eletrônica de potência
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ISSN 1414-8862 ELETRÔNICA DE POTÊNCIA REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA SOBRAEP VOL. 9, Nº 1, JUNHO DE 2004 ÍNDICE Corpo de Revisores................................................................................................................. ii Editorial................................................................................................................................... iii Chamada de Trabalhos para a Seção Especial Controle Aplicado em Eletrônica de Potência................................................................................................................................... iv ARTIGOS DA SEÇÃO REGULAR Análise e Projeto de um Conversor Bidirecional PWM de Alto Desempenho para Interface entre o Barramento CC e o Banco de Baterias L. Schuch, C. Rech, Hélio L. Hey, H. A. Gründling, H. Pinheiro e José R. Pinheiro................................... 1 Conversor Boost Acoplado à Saída de um Retificador Trifásico de 18kW Utilizando o Transformador de Interfase de Linha A. Chehab, J. Urbanetz Jr. e I. Barbi.................................................................................................................... 13 Introdução às Técnicas de Síntese e Aplicações de Indutâncias Negativas T. E. Nuñez-Zuñiga e J. A. Pomilio.............................................................................................................. 19 Repetitive-Based Control for Selective Active Filters Using Discrete Cosine Transform F. P. Marafão, P. Mattavelli, S. Buso and S. M. Deckmann............................................................................... 29 Implementação de um Medidor do Conjugado para Motores de Indução com DSP F. V. de Carvalho, L. E. B. da Silva, G. L. Torres, J. O. P. Pinto e B. K. Bose........................................... 37 Sistemas de Acionamento de Máquinas com Estratégias de Controle Tolerante a Faltas R. L. A. Ribeiro, C. B. Jacobina, E. R. C. da Silva e A. M. N. Lima........................................................ 45 Projeto do Reator Eletrônico Auto-Oscilante A. R. Seidel, F. E. Bisogno, R. K. Pavão e R. N. do Prado...................................................................... 53 A Novel High-Power-Factor Single-Switch Electronic Ballast for Compact Fluorescent Lamps M. Ponce, J. Arau, R. Osorio, M. A. Juárez and J. M. Alonso.................................................................... 63 Metodologia de Projeto para o Filtro Ressonante LCC de Reatores Eletrônicos com Controle de Luminosidade para Lâmpadas Fluorescentes F. T. Wakabayashi e C. A. Canesin............................................................................................................. 71 Normas para Publicação de Trabalhos na Revista Eletrônica de Potência............................. 81 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. i Corpo de Revisores desta edição de Eletrônica de Potência Arnaldo José Perin – UFSC João Luiz Andres – TYCO – EUA Carlos Alberto Canesin – UNESP–FEIS José Luiz F. Vieira – UFES Carlos Augusto Ayres – UNIFEI José Renes Pinheiro – UFSM Denizar Cruz Martins – UFSC Lourenço Matakas Jr. – EPUSP Domingos S. L. Simonetti – UFES Lúcio dos Reis Barbosa – UEL Edson H. Watanabe – COPPE/UFRJ Márcio Almeida Có – CEFET-ES Enes Gonçalves Marra – UFG Maurício Aredes – COPPE/UFRJ Ernane A. Alves Coelho, UFU Nimrod Vazquez Nava – ITC–Celaya – México Fábio Toshiaki Wakabayashi – UNESP–FEIS Octávio G. de S. Castelhões – COPPE/UFRJ Falcondes J. M. de Seixas – UNESP-FEIS Pedro Gomes Barbosa – UFJF Fernando L. M. Antunes – UFC Peter Mantovanelli Barbosa – ABB – Suíça Fernando P. Marafão – UNICAMP Porfírio Cabaleiro Cortizo – UFMG Gilberto Drumond Sousa – UFES Ricardo Nederson do Prado – UFSM Guilherme Rolim – COPPE/UFRJ Walter Issamu Suemitsu – COPPE/UFRJ Hélio Leães Hey – UFSM Walter Kaiser – EPUSP Henrique A. C. Braga – UFJF Wilson A. Filho – UFES Humberto Pinheiro – UFSM ii Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. EDITORIAL Este é o primeiro número do nono volume da Revista Eletrônica de Potência, editada pela SOBRAEP – Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência, são nove anos de circulação. Nesta edição são apresentados os artigos aprovados para a Seção Regular, um artigo ainda da Seção Especial Retificadores com Alto Fator de Potência e dois artigos da Seção Especial Qualidade e Eficiência em Sistemas de Iluminação, entretanto, todos eles aprovados para publicação na Seção Regular. Nossos agradecimentos aos editores também envolvidos com estes artigos, Prof. Domingos Sávio Lyrio Simonetti e Prof. Walter Kaiser, assim como aos revisores desta edição e em especial aos autores, os quais têm prestigiado nossa Revista. É com também satisfação que anunciamos o nosso QUALIS A – CAPES para a Revista Eletrônica de Potência, conceito este de muita importância para a comunidade envolvida com a Eletrônica de Potência e suas aplicações no país. Nesta edição é apresentada a Chamada de Artigos para a Seção Especial Controle Aplicado em Eletrônica de Potência, coordenada e a ser editada pelos Editores Especiais Prof. Humberto Pinheiro da UFSM – Santa Maria (RS) e Prof. Marcelo Godoy Simões da Colorado School of Mines – Golden(CO)EUA. Desde já, nosso muito obrigado aos Profs. Humberto e Marcelo pela valiosa colaboração. No site iSOBRAEP ( http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista/ ) encontram-se todas as informações a respeito das Seções Especiais em Andamento e aquelas Previstas para o período 20042005. Visitem o site iSOBRAEP e enviem suas contribuições. Relembramos à comunidade que o sistema iSOBRAEP é o único meio, totalmente eletrônico, de submissão e análise de artigos para a Revista Eletrônica de Potência, editada pela SOBRAEP, não somente para as Seções Especiais, como também para a Seção Regular de nossa Revista. Neste mesmo site encontram-se as informações e Normas de Publicação para a Revista. Somente artigos aprovados e submetidos rigorosamente em concordância com estas Normas serão publicados. Finalmente, reforço a todos os autores e leitores da Revista Eletrônica de Potência a necessidade de referenciarmos nossa Revista, em todas as publicações pertinentes, para que a mesma tenha o impacto científico que desejamos. Carlos Alberto Canesin, UNESP – FEIS Editor Geral Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. iii Revista Eletrônica de Potência da SOBRAEP SEÇÃO ESPECIAL A revista Eletrônica de Potência da SOBRAEP está preparando uma seção especial com artigos técnicos de conteúdo especializado no tema: CONTROLE APLICADO EM ELETRÔNICA DE POTÊNCIA. Autores em potencial estão convidados a submeter manuscritos onde a contribuição esteja clara e solidamente comprovada, preferencialmente com resultados experimentais. Os temas dessa seção especial incluem: • • • • • • • Técnicas de controle robusto, controle adaptativo, controle por modos deslizantes em aplicações com conversores estáticos; Modelagem e controle digital de sistemas e circuitos com conversores estáticos; Aplicação de microcontroladores e DSP para o controle de conversores estáticos; Redes neurais, lógica fuzzy e neuro-fuzzy, algoritmos genéticos aplicados a sistemas com conversores estáticos; Controle de retificadores PWM, inversores, filtros ativos e UPS; Controle de máquinas elétricas; Aplicações de controle em eletrônica de potência para sistemas de energia renováveis. Outros tópicos, dentro do tema proposto, poderão ser contemplados. Os editores desta seção especial são: Prof. Ph.D. Humberto Pinheiro, UFSM-RS, Editor em Controle de Tempo Discreto Prof. Ph.D. Marcelo Godoy Simões, Colorado School of Mines-EUA, Editor em Controle Inteligente A submissão dos artigos deverá ser feita somente por via eletrônica no formato e tamanho usual da revista. Envie sua proposta de artigo completo através do site iSOBRAEP, cujo endereço (url) é: http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista O cadastro deverá ser efetuado no site iSOBRAEP, optando-se pelo Link desta Seção Especial para envio do artigo. Para maiores informações contate os editores especiais: e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] As datas limites são: Submissão de Artigos: 01 de Junho de 2004 até 15 de Dezembro de 2004 Revisão Inicial: até 10 de Março de 2005 Submissão de Artigos Aceitos e Corrigidos: até 10 de Abril de 2005 Revisão Final: até 10 de Maio de 2005 Publicação: Vol.10, no.1, Junho de 2005 iv Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. SOBRAEP Diretoria (2002-2004) Presidente: Domingos Sávio Lyrio Simonetti – UFES Vice-Presidente: Carlos Alberto Canesin – UNESP – Ilha Solteira 1.o Secretário: Gilberto C. D. Sousa – UFES 2.o Secretário: José Luiz F. Vieira – UFES Tesoureiro: Wilson C. P. de Aragão Filho – UFES Conselho Deliberativo (2002-2004) Alexandre Ferrari de Souza – UFSC Arnaldo José Perin – UFSC Cícero M. T. Cruz – UFC Denizar Cruz Martins – UFSC Edson H. Watanabe – UFRJ Edison Roberto C. da Silva – UFCG Enes Gonçalves Marra – UFG Enio Valmor Kassick – UFSC Ivo Barbi – UFSC João Batista Vieira Júnior – UFU José Antenor Pomilio – UNICAMP José Renes Pinheiro – UFSM Endereço da Diretoria SOBRAEP DEL / CTUFES Cx. Postal 01-9011 29060-970 – Vitória – ES – Brasil Fone: +55.(27).33352681 – Fax.: +55.(27).33352644 Eletrônica de Potência Editor: Prof. Carlos Alberto Canesin UNESP – FEIS – DEE C. P. 31 15385-000 – Ilha Solteira – SP – Brasil http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista Conselho Editorial: Arnaldo José Perin – UFSC Carlos Alberto Canesin – UNESP–FEIS Domingos L. S. Simonetti – UFES Hélio Leães Hey – UFSM Ivo Barbi – UFSC José Antenor Pomilio – UNICAMP Richard M. Stephan – COPPE–UFRJ Walter Kaiser – EPUSP Responsável pela edição: Prof. Carlos Alberto Canesin, UNESP-Ilha Solteira (SP). Eletrônica de Potência é distribuída gratuitamente a todos os sócios da SOBRAEP Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. v vi Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. ANÁLISE E PROJETO DE UM CONVERSOR BIDIRECIONAL PWM DE ALTO DESEMPENHO PARA INTERFACE ENTRE O BARRAMENTO CC E O BANCO DE BATERIAS Luciano Schuch, Cassiano Rech, Hélio L. Hey, Hilton A. Gründling, Humberto Pinheiro, José R. Pinheiro Grupo de Eletrônica de Potência e Controle – GEPOC Universidade Federal de Santa Maria – UFSM CEP: 97015-900 – Santa Maria, RS – Brasil [email protected], [email protected] - http://www.ufsm.br/gepoc/ Resumo – Este artigo apresenta a análise e o projeto de um conversor bidirecional PWM (buck/boost) usado para interface entre o barramento CC e o banco de baterias. Um procedimento de projeto é proposto para o circuito de potência e de controle. Com este procedimento de projeto são definidas as freqüências de operação de cada conversor levando em consideração os níveis de potência e tensão, a fim de reduzir as perdas por comutação sem degradar as especificações impostas ao conversor. Além disto, é proposta a utilização de um filtro para minimizar as ondulações de corrente e tensão nas baterias, aumentando a vida útil das mesmas sem penalizar o volume e/ou a freqüência de operação do conversor. Um protótipo de 580W foi implementado para validar o procedimento de projeto e verificar o desempenho do sistema proposto. Adicionalmente, um conversor boost (pré-regulador) foi incluído ao estágio de entrada para correção do fator de potência. 1 Palavras-Chaves – Banco de baterias, Controle clássico, UPS. ANALYSIS AND DESIGN OF A HIGHPERFORMANCE BI-DIRECTIONAL PWM CONVERTER FOR DC BUS AND BATTERY BANK INTERFACE Abstract – This paper presents the analysis and design of a bi-directional PWM converter (buck/boost) used as interface between a critical dc bus and a battery bank. A design procedure for the power and control circuit is proposed. In this design procedure, the definition of the operation frequency of each converter takes into account the different power and voltage levels at loads to reduce the commutation losses without degrading the specifications imposed to the converter. Furthermore, it is proposed the utilization of an appropriate filter to minimize the current and voltage ripples at battery, increasing battery life without penalizing the volume and/or the switching frequency of the converter. Experimental results based on a 580W prototype are presented to validate the proposed design procedure and to demonstrate the performance of the proposed Artigo Submetido em 25/09/2002. Primeira Revisão em 17/02/2002. Segunda Revisão em 29/08/2003. Aceito sob recomendação do Editor Prof. Domingos Sávio Lyrio Simonetti. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. approach. Additionally, a boost preregulator was included at input stage for power factor correction. Keywords – Battery bank, Classic control, UPS. I. INTRODUÇÃO Um componente essencial em sistemas de fornecimento ininterrupto de energia (UPS - Uninterruptible Power Systems) é o dispositivo de armazenamento da mesma, que supre energia para cargas críticas em períodos de falha da fonte primária. O sistema de armazenamento de energia mais utilizado em UPS são as baterias. Assim, uma atenção especial deve ser dada a este dispositivo, pois grande parte dos custos, do volume e do peso de uma UPS corresponde às baterias [1]. Ainda, a flexibilidade na escolha do nível de tensão torna possível reduzir o número de baterias, para uma mesma autonomia e potência, reduzindo o custo do banco de baterias. Entre os diversos tipos de baterias existentes, as de chumbo-ácido reguladas por válvula (VRLA - Valve Regulated Lead Acid) têm sido mais utilizadas [2]-[4], pois apresentam um reduzido custo inicial. Entretanto, sua vida útil fica em torno de 4 anos e depende de fatores como: modo de carga e descarga, temperatura, ondulações (ripple) de corrente e de tensão. Dentre estes fatores, o modo de carga e descarga é o mais crítico [5], sendo recomendado por diversos fabricantes de baterias o método de carga IU (um nível de corrente e um nível de tensão) [3], [4]. Este método de carga consiste em aplicar uma corrente constante (curva I) até que a tensão atinja o valor de equalização (ou gaseificação). Após este valor, o carregador de baterias mantém a tensão constante(curva U) para manter o estado de carga completa, compensando as perdas internas das baterias (autodescarga). Na atualidade, devido ao crescente número de cargas nãolineares, normas internacionais regulamentam o conteúdo harmônico de corrente injetados na rede pública de energia, fazendo com que seja necessário a introdução de um estágio pré-regulador nos carregadores de baterias/UPS. Neste sentido, em [6] e [7] são apresentados carregadores de baterias que apresentam reduzido conteúdo harmônico na corrente drenada da rede e baixas perdas por comutação. Contudo, a corrente de carga do banco de baterias apresenta níveis significativos de ondulações de 120Hz, penalizando a vida útil das mesmas. Em [8] é apresentado um carregador de baterias cujas ondulações de 120Hz são eliminadas. Todavia, a ondulação de alta freqüência não é eliminada e sua 1 vin(t) préregulador carga crítica conversor bidirecional Vbat Figura 1. Estágios de potência do sistema em estudo. II. DESCRIÇÃO DE CONVERSOR Na Figura 2 é ilustrado o conversor bidirecional juntamente com o conversor pré-regulador. Nesta mesma figura são apresentados os estágios de operação do conversor em estudo. O conversor boost de entrada (pré-regulador), visto na Figura 2(a), é composto por uma ponte de diodos, um indutor (Lbb), um diodo (D3), um interruptor (S3) e um capacitor (Cb). Foi também incluído um filtro de entrada (Cfin e Lfin) ao conversor pré-regulador, para minimizar a distorção na corrente de entrada e reduzir a interferência eletromagnética (EMI). O conversor bidirecional (buck/boost) apresenta dois interruptores (S1 e S2), dois diodos (D1 e D2), um banco de baterias e um filtro T composto por dois indutores (Lb e Lf) e um capacitor Cf. Este conversor é parte de um sistema “stand-by”, que tem a função de recarregar o banco de baterias e suprir energia para a carga crítica ou para outro conversor/subsistema quando houver uma falha na rede pública de energia. 2 Lbb S1 D1 Lb Cb Lfin vin(t) S3 Cf S2 D2 S1 D1 Lf Vbat Carga D3 Cfin D3 Lbb Lb Cb Lfin vin(t) S3 Cf S2 D2 S1 D1 Lf Vbat Carga (a) Cfin (b) D3 Lbb Lb Cb Lfin vin(t) S3 S2 D2 Cf Lf Vbat Carga minimização é inversamente proporcional ao volume e a freqüência de comutação do conversor. Para minimizar os problemas mencionados anteriormente, este artigo propõe a utilização de um conversor bidirecional (buck/boost) modulado por largura de pulso (PWM - Pulse Width Modulation) para interface entre o barramento CC e o banco de baterias. Os procedimentos de projeto dos dispositivos de potência e do circuito de controle são apresentados. A definição das freqüências de operação de cada conversor considera os níveis de potência e de tensões das cargas para se obter uma redução nas perdas por comutação sem degradar as especificações impostas ao conversor. É proposta a utilização de um filtro de terceira ordem (filtro T) para minimizar as ondulações de corrente e tensão nas baterias, maximizando a vida útil das mesmas sem penalizar o volume e/ou a freqüência de operação do conversor. Para atender as normas quanto à injeção de harmônicos na rede pública de energia (como por exemplo IEC 61000-3-2) um conversor pré-regulador (conversor boost operando em modo de condução descontínua) foi incluído ao estágio de entrada, como mostrado na Figura 1. Este artigo está organizado como segue: a seção II descreve o conversor em estudo, e o procedimento de projeto do conversor bidirecional é proposto na seção III. A seção IV apresenta um exemplo de projeto e a seção V descreve o sistema de controle utilizado. Por fim, a seção VI apresenta os resultados experimentais obtidos a partir de um protótipo em malha fechada de 580W. Cfin (c) Figura 2. Estágios de operação do conversor em estudo: (a) préregulador; (b) pré-regulador + buck; (c) boost. Os modos de operação do conversor bidirecional dependem do estado da rede pública. A Figura 2(b) apresenta o conversor bidirecional quando a tensão da rede está dentro dos níveis aceitáveis, e o interruptor S1 está operando para recarregar as baterias. Na Figura 2(c) é mostrado o conversor quando houver uma falha na rede e, conseqüentemente, o interruptor S2 deve entrar em operação para suprir energia para a carga. Portanto, este conversor opera em dois modos, um como conversor buck (S1-D2) e outro como o conversor boost (S2-D1). III. PROCEDIMENTO DE PROJETO A. Dimensionamento do Banco de Baterias Devido ao fato de se utilizar um conversor bidirecional para interface entre o barramento CC e as baterias, tem-se flexibilidade na escolha do nível de tensão do banco de baterias. Assim, consegue-se reduzir significativamente o custo do mesmo. Para esta aplicação, onde o banco de baterias deve fornecer 500W por 15 minutos, foi traçado um gráfico que relaciona o custo, peso e volume percentuais para diferentes valores de tensão do banco de baterias, mostrado na Figura 3. Através dessa figura, observa-se que a tensão do banco de baterias de 48V (quatro baterias de 12V/7Ah) apresenta o menor custo e peso, e o volume está bem próximo do valor mínimo. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. 100 80 (%) 60 40 20 24V 17Ah 36V 12Ah 48V 72V 84V 120V 7Ah 5Ah 4Ah 3Ah Custo; Volume; Peso; 168V 2Ah 264V 1,2Ah Figura 3. Relação do custo, peso e volume percentual em função do nível de tensão do banco de baterias (P0=500W, autonomia=15 min., para baterias SH). Ondulação (%) em Ibat 100 10 1 0,1 0,01 20 50 80 Ibat = 0,7A 110 140 170 Ibat = 1,4A 200 230 Ibat = 3,5A 260 fS1(kHz) Figura 4. Ondulação na corrente de carga das baterias x freqüência de operação de S1. A Figura 3 foi obtida para baterias SH (Saturnia Sistemas de Energia LTDA) com base nos dados fornecidos pela fabricante (dezembro de 2002). É importante destacar que estes resultados são similares para diversas outras linhas de baterias, tais como: Panasonic, Yuasa, Xiamen Three Cirles (China). B. Projeto do Conversor Bidirecional O desafio do projeto dos dispositivos de potência está no fato de que o conversor bidirecional opera ora como buck e ora como boost. Estes dois estágios de operação são diferentes porque eles processam níveis distintos de potência e corrente. Assim, os interruptores S1 e S2 e os diodos D1 e D2 não apresentam as mesmas especificações. O projeto do conversor deve considerar que o interruptor S1 e o diodo D2 processam uma reduzida potência (carregador de baterias) e o interruptor S2 e o diodo D1 processam maior potência (conversor boost de saída). Portanto, para se ter uma apropriada relação custo-beneficio entre as perdas por comutação e o fator volume/peso do conversor, as freqüências de operação dos interruptores devem ser corretamente projetadas. Assim, partindo do principio de que o conversor de maior potência (maior nível de corrente) opera com menor freqüência e o conversor de menor potência (menor nível de corrente) opera com maior freqüência, as perdas por comutação podem ser reduzidas Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. sem alterar as especificações impostas aos conversores através de um apropriado procedimento de projeto. As especificações para o projeto do conversor bidirecional são: P0 = Potência de saída [W]; V0 = Tensão de saída [V]; Vbat = Tensão de banco de baterias [V]; ℜ1 = Ondulação na corrente de carga do banco de baterias [%]; ℜ2 = Ondulação na corrente no indutor Lb [%]; Ibat = Valor médio da corrente de carga do banco de baterias [A]. Inicialmente, o indutor Lb e a freqüência de operação do interruptor S2 são projetados em função da descarga das baterias (modo boost). Em seguida, o indutor Lf, o capacitor Cf e a freqüência de operação do interruptor S1 são projetados em função da carga do banco de baterias (modo buck). Esses parâmetros são obtidos através das relações e equações descritas a seguir. A freqüência de operação do interruptor S2 deve ser inicialmente definida levando em consideração a relação custo-benificio entre as perdas do conversor e o volume do mesmo, como mostrado se seção seguinte. Então, o valor da indutância Lb é obtido da equação (1) para que a ondulação de corrente seja igual à ℜ2. 100 Vbat 2 (V0 − Vbat ) . Lb = (1) ℜ 2V0 P0 f s 2 O valor da indutância Lf é calculada através da seguinte inequação: L 50 ≤ b ≤ 150 (2) Lf A inequação (2) deve ser atendida para que a diferença entre a tensão do banco de baterias e a tensão do capacitor Cf seja inferior a 1%, evitando assim uma ressonância entre a energia do capacitor Cf e a energia do indutor Lf. Deste modo, o filtro T não afeta a transferência de potência do conversor boost. A inequação (2) é obtida através da simulação numérica das equações apresentadas no Apêndice A, variando-se o valor da relação entre Lb/Lf (10 a 500) e buscando obter 0,99Vbat ≤ v Cf(t) ≤ 1,01Vbat. Para minimizar a ondulação de corrente e tensão imposta às baterias, a freqüência de corte do filtro T é definida como dez vezes menor que a freqüência de operação do interruptor S2, ou seja: f (3) fcT ≤ s 2 10 Através da equação (42) do Apêndice A e dos valores de Lf, Lb e fcT, o valor do capacitor Cf é obtido como: Lb + L f . Cf = (4) 4π 2 fcT2 L f Lb Para determinar a freqüência de operação do interruptor S1 é utilizado o ábaco mostrado na Figura 4, que relaciona a ondulação da corrente de carga do banco de baterias e a freqüência de operação do interruptor S1 (freqüência do conversor buck) [9]. 3 IV. EXEMPLO DE PROJETO As especificações para o projeto do conversor bidirecional são mostradas na Tabela I. Tabela I– Especificações de Projeto. Potência de saída Tensão de saída Tensão do banco de baterias Ondulação na corrente de carga do banco de baterias Ondulação na corrente do indutor Lb Corrente da carga do banco de baterias P0 = 500W V0 = 360V Vbat = 48V ℜ1 = 0,2% ℜ2 = 40% Ibat = 1,4A Os resultados foram obtidos utilizando quatro baterias UNIKOR 12V7AH. Para garantir um apropriado tempo de carga e não abreviar a vida útil das baterias, a corrente de carga das mesmas deve ser de aproximadamente 1,4A [4]. É importante salientar que foi definida a ondulação na corrente de carga do banco de baterias como ℜ1 = 0,2%, pois o nível de ondulação da corrente de carga das baterias apresenta um forte impacto na vida útil das mesmas [10]. Além de demonstrar que com a utilização do filtro T consegue-se obter pequenos níveis de ondulação na corrente sem penalizar o volume do conversor. A escolha da freqüência fs2 considera a relação custobeneficio entre as perdas por comutação (Ps) e as perdas relativas à recuperação reversa do diodo boost (Prr), e o fator peso/volume do conversor, como mostra a Figura 5. Nesta figura está traçada a linha das perdas (Ps+Prr) e a curva do volume do indutor boost para faixas comerciais de núcleos de ferrite tipo EE, em função da freqüência de comutação do conversor. Observa-se na Figura 5 que para as freqüências de comutação de 38kHz a 89kHz o núcleo é o EE-55/21, onde as perdas variam de 8,14W a 19,07W. Logo, para se obter a menor perda (Ps+Prr) deveria-se utilizar a menor freqüência (38kHz). No entanto, para evitar trabalhar no limite da saturação do núcleo de ferrite a freqüência fS2 foi definida como 40kHz (Ps+Prr = 8,57W). Observa-se ainda, que este valor de freqüência de comutação é normalmente utilizado na indústria. A Figura 5 foi obtida através das equações a seguir, variando-se a freqüência de operação do conversor boost de 1kHz a 300kHz. Lb I Lbpico I Lbrms 10 4 (6) , Ae xAw = K w Bmax J max 1 Ps = V0 I Lb f s (tc(on) + tc (off ) ) , (7) 2 ⎛ 3 t + 2 tb ⎞ Prr = V0 f s I rr ⎜ a ⎟. (8) 6 ⎝ ⎠ 4 40 AexAw 36 Perda de potência (Ps+Prr,W) e produto AexAw (cm4) Este ábaco foi obtido através da equação (5), variando a freqüência do interruptor S1 (buck) de 20kHz a 280kHz. Os valores do filtro T são os mesmos obtidos na seção IV e o valor de iLfpico é obtido através das equações (41) e (46) do Apêndice A. ⎛ iLfpico − iLf (0) ⎞ ⎟ 100 . iripple (%) = ⎜ (5) ⎜ ⎟ i ( 0 ) Lf ⎝ ⎠ Ps+Prr 32 EE-65/39 28 24 EE-65/26 20 16 12 EE-65/13 8,0 EE-55/21 4,0 EE-42/20 EE-42/15 0 260 80 160 200 240 120 Freqüência de comutação Figura 5. Perdas média de potência (Ps+Prr) e produto AexAw x freqüência de S2 . 0 40 As equações (6), (7) e (8) são obtidas das referências [11], [12] e [13], respectivamente, onde: Lb é calculado conforme equação (1), Ae é a área efetiva da perna do núcleo, Aw é a área disponível da janela do núcleo, Kw é o fator de utilização da área de enrolamento, Jmax é a máxima densidade de corrente do enrolamento do indutor, ILbpico é a corrente de pico do indutor Lb, ILbrms é a corrente eficaz do indutor Lb, Ps é o valor médio das perdas por comutação, tc(on) é o tempo de entrada em condução, tc(off) é o tempo de bloqueio, Prr são as perdas por recuperação reversa do diodo boost, ta e tb são subperíodos do tempo de entrada em condução do interruptor e Irr é o valor do pico de corrente de recuperação reversa do diodo boost. Os parâmetros utilizados para a obtenção do ábaco da Figura 5 são: Kw=0,5, Bmax=0,2T, Jmax=450A/cm2, ILbpico=14,56A ILb=ILbrms=10,4A, V0=360V, tc(on)=44ns, tc(off)=60ns e os valores de ta e tb variam com a freqüência conforme dados fornecidos pelo fabricante do diodo utilizado. Pelas especificações apresentadas na Tabela I é possível obter o valor do indutor Lb através da equação (1): Lb = 249,6 µH . Definindo que o indutor Lf é 150 vezes menor que o indutor Lb (para se obter um indutor de volume reduzido), e usando (3) e (4), o valor de Lf, fcT e Cf são: Lf = 1,67 µH, fcT = 4kHz , C f = 1mF . Usando a ábaco mostrado na Figura 4 e definindo que a ondulação na corrente de carga do banco de baterias deve ser igual a 0,2% de Ibat, a freqüência de operação do interruptor S1 é de aproximadamente: f s1 ≅ 97 kHz . V. CONTROLE DO CONVERSOR A carga do banco de baterias (conversor buck) apresenta dois modos de operação: modo tensão (modo flutuação) e modo corrente. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Vfref(s) + C1(s) G1(s) B0 = L f C R , B1 = Lf + Rs R C, Vf(s) _ e H1(s) Figura 6. Diagrama de blocos do sistema no modo tensão. Iref(s) + G2(s) C2(s) ILb(s) _ H2(s) He(s) Figura 7. Diagrama de blocos do sistema no modo corrente. Rs V ba t V ba t C B0 s 2 + B1 s + B2 , (10) A0 = Lf Cf Lb R C, A1 = Cf Lf Lb + Cf Lb Rs R C, A2 = Cf Lb R + Cf Lb Rs + Lb R C + Lf C R, A3 = Rs R C + Lb + Lf, A4 = R + Rs, (11) (12) (13) (14) (15) A0 s + A1 s 3 + A2 s 3 + A3 s + A4 Sendo Vfref a tensão de flutuação imposta as baterias, Vimin é a tensão mínima do barramento CC e ∆Vf é o erro máximo admissível na tensão de flutuação. Então, definindo que o erro na tensão de flutuação deve ser inferior a 1%, o valor de Kp é: Kp ≥ 22 Na Figura 7, He(s) representa o efeito da comutação [16], G2(s) é a planta, H2(s) é o ganho do sensor e C2(s) é o compensador de corrente. Suas funções de transferências são dadas por: R Os diagramas de blocos destes dois modos de operação são vistos na Figura 6 e na Figura 7, respectivamente, onde foi utilizado o compensador proporcional para o modo tensão e o controle da corrente média [14] para o modo corrente. Para o modo tensão optou-se por um simples controlador proporcional, que atende a especificação imposta a este modo (tensão de flutuação recomendada de 2,15 a 2,23 Volts por elemento (V/e) com variação máxima de 1%). Por outro lado, para o modo corrente utilizou-se o controle da corrente média para garantir que a corrente de carga do banco de baterias apresente erro nulo em regime permanente com boa resposta dinâmica, e também evitar oscilações subarmônicas (instabilidade) [14]. Para obtenção do modelo matemático do conversor buck no modo tensão e corrente, o banco de baterias foi substituído pelo circuito equivalente mostrado na Figura 8, baseado no modelo apresentado em [15]. O valor da resistência Rs é obtido diretamente do catálogo dos fabricantes, e o valor de R e C são obtidos através do tempo de carga e da corrente de fuga (autodescarga) das baterias. Na Figura 6 são apresentadas as funções de transferência para o modo tensão. Sendo C1(s) o controlador proporcional , G1(s) o modelo da planta e H1(s) o ganho do sensor. O controlador proporcional C1(s) e a função de transferência G1(s) são dadas por C1 ( s ) = K p , (9) 4 (18) B2 = R + R s . O projeto do compensador (baseado no teorema do valor final) é realizado através da seguinte equação. V fref − ∆V f H1 K p ≥ Vs . (19) ∆V f H12Vi min onde: Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. s2 H e (s) = Figura 8. Circuito elétrico equivalente do banco de baterias. G1 ( s) = Vi (16) (17) G2 ( s ) = Vi (π f s1 ) 2 − s +1, 2 f s1 RC s +1 Lb R C s + ( Rs R C + Lb ) s + ( R + Rs ) 2 (20) , (21) ⎛ s ⎞ ⎟ K c ⎜⎜1 + ω z ⎟⎠ ⎝ C2 (s) = , ⎛ s ⎞⎟ ⎜ s 1+ ⎜ ωp ⎟ ⎠ ⎝ (22) 1 , Rl C fp + C fz ) (23) , (24) onde: Kc = ωp = ( C fz + C fp R f C fz C fp e ωz = 1 . R f C fz (25) O efeito da comutação He(s) foi utilizado na modelagem do conversor para que o efeito das altas freqüências esteja presente neste modelo. O compensador de corrente é projetado como segue. O pólo de alta freqüência, ωp, deve ser alocado em torno da freqüência de comutação (100kHz) de modo a filtrar a ondulação proveniente da comutação. Após, o zero, ωz, deve ser alocado na metade da freqüência de corte do filtro de saída (4KHz) para estender a freqüência de cruzamento por zero. Finalmente, o ganho do compensador é dado por: Rf 2 Vs L f s ≤ , (26) Rl (Vi − Vo ) K k sendo Kk o ganho do sensor de corrente. Se o ganho do compensador for maior que o definido em (26), pode ocorrer instabilidade (oscilação subarmônica) [14], devido ao fato de que a saída do compensador pode interceptar novamente o sinal de comparação do gerador de PWM (forma de onda triangular) no período em que o interruptor está desligado. 5 Magnitude (dB) 40 sistema compensado 0 sistema não compensado -40 -80 0 Fase (º) -50 -100 -150 -200 MF=+20° MF=+65° 10 0 2 10 Freqüência (rad/sec) 10 4 10 5 (a) Magnitude (dB) Validade do modelo 200 150 100 50 0 0 MF=+34° Fase (º) -100 -200 -300 10-3 100 10 3 Freqüência (rad/sec) 106 107 (b) Figura 9. Diagrama de Bode do conversor buck: (a) modo tensão; (b) modo corrente. V0ref(s) C3(s) + G3(s) V0(s) diagrama de Bode é que ele só é válido até a metade da freqüência de comutação devido à inclusão do efeito da comutação (He(s)). Deve-se destacar que as funções de transferência G1(s) e G2(s) são válidas apenas para o conversor operando em modo de condução contínua. Porém, como a carga é um banco de baterias, a qual não apresenta variações paramétricas significativas, assim o sistema não entrará em modo de condução descontínua. O controle da tensão de saída é realizado pela malha de tensão do conversor boost, Figura 10, ou pela malha de tensão do conversor pré-regulador, Figura 11. Como o objetivo destas duas malhas de tensão é garantir que a tensão de saída V0 seja regulada com erro nulo, optou-se por um controlador do tipo proporcional-integral (PI) para ambos conversores. Na Figura 10, C3(s) é o compensador proporcionalintegral, G3(s) é a planta e H3(s) é o ganho do sensor. Estas funções de transferências são dadas por: (s + z PI ) , (27) C 3 ( s ) = K PI s Leq ⎛ Req ⎞ ⎟ − s + ⎜⎜1 − R0 ⎟⎠ R0 ⎝ , G3 (s) = A (28) Leq ⎞ ⎛ Req ⎞ 2 ⎛ ⎟ + ReqCb ⎟⎟.s + ⎜⎜1 − LeqCbs + ⎜⎜ ⎟ ⎝ R0 ⎠ ⎝ R0 ⎠ onde: Vbat R0 A= , (29) Req + R0 d 2 ( _ Leq = H3(s) Req = Figura 10. Diagrama de blocos do conversor boost. ) Lb d2 Rs d2 , (30) , (31) e − Vbat . (32) V0 Novamente, deve-se observar que a função de transferência G3(s) é válida somente para o modo de condução contínua. Para o conversor projetado na seção IV, onde a ondulação de corrente no indutor Lb é de 40%, o conversor opera em condução contínua até 20% da potência nominal. Abaixo desta potência o conversor boost opera em modo de condução descontínua onde a sua resposta dinâmica fica degradada. Porém, o conversor mantém-se estável. Como pode ser visto em (28), a função de transferência G3(s) apresenta um zero no semi-plano direito do plano s, conseqüentemente, G3(s) é de fase não mínima. Porém, a presença da resistência série Rs (Figura 8) do banco de baterias e da resistência inerente do indutor boost (Lb) reduz o efeito do zero no semi-plano direito, possibilitando aumentar a ganho do PI de tal modo que o sistema se mantenha estável com resposta dinâmica semelhante a do conversor pré-regulador. O compensador de tensão do conversor boost é projetado da seguinte forma. O zero, zPI, é posicionado meia década abaixo do pólo de menor freqüência da planta e o ganho, KPI, é calculado para que a banda passante do sistema d= V0ref(s) + C4(s) G4(s) V0(s) _ H4(s) Figura 11. Diagrama de blocos do conversor pré-regulador. Com os critérios de projeto acima, os parâmetros do compensador são: ωp= 628320 rad/s, ωz = 12566 rad/s e Kc =4300. Os diagramas de Bode do conversor buck no modo tensão e no modo corrente são vistos na Figura 9(a) e na Figura 9(b), respectivamente. A margem de fase do sistema compensado no modo corrente é de +34°, e para o modo tensão é de +20°, comprovando a estabilidade dos sistemas. É importante salientar que a margem de fase de +20° é suficiente para garantir a estabilidade do sistema, pois a dinâmica da carga (banco de baterias) é lenta. Além disso, o efeito do pólo na origem do compensador da corrente média não é visualizado na Figura 9(b), pois a planta possui um zero (1/RC) muito próximo da origem. Outra característica deste 6 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. ⎛ Vin ⎞ ⎜⎜1 − ⎟⎟ ⎝ V0 ⎠ (33) G4 ( s ) = Vin , ⎛ ⎛ Vin ⎞ Vin ⎞ ⎟ ⎜⎜1 − ⎟⎟ Cb R0 s + ⎜⎜ 2 − V0 ⎟⎠ ⎝ ⎝ V0 ⎠ (s + z PI ) . (34) C 4 ( s ) = K PI s O compensador PI do conversor pré-regulador é projetado através das seguintes equações: V 2 − in V0 z PI = , (35) ⎛ Vin ⎞ ⎜⎜1 − ⎟⎟ R0Cb ⎝ V0 ⎠ 2 R0 .T Lbb K PI = ω cc Vs ω cc 2 + z PI 2 , ω cc 2 + z PI 2 G H 4 (36) G = Vi ⎞ ⎟⎟ ⎠ 1500 1000 500 0 -500 -1000 -1500 -2000 -6 -5 -4 -3 -2 Eixo real -1 0 1 x103 Figura 12. Posição dos pólos do sistema em malha fechada variando R s. VI. RESULTADOS EXPERIMENTAIS Um protótipo em malha fechada do conversor proposto foi implementado em laboratório para a verificação do procedimento de projeto, usando os parâmetros obtidos na seção IV. Na Tabela II são apresentados os parâmetros do protótipo implementado. Tabela II– Parâmetros do protótipo implementado Rede pública CA Tensão de saída Tensão do banco de baterias Potência do pré-regulador Potência de saída Filtro de entrada Freqüência do conversor buck Freqüência do conversor boost Freqüência do conversor préregulador Filtro T onde ωcc é a freqüência angular de “crossover” (rad/s) dada por: ω cc = 2π f cc , (37) e ⎛ V Lbb R0 T ⎜⎜1 − in ⎝ V0 ⎛ Vin ⎞ ⎟⎟ R0 Cb ⎜⎜1 − ⎝ V0 ⎠ 2000 Eixo imaginário compensado seja três vezes maior que a do sistema original. Deste modo, o sistema compensado apresenta uma boa resposta dinâmica e com uma segura margem de fase. Assim, para a topologia proposta, os valores de KPI e zPI são: KPI = 4,7 e z PI = 34 rad/s. Como a resistência Rs tem um papel fundamental na estabilidade do conversor, a posição dos pólos do sistema em malha fechada é mostrada na Figura 12, mantendo-se fixo os parâmetros do compensador (projetados para Rs igual a 200mΩ ) e variando Rs de zero a 1,5Ω. Nesta figura pode-se visualizar o efeito dessa resistência sobre o sistema, sendo 55,6mΩ o valor mínimo para que o sistema ainda seja estável. Para o controle do conversor pré-regulador não foi necessário incluir uma malha de corrente interna para garantir um alto fator de potência, pois o conversor préregulador opera em modo de condução descontínua e a corrente segue naturalmente a tensão de entrada. Na Figura 11 G4(s) é o modelo da planta, C4(s) é o compensador PI e H4(s) é o ganho do sensor. Estas funções de transferências são dadas por: Capacitor boost Indutor boost (pré-regulador) Vin =110 ± 20 % V f = 60Hz V0 = 360V Vbat = 48V Pp =580W (P0 + Pbat) P0 = 500W (R0 = 259,2Ω) Cfin = 5µF Lfin = 375µH fs1 = 100kHz fs2 = 40kHz fs3 = 20kHz Cf = 1mF Lf = 1,6µH Lb = 250µH Cb = 680µF Lbb = 166µH vin(t) . (38) A freqüência de corte (crossover), fcc, usada no projeto do compensador PI é de 12Hz. O aumento desta freqüência provoca a elevação da taxa de distorção harmônica (TDH) de corrente e, conseqüentemente, reduz o fator de potência. Definindo que o zero do PI é alocado sobre o pólo da planta, o sistema terá um comportamento de primeira ordem (sem oscilações), com margem de fase de +90°. Os valores de KPI e zPI foram obtidos como: KPI = 3,126 e zPI = 14,844 rad/s. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. iin(t) 5A/div Figura 13. Tensão de entrada e corrente de entrada do conversor pré-regulador (50V/div., 5A/div., 2ms/div.). 7 iLb(t) v0(t) Ibat Figura 14. Tensão de saída do conversor pré-regulador (50V/div., 5ms/div.). (A) 5 IEC 61000-3-2 v0(t) Sistema proposto 4 Figura 16. Corrente através dos indutores Lb e Lf do conversor boost (5A/div., 20µs/div.) 3 2 1 Vbat 0 3 ª 5 ª 7 ª 9 ª 11 ª 13 ª 15 ª ª ª 17 19 Harmônicos Figura 15. Comparação ente os harmônicos de corrente injetados na rede pelo conversor proposto com os limites da norma IEC 610003-2. Na Figura 13 são mostradas as formas de onda da corrente de entrada e da tensão de entrada, apresentando um fator de potência aproximadamente igual a 0,99. Na Figura 14 é apresentada a forma de onda da tensão de saída (barramento CC). O sistema apresentado na Figura 1 é classificado conforme a norma IEC 61000-3-2 como equipamento classe D. Esta norma estabelece os limites máximos de harmônicos de corrente injetados na rede pública. Assim, na Figura 15 é apresentada uma comparação ente os harmônicos de corrente injetados na rede pelo conversor proposto com os limites que a norma IEC 61000-3-2 estabelece, verificando-se que o sistema em estudo atende a referida norma. Na Figura 16 e na Figura 17 são apresentados as principais formas de ondas do conversor bidirecional operando como boost, ou seja, quando a tensão da rede pública estiver fora dos níveis aceitáveis. Na Figura 16 são apresentadas as formas de ondas das correntes através dos indutores Lb e Lf, demonstrando que a corrente drenada das baterias apresenta mínima ondulação. A Figura 17 apresenta a tensão de saída e a tensão do banco de baterias. Na Figura 18 e na Figura 19 são apresentadas as formas de ondas principais do conversor bidirecional operando como conversor buck. 8 Figura 17. Tensão de saída do conversor boost e tensão do banco de baterias (50V/div, 5ms/div). i Lb (t) I bat Figura 18. Conversor buck no modo corrente: corrente nos indutores Lb e Lf (1A/div. e 5µs/div.). Na Figura 18 são apresentadas as formas de ondas das correntes através dos indutores Lb e Lf, confirmando que a corrente de carga (modo corrente) do banco de baterias apresenta baixa ondulação. Na Figura 19 é apresentada a forma de onda da tensão do banco de baterias quando o conversor buck opera no modo tensão. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. A transição da malha de corrente para a malha de tensão é vista na Figura 20 onde se observa que esta transição ocorre sem oscilações de forma suave. O rendimento, a taxa de distorção harmônica e o fator de potência do conversor proposto em função da potência de saída do conversor são apresentados na Figura 21, sendo possível verificar que o rendimento, a TDH e o fator de potência foram, respectivamente, de 91,4%, 12% e 0,99, para carga máxima. vcf(t) VII. CONCLUSÕES Figura 19. Conversor buck no modo tensão: tensão de flutuação (50V/div. e 5ms/div.). Ibat 2ms/div Figura 20. Conversor bidirecional operando como buck: transição do modo corrente para o modo tensão (0,2A/div.) 1.0 100 Fator de Potência 0.9 90 η(modo corrente) 80 0.8 70 0.7 60 0.6 50 0.5 40 0.4 30 0.3 20 0.2 TDH 0.1 10 0 300 Fator de potência de entrada Rendimento e TDH da corrente de entrada, (%) η(modo tensão) 350 400 450 500 Potência de saída, (W). 550 0 600 Figura 21. Rendimento, TDH da corrente de entrada e fator de potência da topologia proposta (Vin = 110V, V0 = 360V e Vbat = 55V). Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. O conversor bidirecional usado neste artigo pode ser facilmente adaptado para operar com diversos sistemas ininterruptos de energia. Com a utilização da metodologia de projeto proposta, o conversor bidirecional garante as especificações de projeto sem penalizar o volume do conversor. Com a apropriada escolha da freqüência de comutação dos interruptores S1 e S2, no qual o interruptor de maior potência opera com menor freqüência e vice-versa, é possível obter uma redução nas perdas por comutação do conversor. Outra importante característica do conversor bidirecional é a grande flexibilidade na escolha da tensão do banco de baterias, que torna possível reduzir o número de baterias que o compõe para a mesma autonomia, reduzindo a custo do banco da baterias. Além do mais, com a utilização do filtro T e o método de carga apropriado (IU), o banco de baterias é carregado e descarregado com baixo nível de ondulação de alta freqüência e sem ondulação de baixa freqüência (120Hz), maximizando a vida útil e a capacidade do banco de baterias. O bom desempenho do sistema proposto foi demonstrado através de um protótipo de 580W. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] B. Essig, G. Braun, “Selecting Batteries for Uninterruptible Power Supply Systems”, IEEE APEC Conference Proceedings, pp. 642-645, 1991. [2] J. Ripley, M.T. Ansari, J. Dehn, “Battery Chargers and Batteries for DC and AC Back-Up Power Systems”, IEEE IAS Petroleum and Chemical Industry Conference pp. 139-144, 2001. [3] T. Suntio, “A Novel Method to Ensure Full Recharge of a VRLA Battery String”, IEEE INTELEC Record, pp. 755-760, 2000. [4] W. Fischer, Stationary Lead-Acid Batteries An Introductory Hand Book, Germany, Hoppecke batterien, 1994. [5] D. G. Vutetakis, H. 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[17] International Electrotechnical Commission, “ICE 610003-2: Electromagnetic Compatibility (EMC) – Part 3: Limits – Section 2: Limits for Harmonic Current Emissions”, 2º ed, 2000. APÊNDICE A EQUACIONAMENTO MATEMÁTICO DO CONVERSOR BUCK Neste apêndice serão apresentadas as equações do conversor bidirecional operando como buck (carregador de baterias). Por motivos de simplificação, o barramento CC e o banco de baterias foram substituídos por fontes de tensão ideais, Vi e Vbat, respectivamente. Na Figura 22, encontramse os circuitos equivalentes das etapas 1 e 2. A. Etapa 1 (t0-t1): S1 em condução. As condições iniciais para este etapa são: iLb(t0)=ILb1, iLf(t0)=ILf1 e vCf(t0)=VCf1 vCf (t ) = A1[ L f Vi + LbVbat + (VCf 1 ( Lb + L f ) − L f Vi − LbVbat )cos(ωt ) + L f Lbω (I Lb1 − I Lf 1 )sen(ω t )] , (39) iLb (t ) = A1[(Vi − Vbat )t + I Lf 1 L f + I Lb1 Lb + L f ( I Lb1 − I Lf 1 ) cos(ωt ) + (40) A1 C f L f ω (Vi L f + Vbat Lb − VCf 1 ( L f + Lb )) sen(ωt )] , i Lf (t ) = A1[(Vi − Vbat )t + I Lf 1 L f + I Lb1 Lb + L f ( I Lb1C f Lb (ω 2 − 1) + I Lf 1 (C f Lbω 2 − 1)) cos(ωt ) + (41) A1 C f Lbω (−Vi L f − Vbat Lb + VCf 1 ( L f + Lb )) sen(ωt )] , sendo: ω= A1 = Lb + L f L f .Lb .C f , 1 . Lb + L f (42) (43) B. Etapa 2 (t1-t2): S1 bloqueada. As condições iniciais para este etapa são: iLb(t1)=ILb2, iLf(t1)=ILf2 e vCf(t1)=VCf2 vCf (t ) = A1 LbVbat + (VCf 2 − A1 LbVbat ) cos(ωt ) + (44) A1 L f Lbω .I Lb 2 − I Lf 2 ) sen(ωt ) , iLb (t ) = A1[−Vbat t + I Lf 2 L f + I Lb 2 Lb + L f ( I Lb 2 − I Lf 2 ) cos(ωt ) + (45) A1 C f L f ω (Vbat Lb − VCf 2 ( L f + Lb )) sen(ωt )] , i Lf (t ) = A1[−Vbat t + I Lf 2 L f + I Lb 2 Lb − L f ( I Lb1C f Lb (ω 2 − 1) + I Lf 1 (1 − C f Lbω 2 )) cos(ωt ) − (46) A1 C f Lbω (Vbat Lb − VCf 2 ( L f + Lb )) sen(ωt )] APÊNDICE B LÓGICA DE TOMADA DE DECISÃO DO CIRCUITO DE CONTROLE S1 Vi Lb Cf Lf Vbat Lb Lf Cf Vbat D2 (a) (b) Figura 22. Circuitos equivalentes das etapas de operação presentes no conversor buck: (a) Etapa 1; (b) Etapa 2. 10 Neste apêndice será apresentado o algoritmo de tomada de decisão do circuito de controle, como mostra a Figura 23. Através das variáveis vin(t) e vCf(t) o circuito define qual dos quatros modos de operação irá atuar no controle do circuito de potência. O método adotado para realizar o soft-start do conversor pré-regulador, limitando assim a corrente de partida do mesmo, foi a inclusão de um resistor em série com indutor o boost, juntamente com um interruptor em paralelo com este resistor [12]. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Início Soft-start do conversor pré-regulador 88Vrms≤vin≤132Vrms V Malha de tensão do conversor pré-regulador Desliga o conversor V aux=1 Vbat≤1,75V/e Malha de tensão do conversor boost Vbat≤2,4V/e e aux=1 V Malha de corrente do conversor buck aux=0 Malha de tensão do conversor buck Vbat≤1,75V/e V Figura 23. Circuito de tomada de decisão. DADOS BIOGRÁFICOS Luciano Schuch, nascido 27/07/1974 em Santa Maria – RS Brasil. Formou-se em Engenharia Elétrica (1999) e obteve título de mestre (2001) pela Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente é estudante de doutorado na mesma universidade. É membro da SOBRAEP e IEEE-PELS. Suas áreas de interesse compreendem Técnicas de Comutação Suave, Pré-reguladores, Fontes Interruptas de Energia, Acumuladores de Energia e Controle Discreto. Cassiano Rech, nasceu em Carazinho, Rio Grande do Sul, Brasil, em 1977. Formou-se em Eng. Elétrica e obteve o título de Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, em 1999 e 2001, respectivamente. Atualmente é estudante de doutorado na mesma universidade. Suas áreas de interesse incluem técnicas de controle digital aplicadas em conversores estáticos de potência, fontes ininterruptas de energia e conversores multiníveis. Atualmente, é membro da SOBRAEP, IEEE-PELS e IEEE-IAS. Hélio L. Hey, nasceu em Santa Maria - Rio Grande do Sul, em 29 de Julho de 1961. Formou-se em Eng. Elétrica pela Univ. Católica de Pelotas, Pelotas - RS, em 1985. Obteve os títulos de Mestre e Doutor em Eng. Elétrica pela Univ. Federal de Santa Catarina, Florianópolis - SC em 1987 e 1991, respectivamente. Entre 1989 e 1993, atuou como professor na Univ. Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG. Desde 1994, pertence ao Depto. de Eletrônica e Computação da Univ. Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS, onde é Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. professor titular e atualmente é o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica. Sua área de interesse compreende análise, projeto e aplicações de conversores estáticos de alto desempenho, fontes de alimentação chaveadas e conversores estáticos para correção de fator de potência. É membro da SOBRAEP, SBA e IEEE. Hilton A. Gründling, nasceu em Santa Maria - RS, Brasil, em 1954. Formou-se em Eng. Eletrônica na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre RS, Brasil, em 1977, obteve o título de Mestre em Eng. Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis - SC, Brasil, em 1980, e o título de Doutor em Ciência pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos - SP, Brasil, em 1995. Desde 1980, pertence ao Depto. de Eletrônica e Computação da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria - RS, onde é professor titular. Sua área de interesse compreende análise, projeto e aplicações de controle de sistemas, controle discreto e controle adaptativo robusto por modelo de referência. Atualmente é membro da SBA, SOBRAEP e IEEE. Humberto Pinheiro, recebeu o grau de Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal de Santa Maria em 1983 e o grau de Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina em 1987. Em 1990 realizou um curso de Controle Automático no Japão. Em 1999 recebeu o grau de doutor em Eng. Elétrica da Concordia University, Montreal, Canada. Dentre os seus assuntos de interesse estão: Controle Discreto de Conversores Estáticos, Fontes Ininterruptas de Energia, Geração Eólica. José R. Pinheiro, nasceu em Santa Maria, RS, Brasil, em 1958. Recebeu o grau de Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Brasil, e os graus de Mestre e Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil, em 1981, 1984, e 1994, respectivamente. Atualmente, o Dr. Pinheiro é Professor Titular do Departamento de Eletrônica e Computação da Universidade Federal de Santa Maria, onde atua desde 1985. Em 1987, foi um dos fundadores e atualmente é coordenador do Grupo de Eletrônica de Potência e Controle (GEPOC). Foi o coordenador de Programa Técnico do Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP), em 1999, e do Seminário de Eletrônica de Potência e Controle (SEPOC), em 2000. Em 2001 e 2002, ele realizou Pós-doutorado na área de Sistemas Distribuídos de Energia, no Center for Power Electronics Systems (CPES), da Virginia Polytechnic Institute and State University (Virginia Tech), Blacksburg, USA. Suas principais linhas de pesquisas incluem Sistemas Híbridos de conversão estática de energia, Sistemas de alimentação de alta freqüência, Técnicas de compensação e correção do fator de potência, modelagem e controle de conversores estáticos. Dr. Pinheiro é membro da Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência, da Sociedade Brasileira de Automática, e de Sociedades da IEEE. 11 12 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. CONVERSOR BOOST ACOPLADO À SAÍDA DE UM RETIFICADOR TRIFÁSICO DE 18kW UTILIZANDO O TRANSFORMADOR DE INTERFASE DE LINHA Anis Chehab Jair Urbanetz Junior Ivo Barbi e-mail: [email protected] Universidade Federal de Santa Catarina INEP 88.040-970 FLORIANÓPOLIS - SC Brasil e-mail: [email protected] CEFET Depto de Eletrotécnica 80.230-901 Curitiba – PR Brasil e-mail: [email protected] Universidade Federal de Santa Catarina INEP 88.040-970 FLORIANÓPOLIS - SC Brasil Resumo - Este artigo trata do estudo de um retificador de 18kW com elevado fator de potência. O retificador utiliza o transformador de interfase de linha (LIT) para obter alto fator de potência e um conversor Boost para regular a tensão de saída. São apresentadas as principais equações para o dimensionamento do LIT e do conversor Boost, assim como resultados experimentais obtidos de um protótipo implementado em laboratório. Por fim apresentam-se as conclusões relativas ao trabalho realizado. Palavras-Chave– Retificador Trifásico, Transformador de Interfase de Linha, Conversor Boost. BOOST CONVERTER ASSOCIATED IN THE OUTPUT OF A THREE-PHASE 18kW RECTIFIER USING A LIT Abstract – This paper deals with the study of an 18kW high power factor rectifier. The rectifier uses the line interphase transformer (LIT) to obtain a high power factor and a Boost converter to regulate the output voltage. It is presented the main LIT and Boost converter design equations and the experimental results obtained from a laboratory prototype. Conclusions about the research are also presented. 1 Keywords - Three-phase Rectifier, LIT, Boost Converter. I. INTRODUÇÃO Os conversores CA-CC convencionais, que utilizam uma ponte retificadora e um filtro capacitivo de elevado valor na saída, são largamente empregados como estágio de entrada de equipamentos eletrônicos. Este estágio drena da rede elétrica uma corrente não linear, com elevado conteúdo harmônico, contribuindo para a redução do fator de potência do equipamento. Os sistemas eletrônicos de maior potência geralmente utilizam retificação trifásica para a conversão CA-CC. Portanto, torna-se relevante o estudo de técnicas que melhorem o desempenho de conversores trifásicos quanto ao fator de potência. Artigo Submetido em 30/07/2002. Primeira Revisão em 12/09/2002. Segunda Revisão em 11/10/2003. Aceito sob recomendação do Editor Especial Prof. Carlos Alberto Canesin. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Em [1] Clemens Niermann utiliza-se das características dos sistemas de retificação trifásica de múltiplos pulsos para desenvolver uma solução passiva de relativo baixo volume e excelentes características para correção do fator de potência, como exemplo o transformador de interfase de linha (LIT). Esta solução tem o inconveniente de não proporcionar regulação na tensão de saída do retificador. Outras soluções podem ser encontradas em [2] a [5]. Neste artigo apresenta-se o estudo desenvolvido durante o projeto de um retificador trifásico de 18kW com alto fator de potência. São apresentadas as principais equações para o dimensionamento do LIT e do conversor Boost (acoplado à saída do retificador para regular a tensão no barramento CC), assim como resultados experimentais obtidos de um protótipo implementado em laboratório. Finalmente apresentam-se as conclusões relativas ao trabalho realizado. A. Vantagens e Desvantagens entre Técnicas Passivas e Ativas para Correção do Fator de Potência Vantagens das técnicas ativas: • Fator de potência praticamente unitário; • Boa regulação da tensão de saída; • Pequeno volume e peso. Desvantagens das técnicas ativas: • Elevado número de componentes; • Menor confiabilidade; • Maior custo. Vantagens das técnicas passivas: • Maior robustez; • Maior confiabilidade; • Menor número de componentes; Desvantagens das técnicas passivas: • Maior volume e peso; • Não possui regulação da tensão de saída. O retificador apresentado reúne características das técnicas passiva e ativa (devido à união do LIT com o conversor Boost), para obter um circuito robusto, com alto fator de potência e boa regulação da tensão de saída. II. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O LIT O transformador LIT, do inglês line-side interphase transformer, é um tipo de conexão trifásica que divide a corrente de cada fase em duas componentes deslocadas entre si, uma adiantada e outra atrasada de um determinado ângulo (ϕ) em relação à corrente de fase. 13 LIT I Lai = Pontes de Graetz D1 Lc1 Lc2 D2 + D3 Co Lb1 Lb2 D4 D5 D6 D7 D8 D9 La2 L2 D11 • D12 La3 L3 Filtro de Entrada • V1 V2 0,3.Po Vi ⋅ 3 (4) - • L1 Corrente eficaz nos enrolamentos Lbi e Lci: I Lbi = I Lci = Vo (3) Lb3 D10 La1 • Lc3 Po 3.Vi V3 3) Tensão média na saída dos retificadores: Vo = 2,12.Vi (5) 4) Tensão eficaz nos enrolamentos: Tensão eficaz no enrolamento Lai: VLai = 0, 063.Vo (6) Tensão eficaz no enrolamento Lbi: VLbi = 0,173.Vo (7) Tensão eficaz no enrolamento Lci: VLci = 0, 236.Vo (8) Figura 1 – Retificador de 12 pulsos empregando o LIT. Este deslocamento é definido pelas relações de espiras entre os enrolamentos Lai, Lbi e Lci pertencentes a um mesmo transformador monofásico, onde i=1,2,3 (figura 1). Desta forma, é possível obter-se dois sistemas trifásicos a partir de um. Tendo-se dois sistemas trifásicos, utilizam-se duas pontes retificadoras trifásicas (pontes de Graetz) para a obtenção de um sistema conhecido como retificador de doze pulsos. Desta forma, os componentes harmônicos mais significativos presentes na corrente de entrada são da ordem 12n ± 1, para n inteiro. A figura 1 apresenta o circuito retificador de doze pulsos utilizando o transformador LIT com indutor de filtro na entrada, cuja finalidade é tornar a corrente de entrada com uma envoltória senoidal. O LIT é constituído de três núcleos monofásicos com três enrolamentos cada, totalizando nove enrolamentos adequadamente interligados. A. Estudo analítico Algumas das equações descritas a seguir foram deduzidas nas demais referências bibliográficas, porém outras foram frutos deste trabalho. As principais equações para o projeto do LIT são apresentadas abaixo: • 1) Relação de espiras: N1 é relação de espiras entre os enrolamentos Lbi e Lai: N1 = • 3 − tg (ϕ ) 2.tg (ϕ ) N2 é relação de espiras entre os enrolamentos Lci e Lai: 3 + tg (ϕ ) N2 = 2.tg (ϕ ) Para o conversor de doze pulsos, ϕ = 15o, logo: N 1 = 2,732 e N 2 = 3,732 • (1) 2) Corrente eficaz nos enrolamentos: Corrente eficaz no enrolamento Lai: 14 (2) 5) Potência nominal de cada transformador monofásico do LIT: (9) PLITi = 0,1494.Po 6) Indutância de cada enrolamento do LIT e do filtro de entrada: • Indutância do enrolamento Lai: Lai = • 324, 63.10−6.Vo I Lai Indutância do enrolamento Lbi: Lbi = • 2, 423.10−3.Vo I Lai (11) Indutância do enrolamento Lci: Lci = • (10) 4,521.10−3.Vo I Lai (12) Indutância do filtro de entrada Li: Li = 2.39.10−2.Vi f rede ⋅ I La1 (13) As equações apresentadas nesta seção permitem a realização da simulação e do projeto do transformador de interfase de linha. III. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O CONVERSOR BOOST Como pode ser observado na equação (5), o LIT não regula a tensão de saída frente a variações de carga ou flutuações na tensão da rede elétrica. Uma forma de solucionar este inconveniente é inserir um conversor CC-CC entre a saída das pontes de Graetz e o capacitor de filtro Co. Quando é possível ter uma tensão de saída regulada (Vob) maior do que a disponibilizada pelo LIT (Vo), o conversor Boost operando em condução contínua é uma excelente opção; já que, pela sua própria natureza, aproveita as indutâncias do LIT e do filtro de entrada para fazerem o papel do indutor Boost. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Unidade Retificadora R1 S1 T1 Rede Trifásica R S T R S T Disjuntor Tripolar Filtro de Entrada R S T Ponte Graetz LIT Vo R2 S2 T2 Ponte Graetz Conversor Filtro de Saída Vob CC-CC Carga 18kW Driver Tensão de Comando Fonte Auxiliar Vaux Comando e Controle Vo' Figura 3 – Diagrama em blocos do retificador implementado em laboratório. LIT 4) Corrente eficaz no diodo Boost: Conversor Boost Pontes de Graetz Db D1 Lc1 Lc2 D2 + D3 Lc3 Sb Co D4 Lb1 Lb2 D5 D6 Vob - Lb3 D7 D8 I Db eficaz D10 La2 La3 L1 L2 L3 V1 V2 V3 D11 (17) pico 5) Corrente média no interruptor Boost: ISb medio = D ⋅ ISb (18) pico 6) Corrente de pico no interruptor Boost: D9 ISb La1 = 1−D ⋅ I Db pico = I Db (19) pico D12 7) Tensão máxima sobre o diodo e o interruptor Boost: (20) =V =V V Db max Filtro de Entrada Sb max ob 8) Corrente eficaz no capacitor de saída: Figura 2 – Uso do conversor Boost para regular a tensão de saída do LIT. Isto reduz o custo do equipamento e torna o projeto mais simples, já que não há a necessidade de um indutor em alta freqüência que processe toda a potência de carga. Um esboço desta solução é apresentado na figura 2. A. Estudo analítico As principais equações para o projeto do conversor Boost e do filtro de saída são apresentadas a seguir: 1) Razão cíclica nominal: D = 1− Vo (14) Vob 2) Corrente média no diodo Boost: I Db medio = Iob = Po Vob (15) 3) Corrente de pico no diodo Boost: I Db = pico I Db medio 1 ( − D) Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. (16) 2 IC = I ob ⋅ D + D ⋅ (1 − D ) oeficaz (21) 9) Tensão máxima no capacitor de saída: = Vob VC omax (22) As equações apresentadas nesta seção permitem a realização da simulação e do projeto do LIT juntamente com o conversor Boost. IV. DIAGRAMA DE BLOCOS DO RETIFICADOR DE 18KW Um diagrama de blocos completo do retificador estudado e implementado em laboratório é apresentado na figura 3. Para melhor compreensão do sistema, o bloco de comando e controle é composto por um circuito integrado (CI) UC3525, o qual tem a finalidade de gerar o sinal de comando para o interruptor, de forma a possibilitar o controle da energia entregue à carga e manter a tensão do barramento regulada. O controle é realizado no modo tensão e o compensador empregado é do tipo proporcional integral. O sinal de co-mando gerado pelo CI é enviado ao interruptor através de um driver que tem por finalidade isolar o pulso de comando e proporcionar proteção contra corrente de curtocircuito no interruptor. 15 Figura 6 – Tensão e corrente na fase 1 (50V/div, 50A/div e 5ms/div). Figura 4 – Filtro de entrada, LIT e Pontes de Graetz. 4.0% 3.6% 3.2% 2.8% 2.4% 2.0% 1.6% 1.2% 0.8% 0.4% 0.0% 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 Harmonic magnitude as a % of the fundamental amplitude Voltage: CH1 Current: CH2 # Harmonics: 51 Type: Current Magnitude Figura 5 – Conversor, circuito de controle e driver. Figura 7 – Análise harmônica da corrente na fase 1. No bloco do conversor CC-CC, além do conversor Boost, também se encontra um circuito de limitação de cor-rente durante a pré-carga dos capacitores de saída (formado por um contator e um resistor em paralelo), que evita a destruição dos semicondutores devido aos elevados picos de corrente durante a energização do retificador. A fonte auxiliar é do tipo linear. V. ESPECIFICAÇÃO DE PROJETO E FOTOS DO PROTÓTIPO IMPLEMENTADO As especificações de projeto são apresentadas a seguir: V1 = 127V ± 20% Æ Tensão de fase da rede Vob = 350V Æ Tensão regulada de saída Po = 18kW Æ Potência de saída frede = 60Hz Æ Freqüência da rede fc = 20kHz Æ Freqüência de comutação Figura 8 – Tensão e corrente na fase 2 (50V/div, 50A/div e 5ms/div). 4.2% 3.8% 3.4% 3.0% Nas figuras 4 e 5 são apresentadas as fotos do LIT e do conversor Boost, respectivamente: 2.5% 2.1% 1.7% 1.3% VI. RESULTADOS EXPERIMENTAIS 0.8% 0.4% A seguir são apresentados os resultados experimentais obtidos em laboratório para uma potência de 18kW. Nas figuras 6, 7, 8, 9, 10 e 11 são apresentadas as formas de onda da tensão e corrente em cada fase de entrada, assim como a análise harmônica das formas de onda de corrente. 0.0% 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 Harmonic magnitude as a % of the fundamental amplitude Voltage: CH1 Current: CH2 # Harmonics: 51 Type: Current Magnitude Figura 9 – Análise harmônica da corrente na fase 2. 16 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Figura 10 – Tensão e corrente na fase 3 (50V/div, 50A/div e 5ms/div). Figura 12 – Tensão no interruptor Boost e corrente na entrada do conversor (100V/div, 20A/div e 20µs/div). 3.7% 3.3% 3.0% 2.6% 2.2% 1.9% 1.5% 1.1% 0.7% 0.4% 0.0% 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 Harmonic magnitude as a % of the fundamental amplitude Voltage: CH1 Current: CH2 # Harmonics: 51 Type: Current Magnitude Figura 11 – Análise harmônica da corrente na fase 3. Figura 13 - Tensão no diodo Boost e corrente na entrada do conversor (100V/div, 20A/div e 20µs/div) Através de software, obteve-se as seguintes in-formações a partir das figuras apresentadas anteriormente: TDH1=5,36%, FP1=0,958 e θ1=15,60 TDH2=5,39%, FP2=0,969 e θ2=13,60 TDH3=5,25%, FP3=0,964 e θ3=14,20 Pode-se verificar que a forma de onda da cor-rente apresenta baixo conteúdo harmônico, estando bem próxima a uma senóide. A presença dos indutores de filtro ocasiona um defasamento (θi) entre as componentes fundamentais da corrente e tensão de cada fase, contribuindo para a redução do fator de potência. Aqui se pode destacar um compromisso existente na fase de projeto: quanto maior o valor dos indutores de filtro, menor é o valor de TDH das correntes de fase, porém menor é o FP devido ao aumento do deslocamento entre a tensão e a corrente. Nas figuras 12 e 13 apresentam-se os esforços de tensão no interruptor e no diodo Boost, respectivamente. Pode-se verificar que a tensão em ambos os semicondutores é bem comportada, não havendo sobretensões, mesmo para o elevado nível de potência processada com comutação dissipativa. O grande segredo está nas placas paralelas utilizadas para conectar o conversor aos capacitores de saída, já que estas formam capacitores que eliminam o efeito das indutâncias parasitas presentes no circuito de potência do conversor. Na prática foram utilizados 2 capacitores em paralelo para compor o filtro de saída. Na figura 14 apresentam-se a tensão e a corrente na carga. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Figura 14 – Tensão e corrente na carga (100V/div. e 20A/dv.). Figura 15 – Tensão e corrente na carga durante transitório de 50% a 100% da carga (50V/div, 20A/div e 10ms/div). Por último, na figura 15 é apresentado o comportamento da tensão de saída frente a um degrau de carga, de 50% a 100% da carga nominal. Pode-se verificar que a malha de 17 tensão respondeu de forma adequada e não houve presença de overshoots. A regulação dinâmica ficou em torno de 2,3%, o que representa uma excelente resposta já que a carga do retificador, na prática, será um inversor (Aplicação na área de UPS – Uninterruptable Power Supply), o qual é projetado para operar em malha fechada de tensão. O rendimento atingido foi em torno de 95,2% a plena carga. VII. CONCLUSÕES O conversor CA-CC, utilizando o transformador LIT, é uma estrutura não isolada, com peso e volume relativamente baixos, visto que a potência processada em cada núcleo monofásica do LIT é próxima de 15% da potência total da carga. Como o conversor opera com doze pulsos, a estrutura apresenta baixo conteúdo harmônico. O componente harmônico de maior amplitude é o 11o, e apenas harmônicos de ordem 12n±1, para n inteiro, estarão presentes de forma significativa na cor-rente de entrada. A colocação de indutores de filtro na entrada do retificador reduz a taxa de distorção harmônica total. Porém se for utilizado um valor muito elevado para estes indutores, haverá um atraso da corrente em relação à tensão, o que representa um aumento no ângulo de deslocamento, desta forma reduzindo o fator de potência. O emprego de capacitores no lado CA do retificador poderia solucionar este problema, porém acredita-se que não seja necessário, já que o FP do retificador é bastante elevado mesmo com este deslocamento. O conversor Boost e o LIT, associados, operam de forma satisfatória. Durante os experimentos obteve-se fator de potência bastante elevado em cada fase, assim como reduzidas taxas de distorção harmônica. O conversor apresentou uma excelente regulação de saída e um elevado rendimento, em torno de 95,2%. O sistema completo mostrou-se bastante eficaz quando se deseja um retificador com elevado fator de potência, simples e robusto. [4] Muñoz, C. A. “Retificação trifásica com alto fator de potência usando uma conexão especial de transformadores para a redução de harmônicas de corrente”. Florianópolis, 1997. Tese de doutorado em engenharia elétrica – INEP – UFSC. [5] Seixas, F. J. M. “Conversor CA-CC de 12kW com elevado fator de potência e tensão de saída regulada utilizando autotransformador com conexão diferencial de múltiplos pulsos”. Florianópolis, 1999. Projeto de tese de doutorado em engenharia elétrica – INEP – UFSC. [6] Chehab, A. & Barbi, I. “Proposta de uma unidade retificadora trifásica de 18kW com elevado fator de potência”. Florianópolis, 2001. Relatório interno – INEP – UFSC. [7] Urbanetz, J. Jr. “Sistema trifásico de 10kW com alto fator de potência e controle de luminosidade, para um grupo de lâmpadas fluorescentes”. Florianópolis, 2002. Dissertação de mestrado em engenharia elétrica – INEP – UFSC. DADOS BIOGRÁFICOS Anis Chehab, nasceu em Fortaleza-CE em 1977. Formou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Ceará – UFC, em 1999. No mesmo ano cursou um semestre letivo do curso de Telecomunicações na Escuela Técnica Superior de Ingenieros de Telecomunicación de la Universidad Politécnica de Madrid. Em 2002 recebeu o título de Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC na área de Eletrônica de Potência. Desde Março de 2002 trabalha na Microsol Tecnologia Ltda, indústria cearense de nobreaks e estabilizadores, como engenheiro de desenvolvimento. Jair Urbanetz Junior, nasceu em Curitiba-Pr em 1967. Formou-se em Engenharia Industrial Elétrica pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná – CEFET-Pr, em 1995. Obteve o título de Especialista em Gerência da Engenharia de Manutenção pelo CEFET-Pr em 1999 e o título de Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC na área de Eletrônica de Potência, em 2002. Desde 1996 é professor do CEFET-Pr no Departamento de Eletrotécnica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Niermann, C. “New rectifier circuits with low mains pollution and additional low cost inverter for energy recovery”. EPE. 1989. P. 1131-1136. [2] Barbi, I. et al. “Emprego de transformadores e autotransformadores para a diminuição do conteúdo harmônico gerado por conversores estáticos de potência”. Florianópolis, 1998. Publicação interna – INEP – UFSC. [3] Aragão, W. C. P. “Fonte de alimentação trifásica de alto fator de potência e estágio único, utilizando transformador de interfase de linha e conversor CC-CC, isolado e de alta freqüência”. Florianópolis, 1998. Tese de doutorado em engenharia elétrica – INEP – UFSC. 18 Ivo Barbi, nasceu em Gaspar-SC em 1949. Formou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina em 1973. Obteve o título de Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina em 1976 e o título de Doutor em Engenharia Elétrica pelo Institut National Polytechnique de Toulouse, França, em 1979. Fundou a Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência e o Instituto de Eletrônica de Potência da Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina. Desde 1992, é Editor Associado na área de Conversores Estáticos de Potência do IEEE Transactions on Industrial Electronics. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS DE SÍNTESE E APLICAÇÕES DE INDUTÂNCIAS NEGATIVAS Teresa Esther Nuñez-Zuñiga José Antenor Pomilio Facultad de Ingeniería Eléctrica y Electrónica Universidade Nacional de Ingeniería Lima – Peru [email protected] Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação Universidade Estadual de Campinas Campinas – Brasil [email protected] Resumo - Este trabalho apresenta métodos para a síntese de indutâncias negativas, bem como algumas aplicações e estudos de estabilidade. Este comportamento não-natural é analisado com base em modelagem matemática, simulações e resultados experimentais. São apresentados métodos já descritos na literatura, como o VAPAR e o BVI, bem como uma nova metodologia, a SDR, que apresenta vantagens em aplicações em que a indutância negativa é inserida em série em um circuito elétrico. Todos os três métodos utilizam conversores CCCA para realizar a síntese da tensão exigida. As aplicações estudadas são a correção do fator de potência, a regulação de tensão e a compensação de linhas de transmissão. CA é explorada em diversas aplicações como nos filtros ativos de potência, nos inversores para aplicação como fonte de alimentação ininterrupta ou no acionamento de motores de corrente alternada. Em cada uma destas aplicações é estabelecida uma estratégia de controle que determina um sinal de referência para o modulador. O grau de distorção da grandeza (tensão ou corrente) sintetizada pelo conversor de potência, em relação ao sinal de referência, depende da freqüência de comutação do conversor e do filtro de saída utilizado. O sinal PWM é rico em componentes espectrais em valores múltiplos da freqüência de comutação. Tais componentes devem ser devidamente atenuadas pelo filtro de saída. Este filtro, no entanto, não deve introduzir atenuação de amplitude ou mudança de fase na banda espectral em que se situa o sinal de referência. A título de exemplo, sabe-se que com o emprego de um filtro de segunda ordem e alocando-se a freqüência de corte uma década abaixo da freqüência de comutação do inversor, é possível obter uma atenuação de 40dB das componentes nas vizinhanças da freqüência de comutação em relação ao valor original. Por outro lado, as componentes espectrais do sinal de referência serão reproduzidas praticamente sem atenuação até a freqüência de corte do filtro, embora já possa ocorrer algum erro de fase ao se aproximar desta freqüência. Caso o sinal de referência possua componentes espectrais acima da freqüência de corte do filtro estas serão sofrerão maior alteração, tanto em módulo quanto em fase. Se tomarmos como exemplo um filtro ativo em derivação, cujo objetivo é sintetizar correntes [1–3], utilizando um inversor tipo fonte de tensão, o sistema necessariamente opera em malha fechada, de modo a se garantir a síntese da corrente desejada. Já um inversor tipo fonte de corrente poderia operar em malha aberta, o que simplifica a implementação do sistema. No entanto, devido às maiores perdas destes inversores (associadas ao elemento indutivo de acúmulo de energia no lado CC do inversor), esta não é uma solução tecnicamente interessante. Em aplicações nas quais o objetivo é a síntese de tensão, em princípio pode-se utilizar inversores de acúmulo capacitivo operando em malha aberta, pois o conversor deve reproduzir em sua saída o próprio sinal utilizado como referência. Existem efeitos secundários que podem fazer com que isto não ocorra exatamente desta maneira como, por exemplo, as limitações impostas pela impedância do filtro passivo de saída, os efeitos distorcivos produzidos por cargas não lineares, as distorções do inversor, principalmente decorrentes da introdução de tempos mortos na comutação. O quanto estas limitações exigem um refinamento do sistema Palavras-Chave – FACTS, Fator de potência, Harmônicas, Indutância negativa, Inversor PWM, Qualidade da energia elétrica. INTRODUCTION TO THE NEGATIVE INDUCTANCE SINTHESYS TECHNIQUES AND APPLICATIONS Abstract – This article presents some methods for generating negative inductance, as well as possible applications and stability analysis. Such non-natural behavior is analyzed based on mathematical modeling, circuit simulations and experimental results. Previously presented synthesis methods, named VAPAR and BVI are described and a new strategy, called SDR is introduced. The SDR method is useful when the negative inductance is series connected to an electrical circuit. All the methods use a DC-AC converter for synthesizing the necessary voltage. The applications include power factor correction, voltage regulation and transmission line compensation. 1 Keywords - FACTS, Harmonics, Negative inductance, Power factor, Power quality, PWM inverter. I. INTRODUÇÃO A capacidade da modulação por largura de pulso (PWM - Pulse Width Modulation) produzir sinais de tensão ou de corrente de quaisquer formas por meio de conversores CCArtigo Submetido em 13/11/2002. Primeira Revisão em 14/05/2003. Segunda Revisão em 30/09/2003. Aceito sob recomendação do Editor Prof. Domingos Sávio Lyrio Simonetti. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. 19 de controle depende do grau de exatidão que uma dada aplicação exige na síntese de uma tensão. Este trabalho apresenta o emprego de inversores para a síntese de tensões cujo objetivo é fazer com que a relação entre a tensão e a corrente nos terminais de saída caracterize um comportamento indutivo, ou seja, a tensão deve ser proporcional à derivada da corrente. Mais do que isso, é apresentada e discutida a síntese de indutâncias negativas. Apresenta-se uma nova estratégia para tal síntese, a qual mostra-se adequada para aplicações em que a indutância negativa deva ser conectada em série em um circuito elétrico. São identificadas algumas aplicações, mostrando-se algumas vantagens em relação ao uso de compensação capacitiva. II. SÍNTESE DE INDUTÂNCIAS NEGATIVAS A literatura apresenta duas maneiras de sintetizar o comportamento de dipolos por meio de inversores. O VAPAR (Variable Active-Passive Reactance) [4] foi inicialmente apresentado como uma alternativa para a síntese de indutâncias e capacitâncias de valor elevado, podendo substituir com vantagens os elementos físicos (capacitores e indutores). Posteriormente foi identificada sua capacidade de síntese de dipolos não naturais, tal como uma indutância negativa [5-8], ou de indutâncias acopladas com anti-mútuas [9]. O princípio de funcionamento do VAPAR está ilustrado na figura 1. Observa-se que se realiza a síntese de uma corrente cuja forma segue a integral da tensão em seus terminais. Por ser usado um inversor fonte de tensão é necessária a operação em malha fechada para se obter a forma desejada da corrente. Este funcionamento realimentado coloca restrições de estabilidade de operação, principalmente quando se inserem filtros passivos na saída do inversor com a finalidade de limitar os efeitos da comutação. Uma segunda alternativa, denominada BVI (Bootstrap Variable Inductance) [10] utiliza um princípio conhecido na eletrônica analógica como bootstraping. Conforme mostra a figura 2, o objetivo é controlar a tensão aplicada em um dos terminais de um dipolo padrão. A tensão controlada reproduz a tensão no ponto de conexão com o circuito, mas com valor determinado pelo ganho G. Ajustando este ganho pode-se controlar a corrente que circula pelo dispositivo. Quando G é nulo, o circuito “vê” uma indutância de valor La. Quando o ganho for unitário, a corrente é nula, o que reflete para o circuito uma indutância infinita. Se o ganho for maior do que a unidade há uma inversão no sentido da corrente, refletindo para o circuito uma indutância negativa. Na prática, a síntese da tensão é feita por meio de um inversor com um adequado filtro de saída. Com o uso de um ganho real, para a síntese de outros dipolos, o BVI necessita de um padrão adequado, não sendo possível alterar o tipo de dipolo sintetizado. Embora este aspecto não tenha sido explorado pelos autores, caso o ganho, por ação do controle, assuma valores complexos, pode-se alterar a característica do dipolo sintetizado. Em relação ao VAPAR, a vantagem do BVI é sua operação em malha aberta. Sua aplicação é conveniente em derivação [11]. Em aplicações em que o dispositivo deve ser 20 colocado em série com o circuito, a impossibilidade de sintetizar um dipolo de valor nulo é uma séria restrição. O terceiro método, desenvolvido pelos autores, é a Síntese Direta de Reatâncias (SDR) [12]. Esta técnica opera resolvendo diretamente a equação do dipolo que se deseja sintetizar. Assim, uma indutância negativa é sintetizada medindo-se a corrente e determinando sua derivada. O sinal resultante, com polaridade invertida, é usado como referência para o modulador PWM que comanda o inversor. Sua aplicação preferencial é em série. Para seu uso em derivação é necessária a introdução de uma malha de corrente, fazendo o SDR similar ao VAPAR. Com o uso de um inversor tipo fonte de corrente seria possível uma aplicação em derivação, em malha aberta. A figura 3 mostra o princípio de funcionamento do SDR. Este dispositivo é capaz de sintetizar qualquer tipo de dipolo, desde que o se faça a escolha do sinal de referência. Aplicações trifásicas dos três tipos de conversores são possíveis. O barramento CC pode conter uma fonte de alimentação ou apenas um capacitor. Neste último caso o controle dever prever alguma estratégia que permita regular esta tensão. Cuidados importantes devem ser tomados para a garantia da adequada redução das componentes devidas à comutação do inversor, especialmente no SDR, pois neste dispositivo, para a síntese de uma indutância, deve-se determinar a derivada da corrente. Se esta não estiver adequadamente filtrada tem-se o risco de instabilizar o sistema devido à amplificação de tais componentes. A ressonância introduzida pelo filtro de saída também deve ser adequadamente limitada, seja com o amortecimento do filtro (viável em aplicações de baixa potência, devido às perdas introduzidas), seja por um controle em malha fechada da tensão sintetizada. Aplicações em alta potência exigem componentes semicondutores mais lentos, o que limita a freqüência de comutação e coloca dificuldades adicionais para o projeto do filtro passivo. Tais restrições, embora conhecidas, não serão abordadas neste artigo, uma vez que o objetivo é o de apresentar os métodos de síntese e as aplicações de indutâncias negativas, buscando divulgar esta técnica e abrir fronteiras de pesquisas. T1 T 2 Filtro passivo vt iL E ∫vtdt - T4 T3 ∑ K PWM + Fig. 1. Princípio de funcionamento do VAPAR Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. T1 T 2 La vt i L G.vt E T4 T3 PWM Fig. 2. Princípio de funcionamento do BVI. T1 T 2 Filtro passivo vt iL E T4 di/dt amplificação da componente harmônica presente na tensão. Embora o fator de deslocamento seja unitário, o fator de potência é 0,97 devido à distorção da corrente que, neste exemplo, apresenta uma taxa de distorção harmônica de 25%. A amplificação das componentes harmônicas, que se acentuam com o aumento da ordem, pode levar a importantes problemas como o superaquecimento do capacitor e dos condutores, o acionamento indevido de proteções, etc. Fazendo a compensação com uma indutância negativa, obtém-se um fator de potência unitário, como se vê no último caso. Enquanto para uma fonte ideal os resultados seriam idênticos, na presença de uma pequena distorção na tensão (que é muito comum na rede elétrica), a superioridade da compensação com indutância negativa é evidente. Um circuito de controle para esta implementação poderia ser muito simples, aplicando-se ao BVI um ajuste do ganho determinado por um controlador tipo proporcional-integral, que teria em sua entrada um sinal de erro de fase entre a tensão e a corrente. it T3 R V L C ou -L PWM Fig. 3. Princípio de funcionamento do SDR Fig. 4. Circuito para análise de compensação do fator de potência. III. APLICAÇÕES DE INDUTÂNCIAS NEGATIVAS v A apresentação destas aplicações não pretende ser exaustiva, mas apenas indicar algumas situações em que o emprego de conversores sintetizando indutâncias negativas pode ser vantajoso em relação ao uso de capacitâncias. De fato, em regime permanente senoidal, uma capacitância e uma indutância negativa podem apresentar o mesmo comportamento. Obviamente o comportamento em regime transitório é diverso. É precisamente esta diferenciação que pode tornar interessante o uso de indutâncias negativas. A. Correção de fator de potência O circuito da figura 4 mostra uma fonte de alimentação senoidal. Esta fonte alimenta uma carga resistiva e outra indutiva. A compensação plena do fator de potência exige que a potência reativa associada à carga indutiva seja fornecida localmente, de modo que pela fonte circule apenas a parcela de potência ativa. Para uma indutância de 30 mH, esta compensação pode ser realizada por uma capacitância de 234 µF, tendo a fonte uma freqüência de 60 Hz. Alternativamente, o mesmo resultado, em regime permanente, seria obtido com o uso de uma indutância de –30 mH no lugar da capacitância. Resultados muito diferentes ocorrem, no entanto, se a fonte apresentar alguma distorção harmônica, como ilustra a figura 5, em que há a presença da quinta harmônica com uma amplitude de 5% da fundamental. No primeiro caso, sem compensação, nota-se que a corrente se encontra atrasada em relação à tensão, como se espera de um circuito indutivo. Quando se faz a compensação com capacitor tem-se uma Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. it 0 v it 0 v 0 it Fig. 5. Formas de onda da tensão e da corrente pela fonte: De cima para baixo: Sem compensação; Com compensação capacitiva; Com compensação por indutância negativa. R=10Ω, L=30mH C=234µF. 21 Um compensador baseado em indutância negativa não tem capacidade de compensar distorções na corrente produzidas por cargas não lineares, como faz um filtro ativo. Seu uso se daria em sistemas em que a distorção da corrente é relativamente baixa, como normalmente ocorre no nível de distribuição na rede elétrica. B. Regulação de Tensão O circuito da figura 6 mostra uma fonte de alimentação senoidal, associada em série a um circuito RL, que representa o equivalente Thevenin da impedância de saída da fonte e que determina a característica de regulação da mesma. O BVI pode ser usado para regular a tensão da carga, compensando a queda de tensão nesta impedância série, como mostra a figura 7. Após um acréscimo de carga e a conseqüente diminuição da tensão, o circuito de controle detecta tal redução e ajusta o ganho do BVI de modo a restabelecer a tensão no valor de referência. O BVI passa de uma atuação como indutância positiva para indutância negativa, como se pode verificar pela alteração da defasagem entra tensão e corrente. A figura 8 mostra o efeito da ocorrência de um degrau na tensão da fonte quando se tem compensação capacitiva ou com indutância negativa. Note-se que com capacitor existe uma oscilação decorrente da ressonância entre a capacitância e a indutância da fonte. Com a indutância negativa isto não ocorre, pois a resposta do sistema continua a ser a de um circuito de primeira ordem. R1 Vs C. Compensação série de linha de transmissão A figura 9 mostra um circuito no qual um conversor para síntese direta de reatâncias – SDR - pode ser empregado para compensar a parcela indutiva de uma linha de transmissão. No caso ilustrado há um fluxo de potência entre a fonte Vs e a fonte Vr, cujas tensões apresentam o mesmo valor eficaz mas não estão em fase. Este tipo de compensação seria útil, por exemplo, para fazer um ajuste de defasagem entre linhas de características distintas antes de realizar uma conexão em anel. Poderia ainda ser usado para regular o fluxo de potência por uma linha, uma vez que permite controlar o valor da impedância série da mesma. Adicionalmente, dentro da faixa de resposta do sistema, tem-se uma atenuação de eventuais componentes harmônicas, dado que a reatância indutiva aumenta com a freqüência. A figura 10 permite uma comparação do comportamento de uma compensação série usando capacitância ou uma indutância negativa. Novamente no caso capacitivo tem-se uma resposta oscilatória, pois o sistema passa a ter um comportamento de segunda ordem, o que não ocorre com a compensação por indutância negativa. Em ambos os casos a compensação realizada foi de 50% da reatância da linha. R/2 L/2 R/2 L/2 C Vr Vs L1 R L -Ln R/2 L/2 R/2 L/2 -Ln Fig. 6. Circuito para análise de regulação de tensão. Vs Vr Corrente na carga Fig. 9. Circuito para estudo de compensação série em uma linha de transmissão. 0 Tensão na carga e corrente no BVI 0 Fig. 7. Ação de conversor BVI para regulação de tensão. 0 0 Fig. 10. Formas de onda da tensão e da corrente na fonte Vs: acima, com compensação capacitiva; abaixo, com compensação por indutância negativa. Fig. 8. Resposta a um degrau de tensão: acima, compensação capacitiva; abaixo, compensação por indutância negativa. 22 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. IV. ESTABILIDADE DE CIRCUITOS COM INDUTÂNCIA NEGATIVA O emprego de dispositivos que apresentam um comportamento dinâmico de indutância negativa coloca novas questões para o estudo de estabilidade de circuitos elétricos. Esta seção estudará a estabilidade de alguns circuitos simples, como os indicados nas aplicações anteriormente descritas. Note-se que a análise de estabilidade não se refere à inclusão de eventuais malhas de controle do conversor de potência. Os estudos tomam como base a equação característica do sistema, analisando o comportamento de suas raízes. A existência de raiz com parte real positiva indica a instabilidade do sistema. A. Compensação série Considerando o circuito da figura 9, fazendo Vr=0, a função de transferência entre a corrente da fonte e sua tensão é: I( s ) 1 (1) G( s ) = = V ( s ) R + sL − sLn A raiz da equação característica é: s= −R L − Ln (2) A análise das raízes da equação característica indica que o sistema é estável se a indutância negativa apresentar maior valor absoluto do que a indutância positiva. Outra situação estável é quando o valor absoluto da indutância negativa for menor do que o resultado da associação em paralelo das indutâncias positivas. Normalmente a indutância em série com a fonte apresenta valor reduzido, de maneira que esta segunda hipótese não apresenta interesse prático de aplicação. D. Compensação de circuito RL série Considere-se o circuito mostrado na figura 11, no qual uma fonte não ideal alimenta um ramo RL série, que deve ser compensado por uma indutância negativa. A equação característica é: ⎡ R + R1 R1 ⎤ RR1 s2 + s⎢ − − =0 Ln ⎥⎦ LLn ⎣ L A análise das raízes da equação característica indica que uma delas sempre apresenta parte real positiva, implicando na instabilidade do sistema para qualquer valor de indutância negativa. R1 R V a qual será positiva se Ln>L, Ou seja, para garantir a estabilidade, a indutância negativa não pode suplantar a indutância positiva em uma malha. (5) -Ln L Fig. 11. Circuito com ramo RL série. B. Compensação em derivação com fonte ideal Considere-se o circuito mostrado na figura 4 com a presença de uma indutância negativa. A função de transferência entre a corrente da fonte e sua tensão é: G( s ) = I ( s ) s{sLLn − R( L − Ln )} = V( s ) s 2 LLnR (3) O sistema apresenta um cancelamento de um pólo com um zero na origem, permanecendo outro pólo na origem e um zero que, a depender do valor da indutância negativa, pode estar no semi-plano direito. Tal comportamento de fase não-mínima existirá se L>Ln. Em regime permanente senoidal, tanto a corrente pela fonte quanto as parcelas que passam pelos indutores podem apresentar um nível CC. Este nível CC tende a desaparecer na indutância positiva caso exista uma resistência em série (o que normalmente ocorre, devido ao enrolamento). Na indutância negativa deve haver alguma ação de controle que permita eliminar este nível CC. C. Compensação em derivação com fonte não ideal Considere-se o circuito mostrado na figura 6. A equação característica deste sistema é: ⎡ ⎛ 1 1 ⎞ R1 + R ⎤ ⎡ RR1 RR1 ⎤ s 3 + s 2 ⎢ R⎜ − − ⎟+ ⎥ + s⎢ ⎥ =0 L1 ⎦ ⎣ LL1 LLn ⎦ ⎣ ⎝ L Ln ⎠ Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. (4) E. Efeito estabilizante da resistência negativa Considere que o dipolo utilizado no conversor BVI, além de um comportamento indutivo, também apresente uma resistência em série. Um ganho superior à unidade faz com que se reflita para o circuito uma resistência negativa em série com uma indutância negativa. Refazendo a análise da estabilidade do caso anterior, adicionando uma resistência (-Rn) em série com a indutância negativa, a equação característica será: ⎡ R − R1 R + R1 ⎤ Rn (R + R1 ) − RR1 s2 + s⎢ n = 0 (6) + ⎥+ L ⎦ LLn ⎣ Ln Verifica-se que o sistema se torna estável para qualquer valor de indutância negativa, desde que o valor da resistência negativa seja maior do que a associação em paralelo de R com R1. A presença desta componente resistiva negativa confere a capacidade de, naturalmente, anular o nível CC da corrente pela indutância negativa, de acordo com a constante de tempo determinada pela indutância e resistência. A inclusão de uma resistência negativa em série com a indutância negativa resulta num aumento da faixa de estabilidade de todos os circuitos em que a indutância negativa está colocada em derivação, possibilitando efeitos de sobre-compensação, ou seja, tendo uma indutância negativa com valor absoluto menor do que o da indutância positiva. 23 Sob um outro ponto de vista, uma resistência negativa equivale à necessidade de entrega de potência ao sistema, ou seja, é preciso que no barramento CC do inversor exista uma fonte. Em situações em que a presença da resistência negativa não é necessária, os conversores podem operar apenas com um capacitor no lado CC. Muitas outras topologias de circuitos podem ser estudadas e, para cada aplicação de indutância negativa deve ser feita uma análise particular. Adicionalmente, ao ser inserida alguma malha de controle específica, a questão da estabilidade global também deve ser devidamente estudada. V. RESULTADOS EXPERIMENTAIS A fim de verificar experimentalmente o comportamento do BVI e do SDR, foi implementado um sistema experimental composto por um DSP (ADMC401) [13], no qual foram programados os controles necessários à realização dos conversores, assim como rotinas de modulação vetorial para o comando do inversor. Os resultados foram colhidos em baixa tensão (até 30 V) com o objetivo de verificar a capacidade dos conversores e dos métodos de síntese realizarem os comportamentos previstos teoricamente. O inversor opera em 10 kHz. O filtro de saída do inversor apresenta a estrutura mostrada na figura 12. Um filtro de quarta ordem permite, para uma dada atenuação desejada na freqüência de comutação do inversor, usar componentes de menor valor e aumentar a freqüência de corte. Com isso amplia-se a faixa de resposta do sistema. O amortecimento é necessário para evitar que na ocorrência de perturbações transitórias (como um degrau de carga) as ressonâncias do filtro sejam excitadas, manifestando-se na tensão e na corrente. Uma vez que no BVI se toma a tensão como referência, enquanto no SDR é a corrente que deve ser medida, isto provocaria uma realimentação de tais componentes, podendo comprometer a estabilidade do sistema. Os valores utilizados levam a uma freqüência de corte de 5 kHz e uma atenuação de 35 dB na freqüência de comutação, com uma faixa de reposta suficientemente plana, tanto em ganho quando em fase até cerca de 1 kHz. A eliminação do amortecimento passivo pode ser feita desde que se use um controle da tensão sintetizada em malha fechada. Isto implica, no entanto, em outros estudos de estabilidade. Um filtro com estrutura mais simples (segunda ordem) não se mostrou adequado pois, para obter a atenuação desejada, exigiu um aumento da indutância para 11 mH, o que comprometeu o funcionamento do sistema operando como BVI, devido ao elevado valor da reatância série. Neste caso, devido aos tempos mortos do inversor, e como o BVI opera em malha aberta, houve uma significativa deformação das formas de onda produzidas. A soma das indutâncias representa o dipolo modelo para o BVI, já que os ramos capacitivos praticamente não têm influência em baixa freqüência. 24 1mH 2,2µF 16µF 33Ω 1mH 2,2µF Inversor PWM Fig. 12. Filtro de saída usado no BVI e no SDR. As grandezas são medidas por sensores Hall, e aplicadas aos conversores analógico-digitais do DSP. Internamente ao DSP os sinais passam por filtros passa-baixas, com freqüência de corte de 1 kHz. Isto atenua ainda mais os resíduos das componentes de comutação do inversor e de eventuais excitações da ressonância do filtro. Com isso a banda passante do sistema fica limitada a cerca de 500 Hz, faixa na qual o sistema é capaz de reproduzir adequadamente um sinal de referência. A figura 13 mostra o resultado da compensação do fator de potência em um circuito como o da figura 4, com os seguintes componentes: R=11 Ω, L=36 mH. Note-se que a corrente pelo BVI está adiantada em relação á tensão de referência, caracterizando a síntese da indutância negativa. Fig. 13. Compensação de fator de potência com BVI. CH1: Corrente pelo BVI (2 A/div.), CH2: Tensão de referência (1V/div.), CH3: Corrente da fonte (2A/div.), CH4: Tensão da fonte (20V/div.). A figura 14 mostra resultado análogo, mas na presença de uma distorção de 5% de 5a harmônica na tensão de alimentação. Observe que o BVI permite obter fator de potência unitário, pois as formas de onda de tensão e de corrente são as mesmas, caracterizando, do ponto de vista da fonte, uma carga puramente resistiva. Há também a ocorrência de uma variação brusca na tensão, a qual também é adequadamente compensada pelo BVI, sem qualquer oscilação. A figura 15 mostra a mesma situação anterior, mas neste caso a compensação do fator de potência está sendo feita por um capacitor (200 µF). Observe-se a amplificação da componente de quinta harmônica, a qual assume um valor de 25% da fundamental. Também na ocorrência do transitório de tensão tem-se uma oscilação, devida à ressonância entre a capacitância e a indutância em série com a fonte (30 µH). Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. tanto a referência de tensão, quanto a tensão sintetizada pelo SDR estão defasadas de 90º da corrente, caracterizando a indutância negativa. Tensão de referência Corrente da carga Tensão do PAC Fig. 14. Compensação de fator de potência com BVI. CH1: Corrente pelo BVI (2 A/div.), CH2: Tensão de referência (0,5V/div.), CH3: Corrente da fonte (2A/div.), CH4: Tensão da fonte (10V/div.). Fig. 16. Regulação de tensão com BVI. CH2: Tensão de referência (0,5V/div.), CH3: Corrente da carga R (1A/div.), CH4: Tensão do PAC (10V/div.). Referência Saída do SDR Corrente da fonte Tensão da fonte Fig. 15. Compensação de fator de potência com capacitor. CH1: Corrente pelo capacitor (2 A/div.), CH3: Corrente da fonte (2A/div.), CH4: Tensão da fonte (10V/div.). A figura 16 mostra a atuação do BVI na compensação da tensão do barramento CA, em um circuito como o da figura 6, no qual R1=0,5 Ω e L1=1 mH. A partir de uma medição da tensão eficaz no ponto de acoplamento comum (PAC) das cargas, calcula-se o erro em relação à referência. Este erro passa por um compensador tipo PI, o qual altera o ganho do BVI, ajustando o valor da indutância (positiva ou negativa) que mantém a tensão no valor desejado. Na figura 16, inicialmente o ganho é menor do que 1, o que significa que o BVI sintetiza uma indutância positiva. Ao ser inserida uma carga adicional, a tensão no barramento CA se reduz, devido à queda na impedância em série com a fonte, e o BVI aumenta o ganho, passando a atuar como indutância negativa, restabelecendo a tensão. O circuito de testes do SDR é composto por uma associação em série de uma resistência de 11 Ω, uma indutância de 20 mH e os terminais de saída do inversor, após o filtro mostrado na figura 12. A figura 17 mostra uma compensação plena da indutância do circuito, o qual se torna puramente resistivo. Repare que Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Fig. 17. Compensação série com SDR. De cima para baixo: CH2: Tensão de referência (1V/div.), CH4: Tensão do SDR (20V/div.), CH3: Corrente da fonte (1A/div.), CH1: Tensão da fonte (10V/div.). A figura 18 mostra a atuação do SDR para regular o valor da corrente por um circuito composto por uma resistência e uma indutância em série. Inicialmente a resistência é nula e há apenas a indutância (20 mH) no circuito. A fim de permitir a passagem de corrente no valor estipulado pela referência, o SDR sintetiza uma indutância positiva. Ao ser inserida uma resistência, tem-se uma diminuição na corrente pelo circuito. O sistema de controle detecta o erro em relação ao valor de referência, o qual é processado por um regulador, alterando o sinal de controle que determina a tensão a ser produzida pelo SDR. O dispositivo passa a sintetizar uma indutância negativa, que compensa parcialmente a indutância positiva e permite manter a corrente no valor estipulado. O projeto do regulador não foi otimizado, razão pela qual o resultado se apresenta subamortecido. 25 Tensão de controle do SDR Conexão da resistência Corrente pelo circuito Fig. 18. Regulação de corrente com SDR. CH2: Tensão de controle do SDR (1V/div.), CH3: Corrente da fonte (2A/div.). VI. CONCLUSÕES Este artigo fez uma revisão de métodos para síntese de dipolos com características não naturais através de conversores CC-CA, focalizando o caso de indutâncias negativas. Foram consideradas algumas aplicações em que indutâncias negativas poderiam substituir capacitâncias, com vantagens em termos de resposta dinâmica e de controle. Tais vantagens devem-se ao fato de que com o uso de uma indutância negativa não há alteração da ordem de sistema que contenha apenas indutâncias e resistências, evitando-se o surgimento de modos próprios, os quais tendem a instabilizar o sistema. A contrapartida para o melhor desempenho é, obviamente, a complexidade do conversor eletrônico de potência e dos circuitos eletrônicos associados. Tais conversores limitam a faixa de potência de aplicação em virtude das restrições de tensão e de corrente dos interruptores semicondutores de potência. O aumento da potência implica, para os componentes semicondutores atuais, uma redução na freqüência de comutação. Isto faz com que a faixa de freqüência de atuação do sistema que sintetiza a indutância negativa se reduza. Por exemplo, se comutando a 10 kHz é possível obter uma boa resposta do sistema até 1 kHz (o que permite que a resposta do elemento desejado ocorra também na freqüência de várias das eventuais componentes harmônicas presentes), um conversor que comutasse a 1 kHz teria sua faixa de ação reduzida para 100 Hz, o que permitiria a síntese desejada apenas na freqüência fundamental. No entanto, em aplicações de potência elevada, em que a distorção harmônica seja reduzida, esta já poderia ser uma realização digna de consideração. Em casos em que se deseje sintetizar apenas a componente fundamental pode-se considerar o uso de modulação multinível, permitindo, com a tecnologia atual, atingir potências da ordem de MVA. Foram ilustradas aplicações para a compensação de fator de potência, para a regulação de tensão e para a compensação série de linhas de transmissão. Estudou-se a estabilidade de circuitos elétricos nos quais são introduzidas indutâncias negativas, verificando-se as 26 faixas de valores que garantem a estabilidade dos mesmos. Também se identificou a capacidade de uma resistência negativa, associada à indutância negativa, aumentar a estabilidade dos circuitos. O fornecimento de potência associado a esta resistência negativa faz com que seja necessário prever uma fonte no lado CC do inversor. A potência fornecida depende do valor da resistência negativa e da corrente que por esta circula (ao quadrado). Mantendo a capacidade de obter uma resposta estável e, ao mesmo tempo, minimizar o consumo, o valor da resistência deve ser o menor possível. Esta fonte CC pode ser obtida a partir de um retificador não controlado alimentado pela própria rede. Resultados experimentais obtidos em protótipos de baixa potência foram utilizados para verificar a realização dos circuitos, demonstrando sua viabilidade. As aplicações reais são restritas pelos limites de potência atingíveis pelos conversores de potência, os quais, entretanto, têm se expandido continuamente nos últimos anos. Muitos aspectos ainda devem ser explorados, podendo-se citar como exemplo: comparações detalhadas com a compensação capacitiva; limitações do método SDR em sistemas em que o conteúdo harmônico da corrente é significativo; qualidade do sinal sintetizado em aplicações de potência elevada, em que a freqüência de comutação é forçosamente reduzida; uso de outras técnicas de modulação, como a multinível, que permitiria aplicações em potência mais elevada, embora com uma banda passante reduzida; etc. No entanto tais aprofundamentos fogem dos objetivos deste artigo, mas certamente estão sendo afrontados por pesquisadores interessados no assunto. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo pelo suporte a esta pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] T. E. Nunez-Zuñiga, M. V. Ataíde e J. A. Pomilio: “Filtro Ativo de Potência Sintetizando Cargas Resistivas”. Eletrônica de Potência, vol. 5, no. 1, pp. 35-42, Maio 2000. [2] L. F. Penello e E. H. Watanabe: “Filtro Ativo de Potencia tipo ‘Shunt’ com Seleção da Potência a ser Compensada”. Controle & Automação, vol. 4, no 1, pp. 31-37, Ago/Set. 1993. [3] F. Pöttker, I. Barbi “Power Factor Correction of Non Linear loads Employing a Single Phase Active Power Filter: Control Strategy, Designing Methodology and Experimentation”, Proc. of IEEE Power Electronics Specialist Conference, St. Louis, USA, pp. 412-417, June 1997. [4] H. Funato and A. 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Entre 1988 e 1991, foi chefe do grupo de Eletrônica de Potência do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. Realizou estágios de pós-doutoramento junto à Universidade de Pádua, em 1993/94 e junto à Terceira Universidade de Roma, em 2003. É livre-docente e professor associado do Departamento de Sistemas e Controle de Energia da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da UNICAMP. Foi membro do Comitê Administrativo da IEEE Power Electronics Society de 1999 a 2002, presidente da SOBRAEP de 2000 a 2002 e editor da revista Eletrônica e Potência, de 1999 a 2000. É editor associado da IEEE Trans. on Power Electronics e da revista Controle & Automação. É membro da SOBRAEP, do IEEE e da SBA. 27 28 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. REPETITIVE-BASED CONTROL FOR SELECTIVE ACTIVE FILTERS USING DISCRETE COSINE TRANSFORM Fernando P. Marafão1 Paolo Mattavelli2 University of Campinas -UNICAMP 1 School of Electrical and Computer Eng. P.O. Box 6101 – 13081-970 Campinas – SP – Brazil fmarafao,[email protected] Simone Buso3 University of Udine – DIEGM 2 Via delle Scienze, 208 33100 - Udine – Italy [email protected] Abstract -- This paper proposes selective harmonic current compensation using a closed-loop repetitive controller. The controller is based on measuring the line currents. It performs the compensation of specific harmonics selected by a DCT (Discrete Cosine Transform) digital filter, which is self-adjusted to track utility frequency deviations by means of a Phase Locked Loop (PLL) system. Compared to conventional solutions, this approach allows full compensation of selected harmonics, even if the active filter has limited bandwidth. This method also requires a simpler algorithm than, e.g., the synchronous frame harmonic regulators and its complexity is independent of the number of compensated harmonics. Moreover, it is more appropriate for DSP implementation and less sensitive to rounding and quantization errors when finite word length or fixed-point implementation is required. Simulations and experimental results confirm the theoretical expectations. Keywords – Active filters, Discrete Cosine Transformation, Harmonic compensation, Phase-Locked Loop, Repetitive control, Selective Filtering. I. INTRODUCTION The interest on Active Power Filters (APF) strategies capable of performing selective harmonic current compensation has increased in the last few years, especially for those applications where the harmonics produced by the loads are slowly varying [1-4]. Essentially, in the absence of severe dynamic requirements, control accuracy can be increased since the delay of the current control [6] can be compensated and instabilities or interactions [7,8] with possible dynamic components of the load can be reduced. Moreover, selective harmonic control reduces active filter’s rating, since the compensation capability is only used to eliminate the desired harmonic components and could be used to ensure that individual [5] or total harmonic current distortion of a specific load does not exceed pre-defined recommended limits. This paper proposes a new closed-loop selective harmonic 1 compensation method. It uses the measurement of line currents and a repetitive-based control technique [10-14] to Manuscript received October 20, 2003. Revised March 02, 2004. Recommended by Editor in Chief, Prof. Carlos Alberto Canesin. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Sigmar M. Deckmann1 University of Padova 3 Department of Information Eng. – DEI Via Gradenigo, 6/B 35131 – Padova – Italy [email protected] achieve a very precise reference tracking in the presence of periodic distortion. In order to achieve compensation of only the selected frequencies and to provide a leading-phase needed for improving stability margin, a modified scheme using DFT (Discrete Fourier Transform) based filters, is proposed. A PLL system is used to provide frequency deviation immunity for such digital band-pass filters. Moreover, it will be shown that this solution has some properties similar to those obtainable with closed-loop synchronous-frame regulators [1-4]. However, the proposed solution provides a more efficient algorithm, whose complexity is independent on the number of harmonics to be compensated and it features less sensitivity to rounding and quantization effects with a structure that suits very well Digital Signal Processors (DSPs) implementation, even if limited wordlength or fixed point arithmetic are used. Simulation and experimental results demonstrate the outstanding performance of the proposed solution. II. ACTIVE FILTERS USING REPETITIVE CONTROLLER The diagram of Fig. 01 describes the proposed selective compensation method, using a closed loop repetitive-based structure. Following the scheme, line current references (iS ref) are first evaluated using a conventional dc-link voltage regulation and supply voltages vS (filtered by transfer function F1, if necessary). iS Power Source iL Distorting Loads vs vs iF fs PLL + iF iS F1(s) iS X iSRef + i - Repetitive control i Ref - + - Current control VD C fs - PI VDCRef + Fig. 01 – Diagram of a shunt APF using selective harmonic compensation based on repetitive control. 29 Then, a repetitive controller is used for precise tracking of the selected frequencies. The output of this regulator gives the current references (iref) for the active filter current control, which can be performed either on the active filter currents (i=iF) or on the line currents (i=iS). The former case is the preferable choice, mainly for over-current protection purposes, while the latter avoids the use of sensors for the active filter currents iF . Fig. 02 shows the basic structure of the proposed repetitive-based controller. The concept of repetitive control theory [10-14] is originated from the internal model principle [9,13,14], so that the controlled output tracks a set of reference inputs without steady-state errors if the model, that generates these references, is included in the stable closedloop system. For example, if the system is required to have a zero steady-state error to sinusoidal input, then the model of the cosine function (i.e. s (s 2 + ω s2 ) , being ω s the corresponding angular frequency) should be included in the plant transfer function. In order to implement a repetitive control system, a periodical actuating signal must be generated and a possible digital implementation, which has already been applied to UPS and PWM converters [10-12], is shown in Fig. 2a, where N is the number of samples within one fundamental period. However, the scheme of Fig.2a usually leads to instability since it amplifies many high-order harmonics (theoretically up to the Nyquist frequency), while the system to be controlled has usually a limited bandwidth. For this reason a careful design of filter GF(s) is needed in order to ensure stable operation [10]. Selective harmonic compensation presents different requirements if compared to the scheme of Fig. 2a, which provides compensation of all harmonic components. Moreover, leading-phase may allow stable operation and the compensation of high-order harmonics, even if the active filter presents limited bandwidth. In order to ensure selective filtering and an adjustable leading phase, this paper proposes the use of "moving" or "running" DFT (Discrete Fourier Transforms) filters with a window equal to one fundamental period, such as: F DCT ( z) = 2 N N −1 2π ∑ ∑ cos N i =0 h∈ N h h (i + N a ) z − i , (1) where Nh is the set of selected harmonic frequencies and Na the number of leading steps determined by stability analysis. Indeed, (1) can be seen as a Finite Impulse Response (FIR) pass-band filter of N taps with unity gain at all selected harmonics h and it is also called Discrete Cosine Transform (DCT) filter [15]. One advantage of (1) is that the compensation of more harmonics does not represent any increase in the computational comp lexity (only a change on the filter coefficients without any additional calculation) and the leading-phase can be tuned at the design stage by parameter Na . Finally, in order to implement a repetitive scheme for the selected harmonics, a delay of Na steps is then needed in the feedback path to recover zero phase-shift GF(s) + + z -N (a) FDFT(z) iSref-iS KF + + i ref z-Na (b) Fig. 02 - (a) General implementation of repetitive-based control; (b) proposed solution for active filter applications. of the loop gain ( FDCT ( z ) z −N a ) at the desired frequencies, as described in Fig. 2b. III. ANALYSIS OF THE PROPOSED CONTROL A. Regulator frequency response Considering the simple case where only three frequencies have been selected: the fundamental, the 5th and 7th components, Fig. 03 reports the frequency response of the DCT filter. It is possible to notice that only at these three frequency components the gain is almost unity, the small differences being due to the superposition of spectral residuals. Assuming that the transfer function between the current references iref and the line currents iS is unitary, the Bode diagram of the open loop gain has been reported in Fig. 4, for KF=1 and Na=0. As expected, the gain is theoretically infinite for the selected frequencies ensuring zero steady-state errors for these components. Moreover, the phase-shift of the open loop gain is zero, since Na and the phase shift of the compensated process are zero in such example. B. Transient response Parameter KF strongly determines the controller dynamic response, as it will be outlined in section E. In order to understand the performance of the proposed controller for active filter applications, a reference signal iSref was simulated including the fundamental component (1pu), the 5th and 7th components, both with 50% amplitude of the fundamental. The results are reported in Fig. 05, which shows that the residual error is almost zero after one cycle. Fig. 03 – DFT frequency response using Nh={1,5,7} and Na =0. 30 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. PLL* + + PLLerror - ω K I + s.K P s 1 1 + s.Ts 1 s θ v ab + X ua X uc sin(θ ) sin(θ − 240 °) θ v cb Fig. 06 – Generalized Power System PLL Model. Fig. 04 – Bode diagram of open loop gain using Nh={1,5,7}, Na =0 and KF=1. C. Supply frequency tracking based on digital PLL model Since the proposed repetitive control is based on the compensation of the DCT frequency selection and considering that such filter uses a moving window based on the fundamental period, it is evident that the control is sensitive to supply frequency variations, as reported in [2]. Even if previous results [2,17] have shown that such performance is still good for active filter applications, a Phase-Locked-Loop (PLL) algorithm, that precisely tracks supply frequency variations is advisable in practical implementations. Thus, the authors propose the use of a fully digital PLL, which uses two line voltage measurements (Vab , Vcb), as depicted in Fig. 06. Summarizing, such PLL structure uses a proportionalintegral (PI) controller to track the system angular frequency (ω =2πf) and a digital integrator to transform the evaluated angular frequency (ω) into the angular phase function θ = ω t. The digital PLL model also considers the sampling delay function, which represents the sampling process (sampling time Ts). So, the approach is based on using the measured line voltages as the PLL input signals and two digital feedback signals (ua and uc). Such internal signals are synthesized from the final evaluated angular frequency ω or phase angle (θ=ω.t) and used to calculate the PLL instantaneous error. If the PLL reference is set to zero, the PLL tracking system will force the internal digital signals (and the phase angle) to be exactly orthogonal to the input voltages. Hence, the PLL system precisely evaluates the frequency (ω) and phaseangle (θ -90º) information of the input utility voltages. Thus, the PLL allows adjusting the sampling frequency (fs) to be a multiple of the supply frequency, so that the number of samples within a line period is always the same. This provision ensures that the frequency response of the digital filter (DCT) is not sensitive to supply frequency variations and the active filter compensation remains ideally 100% efficient for the selected harmonic components. More details about the PLL design methodology and the digital implementation are discussed in [16]. Results in Section IV illustrate the PLL tracking performance. D. Similarity with synchronous frame harmonic control The recent interest in selective harmonic compensation has produced several different control strategies [1-5]. However, starting from different points of view, it is roughly possible to summarize the proposals as a set of band-pass filters, where each filter realizes the compensation for a selected harmonic. So, it is possible to analyze the similarities between the proposed solution and the closed-loop synchronous frame harmonic control. Considering a generic regulator, which includes the sum of pass-band filters, tuned to the selected frequencies: Rh ( s) = ∑ h∈N h 2 K Ih s . s + (hωs )2 2 (2) The same regulator can also be written as [2]: Rh ( s) = K F (a) (b) ∑ 1− hFh F , h∈N h where Fh (s) = (c) Fig. 05 – Transient response of the repetitive control structure: (a) reference iSref, (b) output variable iS, (c) error signal (iSref- iS). Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. 2 ξh hωs s s + 2ξ h h ωs s + (hωs ) 2 2 KF = K Ih , ξ h hωs (3) being ξh the arbitrary damping factors for pass-band filter Fh , and Nh the set of selected harmonic frequencies. From (2) we observe that each of the original band-pass filters can be seen as a unity positive feedback of a band-pass filter Fh having unity gain and zero phase at the selected frequency h. Following this straightforward consideration and taking into account that ξh can be chosen as small as desired, (2) could be further approximated - only valid around the selected frequencies - by the following expression: 31 ∑ Fh Fh h∈Nh , Rh ( s) = K F ≈ KF 1− Fh h∈ Nh 1 − Fh ∑ ∑ (4) h∈N h as long as all pass-band filters are very selective (i.e. Fh1 *Fh2 <<Fh1 , Fh2 ). This is particularly true if we consider the moving or running DCT filters with a window equal to one fundamental period, such as: Fdh ( z ) = 2 N N −1 2π ∑ cos N i= 0 h i z −i , (5) which realizes zero gain at the non-selected frequencies. One of the major advantages of (5) and approximation (4) is that the compensation of more harmonics does not add any increase in the computational complexity since ∑ h∈ Nh 2 Fdh ( z ) = N N −1 2 π −i cos h i z . N i = 0 h∈ N h ∑ ∑ (6) Therefore, only a change on the coefficients of the FIR filter is needed for the compensation of more harmonics without any additional calculation. As a result, only a positive feedback of (5) is needed to perform an approximated frequency response of the harmonic control regulator Rh . This is the control structure proposed in Figs. 01-02, showing the similarity between the proposed solution and closed-loop synchronous frame harmonic control. However, this solution offers some important advantages, since the computational complexity is independent of the compensated harmonics and the control algorithm is much less sensitive to quantization and rounding errors for fixed-point implementation, as verified experimentally. Finally, the similarity between the proposed solution and closed-loop synchronous frame harmonic control can be easily extended introducing the leading steps Na , which corresponds to a leading angle φ h (at the selected frequencies) for the pass-band filters. E. Design criteria Considering Fig. 02-b, the proposed control design is very simple, since it requires only the selection of the harmonics to be compensated, the design of gain KF and the leading steps Na. Regarding to the parameter KF, the similarities with the synchronous frame control are used to explain its design. Indeed, each band-pass filter can be seen as an integrator in the reference frame rotating at frequency h [2] and thus, under the assumption of unity transfer function between i and iS, the integrator gain KIh gain can be chosen 2.2 , (7) K Ih = n ph T S where (n ph TS ) is the desired response time (evaluated between 10% and 90% of a step response) for the generic harmonic h, n ph is number of fundamental periods TS . Then, following the approximation of the previous section and using the same integral term KIh for all harmonics, we found out that KF can be approximated by: 32 KF ≈ K Ih . 0.32 ω s (8) Indeed, using KF=1, we have a response time of 1.1 supply periods. Finally, parameter Na should be chosen so as to provide a leading phase, which compensates the delay for the current control. It has been found experimentally that the leading of 2-3 sampling periods gives good results, although this number is directly related to the achievable bandwidth of the current control. After this preliminary design, a stability analysis is needed in order to verify that the overall closedloop system has a proper phase margin especially for the higher harmonic frequencies. IV. EXPERIMENTAL RESULTS The proposed solution has been experimentally tested based on the system of Fig. 1 and the parameters of Table I. Regarding the digital implementation, due to the lower complexity and quantization sensitivity of this strategy, the digital controller has been performed by a single fixed-point DSP (ADMC401 by Analog Devices). The overall control algorithm (using PLL and the DCT based on 200 samples) requires only 55µs using a non-optimized assembly code, so that the control complexity is perfectly compatible with the implementation on commercial fixed point µC/DSP units. The internal current control for the active filter has been implemented using the active filter currents (i.e i=iF in Fig. 01) and the same performance is expected in case the internal current control is implemented using directly the line currents (i.e. i=iS in Fig. 01). As far as the VSI current control is concerned, a proportional-integral (PI) algorithm has been chosen, with a design bandwidth of 1kHz and 70º phase margin. Regarding to the dc-link voltage regulation, a PI control has been used as well, designed with 10Hz bandwidth and 60º phase margin. The first verification was done on the harmonic compensation of an uncontrolled rectifier. Using the PI current control, Fig. 7 shows the phase voltage, source iS and load iL currents, respectively. The spectra of the load and line currents are reported in Fig. 08 and Fig. 09, respectively. Note that there is only a small attenuation of the load harmonics, mainly due to the delay of the digital current control. Table I – Power system and control parameters. DC Link Voltage Filter Inductor LF Nominal Switching Frequency Line voltage (phase-phase) Nominal Load Power Selected frequencies (h) - Case 1: Selected frequencies (h) - Case 2: Current control definitions Required response time (number of line periods) Leading sampling steps (Na) Gain KF 450V 4mH 12kHz 220Vrms 5kVA 1 st,3 rd ,5 th,7 th,9 th,11 th,13 th,17 th,19 th 1 st,3 rd ,5 th,7 th,9 th,11 th,13 th,17 th…29th 1 kHz bandwidth, 70º phase margin 1 2 1 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. It is worth noting that the residual harmonic distortion in Fig. 08 is not due to inverter saturation since the di/dt capability of the inverter could be able to perform the required compensation. In this condition, the evaluated load current THD is 24.9%, while the source current THD using the PI control is reduced to 12.3%, which is still significantly high. As a comparison, we have tested the proposed control in the same conditions and the results are reported in Figs. 1015. In Fig. 10 the compensation of all odd harmonics up to the 19th harmonic was imposed and it is possible to note an improvement in the line current waveforms. Looking at the spectrum of line currents in this condition, which is reported in Fig. 11, it is possible to note that all selected frequencies have been well compensated, as theoretically foreseen. So, the THD is reduced to 3.2%, which attends most of international recommendations and standards. Fig. 07 – Line voltage vS (200V/div), line current iS (10A/div) and load current iL (10A/div) using conventional PI control. Fig. 09 - Spectrum of the source currents (10dB/div - 250Hz/div), using conventional PI control. Fig. 10 – Line voltage vS (200V/div), line current iS (10A/div) and load current iL (10A/div) using the selective control (Case 1). 21 th Fig. 08 - Spectrum of the load currents (10dB/div - 250Hz/div). Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Fig. 11 - Spectrum of the source currents (10dB/div - 250Hz/div), using selective control (Case 1). 33 Considering an extended bandwidth, all odd harmonics up to the 29th harmonic, the results of the selective compensation are still better, as depicted in Fig. 12 and 13. The THD in such case is reduced to 1.8%. Fig. 14 presents the dynamic response of the active filter if started when the load is running. Note that it takes approximately three fundamental cycles to completely compensate the load currents and such delay is mostly due to the PI regulator in the DC side. Moreover, the settling time under load variation is less than four fundamental cycles, as discussed in a previous work [17] and depicted in Fig.15. Since the PLL system has been used to precisely track the power system’s frequency and this information is used to the on line adaptation of the sampling frequency, Fig. 16 shows the input voltage (lower trace) and its fundamental waveform (upper trace), which is digitally generated by the PLL, during a frequency step (continuous trace) from 50Hz to 60Hz. Note the line period changing from 20ms to 16.66ms (16.8ms due to the oscilloscope resolution). Such response is strictly dependent of the input voltage distortion and PLL internal gains. Such test was carried out using a programmable AC power source. Regarding to the harmonic compensation and based on the comments of section II, it is almost evident that if no filtering (F1) were used in the measured voltages (v s), the compensation results will be associated with the utility voltage’s condition. It means that, if voltage waveforms were not perfectly sinusoidal, the currents distortion could not be minimized, even using the proposed repetitive control. However, in such conditions it is still possible to use an adaptative band-pass filter (F1) or even the PLL to select just the voltage’s fundamental component and ensure the ideal harmonic compensation reference. The results of this former case will be quite similar to the sinusoidal source current synthesis discussed in [18], but in this case using all the advantages of the selective harmonic compensation method. Fig. 12 – Line voltage vS (200V/div), line current iS (10A/div) and load current iL (10A/div) using the selective control (Case 2). 34 31th Fig. 13 - Spectrum of the source currents (10dB/div - 250Hz/div), using selective control (Case 2). Fig. 14 – Line voltage vS (200V/div), line current iS (5A/div) and load current iL (5A/div) during active filter initialization (10ms). Fig. 15 – Load turn-on using the proposed solution: line current iS (10A/div) and load current iL (10A/div). Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. [4] Fig. 16 – PLL response during a frequency step from 50 to 60Hz. IV. CONCLUSIONS This paper proposes a selective harmonic compensation method using a closed-loop repetitive controller. The selective compensation reference has been provided using a modified DCT-based filter and a digital PLL tracking system. Such approach allows full compensation of selected frequencies, even if the active filter has limited bandwidth. Compared to synchronous frame harmonic regulators, recently proposed for active power filters, this method requires a simpler algorithm, whose complexity is independent on the number of compensated harmonics. Furthermore, the proposed algorithm is less sensitive to rounding and quantization errors and it suits very well fixed point DSP implementation. Experimental results on a 5.5kVA prototype confirm the theoretical expectations. ACKNOWLEDGEMENT Support for this research comes from FAPESP (99/11882-5), CAPES (BEX2165/01-5) and Analog Devices. REFERENCES [1] [2] [3] P.T. Cheng, S. Bhattacharya, D. Divan, "Control of square-wave inverters in High Power Hybrid Active Filter Systems" IEEE Transaction on Industry Applications, Vol. 34, No. 3, pp. 458-472, May/June 1998. P. Mattavelli, S. Fasolo, "A Closed-loop Selective Harmonic Compensation for Active Filters" IEEE Applied Power Electronics Conference Rec., New Orleans, 2000, pp. 339-346. M. Sonnenschein, M. Weinhold, “Comparison of TimeDomain and Frequency-Domain Control Scheme for Shunt Active Filters” European Transaction on Power Electronics, Vol. 9, No. 1, pp. 5-16, Jan./Feb. 1999. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. J. Svensson, R. 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Pomilio and R. Q. Machado, “Selective Disturbance Compensation and Comparisons of Active Filter Strategies”, IEEE International Conference on Harmonics and Quality of Power (ICHQP), ISBN 0-7803-7672-2, 2002. BIOGRAPHIES Fernando Pinhabel Marafão was born in José Bonifácio (SP), Brazil, in 1975. He received the B.S. degree (1998) in Electrical Engineering from Paulista State University (UNESP), Bauru (SP) and the Master’s degree (2000) from University of Campinas, Campinas (SP). Nowadays, he is working on his Doctoral degree and his current interests are mainly concerned with digital processing and control for power electronics applications, active power filters, instantaneous power definitions and power quality evaluation. He held in 2002, a visitor student position at the Department of Information Engineering of the University of Padova (Italy), working on digital control techniques for active power filters. Mr. Marafão is a member of the Brazilian Power Electronics Society (SOBRAEP), Brazilian Automatic Society (SBA) and IEEE. Paolo Mattavelli was born in Milan (Italy) in 1968. He received his Dr. degree with honors in electrical engineering from the University of Padova, Italy, in 1992. In 1995 he received his Ph.D. studies in electrical engineering in the same university. From 1995 to 2001, he was a researcher at the University of Padova. In 2001 he joined the Department of Electrical, Mechanical and Management Engineering (DIEGM) of the University of Udine, where he has been an Associate Professor of Electronics since 2002. He is responsible of the Power Electronics Laboratory of the DIEGM at the University of Udine, which he founded in 2001. 36 His major field of interest includes analysis, modeling and control of power converters, digital control techniques for power electronic circuits, active power filters and power quality issues. Dr. Mattavelli is a member of IEEE Power Electronics, IEEE Industry Applications, IEEE Industrial Electronics Societies and the Italian Association of Electrical and Electronic Engineers (AEI). He also serves as an Associate Editor for IEEE Transactions on Power Electronics. Simone Buso was born in Padova (Italy), in 1968. He received the M.S. degree in electronic engineering and the Ph.D. degree in industrial electronics from the University of Padova, Italy, in 1992 and 1997 respectively. He has been with the Power Electronics Laboratory, University of Padova, since 1993, where he is currently a researcher in the Department of Information Engineering (DEI). His main research interests are in the industrial and power electronics fields and are specifically related to: dc/dc and ac/dc converters, smart power integrated circuits, digital control and robust control of power converters, electromagnetic compatibility in switch mode power supplies. Dr. Buso is a member of the IEEE. Sigmar Maurer Deckmann was born in Cruz Alta (RS), Brazil, in 1946. He received his Bachelor (1973), Master (1976) and Doctoral (1980) degrees in Electric Engineering from the University of Campinas, Brazil. The main research areas have been power system analysis, power system dynamics, power system instrumentation, flicker and harmonic measurement and power quality analysis. He is a faculty member at the School of Electric and Computer Engineering of the University of Campinas since 1974. He led the Department of Systems and Energy Control from 1986 to 1988. He also conducted several projects about flicker, harmonics analysis and digital instrumentation. From 1999 to 2003 he have worked as Vice-director of the faculty. Dr. Deckmann is a member of IEEE. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. IMPLEMENTAÇÃO DE UM MEDIDOR DO CONJUGADO PARA MOTORES DE INDUÇÃO COM DSP Fabiano Valias de Carvalho Luiz Eduardo Borges da Silva, Germano Lambert Torres Instituto Nacional de Telecomunicações – INATEL CEP 37540-000, C.P. 03, Santa Rita do Sapucaí - MG Brasil e-mail: [email protected] Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI CEP 37500-903, C.P. 50, Itajubá – MG Brasil e-mail: [email protected] João Onofre Pereira Pinto Bimal K. Bose Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS CEP 79070-900, C.P. 549, Campo Grande – MS Brasil e-mail: [email protected] Resumo – Este trabalho descreve a construção de um medidor do conjugado eletromagnético de motores de indução trifásicos a partir das amostras de correntes e de tensões trifásicas. A estratégia para o cálculo do conjugado é a síntese do Fluxo do Estator através de Filtros Passa-Baixas em Cascata Programáveis (PCLPF Programmable Cascaded Low-Pass Filters). A implementação é feita através de Microprocessador tipo Digital Signal Processor (DSP). O uso deste tipo de filtro contorna o problema da integração numérica necessária ao cálculo do fluxo a partir das amostras de tensão e de corrente. Na implementação do Filtro Passa-Baixas em Cascata Programável é utilizada uma Rede Neural Recorrente (RNN - Recurrent Neural Network) treinada com um algoritmo baseado em filtro de Kalman. O resultado desta implementação é um equipamento com precisão compatível com os medidores de conjugado baseados em eixos metálicos, com constante elástica conhecida e strain gauges. Palavras-Chave – Aplicação de DSP, Estimação de Conjugado, Filtro de Kalman, Filtro Passa-Baixas em Cascata Programável, Rede Neural Recorrente. IMPLEMENTATION OF A TORQUE METER FOR THREE PHASE INDUCTION MOTORS USING DSP1 Abstract – This work describe the steps to implement a torque meter for three phase induction motors, based on stator voltage and machine current measurement. The strategy is based on calculation of stator flux synthesis through Programable Cascaded Low-Pass Filters. The electromagnetic torque estimation is processed by a DSP microprocessor in real time. The PCLPF filter outlines the problem of necessary numeric integration to calculate the stator flux starting from the samples of stator voltage and current. The Programmable Cascaded Low-Pass Artigo Submetido em 11/03/2003. Primeira Revisão em 20/05/2003. Segunda Revisão em 17/06/2003. Aceito sob recomendação do Editor Geral Prof. Carlos Alberto Canesin. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. University of Tennessee - UTK 419 Ferris Hall, Knoxville Tennessee 37996 USA e-mail: [email protected] Filter is implemented using Recurrent Neural Network (RNN-PCLPF) trained by an algorithm based on Kalman filter. The DSP based implementation of a torque meter results in an equipment with the same precision when comparing with torque meters based on torsion of metallic axes, with known elastic constant and strain gauges. Keywords – DSP Application, Kalman Filter, Programmable Cascaded Low-Pass Filter, Recurrent Neural Network, Torque Estimation. NOMENCLATURA Ψdss e Ψqss Componentes do fluxo do estator. vdss e vqss Componentes da tensão do estator. idss e iqss Componentes da corrente do estator. Rs Resistência do estator. Ψ̂s Fluxo total do estator. θe Ângulo elétrico do vetor girante. ids e iqs Componentes da corrente de campo girante Ψds e Ψqs do estator. Componentes do fluxo de campo girante do Te estator. Conjugado eletromagnético. P Número de pares de polos. I. INTRODUÇÃO O conhecimento do valor do conjugado eletromagnético desenvolvido pelo Motor de Indução Trifásico é importante na implementação de Controle Vetorial, nos laboratórios de máquinas elétricas, na especificação de sistemas de acionamento, bombas, elevadores, etc. Atualmente os equipamentos que fornecem a medida do conjugado, além de custo elevado, não possuem a versatilidade necessária para serem aplicados com facilidade em motores funcionando em 37 qualquer tipo de ambiente industrial. Para solucionar o problema, este trabalho desenvolve uma metodologia para a implementação de um estimador do conjugado eletromagnético de motores de indução trifásicos (MIT) para as mais diversas aplicações, tanto industriais quanto didáticas. O equipamento desenvolvido utiliza como estratégia a síntese do fluxo do estator através da integração da tensão, descontada a queda na resistência do estator do MIT. O problema, bem conhecido na literatura, é que a implementação numérica de uma integração apresenta problema de offset DC. Esta dificuldade é contornada através de um Filtro Passa-Baixas em Cascata Programável implementado com Redes Neurais Recorrentes [1] e [2]. Os cálculos envolvidos no processo de estimação do conjugado são executados por um DSP56002 da Motorola, operando a 40 MHz. Os sinais de tensão e de corrente são medidos por sensores de efeito Hall e em seguida, os sinais são digitalizados através de um conversor analógico para digital (A/D) de 12 bits, ADS7864 da Texas Instruments, com taxa de conversão de 8kHz. O equipamento desenvolvido tem um custo menor e precisão compatível quando comparado com os equipamentos que usam da tecnologia de torção em eixos metálicos com constante elástica conhecida, que além de caros possuem gama de aplicação limitada. Outra vantagem do processo de estimação do conjugado em relação aos equipamentos tradicionais é sua capacidade de acompanhar a dinâmica do conjugado eletromagnético desenvolvido pelos motores de indução, diferentemente dos equipamentos tradicionais que apenas apresentam resposta confiável em regime permanente. O único parâmetro do motor necessário à implementação do estimador é a resistência do estator. Esta resistência, uma vez medida, pode ser facilmente compensada para variações de temperatura. Desta forma, o equipamento desenvolvido apresenta uma boa confiabilidade, aplicação em faixas mais amplas de potência e possibilidade de aplicação diretamente em ambientes industriais. II. ESTRATÉGIA A. Síntese do Fluxo do Estator A síntese do fluxo do estator, técnica também utilizada no Controle Vetorial através da Orientação do Fluxo do estator [3], calcula os vetores de fluxo de campo estacionário do estator Ψds e Ψqs , através da integração da tensão aplicada s s s s s no estator ( Vds , Vqs ), retirada a queda de tensão ( Rs ids , Rs iqss ) devido a corrente que circula no motor. s s Ψdss = ∫ (vdss − idss Rs )dt [Wb] Ψqss = ∫ (vqss − iqss Rs )dt [Wb] (1) (2) Uma vez calculado o fluxo nos eixos d e q é possível calcular o fluxo total do estator dado por: ˆ = (Ψ s ) 2 + (Ψ s ) 2 [Wb] Ψ s ds qs (3) Para se obter o valor do conjugado eletromagnético desenvolvido pelo motor, é utilizado o modelo de referência estacionário. Para isto é necessário o cálculo do valor do seno e do cosseno do ângulo θ e , que representa o ângulo elétrico do vetor girante na freqüência aplicada nos terminais do motor. Estas equações são dadas por: Ψqss sen θ e = ˆ Ψ cosθ e = (4) s s ds Ψ ˆ Ψ (5) s e também, ⎛ Ψqss θ e = sen ⎜ ⎜Ψ ˆ ⎝ s −1 ⎞ ⎟ [rad] ⎟ ⎠ (6) Com estes valores fica possível determinar as correntes de campo girante do estator ids e iqs e também os fluxos de campo girante do estator Ψds e Ψqs , pelas equações: ids = iqss cosθ e − idss sen θ e [A] (7) iqs = iqss sen θ e + idss cosθ e [A] (8) Ψds = Ψqss cosθ e − Ψdss sen θ e [Wb] (9) Ψqs = Ψqss sen θ e + Ψdss cosθ e [Wb] (10) Multiplicando-se o fluxo do estator pela corrente do estator, já representadas no modelo de eixos estacionários, o conjugado é determinado pela seguinte equação: Te = [ ] 3P Ψds iqs − Ψqs ids [Nm] 4 (11) A Figura 1 ilustra o diagrama em blocos simplificado do equipamento estimador do conjugado eletromagnético baseado na síntese do fluxo do estator. s Os valores das tensões ( Vds , Vqs ) e das correntes ( ids , iqss ), são calculados através da Transformada de Clark, também denominada de Transformação 3Φ/dq0 , gerando as denominadas quantidades nos eixos estacionários. As integrais destas diferenças irão produzir os valores dos vetores de fluxo desejados. 38 As equações que se seguem são válidas para um sistema balanceado, neste trabalho é considerada uma alimentação trifásica balanceada. Se a alimentação é desbalanceada podese utilizar a transformação 1,2,0 ao invés da d,q,0. B. FiltroPassa-Baixas em Cascata Programável-PCLPF A implementação da integração numérica, necessária à síntese do fluxo do estator (equações 1 e 2), apresenta o problema do offset DC, principalmente em baixas freqüências. Uma forma de contornar o problema, proposta por Bose e al. [3], foi a utilização de Filtros Passa-Baixas em Cascata. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. corrente do motor, no caso do mesmo estar sendo alimentado por inversores de freqüência. Fig. 1. Diagrama simplificado do equipamento C. Implementação do PCLPF com uma Rede Neural Recorrente A implementação do PCLPF foi feita através de uma Rede Neural Recorrente treinada com um algoritmo baseado em Filtro de Kalman [5]. A grande vantagem desta implementação está na resposta transitória, quando existem variações de freqüência ou de tensão [2]. As Redes Neurais Recorrentes são adaptadas, devido ao uso de atrasos unitários (Z-1) em sua estrutura, à representar o comportamento de sistemas dinâmicos, e desta forma, o comportamento dos filtros Passa-Baixas em Cascata Programáveis. A Figura 3 ilustra a arquitetura da RNN usada como PCLPF. É importante notar que as características dinâmicas do filtro são conseguidas através dos atrasos unitários colocados nas realimentações. Os valores dos pesos Wij são calculados off-line para cada freqüência específica. A atividade interna da RNN é representada pelas equações dos neurônios, no tempo discreto k, descritas pelas equações 14 e 15. Ψdss (k ) = ∑W ji (k )[Vdss − Rs idss ] (14) Ψdss (k ) = ∑W ji (k )[Vdss − Rs idss ] (15) Onde Ψds e Ψqs são os fluxos estimados, Vds e Vqs são as s s s s s s tensões aplicadas no motor e Rs ids e Rs iqs são as quedas de Fig. 2. Filtro Passa-Baixas em Cascata Programável (PCLPF) Este circuito, ilustrado na Figura 2, utiliza uma cascata de dois filtros Passa-Baixas de primeira ordem para obter no final uma defasagem de 900 e um ganho apropriado, de tal forma que o resultado final represente o efeito da integração de uma onda senoidal na freqüência definida. A constante de tempo (τ) de cada filtro e a compensação em amplitude (G) são funções não lineares da freqüência, dados pelas equações (12) e (13). tensão na resistência do estator do motor. A simulação da síntese do fluxo, através do filtro PCLPF implementado com RNN, denominado PCLPF-RNN, apresenta um erro em torno de 10-3 [4], este erro foi verificado para um conjugado estático simulado de 80 (Nm), representando um erro percentual de 0,1%, perfeitamente aceitável para um medidor de conjugado que possa ter utilidade real. τ = (1/ωe ) tg[(1/ n)[tg−1(τh ωe ) + 900 ]]= f (.)ωe [s](12) G = (1/ωe ) [1+(τ ωe )2 ]n [1+(τh ωe )2 ] = g(.)ωe (13) Onde: ωe n f(.) e G(.) τh Freqüência de 60Hz (usada nos testes). Número de estágios do filtro. Funções não lineares de ajuste da fase e do ganho. Constante de tempo do filtro Passa-Baixas analógico do hardware. É importante notar que τ mantém o deslocamento de fase de cada estágio idêntico para qualquer freqüência escolhida e G garante que o ganho total do PCLPF produza o ganho ideal para conseguir o efeito da integração do sinal de tensão aplicada ao motor, descontada a queda na resistência do estator. A constante de tempo τh compensa o deslocamento de fase de um possível filtro analógico que possa vir a ser inserido no sistema de medição, para filtragem da tensão e da Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Fig. 3. Rede Neural Recorrente – RNN 39 III. SIMULAÇÃO DO ESTIMADOR DO CONJUGADO IV. MONTAGEM DO PROTÓTIPO DO ESTIMADOR Para a simulação da estratégia desenvolvida foi utilizado o programa MATLAB/SIMULINK. Para as simulações foi utilizado um modelo de um MIT alimentado por um sistema balanceado, ao qual foi aplicado um sinal de conjugado de carga variável. A simulação ilustra a resposta transitória do conjugado de carga, do conjugado desenvolvido pelo motor e do conjugado estimado pelo algoritmo proposto. Pode ser observado que o conjugado eletromagnético gerado pelo motor coincide com o conjugado estimado, Figura 4. A Figura 5 apresenta o diagrama em blocos da implementação do estimador do conjugado eletromagnético para motores de indução trifásicos. O sistema é composto de sensores Hall de tensão e de corrente, de uma placa de aquisição de dados com o conversor A/D, de um Microprocessador DSP, de um conversor D/A e de um computador de interface. Os sensores Hall de tensão e de corrente captam os sinais diretamente dos cabos de alimentação do motor, porém antes de serem disponibilizados para o conversor A/D ADS7864 da Texas Instruments, passam por um circuito condicionador de sinais para adequá-los às características do conversor. Uma vez digitalizados os sinais de tensão e de corrente são apresentados ao microprocessador DSP56002 da Motorola para serem efetuados os cálculos representados pelas equações (1) a (11). Após efetuados os cálculos para a estimação do conjugado, o resultado é disponibilizado para o computador de interface e também para um conversor D/A, para ser visualizado ou memorizado para análise. TABELA I Dados do Motor de Indução Simulado Resistência do Rotor – Rr Resistência do Estator – Rs Indutância do Estator – Lls Indutância do Rotor – Llr Indutância de Magnetização – Lm Freqüência Número de Polos Momento de Inércia 0,4165 Ω 0,5814 Ω 3,479 mH 4,15 mH 78,25 mH 60 Hz 4 0,1 kg m2 A. Placa de Aquisição de Dados com o ADS7864 A placa de aquisição de dados foi desenvolvida com o circuito ADS7864 da Texas Instruments, que é um conversor analógico para digital dual de 12 bits e freqüência de conversão de até 500kHz, com seis canais de entrada diferenciais agrupados em três pares para aquisição simultânea de sinais, em alta velocidade. A Figura 6 ilustra o diagrama em blocos do conversor A/D ADS7864. Fig. 4. Simulação da Resposta Transitória Fig. 5. Diagrama Completo do Sistema A Figura 7 apresenta a fotografia da placa de aquisição de dados desenvolvida no projeto. Nesta placa também se encontram os circuitos de condicionamento de sinais para os sensores de efeito Hall. Os sensores Hall, de tensão e de corrente, foram montados em placas separadas com fontes de alimentação independentes, para facilitar a utilização próxima ao motor sob teste. Sendo o sistema sem neutro, é possível utilizar apenas dois pares de sensores e calcular a outra fase, alterando-se o software para executar este cálculo. B. Placa do Microprocessador DSP56002 A Figura 8 ilustra o diagrama em blocos do conjunto placa de aquisição de dados e microprocessador DSP. A placa do DSP56002 da Motorola é conectada ao PC por uma porta serial, com uma taxa de transferência de 19200 bps [6], através da qual é executado o carregamento do programa principal, desenvolvido em linguagem assembly, e obtido o valor do conjugado para ser mostrado na tela do monitor. A Figura 9 apresenta a foto do sistema completo durante o teste do MIT. O funcionamento do programa (fluxograma) pode ser resumido a seguir. Primeiramente é executada a inicialização do DSP, definindo os níveis de prioridade de interrupção, o ponteiro de pilha, o valor da contagem para o timer, etc. Em seguida, o DSP fica aguardando a interrupção gerada pelo timer. Fig. 6. Diagrama em Blocos do Conversor A/D ADS7864 da Texas Instruments 40 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Fig. 7. Placa de Aquisição de Dados com Conversor ADS7864 Fig. 9. Sistema Completo: Placa de Aquisição de Dados, DSP e Caixas de Sensores Hall Fig. 8. Diagrama em Blocos do Conjunto Conversor A/D, Microprocessador DSP e Conversor D/A . Esta interrupção é gerada a cada 125µs, que equivale a uma freqüência de amostragem de 8kHz. A cada 125µs o DSP aciona o ADS7864 para coletar e converter as seis amostras, da tensão e da corrente (Va, Vb, Vc, Ia, Ib, Ic). Após receber os valores da conversão A/D, o DSP executa o restante do fluxograma fazendo a conversão 3Φ/dq0, a síntese do fluxo através do filtro PCLPF-RNN, o cálculo das grandezas no referencial estacionário e finalmente o cálculo do conjugado, retornando para a espera de uma nova interrupção do timer. Finalizados os cálculos para a obtenção do conjugado, o resultado é enviado para um latch, onde uma rotina escrita no computador de interface, em linguagem DELPHI, faz a leitura e apresenta o conjugado estimado no monitor. V. TESTES E RESULTADOS Para a validação dos resultados foram comparados os valores calculados pelo estimador do conjugado, com os valores obtidos com a utilização do equipamento medidor de conjugado da marca Monitek, cujo principio é baseado na monitoração da torção em um eixo de metal de constante elástica conhecida. Esta monitoração é feita através strain gauges colocados adequadamente ao longo do eixo. A Figura 10 mostra o sensor do equipamento Monitek instalado entre o MIT e o gerador DC. Na bancada de testes um MIT é acoplado à um gerador de corrente contínua. Aplicando-se variação de carga ao gerador é obtida a variação do conjugado de carga para o MIT. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Fig. 10. Sensor do Monitek Acoplado ao Eixo das Máquinas A variação de carga do gerador é conseguida através de uma resistência líquida, onde pás imersas em água com sulfato de cálcio, variam o valor da resistência. Os dados do motor trifásico utilizado para a comprovação dos resultados podem ser observados na Tabela II. TABELA II Dados do Motor de Indução Utilizado para a Comprovação dos Resultados Marca Tensão Nominal Ligação Rotação Corrente Nominal Modelo Número de Série FS Ip/In Potência Nominal Isolação Categoria Res.do Estator EBERLE 220 V Triângulo 1765 R.P.M. 26 A B132 S 4 / ESP 9958 D5 1.0 8,6 10 CV B H 0,477 Ω A resistência do estator foi medida com uma ponte de Winstone da marca Siemens e o valor encontrado foi de 0,318 Ω. Como a ligação do motor é triângulo, o valor medido corresponde a uma fase em paralelo com a soma das outras duas. Portanto o valor da resistência do estator para cada fase é 3/2 do valor medido (0,477 Ω). 41 Estimador Monitek 35 Conjugado (Nm) 30 25 20 15 10 5 0 1765 1770 1775 1780 1785 1790 1795 Velocidade (R.P.M.) Fig. 12. Conjugado estimado e medido versus velocidade 2,5 2 Erro (%) A Figura 11.a mostra a variação do conjugado em um intervalo de 10 [s], que cresce abruptamente e depois diminui gradativamente. A Figura 11.b mostra a resposta transitória para um aumento repentino do conjugado. Devido ao processo de variação da carga da máquina de corrente contínua, através da inserção ou retirada manual das pás da água, um processo mecânico lento, não se conseguiu uma variação muito abrupta do conjugado de carga do MIT. A Tabela III mostra os valores obtidos pelo estimador de conjugado implementado neste trabalho, e os valores obtidos pelo equipamento Monitek do laboratório. As medidas efetuadas pelo equipamento do laboratório para o MIT a vazio ou com conjugado muito baixo, apresentam grande oscilação, devido ao processo de medida com strain gauges, portanto estes valores não foram considerados na Tabela III. A Figura 12 mostra a curva dos valores obtidos, para o sistema estimado e medido, apresentando o conjugado em função da velocidade. As oscilações que aparecem em torno do conjugado médio são devidas ao fato de que as tensões trifásicas da rede não estavam totalmente balanceadas durante os testes. 1,5 1 0,5 0 0 10 20 30 40 Conjugado Medido (Nm) Fig. 13. Erro entre o Conjugado Medido e o Estimado Fig. 11.a. Variação do Conjugado Exigido do MIT O erro entre o conjugado medido e o conjugado estimado pode ser observado na Figura 13. O erro máximo não ultrapassa 2%. Para o gráfico da Figura 13 foi utilizada a equação: Erro % = ConjugadoM edido − ConjugadoE stimado * 100 % ConjugadoM edido VI. CONCLUSÕES Fig. 11.b. Resposta Transitória TABELA III Conjugado Estimado e Conjugado Medido Monitek [Nm] 11,55 19,12 23,45 28,52 32,45 42 Estimador [Nm] 11,75 18,75 23,8 28,6 32,5 Corrente MIT [A] 15,04 17,25 19,02 21,24 23,1 O desenvolvimento de um medidor do conjugado eletromagnético de motores de indução trifásicos, utilizando uma das técnicas de estimação de estados disponibilizadas na literatura de Controle Vetorial, se mostrou adequada para a construção de tal equipamento. O uso de filtros PCLPF construídos através de RNN e implementados em microprocessadores do tipo DSP, mostrou sua eficiência quando comparados os resultados obtidos pela estimação, com os resultados medidos por um equipamento já bem conhecido dos laboratórios de pesquisa. A utilização de DSP torna o processo de estimação em tempo real, realizável e preciso. O DSP56002 da Motorola utilizado, operando em 40MHz, leva aproximadamente 68µs para executar todos os cálculos e produzir a estimação do conjugado. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. A variação da resistência do estator com a temperatura não teve influência no processo de estimação, pois durante o ensaio não houve variação da temperatura que pudesse influenciar os resultados. Uma compensação é possível e simples de ser implementada [4]. A comparação entre os valores medidos e estimados do conjugado mostrou que para o motor ensaiado o erro foi muito baixo, mesmo o motor sendo de pequeno porte. Ministrou cursos a nível de Graduação na École Polytechnique de Montréal. Diversas palestras proferidas em Congressos e Universidades no Brasil, Estados Unidos e Canadá. Revisor e Presidente de Sessão em diversos congressos internacionais. Pesquisador do CNPq. Orientou mais de 30 dissertações de mestrado e teses de doutorado. Publicou mais de 100 artigos técnicos em revistas e conferências nacionais e internacionais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS João Onofre Pereira Pinto, nascido a 22 de junho de 1966 em Valparaiso, S.P., Brasil. Engenheiro eletricista pela Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, em 1990. Mestre em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia, em 1993, e Ph.D. pela The University of Tennessee, Knoxville, TN, EUA em 2001. Atualmente é professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, onde ocupa o cargo de coordenador do programa pós-graduação. Pesquisador do CNPq, suas áreas de interesse incluem processamento de sinais, aplicações de redes neurais artificiais, lógica nebulosa, algoritmos genéticos, e wavelets em eletrônica de potência, Técnicas PWM, controle e acionamento de máquinas elétricas. [1] B. K. Bose and N. R. Patel, “A Programmable Cascaded Low-Pass Filter-Based Flux Synthesis for a Stator FluxOriented Vector-Controlled Induction Motor Drive”, IEEE Trans. Ind. Electron., vol.44, pp.140-143, Feb. 1997. [2] L. E. B. da Silva, B. K. Bose, and J. O. P. Pinto,“ Recurrent Neural Network Based Implementation of a Programmable Cascaded Low-Pass Filter Used in Stator Flux Synthesis of Vector-Controlled Induction Motor Drive”, IEEE Trans. Ind. Electron., vol. 46, no.3, pp. 662-665, Jun. 1999. [3] J. O. P. Pinto, B. K. Bose and L. E. B. da Silva, “A Stator Flux Oriented Vector-Controlled Induction Motor Drive With Space Vector PWM and Flux Vector Synthesis by Neural Networks”, IEEE Trans. Ind. Electron., vol. 37, no.5, pp. 1308-1318, Set/Out. 2001. [4] F. V. de Carvalho, “Estimador do Comportamento do Conjugado de Motores de Indução Através de DSP”, dissertação de mestrado, UNIFEI, Dez. 2002. [5] G. V. Puskorius and L. A. Feldkamp, “Neurocontrol of nonlinear dynamic systems with Kalman filter trained recurrent networks“, IEEE Trans. Neural Networks, vol. 5, pp. 279-297, Mar. 1994. [6] “DSP56002 User’s Manual – DSP56002UM” Motorola DADOS BIOGRÁFICOS Fabiano Valias de Carvalho, nascido em 20/06/1969 em São Gonçalo do Sapucaí - MG é engenheiro eletricista (1995) pelo Instituto Nacional de Telecomunicações INATEL, mestre em Engenharia Elétrica (2002) pela Universidade Federal do Itajubá. Atualmente é Professor do Instituto Nacional de Telecomunicações – INATEL onde é coordenador do Grupo de Estudos de Engenharia Biomédica. Suas áreas de interesse são: sistemas de controle eletrônicos e acionamentos de máquinas elétricas, processamento digital de sinais (DSP), microcontroladores. Luiz Eduardo Borges da Silva, nascido em 12/11/1953 em Passa Quatro MG. Engenheiro Eletricista, formado pela EFEI, em 1977. Mestre em Engenharia Elétrica pela EFEI, em 1982. Doutor (Ph.D.) em Engenharia Elétrica pela École Polytechnique de Montreal, Canadá, em 1988. Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Professor do Curso de Especialização em Sistemas Elétricos (CESE - ELETROBRÁS). Pós-Doutorado em Engenharia Elétrica na University of Tennessee, em 1999. Instrutor da FUPAI. Consultor de diversas concessionárias de energia elétrica e indústrias brasileiras. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Bimal K. Bose, nascido em setembro de 1932 em Calcutá, Índia é Engenheiro eletricista, formado pela Calcutá University , Calcutá, Índia, em 1956. Mestre em engenharia elétrica pela University of Wisconsin, Madison, EUA, em 1960. Ph.D pela Calcutá University, Calcutá, Índia, em 1966. Ocupa o cargo de Condra Chair de Excelência em Eletrônica de Potência no Departamento de Engenharia Elétrica da The University of Tennessee pelos últimos 15 anos. Antes disso, foi engenheiro pesquisador no Centro de Pesquisa da General Electric, Schenectady, NY por 11 anos (1976-1987), professor associado da Rensselaer Polytechnic Institute, Troy, NY por 5 anos (1971-1976) e professor na Faculdade de Engenharia de Bengal por 11 anos (1960-1971). Especialista em eletrônica de potência e acionamentos de máquinas, com ênfase em conversores de potência, acionamentos CA, controle com microcomputadores e DSP, veículos elétricos e veículo híbridos, aplicações de inteligência artificial em sistemas de eletrônica de potência. É autor de mais de 160 artigos e dono 21 patentes. É autor/editor de 6 livros, tem servido ao IEEE de várias formas, incluindo: Chairman da IEEE Industrial Electronics Society (IES) Power Electronics Council, Editor associado da IEEE TRANSACTIONS ON INDUSTRIAL ELECTRONICS, Chairman de eletrônica de potência do IEEE IECON, Chairman do comitê de conversor de potência industrial do IEEE Industry Applications Society (IAS), membro do conselho de redes neurais do IAS entre outros. É membro do corpo editorial do conselho de PROCEEDINGS OF THE IEEE desde 1995. Recebeu inúmeras medalhas, incluindo IEEE Millennium Medal (2000), IEEE Continuing Education Award (1997), IEEE Lamme Gold Medal (1996), IEEE Region 3 Outstanding Engineer Award (1994), IEEEIES Eugene Mittelmann Award (pelas conquistas de toda a vida) (1994), IAS Outstanding Achievement Award (1993), Calcutta University Mouat Gold Medal (1970), GE Silver Patent Medal (1986), GE Publication Award (1985), e teve vários papers premiados. 43 Germano Lambert Torres, nascido 10/07/1959 no Rio de Janeiro. Engenheiro Eletricista, formado pela EFEI, em 1982. Mestre em Engenharia Elétrica pela EFEI, em 1986. Doutor (Ph.D.) em Engenharia Elétrica pela École Polytechnique de Montreal, Canadá, em 1990. Bacharel em Ciências Econômicas pela Faculdade de Ciências Econômicas do Sul de Minas, em 1981. Licenciatura Plena em Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Itajubá, em 1981. Professor Titular da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Professor do Curso de Especialização em Sistemas Elétricos (CESE ELETROBRÁS). Instrutor da FUPAI. Consultor de diversas concessionárias de energia elétrica, tais como: Eletrobrás, Furnas, Cemig, Copel, Cesp e Itaipú. Diversos cursos ministrados nas áreas de Sistemas Elétricos de Potência, Métodos Numéricos e Inteligência Artificial para Companhias de Eletricidade e Indústrias Brasileiras e Canadenses. Professor-Visitante da University of Waterloo Canadá, 1995-1996. Ministrou cursos a nível de Pós- 44 Graduação na École Polytechnique de Montréal e na Concordia University, no Canadá. Diversas palestras proferidas em Congressos e Universidades no Brasil, Estados Unidos e Canadá. Revisor e Presidente de Sessão em diversos congressos internacionais como IEEE-PES, IEEEFuzzy Systems, IEEE-EMBS, IEEE-SMC, IEE Proceedings e Neural Nets Symposium. Atual Pró-Diretor de PósGraduação e Pós-Graduação da UNIFEI. Professor-Tutor do Programa Especial de Treinamento (PET/IEE/EFEICAPES). Pesquisador 1B do CNPq. Membro da Comissão do Exame Nacional do Curso de Engenharia Elétrica (Provão). Presidente do The International Conference on Intelligent System Application to Power Systems (ISAP), 1999. Presidente do 1° Congresso Brasileiro de Redes Neurais, 1994. Orientou mais de 40 teses de doutorado e dissertações de mestrado. Publicou mais de 300 artigos técnicos em revistas e conferências nacionais e internacionais. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. SISTEMA DE ACIONAMENTO DE MÁQUINAS COM ESTRATÉGIAS DE CONTROLE TOLERANTE A FALTAS R.L.A. Ribeiro1,2, C.B. Jacobina1, E.R.C. da Silva1 e A.M.N. Lima1 1 Dep. de Eng. Elétrica - CCT - UFCG - Caixa Postal 10.105 58109-970 Campina Grande, PB - Brasil Fone: 83 310-1061/1146, Fax: 83 310-1418/1015 2 Dep. de Eng. Elétrica - CT - UFRN email: {rlucio,jacobina,edison,amnlima}@dee.ufcg.edu.br Resumo: Este trabalho apresenta a integração completa dos procedimentos de detecção, isolação e compensação de faltas, na composição de dois sistemas de acionamento de máquinas com estratégias de controle tolerante a faltas. Essas estratégias podem compensar as faltas de circuito-aberto e de curto-circuito ocorridas nas chaves de potência do inversor de tensão. A compensação da condição de falta é obtida através da reconfiguração do circuito do inversor, utilizando-se chaves auxiliares e fusíveis semicondutores rápidos. Esses dispositivos são utilizados para definição do circuito do inversor na condição de pós-falta. A utilização desses procedimentos permite a continuidade de operação do inversor após a isolação da chave com defeito do inversor de tensão. As estratégias de tolerância a faltas foram validadas através de resultados experimentais. Palavras-Chave – Sistemas de Acionamento, Máquinas Elétricas, Estratégias de Controle Tolerante a Faltas. FAULT TOLERANT MOTOR DRIVE SYSTEMS 1 Abstract: This paper shows how to integrate fault detection, fault identification and fault compensation into two different types of high performance induction motor drive systems. These proposed strategies can compensate the open circuit and short circuit failures occurring in the converter power devices. The fault compensation is achieved by reconfiguring the power converter topology by using isolating and connecting devices. These devices are used to redefine the post-fault converter topology. This allows for continuous free operation of the drive after isolation of the faulty power switches in the converter. Experimental results demonstrate the validity of the proposed fault tolerant strategy. Keywords – Motor Drive Systems, Fault Tolerant Strategies. I. INTRODUÇÃO diferentes tipos de faltas que podem ocorrer nas etapas de retificação, inversão, ou no módulo de controle. Quando uma dessas faltas ocorre, a operação do sistema é interrompida para adoção de procedimentos de manutenção. O custo dessas paradas pode ser alto, o que justifica, o uso de estratégias de controle com procedimentos de tolerância a faltas. Nos últimos anos, vários artigos têm sido publicados focalizando sistemas de acionamento de máquinas com estratégias de controle tolerantes a faltas. Esses artigos têm investigado: • O efeito das faltas ocorridas nos inversores de potência e nas máquinas elétricas [1]; • Métodos para o diagnóstico de faltas [2,3,4,5,6,7,8]; e • Técnicas de compensação [9,3,10,11,12,13]. Esses artigos tratam desses aspectos sem, no entanto, discutir a integração destas técnicas na composição de um sistema de acionamento de máquinas com propriedades de tolerância a faltas. Diferentemente dos artigos publicados, este trabalho investiga duas estratégias de tolerância a faltas para duas configurações de inversores de tensão utilizados em sistemas de acionamento de máquinas. A primeira configuração é composta por um inversor trifásico com quatro braços e oito chaves, sendo o quarto braço utilizado como braço redundante. A segunda é composta por um inversor trifásico convencional e foi introduzida inicialmente em [12], com o objetivo de isolar o braço em falta. Diferentemente desta solução, a estratégia proposta nesse trabalho, apresenta a completa integração das técnicas de detecção, isolação e compensação de faltas na composição de um sistema de acionamento de máquinas tolerante a faltas. Estas estratégias são ativadas imediatamente após o diagnóstico da ocorrência de uma falta em uma das chaves do conversor. A operação do sistema na condição de pósfalta é mantida através da reconfiguração do circuito do inversor, sem a necessidade de interrupção em seu funcionamento. Este procedimento permite a continuidade de funcionamento do equipamento mesmo com a completa perda de um dos braços do inversor. II. DESCRIÇÃO DO SISTEMA As máquinas assíncronas utilizadas nos sistemas de acionamento de máquinas são normalmente alimentadas por inversores de tensão. Esses equipamentos são suscetíveis a Nas Figuras 1.a e 1.c, apresentam-se as duas configurações dos sistemas de acionamento propostos, na condição de operação normal. A primeira configuração do inversor possui quatro braços compostos pelas chaves de potência q1q1 , q 2 q 2 , q3 q 3 e q 4 q 4 . O quarto braço do Artigo Submetido em 10/03/2003. Primeira Revisão em 04/05/2003. Segunda Revisão em 03/07/2003. Aceito sob recomendação do Editor Geral Prof. Carlos Alberto Canesin. inversor, composto pelas chaves q 4 q 4 , é o braço redundante. A segunda configuração possui três braços compostos pelas Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. 45 chaves q1q1 , q 2 q 2 e q3 q 3 . Em ambas configurações, existem dois dispositivos de isolação (fusíveis semicondutores rápidos F j F j , j=1,2,3) em cada braço do inversor e três dispositivos de conexão trj (SCRs conectados em antiparalelo), aqui representados por triacs. Esses dispositivos são utilizados para modificar o circuito do inversor após a isolação de uma falta. A. Detecção e Identificação da Condição de Falta O efeito de uma falta de circuito-aberto ou de curtocircuito, verificada em uma ou duas chaves de potência do mesmo braço do inversor pode ser representado por um erro nas suas tensões de pólo [8]. Considere-se ∆vj0 como sendo um desvio na tensão de pólo vj0, devido a ocorrência de uma falta na chave q j ( q j ). Assim sendo, a tensão de pós-falta do referido pólo pode ser dada como: v 'j 0 = v j 0 ± ∆v j 0 C1 q4 tr1 0 K3 q4 q1 q4 C1 C2 K2 K3 q1 C1 tr1 0 0 -∆v30 F2 q2 F3 q3 K2 tr3 C2 q1 F1 K3 is3 is2 is1 q2 q3 F2 F3 (c) MI q2 C1 0' F2 q3 K2 K3 is2 is1 C2 F3 K1 tr3 ∆v30 -∆v20 F3 K1 0 0 F1 tr2 0' ∆v20 0 q3 F2 MI tr2 0 is3 (b) tr1 0 is2 q2 0 -∆v10 K1 q4 e30 q1 q2 q3 F3 q3 is1 0 0 F3 tr3 e20 0 0 F2 tr2 0' 0 TABELA I Erros de tensão relativo a faltas ocorridas na chave qj. e10 q3 F2 q2 tr1 diferentes intervalos de tempo. Com essa tabela é possível implementar um algoritmo para detecção e identificação da chave com defeito. A tabela pode ser utilizada ainda, para detecção e identificação de faltas simultâneas em duas chaves do mesmo braço. Para tanto basta considerar que o erro de tensão e j 0 = ∆v j 0 . ∆v10 q2 F1 is3 MI chave q j ( q j ) podendo ser positivo ou negativo e ocorre em q1 q2 q3 is2 (a) aproximado por e j 0 = ± ∆v j 0 . A análise deste erro é Falta K2 is1 em que o erro ε d é o erro de discretização introduzido pela técnica de modulação, que pode ser minimizado com o aumento da freqüência de chaveamento do inversor. Com esse procedimento, o erro de tensão e j 0 pode ser utilizada para identificar a chave (ou as chaves) do inversor em que a falta ocorreu. Na Tabela I é apresentada a propagação do desvio de tensão ∆vj0 nos erros e j 0 . Esse erro é decorrente da perda da F3 q3 K1 tr3 C2 F2 q2 tr2 0' (1) A detecção da ocorrência da falta pode ser determinada a partir da análise do erro de tensão verificado comparando-se vj0 com sua respectiva referência v*j0. Este erro pode ser dado por: (2) e j 0 = v *j 0 − v 'j 0 = ± ∆v j 0 + ε d F1 q1 q2 is3 q3 F2 F3 (d) MI Fig. 1 Configurações básicas dos inversores de tensão utilizados: circuitos (a) e (c) são os circuitos para operação normal; circuitos (b) e (d) são os respectivos na condição de pós falta. 46 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Na Figura 2 apresenta-se os diagrama de blocos do sistema de diagnose. Esta figura mostra uma solução genérica obtida a partir da análise dos erros de tensão apresentados na Tabela I. A detecção e identificação da condição de falta pode ser obtida a partir da execução dos seguintes passos: 1. Medição das tensões vj0; 2. Cálculo dos erros de tensão ej0 a partir da comparação das medições realizadas no passo 1 com suas respectivas referências; 3. Determinação de quando esses erros correspondem ou não a condição de falta. Isto é implementado pelo detector de histerese apresentado na Figura 2; 4. Identificação das chaves com defeito e consequentemente o braço que deve ser isolado, a partir da utilização da Tabela I. Uma palavra digital fw gerada nesse passo é utilizada nos módulos de reconfiguração e compensação. B. Estratégia de Isolação Em ambas configurações, o procedimento de isolação, para uma falta de circuito aberto, consiste da simples remoção dos sinais de comando das chaves q j q j , identificadas pela palavra digital fw pelo etapa de detecção e identificação. No caso do curto-circuito um esquema possível de isolação para o sistema da Figura 1.a é apresentado na Figura 3.a [10]. Neste esquema, a isolação do pólo do inversor é obtida pelo disparo dos SCRs s j s j , o que provoca a queima dos fusíveis F j F j . Os capacitores C j C j auxiliam no desligamento dos SCRs, após a isolação da falta. Uma alternativa para este esquema de isolação é apresentada na Figura 3.b. Neste esquema, o disparo da chave complementar, a que ocorreu o curto-circuito, provoca a queima dos fusíveis F j F j isolando o braço em falta. Detector de histerese vj0* ej0' ej0 fw TABELA I vj0 Fig. 2. Diagrama de blocos do sistema de diagnose. C1 Fj Cj Fj C1 sj q4 qj qj t rj trj Kj 0' qj 0 isj 0' isj C2 sj C2 qj q4 Cj Fj Fj (a) (b) Fig. 3 – Circuitos básicos utilizados no esquema de isolação. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. TABELA II Fusíveis e chaves de potência. Dispositivos Tensão Máxima Corrente Máxima I2t IGBT 600 VAC 50 A (Tcase = 25º C) 3800 A2s Fusíveis 600 VRMS 50 A (RMS) 639 A2s O único requisito exigido para o correto funcionamento do esquema proposto, é que a integral do quadrado da corrente 2 2 ∫ i t (normalmente representada por i t) dos fusíveis deve ser menor que o valor de máximo das chaves de potência. Uma possível seleção dos fusíveis e das chaves de potência é apresentada na Tabela II. C. Reconfiguração da Topologia do Inversor As Figuras 1.b e 1.d correspondem as versões de pós-falta das Figuras 1.a e 1.c, para a ocorrência de uma falta na chave q j ou q j . No caso da ocorrência de uma falta de circuito aberto, após a isolação da condição de falta, o triac correspondente trj é disparado conectando o ponto Kj ao ponto 0’. III. CONTROLE PWM DO INVERSOR Antes da ocorrência de uma falta no conversor, as larguras de pulso relativos aos sinais de comando das chaves q1, q2 e q3 são definidas em termos das tensões de referência v*j, (j=1,2,3), que pode ser dado por: τj = T T *' + vj 2 E (3) em que: v *'j = v *j + vh (4) e vh é a componente de tensão de seqüência nula determinada como definido em [14,15]. Este tipo de modulação é uma abordagem escalar e vh pode ser escolhida para otimizar a utilização do barramento CC, assim como o conteúdo harmônico das tensões sintetizadas pelo inversor. Se o sistema de acionamento for construído com base na configuração da Figura 1.a, o circuito de pós-falta do inversor permanece o mesmo, como mostrado na Figura 1.b. Neste caso, o braço com defeito é substituído pelo braço redundante, ou seja, τ4 = τj. Se o sistema de acionamento emprega a segunda configuração (Figura 1.c), a topologia do inversor na condição de pós-falta é reduzida àquela de um inversor trifásico a quatro chaves (Figura 1.d). Nesta condição de operação, uma das fases da máquina é conectada ao ponto central do barramento CC. Para permitir a continuidade de funcionamento, a técnica de modulação deve ser modificada para se adequar ao circuito de pós-falta do inversor. Por exemplo, admita-se a ocorrência de uma falta na chave q1. Neste caso, o braço 1 do inversor ( q1q1 ) é isolado e o triac tr1 é disparado, resultando em v1*’= 0. Assim, para preservar o funcionamento do sistema nesta condição de operação, as tensões de referência devem ser redefinidas como: (5) vs*'2 = vs*2 − vs*1 vs*'3 = vs*3 − vs*1 (6) 47 vj0* vj0 vs*'1 = vs*1 − vs*3 v =v −v *' s2 + - Diagnose modo normal Reconfiguração & Compensação vjn* (10) A compensação da condição de pós-falta é efetivada através da execução dos seguintes passos: 1. Remoção do comando da chave complementar q j identificada pela palavra digital fw gerada pelo vjn* PWM 3-fases (9) IV. ESTRATÉGIA DE COMPENSAÇÃO PARA A CONDIÇÃO DE PÓS-FALTA PWM 3-fases ' * s3 A definição das larguras de pulso determinadas, pelas tensões de referência modificadas (5)-(6), (7)-(8) e (9)-(10), podem ser calculadas utilizando-se a mesma técnica de modulação PWM dada por (3). ε j0 modo em falta * s2 ITSC módulo de diagnose; Disparo do triac trj do braço em falta, conectando o ponto Kj ao ponto 0’; e 3. Cálculo das larguras de pulso das chaves remanescentes no circuito de pós-falta do inversor. A execução desses procedimentos deve ser realizada imediatamente para evitar a ocorrência de faltas secundarias. Os diagramas de blocos das estratégias de reconfiguração e compensação propostas para ambos os esquemas são apresentados nas Figuras 4 e 5. No diagrama da Figura 4, o bloco ITSCR corresponde ao circuito do inversor cujo braço em falta foi substituído pelo redundante. Na Figura 5, o bloco ITQC refere-se ao inversor trifásico, composto pelos dois braços remanescentes após a isolação do braço em falta. 2. ITSCR MI Fig. 4. Diagrama de blocos da estratégia de reconfiguração e compensação da Figura 1.a. vj0* vj0 + - ε j0 V. ESTUDO COMPARATIVO DAS ESTRATÉGIAS DE COMPENSAÇÃO PROPOSTAS Diagnose modo em falta modo normal Reconfiguração & Compensação vjn* PWM 3-fases ' vjn* PWM 2-fases ITSC ITQC MI Fig. 5. Diagrama de blocos da estratégia de reconfiguração e compensação da Figura 1.c. Para o caso em que o braço 2 do inversor q 2 q 2 é isolado, as tensões de referências são dadas por: (7) vs*'1 = vs*1 − vs*2 vs*'3 = vs*3 − vs*2 (8) Similarmente, quando o braço 3 do inversor q3 q 3 é isolado, as tensões de referências são: 48 A comparação das duas estratégias de compensação propostas pode ser resumida nas Tabelas III e IV. Na Tabela III, apresenta-se os valores máximos de tensão e de corrente para as configurações da Figura 1.a e da Figura 1.c, nas mesmas condições de operação. Nesta tabela são fornecidas a tensão do barramento CC (E) e as amplitudes da componente fundamental da tensão de fase (Vm), da corrente de fase (Im), e da corrente CA dos capacitores do barramento CC (Iac). E, Vm, Im e Iac são normalizadas em relação às amplitudes de tensão ou de corrente da máquina trifásica, alimentada por um inversor trifásico a seis chaves. O circuito do inversor da Figura 1.a possui um braço adicional, que indica um aumento de custo de construção, em comparação à topologia da Figura 1.c. Todavia, as chaves de potência utilizadas na segunda configuração devem suportar uma tensão duas vezes maior de que no primeiro esquema. Este fato também implica em aumento de custos. Outra desvantagem da segunda configuração refere-se à circulação de correntes CA através dos capacitores do barramento CC, na condição de pós-falta. Porém, a operação do sistema nestas condições deve ser limitada a pequenos intervalos de tempo, necessários a execução do procedimento de manutenção. Na Tabela III apresenta-se o aumento dos custos de implementação, decorrentes da utilização de componentes extras nos dois esquemas propostos. Os custos das chaves de Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. potência são normalizados, considerando-se um sistema de acionamento convencional para 600V e 50A. TABELA III Tensões e correntes normalizadas para as estratégias propostas. E Vm Im Iac Fig. 1.a 1 1 1 0 Nas Figuras 8 e 9, apresentam-se os resultados equivalentes, utilizando-se o esquema de controle de corrente em malha fechada. A corrente da máquina é controlada por reguladores PI de corrente síncrono, emulados no referencial estacionário [16]. Fig. 1.c 2 1 1 ½ TABELA IV Aumento de custo das duas estratégias de compensação propostas. Estratégias Fig. 1(a) Fig. 1(b) IGBTs 33,33% 11,3% Triacs 10,7% 10,7% Fusíveis 6,1% 6,1% Total 50,13% 28,1% A configuração da Figura 1.a apresenta um aumento de custo de 50,13% em relação a estrutura padrão. Este aumento pode ser justificado pelo nível de confiabilidade introduzido no sistema de acionamento. O aumento de custo da Figura 1.c (16,8%) é menor que o da solução anterior. Todavia, o uso deste esquema na condição de pós-falta é limitado a curtos intervalos de tempo. VI. RESULTADOS EXPERIMENTAIS Os resultados experimentais para ambas as estruturas foram obtidos através de um protótipo de um sistema de acionamento de máquinas. O controle desse protótipo é realizado por um micromputador Pentium II-266MHz equipado com uma placa de expansão dedicada compostas por conversores A/D, temporizadores programáveis e interfaces I/O. Nessa estrutura, o circuito do inversor pode ser configurado como o sistema da Figura 1.a ou da Figura 1.c. A geração dos sinais de comando do inversor, aquisição de dados, diagnóstico e compensação de faltas são implementados por software. As condições de falta são geradas artificialmente por chaves auxiliares. A taxa de amostragem do sistema de controle e da geração da técnica de modulação PWM é de T = 100µs. Na detecção dos erros de tensão utiliza-se um filtro passa-baixa com freqüência de corte fc = 2,5kHz. Na simulação das faltas de curto-circuito, a proteção existente nos circuitos de comando dos IGBTs foi desabilitada. Os gráficos das Figuras. 6 e 7 apresentam os resultados experimentais das correntes de fase da máquina assíncrona, durante a ocorrência de uma falta na chave q3 e demonstram o efeito da sua compensação para os sistemas das Figuras 1.a e 1.c, respectivamente. A máquina é controlada segundo um esquema Volts x Hertz. A condição de falta é introduzida no instante t0 = 0,03s e sua compensação é implementada em tc = 0,037s. O retardo introduzido para inicialização da estratégia de compensação, permite uma melhor visualização do efeito da falta. Além disso, previne a compensação de faltas intermitentes. Após a compensação das faltas ocorridas, as correntes da máquina retornam para as mesmas amplitudes do estado de operação normal. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Fig. 6. Resultados experimentais para a configuração da Figura 1.a com controle de tensão Volts x Hertz. Os gráficos da Figuras 8 e 9 mostram as correntes de fase is1, is2 e is3 sobrepostas às suas respectivas referências i*s1, i*s2 e i*s3. A condição de falta é introduzida em t0=0,03s e sua compensação é implementada em tc=0,037s. Nestas figuras, observa-se que a corrente de fase leva 0,007s para convergir para sua respectiva referência. Em todos os resultados, observa-se que, durante o intervalo entre a ocorrência de falta e a sua compensação, as formas de onda das correntes de fase divergem de suas referências. Este efeito decorre das não–linearidades introduzidas no inversor pela condição de falta. Após a compensação da falta, essas divergências são eliminadas (t >0,05s). 49 falta pelo braço redundante. Na segunda configuração, o braço em falta é isolado e os triacs são utilizados para conectar a respectiva fase da máquina ao ponto intermediário do barramento CC. s3 s3 * s3 s2 s2 * s2 s1 * s1 s1 Os resultados demonstram que ambos os esquemas apresentam desempenho semelhantes. Fig. 7. Resultados experimentais para a configuração da Figura 1.c com controle de tensão Volts x Hertz. VII. CONCLUSÕES Este artigo demonstrou que é possível integrar as estratégias de detecção, identificação e compensação de faltas na composição de dois sistemas de acionamento de máquinas de alto desempenho. Em ambos casos, essa integração permite a continuidade de funcionamento dos sistemas, mesmo com a perda completa de um dos braços do inversor. A compensação da condição de falta é obtida a partir da reconfiguração do circuito do inversor de tensão. Neste procedimento são utilizados triacs e fusíveis rápidos, como mostrados nas Figuras 1.a e 1.c. Na primeira configuração, em que é utilizado um braço redundante, os triacs são utilizados para substituír o braço em que ocorreu a 50 Fig. 8. Resultados experimentais para a configuração da Figura 1.a com controle de corrente. Este trabalho demonstrou também que: comparando-se as duas configurações, que o sistema da Figura 1.c não necessita da redundância de um braço, mais demanda uma amplitude de tensão maior para o barramento CC, para sintetizar as mesmas tensões de fase da máquina. Além disso, a sua utilização resulta na circulação de correntes CA nos capacitores do barramento CC. Por outro lado, o uso da configuração da Figura 1.a, aumenta os custos de implementação, mas permite que o sistema funcione por períodos mais longos. O critério de escolha, entre os dois sistemas propostos, depende do tipo de aplicação do sistema. Os resultados experimentais demonstraram a eficiência das estratégias propostas no aumento da confiabilidade de dois tipos de acionamento de máquinas, quando possibilitase a continuidade de funcionamento do sistema, mesmo após a ocorrência de uma falta no inversor de tensão. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. * s1 s1 * s2 s2 * s3 s3 Fig. 9. Resultados experimentais para a configuração da Figura 1.c com controle de corrente. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS [1] D. Kastha e B.K. Bose, “Investigation of fault modes of voltage-fed inverter system for induction motor drive”, IEEE Trans. on Ind. Applicat., vol. 30, no. 4, pp. 10281038, July/August 1994. [2] K. Debebe, V. Rajagopalan, T.S. 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Desde abril de 2002 é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande. Suas áreas de interesse são: Eletrônica de Potência, Acionamento de Máquinas Elétricas, Sistemas de Controle e Identificação de Sistemas. Antônio Marcus N. Lima, nascido em 1958 em Recife, Pernambuco, é engenheiro eletricista (1982), mestre (1985) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal da Paraíba e doutor (1989) pelo Institut National Polytechnique de Toulouse, Toulouse, France. De 1983 até março de 2002 foi professor do Departamento de Engenharia Elétrica da 52 Universidade Federal da Paraíba. Desde abril de 2002 é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande. Suas áreas de interesse incluem Eletrônica de Potência, Acionamento de Máquinas Elétricas, Sistemas de Controle, Instrumentação Eletrônica e Identificação de Sistemas. Edison Roberto C. da Silva, nascido em 1942 em Pelotas, Rio Grande do Sul, é engenheiro eletricista (1965) pela Escola Politécnica de Pernambuco, mestre (1968) em Engenharia Elétrica pela Universidade do Rio de Janeiro e doutor (1972) pela Université Paul Sabatier, Toulouse, France. De 1967 até março de 2002 foi professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Paraíba. Desde abril de 2002 é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande. Suas áreas de interesse incluem Eletrônica de Potência e Acionamento de Máquinas Elétricas. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. PROJETO DO REATOR ELETRÔNICO AUTO-OSCILANTE Álysson R. Seidel Fábio E. Bisogno Rafael K. Pavão Ricardo N. do Prado NUPEDEE - PPGEE - GEDRE - UFSM 97105-900 Santa Maria – RS Brasil Resumo - Neste artigo é apresentada a análise e o projeto do circuito de comando auto-oscilante empregado em reatores eletrônicos. O reator eletrônico autooscilante é representado por um sistema de controle do tipo relé. Para análise e projeto, são utilizados o método da função descritiva e o critério estendido de estabilidade de Nyquist, dos quais obtêm-se as equações de projeto do mesmo. Resultados de simulação e experimentais para um reator eletrônico de 40 W são apresentados para demonstrar sua performance e validar a análise feita. Palavras-Chave – Reator Eletrônico com Comando Auto-oscilante, Análise e Projeto. DESIGN OF SELF-OSCILLATING ELECTRONIC BALLAST Abstract – This paper presents a design methodology and analysis of the self-oscillating driver circuit for electronic ballasts. The self-oscillating electronic ballast is represented as relay control system. Through this representation the describing function method and extended Nyquist stability criterion can be used to determine the gate drive circuit parameters. Through these techniques design equations are derived. Experimental and simulation results from one 40 W electronic ballast are presented to demonstrate the performance and validate the analysis carried out. 1 Keywords - Self-oscillating Electronic Ballast, Analysis and Design. I. INTRODUÇÃO Atualmente, parcela considerável da energia elétrica produzida mundialmente é consumida na forma de iluminação artificial e qualquer aumento na eficiência dos sistemas de iluminação é desejável. Um meio de reduzir o consumo de energia elétrica é a utilização de reatores eletrônicos em alta freqüência para lâmpadas fluorescentes. Além da significativa redução da energia consumida, os reatores eletrônicos apresentam vantagens sobre os reatores eletromagnéticos tradicionais, como: maior eficiência, menor peso, menor volume, ausência de cintilação e de ruído audível [1] e [2]. Artigo Submetido em 27/08/2001. Primeira Revisão em 25/03/2002. Segunda Revisão em 05/11/2002. Aceito sob recomendação do Editor Prof. Domingos Sávio Lyrio Simonetti. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Aliado a isso, os reatores eletrônicos com circuito de comando auto-oscilante têm outras vantagens, como: simplicidade, confiabilidade e baixo custo. A estrutura do reator eletrônico auto-oscilante é bastante simples; no entanto, seu projeto pode se tornar um tanto quanto complexo. Para a solucionar esse problema, existem métodos que podem ser adequadamente utilizados. Entre eles, cita-se: métodos no domínio da freqüência, como Tsypkin e função descritiva [3]-[5] e um método no domínio do tempo, como Hammel [6]. Neste trabalho, será utilizado o método da função descritiva, devido ao filtro ressonante apresentar características de filtro passa baixa. Essa característica possibilita considerar somente a componente fundamental, tornando a análise mais simples sem comprometer os resultados. Além disso, a estabilidade deve ser avaliada para verificar a existência de uma oscilação auto-sustentada. Para isso será adotado o critério de estabilidade estendido de Nyquist [4]. Com essa análise torna-se possível esclarecer o funcionamento do reator eletrônico auto-oscilante (REAO) e encontrar equações de projeto que definam os parâmetros do circuito de comando do mesmo. Este artigo é organizado da seguinte forma: na seção II será apresentada uma análise qualitativa do REAO; na seção III será apresentado o equacionamento para determinação do projeto do REAO; na seção IV será mostrado o procedimento de projeto para o mesmo; e nas seções V e VI serão apresentados os resultados de simulação e experimentais, respectivamente. Na seção VII discussões finais a respeito do projeto realizado serão apresentadas. II. ANÁLISE DO REATOR ELETRÔNICO AUTOOSCILANTE Nesta seção é apresentada uma breve análise do princípio de funcionamento do reator eletrônico auto-oscilante (REAO). A partir dessa análise, o REAO é representado por um sistema de controle do tipo relé. Assim, um procedimento de projeto pode ser desenvolvido envolvendo a representação do REAO por diagrama de blocos e sua análise utilizando ferramentas de controle. A. Funcionamento do Reator Eletrônico Auto-Oscilante O diagrama esquemático do REAO é mostrado na Fig. 1, sendo formado por: uma ponte retificadora (diodos D1-D4), capacitor de barramento CB; circuito de partida formado por RQ, CQ , RM, D5 e diac; filtro ressonante LCC; lâmpada fluorescente; transformador de corrente TC conectado em série com o filtro LCC e seu secundário conectado com polaridade complementar nos terminais gate-source dos mosfets S1, S2 e em paralelo com os diodos zener DZ1-DZ4. 53 Fig. 1. Reator eletrônico half-bridge com circuito de comando autooscilante Assumindo que as condições necessárias para autooscilação (Seção III.B) são satisfeitas, o princípio de operação do REAO pode ser descrito a partir do circuito da Fig.1. Quando o circuito é energizado, o capacitor CQ é carregado através de RQ. Quando CQ atinge a tensão de avalanche do diac, esse conduz, aplicando uma tensão positiva no gate de S2. Com a condução de S2, haverá a realimentação da corrente do filtro ressonante LCC por meio do transformador de corrente TC que comandará os Mosfets S1, S2, conforme será descrito detalhadamente em II.B. Iniciada a operação, toda carga de CQ é descarregada por D5 evitando que o Diac entre em condução novamente, mantendo-se assim a operação estável. B. Análise do REAO como um Sistema de Controle A Fig. 2 mostra um diagrama representativo do REAO com cada seção do reator representada separadamente para facilitar sua análise. O filtro ressonante é representado pelo bloco (a), considerando todos elementos lineares, inclusive a lâmpada fluorescente, representada por R. O circuito de comando é representado pelo circuito mostrado no bloco (b) formado por três elementos principais. Primeiramente, representa-se a corrente ressonante refletida para o secundário do TC (lado do comando) por uma fonte de corrente senoidal, iS e a indutância magnetizante do TC, Lm. Por último, considera-se que a tensão sobre os diodos zener é constante e muda de polaridade a cada ciclo. Fig. 2. Diagrama representativo do reator eletrônico auto-oscilante 54 Fig. 3. Principais formas de onda do circuito de comando autooscilante Fig. 4. Diagrama de blocos do reator eletrônico auto-oscilante As relações de corrente desse circuito definem a troca de polaridade da tensão dos diodos zener, e conseqüentemente, dos interruptores (S1 e S2) mostrado em (c). As formas de onda que definem isso são representadas na Fig. 3. Pelo somatório das correntes no nó 1 do circuito mostrado na Fig. 2 (bloco (b)) e através da representação destas formas de onda na Fig. 3, visualiza-se a troca de polaridade da tensão zener que ocorre nos tempos t1, t2 e t3, nos instantes em que a corrente iM iguala-se a corrente is e, assim, a corrente iZ passa por zero mudando sua polaridade. Pela análise, conclui-se que Lm e VZ possuem um impacto direto na freqüência em que ocorrerá a auto-oscilação. Como a tensão VZ é escolhida em função da tensão gatesource necessária para comandar o Mosfet, um procedimento de projeto pode ser desenvolvido para se obter a indutância magnetizante Lm para a freqüência especificada no projeto. O conversor half-bridge e a fonte de tensão de entrada podem ser representados através do relé tipo liga-desliga, mostrado na Fig. 2 (bloco (d)), relacionando a corrente zener iZ e a tensão gate-source (zener) de saída VZ. Na Fig. 4, é mostrado o diagrama de blocos do REAO como um sistema de controle a partir do esquema da Fig. 2. Para obter esse diagrama de blocos, as capacitâncias intrínsecas dos Mosfets (S1; S2) e seus tempos de comutação são desprezados e a tensão de entrada é considerada constante. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Fig. 5. Diagrama de blocos reduzido Fig. 6. Resposta em freqüência da corrente do indutor ressonante em relação à tensão de entrada Vab Definem-se, a seguir, os elementos que constituem o diagrama de blocos da Fig. 4. O filtro ressonante pode ser representado por uma função de transferência GF(s) que relaciona a corrente ressonante IL e a tensão aplicada ao filtro Vab, 1 s2 + a s (1) GF (s) = L s3 + a s2 + b s + c sendo ⎛ 1 1 ⎞ 1 1 ⎟ c= + b=⎜ a= ⎜ ⎟ C L C L RC R⋅ C P P ⎠, ⎝ S P C S L e a indutância , magnetizante é representada pela função de transferência da corrente magnetizante IM pela tensão gate-source VZ por 1 (2) GM ( s ) = . Lm s Assim, pode-se reduzir o diagrama de blocos da Fig.4 na forma da Fig. 5, resultando em G (s) = (GM ( s ) − KG F ( s ) ⋅ n), (3) em que: K = E 2VZ e n =nP/nS , onde nP e nS são o número de espiras do primário e secundário do TC. O elemento não linear (relé liga-desliga), mostrado no diagrama de blocos da Fig.4, é parte determinante no projeto, desde que as harmônicas de ordem superiores geradas por este sejam atenuadas, sendo assim a aproximação fundamental válida. O REAO é composto de um filtro ressonante, cuja resposta em freqüência é de um filtro passa baixa, como é mostrado na Fig.6. Assim, a freqüência de comutação em que o REAO irá oscilar pode ser investigada usando o método da função descritiva e o critério estendido de estabilidade de Nyquist. Se uma freqüência de auto-oscilação existe, sua freqüência pode ser determinada utilizando a equação característica do sistema da Fig.5. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. 1 + NG (s) = 0 (4) re arranjando (4), tem-se 1 G( s) = − (5) N Se (5) for satisfeita, então a interseção de G(s) e –1/N pode fornecer informações de um ponto de equilíbrio com freqüência de oscilação auto-sustentada. Para isso, torna-se necessário definir a função descritiva do relé liga-desliga mostrado na Fig. 7(a), utilizando as formas de onda do circuito de comando auto-oscilante mostradas na Fig. 7(b), que são: 1) corrente zener que é a entrada e 2) a tensão gate-source (zener) que é a saída do relé. A corrente zener é representada por (6) I Z (t ) = I Z ⋅ sen(ωt ) sendo IZ a amplitude da corrente. Para determinar a componente fundamental da forma de onda quadrada da tensão gate-source (zener) mostrada na Fig. 7(b), pode se representar a mesma por série de Fourier ∞ v(t ) = A0 + ∑ ( Am ⋅ cos(mωt ) + Bm ⋅ sen(mωt ) ) , (7) m =1 em que: Am e Bm são os coeficientes da série de Fourier, para m=0,1,... Como essa forma de onda é uma função ímpar e simétrica, os coeficientes Am e A0 são nulos. Assim (7) torna-se ∞ v(t ) = ∑ B m ⋅ sen(mωt ) (8) m=1 e a componente fundamental da tensão de saída passa a ser v1 (t ) = B1 sen(ωt ) = V1 sen(ωt ) , (9) sendo 1 2 V1 = ∫02π v (t ) sen( ωt ) d (ωt ) = ∫0πv (t ) sen( ωt ) d (ωt ). (10) π π Substituindo v(t)=VZ em (10) tem-se 4V 4V V1 = Z ∫ πsen(ωt )d (ωt ) = Z . (11) 0 π π Substituindo (11) em (9) obtém-se 4V v1 (t ) = Z sen (ωt ) . (12) π A função descritiva do relé tipo liga-desliga é definida pela relação da entrada (6) com a de saída (12) por 4V N= Z . (13) πI Z Na próxima seção serão utilizadas ferramentas de controle, tais como: o método da função descritiva e o critério de estabilidade estendido de Nyquist com o objetivo de encontrar equações de projeto e verificar a estabilidade, relacionadas aos parâmetros do circuito [4]. III. PROJETO DO REATOR ELETRÔNICO AUTOOSCILANTE O projeto do REAO será dividido em duas etapas. Na primeira etapa, serão determinadas as equações de projeto dos elementos do filtro ressonante. 55 ⎛1⎞ Re⎜ ⎟ = ⎝Z⎠ (a) (b) Fig. 7. (a) Relé tipo liga-desliga (b) Forma de ondas de entrada e saída Na segunda etapa, será analisado o REAO como um sistema de controle SISO, utilizando os elementos do filtro previamente definidos. A. Projeto do Filtro Ressonante O filtro série-paralelo ressonante LCC mostrado na Fig. 1 é composto pelos capacitores série CS, paralelo CP e indutor L. O filtro é alimentado por uma forma de onda quadrada gerada pelo inversor half-bridge assimétrico mostrado na Fig. 1 e Fig. 2. A lâmpada fluorescente, em regime permanente, pode ser representada por um resistor equivalente R. Considerando ideais os componentes do filtro, pode-se encontrar a potência na lâmpada através da potência real entregue ao filtro por ⎛ Vef2 ⎞ ⎟. (14) P = Re⎜ ⎜ Z ⎟ ⎝ ⎠ Usando a aproximação fundamental, o valor eficaz da tensão que alimenta o filtro ressonante Vef é E⋅ 2 (15) Vef = , π sendo E= 2 ⋅Vin : tensão contínua do barramento; Vin: valor eficaz da tensão da rede de alimentação. Com essas aproximações, torna-se possível projetar o filtro ressonante utilizando a parte real de sua admitância, 1/Z, e o ângulo φ, que é o ângulo da impedância de entrada do filtro ressonante. A impedância Z do filtro ressonante é definida por ⎡⎛ 1 ⎞ R R2CPω ⎤ ⎜ Lω− ⎟− + Z= j (16) ⎢ ⎥, CSω⎟⎠ (1+ CP2R2ω2) ⎥⎦ (1+ CP2R2ω2) ⎢⎣⎜⎝ sendo ω: freqüência angular de comutação. Fazendo 1/Z, tem-se 1+CP2 R2ω2 1 . = Z ⎞ ⎛⎛ ⎞ (17) 1 2 2 2 2 ⎟⎟(1+CPR ω ) − R CPω⎟ R + j⎜⎜⎜ Lω− ⎟ ⎜ CSω⎠ ⎠ ⎝⎝ Racionalizando (17), obtém-se a parte real de 1/Z por ( 56 ) (1+C R ω )R 2 2 2 P . 2 ⎛⎛ ⎞ (18) ⎞ 1 2 2 2 2 ⎟⎟(1+CPR ω ) − R CPω⎟ R +⎜⎜⎜ Lω− ⎜ ⎟ ω C S ⎠ ⎝⎝ ⎠ O ângulo φ pode ser determinado por Im(Z ) , φ = arg(Z ) = (19) Re(Z ) substituindo Im(Z) e Re(Z) de (16) em (19), obtém-se ⎛⎛ R2CPω ⎞⎟ 1+CP2 R2ω2 ⎞⎟ 1 . ⋅ φ = arctan ⎜⎜ Lω− − (20) ⎜⎜ ⎟ CSω (1+CP2 R2ω2 ) ⎟⎠ R ⎝⎝ ⎠ A partir de (14) a (20) pode-se determinar as principais equações de projeto que serão utilizadas para o filtro ressonante, como segue: 2 1) Potência em função do ângulo (φ): Substituindo (18) em (14), obtém-se a expressão da potência na lâmpada por E2 ⋅ 2 1+ CP2R2ω2 R . P(φ) = 2 ⋅ 2 π ⎛ ⎞ (21) ⎛ ⎞ 1 ⎟(1+ CP2R2ω2) − R2CPω⎟ R2 + ⎜⎜⎜ Lω− ⎟ ⎜ ⎟ CSω⎠ ⎝⎝ ⎠ Para o projeto do capacitor CP em função do ângulo φ, define-se um termo similar entre φ e P através de (20), fazendo ⎛⎛ R2CPω ⎞⎟ 1+CP2 R2ω2 ⎞⎟ 1 . ⋅ tan(φ) = ⎜⎜ Lω− − (22) ⎜⎜ ⎟ CSω (1+CP2 R2ω2 ) ⎟⎠ R ⎝⎝ ⎠ Por similaridade entre (21) e (22), tem-se ⎛⎛ ⎞ 1 ⎞ ⎟⋅ 1+CP2 R2ω2 − R2CPω⎟ . tan(φ) ⋅ R = ⎜⎜⎜ Lω− (23) ⎟ ⎜ ⎟ CSω⎠ ⎝⎝ ⎠ Substituindo (23) em (21), obtém-se E2 ⋅ 2 1+C2 R2ω2 R . P(φ) = 2 ⋅ 2 P (24) π R + (R⋅ tan(φ))2 Assim, pode-se isolar CP em função das variáveis conhecidas, resultando em ( ) ( ( CP (φ) = ( ) ) 1 P(φ) ⎛⎜ π2 R2 + (R⋅ tan(φ))2 ωR R ⎜⎝ E2 ⋅ 2 )⎞⎟ −1 . (25) ⎟ ⎠ A partir da expressão de CP, obtém-se L isolando-o em (23), obtendo Rtan(φ)ω−1 +CP (φ)R2 1 . L(φ,CS ) = + (16) 2 2 2 CSω2 1+ ω CP (φ)R Através das equações (26), (25) e (21), respectivamente, determina-se os elementos do filtro ressonante utilizando um capacitor CS de valor elevado, pois o mesmo tem a função de retirar o nível contínuo da forma de onda que alimenta a lâmpada fluorescente atuando como fonte de tensão. Posteriormente, determina-se graficamente o ângulo φ adequado à ignição da lâmpada fluorescente mostrado na Fig. 8, representada por um elevado valor de resistência equivalente (100R) na ignição da lâmpada e para sua potência nominal em regime permanente R=270 Ω, valor obtido através do modelo da lâmpada fluorescente [7]. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Fig. 8. Gráfico da potência na lâmpada em função do ângulo φ em regime permanente e na partida Nyquist IZ tende a crescer em direção a P, pois se trata de uma região instável. Por outro lado, se houver um distúrbio em IZ, fazendo com que a amplitude aumente, por exemplo para o ponto B, este não é envolvido por G(jω), resultando um comportamento estável, reduzindo a amplitude, tendendo novamente ao ponto P. Portanto, de acordo com o critério de estabilidade estendido de Nyquist, o ponto P, representa uma possível oscilação auto-sustentada e as condições para existência de um ponto de equilíbrio são satisfeitas [4]. Ainda, através da solução das equações do circuito relacionado a interseção do ponto P de G(jω) e –1/N é possível determinar os parâmetros adequados do funcionamento do REAO observando que a igualdade de G(jω) e –1/N se dá no eixo real com Im(G(jω))=0. Portanto, pela igualdade da parte imaginária de G(jω) a zero e substituindo os respectivos elementos ressonantes determinados em III.A, pode ser determinada a indutância magnetizante em função da freqüência, por 2 2 L⎛⎜ c − aω 2 + bω − ω 3 ⎞⎟ ⎠ ⎝ (27) Lm (ω) = . Kn(aω 2 (aω 2 − c) + ω 3 (bω − ω 3 )) Determinado Lm, encontra-se a relação de espiras necessária do TC para o tipo de material magnético empregado, observando as relações entre a corrente zener necessária para polarização e a corrente no enrolamento primário do mesmo. ( ) ( ) IV. PROCEDIMENTO DE PROJETO E EXEMPLO Nesta seção, serão resumidas as etapas do projeto do REAO, observando os seguintes procedimentos: Fig. 9. Diagrama de Nyquist para o REAO B. Projeto do Circuito de Comando O procedimento para determinar os principais parâmetros do circuito de comando auto-oscilante será desenvolvido usando os parâmetros do filtro ressonante determinados na seção III.A. Existem dois parâmetros principais, os quais têm um grande impacto na freqüência de oscilação do REAO que são a indutância magnetizante do transformador de corrente Lm e a tensão do diodo zener VZ. Sabendo-se que a tensão zener tem um valor típico especificado pela tensão gate-source dos Mosfets empregados, resta determinar Lm em função da freqüência de auto-oscilação desejada. 1) Projeto da Indutância Magnetizante Lm: O projeto da indutância magnetizante Lm está relacionado à análise de estabilidade do REAO. Plotando o diagrama de Nyquist da relação G(jω) e –1/N, pode-se prever se existe um ponto de equilíbrio em que uma freqüência de oscilação exista. Na Fig. 9 é mostrado o diagrama de Nyquist para verificar a estabilidade do ponto de equilíbrio P relacionado à indutância Lm. Assumindo que, inicialmente ocorra um pequeno distúrbio no sistema, com redução da amplitude IZ da fundamental da corrente zener iZ, o ponto de operação se move de P para A. Nota-se que A é envolvido pela curva G(jω) e corta –1/N duas vezes no sentido horário, como é indicado na Fig. 9. Pelo critério estendido de estabilidade de Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. a) Projeto do Filtro Ressonante Com os dados da Tabela I, determinam-se os elementos do filtro ressonante pelos seguintes passos: 1) Passo 1 – Escolha do ângulo φ: Determina-se o ângulo φ através da Fig. 8, escolhendo o ângulo em que o pico de potência na lâmpada seja máximo φ=340, considerando sua resistência equivalente (100R) garantindo as condições necessárias para ignição e funcionamento em regime permanente para a resistência R. 2) Passo 2 – Projeto do Capacitor CP: A partir do ângulo φ determinado no passo anterior, determina-se CP, por (25). 3) Passo 3 – Projeto da indutância L: Através de (16) e um valor típico de CS , L é determinado. TABELA I Dados De Projeto Tensão de Entrada Potência de Saída Freqüência de Comutação Diodo zener Resistência da Lâmpada Especificações Vin=110 VRMS, 60Hz P=40 W fS=40 kHz DZ1-4=12V R=270Ω Os principais parâmetros do REAO são resumidos na Tabela II. 57 TABELA II Resumo dos Parâmetros CS CP L LP,LS1,LS2 DZ1,DZ2, DZ1,DZ2 Diac RQ CQ RM D5 S1 , S2 D1,D2,D3,D4 R CB Parâmetros do Filtro Ressonante Capacitor de Polipropileno, 147nF/250 Vac Capacitor de Polipropileno, 22 nF/600 Vac Indutor ressonante, 800 µH, 150 espiras EE20 IP6-Thornton Parâmetros do Circuito Lm=688 µH.: 2/12/12 núcleo NT 15/9,5/8 IP6 – Thornton Diodo Zener 12 V ½ W DB3 Resistor 220 kΩ/1/8W Capacitor cerâmico 100nF / 63 V Resistor 470 kΩ/1/8W Diodo UF4007 Outros Mosfet IRF740 Diodos 4x1N4004 Lâmpada Osram L40W/LS F40 Daylight Capacitor Eletrolítico / 100 µF 200Vdc b) Projeto da Indutância Magnetizante Lm A partir de (27) obtém-se a indutância magnetizante do transformador de corrente. Sendo Lm=688 µH e utilizando VZ=12 V e fS de 40 kHz, é necessário ainda verificar as condições de existência de um ponto de equilíbrio de acordo com análise realizada na seção III.B, onde o ponto P, mostrado na Fig. 9 está relacionado a freqüência de oscilação auto-sustentada do REAO. Através da análise, conclui-se que poderá existir uma oscilação auto-sustentada com freqüência próxima a especificada no projeto. Fig. 10. Diagrama do circuito simulado (a) V. RESULTADOS DE SIMULAÇÃO (b) Para avaliar o projeto desenvolvido, o REAO foi simulado utilizando o programa Orcad 9.0, com o circuito da Fig. 10, empregando o modelo tangente da lâmpada fluorescente [7]. Na Fig. 11 são mostradas as principais formas de onda de simulação. Na Fig. 11(a) é mostrada a forma de onda de gate-source do Mosfet S2. Na Fig. 11(b) são mostradas as formas de onda da tensão e corrente da lâmpada fluorescente em alta freqüência e na Fig. 11(c) são mostradas as formas de onda da tensão aplicada ao filtro ressoante e a corrente do mesmo. O modelo matemático do REAO utilizando o simulador matemático simulink é mostrado na Fig. 12, com o intuito de comprovar o funcionamento do REAO como um sistema de controle. As formas de onda obtidas nessa simulação estão em conformidade com as formas de onda teóricas mostradas na Fig. 3. Na Fig. 13(a) são mostradas as formas de onda da tensão gate-source (zener) VZ, da corrente ressonante iS refletida ao lado do secundário do TC e da corrente magnetizante IM. Na Fig. 13(b) são mostradas as formas de onda da tensão VL e da corrente IL no resistor R, que representa a lâmpada fluorescente. Na Fig. 13(c) são mostradas as formas de onda da tensão aplicada ao filtro ressonante e a corrente do mesmo. (c) Fig. 11. Resultados de Simulação (a) tensão gate-source, (b) tensão e corrente na resistência equivalente da lâmpada e (c) tensão e corrente no filtro ressonante Fig. 12. Diagrama de blocos do REAO simulado no programa de simulação matemática Simulink 58 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. VII. DISCUSSÕES FINAIS Os resultados apresentados demonstraram a viabilidade da metodologia de projeto apresentada, com as seguintes características: (a) 1) Simplicidade - relacionada à característica passa baixa do filtro ressonante, o que possibilita utilizar a aproximação fundamental e o método da função descritiva, sem comprometer os resultados do projeto. Neste caso, a utilização de métodos de projeto no domínio da freqüência para o REAO, com maior número de harmônicas, apresenta maior complexidade, e resultados muito próximos ao método empregado. 2) Ferramentas utilizadas - A representação do REAO na forma de um sistema de controle é fundamental para que se determine seu comportamento, e que a partir dessa análise utilizando o método da função descritiva e critério estendido de Nyquist derive seu projeto. (b) 3) Erros - Se o filtro ressonante não apresentar características de filtro passa baixa, e não atenuar as harmônicas geradas pelos elementos não lineares, o projeto pode levar a resultados errados. VIII. CONCLUSÃO (c) Fig. 13. Resultados de simulação obtidos no programa simulink para (a) tensão zener VZ, corrente magnetizante IM, e corrente ressonante no secundário do TC, (b) tensão VL e corrente IL na lâmpada R e (c) tensão e corrente no filtro ressonante VI. RESULTADOS EXPERIMENTAIS O reator eletrônico empregando o circuito de comando auto-oscilante foi implementado utilizando uma freqüência de comutação de 40 kHz alimentando uma lâmpada fluorescente de 40 W, de acordo com o esquema mostrado na Fig. 1, com os dados do protótipo resumidos na Tabela II. Na Fig. 14 (a) é mostrada a tensão nos terminais gatesource em um dos Mosfets do REAO. A freqüência de comutação medida é de fS=39.35 kHz. A Fig. 14 (b) mostra a corrente ressonante e a tensão aplicada ao filtro. A Fig. 14 (c) mostra a tensão e corrente no interruptor, e na Fig. 14 (d) são mostradas tensão e corrente na lâmpada fluorescente em alta freqüência. Na Fig. 14 (e) são mostradas a tensão e a corrente de ignição da lâmpada fluorescente. Os resultados obtidos demonstraram uma boa relação entre o projeto do reator e sua implementação. O rendimento apresentado é de 92 %. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Neste artigo foi apresentada uma metodologia de projeto para o circuito de comando auto-oscilante utilizado em reatores eletrônicos. A partir de um método de projeto para o filtro ressonante, utilizando a aproximação fundamental, determinaram-se os elementos do filtro ressonante. Modelouse o REAO como um sistema de controle e fizeram-se as simplificações necessárias para sua análise. A partir disso, determinou-se uma metodologia de projeto utilizando ferramentas de controle, como: função descritiva e critério de estabilidade estendido de Nyquist. As simulações apresentadas indicaram a viabilidade da metodologia de projeto proposta e os resultados experimentais obtidos confirmaram a eficiência desse método. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a THORNTON INPEC, pelo apoio com núcleos utilizado nas montagens, a CAPES e CNPq pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] E. E. Hammer, “High Frequency Characteristics of Fluorescent Lamps up to 500 kHz,” Journal of the Illuminating Engineering Society, pp. 56-61, Winter 1987. [2] R. R. Verderber, O. C. Morce, and F. M. Rubinstein, “Performance of Electronic Ballast and Control with 34 and 40 watt F40 Fluorescent Lamps,” IEEE Transactions on Industry Applications, vol. 25, no. 6, pp. 1049-1059, November/December 1989. 59 (b) (50V/div, 500 mA/div, 12.5 µs/div) (a) (5 V/div, 12,5 µs/div) corrente tensão (d) ( 50 V/div; 500 mA/div; 10 µs/div) (c) ( 50 V/div; 500 mA/div; 10 µs/div) tensão corrente (e) (250 V/div; 500 mA/div; 25ms/div) Fig. 14. Resultados experimentais (a) tensão gate-source, (b) tensão e corrente no filtro ressonante, (c) tensão e corrente no interruptor; (d) tensão e corrente na lâmpada e (e) tensão e corrente durante a ignição da lâmpada [3] C. Chang, J. Chang, and G. W. Bruning, “Analysis of the Self-Oscillating Series Resonant Inverter for Electronic Ballasts,” IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 14, no. 3, pp. 533-540, May 1999. [4] H. Pinheiro, P. K. Jain, and G. Jóos, “Self-Sustained Oscillating Resonant Converters Operating Above the Resonant Frequency,” IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 14, no. 5, pp. 803-815, September 1999. [5] R. N. do Prado, A. R. Seidel, F. E. Bisogno, and M. A. D. Costa, “A Design Method for Electronic Ballast for Fluorescent Lamps,” IEEE International Conference on 60 Industrial Electronics, Control and Instrumentation, IECON 2000, pp. 2279 -2284. [6] C. Chang and G. W. Bruning, “Self-Oscillating Electronic Ballast Analysis Via Relay Systems Approach,” Fourteenth Annual Applied Power Electronics Conference, APEC 1999, pp. 753 -759. [7] R. N do Prado, F. E. Bisogno, and E. C. Fortes, “Simple Mathematical Model for Fluorescent Lamps,” IV Conferência de Aplicações Industriais, INDUSCON 2000, pp. 607-610. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. DADOS BIOGRÁFICOS Álysson Raniere Seidel, nascido em 01/08/1975 em São Pedro do Sul (RS) obteve o título de Engenheiro Eletricista em 1999 pela Universidade Federal de Santa Maria, onde é doutorando no Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica. Atualmente é pesquisador no Grupo de Estudo e Desenvolvimento de Reatores Eletrônicos nesta mesma universidade. Suas áreas de interesse são lâmpadas fluorescentes, reatores eletrônicos, sistemas dimerizáveis e eficiência luminosa. Fábio Ecke Bisogno, nascido em 07/04/1973 em Santa Maria (RS) obteve o título de Engenheiro Eletricista e mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria, em 1999 e 2001, respectivamente. Atualmente é doutorando no Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e pesquisador no Grupo de Estudo e Desenvolvimento de Reatores Eletrônicos nesta mesma universidade. Suas áreas de interesse são lâmpadas fluorescentes, reatores eletrônicos, sistemas dimerizáveis e eficiência luminosa. Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente é pesquisador no Grupo de Estudo e Desenvolvimento de Reatores Eletrônicos nesta mesma universidade. Suas áreas de interesse são lâmpadas fluorescentes, reatores eletrônicos, sistemas dimerizáveis e eficiência luminosa. Ricardo Nederson do Prado, nascido em 22/04/1960 em Itapiranga (SC) obteve o título de Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal de Santa Maria, em 1984, e os títulos de mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina em 1987 e 1993, respectivamente. Entre 1987 e 1992 foi professor assistente junto ao departamento de Eletrônica da Universidade Federal de Minas Gerais. A partir de 1993 é professor adjunto no Departamento de Eletrônica e Computação da Universidade Federal de Santa Maria. É membro do IEEE, da SBA e membro fundador da SOBRAEP. Atualmente é responsável pelo Grupo de Estudo e Desenvolvimento de Reatores Eletrônicos e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UFSM. Suas áreas de interesse são sistemas dimerizáveis e reatores eletrônicos para lâmpadas fluorescentes e de alta pressão, qualidade de energia e eficiência luminosa. Rafael Kubiça Pavão, nascido em 21/11/1980 em Santiago (RS) estudante do curso de Engenharia Elétrica na Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. 61 62 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. A NOVEL HIGH-POWER-FACTOR SINGLE-SWITCH ELECTRONIC BALLAST FOR COMPACT FLUORESCENT LAMPS M. Ponce, J. Arau, R. Osorio, M. A. Juárez J. M. Alonso Centro Nacional de Investigación y Desarrollo Tecnológico - CENIDET Departamento de Electrónica P.O. Box 5-164, C.P. 62050 Cuernavaca, MEXICO. E-mail: [email protected] Area de Tecnología Electrónica Universidad de Oviedo Campus de Viesques s/n, Edif. 3 Gijón, 33204. SPAIN. Compact fluorescent lamps are becoming a very popular light source, since they are used mainly in home applications instead of incandescent lamps. The reason is that they present several advantages as higher luminous efficacy and longer life. Moreover, when compact fluorescent lamps are supplied using electronic ballast the resulting source of light is small, light and efficient. However, the main disadvantage of compact fluorescent lamps is their high cost, especially when electronic ballast are incorporated to supply the lamp and the requirements of harmonic standards such as IEC-1000-3-2 must be fulfilled [1]. The higher initial cost is compensated by a higher efficiency and longer life in the long term, but it still makes difficult the marketing of electronic compact fluorescent lamps. This is why nowadays there exists a trend to reduce the cost of electronic ballast as much as possible, in order to make them competitive against the traditional electromagnetic ballasts. One of the possibilities to decrease the cost is by reducing the number of electronic components used in the ballast, what can be achieved by the integration of several stages in only one. Figure 1a shows a block diagram of a traditional electronic ballast for compact fluorescent lamps. As can be seen, a traditional electronic ballast consists of two stages. The first one is an active power factor correction stage supplied by the full bridge diode rectifier. This stage is used to correct the input power factor, so that the ballast is seen by Lam p H ig h P F C o n v e rte r Co H .F . R esonant In v e rte r (a ) Lam p H ig h P F C o n v e rte r AC I. INTRODUCTION the line as a resistive load; also, it generates a regulated DC output voltage which supplies the second stage. The second stage is the high frequency resonant inverter used to ignite the lamp and to stabilize the lamp current during normal running. The resonant inverter should supply the lamp with an alternating symmetric current to assure a uniform wear of both lamp electrodes. The number of components used in the electronic ballast of Fig. 1a can be reduced by integrating the two stages in a single one, as shown in Fig. 1b. This single stage is used to both correct the input power factor and drive the fluorescent lamp. This integration technique has been studied in depth [2-6] with noticeable good results. Normally, a class D amplifier or half bridge inverter is used to implement the resonant inverter. Class D inverters are used to generate an square waveform, which once filtered is used to supply the lamp with a sinusoidal waveform. Both class D amplifier and half bridge inverter use two transistors in order to produce the square output waveform; one of them is not ground referenced, making necessary the use of an especial driver and increasing cost. With the aim of reducing the ballast component count, several integrated topologies using a class E amplifier instead of a class D amplifier have been proposed [7-8]. Class E amplifier presents several advantages when compared to the class D one, as only one power switch, zero voltage switching, high efficiency and high frequency operation. However, the main disadvantage is the high voltage stress across the switch, which can be as high as four times the supply voltage. In this paper a high-power-factor electronic ballast for compact fluorescent lamps based on the class E amplifier and featuring low voltage stress across the switch is presented. AC Abstract – In this paper a high-power-factor electronic ballast for compact fluorescent lamps based on the class E amplifier and featuring low voltage stress across the switch is presented. The proposed ballast is obtained by integrating a buck-boost converter, used as power factor correction stage, and a class E amplifier with a parallel resonant tank, used as resonant inverter. The buck-boost converter is op-erated at constant frequency and constant duty cycle in discontinuous conduction mode (DCM) to obtain a high input power factor. 1 Keywords - Buck-boost, class E amplifier, electronic ballast, high power factor, single stage. Co (b ) Manuscript received July 18, 2003. Revised October 01, 2003. Revised February 09, 2004. Recommended by Special Editor, Prof. Walter Kaiser. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Fig. 1. Typical Electronic Ballast with high power factor. (a) Two stage ballast, (b) single stage ballast 63 established. Besides, according to [10], this topology presents an asymmetric load current waveform with high crest factor. The presence of leakage inductance slightly improves the lamp current crest factor (CCF). However, the use of the leakage inductance is not very reliable to improve the lamp CCF. The solution comes from incorporating an additional inductor in series with the load, which integrates the leakage inductance effect and improves the CCF. The topology proposed to drive the lamp is shown in Fig. 3a. This topology is very similar to that presented in [11], only an extra inductor is placed in series with the lamp in order to improve the lamp CCF. The circuit shown in Fig. 3a is equivalent to the class E amplifier with only one inductor and one capacitor in the load network presented in [9] and [10]. Figures 3b, 3c and 3d illustrate the simplification process used to obtain the equivalent circuit. The first step is shown in Fig. 3b, where the series circuit LS-RL is substituted by a parallel circuit Lsep-RLep. In Fig. 3c this parallel circuit is converted to the transformer primary side. Finally, the resulting circuit is simplified in Fig. 3d to give a class E amplifier with only one inductor and one capacitor in the load network. In order to reduce the lamp current crest factor the resonant inverter should be operated with a duty cycle lower than 50%. According to [10], this condition also allows to reduce the voltage stress in the switch. 1:n Cr Cr Cr S1 II. DERIVATION AND ANALYSIS OF THE PROPOSED ELECTRONIC BALLAST 64 R S1 S1 A. Derivation of the proposed electronic ballast The proposed electronic ballast comes from the integration of a buck-boost converter and a class E amplifier with only one inductor and one capacitor in the load network. This resonant inverter was selected based on the good characteristics of this topology: uses only one transistor and a parallel RLC resonant tank and the single switch is ground referenced. Therefore, an especial drive is not necessary. Furthermore, the switch turn-on and turn-off transitions are performed at zero voltage. This type of class E amplifier was presented in [9] and analyzed in [10]. As presented in [9] the class E amplifier with only one inductor and one capacitor in the load network can be implemented in several ways, as shown in Fig. 2. Topology shown in Fig. 2a is equivalent to that shown in Fig. 2b, since in an AC analysis the DC voltage source VCD behaves as a short circuit. Topology shown in Fig. 2c is similar to that in Fig. 2b but using a transformer instead of an inductor. A topology similar to that shown in Fig. 2c was used to supply high intensity discharge (HID) lamps in [11]. In [11] the topology shown in Fig. 2c is analyzed considering the effect of the transformer leakage inductance, but the relationship between the transistor duty cycle and load voltage and current was not clearly Lr R VDC Lr R VDC Lr VDC The proposed ballast is obtained by integrating a buckboost converter, used as power factor correction stage, and a class E amplifier with a parallel resonant tank, used as resonant inverter [9-10]. The buck-boost converter is operated at constant frequency and constant duty cycle in discontinuous conduction mode (DCM) to obtain a high input power factor. The switch voltage stress is reduced by operating with a duty cycle lower that 50%, thus the buck-boost converter works in buck mode and reduces the voltage across the switch. However, the use of a duty cycle lower than 50% in the class E amplifier produces asymmetric high-crest-factor current waveforms through the lamp. In the proposed ballast, this problem was overcome by using a transformer instead of the resonant inductor and supplying the lamp from the secondary of the transformer through a series inductor. The resulting ballast is an integrated topology with active power factor correction, which supplies the lamp with a symmetric low-crest-factor current waveform. The power switch used is a MOSFET with a series diode. The entire switch presents zero voltage switching, but the MOSFET exhibits hard switching due the integration of the class E amplifier with the buck-boost converter. The main disadvantage of the proposed topology is the high current stress in the power switch. Following the analysis, design and experimental results of the proposed topology are presented. Section II presents the topology derivation and analysis. In section III the design methodology is explained based on a design example. Section IV presents the experimental results obtained from a prototype for a 32W compact fluorescent lamp. Finally, section V gives some conclusions summarizing the possibilities of the proposed topology. (b) (a) (c) Fig. 2. (a) Class E amplifier with only one inductor and one capacitor in load network; circuits (b) and (c) are electrically equivalent to (a) because the ac voltage in VDC is zero. Ls 1:n Cr Lr 1:n RLep Cr RL Lr Lsep VDC VDC S1 S1 (a) (b) RLep/n2 Lr VDC RLep/n2 Cr Cr VDC Lsep/n2 S1 Lr Lsep/ (Lr n2+Lsep) S1 (c) (d) Fig. 3. (a) Proposed inverter to drive the lamp , (b), (c) and (d) show the simplification of the proposed inverter to a class E amplifier with only one inductor and capacitor in load network Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Lamp inverter Buck-Boost Ls D1 1:n Db1 Db2 Cr AC Lr RL Lf Db3 Db4 Cf M2 M1 (a) D1 Db1 Ls 1:n Db2 AC Cr Lf Db3 Lr RL Db4 Cf D2 D3 M1 (b) Fig. 4. Integration of the proposed ballast. (a) Two stage configuration, (b) Proposed integrated ballast. 1:n VLf + D1 Cr ID2 D2 ILf M1 Ilf + ID2 (a) 1:n Ls Ilamp Cf RL Vcc Lf - Ls Ilamp Lr Cf D1 Cr Lf + Vcc B. Analysis of the proposed ballast. Figure 5 shows the equivalent circuits for the different operation intervals of the proposed ballast and Fig. 6 shows the operating waveforms of the proposed converter for a duty cycle of 20%. In figure 6 Vg is the voltage across M1 gate, VDD is the voltage across D2-M1, VD is the M1 drain voltage, VL is the lamp voltage, iLr is the current through Lr, iCr is the current through Cr, iD2 is the current through D2 and iLf is the current through the buck-boost inductor Lf. The operating of the circuit within a switching period is the following: 0<t<t1. M1 gate voltage is high. M1 is on and voltage across M1-D2 is equal to zero (Fig. 5a). Then vCr(t)=vCf(t) and iCr(t)=0. The current through inductor Lr increases linearly with VCf and Lf current does the same with rectified line voltage. During this time interval current through M1 is given by the addition of Lr and Lf currents. Current through diode D2 is equal to Lr current. t1<t<t2. M1 gate voltage goes low and M1 opens (Fig. 5b). Cr and Lr resonate and icr(t)=iLr(t). Voltage across M1D2 starts from zero and is equal to vCr(t)+vCf(t). M1 exhibits a hard switching and its voltage is equal to the addition of the line rectified voltage and the voltage across Lf (vcf(t)). Since the buck-boost converter operates in DCM, all the energy stored in Lf has been transferred to capacitor Cf at the end of this time interval iLf(t2)=0. t2<t<T. Inductance Lf is reset and vLf(t)=0. Therefore, voltage across M1 is equal to the rectified line voltage. Voltage capacitor Cr decreases until equaling vCf(t), and thus voltage across M1-D2 equals zero (Fig. 5c). As can be seen in Fig. 6, all the time the class E amplifier is supplied with a nearly constant voltage and consequently there is no low frequency modulation of the lamp current. Besides, lamp voltage and current are symmetric waveforms. Therefore, a low lamp CCF is attained. VLf - RL ILr Lr D2 M1 (b) 1:n Ls Ilamp D1 Cr Cf Vcc The proposed ballast integrates the power factor correction stage and the resonant inverter by sharing the only switch existing in each topology. This gives several restrictions that should be taken into account in order to select the correct topology for the power factor correction stage. Thus, the selection was made based on the following conditions: duty cycle lower than 50 %, low voltage stress in the switch and high input power factor. Based on previous conditions the selected topology is the buck-boost converter. This converter provides a high input power factor and when operated with duty cycle lower than 50% the output voltage is lower than the input voltage, thus reducing the voltage stress in the switch. The integration of the buck-boost converter and the proposed inverter is illustrated in Fig. 4. Figure 4a shows the two stage configuration and Fig. 4b shows how the two stages can be integrated in a single one by sharing the power switch. The integration is performed taking into account that both switches M1 and M2 in Fig. 4a are connected to ground and can be operated synchronously. A diode in series with the switch is added to avoid current circulating from the rectified AC voltage to the filter capacitor Cf, through the circuit Lr-Cr. The use of diode D3 shown in Fig. 4b provides half wave ZVS in the switch M1-D2. If diode D3 is removed the commutations in the switch will be ZVS with full wave, so the use of this diode is optional. In order to achieve low voltage stress in the switch and improve the lamp CCF, the proposed ballast should operate with D=ton/T<0.5. As stated in [1], in a class E amplifier with only one inductor and one capacitor in load network, the voltage stress in the switch is proportional to the duty cycle and the distortion of the load waveforms is lower for the higher duty cycles. On the other hand, for duty cycles lower than 0.5 the buck-boost converter behaves as a step-down converter and therefore the DC input voltage of the class E amplifier is lower than line voltage. In this way, the proposed circuit can be supplied from American or European line voltages providing admissible voltage stress in the switch. Lf RL ILr Lr D2 M1 (c) Fig. 5. Equivalent circuits of the proposed electronic ballast. (a) Interval t1-0, (b) interval t2-t1, (c) interval T-t2. 65 Vg 1400 Class E amplifier predominating 1200 1000 Vsmax (V) VDD VD Vp Buck-boost predominating 800 600 400 200 0 VL 0 0.1 0.2 0.25 0.3 0.4 0.5 D(ton/T) American (120) Fig. 7. Maximum voltage stress in the single switch of the proposed ballast in function of the duty cycle and for American and European line voltage. iLr 0 European (220) iCr Table I shows the value of k(D) for different values of the duty cycle. Since the power factor correction converter is a buck-boost type, the voltage Vcf used to supply the class E amplifier will be the following: iD2 iLf VCf = 0 t2 T t1=DT Fig. 6. Voltage and current waveforms of the proposed ballast. Table I. Maximum stress voltage in the switch for different duty cycles. 1− D (2) where Vcf is the voltage across Cf capacitor. Therefore, the maximum voltage stress in the class E amplifier switch can be calculated as follows: k ( D ) DVac p (3) = V s max Vsmax Vsmax (Class Vsmax/Vacp (Buck-Boost) E amplifier) (Proposed topology) Vac p D 1− D Vs max = k ( D) Vcc Table I shows the maximum voltage stress for different duty cycles in both a buck-boost converter operating in discontinuous conduction mode and a class E amplifier with a parallel resonant tank. As can be seen, when duty cycle lower than 0.3 the voltage stress is higher in the buck-boost converter and when the duty cycle is greater than 0.4 the higher voltage stress is given by the class E amplifier. Table I also shows the voltage stress in the switch of the proposed topology. As conclusion, the proposed ballast represents a feasible solution to the high voltage stress existing in the switch of a zero-voltage-switching class E amplifier, which is the main drawback of this topology when supplied from a high input voltage. In the proposed topology the voltage stress in the switch is quite lower than that obtained from a conventional class E amplifier. For example, for a duty cycle of 20% and European line voltage (Vcap=220 Vrms) the maximum voltage stress in the switch would be Vsmax=389 V. In order to achieve a similar operation with a traditional ZVS class E amplifier, the duty cycle should be equal to 50% and the switch voltage stress would be Vsmax=3.56Vcap=1107 V. Therefore, a 68.5% reduction of the switch voltage stress is achieved. The main disadvantage of the proposed ballast is the lost of ZVS commutations in the single switch. Fig. 7 shows the switch voltage stress as a function of the duty cycle for American voltage (120 Vrms) and for European voltage (220 Vrms). As can be seen, in order to achieve switch voltage stresses lower than 500 V an operation with duty cycle below 0.3 is recommended. Table I shows the value of k(D) for different values of the duty cycle. Since the power factor correction converter is a buck-boost type, the voltage Vcf used to supply the class E amplifier will be the following: D. Maximum current stress in the switch The maximum current stress in the switch is given by the addition of the maximum current stresses in the buck-boost D k(D) 0.1 2.09 0.2 2.318 1.250 0.580 1.250 0.25 2.474 1.333 0.825 1.333 0.3 2.66 1.429 1.140 1.429 0.4 3.145 1.667 2.097 2.097 0.5 3.849 2.000 3.849 3.849 1.111 0.232 1.111 C. Maximum voltage stress in the switch The maximum voltage stress in the switch will be equal to the that existing in each semistage when operated independently. In each stage, the maximum voltage stress depends on the duty cycle, and this dependence is different for each semistage. For a buck-boost converter operated in discontinuous conduction mode the maximum voltage stress is the following: Vs max bb = Vac p D 1− D + Vac p = Vac p 1− D (1) D being the switch duty cycle and Vacp the peak line voltage. The function between the maximum voltage stress in the switch, the input voltage and the duty cycle is more complex for the class E inverter loaded with a parallel resonant tank. In [10] this function is presented, which can be expressed as follows: 66 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. converter and the class E amplifier. Assuming a unity input power factor, the maximum current stress in the buck-boost converter is given by: I s max ce Pin Vcc (5) (6) where: Pin is the input power of the class E amplifier and Vcc is the voltage supplying the class E amplifier. In the proposed topology the voltage Vcc is given by (2). Therefore, combining (2), (5) and (6) and assuming a 100% efficiency and a unity power factor, the maximum switch current in the class E amplifier is obtained as follows: I s max ce = 2 I acrms (1 − D) D2 (7) Finally, by adding (4) and (7) the maximum switch current stress is obtained for the proposed topology: I s max = 2 I acrms (1 + D) D2 (8) The current Iacrms can be calculated as follows: I acrms = Pin Vacrms (9) Fig. 8 shows the maximum current stress in the switch of the proposed topology as a function of the duty cycle, for both American and European line voltage and for an input power of 32W. As can be seen in this figure, for a duty cycle of 20%, the maximum current stress in the switch is approximately equal to 6.1 A in Europe and 11.3 America. III. DESING EXAMPLE AND EXPERIMENTAL RESULTS In this section the design of a prototype used to verify the behavior of the proposed topology is presented as an example. Also, some experimental results are presented to evaluate the possibilities of the proposed topology. The input data are the following: line voltage Vac=127 Vrms, lamp is a 32W compact fluorescent lamp with an equivalent resistance of 123 Ω. Assuming an efficiency of 80%, the input power of the circuit will be Pin=40 W. Although the whole switch M1-D2 presents ZVS, the MOSFET M1 exhibits hard switching, and thus the selected switching frequency is fs=150 kHz. The duty cycle at nominal operating point is chosen to be equal to 20%, thus obtaining both low lamp CCF and low switch voltage stress. Using the previous data, the DC bus voltage can be calculated with (2), obtaining Vcf=45 V. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. 25 20 15 10 5 0 Icc being the continuous current absorbed by the class E amplifier, which can be expressed as: Icc = 35 30 (4) where Iacrms is the rms current absorbed by the circuit through the line. For the class E amplifier with a parallel resonant tank, the maximum current stress in the switch is given by [10]: 2I = cc D 40 Ismax (A) I s max bb 2 2 I acrms = D 45 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 D(ton/T) American (120 V) European (220) Fig. 8. Maximum current stress in the single switch of the proposed ballast as a function of the duty cycle, for American and European line voltage (Pin=32 W). The design of the power stage is performed based on the following procedure: 1) Design of the buck-boost converter. In order to calculate the inductance Lf the following equation for the buck-boost converter operating in DCM is used [6]: 2 D 2Vac p 0.2 2180 2 (10) = = 54 µH Lf = 4 f s Pin 4(150000)( 40) Capacitor Cf is calculated using the following expression [6]: Vcfripple = Vcf 4πf L Ri C f (11) fL being the line frequency, Ri is the equivalent load of the buck-boost inverter and Vcfripple is the voltage ripple in Cf. Taking into account that Ri=Vcf2/PL=452/32=63.28 Ω and for a voltage ripple equal to 10%, an electrolytic capacitor Cf=220uf /100V is selected. 2) Design of the class E amplifier with parallel resonant tank. The notation used to calculate the different elements was shown in Fig. 3. According to [10] for a duty cycle of 20% the equation used to calculate the nominal load resistance of a class E amplifier with only one inductor and one capacitor in load network (Rn=RLep/n2) is: Rn=0.7603Vcf2/PL=48.11 Ω. The nominal inductive reactance of the load network is: XLn = XLr·XLsep/(XLr+Xlsep)=0.1653Rn=7.9578 Ω and the nominal capacitance is: Cn=5.3997/(Rn·2·π·f)=119.1 nF. 3) Calculation of Ls, Lr and Lr turn ratio. In Fig. 3a Cr corresponds to the nominal capacitance of a class E amplifier with only one inductor and one capacitor in load network, calculated in the previous paragraph. Lr is the transformer primary magnetizing inductance. Ls is the series inductor used to improve the current waveform through RL. In order to calculate Ls and Lr, the relationship with the nominal values Ln and Rn must be calculated. This relationship is obtained transforming from two elements in series into two elements in parallel, as follows (see Fig. 3b): XLsepR Lep (12) XLs = 2 XLsep 2 + RLep 67 XLsep 2 RLep XLsep + RLep 2 1:7 Transforming the equivalent parallel reactance of Ls XLsep to the primary, we obtain: XLsepr=XLsep/n2. This reactance is in parallel with XLr (see Fig. 3c). The nominal inductance of a class E amplifier with only one inductor and one capacitor in load network is then obtained by simplifying the two parallel inductances in a single one (see Fig. 3d). Therefore: XLrXLsepr (14) XLn = XLr + XLsepr XLsep and XLr can be obtained from (12) and (13) respectively, as follows: RLep (15) XLsep = RLep −1 RL XLr = XLseprXLn XLsepr − XLn Db1 Lf 54 uH MUR840 Db2 Le 1 mH Lr 26 uH Cr 120 nF Vac 120 Vrms 32 W LAMP Cf 220 uF Db1 MUR840 Ce 100 nF Db3 Db4 MUR840 Rg 12 ohms Control Circuit IRF740 Fig. 9. Diagram of the implemented prototype. (16) Since RLep=Rn·n2, then the ratio Rn·n2/RL must be higher than 1 in order to obtain a real value for XLsep from (15). This condition is not fulfilled for n=1 for the presented design. This is one the reasons for using a transformer instead of a single inductor Lr. Another important reason is that using n>1 the ignition voltage necessary to start the lamp discharge can be obtained without using extra circuitry. In this case, in order to achieve a suitable ignition voltage a value n=7 is selected. Then, using this value: RLep=(48.11)(49)=2537.52 Ω, and from (15) XLsep=574.15 Ω. Using (12) and (16): XLr=1215.31 Ω and XLs=542 Ω, and finally: Lr=26 µH y Ls=575 µH. The switch used is a MOSFET IRF740, diodes D1 and D2 are MUR840 an diodes Db1-Db4 are BA159. To start up the lamp, the switching frequency was varied from 15-150 kHz using one timer 555 and varying the frequency with a 2n2222 transistor placed instead of the resistor that fixed the frequency operation. Due the buck-boost converter operate in discontinuous conduction mode an LC filter was employed to filter the component of high frequency. The values of the components of this filter are: Le=1 mH and Ce=20 nF. The designed ballast was implemented in a laboratory prototype. The diagram of the implemented circuit is shown in Fig. 9. The implemented ballast is for instant start lamps with only one pin in both sides of the lamp. But is possible to adapt this design for rapid start lamps with two pins, it is possible adding an extra capacitor in parallel with the lamp. Experimental results obtained with the implemented prototype are shown in Figures 10-14. Figure 10 shows the voltage and current waveforms in the lamp, which are symmetrical and nearly sinusoidal waveforms. The measured current crest factor was 1.5. Fig. 11 shows the line voltage and current waveforms. The measured power factor was 0.99. Fig. 12 shows a comparison among the harmonics of the proposed ballast and the limits suggested by the international standard IEC-10003-2. As can be seen in this figure, all the harmonic of the proposed ballast comply with this standard. 68 Ls 575 uH (13) 2 Fig. 10. Lamp voltage and current. 30 V/div, 0.5 A/div and 2 µs/div. Fig. 11. Main voltage and current. 70 V/div, 0.5 A/div and 5ms/div 35 30 25 % of first harmonic RL = 20 15 10 5 0 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 Harmonic IEC-1000-3-2 Ballast Fig. 12. Comparison among the harmonics of the proposed ballast and the limits suggested by the international standard IEC1000-3-2 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. IV. CONCLUSIONS Fig. 13. Voltage waveform across D2-M1, 50 V/div and 2 µs/div. Fig. 14. Voltage waveform across M1. 100 V/div. and 2 µs/div. In this paper a new single-stage single-switch electronic ballast featuring high input power factor, low lamp current crest factor, ZVS commutations and low switch voltage stress has been presented. The proposed electronic ballast is obtained by integrating a buck-boost converter and a class E amplifier with only one inductor and one capacitor in the load network. The asymmetric waveforms obtained in the class E amplifier with only one inductor and one capacitor in load network are improved by using an extra inductor in series with the load. The low voltage stress in the switch is obtained using duty cycles lower than 50%. Thus, the buckboost converter operates in buck mode reducing the input voltage of the class E amplifier and consequently the switch voltage stress. Lamp ignition is achieved by using a transformer in place of the class E amplifier resonant inductor. The almost unity input power factor is attained operating the buck-boost converter in discontinuous conduction mode. A design example has been also presented in this paper. Simulation and experimental results measured from a laboratory prototype based on the design example have been also included. The basic results are: lamp CCF 1.5, input power factor 0.99 and efficiency 80%. The main disadvantage of the proposed converter is the high current stress in the switch. However, as opposed to other electronic ballasts this topology can be used to supply fluorescent lamps from the high line voltage ratings using only one controlled switch. ACKNOWLEDGEMENT This work was supported by the National Council for the Science and Technology (CONACYT-mexican government) and the National Council for the Technological Education (COSNET- mexican government). REFERENCES Fig. 15. Startup sequence of the lamp. 500 V/div, 0.5 A/div and 500 ms/div Figure 13 shows the voltage waveform across switch D2M1. As can be seen in this figure, the maximum voltage stress for this sample is 114V and the switch D2-M2 presents ZVS. Fig. 14 shows the voltage waveform across M1. In this figure the hard switching of the MOSFET can be seen. The maximum voltage stress obtained in M1 for this sample was 202V and the maximum current stress was 5.45 A. The measured efficiency was 80%. Fig. 15 shows the startup sequence of the ignition of the lamp. This figure shows the lamp voltage and current during the startup of the lamp. As can be seen in this figure the lamp needs 500 ms approximately to ignite and the ignition voltage applied to the lamp is 505 V. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. [1] IEC 1000-3-2 (1995-03) standards on electromagnetic compatibility (EMC), Part 3, Section 2: Limits for harmonic current emissions. International Electrotechnical Commission, Geneva, Switzerland, April 1995. [2] Edward Deng, S. Cuk; “Single Stage, High Power Factor, lamp ballast”, IEEE APEC’94 proceedings, pp. 441-449. [3] C. Blanco, J. M. Alonso, et-al.; “A Single-Stage Fluorescent Lamp Ballast with High Power Factor”, IEEE APEC’96 proceedings, pp. 616-621. [4] T. F. Wu, et-al; “Analysis and Design of a High Power Factor, Single Stage Electronic Ballast with Dimming Feature”, IEEE APEC’97, pp. 1030-1036. [5] J. M. Alonso, A. J. Calleja, et-al.; “Analysis and Experimental Results of A Single-Stage High-PowerFactor Electronic Ballast based on Flyback Converter”, IEEE APEC’98 proceedings, pp. 1142-1148. [6] J. M. Alonso, A. J. Calleja, et-al; “Single Stage Constant-Wattage High-Power-Factor Electronic Ballast 69 with Dimming Capability”, IEEE PESC’98, pp. 13301336. [7] Edward Deng and Slobodan Cuk; “Single Switch, Unity Power Factor, Lamp Ballasts”, IEEE APEC’95 proceedings, pp. 670-676. [8] M. Ponce, R. Vásquez, J. Arau, D. Abud; “Class E amplifiers used as a high power factor electronic ballast for fluorescent lamps in a single stage”, IEEE PESC’98, pp. 2009-2015. [9] N. Sokal; “Class E High-Efficiency Switching-Mode Tuned Power amplifier with Only One Inductor and One Capacitor in Load Network-Approximate Analysis”, IEEE Journal of Solid-State Circuits, Vol. SC-16, No. 4, August 1981, pp. 380-384. [10] M. Kazimierczuk; “Exact Analysis of Class E Tuned Power Amplifier with Only One Inductor and One Capacitor in Load Network”, IEEE Journal of SolidState Circuits, Vol. SC-18, No. 2, April 1983. [11] S. Ben-Yaakov, M. Gulko, A. Giter; “The Simplest Electronic Ballast for HID Lamps”, IEEE APEC’96, pp. 634-640. BIOGRAPHIES Mario Ponce. He was born at San Luis Potosi, Mexico in 1970. He received the Bachelor Engineer Electrical degree from the San Luis Potosi Autonomous University (1993), M.Sc. degree from CENIDET (1996) and Ph. D. degree from CENIDET (1999). Nowadays, he is Full time Associate Professor and Researcher at CENIDET since March 1999. He has published more than 20 papers in magazines, journals and international conferences in power electronics. Jaime E. Arau. He obtained his BSc degree in Electronics Engineering from the Instituto Tecnologico de Minatitlan, Mexico (1982) and the PhD degree in Power Electronics 70 from the Universidad Politécnica de Madrid, Spain (1991). He is currently a full time professor and the CENIDET Academic Vice-Director. Dr.Arau has around 70 journals and international conferences papers and more than 60 in national ones. Inside the IEEE, Dr. Arau is Senior member (since 1997). In February 2000, received the IEEE Third Millenium Medal. Rene Osorio. He was born at Veracruz, Mexico in 1977. He received the Bachelor Engineer Electrical degree from the Campeche Autonomous University (1999) and the M.Sc. Degree from CENIDET (2001). Now he is a PH. D. student at CENIDET. Mario A. Juarez. He was born at Celaya, Mexico in 1973. He received the Bachelor Engineer Electrical degree from the Instituto Tecnologico de Celaya (1999). Now he is a M. Sc. Degree student at CENIDET. J. Marcos Alonso He received the MSc. Degree in electrical engineering in 1990 from the University of Oviedo, Spain. In 1994 he received the Ph. Degree from the same University. Assistant professor of the University of Oviedo between 1990-1999. Since 1999 he is an Associate Professor at the Electrical and Electronic Department of the University of Oviedo. He is the primary author for more than 30 journal and international conference papers in power and industrial electronics. His research interests include high-frequency electronic ballasts, discharge lamp modeling, power factor correction topologies, high frequency switching converters, power converters for electrostatic applications and industrial control systems. He currently holds two Spanish patents and has other four pending. Dr. Alonso is a recipient of the IEEE Industrial Electronics Society Meritorious Paper Award for 1996. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. METODOLOGIA DE PROJETO PARA O FILTRO RESSONANTE LCC DE REATORES ELETRÔNICOS COM CONTROLE DE LUMINOSIDADE PARA LÂMPADAS FLUORESCENTES Fabio Toshiaki Wakabayashi Carlos Alberto Canesin Universidade Estadual Paulista – UNESP Campus de Ilha Solteira CEP 15385-000, C.P. 31, Ilha Solteira – SP Brasil e-mail: [email protected] Resumo - Este artigo apresenta uma metodologia de projeto melhorada para a determinação dos parâmetros usados no clássico filtro ressonante série-paralelo (SPLR, Series-Parallel Loaded Resonant), baseada no modelo estático da lâmpada fluorescente, destinada à operação de reatores eletrônicos com controle de luminosidade através da variação da freqüência de comutação. De acordo com a análise desenvolvida neste trabalho, tornase possível analisar a evolução de alguns parâmetros do filtro ressonante, durante o processo de controle de luminosidade, tais como: faixa de variação da freqüência de comutação, valor eficaz e fase da corrente drenada pelo conjunto filtro ressonante / lâmpada fluorescente. Resultados comparativos teóricos e experimentais são apresentados para validarem a metodologia de projeto proposta. Palavras-Chave – Reator Eletrônico, Projeto de Filtro LCC, Lâmpadas Fluorescentes Tubulares, Controle de Luminosidade DESIGN METHODOLOGY FOR A LCC RESONANT FILTER OF DIMMABLE ELECTRONIC BALLASTS FOR FLUORESCENT LAMPS Abstract – This paper presents an improved design methodology for determining the parameters used in the classical Series-Parallel Loaded Resonant (SPLR) filter, based on the static model of fluorescent lamp, intended for the operation of switching frequency controlled dimmable electronic ballasts. According to the analysis developed in this paper, it is possible to analyze the evolution of some characteristics of the resonant filter, during the dimming process, such as: range of switching frequency, rms value and phase shift of the current drained by the resonant filter / fluorescent lamp set. Theoretical and experimental comparative results are presented in order to validate the proposed design methodology. 1 Artigo Submetido em 16/07/2003. Primeira Revisão em 01/10/2003. Segunda Revisão em 02/01/2004. Aceito sob recomendação do Editor Especial Prof. Walter Kaiser. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. Keywords – Electronic Ballast, Design of LCC Filter, Tubular Fluorescent Lamps, Dimming Control. I. INTRODUÇÃO O projeto adequado de um reator eletrônico depende essencialmente da metodologia empregada para a determinação dos parâmetros relacionados ao estágio inversor de elevada freqüência de comutação. Normalmente, a topologia mais comumente empregada como estágio inversor de reatores eletrônicos é o inversor Half-Bridge conectado a um filtro ressonante série-paralelo (SPLR, Series-Parallel Loaded Resonant) [1-3]. Além da simplicidade do circuito e dos custos reduzidos, esta estrutura é capaz de fornecer as características desejadas para um reator eletrônico, a saber: tensão elevada sobre os terminais da lâmpada fluorescente durante o processo de ignição, pré-aquecimento dos filamentos dos eletrodos antes da ignição da lâmpada, comutação suave para os dispositivos semicondutores empregados no inversor Half-Bridge e supressão de circulação de componentes CC (corrente contínua) de tensão e corrente através da lâmpada fluorescente. Diversas metodologias de projeto têm sido propostas para este circuito, sendo que as principais análises são concentradas no filtro SPLR, com o objetivo de propiciar uma escolha otimizada de seus parâmetros [2-15]. Em termos práticos, a maioria destas metodologias é baseada em análises de impedâncias equivalentes do circuito, utilizando a técnica de aproximação fundamental [3] e assumindo que as lâmpadas fluorescentes comportam-se como resistências variáveis [4-15]. Apesar do extenso emprego de tais metodologias, até o presente momento, nenhuma delas apresenta uma análise completa do filtro SPLR, normalmente omitindo a avaliação de alguns aspectos importantes durante o processo de controle de luminosidade, tais como: a obtenção do valor da defasagem da corrente drenada pelo conjunto filtro ressonante + lâmpada, além do valor eficaz da corrente que flui através do indutor ressonante, o qual é capaz de indicar os níveis de esforços de corrente através deste indutor e dos dispositivos semicondutores empregados. A potência processada através da lâmpada apresenta uma dependência praticamente linear em relação à defasagem apresentada pela corrente que flui através do indutor ressonante. Em função deste fato, um circuito integrado (CI) de controle de luminosidade em malha fechada é apresentado 71 em [16], fornecendo características sofisticadas para o controle adequado de reatores eletrônicos, sendo que a variação da luminosidade da lâmpada é obtida com a imposição da defasagem da corrente através do indutor ressonante. É importante ressaltar que, com o uso do CI apresentado em [16], a defasagem da corrente é imposta por meio da variação da freqüência de comutação do reator eletrônico. A característica linear de variação da defasagem torna interessante o emprego desta técnica de controle de luminosidade, uma vez que, de acordo com resultados apresentados em [17-20], conforme a potência através da lâmpada é diminuída, a faixa de variação da freqüência de comutação sofre grande redução. Isto significa que alterações proporcionalmente reduzidas na freqüência podem acarretar grandes alterações na luminosidade da lâmpada. Apesar da existência de uma técnica de controle baseada na imposição desta defasagem, a determinação teórica de seu valor durante a operação com controle de luminosidade não tem sido normalmente explorada na literatura. Dentro deste contexto, este trabalho apresenta uma metodologia de projeto melhorada para a determinação dos parâmetros ressonantes do filtro SPLR, baseada no modelo estático da lâmpada fluorescente, destinada à operação de reatores eletrônicos com controle de luminosidade através da variação da freqüência de comutação, incorporando novas análises capazes de proverem maiores detalhes relacionados à operação dos reatores [21]. Adicionalmente, é necessário adotar um modelo adequado para a lâmpada fluorescente, com o intuito de se obter uma metodologia de projeto que apresente elevado grau de precisão. Em relação a este assunto, os efeitos da temperatura ambiente sobre as características elétricas das lâmpadas fluorescentes devem ser levados em consideração [20-23]. Além disto, em função da análise do filtro SPLR ser desenvolvida com base em impedâncias equivalentes, considera-se apropriada a adoção de um modelo resistivo para a lâmpada. Assim sendo, neste trabalho, o modelo apresentado em [20] é escolhido como sendo o ideal para o desenvolvimento das análises necessárias. desenvolvimento das análises apresentadas neste trabalho. Desta forma, com base em [20], adotando-se uma temperatura ambiente de 24oC, a resistência equivalente pode ser escrita como segue: V 2 ( P) (1) R( P) = P Onde: V ( P ) = v0 + v1.P + v2 .P 2 + v3 .P3 + v4 .P 4 (2) V(P) = valor eficaz da tensão sobre os terminais da lâmpada fluorescente, em função de P, para T constante; P = valor eficaz da potência processada através da lâmpada fluorescente. A Tabela I mostra os valores dos coeficientes vi de (2). Informa-se que, de acordo com [20], tais coeficientes são determinados a partir de um conjunto de dados experimentais. A Figura 1 mostra a curva da resistência equivalente, em função da potência processada através da lâmpada fluorescente. Após assumir as condições até aqui citadas, torna-se possível prosseguir com a análise requerida. Adicionalmente, informa-se que o circuito integrado IR2159 foi usado para o comando dos semicondutores do inversor Half-Bridge [16]. A. Análise do Processo de Ignição A análise do filtro SPLR durante o processo de ignição é desenvolvida de acordo com o circuito equivalente apresentado na Figura 2. A partir desta figura, a seguinte equação pode ser definida: Cs Ceq = (3) 1 + Csp Onde: Csp = O circuito apresentado na Figura 2 pode ser representado pela seguinte equação: v AB1 ( t ) = II. ANÁLISE DO FILTRO SPLR A análise do filtro SPLR é dividida em duas partes distintas, a saber: processo de ignição e operação em regime durante o controle de luminosidade. No decorrer do processo de ignição, a lâmpada é considerada como um circuito aberto. Neste estágio de operação, a função do circuito inversor é prover um préaquecimento adequado dos filamentos do eletrodo, além de fornecer uma tensão suficientemente elevada sobre os terminais da lâmpada para a ocorrência do primeiro arco através da coluna de gás. Já durante a operação com controle de luminosidade, a lâmpada é admitida como sendo uma resistência, cujo valor varia de acordo com a potência processada na lâmpada. Diversos modelos têm sido propostos para descrever o comportamento desta resistência equivalente. Devido à simplicidade e precisão, o modelo apresentado em [20], para uma lâmpada fluorescente F40T12, será utilizado para representar a resistência equivalente da lâmpada, assumindo um valor fixo da temperatura ambiente (T) para o 72 Cs Cp 1 2 ωCeq . ( d 2 vCeq ( t ) Onde: dt 2 ) +v ( v AB1 ( t ) = V p .sen ω HB (ign) .t ωCeq = Ceq (t ) (4) ) 1 Ls .Ceq ω HB (ign ) = 2.π . f HB (ign) vAB1(t) = componente fundamental da tensão quadrada e assimétrica aplicada sobre os pontos A e B da figura 2; Vp = valor de pico de vAB1(t); fHB(ign) = freqüência de comutação durante a ignição. TABELA I Coeficientes Empregados em (2) Coeficiente v0 v1 v2 v3 v4 Valor 122,3859 1,1413 -0,1117 0,0026 -2,1203.E-5 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. 10 R [kΩ] 8 5,0 vCp [kV] [kV] 2,5 6 4 vCp 0,0 -2,5 -2,5 -5,0 0 100 0 10 20 30 40 50 P [W] 300 -5,0 400 500 0 100 vCp [kV] vLs(t) LAMP. CP A iLs(t) vAB1(t) S2 5,0 vCp [kV] 2,5 5,0 2,5 0,0 0,0 Ceq -2,5 -2,5 vCeq(t) -5,0 B 0 100 200 300 -5,0 400 500 0 100 tempo [µs] Figura 2 – Circuito equivalente do reator eletrônico, antes da ignição da lâmpada. (c) ωHB(ign) = ωCeq vCp Assim sendo, partindo-se de (4), é possível determinar dois diferentes conjuntos de equações, capazes de descrever os valores instantâneos da corrente através de Ls e da tensão sobre Cp, dependendo dos valores de ωHB(ign) e ωCeq [5], conforme as equações a seguir: - para ωHB(ign) = ωCeq: ( Vp ) 2 ⎤ .Ceq . ⎡ω HB (ign ) .t.sen ω HB (ign ) .t ⎦ ⎣ 2 ( ) ( ) ⎞ ⎟ . ⎡sen ω HB (ign ) .t − fign .sen ωCeq .t ⎤ ⎦ ⎟ ⎣ ⎠ ( ) ( ) (8) Onde: fign = ω HB (ign) (9) ωCeq A Figura 3 apresenta as formas de onda de vCp(t), apresentadas para diferentes valores de ωHB(ign) e ωCeq. De acordo com esta figura, é possível notar que o valor de vCp(t), o qual pode ser considerado praticamente igual ao valor da tensão sobre a lâmpada fluorescente, pode atingir valores bastante elevados, quando ωHB(ign)=ωCeq. No entanto, para ωHB(ign)≠ωCeq, existe a possibilidade de se limitar os valores máximos de vCp(t). Além disso, de acordo com a figura 3, através de um controle adequado da freqüência de comutação durante a ignição, é possível estabelecer um processo de préaquecimento satisfatório, considerando uma estratégia para tornar mais lenta a evolução de vCp(t) até os valores necessários para propiciar o primeiro arco através da coluna de gás. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. vCp [kV] 2,5 5,0 2,5 0,0 0,0 -2,5 -2,5 -5,0 0 100 200 300 400 500 400 500 -5,0 0 100 tempo [µs] 200 300 tempo [µs] 400 500 (f) ωHB(ign) = 1,255.ωCeq (e) ωHB(ign) = 1,110.ωCeq Figura 3 – Formas de onda teóricas para a tensão sobre os terminais de Cp, para diferentes valores de ωHB(ign) e ωCeq. (6) - para ωHB(ign) ≠ ωCeq: ⎛ ω HB (ign ) ⎞ ⎟ . ⎡ cos (ω HB (ign ) .t ) − cos (ωCeq .t ) ⎤ iLs ( t ) = V p .Ceq . ⎜ 2 ⎟ ⎣ ⎦ ⎜ 1 − fign ⎝ ⎠ (7) Ceq ⎛ 1 .⎜ 2 C p ⎜ 1 − fign ⎝ [kV] 200 300 tempo [µs] (d) ωHB(ign) = 1,053.ωCeq 5,0 (5) V p Ceq vCp ( t ) = . . ⎡sen ω HB(ign) .t − ω HB(ign) .t.cos ω HB(ign) .t ⎤⎦ 2 Cp ⎣ vCp ( t ) = V p . 400 500 LS A iLs ( t ) = 200 300 tempo [µs] (b) ωHB(ign) = 0,952.ωCeq (a) ωHB(ign) = 0,908.ωCeq Figura 1 – Resistência equivalente da lâmpada, durante o controle de luminosidade, considerando T=24oC. B 200 tempo [µs] 0 Vin(CC) 2,5 0,0 2 S1 C S LS 5,0 Adicionalmente, assumindo ωHB(ign)≠ωCeq, os valores máximos de vCp(t) podem ser obtidos através da seguinte expressão: ⎛ Csp vCp (máx) = V p . ⎜ ⎜ 1 + Csp ⎝ ( ⎞ 1 + fign ⎟. ⎟ 1− f 2 ⎠ ign ( ) ) (10) B. Análise da Operação em Regime durante o Controle de Luminosidade Durante a execução do controle de luminosidade, o circuito equivalente do reator eletrônico pode ser representado conforme a Figura 4. A partir desta figura, é possível definir as seguintes equações: 1 Z1eq ( P ) = j.ω HB ( P ).Ls + (11) j.ω HB ( P).Cs 1 j.ω HB ( P).C p Z 2eq ( P) = 1 R( P) + j.ω HB ( P).C p (12) ZT ( P ) = Z1eq ( P ) + Z 2eq ( P ) (13) R( P). Onde: ω HB ( P ) = 2.π . f HB ( P ) fHB(P) = freqüência de comutação necessária para o processamento de P watts, considerando a estratégia de controle por defasagem [16]. 73 A B V ( P) 2 2 = VLA ( P ) + VLB ( P) V AB1(ef ) CP LAMP. S1 CS LS Vin(CC) Onde: V(P) = definido conforme (2); VAB1(ef) = valor eficaz de vAB1(t). A corrente através de Ls pode ser expressa como: S2 LS CS • A R iLs(t) vAB1(t) CP I Ls ( P ) v(t) • Z1eq Z2eq • V Figura 4 – Circuito equivalente do reator eletrônico, durante operação em regime com controle de luminosidade. De (11), (12) e (13), a impedância equivalente do conjunto filtro ressonante + lâmpada fluorescente (ZT(P)), durante o processo de controle de luminosidade, pode ser expressa por: ZT ( P ) = ZTA ( P ) − j.ZTB ( P) (14) Onde: Z ( P).ZC ( P) − Z B ( P).Z D ( P) ZTA ( P) = A Z A2 ( P) + Z D2 ( P) Z A ( P).Z B ( P) + ZC ( P).Z D ( P) ( 2 Z B ( P) = 1 − ω HB ( P).Ls .Csp .C p ( ) ) Partindo-se de (14), a magnitude de ZT(P) pode ser obtida através da seguinte expressão: 2 2 ZT ( P) = ZTA ( P ) + ZTB ( P) (15) Em relação à tensão sobre a lâmpada fluorescente, é possível considerar que: • = Z 2eq ( P ) ZT ( P ) (16) V AB1 De (12), (14) e (16), a seguinte expressão pode ser obtida: • V ( P) • = VLA ( P ) + jVLB ( P ) I LsA ( P) = I LsB ( P) = Z B2 ( P) + ZC2 ( P) Z A ( P).Z B ( P) + ZC ( P).Z D ( P) Z B2 ( P) + ZC2 ( P) De (20), o valor eficaz da corrente através de Ls pode ser definido conforme segue: 2 2 iLs (ef ) ( P) = I LsA ( P) + I LsB ( P).VAB1(ef ) (17) = ⎛ I ( P) ⎞ .a tan ⎜ LsB ⎟ π ⎝ I LsA ( P) ⎠ 180o • • V Cs ( P) = ZCs ( P). I Ls ( P) R( P).Z A ( P).ZC ( P) VLB ( P) = R( P).Z A ( P).Z B ( P) Z B2 ( P) + ZC2 ( P) Z B2 ( P) + ZC2 ( P) O módulo de (17) pode ser interpretado como sendo a relação entre os valores eficazes de v(t) e vAB1(t), resultando em: (22) V AB1 Com base nos valores fornecidos por (22), pode-se verificar as condições para a obtenção de entrada em condução com tensão nula (ZVS, Zero Voltage Switching) dos semicondutores empregados no inversor Half-Bridge. A título de esclarecimento, informa-se que valores negativos de defasagem garantem a entrada em condução do tipo ZVS. Outro parâmetro importante a ser determinado é o valor de pico-a-pico da ondulação de tensão sobre o capacitor Cs. É fato que, na configuração clássica do inversor Half-Bridge, conforme Figura 4, a função do capacitor Cs é a de funcionar como fonte de energia durante o semiciclo em que o interruptor inferior encontra-se em condução, momento em que vAB(t)=0, além de impedir que a componente CC de vAB(t) seja aplicada sobre os terminais da lâmpada fluorescente. Assim, a determinação do valor de Cs pode ser realizada de acordo com restrições impostas ao valor máximo de ondulação de tensão em seus terminais. Admitindo-se a análise de impedâncias desenvolvida, pode-se escrever: V AB1 VLA ( P) = (21) A defasagem da corrente que flui através de Ls em relação à tensão vAB1(t) pode ser calculada com o uso de (22). Onde: 74 Z A ( P).ZC ( P) − Z B ( P).Z D ( P) • 2 = ω HB ( P).R( P).Csp .C 2p • (20) Onde: I Ls ( P) 2 ZC ( P) = ω HB ( P).R( P).C p 1 + Csp − ω HB ( P).Ls .Csp .C p V ( P) = I LsA ( P) + j.I LsB ( P) • Z A2 ( P) + Z D2 ( P) Z A ( P) = ω HB ( P ).Csp .C p Z D ( P) (19) V AB1 B ZTB ( P) = 1 ZT ( P ) • I Ls ( P) A ILs = V AB1 Partindo-se das equações (14) e (19), a seguinte equação pode ser escrita: B VAB1 (18) (23) Onde: Z Cs ( P ) = 1 j.ω HB ( P ).Csp .C p (24) De (19) e (23), obtém-se: • V Cs ( P ) • V AB1 = Z Cs ( P ) ZT ( P ) (25) Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. De (14), (24) e (25), pode-se escrever: • V Cs ( P ) • = VCsA ( P ) − j.VCsB ( P) (31) Onde: Onde: ( ω HB ( P ).Csp .C p Partindo-se de (26), o valor eficaz da tensão sobre Cs pode ser expresso como sendo: 2 2 VCs (ef ) ( P) = VCsA ( P) + VCsB ( P).VAB1(ef ) (27) Portanto, devido à aplicação da técnica de aproximação fundamental para a análise do circuito, é possível admitir que o valor de pico-a-pico da ondulação de tensão sobre Cs possa ser definido conforme (28). (28) VCs ( pp ) ( P ) = 2. 2.VCs ( ef ) ( P ) O valor da freqüência de comutação do inversor HalfBridge durante a operação com controle de luminosidade pode ser obtido através de (29), a qual é derivada de (18). 2 4 6 1 + a1 ( P).ω HB ( P ) + a2 ( P).ω HB ( P ) + a3 ( P ).ω HB ( P) = 0 (29) Onde: ⎡ ( P).C 2p . ⎢(1 + Csp )2 ⎢ ⎣ − Csp 2 ⎛ VAB1(ef ) ⎞ .⎜ ⎟ ⎝ V ( P) ⎠ 2⎤ ⎥ − 2.Ls .Csp .C p ⎥ ⎦ a2 ( P) = ( Ls .Csp .C p ) 2 − 2.R 2 ( P).Ls .(1 + Csp ).Csp .C 3p ( a3 ( P) = R( P).Ls .Csp .C p2 ) 2 f HB ( P ) = 3 c1 ( P ) + c2 ( P) 6.a3 ( P) − 1 . b1 ( P ) 2.π 2.(3.a1 ( P).a3 ( P ) − a22 ( P )) 3.a3 ( P ).3 c1 ( P) + c2 ( P) ( (30) − a2 ( P ) 3.a3 ( P) c1 ( P ) = 36.a1 ( P ).a2 ( P ).a3 ( P ) − 108.a32 ( P ) − 8.a23 ( P) c2 ( P) = 12.a3 ( P). 3. ( d1 ( P) + d2 ( P) ) d1 ( P) = 4.a13 ( P).a3 ( P) − a12 ( P).a22 ( P) + 4.a23 ( P) 27.a32 ( P) − 18.a1 ( P).a2 ( P).a3 ( P) d 2 ( P) = Adicionalmente, durante o processo de controle de luminosidade, o parâmetro fdim pode ser definido como: Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. ( ) ) 2 ( ) 2 } 2 + ⎡ω HB ( P).R( P ). 1 + Csp .C p ⎤ ⎣ ⎦ Com base nas equações determinadas, um exemplo de projeto completo será apresentado, visando demonstrar a utilização da análise desenvolvida neste trabalho. FD ( P) = 1 + Csp III. EXEMPLO E METODOLOGIA DE PROJETO A metodologia proposta para o projeto do clássico estágio inversor ressonante Half-Bridge empregado em reatores eletrônicos é apresentada neste trabalho de acordo com os dados de entrada e saída apresentados na Tabela II. Passo 1: O valor eficaz da componente fundamental de vAB(t) deve ser determinado de acordo com a seguinte expressão: 2 (32) VAB1(ef ) = .Vin (CC ) π Passo 2: Usando os valores nominais em (2) e (32), pode-se obter o valor da relação entre V(P(nom)) e VAB1(ef). ( Onde: b1 ( P ) = { 2 FC ( P) = −2. 1 + Csp + ⎡ω HB ( P).R( P). 1 + Csp .C p ⎤ ⎣ ⎦ v P( nom ) A partir de (29), seis diferentes soluções matemáticas podem ser obtidas. No entanto, apenas duas destas soluções apresentam significado físico. Além disso, uma análise mais detalhada destas duas equações remanescentes permite concluir que apenas uma delas pode ser considerada como uma solução adequada, em função da estratégia adotada para o controle de luminosidade (valores mais elevados de freqüência de comutação são responsáveis por menores valores de potência processada através da lâmpada). Desta forma, a freqüência de comutação requerida durante o processo de controle de luminosidade pode ser calculada através de (30). 2 V AB1( ef ) ⎞ ⎛ FB ( P ) = ⎜ ω HB ( P ).R ( P ).Csp .C p . ⎟ V ( P) ⎠ ⎝ I LsA ( P ) VCsB ( P ) = ) FA ( P ) = ⎡ω HB ( P ).R ( P ). 1 + Csp .C p ⎤ ⎣ ⎦ I LsB ( P ) VCsA ( P ) = ω HB ( P ).Csp .C p a1 ( P) = R 2.FD ( P ) (26) V AB1 2 − FC ( P ) + FC2 ( P ) − 4.FD ( P ). (1 + FA ( P ) − FB ( P ) ) f dim ( P ) = v AB1(ef ) )= ( ) 2.π v P( nom ) = . Vin (CC ) 2 2.π 101.44 = 0.727 . 2 310 Adicionalmente, os seguintes parâmetros também devem ser calculados: ω HB ( nom) = 2.π . f HB ( nom ) = 251, 327.103 rad / s ; R( nom) = 257, 2Ω , conforme (1); Passo 3: Os valores de Cs e Cp são adotados, assumindo que o valor de Cs deva ser pelo menos dez vezes superior ao valor de Cp, ou seja Csp>10. Tal relação deve ser respeitada porque uma das funções de Cs é suprimir a componente CC de vAB(t) sem que haja grande interferência na ressonância entre Ls e Cp. De forma específica, adota-se inicialmente o valor de Cp, baseando esta escolha no valor eficaz de corrente processada através de Ls. Deve-se lembrar que Cp está associado em paralelo com a lâmpada fluorescente. Assim, quanto maior o valor de Cp, menor será sua reatância, fazendo com que maiores valores eficazes de corrente devam ser processados TABELA II Dados de Entrada e Saída Vin(CC) P(nom) P(mín) fnom T 310V 40W 2,5W 40kHz 24oC 75 através de Ls para prover potência nominal à lâmpada. Este fato certamente acarreta maiores perdas em condução relacionadas a Ls e aos MOSFETs (Metal-Oxide Semiconductor Field-Effect Transistor) do inversor HalfBridge. Usualmente, para os valores de entrada e saída propostos, recomenda-se a adoção de valores de Cp inferiores a 10nF. A Figura 5 mostra o valor eficaz da corrente através de Ls, em função de Cp. Com base nesta figura, é fácil notar que quanto maior o valor de Cp, maior será o valor eficaz da corrente através de Ls, para o processamento de valores nominais de potência através da lâmpada. Como afirmado anteriormente, o capacitor Cs tem a função de fornecer energia ao circuito durante o semiciclo em que o interruptor inferior encontra-se em condução, momento em que vAB(t)=0. Em função disto, a adoção do valor de Cs deve levar em consideração o valor da ondulação de tensão em seus terminais. Tal ondulação pode ser verificada de acordo com (28). A Figura 6 mostra um gráfico do valor de VCs(pp)(P(nom)) em função de Csp. A partir desta figura conclui-se que quanto menor o valor de Csp, maior será o valor de VCs(pp)(P(nom)), podendo acarretar modos de operação indesejados para o reator eletrônico. Desta forma, são adotados os seguintes valores: Cp=6,8nF Cs=180nF Passo 4: O valor de Ls é determinado através da seguinte equação: Ls = ( )( 2 f dim P( nom) . 1 + Csp ) (33) 2 ω HB ( nom ) .Csp .C p Assim, de acordo com (31) e com os parâmetros definidos nos passos anteriores, tem-se: Ls = 1, 43mH ILs [mA] 1000 800 600 400 200 0 0 6 12 18 24 30 Cp [nF] Figura 5 – Valor eficaz da corrente através de Ls, em função de Cp, para os dados da Tabela II. VCs(pp) 50 [V] 40 Cp=6,8nF 30 20 Cp=10nF 10 Cp=18nF 0 0 10 20 30 40 50 Csp Figura 6 – Valor pico-a-pico da ondulação de tensão sobre os terminais de Cs, em função de Csp e Cp, para os dados da Tabela II. 76 Passo 5: Assumindo fHB(ign) = fHB(nom) e de acordo com os valores de Ls, Cs e Cp, pode-se obter, a partir de (9): fign = 0, 769 Passo 6: Com os parâmetros definidos nos passos anteriores e com o uso de (10), pode-se determinar o máximo valor de tensão sobre a lâmpada, durante o processo de ignição. vCp (máx) = 821,8V Caso o valor de tensão determinado acima seja considerado suficiente para a ignição da lâmpada, de acordo com dados do fabricante, procede-se a determinação dos parâmetros restantes. Em caso contrário, se o valor não for considerado satisfatório, é sugerida então a adoção de um novo valor para Cp, ou até mesmo para fHB(nom), caso necessário, com o objetivo de se obter um valor de tensão adequado para a ignição. Especificamente para este exemplo, a tensão de pico-a-pico para ignição da lâmpada é de 600V. Passo 7: A defasagem da corrente através de Ls pode ser estimada com a utilização de (22). • I Ls ( P) • = 48,3o V AB1 É importante informar que esta defasagem é responsável pela ocorrência de processos de entrada em condução do tipo ZVS para os semicondutores do inversor Half-Bridge. Assim, caso o valor calculado resulte em valores positivos, ou caso seja considerado muito reduzido para garantir os processos de entrada em condução do tipo ZVS, será necessário reiniciar o procedimento de projeto, adotando-se um novo valor para Cp ou para fHB(nom). Para finalizar, a impedância equivalente do conjunto filtro + lâmpada pode ser avaliada no decorrer da imposição do controle de luminosidade. A Figura 7 mostra os valores teóricos obtidos a partir de (15). De acordo com esta figura, é possível notar que o valor da magnitude da impedância equivalente é mantido praticamente constante no decorrer da faixa de operação do reator projetado (2,5W<P<40W). Este resultado permite concluir que os valores eficazes de corrente processada através de Ls praticamente não sofrerão alterações, mesmo com a redução da potência entregue à lâmpada fluorescente. Isto ocorre porque, em virtude da alteração da freqüência de comutação, as reatâncias dos elementos Ls, Cs e Cp sofrem alterações, de forma a permitirem um rearranjo do fluxo de energia reativa através do conjunto filtro + lâmpada. Assim, apesar da redução do consumo de energia ativa, processada através da lâmpada, verifica-se um aumento da energia reativa circulante, de tal forma que a energia total que flui através do sistema é mantida em valores quase constantes. Além disso, o efeito pelicular nos enrolamentos e as perdas no núcleo de ferrite tornam-se mais acentuadas, aumentando ainda mais as perdas relacionadas a condições de processamento de reduzida luminosidade, quando comparadas à condição nominal de operação. Assim, conclui-se que as perdas totais para a condição de reduzida luminosidade podem resultar em valores relativamente elevados, reduzindo então a eficiência global do reator eletrônico. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. ZT [Ω] 80 100 fHB [kHz] fHB [kHz] 400 60 75 300 40 50 200 20 25 500 100 0 0 0 0 0 10 20 30 40 10 20 30 40 (a) fHB(nom)=30kHz 50 P [W] Figura 7 – Valor da magnitude da impedância equivalente do conjunto filtro + lâmpada, para os valores adotados na Tabela II, durante o processo de controle de luminosidade. Após a especificação dos valores de Ls, Cs e Cp, é possível realizar uma análise teórica de alguns importantes parâmetros de operação do reator eletrônico, quando da imposição de controle de luminosidade, a saber: variação requerida para a freqüência de comutação do inversor HalfBridge, a partir de (30), valor eficaz da corrente que flui através de Ls, a partir de (21) e valor da defasagem da corrente drenada pelo conjunto filtro ressonante + lâmpada fluorescente, a partir de (22). IV. COMPARAÇÕES ENTRE RESULTADOS TEÓRICOS E EXPERIMENTAIS Com o intuito de validar a análise desenvolvida neste artigo, protótipos laboratoriais foram implementados de acordo com os parâmetros apresentados na Tabela III. Informa-se que as condições de aquecimento dos filamentos das lâmpadas fluorescentes encontram-se em conformidade com recomendações estabelecidas pela ANSI (American National Standards Institute), durante todo o processo de controle de luminosidade [24]. Apesar disto, caso tais especificações não sejam atendidas, ligeiras alterações nos valores de Cp e Ls deverão ser promovidas, na tentativa de modificar os valores das correntes que fluem através dos filamentos, buscando a adequação da variação da temperatura dos filamentos dentro dos limites impostos pela norma adotada. Os resultados experimentais obtidos nos protótipos implementados são comparados com resultados teóricos fornecidos por (21), (22) e (30), baseados no modelo da lâmpada descrito em (1). Informa-se que sobrecargas (P>40W) foram impostas aos protótipos, com o intuito de se verificar o comportamento dos parâmetros analisados sob estas condições. Adicionalmente, informa-se que os dados experimentais apresentados nas figuras seguintes são valores Parâmetro Reator 1 Reator 2 Reator 3 Reator 4 P(nom) [W] P(mín) [W] Vin(CC) [V] fHB(nom) [kHz] T [oC] Cs [nF] Cp [nF] Ls [mH] Defasagem (nom) [o] 40 2,5 310 30 24 180 8,2 1,91 -47,51 40 2,5 310 40 24 180 6,8 1,43 -48,29 40 2,5 310 50 24 180 4,7 1,10 -47,19 40 2,5 310 60 24 180 3,3 0,88 -46,19 10 20 30 40 50 P [W] (b) fHB(nom)=40kHz 140 160 fHB [kHz] fHB [kHz] 105 120 70 80 35 40 0 0 0 10 20 30 40 50 P [W] 0 10 20 30 40 50 P [W] (d) fHB(nom)=60kHz (c) fHB(nom)=50kHz Figura 8 – Freqüência de chaveamento do reator eletrônico, durante o processo de controle de luminosidade, T=24oC. médios de diversos conjuntos de medidas, obtidos para cada ponto de operação. A Figura 8 mostra os valores de freqüência de comutação em função da potência processada através da lâmpada. Os pontos são resultados experimentais, obtidos com um osciloscópio digital (TDS420A - Tektronix), enquanto que as linhas são resultados provenientes da análise teórica fornecida através de (30). De acordo com esta figura, é possível verificar que (30) representa adequadamente a variação da freqüência de comutação requerida para o controle de luminosidade, permitindo a avaliação dos pontos de operação relacionados aos reatores eletrônicos antes da implementação dos protótipos. A defasagem angular da corrente drenada pelo conjunto filtro ressonante + lâmpada fluorescente é mostrada na Figura 9, para cada diferente reator eletrônico implementado. Nesta figura, é possível notar algumas diferenças entre os resultados experimentais e teóricos. I Ls -40,0 V AB I Ls -40,0 V AB [ o ] -52,5 [ o ] -52,5 -65,0 -65,0 -77,5 -77,5 -90,0 -90,0 0 10 20 30 40 50 0 P [W] (a) fHB(nom)=30kHz TABELA III Parâmetros usados na Implementação dos Protótipos Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. 0 50 P [W] 10 20 30 40 50 40 50 P [W] (b) fHB(nom)=40kHz I Ls -40,0 V AB I Ls -40,0 V AB [ o ] -52,5 [ o ] -52,5 -65,0 -65,0 -77,5 -77,5 -90,0 -90,0 0 10 20 30 40 50 P [W] 0 10 20 30 P [W] (c) fHB(nom)=50kHz (d) fHB(nom)=60kHz Figura 9 – Defasagem angular da corrente através de Ls, durante o processo de controle de luminosidade, T=24oC. 77 A respeito deste fato, dois comentários podem ser apresentados. O primeiro deles refere-se à aplicação da técnica de aproximação fundamental para a determinação das equações do sistema analisado. É fato que, em função da característica passa-baixa do filtro LCC empregado, a transferência de energia à lâmpada fluorescente ocorre quase totalmente através da componente fundamental da tensão vAB(t). Assim, todas as análises de processamento de valores eficazes de corrente e de tensão não sofrem prejuízo algum em relação à precisão dos resultados. No entanto, a análise de defasagem angular é composta por uma avaliação de parâmetros instantâneos. Assim, o fato de vAB(t) apresentar derivadas (dv/dt) muito mais pronunciadas do que aquelas verificadas em vAB1(t) faz com que as formas de onda experimentais da corrente através de Ls, obtidas com uma tensão de alimentação quadrada e assimétrica aplicada entre os pontos A e B, apresentem ligeiras diferenças em relação às formas de onda teóricas, obtidas para o modelo com alimentação senoidal (vAB1(t), componente fundamental de vAB(t)). Portanto, pequenas discrepâncias são previsíveis ao serem comparados resultados experimentais e teóricos. O segundo comentário acerca da comparação relaciona-se ao fato de que os resultados experimentais foram determinados visualmente, empregando-se cursores de um osciloscópio digital, o que significa que estas medições são menos precisas do que, por exemplo, aquelas relacionadas com a freqüência de comutação do reator eletrônico. Entretanto, nenhum destes fatos invalida a análise desenvolvida para a defasagem angular, uma vez que seu principal objetivo é prover uma estimativa capaz de garantir a ocorrência de entrada em condução do tipo ZVS para os MOSFETs empregados no inversor Half-Bridge. Adicionalmente, a similaridade entre os resultados teóricos e experimentais comprova a validade da análise. A Figura 10 mostra os valores eficazes da corrente através de Ls, durante a operação com controle de luminosidade, para cada protótipo projetado. Nesta figura, é importante observar que os valores deste parâmetro são praticamente constantes no decorrer da faixa de operação do reator (2,5W<P<40W), considerando-se a lâmpada fluorescente empregada nos protótipos, em concordância com a análise realizada a respeito da magnitude da impedância equivalente do conjunto filtro + lâmpada. A relevância deste fenômeno reside no fato da corrente através dos semicondutores ser obviamente proporcional à corrente através de Ls. Assim, é possível concluir que o valor eficaz da corrente através dos semicondutores (MOSFETs) e, conseqüentemente, as perdas em condução associadas a estes dispositivos (proporcionais ao quadrado dos valores eficazes de corrente) são também praticamente constantes durante o processo de controle de luminosidade. Adicionalmente, conforme afirmado anteriormente, o aumento da freqüência da corrente que flui através de Ls acarreta intensificação do efeito pelicular nos enrolamentos e das perdas no núcleo de ferrite. Isto significa que estas perdas assumem valores significativos quando as lâmpadas são operadas em condição de reduzida luminosidade, resultando em reduzida eficiência para o estágio inversor Half-Bridge. Informa-se ainda que esta análise é normalmente negligenciada nas metodologias de projeto apresentadas na literatura. 78 1000 1000 ILs [mA] ILs [mA] 750 750 500 500 250 250 0 0 10 20 30 40 50 0 P [W] (a) fHB(nom)=30kHz 1000 ILs [mA] 750 750 500 500 250 250 10 20 30 40 20 30 40 50 P [W] (b) fHB(nom)=40kHz 1000 ILs [mA] 0 10 50 P [W] 0 10 20 30 40 50 P [W] (d) fHB(nom)=60kHz (c) fHB(nom)=50kHz Figura 10 – Valor eficaz da corrente através de Ls, durante o processo de controle de luminosidade, T=24oC. V. CONCLUSÕES Este artigo apresentou uma metodologia de projeto melhorada para a especificação dos parâmetros do clássico filtro SPLR, considerando-se o modelo estático da lâmpada fluorescente, destinada a reatores eletrônicos com controle de luminosidade. A análise teórica apresentada neste trabalho é baseada em circuitos equivalentes e na aplicação da técnica de aproximação fundamental, de forma análoga à maioria das metodologias apresentadas na literatura. Contudo, a forma com que a análise foi desenvolvida neste artigo permite a avaliação de importantes parâmetros de operação, quando da imposição de controle de luminosidade, tais como: faixa de variação da freqüência de comutação do reator eletrônico, valor eficaz da corrente através do indutor ressonante e defasagem angular da corrente processada pelo conjunto filtro ressonante + lâmpada fluorescente. É importante informar que as análises dos parâmetros apresentados nas figuras 9 e 10 são usualmente negligenciadas nas metodologias de projeto apresentadas na literatura. No entanto, o valor eficaz da corrente através do indutor ressonante pode indicar os níveis de esforços de corrente nos dispositivos semicondutores, fornecendo condições para o desenvolvimento de uma análise qualitativa da eficiência do reator eletrônico. Além disto, o valor da defasagem da corrente drenada pelo conjunto filtro ressonante + lâmpada indica a ocorrência de processos de entrada em condução ZVS dos MOSFETs, além de poder ser utilizado como variável de controle para a imposição de variação do nível de luminosidade emitido pela lâmpada. Finalmente, a precisão verificada através das comparações entre resultados teóricos e experimentais é suficiente para validar a metodologia de projeto proposta. AGRADECIMENTOS Os autores gostariam de agradecer à FAPESP e ao CNPq pelo apoio concedido ao presente trabalho. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. REFRÊNCIAS BLIBLIOGRÁFICAS [1] R. L. Steigerwald, “A Comparison of Half-Bridge Resonant Converter Topologies”, IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 3, no. 2, pp. 174-182, October, 1988. [2] M. K. Kazimierczuk e W. Szaraniec, “Electronic Ballast for Fluorescent Lamps”, IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 8, no. 4, pp. 386-395, October, 1993. [3] M. C. Cosby Jr. e R. M. Nelms, “A Resonant Inverter for Electronic Ballast Applications”, IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. 41, no. 4, pp. 418-425, August, 1994. [4] C. S. Moo, Y. C. Chuang, Y. H. Huang e H. N. Chen, “Modeling of Fluorescent Lamps for Dimmable Electronic Ballasts”, in Proc. of IEEE IAS’96 Annual Meeting, pp. 2231-2236, 1996. [5] J. A. Alves, “Reator Eletrônico para Lâmpadas Fluorescentes Compactas com Alto Fator de Potência”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis-SC, 1996. [6] Z. Li, P. K. T. Mok, W. H. Ki e J. K. O. Sin, “A Simple Method to Design Resonant Circuits of Electronic Ballast for Fluorescent Lamps”, in Proc. of IEEE ISCAS’97, pp. 1744-1747, 1997. [7] A. S. André, e A. J. Perin, “Reator Eletrônico para lâmpadas fluorescentes de 40W utilizando Circuito Integrado Dedicado”, in Proc. of SEP’98 – Seminário de Eletrônica de Potência (UFSC), pp. 126-131, 1998. [8] C. S. Moo, H. L. Cheng, T. F. Lin e H. C. Yen, “Designing a Dimmable Electronic Ballast with Voltage Control for Fluorescent Lamp”, in Proc. of IEEE ISIE’99, pp. 786-791, 1999. [9] C. S. Moo, H. L. Cheng, H. N. Chen e H. C. Yen, “Designing a Dimmable Electronic Ballast with Frequency Control”, in Proc. of IEEE APEC’99, pp. 727-733, 1999. [10] R. N. Prado, A. R. Seidel, F. E. Bisogno, e M. A. D. Costa, “A Design Method for Electronic Ballast for Fluorescent Lamps”, in Proc. of IEEE IECON’00, pp. 2279-2284, 2000. [11] T. J. Liang, C. A. Cheng, W. B. Shyu e J. F. Chen, “Design Procedure for Resonant Components of Fluorescent Lamps Electronic Ballast Based on Lamp Model”, in Proc. of IEEE PEDS’01, pp. 618-622, 2001. [12] C. A. Cheng, T. J. Liang, C. M. Chuang e J. F. Chen, “A novel Method of Using Second-Order Lamp Model to Design Dimmable Fluorescent Lamps Electronic Ballast”, in Proc. of IEEE IECON’01, pp. 1033-1037, 2001. [13] Y. K. E. Ho, S. T. S. Lee, H. S. H. Chung e S. Y. Hui, “A Comparative Study on Dimming Control Methods for Electronic Ballasts”, IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 16, no. 6, pp. 828-836, November, 2001. [14] T. J. Ribarich e J. J. Ribarich, “A New Procedure for HighFrequency Electronic Ballast Design”, IEEE Transactions on Industry Applications, vol. 37, no. 1, pp. 262-267, January / February, 2001. [15] F. E. Bisogno, A. R. Seidel, R. Holsbach e R. N. Prado, “Resonant Filter Applications in Electronic Ballast”, in Proc. of IEEE IAS’02 Annual Meeting, pp. 348-354, 2002. [16] J. Adams, T. J. Ribarich e J. J. Ribarich, “A New IC for Dimmable High-Frequency Electronic Ballasts”, in Proc. of IEEE APEC’99, pp. 713-719, 1999. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. [17] C. S. Moo, Y. C. Chuang, Y. H. Huang e H. N. Chen, “Modeling of Fluorescent Lamps for Dimmable Electronic Ballasts”, in Proc. of IEEE IAS’96 Annual Meeting, pp. 2231-2236, 1996. [18] N. Onishi, T. Shiomi, A. Okude e T. Yamauchi, “A Fluorescent Lamp Model for High Frequency Wide Range Dimming Electronic Ballast Simulation”, in Proc. of IEEE APEC’99, pp. 1001-1005, 1999. [19] A. T. K. Ng, W.-H. Ki, P. K. T. Mok e J. K. O. Sin, “Lamp Modeling for Design of Dimmable Electronic Ballast”, in Proc. of IEEE PESC’00, pp. 1358-1362, 2000. [20] F. T. Wakabayashi, e C. A. Canesin, “A New Model for Tubular Fluorescent Lamps Operated at High Frequencies for Dimmable Applications”, in Proc. of IEEE ISIE’03, CD-ROM, 2003. [21] F. T. Wakabayashi, e C. A. Canesin, “An Improved Design Procedure for LCC Resonant Filter of Dimmable Electronic Ballasts for Fluorescent Lamps, Based on Lamp Model”, in Proc. of IEEE IECON’03, to be published in November, 2003. [22] C. S. Moo, H. C. Yen, Y. C. Hsieh e C. R. Lee, “A Fluorescent Lamp Model for High-Frequency Electronic Ballasts”, in Proc. of IEEE IAS’00 Annual Meeting, pp. 3361-3366, 2000. [23] C. S. Moo, Y. C. Hsieh, H. C. Yen e C. R. Lee, “Fluorescent Lamp Model with Power and Temperature Dependence for High-Frequency Electronic Ballasts”, IEEE Transactions on Industry Applications, vol. 39, no. 1, pp. 121-127, January / February, 2003. [24] Y. Ji, R. Davis, C. O’Rourke e E. W. M. Chui, “Compatibility Testing of Fluorescent Lamp and Ballast Systems”, IEEE Transactions on Industry Applications, vol. 35, no. 6, pp. 1271-1276, November / December, 1999. DADOS BIOGRÁFICOS Fabio Toshiaki Wakabayashi, nascido em Jales (SP), em Julho de 1974, é engenheiro eletricista (1996) formado na Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP-FEIS, Ilha Solteira (SP)). Obteve os títulos de mestre (1998) e doutor (2003) em Engenharia Elétrica nesta mesma instituição, tendo desenvolvido seus trabalhos no Laboratório de Eletrônica de Potência. Suas áreas de interesse abrangem técnicas de comutação não-dissipativa, fontes de alimentação chaveadas, qualidade de energia elétrica e reatores eletrônicos para iluminação. Carlos Alberto Canesin, nascido em Lavínia (SP), em 1961, é engenheiro eletricista (1984) pela Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP-FEIS, Ilha Solteira (SP)), mestre (1990) e doutor (1996) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina – Instituto de Eletrônica de Potência (UFSCINEP), Florianópolis (SC). Atualmente é professor adjunto efetivo do Departamento de Engenharia Elétrica (DEE) da UNESP-FEIS. Suas áreas de interesse incluem técnicas de comutação não-dissipativa, conversores CC/CC, fontes de alimentação chaveadas, reatores para iluminação e técnicas de correção do fator de potência. 79 80 Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. NORMAS PARA PUBLICAÇÃO EM PORTUGUÊS – INSERIR AQUI O TÍTULO (TAMANHO LETRA 14 PT, LETRAS MAIÚSCULAS, NEGRITO E CENTRADO) Nomes dos Autores (12 Pt, Maiúsculas e Minúsculas, centrado abaixo do título) Informações dos autores (10 Pt, Maiúsculas e minúsculas, centrado abaixo do título): Universidade de Tal CEP 00000-000, C.P. 000, Cidade de Tal - XX Brasil e-mail: [email protected] Resumo - O objetivo deste documento é instruir os autores sobre a preparação dos trabalhos para publicação na revista Eletrônica de Potência. Solicita-se aos autores que utilizem estas normas desde a elaboração da versão inicial até a versão final de seus trabalhos. Somente serão aceitos para publicação trabalhos que estejam integralmente de acordo com estas normas. Informações adicionais sobre procedimentos e normas podem ser obtidas também diretamente com o editor, ou, através do site iSOBRAEP cuja url é: http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista. Observa-se que são aceitas submissões em inglês, ou, espanhol, sendo que as normas para estes idiomas são apresentadas nos sites iSOBRAEP e SOBRAEP (http://www.sobraep.org.br). Este texto foi redigido segundo as normas aqui apresentadas para artigos submetidos em português. Palavras-Chave – Os autores devem apresentar um conjunto de no máximo 6 palavras-chave (em ordem alfabética) que possam identificar os principais tópicos abordados no trabalho. TITLE HERE IN ENGLISH IS MANDATORY (12 PT, UPPERCASE, BOLD, CENTERED) Abstract – The objective of this document is to instruct the authors about the preparation of the manuscript for its submission to the Revista Eletrônica de Potência (Power Electronics Review). The authors should use these guidelines for preparing both the initial and final versions of their paper. Additional information about procedures and guidelines for publication can be obtained directly with the editor, or, through the web site iSOBRAEP: http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista. It is informed that the english, or, spanish languages can be used for editing the papers, and the guidelines for these languages are provided in the web sites iSOBRAEP and SOBRAEP (http://www.sobraep.org.br). This text was written according to guidelines for submission in portuguese language. 1 Keywords - The author shall provide a maximum of 6 keywords (in alphabetical order) to help identify the major topics of the paper. Nota de rodapé na página inicial será utilizada apenas pelo editor para indicar o andamento do processo de revisão. Não suprima esta nota de rodapé quando editar seu artigo. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. NOMENCLATURA P Vqd Iqd Número de par de pólos. Componentes da tensão de estator. Componentes da corrente de estator. I. INTRODUÇÃO Serão aceitos trabalhos em português, espanhol e inglês. Os textos submetidos em português e espanhol devem conter também o título (title), resumo (abstract) e palavras-chave (keywords) em inglês, obrigatoriamente. Caso seja pertinente, pode ser incluída imediatamente antes da introdução uma nomenclatura das variáveis utilizadas no texto. Este item não deve levar numeração de referência, assim como os itens agradecimentos, referências bibliográficas e dados biográficos. A introdução tem o objetivo geral de apresentar a natureza do problema enfocado no trabalho, através de adequada revisão bibliográfica, o propósito e a contribuição do artigo submetido. A Revista Eletrônica de Potência é um meio apropriado no qual os membros da SOBRAEP (Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência) e demais pesquisadores atuantes na grande área da Eletrônica de Potência podem apresentar e discutir suas atividades e contribuições científicas. Neste contexto, o Conselho Editorial convida os interessados a apresentarem artigos completos que envolvam o “estado da arte”, através de resultados teóricos e experimentais, além de informações tutorais, nos tópicos de interesse da Sociedade. Neste contexto, caso o trabalho, ou parte dele, já tenha sido apresentado e publicado em alguma revista ou conferência, nacional ou internacional, deve ser anexada no corpo do trabalho declaração dos autores com estas informações (quando e onde). Caso o trabalho nunca tenha sido publicado na sua totalidade, não há necessidade desta declaração. Os trabalhos somente serão aceitos através de submissão eletrônica. Os autores deverão submeter e acompanhar todo o processo de suas contribuições através da página da iSOBRAEP, cujo endereço na www é: http://www.dee.feis.unesp.br/lep/revista. Informa-se que somente serão aceitos trabalhos submetidos como documento em PDF editável (aberto). Portanto, após a edição de seu trabalho, em conformidade com estas normas, deverá ser gerado um documento em PDF com qualidade de artigo, para que possa ser submetido através do site iSOBRAEP. Observa-se ainda que para a publicação da versão final, somente serão aceitos artigos que estejam em conformidade com estas normas de edição. 81 A. Apresentação do Texto O limite é de 8 (oito) páginas. Apenas excepcionalmente serão aceitos trabalhos ultrapassando este limite. Isto poderá ocorrer, a critério do editor, caso o trabalho tenha um caráter tutorial. Deve-se usar, obrigatoriamente, as unidades do Sistema Internacional (SI ou MKS). Cabe ao(s) autor(es) do trabalho a preparação dos originais e, posteriormente, seu envio de forma eletrônica, em PDF, através do site iSOBRAEP, de acordo com estas normas. Os trabalhos que estiverem fora dos padrões estabelecidos serão recusados, com a devida informação ao autor correspondente. A Comissão Editorial não assumirá qualquer responsabilidade quanto a correções, e possíveis erros da reprodução dos originais para publicação. (Title), Abstract e Keywords; 5) Introdução; 6) Corpo do trabalho; 7) Conclusões; 8) Referências Bibliográficas; 9) Dados Biográficos. Esta ordem deve ser respeitada, a menos que os autores usem alguns itens adicionais, a saber: Nomenclatura; Apêndices e Agradecimentos. Como regra geral, as conclusões devem vir logo após o corpo do trabalho e imediatamente antes das referências bibliográficas. A seguir serão feitos alguns comentários sobre os principais itens acima mencionados. B. Edição do Texto A editoração do trabalho deve ser feita selecionando o formato A4 (297 mm x 210 mm), de acordo com este exemplo. O espaçamento entre linhas deve ser simples, e a cada título ou subtítulo, deve-se deixar uma linha em branco. Como processador de texto, estimula-se o uso do processador Word for Windows. 2) Autores e instituições de origem - Abaixo do título do trabalho, também centrados na página, devem ser informados os nomes dos autores e da(s) instituição(ões) a que pertencem. Poderão ser abreviados os nomes e sobrenomes intermediários e escritos na sua forma completa o primeiro nome e o último sobrenome (letras do tipo 12 pontos). Imediatamente abaixo do nome dos autores, informar as instituições a que pertencem e os endereços completos (letras do tipo 10 pontos). 1) Tamanho das letras utilizadas no trabalho: Os tamanhos das letras especificadas nesta norma, seguem o padrão do processador Word for Windows e o tipo de letra utilizado é Times New Roman. A Tabela I mostra os tamanhos padrões de letras utilizadas nas diversas seções do trabalho. TABELA I Tamanhos e Tipos de Letras Utilizadas no Texto Estilo Tamanho (pontos) 8 9 10 12 14 Normal texto de tabelas legendas de figuras instituição dos autores, texto em geral. nomes dos autores Cheia Itálica textos do resumo e palavras-chave; títulos de tabelas título em inglês título do trabalho títulos do resumo e palavras-chave; subtítulos 2) Formatação das páginas: Na formatação das páginas, as margens superior e inferior deverão ser fixadas em 25 mm, a margem esquerda em 18 mm e a margem direita em 12 mm. As colunas de textos deverão apresentar uma largura igual a 87 mm e um espaçamento entre si de 6 mm. A tabulação a ser utilizada na primeira linha dos parágrafos deverá ser fixada em 4 mm. II. ESTILO DO TRABALHO Neste item são apresentados os principais estilos utilizados para edição do trabalho. A. Organização Geral Os trabalhos a serem publicados na revista devem conter 9 partes principais, a saber: 1) Título; 2) Autores e Instituições de origem; 3) Resumo e Palavras-Chave; 4) Título em inglês 82 1) Título - O título, em português, do trabalho deve ser o mais sucinto possível, indicando claramente o assunto de que se trata. Deve estar centrado no topo da primeira página, sendo impresso em negrito, tamanho 14 pontos, com todas as letras em maiúsculo. 3) Resumo - Esta parte é considerada como uma das mais importantes do trabalho. É baseado nas informações contidas neste resumo que os trabalhos técnicos são indexados e armazenados em bancos de dados. Este resumo deve conter no máximo 200 palavras de forma a indicar as idéias principais apresentadas no texto, procedimentos e resultados obtidos. O resumo não deve ser confundido com uma introdução do trabalho e muito menos conter abreviações, referências bibliográficas, figuras, etc. Na elaboração deste resumo, como também em todo o trabalho, deve ser utilizada a forma impessoal como, por exemplo, “... Os resultados experimentais mostraram que ...” ao invés de “...os resultados que nós obtivemos mostraram que...”. A palavra Resumo deve ser grafada em estilo itálico e em negrito. Já o texto deste Resumo será em estilo normal e em negrito. Palavras-Chave são termos para indexação que possam identificar os principais tópicos abordados no trabalho. O termo Palavras-Chave deve ser grafado em estilo itálico e em negrito. Já o texto deste item será em estilo normal e em negrito. 4) Título em inglês - O título deverá ser reproduzido em inglês, conforme normas apresentadas, destacando-se o estilo em letras todas maiúsculas, negrito e tamanho 12. O Abstract deve ser grafado em estilo itálico e em negrito. Já o texto deste Abstract (em inglês) será em estilo normal e em negrito. Keywords são termos para indexação, em inglês, que possam identificar os principais tópicos abordados no trabalho. O termo Keywords deve ser grafado em estilo Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. itálico e em negrito. Já o texto deste item será em estilo normal e em negrito. 5) Introdução - A introdução deve preparar o leitor para o trabalho propriamente dito, dando uma visão histórica do assunto, e servir como um guia a respeito de como o trabalho está organizado, enfatizando quais são as reais contribuições do mesmo em relação aos já apresentados na literatura. A introdução não deve ser uma repetição do Resumo, e deve ser a primeira seção do trabalho a ser numerada como subtítulo. 6) Corpo do trabalho - Os autores devem organizar o corpo do trabalho em diversas seções, as quais devem conter de forma clara, as informações a respeito do trabalho desenvolvido, facilitando a compreensão do mesmo por parte dos leitores. 7) Conclusões - As conclusões devem ser as mais claras possíveis, informando aos leitores sobre a importância do trabalho dentro do contexto em que se situa. As vantagens e desvantagens deste trabalho em relação aos já existentes na literatura devem ser comentadas, assim como os resultados obtidos, as possíveis aplicações práticas e recomendações de trabalhos futuros. 8) Referências bibliográficas - As citações das referências bibliográficas ao longo do texto, devem aparecer entre colchetes, antes da pontuação das sentenças nas quais estiverem inseridas. Devem ser utilizados somente os números das referências bibliográficas, evitando-se uso de citações do tipo “...conforme referência [2]...”. Os trabalhos que foram aceitos para publicação, porém ainda não foram publicados, devem ser colocados nas referências bibliográficas, com a citação “no Prelo”. Os artigos de periódicos e anais devem ser incluídos iniciando-se pelos nomes dos autores (iniciais seguidas do último sobrenome), seguido do título do trabalho, onde foi publicado (em itálico), número do volume, páginas, mês e ano da publicação. No caso de livros, após os autores (iniciais seguidas do último sobrenome), o título deve ser em itálico, seguido da editora, da edição e do local e ano de publicação. No final destas normas, é mostrado um exemplo de como devem ser as referências bibliográficas. 9) Dados biográficos - Os dados biográficos dos autores, deverão estar na mesma ordem de autores colocados no início do trabalho, e deverão conter basicamente os seguintes dados: • Nome Completo (em negrito e sublinhado); • Local e ano de nascimento; • Local e ano de Graduação e Pós-Graduação; • Experiência Profissional (Instituições e empresas em que já trabalhou, número de patentes obtidas, áreas de atuação, atividades científicas relevantes, sociedades científicas a que pertencem, etc.). Caso sejam utilizados os itens adicionais: Nomenclatura; Apêndices e Agradecimentos, devem ser observadas as seguintes instruções: Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004. 10) Nomenclatura - A nomenclatura consiste na definição das grandezas e símbolos utilizados ao longo do trabalho. Não é obrigatória a sua inclusão e este item não é numerado como subtítulo. Se este item for incluído, deve preceder o item Introdução. Caso os autores optem por não incluir este item, as definições das grandezas e símbolos utilizados devem ser incluídas ao longo do texto, logo após o seu aparecimento. No início destas normas é apresentado um exemplo para este item opcional. 11) Agradecimentos - Os agradecimentos a eventuais colaboradores não recebem numeração e devem ser colocadas no texto, antes das referências bibliográficas. No final deste trabalho é mostrado um exemplo de como podem ser feitos estes agradecimentos. OBSERVAÇÃO: Na última página do artigo os autores devem distribuir o conteúdo uniformemente, utilizando-se ambas as colunas, de tal forma que estejam paralelas quanto ao fechamento das mesmas. B. Organização das Seções do Trabalho A organização do trabalho em títulos e subtítulos, serve para dividi-lo em seções, que ajudam o leitor a encontrar determinados assuntos de interesse dentro do trabalho. Também auxiliam os autores a desenvolverem de forma ordenada seu trabalho. Os títulos devem ser organizados em seções primárias, secundárias e terciárias. As seções primárias são os títulos de seções propriamente ditos. São grafados em letras maiúsculas no centro da coluna, separadas por uma linha em branco anterior e uma posterior, e utilizam numeração romana e seqüencial. As seções secundárias são os subtítulos das seções. Apenas a primeira letra das palavras que a compõe, são grafadas em letra maiúscula, na margem esquerda da coluna sendo separada do resto texto por uma linha em branco anterior. A designação das seções secundárias é feita com letras maiúsculas, seguidas de um ponto. Utilizam grafia em itálico. As seções terciárias são subdivisões das seções secundárias. Apenas a primeira letra da primeira palavra que a compõe é grafada em letra maiúscula, seguindo o espaçamento dos parágrafos. A designação das seções terciárias é feita com algarismos arábicos, seguidos de um parêntese. Utilizam grafia em itálico. III. OUTRAS NORMAS Figuras, tabelas e equações devem obedecer as normas apresentadas a seguir. A. Figuras e Tabelas As tabelas e figuras (desenhos ou reproduções fotográficas) devem ser intercaladas no texto logo após serem citadas pela primeira vez, desde que caibam dentro dos limites da coluna; caso necessário, utilizar toda a área útil da página. A legenda deve ser situada acima da tabela, enquanto que na figura deve ser colocado abaixo da mesma. As tabelas devem possuir títulos e são designadas pela palavra Tabela, sendo numeradas em algarismos romanos, seqüencialmente. 83 ∆I L = I o + 3 Vi . 2 Z (1) Onde: ∆I L Io Vi Z - Corrente de pico no indutor ressonante. - Corrente de carga. - Tensão de alimentação. - Impedância característica do circuito ressonante. IV. CONCLUSÕES Este artigo foi integralmente editado conforme as normas apresentadas para submissão de artigos em português. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Fulano de Tal, pela colaboração neste trabalho. Este projeto foi financiado pelo CNPq (processo xxyyzz). Fig. 1. Curva de magnetização em função do campo aplicado. (Observe que o termo “Fig.” é abreviado. Existe um ponto após o número da figura, seguido de dois espaços antes da legenda). As figuras necessitam de título, legenda, e são designadas pela palavra Figura no texto, numeradas em algarismos arábicos, seqüencialmente, conforme exemplo. A designação das partes de uma figura, é feita pelo acréscimo de letras minúsculas ao número da figura, separadas por ponto, começando pela letra a, como por exemplo, Figura 1.a. Com o intuito de facilitar a compreensão das figuras, a definição dos eixos das mesmas deve ser feita utilizando-se palavras e não letras, exceto no caso de formas de onda e planos de fase. As unidades devem ser expressas entre parênteses. Por exemplo, utilize a denominação “Magnetização (A/m)”, ao invés de “M (A/m)”. As figuras e tabelas devem ser posicionadas no início ou no final das colunas, evitando-as no meio das colunas. Devem ser evitadas tabelas e figuras, cujas dimensões ultrapassem as dimensões das colunas. B. Abreviações e Siglas As abreviações a serem utilizadas no texto, devem ser definidas na primeira vez em que aparecerem, como por exemplo, “... Modulação por Largura de Pulso (PWM)...”. C. Equações A numeração das equações deve ser colocada entre parênteses, na margem direita, como no exemplo abaixo. As equações devem ser editadas de forma compacta, estar centralizadas na coluna e devem utilizar o estilo itálico. Caso não seja usada no início do texto uma nomenclatura, as grandezas devem ser definidas logo após as equações em que são indicadas. 84 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] C. T. Rim, D. Y. Hu, G. H. Cho, “Transformers as Equivalent Circuits for Switches: General Proof and D-Q Transformation-Based Analysis”, IEEE Transactions on Industry Applications, vol. 26, no. 4, pp. 832-840, July/August 1990. [2] E. A. Vendrusculo, J. A. Pomilio, “Motores de Indução Acionados por Inversores PWM-VSI: Estratégia para Atenuação de Sobretensões”, Revista Eletrônica de Potência - SOBRAEP, vol. 08, no. 1, pp. 49-56, Junho 2003. [3] N. Mohan, T. M. Undeland, W. P. Robbins, Power Electronics: converters, applications, and design, John Wiley & Sons, 2a Edição, Nova Iorque, 1995. [4] S. A. González, M. I. Valla, and C. H. Muravchik, “A Phase Modulated DGPS Transmitter Implemented with a CMRC”, in Proc. of COBEP, vol. 02, pp. 553-558, 2001. DADOS BIOGRÁFICOS Fulano de Tal, nascido em 30/02/1960 em Talópoli é engenheiro eletricista (1983), mestre (1985) e doutor em Engenharia Elétrica (1990) pela Universidade de Tallin. Ele foi, de 1990 a 1995, coordenador do Laboratório de Tal. Atualmente é professor titular da Universidade de Tal. Suas áreas de interesse são: eletrônica de potência, qualidade do processamento da energia elétrica, sistemas de controle eletrônicos e acionamentos de máquinas elétricas. Dr. Tal é membro fundador da SOBRAEP e membro da SBA e IEEE. Durante o período de 1998 até 2000 foi editor da Revista Eletrônica de Potência da SOBRAEP. Eletrônica de Potência - Vol. 9, n° 1, Junho de 2004.