Nutrition for Tomorrow

Transcrição

Nutrition for Tomorrow
N˚ 06 - aNo 03
maio/juNho2011
a RevisTa da pRodução aNimal
Nutrition for
Tomorrow
Cooperativismo
FEIRAS DE COOPERATIVAS
AGRáRIA | 60 anos de história
COTRIbá | 100 anos
www.nftalliance.com.br
Menos dor e menos lesões no rebanho.
Menos dor e menos lesões no seu bolso.
N˚ 06 - aNo 03 maio/juNho2011
Vacinas Vision.
N˚ 06 - aNo 03
maio/juNho2011
Mais ação com menos reação na
prevenção contra as clostridioses.
s Menos dor e menos estresse para o animal.
s SPUR®, adjuvante exclusivo que substitui os adjuvantes tradicionais.
s Máxima eficácia com muito menos lesões: rebanho protegido,
produtivo e valorizado.
s Imunidade rápida e duradoura: animais saudáveis e pecuarista tranquilo.
s Exclusivo sistema de produção APS: garante altos níveis de pureza.
s Nova tecnologia de filtragem: reduz a dose (2 ml) sem diminuir
a concentração de antígenos.
s Imunidade com segurança, conforto e bem-estar, evitando perdas no abate.
SAC 0800 70 70 512 - www.intervet.com.br
NT - a RevisTa da pRodução aNimal
a RevisTa da pRodução aNimal
Nutrition for
Tomorrow
Cooperativismo
FEIRAS DE COOPERATIVAS
AGRáRIA | 60 anos de história
COTRIbá | 100 anos
www.nftalliance.com.br
Confirmando as expectativas do início deste ano, os custos de produção
das carnes, leite e ovos continuam altos, basicamente em função dos preços
dos grãos que compõem as rações animais. Adicionalmente, o câmbio continua
desfavorecendo as exportações brasileiras e aumentando o custo local das empresas exportadoras.
Por outro lado, a boa fase da economia brasileira continua dando sustentação ao consumo das carnes,leite, ovos; gerando a demanda necessária para
amenizar a queda acentuada dos preços pagos ao produtor. Importante também lembrar que o valor médio recebido por quilo exportado vem aumentando
em relação ao ano passado, em dólares.
Este é o cenário que vive a produção animal brasileira, cada vez mais desafiada a mostrar sua pujança, para manter sua liderança mundial em produção
de proteínas animais.
Neste sentido, a missão da Revista NT de ser um dos canais de comunicação entre os diferentes elos da cadeia de produção animal se reforça e ganha
importância.
Nesta edição fazemos um balanço das feiras e exposições agropecuárias,
de várias cooperativas brasileiras que se realizaram até maio. Todas buscam, à
sua maneira, prestigiar a produção familiar de seus associados, transferência
tecnológica, tendências de mercado e apresentações práticas que ajudem na
melhoria dos resultados econômicos de seus associados.
Mostramos também o Rally da Safra deste ano, que busca ajudar no entendimento às expectativas da safra brasileira de milho e soja. Abordamos também
matérias do segmento de bovinos de leite (uso de ureia, balanceamento de dietas e sucedâneos lácteos) e suínos (doenças respiratórias).
Temos nesta edição o Caderno Especial Avicultura, com matérias sobre
desafios futuros desta indústria, sanidade, qualidade do milho, uso de glicerina,
ambiência, manejo e exigências nutricionais. Ou seja, um caderno de “peso”.
Voltamos ao uso da tecnologia NIR (Near Infrared Reflectance) como ferramenta essencial de “sintonia fina” nos balanceamentos das rações animais,
cuja implantação pode gerar lucros consideráveis na produção animal (custo
das rações).
Trazemos também a história de duas cooperativas referências no Brasil:
Cooperativa Agrária Mista de Entre Rios e Cooperativa Agrícola Mista General
Osório Ltda (Cotribá), que acaba de comemorar 100 anos de fundação. Ou seja,
estamos na busca do fortalecimento crescente de todos os elos que compõem
a cadeia de produção animal brasileira.
N˚ 05 I ano 03 I Maio/Junho/2011
Expediente
A REVISTA NT é uma publicação
trimestral da Nutrition for Tomorrow
Alliance, distribuída gratuitamente para
a cadeia da produção animal.
Gestão e Execução NFT Alliance
Nutron Alimentos – Alessandro Roppa
e Carolina Tanese
Jornalista responsável:
Mariana Nascimento
MTB: 31 082-SP
CELSO MELLO
Diretor Presidente
Nutron Alimentos
Redação:
QUÊS – Ateliê de Comunicação
Revisão:
QUÊS – Ateliê de Comunicação
Foto da capa:
César Machado - Agrostock
Projeto gráfico e diagramação:
Produção Coletiva
www.producaocoletiva.com.br
Tiragem:
15 mil exemplares
íNDICE
NT
Caros amigos,
6
Giro na Produção Animal
NOTíCIAS
08 | O PALCO DAS FEIRAS 14 | I SIMPóSIO INTERNACIONAL LEITE INTEGRAL
16 | RALLy DA SAFRA
MERCADO
24 | PASSOS PARA O FuTuRO
NuTRIçãO DO AMANHã
GESTãO
28 | EMPRESA RuRAL FAMILIAR
90 | COMO SERá
O AMANHã
BOVINOS DE CORTE
30 | CONTROLE
34 | FEED MANAGER
ESTRATéGICO EVITA
PERDAS
BOVINOS DE LEITE
38 | NuTRIçãO x
46 | GIROLANDO E NuTRON -
Boa leitura a todos!
ALIMENTAçãO
PARCERIA DE MARkETING
Contato:
[email protected]
A revista em formato eletrônico pode ser
acessada no site www.nftalliance.com.br
Nutrition for Tomorrow Alliance é um
projeto, desenvolvido e administrado
pela Nutron Alimentos, que reúne
empresas do setor da produção
animal, concentrando o melhor capital
humano e fornecendo conteúdo
técnico para gerar e fortalecer a
sustentabilidade dos clientes.
A REVISTA NT é uma publicação
dirigida a produtores, empresários,
técnicos, pesquisadores e
colaboradores ligados à cadeia de
produção animal. Os artigos assinados
não expressam necessariamente a
opinião da revista. O conteúdo dos
artigos é de responsabilidade dos
autores. Não é permitida a reprodução
parcial ou total das reportagens e dos
artigos publicados sem autorização.
COMITê NFT ALLIANCE
CELSO MELLO
E ALESSANDRO ROPPA,
Nutron Alimentos
VILSON ANTONIO SIMON
E RuDy CLAuRE,
Intervet/ScheringPlough Animal Health
THAíS MARTINS,
Serrana Nutrição Animal
NT #6
ESPECIAL AVES
56 | MILHO - COMO SER
EFICIENTE EM uTILIzá-LO
SuíNOS
84 | FATORES DE
88 | AVALIAçãO DA
RISCO DAS DOENçAS
RESPIRATóRIAS
100
shaping tomorrow’s nutrition
4
AVES
48 | CADERNO
Ter a resposta para perguntas que ainda não foram feitas. Partilhar metas
e conjugar resultados. A Nutrition for Tomorrow Alliance encerra 2010 depois
de muito trabalho, diversas vitórias e comunhão com os parceiros. uma etapa
intensa. um ano de sucesso com nossa experiência de marketing corporativo no
agronegócio. A cada desafio, uma solução. www.nftalliance.com.br: a plataforma
de comunicação que cresce na rede mundial. A versão da revista que contempla
o universo latino-americano. Avicultura, suinocultura, pecuária de corte e leite
interligadas em eventos com os melhores profissionais do setor. Agora, a sua
Revista NT descortina mais uma etapa e de cara nova.
uma identidade visual moderna para celebrar 2011 e deixar nossos amigos da cadeia produtiva com um conteúdo ainda mais atraente. Antecipar-se
aos acontecimentos. Nosso negócio envolve uma parte sensível da cadeia
de carnes, que é a nutrição dos plantéis. O futuro traz boas novidades no
campo econômico com previsão de continuidade do crescimento, aumento
da renda das famílias e do consumo de proteína animal. Mas também um
panorama de elevação no preço dos grãos, o que exige de todos os profissionais mais criatividade para oferecer soluções interessantes e lucrativas
para os clientes.
A nutrição do amanhã se faz com alianças estratégicas, novas ferramentas, trabalho cooperativo, profissionalização, treinamento, criação e difusão
de boas ideias, dinamismo e tecnologia. Palavras que fazem sentido para todos nós que integramos a Alliance. Conceitos que ganharam o Brasil, avançaram pelas Américas, chegaram ao mundo.
Bem vindos ao futuro!
Alta Gerência e
Empreendedorismo
Fazenda
Figueiredo
102
FREquêNCIA DE TOSSE E LESõES
AO ABATE DE SuíNOS
Cooperativismo
Cooperativa
Agrária
106
Cooperativismo
100 anos da
Cotribá
108 | Agenda
NT #6
5
GIRO
na produção
animal
O que você está
vendo no seu dia
a dia referente à
produção animal?
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“O setor de proteína animal exibiu uma
notável evolução no Brasil, ao longo das
últimas décadas. Isto pode ser comprovado
apenas observando-se as gôndolas dos
supermercados, onde estão presentes os
mais vários produtos de qualidade.
Investimentos em genética, elevado
controle sanitário e a utilização de rações
de notável qualidade foram alguns dos
fatores desta evolução.
Mas devemos considerar que o consumidor está cada vez mais exigente. E que
devemos continuar investindo cada vez
mais no aprimoramento desses importantes alimentos.”
Francisco Turra
Presidente Executivo da União
Brasileira de Avicultura (Ubabef)
6
NT #6
“Os bovinos são eficientes
em converter alimentos fibrosos
em carne. Consumidores de
um mercado mais exigente não
esperam somente carne de alta
qualidade, mas também produzida de maneira sustentável. Sustentabilidade social, ambiental
e econômica é possível através
do fornecimento de dietas
balanceadas durante toda a vida
do animal. Fornecer suplementos
que variam em sua composição
e quantidade de acordo com as
diferentes estações do ano permitem ao animal expressar seu
potencial genético ao máximo.
Mais importante ainda, alcançar
o peso de abate é mais precocemente.”
“é fato notório que no Brasil,
alguns dos produtores de leite
mais bem sucedidos na atividade
são também produtores de
alimentos em outras cadeias do
agronegócio. Provavelmente,
a visão empresarial de outras
culturas, trazida para a pecuária
leiteira, é a chave do sucesso
desses sistemas de produção”.
Hink Perdok
Diretor de Projetos de
Sustentabilidade, Provimi
Holding, Holanda
FLÁVIA FONTES
Editora Chefe Revista
Leite Integral
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NOTíCIAS
Por Erica Rabecchi
O palco das
feiras
O primeiro semestre de 2011 contou com
a realização de importantes eventos
promovidos por cooperativas de todo o país
um universo a ser explorado. As feiras que hoje preenchem boa parte dos calendários de eventos do agronegócio são verdadeiras estrelas, no que diz respeito
à organização, qualidade e proporção de cada uma delas.
Por trás deste palco, estão as cooperativas que têm como principais objetivos
gerar informações e apresentar tecnologias acessíveis e aplicáveis nas propriedades dos cooperados, visando aumentar a geração de renda, produtividade, viabilidade e sustentabilidade do produtor rural.
Cooperalfa, Copagril, Coperdia, C. Vale, Coopervil, por exemplo, figuram entre
as que realizam eventos de forte representação no setor. Junto delas, a Nutron
está sempre presente, aumentando cada vez mais e de maneira qualitativa a participação da empresa nas principais feiras que acontecem em todo o País.
Em cada evento, a Nutron apresenta um amplo estande para a recepção do
público e exposição de novidades em suas linhas de produtos: núcleos, sais minerais, sucedâneos lácteos e especialidades em geral. O principal objetivo de participar e estar ao lado das cooperativas nestes eventos, é demonstrar o que há de
mais moderno em tecnologias, serviços e produtos para nutrição animal, gerando
maximização do retorno sobre o investimento para o pecuarista.
Neste primeiro semestre, foram realizadas sete importantes feiras: Dia de
Campo C. Vale (janeiro), Itaipu Rural Show (janeiro), CDA Alfa (fevereiro), Show
Rural Copavel (fevereiro), Coopervil (fevereiro), Tecnoeste - Show Tecnológico do
Oeste Catarinense (fevereiro) e Copagril (março).
8
NT #6
Agenda
EVENTO
DATA
COOPERATIVA
Dia de Campo C. Vale
18/01/2011 a 20/01/2011
C. Vale – Cooperativa Agroindustrial
Itaipu Rural Show
26/01/2011 a 29/01/2011
Cooperativa Regional de Itaipu
CDA Alfa
01/02/2011 a 04/02/2011
Cooperativa Agroindustrial Alfa
Show Rural Copavel
07/02/2011 a 11/02/2011
Coopavel Cooperativa Agroindustrial
Sétimo Campo Demonstrativo COOPERVIL
17/02/2011 a 18/02/2011
Coopervil
Show Tecnológico do Oeste Catarinense
23/02/2011 a 25/02/2011
Copérdia
Copagril
02/03/2001 a 03/03/2011
Cooperativa Agroindustrial Copagril
C. VALE
A C. Vale é uma cooperativa de produção agropecuária com atuação no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e Paraguai. Possui 66 unidades de
recebimento de produção. As atividades da cooperativa
concentram-se no segmento agroindustrial. C. Vale destaca-se pela produção de soja, milho, trigo, mandioca, leite e
suínos e atua na prestação de serviços com mais de 150
profissionais que dão assistência agronômica e veterinária
aos associados.
Avanços na área de grãos e insumos foram apresentados ao produtor no Dia de Campo C. Vale. Durante três dias,
18, 19 e 20 de janeiro, o público teve acesso a 450 parcelas
demonstrativas, em que 21 empresas mostraram o resultado de trabalhos com soja, milho, mandioca e forrageiras.
Seis instituições públicas e privadas também apresentaram os avanços de suas pesquisas. Mais de cem empresas
puderam mostrar máquinas e implementos agrícolas, muitas das quais de forma dinâmica. O evento aconteceu no
Campo Experimental da cooperativa, em Palotina (PR).
Enoir Pellizzaro, coordenador de campo experimental
da C. Vale contou que o Dia de Campo – evento promovido pela cooperativa – é focado nas parcerias e nos produtos comercializados pela cooperativa. Portanto, não é um
evento comercial.
Para ele, toda empresa, assim como os produtos e as
tecnologias ali expostos, são avaliados pela equipe técnica da C. Vale. Fato este que dá ao participante do Dia
de Campo a tranquilidade de participar de um evento
com tecnologias comprovadas.
“O foco principal está na diversificação, com opções
para o produtor de frango, suínos, bovinos de leite e
para as culturas da mandioca, eucalipto, milho e soja”,
explica Enoir.
Para produtores de frangos e suínos foram demonstradas as tecnologias para o manejo, objetivando, além
do rendimento, o bem estar animal. Na pecuária leiteira, o enfoque principal foi a produção de leite a pasto,
possibilitando uma redução de custos. Já na agricultura,
a importância da utilização do Sistema de Produção C.
Vale para a redução de riscos e a adubação foram destaque e, ao lado da braquiária, como opção de formação
de cobertura do solo, a redução no espaçamento na cultura do milho, tecnologias para as culturas da mandioca
e do eucalipto, opções de manejo de ervas daninhas,
pragas e doenças para as culturas da soja e do milho,
a aviação agrícola, alimentação saudável, recolhimento
de embalagens de agrotóxicos, transgenia e mercado
agropecuário”, disse Pellizzaro.
NT #6
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ITAIPU RURAL SHOW
CDA 2011
A Cooperativa Regional Itaipu, com matriz no município de Pinhalzinho/SC, transformou os tradicionais dias
de campo sobre milho, em uma escola a céu aberto, que ocupa 18,5 hectares de área própria. é o Itaipu Rural
Show desenvolvido no Centro de Treinamento e Difusão de Tecnologias, localizado no quilômetro 580 da BR
282, em Pinhalzinho (SC).
O Itaipu Rural Show, que este ano ocorreu entre os dias 26 e 29 de janeiro, é uma das formas que a Cooperitaipu utiliza para transferir tecnologias e investir no conhecimento do empresário rural. Com palestras, show,
demonstrações agrícolas e pecuárias e comercialização de produtos, o Itaipu Rural Show é o maior evento de
difusão tecnológica do agronegócio em todo o País, para a pequena e média propriedade rural.
Na feira, os agricultores tiveram a oportunidade de aprender a trabalhar com agricultura familiar – lembrando que no oeste de Santa Catarina a média das propriedades é de 12 a 15 hectares de terra. Em um espaço
pequeno, a diversidade pode ser grande e rentável. E o Itaipu Rural levou isso a cada um deles.
Mais de 42 mil pessoas visitaram o parque ao longo dos quatro dias de feira, atraídas pelas novidades
tecnológicas e tendências do setor agrícola. O evento que é voltado para o pequeno e médio produtor, é considerado o maior e melhor de todo sul do País.
“Os números comprovam mais uma vez o grande sucesso da feira, que foi avaliada como a melhor, desde
a criação do evento, em 1999”, comentou o presidente da Cooperitaipu, Arno Pandolfo.
Aos eventos que ainda virão, Pandolfo espera atender da melhor forma possível, visitantes e expositores.
“Para nós é um desafio realizar a feira, para o empresário rural é um desafio se manter no campo”, enfatiza
Arno, que destaca a importância em inovar sempre.
TECNOESTE
O Tecnoeste já faz parte do calendário de início de ano
dos Produtores Rurais do Oeste Catarinense. uma Feira de
oportunidades, para aprender e aperfeiçoar técnicas agrícolas e agropecuárias, além de disponibilizar as mais novas
tecnologias do setor. Tudo o que há de novo está na programação do Show Tecnológico Rural do Oeste Catarinense.
Adriano Holfdefer, supervisor em suinocultura e coordenador de suinocultura no Tecnoeste, definiu o evento
como “canteiro demonstrativo”. Para ele, os suinocultores podem ver na prática todo o processo de produção,
desde a inseminação artificial até a degustação do produto final. Além disso, os produtores tiveram acesso ao
Seminário de Suinocultura, que trouxe informações atualizadas da área técnica e motivacional.
“A feira é uma oportunidade que o fomentado tem
de buscar informações, conhecer novas tecnologias e
assim, promover o desenvolvimento da suinocultura de
forma eficiente e sustentável, além de preservar o meio
ambiente”, informou Holfdefer.
Vanduir Martini, gerente geral da Copérdia e coordenador do Tecnoeste 2011, também registrou sua impressão sobre o evento. “O Tecnoeste é único. um evento que nasceu
dentro da Copérdia com apoio da Escola Agrotécnica Federal de Concórdia, hoje Instituto Federal Catarinense (IFC). A
feira está baseada em todas as atividades de agropecuária
e do modelo produtivo da nossa região. Leva evolução e
aplicação de tecnologias aos produtores rurais. Estamos
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NT #6
preocupados com o modelo produtivo regional, adequando
às necessidades de mudança e aplicação de tecnologias nas
pequenas propriedades familiares. Esse é o objetivo do Tecnoeste”, salientou Martini.
Flávio Durante, gerente de bovinocultura de leite da Copérdia e coordenador da área de leite no Tecnoeste atesta
que o evento é um local de conhecimento e transferência
de tecnologias para os produtores da região. “No decorrer
dos anos, o evento se caracterizou por muita credibilidade e
confiança dos produtores. Aliado a isso, o Fomento do Leite
fica o ano inteiro atento às novas tecnologias, tendências
e comportamento do mercado, para, durante o Tecnoeste
mostrar o que há de mais moderno e aplicável aos produtores da nossa região. Contamos com a parceria da Nutron
principalmente na parte nutricional do rebanho leiteiro. um
trabalho importante para a cooperativa, produtores de leite
e também à Nutron. Nossa equipe técnica está preparada e
munida de ferramentas para aplicar esse trabalho no campo. Durante o Tecnoeste focamos o manejo de pastagens,
do rebanho quanto à sanidade e qualidade do leite. Estamos
preocupados em produzir leite com a qualidade exigida pelo
mercado e Instrução Normativa 51. Percebemos que, ao
passar pelo Tecnoeste, os produtores aplicam as novidades
e tecnologias na propriedade. Se hoje a bacia leiteira tem
melhorado muito, com certeza o Tecnoeste, equipe técnica
Copérdia e Nutron contribuíram para que isso fosse possível”, finalizou Durante.
Coordenador do CDA 2011, em Chapecó
(SC), Jacques Schvambach avaliou como positivo o evento deste ano. O encontro, que
aconteceu entre os dias 1 e 4 de fevereiro,
com chuva, barro, temperaturas mais amenas
e número de produtores menor que o programado, revelou uma participação muito mais
efetiva daqueles presentes. A Cooperativa
Agroindustrial Alfa realizou a 16ª edição do
CDA - Campo Demonstrativo Alfa.
O tema do evento foi:
“Perceber detalhes? Agir? Colher”.
“A parte mais importante do CDA é a mensagem central que levamos para os associados. Por isso, cada vez mais nos preocupamos
com aquilo que é apresentado. São mais de
300 minipalestras por dia, em que os produtores - agrupados conforme sua atividade principal (Agricultura, Suínos, Leite, Grupo de Jovens e Mulheres) – têm um roteiro mínimo de
visitas (em torno de oito por grupo). Diferente
de outros eventos ou feiras, onde a visitação
é livre, a Alfa faz essa programação para reforçar a eficiência e garantir que o associado
leve para casa algo de novo. O CDA é um dia
que o cooperado tira para se dedicar a aprender o máximo possível”, contou Schvambach.
Para Cládis Jorge Furlanetto, agrônomo e 1º
vice-presidente da Cooperalfa – organizadora do
evento - o destaque maior ficou por conta dos
números agrícolas apresentados, muitas vezes
deixados em segundo plano pelo investidor rural. E ele explica: “uma adubação feita de forma
desequilibrada, vai gerar um prejuízo entre 5 a
10 sacas de soja por hectare, o que extrairia da
receita bruta, R$ 470,00 por hectare. Com esse
dinheiro daria pra comprar 9,4 sacas de adubo
da formulação 02.20.20 de NPk (Nitrogênio,
Fósforo e Potássio)”, informou Furlanetto.
Romeo Bet, presidente da Cooperalfa e
produtor de leite em Planalto Alegre. Ele fez a
seguinte projeção: “Se numa propriedade que
produz a média mensal de 20 mil litros de leite, registrar 700.000 células somáticas (CCS)
e trabalhar para reduzir esse número na casa
das 500.000, aumentará em 1.200 litros por
mês seu ganho, o que dá 14.400 litros a mais
por ano. Observar e cuidar os pormenores da
atividade, é tão ou mais importante, às vezes,
que um novo financiamento”, destacou Bet.
NT #6
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COPAGRIL
O Dia de Campo Copagril, realizado no dias 2 e 3 de
Março, em Marechal Cândido Rondon (PR), tem como objetivo apresentar as novidades do agronegócio. No setor de
máquinas e implementos. O evento apresentou o que há de
mais moderno, além de lançamentos em tratores, pulverizadores e plantadeiras do setor.
Segundo Marcelo Rossato, diretor de marketing da Copagril, todo ano a evolução tecnológica é renovada e apresentada em forma de novidades e avanços no campo experimental e funcional. “Desde quando esta tecnologia iniciou
este processo revolucionário, o agronegócio vem sempre
acompanhando estes avanços, considerando que a ciência
busca evoluir, principalmente na área da biotecnologia, alimentos e sementes. Por este motivo, eventos como o Dia
de Campo são essenciais para que os produtores e profissionais da área – que buscam estar ligados a estes avanços
e à capacidade de aplicá-los em suas propriedades – tenha
acesso ao que existe de melhor em cultivares, adubos, defensivos e máquinas agrícolas”, afirma Rossato.
Durante os dois dias em que aconteceu o Dia de Campo Copagril, edição 2011, os visitantes puderam conferir
o que há de mais avançado no setor do agronegócio e
novidades na área de insumos, defensivos, suplemento
animal, rações, vacinas, cultivares e sementes, pecuária
entre outras atrações.
Com a participação de mais de 100 empresas expositoras, o Dia de Campo se tornou uma grande vitrine para os
produtores e visitantes se atualizarem dentro de cada área,
podendo fazer negócios e aplicar o conhecimento dentro da
propriedade rural. “é sem dúvida uma ótima oportunidade
de conhecermos o que há de novo na agricultura, é sempre
bom estar participando dos dias de campo da cooperativa,
assim como fazemos todos os anos”, comenta a produtora
Norma Gonçalves kreush, de Linha Novo Horizonte, distrito
de Marechal Cândido Rondon.
Nos dois dias do evento, os visitantes puderam conferir
inúmeras atrações e novidades dentro da estação experimental. Para as crianças, as Secretarias de Educação de
Municípios da área de atuação da cooperativa liberaram os
estudantes de algumas escolas, que integram o programa
Cooperjovem, para visitar e conhecer a estrutura do Dia de
Campo.
Para o público feminino, foram desenvolvidas minipalestras coordenadas pela Associação dos Comitês Femininos
da Copagril, a ACFC, em que muitas mulheres participaram
no intuito de aprender e comercializar os produtos que lá estiveram em exposição. “A programação do Dia de Campo foi
pensada na família, para que pudessem se sentir à vontade,
cada um na sua preferência”, comenta o coordenador geral
do Dia de Campo, Enoir Primon.
DIA DE CAMPO 2012
Com o objetivo de estar sempre aprimorando e trazendo um verdadeiro show tecnológico do agronegócio,
os organizadores do evento já projetam a edição 2012
do Dia de Campo Copagril. uma das grandes novidades
será a estação experimental da cooperativa. “A expectativa é de que no ano que vem já estejamos na nova área
e com isso tende-se a ter um espaço maior, levando em
12
NT #6
consideração que a procura por expositores é grande e
com isso se faz necessário um lugar mais amplo e confortável, tanto para empresas parceiras, quanto para o
visitante”, conclui Enoir Primon.
A área nova fica localizada próxima à atual, na PR
491, nas proximidades do aeroporto e tem sua data confirmada para os dias 25 e 26 de Janeiro de 2012.
NOTíCIAS
Por Erica Rabecchi
I SIMPÓSIO INTERNACIONAL
LEITE INTEGRAL
A Revista NT en
enFontrevistou Flávia Fon
tes, editora chefe da
revista Leite Integral
para saber mais do
projeto.
princiNT - Qual o princi
pal objetivo de criar o
primeiro Simpósio Internacional de Leite Integral?
Flávia Fontes: Esse evento faz parte do “Projeto de
Educação Continuada”, desenvolvido pela Revista Leite
Integral há cinco anos e que tem como objetivo principal
levar informação técnica de qualidade para os indivíduos
que trabalham em prol da produção de leite no Brasil.
Promovido pela revista Leite Integral, o
Simpósio trouxe nomes internacionais para
promoção de palestras e ciclos de debate
sobre a produção leiteira
O I Simpósio Internacional de Leite Integral,
ocorrido nos dias 28 e 29 de abril, em Belo Horizonte,
fez uma grande estreia no no mercado de produção
de leite. Em sua primeira edição e organizado pela
revista Leite Integral, o evento trouxe como tema de
discussão: “Criando o Futuro da Produção de Leite” e faz parte do Projeto de Educação Continuada,
desenvolvido pela revista há cinco anos.
Nomes fortes, nacionais e internacionais do meio
acadêmico e produtivo da cadeia do leite estiveram
presentes nas grades de palestras e fóruns que integraram o Simpósio. Dentre eles, destaque para
James k. Drackley (university of Illinois – uSA), Jim
quigley (APC, Inc – uSA), Jud Heinrichs (Penn State
14
NT #6
university – uSA), Guilhermo Berra ( INTA – Instituto
Nacional de Tecnologia Agropecuária – Argentina),
kristy M. Daniels (Ohio State university – uSA), Mark
Hill, PhD (Provimi – uSA), Sarne De Vliegher (Faculty
of Veterinary Medicine - Ghent – Bélgica), Elias Jorge
Facury Filho (Escola de Veterinária da uFMG), Hans
Jan Groenwold (Fazenda FINI, Castro/PR), Juliandro
Ostapechen (Cooperativa Agroindustrial LAR, Medianeira/PR), Maurício Silveira Coelho (Fazenda Santa
Luzia - Passos - MG), Pedro Sérgio Dias Moreira (Fazenda Santa Maria - Menge Gado Holandês - Pouso
Alegre - MG), Ronaldo Braga Reis (Escola de Veterinária da uFMG - Fazenda Vargem Grande - Monsenhor Paulo - MG).
NT - Conte um pouco mais sobre o “Projeto de Educação Continuada” ?
Flávia Fontes: “Educação Continuada” é aquela que
se segue à formação profissional dos indivíduos, visando
a constante atualização dos mesmos com as novas tecnologias disponíveis e capazes de melhorar sua forma
de atuação no mercado de trabalho.
A Revista Leite Integral surgiu para suprir uma lacuna no mercado editorial da pecuária leiteira, que era a
de uma publicação com cunho técnico, que se tornasse
referência para veterinários, zootecnistas, agronômos e
técnicos agrícolas, visando mantê-los em contato permanente com os assuntos de maior relevância no setor.
O outro público-alvo da revista são os produtores de
leite progressistas, que são aqueles capazes de utilizar
as tecnologias disponíveis para melhorar a eficiência
produtiva de seus rebanhos. Esse é o nosso “projeto de
educação continuada”, que está em constante inovação,
visando atender sempre às necessidades e expectativas
de nossos leitores e clientes.
NT - Qual foi o público deste evento, com quem o
Simpósio falou diretamente?
Flávia Fontes: O evento contou com 860 inscritos, sendo a maioria técnicos e produtores de leite progressistas,
que também são o público-alvo da Revista Leite Integral.
NT - Como chegaram à escolha do tema “Criando o
futuro da Produção de Leite” ?
Flávia Fontes: Nosso objetivo era que o evento tivesse um formato inédito no Brasil e que fosse focado em
um tema de grande relevância. A criação de bezerras e
novilhas, apesar da sua importância dentro dos sistemas de produção de leite, quase nunca é abordada em
eventos do setor, sendo esse o primeiro simpósio brasileiro específico sobre esse tema. Conseguimos reunir os
maiores nomes nacionais e internacionais relacionados
à criação de gado jovem, abordando os temas mais inovadores e de maior impacto nessa área.
NT - As expectativas com a geração e execução
deste evento foram correspondidas ao que se esperava do Simpósio?
Flávia Fontes: Foram mais de 12 meses de trabalho
árduo, mas o evento superou todas as nossas expectativas, tanto em termos de quantidade como qualidade do público presente, e estamos todos muito felizes
e realizados.
NT - O evento será permanente na agenda do setor, com a edição 2012 já prevista?
Flávia Fontes: Sim. O evento será anual e, em 2012,
deve ser realizado também na última semana de abril.
Manteremos o formato do último, escolhendo um
outro tema de grande impacto para a pecuária leiteira. Mais informações estarão disponíveis em breve no
site do evento: www.simposioleiteintegral.com.br.
NT - Qual a importância de ter patrocinadores
como a Nutron em eventos como este?
Flávio Fontes: O apoio de todas as empresas patrocinadoras foi fundamental, sem o qual esse evento
não seria realizado. A Nutron foi a primeira empresa a
confirmar sua participação no I Simpósio Internacional Leite Integral, e o apoio dado não se limitou à esfera financeira. Aproveito a oportunidade para agradecer imensamente toda a equipe técnica de bovinos
de leite e de marketing, que colaboraram com ideias
e sugestões que foram fundamentais para o sucesso
do evento.
NT #6
15
NOTíCIAS
Por Erica Rabecchi
RALLY DA
O Rally da Safra é um dos principais eventos
do agronegócio brasileiro. Projeto pioneiro no País,
iniciou-se em 2004 e é o único levantamento de safra técnico privado que vai à campo para avaliar as
condições das lavouras de soja e milho.
A expedição é realizada entre janeiro e março,
durante a fase de desenvolvimento das lavouras e
colheita. O roteiro é escolhido com o objetivo de
percorrer os principais pólos produtores de soja
e milho do Brasil. Para adquirir as informações, a
equipe do Rally da Safra utiliza levantamentos qualitativos e quantitativos, que permitem um contato
direto com produtores e lideranças regionais, possibilitando uma avaliação consistente das lavouras
e das realidades regionais que impactam a cadeia
de soja e milho.
Durante a avaliação quantitativa das lavouras,
diretamente no campo, amostras de soja e milho
16
NT #6
são coletadas e aplica-se uma metodologia de contagem, pesagem e medição de umidade dos grãos
com o objetivo de determinar a produtividade das
lavouras. Testes de identificação de transgenia
(GMO) e medição de cobertura de solo também
são realizados. Por meio da avaliação qualitativa,
diretamente no campo e em encontros com produtores, é possível analisar a ocorrência de pragas e
doenças, a umidade do solo, a qualidade do plantio
e da colheita e condições gerais do uso de tecnologia em insumos e máquinas.
Durante a viagem, avalia-se também a expectativa dos produtores e agentes do setor quanto a
safra de grãos, identificar e avaliar tendências em
investimentos, endividamento, comercialização,
custos de produção, operacionalização das lavouras, infraestrutura de transporte e armazenagem e
meio ambiente.
SAFRA
RALLY DA SAFRA 2011
A oitava edição do evento levou para campo dez equipes que percorreram 55 mil quilômetros,
entre os dias 31 de janeiro e 27 de março. A expedição passou pelos principais pólos agrícolas em 11
estados (RS, PR, SC, MT, MS, BA, MG, GO, MA, PI, TO), que representam 98% da área cultivada de
soja e 80% da área com milho em todo o Brasil. As equipes coletaram cerca de 1,3 mil amostras
de soja e milho e realizaram palestras com os produtores rurais, além de visitas ao Show Rural, em
Cascavel (PR), e à Expodireto, em Não-Me-Toque (RS).
No dia 29 de março foram apresentados os resultados na FIESP – Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (SP). Nesse evento, produtores rurais de destaque foram homenageados.
REALIZAÇÃO E PATROCÍNIO
O Rally da Safra é realizado pela Agroconsult e patrocinado pela Vale, Banco do Brasil, Case IH,
DVA, Monsoy e Fertilizantes Heringer.
Avaliação de lavouras de soja e milho
Visitas e encontros informais com produtores
8 eventos oficiais, com público de 1.800 produtores
3 eventos extras (Expodireto, Brasília, Porto Nacional)
NT #6
17
PRÊMIO PRODUTOR DO ANO COTRIJAL
ROTEiRO
EquipE 1
30/jan a 04/fev
Soja Precoce
Norte e Oeste Mato Grosso
EquipE 2
06/fev a 11/fev
Soja Precoce
Sudoeste GO / Evento em Rio
Verde
EquipE 6
13/mar a 19/mar
Soja Normal e Milho
GO / MG / BA / Evento unaí/MG
EquipE 7
13/mar a 19/mar
Soja Normal
Sudeste MT / GO / Evento Rondonópolis
EquipE 3
13/fev a 18/fev
Soja Precoce
MS / PR / Evento Cascavel/PR
núMERO DE
AMOSTRAS
REALizADAS
EquipE 4
20/fev a 26/fev
Milho
PR/SC/RS Evento Guarapuava/PR
EquipE 5
26/fev a 03/mar
Soja Normal
Norte e Oeste MT
EquipE 8
13/mar a 18/mar
Soja Normal
SC / RS / PR - Evento Passo
Fundo/RS
EquipE 9
21/mar a 27/mar
Soja Normal
MA / PI / TO Evento LEM/BA e
Balsas/MA
EquipE 10
20/mar a 25/mar
Soja Normal
MS / PR
Soja 1.150
Milho Verão 277
TOTAL 1.427
MiLHO - DESTAquES
pOSiTiVOS BRASiL
Novo patamar de tecnologia
Material genético superior
Rápida adesão à transgenia
Investimento em fertilidade do solo
Clima favorável
BRASiL – DESAfiOS DO
AgROnEgóciO
DESAfiOS DOS pRODuTORES
Profissionalizar as empresas
produtoras de grãos sob a ótica
das boas práticas de governança e
comercialização
Expandir a cultura do hedge e
comercialização antecipada das
safras
Aumentar o nível de armazenagem
de grãos em nível de fazenda
Intensificar investimentos em
máquinas
DESAfiOS DO SETOR
questão Ambiental (Reforma do
Código Florestal)
Ordenamento do passado (CRA –
Cota de Reserva Ambiental)
Novas regras
Moratória
Melhorar a Logística de
Escoamento da Produção (o mesmo
de sempre!)
Reduzir a dependência de
importação de matéria-prima para
fertilizantes
Reduzir o custo de capital para
custeio e investimento agrícola
(IAGRO/BBM)
Desenvolver uma estratégia de
comunicação com a sociedade
(Movimento Agro)
18
NT #6
Cotrijal - Cooperativa Agropecuária e Industrial
A história da Cotrijal Cooperativa Agropecuária e Industrial começou a ser construída há mais de 53 anos,
quando 11 agricultores da Associação Rural de Não-MeToque, do Rio Grande do Sul fundaram a cooperativa,
com intuito de melhorar as condições de comercialização,
armazenagem, escala de negócios e competitividade no
mercado, especialmente na produção de trigo, principal
cultura da época.
Direcionada ao agronegócio de alimentos, a Cotrijal
está presente em 14 municípios do Planalto Médio Gaúcho e Alto Jacuí e sob o comando do presidente Nei César
Mânica, desde 1995 Continua a focar no produtor, proporcionando acesso à informação, à tecnologia e ações de
desenvolvimento sustentável. Além da atividade de grãos,
a Cotrijal também atua nas áreas de produção leiteira, suinocultura, loja de insumos e supermercados.
Atualmente, conta com 5.184 associados e recebe em
torno de 860.000 toneladas de grãos/ano, entre soja, milho, trigo e cevada, seus principais produtos. O sistema de
produção é 100% baseado no plantio direto e seu corpo
técnico conta com 40 engenheiros agrônomos em campo para prestar consultoria aos associados.
ALgunS núMEROS inTERESSAnTES:
A área de soja de seus associados é de 160.000 ha.
Produtividade média 2009/2010: 3.300 kg/ha
Produtividade para esta safra: 3.600 kg/ha
A área de milho de seus associados é de 40.000 ha
Produtividade média 2009/2010: 10.320 kg/ha
Produtividade para esta safra: 11.100 kg/ha
Este prêmio é uma forma de homenagear os produtores do Rio Grande do Sul. Estado que colhe este ano
sua melhor safra, com produtividades recordes. Para se
ter uma ideia, em dez anos, a produção de soja aumentou
cerca de 3 milhões de toneladas e o consumo de fertilizantes cresceu cerca de 1,4 milhão.
PRÊMIO GESTÃO DA PROPRIEDADE
AGRÍCOLA - CARLOS ALBERTO
POLATO - FAZENDA SÃO CAETANO
O paranaense Carlos Alberto Polato chegou a Primavera do Leste em 1983, aos 18 anos de idade, recém-casado e disposto a iniciar a vida em uma propriedade com
1000 hectares. Hoje, com a família ampliada e três filhos
adultos, Polato possui 18.700 hectares plantados e é um
exemplo de controle na gestão da Fazenda São Caetano,
sempre em busca de modernizar o negócio e melhorar a
produtividade.
São 5 mil hectares de soja, 11.500 hectares de algodão
e 2.200 hectares de feijão em área de pivô. Polato obteve
produtividade nessa safra de 61,8 sacas de soja por hectare e na safra anterior, 117 arrobas de pluma por hectare.
Ao longo dos anos, o empresário aperfeiçoou sua
administração, contou com assessoria de terceiros e trabalhou no desenvolvimento de um programa específico
para gestão da propriedade. Essa ferramenta importante
permite o gerenciamento de toda a área. Mas muito além
da modernidade, está a experiência e a qualificação de
uma equipe de colaboradores com mais de 15 anos de
atividades na fazenda. Com um total de 310 funcionários,
Polato conta com o comprometimento da equipe para
atingir seus objetivos.
PRÊMIO EXCELÊNCIA AGRONÔMICA
HEINZ KUDIESS - AURORA SÉRIOS
SEMENTES
Neto de alemães que saíram da Europa na Segunda
Guerra Mundial e se instalaram inicialmente em Santa Catarina e depois no Rio Grande do Sul, Heinz kudiess deixou o Sul para encontrar no oeste da Bahia, há 20 anos,
um cenário de pouca tecnologia e solo pobre.
Correntina foi a região propícia para ele construir a
Aurora Sérios Sementes, empresa que cresceu com as
raízes fincadas no esforço de oferecer aos produtores sementes de qualidade, com mais rentabilidade.
A busca constante por tecnologia foi decisiva para a expansão da empresa que concentra seus esforços no desenvolvimento de boas práticas de manejo agronômico. Para
garantir a sanidade das lavouras, a empresa pratica um
conjunto de medidas que possibilitam um melhor desenvolvimento das lavouras. Entre elas estão a rotação de cultura,
o manejo de palhadas, tendo como base as gramíneas para
NT #6
19
proteção do solo e qualificação do sistema de plantio direto,
o controle biológico, o monitoramento constante de pragas
e doenças, o controle cultural de espaçamento e população
explorando o máximo de cada cultivar e a genética com
materiais menos suscetíveis a doenças.
Uma equipe altamente qualificada e focada na excelência da qualidade atende aos produtores do Mato Grosso, Bahia, Piauí, Tocantins, Maranhão e Pará e realiza testes em todas as microrregiões de plantio, preocupando-se
sempre com a melhora da produtividade. Atende ainda
aos produtores de todo o País em busca de tecnologias.
PRÊMIO PRODUTIVIDADE - GRANJA
ALMERI RHEINHEIMER E FILHAS
Esse foi um ano totalmente surpreendente para
as proprietárias da Granja Almeri Rheinheimer, localizada a 500 metros de altitude em Chapada, na região
norte do Rio Grande do Sul. Em sua 11ª safra, a granja, que possui 510 hectares cultivados, registrou uma
produtividade ímpar: a safra de milho está concluída e
alcançou uma produtividade de 13.200 kg/ha. A safra
de soja, ainda em andamento, apresenta talhões que
chegam a 4860 kg/ha.
A família Rheinheimer, que assumiu a granja há 13
anos, comemora os resultados da dedicação ao negócio e do investimento em conhecimento técnico, novas
tecnologias, agricultura de precisão e manejo adequado, que, somados ao clima propício possibilitou atingir
esses índices.
Dirigida por Luciane, engenheira agrônoma e filha
de Almeri, a propriedade conta com 410 hectares de
soja e 100 hectares de milho, além de trigo e aveia.
Conhecedora da área e com domínio completo do ne-
20
NT #6
gócio, a agrônoma coloca toda sua base técnica à serviço da granja. Porém, o que considera fundamental
para obter resultados tão significativos é a dedicação
ao campo e a vontade de produzir mais e melhor, que
herdou de seu pai.
PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO DO
AGRONEGÓCIO
Com o objetivo de atrair a atenção da opinião pública para o setor, foi anunciado durante o Agrishow
2011 - 18ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em
Ação, realizado em Ribeirão Preto - SP, o Programa de
Comunicação do Agronegócio.
Encabeçado pela Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), o objetivo é melhorar a imagem do
segmento produtivo junto à população dos grandes
centros urbanos e valorizar a atividade agropecuária, fazendo uma relação entre a produção e o dia a
dia das pessoas.
um conjunto de entidades e empresas ligadas ao
Conselho Superior do Agronegócio da FIESP colocará em prática um plano de comunicação e marketing.
Subsidiado por empresas ligadas ao setor, o Programa
Nacional de Comunicação vai mostrar a importância do
agronegócio para o cidadão urbano por meio de peças
publicitárias veiculadas na internet, na TV, no rádio, entre outros canais de comunicação.
O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues,
que atualmente coordena o Conselho Superior de
Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV), foi
o responsável por comunicar o lançamento oficial do
Programa.
NOTíCIAS
Por Erica Rabecchi
A Alma do Campo
O livro “A Alma do Campo”, idealizado
pela Nutron, tem seu lançamento oficial na
17ª FEICORTE, com coquetel no dia 16 de junho, às 18h30, no estande da Nutron.
A Alma do Campo é um registro permanente de duas das maiores fontes de riqueza
do Brasil: a agricultura e o homem do campo. Esta publicação traduz de forma artística
e cultural, imagens que representam a vida
desta figura humana que faz parte do cotidiano brasileiro.
César Machado, experiente fotógrafo e
reconhecido no setor é o responsável pelas
200 imagens registradas em diversos lugares do Brasil.
Este livro é uma obra escolhida para ser arte.
Arte que mostra ao mundo, em especial à terra
brasileira, a beleza, força, magnetismo e importância do campo. A Nutron tem orgulho de ser patrona
deste projeto e de lançar este livro como o primeiro
livro-fotografia que apresenta e conta a história do
produtor brasileiro.
Ao redor do mundo, muitos outros livros poderão surgir, mas no Brasil este é o primeiro que traz
a alma do campo à tona, expondo o que existe de
mais genuíno e original no agronegócio, sobre o
agricultor e a vida do produtor.
22
NT #6
NFT Alliance garantiu
presença no
XII Simpósio Brasil
Sul de Avicultura
Aliança foi
patrocinadora
do coquetel
oficial de
abertura do
evento
Entre os dias 5 e 7 de abril, ocorreu no Centro de
Eventos Plínio Arlindo De Nes, em Chapecó/SC, o xII Simpósio Brasil Sul de Avicultura. No dia 5, às 21h, um coquetel com patrocínio da NFT Alliance – aliança de marketing
cooperativado do agronegócio – marcou o inicio da feira
e contou com representantes da Alliance, da organização
do evento e também do setor de avicultura.
um amplo estande da NFT Alliance recepcionou o público presente e os profissionais do setor durante todo o
Simpósio. Por lá, também estiveram à disposição da imprensa e do público em geral profissionais da Nutron, garantindo também, e como sempre, excelentes performances da companhia nos eventos e feiras em que participa.
O xII Simpósio Brasil Sul de Avicultura se consolida
com um dos maiores fóruns de discussão das novas tecnologias em nutrição, saúde animal, bem-estar, manejo
e ambiência. O encontro coloca Chapecó no centro das
atenções da avicultura mundial, uma vez que reúne as
principais lideranças do setor e consolida a cidade como
um importante pólo de decisões da produção animal.
De acordo com Luciano Mecchi Alves, Gerente de Negócios Avicultura – Sul, da Nutron Alimentos Ltda, este é um dos
maiores e mais importante evento técnico do sul do País.
es
“Foi uma grande oportunidade para nós da Nutron estar presente no SBSA. Compartilhamos momentos importantes, formais e informais, com os principais decisores da
avicultura brasileira. A grande maioria já é cliente de nossos
produtos e serviços. Além disso, nosso foco ficou direcionado para a busca de atualização e capacitação técnica dos
colegas que estiveram presentes no evento”, disse Alves.
“Como um dos valores da Intervet é a disseminação
do conhecimento técnico como base na sustentabilidade
econômica dos nossos clientes e de toda cadeia, uma das
formas de contribuirmos foi trazendo o que há de melhor
em termos de conhecimento científico para partilhar em um
evento como este.
Contamos com a presença de importantes nomes da
avicultura internacional. Além disso, participamos do evento em conjunto com a NFT. Nutron, Intervet e Serrana são
parceiros master, e nosso objetivo é o trabalho de marketing
e a disseminação do conhecimento aplicado. Espero cada
vez mais realizar e estimular ações como esta, no sentido
de promover a cadeia como um todo”, declara Rudy Claure,
diretor da unidade de avicultura da Intervet.
NT #6
23
Maurício Palma Nogueira
é engenheiro agrônomo, diretor da Bigma
Consultoria.
MERCADO
PASSOS
PARA O
FUTURO!
24
NT #6
Sob qualquer ótica que seja analisada, as perspectivas
para a agropecuária brasileira são encorajadoras. Projeções de todos os institutos de estatísticas indicam cenários extremamente favoráveis para o agro brasileiro.
A população mundial crescendo, em regiões onde a
qualidade de vida também melhora, cria uma demanda
que só o potencial brasileiro pode atender com competência. O resultado é a ampliação da participação nacional
nos mercados agropecuários de produtos alimentícios,
tanto de origem animal como vegetal.
A mesma coisa pode se dizer para a produção de agro
energia. O desenvolvimento de diversos países, até então
marginalizados, assim como o próprio crescimento da população, impulsiona a demanda energética. E com essa
demanda intensifica-se também a necessidade de alternativas para o uso de energia limpa e renovável, ampliando as perspectivas para o setor canavieiro.
A necessidade de investimento em estruturas e o
aumento das pressões ambientais em todo o mundo
também deverão incrementar a demanda por produtos
agroflorestais, setor em que o potencial brasileiro é incontestável.
E por incrível que pareça, o Brasil também é forte na
proteção ambiental, algo que pode ser usado para capitalizar ainda mais a agropecuária nacional. Mais de 60%
do território brasileiro é reserva florestal intacta, o que
torna o país detentor de 28,3% de todas as florestas do
mundo.
NT #6
25
E ainda assim, com toda essa vegetação, o Brasil
consolida-se como nação de grande importância agropecuária para todo o globo.
E as vantagens competitivas do produtor são ainda mais animadoras. Em 2011 os resultados do Rally
da Safra, expedição organizada pela Agroconsult nas
principais regiões do Brasil, identificaram que quase 1/3
das plantações de soja no Brasil estavam com produtividade acima de 60 sacos por hectare. E do total 11,9%
produziriam mais de 70 sacos/ha.
E o milho não ficava atrás. Nas lavouras analisadas,
a produtividade passaria dos 150 sacos por hectare em
17,4% delas, para o milho de safra. E 2,2% dos produtores de milho produziriam acima da surpreendente
marca dos 200 sacos/ha.
Os ganhos de produtividade e os casos de sucessos
empresariais são semelhantes na pecuária. O Brasil já
fincou bandeira, ocupando seu espaço cada vez maior,
na produção de carnes suína, de aves e bovina. Tudo
indica que o leite, embora em passos mais lentos, siga o
mesmo destino de sucesso.
Depende apenas dos brasileiros
Outra vantagem em terras brasileiras é a percepção geral de que há um rejuvenescimento dos profissionais ligados às atividades agrárias. Ao contrário do
que ocorre nas demais regiões do mundo, os jovens
de ambos os sexos têm cada vez mais se interessado
por profissões relacionadas à produção rural.
Essa constatação é de grande importância qualitativa e quantitativa. Ao mesmo tempo que ocorre
a renovação profissional, há também um choque administrativo natural do confronto entre gerações nas
decisões das empresas.
A ousadia do jovem, unida ao conhecimento dos
mais experientes, permite saltos tecnológicos cada
vez mais desafiadores. Mesmo já sendo extremamente competitiva, a agropecuária brasileira ainda
avançará muito mais, assumindo a sua obrigação em
atender a demanda crescente.
O futuro é um sucesso a ser consolidado nos
próximos anos. Mas, para chegar lá é preciso passar
por alguns desafios mais imediatos e que podem
atravanca, ou até comprometer todas estas perspectivas.
No curto prazo, o maior desafio para o setor é
relacionado à imagem. O grande inimigo do agronegócio brasileiro é baixa capacidade comunicativa,
o que torna o setor vítima de preconceito e alvo de
propaganda quase que religiosa contra suas ações.
uma verdadeira caça às bruxas.
26
NT #6
Parece exagero, mas não é. Com a sociedade
mal informada, há maior dificuldade de estabelecer políticas públicas favoráveis, como investimentos estruturais, linhas de créditos, seguros agrícolas, etc. Nem mesmo a segurança é garantida para
quem está no campo.
O maior exemplo disso é discussão em torno
das alterações no Código Florestal, cujo texto é
arcaico, ineficaz e criminaliza a maior parte dos
produtores rurais.
A sociedade, por meio de seus formadores de
opinião, ainda acredita naquele campo do passado,
em que os grandes são latifundiários mal intencionados e exploradores, enquanto os pequenos personificam a imagem do Jeca Tatu, um ignorante e
preguiçoso.
Enquanto o agro bate recorde atrás de recorde
nas exportações, e na garantia do saldo positivo do
Brasil nas relações comerciais, nos meios urbanos
ainda se prega que exportar produtos agropecuários é um retrocesso para o País. Fala-se ainda em
baixo valor agregado das commodities agrícolas.
No entanto, para cada tonelada de carne, frutas,
grãos, açúcar, álcool, café, suco ou qualquer outro
produto exportado pelo Brasil, há uma enormidade
de valores criados e agregados ao longo da cadeia.
Seja nos empregos, na indústria de máquinas
e de insumos, infraestrutura, informática, impostos, na indústria transformadora, no transporte,
etc, sempre ocorre criação de valor quando uma
venda é acionada.
Os produtos agropecuários brasileiros são produzidos com a maior tecnologia rural disponível no
mundo. é a tecnologia mais limpa e a mais otimizada do ponto de vista de uso dos recursos: energia,
solo, água e luminosidade.
Não há no mundo todo tecnologia que se compara à brasileira e este e é o nosso maior valor
agregado. Em nenhum outro setor da economia
fomos tão capazes de nos distanciar tanto dos
nossos concorrentes.
Mudar a imagem do agronegócio brasileiro é
o grande desafio do curto prazo, mais especificamente nos próximos meses.
Todas as cadeias envolvidas na produção de
alimentos precisam se comunicar de maneira mais
eficiente, com o objetivo de mudar a imagem do
setor produtivo de modo a capitalizar as conquistas obtidas nos últimos anos.
Comunicação e imagem. Sem dúvida será uma
das agendas mais importante do segundo semestre de 2011.
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NT #6
shaping tomorrow’s nutrition
27
GESTãO
EMPRESA RURAL
FAMILIAR
GESTÃO E SUCESSÃO
COMO AGIR?
28
NT #6
Gustavo de Lima Lemos
é Engenheiro Agrônomo, pós graduado em Marketing, Gestão
empresarial e Agronegócios, diretor e sócio proprietário da
empresa SAFRAS & CIFRAS, Produtor Rural.
Falar em gestão e sucessão na empresa rural familiar
tornou-se obrigatório para o crescimento do setor, pois,
se os mesmos sempre foram os propulsores do êxito dos
negócios no campo, tornaram-se fundamentais para o sucesso no século xxI.
Em gestão se ouve falar há algum tempo, já ocupa lugar na mídia faz tempo, o conceito não nos é estranho.
De forma simplista pode-se dizer que gestão é o processo
de administrar o negócio orientado por um conjunto de
princípios, valores e estratégias que permitam planejar,
executar e gerir os recursos da empresa (capital, humano,
meio ambiente, hídrico, etc) de forma a alcançar o melhor
resultado possível. Já a sucessão familiar é relativamente nova (para o setor rural), mas não menos importante.
trata-se de preparar a mudança no comando da empresa
de forma que não ocorram choques de gerações e nem
dentro de gerações. Com a sucessão familiar programada
e previamente preparada, o que se busca é a não interrupção do andamento da sociedade com o desaparecimento do fundador e a preparação daqueles que irão assumir
a empresa.
Estar e manter-se no campo neste século exige uma
melhoria constante e aprendizado permanente, isto é
consequência do grau de complexidade que atinge o setor. Atualmente, um empresário rural necessita atender
as mais diversas áreas com a máxima eficiência, da produção à comercialização, passando por todos os aspectos
burocráticos do dia a dia. Tem hoje que acostumar-se a
“gastar” muita energia em tarefas cujos resultados podem parecer pequenos e, em muitos casos, levam tempos
para aparecer. Esta é a grande diferença da forma antiga
de agir na gestão, em que pequenas ações representavam
grandes ganhos, e a atual, na qual as margens de atuação
são bem mais estreitas.
Se está, portanto, em uma era de pensamento estratégico e complexo, em que fazer a gestão do agronegócio tornou-se uma atividade permanente, e somente se
obtém resultados positivos com a soma de várias ações
que isoladamente não aparentam tanta importância. Em
outras palavras, ter a melhor produtividade talvez não
seja o suficiente, tem que somar a isto o melhor controle
de custos, a melhor equipe, a melhor administração tributária, enfim, uma série de outros fatores que influirão no
resultado.
Além de todos os aspectos envolvidos na gestão da
empresa, existe um que coloca todos os anteriores em
”check”: sucessão familiar. Se não for preparada, planejada e executada de forma estruturada, poderá determinar
a destruição de tudo aquilo que foi construído durante o
período de uma vida. Poucas empresas resistem incólumes a brigas e disputas familiares. quando o assunto é
sucessão familiar, inúmeros são os aspectos a serem abordados e infinitas são as variáveis cabíveis.
Então, se este é o cenário, o que fazer? A resposta é
absolutamente simples: comece a tratar do tema hoje.
Certamente não existe “receita” pronta, por mais
óbvio que pareça, cada caso é um caso. Faça o seguinte
teste (respondendo as questões abaixo): O que era minha
empresa há 15 ou 20 anos atrás? Como resolvia os problemas? Como planejava o futuro? O que é minha empresa
hoje? Como resolvo os problemas? O que planejo para o
futuro?
Provavelmente nas respostas às perguntas relativas
ao passado apareceram muitas vezes as palavras “eu”,
“eu determinava”, “eu plantava”, “eu ganhava”, etc. Muitas trarão a sensação de missão cumprida, de satisfação
pelo objetivo alcançado. Já aquelas relativas ao presente
e, principalmente, ao futuro trarão temas relativos à família: “quanto tempo passou, os filhos cresceram, os netos
chegaram”. A vida traz questões que até pouco tempo
podiam ser tratadas e resolvidas debaixo de um só teto
e hoje não mais, pois há vários núcleos familiares envolvidos, com demandas diferentes, sentimentos diferentes,
enfim, pessoas distintas.
Então, neste encontro de inúmeros caminhos, vem
a pergunta de como agir, e a resposta passa por reeducação no caso daqueles que não começaram quando era
um único teto.
O objetivo da reeducação é preparar a sociedade para
usar o “nós”. Este é o desafio. Trabalhar ouvindo mais do
que falar. Respeitando limites e regras, e, principalmente,
aprendendo a trabalhar para o bem comum da empresa,
porque na essência, sucessão familiar é um processo em
constante mutação e não um ato único.
O que se percebe é que hoje uma boa gestão deve ser
acompanhada por um processo de sucessão. Se complementam. é verdade que não são garantia absoluta de sucesso, mas aumentam muito sua chance.
NT #6
29
BOVINOS DE CORTE
CONTROLE
ESTRATÉGICO EVITA
PERDAS
Tiago Arantes
é médico veterinário e gerente de Produtos da Linha Gado de
Corte da Intervet/Schering-Plough Animal Health
Cada etapa do manejo deve ser caracterizada
como crucial para o desenvolvimento de uma fazenda. Além da vacina contra a febre aftosa, na
lista dos cuidados básicos devem estar o controle
de helmintos e a imunização contra clostridioses.
Não há dados oficiais que quantifiquem as perdas
econômicas ocasionadas pelos parasitas, mas
sabe-se que em saúde animal elas são uma das
principais causas do baixo desempenho na gestão pecuária.
A dificuldade em medi-las está no fato de que
o controle estratégico da verminose deve ser
preventivo, e seus efeitos somente são notados
a médio e longo prazos. A falta de informações
pode levar a procedimentos errados e perda do
investimento. Algumas propriedades fazem uso
de medicamentos de forma inadequada, aplicados em categorias de animais inapropriadas e em
épocas incorretas.
A dificuldade em medi-las está no fato de que
o controle estratégico da verminose deve ser
preventivo, e seus efeitos somente são notados
a médio e longo prazos. A falta de informações
pode levar a procedimentos errados e perda do
investimento. Algumas propriedades fazem uso
de medicamentos de forma inadequada, aplicados em categorias de animais inapropriadas e em
épocas incorretas.
Época certa para o controle
Endoparasitas são as principais
causas de baixo desempenho e
perda de peso do rebanho
30
NT #6
O controle da verminose deve ser feito em
duas etapas: nas pastagens, eliminando as formas
infectantes; e no animal, com o uso de fármacos
que possibilitem corrigir o problema, de preferência no período seco do ano, quando os vermes estão presentes nos animais e as larvas encontram
condições adversas para sobreviver nas pastagens. “Esse controle é preconizado pela Embrapa, mas muitos criadores aproveitam a época da
vacinação para administrar o antihelmíntico e otimizar o manejo”, diz Fernando Almeida Borges,
da universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(uFMS). Os endoparasitas causam efeitos deletérios no ganho de peso, na conversão alimentar,
na produção leiteira, no desempenho reprodutivo, na qualidade de carcaça e no sistema imune.
“Há estudos que estimam que a mortalidade de
bezerros varie entre 10% e 30%”, avalia Borges.
Os efeitos dos vermes podem ser os mais variados e dependem do grau de infestação, condições
climáticas, solo, vegetação, raça, idade e tipo de
pastagem.
Aplicações contínuas
O Centro Nacional de Pesquisa de Gado de
Corte, CNPGC/Embrapa, de Campo Grande, MS,
preconiza que os vermífugos sejam aplicados em
todas as etapas da vida do animal. Nos animais
a partir da desmama – momento no qual as verminoses causam maiores prejuízos –, a vermifugação deve englobar todo o período seco, com
dosificações nos meses de maio, julho
e setembro. A primeira aplicação tem como
objetivo diminuir a carga parasitária adquirida no
período chuvoso; a segunda, eliminar os vermes
que resistiram à primeira aplicação; e a terceira,
combater os parasitas resistentes às outras duas
intervenções, diminuindo o risco de contaminação
das pastagens. Para bois de engorda, o estudo
recomenda a utilização de antiparasitários nos
meses de outubro e novembro, período em que
essa categoria estará nas pastagens vedadas. No
caso das vacas, a vermifugação deve ser feita anteriormente ao pico de parição, visando menores
riscos de infecção dos bezerros até o desmame.
Mas as opiniões variam. Para o professor Fernando Borges, animais com até 24 meses merecem
atenção redobrada no controle de parasitas, pois
é até essa idade que se dão as grandes perdas.
Caso se destinem ao abate, não estarão prontos;
se vão à reprodução, estão sem condições de integrarem o ciclo de manejo.
NT #6
31
Tiago Arantes
é médico veterinário e gerente de Produtos da
Linha Gado de Corte da Intervet/Schering-Plough
Animal Health
BOVINOS DE CORTE
COMO EVITAR PERDAS E
BUSCAR RENTABILIDADE
NOS MESES DE SECA
Atuar na prevenção é mais
rentável para o produtor
32
NT #6
O mês de maio, em grande parte do Brasil, marca
o início da época seca do ano que, normalmente, se
estende até outubro ou novembro. Assim, até acabar
este período, o pecuarista precisa estar preparado e
providenciar reserva alimentar para seu rebanho.
Como nesse período as chuvas são escassas, a
qualidade do pasto fique comprometida, obrigando
o criador a usar alternativas estratégicas para que
os animais mantenham ou até ganhem peso durante
a seca.
A suplementação aliada ao consumo de pastos
vedados (mesmo que secos) e o confinamento são
uma alternativas utilizadas para se maximizar os
ganhos, porém uma ponta de preocupação se faz
latente neste momento uma vez que as commodities
– matéria prima das rações como soja e milho – estão
com alta valorização no mercado internacional.
Sair desta saia justa para que o produtor
consiga evitar perdas e ainda buscar rentabilidade
na entressafra, é tarefa que exige pensamento
estratégico e a escolha dos melhores caminhos.
quando o pecuarista não se preparou durante a
estação chuvosa para enfrentar a seca, nem sempre
é possível implementar as estratégias sugeridas por
especialistas. Em situações emergenciais, se faz
necessário adotar medidas que garantam da melhor
maneira possível a manutenção dos lucros da
atividade. quando a taxa de lotação da fazenda está
acima do ideal para o período seco, uma alternativa,
pode ser vender parte do rebanho ainda no final
das águas, capitalizando e investindo o dinheiro em
condições alimentares para os animais restantes.
Essa tomada de decisão deve ser seguida de
planejamento e cautela, para que o criador otimize
todo seu investimento e obtenha retorno sobre o
capital investido em prazo satsifatório.
Outra sugestão e fator determinante neste
período é implementar um controle parasitário
estratégico para que os animais possam estar livres
de parasitas durante esse desafiador período. Atuar
na prevenção é muito mais rentável e prático, do
que computar as perdas de um controle ruim de
parasitas e de mortes por doenças que poderiam ser
prevenidas por vacinas.
Além dos cuidados e sugestões para passar pela
entressafra sem perdas, buscar a rentabilidade exige
também alguns cuidados e atenção do produtor.
Para efetivamente ganhar dinheiro neste período, o
pecuarista deve fazer um acompanhamento e análise
sistemática do mercado futuro (preço do boi gordo),
do valor do boi magro no momento atual e de custos
de dieta para engorda.
Estes períodos são excelentes para aprendizado,
mas também para que o produtor brasileiro comece
a se preocupar em melhorar o seu rendimento. A
maioria dos produtores tenta se preparar para o
período seco, nem sempre conseguem o resultado
que almejam, mas com a difusão da informação, com
o emprego de técnicas que otimizam ganhos mesmo
nos períodos secos e com a atratividade financeira
da atividade atualmente, observa-se um considerável
aumento na utilização de produtos, técnicas e
serviços para otimizar os ganhos da atividade.
FIQUE ATENTO
• É MUITO IMPORTANTE QUE OS ANIMAIS
ENTREM NO PERíODO SECO DO ANO IMuNIzADOS
E LIVRES DE PARASITAS. A BAIxA OFERTA DE
ALIMENTOS E O CLIMA SECO DEIxAM OS ANIMAIS
MAIS VuLNERáVEIS AOS PARASITAS E A VáRIAS
DOENçAS
• A SANIDADE REPRESENTA MENOS DE 5% DOS
CuSTOS DE PRODuçãO PECuáRIA E PODE SER uM
DOS FATORES DECISIVOS PARA O SuCESSO DA
ATIVIDADE
• ANIMAIS COM UM BOM PROGRAMA SANITÁRIO
PODEM ExPRESSAR TODO O POTENCIAL
PRODuTIVO quE TRAzEM EM SEu DNA.
NT #6
33
João Danilo
é Médico Veterinário, mestre em Fisiologia Animal
e Coordenador Técnico-Comercial de Bovinos de Corte da Nutron Alimentos
BOVINOS DE CORTE
FEED MANAGER
levantamento de dados
e gerenciamento do
confinamento
O controle e gerenciamento de confinamentos é parte de um processo fundamental
dentro da cadeia de produção de carne bovina.
Ter ferramentas e programas especiais é mais
do que necessário para o controle detalhado e
para a maximização da atividade, é artigo mandatório. O FEED MANAGER da Nutron merece
destaque. é um software com mais de sete
anos de desenvolvimento e presente no mercado para o gerenciamento de confinamentos,
permitindo avaliar, controlar e definir várias
atividades diárias de manejos, principalmente
as relacionadas ao programa nutricional estabelecido. Além disso, após o abate é possível
realizar avaliações detalhadas de cada lote,
tanto para parâmetros zootécnicos como financeiros.
Na metodologia do FEED MANAGER, diariamente são avaliados alguns parâmetros e
estes são lançados, processados e controlados
no software, seguindo o manejo nutricional
predefinido.
ENTRADA DE ANIMAIS: todos os bovinos
são devidamente cadastrados e de forma criteriosa, para os parâmetros necessários às atividades diárias e sua posterior avaliação. Estes
34
NT #6
são introduzidos no confinamento em piquetes (currais de engorda) na forma de lotes, seguindo os critérios adotados pela
propriedade.
LEITuRA DE COCHO: atividade que consiste em analisar
a quantidade de sobras de dietas nos cochos antes da realização do primeiro trato do dia, que normalmente ocorre por
volta das sete horas da manhã. As notas seguem um “escore
de cocho”, onde cada uma delas indica possíveis ajustes na
programação da quantidade de dietas a ser ofertado por piquetes ao longo do dia.
LEITURA DE COCHO - SUGESTÃO
Nota (0) – Cocho vazio ou com presença esporádica de material não
comestível
Nota (1) – Cocho com pouca sobra. Fundo facilmente visível. Desejável
Nota (2) – Sobra. Não é possível visualizar o fundo do cocho
Nota (3) – Sobra. Praticamente 1/3 do cocho possui dieta
Nota (4) – Dieta intocada. Aproximadamente um trato está presente
no cocho.
Ajuste:
Nota (0) – Aumentar 5% da IMS do trato do dia anterior
Nota (1) – Manter o fornecimento do trato anterior
Nota (2) – Reduzir 5% da IMS do trato do dia anterior
Nota (3) – Reduzir 10% da IMS do trato do dia anterior
Nota (4) – Reduzir 20% da IMS do trato do dia anterior
PREVISãO DOS TRATOS: após as notas serem
processadas no FEED MANAGER a programação
de trato é definida e os formulários com as informações, contendo as quantidades previstas de dietas a serem distribuídas, são emitidos e entregues
aos funcionários responsáveis pela distribuição dos
tratos, que normalmente são chamados tratadores.
REALIzAçãO DOS TRATOS: na distribuição das
dietas, os tratadores anotam a quantidade real que
foi ofertada por curral. Estes dados retornam ao
escritório para serem lançados, processados e checados no FEED MANAGER. A quantidade realizada
precisa ser a mais próxima possível da prevista e
esta atividade é monitorada por meio de relatórios
de eficiência, que são fundamentais para garantir o
bom andamento do manejo nutricional contribuindo para o bom desempenho e melhor eficiência dos
animais.
FABRICAçãO DAS DIETAS: para garantir que as
dietas sejam produzidas de acordo com as formulações definidas e ainda que os custos e gastos dos
insumos fiquem precisos, realiza-se o monitoramento da quantidade utilizada de cada um dos ingredientes que compõem a dieta e estas quantidades
são lançadas e processadas no programa, ou seja,
teremos mais segurança de que as formulações
serão seguidas - conforme definidas - e evitar problemas de desempenho causados por erros nutricionais na fabricação das dietas, assegurando que
os custos representem os gastos reais e não simplesmente o que estava previsto pela composição
original das dietas, mesmo que sejam variações
mínimas dentro dos limites aceitáveis. Estes parâmetros também são monitorados por relatórios de
eficiência e serão utilizados no controle da qualidade das dietas produzidas, no estoque de insumos e
nos custos diários.
GRáFICOS: o mais utilizado é o de consumo. Indica a quantidade de dieta consumida e pode ser visualizado com informações gerais do confinamento
ou lotes específicos e de acordo com o período desejado. Este gráfico possibilita ainda correlacionar o
consumo de dietas com diversos parâmetros, sejam
os ambientais (pluviosidade, umidade e temperatura) ou eventuais problemas ocorridos, tais como
a quebra de equipamentos, falta de ingredientes,
manejos gerais, entre outros. Durante o período de
adaptação dos animais, esse gráfico é uma importante ferramenta para o monitoramento do comportamento de consumo, já que erros na quantidade de
dieta ofertada poderão ocasionar flutuações de consumo ao longo dos dias e isso pode gerar distúrbios
NT #6
35
RV MONDEL
ruminais, como a acidose, além de problemas de
desempenho e prejuízos na eficiência dos animais.
LOTES ATIVOS: é um dos principais relatórios de
rotina e usados no dia a dia para avaliar o andamento. Neste relatório é possível obter as informações de
consumo de dietas, peso atual estimado dos animais,
data estimada para o abate, custo diário médio.
SAíDA DOS ANIMAIS: os animais podem ser retirados dos lotes ou até mesmo do confinamento de
várias formas, via transferência de lotes ou piquetes,
morte, retorno ao pasto ou principalmente para o
abate que é o grande objetivo. Todas essas atividades precisam ser devidamente registradas e após a
finalização do lote, novos relatórios são gerados para
as avaliações zootécnicas e econômicas.
No FEED MANAGER além das atividades gerais,
os gráficos e os relatórios citados acima, existem
ainda várias ferramentas para o gerenciamento e
controle das atividades. Podemos ainda citar que
são mais de 30 relatórios disponíveis e que, constantemente, novas ferramentas são incorporadas ao
programa, sempre buscando atender às necessidades dos nossos clientes.
Toda coleta de dados só é válida se as informações geradas forem utilizadas para tomada de
decisão. Os relatórios gerenciais produzidos pelo
software funcionam como sólida base para alte-
rações técnicas no manejo e no controle do desempenho financeiro da operação.
Tamanha eficiência do FEED MANAGER permite que qualquer cliente Nutron de bovino de corte
possa utilizar e se beneficiar com suas ferramentas.
No entanto, avaliamos que a melhor utilização do
FEED se dá em propriedades mais tecnificadas, pois
é fundamental a presença de alguns equipamentos,
como os misturadores e/ou distribuidores com balança, além de uma equipe disposta a realizar as atividades diárias e que queiram dados e avaliações
precisas para contribuir nas tomadas de decisões.
Neste período de uso e desenvolvimento constante do FEED MANAGER, a cada ano o número de
clientes e propriedade com essa ferramenta tem aumentado bastante. Em 2009 o software foi utilizado
para controlar cerca de 165 mil animais confinados
e em 2010, ultrapassou os 300 mil. Em 2011 o número deverá crescer ainda mais, pois a quantidade de
clientes Nutron utilizando o FEED será bem superior
aos anos anteriores.
Importante ressaltar que o uso do programa contribui para uma melhor qualificação das informações,
bem como a quantidade de dados que possam ser
usados e avaliados, tanto no dia a dia como após o
abate dos animais, sempre buscando melhorar a viabilidade e rentabilidade.
REDUÇÃO
DE MANEJO.
COMBATE VERMES
RESISTENTES.
NEGÓCIO
RENTÁVEL.
IVERMECTINA + ABAMECTINA
DUPLA COMBINAÇÃO QUE
GERA O MELHOR RESULTADO.
t1PUFOUFFOEFDUPDJEBOPDPOUSPMFEFQBSBTJUBTJOUFSOPTFFYUFSOPT
t&GJDÈDJBEJGFSFODJBEBBUVBBUÏNFTNPOPTQBSBTJUBTNBJTSFTJTUFOUFT
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t'PSNVMBÎÍPNVOEJBMNFOUFJOÏEJUB
t&NCBMBHFOTEFN-N-FMJUSP
4"$XXXJOUFSWFUDPNCS
* Pesquisa Kleffmann referente ao ano de 2009. Solution 3,5% LA classificado com 48% de satisfação “excelente” e 52% de satisfação “bom”, pelos pecuaristas.
36
NT #6
NT #6
37
Rogério Isler
é Médico Veterinário e Gerente de Negócios
Regional de Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.
BOVINOS DE LEITE
Nutrição X
Alimentação
Parte 2
um sistema de alimentação de sucesso pode ser
definido como aquele que entrega a cada vaca a quantidade de nutrientes que ela precisa para atender suas
exigências, o mais economicamente possível. (Michael
Hutjens, 1998).
A fase da lactação e da gestação, junto com a produção de leite e peso corporal do animal, são fatores fisiológicos que definem a quantidade de nutrientes que o
animal precisa para atender suas necessidades nutricionais e atingir o seu potencial produtivo. Fatores ambientais também causam outros desafios que interferem no
status nutricional do animal.
Vários são os desafios encontrados pelo nutricionista
para desenvolver o seu trabalho. Ele precisa entender os
objetivos da fazenda e do produtor, identificar os possíveis
pontos a serem melhorados e que estão impactando na capacidade do rebanho em mostrar seu potencial produtivo,
definir as prioridades em comum acordo com o produtor,
identificar as limitações da fazenda em termos de quantidade e qualidade dos alimentos disponíveis, de instalações,
clima, mão de obra e das características do rebanho.
um bom programa nutricional deve começar com os
cuidados no período seco. As vacas nessa fase não podem estar com excesso de peso, porque tal fator impacta
na ingestão de alimentos, reduzindo a disponibilidade de
energia para o animal.
A estabilidade no consumo de matéria seca e um bom
balanceamento da dieta no pré parto garantem o fornecimento de nutrientes necessários para o animal suportar o
alto desafio metabólico do período de transição.
Essa fase consiste no período de três semanas pré e
três semanas pós parto, e é o período de maior desafio
para a vaca leiteira devido às variações fisiológicas e hormonais, o alto metabolismo, imunossupressão e balanço
energético negativo. Todo esforço para ajudar a vaca a
passar bem essa fase, gera resultados para uma lactação
mais saudável e produtiva.
Depois de uma boa conversa com o produtor, o nutricionista deve levantar informações sobre a produção e
reprodução do rebanho, pois a análise de alguns parâmetros auxiliam na identificação de alguns pontos a serem
trabalhados.
Avaliação da curva de produção de leite
A vaca deve atingir o pico de produção de leite ao redor de 8 a 10 semanas após o parto. Vacas de primeira cria
38
NT #6
devem atingir pico acima de 75% das vacas de terceira ou
mais crias. Por exemplo, se as vacas de mais crias estão
atingindo picos de 40 kg de leite, as primíparas deveriam
estar com pico de 30 kg. Picos abaixo do esperado são indicativos de problemas de manejo e/ou alimentar. Se os
picos estiverem mais altos, provavelmente seja oriundo
de um ganho genético.
Observar o pico de produção das vacas é interessante,
pois a cada litro a mais que se obtém, corresponde em
torno de 200 litros a mais na lactação.
Se as vacas não tiverem atingindo a produção de
leite esperada no pico, é recomendado fazer uma avaliação refinada da dieta. Picos baixos podem significar
falta de proteína na dieta. Se as vacas de primeira e segunda cria não estão apresentando bons picos de produção, este é um indicativo de restrição de espaço na
fase inicial de lactação.
Após o pico, inicia-se a fase de queda na produção,
conhecida como “persistência da lactação”. Nessa fase,
as vacas de primeira cria perdem em torno de 0.2% da
produção de leite ao dia. Já as multíparas têm uma redução maior, em torno de 0.3%. quedas maiores podem
ser resultado de restrição energética. Vacas de alto potencial genético tendem a ter um pico mais alto e uma maior
persistência.
Gráfico 2
Ciclo da lactação
Avaliação dos componentes do leite:
proteína e gordura
A porcentagem de gordura e proteína do leite são
parâmetros que variam entre as raças. A relação de proteína e gordura no leite deve estar próxima de 0.90 para
Pardo-suiço, de 0.85 a 0.88 para Holandês e de 0.80 para
NT #6
39
a Jersey. Valores acima sugerem problema no teste de
gordura e valores abaixo sugerem problema no teste de
proteína. Baixos valores de proteína podem surgir pelo excesso de gordura na dieta, falta de proteína ou de proteína
não degradável no rúmen. Se ocorrer inversão na relação
de proteína e gordura, quer dizer que a porcentagem de
gordura é menor que a porcentagem de proteína. quando
a inversão é maior que 0.4 pontos percentuais, pode ser
um indicativo de acidose.
A gordura do leite é o componente que responde mais
fácil ao balanceamento da dieta: resposta da proteína bem
menor e a lactose é o componente mais difícil de alterar.
Para maximizar a proteína do leite, o balanceamento da
dieta deve visar o crescimento da flora ruminal, porque essas
bactérias são fontes de proteínas e aminoácidos absorvidos
no intestino delgado da vaca. Atenção aos níveis de suplementação de proteína, proteína solúvel, proteína degradável
e não degradável e de carboidratos fermentáveis no rúmen.
A suplementação de gordura pode ser um inibidor do crescimento microbiano no rúmen e afetar a proteína do leite.
Para aumentar a gordura do leite, deve ser maximizado o consumo de forragem. Forragem de alta digestibilidade permite aumentar a participação na dieta. Outro ponto
importante é a efetividade da fibra da dieta. Dietas com
mais fibra efetiva aumentam a ruminação, promovendo
maior aporte de saliva para o rúmen e aumentando o
tamponamento ruminal.
Atenção à taxa de fermentação dos carboidratos utilizados na dieta. Monitorar o nível de fibra e a taxa de fermentação de carboidratos pode ajudar a previnir acidose
ruminal.
Durante o verão deve ser dada atenção à qualidade do
alimento oferecido. O calor inibe o consumo e aumenta a
fermentação do alimento no cocho. Fornecer maior volume
da dieta nas horas mais frescas do dia ajuda no consumo. O
uso de leveduras auxilia na digestão de fibras e os tamponantes compensam a diminuição da produção de saliva.
Gráfico 3
Avaliar o consumo de matéria seca
Aumentar o consumo de matéria seca ajuda a diminuir a incidência de desordens metabólicas e melhorar
os resultados reprodutivos. Há trabalho mostrando que
a menor ingestão de matéria seca antes do parto impacta na ingestão da mesma nas quatro primeiras semanas
pós parto. Também há dados que vacas com grau diferenciado de metrite tiveram menor consumo de matéria
seca antes e depois do parto comparado a vacas saudáveis. E vários trabalhos mostraram atraso ao primeiro
cio e menor resultado de prenhez ao primeiro serviço
em vacas com metrites.
Monitorar o peso corporal das vacas
pós parto
Devido ao baixo consumo de matéria seca e ao aumento da demanda energética logo após o parto, as
vacas ficam em balanço energético negativo, ou seja, a
quantidade de energia ingerida pela vaca não atende a
maior demanda devido à produção de leite. Para compensar, a vaca mobiliza gordura corporal para produzir leite,
levando à perda de peso. O excesso de gordura que chega
ao fígado começa a ser depositado pela capacidade de
metabolização, podendo causar uma série de desordens
metabólicas relacionadas.
O monitoramento do peso corporal serve como informação do balanço energético da vaca. O escore de
condição corporal é um método prático de avaliar essa
alteração.
A vaca deve parir com escore corporal em torno de
3.5. O recomendado é que as vacas não percam mais que
um ponto de escore no início da lactação. Perdas superiores podem levar a problemas com doenças metabólicas e
perdas reprodutivas.
O monitoramento desses parâmetros ajuda na identificação prévia de problemas que podem causar consideráveis perdas econômicas ao produtor.
NT #6
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Escore corporal
Cortesia Elanco
40
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shaping tomorrow’s nutrition
BOVINOS DE LEITE
Recomendações de
Balanceamento NNP
(ureia)
Túnel do tempo. A possibilidade de utilização de ureia para ruminantes foi demonstrada por Loosli
(1949). Estes autores alimentaram ovelhas com dietas purificadas contendo ureia como fonte única de
N e observaram que a massa microbiana produzida, possuía todos os aminoácidos essenciais exigidos
por não ruminantes. Há 45 anos já se sabia do potencial de utilização da ureia. Pesquisas conduzidas nos
anos 60 mostraram que o rúmen é capaz de suprir toda a proteína necessária para a produção de até
4.500 kg de leite/lactação de vacas, recebendo ureia como única fonte de nitrogênio (Virtanen, 1966).
Este autor alimentou seis vacas leiteiras por quatro anos consecutivos com dieta purificada contendo
ureia como única fonte de N e espécie bacteriana (Firkins, 2007) .Microorganismos ruminais são capa-
42
NT #6
Renato Palma Nogueira
é Zootecnista, especialista em Nutrição e Manejo de vacas leiteiras e
Consultor Técnico em Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.
zes de sintetizar todos os aminoácidos essenciais do
N microbiano 50 a 80% pode ser derivado de NH3
ruminal, 20 a 50% vem de aminoácidos pré-formados
(Owens, 1983). ureia não é a única fonte de NNP ou
amônia para o rúmen. Grande parte da PB em forragens conservadas pode ser NNP. Tanto o processo de
secagem para fenação como o processo de ensilagem
aumentam a proporção de NNP na PB da forragem.
Cerca de 10 a 15% do nitrogênio presentes em forragens frescas é NNP. Em fenos, estes valores variam
de 15 a 25% e em silagens de 30 a 60%%. (Marcos
Neves Pereira)
Revisão de literatura para vacas de
altas produções.
Vinte e três comparações, a partir de 12 trabalhos,
foram compiladas por Santos e colaboradores, (1998)
com o objetivo de avaliar os efeitos da inclusão de
ureia na dieta de vacas de alta produção, em substituição parcial ou total de vários suplementos protéicos. A inclusão de ureia na dieta foi de 0,4 a 1,8 da MS.
O consumo de MS não foi afetado em 17, diminuiu em
quatro e aumentou em duas comparações, enquanto
a produção de leite permaneceu inalterada em vinte
e diminuiu em três comparações devido à inclusão
de ureia na dieta. O teor de proteína do leite não foi
afetado em 17 comparações e foi aumentado em cinco. A produção de leite foi de 32,7 kg/dia para vacas
suplementadas com ureia e 33,3 kg/dia para vacas
recebendo exclusivamente fontes suplementares de
proteína verdadeira. A amônia é utilizada como fonte
preferencialde N por bactérias fermentadoras de fibra
(Hungate, 1966). Apesar de algumas espécies de bactérias terem a capacidade de incorporar aminoácidos
Silagem de alfafa
54% do N total é NNP - média de 20 experimentos
(Broderick);
9,3% do MPN é NH3 N;
33% é aminoácido livre;
16% é peptídeo (˜ de 4 AA)
Proteína de baixa “qualidade” em forragens ensiladas
NT #6
43
e peptídeos diretamente na proteína microbiana, cerca de 40 a 70% do N bacteriano passam pelo pool de
amônia ruminal (Hristov & Broderick, 1994). A contribuição da amônia para o N bacteriano variou de 23 a
95%, dependendo do tipo de dieta O principal motivo
da ureia não ser mais utilizada nos Estados unidos é
que a maioria dos produtores fornece silagem ou feno
de alfafa como volumoso, conjuntamente com a silagem de milho e, portanto as dietas não pedem ureia
por terem NNP suficiente vindo da silagem de alfafa.
Geralmente, as dietas americanas possuem uma proporção de 3:1 ou 2:1(da relação silagem de milho: silagem ou feno de alfafa). Mesmo assim, a ureia nos
EuA é ainda um ingrediente considerado em dietas
para qualquer nível de produção, quando o limitante
na dieta for proteína degradável no rúmen.
Quanto de ureia utilizar nas dietas de
vacas leiteiras?
Em dietas de vacas leiteiras a recomendação clássica é trabalhar com 1% da matéria seca consumida
em ureia.Porém, a melhor eficiência seria 0,6% da
dieta em ureia.
(Fonte: Charles Schwab, 2008).
Vacas no terço médio para o final de lactação são animais mais recomendados a serem suplementados com NNP.
Pesquisas apontam que a eficiência alimentar em dietas com utilização de NNP neste caso pode ser aumentadas,
diminuindo consumo total de alimentos sem prejuízo na produção de leite.
Como queremos mais ureia nas vacas de menor consumo de concentrado (meio e final da lactação), talvez o concentrado não deva ser utilizado como única fonte de ureia para os animais.
Regar a ureia diluída com água é a maneira mais segura de oferecê-la aos animais.
O limite de inclusão técnico é maior do que o limite comercial em rações em que os animais consumam ração separado do volumoso. Problemas de rejeição.
Manejos onde se praticam inclusão de água na dieta (chamado sopão) a ureia deve ser evitada.
Sugestões de utilização de ureia para formulações de concentrados. O limite inferior é para as
épocas em que as pastagens estão em pleno crescimento e apresentam seu máximo teor de qualidade, digestibilidade e proteína: novembro, dezembro,
janeiro e parte de fevereiro para forragens tropicais
e junho, julho, agosto e às vezes maio em boas chuvas para a aveia em forrageiras de inverno.
Sugestões de utilização de ureia em dietas de vacas leiteiras
Quando aumentar ou diminuir a utilização de NNP.
Recomendações ao uso da ureia.
Todo produtor que precisa de uma ração maior ou igual a 22% de PB poderia ter parte da ração na forma de ureia.
Sem problemas com desempenho ou qualquer outro fator.
Forragens de baixa proteína, com menos de 12% de PB vindo das forrageiras deveriam utilizar parte da proteína na
forma de NNP.
Vacas de alta produção e no início da lactação são as categorias menos elegíveis da propriedade a trabalhar com
NNP ou mais NNP na dieta. O consumo total de alimentos que deve ser alto nesta fase, pode ser deprimido trabalhando
com altos níveis de ureia na dieta. Para esta categoria, recomenda-se o valor de 0,6% de ureia na dieta total. Exceto
em dietas de cana de açúcar.
O pós parto imediato por ser caracterizado de consumo de energia e mobilização, é o pior local para ter excesso ou
dieta com bastante NNP. Nestes casos o ideal é no máximo 0,3% da dieta em ureia, se não for possível deixar de utilizála.
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NT #6
NT #6
45
Por: Erica Rabecchi
BOVINOS DE LEITE
GIROLANDO E
NuTRON – PARCERIA
DE MARkETING
Associação acaba de inaugurar o novo
departamento de comunicação e marketing,
que conta com a Nutron como um dos
grandes apoiadores do projeto
Comunicação e marketing. uma combinação acertada de duas das principais frentes de trabalho para o desenvolvimento de
uma marca no mercado. E marca é algo sério, por isso a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando acaba de anunciar a
criação de seu novo departamento, que hoje responde por todas as ações de comunicação e de marketing da Associação com o
mercado, públicos-alvo, clientes, profissionais e pessoas ligadas ao meio.
O projeto, inaugurado em janeiro deste ano tem como um dos principais apoiadores e patrocinadores a Nutron Alimentos – que
enxerga tais ferramentas com as quais este departamento novo trabalhará como peças fundamentais de uma boa construção de
imagem e de marca. “A criação deste departamento já era uma necessidade, e a Nutron foi a primeira a aderir ao projeto com uma
parceria firmada de um ano conosco”, explica João Marcos, Gerente de Comunicação e Marketing da Associação.
O novo departamento conta com uma equipe focada e obstinada a gerar novos e bons resultados e encarar os desafios do
mercado. O Vice-Diretor Jônadan Hsuan Min Ma, o gerente de comunicação e marketing, João Marcos e a assessora de imprensa
da associação, Larissa Vieira já criaram uma agenda completa de trabalho, na qual mensalmente eles se reúnem e junto com a
diretoria da Associação, colocam em pauta novos eventos, temas e viabilizam ações de comunicação e marketing de interesse para
46
NT #6
a Associação.
“Nossos parceiros, além de apoiarem institucionalmente o novo departamento, também estarão presentes
em todas as comunicações – folders, banners, faixas e coletes de provas e eventos, e etc – que a associação criar para
promoção de suas atividades, ou seja, o parceiro, como a
Nutron estará sempre conosco”, explica João Marcos.
um dos principais objetivos com este novo departamento é poder divulgar a raça, como uma referência de gado
de leite no Brasil. Cerca de 80% do leite que é produzido
no País, é produzido pela raça Girolando. Diante desta representatividade no mercado, novos eventos já foram desenvolvidos e ocorrem ainda neste semestre. O I Congresso
Brasileiro da Raça Girolando (http://www.girolando.com.br/
congresso/) será entre os dias 22 e 24 de setembro, no Tauá
Grande Hotel e Termas de Araxá (MG) que deve contar com
cerca de 500 pessoas, entre congressistas e participantes.
A Megaleite (www.girolando.com.br/megaleite2011) – maior
feira do agronegócio do leite do País – terá sua 8ª edição
realizada entre os dias 26 de junho a 03 de julho, no Parque
Fernando Costa, uberaba (MG).
“Os parceiros têm papel fundamental no objetivo da
comunicação e do marketing da Associação, pois ajudam
na propagação da raça e na abertura de novos negócios.
Estamos com escritórios (ETR´s) novos em Goiânia, Jacareí, Itaperuna e Recife, trabalhando justamente para abrir
frentes nestes locais para atender melhor nossos associados e ampliar nossas fronteiras”, finaliza João Marcos.
SOBRE A ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE
GIROLANDO
Fundada em 20 de dezembro de 1978 por um grupo
de pecuaristas da região de uberaba, a associação surgiu
para atender uma necessidade de ter uma entidade que
atendesse e defendesse a classe produtora.
Com o nome de Associação dos Criadores de Gado de
Leite do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba - ASSOLEITE,
tinha como principal objetivo a seleção de gado de leite e
carne em todos os graus de sangue, conforme preconizava o PROCRuzA - Programa de Cruzamento Dirigido e
congregar criadores das diversas raças bovinas em toda
a sua área de atuação.
Em 1988, o Ministério da Agricultura encerra o PROCRuzA. Durante os dez anos desse programa, o cruzamento do Gir com o Holandês se destacou e foi o mais praticado pelos criadores brasileiros, resultando em animais
altamente adaptados e com boa capacidade de produção.
Certificando-se disso, o Ministério da Agricultura, jun-
Jônadan Hsuan Min Ma
João Marcos Carvalho dos Santos
tamente com as Associações representativas traçaram as
normas para formação do Girolando - Gado Leiteiro Tropical com 5/8 de sangue holandês e 3/8 de sangue gir.
Em 1989, a então Assoleite, ganha abrangência nacional e consegue junto ao Ministério da Agricultura delegação para conduzir o Programa para formação da raça
bovina Girolando em todo o Brasil.
Conforme a Portaria 079 de 01 de fevereiro de 1996, a
raça GIROLANDO foi oficializada pelo Ministério da Agricultura, passando a entidade a adotar o nome de ASSOCIAçãO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE GIROLANDO,
com a sigla “GIROLANDO”, e registro nº 59, da série Entidade de Âmbito Nacional, no cadastro das Associações
encarregadas do Registro Genealógico, tendo por finalidade incrementar de maneira racional, a criação da raça
Girolando, congregando e defendendo o interesse de seus
associados.
A sede nacional da Associação é em uberaba, cidade
geograficamente bem localizada e equidistante das principais capitais brasileiras, e que tem por tradição o pioneirismo de seus criadores na busca de soluções arrojadas
para o setor. é a entidade credenciada nacionalmente pelo
Ministério da Agricultura para comandar o Programa para
formação da raça Girolando.
Com o objetivo de penetrar em todos os pontos do
País, atingindo um universo bem diversificado, com características diferentes de criação, passou às Sub-Delegações
estaduais.
Esse trabalho proporcionou um atendimento mais
eficaz quanto ao Controle de Genealogia e ao Serviço de
Mensuração Leiteira.
O propósito, sem dúvida nenhuma, é de levar a todo
curral que pratica ordenha diária, a oportunidade de participar do Programa Girolando.
NT #6
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CADERNO ESPECIAL
Avicultura
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NT #6
NT #6
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CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA
Desafios que a
indústria avícola
enfrentará até 2020
Introdução
Nos últimos anos têm ocorrido uma grande expansão da produção agropecuária, em decorrência da crescente demanda de alimentos pela população. De um modo geral, esta demanda crescente de alimentos é conseqüência principalmente
do crescimento populacional, do aumento da renda média da população e da urbanização. A Organização das Nações unidas (ONu) projeta que haverá oito bilhões de seres humanos no planeta até 2030, com uma renda em média 32% maior
do que aquela de 2006 e o consumo carne/pessoa/ano aumentará em 26% no mesmo período, sobretudo de frango. No
entanto, estes não serão os únicos fatores que modularão a evolução da indústria avícola nos próximos anos. Também devem ser levados em conta os fatores técnicos e a evolução da ciência e da tecnologia, a disponibilidade de recursos naturais,
a permanência de barreiras comerciais e o preço das matérias primas para a produção de ração para frangos (A FAO prevê
que no período de 2010 a 2019 os valores dos ingredientes ficarão acima daqueles da média histórica). Por fim, haverá
grande influência das exigências dos consumidores, cada vez mais preocupados com as questões relativas ao bem estar
dos animais, a segurança alimentar e ao impacto ambiental da atividade.
Daniel Gonçalves Bruno
é Médico Veterinário e trabalha
em Pesquisa e Desenvolvimento
no Grupo Provimi.
Formulação
As crescentes pressões pelo aumento dos custos
dos ingredientes, pela redução dos custos das dietas e
da excreção de nutrientes ao meio ambiente, definem
as tendências para os próximos dez anos na avicultura.
Nesse contexto, o uso de enzimas aumentará, pois melhora a digestibilidade e a absorção dos ingredientes. Da
mesma forma, outros aminoácidos (além da metionina,
lisina, treonina e triptofano) serão produzidos e suas inclusões serão econômicas nas formulações. A inclusão
de micronutrientes será considerada, levando em conta a
resposta imune dos animais. Neste segmento, aumentará
o uso de minerais orgânicos e básicos, com comprovada
origem, sem o risco de estarem contaminados com resíduos indesejáveis. Também um maior enfoque será dado
aos fatores não nutricionais de alguns alimentos, que
alteram a disponibilidade da energia e dos nutrientes. O
processamento das dietas será mais sofisticado, sempre
levando em conta o tratamento térmico e o tamanho das
partículas dos alimentos.
Atualmente, com a evolução genética e a diminuição
na idade de abate, o período embrionário já corresponde
a 50% do ciclo de vida dos frangos. Portanto, as reservas
de nutrientes dos embriões continuarão sendo críticas.
Isto implica em um acompanhamento próximo da nutrição das reprodutoras e, em um futuro, na implementação da nutrição “in ovo” (nutrientes injetados no líquido
amniótico no período final de incubação). Também dietas
pré-iniciais diferenciadas serão mais consideradas, com o
objetivo de dar suporte ao desenvolvimento dos animais
nos primeiros dias de vida, que são determinantes para
a continuação do desenvolvimento eficiente nas demais
fases de produção.
Fábrica de ração
50
Segurança Alimentar
Ambiência
Acompanhar essa demanda por alimentos mais seguros exige
transparência e comprometimento, por parte de todos os envolvidos no processo de produção dos alimentos e dos governos. Haverá cada vez mais controle em cada etapa da cadeia de fornecimento de alimentos, enfatizando o monitoramento dos riscos, por
meio de ações preventivas e corretivas (análise e monitoramento
dos pontos críticos de controle), com maior acompanhamento da
saúde dos plantéis. Com isso, é essencial a seleção mais criteriosa
dos fornecedores de insumos, com enfoque na qualidade e não no
custo, sendo necessários planos de avaliação e acompanhamento
dos processos e dos materiais utilizados por esses fornecedores,
tendo em vista os riscos químicos, físicos e microbiológicos.
O conforto térmico, no interior de instalações
avícolas, é fator de grande importância, já que
condições climáticas inadequadas afetam consideravelmente a produção das aves. Galpões
convencionais sem o controle do ambiente serão
menos recomendados, pois não permitem administrar variáveis ambientais importantes para
o bom desempenho das aves. No interior de um
galpão, 80% do calor gerado vêm das aves e a
administração deste calor é fundamental para o
desenvolvimento dos animais e para o melhor uso
da energia naquele ambiente.
NT #6
Ainda hoje os mercados de milho e de farelo de soja
são de compra e venda de “commodities”. Dependendo da região do mundo estes dois insumos podem representar até 70% do custo total de uma fórmula de
aves. Além do custo de cada um deles, é importante
levar em consideração suas composições nutricionais
que variam com os cultivares, com os processamentos, com o ano, com a densidade, com a presença de
micotoxinas, etc. Estas variáveis podem afetar suas
inclusões nas fórmulas, fazendo-as mais caras ou baratas, mais ou menos eficientes. Fica claro que além
do custo, critérios qualitativos e quantitativos deverão
ser levados em conta na hora da compra destes ingredientes. Para que estas diferenças sejam valorizadas,
Antônio Mário Penz Junior
é Engenheiro Agrônomo e Doutor em Nutrição Animal
(Universidade da Califórnia), Mestre em Zootecnia
(UFRGS) e Diretor Mundial de Aves do Grupo Provimi.
maiores serão os investimentos em silos, possibilitando a segregação dos ingredientes. Mesas densimétricas continuarão sendo implementadas, para separar
partidas de milho com densidades (energia) diferentes. A transgenia continuará sendo discutida. Entretanto, novas variedades de milho serão disponibilizadas com baixos teores de fósforo fítico, favorecendo a
absorção deste nutriente.
A necessidade de analisar cada lote de ingrediente, de modo que as formulações sejam mais precisas,
estará cada vez mais evidenciada na utilização da
tecnologia NIR, que permite a análise nutricional instantânea de cada lote de ingrediente, a avaliação do
seu valor energético, sua composição e digestibilidade dos aminoácidos. Isto permitirá redução de custo
de formulação hoje impossível de ser aproveitada por
falta de estrutura nas fábricas de rações.
Emprego do Conhecimento disponível
e inovação tecnológica
O progresso do conhecimento computacional permitirá a utilização de modelos de crescimento, que poderão interferir no crescimento de um animal quando
submetido a determinadas condições de criação. Isto
fará com que cada empresa estabeleça suas prioridades de produção e as formulações das dietas, “customizadas”, serão feitas de acordo com as diferentes
necessidades. Além dos modelos de crescimento, modelos de simulação serão utilizados para avaliar riscos
e otimizar retornos econômicos. Diferentes softwares
serão empregados para classificar e estabelecer relações entre variáveis. A partir da organização de dados, correlações entre as variáveis serão possibilitadas,
valorizando o efeito de cada uma delas e de suas associações. No campo da inovação científica, a nutrigenômica trará benefícios para o desenvolvimento de animais diferenciados, de acordo com as necessidades de
diferentes regiões e populações. Esta ferramenta tecnológica permite o estudo das relações entre a nutrição
e a resposta dos genes. Isto facilita o entendimento dos
mecanismos através dos quais a indução da expressão
dos genes pelos nutrientes ou regimes alimentares afeta as características de desempenho.
Nestes próximos anos, muitos paradigmas terão
que ser revistos pela indústria animal-avícola, tendo
em vista a necessidade de compatibilizar sua produção
com as exigências da sociedade, que busca alimentos
saudáveis e que a produção seja feita por de mecanismos sustentáveis.
NT #6
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Fernando Vargas
é Médico Veterinário e Gerente Técnico de Avicultura na
Intervet Schering-Plough.
CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA
INTRODuçãO
ENTERITE
NECRóTICA
SuBCLíNICA:
INIMIGO
OCuLTO?
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NT #6
Doenças do trato digestivo das aves, particularmente as
que afetam o intestino, são de extrema importância econômica, pois prejudicam o desempenho produtivo, aumentando a conversão alimentar, reduzindo o ganho de peso e a
produção de ovos. uma vez que a ração representa mais de
65% dos custos totais de produção, qualquer fator que reduza a capacidade destes animais em transformar o alimento
em carne e ovos, tem alto impacto sobre a viabilidade econômica de sua criação.
As bactérias do gênero Clostridium são as causadoras
de diversas doenças importantes, entre elas a Enterite ulcerativa, (C. colinum), a Enterite Necrótica (C. perfringens),
a Dermatite Gangrenosa, (C. septicum e C. perfringens) e
o Botulismo (C. botulinum). O C. perfringens também é reconhecido como causador da colangiohepatite em frangos
e celulite em perus.
A Enterite Necrótica (EN) foi descrita pela primeira vez em
1930 e identificada no início da década de 1960. Apresenta-se
de duas formas: a clínica, que é também a mais facilmente
detectada, e a subclínica (ENS), muitas vezes subestimada.
Não é fácil dimensionar as perdas ocasionadas pela ENS,
entretanto, pela natureza toxigênica e insidiosa da bactéria e
pela dificuldade em se monitorar o desafio, fica evidente sua
importância para a avicultura comercial.
Estudos realizados na Europa no final da década de 1980
(logo após o banimento dos aditivos gram positivos) estimaram aumento da prevalência em mais de 40% em alguns
casos, e prejuízos que podem ultrapassar a cifra de R$0,08
por ave abatida.
ETIOLOGIA E OCORRêNCIA
A EN e a ENS são causadas pelas toxinas produzidas pela
bactéria Clostridium perfringens. Estas bactérias são bacilos
gram positivos, anaeróbios e capazes de formar esporos
extremamente resistentes às condições ambientais. São
habitantes normais do trato gastrointestinal (TGI) de aves e
mamíferos. Contaminam calçados, roupas e são transportados por eles de um local a outro. Podem estar presentes
em grandes quantidades no solo, na água e na maioria dos
ingredientes utilizados na alimentação animal.
Trabalhos realizados em todo o mundo comprovam a
presença de esporos em produtos utilizados na fabricação
de rações, em quantidades que variam de acordo com a
matéria prima considerada. Wojdat et al. (2006) detectaram
C. perfringens em 38% das amostras de ingredientes utilizados na fabricação de ração para frangos de corte, sendo que
os maiores índices foram observados em farinhas de origem
animal, especialmente as de pescado (produtos com altos
níveis de proteína).
Os esporos são resistentes à ação de agentes físicos e
químicos, e permanecem no ambiente por longos períodos,
sendo comuns os surtos recorrentes em galpões onde tenha
ocorrido um quadro clínico, principalmente se a cama não
tiver sido trocada.
O C. perfringens é classificado em cinco tipos distintos (A
a E), de acordo com a toxina que produz (Tabela 1). As cepas
dos tipos A e C são responsáveis pelos surtos de EN em aves.
As cepas do tipo B são produtoras de toxinas que afetam os
mamíferos.
Trabalhando com material colhido de intestinos de frangos de corte, Gomes (2007) isolou C. perfringens em 68,4%
das amostras, sendo 60,8% tipo A e 32,2% tipo C.
Tabela 1
Tipos de toxina produzidos pelo C.
perfringens e sua ação no organismo das aves
TOxINA
ATIVIDADE BIOLóGICA
Alfa
Letal, hemolítica, dermonecrótica, citolítica
Beta
Citolítica, dermonecrótica, letal
Epsilon
Edema (SNC, fígado, rins)
Iota
Rompimento de citoesqueleto, perda da
integridade celular
Beta2
Citolítica, letal
Enterotoxina
Citolítica, letal, diarréia
Theta
Hemólise e modulação da resposta inflamatória
Adaptado de Petit et al, 1999.
A toxina Alfa é considerada o principal fator de virulência nos quadros de EN.
FISIOPATOLOGIA
Tanto a EN como a ENS afetam frangos de corte,
poedeiras comerciais, perus, patos, codornas, avestruzes e aves selvagens, provocando perdas econômicas e
problemas relacionados à questão de bem estar animal
(aumento do percentual de mortalidade na forma clínica). Na união Europeia, McDevitt et al. (2006) constataram que a incidência das formas clínica e subclínica da
doença aumentou após o banimento do uso de aditivos
gram positivos na alimentação de frangos de corte, em
índices que variaram entre 1% e 40%.
A ENS tem, provavelmente, um impacto financeiro
mais significativo por não ser facilmente diagnosticada
e pode provocar danos relevantes, reduzindo ganho de
peso, produção de ovos e aumentando a conversão alimentar. McDevitt et al. (2006) afirmam que o principal
sinal de ENS é o aumento das perdas por condenação
NT #6
53
no abatedouro, que podem chegar a 4% das carcaças
(principalmente por problemas de pele) e 12% dos fígados.
A doença afeta aves entre duas e oito semanas,
principalmente frangos de corte entre duas e três semanas, embora não sejam raros casos em galinhas de
postura comercial com mais de cinco meses, ou frangas de reposição com 12 a 16 semanas.
As aves afetadas podem apresentar curva de peso
abaixo do padrão, alteração da mobilidade intestinal e
aumento da taxa de mortalidade. Matrizes em recria
podem ser afetadas e ter problemas com uniformidade
com subsequente perda de produção.
Em quadros de ENS, podem estar presentes lesões
macroscópicas no fígado (congestão, necrose focal ou
multifocal, com aspecto “rendado”) e enterite inespecífica, que varia desde uma simples hiperemia até a forma catarral/mucoide em graus variados, afetando mais
frequentemente o jejuno e o íleo.
Os quadros de colangiohepatite são mais facilmente percebidos no abatedouro. Alguns trabalhos de pesquisa desenvolvidos na União Europeia identificaram
uma forte relação entre altos níveis de condenação de
fígado e mal desempenho de lotes no campo, com perdas que variaram de 25% a 43%.
Muitas das toxinas produzidas pelo C. perfringens
são enzimas cuja síntese é codificada por genes cromossomais ou plasmídicos. Sua expressão depende de
múltiplos fatores, que vão desde condições ambientais
(manejo), infecções intercorrentes (coccidiose, verminoses) até a presença de fatores antinutricionais na
dieta (como aminas biogênicas, taninos e fibras não
digeríveis).
O tipo de dieta provavelmente é o fator mais importante na ocorrência da ENS. Altos níveis de energia e
proteína (ou desequilíbrio na relação entre estes dois
componentes), matérias primas de origem animal e até
mesmo a forma física da ração (peletizada x farelada)
podem favorecer uma maior incidência da doença, assim como dietas à base de cereais como a cevada, trigo
ou centeio, quando comparadas com dietas à base de
milho e soja.
MONITORIA E CONTROLE
O monitoramento da saúde intestinal através de necropsias realizadas a campo nas idades-chave, em uma
rotina preestabelecida, é também o método mais usado para acompanhamento da incidência de EN / ENS
em aves de corte. Exames complementares realizados
em laboratório são imprescindíveis para confirmação
do diagnóstico (microbiologia, histopatologia, técnicas
de biologia molecular e outras).
O acompanhamento dos índices de condenação no
abatedouro deve ser permanente. um histórico deve
ser mantido e utilizado como banco de dados para análises comparativas quando ocorrem variações ou mudanças no padrão normal.
A contagem de C. perfringens é um método possível. Como regra geral, a contagem dos bacilos é muito maior no intestino de frangos que apresentam um
quadro de coccidiose aguda do que em aves com baixo
desafio por Eimeria. Entretanto, um maior número de
bactérias por si só não significa que EN ocorrerá, já que
nem todas as cepas são produtoras de alfa-toxina.
A doença pode ser controlada ou prevenida pela
redução de exposição a fatores de risco como a coccidiose e dietas não adequadas. A utilização de vacinas
contra a coccidiose ou a adoção de programas de controle com o uso de ionóforos / químicos é essencial. O
controle das matérias primas utilizadas na fabricação
das rações e uma correta formulação são fatores determinantes na manutenção da integridade intestinal
das aves.
A vacinação de matrizes com toxoides tipo A e C
tem como resposta a formação de altos níveis de IgG
específica, os quais são transferidos à progênie, conferindo proteção contra a ação das toxinas produzidas
pelo C. perfringens.
A utilização de aditivos melhoradores de desempenho com ação sobre gram positivos continua sendo
o método mais efetivo no controle das formas clínica
e subclínica da Enterite Necrótica. Sua eficiência está
relacionada à relação dose/resposta e à capacidade de
atuar sobre os microrganismos, impedindo os danos
sobre a mucosa intestinal.
CONCLUSÕES
A Enterite Necrótica Subclínica é um importante fator de perda de desempenho na criação de aves.
Esta forma da doença pode ter um impacto econômico significativo, uma vez que seu diagnóstico é mais difícil.
Fatores ligados ao manejo, ao controle da coccidiose e, principalmente, à dieta, são determinantes na ocorrência de surtos.
A utilização de matérias primas de boa qualidade e formulações equilibradas são ferramentas de controle.
O monitoramento da saúde intestinal através de necropsias a campo é fundamental para a identificação dos desafios.
O acompanhamento permanente dos resultados de performance, com manutenção de uma base de dados confiável, é
necessário para uma correta tomada de decisão na alteração de programas e níveis nutricionais.
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NT #6
Julio Cesar Carrera de Carvalho
é Doutor em Nutrição Animal e Gerente de
Produtos da Nutron Alimentos
CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA
Milho
A forte demanda por alimento e aumento dos
preços das matérias primas em todo mercado mundial, vem elevando os custos de produção de carnes,
principalmente aves e suínos, que demandam grande
quantidade de grãos.
O milho, principal ingrediente das dietas de aves e
suínos, que representa 70 % dos custos de produção,
é bem conhecido em termos nutricionais, mas recentes análises da composição deste, têm demonstrado
alteração em seu valor nutricional, principalmente
no tocante a proteína e ao amido. Este está presente
nas dietas avícolas, sobretudo como fonte de energia
e podendo contribuir com até 20% da proteína em
uma dieta para frangos de corte. A percepção de sua
composição, bem como as modificações do seu conteúdo em detrimento à variáveis atribuídas, ao tipo
de híbrido, adubação, plantio, solo, colheita, secagem
entre outras, pode alterar seu valor nutricional, principalmente no que diz respeito à energia, ferramenta
56
NT #6
para avaliar seu conteúdo e correlacioná-lo com seu
potencial nutricional.
Alguns fatores que podem interferir na
digestibilidade do milho
As principais proteínas de armazenamento no milho são zeína e kaferina (McDonald et al., 1990). zeína
é quantitativamente a mais importante e é deficiente
em aminoácidos indispensáveis, como o triptofano e
lisina. Existem quatro tipos de zeinas - alfa, beta, gama
e delta, estas por sua vez têm um papel importante,
pois encontram-se encapsulando a superfície dos grânulos de amido do milho, sendo que alfa e beta zeinas
penetram no endosperma, enquanto beta e gama formam ligações cruzadas resultando em amido “hidrofóbico” (Hoffman e Shaver, 2008). Essas proteínas são
responsáveis diretas pela formação da matriz externa
do amido, podendo influenciar sua digestibilidade.
A adição de proteases exógenas pode representar
COMO SER EFICIENTE
AO uTILIzá-LO?
um potencial desejável em suplementar a atividade
proteolítica em animais jovens, liberando peptídeos
menores e facilitando a ação das enzimas endógenas.
Além de auxiliar na inativação de fatores proteináceos
anti-nutritivos, derivados de encapsulamento e retrogradação do amido, geralmente atribuídos à temperatura de secagem e processos de térmicos (peletização
e expansão), podem ainda degradar proteínas como
zeína e kafirina (DARI, 2006). Contribuindo de forma
significativa para degradação da matriz, que envolve
o grânulo de amido, liberando-o para ação das enzimas endógenas.
O amido presente em mais de 65% do milho é responsável por cerca de 60% da energia metabolizável
(EM) das dietas das aves (Weurding et al., 2001b) e,
como tal, relativamente pequenas diferenças na digestibilidade do amido podem ter um impacto substancial
sobre a conteúdo de EM da dieta. Duas moléculas são
encontradas dentro de amido, amilose e amilopectina.
Ambas são polímeros de d-glicose, mas são diferenciados com as ligações entre os monômeros de glicose
(Carre, 2004; Tester et al., 2004). O tamanho dos grânulos de amido é fator importante na determinação
do seu valor energético, ou seja, em pequenos grânulos o amido tem, relativamente, uma maior superfície
e assim um maior potencial de hidrólise pela amilase
endógena (Carre, 2004). Durante o processamento
térmico, o amido gelatiniza, dependendo do tamanho
dos grânulos, do teor de umidade, da relação amilose: amilopectina, do calor e do tempo (Tester et al.,
2004). As condições de temperatura que os alimentos
para animais são submetidos durante a maior parte
dos processos de peletização é suficiente para gelatinizar essencialmente, todo o amido na dieta, embora
o teor de umidade possa limitar este processo a um
grau variável (Tester et al., 2004). Depois do processo
de peletização, os alimentos para animais esfriam e
começa a retrogradação (Atwell et al., 1988). Durante
NT #6
57
a retrogradação, o amido volta a um estado mais ordenado, em que ambos, amilose e amilopectina formam
associações de dupla helicoidal, tornando o amido dependente da relação amilose: amilopectina (klucinec
& Thompson, 1999). Essas mudanças na estrutura do
amido, associadas com o aquecimento, podem alterar
a posterior digestibilidade do amido e, assim, o valor
energético da dieta.
Com relação ao teor de fibras, de acordo com
Malathi Devegowda (2001), o milho possui 5,32% de
pentosanas totais, 3,12% de celulose; 1 % de pectinas e 9,34% de polissacarídeos não amiláceos totais.
Acredita-se que os componentes insolúveis dos polissacarídeos não amiláceos presentes no milho podem
encapsular os nutrientes, que poderiam ser liberados
pelas xilanases e celulases (Classen, 1996; Gracia et
al., 2003).
Os efeitos benéficos das xilanases na utilização
de nutrientes estão relacionados à redução da viscosidade da digesta, resultando em aumento da depolimerização de arabinoxilanas em componentes de
menor peso molecular (Ravindran et al., 1999) ou a
partir da liberação dos nutrientes encapsulados nas
estruturas da parede celular, favorecendo o contato
Tabela 1
Efeito do uso de enzimas na
conversão alimentar (CA) e ganho de peso
(GP) de frangos de corte alimentados com
dietas à base de milho e farelo de soja
Referência
Enzimas
utilizadas
Melhora
na CA
(%)
Melhora
no GP (%)
zanella et al. (1999)
xAP
2,20
1,90
Jin (2001)
xAP
3,65
5,02
Iji et al. (2003)
xAP
10,5
10,3
Pack & Bedford
(1997)
xAP
5,70
6,90
Carvalho et al.
(2009)
xAP
4,76
6,83
Cowieson (2002)
Pectinase
2,50
0,50
Paio et al. (1999)
Fitase
0,80
3,50
Jackson (2001)
Beta -mananase
2,76
4,66
kidd et al. (2001)
alfa-galactosidase
0,88
2,22
Toledo et al.(2007)
xilanase
2,22
Freitas et al. (2010)
Protease
Gracia et al. (2003)
Alfa-amilase
Obs. xAP - xilanase, amilase e protease
58
NT #6
dos nutrientes com as enzimas endógenas. Previnem,
ainda, distúrbios digestórios resultantes da presença
de material fibroso não digerido no trato gastrointestinal de aves (Lima, 2005). Cowieson (2005), contudo,
acredita que o uso de xilanase, isoladamente, sem emprego de outras enzimas exógenas como proteases,
amilases ou fitase, não produz resposta semelhante
às obtidas com a combinação das enzimas.
Portanto, o aproveitamento ideal do milho torna-se
cada vez impactante nos custos da formulação, visto
que a ineficiência no aproveitamento do seu conteúdo, principalmente no tocante a energia, contribui de
forma significativa para elevação no uso de gorduras
e óleos, resultando em aumento de custos e consequentemente perdas em qualidade de peletes.
O uso de enzimas que melhoram o aproveitamento do milho tem sido foco de muitos estudos para
aves e suínos. Trata-se de uma grande oportunidade
devido ao fato do milho ser um dos principais componentes das dietas utilizadas no Brasil. Contudo o uso
de blends enzimáticos (amilase, xilanase e protease)
torna-se uma ferramenta importante devido ao trabalho conjunto das enzimas, contribuindo para o melhor aproveitamento da dieta (tabela 1.)
quais ferramentas podem auxiliar os nutricionistas a melhorar o aproveitamento
do milho?
Sem dúvida, o uso de enzimas que abranja toda a
percepção de fatores que contribuem com a diminuição
dos valores nutricionais deste milho, e haja de forma
coerente sobre estes fatores, tende a resultar em respostas mais efetivas e confiáveis ao nutricionista.
O EIV (energy improvement value) é uma ferramenta desenvolvida pelas Danisco Animal Nutrition
que vem a corroborar com os nutricionista, dando-os
um norte com relação a qualidade deste milho.
Atualmente as empresas Danisco Animal Nutrition
e Nutron Alimentos vêm trabalhando para elucidar o
Tabela 1
Avicheck™ Corn Analisis
ano 2006 -2010
EIV
Proteí
Proteína (%)
Amido EE
(%)
(%)
MS
(%)
N
1299
1299
1299
1298
1299
Média
156.81
8.13
71.73
4.58
86.78
SD
8.29
1.00
1.35
0.12
1.00
1,69
C.V (%)
5.29
12.25
1.88
2.64
1.16
1,00
0,90
Mínimo
116.20
4.70
60.10
3.80
76.70
4,70
1,25
Máximo
200.80
11.08
88.40
5.10
89.50
Gráfico 1
Avicheck™ Corn Analisis ano EIV
Gráfico 1
Impacto da temperatura de
secagem do milho sobre a energia metabolizável
aparente (EMA – kcal/kg de MS), em correlação
com o Promatest - Dan. (Paul et al 2009)
Fonte: Danisco Animal Nutrition ( Dados não publicados)
impacto da qualidade do milho nas dietas e como atribuir ferramentas para mensurar o uso deste ingrediente,
atrelado aos benefícios de utilização das enzimas. Essas
ferramentas que auxiliam na decisão do nutricionista
são o Promatest (que faz parte da equação do EIV) e
EIV que tem demonstrado importante na avaliação da
energia metabolizável do milho e com isso, pode impactar no desempenho dos frangos. O experimento abaixo
(gráfico 1 e 2) foi realizado com objetivo de estudar os
efeito da temperatura de secagem do milho e seus impactos sobre a energia metabolizável e desempenho de
frangos de corte de 1 a 28 dias de idade.
Gráfico 2
Impacto da temperatura de
secagem do milho sobre a conversão alimentar
de 1 a 28 dias de idade de frangos de corte, em
correlação ao Promatest - Dan. (Paul et al 2009)
é sabido que o aumento da temperatura de secagem contribui para o aumento do amido resistente e,
conseqüentemente, redução no aproveitamento da
energia do milho. Impactando de forma significativa
o desempenho das aves (gráfico 2), com aumento da
conversão alimentar.
Conclusão:
Diante de diversos fatores que podem afetar a
qualidade do milho e seu aproveitamento para aves
e suínos, impactando de forma significativa os custos
de produção e desempenho dos animais, o uso de enzimas atreladas à essas ferramentas, que elucidam e
contribuem de forma segura e eficiente para elencar
a oportunidade de melhor aproveitar e utilizar o milho, levam a segurança nas formulações e conseqüentemente menor custo de produção.
Fonte: Danisco Animal Nutrition ( Dados não publicados)
NT #6
59
Sabrina Coneglian
é zootecnista, doutora em Nutrição
de Ruminantes e integrante do Departamento Técnico da
Bunge Fertilizantes/Serrana Nutrição Animal.
CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA
A GLICERINA NA
ALIMENTAçãO DE
AVES
A avicultura é uma atividade econômica indispensável para o Brasil. Por estar presente cotidianamente
na dieta alimentar da população, a produção de aves
é de extrema importância no cenário do País. Devido
ao cultivo de aves ter atingido tamanha proporção no
mercado brasileiro, as empresas produtoras desse segmento visam fornecer cada dia mais, qualidade em seus
produtos com foco na segurança alimentar, alinhando o
serviço que prestam à responsabilidade ambiental.
Em decorrência do melhoramento genético que as
linhagens atuais de frango de corte são submetidas,
houve uma evolução na capacidade dos animais em
converter alimentos em músculo – esse desenvolvimento proporciona maior rendimento em cortes nobres,
num curto espaço de tempo. No entanto, tais benefícios
alcançados pelo frango moderno exigiram mudanças
nos valores nutricionais das dietas, principalmente em
60
NT #6
tado do efeito da glicerina - oriunda de diferentes fontes
e características, como de carcaça, de carne de suínos e
aves, ou características químicas – comprova seu desempenho. O nutricionista Park
Waldroup (2006) demonstrou que animais com até
16 dias de idade, não apresentaram problemas quando
se administrou até 10% de glicerina na dieta. Entretanto,
quando for usado em todas as dietas, até o abate, este nível não deverá ultrapassar 5%, pois afeta o consumo da
dieta, consequentemente o desempenho dos animais.
Cerrate et al. (2006) confirmaram as observações
de Waldroup (2006) quando verificaram que a inclusão de 10% de glicerina comprometeu o desempenho e o rendimento de carcaça de frangos Cobb 500.
Os autores acreditam que as perdas de desempenho e
de qualidade de carcaça dos frangos teve como causa
a dificuldade delas de fluir nos comedouros, uma vez
que a qualidade dos peletes (granulado) ficou prejudicada, além de provocarem alta produção de excretas líquidas (diarreia), o que umedeceu mais a cama e
Figura 1
causou desconforto e estresse às aves.
Para regularizar a utilização da glicerina bruta na alimentação animal, o Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento estipula que o ingrediente deve conter
ao máximo 150 ppm de metanol, 12% de umidade e no
mínimo 80% de glicerol. Além disso, os valores de sódio
e potássio também devem ser controlados.
Isso porque, o metanol em excesso é tóxico aos animais e pode causar cegueira em frangos de corte. Essa
toxidez é provavelmente devida a sua mobilização em
formaldeído, que causa efeitos danosos nas células da
retina. Outro resíduo importante e que deve ser controlado é o sódio, que em excesso pode causar um desbalanço eletrolítico no animal (Cerrate et al. 2006).
A inclusão de 10% de glicerina bruta na dieta pré-inicial de aves e, 5% nas demais fases, vêm se mostrando
interessante na maioria das pesquisas, no entanto, por
ser um ingrediente novo e com poucos dados científicos,
ainda é necessário cautela e muitos estudos para comprovar e garantir sua utilização de forma viável.
Rota de obtenção de biodiesel e glicerina
Fonte: Parente, E.J. de S. 2003
energia, proteína e aminoácidos.
A nutrição possui um peso significativo nos custos
de produção dos animais e, por esse motivo, há uma
constante busca por novos ingredientes que possibilitem
bons índices de desempenho, com baixo custo. Com a
crescente produção do biodiesel, um novo produto energético surgiu com potencial para a nutrição animal.
Conhecida como Glicerina Bruta, um co-produto do
biodiesel (a obtenção do biodiesel e da glicerina ocorre de
acordo com a figura 1), o novo ingrediente vem despertando grande interesse por parte dos avicultores, uma vez
que sua formulação pode construir um insumo rico em
energia e com alta eficiência de utilização pelos animais 4.320 kcal de energia bruta por quilo para o glicerol puro.
Na literatura atual, ainda encontramos poucos estudos sobre o uso do novo produto na dieta de animais,
porém com os poucos trabalhos já publicados, o resul-
NT #6
61
CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA
AVES TêM MELHOR
DESEMPENHO COM
ILuMINAçãO
ADEquADA
Paula Bastos Valeri
é Zootecnista, com especialização em
Nutrição de Monogástricos e Nutricionista de
Aves da Nutron Alimentos.
As aves são produtos da genética, nutrição e ambiente. Do ponto de vista genético, na interação com a carga
de genes encontra-se uma série de fatores ambientais e
entre eles a luz é um fator de extrema relevância.
A luz, portanto exerce importância fundamental sobre o sistema de criação das aves. Em matrizes pesadas,
a intensidade e a duração do fotoperíodo têm influência
direta no desempenho reprodutivo das aves, proporcionando melhor controle da maturidade sexual e uniformidade do lote.
Por isso, o fornecimento de um programa de luz adequado é tão importante, que em poedeiras pode interferir no início da postura (antecipando ou retardando), na
taxa de postura e no seu intervalo. Além disso, a eficiência alimentar pode ser maximizada, a qualidade da casca
melhorada e o tamanho do ovo otimizado.
Já em frangos de corte, a preocupação é proporcionar acesso aos comedouros e bebedouros (principalmente à noite, horário de temperaturas mais amenas),
com a finalidade de atingir o maior ganho de peso. Durante o período de experiência – nesta época - os fotoperíodos tinham de 23 a 24 horas de luz.
Com o passar dos anos, o melhoramento genético
propiciou ao mercado uma ave com outras exigências,
surgindo e então estudos relacionando programas de
luz com problemas de pernas, mortalidade, atividade,
bem estar e etc.
Após vários trabalhos, pesquisadores concluíram
que fotoperíodos mais moderados possibilitam menor
estresse fisiológico, melhoria na resposta imunológica,
na atividade e no metabolismo ósseo.
Atualmente, pode-se dizer que o manejo da luz é
uma técnica fundamental e de baixo custo na produção.
Os princípios que envolvem a importância da luz são:
fonte de luz e comprimento de onda, intensidade de luz
e duração e distribuição do fotoperíodo.
FONTE DE Luz E COMPRIMENTO DE
ONDA
A retina do olho contém cones que, quando estimulados por diferentes comprimentos de ondas de luz,
transmitem a informação de cor ao cérebro. Pesquisas
recentes detectaram que algumas aves podem ver até
cinco cores primárias (visão pentacromática) e capazes
de diferenciar dois tipos de comprimento de ondas uV.
A luz visível é uma pequena coleção de comprimentos de onda, oriundos de uma série muito maior e
é chamada de espectro eletromagnético. As luzes in-
62
NT #6
Tuffi Bichara
é Zootecnista, especialista em gestão
estratégica de empresas e Consultor
Técnico de Aves da Nutron Alimentos.
candescentes apresentam um aspecto de luz vermelha,
enquanto que as luzes fluorescentes brancas apresentam um aspecto azulado. Isto acontece porque as luzes
incandescentes produzem comprimentos de onda mais
longos (vermelho) enquanto que luzes fluorescentes,
mais curtos (verde e azul). Pesquisadores no Canadá,
indicam que a habilidade das aves em visualizar cores
é similar a dos humanos, exceto que as aves não podem
ver com precisão a luz de onda curta.
Apesar de representar um investimento inicial maior,
lâmpadas fluorescentes apresentam maior poder de iluminação em detrimento à lâmpadas incandescentes, devido ao seu comprimento de onda - conseqüentemente
- maior sensibilidade das aves. Portanto, uma mesma
iluminação com incandescentes poderia ser obtida com
um menor número de lâmpadas fluorescentes de menor
potência (redução no custo da energia).
Lembrando que a distribuição de lâmpadas deve ser
uniforme, conforme recomendação do técnico.
INTENSIDADE DE Luz
A intensidade luminosa (medida por unidades de
lux) percebida pela ave é uma função do comprimento
de onda de uma determinada fonte de luz e da sensibilidade individual do animal para aquele comprimento
de onda.
A luz, contudo, produz outros efeitos que atuam indiretamente sobre a produção. O comportamento dos
frangos é fortemente afetado pela luz, aspecto que tem
sido utilizado comercialmente. A luz mais brilhante é usada para aumentar a atividade das aves, como é o caso
dos primeiros dias. A luz tênue é mais efetiva para controlar comportamentos agressivos como canibalismo.
A luz de baixa intensidade também ajuda a aumentar a
eficiência alimentar, pois acarreta uma menor atividade
e um menor desperdício de ração.
Em geral, é recomendado fornecer uma intensidade de luz não inferior a 20 lux, até sete dias de idade,
para assegurar que os pintinhos encontrem a ração e
os bebedouros e de 5 lux desta data até até ao abate.
Em aviários com condições controladas, os produtores
têm utilizado sistemas elétricos que permitem aumentar a intensidade de luz de forma regular e por curtos
períodos de tempo, durante a criação dos frangos. O
objetivo dessa prática é estimular o exercício, reduzindo assim os problemas ósseos e estimulando o sistema
cardiovascular.
NT #6
63
DuRAçãO E DISTRIBuIçãO DO
FOTOPERíODO
A importância da luz nos aviários não está restrita
apenas ao fotoperíodo, pois a fonte de luz, o comprimento de onda (principalmente no pico da radiação), a intensidade da luz, a frequência e a distribuição espacial das
lâmpadas no galpão também afetam significativamente
os resultados finais, em termos da qualidade e da quantidade de produção.
O excesso de luz prejudica a produção de frangos de
corte, podendo acarretar também maior deposição de gordura, doenças metabólicas e circulatórias.
Os programas de regime de luz constante podem ser
definidos como os que utilizam um fotoperíodo de mesmo comprimento, durante todo o ciclo de crescimento.
Esses programas têm sido utilizados em frangos de corte por possibilitarem acesso uniforme aos comedouros.
Programas como esse, dão condição para maximizar o
consumo de ração, o ganho de peso e a uniformidade.
O programa de iluminação intermitente caracterizase por apresentar ciclos repetidos de luz e escuro dentro
de um período de 24 horas. Algumas pesquisas mostram que este programa melhora a conversão alimentar
e reduz a gordura abdominal. Além disso, pode reduzir
a produção de calor, diminuindo a taxa metabólica e o
consumo de oxigênio; amenizando a incidência de ascite. Embora aves expostas à luz intermitente alcancem o
peso semelhante ao daquelas que recebem luz contínua
aos 42 dias, pintos expostos à luz intermitente apresentam redução no crescimento durante a segunda semana
de idade, seguido por um ganho compensatório a partir
de então.
Ainda com relação aos programas de luz, fotoperíodos
crescentes fornecem uma série de fotoesquemas, nos quais
o fotoperíodo é aumentado conforme o frango avança a idade. A adição de uma hora de luz em uma ou mais vezes na
metade da noite, resulta em um aumento na taxa de crescimento com o mínimo risco para a saúde das aves.
Nos últimos dez anos, há uma movimentação significativa em todo o Brasil para se utilizar instalações de
criação em aviários escuros (Dark-House) ou semiescuros. Estas mudanças são impulsionadas à medida que
as pesquisas genéticas avançam cada vez mais em busca de uma ave com maior ganho de peso (alta conformação), com isso as dificuldades de manejo aumentam
a cada ano.
Para matrizes pesadas, por exemplo, o principal objetivo dos sistemas de aviários escuros e ou semiescuros
(sombrite) na fase de recria é de não permitir a sobreposição do hormônio de crescimento com a liberação dos
hormônios sexuais (16 a 22 semanas de idade), os quais
são antagônicos. Mantendo as aves em ambiente escuro, até 21 a 22 semanas, não haverá liberação dos hormônios sexuais, antes da completa formação corporal.
PONTOS IMPORTANTES PARA uM PROGRAMA DE Luz ADEquADO
O programa de iluminação, assim como outras estratégias de manejo, exige do avicultor atenção para escolhas certas.
Por isso, vale à pena ressaltar os pontos principais para um adequado programa de luz.
1) Ajustar o programa de luz conforme o objetivo da criação, por exemplo, se macho, fêmeas ou misto e levar em consideração o peso de abate.
2) Levar em consideração a época do ano. Em períodos de clima mais ameno pode-se aumentar o controle na quantidade de luz e na intensidade e em períodos de estresse de calor, é possível reduzir o controle da luz, propiciando mais horas
disponíveis para alimentação, principalmente nos períodos mais frios do dia
Ajustar o controle da intensidade e quantidade de luz por fases da vida da ave. Por exemplo, um lote misto ou machos
criados em ambiente ameno de outono.
Período de vida quantidade de luz
-horas
quantidade de
escuro - horas
Intensidade Luz
Ambiente Dark House
Intensidade Luz
Ambiente aberto
1-7 dias
23
1
25
25
8-14 dias
20
4
18
12
15-21 dias
18
6
10
12
22-42 dias
20
4
5
12
5 dias do abate
22
2
5
12
O novo aditivo antimicotoxinas
aprovado in vivo contra
fumonisinas e aflatoxinas
CONCLuSãO
Os programas de luz utilizados na criação de frangos de corte têm como finalidade regular o consumo de alimento. Para se determinar o manejo de luz a ser utilizado é necessário observar diversos
fatores tais como: peso de abate planejado, níveis nutricionais médios
shaping tomorrow’s nutrition
64
NT #6
Ricardo Issao Ito
é Médico Veterinário e
Consultor Técnico de Avicultura
na Provimi América Latina.
CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA
MuDA FORçADA
ASPECTOS A SEREM ABORDADOS PARA A
PROMOçãO DO SEGuNDO CICLO DE PRODuçãO
66
NT #6
1) Introdução
2.1) Genética:
O segundo ciclo de produção tem sido por vários anos,
uma prática mundialmente difundida, no intuito de prolongar a vida produtiva de poedeiras comerciais, assim como
para restabelecer a qualidade dos ovos produzidos no final
do primeiro ciclo. Após atingirem a maturidade sexual, as poedeiras iniciam o período de produção de ovos que, nos dias
atuais, se estende por cerca de 16 a 18 meses. é sabido que
durante este período ocorre uma redução tanto na produtividade dos ovos, como na qualidade interna e externa dos
mesmos. Desta forma, os ovos que no início do período de
produção apresentam cascas mais resistentes e o albúmen
de melhor consistência, perdem naturalmente estas características com o passar do tempo. Porém, estas características
quantitativas (número de ovos) e qualitativas (casca e albúmen) podem ser parcialmente recuperadas após um período
de descanso na produção, fazendo com que estas aves permaneçam na granja por até oito a nove meses adicionais.
Ao longo do tempo, várias metodologias têm sido empregadas para a indução deste descanso forçado. Em razão da
técnica mais utilizada determinar a queda e troca das penas
no período de descanso, esta prática é comumente chamada
de “Muda Forçada”. A Muda Forçada (MF) pode ser induzida
de diversas maneiras, dentre elas:
Jejum;
Restrição de sódio ou cálcio;
Altos níveis de zinco ou cobre.
No mercado, a técnica mais difundida é por meio da aplicação de um período de jejum, durante o qual as aves perdem
peso e cessam a produção de ovos. Neste período ocorre a
involução do ovário e oviduto, cuja intensidade depende do
grau de restrição alimentar ao qual as aves são submetidas.
Períodos de jejum mais prolongados determinam maior perda de peso e involução dos órgãos do sistema reprodutivo e,
consequentemente, um maior período para o retorno à produção de ovos. Em contrapartida, estas aves retornam com
a produtividade e qualidade de ovos superior em relação às
aves que são submetidas a períodos mais curtos de descanso. A escolha da metodologia mais adequada deve levar em
conta estes aspectos técnicos, além daqueles relacionados
com a economicidade desta prática de manejo.
Fatores que interferem na definição do programa de
Muda Forçaca MF:
Vários são os fatores a serem considerados quando da
definição de se praticar ou não a MF em uma granja de postura comercial. A seguir estão relacionados os de maior relevância, com seus respectivos impactos e/ou características
particulares.
A evolução genética das poedeiras “modernas” tem
feito com que estas aves se tornem mais produtivas a cada
nova geração. Nas décadas de 60 e 70, um ganho importante no número de ovos por ave alojada foi obtido pela maior
precocidade na idade de início da produção de ovos. Porém,
nas últimas décadas a maior ênfase dos geneticistas tem
sido com relação à persistência de produção (Fig.1). Assim,
quando comparamos a produtividade de ovos das poedeiras atuais com aquelas de 20 anos atrás, para uma mesma
idade, encontramos valores bastante diferentes. As aves
“antigas” atingiam seu melhor ponto de conversão alimentar (gramas de alimento por gramas de ovo) em idades mais
tardias e tinham este parâmetro piorado em menor período
de semanas em produção. Nas poedeiras “modernas”, em
virtude de melhor produtividade e persistência, o ponto de
melhor conversão alimentar ocorre em idades mais jovens e
perduram por mais tempo no período de produção. Aparentemente, as poedeiras de ovos brancos respondem melhor
em produtividade após o período de MF, razão pela qual a
prática é pouco utilizada em poedeiras de ovos marrons.
Figura 1
Curvas de produção de
poedeiras “antigas” e “modernas”.
2.2) O perfil de ovos, no primeiro e
segundo ciclos de produção:
À medida que as aves envelhecem, ocorre uma
redução na taxa de ovipostura diária, após um pico de produtividade máxima que ocorre em torno de 26 a 28 semanas
de idade. Embora exista uma redução no número de ovos
produzidos a partir desta idade, o peso dos mesmos tende
a seguir aumentando ao longo do período de postura. As
curvas de peso dos ovos no período produtivo dependem
da genética das aves e do seu desenvolvimento no período
de recria, mas programas nutricionais podem, dentro de
NT #6
67
um limite, contribuir para o ajuste do peso desejado. Como
regra geral, os ovos produzidos no início do período de produção são menores, mas têm boa qualidade externa e interna. quando se tornam mais velhas, as poedeiras produzem
ovos maiores, porém com mais problemas de qualidade de
casca e albúmen. A consequência deste fato é que o “mix”
dos ovos produzidos muda no decorrer do período de produção (Figura 2) e, a alteração neste “mix” gera diferentes
valores no preço médio de venda dos mesmos. Este preço
médio está diretamente relacionado com a proporção de
cada tipo de ovo no “mix”, pois cada categoria de ovos tem
um preço de venda diferenciado. Desta forma, espera-se que
o valor médio do “mix” aumente com o passar do tempo,
em virtude do aumento de ovos de maior tamanho. Porém,
gradativamente ocorre uma redução neste valor, em consequência do aumento de ovos com problemas de qualidade
de casca, decorrentes do processo natural de envelhecimento das aves. A maior parte de problemas relacionados com
a qualidade externa dos ovos ocorre ou agrava-se em ovos
de maior tamanho (Extra e Jumbo), mais numerosos em
aves de idade mais avançada. O valor deste “mix” é bastante
variável, em decorrência de características de cada mercado
em particular.
medida que a idade de descarte das aves aumenta. Porém, é
importante avaliarmos a conversão alimentar, em termos de
custo do alimento por ovo produzido, lembrando de considerar seu valor em decorrência do “mix” de produção.
troca de lotes ocorre sem a Mudança Forçada, o período com
ausência de ovos é reduzido, gerando uma maior produção
de ovos por unidade produtiva (ovos/ave/dia/galpão).
2.4) Valor da venda do descarte e do
esterco:
uma vantagem da MF é a redução nos custos de recria.
Na exploração em ciclo único, faz-se necessário um maior
volume de aves em período de recria, o que significa maior
volume de capital de giro investido nesta fase. Além disso, deve-se considerar que para explorar os núcleos de produção
em ciclo único, é necessário instalações de recria com a respectiva capacidade de produção de frangas.
A quantidade total de aves para venda no descarte é
sempre inversamente proporcional à sua idade de descarte.
Assim, quanto mais tempo o lote for mantido na granja, menor será o número de aves disponíveis para a venda no final
do ciclo de produção. A produção de esterco é proporcional
ao número de aves e seu respectivo consumo de alimento.
Portanto, quando realiza-se a Mudança Forçada, obtém-se
maior volume de esterco e menor quantidade de aves para
venda, quando comparado com a exploração em ciclo único.
2.5) Taxa de ocupação das instalações:
O custo das instalações é um fator de grande importância
no custo total da produção de ovos. Portanto, a otimização
na utilização deste recurso pode significar a diferença entre
margens positivas ou negativas na atividade. Além das questões relativas às densidades de criação, a maneira na qual as
instalações são ocupadas ao longo
do
tempo geram diferentes resulta
resultaFigura 2
Fonte: Guia de Manejo Hy Line W-36 2009-2011 dos econômicos. quando aves são
submetidas a um programa de Mu
Mudança Forçada, a produtividade de
ovos por unidade física de produção
sofre uma redução. Isto é decorrente
de um período em que as aves ocupam os galpões de produção, sem
que haja ovipostura. Assim, quando considera-se o volume de ovos
(e seu respectivo valor) por dia de
ocupação do galpão de produção,
frequentemente encontra-se vantaOs problemas de baixa produtividade e qualidade dos
gens para a exploração em ciclo único (Figura3). quando a
ovos podem ser parcialmente contornados com a prática da
Mudança Forçada, fazendo com que as aves retornem ao seFigura 3
gundo ciclo de produção. Após o período de descanso, as aves
Produtividade média em
retornam com melhor produtividade e qualidade de ovos.
ciclo único e dois ciclos.
2.3) Custo da alimentação:
Os requerimentos nutricionais das aves alteram-se ao
longo do período de produção, de acordo com as mudanças
de suas necessidades fisiológicas. Estas alterações, em conjunto com as capacidades de consumo para cada fase da vida
produtiva, determinam diferentes composições nutricionais
e, como consequência, diferentes custos de alimentação.
Como as rações de pico de produção têm maiores custos por
tonelada, quando comparados com as rações de pós-pico e
final de produção, o preço médio das rações tende a reduzir à
68
NT #6
2.6) Custo da reposição:
2.9) uso estratégico do Programa de
Mudança Forçada:
A MF pode ser planificada dentro de um programa de
produção de ovos, em decorrência de várias situações:
Ajustes no volume de produção de ovos em momentos
específicos (sazonalidade);
Ajustes na programação de alojamento de pintainhas de 1 dia;
Necessidade de cancelamento de novos lotes;
Necessidade de redução da produção de alimento;
Etc.
2.7) Bem estar animal:
Grupos de defesa de bem-estar animal interferem cada
vez mais nos modelos de produção de alimentos. Este movimento tem, em algumas circunstâncias, determinado o
aceite ou não de produtos de origem animal originários de
empresas que respeitam os ditos “direitos” dos animais.
São exemplos desta política, redes de fast food tais como:
McDonald´s, kFC e Burger king em diversas partes do mundo. No Brasil, a união Brasileira de Avicultura (uBA), já tem
editado o “Protocolo de Bem-Estar para Aves Poedeiras”,
no qual a Mudança Forçada não é recomendada. Todavia, as
seguintes recomendações servem para reduzir o sofrimento
das aves quando as condições econômicas exigirem a sua
realização:
O processo de muda dos lotes deve ser feito de maneira
que reduza ao mínimo a mortalidade e danos ao mesmo. As
galinhas de descarte devem ser separadas do lote antes de
começar a muda;
Não deve ser realizada a muda em lotes com histórico de
enfermidades;
O lote submetido à muda deve estar em bom estado
nutricional e sanitário;
A água deve estar disponível sempre durante a muda;
A mortalidade e a perda de peso corporal devem ser
supervisionadas diariamente durante o período de muda.
2.8) Condição Sanitária do Lote/Plantel:
O período de restrição alimentar é um fator de grande estresse para poedeiras que são submetidas à Mudança Forçada.
Esta condição gera um estado de imunossupressão, que promove a possibilidade de ocorrência de problemas de ordem
sanitária nestes lotes. Surgimento ou recidivas de quadros de
doenças respiratórias e/ou entéricas são comuns em granjas
onde os programas de prevenção e controle de doenças não
são adequadamente aplicados. Aves que serão submetidas a
um segundo ciclo de produção devem, portanto, receber um
novo programa de vacinações e receber aditivos alimentares
para restabelecimento da microbiota eutrófica.
Existe certa sazonalidade em relação aos custos dos alimentos e preços de venda de ovos, em decorrência de variáveis ligadas à safra de grãos, redução do volume de ovos
“caipiras”, etc. Assim, é possível planejarmos a MF em determinadas épocas, seja para reduzirmos a produção em épocas de baixos preços de venda ou altos custos de produção.
O período de quaresma, época que ocorre a redução na oferta de ovos e redução nos custos dos principais ingredientes
da ração, ilustra bem uma destas situações.
Problemas sanitários no período de cria e recria, que determinam grandes mortalidades como na Doença de Gumboro, também já tornaram necessária a MF de lotes, por consequência de menor produção de frangas, resultante do maior
espaçamento entre alojamentos. O aumento período de vazio
sanitário nas instalações de cria foi uma das práticas adotadas
para o controle desta enfermidade, em situações onde ocorriam grandes problemas de mortalidade e refugagem.
Períodos de crise na atividade geralmente são acompanhados pela redução no alojamento de pintainhas de um dia.
Esta prática, adotada em virtude da necessidade de redução
de custos, gera como conseqüência uma redução na produtividade no período seguinte, pelo aumento na idade média
dos lotes da granja.
3) Conclusão
A prática do segundo ciclo de produção não segue regras
fixas, sendo vantajosa em algumas situações e desvantajosa em outras. Portanto, é de grande importância que cada
empresa avícola encontre a sua própria maneira de otimizar
a utilização de seus recursos (capital investido na forma de
instalações, aves, alimentos, equipamentos, pessoal, etc.) da
maneira mais racional possível. Os parâmetros produtivos
(zootécnicos) devem sempre estar acompanhados de seus
indicadores econômicos, a fim de tomar a decisão que represente o máximo resultado “zoo-econômico”.
NT #6
69
RELAXE
Desfrute de resultados superiores
Quando o assunto é lucratividade e segurança,
confie na marca líder de mercado.
ATIVIDADE SUPERIOR, RESULTADOS SUPERIORES
Coopers Saúde Animal Indústria e Comércio Ltda.
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71
CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA
Fatores que
influenciam o
CONSUMODEáGUA
em frangos
e poedeiras
Introdução
A água é considerada um dos nutrientes mais importantes para os animais. Também é o elemento
com maior participação no organismo dos seres vivos. Os efeitos da restrição hídrica sobre a queda no
desempenho das aves estão bem documentados na literatura. De uma maneira geral, o consumo de
ração e o consumo de água estão associados. Em ambientes termoneutros o consumo de água dos
galináceos corresponde a 1,6 a 2,0 vezes o consumo de ração.
Fatores que influenciam o consumo de água das aves
- idade: de uma maneira geral, o consumo de água nas aves aumenta de acordo com a idade. No
entanto, a quantidade de água ingerida por quilo de peso corporal tende a diminuir. uma das razões para
isto acontecer é que aves mais velhas têm um percentual de água corporal menor do que aves mais
jovens.
- proteína bruta: um dos fatores predisponentes ao aumento no consumo de água pelas aves é o
aumento do nível de proteína bruta da dieta. O excesso de nitrogênio terá que ser catabolizado e excretado através dos rins, na forma de ácido úrico. No entanto, quando a fonte principal de proteína da dieta
é o farelo de soja, o aumento do consumo de água também pode ser devido ao seu nível de potássio.
O farelo de soja é rico neste mineral, que, quando presente na dieta em nível elevado, pode estimular o
consumo de água. Na prática o resultado de níveis altos de proteína (nitrogênio) e potássio na dieta é
a presença de camas úmidas. Este fenômeno também foi evidenciado em experimento conduzido no
Centro de Pesquisas em Nutrição Animal, da Nutron Alimentos Ltda (Figura 1).
- Minerais e balanço eletrolítico: Os minerais da dieta exercem grande influência sobre o consumo
de água, sobretudo o sódio (Na) e o potássio (k). O aumento no equilíbrio ácido-base da dieta, também
conhecido por DEB (dietary eletrolitic balance) ou número de Mongin e calculado através da equação
mEqNa+ + mEqk+ – mEqCl-, está associado a um aumento no consumo de água.
- produção de ovos: Em poedeiras, a produção de ovos influencia o consumo de água. De acordo
com Larbier e Leclercq (1994), durante o pico de postura, a galinha chega perder 40 gramas de água
através do ovo (aproximadamente 20% do seu consumo diário de água). Ao contrário do que ocorre
com frangos, em que o padrão de consumo de água é relativamente constante ao longo do dia, em poedeiras o padrão do consumo de água varia de acordo com o estágio de desenvolvimento do ovo.
72
NT #6
Daniel Gonçalves Bruno
é Médico Veterinário e trabalha
em Pesquisa e Desenvolvimento
no Grupo Provimi.
Antônio Mário Penz Junior
é Engenheiro Agrônomo e Doutor em Nutrição Animal
(Universidade da Califórnia), Mestre em Zootecnia
(UFRGS) e Diretor Mundial de Aves do Grupo Provimi.
Figura 1
Incidência de excretas úmidas em aves alimentadas
com dieta controle, a base de milho e farelo de soja (CTRL) ou com
produtos de origem animal (BM=farinha de sangue; MBM=farinha de
carne e ossos; FM2 e FM4 = farinha de penas com 2 e 4% de inclusão)
- Temperatura ambiental: Acima da zona de conforto térmico, o consumo de água aumenta proporcionalmente com o aumento da temperatura do ambiente. Em condição de estresse
de calor as aves ofegam, procurando equilibrar a temperatura corporal. A ofegação faz com
que haja perda corporal de água. A temperatura ambiental exerce este efeito no consumo de
água pelo ressecamento dos receptores térmicos localizados na orofaringe, pela desidratação
sistêmica e/ou pela alteração na temperatura cerebral.
- qualidade da água de bebida: A presença de alguns minerais na água, quando em altas
concentrações, pode inibir o consumo de água das aves. Entre os mais importantes estão os
sais de ferro e de manganês. Além destes minerais, alguns pesticidas ou outros contaminantes
presentes na água podem comprometer seu consumo.
- Outros fatores: Também podem afetar o consumo de água a densidade de alojamento,
a velocidade do ar no galpão, o genótipo, o sexo, a temperatura da água, as medicações via
água de bebida, as doenças, os fatores relacionados aos bebedouros (tipo e altura de bebedouro,
pressão do sistema, ou agentes físicos nas linhas de bebedouros, impedindo o fluxo de água), as
mudanças drásticas no programa de luz e a densidade de aves por bebedouro.
Considerações finais
As exigências de água dos frangos de corte e das poedeiras são determinadas por vários
fatores e que estão relacionados. O consumo de água é regido pelo sistema nervoso central e
o balanço hídrico é o principal determinante da quantidade de água que as aves vão ingerir. No
entanto, o consumo de água pode variar entre plantéis e, por esta razão, que é recomendada a
oferta de água à vontade em praticamente todas as condições de criação. é de extrema importância que as empresas avícolas definam o consumo esperado de água de seus plantéis e que
monitorem constantemente esse parâmetro (Jones e Watkins, 2009; Watkins e Tabler, 2009),
identificando alterações bruscas no consumo de água e descobrindo suas causas, que podem
prejudicar o consumo de alimento e o desempenho das aves (falta de água) ou aumentar a
umidade da cama, aumentando a incidência de pododermatite e doenças respiratórias (excesso ou desperdício de água). Esta última condição, além de comprometer o desempenho, pode
comprometer o bem estar das aves.
NT #6
73
CADERNO ESPECIAL AVICuLTuRA
Daniel Gonçalves Bruno
é Médico Veterinário e trabalha
em Pesquisa e Desenvolvimento
no Grupo Provimi.
Antônio Mário Penz Junior
é Engenheiro Agrônomo e Doutor em Nutrição Animal
(Universidade da Califórnia), Mestre em Zootecnia
(UFRGS) e Diretor Mundial de Aves do Grupo Provimi.
Exigências
nutricionais de água
em frangos de corte,
poedeiras e matrizes
Introdução
A água é considerada um dos nutrientes mais importantes para os animais
(Viola et al, 2009). é também elemento presente em maior quantidade no organismo dos seres vivos, variando de 58% a 65% (Riek et al, 2008), e 85%
(Leeson e Summers, 2001) do peso vivo, nas aves maduras e pintos respectivamente. Os efeitos da restrição hídrica sobre a queda no desempenho das
aves estão bem documentados na literatura. O consumo de ração (Proudman
e Opel, 1981), as taxas de eficiência e crescimento (frangos) e a produtividade
de ovos (poedeiras) são bastante prejudicadas (Abdelsamie e yadiwilo (1981).
Há também na literatura, relatos sobre aumento considerável na mortalidade
de aves em restrição hídrica (Abdelsamie e yadiwilo, 1981; Leeson e Summers,
2001). Viola et al (2009) observaram que níveis crescentes de restrição de água
(0, 10, 20, 30 e 40%) levavam a uma diminuição linear da altura das vilosidades
duodenais e (figura 1), desempenho e peso frescos dos órgão, bem como alterações comportamentais (tornando-se agressivos e irritadiços).
Figura 1
74
NT #6
Vilosidades duodenais de frangos aos 7 dias de idade com consumo
de água ad libitum (a) e restrito (b). (Adaptado de Viola et al, 2009)
NT #6
75
Além dos efeitos deletérios do consumo de água aquém
das necessidades fisiológicas e nutricionais das aves, outro
fator que impulsiona as pesquisas sobre o consumo e exigências de água é sua relação com a incidência de cama
úmida nas aves, ocasionando prejuízos econômicos (queda
de desempenho e na qualidade de carcaça) e para o bemestar das aves.
água como nutriente – funções no
organismo
A água é talvez o constituinte mais importante do organismo dos seres vivos, sendo responsável pelo transporte de
nutrientes, metabólitos e excreções celulares. Ainda, assume
um importante papel na regulação da temperatura corporal,
e na manutenção da homeostase, participando de reações
que controlam o pH, pressão osmótica e concentração
de eletrólitos (Leeson e Summers, 2001). A água participa
também das reações que irão levar á produção de energia
no organismo. A maioria das alterações digestivas nos carboidratos, gorduras e proteínas ocorre com a adição de água
no substrato. um Importante papel é atribuído à água em
casos de alta temperatura ambiental, quando esse nutriente
possui importante função de termorregulação, através da
dissipação do calor latente (Larbier and Leclercq, 1994).
Balanço de água
As principais formas de obtenção de água nas aves são
por meio da ingestão de água, diretamente dos alimentos, ou
pelas rotas metabólicas (oxidação de glicose, ácidos graxos e
aminoácido) (Larbier and Leclercq, 1994). Como a quantidade de umidade da dieta é em geral baixa (10%), e a produção
de água por vias metabólicas é limitada pela formulação (de
acordo com Leeson e Summers, 2001, 0,135 g de água são
produzidos para cada kilocaloria de energia consumida), a
obtenção de água pelas aves é basicamente controlada pela
ingestão de água, responsável por 73 a 80% do atendimento das exigências (Collet, 2010; Larbier e Leclercq, 1994).
No organismo das aves, aproximadamente 70% da
água encontram-se no interior das células, e 30% são extracelulares; destas, 75% estão no espaço intersticial, e 25% no
plasma, e o balanço e metabolismo da água agem no sentido
de manter um equilíbrio dinâmico dentro e entre esses compartimentos (Leeson e Summers, 2001). A concentração de
água nestes compartimentos é determinada pela presença
de eletrólitos osmoticamente ativos, e uma alteração na
quantidade líquida de água entre os compartimentos, com
transporte de água de um compartimento a outro, ocorre
quando há uma diferença de osmolaridade entre eles (Leeson e Summers, 2001).
Basicamente, são cinco as rotas pelas quais água é eliminada do organismo: urina, os gases exalados, a pele, fezes
e produção (ovos, por exemplo). As excretas (urinas e fezes)
correspondem à maior perda de água, sendo que 75 a 80%
76
NT #6
da água eliminada do organismo das aves se faz através dessa via (Larbier and Leclercq, 1994).
Fisiologia do consumo e eliminação
de água
Sistema Nervoso Central
Os estímulos fisiológicos que iniciarão no sistema nervosa central o comportamento da sede são a desidratação
(inter e extracelular) e a angiotensina II (Goldstein e Skadhauge, 1999). As células osmoreceptoras que respondem à
desidratação celular estão localizadas nas regiões periventriculares do hipotálamo, e a resposta delas é possivelmente
específica à concentração de sódio no fluído cerebroespinal
(Goldstein e Skadhauge, 1999). O mecanismo através da qual
o estímulo para ingestão de água se deve à perda de fluído
extracelular é mediado possivelmente pela angiotensina II e
é iniciado pelos mecanorreceptores presentes no compartimento extravascular (intersticial). Por fim, há a angiotensina
II, agindo no sistema nervoso central. A angiotensina II age
nos órgãos circunventriculares do cérebro, ativando as vias
angiotensinérgicas, onde o peptídeo atua como um neurotransmissor. Tanto a angiotensina sistêmica (renal e na
circulação sanguínea) quanto aquela presente no sistema
nervoso central possuem ação complementar no sentido da
manutenção da homeostase fluída no organismo (Mckinley
e Johnson, 2004). Ainda, há alguns peptídeos no cérebro influenciando o comportamento da sede, mas a ação destes
ainda não é tão clara (Takei et al, 1989), alguns deles estimulando o comportamento da sede (p.e., e relaxina e orexina),
enquanto outros (peptídeo natriuréticoatrial, glucagon-like
peptideo-1) podem causar inibição na ingestão de água (Mckinley e Johnson, 2004). O sistema adrenérgico também
pode participar na regulação do consumo de água nas aves
(Baghbanzadeh et al, 2010).
Outro fator associado à ingestão de água pelas aves está
relacionado a atratividade que esta representa para as aves.
Deve se ter em mente que fatores como a temperatura e
pH apresentam grande influência sobre o consumo de água
(Dagen e kam, 1998; Dagen et al, 1992; Gous e Morris, 2005;
kare, 1970; xin et al 2002) e do programa de luz (Fairchild
e Ritz, 2009; xin et al, 1993) sobre o consumo de água de
frangos e poedeiras.
Rins
Nos rins, a água é absorvida pelos glomérulos sob a influência da arginina-vasotocina (AVT), liberada pela hipófise,
sob estímulos relacionados ao aumento na pressão osmótica no plasma, diminuição da pressão sanguínea e perda
de volume sanguíneo (Larbier and Leclercq, 1994). yahav
et al (2004) demonstraram haver uma correlação positiva
(R2=0,84) entre o aumento na pressão osmótica plasmática
e a concentração de AVT no plasma.
Exigências de água de frangos, poedeiras
e matrizes
De maneira geral, o consumo de ração é o principal determinante da quantidade de água a ser ingerida pelas aves,
quando estas se encontram em uma situação de termoneutralidade, e o consumo de água ocorre próximo ao consumo
de ração. A absorção dos produtos da digestão ocasiona
aumento na osmolaridade plasmática, e assim inicia os mecanismos fisiológicos responsáveis pela sensação de sede
(Bailey, 1999).
Tipicamente, os galináceos consomem um volume de
água 1,6 a 2,0 vezes maior que o volume de ração por dia
(Sarvory, 2010). Sarvory (1978) observaram relações lineares
entre o consumo de ração e o consumo de água em poedeiras (figura 2). Van kempen (1983) sugere que a relação con-
Figura 2
Relação linear entre consumo de
ração e consumo de água em poedeiras
(Adaptado de Sarvory, 1978)
sumo de água:consumo de ração esteja diretamente relacionado com a eficiência de utilização da dieta, pois observou,
em poedeiras, aumento linear da energia metabolizável aparente com o aumento dessa relação. No entanto, essa proporção não é fixa, e outros fatores, como o estresse térmico,
podem alterá-la.
Diversos estudos estimaram o consumo de água de
frangos e poedeiras de acordo com a idade e os resultados
encontram-se sumarizados nas tabelas 1 e 2.
Tabela 1
Consumo deágua defrangos decorte
(ml/ave/semana),deacordo com diversas fontes
Referência
Idade
(sem.)
1
2
3
4
5
6
7
8
1
2
3
4
5
6
7
225
480
725
1000
1250
1500
1750
2000
278
781
1285
1788
2292
2796
3299
3803
240
541
842
-
1294
1615
1937
2259
2580
1475
1805
2134
2464
2793
168
700
1680
-
280
1330
3500
-
1- National Research Council (1994);
2 - Viola et al (2005), baseado na equação: Cag = - 1,44 + 10,277 x;
3 – Brake et al (1992), baseado na equação Cag= 9,73 + 6,142 x;
4 – Alleman e Leclercq (1997), baseado na equação Cag = 20,71 + 6,564 x
(aves consumindo dietas com baixo teor protéico);
5 - Alleman e Leclercq (1997), baseado na equação Cag = 42,76 + 6,722 x
(aves consumindo dietas com alto teor protéico);
6 – Leeson e Summers (2001), para aves alojadas a 20°C;
7 – Leeson e Summers (2001), para aves alojadas a 32°C;
* Nas equações, Cag= consumo de água; x = idade (dias)
é importante mencionar que a maioria dos estudos mostrados nas tabelas 1 e 2 foram conduzidos com as aves em
situação de termoneutralidade (de 19 a 22°C); em situação
de estresse térmico, esses valores sofrem uma grande alteração. Nessas tabelas também não levou-se em consideração
o tipo de bebedouro das aves, que pode também determinar
alteração na quantidade de água consumida (Bailey, 1999;
National Research Council, 1994).
Estudos avaliando as exigências de reprodutores são
mais escassos. De acordo com estimativas de Ward e Mckague (2007), quando estes encontram-se com um peso vivo
entre 3,0 e 3,5 kg, suas exigências são de 180 a 320 L/dia
(para cada 1000 aves). Leeson e Summers (2001) estimaram
o consumo de matrizes antes e depois da idade reprodutiva, de acordo com a produtividade das aves, para diferentes
temperaturas ambientais. Os resultados encontram-se sumarizados na tabela 3.
Observa-se de maneira geral que o consumo absoluto
de água nas aves aumenta de acordo com a idade. No entanto, a quantidade de água ingerida por kg de peso vivo
tende a diminuir (Fairchild e Ritz, 2009; May et al, 2000),
e uma das razões é o fato da quantidade de água corpo-
NT #6
77
Tabela 2
Consumo de água de poedeiras
(ml/ave/semana), de acordo com diversas fontes
Referência
Idade (sem.)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
1
200
300
500
700
800
900
1000
1100
1200
1300
1600
-
2
200
400
700
800
900
1000
1100
1100
1200
1300
1500
-
3
56 a 77
77 a 133
119 a 189
175 a 266
238 a 329
315 a 399
399 a 476
427 a 560
448 a 665
476 a 714
477 a 714
478 a 714
479 a 714
480 a 714
481 a 714
504 a 1064
505 a 1064
506 a 1064
507 a 1064
508 a 1064
693 a 1274
694 a 1274
695 a 1274
696 a 1274
1064 a 1456
1 – National Research Council (1994) para poedeiras de ovos brancos;
2 – National Research Council (1994) para poedeiras de ovos vermelhos;
1 – Manual Hy-line 2009-2011 para poedeiras de ovos brancos e vermelhos;
Tabela 3
Consumo de água de matrizes de
frangos (ml/ave/semana), de acordo com a idade,
produtividade e temperatura ambiental
Temperatura ambiental
Fase / produtividade 20°C
Antes da idade reprodutiva
4 semanas
525
12 semanas
980
18 semanas
1260
Após idade reprodutiva
50% de produção 1260
80% de produção 1470
32°C
840
1540
2100
2100
2520
Adaptado de Leeson e Summers (2001).
ral em relação ao peso vivo diminuir, concomitantemente
ao aumento na quantidade de gordura e de proteínas relacionadas às penas, que ao contrário das proteínas nos
diferentes órgão das aves, não estão associadas a uma
78
NT #6
quantidade constante de água (Larbier e Leclercq, 1994).
De fato, as aves mais jovens encontram-se em um balanço
positivo de água, devido a sua maior atividade anabólica
(Leeson e Summers, 2001). Em poedeiras, o consumo de
água aumenta gradualmente até a 16ª semana de vida, e
um aumento abrupto acompanha a maturidade sexual;
no entanto, após o pico de produção de ovos não há uma
relação clara entre o consumo de água e a idade (Bailey,
1999). Em frango, a maioria dos estudos apontou uma relação linear entre a idade e o consumo de água, pois o ciclo
de vida destes é mais curto que o período em que atingem
a maturidade sexual. De acordo com Pesti et al (1985), em
frangos sob condições comerciais, o consumo de água aumentou 5,1 g/dia para aves abatidas em épocas mais frias
do ano, e 5,7 g/dia nas épocas mais quentes (R2 = 0,99).
Vários fatores podem, no entanto, influenciar as exigências de água das aves, de modo que os valores mencionados nas tabelas acima servem apenas como referências, e
grandes variações podem ocorrer de plantel a plantel. Estes
fatores são principalmente restrição hídrica e alimentar; relacionados à dieta; produção de ovos e ovoposição; suplementação com coccidiostáticos; densidade de alojamento;
seleção genética e genótipos; sexo; temperatura ambiental
e velocidade do ar.
Há ainda novas frentes de estudo analisando outros fatores que podem exercer influência sobre as exigências de
água em aves. Riek et al (2008) hipotetizaram que a temperatura de incubação dos ovos pode influenciar o crescimento muscular pós-eclosão, afetando assim a quantidade de
água exigidas por elas. Neste estudo, os autores incubaram
ovos de perus em duas temperaturas diferentes; porém
não puderam observar nenhum efeito dos tratamentos
térmicos sobre a quantidade de água ingerida pelas aves
após a eclosão.
Fatores que influenciam as exigências de
água em aves
Restrição hídrica
Nas aves que se encontram em restrição hídrica, todos
os estímulos para ingestão de água citados anteriormente
(desidratação celular, extracelular e a angiotensina II) são
estimulados simultaneamente, e quando a ave tem acesso
á água, tende a apresentar um consumo de água compensatório e ingerir uma quantidade além da necessária para reestabelecer seu déficit hídrico (Goldstein e Skadhauge, 1999).
No entanto, essa água em excesso é absorvida lentamente
no trato gastrointestinal, e grande parte é excretada, e na
maior parte das vezes aves nessas condições permanecem
em balanço hídrico deficitário por algum tempo. Esse comportamento foi observado por Viola et al (2005), que após
submeterem frangos a diferentes níveis de restrição hídrica
de 1 a 21 dias (0 a 40%), observaram que durante uma sema-
na após o término da período de restrição, houve um maior
consumo de água nas aves com maiores níveis de restrição
(30 e 40%) em relação a aves com 10% de restrição; no entanto, após 7 dias, o consumo de água normalizou-se. Esses
autores também observaram que, durante o período de restrição, as aves que estavam restritas tenderam a apresentar
maior consumo de água em relação àquelas com disponibilidade de água à vontade, o que corrobora observações feitas
por Abdelsamie e yadiwilo (1981).
Fatores relacionados à dieta
Proteína bruta e farelo de soja
um dos fatores predisponentes ao aumento no consumo
de água pelas aves é o aumento nos níveis de proteína bruta
da dieta. O excesso de proteína será catabolizado e excretado pelos rins, na forma de ácido úrico (Francesch e Brufau,
2004). Para cada 1% de aumento na quantidade de proteína
da dieta, há um aumento de 3% no consumo de água (Larbier and Leclercq, 1994).
Algumas dúvidas sobre dietas formuladas com farelo de
soja costumam aparecer, pois nestas, tal efeito pode também
ser ocasionado pelo aumento na concentração de potássio
na dieta (Bellaver et al, 2005) e pelo alto conteúdo de carboidratos com baixa digestibilidade, que poderiam aumentar
a viscosidade do conteúdo intestinal e assim ocasionar problemas relacionados à ingestão de água (Francesch e Brufau,
2004). Os dados de Alleman e Leclercq (1997) corroboram
essa afirmação. Estes autores observaram que em frangos
de 23 a 44 dias de idade mantidos sob temperatura termoneutra (22°C), a diminuição nos níveis de proteína bruta de
20 para 16% ocasionou uma queda no consumo de água e
na relação entre o consumo de água e ração. Por outro lado,
Oyedeji et al (2005) observaram um mesmo consumo de
água em frangos mantidos com diferentes programas nutricionais, nos quais a proteína bruta apresentava variação.
Deve se observar, no entanto, que as dietas neste trabalho foram formuladas com diversas fontes proteicas de origem animal e soja integral, enquanto que Alleman e Leclercq (1997)
formularam dietas vegetais a base de milho e farelo de soja,
de modo que neste último estudo houve maior participação
do farelo de soja na alteração de proteína das dietas.
De fato, na Europa, onde houve a substituição de fontes
animais de proteína por farelo de soja devido às novas Legislações que proíbem estes ingredientes, está sendo relatado
aumento na incidência de pododermatite em frangos (Eichener et al, 2007), e acredita-se que esteja associada com
o aumento na cama úmida pelo aumento no consumo de
água. Experimentos conduzidos no Centro de Pesquisa em
Nutrição Animal (CPNA) da Nutron Alimentos LTDA (dados
não publicados) evidenciaram que frangos de corte consumindo uma dieta a base de milho e farelo de farelo apresentaram maior porcentagem de excretas aquosas aos 35 dias
de idade (70,8%) quando comparados com aves consumindo dietas isonutritivas, mas formuladas com farinha sangue
(53,6%), farinha de carne e ossos (60,0%), e farinha de penas com 2 (56,9%) e 4% de inclusão (56,8%).
Vieira e Lima (2005) observaram ainda que frangos em
fase de crescimento, consumindo dietas a base de farelo de
soja (32% de inclusão) ingeriram maior quantidade de água,
produziram maior quantidade de excretas, e com maior teor
de umidade, que aves consumindo uma dieta com mesmo
teor de proteína bruta (20%), mas com menor quantidade
de farelo de soja (22,4% de inclusão) e com fontes proteicas
de origem animal (subproduto de suínos e frangos e farinha
de penas). A dieta à base de farelo de soja apresentou também maior equilíbrio ácido-base (ver próximo item) e concentração de potássio.
Minerais e balanço eletrolítico
Dos diversos fatores relacionados à dieta que impactam no consumo de água das aves, os eletrólitos devem ser
destacados. Foi observado em poedeiras que o aumento na
quantidade de sódio e potássio na dieta, em níveis acima
dos recomendados para a espécie, promoveu aumentos lineares na ingestão de água e relação entre o consumo de
água:consumo de ração, ocasionando aumento na umidade
das excretas (Smith et al, 2000). Estes autores obtiveram as
seguintes equações de regressão do consumo de água (Cag)
em função da concentração (g/kg) destes minerais:
- Sódio: Cag (g/dia) = 130,7+13,67x
- Potássio: Cag (g/dia) = 174,2+9,19x
Em estudos relatados por Francesch e Brufau (2004), foi
observado que em o aumento de sódio na dieta de 0,16 para
2,11% promoveu um aumento de 2,9 vezes no consumo de
água por poedeiras, enquanto que em perus alta correlação
entre o consumo de água e níveis de potássio da dieta (Carré
et al, 1994). Em frangos, o aumento de 0,14% para 0,25%
acarreta em 10% a mais no consumo de água (Larbier and
Leclercq, 1994), e o aumento na quantidade de NaCl na dieta
(por volta de 0,4% a mais do sal) levou a um aumento no
NT #6
79
consumo de água na ordem de 37% (Hooge et al, 1999).
Borges et al (2003) observaram que o aumento no equilíbrio ácido-base da dieta (também conhecido como número de
Mongin, e calculado através da equação: mEqNa+ + mEqk+
– mEqCl-) estava associado linearmente a um aumento no
consumo de água. Com base em uma revisão de vários estudos publicados na literatura, Hooge (2003) concluíram que
para poedeiras, o número de Mongin ideal está entre 180 e 190
mEq/kg em condições de termoneutralidade; no entanto, em
condições de estresse calórico, se esse valor for aumentado
para 200 mEq/kg, um maior consumo de água será observado. A relação entre o aumento número de Mongin sobre o aumento no consumo de água está presumivelmente associada
ao aumento na ingestão de sódio e potássio.
Além do sódio e do potássio, outros minerais cuja influência sobre as exigências de água é menos estudada são
o fósforo e o cálcio. Smith et al (2000) observaram que níveis
crescentes de fósforo mineral na dieta de poedeiras (de 0,3 a
2,0%) levaram a aumentos lineares na ingestão de água e
relação entre o consumo de água:consumo de ração, e que
houve ação aditiva entre o fósforo e sódio sobre o consumo
de água. No entanto, não foram observados efeitos do cálcio
sobre estas variáveis.
Fibra
O aumento na quantidade de fibras da dieta, em aves
submetidas à restrição alimentar, pode ocasionar em menor
ingestão de água e consequentemente menor umidade de
cama. Em matrizes com dieta restrita de 6 a 16 semanas,
Hocking (2006) observou menor ingestão de água quando
a dieta foi diluída com 200 e 400 g/kg de casca de soja, não
havendo, no entanto, diferenças entre ambas as inclusões.
Polissacarídeos não amiláceos
Foi relatado que a inclusão de cereais ricos em polissacarídeos não amiláceos (PNA) pode ser um fator que aumenta
o consumo de água em aves (Francesch e Brufau, 2004). A
inclusão de 7,5 e 15% de polpa de beterraba na dieta de poedeiras ocasionou aumento no consumo de água de 21 e 56%
respectivamente (Almirall et al, 1997). Similarmente, Lee et al
(2004) observaram aumento na relação consumo de água:
consumo de ração em frangos alimentados com dieta contendo centeio. Ainda, observou-se que poedeiras consumindo dieta com 89% de farelo de trigo consumiram aproximadamente
mais água que aves consumindo uma dieta a base de milho e
farelo de soja e alfafa (Patterson et al, 1989).
Consequentemente, a adição de enzimas em dietas ricas
em pode também diminuir a ingestão de água, conforme
constatado em frangos consumindo dietas a base de cevada
aos 21 dias de idade suplementados com beta glucanase e
xilanase (Garcia et al, 2008) ou em frangos na mesma idade
consumindo dietas formuladas com centeio e suplementadas com beta glucanase e xilanase (Mathlouthi et al, 2002)
80
NT #6
e em poedeiras consumindo dietas a base de cevada e farelo
de girassol e suplementadas com beta-glucanase, xilanase
e pectinase (Francesch et al 1995). Neste último estudo fora
também observado uma tendência a diminuição da relação
entre consumo de água: consumo de ração com a suplementação do complexo enzimático.
Processamento
O processamento de dietas à base de cereais com alto
conteúdo de PNA pode também ocasionar um aumento no
consumo de água, proporcional ao aumento na viscosidade
destes carboidratos (Francesch e Brufau, 2004). Almirall et
al (1997) observaram que a peletização de dietas com a inclusão de níveis crescentes de polpa de beterraba aumentou
a ingestão de água em poedeiras, e atribuiram a esse fato
melhora na produção de ovos. Esse aumento na ingestão de
água não foi causado pelo aumento no consumo de ração,
já que a peletização ocasionou também aumento na relação
entre o consumo de água e consumo de ração. Vukic Vranjes
e Wenk (1995) também observaram maior ingestão de água
em frangos consumindo dieta com cevada extrusada, em relação ao cereal não processado.
Os estudos citados acima relacionaram o processamento
de dietas com alto conteúdo de PNA a aumento no consumo
de água das aves. No entanto, em dietas com baixa inclusão
ou ausente destes carboidratos, acredita-se que a peletização per se não leve diretamente a aumento no consumo
de água, mas que esse efeito seja decorrente do aumento no
consumo de ração (Bailey, 1999).
Produção de ovos e oviposição
Em poedeiras, a produção de ovos influencia no consumo de água. De acordo com Larbier and Leclercq (1994),
durante o pico de postura, uma galinha chega a perder 40
g de água através dos ovos (aproximadamente 20% do seu
consumo). Nestas, a produção de ovos explica de 30 a 55%
do influxo de água (isso é, a obtenção de água advindo da
ingestão de água e dos alimentos), enquanto que 65% do
influxo de água é influenciado pelo consumo de matéria seca
das aves (kam e Degen, 1987). Segundo estimativas de Ward
e Mckague (2007), uma poedeira deverá consumir, para
cada dúzia de ovos produzida, 4 kg de água.
O aumento nas exigências de água com o início da produção fora constatado por Balogun et al (1997), que observaram o consumo de água de poedeiras antes do início da
idade de postura (17 e 19 semanas) e após (30 semanas), e
constataram que o consumo de água foi respectivamente
160, 165 e 260 ml/dia, enquanto que a relação entre o consumo de água: consumo de ração fora de 1,98, 1,99 e 2,27ml/g,
respectivamente. Similarmente, Leeson e Summers (2001)
estimaram que o consumo de água de poedeiras de acordo
com a idade e produtividade. Segundo esses autores, para
aves alojadas a 20°C, antes do início da idade reprodutiva (12
semanas), o consumo de água por ave é de 115 ml/dia; durante a idade reprodutiva, é de 150, 180 e 120 ml/dia para aves
com produtividade de 50%, de 80% e para aves que não
estão produzindo ovos, respectivamente.
Enquanto em frangos o consumo de água tende a ser
constante ao longo do dia, em poedeiras o estágio de formação do ovo exerce grande influência nesse parâmetro, causando alterações no padrão de consumo diário de água. Wood-Gush e Home (1970) observaram que o consumo de água
foi maior nos dias em que poedeiras apresentaram ovulação
somente (i.e, sem ovoposição concomitante); intermediário,
nos dias em que as aves apresentaram ambos ovoposição
e ovulação; e menor nos dias que as aves apresentaram somente ovoposição. Se as observações do consumo de água
forem associadas aos estágios de ovoposição e ovulação de
poedeiras (Figura 3), nestas o consumo de água é praticamente nulo de 1 a 2 horas antes da ovoposição (Wood-Gush
e Home, 1970), aumentando nas duas primeiras horas após a
ovoposição, quando atinge valores máximos (50 ml/h) (Mongin e Sauveur, 1974). Diferentes teorias foram elaboradas para
explicar a razão da diminuição do consumo de água após a
ovoposição e um pico de consumo logo após esse evento. De
acordo com Wood-Gush e Home (1970), antes da ovoposição
as aves se apresentam inquietas, expressando seu comportamento de nidificação, e desse modo acabam não consumindo
água, e após a ovoposição, apresentariam um consumo de
água compensatório ao período de restrição hídrica. Mongin
e Sauveur (1974), por outro lado, atribuíram esse padrão de
ingestão de água como resultante da liberação de arginina-vasitocina (AVT), responsável pela contração uterina, aumento
da pressão uterina e pela postura; Larbier and Leclercq (1994)
também atribuíram o aumento na ingestão de água resultante
da produção de angiotensina II logo após a deposição de água
no albúmen. Outro pico de ingestão de água (37 ml/h) ocorre
Figura 3
Consumo de água ml/h de acordo
com os estágios de ovoposição (Adaptado de
Mongin e Sauveur, 1974)
de 6 a 8 horas após a ovulação, quando o ovo encontra-se na
glândula da casca (útero), quando grande quantidade de água
é adicionada ao albume (Mongin e Sauveur, 1974; Nys et al,
1976), enquanto há uma tendência à diminuição no consumo
de água de 14 a 20 horas após a ovoposição (Nys et al, 1976).
Suplementação com coccidiostáticos
O modo de ação dos ionóforos está relacionado a um
aumento na permeabilidade da membrana celular aos íons
Na e k, levando a um ingresso de água na célula e afetando a
atividade mitocondrial. Assim, a administração de ionóforos
às aves pode causar aumento na exigência de água por elas
(Fransesch e Brufau, 2004). Ouart et al (1995) observaram
que a administração de lasalocida (110 e 124 mg/kg) a frangos
de corte levaram a aumento no consumo de água em torno
de 8,8%, tanto aos 21, quanto aos 42 dias de idade. Por outro
lado, Frigg e Broz (1983) observaram pouco efeito da lasalocida sobre o consumo de água. Conclusões diferentes entre
os estudos relacionando ionóforos ao consumo de água são
frequentes, e o confundimento pode vir da interação entre a
suplementação com ionóforos e o equilíbrio ácido-base das
dietas nos diferentes estudos (Pesti et al, 1999).
De acordo com Ouart et al (1995), outros ionóforos não
levaram à diferenças significativas quanto ao consumo de
água em relação ao grupo controle aos 21 dias de idade
(halofuginona a 3 mg/kg; salinomicina a 55 e 66 mg/kg; e
monensina a 99 e 121 mg/kg), enquanto que aos 42 dias de
idade, a monensina administrada a 99 mg/kg diminuiu a ingestão de água. Outros autores também observaram menor
consumo de água em aves suplementadas com monensina
(Fleet e Saylor, 1984; Frigg e Broz, 1983).
Restrição alimentar
A restrição alimentar está associada com aumento na
ingestão de água, após alguns dias de aclimatação (Larbier
e Leclercq,1994), em função da necessidade de preencher
fisicamente o trato gastrointestinal (mecanismo de saciedade) ou por necessidades comportamentais (tédio) (Leeson e
Summers, 2001). Em matrizes pesadas, a prática da restrição
alimentar para controlar o crescimento dessas algumas vezes gera a necessidade de restringir o fornecimento de água,
uma vez que a relação entre o consumo de água: consumo
de ração aumenta muito, e problemas relacionados a umidade de cama podem ser observados. Apesar disso, Bennett e
Leeson (1989) sugerem que quando a restrição alimentar e
feita em esquema “skip a day”, as aves tendem a beber voluntariamente mais água nos dias em que são alimentadas
do que nos dias em que estão de jejum.
Densidade de alojamento
quando frangos são alojados em condições de alta densidade, aumento no consumo de água pode ser observado,
mesmo estando a temperatura ambiente dentro dos limites
NT #6
81
de termoneutralidade, pois estas podem ser estar sujeitas a
uma menor habilidade em dissipar o calor devido ao menor
espaço entre as aves (Sarvory, 2010). Assim, McLean et al.,
2002 observaram que frangos alojados a 28, 34 e 40 kg/m2,
a menor densidade estava associada a menos ofegação, e
menor umidade na cama. Feddes et al (2002) compararam
o desempenho de frangos alojados a 23,8, 17,9, 14,3, e 11,9
aves/m2, observando que o consumo de água aumentava
linearmente com o aumento da densidade de alojamento,
bem como a relação entre consumo de água: consumo de
ração, de modo que o maior valor (1,85) fora observado nas
aves alojadas com maior densidade.Balogun et al (1997) não
observaram diferenças significativas estatisticamente quanto ao consumo de água de frangos alojados com duas densidades (0,09 e 0,18 m2/ave), apesar de numericamente o
consumo das aves com maior densidade ser superior (172,5
vs 161,5 ml/ave/dia).
Efeito de seleção genética e dos diferentes genótipos
Em geral frangos selecionados para alto crescimento
apresentam maior consumo de água, refletindo o maior consumo de ração. Diferenças entre linhagens podem também
refletir diferenças quanto à quantidade de água corporal, relacionado à quantidade de gordura presente no organismo,
de modo que quanto maior, menor é o conteúdo de água
(Larbier e Leclercq, 1994).
Marks (1981, citado por Viola et al, 2009) observaram
que o consumo de água em linhagem comercial de frangos
selecionada para alto crescimento (Cobb) foi maior que em
linhagem não selecionada, quando a água foi fornecida ad
libitum. Essa afirmação, no entanto, deve ser interpretada
com cautela numa situação em que as aves se encontram
sob influência de altas temperaturas ambientais. Deeb e
Cahaner (2002) selecionaram aves com alto crescimento e
crescimento médio dentro de um mesmo plantel, e comparam o desempenho da sua progênie. Houve maior consumo
de água das aves com alto crescimento em relação àquelas
com baixo crescimento de 17 a 28 dias (em média 9,3 e 5,3%
mais água, em uma situação de termoneutralidade e estresse térmico respectivamente). No entanto, de 28 a 42 dias de
idade, o consumo de água das aves selecionadas para maior
crescimento foi em torno de 16,8% maior, em situação de
termoneutralidade; já nas aves mantidas sob alta temperatura ambiental, o contrário foi observado, sendo que aves
selecionadas apresentaram em média menor consumo de
água (8,6%). Essas diferenças foram relacionadas ao consumo de ração das aves. A relação consumo de água:ração
foi a mesma para as aves selecionadas e não selecionadas,
independente da temperatura ambiental e idade; por outro
lado, essa relação o dobro nas aves sob estresse térmico em
relação àquelas alojadas em condições de termoneutralidade, independente do crescimento das aves. Esses dados de-
82
NT #6
monstram a fragilidade de aves selecionadas
para grandes taxas de crescimento em altas
temperaturas ambientais.
Sexo
Até certa idade, o conteúdo de água no corpo das aves fêmeas é geralmente menor, tendência essa que se acentua próximo da maturidade sexual (Larbier e Leclercq, 1994). ziaei et
al (2010) observaram que frangos da linhagem
Ross machos consumiram significativamente
mais água que fêmeas. No entanto, a relação
entre consumo de água e consumo de ração
foi a mesma (1,60) para ambos os sexos. Riek et
al (2008) observaram, em perús, que machos
consumiram maior quantidade de água que
as fêmeas; no entanto, a diferença deixou de
ser significativa quando a quantidade de água
consumida foi expressa em função do peso vivo
das aves. Assim, a diferença entre o consumo de
água nos frangos machos e fêmeas pode ser
explicada pela diferença de peso (Bailey, 1999)
e taxa de de retenção de proteína (ziaei et al,
2010) entre os sexos. Segundo Marks (1985), a
divergência entre os sexos relacionadas ao consumo de água se inicia logo após a eclosão.
Em poedeiras, Balogun et al (1997) observaram que às 19 semanas de idade, os machos
consumiram 43% mais água que as fêmeas, reflexo do maior
do consumo de ração destes, já que a relação entre o consumo água e ração foi o mesmo (1,99 ml/g) para ambos os sexos.
Interessante notar neste estudo, no entanto, que o consumo
de água de machos às 17 semanas foi semelhante estatisticamente ao de galinhas em idade de postura (30 semanas) (280
vs 260 ml/ave, respectivamente); no entanto, as poedeiras às
30 semanas exigiram maior quantidade de água por volume
de ração ingerida (2,27 ml/g) que os machos (1,99 ml/g). Assim,
os autores concluíram que as atividades fisiológicas relacionadas à postura de ovos exigem maior quantidade de água que
àquelas relacionadas ao crescimento.
Temperatura ambiental e velocidade do ar
A temperatura ambiente é uma das variáveis que apresenta maior influência sobre o consumo de água. uma consequência da ofegação em aves que se encontram sob uma
temperatura acima da zona de conforto térmico é a perda
de água corporal; nessas condições, as aves chegam a dissipar mais de 80% da sua produção de calor por meio da
evaporação (Gous e Morris, 2005). Ainda, aves em situação
de estresse térmico tendem a aumentar a produção de urina
(Belay et al, 1992; Belay e Teeter, 1993), em virtude da maior
produção de urina hipo-osmótica (Leeson e Summers, 2001).
Três hipóteses foram formuladas para explicar a influência
da temperatura ambiental sobre o consumo de água: temperaturas mais elevadas causariam um ressecamento nos
receptores localizados na orofaringe; desidratação sistêmica;
e por fim, alteração na temperatura cerebral (Leeson e Summers, 2001).
Por outro lado, o estresse causado pelo calor nas aves
pode ser um fator a causar aumento no consumo de água
por si próprio. Odihambo-Mumma et al (2006) injetaram em
poedeiras hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) para simular condições em que as aves se encontram em estresse, e
observaram que estas consumiram em média 145 ml/dia de
água a mais que aves do grupo controle.
Diversos estudos quantificaram o aumento no consumo
de água em função do aumento na temperatura ambiental.
Singleton (2004) observaram que após os 20ºC, para cada 1ºC
que a temperatura ambiental aumenta, o consumo de água
aumenta em 6%, enquanto que o consumo de ração diminui
em 1,23%. De acordo com o National Research Council (1994),
para cada 1ºC de aumento na temperatura após os 21ºC, frangos consomem 7% mais água. Outros autores chegaram a
observar até mesmo que aves alojadas a 35ºC consumiram o
dobro de água do que aquelas alojadas a 21ºC (Wilson, 1948).
quando o consumo de água é analisado em relação
ao consumo de ração e ao ganho de peso, Deeb e Cahaner
(2002) observaram que frangos criados a 22ºC consumiram
1,60 g e 2,70 g de água para cada grama de ração ingerida e
cada grama de ganho de peso, respectivamente, enquanto
que em aves mantidas a 32ºC, esses valores foram de 2,33
e 3,50 g de água.
Outrostrabalhosaindaevidenciaramalteraçãonopadrão
de consumo de água, e não somente na quantidade. Alleman
e Leclercq (1997) observaram que frangos de corte macho
apresentavam, durante as fases de crescimento e abate (23 a
44 dias de idade), uma tendência a aumentarem o consumo
de água quanto maior a idade, independente do conteúdo de
proteína da dieta, quando alojados a 22ºC. No entanto, numa
situação de estresse térmico (32ºC), o consumo de água dos
Figura 4
Consumo de água (ml/dia) de
frangos machos, em função da idade
- consumo de aves mantidas a 22ºC, com dieta com alto teor protéico;
- consumo de aves mantidas a 22ºC, com dieta com baixo teor protéico;
- consumo de aves mantidas a 32ºC, com dieta com alto teor protéico
- consumo de aves mantidas a 22ºC, com dieta com baixo teor protéico.
Adaptado de Alleman e Leclercq (1997)
mesmos manteve-se constante, independentemente da idade dos frangos (figura 4). Os valores médios da relação entre
o consumo de água:consumo de ração (média entre a dietas com alto e baixo teor protéico) observados neste estudo
foram de 1,81 para frangos em ambiente termoneutro, e de
2,95 para frangos em estresse térmico.
Fatores como a velocidade do ar podem diminuir as exigências de água em altas temperaturas. Com o aumento na
perda de calor por condutividade acarretada pelo aumento
na velocidade do ar em contato com o corpo das aves, a tendência destas é tornarem-se menos ofegantes, diminuindo a
perda por evaporação (May et al, 2000).
Considerações finais
As exigências de água de frangos de corte, poedeiras e
matrizes são determinadas por vários fatores que se interrelacionam entre si. O consumo de água é regido pelo sistema nervoso central, e o balanço hídrico é o principal determinante da quantidade de água que as aves irão ingerir. Alguns
fatores que interagem no sentido de alterar as exigências de
água e que foram abordados nesse texto são principalmente
o peso, idade, consumo de ração, estado fisiológico, nutrição,
produção de ovos, estágio de ovoposição, restrição alimentar, densidade de alojamento, seleção genética, genótipo,
sexo, temperatura ambiental e velocidade do ar. Outros fatores ainda que influenciam o consumo de água, sem alterar os
requerimentos de água das aves podem ser exemplificados,
como a temperatura da água, medicações via água de bebida, qualidade da água, doenças, fatores relacionados aos bebedouros (tipo e altura de bebedouro, pressão do sistema, ou
agentes físicos nas linhas de bebedouro impedindo o fluxo
de água) dentre outros. Assim, as exigências e consumo de
água podem apresentar grande diferença entre diferentes
plantéis, e a única recomendação geral a ser feita é que a
água, ao contrário dos outros nutrientes nas dietas, deve ser
ofertada à vontade em quase todas as situações. Algumas
recomendações de restrição hídrica em aves sob restrição
alimentar, como forma de evitar excesso de consumo de
água e incidência de cama úmida são encontrados na literatura, no entanto essa prática não é isenta de riscos, principalmente se há a probabilidade de aumentos na temperatura
ambiental (Bailey, 1999).
é de extrema importância que as diferentes Empresas
definam o consumo esperado de seus plantéis nas suas condições, e que monitorem constantemente esse parâmetro
(Jones e Watkins, 2009; Watkins e Tabler, 2009), identificando
alterações bruscas no consumo de água e descobrindo sua
causa, que podem prejudicar o desempenho das aves (caso
o consumo esteja aquém do esperado) ou aumentar a umidade da cama, aumentando a incidência de pododermatite e
doenças respiratórias (caso o consumo ou desperdício de água
esteja além do esperado), podendo assim inferir sobre o estado de bem estar das aves no plantel (Manning et al, 2007).
NT #6
83
Tiago J. Mores
é Médico Veterinário, Mestre em Sanidade Suína e
Consultor Técnico de Suínos na Nutron Alimentos.
SuíNOS
Fatores de risco das
DOENçAS
RESPIRATóRIAS
em suínos e alternativas no
controle da infecção
Introdução
As doenças respiratórias são comuns na produção
de suínos e têm relação com uma série de fatores infecciosos, ambientais, sanitários e de manejo, resultando em significativo impacto econômico para os
produtores. Elas podem causar prejuízos à conversão
alimentar e atuar como fatores predisponentes para
outras doenças, elevando os índices de mortalidade
decorrente de infecções secundárias. Além da qualidade do ar, outros fatores de risco como concentração
de granjas em determinadas áreas geográficas, lotação, tipo de instalação e higiene têm influência direta na ocorrência dos problemas respiratórios.
Fatores de risco para a ocorrência de
doenças respiratórias
A importância econômica das doenças respiratórias justifica a execução de trabalhos, visando a identificação dos fatores de riscos associados às doenças
respiratórias nos sistemas de produção de suínos. Es-
84
NT #6
sas enfermidades causam severos prejuízos econômicos. Portanto, o rigoroso controle destas enfermidades
torna-se imprescindível na suinocultura (kICH & PONTES, 2001). quando uma enfermidade de origem multifatorial se desenvolve em um sistema de produção de
suínos, seu nível de intensidade não depende somente
das características de virulência do agente determinante, mas principalmente do conjunto de fatores de
risco ou das circunstâncias desfavoráveis existentes na
granja (BOROWSkI et al., 2007). Na prática, o desenvolvimento de doenças respiratórias depende basicamente do balanço entre a pressão de infecção, do agente
infeccioso e da habilidade do animal em resistir a essa
infecção (MAES et al., 2001). Além da aplicação de medidas terapêuticas e da imunoprofilaxia, o principal método de controle é por meio da correção dos fatores
de risco (SOBESTIANSky et al., 2007). Entende-se por
fator de risco uma característica de um indivíduo ou de
seu ambiente, que uma vez presente em um sistema de
produção aumenta a probabilidade de aparecimento e/
ou gravidade de determinada enfermidade.
No Brasil, foi realizado um estudo para identificar os fatores de risco que favorecem a ocorrência de afecções respiratórias (EMBRAPA, 2000). Dentre 200 variáveis explicativas estudadas, 15 foram identificadas
como fatores de risco:
1) densidade superior a 15 suínos por baia e disponibilidade de área menor do que 0,85 m2/suíno;
2) ausência de vazio sanitário da sala entre lotes;
3) disponibilidade de bocas do comedouro insuficiente (mais de dois leitões por boca);
4) fornecimento de ração à vontade;
5) disponibilidade de espaço do comedouro menor que 15 cm/animal (número de animais na baia/comprimento do comedouro);
6) ausência de cortinas/forro no prédio para controle da ventilação e temperatura na sala;
7) sistema de produção em ciclo completo ou terminador, sem a realização do vazio sanitário entre os lotes;
8) não uniformidade do peso ao alojamento dos leitões na fase de crescimento (coeficiente de variação do peso inicial
maior de 13,5%);
9) excessiva quantidade de moscas no primeiro mês de alojamento;
10) níveis inadequados de minerais (fósforo, cobre, zinco, ferro e manganês) na ração (fora da recomendação do National Research Council - NRC);
11) presença de sarna no lote acompanhado (índice maior que 0,20);
12) volume de ar disponível menor que 3,0 m3/suíno;
13) amplitude térmica ambiental no primeiro mês de alojamento superior a 8ºC em mais de 80% dos dias; verificada
por meio de termômetros de máxima e mínima instalados no centro da sala;
14) umidade relativa média do ar no interior da sala superior a 73% ou inferior a 65%;
15) excesso de poeira na sala (deposição maior do que 17,0 mg/cm2 no período de alojamento).
NT #6
85
Barcellos et al. (2008) consideraram importantes mais alguns fatores como: 1) presença de gases
(principalmente gás sulfídrico, amônia e gás carbônico – nocivos para macrófagos e células produtoras de muco); 2) ocorrência de doenças associadas
à infecção com o Mycoplasma hyopneumoniae (Mh)
como diarréias (Cirvovirus suíno tipo 2, Haemophilus
parasuis e Pasteurella multocida) e ingestão de micotoxinas imunodepressoras e; 3) aspersão com desinfetantes (queda dos níveis de poeira do ar e, eventualmente, de patógenos).
Alternativas no controle das doenças
respiratórias
A maioria dos agentes causadores de doenças
respiratórias encontra-se no ar sob a forma de aerossóis ou aderidos a partículas como pó de fezes ou
de ração. Na medida em que aumenta o número de
partículas em suspensão no ar, maior é a chance de
infecção. Com isso, espera-se que a queda dos níveis
de poeira do ambiente tenha resultado positivo na
qualidade do ar inspirado pelos suínos, reduzindo a
irritação do trato respiratório. uma forma de reduzir
a prevalência de doenças respiratórias durante a
fase de terminação é a realização de melhorias no
ambiente, principalmente em relação à qualidade do
Figura 1
ar no interior das instalações. As causas das doenças
respiratórias em suínos são complexas, a começar
pelo efeito que as doenças do trato respiratório superior (rinites) têm em prejudicar os mecanismos de
defesa dos cornetos nasais (filtração de partículas infecciosas e poluentes suspensos no ar, umidificação
e aquecimento do ar inalado) até o efeito representado pela ação de todo o conjunto das variáveis ambientais, nutricionais, de manejo, de instalações, de
situações estressantes e de doenças secundárias
imunodepressoras que podem predispor ou desencadear doenças respiratórias.
No Brasil, Barcellos et al. (1998) avaliaram a utilização do sistema de aspersão de desinfetante à base
de digluconato de clorhexidina em concentrações
variando de 1:250 a 1:800, no volume de 80 mL por
m2 de piso das instalações em relação à ocorrência
dos sinais clínicos de tosse e espirro nos animais. Os
resultados mostraram que para o controle dos espirros poderiam ser usadas diluições de até 1:500 a
cada 24 ou 48 horas. Para o controle das tosses, os
melhores resultados poderiam ser esperados com o
uso das diluições de 1:500 (a cada 24 horas) ou 1:250
(a cada 48 horas).
Além do sistema convencional de aspersão, mais
recentemente surgiram aparelhos de termonebuli-
Interior do galpão durante a termonebulização. Presença de névoa
suspensa no ar formada pelas minúsculas partículas geradas pelo aparelho.
zação que, segundo informações do fabricante, liberam partículas entre 1 a 50 micrômetros (μ). Estes
aparelhos geram uma fina névoa (Figura 1), com partículas capazes de penetrar no trato respiratório inferior e que podem ficar suspensas no ar por aproximadamente 20 minutos.
Considera-se que, na narina íntegra dos suínos,
partículas maiores de 10 micras (μ) sejam retidas,
partículas entre 3 a 10μ cheguem aos bronquíolos
e as menores que 3μ alcancem os alvéolos (BARCELLOS et al., 2008). O seu uso representa um avanço
real em relação à aplicação com a bomba costal (aspersão), pois o menor diâmetro dos aerossóis permitiria um efeito direto sobre áreas do trato respiratório inferior, podendo potencialmente contribuir
para a redução da contaminação. Com o objetivo de
validar essa ferramenta no controle das doenças respiratórias em suínos na fase de terminação, MORES
et al. (2010) realizaram um estudo para avaliar o sistema de termonebulização com desinfetante para o
controle de infecções respiratórias, utilizando como
indicadores o ganho de peso diário (GPD) na terminação e as lesões no trato respiratório por ocasião
do abate. Os resultados mostraram que, apesar de
ter apresentado o índice para Pneumonia (IPP) e o
Índice de Rinite Atrófica Progressiva (IRAP) elevados, os animais submetidos ao sistema de termonebulização a cada 48 horas (durante os primeiros 30
dias de alojamento) tiveram um ganho de peso diário
(GPD) significativamente maior (24 gramas) na fase
de terminação. Além disso, o sistema demonstrou
ser eficiente, pois animais que apresentavam ou não
consolidação pulmonar no abate tiveram GPD similares na fase de terminação.
Conclusão
um conjunto de fatores constitui as condições
mínimas necessárias para que uma doença venha
a se manifestar. Para chegar a um determinado resultado, vários conjuntos de fatores podem existir e,
consequentemente, haver um grande conglomerado
deles influenciando as doenças respiratórias em suínos. A termonebulização de desinfetantes em suínos
na fase de terminação é uma valiosa ferramenta no
controle das doenças respiratórias e no desempenho
zootécnico dos animais, pelo efeito que esse sistema tem em melhorar a qualidade do ar, reduzindo
a influência desse fator de risco na ocorrência das
doenças respiratórias. Porém, os fatores de risco
devem ser estudados de uma forma conjunta, pois
geralmente atuam interligados uns aos outros e não
de forma individual.
86
NT #6
NT #6
87
Ronie W. Pinheiro, BVSC, MVSC, Glauber, PhD ¹ S. Machado.
BVSC, MVSC, PhD
¹ Integrall - Soluções em Produção Animal, Brasil
SuíNOS
Avaliação da frequência
de tosse e lesões ao
abate de suínos
vacinados contra Circovírus e Mycoplasma
(CIRCuMVENT® PCV + M+PAC®), em doses
combinadas, comparativamente às demais
vacinas comerciais do mercado brasileiro
O objetivo desta investigação foi a de avaliar a frequência de tosse do desmame ao abate e nível de lesões
ao abate, para suínos vacinados com Circumvent®PCV
contra PCVAD combinada com a vacina M+PAC® contra Mycoplasma hyopneumoniae, comparativamente a
outras três vacinas comerciais igualmente combinadas,
presentes no mercado brasileiro.
1.840 leitões desmamados foram distribuídos aleatoriamente entre quatro grupos de tratamento, cada grupo com 460 suínos, conforme mostrado na Tabela 1.
Tabela 1
Grupos de tratamento
e vacinas utilizadas
Grupo
Vacinas
Programa de administração
T1 n=460
Circumvent
PCV + M+PAC
2,0 mL+1,0 mL (3 e 6
semanas de idade)
A*
0,5 mL + 2,0 mL (3
semanas de idade)
B*
2,0 mL + 2,0 mL (3
semanas de idade)
T3 n=460
T4 n=460
C*
1,0 mL + 1,0 mL (3
emanas de idade)
* vacinas comerciais adquiridas no mercado brasileiro
O complexo das doenças respiratórias tem um grande impacto sobre a produção de suínos em todo o mundo. Há perdas, para os produtores, em todos os níveis,
quer através dos aumentos nos custos de produção e
taxas de mortalidade, bem como na forma sub-clínica
em redução no ganho de peso. A indústria, como um
todo, também é seriamente afetada pelos níveis de condenação de carcaça. Ambas as observações de campo e
estudos científicos apontam para uma correlação negativa entre a extensão e a presença de lesões pulmonares
no abate e ganho médio diário.
Alguns trabalhos demonstram que a pneumonia enzoótica, que leva a uma hepatização pulmonar de 10 a
20%, significa uma perda de 9,3% no desenvolvimento
do animal. Estima-se ainda a perda de 37,4 gramas por
dia, no ganho de peso para uma hepatização pulmonar
de 10% (Straw et al., 1998). quando se observou hepatização e pleurisia, a perda estimada no ganho de peso foi
88
NT #6
de 14,7% (Piffer et al., 1985). Além da redução no desempenho dos animais, as doenças respiratórias provocam
aumento da mortalidade, custos com tratamentos, vacinações e condenações de carcaças nos abatedouros.
Assim, a doença respiratória apresenta um desafio
considerável para a indústria suína, e a vacinação contra
agentes como circovírus e Mycoplasma hyopneumoniae
são importantes ferramentas profiláticas (Thrusfield, 2008;
Madec et al, 2008). A combinação destas vacinas traz vantagens na redução dos custos envolvidos no manejo.
No Brasil, a SMDS (circovirose) e a pneumonia enzoótica causada pelo Mycoplasma hyopneumoniae, são
endêmicas e ocorrem simultaneamente (zanella, 2002;
Ciacci-zanella, 2009, Moreno et al., 1999, Castro et al.,
2007). O mesmo é verdadeiro para outros países (Allan,
2000; Opriessnig et al., 2007; Madec et al., 2008; Segales et al., 2006). A combinação desses agentes leva a
uma maior incidência de problemas clínicos e maiores
perdas econômicas.
Distribuição da frequência
de tosse durante a fase final
Grupo
ííndice (%)
T1
1.88 A
T2
2.78 B
T3
2.34 AB
T4
2.29 AB
Material e Métodos
T2 n=460
Introdução
Tabela 2
Letras diferentes indicam significância das diferenças entre os
grupos (P = 0,06)
A Tabela 3 mostra a prevalência de pneumonia em
paralelo ao índice objetivo de pneumonia (IPP) da extensão dessas lesões.
Tabela 3
Grupo
Distribuição da frequência
de lesões e IPP no abate
Pneumonia
Lesão pulmonar %
IPP
T1
35.71 B
0,49
T2
47.32 A
0,63
T3
49.11 A
0,79
T4
47.31 A
0,69
Letras diferentes indicam significância das diferenças entre os
grupos (P = 0,10)
Para a avaliação da freqüência de tosse, a cada três
dias os animais eram movimentados durante um minuto, sendo realizada em seguida e durante um minuto, a
avaliação do número de animais com manifestação clínica de problemas respiratórios (Mores et al., 1999). (ver
Tabela 2).
No abate, foram examinados os pulmões e a pleura
de 112 animais escolhidos aleatoriamente de cada grupo
de tratamento. As lesões foram classificadas como descrito por Piffer e Brito (1991).
Resultados e discussão
A incidência de tosses foi baixa nas fases de creche
e recria, não havendo diferença na prevalência entre
os tratamentos (P>0,05). Na fase de terminação, houve
uma maior incidência de tosse e o tratamento 1 apresentou um melhor comportamento que o tratamento 2 (P =
0,06), que apresentou uma maior prevalência de problemas respiratórios (tabela 2).
Os dados apresentados demonstram menor extensão
das lesões de pneumonia no grupo T1, indicando o efetivo
controle da pneumonia enzoótica e lesões causadas por
agentes secundários, havendo portanto, uma correlação
direta entre a taxa de tosse durante a fase terminação e a
extensão das lesões pulmonares no abate.
Finalmente, lesões leves foram observadas nos pulmões de todos os grupos de tratamento no momento
do abate, geralmente envolvendo menos de 5% da área
do pulmão, com uma pequena percentagem de animais
apresentando aderências e pericardite. O Grupo T1 apresentou o tecido pulmonar menos afetado do que outros
grupos com apenas 2,77% da área do pulmão afetada.
Conclusão
O estudo demonstrou que a vacinação com Circumvent® PCV e M + PAC® desempenhou melhor do
que as combinações de outras vacinas, a julgar pela menor incidência de lesões pulmonares no abate.
NT #6
89
Celso Mello
é Engenheiro Agônomo e Diretor Presidente
da Nutron Alimentos.
NuTRIçãO DO AMANHã
COMO SERá O
AMANHã?
Novas tecnologias. Além de expressão fortemente usada pelo mercado, uma ferramenta de trabalho
cada vez mais necessária. Criar, entender e manejar
tais tecnologias requer, além de um esforço natural
em busca do aprimoramento, um conhecimento e dedicação ímpares.
Os novos tempos estão exigindo o uso das novas
tecnologias no que diz respeito à produção consciente, eficiente e segura. Daí, surgem desafios que
começam, sobretudo, pelo crescimento acelerado da
população humana, fato que tornou-se desafiador
pela própria existência do ser humano. Diagnosticado
o desafio, vem a pergunta de “um milhão de dólares”:
como suprir a demanda por alimentos que atendam a
esta nova necessidade?
Bem, um resgate histórico há de ser feito para
começarmos a traçar respostas e caminhos. Considerando que nas décadas de 1950-1960 a população
mundial era composta por aproximadamente, três bilhões de pessoas, passando para algo em torno de seis
bilhões nesta década (2000-2010) e tendo previsões
90
NT #6
que chegam na casa dos 10 bilhões de pessoas entre
2040-2050, fica claro o tamanho deste desafio. De
produzir alimentos em quantidade e qualidade para
atender a todos.
Neste cenário, a produção de proteínas animais
(carnes, leite e ovos) assume importante papel, visto
o reconhecido e elevado valor nutritivo.
Importante ressaltar que este crescimento se dará
mais acentuadamente nos países em desenvolvimento, principalmente China, índia, Brasil e Rússia.
Na trilha das respostas, nos deparamos com a
questão da disponibilidade de recursos naturais para
a produção destes alimentos. Por serem finitos, é preciso que a humanidade dê maior atenção ao uso racional destes recursos, principalmente no que diz
respeito à utilização correta de áreas agricultáveis já
manejadas e das que ainda estão por ser exploradas,
para a produção de grãos em geral.
E lá vamos nós, falarmos novamente da busca de
tecnologias que atendam a esta demanda e necessidade, para que o aumento de produtividade seja res-
ponsável e sustentável, auxiliando a produção de alimento por unidade de área – seja de grãos ou animais
de criação – frente a esta nova realidade mundial de
produção versus consumo.
Esse cenário gera novas demandas técnicas. Na
produção pecuária, por exemplo, a concentração do
número de animais por área tem como exigências instalações apropriadas, necessidade de maior controle
sanitário, melhor manejo alimentar e especialmente,
maior cuidado com a nutrição destes animais, afinal
estamos falando de produção de alimentos que serão
destinados à humanos.
Ou seja, a sustentabilidade da produção mundial
de proteínas animais passa, obrigatoriamente, pelo
ganho contínuo de produtividade, com responsabilidade. Neste sentido, todos os elos desta cadeia
de produção (produção de grãos, nutrição, indústria
de ração, equipamentos, processamento de carnes,
armazenagem, distribuição, comercialização, etc)
sempre procurarão oportunidades de melhoras.
E é aqui que o Brasil tem uma, se não a melhor,
oportunidade de vitrine e de realmente atender a esta
demanda e reinar neste cenário. Com reconhecimento mundial sobre nossa vocação para a produção de
carnes – lembrando que já somos o maior produtor
mundial – o Brasil brinda esta recente conquista que
chegou no início do ano 2000, quando nos firmamos
como o principal País exportador de proteínas animais.
A máxima “em time que está ganhando não se
mexe” não se aplica ao nosso bravo País. Muito já foi
feito, indiscutivelmente, mas há muito ainda a se fazer
por toda a cadeia produtiva de carnes. Neste sentido,
a Nutron não mede esforços para desempenhar seu
papel de maneira extremamente técnica, profissional
e sustentável.
Nosso foco é na nutrição animal e atuamos em
praticamente todos os segmentos (aves, suínos, bovinos de corte, bovinos de leite, organismos aquáticos,
pet e outros). Trabalhamos fortemente na disseminação de tecnologias, tecnicamente comprovadas e
economicamente viáveis aos produtores.
NT #6
91
Nossa atuação no mercado brasileiro está baseada em dois pilares de igual importância: produtos
de composição nutricional e qualidade comprovada
(maior segurança dos alimentos, bioeficácia e mecanismos de produção a prova de erros), aliados a
um portfólio de serviços único e de excelência técnica
internacional.
São exemplos de tecnologias que apresentamos ao
mercado: novas opções de aditivos alimentares que
ajudam a melhorar a produtividade da atividade;novos
conceitos nutricionais que otimizam resultados zootécnicos; novas metodologias laboratoriais que asseguram maior precisão nas formulações das rações,
contribuições no sentido de identificação e solução de
gargalos de produção em fábrica de rações; novos
conceitos de instalações e de manejo nutricional.
Este Portfólio de Serviços, desenvolvido por nossa equipe de técnicos e para oferecer ferramentas
práticas, é gerenciado por um suporte internacional
de técnicos da Provimi. O resultado desta eficiência
entre serviços oferecidos e qualidade e capacitação
técnica, é a entrega de melhores práticas de produção
animal. Importante ressaltar que a aplicação destas
ferramentas somente é possível com a participação
efetiva dos produtores, condição básica para o sucesso do uso.
O uso efetivo destas ferramentas nos dá condição de mostrar, de maneira objetiva e profissional,
quais são as oportunidades de melhorias no sistema
de produção dos nossos clientes, sempre considerando que somente desta forma se obtêm o ganho
de produtividade sustentável necessário.
Ainda com o desafio – do começo do texto – em
mente, temos a total consciência sobre nossa responsabilidade junto às marcas de nossos clientes. Por
isso nos valemos de extremo zelo diante de todos os
92
NT #6
possíveis pontos que possam acarretar em prejuízo às
vendas dos produtos dos nossos clientes e ao mercado consumidor, seja no Brasil ou nas exportações.
No atual mundo globalizado, onde as informações “correm” o mundo em segundos e atingem
bilhões de pessoas, casos de contaminação em alimentos humanos são um “prato cheio” para a mídia.
São muito conhecidos os casos recentes de empresas que tiveram seus produtos confiscados em
função de contaminação com metais pesados, melaminas, dioxinas e também algumas associações de
melhoradores nutricionais não autorizadas. O tamanho do prejuízo que estas empresas tiveram, aliado à
perda da confiança de seus consumidores em suas
marcas comerciais, são suficientes em muitos casos,
para levar empresas à falência do dia para noite.
Portanto, estabelecemos na Nutron uma série de
controles específicos e sofisticados, que nos asseguram total controle sobre o nosso processo produtivo,
incluindo severo controle sobre os processos produtivos dos nossos fornecedores.
Diante de tanta responsabilidade, aprimoramento, comprometimento e tecnologia, as respostas para
o desafio de alimentar esta nova demanda com nutrição de ponta já surgem e já começam a ser trabalhadas para virar realidade, pelo menos na Nutron já
é assim.
Independente de respostas e novos desafios e demandas, temos que pensar sempre no contínuo e
sustentável fortalecimento da cadeia produtiva de
proteínas animais brasileiras, e por isso, nos posicionamos e atuamos de maneira profissional e responsável, a fim de ajudar os produtores a melhorar seus
resultados econômicos.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
NT #6
93
Cidinei Miotto
é Médico Veterinário com MBA em Gestão Empresarial
e Diretor Comercial da Nutron Alimentos Ltda.
NuTRIçãO DO AMANHã
Atualmente as mudanças do mercado tornam
os clientes tornam-se cada vez mais estruturados
elevando o nível de exigência em relação aos seus
fornecedores, a Nutron Alimentos está em fase de
finalização de um novo formato do atendimento.
Com uma reestruturação da equipe e também dos
serviços prestados as principais melhorias estão
surgindo com base numa estratégia comercial.
Nestes novos tempos as necessidades dos clientes torna-se mais especializadas e personalizadas,
ou seja, cada cliente busca otimizar ao máximo sua
produção na busca de ganhos constantes de eficiência. Para isso o novo formato de atendimento está
fundamentado em oferecer aos clientes soluções
totalmente alinhadas com suas necessidades, por
meio de um portfólio de produtos e serviços, cujos
objetivos são entregar maior retorno sobre os investimentos que os clientes fazem, quando adquirem
produtos Nutron.
Além da capacitação de nossos técnicos, já amplamente reconhecidos pelo mercado, estamos também
constantemente reforçando a equipe com novos profissionais que buscam agregar novos serviços e também
melhorar e expandir a aplicação daqueles já existentes.
Este grupo de técnicos especializados em várias áreas
da produção (Nutrição, Ambiência, Sanindade, Fabrica
de Rações, Gestão da Produção, etc) formam a equipe
de Consultores Técnicos Nutron, os quais juntamente
com os Coordenadores terão em mãos um portfólio
de serviços estruturado em módulos, com mais de
500 serviços e ferramentas padronizadas, entregando muito mais que Premixes e Núcleos dentro
das embalagens da Nutron.
Sabemos que cada cliente tem necessidade
diferentes, as quais mudam conforme o momento que passa cada empresa, por isso os
clientes da Nutron podem ter ascesso ao nosso Portifólio de Produtos e Serviços fazendo uso conforme as demandas existentes
no momento e o volume de negócios que
possui com a Nutron. Estamos preparados
ajudá-los a desde escolher um fornecedor de determinada matéria-prima até
elaborar um plano que possa ser usado
para traçar as estratégias da empresa
para o futuro.
94
NT #6
Juntamente com o cliente os nossos técnicos
realizam um diagnóstico completo da situação,
identificam as oportunidades de melhoria, sugerem as soluções mais adequadas, ajudam a estabelecer um plano de ação e acompanham a
execução do mesmo. Desta forma organizada e estruturada ajudamos nossos clientes a garantir que
os objetivos traçados em conjunto serão alcançados e a melhoria na eficiência será atingida.
Dentro de casa, queremos garantir que a nossa produção, logística, expedição, etc. atenda os
acordos comerciais estabelecidos com os clientes,
evitando retrabalho e desperdício de tempo e dinheiro por ambas as partes. Por isso estamos estruturando o atendimento interno que passará a
chamar-se “Gestão de Atendimento ao Cliente” e
será responsável por cuidar do pedido do cliente
no ambiente interno com um grupo de profissionais focados em organizar esta interface. Tudo
isso, com o propósito de tornar este processo mais
eficiente e totalmente voltado para atender a necessidade específica de cada cliente.
Além de garantir o melhor atendimento aos
clientes atuais, temos a ambição de tornar a marca Nutron mais conhecida em todo Brasil. Desta
forma temos um grande projeto de fortalecimento
dos nossos Distribuidores atuais e busca por novos
parceiros para ampliar a cobertura de atendimento em todos território nacional. Esses distribuidores somados ao nosso time comercial de 110 profissionais (Veterinários, Agronômos, Zootecnistas,
Técnicos) possibilitarão acessar todas as regiões
do Brasil, ampliando nossa base de clientes. um
trabalho forte e continuado de capacitação destes
distribuidores tem por objetivo torná-los multiplicadores de nossa empresa, fazendo com que o
atendimento a todos os clientes aconteça dentro
dos mesmos padrões. “Esta capilarização é necessária para acessar cliente que, atualmente, não
conseguimos por meio da nossa força de vendas.
Por isso, nossos distribuidores estarão treinados
e preparados para atender os clientes dentro do
padrão de excelência Nutron, fazendo o cliente do
distribuidor sentir-se parte da carteira Nutron”,
explica Cidinei Miotto, diretor comercial da Nutron
Alimentos.
NT #6
95
Aldair de Souza Santos
é Químico e Analista de Laboratório Sênior, atuando como Consultor
NIR na Nutron Alimentos para clientes na América Latina.
NuTRIçãO DO AMANHã
Tecnologia NIR
Histórico
O uso da espectroscopia de reflectância no infravermelho próximo (NIRS) é recente, sendo os primeiros relatos de 1939, na Pensilvânia. Desde sua descoberta, tem
evoluído e revolucionado o universo analítico mundial.
Já em 1968, o NIRS foi utilizado para analisar produtos
agrícolas quando foram realizadas as primeiras análises
rápidas de grãos e óleos de sementes. Pelo final da década de setenta e começo da década de oitenta, as indústrias alimentícias foram exploradas por aplicações NIR.
Na indústria de produtos de panificação, análises em
NIRS eram aplicadas em farinha de trigo e produtos acabados, incluindo pães, biscoitos e massas.
Em produtos lácteos encontraram utilidades em avaliação de leite em pó, queijo, manteiga, leite integral e caseína; também ocorreram algumas aplicações na análise
da qualidade de capins.
Em meados dos anos 80, com a evolução dos com-
96
NT #6
putadores, os softwares e instrumentos foram aperfeiçoados, desenvolveu-se calibrações e componentes para novas aplicações e outros estudos de viabilidade realizados.
Pesquisas e desenvolvimentos atuais têm melhorado as
técnicas de calibração, reduzindo o custo de instrumentos sem sacrificar a precisão e exatidão e aumentando a
sofisticação dos programas. Comercialmente utilizada a
partir de 1985, a tecnologia NIR hoje é aplicada a vários
alimentos e produtos agrícolas.
O espectrômetro NIR (“Near Infrared Reflectance”)
é um equipamento de alta precisão que efetua análises
de alimentos e outras amostras orgânicas (e algumas inorgânicas), através do princípio de emissão de radiação
eletromagnética. A energia radiante do infravermelho é
empregada para caracterizar substâncias orgânicas. O espectrômetro NIR se baseia na aplicação da matemática à
química analítica (quimiometria).
quimiometria é uma área de estudo que aplica mé-
todos matemáticos e estatísticos às ciências químicas, de
modo a delinear procedimentos experimentais e obter a
máxima informação química.
Sendo uma das principais áreas a aplicação em NIR,
o uso da quimiometria implica a utilização de algoritmos
e técnicas quimiométricas no pré-tratamento dos espectros NIR, no desenvolvimento de métodos qualitativos e
quantitativos, na seleção de amostras para o conjunto de
calibração e conjunto de validação e ainda na identificação
de amostras anômalas, denominado de “outliers”.
Teoria do funcionamento
O espectro de produtos agrícolas e produtos alimentares são muito similares entre si. um equipamento NIR
é capaz de identificar as diferenças e informar a composição de cada produto. Isto é possível devido às diferenças
de comportamento das ligações químicas das moléculas
dos produtos quando submetidas a uma determinada fre-
quência de luz infravermelha.
Para entender o fundamento do NIR, é necessário o
conhecimento da base física das cores. A energia luminosa luz branca é composta de todas as cores do espectro do
arco-íris. quando essa luz incide sobre um objeto, certas
cores são absorvidas e outras refletidas ou transmitidas.
A luz refletida pode ser captada pelos olhos. Por exemplo,
quando a luz incide sobre uma folha verde são absorvidos
o vermelho e o azul. As cores refletidas são interpretadas
pelos sentidos visuais como o verde.
A base física de absorção de luz é relacionada à natureza das ligações moleculares que, por sua vez, são definidas pelos vínculos entre átomos dentro de uma molécula.
Entretanto, essas ligações não são conexões estáticas e
vibram o tempo todo, provocando estiramento e compressão das moléculas, resultando em um movimento de
onda dos átomos, com frequência específica dependente
dos elementos envolvidos.
Absorções moleculares na região do infravermelhopróximo do espectro eletromagnético são causadas por
ligações C-H, O-H, N-H. Outra importante absorção molecular na região NIR inclui as vibrações de estiramento de
dupla ligação C=C e halogenetos metálicos. As medições
de reflectância NIR são normalmente transformadas em
coeficientes matemáticos.
A luz infravermelha, após a interação com a amostra,
carrega consigo todas as informações com relação ao
produto. um equipamento NIR é capaz de medir e registrar estas informações – que leva o nome de espectro.
Emboraosdadossejamrecolhidosindividualmentecomo
pontos, fornecem uma estimativa de um espectro NIR contínuo, composto de muitas bandas de absorção sobrepostas.
Essas absorções são causadas por vibrações, estiramento de
hidrogênio, torção ou deformação das ligações químicas. Os
principais compostos (umidade, proteína, gordura, fibra) são
representados por estas ligações e são proporcionais à concentração destes parâmetros na amostra do produto.
Como a intensidade de uma banda de absorção é
proporcional à concentração do componente que causa esta banda, a quantidade de um composto existente
numa amostra pode ser determinada através de uma
curva de calibração (intensidade da banda versus concentração) construída a partir de amostras com concentrações conhecidas do composto em questão, por
meio de uma análise multivariada devido ao elevado
número de variáveis obtidas num espectro NIR. Após
isto, é possível prever a composição de outras amostras
sem necessidade de análise de laboratório, bastando
NT #6
97
4]b]a(1{aO`;OQVOR]
apenas um simples processo de moagem, quando não,
analisando um produto “in natura”, como por exemplo,
soja em grão.
Predições de composição e identificação
Range de aplicações
A tecnologia NIR é aplicada de um modo geral a produtos de origem orgânica animal ou vegetal ou ainda
produtos orgânicos sintéticos. Indústrias de vários seguimentos têm aplicado com sucesso a tecnologia NIR. Podemos destacar algumas: Nutrição animal (análise de grãos,
forrageiras, produtos de origem animal, rações, e outras
matériasprimas orgânicas em geral); indústria farmacêutica (análise de vitaminas e outros ativos); leite e derivados; carne e embutidos, entre outras.
Caracterização das tecnologias disponíveis
O mercado apresenta diversos modelos de equipamentos NIR. Alguns possuem filtros, outros monocromadores e ainda outros com Transformada de Fourier.
Existem equipamentos projetados para alguns produtos
em específicos como, por exemplo: leite e seus derivados,
cana de açúcar, carne, embutidos, cereais, etc.
Outros sistemas NIR são projetados para operar direto
na linha de produção com sistemas chamados “at line”,
operando com rede fibra ótica.
Os modelos mais comuns, no entanto, para laboratório, são projetados para trabalhar em bancada e são utilizados para suprir a demanda de laboratórios de controle
de qualidade em geral.
98
fotos.indd 2
19.08.10 14:42:15
d 2
fotos.ind
um instrumento NIR tem seis partes básicas. Em primeiro lugar uma fonte de radiação (lâmpada). O segundo componente é um sistema ótico (dispositivo) que separa a luz
em diferentes feixes. O terceiro é um detector, que mede a
variação de tensão na radiação refletida a partir da amostra.
Em quarto lugar está uma grande variedade de componentes eletrônicos e computadores para garantir uma obtenção
precisa do sinal. Em quinto, um dispositivo de apresentação
(leitura) de amostra. A parte final é um recipiente ou caixa
para cobrir todos os componentes.
A tecnologia NIR apresenta várias vantagens das
quais a principal é a capacidade de analisar diversos parâmetros em menos de um minuto.
Existem ainda outras vantagens como: não utilização
de reagentes químicos, não destruição da amostra durante a análise e com isto não se tem resíduo de análise ou
agressão ao meio ambiente, menor custo de análise, possibilidade de tomada de decisão imediata, classificação
de produtos e fornecedores, maior controle de processo
e redução do erro humano devido à mínima necessidade
de preparação da amostra para análise, e consequentemente maior lucratividade.
A tecnologia NIR tem um custo elevado dos equipamentos e leva um longo tempo para desenvolver as
equações de predição necessárias. No entanto, é possível
encontrar acesso a equações de predição NIR com custo
acessível no mercado. O equipamento, quando utilizado
de modo eficaz, se paga em pouquíssimo tempo.
Aplicações potenciais futuras
Pode-se afirmar – com certeza – que este é ainda um
universo que tem muito a ser explorado. A cada dia, novas
pesquisas são conduzidas e avanços são registrados no
uso da tecnologia NIR.
Em todos os seguimentos mencionados neste artigo, é
possível encontrar aplicações de sucesso e ações promissoras em andamento. Empresas de diversos seguimentos
têm dado especial atenção ao potencial NIR e já têm colhido os benefícios desta extraordinária tecnologia.
Entre os produtores agrícolas e empresas de nutrição
animal, a tecnologia NIR tem sido aplicada como ferramenta
fundamental de controle de qualidade e lucratividade.
Na próxima edição, este tema será novamente debatido, comentando sobre a utilização da tecnologia NIR
no controle de qualidade de ingredientes e rações. Virão
exemplos de ganhos econômicos com a utilização da tecnologia NIR e apresentaremos o Network NIR Nutron /
Provimi: sua estrutura, desenvolvimentos e serviços.
fotos.indd 2
fotos.indd 2
Descrição do equipamento
Vantagens e desvantagens
:15
19.08.10 14:42
Enquanto o nosso olho humano nos informa sobre a
qualidade de um produto, um equipamento NIR é capaz de
no informar a composição nutricional deste produto. As análises principais são: umidade, proteína bruta, gordura, fibra
bruta, FDA, FDN, fibra, amido, entre outras possibilidades.
Os softwares dos principais equipamentos NIRS do
mercado são capazes de organizar os espectros dos produtos em bibliotecas, possibilitando análises de identificação. Deste modo, é possível assegurar a identidade de
matériasprimas e produtos.
=[SZV]`S[OWaQ][^ZSb]PO\Q]RSW[OUS\aR]OU`]\SU„QW]
Ac\]aOdSaP]dW\]aQcZbc`OaOZW[S\b]aQO`\Sa[O_cW\t`W]SbQ
EEE/5@=AB=191=;0@
NT #6
C;/4=B=>3@437B/1/CA/
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ALTA GERêNCIA E EMPREENDEDORISMO
Mais que uma paixão
Fazenda Figueiredo é destaque na produção
de leite nacional
A história começa em 1987, quando Luiz Carlos Figueiredo começou as atividades pecuárias da família na
cidade de Mandaguari, no Paraná. Com o apoio de amigos, começou uma trajetória que tem continuidade hoje
sob a administração de Reinaldo Carlos Figueiredo, seu
filho. Reinaldo é responsável pelos negócios da Fazenda Figueiredo, uma das fazendas com mais destaque na
produção leiteira nacional e que está desenvolvendo um
novo conceito no setor.
Desde 1997 na atividade, o veterinário é sinônimo de
esforço que resultou em sucesso. Chegou a Goiás em
2006 devido à necessidade de expansão das instalações
e, desde então, não parou mais de crescer. “Nossos investimentos em Goiás estavam em pleno desenvolvimento e a necessidade de um membro da família na
cidade para ajudar o meu irmão com os negócios era um
fato. Em decisão familiar, me dispus a ir para lá, mas levei
comigo o gado leiteiro”, conta Reinaldo.
Nascido no sul do país, Reinaldo, hoje aos 36 anos de
idade, acumula 24 anos de criação do gado Holandês,
principal raça de aptidão leiteira do Brasil. Formado em
medicina veterinária, o profissional almeja ainda mais
crescimento para a empresa, e para isso destaca a relação com os clientes e parceiros. “Fazemos questão de
contratar profissionais comprometidos e que acreditam
nos nossos valores para que tenhamos uma boa relação
com todos. Nossos parceiros são tratados como se fossem donos da fazenda, todos têm espaço para discutir
e colocar suas ideias em pauta. Todo mês fazemos uma
reunião com todos os chefes de setores para falar sobre
os índices da fazenda e ali treinamos, capacitamos, motivamos, e tomamos as decisões todos juntos”, ressalta
Reinaldo.
Entre os principais valores da empresa, a sustentabilidade ocupa um lugar bem alto na lista. Reinaldo crê que
a preocupação com o meio ambiente resultará em benefícios tanto para a empresa quanto para a sua própria
vivência com a família, e conta que na fazenda já existem
projetos diferenciados para colaborar com a questão. O
principal deles é o de tratamento de dejetos – onde é separada a massa do líquido, sendo a parte líquida bombeada
via pivô central para as culturas e a massa ajudando na
economia de adubos e na produtividade da lavoura.
A empresa hoje trabalha com 400 vacas em lactação, garantindo uma produção total de 12 mil litros de
leite por dia. Com a empresa estruturada, a meta agora
é produzir, em três anos, mais de 30 mil litros por dia, posicionando a Fazenda Figueiredo entre as cinco maiores
do Brasil. “Acho que a melhor forma que contribuímos
para o mercado é com nossa experiência, nossa dedicação e amor pelo que fazemos, em um país onde temos apoio escasso e a margem do produto leite é muito
baixa. Fazer com excelência, esse é o nosso lema.”
Plena expansão
A Fazenda Figueiredo contém um banco genético
de altíssima qualidade. São sete descendentes de grande campeãs nacionais, sendo 80% do gado de origem
100
NT #6
importada, que garante à fazenda o título de um dos
maiores bancos genéticos do país. Constantemente são
monitorados mais de 50 índices zootécnicos, com uma
equipe altamente qualificada.
Para chegar nesse patamar, Reinaldo realizou visitas a diversos estabelecimentos pelo país, em busca de referências para montar o modelo da Fazenda
Figueiredo. “Todas as visitas foram inspiradoras, nos
davam noção do que fazer. uma lição importante é
que a criatividade é essencial e contínua para estabelecer os processos e instalações, mas devemos sempre lembrar que uma produção acima de 15 mil litros
por dia envolve uma complexidade maior no espaço
adequado. Fomos crescendo e dando os passos um de
cada vez, para nos acostumarmos às exigências e ao
tamanho do estabelecimento”, lembra.
A meta do estabelecimento agora é alcançar o
número de duas mil vacas na fazenda em cinco anos,
produzindo uma média de 70 mil litros de leite por dia.
Para isso, o estabelecimento já está colocando em prática alguns projetos: as instalações estão alcançando a
capacidade máxima e, esse ano, a Fazenda Figueiredo
já adquiriu mais de 150 novilhas, que irão parir ainda em
2011. “Juntando com as novilhas de nossa criação que
estão prenhas, teremos em média 50 partos ao mês,
o que nos proporcionará em torno de 600 vacas em
lactação até o fim deste ano, produzindo em torno de
18 mil litros ao dia. Esse mês, estamos colocando mais
de 200 vacas nelores como receptoras de embriões de
mais de 30 doadoras que estão na central. Sendo assim, em 2013 já teremos mil vacas em lactação, garantindo metade da nossa meta atingida.”
Reinaldo finaliza dizendo que o momento da pecuária brasileira é promissor para a produção de leite,
mas que ainda faltam entusiastas na profissão, que
se dediquem com amor e prazer à atividade, sem ter
medo dos riscos. Feliz por ser bem sucedido na área,
o veterinário diz que só tem a agradecer. “Agradeço
a Deus por mais um ano de trabalho e de saúde, à
família pelo apoio à nossa equipe pelo esforço para
alcançar nossos objetivos.”
COOPERATIVISMO
Por Erica Rabecchi
Cooperativa
Agrária
oferecia no momento poucas possibilidades de refúgio.
O engenheiro agrônomo Michael Moor idealizou,
e a instituição “Ajuda Suíça para a Europa” ajudou
na concretização do projeto. No total, 500 famílias
de suábios vieram ao Brasil e encontraram nos campos da localidade de Entre Rios – o distrito deve sua
denominação ao fato de estar situado entre dois rios:
o Jordão e o Pinhão, área rural de Guarapuava – uma
nova vida. Além de proporcionar infraestrutura técnica
para a agricultura, maquinários, silos, comercialização
dos produtos e aquisição de insumos, a Agrária ajudou
seus associados na construção das primeiras casas e
igrejas. Ergueu escolas, hospital, linhas de eletrificação,
estradas, forneceu água potável, cuidou da vida cultural e incentivou os esportes e as tradições.
A Agrária é hoje uma Cooperativa que reflete o esforço coletivo de seus fundadores, os suábios do Danúbio,
no sentido de prosseguir no Brasil a tradição agrícola que
trouxeram da Europa.
A Cooperativa e seus cooperados produzem, atualmente, milho, soja, trigo, cevada cervejeira, aveia branca
(grão), flores e suínos. Também levam a marca Agrária
produtos industrializados, como malte, farinhas de trigo –
linha industrial e doméstica –, rações animais, óleo de soja
degomado (estágio anterior ao refinado) e farelo de soja.
As colônias de Entre Rios são as principais comunida-
NT: Como a Agrária desenvolve a capacitação de seus
cooperados?
Jeferson Caus, coordenador de marketing da Agrária: Por
meio de treinamentos ou cursos. Para isso, a Agrária conta com importantes parceiros: o SESCOOP, auxiliando nos
custos; e o SENAR. Mas a Agrária também organiza cursos, como de gestão e qualidade, voltado a ajudar o cooperado no gerenciamento de sua propriedade rural.
Há outro aspecto peculiar: em parceria com a FGV/ISAE, a
Agrária oferece um MBA em Gestão do Agronegócio. Este
programa de capacitação, já em sua terceira edição, além
do próprio conteúdo do curso tem ainda uma importante
função para nós: integrar cooperados e funcionários. Então, as vagas são distribuídas entre estes dois grupos.
NT: Qual a área de atuação da Cooperativa até o momento?
Jeferson Caus: VERãO: Milho e soja: 105 mil hectares.
INVERNO: Cevada e trigo: 55 mil hectares. As propriedades dos cooperados estão situadas em municípios das regiões centro-sul, centro-oeste e central do Paraná.
NT: Quais as principais atividades desenvolvidas pela Agrária?
Jeferson Caus: pesquisa agrícola, produção de sementes,
agricultura (milho, soja, trigo e cevada cervejeira), industrialização (maltaria, fábrica de rações, moinho de trigo e
fábrica de óleo e farelo de soja).
60 anos de história e
conquistas
Fundada por imigrantes alemães em 1951, a Agrária
surgiu como alternativa de vida para os refugiados que,
após a segunda Guerra Mundial, se encontravam em abrigos na áustria. Já no Brasil, na cidade de Guarapuava, no
Paraná, os cooperados compraram terras e começaram
a produzir a cevada, um cereal de inverno tradicional na
Alemanha e que ocupa posição de destaque entre as
commodities em todo o mundo.
O grão também é utilizado na composição de farinha
para panificação, na produção de medicamentos, na formulação de produtos dietéticos e na alimentação animal,
mas sua principal utilização é mesmo na indústria cervejeira. Contando com cerca de 500 cooperados e mil fun-
102
NT #6
cionários, a Agrária hoje produz mais de 74 mil toneladas
de cevada por ano, o que corresponde a quase 30% da
produção total do Brasil.
A Cooperativa Agrária Mista de Entre Rios (nome completo da Agrária) surgiu como projeto para viabilizar alternativa de vida a suábios do Danúbio (grupo de imigrantes
que provinha originalmente de diferentes províncias do
Reino Alemão. Entretanto, como todos embarcaram no
rio Danúbio, na cidade suábia de ulm, foram chamados
de “suábios”). Os suábios tiveram de fugir de regiões que
hoje correspondem à antiga Iugoslávia, no período da 2ª
Guerra e se reuniam em campos de refugiados, na áustria. A Europa, que se encontrava praticamente destruída,
des (pequenos vilarejos) que existem no distrito. Ao todo,
são cinco: Samambaia, Jordãozinho, Vitória, Cachoeira
e Socorro. Localizadas a menos de 10 quilômetros umas
das outras, as “colônias” formam um círculo ao lado da
rodovia estadual PR 170. A Cooperativa Agrária fica no
centro da Colônia Vitória.
Os executivos da Agrária estiveram na sede da Nutron, em março, para uma vista às instalações e a revista
NT aproveitou a oportunidade para conversar com Jeferson Caus, coordenador de marketing da Agrária.
NT: Quais são os projetos atualmente desenvolvidos?
Jeferson Caus: O mais importante projeto desenvolvido no
momento é a implantação de padrões para certificação
ISO (diversas modalidades) na fábrica de rações, na indústria de óleo de soja, nos entrepostos e nos demais setores
da cooperativa. O Moinho de Trigo e a Agromalte (maltaria) já possuem ISO 22.000.
NT: Quais os principais destaques de gestão na Cooperativa?
Jeferson Caus: Sistema Orçamentário Matricial Integrado
NT #6
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(SOMI): este sistema visa garantir a saúde financeira sustentável da Agrária e seu fortalecimento, por meio do uso
racional de recursos financeiros, materiais e humano.
É de se considerar que, na prática, gestão financeira e programas de qualidade, como o uso de ferramentas administrativas (5S, rotinas padronizadas, PDCA, etc) não são
assuntos totalmente separados. Ao contrário, programas
de qualidade ajudam a cooperativa a usar melhor seus recursos e a ser mais competitiva.
NT: Como avaliam a parceria com a Nutron?
Jeferson Caus: A Nutron é uma empresa sólida, inovadora
e que se adapta facilmente aos novos desafios do mercado. Além disso, é uma empresa feita por pessoas altamente eficientes e dedicadas. Desta forma, nos orgulhamos
em sermos parceiros de uma empresa como a Nutron.
NT: Como avalia a visita à fábrica da Nutron?
Jeferson Caus: A visita foi ótima. Não nos surpreendemos, pois já esperávamos uma empresa com foco no
cliente e baseada em princípios de qualidade total. Ficamos satisfeitos com todos os aspectos que envolvem o
processo produtivo, além da admiração pela estrutura
do laboratório.
NT: Quais os principais desafios do agronegócio na visão da
Agrária?
Jeferson Caus: Acreditamos que os principais desafios do
agronegócio são:
Na tecnologia: conhecermos e utilizarmos cada vez melhor as novas biotecnologias das cultivares de soja e dos
híbridos de milho.
Na agricultura: conscientizarmos cada vez mais nossos
produtores sobre a necessidade de gerenciarem suas
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NT #6
Jeferson Caus
coordenador de marketing da Agrária
propriedades, utilizando conceitos empresariais. No mercado: buscarmos um posicionamento cada vez melhor
para nossos produtos, desenvolvendo e tornando percebido o seu valor e, ao mesmo tempo, estreitarmos cada
vez mais o relacionamento com nossos clientes internos
e externos.
NT: Quais as principais oportunidades no setor do agronegócio no entendimento da Agrária?
Jeferson Caus: Acreditamos que na maioria das vezes não
existe “oportunidades prontas” esperando pelas empresas. Mas acreditamos que as empresas que se diferenciam
na tecnologia, na qualidade e na prospecção de parcerias
criam, elas mesmas, as oportunidades. A agroindustrialização de grãos permanece como um campo promissor.
Pensamos que novos negócios são possíveis, principalmente para quem observa o mercado e se antecipa
às tendências. O mercado de nutrição animal é foco da
Agrária, com boas perspectivas e com projetos futuros de
acesso aos diferentes nichos.
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COOPERATIVISMO
Por Erica Rabecchi
100 Anos da
Cotribá
primeira cooperativa
agropecuária brasileira a
completar o centenário
veram seu auge no mês de março, com a apresentação
da Orquestra Paranaense de Viola Caipira, que trouxe ao
público o sabor da música de raiz, seguido de show pirotécnico para marcar a chegada do dia 21 e março, quando
se completaram efetivamente os 100 anos da Cotribá.
Foram realizadas outras atividades, como a Assembleia Geral Ordinária, seguida de celebração ecumênica e
da cerimônia oficial, quando os diretores fizeram o corte
simbólico do bolo. Após o almoço, que reuniu mais de 3
mil pessoas, o Grupo de Performance Cia da Cidade, de
Passo Fundo encantou o público com números de acrobacia, malabarismo, ilusionismo, canto e dança. A tarde ainda foi reservada ao baile, com animação da Banda Estrela
do Mar. À noite, as 5 mil pessoas presentes puderam conferir os shows de Lui & Sampa, Fernando e Motta e, para
encerrar a celebração com chave de ouro, a apresentação
primorosa do cantor Sérgio Reis.
Ao longo de 2011, a Cotribá seguirá com foco nos 100
anos, com atividades programadas para enaltecer a importância deste marco histórico.
Sobre a Cotribá
A Cotribá, Cooperativa Agrícola Mista General Osório
Ltda, foi fundada em 21 de janeiro de 1911 e considerada,
atualmente a única cooperativa do ramo agropecuário
do Brasil com um século de história. é uma sociedade de
pessoas - natureza civil – que tem como objetivo social a
congregação dos seus sócios para o exercício de suas atividades, sem o objetivo de lucro. A entidade é regida pela
lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que regulamenta o
sistema cooperativo no País.
A Cooperativa festejou, nos dias 20 e 21 de janeiro, 100
anos de uma história de grandes desafios e conquistas.
Tendo sua origem na então Colônia General Osório, a Genossenschaft General Osório surgiu pela necessidade dos
moradores de ter à sua frente uma entidade que os representasse e defendesse de possíveis atravessadores.
Ao longo de um século, a Cotribá tem sido a ponte para
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NT #6
viabilizar o acesso do homem do campo às tecnologias
que fazem da atividade agrícola, a base da economia, não
apenas da região, mas de todas as comunidades onde a
Cotribá atua.
Os festejos que marcaram os 100 anos da Cotribá tiveram início oficialmente no dia 26 de abril de 2008, quando
foi lançada a contagem dos “Mil Dias para os Cem Anos”. A
partir daí, sucederam-se eventos voltados à data histórica,
que dá à Cotribá o mérito de ser a única cooperativa brasileira do ramo agropecuário com um centenário de atividades ininterruptas. Ao longo de mil dias, empreenderam-se
dias de campo, palestras técnicas, festividades, cursos, entre outros, cuja temática esteve sempre voltada ao centenário desta sólida instituição.
Com o objetivo de presentear os associados, comunidade, parceiros e colaboradores, as comemorações ti-
A Cooperativa fechou o ano de 2010 com 5.284 associados, distribuídos entre suas unidades de atuação. Com
a Sede em Ibirubá/RS, atua em mais 15 municípios gaúchos com unidades instaladas, Ibirubá (Sede), quinze de
Novembro, Fortaleza dos Valos, Boa Vista do INCRA, Boa
Vista do Cadeado, Cruz Alta, Santa Bárbara do Sul, Saldanha Marinho, Candelária, Cachoeira do Sul, Rio Pardo,
Pântano Grande, Butiá, Encruzilhada do Sul, São Gabriel e
Santa Margarida do Sul, além da projeção de toda a região
à volta de cada um deles.
Atualmente, a Cotribá desponta como uma empresa fomentadora das atividades agropecuárias por onde
atua, trabalhando com recebimento e comercialização de
soja, arroz, milho, trigo, cevada e canola, entre os principais grãos, além de beneficiamento de soja e arroz. Possui segmentos de negócios para atender as principais
necessidades da propriedade rural, como fornecimento
de insumos para as lavouras, fábrica de rações (nutrição
animal), assistências técnicas agrícolas e animal, posto de
combustível, supermercados, farmácia veterinária, peças
e ferragens, e detenção de marcas próprias na linha de
nutrientes para a lavoura.
Muitos são os exemplos que podem ser citados para
demonstrar a vocação empreendedora da organização.
Na diversificação da pequena propriedade, a atividade leiteira implementada no final da década de 70 transformou
a realidade de milhares de pessoas na região de Ibirubá e
quinze de Novembro.
Outra situação, que é motivo de muito orgulho para
a Cotribá, foi a participação nos movimentos em prol do
plantio direto na palha e da liberação dos transgênicos
que contribuiu para viabilizar o negócio do produtor, além
de promover a sustentabilidade do campo.
Com a impossibilidade de expansão das áreas agricultáveis, em meados de 2009, a Cotribá buscou alternativas
para oferecer ao produtor rural condições de se alcançar
maior produtividade nas lavouras, implementando em
sua área de ação a tecnologia de precisão.
Desde sua fundação, a Cotribá prima pelo estabelecimento de parcerias fortes que a auxiliem a conduzir a
sua missão de levar ao campo tecnologias que viabilizem
a profissionalização da propriedade através de qualidade,
produtividade e sustentabilidade do negócio do produtor.
Desde 2007, firmou parceria com os Sindicatos dos
Trabalhadores Rurais de vários municípios de atuação da
Cooperativa com vistas a viabilizar a participação de seus
associados no Programa Nacional de Produção de uso do
Biodiesel, sendo pioneira no Brasil a implantar o programa
junto ao seu quadro social.
A visão de futuro da Cotribá vislumbra uma organização moderna, sempre fiel aos princípios que nortearam
a sua fundação em 1911: promover a rentabilidade da família rural, oferecendo ao associado à constante busca por
alternativas que lhe garantam a sustentabilidade e profissionalização do seu negócio, visando a qualidade de vida
da família rural e permanência no campo.
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AGENDA
JUNHO
JULHO
Feicorte
13 a 17 de junho
São Paulo (SP)
MEGALEITE
Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite
23 de junho a 03 de julho
Uberaba (MG)
World Pork Expo 2011
08 a 10 de junho - Ioawa - USA
NFT Training
08 a 10 de junho
Salvador (BA)
Interleite 2011
Simpósio Internacional sobre Produção
Intensiva de Leite
06 a 08 de julho
Uberaba - (MG)
23º FENIAGRO - Feira de Agronegócio de
Araguaína
02 a 12 de junho
Araguaína (TO)
48ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira
de Zootecnia
18 a 21 de julho
Belém (PA)
45ª FAPI - Feira Agropecuária e Industrial
de Ourinhos
02 a 12 de junho - Ourinhos (SP)
INDUSPEC Animal Expo&Business
26 a 28 de julho
São Paulo - (SP)
28ª Exposição Agropecuária de Parauna e
41ª Festa da Produção
06 a 12 de junho
Paraúna (GO)
AGOSTO
Congresso Internacional da Carne 2011
09 e 09 de Junho
Campo Grande - (MS)
I Congreso Internacional de Zoonosis
08 a 10 de junho
Buenos Aires (AG)
2nd Latin American Congress on Pig
Production
21 a 24 de junho
Evora (PT)
I Feira de Avicultura e Suinocultura
Capixaba
09 a 11 de junho
Marechal Floriano (ES)
AGRISHOW JARU 2011
Feira Agropecuária e industrial de Jaru
22 a 26 de junho
Jaru (RO)
108
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XIV Seminário Nacional de
Desenvolvimento da Suinocultura
03 a 08 de agosto
Salvador (BA)
Agroleite 2011
09 a 13 de agosto
Castro (PR)
Fórum de Líderes em Avicultura 2011
17 e 18 de agosto
Foz do Iguaçu (PR)
TecnoCarne 2011
23 a 25 de agosto
São Paulo (SP)
Vacinas Vision.
Menos dor e menos lesões no rebanho.
Menos dor e menos lesões no seu bolso.
Mais ação com menos reação na
prevenção contra as clostridioses.
s Menos dor e menos estresse para o animal.
s SPUR®, adjuvante exclusivo que substitui os adjuvantes tradicionais.
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produtivo e valorizado.
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s Exclusivo sistema de produção APS: garante altos níveis de pureza.
s Nova tecnologia de filtragem: reduz a dose (2 ml) sem diminuir
a concentração de antígenos.
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