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carta ao leitor
dilemas e desafios
Amador Alonso Rodriguez
Presidente da Anefac
nas demonstrações
N
a edição especial do Troféu Transparência 2014 – XVIII Prêmio
ANEFAC-FIPECAFI-SERASA EXPERIAN, buscamos reunir a visão de representantes das diferentes instituições envolvidas nos bastidores das
demonstrações financeiras, entre preparadores, reguladores, acadêmiespaço
starkey a evolução das divulgações de
cos e especialistas que
acompanham
informações ao mercado no Brasil ao longo do tempo e, mais especialmente, após a
convergência às normas internacionais de contabilidade – IFRS.
Como resultado, conseguimos compilar, em um apanhado de opiniões, o atual
panorama de desafios enfrentado por todos para continuar evoluindo nesta questão.
Temas como o tratamento dado às informações que podem gerar impacto negativo
aos resultados das companhias e o esforço para atingir objetividade nas notas explicativas destacaram-se neste ano.
Temas como o
tratamento dado às
informações que
podem gerar impacto
negativo aos
resultados das
companhias e o
esforço para atingir
objetividade nas
notas explicativas
destacaram-se
neste ano
Em especial, a visão crítica dos especialistas que integram a Comissão Julgadora
do Prêmio, indicando que pouco, ou quase
nada, se evoluiu nas demonstrações entre
2013 e 2014, surge como um alerta aos
preparadores de que é preciso aumentar os
esforços. Por outro lado, o reconhecimento
por parte destes sobre as dificuldades que
encontram na busca por equilíbrio entre o
pleno atendimento dos comandos da regulamentação e textos mais claros, objetivos e
enxutos possíveis, capazes de mostrar a real
fotografia da empresa para a tomada de
decisão de seus usuários.
Boa leitura!
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sumário
05 Giro Diretor
06 Giro ANEFAC
07 Giro do mercado
08 Entrevista
14 Pesquisa ANEFAC
18 Evento
21 Especial
44 Panorama
48 Inside
52 Ideias e inteligência
56 Finanças
58 Administração
60 Contabilidade
62 Carreira
64 Perfil
66 Jovem executivo
68 Reuniões técnicas
70 ANEFAC Rio de janeiro
72 ANEFAC Curitiba
74 Turismo de negócios
76 Artigo
80 Fazendo contas
82 Ponto de vista
Revista ANEFAC
Uma publicação da Associação
Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade
Rua 7 de Abril, 125 - 4º andar - Cj. 405
CEP 01043-000 - Centro - São Paulo/SP
Fone: 11 2808-3200 / Fax: 11 2808-3232
www.anefac.com.br
[email protected]
Presidente: Amador Alonso Rodriguez
Conselho Editorial: Renato Zuccari
(Diretor Responsável), Andrew F. Storfer,
José Ronoel Piccin, Louis Frankenberg,
João Carlos Castilho Garcia, Roberto
Vertamatti e Roberto Müller
21
Na capa, da esquerda para a
direita, de cima para baixo: Luiz
Antonio Ciarlini, presidente da
Celpe; Maria das Graças Silva Foster,
presidente da Petrobras (Foto: Banco
de Imagens Petrobras); Abelardo de
Oliveira Filho, presidente da Embasa;
Benjamin Steinbruch, presidente
da CSN; Dilma Pena, presidente da
Sabesp; José Aloise Ragone Filho,
diretor-superintendente da Taesa;
Britaldo Soares, presidente da AES
Brasil; Claus Hoppen, presidente da
Mahle; Andre B. Gerdau Johannpeter,
diretor-presidente da Gerdau (Foto:
Ivson Miranda); Frederico Fleury
Curado, presidente da Embraer;
Antonio Miguel Marques, presidente
do GRU Airport; Miguel Setas,
presidente da EDP; Carlos Fadigas,
presidente da Braskem; Murilo
Ferreira, presidente da Vale; Julian
Eguren, presidente da Usiminas;
Djalma Bastos de Morais, presidente
da Cemig; Paulo Bellini, presidente
da Marcopolo; Flavio Rocha, CEO
da Guararapes; Claudio Bergamo,
presidente da Hypermarcas
(Foto: Kiko Ferrite); Eugênio Mattar,
presidente da Localiza; Flavio Decat,
presidente de Furnas; Edemir Pinto,
presidente da BM&FBOVESPA; Manoel
Arlindo Zaroni Torres, presidente da
Tractebel; Celso Sustovich, Vânia
Machado e Manoel Arruda, Comitê
de Gestão do Aché.
42
74
Vertical de Finanças:
Ailton Leite (Vice-Presidente)
Vertical de Administração:
Roberto Fragoso (Vice-Presidente)
Vertical de Contabilidade:
Edmir Lopes de Carvalho
(Vice-Presidente)
Eventos:
Andréia Fernandez (Vice-Presidente)
ANEFAC Campinas:
Ari Torres (Vice-Presidente)
ANEFAC Curitiba:
Leandro Camilo (Vice-Presidente)
ANEFAC Rio de Janeiro:
René Martins (Vice-Presidente)
ANEFAC Salvador:
Leandro Ardito (Vice-Presidente)
Administração e Finanças:
Carlos Aragaki (Vice-Presidente)
Relações Institucionais:
Maria Helena Pettersson (Vice-Presidente)
Associados e Parcerias Comerciais:
Lívio Giosa (Vice-Presidente)
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ENTREVISTA
Embraer, Gerdau e Vale são
as empresas que mais vezes
estiveram entre as ganhadoras
do Troféu Transparência na
história do Prêmio
Conselho de Administração:
Gennaro Oddone (Presidente),
Andrew F. Storfer, Carlos Roberto
Matavelli, Charles Barnsley Holland, Clóvis
Ailton Madeira, José Ronoel Piccin, Luis
Cláudio Fontes, Pedro Lucio Siqueira Farah,
João Carlos Castilho Garcia, Roberto
Vertamatti e Rubens Lopes da Silva
Jornalista responsável:
Suzamara Bastos (Mtb: 45.822)
Sede:
Superintendente: Carlos Ribeiro
Associados: Rita Ribeiro
Comercial: Talita Dias
Eventos: Juliana Spalding e Ana
Cláudia Rodrigues
Financeiro: Maria Penha Costa
Web: Caio Henrique
Design: Patricia Barboni
Editora: Carolina Bridi
Repórteres: Andrea Fagundes, Jennifer Almeida
e Rosa Symanski
Fotos: André Telles, Jonathan Koiti e Marcos Campos
Projeto gráfico:
As opiniões expressas nos artigos assinados são de
inteira responsabilidade de seus autores.
5
giro diretor
Acompanhe as atividades dos diretores da ANEFAC em representação à entidade
A
ANEFAC prestigiou o evento de
comemoração dos 40 anos da
Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas
O
prêmio “As Melhores da Dinheiro 2014”, realizado pela
Revista IstoÉ Dinheiro, no dia 28 de agosto, em São
Paulo, contou com a presença de Carlos Ribeiro, superin-
Contábeis, Atuariais e Financeiras), no
tendente, Antonio Carlos Machado, diretor executivo, Ro-
dia 1º de agosto, no Club Homs, em
berto Pérez Fragoso, vice-presidente, e João Carlos Castilho
São Paulo. A Associação foi represen-
Garcia, diretor executivo, todos da ANEFAC. A premiação
tada pelo membro do Conselho de
revelou as empresas vencedoras em melhores práticas de
Administração e diretor executivo de
gestão. Desse resultado, é gerado o anuário da revista IstoÉ
Eventos Gerais da ANEFAC, João Carlos
Dinheiro. As companhias foram avaliadas segundo cinco
Castilho Garcia, e pelo diretor executivo
critérios de gestão: sustentabilidade financeira, recursos
de Associados e Parcerias Comerciais,
humanos, inovação e qualidade, responsabilidade socio-
Rubens Lopes da Silva. Fundada em
ambiental e governança corporativa.
1974 por professores do Departamento
de Contabilidade e Atuária da FEA-USP
(Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade
O
vice-presidente de Administração-Finanças da ANEFAC,
Carlos Aragaki, e o diretor executivo de Associados e
Parcerias Comerciais da ANEFAC, Rubens Lopes da Silva,
referência em pesquisa e educação
participaram da 4ª Conferência Brasileira de Contabilidade e
espaço starkey
Auditoria Independente, realizada pelo Ibracon (Instituto dos
nas áreas de Contabilidade, Finanças,
Auditores Independentes do Brasil) nos dias 18 e 19 de agos-
Mercado Financeiro, Atuária e em edu-
to. O evento foi realizado no Amcham Business Center, em
cação a distância.
São Paulo, e reuniu centenas de profissionais de todo o Brasil e
de São Paulo), a instituição é centro de
palestrantes com relevante experiência no cenário nacional e
A
ANEFAC apoiou o Talk Show Responsabilidade dos Sócios e Administra-
dores, realizado pelo IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), no
dia 13 de agosto, em Curitiba, Paraná.
internacional de contabilidade e auditoria independente.
O
vice-presidente de Administração da ANEFAC, Roberto Pérez Fragoso, ministrou a palestra “A importância
da Gestão Estratégica Tributária” na Fipecafi, no dia 26 de
agosto. A partir de sua experiência como gestor tributário
O
presidente da ANEFAC, Amador
de empresas multinacionais com ações em bolsa de valo-
Alonso Rodriguez, representou
res, ele abordou temas como Planejamento Tributário, Área
a Associação na solenidade do 36º
de Contencioso Tributário, Apuração de Tributos e Relacio-
Prêmio Economista do Ano e 19º Prêmio
namento com Autoridade Fiscal. Estiveram presentes ainda
Corecon-SP em Excelência em Mo-
no evento Carlos Ribeiro, superintendente, e Rubens Lopes
nografia. Os eventos foram realizados
da Silva, conselheiro, ambos da ANEFAC.
no dia 11 de agosto, no Espaço Rosa
Rosarum, em São Paulo. Realizados pela
Ordem dos Economistas do Brasil e pelo
Conselho Regional de Economia de
O
14º Prêmio Valor 1000 realizado pelo jornal Valor Econômico, no dio 25 de agosto, em São Paulo, contou
com a presença dos representantes da ANEFAC, Amador
São Paulo, os eventos fizeram parte das
Alonso Rodriguez, presidente, Carlos Roberto Matavelli, con-
comemorações do Dia do Economista,
selheiro, Carlos Ribeiro, superintendente, José Ronoel Piccin,
celebrado em 13 de agosto.
conselheiro, e Pedro Lúcio Siqueira Farah, conselheiro.
6
giro anefac
Momento Econômico
E
ntre julho e agosto de 2014, Roberto Vertamatti
entrevistou convidados de diferentes áreas no programa “Momento Econômico”, produzido pela ANEFAC,
veiculado ao vivo na TV Geração Z e armazenado no
Portal UOL. No dia 7 de julho, Claudio Filippi, presidente
e conselheiro do CRC-SP (Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo) falou sobre as conquistas e os
desafios da profissão contábil. No dia 14, Pacto Global e
sustentabilidade foram os temas abordados por Camila
Araujo, diretora executiva de Sustentabilidade da ANEFAC e líder responsável pelas soluções de governança
corporativa da Deloitte no Brasil. Ainda no mês de julho,
Rogério Grof, diretor de Relações Institucionais do Simpi
(Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São
Paulo), falou no dia 21 sobre a 16ª Pesquisa do Indicador
de Atividade da Micro e Pequena Indústria de SP; e no
dia 28, Alexandre Carvalhal, vice-presidente financeiro
da SAP Brasil falou sobre o impacto da tecnologia no
equilíbrio da vida profissional e pessoal.
Em agosto, no dia 4, mercado de trabalho para
executivos do século 21 foi o tema da conversa com
José Augusto Minarelli, diretor-presidente da Lens &
Minarelli Associados. Antonio Carlos Machado, diretor
executivo do Troféu Transparência e sócio-fundador
da M/Legate Contadores, Auditores e Consultores,
falou sobre o XVIII Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-SERASA
EXPERIAN no dia 11. No dia 18, foi a vez de Alberto
Pezeiro, sócio-fundador e presidente da Seta – Desenvolvimento Gerencial, abordar a Seis Sigma, uma
metodologia de identificação e eliminação de erros
nos processos produtivos, administrativos e financeiros. Por fim, Mauro Johashi, sócio-diretor da BDO Brazil,
foi entrevistado sobre o tema negociação de dívidas
no dia 25 de agosto.
Acompanhe o programa ao vivo toda segunda-feira, às 10h, em www.tvgeracaoz.com.br, ou assista as
edições em www.tvuol.com.br e www.anefac.com.br.
ANEFAC
Agenda
Outubro
2
Café da Manhã ANEFAC
Case de Sucesso na Implementação do Projeto
Nfe na Natura
Agenda sujeita a alterações
www.anefac.com.br
Palestra “Transformação digital e seus impactos nas empresas
e na sociedade”
1
Roadshow Seminário
DFs 2014
18
Importância da
controladoria em suas
empresas
Novembro
ANEFAC Brasil
25
Profissional ANEFAC
do Ano 2014
Novembro
25
Troféu Transparência 2014
28
ANEFAC
26
Reunião Técnica
CBAN: DT - Instrumentos
financeiros
Novembro
Setembro
Reunião Técnica no Rio
de Janeiro e São Paulo:
CPC-25 Avaliação de
Riscos Jurídicos
Outubro
e 10
Novembro
9
Novembro
Setembro
Confira a programação dos eventos e reuniões
técnicas da ANEFAC para os próximos meses
26
Reunião Técnica de Perícias Contábeis, Econômicas e Arbitragem: A interface entre a arbitragem e
os institutos da falência e
da recuperação judicial
@Anefac_Brasil
DEBATES
A
ANEFAC está presente nas redes sociais
para manter contato com executivos
do mercado. No LinkedIn, estão em aberto
no Grupo ANEFAC os debates: “A qualidade
dos chefes inesquecíveis”; INSS pode ser
incluído no Refis, importante para regularização de tempo e contribuição de diversas
categorias; Mercado de mineração em
alta”; “Reconhecimento e valorização”; “A
revolução do Sped”; “Simples Nacional –
Ampliação – Setor de serviços”; “Quem te
impede de crescer?”; “Decisão do Carf entende que os diretores estatutários podem
receber Participação nos Lucros e Resultados – PLR”; entre outros. Siga a ANEFAC no
Twitter, Facebook e LinkedIn.
7
giro do mercado
CRA
EM AUDIÊNCIA
Brasil, Rússia, Índia, China e África do
No dia 4 de agosto, entrou em audiência
Sul firmaram, no dia 15 de julho, em
pública minuta de instrução alteradora
Fortaleza, Ceará, tratado internacional
das seguintes normas: Instrução nº 472/08,
estabelecendo o Arranjo Contingente
que regulamenta a constituição, a ad-
de Reservas dos BRICS (Contingent Re-
ministração, o funcionamento, a oferta
serve Arrangement, CRA). Com objetivo
pública de distribuição de cotas e a di-
de complementar a rede de proteção
vulgação de informações dos FII (Fundos
financeira mundial, o CRA contará com
de Investimento Imobiliário); e Instrução nº
a Interpretação Técnica ICPC 20 – Limite
montante inicial de US$100 bilhões, e
400/03, que dispõe sobre as ofertas públi-
de Ativo de Benefício Definido, Requisitos
entrará em vigor após completados os
cas de distribuição de valores mobiliários
de Custeio (Funding) Mínimo e sua Intera-
tramites legais para sua ratificação, in-
nos mercados primário ou secundário.
ção; e Orientação Técnica OCPC 07 do
cluindo, no caso do Brasil, a aprovação
Sugestões devem ser enviadas até o dia
CPC - Evidenciação na Divulgação dos
pelo Congresso Nacional.
3 de novembro para audpublica0714@
Relatórios Contábil-Financeiros de Propó-
cvm.gov.br.
sito Geral. Todas recebem sugestões e
comentários até o dia 15 de setembro.
EDITADAS
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
MINUTAS
divulgou no dia 17 de julho a Instrução
No dia 14 de agosto, a CVM colocou em
IOSCO
nº 550/14, alteradora da Instrução nº
audiência pública cinco minutas de de-
A CVM sediará, de 28 de setembro a
401/03, que dispõe sobre os registros de
liberação que aprovam: a Interpretação
2 de outubro no Rio de Janeiro, a 39ª
negociação e de distribuição pública
Conferência Anual da Iosco (Annual Con-
de Cepac (Certificados de Potencial
Técnica ICPC
09 (R2)
– Demonstrações
espaço
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Contábeis Individuais, Demonstrações
Adicional de Construção). No dia 24 de
Separadas, Demonstrações Consolidadas
of Securities Commissions). O evento,
junho, foi divulgada a Instrução nº 549/14,
e Aplicação do Método de Equivalência
que reunirá profissionais do mercado
alteradora da 409/04, que dispõe sobre
Patrimonial; o Documento de Revisão
financeiro internacional e reguladores
a constituição, o funcionamento e a ad-
de Pronunciamentos Técnicos nº 06; a
mundiais, promoverá debates sobre os
ministração dos fundos de investimento.
Interpretação Técnica ICPC 19 – Tributos;
mais recentes desafios do setor.
ference of the International Organization
indicadores
(Fonte: BM&FBOVESPA)
Nota da Redação:
As informações
contidas nesta
seção consideram
dados divulgados
pelo mercado
até a data de
fechamento da
edição
8
entrevista
Ao longo de 18
anos, três empresas
destacaram-se pela
regularidade com
que suas demonstrações financeiras
foram reconhecidas
entre as mais transparentes no Brasil.
Gerdau foi eleita
destaque em sua
categoria por
quatro vezes na
história do Prêmio
ANEFAC-Fipecafi-SERASA
EXPERIAN, enquanto
Vale e Embraer foram
as duas empresas
que mais vezes
receberam o Troféu
Transparência - 16
vezes cada uma. A
seguir, representantes
destas companhias
falam sobre o que
é preciso para
manter o foco
na transparência.
As mais premiadas na história do
Troféu Transparên
Embraer
A Embraer recebeu o Troféu em
16 edições do Prêmio, sendo que
em três delas foi eleita destaque
em sua categoria. A seguir, Elaine
Funo, diretora contábil e fiscal,
fala sobre a preparação das
demonstrações da companhia.
9
“
ceiras com o compromisso de fornecer
informações qualificadas ao mercado. A
empresa acredita que transparência em
Revista ANEFAC: A Embraer ganhou o Troféu
todos os temas adiciona valor ao usuário
Transparência 16 vezes, tornando-se uma
da informação, permitindo maior enten-
das duas empresas mais premiadas na
dimento da realidade dos fatos.
história do Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-SERASA
EXPERIAN. Em sua visão, o que faz a
R.A.: Como são trabalhadas as no-
companhia estar regularmente entre as
tas explicativas, levando em conta
empresas mais transparentes no Brasil?
a importância de evitar textos ex-
Elaine Funo: Uma série de fatores favore-
tensos para disponibilizar a informa-
ce a Embraer ter sido tão premiada nos
ção da forma mais objetiva possível? últimos 16 anos, tais como estratégias e
E.F.: A companhia oferece um cenário
cada vez mais transparente, gerando
credibilidade em relação às informações apresentadas. A forma como
elas são apresentadas passa pela avaliação de várias pessoas envolvidas
no processo, procurando refletir de
maneira fiel e clara a situação econômica nas demonstrações financeiras. respeito aos acionistas, manutenção de
altos padrões de administração corporaespaço
starkey
tiva, qualidade
da equipe
e seu comprometimento com os valores da empresa, a
clareza e a idoneidade das informações.
R.A.: Quais foram os principais desafios
enfrentados pela companhia na prepa-
cia
“
objetivos bem definidos, atuação ética,
ração das demonstrações financeiras
R.A.: O que se destaca na gestão da
do exercício que está sendo premiado?
companhia atualmente?
E.F.: Os principais desafios na preparação
dos resultados do ano passado foram
relacionados à demonstração do impacto da adoção das novas regras de
consolidação, de negócios em conjunto
e da divulgação de participação em
outras entidades, o que demandou que
a companhia refizesse as informações
de anos anteriores, buscando demonstrar
maior clareza e transparência.
R.A.: Como a empresa trabalha a divulgação de informações negativas ou que
possam causar reações não tão positivas
no mercado? E.F.: A Embraer trabalha constantemente em busca das melhores práticas na
elaboração das demonstrações finan-
E.F.: Para assegurar uma gestão empre-
sarial focada no crescimento sustentável e na perpetuidade do negócio, a
gestão atual tem trabalhado cada vez
mais próxima das unidades de negócio,
procurando, de forma proativa, enten-
der e enquadrar antecipadamente os
conceitos contábeis ao negócio no
início de cada projeto. Isso facilita a
confecção e detalhamento das informações na demonstração financeira
e o atendimento ao modelo de governança corporativa. 10
entrevista
Vale
A Vale recebeu o Troféu em 16 edições
do Prêmio, sendo que em duas delas
foi eleita destaque em sua categoria. A
seguir, o diretor de Controladoria Marcus
Severini fala sobre a preparação das
demonstrações da companhia.
11
“
em todos os países em que atuamos.
mos com uma forte resistência de órgãos
Ao mesmo tempo em que temos um
reguladores, auditores e até de nós mes-
processo padronizado de captura de in-
mos. Há uma prática de manutenção de
R.A.: A Vale ganhou o Troféu Transparên-
formações, temos também uma estrutura
algumas “tradições” geradas há muitos
cia 16 vezes, tornando-se uma das duas
aberta que permite a troca de experiên-
anos em que o ambiente econômico
empresas mais premiadas na história do
cias e de informações não rotineiras nos
e de divulgação de informações eram
Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-SERASA EXPE-
diversos níveis da organização, o que
muito diferentes dos atuais. Mudar essa
RIAN. Em sua visão, o que a faz manter-se
possibilita o acesso aos mais diversos
cultura requer tempo, paciência e uma
entre as empresas mais transparentes
fatores envolvidos numa determinada
forte dose de persistência. Enquanto
do Brasil?
transação e que permite então a análise
isso, nós buscamos utilizar todos os me-
Marcus Severini: Nós da Vale entendemos que transparência é uma questão
de ética comportamental. Para nós,
transparência está muito mais vinculada
com o conceito de como se faz do que
a forma com que é feita. A premiação
ao longo destes 16 anos consecutivos é
um reconhecimento de nossa postura
empresarial que se reflete na preparação das demonstrações financeiras. A
Vale pauta seu relacionamento com
a sociedade nos pilares da ética e da
transparência, e a preparação das nossas demonstrações financeiras é a fase
final de um grande ciclo de cooperação
com diversos setores da organização,
de forma a permitir que o usuário dessas
demonstrações tenha uma clara visão de
nossas operações e estratégias.
e consequente reconhecimento adequa-
canismos disponíveis para divulgar as
do e transparente da operação.
informações de gestão sem aumentar
exageradamente o conjunto das notas
R.A.: Como a empresa trabalha a divul-
explicativas que é muito bem aceito e
gação de informações negativas ou que
espaço
starkey
possam causar
reações
não tão positivas
assimilado pelos investidores e analistas.
no mercado?
R.A.: O que se destaca na gestão da
M.S.: Novamente nesse aspecto, o conceito é de transparência. Em situações
dessa natureza, buscamos, dentro dos
limites possíveis, antecipar informações
ao mercado através de press releases.
No processo de divulgação das demonstrações financeiras, além de buscarmos
explicitar adequadamente nas notas
explicativas todos os fatos envolvidos, é
comum utilizarmos o chamado “press
release de resultados” para explicar as informações prestadas aos investidores utilizando uma linguagem menos técnica.
companhia atualmente?
pela companhia na preparação das
R.A.: Como são trabalhadas as notas
demonstrações financeiras do exercício
explicativas, levando em conta a
que está sendo premiado?
importância de evitar textos muito ex-
M.S.: No caso de uma empresa como a
Vale, que atua globalmente e com alto
grau de diversificação de negócios, a
preparação das demonstrações financeiras requer um processo organizado
e ao mesmo tempo flexível de captura
de informações das pontas operacionais
tensos, buscando a informação mais
objetiva possível?
M.S.: Esse talvez seja o aspecto onde
mais existe espaço para aprimoramento
de nossas demonstrações financeiras.
Trabalhamos muito para simplificar nossas
notas explicativas, mas ainda nos depara-
“
R.A.: Quais foram os desafios enfrentados
M.S.: Atualmente o foco principal da
gestão da Vale está no respeito à vida. A
vida em primeiro lugar é um dos nossos
valores mais representativos e sobre o
qual temos investido todo o esforço e recursos possíveis para conscientizar cada
um de nossos funcionários e de nossos
prestadores de serviço. Não trabalhamos
com meta de redução de acidentes fatais, quer seja de funcionários ou terceiros.
Nossa única meta é zero perda de vidas.
Muito mais do que a busca por cada vez
maior eficiência operacional, redução de
custos e consequentes resultados financeiros que atingimos, nossa realização
se dará somente quando nossa meta de
zero perda de vidas for atingida.
12
entrevista
Gerdau
A Gerdau recebeu o Troféu em 15
edições do Prêmio, sendo que em
quatro delas foi eleita destaque
e m s u a c a t e g o r i a . A s e g u i r,
o v i c e - p r e s i d e n t e executivo de
com Investidores, André Pires de Oliveira Dias, fala sobre a preparação
das demonstrações da companhia.
Foto: Ivson Miranda.
Finanças, Controladoria e Relações
R.A.: Quais foram os principais desafios
enfrentados na preparação das demonstrações financeiras do exercício
que está sendo premiado?
A.P.O.D.: A Gerdau procura sempre estar
atenta às melhores práticas de mercado
e às necessidades de informações dos leitores de suas demonstrações financeiras,
13
buscando oferecer um conjunto completo
de informações que demonstrem com
clareza os principais aspectos do negócio
e que conjuguem a transparência com
um adequado entendimento do seu
desempenho financeiro. Por estarmos
em 14 países, é sempre importante uma
análise minuciosa dos informativos e das
variações que impactam nossos números.
R.A.: Como a empresa trabalha a divulgação de informações negativas ou que
possam causar reações não tão positivas?
A.P.O.D.: A Gerdau tem como valor a
integridade com todos os públicos, e
transparência é um dos fatores intrínsecos à sólida cultura da empresa. Logo,
ainda que os resultados sejam abaixo do
esperado, as informações são abertas ao
mercado invariavelmente.
R.A.: Como são trabalhadas as notas
explicativas, levando em conta a imporespaço starkey
“
“
Revista ANEFAC: A Gerdau foi destaque
em sua categoria quatro vezes, tornando-se a empresa mais premiada na história
do Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-SERASA EXPERIAN. O que a faz estar regularmente entre
as empresas mais transparentes no país?
André Pires de Oliveira Dias: A Gerdau possui
uma sólida estrutura de governança, cuja
conduta segue os valores centenários da
companhia. Além disso, temos uma preocupação constante com os nossos mais de
120 mil acionistas, dentre os quais 90% são
pessoas físicas. Com isso, procuramos sempre a excelência em nossos informativos.
tância de evitar excesso de texto?
A.P.O.D.: Excelência com simplicidade é
um valor que permeia todos os processos
da Gerdau. Diante disso, todas as notas
divulgadas pela empresa procuram ser
claras, diretas e objetivas.
R.A.: O que se destaca na gestão da
companhia atualmente?
A.P.O.D.: Na Gerdau, trabalhamos continuamente para ampliar os níveis de eficiência
das nossas operações, movidos pela estratégia de buscar patamares diferenciados
de rentabilidade e de crescimento com
sustentabilidade. Além disso, frente ao atual
cenário global de volatilidade dos mercados,
seguimos buscando a melhoria das margens
operacionais a partir do contínuo aperfeiçoamento da gestão de custos.
14
pesquisa anefac
Por Miguel Oliveira*
N
juros podem sofrer
alguma redução
Estes fatos têm levado as instituições
à elevação de 0,29%, de 3,44% para
o mês de julho, as taxas
financeiras a elevarem suas taxas de juros
3,45% ao mês no mesmo período. Estas
de juros das operações
acima das elevações da Selic.
são as maiores taxas de juros desde julho
de crédito chegaram à
Na Pessoa Física, a taxa de juros média
14ª elevação seguida, 7ª
geral apresentou elevação de 0,02 ponto
Para os próximos meses, a expecta-
elevação no ano, o que
percentual no mês, correspondente à
tiva é de que as taxas mantenham-se
pode ser atribuído ao cenário econômico
elevação de 0,33%, passando de 6,03%
estáveis. Eventualmente, o fato de que
nacional com expectativa de piora nos
ao mês em junho para 6,05% ao mês em
o Banco Central reduziu os compulsórios
índices de inflação e crescimento eco-
julho. Na Pessoa Jurídica, foi elevada em
poderá provocar alguma redução dos
nômico, aumentando o risco de crédito.
0,01 ponto percentual, correspondente
juros nas operações de crédito.
Evolução das taxas mensais de juros • Pessoa Física
Evolução das taxas mensais de juros • Pessoa Jurídica
de 2012.
15
Taxas de juros para Pessoa Física • Junho x Julho 2014
Taxas de juros para Pessoa Jurídica • Junho x Julho 2014
espaço starkey
Taxas de juros para Pessoa Jurídica • Março 2013 x Julho 2014
16
pesquisa anefac
análise do crédito
A
ANEFAC realizou um balan-
nos últimos dez anos
Monetária do Banco Central.
No período, o volume de crédito cres-
ço dos últimos dez anos
A análise demonstra que, efetiva-
ceu mais de 500%, passando de 26,1%
do crédito no Brasil com
mente, as condições de crédito apre-
do PIB em 2004 para 55,3% em 2014.
objetivo de apurar como
sentaram substancial melhora com
Não obstante esta expansão, é fato que
se comportaram os princi-
forte expansão do volume emprestado,
o volume total do crédito do país ainda
pais indicadores praticados pelo sistema
redução das taxas de juros, redução dos
é baixo quando comparado às principais
financeiro neste período. O estudo com-
spreads bancários, aumento dos prazos
economias, nas quais este número atinge
preendeu o levantamento dos cinco
médios de financiamento e redução da
mais de 100% do PIB. Isso demonstra
principais indicadores de crédito, com
inadimplência mesmo com crescimento
que ainda há um ambiente favorável à
dados compilados do relatório de Política
no crédito.
expansão de crédito.
Volume total de crédito
Com referência às taxas de juros das operações de crédito e respectivos spreads bancários, é importante destacar que apresentaram redução, entretanto, ainda se encontram em patamares elevados, o que abre margem para que continuem sendo reduzidos.
Taxa de juros média - geral
17
Spread - geral
O prazo médio dos financiamentos apresentou igualmente substancial melhora, com um crescimento superior a 300%.
Prazo médio dos financiamentos - geral
espaço starkey
Mesmo diante deste crescimento, a inadimplência foi reduzida em 2,4 pontos percentuais no período.
Inadimplência - geral
Vale destacar, entretanto, que por conta do cenário econômico atual com inflação alta, elevação das taxas de juros e baixo crescimento econômico afetando a renda do consumidor, os índices de inadimplência podem subir, apesar de tanto os consumidores
como os bancos estarem mais cautelosos na tomada e concessão de crédito.
*Miguel Oliveira é sócio-diretor da Ribeiro de Oliveira Consultores Associados e diretor executivo de estudos financeiros da ANEFAC.
18
evento
Cenário econômico
Durante o almoço, as empresas acompanharam o cenário econômico desenhado
pelo jornalista da revista IstoÉ Dinheiro, Luís
Artur Nogueira. Segundo ele, todos devem
A
observar com lupa o que está aconte-
NEFAC, Fipecafi (Fundação
cendo nos Estados Unidos. “Ao primeiro
Instituto de Pesquisas Con-
sinal de elevação de juros por lá, nos per-
tábeis, Atuariais e Finan-
guntamos se o Brasil vai estar preparado.
ceiras) e Serasa Experian
Será muito importante a forma pela qual
reuniram executivos das
Janet Yellen, presidente do Fed (Federal
24 empresas ganhadoras da XVIII edição
Reserve), conduzirá isso. Se ela errar o
do Troféu Transparência em almoço de
timing de elevar os juros, poderemos sentir
confraternização realizado na Casa da
o efeito em nossa balança comercial. Por
cativa no mercado desde o surgimento
Cenário econômico
é tema de palestra
durante almoço
de confraternização
do Troféu
Transparência 2014
do Prêmio. Queira ou não, o mercado
Por Rosa Symanski
Fazenda, em São Paulo, no último dia 28
de agosto.
Antonio Carlos Machado, diretor executivo do Troféu Transparência, observou
a evolução pela qual a premiação
passou desde a sua primeira edição,
em 1997. “Houve uma evolução signifi-
outro lado, se ela demorar a elevar os
juros, teremos uma nova bolha financeira,
como ocorreu quando o Banco Central
americano foi presidido por Allan Greenspan”, disse, acrescentando que existem
dúvidas sobre a existência de uma bolha
nos ativos da economia norte-americana
em razão de alguns indicadores, entre
eles, a lentidão do mercado consumidor.
as mais transparentes reúnem-se
está mais maduro no Brasil, com muitas
Corrêa Barreto, gerente contábil tributário
empresas que passaram a ter governan-
dos Laboratórios Aché.
Por isso, Nogueira alertou as empresas
presentes de que, ao se planejarem para
ça corporativa. A premiação faz parte
A premiação leva em conta o atendi-
2015, devem ficar de olho no Fed. “Há
de todos esses avanços do mercado e
mento da empresa às normas contábeis
uma tendência de valorização do dólar,
mostra que está muito integrada a esse
e nada tem a ver com o desempenho
mas não digo que deve acontecer um
desenvolvimento das empresas e de seus
da instituição, resumiu Eliseu Martins,
overshooting”, observou.
stakeholders”, afirmou.
professor titular do Departamento de
Ao analisar a situação econômica euro-
Para o CFO da Hypermarcas, Martim
Contabilidade e Atuária da FEA-USP (Fa-
peia, Nogueira observou que a Alemanha
Prado Mattos, o Troféu Transparência é um
culdade de Economia, Administração e
depende de seus vizinhos para crescer.
selo determinante para a qualidade de
Contabilidade da Universidade de São
“Mas Ângela Merkel não abriu mão da
demonstrações financeiras das empresas.
Paulo) e membro da Comissão Julgado-
austeridade que impede os outros países,
“É acompanhado de perto por investi-
ra do Troféu Transparência. “A empresa
como Grécia e Espanha, de se recupera-
dores de fora da empresa que precisam
pode estar indo muito mal, mas se ela for
rem”, ponderou.
saber mais sobre qualidade”, conside-
transparente, seguir as normas contábeis
Outra economia preocupante, segun-
rou. “É uma premiação que valoriza a
e aplicá-las bem, será considerada igual
do o jornalista, é a China, que crescia
empresa. Além disso, está alinhada com
a outra que tiver o melhor desempenho
10% ao ano e agora está em um ritmo
os valores do Aché”, disse André Batista
do mundo”, explicou.
de expansão anual entre 7% e 7,5%.
19
espaço starkey
para debater cenários
20
evento
Ele citou ainda as consequências da
Quanto às incertezas do cenário brasi-
redução do crescimento chinês no Brasil.
leiro para 2014, o jornalista lembrou que a
“Dependemos muito da China. Para se ter
meta de 4,5% de inflação não foi cumpri-
uma ideia do impacto da diminuição do
da. “Acho que o governo atual imaginou
crescimento da China, basta observar a
que um pouquinho de inflação não seria
queda de 35% no valor do minério de
mal. Mas o fato é que há incertezas em
ferro no acumulado do ano”, apontou.
relação ao ano que vem, como, por
Outro temor em relação à China, segun-
exemplo, sobre os preços represados da
do ele, diz respeito ao eventual surgimento
gasolina e também das passagens de ôni-
de uma bolha imobiliária em virtude da exis-
bus. Há dúvidas de como será o início de
tência de milhões de imóveis vazios no país.
2015”, alertou. Destacou ainda que o go-
“As dúvidas estão em torno da capacidade
verno reduziu o preço da energia, gerando
do governo em lidar com essa situação”, dis-
incertezas sobre quebra de contrato. Em
se, levantando dúvidas sobre a possibilidade
sua opinião, não houve. “Mas acabou pas-
de uma bolha imobiliária chinesa similar à
sando a impressão de que houve quebra
que ocorreu nos Estados Unidos.
de contratos”, complementou.
As agruras enfrentadas pela Argentina
Nogueira finalizou sua exposição men-
nos últimos tempos também foram cita-
cionando as influências do cenário político
das por Nogueira. “Todos acompanha-
após as eleições de outubro. Depois de
De cima para baixo,
Luís Artur Nogueira,
Revista IstoÉ Dinheiro; e
Antonio Carlos Machado,
ANEFAC e M/Legate
mos o calote que, na minha visão, foi um
citar as chances dos candidatos à Presi-
calote técnico, pois 8% não concordou
dência da República Aécio Neves (PSDB)
com o acordo e vendeu os títulos para
e Marina Silva (PSB), acrescentou que não
fundos abutres, os quais, por sua vez, en-
há dúvidas de que haverá segundo turno,
“Isso demonstra que a China deve ter mu-
traram na justiça americana. Felizmente,
com a possibilidade de Dilma Roussef,
danças no seu modelo econômico. Ora,
para nós, o efeito disso foi pequeno. Mas
candidata do PT, sair vencedora. “Não po-
o país é conhecido pela produção de pro-
precisamos considerar que a Argentina
demos subestimar a máquina do governo.
dutos baratos com mão de obra escrava.
representa 80% da nossa balança co-
Ela citou recentemente que o ‘tarifaço’ não
E ainda há a população rural, que deve
mercial em termos de exportações do
será feito de uma vez, mas deverá ocorrer
migrar, e isso gera desenvolvimento”, disse.
setor automotivo”, destacou.
de uma forma gradual”, concluiu.
21
especial
TROFÉU TRANSPARÊNCIA 2014
XVIII Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-SERASA EXPERIAN
Capital Aberto Receita Líquida
Acima de R$ 5 bilhões
espaço starkey
AES Eletropaulo
Braskem
Cemig
CSN
Embraer
Gerdau
Petrobras
Sabesp
Usiminas
Vale
Capital Aberto Receita Líquida
Até R$ 5 bilhões
BM&FBOVESPA
Celpe
EDP
Guararapes
Hypermarcas
Localiza
Capital Fechado
Mahle Metal Leve
Aché
Marcopolo
Eletrobras Furnas
Taesa
Embasa
Tractebel Energia
GRU Airport
22
especial
demonstrações financei
evoluíram pouco e
O
XVIII Prêmio ANEFACFIPECAFI-SERASA EXPERIAN
- Troféu Transparência
2014 demonstra que a
evolução na transparên-
cia ao passar dos anos é indiscutível, mas
que o caminho a percorrer pelas empresas ainda é longo para chegar à forma
mais direta e clara de expor informações
em suas demonstrações financeiras.
O que se destacou
na preparação
e avaliação do
exercício premiado
pelo Troféu
Transparência
deste ano
Nelson Carvalho, professor da FEA-USP
(Faculdade de Economia, Administração
e Contabilidade da Universidade de São
Paulo) e membro da Comissão Julgadora
representando a Fipecafi.
O que mais lhe impressionou foi a falta
de referência à questões que estão presentes na mídia e que podem influenciar
a expectativa de fluxos de caixa futuros,
não abordados pelos preparadores. Falta
Na opinião dos membros da Comissão
também um posicionamento claro sobre
Julgadora do Prêmio, os documentos
quanto os novos pronunciamentos do
analisados este ano não trouxeram inova-
CPC (Comitê de Pronunciamentos Con-
ções de relevância. Pelo contrário, o que
tábeis) influenciarão ou não as demons-
mais chamou atenção foi a dificuldade
trações financeiras futuras. Em sua visão,
em evoluir nas notas explicativas, as quais
as notas sobre provisões para perdas
continuam excessivamente grandes e,
e sobre contingências continuam não
mesmo assim, não garantem a clareza
demonstrando como a empresa e seus
da informação. “As notas sobre gerencia-
assessores legais avaliam a orientação do
mento de risco são quase ‘aulas’ extraídas
CPC sobre “more likely than not” (em tra-
dos livros-texto, dissertando sobre o que
dução livre, “mais provável do que não”).
é gestão de riscos, mas sem revelar com
“Ainda encontramos notas explicando o
objetividade como cada empresa efe-
óbvio - que as demonstrações financeiras
tivamente gerencia seus riscos”, afirma
foram preparadas seguindo a Lei das
23
ras
m 2014
primeiros anos após a aplicação das normas internacionais de contabilidade. Em
2013 não percebemos grande evolução
e este ano as notas estão no mesmo nível
do ano anterior”, analisa.
Para o presidente da ANEFAC, Amador Alonso Rodriguez, deve-se buscar
bom-senso durante a elaboração das
notas explicativas. “A proposta é reduzir
da publicação partes conceituais da
espaço starkey
legislação e dos pronunciamentos de
contabilidade, garantindo que as notas
explicativas apresentem considerações e
Da esq. para a
dir., Amador Alonso
Rodriguez, ANEFAC; José
Ronoel Piccin, ANEFAC
e JRP; José Luiz Rossi,
Serasa Experian; e
Nelson Carvalho, FEA-USP
e Fipecafi
detalhamentos de fatos específicos que
S.A., as normas da CVM (Comissão de
existam na empresa, e não genéricos,
Valores Mobiliários) e do CPC. Como se
não encontrados na empresa”, aponta.
pudessem fazer diferente”, argumenta.
Mesmo diante desta dificuldade, Martins
De acordo com Carvalho, na maioria
observa que, comparativamente a 2009,
das vezes, as notas que merecem
último ano antes da implantação com-
olhar crítico e avaliação de conteúdo
pleta das normas internacionais, é notável
e, consequentemente, contam mais
o avanço das demonstrações financeiras
pontos ao serem avaliadas, são aquelas
das empresas. Ao se darem conta do valor
sobre gestão de riscos, práticas con-
agregado da transparência, o tema tem
tábeis adotadas quando há opções,
conquistado caráter estratégico dentro e
contingências e perdas provisionadas,
fora das organizações, segundo o presi-
transações com partes relacionadas e
dente da Serasa Experian, José Luiz Rossi.
combinação de negócios.
“A transparência é um tema cada vez
O professor da FEA-USP, Eliseu Martins,
mais presente na gestão de empresas
que também integra a Comissão Jul-
que buscam fortalecer sua atuação. É
gadora do Troféu Transparência repre-
uma realidade para organizações dos
sentando a Fipecafi, destaca que, além
mais diferentes portes e áreas de ativida-
de problemas nas notas explicativas em
de”. Segundo ele, a população brasileira
geral, faltam informações sobre defini-
também está cada vez mais atenta às
ções de taxas de desconto e dos critérios
atitudes de pessoas e empresas, princi-
de avaliação, principalmente quando
palmente de conotação e abrangência
se trata de valor justo. “Houve grande
públicas, o que faz com que o nível de
evolução das notas explicativas nos três
tolerância aos erros seja cada vez menor.
24
especial
Como trabalhar
as más notícias
Se a população em geral está mais criteriosa, é de se esperar que investidores,
credores e analistas diminuam ainda
mais o nível de tolerância. Por isso, trabalhar informações no caso de divulgar
más notícias é ainda mais difícil e torna-se
Acima, Edmar Paiva,
Localiza. Ao lado,
de cima para baixo,
Joel Benedito Junior,
Braskem; e Miguel
Amaro, EDP
um obstáculo a ser superado. Carvalho
acredita que investidores e credores não
receiam notícias ruins, embora não as
desejem. “O que investidores e credores
odeiam é a falta de transparência. Admitir dificuldades e obstáculos e desenhar
Na Gerdau, por exemplo, ainda que
início de cada projeto para facilitar a
estratégias para superá-los valoriza quem
os resultados sejam abaixo do esperado,
confecção e detalhamento das infor-
revela”, garante.
as informações são abertas ao mercado
mações na demonstração financeira,
Para Martins, “fornecer informações
invariavelmente, segundo André Pires de
de acordo com Elaine Funo, diretora
positivas é fácil, qualquer um faz, e não
Oliveira Dias, vice-presidente executivo de
contábil e fiscal da companhia.
há mérito nenhum. A grande diferença
Finanças, Controladoria e Relações com
está na empresa que tem coragem de
Investidores da empresa.
Na opinião de Tulio Queiroz, CFO da
Riachuelo (Guararapes Confecções),
mostrar o que não é tão bom”, avalia. No
Para Marcus Severini, diretor de Con-
a divulgação de possíveis informações
dia a dia, qualquer empresa está sujeita
troladoria da Vale, a transparência está
negativas deve ser sempre apresenta-
a enfrentar situações que comprometem
muito mais vinculada com o conceito
da com a mesma transparência que
o andamento do negócio, desde o in-
de como se faz do que com a forma
qualquer outra informação publicada
cêndio em uma instalação ou acidentes
com que é feita. “Trabalhamos muito
nas demonstrações financeiras, “porém,
com colaboradores até problemas admi-
para simplificar nossas notas explicativas,
é necessário apresentar ao mercado
nistrativos. José Ronoel Piccin, integrante
mas ainda nos deparamos com uma
os motivos que causaram tais efeitos e
da Comissão Julgadora e membro do
forte resistência de órgãos reguladores,
as medidas que estão sendo adotadas
Conselho de Administração da ANEFAC,
auditores e até de nós mesmos”, aponta,
para melhorar tais informações”, enfatiza.
sugere que, via de regra, a empresa
indicando este como o aspecto em que
Na avaliação de José Antonio Valiati,
mencione o ocorrido, bem como descre-
mais existe espaço para aprimoramento.
CFO e diretor de Relações com Inves-
va as providências tomadas para superar
Já a Embraer tem trabalhado cada
tidores da Marcopolo, a companhia
os problemas. “O verdadeiro segredo da
vez mais próxima das unidades de ne-
trata os temas não tão positivos com
transparência está exclusivamente na
gócio, procurando, de forma proativa,
transparência e objetividade, buscando
forma de divulgação das informações
entender e enquadrar antecipadamente
tomar ações preventivas e corretivas para
não positivas”, conclui Martins.
os conceitos contábeis ao negócio no
mitigar efeitos negativos.
25
Foto: Júllio Soares
Os esforços nas
notas explicativas
Acima, da esq. para a
dir., Rui de Britto Álvares
Affonso, Sabesp;
Sidinei Righini, Aché;
e José Antonio Valiati,
Marcopolo. Ao lado,
Tulio Queiroz, Riachuelo
(Guararapes)
Apesar de os membros da Comissão
Julgadora do Troféu Transparência chamarem atenção para o tamanho das
notas explicativas e a desinformação
contida em seus textos, as empresas
têm centrado esforços nesta questão.
Na Sabesp, a preparação das notas
espaço starkey
explicativas não é tarefa exclusiva da
área contábil. “As áreas operacionais da
companhia ajudam a garantir que todas
as informações necessárias para enten-
Na Localiza, quando ocorre um
evento que impacta as demonstra-
ouvidoria e CAC (Central de Atendimen-
der uma operação estejam demonstra-
to ao Cliente).
das em nota, e a área contábil discute
ções financeiras, o assunto é analisado
Para a elaboração das demonstrações
e orienta quais são as informações
tempestivamente, estudando as regras
deste ano, a empresa fez um checklist
mínimas que precisam ser divulgadas
contábeis que tratam do tema, analisan-
de divulgações completo, o que ajudou
de acordo com as normas contábeis”,
do e compilando todas as informações
a verificar se o negócio e as principais
compartilha Rui de Britto Álvares Affonso,
de acordo com as exigências. “Ao final, é
transações da empresa estavam bem
CFO e diretor de Relações com Investi-
feita a análise crítica da nota explicativa
comunicados. “Dessa forma, aprimo-
dores da companhia.
a ser divulgada, buscando eliminar os
ramos o processo de controles internos
O gerente de Contabilidade da
excessos de informação sem perder a
e aperfeiçoamos as práticas de gover-
Braskem, Joel Benedito Junior, assume
qualidade”, diz Edmar Paiva, diretor de
nança corporativa”, acrescenta Righini.
que a tarefa não é fácil e revela que a
Controladoria da empresa.
A EDP, por atuar no segmento de
empresa está dando os primeiros passos
Consistência e clareza nas infor-
energia elétrica, que sofreu recente-
para reduzir o tamanho dos textos. “É
mações também são princípios que
mente alterações na regulamentação,
desafiador porque parece que é mais
norteiam o diálogo do Aché com seus
atravessa um momento de elevada
seguro aos diversos entes que atuam na
públicos, tanto nos bons momentos
volatilidade, com impactos negativos,
elaboração das demonstrações financei-
quanto em situações desafiadoras. Si-
econômicos e financeiros, segundo
ras colocar o máximo de informações,
dinei Righini, diretor executivo financeiro,
Miguel Amaro, diretor vice-presidente de
mesmo que parte delas seja irrelevante”,
explica que por meio do relacionamento
Finanças e Relações com Investidores e
afirma, destacando a necessidade de
com a imprensa, o laboratório mantém
diretor vice-presidente de Operações da
julgamento profissional. Uma sugestão
diálogo com a população, além de
Distribuição. “Se o fato gerador origina um
para buscar a objetividade pretendida,
se relacionar com os públicos externos
evento negativo, só há uma conclusão:
segundo ele, é tentar ver o relatório com
através dos canais nas redes sociais, site,
é divulgá-lo”, encerra.
os olhos dos stakeholders.
Foto: Banco de
Imagens Petro
bras
especial
26
do pela redução de 44% na quantidade
de páginas do relatório anual entre 2010
e 2014, sem perda de qualidade e relevância, segundo ele.
Na Mahle, a elaboração das notas
explicativas conta com a revisão de
uma equipe da companhia em conjunto
com a auditoria externa com objetivo de
obter o maior nível de transparência na
leitura das notas, de acordo com Caio
Gonçalves de Moraes, diretor financeiro
e de RI da empresa. Uma tática adotada como padrão pela Hypermarcas é
buscar sempre transformar explicações
potencialmente extensas em tabelas,
com texto simples complementando
qualitativamente as informações numéricas. Segundo Martim Mattos, CFO da
De cima para baixo,
Almir Barbassa,
Petrobras; Antonio
Miguel Marques,
GRU Airport; Caio
Gonçalves de Moraes,
Mahle; e Nilmar Sisto
Foletto, Furnas
empresa, no comentário de desempenho do exercício, eles associam visão
estratégica aos números, relacionando
os principais fatos financeiros aos destaques operacionais que demonstram a
evolução do negócio.
Apesar de não ser uma empresa de
capital aberto e não ter exigências quan-
“Fazemos um trabalho constante de
conferir maior qualidade das informa-
to à divulgação de notas explicativas, o
avaliação sobre o que é realmente
ções, mantendo o nível de conformidade
GRU Airport tem grande preocupação
importante ao investidor e procuramos
com os requisitos normativos de divulga-
em seguir as orientações contidas nas
racionalizar o nível de informação para
ção e sem perder o foco na relevância
instruções da CVM sobre clareza, objeti-
que possamos levar ao mercado apenas
das divulgações. O diretor financeiro e de
vidade e acuracidade das informações
aquilo que é relevante para o investidor
Relações com Investidores da Petrobras,
descritas. “Garantimos aos usuários os es-
e que agrega conhecimento sobre a
Almir Barbassa, conta que a elaboração e
clarecimentos necessários para o correto
situação atual e futura da companhia”,
revisão das notas explicativas na empresa
entendimento do conteúdo das demons-
revela Rogério Leme Borges dos Santos,
é regida de maneira que as informações
trações financeiras, trazendo informações
diretor de Controladoria da CSN.
sejam avaliadas não apenas no âmbito
quantitativas de forma ordenada e clara”,
No ano de 2013, a Petrobras fez uma
normativo, mas considerando a visão de
diz Antonio Miguel Marques, presidente
revisão de diversas notas explicativas para
gestores. O resultado pode ser corrobora-
do Aeroporto Internacional de São Paulo.
27
Desafios das
demonstrações em 2014
A maioria das empresas premiadas na
rente de tais ações fizeram com que
Paralelamente, a empresa enfrentou o
XVIII edição do Troféu Transparência infor-
o setor tivesse desafios extras na hora
desafio de encarar uma reestruturação or-
mou que um dos desafios na elaboração
de preparar as demonstrações. Traduzir
ganizacional acompanhada de um plano
das demonstrações foi estar em linha
essas alterações e seus impactos para
de desligamento incentivado, que reduziu
com as práticas contábeis requeridas
o negócio foi uma tarefa a mais para as
o quadro de empregados em cerca de
pelo CPC. No entanto, na busca pela
empresas do segmento. “A regulamenta-
30%. Para Nilmar Sisto Foletto, diretor de Fi-
transparência, elas devem encontrar
ção da nova legislação foi sendo editada
nanças de Furnas, a ação trouxe o desafio
equilíbrio entre o volume de informações
ao longo do exercício, demandando a
de aperfeiçoar os processos de trabalho,
que são úteis para investidores e analistas,
necessidade permanente de estudo,
fazendo mais com menos recursos.
e aquilo que é exigido pela legislação.
avaliação e registro do seu impacto nas
Já na Tractebel Energia, o gerente de
As recentes mudanças relacionadas
demonstrações financeiras da empresa,
Contabilidade Marcelo Malta acredita
à renovação das concessões de trans-
como, por exemplo, a realização de teste
que, do ponto de vista prático, a apropria-
missão, de geração e de distribuição de
e registro de onerosidade dos contratos
da divulgação em notas explicativas dos
energia elétrica, redução de encargos
de concessão prorrogados”, esclarece
instrumentos financeiros e das combina-
setoriais e a modicidade tarifária decor-
Fernando Rosa, contador de Furnas.
ções de negócios tem sido um desafio e
espaço starkey
28
especial
Ao lado, Leonardo
George de Magalhães,
Cemig. Abaixo, Marcos
Aurélio Alves, Usiminas; e
Dilemar Matos, Embasa
Investidores da Taesa, no processo de elaboração das demonstrações financeiras
Foto: Elderth Theza
a companhia procura otimizar as informações fornecidas, divulgando o requerido
nas normas contábeis, porém, sem se
exceder em informações desnecessárias.
Uma das maneiras que a administração da Celpe encontrou para trabalhar
a divulgação de informações negaum grande fator de motivação para os
tivas foi promover reuniões mensais
profissionais do departamento de Conta-
de resultados com o corpo gerencial.
bilidade da companhia.
Posteriormente, as informações sobre
Na Usiminas, as demonstrações finan-
os resultados e desafios são repassados
ceiras são avaliadas por diversas áreas,
aos demais colaboradores. “Também
incluindo Jurídica e de Relações com In-
são realizadas visitas trimestrais nas
vestidores, com objetivo de assegurar que
unidades regionais da empresa. Nesses
os textos contenham toda a informação
encontros, o presidente conversa com
relevante para tomada de decisão dos
todos os colaboradores para falar dos
usuários, segundo Marcos Aurélio Alves,
resultados e desafios da empresa”,
gerente de Contabilidade da empresa.
aponta Marcílio Quintino, gerente do
De acordo com ele, questões sensíveis
departamento de Contabilidade.
exigem um acompanhamento especial,
A diretora de Relações com Investido-
realizado pelas áreas de gestão visando
res da AES Brasil, Clarissa Sadock, diz que
definir o formato adequado para sua
a AES Eletropaulo busca tratar toda e
divulgação ao mercado.
qualquer informação com clareza e ob-
Segundo Cristiano Correa de Barros,
jetividade, independentemente de serem
diretor de Finanças e Relações com
positivas ou não. Ao se comprometerem
29
Da esq. para a dir.,
Marcelo Malta,
Tractebel; Cristiano
Correa de Barros,
Taesa; Clarissa Sadock,
AES Brasil; e Marcílio
Quintino, Celpe
com a transparência das informações,
finalidades específicas, voltadas para
as empresas garantem a perenidade
atender apenas a certos grupos de usuá-
do negócio, como destaca Leonardo
rios em detrimento dos usuários em geral.
George de Magalhães, superintendente
“Isso levaria a companhia a se afastar
de Controladoria da Cemig. “O mercado
da orientação preceituada na estrutura
de capitais e a sociedade punem, no
conceitual do CPC”, descreve.
médio e longo prazo, as empresas que
Paulo Claver, diretor financeiro da
têm como prática a ocultação de infor-
BM&FBOVESPA, conta que a própria equi-
mações ou a distorção da realidade dos
pe impõe-se o desafio de melhorar conti-
fatos. Entendemos que essa alternativa
nuamente. “Isso está ligado não apenas
não é sustentável, não condiz com os
ao cumprimento das regras contábeis
nossos valores e práticas”, comenta.
(que estão em constante mudança), mas
Dilemar Matos, diretor financeiro e
também a garantir que estamos comu-
comercial da Embasa, relata que o
nicando nas demonstrações financeiras
desafio da empresa na elaboração das
de forma clara e sintética tudo aquilo
demonstrações financeiras do exercício
que é relevante para os diversos públicos
premiado pelo Troféu Transparência em
(acionistas, reguladores, contrapartes,
2014 foi evitar produzir informações com
funcionários)”, conclui.
espaço starkey
30
entrevista
Problemas de
sintaxe podem
estar por trás de
dificuldade em
criar notas
explicativas sucintas
e realmente
informativas
notas nem tão explicativas
Para Ariovaldo dos Santos, professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
“
da Universidade de São Paulo) e membro da Comissão Julgadora do Troféu Transparência como representante da Fipecafi, muito pouco se evoluiu na apresentação das demonstrações financeiras desde a grande
mudança, em 2010. Notas explicativas excessivamente grandes, dados sem importância e informações
repetidas continuam tornando as demonstrações um documento de difícil acesso à compreensão do
usuário no Brasil e no mundo.
joint venture, de controle compartilhado.
mais compreensível? Essa mudança se reflete apenas nos nú-
A.S.: Existem dois pontos para avaliarmos
a questão. O primeiro diz respeito à norma
e o que está escrito na lei, nas regras contábeis e nas normas CVM (Comissão de
Valores Mobiliários), Ibracon (Instituto dos
Auditores Independentes do Brasil) e CPC
(Comitê de Pronunciamentos Contábeis).
Os contadores se utilizam da legislação
para dizer que estão fazendo de forma
complexa, pois existem determinações
dos reguladores a serem seguidas. Por
outro lado, digo que nós, contadores,
praticamos o que chamo de prepotência
profissional. Isso significa que o contador
faz o balanço para ele ou para seus colegas contadores. Não temos a preocupação de escolher outra forma de fazer
e tentar buscar em outras áreas maneiras
de fazer esse tipo de comunicação. E os
meros, ou seja, é algo que só é possível
perceber se olhar com atenção as notas
explicativas. As grandes mudanças mesmo aconteceram no período entre 2008
e 2010, quando as empresas tiveram o
Revista ANEFAC: Que pontos mais cha-
prazo para fazer as adaptações. Todas
maram atenção nas demonstrações
elas, de uma forma geral, já tinham que
das empresas da XVIII edição do Troféu
fazer as demonstrações em 2010 de
Transparência?
Ariovaldo dos Santos: Como as demonstrações já vieram com base em regras
estabelecidas em 2010, não têm grandes novidades, portanto, a apresentação
das demonstrações foi praticamente
uma repetição daquilo que já vinha
sendo apresentado. Esse ano, a novidade foi a exclusão dos balanços da
consolidação de empresas que fazem
acordo com os novos padrões contábeis,
além de repetir ou refazer as demonstrações de 2009. De lá para cá não tivemos
grandes novidades.
R.A.: Ainda é comum que pessoas não
ligadas às áreas de Finanças e Contabilidade tenham dificuldade para ler as
demonstrações das empresas. Como as
companhias podem tornar essa leitura
31
R.A.: Como é possível ser transparente
isso. Onde resolvo essa questão? Deveria
nas demonstrações financeiras com
resolver dentro da faculdade de Con-
informações que não são positivas para
tabilidade, dos organismos contábeis,
a empresa?
buscando auxílio, por exemplo, dentro da
A.S.: A empresa deve dizer a verdade
porque a ideia de transparência é exatamente esta. Se uma empresa mostrar
que está endividada, mas expor nas
notas explicativas as causas, quais são
suas expectativas, o que ela pretende
fazer para se recuperar, está sendo
transparente. Ela não pode apresentar
um balanço quebrado e no relatório de
administração, por exemplo, dizer que é a
melhor coisa do mundo trabalhar no seu
ramo de atuação e nas condições que
opera. Certamente isso não é consistente.
área de Comunicação ou de Letras para
ajudar a escrever uma nota explicativa
mais sucinta. Se me perguntar como
fazer isso, não saberei dizer porque não
estudamos para isso.
R.A.: Durante o processo de seleção,
a Comissão leva em consideração a
linguagem utilizada na demonstração e
a facilidade de entendimento? A.S.: Consideramos o que as notas explicativas devem dizer. Algumas notas são
absolutamente inexplicativas, mas isso
não foi verificado apenas nessa edição
espaço starkey
R.A.: Em que pontos as empresas de-
do Prêmio. Lemos a nota e percebemos
veriam investir em melhorias nas suas
que nada foi explicado. Isso não aconte-
demonstrações? A.S.: Elas deveriam fazer uma reavaliação
das informações divulgadas nas notas
explicativas, pois elas são excessivamente extensas. As empresas continuam
fazendo exatamente a mesma coisa, ou
seja, incluindo informações que não são
necessárias, dados sem importância e
repetindo informação. Não há preocupação de mostrar aquilo que é relevante.
Esse é um problema que precisa ser
resolvido e não é exclusivo do Brasil, é
um problema do mundo. Tanto é que há
uma preocupação mundial com o tema,
mas não se vê grandes modificações.
Em uma empresa da qual participo no
Conselho Fiscal, fizemos uma revisão de
linguagem das notas explicativas e conseguimos diminuir em 25% a quantidade
de palavras das notas sem alterar seu
contexto. Não fizemos uma avaliação
de mérito, ou seja, se determinada informação merece ou não estar na nota
ce porque a pessoa que a escreveu não
é formada ou não tem qualquer tipo de
conhecimento em Contabilidade. Isso
acontece porque quem escreveu não
sabia direito o que escreveu ou o fez para
que as pessoas não entendessem.
R.A.: Que detalhes são analisados pela
Comissão e que contam pontos para
as empresas? A.S.: Primeiro olhamos se as notas explicativas são compatíveis com aquilo que está
nas demonstrações. Verificamos também
se o relatório da administração reflete
efetivamente o que as notas explicativas
e as demonstrações estão dizendo. Por
exemplo, uma empresa que está quebrada não pode dizer no seu relatório de administração que está tudo bem. Olhamos
essa consistência entre o relatório de administração e aquilo que as demonstrações
e as notas explicativas estão mostrando.
explicativa, mas sim uma revisão na
forma de escrever, o que mostrou que
há muito espaço para ser melhorado.
R.A.: Qual é o principal desafio da
Comissão Julgadora ao analisar as demonstrações financeiras das empresas? A.S.: Escolher os destaques é o maior
desafio porque em alguns casos elas são
muito equilibradas, tanto para as coisas
boas, como para as ruins. Hoje, o grande
problema é encontrar o diferencial, e isso
normalmente é feito quando as empresas
tentam inovar ou são mais ousadas em
fornecer uma informação de maneira
diferenciada. Mas não há uma regra.
“
órgãos de classe também não fizeram
R.A.: Como as empresas podem utilizar
suas demonstrações de forma que
agreguem valor, tornando-as mais
transparentes?
A.S.: Informando ao público da forma
mais verdadeira e concisa possível. A
ideia da demonstração financeira é exatamente essa: que ela ajude seu usuário
a tomar uma decisão. Se a empresa
fizer uma demonstração que permita a
alguém, com base nela, tomar a decisão de investir ou não nesta empresa,
emprestar dinheiro ou não, ser ou não
cliente ou fornecedor, estará cumprindo
sua função primordial de informar.
especial
“
“
32
capital aberto acima de R$ 5 bilhões
O trabalho
realizado pela
companhia está em
constante evolução e
aprimoramento. Clareza
e objetividade fazem
parte do escopo de
melhoria contínua.
Clarissa Sadock, diretora
de Relações com Investidores
da AES Brasil
“
“
Tentar ver o relatório
com os olhos dos stakeholders
é uma forma de buscar
objetividade. Para isso, é preciso
testar o entendimento das notas
com integrantes da empresa que
não estão ligados à preparação
das demonstrações.
Joel Benedito Junior,
gerente de Contabilidade
33
“
“
Apesar de todo o
esforço de simplificação, as
demonstrações financeiras
brasileiras devem passar por um
processo de redução no tamanho
dos relatórios e notas explicativas,
o que exige convergência de
entendimento entre reguladores,
profissionais do mercado,
academia e auditores.
Leonardo George de Magalhães,
superintendente de Controladoria
“
“
espaço starkey
As divulgações não têm como
característica tentar passar imagem
positiva, esconder ou minimizar informações
negativas, mas sim relatar com clareza os
acontecimentos dos fatos para que conclusões
positivas ou negativas fiquem por conta dos
leitores e usuários das informações.
Rogério Leme Borges dos Santos,
diretor de Controladoria
“
“
A gestão
atual tem trabalhado
cada vez mais próxima
das unidades de
negócio, procurando
entender e enquadrar
antecipadamente os
conceitos contábeis ao
negócio no início de
cada projeto, o que
facilita a confecção
e detalhamento
das informações
nas demonstrações
financeiras.
“
“
34
especial
capital aberto acima de R$ 5 bilhões
Elaine Funo, diretora
contábil e fiscal
Excelência
com simplicidade é um
valor que permeia todos
os processos da Gerdau.
Diante disso, todas as notas
divulgadas pela empresa
procuram ser claras,
diretas e objetivas.
André Pires de Oliveira Dias,
vice-presidente executivo de
Finanças, Controladoria e
Relações com Investidores
35
“
“
Passamos a divulgar
um conjunto de informações
suplementares sobre atividades de
exploração e produção que, pela
relevância e por tratarem do principal
negócio da companhia, proporcionou
significativo ganho de qualidade às
demonstrações.
espaço starkey
“
As áreas
operacionais ajudam
a garantir que todas as
informações necessárias para
entender uma operação
estejam demonstradas, e
a área contábil discute e
orienta sobre as informações
mínimas de acordo com
as normas contábeis. Há
preocupação de que muita
informação pode confundir
ao invés de informar.
“
Almir Barbassa, diretor
financeiro e de Relações
com Investidores
Rui de Britto Álvares Affonso, CFO e
diretor de Relações com Investidores
“
“
O objetivo perseguido
neste exercício foi, mantendo
a qualidade da informação
divulgada, melhorar sua
redação para facilitar a leitura
e o entendimento pelos diversos
usuários da informação.
Marcos Aurélio Alves,
gerente de Contabilidade
“
“
36
especial
capital aberto acima de R$ 5 bilhões
A preparação
das nossas demonstrações
financeiras é a fase
final de um grande
ciclo de cooperação
com diversos setores da
organização, de forma
a permitir que o usuário
dessas informações
tenha uma clara visão
de nossas operações
e estratégias.
Marcus Severini, diretor
de Controladoria
“
“
Transparência é
fundamental, ainda mais
em uma empresa que é
indutora de boas práticas
entre as companhias que
listam seus valores em
nossos mercados. O que
dá lastro a credibilidade
é o fato de analistas e
acionistas saberem que
sempre conhecerão
através de nós as questões
importantes para a
companhia.
“
“
Paulo Claver,
diretor financeiro
A Celpe preza pela
objetividade e clareza das
notas explicativas porque
entende que publicações
com informações excessivas
prejudicam o interesse
dos usuários.
Marcílio Quintino,
gerente de
Contabilidade
37
especial
capital aberto até R$ 5 bilhões
espaço starkey
“
“
O contexto nem
sempre é o que gostaríamos,
mas há que saber lidar com essas
situações demonstrando sempre
de forma transparente o que se
passa e as consequências nas
demonstrações financeiras.
Miguel Amaro, diretor vice-presidente
de Finanças, Relações com Investidores
e de Operações da Distribuição
“
O principal
desafio é buscar o
aperfeiçoamento
dos relatórios para
torná-los cada vez
mais claros e de
fácil compreensão
para o mercado e,
ao mesmo tempo,
apresentá-los com
total aderência às
diretrizes dos órgãos
reguladores.
Tulio Queiroz, CFO
“
38
especial
capital aberto até R$ 5 bilhões
39
“
“
“
O importante é manter
consistência e informar a evolução dos
principais indicadores ao mercado para
que cada analista tenha subsídios para
entender o que ocorre na companhia
e embasar sua opinião sobre o
desempenho no exercício.
espaço starkey
“
Martim Mattos, CFO
É um desafio manter o equilíbrio
entre divulgar todas as informações
úteis para os investidores e mercado e o
volume requerido pelas regras contábeis
e reguladores. Buscamos publicar um
relatório abrangente, com informações
necessárias para a análise e que seja
objetivo ao mesmo tempo.
Edmar Paiva, diretor de Controladoria
“
“
A companhia orienta sua
comunicação ao mercado - seja na
divulgação de informações positivas ou
negativas - de maneira transparente
e equânime, pois acredita que isso irá
refletir positivamente na sua reputação
e credibilidade.
Caio Gonçalves de Moraes,
diretor Financeiro e de RI
“
“
40
especial
capital aberto até R$ 5 bilhões
Nossos
principais desafios
na preparação das
demonstrações
financeiras foram
as interpretações
das normas ou
alterações de normas
adotadas pelo IFRS no
Brasil e nos
demais países.
José Antonio Valiati, CFO
e diretor de Relações
com Investidores
41
“
“
“
“
A companhia
divulgou todas
as informações
relevantes ocorridas no
período, fornecendo
explicações suficientes
para que seu
público se sentisse
confortável na leitura
das informações e na
tomada de decisões
necessárias.
Cristiano Correa de
Barros, diretor de
Finanças e Relações
com Investidores
espaço starkey
A apropriada divulgação
em notas explicativas dos instrumentos
financeiros e das combinações de
negócios tem sido um desafio e um
grande fator de motivação para os
nossos profissionais.
Marcelo Malta, gerente
de Contabilidade
Consistência e clareza nas informações são
princípios que norteiam o diálogo do Aché com seus públicos
nos bons momentos e em situações desafiadoras. Concisão
e coesão são fundamentais para a comunicação com os
públicos, tanto externos como internos.
Sidinei Righini, diretor executivo financeiro
“
A divulgação
das informações segue
a diretriz de informar
com clareza, em
linguagem simples,
explicando o fato, o
contexto, os possíveis
desdobramentos, os
impactos quando
passíveis de serem
avaliados, e o que a
empresa planeja fazer
em consequência.
Nilmar Sisto Foletto,
diretor de Finanças
“
42
especial
“
“
capital fechado
43
“
“
Um grande desafio na elaboração das
demonstrações de uma grande companhia é evitar
produzir informações com finalidades específicas,
voltadas para atender apenas a certos grupos de usuários
em detrimento dos usuários em geral.
Dilemar Matos, diretor financeiro e comercial
“
“
espaço starkey
Apesar da não exigência de
divulgar notas explicativas por ser uma
empresa de capital fechado, temos
grande preocupação em seguir as
orientações contidas nas instruções
da CVM sobre clareza, objetividade e
acuracidade das informações.
Antonio Miguel Marques, presidente
44
panorama
Plano Real:
a economia 20 anos depois
A
o hábito de estocar, e fazer uma compra
a metade do que ganhava no início do
Um dos últimos países
a domar a inflação
no mundo, o Brasil
segue com o desafio
de controlar a taxa,
aumentar o crescimento e diminuir os
gastos públicos
período. Nesta época, as pessoas tinham
Por Jennifer Almeida
controle que os indexadores do período
té julho de 1994, com
preços sendo remarcados
diariamente, o brasileiro
não tinha ideia de quanto
ganhava e do real valor
dos produtos. A inflação na ordem dos
40% ao mês fazia com que o poder de
compra do assalariado caísse vertiginosamente. Ao final de um mês, era como
se ele estivesse ganhando praticamente
no supermercado ou farmácia era uma
corrida contra o tempo, lembra Roberto
Vertamatti, sócio-diretor da Apus Consultoria, membro do Conselho de Administração e diretor de Economia da ANEFAC.
“A hiperinflação, por si só, alimentava a
inflação futura. Tudo estava indexado.
Para se ter uma ideia, em 1994 a inflação
anualizada superava 4.900%”, aponta.
A inflação era tão elevada e fora de
45
lhe desse diretamente as fichas. “Meu
Ele propiciou as bases para tudo o que
filho estava indexado em fichas de flipe-
foi feito”, resume.
rama”, brinca.
Da esq. para a dir.,
Jorge Augustowski,
ANEFAC, Lexus e
Wisdom Brazil; Andrew
Frank Storfer, ANEFAC
e Interacta; Alexandre
Assaf Neto, Instituto
Assaf; Fabiano Guasti
Lima, Instituto Assaf;
Roberto Vertamatti,
ANEFAC e Apus; e Louis
Frankenberg, ANEFAC
e Personal Financial
Planning
Para Fabiano Guasti Lima, diretor e
Muita coisa mudou a partir do dia 1º
pesquisador do Instituto Assaf, o grande
de julho de 1994, quando o Plano Real
legado do Plano Real foi o aprendizado
entrou em vigor, após ser arquitetado
do brasileiro sobre o verdadeiro valor do
desde 1993 pela equipe econômica
dinheiro. Ou seja, a partir dele, foi possível
criada por Fernando Henrique Cardoso,
saber quanto efetivamente se ganhava e
então ministro da Fazenda do governo
o real valor dos bens. “Com isso, conse-
Itamar Franco. Concebido pelo grupo do
guimos entender as taxas de juros no Brasil
qual também faziam parte Edmar Bacha,
e a necessidade de ter metas claras de
Pérsio Arida, André Lara Resende, Gustavo
combate à inflação. A capacidade de
Franco e Pedro Malan, o plano foi dividi-
compra do brasileiro aumentou e isso foi
do em três etapas: equilíbrio das contas
determinado pela estabilidade da eco-
públicas, com redução de despesas e
nomia”, afirma.
aumento de receitas, ocorrido nos anos
Mas, de lá para cá, o Real desvalori-
de 1993 e 1994; criação da URV (Unidade
zou. Agora vale 1/5 do que valia há 20
anterior ao Real1 passaram não mais a
Real de Valor) para preservar o poder de
anos, ou seja, perdeu 78% do seu valor.
proteger os cidadãos e as empresas,
compra da massa salarial; e, por fim, a
Isso significa que quem tinha R$ 100 no
mas de forma inversa ao seu objetivo,
dia 1º de julho de 1994, hoje teria R$ 22.
passaram a, praticamente, realimentar
transformação da URV em Real, a atual
espaço
starkey
moeda brasileira.
“Um
dos méritos do pla-
a inflação num sentido de antecipação
no foi derrubar a inflação e mantê-la em
1994 o valor da cesta básica era de R$
de expectativas inflacionárias que, por
níveis civilizados”, menciona Vertamatti.
101,93, e em junho deste ano era de
sua vez, antecipavam reajustes de preços
Segundos dados do Procon, em julho de
Para Augustowski, o Plano Real não
R$ 405,56 na cidade de São Paulo. O
foi a simples introdução de uma nova
mesmo ocorreu com o salário mínimo,
Cada empresa ou pessoa física, na
moeda. Foi mais do que a introdução
que era de R$ 64,69 na época, e agora
prática, passou a ter seu próprio inde-
do indexador URV, constituindo uma mu-
está em R$ 724.
xador, como por exemplo, a variação
dança da estrutura econômica do país,
É importante ressaltar que as diferen-
do dólar, do ouro, ou do preço dos
acompanhada de uma crucial reforma
tes classes socioeconômicas sentem
alimentos. Para ilustrar o cenário, Jorge
do sistema financeiro e das privatizações.
de forma distinta a inflação e a perda
Augustowski, diretor executivo de Econo-
Dentro da nova estrutura, surgiu o famo-
de poder aquisitivo nestes 20 anos. “Por
mia da ANEFAC, sócio da Lexus e CEO da
so tripé fundamento econômico, com
exemplo, enquanto para a classe média
Wisdom Brazil, lembra um fato pitoresco
metas de inflação, superávit primário e
o percentual gasto em relação ao sa-
vivido pouco antes do Plano Real. Durante
câmbio flutuante.
lário para atender ao item alimentação
em um círculo vicioso.
férias escolares, na praia, o filho sempre
Alexandre Assaf Neto, diretor e pes-
é bastante relevante, nas classes C, D
lhe pedia dinheiro para comprar fichas
quisador do Instituto Assaf, afirma que o
e E, o percentual é geralmente muito
de fliperama, mas a cada temporada
plano conseguiu trazer à economia um
superior. Os distintos itens do orçamento
os preços das fichas subiam e o dinheiro
equilíbrio fiscal e de controle da inflação.
doméstico familiar das diversas classes
dado não correspondia à alta. Perce-
“Gerou oportunidades de abertura de
têm pesos muito diferentes entre si”, des-
bendo que tinha condições de comprar
mercado com as privatizações, promo-
taca Louis Frankenberg, diretor executivo
um número cada vez menor, seu filho
veu concorrência, competitividade e
de Finanças Pessoais da ANEFAC e diretor
pediu que, ao invés de dar dinheiro, ele
atraiu investimentos para a economia.
da Personal Financial Planning.
Principais títulos utilizados como referência de indexação da moeda, além dos índices de inflação: ORTN – Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional –
1964 a 1986; OTN - Obrigação do Tesouro Nacional – 1986 a 1989 (na vigência do “Plano Cruzado”); BTN - Bônus do Tesouro Nacional – 1989 a 1991
1
46
panorama
Finanças pessoais
Roberto Vertamatti lembra que alguns
No campo das finanças pessoais, Louis
ajustes programados no início do Plano Real
Frankenberg diz que o Plano Real pos-
acabaram não sendo feitos, principalmen-
sibilitou que a população reaprendesse
te pela pressão das oposições à época.
o valor das coisas e avaliar as opções
Segundo ele, ainda resta fazer a reforma
de compra onde há o menor preço. Ele
previdenciária e acabar com o restante
lembra que uma parcela dos brasileiros
da indexação. “O atual governo acabou
aprendeu novamente a criar reservas,
implantando a reforma da previdência para
em especial por meio dos fundos com-
o setor público em dezembro de 2012, no
plementares de previdência que cres-
Passados 20 anos do Plano Real, percebe-se
entanto, na previdência privada nada foi
ceram muito nos últimos 15 anos. “Seria
que o Brasil vivenciou uma deterioração
feito, portanto, o rombo continua”, analisa.
muito triste se todos estes fatores fossem
macroeconômica, tornou-se um país
Quanto à indexação, observa que
novamente minimizados, caso a inflação
caro e sua produtividade não cresceu.
ainda hoje estão indexados os impostos,
assumisse proporções maiores que a
“Temos um desequilíbrio brutal com a
os salários das categorias sindicalizadas e
atual taxa de 6,5% ao ano” comenta.
inflação muito alta, um crescimento muito
também o aluguel, energia elétrica, água
Fabiano Guasti Lima, do Instituto Assaf,
baixo e, para completar, nada do restante
e esgoto, entre outros serviços. Vertamatti
observa que a poupança bateu recor-
anda bem. A manutenção do emprego,
reforça que os juros ainda são altos. Para
de de captação. “Hoje os investidores
o último baluarte, caiu por terra”, avalia
ele, o fator que contribui para isso são os
estão buscando se proteger mais do
Andrew Frank Storfer, membro do Conse-
elevados gastos do governo. “Caso não
risco e têm buscado alternativas para
lho de Administração da ANEFAC e sócio
sejam controlados, corremos o risco sim
diversificar suas aplicações financeiras,
da Interacta Participações. Para ele, a
de voltar a ter uma inflação bem maior.
entendendo-as melhor e conhecendo os
inflação no Brasil ainda é relativamente
Os juros nunca serão ‘civilizados’ no Brasil
produtos financeiros que estão disponíveis
alta quando se compara com o restante
se não contivermos fortemente os gastos
no mercado”, avalia. Para ele, com o
do mundo, especialmente ao analisar
do governo”, opina. Em sua visão, somen-
passar dos anos houve a necessidade de
inflação versus crescimento. “Os países da
te com a contenção e eficiência destes
maior conhecimento sobre os produtos
Aliança Del Pacífico (Chile, Peru, Colômbia
gastos, o Brasil conseguirá colocar em
financeiros, visto que eles ficaram mais
e México) têm um crescimento maior e
andamento a reforma tributária e investir
especializados, exigindo dos brasileiros
uma inflação bem menor”, aponta.
mais, em especial na infraestrutura.
Brasil, um país caro
REAL – O HISTÓRICO
(Fonte: Roberto Vertamatti, Jorge
Augustowski e Portal Brasil)
Em outubro de
Com o Cruzeiro
O Réis (R$), primeira
1942, instituiu-se o
Novo (NCr$), vigente
moeda brasileira,
Cruzeiro (Cr$). Mil
a partir de fevereiro
vigorou desde a épo-
réis passaram a
de 1967, houve
ca da colonização.
valer um cruzeiro.
corte de três zeros.
47
muito estudo sobre as principais diferen-
função da enorme instabilidade política
ças entre os diversos tipos de investimen-
e econômica atual, recomendo que as
to, “inclusive com relação a tributações
pessoas não façam apostas arriscadas e
e tarifas cobradas”, aponta.
tenham bastante flexibilidade em poder
De acordo com Frankenberg, para
rapidamente sair de posições e entrar
uma grande parcela da população o
em outras”, sugere. E para aqueles com
melhor investimento foi adquirir a casa
viagem programada até os próximos
“Para as próximas duas décadas, há
própria. Dados da Abecip (Associação
dois anos, Louis Frankenberg indica que
medidas simples que dependem apenas
Brasileira das Entidades de Crédito Imo-
comprem moeda antecipadamente.
de um planejamento de longo prazo,
biliário e Poupança) e do Banco Central
O Brasil tem enormes desafios a superar
que transcenda os prazos políticos e não
informam que em 1994 a concessão de
nos próximos anos, fundamentais para
sofra, ao longo do tempo, modificações
crédito imobiliário foi de R$ 1.735 milhões
reverter o atual cenário e oferecer um
ideológicas severas”, afirma Augustowski.
e houve a entrega de 61.384 unidades.
ambiente mais favorável aos negócios
Entre estas medidas, ele aponta agências
Em 2014 (dados do primeiro semestre),
e à população. Os próximos governantes
reguladoras fortes e independentes que
foram concedidos R$ 53.210 milhões e
deverão centrar esforços no aumento da
possibilitem garantir a perenidade de
entregues 256.749 unidades.
produtividade e do PIB (Produto Interno
regras e normatizações, de forma a atrair
O mercado acionário, como lem-
bruto), driblar a burocracia, aumentar
investimento consistente e constante;
bra o diretor de Finanças Pessoais da
o número de empregos e atrair capital
investimento massivo em educação, saú-
ANEFAC, também pode ter dado bons
de e segurança; reforma tributária e da
resultados, desde que os investidores
privado, dentre outros esforços. Apesar do
espaço
starkey
país apresentar
melhores
condições do
tenham acertado no timing de comprar
que há 20 anos, a hiperinflação ainda é
setor público; e medidas efetivas contra
ou vender determinadas ações. “Em
um fantasma que assombra os brasileiros.
a corrupção.
Previdência Social; reforma estrutural no
A URV (Unidade
Em março
Em maio de
Em fevereiro de
O Cruzado perdeu
de 1990, o
1970, o valor per-
1986, surgiu o
três zeros e pas-
Cruzeiro (Cr$) foi
Com o corte de
equivalente à
maneceu igual,
Cruzado (Cz$).
sou a se chamar
restabelecido,
três zeros, surgiu o
época a 2.750
mas a moeda
Mil cruzeiros
Cruzado Novo
onde um cruza-
Cruzeiro Real
cruzeiros reais,
voltou a chamar-se
passaram a valer
(NCz$) em janeiro
do novo é igual
(CR$) em agosto
passa a valer
Cruzeiro (Cr$).
um cruzado.
de 1989.
a um cruzeiro.
de 1993.
um real.
Real de Valor),
48
inside
o retrato da
inovação no
Brasil
Pesquisa aponta que
poucas empresas
brasileiras têm
utilizado a inovação
para agregar valor
estratégico aos
negócios
Por Jennifer Almeida
49
N
os últimos 25 anos a agenda empre-
também uma melhora em vários indicadores, tais
sarial brasileira esteve orientada para
como novas ofertas de produtos e projetos de novos
a eficiência do negócio, os ganhos
produtos. Em geral, há um foco na melhoria de pro-
em produtividade e a qualidade dos
cessos, produtos e serviços. Revela-se menor foco de
produtos e serviços. A inovação estava
inovação em supply chain, redes e canais. O foco é
centrada somente no desenvolvimento de produtos
ter uma estratégia formalizada e bem comunicada,
e, consequentemente, tinha caráter pouco estraté-
além de uma visão de longo prazo.
gico. A reflexão é de André Ribeiro Coutinho, diretor
Outro ponto que chamou atenção de Coutinho
da Symnetics e diretor executivo de Estratégias da
diz respeito ao ambiente e atitudes para inovação.
ANEFAC, empresa que presta serviços na área de
As empresas mais inovadoras têm ambiente mais
consultoria e educação em gestão da estratégia
favorável, onde dão oportunidade para as pessoas
e inovação, após cruzar os resultados da pesquisa
se manifestarem e mostram-se abertas tanto para as
“Gestão da Inovação no Brasil” com anos de análise
ideias vindas de qualquer nível hierárquico dentro da
sobre o tema.
empresa, como também para ideias que vêm de
“O Brasil tem um desafio muito grande de criar
fora, como dos clientes, por exemplo.
cultura e mentalidade de inovação junto aos empre-
Coutinho aponta a open inovation, realizada
sários e executivos, pois a questão ainda é incipiente
no país”, aponta. De acordo com ele, apenas há
com a participação de clientes e parcerias com
espaço starkey
universidades
ou campos de pesquisas, como uma
poucos anos as empresas brasileiras passaram a
prática bastante difundida não só para acelerar o
incluir a inovação na estratégia do negócio. Ainda
processo da inovação, mas também para capturar
assim, há muito por fazer. A pesquisa foi realizada
boas ideias. “Consiste em chamar os clientes e dis-
pela Symnetics em parceria com a IAE Business
tribuidores para cocriar e também tem um lado de
School (Universidad Austral), da Argentina. Em 2013,
agregar ideias de fora. A empresa não obteria os
500 executivos envolvidos com o universo da gestão
mesmos resultados se utilizasse apenas a inovação
da inovação no Brasil foram convidados a responder
de dentro da organização”, aponta.
a pesquisa quantitativa via internet.
A mesma pesquisa foi realizada na Argentina e
Deste universo, 29 questionários foram recebidos
identificou sensíveis diferenças. Enquanto o Brasil tem
de vários setores da economia brasileira - indústria,
deficiências relacionadas à cultura, no país vizinho
bancos, hospitais, serviços de internet e TI, energia,
isso não acontece. “Até por uma questão de sobre-
agroquímicos, siderurgia, educação e materiais de
vivência, pois eles têm sofrido com sucessivas crises
construção -, os quais foram separados em dois
financeiras, a Argentina é um país que tem a cultura
grupos: mais inovador e menos inovador. Para Cou-
de inovação presente. No entanto, não há uma for-
tinho, o baixo número de respostas reforça a falta
malização disso”, esclarece o diretor da Symnetics.
de cultura de inovação. “A maioria das empresas
No Brasil ocorre o contrário. Há maior nível de
respondeu que tinha receio de abrir as informações
profissionalização, mas a falta de mentalidade e
da empresa a respeito do tema. Como o assunto vai
ambiente propício trava muitas das iniciativas, que
se tornando cada vez mais estratégico, o receio de
acabam ficando apenas no papel. Em empresas
‘abrir a receita’ é maior”, enfatiza.
com maior grau de conscientização com a cultura
A pesquisa observou que a inovação no grupo mais
de inovação, os diretores têm o hábito de se reunir,
inovador é estratégica, ou seja, existe um processo
no mínimo, a cada três meses para reavaliarem as
formal com pessoas nomeadas dentro da empresa
estratégias, de acordo com Coutinho, citando Natura,
para acompanharem o tema, indicadores e meto-
Embraer e Siemens como referência no Brasil. “Nestas
dologias próprias para impulsionar a inovação. Há
empresas, um terço do que eles fazem é destinado
50
inside
para a inovação”, complementa.
Medidas para ampliar a inovação
plataformas de inovação setoriais; internacionaliza-
A MEI (Mobilização Empresarial pela Inovação),
ção das empresas; atenção, desenvolvimento e re-
grupo criado e liderado pela CNI (Confederação Na-
tenção de centros de P,D&I (Pesquisa, Desenvolvimen-
cional da Indústria), lançou este ano “A nova agenda
to & Inovação); projetos de P,D&I pré-competitivos;
da MEI para ampliar a inovação empresarial”, onde
fortalecimento da propriedade intelectual e acesso
destaca que os avanços conquistados pelo Brasil na
à biodiversidade; desenvolvimento da bioeconomia;
área ainda não são suficientes para posicionar o país
e P,D&I para PMEs de base tecnológica.
entre as economias mais competitivas do mundo.
A professora Cássia Rezende Dinis, coordenadora
A agenda traz propostas em diferentes estágios de
do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas do Centro
amadurecimento, as quais deverão ser discutidas
Universitário Newton Paiva, acredita que o Brasil preci-
em conjunto com o governo federal.
sa se destacar mais em empreendedorismo e, com
O documento reflete os desafios brasileiros para
isso, incentivar a busca por uma força propulsora para
acelerar o ritmo das mudanças em dez áreas:
a inovação das empresas. Uma saída apontada por
fortalecimento das engenharias; modernização do
ela seria o governo promover mais programas de in-
marco legal; melhoria do sistema de financiamento;
centivo à inovação junto aos jovens que estão saindo
das universidades. “Hoje vejo inovação nas indústrias
como uma tentativa de crescimento sustentável”,
comenta. Segundo Cássia, ainda há espaço para
desenvolver a inovação em muitos setores, como
automotivo, no comércio e na área científica.
No Brasil ainda é comum que as decisões relacionadas à inovação passem pelo crivo dos presidentes
das empresas, mesmo naquelas que contam com
comitês de inovação, como identificou a pesquisa
da Symnetics. Esta é uma questão que demanda
mudança e deve entrar com urgência na agenda
das organizações brasileiras que pretendem adicionar mais estratégia ao negócio.
André Coutinho lembra que multinacionais europeias, norte-americanas e coreanas têm estruturado centros de inovação ao redor do mundo.
Isso significa que descentralizaram a inovação há
muitos anos. Neste modelo, cada país acaba se
transformando em um centro de desenvolvimento
para determinados produtos e mercados. “É uma
saída estratégica interessante, pois, quanto mais
descentralizado, mais próximo da necessidade de
mercado. Com isso, é possível acompanhar mais
de perto as tendências”, conclui.
André Ribeiro
Coutinho, ANEFAC
e Symnetics
51
espaço starkey
ideias e inteligência
52
53
e-business permite
ganhos de escala
e competitividade
Empresas operam
em rede para buscar
melhores oportunidades de
negócios
espaço starkey
Por Jennifer Almeida
Trajano, diretor executivo de Operações
do Magazine Luiza.
O Magazine Você é um exemplo de
social commerce, ou seja, e-commerce
baseado no relacionamento entre pessoas no ambiente das redes sociais. Além
da tendência de usar as redes como
plataforma de vendas, as companhias
vêm descobrindo outras formas de fazer
negócios e se relacionar com seus públicos estratégicos por meio do e-business.
E
“Trata-se de uma oportunidade enorme
m setembro de 2011 o Maga-
para a empresa reduzir custo, ganhar
zine Luiza lançou o Magazine
produtividade e não só vender, mas ter
Você, primeiro e-commerce
um relacionamento muito estreito com
social do Brasil. A partir da es-
seus parceiros de negócios e clientes”,
trutura do magazineluiza.com e
explica Robson Ferreira, professor da Faap
baseado nos relacionamentos pessoais,
(Fundação Armando Alvares Pentedo).
o aplicativo permite ao usuário criar sua
No e-business não se faz apenas
própria loja para divulgar os produtos
compra e venda de produtos. É possível
que recomenda, ou comprar o produto
também promover a pré-venda de novos
que deseja a partir do aval e opinião dos
produtos, fazer pesquisa de mercado e
amigos. Todo o processo fica por conta
relações públicas. Ferreira esclarece que
do Magazine Luiza: pagamento, logística,
o e-business integra todos os fluxos de
entrega e garantia de qualidade. Mas
informação da cadeia de produção da
para cada produto vendido através de
empresa - fornecedores, parceiros, presta-
sua loja, o usuário da rede recebe uma
dores de serviço e clientes. “Ele promove
comissão. “É uma ação inovadora que
uma otimização do negócio e aumenta
nos faz mais relevantes para as pessoas
a presença da empresa para além do
e aumenta a renda e o empreendedo-
que o estabelecimento físico conseguiria
rismo das famílias”, comenta Frederico
alcançar”, afirma.
54
ideias e inteligência
Ferreira aponta que o e-business está
mais próximo do que podemos perceber.
O e-procurment, por exemplo, é uma
ferramenta eletrônica que permite aos
compradores gerenciarem suas compras
e otimizarem seu tempo na redução
Acima, da esq. para
a dir., Robson Ferreira,
Faap; e Frederico Trajano,
Magazine Luiza. Ao lado,
Alexandre Borin, Prestus
operacional em relação aos sistemas de
cotações convencionais. O e-gov é utilizado na entrega dos produtos e serviços
Brasil é utilizado pela Receita Federal para
Como as empresas
estão inovando
o envio do imposto de renda”, aponta.
do Estado aos cidadãos e à indústria. “No
Um ano após lançar o Magazine Você
ao contrário de qualquer conflito, perce-
O e-banking ou internet banking, de
entre seus funcionários, o Magazine Lui-
beram que o Magazine Você e os outros
serviços bancários, já está presente na
za abriu a rede para o público geral e,
canais são complementares.
rotina de grande parte dos brasileiros;
hoje, já conta com mais de 100 mil lojas
Segundo Ferreira, o e-business não é
assim como o e-learnig, para cursos
criadas. “Com ele, conseguimos atingir
exclusividade das grandes empresas,
à distância; e o e-sac, ser viço de
clientes que ainda não tinham contato
mas pode e deve ser aproveitado pelas
atendimento ao cliente pela internet.
com a marca, além de nos aproximarmos
pequenas e médias como instrumento
“O próprio LinkedIn é um exemplo de
cada vez mais do nosso público”, come-
de vantagem competitiva para promo-
e-business”, observa.
mora Frederico Trajano. A ideia inovadora
ver grande alavancagem nos negócios.
Mas entre todas as categorias, a
surgiu a partir de dado do Ibope (Instituto
Na visão do acadêmico, quando bem
que ele considera mais importante é o
Brasileiro de Opinião Pública e Estatística)
trabalhado, o e-business pode ser uma
e-commerce devido à concentração
que informa que, antes de comprar, 90%
arma para competir de igual para igual
de dinheiro e transações envolvidas. Se-
dos consumidores ouvem sugestões de
com as empresas de maior porte.
gundo dados do Relatório WebShoppers
pessoas conhecidas.
Isso é possível porque, hoje, o pequeno
2014 da E-bit, o comércio eletrônico
A informação, combinada à percepção
e médio empresário não precisa dispor
faturou R$ 28,8 bilhões em 2013, o que
de que o brasileiro é social por natureza,
de uma estrutura tecnológica complexa.
representa um crescimento nominal de
fez com que a empresa apostasse no fato
Ele tem à disposição ferramentas de
28% em relação a 2012. A previsão inicial
de que suas vendas eram influenciadas
marketing viral e digital, de otimização
era de que o setor crescesse, nominal-
por outros clientes. “A partir daí, transformar
e de divulgação, além da facilidade da
mente, 25%, e a tendência é crescer
estas informações em negócio foi o ca-
computação em nuvem a custos mais
cada vez mais, como aponta o docu-
minho natural”, diz Trajano. Preocupados
acessíveis do que no passado. “Não é
mento. Somente no ano passado foram
com o possível conflito com outros canais
preciso ter uma área de TI, pois é pos-
43,2 milhões de consumidores ativos. “Há
de venda da empresa, decidiram lançar,
sível contratar esta arquitetura pequena
potencial para duplicar este número ao
em primeira mão, somente para familiares
e crescer devagar ou no ritmo que o
longo dos anos”, acredita Ferreira.
de funcionários. Mas depois de lançado,
negócio exigir”, sugere.
55
Crowdsourcing e os novos
modelos de negócio
Em meio a este cenário, o crowdsour-
que desenvolve soluções de atendimento re-
que empresas, funcionários, fornecedores
cing destaca-se como estratégia onde
moto para empresas e profissionais de portes
e clientes estão conectados 24 horas e de
o ato de desenvolver um trabalho, que
diversos, o que se tornou uma estratégia de
maneira personalizada.
tradicionalmente seria feito por um fun-
crowdsourcing para as empresas.
Pesquisas apontam que as empresas que
cionário, é terceirizado para um grande
A Prestus desenvolveu a solução Núme-
não investirem em agregação de valor aos
grupo de pessoas desconhecidas e
ro Mágico, em que as ligações destinadas
seus negócio via internet tendem a desapa-
acessadas via internet. “Com este mode-
ao telefone fixo de uma empresa ou te-
recer nos próximos dez anos. O executivo
lo de negócio, é possível terceirizar pelo
lefones móveis dos empreendedores são
acredita que a utilização do crowdsourcing
menor preço e até fazer uma concorrên-
direcionadas para o número telefônico
é uma tendência sem volta, já que ao
cia criativa. Um único projeto consegue
de uma equipe de secretárias treinadas
descobrirem que podem fazer mais com
reunir grande número de pessoas para
para atender solicitações em nome da
menos, as empresas acostumam-se com
colaborar”, comenta Robson Ferreira.
empresa. “Nossa equipe de secretárias
novos níveis de eficiência e se desfazem
O modelo de negócio enxerga a multidão
compartilhadas atende as ligações, en-
dos obstáculos que impediam seu cresci-
conectada como uma fonte de trabalho
tende o que o cliente necessita e envia
mento. O universo dos negócios caminha,
colaborativo, visando sempre o melhor re-
de maneira resumida para a empresa dar
cada vez mais, para um ambiente de
sultado para o projeto. A pequena empresa
o efetivo retorno”, explica Borin. De acordo
economia conectada, onde as empresas
pode tirar grande proveito disso. Foi o que
com ele, a solução permite alavancar
operam em rede para buscar melhores
fez Alexandre Borin, CEO da Prestus, empresa
as vendas e escalonar os negócios, visto
espaço starkey
oportunidades de negócio.
56
finanças
Orientaltec, planta da fábrica
de Itupeva, construída com
financiamento da Desenvolve SP
ncontrar um caminho para
crescer com perenidade e
competitividade do negócio,
aliando inovação e novas tecnologias, pode se tornar um
dilema nas micro, pequenas e médias
empresas. Para tornar este desafio uma
realidade possível, é preciso acessar
fontes de financiamento, o que tem
se mostrado mais escasso no Brasil dos
últimos meses. De acordo com a 15ª
rodada do Indicador de Atividade na
Micro e Pequena Indústria de São Paulo
Simpi/Datafolha, realizada em junho
Dificuldade para
obtenção de
financiamento
ainda é uma realidade
nas micro, pequenas
e médias empresas
Foto: Bernardo Rebello
E
agências de fomento são saída
para acesso ao crédito
ao crédito ocorre em função do perfil
dessas empresas. Elas não têm garantias
para apresentar, o que faz com que os
bancos considerem um risco elevado e
restrinjam o financiamento. “Ou então,
as garantias solicitadas são tão elevadas
que a empresa não tem condições de
cumpri-las”, esclarece. No entanto, as
mesmas instituições financeiras que não
concedem crédito para a pessoa jurídica
acabam emprestando na modalidade
pessoa física a taxas de juros impagáveis,
de acordo com ele.
Para Paulo Alvim, gerente de Acesso
passado, 32% dos dirigentes da peque-
a Serviços Financeiros do Sebrae, as
na indústria afirmaram que o capital de
principais dificuldades enfrentadas por
giro não é suficiente.
essas empresas ao buscarem crédito
O resultado preocupa, visto que este
são assimetria de informações, tanto por
representa o maior índice desde outubro
de 2013. A pesquisa, encomendada
pelo Simpi (Sindicato da Micro e Pequena
Indústria do Estado de São Paulo), identificou que apenas um terço das empresas
entrevistadas acessa linha de crédito para
pessoa jurídica, sendo que 15% utilizaram o
cheque especial como fonte de financia-
empréstimo pessoal no banco.
Segundo o presidente do Simpi, Joseph Couri, a dificuldade de acesso
De cima para baixo, da esq. para
a dir., Paulo Alvim, Sebrae; Jimmy
Cygler, Proxis Contact Center;
Joseph Couri, Simpi-SP; e Milton
Luiz de Melo Santos, Desenvolve SP
Foto: Divulgaç
de parentes e amigos, e 10% obtiveram
ão
mento, 14% recorreram ao financiamento
57
parte das instituições financeiras, quanto
das empresas; qualidade inadequada
mento para cobrir despesas. “O crédito
Oportunidades de negócios,
projetos viabilizados
sustentável é aquele vinculado a uma
“Empreender no Brasil é muito complica-
financiamento de R$ 1 milhão para con-
oportunidade para o empresário, como,
do e um dos motivos é a dificuldade de
cluir as obras da planta da fábrica de
por exemplo, a expansão do negócio,
conseguir financiamento. Nos Estados
Itupeva. A principal preocupação do em-
da produção ou abertura de um novo
Unidos, por exemplo, consegue-se finan-
presário era não afetar o fluxo de caixa da
mercado. É este crédito que devemos
ciamento com muito mais facilidade e
empresa, caso contrário, precisaria fazer
estimular e, para isso, é fundamental que
também sem a necessidade tão forte
novos empréstimos. Por meio do Sindica-
o empreendedor tenha clareza em que
de oferecer garantais reais”, destaca
to dos Químicos do ABC, ele conheceu
vai aplicar”, explica.
Jimmy Cygler, proprietário da Proxis Con-
a Desenvolve SP e se interessou pelas
Uma das alternativas utilizadas pelas
tact Center, empresa de relacionamento
condições de financiamento oferecidas.
empresas na busca por financiamento
multicanal que buscou financiamento na
“Como a documentação solicitada
são as agências ou bancos de fomento,
Desenvolve SP para reforma da empresa.
estava em dia, o crédito foi aprovado
que oferecem melhores oportunidades
O empresário conhece o peso da go-
rapidamente, se comparado ao BNDES
de pagamento; prazos maiores com
vernança corporativa nos negócios e diz
(Banco Nacional de Desenvolvimento
carência adequada à realidade da em-
que o tema não é tratado pontualmente.
Econômico e Social) e outros bancos”,
presa; e fundos garantidores, opção para
Em sua empresa, é fruto de um processo
comenta Albino. Durante o processo de
os pequenos e médios empresários que
análise foram solicitados os balanços e
não possuem garantias reais suficientes.
de amadurecimento que ocorre há anos.
espaço
“Nosso negócio
exigestarkey
altos investimentos
O presidente da Desenvolve SP – Agência
em tecnologia, estrutura e pessoas. Há
consulta na Serasa e, por fim, o terreno foi
de Desenvolvimento Paulista, Milton Luiz
necessidade de financiamentos diversos
colocado como garantia. Segundo ele,
de Melo Santos, esclarece que a ope-
e é muito difícil crescer se não contar
o financiamento foi fundamental porque
ração de crédito deve ser estruturada
com fontes de financiamento”, aponta.
a empresa não podia dispor de todo o
das informações; e busca por financia-
informações da empresa, foi realizada
de acordo com as reais necessidades
Em 2010, Luiz Roberto Albino, proprie-
investimento. “O financiamento nos deu
da empresa. Daí a importância de uma
tário da Orientaltec Indústria e Comércio,
uma tranquilidade financeira, especial-
preparação prévia das informações da
indústria que presta serviços na área de
mente porque não mexemos no fluxo de
companhia a partir do plano de negócio.
envase de produtos químicos, buscava
caixa”, conclui.
“Culturalmente, muitos empresários
de pequeno porte estão acostumados
a tomar financiamento de curto prazo
Desenvolve SP em números
para atender necessidades imediatas
•Em seis anos de atuação, desembolsou R$ 1,5 bilhão em operações de
do negócio. Eles não se preparam e não
financiamento, dos quais 52% foram para a indústria de bens e capital;
investem em qualificação para fazer um
•Mais de 1.100 empresas já foram beneficiadas com financiamento da
bom planejamento, o que oferece con-
Agência em mais de 220 municípios do estado de São Paulo;
dições de fornecer essas informações”,
•As taxas de juros variam em torno de 14,7% ao ano para capital de giro;
analisa Santos. A Desenvolve SP oferece
para projetos, dependendo das modalidades e do faturamento, as taxas
financiamentos para aquisição de máqui-
variam de 5% a 6% ao ano se o projeto estiver enquadrado na economia
nas e equipamentos, projetos, e capital
verde (linha que tem benefício maior), e 7% a 8% mais variação do IPC
de giro. Podem solicitar financiamento
(Índice de Preços ao Consumidor) nos demais casos;
empresas de pequeno porte com fatu-
•Os prazos variam de cinco anos (para máquinas e equipamentos) com
ramento até R$ 3,6 milhões e empresas
um ano de carência a dez anos (para projetos) com dois de carência.
de médio porte com faturamento até R$
300 milhões. Todas devem estar situadas
no Estado de São Paulo.
Fonte: Desenvolve SP
58
administração
ambientes
sistematizados
vão muito além
do Excel
A utilização de
ferramentas de TI
na elaboração do
orçamento gera
ganhos na gestão
dos indicadores de
desempenho e
resultados da empresa
“D
da Gomes da Costa, durante a palestra
municação e divulgação de resultados
“Indicadores Gerenciais: Case Gomes da
da companhia; redução de tempo gasto
Costa”, promovida pela ANEFAC no dia 7
na aquisição de informações gerenciais;
de agosto, em São Paulo. Segundo ele,
e otimização das operações.
a possibilidade de iniciar o modelo do
“Para atingir isso, escolhemos três sis-
budget, flexibilidade, conhecimento geral e
temas. O sistema de planejamento BPC
implantação rápida são os pontos positivos
(Business Plannig and Consolidation); a
do programa mais utilizado pelas empresas.
ferramenta de gestão SSM (SAP Strategy
No entanto, para a Gomes da Costa, um
Management); e BO (Business Objects),
outro lado da balança pesou mais.
utilizado para os relatórios gerenciais”,
A falta de segurança nos dados do
mencionou. Com a implementação
Excel; a necessidade de integração entre
do novo sistema, Bassiano destacou a
as áreas de Controladoria, Financeira, TI e
necessidade de uma mudança drástica
esculpe, o link não
de Budget; a dificuldade de gerenciar os
de cultura e eficiência na companhia.
está atualizado” ou
dados e transformá-los em informação,
Ao implementar as ferramentas, a
“ Você criou uma
fazer a conexão entre eles e atualizá-los
Gomas da Costa preocupou-se em não
nova linha/coluna e
foram determinantes para buscar uma
causar traumas para o usuário, buscando
não é possível atua-
mudança na empresa. Bassiano comen-
evitar resistência à mudança. “O front
lizar”. Estas são frases que ninguém quer
tou que o arquivo Excel, que começa com
page do BPC é um Excel, então, de certa
ler na tela do computador durante uma
um megabyte, na medida em que tinha
maneira conseguimos transportar a pla-
apresentação, mas que se tornaram si-
informações acrescentadas com o passar
nilha que o usuário utilizava para dentro
tuações comuns para muitas empresas
dos anos, podia chegar a 100 megabytes.
da ferramenta, com os mesmo campos”,
adeptas do Excel como ferramenta de
Segundo ele, em determinado momento
esclareceu. De acordo com ele, diver-
elaboração do orçamento. Mas para que
o Excel já não comportava mais planilhas
sos benefícios foram verificados com a
os departamentos da empresa tenham
por conta do volume de informações.
mudança. A área de Controladoria, por
uma visão unificada da organização, é
Quando a empresa optou por mudar
exemplo, no passado era 80% opera-
preciso que todos enxerguem os números
o sistema, priorizou-se uma estratégia
cional e 20% análise, e hoje é o inverso.
da companhia de forma padronizada.
corporativa que permitisse capacidade
Outros benefícios destacados foram
Utilizar o Excel tem suas vantagens,
de obter informação a qualquer hora
confiabilidade nas informações, rapidez,
como mencionou Wilrobson Dias Bassia-
e em qualquer lugar; visão do negócio
decisão em tempo hábil, autonomia do
no, gerente de Planejamento Financeiro
eficiente; otimização e eficiência na co-
usuário e visão completa do cenário.
59
Controladoria e TI: o
casamento perfeito
O sucesso na implementação de ferramentas de TI é alcançado com mais
rapidez se houver integração entre as
áreas de Controladoria e TI, principalmente
quando a segunda ajuda a superar os
Gestão dos indicadores
de desempenho
desafios que surgem com a adoção de
novas tecnologias. Na Gomes da Costa,
a TI conseguiu automatizar processos de
Os indicadores gerenciais são parte essencial no processo de gestão das companhias, pois fornecem dados consistentes
Wilrobson Dias
Bassiano, Gomes da Costa
captura e tratamento de dados, promover
análises para áreas da empresa através
para as tomadas de decisão no dia a
espaço starkey
dia. Eles fazem a conexão de áreas estra-
teve início quando o negócio começou
informação rápida e precisa por meio
tégicas da empresa com mais agilidade
a se tornar mais complexo, o que de-
dos dispositivos móveis, segundo Bassiano.
e sem que haja necessidade de refazer
mandou a reconfiguração do sistema
“Hoje temos um pouco de dificuldade
a informação. “Trabalho com as áreas de
de informática, segundo Carlos Eduardo
porque a TI é terceirizada e é algo que vai
Contabilidade, Finanças e Controladoria,
Pereira, gestor tributário da companhia. A
de encontro a algumas necessidades da
e preciso ter todos os indicadores para
empresa começou a utilizar ferramentas
empresa, mas acredito que a tendência
dar uma projeção de quanto terei de
de gestão de indicadores em 2000, e um
é mudarmos esse aspecto”, comentou
fluxo de caixa disponível e de capital de
novo projeto está em andamento desde
José Maria do Carmo, coordenador finan-
giro para investir e, assim, tomar a decisão
2012. Para o executivo, o principal benefí-
ceiro da TheraSkin. O executivo concorda
correta”, exemplificou Andréa Nesi Lattuf,
cio foi percebido nos controles financeiros
que a integração da área de Controlado-
gerente de Contabilidade e Finanças da
que melhoraram a tomada de decisão.
ria com TI é fundamental, especialmente
de dispositivos móveis, além de fornecer
Na visão do diretor de Controladoria
porque, por meio dos aplicativos de TI, é
Além de fornecer informações confiá-
da Embraer, Ro Yung Jia, flexibilidade e
possível fazer a medição dos resultados
veis no processo de tomada de decisão,
facilidade de uso são os itens mais im-
da empresa e comunicá-los à diretoria
os indicadores gerenciais permitem com-
portantes que a ferramenta deve conter.
com mais transparência.
paração do desempenho da empresa
“Nosso negócio é muito dinâmico, então,
“Na Gomes da Costa, a Controladoria
com seus pares. “Quando conseguimos
poder gerar indicadores gerenciais de
deixou de ser operacional e tem um papel
as informações dos nossos concorrentes,
forma rápida e flexível é muito importante
mais estratégico no negócio, pois tem
somos capazes de trazer para a nossa
para a gestão no dia a dia, trazendo valor
mais tempo para análise dos dados e não
realidade e comparar com os nossos
agregado para a empresa”, enfatizou. De
vive mais o estresse do Excel”, mencionou
números. Isso é muito valioso”, destacou
acordo com ele, a companhia está em
Bassiano. Para ele, o patrocínio da lideran-
Luis Oliveira, diretor financeiro da InfoJobs.
fase de testes com objetivo de consolidar
ça e o envolvimento das pessoas foram os
Na Atento, por exemplo, a necessidade
a melhor ferramenta para automatizar
diferenciais para sair de um ambiente pre-
de implantação de novas ferramentas
seus processos, e um dos desafios é o
dominado pelo Excel para um ambiente
e novos conteúdos de gerenciamento
volume da base de dados.
mais sistematizado e eficiente.
PT Inovação e Sistemas.
Foto: Piti Reali
60
contabilidade
Muito além de analisar
qualidade do crédito,
auditor deve assegurar
que instituições financeiras possuem governança corporativa
capaz de manter os
riscos controlados
o papel do auditor
quanto aos riscos
de crédito
O
mundo ideal para
que dispõe sobre critérios de classi-
bancos e instituições
ficação das operações de crédito e
financeiras seria ter em
regras para provisão para créditos de
sua carteira apenas o
liquidação duvidosa.
Atuação do auditor
bom cliente – aquele
Carlos Aragaki, vice-presidente de
Os riscos a que as instituições finan-
que sempre vai precisar de crédito e
Administração e Finanças da ANEFAC e
ceiras estão suscetíveis são inúmeros e
que sempre vai manter adimplência.
sócio da Mazars Auditores Independen-
isso não é novidade. Além do risco de
Aquele capaz de manter por anos a fio o
tes, afirma que um dos principais riscos
fraude, de crédito e de taxa de juros, é
famigerado bom relacionamento com a
se refere à má avaliação dos créditos
preciso cuidado com os riscos operacio-
instituição. Como este cenário está longe
vencidos, pois além do cumprimento
nais, aponta Edison Arisa, sócio da PwC.
de ser a realidade para qualquer banco,
dessa resolução, existe o julgamento da
Rosana Napoli, que atua na auditoria
caracteriza um dos desafios principais
administração das instituições financeiras
interna de instituições financeiras da PwC,
do setor. Para a instituição, não é difícil
quanto aos riscos de crédito”, analisa. “As
indica como riscos mais comuns aqueles
perceber um cliente com más condições
provisões para os créditos de liquidação
relacionados à originação da operação
de honrar o crédito quando ele chega até
duvidosa podem estar mal avaliadas.
de crédito, como verificar se o cliente e
a agência, mas sim perceber quando um
Também pode existir o risco de a admi-
a organização realmente existem, se a
cliente com bom histórico deixa de ser
nistração do banco afirmar, na data do
documentação do cliente e da opera-
uma aposta segura.
balanço, que existem ativos na carteira
ção estão corretas e refletem o que foi
Garantir que os bancos tenham vi-
os quais podem não existir na plenitude.
acordado. Riscos originados de erros não
são suficiente para evitar este tipo de
Este foi o motivo de liquidação de ban-
intencionais, como um contrato digitado
situação foge ao controle até mesmo
cos no passado recente”, aponta. Neste
incorretamente no sistema, uma taxa de
do Banco Central, agência reguladora
contexto, é a figura do auditor que ganha
juro incorreta ou um contrato não forma-
do setor, e da resolução CMN 2.682/99,
caráter decisivo.
lizado, também podem ocorrer.
61
a qualidade do crédito, no entanto, mais
importante é entender se a instituição ou
Da esq. para a dir.,
de cima para baixo,
Edison Arisa, PwC;
Flavio Peppe, EY;
Cláudio Sertório, KPMG;
e Carlos Aragaki,
ANEFAC e Mazars
banco têm políticas de crédito, como elas
são constituídas e como incidem sobre a
atribuição de rating.
“O ambiente de controle de riscos é
dinâmico e deve sempre ser reavaliado,
o que significa ter novos controles e procedimentos implementados na medida em
que existe maior sofisticação das operações de crédito e operações estruturadas
ou novos produtos de crédito”, esclarece
Flavio Peppe, da EY. “O recomendado é
que pelo menos uma vez por ano tenha
um ciclo da auditoria interna e também
da auditoria externa fazendo a revisão dos
controles”, menciona.
Para Edison Arisa e Rosana Napoli, o auditor precisa conhecer os produtos ofereci-
espaço starkey
dos pelo seu cliente para entender os riscos
associados à cada tipo de operação. “É
fundamental avaliar de forma aprofundada o ambiente de controles internos para
concluir se esta estrutura de controles e sis-
No registro das operações de crédito,
ceiras, seus sistemas de informações
temas propiciam um ambiente adequado
Cláudio Sertório, sócio da área de Serviços
financeiras, operacionais e gerenciais,
para processamento, acompanhamento,
Financeiros da KPMG no Brasil, cita três
além do cumprimento das normas legais
monitoramento e provisionamento das
importantes momentos: a concessão do
e regulamentares a elas aplicáveis. Os
operações”, concluem. Neste contexto, o
crédito, o reconhecimento das receitas e
bancos com papéis na bolsa americana
julgamento e a experiência do profissional
o provisionamento da operação. Um dos
possuem controles internos adicionais aos
são diferenciais intangíveis.
pontos considerados na concessão do
requeridos pelo Bacen, para atendimento
crédito é a definição do perfil do cliente
à lei Sarbanes-Oxley.
Aragaki cita ainda o desafio da auditoria com relação à emissão de opinião
que a instituição quer atuar. Cada cliente
De acordo com Sertório, quanto aos
sobre as demonstrações das instituições
é avaliado em uma escala que vai de AA
controles dos bancos destinados à con-
financeiras, livres de distorções relevantes,
(risco mínimo) até H (risco máximo), onde
cessão de crédito, é importante saber se
independentemente das questões de
o duplo A é muito bom e requer provisão
existe uma estrutura de governança que
fraudes ocorridas. Outro desafio é levar
zero, e assim consecutivamente até o
permita aos comitês de crédito políticas
à sociedade e aos órgãos reguladores a
cliente H, que requer provisão de 100%.
definidas para verificar quem vai efetuar
percepção de que não se pode equipa-
“A questão não é a contabilização do
o empréstimo, em quais condições e
rar o auditor com o responsável pela ad-
empréstimo, mas sim o risco da carteira”,
qual valor. É preciso haver também a
ministração das instituições financeiras nos
menciona Carlos Aragaki.
distinção em quem concede o crédito e
casos de fraudes, salvo se este, de fato,
Ele observa que a resolução CMN
quem faz a recuperação. “O ideal é que
estiver se beneficiando com o produto da
2.554/98 dispõe da implantação e im-
quem faz a recuperação do crédito não
fraude. “Este não foi o caso em nenhum
plementação de sistema de controles
seja a mesma pessoa que o forneceu
dos escândalos recentemente ocorridos.
internos voltados para as atividades
para evitar interferências”, alerta. Muito
Todavia, por enquanto, os pesos e as
desenvolvidas pelas instituições finan-
se discute se é papel do auditor avaliar
medidas não estão distintos”, encerra.
62
carreira
E
ganhos de produtividade
com o home office
m 1999 a Ticket decidiu mexer
nos seus processos de vendas,
estudar uma nova maneira de
se relacionar com o mercado
e redefinir os papéis e respon-
sabilidades de seus colaboradores. Após
Empresas apontam
as vantagens da
rotina fora
do escritório
rotina do dia seguinte em uma agenda
para planejar o dia de trabalho”, orienta.
A executiva sugere ainda controlar o
andamento de cada projeto e manter
o ambiente totalmente propício para
realizar o trabalho com sucesso e evitar
o processo de reengenharia, em 2005 a
cair nas desvantagens de trabalhar em
empresa decidiu implementar o sistema
casa. Entre elas, perda de produtividade
de trabalho home office para os 120 co-
e do foco, visto que quem trabalha em
laboradores da área comercial. Foi uma
Pensando nisso, há dois anos a AES Brasil
casa precisa encarar a concorrência do
transformação e tanto para empresa e
criou o sistema de “trabalho remoto” para
ambiente familiar, ou seja, saber admi-
funcionários, que adaptaram a rotina do
cerca de 500 colaboradores.
nistrar o contato com familiares, não se
escritório ao ambiente familiar.
A consolidação do sistema ocorreu
distrair com a televisão, a geladeira ou a
“Desenvolvemos módulos de treina-
quando a empresa se mudou para Ba-
mento para que o profissional pudesse
rueri, em 2012, e o home office era uma
Para Silmara Barbosa dos Santos, analis-
melhorar sua disciplina no trabalho estan-
saída para diminuir os impactos negati-
ta de Comunicação da AES Eletropaulo,
do em casa e também capacitamos as
vos do trânsito, aumentar a qualidade de
sua concentração melhora quando ela
famílias, pois consideramos fundamen-
vida e proporcionar mais tempo com a
está no home office. A executiva trabalha
tal”, explica Arnaldo Moral, gerente de RH
família. No trabalho remoto da AES Brasil
em um ambiente silencioso e consegue
da Ticket. De acordo com ele, à família
o colaborador tem direito a trabalhar de
dedicar mais atenção às atividades.
cabe o dever de respeitar e entender que
casa um dia na semana.
“Sempre que preciso entregar algo que
sala de descanso.
aquele espaço na casa é de trabalho.
“Deixamos de ter uma cultura do ‘estar
requer maior concentração, opto por
Hoje, a empresa tem 160 colaboradores
presente’ para ‘dedicar à entrega’, que
fazer em casa. Sinto que produzo mais e
na área comercial trabalhando de casa
são mundos diferentes. O líder não pre-
melhor por não ter tantas interrupções”,
e todas as filiais foram fechadas, o que
cisa gerenciar os passos do colaborador
avalia. Além de poder flexibilizar o tempo
contabilizou uma economia de R$ 3,5
desnecessariamente, mas é possível e
de trabalho com as atividades pessoais,
milhões ao ano.
muito melhor identificar o trabalho do
Silmara aponta ganho de tempo, redu-
Andrea Morelato, gerente de Negócios
colaborador ao mensurar a qualidade
ção de custos, e corpo e mente mais
da Ticket, trabalha há três anos em home
dos projetos”, esclarece Ricardo Silva-
descansados como outros benefícios do
office e aponta ganho de escala e oti-
rinho, diretor de RH da AES Brasil. Outro
trabalho remoto.
mização de tempo como os principais
benefício é a retenção de colaboradores
benefícios. “Consigo me organizar e
e o melhor clima organizacional.
Do ponto de vista trabalhista, o colaborador que trabalha em home office tem
planejar, inclusive com relação a saídas
Manter rotina e organização é uma
os mesmos direitos e deveres daquele
em horários de pico. Organizo-me melhor
das sugestões de Madalena Feliciano,
que está dentro da empresa, como
com relação às tarefas que tenho para
diretora-presidente da Outliers Careers,
explica a advogada especialista em Di-
cumprir, sempre com disciplina”, aponta.
empresa de gestão de carreira e coa-
reito Trabalhista e Previdenciário, Andréia
Além do ganho com produtividade, as
ching, para os adeptos do home office.
Tassiane Antonacci. “Ele tem horário de
empresas têm apostado no fator qua-
Segundo ela, ter um planejamento diário
entrada e de saída, tem direito a salário,
lidade de vida de seus colaboradores.
ajuda muito. “É importante escrever a
férias, 13º, INSS, fundo de garantia”, escla-
63
Dicas para ser eficiente
em home office
•Tenha organização, foco e disciplina para cumprir metas;
•Prepare-se para trabalhar e crie
uma rotina de se arrumar para a
atividade como se estivesse indo
para o trabalho;
•Mantenha horários regulares;
•Disciplina, autonomia, automotivação e confiança são indispensáveis;
•Explique para a família que,
mesmo presente em casa, aquele
horário é reservado ao trabalho;
•Estimule seu gestor a desenvolver
De cima para baixo, da
esq. para a dir., Andrea
Morelato, Ticket; Silmara
Barbosa dos Santos, AES
Eletropaulo; Madalena
Feliciano, Outliers Careers;
Arnaldo Moral, Ticket; e
Ricardo Silvarinho, AES Brasil
novos ritos e encontros vivenciais;
•Crie uma área privativa que funcione como escritório, separando o
•Eventualmente, trabalhe em um
Preparando a empresa
espaço starkey
e os colaboradores
lugar neutro, como um café ou um
O primeiro desafio da Ticket na hora de
Ainda que existam empresas brasileiras
hotel, por exemplo;
implementar o modelo foi a estrutura
adotando este sistema de trabalho, o mo-
•Permita-se o tempo devido para
para deixar o colaborador bem instala-
vimento é tímido. Pesquisa da Amcham
definir o que funciona melhor
do no desempenho de suas atividades.
(Câmara Americana do Comércio)
para você;
A empresa buscou fornecer estrutura
mostra que 39% das empresas brasileiras
•Evite ou limite atividades não rela-
tecnológica e depois criou uma área in-
adotam a flexibilização das condições
cionadas ao trabalho durante seu
terna de apoio para esses colaboradores.
de trabalho como benefícios para reter
“expediente”.
“Criamos uma célula de atendimento
seus talentos.
“morador” do “profissional”;
Fonte: Ticket
diferenciada no RH para que eles não
Segundo estudo divulgado em março
ficassem desamparados nas questões
desse ano pela Top Employers Institute,
dos recursos humanos e desenvolvimen-
certificadora global das práticas de RH,
to”, lembra Arnaldo Moral.
o Brasil é um dos países que menos
rece. Não se deve associar o trabalho em
Na AES Brasil, os desafios iniciais, segun-
adota programas formais de home
home office com a ideia de fazer o que
do Silvarinho, passaram pelo trabalho de
office. Enquanto em países como Reino
quiser na hora que desejar. “O profissional
deixar as regras claras aos colaboradores,
Unido, Holanda, Alemanha e Bélgica o
deve ter o mesmo controle e disciplina
treiná-los, além de explicar para a lideran-
número de empresas com colaborado-
de quem trabalha no escritório”, afirma.
ça que o home office é saudável para
res trabalhando de casa supera 55%,
Andréia conta que já existem sistemas
o colaborador e traz retorno ao clima
no Brasil apenas 14% utilizam o modelo.
digitais que permitem ao empregado en-
organizacional da empresa. Um ponto
Para Madalena Feliciano ainda existe
trar de tempo em tempo para demonstrar
fundamental para o sucesso do trabalho
desconfiança no ambiente corporativo
que está trabalhando. O sistema funciona
é o apoio e acompanhamento dos ges-
sobre o colaborador desempenhar suas
como uma marcação de ponto digital.
tores aos colaboradores que trabalham
tarefas corretamente. “Caminhamos de
“Muitas pessoas ainda acreditam que
em casa para manter viva a cultura
forma lenta para que as instituições real-
trabalhar em home office é só ligar o
empresarial, bem como sua integração
mente vejam o colaborador com bons
computador e pronto”, justifica.
com a empresa.
olhos”, conclui.
64
perfil
V
encer em um país com uma
operação financeira e administrar o que
burocracia tão grande na
não faz parte do core business. O site tem
área fiscal, com altas car-
como meta quebrar as barreiras buro-
gas tributárias, dificuldade
cráticas que dificultam o processo para
de contratar mão de obra
adquirir serviços como plano de saúde,
especializada e, mesmo assim, manter a
cartão de crédito e consórcios de imó-
empresa competitiva, moderna e focada
veis ou automóveis, entre outros. “É uma
no futuro foi a experiência mais marcante
empresa que combina muito com meu
da carreira de Marcus Vinícius Biazzin Beszi-
perfil porque tem como missão facilitar a
le, diretor executivo de Controladoria da
vida das pessoas com apenas um clique,
ANEFAC e controller do MoneyGuru, site
algo tão moderno, atual e necessário
que atua na intermediação de contrata-
no Brasil”, explica, destacando que seu
ção de serviços financeiros.
desafio é gerenciar a complexidade das
Em abril deste ano, o executivo aceitou
operações realizadas.
o desafio proposto pelo CEO da empre-
Para alcançar seus objetivos, Beszile
sa, Stanlei Bellan: ser o responsável pela
acredita que é preciso investir, dedicar-se,
65
dedicação,
trabalho duro e
verdadeiras amizades
trabalhar duro, fazer tudo com paixão e
e na Fipecafi (Fundação Instituto de Pes-
de forma correta, usar o método a seu
quisas Contábeis, Atuariais e Financeiras).
favor, ter bom senso e ​o principal​​- culti-
Sempre atuante nos eventos da ANEFAC,
var verdadeiras amizades. Foi assim que
onde afirma ter conhecido pessoas es-
o paulistano descendente de italianos
espaço
conduziu sua
carreirastarkey
após se formar em
peciais com as quais aprendeu muito,
Contabilidade pelo Centro Universitário
Normas Internacionais de Contabilidade
Monte Serrat em 2005. No ano seguinte
até assumir, recentemente, a diretoria
ingressou na Ápice Auditoria para atuar
de Controladoria.
com auditoria interna no Grupo Unimed
e depois com auditoria externa.
Marcus Beszile
acompanhado da
esposa Camila, do
filho Erik e da border
collie Sharon
“
“
Para alcançar
os nossos objetivos
temos que investir,
nos dedicar, trabalhar
duro e fazer tudo
com paixão
Marcus Beszile participou da diretoria de
Sempre que pode, ele gosta de viajar
com os amigos que fez na Associação.
Mais tarde, a oportunidade de atuar
Seja para marcar presença em congres-
na área de projetos especiais da Grant
sos da IMA (The Association of Accountants
Thornton possibilitou trabalhar com com-
and Finacial Professionals in Business), nos
panhias estrangeiras das mais diversas
Estados Unidos, ou no próprio Congresso
nacionalidades e setores, como contábil,
da ANEFAC, onde aproveita os dias para
fiscal, recursos humanos, controladoria e
se atualizar e descansar ao lado da es-
auditoria. “Foi essa experiência prática
posa Camila e do filho Erik.
em conjunto com conhecimentos teóri-
Para ele, a educação e os valores
cos que obtive no MBA da PUC (Pontifícia
transmitidos por seus pais determinaram
Universidade Católica) e no mestrado do
o homem que se tornou. “Estou vivendo
Mackenzie que me permitiram entrar na
um momento muito harmonioso, em
área acadêmica para dar aulas nos cursos
que consigo equilibrar dedicação entre
de MBA de Controladoria e Gestão Em-
família, profissão e lazer”, analisa. Nos mo-
presarial da Fecap (Fundação Escola de
mentos de folga, além de fazer pequenos
Comércio Álvares Penteado)”, comenta. ​
concertos de mecânica ou eletrônica
N​essa época​, o executivo firmou par-
como hobby, adora sair com os amigos
ceria com a Virtus Treinamento e Gestão
para praticar mountain bike. “Outro dia​
Contábil para ministrar cursos por todo
partimos de Santos até​Bertioga​. Isso ​é
o país. Também no mesmo período ele
um exercício físico e mental que ajuda a
passou a ministrar cursos no Mackenzie
praticar o foco”, afirma.
66
jovem executivo
De um lado, jovens
executivos insatisfeitos
com seus trabalhos.
Do outro, companhias
cobrando cada vez
mais resultados a
qualquer custo
Q
uestionar-se com frequência sobre a contribuição de seu trabalho
para a estratégia da
companhia e sua rele-
vância para os rumos do negócio é uma
o desencontro de o
entre profissionais e em
constante na vida dos jovens executivos,
especialmente daqueles conscientes
sobre o conceito contemporâneo de
identificou a terceira edição da pesquisa
carreira, em que o profissional traça suas
“Empresa dos sonhos dos executivos
“Existe uma insatisfação muito gran-
próprias metas e deve estar atento aos
2014”, realizada pelo grupo DMRH com
de e quase generalizada”, menciona
movimentos do mercado para atingi-las.
mais de 4.500 profissionais que ocupam
a sócia da Oficina da Mudança. Fato
Movidos pela aprendizagem e perspec-
cargos executivos no Brasil. Adriana Cha-
comprovado pela pesquisa: 41% dos
tiva de desenvolvimento, eles sabem o
ves, diretora do Grupo DMRH, explica que
entrevistados afirmaram que não pre-
que buscam: projetos desafiadores e
estes executivos consideram-se líderes
tendem ficar mais de dois anos na atual
qualidade de vida.
inspiradores que sabem fazer a gestão
empresa; 19% querem sair o mais rápido
ram “resultado a qualquer custo”.
“Hoje, sem perspectiva fica muito difícil
do negócio e de pessoas. No entanto,
possível; e 22% em até dois anos. Para
para empresas atrair os jovens execu-
não têm a mesma visão a respeito de
Adriana Chaves, da DMRH, há um desco-
tivos. Eles querem aprender, estar em
sua empresa. “Quando questionamos se
lamento das expectativas dos executivos
um ambiente dinâmico, mas sem virar
a empresa e os líderes acima deles os
com relação às das empresas.
a noite no escritório ou dedicar todos os
inspiram, eles dizem que não”, informa.
“Eles acreditam que empreender é
finais de semana ao trabalho. Isso pode
A divergência de opinião reflete a in-
a solução para dar continuidade para
até acontecer eventualmente, mas está
satisfação deste público, especialmente
suas carreiras fora das companhias onde
longe de seus planos tornar esta uma
com o posicionamento das empresas
atuam. Não estão acreditando que mu-
prática”, analisa Adriana Saba, sócia da
na busca de resultados a qualquer pre-
dar de empresa vai alterar muita coisa”,
Oficina da Mudança, empresa de con-
ço, exigência exaustiva da jornada de
constata. Adriana Saba identifica um gru-
sultoria de carreira, coaching executivo
trabalho, falta de engajamento com a
po de jovens executivos que busca outra
e treinamento.
liderança, entre outros fatores. Questiona-
configuração de empresa, mais leve e
Eles julgam-se preparados para aten-
dos sobre o que as empresas realmente
interessada em dar autonomia e atender
der as expectativas do mercado, como
esperam deles hoje em dia, 29% afirma-
a necessidade por qualidade de vida.
67
Da esq. para a
dir., Adriana Saba,
Oficina da Mudança;
e Adriana Chaves,
Grupo DMRH
to das obrigações burocráticas, hoje em
bjetivos
presas
Habilidades a desenvolver
dia é diferente. Agora os resultados do
negócio são incrementados pela qualidade da atuação das áreas de Finanças,
feedback, falar sobre carreira com seus
Administração e Controle. “Atualmente, o
funcionários ou fornecer uma avaliação
executivo de sucesso destas importantes
digna de desenvolvimento de pessoas.
áreas que queira manter sua empregaespaço
starkey estratébilidade deve
ter conhecimento
“Isso tudo é encarado pelos executivos
gico e operacional capaz de lhe permitir
manos, quando na verdade passou a ser
contribuir para o sucesso dos resultados
uma pauta importante para retenção de
da empresa”, alerta.
pessoas”, esclarece.
como assuntos da área de Recursos Hu-
Para ele, os jovens que optaram por
Na visão da executiva da Oficina da
Laerte Leite Cordeiro, consultor e coach
estas carreiras podem estar tranquilos
Mudança, isso vem mudando conforme
de empresas e executivos, lembra que
quanto à sua empregabilidade, mas
jovens executivos assumem liderança.
as áreas de Finanças, Administração e
não devem esquecer da qualidade
Ela afirma que existe uma diferença no
Contabilidade existem em qualquer em-
profissional. “Em um mundo em que
comportamento dos jovens profissionais
presa, seja ela de pequeno, médio ou
a constante é a mudança, os jovens
de Finanças, Administração e Conta-
grande porte, nacional ou multinacional, e
profissionais destas três áreas devem
bilidade. Eles preocupam-se mais em
de qualquer ramo de atividade. “Pode-se
entender que sua atividade organiza-
serem bons gestores de pessoas, princi-
estabelecer que os jovens que optaram
cional é fundamental para o sucesso
palmente os da área de Contabilidade.
por estas carreiras terão sempre mais
da empresa”, conclui Cordeiro.
“Eles começam a perceber a importân-
oportunidades abertas para se desenvol-
Eles também não podem descuidar
cia de se comunicar e se relacionar bem,
verem”, considera. De acordo com ele,
de aspectos comportamentais, espe-
visto que isso não estava incluído na sua
o mercado de trabalho está permanen-
cialmente os que exercem funções de
formação”, resume. Saba relata que
temente em busca de bons profissionais
liderança. Na visão de Adriana Saba, as
sente mais abertura dos profissionais des-
da área, que tenham uma formação
empresas deveriam investir mais na edu-
tas três áreas em relação aos aspectos
adequada e saibam como lidar com as
cação e desenvolvimento de seus líderes
intangíveis, como gestão de pessoas, de
dificuldades destas importantes áreas da
porque, em última instância, quem retém
relacionamento e networking interno. Os
infraestrutura do negócio.
os colaboradores na empresa é o líder.
jovens saem do perfil super convencio-
Mas, se no passado bastava o conheci-
Mas a realidade é que muitos executi-
nal, tão característicos a estas carreiras,
mento das técnicas contábeis e adminis-
vos mostram-se despreparados para a
e abrem espaço para o profissional que
trativas mais simples e uma personalidade
questão. Para ela, os profissionais deixam
quer sentir a contribuição do seu trabalho
profissional adequada para o cumprimen-
a desejar na hora de dar um eficiente
na empresa como um todo.
68
reuniões técnicas
NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE
IASB propõe modificações no IAS 1
diretora executiva de Normas Internacionais
demonstração do resultado abrangente,
de Contabilidade da ANEFAC e sócia da
por exemplo, torna-se difícil, já que o IASB
diretoria de Normas Internacionais de
Praesum Contabilidade Internacional, con-
ainda está debatendo o que efetivamen-
A
Contabilidade debateu as propostas
sidera complicado que o Board proponha
te é o resultado abrangente na revisão do
de alteração do IAS 1 – Apresentação
alterações para a norma ao mesmo tempo
seu framework. “Eles estão discutindo a
das Demonstrações Financeiras (Expo-
em que está alterando o framework.
forma e, ao mesmo tempo, não sabem
sure Draft Disclosure Initiative - Proposed
Em sua visão, discutir a modificação
ao certo o que realmente é a demonstra-
Amendments to IAS 1) durante reunião
da forma e do que será apresentado na
ção de resultado abrangente”, apontou.
técnica realizada no dia 18 de julho, em
São Paulo. O IAS 1 é a principal norma
que serve de base para a apresentação
das demonstrações financeiras e está
sendo revisada pelo IASB (International
Accounting Standards Board).
O draft foi emitido em março de 2014 e
sugere, por meio de três perguntas, alterações que tratam da iniciativa de disclosure;
apresentação de itens de outros resultados
abrangentes decorrentes de investimentos
por equivalência patrimonial; e disposições
de transição e data efetiva. Marta Pelucio,
SUSTENTABILIDADE
Pacto Global gera ganhos à gestão
N
redor do mundo e mais de 100 redes locais.
de trabalho, meio ambiente e combate
tentabilidade da ANEFAC levou para
De acordo com Renata Seabra, secre-
à corrupção, refletidos em dez princípios
discussão em reunião técnica as novas
tária Executiva da Rede Brasileira do Pacto
perspectivas do Pacto Global e gestão de
Global, o programa é um forte aliado na
Para reforçar o impacto do Pacto na
fornecedores. Lançado em 2000, o Pacto
construção de um mercado mais inclusivo
gestão de fornecedores, Antonio Augusto
Global é o maior programa de cidadania
e igualitário, com suas práticas baseadas
Coutinho, superintendente executivo de
corporativa do mundo, com mais de 12 mil
em valores internacionalmente aceitos
Gestão Integral de Gastos do Banco
signatários, mais de oito mil empresas ao
nas áreas de direitos humanos, relações
Santander, apresentou resultados do
o dia 22 de julho, a diretoria de Sus-
que norteiam as práticas de negócios.
banco para o consumo de papel. Com
ações econômico-financeiras, socioambientais e operacionais, como impressão
em dupla face, redução dos impressos,
revisão de contratos, implantação do
extrato eletrônico e controles de utilização, o banco conseguiu reduzir em 14%
o consumo de papel entre 2011 e 2013,
caindo de 9.370 para 8.152 toneladas.
69
CPC 25
Responsabilidade da gestão do risco jurídico
“A
questão do risco jurídico é um
empresas em função
dos problemas mais expressivos
do grande impacto
para empresas, investidores e acionistas,
sobre o desempenho
pois falamos de mais de 70 milhões de
das ações na bolsa.
processos judiciais, que representam em
A maneira de provi-
torno de R$ 2 trilhões”, destacou Mau-
sionar o risco jurídico,
ro Sampaio, diretor executivo de CPC
as formas de acom-
25 – Provisionamento de Risco Jurídico
panhá-lo e fazer sua
da ANEFAC e diretor executivo da Exon,
consolidação ainda
durante reunião técnica realizada no dia
são variadas. “Fica
30 de julho em São Paulo e no dia 29 no
difícil cumprir o CPC
Rio de Janeiro.
25 se não tiver uma sistematização”,
aos riscos jurídicos, não conseguirá mo-
Sampaio chamou atenção para o fato
opinou. Para Sampaio, se a empresa
nitorá-los. Para os executivos presentes
de que cada vez mais investidores e acio-
não contar com uma forma sistêmica
na reunião, neste contexto é importante
nistas têm acompanhado com mais cui-
e uma infraestrutura tecnológica onde
a harmonização do trabalho entre as
dado a linha que traz informações sobre o
armazene e acompanhe organizada-
áreas Financeira, Contábil, Jurídica e
provisionamento do risco no balanço das
mente todas as informações referentes
espaço starkey
de Controladoria.
CONTROLADORIA
Avanço no tratamento das obrigações acessórias
P
esquisa publicada pelo Banco Mun-
alcançará empregadores pessoas físicas
atendam as disposições legais”, comen-
dial em 2010 detectou que o trata-
e jurídicas, trazendo diversas vantagens
tou. Isso significa que vários formatos,
mento das obrigações acessórias no
em comparação com as regras vigen-
práticas e costumes utilizados até o mo-
Brasil consome aproximadamente 2.600
tes. Entre elas, o atendimento a diversos
mento ficarão inviáveis. O manual do eSo-
horas por ano das empresas, impactan-
órgãos do governo com uma única fonte
cial está na versão 1.1, mas ainda deve
do consideravelmente o custo das ope-
de informações para o cumprimento das
sofrer alterações. De acordo com ele, as
rações. “A simplificação ou, pelo menos,
obrigações trabalhistas, previdenciárias e
empresas devem ficar atentas, visto que
o tratamento da forma mais eletrônica
tributárias atualmente existentes.
o início do projeto está previsto para seis
possível, é um avanço para empresas
“Em seu processo de implantação, o
e governo”, comentou Ademir Macedo
eSocial exigirá layouts, cujos parâmetros
de Oliveira, professor e membro do Comitê de Melhoria Contábil da Gerência
de Desenvolvimento Senac-SP, durante
reunião técnica de Controladoria sobre
eSocial, realizada no dia 14 de agosto,
em São Paulo, sob responsabilidade do
diretor de Controladoria da ANEFAC,
Marcus Beszile.
De acordo com Oliveira, quando for
implantado em sua totalidade, o projeto
meses após a liberação da versão 1.2 do
Manual de Orientação.
70
anefac rio de janeiro
os possíveis cenários
após as eleições
E
m novembro de 2009 a revista
The Economist anunciava a decolagem econômica do Brasil,
exaltando o bom desempenho
da economia e seu crescimento
de 5% ao ano, a rapidez com que o país
enfrentou a crise financeira de 2008 e as
Economista
aponta diferentes
cenários político
e econômico
para 2015
meses. Segundo o economista, pesquisas
mostram forte rejeição à estratégia econômica do governo Dilma Roussef (PT),
indicando a necessidade de mudanças
pelo próximo presidente eleito.
“A atividade econômica continua de
lado, com a confiança em patamar baixo;
perspectivas com os campos de petróleo
as contas externas deficitárias, próximas a
do pré-sal. A publicação ainda dizia que
US$ 81 bilhões; e a gestão fiscal leniente,
a economia brasileira deveria pegar mais
com o uso de ‘maquiagens fiscais’, como
velocidade ao longo dos próximos anos e
dividendos das estatais”, mencionou.
se tornar a quinta economia do mundo,
Para o economista, apesar do tempo
ultrapassando Grã-Bretanha e França. No
disponível para propaganda eleitoral em
entanto, a publicação apontava como
rádio e TV, iniciado no mês de agosto,
maior perigo para o Brasil a arrogância,
favorecer a candidata do PT - 11 minu-
além de instabilidade política crônica.
tos e meio para Dilma, quatro minutos
De lá para cá, o Brasil sofreu solavancos
para Aécio Neves (PSDB) e um minuto e
políticos e econômicos e vem tentando
meio para Marina Silva (PSB) - , é o fraco
encontrar um novo rumo que pode
desempenho da economia que deve
ser conquistado com os resultados das
ter papel decisivo nestas eleições. De
eleições presidenciais, em outubro. “É
acordo com Hegedus, a inflação mais
urgente um forte ajuste para 2015, inde-
comportada na última quinzena de julho,
pendente de quem seja eleito”, destacou
no entanto, pode jogar a favor da candi-
Julio Hegedus Netto, economista-chefe
data governista, mas caso a economia
da Lopes Filho & Associados Consultores
mantenha-se estagnada, com aumento
de Investimentos, durante seu primeiro
no desemprego, Aécio ou Marina podem
evento como diretor de Economia da
ser beneficiados.
ANEFAC Rio de Janeiro, com palestra
Outros pontos favoráveis à candidata
sobre cenários político e econômico para
Dilma são a máquina pública; a capi-
2015 realizada em 31 de julho.
laridade nacional pelo arco de alianças
Com a proximidade das eleições, He-
com o PMDB e outros partidos; a forte
gedus mostrou que as pesquisas eleitorais
política de transferência de renda, com
têm ditado os rumos do mercado e da
destaque no Nordeste, com os programas
economia. A expectativa de mudança
de governo voltados para baixa renda,
no governo foi percebida pelo desempe-
tais como Minha Casa, Minha Vida e Pro-
nho do Ibovespa, que registrou aumento
natec (Programa Nacional de Acesso ao
com a notícia de empate técnico entre
os candidatos do PT e PSDB há alguns
René Martins, ANEFAC e Globo; e Julio Hegedus
Netto, ANEFAC e Lopes Filho & Associados
Ensino Técnico e Emprego); e Lula como
“cabo eleitoral”.
71
Fotos: Yan Telles
começariam a se recuperar no segundo
semestre de 2015 e no ano seguinte,
assim como os ajustes resultariam numa
melhoria ex-post dos resultados fiscal e
externo”, comentou.
A perda de confiança dos agentes é
uma realidade, dada a deterioração das
O primeiro cenário traçado pelo econo-
expectativas e o baixo crescimento da
mista contempla a reeleição de Dilma, o
economia brasileira. Na visão de Hege-
que resulta em um ajuste mais moderado
dus, se o governo eleito quiser reconquis-
na economia, ainda refratário ao mer-
tar a confiança dos investidores, terá que
cado, com reajustes tarifários graduais e
fazer um forte ajuste fiscal e incluir várias
postergação de despesas. Além da busca
reformas na agenda, como reduzir o nú-
de novas fontes de receita, com destaque
mero de ministérios, colocar em debate
para as chamadas extras, como dividen-
a autonomia do Banco Central e definir
dos ou alguma alíquota (ou novo imposto)
que as despesas não podem crescer
sendo elevada. Uma incerteza observada
mais que a economia, além de buscar
por Hegedus é o possível aumento da taxa
metas de inflação mais baixas no longo
de juros, que pode ser elevada a 12%
diante de uma pressão inflacionária maior.
prazo e adotar uma política monetária
mais séria eespaço
firme. starkey
“Mas ainda há dúvidas, pois o Banco Cen-
Além de promover mudanças no “mo-
“Percebemos a necessidade de ter um
tral vem dando sinais de que pode reduzir
delo baseado no consumo” que acabou
diretor de Economia em nossa regional
a taxa ainda esse ano”, disse.
Diretoria de Economia
reduzindo a poupança interna, esva-
não só para analisar os futuros desafios do
Com a vitória de Dilma nas urnas, o
ziando os investimentos e pressionando
estado do Rio de Janeiro, tais como pré-sal
economista acredita que o câmbio se
o déficit em conta corrente (poupança
e Olimpíadas em 2016, mas também
depreciaria, indo acima de R$ 2,40 por
externa), o governo eleito precisará estar
para ser interlocutor da Associação junto
dólar, e a inflação ultrapassaria 8% ao
atento aos reflexos da economia global
à imprensa local para assuntos econô-
ano em algum momento. “A economia
no desempenho econômico brasileiro.
micos”, mencionou o vice-presidente da
continuaria empacada na armadilha do
“Vivemos um momento de mudanças,
ANEFAC Rio de Janeiro, René Martins, ao
baixo crescimento, com os fundamentos
tanto entre os emergentes, como nos
apresentar Hegedus como novo diretor.
ainda deteriorados. O mais importante é
desenvolvidos”, lembrou.
que Dilma não fará um ajuste muito forte
na economia”, enfatizou.
“Sinto-me honrado em poder fazer
Hegedus chamou atenção para o pro-
parte da regional e pretendo promover
cesso de desmonte da política de estímu-
discussões periódicas sobre economia
No cenário da vitória do candidato
los adotada pelo Fed (Federal Reserve); o
com os executivos da região. Estou à
Aécio Neves, a hipótese é de um ajuste
desempenho da economia da Zona do
disposição para colocar outros assuntos
mais rigoroso, visando uma reversão de
Euro, que sofre risco de deflação com a
na pauta que não sejam apenas de
expectativas (de negativas para favorá-
ociosidade da indústria e o desemprego;
Finanças e Contabilidade”, afirmou o
veis), o que pode significar uma retração
o ritmo da economia chinesa, agora vol-
diretor de Economia. Macroeconomia,
da economia no curto prazo, mas uma
tado para o consumo; e as várias crises
economia fluminense, pré-sal, petróleo
retomada mais consistente no médio e
localizadas, como no caso da Ucrânia
e gás, quadro eleitoral, políticas econô-
longo prazos. Para ele, nesta hipótese a
e entre israelenses e palestinos (conflitos
micas para 2015, agenda de reformas e
taxa de juros seria elevada a 12%, mas
na faixa de Gaza). Diante de tudo isso, a
investimentos em infraestrutura são alguns
com câmbio se apreciando a R$ 2,10 e
única certeza é que o próximo governo
dos temas de maior interesse entre os
a inflação recuando, depois de um breve
terá um árduo trabalho durante os próxi-
profissionais do Rio e que poderão ser
repique. “Os indicadores de atividade já
mos quatro anos.
debatidos em futuros eventos.
72
anefac curitiba
perspectivas para Curitiba na
visão dos executivos
O
Paraná foi considerado
o terceiro estado mais
competitivo do Brasil, de
acordo com estudo realizado pela Consultoria
Britânica EIA (Economist Intelligence Unit),
com a cooperação da entidade brasileira CLP (Centro de Liderança Pública).
Profissionais indicam
os motores de
desenvolvimento da
região e desafios
enfrentados pelos
empresários no dia a dia
no estado também apresenta grande
potencial”, comenta Artur Damasceno,
diretor da ANEFAC Curitiba e consultor da
Damasceno & Oliva.
Camilo acredita que no longo prazo
a região receba investimentos, especialmente no setor de agronegócios, que
possui forte atuação de cooperativas
Entre os anos de 2011 e 2013 o estado
de grãos. Na visão do vice-presidente da
passou da quinta para a terceira posição
regional, para que estes investimentos se
em clima de negócios e capacidade
concretizem, a participação das parcei-
de atração de investimentos. Mesmo
ras público-privadas será fundamental
com cenário econômico nacional
(como telecomunicações) e nível socio-
para o desenvolvimento das empresas.
desfavorável, o Paraná conseguiu apre-
cultural e educacional como aliados ao
Além de ser forte no setor agrícola, a
sentar avanços em áreas como vendas
desenvolvimento econômico da região.
região abriga grandes empresas nacio-
internacionais do agronegócio, renda
“Resta-nos transformar este potencial em
nais e multinacionais que têm buscado
per capita, dispêndios realizados pelo
realidade”, avalia.
organização corporativa e aquisição de
setor privado com pesquisa e desenvol-
Com a participação do PIB parana-
tecnologia para produção, como cita
vimento, e estímulos fiscais direcionados
ense (R$ 239,3 bilhões) de 5,8% do PIB
Fernando Miasato, executivo de Negó-
às políticas ambientais.
nacional, as perspectivas são positivas
cios da Ferrari Consultoria Empresarial e
“É uma região que tem perspectivas
para a região de Curitiba, especialmente
Gestão de Ativos.
de crescimento e uma economia di-
no setor agrícola. “A safra 2013 de grãos
Segundo ele, o setor industrial é a
versificada”, analisa Leandro Camilo,
atingiu mais de 36 milhões de toneladas,
maior aposta da região com as melhores
vice-presidente da ANEFAC Curitiba e
cinco milhões a mais do que em 2012.
perspectivas para a cadeia produtiva
sócio da PwC. Carlos Alberto Ercolin, di-
O Paraná representa quase 20% da pro-
automotiva. “Consideramos que existem
retor da regional e sócio-diretor da Hexis
dução agrícola do Brasil. Soja e milho são
pelo menos três níveis de fornecedores
Consulting, cita fatores de infraestrutura
bastante significativos e a indústria florestal
das grandes montadoras com grande
73
com desenvolvimento acelerado porque
“Entre os meses de abril a agosto nos
o próprio empresariado não espera um
acostumamos a ver nosso maior e mais
ano aquecido.
importante aeroporto, o Afonso Pena,
A preocupação dos empresários do
fechado, às vezes abrindo somente no
Sul com relação ao desempenho eco-
meio das manhãs. A rodovia Regis Bitten-
nômico de 2014 foi comprovada na 4ª
court é outro percalço”, afirma Carlos Al-
edição da pesquisa “A Força do Sul”,
berto Ercolin. Ele lembra que investimentos
promovida pela PwC em conjunto com
já estão sendo feitos, tanto no aeroporto
a revista Amanhã e Rhode & Carvalho.
como na duplicação da rodovia, e espe-
O levantamento aponta que 51% dos
ra que as melhorias diminuam a barreira
respondentes de 80 das 500 maiores em-
física que os separa dos demais grandes
presas com atuação no Rio Grande do
centros de negócios.
Sul, Paraná e Santa Catarina afirmaram
Um setor que poderia se destacar
que o desempenho de 2014 repetirá o
ainda mais na opinião de Ercolin é o de
Da esq. para a dir., Artur Damasceno, ANEFAC e
Damasceno & Oliva; Leandro Camilo, ANEFAC
e PwC; Hadler Martines, ANEFAC e PwC; Carlos
Alberto Ercolin, ANEFAC e Hexis Consulting;
Marcus Custódio, ANEFAC e Universidade
Positivo; e Fernando Miasato, Ferrari Consultoria
Empresarial e Gestão de Ativos
do ano passado. E 26% acreditam que
serviços. O executivo conta que uma das
será pior. “Vemos notadamente itens
reclamações de pessoas de São Paulo ou
como reforma tributária, dificuldade de
Rio de Janeiro que visitam a cidade é que
contratação de mão de obra qualificada
falta mais serviços 24 horas. Para ele, os
e produtividade da mão de obra como
hotéis também podem e devem investir
potencial de negócio, sendo que a
mais, visto que a oferta ainda é insufi-
maioria está instalada em um raio de
algo bastante sensível”, opina Camilo.
espaçodos
starkey
A modernização
portos da região
200 quilômetros no entorno de Curitiba”,
é fundamental para ganhos em escala
ocorrem simultaneamente na região.
menciona. O professor Marcus Custódio,
e competitividade, visão compartilhada
Para Hadler Martines, diretor da ANEFAC
diretor da ANEFAC Curitiba e coordenador
por Damasceno. Segundo ele, durante
Curitiba e gerente da PwC, um aspecto
da Universidade Positivo, afirma que o
evento para divulgar o estudo da PwC,
muito importante para todos os empre-
setor industrial continuará sentindo os im-
em maio passado, foi indicado que um
sários brasileiros, e consequentemente
pactos da desaceleração econômica e,
terço do preço da soja no porto refere-se
para os curitibanos, é a complexidade
a exemplo do que acontece em todo o
ao custo com transporte. “Um contêiner
da legislação tributária brasileira.
país, exigirá muito “suor e sangue” de seus
com commodities ou produtos finais
Ele lembra que o Brasil é considerado
executivos para atravessar esse período
demora em média 21 dias para ser libe-
o país que demanda o maior número
de ventos contrários.
rado no Porto de Santos, o que no Porto
de horas das empresas para atender
de Rotterdam, na Holanda, demora em
às exigências da legislação tributária.
média dois dias”, mencionou.
“Muitas vezes vemos casos de pequenas
Dentre os setores que mais estão
empregando em Curitiba, Damasceno
ciente quando eventos de grande porte
aponta o comércio, a indústria de trans-
Na visão de Fernando Miasato, infraes-
e médias empresas que estão cres-
formação e educação, e acredita que
trutura de transporte e disponibilidade de
cendo rapidamente, mas são bastante
continuará assim no curto prazo.
mão de obra são os principais entraves
desorganizadas do ponto de vista fiscal.
para que a região se desenvolva mais. “A
Isso faz com que elas carreguem um
Entraves para o crescimento
qualidade da conexão entre fornecedores
passivo tributário cada vez maior e que
Apesar de o Paraná ser atrativo em termos
e mercado consumidor colabora muito
poderá comprometer a perenidade
de investimentos, Leandro Camilo diz que
para a decisão de onde investir. Da mesma
da empresa”, revela. Martines reco-
os empresários da região estão vendo
forma, a disponibilidade de profissionais
menda que não importa o tamanho
este ano com cautela, assim como
com formação especializada antecede a
da empresa, a parte tributária deve ser
ocorreu em 2013. Em sua visão, o cenário
decisão de investimento”, enfatiza. Gargalo
sempre uma prioridade, não podendo
de investimentos para 2014 serve basica-
em todo o Brasil, logística e infraestrutura
ser descuidada, pois ao mesmo tempo
mente para sustentar o desenvolvimento
também prejudicam a comunicação física
que representa um risco, pode ser um
das operações e não haverá crescimento
da região com o restante do país.
diferencial competitivo.
74
turismo de negócios
Minnesota:
EUA em expansão
A
cidade de Minneapolis
obra na região e o custo de vida inferior
foi escolhida para sediar
ao da capital paulistana em decorrên-
De acordo com ele, com a economia
a 95ª Conferência Anual
cia, especialmente, da valorização
forte, os Estados Unidos já superaram a
do IMA (The Association for
do Real. Mesmo percorrendo 1.500
fase de recuperação. “São humildes em
ostensiva, nem pobreza absoluta”, conta.
Accountants and Financial
quilômetros de estradas em pleno verão
admitir, mas o progresso e prosperidade
Professionals in Business), realizada entre
norte-americano, encontrou temperatu-
são visíveis para todos”, garante. Ele
os dias 22 e 25 de junho, nos Estados
ras semelhantes às de São Paulo nesta
destaca que Cristiane Romans, Chief
Unidos. Charles Holland, diretor executivo
mesma época do ano. No inverno, as
Business Correspondent da CNN, em sua
de Governança Corporativa da ANEFAC e
temperaturas caem ainda mais. Não
apresentação sobre economia durante
membro do Conselho de Administração da
é à toa que se trata de um bom lugar
a Conferência, afirmou que o país está há
Associação foi um dos poucos palestrantes
para caça, pesca e esportes praticados
cinco anos em expansão. As perspectivas
estrangeiros na programação, e esten-
na neve. O desenvolvimento do estado
são boas, as ações em bolsa de valores
deu a estadia no país para visitar o estado
impressionou o executivo. “Não vi riqueza
estão em nível recorde e boa parte da
de Minnesota, sede de grandes empresas, como UnitedHealth, Target, Best Buy,
3M, General Mills, SuperValu, Medtronic,
entre outras. Holland foi até a fronteira do
Canadá e visitou sete cidades em uma
viagem que durou 17 dias.
Destacando a qualidade das estradas,
sinalização, escolas e hospitais, Holland
aponta a alta produtividade de mão de
Cathedral Of
Saint Paul
75
Centro de Minneapolis
recuperação é decorrente de energia
Na visão de Holland, aos executivos
debatidos durante a conferência deste
abundante e barata – petróleo e gás
brasileiros e suas empresas, as conferên-
ano ele destacou também os painéis
de xisto. cias anuais do IMA proporcionam um
“Big Data – Plano de Ação para CFOs”,
Holland destaca o comércio como um
relevante retorno, com atualização de
com Rich Clayton, vice-presidente da
grande empregador e a praticidade e
conhecimentos excelente. “Em Minneapo-
Oracle Corporation; “Desafios decorrentes
objetividade das leis trabalhistas norte-
lis havia mais de mil participantes. Entre
starkey
eles, muitos espaço
professores
de management
de mudanças”, com Joe Theismann, ex-
americanas. “Nos Estados Unidos, é permitido contratar mão de obra quando
accounting das principais escolas de
locutor e empresário; e ainda as infor-
requerida. Assim, ninguém fica ocioso
administração dos Estados Unidos. Vale a
mações sobre exame para Certificação
no trabalho como no Brasil – principal-
pena o investimento de tempo”, garante.
CMA (Certified Management Accountant),
mente no setor de comércio”, aponta.
Além de sua palestra entitulada “IFRS
também disponíveis no site do IMA: http://
Ele destaca ainda os baixos impostos e o
– What´s Up?”, sobre o estado atual da
migre.me/l7Gbd. Para quem quiser se
alto volume de transações, enquanto no
convergência mundial e no Brasil, e da
programar, a próxima edição do evento
Brasil o volume de transações per capita
já citada apresentação de Cristiane Ro-
acontecerá em Los Angeles, Califórnia, de
é baixo e as margens de lucros e cobran-
mans sobre economia, entre os temas
21 a 24 de junho de 2015.
campeão mundial de futebol americano,
ças de impostos são substancialmente
mais altos sobre as transações. Segundo Holland, é cultural o gosto por
colecionar armas, o que cria a pitoresca
visão proporcionada por lojas de 2.500
metros quadrados com mais de duas
mil armas, incluindo potentes metralhadoras. A presença de gigantescas redes
comerciais, como a Menards - de materiais de construção e de conveniências
caseiras, em pequeninas cidades, como
a International Falls, de seis mil habitantes,
também impressiona. A riqueza da região
fica evidente ainda com a presença
do maior shopping-center dos Estados
Unidos, o Mall of America; e da Catedral
de Saint Paul. Pesca em um dos
inúmeros lagos
gelados de Minnesota
76
artigo
há chances de a Lei
Anticorrupção “pegar”?
Por Emerson Albino*
V
Primeiramente, apesar de se tratar de
Observa-se, contudo, que a celebra-
uma lei que prevê a punição adminis-
ção de um acordo nos moldes previstos
trativa dos infratores, uma rápida leitura
na Lei 12.846/13 manterá a persecução
da norma mostra que ela possui “cara,
criminal dos envolvidos. Ora, uma vez
cheiro e forma” de lei penal, não obstante
que o Acordo de Leniência deverá ser
estabelecer a responsabilização objetiva
firmado pela empresa, na pessoa de
dos agentes2. Esse sentimento constitui-se
seus dirigentes ou administradores3, este
num alerta importante, já que normas
mecanismo incentivador da denúncia
penais estabelecem garantias constitu-
dificilmente será buscado, já que as
igente desde janeiro último,
cionais singulares, as quais observamos
pessoas físicas envolvidas no ilícito ain-
fruto de um projeto de lei
não estarem presentes na Lei 12.846/13.
da poderão ser responsabilizadas, em
apresentado pelo Poder
Não só por esse aspecto, mas também
especial, criminalmente. A menos que
Executivo em 2010, a Lei
por meio de uma análise mais detida da
os envolvidos não estejam mais atuando
12.846, sancionada em
Lei, nota-se que ela ainda será alvo de
na empresa, esperar que um acordo de
2013, valendo-se da máxima de que
muita polêmica. Abordaremos aqui dois
leniência seja firmado nesses termos é,
“sem corruptor não há corrupção”, prevê
aspectos em especial.
de fato, uma ficção.
a responsabilização administrativa e civil
O primeiro ponto de controvérsia que
Um segundo e último ponto que
de pessoas jurídicas1 pela prática de atos
ousamos tratar é o que a Lei define
destaco reside no fato de que o pro-
contra a administração pública, nacional
como “Acordo de Leniência”. Trata-se de
cesso administrativo para a apuração
ou estrangeira.
mecanismo que possibilita redução das
da responsabilidade da pessoa jurídi-
Destaque-se que apesar de ser co-
penalidades a serem aplicadas à pessoa
ca pela prática do ato lesivo contra
nhecida como “Lei Anticorrupção”, ela
jurídica que colaborar para a investigação
a administração pública deverá ser
impõe penalidades à prática de atos
dos atos lesivos praticados. Apesar de se
instaurado e julgado pela autoridade
lesivos contra a administração pública, os
tratar de assunto controverso, verifica-se
máxima de cada órgão ou entidade
quais nem sempre envolvem corrupção.
que os defensores desse mecanismo
dos três Poderes. Não é necessária muita
Notamos, por exemplo, que a lei punirá
(também empregado, por exemplo, no
reflexão para se observar que para um
o ato de “impedir, perturbar ou fraudar
âmbito do Cade) argumentam que a
mesmo ato poderemos ter mais de um
a realização de qualquer ato de proce-
celebração de acordos de leniência
Poder envolvido e por que não, mais de
dimento licitatório público”, ou seja, ato
abrevia o procedimento administrativo e
um ente da Federação lesado. A quem
sem qualquer garantia de oferecimento
constitui, de fato, incentivo à denúncia do
caberá a instauração e julgamento do
de vantagem a um agente público.
ilícito cometido.
processo administrativo nesses casos? A
77
do Direito do Trânsito: os municípios não
produziu efeitos perceptíveis ao final dos
se ressentem em utilizar as sanções admi-
anos de 19805, ou seja, levou mais de
nistrativas pecuniárias como mecanismo
uma década para se consolidar.
para auferirem receitas. Espera-se que a
Em verdade, verifica-se que com o
regulamentação pelo Executivo Federal
FCPA as empresas norte-americanas
venha a sanar, em especial, esta dúvida,
assumiram posição de desvantagem
definindo objetivamente o ente público
competitiva em relação às dos demais
que poderá demandar contra o suposto
países, já que poderiam ser punidas
infrator. Temos condições de antecipar,
dentro dos EUA por atos de corrupção
todavia, que a regulamentação promo-
praticados no exterior. Nos últimos anos,
vida pelo Estado do Paraná por meio
acordos celebrados em fóruns como a
do Decreto 10.271/14 não tratou em
ONU e a OCDE (devidamente coordena-
especial desse tema.
dos pelos Estados Unidos) obrigaram ou-
Enfim, por envolver um tema muito
tros países a adotar políticas internas de
sensível, a Lei Anticorrupção brasileira
combate à corrupção. Com a nova lei,
vem sendo e ainda será, por algum
espaço starkey
tempo, objeto de amplas discussões. É
o Brasil, assim como o Reino Unido, que
todos que se julgarem prejudicados? Nes-
provável que levaremos alguns anos até
(UK Bribery Act), passou a integrar o rol de
se particular, as pessoas jurídicas correm
que a aplicação da norma se estabilize.
países que buscará punir de forma mais
o risco de terem que responder a diversos
Até porque uma rápida pesquisa pos-
rigorosa atos de corrupção praticados
processos administrativos acerca de um
sibilita-nos verificar que o problema da
perante seus agentes públicos.
mesmo fato, o que poderá, inclusive,
corrupção de agentes públicos é tema
Apesar de certo ceticismo local quan-
determinar a condenação e absolvição
controverso em boa parte dos países.
to à sua efetividade, a Lei está posta
pela prática de um mesmo ato, a depen-
Lembramos que até bem pouco tempo
e vigente. Os desafios são enormes, já
der do órgão ou entidade que conduzir
alguns países da Europa, entre eles a Ale-
que a burocracia institucional estatal,
o procedimento sancionador.
manha, permitiam inclusive a dedução
não há a menor dúvida, contribui para a
instituiu legislação semelhante em 2010
Nesse aspecto, em especial, desta-
fiscal de suborno pago para a efetivação
imposição de dificuldades para a venda
camos que o art. 24 da Lei define que a
de seus negócios ao redor do mundo.
de facilidades. Ao prever punição severa
multa e o perdimento de bens, direitos ou
Não nos esqueçamos que a base para as
aos corruptores, espera-se, no mínimo,
valores aplicados aos infratores serão des-
leis atuais é a legislação norte-americana
que a Lei 12.846/13 possa provocar uma
tinados aos órgãos ou entidades públicas
que disciplina o combate à corrupção
transformação cultural no ambiente cor-
lesadas, ou seja, a norma tem um “certo
internacional desde 1977. A norma dos
porativo nacional.
poder arrecadatório”4. Vivemos diuturna-
Estados Unidos, conhecida como FCPA
mente experiência semelhante no âmbito
(Foreign Corrupt Practice Act), somente
* Emerson Albino é diretor da ANEFAC Curitiba e
sócio do Marins Bertoldi Advogados
Responsabilizando solidariamente sociedades controladas, controladoras, coligadas ou, nos limites do respectivo contrato, as consorciadas.
Isso quer dizer que a responsabilização da pessoa jurídica se dará sem a aferição de culpa, bastando apenas constatar o nexo causal, o que não
coaduna com o Direito Penal no Brasil.
3
A lei estabelece que “a responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer
pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito”.
4
A Lei Anticorrupção prevê multa de até 20% do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo.
5
A legislação dos EUA ainda permite o pagamento de facilitation payments para, por exemplo, acelerar a obtenção de autorizações e licenças junto a
órgãos públicos, o que é inaceitável perante a legislação brasileira.
1
2
78
artigo
Sete Vidas
a arte de conciliar vida
pessoal e profissional
Por Tom Coelho*
“Até a morte, tudo é vida.”
(Cervantes)
A
busca pelo equilíbrio entre
cando uma atividade física prazerosa
Cultive também seus amigos. Não
vida pessoal e profissional
capaz de mexer com seus pulmões e seu
estou falando de networking, são coisas
é uma das maiores de-
coração, praticando-a com frequência.
bem diferentes. Mostre-se disponível, bom
mandas no mundo corpo-
E cultive o bom humor, o olhar confiante
ouvinte e acolhedor, em especial em
rativo moderno. Contudo,
e o riso autêntico, mesmo diante das ad-
momentos de adversidade. Descubra o
minha experiência pessoal ensinou-me
versidades. Existe um velho ditado entre os
poder de um abraço revestido de ternura
que família e carreira constituem apenas
pilotos: “O principal é fazer o avião voar”.
e sinceridade.
dois de sete pilares que nos sustentam.
Mas não basta conhecer de navegação,
Os demais são representados pela saúde,
é necessário ter um bom equipamento.
cultura, comunidade, matéria e espírito.
A este conjunto denominei “Sete Vidas”.
Vida 2: Família e afetividade
Finalmente, cuide de seu coração. Não
do nível de colesterol e triglicérides – isso
você já fez na sua primeira vida – mas do
nível de ansiedade, de desejo, de paixão.
Integrar, conciliar e harmonizar estas
Aproveite hoje para dizer o quanto ama
Procure escolher as pessoas certas, mas
Sete Vidas pode significar a menor dis-
seus pais, sem medo de parecer clichê.
também não tente escolher muito. Seja
tância para você encontrar o sucesso e
Infelizmente, pode não existir chance
seletivo, porém flexível. Valorize virtudes,
a felicidade.
melhor para isso. Telefone, peça perdão
seja condescendente com os defeitos.
e aprenda a perdoar.
Seus e dos outros. Abdique de amores
Vida 1: Saúde e esporte
Dê toda a atenção possível aos seus
impossíveis ou não correspondidos – ou
Seu corpo em primeiro lugar. Para tanto,
filhos, se ou quando os tiver. Compartilhe
aprenda, por opção, a conviver com
alimente-se bem, fazendo refeições ade-
cada pequena vitória do desenvolvi-
eles, evitando penitenciar-se.
quadamente balanceadas e evitando
mento deles. Elogie-os constantemente.
ficar em jejum por mais de três horas.
Policie-se no uso da palavra não – você
Vida 3: Carreira e vocação
Beba dois litros de água ou sucos por
pode negar algo de forma construtiva,
A construção de uma carreira profissional
dia e durma o número de horas que seu
propondo alternativas. Participe de suas
de sucesso depende fundamentalmente
corpo solicita, estabelecendo regulari-
atividades escolares, das festinhas de
da definição de um propósito na vida.
dade em seus horários, em sintonia com
aniversário dos colegas e beije-os antes
Assim, é essencial identificar sua missão
seu biorritmo.
de dormir, mesmo que ao chegar eles já
(do latim missio, o enviado) e ouvir sua
estejam em sono profundo.
vocação (do latim vocatio, o chamado).
Lembre-se de praticar esportes, bus-
79
Trabalhe muito, mas principalmente
cendo sua solidariedade na medida de
nenhuma doutrina específica, sua crença
inteligentemente. Desenvolva relaciona-
suas possibilidades. Você poderá doar
particular está dentro de você. Mesmo
mentos cordiais e invista em sua rede de
sangue, visitar creches ou asilos, ou ape-
para o agnóstico, seu cérebro é seu refú-
contatos. Aprenda a planejar, estabelecer
nas participar de uma campanha para
gio. As religiões, disse Gandhi, são como
e escrever metas factíveis e desafiadoras,
arrecadação de agasalhos ou alimentos.
caminhos diferentes que convergem para
além de administrar bem o tempo.
O menor ato será sempre grandioso. Afi-
um mesmo ponto. Que importa que tome-
Trabalhe com paixão e entusiasmo,
nal, solidariedade pratica-se com uma
mos itinerários diferentes, desde que che-
com amor e empolgação. Porém, lem-
palavra de carinho e conforto a quem
guemos à mesma meta? Necessitamos
bre-se: o trabalho irá esperar enquanto
está entregue à melancolia.
da fé para transpor obstáculos, para nos
você mostra às crianças o arco-íris, mas
superarmos, para nos compreendermos.
o arco-íris não espera enquanto você
Vida 6: Bens e possessões
está trabalhando.
A vida material existe sim, é claro. Muitos
Palavras finais
que escrevem sobre comportamento
A verdade está no caminho do meio,
parecem negligenciar este aspecto e
disseram Aristóteles, Buda e Confúcio. Por
Sua quarta vida é um complemento
acabam por reduzir a credibilidade de
isso, o equilíbrio tem o poder de trazer a
natural da anterior. Sua carreira não é
suas argumentações.
felicidade. Todos os excessos, até mesmo
Vida 4: Cultura e lazer
construída apenas pelo seu dia a dia
A maioria de nós associa a felicidade
o amor obsessivo, o sexo compulsivo,
no trabalho. É, na verdade, fora dele
ao bem-estar, este ao conforto, este à
espaço
starkey
posse de bens
materiais.
Guardadas as
acabam sendo tratados, em última ins-
que você se projeta. Para auxiliar o processo de descoberta de sua vocação
devidas proporções, cada qual tem suas
Os dois únicos fatos verdadeiros na vida
você deverá investir em conhecimento
ambições, seus desejos. Não há nada de
são que você nasce um dia e vai morrer
e autoconhecimento.
errado em se querer morar bem, ter um
em algum outro. O que acontece entre
tância, como assunto de cunho médico.
Leia jornais, revistas e livros, assista filmes,
belo carro, roupas de fino corte, mesa far-
essas duas datas depende de seu estilo
vá ao teatro, shows, museus, exposições.
ta. Mas a inquietude reside em privilegiar
de vida. Assim, tente apreciar as coisas
Aprenda uma nova palavra em outro idio-
a sexta vida em detrimento das demais,
simples. Reconheça o que já conseguiu,
ma todos os dias e faça cursos diversos, in-
buscando a acumulação de riqueza
deixando de mirar no que você não tem:
clusive fora de sua área de especialização.
como finalidade em si mesma.
a inveja destrói a felicidade e a gratidão
E tire férias com regularidade, sem
a assegura.
confundir um final de semana emendado
Vida 7: Mente e espírito
com férias de verdade de, no mínimo, dez
A última das sete vidas deveria ser, na verda-
jado equilíbrio que não percebemos que
dias. Nestas ocasiões, coloque os apare-
de, a primeira. Mas prefiro tratá-la como a
não basta buscar a ordem em um único
lhos eletrônicos de lado e dedique-se à
cobertura do bolo de chocolate: coloca-se
campo do conhecimento. É preciso iden-
sua família.
ao final, mas saboreia-se primeiro.
tificar todos os papéis desempenhados,
Vida 5: Sociedade e
comunidade
afirmar que “a fé é uma conquista difícil,
que exige combates diários para ser
Hoje, conhecedor de minhas Sete Vidas,
O homem é um ser social e deve apren-
mantida”. Acostumamo-nos a exaltar
já não sei mais se me exijo à altura do que
der não apenas a viver, mas também a
a presença divina por força de nossas
desejo. Sei apenas que me espero na
conviver. Por isso, busque a integração
dificuldades, mas raramente o fazemos
medida exata do que eu preciso.
em seu meio. Participe de confraterni-
para enaltecer nossos méritos.
Paulo Coelho foi emblemático ao
zações com seus colegas de trabalho,
A sétima vida é base para todas as de-
das reuniões de condomínio, do bingo
mais. É a vida que contempla o mundo dos
beneficente da escola.
valores, do caráter e da moral. Ainda que
Participe da vida comunitária, exer-
você não tenha se encontrado dentro de
Estamos sempre tão distantes do dese-
ouvi-los e harmonizá-los. Do contrário, a
vida será um eterno recomeço.
* Tom Coelho é educador, palestrante em
gestão de pessoas e negócios, escritor com
artigos publicados em 17 países e autor de
sete livros. E-mail: tomcoelho@tomcoelho.
com.br. Visite: www.tomcoelho.com.br e www.
setevidas.com.br.
80
fazendo contas
U
ma vida melhor é o que todos buscamos, porém, a maneira de interpretar
isoladamente o vocábulo “melhor” difere de pessoa para pessoa. Confesso
que somente ao redor dos 45 anos de idade é que comecei verdadeiramente a pensar com mais profundidade a respeito dos múltiplos conceitos
e maneiras diferentes de enfrentar acontecimentos normais e imprevistos.
Profissionalmente, como planejador financeiro pessoal, aos poucos fui adicionando
outros ingredientes aos mais difundidos fundamentos relacionados com investimentos
e criação de reservas financeiras, tais como rendimento real, diversificação, liquidez,
segurança, poder aquisitivo, etc. Alguns continuavam sendo os tradicionais, outros
passaram a ser mais conceptuais ou até heterodoxos.
Concorreu decisivamente para esta interpretação tão mais ampla o livro que havia
lido e que tinha como título “Work and Family, Allies or Enemies”, ou “Trabalho e Família,
Aliados ou Inimigos”. Sintetizando, o livro baseava seu enredo nos conceitos emitidos
por 800 executivos norte-americanos pesquisados com bastante profundidade.
As conclusões básicas obtidas por seus autores, Steward Friedman e Jeffrey
Greenhaus, foram:
•42,4% daqueles executivos nutriam maior importância às suas respectivas famílias
do que à atividade profissional ou então à própria carreira;
•29,6% davam igual peso às suas famílias e à atividade profissional ou carreira;
•13% davam maior importância à atividade profissional ou carreira do que à família;
•15% elencaram outros aspectos que não a família ou atividade profissional.
as escolhas em nossas vidas
Vocês, leitores, deveriam dedicar mais tempo à interpretação do título do referido
livro. Não apenas lê-lo mecanicamente, mas refletir sobre o que significa e vislumbrar
nas entrelinhas a abrangência do seu subtítulo, que é:
“What happens when business professionals confront life choices”, ou “O que acontece quando profissionais são confrontados com escolhas de vida”.
Concluirão que os objetivos e visões daqueles que contratam executivos e executivas são, muitas vezes (ou quase sempre?), diametralmente opostos aos que
são contratados.
Foi somente a partir da leitura do referido livro que comecei a dar imenso valor a
facetas diferentes relacionadas com investimentos e maneiras de amealhar reservas
financeiras e que não fossem apenas os predicados mais conhecidos. As minhas
entrevistas com executivos e cônjuges passaram a abordar, além dos aspectos financeiros, prioridades de vida e os tantos outros objetivos que indivíduos possam ter
Louis Frankenberg é diretor
executivo de Finanças
Pessoais da Anefac
e diretor da Personal
Financial Planning
[email protected] •
www.seufuturofinanceiro.
blogspot.com
ou sonhar em tê-los.
No decorrer dos anos, os resultados obtidos me provaram, sem sombra de
dúvida, que aspectos meramente numéricos em nossas vidas são importantes,
mas certamente não são os únicos que concorrem para nos dar, em tese, maior
felicidade e satisfações.
81
espaço starkey
82
ponto de vista
A
o longo dos anos, as empresas sempre têm procurado
ajustarem-se às tendências e necessidades do mercado de
trabalho, como ocorreu tempos atrás com a terceirização,
ainda em vigor em muitos setores. Agora mesmo, diante
do desaquecimento do mercado e do fraco desempenho
da economia, muitas medidas estão sendo adotadas visando a redução
de custos e o aumento da produtividade.
Nessa onda, está surgindo uma nova tendência no que se refere à
contratação e uso de gestores do alto escalão. Trata-se do executivo
“dois-em-um”, como as consultorias de Recursos Humanos vêm chamando
o novo perfil procurado para cargos executivos – seja para contratação
ou para promoção interna.
Trata-se do profissional que possa ou passe a responder por duas áreas
ao mesmo tempo, eliminando assim um cargo de gerente ou diretor.
Entendo a necessidade que as empresas têm de adequar suas estruturas
às contingências do mercado, mas vejo essa ideia do “dois-em-um” com
alguma preocupação.
resgatando as emoções
Sei de empresas que colocaram a área de Recursos Humanos e de
Tecnologia sob o guarda-chuva da Administração Financeira. Espera-se
que o gestor principal seja muito versátil e eclético para cuidar de três
áreas de características tão diferentes entre si.
Há quem esteja unificando Marketing com Desenvolvimento de Produtos
ou mesmo com o citado RH. Aliás, tradicionalmente, o RH tem sido sempre o primo pobre na família das chamadas áreas nobres ou da primeira
linha. Tanto que, em tempos de crise, é o primeiro a sofrer cortes e a ser
“empurrado” para outra área, como se todo gestor tivesse condições e
conhecimento – para não dizer competência – para administrar esse sensível e indispensável setor, responsável maior pela principal matéria-prima
Floriano Serra é psicólogo,
palestrante, consultor
e diretor executivo da
Somma4 Gestão de
Pessoas. É autor de
mais de 15 livros e de
300 artigos sobre o
comportamento humano
de toda organização - as pessoas.
Inovações são sempre necessárias e bem-vindas, mas elas não podem
perder de vista a motivação e o fortalecimento da energia vital que move
as empresas. Caso contrário, o “dois-em-um” pode transformar-se em
“dois-sem-nenhum”.
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espaço starkey
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