Criação e estruturação do ambulatório transgênero
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Criação e estruturação do ambulatório transgênero
WILSON CESAR RIBEIRO CAMPOS – [email protected] PSICÓLOGO NO PM DST/AIDS/HV E AMBUL ATÓR IO TRANS MESTRAND O DO PROGRAM A DIVERSITAS USP – UNIVERSIDADE DE SÃO DA PAULO HOMEM, CISGÊNERO, HETEROSSEXUAL, F E M I N I S TA , AT E U , D E F E N S O R D E T O D A S A S LIBERDADES E DIVERSIDADES E TORCEDOR DO GUARANI DE CAMPINAS. RELATO O silêncio que se fez na sala repleta de trabalhadores da saúde, era a resposta para a seguinte pergunta: estamos preparados para acolher homens adultos vítimas de violência sexual? E violência sexual contra travestis ou transexuais? Médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, recepcionistas, técnicos e auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde, compartilharam por instantes do mesmo silêncio angustiante. A pergunta, feita em uma oficina de sexualidade realizada durante uma semana de sensibilização antes da inauguração de uma UBS – Unidade Básica de Saúde – de um município da região metropolitana de São Paulo, parecia pegar de surpresa os quase 60 participantes, alguns jovens trabalhadores da saúde e outros tantos com extensa experiência e vivência de trabalho. O silêncio e as expressões faciais demonstravam ser um misto de espanto, perplexidade, angústia e incompreensão. Como o silêncio se mantinha, a pergunta teve que ser refeita: qual o protocolo para acolher homens adultos vítimas de violência sexual? E no caso de travestis e transexuais? Existem casos de violência sexual com estas características no território de vocês? O silêncio foi prontamente rompido por uma voz que exclamou: “temos um protocolo de atendimento para mulheres vítimas de abuso sexual, e para crianças também”. Entre 2012 e 2014 foram realizadas diversas oficinas sobre sexualidade, prevenção, direitos sexuais e reprodutivos pelo Programa Municipal DST/Aids/Hepatites Virais junto à rede de Saúde Pública do município de São Bernardo do Campo. “Existem momentos na vida onde a questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir” (Foucault, História da Sexualidade n.2) INTRODUÇÃO A população transgênero, aqui entendida como uma expressão par de modo resumido facilitar a comunicação de um amplo universo de identidades, posicionamentos, olhares, corpos e vivências que incluem, mas não somente, as Travestis, Transexuais, Homens Trans e Mulheres Trans. O Ambulatório está aberto a todas as pessoas que possuem uma compreensão para além do binarismos Brasil está entre os países onde ocorrem o maior número de assassinatos às pessoas transgênero Pessoas transgênero enfrentam todos os dias todos os tipos de violência (verbal, física, sexual, psicológica, relacional, intrafamiliar, afetiva, social, no trabalho, judicial, institucional e....) HISTÓRICO EM SÃO BERNARDO • Década de 90 início da Atenção ainda dentro das demandas relacionadas ao programa DST Aids • Foco em: • diagnóstico, • tratamento e • prevenção • Psicologia inicia grupos com travestis, visitas às casas e pontos de prostituição com foco em: • Prevenção • Distribuição de preservativos e outros insumos de prevenção • Orientação HISTÓRICO EM SÃO BERNARDO • Em 2010 é iniciado um mapeamento das casas e profissionais do sexo (feminino, masculino e Travestis) • Intensificado o acesso ao diagnóstico: • produz um aumento da prevenção, além do aumento do diagnóstico precoce entre os profissionais do sexo. PROMOÇÃO, PREVENÇÃO E PROTEÇÃO Número de testagens realizadas no CTA de SBC para profissionais do sexo no período de 2002 a 2011 fonte: SISCTA 2002 a 2011 100 90 Testados 80 70 Total HIV/Aids 60 HEPB+PS 50 40 VDRL+ 30 20 HCV+ 10 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 PROMOÇÃO, PREVENÇÃO E PROTEÇÃO Notificações de HIV e Aids em profissionais do sexo no período de 2002 a 2011 em São Bernardo do Campo. ESTRUTURANDO O AMBULATÓRIO TRANS • Em 2012 início das ações conjuntas com a Atenção Básica para: • Oficinas de sexualidade nos nove terrirtórios • Oficinas de prevenção • Questão: E a população Trans no território?? • Diálogos com a Atenção Básica • Início do acompanhamento e inserção das casas das Travestis no trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde e na rotina da própria UBS ESTRUTURANDO O AMBULATÓRIO TRANS • Em 2014 início da estruturação do Ambulatório Trans • No início com atendimento psicológico • Orientação Assistência Social • Acolhimento direcionado (facilitar o acesso inicial com ações como agendar acolhimento por WhatsApp ou por telefone) • Essa ação aparentemente simples, proporcionou acesso à população trans jovem, residente no município e até então “inexistente” para as ações mais tradicionais ligadas à DST/Aids; • Proporciona inserção em uma Rede Trans informal entre pessoas trans (mulheres trans e homens trans) com faixa etária entre 15 e 25 anos, com relativo suporte familiar e social dentro do grupo, mas completamente distante dos serviços de saúde. ESTRUTURANDO O AMBULATÓRIO TRANS Demanda inicial era relacinada a: 1) obter relatório psicológico para anexar ao pedido de mudança de nome e sexo no registro civil; 2) realizar cirurgia de redesignação sexual; 3) lidar melhor com as questões emocionais e afetivas de relacionamentos e; 4) fortalecer-se para enfrentar as situações de intolerância, preconceito e discriminação. AÇÕES COM A EQUIPE ESTRUTURANDO O AMBULATÓRIO TRANS Em 2015 ampliamos a oferta de serviços e assistência: • Acompanhamento psicológico (não compulsório) • Orientação Assistência Social • Consultas Clínicas e de Especialidades: • Urologia, • Proctologia, • Oftalmologia, • Fonoaudiologia, • GO • Avaliação e orientação com Endocrinologia (Hormônio Terapia) • Avaliação e orientação Nutricional (utilizando bioimpedância e outras tecnologias) • Orientação e consultas Farmacêuticas • Realização de Exames Clínicos e Laboratoriais • Orientação e Prevenção • Oferta de Testagem ESTRUTURANDO O AMBULATÓRIO TRANS Atualmente: • Somos um grupo (sim somos no coletivo) de pessoas trans e profissionais de saúde: • São 65 pessoas acompanhadas nas várias ações e atividades • Incluindo: • Travestis, • Transexuais, • Mulheres Trans, • Homens Trans, • Pessoas com outras identidades (multiplicidade da liberdade) • Fortalecimento das ações com a Atenção Básica e com a Rede (UPAS, CAPS) • Fortalecimento do uso social – sistema eletrônico em todas as unidades de saúde • E buscando fortalecer o que foi conquistado e ampliar para outras demandas. PARA ONDE QUEREMOS CAMINHAR? Obrigado! Wilson Campos [email protected]
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