queima das pastagens - Forragicultura e Pastagens

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Queima das pastagens
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QUEIMA DAS PASTAGENS
Patrícia Amarante Brâncio, estudante de doutorado em zootecnia, UFV
Domicio do Nascimento Jr., PhD, Professor Titular da área de Forragicultura e Pastagens do DZO/UFV,
Viçosa-MG
A região de cerrados ocupa cerca de 25% do território brasileiro e possui aproximadamente 207 milhões de
hectares, dos quais 30% correspondem a pastagens naturais e 15% a pastagens cultivadas (ALMEIDA e
SILVA, 1989). A região Centro-Oeste, composta em quase sua totalidade por vegetação de cerrado, possui
cerca de 30,2 milhões de hectares com pastagens cultivadas e 28,9 com pastagens nativas (CENSO
AGROPECUÁRIO DO BRASIL, 1985).
Embora haja tendência de redução de pastagens nativas no cerrado (MACEDO, 1995), estima-se que 37%
destas áreas, que apresentam solos litólicos, areias quartzosas ou lateritas não-hidromórficas, deverão,
potencialmente, continuar sendo exploradas como pastagens nativas no futuro (ZOBY e MORAES, 1986).
Em virtude de seu baixo custo, deve-se utilizar ao máximo o potencial dessas áreas.
As pastagens nativas apresentam baixo potencial de produção bovina, marcada estacionalidade de produção
forrageira e grande diversidade florística. Quando as condições de umidade e temperatura são favoráveis, a
vegetação nativa atende às exigências de algumas categorias animais, entretanto, no período da seca, ocorrem
um decréscimo no crescimento e uma queda da qualidade da forragem em virtude da redução do teor de
proteína e digestibilidade (SIMÃO NETO, 1976) e da rapidez de lignificação das gramíneas (SIMÃO NETO
e DIAS FILHO, 1995).
Tendo em vista que a bovinocultura desenvolvida na região tem na pastagem sua principal ou única fonte de
forragem e a baixa qualidade da forragem reduz o consumo voluntário (MINSON e MILFORD, 1967), os
requisitos nutricionais dos rebanhos, como conseqüência, não são atendidos, e a produção de carne e leite é
seriamente prejudicada (SIMÃO NETO e DIAS FILHO, 1995).
Portanto, torna-se necessário adotar algumas práticas de manejo que minimizem os problemas de escassez e
baixo valor nutritivo de forragens, em especial na época seca.
A queima aparece como uma prática alternativa bastante utilizada, por ser de baixo custo e fácil adoção. Sua
principal finalidade consiste na remoção da "macega", capim rejeitado pelo gado, proporcionando uma nova
rebrotação em períodos de escassez de alimentos. Esta rebrotação , por ser mais tenra, palatável e de melhor
qualidade, pode levar a melhores resultados em termos de produção animal.
Outro efeito da queima é a eliminação da ação seletiva do gado na composição botânica da pastagem
(ARIAS, 1963), por eliminar igualmente espécies de menor valor nutritivo que, por serem rejeitadas pelo
gado, tendem a aumentar de freqüência ao longo dos anos, e espécies de maior valor, altamente selecionadas
pelo gado, que tendem a diminuir com o pastejo. Se for considerado que a preferência do animal por
diferentes plantas e comunidades constitui um ponto crítico do manejo em termos de manutenção da pastagem
(ARAÚJO, 1985), as queimadas teriam sempre um efeito benéfico. No entanto, as espécies respondem de
maneiras diferentes a esta prática, e o domínio da mesma estaria em aumentar espécies ou parte de plantas
desejáveis e reduzir espécies indesejáveis.
A composição botânica e a qualidade da dieta selecionada por bovinos em pastagens nativas dos cerrados
submetidas a queimas em diferentes épocas são pouco conhecidas, e tais informações contribuem para o
planejamento de estratégias de manejo, identificando as espécies de plantas nas quais o manejo deve-se
basear.
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A ocorrência de fogo no cerrado é muito antiga, o que foi confirmado por COUTINHO (1981) ao encontrar
fragmentos de carvão vegetal de 8.600 anos no interior do solo de uma área recoberta por vegetação de
campo cerrado, os quais foram datados pelo método do C14.
O fogo anterior à ocupação dos índios ocorria em virtude de causas naturais como vulcanismo, atrito entre
rochas e principalmente descargas elétricas, com freqüência de algumas décadas. Os índios que moravam ao
longo dos rios, mas utilizavam áreas mais distantes, tornaram o fogo mais freqüente no cerrado, três a cinco
anos entre queimas, com a finalidade de tornar mais fácil a caça de veados atraídos por capim e arbustos mais
tenros e por minerais das cinzas (EITEN, 1972). Segundo este autor, com a abertura de estradas e ocupação
de colonizadores com atividade pecuária, o cerrado passou a ser queimado todo ano durante a época seca,
com freqüência suficiente para que a vegetação viesse a se adaptar.
Segundo VILLARES (1966), o fogo sempre foi um instrumento útil na exploração de pastagens naturais. Em
certas regiões, como oeste e sul dos Estados Unidos, da América Latina e África, o uso do mesmo aparece
rotineiramente como o único meio disponível para manter a produtividade das pastagens.
Dentre os propósitos de uso do fogo em pastagens, destacam-se a eliminação da macega para forçar a
rebrotação nova, mais aproveitada pelos animais, e o controle da vegetação lenhosa. No entanto, para que os
objetivos da queima sejam alcançados sem prejuízo da pastagem, ao longo do tempo, alguns aspectos devem
ser observados, como freqüência e época do ano de sua aplicação, bem como o manejo posterior.
A freqüência entre queimas está mais relacionada com o tempo necessário para a vegetação se recuperar.
Portanto, a freqüência de queima deve ser aquela permitida pelas forrageiras, podendo ser até anual
(MATTOS, 1970), embora queimas anuais, geralmente, formem manchas sem queimar (PRESSLAND,
1982). VINCENT (1935) e CUNHA (1952) indicam a queima de metade das pastagens a cada ano, ou
seja, com freqüência de dois anos para cada área, o que concorda com VILLARES (1966), que aponta uma
redução quantitativa na produção da pastagem submetida à queima anual. Segundo ARIAS (1963), a queima
pode ser aplicada a cada dois ou três anos na mesma área, observando-se, porém, que intervalos entre
queima maiores causam excessivas acumulações de material vegetal, o que torna a queima mais intensa.
O efeito da queima é influenciado pela escolha da época, em razão da destruição de estruturas que variam
com o estádio de desenvolvimento das plantas. Nos cerrados, as queimas são realizadas no início ou no fim
da época seca, embora agosto seja o mês de maior incidência de queimas (COUTINHO, 1990). O objetivo
de se queimar no final do período chuvoso ou no início da época seca é a utilização da rebrotação durante o
próprio período seco, visto que a forragem não-utilizada e envelhecida é retirada pela queima e ainda ocorrem
algumas chuvas que possibilitam a rebrotação (EVANGELISTA et al., 1993). Segundo VILLARES (1966),
a queima nesta época, além de antecipar o período de pastejo, reduz o problema de erosão que pode ocorrer
no início do período chuvoso quando as chuvas fortes encontram o solo desnudo (recém-queimado). No
entanto, após a queima do final da época seca, há melhores condições de umidade para a rebrotação do
pasto, e, consequentemente, mais rápida cobertura do solo e utilização pelos animais logo no início do período
chuvoso.
A utilização da pastagem após a queima é uma das principais causas de sua degradação. Freqüentemente,
coloca-se o animal logo após o início da rebrotação do pasto e, com isso, há o enfraquecimento das plantas,
pois são utilizadas as suas reservas para rebrotação após a queima e não há tempo para reposição de energia
necessária para nova rebrotação após o pastejo. O pastejo pesado depois das queimadas, segundo ARIAS
(1963), também constitui uma prática que agrava a erosão, pois retarda a cobertura do solo e o fechamento
do pasto.
Efeito do Fogo na Vegetação
O estabelecimento da carga animal com base no potencial produtivo do período da seca é muito comum no
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manejo de pastagens nativas (EVANGELISTA et al., 1993). Como conseqüência, ocorre a sobra de pasto
das águas e muita forragem é regularmente perdida, formando macegas de baixa palatabilidade.
Nesse contexto, a queima é utilizada por seu efeito removedor de macega e estimulador do crescimento das
plantas. A promoção e manutenção de altas produções de forragem com o uso do fogo são quase sempre
positivas, mas diferem do tipo de vegetação, das espécies de planta e de várias características relacionadas
com a queima (SCHNEICHEL et al., 1988).
RAO et al. (1973) observaram uma tendência de aumento de disponibilidade de matéria seca com a queima,
de 2.827 kg/ha em média para área queimada comparada com 2.557 kg/ha em área não-queimada.
As cinzas, adicionadas à pastagem após a queima, parecem ter efeito marcante no aumento da
disponibilidade de matéria seca em áreas queimadas. Isso foi comprovado por CAVALCANTI (1978) ao
observar produção similar entre uma pastagem de campo cerrado queimado com posterior retirada das cinzas
e a testemunha, enquanto a área submetida à queima teve produção superior.
O aquecimento do solo, que também é apontado como uma das causas do aumento da produção em áreas
submetidas à queima, segundo HULBERT (1988), parece ser de menor importância, pois foi verificado
pequeno aumento na produção (8%) com o aquecimento do solo em área não-queimada e aumento de 98%
na produção de área queimada, quando comparados com a área não-queimada sem aquecimento.
A maior produção em áreas submetidas à queima tem sido atribuída ao fato de esta prática eliminar o efeito
barreira do acúmulo de material morto. Com a remoção da macega, ocorre novo crescimento e incremento da
disponibilidade de forragem verde (WILLMS et al., 1980).
De acordo com VALLENTINE (1990), o excesso de vegetação morta acumulada e o restolho podem
química e fisicamente inibir novo crescimento, o que concorda com WEST (1965).
Outro fato a ser considerado é que partes senescentes e excesso de biomassa aérea viva afetam a fixação
líquida de carboidratos. Outra conseqüência da remoção da macega consiste no aumento da intensidade
luminosa, que pode estimular o crescimento (HULBERT, 1988).
No entanto, uma redução na produção total de matéria seca na estação subseqüente ao fogo foi observada
por alguns autores (SHAW, 1957; NORMAN, 1969; CORRÊA e ARONOVICH, 1979; WILLMS et al.,
1980; NEIVA, 1990). Todavia, considerando que o subpastejo é comum nas áreas submetidas à queima,
esta perda pode não ser de grande importância.
ANDERSON e BAILEY (1980) associaram menor produção em área queimada com a menor quantidade
de água no solo em razão da maior perda por evaporação conseqüente da retirada de restolho nesta área.
BIDWELL et al. (1990) também atribuíram à redução do crescimento inicial em áreas queimadas a menor
disponibilidade de água seguida da queima.
Em face disso, em regiões áridas a queima agrava o estresse hídrico na planta (WRIGHT, 1972),
prejudicando mais que estimulando (FONTANELI e JACQUES, 1988), sendo as plantas mais adaptadas a
condições secas mais favorecidas com a queima (ANDERSON e BAILEY, 1980).
HAMILTON e SCIFRES (1982), estudando a queima controlada de inverno no Texas, observaram que,
durante períodos secos, o capim-buffel (Cenchrus ciliares) produziu menos em áreas queimadas, com
produção de 360 kg/ha, comparada com 1.230 kg/ha em área não-queimada. WRIGHT (1972) também
verificou tendência de menor produção, 1.081 kg/ha versus 1.279 kg/ha, em áreas queimadas e
não-queimadas, respectivamente. Entretanto, a disponibilidade de matéria seca em pastagens submetidas à
queima iguala-se à disponibilidade em pastagens não-queimadas a partir de quatro a cinco meses após a
queima (HAMILTON e SCIFRES, 1982; FONTANELI e JACQUES, 1988).
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A produção total de matéria seca não deve ser um fator considerado isoladamente na avaliação de uma
pastagem. A disponibilidade de matéria seca, por si só, não explica o consumo e, consequentemente, a
produção animal. Portanto, há necessidade de se determinar a composição química da forragem e a
composição botânica, que são atributos da pastagem relacionados com a produção animal.
Segundo CAIELLI et al. (1979), a quantidade de MS e nutrientes disponíveis, por período de pastejo, afeta
de forma significativa a produção animal. Assim, a queimada, além de poder aumentar a disponibilidade de
matéria seca, melhora a qualidade do pasto, por aumentar o teor de proteína bruta e por ocasionar um
decréscimo nos constituintes da parede celular (ALLEN et al., 1976), refletindo em maiores ganhos de peso
por animal (PALADINES e LEAL, 1978).
A utilização de queima em pastagens com dominância de Trachypogon sp., na Colômbia, segundo
PALADINES (1974), é justificada pelo fato de o pasto apresentar rápida perda da qualidade, com 10% de
proteína bruta (PB) a uma altura de 10 cm, diminuindo para 2 ou 3% quando o pasto atingiu 50 cm ou mais.
ANDRADE e LEITE (1988) relataram que, em pastagem nativa dos cerrados que apresentava teor médio de
PB de 3% no final da seca, este passou a 10% 41 dias após a queima e se manteve em torno de 7% até três
a quatro meses depois, caindo então rapidamente.
Em pastagens com predominância de Spartina spartinae, no Texas, a queima tem potencial para aumentar o
valor nutritivo em termos de PB, observando-se 9-11% em área com tratamento de queima e 4-5% em
área-controle (Mc ATEE et al., 1979).
Com a queima, ocorre o acréscimo de nitrogênio no material herbáceo (MANNETJE et al., 1983; GRIFFIN
e FRIEDEL, 1984; FONTANELI e JACQUES, 1988). Apesar de a queima causar volatilização do N
durante o processo, aumenta indiretamente o suprimento de N de outras maneiras, como por meio do estímulo
ao aumento da fixação de N pelo aquecimento do solo ou pela maior intensidade luminosa, ou por meio do
aumento da mineralização do N (HULBERT, 1988).
RAO et al. (1973), em pastagens naturais no Kansas, observaram uma diminuição no conteúdo de lignina de
10,06 para 8,86% com o uso da queima. Quanto à digestibilidade da matéria seca, SMITH et al. (1960),
estudando o efeito da queima em meados da primavera, encontraram maior valor em área com tratamento de
queima (64,52%) quando comparado com tratamentos sem queima (59,07%). No entanto, RASMUSSEN
et al. (1983) não observaram efeito da queima para essa variável, em pastagens naturais do Texas.
Entretanto, os benefícios da queima são de curta duração, desaparecendo de três a quatro meses após a
queima (SCHNEICHEL et al., 1988) até um ano (MANNETJE et al., 1983; WADE e LEWIS, 1987;
ANDRADE et al., 1992); e deve-se considerar que a disponibilidade de forragem é muito baixa nos primeiros
meses após a queima.
Além disso, tem-se observado que a queima modifica a composição botânica da pastagem (TOTHILL,
1971; CESAR e GIFFORD, 1981; EVERSON e TAINTON, 1984; MORAES et al., 1991), pois as
espécies reagem a esta prática de maneiras diferentes (ARIAS, 1963).
Os vegetais podem ser divididos em dois grupos de resistência à queima: um de pequena resistência, formado
por espécies lenhosas, que possuem um colmo lignificado e pontos de crescimento longe do solo; e outro de
grande resistência, constituído de espécies herbáceas de colmo rasteiro ou por vezes subterrâneo, com baixo
grau de lignificação, com pontos de crescimento junto ao solo (MATTOS, 1970).
As espécies resistentes ao fogo, principalmente gramíneas, podem ser separadas em dois tipos: espécies de
rápida regeneração após a passagem do fogo, por armazenar maior energia nos órgãos subterrâneos,
chamadas "espécies de rebrotamento"; e espécies denominadas "maturação e morte", que produzem muitas
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sementes resistentes ao fogo, podendo então germinar após a passagem do fogo (ODUM, 1988).
Segundo MATTOS (1970), as sementes caídas ao chão encontram ótimas condições para germinar depois
da queima, quando o terreno encontra-se limpo. HERINGER (1971) concluiu que há necessidade de clareiras
para o estabelecimento de novas plantas ao encontrar plântulas apenas em locais com vegetação bem rala ou
nas bordas dos tratamentos de sua área experimental. O mesmo foi observado por LOURENÇO et al.
(1976) e ALEJO et al. (1987), que também encontraram maior emergência de plântulas em tratamento de
queima. No entanto, apesar de a queima favorecer a germinação de sementes em relação à não-queima, sua
ação continuada pode destruir as plântulas (WRIGHT, 1974).
O fogo, além de interferir nos processos de propagação, força as espécies arbustivas a criar dispositivos de
defesa (HERINGER, 1971), que consistem em cascas grossas, revestimento escamoso, rizomas fortes,
tubérculos e túnicas (RACHID-EDWARDS, 1956).
De acordo com SOUZA FILHO et al. (1986), as gramíneas desejáveis são, em geral, menos resistentes ao
fogo, observando-se a redução de suas freqüências com o uso indiscriminado do fogo.
As espécies Enneapogon polyphyllus e E. avenaceus e Digitaria brownii, altamente palatáveis, foram
significativamente reduzidas pela queima, enquanto Aristida contorta, uma espécie moderadamente palatável,
foi significativamente reduzida pelo fogo (GRIFFIN e FRIEDEL, 1984).
PALADINES (1974) verificou, em uma revisão de trabalhos sobre o efeito do fogo na composição botânica
de pastagens de savana na Venezuela, que a predominância do Trachypogon parece estar associada com a
ação freqüente do fogo e que, em áreas protegidas, outras espécies do gênero Axonopus aumentam de
freqüência.
Entretanto, a redução de espécies palatáveis e o aumento das não-palatáveis nem sempre ocorrem. Em
pastagens naturais canadenses, o fogo mantém a dominância dos capins e reduz o número de espécies
lenhosas (ANDERSON e BAILEY, 1980).
PARANASTASIS (1980) relatou que, em uma pastagem nativa da Grécia, a queima controla o arbusto
Sarcopoterium spinosum (L.), não-palatável, que acumula galhos secos, podendo machucar os animais, e
proporciona alta disponibilidade de forragem do estrato herbáceo.
No Texas, segundo WRIGHT(1974), a queima promove o aumento de produção e palatabilidade de tobosa
(Hylaria mutica), reduz a copa de Prosopis grandulosa a níveis aceitáveis e reduz uma erva anual indesejável
denominada Xanthocephalum dracunculoides.
Entretanto, ainda no Texas, em pastagens de capim-buffel queimadas eventualmente, segundo HAMILTON
e SCIFRES (1982), as espécies arbustivas como Prosopis glandulosa, Acacia rigidula e Acacia tortuosa não
foram controladas com a queima simples (uma única queima) e queima repetida, pois voltavam à cobertura
anterior à queima após duas estações de crescimento.
A resposta das plantas à prática da queima está também relacionada com a época de realização da
queimada, em razão da interação do fogo e dos fatores climáticos (umidade e temperatura) sobre a
germinação e, ou, rebrotação das plantas. Essa resposta ainda depende da intensidade do fogo, das
condições de crescimento pós-queima e das interações na competitividade interespecífica das espécies do
ecossistema (DUARTE, 1987).
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