Illuminati - Augustin Barruel

Transcrição

Illuminati - Augustin Barruel
ILLUMINATI
O CÓDIGO ILUMINADO
Augustin Barruel
Tradução
Roberto Leal Ferreira
Versão Kindle:
http://www.amazon.com.br/dp/B00Q7JE7QQ
Capítulo VII
Quinta parte do Código Iluminado
Quarto grau: Iluminado Maior e Noviço Escocês
[Objetivo deste grau] O grau que se segue ao de Iluminado menor é chamado ora de
Noviço Escocês, ora de Iluminado Maior. Sob esta dupla denominação, tem também um
objetivo duplo. Como Noviço Escocês, ele se enxerta na maçonaria, e isso não passa de uma
cilada armada contra a credulidade dos alunos que se mostram pouco dignos de chegar aos
mistérios da Seita. Serve só de introdução ao grau de Cavaleiro Escocês, que encerra a carreira
dos otários. Como verdadeiro grau da Seita, ele prende o adepto com cadeias cada vez mais
estranhas e apertadas; serve de preparação mais imediata aos grandes mistérios; e, por fim,
fornece ao Iluminismo os mestres de suas academias. Digamos, em primeiro lugar, qual é essa
estranha cadeia que o adepto temerá romper, se alguma vez for tentado a separar os seus
interesses dos do Iluminismo e, sobretudo, a trair o que pode até aqui ter descoberto de seus
artifícios, de seus princípios e de seu grande objetivo.
Antes de ser elevado a esse novo grau, o Recipiendário é comunicado de que a sua
promoção está decidida, desde que dê respostas satisfatórias às seguintes perguntas:
[Perguntas preliminares]
1 . Conheces alguma Sociedade baseada numa constituição melhor, mais santa, mais
sólida que a nossa e que tenda, por meios mais seguros ou mais rápidos, ao objeto de nossos
anseios?
2 . Foi para satisfazer a curiosidade que entraste em nossa Sociedade ou para
concorrer com a elite dos homens para a felicidade geral?
3 . Ficaste satisfeito com o que conheces de nossas leis? Queres trabalhar com base
em nosso plano ou tens alguma objeção a nos opor?
4 . Como não haverá mais um espaço intermediário para ti, declara agora se queres
deixar-nos ou permanecer ligado para sempre.
5 . És membro de alguma Sociedade?
6 . Exige essa Sociedade coisas contrárias ao nosso interesse, como lhe descobrir
nossos segredos ou trabalhar unicamente para ela?
7 . Supondo que um dia exigissem isso de ti, dize, por tua honra, se estás disposto a
fazê-lo.
[Confissão da história do candidato por ele mesmo] Dada a resposta a essas perguntas,
o Recipiendário é informado sobre uma nova prova de confiança que a Ordem espera dele.
Consiste essa prova em escrever fiel e francamente, sem dissimulação, a história de toda a sua
vida. Concedam-lhe para tanto o tempo conveniente; e é esse o vínculo ou a cilada famosa
sobre a qual, tendo os Irmãos nela caído, dizia com razão Weishaupt: Com isso eu os tenho em
meu poder; desafio-os a nos prejudicar; se quiserem atacar-nos, tenho também os seus
segredos.
[Sua história contada pelos Irmãos] É em vão, com efeito, que o adepto gostaria de
dissimular. Verá que as menores circunstâncias de sua vida, sobretudo as que mais gostaria de
conservar secretas, são conhecidas pelos adeptos. Tudo o que ele mesmo fez até então para
arrancar o segredo dos Irmãos, para conhecer até o mais recôndito de seus corações, de suas
paixões, de seus projetos, de seus interesses e de todas as suas ações e opiniões, e de suas
intrigas e de seus erros, outros o fizeram com ele e melhor do que ele. Aqueles mesmos que
compõem a loja onde será admitido, aqueles que vão reconhecê-lo como Irmão são os
mesmos que dividiram o trabalho de escrutá-lo.
Tudo o que foi inicialmente arrancado à sua confiança pelo Irmão Insinuante, tudo o
que ele foi obrigado a revelar de sua pessoa, nas fichas que seu Código lhe impunha como um
dever preencher, tudo o que durante o grau Minerval ou de Iluminado menor foi coletado de
seus segredos pelos Irmãos Investigadores conhecidos e desconhecidos; tudo isso foi
exatamente entregue aos Irmãos da nova Loja. Antes de admiti-lo entre eles, eles mesmos se
aperfeiçoaram nessa arte investigativa . Têm os canalhas entre eles também a sua
canonização, como os santos?
Tudo o que Roma faz para descobrir até os mínimos defeitos daqueles que propõe à
veneração dos fiéis, a Seita Iluminada faz para só admitir em seus mistérios os alunos em que
não vê mais o menor vestígio dessas virtudes religiosas ou civis que os tornariam suspeitos.
Sim, os patifes, em seus antros, querem conhecer-se e saber se seus cúmplices são tão ruins
quanto eles.
[O perfeito espião, ou Código investigador dos Irmãos] Não sei de onde Weishaupt
tirou esta parte do Código que governa os Irmãos Investigadores, mas imaginai uma série de
pelo menos mil e quinhentas perguntas sobre a vida, a educação, o corpo, a alma, o coração, a
saúde, as paixões, as inclinações, os conhecimentos, as relações, as opiniões, o domicílio, os
hábitos, as cores favoritas do candidato; sobre os parentes, os amigos, os inimigos, o
comportamento, as palavras, o andar, os gestos, a linguagem, os preconceitos, as fraquezas;
numa palavra, perguntas sobre tudo o que pode revelar a vida, o caráter político, moral e
religioso, o interior e o exterior de um homem, e tudo o que ele faria, diria ou pensaria numa
circunstância qualquer; imaginai ainda sobre cada um desses artigos vinte, trinta e às vezes
cem perguntas diferentes, uma mais profunda do que a outra: eis o catecismo ao qual o
Iluminado Maior deve responder e sobre o qual deve orientar-se para traçar a vida e todo o
caráter dos Irmãos ou até dos profanos que importa à Ordem conhecer. É esse o Código
investigativo com base no qual a vida do candidato deve ter sido traçada, antes que seja aceito
no grau de Iluminado maior. Esse Código é chamado, nos estatutos da Ordem, nosce te ipsum,
conhece-te a ti mesmo. Essa mesma frase serve de senha para esse grau; mas quando o Irmão
a pronuncia, o outro responde: nosa alios, conheça os outros; e essa resposta exprime muito
melhor o objeto de um Código que poderíamos chamar de o perfeito espião. Julgue-se pelas
seguintes perguntas:
Sobre a fisionomia do iniciado: “seu rosto é corado ou pálido? Branco, preto, loiro,
moreno? Tem o olhar vivo, agudo, embaçado, lânguido, amoroso, soberbo, ardente, abstruso?
Ao falar, olha ele nos olhos ou de lado? Consegue suportar um olhar firme? Tem um ar esperto
ou aberto e livre, ou sombrio, pensativo ou distraído, leviano, insignificante, amistoso, sério?
Tem olhos fundos ou arregalados ou um ar distraído? Sua testa é franzida? Como?
Horizontalmente ou de cima para baixo? etc”.
“Sobre o aspecto: é nobre ou vulgar, livre, desenvolto ou acabrunhado? Anda de
cabeça empinada ou cabisbaixo? Para a frente, para trás ou para o lado? Firme ou trêmula?
Afundada nos ombros ou girando de um lado para o outro?”
“Seu andar é lento, rápido, pausado, de passos longos ou curtos, arrastado,
preguiçoso, saltitante etc”.
“Sua fala é regular ou desordenada, entrecortada? Ao falar, agita as mãos, a cabeça, o
corpo com vivacidade? Aproxima-se daquele com quem fala? Pega-o pelo braço, pela roupa,
pelos botões?... Fala muito ou é calado? E por quê? É por prudência, ignorância, respeito ou
preguiça? etc”.
“Sua educação: A quem a deve? Sempre esteve sob a guarda dos pais? Como foi criado
e por quem? Estima os mestres a que deve sua formação? Viajou? Em que país?”
Julguem-se por essas perguntas aquelas que tratam da mente, do coração, das paixões
do iniciado. Sobre esses assuntos, só assinalarei as seguintes: “quando se encontra entre
diversos partidos, qual o que defende? o mais forte ou o mais fraco? o mais espiritual ou o
mais bruto? forma um terceiro partido? é constante e firme apesar dos obstáculos? como se
deixa conquistar? pelos elogios, pelas lisonjas, pelas baixezas, pelas mulheres, pelo dinheiro,
pelos amigos etc. Se gosta da sátira, contra que prefere exercê-la? Contra a religião, a
superstição, a hipocrisia, a intolerância, o governo, os ministros, os monges etc”.
Os Investigadores têm ainda de incluir muitos pormenores na história de seu iniciado.
É preciso que cada característica com que o retratam seja demonstrada por fatos e sobretudo
por esses fatos que traem um homem, quando ele menos espera (Carta de Weishaupt). É
preciso que eles sigam até no sono o Irmão investigado; que sejam capazes de dizer se é
dorminhoco, se sonha, se fala durante o sono; se é fácil ou difícil de acordar e que impressão
nele provoca um despertar súbito, forçado, inesperado?
Se houver uma dessas questões ou alguma parte da vida do Recipiendário sobre a qual
a Loja não tenha sido suficientemente instruída, diversos Irmãos são escolhidos e
encarregados de dirigir para essa arte todas as suas investigações. Quando finalmente o
resultado se acha em conformidade com os desejos da Seita, é marcado o dia da recepção.
Deixando de lado os pormenores insignificantes do rito maçônico sobre a qual ela se baseia,
examinemos apenas as circunstâncias mais próprias do Iluminismo.
[ Admissão ao grau de Iluminado maior] Introduzido num quarto escuro, o adepto
renova seu juramento do mais profundo segredo sobre tudo o que vir ou aprender a respeito
da Ordem. Em seguida, entrega ao seu Introdutor a história selada de sua vida; ela é lida na
Loja e comparada com o quadro histórico traçado pelos mesmos Irmãos do Recipiendário.
Terminada a leitura, volta o Introdutor e lhe diz:
“Deste-nos uma prova preciosa de confiança; mas, na verdade, não somos indignos
dela; e esperamos que ela venha a aumentar, à medida que nos conheceres melhor. Entre
homens que só buscam tornar-se melhores, a si mesmos e aos outros, e a salvar o mundo
inteiro de suas desgraças, já não deve haver dissimulação. Longe daqui, portanto, toda
reserva. Estudamos o coração humano – por isso, não nos envergonhamos de revelar nossos
erros uns aos outros. Eis, portanto, o quadro que a assembleia dos Irmãos traçou de tua
pessoa. Deves reconhecer pelo menos alguns traços semelhantes. Lê e responde em seguida
se continuas a querer pertencer a uma Sociedade que, assim como és, te estende os braços”.
Se a indignação ante a estranha espionagem de que é prova esse quadro histórico
pudesse levar a melhor no coração do aluno sobre o medo de abjurar uma Sociedade que
doravante conta contra ele com tais armas, ele não hesitaria em pedir o afastamento; mas
percebe o que tal ato poderia custar-lhe. Ele mesmo, aliás, já se acostumou com as funções
investigadoras para se ofender com o resultado delas a seu respeito. Dão-lhe algum tempo
para meditar. O desejo de ser elevado ao novo grau supera qualquer outra consideração; ele é
introduzido na Loja dos Irmãos; e ali, parte do véu que cobre os segredos da Seita é levantado
para ele; ou melhor, ainda ali são os seus segredos que lhe arrancam, para saber até que ponto
seus anseios se aproximam dos da Seita.
Depois de um preâmbulo conveniente, “tenho, diz-lhe o Iniciante, algumas outras
perguntas a te fazer, relativas ao objeto sobre o qual é absolutamente necessário que a
opinião dos Irmãos nos seja conhecida”. Observe o leitor estas perguntas; e quando voltarmos
a tratar dos mistérios da Ordem, compreenderá melhor esse processo sucessivo e gradual que
os coloca pouco a pouco no coração do adepto, como se tivesse concebido e imaginado ele
mesmo todos eles.
1 . “Vês neste mundo a virtude recompensada e o vício punido? Não vês, ao contrário,
o patife mais feliz exteriormente, mais considerado, mais poderoso que o homem de bem? Em
suma, estás contente com este mundo, tal como está agora?”
2 . “Para mudar a ordem presente das coisas, não gostarias, se pudesses, de reunir os
bons e uni-los estreitamente, para torná-los mais poderosos do que os maus?”
3 . “Se pudesses escolher, em que país gostarias de ter nascido, em vez de tua pátria?”
4 . “Em que século gostarias de ter vivido?”
5 . “Com a liberdade de escolher, que condição e que ciência preferirias?”
6 . “Em matéria de história, qual é o teu autor favorito ou teu mestre?”
7 . “Não julgas ser teu dever oferecer àqueles que provaram ser teus amigos todas as
vantagens exteriores possíveis, para recompensá-los de sua probidade e lhes tornar mais doce
a vida? Estás pronto a fazer o que a Ordem exige dos Irmãos nesse grau, estatuindo que cada
um de nós assuma o compromisso de dar, cada mês, conselhos aos nossos Superiores sobre os
empregos, os serviços, os benefícios e outras dignidades semelhantes de que podemos dispor
ou cuja posse podemos obter por nossa recomendação; a fim de que nossos Superiores
tenham com isso a oportunidade de apresentar para esses empregos os dignos membros da
nossa Ordem?”
A resposta do Iniciado será redigida por escrito e inserida nos arquivos da Loja. Esperase que ela exprima profundo descontentamento com a atual ordem das coisas e demonstre o
quanto o candidato suspira por uma revolução que mude a face do universo. Espera-se,
principalmente, que ele prometa ver os Irmãos como os únicos dignos de serem elevados,
quer na Corte, quer na Cidade, a todos os cargos que possam aumentar a riqueza, o poder e o
crédito do Iluminismo. O Iniciante parte desta premissa, e lhe dirige este discurso:
“Irmão, como vês, é assim que depois de ter testado os melhores homens, procuramos
aos poucos recompensá-los, servir-lhes de apoio, para dar imperceptivelmente ao mundo uma
nova forma. Já que tu mesmo percebes quão pouco os homens cumpriram até agora o seu
destino, o quanto tudo degenerou em suas instituições civis, quão pouco os Doutores da
sabedoria e da verdade conseguiram tornar-lhes a virtude mais apreciada e dar ao mundo uma
disposição mais feliz; deves perceber, também, que a culpa disso deve estar nos meios que os
sábios têm adotado até agora. É esses meios, portanto que convém mudar, para devolver,
enfim, seu império à sabedoria e à verdade. É este o grande objetivo dos trabalhos da nossa
Ordem. Meu amigo! Meu irmão! Meu filho! Quando aqui reunidos, longe dos profanos,
consideramos a que ponto o mundo está entregue aos maus; como as perseguições, a
desgraça são o quinhão do homem de bem; e como a melhor parte do gênero humano é
sacrificada ao interesse pessoal; ante esse espetáculo, poderíamos, então, nos calar, nos
contentar em suspirar? Não tentaríamos sacudir o jugo? – Não, Irmão, conta conosco. Busca
colaboradores fiéis; busca-os, não no tumulto e nas tempestades; eles estão escondidos nas
trevas. Protegidos pelas sombras da noite, é lá que solitários, silenciosos ou reunidos em
círculos pouco numerosos, filhos dóceis, eles dão continuidade à grande obra, sob a guia de
seus chefes. Eles chamam para si o filho do mundo, que vive embriagado – Como são poucos
os que os ouvem! Só quem tem os olhos da ave de Minerva, quem colocou seus próprios
esforços sob a proteção do astro da noite é capaz de encontrá-los”.
Temendo que esse discurso não tenha bastado para fazer o Irmão compreender o
objetivo do seu novo grau, o Secretário abre o Código da Loja, intitulado Resumo geral do
sistema da Ordem. O Iluminado aprende com esse capítulo que o objetivo da Ordem é difundir
a pura verdade e fazer triunfar a virtude. Nada de preciso, mais uma vez, sobre o que a Ordem
entende por pura verdade. Dizem-lhe só que é preciso, para difundi-la, “começar por curar os
homens de seus preconceitos, esclarecer as mentes, reunir, em seguida, todas as forças
comuns para purificar das sutilezas inúteis as ciências, estabelecer princípios tirados da
natureza. – Para isso, prossegue o Secretário, temos de abrir todas as fontes dos
conhecimentos; devemos recompensar os talentos oprimidos, tirar da poeira os homens de
gênio, apoderar-nos da educação da juventude, formar entre as melhores cabeças um laço
indissolúvel, combater com ousadia, mas também com prudência, a superstição, a
incredulidade, a tolice, formar, enfim, os nossos de maneira que tenham sobre todos os
objetos princípios verdadeiros, justos e uniformes”.
“É para isso que servem as nossas escolas minervais e os graus inferiores da
maçonaria, sobre a qual a nossa Ordem procura exercer o máximo possível de influência, para
dirigi-la para o nosso objetivo. Temos, em seguida, graus superiores, em que os Irmãos que
passaram por todos os graus preparatórios aprendem a conhecer os últimos resultados de
nossos trabalhos e de todos os procedimentos da Ordem”.
Para alcançar um dia esses resultados, cumpre “subtrair ao vício a preponderância,
fazer que o homem de bem encontre recompensa mesmo neste mundo. Mas neste grande
projeto, os padres e os príncipes nos resistem, temos contra nós as constituições políticas dos
povos. Que fazer nesta situação? Favorecer revoluções, tudo derrubar, expulsar a força pela
força e trocar a tirania pela tirania? Longe de nós tais meios! É censurável toda reforma
violenta, porque não melhora a situação, enquanto os homens com suas paixões
permanecerem tais como estão, e porque a sabedoria não precisa de violência”.
“Todo o plano da Ordem tende a formar os homens, não por declamações, mas pela
proteção e pelas recompensas devidas à virtude. É preciso atar imperceptivelmente as mãos
dos protetores da desordem e governá-los sem parecer dominá-los”.
“Em suma, é preciso estabelecer um regime dominante universal, uma forma de
governo que se estenda pelo mundo inteiro, sem romper os vínculos civis. É preciso, sob essa
nova forma de governo, que todos os outros possam seguir seu desenvolvimento normal e
fazer tudo, desde que não impeçam a nossa Ordem de alcançar a sua meta, que consiste em
fazer o bem vencer o mal”.
“Essa vitória da virtude sobre o vício foi outrora o objetivo de Cristo, no
estabelecimento da pura religião. Ensinava os homens a serem sábios, deixando-se guiar, para
seu bem, pelos melhores e mais sábios. Na época, a pregação podia bastar; a novidade fazia
que a verdade prevalecesse. Hoje, precisamos de recursos mais potentes. É preciso que o
homem, dirigido pelos sentidos, encontre na virtude atrativos sensíveis. A fonte das paixões é
pura; convém que cada qual possa satisfazer as suas nos limites da virtude e que a nossa
Ordem forneça os meios para isso”.
“É preciso, também, que todos os nossos Irmãos, elevados no mesmo tom,
estreitamente unidos uns aos outros, tenham todos um só objetivo: ao redor das potências da
terra, é preciso reunir uma legião de homens incansáveis, que dirijam em toda parte seus
esforços, segundo os planos da Ordem, para a felicidade da humanidade... mas tudo isso deve
ser feito em silêncio; nossos Irmãos devem apoiar-se uns aos outros, socorrer os bons na
opressão e procurar conquistar todos os lugares que conferem poder, para o bem da causa”.
“Temos certo número desses homens em cada país? Eles poderão formar dois outros.
Se se mantiverem unidos e próximos, nada mais é impossível para a nossa Ordem e é assim
que, no silêncio, ela já fez muito pela felicidade da humanidade”.
“Vês, Irmão, abrir-se um vasto campo para a tua atividade. Torna-te nosso digno
colaborador, auxiliando-nos com todas as tuas forças. Conosco, não há trabalho sem
recompensa”.
A essas lições se segue a leitura de dois capítulos, mais especialmente projetados com
vistas às funções do novo Iluminado maior. O primeiro já lhe é conhecido: é o código do Irmão
Insinuante ou Recrutador. Torna-se depositário dele porque, doravante, lhe cabe julgar os
alunos de todo Insinuante. O segundo é o Código ou a arte do Investigador. Ele lhe é confiado
porque deverá daí em diante exercer mais especialmente essa arte, presidindo as academias
minervais; e porque tem de aprender o que os novos Irmãos haviam feito para traçar com
tamanha fidelidade o seu retrato histórico ou penetrar em seu foro interior melhor do que ele
mesmo; e como deve agir para só admitir em seu novo grau Irmãos tão bem dispostos quanto
ele em relação à Seita. O favor que acaba de receber não deixa entre ele e os mistérios senão
um grau intermediário, o que a Ordem chama de Cavaleiro Escocês1
1
N.N. Todo este capítulo é apenas um extrato do grau de Iluminado maior e das instruções anexas ao
rito desse Código, em O Verdadeiro Iluminado.