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VIRTUALIZAÇÃO: TECNOLOGIA INVADE A ARENA DE APLICAÇÕES, DISPOSITIVOS MÓVEIS E BANCOS DE DADOS
PÁG.: 34
WWW.COMPUTERWORLD.COM.BR | JUNHO DE 2011 | ANO XVIII | NO 537 | R$ 14,95
O PORTA-VOZ DO MERCADO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
INVESTIMENTOS EM TI
BANCOS LIDERAM NOVO CICLO DE EXPANSÃO.
VIRTUALIZAÇÃO, MOBILIDADE, BUSINESS ANALYTICS,
TELECOMUNICAÇÕES E DIGITALIZAÇÃO SÃO OS ALVOS
EDITORIAL
■ Solange Calvo é editora-executiva
FIQUE ATUALIZADO ACESSANDO O SITE: WWW.COMPUTERWORLD.COM.BR
JUNHO | 2011
Índice
[email protected]
TI na retomada
econômica
D
ínamos do mercado financeiro, os bancos
recuperaram o fôlego depois da crise e iniciaram a
corrida por serviços e produtos diferenciados para
reconquistar clientes, atrair novos e cuidar muito bem da
carteira existente.
Esse esforço está apoiado em tecnologia da informação
e comunicação, alvo de pesados investimentos. De acordo
com a IDC, no estudo Principais Desafios de TI no Setor
Financeiro Brasileiro, realizado com executivos de 62
instituições financeiras que atuam no País, cerca de 42%
dos entrevistados acreditam que os investimentos em TI
serão ainda maiores neste ano.
O panorama da retomada econômica aponta para
tecnologias que estão em destaque também em diversos
outros setores: business analytics, virtualização, cloud
computing, mobilidade, telecomunicações e digitalização.
Como elas estão posicionadas no termômetro de adoção
das instituições financeiras é o que você ficará sabendo
na reportagem de capa Bancos reabrem os cofres.
E ainda porque esses aditivos de TI levaram os bancos
a gastar com eles 22 bilhões de reais em 2010 (segundo a
Federação Brasileira de Bancos – Febraban), representando
incremento de 15% em relação a 2009 – de volta aos bons
tempos, com TI alinhada às demandas de negócios.
Outro assunto interessante nesta edição é
Virtualização: muito além dos servidores. A tecnologia está
invadindo variadas arenas como aplicações, dispositivos
móveis e bancos de dados. Não por acaso, ela está na
mira do setor financeiro, revolucionando processos,
reduzindo custos e tornando os atores da área de
finanças muito mais competitivos.
Boa leitura!
CAPA
16 FINANÇAS
Bancos voltam a investir em tecnologia para ampliar receitas
com novos serviços. Trajetória havia sido interrompida em 2009
com a chegada da crise que abalou o setor
MOBILIDADE
10 COMUNICAÇÃO SEM FIO
3G pode protagonizar
a expansão do sistema
bancário, a exemplo da
TecBan que aumentou
a disponibilidade da
rede e aprimorou a
gestão de terminais de
autoatendimento
GESTÃO
28 DIGITALIZAÇÃO DE
DOCUMENTOS
Telefônica elimina mais de
2,3 milhões de folhas de
papel no departamento de
fiscalização, reduz gastos
com materiais de escritório,
logística e armazenamento
TECNOLOGIA
32 CLOUD COMPUTING
Nuvem garante agilidade
ao Vagas, que atualizou
infraestrutura para ganhar
escalabilidade e rápido
acesso ao software de
recrutamento usado por 1,3
mil empresas do País
34 VIRTUALIZAÇÃO
Tecnologia está
invadindo diferentes
arenas como aplicações,
dispositivos móveis
e bancos de dados
OPINIÃO | MARCOS PEREZ
PRESIDENTE
Silvia Bassi
VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO
Ademar de Abreu
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REDAÇÃO
PUBLISHER
Silvia Bassi
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DIRETORA DE REDAÇÃO
Cristina De Luca
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EDITORA-EXECUTIVA
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EDITORA-ASSISTENTE
Edileuza Soares
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REPÓRTERES
Déborah Oliveira
[email protected],
Lucas Callegari
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Rodrigo Afonso
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ARTE
Gerson Martins, Ricardo Alves de Souza (designers)
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DISTRIBUIÇÃO
Door To Door
A corrida para
a nuvem
■ Marcos Perez é presidente
da Digisystem
M
uito se fala sobre os benefícios proporcionados
pela computação em nuvem, dando-nos a
sensação de que o conceito anda a passos
largos e que logo será uma realidade para empresas de
todos os portes e setores. Porém, existem alguns gaps
entre o desejo de migrar e as possibilidades reais de se
atingir esse objetivo com sucesso.
De acordo com recente pesquisa da
consultoria IDC, o Brasil é o país da
América Latina mais interessado em
aderir à corrida para a nuvem. O estudo
indica que 18% das nossas grandes e
médias companhias já contam com algum
tipo de recurso de cloud computing.
Acredita-se ainda que esse número crecerá
entre 30% e 35% até 2013. Em média, os
países latino-americanos titubeiam com
esse índice em 14,5%, mas a verdade é que
nossos números ainda são inexpressivos
quando comparados a um país como
os Estados Unidos, onde se estima que
até 55% das organizações desse porte
atualmente estejam com pelo menos
alguma parte na nuvem.
Hoje, no Brasil, já existem casos
interessantes de instituições que conseguiram
resultados positivos em cloud. É o caso da
Receita Federal, cujo site já suporta mais
de 235 mil acessos por minuto. Enfim, uma
solução de utilidade pública explorada
de maneira inteligente, um modelo em
segurança e flexibilidade, capaz de abranger
um sistema tributário altamente complexo.
Porém, ainda não é possível migrar
absolutamente tudo para a nuvem. O ERP
(sistema de gestão empresarial) é um exemplo.
Por essa razão, diversas organizações da área
de TI ainda não foram afetadas pelos impactos
da nova tendência. Além disso, devemos
considerar que o status do site da Receita se
deve a um investimento bilionário.
Mesmo multinacionais gigantes do
mercado de TI, como Oracle e Microsoft,
ainda não estão 100% dentro da nuvem, por
mais que trabalhem com a oferta. A questão
é que se trata de um processo que exige
muito além de iniciativa e capital. É uma
transformação completa em estruturas que
existem há mais de 20 anos, criadas quando
não havia nem mesmo acesso público ao
Google – o primeiro a nos mostrar que a
computação em nuvem era possível.
Grandes empresas hoje estão convictas
de que esse não será um caminho tão fácil
e que, por esse motivo, deve ser traçado de
forma consciente. É muito mais simples
e rápido migrar uma pequena e jovem
empresa, mas é importante que ela saiba
exatamente o que está fazendo e quais as
consequências para o seu negócio.
Certamente, é um caminho sem volta,
pois conforme a IDC, 98% das empresas
brasileiras acreditam que o conceito será
permanente. Só que apenas 18% delas sabem
defini-lo. Com isso, acredito que ainda serão
necessários pelo menos cinco anos para uma
consolidação real. Quem não participar da
corrida para a nuvem arrisca perder lugar no
mercado. Mas é preciso tempo para atingir
esse nível de maturidade e respeitar seu
próprio ritmo.
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Cidades inteligentes são o caminho para
sustentabilidade e bem-estar do cidadão
Aprimorar a gestão e o planejamento estratégico das metrópoles
é uma meta registrada no ITBoard.TI aparece como grande
aliada para torná-la realidade. A tecnologia construirá cidades
mais sustentáveis e saudáveis para o cidadão, mas falta
empreendedorismo. Entre no debate. Siga-nos!
TherrienBR @itboardbr se
governos não anteciparem
TI para a Copa, em vez de
#cidadesinteligentes teremos
#cidadesespertinhas
clarinhabez @
itboardbr o avanço das
#cidadesinteligentes
ainda deixa a desejar. Não
pela nossa TI, mas pelo
compromisso preguiçoso que
se observa na organização
Cid_Inovadoras Parag
Khanna: “Um dos grandes
desafios do século XXI é o
da sustentabilidade financeira
(SROI). Outro grande desafio é
o da inclusão”.
updaters_Uma definição
inspiradora: sustentabilidade
é oportunidade para oferecer
IBMcidades
Startups brasileiras
na mira de
investidores.
Soluções para
Cidades Inteligentes
são um dos focos.
No ITBoard, tweets
mostram a preocupação
com a Copa do Mundo e
Olimpíadas, que o País
irá sediar. A tecnologia
da informação usada de
maneira avançada nas
cidades poderá ajudar a
minimizar as deficiências
e ainda contribuir para
a construção de um
País mais inteligente e
politicamente correto
com o meio ambiente.
IBMcidades Cidades
Inteligentes também
se trata de cidades
que têm a capacidade
de elaborar
estratégias para
engajar cidadãos
@itboardbr
Os melhores tweets
de tecnologia
da informação e
comunicação
soluções em saúde e bemestar com um baixo impacto
ecológico
cidsustentaveisNY implanta
lei de reciclagem de eletrônicos
e reforça a política de
sustentabilidade #redciudades
#sustentabilidade
carlos_leite_AU Cidades
Sustentáveis + Inteligentes
[Sustainable Cities + Smart
Cities]: Mobilidade Urbana e
Cidades Inteligentes
rsouzaramos Frases sobre
sustentabilidade: “O custo do
cuidado é sempre menor que o
custo do reparo”. Marina Silva
manoelveras Vancouver no
Canadá é o benchmarking em
Cidades Inteligentes.
ibmbrasil IBM Rio de
Janeiro. Esta é a IBM
rompendo fronteiras e
construindo com seus
clientes um planeta
mais inteligente
http://ow.ly/4Ii9H
IBM_IM RT @
IBMcidades:
Chegou o jogo
#CityOne - teste seus
conhecimentos para
construir Cidades
Mais Inteligentes.
Acesse:
http://bit.ly/928Z2F
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Falta mão de obra
Concordo plenamente, há muito
tempo a TI deixou de ser uma
área que atrai profissionais
financeiramente, além
disso, exige-se muito de um
profissional para uma vaga de
júnior e que tenha nível técnico.
Por consequência, o salário fica
nesse nível também.
Leitor: Flávia Reis
Reportagem: ABES alerta
para a falta de mão de obra
qualificada
Uso do celular corporativo
Se não precisa do celular, o deixe
no escritório. Duvido que alguém
o faça. A empresa obriga que ele
fique 24h ligado, dependendo,
é claro, do cargo exercido pelo
colaborador. Ninguém quer
trabalhar 24h e agora é mais
um item que a empresa vai usar
para abusar da boa vontade e da
disponibilidade do colaborador.
Leitor: Elaia
Reportagem: Levar celular
corporativo para casa não é
sobreaviso, decide TST
Segurança em PMEs
A segurança dos dados
em pequenas empresas
praticamente não existe. Aí
está um grande mercado para
quem quiser oferecer serviços e
soluções para elas.
Leitor: Luciano
Reportagem: Como garantir
segurança online nas
pequenas empresas
O custo da TI
A questão do custo é de extrema
importância para a gestão, e
também para a operação de TI
manter o ambiente up to date e
compliance. Isso tem relação
direta com a gestão de custos,
mas não podemos deixar de
observar esse ponto e manter
um ambiente desatualizado
sem estar em linha com a
conformidade. Até porque para
atualizar o parque tecnológico
sairá mais caro do que a
manutenção periódica.
Leitor: Tiago Pedroso
Reportagem: Sua empresa
sabe o custo da TI?
Minicom e marco
regulatório
Será que finalmente teremos
limite mínimo legal de pelo
menos 90% do valor da banda
contratada? E ainda que seja
assegurado que nenhuma
operadora use traffic shapping
ou outro filtro que restrinja ou
diminua a largura de banda
contratada? E ferramenta
governamental para verificar se
a operadora está prestando o
serviço conforme contratado?
Ou ao menos criar um botão
de denúncia que comunique
a má prestação de serviços e
a operadora seja alertada? E
caso a operadora não tome
providências, que seja aplicada
multa e em caso de reincidência,
a proibição de vendas até que
seja aplicado um plano de
investimento de aumento de
capacidade física capaz de
atender a todos os usuários.
Leitor: Paulo Eduardo Souza
Reportagem: Minicom vai
discutir com a sociedade novo
marco regulatório
O QUE VOCÊ SÓ ENCONTRA NO SITE DA COMPUTERWORLD
BI: firme e forte no mercado
O gasto global com software de Business
Intelligence (BI), analytics e gestão de
desempenho subiu 13,4% em 2010, atingindo
a marca de 10,5 bilhões de dólares. Os
números são do Gartner e refletem a força
que BI vem ganhando ao longo de todo o
processo de recuperação econômica, já que
as empresas precisam de software para
buscar eficiência administrativa e ganhar
vantagem competitiva.
A tendência era verificada já no epicentro
da crise. Em 2009, os investimentos totais
em software empresarial caíram 2,5% em
relação ao ano anterior, mas mesmo assim
as vendas de BI cresceram, na época, na
casa dos “dois dígitos baixos”, de acordo
com o analista do Gartner, Dan Sommer.
Além da demanda, a estratégia agressiva de
marketing dos fornecedores de BI teve grande
influência nesses números.
O segmento de BI permanece dominado
por uma série de players grandes, como SAP,
IBM, Oracle e Microsoft. Sozinhas, as quatro
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empresas controlam 59% do mercado para BI
e software de desempenho de performance, de
acordo com o Gartner. Na área de analytics, o SAS
institute tem papel dominante.
Embora não possa oferecer percentuais
específicos, Sommer estima que uma grande
fatia das novas licenças de BI vem de usuários
existentes, que compram mais licenças. Os
projetos novos respondem por uma parte menor.
“De uma forma geral, dá para observar uma
mudança de manutenção para licença, do conceito
de desenvolvimento para o de serviço”, disse
Sommer. “Em 2009, a maioria dos fornecedores
achou complicado vender novas licenças, uma vez
que os orçamentos já definidos pelas empresas
foram congelados. O resultado foi a criação de
formatos criativos de licenças para tirar o máximo
da receita disponível dos clientes.”
No ano passado, melhorias na área econômica
e grandes lançamentos de produtos, provenientes
de IBM, Oracle e outras, alavancaram um novo
esforço de vendas de licenças, atraindo uma
demanda reprimida”, disse Sommer.
As receitas provenientes de vendas
de Business Inteligence devem manter a
tendência ascendente nos próximos anos, já
que os fornecedores redobrarão os esforços e
as estratégias para levar as ferramentas para
as mãos de mais usuários.
A Microstrategy seguiu outras companhias ao
anunciar um produto que permite BI no formato
de “autosserviço”, com o qual usuários podem
explorar e analisar os dados sozinhos, sem
muita ajuda das equipes de TI.
A maioria dos fornecedores também está
buscando agregar ofertas para dispositivos
móveis o mais rápido possível, em razão da
chegada de tablets e smartphones no ambiente
de trabalho.
A companhia de pesquisas Forrester
Research previu, recentemente, que a ascensão
dos tablets vai aumentar de forma significante
a penetração de BI móvel, em razão das telas
grandes, mais alinhadas aos modelos de
virtualização e navegação que conseguem tirar
mais utilidade dos software em BI.
A SAP ajuda a Lufthansa
a fazer o que eles já fazem
bem, ainda melhor.
De call centers até as cabines
dos pilotos, a Lufthansa recorre
ao software SAP para integrar
as operações de toda a empresa
e manter seus 116 mil funcionários
atualizados e informados, mesmo
quando estão no ar. Saiba mais em
sap.com.br/maisalto ou ligue
0800 888 99 88.
©2011 SAP AG. SAP e o logo SAP são marcas próprias e registradas da SAP na Alemanha e em vários países.
Faça melhor
com a SAP.
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organizado
imponente
brilhante
8
Primeira
pagina
O que vem por aí
IDC Brasil Conferência 2011: TI e Telecom na Copa e Olimpíadas –
10 de agosto, em Brasília. Com a proximidade dos eventos esportivos
que o Brasil sediará, aquece o debate sobre a infraestrutura adequada
do País. O governo deverá movimentar os investimentos em tecnologia
da informação nos próximos anos. Executivos discutirão tendências e
inovações para o setor.
Minas Wireless – 14 de junho, em Belo Horizonte. A implementação
do Plano Nacional de Banda Larga vai estimular o desenvolvimento de
aplicações e serviços para conquistar eficiência e modernização das
administrações públicas e privadas. O evento abordará o tema e trará
cases de sucesso de cidades digitais.
O ESSENCIAL & MAIS
negócios
Dimension Data alinha
operação brasileira
D
epois de ter sido incorporada
ao grupo japonês Nippon
Telegraph and Telephone
Corporation (NTT), Dimension
Data, empresa sul-africana de
serviços de TI, promete uma
estratégia mais agressiva para
aumentar presença no mercado,
principalmente no Brasil, onde
o time local ganhou reforço
com a nomeação de
um presidente e contará com
uma filial no Rio de Janeiro.
A operação local passa a ser
comandada por Jack Sterenberg,
que foi ex-diretor da Oracle e
assume o cargo de presidente
da Dimension Data Brasil
com o desafio de ampliar a
atuação da companhia na área
de serviços. Com a chegada do
novo executivo, o presidente
para América Latina, Sylvio
Modé Neto, que também veio da
Oracle e foi contratado no ano
passado e estava respondendo
pelo Brasil, ficará mais focado
em outros mercados da região.
Durante visita ao Brasil
para reforçar planos da
matriz para o País, o Chief
Operation Officer (COO) da
Dimension Data, Jason Goodall,
Jack Sterenberg,
presidente da Dimension Data no Brasil
considerou que o mercado
local é estratégico para acelerar
os negócios da companhia na
região. “O Brasil está crescendo
rapidamente e oferece muitas
oportunidades. Vamos investir
aqui para nos tornarmos uma
empresa focada em serviços”,
disse o executivo.
Apesar de não revelar valores
de aportes para a subsidiária,
ele mencionou, que além de
ampliar a equipe, pretende
dobrar o número de parceiros
de vendas, atualmente
somando 12 canais. Haverá
também expansão geográfica,
com a abertura de uma filial no
Rio de Janeiro. Hoje, a empresa
opera no País com sede em São
Paulo e unidades em Curitiba,
Brasília e Vitória.
Segundo, Goodall, com a
incorporação ao grupo NTT,
agora a Dimension Data
passa a disputar o mercado de
comunicação, podendo oferecer
serviços por meio da rede
global de seu novo controlador.
Para atrair clientela, a empresa
definiu como alvo três
arquiteturas para entrega
de ofertas que são network
como plataforma (redes),
colaboração (telepresença e
telefonia IP) e virtualização.
ESTRATÉgIA
Dell passa a disputar o
mercado de segurança
Entrada no segmento é início do processo de transformação
da fabricante de hardware em companhia de serviços
A
Dell está pronta para brigar
por uma fatia do mercado
de segurança da informação
e disputar com empresas
especializadas nessa área. Quem
garante são os executivos que
integram a mais nova unidade
de negócios da companhia Dell
SecureWorks, que estiveram
recentemente no Brasil, para
apresentar aos clientes locais as
estratégias da fabricante para
ajudá-los a reforçar a proteção
dos dados corporativos.
A nova unidade de segurança
da informação é resultado da
aquisição da SecureWorks,
anunciada em janeiro deste ano,
quando a Dell decidiu entrar
nesse segmento. Além da venda
de hardware, a fabricante vai
oferecer serviços gerenciados
para proteção das redes
corporativas e consultoria contra
ameaças virtuais que podem
colocar os negócios em risco.
“Com a aquisição da
SecureWorks, a Dell começa o
processo de transformação de
uma empresa de hardware para
uma companhia de serviços”,
informa o diretor de Vendas de
Serviços da Dell para a América
Latina, Nicolo Spataro. Segundo
ele, a fabricante está investindo
para ampliar as ofertas de
serviços. São movimentos
parecidos com os de seus
concorrentes HP e IBM.
“É uma mudança importante
e agora temos expertise
para ajudar nossos clientes a
protegerem suas informações”,
diz o executivo. Ele observa
que as empresas estão revendo
seus processos internos para
aderir ao modelo de cloud
computing e ampliar o uso da
mobilidade. Por conta dessas
mudanças, Spataro destaca que
as companhias estão em busca
de especialistas que cuidem da
segurança para poder focar nos
seus negócios.
A Dell quer ser esse parceiro
dos clientes nessa tarefa. “Os
CIOs não são especialistas em
tudo e a Dell está se propondo a
oferecer consultoria e ajudá-los
a fazer um Raio X da segurança
dentro da empresa”, informa
outro diretor de Serviços da
Dell para a América Latina,
Michael Moreno.
O arquiteto de soluções
para Segurança da Informação
da Dell SecureWorks, Beau
Woods completa que a Dell vai
oferecer serviços gerenciados,
consultoria e também fazer
diagnósticos das áreas de riscos
contra ameaças virtuais.
A entrada da Dell no mercado
de segurança da informação faz
parte de um plano anunciado
este ano para ajudar os clientes
a obter melhores resultados
em seus negócios. Com esse
objetivo, a Dell investirá
1 bilhão de dólares em serviços
e novas soluções. Entre as ações
está prevista a implantação de
novos data centers e centros de
desenvolvimento para ofertas de
cloud computing e virtualização.
O Brasil já foi escolhido
para receber um dos centros
de desenvolvimento, mas o
presidente da Dell Brasil acha
que o País tem condições de
também ser a sede de um
data center para entrega de
soluções na nuvem.
É uma mudança importante e
agora temos expertise para
ajudar nossos clientes a
protegerem suas informações
Nicolo Spataro,
diretor de Vendas de Serviços da Dell para a América Latina
CURT AS
■ Pesquisa da IDC revelou que
a computação em nuvem
está-se disseminando na
América Latina. Segundo o
estudo “Latin America Cloud
Report 2011”, a adoção da
tecnologia entre empresas
da região com mais de cem
funcionários aumentou
15% em janeiro em 2011. No
mesmo mês do ano passado,
havia crescido 3,5%.
■ O estudo informa que os
gastos com tecnologias
associadas à cloud computing
crescerão ainda mais nos
próximos anos. Entre as
empresas que declararam
estar bem familiarizadas com
o conceito, a adoção dos
serviços dobrou nos últimos
seis meses. A pesquisa
também revelou que 13%
das empresas disseram ter
algum conhecimento sobre
cloud e estão considerando
implementar ou já
implementaram os serviços.
■ A virtualização de servidores
e a transição para os data
centers prontos para
cloud estão no centro
dos investimentos em
infraestrutura na região.
Para o vice-presidente da
IDC América Latina, Ricardo
Villate, o maior desafio para
os prestadores de serviços
em nuvem é superar as
barreiras relacionadas
às preocupações sobre a
segurança, além de tornar os
serviços mais conhecidos.
www.computerworld.com.br
9
10 GESTÃO
Comunicação
sem
fi
o
na mira dos
bancos
Tecnologia 3G pode
protagonizar a expansão do
sistema bancário, a exemplo
da TecBan que aumentou
a disponibilidade da rede
e aprimorou a gestão de
terminais de autoatendimento
com o recurso
RODRIGO AFONSO
www.computerworld.com.br
12 GESTÃO
O fenômeno da bancarização
no País aumentou a demanda
por novos serviços e agências
bancárias em regiões cada
vez mais remotas. Se o lado positivo
do cenário é incontestável, a situação
revela um dos maiores problemas
brasileiros quando o assunto é
infraestrutura de telecomunicações.
Segundo Gustavo Roxo, diretor de
Tecnologia da Federação Brasileira
de Bancos (Febraban) e presidente da
Ciab Febraban [Congresso e Exposição
de Tecnologia da Informação das
Instituições Financeiras], essa questão
é um dos grandes pontos contra a
disponibilidade de sistemas bancários
no Brasil. As agências têm poucas
opções de conectividade e, muitas
vezes, de qualidade muito aquém do
que seria necessário.
O problema é ainda maior em
agências remotas, em locais onde
há somente uma empresa da área
de telecomunicações operando na
última milha, ou seja, oferecendo
serviço direto ao cliente. Nesse
caso, só restam realmente opções,
como as comunicações sem fio - 3G.
“Como cada região tem suas próprias
características, não existe um padrão
comum em bancos. Mas o que se
vê claramente é que todos têm essa
preocupação.”
Embora seja apontada como opção,
a baixa qualidade dos serviços em
3G prestados no País tem impactado
a popularidade da tecnologia. Ela
geralmente não é escalada para
aplicações críticas ou mais complexas.
Mas esse estigma, que também
rondava a TecBan, foi superado.
Hoje, o recurso proporciona alta
disponibilidade a custos mais baixos,
facilitando a gestão dos 44 mil caixas
eletrônicos espalhados pelo País.
Especializada em tecnologia
bancária, a TecBan começou a usar
3G para conectividade desse parque,
com o objetivo de reduzir custos com
conexões diretas. O desenho com a
3G servia parte dos 11 mil terminais
www.computerworld.com.
.com.br
eletrônicos da rede Banco24Horas.
Cada um deles com um par de chips:
um primário, da operadora escolhida
para ser o principal, e um secundário,
para conexão backup.
O grande desafio era saber quais
operadoras ofereciam o sinal de
melhor qualidade para determinada
área. Segundo o gerente de Tecnologia
e Telecom da TecBan, Fábio Napoli,
os métodos eram muito limitados.
“Com o baixo desempenho que a
conectividade 3G apresentava, a
companhia chegou a pensar em
desistir desse modelo”, lembra.
Depois dessas avaliações, Napoli
passou a gerenciar o desenvolvimento
de uma tecnologia que permitisse
aos técnicos testar as operadoras de
forma mais automática e confiável,
tomando decisões acertadas quanto
às conexões que trariam o maior
tempo de disponibilidade para as
máquinas. O projeto foi batizado de
Benchmarking 3G.
A ferramenta que faz a análise das
conexões é uma solução de mercado,
utilizada também por operadoras,
mas customizada para a TecBan, que a
contratou na modalidade de software
como serviço (SaaS). O software
utilizado foi o IxRAY, da empresa Swiss
Mobility Solutions e a desenvolvedora
para iPhone, a MyBusiness.
A maior inovação, no entanto, está
no equipamento usado pelos técnicos:
o iPhone. Ele foi escolhido em razão
das suas características avançadas
de busca de rede. O aparelho foi
totalmente personalizado para
ser usado somente para o serviço
de identificação de redes, com o
desenvolvimento de um aplicativo
específico. “E o dispositivo, fácil de
usar, também tem mais apelo para
os funcionários responsáveis pela
medição”, ressalta Napoli.
Com o iPhone, os técnicos podem
rodar uma bateria de testes no local,
em cerca de cinco minutos. Os testes
geram informações que são enviadas
automaticamente para uma base de
Tecban
www.tecban.com.br
■
■
■
■
Desafios: utilizar a rede 3G como
conectividade para caixas eletrônicos e
reduzir custos de conexão
Solução: software para benchmarking
de redes 3G instalados em iPhones,
o IxRAY, da empresa Swiss Mobility
Solutions e a desenvolvedora para
iPhone foi a MyBusiness.
Resultados: tempo de disponibilidade
dos caixas eletrônicos da rede com
tecnologia 3G subiu de cerca de 80%
para 99,5%, gerando maior satisfação
dos públicos interno e externo.
Expectativas: 80% das novas
implementações de caixas eletrônicos
serão realizadas com conectividade 3G.
Tecnologia de ponta que traz segurança, eficiência e praticidade ao seu dia a dia.
A Diebold
aceita este
desafio.
ATMs Opteva 630 e 640
Imagens meramente ilustrativas.
Depósito de cédulas e cheques sem
envelope, com rapidez e segurança.
A Diebold tem tradição em criar soluções que tornam a sua vida mais
prática. Líder em automação bancária no Brasil, com mais de 100 mil
ATMs instaladas, é a principal fornecedora de urnas eletrônicas do País e
produz o terminal que você usa para pagar contas nas lotéricas. Também
está presente no setor da saúde, em tribunais, grandes indústrias e
cooperativas de crédito.
Saiba mais: www.diebold.com.br
[email protected]
14 GESTÃO
Atualmente, 20%
da base de caixas
eletrônicos da
Rede24Horas usa
3G, mas a expansão
está apoiada nessa
tecnologia. Tanto
que 80% dos
novos caixas são
implementados com
conexão 3G
Fábio Napoli,
Gerente de Tecnologia e Telecom do TecBan
dados, via aplicativo web, criando
rankings para cada área. Com base
nessas informações, a empresa
consegue configurar os roteadores das
máquinas e enviar para o campo.
Segundo Napoli, a metodologia
aumentou significativamente a
confiabilidade da solução em 3G,
que além de garantir mais agilidade
na instalação de caixas eletrônicos,
oferece um patamar de preço muito
mais baixo do que outros tipos de
conexão. “Atualmente, 20% da base
de caixas eletrônicos da Rede24Horas
usa 3G, mas a expansão está apoiada
nessa tecnologia. Tanto que 80% dos
novos caixas são implementados com
conexão 3G”, afirma. A empresa conta
com 60 iPhones em operação.
“Conseguimos ampliar a
disponibilidade da rede 3G de 80%
para 99,5% e podemos contar com essa
tecnologia que chega a ser 70% mais
barata do que os links físicos”, conclui
o executivo da TecBan.
Com o iPhone, os
técnicos podem
rodar uma bateria
de testes no local,
em cerca de cinco
minutos. Os testes
geram informações
que são enviadas
automaticamente
para uma base
de dados, via
aplicativo web,
criando rankings
para cada área
Bancos devem pressionar operadoras
Gustavo Roxo vê com bons olhos
iniciativas criativas como a da TecBan,
que aplicou o uso de inteligência
tecnológica em locais com problemas
de conectividade. “A ideia é fantástica
e pode ser estendida para o setor
bancário como um todo, mas mesmo
assim não deve haver acomodação
quanto à qualidade do serviço.”
Roxo afirma que os bancos têm
o papel de pressionar as empresas
de telecomunicações por melhores
serviços, uma vez que hoje a conta
que vem das teles é alta, sem a
www.computerworld.com.br
contrapartida devida.
Uma das experiências que tem
bons resultados em outros países e
em grandes cidades brasileiras é a
WiMax, que se apresenta como uma
tendência natural para o futuro. “Isso
só mostra que as redes baseadas
em sistemas sem fios serão muito
mais importantes, no médio prazo,
do que as conexões cabeadas, sendo
protagonistas da expansão do sistema
bancário brasileiro”, completa. ■
16 Capa
Bancos
reabrem os
cofres
pOR LUCaS CaLLEGaRI E SOLaNGE CaLVO
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17
Setor recupera trajetória
de crescimento dos
investimentos em
tecnologia, que havia
sido interrompida em
2009 pela crise, para
ampliar receitas com
novos serviços
O
s serviços de pagamentos e
recebimentos da rede bancária
brasileira estão entre os mais
eficientes e modernos do
mundo. Isso porque o investimento
em alta tecnologia sempre foi quase
que um mantra no setor, para garantir
posições privilegiadas em uma arena de
forte concorrência.
Mesmo em um cenário de crise,
observamos evolução da tecnologia nos
sistemas bancários no Brasil, de acordo
com o professor de Finanças da Escola de
Economia da Fundação Getúlio Vargas
de São Paulo, Samy Dana. “Um dos
exemplos é a Compensação Digital de
Cheques [elimina a troca física de cheques
com o uso de imagens], que entrou em
vigor em meados de maio deste ano e para
isso consumiu investimentos desde 2008.”
E não para por aí. A atenção atual
dos bancos volta-se para tecnologias
que estão mobilizando gestores de TI
de empresas de variados setores da
economia nacional: virtualização, business
analytics, mobilidade, telecomunicações
e digitalização. Recursos que já habitam
muitos deles, mas que agora ganham força
por meio da aceitação e amadurecimento
em aplicações cada vez mais nobres.
A pesquisa Tendências e Principais
Desafios de TI no Setor Financeiro
Brasileiro, divulgada em março deste
ano pela consultoria IDC, indica que,
na comparação com 2010, cerca de
42% dos entrevistados acreditam que
os investimentos em TI serão maiores
em 2011. Metade dos participantes
entende que os investimentos deverão
ser iguais e apenas 3% preveem
investimentos inferiores.
O estudo, que envolveu executivos de
62 instituições financeiras que atuam no
País, aponta que entre as prioridades
de negócios para o ano, na opinião dos
executivos, estão, pela ordem, aumento
de eficiência, receitas e portfólio.
Quando o tema são iniciativas ligadas à
inovação, a maioria tem como
prioridade a criação de produtos e
serviços, novas formas de relacionamento
com o cliente e reformulação no
atendimento nas agências, além de novos
modelos de precificação.
Para o setor financeiro, novos serviços
e tecnologias significam maior eficiência
operacional, maior racionalização dos
custos e aumento de receitas. Em resumo,
tornam os bancos mais competitivos.
Esses aditivos de TI estão sendo
amplamente utilizados nas relações
com os clientes, proporcionando formas
diferenciadas de interagir e engordando
carteiras. Além disso, também são
instrumento para a bancarização da
população, uma das maiores necessidades
do mercado brasileiro, na opinião do
Banco Central.
De acordo com a Federação Brasileira
de Bancos (Febraban), em 2010 os gastos
do setor com TI atingiram 22 bilhões de
reais, crescimento de 15% sobre o ano
anterior. As despesas com tecnologia
ficaram em 15,4 bilhões de reais, aumento
de 13% sobre 2009 e os investimentos
na área alcançaram 6,6 bilhões de reais,
valor 19% superior.
O diretor de Tecnologia da Febraban,
Gustavo Roxo, lembra que em 2010 houve
recuperação dos gastos com TI. “Em 2009,
aconteceu retração dos investimentos por
causa da crise e os gastos com TI tiveram
aumento de apenas 4% em relação a
2008”, diz o executivo, acrescentando
que no ano passado as despesas com
tecnologia recuperaram a trajetória
histórica de forte crescimento.
“Os números mostram que os
investimentos em TI saltaram a curva
tradicional de despesas do setor, o que
significa que os bancos continuam vendo
na TI uma importante alavanca para suas
estratégias de crescimento.” No período
2007-2010, esses gastos registraram
incremento de 33%, confirmando a
importância da TI nas estratégias das
instituições financeiras.
No ritmo das tendências
Gustavo Roxo, diretor de Tecnologia da Febraban
Detalhando o balanço realizado pela
Febraban em relação ao tema tecnologia,
é possível verificar algumas tendências.
Um exemplo é o crescimento de
investimentos em mainframe para
storage. Segundo o estudo da entidade,
com os mainframes houve aumento
de 31% na contração de Milhões de
Instruções Por Segundo (MIPS) em 2010,
revelando que os bancos tiveram de
investir mais para suprir o crescimento
orgânico do setor e a corrida aos dados.
Já a quantidade de terabytes de disco
acenou com incremento de 24% no ano
passado. Segundo Roxo, a explicação
para a expansão é semelhante ao ocorrido
com o mainframe. “Além disso, há outra
questão importante: o crescimento
www.computerworld.com.br
18 Capa
exponencial entre 2004 e 2010. A
capacidade em terabytes cresceu 11 vezes.
Qual a razão? A grande demanda por
dados dentro dos bancos e a queda do
custo do terabyte.”
Roxo diz que atualmente mais do
que capacidade de armazenagem, os
bancos querem pagar pela velocidade das
máquinas. “É fundamental, para conseguir
a informação em tempo real.”
Business analytics em alta
“Fazer a gestão de dados ficou mais caro
e ganhou maior complexidade. Há uma
demanda por maior sofisticação nessa
gestão. Antes, a análise de dados gerava
informações mensais. Hoje, o interesse
é pela captura de informações em tempo
real”, informa Gustavo Roxo, diretor
de Tecnologia da Febraban. Para ele,
é uma tendência que deve ocorrer nos
próximos cinco anos.
“Informação online é uma grande
ferramenta”, diz e acrescenta que com
o Business Analytics (BA) oferecendo
informações com agilidade, fica mais fácil
a gestão de taxas bancárias conhecer o
cliente, saber como o mercado em que os
bancos atuam está funcionando, além de
ajudar na apuração de fraudes no sistema
financeiro. “Com o BA, segmentos com
muitas transações, como o financeiro,
são mais impactados. Talvez o único
que tenha abalo equivalente é o de
telecomunicações”, afirma.
O Bradesco possui um departamento
exclusivo de CRM (para gerenciar o
relacionamento com o cliente), que facilita
e agiliza a criação de produtos e serviços
Laércio Albino Cezar, vice-presidente executivo
do Bradesco
de acordo com as expectativas dos clientes,
captadas por meio da tecnologia. “Assim,
tudo o que oferecemos é sob medida
para eles”, diz Laércio Albino Cezar,
vice-presidente executivo do Bradesco,
destacando que todas as campanhas e
criação de produtos são realizadas por
meio de prospecções, análises e garimpos
usando também BI e BA.
O Bradesco utiliza muitos sistemas para
gestão de risco e indicadores inteligentes
que facilitam as prospecções de mercado
e de crédito, agilizando sobremaneira
processos de negócios, segundo Cezar.
Eles estão integrados ao CRM e usados na
automação da força de vendas. “O CRM
está distribuído pelas agências e a equipe
de vendas o usa para lidar com o cliente.
Despesas e Investimentos de Tecnologia em 2010
Hardware
Telecomunicações
Softwares de terceiros
Software In House
Infraestrutura
Outras despesas
Total Investimentos
Fonte: Febraban
www.computerworld.com.br
(em R$ milhões)
Realizado %
em 2007
Realizado %
em 2008
Realizado %
em 2009
Realizado % 10 / 09
em 2010
4.686 28%
3.253 20%
3.947 24%
2.274 14%
1.777 11%
612 4%
16.549 100%
5.197 28%
3.118 17%
5.136 28%
2.328 13%
1.840 10%
735 4%
18.355 100%
5.187 27%
4.136 22%
3.901 20%
2.178 11%
2.753 14%
988 5%
19.142 100%
6.354 29% 23%
4.752 22% 15%
3.990 18% 2%
2.892 13% 33%
3.043 14% 11%
986 4% 0%
22.016 100% 15%
É um grande gerador de oportunidades
de negócios. O recurso é tão eficaz que
o índice de assertividade nas ações, e
campanhas, é de 60%”, diz.
O líder da Indústria Financeira da IBM
para América Latina, Roberto Bisca, destaca
que o volume de dados no mundo cresce
exponencialmente. No setor financeiro,
é preciso transformar esses dados em
informação para tomadas de decisão com o
objetivo de proporcionar aos bancos fazer
a venda de um produto de maneira mais
assertiva, de acordo com o executivo.
“Posso conhecer meu cliente com os
dados que capturei (perfil e histórico)
e serei capaz de oferecer a ele um
produto de que, de fato, necessita”, diz.
“Você reduz o tempo de resposta ao
mercado para atendê-lo, porque fica mais
agressivo”, explica. Ele acrescenta que essa
gestão diferenciada se traduz em maior
eficiência operacional.
O vice-presidente de Tecnologia
& Inovação da Itautec, Wilton Ruas,
também destaca a importância do BA
para ajudar na integração do banco com
o cliente. “Cria-se uma ferramenta que
identifica quem é o cliente. Assim, o banco
o reconhece ao entrar na agência, por
exemplo. De posse do seu perfil, é possível
oferecer atendimento personalizado”,
destaca e afirma que todo esse processo
é a inteligência do negócio. “A tecnologia
deve ter utilidade prática. Nesse caso, é
usada no relacionamento que, acredito, é
uma tendência.”
Já o diretor de Vendas da área de
Financial Services da Oracle do Brasil, Ciro
Coca, explica que o BA pode ir além da
melhoria da gestão dos bancos. “Na parte
de aplicativos analíticos, essas inovações
podem ajudar a atender às necessidades
dos bancos em organizar suas estruturas
de dados. Com isso, eles podem melhorar
a gestão contábil, reduzir a dependência
dos seus sistemas legados.” Para Coca,
as instituições financeiras ainda podem
reorganizar seus dados para transformálos em informações destinadas à apuração
de resultados, bem como diminuir o
tempo de fechamento e aprimorar a gestão
para as tomadas de decisão.
19
Virtualização
A evolução na área de servidores é
outro dado importante revelado na
pesquisa. A quantidade de servidores
centralizados cresceu fortemente até
2008, provavelmente respondendo ao
incremento orgânico dos bancos, com
grande expansão da demanda por dados.
Nos últimos dois anos, entretanto,
houve reversão do movimento e em
2010, com significativa queda de 29% na
quantidade de servidores dos bancos
filiados à Febraban. O diretor de
Tecnologia da entidade, Gustavo Roxo
explica que a queda se deu, por um
lado, pela consolidação das máquinas,
ou seja, compra de equipamentos mais
poderosos. No entanto, segundo ele,
o processo de virtualização é a melhor
explicação para o resultado.
“A queda de 29% não significa que
se está usando menos plataformas
e mais mainframes, e sim que elas
estão em processo de consolidação e
virtualização”, diz e alerta que não é mais
por número de servidores que se mede a
capacidade computacional.
A virtualização já é uma realidade nos
bancos grandes, utilizada de maneira
intensiva. “É um processo que só tem a
crescer nos próximos anos”, afirma Roxo,
que já vê a necessidade da Febraban
mudar os critérios da pesquisa.
“A virtualização vem sendo adotada há
cerca de dois anos pelo setor, mais robusta
e avançada. Por conta disso, fica mais
difícil contabilizar os equipamentos. No
próximo ano, teremos de rever a forma de
realizar essa contagem”, afirma. “Afinal, o
servidor é uma máquina virtual. Hoje, os
profissionais de infraestrutura não sabem
dizer quantas máquinas virtuais existem”,
completa o executivo da Febraban.
No Bradesco, a tecnologia é mais do
que realidade, “é uma necessidade”, de
acordo com Laércio Albino Cezar, vicepresidente executivo da instituição. “É
fazer mais com menos”, completa. “Todo
o nosso processamento se encaixa na
estratégia de virtualização.”
E não é pouco. O volume de transações
diárias do Bradesco totaliza hoje cerca
de 220 milhões. O Internet Banking
da instituição possui mais de 900 tipos
de serviços. “Necessitamos de grande
capacidade de processamento. Sem a
virtualização não teríamos mais espaço
para abrigar o número de máquinas
físicas. Sem contar com o custo disso”, diz.
Hoje, de acordo com Cezar, o
centro de processamento de dados do
banco trabalha somente com recursos
de virtualização e servidores blade,
otimizando espaço com capacidade de
processamento altamente ampliada.
Para o vice-presidente de Tecnologia
& Inovação da Itautec, Wilton Ruas,
o processo de virtualização é uma
consequência da necessidade de otimizar
os recursos dos bancos, que se deparam
com o crescimento da demanda por seus
serviços em consequência da bancarização
e do aquecimento da economia. “A
tecnologia ganhou força nos últimos dois
anos por questão de economia. Há a
necessidade de maximizar a infraestrutura
de TI. Você consegue, com ela, maior
poder de processamento, além do uso
otimizado da estrutura e do espaço físico.”
Segundo especialistas ouvidos pela
Computerworld, o acelerado processo
de virtualização dos bancos pode abrir
espaço para a adoção da computação em
Roberto Bisca, líder da Indústria Financeira da
IBM para a América Latina
nuvem, embora os tomadores de decisão
nas instituições financeiras tenham
ainda muitas dúvidas em relação a essa
tendência em serviços.
“Trata-se da evolução natural do data
center, que exige alta disponibilidade,
escalabilidade, excelente nível de serviços
e segurança”, afirma o diretor de Vendas
da área de Financial Services da Oracle do
Brasil, Ciro Coca.
Recursos Computacionais dos Bancos
Tipo de Equipamento
Unidade de
medida
Mainframes
Servidores UNIX / LINUX*
centralizados
Servidores UNIX / LINUX
ptos. de atendimento
Servidores Windows
centralizados
Servidores Windows em
ptos. de atendimento*
Terminais de Caixa
Estações de trabalho/
PC’s / Notebooks
PDA’s / Blackberry’s /
Assemelhados
Fitotecas robotizadas
Discos
MIPS 228.701 272.442 349.441 403.128 510.934 534.530 698.611 31%
Qte. Equips. 2.241 2.347 2.530 2.874 4.082 4.167 2.954 -29%
Fonte: Febraban
2004
2005
2006
Qte. Equips.
2007
5.719
Qte. Equips. 11.863
2008
9.025
2009
9.119
2010
Var.
10/09
8.593 -6%
10.302 13.727 13.492 14.947 16.311 16.640
2%
16.698 23.544 26.383 26.680
1%
Qte. Equips.
Qte. Equips. 120.015 119.233 131.719 133.385 141.170 147.240 138.780 -6%
Qte. Equips. 378.184 447.567 478.982 510.847 515.296 580.853 647.277 11%
Qte. Equips.
Qte. Equips.
Terabytes
139
1.914
1.902
8.360 12.206 16.304 18.247 19.694
143
2.628
167
5.213
8%
188
227
251
251 0%
7.010 12.054 17.781 22.069 24%
20 Capa
Na mesma linha, Roberto Bisca,
da IBM, ressalta que a adoção da
computação em nuvem pelos bancos seria
uma etapa posterior natural a processos
de virtualização. “O conceito de eliminar
a dependência geográfica para acesso a
sistemas veio com a virtualização, que
evoluiu para a computação em nuvem,
mais abrangente”, afirma.
No Bradesco, a virtualização é a
tecnologia mais estratégica e está
envolvida diretamente com o ponto
nevrálgico da operação, que é o alto
volume de processamento. E, de acordo
com o vice-presidente executivo da
instituição, é usada com inovação
em variadas frentes, atendendo com
propriedade às demandas de negócios.
Segundo ele, virtualização cumpre todos
os objetivos do banco.
“Não usaríamos nuvem pública por
questões claras de segurança. Um banco
precisa saber nome e endereço de quem
está de posse de seus dados. Nesse
modelo, eles ficam no ar.” Quanto à
nuvem privada, o executivo do Bradesco,
que no momento mostra-se muito
bem atendido pela virtualização, não
demonsta a menor necessidade de adotar
cloud, mas diz estar sempre estudando
novos conceitos.”
“Recente estudo da IBM mostrou
De acordo com
a consultoria
IDC, por conta da
preocupação com
a
,
os bancos não vão
optar por colocar
aplicações críticas
na nuvem
segurança
que a indústria financeira está adotando
tecnologias de nuvem mais rápido do
que outros setores”, diz Bisca. Segundo
ele, quase metade dos entrevistados do
setor financeiro indicou que já usa nuvens
privadas para entregar aplicações na
conta, ou seja, fazer com que o usuário se
beneficie disso.
O gerente de pesquisa e consultor da
IDC, Anderson Figueiredo, avalia que por
conta da preocupação com segurança, os
bancos vão optar pela nuvem privada.
“No primeiro momento, eles não
Terceirização e Outsourcing
Bancos Grandes
Help Desk (Service Desk)
Telecomunicações
Serviços de Impressão
Manutenção de sistemas
Fabrica de Software
Processamento de Cartões
Fabrica de Projetos
Body Shop
Backup Site
Processamento de Envelopes
Digitalização de Documentos
Infraestrutura de Data Center
Redes
Serviços de Back Office
Fonte: Febraban
www.computerworld.com.br
2010
Utilização
(em %)
66
58
49
48
48
48
45
39
38
33
30
30
25
19
Bancos Médios e Pequenos
Processamento de Cartões
Help Desk (Service Desk)
Serviços de Impressão
Telecomunicações
Fabrica de Software
Processamento de Envelopes
Redes
Fabrica de Projetos
Manutenção de sistemas
Digitalização de Documentos
Backup Site
Infraestrutura de Data Center
Serviços de Back Office
Body Shop
2010
Utilização
(em %)
78
71
67
50
46
46
42
42
33
29
28
25
21
17
colocarão nenhum de seus sistemas mais
críticos, (seu core business) na nuvem.
Inicialmente, irão para os sistemas
periféricos. Eles não deverão ir para a
nuvem pública e sim nuvem privada”,
afirma.
Figueiredo informa que uma pesquisa
recente da IDC, a primeira que apurou a
área de cloud no Brasil, mostrou que para
as empresas, os três principais fatores
que aceleram a utilização da nuvem são a
procura pela redução de custos, o aumento
da flexibilidade dos equipamentos e a
possibilidade de pagar somente pelo que
utilizam. “No caso dos bancos, o que os
motiva a adotar a cloud são a redução de
custos e o aumento da flexibilidade”, diz.
Para o executivo da IDC, a computação
em nuvem já faz parte das estratégias
dos bancos, mas ainda não tem peso
importante. “O momento do setor
financeiro em relação à cloud é parecido
quando surgiram as primeiras propostas
de outsourcing há quase 20 anos. Os
bancos estão ouvindo os fornecedores e
o setor ainda está um pouco confuso com
os inúmeros projetos de cloud que estão
sendo oferecidos.”
Tudo depende, entretanto, de como se
olha cloud. Para os bancos, o conceito
de cloud computing acontece por meio
da adoção do modelo de software como
serviço (SaaS). O diretor de tecnologia
da Febraban diz ser possível detectar no
Brasil “algum movimento em relação aos
serviços no conceito SaaS”. Uma adoção
ainda irrisória, mas já é uma forma de
“cloud”.
“Existe consolidação de servidores
e acho que em três anos o setor irá
aumentar seus investimentos nesse tipo
de tecnologia”, afirma. Mas Roxo salienta
que entre os bancos ainda paira certa
precaução em relação à cloud. “Esbarra na
segurança. É uma tecnologia que precisa
de aprovação dentro de um processo
decisório que ocorre nos bancos. Ainda é
necessária aprovação em várias esferas.”
O Santander também não arrisca
aplicações críticas na nuvem, mas
adotou o modelo privado de SaaS, para
disponibilizar infraestrutura à área de
21
desenvolvimento e teste de produtos do
banco. Construída pela parceira IBM, a
nuvem do Santander possibilita agilizar
um projeto que consumia 90 dias para
horas, diz Carlos Alberto Fernandes
Pinheiro, superintendente executivo de
Desenho de Serviços e Arquitetura da
Produban, empresa de tecnologia do
Grupo Santander Brasil.
Pinheiro diz que cloud é uma variável
fundamental para a competitividade, mas
afirma que nem todos os serviços migrarão
para o conceito. “Hoje, estamos em nuvem
privada, justamente por oferecer mais
segurança. Ainda assim, aplicativos vitais
para a atividade fim do banco não estarão
nesse ambiente”, garante e reforça: “No
momento e nem mesmo no futuro”.
De acordo com José Luiz Spagnuolo,
líder de Cloud Computing da IBM,
responsável pelo projeto no Santander,
a nuvem coloca o banco em vantagem
competitiva em relação à concorrência,
devido à habilidade de respostas
rápidas às necessidades do cliente e do
mercado. “Hoje, por meio dela, existe o
provisionamento dinâmico de máquinas
virtuais (IaaS) e middleware (PaaS) para
os desenvolvedores.”
Resistências na nuvem
O sócio-fundador da consultoria Sciere,
Edson Fregni, esclarece as resistências
que ainda ocorrem. “Não creio que essa
técnica [cloud computing] seja uma
alternativa para os sistemas transacionais
de bancos. Primeiro, porque as nuvens
públicas não oferecem a segurança
requerida, e construir uma nuvem privada
em nada se distingue de contratar (ou ter o
próprio) serviço de hospedagem.”
A técnica de cloud prevê a fragmentação
dos aplicativos e das bases de dados,
prossegue o executivo, de forma que os
fragmentos possam ser distribuídos pela
rede, em muitos diferentes servidores
espalhados pelo mundo. “O banco não
consegue repartir sua base de dados. Ela
precisa ser centralizada. E, então, não
existem muitas vantagens em quebrar as
demais camadas do aplicativo.”
Wilton Ruas, vice-presidente de
Tecnologia & Inovação da Itautec, prefere
destacar que o conceito de nuvem é recente.
“Todos ainda o estudam, principalmente
os bancos, em razão da preocupação com a
segurança”, diz. “Pode ter algum uso efetivo
e liberar custos de TI, mas para uso externo
é algo polêmico. Falta confiança”. Segundo
ele, a computação em nuvem precisa
“alcançar a maturidade”, o que faria com
que os bancos tivessem a percepção de
que há no mercado uma solução
“adequada e comprovada”.
Na opinião do diretor de Tecnologia da
Febraban, Gustavo Roxo, está nas mãos
dos fornecedores a responsabilidade de
fomentar a adoção da nuvem entre os
bancos. “Falta proposta de valor por parte
deles, que deveriam oferecer serviços
criativos e adequados à nossa realidade.”
Ele dá o exemplo da gestão do gasto com a
tecnologia, que deveria “ser transparente”.
O executivo destaca ainda a segurança
como questão que deve ser melhor
esclarecida, visto que os bancos ainda
não têm a percepção exata do que está
sendo oferecido atualmente. “Já há ofertas
de cloud bastante seguras. Acontece que
existe desconhecimento em relação ao que
o mercado está oferecendo. Acredito que a
partir de iniciativas pioneiras, a tendência
será de mais clientes querendo usar.”
Mobilidade
Os dispositivos móveis estão
redesenhando o cenário dos negócios
em muitas corporações e também a
forma tradicional de proteger dados
corporativos. A sua aceitação é explosiva
e inevitável. Não é diferente nos bancos.
Segundo a Febraban, o mobile banking
ainda engatinha, mas registrou aumento
de 72% em 2010, com 2,2 milhões de
contas. Foi a primeira vez que a entidade
divulgou dados de mobile banking em
separado do internet banking – a entidade
aponta que a internet foi o canal utilizado
em 12,9 bilhões de transações efetuadas
pelos bancos no ano passado.
O Bradesco Celular, produto de
mobile banking que está no ar desde
2000, já possui cadastrados 1, 2 milhão de
usuários, de acordo com o vice-presidente
Ciro Coca, diretor de Vendas da área de Financial
Services da Oracle do Brasil
executivo do Bradesco Laércio Albino
Cezar. “Já temos 300 mil usuários cativos,
os que usam ao menos uma vez o serviço
a cada 90 dias”, diz e acrescenta que
por meio dele são realizadas 161 mil
transações por dia.
Somente em home broker, o Bradesco
possui 900 mil clientes cadastrados, que
realizam 18 mil transações por dia. “O
mais importante é que desse montante,
mais de 50% são efetivadas, ou seja, têm
negócios fechados”, garante Cezar.
Na opinião do executivo, é vital para o
banco estar em linha com as tecnologias
emergentes e por essa razão são foco
de investimentos. “Aos nossos clientes,
oferecemos uma série de sites e vantagens
como aplicações que podem ser baixadas
na Apple Store online, para uso em
smartphones e iPads. Até hoje, já foram
realizados mais de 270 mil downloads.”
Para os especialistas, o aumento da
importância dos dispositivos móveis se
deve à melhoria da sua usabilidade. Além
disso, houve considerável incremento
de pessoas com acesso a esses produtos.
Roxo informa, por exemplo, que a
Febraban já definiu toda a arquitetura
e os processos básicos para os bancos
aplicarem o conceito de mobilie payment.
No entanto, sua utilização ainda é
22 Capa
pequena. “Os pagamentos móveis
são mais presentes em mercados em
desenvolvimento. Isso não aconteceu
nos países desenvolvidos, onde a taxa de
bancarização é muito superior”, explica.
O diretor de Tecnologia da Febraban
diz que para os bancos, a mobilidade pode
significar venda de serviços financeiros.
“Cada vez mais, o cliente não quer ir ao
banco. Quer o máximo de conveniência.
O dispositivo móvel pode ampliar essa
facilidade”, completa. Wilson Ruas, vicepresidente de Tecnologia & Inovação da
Itautec, destaca a importância de os bancos
se adaptarem à nova geração de clientes.
Nesse momento particular, o setor
no Brasil vivencia o desafio de captar
a população não bancarizada, bastante
expressiva, de cerca de 50 milhões de
pessoas. “Se as instituições não tiverem
planejado e inovado, não vão obter
sucesso nessa empreitada. Vão perder
competitividade”, afirma Bisca. Segundo
ele, as tendências em TI para os bancos
são fundamentais para garantir a
competitividade nos próximos anos. “Os
assuntos estão muito ligados à business
analytics, social business, computação em
nuvem e também métodos de pagamento
alternativos com mobilidade. O objetivo
principal é o aumento da base de clientes
de forma rentável e estruturada.”
Gastos com telecomunicações
Segundo pesquisa da Febraban, em
2010 os gastos com telecomunicações
cresceram 15%, para 4,8 bilhões de reais.
Esse valor representou 22% do total
dos gastos e investimentos do setor em
tecnologia no ano passado, atrás apenas
do que foi direcionado para hardware, que
teve um peso de 29%.
Despesas e Investimentos com Tecnologia
(em R$ milhões – Inclui investimentos e despesas correntes)
+15%
+4%
Var.08-10
+11%
16.549
612
1.777
22.016
986
+20%
+34%
19.142
988
3.043
+65%
1.840
2.753
2.892
+24%
2.328
2.178
3.990
-22%
4.752
+52%
18.355
735
2.274
3.947
3.253
5.136
3.118
3.901
4.136
Outras
Infra
Software In House
4.686
5.197
5.187
6.354
+22%
Softwares de 3os
Telecom
Hardware
2007
Fonte: Febraban
www.computerworld.com.br
2008
2009
2010
Segundo Roxo, a maior parte dos
gastos com telecomunicações é com
links de comunicação de dados e o
aumento é explicado pela capilaridade
crescente do setor financeiro. Além
disso, há a correção dos contratos
firmados com os fornecedores e os
investimentos no aumento da banda
utilizada pelos bancos.
“Para cada novo ponto de atendimento,
é necessário um link de comunicação.
A pesquisa apurou, por exemplo, que o
número de agências e postos tradicionais
cresceu 1%, o de postos eletrônicos subiu
9%, e o de correspondentes bancários
aumentou 11%. Para cada novo ponto, há
um novo link.”
Segundo o executivo da Febraban,
geralmente os contratos dos bancos
com seus fornecedores de serviços de
telecomunicação preveem reajuste anual
balizado pelo IGP-M. “Talvez, sete pontos
percentuais dos 15% de crescimento em
2010 estejam relacionados aos reajustes
contratuais. O aumento da banda de
links existentes se deve à necessidade de
atender à expansão dos bancos.
“Cresceu o número de clientes. Com
isso, o banco terá de investir na ampliação
de tecnologia para voz e dados”, informa.
O executivo também destacou que
contratar banda larga e infraestrutura de
telecom continua muito caro no Brasil
e que o ritmo de queda do custo da
banda larga no País continua muito mais
lento que o do aumento da demanda
por conexão. Para ele, a infraestrutura
nacional de telecom é uma das barreiras
para a expansão do internet banking.
É importante destacar que já se pode
afirmar que a relação dos bancos com
os serviços de telecomunicações está
“madura” e, atualmente, não se espera que
as instituições mudem suas estratégias.
“Entre 2000 e 2005, praticamente todos
os bancos terceirizaram suas redes de
comunicação. Hoje, ninguém mais discute
estrategicamente se vale a pena ter sua
própria gestão de telecomunicações
ou terceirizar, porque todo mundo
está terceirizado”, finaliza o diretor de
Tecnologia da Febraban.
23
Compensação digital:
agilidade e
retorno rápido
Os 90 milhões de cheques processados passam a ser
digitalizados e vão gerar economia de, no mínimo,
R$ 100 milhões ao ano aos cofres bancários
O
s investimentos em tecnologias
e modernização de processos
iniciaram em 2008 e os testes
consumiram um ano para que
no dia 20 de maio deste ano a troca
física de cheques (cerca de 90 milhões
processados ao mês), prática realizada
há 40 anos no modelo de compensação
tradicional, fosse substituída pela
Compensação Digital por Imagem.
O projeto, que começou a ser
desenvolvido em 2009 pela Federação
Brasileira de Bancos (Febraban) e bancos
associados, aposenta a necessidade de
transportar os cheques em papel pelos
mais diferentes meios como avião, carrosfortes e barcos, manobras altamente
dispendiosas.
De acordo com Dario Antônio Ferreira
Neto, coordenador do Comitê Gestor de
Transporte Compartilhado de Malote
(TCM), com base no estudo da malha
logística serão eliminadas mil rotas
terrestres e 50 de aeronave, sem contar
alguns percursos realizados por barcos,
que irão totalizar perto de 100 milhões de
reais em economia administrativa para
os bancos.
Laércio Albino Cezar, vice-presidente
executivo do Banco Bradesco, diz que
a construção da infraestrutura para
atender ao projeto – que inclui 5.900
scanners (para a captura de imagem dos
cheques), e software para tratamento de
imagem e armazenamento – mobilizou
investimentos de cerca de R$ 70 milhões.
Em contrapartida, o Bradesco vai
economizar perto de R$ 40 milhões ao
ano com a eliminação do transporte físico
dos cheques.
“Hoje, 60% de nossas agências (do
total de 3.666) já estão devidamente
equipadas para realizar a captura interna
das imagens. As restantes (40%) estão
em processo de modernização e por
enquanto essa tarefa ainda é repassada às
centralizadoras”, diz Cezar, que afirma ter
corrido tudo na perfeita ordem na estreia.
A tranquilidade de Cezar está apoiada
na experiência adquirida desde 2008,
quando o banco passou a disponibilizar
imagens de cheques pela internet para
a consulta dos clientes (conferência de
data e assinatura), por meio da captura de
imagem em nível nacional. “Essa operação
já é nossa velha conhecida.”
Para o vice-presidente executivo
do Bradesco, o maior ganho é em
produtividade. “Deixaremos de mexer em
papel e a velocidade que ganhamos na
compensação é impressionante.”
Para os correntistas também. A
digitalização vai acelerar a compensação
que passará a consumir, no máximo, até
dois dias. Cheques com valores acima de
300 reais serão compensados em um único
dia e para valores inferiores, em dois dias.
Mas essas vantagens somente passarão a
vigorar a partir de 20 de julho, de acordo
com a Febraban. Em regiões de difícil
Esperamos forte
redução da clonagem
e falsificação dos
cheques. Prejuízo foi
estimado em
1,2 bilhão de reais
para o comércio
Walter Tadeu de Faria, diretor
adjunto de Serviços da Febraban
www.computerworld.com.br
24 capa
A eficiência da
compensação
acelerada gera
ganho que poderá
ser transformado em
dinheiro. Cheque
parado deixa de
captar juros
Samy Dana,
Professor de Finanças da Escola
de Economia daFGV-SP
acesso do País, a compensação acontecerá
em até 20 dias úteis.
Nesse novo desenho, o Banco do Brasil
tem dupla responsabilidade: é um banco
participante e também o “executante”
do processo. Nessa última modalidade,
ele vira o centro nevrálgico da ação. Não
pode falhar. É ele quem recebe todas as
imagens dos cheques e os repassa a cada
um dos bancos participantes.
Para que tudo funcionasse na mais
perfeita ordem na entrada em operação
em 20 de maio, o Banco do Brasil (BB)
desenvolveu internamente todo um
sistema para suportar o volume digital
de cheques dos bancos de todo o País. A
capacidade de armazenamento teve de
ser ampliada para receber o montante de
informação (em arquivos padronizados
até 35kbytes, em preto e branco) e toda a
infraestrura de telecomunicações.
De acordo com o BB, um dos
principais investimentos foi o realizado
na redundância do sistema para garantir
disponibilidade total. O processamento
principal acontece em Brasília e o
espelhamento no site do Rio de Janeiro.
Redução de fraudes
Mais segurança e menos prejuízo são mais
alguns benefícios que a nova tecnologia
irá proporcionar. Ao eliminar o transporte
físico dos cheques e a ação de pessoas nos
trâmites tradicionais da compensação,
Como funciona
Compensação física (antes):
O banco A envia os cheques recebidos durante o dia para a câmara de compensação do Banco do
Brasil. O BB faz o encaminhamento dos mesmos às instituições financeiras de origem do cheque para
averiguação de saldo em conta corrente e conferência dos aspectos formais, tais como assinatura,
data, preenchimento de valor etc. Após esse procedimento, ocorre a compensação.
Compensação por imagem (atual):
O banco A captura as informações do cheque por meio de código de barras e a imagem do cheque.
Depois, encaminha tais informações e o cheque escaneado para o BB em um único arquivo. O BB faz o
processamento desse arquivo e o encaminha ao banco de origem. O cheque físico fica no banco A.
www.computerworld.com.br
as fraudes sofrerão queda significativa.
“Esperamos forte redução na clonagem e
falsificação nos cheques que provocaram
prejuízo estimado em 1,2 bilhão de reais
para o comércio e de 283 milhões aos
bancos”, diz Walter Tadeu de Faria, diretor
adjunto de Serviços da Febraban.
O diretor de Relações Institucionais
da Febraban, Mário Sérgio Fernandes de
Vasconcelos, acrescenta mais a vantagem
da sustentabilidade com a entrada em
operação da compensação digital. “A
previsão é reduzir 15 mil toneladas anuais
de emissão de CO2 na atmosfera, visto
que cerca de 37 milhões de quilômetros
deixarão de ser percorridos anualmente.”
Com a digitalização, o que acontecerá
com os cheques em papel? Faria diz
que eles irão cumprir o ciclo natural da
compensação, que consome cerca de três
dias, e depois poderão ser destruídos pela
instituição bancária, aumentando ainda
mais a segurança.
O novo modelo de compensação
fará com que os cheques recuperem
grande parte da credibilidade perdida
em razão do alto índice de clonagem e
fraudes, que a partir de agora entrará
em declínio. Apesar do uso de cheques
ter caído consideravelmente (em 2002
eram processados cerca de 450 milhões
por mês e hoje são 90 milhões), ainda
representa número importante como
meio de pagamento.
Mas eles estão com os dias contados,
na opinião de Samy Dana, professor
de Finanças da Escola de Economia
da Fundação Getúlio Vargas de São
Paulo. “O dinheiro de plástico, ou seja,
os cartões, têm substituído os cheques
com eficiência. São mais usados hoje no
comércio, que os tratam como duplicatas,
para desconto em alguma factoring e
obtenção de dinheiro a vista”, diz.
Além disso, prossegue Dana, o dinheiro
tem custo. Cheque parado deixa de
captar juros. A eficiência da compensação
acelerada, segundo ele, gera ganho que
poderá ser transformado em dinheiro.
“Considerando a taxa de juros Selic
(Sistema Especial de liquidação e de
Custódia) de 0,04% ao dia, um dia a menos
25
A tecnologia
permite identificar
rapidamente a
partir da imagem
se a assinatura
é realmente do
correntista e se há
indícios de fraudes
de compensação terá esse valor. Em altas
somas, representa vantagem significante”,
completa o professor.
“Toda a agilidade proporcionada e
a eliminação do transporte físico dos
cheques irão proporcionar ganhos
importantes. Os bancos deveriam repassar
parte disso para os correntistas por meio
de tarifas mais baixas. Essa ação iria
favorecer os negócios”, sugere o professor.
Movimentação no setor
Todos os preparativos para deixar os
bancos prontos para a Compensação
Digital por Imagem aqueceu os negócios
de empresas que entraram em cena para
prestar consultoria, fornecer recursos
de captura e tratamento de imagens,
armazenamento, entre outros.
Uma delas é a Unisys. De acordo com
Eneida Telles, diretora de Projetos da
empresa, a consultoria nesse segmento
foi amplamente solicitada à empresa
em razão da experiência da companhia
em todas as fases do processo, desde
2009. E ela entende que os bancos vão
optar por fazer a captura de imagem
internamente para garantir mais
segurança, terceirizando apenas serviços
de consultoria e de integração para a
construção do modelo próprio.
“Acreditamos que a compensação
digital ainda sofrerá ajustes, pois terá sua
necessidade identificada no dia a dia com
a continuidade da operação. Por isso, a
demanda por serviços no segmento será
bastante aquecida.”
A captura de imagem exige investimento
em scanners diferenciados, verdadeiros
protagonistas desse processo. Por conta
disso, a Epson tem expectativa de triplicar
as vendas, seguindo a tendência da
descentralização, de acordo com Marcos
Nora, gerente da Unidade de negócios de
Automação Comercial da Epson.
Ele diz que atualmente a digitalização
de cheques está bastante concentrada
na retaguarda dos bancos. A tendência é
que esse movimento migre para a frente
de atendimento (caixas), reduzindo
processos internos e agilizando a troca de
informações digitalizadas.
Alexandre Corogliano,
Executivo da Disoft
Nos EUA, prossegue, esse processo já
migrou para o varejo, onde o correntista
(de estabelecimentos comerciais)
digitaliza os cheques recebidos,
evitando o transtorno de comparecer
ao banco, agilizando o fluxo de caixa
e principalmente de informações. “Já
estamos com projetos de outsourcing
para digitalização de cheques, por meio
de empresas especializadas nesse nicho”,
antecipa Nora.
Com a digitalização, quando um cheque
do banco A é depositado no banco B,
este o envia ao banco A (por imagem)
para que ele tome a decisão de pagar ou
não, mediante análise para verificar se
está tudo correto (assinatura, valor, entre
outras informações). É nesse momento
que entramos no processo, diz Alexandre
Corogliano, executivo da Disoft.
É um software (da alemã SoftPro) que
permite a partir da imagem atestar que
a assinatura é mesmo do correntista, via
rede neural, se há indícios de fraude.
Tudo por meio de um único ponto, em
plataforma aberta, explica Corogliano
que garante que os dois maiores bancos
privados do País usam a solução.
O executivo lembra que no modelo
de truncagem de cheques (compensação
digital), os Estados Unidos estão à frente
do Brasil. “Eles iniciaram em 2003,
mobilizados ainda pela necessidade
de preservação fortalecida pelo
acontecimento de 11 de setembro”, diz,
antecipando que para desfrutar dessa
experiência está organizando, junto à
parceira SoftPro, a ída de profissionais dos
bancos clientes do Brasil até os bancos
norte-americanos, que usam a solução.
“Mais de 250 bancos no mundo são
usuários da tecnologia.”
O que vem por aí
A Febraban acredita que a Compensação
de Cheques por Imagem é apenas o
começo da era digital nos bancos. “Muito
em breve, outros documentos financeiros
e não financeiros (como boletos, contratos
etc) serão digitalizados, tornando mais
ágeis outros processos”, diz Faria, diretor
adjunto de Serviços da Febraban.
Essa prática já foi implementada
internamente nos processos do Bradesco,
de acordo com o vice-presidente executivo
da instituição. “Desde 2008, digitalizamos
contratos de nossos clientes para
disponibilizá-los a eles por e-mail quando
necessário. O próximo passo é ampliar o
alcance desse recurso”, revela.
Ao que tudo indica, com o avanço
da adoção de TI, os bancos vão agilizar
processos, eliminar etapas, extinguir o uso
dos cheques e desacelerar a atuação dos
velhos e conhecidos malotes, muito mais
rapidamente do que se imagina. n
www.computerworld.com.br
28 gestão
Telefônica digitaliza
documentos e aprimora
fiscalização
Projeto também tornará a companhia mais verde, com a
eliminação anual de 2,3 milhões de folhas de papel
Telefônica
www.telefônica.com.br
Desafios: economizar com manutenção
de arquivos físicos e adotar um sistema de
gestão de documentos que elimina o papel.
n
Solução: Software para fluxo de
documentos e smartphones da HTC, com
aplicativos de relatórios desenvolvido
internamente. Uso de certificação digital
para garantir a confidencialidade dos dados.
n
Resultados: agilidade na gestão de
processos de fiscalização. Aumento da
segurança e integridade das informações.
Eliminação da papelada. Redução de custos
com manutenção de arquivos físicos (cerca
de 460 mil reais).
n
Expectativas: estender o gerenciamento
eletrônico de documentos para outras
áreas internas da companhia, como o call
center. Eliminar o consumo anual de 2,3
milhões de folhas de papel (poupar cerca
de 400 árvores).
n
www.computerworld.com.br
A
edileuza soares
Telefônica espera economizar
460 mil reais até o final do ano
com manutenção de arquivos
físicos e se tornar mais verde
com adoção de um sistema de gestão de
documentos que elimina o uso de papel.
O projeto foi implementado na área
de fiscalização e deverá ser estendido
para outras unidades da operadora do
grupo espanhol, que agora também é a
controladora da Vivo no Brasil.
O novo sistema substitui os
processos manuais do departamento
de fiscalização pelo formato eletrônico
com assinatura digital. A área escolhida
pela Telefônica para digitalização dos
documentos de papel é a que controla e
supervisiona as empresas que prestam
serviços terceirizados no estado de São
Paulo. São companhias que atendem
a clientes finais, executando reparos
e instalação de linhas fixas, além de
conexões de banda larga Speedy.
Com o gerenciamento eletrônico
de documentos, a Telefônica espera
eliminar o consumo anual de 2,3 milhões
de folhas de papel. Segundo o diretor
de Inteligência de Redes da Telefônica,
Mário Milone, essa economia traz
impactos ao meio ambiente e pelos
seus cálculos vai evitar a derrubada de
aproximadamente 400 árvores.
Com o manuseio de menos papel, a
operadora de telefonia reduzirá gastos
com materiais de escritório, logística e
armazenamento dos arquivos físicos.
Milone avalia que a automatização traz
outros ganhos como mais velocidade
aos processos de fiscalização. Ele
esclarece que os reflexos são internos,
mas que podem gerar benefícios para os
usuários, com melhoria da qualidade do
atendimento das ocorrências.
O executivo explica que o departamento
de fiscalização concentrava muita
papelada. Essa área tem a missão de
avaliar se as prestadoras de serviços
realizaram o atendimento correto
aos usuários. Elas têm de seguir
procedimentos padronizados durante
os chamados dos usuários e o não
cumprimento pode acarretar multas.
Cada chamado dos usuários gera
uma ordem de serviço e a Telefônica
faz a fiscalização das terceirizadas por
amostragem dos contratos, que na versão
de papel eram impressos em três vias.
Essas cópias circulavam fisicamente
30 GESTÃO
pelo departamento e pelas mãos dos
técnicos que fazem a checagem em campo
do trabalho realizado pelas empresas
terceirizadas. “Os papéis iam e voltavam e
ainda tínhamos de armazená-los por cinco
anos”, conta Milone.
Com a automatização do processo
de fiscalização, que vai da coleta de
informações na rua à distribuição de dados
para os técnicos, o executivo contabiliza
melhorias no processo de gestão. Além,
da redução do consumo de papel, ele
avalia que as operações passaram a ser
executadas mais rapidamente e com menos
margem de erro.
Quando o sistema era manual, um
profissional gastava em média 220 horas por
mês para selecionar amostras das ordens
de serviços e distribuir aos responsáveis.
Hoje, esse tempo caiu para quatro horas. Os
ganhos, segundo Milone, foram em toda a
cadeia, diminuindo custos para a Telefônica
e também para os terceiros.
A solução
Para substituir os documentos em
papel pelo meio eletrônico, a Telefônica
precisou buscar um parceiro para
reforçar a segurança dos processos que
agora trafegam em rede. O projeto foi
implementado juntamente com a Certisign,
fornecedora de uma solução de certificação
digital, baseada no padrão de Infraestrutura
A certificação
digital garante que
o arquivo não foi
violado durante
a transmissão ao
destinatário e ainda
valida juridicamente
os processos
Décio Thomaz
Diretor comercial da Certsign
de Chaves Públicas do Brasil (ICP-Brasil),
criado pelo governo brasileiro.
O uso da certificação digital na
gestão de documentos eletrônicos da
Telefônica tem por objetivo garantir a
autenticidade dos processos. “Nesses
casos, é importante ter a certeza de que
o documento foi enviado e recebido
pela pessoa certa”, explica Décio Tomaz,
diretor comercial da Certisign.
A certificação digital garante que
o arquivo não foi violado durante a
transmissão ao destinatário e também
Quando o sistema era
manual, o profissional
gastava em média 220
horas por mês para
selecionar amostras
das ordens de serviços
e distribuí-las
Mário Milone
Diretor de Inteligência de Redes da Telefônica
www.computerworld.com.br
dá garantias jurídicas aos processos
eletrônicos. Assim, os documentos de
fiscalização da Telefônica passaram a
ser despachados com assinaturas por
meio de tokens, que contêm chaves
eletrônicas e informações criptografadas
da identidade de seu portador.
A solução também exigiu a automação
do trabalho de campo. Agora, os 50
técnicos da fiscalização vão para rua
equipados com smartphones da HTC,
abrigando software de relatórios
desenvolvido internamente pela
Telefônica para suportar a operação.
Todos os procedimentos são registrados
no terminal e transmitidos no final
do dia para a operadora por meio de
conexão internet.
Animada com os ganhos que esse
sistema trouxe à fiscalização, a Telefônica
decidiu estender o gerenciamento
eletrônico de documentos para outras
áreas internas da companhia.
A próxima a ser contemplada é o call
center. Todo o trabalho de fiscalização
das chamadas das atendentes, que
executam a gestão e a aprovação de obras
em campo, será por meio eletrônico. A
expectativa da Telefônica é ter essa área
operando até o final de 2011 sem o uso
do papel. Os investimentos da operadora
nesse projeto não foram revelados. ■
32 gestão
Nuvem privada
garante agilidade ao Vagas
Empresa atualizou infraestrutura para ganhar escalabilidade e rápido acesso ao
software que faz recrutamento em mais de 1,3 mil empresas do País
Déborah oliveira
V
elocidade. Esta é a palavra de ordem
da Vagas, companhia que disponibiliza
ferramenta de e-recruitment e
responsável pelo site de carreiras www.
vagas.com.br. Para possibilitar agilidade no
acesso ao software e-Partner, que faz a gestão
de todo o recrutamento de profissionais em
mais de 1,3 mil clientes, a organização optou por
modernizar a infraestrutura tecnológica.
“Criamos a nossa própria nuvem”, afirma
Mário Kaplan, diretor-geral da Vagas
Tecnologia. Ele explica. “Nossa infraestrutura
ficava hospedada em um data center de
mercado. Então, resolvemos migrar para o
UOL Diveo e renovar o parque, que possui hoje
quatro servidores em cluster e um storage, que
armazena cerca de 20 servidores dedicados à
operação do e-Partner.”
Essa mudança, afirma, aconteceu no início
do ano e possibilitou rapidez no acesso ao
e-Partner, disponibilizado na modalidade
software como serviço (SaaS) e acessado por
meio da web. “Antes, a página carregava em
1,3 segundos e agora o faz em 0,7 segundos. A
www.computerworld.com.br
33
diferença parece sutil, mas para nossos
clientes, muitos deles consultorias
de RH, a solução é vital para tocar
os negócios e por isso agilidade é
mandatório”, aponta Kaplan.
Na página, o usuário pode localizar um
candidato, receber currículos para uma
vaga e ter acesso a todas as informações
sobre o profissional, incluindo ainda o
histórico de contato com ele. A Vagas
conta hoje com mais de 50 milhões de
currículos cadastrados em sua base de
dados e recebe cerca de 300 mil visitantes
únicos por dia, de clientes que usam o
software, e de candidatos.
Tanta preocupação com a velocidade
faz do www.vagas.com.br (que permite
acesso ao e-Partner) o 103º no ranking
dos sites mais rápidos do Brasil,
segundo a Alexa, companhia que avalia
páginas em todo o mundo.
Outro benefício conquistado pela
organização foi escalabilidade. “A
Vagas cresce em faturamento, acessos
e número de clientes em média 50%
ao ano, porcentagem que vem-se
mantendo nos últimos nove anos. Se
contássemos com a outra estrutura,
teríamos restrições de expansão”,
avalia. Gargalo que foi eliminado.
De acordo com o diretor-geral da
empresa, a Vagas sempre contou com
um site rápido. “Mas sabíamos que
estávamos chegando ao limite. Era hora
de mudar para possibilitar uma melhoria
imediata aos usuários”, lembra.
O grande teste dessa nova estrutura,
que até o final de 2011 vai demandar
investimento da ordem de 1,5 milhão
de reais, de acordo com Kaplan,
aconteceu logo nos primeiros meses
da implementação. “No início do ano,
recebemos muitas visitas no site, já
que é nesse período que a procura por
empregos aquece. Em nosso pico de
acesso, tivemos 50% a mais de visitas e
ainda assim trabalhamos com enorme
folga”, revela, completando que na
estrutura anterior possivelmente
haveria perda de velocidade.
Rumo ao modelo público
Em paralelo ao projeto de
modernização do data center, a Vagas
decidiu enviar para a nuvem pública
a contingência das operações. No
momento, a empresa encontra-se em
fase de seleção de um fornecedor
situado nos Estados Unidos. A
estrutura será a mesma do site
principal, de acordo com Kaplan. “A
virtualização das tecnologias permite
o uso da estrutura virtual em qualquer
lugar do mundo”, assinala o executivo.
“Buscamos com essa ação reduzir
custos e possibilitar que, em caso
de paradas, não haja perda das
informações, fazendo com que o site
secundário assuma prontamente
toda a tarefa do principal”, afirma. O
executivo pontua que a companhia
conta hoje com redundância, mas busca
aprimorar esse procedimento.
A ideia inicial da empresa, conta
Kaplan, era passar toda a operação
para a cloud pública, mas o tempo de
latência impediu que esse cenário se
tornasse realidade. “No caso da Vagas,
a rapidez de acesso é fundamental para
os nossos clientes e segundos impactam
sobremaneira no trabalho deles”, diz.
Entretanto, Kaplan afirma que a
modalidade ainda está nos planos da
organização. “Provavelmente, essa foi
a nossa última aquisição de produtos.
Queremos ir para a cloud pública, mas
antes vamos verificar a maturidade do
recurso, os benefícios e as implicações”,
Vagas Tecnologia
www.vagas.com.br
Desafios: garantir, para os mais de
1,3 mil clientes, rápido acesso à página
do software que faz toda a gestão de
recrutamento do processo seletivo
de profissionais em todo o País.
Implementar um site de contingência na
nuvem, fora do Brasil.
n
Soluções: quatro servidores Dell em
cluster VMWare vSphere Enterprise e
storage Dell EqualLogic, que armazena
cerca de 20 servidores dedicados à
operação do Vagas e-Partner.
n
Resultados: velocidade no acesso ao
software e-Partner. Antes, uma página
demorava 1,3 segundos para carregar.
Agora, demanda 0,7 segundos. Além de
escalabilidade, já que a modernização do
ambiente permitiu uso de virtualização.
n
Expectativas: migrar o site de
contingência da Vagas para a nuvem,
conquistar redução de custos e garantir
espelhamento em tempo real.
n
assegura Kaplan. “A cloud sempre
esteve presente em nossas
atividades, desde quando passamos
a disponibilizar nosso software no
modelo. Para nós, essa evolução será
natural”, aponta Luis Testa, gerente de
Marketing da Vagas Tecnologia.
Testa e Kaplan não têm dúvidas. “A
nova arquitetura, que conta com recursos
elásticos, garante alta disponibilidade e
performance superior.” n
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34 TECNOLOGIA
Virtualização:
A tecnologia
está invadindo
variadas arenas
como aplicações,
dispositivos móveis
e bancos de dados
BETH SCHULTZ, DA COMPUTERWORLD/EUA
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muito além dos servidores
M ais do que nunca, a virtualização ruma para a onipresença. A opinião é do
analista do instituto de pesquisas Gartner, Chris Wolf. Ele afirma que o mundo
está “quase no ponto em que não mais precisará usar a palavra virtualização
ou descrever arquiteturas virtualizadas, uma vez que a prática será um pilar
essencial do universo da tecnologia”.
Não é preciso dizer que a tecnologia está em um caminho acelerado rumo ao domínio
total dos servidores, além de entrar com força total no universo dos desktops. Em
pouquíssimo tempo, o alcance da virtualização irá expandir-se para o horizonte das
aplicações, dos dispositivos móveis e das metodologias de tratamento de dados.
Neste especial sobre virtualização, confira a jornada da tecnologia e como ela vai
invadir as diversas arenas.
35
Campo das aplicações
Se fosse necessário citar qual é o próximo
grande domínio da virtualização, James
Staten, analista da consultoria Forrester
Research, diria que isso vai ocorrer
nas aplicações de missão crítica e mais
importantes das corporações.
Segundo Staten, a maioria das
organizações selecionava algumas
aplicações para virtualizar e elegiam
algumas que nunca deveriam ser
virtualizadas, pelo caráter estratégico
que elas tinham para a empresa. Mas
isso foi em um tempo em que o estágio
de maturidade da tecnologia não era
o ideal. Agora, em um outro cenário,
as organizações começam a rever
os seus conceitos e já questionam a
decisão de barrar a virtualização em
determinadas aplicações.
Para Aren Taneja, fundador da empresa
de análise Tajeja Group, o universo
corporativo já está pronto para quebrar
barreiras significantes no que diz respeito
à virtualização, de forma que as aplicações
mais críticas já podem ser trazidas para
baixo do guarda-chuva dessa tecnologia.
Segundo Taneja, nos últimos 18
meses, a indústria percorreu longo
caminho para tentar resolver um dos
principais problemas de virtualizar
aplicações: entrada e saída de dados em
sistemas de armazenamento.
Startups como NextIO, Virtensys e
Xsigo Systems, por exemplo, oferecem
produtos capazes de virtualizar – ou
agregar – interconexões por meio de
links de rede InfiniBand ou Ethernet. Os
sistemas dessas companhias ajudam o
departamento de TI a ter mais controle
sobre entrada e saída de dados ao
criar políticas, designando quanto de
entrada e saída uma máquina virtual
em particular requer e então reparte o
restante da capacidade para as outras
máquinas virtuais com base em regras
de percentuais. “Esses produtos, na
essência, atribuem qualidade de serviço
a sistemas de entrada e saída de dados
e proporcionam grande estímulo para a
adoção mais abrangente da virtualização”,
completa Taneja.
Além disso, os produtos de
virtualização de storage de companhias
como a 3Par (adquirida recentemente
pela HP em disputa com a Dell),
Compellent (adquirida pela Dell) e
a NetApp trabalham de forma bem
melhor em ambiente virtualizado do
que componentes tradicionais. Taneja
aponta uma técnica conhecida como
wide striping (distribuição de atividades
de entrada e saída de dados pela
infraestrutura para evitar sobrecargas)
como algo que viabiliza o transporte
de aplicações de missão crítica para
ambientes virtuais. A técnica ajuda a
eliminar gargalos de armazenamento
porque todos os discos passam a
fazer parte da tarefa. Sem isso, os
gestores de TI precisavam agrupar
discos e especificar quais aplicações
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36 TECNOLOGIA
seriam servidas para cada conjunto de
discos. O resultado era o desperdício
de capacidade, com discos ociosos em
diversos momentos.
“Se existe uma lição que aprendemos
ao longo dos últimos três anos, ajudados
por esforços de toda a indústria na busca
de melhores soluções, é que em um
ambiente de servidores virtuais não é
possível manter armazenamento no estilo
tradicional, do século passado”, destaca
Taneja. “Virtualização também tem esse
poder de mobilizar a indústria em busca
das melhores soluções”, completa.
Mas, além da forma de lidar com
entrada e saída de dados, há outro aspecto
muito importante na virtualização de
aplicações: a portabilidade. De acordo
com Staten, com a virtualização de
servidores, as companhias ganharam
o poder de criar imagens de servidores
muito rapidamente, o que significa
facilidade na movimentação das máquinas
entre diferentes servidores físicos,
clonagem, duplicação de máquinas e
outras possibilidades relacionadas.
“Agora, as corporações querem que
o mesmo seja possível com aplicações,
ainda na camada do servidor físico:
elas querem construir uma imagem de
aplicação, implementar e movimentar
entre diferentes servidores físicos, clonar,
fazer a gestão do seu ciclo de vida, ou seja,
a mesma forma com a qual se manipulam
servidores virtuais”, descreve Staten.
Todo esse conceito em torno da
virtualização de aplicações tem, na
verdade, mais de 12 anos de idade, mas
muitos departamentos de TI só agora
estão conhecendo essa tecnologia.
Segundo Wolf, do Gartner, aqueles que se
preocupam com padrões bem definidos,
no caso de virtualização de aplicações e
das plataformas que suporta essa prática,
preferiram ver o mercado mais maduro
antes de se comprometer com uma
estratégica específica para essa tecnologia.
A maturidade chegou, com uma lista
de opções de virtualização de aplicações
que vêm de companhias como Citrix,
Microsoft, Novell, Symantec e VMware.
Além disso, com o lançamento do
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Office 2010 realizado no ano passado,
a Microsoft deu suporte oficial pela
primeira vez às implantações virtualizadas
de uma de suas aplicações.
“Se a Microsoft está começando
nesse jogo apenas agora, com o suporte
à prática, então você pode imaginar
que a maioria dos fornecedores sob
o ecossistema da Microsoft está um
pouco atrás nessa tendência. O suporte
das companhias também pode ser
considerado como uma das barreiras
para o uso da virtualização de
Em um
ambiente de
servidores
virtuais não
é possível manter
armazenamento no
estilo tradicional, do
século passado
aplicações, nas corporações”, diz Wolf.
A VMware, que oferece a solução
ThinApp para virtualização de
aplicações, observa que há um aumento
da importância atribuída à tecnologia
na medida em que a arquitetura do
desktop e a interação do usuário com
o desktop se separam em diferentes
camadas. Segundo o vice-presidente
para computação de usuário final da
VMware, Vittorio Viarengo, de forma
crescente, os dispositivos do usuário
estarão em uma ponta, com o suporte
de computação para aplicações e as
aplicações em si em um data center – e
em configurações na nuvem no formato
de software como serviço (SaaS).
“Isso tem implicações na forma como
entregamos dados e aplicações com o
tempo. Precisamos, de forma constante,
migrar aplicações legadas e dar um
jeito de torná-las utilizáveis a partir de
qualquer dispositivo”, diz Viarengo.
“Essa talvez seja uma das principais
possibilidades que a virtualização de
aplicações oferece”, completa.
A virtualização de aplicações
também permite o uso mais granular
da infraestrutura, ao possibilitar sua
utilização a partir de qualquer tipo de
dispositivo .“Se alguém aparece com
um aparelho que roda Windows 7,
mas precisa de uma aplicação
especificamente construída para
Windows XP, é possível virtualziar
essa aplicação e rodar no desktop”,
exemplifica Viarengo, que adiciona a
possibilidade de rodar a mesma aplicação
nos dispositivos da Apple (iPhone e
iPad) e em aparelhos com o sistema
operacional Android.
Viarengo descreve um cenário
interessante: um usuário pluga um
iPad na rede e a VMware deposita um
agente que inspeciona o dispositivo,
determinando seu grau de segurança
(seguro, relativamente seguro ou inseguro)
e autenticando o usuário de acordo com
essa análise. Em um exemplo, ele pode
definir que “Esse é João e, baseado na
política de TI, ele pode acessar essas cinco
aplicações corporativas e acessar esse tipo
de dado”, explica Viarengo.
Uma vez que João usa o iPad, o
agente entrega um cliente para o tablet,
que permite que ele veja seu desktop,
que a área de tecnologia hospeda em
seu data center. Mais tarde, João se
conecta de um laptop baseado em
Windows. O agente, nesse caso, puxará
as aplicações para rodar virtualmente
no desktop local. Se o próximo passo de
João for se conectar de um smartphone
com Android, o agente entregará uma
aplicação que permitirá que o desktop
rode virtualmente naquele dispositivo.
“Isso mostra que precisamos
ser capazes de desfazer o estreito
relacionamento existente hoje entre
38 TECNOLOGIA
aplicações, sistemas operacionais e
hardware. Caso contrário, não poderemos
transportar aplicações e dados para
qualquer lugar”, conclui Viarengo.
Arena da mobilidade
O diretor sênior de soluções para
mobilidade da VMware, Srinivas
Krishnamurti, não hesita em dizer que o
campo da mobilidade é a próxima barreira
a ser vencida pela empresa.
Por um lado, os telefones móveis,
que possuem cada vez mais capacidade
computacional, com CPUs rápidas e
muita memória, estão-se tornando a
próxima geração de PCs. Por outro, os
analistas de mercado esperam que a venda
anual de telefones inteligentes exceda as
vendas de PC nos próximos dois anos.
“À medida que mais dados, aplicações e
serviços são consumidos nos telefones
móveis, esse tipo de aparelho torna-se um
elemento mais importante de atender com
produtos”, diz Krishnamurti.
A VMware vem promovendo de
forma ativa a ideia de virtualização para
mobilidade por mais de dois anos, desde
o lançamento de seu produto VMware
Mobile Virtualization Platform (MVP),
projetado para ser instalado no núcleo
dos smartphones. A plataforma permite
que os fabricantes de aparelhos projetem
aplicações para múltiplos sistemas
operacionais, além de oferecer aos clientes
a possibilidade de usar dois perfis em
um único telefone. A VMware adicionou
a tecnologia em seu portfólio por meio
da aquisição da empresa Trango Virtual
Processors, em 2008.
A primeira manifestação
Virtualização de aplicações
amplia horizontes de restaurante
A NPC International, companhia que possui a maior franquia da Pizza Hut no mundo, descobriu
logo a virtualização de aplicações e, com isso, mudou completamente a abordagem de trabalho
dos desenvolvedores web da companhia.
O webmaster do portal da companhia sediada no estado norte-americano de Kansas, Jon
Brisbin, o principal motivo de usar a virtualização é ganhar a flexibilidade de criar virtualmente
qualquer tipo de solução para os negócios. Na visão de Brisbin, é isso que faz da tecnologia uma
grande impulsionadora dos serviços em nuvem.
“Eu não me importo em absoluto com o hardware no qual a aplicação está rodando, como
os serviços são fornecidos e as características do data center, assim como sua conectividade.
Eu só quero a aplicação funcionando e isso torna a virtualização muito atraente para nossa
empresa”, diz Brisbin.
A NPC usa a ferramenta VMware vFabric to Server para rodar aplicações em máquinas virtuais
da VMware em uma nuvem interna, privada.
“Antes disso, quando precisávamos desenvolver uma aplicação para desempenhar uma
função específica, era necessário ter a certeza de que teríamos todos os serviços disponíveis
para a função determinada. Por exemplo, se tínhamos uma aplicação web para atualizar dados
em um servidor Postgres e outro AS/400, os únicos serviços que tínhamos eram servidores web
para alimentar páginas, imagens em JavaScript e servidores de aplicativos que rodavam código
Java para que pudéssemos conectar lugares e capturar dados. Não havia nada mais, nenhum
outro serviço, nenhuma outra forma de alimentação de dados”, descreve Brisbin.
Agora, para abordar o mesmo problema, como transportar dados ou fazer um servidor AS/400
conversar com um Postgres, existem diversos caminhos diferentes, dependendo da demanda do
momento. “Isso abriu um novo caminho cheio de possibilidades para nós”, conclui Brisgin.
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de virtualização em aparelhos móveis
aparecerá, provavelmente, em dispositivos
com Android, como resultado de uma
parceria assinada em dezembro de 2010
entre a VMware e a empresa coreana LG.
A iniciativa das duas companhias abraça
a ideia de que as pessoas vão querer
transportar um único telefone com elas,
em vez de um corporativo e outro para
uso pessoal, diz Krishnamurti. Os esforços
iniciais estão focados justamente em permitir
esse uso híbrido do equipamento, de forma
que o departamento de TI possa tornar
segura e gerenciar a parte corporativa, que
estaria completamente isolada de todas as
transações pessoais do usuário.
No entanto, mesmo com a VMware
tateando o mundo da virtualização para
mobilidade, Wolf, do Gartner, alerta
que nenhuma grande operadora se
comprometeu a dar suporte ao MVP.
“Uma das preocupações que eu escutei
sobre plataformas móveis é que os
provedores de serviço querem garantir
que não perderão dinheiro a permitir essa
tecnologia”, diz. Os usuários podem até se
incomodar com o fato de ter de carregar dois
aparelhos de telefone para todos os lados,
mas isso não necessariamente incomoda
as operadoras, porque significa a venda de
mais aparelhos. “É bem óbvio que elas não
se empolgariam em suportar um hypervisor,
que faria com que elas vendessem um
aparelho a menos e um contrato a menos de
uso por usuário”, completa.
Esse é o sentimento que a VMware
ouviu de fornecedores de servidores
quando apresentou o produto
pela primeira vez. Mas, segundo
Krishnamurti, essa questão foi superada
quando os fabricantes perceberam que a
virtualização daria a eles a oportunidade
de vender máquinas com maior margem
de lucratividade, mais avançadas e
distribuir tecnologias de ponta como
as de múltiplos núcleos. “Acreditamos
que a virtualização para mobilidade vá
seguir caminho parecido, principalmente
porque já estamos vendo processadores
ARM de núcleos múltiplos, que
permitirão a entrega de inovação em
telefones celulares.”
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40 TECNOLOGIA
O diretor de TI da empresa de direito
Winthrop & Weinstine, Craig Wilson, diz
que não está convencido de que desktops
virtuais rodarão com propriedade em
smartphones em um futuro próximo, mas
ele observa as ações dos fornecedores
de perto, incluindo a tecnologia VMware
View, que permite a virtualização de
desktops em iPads e outros equipamentos
que não são PCs.
“Essa é uma das belezas da
virtualização: temos a possibilidade de
testar e usar tecnologias em qualquer
gadget que apareça. Quando algo
impactante surgir, será de grande apelo
para nossa empresa, que sempre busca
manter advogados flexíveis, capazes
de balancear a vida profissional com a
privada, ao mesmo tempo em que atende
às necessidades dos nossos clientes”,
comenta Wilson.
Virtualização de banco de dados
Enquanto a virtualização para mobilidade
trilha seu caminho, a tecnologia também
está começando a se enveredar pelo
universo dos dados, diz Taneja.
Hoje, as metodologias de bancos de
dados são ineficientes. Um exemplo é
levar em consideração o fato de que toda
aplicação crítica de negócios tem um
banco de dados e uma quantidade enorme
de cópias dos mesmos dados.
“O modus operandi é a clonagem dos
bancos de dados para espalhar para todos
os aplicativos que precisam deles. Eu
faço uma cópia para o pessoal do data
warehouse, outra para testes, uma para
desenvolvimento e, então, cada uma delas
se multiplicam por três porque são muitos
grupos que precisam acessar os dados.
Até agora, são nove cópias flutuantes dos
mesmos dados, uma forma muito ruim de
usar o armazenamento”, descreve Taneja.
Para lidar com tais situações, startups,
como a Delphix Corp., estão oferecendo
sistemas de virtualização de bancos de
dados. A companhia mantém o produto
Delphix Server, que está disponível como
software ou como dispositivo virtual. A
ferramenta unifica snapshots de um banco
de dados e arquivos de log para criar um
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banco de dados virtual funcional, de alto
desempenho, com capacidades de leitura
e escrita, derrubando a necessidade de
quantidades enormes de armazenamento
exigidas pelo método tradicional de
cópias de bancos de dados. Por enquanto,
a ferramenta foca em bancos de dados
Oracle, rodando em Linux, Solares,
HP-UX e AIX, de acordo com o vicepresidente de Pprodutos e Marketing da
Delphix, Karthik Rau.
Uma vez que o banco de dados
virtual é colocado em operação, uma
Há dúvidas
sobre se
os desktops
virtuais rodarão
com propriedade em
smartphones em um
futuro próximo, mas
a
possibiltará a facilidade
de realizar testes
virtualização
funcionalidade de sincronização garante
que ele permaneça alinhado ao banco
de dados em produção, com a troca de
apenas alguns blocos. Além disso, uma
tecnologia de snapshot garante criação de
mais bancos de dados virtuais em tempo
real em uma interface de autosserviço.
“Nos perguntamos: por que criar todas
aquelas cópias de bancos de dados se eles
podem tirar proveito perfeitamente dos
conceitos de virtualização? Em vez das
dez cópias dos mesmos elementos que
possui, basicamente, os mesmos dados,
porque não criar uma única autoridade
virtual?”, conta Rau.
Antes de implementar o Delphis
Server em meados de 2010, a empresa
de conteúdo sob demanda TiVo tinha
problemas com a movimentação de
dados entre ambientes de produção
e testes. “Era algo realmente difícil,
que tomava diversos dias. Como
consequência, só fazíamos isso uma ou
duas vezes por ano. Mas essa prática
estava restringindo nossos bancos de
dados e prejudicando os negócios”,
diz o diretor sênior de TI da empresa,
Richard Rothschild.
O executivo afirma que foi a primeira
vez que uma tecnologia arrancou dele
suspiros de surpresa pela qualidade,
em 20 anos de carreira. “A TiVo é uma
empresa pequena, cujo principal atributo
é velocidade. A rapidez com a qual nos
adaptamos ao novo mundo é vital para a
companhia”, afirma.
Quando ouviu pela primeira vez sobre
a tecnologia da Delphix, uma luz foi
acesa em Rothschild. “Pensamos que,
se a ferramenta fizesse o prometido,
poderíamos aprimorar todo o ciclo de
vida do nosso desenvolvimento em cima
do software da SAP, além de permitir a
criação de bancos de dados Oracle de
acordo com a necessidade, eliminando
aquele medo de criar novos bancos de
dados por conta da complexidade de
gerenciamento”, afirma.
TiVo vem testando e usando a
tecnologia de virtualização de banco
de dados com sucesso desde então.
“Agora, os desenvolvedores-chave podem
escrever código, rodar em seus pequenos
ambientes de bancos de dados, ver como
funciona e como se altera, obtendo
feedback quase em tempo real. Eles estão
levando menos tempo para desenvolver e
aprimorar a qualidade do código. E isso
está colocando menos carga nos processos
da extremidade da rede, como testes de
desempenho”, diz o executivo.
Rothschild ressalta que sua organização
deve ampliar o uso da tecnologia para
outras áreas de engenharia e para todos os
desenvolvedores da companhia. Razão pela
qual Taneja acredita que não será surpresa
ver outras empresas implantando projetos
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42 OPINIÃO | André Flandoli
A
Integração:
mídias sociais e CRM
n André Flandoli é sócio-diretor
da Lampada Global
s mídias sociais tornaram-se componente fundamental no Customer Relationship
Management (CRM) na mesma velocidade com que cresceram na importância do
branding, relações com consumidores e outros aspectos. Se antes havia alguma dúvida
sobre a relevância da integração dessas ferramentas, não há mais. Social CRM transformou-se
em uma área dos negócios
de peso, que auxilia na
consolidação de informações
e na maneira de agir com as
informações coletadas nas
mídias sociais.
O desafio está em localizar
e relacionar-se com clientes
e potenciais parceiros entre
os cerca de 600 milhões do
Facebook, 80 milhões do
LinkedIn e dos 55 milhões de
tweets enviados diariamente
pela rede de 106 milhões de
usuários do Twitter. Essas redes
sociais permitem às empresas
conectarem-se ao cliente e
também capturar informações
emocionais. Assim, o potencial
dessas mídias é gigantesco para
o relacionamento. Mas esse
canal de comunicação exige
rápida troca de informações
sem espaço para equívocos.
Essa é uma realidade muito
longínqua dos conceitos iniciais
de soluções de gestão de
relacionamento para cliente.
Antes, o consumidor entrava
em contato com a empresa
por meio do call center e pela
internet, principalmente nos
canais oficiais de comunicação
(e-mail ou formulários online).
As mídias sociais modificaram
essa estrutura.
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Agora, o posicionamento
do consumidor é público,
acessível para todos nas mídias
sociais e o consumidor pode
interferir e pressionar os
processos corporativos com
poucos tweets. São exemplos
corriqueiros o uso do Twitter
como Serviço de Atendimento
ao Cliente (SAC) e protestos
contra um posicionamento ou
produto de empresa.
A base do
CRM não teve
mudanças
drásticas e
não deixará
de existir.
Entretanto, o
Social CRM
é uma das
ferramentas
que se tornaram
diferencial no
novo cenário
Hoje, o CRM começa a
superar as dificuldades de
localizar, estabelecer filtros
e gerenciar o turbilhão de
sentimentos, solicitações e
informações veiculadas sobre
marcas, produtos e empresas
nas mídias sociais. Essas
informações são importantes
para implementar ações
específicas para públicos que
se pretende atingir e, também,
sobre o comportamento
potencial de consumo.
Há produtos que já
começam a cruzar informações
das contas de clientes no
Twitter e Facebook. Além
dessa ação, há integração e
visualização das manifestações
do consumidor dentro da
própria ferramenta e, com
isso, permitem que o conteúdo
seja facilmente analisado e
contraposto com os dados de
CRM. Obviamente, com dados
qualificados, os resultados
podem ser reveladores e
também mais lucrativos.
O próximo passo, que
já começa a ser superado,
é composto por buscas
automáticas, com reduzidas
interações humanas como
moderadores, nas redes
sociais, para complemento
de dados, fortalecendo a
comunicação. Não se deve
esquecer da compatibilidade
e até mesmo da migração
dessa base de dados para
outros aplicativos e soluções
disponíveis e consagradas
no mercado. Caso contrário,
todo o levantamento poderá
ficar perdido.
Esses dados coletados nas
mídias sociais e consolidados
podem ser usados para
uma variedade de ações de
marketing, vendas, serviço
de atendimento, entre outras.
Além disso, são grandes
fontes de informação da
experiência do consumidor
com o produto ou serviço.
O Social CRM pode
transformar-se em uma única
plataforma de visualização
de dados em várias áreas das
empresas. A consequência
é a maior mensuração da
imagem corporativa.
A base do CRM não teve
mudanças drásticas e não
deixará de existir. Entretanto,
o Social CRM é uma das
ferramentas que se tornou
diferencial nesse universo que
já abraçou a customização,
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