Arquitetura Paraibana na Primeira Década do Séclo XXI

Transcrição

Arquitetura Paraibana na Primeira Década do Séclo XXI
ARQUITETURA PARAIBANA NA PRIMEIRA DÉCADA DO SÉCULO XXI
Autoria:

Manoel Brito de Farias Segundo (orientador) – Faculdade de Ciências Sociais
Aplicadas (FACISA)

Caio Méssala da Silva Faustino - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas
(FACISA)

Pablo Vinicius de Araújo Nascimento - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas
(FACISA)

Tamíris Costa dos Santos – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (FACISA)
E-mail: [email protected]
RESUMO AMPLIADO
Em janeiro de 2011, a revista Projeto Design - importante publicação nacional
especializada em arquitetura e urbanismo – lançou uma edição especial dedicada à
discussão do panorama da arquitetura brasileira produzida na primeira década do século
XXI. Foram então apresentados diversos exemplos desta produção, considerados por
professores, críticos e arquitetos consultados pela revista como representativos da
arquitetura contemporânea brasileira. Nesta ocasião, ficou latente a ausência de
exemplos da produção nordestina e, em particular, da paraibana. Tal fato denota o
pouco conhecimento da produção contemporânea do nosso estado frente à mídia
nacional que, associado ao pequeno número de veículos de divulgação a nível estadual,
leva a um certo desconhecimento desta produção também no âmbito local. Este
contexto fomentou a realização desta pesquisa, que teve como objetivo elaborar um
panorama da produção arquitetônica paraibana na primeira década do século XXI,
selecionando obras relevantes produzidas nesse período, de modo a identificar as
principais características desta arquitetura, possibilitando estabelecer reflexões acerca
desta produção. Na pesquisa, foi possível observar os caminhos que a arquitetura
paraibana vem percorrendo neste período, que se apresenta marcado por fatores
importantes que rebatem de forma direta na produção arquitetônica, tais como:
surgimento de novas escolas de arquitetura no estado; crescimento e fortalecimento da
economia do país e do estado, acentuação da verticalização das cidades paraibanas e
avanço do acesso às tecnologias de informação.
Para o desenvolvimento da pesquisa, o primeiro passo foi identificar as obras a serem
incluídas, selecionadas a partir dois recortes: (1) recorte temporal, definido como o
período entre os anos de 2001 e 2010, compreendendo, portanto, a primeira década do
século XXI; e (2) recorte temático, definido como edificações executadas no estado,
excluindo obras de urbanismo, paisagismo, arquitetura de interiores, entre outros.
Esta identificação se deu, em primeiro momento, através de uma pesquisa nos meios de
publicação e divulgação de arquitetura existentes no estado, tais como revistas
especializadas, sites e/ou blogs destinados a este fim, home-pages dos arquitetos
paraibanos na internet, entre outros. Também foi realizada uma pesquisa no acervo das
premiações anuais realizadas pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento da
Paraíba (IAB-PB), dentro do recorte temporal determinado. Além disso, também foram
identificadas obras relevantes para o estudo a partir de observação e pesquisa de campo,
realizadas principalmente nas cidades de João Pessoa, Campina Grande e Patos. A
seleção das obras a serem efetivamente incluídas na pesquisa se baseou em critérios de
linguagem, expressão formal, adequação ao lugar e materialidade, de modo a identificar
obras dotadas de reconhecida qualidade arquitetônica, representativas da melhor
produção paraibana no período estudado.
O quadro teórico da pesquisa fundamenta-se nos conceitos de arquitetura definidos por
Farelly (2010), Lemos (1982), Costa (1995) e Colin (2000). Lucio Costa (1995) define
a arquitetura como construção concebida com a intenção de ordenar e organizar
plasticamente o espaço, em função de uma determinada época, de um determinado
meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa. Tal definição nos
permite entender a arquitetura como fenômeno diretamente ligado à sociedade que a
produz, em suas várias dimensões: geográfica, cultural, social, econômica, etc. Silva
(1984) reforça esta idéia ao afirmar que a capacidade-necessidade que o gênero humano
tem de construir (morbus aedificandi) é um traço cultural. Assim sendo, os objetos
arquitetônicos são reflexo e testemunha dos processos evolutivos do homem que a
produz. Colin (2000) ressalta o fato de que a observação da arquitetura pode revelar o
modo como vivemos e nos relacionamos. Ou seja, a história da arquitetura está
intrinsecamente ligada à história da civilização (FARELLY, 2010). Neste contexto,
como testemunha dos processos evolutivos da sociedade, a arquitetura produzida na
contemporaneidade está impregnada dos elementos característicos desta sociedade. O
fazer arquitetônico, bem como os objetos produzidos neste processo, revelam
características deste tempo. Para Farelly, o termo arquitetura contemporânea faz
referência àquela surgida durante os séculos XX e XXI, período marcado pelo
nascimento e evolução da sociedade industrial e seu processo de transformação em
sociedade globalizada, marcada pela revolução digital e da informação. Estas
transformações estão explicitas nos objetos construídos, desde os exemplares de
Arquitetura Moderna, da profusão do Estilo Internacional, da reação arquitetônica
manifestada no Pós-modernismo, da valorização tecnológica dos movimentos High-tech
e Desconstrutivismo, das experimentações arquitetônicas da virada do milênio,
culminando nas obras da primeira década do século XXI, caracterizada particularmente
pelos projetos assistidos por computador, em geometrias complexas (JURGEN, 2008).
Nesta perspectiva, Sperling (2001) afirma que a tarefa arquitetônica está atualmente
inserida em um contexto social marcado por grandes mudanças advindas da
globalização, dos avanços tecnológicos e da revolução digital.
Diante deste contexto, percebe-se a importância de observar o desenvolvimento da
arquitetura paraibana ao longo do século XX, já que esta encontra neste período um
momento propicio para sua consolidação. O estudo desta produção bem como seus
desdobramentos, coloca-se como importante instrumento no papel de formação de um
saber arquitetônico fundamental à formação de novos arquitetos, conforme coloca
Moneo (2008) ao ressaltar a necessidade das escolas de arquitetura em prestar atenção
no cenário contemporâneo e na produção dos arquitetos que ainda não passaram aos
manuais. É neste panorama que se coloca esta pesquisa, pois a observação e análise da
produção arquitetônica mais recente no estado, ou seja, aquela erigida na primeira
década do século XXI, pode revelar que caminhos esta arquitetura seguiu após a virada
do milênio, e como ela tem incorporando os novos contextos da sociedade paraibana
neste período.
Como resultado da pesquisa, foram selecionadas 35 obras com dados registrados em
uma ficha individual, apresentando identificação, uso, autores, local de construção,
áreas do terreno e construção, e datas de projeto e execução. A ficha traz ainda registro
gráfico das edificações, em plantas, cortes e elevações, bem como imagens fotográficas
das mesmas. Ainda é apresentando breve memorial, que evidencia as principais
características arquitetônicas observadas em cada projeto, focando aspectos como
solução espacial, conforto ambiental, volumetria e materialidade.
Palavras-chave: Arquitetura contemporânea. Paraíba. Século XXI
Referências
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2008.
COLIN, Sílvio. Uma Introdução à arquitetura. Rio de Janeiro: UAPÊ, 2000.
COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea (1940).
In: Lúcio Costa, Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995.
608p.il.
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Companhia Editora Ltda, 2010.
LEMOS, Carlos A. C. O que é arquitetura. São Paulo: Brasiliense, 1982.
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1999.
MONEO, Rafael. Inquietação teórica e processo projetual na obra de oito
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SILVA, Elvan. Uma introdução ao projeto arquitetônico. Porto Alegre: Editora da
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WOLF, José. Algo de novo na Terra do Sol... Arquitetura paraibana, sim senhor!
Disponível em < http://www.piniweb.com.br/construcao/noticias/algo-de-novo-naterra-do-sol-arquitetura-paraibana-sim-84579-1.asp>. Acesso em 21 de outubro de
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