nº 1 - Febrasgo
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nº 1 - Febrasgo
ISSN 0100-7203 (acetato de ciproterona e etinilestradiol, Bayer) A combinação de acetato de ciproterona 2 mg e etinilestradiol 35 mcg é comercializada no Brasil sob diversas marcas. Diane®35, é a marca mais conhecida e está no mercado mundial em mais de 116 países há 35 anos e, no Brasil, há 23 anos. Diane®35 por ser marca de referência tem sua eficácia e segurança comprovadas através de estudos clínicos e incluindo milhões de usuárias em todo o mundo. Esta categoria de medicamentos é indicada para o tratamento de Síndrome do Ovário Policístico, acne de graus moderado à grave, hirsutismo e alopécia androgênica. Por também possuir ação contraceptiva comprovada somente deverá ser utilizada por mulheres em idade reprodutiva e deverá ser utilizada por mulheres em idade reprodutiva que não tenham o desejo de engravidar no decorrer do tratamento.1 Recentemente, tem-se observado uma preocupação com relação à ocorrência de eventos tromboembólicos com o uso destes medicamentos contendo ciproterona e etinilestradiol. Essa preocupação levou a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) no início de 2013 a reavaliar o perfil de segurança desta medicação, e a conclusão foi de que os benefícios de Diane®35 superam seus eventuais riscos2, uma vez que o risco de tromboembolismo venoso em usuárias de medicamentos hormonais orais é muito baixo. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia noTa de esclarecImenTo Para ProfIssIonaIs da saÚde sobre dIane®35 Janeiro 2013 Informações geraIs sobre TromboembolIsmo Venoso e medIcamenTos hormonaIs Destaca-se ainda que, por reduzir o índice de gestações não planejadas, os contraceptivos hormonais acabam por diminuir o risco global de tromboembolismo venoso na população, em comparação com populações que não têm acesso à contracepção efetiva7,8. • Esta ocorrência é mais frequente em mulheres durante a gravidez do que nas usuárias de contraceptivos.4,5 É importante mencionar que os eventos tromboembólicos são raros, porém, jamais devem ser menosprezados. Por isso a importância de uma avaliação médica criteriosa, antes da utilização destes medicamentos por pacientes. • Segundo estudos publicados na literatura médica4,6, temos os seguintes índices, calculados por 10.000 mulheres-ano: - 30 casos durante a gravidez - 9 casos em usuárias de pílulas - 5 casos em não usuárias de pílulas Janeiro 2013 Todos os medicamentos, em especial os compostos de hormônios, requerem prescrição criteriosa, seguindo os Critérios de Elegibilidade da Organização Mundial da Saúde (OMS)3. Para colocar em perspectiva os números sobre a incidência de tromboembolismo venoso temos: nº 1 A trombose venosa profunda resulta de múltiplas causas, e frequentemente requer a combinação de diversos fatores de risco para se manifestar. Exemplos de tais fatores são: idade avançada, história familiar de eventos tromboembólicos, imobilizações prolongadas, tabagismo, obesidade, entre outros.9 volume 35 a comercIalIzação de dIane®35 manTém-se normalmenTe no brasIl. A Bayer, como empresa de pesquisa e inovação, reafirma seu compromisso com a qualidade e a segurança de Diane®35, reavaliando continuamente o perfil de segurança deste medicamento. Reiteramos assim nosso compromisso quanto à transparência na investigação minuciosa de relatos de efeitos colaterais possivelmente relacionados a este medicamento. Colocamo-nos à disposição para quaisquer informações relacionadas a nossos produtos via telefone gratuito do Serviço de Atendimento ao Consumidor Bayer 0800 7021241 ou pelo e-mail [email protected]. Atenciosamente, Bayer Healthcare coNtrAINDIcAçÃo: sAngrAMento vAginAl não diAgnosticAdo. INtErAçõEs mEDIcAmENtosAs: fárMAcos que induzAM As enziMAs MicrossoMAis hepáticAs. rEfErêNcIAs BIBlIográfIcAs: 1. bulA diAne®35 (AcetAto de ciproteronA e etinilestrAdiol, bAyer). 2. europeAn Medicines Agency. press releAse: benefits of diAne®35 And its generics outweigh risks in certAin pAtient groups - prAc recoMMendAtion endorsed by cMdh. disponível eM: http://www.eMA.europA.eu/eMA/index.jsp?curl=pAges/ news_And_events/news/2013/05/news_detAil_001801.jsp&Mid=wc0b01Ac058004d5c1. AcessAdo eM 10.jun.2013. 3. world heAlth orgAnizAtion. MedicAl eligibility criteriA for contrAceptive use – 4th ed. disponível eM: http://whqlibdoc.who.int/publicAtions/2010/9789241563888_eng.pdf. AcessAdo eM 19.jun.2013. 4. dinger jc. the sAfety of A drospirenone contAining orAl contrAceptive: finAl results froM the europeAn Active surveillAnce study on orAl contrAceptives bAsed on 142,475 woMen-yeArs of observAtion. contrAception. 2007;75(5):344–54. 5. europeAn Medicines Agency. coMbined orAl contrAceptives And venous throMboeMbolisM. the europeAn Agency for the evAluAtion of MedicinAl products coMMittee for proprietAry MedicinAl products (cpMp); public AssessMent report. london, 28 septeMber 2001 [online]. disponível eM: http://www.eMA.europA.eu/docs/en_gb/docuMent_ librAry/report/2009/12/wc500017870.pdf. AcessAdo eM 19.jun.2013.6. heineMAnn lA, dinger jc. rAnge of published estiMAtes of venous throMboeMbolisM incidence in young woMen. contrAception. 2007 MAy;75(5):328-36. epub 2007 feb 20. 7. the society of obstetriciAns And gynAecologists of cAnAdA. position stAteMent: horMonAl contrAception And risk of venous throMboeMbolisM (vte). disponível eM: http://sogc.org/MediA_updAtes/position-stAteMent-horMonAl-contrAception-And-risk-of-venous-throMboeMbolisM-vte/. AcessAdo eM 20.06.2013. 8. ory hw. MortAlity AssociAted with fertility And fertility control: 1983. fAMily plAnning perspectives 1983; 15:57-63. 9. cAnnegieter sc et Al. pregnAncy And trAvel relAted throMboeMbolisM. throMbosis reseArch. 2013;1(131):s55-s58. L.BR.06.2013.0797 0800 7021241 MATERIAL DESTINADO AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. 0800 7021241 número 1 p. 1 - 44 DIANE® 35. AcetAto de ciproteronA e etinilestrAdiol. reg. Ms – 1.0020.0111. INDIcAçõEs: pArA o trAtAMento de distúrbios Andrógeno-dependentes nA Mulher: Acne (pApulopustulosA, nodulocísticA) e seborreiA, AlopeciA AndrogênicA, cAsos leves de hirsutisMo, síndroMe de ovários policísticos (sop). coNtrAINDIcAçõEs: presençA ou históriA de processos troMboeMbólicos ArteriAis ou venosos; históriA de enxAquecA coM sintoMAs neurológicos focAis; diAbetes Mellitus coM AlterAções vAsculAres; A presençA de fAtor de risco grAve pArA A troMbose ArteriAl ou venosA; presençA ou históriA de pAncreAtite AssociAdA à hipertriglicerideMiA grAve; presençA ou históriA de doençA hepáticA grAve, enquAnto os vAlores dA função hepáticA não retornAreM Ao norMAl; presençA ou históriA de tuMores hepáticos (benignos ou MAlignos); diAgnóstico ou suspeitA de neoplAsiAs dependentes de esteroides sexuAis; sAngrAMento vAginAl não diAgnosticAdo; suspeitA ou diAgnóstico de grAvidez; lActAção; hipersensibilidAde às substânciAs AtivAs ou A quAlquer uM dos coMponentes do produto. PrEcAuçõEs E ADvErtêNcIAs: os benefícios dA utilizAção de diAne® 35 deveM ser AvAliAdos pArA cAdA pAciente individuAlMente e discutidos coM A MesMA Antes de optAr pelo início ou continuAção de suA utilizAção, nos cAsos de: dor e/ou inchAço unilAterAl eM MeMbro inferior; dor torácicA AgudA e intensA, coM ou seM irrAdiAção pArA o brAço esquerdo; dispneiA AgudA; tosse de início Abrupto; cefAleiA não hAbituAl, intensA e prolongAdA; perdA repentinA dA visão, pArciAl ou totAl; diplopiA; distorções nA fAlA ou AfAsiA; vertigeM; colApso, coM ou seM convulsão focAl; frAquezA; distúrbios Motores; AbdoMe Agudo; dislipoproteineMiA; hipertensão; enxAquecA; vAlvopAtiA; fibrilAção AtriAl; iMobilizAção prolongAdA, cirurgiA de grAnde porte, quAlquer intervenção cirúrgicA eM MeMbros inferiores ou trAuMA extenso; hipertriglicerideMiA; icteríciA e/ou prurido; forMAção de cálculos biliAres; porfiriA; lúpus eriteMAtoso sistêMico; síndroMe heMolítico-urêMicA; coreiA de sydenhAM; herpes gestAcionAl; perdA dA Audição por otosclerose; AngioedeMA hereditário; doençA de crohn e colite ulcerAtivA. podeM surgir sAngrAMentos irregulAres (gotejAMento ou sAngrAMento de escApe), especiAlMente durAnte os priMeiros Meses de uso. forAM observAdos, eM cAsos rAros, tuMores hepáticos benignos e, MAis rArAMente, MAlignos eM usuáriAs de cocs. diAne® 35 não protege contrA doençAs sexuAlMente trAnsMissíveis. rEAçõEs ADvErsAs: náuseAs, dor AbdoMinAl, AuMento de peso corporAl, cefAleiA, estAdos depressivos, AlterAções de huMor, dor e hipersensibilidAde dolorosA nAs MAMAs, vôMitos, diArreiA, retenção de líquido, enxAquecA, diMinuição dA libido, hipertrofiA MAMáriA, erupção cutâneA, urticáriA, intolerânciA A lentes de contAto, hipersensibilidAde, diMinuição de peso corporAl, AuMento dA libido, secreção vAginAl, secreção dAs MAMAs, eriteMA nodoso, eriteMA MultiforMe. INtErAçõEs mEDIcAmENtosAs: podeM ocorrer interAções coM fárMAcos: que induzeM As enziMAs MicrossoMAis hepáticAs (fenitoínA, bArbitúricos, priMidonA, cArbAMAzepinA, rifAMpicinA e tAMbéM possivelMente coM oxcArbAzepinA, topirAMAto, felbAMAto, griseofulvinA e produtos contendo ervA-de-são-joão); ritonAvir; nevirApinA; trAtAMento de infecção por hiv; certos Antibióticos (penicilinAs e tetrAciclinAs). diAne® 35 pode AfetAr o MetAbolisMo de Alguns outros fárMAcos coMo ciclosporinA e iAMotriginA. PosologIA: o regiMe posológico de diAne® 35 é siMilAr Ao dA MAioriA dos contrAceptivos orAis coMbinAdos. As drágeAs deveM ser ingeridAs nA ordeM indicAdA nA cArtelA, por 21 diAs consecutivos. cAdA novA cArtelA é iniciAdA Após uM intervAlo de pAusA de 7 diAs seM A ingestão de drágeAs, durAnte o quAl deve ocorrer sAngrAMento por privAção horMonAl. este sAngrAMento pode não hAver cessAdo Antes do início de uMA novA cArtelA. são necessários 7 diAs de ingestão contínuA dAs drágeAs pArA conseguir supressão AdequAdA do eixo hipotálAMo-hipófise-ovário. A durAção do trAtAMento depende dA grAvidAde dos sintoMAs de AndrogenizAção e dA respostA Ao trAtAMento. frequenteMente, o trAtAMento deve ser reAlizAdo por vários Meses. vENDA soB PrEscrIçÃo mÉDIcA. volume 35 Publicação mensal ISSN 0100-7203 Órgão Oficial de Divulgação Científica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia Rev Bras Ginecol Obstet v. 35, n. 1, p. 1-44, janeiro 2013 Publicação indexada na Base de Dados LILACS e SciELO. Disponível eletronicamente no SciELO www.scielo.br/rbgo nas versões português e inglês Indexada na Base de Dados Medline Acesso eletrônico através da Scopus: www.scopus.com/scopus/home.url Editor Científico Jurandyr Moreira de Andrade (Ribeirão Preto/SP) Editores Associados Eliana Martorano Amaral (Campinas/SP) Geraldo Duarte (Ribeirão Preto/SP) João Luiz Pinto e Silva (Campinas/SP) José Maria Soares Junior (São Paulo/SP) Marilza Vieira Cunha Rudge (Botucatu/SP) Rosiane Mattar (São Paulo/SP) Rossana Pulcinelli Vieira Francisco (São Paulo/SP) Sophie Françoise Mauricette Derchain (Campinas/SP) Editor Executivo Daniel Guimarães Tiezzi (Ribeirão Preto/SP) Conselho Editorial Antonio Alberto Nogueira (Ribeirão Preto/SP) Antonio Jorge Salomão (São Paulo/SP) Carlos Augusto Alencar Jr. (Fortaleza/CE) Eddie Fernando Candido Murta (Uberaba/MG) Edmund Chada Baracat (São Paulo/SP) Francisco Mauad Filho (Ribeirão Preto/SP) Geraldo Duarte (Ribeirão Preto/SP) Gutemberg Leão de Almeida Filho (Rio de Janeiro/RJ) Haroldo Capurro Alzola (Montevideo, Uruguay) Iracema de Mattos Paranhos Calderon (Botucatu/SP) Ivo Behle (Porto Alegre/RS) Jesus de Paula Carvalho (São Paulo/SP) Jon Oyvind Odland (Tromso, Norway) José Carlos Peraçoli (Botucatu/SP) José Geraldo Lopes Ramos (Porto Alegre/RS) José Guilherme Cecatti (Campinas/SP) José Meirelles Filho (Cuiabá/MT) Joseph A.Spinnato, II (Cincinnati, Ohio) Krikor Boyaciyan (São Paulo/SP) Luiz Carlos Zeferino (Campinas/SP) Luiz Gerk de Azevedo Quadros (São Paulo/SP) Luiz Henrique Gebrim (São Paulo/SP) Manoel J. B. Castello Girão (São Paulo/SP) Manuel de Jesus Simões (São Paulo/SP) Marair Gracio Ferreira Sartori (São Paulo/SP) Marcelo Zugaib (São Paulo/SP) Marcos Felipe Silva de Sá (Ribeirão Preto/SP) Maria de Lourdes Brizot (São Paulo/SP) Marilza Vieira Cunha Rudge (Botucatu/SP) Melania Maria Ramos de Amorim (Campina Grande/PB) Nilma Antas Neves (Salvador/BA) Paulo Traiman (Botucatu/SP) Ricardo Mello Marinho (Belo Horizonte/MG) Roseli Mieko Yamamoto Nomura (Santo André/SP) Ruffo de Freitas Júnior (Goiânia/GO) Rui Alberto Ferriani (Ribeirão Preto/SP) Sebastião Freitas de Medeiros (Cuiabá/MT) Selmo Geber (Belo Horizonte/MG) Sérgio Hofmeister de Almeida Martins Costa (Porto Alegre/RS) Sérgio Mancini Nicolau (São Paulo/SP) Técia Maria de Oliveira Maranhão (Natal/RN) Victor Hugo de Melo (Belo Horizonte/MG) Wagner José Gonçalves (São Paulo/SP) Wellington de Paula Martins (Ribeirão Preto/SP) SECRETÁRIA EXECUTIVA Rosane Aparecida Cunha Casula REVISORA DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Maria Cristina Manduca Ferreira Órgão Oficial de Divulgação Científica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia RBGO – EDITORIA Av. Bandeirantes, 3900 – 8º andar – Campus Universitário 14049-900 – Ribeirão Preto/SP Fone (16) 3602-2803 – FAX (16) 3633-0946 Expediente REVISTA BRASILEIRA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA, ISSN 0100-7203, é uma publicação mensal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. A responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos é de inteira responsabilidade de seus autores. É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos, desde que mencionada a fonte. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia Presidente Etelvino de Souza Trindade (DF) Diretora Administrativa Vera Lúcia Mota da Fonseca (RJ) Diretor Financeiro Francisco Eduardo Prota (SP) Diretor Científico Nilson Roberto de Melo (SP) Diretor de Defesa Profissional Hélcio Bertolozzi Soares (PR) Vice-presidente da região Norte Júlio Eduardo Gomes Pereira (AC) Vice-presidente da região Nordeste Olímpio Barbosa Moraes Filho (PE) Vice-presidente da região Centro-Oeste Paulo Roberto Dutra Leão (MT) Vice-presidente da região Sudeste Hugo Miyahira (RJ) Vice-presidente da região Sul Jorge Abi Saab Neto (SC) Assessora Especial de Diretoria Hitomi Miura Nakagava (DF) Presidência e Secretaria Executiva Avenida das Américas, 8445 – sala 711 Barra da Tijuca – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22793-081 Tel.: (21) 2487-6336 – Fax: (21) 2429-5133 www.febrasgo.org.br [email protected] [email protected] RBGO é uma revista mensal com entrega automática para os sócios da FEBRASGO. Remessa com devolução garantida em caso de erro postal. Assinaturas para pessoas jurídicas pelo fax (21) 2429-5133 TIRAGEM: 18.000 exemplares Os pedidos de separatas devem ser feitos pelo telefone: 0800 77 23023. As separatas reproduzirão fielmente o texto publicado, não podendo ser feitos acréscimos ou exclusões no mesmo. Produção Editorial ZEPPELINI EDITORIAL Rua Bela Cintra, 178 Cerqueira César – São Paulo – SP – 01415-000 PABX: (11) 2978-6686 www.zeppelini.com.br [email protected] Publicação mensal ISSN 0100-7203 Órgão Oficial de Divulgação Científica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia Rev Bras Ginecol Obstet v. 35, n. 1, p. 1-44, janeiro 2013 Sumário Editorial 1 Novamente a questão do aborto no Brasil: ventos de mudança? Again the issue of abortion in Brazil: winds of change? Rodolfo de Carvalho Pacagnella Artigos originais 5 Ugo Indraccolo Maria Matteo Carla Bracalenti Pantaleo Greco Salvatore Renato Indraccolo 10 Thaís Rocha Assis Ana Claudia Antonio Maranhão Sá Waldemar Naves do Amaral Elicéia Marcia Batista Cibelle Kayenne Martins Roberto Formiga Délio Marques Conde 16 Viviane Herrmann Renata Gebara De Grande Di Sessa Cassio Luís Zanettini Ricceto Sirlei Siani Morais Edilson Benedito de Castro Cassia Raquel Juliato Can endometrial arylsulfatase A activity predict the onset of endometrial polyps over the years? A atividade da arilsulfatase endometrial A pode prever a aparição de pólipos endometriais ao longo dos anos? Efeito de um programa de exercícios para o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico de multíparas The effect of an exercise program to strengthen pelvic floor muscles in multiparous women Associação entre o escore do International Consultation on Incontinence Questionaire – Urinary Incontinence/Short Form e a Avaliação Urodinâmica em mulheres com incontinência urinária Correlation of the International Consultation on Incontinence Questionaire – Urinary Incontinence/ Short Form to Urodynamic diagnosis in women with urinary incontinence 21 Renata do Sacramento Monte de Oliveira Renato Galvão Redorat Gisele Hart Ziehe Vera Aleta Mansur Flávia Lúcia Conceição 27 Cristina Mendes Gigliotti Borsari Roseli Mieko Yamamoto Nomura Arterial hypertension and metabolic profile in patients with polycystic ovary syndrome Hipertensão arterial e perfil metabólico em pacientes com síndrome dos ovários policísticos Aborto provocado em mulheres da periferia da cidade de São Paulo: vivência e aspectos socioeconômicos Abortion in women living in the outskirts of Sao Paulo: experience and socioeconomic aspects Gláucia Rosana Guerra Benute Mara Cristina Souza de Lucia Rossana Pulcineli Vieira Francisco Marcelo Zugaib 33 Nelsilene Mota Carvalho Tavares Sabrina Girotto Ferreira João Renato Bennini Emílio Francisco Marussi Ricardo Barini Cleisson Fábio Andrioli Peralta Intervalos de referência longitudinais de parâmetros doplervelocimétricos materno-fetais Longitudinal reference intervals of maternal-fetal Doppler parameters Relato de Caso 39 Tiago José Santos de Matos Ferraz Carla Maria Magno Bartosch Carla Maria Almeida Ramalho Filipa Abreu Gomes de Carvalho Berta Cecília Campos Lima de Carvalho Otília Gonçalves Bento Cavaleiro Brandão Nuno Aires Mota Mendonça Montenegro Complete mole in a dichorionic twin pregnancy after intracytoplasmic sperm injection Mola hidatiforme completa em gravidez bicoriônica após injecção intracitoplasmática de espermatozoides Agenda 44 Agenda Instruções aos Autores A Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Rev Bras Gincecol as respectivas publicações sobre o tema. Se houver interesse da revista, será enviado convite para apresentação do texto definitivo. Todos os autores devem ter publicações em periódicos regulares, indexados sobre o tema da revisão. O número de autores é limitado a quatro, dependendo do tipo de texto e da metodologia empregada. Devem ser descritos os métodos e procedimentos adotados para a obtenção do texto, que deve ter como base referências recentes, inclusive do ano em curso. Tratando-se de tema ainda sujeito a controvérsias, a revisão deve discutir as tendências e as linhas de investigação em curso. Apresentar, além do texto da revisão, resumo, abstract e conclusões. Ver a seção “Preparo do manuscrito” para informações quanto ao texto principal, página de rosto, resumo e abstract; Obstet., ISSN 0100 7203), publicação mensal de divulgação científica da Federação das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), é dirigida a obstetras, ginecologistas e profissionais de áreas afins, com o propósito de publicar contribuições originais sobre temas relevantes no campo da Ginecologia, Obstetrícia e áreas correlatas. É aberta a contribuições nacionais e internacionais. A revista aceita e publica trabalhos em português, inglês e espanhol. O material enviado para análise não pode ter sido submetido simultaneamente à publicação em outras revistas nem publicado anteriormente. Na seleção dos manuscritos para publicação, são avaliadas originalidade, relevância do tema e qualidade da metodologia utilizada, além da adequação às normas editoriais adotadas pela revista. O material publicado passa a ser propriedade da Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e da Febrasgo, só podendo ser reproduzido, total ou parcialmente, com a anuência dessas entidades. 5. Comentários Editoriais, solicitados pelo editor; 6. Resumos de Teses apresentadas e aprovadas nos últimos 12 meses, contados da data de envio do resumo. Devem conter, aproximadamente, 300 palavras e, para serem aceitos, devem seguir as normas da revista quanto à estruturação, à forma e ao conteúdo. Incluir título em português e inglês e, no mínimo, três palavras ou expressõeschave. Não há revisão do texto dos Resumos de Teses. No arquivo enviado, informar: nome completo do autor e do orientador; membros da banca; data de apresentação e a identificação do serviço ou departamento onde a tese foi desenvolvida e apresentada. Lembramos que a publicação do resumo não impede a posterior publicação do trabalho completo em qualquer periódico. Os manuscritos submetidos à revista são analisados por pareceristas e o sigilo sobre a autoria e a identidade dos revisores é garantido durante todo o processo de edição. Os pareceres dos revisores e as instruções do editor serão enviados para os autores para que eles tomem conhecimento das alterações a serem introduzidas. Os autores devem reenviar o texto com as modificações solicitadas assim que possível, devendo justificar, na carta de encaminhamento, se for o caso, o motivo do não atendimento de alguma sugestão para modificação. Não havendo retorno do trabalho após três meses, presume-se que os autores não têm mais interesse na publicação. Os autores podem solicitar em qualquer ponto do processo de análise e edição do texto a sustação do processo e a retirada do trabalho. Os conceitos e as declarações contidos nos artigos são de responsabilidade dos autores. A revista publica contribuições nas seguintes categorias: 1. Artigos Originais, trabalhos completos prospectivos, experimentais ou retrospectivos. Manuscritos contendo resultados de pesquisa clínica ou experimental original têm prioridade para publicação. 2. Relatos de Casos, de grande interesse e bem documentados, do ponto de vista clínico e laboratorial. Os autores deverão indicar na carta de encaminhamento os aspectos novos ou inesperados em 7. Cartas dos Leitores para o Editor, versando sobre matéria editorial ou não, mas com apresentação de informações relevantes ao leitor. As cartas podem ser resumidas pela editoria, mas com manutenção dos pontos principais. No caso de críticas a trabalhos publicados, a carta é enviada aos autores para que sua resposta possa ser publicada simultaneamente. Informações gerais 1. A revista não aceita material editorial com objetivos comerciais. 2. Conflito de interesses: devem ser mencionadas as situações que podem influenciar de forma inadequada o desenvolvimento ou as conclusões do trabalho. Entre essas situações, menciona-se a participação societária nas empresas produtoras das drogas ou dos equipamentos citados ou utilizados no trabalho, assim como em concorrentes da mesma. São também consideradas fontes de conflito os auxílios recebidos, as relações de subordinação no trabalho, as consultorias etc. 3. No texto, deve ser mencionada a submissão e a aprovação do estudo por um Comitê de Ética em Pesquisa reconhecido pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). 4. Artigo que trate de pesquisa clínica com seres humanos deve incluir a declaração, na seção Métodos, de que os sujeitos do estudo assinaram o termo de consentimento livre e informado. Os autores relação aos casos já publicados. O texto das seções Introdução e Discussão deve ser baseado em revisão bibliográfica atualizada. O número de referências pode ser igual ao dos trabalhos completos. 3. Técnicas e Equipamentos, para apresentação de inovações em diagnóstico, técnicas cirúrgicas e tratamentos, desde que não sejam, clara ou veladamente, propaganda de drogas ou outros produtos. Valem para essa categoria todas as normas aplicadas para trabalhos completos. 4. Artigos de Revisão, incluindo avaliação crítica e sistematizada da literatura, meta-análises ou revisões sistemáticas. A seleção dos temas e o convite aos autores têm como base planejamento estabelecido pela editoria. Contribuições espontâneas podem ser aceitas. Nesse caso, devem ser enviados inicialmente um resumo ou roteiro do texto, a lista de autores e v devem informar, também, que a pesquisa foi conduzida de acordo com a Declaração de Helsinque revisada em 2008. 5. No caso de trabalhos envolvendo experimentação animal, os autores devem indicar na seção Métodos que foram seguidas as normas contidas no CIOMS (Council for International Organization of Medical Sciences) Ethical Code for Animal Experimentation (WHO Chronicle 1985; 39(2):51-6) e os preceitos do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal - COBEA (www.cobea.org.br). 6. Todos os ensaios controlados aleatórios (randomized controlled trials) e clínicos (clinical trials) submetidos à publicação devem ter o registro em uma base de dados de ensaios clínicos. Essa é uma orientação da Plataforma Internacional para Registros de Ensaios Clínicos (ICTRP) da Organização Mundial da Saúde (OMS), e do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE). As instruções para o registro estão disponíveis no endereço eletrônico do ICMJE (http://www.icmje.org/clin_trialup.htm) e o registro pode ser feito na base de dados de ensaios clínicos da National Library of Medicine, disponível em http://clinicaltrials.gov/ct/gui. Preparo dos manuscritos As normas que seguem foram baseadas no formato proposto pelo ICMJE e publicado no artigo “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals”, atualizado em Outubro de 2008 e disponível no endereço eletrônico: http://www.icmje.org/. Apresentação do texto 1. Os trabalhos devem ser digitados em espaço 2 em todas as seções, da página de rosto às referências bibliográficas, tabelas e legendas. Cada página deve conter aproximadamente 25 linhas em uma coluna. Usar preferencialmente o processador de texto Microsoft Word® e a fonte Times New Roman 12. Não dar destaque a trechos do texto: não sublinhar ou usar negrito. Numerar todas as páginas, iniciando pela de rosto. Não usar maiúsculas nos nomes próprios (a não ser a primeira letra) no texto ou nas referências bibliográficas. Não utilizar pontos nas siglas (DPP em vez de D.P.P.). Quando usar siglas ou abreviaturas, descrevê-las por extenso na primeira vez que mencionadas no texto. Iniciar cada seção em uma nova página: página de rosto; resumo e palavras ou expressões-chave; abstract e keywords; texto; agradecimentos; referências; tabelas individuais e legendas das figuras. 7. O número de autores de trabalhos completos e relatos de casos é limitado a sete. Trabalhos de autoria coletiva (institucionais) devem ter os responsáveis especificados. Trabalhos e estudos multicêntricos podem ter número de autores compatível com o número de centros (cada situação será avaliada pela editoria e pelos revisores). Os investigadores responsáveis pelos protocolos aplicados devem ser especificados. Todos os autores devem ter conhecimento do texto enviado para a revista. 2. 8. O conceito de coautoria é baseado na contribuição de cada um, para a concepção e planejamento do trabalho, análise e interpretação dos dados, para a redação ou revisão crítica do texto. A inclusão de nomes cuja contribuição não se enquadre nos critérios citados ou que tenham fornecido apenas suporte material não é justificável. Página de rosto 9. Os autores serão informados, por correspondência eletrônica, do recebimento dos trabalhos. Os trabalhos que estiverem de acordo com as Instruções aos Autores e se enquadram na política editorial da revista serão enviados para análise por revisores indicados pelo editor. Os originais em desacordo com os objetivos da revista ou com essas instruções são devolvidos aos autores para as adaptações necessárias antes da avaliação pelo Conselho Editorial ou recusados sem análise por revisores. 10. Junto dos arquivos originais, deve ser enviada uma carta de encaminhamento, na qual deve ficar explícita a concordância com as normas editoriais, com o processo de revisão e com a transferência de copyright para a revista. 11. Para manuscritos originais, não ultrapassar 25 páginas de texto digitado ou aproximadamente 30.000 caracteres. Limitar o número de tabelas e figuras ao necessário para apresentação dos resultados que são discutidos (como norma geral, limitar a cinco). Para manuscritos do tipo Relato de Caso, não ultrapassar 15 páginas de texto ou 18.000 caracteres (ver “Preparo do manuscrito”, “Resultados”). 12. O trabalho deve ser enviado pelo sistema de submissão online no portal SciELO. O endereço eletrônico de todos os autores deve ser fornecido. Desta forma, os coautores receberão informação sobre a submissão do vi trabalho e, assim, não será necessária a assinatura de todos na carta de encaminhamento. O endereço eletrônico para correspondência com a revista é [email protected]. O arquivo correspondente ao trabalho deve ser único e deve conter texto, referências, tabelas e figuras. Apresentar o título do trabalho em português e em inglês; nomes completos dos autores sem abreviaturas; endereços eletrônicos válidos de todos os autores (opcional, em substituição à carta de encaminhamento); nome da instituição onde o trabalho foi desenvolvido; afiliação institucional dos autores; informações sobre auxílios recebidos sob forma de bolsas de estudos, financiamento, fornecimento de drogas, reagentes ou equipamentos. Obrigatoriamente deve ser fornecido o endereço da instituição onde o trabalho foi desenvolvido, o qual é publicado na página inicial do trabalho. Devem ser indicados nome, endereço, telefone/fax e e-mail do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Essas informações pessoais são empregadas apenas para correspondência com a revista e somente são publicadas se houver pedido do(s) autor(es). Resumo O resumo do trabalho deve aparecer na segunda página. Para trabalhos completos, redigir um resumo estruturado, que deve ser dividido em seções identificadas: objetivo, métodos, resultados e conclusões. Deve ter aproximadamente 300 palavras. O resumo deve conter as informações relevantes, permitindo que o leitor tenha uma ideia geral do trabalho. Deve incluir descrição resumida de todos os métodos empregados e da análise estatística efetuada. Expor os resultados numéricos mais relevantes, e não apenas indicação de significância estatística. As conclusões devem ser baseadas nos resultados do trabalho e não da literatura. Evitar o uso de abreviações e símbolos. Não citar referências bibliográficas no resumo. Abaixo do texto do resumo indicar o número de registro e/ou identificação para os ensaios controlados aleatórios e ensaios clínicos (ver item 5 das “Informações Gerais”). Na mesma página do resumo, citar pelo menos três palavras ou expressões-chave que serão empregadas para compor o índice anual da revista. Devem ser baseadas nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) publicado pela Bireme, que é uma tradução do Medical Subject Headings (MeSH) da National Library of Medicine e está disponível no endereço eletrônico: http://decs.bvs.br. O abstract deve ser versão fiel do texto do resumo estruturado (purpose, methods, results e conclusions). Deve ser também acompanhado da versão para o inglês das palavras ou expressões-chave (keywords). O resumo e o abstract dos Relatos de Casos e dos Artigos de Revisão e de Atualização não devem ser estruturados e são limitados a 150 palavras. Introdução Repetir, na primeira página da introdução, o título completo em português e inglês. Nessa seção, mostre a situação atual dos conhecimentos sobre o tópico em estudo, divergências e lacunas que possam eventualmente justificar o desenvolvimento do trabalho, mas sem revisão extensa da literatura. Para Relatos de Casos, apresentar um resumo dos casos já publicados, epidemiologia da condição relatada e uma justificativa para a apresentação como caso isolado. Expor claramente os objetivos do trabalho. Métodos Iniciar essa seção indicando o planejamento do trabalho: se prospectivo ou retrospectivo; ensaio clínico ou experimental; se a distribuição dos casos foi aleatória ou não etc. Descrever os critérios para seleção das pacientes ou Grupo Experimental, inclusive dos Controles. Identificar os equipamentos e reagentes empregados (fabricante, cidade e país). Se a metodologia aplicada já tiver sido empregada, indicar as referências, além da descrição resumida do método. Descrever também os métodos estatísticos empregados e as comparações para as quais cada teste foi empregado. Os trabalhos que apresentam como objetivo a avaliação da eficácia ou a tolerabilidade de tratamentos ou drogas devem, necessariamente, incluir Grupo Controle adequado. Para informações adicionais sobre o desenho de trabalhos desse tipo, consultar ICH Harmonized Tripartite Guideline - Choice of Control Group and Related Issues in Clinical Trials (http://www.hc-sc.gc.ca/hpfb-dgpsa/tpd-dpt/e10_e.html). Ver também itens 4 e 5 das “Informações Gerais”. Resultados Apresentar os resultados em sequência lógica, no texto, nas tabelas e nas figuras. Expor os resultados relevantes para o objetivo do trabalho e que são discutidos. Não repetir no texto dessa seção todos os dados das tabelas e figuras, mas descrever e enfatizar os mais importantes, sem interpretação dos mesmos (ver também “Tabelas”). Nos Relatos de Casos, as seções “Métodos” e “Resultados” são substituídas pela “Descrição do caso”, mantendo-se as demais. Discussão Devem ser realçadas as informações novas e originais obtidas na investigação. Não repetir dados e informações já mencionados nas seções “Introdução” e “Resultados”. Evitar citação de tabelas e figuras. Ressaltar a adequação dos métodos empregados na investigação. Comparar e relacionar suas observações com as de outros autores, comentando e explicando as diferenças. Explicar as implicações dos achados, suas limitações e fazer as recomendações decorrentes. Para Relatos de Casos, basear a discussão em ampla e atualizada revisão da literatura. As informações sobre os casos já publicados podem ser tabuladas e exibidas nessa seção para comparações. Agradecimentos Dirigidos a pessoas que tenham colaborado intelectualmente, mas cuja contribuição não justifica coautoria, ou para aquelas que tenham provido apoio material. Referências Todos os autores e trabalhos citados no texto devem constar dessa seção e vice-versa. Numerar as referências bibliográficas por ordem de entrada no trabalho e usar esses números para as citações no texto. Evitar número excessivo de referências, selecionando as mais relevantes para cada afirmação e dando preferência para os trabalhos mais recentes. Não empregar citações de difícil acesso, como resumos de trabalhos apresentados em congressos, teses ou publicações de circulação restrita (não indexados). Não empregar referências do tipo “observações não publicadas” e “comunicação pessoal”. Artigos aceitos para publicação podem ser citados acompanhados da expressão: “aceito e aguardando publicação” ou “in press”, indicando-se periódico, volume e ano. Trabalhos aceitos por periódicos que estejam disponíveis online, mas sem indicação de fascículos e páginas, devem ser citados como “ahead of print”. Outras publicações dos autores (autocitação) devem ser empregadas apenas se houver necessidade clara e forem relacionadas ao tema. Nesse caso, incluir entre as referências bibliográficas apenas trabalhos originais publicados em periódicos regulares (não citar capítulos ou revisões). O número de referências bibliográficas deve ser aproximadamente 35. Os autores são responsáveis pela exatidão dos dados constantes das referências bibliográficas. Para todas as referências, citar os autores até o sexto. Se houver mais de seis autores, citar os seis primeiros, seguidos da expressão et al., conforme os seguintes modelos: Formato impresso • Artigos em revistas - Ceccarelli F, Barberi S, Pontesilli A, Zancla S, Ranieri E. Ovarian carcinoma presenting with axillary lymph node metastasis: a case report. Eur J Gynaecol Oncol. 2011;32(2):237-9. - Jiang Y, Brassard P, Severini A, Goleski V, Santos M, Leamon A, et al. Type-specific prevalence of Human Papillomavirus infection among women in the Northwest Territories, Canada. J Infect Public Health. 2011;4(5-6):219-27. • Artigos com título em inglês e texto em português ou outra língua Utilizar o titulo em inglês, entre colchetes e no final da referência, indicar a língua na qual o artigo foi publicado. - Prado DS, Santos DL. [Contraception in users of the public and private sectors of health]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2011;33(7)143-9. Portuguese. - Taketani Y, Mizuno M. [Application of anti-progesterone agents for contraception]. Rinsho Fujinka Sanka. 1988;42(11):997-1000. Japanese. • Livro - Baggish MS, Karram MM. Atlas of pelvic anatomy and gynecologic surgery. 2nd ed. Philadelphia: WB Saunders; 2006. vii • Capítulos de livro - Picciano MF. Pregnancy and lactation. In: Ziegler EE, Filer LJ, editors. Present knowledge in nutrition. Washington (DC): ILSI Press; 1996. p. 384-95. Formato eletrônico Apenas para informações estatísticas oficiais e citação de referências de periódicos não impressos. Para estatísticas oficiais, indicar a entidade responsável, o endereço eletrônico, o nome do arquivo ou entrada. Incluir o número de tela, data e hora do acesso. Termos como “serial”, “periódico”, “homepage” e “monography”, por exemplo, não são mais utilizados. Todos os documentos devem ser indicados apenas como [Internet]. Para documentos eletrônicos com o identificador DOI (Digital Object Identifier), este deve ser mencionado no final da referência, além das informações que seguem: - Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS [Internet]. Informações de Saúde. Estatísticas vitais. Mortalidade e nascidos vivos: nascidos vivos desde 1994. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2008. [citado 2007 Fev 7]. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/ deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def > Legendas Digitar as legendas usando espaço duplo, acompanhando as respectivas figuras (gráficos, fotografias e ilustrações). Cada legenda deve ser numerada em algarismos arábicos, correspondendo a cada figura, e na ordem em que foram citadas no trabalho. Abreviaturas e siglas Devem ser precedidas do nome completo quando citadas pela primeira vez no texto. Nas legendas das tabelas e figuras, devem ser acompanhadas de seu nome por extenso. As abreviaturas e as siglas não devem ser usadas no título dos artigos e nem no resumo. Empregar o seguinte endereço para correspondências não previstas nas instruções: Jurandyr Moreira de Andrade Editor Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia – Editoria – Avenida Bandeirantes, 3.900, 8º andar – Campus Universitário – CEP 14049-900 – Ribeirão Preto (SP) – Fone: (16) 3602-2803 – Fax: (16) 3633-0946 – E-mail: [email protected]. • Monografia na Internet ou livro eletrônico - Foley KM, Gelband H, editors. Improving palliative care for cancer [Internet]. Washington: National Academy Press; 2001 [cited 2002 Jul 9]. Available from: http://www.nap.edu/books/0309074029/html/. Tabelas Apresentar as tabelas em páginas separadas, com espaço duplo e preferencialmente fonte Arial 8. A numeração deve ser sequencial, em algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Todas as tabelas devem ter título e todas as colunas da tabela devem ser identificadas com um cabeçalho. A legenda deve conter informações que permitam ao leitor entender o conteúdo das tabelas e figuras, mesmo sem a leitura do texto do trabalho. As linhas horizontais devem ser simples e limitadas a duas no topo e uma no final da tabela. Não empregar linhas verticais. Não usar funções de criação de tabelas, comandos de justificação, tabulações decimais ou centralizadas. Utilizar comandos de tabulação (tab) e não o espaçador para separar as colunas e, para nova linha, a tecla enter. No rodapé da tabela, deve constar legenda para abreviaturas e testes estatísticos utilizados. Figuras (gráficos, fotografias e ilustrações) As figuras devem ser apresentadas em páginas separadas e numeradas sequencialmente, em algarismos arábicos, conforme a ordem de aparecimento no texto. Todas as figuras devem ter qualidade gráfica adequada e apresentar título e legenda. Para evitar problemas que comprometam o padrão da revista, o processo de digitalização de imagens (scan) deve obedecer aos seguintes parâmetros: para gráficos ou esquemas, usar 300 dpi/bitmap para traço; para ilustrações e fotos (preto e branco), usar 300 dpi/RGB ou grayscale. Em todos os casos, os arquivos devem ter extensão .tif e/ou .jpg. Também são aceitos arquivos com extensão .xls (Excel), .eps, .psd para ilustrações em curva (gráficos, desenhos e esquemas). São aceitas, no máximo, cinco figuras. Se as figuras já tiverem sido publicadas, devem vir acompanhadas de autorização por escrito do autor/editor e constando a fonte na legenda da ilustração. viii Itens para a conferência para a submissão do manuscrito Antes de enviar o manuscrito, conferir se as Instruções aos Autores foram seguidas e verificar o atendimento dos itens listados a seguir: 1. carta de encaminhamento assinada por todos os autores (escaneada e anexada como documento suplementar ou enviada pelo correio) ou informação dos endereços eletrônicos válidos de todos os autores na página de rosto; 2. citação da aprovação do projeto do trabalho por Comissão de Ética em Pesquisa, assinatura do termo de consentimento livre e informado (na seção “Métodos”) e informação sobre o atendimento das exigências para pesquisa em animais; 3. número ou código do registro do estudo, se necessário, na página de rosto (item 5 das “Informações Gerais”); 4. conflito de interesses: informar se há ou não. Se houver, explicar sem omissão de informações relevantes; 5. página de rosto com todas as informações solicitadas; 6. resumo e abstract estruturados e compatíveis com o texto do trabalho; 7. três ou mais palavras-chave relacionadas ao texto e respectivas keywords baseadas no Decs; 8. verificar se todas as tabelas e figuras estão corretamente citadas no texto e numeradas, e se as legendas permitem o entendimento das mesmas; 9. referências bibliográficas: numeradas na ordem de aparecimento e corretamente digitadas. Verificar se todos os trabalhos citados estão na lista de referências e se todos os listados estão citados no texto. Rodolfo de Carvalho Pacagnella1 Novamente a questão do aborto no Brasil: ventos de mudança? Again the issue of abortion in Brazil: winds of change? Editorial É extremamente oportuna a discussão acerca do aborto trazida pelo trabalho de Borsari et al.1, publicado no presente número da Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (RBGO). As discussões sobre o tema parecem ter ganhado merecido destaque recentemente. Em abril deste ano a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) por dois votos contrários e oito votos em favor da não criminalização do abortamento de fetos anencéfalos forçou o debate sobre a descriminalização do aborto para além das cúpulas da Câmara e do Senado Federal. Com essa decisão, nesses casos a mulher não precisará mais de uma autorização judicial para a interrupção da gravidez, e isso pode ajudar a criar um novo paradigma jurídico e legislativo sobre a saúde da mulher no Brasil. Essa votação não envolveu apenas questões médicas e jurídicas, mas trouxe à tona toda uma discussão sobre autonomia das mulheres e direitos reprodutivos que vêm sendo pauta de reivindicação de grupos organizados de mulheres e objeto de estudos científicos no país há algum tempo2,3. No entanto, a ampliação dos direitos legais sobre as liberdades reprodutivas, em específico sobre as questões relacionadas ao aborto, não ocorre senão sem retrocessos. Nesses anos todos vários projetos favoráveis à descriminalização do abortamento foram apreciados pelo Congresso Nacional, sem que nenhum tivesse sido finalmente encaminhado ao Plenário. No ano de 2011 houve até comemoração por parte de um grupo de parlamentares pelo arquivamento do Projeto de Lei nº 1.135/91, tramitado desde 1991 na Câmara dos Deputados, que propunha a supressão do artigo do Código Penal que caracteriza como crime o aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento4. Além disso, ainda tramitam no Congresso Nacional projetos que visam restringir ainda mais as práticas legais de aborto5. No entanto, parece que a recente decisão do STF tem pressionado o Poder Legislativo a não mais evitar uma decisão sobre o assunto. A proposição do anteprojeto de código penal pela comissão de juristas criada pelo Senado trouxe mais um indicativo de que há suficiente pressão social para mudanças na legislação sobre aborto no Brasil. A necessidade de mudança já era clara nas falas de juízes e promotores desde 2006. Um estudo realizado com mais de 4.000 juristas no Brasil (ente juízes e promotores) observou que nos anos de 2005 e 2006 quase 80% dos participantes acreditavam que as circunstâncias de não criminalização do aborto deveriam ser ampliadas, ou mesmo que o aborto não deveria ser considerado crime, independentemente da circunstância em que fosse praticado6. Correspondência Rodovia Washington Luís, km 235 – SP-310 CEP: 13565-905 São Carlos (SP), Brasil Recebido 20/11/2012 Aceito com modificações 04/12/2012 Departamento de Medicina, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar – São Carlos (SP), Brasil. 1 Pacagnella RC O atual anteprojeto que se encontra em discussão no Senado amplia as condições em que o abortamento pode ser realizado. Além das situações atualmente permitidas, essa proposta considera não haver crime de aborto na interrupção consentida da gravidez quando esta resultar do emprego não autorizado de técnica de reprodução assistida, em casos de anencefalia ou de condições patológicas fetais não compatíveis com a vida extrauterina, ou mesmo até a décima segunda semana de gestação se por vontade da gestante e mediante constatação, por médico ou psicólogo, de que a mulher não apresenta condições psicológicas de arcar com a maternidade7. Mesmo considerando as fragilidades dessa proposta, há de se reconhecer que existe uma mudança na posição dos legisladores sobre o tema. Essa é uma discussão nada simples e envolve, além de questões médicas e jurídicas, considerações éticas, religiosas e morais. Contudo, apenas 10% dos católicos brasileiros acreditam que os ensinamentos da Igreja Católica devam prevalecer sobre a diversidade de opiniões que existe no país8. E, todavia, um estado laico como o brasileiro não deve pautar suas leis em preceitos morais e religiosos, mas em dados e fatos sociais relevantes. Essa talvez seja a contribuição mais importante que o presente número da RBGO traz em um de seus artigos1. No estudo intitulado “Aborto provocado em mulheres da periferia da cidade de São Paulo: vivência e aspectos socioeconômicos”, os autores (em sua maioria mulheres) apresentam a dura realidade das mulheres que admitem terem realizado aborto: a vulnerabilidade social. O artigo mostra que aquelas internadas por aborto provocado possuíam escolaridade mais baixa e renda quase 30% menor que o grupo de mulheres internadas por aborto espontâneo. De fato, é a vulnerabilidade social que coloca essas mulheres em maior risco de um aborto inseguro. Embora haja poucos estudos, sabe-se que mulheres com melhor renda têm um sistema mais acessível e menos inseguro para a prática do aborto, ainda que clandestino e ilegal. Então, não é a clandestinidade o problema, mas a vulnerabilidade. Por isso o aborto mata mulheres pobres. E isso é o que indiretamente é reforçado no estudo de Borsari et al.1, quando aponta a associação entre renda e escolaridade baixas e aborto provocado. Em geral são mulheres não brancas, pobres, migrantes, com baixa escolaridade, solteiras e não usuárias de método contraceptivo que se submetem ao aborto inseguro9–11. E são justamente essas mulheres em situação de vulnerabilidade, impactadas pela desigualdade social, desigualdade de gênero e pelo racismo, que têm maior risco de complicações decorrentes do aborto. Tanto o risco de morte quanto o risco de morbidade materna grave estão aumentados nos casos de aborto, sobretudo se inseguro. No Brasil, dados oriundos da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) comprovam essa hipótese. Complicações obstétricas em geral são mais prevalentes em situações de aborto. Em especial as complicações hemorrágicas e infecciosas são duas vezes mais frequentes em gestações que terminaram em aborto do que entre aquelas que terminaram em parto12,13. Além disso, estima-se que cerca de 5% das mulheres com complicações graves relacionadas ao aborto evoluem com disfunção orgânica grave, à condição agora conhecida como near miss materno. Embora quando comparado com outras causas o aborto responda por pequena porcentagem dos casos de morbidade materna grave, quando as complicações são decorrentes de aborto evoluem com mais frequência para situações graves13. Isso decorre menos de questões biológicas do que da falta de assistência adequada. Demoras na assistência obstétrica em qualquer nível de atenção associam-se com a gravidade das complicações do aborto13. E no que tange à falta de acesso à saúde, a dificuldade vai além da disponibilidade dos serviços de assistência, esbarrando na falta de qualificação dos existentes. É o que mostra estudo recente que avalia a qualidade do atendimento ao aborto no SUS14. A atenção ao aborto em geral está distante do que propõem as normas brasileiras, em especial a Norma Técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento publicada há sete anos15. As mulheres sofrem desde a dificuldade de acesso a uma vaga até discriminação por parte dos profissionais. A condição de ilegalidade induz a um julgamento velado das mulheres pelos profissionais que as assistem, o que compromete o atendimento à medida que nem mesmo o alívio da dor antes do procedimento de curetagem é rotina nos serviços estudados14. Em geral, os atendimentos às mulheres em situação de abortamento parecem correlacionar-se positivamente com os procedimentos técnicos e negativamente com cuidado integral, evidenciado pela grande carência na continuidade dos cuidados, seja no planejamento reprodutivo pós-abortamento, seja no agendamento das consultas de revisão — elementos essenciais segundo a norma do Ministério da Saúde15. Essa condição influi negativamente até mesmo no atendimento aos casos permitidos por lei, seja pela escassez de serviços, seja pelo conhecimento precário dos profissionais de saúde acerca do tema. Hoje o Brasil conta com 65 instituições cadastradas para a realização de aborto legal, número pequeno para o tamanho da população, mas até 2005 eram apenas 37 e concentradas principalmente nas regiões Sul e Sudeste8. Sobre o conhecimento dos profissionais, embora tenha havido mudança nas concepções, de uma visão mais moralista em direção à promoção da autonomia das mulheres, o conhecimento sobre as leis ainda é pequeno16–18. Mesmo entre estudantes de Medicina, o atual conhecimento sobre aborto é questionável. Embora os alunos do último ano do curso de Medicina já tenham ouvido falar de 2 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):1-4 Novamente a questão do aborto no Brasil: ventos de mudança? misoprostol para a interrupção da gravidez, poucos têm conhecimento para aplicá-lo19. Todavia, um recente estudo indica que estudantes de Medicina e Direito parecem ter melhor conhecimento sobre as condições legais atualmente permitidas para o aborto e tendem a se mostrar favoráveis à ampliação legal do aborto em outras situações20. O estudo de Borsari et al.1 mostra, ainda, que os sentimentos negativos expressados pelas mulheres estão presentes desde a suspeita da gravidez, em maior frequência no grupo de aborto provocado. Isso aponta para outro problema importante e intrinsecamente associado ao aborto: a gestação indesejada. O aborto passa a ser consequência inevitável de uma história de alternativas escassas em opções reprodutivas. E, assim como a própria gravidez indesejada, a decisão pelo aborto não é inócua e leva consigo sofrimento físico e emocional. Embora no Brasil tenha havido melhoria no acesso a alguns métodos contraceptivos pelas mulheres menos favorecidas economicamente — em especial no acesso à esterilização feminina, houve pouca mudança na diversidade da contracepção utilizada por mulheres com pior nível socioeconômico. Segundo a PNDS de 2006, a utilização de métodos pela camada mais baixa da população concentra-se na esterilização feminina e na pílula, sendo que 26% das mulheres unidas entre 15 e 44 anos não usam nenhum método21. Mas em um contexto de opções reprodutivas restritas e proibição legal do aborto, resta a essas mulheres a clandestinidade. No contexto excludente de um sistema de saúde ineficaz, a ilegalidade e a clandestinidade estão, sim, associadas a procedimentos inseguros e à demora no atendimento. O aborto inseguro é expressão da falta de acesso. Uma evidência da falha no sistema social que começa na (falta de) educação, suporte social, passa pelo acesso restrito à saúde, pelo acesso limitado a bens de consumo e, como consequência, restrição das perspectivas de vida. O aborto, então, impõe-se dentro das parcas possibilidades como uma escolha que, assim como outras, implicará grandes obstáculos a serem transpostos pelas mulheres que o vivenciam. Recente artigo que avalia a mortalidade materna no Chile por meio de uma série temporal concluiu que a redução da razão de mortalidade materna (RMM) não está relacionada com o status legal do aborto22. Esse país adota uma política fortemente restritiva com relação ao aborto, incluindo proibição ao aborto terapêutico, e os autores afirmam que essa política não aumentou a mortalidade materna; ao contrário, a RMM caiu quase 70% em 14 anos após a proibição do aborto. Mas tal afirmação beira a falácia ecológica! Ao longo dos anos nesse mesmo país houve um grande incremento em educação e renda da população e na qualificação da assistência médica prestada à saúde da mulher, o que inclui programas exitosos de contracepção. Independentemente da questão legal do aborto, o que de fato importa é a melhoria no acesso e a qualificação da assistência à saúde materna. As estratégias para a prevenção do abortamento inseguro e consequentemente das mortes relacionadas ao aborto são conhecidas e envolvem ações sistêmicas em todos os níveis de prevenção: redução da gestação indesejada, assistência médica de qualidade ao abortamento, reconhecimento e manejo adequado das complicações decorrentes do aborto e planejamento familiar pós-aborto23. O que falta é implementar tais ações. Nos últimos dois anos este é o terceiro editorial24,25 sobre aborto acompanhando estudos a respeito do tema publicados na RBGO. A preocupação desta revista em trazer luz a essa discussão está em consonância com o momento social de pressão para mudanças mais significativas nesse quadro. E nada mais adequado que isso seja discutido nesta revista — afinal, é nas mãos de ginecologistas e obstetras que a tragédia do aborto inseguro termina. Talvez seja a hora oportuna de terminarmos com isso. AGRADECIMENTOS Ao Dr. José Guilherme Cecatti pelos comentários em versões preliminares deste artigo. Referências 1. Borsari C, Nomura R, Benute G, de Lucia M, Francisco R, Zugaib M. [Abortion in women living in the outskirts of Sao Paulo: experience and socioeconomic aspects]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013;35(1):27-32. Portuguese. 2. Menezes G, Aquino EML. Pesquisa sobre o aborto no Brasil: avanços e desafios para o campo da saúde coletiva. Cad Saúde Pública. 2009;25 Supl 2:S193-S204. 3. Diniz D, Corrêa M, Squinca F, Braga KS. Aborto: 20 anos de pesquisas no Brasil. Cad Saúde Pública. 2009;25(4):939-42. 4. Câmara dos Deputados. Frente comemora arquivamento de projeto que descriminalizaria o aborto. Agência Câmara de Notícias. 2011 [citado 2012 Nov 16]. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/agencia/noticias/saude/196106-frente-comemora-arquivamento-deprojeto-que-descriminalizaria-o-aborto.html> Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):1-4 3 Pacagnella RC 5. Câmara dos Deputados. Rejeitados quatro projetos que caracterizam aborto como crime hediondo. Agência Câmara de Notícias. 2011 [citado 2012 Nov 16]. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/agencia/noticias/direito-e-justica/203235-rejeitados-quatro-projetosque-caracterizam-aborto-como-crime-hediondo.html> 6. Duarte GA, Osis MJD, Faúndes A, Sousa MH. Aborto e legislação: opinião de magistrados e promotores de justiça brasileiros. Rev Saúde Pública. 2010;44(3):406-20. 7. Comissão de Juristas para a Elaboração de Anteprojeto de Código Penal. Relatório final. 2012 [citado 2012 Nov 16]. Disponível em: <http://www.ibccrim.org.br/upload/noticias/pdf/projeto.pdf> 8. Talib RA, Citeli MT. Serviços de aborto legal em hospitais públicos brasileiros (1989-2004). São Paulo: Católicas pelo Direito de Decidir; 2005. 9. Silva RS, Vieira EM. Frequency and characteristics of induced abortion among married and single women in São Paulo, Brazil. Cad Saúde Pública. 2009;25(1):179-87. 10. Fonseca W, Misago C, Freitas P, Santos E, Fernandes L, Correia L. Características sócio-demográficas, reprodutivas e médicas de mulheres admitidas por aborto em hospital da Região Sul do Brasil. Cad Saúde Pública. 1998;14(2):279-86. 11. Fusco CLB, Andreoni S, Silva RS. Epidemiologia do aborto inseguro em uma população em situação de pobreza – Favela Inajar de Souza, São Paulo. Rev Bras Epidemiol. 2008;11(1):78-88. 12. Camargo RS, Santana DS, Cecatti JG, Pacagnella RC, Tedesco RP, Melo EF Jr, et al. Severe maternal morbidity and factors associated with the occurrence of abortion in Brazil. 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Loureiro DC, Vieira EM. Aborto: conhecimento e opinião de médicos dos serviços de emergência de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, sobre aspectos éticos e legais. Cad Saúde Pública. 2004;20(3):679-88. 18. Soares GS. Profissionais de saúde frente ao aborto legal no Brasil: desafios, conflitos e significados. Cad Saúde Pública. 2003;19 Supl 2:S399-S406. 19. Fernandes KG, Camargo RP, Duarte GA, Faúndes A, Sousa MH, Maia Filho NL, et al. Knowledge of medical abortion among Brazilian medical students. Int J Gynaecol Obstet. 2012;118 Suppl 1:S10-4. 20. Medeiros RD, Azevedo GD, Oliveira EAA, Araújo FA, Cavalcanti FJB, Araújo GL, et al. Opinião de estudantes dos cursos de Direito e Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sobre o aborto no Brasil. Rev Bras Ginecol Obstet. 2012;34(1):16-21. 21. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia. PNDS 2006: Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2008. 22. Koch E, Thorp J, Bravo M, Gatica S, Romero CX, Aguilera H, et al. Women’s education level, maternal health facilities, abortion legislation and maternal deaths: a natural experiment in Chile from 1957 to 2007. PloS ONE. 2012;7(5):e36613. 23.Faúndes A. Strategies for the prevention of unsafe abortion. International journal of Gynaecology and Obstetrics. Int J Gynaecol Obstet. 2012;119 Suppl 1:S68-71. 24. Vieira EM. [The question of abortion in Brazil]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2010;32(3):103-4. Portuguese. 25. Vieira EM. [Legal abortion: knowledge of the professionals and implications of public policies]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2012;34(1):1-3. Portuguese. 4 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):1-4 Ugo Indraccolo1 Maria Matteo2 Carla Bracalenti3 Pantaleo Greco2 Salvatore Renato Indraccolo4 Can endometrial arylsulfatase A activity predict the onset of endometrial polyps over the years? A atividade da arilsulfatase endometrial A pode prever a aparição de pólipos endometriais ao longo dos anos? Artigo Original Abstract Keywords PURPOSE: To assess if arylsulfatase A activity (ASA) and sulfatide (SL) concentration in the human endometrium can be predictive of the development of endometrial polyps over the years, since ASA activity reflects the endometrial sensitivity to hormones. METHODS: ASA activity and SL concentration were determined by biochemical procedures on endometrial samples collected between 1990 and 1994 in non-menopausal women. These women underwent a new endometrial sampling following the clinical indication some years after the first endometrial sampling. The histological assessment of the second endometrial specimens found four patients with normal endometrial pattern and 10 patients with one or more endometrial polyps. ASA activity/years elapsed and SL concentration/years elapsed were compared using two tailed Mann-Whitney test for unpaired data between patients with normal pattern and patients with endometrial polyps. RESULTS: Median ASA activities were 2.62 (normal pattern) versus 1.85 (endometrial polyps) nmol hydrolized substrate/ min. Median activity/years elapsed is higher in patients with second endometrial sample presenting normal pattern (p=0.006) and median SL concentration/years elapsed does not differ significantly among groups, even if median SL concentration seems to be higher in patients who subsequently developed polyps (1031 μg/g of fresh tissue versus 341,5 μg/g of fresh tissue). CONCLUSIONS: ASA activity can predict the onset of endometrial polyps over the years. Arylsulphatase A Polyps Endometrium Gonadal steroid hormones Sulphatides Endometrium Palavras-chave Cerebrosídeo sulfatase Pólipos Endométrio Hormonios esteroides gonadais Sulfatidas Endométrio Resumo OBJETIVO: Avaliar se a atividade da arilsulfatase A (ASA) e a concentração de sulfatida (SL) no endométrio humano pode ser preditivo em relação ao desenvolvimento de pólipos endometriais ao longo dos anos, posto que atividade da ASA reflete a sensibilidade do endométrio aos hormônios. MÉTODOS: A atividade da ASA, assim como a concentração de SL, foi determinada por meio de procedimentos bioquímicos em amostras de endométrio coletadas entre 1990 e 1994, em mulheres que não se encontravam na menopausa. Essas mulheres foram submetidas a uma nova amostragem endometrial após indicação clínica alguns anos depois da primeira amostragem endometrial. A avaliação histológica dos segundos espécimes endometriais permitiu identificar quatro pacientes com padrão endometrial normal e 10 com um ou mais pólipos endometriais. A atividade da ASA/anos depois e a concentração de SL/anos depois foram comparadas, utilizando o teste bilateral U de Mann-Whitney para dados não pareados entre as pacientes com padrão normal e as pacientes com pólipos endometriais. RESULTADOS: A ativitade da ASA foi 2,62 (padrão normal) em comparação com 1,85 (endometrial pólipos) de substrato hidrolisado/min. A atividade da ASA/anos depois é maior em pacientes com segunda amostra endometrial a apresentarem um padrão normal (p=0,006), e a concentração mediana de SL/anos depois não difere de forma significativa entre os grupos, apesar de a concentração mediana de SL parecer maior em pacientes que posteriormente desenvolveram pólipos (1031 μg/g de tecido fresco em comparação com 341,5 μg/g de tecido fresco). CONCLUSÕES: A atividade da ASA pode prever a aparição de pólipos endometriais ao longo dos anos. Correspondence Ugo Indraccolo, M.D., Ph.D. Loc. Montagnano 16 62032 Camerino (MC), Italy Received 24/09/12 Accepted with modifications 07/11/12 Complex Operative Unit of Gynecology and Obstetrics, Hospital of Civitanova Marche – Area Vasta 3 – Marche, Italy. Institute of Obstetrics and Gynecology, Department of Surgical Sciences, University of Foggia, Italy. 3 Department of Clinical Pathology, Operative Unit of Pathology, Hospital of Macerata, Area Vasta 3 – Marche, Italy. 4 Department of Gynecological, Obstetrical, and Urological Sciences “La Sapienza”, University of Rome, Italy. Results were found from samples collected at the Obstetrics School of Camerino. This institution closed in 1997, therefore the address cannot be supplied. Financial support: none 1 2 Indraccolo U, Matteo M, Bracalenti C, Greco P, Indraccolo SR Introduction Endometrial behavior during the menstrual cycle is closely related to the expression of hormonal receptors in the glandular epithelium and stroma1. As opposed to patients with normal cycles, patients with dysfunctional bleeding have higher levels of estrogen receptors in the second phase of the cycle2, which suggests that their endometrium is more susceptible to estrogen stimulation. It is thought that endometrial polyps may be related in some ways to hyperestrogenism both in premenopausal and postmenopausal patients3. Therefore, patients with dysfunctional bleeding, more sensitive to estrogens2, may develop endometrial polyps over the years in relation to endometrial estrogen sensitivity and to the duration of estrogen stimulation of endometrium. Many genes are expressed in the endometrium during the menstrual cycle in relation to hormonal stimulation, with the goal to prepare the endometrium for implantation4. Arylsulphatase A (ASA) expression is regulated by estrogens and progesterone, because estrogens decrease ASA activity and progesterone increases it5-8. ASA is a lysosomal enzyme that catabolizes sulphatides (SL). To date, it is not known what role SL plays in the physiology of the endometrium. The objective of this study is to evaluate whether ASA activity and SL concentration can predict the onset of endometrial polyps over the years, because hormonal control of ASA activity is a marker of endometrial hormonal sensitivity. Methods Starting in 1990, a study on endometrial specimens collected at the Obstetrics School of Camerino (Italy) was initiated. The research aimed to assess ASA activity and SL concentration in normal endometrium through the endometrial cycle and in endometrial pathologies, and results were published in 1992 and 19946,9. Such analyses were previously approved by local ethics committees. Among samples collected between 1990 and 1994, some cases were excluded from data published in 1992 and 19946,9 because patients did not meet the inclusion criteria. However, ASA activity and SL concentration were nonetheless assessed on such specimens. The names and birth dates of the excluded nonmenopausal patients and the names and birth dates of non-menopausal patients enrolled in previous studies6,9 were transmitted to the Operative Unit of Pathology of the hospital of Macerata (Area Vasta 3 – 3 Marche). Here, it was observed whether or not some of these patients had undergone another endometrial biopsy, collected between 1995 and 2011. Therefore, this is a retrospective study. The search retrieved 14 cases, four of which had normal endometrium, and 10 of which had endometrial polyps. 6 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):5-9 ASA activity and SL concentration analyzed on endometrial specimens collected from 1990 and 1994 were compared in the group of patients with negative endometrium in the subsequent endometrial samples and in the group of patients who developed endometrial polyps. To control the effect of time (years) between the first and the second endometrial sample, ASA activity and SL concentration were divided by the years elapsed between the two samplings, to obtain an index for statistical analysis. Two tailed Mann-Whitney test for unpaired data was used for statistical analysis, with p<0.05 as the minimum for significance. Kyplot 2.0 was used for statistical analysis. The specimens collected from 1990 to 1994 were obtained after dilatation and curettage (D&C). A portion of each sample was processed for histological diagnosis; the other portion was stored at -20°C. Extraction and separation of sulfatides were carried out according to a method adapted from Bolognani et al.10: The samples were homogenized in chloroform/methanol (2:1 w/v) and the extract was filtered though a sintered glass with a vacuum pump connection. KCl (0.88%) was added to the filtrate and, after stirring, the covered tube was left until the separation phase (aqueous and organic phase) occurred. The organic phase was analyzed by means of a spectrophotometric procedure for sulfatides, using a 0.15 mm Azure A solution in 0.05 N H2SO4 for staining11. Absorbance was measured at 640 nm against a standard containing 70 mg/g of sulfatides. Concentration was expressed as μg/g of fresh tissue. The organic phase was also used for thin layer chromatography (TLC) separation on a 0.25 mm silica gel plate. Lipids were separated on the same plate using a solvent mixture of chloroform-methanol-water (70:30:5 per volume) and compared with a standard polar lipid mixture (phosphatidylcholine, sulfatides, phosphatidylethanolamine and cerebrosides). The plates were exposed to iodine vapours to visualize the lipid fractions in order to quantify sulfatide concentration. To assess ASA activity, samples were homogenized for 2 minutes in double distilled water (1:20 w/v) containing 0.1% Triton versus 100 with Ultraturrax TP 18/10 homogenizer (Janke & Kunkel, Staufen, Germany). The homogenate was centrifuged at 20,000 rpm at 4°C for 30 minutes using a refrigerated centrifuge (IEC Centra SR, Dunstable, Bedfordshire, England). ASA activity was determined biochemically according to a method by Vitaioli et al.12, adapted from Percy and Brady13. The incubation mixture consisted of 0.01 M p-nitrocatechol sulfate in 0.5 mM sodium acetate buffer at pH 5.0 containing mM Na4P2O7, and 10% w/v NaCl, and 10–50 mg of protein. The mixture was incubated at 37°C and the reaction stopped after 30 minutes by adding 1 N NaOH. The absorbance of a reaction product, p-nitrocatechol, was Can endometrial arylsulfatase A activity predict the onset of endometrial polyps over the years? measured at 515 nm against a blank using a Beckman DU 40 spectrophotometer (Irvine, USA). The specific activity was expressed as nmol hydrolysed substrate/min per mg protein, assuming 14.0 x 103 as the molar extinction coefficient for the hydrolysis product, p-nitrocatechol, of the substrate at 515 nm. Protein concentrations were measured according to the Bradford’s14 method. P-nitrocathecol sulfate and standard polar lipids mixture were purchased from Sigma Aldrich Chemical Co. (St. Louis, MO). All other chemicals were of analytical grade and were purchased from Serva (Heidelberg, Germany). The 0.25 mm precoated silica gel plates, used for TLC, were purchased from Merck Co. (Dormstadt, Germany). Endometrial samples taken between 1995 and 2011 were obtained from hysteroscopic biopsies as a routine endometrial assessment for irregular bleeding or ultrasonographic suspicion of endometrial diseases within the entire health district of Area Vasta 3 – Marche. Results Table 1 summarizes histological diagnoses for the first and second endometrial specimens. Additionally, Table 1 reported the patient’s age at the first endometrial sampling and the years elapsed from first sampling to second. ASA activities and SL concentrations reported in Table 1 are the mean of four determinations for each patient. Median ASA activity in patients with the second endometrial sample resulting in normal pattern was 2.6 nmol hydrolized substrate/min (limits: 2.28–3.23). Median ASA activity in patients with the second endometrial sample diagnosed as endometrial polyp was 1.85 nmol hydrolized substrate/min (limits: 0.6–3.4). A box-plot describing ASA activities in both groups of patients is represented in Figure 1. After correction for years elapsed from the first and the second endometrial sampling, median ASA activity/years elapsed is higher in Table 1. Descriptive data Histological diagnoses (between 1990–1994) (rates) Age at time of first biopsy (median–limits) ASA activity* (mean±SD) SL concentration** (mean±SD) Years elapsed from first endometrial sampling to second (median–limits) Histological diagnoses (after 1994) (rates) Simple non atypical hyperplasia 14.3% Normal patterns 28.6% Dysfunctional endometrium 21.4% Proliferative endometrium 28.6% 43.5 37–52 2.19±0.76 760.14±355.01 6.5 4–15 Endometrial polyps 71.4% Secretive endometrium 7.1% Endometrial polyps 21.4% *ASA (Arylsulphatase A) activity is expressed as nmol hydrolised substrate/min. **SL (sulphatides) concentration is expressed as μg/g of fresh tissue. SD: standard deviation Sulphatide concentration Arylsulphatase A activity P P N N 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 Box-plot of ASA activity in patients with normal patterns (N), and with endometrial polyps (P). Data are presented as medians and limits. Median ASA value in patients with endometrial polyps was 1.85 nmol hydrolized substrate/min (limits: 0.6–3.49). Median ASA value in patients with normal pattern was 2.62 nmol hydrolized substrate/min (limits: 2.28–3.23). Figure 1. Box-plot of Arylsulphatase A activity. 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 Box-plot of SL concentration in patients with normal patterns (N), and with endometrial polyps (P). Data are presented as medians and limits. Median SL concentration in patients with endometrial polyps was 1,031 μg/g of fresh tissue (limits: 263–1,081). Median SL concentration in patients with normal pattern was 341.5 μg/g of fresh tissue (limits: 300–536). Figure 2. Box-plot of Sulphatide concentration. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):5-9 7 Indraccolo U, Matteo M, Bracalenti C, Greco P, Indraccolo SR patients with the second endometrial sampling resulting in normal pattern (p=0.006). Median SL concentration in patients with second endometrial sample resulting in normal pattern was 341.5 μg/g of fresh tissue (limits: 300–536). Median SL concentration in patients with the second endometrial sample diagnosed with endometrial polyp was 1,031 μg/g of fresh tissue (limits: 263–1081). A box-plot describing SL concentrations in both group of patients is represented in Figure 2. Median SL concentration/years elapsed does not differ significantly between groups, even if the mean concentration of SL seems to be greater in patients who subsequently developed polyps. Discussion Hyperestrogenism as the cause of endometrial polyps is a common belief in the international literature3, even if the cause of the onset of endometrial polyp is still unknown15. It should be considered that tissue sensitivity to estrogens is related to the expression of estrogen receptors alpha and beta. As reported by Ye et al.16, the overexpression of estrogen receptor beta may lead to the formation of endometrial polyps. The expression of estrogen receptors is modulated by endometrial pulsed stimulation of estrogens in postmenopause17. Moreover, aging alters estrogen sensitivity as well18-20. It is also reported16 that estrogen receptor beta is directly related to estrogen levels in serum. Therefore, hyperestrogenism could lead to the onset of endometrial polyps acting on the relative expression of estrogen receptor beta over the years. We hypothesize that ASA activity is linked with the overall effect of estrogen receptors beta, alpha, and progesterone receptors. A relative abundance of estrogen receptors beta physiologically prevents the expression of estrogen receptor alpha and, consequently, of progesterone receptors21. Therefore, in patients that further develop endometrial polyps, a less intense activity of ASA should be found as a sign of less intense sensitivity to progesterone. The ASA activity reported in our data should be strictly related to estrogen receptor alpha/beta ratio. Therefore, ASA activity predicts the formation of endometrial polyps over the years, because a chronically irregular estrogen stimulation of the endometrium leads to the 8 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):5-9 formation of endometrial polyps3. After correcting the ASA activity values by years elapsed from the first to the second endometrial sampling, it is demonstrated that ASA activity predicts the onset of endometrial polyps. Interestingly, the SL concentration does not seem to be related to the formation of endometrial polyps. As demonstrated in Figure 2, however, data are dispersed, leading to difficulties to interprete the results. However, a dispersion of SL concentrations in decidua and fetal adnexa was previously found22,23, thus suggesting that the turnover of SL may be related to other control mechanisms involving both biosynthesis and catabolism. Therefore, steroids may control the SL turnover in many unknown ways overall. The major limitation of this study is the small sample of followed-up patients. Due to this small sample size, readers must be cautious to interprete the results as being conclusive. Moreover, the sample size may justify the lack of findings about the SL behaviour. We are not able to follow-up more patients, because the endometrial samples were collected with other goals, and, consequently, many patients were lost to follow-up. Therefore, readers should consider those findings as post-hoc results, suggesting further investigations about the behaviour of ASA in the pathophysiology of the human endometrium. Additionally, this study does not assess steroid receptor expression in relation to ASA activity and SL concentration behavior. This is a limiting factor if one wants to support the hormonal hypothesis of ASA activity control. We were unable to check the steroid receptors expression in the endometrial specimens. However, previous data widely suggested that ASA activity is enhanced by progesterone5,6,22,23. In conclusion, the results suggest that ASA activity may predict the formation of endometrial polyps over the years, because it is a marker of lack of endometrial progesterone sensitivity. Acknowledgments To Professor Lucia Vitaioli, who allowed the biochemical determination of the specimens between 1990 and 1994 in the Department of Comparative Morphological and Biochemical Sciences, University of Camerino, Italy. Can endometrial arylsulfatase A activity predict the onset of endometrial polyps over the years? References 1. Henriet P, Gaide Chevronnay HP, Marbaix E. 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Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):5-9 9 Thaís Rocha Assis1 Ana Claudia Antonio Maranhão Sá2 Waldemar Naves do Amaral3 Elicéia Marcia Batista2 Cibelle Kayenne Martins Roberto Formiga4 Délio Marques Conde3 Efeito de um programa de exercícios para o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico de multíparas The effect of an exercise program to strengthen pelvic floor muscles in multiparous women Artigo Original Resumo Palavras-chave OBJETIVOS: Investigar o efeito de um programa individualizado e supervisionado de exercícios para os músculos do assoalho pélvico (MAP) no pós-parto de multíparas e verificar a correlação entre dois métodos de medida de força dos MAP. MÉTODOS: Conduziu-se um ensaio clínico aberto em que foram incluídas puérperas, multíparas com idade entre 18 e 35 anos. A amostra foi de 23 puérperas divididas em dois grupos: Grupo Intervenção (GI, n=11) e Grupo Controle (GC, n=12). As puérperas do GI participaram de um programa de exercícios para os MAP durante oito semanas, com frequência de duas vezes por semana. As puérperas do GC não receberam orientação quanto à prática de exercícios. A força dos MAP foi medida em duas oportunidades, utilizando-se a palpação vaginal digital e o perineômetro. A análise estatística foi realizada através dos seguintes testes: exato de Fisher, do χ2, t de Student, Kolmogov-Smirnov para duas amostras e coeficiente de correlação de Pearson. Foi considerado como significativo p<0,05. RESULTADOS: A média de idade das participantes do GI foi de 24±4,5 anos e do GC foi de 25,3±4 anos (p=0,4). Após o programa de exercícios, verificou-se diferença significativa entre os grupos nas duas medidas da força muscular (p<0,001). Os dois métodos de medida da força muscular apresentaram correlação significativa nas duas avaliações (1ª avaliação: r=0,889, p<0,001; 2ª avaliação: r=0,925, p<0,001). CONCLUSÕES: O programa de exercícios resultou em aumento significativo da força dos MAP. Verificou-se boa correlação entre a palpação vaginal digital e o perineômetro, indicando que a palpação vaginal pode ser utilizada na prática clínica por ser um método de baixo custo e que demonstrou uma correlação significativa com um método objetivo, o perineômetro. Terapia por exercícios Contração muscular/fisiologia Força muscular Diafragma da pelve Período pós-parto Atenção primária à saúde Keywords Exercise therapy Muscle contraction/physiology Muscle strength Pelvic floor Postpartum period Primary health care Abstract PURPOSES: To investigate the effect of an individualized and supervised exercise program for the pelvic floor muscles (PFM) in the postpartum period of multiparous women, and to verify the correlation between two methods used to assess PFM strength. METHODS: An open clinical trial was performed with puerperal, multiparous women aged 18 to 35 years. The sample consisted of 23 puerperal women divided into two groups: Intervention Group (IG, n=11) and Control Group (CG, n=12). The puerperal women in IG participated in an eight-week PFM exercise program, twice a week. The puerperal women in CG did not receive any recommendations regarding exercise. PFM strength was assessed using digital vaginal palpation and a perineometer. The statistical analysis was performed using the following tests: Fisher’s exact, χ2, Student’s t, Kolmogorov-Smirnov for two samples, and Pearson’s correlation coefficient. Significance was defined as p<0.05. RESULTS: The participants’ mean age was 24±4.5 years in IG and 25.3±4 years in CG (p=0.4). After the exercise program, a significant difference was found between the groups in both modalities of muscle strength assessment (p<0.001). The two muscle strength assessment methods showed a significant correlation in both assessments (1st assessment: r=0.889, p<0.001; 2nd assessment: r=0.925, p<0.001). CONCLUSIONS: The exercise program promoted a significant improvement in PFM strength. Good correlation was observed between digital vaginal palpation and a perineometer, which indicates that vaginal palpation can be used in clinical practice, since it is an inexpensive method that demonstrated significant correlation with an objective method, i.e. the use of a perioneometer. Registrado no ReBEC (Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos) sob o número RBR-9hhr2g. Correspondência Thaís Rocha Assis Universidade Federal de Goiás – Campus Jataí Rodovia BR 364, Km 192 – Parque Industrial CEP: 75801-615 Jataí (GO), Brasil Recebido 25/07/2012 Aceito com modificações 14/09/2012 Trabalho realizado na Maternidade Pública e Unidades Básicas de Saúde – Jataí (GO), Brasil. Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Goiás – UFG – Goiânia (GO), Brasil. 2 Departamento de Fisioterapia, Enfermagem e Nutrição da Pontifícia, Universidade Católica de Goiás – PUC Goiás – Goiânia (GO), Brasil. 3 Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal de Goiás – UFG – Goiânia (GO), Brasil. 4 Curso de Fisioterapia, Universidade Estadual de Goiás – UEG – Goiânia (GO), Brasil. Conflito de interesses: não há. 1 Efeito de um programa de exercícios para o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico de multíparas Introdução Os músculos do assoalho pélvico (MAP) apresentam função de sustentar os órgãos pélvicos e manter as funções fisiológicas de armazenamento e eliminação dos produtos de excreção da bexiga e do reto1. O levantador do ânus é um dos principais músculos do assoalho pélvico, sendo inervado pelo nervo pudendo e composto por fibras estriadas dos tipos I e II1. O risco de disfunções do assoalho pélvico como incontinência urinária, incontinência fecal e prolapsos genitais aumenta quando os MAP perdem sua integridade2. Estudos mostraram que a maioria das disfunções do assoalho pélvico está associada a sinais eletromiográficos de desnervação da sua musculatura1,2. O parto vaginal é um dos fatores de risco para essa desnervação porque, durante o segundo estágio do trabalho de parto, a cabeça fetal pode provocar compressão e alongamento do nervo pudendo, causando estiramento dos tecidos e ligamentos da pelve3,4. Outros estudos demonstraram que o parto vaginal pode diminuir a força muscular do assoalho pélvico de mulheres primíparas e multíparas, quando comparadas com mulheres submetidas à cesárea e nulíparas4-6. A incontinência urinária é descrita como a disfunção do assoalho pélvico mais prevalente, afetando 34 a 38% de primíparas e multíparas três meses após o parto7. Para prevenir e tratar a incontinência urinária, estudos mostraram que o treinamento dos MAP por meio de exercícios é eficaz, pois reduz a perda involuntária de urina e aumenta a força muscular8-10. O treinamento com exercícios para os MAP é uma intervenção simples e de baixo risco11. O período de pós-parto tardio é considerado ideal para realizar programas de exercícios para promover a continência urinária e prevenir a incontinência urinária8-10. O ganho de força muscular com o treinamento dos MAP pode ser medido, utilizando-se vários métodos. Um dos métodos mais utilizados na prática clínica é o da palpação vaginal digital, em que a força muscular é graduada segundo diferentes escalas12. Outros métodos utilizados são a manometria e a perineometria, que registram a pressão exercida pela contração vaginal e, assim, de forma indireta, indicam a força dos MAP13. Há poucos estudos sobre os efeitos do treinamento dos MAP de puérperas que demonstraram a melhora da força muscular e a prevenção de incontinência urinária no pós-parto7,9,14-16. Esses estudos não apresentaram uma abordagem individualizada e sistematizada de treinamento10. Após revisão da literatura não foi identificado um programa de exercícios padronizado para a prevenção de disfunções e melhora da força dos MAP em puérperas multíparas. Nesse sentido, a padronização de um protocolo individualizado e supervisionado de exercícios é de grande relevância, uma vez que mulheres submetidas ao parto vaginal constituem uma população de risco para disfunções do assoalho pélvico3, principalmente aquelas com história de outros partos vaginais17. Nesse contexto, os objetivos deste estudo foram investigar o efeito de um programa individualizado e supervisionado de exercícios para o fortalecimento dos MAP no pós-parto de multíparas e verificar a correlação entre a palpação vaginal digital e o perineômetro. Métodos Participantes Conduziu-se um ensaio clínico aberto na Maternidade Pública Edgar Carneiro de Souza e em duas Unidades Básicas de Saúde da cidade de Jataí, Goiás, entre janeiro e julho de 2011. Foram incluídas mulheres com idade entre 18 e 35 anos, paridade entre 2 e 4 filhos, que se encontravam no pós-parto vaginal imediato, de feto a termo (parto atual e anteriores), sem queixas de sintomas urinários antes e durante a gestação e até 40 dias após o parto. Foram excluídas mulheres com antecedente de parto vaginal instrumental, cesárea, parto gemelar, antecedente de peso fetal <2.500 g ou >4.000 g, cirurgia perineal e que declararam realizar exercícios perineais. Mulheres que se encontravam na maternidade e que aguardavam alta hospitalar após o parto e que preenchiam os critérios de inclusão e exclusão foram convidadas a participar do estudo. A puérpera que concordava em participar, após o esclarecimento de todas as dúvidas, assinava o termo de consentimento livre e esclarecido. A seguir, agendou-se um retorno, entre o 35º e 40º dia de puerpério, para uma das Unidades Básicas de Saúde integrante do estudo. A unidade de saúde foi determinada pela puérpera de acordo com a proximidade do seu domicílio. No total, 40 puérperas foram consecutivamente convidadas a participar do estudo. Dessas, 16 foram excluídas por não comparecerem ao retorno à unidade básica de saúde. O não comparecimento ocorreu por diversos motivos, tais como não ter com quem deixar seus outros filhos (n=2), mudança de domicílio (n=5), retorno à atividade laborativa (n=3). Outras puérperas não foram encontradas nos telefones e endereços informados (n=6). No decorrer do estudo, uma participante retirou o consentimento. Dessa forma, a amostra do estudo foi constituída por 23 participantes distribuídas em dois grupos: Grupo Intervenção (GI) e Grupo Controle (GC). A inclusão da primeira participante em um dos grupos foi determinada por sorteio, sendo designada para o GI. A inclusão das demais participantes ocorreu de forma alternada entre o GC (n=12) e o GI (n=11). No retorno entre o 35º e 40º dia após o parto, as participantes foram submetidas à primeira avaliação, incluindo Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):10-5 11 Assis TR, Sá ACAM, Amaral WN, Batista EM, Formiga CKMR, Conde DM entrevista sobre dados sociodemográficos, antecedentes obstétricos, presença de sintomas urinários, conhecimento sobre exercícios perineais e exame físico. Foi mensurada a força dos MAP por meio de dois métodos: palpação vaginal digital e perineômetro. Além disso, as puérperas do GI iniciavam o programa de exercícios para os MAP. As participantes do GC não recebiam orientação quanto a exercícios e eram agendadas para retorno ao final de oito semanas, quando ocorreu a segunda avaliação. Ao final do programa de exercícios, conduziu-se a segunda avaliação. Nesse momento, a puérpera foi questionada quanto à presença de algum sintoma urinário e a força dos MAP foi aferida novamente por meio dos dois métodos. A média de idade das participantes do GI foi de 24±4,5 anos e do GC foi de 25,3±4,03 anos (p=0,4). Não houve diferença entre os grupos quanto à raça/etnia (p=0,3), estado marital (p=0,3), escolaridade (p=0,1), renda familiar (p=0,6), peso da puérpera (p=0,3), paridade (p=0,6), prática de atividade física (p=0,2), ocorrência de episiotomia (p=0,1), ou laceração perineal (p=0,3) e peso do recém-nascido (p=0,1). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. Sintomas urinários Para investigar a presença de sintomas de incontinência urinária de esforço utilizou-se o International Consultation on Incontinence Questionnaire – Short Form (ICIQ-SF)18, traduzido e validado para a língua portuguesa do Brasil19. Esse questionário é composto de três questões que avaliam a frequência de perdas urinárias, a gravidade das perdas e o impacto da incontinência urinária na qualidade de vida. Além disso, há um conjunto de oito itens de autodiagnóstico relacionados às causas ou às situações de incontinência urinária vivenciadas pelos pacientes19. O escore do questionário consiste na soma dos resultados das 3 questões e varia de 0 a 21 pontos. Quanto maior o escore, maior o impacto da incontinência na qualidade de vida19. Para este estudo, não foi considerada a terceira questão sobre o impacto da incontinência na qualidade de vida e, portanto, o escore não foi calculado. As demais questões foram utilizadas para verificar a ocorrência de sintomas de incontinência urinária de esforço. Além do questionário ICIQ-SF, foram elaboradas questões para investigar a existência de sintomas de urgência miccional, urge-incontinência, polaciúria e noctúria. Para verificar a presença de urgência foi questionado sobre uma “vontade urgente e incontrolável de urinar”; para a urge-incontinência questionou-se sobre uma “perda de urina associada a forte vontade de urinar”; para a polaciúria perguntou-se se a participante “urina frequentemente 12 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):10-5 durante o dia” e para a noctúria, se a participante “urina frequentemente durante a noite”. Medida da força muscular A força dos MAP foi medida com a participante em posição ginecológica, abdômen, assoalho pélvico e membros inferiores desnudos. Para cada método de avaliação da força muscular do assoalho pélvico, a participante realizou três contrações com intervalo de um minuto entre uma e outra. Para a palpação vaginal digital, considerou-se a contração que atingiu o maior valor ou contração máxima. Para o perineômetro, calculou-se a média das três contrações. A palpação vaginal digital foi realizada com a introdução dos dedos indicador e médio a aproximadamente seis centímetros do introito vaginal, solicitando-se a contração dos MAP. A força dos MAP foi classificada de acordo com a escala de Oxford modificada12 — grau 0: ausência de contração muscular; grau 1: esboço de contração muscular não sustentada; grau 2: presença de contração de pequena intensidade, mas que se sustenta; grau 3: contração sentida, comprimindo os dedos do examinador com pequena elevação da parede vaginal posterior; grau 4: contração satisfatória, que aperta os dedos do examinador com elevação da parede vaginal posterior em direção à sínfise púbica; grau 5: contração forte, compressão firme dos dedos do examinador com movimento positivo em relação à sínfise púbica12. Após 15 minutos de repouso, realizou-se a avaliação da força dos MAP por meio do perineômetro (PeritronTM 9300V-Cardio-Design, Austrália. Esse dispositivo possibilita a aferição, de forma indireta, da força de contração, uma vez que registra a pressão exercida pela contração perineal. Esse registro é dado em centímetros de água (cmH2O)13. A sonda vaginal foi introduzida, após ser revestida por preservativo sem lubrificante, a três centímetros do introito vaginal. Programa de exercícios O programa de treinamento foi elaborado com base em outros programas e diretrizes de exercícios para os MAP11,20,21 e adaptado para este estudo. Foi realizado individualmente com frequência de duas vezes por semana, por oito semanas consecutivas, com duração de 40 minutos/sessão, em uma sala da Unidade Básica de Saúde. O programa consistiu de exercícios resistidos para os MAP realizados nas posições de decúbito dorsal, lateral e ventral, quatro apoios, sentada e de pé. Antes de iniciar cada sessão de exercícios era realizado um aquecimento, que consistiu em alongamentos dos membros inferiores e coluna lombar, seguido de mobilização pélvica (exercícios ativos de anteroversão, e retroversão pélvicas e inclinação pélvica). Efeito de um programa de exercícios para o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico de multíparas Além dos exercícios, na primeira sessão da primeira semana foi realizada uma instrução verbal sobre a anatomia do assoalho pélvico, as funções dos MAP e a importância dos exercícios após o parto para a prevenção de disfunções do assoalho pélvico. A instrução foi realizada utilizando-se pranchas de anatomia. Todas as sessões foram iniciadas com a participante em decúbito dorsal e, nessa posição, uma das pesquisadoras associou a palpação vaginal digital à instrução verbal para a contração do assoalho pélvico, com o objetivo de verificar e melhorar, a cada sessão, a habilidade da participante em contrair e relaxar os MAP. Os exercícios resistidos consistiam em contrações voluntárias máximas e mantidas dos MAP, seguidas de contrações rápidas. Essas contrações foram realizadas durante a expiração. As contrações máximas e mantidas foram associadas à contração do músculo transverso do abdômen, observada através de um leve movimento de tração da cicatriz umbilical na direção da coluna vertebral e de tração da cintura para dentro22. Os exercícios foram realizados em 3 séries de 8 a 10 contrações máximas mantidas, inicialmente, por 10 segundos com intervalo de repouso de 10 segundos e, posteriormente, em 3 séries de 12 a 16 contrações máximas mantidas por 20 segundos com intervalo de 20 segundos de repouso. Cada contração máxima e mantida era seguida de contrações rápidas realizadas em três séries de três a cinco repetições, com duração de dois segundos de contração e seis segundos de repouso. O programa de exercícios detalhado está disponínel on-line 23. Análise estatística Os resultados são apresentados em média e desvio padrão (DP), ou frequências absoluta e relativa de acordo com o tipo de variável. Para verificar a igualdade entre os grupos com relação aos dados sociodemográficos e obstétricos utilizaram-se os testes exato de Fisher e do χ2. Para comparar as alterações na variável quantitativa força muscular medida pelo perineômetro, utilizou-se o teste t de Student. Para comparar as alterações na variável qualitativa ordinal força muscular medida pela palpação vaginal digital, utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para duas amostras independentes. Para verificar a correlação entre os dois métodos de medida da força dos MAP, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson. Considerou-se como significativo p<0,05. Todas as análises foram realizadas utilizando-se o programa SPSS, versão 17.0. Resultados Na primeira avaliação, não foi observada diferença entre os grupos quanto à força dos MAP, medida pelo perineômetro (p=0,1) e pela palpação vaginal digital (p=0,4). Na 2ª avaliação, houve diferença significativa da força dos MAP entre os grupos quando medida por meio dos dois métodos (p<0,001), respectivamente, conforme apresentado nas Tabelas 1 e 2. Na segunda avaliação, nenhuma das participantes do GI apresentou sintomas de incontinência urinária e três participantes do GC relataram sintomas de urgência miccional. Os dois métodos de medida da força muscular apresentaram correlação significativa nas duas avaliações (1ª avaliação: r=0,8, p<0,001; 2ª avaliação: r=0,9, p<0,001). Tabela 1. Comparação da força muscular do assoalho pélvico, medida por meio do perineômetro, entre mulheres que realizaram (Grupo Intervenção) e que não realizaram (Grupo Controle) o programa de exercícios n Força muscular (cmH20) Média±DP Grupo Intervenção 11 37,5±11,9 Grupo Controle 12 28,7±12,4 Grupo Intervenção 11 52,1±12,8 Grupo Controle 12 29,2±12,3 Grupos Valor p 1ª avaliação 0,1 2ª avaliação <0,001 DP: desvio padrão *Teste t de Student. Tabela 2. Comparação da força muscular do assoalho pélvico, medida pela palpação vaginal digital (escala de Oxford modificada), entre mulheres que realizaram (Grupo Intervenção) e que não realizaram (Grupo Controle) o programa de exercícios Intervenção Controle n (%) n (%) Grau 2 2 (18,1) 3 (25,0) Grau 3 4 (36,4) 8 (66,7) Grau 4 5 (45,5) - (0,0) Grau 5 - (0,0) 1 (8,3) 11 (100,0) 12 (100,0) - (0,0) 3 (25,0) Grau 3 - (0,0) 8 (66,7) Grau 4 5 (45,5) - (0,0) Força muscular 1ª avaliação Total 0,4 2ª avaliação Grau 2 Grau 5 Total Valor p <0,001 6 (54,5) 1 (8,3) 11 (100,0) 12 (100,0) *Teste de Kolmogorov-Smirnov para duas amostras. Discussão Neste estudo, o grupo submetido ao programa de exercícios melhorou significativamente a força muscular quando comparado ao Grupo Controle. Outros estudos mostraram a melhora da força dos MAP de puérperas após um programa de exercícios7,9,14-16. O programa de exercícios para os MAP realizado no presente estudo enfatizou a realização de poucas repetições diárias, com aumento gradativo da intensidade da força Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):10-5 13 Assis TR, Sá ACAM, Amaral WN, Batista EM, Formiga CKMR, Conde DM e do tempo de contração para o recrutamento do maior número de unidades motoras. Essa conduta é importante para o ganho de força muscular11. Assim, os programas de treinamento dos MAP podem provocar alterações musculares devido à adaptação neural durante as primeiras seis a oito semanas22. Contudo, o sucesso dos exercícios para os MAP depende não somente de treinamentos mais intensivos, mas também da supervisão de um fisioterapeuta habilitado20,24. Esse profissional proporcionará um tratamento com empenho, o que ajudará na motivação e adesão ao programa de treinamento11,20. Neste estudo, observou-se uma boa adesão ao programa de exercícios, pois somente uma puérpera desistiu da participação no treinamento, alegando dificuldades em se deslocar até a unidade de saúde. Nenhuma das demais participantes do GI faltou a mais de quatro sessões consecutivas e a média de sessões realizadas foi 11. Na segunda avaliação, nenhuma das participantes do GI apresentou sintomas de incontinência urinária e três participantes do GC relataram sintomas de urgência miccional. Esse resultado sugere que o programa de treinamento foi efetivo para a prevenção da incontinência urinária pós-parto. O aumento da força dos MAP e, consequentemente, da continência urinária através do programa de treinamento, é devido à ativação do esfíncter uretral e à promoção de melhor suporte do colo vesical, estimulando uma contração forte e rápida dos MAP durante um aumento súbito da pressão intra-abdominal, que previne a descida da uretra e promove seu fechamento21,22. O presente estudo associou a contração dos MAP à contração do músculo transverso do abdômen com o objetivo de intensificar a ação dos MAP. Outro estudo demonstrou que, com o relaxamento do músculo transverso do abdômen, há uma diminuição da atividade eletromiográfica dos MAP e que, com a contração desse músculo, há uma coativação dos MAP25. Além disso, realizou-se a respiração diafragamática e a expiração durante as contrações dos MAP com o objetivo de aumentar a atividade eletromiográfica dos MAP20. Neste estudo, no início de cada sessão do programa de exercícios, foi realizada uma solicitação verbal à puérpera para contrair os MAP. A solicitação era associada à palpação vaginal digital. Essa conduta é um biofeedback verbal26. O biofeedback se refere ao uso de várias técnicas audiovisuais que informam ao paciente sobre a atividade 14 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):10-5 dos músculos estriados, enquanto este tenta controlar a função desses músculos. Outro estudo comparou um programa de treinamento com exercícios associados a biofeedback verbal com exercícios associados a biofeedback visual26. Os autores verificaram que o grupo com biofeedback visual apresentou melhores resultados de controle da força e seleção dos MAP. No entanto, revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados não demonstrou superioridade do biofeedback visual sobre o biofeedback verbal27. Os dois métodos de medida da força dos MAP apresentaram correlação significativa. Um estudo no qual se analisou a correlação entre as medidas de força muscular, realizadas por meio da palpação vaginal digital e pelo perineômetro, concluiu que a palpação vaginal é importante para ensinar a contração correta dos MAP, mas não é um método com boa reprodutividade28. Outros autores, no entanto, mostraram resultados semelhantes aos do presente estudo6,13,29,30. Assim, acredita-se que a palpação vaginal digital possa ser usada na prática clínica para medir a força dos MAP, uma vez que a maioria dos estudos mostrou boa correlação com o perineômetro. Os achados do presente estudo devem ser interpretados, considerando-se alguns aspectos. O tamanho amostral, embora pequeno, possibilitou a identificação de associações significativas. Destaca-se o delineamento do estudo, um ensaio clínico, e a utilização das técnicas mais frequente empregadas para avaliação da força dos MAP. Ressalta-se a importância deste estudo na prevenção primária de disfunções do assoalho pélvico, pois o treinamento das MAP pode ser utilizado como prática preventiva e tem indicação em algumas fases da vida das mulheres, como a gestação, o puerpério e o climatério21,31. Recomenda-se que, independentemente da presença de sintomas de incontinência urinária, é aconselhável que todas as mulheres façam um programa de exercícios de reabilitação do assoalho pélvico após o parto5,32. Concluindo, o presente estudo mostrou que o programa de exercícios resultou em aumento significativo da força dos MAP em puérperas e contribuiu para a prevenção de incontinência urinária. Além disso, verificou-se uma correlação significativa entre as medidas da força dos MAP pela palpação vaginal digital e pelo perineômetro. Isso indica que a palpação vaginal digital pode ser utilizada na prática clínica, uma vez que é um método de baixo custo e que demonstrou correlação significativa com um método objetivo. Efeito de um programa de exercícios para o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico de multíparas Referências 1. Yiou R, Costa P, Haab F, Delmas V. Anatomie fonctionnelle du plancher pelvien. Prog Urol. 2009;19(13):916-25. 2. Herbruck LF. The impact of childbirth on the pelvic floor. Urol Nurs. 2008;28(3):173-84. 3. Chaliha C. Postpartum pelvic floor trauma. Curr Opin Obstet Gynecol. 2009;21(6):474-9. 4. Marshall K, Walsh DM, Baxter GD. 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Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):10-5 15 Viviane Herrmann1 Renata Gebara De Grande Di Sessa2 Cassio Luís Zanettini Ricceto3 Sirlei Siani Morais1 Edilson Benedito de Castro1 Cassia Raquel Juliato1 Artigo Original Associação entre o escore do International Consultation on Incontinence Questionaire – Urinary Incontinence/Short Form e a Avaliação Urodinâmica em mulheres com incontinência urinária Correlation of the International Consultation on Incontinence Questionaire – Urinary Incontinence/Short Form to Urodynamic diagnosis in women with urinary incontinence Resumo Palavras-chave OBJETIVO: Avaliar a correlação entre o International Consultation on Incontinence Questionnaire – Urinary Incontinence/Short Form (ICIQ-UI/SF) e a Avaliação Urodinâmica (AU) em mulheres com incontinência urinária (IU). MÉTODOS: Foram analisados retrospectivamente dados clínicos, AU e escore do ICIQ-UI/SF de 358 mulheres com IU atendidas em clínica privada. O teste de correlação entre ICIQ-UI/SF e os parâmetros urodinâmicos foi o teste de Spearman. Foi utilizada a curva ROC, com os valores de sensibilidade e especificidade dos escores do ICIQ-UI/SF apresentados pelas pacientes, para identificar o valor do questionário que determinasse a presença da alteração urodinâmica estudada. Para o cálculo do valor p foi utilizado o teste do χ2 ou exato de Fisher. O nível de significância foi de 5% e o software utilizado para análise foi o SAS versão 9.2. RESULTADOS: As pacientes com IU aos Esforços segundo a AU – IUE urodinâmica – representaram 67,3% do total; aquelas com IUE na AU e Hiperatividade Detrusora (HD) – IUM urodinâmica – 16,2%, e as pacientes com HD isolada – HD – 7,3% do total. As pacientes com AU normal representaram 9,2% do total da amostra. Houve associação significativa entre escore ≥14 no ICIQ-UI/SF e as pacientes com IUE urodinâmica e IUM urodinâmica. Pacientes com Pressão de Perda ao Esforço (PPE) ≤90 cmH2O apresentaram escore ao ICIQ-UI/SF≥15. O teste de Spearman mostrou correlação inversa fraca entre o escore e a PPE, porém não mostrou correlação entre esse escore e a Capacidade Cistométrica Máxima (CCM) ou com o volume vesical no primeiro desejo miccional. CONCLUSÃO: Houve associação entre o escore do ICIQ-UI/SF e IUE urodinâmica (isolada ou associada à HD); porém não houve associação com a HD isolada. Quanto menor o valor da PPE, maior o escore total do ICIQ-UI/SF. O ICIQ-UI/SF não foi capaz de discriminar o tipo de IU na população estudada. Urodinâmica Mulheres Incontinência urinária Questionários Keywords Urodynamics Women Urinary incontinence Questionnaires Abstract PURPOSE: To evaluate the correlation between the International Consultation on Incontinence Questionnaire – Urinary Incontinence/ Short Form (ICIQ-UI/SF) and Urodynamic evaluation (UE) in women with urinary incontinence (UI). METHODS: Clinical data, UE and ICIQ-UI/SF scores for 358 patients from private health service were analyzed retrospectively . The correlation between ICIQ-UI/SF and urodynamic parameters was determined by Spearman’s test. A ROC curve with the sensitivity and specificity of the ICIQ-UI/SF scores was utilized to establish the value of the questionnaire that would predict an altered urodynamic parameter. The χ2 test or Fisher’s exact test was used to calculate the p-value. The level of significance was 5% and the software used was SAS 9.2. RESULTS: Sixty-seven point three percent of the patients presented Stress UI (SUI) according to the UE (urodynamic SUI); those with SUI and Detrusor overactivity (DO) at UE represented 16.2% of the women (SUI+DO), and those with only DO at UE (DO) represented 7.3% of the women. Patients with normal UE represented 9.2% of the women. There was a significant association between ICIQ-UI/SF scores ≥14 and patients with urodynamic SUI, with or without DO. Patients with Valsava Leak Point Pressure (VLPP)≤90 cmH2O presented ICIQ-UI/SF≥15. Spearman’s test showed a weak inverse correlation between ICIQ-UI/SF score and VLPP, although it did not show any correlation with maximum cystometric capacity or with bladder volume on first desire to void. CONCLUSION: There was an association between ICIQ-UI/SF score and patients with SUI, with or without DO, but no association between the score and patients with DO alone. The lower the VLPP value, the higher the ICIQUI/SF score. The ICIQ-UI/SF was not able to distinguish the different types of UI in the studied population Correspondência Renata Gebara De Grande Di Sessa Universidade Estadual de Campinas Rua Alexander Fleming, 101 – Cidade Universitária “Zeferino Vaz” – CEP: 13083-970 Campinas (SP), Brasil Recebido 17/08/2012 Aceito com modificações 12/11/2012 Departamento de Tocoginecologia – Centro de Assistência Integral à Saúde da Mulher (CAISM), Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Campinas (SP), Brasil. 2 Programa de Mestrado Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Campinas (SP), Brasil. 3 Departamento de Urologia do Hospital de Clínicas, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Campinas (SP), Brasil. Conflito de interesses: não há. 1 Associação entre o escore do International Consultation on Incontinence Questionaire – Urinary Incontinence/Short Form e a Avaliação Urodinâmica em mulheres com incontinência urinária Introdução A Incontinência Urinária (IU) é dividida em três subtipos: incontinência urinária de esforço (IUE), incontinência urinária de urgência (IUU) e incontinência urinária mista (IUM) 1. Aproximadamente metade das mulheres com queixa clínica de IU apresentam IUE, 30 a 40% apresentam queixa de IUM e 9,3 a 16% apresentam sintomas exclusivamente de IUU 2-4. Entre as ferramentas que auxiliam na abordagem da IU está a Avaliação Urodinâmica (AU), que permite estudar a estabilidade do detrusor na fase de enchimento vesical, bem como a perda urinária durante realização de manobra de Valsalva, além de analisar fluxo/pressão e avaliar a presença de obstrução infravesical. É considerada, por alguns autores, o padrão-ouro para a determinação da etiologia de incontinência urinária5,6. Trata-se, entretanto, de um exame invasivo, que pode provocar desconforto e constrangimento para a paciente e, em grande parte dos casos, não evidencia os sintomas relatados, especialmente em pacientes com Síndrome da Bexiga Hiperativa, ou SBH 7,8. A baixa correlação entre o diagnóstico clínico e o urodinâmico da incontinência urinária foi evidenciada através de revisão sistemática de 23 artigos, em 2011, porém com a ressalva de o diagnóstico clínico ter sido feito com anamnese, exame físico e pad test ou teste de esforço ou diário miccional. Em nenhum dos estudos foram comparadas combinações de testes diagnósticos com a AU. A associação de outros testes menos invasivos à anamnese e exame físico poderia se aproximar do resultado da AU6. Os questionários clínicos são exemplos de instrumentos não invasivos que complementam a avaliação clínica da paciente 9,10. O International Consultation on Incontinence Questionnaire – Urinary Incontinence/Short Form (ICIQ-UI/SF) 11, e validado em 2004 para o português10, é de fácil aplicabilidade e compreensão. Consiste em três perguntas que abrangem a frequência de perda urinária, o volume da perda e o quanto ela interfere na vida da paciente, segundo suas próprias impressões. A cada resposta é dada uma pontuação, resultando em um escore final, que é a soma de todas as pontuações. A vantagem desse questionário está no fato de ser breve, simples e autoaplicável10,12. Seckiner et al.12 avaliaram o escore do ICIQ-UI/ SF com os parâmetros urodinâmicos em pacientes com IUU antes e depois do tratamento medicamentoso e observaram que pacientes que apresentaram primeiro desejo miccional com baixos volumes de enchimento vesical e pacientes com níveis mais altos da pressão do detrusor na capacidade cistométrica máxima apresentaram maior escore no ICIQ-UI/SF. Este estudo propôs-se a avaliar a associação entre o ICIQ-UI/SF e a Avaliação Urodinâmica em pacientes com incontinência urinária, independente do tipo. Tem como objetivo avaliar a capacidade do questionário em predizer resultados da avaliação urodinâmia, o que permitiria que eventuais gastos com esse exame e potenciais riscos para o paciente fossem evitados. Métodos O estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do SISNEP (código nº 1308/2011). Foram analisados, retrospectivamente, dados clínicos e relatórios de estudos urodinâmicos realizados, conforme as padronizações da International Continence Society (ICS)1, por 358 mulheres com queixa clínica de IU. Foram excluídas mulheres com infecção do trato urinário, gestantes e portadoras de doenças malignas e/ou neurológicas. Todos os exames foram efetuados em clínica privada entre 2006 e 2008 e as pacientes responderam ao questionário ICIQ-UI/SF antes do procedimento, em complemento à anamnese habitual. A Tabela 1 mostra as características demográficas das pacientes avaliadas. Tabela 1. Características demográficas das 358 pacientes Parâmetros n (%) Idade <40 47 (3,9) 40–49 119 (35,1) 50–59 103 (30,4) ≥60 70 (20,7) 19 pacientes não responderam Raça Branca Não branca 311 (87,4) 45 (12,6) 2 pacientes não responderam Gestações Nenhuma 16 (4,5) Uma 32 (9,0) Duas Três ou mais 83 (23,4) 224 (63,1) 3 pacientes não responderam Status Menopausal Antes da menopausa <5 anos 175 (49,3) 64 (18,0) Entre 5 e 10 anos 43 (12,1) >10 anos 73 (20,6) 3 pacientes não responderam Cirurgia anti-incontinência Nenhuma 207 (58,0) Ao menos 1 cirurgia 151 (42,0) Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):16-20 17 Herrmann V, Sessa RGGD, Ricceto CLZ, Morais SS, Castro EB, Juliato CR Resultados Dentre as pacientes, 33 apresentaram Avaliação Urodinâmica normal, ou seja, 9,2% dos casos (grupo 4), o que condiz com a incidência encontrada na literatura. IUE foi o diagnóstico em 241 casos (67,3%), IUE e HD (IUM urodinâmica) em 58 (16,2%) e HD em 26 (7,3%). As pacientes com AU normal representaram 9,2% do total. O escore do ICIQ-UI/ SF nos grupos foi de 15,4 (±3,8) nas mulheres com 18 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):16-20 IUE urodinâmica, 15,9 (±3,9) naquelas com IUM urodinâmica e 15,0 (±4,8) naquelas com HD. Não foi observada associação entre o escore do ICIQ-UI/ SF e tipo de IU (p=0,1980), não sendo o questionário capaz de discriminar os diferentes tipos de IU à urodinâmica. O índice de correlação de Spearman evidenciou correlação significativa entre os valores da PPE e o escore do ICIQ-UI/SF em mulheres com IUE (coeficiente rho=-0,18; p=0,0010), não se observando correlação entre este e a CCM (rho=-0,08; valor p=0,09) ou o PDM (rho=-0,05; valor p=0,33). A correlação obtida foi inversamente proporcional e fraca. Em mulheres com IUE urodinâmica, foi observada significativa associação entre valor de PPE<90 cmH 2O e escores mais altos do ICIQ-IU/SF (p=0,0037) (Tabela 2). A curva ROC permitiu estabelecer o escore 14 como ponto de corte no ICIQ-UI/SF a fim de predizer os diagnósticos para cada grupo. Houve associação significativa entre o escore do ICIQ-UI/SF nos Grupos com IUE urodinâmica (p=0,0131) e IUM urodinâmica (p=0,0015). Não houve associação entre o escore ICIQ-UI/SF e HD isoladamente (p=0,4414). Ainda, em todos os grupos, o ICIQ-UI/SF mostrou-se pouco específico para o diagnóstico da IU (Figura 1). Tabela 2. Pressão de Perda ao Esforço e escore do International Consultation on Incontinence Questionaire – Urinary Incontinence/Short Form em mulheres com Incontinência Urinária de Esforço urodinâmica e Incontinência Urinária Mista urodinâmica Valor da PPE ICIQ-UI/SF <90 cmH2O (n=149) 16,1(±3,9) ≥90 cmH2O (n=152) 14,9(±3,7) Teste de Mann-Whitney: p=0,0037. sensibilidade Para o Estudo Urodinâmico foi utilizado o modelo Urosystem 5600 (Viotti Equipamentos Médicos Ltda). Foram realizadas a urofluxometria livre, em que foi estimado o fluxo urinário e o volume urinário, a cistometria e o estudo fluxo-pressão. A pressão de perda ao esforço (PPE) foi medida quando era alcançada a capacidade cistométrica máxima. As pressões uretrais não foram avaliadas no estudo. Os parâmetros urodinâmicos coletados foram: volume do enchimento intravesical no primeiro desejo miccional; capacidade cistométrica máxima (CCM); presença de contração não inibida (CNI); PPE; pressão do detrusor na CCM; volume urinado; diagnóstico urodinâmico (normal, incontinência de esforço urodinâmica); hiperatividade do detrusor urodinâmica; incontinência urinária de esforço associada à hiperatividade do detrusor). Após a Avaliação Urodinâmica, as pacientes foram divididas em: IUE urodinâmica (IUE urodinâmica), IUE urodinâmica associada à hiperatividade detrusora (IUM urodinâmica), Hiperatividade Detrusora (HD) e pacientes com Avaliação Urodinâmica normal (AU normal). A fim de se buscar a correlação entre o ICIQUI/SF e os parâmetros urodinâmicos, foi calculado o índice de correlação de Spearman entre o valor do ICIQ-UI/SF e a PPE, a CCM e o volume vesical no Primeiro Desejo Miccional (PDM). Foram avaliadas a sensibilidade e a especificidade de cada escore do ICIQ-UI/SF nos diferentes grupos de pacientes, a fim de se obter um ponto de corte no escore do questionário que tornasse possível diagnosticar o subtipo de IU, assim como discriminar os diagnósticos e prever resultados de parâmetros urodinâmicos. Para tanto, foi utilizada a curva ROC, onde se obteve o valor do escore com maior sensibilidade e especificidade para o objetivo do trabalho. A partir desse ponto de corte, as variáveis foram estudadas em relação ao diagnóstico e avaliadas quanto à significância estatística (valor p) através dos testes do χ2 ou exato de Fisher. O nível de significância foi de 5% e o software utilizado para a análise, o SAS versão 9.2. 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 Escore=14 IU mista X normal IUE X normal Hiperatividade X normal 0,0 0,2 0,4 0,6 1-especificidade 0,8 1,0 Figura 1. Curva ROC entre sensibilidade e especificidade de cada escore do International Consultation on Incontinence Questionaire – Urinary Incontinence/Short Form Associação entre o escore do International Consultation on Incontinence Questionaire – Urinary Incontinence/Short Form e a Avaliação Urodinâmica em mulheres com incontinência urinária Discussão Embora a Avaliação Urodinâmica (AU) seja, por muitos, considerada o padrão-ouro para a caracterização da incontinência urinária, sua realização pode significar desconforto e constrangimento, além de se tratar de um procedimento de custo elevado, o que limita seu uso em parcela significativa de hospitais de pequeno e médio porte. Pode, ainda, não reproduzir os sintomas da paciente e seu impacto sobre o desfecho cirúrgico é ainda controverso. Estudos foram realizados para estabelecer possível correlação entre a AU e métodos menos invasivos de diagnóstico de IU13-16. Encontramos correlação inversa entre a PPE e o escore do ICIQ-UI/SF, mas não entre esse questionário e a CCM ou o volume vesical no primeiro desejo miccional, diferente do que foi descrito por Seckiner et al. 12. Nosso estudo incluiu 358 mulheres com todos os subtipos de IU, enquanto o de Seckiner et al.12 avaliou 68 pacientes com hiperatividade detrusora urodinâmica de ambos os sexos. Segundo nosso estudo, a correlação é presente apenas em pacientes com perda urinária ao esforço, e ainda assim é fraca. No presente estudo também foi encontrada associação entre a AU e o escore do ICIQ-UI/SF, em termos de ponto de corte para o diagnóstico, tanto da presença de perda ao esforço à urodinâmica, quanto do mais provável valor da PPE a ser encontrado. Segundo nosso estudo, valores do ICIQ-UI/SF maiores ou iguais a 14 têm maior chance de apresentar IUE à Urodinâmica, e valores maiores ou iguais a 16 indicam maior chance de a PPE ser menor que 90 cmH 2O — ou seja, situações de maior gravidade. A associação entre piores escores do questionário e valores de PPE menores que 90 cmH 2O coincide com o conceito defendido por muitos autores de que esse valor de pressão seria um ponto de corte acima do qual a IUE urodinâmica seria consequência de hipermobilidade uretral17,18. Recente revisão sistemática utilizou dados de 385 mulheres com IU, das quais 197 haviam sido submetidas à avaliação urodinâmica. Os autores concluíram que não houve diferença significativa entre o número de mulheres submetidas à cirurgia para tratamento de IU com e sem AU prévia. As mulheres com AU prévia foram mais propensas a ter seu tratamento alterado, mas isto não foi significativo na análise estatística 19. De fato, a AU não é mandatória em avaliações pré-operatórias em muitos serviços e pode ser considerada útil na investigação de novas modalidades de tratamentos, ou no diagnóstico da IU caso haja dúvida, não sendo necessária antes do tratamento de bexiga hiperativa e tratamento cirúrgico inicial de IUE 20,21. Por outro lado, embora adotar o valor da PPE para definir o tipo de IUE seja controverso, assumir 90 cmH 2O como um ponto de corte que define a gravidade da IUE é compatível tanto com os artigos já publicados sobre a relação entre a PPE e a IUE, quanto com os achados de nosso estudo 17. A correlação entre o escore do ICIQ-UI/SF e a PPE pode significar que, em pacientes com IUE, a aplicação do questionário de qualidade de vida pode prever a gravidade da incontinência urinária. Nosso estudo não teve como objetivo substituir a AU pelo ICIQ-UI/SF, uma vez que o primeiro é um método diagnóstico, objetivo, e o segundo é uma avaliação subjetiva de um diagnóstico já estabelecido. Porém, o fato de haver correlação entre ICIQ-UI/SF e a PPE, além de haver um valor de corte no escore que não somente prediz a presença do componente de esforço na IU, mas também o possível valor da PPE, permite-nos dizer que o questionário é uma ferramenta útil para avaliação do diagnóstico da IUE. Aliado à avaliação clinica, pode-se, portanto, dispensar a AU nas pacientes com incontinência urinária aos esforços. O estudo tem limitações quando diz respeito à hetereogenicidade da coorte analisada. Embora todas as mulheres apresentassem incontinência urinária clinicamente diagnosticada, apresentam diferenças em relação à idade, paridade e morbidades. Algumas já haviam sido submetidas a cirurgias anti-incontinência. Tais características podem influenciar as respostas das pacientes no questionário quanto à qualidade de vida, independente do tipo de IU e de sua gravidade. De fato, a média do escore do ICIQ-UI/ SF nas pacientes que não haviam sido submetidas à cirurgia foi menor que aquela referente às pacientes com ao menos uma cirurgia como antecedente (14 naquele sem cirurgia, e 15,7 naquele das pacientes com antecedente cirúrgico). Por outro lado, a importância deste estudo é fundamentada no tamanho amostral e no fato de não ter apresentado vício de seleção, uma vez que não se tratava de um centro de referência para nenhum tipo específico de incontinência urinária. Embora não tenham sido incluídas pacientes sem o diagnóstico clínico de incontinência urinária, as pacientes avaliadas não pertenciam a grupos de risco, com morbidades que poderiam cursar com IU, nem eram todas da mesma raça, o que diminui o erro quando os resultados são transportados para a população geral. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):16-20 19 Herrmann V, Sessa RGGD, Ricceto CLZ, Morais SS, Castro EB, Juliato CR Referências 1. Abrams P, Cardozo L, Fall M, Griffiths D, Rosier P, Ulmsten U, et al. The standardisation of terminology in lower urinary tract function: report from the Standardisation Sub-committee of the International Continence Society. Neurourol Urodyn. 2002;21(2):167-78. 2. Wu JM, Stinnett S, Jackson RA, Jacoby A, Learman LA, Kuppermann M. Prevalence and incidence of urinary incontinence in a diverse population of women with noncancerous gynecologic conditions. Female Pelvic Med Reconstr Surg. 2010;16(5):284-9. 12.Seckiner I, Yesilli C, Mungan NA, Aykanat A, Akduman B. Correlations between the ICIQ-SF score and urodynamic findings. Neurourol Urodyn. 2007;26(4):492-4. 3. Contreras Ortiz O. Stress urinary incontinence in the gynecological practice. Int J Gynaecol Obstet. 2004;86(Suppl 1):S6-16. 13. Ricci Arriola P, Solá Dalenz V, Pardo Schanz J. Study of female urinary incontinence with single channel urodynamics: comparison of the symptoms on admission. Analysis of 590 females. Arch Esp Urol. 2009;62(2):115-23. 4. Tamanini JTN, Lebrão ML, Duarte YAO, Santos JLF, Laurenti R. Análise da prevalência e fatores associados à incontinência urinária entre idosos do Município de São Paulo, Brasil: Estudo SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento). Cad Saúde Pública. 2009;25(8):1756-62. 14.Serati M, Salvatore S, Siesto G, Cattoni E, Braga A, Sorice P, et al. Urinary symptoms and urodynamic findings in women with pelvic organ prolapse: is there a correlation? Results of an artificial neural network analysis. Eur Urol. 2011; 60(2):253-60. 5. Schäfer W, Abrams P, Liao L, Mattiasson A, Pesce F, Spangberg A, et al. Good urodynamic practices: uroflowmetry, filling cystometry, and pressure-flow studies. Neurourol Urodyn. 2002;21(3):261-74. 15. Klovning A, Avery K, Sandvik H, Hunskaar S. Comparison of two questionnaires for assessing the severity of urinary incontinence: the ICIQ-SF versus the incontinence severity index. Neurourol Urodyn. 2009;28(5):411-5. 6. van Leijsen SA, Hoogstad-van Evert JS, Mol BW, Vierhout ME, Milani AL, Heesakkers JP, et al. The correlation between clinical and urodynamic diagnosis in classifying the type of urinary incontinence in women. A systematic review of the literature. Neurourol Urodyn. 2011;30(4):495-502. 7. Houwert RM, Roovers JP, Venema PL, Bruinse HW, Dijkgraaf MG, Vervest HA. When to perform urodynamics before mid-urethral sling surgery for female stress urinary incontinence? Int Urogynecol J. 2010;21(3):303-9. 8. Heesakkers JP, Vriesema JL. The role of urodynamics in the treatment of lower urinary tract symptoms in women. Curr Opin Urol. 2005;15(4): 215-21. 9. Caruso DJ, Kanagarajah P, Cohen BL, Ayyathurai R, Gomez C, Gousse AE. What is the predictive value of urodynamics to reproduce clinical findings of urinary frequency, urge urinary incontinence, and/or stress urinary incontinence? Int Urogynecol J. 2010;21(10):1205-9. 10. Tamanini JTN, Dambros M, D’Ancona CAL, Palma PCR, Rodrigues Netto Jr. N Validação para o português do “International Consultation on Incontinence Questionnaire – Short Form” (ICIQ-SF). Rev Saúde Pública. 2004;38(3):438-44. 20 11. Avery K, Donovan J, Peters TJ, Shaw C, Gotoh M, Abrams P. ICIQ: a brief and robust measure for evaluating the symptoms and impact of urinary incontinence. Neurourol Urodyn. 2004;23(4):322-30. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):16-20 16.Price DM, Noblett K. Comparison of the cough stress test and 24-h pad test in the assessment of stress urinary incontinence. Int Urogynecol J. 2012;23(4):429-33. 17. Nitti VW, Combs AJ. Correlation of Valsalva leak point pressure with subjective degree of stress urinary incontinence in women. J Urol. 1996;155(1):281-5. 18. Cespedes RD, Cross CA, McGuire EJ. Selecting the best surgical option for stress urinary incontinence. Medscape Women’s Health. 1996;1(9):3. 19. Glazener CM, Lapitan MC. 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Renata do Sacramento Monte de Oliveira1 Renato Galvão Redorat1 Gisele Hart Ziehe1 Vera Aleta Mansur2 Flávia Lúcia Conceição3 Arterial hypertension and metabolic profile in patients with polycystic ovary syndrome Hipertensão arterial e perfil metabólico em pacientes com síndrome dos ovários policísticos Artigo Original Abstract Keywords Cardiovascular diseases/etiology Cardiovascular diseases/metabolism Metabolic diseases/complications Metabolic diseases/metabolism Polycystic ovary syndrome/complications Polycystic ovary syndrome/metabolism Obesity/complications Palavras-chave Doenças cardiovasculares/etiologia Doenças cardiovasculares/metabolismo Doenças metabólicas/complicações Doenças metabólicas/metabolismo Síndrome do ovário policístico/complicações Síndrome do ovário policístico/metabolismo Obesidade/complicações PURPOSE: To evaluate parameters related with arterial pressure and metabolic profile in women with polycystic ovary syndrome (POS). METHODS: This monocentric study at the University Hospital Endocrinology Section included 60 women aged 18-45 years, 42 being diagnosed with POS and acting as 18 controls. All women were subjected to transvaginal ultrasound and monitored for arterial pressure for 24 h in the ambulatory (MAP). Venous blood samples were taken between 07.00 and 09.00, after 12 h fasting. Basal (BG) and fasting glucose concentrations, total cholesterol and its fractions, triglycerides and insulin (to calculate the homeostatic assay insulin-resistance, HOMA-IR) were measured. Collected data were the mean arterial blood pressure (24-h awake/sleep cycle), arterial pressure nocturnal descensus, glycemia and fasting glucose for HOMA-IR, and lipid profile. The Student’s t test was used to compare homogeneous variables; the Mann-Whitney test was used to compare non-homogeneous variables; the Pearson’s correlation coefficient was used to search for correlation between the variables. The χ2 test was used for comparison of the absence of nocturnal descensus. Significance was taken as p<0.05. RESULTS: The mean age of the patients with POS was 27.4±5.5 (18–45 years, n=42) and the body mass index (BMI) was 30.2±6.5 kg/m2 (18.3–54.9). In the Control Group, the mean age was 31.4±6.1 (18–45 years) and the BMI was 27.1±6.2 kg/m2 (18.3–54.9, n=18). No difference in the metabolic parameters and insulin resistance was observed between the two groups. Comparison between these parameters and MAP showed that the only parameter with a correlation was the BMI, independent of the POS diagnosis. This was not seen in nocturnal descensus, which was uncorrelated with POS and any of the other studied parameters. CONCLUSION: POS women do not show higher arterial blood pressure, glycemia, HDL-col, TG, HOMA-IR and BMI compared to non-POS women. However, POS patients showed correlation between arterial pressure and BMI, suggesting that obesity is a primary factor involved in arterial pressure changes in these patients. Resumo OBJETIVO: Avaliar os parâmetros relacionados com a pressão arterial e o perfil metabólico em portadoras de SOP. MÉTODOS: Estudo monocêntrico aberto no qual foram avaliadas 60 mulheres em idade fértil, entre 18 e 45 anos, sendo que 42 mulheres preenchiam os critérios diagnósticos para SOP, e 18 que não preenchiam critérios formaram o Grupo Controle. Todas as mulheres foram submetidas a ultrassonografia transvaginal e a monitorização ambulatorial da pressão arterial por 24 horas (MAPA). Amostras de sangue venoso foram coletadas entre 7h00min e 9h00min, após jejum prévio de 12 horas, sendo medidos glicose de jejum ou basal (GB), colesterol total e frações, triglicerídeos e insulina (para cálculo do HOMA-IR). Dados coletados: valores médios de pressão arterial-PA (no período de vigília, sono de 24hs), descenso noturno de PA; glicemia e insulina de jejum para cálculo do HOMA-IR; perfil lipídico. Para comparar as variáveis com distribuição homogênea foi utilizado o teste t de Student e para as variáveis não homogêneas foi utilizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney; e para correlacionar as variáveis foi avaliado o coeficiente de correlação de Pearson. Para comparação das proporções da ausência de descenso noturno foi realizado o teste do χ2. Em todas as análises, foi considerado o nível de significância de 5% (p<0,05). RESULTADOS: A média de idade das 42 pacientes com diagnóstico de SOP foi de 27,4±5,5 (18–45 anos) e do IMC de 30,2±6,5 kg/m2 (18,3–54,9), e a média de idade das 18 mulheres controle foi de 31,4±6,1 (18–45 Correspondence Hospital Universitario Clementino Fraga Filho – Rua Rodolfo Paulo Rocco, 255 – Department of Endocrinology, 9º andar – Ilha do Fundão CEP: 95010-003 Rio de Janeiro (RJ), Brazil Received 08/22/2012 Accepted with modifications 11/26/2012 Study carried out at Department of Endocrinology at the Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – Rio de Janeiro (RJ), Brazil. 1 Endocrinology Section – Faculdade de Medicina e Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – Rio de Janeiro (RJ), Brazil. 2 Hospital dos Servidores do Estado – Rio de Janeiro (RJ), Brazil. 3 Faculdade de Medicina e Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – Rio de Janeiro (RJ), Brazil. Conflict of interest: none. Oliveira RSM, Redorat RG, Ziehe GH, Mansur VA, Conceição FL anos) e do IMC de 27,1±6,2 kg/m2 (18,3–54,9). Não foi observada diferença significativa nos parâmetros metabólicos e de resistência a insulina e pressão arterial entre os grupos. Comparando esses parâmetros com as médias das pressões arteriais, registradas pela MAPA, foi observado que o único fator que teve correlação foi o índice de massa corporal, independente do diagnóstico de SOP. O mesmo não foi observado com o DN, o qual não teve relação significante com o diagnóstico de SOP e com os parâmetros estudados. CONCLUSÃO: Mulheres com SOP não apresentam maiores níveis de pressão arterial, glicemia, HDL-col, TG, HOMA-IR e IMC do que mulheres sem SOP. Todavia, entre as pacientes com SOP, o único parâmetro que apresentou correlação com os valores médios de pressão arterial foi o IMC, sugerindo que a obesidade é o fator primordial para alteração do comportamento de pressão arterial nessas pacientes. Introduction Polycystic ovary syndrome (POS) is a heterogeneous clinical condition affecting 1 in 15 women in the world1, and is the most common endocrine disorder at a reproductive age2,3, varying from 6–10%, according to diagnosing criteria4,5. In spite of its physiopathology being not fully understood, it is of multifactorial genesis, with genetical, metabolic and neuroendocrine influences6,7, and a fundamental insulin-resistance background8. In addition to classic chronic anovulation and hyperandrogenism, POS leads to higher risk of cardiovascular problems related to insulin resistance9, such as systemic arterial hypertension (SAH), glucose intolerance and type 2 diabetes mellitus, dyslipidemia, obesity and metabolic syndrome10-13. One of the risk factors for cardiovascular diseases is SAH, diagnosed in one third of the population worldwide14,15. Given its high prevalence16 and high morbidmortality rates, it is of socio-economic importance. An association between SAH and POS is not completely established9. Insulin resistance and hyperinsulinemia are predisposing factors for SAH in POS women17, but no study has shown a direct correlation between the arterial pressure and the insulin resistance parameters in these patients. In spite of the comorbidity related to insulin resistance in POS patients influencing arterial pressure18, it is not known if the POS patients are characterized by differential arterial pressure (AP) compared to other women, and whether its parameters would be correlated with other cardiovascular risk factors. Mean arterial pressure (MAP) studies to evaluate arterial pressure in POS patients are scarce. Thus we decided to study the changes in arterial pressure and metabolic profile in POS patients. Methods Sixty women who attended the Hospital Clementino Fraga Filho (HUCFF) Endocrinology Section voluntarily between 2010 and 2012 were enrolled in this study. The study was approved by the Hospital’s Ethics and Research Committee under the number 085/09. All volunteers agreeing to participate in the study signed an informed consent form, according to the National Health Council (Resolution 196/96). 22 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):21-6 Women aged 18 to 45 included in the study presented symptoms related to hyperandrogenism (hirsutism, acne, alopecia), anovulation (amenorrhea, oligomenorrhea, infertility) and insulin resistance (obesity, acantose nigricans). The POS diagnosing criteria were those established by the Rotterdam consensus19, and included two of the three following criteria: oligomenorrhea or anovulation; clinical or biochemical signs of hyperandrogenism, polycystic ovaries confirmed by ultrasonography (presence of 12 or more 2–9 mm diameter follicles in each ovary and/or ovarian volume >10 mm3). Women included in the Control Group were in the same age range, had similar complaints as the ones from the POS group, but did not fulfill the diagnostic criteria. Women showing other correlated diseases resulting in hyperandrogenism and/or anovulation, such as thyroid disfunction, hyperprolactinemia, classical and non-classical congenital adrenal hyperplasia, Cushing syndrome and androgen-producing tumors of the adrenal gland and ovaries, were not included in the study. Women administered with medicine contributing to false-positive results (corticoids, anticoagulants, oral contraceptives, anti-lipidemic or hypoglycemic drugs etc.) were also excluded. Some patients interrupted contraceptive treatment to take part in the study. Evaluated parameters were age, symptoms associated with hyperandrogenism and/or anovulation, comorbidities, medications in use, physiological and familiar risk factors. Patients were given a clinical examination to determine body mass (kg), height (m), waist circumference (WC), and arterial pressure. WC was measured at the mean point between the costal margin and the anterosuperior iliac crest. BMI was determined by the Quetelet’s20 rate between body mass (kg) divided by height in m2. A diagnosis of overweight/obesity was determined according to the WHO criteria20: normal (18.5–24.9 kg/m2), overweight (25–29.9 kg/m2), and obese (>30 kg/m2). In addition, insulin resistance signs, such as acantose nigricans in skin folding region and signs of hyperandrogenism, such as hirsutism, acne and alopecia. Hirsutism was diagnosed according to the modified semiquantitative FerrimanGallwey score, using a cut off of 821. All women were submitted to transvaginal ultrasound examination to determine the ovarian topography to determine ultrasound criteria established by the Rotterdam consensus. Arterial hypertension and metabolic profile in patients with polycystic ovary syndrome MAP was measured for 24 h, using a Dynamapa monitor that involved the oscilometric method. MAP along the awake and sleep cycle and nocturnal descensus were determined. The results were interpreted according to the V Brazilian Directions for Ambulatory Monitoring of Arterial Pressure22. Criteria established by the American Diabetes Association23 were to determine glucose value and those from NCEP, ATP III24, for lipid profiles. Venous blood samples were collected between 07.00 and 09.00 after 12 h fasting. Fasting and basal (BG) glucose levels, total cholesterol and fractions, triglycerides and insulin (to calculate HOMA-IR) levels were measured. Serum glucose was measured enzymatically, with a level lower than 99 mg/dL as reference. Total cholesterol was determined by a colorimetric enzymatic method, with a reference level <200 mg/dL; LDL-col was measured by the Friedwald formula; triglycerides were determined by a colorimetric enzymatic method, using a reference level lower than 150 mg/dL; insulin was determined by a electrochemoluminescence method, using reference levels between 2 and 13 mcU/mL (for BMI up to 25), 2 and 19 mcU/mL (for BMIs of 25–30), and 2 and 23 mcU/mL (for BMI>30). Roche modular equipment P was used for glucose (sensibility 2 mg/dL, intra essay variation coefficient (IaVC) 1% and inter essay variation (IeVC) 1.7%), cholesterol (sensibility 3 mg/dL, IaVC 0.8 % and IeVC 1.7%), and triglycerides (sensibility 4 mg/dL, IaVC 1.5% and IeVC 1.8%). Roche modular equipment E was used to quantify insulin (sensibility 2 mcU/mL, IaVC 0.7–1.5% and IeVC 2.4–4.9%). Student’s t-test was used to compare the mean of the variables in arterial pressure, glucose, HDL-col, triglycerides and HOMA-IR between the obese and non-obese POS patients. To compare the distribution of the means of variables arterial pressure, glucose, HDLcol, triglycerides, and HOMA-IR between the control and POS groups, and within the POS group those with and without nocturnal descensus, the non-parametric Mann Whitney test. To establish any correlation between the metabolic paramenters and insulin resistance with the mean arterial pressure within the POS group, the Pearson correlation coefficient was used (p>0=positive correlation; p<0=negative correlation; p=0: no correlation; p: 0–3.0=weak correlation; p: 3.0–7.0=moderate correlation; p>7,0=strong correlation). For those parameters showing some correlation, a simple linear regression helped to quantify the influence of these parameters in MAP. To compare the proportion of the absence of nocturnal descensus between the control and POS groups, and between the obese and non-obese POS, the χ2 test was employed, the values being expressed as percentages. The results have been expressed as the mean ± standard deviation, and p<0.05 was taken as statistically significant. Statistical Analysis System (SAS) software for Windows, version 9.1, was used throughout this work. Results Clinical and biochemical characteristics of the groups are presented in Table 1. The mean age of the 42 POS patients was 27.4±5.5 (18–45 years) and the BMI was 30.2±6.5 kg/m2 (18.3–54.9). Fifty-two percent (22/42) were obese (IMC>30) and forty-eight percent (20/42) were non-obese (IMC<29.9). The mean age of the 18 women in the Control Groups was 31.4±6.1 (18–45 years), and the BMI was 27.1±6.2 kg/m2 (18.3–54.9). Thirty-nine percent of them (7/18) were obese (IMC>30) and sixty-one percent (11/18) were non-obese (IMC<29.9). The mean values of systolic and diastolic arterial pressures in the 24 h awake/sleep cycle are given in Table 2. Sixteen POS patients (36.8%) and six controls (33.3%) did not show nocturnal descensus, with no difference between the two groups (p=0.95). There was no significant difference between POS and control with respect to the metabolic parameters, insulin resistence and MAP parameters (mean values for systolic and diastolic arterial pressure, and nocturnal descensus). This was also observed when the obese women in the two groups were compared. Table 1. Clinical and biochemical characteristics of groups POS (n=42) Parameters Control (n=18) p-value Mean DP Mean DP Age (years) 27.4 5.5 31.4 6.1 BMI (kg/m2) 30.2 6.5 27.1 6.2 0.1 Glucose (mg/dL) 86.8 17.4 81.8 8.4 0.5 HDL-col (mg/dL) 50.3 14.8 57.5 13.5 0.08 116.8 80.6 116.5 66 0.8 4.4 6.8 2.1 TG (mg/dL) HOMA-IR 1.1 0.2 HDL-col: high density lipoprotein; TG: triglyceride; HOMA-IR: homeostasis mode assessment-insulin resistance. Note:*p significant <0.05 using the the non-parametric Mann Whitney test (Reference values: glucose <100 mg/dL; HDL-col>40 mg/d; TG<150 mg/dL). Table 2. Mean values of systolic and diastolic arterial pressures in the 24 h/ awake/sleep cycle POS (n=42) AP (mmHg) Control (n=18) p-value Mean DP Mean DP ASP 24h 111.8 12.0 107.3 15.0 0.3 ASP awake 117.5 10.9 115.5 11.7 0.5 ASP sleep 103.8 11.1 100.8 11.4 0.5 ADP 24h 70.2 9.0 71 13.5 0.8 ADP awake 73.6 8.4 73 9.2 0.7 ADP sleep 61.6 8.3 60.1 8.9 0.7 AP: arterial pressure; ASP: arterial systolic pressure; ADP: arterial diastolic pressure. Note: *p significant <0.05 using the the non-parametric Mann Whitney test. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):21-6 23 Oliveira RSM, Redorat RG, Ziehe GH, Mansur VA, Conceição FL By comparing the metabolic parameters and the HOMA-IR with mean arterial pressure, the only variable with a positive correlation was with BMI. In POS patients, a positive correlation between BMI and MAP was apparent. A moderate correlation existed between the BMI and the systolic arterial pressure, and a weak correlation existed between BMI and diastolic arterial pressure (Table 3). Within the POS group, there were significant differences between the non-obese (BMI<29.9) and obese women (BMI>30) with respect to glycemia, triglycerides, HOMA-IR, and the mean arterial pressure (Table 4). There was no difference with respect to the metabolic profile, HOMA-IR, and mean arterial pressure when the POS patients with and without nocturnal descensus were compared to each other (Table 5). Finally, the presence or absence of nocturnal descensus did not show statistically significant differences with respect to POS (p=0.9). The same was observed for the BMI, meaning that the nocturnal descensus was not correlated with obesity (p=0.2). Table 3. Pearson correlation coefficient between Body Mass Index with the mean arterial pressures Correlation (P) AP (mmHg) POS Control ASP 24h 0.61 0.4 ASP awake 0.63 0.61 ASP sleep 0.59 0.50 ADP 24h 0.37 0.45 ADP awake 0.47 0.7 ADP sleep 0.42 0.45 AP: arterial pressure; ASP: arterial systolic pressure; ADP: arterial diastolic pressure. The Pearson correlation coefficient was used (p>0= positive correlation; p<0= negative correlation; p=0: no correlation; p: 0–3.0=weak correlation; p: 3.0–7.0=moderate correlation; p>7.0= strong correlation). Table 4. Mean arterial pressures, glucose, triglycerides and HOMA-IR in obese and nonobese POS patients Parameters Non-obese (n=20) Obese (n=22) Mean p-value Mean DP ASP 24h (mmHg) 106 11.7 8.9 0.0001 ASP awake (mmHg) 111 9.2 120.5 10.1 0.001 ASP sleep (mmHg) 96 8.6 109.5 9.8 0.00 ADP 24h (mmHg) 64 10.4 70.5 6.9 0.03 ADP awake (mmHg) 69.5 7.3 74.5 8.4 0.006 ADP sleep (mmHg) 55.5 6.5 64 8.2 0.0008 GLUCOSE (mg/dL) 79.6 6.9 90 22.4 0.02 TG (mg/dL) 70 55.4 118 91.4 0.01 HOMA-IR 1.8 1.2 9.1 0.05 117 3.42 DP ASP: arterial systolic pressure; ADP: arterial diastolic pressure; TG: triglyceride; HOMA-IR: homeostasis model assessment- insulin resistance. Note:*p significant <0.05 using the Student’s t-test. 24 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):21-6 Table 5. Clinical and biochemical characteristic of the polycystic ovary syndrome patients with and without nocturnal descensus With nocturnal descensus (n=27) Without nocturnal descensus (n=16) Mean SD Mean SD Age (years) 28.7 5.7 25.3 4.0 0.03 BMI (kg/m²) 30.1 7.3 30.6 4.9 0.7 Glucose (mg/dL) 88.3 18.9 83.3 14.3 0.2 4.5 6.3 4.15 7.6 0.8 50.8 16.3 49.6 11 0.7 TG (mg/dL) 123.4 86.2 100.5 67.0 0.2 ASP 24h (mmHg) 110.0 13.4 113.8 9.3 0.3 ASP awake (mmHg) 117.8 12 116 9.4 0.5 ASP sleep (mmHg) 100 99.7 109.3 10.1 0.5 ADP 24h (mmHg) 70 10.5 69.6 6.6 0.8 ADP awake (mmHg) 74.1 9.5 71.9 6.9 0.7 ADP sleep (mmHg) 59.3 8.6 64.5 7.7 0.7 HOMA-IR HDL-col (mg/dL) p-value HOMA-IR: homeostasis mode assessment-insulin resistance; HDL-col: high density lipoprotein; TG: triglyceride; AP: arterial pressure; ASP: arterial systolic pressure; ADP: arterial diastolic pressure. Note:*p significant <0.05 using the the nonparametric Mann Whitney test. Discussion There was no difference between the metabolic parameters (RI, glucose, HDL and triglycerides) between the women diagnosed with POS and Control Group. However, the prevalence of this metabolic alteration was significantly higher in obese and non-obese POS women, revealing the relevant role of obesity in the metabolic profile of POS patients. In spite of the prevalence of metabolic disorders in POS patients25,26, no difference was seen in the glucose, HDL, triglycerides, HOMA-IR and BMI levels between the POS and control women. This might be correlated with the fact that both groups showed metabolic syndrome symptoms, hyperandrogenism and anovulation. This similarity between the clinical presentations in the two groups could perhaps result from equivalent metabolic characteristics. However, when obese and non-obese POS patients were compared, significantly different levels of glucose, triglycerides and HOMA-IR were found. Studies on the BMI as a risk factor for POS are conflicting. Some authors stress that BMI influences the prevalence of metabolic disorders in POS patients, while other claim that a poorer metabolic profile of POS patients is independent of BMI27,28. SAH is a risk factor for different diseases and, as such, it is of high socio-economic concerns. The association between POS and SAH is not well established. The actual mechanism responsible for SAH in POS patients is a matter of great controversy. In addition to a crucial role in SAH in POS patients, other mechanisms may be involved, such as the characteristic pro-inflammatory state in the syndrome, hyperandrogenism, and the influence of both the angiotensin-aldosterone and sympathetic system10,29,30. Arterial hypertension and metabolic profile in patients with polycystic ovary syndrome MAP is an appropriate way to inspect cardiovascular status in these patients22. By keeping indirect and intermittent registers of arterial pressure for 24 h, MAP could detect circadian cycle variations in arterial pressure, which had considerable prognostic implications. Among the parameters studied, the most indicative were the mean arterial pressure and the absence of nocturnal descensus. The mean arterial systolic pressure (ASP) and the mean arterial diastolic pressure (ADP) obtained in a 24 h period, including the awake/sleep cycle, show consistent correlations with lesions in the target organs and cardiovascular morbidity and mortality31,32. When comparing the mean arterial pressure detected by MAP in POS and control patients, no difference was found. These results are difficult to consider, since most of the results in the literature are controversial and use casual ambulatorial arterial pressure measurements, and MAP studies are scarce. The only cardiovascular risk factor analysed in our investigation that showed a correlation with the arterial systolic and diastolic pressures was BMI. Two interesting results were a moderate correlation between the mean arterial systolic pressure, and a weak correlation between the mean arterial diastolic pressure, and POS. The same influence of BMI occurred between the mean arterial pressure and obesity in POS patients. A 5% significance was found in the comparison between these parameters, confirming previous reports indicating an association between obesity and arterial pressure33,34. Nonetheless, the differences between the levels of glycemia, triglycerides and HOMA-IR in the obese and non-obese groups was significant, confirming an interaction between the adipose tissue and the comorbidities related to the insulin resistance. The adipose tissue is recognized as a complex endocrine organ, capable of influencing the sympathetic system and producing chemical signal that, together with insulin resistance, influence arterial pressure in POS women. Overstimulation of sympathetic system in obesity promotes an expansion of the extracellular volume and regional flux, causing increase cardiac debit35. Obese patients show higher plasma rennin activity, increasing the plasma levels of angiotensinogen, increased activity of tissue converting enzyme and higher plasma levels of aldosterone, implicating the renin-angiotensinaldosterone system in ovary physiology and pathology36. Another important aspect of adipose tissue physiology is hyperinsulinemia that compensates in the insulin resistance, which exercises a trophic effect on blood vessel smooth muscle, causing increased vascular resistance and arterial pressure37. POS might share a common genetic background with arterial hypertension and obesity; finding this trait could elucidate the mechanisms involved in these diseases and other comorbidities due to insulin resistance38. However, it is not possible to conclude that POS patients are at greater risk of cardiovascular diseases, and the validity of this association needs testing. The correlation between nocturnal descensus and risk factors for cardiovascular disease remains debatable since the results are controversial22,31,39. In the present study, the risk of presenting nocturnal descensus was similar between the POS, the controls and their BMIs. No correlation existed between nocturnal descensus and the mean values of glycemia, HDL-col, triglycerides and HOMA-IR. Similarly, no correlation was found between MAP.These findings, in general, contradict those in the literature. This might be attributed to the fact that sleep disorders, such as obstructive dyspnea, were not excluded and could influence the prevalence of nocturnal descensus and present a relevant bias in our study40. One advantage of our study was the uniform profile of the patients seeking treatment in our institution by presenting suspected POS, all of whom had the same diagnosis. In both groups — POS and Control — the complaints were related to hyperandrogenism, anovulation and obesity. POS diagnosis was careful and followed the Rotterdam consensus; other causes of hyperandrogenism were excluded. These criteria were fundamental to the reliability of the study. However, the small number of patients in the Control Group might have introduced some bias to the analyses. Acknowledgements To Clínica Prev Total Laboratório de Imagem LTDA for the MAP measurements and Laboratório Sérgio Franco for the laboratorial tests. References 1. Norman RJ, Dewailly D, Legro RS, Hickey TE. 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Cristina Mendes Gigliotti Borsari1 Roseli Mieko Yamamoto Nomura1 Gláucia Rosana Guerra Benute2 Mara Cristina Souza de Lucia3 Rossana Pulcineli Vieira Francisco1 Marcelo Zugaib1 Aborto provocado em mulheres da periferia da cidade de São Paulo: vivência e aspectos socioeconômicos Abortion in women living in the outskirts of Sao Paulo: experience and socioeconomic aspects Artigo Original Resumo Palavras-chave OBJETIVO: Comparar e analisar aspectos socioeconômicos e emocionais na vivência do aborto provocado e espontâneo em mulheres da periferia da cidade de São Paulo. MÉTODOS: Estudo prospectivo e caso-controle realizado no período de julho de 2008 a março de 2010, envolvendo a realização de entrevistas semidirigidas, previamente elaboradas com mulheres que apresentavam diagnóstico médico de aborto internadas em dois hospitais públicos da periferia da cidade de São Paulo. Foram incluídas 100 mulheres com diagnóstico de aborto que foram internadas para a realização da curetagem uterina. Foram identificadas 11 mulheres que relataram ter provocado aborto (11%) que constituíram o grupo de casos. O grupo controle (n=22) foi selecionado na proporção 2:1, seguindo-se o procedimento: para cada caso de aborto provocado, os próximos dois casos de aborto espontâneo, do mesmo hospital. Foi realizada entrevista semiestruturada com perguntas relativas aos aspectos emocionais, ao contexto familiar, social e econômico. RESULTADOS: As mulheres do grupo com aborto provocado, em relação ao grupo com aborto espontâneo, apresentaram menor escolaridade, sendo mais frequente o nível fundamental (82 versus 36%, p=0,04); menor renda familiar (mediana, R$ 1.000,00 versus R$ 1.400,00, p=0,04); menor renda pessoal (mediana, R$ 200,00 versus R$ 333,00, p=0,04), maior frequência de sentimentos negativos na suspeita (82 versus 22%, p=0,004) e na confirmação (72 versus 22%, p=0,03) da gravidez. CONCLUSÃO: O aborto provocado em mulheres que procuram atendimento em hospitais da periferia da cidade de São Paulo está relacionado a condições socioeconômicas desfavoráveis, o que prejudica a vivência na suspeita e confirmação da gravidez. Aborto Aborto induzido Aborto espontâneo Saúde da mulher Fatores socioeconômicos Keywords Abortion Abortion, induced Spontaneous abortion Women’s health Socioeconomic factors Abstract PURPOSE: To compare and analyze socioeconomic aspects and the emotional experience of women with spontaneous or induced abortion and in women living in the outskirts of São Paulo. METHODS: A prospective case-control study carried out from July 2008 to March 2010, involving semi-structured interviews with women who presented a previous diagnosis of abortion and who had been admitted to two public hospitals in the outskirts of São Paulo. The study included 100 women with diagnosis of abortion and were hospitalized for curettage. Eleven women who reported induced abortion (11%) represented the case group. The control group (n=22) was selected at a 2:1 ratio according to the following procedure: for every case of induced abortion, the next two cases of spontaneous abortion at the same hospital. A semistructured interview was conducted with questions regarding emotional aspects and family, social and economic context. RESULTS: The women with induced abortion compared to the group with spontaneous abortion had lower educational level, with more frequent elementary level (82 versus 36%, p=0.04), lower income (median, R$ 1,000.00 versus R$ 1,400.00, p=0.04), lower personal income (median, R$ 200.00 versus R$ 333.00, p=0.04), higher frequency of negative feelings upon suspicion (82 versus 22%, p=0.004) and confirmation (72 versus 22%, p=0.03) of pregnancy. CONCLUSION: Among women looking for health care in hospitals in the outskirts of São Paulo, induced abortion is related to unfavorable socioeconomic conditions, which affects the emotional experiences of suspicion and confirmation of pregnancy. Correspondência Roseli Mieko Yamamoto Nomura Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar 255 – 10º andar – sala 10037 CEP: 05403-000 São Paulo (SP), Brasil Recebido 07/10/12 Aceito com modificações 29/10/12 Disciplina de Obstetrícia do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo – USP – São Paulo (SP), Brasil. 2 Serviço de Saúde da Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo – USP – São Paulo (SP), Brasil. 3 Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo – USP – São Paulo (SP), Brasil. 1 Borsari CMG, Nomura RMY, Benute GRG, Lucia MCS, Francisco RPV, Zugaib M Introdução O aborto é um tema ainda muito estigmatizado, seja pelos aspectos morais, religiosos e éticos ou por ser assunto marginalizado em nossa sociedade. Fato é que este tema carrega grande complexidade em suas múltiplas faces, pois a mulher que sofre ou provoca aborto vivencia ambivalência de sentimentos e, muitas vezes, negligencia sua própria condição. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o aborto como a interrupção da gravidez antes da viabilidade do produto da concepção, correspondendo à perda do concepto até a 20ª e a 22ª semanas completas e/ou com feto de até 500 g1. É considerado espontâneo quando se inicia independentemente de qualquer procedimento ou mecanismo externo, geralmente devido a problemas de saúde da mulher ou do feto. É considerado provocado quando resulta da utilização de qualquer processo abortivo externo, químico ou mecânico. Este pode ter motivação voluntária ou involuntária da gestante, e ser considerado legal ou ilegal2. No Brasil, o aborto ainda se destaca como grave problema de saúde pública, na medida em que é amplamente praticado, muitas vezes de forma insegura, dentro de um cenário de clandestinidade3. A curetagem pós-abortamento representa o segundo procedimento mais realizado nas unidades de internação da rede pública de serviços de saúde, superada apenas pelos partos normais4. Dados do Ministério da Saúde, do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS), revelam registro anual, a partir de 1999, de em média 238.000 internações para realização de curetagem por diagnóstico de aborto5. Portanto, a ilegalidade do aborto não coíbe a prática e perpetua as iniquidades socioeconômicas em que é realizado. Há, assim, um contexto que impõe às mulheres oportunidades desiguais de evitar uma gravidez ou de escolher seu desfecho6. São especialmente as mulheres em condições socioeconômicas menos favorecidas aquelas que se submetem aos riscos da prática do aborto realizado em condições precárias7. No Brasil ocorrem aproximadamente um milhão e quinhentos mil abortos espontâneos e inseguros com taxa de 3,7 para cada 100 mulheres8, e 4% das mulheres em idade fértil recorrem ao aborto provocado no período de um ano9. Estudos apontam que a realização do aborto é experiência que traz consequências físicas e emocionais ruins para as mulheres, e que a decisão de fazê-lo não é inconsequente10-12. O aborto é problema sério para as mulheres, mas também para a sociedade que, de certa forma, influencia sua realização e acaba sofrendo as consequências em termos de saúde pública e de conflitos sociais13. A ilegalidade do aborto faz com que sua real magnitude seja desconhecida, e suas causas e consequências 28 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):27-32 para a saúde das mulheres, obscurecidas. Dentro dessa perspectiva, o presente artigo se propõe a apresentar uma comparação entre as mulheres que sofrem aborto espontâneo e as que o provocam em um extrato socioeconômico menos favorecido da periferia da cidade de São Paulo, e também comparar como essas mulheres vivenciam emocionalmente esta experiência. Métodos Este estudo prospectivo, caso-controle e transversal foi desenvolvido na Disciplina de Obstetrícia do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no período entre julho de 2008 e março de 2010. O protocolo de pesquisa e o termo de consentimento livre e esclarecido foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com roteiro, previamente aplicadas em dois hospitais públicos da periferia da cidade de São Paulo: Hospital Estadual Sapopemba, no período de julho a dezembro de 2008; e no Hospital Municipal Dr. Moysés Deustch – M’ Boi Mirim no período de março de 2009 a março de 2010. As entrevistas foram realizadas por uma única pesquisadora, psicóloga, e estas instituições foram escolhidas por apresentarem a população-alvo (mulheres em um contexto socioeconômico menos favorecido) e por ser o local de trabalho da pesquisadora. As mulheres que concordaram em participar deste estudo assinaram, antes do início da entrevista, o termo de consentimento livre e esclarecido, no qual constavam informações sobre os objetivos da pesquisa e esclarecimento da confidencialidade dos dados informados. Foram incluídas 100 mulheres que apresentavam o diagnóstico médico de aborto, e foram internadas para realização do procedimento de curetagem uterina. Os critérios de exclusão foram: mulheres que se negaram a serem entrevistadas, adolescentes que estavam sem acompanhante legal, aquelas que apresentaram sinais de confusão mental ou incompreensão das perguntas. Assim, as mulheres que cumpriram os critérios de inclusão foram convidadas a participar da pesquisa. A abordagem da paciente era realizada respeitando o momento de sua vivência, ou seja, a mulher era convidada pela psicóloga para participar da pesquisa, esclarecendo-se a importância do tema e a necessidade de se obter mais conhecimento sobre as condições emocionais envolvidas na vivência do aborto. A psicóloga realizava busca ativa através do censo de enfermagem das mulheres internadas com diagnóstico de aborto. As pacientes sempre eram abordadas após procedimento de curetagem, no leito da enfermaria e em condições clínicas favoráveis. Este fato, de entrevistá-las apenas após o procedimento de curetagem, garantia a estas Aborto provocado em mulheres da periferia da cidade de São Paulo: vivência e aspectos socioeconômicos mulheres nenhum prejuízo ou atraso de seu tratamento. As entrevistas foram realizadas em ambiente que garantisse a privacidade das pacientes, portanto, a abordagem se iniciava na beira do leito. Contudo, consentindo em participar, a paciente era conduzida a uma sala reservada para os atendimentos psicológicos. Pela entrevista semiestruturada foram coletados os dados de identificação e foram realizadas perguntas relativas aos aspectos emocionais, ao contexto familiar, social e econômico. O questionário foi composto de perguntas fechadas que incluíam os seguintes dados: idade (anos), escolaridade (ensino fundamental, médio ou superior), estado conjugal (com companheiro ou sem companheiro), ocupação (com ou sem atividade laboral, ou estudante), número de gestações, número de partos, número de abortos, antecedente de aborto provocado (sim ou não), número de filhos vivos, idade gestacional do aborto atual (em semanas), religião (católica, evangélica, outros e sem religião), crença de fé (presente ou ausente), renda familiar mensal (em reais), número de pessoas na família e renda per capita (em reais). Foram formuladas questões abertas ou semidirigidas abordando os seguintes aspectos: sentimentos vividos por ocasião da suspeita sobre ocorrência de gestação e quando a mesma foi confirmada, e existência de apoio familiar, de amigos ou do parceiro frente à situação do abortamento. Foi também investigada a existência de sentimento de culpa ou arrependimento relacionado ao aborto. Com o transcorrer da entrevista, a entrevistadora assegurava o caráter sigiloso da entrevista e a garantia da confidencialidade dos dados informados, e, nessa condição, a mulher era estimulada a esclarecer sobre qual foi o tipo de abortamento, espontâneo ou provocado. Para a análise dos sentimentos vivenciados relatados na entrevista semidirigida, foi utilizada a técnica de Análise Temática ou de Conteúdo, que tem como objetivo descrever, interpretar e compreender os dados. A técnica foi utilizada para explanar de forma objetiva, sistemática e quantitativa o conteúdo manifestado nas entrevistas. O foco não foi descrever os conteúdos, mas sim verificar o que foi revelado após o tratamento dos dados pela codificação dos mesmos, transformando-os em categorias por meio de uma análise transversal. As entrevistas foram recortadas ao redor de cada tema-eixo ou unidade de significação de interesse. Os núcleos de sentido que compõem a comunicação de cada paciente foram delineados e, então, realizados os recortes para categorizar os conteúdos. Todos os resultados obtidos com a categorização foram analisados com técnicas quantitativas. Foram identificadas 11 mulheres que provocaram aborto (11%), as quais constituíram o grupo de casos. O grupo controle foi selecionado na proporção 2:1, seguindo-se o procedimento: para cada caso de aborto provocado, os próximos dois casos de aborto espontâneo, do mesmo hospital, foram selecionados entre os 89 casos entrevistados de aborto espontâneo. Com isso, procurou-se ponderar a proporcionalidade de controles de acordo com o hospital envolvido na pesquisa. As características das mulheres estão apresentadas na Tabela 1. A análise dos dados quantitativos foi realizada com o emprego do programa Medcalc (Medcalc software bvba, versão 11.5.1.0), calculando-se médias e desvios-padrão, frequências absolutas e relativas. As variáveis categóricas foram avaliadas pelo teste do χ2 ou teste exato de Fisher, quando indicado. As variáveis contínuas foram analisadas pelo teste t de student ou teste de Mann Whitney, quando da distribuição não paramétrica. O nível de significância utilizado para os testes foi de p<0,05. Resultados Do total de 100 mulheres entrevistadas, 11% relataram ter provocado aborto e 89% relataram ter sofrido aborto espontâneo. Foi realizada análise quantitativa dos aspectos associados com o aborto provocado. A Tabela 2 apresenta as variáveis do contexto social e econômico em que estas mulheres estavam inseridas. Variáveis como escolaridade, ocupação, renda familiar e religião formam o panorama descritivo desta análise, com os respectivos indicadores de significância para as diferenças. Quanto à educação formal, as mulheres do grupo com aborto provocado, em relação ao grupo com aborto espontâneo, apresentaram menor escolaridade, sendo mais frequente o nível fundamental (82 versus 36%, p=0,04); menor renda familiar (mediana, R$ 1.000,00 versus R$ 1.400,00, p=0,04); menor renda pessoal (mediana, R$ 200,00 versus R$ 333,00, p=0,04). Tabela 1. Características das mulheres entrevistadas de acordo com o tipo de aborto Espontâneo (n=22) Provocado (n=11) 26 (17–45) 28 (17–37) Com companheiro 19 86,4 9 (81,8) Sem companheiro 3 13,6 2 (18,2) 11 (7–20) 11 (7–15) Valor p Idade Mediana (mín-máx) 0,6 Estado marital (n e %) >0,9 Idade gestacional do aborto Mediana (mín-máx) 0,8 Paridade (n e %) 0 4 18,2 3 27,3 18 81,8 8 72,7 Não 20 90,9 10 90,9 Sim 2 9,1 1 9,1 4 18,2 3 27,3 18 81,8 8 72,7 1 ou + 0,6 Aborto provocado anterior (n e %) >0,9 Filho vivo (n e %) 0 1 ou + 0,6 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):27-32 29 Borsari CMG, Nomura RMY, Benute GRG, Lucia MCS, Francisco RPV, Zugaib M Tabela 2. Características socioeconômicas das mulheres de acordo com o tipo de aborto Espontâneo Provocado n=22 n=11 Valor p Escolaridade (n e %) Fundamental 8 36,4 9 81,8 14 63,6 2 18,2 Com atividade laboral 19 86,4 7 63,6 Sem atividade laboral 1 4,5 2 18,2 0,2 Estudante 2 9,1 2 18,2 (600–2.000) 1000 (500–1.400) 0,04 333 (130–450) (150–433) 0,03 Médio/superior 0,03 Ocupação (n e %) Renda familiar, reais Mediana (mín-máx) 1400 Renda per capita, reais Mediana (mín-máx) 200 Religião (n e %) Católica 11 50,0 8 72,7 Evangélica 9 40,9 0 – Outras 0 – 3 27,3 Sem religião 2 9,1 0 – 0,004 Quanto à distribuição das mulheres de acordo com a religião, verificou-se diferença significativa (p=0,004) nas que relataram religião evangélica, de forma que não houve caso de aborto provocado nesse grupo. Quando analisados os aspectos emocionais relatados na vivência do aborto, seja provocado ou espontâneo, buscou-se categorizar os sentimentos em positivos, negativos e ambivalentes para a mulher em momentos específicos do processo de aborto. No grupo com aborto provocado, quando comparado com o grupo com aborto espontâneo, houve maior frequência de sentimentos negativos na suspeita (81,8 versus 22,8%, p=0,004) e na confirmação (72 versus 22%, p=0,03) da gravidez. Não houve diferença quanto à ocorrência de sentimentos ambivalentes na suspeita da gravidez na comparação entre os grupos (9,1 versus 9,1%). Na análise de conteúdo quanto aos sentimentos relatados na confirmação da gravidez, no grupo com aborto provocado, a ocorrência de sentimentos negativos foi significativamente maior (72,8%) quando comparado ao grupo com aborto espontâneo (22,8%, p=0,029). Não se constatou diferença significativa quanto à ocorrência de sentimentos de culpa na comparação entre os grupos com aborto espontâneo e provocado (22,7 versus 54,5%, p=0,117). Também não foi constatada diferença entre os grupos com aborto espontâneo e provocado quando a mulher foi questionada sobre a falta de apoio por parte de familiares ou pelo parceiro (36,4 versus 27,3%, p=0,709). Discussão O presente estudo demonstra que, entre mulheres que procuram atendimento em hospitais da periferia da cidade de São Paulo, o aborto provocado está relacionado 30 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):27-32 a condições socioeconômicas desfavoráveis. Além disso, a experiência na suspeita e confirmação da gravidez é pautada por sentimentos negativos nos casos de aborto provocado. Neste estudo, as mulheres do grupo com aborto provocado apresentaram escolaridade e renda familiar significativamente inferiores em comparação ao grupo de aborto espontâneo. Outros trabalhos são conflitantes, pois em um deles não foi observada associação entre menor grau de escolaridade e relato de aborto induzido14, mas em outros dois se observou esta correlação15,16. Nesse sentido, duas ressalvas se fazem necessárias. A primeira refere-se ao fato apontado pelos estudos de que a escolaridade associa-se negativamente à gravidez indesejada e positivamente à prática de aborto, ou seja, mulheres com maior escolaridade têm menores chances de gravidez indesejada, mas, uma vez grávidas, têm maiores chances de interromper uma gestação do que mulheres de menor escolaridade17-19. Além disso, a maioria das pesquisas sobre aborto é desenvolvida em hospitais públicos, e a mulher com melhor nível socioeconômico utiliza serviços privados de saúde. Portanto, ao analisar a ocorrência de aborto ao longo da vida, é fundamental levar em conta que tal oposição pode mascarar o efeito final da escolaridade na sua prática. O que apreende de fato é que os contextos socioeconômicos e culturais podem ser mais determinantes nas escolhas reprodutivas, pois mulheres com nível socioeconômico melhor tendem a utilizar recursos privados para realização do aborto, e as mulheres economicamente menos favorecidas tendem a se sujeitar a abortos inseguros, com posterior hospitalização ou não no SUS8,19,20. Um estudo de revisão19 mostra que, nas últimas três décadas, emergiram e se consolidaram no Brasil novos campos de produção científica articulando as temáticas de gênero, sexualidade e saúde reprodutiva19. O aborto está entre os objetos investigados, reconhecendo-se sua importância como problema de saúde pública no país, buscando-se um diálogo com movimentos sociais nacionais e internacionais que incluem o tema como prioridade em suas agendas. Este estudo, realizado em dois hospitais públicos da periferia da cidade de São Paulo, revela a condição de exclusão das mulheres entrevistadas. Se o sistema público de saúde vem melhorando, muito ainda há de se fazer para o atendimento integral das reais necessidades da população, em especial na atenção à saúde da mulher. Mulheres com recursos financeiros têm acesso a métodos seguros de interrupção da gestação, enquanto outras, de classes menos favorecidas, são obrigadas a se submeter a procedimentos inseguros, que podem colocá-las em condições de risco de morte. É relatado que um dos motivos para a mulher recorrer ao aborto refere-se à falta de condições financeiras, seguido pela falta de apoio do companheiro10,11,21,22. Na presente pesquisa não se constatou diferença a respeito do Aborto provocado em mulheres da periferia da cidade de São Paulo: vivência e aspectos socioeconômicos apoio recebido por parte de familiares ou pelo parceiro na comparação dos grupos de aborto provocado e espontâneo. Portanto, se faz necessária a discussão sobre as razões que levam a mulher a abortar e as consequências dessa decisão. De acordo com Vieira et al.23, para saber o que seria o melhor para cada mulher, seria preciso estabelecer relacionamento interpessoal de confiança mútua, e o profissional deve estar atento aos limites de sua atuação, uma vez que pode ferir o princípio da autonomia. Contudo, consideram que os governos devem se esforçar para promover os direitos, os graus de protagonismo social e a saúde da mulher; devem tentar prevenir a gravidez indesejada por meio da educação, do aconselhamento e da disponibilização da informação adequada que permita decisões reprodutivas adequadas, recorrendo ao planejamento familiar, e não ao aborto, que não constitui método contraceptivo. Diante desses sentimentos, o aborto acontece na maioria das vezes em silêncio, permeado pela culpa, desamparo e solidão, já que a sociedade recrimina o aborto e não existe espaço para que se possa falar sobre este significado24,25. No Brasil, a legislação só permite o aborto em poucas exceções: quando não há outro meio de salvar a vida da mulher e nas gestações resultantes de violência sexual. No entanto, outros motivos podem levar a mulher a interromper intencionalmente a gravidez. Geralmente, essa opção envolve argumentos individuais e inter-relacionais com o contexto sociocultural no que esta mulher está inserida. Assim, de maneira geral são fundamentados em questões sociais, econômicas e emocionais, que, por vezes, é permeada também pela violência doméstica ou sexual19,20,24,25. Em conclusão, o aborto provocado em mulheres que procuram atendimento em hospitais da periferia da cidade de São Paulo está relacionado a condições socioeconômicas desfavoráveis, o que prejudica a vivência na suspeita e na confirmação da gravidez. Agradecimentos Ao Ministério de Ciência e Tecnologia/Fundo Setorial de Saúde e do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos – DECIT/SCTIE – do Ministério da Saúde, por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Referências 1. WHO: recommended definitions, terminology and format for statistical tables related to the perinatal period and use of a new certificate for cause of perinatal deaths. Modifications recommended by FIGO as amended October 14, 1976. Acta Obstet Gynecol Scand. 1977;56(3):247-53. 8. Diniz D. Aborto e saúde pública no Brasil. Cad Saude Pública. 2007;23(9):1992-3. 2. Sedgh G, Henshaw S, Singh S, Ahman E, Shah IH. Induced abortion: estimated rates and trends worldwide. Lancet. 2007;370(9595): 1338-45. 10.Benute GRG, Nomura RMY, Pereira PP, Lucia MCS, Zugaib M. Abortamento espontâneo e provocado: ansiedade, depressão e culpa. Rev Assoc Med Bras. 2009;55(3):322-7. 3. 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MÉTODOS: Estudo observacional longitudinal realizado de fevereiro de 2010 a maio de 2012. Gestantes de baixo risco foram submetidas a exames ultrassonográficos quinzenais da 18a a 40a semana para obtenção dos IP das AU, AUt, ACM e IP venoso do DV. Modelos lineares mistos foram usados para elaboração de intervalos de referência longitudinais (percentis 5, 50 e 95) dos IP dos vasos mencionados. Os IP das porções placentária e abdominal do cordão umbilical foram comparados por meio do teste t de amostras independentes. Valores de p bilaterais menores do que 0,05 foram considerados significativos. RESULTADOS: Cento e sessenta e quatro gestantes foram submetidas a 1.242 exames ultrassonográficos. Houve redução significativa nos valores de todos esses parâmetros com o avançar da IG. Entre a 18a e a 40a semana de gravidez, as medianas de IP da AU (porções abdominal e placentária do cordão), da ACM, do DV e do IP médio das AUt variaram de 1,19 a 0,74; 1,33 a 0,78; 1,56 a 1,39; 0,58 a 0,41; e 0,98 a 0,66, respectivamente. As equações obtidas para predição das medianas foram: IP-AU=1,5602786 – (0,020623 x IG); Logaritmo do IP-ACM=0,8149111 - (0,004168 x IG) - [0,002543 x (IG - 28,7756)2]; Logaritmo do IP-DV=-0,26691- (0,015414 x IG); IP-AUt=1,2362403 - (0,014392 x IG). Houve diferença significativa entre os IP-AU obtidos nas extremidades placentária e abdominal fetal (p<0,001). CONCLUSÃO: Foram estabelecidos intervalos de referência longitudinais dos parâmetros doplervelocimétricos gestacionais mais importantes em uma amostra da população brasileira. Estes podem ser mais adequados para o acompanhamento das modificações hemodinâmicas materno-fetais em gestações normais ou não, o que ainda requer validação futura. Abstract PURPOSE: To create longitudinal reference intervals for pulsatility index (PI) of the umbilical (UA), middle cerebral (MCA), uterine (UtA) arteries and ductus venosus (DV) in a Brazilian cohort. METHODS: A longitudinal observational study performed from February 2010 to May 2012. Low risk pregnancies were scanned fortnightly from 18 to 40 weeks for the measurements of PI of the UA, MCA, DV and UtA. Linear mixed models were used for the elaboration of longitudinal reference intervals (5th, 50th and 95th percentiles) of these measurements. PI obtained for the placental and abdominal portions of the umbilical artery were compared by the t-test for independent samples. Two-sided p values of less than 0.05 were considered statistically significant. RESULTS: A total of 164 patients underwent 1,242 scans. There was significant decrease in PI values of all vessels studied with gestational age (GA). From the 18th to the 40th week of pregnancy, the median PI values of UA (abdominal and placental ends of the cord), MCA, DV and the mean PI of the UtA ranged from 1.19 to 0.74, 1.33 to 0.78, 1.56 to 1.39, 0.58 to 0.41, and 0.98 to 0.66, respectively. The following equations were obtained for the prediction of the medians: PI-UA=1.5602786 - (0.020623 x GA); Logarithm of the PI-MCA=0.8149111 - (0.004168 x GA) - [0.02543 x (GA – 28.7756)2]; Logarithm of the PI-DV=-0.26691(0.015414 x GA); PI-UtA = 1.2362403 - (0.014392 x GA). There was a significant difference between the PI-UA obtained at the abdominal and placental ends of the umbilical cord (p<0.001). CONCLUSIONS: Longitudinal reference intervals for the main gestational Doppler parameters were obtained in a Brazilian cohort. These intervals could be more adequate for the followup of maternal-fetal hemodynamic modifications in normal and abnormal pregnancies, a fact that still requires further validation. Correspondência Cleisson Fábio Andrioli Peralta Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas Rua Alexander Fleming, 101 – Cidade Universitária Zeferino Vaz CEP: 13083-970 Campinas (SP), Brasil Recebido 20/06/12 Aceito com modificações 06/11/12 Trabalho realizado no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Campinas (SP), Brasil. 1 Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher – CAISM, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Campinas (SP), Brasil. Tavares NMC, Ferreira SG, Bennini JR, Marussi EF, Barini R, Peralta CFA Introdução A doplervelocimetria tem sido um dos principais pilares na avaliação do bem-estar fetal, principalmente por meio da obtenção dos índices de pulsatilidade (IP) dos fluxos nas artérias uterinas (AUt), umbilicais (AU), cerebrais médias (ACM) e no ducto venoso (DV)1-13. Estes permitem a respectiva avaliação das condições hemodinâmicas nos territórios vasculares uteroplacentário (AUt) e feto-placentário (AU, ACM e DV)1-13. A interpretação de cada um desses parâmetros tem sido feita rotineiramente com base em intervalos de referência transversais, que podem não refletir de forma adequada as adaptações maternas e/ou fetais ao longo da gravidez1-3,8,11-13. Intervalos de referência (sinônimo mais apropriado para as chamadas curvas de normalidade) representam variações de medidas obtidas de indivíduos saudáveis. Podem ser elaborados por meio de estudos transversais (cada sujeito da pesquisa é avaliado/medido uma única vez) ou longitudinais (cada sujeito é avaliado em mais de uma ocasião, ou seja, acompanhado ao longo de um determinado período). Os intervalos de referência longitudinais (também chamados de intervalos de referência condicionais) têm a finalidade de permitir a interpretação das modificações de determinados parâmetros ao longo do tempo. Como as características hemodinâmicas materno-fetais em situações de alto risco apresentam caráter evolutivo, os parâmetros doplervelocimétricos durante estas gestações poderiam ser mais bem interpretados à luz de intervalos de referência longitudinais4-6,9. Além disso, pouco se sabe se diferenças populacionais ou étnicas podem interferir nos intervalos de referência dos parâmetros doplervelocimétricos gestacionais8. Em nosso país, os intervalos mais utilizados são os de Arduini e Rizzo1, obtidos de estudos transversais. Assim sendo, o objetivo deste estudo foi criar intervalos de referência longitudinais dos principais parâmetros doplervelocimétricos usados na gestação, com uma amostra da população brasileira. Métodos Este foi um estudo observacional descritivo longitudinal realizado no Hospital da Mulher Professor Dr. José Aristodemo Pinotti, Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), de fevereiro de 2010 a maio de 2012. O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) aprovou o projeto e todas as pacientes que aceitaram participar do estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. As gestantes foram selecionadas entre aquelas encaminhadas do pré-natal de baixo risco do CAISM para ultrassonografia obstétrica. Em sua maioria, são mulheres 34 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):33-8 de etnia mista e provenientes de classes sociais menos favorecidas, que se beneficiam de atendimento no sistema público de saúde. Os seguintes critérios foram respeitados para inclusão no estudo: gestação única; idade gestacional (IG) entre a 18ª e a 24ª semana, definida com base na data da última menstruação (quando conhecida) ou na medida do comprimento céfalo-caudal fetal no primeiro trimestre da gravidez, interpretado em intervalos de referência publicados por Robinson e Fleming14; anatomia fetal normal durante os exames ultrassonográficos obstétricos realizados até a inclusão no estudo; ausência de alterações placentárias como placenta prévia, circunvalada, com suspeita de acretismo ou de qualquer tipo de tumor; ausência de alterações no cordão umbilical, como número alterado de vasos, nós, tumores ou inserção velamentosa na placenta; ausência de doenças maternas ou condições associadas a alterações no desenvolvimento fetal, como pré-eclâmpsia, diabetes, uso de drogas lícitas ou não. Foram utilizados os seguintes critérios para exclusão de pacientes do estudo: qualquer anormalidade estrutural ou cromossômica detectada no feto durante o seguimento ultrassonográfico ou no recém-nascido; qualquer alteração placentária ou de cordão umbilical (mencionada nos critérios de inclusão) detectada durante o seguimento ultrassonográfico ou após o parto; doença materna diagnosticada após a inclusão no estudo; falta em mais de dois exames ultrassonográficos consecutivos; óbito fetal ou neonatal sem causa determinada; desenvolvimento de restrição de crescimento intrauterino associado a oligoâmnio e alterações doplervelocimétricas nas AU; e a impossibilidade de obtenção dos dados do parto e do recém-nascido quando da resolução da gravidez em outra instituição. Para o cálculo da IG, quando a discrepância entre as estimativas obtidas com o uso da data da última menstruação e da medida do comprimento céfalo-caudal do embrião/feto no primeiro trimestre foi maior do que 8%, o primeiro método foi descartado. Se a diferença obtida fosse menor ou igual a 8%, a data da última menstruação era considerada14. Todos os exames ultrassonográficos foram realizados por três operadores (NMCT, SGF e JRB, com 12, cinco e seis anos de experiência em ultrassonografia obstétrica, respectivamente), por via abdominal, com a gestante em decúbito dorsal elevado (em torno de 30o), com equipamento Medison Accuvix V10 equipado com transdutor C2 – 6 (Medison, South Korea). Cada paciente foi agendada para exames quinzenais após a inclusão no estudo e foi informada de que duas faltas consecutivas implicariam em sua retirada do estudo, sem que seu acompanhamento pré-natal na instituição fosse prejudicado. Em cada exame ultrassonográfico, além da avaliação da anatomia fetal, da quantidade de líquido amniótico, das características e da posição da placenta, biometria fetal básica (diâmetro Intervalos de referência longitudinais de parâmetros doplervelocimétricos materno-fetais biparietal, circunferência craniana, circunferência abdominal, comprimento do fêmur) e doplervelocimetria (AU, AUt, ACM e DV) foram realizados. A biometria fetal foi realizada de acordo com método universalmente difundido e a estimativa de peso foi obtida com o uso da fórmula proposta por Hadlock et al.15 (Log10 EFW=1.3598+0.051 x AC+0.1844 x FL-0.0037 x AC x BPD). Para avaliação doplervelocimétrica de todos os vasos investigados neste estudo, foram respeitados alguns princípios gerais: inicialmente, a identificação do vaso foi realizada com o uso do Doppler colorido, para que a janela do Doppler pulsátil pudesse ser adequadamente posicionada; o ângulo de insonação (entre a direção do vaso e a do feixe do Doppler pulsátil) foi mantido abaixo de 20o; a amostra de volume (janela do Doppler pulsátil) foi ajustada entre 1,5 e 3 mm, na dependência do tamanho do vaso insonado; o filtro de parede foi mantido o mais baixo possível na dependência do vaso avaliado (<50 Hz para o DV e <100Hz para os demais); pelo menos cinco ondas de velocidades de fluxo (ondas do Doppler pulsátil) uniformes foram obtidas para o cálculo do IP (velocidade máxima-velocidade mínima/velocidade média); o índice térmico foi mantido abaixo de 1,5, de acordo com as orientações da Sociedade Internacional de Doppler Perinatal11,16. As avaliações da AU, da ACM e do DV foram realizadas durante completo repouso fetal (incluindo ausência de movimentos respiratórios). A doplervelocimetria da AU foi efetuada em dois locais diferentes do cordão (o mais próximo possível do abdome fetal e o mais próximo possível da placenta). Na avaliação da ACM e do DV, a amostra volume foi posicionada no terço proximal do vaso (ACM – próximo ao círculo arterial do cérebro; DV – próximo ao seio portal). Para a doplervelocimetria das AUt, a janela do Doppler pulsátil foi posicionada até 2 cm abaixo ou acima do cruzamento deste vaso com os ilíacos externos. A média dos IP obtidos nas duas AUt foi usada para análise. As variáveis maternas e perinatais avaliadas neste estudo foram: idade materna por ocasião da inclusão no estudo, paridade, tipo de parto, IG no momento do parto, peso do recém-nascido e Apgar ao quinto minuto. Os dados perinatais foram colhidos dos prontuários médicos das pacientes. Análise estatística O cálculo do número de gestantes necessárias para o desenvolvimento deste estudo foi realizado da seguinte forma: considerando que um estudo transversal requer um número de pacientes (Nt), Royston e Wright17 estimaram que o número correspondente de indivíduos necessários para um estudo longitudinal (Nl) com o mesmo propósito seria de NI=Nt/2,3. Sabe-se que um número mínimo de 15 observações em cada semana gestacional é preciso para o cálculo de percentis confiáveis. Assim sendo, levando em consideração um período de seguimento de 23 semanas, os valores obtidos de Nt e Nl seriam, respectivamente, 345 e 152 gestantes. Estimando uma taxa de insucesso no acompanhamento dessas gestantes de aproximadamente 20%, o número necessário de participantes no estudo seria 19017. As variáveis maternas e perinatais foram descritas com o uso de medianas e limites (variáveis contínuas), frequências absolutas e relativas (variáveis categóricas). Modelos lineares mistos foram usados para a elaboração de intervalos de referência condicionais (longitudinais) dos valores de IP da AU (porções abdominal e placentária), da ACM, do DV e de IP médio das AUt. Em cada modelo, o valor absoluto do IP ou seu logaritmo foram usados como variáveis dependentes, e a IG e o número do exame (efeito randômico) foram usados como variáveis preditoras18. Para cada variável dependente, modelos de até segunda ordem foram testados, sendo o melhor escolhido com base na comprovação da normalidade dos resíduos gerados (testes de Kolmogorov-Smirnov e de Shapiro-Wilks foram utilizados para este fim)18,19. Os percentis 5, 50 e 95 dos valores condicionais de IP de fluxo de cada vaso foram estabelecidos. Os valores de IP obtidos nas duas porções do cordão umbilical foram divididos pelo IP esperado (percentil 50) para a IG (calculado por meio do modelo de predição de valores condicionais de IP na porção placentária) para que pudessem ser expressos em múltiplos da mediana e, assim, comparados por meio do teste t de amostras independentes. A análise estatística foi realizada com os programas SPSS 20.0 (Chicago, Il, USA), Excel para Windows 2007 (Microsoft Corp., Redmond, WA, USA) e JMP 9 (SAS Institute, USA). Diferenças estatisticamente significativas foram consideradas quando os valores de p obtidos foram menores do que 0,05. Resultados Duzentas e três gestantes foram convidadas a participar do estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Dentre elas, 39 (19,2%) foram descontinuadas por terem faltado a mais de duas avaliações consecutivas (31/39=79,5%), desenvolveram pré-eclâmpsia (4/39=10,3%) ou apresentaram restrição de crescimento fetal com alterações doplervelocimétricas na AU e oligoâmnio (4/39=10,3%). Entre as demais 164 pacientes que completaram o estudo, 1.242 exames ultrassonográficos foram realizados (mediana de oito exames por paciente: 4–12). As medianas das IG nos momentos de inclusão no estudo e do último exame antes do nascimento foram 20,1 semanas (18,0–24,4) e 37,3 semanas (29,0–40,7), respectivamente. As idades materna e gestacional por ocasião do parto tiveram medianas de 25 anos (13–46) e 39,3 semanas (35,3–41,9), respectivamente. Cento e cinco pacientes (105/164=64%) tiveram parto por via vaginal e 59 (59/164=36%) por operação cesariana. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):33-8 35 Tavares NMC, Ferreira SG, Bennini JR, Marussi EF, Barini R, Peralta CFA Setenta e seis pacientes (76/164=46%) eram primigestas. As medianas de peso ao nascimento e de Apgar ao quinto minuto foram 3.180 g (1.460–4.220) e 10 (7–10). Os intervalos de referência longitudinais de IP da AU (obtidos nas porções abdominal e placentária do cordão), da ACM, do DV e de IP médio das AUt encontram-se representados na Tabela 1, sendo suas respectivas fórmulas expostas nas figuras mencionadas (percentil 50) e na Tabela 2. Houve redução significativa nos valores de todos esses parâmetros com o avançar da IG. As medianas de IP da AU (porções abdominal e placentária do cordão), da ACM, do DV e do IP médio das AUt entre a 18ª e a 40ª semana de 1,4 2,5 1,2 2,0 Índice de pulsatilidade Índice de pulsatilidade 1 p95 0,8 p50 0,6 p5 Y = 1,5602786 -(0,020623 x X) r2 = 0,360758 0,4 p50 1,0 p5 Logn Y = 0,8149111 -(0,004168 x X) [0,002543 x (X -28,7756)2] r2 = 0,14738 0,5 *Y = 1,7714866 -(0,024683 x X) r2 = 0,48866 0,2 p95 1,5 0,0 0 15 20 25 30 35 40 15 45 20 25 30 35 40 45 Idade gestacional (semanas) Idade gestacional (semanas) Figura 1. Intervalos de referência longitudinais dos índices de pulsatilidade de fluxo obtidos na artéria umbilical próximo à placenta, de 18 a 40 semanas, com a respectiva fórmula para o cálculo das medianas. A linha pontilhada representa as medianas dos intervalos de referência dos índices de pulsatilidade de fluxo obtidos na artéria umbilical próximo ao abdome fetal, e sua fórmula é antecipada por um *. Figura 2. Intervalos de referência longitudinais dos índices de pulsatilidade de fluxo na artéria cerebral média, de 18 a 40 semanas, com a respectiva fórmula para cálculo das medianas. Tabela 1. Percentis longitudinais 5, 50 e 95 dos índices de pulsatilidade dos fluxos nas artérias umbilical e cerebral média, no ducto venoso e do índice de pulsatilidade médio dos fluxos nas artérias uterinas. IG 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 36 5 1,10 1,07 1,05 1,03 1,01 0,98 0,96 0,94 0,92 0,89 0,87 0,85 0,83 0,80 0,78 0,76 0,74 0,71 0,69 0,67 0,65 0,62 0,60 Umbilical placenta 50 95 1,19 1,28 1,17 1,26 1,15 1,24 1,13 1,23 1,11 1,21 1,09 1,19 1,07 1,17 1,04 1,15 1,02 1,13 1,00 1,11 0,98 1,09 0,96 1,08 0,94 1,06 0,92 1,04 0,90 1,02 0,88 1,00 0,86 0,98 0,84 0,96 0,82 0,94 0,80 0,93 0,78 0,91 0,76 0,89 0,74 0,87 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):33-8 5 1,19 1,16 1,14 1,11 1,08 1,05 1,03 1,00 0,97 0,94 0,92 0,89 0,86 0,83 0,81 0,78 0,75 0,72 0,70 0,67 0,64 0,62 0,59 Umbilical abdome 50 95 1,33 1,46 1,30 1,44 1,28 1,42 1,25 1,40 1,23 1,37 1,20 1,35 1,18 1,33 1,15 1,31 1,13 1,29 1,11 1,27 1,08 1,24 1,06 1,22 1,03 1,20 1,01 1,18 0,98 1,16 0,96 1,13 0,93 1,11 0,91 1,09 0,88 1,07 0,86 1,05 0,83 1,02 0,81 1,00 0,78 0,98 5 1,33 1,40 1,47 1,53 1,59 1,64 1,68 1,71 1,73 1,74 1,74 1,73 1,72 1,69 1,65 1,60 1,55 1,49 1,42 1,35 1,28 1,20 1,12 Cerebral média 50 1,56 1,64 1,71 1,77 1,83 1,89 1,93 1,96 1,99 2,00 2,01 2,00 1,99 1,96 1,93 1,88 1,83 1,77 1,70 1,63 1,55 1,47 1,39 95 1,83 1,91 1,99 2,05 2,12 2,17 2,22 2,25 2,28 2,30 2,31 2,31 2,30 2,28 2,25 2,21 2,16 2,10 2,04 1,97 1,89 1,81 1,72 5 0,50 0,49 0,48 0,47 0,46 0,45 0,44 0,43 0,43 0,42 0,41 0,40 0,40 0,39 0,38 0,37 0,37 0,36 0,35 0,35 0,34 0,33 0,33 Ducto venoso 50 0,58 0,57 0,56 0,55 0,55 0,54 0,53 0,52 0,51 0,51 0,50 0,49 0,48 0,47 0,47 0,46 0,45 0,45 0,44 0,43 0,43 0,42 0,41 95 0,68 0,67 0,66 0,66 0,65 0,64 0,63 0,62 0,62 0,61 0,60 0,59 0,59 0,58 0,57 0,57 0,56 0,55 0,55 0,54 0,53 0,53 0,52 5 0,86 0,84 0,83 0,81 0,79 0,78 0,76 0,74 0,72 0,71 0,69 0,67 0,66 0,64 0,62 0,61 0,59 0,57 0,56 0,54 0,52 0,51 0,49 Uterinas 50 0,98 0,96 0,95 0,93 0,92 0,91 0,89 0,88 0,86 0,85 0,83 0,82 0,80 0,79 0,78 0,76 0,75 0,73 0,72 0,70 0,69 0,67 0,66 95 1,10 1,08 1,07 1,06 1,05 1,04 1,02 1,01 1,00 0,99 0,98 0,96 0,95 0,94 0,93 0,92 0,90 0,89 0,88 0,87 0,86 0,84 0,83 Intervalos de referência longitudinais de parâmetros doplervelocimétricos materno-fetais 0,80 1,4 0,70 1,2 1 0,50 p95 0,40 p50 Índice de pulsatilidade Índice de pulsatilidade venoso 0,60 p5 0,30 p95 0,8 p50 0,6 p5 0,4 0,20 Logn Y = -0,26691 -(0,015415 x X) r2 = 0,11461 0,10 Y = 1,2362403 -(0,014392 x X) r2 = 0,156476 0,2 0,00 0 15 20 25 30 35 40 45 Idade gestacional (semanas) 15 20 25 30 35 40 45 Idade gestacional (semanas) Figura 3. Intervalos de referência longitudinais dos índices de pulsatilidade de fluxo no ducto venoso, de 18 a 40 semanas, com a respectiva fórmula para cálculo das medianas. Figura 4. Intervalos de referência longitudinais dos índices de pulsatilidade médios dos fluxos nas artérias uterinas, de 18 a 40 semanas, com a respectiva fórmula para cálculo das medianas. Tabela 2. Fórmulas obtidas para o cálculo dos percentis longitudinais 5 e 95 dos índices de pulsatilidade de fluxo nas artérias umbilical e cerebral média, no ducto venoso e do índice de pulsatilidade médio dos fluxos nas artérias uterinas Vaso n Percentil Equação Artéria umbilical (placenta) 164 5 95 IP=1,5021678 – (0,022539 x IG) IP=1,6183893 – (0,018706 x IG) Artéria umbilical (abdome) 164 5 95 IP=1,6863976 – (0,027471 x IG) IP=1,8565756 – (0,021894 x IG) Artéria cerebral média 164 5 95 Logn IP=0,7424818 – (0,006598 x IG) – [0,00292 x (IG – 28,7756)2] Logn IP=0,8873405 – (0,001737 x IG) – [0,002165 x (IG – 28,7756)2] Ducto venoso 119 5 95 Logn IPV=- 0,365597 – (0,018702 x IG) Logn IPV=- 0,168223 – (0,012129 x IG) Artérias uterinas 160 5 95 IP=1,1623672 – (0,016838 x IG) IP=1,3101135 – (0,011946 x IG) n: Número de pacientes para os quais a avaliação do vaso foi possível em pelo menos quatro avaliações; IG: Idade gestacional; IP: Índice de pulsatilidade; IPV: Índice de pulsatilidade venoso; Logn: Logaritmo natural; gravidez variaram de 1,19 a 0,74, de 1,33 a 0,78, de 1,56 a 1,39, de 0,58 a 0,41 e de 0,98 a 0,66, respectivamente. Os IP obtidos nas duas porções do cordão umbilical (placentária e abdominal), expressos em múltiplos da mediana (calculada com o modelo de predição de valores condicionais de IP na porção placentária), foram significativamente diferentes (p<0,001). Discussão Neste estudo, foram estabelecidos intervalos de referência longitudinais para os valores de IP dos fluxos na AU, na ACM, no DV e de IP médio dos fluxos nas AUt, a partir da avaliação sequencial de uma amostra da população brasileira. Foi também demonstrada diferença significativa entre os valores de IP da AU obtidos nas extremidades do cordão. Um dos principais motivos para a realização deste estudo foi a falta de intervalos de referência longitudinais locais para os parâmetros mencionados. Seria, portanto, adequado que padrões em amostras da nossa população fossem estabelecidos. Outro motivo importante é o fato de que as condições que cursam com alterações doplervelocimétricas na gestação têm caráter evolutivo e demandam avaliações sequenciais das pacientes. Sabe-se que para a interpretação de modificações de quaisquer parâmetros ao longo do tempo, idealmente, intervalos de referência longitudinais devem ser usados. Estes intervalos, diferentes daqueles construídos por meio de estudos transversais, traduzem padrões de modificações ao longo do tempo, e não o estado de um indivíduo em ocasião única. Apesar disso, a interpretação dos parâmetros doplervelocimétricos obstétricos é frequentemente realizada com base em intervalos de referências transversais, que podem não refletir da forma mais precisa as adaptações maternas e/ou fetais ao longo da gravidez1. Apesar de não ter sido objetivo deste trabalho comparar os intervalos de referência aqui gerados com outros disponíveis na literatura, algumas observações e exemplos Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):33-8 37 Tavares NMC, Ferreira SG, Bennini JR, Marussi EF, Barini R, Peralta CFA a respeito devem ser mencionados. Comparando-se os intervalos de referência de IP da AU do presente estudo com aqueles obtidos por Acharya et al.4,5 (também estudo longitudinal), observa-se semelhança entre os valores das medianas, mas intervalos entre os percentis 5 e 95 maiores no segundo estudo. Esta observação foi comum aos valores de IP da AU obtidos tanto na porção próxima à placenta como na porção próxima ao abdome fetal. De forma semelhante, ao compararmos os intervalos de referência de IP do DV obtidos no presente estudo com os intervalos longitudinais construídos por Kessler et al.6, foi observada semelhança entre as medianas, mas discrepância na amplitude entre os percentis 5 e 95, maiores no último trabalho. Essas discrepâncias podem ser parcialmente justificadas pelo número de aferições realizadas em cada estudo. Nos trabalhos de Acharya et al.4 e de Kessler et al.6, aproximadamente 500 medidas em cada vaso foram realizadas. Em nosso trabalho, 1.242 exames foram efetuados, o que, matematicamente, contribui para o estreitamento entre os percentis. Além disso, não é possível saber se diferenças populacionais podem ter contribuído para estes achados. Quando nossos dados (IP da AU e da ACM) são confrontados com intervalos de referência transversais classicamente utilizados na prática obstétrica, como os de Arduini e Rizzo1, as diferenças em relação aos percentis 5 e 95 ficam ainda maiores (intervalos mais amplos nos estudos transversais). Um aspecto positivo do presente estudo, portanto, é o número de avaliações realizado em cada paciente, o que não foi observado em outros trabalhos com a mesma finalidade na literatura. Questão que ainda tem de ser respondida é se estes diferentes intervalos de referência têm desempenhos e impactos distintos na detecção e no seguimento dos casos com comprometimento hemodinâmico materno e/ou fetal. Referências 1. Arduini D, Rizzo G. Normal values of Pulsatility Index from fetal vessels: a cross-sectional study on 1556 healthy fetuses. J Perinat Med. 1990;18(3):165-72. 2. Alfirevic Z, Neilson JP. Doppler ultrasonography in high-risk pregnancies: systematic review with meta-analysis. 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Tiago José Santos de Matos Ferraz1 Carla Maria Magno Bartosch2 Carla Maria Almeida Ramalho2 Filipa Abreu Gomes de Carvalho3 Berta Cecília Campos Lima de Carvalho3 Otília Gonçalves Bento Cavaleiro Brandão2 Nuno Aires Mota Mendonça Montenegro2 Complete mole in a dichorionic twin pregnancy after intracytoplasmic sperm injection Mola hidatiforme completa em gravidez bicoriônica após injecção intracitoplasmática de espermatozoides Relato de Caso Abstract Keywords A dichorionic twin pregnancy with complete hydatidiform mole and coexistent fetus is a rare and challenging situation, whose pathogenesis has not been yet fully understood. We present a case of a 39-year-old woman who underwent intracytoplasmic sperm injection with two embryos transfer. The 12-week gestation ultrasound examination revealed normal fetus and placenta with features of hydatidiform mole, leading to pregnancy termination. Autopsy and histological examinations diagnosed a complete mole coexisting with a normal fetus, and the genetic analysis showed a diploid fetus with biparental genome and molar tissue with paternal diploidy. This case highlighted that complete molar pregnancies may still occur even though pregnancy is achieved after intracytoplasmic sperm injection. A review of the literature was performed by collecting data from the few similar reported cases and by commenting on the pathogenesis of this rare condition. Hydatidiform mole Sperm injections, intracytoplasmic Pregnancy, twin Case reports Palavras-chave Mola hidatiforme Injeções de esperma intracitoplásmicas Gravidez de gêmeos Relatos de casos Resumo Uma gravidez bicoriônica com mola hidatiforme completa e feto normal é uma situação rara e desafiadora, cuja patogênese não foi ainda totalmente compreendida. Apresenta-se o caso de uma mulher de 39 anos submetida à injeção intracitoplasmática de espermatozoides com transferência de dois embriões. Na ecografia pré-natal realizada na 12ª semana de gestação, foi identificado um embrião morfologicamente normal e uma placenta com características molares. Esta situação resultou na terminação eletiva da gravidez. A autópsia e o estudo histológico permitiram o diagnóstico definitivo de uma mola hidatiforme completa coexistindo com feto normal. A análise genética mostrou feto diploide com genoma biparental e tecido molar com diploidia paterna. Este caso ressaltou que as gestações com mola hidatiforme completa poderão ainda ocorrer, mesmo que a gravidez seja realizada após uma injeção intracitoplasmática de espermatozoides. Foram realizadas uma revisão dos raros casos descritos na literatura e uma explicação da patogenia desta condição rara. Correspondence Tiago Matos Ferraz Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar de São João Alameda Professor Hernâni Monteiro, 4200 319 CEP: 4202-451 Porto, Portugal Received 10/02/2012 Accepted with modifications 17/09/2012 Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Centro Hospitalar de São João do Porto – Porto, Portugal. Serviço de Anatomia Patológica, Centro Hospitalar de São João do Porto – Porto, Portugal. 3 Departamento de Genética da Faculdade de Medicina, Universidade do Porto – Porto, Portugal. Conflict of interest: none. 1 2 Ferraz TJSM, Bartosch CMM, Ramalho CMA, Carvalho FAG, Carvalho BCCL, Brandão OGBC, Montenegro NAMM Introduction Estimates from studies conducted in North America, Australia, New Zealand, and Europe have shown that the incidence of hydatidiform mole ranges from 0.57 to 1.1 per 1000 pregnancies, whereas others in Southeast Asia and Japan have described an incidence as high as 2.0 per 1,000 pregnancies1. Hydatidiform mole coexisting with live fetuses is a rare event with a reported incidence of 1 in 20,000 to 100,000 pregnancies2,3. In many instances, these pregnancies are associated with significant maternal and fetal complications including preeclampsia, thromboembolic disease, hyperemesis, hemorrhage, and intrauterine demise. Partial hydatidiform mole or twin pregnancy, with complete hydatidiform mole coexisting with a normal fetus (CHMCF), falls into this category. The fetus of a triploid partial mole tends to die in the first trimester, while a complete mole coexisting with a normal twin fetus allows for expectant management2,4,5. With the introduction of assisted reproductive techniques (ART), a significant rise in the incidence of multiple pregnancies has been reported, which is associated with increased maternal and perinatal complications. Complete hydatidiform mole is possibly associated with advanced maternal age and use of ART, and this reflects how difficult the decision of termination is for such couples. A few cases of CHMCF after intracytoplasmic sperm injection (ICSI) have been reported, mostly in the Asian population6-15. This case reported an achieved pregnancy after ICSI of a CHMCF with comprehensive genetic analysis. Case Report The patient was a 39-year-old Caucasian woman, gravida 2, para 0 with one previous spontaneous abortion. A B Figure 1. Complete hydatidiform mole. (A) Histological low power view showing numerous edematous villi with frequent cistern formation (arrow); (B) histological high power view showing hyperplastic trophoblast (arrow). 40 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):39-43 She had a history of secondary infertility three years preceding this pregnancy and had sought medical advice. Male factor infertility based on oligoastenospermy was diagnosed by a single semen analysis, and the couple was informed. ICSI cycle treatment was started and pregnancy was achieved after two embryos were transferred. Routine ultrasound examination at the 12th gestational week showed multiple cystic placenta, that resembled hydatidiform mole and a normal developing fetus, suggesting a twin pregnancy. After referral to our department, a more precise diagnosis was attempted by offering genetic analysis of chorionic villous sampling from the hydroptic parenchyma and amniocentesis, which was refused by the couple, who decided to terminate the pregnancy. This was performed with vaginal misoprostol followed by aspiration curettage. The pre-evacuation serum β-hCG level was 1,402,565 mUI/mL, and the TSH one was 0.006 ng/mL. Based on these results, propylthiouracil as well as hydrocortisone were started in order to prevent thyrotoxic storm. The patient was discharged two days later, asymptomatic. Pathological examination presented a product of conception that macroscopically comprised: abundant fragments of placental tissue with marked cystic swelling of the villi; fragments of grossly normal placenta, and an intact normal female fetus with biometric and growth parameters that were consistent of 14 weeks of gestational age. Microscopic examination (Figure 1) confirmed these macroscopic aspects showing frequent cistern formation and areas of hyperplastic trophoblast, which are typical of a complete hydatidiform mole (Figure 1). The other placental fragments corresponded to normal placental parenchyma (Figure 2). These morphological features allowed diagnosing a twin pregnancy consisting of a Figure 2. Normal placenta. Histology shows normal placental parenchyma composed of immature intermediate and mesenchymal villi (arrow) adequate to 14 weeks of gestational age. Complete mole in a dichorionic twin pregnancy after intracytoplasmic sperm injection complete hydatidiform mole and a normal 14-gestationalweek-old placenta and fetus. Genetic analysis, using polymorphic markers (D13S258; D13S631; D18S51; D18S535; D21S1414; and D21S1437), confirmed normal diploid fetus (46,XX) with biparental genome and a molar tissue with paternal diploidy. The initial serum β-hCG declined appropriately during eight weeks reaching 28.74 mUI/mL and then a plateau. Hysteroscopy was performed, and the diagnosis of persistent gestational trophoblastic disease was found. There were no evidences of persistent or metastatic disease during the three-year follow-up. Discussion This case presents the difficultness of a differential diagnosis, in which a detailed morphological ultrasound of the fetus is a decisive procedure. Few cases of CHMCF have been reported over the last two decades. These pregnancies are often associated with severe maternal complications, such as persistent vaginal bleeding, thromboembolic disease, severe preeclampsia, and persistent gestational trophoblastic neoplasia (GTN)2,5,16. Moreover, this case represents one of the rarest ones occurring after reproductive medicine techniques, namely ICSI. The challenge was to differentiate a singleton pregnancy consisting of a partial mole and a live triploid fetus and a twin pregnancy with one placenta exhibiting a complete mole and the other sustaining a normal fetus4. Unlike partial hydatidiform mole that is commonly associated with multiple fetal anomalies and is managed by immediate termination of pregnancy, reported cases of twin pregnancy with complete hydatidiform mole (the present case) are not associated with fetal anomalies in the coexisting fetus. Although rare, twin pregnancies comprising a mole and a healthy fetus are a complex clinical condition. The correct diagnosis is extremely important based on the high frequency of spontaneous abortion and intrauterine death and also for severe maternal complications, mainly preeclampsia, which frequently prompt pregnancy termination. Accordingly, prenatal diagnosis should always be based on fetal karyotype using chorionic villous sampling, amniocentesis, or fetal blood sample2,4. Many series and several case reports have been published regarding a complete mole and a coexisting normal twin fetus (CHMCF)2-10,13-15,17,18. Twin pregnancies including a mole and a healthy fetus give rise to complex clinical considerations, especially in a strongly desired pregnancy. Sebire et al.2 reported the largest series so far comprising 77 CHMCF, with approximately 27% of the pregnancies achieving live birth and 19% developed persistent gestational trophoblastic disease (pGTD), without significant differences between those who chose to electively terminate pregnancy and those who did not. Recently, Massardier et al.5 published a series of 14 cases with similar live birth percentage and a 50% pGTD. Single case reports were also published13-15, which prompts for understanding in medical community the importance of this diagnosis. Pregnancies complicated by CHMCF may result in a viable live-born infant in approximately 40% of the time. Continuation of such pregnancy may be an option, granted the mother has been appropriately counseled on the numerous risks. The potential risk for pGTD (from 19.0 to 62.5%)3 is the most problematic factor when counseling these couples. Based on small series and case reports, most of these pregnancies were electively terminated in light of this potential risk. A study, undertaken by Niemann et al.3, in which 270 histological and cytogenetically confirmed complete hydatidiform moles were analyzed to evaluate the risk of pGTD and other obstetrics complications, showed no differences between singleton and twin molar pregnancies. Expectant management in these cases may be permitted13, and the risk does not change with advanced gestational age3. In partial hydatidiform moles, there are fetal or embryonic tissue and chorionic villi with focal edema. Most partial moles have a triploid karyotype (usually 69, XXY), resulting from the fertilization of an apparently normal ovum by two sperms. Complete moles (CM) are usually diploid androgenic conceptus due to loss of the maternal nuclear genome with either fertilization by a single haploid sperm cell that duplicates to produce a 46,XX (monospermic) CM or by two sperms resulting in a 46,XX or 46,XY (dispermic) CM19. This results in excessive trophoblastic growth. No embryo development is observed due to lack of genes transcribed from maternally derived genes. To our best knowledge, only 17 CHMCF were reported9-12,15,19-22 as a result of ART since 1977, when a morphological classification of molar pregnancies was established, with seven of them resulting from the ICSI technique6-12 (Table 1). These events could still occur, although the possibility of dispermic fertilization and digyny should be reduced or absent in cycles where ICSI has been employed. During the ICSI process, it is assumed that in the pronuclear stage a haploid set of male and female chromosomes should be obtained. Male and female pronuclei are usually formed simultaneously containing sperm and oocyte chromatin. These structures, although small and faint, may be visualized as early as 16-18H after ICSI. Pronuclei come into close contact, eventually lose their apposed pronuclear membranes, and enter into syngamy. Unfortunately, the identification of pronuclei neither ensures a normal Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):39-43 41 Ferraz TJSM, Bartosch CMM, Ramalho CMA, Carvalho FAG, Carvalho BCCL, Brandão OGBC, Montenegro NAMM Table 1. Literature reported cases of complete hydatidiform mole coexisting with normal fetus after intracytoplasmic sperm injection Authors Complications Live neonate PTD Petignat et al.10 Maternal age 29 GA at delivery/abortion (weeks) 15 Preeclampsia No (?) Hamanoue et al.6 40 33 Preterm labor, FGR Yes No Dedes et al.8 32 26 Preterm labor No (?) Yamada et al.7 33 15 Preeclampsia No Yes Dolapcioglu et al.9 34 29 gHTA/maternal bleeding Yes No Vandenhove et al.11 31 18 Maternal bleeding No Yes Kashani et al.12 29 19 Preeclampsia No Yes (?) Ferraz et al.* 39 13 None No Yes GA: gestational age; PTD: persistent trophoblastic disease; FGR: fetal growth restriction; gHTA: gestational hypertension; *present case. fertilization process nor guarantees paternal and maternal origins for each pronucleus. Recently, using polymorphic DNA markers, Niemann et al. investigated the origin of twin pregnancies that comprised androgenetic diploid mole and a normal fetus. Accordingly, duplication of the paternal chromosomes before pronuclear fusion and development of a triploid pronuclear stage with one haploid maternal pronucleus and two haploid paternal pronuclei was described23. However, this model cannot be explained according to the normal process for early steps of fertilization. Another author described endoreduplication in the maternal pronucleus as a possible cause of digynic triploidy, stating that there was evidence only for maternal contribution for abnormal oocytes24. Post-zygotic events may also be a possibility, giving rise to speculations regarding the earliest stages of fertilization and more specifically a complete mole and a normal pregnancy dichorionic pregnancy after ICSI24. The ability to diagnose a molar placenta in an ongoing pregnancy is clinically challenging. This case demonstrated two main features: first, ultrasound alone may not be sufficient for an accurate management although it is a good diagnostic tool in molar pregnancies; secondly, complete molar pregnancies may still occur, despite the pregnancy being achieved by ICSI. References 1. Bracken MB. Incidence and aetiology of hydatidiform mole: an epidemiological review. Br J Obstet Gynaecol. 1987;94(12):1123-35. 2. Sebire NJ, Foskett M, Paradinas FJ, Fisher RA, Francis RJ, Short D, et al. Outcome of twin pregnancies with complete hydatidiform mole and healthy co-twin. Lancet. 2002;359(9324):2165-6. 8. Dedes I, Christodoulou E, Ziogas V. 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Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(1):39-43 43 2013 ABRIL de 11 a 13 de abril de 2013 XXXVII Congresso de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro Local: Centro de Convenções Sul América Informações: Tel.: (21) 2285-0892 / 2265-1525 [email protected] de 19 a 20 de abril de 2013 XVII Congresso Sul - Rio- Grandense de Ginecologia e Obstetrícia – SOGIRGS Centro de Eventos do Hotel Serrano – Gramado/RS Plenarium Organização de Congressos Fones: (51) 3311-8969 / 3311-9456 / 3311-2578 [email protected] www.plenariumcongressos.com.br de 24 a 26 de abril de 2013 46º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia do DF e 7º Congresso Internacional de Ginecologia e Obstetrícia do DF Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Brasília-DF Informações: Secretaria Executiva da SGOB Tel.: (61) 3245-3681 / 3245-4530 / 9622-1215 [email protected] / [email protected] www.sgob.com.br 44 MAIO de 1º a 04 de maio de 2013 VI Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia / 37º Encontro Mineiro de Ginecologistas e Obstetras Local: Minascentro – Belo Horizonte/MG Realização: SOGIMIG Organização: (31) 3291-9899 – Consult Eventos http://cmgo2013.com.br VA NO CERAZETTE®, Desogestrel. APRESENTAÇÃO: cartucho com 1 cartela com 28 comprimidos. Cada comprimido contém: Desogestrel 75 mcg. INDICAÇÕES: contracepção. CONTRAINDICAÇÕES: CERAZETTE® não deve ser usado na presença de qualquer das condições abaixo ou se as mesmas ocorrerem pela primeira vez, o produto deve ser descontinuado imediatamente: gravidez ou suspeita de gravidez; distúrbio tromboembólico venoso ativo; presença ou história de doença hepática grave enquanto os valores de função hepática não tenham retornado ao normal; tumores progestagênio-dependentes; sangramento vaginal não diagnosticado; hipersensibilidade a qualquer componente do CERAZETTE®. PRECAUÇÕES e ADVERTÊNCIAS: durante o uso de contraceptivos orais (COs) o risco de ter câncer de mama diagnosticado está levemente aumentado. Entretanto, para esses contraceptivos de progestagênio isolado, a evidência é menos conclusiva. Avaliar risco-benefício no caso de câncer hepático. Investigações epidemiológicas associaram o uso de COC a uma maior incidência de tromboembolismo venoso (TEV, trombose venosa profunda e embolismo pulmonar). Embora a relevância clínica deste achado para Desogestrel usado como contraceptivo na ausência de um componente estrogênico seja desconhecida, CERAZETTE® deve ser descontinuado em caso de trombose. A descontinuação de CERAZETTE® deve também ser considerada e caso de imobilização prolongada devida à cirurgia ou doença. Mulheres com história de distúrbios tromboembólicos devem ser alertadas sobre a possibilidade de recorrência. Embora os progestagênios possam apresentar efeito sobre a resistência à insulina e sobre a tolerância à glicose, não há evidência da necessidade de alterar o regime terapêutico em diabéticas usando contraceptivos de progestagênio isolado. Entretanto, mulheres diabéticas devem ser cuidadosamente observadas enquanto usarem CERAZETTE®. O tratamento com CERAZETTE® leva à redução dos níveis séricos de estradiol para um nível correspondente à fase folicular inicial. Apesar do fato de CERAZETTE® inibir a ovulação, a gravidez ectópica deve ser considerada no diagnóstico diferencial se a mulher tem amenorréia ou dor abdominal. Cloasma pode ocorrer ocasionalmente. As seguintes condições foram relatadas durante a gravidez e durante uso de esteróide sexual, mas a associação com o uso de progestagênios não foi estabelecida: icterícia e/ou prurido relacionado a colestase; formação de cálculo de vesícula; porfiria; lúpus eritematoso sistêmico; síndrome urêmica hemolítica; corea de Sydenham; herpes gestacional; perda da audição relacionada a otosclerose. Mesmo quando CERAZETTE® é tomado regularmente, podem ocorrer distúrbios de sangramento. As mulheres devem ser informadas de que CERAZETTE® não protege contra HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. Com todos os contraceptivos hormonais de baixa dosagem, o desenvolvimento folicular ocorre e ocasionalmente o folículo pode continuar o desenvolvimento além do tamanho que poderia atingir num ciclo normal. Geralmente, esses folículos aumentados desaparecem espontaneamente. A eficácia dos contraceptivos de progestagênio isolado pode ser reduzida no caso de esquecimento de tomar os comprimidos, distúrbios gastrintestinais ou de utilização de medicação concomitante. Estudos epidemiológicos extensos mostraram que não há risco aumentado de malformações nas crianças de mães que utilizaram contraceptivos orais antes da gravidez, nem efeitos teratogênicos quando os contraceptivos orais forem administrados inadvertidamente no início da gestação. Dados de farmacovigilância coletados com vários COCs contendo desogestrel também não indicam um risco aumentado. CERAZETTE® não influencia a produção ou a qualidade do leite materno, mas uma pequena quantidade de etonogestrel é excretada no leite. REAÇÕES ADVERSAS: as reações adversas relatadas com maior freqüência nos estudos clínicos com CERAZETTE® (>2,5%) foram sangramento irregular, acne, alterações de humor, dor nas mamas, náusea e aumento de peso. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: podem ocorrer interações com fármacos indutores de enzimas microsomais, resultando em aumento da depuração dos hormônios sexuais. Foram estabelecidas interações com hidantoínas, barbitúricos, primidona, carbamazepina, rifampicina, oxcarbazepina, topiramato, rifabutina, felbamato, ritonavir, griseofulvina e produtos fitoterápicos contendo Hypericum perforatum. Durante o tratamento com carvão medicinal, a absorção do esteróide do comprimido pode ser reduzida bem como sua eficácia contraceptiva. Contraceptivos orais podem interferir com o metabolismo de outros fármacos (por ex., ciclosporina), consequentemente concentrações plasmáticas e tissulares podem ser afetadas. Dados obtidos com contraceptivos orais combinados mostraram que os esteróides contraceptivos podem influenciar os resultados de certos testes de laboratório, incluindo parâmetros bioquímicos do fígado, tireóide, adrenal e de função renal, níveis séricos de proteínas (carregadoras). POSOLOGIA: deve-se tomar um comprimido ao dia durante 28 dias consecutivos na ordem indicada pelas setas impressas na cartela, com pequena quantidade de líquido, aproximadamente no mesmo horário. Cada cartela subseqüente deve ser iniciada imediatamente após o término da anterior. Superdosagem: não há relatos de reações adversas graves em decorrência de superdose. Nesta situação os sintomas que podem ocorrer são: náuseas, vômitos e, em meninas e adolescentes, discreto sangramento vaginal. Não há antídotos e o tratamento deve ser sintomático. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Reg. MS: 1.0171.0089 CERAZETTE® não deve ser usado em casos de gravidez ou suspeita de gravidez e tumores progestagênio dependentes. Pode-se esperar interações durante o uso concomitante de CERAZETTE® com hidantoínas, barbituratos, primidona, carbamazepina, rifampicina. Antes de prescrever, recomendamos a leitura da Circular aos Médicos (bula) completa para informações detalhadas sobre o produto. A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVE SER CONSULTADO. Referência Bibliográfica: 1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Lista de medicamentos de referência. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/7b8223004db4095facf9bcd6059e5711/ Lista+A+Isolados_05_12.pdf?MOD=AJPERES. Acessado em 04 de janeiro de 2013. Copyright © 2010 Merck Sharp & Dohme Corp., subsidiária de Merck & Co., Inc., Whitehouse Station, NJ, EUA. Todos os direitos reservados. MC 1150/12 01-2015-CER-13-BR-1150-J WOMN-1067094-0000 IMPRESSO EM JANEIRO/2013 CERAZETTE, CONSIDERADO REfERêNCIA NO mERCADO DE CONtRACEpçãO, AGORA VEm COm 3 blíStERES NA mESmA CAIxA!1 É ASSIM QUE VOCÊ ARMAZENA O SEU CONHECIMENTO? EM 2013, NOSSAS PUBLICAÇÕES ESTARÃO DISPONÍVEIS SOMENTE EM FORMATO DIGITAL (TABLETS E INTERNET) Para acessar via iPad: https://itunes.apple.com/br/app/rbgo/id551141890?mt=8 Para acessar via Android: https://play.google.com/store/search?q=RBGO&c=apps E você ainda pode: Imprimir o PDF Enviar por email www.febrasgo.org.br Compartilhar no facebook de 12 a 13 de julho de 2013 3° Congresso Amazonense de Ginecologia e Obstetrícia Local: Hotel Tropical – Manaus (AM) Realização: ASSAGO Informações: ((92) 3584-9016 www.cago.com.br/site/ Imagens: http://3.bp.blogspot.com/ | http://www.confiancabr.com.br/ Contracepção com comodidade por até 5 anos Critérios de Elegibilidade da OMS1 para Mirena®: Condição Menarca até 20 anos Nulíparas Inserção pós-parto após 4 semanas Inserção pós-parto imediata até 4 semanas Inserção pós-aborto de segundo trimestre Fumante acima de 35 anos Tamanho real do produto: 3,2 x 3,2 cm Categoria 2 2 1 3 2 1 Condição Obesidade (IMC > 30) Doença tromboembólica atual/aguda Histórico de doença tromboembólica Histórico familiar de doença tromboembólica Varizes e tromboflebite superficial Hiperlipidemia Categoria 1 3 2 1 1 2 Condição Enxaqueca sem sinais neurológicos focais Câncer de mama tratado DIP tratada Alto risco de DST/HIV Cirrose compensada Tumor hepático benigno/maligno Categoria 2 3 1 2/3 1 2/3 1) Uso sem restrição. 2) Uso recomendado; as vantagens se sobrepõem aos riscos. 3) Contraindicação relativa; os riscos se sobrepõem às vantagens. 4) Contraindicação formal. MIR VE01-04/JUL 09. Mirena®-Levonorgestrel (Sistema Intra-Uterino – SIU). Reg. MS – 1.0020.0087. Indicações: Contracepção, menorragia idiopática, prevenção da hiperplasia endometrial na terapia de reposição estrogênica. Contraindicações: suspeita ou diagnóstico de gravidez, doença inflamatória pélvica, infecção do trato genital inferior, endometrite pós-parto, aborto infectado durante os últimos 3 meses, cervicite, displasia cervical, tumor maligno uterino ou cervical, sangramento uterino anormal não-diagnosticado, anomalia uterina congênita ou adquirida, incluindo leiomiomas, quando estes causarem deformação da cavidade uterina, aumento de susceptibilidade a infecções, doença hepática aguda ou tumor hepático, hipersensibilidade a qualquer um dos componentes do produto. Cuidados e advertências: Avaliar os benefícios e riscos. Enxaqueca, cefaléia excepcionalmente intensa, icterícia, aumento acentuado da pressão arterial, neoplasia hormônio-dependente, acidente vascular cerebral ou infarto do miocárdio, tromboembolismo venoso, cardiopatia congênita ou valvopatia, controlar a glicemia em diabéticas, sangramentos irregulares podem mascarar alguns sinais e sintomas de pólipos ou câncer endometriais. Mirena® não é o método de primeira escolha para mulheres jovens nulíparas nem para mulheres na pós-menopausa com atrofia uterina avançada. Inserção e remoção/substituição: informar a paciente sobre eficácia, riscos e reações adversas, realizar exame médico, as instruções para a inserção devem ser seguidas cuidadosamente, recomendações e situações especiais de inserção – consultar a bula. Deve ser removido após 5 anos de uso. Se a usuária desejar continuar empregando o método, um novo SIU pode ser inserido imediatamente no mesmo procedimento. O sistema pode ser expelido da cavidade uterina sem que a paciente o perceba. A expulsão parcial pode diminuir a eficácia de MIRENA®. Durante a inserção, pode ocorrer perfuração. Pode ainda ocorrer: gravidez, gravidez ectópica, perda dos fios de remoção, atresia folicular retardada. Reações adversas: mudanças no sangramento, cistos ovarianos benignos, edema (periférico ou abdominal), ganho de peso, estado depressivo, nervosismo, instabilidade emocional, cefaléia, dor abdominal, dor pélvica, náusea, acne, dor nas costas, dismenorréia, secreção vaginal, cervicite, tensão mamária, mastalgia, expulsão, infecções genitais, hirsutismo, perda de cabelo, prurido, libido reduzida, enxaqueca, distensão abdominal, erupção cutânea, urticária, eczema, perfuração uterina. Interação: a influência de medicamentos que interagem com contraceptivos hormonais, na eficácia contraceptiva de MIRENA® não foi avaliada, mas não se espera que seja de maior importância, considerando os mecanismos de ação, principalmente locais. Posologia: MIRENA® é apresentado em acondicionamento estéril que não deve ser aberto até o momento da inserção. Verificar as instruções específicas para a inserção do SIU. Inserir uma unidade de MIRENA® na cavidade uterina. Cada administração é eficaz por 5 anos. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Referência bibliográfica: 1. WHO. Medical Elegibility Criteria for Contraceptive Use. 4th Edition; Geneva, Switzerland; 2009; pp 65 -78. Contraindicação: displasia cervical. Interação medicamentosa: antibióticos e anticonvulsivantes. MATERIAL DESTINADO EXCLUSIVAMENTE A PROFISSIONAIS DA SAÚDE. L.BR.WH.2012-07-10.0821 .com.br 0800 7021241 Contracepção com comodidade por até 5 anos Critérios de Elegibilidade da OMS1 para Mirena®: Condição Menarca até 20 anos Nulíparas Inserção pós-parto após 4 semanas Inserção pós-parto imediata até 4 semanas Inserção pós-aborto de segundo trimestre Fumante acima de 35 anos Tamanho real do produto: 3,2 x 3,2 cm Categoria 2 2 1 3 2 1 Condição Obesidade (IMC > 30) Doença tromboembólica atual/aguda Histórico de doença tromboembólica Histórico familiar de doença tromboembólica Varizes e tromboflebite superficial Hiperlipidemia Categoria 1 3 2 1 1 2 Condição Enxaqueca sem sinais neurológicos focais Câncer de mama tratado DIP tratada Alto risco de DST/HIV Cirrose compensada Tumor hepático benigno/maligno Categoria 2 3 1 2/3 1 2/3 1) Uso sem restrição. 2) Uso recomendado; as vantagens se sobrepõem aos riscos. 3) Contraindicação relativa; os riscos se sobrepõem às vantagens. 4) Contraindicação formal. MIR VE01-04/JUL 09. Mirena®-Levonorgestrel (Sistema Intra-Uterino – SIU). Reg. MS – 1.0020.0087. Indicações: Contracepção, menorragia idiopática, prevenção da hiperplasia endometrial na terapia de reposição estrogênica. Contraindicações: suspeita ou diagnóstico de gravidez, doença inflamatória pélvica, infecção do trato genital inferior, endometrite pós-parto, aborto infectado durante os últimos 3 meses, cervicite, displasia cervical, tumor maligno uterino ou cervical, sangramento uterino anormal não-diagnosticado, anomalia uterina congênita ou adquirida, incluindo leiomiomas, quando estes causarem deformação da cavidade uterina, aumento de susceptibilidade a infecções, doença hepática aguda ou tumor hepático, hipersensibilidade a qualquer um dos componentes do produto. Cuidados e advertências: Avaliar os benefícios e riscos. Enxaqueca, cefaléia excepcionalmente intensa, icterícia, aumento acentuado da pressão arterial, neoplasia hormônio-dependente, acidente vascular cerebral ou infarto do miocárdio, tromboembolismo venoso, cardiopatia congênita ou valvopatia, controlar a glicemia em diabéticas, sangramentos irregulares podem mascarar alguns sinais e sintomas de pólipos ou câncer endometriais. Mirena® não é o método de primeira escolha para mulheres jovens nulíparas nem para mulheres na pós-menopausa com atrofia uterina avançada. Inserção e remoção/substituição: informar a paciente sobre eficácia, riscos e reações adversas, realizar exame médico, as instruções para a inserção devem ser seguidas cuidadosamente, recomendações e situações especiais de inserção – consultar a bula. Deve ser removido após 5 anos de uso. Se a usuária desejar continuar empregando o método, um novo SIU pode ser inserido imediatamente no mesmo procedimento. O sistema pode ser expelido da cavidade uterina sem que a paciente o perceba. A expulsão parcial pode diminuir a eficácia de MIRENA®. Durante a inserção, pode ocorrer perfuração. Pode ainda ocorrer: gravidez, gravidez ectópica, perda dos fios de remoção, atresia folicular retardada. Reações adversas: mudanças no sangramento, cistos ovarianos benignos, edema (periférico ou abdominal), ganho de peso, estado depressivo, nervosismo, instabilidade emocional, cefaléia, dor abdominal, dor pélvica, náusea, acne, dor nas costas, dismenorréia, secreção vaginal, cervicite, tensão mamária, mastalgia, expulsão, infecções genitais, hirsutismo, perda de cabelo, prurido, libido reduzida, enxaqueca, distensão abdominal, erupção cutânea, urticária, eczema, perfuração uterina. Interação: a influência de medicamentos que interagem com contraceptivos hormonais, na eficácia contraceptiva de MIRENA® não foi avaliada, mas não se espera que seja de maior importância, considerando os mecanismos de ação, principalmente locais. Posologia: MIRENA® é apresentado em acondicionamento estéril que não deve ser aberto até o momento da inserção. Verificar as instruções específicas para a inserção do SIU. Inserir uma unidade de MIRENA® na cavidade uterina. Cada administração é eficaz por 5 anos. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Referência bibliográfica: 1. WHO. Medical Elegibility Criteria for Contraceptive Use. 4th Edition; Geneva, Switzerland; 2009; pp 65 -78. Contraindicação: displasia cervical. Interação medicamentosa: antibióticos e anticonvulsivantes. MATERIAL DESTINADO EXCLUSIVAMENTE A PROFISSIONAIS DA SAÚDE. L.BR.WH.2012-07-10.0821 .com.br 0800 7021241 ISSN 0100-7203 (acetato de ciproterona e etinilestradiol, Bayer) A combinação de acetato de ciproterona 2 mg e etinilestradiol 35 mcg é comercializada no Brasil sob diversas marcas. Diane®35, é a marca mais conhecida e está no mercado mundial em mais de 116 países há 35 anos e, no Brasil, há 23 anos. Diane®35 por ser marca de referência tem sua eficácia e segurança comprovadas através de estudos clínicos e incluindo milhões de usuárias em todo o mundo. Esta categoria de medicamentos é indicada para o tratamento de Síndrome do Ovário Policístico, acne de graus moderado à grave, hirsutismo e alopécia androgênica. Por também possuir ação contraceptiva comprovada somente deverá ser utilizada por mulheres em idade reprodutiva e deverá ser utilizada por mulheres em idade reprodutiva que não tenham o desejo de engravidar no decorrer do tratamento.1 Recentemente, tem-se observado uma preocupação com relação à ocorrência de eventos tromboembólicos com o uso destes medicamentos contendo ciproterona e etinilestradiol. Essa preocupação levou a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) no início de 2013 a reavaliar o perfil de segurança desta medicação, e a conclusão foi de que os benefícios de Diane®35 superam seus eventuais riscos2, uma vez que o risco de tromboembolismo venoso em usuárias de medicamentos hormonais orais é muito baixo. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia noTa de esclarecImenTo Para ProfIssIonaIs da saÚde sobre dIane®35 Janeiro 2013 Informações geraIs sobre TromboembolIsmo Venoso e medIcamenTos hormonaIs Destaca-se ainda que, por reduzir o índice de gestações não planejadas, os contraceptivos hormonais acabam por diminuir o risco global de tromboembolismo venoso na população, em comparação com populações que não têm acesso à contracepção efetiva7,8. • Esta ocorrência é mais frequente em mulheres durante a gravidez do que nas usuárias de contraceptivos.4,5 É importante mencionar que os eventos tromboembólicos são raros, porém, jamais devem ser menosprezados. Por isso a importância de uma avaliação médica criteriosa, antes da utilização destes medicamentos por pacientes. • Segundo estudos publicados na literatura médica4,6, temos os seguintes índices, calculados por 10.000 mulheres-ano: - 30 casos durante a gravidez - 9 casos em usuárias de pílulas - 5 casos em não usuárias de pílulas Janeiro 2013 Todos os medicamentos, em especial os compostos de hormônios, requerem prescrição criteriosa, seguindo os Critérios de Elegibilidade da Organização Mundial da Saúde (OMS)3. Para colocar em perspectiva os números sobre a incidência de tromboembolismo venoso temos: nº 1 A trombose venosa profunda resulta de múltiplas causas, e frequentemente requer a combinação de diversos fatores de risco para se manifestar. Exemplos de tais fatores são: idade avançada, história familiar de eventos tromboembólicos, imobilizações prolongadas, tabagismo, obesidade, entre outros.9 volume 35 a comercIalIzação de dIane®35 manTém-se normalmenTe no brasIl. A Bayer, como empresa de pesquisa e inovação, reafirma seu compromisso com a qualidade e a segurança de Diane®35, reavaliando continuamente o perfil de segurança deste medicamento. Reiteramos assim nosso compromisso quanto à transparência na investigação minuciosa de relatos de efeitos colaterais possivelmente relacionados a este medicamento. Colocamo-nos à disposição para quaisquer informações relacionadas a nossos produtos via telefone gratuito do Serviço de Atendimento ao Consumidor Bayer 0800 7021241 ou pelo e-mail [email protected]. Atenciosamente, Bayer Healthcare coNtrAINDIcAçÃo: sAngrAMento vAginAl não diAgnosticAdo. INtErAçõEs mEDIcAmENtosAs: fárMAcos que induzAM As enziMAs MicrossoMAis hepáticAs. rEfErêNcIAs BIBlIográfIcAs: 1. bulA diAne®35 (AcetAto de ciproteronA e etinilestrAdiol, bAyer). 2. europeAn Medicines Agency. press releAse: benefits of diAne®35 And its generics outweigh risks in certAin pAtient groups - prAc recoMMendAtion endorsed by cMdh. disponível eM: http://www.eMA.europA.eu/eMA/index.jsp?curl=pAges/ news_And_events/news/2013/05/news_detAil_001801.jsp&Mid=wc0b01Ac058004d5c1. AcessAdo eM 10.jun.2013. 3. world heAlth orgAnizAtion. MedicAl eligibility criteriA for contrAceptive use – 4th ed. disponível eM: http://whqlibdoc.who.int/publicAtions/2010/9789241563888_eng.pdf. AcessAdo eM 19.jun.2013. 4. dinger jc. the sAfety of A drospirenone contAining orAl contrAceptive: finAl results froM the europeAn Active surveillAnce study on orAl contrAceptives bAsed on 142,475 woMen-yeArs of observAtion. contrAception. 2007;75(5):344–54. 5. europeAn Medicines Agency. coMbined orAl contrAceptives And venous throMboeMbolisM. the europeAn Agency for the evAluAtion of MedicinAl products coMMittee for proprietAry MedicinAl products (cpMp); public AssessMent report. london, 28 septeMber 2001 [online]. disponível eM: http://www.eMA.europA.eu/docs/en_gb/docuMent_ librAry/report/2009/12/wc500017870.pdf. AcessAdo eM 19.jun.2013.6. heineMAnn lA, dinger jc. rAnge of published estiMAtes of venous throMboeMbolisM incidence in young woMen. contrAception. 2007 MAy;75(5):328-36. epub 2007 feb 20. 7. the society of obstetriciAns And gynAecologists of cAnAdA. position stAteMent: horMonAl contrAception And risk of venous throMboeMbolisM (vte). disponível eM: http://sogc.org/MediA_updAtes/position-stAteMent-horMonAl-contrAception-And-risk-of-venous-throMboeMbolisM-vte/. AcessAdo eM 20.06.2013. 8. ory hw. MortAlity AssociAted with fertility And fertility control: 1983. fAMily plAnning perspectives 1983; 15:57-63. 9. cAnnegieter sc et Al. pregnAncy And trAvel relAted throMboeMbolisM. throMbosis reseArch. 2013;1(131):s55-s58. L.BR.06.2013.0797 0800 7021241 MATERIAL DESTINADO AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. 0800 7021241 número 1 p. 1 - 44 DIANE® 35. AcetAto de ciproteronA e etinilestrAdiol. reg. Ms – 1.0020.0111. INDIcAçõEs: pArA o trAtAMento de distúrbios Andrógeno-dependentes nA Mulher: Acne (pApulopustulosA, nodulocísticA) e seborreiA, AlopeciA AndrogênicA, cAsos leves de hirsutisMo, síndroMe de ovários policísticos (sop). coNtrAINDIcAçõEs: presençA ou históriA de processos troMboeMbólicos ArteriAis ou venosos; históriA de enxAquecA coM sintoMAs neurológicos focAis; diAbetes Mellitus coM AlterAções vAsculAres; A presençA de fAtor de risco grAve pArA A troMbose ArteriAl ou venosA; presençA ou históriA de pAncreAtite AssociAdA à hipertriglicerideMiA grAve; presençA ou históriA de doençA hepáticA grAve, enquAnto os vAlores dA função hepáticA não retornAreM Ao norMAl; presençA ou históriA de tuMores hepáticos (benignos ou MAlignos); diAgnóstico ou suspeitA de neoplAsiAs dependentes de esteroides sexuAis; sAngrAMento vAginAl não diAgnosticAdo; suspeitA ou diAgnóstico de grAvidez; lActAção; hipersensibilidAde às substânciAs AtivAs ou A quAlquer uM dos coMponentes do produto. PrEcAuçõEs E ADvErtêNcIAs: os benefícios dA utilizAção de diAne® 35 deveM ser AvAliAdos pArA cAdA pAciente individuAlMente e discutidos coM A MesMA Antes de optAr pelo início ou continuAção de suA utilizAção, nos cAsos de: dor e/ou inchAço unilAterAl eM MeMbro inferior; dor torácicA AgudA e intensA, coM ou seM irrAdiAção pArA o brAço esquerdo; dispneiA AgudA; tosse de início Abrupto; cefAleiA não hAbituAl, intensA e prolongAdA; perdA repentinA dA visão, pArciAl ou totAl; diplopiA; distorções nA fAlA ou AfAsiA; vertigeM; colApso, coM ou seM convulsão focAl; frAquezA; distúrbios Motores; AbdoMe Agudo; dislipoproteineMiA; hipertensão; enxAquecA; vAlvopAtiA; fibrilAção AtriAl; iMobilizAção prolongAdA, cirurgiA de grAnde porte, quAlquer intervenção cirúrgicA eM MeMbros inferiores ou trAuMA extenso; hipertriglicerideMiA; icteríciA e/ou prurido; forMAção de cálculos biliAres; porfiriA; lúpus eriteMAtoso sistêMico; síndroMe heMolítico-urêMicA; coreiA de sydenhAM; herpes gestAcionAl; perdA dA Audição por otosclerose; AngioedeMA hereditário; doençA de crohn e colite ulcerAtivA. podeM surgir sAngrAMentos irregulAres (gotejAMento ou sAngrAMento de escApe), especiAlMente durAnte os priMeiros Meses de uso. forAM observAdos, eM cAsos rAros, tuMores hepáticos benignos e, MAis rArAMente, MAlignos eM usuáriAs de cocs. diAne® 35 não protege contrA doençAs sexuAlMente trAnsMissíveis. rEAçõEs ADvErsAs: náuseAs, dor AbdoMinAl, AuMento de peso corporAl, cefAleiA, estAdos depressivos, AlterAções de huMor, dor e hipersensibilidAde dolorosA nAs MAMAs, vôMitos, diArreiA, retenção de líquido, enxAquecA, diMinuição dA libido, hipertrofiA MAMáriA, erupção cutâneA, urticáriA, intolerânciA A lentes de contAto, hipersensibilidAde, diMinuição de peso corporAl, AuMento dA libido, secreção vAginAl, secreção dAs MAMAs, eriteMA nodoso, eriteMA MultiforMe. INtErAçõEs mEDIcAmENtosAs: podeM ocorrer interAções coM fárMAcos: que induzeM As enziMAs MicrossoMAis hepáticAs (fenitoínA, bArbitúricos, priMidonA, cArbAMAzepinA, rifAMpicinA e tAMbéM possivelMente coM oxcArbAzepinA, topirAMAto, felbAMAto, griseofulvinA e produtos contendo ervA-de-são-joão); ritonAvir; nevirApinA; trAtAMento de infecção por hiv; certos Antibióticos (penicilinAs e tetrAciclinAs). diAne® 35 pode AfetAr o MetAbolisMo de Alguns outros fárMAcos coMo ciclosporinA e iAMotriginA. PosologIA: o regiMe posológico de diAne® 35 é siMilAr Ao dA MAioriA dos contrAceptivos orAis coMbinAdos. As drágeAs deveM ser ingeridAs nA ordeM indicAdA nA cArtelA, por 21 diAs consecutivos. cAdA novA cArtelA é iniciAdA Após uM intervAlo de pAusA de 7 diAs seM A ingestão de drágeAs, durAnte o quAl deve ocorrer sAngrAMento por privAção horMonAl. este sAngrAMento pode não hAver cessAdo Antes do início de uMA novA cArtelA. são necessários 7 diAs de ingestão contínuA dAs drágeAs pArA conseguir supressão AdequAdA do eixo hipotálAMo-hipófise-ovário. A durAção do trAtAMento depende dA grAvidAde dos sintoMAs de AndrogenizAção e dA respostA Ao trAtAMento. frequenteMente, o trAtAMento deve ser reAlizAdo por vários Meses. vENDA soB PrEscrIçÃo mÉDIcA. volume 35