grupo de pacientes com HAR a prevalência de não dipper foi mais elevada. 89 GRAFICO 12: Distribuição de lesões de orgão-alvo por tipo de HAR Tem LOA % 100 Não tem LOA p-valor=0,03 80 69,6 61,9 59 60 41 40 38,1 30,4 20 0 HAR N=69 EJB N-39 Outros N=21 As médias e desvio-padrões dos parâmetros da MAPA para os diferentes tipos de hipertensão estão demonstradas no quadro 2. Com exceção dos descensos noturnos todos os demais parâmetros da MAPA são mais elevados para os pacientes com HAR. 90 QUADRO 2- Distribuição das médias dos parâmetros da mapa por tipo de hipertensão arterial. HIPERTENSÃO ARTERIAL REFRATÁRIA(69) EFEITO JALECO BRANCO(39) OUTROS PASVIG 154,5 127,7 126,5 DP 1,10 1,07 1,11 PADVIG 89,1 75,2 79,8 DP 1,15 1,09 1,09 PASSONO 141,2 112,2 112,2 DP 1,12 1,06 1,09 PADSONO 78,3 63,1 68,0 DP 1,17 1,12 1,15 PAS24H 151,4 124,0 122,7 DP 1,09 1,06 1,10 PAD24H 86,5 73,0 76,7 DP 1,15 1,09 1,12 PPVIG 63,4 50,9 45,6 DP 1,20 1,19 1,18 PPSONO 60,9 47,0 42,9 DP 1,25 1,18 1,17 PP24H 63,4 50,9 45,6 DP 1,20 1,19 1,18 DNSIS (%) 7,8 9,6 9,1 DP 2,20 2,05 2,20 DNDIAS (%) 11,1 15,3 14,2 DP 10,36 8,00 7,36 Pressões (mmHg) (21) 91 MÉDIAS E DESVIO PADRÃO DOS PARÂMETROS DA MAPA SEGUNDO CATEGORIAS DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES PRÉ SELECIONADAS CONTROLADAS POR SEXO E IDADE. A análise inicial dos parâmetros da Mapa sugeria uma tendência para algumas variáveis, embora muitas vezes este “padrão” não se apresentasse estatisticamente significativo. Notava-se também, que em alguns casos havia uma tendência que se repetia para grupos de parâmetros da MAPA (vigília/sono, sistólica/diastólica). ATIVIDADE FÍSICA RELATIVA A análise da variável Atividade Física Relativa, sugere que as pessoas que se julgavam com muito menos atividade que seus pares apresentavam as médias das pressões maiores que as médias dos demais grupos, conforme apresentado nas tabelas 1 e 2. Embora somente as pressões de pulso (vigília e 24h) tenham sido estatisticamente significativas ao nível de 5%. Tabela 1- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões de vigília e 24h para atividade física relativa. PASVIG PADVIG PAS24H PAD24H PPVIG PP24H MUITO MENOR DP OUTRAS DP 149,95 86,95 146,00 83,84 63,00 62,16 141,59 84,09 138,62 81,40 57,50 57,22 18,33 14,19 18,44 14,37 13,56 13,29 19,59 12,98 19,09 12,40 13,36 13,82 P-VALOR 0,09 0,74 0,12 0,85 0,02 0,03 92 Tabela 2- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões do sono e descenso noturno para atividade física relativa. MUITO MENOR DP PASSONO PADSONO PPSONO DNSIS DNDIAS 132,74 73,74 59,00 11,58 15,58 19,43 15,48 12,69 3,83 6,45 OUTRAS DP 128,39 21,52 73,42 13,10 54,97 14,76 9,22 8,55 12,41 9,76 P-VALOR 0,37 0,60 0,06 0,22 0,45 ATIVIDADE FÍSICA REGULAR A análise da Atividade física regular, revelou que os pacientes que tem alguma atividade física apresentam médias menores para os parâmetros da MAPA, e maiores descensos noturnos. Apenas para PASSONO houve significância estatística ao nível de 10% e para PPSONO ao nível de 5%. Tabela 3- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões de vigília e 24h para atividade física regular. PASVIG PADVIG PAS24H PAD24H PPVIG PP24H NÃO FAZ DP 143,86 20,61 84,33 13,21 140,84 19,89 81,73 12,37 59,53 13,91 59,11 13,85 FAZ DP 140,14 16,55 84,97 13,16 136,78 16,83 81,83 13,64 55,17 11,92 54,94 13,40 P-VALOR 0,44 0,95 0,35 0,69 0,20 0,20 93 Tabela 4- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões do sono e descenso noturno para atividade física regular. NÃO FAZ DP PASSONO PADSONO PPSONO DNSIS DNDIAS 131,03 73,90 57,13 8,78 12,10 21,75 13,27 14,78 8,00 9,64 FAZ DP 123,86 19,06 72,33 13,90 51,53 13,10 11,58 7,98 14,89 8,53 P-VALOR 0,10 0,33 <0,01 0,28 0,16 94 FREQUÊNCIA SEMANAL DA ATIVIDADE FÍSICA A análise da frequência semanal da atividade física revelou que as pressões sistólica, diastólica e de 24h, parecem não ser influenciadas. Quanto às pressões de pulso e descenso noturno parece haver um gradiente, embora as diferenças não sejam estatisticamente significativas. Tabela 5- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões de vigília e em 24 horas para freqüência de atividade física. NÃO FAZ DP ≤160 MIN PASVIG 143,86 PADVIG 84,33 PAS24H 140,84 PAD24H 81,73 59,53 PPVIG 59,11 PP24H 20,61 138,85 3,21 82,45 9,89 135,75 12,37 78,95 13,91 56,40 13,85 56,80 DP >160 MIN DP 16,71 141,75 16,75 11,40 88,13 14,83 17,04 138,06 17,03 12,06 85,44 14,99 13,54 53,63 9,73 16,16 52,63 8,84 PVALOR 0,62 0,34 0,59 0,20 0,38 0,32 Tabela 6- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões do sono e descenso noturno para freqüência de atividade física. NÃOFAZ DP ≤160 DP PASSONO 131,03 21,75 124,30 PADSONO 73,90 13,27 70,45 57,13 14,78 53,85 PPSONO 8,78 8,00 10,50 DNSIS 12,10 9,64 14,30 DNDIAS PMIN >160 MIN VALOR DP 19,53 123,31 19,07 0,25 11,28 74,69 16,69 0,40 16,09 48,68 7,49 0,12 7,58 12,94 8,51 0,35 7,94 15,63 9,42 0,32 95 DURAÇÃO DE PRATICA DA ATIVIDADE FÍSICA A análise da duração de prática da atividade física, revelou um padrão semelhante ao da freqüência semanal de atividade física, sendo que aqui também parece haver um gradiente para as pressões de pulso. No caso da pressão arterial sistólica do sono as diferenças são estatisticamente significativas ao nível de 10%. Tabela 7- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões de vigília e 24h para duração de prática de atividade física. NÃO FAZ DP ≤18 MESES DP >18 MESES DP PASVIG 143,86 PADVIG 84,33 PAS24H 140,84 PAD24H 81,73 59,53 PPVIG 59,11 PP24H 20,61 143,75 13,21 87,20 9,89 140,65 12,37 83,85 13,91 56,55 13,85 56,80 17,33 135,63 14,74 82,19 17,79 131,94 5,76 79,31 12,32 53,44 14,94 52,62 14,82 10,66 14,66 10,36 11,55 11,22 PVALOR 0,40 0,63 0,29 0,66 0,33 0,28 Tabela 8- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões e descenso noturno para duração de prática de atividade física. NÃOFAZ DP ≤18MESES DP PASSONO 131,03 21,75 128,50 PADSONO 73,90 13,27 75,25 57,13 14,78 53,25 PPSONO 8,78 8,00 10,70 DNSIS 12,10 9,64 13,70 DNDIAS 21,01 16,23 4,26 8,36 9,77 >18MESES DP 118,06 68,69 49,37 12,69 16,38 14,95 9,56 11,56 7,60 6,68 PVALOR 0,09 0,28 0,13 0,11 0,24 96 NÚMERO DE HORAS DIÁRIAS DE TRABALHO O número de horas diárias de trabalho, sugere que aqueles pacientes que trabalham 8 horas ou mais têm pressões sistólica, diastólica e descenso noturno maiores, enquanto que os que não trabalham apresentam maiores pressões de pulso. Apenas para as pressões diastólicas da vigília e descenso noturno sistólico as diferenças foram estatisticamente significativa ao nível de 5%. Tabela 9- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões de vigília e 24h para horas trabalhadas. NÃOTRAB DP PASVIG 141,91 18,06 PADVIG 82,40 13,21 PAS24H 139,08 17,78 PAD24H PPVIG PP24H 79,86 59,51 59,22 P<8 HORAS ≥ 8 HORAS VALOR DP DP 141,36 23,61 150,25 19,23 0,29 85,11 11,14 94,69 11,73 0,04 138,14 22,81 145,75 19,04 0,39 12,91 82,54 11,93 56,25 12,53 55,61 0,60 17,72 17,41 90,50 55,56 55,25 11,55 12,83 13,18 0,11 0,76 0,72 Tabela 10- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões e descenso noturno para horas trabalhadas. NÃO TRAB ≥ 8 HORAS <8 HORAS DP DP DP PASSONO 128,81 19,71 127,64 22,61 132,63 21,21 73,89 11,03 79,31 13,41 PADSONO 72,22 13,53 56,59 12,90 53,7 17,89 53,31 16,39 PPSONO 9,15 7,60 9,54 6,99 11,81 11,70 DNSIS 12,31 8,89 12,96 8,48 15,75 13,05 DNDIAS PVALOR 0,77 0,61 0,88 0,07 0,45 97 DISTÚRBIOS DO SONO Pacientes que apresentam distúrbios do sono têm pressões médias mais elevadas e menores descenso noturno. Essas diferenças foram estatisticamente significativas ao nível de 5% para as pressões sistólicas e de pulso e ao nível de 10% para descenso noturno sistólico. Tabela 11- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões de vigília e 24 horas para distúrbios do sono. PASVIG PADVIG PAS24H PAD24H PPVIG PP24H NÃOTEM 137,65 83,88 134,58 81,35 53,77 53,23 DP 17,28 11,35 16,97 10,66 12,48 12,17 TEM 146,31 84,94 143,17 82,04 61,38 61,13 DP 0,35 14,29 19,79 13,94 13,34 14,00 P-VALOR 0,02 0,39 0,01 0,50 <0,01 <0,01 Tabela 12- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões e descenso noturno para distúrbios do sono. NÃO TEM DP PASSONO 123,06 18,39 PADSONO 72,83 12,23 50,23 12,14 PPSONO 10,48 8,44 DNSIS 12,94 10,55 DNDIAS TEM DP 133,06 22,13 73,90 14,22 59,17 14,92 8,95 7,80 12,83 8,60 PVALOR 0,01 0,45 <0,01 0,09 0,96 98 SESTA A análise da sesta revelou que indivíduos que dormem por mais de 60 minutos durante o dia tendem a apresentar pressões mais baixas do que aqueles que não dormem durante o dia, exceto para as pressões diastólicas da vigília e do sono e para descenso noturno sistólico. As diferenças não são estatisticamente significativas e não é possível identificar um gradiente. Tabela 13- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões de vigília e 24 horas para sesta. PASVIG PADVIG PAS24H PAD24H PPVIG PP24H NÃO FAZ DP 141,70 18,35 86,57 12,97 138,27 18,17 82,80 12,89 55,14 12,01 55,48 13,36 ≤ 60 MIN DP 144,92 20,05 83,93 12,93 142,07 19,37 81,73 12,40 60,98 14,64 60,34 14,61 > 60 MIN DP P-VALOR 139,96 20,69 0,65 82,35 13,97 0,58 136,77 20,14 0,52 80,08 13,26 0,95 57,62 12,25 0,14 56,69 12,15 0,18 Tabela 14- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões do sono e descenso noturno para sesta. NÃO FAZ DP PASSONO 126,75 20,68 PADSONO 73,75 13,39 53,25 13,11 PPSONO 10,41 9,11 DNSIS 14,93 9,55 DNDIAS ≤ 60 MIN DP 131,76 21,80 73,90 13,73 57,86 16,04 9,00 7,67 11,83 9,60 P> 60 MIN VALOR DP 126,69 20,77 0,48 72,42 13,19 0,94 54,27 12,67 0,25 9,42 7,00 0,70 11,77 8,36 0,23 99 NÚMERO DE HORAS QUE ASSISTE TELEVISÃO Existe uma tendência ao aumento das médias das pressões sistólica, diastólica e de pulso, e uma redução do descenso noturno proporcionais ao número de horas vendo TV. A mesma tendência para parâmetros da Mapa, com médias maiores das pressões e menores descensos noturnos, também ocorre para aqueles pacientes que não realizam nenhuma atividade enquanto veêm TV, como visto nas tabelas 15, 16, 17 e 18, embora as diferenças observadas não sejam estatisticamente significativas. Tabela 15- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões de vigília e 24 horas para horas de TV. PASVIG PADVIG PAS24H PAD24H PPVIG PP24H ≤ 120 MINUTOS DP 141.73 18,72 85,31 12,86 138,16 18,13 82,38 12,13 56,42 13,59 55,78 14,55 > 120 MINUTOS DP P-VALOR 144,29 20,74 0,33 83,44 13,57 0,99 141,78 20,33 0,21 80,93 13,45 0,91 60,85 13,03 0,10 60,85 13,79 0,07 Tabela 16- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões do sono e descenso noturno para horas de TV. ≤ 120 DP PASSONO 127,03 PADSONO 73,35 53,68 PPSONO 10,34 DNSIS 13,72 DNDIAS MINUTOS > 120 MINUTOS DP P-VALOR 20,82 131,73 13,51 73,62 14,55 58,11 8,18 8,53 9,70 11,75 21,61 13,40 14,16 7,86 8,93 0,17 0,38 0,15 0,62 0,25 100 ATIVIDADE ENQUANTO ASSISTE TELEVISÃO. Tabela 17- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões de vigília e 24 horas para atividade durante TV. PASVIG PADVIG PAS24H PAD24H PPVIG PP24H NÃO FAZ DP 144,11 19,07 85,49 12,87 141,04 18,58 82,64 12,63 58,62 13,78 58,40 14,13 FAZ 138,91 81,53 135,66 79,09 57,38 56,56 DP 20,81 13,72 20,38 12,66 12,70 12,89 P-VALOR 0,30 0,46 0,22 0,57 0,08 0,26 Tabela 18- Médias ajustadas por sexo e idade das pressões e descenso noturno para atividade durante TV. NÃO FAZ DP 19,93 PASSONO 130,37 13,05 PADSONO 74,40 55,97 14,49 PPSONO 9,41 7,78 DNSIS 12,78 9,14 DNDIAS FAZ 124,97 70,62 54,34 10,03 13,16 DP P-VALOR 24,57 0,18 14,30 0,04 14,69 0,24 9,00 0,83 10,28 1,74 101 SEXO Em relação ao Sexo, as mulheres apresentam menores médias para os parâmetros da MAPA, exceto para as pressões de pulso, como visto na tabela 19. Essas diferenças só foram estatisticamente significativas para as pressões diastólicas da vigília e 24h. Tabela 19- Médias ajustadas por idade das pressões de vigília e em 24h para sexo PASVIG PADVIG PAS24H PAD24H PPVIG PP24H HOMENS DP 146,62 18,66 90,03 14,32 142,62 17,65 86,88 13,47 56,59 11,46 55,74 11,56 MULHERES DP P-VALOR 141,46 19,80 0,16 82,54 12,18 <0,01 138,66 19,59 0,26 79,93 11,93 0,02 58,93 14,14 0,41 58,74 14,50 0,27 Tabela 20- Médias ajustadas por idade das pressões do sono e descenso noturno para sexo. HOMENS DP 19,51 PASSONO 130,91 13,98 PADSONO 77,94 52,97 12,99 PPSONO 10,59 8,74 DNSIS 12,85 11,18 DNDIAS MULHERES DP P-VALOR 128,36 21,84 0,48 77,86 12,91 0,13 56,49 14,96 0,17 9,20 7,83 0,29 12,88 8,73 1,00 102 IDADE Os indivíduos mais velhos têm pressões diastólicas mais baixas e pressões de pulso mais elevadas que os indivíduos mais jovens. Em relação às pressões sistólicas e aos descensos noturnos, não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos etários. Tabela 21- Médias ajustadas por sexo das pressões e descenso noturno para idade. PASVIG PADVIG PAS24H PAD24H PPVIG PP24H ≤ 60 ANOS DP 143,13 19,50 89,30 12,60 139,97 19,78 86,63 12,29 53,84 11,78 53,34 11,57 > 60 ANOS DP 142,48 19,80 79,34 11,78 139,42 18,51 76,50 10,57 63,15 13,62 62,92 14,37 P-VALOR 0,81 0,00 0,88 <0,01 <0,01 <0,01 Tabela 22- Médias ajustadas por sexo das pressões e descenso noturno para idade. ≤ 60 ANOS DP 22,96 PASSONO 128,73 14,65 PADSONO 77,42 51,31 12,40 PPSONO 10,10 8,50 DNSIS 13,43 8,84 DNDIAS > 60 ANOS DP P-VALOR 129,35 19,32 0,76 69,19 10,48 <0,01 60,16 15,28 <0,01 8,98 7,60 0,61 12,27 10,00 0,48 103 CARACTERÍSTICAS DOS MODELOS SELECIONADOS PARA CADA PARÂMETRO DA MAPA Como as variáveis foram logo transformadas, os coeficientes representam a variação das pressões na escala log. PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA NA VIGÍLIA (PASVIG) O melhor modelo gerado está resumido na tabela 23. As variáveis retidas neste modelo são capazes de explicar 9% das variações da PASVIG. Tabela 23 – Resumo do modelo de regressão linear para PASVIG VARIÁVEIS 1 Distúrbios do sono 2 2 Assistir TV 2 3 Ativ. física relativa 2 4 Jornada trabalho 2 Constante COEFICIENTE 0,05 0,03 -0,06 0,09 4,94 P-VALOR 0,01 0,13 0,04 0,01 0,00 IC (95%) 0,01 / 0,10 -0,01 / 0,08 -0,13 / -0,00 0,02 / 0,16 4,87 / 5,01 1-ter distúrbios do sono 2- assistir TV ≤120 min/dia 3- outras categorias 4- trabalhar > 8 h/dia 104 PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA NA VIGILIA (PADVIG) O melhor modelo gerado está resumido na tabela 24. As variáveis retidas neste modelo são capazes de explicar 25% das variações da PADVIG. Tabela 24 – Resumo do modelo de regressão linear para PADVIG VARIÁVEIS 1 Sexo 2 2 Idade 2 3 Freq. de atividade física 2 4 Jornada de trabalho 2 5 Atividade física relativa 2 6 Atividade física relativa 3 Constante COEFICIENTE -0,08 -0,11 0,05 0,07 -0,04 -0,04 4,54 P-VALOR 0,00 0,00 0,16 0,05 0,16 0,14 0,00 IC (95%) -0,13 / -0,02 -0,15 / -0,06 -0,21 / 0,12 -0,00 / 0,14 -0,11 / 0,01 -0,09 / 0,01 4,48 / 4,60 1-sexo feminino 2- idade >60 anos 3- prática atividade física > 90 min/sem 4-trabalha > 8 h/dia 5ter menos atividade física que maioria 6-ter atividade física igual maioria PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA DO SONO (PASSONO) O melhor modelo gerado está resumido na tabela 25. As variáveis retidas neste modelo são capazes de explicar 8% da variação da PASSONO. Tabela 25 – Resumo do modelo de regressão linear para PASSONO VARIÁVEIS Duraçao da at. física 2 Ativ. durante TV 3 Distúrbios do sono Constante 1 COEFICIENTE -0,08 -0,05 0,06 4,83 P-VALOR 0,03 0,10 0,14 0,00 IC (95%) -0,16 / -0,00 -0,11 / 0,01 0,01 / 0,12 4,78 / 4,87 1-duração da atividade física >18 meses 2- ter atividade durante TV 3-ter distúrbios do sono PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA DO SONO (PADSONO) 105 O melhor modelo gerado está resumido na tabela 26. As variáveis retidas neste modelo são capazes de explicar 14% da variação da PADSONO. Tabela 26 – Resumo do modelo de regressão linear para PADSONO VARIÁVEIS Sexo 2 2 Idade 2 3 Duração da at. fís. 2 4 Ativ. física relativa 2 Constante 1 COEFICIENTE -0,08 -0,11 -0,07 0,04 4,39 P-VALOR 0,01 0,00 0,10 0,19 0,00 IC (95%) -0,15 / -0,20 -0,17 / -0,05 -0,16 / 0,01 -0,02 / 0,12 4,33 / 4,46 1-sexo feminino 2- idade >60 anos 3-duração da atividade física > 18 meses 4- menos atividade física que maioria PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA DE 24H (PAS24H) O melhor modelo gerado está resumido na tabela 27. As variáveis retidas neste modelo são capazes de explicar 8% das variações da PAS24H. Tabela 27 – Resumo do modelo de regressão linear para PAS24H VARIÁVEIS COEFICIENTE P-VALOR 1 -0,06 0,07 Atividade fís. relativa 2 2 0,04 0,07 Tempo de TV 2 3 0,06 0,01 Distúrbios do sono 2 4 0,08 0,02 Jornada de trabalho 2 4,91 0,00 Constante 1- outras categorias horas IC (95%) -0,12 / 0,00 -0,00 / 0,08 0,01 / 0,10 0,01 / 0,15 4,84 / 4,98 2-tempo de TV >120 min/dia 3- ter distúrbios do sono 4-jornada de trabalho >8 PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA EM 24H (PAD24H) 106 O melhor modelo gerado está resumido na tabela 28. As variáveis retidas neste modelo são capazes de explicar 24% das variações da PAD24H. Tabela 28 – Resumo do modelo de regressão linear para PAD24H VARIÁVEIS 1 Sexo 2 2 Idade 2 3 Frequencia da at. física 1 4 Jornada de trabalho 2 Constante COEFICIENTE -0,08 -0,11 -0,04 0,05 4,50 P-VALOR 0,00 0,00 0,17 0,14 0,00 IC (95%) -0,13 / -0,02 -0,16 / -0,07 -0,10 / 0,01 -0,01 / 0,12 4,45 / 4,56 1-sexo feminino 2- idade >60 anos 3- prática de atividade física ≤ 90 min/sem 4- jornada de trabalho > 8 horas/dia PRESSÃO DE PULSO NA VIGILIA (PPVIG) O melhor modelo gerado está resumido na tabela 29. As variáveis retidas neste modelo são capazes de explicar 46% das variações da PPVIG. Tabela 29 – Resumo do modelo de regressão linear para PPVIG VARIÁVEIS 1 Ha 2 2 Ha 3 3 Sexo 2 4 Idade 2 5 Tempo de TV 2 6 Jornada de trabalho 2 7 Sesta 1 8 Ativ. física relativa 2 9 Distúrbios do sono 2 Constante COEFICIENTE -0,21 -0,27 0,11 0,13 0,05 0,06 0,06 0,08 0,06 3,97 P-VALOR 0,00 0,00 0,00 0,00 0,12 0,16 0,03 0,04 0,05 0,00 IC(95%) -0,28 / -0,14 -0,35 / -0,18 0,04 / 0,18 0,06 / 0,19 -0,13 / 0,11 -0,02 / 0,16 0,00 / 0,12 -0,17 / -0,01 -0,00 / 0,12 3,86 / 4,09 1- efeito jaleco branco 2 –outros tipos de ha 3- sexo feminino 4- idade > 60 anos 5- tempo de TV>120 min/dia 6- jornada de trabalho > 8 horas/dia 7- faz ≤ 120 min/dia de sesta 8-tem menos atividade física que a maioria 9- tem distúrbios do sono 107 PRESSÃO DE PULSO NO SONO (PPSONO) O melhor modelo gerado está resumido na tabela 30. As variáveis retidas neste modelo são capazes de explicar 49% das variações da PPSONO. Tabela 30 – Resumo do modelo de regressão linear para PPSONO VARIÁVEIS 1 Har 2 2 Har 3 3 Sexo 2 4 Idade 2 5 Distúrbios do sono 2 6 Siesta 1 7 Ativ. física relativa 2 8 Frequencia da at. física 2 Constante COEFICIENTE -0,25 -0,30 0,16 0,11 0,06 0,06 -0,08 -0,11 3,90 P-VALOR 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07 0,06 0,05 0,01 0,00 I,C (95%) -0,32 / -0,17 -0,41 / -0,23 0,08 / 0,23 0,04 / 0,17 -0,00 / 0,13 -0,00 / 0,12 -0,16 / 0,01 -0,21 /- 0,19 3,80 / 3,99 1- efeito jaleco branco 2 –outros tipos de ha 3- sexo feminino 4- idade > 60 anos 5-tem distúrbios do sono 6- faz ≤ 120/dia 7- tem menos atividade física que a maioria 8- faz >90 min/sem atividade física 108 PRESSÃO DE PULSO EM 24H (PP24H) O melhor modelo gerado está resumido na tabela 31. As variáveis retidas neste modelo são capazes de explicar 49% das variações da PP24h. Tabela 31 – Resumo do modelo de regressão linear para PP24H VARIÁVEIS Har 2 2 Har 3 3 Sexo 2 4 Idade 2 5 Tempo de TV 2 6 Jornada de trabalho 2 7 Ativ. física relativa 2 8 Siesta 1 9 Distúrbios do sono 2 Constante 1 COEFICIENTE -0,22 -0,28 0,12 0,13 0,05 0,07 -0,08 0,06 0,06 3,95 P-VALOR 0,00 0,00 0,00 0,00 0,07 0,13 0,06 0,04 0,04 0,00 IC (95%) -0,29 / -0,16 -0,37 /- 0,20 0,05 / 0,20 0,07 / 0,19 -0,00 / 0,11 -0,02 / 0,16 -0,16 / 0,00 0,00 / 0,12 0,00 / 0,12 3,84 / 4,07 1- efeito jaleco branco 2 –outros tipos de ha 3- sexo feminino 4- idade > 60 anos 5- tempo de TV>120 min/dia 6- jornada de trabalho > 8 horas/dia 7- outras categorias 8- faz ≤ 120 min/dia de sesta 9- tem distúrbios do sono 109 DESCENSO NOTURNO SISTÓLICO (DNSIS) O melhor modelo gerado está resumido na tabela 32. As variáveis retidas neste modelo são capazes de explicar 11% das variações do DNSIS. Tabela 32 – Resumo do modelo de regressão linear para DNSIS VARIÁVEIS COEFICIENTE P-VALOR IC (95%) 1 Ativ. física relativa 2 -0,47 0,02 -0,87 / 0,07 2 Duraçao da at. física 2 0,51 0,02 0,07 / 0,94 3 Jornada de trabalho 2 0,65 0,00 0,21 / 1,10 4 Distúrbios do sono 2 0,20 0,18 -0,49 / 0,09 2,52 0,00 2,10 / 2,94 Constante 1- outras categorias 2- prática de atividade física >18 meses 3- jornada de trabalho > 8 horas/dia 4- tem distúrbios do sono 110 DESCENSO NOTURNO DIASTÓLICO (DNDIAS) O melhor modelo gerado está resumido na tabela 33. As variáveis retidas neste modelo são capazes de explicar 9% das variações do DNDIAS. Tabela 33 – Resumo do modelo de regressão linear para DNDIAS VARIÁVEIS 1 Har 2 2 Har 3 3 Ativ. física relativa 5 4 Ativ. física relativa 3 5 Frequência da at. física 2 6 Sesta 2 7 Sesta 1 8 Ativ. física relativa 2 Constante COEFICIENTE 4,29 3,61 -4,50 -3,95 3,26 -4,46 -3,72 -6,85 16,30 P-VALOR IC (95%) 0,01 0,71 / 7,87 0,11 -0,85 / 8,08 0,05 -9,14 / 0,13 0,05 -7,98 / 0,07 0,18 -1,63 / 8,16 0,05 -9,03 / 0,10 0,04 -7,34 / -0,11 0,00 -11,50/ -2,21 0,00 12,31/ 20,28 1- efeito jaleco branco 2 –outros tipos de ha 3- tem mais atividade física que a maioria 4- tem mesma atividade física que a maioria 5- Faz >90 min/sem atividade física 6- faz > 120 min/dia de sesta 7-faz ≤ 120 min/dia sesta 8- tem menos atividade física que a maioria . 111 DISCUSSÃO Há uma predominância de mulheres (73,6%) na população estudada que reflete a distribuição dos pacientes atendidos no Programa de Hipertensão e no HUCFF de uma forma geral. A população é idosa e os indivíduos mais jovens assim como as mulheres tendem a ser mais obesos. Cerca de 54% dos indivíduos tinham baixa escolaridade (primário incompleto) e apenas um terço dos pacientes tinham algum vínculo empregatício, caracterizando uma população de baixo nível sócioeconômico. A prevalência de sedentarismo em nossa amostra foi elevada (72,1%), confirmando achados de outros estudos que mostram que o sedentarismo é mais freqüente entre as mulheres, os idosos e nos indivíduos com menor escolaridade (Crespo et al., 2000) (41). HIPERTENSÃO ARTERIAL REFRATÁRIA Em uma primeira análise comparou-se os hipertensos refratários com os hipertensos com efeito do jaleco branco e com outros tipos de hipertensão. Para esta abordagem considerou-se a relação com as variáveis: sexo, idade, IMC, diabetes, atividade física, distúrbios do sono e lesões de orgão-alvo, bem como a média dos parâmetros da MAPA para este grupo. 112 A avaliação inicial da Hipertensão refratária mostrou uma prevalência de 53,5% na amostra, quando a literatura fala em torno de 10% a 20%(17,71) .Tal fato ocorreu provavelmente por serem estes pacientes triados a partir de um centro de referência para hipertensos (17) , onde há maior probabilidade de encontrarmos hipertensão resistente. A variação nas médias dos parâmetros da MAPA quando a análise é feita estratificando-se para os tipos de hipertensão (refratária, jaleco branco e outras), confirma como esperado (16,17) que os pacientes portadores de hipertensão arterial refratária apresentam maiores médias para os parâmetros da MAPA do que os demais. Também observamos que o descenso noturno é menor nestes pacientes. Ao analisarmos a presença de lesão de orgão-alvo (considerando-se qualquer uma delas) por tipo de hipertensão confirmamos como já relatado (17,19,71) ,que os portadores de hipertensão refratária têm mais lesões que os demais grupos. A presença de obesidade, diabetes e de sedentarismo, parece estar associada à hipertensão arterial refratária (5, 14,71). Tais achados são referidos por Haq et al (17) em artigo de revisão, onde a presença de diabetes é 12% mais prevalente em pacientes com HAR do que no grupo controle. Esse achado é atribuído provavelmente à nefropatia diabética. Os mesmos 113 autores fazem referências a estudos que encontraram maior prevalência de obesos e sedentários entre os pacientes com HAR ao relatar que Isaksson et al encontraram 76% de sedentários entre portadores de HAR contra 42% em grupo controle. Em nossa amostra os portadores de hipertensão arterial refratária têm maior média de IMC e são mais sedentários, porém estas associações não foram estatisticamente significativas. Em relação ao Diabetes também não encontramos uma associação estatisticamente significativa. A relação estreita entre diabetes e hipertensão é relatada por Misael (72) em referência ao estudo multicêntrico “Hypertention Optimal Treatmente (HOT) em andamento com cerca de 19.000 pacientes, cujos resultados iniciais obtidos a partir de 12.550 pacientes indicaram que a presença de Diabetes tipo II aumenta o risco para hipertensão (RR=2,50). Dados similares são confirmados por Sowers (73) em seu estudo de revisão, que aborda grandes “trials” como o SHEP, UKPDS, HOPE, SYST EUROTRIAL, entre outros. Sabemos que a diminuição nos níveis de atividade física pode contribuir para a obesidade, resistência à insulina e conseqüentemente com o Diabetes (72) . No estudo “HOT” ficou demonstrado que os pacientes 114 diabéticos com freqüência requerem mais de 3 drogas para controle da hipertensão no âmbito da pressão diastólica. Não termos encontrado resultados estatisticamente significativos em relação aos fatores de risco citados, pode ser devido ao fato do presente estudo não ter tido poder suficiente para evidenciar essas associações. Pode-se supor também que por se tratar de um estudo seccional os indivíduos com maior risco (por exemplo diabetes e hipertensão refratária), estejam sub-representados, por terem uma menor sobrevida. Contrariamente ao esperado, uma vez que a hipertensão tende a se agravar com a idade (74, 86) , as médias dos parâmetros da MAPA são maiores para os pacientes mais jovens (≤60 anos). Ao investigarmos algumas características dos pacientes com < 60 anos que pudessem justificar esse pior perfil não encontramos associações com sexo, diabetes ou sedentarismo, que o explicassem. Apenas uma maior média de IMC=31,5 (DP= 7,1), quando comparados com os indivíduos com > 60 anos, cujo IMC=28,4 (DP 6,5 p-valor=0,02), parece justificar o padrão primário encontrado. A explicação mais provável é o viés de sobrevivência devido ao qual os pacientes mais graves não tenham atingido idades mais avançadas. 115 MAPA Alguns autores sugerem que as medidas realizadas pela MAPA podem estar subestimadas ou superestimadas (26) , em função de inadequação do equipamento (tamanho do cuff, posição do braço, etc). Sugerem que a utilização do equipamento pode interferir no sono, pois o insuflar e desinsuflar do “cuff” a cada 10 ou 20 minutos de acordo com o protocolo utilizado, pode promover uma redução do sono dessincronizado e acordar o paciente ao longo da noite, como relatado por Staessem (30). Com isso pode haver um aumento de 5 a 15 mmHg na pressão sistólica. Costa (70) sugere que a MAPA pode reduzir os níveis de atividade física, pois alguns indivíduos relataram diminuição da atividade social por incomodo com o insuflar do “cuff”. O estudo de diários de pacientes submetidos a MAPA mostrou uma tendência a restringir as atividades ao nível domiciliar. A redução pressórica durante o sono foi analisada de forma contínua. A análise da variável categórica (dipper vs não dipper), pode levar a erro de classificação quando se utiliza o ponto de corte em 10% para a redução da PA noturna. Segundo Chaves Júnior, há uma maior possibilidade de concordância do padrão dipper do que para o não dipper quando são realizados MAPAS repetidos (26). 116 Outros autores apontam para a importância da MAPA sobre as medidas casuais ou de consultório, pela capacidade da primeira em diferenciar a HAR do EJB (26, 71), e por permitir um estudo dos marcadores de risco para lesões de orgão-alvo (19) como a pressão de pulso (75,78) eo descenso noturno (33,34,37). No presente estudo o uso da MAPA nos permitiu não somente um diagnóstico de HAR e de EFJB, como viabilizou a investigação da influência de diferentes fatores em períodos de vigília e sono nas 24h. ATIVIDADE FISICA / TRABALHO O questionário foi escolhido como instrumento para aferição dos dados por ser um método prático, não invasivo (68) e menos dispendioso do que outros, podendo ser aplicado em ampla escala e utilizado rotineiramente nas atividades assistenciais. Outros métodos além de caros, por vezes exigem situações controladas (60,61,62,64,63) . Não havendo métodos precisos para acessar a atividade física (Baecke et al 1982, La Porte et al 1985) e embora pese sobre os questionários os possíveis vieses de memória, diversos estudos confirmam a sua validade quando comparados com outros métodos como por exemplo o VO2 e a Calorimetria (61). 117 Segundo Arrol (51) , as atividades físicas diárias podem produzir grandes reduções nos níveis de pressão arterial, razão pela qual nos propusemos a investigar a associação de diferentes aspectos relacionados a essas atividades e os parâmetros da MAPA, buscando relacioná-las. Para isto necessitávamos de um instrumento que dimensionasse os possíveis graus de atividade física realizada no trabalho, lazer e durante as atividades domésticas. Este instrumento foi construído a partir da adaptação de partes de instrumentos utilizados em outros estudos (56,57,58,68,76). Acessar informações sobre atividade física em uma população com índice de atividade tão baixo, implicou na busca de questões simplificadas que todavia reportassem tais níveis de atividade. Assim, utilizamos o número de horas despendidas com TV, como uma das formas de avaliar níveis de sedentarismo (56) . Baseados em um estudo de Schechtman (76) introduzimos uma questão sobre a prática total de atividades relatada por auto avaliação comparativa. O uso de diários, comum em muitos estudos para avaliação e comparação dos níveis de atividade física, não pode ser utilizado no presente estudo devido à dificuldade dos pacientes em preenchê-los adequadamente, principalmente os de menor nível de instrução, maioria na nossa amostra. 118 A auto avaliação do nível de atividade física confirma o fato de que aqueles que julgam ter muito menos atividade que os demais apresentam maiores níveis pressóricos. Assim parecer haver um certo poder discriminatório desta questão. Para Hagberg (48) a pressão arterial sistólica tende a diminuir progressivamente com o aumento da freqüência de exercícios, enquanto a pressão arterial diastólica demora um pouco mais para responder à atividade e cessa esta resposta depois de um período de treinamento. Acreditando que a freqüência semanal de exercícios e o tempo em que os pacientes vinham praticando atividade física regular, pudesse interferir de forma diferenciada nos parâmetros da MAPA como relatado, avaliamos individualmente estes pontos pois poderiam evidenciar a influência de diferentes aspectos da atividade física na PA. No que diz respeito à freqüência semanal de exercício, as variações dos parâmetros da MAPA não foram tão evidentes (indivíduos com freqüência intermediária de atividade física tiveram pressões mais baixas). No entanto, quando analisamos a atividade física partindo do tempo em que ela vem sendo praticada, os pacientes que fazem atividade há mais de 18 meses têm uma redução de todos os parâmetros da MAPA, embora nem sempre estatisticamente significativa. Leary (36) em seu estudo faz 119 referência ao fato de que a prática de atividade física pode promover um aumento do descenso noturno e portanto contribuir para a diminuição das lesões de orgão-alvo. A dimensão da atividade física no lazer nestes pacientes foi avaliada portanto, através da freqüência, intensidade e duração da atividade. Sendo a atividade física realizada no trabalho uma forma de avaliar a atividade física, e se considerarmos que o aumento de atividade está relacionado a uma diminuição dos níveis pressóricos, era esperada a redução das médias dos parâmetros da MAPA para indivíduos que tivessem uma maior jornada de trabalho. No presente estudo as médias pressóricas foram menores entre os que trabalham até 8 horas, quando comparadas com quem não trabalha, o que pode refletir não apenas uma maior atividade física dos que trabalham, como também o fato de que não trabalhar pode ser conseqüência de um pior estado de saúde. No entanto, aqueles que trabalham mais de 8 horas apresentaram elevação da PA em relação aos que trabalham menos de 8 horas, fato que pode estar relacionado a outros fatores como por exemplo, o stress psicossocial (26) gerado pela atividade ocupacional e por condições precárias de trabalho. Vrijkote (77) em estudo com 109 mulheres trabalhadoras, monitoradas em dias de trabalho e dias de descanso, encontrou aumento da 120 pressão sistólica durante o trabalho e aumento da frequência cardíaca póstrabalho, o que atribuiu a um aumento da reação ao stress diário e ao aumento do tônus vagal. Um aumento do tônus vagal tem efeito semelhante à reação de alerta (75), que promove um aumento da pressão arterial sistólica tal qual a sofrida por muitos pacientes durante consulta e que leva ao efeito do jaleco branco. Há um aumento na ejeção ventricular aliado a um aumento da resistência periférica. A pressão sistólica tem uma relação muito forte com a pressão de pulso (78) interferindo nas variações da mesma. Durante a análise exploratória dos dados observou-se que algumas variáveis do questionário traziam embutidas questões sócio-econômicas e não mediam exclusivamente o gasto energético dispendido. Portanto, foram retiradas da análise. Exemplos foram: a variável sobre atividade doméstica que questionava sobre o uso de eletrodomésticos, como aspirador de pó e máquina de lavar ou existência de auxiliar. Embora essas variáveis possam medir diferentes níveis de gasto energético dependem também do poder econômico do paciente. O mesmo ocorreu com a questão sobre locomoção para o trabalho, uma vez que predominam as grandes distâncias entre os locais de trabalho e as residências, o uso de meio de transporte particular ou coletivo está associado mais uma vez ao poder econômico mais que ao gasto energético. Alguns autores como Hayashi et al (83) , no entanto 121 demonstraram que caminhar para o trabalho contribuí para a redução dos níveis pressóricos. Outra forma utilizada para analisar o gasto energético foi através do tempo que assiste TV e como assiste. A análise das variáveis referentes a TV, mostra que aqueles que assistiam mais que 120 minutos de TV apresentavam tendência a maiores médias, principalmente para as pressões sistólicas e pressões de pulso, e menores descensos noturnos. O que é esperado, uma vez que se acredita que os pacientes que assistem mais TV são mais sedentários e por vezes mais obesos (79) ,portanto, com médias pressóricas mais elevadas. Com efeito, realizar alguma tarefa durante o tempo em que assiste TV parece ter influência positiva, pois revela uma redução das médias de todos os parâmetros da MAPA e aumento do descenso noturno. SONO Recentes estudos levaram o VI JNC (82) a incluir a síndrome obstrutiva da apnéia do sono entre as situações clínicas responsáveis pela hipertensão resistente. Em nosso estudo os achados em relação aos distúrbios do sono apresentaram-se em sua maioria estatisticamente significativos, o que sugere um certo poder discriminatório do nosso 122 instrumento de mensuração. Sabemos que os estudos do sono exigem equipamento e ambiente controlados de difícil emprego em estudos epidemiológicos. Os estudos na área de sono e hipertensão ainda são recentes, e o uso da polissonografia, considerada hoje o padrão-ouro, tornaos muitas vezes difícil. Outros métodos menos complexos que a polissonografia devem ser testados para promover a investigação e classificação destes distúrbios nos pacientes portadores de HAR. Em nosso estudo os pacientes informavam o número de horas de sono, as dificuldades com o sono e o uso de medicação para dormir. O padrão de variação dos diversos parâmetros da MAPA orientou o agrupamento das 6 categorias iniciais de distúrbios do sono nas duas categorias utilizadas na análise: distúrbio do sono presente ou ausente. Os pacientes que acordam mais de uma vez durante a noite ou que apresentam uma combinação de vários distúrbios têm maior interferência no sono (80,81) , e foram agrupados como tendo distúrbios do sono. Já os pacientes com apenas dificuldade em iniciar o sono, ou que acordam antes do previsto, ou ainda acordam só uma vez durante a noite ou não acordam, foram agrupados como não tendo distúrbio do sono. Os maiores descensos noturnos ocorrem durante o sono sincronizado, havendo uma maior variabilidade da pressão durante o sono 123 dessincronizado. É provável que um maior número de interrupções do sono levem a uma maior variabilidade da PA e conseqüente redução do descenso noturno. Dentre os fatores que contribuem para os distúrbios do sono têm relevância os transtornos respiratórios, como a apnéia do sono, associados à hipertensão resistente (82,81). Estudos mostram que a privação do sono está relacionada com eventos cardíacos e com piores prognósticos no que diz respeito as lesões de orgão-alvo (81,82). Kato et al (40) , em estudo sobre os efeitos da privação do sono realizado com indivíduos saudáveis, encontraram na manhã seguinte aumento significante da pressão (86±2 mmHg), em indivíduos privados do sono comparados com indivíduos que tiveram sono normal (82±3 mmHg; p=0,01). Os autores sugerem que este efeito possa decorrer de ativação do sistema renina angiotensina ou de aumento na produção de vasoconstritor pelo endotélio. O que, segundo os mesmos, contraria a hipótese de que a privação do sono levaria ao aumento da atividade simpática ou da potencialização da resposta circulatória neural ao estresse, como dito por Lusardi . 124 Palatini et al (37) , dizem que a redução da diferença entre as pressões diurna e noturna pode ser causa ou conseqüência do aumento das lesões de órgãos-alvo em hipertensos e que seu mecanismo não é claro. Sugerem que a diminuição dessas diferenças entre as pressões pode ser conseqüência de um efeito do ortostatismo durante o dia. Por outro lado, dados obtidos em pacientes com hipertensão severa, acamados, sugerem que uma resistência periférica que ele chama de “fixa” pode ocorrer pela não redução normal da pressão durante o sono. Baseados nesta informação, buscamos constatar em nossa população se os pacientes portadores de alterações do sono também apresentavam elevação das médias pressóricas em relação aos demais pacientes (32, 36). A análise dos distúrbios do sono revelou que os pacientes que referiram distúrbios do sono têm maiores médias para todos os parâmetros da MAPA, e menores descensos noturnos. A prática da sesta (dormir durante o dia), mostrou uma tendência a redução das médias dos parâmetros da MAPA, quer das pressões sistólicas, quer das pressões diastólicas. O mesmo não se observando para as pressões de pulso e descenso noturno. 125 OS MODELOS Todas as variáveis independentes relacionadas à atividade física e sono juntamente com as variáveis HAR, IMC, idade e sexo, foram utilizadas em diferentes combinações. A variável que representava tipo de hipertensão foi utilizada somente nos modelos dos parâmetros de pressão de pulso e descenso noturno, uma vez que os demais parâmetros são utilizados na definição de hipertensão arterial refratária e EJB Assim obtivemos o modelo que melhor se adequou a cada parâmetro. Embora os modelos apresentem em sua maioria pequena capacidade para explicar as variações nos parâmetros da MAPA, podemos observar alguns padrões de acordo com a participação de cada variável nos modelos dos diferentes parâmetros. As variáveis: sexo e idade, têm influência predominante nas pressões diastólicas e nas pressões de pulso, onde o sexo feminino e idade maior que 60 anos, reduzem as PAD e aumentam as PP. O aumento da PP com a idade é esperado, uma vez que com a idade as paredes dos vasos tornam-se mais rígidas. O fato de mulheres e indivíduos mais velhos terem menores níveis de PAD deve-se possivelmente ao viés de sobrevivência, que leva a uma sub-representação dos grupos de maior risco (homens, indivíduos mais velhos), já que esses 126 têm menos chances de serem captados em estudos seccionais. O fato das mulheres e dos indivíduos mais jovens serem mais obesos também responde por esse padrão. A jornada de trabalho (> 8h) leva a um aumento das PAS, PAD e PP da vigília e 24h, e do DNSIS. A atividade física relativa, na categoria em que os pacientes comparativamente têm a mesma intensidade ou intensidade maiores de atividade física do que seus pares, parece estar relacionada com a diminuição das PAS e PP da vigília e com a PAS e PP em 24H. A atividade física regular não se mostrou relevante nos modelos quando analisada simplesmente pela prática ou não, a não ser por promover um aumento do DNSIS naqueles que praticam atividade física. No entanto, ao considerarmos a freqüência da atividade física, notamos que os indivíduos que realizam mais de 160 min de atividade por semana têm aumento da PAD da vigília e do DNDIAS, e redução das PP no sono e da PAD 24h. Ao considerar-se o tempo de prática de atividade física, nota-se que os indivíduos que praticam atividade há mais de 18 meses têm uma tendência a reduzir as PAS e PAD do sono. Assistir TV por mais que 120 minutos está relacionado com um aumento das PAS e PP da vigília e em 24H. 127 Os distúrbios do sono tendem a elevar as PP, as PAS da vigília, do sono, e em 24h, e a reduzir o DNS. Dormir durante o dia (sesta) por mais de 120 min reduz DNDIAS, enquanto não dormir ou dormir menos de 120 min eleva as PP na vigília, sono e em 24H. As pressões de pulso na vigília e no sono são menores nos pacientes com EJB e com outros tipos de HA, do que nos pacientes com HAR. As pressões de pulso foram os parâmetros que apresentaram os maiores R2 ou seja, tiveram maior percentual da variação (45 a 50%) explicada pelas variáveis estudadas. LIMITAÇÕES DO ESTUDO O presente estudo teve como objetivo explorar as possíveis associações entre os parâmetros da MAPA em pacientes hipertensos de difícil controle e variáveis relacionadas à atividade física e qualidade do sono. A procura de padrões de associação levou à realização de inúmeros testes estatísticos, implicando na possibilidade das associações encontradas terem ocorrido ao acaso. O uso de diferentes técnicas estatísticas de análise (modelos fuzzy, análise fatorial) para dados desta natureza devem ser estimuladas. 128 Em relação ao diagnóstico de HAR, não é possível afastar totalmente erro de classificação por uso inadequado da medicação pelos pacientes uma vez que a aderência só pode ser avaliada perguntando-se aos pacientes se usam corretamente a medicação. Um instrumento adequado para esse fim deve ser utilizado, uma vez que hipertensão resistente pode ser atribuída à não aderência (17, 21). CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados encontrados sugerem que atividade física e distúrbios do sono são fatores associados à hipertensão de difícil controle e devem ser considerados na abordagem do paciente hipertenso grave. As dificuldades existentes na mensuração dessas variáveis na prática clínica impedem que elas sejam sistematicamente avaliadas, impossibilitando que estratégias de intervenção sejam utilizadas como coadjuvantes no tratamento dos hipertensos. O instrumento utilizado no presente estudo parece ter algum poder discriminatório e deve ser aperfeiçoado com base nos resultados encontrados, e validado, para poder ser utilizado na prática clínica. A associação dos parâmetros da MAPA com as variáveis estudadas indica que é possível identificar formas mais eficazes de tratamento para 129 subgrupos de pacientes, sabendo-se que indivíduos com determinadas características (sexo, idade, trabalhar fora, etc), tendem a ter pressões mais elevadas em determinados períodos do dia ou a terem maiores pressões de pulso ou menores descensos noturnos. 130 BIBLIOGRAFIA 1. SANTELLO JL., et al. O papel da hipertensão arterial na prevenção primária e secundária das doenças cardiovasculares. Revista Soc Cardiol Estado de São Paulo. SP, 1996; 6 (5): 575-579. 2. RIBEIRO A.B. Atualização em hipertensão arterial: Clínica, diagnóstico e terapêutica. São Paulo: Ed. Atheneu, 1996. 231p 3. PEREIRA L.S.M.; HENRIQUES R. Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial. Um guia prático. Ed. Revinter, 1999; 1° ed Cap. 7, p.53. 4. KRIEGER E.M.; et al. Fisiopatologia da Hipertensão. Revista Soc Cardiol Estado de São Paulo. SP, 1999;1:1-7. 5. FOGARI R.; et al. 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Atheneu- SP, 1996 142 ANEXO 4: Equipamentos submetidos às validações da AAMI e BHS e respectivos resultados. Fonte: Monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA-24h). Décio Mion Jr. Ed. Atheneu- SP, 1998. ANEXO 5: Ficha médica aplicada nos pacientes durante consulta no ambulatório de hipertensão do HUCFF. ANEXO 6: Ficha de avaliação dos níveis de atividade física e qualidade do sono. ANEXO 7: Tabelas com resultados da análise dos fatores de risco para hipertensão arterial refratária ANEXO 8: Tabelas com resultados da análise dos fatores de risco para todos hipertensão. ANEXO 9: Consentimento livre e esclarecido 143 Anexo 1: Classificação da hipertensão arterial por níveis de pressão sistólica. Fonte: Atualização em hipertensão arterial- Arthur B. Ribeiro – Ed. Atheneu- SP, 1996. CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL (>18 ANOS DE IDADE) PAS (mmHg) PAD (mmHg) CLASSIFICAÇÃO < 130 <85 Normal 130 - 139 85 - 89 Limítrofe 140 - 159 90 - 99 H. Leve 160 - 179 100 - 109 H. Moderada = 180 = 110 H. Grave = 140 <90 H. Sistólica 144 Anexo 2: Classificação da hipertensão arterial pela gravidade da lesão de órgão alvo. Fonte: Atualização em hipertensão arterial- Arthur B. Ribeiro – Ed. Atheneu- SP, 1996. 145 Anexo 3: Resumo de possíveis fontes de hipertensão arterial secundária. Fonte: Atualização em hipertensão arterial- Arthur B. Ribeiro – Ed. Atheneu- SP, 1996. 146 147 Anexo 4: Equipamentos submetidos às validações da AAMI e BHS e respectivos resultados. Fonte: Monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA-24h). Décio Mion Jr. Ed. Atheneu- SP, 1998. 148 Anexo 5:Ficha médica aplicada nos pacientes durante consulta no ambulatório de hipertensão do HUCFF. 149 150 151 Anexo 6: Ficha de avaliação de níveis atividade física e qualidade do sono Avaliação da Atividade FísicaNESC/FACULDADE DE MEDICINA –UFRJ MAPA NA HAR - HUCFF Prontuário _______________ Ficha ______ Fone:________________ Entrevistador ________________ Nome______________________________Data____/______/_____ Idade_______anos Peso:_______kg 01. Sexo ( ) Altura________cm. 1. Masculino 2. Feminino. 02. Qual foi a maior série ou grau que você completou?? ____ Série (1-8) 03. Estado civil: ( 1.solteiro _____Grau (1-3) ) 2.casado 3.viúvo 4.separado ou divorciado 04. Você tem filhos (biológicos e/ou adotivos)??( ) 0.Não 1-15. Sim 05. Quantos residem com você?? ( ) Crianças ( até 5 anos) ( ( )Crianças (5 a 12 anos) ) ( ) Adultos (≤ 21 anos) ( ) Adolescentes (13-21 anos) 9.NSA 152 06.Qual o total de pessoas que residem com você? ( 07.Quantos cômodos tem sua casa? ( ) 08. Você exerce alguma atividade remunerada? 0. Não 1.Sim ) ( ) 2. Exerce mais de uma atividade remunerada 09. Qual é o seu vinculo de emprego? ( ) 1. Não trabalha 2. Funcionário público ou militar 3. Funcionário de empresa particular 4. Dono de empresa 5. Autônomo (doméstica, manicure, cozinheira, etc) 6. Biscate / temporário.(irregular) 7. Vive de renda. 8. outros_________________ 9.NSA 10. Caso não trabalhe, qual o motivo? ( 1. Dona de casa ) 5. Afastado por doença 9. NSA 2. Estudante 6. Desempregado há mais de 6 meses·. 3. Aposentado 7. Desempregado há menos de 6 meses·. 4. Incapacitado 8. Outros _______________________ 153 11. Você realiza atividades domésticas? ( 1.Sim ) 0. Não 9.NSA 12. Você possui maquina de lavar roupas? ( 0.Não 1.Sim 9.NSA 13. Você possui aspirador de pó? ( 0.Não ) 1.Sim ) 9.NSA 14.Você tem auxiliar ?( ) 0.Não 15.Quantas horas você trabalha por dia?? ( 0-não trabalha 1- De 0 a 24h . 16.Como vai para o trabalho?? ( 1.Sim )hs. 99.NSA ) 1.andando 4. carro próprio 9.NSA 2. bicicleta 5. mais de um tipo______________________ 3. transporte coletivo 17.Quanto tempo você gasta para ir ao trabalho?? ( )horas ( )min. 99.NSA 18. Quanto tempo você gasta para voltar para casa do trabalho? ( )horas ( )min. 99. NSA 19.Você toma conta de crianças menores de 5 anos regularmente??(suas ou não) 154 ( ) 0. Não 20. Quantas crianças?? ( 1.Sim ) 21. Quantas horas por dia?? 99. NSA ( ) hs. 9.NSA ) 9. NSA 22.Quantos dias por semana?? ( 23. Você conta com ajuda de alguém para cuidar das crianças? ( 0. Não 1.Sim 24.Você fuma?? ( 9.NSA ) 0. nunca fumou 1. fuma 25. Há quantos anos você fuma/fumou? ( 2.parou há_______anos )anos ( 99.NSA 26. Que tipo de cigarro(s) você usa?( 1- cigarro industrial ) 4. charuto ou Tipo n°cigarro s/dia cigarrilha 2. cachimbo 5. outros 3. cigarro de papel ou palha 9. NSA 27. Com que freqüência ingere bebida alcoólica? ( 0. Não ingere (socialmente) ) ) 3. Ocasionalmente ·. 1. Diariamente ou +3 vezes/semana 4. Raramente. )meses 155 2. Nos fins de semana 5. Parou de beber. _______anos 28. Qual das seguintes freqüência ( bebidas alcoólicas você ingere com mais ) 1. Cerveja 2. Aguardente 3. Vinho 4. Uísque 9. NSA 5. Conhaque 6. Outra ____________________ 29. Comparando-se com outras pessoas do seu convívio, da sua idade e sexo, a sua atividade física total (trabalho, lazer e locomoção) é: ( 1.muito menor 4. maior 2. menor 5. muito maior 3. igual 6. não sabe 30. Você pratica atividade física regular? ( ) 0. Não ) 1. Sim 31. Caso não pratique, qual o principal motivo? 1. Falta de tempo 2. Falta de motivação ( ) 3. Ambiente Desfavorável 4. Problemas de saúde_________________ 5. Não considera importante 6.Outros ________________. 32. Preencha o quadro a seguir. (Se houver mais de uma atividade do mesmo grupo, some freqüência e duração). ( ) 156 Grupos de Atividades Freqüência Duração em Há quantos minutos Caminhadas ______ por meses __________ __________ semana Andar rápido, correr, bicicleta, vôlei, ginástica, ______ por dança, musculação, semana Natação, futebol, basquete. ______ por __________ __________ __________ __________ semana Outros (quais): ______ por __________ __________ semana 33. Assiste televisão por quanto tempo?(em minutos) ( )hs. ( )min. 34. Faz alguma atividade enquanto assiste TV?(em minutos) 0.Não 1.Sim ( ) 9.NSA Qual?_______________________________________________________ ________ 35. Dorme / descansa durante o dia? quanto tempo?( 1.Sim Turno Manhã Tarde Noite Tempo ) 0.Não 157 36. Você toma remédio para dormir? ( 0- Não 1.Sim ) 2- Esporadicamente Qual_________________________ 37. Com relação ao seu período de sono: ( ) 1. dorme a noite toda sem acordar 2. tem dificuldade em “pegar no sono” 3. acorda 1 vez à noite _____________________________ 4. acorda mais de uma vez durante a noite __________________________________ 5. acorda muito antes do previsto e não consegue mais dormir. 6. combinação de distúrbios _____________________________________ 38- Quantas horas você dorme (em média) por noite? ( ) HORAS Qual sua expectativa em relação ao exame? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________ 39- Como se sentiu ao realizar o exame? Que sintomas ou sensações apresentou? Faria novamente? ____________________________________________________________ __________ 40. Observações: ______________ FT. Responsável 158 Anexo 7:Tabelas referentes a distribuição dos fatores de risco pelos tipos de hipertensão arterial. TABELA 1 :HAR distribuída por sexo Homens Mulheres Total N % N % N % HAR 24 70.6 45 47.4 69 53.5 06 17.6 33 34.7 39 30.2 EFJ OUTROS 04 11.8 17 17.9 21 16.3 34 95 129 TOTAL p value = 0.06326871 TABELA 2 :HAR e diabetes Tem diabetes Não tem diabetes 19 57.6 HAR 11 33.3 EFJ 03 09.1 OUTROS 33 TOTAL p value = 0.81323303 37 58.7 18 28.6 08 12.7 63 Total 56 58.3 29 30.2 11 11.5 96 TABELA 3 :HAR e IMC Imc ≤30kg/m2 Imc >30kg/m2 29 51.8 HAR 15 26.8 EFJ 12 21.4 OUTROS 56 TOTAL p value = 0.77334850 28 56.0 14 28.0 08 16.0 50 Total 57 53.8 29 27.4 20 18.9 106 159 TABELA 4 :HAR distribuída por idade >60anos Idade≤ ≤60anos Idade> 34 50.7 HAR 18 26.9 EJB 15 22.4 OUTROS 67 TOTAL p value = 0.14124722 35 56.5 21 33.9 06 09.7 62 Total 69 53.5 39 30.2 21 16.3 129 TABELA 5 :HAR e prática de atividade física regular Total Não faz exercício Faz exercício HAR 52 55.9 EJB 25 26.9 OUTROS 16 17.2 TOTAL 93 p value = 0.41076447 17 47.2 14 38.9 05 13.9 36 69 53.5 39 30.2 21 16.3 129 TABELA 6:HAR e LOA LOA LOA 48 60.8 21 42.0 HAR 23 29.1 16 322.0 EFJ OUTROS 08 10.1 13 26.0 50 TOTAL 79 p value = 0.03273996 <--- TOTAL 69 53.5 39 30.2 21 16.3 129 160 TABELA 7: HAR e descenso noturno de acordo com os padrões “dipper e não dipper” NAO DIPPER DIPPER = 1 N % N % 42 60,0 27 45,8 HAR 18 25,7 21 35,6 EJB 10 14,3 11 18,6 OUTROS 70 54,7 59 45,7 TOTAL p-valor= 0,26 TOTAL N % 69 53,5 39 30,2 21 16,3 129 161 Anexo 8: Resumo das tabelas descritoras dos fatores de risco para HA e Lesões de orgão-alvo. FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR Tabela 1 - Média de IMC por sexo INDICE DE MASSA HOMENS MULHERES TOTAL CORPORAL(IMC) N % N % N % IMC< <30 19 70,4 37 46,8 56 52,8 IMC ≥30 08 29,6 42 53,2 50 47,2 TOTAL 27 100,0 79 100,0 106 100,0 Tabela 2 – Média de IMC por categoria de idade INDICE DE MASSA ≤60 ANOS >60 ANOS TOTAL CORPORAL(IMC) N N % IMC <30 23 39,7 33 68,8 56 52,8 IMC ≥30 35 60,3 15 31,3 50 47,2 TOTAL 58 100,0 % N % 48 100,0 106 100,0 Tabela 3 – Fatores de risco por sexo FATORES DE RISCO TABAGISMO USO DE ALCOOL SEDENTARISMO DIABETES HISTORIA FAMILIAR DE HÁ HIST. FAMILIAR DE DOENÇA CORONARIANA DISLIPIDEMIA DISTÚRBIOS DO SONO HOMENS MULHERES TOTAL N % N % N % 06 17,6 05 5,3 11 8,5 13 38,2 18 18,9 31 24,0 26 76,5 67 70,5 93 72,1 08 30,8 25 35,7 33 34,4 60 92,3 79 87,8 19 76,0 05 20,8 18 28,6 23 26,4 12 46,2 24 68,6 44 54 62,9 55,7 56 58,3 78 59,1 162 Tabela 4 – Distribuição das Lesões de orgão-alvo . TIPOS DE LESÕES HOMENS MULHERES TOTAL N % N % N % TIA/AVC 06 22,2 10 14,5 16 16,7 ICC 01 3,7 02 2,9 03 3,2 DCART 04 14,8 04 4,2 RETINOPATIA 12 60,0 23 56,1 35 57,4 NEFROPATIA 19 55,9 29 30,5 48 37,2 QUALQUER LESÃO 26 76,5 53 55,8 79 61,2 - 163 Anexo 9: Consentimento livre e esclarecido.