efeito do treinamento físico sobre a massa óssea de atletas

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efeito do treinamento físico sobre a massa óssea de atletas
Revista Hórus – Volume 4, número 1
ARTIGO DE REVISÃO
EFEITO DO TREINAMENTO FÍSICO SOBRE A MASSA ÓSSEA DE ATLETAS
ADOLESCENTES
Carla Cristiane da Silva1, Tamara Beres Lederer Goldberg2
RESUMO
A adolescência é um período fundamental para a aquisição da massa óssea. Em adolescentes atletas, o
pico de massa óssea pode apresentar maior incremento, em virtude do estresse mecânico imposto aos
ossos pelo exercício físico praticado. O objetivo desta revisão foi investigar o papel do treinamento
esportivo vigoroso e precoce sobre a saúde óssea de atletas adolescentes. Através da revisão da literatura
científica, envolvendo adolescentes atletas de diferentes modalidades e de ambos os sexos, é possível
inferir que a densidade mineral óssea é potencializada pelos exercícios, quando grupos de atletas são
comparados com grupos de controle. Os resultados dos estudos investigados demonstram intenso
anabolismo ósseo durante a adolescência, sendo este um fator de suma importância na redução do risco de
osteoporose no futuro.
Palavras-chave: Adolescência. Esporte. Massa Óssea.
ABSTRACT
Adolescence is a crucial period for the acquisition of bone mass. In adolescent athletes, the bone mass
peak can present a larger increase, because of the mechanic bone stress from physical exercises. The aim
of this review was to investigate the role of sports training and vigorous early on bone health of
adolescent athletes. Through the review of scientific literature, involving adolescent athletes of different
modalities and both sexes, it is possible to infer that the bone mineral density is enhanced by exercise,
when groups of athletes were compared with control groups. The results of the studies investigated show
intense bone anabolism during adolescence, which is of paramount importance in reducing the risk of
osteoporosis in the future.
Keywords: Adolescence. Sport. Bone Mass.
INTRODUÇÃO
O efeito anabólico do exercício físico sobre o tecido ósseo já está consolidado e se evidencia em
múltiplos estudos na literatura (GROSS e SRINIVASAN, 2006; GIRARD et al., 2006; WILKS et al.,
2009; GRUODYTÉ et al., 2009). Os ossos quando expostos a cargas mecânicas externas como tensão,
tração, compressão ou torção geram o conhecido efeito piezoelétrico, caracterizado pela polarização
elétrica produzida por certos materiais como moléculas e cristais quando submetidos a deformação
mecânica (BOYDE, 2003; BRIGHTON et al., 2001; KHAN et al., 2001; VICENTE-RODRIGUES, 2006;
GREENE & NAUGHTON, 2006). Essa deformação modula a atividade celular aumentando o transporte
de nutrientes e a proliferação osteoblástica (KHAN et al., 2001). Assim, os ossos são dinamicamente
responsivos à demanda funcional que lhes é imposta, sendo esta advinda da sobrecarga do peso corporal
(KRORT, 2001; YUNG et al., 2005) ou de forças de tensão e compressão que geram significativas
1
Professora Assistente do Departamento de educação Física – Centro de Ciências da Saúde –
Universidade Estadual do Norte do Paraná- UENP
2
Profa. Assistente Doutora do Departamento de Pediatria. Programa de Pós-graduação em Ginecologia,
Obstetrícia e Mastologia da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP. Disciplina de Medicina do
Adolescente.
[email protected]
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alterações em sua microarquitetura (HUGLES et al., 2002). Sabe-se que o tecido ósseo quando submetido
a esforços intensos sofre deformação elástica, readquirindo sua configuração histológica quando cessa o
estímulo (KHAN et al., 2001). Essas mudanças resultam da força gravitacional e da ação intensa dos
músculos ligados aos ossos (KRAHL et al., 1994). A resposta adaptativa do osso dependerá, portanto, da
magnitude da carga e da frequência de aplicação as quais, sendo regularmente repetidas, desencadeiam
efeitos osteogênicos (FEHLING et al., 1995; KHAN et al., 2001; VICENTE-RODRIGUES, 2006;
GREENE & NAUGHTON, 2006) e este efeito é reconhecido como importante agente na prevenção de
quadros osteoporóticos (KHORT, 2001; MCKAY et al., 2005). Entretanto, observam-se opiniões
conflitantes com relação ao tipo, intensidade e duração do exercício físico na promoção de efeitos
duradouros sobre a massa óssea (GROSS e SRINIVASAN, 2006; SANTOS-ROCHA et al., 2006). O que
denota consenso na literatura especializada é que a resposta osteogênica do exercício é otimizada quando
os esforços são realizados durante a infância e adolescência, onde os mecanismos de carga impostos ao
tecido ósseo geram respostas de maior magnitude enquanto o esqueleto cresce longitudinalmente e se
remodela, quando comparados ao efeito observado na massa óssea durante a idade adulta (CRAWFORD
et al., 2002; PETIT et al., 2006; GREENE et al., 2006; SCOTT et al., 2008;).
Embora o tecido ósseo remodele-se continuamente durante toda vida, independente do sexo e da
idade dos indivíduos que se exercitam (SNOW et al., 2001), é notório que, o período de modelação óssea
da infância e adolescência (BASS, 2000; MCKAY et al., 2005; VICENTE-RODRIGUES, 2006) é de
extrema relevância, pois o pico de massa óssea está por ser alcançado (PETTERSSON et al., 2000; LIMA
et al., 2001; VICENTE-RODRIGUES, 2006; GREENE & NAUGHTON, 2006). Essa constatação do
efeito positivo do exercício físico durante os anos críticos da adolescência na incorporação da massa
óssea (SILVA et al., 2003) tem estimulado muitas investigações sobre essa temática (FEHLING et al.,
1995, LIMA et al., 2001, GIRARD et al., 2006). A relevância clínica desses estudos se baseiam na
consideração de que a osteoporose é uma doença pediátrica, tendo a possibilidade de redução de sua
incidência nas duas primeiras décadas de vida quando o pico de massa óssea pode ser maximizado
(HALLAL et al., 2006; BOGUNOVIC, DOYLE e VOGIATZI, 2009). A temática do treinamento físico e
massa óssea entre adolescentes tem recebido grande destaque no cenário científico (MCKAY et al., 2005;
OGANOV et al., 2008; WILKS et al., 2009; GRUODYTÉ et al., 2009). Neste sentido, o objetivo desta
revisão foi investigar o papel do treinamento esportivo vigoroso e precoce sobre a saúde óssea de atletas
adolescentes.
ADOLESCÊNCIA E O ESPORTE
A adolescência é um período da vida permeado por profundas mudanças biopsicossociais. De
acordo com a Organização Mundial da Saúde, a fase da adolescência compreende a faixa etária entre 10 e
19 anos (WHO, 1995). O componente “bio” da adolescência é reconhecido como puberdade e envolve,
entre outras alterações fisiológicas próprias da idade, o desenvolvimento dos caracteres sexuais
secundários, o ganho acelerado de estatura e peso e as alterações da composição corporal. A maturação
pubertária pode ser descrita pela seqüência dos eventos pubertários, avaliados mediante o momento de
seu surgimento e pela duração temporal de cada um deles. Assim, a puberdade caracteriza-se por uma
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série de estágios previsíveis e apresenta-se através de uma seqüência de mudanças dos caracteres sexuais
secundários (Colli et al.,1991). O impulso de crescimento observado na adolescência, manifestação mais
precoce do início da maturação sexual, surge primeiramente no sexo feminino (Viru et al., 1999). O
primeiro evento nesse sexo é geralmente constituído pelo aparecimento do broto mamário, seguido pelo
desenvolvimento dos pêlos pubianos.
Nos adolescentes do sexo masculino, o primeiro evento é o aumento do volume testicular
seguido posteriormente pelo aparecimento dos pêlos pubianos e, finalmente, pelo desenvolvimento do
pênis em comprimento e depois em largura (Colli et al., 1991). As adolescentes apresentam seu pico
máximo de velocidade de crescimento (PHV), em média, dois anos antes do que os adolescentes do sexo
masculino.
O período de máxima aceleração no crescimento reflete o ganho em estatura advindo dos ganhos
apendicular e troncular. Os membros apresentam aceleração anterior à do tronco, com incrementos nas
regiões terminais apendiculares antes daquelas observadas nas regiões proximais. Os adolescentes
apresentam-se anteriormente púberes nas suas extremidades, mãos e pés, antes que outras mudanças
corporais externas sejam observadas. Após essas modificações, o estirão ocorrerá na região do tronco.
Além da rapidez com que essas mudanças ocorrem, os fatores genéticos e ambientais exercem
influências marcantes sobre o desenvolvimento do adolescente. Como resultado, observam-se variações
individuais e entre populações, com relação à idade de início, duração e magnitude dos eventos
pubertários.
Nesse sentido, a idade cronológica não é reconhecida como indicador temporal adequado, pois,
nem sempre é sensível às modificações individuais provocadas pelo processo de maturação. Dentro de um
mesmo grupo etário, adolescentes do mesmo sexo podem apresentar grande variabilidade biológica,
expressa particularmente pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, que, por sua vez,
indicam importantes diferenças no crescimento, desenvolvimento e aptidão física desses jovens.
Com relação ao esporte, a adolescência reveste-se de grande importância, não somente por
aspectos específicos da prescrição de exercícios físicos a essa faixa de idade, como para todo o contexto
biopsicossocial que envolve esse período da vida. A importância dedicada à imagem corporal e a
valorização da sociedade atual por indivíduos magros podem resultar em padrões alimentares restritivos e
ingestão inadequada de nutrientes e energia. A busca frenética por padrões de beleza, auto-imagem
idealizadas e reforçadas pela mídia podem desencadear transtornos alimentares (LIMA et al., 2001;
GOLDBERG, 2003) que resultam em quadros graves de anorexia e bulimia, acometendo particularmente
adolescentes e adultos jovens. Nowark (1998), em investigação conduzida com 791 adolescentes
australianos de ambos os sexos, entre 12 e 15 anos, confirmou, mediante a utilização de um questionário
que abordava situações ligadas à imagem corporal, às condutas dietéticas e ao peso corporal, que os
entrevistados, na sua grande maioria, estavam insatisfeitos com sua imagem corporal.
Essa insatisfação com a própria aparência pode conduzir e induzir os adolescentes à busca de
atividades físicas e/ou esportivas de alta intensidade e grande volume de treinamento, não somente com
fins competitivos, mas também como valorização do corpo e da imagem idealizados, a serem atingidos,
muitas das vezes, a qualquer custo.
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IMPACTO DO TREINAMENTO FÍSICO SOBRE A DENSIDADE MINERAL ÓSSEA EM
ADOLESCENTES
O esporte com fins competitivos, exige um alto nível de habilidade motora, o que repercute
diretamente na idade precoce da iniciação esportiva (VIRU et al., 1999), sendo comum encontrar, no
cenário profissional, campeões com idades muito jovens (KRAHL et al., 1994). De forma similar, outros
pesquisadores declaram o número de adolescentes envolvidos em práticas desportivas aumentou
sensivelmente nos últimos anos, tanto em competições olímpicas mundiais como em esportes
competitivos recreacionais de caráter lúdico (OUTBRIDGE & MICHELI, 1995; OEPPEN et al., 2003).
É reconhecido que durante a adolescência ocorre grande expansão da massa óssea em função do
estirão de crescimento e da alta taxa de mineralização, que se evidenciam exclusivamente nesse período
da vida. Grande quantidade do capital mineral ósseo presente na vida adulta foi incorporado durante a
fase de crescimento físico da infância e adolescência (CAMPOS et al., 2003, VARGAS et al., 2003). Se
por um lado, o esporte de alto rendimento durante a infância e adolescência pode demonstrar um elevado
risco de lesões, como as fraturas por estresse, injúrias musculares, tendíneas e na região epifisária, que
durante este período encontra-se vulnerável por sua parcial imaturidade (OUTERBRIDGE & MICHELI,
1995; MALARA & CONNELL, 2003; CAINE et al., 2001; SCIASCIA & KIBLER, 2006) por outro,
vários pesquisadores declaram que durante os anos da puberdade a responsividade do tecido ósseo é
maior quando este for submetido a cargas repetidas, gerando um efeito osteogênico potencialmente maior
(NORDSTRÖM et al., 1995; BASS et al., 2000; MCKAY et al., LEE & LANYON, 2004; YUNG et al.,
2005; VICENTE-RODRIGUEZ, 2006).
O surto de crescimento pubertário é isoladamente um potente estímulo à massa óssea, uma vez que,
este período combina profundas alterações hormonais, entre as quais recebem destaque os esteróides
gonadais e os fatores de crescimento (GH/IGF-1), os quais se refletem no aumento das dimensões
corporais, do amadurecimento biológico e dos incrementos significativos na densidade mineral óssea
(BASS, 2000; VICENTE-RODRIGUEZ, 2006). Khan e colaboradores (2001), através da análise de
dados obtidos de pesquisas realizadas com crianças e adolescentes atletas, demonstraram que o exercício
físico está positivamente associado à melhor densidade mineral óssea. Confirmando esse relato,
Mackelvie e colaboradores (2002) descreveram embasados em revisão da literatura de 1966 até 2002, que
durante a adolescência é possível identificar um período crítico positivo para resposta óssea em exercício
físico.
Para Nordström et al. (1995), existe forte associação entre massa óssea e força dos músculos
adjacentes. Assim, incremento da massa muscular reflete-se em aumento da massa óssea, ou seja, os
músculos, uma vez estimulados, irão desencadear aumento osteoblástico, na região óssea próxima do
local onde se inserem. Esse fato tem sido observado quando tenistas profissionais demonstram aumento
marcante na espessura óssea, de aproximadamente 6 a 9% no local de inserção dos músculos e tendões no
rádio, em consequência do incremento da musculatura do antebraço e braço dominantes, que desferem os
golpes (KRAHL et al.,1994).
Existem consistentes pesquisas que confirmam que a atividade física moderada com suporte do
peso, como corrida e saltos, têm impacto mais positivo sobre a deposição óssea do que atividades que não
necessitam do suporte do peso, como a natação (TAAFFE et al., 1995). De forma similar, Lima e
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colaboradores (2001) observaram em meninos de 12 a 18 anos, que praticavam esportes de impacto,
como basquetebol, ginástica e atletismo, aumento significativo na densidade mineral óssea na coluna
lombar e no fêmur proximal, quando comparados com um grupo de adolescentes que praticavam esportes
com carga ativa, tais como pólo aquático e natação. Entretanto, ambos os grupos apresentavam densidade
mineral óssea superior à do grupo controle, de adolescentes que não praticavam nenhum esporte. Pode-se
inferir que o tipo de atividade física praticada influencia na magnitude das alterações da densidade
mineral óssea, em jovens. Na prática de outros esportes, como patins, Slemenda e Johnston (1993)
observaram que as patinadoras aumentaram em 5, 6% a densidade mineral óssea total do corpo quando
comparadas com as adolescentes que não patinavam. O envolvimento das meninas nos esportes,
particularmente balé e ginástica, tem sido muito investigado. Bass e colaboradores (1998) mensuraram a
densidade mineral óssea de 45 ginastas ativas, com idade média de 10 anos, e 36 ginastas, com idade
média de 25 anos e um grupo controle para cada um dos dois grupos. A densidade mineral óssea, no
fêmur proximal e coluna lombar, das ginastas ativas foi de 0,7 a 1,9 desvios padrões maior do que
naquelas de seu grupo controle, e a densidade mineral óssea aumentou de forma conjugada ao aumento da
duração do treinamento. Durante um período de 12 meses de treinamento, as ginastas ativas
demonstraram maior densidade mineral óssea do que seu grupo controle na ordem de 30 a 85% na coluna
lombar e colo do fêmur, respectivamente. Nas ginastas, a densidade mineral óssea foi 0,5 a 1,5 desvio
padrão maior do que no seu grupo controle respectivo. Os autores concluíram que a densidade mineral
óssea aumentada, durante a adolescência, pode ter efeito a longo prazo na vida adulta de ginastas, sendo
seus efeitos positivos verificados por décadas, após a interrupção do treinamento físico. Várias pesquisas
têm demonstrado que o pico de massa óssea ocorre durante a fase de maior crescimento físico em ambos
os sexos (LIMA et al., 2001;CRAWFORD et al., 2002) .
Com relação ao aumento pronunciado da massa óssea durante a adolescência, recebe destaque o
processo maturacional, visto que estudos sugerem que os estágios II e III de Tanner, quando associados
com atividades esportivas, promovem aumento significativo na densidade mineral óssea da grande
maioria de adolescentes (KHAN et al., 2001). Haapasalo et al. (1998), utilizando os critérios de Tanner
para o sexo feminino, estudaram os efeitos do treinamento de tênis e da maturação sexual, e o seu
impacto na densidade óssea dos membros superiores. Os resultados indicaram que, no estágio I de
Tanner, o ganho na densidade mineral das tenistas só ocorria quando o treinamento era muito intenso e
que o aumento mais pronunciado era nos estágios III e IV. Os autores propuseram que, em estágios
iniciais da puberdade, a repercussão óssea ao estímulo da sobrecarga é pouco significativa, enquanto que,
em fases mais avançadas da maturidade sexual, o padrão hormonal conjugado à atividade esportiva
conduz a maior deposição de massa óssea nos locais específicos dos estímulos musculares. Assim, a
avaliação da maturação sexual parece ser fundamental quando se objetiva prescrever programas de
exercícios físicos para adolescentes, uma vez que o aumento da secreção de gonadotrofinas e esteróides
sexuais gonadais induzem o desenvolvimento sexual, aumento da massa corporal, estatura e melhora na
aptidão física dos jovens (VIRU et al., 1999). Nordström et al. (1998) investigaram a influência de
diferentes tipos de esportes que suportam o peso corporal, força muscular e as mudanças pubertárias
sobre a densidade mineral óssea de adolescentes do sexo masculino. O primeiro grupo consistiu de 12
jogadores de badminton, com média de idade de 17,0 ± 0,8 anos, com treinamento de 5,2 ± 1,9h/semana.
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O segundo grupo era de 28 jogadores de hóquei no gelo, com média de idade de 16,9 ± 0,3 anos, com
treinamento de 8,5 ± 2,2h/semana. O terceiro grupo, de controle, foi formado por 24 adolescentes com
média de idade de 16,8 ± 0,3 anos, com treinamento de 1,4 ± 1,4h/semana. Os resultados indicaram que a
densidade mineral óssea dos jogadores de badminton foi significativamente maior do que a dos
praticantes de hóquei no gelo, apesar de redução significativa na média de treinamento semanal,
indicando que o exercício físico, incluindo saltos, reveste-se de grande efeito osteogênico. Investigações
relatam que intervenções utilizando-se do princípio de que exercício físico atua sobre o aumento da massa
óssea na infância e adolescência propiciam associação consistente entre esses eventos e densidade mineral
óssea aumentada na vida adulta (BASS et al., 1998).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados dos estudos investigados demonstram que durante a adolescência ocorre grande
expansão da massa óssea em função do estirão de crescimento e da alta taxa de mineralização, que se
evidenciam exclusivamente nesse período da vida. Grande quantidade do capital mineral ósseo presente
na vida adulta é incorporado durante a fase de crescimento físico da infância e adolescência. Os
indicativos encontrados na literatura suportam a teoria que esforços que mobilizam o deslocamento do
peso corporal são mais efetivos para o processo de mineralização óssea durante a adolescência e que o
intenso anabolismo ósseo durante esta fase é um fator de suma importância na redução do risco de
osteoporose no futuro.
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Revista Hórus – Volume 4, número 1
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