mudanças no cenário de infraestrutura e novos

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mudanças no cenário de infraestrutura e novos
MIDDLEWARE: NOVO PERFIL DE INTEGRADORES PERMITE QUE AS EMPRESAS FOQUEM NO CORE BUSINESS
PÁG.: 12
WWW.COMPUTERWORLD.COM.BR | MARÇO DE 2011 | ANO XVIII | NO 534 | R$ 14,95
O PORTA-VOZ DO MERCADO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
CONVERGÊNCIA
MÁXIMA
MUDANÇAS NO CENÁRIO DE INFRAESTRUTURA E NOVOS PADRÕES TECNOLÓGICOS
IMPULSIONAM O USO DA COMUNICAÇÃO UNIFICADA COMO FERRAMENTA
PARA O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE CORPORATIVA
EDITORIAL
FIQUE ATUALIZADO ACESSANDO O SITE: www.computerworld.com.br
março | 2011
Índice
n Solange Calvo é editora-executiva
[email protected]
O benefício da
integração
P
articipar de teleconferência, de call, ser encontrado
no celular a partir de outros números de telefone, de
qualquer lugar e a qualquer momento. Isso é o que
podemos chamar de Comunicação Unificada, com todas
as tecnologias convergindo para uma única plataforma.
No dia a dia da corporação, é uma aplicação altamente
produtiva, não? Por que não se popularizou? Mais do que
o alto custo das soluções, que já começa a sofrer queda, o
calcanhar de aquiles é a falta de interoperabilidade.
O nome é mais complexo do que seu significado. Nada
mais é do que incompatibilidade entre as tecnologias
para esse fim disponíveis no mercado. Considerando
seus fabricantes, cada uma das soluções fala uma língua:
japonês, alemão, inglês.
A indústria tenta se movimentar para minimizar o
problema e criar padrões abertos, mas terá de direcionar
empenho maior nessa tarefa. Na avaliação de consultores,
não há como garantir que a empresa usuária compre
pacote completo de um só fornecedor, sem contar com
a diversidade do legado, parte delicada da maioria dos
projetos. A união de forças trará o tão esperado benefício
da integração, com soluções que irão conversar entre si,
sem precisar de tradução simultânea.
Saindo da integração, falaremos nesta edição dos
tradicionais integradores. Eles ganharam novas matizes
e hoje são chamados de middleware. Tornaram-se peça
fundamental na estratégia de empresas de variados setores
da economia. Vale a pena saber um pouco mais sobre esses
dínamos de negócios.
A COMPUTERWORLD traz ainda case interessante
sobre um tema atraente: mobilidade. Não deixe de ler
como os smartphones conseguiram transformar a gestão
dos empreendimentos da Andrade Gutierrez.
Boa leitura!
CAPA
18 Comunicação unificada
Ampliar a mobilidade e a colaboração.
Esses benefícios estão chamando
a atenção das empresas que optam
pela convergência tecnológica para
ampliar a produtividade.
SERVIÇOS
12 Empresas Middleware
Integradoras ganham
novas características e se
tornam aditivo para os
negócios de companhias
de variados setores da
economia. Elas permitem
que o foco no core business
seja reforçado.
REDES SOCIAIS
16 Tecnologia e marketing
Discussões geradas em
mídias sociais podem
ser usadas de forma
inteligente e ajudam a
monitorar a imagem da
organização na rede.
MOBILIDADE
26 Smartphones
Na Andrade Gutierrez,
dispositivos móveis
aprimoraram gestão de
infraestrutura das obras
da empresa. Mudança
eliminou papel e agilizou
processos.
CARREIRA
30 Time de sucesso
Tecnologias evoluem
rapidamente e impactam
na carreira dos
profissionais de TI.
Gestores precisam
acertar na mosca na
hora de contratar.
NEGÓCIOS
34 Indústria
farmacêutica
Mudanças na
regulamentação no
setor vão intensificar
a modernização da
TI com o objetivo de
atender às exigências
da Anvisa.
TECNOLOGIA
38 Virtualização
Refinaria Univem
virtualiza servidores,
banco de dados e
sistema que emite
Notal Fiscal Eletrônica.
Tecnologia possibilitou
redução de 60% com
gastos de aluguel.
40 Cloud Computing
Optar pela adesão de
serviços de nuvem
hospedados em data
centers distantes pode
ser uma boa opção,
mas o desenho traz
desafios.
www.computerworld.com.br
OPINIÃO | CEZAR TAURION
PRESIDENTE
Silvia Bassi
VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO
Ademar de Abreu
Como a Tecnologia
pode melhorar
o
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Door To Door
A
mundo
■ Cezar Taurion é diretor de novas
tecnologias aplicadas da IBM
tecnologia é tão indispensável à sociedade que as
pessoas raramente param para pensar que, por si só, ela
não é tão importante. A sua integração com a rotina do
dia a dia é o que a torna essencial. Consequências inesperadas
podem surgir quando organizações encaram essa difícil tarefa.
Essas organizações podem causar impactos globais maiores do
que os esperados.
Quem imaginaria que o primeiro sistema
de reservas de voos, desenvolvido nos anos
60 pela American Airlines, abriria as portas
para serviços de bancos online e transações
varejistas online?
Organizações inovadoras estão
constantemente refletindo e imaginando
formas de aproveitar a tecnologia ao máximo.
Empresas, governos e comunidades não
apenas aplicam novas tecnologias em suas
fábricas ou escritórios, mas esperam que
isso seja revolucionário. Eles reavaliam suas
operações e reformulam o fluxo de trabalho.
Essas organizações reconstroem modelos
de negócios. Ponderam sobre o que seria
necessário para que um novo dispositivo ou
serviço torne nossas vidas mais eficientes,
produtivas ou satisfatórias. É dessa forma
que se obtém progresso.
A sociedade depende de dados.
Comunidades usam a integração de dados
para melhorar drasticamente a qualidade
de vida. Toda essa coleta de informações
é movida por um complexo conjunto de
tecnologias sofisticadas: sensores, GPS, faixas
magnéticas em cartões de crédito e até
MRIs (imagens por ressonância magnética).
Muitas vezes, as informações
permanecem restritas. Não se tornam
disponíveis. Não são combinadas com
outros dados. Não são digitalizadas. O
progresso é impressionante quando as
instituições associam seus dados e os
disponibilizam para um grupo mais amplo
de funcionários, clientes e parceiros.
Desenvolver uma ideia ou produto de
forma secreta ou baseada em grupos de foco
não é mais garantia de sucesso. A inovação
acontece tão rapidamente, as pessoas
compartilham informações com tanta
facilidade, que a melhor forma de atender às
expectativas é por meio de comunicação e
interação abertas. Isso significa usar projetos
pilotos, com adaptações contínuas e mídias
sociais para suprir consumidores e
parceiros de negócios.
Quando os governantes de Malta
decidiram instalar medidores de
eletricidade e água mais eficientes e
inteligentes na ilha, não instalaram
250 mil novos dispositivos de uma vez.
Começaram com pilotos. Primeiramente,
com 200 pessoas e, em seguida, expandiram
para 10 mil. Ao incluir os cidadãos no
desenvolvimento do projeto, os líderes
da iniciativa mantiveram a comunidade
inteira informada. Hoje, Malta conta com a
confiança de toda a sociedade.
A tecnologia pode ser inovadora. Porém,
por si só, não é capaz de melhorar nossas
vidas. Somente nós, os seres humanos, temos
a inteligência e a criatividade para fazer isso.
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Participe das conversas acessando itboard.com.br e siga-nos no twitter @itboardbr
Gestão em pauta nas conversas. Atualização, redes sociais
e planejamento balizam as discussões sobre o tema
No ITBoard, o limite da idade dos profissionais de TI e a
maturidade do uso de mídias sociais nas empresas estão em alta.
Fique atento aos tweets, participe da conversa e aqueça o debate
sobre os temas. Siga-nos!
Eduardofreire: Sair de trás da cadeira e
participar “@itboardbr: Quais são, em sua
opinião, os pontos que um gestor de TI deve
prestar mais atenção?”
adrianomotta: @itboardbr
Ausência de planejamento
alinhado às estratégias de
negócios é o maior pecado
na gestão. TI caminha por um
lado e a organização por outro.
joseangelucci: @itboardbr
@macrjunior Concordo
plenamente! É imprescindível
que os gestores de TI se
atualizem em vários aspectos
os quais não cabem aqui!
sergiogurgel: @itboardbr A
experiência propicia segurança
em decisões, pois apesar
de a TI ser dita como área
para jovens, a maturidade é
necessária para guiá-los.
Ibmbrasil: Pesquisa
revela que CEOs
e Geração Y têm
visões distintas
sobre gestão de
negócios
http://ow.ly/3Tj4O
#IBMBR
Solange Calvo é
editora-executiva
da Computerworld
fabiobsantos: Sim, a idade não é
limitação alguma. “@itboardbr: Gestão:
você contrataria alguém a
partir de 40 anos para sua
equipe de TI?”
Você contrataria alguém
a partir de 40 anos
para sua equipe de TI?
Em resposta a essa
pergunta, os tweets
foram unânimes: a idade
não impede que bons
profissionais ingressem
nas empresas. As
discussões mostraram
também que existem
muitos erros no comando
e é preciso envolvimento
maior dos executivos
no alinhamento de TI
e negócios
IBMTivoliBrasil:
Você está preparado
para gerenciar, fazer
backup, armazenar
e proteger seus
dados de maneira
econômica?
http://ow.ly/3VYnC
@itboardbr
macrjunior: @itboardbr muito
bom saber que a questão das
redes sociais começa a ser
tratada de forma mais madura
e profissional, por ambas as
partes.
saviommoreira: @itboardbr
Vejo que é uma tendência futura
das empresas acabar com
e-mails internos, mas há fatores
importantes como segurança e
disponibilidade a se pensar.
fabio_andrade: @itboardbr na
gestão, prefiro arriscar, mas é
claro que com objetivos, riscos e
ganhos bem definidos, claros e
aceitáveis. Inovação é a palavra.
IBMcidades: Demo
da solução de
Gestão de Portfólio
de Projetos para
Cidades Inteligentes
http://bit.ly/fCDAiG
#cidadesinteligentes
RationalBrasil:
Melhore a
rastreabilidade e a
colaboração de sua
equipe com uma
Gestão Colaborativa
do Ciclo de Vida da
Aplicação
http://bit.ly/hyvNg2
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Destino do colocation
Isso vai depender totalmente
da qualidade dos serviços e do
valor agregado do fornecedor.
Tenho um case de empresa que
tinha colocation, migrou para
cloud computing e teve de voltar
para colocation e gerenciamento
com equipe própria, pois o nível
dos serviços era simplesmente
inaceitável.
Leitor: Jorge Ferla
Reportagem: O destino do
colocation
Integração com iPad
Boa pergunta! Mas se você
pensar em agilidade e mobilidade
com acesso à internet, aliado a
aplicativos que propõem melhorar
sua informação imediata, ou
inclusive fazer com que seus
funcionários passem a fazer disso
um costume. Leitura é importante
nos dias de hoje! P.S.: Escrevo de
um iPad para você!
Leitor: Daniel Martins
Reportagem: Integrar 5,4
mil iPads na rede corporativa.
Missão impossível?
Crescimento da TIM
Acho que a TIM expandiu a rede
para cidades novas, p0rém deixou
pra trás as cidades que já tinham a
sua rede. Cancelei meu pós-pago
da empresa exatamente pelos
problemas que enfrentei por mais
de um ano, como rede ocupada e
baixíssima velocidade na banda
larga em diferentes pontos da
cidade. Nesse exato momento,
estou usando Vivo 3G, pois a TIM
está praticamente parada. Moro
em Goiânia (GO).
Leitor: Josias
Reportagem: TIM atinge 10
milhões de novos clientes em 2010
Virtualização
Uma grande sacada da
virtualização de desktops é poder
entregar a máquina condizente
com o perfil do usuário. Às vezes,
quando um usuário precisa de
mais recursos, é necessário
substituir o equipamento por
outro mais potente. Com Virtual
Desktop Infrastructure (VDI), fica
fácil entregar mais recursos para
o cliente. É um crescimento sob
demanda. Entretanto, é preciso
cautela para não exaurir seus
recursos de uma vez só. Virtualizar
também requer controles. Além
disso, uma boa prática seria custear
esses aumentos de demanda,
senão a TI vai precisar fazer mágica
para virtualizar dinheiro também.
Leitor: Andre Honma
Reportagem: Práticas
para garantir o sucesso da
virtualização de desktops
Insegurança corporativa
Concordo com a matéria escrita.
Muitas empresas, por meio
de seus dirigentes, exigem
dos departamentos de TI que
instalem mais e mais softwares
de segurança e esquecem
completamente que não
adianta nada se não treinar os
funcionários para que eles não se
exponham a ataques bobos, mas
eficazes contra os desavisados. É
como estar dentro de um veículo
blindado com os vidros abaixados.
Leitor: Luiz
Reportagem: Sensação de
insegurança ronda as empresas
O QUE VOCÊ SÓ ENCONTRA NO SITE DA COMPUTERWORLD
Práticas para garantir o sucesso da virtualização de desktops
A infraestrutura virtual de desktop (ou VDI, sigla do termo em inglês virtual desktop infraestructure) ganha mais força no mercado com sua possibilidade
de permitir que administradores gerenciem desktops e aplicações, a partir de uma localização centralizada. A consequência lógica disso é rapidez no
fornecimento e implantação de novas máquinas, situação ideal para ambientes em rápida expansão de máquinas clientes. Os usuários finais também se
beneficiam com a possibilidade de acessar aplicações críticas de qualquer lugar, valendo-se de recursos centrais poderosos.
Apesar de todas as promessas, projetos de VDI falham. É a razão principal da insatisfação do usuário. Com a dinâmica veloz do mercado, os usuários estão
menos tolerantes a falhas e a problemas de desempenho. A boa notícia é que as falhas possuem razões comuns e um estudo mais cauteloso vai ajudar a
evitá-las. A seguir algumas dicas.
Infraestrutura de rede: o ponto fundamental
para a satisfação do usuário com o desktop
virtual é a rede. É necessário entender
as diferenças entre LAN, WAN e VPN. Os
problemas surgem quando os usuários
começam a acessar o desktop virtual por meio
de WAN, VPN ou outros links mais lentos.
Visibilidade em tempo real: a entrega bemsucedida de um desktop virtual depende de
uma série de elementos: rede, armazenamento
compartilhado, integradores de conexões,
dispositivos do cliente, servidores de virtualização
de aplicações, servidores de Active Directory,
servidores DHCP, portais de segurança etc.
Largura de banda: o responsável pelo projeto
deve levar em conta os picos de utilização
e não somente o uso médio de rede. Com a
informação dos picos, ele pode trabalhar junto
ao fornecedor de VDI para ajustar parâmetros
de protocolo que garantam o desempenho da
infraestrutura como um todo.
Tempo de resposta: também conhecido como
latência, tem um impacto direto e imediato na
experiência do usuário final. O desempenho do
desktop virtual é altamente sensível a mudanças
repentinas na latência do armazenamento ou da
rede. Se essas variações não forem medidas em
tempo real, os administradores da infraestrutura
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sofrerão com reclamações de usuários sem ter
um aviso prévio de possíveis problemas.
Poder para os usuários: ao avaliar as
ferramentas de gerenciamento para virtualização
de desktops, as soluções que capturam
diretamente a experiência do usuário devem
receber consideração especial. Se os usuários
puderem disparar uma gravação de suas
atividades quando problemas ocorrem, os
administradores conseguem monitorar a carga
em tempo real na infraestrutura. Essa informação,
rica em conteúdo, elimina o passo de “recriar”
o problema. Sem contar que isso nem sempre é
possível, em diferentes momentos do dia.
8
Primeira
pagina
O ESSENCIAL & MAIS
O que vem por aí
Premier 100 IT Leaders Conference – 17 a 22 de maio, na Bahia.
Realizado pelo Now!Digital Business, amplia a discussão sobre desafios
e oportunidades que os CIOs enfrentam. Evento reúne os principais
IT Leaders do mercado brasileiro, que terão espaço privilegiado para
conversar e ouvir palestrantes nacionais e internacionais.
IDC LA Cloud Solutions Roadshow 2011 - 29 de março, em São
Paulo. Encontro aborda computação em nuvem, uma das grandes
apostas para a tecnologia nos próximos anos. Os analistas da
consultoria IDC falarão sobre os passos para adotar o modelo e os
serviços que estão por trás dele.
estratégia
EMC quer ser alternativa à IBM
no mercado de mainframes
A
pós realizar investimentos
para a fabricação de
três linhas de hardware na
unidade fabril brasileira, com
a meta de eliminar trâmites
burocráticos e reduzir o tempo
de atendimento aos clientes
nacionais, a empresa norteamericana EMC, da área de
storage, quer se apresentar
como alternativa à IBM quando
o assunto for mainframe.
A incursão da EMC nessa
área foi reforçada com a
aquisição da Bus-Tech, no final
do ano passado. A compra
representou a incorporação de
uma tecnologia que conecta
ambientes mainframe com
sistemas de armazenamento,
com ênfase especial em backup
e recuperação de dados.
Segundo o presidente de
produtos de virtualização
da EMC, Brian Gallagher,
o mercado oferece grande
oportunidade no Brasil, que
ainda conta com empresas cujos
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sistemas legados em antigos
ambientes de mainframes
somam até 40 anos de idade.
“Os desenvolvedores dos
primeiros aplicativos desses
equipamentos já não estão
mais no mercado, razão pela
qual há grande oportunidade
para ofertas que permitem
transição para esse mercado de
virtualização e cloud computing
que presenciamos hoje”, avalia.
Gallagher afirma que parte
do desenvolvimento dos novos
softwares para virtualização já
é realizada no Brasil, que deve
receber novos investimentos
também nesse front. Sem citar
números, o executivo diz
que o escopo da atuação da
empresa no País deve crescer
sensivelmente nos próximos 24
meses. “As taxas de crescimento
no Brasil são o dobro em
relação aos nossos mercados
tradicionais, tendência que deve
se manter no período.”
Além de manter o foco em
áreas em que estão os clientes
mais tradicionais – bancos e
telecomunicações – o executivo
afirma que os provedores de
serviço devem ser grande fonte
de crescimento, pelo papel que
terão em um novo ambiente de
software e infraestrutura como
serviço (SaaS e IaaS). “A maioria
dos encontros de negócios
que tive no Brasil foi com esse
segmento do mercado”, explica.
CURT AS
SOFTWARE
O pai do desenvolvimento ágil
K
en Schwaber, um dos criadores
do Scrum, referenciada no
Brasil como metodologia ágil
de desenvolvimento de
software, iniciou sua jornada
na formulação do conceito
ainda nos anos 80, quando
prestava consultoria para
grandes empresas.
A metodologia que ele
elaborou em parceria com
Jeff Sutherland ganhou um
manifesto em 2001, que
destacou alguns dos valores
da metodologia ágil. Em
síntese, ela derruba os extensos
planejamentos antes da prática,
permitindo que resultados sejam
avaliados periodicamente e os
próximos passos definidos em
tempo real. Seria a fórmula ideal
para projetos mais extensos e
complexos, afirma.
O manifesto deu resultado.
Pesquisa da Microsoft revelou
que, em 2009, 83,8% de todas
as companhias participantes
dos eventos de gestão de ciclo
de vida de aplicações usavam
Scrum em algum nível.
Em entrevista à
Computerworld, Ken Schwaber
defende o Scrum como capaz
de elevar empresas brasileiras
à condição de competitividade
internacional e indicou a
melhor maneira de começar.
CW: Qual tipo de projeto é o
ideal para iniciar no método?
Schwaber: Os tipos mais
arriscados e que vêm falhando
insistentemente. É para esses
projetos que o Scrum é voltado.
A metodologia não veio acabar
com o método em Cascata,
que continua sendo boa para
os pontuais, pequenos. Mas
se a empresa souber aplicá-lo,
acompanhado de métricas
eficientes para medir resultado,
essa forma de trabalhar ganhará
respeito e projeção na companhia
como um todo.
Computerworld: A parte mais
difícil de aplicar Scrum é
começar. Como as empresas
devem fazer isso?
Ken Schwaber: A metodologia
exige mudança comportamental
e deve começar pelos líderes,
abandonando a atitude
autoritária. Dar mais autonomia
aos funcionários e se colocar à
disposição para ajudar.
CW: Quem usa métodos antigos
de planejamento terá problema?
Schwaber: Vamos comparar
ao caso da indústria
automobilística. Na década
de 70, companhias europeias
e japonesas passaram a usar
uma metodologia “lean”
para a produção de veículos,
que pregava a redução de
desperdícios. As companhias
A metodologia exige mudança
comportamental e deve começar
pelos líderes, abandonando a
atitude autoritária Ken Schwaber, criador do Scrum
norte-americanas, grandes e
engessadas, nunca conseguiram
mudar a cultura e aplicar a
filosofia “lean”, embora tenham
tentado. Resultado: há três
anos, elas quase quebraram e
tiveram de passar por grande
ruptura de valores. Acredito
que o mesmo aconteça com a
metodologia Scrum.
CW: Significa que empresas
menores e mais jovens têm mais
potencial de competitividade
com Scrum?
Schwaber: Sim. Muitas
companhias brasileiras, que
ainda não mostraram potencial
para atuação internacional,
podem superar limitações e
competirem com as grandes,
graças a esse maior potencial.
Elas são novas, estão cheias
de energia e conseguiriam
oferecer mais valor por meio da
interação e da colaboração com
seus clientes, usando conceitos
de metodologia ágil.
■ Pesquisa da consultoria IDC
mostra que o mercado global
de servidores no terceiro
trimestre de 2010 apontou
crescimento de 32,5% em
comparação ao mesmo
período do ano anterior. O
segmento de data centers
respondeu por uma parcela
maior dos investimentos,
impulsionado pela aceleração
de soluções cloud computing.
Essa tendência, de acordo
com a IDC, deverá saltar nos
próximos anos.
■ Para 44% dos 262 executivos
ouvidos pela Unisys,
computação em nuvem
é prioridade número um
na empresa durante este
ano. Segundo Sam Gross,
vice-presidente de soluções
globais de outsourcing de
TI da Unisys, os resultados
indicam que as companhias
não discutem mais se
adotarão ou não o modelo,
mas estudam qual tipo de
infraestrutura melhor
atende às necessidades
dos negócios.
■ HP e VMWare estão juntas
na nuvem. As empresas
passarão a desenvolver e
comercializar soluções de
Sistemas de Prevenção contra
Intrusões (IPS) otimizadas
para ambientes virtuais e
baseados em nuvem na
plataforma VMware vSphere.
As companhias pretendem
integrar produtos para
garantir segurança em
cloud computing.
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9
10 PRIMEIRA PÁGINA
NEGÓCIOS
Pitney Bowes mira em
instituições financeiras no Brasil
TECNOLOGIA
SAP moderniza
Business Objects
Empresa norte-americana pretende ampliar atuação no País e oferecer
produtos e serviços para bancos que buscam atender à geração Y
E
m visita ao Brasil na primeira semana de março, Greg Van den Heuvel, presidente das
Américas da Pitney Bowes Business Insight, reuniu-se com um grande banco, que não
revelou o nome, sinalizando que o foco da atuação por aqui será o mercado financeiro.
Segundo o executivo, a instituição com a qual conversou está em busca de formas para
interagir de maneira eficaz com os jovens.
“Temos grandes clientes no setor no Brasil e eles enxergam como diferencial oferecer
serviços alinhados à expectativa da geração Y, entender o que eles querem hoje e amanhã
e, com isso, fortalecer o relacionamento e fidelizar esse grupo”, diz.
Como essa garotada é multicanal, afirma Greg, o trabalho da Pitney Bowes Business Insight
– fornecedora de soluções de comunicação e location intelligence – é ajudar as instituições
financeiras a mapear os interesses da geração Y, que traz no DNA o desejo por inovação, e
direcionar a melhor forma de interagir com eles, seja pela internet (e-mail, redes sociais, SMS,
telefone etc) ou fisicamente. “Mesmo que esse grupo tenha característica altamente móvel,
identificamos que muitos preferem receber comunicados pelo correio, por exemplo. Aí é que
está o segredo: entender o perfil dos usuários e interagir com cada um deles”, finaliza.
MERCADO
MTE adia adaptação de
empresas ao ponto eletrônico
Companhias têm até 1º de setembro para se alinhar às
exigências do órgão para utilização do sistema
O
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) adiou para 1º de setembro o prazo para as empresas se
adaptarem à utilização do Sistema de Registro Eletrônico de Ponto. Essa é a segunda vez que a data
é transferida. O prazo, até então, era 1º de março.
A Portaria nº 373, publicada no Diário Oficial da União, explica que deve haver autorização por
convenção ou acordo coletivo de trabalho para a utilização de sistemas eletrônicos de ponto para
controle da jornada de trabalho.
Ainda de acordo com a Portaria, os sistemas eletrônicos alternativos não devem admitir restrições à
marcação do ponto, marcação automática, exigência de autorização prévia para marcação de jornada
extra e a alteração ou eliminação dos dados registrados pelo empregado.
Para facilitar a fiscalização, os sistemas alternativos eletrônicos deverão estar disponíveis no
local de trabalho e permitir a identificação do empregador e do empregado. Além disso, possibilitar,
por meio da central de dados, a extração eletrônica e impressa do registro fiel das marcações
realizadas pelo empregado.
O documento afirmou ainda que constituirá um grupo de trabalho para revisar e aperfeiçoar o
sistema antes que passe a vigorar.
www.computerworld.com.br
A
SAP anunciou, no final de fevereiro,
o lançamento da versão 4.0 da suíte
de ferramentas analíticas SAP Business
Objects. É a primeira versão da solução
completamente integrada com a plataforma
da Sybase, adquirida pela SAP em 2010, e
com outras ferramentas da SAP, incluindo
ERP e outras ferramentas avulsas.
Segundo o vice-presidente comercial da
SAP, André Petroucic, a participação da
divisão BusinessObjects no faturamento
da SAP Brasil deve crescer de 30% em 2010
para 35% em 2011 com as novidades. “O
nível de adoção da ferramenta aumenta
muito rápido graças às características do
mercado. Não só os principais executivos
precisam de informações em tempo real,
mas todos os profissionais”, avalia.
Uma das principais novidades da versão
inclui otimização das soluções analíticas para
o uso no equipamento High-Performance
Analytic Appliance (HANA), da própria
SAP, o que, segundo a empresa, permite a
atualização das informações em tempo real.
O transporte do BI para dispositivos
móveis, resultado da incorporação da Sybase,
é outro novo recurso, compatível com as
principais plataformas móveis do mercado.
Petroucic destaca a funcionalidade
Event Insight, com a qual é possível
acompanhar transações em tempo real.
Por meio da ferramenta, é possível criar
alertas para monitorar eventos que fujam
do esperado e sobre o qual devem ser
tomadas ações imediatas. A solução já
está disponível em português.
Todos os Documentos.
Todas as Tarefas. Em Todos os Momentos.
TASKalfa: a linha da KYOCERA MITA para quem é multifuncional.
Projetada pensando nas pessoas, a linha TASKalfa, da KYOCERA MITA, redefine o conceito de multifuncionais coloridas e monocromáticas dentro das empresas.
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deve à combinação poderosa de funções, à facilidade de uso e à qualidade superior, comprovada por cores mais brilhantes, pela nitidez em impressões preto e branco
e maior agilidade na digitalização de documentos. Mas de todas as funções de uma TASKalfa, a principal é ajudar seus funcionários a serem ainda mais produtivos
em cada tarefa. Porque isso é indispensável para quem é multifuncional.
Só a TASKalfa tem
• Longa durabilidade dos componentes: a melhor solução para sua empresa e para o planeta.
• Qualidade da KYOCERA: corporação japonesa premiada mundialmente por suas tecnologias ultraconfiáveis.
• Garantia KYOCERA MITA, empresa do grupo KYOCERA reconhecida no mundo como um dos maiores fabricantes e fornecedores de soluções
em documentos, como multifuncionais, impressoras em rede e softwares com tecnologia própria.
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© KYOCERA MITA Corporation.
KYOCERA MITA Brazil Ltda.
2010 Kyocera Mita Corporation, “People Friendly,” “TASKalfa,” O Kyocera “Smile” e o logotipo Kyocera são marcas registradas da Kyocera.
valor
12 serviços
Usinas de
A tranquilidade para focar
no core business depende
cada dia mais das
empresas middleware.
elas são o dínamo de Ti na
estratégia de negócio
SOLANGE CALVO
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S eja qual for o setor da economia
nacional em que atua, a
organização precisa de dois
ingredientes importantes na
receita do sucesso: foco e tecnologia. Só
que para manter o primeiro, terá de abrir
mão da administração do segundo. Em
uma indústria de sapatos, por exemplo,
formar um time de TI, capacitá-lo e
gerenciá-lo podem derrubá-la do salto.
O equilíbrio dessa equação veio pelas
mãos de empresas chamadas middleware.
“O termo é novo, mas na verdade são
as velhas conhecidas `integradoras`, que
ganharam novas matizes”, diz Souvernir
Zalla, gerente geral do Edge Group e do
Forrester no Brasil.
Ao sabor da alta demanda por
serviços especializados, capazes de
proporcionar diferencial competitivo,
cresceram, se especializaram e muito
mais: ganharam credibilidade. Não
se trata apenas de livrar dos ombros
dos clientes a responsabilidade de
determinadas operações. Mas de
agregar valor: porque as atividades são
realizadas com muito mais qualidade e
eficiência do que internamente.
“Por estarem no front, elas conhecem
muito bem o negócio do cliente, mais
do que o fabricante”, descreve Zalla,
acrescentando que as middleware não
são apenas um canal e sim poderoso
gerador de valor.
Para Vera Cook, diretora de Canais
da Oracle, a tecnologia é um grande
diferencial, contudo, “não existe esse
diferencial sem a atuação dos parceiros”.
“São eles que levam o conhecimento
ao negócio do cliente junto com a nossa
tecnologia. Por isso, temos amplos
programas de capacitação para torná-los
cada vez mais aptos a atender ao mercado
de maneira diferenciada”, diz Vera.
As middleware atuam em completa
sintonia na cadeia de negócios da Oracle.
De acordo com a executiva, muitas delas
agem com eficiência em todos os níveis,
desde a consultoria, para identificar a
necessidade do cliente, à indicação e
implementação da solução.
Diferente da Oracle, a IBM está
posicionada também como uma
empresa de serviços, mas ainda assim
as middleware integram em muitos
momentos a estratégia. “Não há como
13
ter braços para atender todo o mercado,
por mais que seu portfólio e o seu time
sejam amplos”, afirma João Felipe Nunes,
diretor de Canais e Alianças da IBM.
O executivo afirma que a importância
das middleware na cadeia de negócios é
fato. “Mas temos de saber separar o joio do
trigo”, diz. “Algumas vezes somos parceiros
e outras estamos competindo.” Para
estreitar o relacionamento com os mais de
1.700 parceiros em todo o País, a empresa
acaba de lançar o portal Canais IBM.
O importante, prossegue, é identificar
o potencial dessas empresas. “Como
complementam meu portfólio? Como
podem fortalecer minhas vendas? Como
podemos alinhar nossas estratégias?”
“O que as middleware têm a oferecer
é algo que não cabe dentro da estrutura
organizacional da companhia usuária,
O que as
middleware têm
a oferecer é algo
que não cabe
dentro da estrutura
organizacional
da empresa
Rafael Sampaio, CEO da Future Security
pois requer muito investimento em
tecnologia e em pessoas. E para os
fabricantes também”, diz Rafael Sampaio,
CEO da Future Security, empresa de
segurança da informação como serviço.
Segurança como serviço
Não faz muito tempo, muitas empresas
pensavam inúmeras vezes antes de
passar para terceiros a responsabilidade
de proteger seu ambiente de TI. Mas essa
prática hoje é cada vez mais requisitada.
“Custo é um bom motivo para a
terceirização, mas não é o único, e nem
deveria ser o primeiro”, destaca Marcus
Moraes vice-presidente da Arcon,
middleware especializada em serviços
gerenciados de segurança da informação.
O executivo diz que entre os motivos
pelos quais as empresas passam o bastão
da segurança para as middleware está o fato
de que o tempo para implementar novas
soluções de segurança é sempre curto.
“Mesmo que a empresa possua
profissionais capacitados na tecnologia,
dificilmente os terá em quantidade
suficiente para fazê-lo no tempo esperado.
Sem contar com o alto custo que esse tipo
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14 serviços
Custo é o
primeiro motivo
para terceirizar a
segurança, mas
não é o único,
nem deveria ser
o primeiro
acrescentando que tiveram ganhos
também na imagem da empresa em razão
da agilidade no atendimento ao cidadão.
Mexendo em vespeiro
Marcus Moraes, vice-presidente da Arcon
de operação demanda”, diz Moraes.
A Arcon gerencia mais de 290 ativos
de segurança em todo o País, para a
proteção de mais de 125 mil estações de
trabalho e servidores de empresas de
variadas verticais, entre elas finanças,
telecomunicações, governo e indústria.
De olho na expansão dessa
demanda, a Future Security fundiu-se
recentemente com a Allen Informática,
que está presente em oito estados
e 11 cidades brasileiras. “Iremos
ampliar também o oferecimento dos
recursos avançados por meio do centro
de tecnologia da Allen, sediado em
Petrópolis, no Rio de Janeiro.”
Economia em escala é outro
benefício atraente apontado por
Sampaio. “Tenho aqui um software
que funciona 24 x 7, com contingência,
e infraestrutura adequada, além de
pessoal experiente e capacitado.
Construir esse ambiente e mantê-lo
atualizado é muito dispendioso”, relata.
“Mas se o compartilhamos com
outros clientes, ele se torna plenamente
viável no orçamento.”
Sampaio diz que a corrida por cloud
e mobilidade mexeu com os negócios.
“Porque implica em segurança. Todos
estão muito interessados em proteger
suas nuvens. Especialmente em razão de
ser uma nova arquitetura.”
A nuvem da Companhia de
Saneamento de Minas Gerais (Copasa)
é um dos projetos da empresa, colocado
em operação no final do ano passado.
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A analista de suporte da Copasa,
Deborah Azevedo de Andrade, diz que
a companhia conseguiu reduzir custos
em um ambiente seguro com a ajuda da
Future Security.
Segundo ela, existia o grande desafio
de reduzir o tempo de acesso aos
sistemas da empresa para a prestação
de serviços como segunda via de conta
e religação do fornecimento. “O custo
estava muito alto: 458 reais por cada
acesso (por duas horas). Considerando os
164 acessos diários, a conta atingia 75 mil
reais por mês”, relata Deborah.
Com a cloud, prossegue, a companhia
conseguiu baixar para 69 reais o acesso
por tempo ilimitado. “Usamos uma
solução eficiente de VPN, via internet
pública e criptografia para proteção
de dados”, diz. “Trocamos o 0800 da
Telemar pelos serviços da Vivo”, relata,
Nos tornamos
mestres em
tirar gestores
de situações
desconfortantes.
Facilitamos as
tomadas de decisão
Jeovani Salomão, presidente da Memora
Muitas vezes não se trata somente
de uma questão de custos. Gestão
de processos, por exemplo, é tarefa
considerada crítica para o líder, o mesmo
que mexer em vespeiro. No entanto, ela
pode ser inteiramente simplificada pela
middleware, especializada no assunto.
“Somos, acima de tudo,
facilitadores”, destaca Jeovani Salomão,
presidente da Memora, prestadora de
serviços de consultoria com foco em
modernização de gestão.
“Nos tornamos mestres em tirar
gestores de situações desconfortantes,
atuamos além da tecnologia, facilitando
as tomadas de decisão”, reforça. Apoiada
justo no diferencial de um modelo
próprio de gestão de processos, a
empresa arrebatou em 2010 o título de
vice-campeã em Parceiro Middleware
do Ano, oferecido pela Oracle Corp. “E
concorremos com empresas importantes
do mercado global.”
Todo esse conhecimento da Memora
foi aplicado na Terracap, uma das
maiores e mais antigas companhias
imobiliárias de terras públicas que
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formam o Distrito Federal. Desde 2007,
a imobiliária pública adota novo modelo
de gestão, com o objetivo de tornar mais
transparentes os atos administrativos,
melhorar as relações institucionais com a
sociedade e também ampliar a qualidade
dos serviços prestados.
“Em 2009, traçamos um plano para
mapear todos os processos de negócios da
empresa e de tecnologia da informação”,
diz Milton Martins de Lima Junior,
coordenador de Informática da Terracap.
Segundo ele, o foco tecnológico era
alinhar TI aos objetivos de negócios.
“Batizamos o projeto de Órion, apoiado
em três pontos: planejamento estratégico,
gestão de processos de negócios e
geoprocessamento.”
A Memora atuou na gestão de
processos, relacionados à elaboração
de editais e licitações. “O conhecimento
tecnológico da middleware em
Business Process Management (BPM)
foi fundamental para extrairmos
da tecnologia o máximo da sua
potencialidade”, garante Junior.
“O ganho maior é que quando os
processos são ágeis, é possível aproveitar
o tempo de maneira mais estratégica e
menos operacional. ”
Inovação em pauta
Um ingrediente importante para
fortalecer a atuação nesse mercado é a
inovação. É também um compromisso
da Concrete Solutions, que presta
serviços de consultoria em tecnologia
da informação. O perfil da empresa é
marcado pela ousadia. Não por acaso, já
contabiliza variados projetos em cloud
computing, conceito emergente.
“Computação em nuvem e
mobilidade afetaram fortemente nosso
posicionamento”, diz Fernando de
la Riva, sócio-diretor da empresa. “É
uma arquitetura que nos possibilita
oferecer ao cliente total flexibilidade,
especialmente para os que possuem
negócios com características sazonais,
temperados pelos picos de atuação em
certas épocas do ano”, completa.
Ele explica que hoje não precisa
Computação
em nuvem e
mobilidade afetaram
fortemente nosso
posicionamento.
O diferencial é a
especialização
no conceito
Fernando de La Riva, sócio-diretor da
Concrete Solutions
mais desenhar o futuro e sim uma
arquitetura maleável, capaz de atender
às necessidades lá na frente. “Na cloud,
posso reduzir ou aumentar em dez vezes
o número de servidores, por exemplo,
em minutos.” Ele acrescenta que um
dos diferenciais da empresa e o que a
faz avançar em projetos na nuvem é a
especialização da equipe no conceito.
E foi assim com o projeto da carioca
Casa & Vídeo, uma das maiores varejistas
do País. A empresa precisava racionalizar
o uso da infraestrutura de e-commerce,
levando em conta especialmente os
períodos de sazonalidade do negócio e
os picos de demanda com promoções
e campanhas de calendário, como a
Liquidação Maluca, que acontece três
vezes no ano.
A Concrete Solutions implementou
uma solução de cloud que proporcionou
redução expressiva de custo e melhoria
da qualidade de serviços ao cliente, de
acordo com Nilson Lopes, consultor
responsável pela transformação da área
de tecnologia da Casa & Vídeo.
Ele acrescenta que “em menos de 10
minutos, é possível dobrar a capacidade
de processamento em um mês normal,
sem sazonalidade. De forma segura,
rápida e simples”.
A migração e a certificação de todo o
ambiente de cloud levaram apenas um
mês, de acordo com a Casa &Vídeo. “A
operação hoje conta com quase 100% de
disponibilidade e tempo de resposta de
200 m/s”, afirma Fernando, da Concrete.
Para Gustavo Batista, gerente de Canais
Virtuais da Casa & Vídeo, o maior desafio
foi superado: fazer com que o portal
acompanhasse a dinâmica do varejo com
alta disponibilidade. “Do faturamento de
mais de 1 bilhão de reais por ano, o portal
já responde por cerca de 5%.”
Todos esses resultados
proporcionados pelas middleware
têm permitido que, no cenário global
altamente competitivo, empresas
atuantes nos mais variados setores da
economia nacional foquem em seus core
business e se mantenham em posição
confortável no ranking de atuação.
Nessa arena, é difícil para o gestor
estar atento a toda movimentação
estratégica e tecnológica do seu
segmento. Muitas vezes, ele se distanciou
das melhores práticas e vivencia uma
tática desgastada. Muitas vezes, nem
mesmo teve tempo de saber que uma
solução inovadora pode mudar o rumo
dos seus negócios. A middleware pode
cuidar disso. “Oferece visão inovadora e ações
adequadas para a atualização necessária”,
garante Salomão, da Memora. n
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No ar, o aspirante
corporativo
16 redes sociais
O mix de tecnologia e marketing
nas mídias sociais é uma
combinação explosiva, que
desperta a atenção das empresas
O
avanço das redes sociais em
atividades como colaboração,
troca de informações e fonte
de pesquisas esgueirou-se
com facilidade no seio das empresas
e sua aceitação rápida e estrondosa
pegou todos de surpresa. No início,
eram consideradas fontes de dispersão,
principalmente para funcionários
mais jovens. Mas elas ganharam
características profissionais e
impactaram o mundo corporativo.
Os casos de sucesso provam que não
é mais possível ignorar as redes sociais.
Algumas companhias ingressaram nesse
mundo com ações direcionadas ao
atendimento a clientes via Facebook e
Twitter. Não demorou para perceberem
que as discussões geradas nessas redes
sobre a empresa poderiam ser usadas
de forma estratégica, inclusive para a
criação de novos serviços e mapeamento
mais eficiente do mercado.
O consultor sênior da TGT Consult,
Waldir Arevolo, afirma que esse uso
convergente da mídia está se mostrando
a melhor prática do mercado. Segundo
ele, usar as inovações das redes e se
aproveitar da coletividade para gerar boas
experiências “é uma forma de manter a
marca sempre em evidência, aprimorar os
serviços e impactar os negócios”.
Outro elemento importante que as
redes sociais trouxeram foi uma forma
mais eficiente e rápida de avaliar a
imagem perante clientes, assim como
resultados de campanhas de marketing.
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De acordo com o analista da consultoria
IDC, e professor de pós-graduação da
PUC-SP, Alexandre Campos, antes as
empresas só conseguiam identificar
certas tendências relacionadas à sua
marca ou a serviços por meio de extensas
pesquisas de mercado. “Hoje, o retorno
é imediato e o aumento do acesso às
redes só vai reforçar isso, principalmente
no Brasil”, diz, acrescentando que vale
destacar a chegada do Facebook no
Brasil como indicativo da importância
de tendências como marketing digital e
negócios na web 2.0.
As redes também contradizem a
ideia de que um alcance abrangente só
era viável para grandes empresas, com
altas quantias para investir. A opinião
de especialistas é que elas trouxeram
outro nível de competitividade,
reforçando a crença de que entrar nelas,
com planejamento, é uma atividade
fundamental atualmente.
Seguindo as tendências das redes
Usar o potencial das
redes é uma forma de
manter a marca em
evidência, aprimorar
serviços e impactar
os negócios
Waldir Arevolo, consultor Sênior da TGT Consult
Rodrigo Afonso
sociais, a Bolsa de Mercadorias e
Futuros Bovespa (BM&F Bovespa)
começou a estudar, em 2009, qual seria a
estratégia ideal para tirar proveito delas
com a meta de popularizar o mercado
de ações, que até alguns anos tinha
um público muito restrito. A primeira
etapa foi escolher as que tinham mais a
ver com a proposta, o que resultou na
escolha do Twitter, Facebook, Yahoo
Respostas e Orkut.
O Twitter, pela característica de
fonte de informações rápidas, passou
a ser utilizado para divulgar cursos
gratuitos, inscrições, números da bolsa,
entre outros. O Yahoo Respostas para
responder questões de usuários da rede
sobre os temas que dizem respeito à
Bovespa. E Orkut e Facebook como
comunidades: participantes entram, tiram
dúvidas, criticam e dão orientações para
nortear a estratégia da Bovespa.
A empresa ainda não tem métricas
bem definidas dos resultados, mas já
notou grande retorno em seguidores,
que formam um público diferente dos
que apenas visitavam o site. “Trata-se
de um grupo que interage mais e que
gera informações importantes. Essa
experiência já apoia voos maiores da
Bovespa nas redes sociais”, avalia a
gerente de Internet da BM&F Bovespa,
Renata Martins.
A experiência foi turbinada com
o lançamento de um aplicativo que
simula a participação no mercado de
ações e é uma competição, em que os
participantes compartilham resultados
e conseguem comparar o desempenho
com outros amigos. “O planejamento
para 2011 é manter esse trabalho e
aumentar a abrangência de atuação nas
redes, aproveitando as tendências e
oportunidades”, diz Renata.
A operadora Porto Seguro também
possui atuação intensa nas redes sociais,
mas iniciou estratégia um pouco antes, em
2007, quando a área virou uma gerência
específica diretamente ligada à vicepresidência executiva da organização. O
primeiro trabalho foi de monitoramento
das redes sociais, para o qual contratou
uma empresa especializada.
“Terceirizar foi importante para começar,
não tínhamos tanto conhecimento e
precisávamos diagnosticar as redes
sociais. Nos surpreendemos com alguns
dados que indicavam como as pessoas
se relacionavam com a marca, entre
outras informações. A partir daí, traçamos
estratégias”, relata o gerente de Canais
Eletrônicos da Porto Seguro, Rafael Caetano.
O foco inicial era ser forte em
atendimento, integrando o processo
com o serviço de atendimento ao cliente
(SAC) da empresa, cujas solicitações
acontecem mais via Twitter. Depois,
realizamos ações no Facebook, Orkut,
LinkedIn, Twitter e Youtube, inclusive
Terceirizamos a
avaliação da nossa
marca nas mídias
sociais, e passamos
a direcionar nossa
estratégia a partir
dos resultados
17
Rafael Caetano, gerente de
Canais Eletrônicos da Porto Seguro
via compartilhamento de vídeos e fotos
relativos a atividades da companhia.
Em relação à tecnologia, a empresa usa
algumas das principais ferramentas do
mercado para monitorar, o que apoia a
equipe interna. Hoje, a Porto não contrata
mais profissionais para esse fim, a menos
que precise de um esforço pontual maior,
em campanhas específicas.
Para Caetano, a integração das redes
sociais com outras mídias também traz
muitos frutos. Foi o que aconteceu na
campanha do Trânsito Mais Gentil,
que pregava tolerância no trânsito e
tinha como um dos objetivos reduzir
o número de sinistros, que impactam
diretamente no negócio da organização.
“A campanha foi disseminada por meio
dessa integração e tornou-se um dos
nossos casos de sucesso.”
Para o futuro, o gerente de Canais
Eletrônicos da Porto Seguro relata a
busca por compreender como as pessoas
interagem e se comportam nas redes
para ajudar os corretores de seguros
a estreitarem relacionamento com os
clientes por meio desses canais. “É
importante que o grupo de corretores
consiga entender e diagnosticar
necessidades dos clientes pelas redes que
não seriam identificadas de outras formas.
A Web 2.0 tem esse poder”, afirma.
Tecnologias
O empenho de algumas companhias
em atrelar as redes sociais às suas
tecnologias núcleo comprova a demanda
do mercado. É o caso da Oracle, que
trabalha com o conceito de mídia social
no seu middleware. Segundo o consultor
sênior de Vendas da Oracle do Brasil,
Dênis Abrantes, a ideia é levar todo o
conceito das redes sociais para dentro
das aplicações, tanto para uso interno
quanto para aplicações externas.
O principal discurso da empresa é
o da produtividade: com informações
disponíveis em tempo real, graças às
características colaborativas, o tempo
dos processos e das atividades é
reduzido sensivelmente. “A intenção é
colocar à disposição das companhias
todos os recursos das redes em camadas
especializadas de software, para que elas
sejam aplicadas da melhor maneira para
cada organização”, diz Abrantes.
A SAP, também seguindo a mesma
trilha, quer aprimorar soluções de
busca inteligentes e análise de conteúdo
gerado pelas redes. São ferramentas de
monitoramento independentes do ERP,
que permitem aos usuários observar seu
próprio contexto e o dos concorrentes
na mídia social para embasar as
tomadas de decisão.
A organização também se dedica
a soluções para integrar as redes
sociais como mais um canal de
atendimento na estrutura de SAC das
companhias, integrada também às
ferramentas analíticas. “A estratégia
é oferecer soluções que possibilitem
aos usuários uma postura proativa
em toda a rede social, além de avaliar
tendências”, diz o arquiteto de
soluções SAP, Diego Anunciato. ■
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18 CAPA
COMUNICAÇÃO UNIFICADA:
um sonho distante?
Atentas ao ganho de produtividade, empresas brasileiras despertam para
a convergência de tecnologias capazes de ampliar mobilidade e colaboração.
Desafios maiores são custo e compatibilidade
O EDILEUZA SOARES
interesse das companhias pelas ferramentas de
colaboração para compartilhar ideias com suas equipes
em tempo real e acelerar a tomada de decisão serviu
de esteira para a implementação de Comunicação
Unificada, que vem do termo inglês Unified Communicationns
(UC). Seu atrativo maior é que impacta diretamente na
produtividade dos funcionários, que atualmente demandam
mais mobilidade e acesso às ferramentas de trabalho de
qualquer lugar, pelos mais variados tipos de dispositivos.
O conceito de UC passou a ser disseminado no mercado após a
adoção das redes IP, que visam redução dos gastos com a telefonia
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convencional. A vantagem é permitir às companhias reunir em uma
mesma plataforma todos os serviços de comunicação utilizados pelos
seus funcionários como telefonia (fixa e móvel), e-mail, mensageiros
instantâneos, videoconferência, colaboração, redes sociais.
A união desses serviços com as aplicações de negócios
possibilita aos funcionários ter na mesa do escritório ou onde quer
que estejam todos os recursos de que necessitam no dia a dia para
trocar informações com outras equipes, clientes e fornecedores.
Uma das vantagens de UC é que as pessoas não precisam
mais fornecer o seu número fixo ou de celular. “Elas passam a
ter um único número para serem localizadas, não importa onde
19
estejam. A solução se encarrega de rotear
a chamada”, explica o especialista em
comunicações unificadas & colaboração
da IBM para a América Latina, Bruno
Eugênio Javarez.
Outro benefício é permitir que os
colaboradores carreguem com eles o seu
ramal telefônico, desviando as chamadas
para o celular, outros números ou em
outro dispositivo com o programa
softphone instalado. Caso a ligação não
seja atendida, a mensagem de voz poderá
ser ouvida pelo e-mail, por meio de
arquivos de áudio.
Pela tecnologia, é possível também
participar de videoconferências do quarto
de um hotel, aeroporto ou de qualquer
lugar. Para isso, o usuário precisa ter
aplicação nos terminais móveis e banda
larga capaz de trafegar vídeo. “Com UC,
as pessoas podem ficar uma semana
fora sem interromper seu trabalho, visto
que conseguem participar de reuniões
e executar as atividades remotamente”,
afirma o gerente de Marketing e Negócios
da Microsoft, Eduardo Campos Oliveira.
Para facilitar a interação entre os
funcionários, a plataforma mostra o status
de presença de cada colaborador em
ferramentas de comunicação instantâneas,
como no MSN e Skype, informando em qual
meio de comunicação está disponível no
momento. O gerente de soluções e serviços
da Siemens Enterprise, Juliano Menegazzo,
garante que, além de reduzir custos, UC
aumenta a produtividade e proporciona
mais flexibilidade aos funcionários, o que
gera retorno aos negócios.
“As pessoas perdem em média cinco
horas por semana dentro das empresas,
tentando se comunicar umas com as outras.
Por mês, são 20 horas perdidas. Isso tem
custos e gera impacto nos negócios”, diz o
executivo da Siemens Enterprise.
O presidente da Avaya Brasil, Cleber
Moraes, destaca que UC vem com a
proposta de simplificar e melhorar a
comunicação das organizações, que estão
sendo forçadas a rever esses processos
para acompanhar a dinâmica do mercado.
“O perfil dos usuários mudou e o
poder da comunicação hoje está nas mãos
deles. Eles têm celulares, tablets e querem
levar seus terminais para o ambiente
de trabalho”, constata Moraes. Outro
problema é o uso das redes sociais, tanto
pelas empresas quanto pelos funcionários,
que também gera desafios de integração.
Além de ter de se preparar com os
funcionários mais antigos, as companhias
precisam adequar o ambiente de
trabalho para a chegada da geração Y.
Esses jovens gostam de se comunicar e
compartilhar informações especialmente
por meio de redes sociais e sistemas de
mensagens instantâneas.
Mercado de telefonia IP no Brasil
Faturamento
R$ 500 milhões*
Participação dessa receita
7,6%
R$ 330,4 milhões
16%
TDM
Rede IP pura
18,4%
2009
2010
Telefones IP
58%
Redes IP
híbridas
* Estudo preliminar
Fonte: Frost & Sullivan
O perfil dos usuários
mudou e o poder da
comunicação está
nas mãos deles.
Eles querem levar
seus celulares
e tablets para o
ambiente de trabalho
Cleber Moraes, presidente da Avaya Brasil
Essas novas exigências do mercado
abrem oportunidades para a indústria de
UC. A consultoria Forrester projeta que
os negócios globais nessa área vão quase
que quadruplicar nos próximos cinco
anos, saindo de uma receita de 3,7 bilhões
de dólares em 2010 para 14,5 bilhões de
dólares em 2015.
Entretanto, a indústria terá de
derrubar várias barreiras que impedem
que esses negócios deslanchem. Elas
vêm há alguns anos tentando convencer
as empresas a aderirem ao conceito,
que está mais avançado nos mercados
europeu e norte-americano. No Brasil,
o ritmo das implementações tem sido
mais lento. Um dos motivos para
isso são as adoções de redes IP, que
começaram a ganhar força no País.
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20 CAPA
Barreiras para avanço de UC
O custo alto para substituição do grande
legado das redes convencionais de
telefonia, a dificuldade de integração das
aplicações de negócios e o problema da
interoperabilidade entre as diferentes
tecnologias de fornecedores são alguns
dos obstáculos para o crescimento de UC.
A analista de telecomunicações do
Gartner no Brasil, Elia San Miguel, lembra
que o mercado vem falando de UC desde
2000, mas a tecnologia não deslanchou por
causa da confusão gerada pela indústria
na forma de apresentar o conceito.
“UC não é um produto só de prateleira.
É um conjunto de soluções, que faz
com que os ambientes de comunicação
independentes se tornem convergentes”,
destaca Elia. Ela também aponta o
drama do CIO para medir o retorno
do investimento com a migração dos
sistemas que funcionam nas redes Time
Divison Multiplex (TDM) de telefonia
convencional por IP.
Antes de irem para UC, as empresas
precisam ter VoIP e substituir os
antigos PABX analógicos conectados às
redes públicas de telefonia por centrais
IP. “É difícil para as companhias
jogarem esse legado fora”, diz o
analista de telecomunicações da IDC,
João Paulo Bruder.
Elia, do Gartner, menciona também o
desafio dos gestores de TI para integrar
Em busca de compatibilidade
“UC não decolou porque ainda tem pedras no caminho”, acredita o analista de Telecomunicações da IDC Brasil,
João Paulo Bruder. Uma dessas barreiras, segundo ele, é a questão da compatibilidade. Apesar de a indústria
proferir o discurso de que trabalha com soluções de padrão aberto, as empresas têm receio de trocar algo
que está funcionando bem por uma caixa preta proprietária.
É comum os fornecedores vislumbrarem que as companhias comprem todas as soluções de PABX IP e UC
da mesma marca, para evitar problemas de compatibilidade. O diretor de Marketing e Negócios da Nec Brasil,
Luiz Vilella, comenta que soluções de múltiplos fabricantes, baseadas em protocolo Session Inition Protocol
(SIP), para sinalização de VoIP, até se falam por meio de conectores.
Porém, o executivo reconhece que mesmo com o uso do gateway, nem sempre é possível utilizar os recursos
dos equipamentos de marcas diferentes. Isso em razão de cada indústria falar uma língua. As tecnologias da Nec,
por exemplo, falam japonês. As da Siemens conversam em alemão e as da Avaya em inglês.
Já a Cisco usa em seus equipamentos IP o proprietário Protocolo de Interoperabilidade de Telepresença
(TIP). A Tandberg, que fornecia soluções para videoconferência e tinha padrão aberto, também passou a
adotar o TIP.
O vice-presidente da Polycom para a América Latina e Caribe, Pierre Rodriguez, confirma o problema da
interoperabilidade entre as fabricantes IP. Tanto é que a empresa resolveu desenvolver um software com
algoritmo TIP, para permitir aos clientes da Cisco, que não querem utilizar os sistemas de videoconferência da
Tandberg nas soluções de UC, optarem pela sua marca.
A intenção da Polycom é abrir o seu sistema de UC para multifornecedores e também explorar o mercado
de tablets. Um acordo foi fechado com a Samsung para levar o seu sistema de videoconferência para os
tablets Galaxy.
Padronização das soluções
Os projetos de UC, hoje, contemplam vários fornecedores, mas estudos do Gartner sinalizam que essa
realidade vai mudar, impulsionada pela consolidação das indústrias e esforços para a fabricação de sistemas
interoperáveis. Em 2015, os projetos terão entre dois e três fornecedores.
Para acelerar esse processo, foi criado no ano passado o Unified Communication Interoperability Forum (UCIF),
que certifica tecnologias de UC com padrões abertos e compatíveis com as do mercado. A entidade já reúne cerca
de 40 fabricantes e entre os quais estão HP, Juniper, Microsoft, Logitech, Polycom e Siemens Enterprise.
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A indústria ainda tem
dificuldades para
passar ao mercado o
que é comunicação
unificada. Não existe
consenso. Cada um
define de um
jeito diferente
Rodrigo Lima, analista de
Telecomunicações da Frost & Sullivan
as aplicações de negócios como sistemas
de gestão empresarial (ERP), Customer
Relationship Management (CRM) com UC
para melhorar o fluxo das informações.
Ela dá o exemplo de uma fabricante de
batom, que recebe a informação dos pontos
de vendas de que determinada tonalidade
está sendo mais procurada e que essa
comunicação precisa ser disparada para
toda a cadeia de fornecimento para acionar
a produção desse item.
O analista de Telecomunicações da Frost
& Sullivan, Rodrigo Lima concorda que
a indústria tem ainda dificuldades para
passar ao mercado o que é a comunicação
unificada. “Não existe consenso sobre UC.
Cada um define de um jeito diferente”,
percebe o consultor, que constata a
existência de um grande número de ofertas
no mercado, que promete integrar desde
três serviços de comunicação a até oito,
confundindo as empresas.
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22 CAPA
Vantagens da tecnologia
Permite aos funcionários ter o ramal no
celular ou notebook
Aumenta a produtividade dos colaboradores
Permite que as atividades sejam realizadas
em qualquer lugar
Possibilita acesso das aplicações por meio de
qualquer dispositivo com banda larga
Reduz o custo das ligações e de viagens
Centraliza a gestão das ferramentas de
comunicaçação
Facilita o trabalho remoto
Lima acha que os fornecedores terão
ainda um grande trabalho pela frente para
educar as empresas sobre UC. Ele avalia
que o mercado é promissor e tem potencial
para o crescimento no Brasil por causa da
melhoria da qualidade dos serviços de VoIP.
O executivo se baseia em estudos
da Frost & Sullivan, que estimam que
os negócios com telefonia IP no Brasil
registram taxas de aumento acima de 20%
ao ano. Dados preliminares do relatório
(veja gráfico na pág. 19), referentes ao ano
de 2010, revelam que o setor movimentou
aproximadamente 500 milhões de reais,
ante uma receita de 330,4 milhões de reais
em 2009. O faturamento soma vendas de
serviços, telefone IP, hardware, linhas IP e
soluções UC clients.
Dessa receita total, UC representa
pouco mais de 10%, ou seja, 33,3 milhões
em 2009. As licenças clients tiveram peso
de 30,7% e as conferências pela web
registraram participação de 29,5%. Já
as aplicações de softphones e Unified
Messaging responderam respectivamente
por 29,4% e 10,4%.
Esforço da indústria
A indústria reconhece que ainda há um
longo caminho pela frente para disseminar
o conceito de UC, mas considera que
o momento atual está mais favorável e
conta com novos aliados para ajudar a
impulsionar os negócios.
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Entre as novas alavancas para UC,
os fornecedores mencionam cloud
computing, que hoje está mais maduro; a
popularização da mobilidade; e as redes
sociais, que pressionam as corporações
para mudar processos de comunicação
com os públicos interno e externo.
“Muitos olharam UC até agora como
uma promessa, mas esse mercado vai
começar a andar”, acredita Luís Minoru
Shibata, diretor de Consultoria da
PromonLogicalis. Um dos motivos que
ajudarão a impulsionar os negócios,
segundo ele, é a queda do custo das
soluções, auxiliado pelo aumento das
implementações das redes IP, agora em
maior escala no Brasil.
O preço da banda larga, que antes era
uma barreira para UC, também está mais
acessível. Minoru observa que essas redes
estão em expansão no Brasil e tendem a
dar um grande salto com os investimentos
que o País terá de fazer em infraestrutura
para sediar a Copa do Mundo de 2014 e os
Jogos Olímpicos de 2016.
O gerente de Marketing e Negócios da
Microsoft, Eduardo Campos de Oliveira,
Qual é a proposta de UC?
É unir em um ambiente único todas as
ferramentas de comunicação e produtividade
utilizadas pelos colaboradores no dia a dia,
informando o status de presença. Veja a seguir
alguns dos meios que podem ser consolidados
por esse tipo de plataforma:
Sistemas telefônicos de secretária
Sistemas PBX e IP-PBX legados
Voice mail
Faxes
Dispositivos móveis
Correio eletrônico
Aplicativos de escritório e de negócios como
soluções Office, ERP, CRM, BI etc.
Instant Messaging
Videoconferência e conferências de audio
Calendários
Agenda de contatos
Muitos avaliam UC
como uma promessa,
mas esse mercado vai
andar, impulsionado
pela queda do custo
das soluções e da
banda larga
Luís Minoru Shibata, diretor de
Consultoria da PromonLogicalis
acrescenta que o Plano Nacional de Banda
Larga (PNBL) também gera otimismo.
O projeto que está sendo implantado
pelo governo federal vai contribuir para
aumentar a infraestrutura de redes no
País, favorecendo esse mercado.
A mobilidade é outro fator que
tende a puxar os negócios de UC. O
uso de dispositivos sem fio está em
franco crescimento. Pesquisas da IT
Data estimam que em 2010 a base
de smartphones no Brasil triplicou,
passando de 1 milhão de unidades para
3 milhões de unidades. Para 2011, a IDC
prevê que o País fechará com 10 milhões
desses dispositivos.
Os fornecedores apostam nos tablets
para estimular o mercado de UC, puxando
vendas das ferramentas de vídeo e
colaboração. Estudo da IDC prevê que o
Brasil vendeu 100 mil desses terminais em
23
2010 e a projeção para 2011 é o triplo, ou
seja, de 300 mil unidades.
Animadas com esse potencial,
fabricantes de PABX IP estão investindo
na produção desses dispositivos. No
ano passado, a Avaya lançou o terminal
Avaya Desktop Video Device, que
vem com o Avaya Flare, uma solução
que oferece recursos de colaboração
da empresa, integrando vídeo, voz e
textos. Para o segundo semestre, a
fabricante promete versões do software,
compatíveis com o sistema operacional
Android e também para iPad.
A Cisco foi outra que anunciou seu
ingresso nessa arena com um modelo
de tablet. O dispositivo faz parte
do esforço da fabricante para atrair
usuários corporativos para o que ela vem
chamando de Unified Communications &
Colaborations (UCC).
O gerente de Negócios e Colaboração da
Cisco Brasil, Ricardo Ogata, prega que o
vídeo será a voz da comunicação do futuro,
por transmitir a mensagem rapidamente.
“Ao assistir a um vídeo, as pessoas dizem
imediatamente o que não gostaram e
pedem para parar”, argumenta o executivo,
que prevê aumento da demanda por esse
tipo de aplicação nas empresas.
Bancos, por exemplo, podem integrar
essa solução ao call center e CRM para
atender aos consumidores. Por acreditar
nessa tendência, a fabricante adquiriu
Barreiras para crescimento do conceito
Dificuldade para integração das aplicações
Alto custo das soluções
Integração do legado
Falta de interoperabilidade entre as tecnologias dos fornecedores
Falta de cultura dos usuários para informar o status de presença nos sistemas
Reforço da segurança dos sistemas internos
Ausência de patrocínio dos projetos. TI não enxerga os ganhos, e acha que é mais trabalho
administrar voz e dados.
Ter métricas para medir ganhos com a tecnologia
Políticas claras de RH para evitar que funcionários trabalhem fora do expediente e entrem na Justiça
exigindo pagamento de hora extra.
Infraestrutura de banda larga com capacidade para grande tráfego de voz e dados.
a indústria norueguesa Tandberg
e está investindo em ferramentas
de telepresença, bem como em
videoconferência para dispositivos móveis.
Como vídeo exige muita banda, a Ogata
espera que os investimentos que o Brasil está
fazendo em infraestrutura e a chegada das
redes 4G derrubem essa barreira.
Ajuda da nuvem
Com a evolução de cloud computig, as
empresas vão poder contratar serviços
de UC, sem precisar investir em novos
ativos. As teles contam com ofertas
nessa área para atender tanto às grandes
O vídeo será a voz
da comunicação do
futuro, por transmitir
a mensagem
rapidamente. Mas
o Brasil precisa
investir mais em
infraestrutura
Ricardo Ogata, gerente de Negócios
e Colaboração da Cisco Brasil
companhias quanto aos pequenos
negócios. As fornecedoras das soluções
buscam alianças estratégicas com esses
parceiros para tentar empurrar para cima
o mercado de UC.
A Microsoft, por exemplo, fechou seu
primeiro acordo no Brasil com uma tele
para oferecer suas soluções de mensageria
e comunicação unificada na nuvem
Business Productivity Online Standard
Suíte (BPOS). Sua parceira no País é a
Tellfree, que tem foco no segmento de
pequenas e médias empresas (PMEs).
Segundo o gerente de Marketing e
Negócios da Microsoft, Eduardo Campos
de Oliveira, o pacote sai por 10 dólares
por mês para cada usuário. Esse valor não
inclui os serviços de telecomunicações. A
oferta fechada pela Tellfree com telefonia
IP varia de 5 reais a 50 reais.
De acordo com Daniel Duarte,
presidente da operadora, os valores
dependem do volume de usuários e
da quantidade de caixas de e-mails
contratados. Com essa oferta, ele afirma
que o serviço tem despertado muito
interesse das PMEs.
Para as empresas que não querem
ir para nuvem, nem adotar rede IP, a
solução proposta por fornecedores,
como IBM e a própria Microsoft, é
usar gateway, que liga a rede TDM de
telefonia convencional ao mundo IP. ■
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24 CAPA
CONVERGÊNCIA,
na prática
Grupo varejista Zaffari e Grupo Orium decidiram
investir em comunicação unificada para integrar
serviços de telefonia e reduzir custos
C om expectativa de reduzir entre
20% e 25% os custos com telefonia,
o grupo varejista gaúcho Zaffari
direcionou 300 milhões de reais
para viabilizar o projeto de VoIP e
Comunicação Unificada. A solução vai
envolver todas as unidades da cadeia, que
inclui 30 supermercados e seis shoppings,
entre Rio Grande do Sul e São Paulo.
Presente no mercado há 75 anos, o grupo
varejista está expandindo os negócios e
percebeu que podia diminuir os gastos
com telefonia com a adoção de uma rede
híbrida, que abrigará VoIP e telefonia
convencional. “Fica difícil migrar tudo
de uma vez e optamos por ficar com os
dois sistemas. Existem áreas, como a de
produção, em que o uso de telefones IP
é mais complicado e pode gerar danos”,
diz o engenheiro de Telecomunicações do
Zaffari, André de Souza Santos.
A empresa era usuária dos PABXs
analógicos da Ericsson, divisão que foi
comprada pelo grupo canadense Aastra.
Ao todo, o sistema antigo conta com 2,3
mil ramais para atender toda a cadeia.
No início do ano passado, a rede varejista
chamou a fornecedora e comprou a solução
MxOne, que une soluções de VoIP e UC.
A solução permite integrar os serviços
de telefonia fixa e móvel com e-mail, chat e
sistemas de colaboração. “O que mais nos
chamou a atenção foi a possibilidade de
trocar arquivos com outras pessoas. Se eu
estiver trabalhando em um projeto, posso
pedir opinião para um colega de São Paulo,
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por exemplo, e verificar as alterações em
tempo real”, conta Santos.
O Zaffari conta com uma unidade de
desenvolvimento de software para suportar
os negócios da rede e que agora poder criar
soluções em conjunto com outras equipes,
que não estejam na sede da companhia, em
Porto Alegre, com interação em tempo real.
Outro benefício é a possibilidade de
levar o ramal fixo para qualquer lugar com
o softphone instalado nos notebooks. O
Zaffari ainda está em fase de implantação
da solução de UC, testando a tecnologia
com alguns departamentos, como Diretoria,
Administração e TI. Nessa primeira etapa, a
empresa adquiriu 60 licenças do programa
e a ampliação acontecerá aos poucos.
Os primeiros usuários selecionados para
testar a solução já estão com e-mail, chat e
a funcionalidade de presença integrados.
O grupo pretende usar outros recursos,
como videconferência para fazer reuniões e
economizar com viagens.
“Queremos ganhar eficiência e dar a
cada área a possibilidade de aumentar a
produtividade”, afirma Santos, que espera
até dezembro de 2011 estar com toda a
solução de UC rodando na companhia.
PMEs adotam solução na nuvem
As pequenas e médias empresas (PMEs)
que não têm como investir na compra de
PABXs IP têm a opção de contratar solução
de UC com processamento na nuvem,
pagando valor fixo por usuário. Essa foi a
alternativa adotada pelo grupo Orium.
O grupo é uma consultoria de comunicação
e marketing digital, que reúne três empresas
(Orium, Igne e Fire), distribuídas pelas
cidades gaúchas Porto Alegre, São Leopoldo
e Santa Maria. O caminho mais rápido para
entrar no mundo convergente, segundo
o Orium, foi a contratação de um pacote
de serviços por meio do modelo software
como serviço (SaaS) da operadora de
telecomunicações Tellfree.
O pacote contratado inclui PABX virutal
e UC com pagamento fixo por mês. O
CEO do grupo Orium, Alexandre Monteiro
Chequim, explica que buscaram essa
solução para baixar os gastos com ligações
DDD entre os três escritórios do grupo, que
caíram em torno de 30%. “Hoje, todos os
usuários das unidades se falam com custo
zero”, relata o executivo.
As equipes passaram a usar menos o
correio eletrônico e mais o telefone em
algumas situações. “Por vezes, perdíamos
dez minutos para explicar um assunto. A
mensagem virava ping-pong, com idas e
vindas”, lembra o CEO da Orium.
O problema maior era quando o
funcionário não entendia a informação
e executava a tarefa de acordo com o
que achava correto. Hoje, as pessoas se
falam mais, e a situação não se repete. A
companhia ganhou em produtividade.
A vantagem da solução por meio de
SaaS, segundo Chequim, é que a empresa
não precisou investir muito para ter VoIP
e UC. Os únicos gastos necessários foram
com a contratação de uma conexão de
banda larga de 15 Mbps e a compra de
telefones IP, com preço entre 300 reais e
500 reais para algumas áreas.
Outro benefício apontado pelo executivo
do modelo de serviço é que a empresa
contrata o número de ramais de acordo
com a necessidade. O grupo trabalha
com uma equipe de aproximadamente 30
pessoas, mas dependendo do projeto esse
número pode subir para cem ou mais.
O grupo Orium está utilizando a
solução de UC da Tellfree, especialmente
para integrar e-mail, serviços de voz e
conferências de áudio. Para colaboração,
usa a plataforma americana Goalkeeper e
paga por volume de dados armazenados. ■
26 mobilidade
Agilidade
na construção
Smartphones protagonizam o novo desenho de gestão de infraestrutura das
obras da Andrade Gutierrez. Eliminaram a papelada e agilizaram processos
déborah oliveira
N
Obras na Arena Amazônia (acima) e no Estádio do Maracanã (abaixo) contam com
smartphones para controlar status de mão de obra e equipamentos para construção
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ão faz muito tempo, Andrade
Gutierrez tinha de administrar
diariamente uma montanha de
papéis com informações sobre
mão de obra e máquinas e equipamentos
para construção, alocados nas obras.
Com os mais de 3 mil smartphones e a
plataforma ConstruMobil, desenvolvida
pela Simova, a construtora entrou na
era da mobilidade e implodiu os
antigos processos.
A inovação beneficia 18 obras
espalhadas por todo o Brasil, entre
elas a modernização do Maracanã, no
Rio de Janeiro, e o Arena Amazônia,
em Manaus, estádio em construção
para a Copa de 2014. O pico de
uso dos dispositivos móveis nas
obras registrado até hoje é de 6 mil
e, diariamente, com exceção dos
domingos, o sistema contabiliza cerca
de 15 acessos por segundo.
Rodrigo Fernandes de Barros,
engenheiro da área de Planejamento
e Controle da Construtora Andrade
Gutierrez, diz que hoje a agilidade e a
integridade de dados garantem que as
construções sejam atendidas rapidamente
em suas necessidades, visto que os dados
entram no sistema em tempo real. “Os
funcionários passam as informações
sobre o estado das máquinas e
equipamentos pelo smartphone e nos
possibilita agilizar as tomadas de decisão
27
e ações”, ressalta Barros.
Segundo ele, antes, o funcionário
(chamado de apontador) e seus
encarregados preenchiam fichas
durante todo o dia com dados sobre
o status das máquinas. Entre eles,
abastecimento, tempo de operação,
tempo de ociosidade e manutenção,
além de informações sobre a atividade
de cada colaborador e procedimentos
de segurança.
Ao final do turno, a papelada era
recolhida. “Feito isso, os dados das
fichas eram passados manualmente
para um sistema, na madrugada, e
cerca de um dia e meio depois é que os
gestores avaliavam o andamento das
obras e traçavam soluções”, diz.
“Muitas vezes, o estado de conservação
das fichas era ruim e até mesmo a grafia
difícil de compreender. Por isso, o
registro das informações corria risco de
incorreção”, lembra Barros.
Esse cenário gerava receio na equipe
de engenharia, pois a área usava os
dados de produtividade levantados nas
obras para orçar novos projetos. “Com
o passar do tempo, o setor deixou de
Andrade Gutierrez
www.andradegutierrez.com.br
Desafio: automatizar o processo de
apontamento de mão de obra e equipamentos
nos canteiros.
Soluções: smartphones, que abrigam o
sistema ConstruMobil baseado em Java,
rodando em servidores.
Resultados: 94% de ganho em eficiência,
economia de R$ 47 mil no pagamento de
funcionários direcionados exclusivamente
para registrar as fichas no antigo sistema,
eliminação do uso de 272 mil fichas de
papel, agilidade no processo e rapidez na
tomada de decisão.
Expectativas: inserir no apontamento o
avanço físico das obras e disponibilizar a
imagem em 3D para os gestores da empresa.
usá-las por falta de confiabilidade.”
“O novo sistema trará a confiança de
volta”, afirma Cristóvão Jacques de Faria,
gerente de Planejamento e Controle da
Construtora Andrade Gutierrez.
Era móvel
Em pouco tempo, a mudança, segundo
Barros, trouxe agilidade aos processos.
Agora, os funcionários inserem
as informações em um software
com filtros pré-configurados no
smartphone. Os dados são enviados,
em tempo real, a partir da rede de
telefonia móvel da Oi aos servidores da
construtora. Eles são visualizados na
web pelos gestores, que usam login e
senha para acessar o sistema.
“O rápido acesso à informação evitou
perdas na produção e qualquer problema
identificado, como máquinas quebradas
e falta de produtos, é rapidamente
contornado”, relata Barros. “Prova
do nosso ganho em produtividade e
agilidade na tomada de decisão é o
Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro (Comperj). Lá, registramos
aumento de 94% na eficiência.”
Primeiros passos
O projeto foi iniciado em 2009 no
Comperj, que está sendo construído
Smartphones
usados nas obras
possuem filtros
que bloqueiam
erros e aumentam
a confiabilidade
dos dados
Fábio Calegari, diretor operacional da Simova
em uma área de 45 milhões de metros
quadrados, o equivalente a mais
de 6 mil campos de futebol. Nesse
empreendimento, a empresa conta com
cerca de 800 máquinas em atividade.
“Quando começamos a obra, não
usávamos o apontamento eletrônico
(como chamamos o processo) e
registrávamos uma série de desafios”,
lembra. Ele cita que se uma máquina
falhasse e estivesse ociosa, o problema
somente seria identificado no dia seguinte,
gerando perda de produtividade.
Para levar a mobilidade às obras,
a empresa recorreu à Simova,
especializada em mobilidade
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28 mobilidade
convergente, que adaptou uma
plataforma, já usada no setor
sucroalcooleiro. A solução, baseada
em Java e batizada de ConstruMobil,
é acessada por meio de dispositivos
móveis pelos colaboradores nas obras.
A escolha por smartphones, afirma
Barros, não foi ao acaso. “Seu uso é
amplamente conhecido e o custo é mais
acessível em comparação aos palms
ou tablets”, avalia. Para o executivo,
a inovação tem garantido uma gestão
eficiente dos equipamentos e da mão
de obra nos canteiros do País.
A gerente de TI da construtora
Andrade Gutierrez, Cibele Fonseca,
conta que para receber o sistema foi
preciso preparar a infreaestrutura
tecnológica da empresa, sediada em
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro: aumento de 94% na eficiência
São Paulo, em razão do grande volume
de informações. Há quase um ano,
os dados armazenados passavam
de 5 milhões. Isso porque todos os
apontamentos ficam registrados no
banco da empresa. “Para ampliar a
nossa capacidade, adquirimos mais
cinco servidores”, diz a executiva.
Rotinas aprimoradas
Além da agilidade, mais benefícios
foram identificados na era da
mobilidade. O investimento em
funcionários que atuavam do setor de
controle (que buscavam as fichas e as
registravam no sistema) foi reduzido
drasticamente, já que agora eles podem
se dedicar a funções mais estratégicas.
Levantamento realizado pela Andrade
Gutierrez identificou que só em abril de
2010 foram economizados R$ 47 mil.
O monitoramento manual exigia
grande quantidade de papel que,
posteriormente, demandava a utilização
Dispositivos móveis
eliminaram uso de
papel e evitaram
a derrubada de
milhares de árvores
Cibele Fonseca, gerente de TI da Andrade Gutierrez
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de muitas salas de arquivamento,
segundo Barros. Somente no início da
obra do Comperj, eram usadas 2,4 mil
folhas por dia. Com os smatphones,
eliminou-se por completo o uso de
papel. “Se o panorama anterior se
tivesse mantido, teríamos contribuído
para a derrubada de milhares de
árvores e os custos seriam altíssimos.
Sustentabilidade ambiental é muito
importante para nós”, avalia Cibele.
Uma das vantagens do ConstruMobil
é que não há, de acordo com Tiago
Pinheiro, diretor operacional da
Simova, a possibilidade de registros
incorretos. “Isso porque inserimos
na solução filtros que bloqueiam
erros e aumentam sobremaneira a
confiabilidade dos dados.” Fábio
Calegari, diretor comercial da Simova,
completa dizendo que a plataforma
ainda valida os dados e o cruzamento
de informações.
“Se, por exemplo, um funcionário
registra que uma máquina ao final do dia
rodou uma quantidade menor do que a
apontada no início, o ConstruMobil não
permite a inserção”, explica.
A construtora pretende expandir
a utilização dos aparelhos em novas
obras e usar o smartphone para realizar
treinamento móvel e ainda para registrar
o avanço físico das obras. “Cada passo
será inserido no sistema e o progresso
visualizado em 3D pelos gestores”,
finaliza Pinheiro, da Simova. n
Transforme seus eventos em
uma experiência inesquecível.
Seja qual for o tamanho do seu
evento e da sua verba, nós temos uma
solução criativa para sua empresa.
30 carreira
Indispensáveis
Um bom time de TI não será vitorioso sem um dos atuais perfis de profissionais,
moldados pelas tecnologias emergentes e novos desafios de negócios
A
s tecnologias evoluem
rapidamente e causam
impacto direto na carreira dos
profissionais de tecnologia
da informação. As áreas de negócios
passam a exigir alinhamento com
as inovações. O cenário traz uma
série de consequências: pressionados
pelas expectativas, os gestores de TI
precisam acertar na mosca em suas
contratações. A equação é bem simples:
se o departamento não contratar
corretamente, não estará preparado
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Rodrigo Afonso*
para um futuro muito próximo.
Nos Estados Unidos, onde o futuro
está ligeiramente mais próximo, os
CIOs já experimentam significativas
lacunas nas competências de suas
equipes de trabalho. Uma pesquisa
com 370 líderes de TI, realizada por um
centro de pesquisas do Massachussets
Institute of Technology (MIT), em
parceria com a revista CIO dos
Estados Unidos, mostrou que 44% dos
líderes disseram que falta experiência
em colaboração na empresa, sendo
que somente 8% apontaram que
colaboração é uma habilidade formal
da corporação. Além disso, 27% dos
pesquisados não observam em suas
empresas habilidades para avaliação
do uso de smartphones, tablets e outras
novas tecnologias.
De acordo com o CIO da companhia
de seguros norte-americana Guardian
Life, Frank Wander, os líderes de TI
sempre tiveram, como qualidade, o
poder de antecipação das tecnologias
necessárias e de montar equipes para
31
atender às demandas, “mas hoje, o
esforço necessário para isso deve ser
redobrado. As mudanças são muito
velozes”, avalia.
No Brasil, esse quadro não é
diferente em segmentos nos quais
inovação é vital, como o financeiro ou
de telecomunicações. De acordo com
Lucas Toledo, gerente da divisão de
TI da Michael Page Brasil, os perfis
mais procurados do mercado podem
ganhar entre 12 mil reais, nas áreas
mais operacionais, a 18 mil reais, para
aqueles com mais responsabilidades no
trato com os negócios da empresa.
Quem são eles?
O mercado se aproxima de um ponto
em que as métricas de TI não serão
mais baseadas na forma como os
sistemas são elaborados ou passam
por manutenção. “Elas irão abranger
no futuro a desenvoltura com a qual
os funcionários usam os sistemas
para realizar negócios, a velocidade
e a qualidade das decisões baseadas
em soluções tecnológicas e a receita
que as novas tecnologias geraram”,
afirma Jeanne Ross, diretora e líder de
pesquisas do MIT.
Jeanne considera muito difícil prever
com exatidão a composição ideal dos
departamentos de TI do futuro e que
ainda não há uma fórmula vencedora,
mas diz que alguns sinais apontam para
quatro papéis centrais de profissionais
que serão fundamentais em todas
as corporações e que contarão com
excelentes oportunidades: especialistas
híbridos em TI e negócios; gestores de
serviços, principalmente computação
em nuvem; peritos em manipulação
de dados e análises de informações
e projetistas e desenvolvedores de
aplicações, que promovam integração
entre mídia social, colaboração e
tecnologias móveis.
Contar com esse mix de profissionais
não será essencial somente para a
implementação de novos sistemas. De
acordo com o estrategista de tecnologia
da consultoria Accenture, Gary
empresarias como o ERP”, afirma Jeanne.
Os profissionais que têm essa
visão são os que poderão reformular
os sistemas núcleo da empresa e
transformá-los em aplicações seguras e
disponíveis a partir de qualquer lugar,
sem que, para isso, seja necessário
interromper o fluxo de negócios. Eles
também serão capazes de elaborar
maneiras mais adequadas de usar os
conteúdos ou dados já existentes na
corporação de forma mais lucrativa.
As empresas vão precisar de profissionais que
dominem o entendimento em mídias sociais e
em sistemas de gestão empresariais
Jeanne Ross, diretora e líder de pesquisas do MIT
Curtis, eles serão os futuros líderes
das corporações. As empresas que
conseguirem equacionar bem
as presenças desses profissionais
terão claros diferenciais competitivos
e os profissionais com tais
características possuirão carreira
altamente promissora.
Sintonia com as redes sociais
Para atrair novas receitas, as
corporações terão de reconstruir a
TI para atingir clientes totalmente
alinhados com Twitter e Facebook,
entre outras mídias de interação,
troca de informações e colaboração,
que compõem as redes sociais. “Para
isso, vão precisar de profissionais que
além de dominarem essas tecnologias,
entendam de conformidade e sistemas
Segundo Toledo, da Michael Page,
trata-se de um profissional muito difícil
de ser encontrado, pois possui um
conjunto de competências muito grande
e complexo. Ele diz que nas áreas de
negócios, os profissionais querem apertar
botões e ter respostas instantâneas sobre
questões que permeiam o seu dia a dia.
Mas há a figura do desenvolvedor por
trás, que entende profundamente os
sistemas núcleo da corporação e de
todas as disciplinas complexas,
envolvidas nos processos de negócios,
criando bibliotecas que vão ser a
base dos sistemas.
O CIO da filial norte-americana
da empresa automotiva Mazda,
Jim DiMarzio, busca reorientar
sua equipe, mudando o foco de
profissionais já estabelecidos para
Quanto ganham os profissionais mais procurados?
DBA
Gestor de fornecedores e contratos
Desenvolvedor do núcleo dos sistemas
Analista de negócios
até 12 mil reais (podendo chegar a 15 mil reais, se for o profissional de ponta no mercado)
até 16 mil reais
até 12 mil reais (pode chegar a 18 mil reais no nível de desenvolvimento de arquitetura)
até 18 mil reais
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32 carreira
Os 10 perfis de
profissionais mais
demandados em 2011
É mais fácil entender os perfis da força de
trabalho do futuro ao avaliar a lista dos
profissionais de TI mais demandados no
presente. Pesquisa global realizada pela
Computerworld no ano passado indicou
as posições nos quais os candidatos são
mais disputados:
rogramadores e
1Pdesenvolvedores
de aplicações
2
desk para
3Help
novas aplicações
Gestores de projetos
4Profissionais de redes
5Profissionais
de segurança
6Especialistas
em data center
7Especialistas
em web 2.0
de
8Profissionais
telecomunicações
de
9Analistas
Business Intelligence
rquitetos de
10Acolaboração
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tecnologias emergentes. Ajuda o fato
de que a maioria dos profissionais da
companhia já possui nível de pleno
para sênior, além de a organização ter
colocado boa parte das competências
técnicas nas mãos de terceiros. “Os
funcionários internos são retrabalhados
para modelar os projetos. Os terceiros
preenchem as lacunas técnicas”, afirma.
Um dos exemplos de DiMarzio é
o projeto de incorporar os telefones
celulares nos sistemas do carro, com
compartilhamento de informações
por meio de sinais Bluetooth. Se
o projeto acontecer e se mostrar
viável, todos os intrincados códigos
vão parar nas mãos de fábricas de
softwares, mas os desenvolvedores
internos vão projetar toda a
arquitetura e o conjunto de
inovações.
Em sua equipe, DiMarzio quer
desenvolvedores de soluções móveis,
não necessariamente com experiência
na indústria automotiva. “Procuramos
pessoas com boas ideias sobre como
tirar vantagem das tecnologias móveis
que já existem no mundo do varejo,
já que varejistas são os pioneiros em
adotar tecnologias antes focadas em
consumidores, ligando-as aos seus
sistemas legados”, completa.
Analista de negócios
TI alinhada aos objetivos de negócios.
“A tendência criou um novo tipo de
profissional híbrido, que sabe transitar
facilmente entre funções de negócios
e de tecnologia e é muito procurado
dentro da empresa para a solução de
problemas”, afirma o presidente da
consultoria de formação de líderes de
TI ICEX, Rick Swanborg, que também é
professor na Boston University.
Para Curtis, da Accenture,
profissionais híbridos são os mais
indicados para fazer experimentações
com os novos produtos do universo
digital, incluindo a integração entre
celulares e computadores dos carros
que a Mazda busca. Na companhia
automotiva, esses profissionais se
reportam à área de TI, mas em muitas
outras companhias isso não acontece.
Com o cenário, Swanborg prevê
que os líderes de TI precisarão
distribuir experiências entre
unidades de negócios. Segundo ele,
se no futuro não houver, nos diversos
departamentos, alguém que entenda
de tecnologia, como
ela funciona e para que a empresa
deve usá-la, esses departamentos
perderão competitividade.
Para Toledo, no Brasil esse
profissional costuma ser conhecido
como analista de negócios e tem menos
a ver com inovação e mais com aquele
que entende tanto dos projetos de TI
quanto dos de negócios, buscando
atingir o tão desejado alinhamento entre
tecnologia e negócios.
Descascador de abacaxis
Conhecido no Brasil como
“descascador de abacaxis”, o gestor
de fornecedores na área de TI ganhou
extrema importância com as novas
ofertas de computação em nuvem,
software como serviço e outros tipos
de atividades de TI terceirizadas. Hoje,
os líderes de TI lidam com um grande
rol de fornecedores e provedores de
serviços, sendo que nenhum deles pode
ter uma visão completa sobre o que a
empresa quer alcançar em tecnologia.
Nesse ambiente, habilidade de
negociação e experiência em relações
pessoais são duas competências que
podem ajudar a empresa a ganhar
tempo e a economizar dinheiro. Mas o
gestor de fornecedores também
tem o papel de extrair mais
criatividade e serviços úteis dos
fornecedores. E isso requer um
novo nível de relacionamento, além
da abordagem comum que envolve
camadas de serviços.
Segundo o vice-presidente e analista
da Forrester Research, Mark Cecere, os
gestores modernos tomam uma visão
mais ampla, observado o desempenho
combinado de todos os fornecedores.
“Eles podem pedir aos fornecedores
33
O analista de negócios
tem menos a ver com
inovação e mais com
aquele que entende
tanto de projetos de TI
quanto de negócios
Lucas Toledo, gerente da divisão
de TI da Michael Page Brasil
que trabalhem em conjunto para
acelerar o tempo de resposta de
aplicações, por exemplo, o que vai
aprimorar a satisfação na empresa e
gerar mais vendas.
Jeanne acredita que a tendência é
esses novos profissionais assumirem
as responsabilidades também por
experimentos estratégicos. A área de
TI, por exemplo, teme grandes testes
por receio de afetar o ambiente de
produção. O gestor de fornecedores
pode negociar testes em grandes
fornecedores de computação em
nuvem, em situações próximas da real,
sem afetar em nada o desempenho
dos sistemas operantes na empresa. E
negociação é necessária para criar um
ambiente ideal.
Segundo Swanborg, o “descascador
de abacaxis” deve possuir, além de
tudo, conhecimentos sobre legislação.
Cecere diz que as habilidades
de comunicação são essenciais.
Competências persuasivas são críticas,
porque o profissional terá de lidar
também com desafios internos.
“Ele precisa convencer os líderes de
negócios a priorizar e se comprometer
com o que a área de TI está produzindo
para eles. Isso é muito difícil”, aponta.
O CIO da empresa de aluguel de
carros Cars.com, William Swislow, está
em busca de gestores de fornecedores
de serviços. Segundo ele, uma das
metas é reduzir a vulnerabilidade
da empresa diante dos diversos
fornecedores. “Precisamos de gestores
fortes que se relacionem bem com os
companheiros de empresa e não deixar
a contratação desavisada de serviços
cair em ambientes judiciais”, relata.
Experts em dados
Graças à web, às redes sem fio e à
computação empresarial, a humanidade
já gerou cerca de 295 exabytes de
dados, de acordo com pesquisa
publicada pelo renomado periódico
Science, dos Estados Unidos. Mas as
companhias não conseguem lidar com
sequer um exabyte de dados, medida
que equivale a 1 bilhão de gigabytes.
Não dá para negar que se trata de um
problema para as empresas resolverem.
Todas as organizações possuem
profissionais que sabem configurar
bancos de dados e planilhas de
dados, com suas estruturas definidas.
Mas hoje, a maior parte dos dados
corporativos não está estruturada,
distribuída em e-mails, vídeos,
apresentações, mensagens instantâneas,
imagens, diagramas, conversas
em redes sociais etc. Eles podem
estar dentro ou fora da corporação,
complicando a já difícil tarefa do
profissional responsável pelos dados.
O desafio duplo é gerenciar e
interpretar os dados, algo que requer
profissionais com conhecimentos
profundos em projetos de sistemas
de Business Intelligence (BI) e
sistemas de análise de dados. São
pessoas que precisam lutar com
montanhas de informações que estão
na empresa e nos sistemas de dados
dos fornecedores, apoiando a criação
de aplicações e ferramentas para
extrair inteligência.
Segundo Toledo, esse profissional,
no Brasil conhecido como DBA, hoje
é muito solicitado para a extração de
informações específicas dos bancos de
dados, de acordo com necessidades de
negócios. “Os melhores profissionais
da área conseguem melhorar o
desempenho da companhia, reduzir
o custo operacional e a velocidade de
resposta com que os sistemas atendem
à área de negócios. É um perfil tão
difícil de ser encontrado que grandes
empresas já procuram gente fora do
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34 vertical
TI é o remédio
na indústria farmacêutica
Mudanças na regulamentação vão intensificar a
modernização do ambiente de tecnologia da informação
no setor para ficar em linha com as exigências
Lucas Callegari
E
m 2011, um dos grandes desafios
dos laboratórios farmacêuticos
é atender às novas exigências
do marco regulatório do
setor. O movimento deve acentuar
ainda mais a adoção de soluções de
tecnologia da informação (TI) em uma
indústria já bastante madura no uso
de sistemas. As novas regras exigirão
mais investimentos, mas devem também
contribuir para melhorar a eficiência da
indústria de medicamentos.
A mais importante dessas mudanças é a
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adoção do Sistema Nacional de Controle
de Medicamentos, que vai permitir a cada
medicamento produzido no Brasil seu
rastreamento desde a fábrica até os pontos
de venda. Criado pela Lei 11.903/09, o
sistema prevê que, assim como o Registro
Geral (RG), utilizado para identidade
das pessoas, cada embalagem tenha um
Identificador Único de Medicamento
(IUM), impresso em etiquetas de
segurança produzidas especificamente
para esse fim. A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou
que todos os laboratórios terão de adotar
o IUM até 15 de janeiro de 2012.
Outra novidade é que os laboratórios
terão de obedecer `a Resolução da
Diretoria Colegiada (RDC), 17/2010,
da Anvisa, que torna seus sistemas
computacionais mais regulados por
procedimentos formais, aprovados
e com uso comprovado. A gestão de
TI deverá ser mais alinhada às Boas
Práticas de Fabricação. O objetivo da
agência é garantir a qualidade final dos
medicamentos e a segurança de quem os
consome. A RDC estabelece que o prazo
para os novos sistemas é abril de 2011 e
abril de 2012 para os sistemas legados.
As adaptações demandarão custos e, no
caso do sistema de rastreabilidade, têm
provocado embates entre os laboratórios
e a agência reguladora. Segundo entidades
do setor, a adoção do código de barras
no selo sugerido pela Anvisa custaria
cerca de 400 milhões de reais por ano
à indústria, encarecendo os preços dos
medicamentos entre 6% e 10%. Para elas,
a alternativa mais adequada é adotar um
código bidimensional, conhecido como
Datamatrix, impresso diretamente nas
embalagens, de custo mais atraente.
Independentemente de o formato do
código a ser adotado, os laboratórios terão
de adequar cada uma de suas linhas de
produção. Esse custo pode chegar a cerca
de 500 mil reais por linha de produção
ou, de acordo com o porte da empresa,
de 15 milhões a 20 milhões de reais. Já a
adaptação dos sistemas exigida pela RDC
pode ficar entre 300 mil reais e 600 mil
reais por laboratório.
Mesmo considerando os custos
para adaptação, as mudanças devem
beneficiar os laboratórios. Em relação à
rastreabilidade, embora o sistema tenha
sido criado para combater a falsificação e
o roubo de medicamentos, deverá também
ajudar na melhoria da competitividade do
setor por meio do avanço do uso da TI no
processo de fabricação dos medicamentos.
“Em conversa com nossos clientes,
dizemos que o sistema de controle pode
ser transformado pelo laboratório em algo
mais estratégico. Todos terão de aderir
e, com a rastreabilidade, é possível, por
exemplo, melhorar o controle da gestão dos
35
estoques ou a logística reversa [retirada de
produtos por conta de algum problema]”,
afirma o diretor de Consultoria da IBM
Brasil, João Carlos Pissuto.
Segundo o executivo, o fabricante do
remédio terá visibilidade melhor da cadeia
produtiva, desde a chegada da matériaprima até a expedição das embalagens
para o distribuidor. Esse controle maior é
importante porque se estima que os custos
de desperdício representem entre 5% e 7%
da receita do setor. Pissuto informa que a
adaptação não será simples.
“Não se trata apenas de colocar uma
etiqueta de código único. Você tem um
impacto em cerca de dez etapas da cadeia
produtiva, tais como armazenagem, todos
os sistemas de warehouse, a distribuição,
todo processo de BI, a montagem de
cargas e toda a logística.” Para o diretor da
IBM, a legislação obriga os laboratórios a
investirem em aplicativos e em “solução
mais inteligente que vai realimentar
modelos de indicadores de gestão”.
“O setor produz perto de 2 bilhões
de unidades de medicamentos por ano.
Atualmente, cada lote, com milhares
de medicamentos, gera apenas um
registro. Com a mudança, a indústria vai
ter de registrar cada uma das unidades
produzidas”, informa o sócio-diretor da
Active, empresa especializada em sistemas
de automação e informatização para o
setor farmacêutico, Márcio Moreti.
Segundo ele, será preciso adotar um
“complexo de soluções. Entre os exemplos
estão um scanner de alta velocidade para
ler o número de série, um computador ao
lado de cada linha de produção”. “A Active
oferece soluções para o setor farmacêutico
por meio do software Evolutio, que
permite a rastreabilidade de todas as
unidades produzidas e expedidas pela
indústria farmacêutica”, diz Moreti.
O diretor de soluções para o setor de
Saúde da Oracle, Fernando Faria, diz que a
questão da rastreabilidade surgiu há cerca
de quatro anos, quando alguns estados
norte-americanos começaram a discutir o
tema “e o Brasil importou a experiência.
Por aqui, a Anvisa foi a condutora do
processo de concepção do sistema e regula
Para levar as
informações de
maneira ética aos
médicos, o CRM
tem de ser altamente
sofisticado
Flávio Zemella, diretor de Desenvolvimento
de Novos Negócios da Roche
um setor no qual cerca de 400 laboratórios
contabilizam faturamento em torno de 17
bilhões de dólares.
O Oracle Pedigree and Serialization
Manager (OPSM) foi desenvolvido para
aumentar a integridade da cadeia de
suprimentos na indústria farmacêutica,
de acordo com Faria. “A solução permite
obter uma espécie de atestado de
nascimento do remédio. Foi desenvolvida
na Europa e nos Estados Unidos e trazida
para o Brasil para atender à legislação.”
Outra empresa atuante nesse nicho
é a SAP. Ela oferece o módulo Auto ID
Enterprise, criado após alguns projetos
pilotos realizados pelo mundo, com
destaque para o adotado pela unidade
da Boehringer, na Alemanha. Segundo o
responsável pela área de saúde da SAP
para América Latina e Caribe, Jomar
Fajardo, a solução passou a ser oferecida
no Brasil com algumas adaptações às
características do mercado brasileiro.
“A rastreabilidade vai mudar a forma
como é gerenciado todo o processo
de gestão de logística da medicação.
As indústrias terão de passar por uma
reflexão dos processos, usando uma
ferramenta computacional”, diz Fajardo.
“Existirá um banco de dados que informa
de onde saiu o medicamento e para onde
foi. Isto trará muitos benefícios ao setor
em relação às informações disponíveis.”
Receita de sucesso
O uso da TI ganhou importância
estratégica nos laboratórios,
independentemente das mudanças
regulatórias. Seu peso maior é em razão
das transformações importantes na
indústria. Tradicionalmente, o dinamismo
do setor farmacêutico em todo o mundo
sempre se baseou no desenvolvimento de
novas drogas. Os laboratórios gastavam
entre 15% a 20% em P&D, mas mantinham
a rentabilidade, criando constantemente
novos medicamentos.
A concorrência com os genéricos,
tanto no mundo como no Brasil, afetou
os negócios das grandes farmacêuticas
que, por sua vez, passaram a amargar
um número crescente de medicamentos,
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36 vertical
O setor produz
perto de 2 bilhões
de unidades de
medicamentos por
ano. Será necessário
adotar um complexo
de soluções
Márcio Moreti, sócio-diretor da Active
cujo direito de propriedade caducou.
Denominados blockbusters, esses
remédios de marca são os que lideram
as vendas e responsáveis por boa parte
dos lucros. Quando cai a sua patente, o
preço reduz consideravelmente, afetando
sobremaneira o lucro dos laboratórios.
Esse cenário forçou uma busca
indispensável pela tecnologia.
Conhecido por investir fortemente
em P&D, o setor sempre apostou em
soluções de TI, principalmente na gestão
do negócio e na área comercial. Há grande
velocidade na inovação, por exemplo,
no uso de TI no relacionamento com os
médicos. A dinâmica das mudanças faz
com que os CRMs implementados tenham
um ciclo de vida curto.
“Nossos produtos exigem conhecimento
científico por parte do vendedor por causa
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do perfil dos clientes, que são médicos.
Para levar as informações de forma ética,
o CRM tem de ser muito sofisticado”,
exemplifica o diretor de Desenvolvimento
de Novos Negócios da multinacional
Roche, Flávio Zemella.
“Ferramentas como o Siebel CRM da
Oracle permitem uma gestão ampla da
área de vendas. A Roche tem ainda um
portal na internet, para transmitir dados do
pedido do cliente e receber seus retornos”,
complementa o executivo. Segundo ele, os
laboratórios sempre foram pioneiros em
tecnologias inovadoras como ferramentas
de vendas. “Hoje, estamos com um projeto
piloto para que nossa equipe de vendas
adote tablets. Já percebemos que esse
dispositivo vai ajudar muito no nosso
contato com os médicos.”
“Em relação à TI, a indústria
farmacêutica é mais arrojada que outros
segmentos. Só não supera os setores
de seguros e de bancos. A maioria dos
laboratórios já tem, por exemplo, seu ERP
consolidado, equipe e área de informática
bastante fortes”, reforça o diretor do
Segmento Farmacêutico da Sonda
Procwork, Carlos Edilson Oliveira. “Na
média, o setor está avançado. É maduro na
utilização de TI e já vive a segunda geração
de aplicações, voltada para a otimização”,
reforça Pissuto, da IBM.
As regras
A RDC deverá provocar a adoção de
sistemas eficientes. A resolução reforça
os papéis das áreas de TI e de Automação
Industrial dos laboratórios. A agência quer
que todo o sistema esteja “enquadrado”
para garantir que os medicamentos sejam
produzidos com qualidade.
Passou a ser exigido que a área de
TI tenha infraestrutura mais robusta,
que inclua planos de contingência e
recuperação de desastres etc. A legislação
requer, por exemplo, que haja um firewall
interno nas redes dos laboratórios. Não
basta mais um, voltado para fora da rede.
Essa adaptação muitas vezes implica na
contratação de equipes externas.
Sediada na cidade de São Paulo, a
União Química é um laboratório de capital
nacional que trocou o sistema de ERP,
já seguindo a metodologia de validação
imposta pela Anvisa. No ano passado,
iniciou a adoção da tecnologia SAP, que
foi finalizada em janeiro de 2011. Apenas
o projeto de troca do ERP custou cerca
de 5 milhões de reais, incluindo a troca
de estações e equipamentos. No entanto,
a adaptação do projeto à RDC da Anvisa
custou mais 600 mil reais.
“Tivemos de readequar alguns
equipamentos, criar um setor com a
missão de garantir a validação do sistema
às exigências da agência. Contratamos
também uma consultoria especializada
em validação de sistemas”, informou o
gerente de Tecnologia e Informação do
laboratório, José Luiz Junqueira Simões.
Localizado em Toledo, no estado do
Paraná, o laboratório Prati-Donaduzzi
também adotou solução SAP.
Implementada pela Sonda Procwork,
trouxe ganhos em relação à visibilidade
e ao gerenciamento dos processos,
assim como na precisão dos cálculos de
custos e indicadores de rentabilidade.
Segundo o gerente de TI da empresa,
Marcelo Fiorin, o laboratório já contratou
equipe externa para validar seu sistema
implementado e, também, para novos
software que estão atualmente sendo
adotados nas linhas de produção. “Para
implementar o novo software, estamos
investindo cerca de 700 mil reais e, com
o processo de validação, devemos gastar
mais 300 mil reais”, informa. n
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38 tecnologia
Na Univen Petróleo,
virtualização
está em alta
Refinaria começou pelos servidores que rodam ERP da SAP,
banco de dados e sistema que emite Nota Fiscal Eletrônica.
O próximo passo é centralizar as 150 estações de trabalho
edileuza soares
A
maioria das empresas começa a
testar a virtualização pelos sistemas
que geram menos impacto aos
negócios para depois ganhar
maturidade e estender a tecnologia para
as aplicações de missão crítica. Na Univen
Petróleo, uma das mais novas refinarias
de derivados de petróleo do Brasil, essa
ordem foi invertida. A necessidade de
implementação de um novo ambiente de
TI, em curto espaço de tempo, obrigou
a empresa a adotar esse modelo para
processamento das soluções que são o
coração da operação e que não podem
parar.
O projeto na petroquímica começou
com a virtualização do sistema de
gestão empresarial (ERP) da SAP. Hoje,
todas as aplicações que suportam os
negócios da empresa estão rodando em
servidores virtuais. A iniciativa, segundo
a companhia, está trazendo benefícios.
Entre os ganhos com adoção da tecnologia
estão redução de 60% dos gastos com
energia, aluguel de espaço físico e melhor
gerenciamento do parque, que agora
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39
funciona com administração centralizada.
A modernização
Sediada na cidade de Itupeva, no interior
de São Paulo, a Univen Petróleo atua no
mercado desde o final da década de 90. A
empresa produz e comercializa derivados
de petróleo para diversas finalidades e
atende diferentes segmentos de mercado.
Seu sócio majoritário era o grupo
Vibrapar, dono de outras empresas que
atuam no comércio varejista, transporte e
logística de combustíveis.
Em 2007, houve uma cisão no grupo e a
refinaria saiu debaixo da holding. “Toda a
nossa TI estava na Vibrapar e tivemos de
criar uma nova estrutura”, diz o gerente de
Tecnologia da Univen Petróleo, Diógenes
Gianini Novaes. A companhia precisava
construir muito rapidamente um novo
ambiente e optou pela virtualização com
solução da VMware.
O projeto começou a ser
implementado em janeiro de 2010 e,
em junho, o ambiente já estava pronto,
funcionando com 20 servidores virtuais
e quatro físicos. A migração do ERP da
SAP para a nova estrutura foi dividida em
duas etapas, para não paralisar algumas
aplicações críticas, como a emissão da
Nota Fiscal Eletrônica (NF-e).
A mudança foi feita em um final
de semana e na segunda-feira o ERP
amanheceu rodando em novo ambiente,
sem interromper as operações da
refinaria. “Somos pioneiros no Brasil
com a virtualização de SAP. Era um risco,
mas tínhamos a necessidade de executar
o projeto”, relata Novaes.
Atualmente, os quatro ambientes
(produção, desenvolvimento, qualidade
e solution manager) do SAP rodam em
plataforma virtual. Além do ERP, os
servidores virtuais estão processando o
banco de dados Oracle e o sistema PWSAT, da Sonda Procwork, que gerencia
toda a parte fiscal.
Ganhos com a tecnologia
Quando estava compartilhando a
infraestrutura de TI da holding Vibrapar,
a Univen Petróleo utilizava 15 servidores
para processar suas transações de
Preciso de menos gente
para manutenção do
ambiente de TI. Hoje,
tenho mais flexibilidade
e agilidade na hora de
fazer mudanças
Diógenes Gianini Novaes,
gerente de Tecnologia da Univen
negócios em um ambiente que era 100%
Microsoft. Quando partiu para o modelo
de virtualização, o número de máquinas
físicas caiu para quatro.
O gerente de TI da petroquímica
estima que com a redução da quantidade
de servidores físicos, a empresa terá
economia anual da ordem de 150
mil reais. Esse valor é o ganho que
a companhia terá por não precisar
investir no mesmo volume de máquinas
mais modernas. O executivo observa
que, a cada três anos, os equipamentos
precisam ser substituídos.
Há também os custos com a
renovação dos contratos de licenças de
software, que caíram de 15 para quatro
servidores. Além dessa economia,
Novaes avalia que a gestão do ambiente
centralizado também se torna menos
onerosa. “Eu preciso de menos gente
para manutenção do ambiente. Tenho
mais flexibilidade e agilidade na hora de
fazer mudanças”, diz o executivo de
TI da Univen.
Os negócios ganharam com a
virtualização, segundo Novaes. A
disponibilidade dos sistemas hoje é de
100% em razão de a empresa ter mais
agilidade para fazer a troca das soluções.
“Os gestores passaram a ter acesso às
aplicações em qualquer lugar e com
segurança”, garante o executivo.
O tempo de manutenção dos sistemas
também caiu. Antes, era necessário fazer
paradas de dois a três dias por semana.
Agora, esse período reduziu para entre
duas e três horas.
Próximos passos
Univen Petróleo
www.univenpetroleo.com.br
Desafio: nova estrutura de TI
virtualizada para rodar o ERP da SAP e
outras aplicações de negócios.
n
Solução: software VMware vSphere, da
VMware, rodando em servidores da Dell.
n
Resultados: redução de 60% dos
gastos com energia elétrica, economia
de espaço físico e gestão mais eficiente
com ambiente centralizado.
n
Expectativa: expansão da
virtualização para as 150 estações de
trabalho. Primeira etapa começa em
2011, com substituição de 20 desktops
dos usuários finais por thin clients.
n
Animada com os resultados, a Univen
Petróleo já se prepara para implementar
a segunda fase do projeto, que englobará
a virtualização das 150 estações de
trabalho, que serão substituídas por
máquinas thin clients.
Essa etapa está prevista para começar
este ano com um piloto para virtualização
de 20 desktops, quando serão
implementadas licenças do VMware View
nas máquinas magras.
Novaes conta que o plano é ter
100% das estações nesse modelo para
economizar com a compra de licenças de
software. Pretende entregar as máquinas
dos usuários mais rapidamente e de
acordo com a necessidade de cada um.
Apesar de a virtualização semear
caminhos para cloud computing, a Univen
Petróleo ainda não tem planos para adotar
esse modelo. O gerente de TI acha que
a petroquímica ainda não tem estrutura
para ter uma rede privada na nuvem. Esse
é um projeto futuro. n
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40 tecnologia
Tão longe, e tão
perto
Contratar serviços de computação em nuvem
hospedados em data centers distantes pode ser boa
opção para os negócios, apesar do tempo de resposta
H
Patrick Thibodeau, da Computerworld EUA
á apenas um ano, o CIO e diretor
da empresa de seguros japonesa
AIG Edison, Tohru Futami, sabia
que sua companhia precisava
atualizar algumas aplicações núcleo, uma
vez que o sistema, de sete anos de idade, já
não permitia que a retaguarda e os times
de vendas compartilhassem informações
em um tempo adequado. Além disso,
muitos dos processos da companhia ainda
eram baseados em papel.
Segundo Futami, as principais opções
da empresa eram reescrever todas as
aplicações existentes ou tentar uma
migração para a nuvem e rodar software
hospedado. A planificação do tempo e do
custo necessário para cada um levou o
executivo à nuvem.
Pelos cálculos, a reescrita dos sistemas
da companhia de seguros poderia levar
cerca de 30 meses. Por outro lado, uma
migração para a plataforma de nuvem
da Salesforce.com iria durar três vezes
menos. A pesquisa interna também
indicou que o custo da tecnologia em
nuvem seria reduzido a um terço em
relação a qualquer outra solução.
Futami disse, no entanto, que o
requisito chave no projeto era a rapidez.
“A meta era aprimorar o atendimento ao
consumidor e dependíamos da melhoria
do sistema”, diz.
A decisão de realizar a mudança para
a nuvem com uma oferta de CRM na
modalidade de software como serviço
(SaaS) foi complicada no início, porque
enquanto a empresa está sediada em
Tokyo, o data center da Salesforce está
há mais de 8 mil quilômetros distante,
na costa oeste dos Estados Unidos. A
distância levantou preocupações em
relação à latência de rede, além de criar
dúvidas a respeito de questões legais e
regulatórias, envolvendo o projeto.
Mesmo com esses pontos, a AIG
Edison decidiu pela migração. O trabalho
de transferir as aplicações chave para os
computadores da Salesforce.com em São
Francisco (EUA), começou em janeiro.
Hoje, os sistemas estão disponíveis para
uso dos milhões de clientes da empresa
de seguros, milhões de prospectos, 3
mil funcionários e 15 mil corretores
de seguros e revendedores. As
aplicações hospedadas lidam com
tarefas complexas, como geração
de cotações e simulações para
levantamento de necessidades
de cobertura.
Para auxiliar no processo, Futami
contou com uma consultoria de São
Francisco, a Appirio, responsável
por configurar a plataforma de
nuvem e realizar as configurações
no sistema. O objetivo era
buscar fornecer “quase o
mesmo tempo de resposta”
que a AIG Edison obteria nos
sistemas convencionais. Um
passo fundamental
na contratação de
servidores distantes.
Latência não é barreira
A latência de rede,
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41
principalmente para serviços complexos
prestados em todo o mundo, pode
realmente ser um problema se deixar o
tempo de resposta para o usuário muito
lento. Ela não pode simplesmente ser
eliminada, pois a lei da física sempre
prevalece. Mas isso não impede que
muitas empresas adotem ofertas no
formato SaaS.
Um exemplo é a FleetMatics,
companhia baseada em Dublin,
que fornece serviço hospedado de
monitoramento de rotas via GPS. Sua
base de clientes nos Estados Unidos
está crescendo consistentemente, razão
pela qual conseguiu financiamento de 68
milhões de dólares recentemente. E tudo
isso foi conquistado com apenas um data
center na Irlanda.
Os clientes da FleetMatics podem
observar o movimento dos veículos
em grandes telas planas à medida que
os dados do GPS sofrem atualização
contínua. O CTO da companhia Peter
Mitchell disse que os clientes não
manifestaram percepção negativa quanto
ao tempo de resposta a partir da Irlanda.
Mas quando a companhia abriu um data
center em Denver, no final de 2010, “houve
a percepção de que o sistema estava
extremamente rápido”, avalia.
Mitchell acredita que fornecedores de
SaaS na Europa não devem ter nenhum
problema para prestar serviços para os
Estados Unidos. A abertura do data center
em Denver foi parte de um esforço para
desenvolver um modelo de recuperação de
desastres global, além de permitir expansão
de serviços. E para continuar prestando
serviços com grande distância, a companhia
começou a testar tempos de latência da Índia
para Dublin e para os Estados Unidos.
A AIG Edison percebeu que a latência
dos Estados Unidos para o Japão varia
de acordo com a velocidade da conexão
e a quantidade de dados. Na média,
leva 132 milissegundos para enviar e
receber 32KB de dados, de acordo com
a Appirio. Em contraste, se o data center
estivesse no Japão, a transação levaria 52
milissegundos, quase três vezes menos.
Com todo o ambiente de cliente da AIG
Edison, que inclui desktops virtuais para
cada funcionário da equipe de vendas, o
tempo de resposta total varia de 300 a 400
milissegundos, ou um terço de segundo,
ainda de acordo com a Appirio.
Essa taxa de latência, ainda dentro do
aceitável na concepção da AIG Edison, veio
após otimização e configurações adequadas.
Entre medidas que a companhia tomou para
melhorar a situação, está a transferência
de lotes de dados para o data center da
Salesforce, onde a maioria das informações
estão guardadas, reduzindo transferência
de dados. Além disso, em vez de realizar
quatro consultas sequenciais, o sistema foi
otimizado para realizá-las simultaneamente.
E o tempo de resposta ainda pode melhorar,
pois uma grande quantidade de dados
ainda está armazenada no mainframe da
companhia, em Tókio.
“Se a aplicação é escrita de uma forma
É preciso avaliar se
os níveis de serviços
são aceitáveis para a
empresa, pois não há
como evitar queda de
desempenho com o
data center distante
Phil Garland, analista da divisão de consultoria
da PricewaterhouseCoopers
a minimizar o número de viagens que a
informação realiza entre o banco de dados
e o destino, a latência realmente pode se
tornar uma questão menor”, afirma o CTO
da Runware, Andy Poulter. A Runware
é uma empresa de serviços de cloud e
SaaS, incluindo teste de software online,
com data centers na Suécia e em Miami,
servindo uma clientela no mundo inteiro.
Para a AIG Edison, a decisão de
trabalhar com um fornecedor na
nuvem em outro país levantou ainda
preocupações com segurança, que
também tiveram de ser trabalhadas.
Mas os executivos da empresa foram
convencidos pela consultoria e pela
Salesforce de que a estrutura de segurança
física e lógica do serviço em nuvem
provavelmente é melhor do que sistemas
mantidos pela própria AIG.
Expansão
A decisão tomada por Futami, da AIG
Edison, está se tornando cada vez mais
comum. De acordo com estudos da IDC, as
receitas de computação em nuvem pública
nos Estados Unidos devem crescer 24% em
2011, atingindo 17,6 bilhões de dólares.
O analista da divisão de consultoria da
PricewaterhouseCoopers, Phil Garland,
ressalta que a definição sobre o fato de a
latência ser ou não problemática depende
das expectativas do usuário, nível de
tolerância e do que funciona para os
negócios. “É questão de avaliar se os níveis
de serviço são aceitáveis para determinada
empresa, pois não há jeito de evitar uma
queda de desempenho ao aumentar a
distância do data center”, afirma Garland.
Para o analista, cada caso deve ser
analisado separadamente, uma vez que
não há regras no que diz respeito à
aceitação da latência por parte do usuário.
Depende da função dos dados e de quão
crítica é a informação.
No entanto, Garland diz que há formas
de contornar o problema, melhorando
o desempenho na camada de software.
“Um cliente bem projetado pode reduzir
a maioria dos problemas que costuma
surgir em ambientes de alta latência, pelo
menos até certo ponto.”
Mas clientes reticentes, ao ponto de
se recusarem a contratar um data center
distante, não deixarão de existir. É por
isso que, no último trimestre de 2010, a
Salesforce.com anunciou planos de abrir
um data center no Japão no segundo
semestre de 2011. Os negócios da
companhia crescem muito no país e um
porta voz da companhia, Joseph Schmidt,
diz que a medida beneficiará clientes com
“velocidade e paz de espírito de ter os
dados próximos de casa”. n
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42 OPINIÃO | Cyro Diehl
Metamorfose
A
necessária
n Cyro Diehl é presidente
da Oracle do Brasil
s grandes transformações enfrentadas pela área de Tecnologia da Informação
(TI) abrigam uma boa e uma má notícia para o CIO. Comecemos pela ruim:
os novos ventos corporativos vão decretar a falência dos técnicos que não
evoluírem, e que ainda vivem nos tempos da glass house e no domínio de bites e
bytes, MIPS, processos e
atendimento aos usuários que
os consagraram no passado.
Em compensação, a boa
nova é que nunca essa
categoria profissional esteve
tão valorizada como agora.
Nenhuma empresa que se
mantenha em linha com o
novo perfil do mercado, na
hora de escolher um CEO,
deixará de levar em conta
o seu CIO como fortíssimo
candidato ao cargo.
O que está por trás dessa
transformação tão radical é
o surgimento de conceitos e
tecnologias, como o software
sob a forma de serviço ou a
computação nas nuvens, que
coloca em xeque o modelo
de negócios tradicional. As
organizações enfrentam
crescentes pressões
concorrenciais na busca de
fórmulas que reduzam a
complexidade dos sistemas
e anseiam pela consolidação
de sistemas, que se tornam
cada vez mais ferramentas
estratégicas. Por exemplo,
não basta a um vendedor de
empresa farmacêutica munirse de nomes e endereços e
um discurso padrão que sirva
para toda a clientela médica.
www.computerworld.com.br
Para aumentar o seu ticket
médio, ele precisa explorar
diferentes níveis de exigência
dos públicos visitados e
oferecer soluções adaptadas
às necessidades de cada um.
E, assim, mais do que nunca,
a TI bem utilizada tornase uma ferramenta para
alavancar negócios.
A mensagem do mercado
chega de forma clara e
direta, a ordem é reduzir o
custo de propriedade (TCO,
na sigla em inglês). Nesse
As exigências
mudaram: o
salto qualitativo
requer agregar
excelência
estratégica
ao domínio
tecnológico da
informação
sentido, ninguém está mais
habilitado a administrar
esse processo do que o CIO.
É hora de tirar proveito da
vantajosa posição do cargo
que o permite desenvolver
uma visão holística e
integrada de todas as áreas.
Mas, a contrapartida é uma
mudança do seu perfil, que
no lugar de priorizar o lado
técnico fará o CIO se tornar
um profissional de negócios.
As empresas mudaram e,
com elas, as exigências. Se em
épocas menos competitivas
a eficiência operacional
combinada à disponibilidade
de informações confiáveis na
hora certa trazia benefícios
indiscutíveis, hoje, isso não
é o bastante. O salto
qualitativo requer também
agregar ao domínio
tecnológico da informação
uma excelência estratégica.
E é justamente isso que se
espera do novo CIO. Ele tem
de demonstrar capacidade
para se adaptar aos novos
preceitos ditados pelo
mercado. O tempo dirá
quem soube aproveitar a
oportunidade de ouro para
enriquecer a carreira e ganhar
relevância na empresa, ou
quem ficou na história das
corporações na condição de
atropelado pela evolução.
Não se trata de exercício de
futurologia, essa metamorfose
já ocorre. A poderosa
combinação de inteligência
capacitada com o foco no
negócio e a orquestração com
parceiros especializados farão
com que o poder da TI logo se
multiplique, embora difratado
dentro de toda a empresa.
Atropelado por uma espécie
de implosão silenciosa,
o departamento de TI
das empresas – como
conhecemos hoje – está com
os dias contados. De meros
apoiadores pertencentes a
uma organização isolada,
os seus integrantes tornamse peças vitais ligadas à
engrenagem central. A antiga
TI não deixará saudades.
Turbinada por novos
conceitos, ela passa a atuar
ao lado dos que buscam
melhorar os resultados
financeiros da companhia,
bem como resolver seus
desafios estratégicos e
operacionais. Por meio
da inovação, deixa de ser
custo para tornar-se braço
estratégico da organização. n

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