Nutrition for Tomorrow
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Nutrition for Tomorrow
N˚ 06 - aNo 03 maio/juNho2011 a RevisTa da pRodução aNimal Nutrition for Tomorrow Cooperativismo FEIRAS DE COOPERATIVAS AGRáRIA | 60 anos de história COTRIbá | 100 anos www.nftalliance.com.br Menos dor e menos lesões no rebanho. Menos dor e menos lesões no seu bolso. N˚ 06 - aNo 03 maio/juNho2011 Vacinas Vision. N˚ 06 - aNo 03 maio/juNho2011 Mais ação com menos reação na prevenção contra as clostridioses. s Menos dor e menos estresse para o animal. s SPUR®, adjuvante exclusivo que substitui os adjuvantes tradicionais. s Máxima eficácia com muito menos lesões: rebanho protegido, produtivo e valorizado. s Imunidade rápida e duradoura: animais saudáveis e pecuarista tranquilo. s Exclusivo sistema de produção APS: garante altos níveis de pureza. s Nova tecnologia de filtragem: reduz a dose (2 ml) sem diminuir a concentração de antígenos. s Imunidade com segurança, conforto e bem-estar, evitando perdas no abate. SAC 0800 70 70 512 - www.intervet.com.br NT - a RevisTa da pRodução aNimal a RevisTa da pRodução aNimal Nutrition for Tomorrow Cooperativismo FEIRAS DE COOPERATIVAS AGRáRIA | 60 anos de história COTRIbá | 100 anos www.nftalliance.com.br Confirmando as expectativas do início deste ano, os custos de produção das carnes, leite e ovos continuam altos, basicamente em função dos preços dos grãos que compõem as rações animais. Adicionalmente, o câmbio continua desfavorecendo as exportações brasileiras e aumentando o custo local das empresas exportadoras. Por outro lado, a boa fase da economia brasileira continua dando sustentação ao consumo das carnes,leite, ovos; gerando a demanda necessária para amenizar a queda acentuada dos preços pagos ao produtor. Importante também lembrar que o valor médio recebido por quilo exportado vem aumentando em relação ao ano passado, em dólares. Este é o cenário que vive a produção animal brasileira, cada vez mais desafiada a mostrar sua pujança, para manter sua liderança mundial em produção de proteínas animais. Neste sentido, a missão da Revista NT de ser um dos canais de comunicação entre os diferentes elos da cadeia de produção animal se reforça e ganha importância. Nesta edição fazemos um balanço das feiras e exposições agropecuárias, de várias cooperativas brasileiras que se realizaram até maio. Todas buscam, à sua maneira, prestigiar a produção familiar de seus associados, transferência tecnológica, tendências de mercado e apresentações práticas que ajudem na melhoria dos resultados econômicos de seus associados. Mostramos também o Rally da Safra deste ano, que busca ajudar no entendimento às expectativas da safra brasileira de milho e soja. Abordamos também matérias do segmento de bovinos de leite (uso de ureia, balanceamento de dietas e sucedâneos lácteos) e suínos (doenças respiratórias). Temos nesta edição o Caderno Especial Avicultura, com matérias sobre desafios futuros desta indústria, sanidade, qualidade do milho, uso de glicerina, ambiência, manejo e exigências nutricionais. Ou seja, um caderno de “peso”. Voltamos ao uso da tecnologia NIR (Near Infrared Reflectance) como ferramenta essencial de “sintonia fina” nos balanceamentos das rações animais, cuja implantação pode gerar lucros consideráveis na produção animal (custo das rações). Trazemos também a história de duas cooperativas referências no Brasil: Cooperativa Agrária Mista de Entre Rios e Cooperativa Agrícola Mista General Osório Ltda (Cotribá), que acaba de comemorar 100 anos de fundação. Ou seja, estamos na busca do fortalecimento crescente de todos os elos que compõem a cadeia de produção animal brasileira. N˚ 05 I ano 03 I Maio/Junho/2011 Expediente A REVISTA NT é uma publicação trimestral da Nutrition for Tomorrow Alliance, distribuída gratuitamente para a cadeia da produção animal. Gestão e Execução NFT Alliance Nutron Alimentos – Alessandro Roppa e Carolina Tanese Jornalista responsável: Mariana Nascimento MTB: 31 082-SP CELSO MELLO Diretor Presidente Nutron Alimentos Redação: QUÊS – Ateliê de Comunicação Revisão: QUÊS – Ateliê de Comunicação Foto da capa: César Machado - Agrostock Projeto gráfico e diagramação: Produção Coletiva www.producaocoletiva.com.br Tiragem: 15 mil exemplares íNDICE NT Caros amigos, 6 Giro na Produção Animal NOTíCIAS 08 | O PALCO DAS FEIRAS 14 | I SIMPóSIO INTERNACIONAL LEITE INTEGRAL 16 | RALLy DA SAFRA MERCADO 24 | PASSOS PARA O FuTuRO NuTRIçãO DO AMANHã GESTãO 28 | EMPRESA RuRAL FAMILIAR 90 | COMO SERá O AMANHã BOVINOS DE CORTE 30 | CONTROLE 34 | FEED MANAGER ESTRATéGICO EVITA PERDAS BOVINOS DE LEITE 38 | NuTRIçãO x 46 | GIROLANDO E NuTRON - Boa leitura a todos! ALIMENTAçãO PARCERIA DE MARkETING Contato: [email protected] A revista em formato eletrônico pode ser acessada no site www.nftalliance.com.br Nutrition for Tomorrow Alliance é um projeto, desenvolvido e administrado pela Nutron Alimentos, que reúne empresas do setor da produção animal, concentrando o melhor capital humano e fornecendo conteúdo técnico para gerar e fortalecer a sustentabilidade dos clientes. A REVISTA NT é uma publicação dirigida a produtores, empresários, técnicos, pesquisadores e colaboradores ligados à cadeia de produção animal. Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da revista. O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos autores. Não é permitida a reprodução parcial ou total das reportagens e dos artigos publicados sem autorização. COMITê NFT ALLIANCE CELSO MELLO E ALESSANDRO ROPPA, Nutron Alimentos VILSON ANTONIO SIMON E RuDy CLAuRE, Intervet/ScheringPlough Animal Health THAíS MARTINS, Serrana Nutrição Animal NT #6 ESPECIAL AVES 56 | MILHO - COMO SER EFICIENTE EM uTILIzá-LO SuíNOS 84 | FATORES DE 88 | AVALIAçãO DA RISCO DAS DOENçAS RESPIRATóRIAS 100 shaping tomorrow’s nutrition 4 AVES 48 | CADERNO Ter a resposta para perguntas que ainda não foram feitas. Partilhar metas e conjugar resultados. A Nutrition for Tomorrow Alliance encerra 2010 depois de muito trabalho, diversas vitórias e comunhão com os parceiros. uma etapa intensa. um ano de sucesso com nossa experiência de marketing corporativo no agronegócio. A cada desafio, uma solução. www.nftalliance.com.br: a plataforma de comunicação que cresce na rede mundial. A versão da revista que contempla o universo latino-americano. Avicultura, suinocultura, pecuária de corte e leite interligadas em eventos com os melhores profissionais do setor. Agora, a sua Revista NT descortina mais uma etapa e de cara nova. uma identidade visual moderna para celebrar 2011 e deixar nossos amigos da cadeia produtiva com um conteúdo ainda mais atraente. Antecipar-se aos acontecimentos. Nosso negócio envolve uma parte sensível da cadeia de carnes, que é a nutrição dos plantéis. O futuro traz boas novidades no campo econômico com previsão de continuidade do crescimento, aumento da renda das famílias e do consumo de proteína animal. Mas também um panorama de elevação no preço dos grãos, o que exige de todos os profissionais mais criatividade para oferecer soluções interessantes e lucrativas para os clientes. A nutrição do amanhã se faz com alianças estratégicas, novas ferramentas, trabalho cooperativo, profissionalização, treinamento, criação e difusão de boas ideias, dinamismo e tecnologia. Palavras que fazem sentido para todos nós que integramos a Alliance. Conceitos que ganharam o Brasil, avançaram pelas Américas, chegaram ao mundo. Bem vindos ao futuro! Alta Gerência e Empreendedorismo Fazenda Figueiredo 102 FREquêNCIA DE TOSSE E LESõES AO ABATE DE SuíNOS Cooperativismo Cooperativa Agrária 106 Cooperativismo 100 anos da Cotribá 108 | Agenda NT #6 5 GIRO na produção animal O que você está vendo no seu dia a dia referente à produção animal? :7<6/ <CB@=<<Ó1:3= >/@/ACË<=A B`}a\]d]a^`]U`O[Oa^O`Oc[OSaQ]ZVOQS`bSW`O /ZbaaW[]RSaS[^S\V] >O`OacW\]QcZb]`SaSfWUS\bSa SbSQ\W¿QOR]a_cSRSaSXO[ Sf^Z]`O`][tfW[]^]bS\QWOZ ^`]RcbWd]R]^ZO\bSZ “O setor de proteína animal exibiu uma notável evolução no Brasil, ao longo das últimas décadas. Isto pode ser comprovado apenas observando-se as gôndolas dos supermercados, onde estão presentes os mais vários produtos de qualidade. Investimentos em genética, elevado controle sanitário e a utilização de rações de notável qualidade foram alguns dos fatores desta evolução. Mas devemos considerar que o consumidor está cada vez mais exigente. E que devemos continuar investindo cada vez mais no aprimoramento desses importantes alimentos.” Francisco Turra Presidente Executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef) 6 NT #6 “Os bovinos são eficientes em converter alimentos fibrosos em carne. Consumidores de um mercado mais exigente não esperam somente carne de alta qualidade, mas também produzida de maneira sustentável. Sustentabilidade social, ambiental e econômica é possível através do fornecimento de dietas balanceadas durante toda a vida do animal. Fornecer suplementos que variam em sua composição e quantidade de acordo com as diferentes estações do ano permitem ao animal expressar seu potencial genético ao máximo. Mais importante ainda, alcançar o peso de abate é mais precocemente.” “é fato notório que no Brasil, alguns dos produtores de leite mais bem sucedidos na atividade são também produtores de alimentos em outras cadeias do agronegócio. Provavelmente, a visão empresarial de outras culturas, trazida para a pecuária leiteira, é a chave do sucesso desses sistemas de produção”. Hink Perdok Diretor de Projetos de Sustentabilidade, Provimi Holding, Holanda FLÁVIA FONTES Editora Chefe Revista Leite Integral /Zb]RSaS[^S\V]b{Q\WQ]S SQ]\[WQ]>O`OacW\]QcZb]`Sa _cSSabSXO[S[c[Ob`OXSb`WO RSO[^ZWOzx]acabS\btdSZ RSaSca\SUQW]a 3TSbWd]SSQ]\[WQ] >O`OO]PbS\zx]RSc[ P][RSaS[^S\V]b{Q\WQ] Q][b]bOZO^`]dSWbO[S\b] R]a\cb`WS\bSa =aQ]\QSWb]a[OWa[]RS`\]aSOa ZbW[Oa^Sa_cWaOaS[\cb`Wzx]RSac\]a S[b`}a^`]U`O[Oab]bOZ[S\bS\]d]a <CB@=<<Ó1:3=ACË<=A 3fQSZ}\QWO[c\RWOZS[\cb`Wzx]Q]\dS`bWRO S[PS\STQW]^O`O]acW\]QcZb]` EEE<CB@=<1=;0@ NOTíCIAS Por Erica Rabecchi O palco das feiras O primeiro semestre de 2011 contou com a realização de importantes eventos promovidos por cooperativas de todo o país um universo a ser explorado. As feiras que hoje preenchem boa parte dos calendários de eventos do agronegócio são verdadeiras estrelas, no que diz respeito à organização, qualidade e proporção de cada uma delas. Por trás deste palco, estão as cooperativas que têm como principais objetivos gerar informações e apresentar tecnologias acessíveis e aplicáveis nas propriedades dos cooperados, visando aumentar a geração de renda, produtividade, viabilidade e sustentabilidade do produtor rural. Cooperalfa, Copagril, Coperdia, C. Vale, Coopervil, por exemplo, figuram entre as que realizam eventos de forte representação no setor. Junto delas, a Nutron está sempre presente, aumentando cada vez mais e de maneira qualitativa a participação da empresa nas principais feiras que acontecem em todo o País. Em cada evento, a Nutron apresenta um amplo estande para a recepção do público e exposição de novidades em suas linhas de produtos: núcleos, sais minerais, sucedâneos lácteos e especialidades em geral. O principal objetivo de participar e estar ao lado das cooperativas nestes eventos, é demonstrar o que há de mais moderno em tecnologias, serviços e produtos para nutrição animal, gerando maximização do retorno sobre o investimento para o pecuarista. Neste primeiro semestre, foram realizadas sete importantes feiras: Dia de Campo C. Vale (janeiro), Itaipu Rural Show (janeiro), CDA Alfa (fevereiro), Show Rural Copavel (fevereiro), Coopervil (fevereiro), Tecnoeste - Show Tecnológico do Oeste Catarinense (fevereiro) e Copagril (março). 8 NT #6 Agenda EVENTO DATA COOPERATIVA Dia de Campo C. Vale 18/01/2011 a 20/01/2011 C. Vale – Cooperativa Agroindustrial Itaipu Rural Show 26/01/2011 a 29/01/2011 Cooperativa Regional de Itaipu CDA Alfa 01/02/2011 a 04/02/2011 Cooperativa Agroindustrial Alfa Show Rural Copavel 07/02/2011 a 11/02/2011 Coopavel Cooperativa Agroindustrial Sétimo Campo Demonstrativo COOPERVIL 17/02/2011 a 18/02/2011 Coopervil Show Tecnológico do Oeste Catarinense 23/02/2011 a 25/02/2011 Copérdia Copagril 02/03/2001 a 03/03/2011 Cooperativa Agroindustrial Copagril C. VALE A C. Vale é uma cooperativa de produção agropecuária com atuação no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraguai. Possui 66 unidades de recebimento de produção. As atividades da cooperativa concentram-se no segmento agroindustrial. C. Vale destaca-se pela produção de soja, milho, trigo, mandioca, leite e suínos e atua na prestação de serviços com mais de 150 profissionais que dão assistência agronômica e veterinária aos associados. Avanços na área de grãos e insumos foram apresentados ao produtor no Dia de Campo C. Vale. Durante três dias, 18, 19 e 20 de janeiro, o público teve acesso a 450 parcelas demonstrativas, em que 21 empresas mostraram o resultado de trabalhos com soja, milho, mandioca e forrageiras. Seis instituições públicas e privadas também apresentaram os avanços de suas pesquisas. Mais de cem empresas puderam mostrar máquinas e implementos agrícolas, muitas das quais de forma dinâmica. O evento aconteceu no Campo Experimental da cooperativa, em Palotina (PR). Enoir Pellizzaro, coordenador de campo experimental da C. Vale contou que o Dia de Campo – evento promovido pela cooperativa – é focado nas parcerias e nos produtos comercializados pela cooperativa. Portanto, não é um evento comercial. Para ele, toda empresa, assim como os produtos e as tecnologias ali expostos, são avaliados pela equipe técnica da C. Vale. Fato este que dá ao participante do Dia de Campo a tranquilidade de participar de um evento com tecnologias comprovadas. “O foco principal está na diversificação, com opções para o produtor de frango, suínos, bovinos de leite e para as culturas da mandioca, eucalipto, milho e soja”, explica Enoir. Para produtores de frangos e suínos foram demonstradas as tecnologias para o manejo, objetivando, além do rendimento, o bem estar animal. Na pecuária leiteira, o enfoque principal foi a produção de leite a pasto, possibilitando uma redução de custos. Já na agricultura, a importância da utilização do Sistema de Produção C. Vale para a redução de riscos e a adubação foram destaque e, ao lado da braquiária, como opção de formação de cobertura do solo, a redução no espaçamento na cultura do milho, tecnologias para as culturas da mandioca e do eucalipto, opções de manejo de ervas daninhas, pragas e doenças para as culturas da soja e do milho, a aviação agrícola, alimentação saudável, recolhimento de embalagens de agrotóxicos, transgenia e mercado agropecuário”, disse Pellizzaro. NT #6 9 ITAIPU RURAL SHOW CDA 2011 A Cooperativa Regional Itaipu, com matriz no município de Pinhalzinho/SC, transformou os tradicionais dias de campo sobre milho, em uma escola a céu aberto, que ocupa 18,5 hectares de área própria. é o Itaipu Rural Show desenvolvido no Centro de Treinamento e Difusão de Tecnologias, localizado no quilômetro 580 da BR 282, em Pinhalzinho (SC). O Itaipu Rural Show, que este ano ocorreu entre os dias 26 e 29 de janeiro, é uma das formas que a Cooperitaipu utiliza para transferir tecnologias e investir no conhecimento do empresário rural. Com palestras, show, demonstrações agrícolas e pecuárias e comercialização de produtos, o Itaipu Rural Show é o maior evento de difusão tecnológica do agronegócio em todo o País, para a pequena e média propriedade rural. Na feira, os agricultores tiveram a oportunidade de aprender a trabalhar com agricultura familiar – lembrando que no oeste de Santa Catarina a média das propriedades é de 12 a 15 hectares de terra. Em um espaço pequeno, a diversidade pode ser grande e rentável. E o Itaipu Rural levou isso a cada um deles. Mais de 42 mil pessoas visitaram o parque ao longo dos quatro dias de feira, atraídas pelas novidades tecnológicas e tendências do setor agrícola. O evento que é voltado para o pequeno e médio produtor, é considerado o maior e melhor de todo sul do País. “Os números comprovam mais uma vez o grande sucesso da feira, que foi avaliada como a melhor, desde a criação do evento, em 1999”, comentou o presidente da Cooperitaipu, Arno Pandolfo. Aos eventos que ainda virão, Pandolfo espera atender da melhor forma possível, visitantes e expositores. “Para nós é um desafio realizar a feira, para o empresário rural é um desafio se manter no campo”, enfatiza Arno, que destaca a importância em inovar sempre. TECNOESTE O Tecnoeste já faz parte do calendário de início de ano dos Produtores Rurais do Oeste Catarinense. uma Feira de oportunidades, para aprender e aperfeiçoar técnicas agrícolas e agropecuárias, além de disponibilizar as mais novas tecnologias do setor. Tudo o que há de novo está na programação do Show Tecnológico Rural do Oeste Catarinense. Adriano Holfdefer, supervisor em suinocultura e coordenador de suinocultura no Tecnoeste, definiu o evento como “canteiro demonstrativo”. Para ele, os suinocultores podem ver na prática todo o processo de produção, desde a inseminação artificial até a degustação do produto final. Além disso, os produtores tiveram acesso ao Seminário de Suinocultura, que trouxe informações atualizadas da área técnica e motivacional. “A feira é uma oportunidade que o fomentado tem de buscar informações, conhecer novas tecnologias e assim, promover o desenvolvimento da suinocultura de forma eficiente e sustentável, além de preservar o meio ambiente”, informou Holfdefer. Vanduir Martini, gerente geral da Copérdia e coordenador do Tecnoeste 2011, também registrou sua impressão sobre o evento. “O Tecnoeste é único. um evento que nasceu dentro da Copérdia com apoio da Escola Agrotécnica Federal de Concórdia, hoje Instituto Federal Catarinense (IFC). A feira está baseada em todas as atividades de agropecuária e do modelo produtivo da nossa região. Leva evolução e aplicação de tecnologias aos produtores rurais. Estamos 10 NT #6 preocupados com o modelo produtivo regional, adequando às necessidades de mudança e aplicação de tecnologias nas pequenas propriedades familiares. Esse é o objetivo do Tecnoeste”, salientou Martini. Flávio Durante, gerente de bovinocultura de leite da Copérdia e coordenador da área de leite no Tecnoeste atesta que o evento é um local de conhecimento e transferência de tecnologias para os produtores da região. “No decorrer dos anos, o evento se caracterizou por muita credibilidade e confiança dos produtores. Aliado a isso, o Fomento do Leite fica o ano inteiro atento às novas tecnologias, tendências e comportamento do mercado, para, durante o Tecnoeste mostrar o que há de mais moderno e aplicável aos produtores da nossa região. Contamos com a parceria da Nutron principalmente na parte nutricional do rebanho leiteiro. um trabalho importante para a cooperativa, produtores de leite e também à Nutron. Nossa equipe técnica está preparada e munida de ferramentas para aplicar esse trabalho no campo. Durante o Tecnoeste focamos o manejo de pastagens, do rebanho quanto à sanidade e qualidade do leite. Estamos preocupados em produzir leite com a qualidade exigida pelo mercado e Instrução Normativa 51. Percebemos que, ao passar pelo Tecnoeste, os produtores aplicam as novidades e tecnologias na propriedade. Se hoje a bacia leiteira tem melhorado muito, com certeza o Tecnoeste, equipe técnica Copérdia e Nutron contribuíram para que isso fosse possível”, finalizou Durante. Coordenador do CDA 2011, em Chapecó (SC), Jacques Schvambach avaliou como positivo o evento deste ano. O encontro, que aconteceu entre os dias 1 e 4 de fevereiro, com chuva, barro, temperaturas mais amenas e número de produtores menor que o programado, revelou uma participação muito mais efetiva daqueles presentes. A Cooperativa Agroindustrial Alfa realizou a 16ª edição do CDA - Campo Demonstrativo Alfa. O tema do evento foi: “Perceber detalhes? Agir? Colher”. “A parte mais importante do CDA é a mensagem central que levamos para os associados. Por isso, cada vez mais nos preocupamos com aquilo que é apresentado. São mais de 300 minipalestras por dia, em que os produtores - agrupados conforme sua atividade principal (Agricultura, Suínos, Leite, Grupo de Jovens e Mulheres) – têm um roteiro mínimo de visitas (em torno de oito por grupo). Diferente de outros eventos ou feiras, onde a visitação é livre, a Alfa faz essa programação para reforçar a eficiência e garantir que o associado leve para casa algo de novo. O CDA é um dia que o cooperado tira para se dedicar a aprender o máximo possível”, contou Schvambach. Para Cládis Jorge Furlanetto, agrônomo e 1º vice-presidente da Cooperalfa – organizadora do evento - o destaque maior ficou por conta dos números agrícolas apresentados, muitas vezes deixados em segundo plano pelo investidor rural. E ele explica: “uma adubação feita de forma desequilibrada, vai gerar um prejuízo entre 5 a 10 sacas de soja por hectare, o que extrairia da receita bruta, R$ 470,00 por hectare. Com esse dinheiro daria pra comprar 9,4 sacas de adubo da formulação 02.20.20 de NPk (Nitrogênio, Fósforo e Potássio)”, informou Furlanetto. Romeo Bet, presidente da Cooperalfa e produtor de leite em Planalto Alegre. Ele fez a seguinte projeção: “Se numa propriedade que produz a média mensal de 20 mil litros de leite, registrar 700.000 células somáticas (CCS) e trabalhar para reduzir esse número na casa das 500.000, aumentará em 1.200 litros por mês seu ganho, o que dá 14.400 litros a mais por ano. Observar e cuidar os pormenores da atividade, é tão ou mais importante, às vezes, que um novo financiamento”, destacou Bet. NT #6 11 COPAGRIL O Dia de Campo Copagril, realizado no dias 2 e 3 de Março, em Marechal Cândido Rondon (PR), tem como objetivo apresentar as novidades do agronegócio. No setor de máquinas e implementos. O evento apresentou o que há de mais moderno, além de lançamentos em tratores, pulverizadores e plantadeiras do setor. Segundo Marcelo Rossato, diretor de marketing da Copagril, todo ano a evolução tecnológica é renovada e apresentada em forma de novidades e avanços no campo experimental e funcional. “Desde quando esta tecnologia iniciou este processo revolucionário, o agronegócio vem sempre acompanhando estes avanços, considerando que a ciência busca evoluir, principalmente na área da biotecnologia, alimentos e sementes. Por este motivo, eventos como o Dia de Campo são essenciais para que os produtores e profissionais da área – que buscam estar ligados a estes avanços e à capacidade de aplicá-los em suas propriedades – tenha acesso ao que existe de melhor em cultivares, adubos, defensivos e máquinas agrícolas”, afirma Rossato. Durante os dois dias em que aconteceu o Dia de Campo Copagril, edição 2011, os visitantes puderam conferir o que há de mais avançado no setor do agronegócio e novidades na área de insumos, defensivos, suplemento animal, rações, vacinas, cultivares e sementes, pecuária entre outras atrações. Com a participação de mais de 100 empresas expositoras, o Dia de Campo se tornou uma grande vitrine para os produtores e visitantes se atualizarem dentro de cada área, podendo fazer negócios e aplicar o conhecimento dentro da propriedade rural. “é sem dúvida uma ótima oportunidade de conhecermos o que há de novo na agricultura, é sempre bom estar participando dos dias de campo da cooperativa, assim como fazemos todos os anos”, comenta a produtora Norma Gonçalves kreush, de Linha Novo Horizonte, distrito de Marechal Cândido Rondon. Nos dois dias do evento, os visitantes puderam conferir inúmeras atrações e novidades dentro da estação experimental. Para as crianças, as Secretarias de Educação de Municípios da área de atuação da cooperativa liberaram os estudantes de algumas escolas, que integram o programa Cooperjovem, para visitar e conhecer a estrutura do Dia de Campo. Para o público feminino, foram desenvolvidas minipalestras coordenadas pela Associação dos Comitês Femininos da Copagril, a ACFC, em que muitas mulheres participaram no intuito de aprender e comercializar os produtos que lá estiveram em exposição. “A programação do Dia de Campo foi pensada na família, para que pudessem se sentir à vontade, cada um na sua preferência”, comenta o coordenador geral do Dia de Campo, Enoir Primon. DIA DE CAMPO 2012 Com o objetivo de estar sempre aprimorando e trazendo um verdadeiro show tecnológico do agronegócio, os organizadores do evento já projetam a edição 2012 do Dia de Campo Copagril. uma das grandes novidades será a estação experimental da cooperativa. “A expectativa é de que no ano que vem já estejamos na nova área e com isso tende-se a ter um espaço maior, levando em 12 NT #6 consideração que a procura por expositores é grande e com isso se faz necessário um lugar mais amplo e confortável, tanto para empresas parceiras, quanto para o visitante”, conclui Enoir Primon. A área nova fica localizada próxima à atual, na PR 491, nas proximidades do aeroporto e tem sua data confirmada para os dias 25 e 26 de Janeiro de 2012. NOTíCIAS Por Erica Rabecchi I SIMPÓSIO INTERNACIONAL LEITE INTEGRAL A Revista NT en enFontrevistou Flávia Fon tes, editora chefe da revista Leite Integral para saber mais do projeto. princiNT - Qual o princi pal objetivo de criar o primeiro Simpósio Internacional de Leite Integral? Flávia Fontes: Esse evento faz parte do “Projeto de Educação Continuada”, desenvolvido pela Revista Leite Integral há cinco anos e que tem como objetivo principal levar informação técnica de qualidade para os indivíduos que trabalham em prol da produção de leite no Brasil. Promovido pela revista Leite Integral, o Simpósio trouxe nomes internacionais para promoção de palestras e ciclos de debate sobre a produção leiteira O I Simpósio Internacional de Leite Integral, ocorrido nos dias 28 e 29 de abril, em Belo Horizonte, fez uma grande estreia no no mercado de produção de leite. Em sua primeira edição e organizado pela revista Leite Integral, o evento trouxe como tema de discussão: “Criando o Futuro da Produção de Leite” e faz parte do Projeto de Educação Continuada, desenvolvido pela revista há cinco anos. Nomes fortes, nacionais e internacionais do meio acadêmico e produtivo da cadeia do leite estiveram presentes nas grades de palestras e fóruns que integraram o Simpósio. Dentre eles, destaque para James k. Drackley (university of Illinois – uSA), Jim quigley (APC, Inc – uSA), Jud Heinrichs (Penn State 14 NT #6 university – uSA), Guilhermo Berra ( INTA – Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária – Argentina), kristy M. Daniels (Ohio State university – uSA), Mark Hill, PhD (Provimi – uSA), Sarne De Vliegher (Faculty of Veterinary Medicine - Ghent – Bélgica), Elias Jorge Facury Filho (Escola de Veterinária da uFMG), Hans Jan Groenwold (Fazenda FINI, Castro/PR), Juliandro Ostapechen (Cooperativa Agroindustrial LAR, Medianeira/PR), Maurício Silveira Coelho (Fazenda Santa Luzia - Passos - MG), Pedro Sérgio Dias Moreira (Fazenda Santa Maria - Menge Gado Holandês - Pouso Alegre - MG), Ronaldo Braga Reis (Escola de Veterinária da uFMG - Fazenda Vargem Grande - Monsenhor Paulo - MG). NT - Conte um pouco mais sobre o “Projeto de Educação Continuada” ? Flávia Fontes: “Educação Continuada” é aquela que se segue à formação profissional dos indivíduos, visando a constante atualização dos mesmos com as novas tecnologias disponíveis e capazes de melhorar sua forma de atuação no mercado de trabalho. A Revista Leite Integral surgiu para suprir uma lacuna no mercado editorial da pecuária leiteira, que era a de uma publicação com cunho técnico, que se tornasse referência para veterinários, zootecnistas, agronômos e técnicos agrícolas, visando mantê-los em contato permanente com os assuntos de maior relevância no setor. O outro público-alvo da revista são os produtores de leite progressistas, que são aqueles capazes de utilizar as tecnologias disponíveis para melhorar a eficiência produtiva de seus rebanhos. Esse é o nosso “projeto de educação continuada”, que está em constante inovação, visando atender sempre às necessidades e expectativas de nossos leitores e clientes. NT - Qual foi o público deste evento, com quem o Simpósio falou diretamente? Flávia Fontes: O evento contou com 860 inscritos, sendo a maioria técnicos e produtores de leite progressistas, que também são o público-alvo da Revista Leite Integral. NT - Como chegaram à escolha do tema “Criando o futuro da Produção de Leite” ? Flávia Fontes: Nosso objetivo era que o evento tivesse um formato inédito no Brasil e que fosse focado em um tema de grande relevância. A criação de bezerras e novilhas, apesar da sua importância dentro dos sistemas de produção de leite, quase nunca é abordada em eventos do setor, sendo esse o primeiro simpósio brasileiro específico sobre esse tema. Conseguimos reunir os maiores nomes nacionais e internacionais relacionados à criação de gado jovem, abordando os temas mais inovadores e de maior impacto nessa área. NT - As expectativas com a geração e execução deste evento foram correspondidas ao que se esperava do Simpósio? Flávia Fontes: Foram mais de 12 meses de trabalho árduo, mas o evento superou todas as nossas expectativas, tanto em termos de quantidade como qualidade do público presente, e estamos todos muito felizes e realizados. NT - O evento será permanente na agenda do setor, com a edição 2012 já prevista? Flávia Fontes: Sim. O evento será anual e, em 2012, deve ser realizado também na última semana de abril. Manteremos o formato do último, escolhendo um outro tema de grande impacto para a pecuária leiteira. Mais informações estarão disponíveis em breve no site do evento: www.simposioleiteintegral.com.br. NT - Qual a importância de ter patrocinadores como a Nutron em eventos como este? Flávio Fontes: O apoio de todas as empresas patrocinadoras foi fundamental, sem o qual esse evento não seria realizado. A Nutron foi a primeira empresa a confirmar sua participação no I Simpósio Internacional Leite Integral, e o apoio dado não se limitou à esfera financeira. Aproveito a oportunidade para agradecer imensamente toda a equipe técnica de bovinos de leite e de marketing, que colaboraram com ideias e sugestões que foram fundamentais para o sucesso do evento. NT #6 15 NOTíCIAS Por Erica Rabecchi RALLY DA O Rally da Safra é um dos principais eventos do agronegócio brasileiro. Projeto pioneiro no País, iniciou-se em 2004 e é o único levantamento de safra técnico privado que vai à campo para avaliar as condições das lavouras de soja e milho. A expedição é realizada entre janeiro e março, durante a fase de desenvolvimento das lavouras e colheita. O roteiro é escolhido com o objetivo de percorrer os principais pólos produtores de soja e milho do Brasil. Para adquirir as informações, a equipe do Rally da Safra utiliza levantamentos qualitativos e quantitativos, que permitem um contato direto com produtores e lideranças regionais, possibilitando uma avaliação consistente das lavouras e das realidades regionais que impactam a cadeia de soja e milho. Durante a avaliação quantitativa das lavouras, diretamente no campo, amostras de soja e milho 16 NT #6 são coletadas e aplica-se uma metodologia de contagem, pesagem e medição de umidade dos grãos com o objetivo de determinar a produtividade das lavouras. Testes de identificação de transgenia (GMO) e medição de cobertura de solo também são realizados. Por meio da avaliação qualitativa, diretamente no campo e em encontros com produtores, é possível analisar a ocorrência de pragas e doenças, a umidade do solo, a qualidade do plantio e da colheita e condições gerais do uso de tecnologia em insumos e máquinas. Durante a viagem, avalia-se também a expectativa dos produtores e agentes do setor quanto a safra de grãos, identificar e avaliar tendências em investimentos, endividamento, comercialização, custos de produção, operacionalização das lavouras, infraestrutura de transporte e armazenagem e meio ambiente. SAFRA RALLY DA SAFRA 2011 A oitava edição do evento levou para campo dez equipes que percorreram 55 mil quilômetros, entre os dias 31 de janeiro e 27 de março. A expedição passou pelos principais pólos agrícolas em 11 estados (RS, PR, SC, MT, MS, BA, MG, GO, MA, PI, TO), que representam 98% da área cultivada de soja e 80% da área com milho em todo o Brasil. As equipes coletaram cerca de 1,3 mil amostras de soja e milho e realizaram palestras com os produtores rurais, além de visitas ao Show Rural, em Cascavel (PR), e à Expodireto, em Não-Me-Toque (RS). No dia 29 de março foram apresentados os resultados na FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (SP). Nesse evento, produtores rurais de destaque foram homenageados. REALIZAÇÃO E PATROCÍNIO O Rally da Safra é realizado pela Agroconsult e patrocinado pela Vale, Banco do Brasil, Case IH, DVA, Monsoy e Fertilizantes Heringer. Avaliação de lavouras de soja e milho Visitas e encontros informais com produtores 8 eventos oficiais, com público de 1.800 produtores 3 eventos extras (Expodireto, Brasília, Porto Nacional) NT #6 17 PRÊMIO PRODUTOR DO ANO COTRIJAL ROTEiRO EquipE 1 30/jan a 04/fev Soja Precoce Norte e Oeste Mato Grosso EquipE 2 06/fev a 11/fev Soja Precoce Sudoeste GO / Evento em Rio Verde EquipE 6 13/mar a 19/mar Soja Normal e Milho GO / MG / BA / Evento unaí/MG EquipE 7 13/mar a 19/mar Soja Normal Sudeste MT / GO / Evento Rondonópolis EquipE 3 13/fev a 18/fev Soja Precoce MS / PR / Evento Cascavel/PR núMERO DE AMOSTRAS REALizADAS EquipE 4 20/fev a 26/fev Milho PR/SC/RS Evento Guarapuava/PR EquipE 5 26/fev a 03/mar Soja Normal Norte e Oeste MT EquipE 8 13/mar a 18/mar Soja Normal SC / RS / PR - Evento Passo Fundo/RS EquipE 9 21/mar a 27/mar Soja Normal MA / PI / TO Evento LEM/BA e Balsas/MA EquipE 10 20/mar a 25/mar Soja Normal MS / PR Soja 1.150 Milho Verão 277 TOTAL 1.427 MiLHO - DESTAquES pOSiTiVOS BRASiL Novo patamar de tecnologia Material genético superior Rápida adesão à transgenia Investimento em fertilidade do solo Clima favorável BRASiL – DESAfiOS DO AgROnEgóciO DESAfiOS DOS pRODuTORES Profissionalizar as empresas produtoras de grãos sob a ótica das boas práticas de governança e comercialização Expandir a cultura do hedge e comercialização antecipada das safras Aumentar o nível de armazenagem de grãos em nível de fazenda Intensificar investimentos em máquinas DESAfiOS DO SETOR questão Ambiental (Reforma do Código Florestal) Ordenamento do passado (CRA – Cota de Reserva Ambiental) Novas regras Moratória Melhorar a Logística de Escoamento da Produção (o mesmo de sempre!) Reduzir a dependência de importação de matéria-prima para fertilizantes Reduzir o custo de capital para custeio e investimento agrícola (IAGRO/BBM) Desenvolver uma estratégia de comunicação com a sociedade (Movimento Agro) 18 NT #6 Cotrijal - Cooperativa Agropecuária e Industrial A história da Cotrijal Cooperativa Agropecuária e Industrial começou a ser construída há mais de 53 anos, quando 11 agricultores da Associação Rural de Não-MeToque, do Rio Grande do Sul fundaram a cooperativa, com intuito de melhorar as condições de comercialização, armazenagem, escala de negócios e competitividade no mercado, especialmente na produção de trigo, principal cultura da época. Direcionada ao agronegócio de alimentos, a Cotrijal está presente em 14 municípios do Planalto Médio Gaúcho e Alto Jacuí e sob o comando do presidente Nei César Mânica, desde 1995 Continua a focar no produtor, proporcionando acesso à informação, à tecnologia e ações de desenvolvimento sustentável. Além da atividade de grãos, a Cotrijal também atua nas áreas de produção leiteira, suinocultura, loja de insumos e supermercados. Atualmente, conta com 5.184 associados e recebe em torno de 860.000 toneladas de grãos/ano, entre soja, milho, trigo e cevada, seus principais produtos. O sistema de produção é 100% baseado no plantio direto e seu corpo técnico conta com 40 engenheiros agrônomos em campo para prestar consultoria aos associados. ALgunS núMEROS inTERESSAnTES: A área de soja de seus associados é de 160.000 ha. Produtividade média 2009/2010: 3.300 kg/ha Produtividade para esta safra: 3.600 kg/ha A área de milho de seus associados é de 40.000 ha Produtividade média 2009/2010: 10.320 kg/ha Produtividade para esta safra: 11.100 kg/ha Este prêmio é uma forma de homenagear os produtores do Rio Grande do Sul. Estado que colhe este ano sua melhor safra, com produtividades recordes. Para se ter uma ideia, em dez anos, a produção de soja aumentou cerca de 3 milhões de toneladas e o consumo de fertilizantes cresceu cerca de 1,4 milhão. PRÊMIO GESTÃO DA PROPRIEDADE AGRÍCOLA - CARLOS ALBERTO POLATO - FAZENDA SÃO CAETANO O paranaense Carlos Alberto Polato chegou a Primavera do Leste em 1983, aos 18 anos de idade, recém-casado e disposto a iniciar a vida em uma propriedade com 1000 hectares. Hoje, com a família ampliada e três filhos adultos, Polato possui 18.700 hectares plantados e é um exemplo de controle na gestão da Fazenda São Caetano, sempre em busca de modernizar o negócio e melhorar a produtividade. São 5 mil hectares de soja, 11.500 hectares de algodão e 2.200 hectares de feijão em área de pivô. Polato obteve produtividade nessa safra de 61,8 sacas de soja por hectare e na safra anterior, 117 arrobas de pluma por hectare. Ao longo dos anos, o empresário aperfeiçoou sua administração, contou com assessoria de terceiros e trabalhou no desenvolvimento de um programa específico para gestão da propriedade. Essa ferramenta importante permite o gerenciamento de toda a área. Mas muito além da modernidade, está a experiência e a qualificação de uma equipe de colaboradores com mais de 15 anos de atividades na fazenda. Com um total de 310 funcionários, Polato conta com o comprometimento da equipe para atingir seus objetivos. PRÊMIO EXCELÊNCIA AGRONÔMICA HEINZ KUDIESS - AURORA SÉRIOS SEMENTES Neto de alemães que saíram da Europa na Segunda Guerra Mundial e se instalaram inicialmente em Santa Catarina e depois no Rio Grande do Sul, Heinz kudiess deixou o Sul para encontrar no oeste da Bahia, há 20 anos, um cenário de pouca tecnologia e solo pobre. Correntina foi a região propícia para ele construir a Aurora Sérios Sementes, empresa que cresceu com as raízes fincadas no esforço de oferecer aos produtores sementes de qualidade, com mais rentabilidade. A busca constante por tecnologia foi decisiva para a expansão da empresa que concentra seus esforços no desenvolvimento de boas práticas de manejo agronômico. Para garantir a sanidade das lavouras, a empresa pratica um conjunto de medidas que possibilitam um melhor desenvolvimento das lavouras. Entre elas estão a rotação de cultura, o manejo de palhadas, tendo como base as gramíneas para NT #6 19 proteção do solo e qualificação do sistema de plantio direto, o controle biológico, o monitoramento constante de pragas e doenças, o controle cultural de espaçamento e população explorando o máximo de cada cultivar e a genética com materiais menos suscetíveis a doenças. Uma equipe altamente qualificada e focada na excelência da qualidade atende aos produtores do Mato Grosso, Bahia, Piauí, Tocantins, Maranhão e Pará e realiza testes em todas as microrregiões de plantio, preocupando-se sempre com a melhora da produtividade. Atende ainda aos produtores de todo o País em busca de tecnologias. PRÊMIO PRODUTIVIDADE - GRANJA ALMERI RHEINHEIMER E FILHAS Esse foi um ano totalmente surpreendente para as proprietárias da Granja Almeri Rheinheimer, localizada a 500 metros de altitude em Chapada, na região norte do Rio Grande do Sul. Em sua 11ª safra, a granja, que possui 510 hectares cultivados, registrou uma produtividade ímpar: a safra de milho está concluída e alcançou uma produtividade de 13.200 kg/ha. A safra de soja, ainda em andamento, apresenta talhões que chegam a 4860 kg/ha. A família Rheinheimer, que assumiu a granja há 13 anos, comemora os resultados da dedicação ao negócio e do investimento em conhecimento técnico, novas tecnologias, agricultura de precisão e manejo adequado, que, somados ao clima propício possibilitou atingir esses índices. Dirigida por Luciane, engenheira agrônoma e filha de Almeri, a propriedade conta com 410 hectares de soja e 100 hectares de milho, além de trigo e aveia. Conhecedora da área e com domínio completo do ne- 20 NT #6 gócio, a agrônoma coloca toda sua base técnica à serviço da granja. Porém, o que considera fundamental para obter resultados tão significativos é a dedicação ao campo e a vontade de produzir mais e melhor, que herdou de seu pai. PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO DO AGRONEGÓCIO Com o objetivo de atrair a atenção da opinião pública para o setor, foi anunciado durante o Agrishow 2011 - 18ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, realizado em Ribeirão Preto - SP, o Programa de Comunicação do Agronegócio. Encabeçado pela Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), o objetivo é melhorar a imagem do segmento produtivo junto à população dos grandes centros urbanos e valorizar a atividade agropecuária, fazendo uma relação entre a produção e o dia a dia das pessoas. um conjunto de entidades e empresas ligadas ao Conselho Superior do Agronegócio da FIESP colocará em prática um plano de comunicação e marketing. Subsidiado por empresas ligadas ao setor, o Programa Nacional de Comunicação vai mostrar a importância do agronegócio para o cidadão urbano por meio de peças publicitárias veiculadas na internet, na TV, no rádio, entre outros canais de comunicação. O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que atualmente coordena o Conselho Superior de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV), foi o responsável por comunicar o lançamento oficial do Programa. NOTíCIAS Por Erica Rabecchi A Alma do Campo O livro “A Alma do Campo”, idealizado pela Nutron, tem seu lançamento oficial na 17ª FEICORTE, com coquetel no dia 16 de junho, às 18h30, no estande da Nutron. A Alma do Campo é um registro permanente de duas das maiores fontes de riqueza do Brasil: a agricultura e o homem do campo. Esta publicação traduz de forma artística e cultural, imagens que representam a vida desta figura humana que faz parte do cotidiano brasileiro. César Machado, experiente fotógrafo e reconhecido no setor é o responsável pelas 200 imagens registradas em diversos lugares do Brasil. Este livro é uma obra escolhida para ser arte. Arte que mostra ao mundo, em especial à terra brasileira, a beleza, força, magnetismo e importância do campo. A Nutron tem orgulho de ser patrona deste projeto e de lançar este livro como o primeiro livro-fotografia que apresenta e conta a história do produtor brasileiro. Ao redor do mundo, muitos outros livros poderão surgir, mas no Brasil este é o primeiro que traz a alma do campo à tona, expondo o que existe de mais genuíno e original no agronegócio, sobre o agricultor e a vida do produtor. 22 NT #6 NFT Alliance garantiu presença no XII Simpósio Brasil Sul de Avicultura Aliança foi patrocinadora do coquetel oficial de abertura do evento Entre os dias 5 e 7 de abril, ocorreu no Centro de Eventos Plínio Arlindo De Nes, em Chapecó/SC, o xII Simpósio Brasil Sul de Avicultura. No dia 5, às 21h, um coquetel com patrocínio da NFT Alliance – aliança de marketing cooperativado do agronegócio – marcou o inicio da feira e contou com representantes da Alliance, da organização do evento e também do setor de avicultura. um amplo estande da NFT Alliance recepcionou o público presente e os profissionais do setor durante todo o Simpósio. Por lá, também estiveram à disposição da imprensa e do público em geral profissionais da Nutron, garantindo também, e como sempre, excelentes performances da companhia nos eventos e feiras em que participa. O xII Simpósio Brasil Sul de Avicultura se consolida com um dos maiores fóruns de discussão das novas tecnologias em nutrição, saúde animal, bem-estar, manejo e ambiência. O encontro coloca Chapecó no centro das atenções da avicultura mundial, uma vez que reúne as principais lideranças do setor e consolida a cidade como um importante pólo de decisões da produção animal. De acordo com Luciano Mecchi Alves, Gerente de Negócios Avicultura – Sul, da Nutron Alimentos Ltda, este é um dos maiores e mais importante evento técnico do sul do País. es “Foi uma grande oportunidade para nós da Nutron estar presente no SBSA. Compartilhamos momentos importantes, formais e informais, com os principais decisores da avicultura brasileira. A grande maioria já é cliente de nossos produtos e serviços. Além disso, nosso foco ficou direcionado para a busca de atualização e capacitação técnica dos colegas que estiveram presentes no evento”, disse Alves. “Como um dos valores da Intervet é a disseminação do conhecimento técnico como base na sustentabilidade econômica dos nossos clientes e de toda cadeia, uma das formas de contribuirmos foi trazendo o que há de melhor em termos de conhecimento científico para partilhar em um evento como este. Contamos com a presença de importantes nomes da avicultura internacional. Além disso, participamos do evento em conjunto com a NFT. Nutron, Intervet e Serrana são parceiros master, e nosso objetivo é o trabalho de marketing e a disseminação do conhecimento aplicado. Espero cada vez mais realizar e estimular ações como esta, no sentido de promover a cadeia como um todo”, declara Rudy Claure, diretor da unidade de avicultura da Intervet. NT #6 23 Maurício Palma Nogueira é engenheiro agrônomo, diretor da Bigma Consultoria. MERCADO PASSOS PARA O FUTURO! 24 NT #6 Sob qualquer ótica que seja analisada, as perspectivas para a agropecuária brasileira são encorajadoras. Projeções de todos os institutos de estatísticas indicam cenários extremamente favoráveis para o agro brasileiro. A população mundial crescendo, em regiões onde a qualidade de vida também melhora, cria uma demanda que só o potencial brasileiro pode atender com competência. O resultado é a ampliação da participação nacional nos mercados agropecuários de produtos alimentícios, tanto de origem animal como vegetal. A mesma coisa pode se dizer para a produção de agro energia. O desenvolvimento de diversos países, até então marginalizados, assim como o próprio crescimento da população, impulsiona a demanda energética. E com essa demanda intensifica-se também a necessidade de alternativas para o uso de energia limpa e renovável, ampliando as perspectivas para o setor canavieiro. A necessidade de investimento em estruturas e o aumento das pressões ambientais em todo o mundo também deverão incrementar a demanda por produtos agroflorestais, setor em que o potencial brasileiro é incontestável. E por incrível que pareça, o Brasil também é forte na proteção ambiental, algo que pode ser usado para capitalizar ainda mais a agropecuária nacional. Mais de 60% do território brasileiro é reserva florestal intacta, o que torna o país detentor de 28,3% de todas as florestas do mundo. NT #6 25 E ainda assim, com toda essa vegetação, o Brasil consolida-se como nação de grande importância agropecuária para todo o globo. E as vantagens competitivas do produtor são ainda mais animadoras. Em 2011 os resultados do Rally da Safra, expedição organizada pela Agroconsult nas principais regiões do Brasil, identificaram que quase 1/3 das plantações de soja no Brasil estavam com produtividade acima de 60 sacos por hectare. E do total 11,9% produziriam mais de 70 sacos/ha. E o milho não ficava atrás. Nas lavouras analisadas, a produtividade passaria dos 150 sacos por hectare em 17,4% delas, para o milho de safra. E 2,2% dos produtores de milho produziriam acima da surpreendente marca dos 200 sacos/ha. Os ganhos de produtividade e os casos de sucessos empresariais são semelhantes na pecuária. O Brasil já fincou bandeira, ocupando seu espaço cada vez maior, na produção de carnes suína, de aves e bovina. Tudo indica que o leite, embora em passos mais lentos, siga o mesmo destino de sucesso. Depende apenas dos brasileiros Outra vantagem em terras brasileiras é a percepção geral de que há um rejuvenescimento dos profissionais ligados às atividades agrárias. Ao contrário do que ocorre nas demais regiões do mundo, os jovens de ambos os sexos têm cada vez mais se interessado por profissões relacionadas à produção rural. Essa constatação é de grande importância qualitativa e quantitativa. Ao mesmo tempo que ocorre a renovação profissional, há também um choque administrativo natural do confronto entre gerações nas decisões das empresas. A ousadia do jovem, unida ao conhecimento dos mais experientes, permite saltos tecnológicos cada vez mais desafiadores. Mesmo já sendo extremamente competitiva, a agropecuária brasileira ainda avançará muito mais, assumindo a sua obrigação em atender a demanda crescente. O futuro é um sucesso a ser consolidado nos próximos anos. Mas, para chegar lá é preciso passar por alguns desafios mais imediatos e que podem atravanca, ou até comprometer todas estas perspectivas. No curto prazo, o maior desafio para o setor é relacionado à imagem. O grande inimigo do agronegócio brasileiro é baixa capacidade comunicativa, o que torna o setor vítima de preconceito e alvo de propaganda quase que religiosa contra suas ações. uma verdadeira caça às bruxas. 26 NT #6 Parece exagero, mas não é. Com a sociedade mal informada, há maior dificuldade de estabelecer políticas públicas favoráveis, como investimentos estruturais, linhas de créditos, seguros agrícolas, etc. Nem mesmo a segurança é garantida para quem está no campo. O maior exemplo disso é discussão em torno das alterações no Código Florestal, cujo texto é arcaico, ineficaz e criminaliza a maior parte dos produtores rurais. A sociedade, por meio de seus formadores de opinião, ainda acredita naquele campo do passado, em que os grandes são latifundiários mal intencionados e exploradores, enquanto os pequenos personificam a imagem do Jeca Tatu, um ignorante e preguiçoso. Enquanto o agro bate recorde atrás de recorde nas exportações, e na garantia do saldo positivo do Brasil nas relações comerciais, nos meios urbanos ainda se prega que exportar produtos agropecuários é um retrocesso para o País. Fala-se ainda em baixo valor agregado das commodities agrícolas. No entanto, para cada tonelada de carne, frutas, grãos, açúcar, álcool, café, suco ou qualquer outro produto exportado pelo Brasil, há uma enormidade de valores criados e agregados ao longo da cadeia. Seja nos empregos, na indústria de máquinas e de insumos, infraestrutura, informática, impostos, na indústria transformadora, no transporte, etc, sempre ocorre criação de valor quando uma venda é acionada. Os produtos agropecuários brasileiros são produzidos com a maior tecnologia rural disponível no mundo. é a tecnologia mais limpa e a mais otimizada do ponto de vista de uso dos recursos: energia, solo, água e luminosidade. Não há no mundo todo tecnologia que se compara à brasileira e este e é o nosso maior valor agregado. Em nenhum outro setor da economia fomos tão capazes de nos distanciar tanto dos nossos concorrentes. Mudar a imagem do agronegócio brasileiro é o grande desafio do curto prazo, mais especificamente nos próximos meses. Todas as cadeias envolvidas na produção de alimentos precisam se comunicar de maneira mais eficiente, com o objetivo de mudar a imagem do setor produtivo de modo a capitalizar as conquistas obtidas nos últimos anos. Comunicação e imagem. Sem dúvida será uma das agendas mais importante do segundo semestre de 2011. 5@/<=3<B3@=( />@/B7172/23?C3 4/:B/D/>/@/= 1=<47</;3<B= <CB@=<(O^W]\SW`O\]ca]RObSQ\]Z]UWO \]0`OaWZRSaRS # D7A7B3 <=AA= AB/<2 3a^Oz]1O`\S /ZW\VO>`]PSST5@/<=3<B3@=^S`[WbSc[ORWSbOuPOaSRS[WZV]W\bSW`]SSZW[W\OO\SQSaaWRORSRS TWP`O\ORWSbORSO\W[OWaQ]\TW\OR]a/Z{[ROTOQWZWRORSObSQ\]Z]UWO^S`[WbSc[[O\SX]TZSfdSZSb]`\O ^]aadSZO`t^WROb][ORORSRSQWax]^]`^O`bSR]^`]Rcb]`_cS]bW[WhOaScW\dSabW[S\b]SQ]\aSUcS [SZV]`SaZcQ`]a1][5@/<=3<B3@=Q]\TW\O`TWQ]c[cWb][OWaTtQWZ 1S`bWTWQORO(6/11>j5Z]POZ5O^j0>4j4SSR4]]RAOTSbgjW<$#jA5Aj7A=' A/1(&'%''''" eee\cb`]\Q][P` NT #6 shaping tomorrow’s nutrition 27 GESTãO EMPRESA RURAL FAMILIAR GESTÃO E SUCESSÃO COMO AGIR? 28 NT #6 Gustavo de Lima Lemos é Engenheiro Agrônomo, pós graduado em Marketing, Gestão empresarial e Agronegócios, diretor e sócio proprietário da empresa SAFRAS & CIFRAS, Produtor Rural. Falar em gestão e sucessão na empresa rural familiar tornou-se obrigatório para o crescimento do setor, pois, se os mesmos sempre foram os propulsores do êxito dos negócios no campo, tornaram-se fundamentais para o sucesso no século xxI. Em gestão se ouve falar há algum tempo, já ocupa lugar na mídia faz tempo, o conceito não nos é estranho. De forma simplista pode-se dizer que gestão é o processo de administrar o negócio orientado por um conjunto de princípios, valores e estratégias que permitam planejar, executar e gerir os recursos da empresa (capital, humano, meio ambiente, hídrico, etc) de forma a alcançar o melhor resultado possível. Já a sucessão familiar é relativamente nova (para o setor rural), mas não menos importante. trata-se de preparar a mudança no comando da empresa de forma que não ocorram choques de gerações e nem dentro de gerações. Com a sucessão familiar programada e previamente preparada, o que se busca é a não interrupção do andamento da sociedade com o desaparecimento do fundador e a preparação daqueles que irão assumir a empresa. Estar e manter-se no campo neste século exige uma melhoria constante e aprendizado permanente, isto é consequência do grau de complexidade que atinge o setor. Atualmente, um empresário rural necessita atender as mais diversas áreas com a máxima eficiência, da produção à comercialização, passando por todos os aspectos burocráticos do dia a dia. Tem hoje que acostumar-se a “gastar” muita energia em tarefas cujos resultados podem parecer pequenos e, em muitos casos, levam tempos para aparecer. Esta é a grande diferença da forma antiga de agir na gestão, em que pequenas ações representavam grandes ganhos, e a atual, na qual as margens de atuação são bem mais estreitas. Se está, portanto, em uma era de pensamento estratégico e complexo, em que fazer a gestão do agronegócio tornou-se uma atividade permanente, e somente se obtém resultados positivos com a soma de várias ações que isoladamente não aparentam tanta importância. Em outras palavras, ter a melhor produtividade talvez não seja o suficiente, tem que somar a isto o melhor controle de custos, a melhor equipe, a melhor administração tributária, enfim, uma série de outros fatores que influirão no resultado. Além de todos os aspectos envolvidos na gestão da empresa, existe um que coloca todos os anteriores em ”check”: sucessão familiar. Se não for preparada, planejada e executada de forma estruturada, poderá determinar a destruição de tudo aquilo que foi construído durante o período de uma vida. Poucas empresas resistem incólumes a brigas e disputas familiares. quando o assunto é sucessão familiar, inúmeros são os aspectos a serem abordados e infinitas são as variáveis cabíveis. Então, se este é o cenário, o que fazer? A resposta é absolutamente simples: comece a tratar do tema hoje. Certamente não existe “receita” pronta, por mais óbvio que pareça, cada caso é um caso. Faça o seguinte teste (respondendo as questões abaixo): O que era minha empresa há 15 ou 20 anos atrás? Como resolvia os problemas? Como planejava o futuro? O que é minha empresa hoje? Como resolvo os problemas? O que planejo para o futuro? Provavelmente nas respostas às perguntas relativas ao passado apareceram muitas vezes as palavras “eu”, “eu determinava”, “eu plantava”, “eu ganhava”, etc. Muitas trarão a sensação de missão cumprida, de satisfação pelo objetivo alcançado. Já aquelas relativas ao presente e, principalmente, ao futuro trarão temas relativos à família: “quanto tempo passou, os filhos cresceram, os netos chegaram”. A vida traz questões que até pouco tempo podiam ser tratadas e resolvidas debaixo de um só teto e hoje não mais, pois há vários núcleos familiares envolvidos, com demandas diferentes, sentimentos diferentes, enfim, pessoas distintas. Então, neste encontro de inúmeros caminhos, vem a pergunta de como agir, e a resposta passa por reeducação no caso daqueles que não começaram quando era um único teto. O objetivo da reeducação é preparar a sociedade para usar o “nós”. Este é o desafio. Trabalhar ouvindo mais do que falar. Respeitando limites e regras, e, principalmente, aprendendo a trabalhar para o bem comum da empresa, porque na essência, sucessão familiar é um processo em constante mutação e não um ato único. O que se percebe é que hoje uma boa gestão deve ser acompanhada por um processo de sucessão. Se complementam. é verdade que não são garantia absoluta de sucesso, mas aumentam muito sua chance. NT #6 29 BOVINOS DE CORTE CONTROLE ESTRATÉGICO EVITA PERDAS Tiago Arantes é médico veterinário e gerente de Produtos da Linha Gado de Corte da Intervet/Schering-Plough Animal Health Cada etapa do manejo deve ser caracterizada como crucial para o desenvolvimento de uma fazenda. Além da vacina contra a febre aftosa, na lista dos cuidados básicos devem estar o controle de helmintos e a imunização contra clostridioses. Não há dados oficiais que quantifiquem as perdas econômicas ocasionadas pelos parasitas, mas sabe-se que em saúde animal elas são uma das principais causas do baixo desempenho na gestão pecuária. A dificuldade em medi-las está no fato de que o controle estratégico da verminose deve ser preventivo, e seus efeitos somente são notados a médio e longo prazos. A falta de informações pode levar a procedimentos errados e perda do investimento. Algumas propriedades fazem uso de medicamentos de forma inadequada, aplicados em categorias de animais inapropriadas e em épocas incorretas. A dificuldade em medi-las está no fato de que o controle estratégico da verminose deve ser preventivo, e seus efeitos somente são notados a médio e longo prazos. A falta de informações pode levar a procedimentos errados e perda do investimento. Algumas propriedades fazem uso de medicamentos de forma inadequada, aplicados em categorias de animais inapropriadas e em épocas incorretas. Época certa para o controle Endoparasitas são as principais causas de baixo desempenho e perda de peso do rebanho 30 NT #6 O controle da verminose deve ser feito em duas etapas: nas pastagens, eliminando as formas infectantes; e no animal, com o uso de fármacos que possibilitem corrigir o problema, de preferência no período seco do ano, quando os vermes estão presentes nos animais e as larvas encontram condições adversas para sobreviver nas pastagens. “Esse controle é preconizado pela Embrapa, mas muitos criadores aproveitam a época da vacinação para administrar o antihelmíntico e otimizar o manejo”, diz Fernando Almeida Borges, da universidade Federal de Mato Grosso do Sul (uFMS). Os endoparasitas causam efeitos deletérios no ganho de peso, na conversão alimentar, na produção leiteira, no desempenho reprodutivo, na qualidade de carcaça e no sistema imune. “Há estudos que estimam que a mortalidade de bezerros varie entre 10% e 30%”, avalia Borges. Os efeitos dos vermes podem ser os mais variados e dependem do grau de infestação, condições climáticas, solo, vegetação, raça, idade e tipo de pastagem. Aplicações contínuas O Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte, CNPGC/Embrapa, de Campo Grande, MS, preconiza que os vermífugos sejam aplicados em todas as etapas da vida do animal. Nos animais a partir da desmama – momento no qual as verminoses causam maiores prejuízos –, a vermifugação deve englobar todo o período seco, com dosificações nos meses de maio, julho e setembro. A primeira aplicação tem como objetivo diminuir a carga parasitária adquirida no período chuvoso; a segunda, eliminar os vermes que resistiram à primeira aplicação; e a terceira, combater os parasitas resistentes às outras duas intervenções, diminuindo o risco de contaminação das pastagens. Para bois de engorda, o estudo recomenda a utilização de antiparasitários nos meses de outubro e novembro, período em que essa categoria estará nas pastagens vedadas. No caso das vacas, a vermifugação deve ser feita anteriormente ao pico de parição, visando menores riscos de infecção dos bezerros até o desmame. Mas as opiniões variam. Para o professor Fernando Borges, animais com até 24 meses merecem atenção redobrada no controle de parasitas, pois é até essa idade que se dão as grandes perdas. Caso se destinem ao abate, não estarão prontos; se vão à reprodução, estão sem condições de integrarem o ciclo de manejo. NT #6 31 Tiago Arantes é médico veterinário e gerente de Produtos da Linha Gado de Corte da Intervet/Schering-Plough Animal Health BOVINOS DE CORTE COMO EVITAR PERDAS E BUSCAR RENTABILIDADE NOS MESES DE SECA Atuar na prevenção é mais rentável para o produtor 32 NT #6 O mês de maio, em grande parte do Brasil, marca o início da época seca do ano que, normalmente, se estende até outubro ou novembro. Assim, até acabar este período, o pecuarista precisa estar preparado e providenciar reserva alimentar para seu rebanho. Como nesse período as chuvas são escassas, a qualidade do pasto fique comprometida, obrigando o criador a usar alternativas estratégicas para que os animais mantenham ou até ganhem peso durante a seca. A suplementação aliada ao consumo de pastos vedados (mesmo que secos) e o confinamento são uma alternativas utilizadas para se maximizar os ganhos, porém uma ponta de preocupação se faz latente neste momento uma vez que as commodities – matéria prima das rações como soja e milho – estão com alta valorização no mercado internacional. Sair desta saia justa para que o produtor consiga evitar perdas e ainda buscar rentabilidade na entressafra, é tarefa que exige pensamento estratégico e a escolha dos melhores caminhos. quando o pecuarista não se preparou durante a estação chuvosa para enfrentar a seca, nem sempre é possível implementar as estratégias sugeridas por especialistas. Em situações emergenciais, se faz necessário adotar medidas que garantam da melhor maneira possível a manutenção dos lucros da atividade. quando a taxa de lotação da fazenda está acima do ideal para o período seco, uma alternativa, pode ser vender parte do rebanho ainda no final das águas, capitalizando e investindo o dinheiro em condições alimentares para os animais restantes. Essa tomada de decisão deve ser seguida de planejamento e cautela, para que o criador otimize todo seu investimento e obtenha retorno sobre o capital investido em prazo satsifatório. Outra sugestão e fator determinante neste período é implementar um controle parasitário estratégico para que os animais possam estar livres de parasitas durante esse desafiador período. Atuar na prevenção é muito mais rentável e prático, do que computar as perdas de um controle ruim de parasitas e de mortes por doenças que poderiam ser prevenidas por vacinas. Além dos cuidados e sugestões para passar pela entressafra sem perdas, buscar a rentabilidade exige também alguns cuidados e atenção do produtor. Para efetivamente ganhar dinheiro neste período, o pecuarista deve fazer um acompanhamento e análise sistemática do mercado futuro (preço do boi gordo), do valor do boi magro no momento atual e de custos de dieta para engorda. Estes períodos são excelentes para aprendizado, mas também para que o produtor brasileiro comece a se preocupar em melhorar o seu rendimento. A maioria dos produtores tenta se preparar para o período seco, nem sempre conseguem o resultado que almejam, mas com a difusão da informação, com o emprego de técnicas que otimizam ganhos mesmo nos períodos secos e com a atratividade financeira da atividade atualmente, observa-se um considerável aumento na utilização de produtos, técnicas e serviços para otimizar os ganhos da atividade. FIQUE ATENTO • É MUITO IMPORTANTE QUE OS ANIMAIS ENTREM NO PERíODO SECO DO ANO IMuNIzADOS E LIVRES DE PARASITAS. A BAIxA OFERTA DE ALIMENTOS E O CLIMA SECO DEIxAM OS ANIMAIS MAIS VuLNERáVEIS AOS PARASITAS E A VáRIAS DOENçAS • A SANIDADE REPRESENTA MENOS DE 5% DOS CuSTOS DE PRODuçãO PECuáRIA E PODE SER uM DOS FATORES DECISIVOS PARA O SuCESSO DA ATIVIDADE • ANIMAIS COM UM BOM PROGRAMA SANITÁRIO PODEM ExPRESSAR TODO O POTENCIAL PRODuTIVO quE TRAzEM EM SEu DNA. NT #6 33 João Danilo é Médico Veterinário, mestre em Fisiologia Animal e Coordenador Técnico-Comercial de Bovinos de Corte da Nutron Alimentos BOVINOS DE CORTE FEED MANAGER levantamento de dados e gerenciamento do confinamento O controle e gerenciamento de confinamentos é parte de um processo fundamental dentro da cadeia de produção de carne bovina. Ter ferramentas e programas especiais é mais do que necessário para o controle detalhado e para a maximização da atividade, é artigo mandatório. O FEED MANAGER da Nutron merece destaque. é um software com mais de sete anos de desenvolvimento e presente no mercado para o gerenciamento de confinamentos, permitindo avaliar, controlar e definir várias atividades diárias de manejos, principalmente as relacionadas ao programa nutricional estabelecido. Além disso, após o abate é possível realizar avaliações detalhadas de cada lote, tanto para parâmetros zootécnicos como financeiros. Na metodologia do FEED MANAGER, diariamente são avaliados alguns parâmetros e estes são lançados, processados e controlados no software, seguindo o manejo nutricional predefinido. ENTRADA DE ANIMAIS: todos os bovinos são devidamente cadastrados e de forma criteriosa, para os parâmetros necessários às atividades diárias e sua posterior avaliação. Estes 34 NT #6 são introduzidos no confinamento em piquetes (currais de engorda) na forma de lotes, seguindo os critérios adotados pela propriedade. LEITuRA DE COCHO: atividade que consiste em analisar a quantidade de sobras de dietas nos cochos antes da realização do primeiro trato do dia, que normalmente ocorre por volta das sete horas da manhã. As notas seguem um “escore de cocho”, onde cada uma delas indica possíveis ajustes na programação da quantidade de dietas a ser ofertado por piquetes ao longo do dia. LEITURA DE COCHO - SUGESTÃO Nota (0) – Cocho vazio ou com presença esporádica de material não comestível Nota (1) – Cocho com pouca sobra. Fundo facilmente visível. Desejável Nota (2) – Sobra. Não é possível visualizar o fundo do cocho Nota (3) – Sobra. Praticamente 1/3 do cocho possui dieta Nota (4) – Dieta intocada. Aproximadamente um trato está presente no cocho. Ajuste: Nota (0) – Aumentar 5% da IMS do trato do dia anterior Nota (1) – Manter o fornecimento do trato anterior Nota (2) – Reduzir 5% da IMS do trato do dia anterior Nota (3) – Reduzir 10% da IMS do trato do dia anterior Nota (4) – Reduzir 20% da IMS do trato do dia anterior PREVISãO DOS TRATOS: após as notas serem processadas no FEED MANAGER a programação de trato é definida e os formulários com as informações, contendo as quantidades previstas de dietas a serem distribuídas, são emitidos e entregues aos funcionários responsáveis pela distribuição dos tratos, que normalmente são chamados tratadores. REALIzAçãO DOS TRATOS: na distribuição das dietas, os tratadores anotam a quantidade real que foi ofertada por curral. Estes dados retornam ao escritório para serem lançados, processados e checados no FEED MANAGER. A quantidade realizada precisa ser a mais próxima possível da prevista e esta atividade é monitorada por meio de relatórios de eficiência, que são fundamentais para garantir o bom andamento do manejo nutricional contribuindo para o bom desempenho e melhor eficiência dos animais. FABRICAçãO DAS DIETAS: para garantir que as dietas sejam produzidas de acordo com as formulações definidas e ainda que os custos e gastos dos insumos fiquem precisos, realiza-se o monitoramento da quantidade utilizada de cada um dos ingredientes que compõem a dieta e estas quantidades são lançadas e processadas no programa, ou seja, teremos mais segurança de que as formulações serão seguidas - conforme definidas - e evitar problemas de desempenho causados por erros nutricionais na fabricação das dietas, assegurando que os custos representem os gastos reais e não simplesmente o que estava previsto pela composição original das dietas, mesmo que sejam variações mínimas dentro dos limites aceitáveis. Estes parâmetros também são monitorados por relatórios de eficiência e serão utilizados no controle da qualidade das dietas produzidas, no estoque de insumos e nos custos diários. GRáFICOS: o mais utilizado é o de consumo. Indica a quantidade de dieta consumida e pode ser visualizado com informações gerais do confinamento ou lotes específicos e de acordo com o período desejado. Este gráfico possibilita ainda correlacionar o consumo de dietas com diversos parâmetros, sejam os ambientais (pluviosidade, umidade e temperatura) ou eventuais problemas ocorridos, tais como a quebra de equipamentos, falta de ingredientes, manejos gerais, entre outros. Durante o período de adaptação dos animais, esse gráfico é uma importante ferramenta para o monitoramento do comportamento de consumo, já que erros na quantidade de dieta ofertada poderão ocasionar flutuações de consumo ao longo dos dias e isso pode gerar distúrbios NT #6 35 RV MONDEL ruminais, como a acidose, além de problemas de desempenho e prejuízos na eficiência dos animais. LOTES ATIVOS: é um dos principais relatórios de rotina e usados no dia a dia para avaliar o andamento. Neste relatório é possível obter as informações de consumo de dietas, peso atual estimado dos animais, data estimada para o abate, custo diário médio. SAíDA DOS ANIMAIS: os animais podem ser retirados dos lotes ou até mesmo do confinamento de várias formas, via transferência de lotes ou piquetes, morte, retorno ao pasto ou principalmente para o abate que é o grande objetivo. Todas essas atividades precisam ser devidamente registradas e após a finalização do lote, novos relatórios são gerados para as avaliações zootécnicas e econômicas. No FEED MANAGER além das atividades gerais, os gráficos e os relatórios citados acima, existem ainda várias ferramentas para o gerenciamento e controle das atividades. Podemos ainda citar que são mais de 30 relatórios disponíveis e que, constantemente, novas ferramentas são incorporadas ao programa, sempre buscando atender às necessidades dos nossos clientes. Toda coleta de dados só é válida se as informações geradas forem utilizadas para tomada de decisão. Os relatórios gerenciais produzidos pelo software funcionam como sólida base para alte- rações técnicas no manejo e no controle do desempenho financeiro da operação. Tamanha eficiência do FEED MANAGER permite que qualquer cliente Nutron de bovino de corte possa utilizar e se beneficiar com suas ferramentas. No entanto, avaliamos que a melhor utilização do FEED se dá em propriedades mais tecnificadas, pois é fundamental a presença de alguns equipamentos, como os misturadores e/ou distribuidores com balança, além de uma equipe disposta a realizar as atividades diárias e que queiram dados e avaliações precisas para contribuir nas tomadas de decisões. Neste período de uso e desenvolvimento constante do FEED MANAGER, a cada ano o número de clientes e propriedade com essa ferramenta tem aumentado bastante. Em 2009 o software foi utilizado para controlar cerca de 165 mil animais confinados e em 2010, ultrapassou os 300 mil. Em 2011 o número deverá crescer ainda mais, pois a quantidade de clientes Nutron utilizando o FEED será bem superior aos anos anteriores. Importante ressaltar que o uso do programa contribui para uma melhor qualificação das informações, bem como a quantidade de dados que possam ser usados e avaliados, tanto no dia a dia como após o abate dos animais, sempre buscando melhorar a viabilidade e rentabilidade. REDUÇÃO DE MANEJO. COMBATE VERMES RESISTENTES. NEGÓCIO RENTÁVEL. IVERMECTINA + ABAMECTINA DUPLA COMBINAÇÃO QUE GERA O MELHOR RESULTADO. t1PUFOUFFOEFDUPDJEBOPDPOUSPMFEFQBSBTJUBTJOUFSOPTFFYUFSOPT t&GJDÈDJBEJGFSFODJBEBBUVBBUÏNFTNPOPTQBSBTJUBTNBJTSFTJTUFOUFT t-POHBBÎÍPDPNFYDFMFOUFQFSÓPEPSFTJEVBM t'PSNVMBÎÍPNVOEJBMNFOUFJOÏEJUB t&NCBMBHFOTEFN-N-FMJUSP 4"$XXXJOUFSWFUDPNCS * Pesquisa Kleffmann referente ao ano de 2009. Solution 3,5% LA classificado com 48% de satisfação “excelente” e 52% de satisfação “bom”, pelos pecuaristas. 36 NT #6 NT #6 37 Rogério Isler é Médico Veterinário e Gerente de Negócios Regional de Bovinos de Leite da Nutron Alimentos. BOVINOS DE LEITE Nutrição X Alimentação Parte 2 um sistema de alimentação de sucesso pode ser definido como aquele que entrega a cada vaca a quantidade de nutrientes que ela precisa para atender suas exigências, o mais economicamente possível. (Michael Hutjens, 1998). A fase da lactação e da gestação, junto com a produção de leite e peso corporal do animal, são fatores fisiológicos que definem a quantidade de nutrientes que o animal precisa para atender suas necessidades nutricionais e atingir o seu potencial produtivo. Fatores ambientais também causam outros desafios que interferem no status nutricional do animal. Vários são os desafios encontrados pelo nutricionista para desenvolver o seu trabalho. Ele precisa entender os objetivos da fazenda e do produtor, identificar os possíveis pontos a serem melhorados e que estão impactando na capacidade do rebanho em mostrar seu potencial produtivo, definir as prioridades em comum acordo com o produtor, identificar as limitações da fazenda em termos de quantidade e qualidade dos alimentos disponíveis, de instalações, clima, mão de obra e das características do rebanho. um bom programa nutricional deve começar com os cuidados no período seco. As vacas nessa fase não podem estar com excesso de peso, porque tal fator impacta na ingestão de alimentos, reduzindo a disponibilidade de energia para o animal. A estabilidade no consumo de matéria seca e um bom balanceamento da dieta no pré parto garantem o fornecimento de nutrientes necessários para o animal suportar o alto desafio metabólico do período de transição. Essa fase consiste no período de três semanas pré e três semanas pós parto, e é o período de maior desafio para a vaca leiteira devido às variações fisiológicas e hormonais, o alto metabolismo, imunossupressão e balanço energético negativo. Todo esforço para ajudar a vaca a passar bem essa fase, gera resultados para uma lactação mais saudável e produtiva. Depois de uma boa conversa com o produtor, o nutricionista deve levantar informações sobre a produção e reprodução do rebanho, pois a análise de alguns parâmetros auxiliam na identificação de alguns pontos a serem trabalhados. Avaliação da curva de produção de leite A vaca deve atingir o pico de produção de leite ao redor de 8 a 10 semanas após o parto. Vacas de primeira cria 38 NT #6 devem atingir pico acima de 75% das vacas de terceira ou mais crias. Por exemplo, se as vacas de mais crias estão atingindo picos de 40 kg de leite, as primíparas deveriam estar com pico de 30 kg. Picos abaixo do esperado são indicativos de problemas de manejo e/ou alimentar. Se os picos estiverem mais altos, provavelmente seja oriundo de um ganho genético. Observar o pico de produção das vacas é interessante, pois a cada litro a mais que se obtém, corresponde em torno de 200 litros a mais na lactação. Se as vacas não tiverem atingindo a produção de leite esperada no pico, é recomendado fazer uma avaliação refinada da dieta. Picos baixos podem significar falta de proteína na dieta. Se as vacas de primeira e segunda cria não estão apresentando bons picos de produção, este é um indicativo de restrição de espaço na fase inicial de lactação. Após o pico, inicia-se a fase de queda na produção, conhecida como “persistência da lactação”. Nessa fase, as vacas de primeira cria perdem em torno de 0.2% da produção de leite ao dia. Já as multíparas têm uma redução maior, em torno de 0.3%. quedas maiores podem ser resultado de restrição energética. Vacas de alto potencial genético tendem a ter um pico mais alto e uma maior persistência. Gráfico 2 Ciclo da lactação Avaliação dos componentes do leite: proteína e gordura A porcentagem de gordura e proteína do leite são parâmetros que variam entre as raças. A relação de proteína e gordura no leite deve estar próxima de 0.90 para Pardo-suiço, de 0.85 a 0.88 para Holandês e de 0.80 para NT #6 39 a Jersey. Valores acima sugerem problema no teste de gordura e valores abaixo sugerem problema no teste de proteína. Baixos valores de proteína podem surgir pelo excesso de gordura na dieta, falta de proteína ou de proteína não degradável no rúmen. Se ocorrer inversão na relação de proteína e gordura, quer dizer que a porcentagem de gordura é menor que a porcentagem de proteína. quando a inversão é maior que 0.4 pontos percentuais, pode ser um indicativo de acidose. A gordura do leite é o componente que responde mais fácil ao balanceamento da dieta: resposta da proteína bem menor e a lactose é o componente mais difícil de alterar. Para maximizar a proteína do leite, o balanceamento da dieta deve visar o crescimento da flora ruminal, porque essas bactérias são fontes de proteínas e aminoácidos absorvidos no intestino delgado da vaca. Atenção aos níveis de suplementação de proteína, proteína solúvel, proteína degradável e não degradável e de carboidratos fermentáveis no rúmen. A suplementação de gordura pode ser um inibidor do crescimento microbiano no rúmen e afetar a proteína do leite. Para aumentar a gordura do leite, deve ser maximizado o consumo de forragem. Forragem de alta digestibilidade permite aumentar a participação na dieta. Outro ponto importante é a efetividade da fibra da dieta. Dietas com mais fibra efetiva aumentam a ruminação, promovendo maior aporte de saliva para o rúmen e aumentando o tamponamento ruminal. Atenção à taxa de fermentação dos carboidratos utilizados na dieta. Monitorar o nível de fibra e a taxa de fermentação de carboidratos pode ajudar a previnir acidose ruminal. Durante o verão deve ser dada atenção à qualidade do alimento oferecido. O calor inibe o consumo e aumenta a fermentação do alimento no cocho. Fornecer maior volume da dieta nas horas mais frescas do dia ajuda no consumo. O uso de leveduras auxilia na digestão de fibras e os tamponantes compensam a diminuição da produção de saliva. Gráfico 3 Avaliar o consumo de matéria seca Aumentar o consumo de matéria seca ajuda a diminuir a incidência de desordens metabólicas e melhorar os resultados reprodutivos. Há trabalho mostrando que a menor ingestão de matéria seca antes do parto impacta na ingestão da mesma nas quatro primeiras semanas pós parto. Também há dados que vacas com grau diferenciado de metrite tiveram menor consumo de matéria seca antes e depois do parto comparado a vacas saudáveis. E vários trabalhos mostraram atraso ao primeiro cio e menor resultado de prenhez ao primeiro serviço em vacas com metrites. Monitorar o peso corporal das vacas pós parto Devido ao baixo consumo de matéria seca e ao aumento da demanda energética logo após o parto, as vacas ficam em balanço energético negativo, ou seja, a quantidade de energia ingerida pela vaca não atende a maior demanda devido à produção de leite. Para compensar, a vaca mobiliza gordura corporal para produzir leite, levando à perda de peso. O excesso de gordura que chega ao fígado começa a ser depositado pela capacidade de metabolização, podendo causar uma série de desordens metabólicas relacionadas. O monitoramento do peso corporal serve como informação do balanço energético da vaca. O escore de condição corporal é um método prático de avaliar essa alteração. A vaca deve parir com escore corporal em torno de 3.5. O recomendado é que as vacas não percam mais que um ponto de escore no início da lactação. Perdas superiores podem levar a problemas com doenças metabólicas e perdas reprodutivas. O monitoramento desses parâmetros ajuda na identificação prévia de problemas que podem causar consideráveis perdas econômicas ao produtor. NT #6 AC0AB7BCB=A :È1B3=A <CB@=< 3A>317/:72/23A<CB@=< Ac^ZS[S\b]S\S`U{bWQ] ^O`OVWR`ObOzx]S `S^]aWzx]RS SZSb`ZWb]a Ac^ZS[S\b]S\S`U{bWQ] Q][^`]^WZS\]UZWQ]Z ^O`OdOQOa\] ^a^O`b] Ac^ZS[S\b]\cb`WQW]\OZ ^O`OPShS``Oa`WQ]S[ ^`SPWbWQ]a^`]PWbWQ]a bUZcQO\]SQ]QQWRW]abtbWQ] Escore corporal Cortesia Elanco 40 3cPSP]A7; A/1(&'%''''" eee\cb`]\Q][P` shaping tomorrow’s nutrition BOVINOS DE LEITE Recomendações de Balanceamento NNP (ureia) Túnel do tempo. A possibilidade de utilização de ureia para ruminantes foi demonstrada por Loosli (1949). Estes autores alimentaram ovelhas com dietas purificadas contendo ureia como fonte única de N e observaram que a massa microbiana produzida, possuía todos os aminoácidos essenciais exigidos por não ruminantes. Há 45 anos já se sabia do potencial de utilização da ureia. Pesquisas conduzidas nos anos 60 mostraram que o rúmen é capaz de suprir toda a proteína necessária para a produção de até 4.500 kg de leite/lactação de vacas, recebendo ureia como única fonte de nitrogênio (Virtanen, 1966). Este autor alimentou seis vacas leiteiras por quatro anos consecutivos com dieta purificada contendo ureia como única fonte de N e espécie bacteriana (Firkins, 2007) .Microorganismos ruminais são capa- 42 NT #6 Renato Palma Nogueira é Zootecnista, especialista em Nutrição e Manejo de vacas leiteiras e Consultor Técnico em Bovinos de Leite da Nutron Alimentos. zes de sintetizar todos os aminoácidos essenciais do N microbiano 50 a 80% pode ser derivado de NH3 ruminal, 20 a 50% vem de aminoácidos pré-formados (Owens, 1983). ureia não é a única fonte de NNP ou amônia para o rúmen. Grande parte da PB em forragens conservadas pode ser NNP. Tanto o processo de secagem para fenação como o processo de ensilagem aumentam a proporção de NNP na PB da forragem. Cerca de 10 a 15% do nitrogênio presentes em forragens frescas é NNP. Em fenos, estes valores variam de 15 a 25% e em silagens de 30 a 60%%. (Marcos Neves Pereira) Revisão de literatura para vacas de altas produções. Vinte e três comparações, a partir de 12 trabalhos, foram compiladas por Santos e colaboradores, (1998) com o objetivo de avaliar os efeitos da inclusão de ureia na dieta de vacas de alta produção, em substituição parcial ou total de vários suplementos protéicos. A inclusão de ureia na dieta foi de 0,4 a 1,8 da MS. O consumo de MS não foi afetado em 17, diminuiu em quatro e aumentou em duas comparações, enquanto a produção de leite permaneceu inalterada em vinte e diminuiu em três comparações devido à inclusão de ureia na dieta. O teor de proteína do leite não foi afetado em 17 comparações e foi aumentado em cinco. A produção de leite foi de 32,7 kg/dia para vacas suplementadas com ureia e 33,3 kg/dia para vacas recebendo exclusivamente fontes suplementares de proteína verdadeira. A amônia é utilizada como fonte preferencialde N por bactérias fermentadoras de fibra (Hungate, 1966). Apesar de algumas espécies de bactérias terem a capacidade de incorporar aminoácidos Silagem de alfafa 54% do N total é NNP - média de 20 experimentos (Broderick); 9,3% do MPN é NH3 N; 33% é aminoácido livre; 16% é peptídeo (˜ de 4 AA) Proteína de baixa “qualidade” em forragens ensiladas NT #6 43 e peptídeos diretamente na proteína microbiana, cerca de 40 a 70% do N bacteriano passam pelo pool de amônia ruminal (Hristov & Broderick, 1994). A contribuição da amônia para o N bacteriano variou de 23 a 95%, dependendo do tipo de dieta O principal motivo da ureia não ser mais utilizada nos Estados unidos é que a maioria dos produtores fornece silagem ou feno de alfafa como volumoso, conjuntamente com a silagem de milho e, portanto as dietas não pedem ureia por terem NNP suficiente vindo da silagem de alfafa. Geralmente, as dietas americanas possuem uma proporção de 3:1 ou 2:1(da relação silagem de milho: silagem ou feno de alfafa). Mesmo assim, a ureia nos EuA é ainda um ingrediente considerado em dietas para qualquer nível de produção, quando o limitante na dieta for proteína degradável no rúmen. Quanto de ureia utilizar nas dietas de vacas leiteiras? Em dietas de vacas leiteiras a recomendação clássica é trabalhar com 1% da matéria seca consumida em ureia.Porém, a melhor eficiência seria 0,6% da dieta em ureia. (Fonte: Charles Schwab, 2008). Vacas no terço médio para o final de lactação são animais mais recomendados a serem suplementados com NNP. Pesquisas apontam que a eficiência alimentar em dietas com utilização de NNP neste caso pode ser aumentadas, diminuindo consumo total de alimentos sem prejuízo na produção de leite. Como queremos mais ureia nas vacas de menor consumo de concentrado (meio e final da lactação), talvez o concentrado não deva ser utilizado como única fonte de ureia para os animais. Regar a ureia diluída com água é a maneira mais segura de oferecê-la aos animais. O limite de inclusão técnico é maior do que o limite comercial em rações em que os animais consumam ração separado do volumoso. Problemas de rejeição. Manejos onde se praticam inclusão de água na dieta (chamado sopão) a ureia deve ser evitada. Sugestões de utilização de ureia para formulações de concentrados. O limite inferior é para as épocas em que as pastagens estão em pleno crescimento e apresentam seu máximo teor de qualidade, digestibilidade e proteína: novembro, dezembro, janeiro e parte de fevereiro para forragens tropicais e junho, julho, agosto e às vezes maio em boas chuvas para a aveia em forrageiras de inverno. Sugestões de utilização de ureia em dietas de vacas leiteiras Quando aumentar ou diminuir a utilização de NNP. Recomendações ao uso da ureia. Todo produtor que precisa de uma ração maior ou igual a 22% de PB poderia ter parte da ração na forma de ureia. Sem problemas com desempenho ou qualquer outro fator. Forragens de baixa proteína, com menos de 12% de PB vindo das forrageiras deveriam utilizar parte da proteína na forma de NNP. Vacas de alta produção e no início da lactação são as categorias menos elegíveis da propriedade a trabalhar com NNP ou mais NNP na dieta. O consumo total de alimentos que deve ser alto nesta fase, pode ser deprimido trabalhando com altos níveis de ureia na dieta. Para esta categoria, recomenda-se o valor de 0,6% de ureia na dieta total. Exceto em dietas de cana de açúcar. O pós parto imediato por ser caracterizado de consumo de energia e mobilização, é o pior local para ter excesso ou dieta com bastante NNP. Nestes casos o ideal é no máximo 0,3% da dieta em ureia, se não for possível deixar de utilizála. 44 NT #6 NT #6 45 Por: Erica Rabecchi BOVINOS DE LEITE GIROLANDO E NuTRON – PARCERIA DE MARkETING Associação acaba de inaugurar o novo departamento de comunicação e marketing, que conta com a Nutron como um dos grandes apoiadores do projeto Comunicação e marketing. uma combinação acertada de duas das principais frentes de trabalho para o desenvolvimento de uma marca no mercado. E marca é algo sério, por isso a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando acaba de anunciar a criação de seu novo departamento, que hoje responde por todas as ações de comunicação e de marketing da Associação com o mercado, públicos-alvo, clientes, profissionais e pessoas ligadas ao meio. O projeto, inaugurado em janeiro deste ano tem como um dos principais apoiadores e patrocinadores a Nutron Alimentos – que enxerga tais ferramentas com as quais este departamento novo trabalhará como peças fundamentais de uma boa construção de imagem e de marca. “A criação deste departamento já era uma necessidade, e a Nutron foi a primeira a aderir ao projeto com uma parceria firmada de um ano conosco”, explica João Marcos, Gerente de Comunicação e Marketing da Associação. O novo departamento conta com uma equipe focada e obstinada a gerar novos e bons resultados e encarar os desafios do mercado. O Vice-Diretor Jônadan Hsuan Min Ma, o gerente de comunicação e marketing, João Marcos e a assessora de imprensa da associação, Larissa Vieira já criaram uma agenda completa de trabalho, na qual mensalmente eles se reúnem e junto com a diretoria da Associação, colocam em pauta novos eventos, temas e viabilizam ações de comunicação e marketing de interesse para 46 NT #6 a Associação. “Nossos parceiros, além de apoiarem institucionalmente o novo departamento, também estarão presentes em todas as comunicações – folders, banners, faixas e coletes de provas e eventos, e etc – que a associação criar para promoção de suas atividades, ou seja, o parceiro, como a Nutron estará sempre conosco”, explica João Marcos. um dos principais objetivos com este novo departamento é poder divulgar a raça, como uma referência de gado de leite no Brasil. Cerca de 80% do leite que é produzido no País, é produzido pela raça Girolando. Diante desta representatividade no mercado, novos eventos já foram desenvolvidos e ocorrem ainda neste semestre. O I Congresso Brasileiro da Raça Girolando (http://www.girolando.com.br/ congresso/) será entre os dias 22 e 24 de setembro, no Tauá Grande Hotel e Termas de Araxá (MG) que deve contar com cerca de 500 pessoas, entre congressistas e participantes. A Megaleite (www.girolando.com.br/megaleite2011) – maior feira do agronegócio do leite do País – terá sua 8ª edição realizada entre os dias 26 de junho a 03 de julho, no Parque Fernando Costa, uberaba (MG). “Os parceiros têm papel fundamental no objetivo da comunicação e do marketing da Associação, pois ajudam na propagação da raça e na abertura de novos negócios. Estamos com escritórios (ETR´s) novos em Goiânia, Jacareí, Itaperuna e Recife, trabalhando justamente para abrir frentes nestes locais para atender melhor nossos associados e ampliar nossas fronteiras”, finaliza João Marcos. SOBRE A ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE GIROLANDO Fundada em 20 de dezembro de 1978 por um grupo de pecuaristas da região de uberaba, a associação surgiu para atender uma necessidade de ter uma entidade que atendesse e defendesse a classe produtora. Com o nome de Associação dos Criadores de Gado de Leite do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba - ASSOLEITE, tinha como principal objetivo a seleção de gado de leite e carne em todos os graus de sangue, conforme preconizava o PROCRuzA - Programa de Cruzamento Dirigido e congregar criadores das diversas raças bovinas em toda a sua área de atuação. Em 1988, o Ministério da Agricultura encerra o PROCRuzA. Durante os dez anos desse programa, o cruzamento do Gir com o Holandês se destacou e foi o mais praticado pelos criadores brasileiros, resultando em animais altamente adaptados e com boa capacidade de produção. Certificando-se disso, o Ministério da Agricultura, jun- Jônadan Hsuan Min Ma João Marcos Carvalho dos Santos tamente com as Associações representativas traçaram as normas para formação do Girolando - Gado Leiteiro Tropical com 5/8 de sangue holandês e 3/8 de sangue gir. Em 1989, a então Assoleite, ganha abrangência nacional e consegue junto ao Ministério da Agricultura delegação para conduzir o Programa para formação da raça bovina Girolando em todo o Brasil. Conforme a Portaria 079 de 01 de fevereiro de 1996, a raça GIROLANDO foi oficializada pelo Ministério da Agricultura, passando a entidade a adotar o nome de ASSOCIAçãO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE GIROLANDO, com a sigla “GIROLANDO”, e registro nº 59, da série Entidade de Âmbito Nacional, no cadastro das Associações encarregadas do Registro Genealógico, tendo por finalidade incrementar de maneira racional, a criação da raça Girolando, congregando e defendendo o interesse de seus associados. A sede nacional da Associação é em uberaba, cidade geograficamente bem localizada e equidistante das principais capitais brasileiras, e que tem por tradição o pioneirismo de seus criadores na busca de soluções arrojadas para o setor. é a entidade credenciada nacionalmente pelo Ministério da Agricultura para comandar o Programa para formação da raça Girolando. Com o objetivo de penetrar em todos os pontos do País, atingindo um universo bem diversificado, com características diferentes de criação, passou às Sub-Delegações estaduais. Esse trabalho proporcionou um atendimento mais eficaz quanto ao Controle de Genealogia e ao Serviço de Mensuração Leiteira. O propósito, sem dúvida nenhuma, é de levar a todo curral que pratica ordenha diária, a oportunidade de participar do Programa Girolando. NT #6 47 CADERNO ESPECIAL Avicultura 48 NT #6 NT #6 49 CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA Desafios que a indústria avícola enfrentará até 2020 Introdução Nos últimos anos têm ocorrido uma grande expansão da produção agropecuária, em decorrência da crescente demanda de alimentos pela população. De um modo geral, esta demanda crescente de alimentos é conseqüência principalmente do crescimento populacional, do aumento da renda média da população e da urbanização. A Organização das Nações unidas (ONu) projeta que haverá oito bilhões de seres humanos no planeta até 2030, com uma renda em média 32% maior do que aquela de 2006 e o consumo carne/pessoa/ano aumentará em 26% no mesmo período, sobretudo de frango. No entanto, estes não serão os únicos fatores que modularão a evolução da indústria avícola nos próximos anos. Também devem ser levados em conta os fatores técnicos e a evolução da ciência e da tecnologia, a disponibilidade de recursos naturais, a permanência de barreiras comerciais e o preço das matérias primas para a produção de ração para frangos (A FAO prevê que no período de 2010 a 2019 os valores dos ingredientes ficarão acima daqueles da média histórica). Por fim, haverá grande influência das exigências dos consumidores, cada vez mais preocupados com as questões relativas ao bem estar dos animais, a segurança alimentar e ao impacto ambiental da atividade. Daniel Gonçalves Bruno é Médico Veterinário e trabalha em Pesquisa e Desenvolvimento no Grupo Provimi. Formulação As crescentes pressões pelo aumento dos custos dos ingredientes, pela redução dos custos das dietas e da excreção de nutrientes ao meio ambiente, definem as tendências para os próximos dez anos na avicultura. Nesse contexto, o uso de enzimas aumentará, pois melhora a digestibilidade e a absorção dos ingredientes. Da mesma forma, outros aminoácidos (além da metionina, lisina, treonina e triptofano) serão produzidos e suas inclusões serão econômicas nas formulações. A inclusão de micronutrientes será considerada, levando em conta a resposta imune dos animais. Neste segmento, aumentará o uso de minerais orgânicos e básicos, com comprovada origem, sem o risco de estarem contaminados com resíduos indesejáveis. Também um maior enfoque será dado aos fatores não nutricionais de alguns alimentos, que alteram a disponibilidade da energia e dos nutrientes. O processamento das dietas será mais sofisticado, sempre levando em conta o tratamento térmico e o tamanho das partículas dos alimentos. Atualmente, com a evolução genética e a diminuição na idade de abate, o período embrionário já corresponde a 50% do ciclo de vida dos frangos. Portanto, as reservas de nutrientes dos embriões continuarão sendo críticas. Isto implica em um acompanhamento próximo da nutrição das reprodutoras e, em um futuro, na implementação da nutrição “in ovo” (nutrientes injetados no líquido amniótico no período final de incubação). Também dietas pré-iniciais diferenciadas serão mais consideradas, com o objetivo de dar suporte ao desenvolvimento dos animais nos primeiros dias de vida, que são determinantes para a continuação do desenvolvimento eficiente nas demais fases de produção. Fábrica de ração 50 Segurança Alimentar Ambiência Acompanhar essa demanda por alimentos mais seguros exige transparência e comprometimento, por parte de todos os envolvidos no processo de produção dos alimentos e dos governos. Haverá cada vez mais controle em cada etapa da cadeia de fornecimento de alimentos, enfatizando o monitoramento dos riscos, por meio de ações preventivas e corretivas (análise e monitoramento dos pontos críticos de controle), com maior acompanhamento da saúde dos plantéis. Com isso, é essencial a seleção mais criteriosa dos fornecedores de insumos, com enfoque na qualidade e não no custo, sendo necessários planos de avaliação e acompanhamento dos processos e dos materiais utilizados por esses fornecedores, tendo em vista os riscos químicos, físicos e microbiológicos. O conforto térmico, no interior de instalações avícolas, é fator de grande importância, já que condições climáticas inadequadas afetam consideravelmente a produção das aves. Galpões convencionais sem o controle do ambiente serão menos recomendados, pois não permitem administrar variáveis ambientais importantes para o bom desempenho das aves. No interior de um galpão, 80% do calor gerado vêm das aves e a administração deste calor é fundamental para o desenvolvimento dos animais e para o melhor uso da energia naquele ambiente. NT #6 Ainda hoje os mercados de milho e de farelo de soja são de compra e venda de “commodities”. Dependendo da região do mundo estes dois insumos podem representar até 70% do custo total de uma fórmula de aves. Além do custo de cada um deles, é importante levar em consideração suas composições nutricionais que variam com os cultivares, com os processamentos, com o ano, com a densidade, com a presença de micotoxinas, etc. Estas variáveis podem afetar suas inclusões nas fórmulas, fazendo-as mais caras ou baratas, mais ou menos eficientes. Fica claro que além do custo, critérios qualitativos e quantitativos deverão ser levados em conta na hora da compra destes ingredientes. Para que estas diferenças sejam valorizadas, Antônio Mário Penz Junior é Engenheiro Agrônomo e Doutor em Nutrição Animal (Universidade da Califórnia), Mestre em Zootecnia (UFRGS) e Diretor Mundial de Aves do Grupo Provimi. maiores serão os investimentos em silos, possibilitando a segregação dos ingredientes. Mesas densimétricas continuarão sendo implementadas, para separar partidas de milho com densidades (energia) diferentes. A transgenia continuará sendo discutida. Entretanto, novas variedades de milho serão disponibilizadas com baixos teores de fósforo fítico, favorecendo a absorção deste nutriente. A necessidade de analisar cada lote de ingrediente, de modo que as formulações sejam mais precisas, estará cada vez mais evidenciada na utilização da tecnologia NIR, que permite a análise nutricional instantânea de cada lote de ingrediente, a avaliação do seu valor energético, sua composição e digestibilidade dos aminoácidos. Isto permitirá redução de custo de formulação hoje impossível de ser aproveitada por falta de estrutura nas fábricas de rações. Emprego do Conhecimento disponível e inovação tecnológica O progresso do conhecimento computacional permitirá a utilização de modelos de crescimento, que poderão interferir no crescimento de um animal quando submetido a determinadas condições de criação. Isto fará com que cada empresa estabeleça suas prioridades de produção e as formulações das dietas, “customizadas”, serão feitas de acordo com as diferentes necessidades. Além dos modelos de crescimento, modelos de simulação serão utilizados para avaliar riscos e otimizar retornos econômicos. Diferentes softwares serão empregados para classificar e estabelecer relações entre variáveis. A partir da organização de dados, correlações entre as variáveis serão possibilitadas, valorizando o efeito de cada uma delas e de suas associações. No campo da inovação científica, a nutrigenômica trará benefícios para o desenvolvimento de animais diferenciados, de acordo com as necessidades de diferentes regiões e populações. Esta ferramenta tecnológica permite o estudo das relações entre a nutrição e a resposta dos genes. Isto facilita o entendimento dos mecanismos através dos quais a indução da expressão dos genes pelos nutrientes ou regimes alimentares afeta as características de desempenho. Nestes próximos anos, muitos paradigmas terão que ser revistos pela indústria animal-avícola, tendo em vista a necessidade de compatibilizar sua produção com as exigências da sociedade, que busca alimentos saudáveis e que a produção seja feita por de mecanismos sustentáveis. NT #6 51 Fernando Vargas é Médico Veterinário e Gerente Técnico de Avicultura na Intervet Schering-Plough. CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA INTRODuçãO ENTERITE NECRóTICA SuBCLíNICA: INIMIGO OCuLTO? 52 NT #6 Doenças do trato digestivo das aves, particularmente as que afetam o intestino, são de extrema importância econômica, pois prejudicam o desempenho produtivo, aumentando a conversão alimentar, reduzindo o ganho de peso e a produção de ovos. uma vez que a ração representa mais de 65% dos custos totais de produção, qualquer fator que reduza a capacidade destes animais em transformar o alimento em carne e ovos, tem alto impacto sobre a viabilidade econômica de sua criação. As bactérias do gênero Clostridium são as causadoras de diversas doenças importantes, entre elas a Enterite ulcerativa, (C. colinum), a Enterite Necrótica (C. perfringens), a Dermatite Gangrenosa, (C. septicum e C. perfringens) e o Botulismo (C. botulinum). O C. perfringens também é reconhecido como causador da colangiohepatite em frangos e celulite em perus. A Enterite Necrótica (EN) foi descrita pela primeira vez em 1930 e identificada no início da década de 1960. Apresenta-se de duas formas: a clínica, que é também a mais facilmente detectada, e a subclínica (ENS), muitas vezes subestimada. Não é fácil dimensionar as perdas ocasionadas pela ENS, entretanto, pela natureza toxigênica e insidiosa da bactéria e pela dificuldade em se monitorar o desafio, fica evidente sua importância para a avicultura comercial. Estudos realizados na Europa no final da década de 1980 (logo após o banimento dos aditivos gram positivos) estimaram aumento da prevalência em mais de 40% em alguns casos, e prejuízos que podem ultrapassar a cifra de R$0,08 por ave abatida. ETIOLOGIA E OCORRêNCIA A EN e a ENS são causadas pelas toxinas produzidas pela bactéria Clostridium perfringens. Estas bactérias são bacilos gram positivos, anaeróbios e capazes de formar esporos extremamente resistentes às condições ambientais. São habitantes normais do trato gastrointestinal (TGI) de aves e mamíferos. Contaminam calçados, roupas e são transportados por eles de um local a outro. Podem estar presentes em grandes quantidades no solo, na água e na maioria dos ingredientes utilizados na alimentação animal. Trabalhos realizados em todo o mundo comprovam a presença de esporos em produtos utilizados na fabricação de rações, em quantidades que variam de acordo com a matéria prima considerada. Wojdat et al. (2006) detectaram C. perfringens em 38% das amostras de ingredientes utilizados na fabricação de ração para frangos de corte, sendo que os maiores índices foram observados em farinhas de origem animal, especialmente as de pescado (produtos com altos níveis de proteína). Os esporos são resistentes à ação de agentes físicos e químicos, e permanecem no ambiente por longos períodos, sendo comuns os surtos recorrentes em galpões onde tenha ocorrido um quadro clínico, principalmente se a cama não tiver sido trocada. O C. perfringens é classificado em cinco tipos distintos (A a E), de acordo com a toxina que produz (Tabela 1). As cepas dos tipos A e C são responsáveis pelos surtos de EN em aves. As cepas do tipo B são produtoras de toxinas que afetam os mamíferos. Trabalhando com material colhido de intestinos de frangos de corte, Gomes (2007) isolou C. perfringens em 68,4% das amostras, sendo 60,8% tipo A e 32,2% tipo C. Tabela 1 Tipos de toxina produzidos pelo C. perfringens e sua ação no organismo das aves TOxINA ATIVIDADE BIOLóGICA Alfa Letal, hemolítica, dermonecrótica, citolítica Beta Citolítica, dermonecrótica, letal Epsilon Edema (SNC, fígado, rins) Iota Rompimento de citoesqueleto, perda da integridade celular Beta2 Citolítica, letal Enterotoxina Citolítica, letal, diarréia Theta Hemólise e modulação da resposta inflamatória Adaptado de Petit et al, 1999. A toxina Alfa é considerada o principal fator de virulência nos quadros de EN. FISIOPATOLOGIA Tanto a EN como a ENS afetam frangos de corte, poedeiras comerciais, perus, patos, codornas, avestruzes e aves selvagens, provocando perdas econômicas e problemas relacionados à questão de bem estar animal (aumento do percentual de mortalidade na forma clínica). Na união Europeia, McDevitt et al. (2006) constataram que a incidência das formas clínica e subclínica da doença aumentou após o banimento do uso de aditivos gram positivos na alimentação de frangos de corte, em índices que variaram entre 1% e 40%. A ENS tem, provavelmente, um impacto financeiro mais significativo por não ser facilmente diagnosticada e pode provocar danos relevantes, reduzindo ganho de peso, produção de ovos e aumentando a conversão alimentar. McDevitt et al. (2006) afirmam que o principal sinal de ENS é o aumento das perdas por condenação NT #6 53 no abatedouro, que podem chegar a 4% das carcaças (principalmente por problemas de pele) e 12% dos fígados. A doença afeta aves entre duas e oito semanas, principalmente frangos de corte entre duas e três semanas, embora não sejam raros casos em galinhas de postura comercial com mais de cinco meses, ou frangas de reposição com 12 a 16 semanas. As aves afetadas podem apresentar curva de peso abaixo do padrão, alteração da mobilidade intestinal e aumento da taxa de mortalidade. Matrizes em recria podem ser afetadas e ter problemas com uniformidade com subsequente perda de produção. Em quadros de ENS, podem estar presentes lesões macroscópicas no fígado (congestão, necrose focal ou multifocal, com aspecto “rendado”) e enterite inespecífica, que varia desde uma simples hiperemia até a forma catarral/mucoide em graus variados, afetando mais frequentemente o jejuno e o íleo. Os quadros de colangiohepatite são mais facilmente percebidos no abatedouro. Alguns trabalhos de pesquisa desenvolvidos na União Europeia identificaram uma forte relação entre altos níveis de condenação de fígado e mal desempenho de lotes no campo, com perdas que variaram de 25% a 43%. Muitas das toxinas produzidas pelo C. perfringens são enzimas cuja síntese é codificada por genes cromossomais ou plasmídicos. Sua expressão depende de múltiplos fatores, que vão desde condições ambientais (manejo), infecções intercorrentes (coccidiose, verminoses) até a presença de fatores antinutricionais na dieta (como aminas biogênicas, taninos e fibras não digeríveis). O tipo de dieta provavelmente é o fator mais importante na ocorrência da ENS. Altos níveis de energia e proteína (ou desequilíbrio na relação entre estes dois componentes), matérias primas de origem animal e até mesmo a forma física da ração (peletizada x farelada) podem favorecer uma maior incidência da doença, assim como dietas à base de cereais como a cevada, trigo ou centeio, quando comparadas com dietas à base de milho e soja. MONITORIA E CONTROLE O monitoramento da saúde intestinal através de necropsias realizadas a campo nas idades-chave, em uma rotina preestabelecida, é também o método mais usado para acompanhamento da incidência de EN / ENS em aves de corte. Exames complementares realizados em laboratório são imprescindíveis para confirmação do diagnóstico (microbiologia, histopatologia, técnicas de biologia molecular e outras). O acompanhamento dos índices de condenação no abatedouro deve ser permanente. um histórico deve ser mantido e utilizado como banco de dados para análises comparativas quando ocorrem variações ou mudanças no padrão normal. A contagem de C. perfringens é um método possível. Como regra geral, a contagem dos bacilos é muito maior no intestino de frangos que apresentam um quadro de coccidiose aguda do que em aves com baixo desafio por Eimeria. Entretanto, um maior número de bactérias por si só não significa que EN ocorrerá, já que nem todas as cepas são produtoras de alfa-toxina. A doença pode ser controlada ou prevenida pela redução de exposição a fatores de risco como a coccidiose e dietas não adequadas. A utilização de vacinas contra a coccidiose ou a adoção de programas de controle com o uso de ionóforos / químicos é essencial. O controle das matérias primas utilizadas na fabricação das rações e uma correta formulação são fatores determinantes na manutenção da integridade intestinal das aves. A vacinação de matrizes com toxoides tipo A e C tem como resposta a formação de altos níveis de IgG específica, os quais são transferidos à progênie, conferindo proteção contra a ação das toxinas produzidas pelo C. perfringens. A utilização de aditivos melhoradores de desempenho com ação sobre gram positivos continua sendo o método mais efetivo no controle das formas clínica e subclínica da Enterite Necrótica. Sua eficiência está relacionada à relação dose/resposta e à capacidade de atuar sobre os microrganismos, impedindo os danos sobre a mucosa intestinal. CONCLUSÕES A Enterite Necrótica Subclínica é um importante fator de perda de desempenho na criação de aves. Esta forma da doença pode ter um impacto econômico significativo, uma vez que seu diagnóstico é mais difícil. Fatores ligados ao manejo, ao controle da coccidiose e, principalmente, à dieta, são determinantes na ocorrência de surtos. A utilização de matérias primas de boa qualidade e formulações equilibradas são ferramentas de controle. O monitoramento da saúde intestinal através de necropsias a campo é fundamental para a identificação dos desafios. O acompanhamento permanente dos resultados de performance, com manutenção de uma base de dados confiável, é necessário para uma correta tomada de decisão na alteração de programas e níveis nutricionais. 54 NT #6 Julio Cesar Carrera de Carvalho é Doutor em Nutrição Animal e Gerente de Produtos da Nutron Alimentos CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA Milho A forte demanda por alimento e aumento dos preços das matérias primas em todo mercado mundial, vem elevando os custos de produção de carnes, principalmente aves e suínos, que demandam grande quantidade de grãos. O milho, principal ingrediente das dietas de aves e suínos, que representa 70 % dos custos de produção, é bem conhecido em termos nutricionais, mas recentes análises da composição deste, têm demonstrado alteração em seu valor nutricional, principalmente no tocante a proteína e ao amido. Este está presente nas dietas avícolas, sobretudo como fonte de energia e podendo contribuir com até 20% da proteína em uma dieta para frangos de corte. A percepção de sua composição, bem como as modificações do seu conteúdo em detrimento à variáveis atribuídas, ao tipo de híbrido, adubação, plantio, solo, colheita, secagem entre outras, pode alterar seu valor nutricional, principalmente no que diz respeito à energia, ferramenta 56 NT #6 para avaliar seu conteúdo e correlacioná-lo com seu potencial nutricional. Alguns fatores que podem interferir na digestibilidade do milho As principais proteínas de armazenamento no milho são zeína e kaferina (McDonald et al., 1990). zeína é quantitativamente a mais importante e é deficiente em aminoácidos indispensáveis, como o triptofano e lisina. Existem quatro tipos de zeinas - alfa, beta, gama e delta, estas por sua vez têm um papel importante, pois encontram-se encapsulando a superfície dos grânulos de amido do milho, sendo que alfa e beta zeinas penetram no endosperma, enquanto beta e gama formam ligações cruzadas resultando em amido “hidrofóbico” (Hoffman e Shaver, 2008). Essas proteínas são responsáveis diretas pela formação da matriz externa do amido, podendo influenciar sua digestibilidade. A adição de proteases exógenas pode representar COMO SER EFICIENTE AO uTILIzá-LO? um potencial desejável em suplementar a atividade proteolítica em animais jovens, liberando peptídeos menores e facilitando a ação das enzimas endógenas. Além de auxiliar na inativação de fatores proteináceos anti-nutritivos, derivados de encapsulamento e retrogradação do amido, geralmente atribuídos à temperatura de secagem e processos de térmicos (peletização e expansão), podem ainda degradar proteínas como zeína e kafirina (DARI, 2006). Contribuindo de forma significativa para degradação da matriz, que envolve o grânulo de amido, liberando-o para ação das enzimas endógenas. O amido presente em mais de 65% do milho é responsável por cerca de 60% da energia metabolizável (EM) das dietas das aves (Weurding et al., 2001b) e, como tal, relativamente pequenas diferenças na digestibilidade do amido podem ter um impacto substancial sobre a conteúdo de EM da dieta. Duas moléculas são encontradas dentro de amido, amilose e amilopectina. Ambas são polímeros de d-glicose, mas são diferenciados com as ligações entre os monômeros de glicose (Carre, 2004; Tester et al., 2004). O tamanho dos grânulos de amido é fator importante na determinação do seu valor energético, ou seja, em pequenos grânulos o amido tem, relativamente, uma maior superfície e assim um maior potencial de hidrólise pela amilase endógena (Carre, 2004). Durante o processamento térmico, o amido gelatiniza, dependendo do tamanho dos grânulos, do teor de umidade, da relação amilose: amilopectina, do calor e do tempo (Tester et al., 2004). As condições de temperatura que os alimentos para animais são submetidos durante a maior parte dos processos de peletização é suficiente para gelatinizar essencialmente, todo o amido na dieta, embora o teor de umidade possa limitar este processo a um grau variável (Tester et al., 2004). Depois do processo de peletização, os alimentos para animais esfriam e começa a retrogradação (Atwell et al., 1988). Durante NT #6 57 a retrogradação, o amido volta a um estado mais ordenado, em que ambos, amilose e amilopectina formam associações de dupla helicoidal, tornando o amido dependente da relação amilose: amilopectina (klucinec & Thompson, 1999). Essas mudanças na estrutura do amido, associadas com o aquecimento, podem alterar a posterior digestibilidade do amido e, assim, o valor energético da dieta. Com relação ao teor de fibras, de acordo com Malathi Devegowda (2001), o milho possui 5,32% de pentosanas totais, 3,12% de celulose; 1 % de pectinas e 9,34% de polissacarídeos não amiláceos totais. Acredita-se que os componentes insolúveis dos polissacarídeos não amiláceos presentes no milho podem encapsular os nutrientes, que poderiam ser liberados pelas xilanases e celulases (Classen, 1996; Gracia et al., 2003). Os efeitos benéficos das xilanases na utilização de nutrientes estão relacionados à redução da viscosidade da digesta, resultando em aumento da depolimerização de arabinoxilanas em componentes de menor peso molecular (Ravindran et al., 1999) ou a partir da liberação dos nutrientes encapsulados nas estruturas da parede celular, favorecendo o contato Tabela 1 Efeito do uso de enzimas na conversão alimentar (CA) e ganho de peso (GP) de frangos de corte alimentados com dietas à base de milho e farelo de soja Referência Enzimas utilizadas Melhora na CA (%) Melhora no GP (%) zanella et al. (1999) xAP 2,20 1,90 Jin (2001) xAP 3,65 5,02 Iji et al. (2003) xAP 10,5 10,3 Pack & Bedford (1997) xAP 5,70 6,90 Carvalho et al. (2009) xAP 4,76 6,83 Cowieson (2002) Pectinase 2,50 0,50 Paio et al. (1999) Fitase 0,80 3,50 Jackson (2001) Beta -mananase 2,76 4,66 kidd et al. (2001) alfa-galactosidase 0,88 2,22 Toledo et al.(2007) xilanase 2,22 Freitas et al. (2010) Protease Gracia et al. (2003) Alfa-amilase Obs. xAP - xilanase, amilase e protease 58 NT #6 dos nutrientes com as enzimas endógenas. Previnem, ainda, distúrbios digestórios resultantes da presença de material fibroso não digerido no trato gastrointestinal de aves (Lima, 2005). Cowieson (2005), contudo, acredita que o uso de xilanase, isoladamente, sem emprego de outras enzimas exógenas como proteases, amilases ou fitase, não produz resposta semelhante às obtidas com a combinação das enzimas. Portanto, o aproveitamento ideal do milho torna-se cada vez impactante nos custos da formulação, visto que a ineficiência no aproveitamento do seu conteúdo, principalmente no tocante a energia, contribui de forma significativa para elevação no uso de gorduras e óleos, resultando em aumento de custos e consequentemente perdas em qualidade de peletes. O uso de enzimas que melhoram o aproveitamento do milho tem sido foco de muitos estudos para aves e suínos. Trata-se de uma grande oportunidade devido ao fato do milho ser um dos principais componentes das dietas utilizadas no Brasil. Contudo o uso de blends enzimáticos (amilase, xilanase e protease) torna-se uma ferramenta importante devido ao trabalho conjunto das enzimas, contribuindo para o melhor aproveitamento da dieta (tabela 1.) quais ferramentas podem auxiliar os nutricionistas a melhorar o aproveitamento do milho? Sem dúvida, o uso de enzimas que abranja toda a percepção de fatores que contribuem com a diminuição dos valores nutricionais deste milho, e haja de forma coerente sobre estes fatores, tende a resultar em respostas mais efetivas e confiáveis ao nutricionista. O EIV (energy improvement value) é uma ferramenta desenvolvida pelas Danisco Animal Nutrition que vem a corroborar com os nutricionista, dando-os um norte com relação a qualidade deste milho. Atualmente as empresas Danisco Animal Nutrition e Nutron Alimentos vêm trabalhando para elucidar o Tabela 1 Avicheck™ Corn Analisis ano 2006 -2010 EIV Proteí Proteína (%) Amido EE (%) (%) MS (%) N 1299 1299 1299 1298 1299 Média 156.81 8.13 71.73 4.58 86.78 SD 8.29 1.00 1.35 0.12 1.00 1,69 C.V (%) 5.29 12.25 1.88 2.64 1.16 1,00 0,90 Mínimo 116.20 4.70 60.10 3.80 76.70 4,70 1,25 Máximo 200.80 11.08 88.40 5.10 89.50 Gráfico 1 Avicheck™ Corn Analisis ano EIV Gráfico 1 Impacto da temperatura de secagem do milho sobre a energia metabolizável aparente (EMA – kcal/kg de MS), em correlação com o Promatest - Dan. (Paul et al 2009) Fonte: Danisco Animal Nutrition ( Dados não publicados) impacto da qualidade do milho nas dietas e como atribuir ferramentas para mensurar o uso deste ingrediente, atrelado aos benefícios de utilização das enzimas. Essas ferramentas que auxiliam na decisão do nutricionista são o Promatest (que faz parte da equação do EIV) e EIV que tem demonstrado importante na avaliação da energia metabolizável do milho e com isso, pode impactar no desempenho dos frangos. O experimento abaixo (gráfico 1 e 2) foi realizado com objetivo de estudar os efeito da temperatura de secagem do milho e seus impactos sobre a energia metabolizável e desempenho de frangos de corte de 1 a 28 dias de idade. Gráfico 2 Impacto da temperatura de secagem do milho sobre a conversão alimentar de 1 a 28 dias de idade de frangos de corte, em correlação ao Promatest - Dan. (Paul et al 2009) é sabido que o aumento da temperatura de secagem contribui para o aumento do amido resistente e, conseqüentemente, redução no aproveitamento da energia do milho. Impactando de forma significativa o desempenho das aves (gráfico 2), com aumento da conversão alimentar. Conclusão: Diante de diversos fatores que podem afetar a qualidade do milho e seu aproveitamento para aves e suínos, impactando de forma significativa os custos de produção e desempenho dos animais, o uso de enzimas atreladas à essas ferramentas, que elucidam e contribuem de forma segura e eficiente para elencar a oportunidade de melhor aproveitar e utilizar o milho, levam a segurança nas formulações e conseqüentemente menor custo de produção. Fonte: Danisco Animal Nutrition ( Dados não publicados) NT #6 59 Sabrina Coneglian é zootecnista, doutora em Nutrição de Ruminantes e integrante do Departamento Técnico da Bunge Fertilizantes/Serrana Nutrição Animal. CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA A GLICERINA NA ALIMENTAçãO DE AVES A avicultura é uma atividade econômica indispensável para o Brasil. Por estar presente cotidianamente na dieta alimentar da população, a produção de aves é de extrema importância no cenário do País. Devido ao cultivo de aves ter atingido tamanha proporção no mercado brasileiro, as empresas produtoras desse segmento visam fornecer cada dia mais, qualidade em seus produtos com foco na segurança alimentar, alinhando o serviço que prestam à responsabilidade ambiental. Em decorrência do melhoramento genético que as linhagens atuais de frango de corte são submetidas, houve uma evolução na capacidade dos animais em converter alimentos em músculo – esse desenvolvimento proporciona maior rendimento em cortes nobres, num curto espaço de tempo. No entanto, tais benefícios alcançados pelo frango moderno exigiram mudanças nos valores nutricionais das dietas, principalmente em 60 NT #6 tado do efeito da glicerina - oriunda de diferentes fontes e características, como de carcaça, de carne de suínos e aves, ou características químicas – comprova seu desempenho. O nutricionista Park Waldroup (2006) demonstrou que animais com até 16 dias de idade, não apresentaram problemas quando se administrou até 10% de glicerina na dieta. Entretanto, quando for usado em todas as dietas, até o abate, este nível não deverá ultrapassar 5%, pois afeta o consumo da dieta, consequentemente o desempenho dos animais. Cerrate et al. (2006) confirmaram as observações de Waldroup (2006) quando verificaram que a inclusão de 10% de glicerina comprometeu o desempenho e o rendimento de carcaça de frangos Cobb 500. Os autores acreditam que as perdas de desempenho e de qualidade de carcaça dos frangos teve como causa a dificuldade delas de fluir nos comedouros, uma vez que a qualidade dos peletes (granulado) ficou prejudicada, além de provocarem alta produção de excretas líquidas (diarreia), o que umedeceu mais a cama e Figura 1 causou desconforto e estresse às aves. Para regularizar a utilização da glicerina bruta na alimentação animal, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estipula que o ingrediente deve conter ao máximo 150 ppm de metanol, 12% de umidade e no mínimo 80% de glicerol. Além disso, os valores de sódio e potássio também devem ser controlados. Isso porque, o metanol em excesso é tóxico aos animais e pode causar cegueira em frangos de corte. Essa toxidez é provavelmente devida a sua mobilização em formaldeído, que causa efeitos danosos nas células da retina. Outro resíduo importante e que deve ser controlado é o sódio, que em excesso pode causar um desbalanço eletrolítico no animal (Cerrate et al. 2006). A inclusão de 10% de glicerina bruta na dieta pré-inicial de aves e, 5% nas demais fases, vêm se mostrando interessante na maioria das pesquisas, no entanto, por ser um ingrediente novo e com poucos dados científicos, ainda é necessário cautela e muitos estudos para comprovar e garantir sua utilização de forma viável. Rota de obtenção de biodiesel e glicerina Fonte: Parente, E.J. de S. 2003 energia, proteína e aminoácidos. A nutrição possui um peso significativo nos custos de produção dos animais e, por esse motivo, há uma constante busca por novos ingredientes que possibilitem bons índices de desempenho, com baixo custo. Com a crescente produção do biodiesel, um novo produto energético surgiu com potencial para a nutrição animal. Conhecida como Glicerina Bruta, um co-produto do biodiesel (a obtenção do biodiesel e da glicerina ocorre de acordo com a figura 1), o novo ingrediente vem despertando grande interesse por parte dos avicultores, uma vez que sua formulação pode construir um insumo rico em energia e com alta eficiência de utilização pelos animais 4.320 kcal de energia bruta por quilo para o glicerol puro. Na literatura atual, ainda encontramos poucos estudos sobre o uso do novo produto na dieta de animais, porém com os poucos trabalhos já publicados, o resul- NT #6 61 CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA AVES TêM MELHOR DESEMPENHO COM ILuMINAçãO ADEquADA Paula Bastos Valeri é Zootecnista, com especialização em Nutrição de Monogástricos e Nutricionista de Aves da Nutron Alimentos. As aves são produtos da genética, nutrição e ambiente. Do ponto de vista genético, na interação com a carga de genes encontra-se uma série de fatores ambientais e entre eles a luz é um fator de extrema relevância. A luz, portanto exerce importância fundamental sobre o sistema de criação das aves. Em matrizes pesadas, a intensidade e a duração do fotoperíodo têm influência direta no desempenho reprodutivo das aves, proporcionando melhor controle da maturidade sexual e uniformidade do lote. Por isso, o fornecimento de um programa de luz adequado é tão importante, que em poedeiras pode interferir no início da postura (antecipando ou retardando), na taxa de postura e no seu intervalo. Além disso, a eficiência alimentar pode ser maximizada, a qualidade da casca melhorada e o tamanho do ovo otimizado. Já em frangos de corte, a preocupação é proporcionar acesso aos comedouros e bebedouros (principalmente à noite, horário de temperaturas mais amenas), com a finalidade de atingir o maior ganho de peso. Durante o período de experiência – nesta época - os fotoperíodos tinham de 23 a 24 horas de luz. Com o passar dos anos, o melhoramento genético propiciou ao mercado uma ave com outras exigências, surgindo e então estudos relacionando programas de luz com problemas de pernas, mortalidade, atividade, bem estar e etc. Após vários trabalhos, pesquisadores concluíram que fotoperíodos mais moderados possibilitam menor estresse fisiológico, melhoria na resposta imunológica, na atividade e no metabolismo ósseo. Atualmente, pode-se dizer que o manejo da luz é uma técnica fundamental e de baixo custo na produção. Os princípios que envolvem a importância da luz são: fonte de luz e comprimento de onda, intensidade de luz e duração e distribuição do fotoperíodo. FONTE DE Luz E COMPRIMENTO DE ONDA A retina do olho contém cones que, quando estimulados por diferentes comprimentos de ondas de luz, transmitem a informação de cor ao cérebro. Pesquisas recentes detectaram que algumas aves podem ver até cinco cores primárias (visão pentacromática) e capazes de diferenciar dois tipos de comprimento de ondas uV. A luz visível é uma pequena coleção de comprimentos de onda, oriundos de uma série muito maior e é chamada de espectro eletromagnético. As luzes in- 62 NT #6 Tuffi Bichara é Zootecnista, especialista em gestão estratégica de empresas e Consultor Técnico de Aves da Nutron Alimentos. candescentes apresentam um aspecto de luz vermelha, enquanto que as luzes fluorescentes brancas apresentam um aspecto azulado. Isto acontece porque as luzes incandescentes produzem comprimentos de onda mais longos (vermelho) enquanto que luzes fluorescentes, mais curtos (verde e azul). Pesquisadores no Canadá, indicam que a habilidade das aves em visualizar cores é similar a dos humanos, exceto que as aves não podem ver com precisão a luz de onda curta. Apesar de representar um investimento inicial maior, lâmpadas fluorescentes apresentam maior poder de iluminação em detrimento à lâmpadas incandescentes, devido ao seu comprimento de onda - conseqüentemente - maior sensibilidade das aves. Portanto, uma mesma iluminação com incandescentes poderia ser obtida com um menor número de lâmpadas fluorescentes de menor potência (redução no custo da energia). Lembrando que a distribuição de lâmpadas deve ser uniforme, conforme recomendação do técnico. INTENSIDADE DE Luz A intensidade luminosa (medida por unidades de lux) percebida pela ave é uma função do comprimento de onda de uma determinada fonte de luz e da sensibilidade individual do animal para aquele comprimento de onda. A luz, contudo, produz outros efeitos que atuam indiretamente sobre a produção. O comportamento dos frangos é fortemente afetado pela luz, aspecto que tem sido utilizado comercialmente. A luz mais brilhante é usada para aumentar a atividade das aves, como é o caso dos primeiros dias. A luz tênue é mais efetiva para controlar comportamentos agressivos como canibalismo. A luz de baixa intensidade também ajuda a aumentar a eficiência alimentar, pois acarreta uma menor atividade e um menor desperdício de ração. Em geral, é recomendado fornecer uma intensidade de luz não inferior a 20 lux, até sete dias de idade, para assegurar que os pintinhos encontrem a ração e os bebedouros e de 5 lux desta data até até ao abate. Em aviários com condições controladas, os produtores têm utilizado sistemas elétricos que permitem aumentar a intensidade de luz de forma regular e por curtos períodos de tempo, durante a criação dos frangos. O objetivo dessa prática é estimular o exercício, reduzindo assim os problemas ósseos e estimulando o sistema cardiovascular. NT #6 63 DuRAçãO E DISTRIBuIçãO DO FOTOPERíODO A importância da luz nos aviários não está restrita apenas ao fotoperíodo, pois a fonte de luz, o comprimento de onda (principalmente no pico da radiação), a intensidade da luz, a frequência e a distribuição espacial das lâmpadas no galpão também afetam significativamente os resultados finais, em termos da qualidade e da quantidade de produção. O excesso de luz prejudica a produção de frangos de corte, podendo acarretar também maior deposição de gordura, doenças metabólicas e circulatórias. Os programas de regime de luz constante podem ser definidos como os que utilizam um fotoperíodo de mesmo comprimento, durante todo o ciclo de crescimento. Esses programas têm sido utilizados em frangos de corte por possibilitarem acesso uniforme aos comedouros. Programas como esse, dão condição para maximizar o consumo de ração, o ganho de peso e a uniformidade. O programa de iluminação intermitente caracterizase por apresentar ciclos repetidos de luz e escuro dentro de um período de 24 horas. Algumas pesquisas mostram que este programa melhora a conversão alimentar e reduz a gordura abdominal. Além disso, pode reduzir a produção de calor, diminuindo a taxa metabólica e o consumo de oxigênio; amenizando a incidência de ascite. Embora aves expostas à luz intermitente alcancem o peso semelhante ao daquelas que recebem luz contínua aos 42 dias, pintos expostos à luz intermitente apresentam redução no crescimento durante a segunda semana de idade, seguido por um ganho compensatório a partir de então. Ainda com relação aos programas de luz, fotoperíodos crescentes fornecem uma série de fotoesquemas, nos quais o fotoperíodo é aumentado conforme o frango avança a idade. A adição de uma hora de luz em uma ou mais vezes na metade da noite, resulta em um aumento na taxa de crescimento com o mínimo risco para a saúde das aves. Nos últimos dez anos, há uma movimentação significativa em todo o Brasil para se utilizar instalações de criação em aviários escuros (Dark-House) ou semiescuros. Estas mudanças são impulsionadas à medida que as pesquisas genéticas avançam cada vez mais em busca de uma ave com maior ganho de peso (alta conformação), com isso as dificuldades de manejo aumentam a cada ano. Para matrizes pesadas, por exemplo, o principal objetivo dos sistemas de aviários escuros e ou semiescuros (sombrite) na fase de recria é de não permitir a sobreposição do hormônio de crescimento com a liberação dos hormônios sexuais (16 a 22 semanas de idade), os quais são antagônicos. Mantendo as aves em ambiente escuro, até 21 a 22 semanas, não haverá liberação dos hormônios sexuais, antes da completa formação corporal. PONTOS IMPORTANTES PARA uM PROGRAMA DE Luz ADEquADO O programa de iluminação, assim como outras estratégias de manejo, exige do avicultor atenção para escolhas certas. Por isso, vale à pena ressaltar os pontos principais para um adequado programa de luz. 1) Ajustar o programa de luz conforme o objetivo da criação, por exemplo, se macho, fêmeas ou misto e levar em consideração o peso de abate. 2) Levar em consideração a época do ano. Em períodos de clima mais ameno pode-se aumentar o controle na quantidade de luz e na intensidade e em períodos de estresse de calor, é possível reduzir o controle da luz, propiciando mais horas disponíveis para alimentação, principalmente nos períodos mais frios do dia Ajustar o controle da intensidade e quantidade de luz por fases da vida da ave. Por exemplo, um lote misto ou machos criados em ambiente ameno de outono. Período de vida quantidade de luz -horas quantidade de escuro - horas Intensidade Luz Ambiente Dark House Intensidade Luz Ambiente aberto 1-7 dias 23 1 25 25 8-14 dias 20 4 18 12 15-21 dias 18 6 10 12 22-42 dias 20 4 5 12 5 dias do abate 22 2 5 12 O novo aditivo antimicotoxinas aprovado in vivo contra fumonisinas e aflatoxinas CONCLuSãO Os programas de luz utilizados na criação de frangos de corte têm como finalidade regular o consumo de alimento. Para se determinar o manejo de luz a ser utilizado é necessário observar diversos fatores tais como: peso de abate planejado, níveis nutricionais médios shaping tomorrow’s nutrition 64 NT #6 Ricardo Issao Ito é Médico Veterinário e Consultor Técnico de Avicultura na Provimi América Latina. CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA MuDA FORçADA ASPECTOS A SEREM ABORDADOS PARA A PROMOçãO DO SEGuNDO CICLO DE PRODuçãO 66 NT #6 1) Introdução 2.1) Genética: O segundo ciclo de produção tem sido por vários anos, uma prática mundialmente difundida, no intuito de prolongar a vida produtiva de poedeiras comerciais, assim como para restabelecer a qualidade dos ovos produzidos no final do primeiro ciclo. Após atingirem a maturidade sexual, as poedeiras iniciam o período de produção de ovos que, nos dias atuais, se estende por cerca de 16 a 18 meses. é sabido que durante este período ocorre uma redução tanto na produtividade dos ovos, como na qualidade interna e externa dos mesmos. Desta forma, os ovos que no início do período de produção apresentam cascas mais resistentes e o albúmen de melhor consistência, perdem naturalmente estas características com o passar do tempo. Porém, estas características quantitativas (número de ovos) e qualitativas (casca e albúmen) podem ser parcialmente recuperadas após um período de descanso na produção, fazendo com que estas aves permaneçam na granja por até oito a nove meses adicionais. Ao longo do tempo, várias metodologias têm sido empregadas para a indução deste descanso forçado. Em razão da técnica mais utilizada determinar a queda e troca das penas no período de descanso, esta prática é comumente chamada de “Muda Forçada”. A Muda Forçada (MF) pode ser induzida de diversas maneiras, dentre elas: Jejum; Restrição de sódio ou cálcio; Altos níveis de zinco ou cobre. No mercado, a técnica mais difundida é por meio da aplicação de um período de jejum, durante o qual as aves perdem peso e cessam a produção de ovos. Neste período ocorre a involução do ovário e oviduto, cuja intensidade depende do grau de restrição alimentar ao qual as aves são submetidas. Períodos de jejum mais prolongados determinam maior perda de peso e involução dos órgãos do sistema reprodutivo e, consequentemente, um maior período para o retorno à produção de ovos. Em contrapartida, estas aves retornam com a produtividade e qualidade de ovos superior em relação às aves que são submetidas a períodos mais curtos de descanso. A escolha da metodologia mais adequada deve levar em conta estes aspectos técnicos, além daqueles relacionados com a economicidade desta prática de manejo. Fatores que interferem na definição do programa de Muda Forçaca MF: Vários são os fatores a serem considerados quando da definição de se praticar ou não a MF em uma granja de postura comercial. A seguir estão relacionados os de maior relevância, com seus respectivos impactos e/ou características particulares. A evolução genética das poedeiras “modernas” tem feito com que estas aves se tornem mais produtivas a cada nova geração. Nas décadas de 60 e 70, um ganho importante no número de ovos por ave alojada foi obtido pela maior precocidade na idade de início da produção de ovos. Porém, nas últimas décadas a maior ênfase dos geneticistas tem sido com relação à persistência de produção (Fig.1). Assim, quando comparamos a produtividade de ovos das poedeiras atuais com aquelas de 20 anos atrás, para uma mesma idade, encontramos valores bastante diferentes. As aves “antigas” atingiam seu melhor ponto de conversão alimentar (gramas de alimento por gramas de ovo) em idades mais tardias e tinham este parâmetro piorado em menor período de semanas em produção. Nas poedeiras “modernas”, em virtude de melhor produtividade e persistência, o ponto de melhor conversão alimentar ocorre em idades mais jovens e perduram por mais tempo no período de produção. Aparentemente, as poedeiras de ovos brancos respondem melhor em produtividade após o período de MF, razão pela qual a prática é pouco utilizada em poedeiras de ovos marrons. Figura 1 Curvas de produção de poedeiras “antigas” e “modernas”. 2.2) O perfil de ovos, no primeiro e segundo ciclos de produção: À medida que as aves envelhecem, ocorre uma redução na taxa de ovipostura diária, após um pico de produtividade máxima que ocorre em torno de 26 a 28 semanas de idade. Embora exista uma redução no número de ovos produzidos a partir desta idade, o peso dos mesmos tende a seguir aumentando ao longo do período de postura. As curvas de peso dos ovos no período produtivo dependem da genética das aves e do seu desenvolvimento no período de recria, mas programas nutricionais podem, dentro de NT #6 67 um limite, contribuir para o ajuste do peso desejado. Como regra geral, os ovos produzidos no início do período de produção são menores, mas têm boa qualidade externa e interna. quando se tornam mais velhas, as poedeiras produzem ovos maiores, porém com mais problemas de qualidade de casca e albúmen. A consequência deste fato é que o “mix” dos ovos produzidos muda no decorrer do período de produção (Figura 2) e, a alteração neste “mix” gera diferentes valores no preço médio de venda dos mesmos. Este preço médio está diretamente relacionado com a proporção de cada tipo de ovo no “mix”, pois cada categoria de ovos tem um preço de venda diferenciado. Desta forma, espera-se que o valor médio do “mix” aumente com o passar do tempo, em virtude do aumento de ovos de maior tamanho. Porém, gradativamente ocorre uma redução neste valor, em consequência do aumento de ovos com problemas de qualidade de casca, decorrentes do processo natural de envelhecimento das aves. A maior parte de problemas relacionados com a qualidade externa dos ovos ocorre ou agrava-se em ovos de maior tamanho (Extra e Jumbo), mais numerosos em aves de idade mais avançada. O valor deste “mix” é bastante variável, em decorrência de características de cada mercado em particular. medida que a idade de descarte das aves aumenta. Porém, é importante avaliarmos a conversão alimentar, em termos de custo do alimento por ovo produzido, lembrando de considerar seu valor em decorrência do “mix” de produção. troca de lotes ocorre sem a Mudança Forçada, o período com ausência de ovos é reduzido, gerando uma maior produção de ovos por unidade produtiva (ovos/ave/dia/galpão). 2.4) Valor da venda do descarte e do esterco: uma vantagem da MF é a redução nos custos de recria. Na exploração em ciclo único, faz-se necessário um maior volume de aves em período de recria, o que significa maior volume de capital de giro investido nesta fase. Além disso, deve-se considerar que para explorar os núcleos de produção em ciclo único, é necessário instalações de recria com a respectiva capacidade de produção de frangas. A quantidade total de aves para venda no descarte é sempre inversamente proporcional à sua idade de descarte. Assim, quanto mais tempo o lote for mantido na granja, menor será o número de aves disponíveis para a venda no final do ciclo de produção. A produção de esterco é proporcional ao número de aves e seu respectivo consumo de alimento. Portanto, quando realiza-se a Mudança Forçada, obtém-se maior volume de esterco e menor quantidade de aves para venda, quando comparado com a exploração em ciclo único. 2.5) Taxa de ocupação das instalações: O custo das instalações é um fator de grande importância no custo total da produção de ovos. Portanto, a otimização na utilização deste recurso pode significar a diferença entre margens positivas ou negativas na atividade. Além das questões relativas às densidades de criação, a maneira na qual as instalações são ocupadas ao longo do tempo geram diferentes resulta resultaFigura 2 Fonte: Guia de Manejo Hy Line W-36 2009-2011 dos econômicos. quando aves são submetidas a um programa de Mu Mudança Forçada, a produtividade de ovos por unidade física de produção sofre uma redução. Isto é decorrente de um período em que as aves ocupam os galpões de produção, sem que haja ovipostura. Assim, quando considera-se o volume de ovos (e seu respectivo valor) por dia de ocupação do galpão de produção, frequentemente encontra-se vantaOs problemas de baixa produtividade e qualidade dos gens para a exploração em ciclo único (Figura3). quando a ovos podem ser parcialmente contornados com a prática da Mudança Forçada, fazendo com que as aves retornem ao seFigura 3 gundo ciclo de produção. Após o período de descanso, as aves Produtividade média em retornam com melhor produtividade e qualidade de ovos. ciclo único e dois ciclos. 2.3) Custo da alimentação: Os requerimentos nutricionais das aves alteram-se ao longo do período de produção, de acordo com as mudanças de suas necessidades fisiológicas. Estas alterações, em conjunto com as capacidades de consumo para cada fase da vida produtiva, determinam diferentes composições nutricionais e, como consequência, diferentes custos de alimentação. Como as rações de pico de produção têm maiores custos por tonelada, quando comparados com as rações de pós-pico e final de produção, o preço médio das rações tende a reduzir à 68 NT #6 2.6) Custo da reposição: 2.9) uso estratégico do Programa de Mudança Forçada: A MF pode ser planificada dentro de um programa de produção de ovos, em decorrência de várias situações: Ajustes no volume de produção de ovos em momentos específicos (sazonalidade); Ajustes na programação de alojamento de pintainhas de 1 dia; Necessidade de cancelamento de novos lotes; Necessidade de redução da produção de alimento; Etc. 2.7) Bem estar animal: Grupos de defesa de bem-estar animal interferem cada vez mais nos modelos de produção de alimentos. Este movimento tem, em algumas circunstâncias, determinado o aceite ou não de produtos de origem animal originários de empresas que respeitam os ditos “direitos” dos animais. São exemplos desta política, redes de fast food tais como: McDonald´s, kFC e Burger king em diversas partes do mundo. No Brasil, a união Brasileira de Avicultura (uBA), já tem editado o “Protocolo de Bem-Estar para Aves Poedeiras”, no qual a Mudança Forçada não é recomendada. Todavia, as seguintes recomendações servem para reduzir o sofrimento das aves quando as condições econômicas exigirem a sua realização: O processo de muda dos lotes deve ser feito de maneira que reduza ao mínimo a mortalidade e danos ao mesmo. As galinhas de descarte devem ser separadas do lote antes de começar a muda; Não deve ser realizada a muda em lotes com histórico de enfermidades; O lote submetido à muda deve estar em bom estado nutricional e sanitário; A água deve estar disponível sempre durante a muda; A mortalidade e a perda de peso corporal devem ser supervisionadas diariamente durante o período de muda. 2.8) Condição Sanitária do Lote/Plantel: O período de restrição alimentar é um fator de grande estresse para poedeiras que são submetidas à Mudança Forçada. Esta condição gera um estado de imunossupressão, que promove a possibilidade de ocorrência de problemas de ordem sanitária nestes lotes. Surgimento ou recidivas de quadros de doenças respiratórias e/ou entéricas são comuns em granjas onde os programas de prevenção e controle de doenças não são adequadamente aplicados. Aves que serão submetidas a um segundo ciclo de produção devem, portanto, receber um novo programa de vacinações e receber aditivos alimentares para restabelecimento da microbiota eutrófica. Existe certa sazonalidade em relação aos custos dos alimentos e preços de venda de ovos, em decorrência de variáveis ligadas à safra de grãos, redução do volume de ovos “caipiras”, etc. Assim, é possível planejarmos a MF em determinadas épocas, seja para reduzirmos a produção em épocas de baixos preços de venda ou altos custos de produção. O período de quaresma, época que ocorre a redução na oferta de ovos e redução nos custos dos principais ingredientes da ração, ilustra bem uma destas situações. Problemas sanitários no período de cria e recria, que determinam grandes mortalidades como na Doença de Gumboro, também já tornaram necessária a MF de lotes, por consequência de menor produção de frangas, resultante do maior espaçamento entre alojamentos. O aumento período de vazio sanitário nas instalações de cria foi uma das práticas adotadas para o controle desta enfermidade, em situações onde ocorriam grandes problemas de mortalidade e refugagem. Períodos de crise na atividade geralmente são acompanhados pela redução no alojamento de pintainhas de um dia. Esta prática, adotada em virtude da necessidade de redução de custos, gera como conseqüência uma redução na produtividade no período seguinte, pelo aumento na idade média dos lotes da granja. 3) Conclusão A prática do segundo ciclo de produção não segue regras fixas, sendo vantajosa em algumas situações e desvantajosa em outras. Portanto, é de grande importância que cada empresa avícola encontre a sua própria maneira de otimizar a utilização de seus recursos (capital investido na forma de instalações, aves, alimentos, equipamentos, pessoal, etc.) da maneira mais racional possível. Os parâmetros produtivos (zootécnicos) devem sempre estar acompanhados de seus indicadores econômicos, a fim de tomar a decisão que represente o máximo resultado “zoo-econômico”. NT #6 69 RELAXE Desfrute de resultados superiores Quando o assunto é lucratividade e segurança, confie na marca líder de mercado. ATIVIDADE SUPERIOR, RESULTADOS SUPERIORES Coopers Saúde Animal Indústria e Comércio Ltda. Av. Sir Henry Wellcome, 335 Prédio Administrativo - 1º andar - Ala E Moinho Velho Intervet do Brasil Veterinária Ltda. Sir Henry Wellcome, 335 CEP 06714-050 - Cotia - SPPrédioAv.Administrativo - 1º andar - Ala E Moinho Velho Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) CEP 06714-050 - Cotia - SP Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) 70 NT #6 0800-1311130800-7070512 NT #6 0800-7070512 HORÁRIO COMERCIAL 8h00 às 17h00 (2ª a 5ª) 8h00 às 16h00 (6ª) www.intervet.com.br 71 CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA Fatores que influenciam o CONSUMODEáGUA em frangos e poedeiras Introdução A água é considerada um dos nutrientes mais importantes para os animais. Também é o elemento com maior participação no organismo dos seres vivos. Os efeitos da restrição hídrica sobre a queda no desempenho das aves estão bem documentados na literatura. De uma maneira geral, o consumo de ração e o consumo de água estão associados. Em ambientes termoneutros o consumo de água dos galináceos corresponde a 1,6 a 2,0 vezes o consumo de ração. Fatores que influenciam o consumo de água das aves - idade: de uma maneira geral, o consumo de água nas aves aumenta de acordo com a idade. No entanto, a quantidade de água ingerida por quilo de peso corporal tende a diminuir. uma das razões para isto acontecer é que aves mais velhas têm um percentual de água corporal menor do que aves mais jovens. - proteína bruta: um dos fatores predisponentes ao aumento no consumo de água pelas aves é o aumento do nível de proteína bruta da dieta. O excesso de nitrogênio terá que ser catabolizado e excretado através dos rins, na forma de ácido úrico. No entanto, quando a fonte principal de proteína da dieta é o farelo de soja, o aumento do consumo de água também pode ser devido ao seu nível de potássio. O farelo de soja é rico neste mineral, que, quando presente na dieta em nível elevado, pode estimular o consumo de água. Na prática o resultado de níveis altos de proteína (nitrogênio) e potássio na dieta é a presença de camas úmidas. Este fenômeno também foi evidenciado em experimento conduzido no Centro de Pesquisas em Nutrição Animal, da Nutron Alimentos Ltda (Figura 1). - Minerais e balanço eletrolítico: Os minerais da dieta exercem grande influência sobre o consumo de água, sobretudo o sódio (Na) e o potássio (k). O aumento no equilíbrio ácido-base da dieta, também conhecido por DEB (dietary eletrolitic balance) ou número de Mongin e calculado através da equação mEqNa+ + mEqk+ – mEqCl-, está associado a um aumento no consumo de água. - produção de ovos: Em poedeiras, a produção de ovos influencia o consumo de água. De acordo com Larbier e Leclercq (1994), durante o pico de postura, a galinha chega perder 40 gramas de água através do ovo (aproximadamente 20% do seu consumo diário de água). Ao contrário do que ocorre com frangos, em que o padrão de consumo de água é relativamente constante ao longo do dia, em poedeiras o padrão do consumo de água varia de acordo com o estágio de desenvolvimento do ovo. 72 NT #6 Daniel Gonçalves Bruno é Médico Veterinário e trabalha em Pesquisa e Desenvolvimento no Grupo Provimi. Antônio Mário Penz Junior é Engenheiro Agrônomo e Doutor em Nutrição Animal (Universidade da Califórnia), Mestre em Zootecnia (UFRGS) e Diretor Mundial de Aves do Grupo Provimi. Figura 1 Incidência de excretas úmidas em aves alimentadas com dieta controle, a base de milho e farelo de soja (CTRL) ou com produtos de origem animal (BM=farinha de sangue; MBM=farinha de carne e ossos; FM2 e FM4 = farinha de penas com 2 e 4% de inclusão) - Temperatura ambiental: Acima da zona de conforto térmico, o consumo de água aumenta proporcionalmente com o aumento da temperatura do ambiente. Em condição de estresse de calor as aves ofegam, procurando equilibrar a temperatura corporal. A ofegação faz com que haja perda corporal de água. A temperatura ambiental exerce este efeito no consumo de água pelo ressecamento dos receptores térmicos localizados na orofaringe, pela desidratação sistêmica e/ou pela alteração na temperatura cerebral. - qualidade da água de bebida: A presença de alguns minerais na água, quando em altas concentrações, pode inibir o consumo de água das aves. Entre os mais importantes estão os sais de ferro e de manganês. Além destes minerais, alguns pesticidas ou outros contaminantes presentes na água podem comprometer seu consumo. - Outros fatores: Também podem afetar o consumo de água a densidade de alojamento, a velocidade do ar no galpão, o genótipo, o sexo, a temperatura da água, as medicações via água de bebida, as doenças, os fatores relacionados aos bebedouros (tipo e altura de bebedouro, pressão do sistema, ou agentes físicos nas linhas de bebedouros, impedindo o fluxo de água), as mudanças drásticas no programa de luz e a densidade de aves por bebedouro. Considerações finais As exigências de água dos frangos de corte e das poedeiras são determinadas por vários fatores e que estão relacionados. O consumo de água é regido pelo sistema nervoso central e o balanço hídrico é o principal determinante da quantidade de água que as aves vão ingerir. No entanto, o consumo de água pode variar entre plantéis e, por esta razão, que é recomendada a oferta de água à vontade em praticamente todas as condições de criação. é de extrema importância que as empresas avícolas definam o consumo esperado de água de seus plantéis e que monitorem constantemente esse parâmetro (Jones e Watkins, 2009; Watkins e Tabler, 2009), identificando alterações bruscas no consumo de água e descobrindo suas causas, que podem prejudicar o consumo de alimento e o desempenho das aves (falta de água) ou aumentar a umidade da cama, aumentando a incidência de pododermatite e doenças respiratórias (excesso ou desperdício de água). Esta última condição, além de comprometer o desempenho, pode comprometer o bem estar das aves. NT #6 73 CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA Daniel Gonçalves Bruno é Médico Veterinário e trabalha em Pesquisa e Desenvolvimento no Grupo Provimi. Antônio Mário Penz Junior é Engenheiro Agrônomo e Doutor em Nutrição Animal (Universidade da Califórnia), Mestre em Zootecnia (UFRGS) e Diretor Mundial de Aves do Grupo Provimi. Exigências nutricionais de água em frangos de corte, poedeiras e matrizes Introdução A água é considerada um dos nutrientes mais importantes para os animais (Viola et al, 2009). é também elemento presente em maior quantidade no organismo dos seres vivos, variando de 58% a 65% (Riek et al, 2008), e 85% (Leeson e Summers, 2001) do peso vivo, nas aves maduras e pintos respectivamente. Os efeitos da restrição hídrica sobre a queda no desempenho das aves estão bem documentados na literatura. O consumo de ração (Proudman e Opel, 1981), as taxas de eficiência e crescimento (frangos) e a produtividade de ovos (poedeiras) são bastante prejudicadas (Abdelsamie e yadiwilo (1981). Há também na literatura, relatos sobre aumento considerável na mortalidade de aves em restrição hídrica (Abdelsamie e yadiwilo, 1981; Leeson e Summers, 2001). Viola et al (2009) observaram que níveis crescentes de restrição de água (0, 10, 20, 30 e 40%) levavam a uma diminuição linear da altura das vilosidades duodenais e (figura 1), desempenho e peso frescos dos órgão, bem como alterações comportamentais (tornando-se agressivos e irritadiços). Figura 1 74 NT #6 Vilosidades duodenais de frangos aos 7 dias de idade com consumo de água ad libitum (a) e restrito (b). (Adaptado de Viola et al, 2009) NT #6 75 Além dos efeitos deletérios do consumo de água aquém das necessidades fisiológicas e nutricionais das aves, outro fator que impulsiona as pesquisas sobre o consumo e exigências de água é sua relação com a incidência de cama úmida nas aves, ocasionando prejuízos econômicos (queda de desempenho e na qualidade de carcaça) e para o bemestar das aves. água como nutriente – funções no organismo A água é talvez o constituinte mais importante do organismo dos seres vivos, sendo responsável pelo transporte de nutrientes, metabólitos e excreções celulares. Ainda, assume um importante papel na regulação da temperatura corporal, e na manutenção da homeostase, participando de reações que controlam o pH, pressão osmótica e concentração de eletrólitos (Leeson e Summers, 2001). A água participa também das reações que irão levar á produção de energia no organismo. A maioria das alterações digestivas nos carboidratos, gorduras e proteínas ocorre com a adição de água no substrato. um Importante papel é atribuído à água em casos de alta temperatura ambiental, quando esse nutriente possui importante função de termorregulação, através da dissipação do calor latente (Larbier and Leclercq, 1994). Balanço de água As principais formas de obtenção de água nas aves são por meio da ingestão de água, diretamente dos alimentos, ou pelas rotas metabólicas (oxidação de glicose, ácidos graxos e aminoácido) (Larbier and Leclercq, 1994). Como a quantidade de umidade da dieta é em geral baixa (10%), e a produção de água por vias metabólicas é limitada pela formulação (de acordo com Leeson e Summers, 2001, 0,135 g de água são produzidos para cada kilocaloria de energia consumida), a obtenção de água pelas aves é basicamente controlada pela ingestão de água, responsável por 73 a 80% do atendimento das exigências (Collet, 2010; Larbier e Leclercq, 1994). No organismo das aves, aproximadamente 70% da água encontram-se no interior das células, e 30% são extracelulares; destas, 75% estão no espaço intersticial, e 25% no plasma, e o balanço e metabolismo da água agem no sentido de manter um equilíbrio dinâmico dentro e entre esses compartimentos (Leeson e Summers, 2001). A concentração de água nestes compartimentos é determinada pela presença de eletrólitos osmoticamente ativos, e uma alteração na quantidade líquida de água entre os compartimentos, com transporte de água de um compartimento a outro, ocorre quando há uma diferença de osmolaridade entre eles (Leeson e Summers, 2001). Basicamente, são cinco as rotas pelas quais água é eliminada do organismo: urina, os gases exalados, a pele, fezes e produção (ovos, por exemplo). As excretas (urinas e fezes) correspondem à maior perda de água, sendo que 75 a 80% 76 NT #6 da água eliminada do organismo das aves se faz através dessa via (Larbier and Leclercq, 1994). Fisiologia do consumo e eliminação de água Sistema Nervoso Central Os estímulos fisiológicos que iniciarão no sistema nervosa central o comportamento da sede são a desidratação (inter e extracelular) e a angiotensina II (Goldstein e Skadhauge, 1999). As células osmoreceptoras que respondem à desidratação celular estão localizadas nas regiões periventriculares do hipotálamo, e a resposta delas é possivelmente específica à concentração de sódio no fluído cerebroespinal (Goldstein e Skadhauge, 1999). O mecanismo através da qual o estímulo para ingestão de água se deve à perda de fluído extracelular é mediado possivelmente pela angiotensina II e é iniciado pelos mecanorreceptores presentes no compartimento extravascular (intersticial). Por fim, há a angiotensina II, agindo no sistema nervoso central. A angiotensina II age nos órgãos circunventriculares do cérebro, ativando as vias angiotensinérgicas, onde o peptídeo atua como um neurotransmissor. Tanto a angiotensina sistêmica (renal e na circulação sanguínea) quanto aquela presente no sistema nervoso central possuem ação complementar no sentido da manutenção da homeostase fluída no organismo (Mckinley e Johnson, 2004). Ainda, há alguns peptídeos no cérebro influenciando o comportamento da sede, mas a ação destes ainda não é tão clara (Takei et al, 1989), alguns deles estimulando o comportamento da sede (p.e., e relaxina e orexina), enquanto outros (peptídeo natriuréticoatrial, glucagon-like peptideo-1) podem causar inibição na ingestão de água (Mckinley e Johnson, 2004). O sistema adrenérgico também pode participar na regulação do consumo de água nas aves (Baghbanzadeh et al, 2010). Outro fator associado à ingestão de água pelas aves está relacionado a atratividade que esta representa para as aves. Deve se ter em mente que fatores como a temperatura e pH apresentam grande influência sobre o consumo de água (Dagen e kam, 1998; Dagen et al, 1992; Gous e Morris, 2005; kare, 1970; xin et al 2002) e do programa de luz (Fairchild e Ritz, 2009; xin et al, 1993) sobre o consumo de água de frangos e poedeiras. Rins Nos rins, a água é absorvida pelos glomérulos sob a influência da arginina-vasotocina (AVT), liberada pela hipófise, sob estímulos relacionados ao aumento na pressão osmótica no plasma, diminuição da pressão sanguínea e perda de volume sanguíneo (Larbier and Leclercq, 1994). yahav et al (2004) demonstraram haver uma correlação positiva (R2=0,84) entre o aumento na pressão osmótica plasmática e a concentração de AVT no plasma. Exigências de água de frangos, poedeiras e matrizes De maneira geral, o consumo de ração é o principal determinante da quantidade de água a ser ingerida pelas aves, quando estas se encontram em uma situação de termoneutralidade, e o consumo de água ocorre próximo ao consumo de ração. A absorção dos produtos da digestão ocasiona aumento na osmolaridade plasmática, e assim inicia os mecanismos fisiológicos responsáveis pela sensação de sede (Bailey, 1999). Tipicamente, os galináceos consomem um volume de água 1,6 a 2,0 vezes maior que o volume de ração por dia (Sarvory, 2010). Sarvory (1978) observaram relações lineares entre o consumo de ração e o consumo de água em poedeiras (figura 2). Van kempen (1983) sugere que a relação con- Figura 2 Relação linear entre consumo de ração e consumo de água em poedeiras (Adaptado de Sarvory, 1978) sumo de água:consumo de ração esteja diretamente relacionado com a eficiência de utilização da dieta, pois observou, em poedeiras, aumento linear da energia metabolizável aparente com o aumento dessa relação. No entanto, essa proporção não é fixa, e outros fatores, como o estresse térmico, podem alterá-la. Diversos estudos estimaram o consumo de água de frangos e poedeiras de acordo com a idade e os resultados encontram-se sumarizados nas tabelas 1 e 2. Tabela 1 Consumo deágua defrangos decorte (ml/ave/semana),deacordo com diversas fontes Referência Idade (sem.) 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 225 480 725 1000 1250 1500 1750 2000 278 781 1285 1788 2292 2796 3299 3803 240 541 842 - 1294 1615 1937 2259 2580 1475 1805 2134 2464 2793 168 700 1680 - 280 1330 3500 - 1- National Research Council (1994); 2 - Viola et al (2005), baseado na equação: Cag = - 1,44 + 10,277 x; 3 – Brake et al (1992), baseado na equação Cag= 9,73 + 6,142 x; 4 – Alleman e Leclercq (1997), baseado na equação Cag = 20,71 + 6,564 x (aves consumindo dietas com baixo teor protéico); 5 - Alleman e Leclercq (1997), baseado na equação Cag = 42,76 + 6,722 x (aves consumindo dietas com alto teor protéico); 6 – Leeson e Summers (2001), para aves alojadas a 20°C; 7 – Leeson e Summers (2001), para aves alojadas a 32°C; * Nas equações, Cag= consumo de água; x = idade (dias) é importante mencionar que a maioria dos estudos mostrados nas tabelas 1 e 2 foram conduzidos com as aves em situação de termoneutralidade (de 19 a 22°C); em situação de estresse térmico, esses valores sofrem uma grande alteração. Nessas tabelas também não levou-se em consideração o tipo de bebedouro das aves, que pode também determinar alteração na quantidade de água consumida (Bailey, 1999; National Research Council, 1994). Estudos avaliando as exigências de reprodutores são mais escassos. De acordo com estimativas de Ward e Mckague (2007), quando estes encontram-se com um peso vivo entre 3,0 e 3,5 kg, suas exigências são de 180 a 320 L/dia (para cada 1000 aves). Leeson e Summers (2001) estimaram o consumo de matrizes antes e depois da idade reprodutiva, de acordo com a produtividade das aves, para diferentes temperaturas ambientais. Os resultados encontram-se sumarizados na tabela 3. Observa-se de maneira geral que o consumo absoluto de água nas aves aumenta de acordo com a idade. No entanto, a quantidade de água ingerida por kg de peso vivo tende a diminuir (Fairchild e Ritz, 2009; May et al, 2000), e uma das razões é o fato da quantidade de água corpo- NT #6 77 Tabela 2 Consumo de água de poedeiras (ml/ave/semana), de acordo com diversas fontes Referência Idade (sem.) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 1 200 300 500 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1600 - 2 200 400 700 800 900 1000 1100 1100 1200 1300 1500 - 3 56 a 77 77 a 133 119 a 189 175 a 266 238 a 329 315 a 399 399 a 476 427 a 560 448 a 665 476 a 714 477 a 714 478 a 714 479 a 714 480 a 714 481 a 714 504 a 1064 505 a 1064 506 a 1064 507 a 1064 508 a 1064 693 a 1274 694 a 1274 695 a 1274 696 a 1274 1064 a 1456 1 – National Research Council (1994) para poedeiras de ovos brancos; 2 – National Research Council (1994) para poedeiras de ovos vermelhos; 1 – Manual Hy-line 2009-2011 para poedeiras de ovos brancos e vermelhos; Tabela 3 Consumo de água de matrizes de frangos (ml/ave/semana), de acordo com a idade, produtividade e temperatura ambiental Temperatura ambiental Fase / produtividade 20°C Antes da idade reprodutiva 4 semanas 525 12 semanas 980 18 semanas 1260 Após idade reprodutiva 50% de produção 1260 80% de produção 1470 32°C 840 1540 2100 2100 2520 Adaptado de Leeson e Summers (2001). ral em relação ao peso vivo diminuir, concomitantemente ao aumento na quantidade de gordura e de proteínas relacionadas às penas, que ao contrário das proteínas nos diferentes órgão das aves, não estão associadas a uma 78 NT #6 quantidade constante de água (Larbier e Leclercq, 1994). De fato, as aves mais jovens encontram-se em um balanço positivo de água, devido a sua maior atividade anabólica (Leeson e Summers, 2001). Em poedeiras, o consumo de água aumenta gradualmente até a 16ª semana de vida, e um aumento abrupto acompanha a maturidade sexual; no entanto, após o pico de produção de ovos não há uma relação clara entre o consumo de água e a idade (Bailey, 1999). Em frango, a maioria dos estudos apontou uma relação linear entre a idade e o consumo de água, pois o ciclo de vida destes é mais curto que o período em que atingem a maturidade sexual. De acordo com Pesti et al (1985), em frangos sob condições comerciais, o consumo de água aumentou 5,1 g/dia para aves abatidas em épocas mais frias do ano, e 5,7 g/dia nas épocas mais quentes (R2 = 0,99). Vários fatores podem, no entanto, influenciar as exigências de água das aves, de modo que os valores mencionados nas tabelas acima servem apenas como referências, e grandes variações podem ocorrer de plantel a plantel. Estes fatores são principalmente restrição hídrica e alimentar; relacionados à dieta; produção de ovos e ovoposição; suplementação com coccidiostáticos; densidade de alojamento; seleção genética e genótipos; sexo; temperatura ambiental e velocidade do ar. Há ainda novas frentes de estudo analisando outros fatores que podem exercer influência sobre as exigências de água em aves. Riek et al (2008) hipotetizaram que a temperatura de incubação dos ovos pode influenciar o crescimento muscular pós-eclosão, afetando assim a quantidade de água exigidas por elas. Neste estudo, os autores incubaram ovos de perus em duas temperaturas diferentes; porém não puderam observar nenhum efeito dos tratamentos térmicos sobre a quantidade de água ingerida pelas aves após a eclosão. Fatores que influenciam as exigências de água em aves Restrição hídrica Nas aves que se encontram em restrição hídrica, todos os estímulos para ingestão de água citados anteriormente (desidratação celular, extracelular e a angiotensina II) são estimulados simultaneamente, e quando a ave tem acesso á água, tende a apresentar um consumo de água compensatório e ingerir uma quantidade além da necessária para reestabelecer seu déficit hídrico (Goldstein e Skadhauge, 1999). No entanto, essa água em excesso é absorvida lentamente no trato gastrointestinal, e grande parte é excretada, e na maior parte das vezes aves nessas condições permanecem em balanço hídrico deficitário por algum tempo. Esse comportamento foi observado por Viola et al (2005), que após submeterem frangos a diferentes níveis de restrição hídrica de 1 a 21 dias (0 a 40%), observaram que durante uma sema- na após o término da período de restrição, houve um maior consumo de água nas aves com maiores níveis de restrição (30 e 40%) em relação a aves com 10% de restrição; no entanto, após 7 dias, o consumo de água normalizou-se. Esses autores também observaram que, durante o período de restrição, as aves que estavam restritas tenderam a apresentar maior consumo de água em relação àquelas com disponibilidade de água à vontade, o que corrobora observações feitas por Abdelsamie e yadiwilo (1981). Fatores relacionados à dieta Proteína bruta e farelo de soja um dos fatores predisponentes ao aumento no consumo de água pelas aves é o aumento nos níveis de proteína bruta da dieta. O excesso de proteína será catabolizado e excretado pelos rins, na forma de ácido úrico (Francesch e Brufau, 2004). Para cada 1% de aumento na quantidade de proteína da dieta, há um aumento de 3% no consumo de água (Larbier and Leclercq, 1994). Algumas dúvidas sobre dietas formuladas com farelo de soja costumam aparecer, pois nestas, tal efeito pode também ser ocasionado pelo aumento na concentração de potássio na dieta (Bellaver et al, 2005) e pelo alto conteúdo de carboidratos com baixa digestibilidade, que poderiam aumentar a viscosidade do conteúdo intestinal e assim ocasionar problemas relacionados à ingestão de água (Francesch e Brufau, 2004). Os dados de Alleman e Leclercq (1997) corroboram essa afirmação. Estes autores observaram que em frangos de 23 a 44 dias de idade mantidos sob temperatura termoneutra (22°C), a diminuição nos níveis de proteína bruta de 20 para 16% ocasionou uma queda no consumo de água e na relação entre o consumo de água e ração. Por outro lado, Oyedeji et al (2005) observaram um mesmo consumo de água em frangos mantidos com diferentes programas nutricionais, nos quais a proteína bruta apresentava variação. Deve se observar, no entanto, que as dietas neste trabalho foram formuladas com diversas fontes proteicas de origem animal e soja integral, enquanto que Alleman e Leclercq (1997) formularam dietas vegetais a base de milho e farelo de soja, de modo que neste último estudo houve maior participação do farelo de soja na alteração de proteína das dietas. De fato, na Europa, onde houve a substituição de fontes animais de proteína por farelo de soja devido às novas Legislações que proíbem estes ingredientes, está sendo relatado aumento na incidência de pododermatite em frangos (Eichener et al, 2007), e acredita-se que esteja associada com o aumento na cama úmida pelo aumento no consumo de água. Experimentos conduzidos no Centro de Pesquisa em Nutrição Animal (CPNA) da Nutron Alimentos LTDA (dados não publicados) evidenciaram que frangos de corte consumindo uma dieta a base de milho e farelo de farelo apresentaram maior porcentagem de excretas aquosas aos 35 dias de idade (70,8%) quando comparados com aves consumindo dietas isonutritivas, mas formuladas com farinha sangue (53,6%), farinha de carne e ossos (60,0%), e farinha de penas com 2 (56,9%) e 4% de inclusão (56,8%). Vieira e Lima (2005) observaram ainda que frangos em fase de crescimento, consumindo dietas a base de farelo de soja (32% de inclusão) ingeriram maior quantidade de água, produziram maior quantidade de excretas, e com maior teor de umidade, que aves consumindo uma dieta com mesmo teor de proteína bruta (20%), mas com menor quantidade de farelo de soja (22,4% de inclusão) e com fontes proteicas de origem animal (subproduto de suínos e frangos e farinha de penas). A dieta à base de farelo de soja apresentou também maior equilíbrio ácido-base (ver próximo item) e concentração de potássio. Minerais e balanço eletrolítico Dos diversos fatores relacionados à dieta que impactam no consumo de água das aves, os eletrólitos devem ser destacados. Foi observado em poedeiras que o aumento na quantidade de sódio e potássio na dieta, em níveis acima dos recomendados para a espécie, promoveu aumentos lineares na ingestão de água e relação entre o consumo de água:consumo de ração, ocasionando aumento na umidade das excretas (Smith et al, 2000). Estes autores obtiveram as seguintes equações de regressão do consumo de água (Cag) em função da concentração (g/kg) destes minerais: - Sódio: Cag (g/dia) = 130,7+13,67x - Potássio: Cag (g/dia) = 174,2+9,19x Em estudos relatados por Francesch e Brufau (2004), foi observado que em o aumento de sódio na dieta de 0,16 para 2,11% promoveu um aumento de 2,9 vezes no consumo de água por poedeiras, enquanto que em perus alta correlação entre o consumo de água e níveis de potássio da dieta (Carré et al, 1994). Em frangos, o aumento de 0,14% para 0,25% acarreta em 10% a mais no consumo de água (Larbier and Leclercq, 1994), e o aumento na quantidade de NaCl na dieta (por volta de 0,4% a mais do sal) levou a um aumento no NT #6 79 consumo de água na ordem de 37% (Hooge et al, 1999). Borges et al (2003) observaram que o aumento no equilíbrio ácido-base da dieta (também conhecido como número de Mongin, e calculado através da equação: mEqNa+ + mEqk+ – mEqCl-) estava associado linearmente a um aumento no consumo de água. Com base em uma revisão de vários estudos publicados na literatura, Hooge (2003) concluíram que para poedeiras, o número de Mongin ideal está entre 180 e 190 mEq/kg em condições de termoneutralidade; no entanto, em condições de estresse calórico, se esse valor for aumentado para 200 mEq/kg, um maior consumo de água será observado. A relação entre o aumento número de Mongin sobre o aumento no consumo de água está presumivelmente associada ao aumento na ingestão de sódio e potássio. Além do sódio e do potássio, outros minerais cuja influência sobre as exigências de água é menos estudada são o fósforo e o cálcio. Smith et al (2000) observaram que níveis crescentes de fósforo mineral na dieta de poedeiras (de 0,3 a 2,0%) levaram a aumentos lineares na ingestão de água e relação entre o consumo de água:consumo de ração, e que houve ação aditiva entre o fósforo e sódio sobre o consumo de água. No entanto, não foram observados efeitos do cálcio sobre estas variáveis. Fibra O aumento na quantidade de fibras da dieta, em aves submetidas à restrição alimentar, pode ocasionar em menor ingestão de água e consequentemente menor umidade de cama. Em matrizes com dieta restrita de 6 a 16 semanas, Hocking (2006) observou menor ingestão de água quando a dieta foi diluída com 200 e 400 g/kg de casca de soja, não havendo, no entanto, diferenças entre ambas as inclusões. Polissacarídeos não amiláceos Foi relatado que a inclusão de cereais ricos em polissacarídeos não amiláceos (PNA) pode ser um fator que aumenta o consumo de água em aves (Francesch e Brufau, 2004). A inclusão de 7,5 e 15% de polpa de beterraba na dieta de poedeiras ocasionou aumento no consumo de água de 21 e 56% respectivamente (Almirall et al, 1997). Similarmente, Lee et al (2004) observaram aumento na relação consumo de água: consumo de ração em frangos alimentados com dieta contendo centeio. Ainda, observou-se que poedeiras consumindo dieta com 89% de farelo de trigo consumiram aproximadamente mais água que aves consumindo uma dieta a base de milho e farelo de soja e alfafa (Patterson et al, 1989). Consequentemente, a adição de enzimas em dietas ricas em pode também diminuir a ingestão de água, conforme constatado em frangos consumindo dietas a base de cevada aos 21 dias de idade suplementados com beta glucanase e xilanase (Garcia et al, 2008) ou em frangos na mesma idade consumindo dietas formuladas com centeio e suplementadas com beta glucanase e xilanase (Mathlouthi et al, 2002) 80 NT #6 e em poedeiras consumindo dietas a base de cevada e farelo de girassol e suplementadas com beta-glucanase, xilanase e pectinase (Francesch et al 1995). Neste último estudo fora também observado uma tendência a diminuição da relação entre consumo de água: consumo de ração com a suplementação do complexo enzimático. Processamento O processamento de dietas à base de cereais com alto conteúdo de PNA pode também ocasionar um aumento no consumo de água, proporcional ao aumento na viscosidade destes carboidratos (Francesch e Brufau, 2004). Almirall et al (1997) observaram que a peletização de dietas com a inclusão de níveis crescentes de polpa de beterraba aumentou a ingestão de água em poedeiras, e atribuiram a esse fato melhora na produção de ovos. Esse aumento na ingestão de água não foi causado pelo aumento no consumo de ração, já que a peletização ocasionou também aumento na relação entre o consumo de água e consumo de ração. Vukic Vranjes e Wenk (1995) também observaram maior ingestão de água em frangos consumindo dieta com cevada extrusada, em relação ao cereal não processado. Os estudos citados acima relacionaram o processamento de dietas com alto conteúdo de PNA a aumento no consumo de água das aves. No entanto, em dietas com baixa inclusão ou ausente destes carboidratos, acredita-se que a peletização per se não leve diretamente a aumento no consumo de água, mas que esse efeito seja decorrente do aumento no consumo de ração (Bailey, 1999). Produção de ovos e oviposição Em poedeiras, a produção de ovos influencia no consumo de água. De acordo com Larbier and Leclercq (1994), durante o pico de postura, uma galinha chega a perder 40 g de água através dos ovos (aproximadamente 20% do seu consumo). Nestas, a produção de ovos explica de 30 a 55% do influxo de água (isso é, a obtenção de água advindo da ingestão de água e dos alimentos), enquanto que 65% do influxo de água é influenciado pelo consumo de matéria seca das aves (kam e Degen, 1987). Segundo estimativas de Ward e Mckague (2007), uma poedeira deverá consumir, para cada dúzia de ovos produzida, 4 kg de água. O aumento nas exigências de água com o início da produção fora constatado por Balogun et al (1997), que observaram o consumo de água de poedeiras antes do início da idade de postura (17 e 19 semanas) e após (30 semanas), e constataram que o consumo de água foi respectivamente 160, 165 e 260 ml/dia, enquanto que a relação entre o consumo de água: consumo de ração fora de 1,98, 1,99 e 2,27ml/g, respectivamente. Similarmente, Leeson e Summers (2001) estimaram que o consumo de água de poedeiras de acordo com a idade e produtividade. Segundo esses autores, para aves alojadas a 20°C, antes do início da idade reprodutiva (12 semanas), o consumo de água por ave é de 115 ml/dia; durante a idade reprodutiva, é de 150, 180 e 120 ml/dia para aves com produtividade de 50%, de 80% e para aves que não estão produzindo ovos, respectivamente. Enquanto em frangos o consumo de água tende a ser constante ao longo do dia, em poedeiras o estágio de formação do ovo exerce grande influência nesse parâmetro, causando alterações no padrão de consumo diário de água. Wood-Gush e Home (1970) observaram que o consumo de água foi maior nos dias em que poedeiras apresentaram ovulação somente (i.e, sem ovoposição concomitante); intermediário, nos dias em que as aves apresentaram ambos ovoposição e ovulação; e menor nos dias que as aves apresentaram somente ovoposição. Se as observações do consumo de água forem associadas aos estágios de ovoposição e ovulação de poedeiras (Figura 3), nestas o consumo de água é praticamente nulo de 1 a 2 horas antes da ovoposição (Wood-Gush e Home, 1970), aumentando nas duas primeiras horas após a ovoposição, quando atinge valores máximos (50 ml/h) (Mongin e Sauveur, 1974). Diferentes teorias foram elaboradas para explicar a razão da diminuição do consumo de água após a ovoposição e um pico de consumo logo após esse evento. De acordo com Wood-Gush e Home (1970), antes da ovoposição as aves se apresentam inquietas, expressando seu comportamento de nidificação, e desse modo acabam não consumindo água, e após a ovoposição, apresentariam um consumo de água compensatório ao período de restrição hídrica. Mongin e Sauveur (1974), por outro lado, atribuíram esse padrão de ingestão de água como resultante da liberação de arginina-vasitocina (AVT), responsável pela contração uterina, aumento da pressão uterina e pela postura; Larbier and Leclercq (1994) também atribuíram o aumento na ingestão de água resultante da produção de angiotensina II logo após a deposição de água no albúmen. Outro pico de ingestão de água (37 ml/h) ocorre Figura 3 Consumo de água ml/h de acordo com os estágios de ovoposição (Adaptado de Mongin e Sauveur, 1974) de 6 a 8 horas após a ovulação, quando o ovo encontra-se na glândula da casca (útero), quando grande quantidade de água é adicionada ao albume (Mongin e Sauveur, 1974; Nys et al, 1976), enquanto há uma tendência à diminuição no consumo de água de 14 a 20 horas após a ovoposição (Nys et al, 1976). Suplementação com coccidiostáticos O modo de ação dos ionóforos está relacionado a um aumento na permeabilidade da membrana celular aos íons Na e k, levando a um ingresso de água na célula e afetando a atividade mitocondrial. Assim, a administração de ionóforos às aves pode causar aumento na exigência de água por elas (Fransesch e Brufau, 2004). Ouart et al (1995) observaram que a administração de lasalocida (110 e 124 mg/kg) a frangos de corte levaram a aumento no consumo de água em torno de 8,8%, tanto aos 21, quanto aos 42 dias de idade. Por outro lado, Frigg e Broz (1983) observaram pouco efeito da lasalocida sobre o consumo de água. Conclusões diferentes entre os estudos relacionando ionóforos ao consumo de água são frequentes, e o confundimento pode vir da interação entre a suplementação com ionóforos e o equilíbrio ácido-base das dietas nos diferentes estudos (Pesti et al, 1999). De acordo com Ouart et al (1995), outros ionóforos não levaram à diferenças significativas quanto ao consumo de água em relação ao grupo controle aos 21 dias de idade (halofuginona a 3 mg/kg; salinomicina a 55 e 66 mg/kg; e monensina a 99 e 121 mg/kg), enquanto que aos 42 dias de idade, a monensina administrada a 99 mg/kg diminuiu a ingestão de água. Outros autores também observaram menor consumo de água em aves suplementadas com monensina (Fleet e Saylor, 1984; Frigg e Broz, 1983). Restrição alimentar A restrição alimentar está associada com aumento na ingestão de água, após alguns dias de aclimatação (Larbier e Leclercq,1994), em função da necessidade de preencher fisicamente o trato gastrointestinal (mecanismo de saciedade) ou por necessidades comportamentais (tédio) (Leeson e Summers, 2001). Em matrizes pesadas, a prática da restrição alimentar para controlar o crescimento dessas algumas vezes gera a necessidade de restringir o fornecimento de água, uma vez que a relação entre o consumo de água: consumo de ração aumenta muito, e problemas relacionados a umidade de cama podem ser observados. Apesar disso, Bennett e Leeson (1989) sugerem que quando a restrição alimentar e feita em esquema “skip a day”, as aves tendem a beber voluntariamente mais água nos dias em que são alimentadas do que nos dias em que estão de jejum. Densidade de alojamento quando frangos são alojados em condições de alta densidade, aumento no consumo de água pode ser observado, mesmo estando a temperatura ambiente dentro dos limites NT #6 81 de termoneutralidade, pois estas podem ser estar sujeitas a uma menor habilidade em dissipar o calor devido ao menor espaço entre as aves (Sarvory, 2010). Assim, McLean et al., 2002 observaram que frangos alojados a 28, 34 e 40 kg/m2, a menor densidade estava associada a menos ofegação, e menor umidade na cama. Feddes et al (2002) compararam o desempenho de frangos alojados a 23,8, 17,9, 14,3, e 11,9 aves/m2, observando que o consumo de água aumentava linearmente com o aumento da densidade de alojamento, bem como a relação entre consumo de água: consumo de ração, de modo que o maior valor (1,85) fora observado nas aves alojadas com maior densidade.Balogun et al (1997) não observaram diferenças significativas estatisticamente quanto ao consumo de água de frangos alojados com duas densidades (0,09 e 0,18 m2/ave), apesar de numericamente o consumo das aves com maior densidade ser superior (172,5 vs 161,5 ml/ave/dia). Efeito de seleção genética e dos diferentes genótipos Em geral frangos selecionados para alto crescimento apresentam maior consumo de água, refletindo o maior consumo de ração. Diferenças entre linhagens podem também refletir diferenças quanto à quantidade de água corporal, relacionado à quantidade de gordura presente no organismo, de modo que quanto maior, menor é o conteúdo de água (Larbier e Leclercq, 1994). Marks (1981, citado por Viola et al, 2009) observaram que o consumo de água em linhagem comercial de frangos selecionada para alto crescimento (Cobb) foi maior que em linhagem não selecionada, quando a água foi fornecida ad libitum. Essa afirmação, no entanto, deve ser interpretada com cautela numa situação em que as aves se encontram sob influência de altas temperaturas ambientais. Deeb e Cahaner (2002) selecionaram aves com alto crescimento e crescimento médio dentro de um mesmo plantel, e comparam o desempenho da sua progênie. Houve maior consumo de água das aves com alto crescimento em relação àquelas com baixo crescimento de 17 a 28 dias (em média 9,3 e 5,3% mais água, em uma situação de termoneutralidade e estresse térmico respectivamente). No entanto, de 28 a 42 dias de idade, o consumo de água das aves selecionadas para maior crescimento foi em torno de 16,8% maior, em situação de termoneutralidade; já nas aves mantidas sob alta temperatura ambiental, o contrário foi observado, sendo que aves selecionadas apresentaram em média menor consumo de água (8,6%). Essas diferenças foram relacionadas ao consumo de ração das aves. A relação consumo de água:ração foi a mesma para as aves selecionadas e não selecionadas, independente da temperatura ambiental e idade; por outro lado, essa relação o dobro nas aves sob estresse térmico em relação àquelas alojadas em condições de termoneutralidade, independente do crescimento das aves. Esses dados de- 82 NT #6 monstram a fragilidade de aves selecionadas para grandes taxas de crescimento em altas temperaturas ambientais. Sexo Até certa idade, o conteúdo de água no corpo das aves fêmeas é geralmente menor, tendência essa que se acentua próximo da maturidade sexual (Larbier e Leclercq, 1994). ziaei et al (2010) observaram que frangos da linhagem Ross machos consumiram significativamente mais água que fêmeas. No entanto, a relação entre consumo de água e consumo de ração foi a mesma (1,60) para ambos os sexos. Riek et al (2008) observaram, em perús, que machos consumiram maior quantidade de água que as fêmeas; no entanto, a diferença deixou de ser significativa quando a quantidade de água consumida foi expressa em função do peso vivo das aves. Assim, a diferença entre o consumo de água nos frangos machos e fêmeas pode ser explicada pela diferença de peso (Bailey, 1999) e taxa de de retenção de proteína (ziaei et al, 2010) entre os sexos. Segundo Marks (1985), a divergência entre os sexos relacionadas ao consumo de água se inicia logo após a eclosão. Em poedeiras, Balogun et al (1997) observaram que às 19 semanas de idade, os machos consumiram 43% mais água que as fêmeas, reflexo do maior do consumo de ração destes, já que a relação entre o consumo água e ração foi o mesmo (1,99 ml/g) para ambos os sexos. Interessante notar neste estudo, no entanto, que o consumo de água de machos às 17 semanas foi semelhante estatisticamente ao de galinhas em idade de postura (30 semanas) (280 vs 260 ml/ave, respectivamente); no entanto, as poedeiras às 30 semanas exigiram maior quantidade de água por volume de ração ingerida (2,27 ml/g) que os machos (1,99 ml/g). Assim, os autores concluíram que as atividades fisiológicas relacionadas à postura de ovos exigem maior quantidade de água que àquelas relacionadas ao crescimento. Temperatura ambiental e velocidade do ar A temperatura ambiente é uma das variáveis que apresenta maior influência sobre o consumo de água. uma consequência da ofegação em aves que se encontram sob uma temperatura acima da zona de conforto térmico é a perda de água corporal; nessas condições, as aves chegam a dissipar mais de 80% da sua produção de calor por meio da evaporação (Gous e Morris, 2005). Ainda, aves em situação de estresse térmico tendem a aumentar a produção de urina (Belay et al, 1992; Belay e Teeter, 1993), em virtude da maior produção de urina hipo-osmótica (Leeson e Summers, 2001). Três hipóteses foram formuladas para explicar a influência da temperatura ambiental sobre o consumo de água: temperaturas mais elevadas causariam um ressecamento nos receptores localizados na orofaringe; desidratação sistêmica; e por fim, alteração na temperatura cerebral (Leeson e Summers, 2001). Por outro lado, o estresse causado pelo calor nas aves pode ser um fator a causar aumento no consumo de água por si próprio. Odihambo-Mumma et al (2006) injetaram em poedeiras hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) para simular condições em que as aves se encontram em estresse, e observaram que estas consumiram em média 145 ml/dia de água a mais que aves do grupo controle. Diversos estudos quantificaram o aumento no consumo de água em função do aumento na temperatura ambiental. Singleton (2004) observaram que após os 20ºC, para cada 1ºC que a temperatura ambiental aumenta, o consumo de água aumenta em 6%, enquanto que o consumo de ração diminui em 1,23%. De acordo com o National Research Council (1994), para cada 1ºC de aumento na temperatura após os 21ºC, frangos consomem 7% mais água. Outros autores chegaram a observar até mesmo que aves alojadas a 35ºC consumiram o dobro de água do que aquelas alojadas a 21ºC (Wilson, 1948). quando o consumo de água é analisado em relação ao consumo de ração e ao ganho de peso, Deeb e Cahaner (2002) observaram que frangos criados a 22ºC consumiram 1,60 g e 2,70 g de água para cada grama de ração ingerida e cada grama de ganho de peso, respectivamente, enquanto que em aves mantidas a 32ºC, esses valores foram de 2,33 e 3,50 g de água. Outrostrabalhosaindaevidenciaramalteraçãonopadrão de consumo de água, e não somente na quantidade. Alleman e Leclercq (1997) observaram que frangos de corte macho apresentavam, durante as fases de crescimento e abate (23 a 44 dias de idade), uma tendência a aumentarem o consumo de água quanto maior a idade, independente do conteúdo de proteína da dieta, quando alojados a 22ºC. No entanto, numa situação de estresse térmico (32ºC), o consumo de água dos Figura 4 Consumo de água (ml/dia) de frangos machos, em função da idade - consumo de aves mantidas a 22ºC, com dieta com alto teor protéico; - consumo de aves mantidas a 22ºC, com dieta com baixo teor protéico; - consumo de aves mantidas a 32ºC, com dieta com alto teor protéico - consumo de aves mantidas a 22ºC, com dieta com baixo teor protéico. Adaptado de Alleman e Leclercq (1997) mesmos manteve-se constante, independentemente da idade dos frangos (figura 4). Os valores médios da relação entre o consumo de água:consumo de ração (média entre a dietas com alto e baixo teor protéico) observados neste estudo foram de 1,81 para frangos em ambiente termoneutro, e de 2,95 para frangos em estresse térmico. Fatores como a velocidade do ar podem diminuir as exigências de água em altas temperaturas. Com o aumento na perda de calor por condutividade acarretada pelo aumento na velocidade do ar em contato com o corpo das aves, a tendência destas é tornarem-se menos ofegantes, diminuindo a perda por evaporação (May et al, 2000). Considerações finais As exigências de água de frangos de corte, poedeiras e matrizes são determinadas por vários fatores que se interrelacionam entre si. O consumo de água é regido pelo sistema nervoso central, e o balanço hídrico é o principal determinante da quantidade de água que as aves irão ingerir. Alguns fatores que interagem no sentido de alterar as exigências de água e que foram abordados nesse texto são principalmente o peso, idade, consumo de ração, estado fisiológico, nutrição, produção de ovos, estágio de ovoposição, restrição alimentar, densidade de alojamento, seleção genética, genótipo, sexo, temperatura ambiental e velocidade do ar. Outros fatores ainda que influenciam o consumo de água, sem alterar os requerimentos de água das aves podem ser exemplificados, como a temperatura da água, medicações via água de bebida, qualidade da água, doenças, fatores relacionados aos bebedouros (tipo e altura de bebedouro, pressão do sistema, ou agentes físicos nas linhas de bebedouro impedindo o fluxo de água) dentre outros. Assim, as exigências e consumo de água podem apresentar grande diferença entre diferentes plantéis, e a única recomendação geral a ser feita é que a água, ao contrário dos outros nutrientes nas dietas, deve ser ofertada à vontade em quase todas as situações. Algumas recomendações de restrição hídrica em aves sob restrição alimentar, como forma de evitar excesso de consumo de água e incidência de cama úmida são encontrados na literatura, no entanto essa prática não é isenta de riscos, principalmente se há a probabilidade de aumentos na temperatura ambiental (Bailey, 1999). é de extrema importância que as diferentes Empresas definam o consumo esperado de seus plantéis nas suas condições, e que monitorem constantemente esse parâmetro (Jones e Watkins, 2009; Watkins e Tabler, 2009), identificando alterações bruscas no consumo de água e descobrindo sua causa, que podem prejudicar o desempenho das aves (caso o consumo esteja aquém do esperado) ou aumentar a umidade da cama, aumentando a incidência de pododermatite e doenças respiratórias (caso o consumo ou desperdício de água esteja além do esperado), podendo assim inferir sobre o estado de bem estar das aves no plantel (Manning et al, 2007). NT #6 83 Tiago J. Mores é Médico Veterinário, Mestre em Sanidade Suína e Consultor Técnico de Suínos na Nutron Alimentos. SuíNOS Fatores de risco das DOENçAS RESPIRATóRIAS em suínos e alternativas no controle da infecção Introdução As doenças respiratórias são comuns na produção de suínos e têm relação com uma série de fatores infecciosos, ambientais, sanitários e de manejo, resultando em significativo impacto econômico para os produtores. Elas podem causar prejuízos à conversão alimentar e atuar como fatores predisponentes para outras doenças, elevando os índices de mortalidade decorrente de infecções secundárias. Além da qualidade do ar, outros fatores de risco como concentração de granjas em determinadas áreas geográficas, lotação, tipo de instalação e higiene têm influência direta na ocorrência dos problemas respiratórios. Fatores de risco para a ocorrência de doenças respiratórias A importância econômica das doenças respiratórias justifica a execução de trabalhos, visando a identificação dos fatores de riscos associados às doenças respiratórias nos sistemas de produção de suínos. Es- 84 NT #6 sas enfermidades causam severos prejuízos econômicos. Portanto, o rigoroso controle destas enfermidades torna-se imprescindível na suinocultura (kICH & PONTES, 2001). quando uma enfermidade de origem multifatorial se desenvolve em um sistema de produção de suínos, seu nível de intensidade não depende somente das características de virulência do agente determinante, mas principalmente do conjunto de fatores de risco ou das circunstâncias desfavoráveis existentes na granja (BOROWSkI et al., 2007). Na prática, o desenvolvimento de doenças respiratórias depende basicamente do balanço entre a pressão de infecção, do agente infeccioso e da habilidade do animal em resistir a essa infecção (MAES et al., 2001). Além da aplicação de medidas terapêuticas e da imunoprofilaxia, o principal método de controle é por meio da correção dos fatores de risco (SOBESTIANSky et al., 2007). Entende-se por fator de risco uma característica de um indivíduo ou de seu ambiente, que uma vez presente em um sistema de produção aumenta a probabilidade de aparecimento e/ ou gravidade de determinada enfermidade. No Brasil, foi realizado um estudo para identificar os fatores de risco que favorecem a ocorrência de afecções respiratórias (EMBRAPA, 2000). Dentre 200 variáveis explicativas estudadas, 15 foram identificadas como fatores de risco: 1) densidade superior a 15 suínos por baia e disponibilidade de área menor do que 0,85 m2/suíno; 2) ausência de vazio sanitário da sala entre lotes; 3) disponibilidade de bocas do comedouro insuficiente (mais de dois leitões por boca); 4) fornecimento de ração à vontade; 5) disponibilidade de espaço do comedouro menor que 15 cm/animal (número de animais na baia/comprimento do comedouro); 6) ausência de cortinas/forro no prédio para controle da ventilação e temperatura na sala; 7) sistema de produção em ciclo completo ou terminador, sem a realização do vazio sanitário entre os lotes; 8) não uniformidade do peso ao alojamento dos leitões na fase de crescimento (coeficiente de variação do peso inicial maior de 13,5%); 9) excessiva quantidade de moscas no primeiro mês de alojamento; 10) níveis inadequados de minerais (fósforo, cobre, zinco, ferro e manganês) na ração (fora da recomendação do National Research Council - NRC); 11) presença de sarna no lote acompanhado (índice maior que 0,20); 12) volume de ar disponível menor que 3,0 m3/suíno; 13) amplitude térmica ambiental no primeiro mês de alojamento superior a 8ºC em mais de 80% dos dias; verificada por meio de termômetros de máxima e mínima instalados no centro da sala; 14) umidade relativa média do ar no interior da sala superior a 73% ou inferior a 65%; 15) excesso de poeira na sala (deposição maior do que 17,0 mg/cm2 no período de alojamento). NT #6 85 Barcellos et al. (2008) consideraram importantes mais alguns fatores como: 1) presença de gases (principalmente gás sulfídrico, amônia e gás carbônico – nocivos para macrófagos e células produtoras de muco); 2) ocorrência de doenças associadas à infecção com o Mycoplasma hyopneumoniae (Mh) como diarréias (Cirvovirus suíno tipo 2, Haemophilus parasuis e Pasteurella multocida) e ingestão de micotoxinas imunodepressoras e; 3) aspersão com desinfetantes (queda dos níveis de poeira do ar e, eventualmente, de patógenos). Alternativas no controle das doenças respiratórias A maioria dos agentes causadores de doenças respiratórias encontra-se no ar sob a forma de aerossóis ou aderidos a partículas como pó de fezes ou de ração. Na medida em que aumenta o número de partículas em suspensão no ar, maior é a chance de infecção. Com isso, espera-se que a queda dos níveis de poeira do ambiente tenha resultado positivo na qualidade do ar inspirado pelos suínos, reduzindo a irritação do trato respiratório. uma forma de reduzir a prevalência de doenças respiratórias durante a fase de terminação é a realização de melhorias no ambiente, principalmente em relação à qualidade do Figura 1 ar no interior das instalações. As causas das doenças respiratórias em suínos são complexas, a começar pelo efeito que as doenças do trato respiratório superior (rinites) têm em prejudicar os mecanismos de defesa dos cornetos nasais (filtração de partículas infecciosas e poluentes suspensos no ar, umidificação e aquecimento do ar inalado) até o efeito representado pela ação de todo o conjunto das variáveis ambientais, nutricionais, de manejo, de instalações, de situações estressantes e de doenças secundárias imunodepressoras que podem predispor ou desencadear doenças respiratórias. No Brasil, Barcellos et al. (1998) avaliaram a utilização do sistema de aspersão de desinfetante à base de digluconato de clorhexidina em concentrações variando de 1:250 a 1:800, no volume de 80 mL por m2 de piso das instalações em relação à ocorrência dos sinais clínicos de tosse e espirro nos animais. Os resultados mostraram que para o controle dos espirros poderiam ser usadas diluições de até 1:500 a cada 24 ou 48 horas. Para o controle das tosses, os melhores resultados poderiam ser esperados com o uso das diluições de 1:500 (a cada 24 horas) ou 1:250 (a cada 48 horas). Além do sistema convencional de aspersão, mais recentemente surgiram aparelhos de termonebuli- Interior do galpão durante a termonebulização. Presença de névoa suspensa no ar formada pelas minúsculas partículas geradas pelo aparelho. zação que, segundo informações do fabricante, liberam partículas entre 1 a 50 micrômetros (μ). Estes aparelhos geram uma fina névoa (Figura 1), com partículas capazes de penetrar no trato respiratório inferior e que podem ficar suspensas no ar por aproximadamente 20 minutos. Considera-se que, na narina íntegra dos suínos, partículas maiores de 10 micras (μ) sejam retidas, partículas entre 3 a 10μ cheguem aos bronquíolos e as menores que 3μ alcancem os alvéolos (BARCELLOS et al., 2008). O seu uso representa um avanço real em relação à aplicação com a bomba costal (aspersão), pois o menor diâmetro dos aerossóis permitiria um efeito direto sobre áreas do trato respiratório inferior, podendo potencialmente contribuir para a redução da contaminação. Com o objetivo de validar essa ferramenta no controle das doenças respiratórias em suínos na fase de terminação, MORES et al. (2010) realizaram um estudo para avaliar o sistema de termonebulização com desinfetante para o controle de infecções respiratórias, utilizando como indicadores o ganho de peso diário (GPD) na terminação e as lesões no trato respiratório por ocasião do abate. Os resultados mostraram que, apesar de ter apresentado o índice para Pneumonia (IPP) e o Índice de Rinite Atrófica Progressiva (IRAP) elevados, os animais submetidos ao sistema de termonebulização a cada 48 horas (durante os primeiros 30 dias de alojamento) tiveram um ganho de peso diário (GPD) significativamente maior (24 gramas) na fase de terminação. Além disso, o sistema demonstrou ser eficiente, pois animais que apresentavam ou não consolidação pulmonar no abate tiveram GPD similares na fase de terminação. Conclusão um conjunto de fatores constitui as condições mínimas necessárias para que uma doença venha a se manifestar. Para chegar a um determinado resultado, vários conjuntos de fatores podem existir e, consequentemente, haver um grande conglomerado deles influenciando as doenças respiratórias em suínos. A termonebulização de desinfetantes em suínos na fase de terminação é uma valiosa ferramenta no controle das doenças respiratórias e no desempenho zootécnico dos animais, pelo efeito que esse sistema tem em melhorar a qualidade do ar, reduzindo a influência desse fator de risco na ocorrência das doenças respiratórias. Porém, os fatores de risco devem ser estudados de uma forma conjunta, pois geralmente atuam interligados uns aos outros e não de forma individual. 86 NT #6 NT #6 87 Ronie W. Pinheiro, BVSC, MVSC, Glauber, PhD ¹ S. Machado. BVSC, MVSC, PhD ¹ Integrall - Soluções em Produção Animal, Brasil SuíNOS Avaliação da frequência de tosse e lesões ao abate de suínos vacinados contra Circovírus e Mycoplasma (CIRCuMVENT® PCV + M+PAC®), em doses combinadas, comparativamente às demais vacinas comerciais do mercado brasileiro O objetivo desta investigação foi a de avaliar a frequência de tosse do desmame ao abate e nível de lesões ao abate, para suínos vacinados com Circumvent®PCV contra PCVAD combinada com a vacina M+PAC® contra Mycoplasma hyopneumoniae, comparativamente a outras três vacinas comerciais igualmente combinadas, presentes no mercado brasileiro. 1.840 leitões desmamados foram distribuídos aleatoriamente entre quatro grupos de tratamento, cada grupo com 460 suínos, conforme mostrado na Tabela 1. Tabela 1 Grupos de tratamento e vacinas utilizadas Grupo Vacinas Programa de administração T1 n=460 Circumvent PCV + M+PAC 2,0 mL+1,0 mL (3 e 6 semanas de idade) A* 0,5 mL + 2,0 mL (3 semanas de idade) B* 2,0 mL + 2,0 mL (3 semanas de idade) T3 n=460 T4 n=460 C* 1,0 mL + 1,0 mL (3 emanas de idade) * vacinas comerciais adquiridas no mercado brasileiro O complexo das doenças respiratórias tem um grande impacto sobre a produção de suínos em todo o mundo. Há perdas, para os produtores, em todos os níveis, quer através dos aumentos nos custos de produção e taxas de mortalidade, bem como na forma sub-clínica em redução no ganho de peso. A indústria, como um todo, também é seriamente afetada pelos níveis de condenação de carcaça. Ambas as observações de campo e estudos científicos apontam para uma correlação negativa entre a extensão e a presença de lesões pulmonares no abate e ganho médio diário. Alguns trabalhos demonstram que a pneumonia enzoótica, que leva a uma hepatização pulmonar de 10 a 20%, significa uma perda de 9,3% no desenvolvimento do animal. Estima-se ainda a perda de 37,4 gramas por dia, no ganho de peso para uma hepatização pulmonar de 10% (Straw et al., 1998). quando se observou hepatização e pleurisia, a perda estimada no ganho de peso foi 88 NT #6 de 14,7% (Piffer et al., 1985). Além da redução no desempenho dos animais, as doenças respiratórias provocam aumento da mortalidade, custos com tratamentos, vacinações e condenações de carcaças nos abatedouros. Assim, a doença respiratória apresenta um desafio considerável para a indústria suína, e a vacinação contra agentes como circovírus e Mycoplasma hyopneumoniae são importantes ferramentas profiláticas (Thrusfield, 2008; Madec et al, 2008). A combinação destas vacinas traz vantagens na redução dos custos envolvidos no manejo. No Brasil, a SMDS (circovirose) e a pneumonia enzoótica causada pelo Mycoplasma hyopneumoniae, são endêmicas e ocorrem simultaneamente (zanella, 2002; Ciacci-zanella, 2009, Moreno et al., 1999, Castro et al., 2007). O mesmo é verdadeiro para outros países (Allan, 2000; Opriessnig et al., 2007; Madec et al., 2008; Segales et al., 2006). A combinação desses agentes leva a uma maior incidência de problemas clínicos e maiores perdas econômicas. Distribuição da frequência de tosse durante a fase final Grupo ííndice (%) T1 1.88 A T2 2.78 B T3 2.34 AB T4 2.29 AB Material e Métodos T2 n=460 Introdução Tabela 2 Letras diferentes indicam significância das diferenças entre os grupos (P = 0,06) A Tabela 3 mostra a prevalência de pneumonia em paralelo ao índice objetivo de pneumonia (IPP) da extensão dessas lesões. Tabela 3 Grupo Distribuição da frequência de lesões e IPP no abate Pneumonia Lesão pulmonar % IPP T1 35.71 B 0,49 T2 47.32 A 0,63 T3 49.11 A 0,79 T4 47.31 A 0,69 Letras diferentes indicam significância das diferenças entre os grupos (P = 0,10) Para a avaliação da freqüência de tosse, a cada três dias os animais eram movimentados durante um minuto, sendo realizada em seguida e durante um minuto, a avaliação do número de animais com manifestação clínica de problemas respiratórios (Mores et al., 1999). (ver Tabela 2). No abate, foram examinados os pulmões e a pleura de 112 animais escolhidos aleatoriamente de cada grupo de tratamento. As lesões foram classificadas como descrito por Piffer e Brito (1991). Resultados e discussão A incidência de tosses foi baixa nas fases de creche e recria, não havendo diferença na prevalência entre os tratamentos (P>0,05). Na fase de terminação, houve uma maior incidência de tosse e o tratamento 1 apresentou um melhor comportamento que o tratamento 2 (P = 0,06), que apresentou uma maior prevalência de problemas respiratórios (tabela 2). Os dados apresentados demonstram menor extensão das lesões de pneumonia no grupo T1, indicando o efetivo controle da pneumonia enzoótica e lesões causadas por agentes secundários, havendo portanto, uma correlação direta entre a taxa de tosse durante a fase terminação e a extensão das lesões pulmonares no abate. Finalmente, lesões leves foram observadas nos pulmões de todos os grupos de tratamento no momento do abate, geralmente envolvendo menos de 5% da área do pulmão, com uma pequena percentagem de animais apresentando aderências e pericardite. O Grupo T1 apresentou o tecido pulmonar menos afetado do que outros grupos com apenas 2,77% da área do pulmão afetada. Conclusão O estudo demonstrou que a vacinação com Circumvent® PCV e M + PAC® desempenhou melhor do que as combinações de outras vacinas, a julgar pela menor incidência de lesões pulmonares no abate. NT #6 89 Celso Mello é Engenheiro Agônomo e Diretor Presidente da Nutron Alimentos. NuTRIçãO DO AMANHã COMO SERá O AMANHã? Novas tecnologias. Além de expressão fortemente usada pelo mercado, uma ferramenta de trabalho cada vez mais necessária. Criar, entender e manejar tais tecnologias requer, além de um esforço natural em busca do aprimoramento, um conhecimento e dedicação ímpares. Os novos tempos estão exigindo o uso das novas tecnologias no que diz respeito à produção consciente, eficiente e segura. Daí, surgem desafios que começam, sobretudo, pelo crescimento acelerado da população humana, fato que tornou-se desafiador pela própria existência do ser humano. Diagnosticado o desafio, vem a pergunta de “um milhão de dólares”: como suprir a demanda por alimentos que atendam a esta nova necessidade? Bem, um resgate histórico há de ser feito para começarmos a traçar respostas e caminhos. Considerando que nas décadas de 1950-1960 a população mundial era composta por aproximadamente, três bilhões de pessoas, passando para algo em torno de seis bilhões nesta década (2000-2010) e tendo previsões 90 NT #6 que chegam na casa dos 10 bilhões de pessoas entre 2040-2050, fica claro o tamanho deste desafio. De produzir alimentos em quantidade e qualidade para atender a todos. Neste cenário, a produção de proteínas animais (carnes, leite e ovos) assume importante papel, visto o reconhecido e elevado valor nutritivo. Importante ressaltar que este crescimento se dará mais acentuadamente nos países em desenvolvimento, principalmente China, índia, Brasil e Rússia. Na trilha das respostas, nos deparamos com a questão da disponibilidade de recursos naturais para a produção destes alimentos. Por serem finitos, é preciso que a humanidade dê maior atenção ao uso racional destes recursos, principalmente no que diz respeito à utilização correta de áreas agricultáveis já manejadas e das que ainda estão por ser exploradas, para a produção de grãos em geral. E lá vamos nós, falarmos novamente da busca de tecnologias que atendam a esta demanda e necessidade, para que o aumento de produtividade seja res- ponsável e sustentável, auxiliando a produção de alimento por unidade de área – seja de grãos ou animais de criação – frente a esta nova realidade mundial de produção versus consumo. Esse cenário gera novas demandas técnicas. Na produção pecuária, por exemplo, a concentração do número de animais por área tem como exigências instalações apropriadas, necessidade de maior controle sanitário, melhor manejo alimentar e especialmente, maior cuidado com a nutrição destes animais, afinal estamos falando de produção de alimentos que serão destinados à humanos. Ou seja, a sustentabilidade da produção mundial de proteínas animais passa, obrigatoriamente, pelo ganho contínuo de produtividade, com responsabilidade. Neste sentido, todos os elos desta cadeia de produção (produção de grãos, nutrição, indústria de ração, equipamentos, processamento de carnes, armazenagem, distribuição, comercialização, etc) sempre procurarão oportunidades de melhoras. E é aqui que o Brasil tem uma, se não a melhor, oportunidade de vitrine e de realmente atender a esta demanda e reinar neste cenário. Com reconhecimento mundial sobre nossa vocação para a produção de carnes – lembrando que já somos o maior produtor mundial – o Brasil brinda esta recente conquista que chegou no início do ano 2000, quando nos firmamos como o principal País exportador de proteínas animais. A máxima “em time que está ganhando não se mexe” não se aplica ao nosso bravo País. Muito já foi feito, indiscutivelmente, mas há muito ainda a se fazer por toda a cadeia produtiva de carnes. Neste sentido, a Nutron não mede esforços para desempenhar seu papel de maneira extremamente técnica, profissional e sustentável. Nosso foco é na nutrição animal e atuamos em praticamente todos os segmentos (aves, suínos, bovinos de corte, bovinos de leite, organismos aquáticos, pet e outros). Trabalhamos fortemente na disseminação de tecnologias, tecnicamente comprovadas e economicamente viáveis aos produtores. NT #6 91 Nossa atuação no mercado brasileiro está baseada em dois pilares de igual importância: produtos de composição nutricional e qualidade comprovada (maior segurança dos alimentos, bioeficácia e mecanismos de produção a prova de erros), aliados a um portfólio de serviços único e de excelência técnica internacional. São exemplos de tecnologias que apresentamos ao mercado: novas opções de aditivos alimentares que ajudam a melhorar a produtividade da atividade;novos conceitos nutricionais que otimizam resultados zootécnicos; novas metodologias laboratoriais que asseguram maior precisão nas formulações das rações, contribuições no sentido de identificação e solução de gargalos de produção em fábrica de rações; novos conceitos de instalações e de manejo nutricional. Este Portfólio de Serviços, desenvolvido por nossa equipe de técnicos e para oferecer ferramentas práticas, é gerenciado por um suporte internacional de técnicos da Provimi. O resultado desta eficiência entre serviços oferecidos e qualidade e capacitação técnica, é a entrega de melhores práticas de produção animal. Importante ressaltar que a aplicação destas ferramentas somente é possível com a participação efetiva dos produtores, condição básica para o sucesso do uso. O uso efetivo destas ferramentas nos dá condição de mostrar, de maneira objetiva e profissional, quais são as oportunidades de melhorias no sistema de produção dos nossos clientes, sempre considerando que somente desta forma se obtêm o ganho de produtividade sustentável necessário. Ainda com o desafio – do começo do texto – em mente, temos a total consciência sobre nossa responsabilidade junto às marcas de nossos clientes. Por isso nos valemos de extremo zelo diante de todos os 92 NT #6 possíveis pontos que possam acarretar em prejuízo às vendas dos produtos dos nossos clientes e ao mercado consumidor, seja no Brasil ou nas exportações. No atual mundo globalizado, onde as informações “correm” o mundo em segundos e atingem bilhões de pessoas, casos de contaminação em alimentos humanos são um “prato cheio” para a mídia. São muito conhecidos os casos recentes de empresas que tiveram seus produtos confiscados em função de contaminação com metais pesados, melaminas, dioxinas e também algumas associações de melhoradores nutricionais não autorizadas. O tamanho do prejuízo que estas empresas tiveram, aliado à perda da confiança de seus consumidores em suas marcas comerciais, são suficientes em muitos casos, para levar empresas à falência do dia para noite. Portanto, estabelecemos na Nutron uma série de controles específicos e sofisticados, que nos asseguram total controle sobre o nosso processo produtivo, incluindo severo controle sobre os processos produtivos dos nossos fornecedores. Diante de tanta responsabilidade, aprimoramento, comprometimento e tecnologia, as respostas para o desafio de alimentar esta nova demanda com nutrição de ponta já surgem e já começam a ser trabalhadas para virar realidade, pelo menos na Nutron já é assim. Independente de respostas e novos desafios e demandas, temos que pensar sempre no contínuo e sustentável fortalecimento da cadeia produtiva de proteínas animais brasileiras, e por isso, nos posicionamos e atuamos de maneira profissional e responsável, a fim de ajudar os produtores a melhorar seus resultados econômicos. C M Y CM MY CY CMY K NT #6 93 Cidinei Miotto é Médico Veterinário com MBA em Gestão Empresarial e Diretor Comercial da Nutron Alimentos Ltda. NuTRIçãO DO AMANHã Atualmente as mudanças do mercado tornam os clientes tornam-se cada vez mais estruturados elevando o nível de exigência em relação aos seus fornecedores, a Nutron Alimentos está em fase de finalização de um novo formato do atendimento. Com uma reestruturação da equipe e também dos serviços prestados as principais melhorias estão surgindo com base numa estratégia comercial. Nestes novos tempos as necessidades dos clientes torna-se mais especializadas e personalizadas, ou seja, cada cliente busca otimizar ao máximo sua produção na busca de ganhos constantes de eficiência. Para isso o novo formato de atendimento está fundamentado em oferecer aos clientes soluções totalmente alinhadas com suas necessidades, por meio de um portfólio de produtos e serviços, cujos objetivos são entregar maior retorno sobre os investimentos que os clientes fazem, quando adquirem produtos Nutron. Além da capacitação de nossos técnicos, já amplamente reconhecidos pelo mercado, estamos também constantemente reforçando a equipe com novos profissionais que buscam agregar novos serviços e também melhorar e expandir a aplicação daqueles já existentes. Este grupo de técnicos especializados em várias áreas da produção (Nutrição, Ambiência, Sanindade, Fabrica de Rações, Gestão da Produção, etc) formam a equipe de Consultores Técnicos Nutron, os quais juntamente com os Coordenadores terão em mãos um portfólio de serviços estruturado em módulos, com mais de 500 serviços e ferramentas padronizadas, entregando muito mais que Premixes e Núcleos dentro das embalagens da Nutron. Sabemos que cada cliente tem necessidade diferentes, as quais mudam conforme o momento que passa cada empresa, por isso os clientes da Nutron podem ter ascesso ao nosso Portifólio de Produtos e Serviços fazendo uso conforme as demandas existentes no momento e o volume de negócios que possui com a Nutron. Estamos preparados ajudá-los a desde escolher um fornecedor de determinada matéria-prima até elaborar um plano que possa ser usado para traçar as estratégias da empresa para o futuro. 94 NT #6 Juntamente com o cliente os nossos técnicos realizam um diagnóstico completo da situação, identificam as oportunidades de melhoria, sugerem as soluções mais adequadas, ajudam a estabelecer um plano de ação e acompanham a execução do mesmo. Desta forma organizada e estruturada ajudamos nossos clientes a garantir que os objetivos traçados em conjunto serão alcançados e a melhoria na eficiência será atingida. Dentro de casa, queremos garantir que a nossa produção, logística, expedição, etc. atenda os acordos comerciais estabelecidos com os clientes, evitando retrabalho e desperdício de tempo e dinheiro por ambas as partes. Por isso estamos estruturando o atendimento interno que passará a chamar-se “Gestão de Atendimento ao Cliente” e será responsável por cuidar do pedido do cliente no ambiente interno com um grupo de profissionais focados em organizar esta interface. Tudo isso, com o propósito de tornar este processo mais eficiente e totalmente voltado para atender a necessidade específica de cada cliente. Além de garantir o melhor atendimento aos clientes atuais, temos a ambição de tornar a marca Nutron mais conhecida em todo Brasil. Desta forma temos um grande projeto de fortalecimento dos nossos Distribuidores atuais e busca por novos parceiros para ampliar a cobertura de atendimento em todos território nacional. Esses distribuidores somados ao nosso time comercial de 110 profissionais (Veterinários, Agronômos, Zootecnistas, Técnicos) possibilitarão acessar todas as regiões do Brasil, ampliando nossa base de clientes. um trabalho forte e continuado de capacitação destes distribuidores tem por objetivo torná-los multiplicadores de nossa empresa, fazendo com que o atendimento a todos os clientes aconteça dentro dos mesmos padrões. “Esta capilarização é necessária para acessar cliente que, atualmente, não conseguimos por meio da nossa força de vendas. Por isso, nossos distribuidores estarão treinados e preparados para atender os clientes dentro do padrão de excelência Nutron, fazendo o cliente do distribuidor sentir-se parte da carteira Nutron”, explica Cidinei Miotto, diretor comercial da Nutron Alimentos. NT #6 95 Aldair de Souza Santos é Químico e Analista de Laboratório Sênior, atuando como Consultor NIR na Nutron Alimentos para clientes na América Latina. NuTRIçãO DO AMANHã Tecnologia NIR Histórico O uso da espectroscopia de reflectância no infravermelho próximo (NIRS) é recente, sendo os primeiros relatos de 1939, na Pensilvânia. Desde sua descoberta, tem evoluído e revolucionado o universo analítico mundial. Já em 1968, o NIRS foi utilizado para analisar produtos agrícolas quando foram realizadas as primeiras análises rápidas de grãos e óleos de sementes. Pelo final da década de setenta e começo da década de oitenta, as indústrias alimentícias foram exploradas por aplicações NIR. Na indústria de produtos de panificação, análises em NIRS eram aplicadas em farinha de trigo e produtos acabados, incluindo pães, biscoitos e massas. Em produtos lácteos encontraram utilidades em avaliação de leite em pó, queijo, manteiga, leite integral e caseína; também ocorreram algumas aplicações na análise da qualidade de capins. Em meados dos anos 80, com a evolução dos com- 96 NT #6 putadores, os softwares e instrumentos foram aperfeiçoados, desenvolveu-se calibrações e componentes para novas aplicações e outros estudos de viabilidade realizados. Pesquisas e desenvolvimentos atuais têm melhorado as técnicas de calibração, reduzindo o custo de instrumentos sem sacrificar a precisão e exatidão e aumentando a sofisticação dos programas. Comercialmente utilizada a partir de 1985, a tecnologia NIR hoje é aplicada a vários alimentos e produtos agrícolas. O espectrômetro NIR (“Near Infrared Reflectance”) é um equipamento de alta precisão que efetua análises de alimentos e outras amostras orgânicas (e algumas inorgânicas), através do princípio de emissão de radiação eletromagnética. A energia radiante do infravermelho é empregada para caracterizar substâncias orgânicas. O espectrômetro NIR se baseia na aplicação da matemática à química analítica (quimiometria). quimiometria é uma área de estudo que aplica mé- todos matemáticos e estatísticos às ciências químicas, de modo a delinear procedimentos experimentais e obter a máxima informação química. Sendo uma das principais áreas a aplicação em NIR, o uso da quimiometria implica a utilização de algoritmos e técnicas quimiométricas no pré-tratamento dos espectros NIR, no desenvolvimento de métodos qualitativos e quantitativos, na seleção de amostras para o conjunto de calibração e conjunto de validação e ainda na identificação de amostras anômalas, denominado de “outliers”. Teoria do funcionamento O espectro de produtos agrícolas e produtos alimentares são muito similares entre si. um equipamento NIR é capaz de identificar as diferenças e informar a composição de cada produto. Isto é possível devido às diferenças de comportamento das ligações químicas das moléculas dos produtos quando submetidas a uma determinada fre- quência de luz infravermelha. Para entender o fundamento do NIR, é necessário o conhecimento da base física das cores. A energia luminosa luz branca é composta de todas as cores do espectro do arco-íris. quando essa luz incide sobre um objeto, certas cores são absorvidas e outras refletidas ou transmitidas. A luz refletida pode ser captada pelos olhos. Por exemplo, quando a luz incide sobre uma folha verde são absorvidos o vermelho e o azul. As cores refletidas são interpretadas pelos sentidos visuais como o verde. A base física de absorção de luz é relacionada à natureza das ligações moleculares que, por sua vez, são definidas pelos vínculos entre átomos dentro de uma molécula. Entretanto, essas ligações não são conexões estáticas e vibram o tempo todo, provocando estiramento e compressão das moléculas, resultando em um movimento de onda dos átomos, com frequência específica dependente dos elementos envolvidos. Absorções moleculares na região do infravermelhopróximo do espectro eletromagnético são causadas por ligações C-H, O-H, N-H. Outra importante absorção molecular na região NIR inclui as vibrações de estiramento de dupla ligação C=C e halogenetos metálicos. As medições de reflectância NIR são normalmente transformadas em coeficientes matemáticos. A luz infravermelha, após a interação com a amostra, carrega consigo todas as informações com relação ao produto. um equipamento NIR é capaz de medir e registrar estas informações – que leva o nome de espectro. Emboraosdadossejamrecolhidosindividualmentecomo pontos, fornecem uma estimativa de um espectro NIR contínuo, composto de muitas bandas de absorção sobrepostas. Essas absorções são causadas por vibrações, estiramento de hidrogênio, torção ou deformação das ligações químicas. Os principais compostos (umidade, proteína, gordura, fibra) são representados por estas ligações e são proporcionais à concentração destes parâmetros na amostra do produto. Como a intensidade de uma banda de absorção é proporcional à concentração do componente que causa esta banda, a quantidade de um composto existente numa amostra pode ser determinada através de uma curva de calibração (intensidade da banda versus concentração) construída a partir de amostras com concentrações conhecidas do composto em questão, por meio de uma análise multivariada devido ao elevado número de variáveis obtidas num espectro NIR. Após isto, é possível prever a composição de outras amostras sem necessidade de análise de laboratório, bastando NT #6 97 4]b]a(1{aO`;OQVOR] apenas um simples processo de moagem, quando não, analisando um produto “in natura”, como por exemplo, soja em grão. Predições de composição e identificação Range de aplicações A tecnologia NIR é aplicada de um modo geral a produtos de origem orgânica animal ou vegetal ou ainda produtos orgânicos sintéticos. Indústrias de vários seguimentos têm aplicado com sucesso a tecnologia NIR. Podemos destacar algumas: Nutrição animal (análise de grãos, forrageiras, produtos de origem animal, rações, e outras matériasprimas orgânicas em geral); indústria farmacêutica (análise de vitaminas e outros ativos); leite e derivados; carne e embutidos, entre outras. Caracterização das tecnologias disponíveis O mercado apresenta diversos modelos de equipamentos NIR. Alguns possuem filtros, outros monocromadores e ainda outros com Transformada de Fourier. Existem equipamentos projetados para alguns produtos em específicos como, por exemplo: leite e seus derivados, cana de açúcar, carne, embutidos, cereais, etc. Outros sistemas NIR são projetados para operar direto na linha de produção com sistemas chamados “at line”, operando com rede fibra ótica. Os modelos mais comuns, no entanto, para laboratório, são projetados para trabalhar em bancada e são utilizados para suprir a demanda de laboratórios de controle de qualidade em geral. 98 fotos.indd 2 19.08.10 14:42:15 d 2 fotos.ind um instrumento NIR tem seis partes básicas. Em primeiro lugar uma fonte de radiação (lâmpada). O segundo componente é um sistema ótico (dispositivo) que separa a luz em diferentes feixes. O terceiro é um detector, que mede a variação de tensão na radiação refletida a partir da amostra. Em quarto lugar está uma grande variedade de componentes eletrônicos e computadores para garantir uma obtenção precisa do sinal. Em quinto, um dispositivo de apresentação (leitura) de amostra. A parte final é um recipiente ou caixa para cobrir todos os componentes. A tecnologia NIR apresenta várias vantagens das quais a principal é a capacidade de analisar diversos parâmetros em menos de um minuto. Existem ainda outras vantagens como: não utilização de reagentes químicos, não destruição da amostra durante a análise e com isto não se tem resíduo de análise ou agressão ao meio ambiente, menor custo de análise, possibilidade de tomada de decisão imediata, classificação de produtos e fornecedores, maior controle de processo e redução do erro humano devido à mínima necessidade de preparação da amostra para análise, e consequentemente maior lucratividade. A tecnologia NIR tem um custo elevado dos equipamentos e leva um longo tempo para desenvolver as equações de predição necessárias. No entanto, é possível encontrar acesso a equações de predição NIR com custo acessível no mercado. O equipamento, quando utilizado de modo eficaz, se paga em pouquíssimo tempo. Aplicações potenciais futuras Pode-se afirmar – com certeza – que este é ainda um universo que tem muito a ser explorado. A cada dia, novas pesquisas são conduzidas e avanços são registrados no uso da tecnologia NIR. Em todos os seguimentos mencionados neste artigo, é possível encontrar aplicações de sucesso e ações promissoras em andamento. Empresas de diversos seguimentos têm dado especial atenção ao potencial NIR e já têm colhido os benefícios desta extraordinária tecnologia. Entre os produtores agrícolas e empresas de nutrição animal, a tecnologia NIR tem sido aplicada como ferramenta fundamental de controle de qualidade e lucratividade. Na próxima edição, este tema será novamente debatido, comentando sobre a utilização da tecnologia NIR no controle de qualidade de ingredientes e rações. Virão exemplos de ganhos econômicos com a utilização da tecnologia NIR e apresentaremos o Network NIR Nutron / Provimi: sua estrutura, desenvolvimentos e serviços. fotos.indd 2 fotos.indd 2 Descrição do equipamento Vantagens e desvantagens :15 19.08.10 14:42 Enquanto o nosso olho humano nos informa sobre a qualidade de um produto, um equipamento NIR é capaz de no informar a composição nutricional deste produto. As análises principais são: umidade, proteína bruta, gordura, fibra bruta, FDA, FDN, fibra, amido, entre outras possibilidades. Os softwares dos principais equipamentos NIRS do mercado são capazes de organizar os espectros dos produtos em bibliotecas, possibilitando análises de identificação. Deste modo, é possível assegurar a identidade de matériasprimas e produtos. =[SZV]`S[OWaQ][^ZSb]PO\Q]RSW[OUS\aR]OU`]\SUQW] Ac\]aOdSaP]dW\]aQcZbc`OaOZW[S\b]aQO`\Sa[O_cW\t`W]SbQ EEE/5@=AB=191=;0@ NT #6 C;/4=B=>3@437B/1/CA/ C;/4=B= C;/ÏB7;/7;>@3AA¯= ALTA GERêNCIA E EMPREENDEDORISMO Mais que uma paixão Fazenda Figueiredo é destaque na produção de leite nacional A história começa em 1987, quando Luiz Carlos Figueiredo começou as atividades pecuárias da família na cidade de Mandaguari, no Paraná. Com o apoio de amigos, começou uma trajetória que tem continuidade hoje sob a administração de Reinaldo Carlos Figueiredo, seu filho. Reinaldo é responsável pelos negócios da Fazenda Figueiredo, uma das fazendas com mais destaque na produção leiteira nacional e que está desenvolvendo um novo conceito no setor. Desde 1997 na atividade, o veterinário é sinônimo de esforço que resultou em sucesso. Chegou a Goiás em 2006 devido à necessidade de expansão das instalações e, desde então, não parou mais de crescer. “Nossos investimentos em Goiás estavam em pleno desenvolvimento e a necessidade de um membro da família na cidade para ajudar o meu irmão com os negócios era um fato. Em decisão familiar, me dispus a ir para lá, mas levei comigo o gado leiteiro”, conta Reinaldo. Nascido no sul do país, Reinaldo, hoje aos 36 anos de idade, acumula 24 anos de criação do gado Holandês, principal raça de aptidão leiteira do Brasil. Formado em medicina veterinária, o profissional almeja ainda mais crescimento para a empresa, e para isso destaca a relação com os clientes e parceiros. “Fazemos questão de contratar profissionais comprometidos e que acreditam nos nossos valores para que tenhamos uma boa relação com todos. Nossos parceiros são tratados como se fossem donos da fazenda, todos têm espaço para discutir e colocar suas ideias em pauta. Todo mês fazemos uma reunião com todos os chefes de setores para falar sobre os índices da fazenda e ali treinamos, capacitamos, motivamos, e tomamos as decisões todos juntos”, ressalta Reinaldo. Entre os principais valores da empresa, a sustentabilidade ocupa um lugar bem alto na lista. Reinaldo crê que a preocupação com o meio ambiente resultará em benefícios tanto para a empresa quanto para a sua própria vivência com a família, e conta que na fazenda já existem projetos diferenciados para colaborar com a questão. O principal deles é o de tratamento de dejetos – onde é separada a massa do líquido, sendo a parte líquida bombeada via pivô central para as culturas e a massa ajudando na economia de adubos e na produtividade da lavoura. A empresa hoje trabalha com 400 vacas em lactação, garantindo uma produção total de 12 mil litros de leite por dia. Com a empresa estruturada, a meta agora é produzir, em três anos, mais de 30 mil litros por dia, posicionando a Fazenda Figueiredo entre as cinco maiores do Brasil. “Acho que a melhor forma que contribuímos para o mercado é com nossa experiência, nossa dedicação e amor pelo que fazemos, em um país onde temos apoio escasso e a margem do produto leite é muito baixa. Fazer com excelência, esse é o nosso lema.” Plena expansão A Fazenda Figueiredo contém um banco genético de altíssima qualidade. São sete descendentes de grande campeãs nacionais, sendo 80% do gado de origem 100 NT #6 importada, que garante à fazenda o título de um dos maiores bancos genéticos do país. Constantemente são monitorados mais de 50 índices zootécnicos, com uma equipe altamente qualificada. Para chegar nesse patamar, Reinaldo realizou visitas a diversos estabelecimentos pelo país, em busca de referências para montar o modelo da Fazenda Figueiredo. “Todas as visitas foram inspiradoras, nos davam noção do que fazer. uma lição importante é que a criatividade é essencial e contínua para estabelecer os processos e instalações, mas devemos sempre lembrar que uma produção acima de 15 mil litros por dia envolve uma complexidade maior no espaço adequado. Fomos crescendo e dando os passos um de cada vez, para nos acostumarmos às exigências e ao tamanho do estabelecimento”, lembra. A meta do estabelecimento agora é alcançar o número de duas mil vacas na fazenda em cinco anos, produzindo uma média de 70 mil litros de leite por dia. Para isso, o estabelecimento já está colocando em prática alguns projetos: as instalações estão alcançando a capacidade máxima e, esse ano, a Fazenda Figueiredo já adquiriu mais de 150 novilhas, que irão parir ainda em 2011. “Juntando com as novilhas de nossa criação que estão prenhas, teremos em média 50 partos ao mês, o que nos proporcionará em torno de 600 vacas em lactação até o fim deste ano, produzindo em torno de 18 mil litros ao dia. Esse mês, estamos colocando mais de 200 vacas nelores como receptoras de embriões de mais de 30 doadoras que estão na central. Sendo assim, em 2013 já teremos mil vacas em lactação, garantindo metade da nossa meta atingida.” Reinaldo finaliza dizendo que o momento da pecuária brasileira é promissor para a produção de leite, mas que ainda faltam entusiastas na profissão, que se dediquem com amor e prazer à atividade, sem ter medo dos riscos. Feliz por ser bem sucedido na área, o veterinário diz que só tem a agradecer. “Agradeço a Deus por mais um ano de trabalho e de saúde, à família pelo apoio à nossa equipe pelo esforço para alcançar nossos objetivos.” COOPERATIVISMO Por Erica Rabecchi Cooperativa Agrária oferecia no momento poucas possibilidades de refúgio. O engenheiro agrônomo Michael Moor idealizou, e a instituição “Ajuda Suíça para a Europa” ajudou na concretização do projeto. No total, 500 famílias de suábios vieram ao Brasil e encontraram nos campos da localidade de Entre Rios – o distrito deve sua denominação ao fato de estar situado entre dois rios: o Jordão e o Pinhão, área rural de Guarapuava – uma nova vida. Além de proporcionar infraestrutura técnica para a agricultura, maquinários, silos, comercialização dos produtos e aquisição de insumos, a Agrária ajudou seus associados na construção das primeiras casas e igrejas. Ergueu escolas, hospital, linhas de eletrificação, estradas, forneceu água potável, cuidou da vida cultural e incentivou os esportes e as tradições. A Agrária é hoje uma Cooperativa que reflete o esforço coletivo de seus fundadores, os suábios do Danúbio, no sentido de prosseguir no Brasil a tradição agrícola que trouxeram da Europa. A Cooperativa e seus cooperados produzem, atualmente, milho, soja, trigo, cevada cervejeira, aveia branca (grão), flores e suínos. Também levam a marca Agrária produtos industrializados, como malte, farinhas de trigo – linha industrial e doméstica –, rações animais, óleo de soja degomado (estágio anterior ao refinado) e farelo de soja. As colônias de Entre Rios são as principais comunida- NT: Como a Agrária desenvolve a capacitação de seus cooperados? Jeferson Caus, coordenador de marketing da Agrária: Por meio de treinamentos ou cursos. Para isso, a Agrária conta com importantes parceiros: o SESCOOP, auxiliando nos custos; e o SENAR. Mas a Agrária também organiza cursos, como de gestão e qualidade, voltado a ajudar o cooperado no gerenciamento de sua propriedade rural. Há outro aspecto peculiar: em parceria com a FGV/ISAE, a Agrária oferece um MBA em Gestão do Agronegócio. Este programa de capacitação, já em sua terceira edição, além do próprio conteúdo do curso tem ainda uma importante função para nós: integrar cooperados e funcionários. Então, as vagas são distribuídas entre estes dois grupos. NT: Qual a área de atuação da Cooperativa até o momento? Jeferson Caus: VERãO: Milho e soja: 105 mil hectares. INVERNO: Cevada e trigo: 55 mil hectares. As propriedades dos cooperados estão situadas em municípios das regiões centro-sul, centro-oeste e central do Paraná. NT: Quais as principais atividades desenvolvidas pela Agrária? Jeferson Caus: pesquisa agrícola, produção de sementes, agricultura (milho, soja, trigo e cevada cervejeira), industrialização (maltaria, fábrica de rações, moinho de trigo e fábrica de óleo e farelo de soja). 60 anos de história e conquistas Fundada por imigrantes alemães em 1951, a Agrária surgiu como alternativa de vida para os refugiados que, após a segunda Guerra Mundial, se encontravam em abrigos na áustria. Já no Brasil, na cidade de Guarapuava, no Paraná, os cooperados compraram terras e começaram a produzir a cevada, um cereal de inverno tradicional na Alemanha e que ocupa posição de destaque entre as commodities em todo o mundo. O grão também é utilizado na composição de farinha para panificação, na produção de medicamentos, na formulação de produtos dietéticos e na alimentação animal, mas sua principal utilização é mesmo na indústria cervejeira. Contando com cerca de 500 cooperados e mil fun- 102 NT #6 cionários, a Agrária hoje produz mais de 74 mil toneladas de cevada por ano, o que corresponde a quase 30% da produção total do Brasil. A Cooperativa Agrária Mista de Entre Rios (nome completo da Agrária) surgiu como projeto para viabilizar alternativa de vida a suábios do Danúbio (grupo de imigrantes que provinha originalmente de diferentes províncias do Reino Alemão. Entretanto, como todos embarcaram no rio Danúbio, na cidade suábia de ulm, foram chamados de “suábios”). Os suábios tiveram de fugir de regiões que hoje correspondem à antiga Iugoslávia, no período da 2ª Guerra e se reuniam em campos de refugiados, na áustria. A Europa, que se encontrava praticamente destruída, des (pequenos vilarejos) que existem no distrito. Ao todo, são cinco: Samambaia, Jordãozinho, Vitória, Cachoeira e Socorro. Localizadas a menos de 10 quilômetros umas das outras, as “colônias” formam um círculo ao lado da rodovia estadual PR 170. A Cooperativa Agrária fica no centro da Colônia Vitória. Os executivos da Agrária estiveram na sede da Nutron, em março, para uma vista às instalações e a revista NT aproveitou a oportunidade para conversar com Jeferson Caus, coordenador de marketing da Agrária. NT: Quais são os projetos atualmente desenvolvidos? Jeferson Caus: O mais importante projeto desenvolvido no momento é a implantação de padrões para certificação ISO (diversas modalidades) na fábrica de rações, na indústria de óleo de soja, nos entrepostos e nos demais setores da cooperativa. O Moinho de Trigo e a Agromalte (maltaria) já possuem ISO 22.000. NT: Quais os principais destaques de gestão na Cooperativa? Jeferson Caus: Sistema Orçamentário Matricial Integrado NT #6 103 /@3D7AB/?C31=<6313 =1/;>= 3=>@=2CB=@ (SOMI): este sistema visa garantir a saúde financeira sustentável da Agrária e seu fortalecimento, por meio do uso racional de recursos financeiros, materiais e humano. É de se considerar que, na prática, gestão financeira e programas de qualidade, como o uso de ferramentas administrativas (5S, rotinas padronizadas, PDCA, etc) não são assuntos totalmente separados. Ao contrário, programas de qualidade ajudam a cooperativa a usar melhor seus recursos e a ser mais competitiva. NT: Como avaliam a parceria com a Nutron? Jeferson Caus: A Nutron é uma empresa sólida, inovadora e que se adapta facilmente aos novos desafios do mercado. Além disso, é uma empresa feita por pessoas altamente eficientes e dedicadas. Desta forma, nos orgulhamos em sermos parceiros de uma empresa como a Nutron. NT: Como avalia a visita à fábrica da Nutron? Jeferson Caus: A visita foi ótima. Não nos surpreendemos, pois já esperávamos uma empresa com foco no cliente e baseada em princípios de qualidade total. Ficamos satisfeitos com todos os aspectos que envolvem o processo produtivo, além da admiração pela estrutura do laboratório. NT: Quais os principais desafios do agronegócio na visão da Agrária? Jeferson Caus: Acreditamos que os principais desafios do agronegócio são: Na tecnologia: conhecermos e utilizarmos cada vez melhor as novas biotecnologias das cultivares de soja e dos híbridos de milho. Na agricultura: conscientizarmos cada vez mais nossos produtores sobre a necessidade de gerenciarem suas 104 NT #6 Jeferson Caus coordenador de marketing da Agrária propriedades, utilizando conceitos empresariais. No mercado: buscarmos um posicionamento cada vez melhor para nossos produtos, desenvolvendo e tornando percebido o seu valor e, ao mesmo tempo, estreitarmos cada vez mais o relacionamento com nossos clientes internos e externos. NT: Quais as principais oportunidades no setor do agronegócio no entendimento da Agrária? Jeferson Caus: Acreditamos que na maioria das vezes não existe “oportunidades prontas” esperando pelas empresas. Mas acreditamos que as empresas que se diferenciam na tecnologia, na qualidade e na prospecção de parcerias criam, elas mesmas, as oportunidades. A agroindustrialização de grãos permanece como um campo promissor. Pensamos que novos negócios são possíveis, principalmente para quem observa o mercado e se antecipa às tendências. O mercado de nutrição animal é foco da Agrária, com boas perspectivas e com projetos futuros de acesso aos diferentes nichos. eee\TbOZZWO\QSQ][P` /@SdWabO<B{RSabW\OROOb]ROQORSWORS OU`]\SUQW]RO/[{`WQO:ObW\OAx]# SfS[^ZO`SaRWab`WPcR]aS\b`S^O`QSW`]a/ZZWO\QS [OWZW\U/ZZWO\QSS\]a^`W\QW^OWaSdS\b]aR]aSb]` /@SdWabO<Bb`ObORSOaac\b]a_cSdx]RSaRS O^`]Rczx]O\W[OZOb{]OZW[S\b]\O[SaOR] Q]\ac[WR]`¿\OZQ][S\T]_cS\]a[S`QOR]a \OQW]\OZS[c\RWOZRSU`x]a[S`QOR]RSQO`\Sa O`bWU]ab{Q\WQ]aS\b`SdWabOaaORSaSUc`O\zO OZW[S\bO`OUS\RORSSdS\b]aQ]PS`bc`ORSSdS\b]a SZO\zO[S\b]RS^`]Rcb]aS\b`S]cb`]a/@SdWabO <B{O[OWaQ][^ZSbO[RWOR]aSU[S\b]RO W\Rab`WORS^`]bS\OO\W[OZSbS[Q][]]PXSbWd]aS b]`\O``STS`}\QWO^O`O]aSb]`OU`]^SQct`W] COOPERATIVISMO Por Erica Rabecchi 100 Anos da Cotribá primeira cooperativa agropecuária brasileira a completar o centenário veram seu auge no mês de março, com a apresentação da Orquestra Paranaense de Viola Caipira, que trouxe ao público o sabor da música de raiz, seguido de show pirotécnico para marcar a chegada do dia 21 e março, quando se completaram efetivamente os 100 anos da Cotribá. Foram realizadas outras atividades, como a Assembleia Geral Ordinária, seguida de celebração ecumênica e da cerimônia oficial, quando os diretores fizeram o corte simbólico do bolo. Após o almoço, que reuniu mais de 3 mil pessoas, o Grupo de Performance Cia da Cidade, de Passo Fundo encantou o público com números de acrobacia, malabarismo, ilusionismo, canto e dança. A tarde ainda foi reservada ao baile, com animação da Banda Estrela do Mar. À noite, as 5 mil pessoas presentes puderam conferir os shows de Lui & Sampa, Fernando e Motta e, para encerrar a celebração com chave de ouro, a apresentação primorosa do cantor Sérgio Reis. Ao longo de 2011, a Cotribá seguirá com foco nos 100 anos, com atividades programadas para enaltecer a importância deste marco histórico. Sobre a Cotribá A Cotribá, Cooperativa Agrícola Mista General Osório Ltda, foi fundada em 21 de janeiro de 1911 e considerada, atualmente a única cooperativa do ramo agropecuário do Brasil com um século de história. é uma sociedade de pessoas - natureza civil – que tem como objetivo social a congregação dos seus sócios para o exercício de suas atividades, sem o objetivo de lucro. A entidade é regida pela lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que regulamenta o sistema cooperativo no País. A Cooperativa festejou, nos dias 20 e 21 de janeiro, 100 anos de uma história de grandes desafios e conquistas. Tendo sua origem na então Colônia General Osório, a Genossenschaft General Osório surgiu pela necessidade dos moradores de ter à sua frente uma entidade que os representasse e defendesse de possíveis atravessadores. Ao longo de um século, a Cotribá tem sido a ponte para 106 NT #6 viabilizar o acesso do homem do campo às tecnologias que fazem da atividade agrícola, a base da economia, não apenas da região, mas de todas as comunidades onde a Cotribá atua. Os festejos que marcaram os 100 anos da Cotribá tiveram início oficialmente no dia 26 de abril de 2008, quando foi lançada a contagem dos “Mil Dias para os Cem Anos”. A partir daí, sucederam-se eventos voltados à data histórica, que dá à Cotribá o mérito de ser a única cooperativa brasileira do ramo agropecuário com um centenário de atividades ininterruptas. Ao longo de mil dias, empreenderam-se dias de campo, palestras técnicas, festividades, cursos, entre outros, cuja temática esteve sempre voltada ao centenário desta sólida instituição. Com o objetivo de presentear os associados, comunidade, parceiros e colaboradores, as comemorações ti- A Cooperativa fechou o ano de 2010 com 5.284 associados, distribuídos entre suas unidades de atuação. Com a Sede em Ibirubá/RS, atua em mais 15 municípios gaúchos com unidades instaladas, Ibirubá (Sede), quinze de Novembro, Fortaleza dos Valos, Boa Vista do INCRA, Boa Vista do Cadeado, Cruz Alta, Santa Bárbara do Sul, Saldanha Marinho, Candelária, Cachoeira do Sul, Rio Pardo, Pântano Grande, Butiá, Encruzilhada do Sul, São Gabriel e Santa Margarida do Sul, além da projeção de toda a região à volta de cada um deles. Atualmente, a Cotribá desponta como uma empresa fomentadora das atividades agropecuárias por onde atua, trabalhando com recebimento e comercialização de soja, arroz, milho, trigo, cevada e canola, entre os principais grãos, além de beneficiamento de soja e arroz. Possui segmentos de negócios para atender as principais necessidades da propriedade rural, como fornecimento de insumos para as lavouras, fábrica de rações (nutrição animal), assistências técnicas agrícolas e animal, posto de combustível, supermercados, farmácia veterinária, peças e ferragens, e detenção de marcas próprias na linha de nutrientes para a lavoura. Muitos são os exemplos que podem ser citados para demonstrar a vocação empreendedora da organização. Na diversificação da pequena propriedade, a atividade leiteira implementada no final da década de 70 transformou a realidade de milhares de pessoas na região de Ibirubá e quinze de Novembro. Outra situação, que é motivo de muito orgulho para a Cotribá, foi a participação nos movimentos em prol do plantio direto na palha e da liberação dos transgênicos que contribuiu para viabilizar o negócio do produtor, além de promover a sustentabilidade do campo. Com a impossibilidade de expansão das áreas agricultáveis, em meados de 2009, a Cotribá buscou alternativas para oferecer ao produtor rural condições de se alcançar maior produtividade nas lavouras, implementando em sua área de ação a tecnologia de precisão. Desde sua fundação, a Cotribá prima pelo estabelecimento de parcerias fortes que a auxiliem a conduzir a sua missão de levar ao campo tecnologias que viabilizem a profissionalização da propriedade através de qualidade, produtividade e sustentabilidade do negócio do produtor. Desde 2007, firmou parceria com os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de vários municípios de atuação da Cooperativa com vistas a viabilizar a participação de seus associados no Programa Nacional de Produção de uso do Biodiesel, sendo pioneira no Brasil a implantar o programa junto ao seu quadro social. A visão de futuro da Cotribá vislumbra uma organização moderna, sempre fiel aos princípios que nortearam a sua fundação em 1911: promover a rentabilidade da família rural, oferecendo ao associado à constante busca por alternativas que lhe garantam a sustentabilidade e profissionalização do seu negócio, visando a qualidade de vida da família rural e permanência no campo. NT #6 107 AGENDA JUNHO JULHO Feicorte 13 a 17 de junho São Paulo (SP) MEGALEITE Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite 23 de junho a 03 de julho Uberaba (MG) World Pork Expo 2011 08 a 10 de junho - Ioawa - USA NFT Training 08 a 10 de junho Salvador (BA) Interleite 2011 Simpósio Internacional sobre Produção Intensiva de Leite 06 a 08 de julho Uberaba - (MG) 23º FENIAGRO - Feira de Agronegócio de Araguaína 02 a 12 de junho Araguaína (TO) 48ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia 18 a 21 de julho Belém (PA) 45ª FAPI - Feira Agropecuária e Industrial de Ourinhos 02 a 12 de junho - Ourinhos (SP) INDUSPEC Animal Expo&Business 26 a 28 de julho São Paulo - (SP) 28ª Exposição Agropecuária de Parauna e 41ª Festa da Produção 06 a 12 de junho Paraúna (GO) AGOSTO Congresso Internacional da Carne 2011 09 e 09 de Junho Campo Grande - (MS) I Congreso Internacional de Zoonosis 08 a 10 de junho Buenos Aires (AG) 2nd Latin American Congress on Pig Production 21 a 24 de junho Evora (PT) I Feira de Avicultura e Suinocultura Capixaba 09 a 11 de junho Marechal Floriano (ES) AGRISHOW JARU 2011 Feira Agropecuária e industrial de Jaru 22 a 26 de junho Jaru (RO) 108 NT #6 XIV Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura 03 a 08 de agosto Salvador (BA) Agroleite 2011 09 a 13 de agosto Castro (PR) Fórum de Líderes em Avicultura 2011 17 e 18 de agosto Foz do Iguaçu (PR) TecnoCarne 2011 23 a 25 de agosto São Paulo (SP) Vacinas Vision. Menos dor e menos lesões no rebanho. Menos dor e menos lesões no seu bolso. Mais ação com menos reação na prevenção contra as clostridioses. s Menos dor e menos estresse para o animal. s SPUR®, adjuvante exclusivo que substitui os adjuvantes tradicionais. s Máxima eficácia com muito menos lesões: rebanho protegido, produtivo e valorizado. s Imunidade rápida e duradoura: animais saudáveis e pecuarista tranquilo. s Exclusivo sistema de produção APS: garante altos níveis de pureza. s Nova tecnologia de filtragem: reduz a dose (2 ml) sem diminuir a concentração de antígenos. s Imunidade com segurança, conforto e bem-estar, evitando perdas no abate. SAC 0800 70 70 512 - www.intervet.com.br