baixar - Vitória

Transcrição

baixar - Vitória
revista oficial do esporte clube vitória
outubro / novembro 2012 | R$ 5,99
Sangue
rubro-negro
Campanha do Vitória
aumenta doações de
sangue em 47% e
sensibiliza o Brasil
Uma nova Canabrava
Veja como o Leão transformou o
bairro em parque socioambiental e
melhorou a vida da população
Victor Ramos
Xerifão da zaga rubro-negra fala
sobre a vida e declara estar em
seu melhor momento
#2
Foto: Fabriciano Júnior
Foto: Zecops
c u r ta
galeria
No primeiro jogo da campanha O Meu Sangue É
Rubro-Negro, o VITÓRIA entrou em campo com listras
brancas no lugar das vermelhas. Nos quatro jogos
seguintes, o vermelho foi tomando seu lugar
Foto: Felipe Oliveira
Garra de Uelliton e Victor Ramos.
Esse é o espírito do acesso do Leão
Marra rubro-negra. Isso que é garoto esperto
Foto: Fabriciano Júnior
Para não se perder
A ‘Delegata’ Patrícia Nuno foi prestigiar o Leão, com sua Vitória Magazine
06
c u r ta
galeria
Foto: Zecops
Foto: Fabriciano Júnior
Nonono no nononono
nononon no nononono
nono nononono
Estar bem alimentado, pesar mais
de 50 quilos e ter entre 16 e 67
anos de idade são pré-requisitos
para ser um doador de sangue
Foto: Felipe Oliveira
Nino Paraíba, inspirado,
no controle da ‘pelota’
Atenção, muita atenção...
Foto: Felipe Oliveira
Sou eu, sou eu, sou eu Imbatíveis sou eu...
Alegria, alegria. Menino feliz é menino rubro-negro
09
c u r ta
índice
“Essa foi uma atitude admirável, pois o clube abriu mão momentaneamente da tradição de seu uniforme, pensando somente na ação”
Carlos Saraiva, Gerente de Relações Esportivas da Penalty,
sobre a campanha
Foto: Zecops
Foto: Fabriciano Júnior
Editorial ..... 12
Palavra do presidente ..... 14
Fera rubro-negra
Xerifão da zaga do Leão, Victor
Ramos fala sobre as experiências
internacionais e revela estar muito
feliz por jogar no time que o revelou
26
Brado da galera ..... 16
Giro ..... 18
Paixão no Barradão ..... 20
Foto: Yordan Bosco
Copa do Nordeste ..... 24
Sou Mais Vitória ..... 25
Entrevita - Acelino Popó ..... 36
Ilustre Torcedor ..... 38
Parque socioambiental
Veja como o VITÓRIA colaborou para
levar melhorias sociais, ambientais,
econômicas e urbanísticas ao bairro
de Canabrava
52
Da base ..... 40
Pé de moleque ..... 42
Esportes Olímpicos ..... 44
Felina ..... 46
Análise ..... 48
Leão na rede ..... 49
Tu tens grande história ..... 50
Se saia de ‘poblema’ ..... 58
Meu sangue é rubro-negro
Campanha de incentivo à doação de
sangue teve repercussão internacional
e foi responsável pelo aumento de
47% no estoque da Fundação Hemoba.
Zagueirão Gabriel fez a sua parte
30
Foto de capa: Pedro Ken dá sangue
pelo VITÓRIA e nação rubro-negra
doa sangue para salvar vidas
(Foto: Felipe Oliveira)
11
c u r ta
editorial
Quem teve diagnóstico de hepatite após
11 anos de idade, grávidas e lactantes
e quem apresentar sintomas de gripe
ou febre não pode doar sangue
expediente
Yordan Bosco - Editor
[email protected]
VITÓRIA faz
a diferença
O momento não poderia ser melhor.
O Leão disparado na disputa da Série
B, rumo ao acesso e ao título, que, pelo
andar da carruagem, tudo indica virão
antecipados. O time tá sobrando, jogando muito e batendo em todos que aparecem pela frente. Seja no Barradão ou
em qualquer outro campo. Esta segunda
edição da Vitória Magazine celebra, junto
com a nação rubro-negra, este momento mágico que o time vem passando.
Em uma campanha à altura da grandeza rubro-negra, temos superado, em
percentual, todas as outras equipes que
disputaram e ganharam a Série B na
história dos pontos corridos. Nem Corinthians, nem Vasco, nem Coritiba e nem
Atlético Mineiro fizeram o que estamos
fazendo até aqui. Isso é motivo de orgulho para todos os torcedores. Não temos
dúvida. Porém, orgulho maior ainda foi
ver o Leão surpreender o país e ser notícia internacional com uma inédita campanha de doação de sangue.
‘O Vitória sempre deu o sangue por
você. É hora de retribuir. Doe.’ é um dos
slogans da campanha que teve início no
jogo VITÓRIA 2x0 Avaí, no dia 30 de junho, e foi finalizada no dia 14 de agosto,
na partida VITÓRIA 2x0 Guaratinguetá.
12
Durante esse período, as doações de
sangue na Fundação de Hematologia
e Hemoterapia da Bahia (Hemoba) aumentaram em 47%, segundo dados da
instituição. Sem falar nas mobilizações
em outros estados do país.
Idealizada pela Penalty, pela agência Leo Burnett e pelo Departamento
de Marketing do Rubro-Negro, a ação
foi notícia até na TV inglesa BBC. Para
sensibilizar as pessoas, o time do VITÓRIA iniciou jogando com listras
brancas no uniforme, em substituição
às vermelhas. Nas quatro partidas seguintes, no Barradão, o vermelho foi
tomando o lugar do branco, à medida
que as doações foram aumentando.
A campanha, que também contou com a parceria da Secretaria da
Saúde do Estado da Bahia (Sesab),
não foi abraçada apenas pela nação
rubro-negra, mas por todos os baianos,
inclusive pelos torcedores rivais. E por
isso superou todas as expectativas. Além
de incrementar o estoque da instituição
que fornece hemocomponentes (hemácias, plaquetas e plasma) para todas as
unidades hospitalares assistenciais da
Bahia, tocou o coração das pessoas para
a importância da doação, tornando-se
um marco na saúde pública do estado.
É por atitudes como essa que o EC
VITÓRIA comprova ser uma agremiação esportiva diferenciada. É uma instituição atuante em causas de cunho
social, de cidadania, ambiental, entre
outras. É uma entidade que, de forma
eficiente e inteligente, usa sua grande influência entre os torcedores para
fazer a diferença na sociedade. É um
time que orgulha sua nação, não apenas pelos resultados em campo e pelas conquistas esportivas, mas por sua
grande importância social.
A revista VITÓRIA MAGAZINE é uma publicação bimestral
do Esporte Clube Vitória e tem tiragem de 10 mil exemplares.
A revista é produzida pela empresa Quatro Linhas
Soluções em Comunicação.
Presidente do Conselho Deliberativo:
José Rocha
Vice-presidente do Conselho Deliberativo:
Silvoney Sales
Presidente do EC VITÓRIA:
Alexi Portela Jr.
Vice-presidente do EC VITÓRIA:
Carlos Falcão
Edição e produção:
Yordan Bosco (DRT–BA 2992)
Projeto gráfico, diagramação e tratamento de imagens:
Alexandre Karr
Direção executiva:
Francisco Fidalgo
Marco Trinchão
Revisão:
Socorro Araújo
Contato comercial:
[email protected]
[email protected]
Telefone: (71) 3414-9834
Colunistas:
Leando Silveira, Mário Ferraz, Maurício Naiberg,
Moysés Suzart e Paulo Leandro.
Colaboraram nesta edição:
(textos) Francisco Ribeiro e Roque Mendes; (fotos) Fabriciano Júnior, Felipe Oliveira, Francisco Aguiar, Jade
Matarazzo, Mário Ferraz, Tracy Kraft Leboe e Zecops.
Ilustrações:
Guri Comunicação
Impressão:
Vox Editora
Os textos assinados reproduzem as opiniões dos seus
autores e não necessariamente do veículo e do clube.
Contatos por e-mail:
[email protected]
Correspondências:
Rua Frederico Simões, 98, Edf. Advanced Trade Center - sala 702 - Caminho das Árvores - Salvador – BA
CEP 41.820-744
palavra do presidente
Alexi Portela Jr.
Presidente do VITÓRIA
Momento mágico
É com imenso prazer que falo à
nação rubro-negra, mais uma vez,
através desta coluna da Vitória Magazine. E se o simples exercício de
comunicar com o torcedor é sempre
uma grande alegria para mim, celebrar grandes feitos do VITÓRIA, então, é motivo de satisfação plena. É
como vibrar com um gol decisivo, em
uma final de campeonato.
Da edição inicial da nossa revista oficial para este segundo número, muitas
coisas boas ocorreram. Neste curto espaço de tempo alcançamos a liderança
da Série B e já sentimos o acesso à Série A cada vez mais próximo.
Tivemos ainda importantes resultados nas Divisões de Base, nos
esportes olímpicos e apresentamos
um completo e ousado planejamento estratégico para os anos 20122017, que vai promover um grande
salto na nossa gestão e, com certeza, importantes conquistas dentro
de campo. Fui aclamado novo presidente da Liga do Nordeste, por ocasião do lançamento oficial da edição
2013 do Campeonato do Nordeste,
trazendo de volta uma importante
competição, que vai representar
uma receita extra, mais visibilidade
aos clubes da região, além de instigar a volta da rivalidade sadia.
14
Vale ressaltar que entre os meses
de junho e agosto promovemos uma
das mais criativas e eficientes campanhas de doação de sangue que
este país já viu. Quando a diretoria
da Penalty e sua agência de propaganda, Leo Burnett, nos apresentaram a ideia de uma campanha para
sensibilizar os torcedores e toda a
sociedade sobre a importância de
doar sangue para salvar vidas, nos
interessamos de imediato. Afinal, o
exercício da cidadania e a responsabilidade social estão entre as principais marcas da nossa gestão e têm
feito do EC VITÓRIA uma instituição
de futebol diferenciada.
Tirar temporariamente o vermelho
da nossa camisa foi de uma ousadia muito grande. O aumento de
quase 50% nas doações de sangue
no principal hemocentro da Bahia
(Hemoba), a repercussão em todo
o país, além dos destaques na imprensa internacional, mostraram que
marcamos mais um golaço.
O VITÓRIA e sua torcida são sempre surpreendentes. Criatividade,
garra, sensibilidade e talento estão
em nosso DNA. Mostramos, mais
uma vez, que somos diferentes e que
temos uma forma peculiar para tudo.
Para comemorar, para sofrer, para
exigir melhorias no time, para gozar
os rivais e para ajudar ao próximo.
Por isso, agradecemos e dividimos o
sucesso da campanha Meu Sangue
É Rubro-Negro com todos os torcedores do VITÓRIA, o povo baiano, a
Penalty, a Leo Burnett, o Governo do
Estado da Bahia, a OAS Empreendimentos, a TIM e o Jornal A Tarde.
Saudações rubro-negras
Foto: Zecops
brado da galera
Foto na revista
Lucas Deda, com a tia Eliane Viana,
a pedido da mamãe, Juliana
Foto: Arquivo Pessoal
Minha família é fanática pelo VITÓRIA, especialmente meu filho Lucas, de 11 anos.
O sonho dele é ver uma foto sua na revista
do VITÓRIA. Será que isso é possível???
Obrigada pela atenção,
Juliana Deda
[email protected]
Resposta: Juliana, está aí a foto
do seu bambino.
Verdadeiro vencedor
Na página 37 da primeira edição da Vitória Magazine aparece uma foto minha. Fui ganhador
da promoção, porém vocês erraram o nome.
Sou Lucas Brandão e não ‘Marcelo Aragão’.
Lucas Correa Brandão
Resposta: Desculpa nossa falha, Lucas.
Segue agora a foto com o nome correto.
‘Erros grosseiros’
Li a primeira edição da revista Vitória Magazine e na matéria Rumo à Série A, escrita
por Yordan Bosco, existem alguns erros grosseiros. Primeiro o Barcelona de Guayaquil, que na matéria é citado como um clube colombiano, na verdade é o Barcelona
Sporting Club, tradicional equipe de futebol equatoriana. Segundo, o Atlético Paranaense foi campeão brasileiro da Série A em 2001, contra o São Caetano, e não em
2004, como na matéria. Em 2004, o campeão brasileiro foi o Santos Futebol Clube.
Att.
Luiz Valente Neto • [email protected]
Resposta: Nobre Luiz, muito obrigado pelas correções e pela gentileza de
apontar nossos “erros grosseiros”. Estamos trabalhando para minimizá-los
já nesta segunda edição. Só não podemos prometer zerá-los, pois é difícil.
Valeu a colaboração e grande abraço!
Recursos inexcedíveis
Olá, amigos da revista Vitória Magazine. Com vivo interesse li todas as páginas do
primeiro exemplar da revista oficial do Esporte Clube Vitória - Vitória Magazine - e a
que ora me reporto para assinalar minha fecunda alegria tanto pelo que se escreveu,
assim como pelo projeto gráfico e de tratamento de imagens. O editorial Estamos na
Área foi um convite que me foi dirigido a de uma só vez afundar, página a página,
todo o consistente conteúdo com recursos pictóricos rubro-negros inexcedíveis.
Sinceros parabéns! Minha expectativa é muito grande para a chegada da
próxima edição.
Cordiais saudações
Iraci de Souza Spínola • [email protected]
Lucas Brandão, vencedor da
promoção Bote Fé no Leão
16
Resposta: Ora, pois, Iraci, ficamos lisonjeados com tamanho reconhecimento. É de um regozijo incomensurável saber que temos leitores como você.
c u r ta
Uelliton recebe homenagem de aniversário
Memorial ganha
faixa de campeão
de 1963
Foto: Felipe Oliveira
O volante se emocionou
ao ter seu nome cantado
pela torcida
No dia que completou 25 anos, o volante
Uelliton voltou a ter seu nome chamado pela
torcida, que cantou parabéns e atendeu ao
pedido de perdão do jogador. Feliz, o capitão foi homenageado no vestiário com um
bolo de chocolate. “Não teve presente melhor que a torcida gritar meu nome, além da
vitória”, disse Uelliton. “Estou imensamente
feliz com o perdão da torcida”. O capitão fez
aniversário no dia 28 de agosto, quando
O delegado e jornalista Antônio Matos, 64 anos, deu um grande presente
ao VITÓRIA. Ele entregou ao vice-presidente do clube, Carlos Sérgio Falcão,
a faixa de bicampeão juvenil invicto,
que recebeu em 1963 – ao conquistar
o título, como lateral-esquerdo titular
–, para integrar o acervo do Memorial
13 de Maio. “Tínhamos como destaques daquele time Domingos, no gol,
Márcio Mont’Alegre (ex-presidente
do clube), meu amigo-irmão, no meio
da zaga, e os gêmeos Paulo e Roberto Adami de Sá, além de Wellington
Sampaio, no meio de campo, e Santa
Rosa – que depois se transformou
num excepcional quarto-zagueiro –
no ataque”, disse um saudoso Matos, na época chamado de Nininho,
um adolescente de 16 anos.
o Rubro-Negro venceu o Barueri por 1x0.
Quem também foi homenageado no Barradão, só que no dia 12 de junho, na vitória
contra o Guarani, foi o atacante Marquinhos.
Ele completou 100 jogos como profissional
com a camisa rubro-negra. O vice-presidente Carlos Sergio Falcão, acompanhado do
gestor de futebol Raimundo Queiroz, entregou uma placa de prata ao jogador, que entrou em campo com a camisa número 100.
Leão homenageia
Tácio Caldas ganha
supervisor Mário Silva bola da Penalty
Aniversariante do dia 30 de agosto, o
supervisor Mário Silva foi homenageado
antes do jogo VITÓRIA x Criciúma (4 de setembro), quando o presidente Alexi Portela
Júnior entregou-lhe uma camisa com o número 43, referência aos anos de trabalho
do funcionário. Mário, que chegou ao clube
como office boy e foi posteriormente efetivado na função de supervisor, é o funcionário mais antigo do clube. Surpreso com a
homenagem, ele ficou bastante emocionado e agradeceu aos companheiros.
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Barradão é
elogiado por
diretor da CBF
Foto: Yordan Bosco
Foto: Divulgação EC VITÓRIA
O estudante de Direito Tácio Caldas
é o grande vencedor da promoção Gol
do Leão, da revista Vitória Magazine.
Graças à emocionante descrição de um
gol do Rubro-Negro sobre o Grêmio, do
Brasileirão de 2009, ele ganhou uma
bola oficial da Penalty.
Torcedor venceu promoção Gol do Leão com
declaração emocionante
O diretor de Competições da
Confederação Brasileira de Futebol
(CBF), Virgilio Elísio da Costa Neto,
destacou que o Estádio Manoel Barradas está entre os 10 maiores do
Brasil, ao participar do seminário
sobre Operações de Estádios, em
Fortaleza. Os projetos baianos para a
Copa do Mundo de 2014 também foram destacados no seminário. A Arena Fonte Nova foi observada como
o primeiro estádio para a Copa do
Mundo de 2014 que já está desenvolvendo o processo de operação.
Planejamento estratégico do Leão
tem metas ousadas até 2020
Uma das principais referências de
administração entre os grandes do
futebol do Brasil, o EC VITÓRIA deu
mais um passo importante para a consolidação profissional da sua gestão
e do futebol. No início de setembro, a
diretoria do Leão e o Instituto de Gestão, Educação, Política e Estratégia
(Ingepe) apresentaram o planejamento
estratégico do clube para o período
entre 2012 e 2017. Intitulado Vitória:
um Presente para o Futuro, o programa
consiste em uma série de ações e estratégias administrativas que têm como
principal meta colocar o Rubro-Negro
entre as dez maiores instituições do
futebol brasileiro até 2020.
O VITÓRIA sempre foi vanguarda no
futebol nordestino e agora o alvo é colocar o Rubro-Negro conhecido nacional e internacionalmente pela qualidade
da gestão, pelas conquistas no futebol
profissional, pela presença nos esportes olímpicos e pela excelência nas
categorias de base. “O planejamento
estratégico é que vai balizar todas as
metas e é importante saber para onde
vamos como agremiação esportiva.
Não há vento favorável a quem não
sabe para que porto quer navegar”,
comentou o vice-presidente do clube,
Carlos Falcão, que destacou ainda a
qualificação profissional de todos.
funcionários, torcedores e representantes da imprensa especializada. Todo o
processo foi dividido em quatro fases:
diagnóstico completo, delineamento da política de recursos humanos,
construção do planejamento estratégico 2012-2017 e relatório final.
“O planejamento tem o objetivo
de aprender com o passado para
pautar nossas ações do presente e
construirmos um amanhã de muitas
outras vitórias”, explicou o presidente Alexi Portela Júnior. “É chegada a
hora de nós, rubro-negros, de posse
dos valiosos instrumentos que foram
construídos até aqui, arregaçarmos as
mangas e fazermos o que for necessário para que o nosso amado clube
possa cumprir sua missão, concretizar sua visão e alcançar todos os seus
objetivos, sempre pautados nos valores que nos fazem ser muito mais que
um time de futebol”, destaca Portela.
De acordo com o presidente do
Ingepe, Rodrigo Santos, nenhum
outro time teve a coragem de fazer
um autorretrato como o VITÓRIA fez.
“Para buscar oportunidades, tem que
mostrar suas falhas. Por isso foi feita
uma radiografia completa em todas
as áreas estratégicas da instituição.
Da gestão, do futebol, da comunicação, da base, entre outros setores”,
explica. “Entendemos que tudo que
vai acontecer a partir de agora vai
ser fundamental para o sucesso do
planejamento. Hoje o VITÓRIA tem
um planejamento estratégico que não
deve nada a nenhum outro clube do
Brasil”, complementa Rodrigo Santos.
Foto: Yordan Bosco
giro
Para poder doar sangue, as pessoas com
16 e 17 anos de idade só podem fazê-lo
com autorização formal e a presença de
um responsável no local da doação
Diagnóstico
Foram seis meses de levantamento de diagnósticos e oficinas com os
mais diversos segmentos do clube
para planejar o futuro da instituição a
partir do pensamento, das vozes e das
propostas de conselheiros, diretores,
O presidente do Ingepe, Rodrigo Santos, passa o planejamento às mãos Silvoney Sales, observados por Alexi Portela
19
paixão no Barradão
A peregrinação de Marcus Lyrio
acompanhando o VITÓRIA começou nas
últimas rodadas da Série A de 2010
Fotos: Arquivo pessoal
Sempre viajei para ver,
em média, uns dez jogos
por ano fora de Salvador.
Decidi continuar a viajar
para ajudar o VITÓRIA
no retorno à Série A, e
depois de 80 jogos me
planejei para seguir até os
113 em homenagem ao
aniversário do clube”
113 jogos seguidos
no 113º aniversário do Leão
ajudar o VITÓRIA no retorno à Série
A, e depois de 80 jogos me planejei
para seguir até os 113, em homenagem ao aniversário do clube”, conta.
Por Francisco Ribeiro
O engenheiro e empresário Marcus André Lyrio completou a simbólica marca
no jogo ABC 0x1 VITÓRIA, em Natal (RN). Em pouco menos de dois anos ele
percorreu 112 mil quilômetros e foi a 29 cidades
Você toparia o desafio de assistir
a mais de 100 jogos consecutivos do
VITÓRIA, dentro e fora de Salvador?
Num período de quase dois anos, você
deveria gastar mais de R$ 30 mil em
viagens, hospedagens e ingressos,
percorreria 112 mil quilômetros e 29
cidades de quatro regiões do país. Enfrentaria a fúria de algumas torcidas
organizadas de outros estados e constantemente se veria longe da família.
Complicado, não? Pois o engenheiro
químico e empresário Marcus André
Lyrio, 36 anos, alcançou a façanha de
acompanhar o Leão em 113 jogos se-
20
guidos, justamente no ano em que o
clube completa 113 anos.
Tudo começou em 2010. O ano tinha iniciado bem com a conquista de
mais um tetra estadual e a participação na final da Copa do Brasil, mas
terminava de maneira inesperada.
Em 7 de novembro daquele ano (na
véspera do aniversário de Marcus), o
VITÓRIA perdeu por 1x0 para o Cruzeiro, no Barradão. Restavam quatro
jogos para o fim do campeonato e o
Rubro-Negro seguia ameaçado na
tabela. Foi ali que ele decidiu seguir
o time em todos os jogos restantes,
dentro e fora de casa, para ajudar na
corrente contra o rebaixamento.
Não deu. O VITÓRIA amargou a
vaga que restava no Z4, perdendo para o Atlético-GO apenas no
número de vitórias. Mas a tragédia
rubro-negra não abalou Lyrio, que
prometeu continuar fazendo valer a
máxima de que “estamos contigo em
qualquer lugar”, presente em um dos
versos do hino antigo. “Fui um dos
fundadores da torcida Os Imbatíveis
e sempre viajei para ver, em média,
uns dez jogos por ano fora de Salvador. Decidi continuar a viajar para
Presentão
Exatamente um ano e dez meses
depois, percorridos 112.673 mil quilômetros, em viagens aéreas e pelas estradas do Brasil, enfim ele assistiu ao
113º jogo consecutivo, justamente na
vitória heroica, nos últimos segundos,
por 1x0 sobre o ABC, em Natal. “Não
poderia ter sido melhor! Mas confesso
que já estou ficando coroa e esse tipo
de jogo é muito complicado para o coração”, brinca. O desfecho eletrizante
da partida foi um verdadeiro presente
ao final da louca empreitada.
Final? “Eu já havia comprado passagens para quase todos os jogos até o
final do primeiro turno do Brasileiro e estou garantido em mais algumas viagens
até o final do ano”, revela Marcus Lyrio.
Mas, mesmo com presença certa em
mais alguns jogos, Marcus, que é pai
de três filhos, promete diminuir o ritmo
após 2012. “Fica um pouco maçante
por causa da família”, explica. Mas a
esposa, a professora Tânia Mara, 37,
Homenagem
às andanças
pelo Brasil, em
nome do amor
ao Rubro-Negro
Marcus com família no Frasqueirão (RN) em 2011, um
ano antes de atingir a marca dos 113 jogos seguidos
desconfia. “Acho que ele não vai conseguir parar. Já se acostumou com
tudo isso e vai acabar viajando para ver
mais jogos”, diz Tânia, que também é
rubro-negra e de início achou tudo uma
loucura. “Depois, fui vendo a empolgação dele e acabei me acostumando. Até
fui assistir a um jogo junto com nossos filhos, em Natal, no ano passado”,
lembra. João Vitor (9), Pedro Lucas (8)
e Maria Vitória (7) formam o time de pequenos rubro-negros da casa.
O início da família também é ligado
ao VITÓRIA, pois Marcus e Tânia se
conheceram nos anos 90, justamente
no Barradão. “Eu fazia parte da antiga
Torcida Jovem e ela cursava Educação
Física na Universidade Católica (Ucsal).
Dois amigos meus de torcida, Rubinho
e Flávio, também estudavam lá e a
gente se via sempre”, lembra Marcus.
O trabalho de Lyrio também é ligado
ao EC Vitória. Ele é dono da loja Leão
da Barra do Shopping Paseo Itaigara,
em Salvador. Além disso, uma das
quatro tatuagens que possui mostra o
mapa do Brasil, o escudo do Leão e
os dizeres que comprovam a fidelidade do torcedor rubro-negro: “Estamos
contigo em qualquer lugar”.
Ilustração: Guri Comunicação
21
Fotos: Zecops
Torcedor
ilustre
Gabriel Araújo, lateral
esquerdo do Vitória
Quem estava nas cadeiras do Barradão, assistindo ao jogo Vitória 2x0
Avaí, foi o lateral esquerdo, então recentemente contratado, Gabriel Araújo. Torcedor do Leão desde criança, o
jogador, de 21 anos, destacou a emoção de ver pela primeira vez um jogo
na condição de atleta do VITÓRIA:
“Fiquei meio nervoso, porque queria
tá lá embaixo, ajudando os companheiros. Mas, como não deu, fiquei
na torcida. Emoção total”.
Confiança entre amigas
Paixão em família
Batom, maquiagem, cabelos arrumados, camisa do time e
muita confiança. É assim que as amigas Nelma França, Luana
Tavares e Tainá Moraes adoram ir, juntas, ao Barradão. Vizinhas e parceiras de arquibancada, todas são apaixonadas pelo
VITÓRIA. Junto com elas estão sempre o maridão e os filhos de
Nelma, que concorreu para ser musa do time em 2007. Tainá e
Luana são filhas de rubro-negros. “Essa parceria é de sucesso.
Sempre trazemos sorte ao nosso time”, afirma Tainá.
O Industriário Lázaro Soares pode se orgulhar da família
quando o assunto é torcer para o Leão. Sempre que pode,
vai ao Barradão levar vibrações positivas para o time, com
a mulher, Lusimeire, e as filhas, Larissa, 13, e Luana, 6.
“Nos conhecemos rubro-negros e as meninas já nasceram VITÓRIA”, conta Lázaro. “Toda vez que estamos juntos
aqui, o Leão sempre vence”, diz Larissa.
c u r ta
paixão no Barradão
A Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia
(Hemoba) fornece hemocomponentes (hemácias,
plaquetas e plasma) para todas as unidades hospitalares assistenciais do estado da Bahia
Estreia em
grande estilo
Estreante no Barradão, o pequeno João Miguel
Soares, de 2 anos, estava muito à vontade. Pulava,
corria, brincava, mas sempre olhando para o campo.
Filho de rubro-negros, João foi levado pelo tio, o administrador de empresas Bruno Palmeira. De acordo
com Palmeira, o moleque é apaixonado por bola e só
quer ficar vestido com o manto rubro-negro.
Presença certa
Faça chuva, sol ou ventania, a bancária Lícia Magalhães
Oliveira e o marido, José Oliveira, são presenças certas nos
jogos do VITÓRIA, nas cadeiras do Barradão. Pura confiança, a
torcedora afirma que o Leão vai subir para a Série A e destaca
a alavancada do time nos 13 primeiros jogos. Momentos inesquecíveis? O casal Oliveira destaca duas partidas de 2010: a
decisão do Baianão e a final da Copa do Brasil, contra o Santos.
Lícia e José Oliveira, de boa
Tal pai, tal filho
Os garotos Pedro e Luigi estão no mesmo caminho do
pai, o empresário Manoel Mute. E que caminho bom. O
trio está sempre no santuário rubro-negro, torcendo pelo
Leão. Os garotos adoram o programa e sempre levam sorte para o time. “Eles nasceram rubro-negros”, conta o pai,
coruja e confiante pelo acesso do time este ano.
Lusimeire, Larissa,
Lázaro e Luana
Manoel Mute e os
filhos Luigi e Pedro
Nelma, Luana e Tainá
22
O pequeno João Miguel aprontou na sua primeira ida ao Barradão
23
Copa do Nordeste
Foto: Divulgação
Para se associar ao programa de
sócio-torcedor do VITÓRIA, ligue para
(71) 3014-1899
Pentacampeão da competição, o VITÓRIA
briga pelo bicampeonato consecutivo, já que
foi vencedor da última versão, em 2010
Nordestão volta com força em 2013
Competição contará com 16 clubes, acontece entre os dias 19 de janeiro e 17
de março e será transmitida pela Rede Globo e pelo canal Esporte Interativo
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A Copa do Nordeste 2013 terá transmissões das emissoras da Rede Globo e
do canal Esporte Interativo. A Globo transmitirá um jogo por semana para a região
Nordeste, enquanto o Esporte Interativo exibirá duas partidas para todo o Brasil a cada
semana. A competição voltará com toda
força, pois estimulará a rivalidade regional e
promoverá as equipes nacionalmente. Vale
destacar ainda a expectativa de estádios
cheios durante os jogos.
“Além de reacender a rivalidade entre
os clubes da região dentro do campo, o
Nordestão vai voltar a representar uma
receita extra, que vai nos ajudar a montar
equipes mais competitivas para entrarmos fortalecidos nas competições nacionais”, acredita o presidente Alexi Portela
Júnior, que sempre foi um dos principais
defensores da competição. “O campeonato trará mais visibilidade. Não apenas
para o VITÓRIA, mas também para os
demais clubes da região”, complementa
o presidente, que esteve em Fortaleza
acompanhado do vice, Carlos Falcão, e
do diretor Nilton Almeida.
O presidente da CBF, José Maria Marin,
também destacou a oportunidade de reeditar a competição. “O torcedor do Nordeste,
apaixonado pelos seus clubes, capaz de
quebrar recordes de comparecimento de
público, terá agora, em boa hora, mais uma
oportunidade de demonstrar a força do futebol na região. A Copa do Nordeste volta
para ficar, é uma realidade no nosso calendário”, explica Marin. O vice-presidente
da CBF, Marco Polo Del Nero, e o diretor de
Competições, Virgílio Elísio, também estiveram presentes, assim como o presidente da
Federação Baiana de Futebol (FBF), Ednaldo
Rodrigues, e os demais representantes das
federações dos demais estados da região.
Grupos da 1ª fase
Grupo A: Bahia, Ceará, ABC e Itabaiana
Grupo B: Sport, Fortaleza, Confiança e Sousa
Grupo C: VITÓRIA, América/RN, Asa e Salgueiro
Grupo D: Santa Cruz, CRB, Campinense e Feirense
Fotos: Zecops
Em solenidade realizada no Hotel Marina Park, em Fortaleza (CE), foi lançada
oficialmente, no dia 13 de setembro, a
10ª versão da Copa do Nordeste. A competição, promovida pela Liga do Nordeste
e pela Confederação Brasileira de Futebol
(CBF), terá 16 clubes e acontece entre os
dias 19 de janeiro e 17 de março. Durante
o lançamento, que contou com a presença
do presidente da CBF, José Maria Marin, o
presidente rubro-negro, Alexi Portela Júnior,
foi aclamado, pela assembleia, como o novo
presidente da Liga do Nordeste.
A prova será dividida em uma primeira
fase de grupos, seguida de mata-mata, a
partir das quartas de final. O sistema de
sorteio tem como inspiração a Liga dos
Campeões da Europa. Pentacampeão da
competição e vencedor da última versão,
realizada em 2010, o VITÓRIA inicia na
Copa do Nordeste 2013 no dia 20 de janeiro e será o cabeça de chave do Grupo C,
composto ainda por América (RN), Asa (AL)
e Salgueiro (PE). O critério de seleção dos
16 participantes é baseado nas colocações
nos campeonatos estaduais.
25
“Estou no
meu melhor
momento”
Por Yordan Bosco
De bem com a vida e muito feliz por estar
de volta ao VITÓRIA e a Salvador, depois
de três temporadas na Bélgica, o zagueirão Victor Ramos é uma das principais peças rubro-negras na brilhante campanha
do time para retornar à Série A. Inquieto,
irreverente e franco, ele comemora a
atual fase nos gramados - que considera a melhor de sua carreira - e destaca
que as experiências adquiridas na Europa o fizeram amadurecer muito. Ramos
fala também sobre sua paixão pela vida e
confessa não estar nem aí para as especulações da mídia sobre sua vida pessoal
desde que começou um namoro com a
modelo e ex-paniquete Nicole Bahls
26
O
Estou em casa outra vez.
Precisava muito disso.
Amo este clube, esta
torcida, este ambiente
daqui, onde tudo
começou. É maravilhoso
estar na minha cidade,
nas minhas origens”
Foto: Fabriciano Júnior
Victor
Ramos
c u r ta
fera rubro-negra
Ramos chegou à Base do VITÓRIA com
10 anos de idade e, aos 19, no primeiro
ano como profissional, foi vendido para
o Standard de Liége, da Bélgica
ambiente é de total tranquilidade. O silêncio e a paz da Concentração Vidigal Guimarães
permitem ouvir a sinfonia de pássaros,
ecoada das diversas árvores espalhadas pelo hotel rubro-negro. Por volta
das 16h, na véspera do jogo contra o
CRB (que o Leão venceu por 1x0), alguns jogadores, a exemplo de Nino
Paraíba, Leílson, Michel e Neto Baiano,
saem direto do cochilo da tarde para o
quiosque que abriga um salão de jogos,
um refeitório e uma sala de cinema. Eis
que surge o xerifão da zaga rubro-negra, no alto dos seus 1,92 metro. Ele
chega meio sonolento, mas, logo, logo,
o sorriso e a empolgação aparecem e a
cara de maresia vai embora.
À beira da piscina, o papo começa
a desenrolar. Victor Ramos Fonseca
tem os traços característicos de um
jovem vencedor de 23 anos. Inquieto,
direto e determinado, ele não foge às
perguntas, diz tudo na lata. Mas coloca sempre a emoção à frente. Emoção,
por sinal, é o que não falta quando o
assunto é sua relação com o Leão. Ele
não esconde a felicidade e o orgulho de
estar de volta depois de três anos na
Bélgica. Principalmente por fazer parte
de um grupo especial, formado por diversos amigos de Base.
Um dos artilheiros do VITÓRIA na
Série B, com cinco gols até a 25ª
rodada, Victor Ramos é um zagueiro veloz, pegador, seguro e de bom
passe. Ele tem sido decisivo, tanto na
defesa quanto no ataque, na excelente campanha do time para retornar à
elite do futebol brazuca. O cara tem
dado sangue e o reconhecimento da
torcida é recíproco. A cada jogo no
Barradão seu nome é aclamado e
isso tem incentivado o jogador, que
passa, segundo o próprio, pelo melhor momento da carreira.
Ares europeus
Ramos chegou à Base do VITÓRIA
com 10 anos de idade e, aos 19, no
primeiro ano como profissional, foi vendido para o Standard de Liége, da Bél-
gica. Na Europa, evoluiu tecnicamente
e viveu novas experiências de vida que
o ajudaram a amadurecer muito. “Fui
muito novo, sofri, mas me habituei. Conheci outros países e aprendi a me virar
no francês. Fui com contrato de quatro
anos, mas na terceira temporada pedi
aos dirigentes para voltar para o Brasil”,
explica o zagueiro, que no ano da transferência, em 2009, chegou a ser convocado pela Seleção Canarinho para
disputar o Mundial Sub-20 do Egito.
Mas, como não era obrigatório, a CBF o
liberou, a pedido do clube belga.
Victor Ramos arriou as malas em
Liége com moral e logo assumiu a
vaga de titular. Disputou a Champions
League e a Copa da Uefa e sagrou-se
campeão da Supercopa da Bélgica - no
ano que chegou - e da Copa da Bélgica - na temporada 2010 /11. “Vivi
momentos bons e ruins na Europa, o
que é normal. Fui com uma namorada
na época. É complicado morar sozinho
fora do país, principalmente quando
se é muito novo. São outros costumes,
outra língua. Minha mãe ia sempre,
minha irmã também, e cheguei a morar com um amigo”.
“Amadureci como profissional,
como pessoa e, graças a Deus,
foi um momento muito bom e uma
oportunidade única. Cheguei a jogar
com 15 graus negativos. Treinava e
jogava com várias camisas por baixo, agasalhos, luvas e gorro. O frio
às vezes desanimava, mas mesmo
assim aprendi muito, fui ídolo da torcida e ganhei títulos”, detalha. “Lá,
o futebol é mais duro. Os juízes não
marcam qualquer falta. Do pescoço
pra baixo é canela”, brinca.
Sangue rubro-negro
Antes de retornar à Toca, no início deste ano, Victor Ramos teve uma
passagem pelo Vasco da Gama no segundo semestre de 2011, mas não se
firmou no time carioca devido a uma
série de contusões. Melhor para a torcida rubro-negra, que o recebeu de
braços abertos. Disputou o baiano, foi
27
um dos que mais atuaram nesta temporada e revela que está muito feliz no
Leão. “Estou em casa outra vez. Precisava muito disso. Amo este clube, esta
torcida, este ambiente daqui, onde tudo
começou. É maravilhoso estar na minha
cidade, nas minhas origens. É bom ir à
praia, dá uma saidinha nos dias de folga e estar perto da família”, comemora.
Em relação ao time, Ramos explica que está encaixando, tudo está
dando certo e o grupo tá fechado
e unido. “Estamos em um só pensamento, em uma só maré. Tá todo
mundo remando junto e todos focados em um principal objetivo, que é
subir com o VITÓRIA para a Série A”.
Ele ressalta ainda que o fato de ter
muitos jogadores formados na base
proporciona uma identificação do
elenco com o clube.
“Já joguei com muita gente do time.
Com Vovô - Uelliton - Dankler, Gabriel,
Léo, Marquinhos, entre outros. Acho
que isso faz a diferença e contagia os
outros jogadores”, acredita. “É natural
que um cara da Base tenha um carinho especial pelo clube, pelos funcionários e pelos colegas, pois só a gente
sabe o que passou aqui dentro”.
Desafio da Série B
No Brasil, Victor Ramos havia disputado uma Série A pelo Rubro-Negro em
2009 e outra pelo Vasco no ano passado.
Com a quarta participação do VITÓRIA
na Série B, o zagueiro experimenta uma
nova experiência na carreira e tem se
adaptado fácil à nova rotina de viagens e
a um estilo de jogo muito diferente.
“Os campos, os estádios e as
viagens têm outras características.
Temos vivido verdadeiras aventuras. Na Série A você tem mais espaço pra jogar, enquanto na série
B é mais pegado, corrido, bola lá e
bola cá. Muito desgaste, mas vim
pra cá sabendo que seria assim e
estou feliz. Quero botar o Vitória
no caminho certo da Série A”, promete. Como exemplo das aventuras
da competição, Ramos destaca a
28
ida para Varginha, em Minas Gerais,
para jogar contra o Boa Esporte.
Depois de uma viagem de avião até
Belo Horizonte, o grupo teve que ir
de ônibus por mais seis horas.
Tu tá comentado
Desde quando começou a namorar a modelo e ex-paniquete Nicole
Bahls, Victor Ramos passou a virar
assunto nacional em sites de fofoca e
de celebridades. Na volta ao Brasil, a
vida pessoal começou a ser exposta,
com constantes especulações sobre
a vida do casal. A rotina foi novidade
na vida do jovem jogador, já acostumado à frieza e à imparcialidade belga quando o assunto é a vida alheia.
Mas quem pensa que ele se abala
com o assédio da mídia está muito
enganado. Não está nem aí.
“É normal você virar notícia por
namorar uma pessoa famosa. Você
termina caindo no foco da também.
Mas não estou nem aí, isso não preocupa, não me abala”, minimiza. E,
no momento de felicidade que Victor
Ramos vive profissionalmente, pouca coisa lhe abala mesmo. “Estar de
novo em Salvador, com minha família e meus amigos, é muito bom”. Ele
conta que tem trabalhado duro, está
muito focado no time, mas, assim
como todo jovem da sua idade, tem
curtido a vida bastante. “Mas com
moderação, é claro”, destaca.
“Gosto de ir à praia, de pegar uma
‘nightzinha’ e dar uma voltinha. Não
vou mentir que gosto de uma balada.
Tem jogador que mente, dizendo que
não gosta, mas comigo não tem isso
não. Não mascaro. Umas duas vezes
na semana gosto de dar um ‘rolezinho’, até para pegar um gás novo (risos)”, confessa. “Faço coisas que não
prejudicam minha atividade profissional. Também saio muito para almoçar
e jantar com minha família, principalmente com minha avó”. Ramos conta
ainda que sempre vai à praia tomar
um banho de mar e relaxar. “Olhar a
galera (mais risos)”.
Foto: Felipe Oliveira
fera rubro-negra
Ramos é
um dos
artilheiros do
VITÓRIA no
Brasileirão
da Série B,
com 5 gols
Sangue rubro-negro salva vidas
Por Yordan Bosco
Foto: Felipe Oliveira
“O VITÓRIA sempre deu
sangue por você. É hora
de retribuir. Doe.” foi um
dos slogans da campanha
O Leão iniciou a campanha em 30 de junho, quando entrou em campo sem as listras vermelhas da camisa
Foto: Zecops
O
ano de 2012 não vai ficar marcado na história do EC VITÓRIA
apenas pela brilhante campanha na Série B e pelo provável acesso com o título. Esta temporada será
lembrada pela ousadia do Leão em
tirar temporariamente o vermelho da
camisa para salvar vidas. A campanha
Meu Sangue É Rubro-Negro - idealizada pela agência de propaganda da
Penalty, a Leo Burnett, e realizada em
parceria com o Governo do Estado da
Bahia, através da Secretaria Estadual
da Saúde (Sesab) - repercutiu em todo
o país e até na imprensa internacional.
30
A ação, que mobilizou torcida, jogadores, patrocinadores, autoridades,
artistas, órgãos públicos, imprensa e
a população, foi responsável pelo aumento de 47% no volume de doação
de sangue do principal hemocentro
da Bahia, a Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba), durante 46 dias.
A iniciativa de tirar todas as quatro listras vermelhas da camisa rubro-negra e
ir recolocando-as à medida que o volume
de doações fosse aumentando foi ousada e desafiadora. Porém, os resultados
do time em campo, a nobreza da causa
em si e um eficiente planejamento de
mídia, arquitetado pelo Departamento
de Marketing do VITÓRIA, de imediato
contagiaram os corações dos baianos,
rubro-negros ou não, e alertaram todo
o país para um dos problemas que mais
preocupam as autoridades mundiais de
saúde, que é a manutenção de um nível
necessário dos estoques de bolsas de
sangue para doação.
A campanha iniciou quando o Rubro-Negro entrou em campo no dia
30 de junho, na vitória de 2x0 contra
o Avaí, com listras pretas e brancas
no uniforme. Na quarta partida se-
guinte no Manoel Barradas, no triunfo também de 2x0 sobre o Guaratinguetá, em 14 de agosto, finalmente
o manto sagrado do Leão teve todo o
seu vermelho de volta. O sucesso da
campanha superou todas as expectativas. Inicialmente, a estimativa de
aumento nas doações era em torno
de 25%, mas o estoque de bolsas
de sangue da Fundação Hemoba
teve um aumento quase duas vezes
maior que esta projeção.
“O VITÓRIA é um clube que não pensa só no futebol, pensamos muito no
lado social também. Isso foi uma sacada muito grande que, graças a Deus,
deu certo e mostra que com um detalhezinho a gente consegue reverter um
problema social que é a falta de doadores de sangue na maioria dos hospitais”, analisa o presidente do Leão,
Alexi Portela Júnior. “Se cada um fizer
sua parte, nós vamos conseguir dar um
pouquinho mais de qualidade de vida
para as pessoas que precisam”.
De acordo com o gerente de Marketing do clube, Adilson Baptista, quando
a ideia foi apresentada, em dezembro
do ano passado, de imediato a diretoria
gostou e concordou em participar da
campanha que, naquela época, ainda
não tinha nome, parceiros nem slogan.
“Desde abril, começamos a conversar
com todos os parceiros da campanha.
A Secretaria da Saúde do Estado, a
Fundação Hemoba, a OAS Empreendimentos, o Jornal A Tarde, além da Penalty e da agência Leo Burnett. Todas
as peças da campanha (anúncios, VTs,
outdoors, folheteria, entre outros) ficaram prontas no final de maio, e foram
Ilustração: Guri Comunicação
Entre os meses de junho e agosto, o VITÓRIA realizou uma campanha de doação de sangue inédita entre os clubes de futebol do Brasil, intitulada Meu Sangue É Rubro-Negro.
O Leão abriu mão temporariamente do vermelho na camisa - começou com listras
pretas e brancas e foi recolocando a cor à medida que as doações foram aumentando.
A ação teve repercussão internacional, sensibilizou o país inteiro para a dificuldade
dos bancos de sangue equilibrarem seus estoques e aumentou em 47% a quantidade
de doadores na Fundação Hemoba, que é o maior hemocentro da Bahia
31
Ilustração: Guri Comunicação
Foto: Zecops
produzidas as primeiras camisas para
o dia 30 de junho”.
Para reforçar o apelo, rubro-negros
ilustres convocaram a torcida através
de depoimentos em vídeos institucionais, produzidos para a campanha.. Em
um deles, o ator Wagner Moura, o Capitão Nascimento do filme Tropa de Elite,
narra um texto emocionante, em que o
sangue rubro-negro faz um apelo aos
torcedores e depois vem o slogan: ‘O
VITÓRIA está jogando sem o vermelho
em sua camisa, e só com a sua doação
de sangue a cor vai voltar ao normal’.
Outros VTs trazem depoimentos pesso-
Torcedor Ilberto Santos foi fazer
sua doação e encontrou os ídolos
Gabriel Paulista e Pedro Ken
ais do próprio Wagner Moura, de Durval
Lellys, do jogador Pedro Ken, do presidente Alexi Portela Júnior, do radialista
Renato Lavigne, entre outros.
Além de idealizar a campanha para
o VITÓRIA, a Penalty também mergulhou fundo para fazer dela um sucesso.
“Nos sentimos muito orgulhosos em
participar de uma ação tão importante
como essa. Foi muito bem aceita pelos
torcedores”, declara o gerente de Relações Esportivas da empresa, Carlos
Augusto Saraiva. “Esta foi uma atitude admirável, pois o clube abriu mão
momentaneamente da tradição de seu
uniforme, pensando somente na campanha, que, por fim, foi bem aceita por
todos os rubro-negros e também pela
sociedade”, complementa Saraiva.
Robinson Almeida
“O sangue rubro-negro é a paixão do torcedor”
O Secretário de Comunicação do Estado da Bahia, Robinson Almeida, fez uma avaliação sobre os resultados
da campanha, louvou a atitude do EC VITÓRIA e comentou a participação do poder público estadual no projeto.
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e atender à sociedade. Foi muito convergente e criativa a campanha, porque trabalhou
com elementos simbólicos da emoção do futebol, do trocadilho do sangue, que é o suor
pela camisa, com o sangue real que salvou
várias vidas a partir desta iniciativa.
VM - Fale sobre o esforço do clube
de tirar momentaneamente a cor de
maior identificação do uniforme, por
uma questão tão nobre:
RA - Eu achei de uma grande ousadia, porque a camisa é chamada de manto sagrado.
São coisas difíceis de mexer, que dão identidade ao time, que é rubro-negro por conta
do vermelho na camisa. Deu certo esta ousadia, com a adesão da torcida de uma forma
muito intensa e que combinou também com
um momento muito positivo da campanha na
série B do campeonato brasileiro, e isto criou
uma sinergia mobilizadora para doação.
Foto: Divulgação / Secom
Vitória Magazine - Fale sobre a participação do Governo, através da Fundação
Hemoba, nessa campanha:
Robinson Almeida - Para o Governo da
Bahia, esta parceria com o VITÓRIA foi
super válida, porque resultou no aumento
do estoque nos bancos de sangue e das
doações, em mais de 40%. A equipe de
Marketing do VITÓRIA, junto com a Sesab,
conseguiu fazer uma ampla mobilização
da sociedade e quem ganhou foi o povo
baiano, pois teve o banco de sangue com
a sua capacidade aumentada e muitas
vidas foram salvas a partir da campanha.
VM - Qual o efeito do apelo de um clube
de futebol, sobretudo da maneira criativa
como foi feito, para doação de sangue?
RA - Primeiro, a forma inédita de um clube de futebol estar associado à campanha
de doação de sangue, pelo menos aqui na
Bahia, e fazer com que a paixão pelo clube
fosse o capital mobilizado das pessoas para
doar o seu sangue. Metaforicamente, o sangue rubro-negro, que é a paixão do torcedor,
virou o sangue vermelho nas bolsas da Fundação Hemoba para abastecer o seu banco
Estrelas dão sangue
Durante quase dois meses, a Fundação Hemoba teve uma movimentação intensa de doadores, motivados pelo incentivo do Leão. Todos
os setores do clube compareceram.
No dia em que atendeu o apelo do
time do coração e foi fazer sua doação, o promotor de vendas Ilberto
Souza Santos, 32 anos, deu a sorte
de encontrar os ídolos Pedro Ken e
Gabriel Paulista. O torcedor estava
feliz e orgulhoso por contribuir para
uma causa tão nobre e poder bater
um papo com os ídolos.
“É uma iniciativa muito boa. No início,
achei um pouco estranho ver meu time
jogar sem o vermelho na camisa. Mas
quando você começa a ver os resultados, as pessoas doando e o estoque
de sangue subindo, aí é que vemos a
importância da campanha”, comenta Ilberto Santos. “Espero que outros
clubes se sensibilizem e ajudem nesta
causa. O VITÓRIA sai na frente mais
uma vez”, comemora o torcedor.
Ao lado de Ilberto, o meia Pedro Ken
reforçou a importância da iniciativa
rubro-negra. “É muito louvável o VITÓRIA usar o poder de influência entre os
torcedores para ajudar a salvar vidas.
Poderia ser no Brasil inteiro”, sugere
uma das principais estrelas do time na
campanha do acesso à Série A. O zagueiro Gabriel Paulista também fez coro
para elogiar a iniciativa do VITÓRIA. “É
gratificante, a cada jogo, a gente ver o
vermelho voltando à camisa e saber que
os torcedores estão doando sangue”.
Déficit de doadores
A campanha Meu Sangue É Rubro
Negro é mais uma ação pioneira e inovadora do VITÓRIA, que tradicionalmente promove a cidadania. A campanha
fez os rubro-negros chamarem a atenção de todo o país para um problema
recorrente de saúde pública. Segundo
a Organização Mundial da Saúde, para
atender a demanda de sangue é preciso que 3% das pessoas sejam doadoras. Na Bahia, apenas 1% da população
se enquadra nesse perfil. Já a média
brasileira de doadores é de 2,5%.
O secretário da Saúde da Bahia, Jorge
Solla, celebra o sucesso da campanha e
aponta as dificuldades da rede pública
para atender a demanda de pacientes
que necessitam de doação de sangue.
“Com a ampliação da rede hospitalar
na Bahia, foram 1.300 novos leitos e
cinco novos hospitais. Aumentou muito
a capacidade de atender a população.
E essa é uma matéria-prima essencial,
que a gente não compra na farmácia,
que depende da solidariedade e da
decisão de cada um de fazer a sua
parte nesse processo”, alerta Solla.
Existe uma mobilização constante da
Secretaria da Saúde da Bahia e da Fundação Hemoba para captar doadores
33
Foto: Divulgação / EC VITÓRIA
Robinson Almeida com Alexi Portela e Carlos Falcão,
no lançamento da campanha
de sangue. São trabalhos permanentes,
nas unidades hospitalares e na mídia,
para conscientizar sobre a doação voluntária. A instituição criou projetos
importantes, a exemplo do Doador do
Futuro e do Hemoba Solidário. O primeiro orienta os jovens e adolescentes,
que serão os futuros doadores. Já o
segundo estimula a doação entre os
funcionários da própria fundação.
“A média de comparecimento ao hemocentro é de 150 pessoas por dia, com
aproximadamente 110 doações efetivadas. Muitos candidatos que comparecem estão impossibilitados de fazer a
doação ao final da entrevista, por algum
motivo clínico. O ideal é que tivéssemos
uma média de coleta diária de 200 a
250 bolsas de sangue”, explica o diretor
de Hemoterapia da Fundação Hemoba,
Marinho Marques. “É importante que se
diga que não existe um estoque de sangue em litros, trabalhamos com bolsas
de sangue”, destaca. Todo o sangue coletado em um dia pela instituição é enviado para as diferentes unidades hospitalares da rede de assistência pública do
estado. Há um pequeno estoque estratégico, com algumas bolsas dos diferentes
tipos de sangue, para o atendimento de
alguma situação emergencial.
Foto: Divulgação / Hemoba
Galera da torcida Os Imbatíveis dá exemplo de cidadania e amor ao próximo
Atletas olímpicos fazem sua parte
Representantes das torcidas organizadas, jogadores, funcionários e atletas dos esportes olímpicos aderiram à
campanha Meu Sangue É Rubro-Negro
e foram doar sangue. Sob a coordenação do diretor de Esportes Olímpicos
Mário Ferrari, atletas e comissões técnicas das equipes de judô, basquete,
voleibol, remo, futebol feminino, boliche
e a nadadora Mônica Veloso compareceram ao banco de sangue da Fundação Hemoba durante o mês de julho e
deram exemplo de solidariedade e amor
ao próximo. Foram mais de cem pessoas que se engajaram na campanha.
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34
Foto: Divulgação / EC Vitória
Mais de 100 atletas dos esportes olímpicos do VITÓRIA foram doar sangue
Olhos de
c u r ta
entrevista
Acelino Popó Freitas
Popó comemora com o filho
Popozinho, 6 anos, a vitória sobre o
paulista Michael Oliveira, em junho
Leão
Por Yordan Bosco
“Me considero um ‘Imbatível’ e acredito que
todos que têm uma história de muita luta e
superação, como a minha, e que torcem para
o nosso time devem receber esse título”
VITÓRIA MAGAZINE - Popó, é verdade que sua volta ao ringue foi
motivada por um pedido de um dos
seus filhos? Fale como se deu isso.
Popó - Popozinho nunca me viu lutar.
Há tempos ele me pede para que eu
faça uma última luta para ele acompanhar. E, quando apareceu a oportunidade de fazer a minha luta de despedida, eu pensei nele. Ele é o meu
filho caçula, fruto do meu relacionamento de 10 anos com Eliana. Tem o
meu nome - Acelino Popó Guimarães
Freitas Jones. Uma criança linda que
tem 6 anos de idade e gosta de esportes, como o pai. Ele treina judô.
VM - Depois da vitória contra
Michael Oliveira, você vai fazer
outras lutas?
P - Recentemente, Michael Oliveira me
fez um novo desafio. Ele quer uma revanche. Eu aceitei e vou bater nele de novo.
Fotos: Jade Matarazzo
Cinco anos após ‘pendurar as luvas’, o tetracampeão mundial ‘peso pena’ de
boxe Acelino Popó Freitas aceitou o desafio de enfrentar a nova promessa do
boxe brasileiro, o paulista Michael Oliveira, 22, no mês de junho passado. Aos
36 anos, o rubro-negro fez uma preparação especial e nocauteou o adversário. A vitória de Popó foi motivo de orgulho para todos os baianos, sobretudo
para o pequeno Popozinho, 6 anos, filho do pugilista. O garoto sonhava em ver
o pai lutar e botou pilha para ele voltar ao campo de batalha. Este foi apenas
mais um capítulo da história de conquistas do guerreiro Popó, que hoje defende o esporte e os assuntos de interesse do povo em Brasília, como deputado federal. Em um papo com a Vitória Magazine, ele fala sobre a volta aos
ringues, sobre seu amor pelo VITÓRIA, sobre política, entre outros assuntos
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VM - Já passou por sua cabeça
disputar mais um cinturão?
P - Sim, mas acho que todo atleta tem a
sua fase e a minha já passou. Acho que o
esporte do momento é o MMA e os novos
ídolos do Brasil e da Bahia já conquistaram o mundo. Torço para que os nossos
boxeadores e campeões olímpicos possam trazer o boxe à tona novamente.
VM - Como foi a entrega na preparação para enfrentar um adversário bem mais novo, considerado uma revelação, depois de
cinco anos sem lutar?
P - Bem tranquila. Com Ulysses Pereira, meu treinador há 10 anos, ao lado
do meu irmão Luiz Cláudio, que é pugilista e o responsável pela minha entrada no mundo do boxe, e de Alejarra,
meu grande amigo e preparador físico,
treinei em curtos espaços de tempo,
tentando conciliar a preparação para
a luta com a atividade parlamentar.
Quanto à idade, acredito que a experiência conta muito nessa hora.
VM - Essa garra é de rubro-negro? O time tem uma história de
luta e superação muito grande
também. Fale de sua identificação com o Leão e com a torcida.
P - Sou VITÓRIA desde que Bebeto jogou no time. Ele me ajudou muito no
início da minha carreira. A partir daí,
passei a admirar o time e me identificar com a torcida. Sou fã dessa torcida
e gosto da bandeira Os Imbatíveis.
VM - Fale sobre momentos inesquecíveis como torcedor do VITÓRIA:
P - Foram vários momentos, porém,
inesquecível pra mim foram as várias
manifestações de carinho dos torcedores do VITÓRIA, dias antes da minha luta. Eles se movimentaram nas
redes sociais e ‘bombardearam’ meu
twitter com mensagens positivas, desejando boa sorte e demonstrando a
confiança que tinham na minha vitória. Isso sim foi inesquecível.
VM - Hoje você é um deputado federal, mas construiu sua história
por representar valores diferentes do que a maioria dos brasileiros atribui aos ‘homens de Brasília’. Fale sobre essa vida nova e
como você lida com isso.
P - Eu não me considero um político. Sou um esportista na politica com
o intuito de ajudar a melhorar a vida
das pessoas, principalmente as do
meu estado. Achei que as coisas por
aqui fossem mais fáceis, mas é muito difícil e burocrático. Tenho minhas
revoltas quanto à apreciação de projetos que já deveriam ter sido votados e que não acontecem. A PEC dos
policiais, a jornada de trabalho dos
Detentor de quatro cinturões
mundiais, Popó calou a boca do
desafiante , 14 anos mais novo,
com um nocaute
enfermeiros, várias questões relacionadas aos aposentados que têm que
contribuir até hoje com a Previdência.
VM – O que é mais difícil, lutar
contra a burocracia ou derrubar
os adversários no ringue?
P - São muitas proposições importantes que deveriam ser votadas em regime de urgência, mas tudo depende
de um colegiado. Costumo dizer que a
vida de lutador é bem mais fácil do que
a de deputado federal, pois quando
eu subia no ringue a vitória dependia
só da minha atuação. Aqui não, todo
projeto que criamos para beneficiar e
atender a população brasileira precisa
passar por várias análises e aguardar
aprovação de 513 deputados.
VM - Seus filhos são rubro-negros?
Vai ao Barradão com eles?
P - Tenho seis filhos. Cinco são Imbatíveis e um apenas torce pelo Bahia.
VM - E Os Imbatíveis, fale sobre
sua relação com essa torcida e o
carinho que eles têm com você.
Você é um Imbatível?
P - Como falei anteriormente, é a bandeira que mais aprecio. Me considero
um ‘Imbatível’ e acredito que todos
que têm uma história de muita luta e
superação, como a minha, e que torcem para o nosso time devem receber
esse título. Gostaria de agradecer à
torcida do VITÓRIA pelas manifestações de carinho e dizer que somos
imbatíveis porque representamos um
estado maravilhoso. Nossa cultura é
viva, nosso povo abençoado e nossos
esportistas são figuras marcadas porque se tornaram grandes ídolos.
ilustre torcedor
Yuri Soledade
Hoje, Yuri Soledade
acompanha os jogos do
VITÓRIA pela internet,
mas antes tinha que
ligar para saber os
resultados
Rubro-negro das
ondas grandes
O rubro-negro tomou gosto pelas ondas
grandes no Brasil, mas aperfeiçoou as
técnicas no Havaí
Por Yordan Bosco
VM - Você tem acompanhado os
jogos?
YS - Sempre. Agora acompanho todos
os jogos pela internet, mas logo que
mudei aqui para o Havaí ligava para o
Brasil só para saber os resultados dos
jogos. Sinto falta de ir aos estádios,
mas, fora isso, tô sempre acompanhando e sei de tudo que acontece por aí.
VM - Qual o jogo mais inesquecível
pra você?
YS - Foram tantos, mas lembro de um
jogo pelo campeonato baiano de 2007,
no qual Índio marcou quatro gols e o
VITÓRIA venceu o Bahia por 6x5. Foi o
jogo mais emocionante que já vi.
38
paixão pelo futebol falta de técnica e
de talento natural (risos).
VM - E o jogador que você mais
gostou de ver jogar?
YS - Foram vários, principalmente
quando ia aos jogos na década de 90.
Alex Alves, Paulo Isidoro e Roberto Cavalo foram sensacionais naquele ano
da final contra o Palmeiras, em 93. Ultimamente, gosto do Neto, pois ele vai
lá e faz os gols. Gostei do Petkovic na
sua passagem por aqui também.
VM - Você é celebridade do mundo
das ondas grandes. Mas já pensou
algum dia em ser jogador de futebol? Como você acha que seria a
sua vida se fosse jogador?
YS - Quando criança, antes de conhecer o surf, queria ser artilheiro,
mas acho que teria mais sorte como
volante, pois é a posição que jogo
nos babas por aqui. Sempre na marcação e ali pelo meio do campo. Se
fosse profissional, provavelmente ia
morrer de fome, pois o que tenho de
Fotos: Arquivo Pessoal
VITÓRIA MAGAZINE - Como começou a torcer pelo VITÓRIA?
Yuri Soledade - Desde que me entendo por gente, aos 5 ou 6 anos de
idade, me identifiquei com o nome e
virei um torcedor fanático.
Foto: Tracy Kraft Leboe / Divulgação Mahalo
Um dos surfistas mais respeitados do planeta quando o assunto é onda gigante, o baiano de Ilhéus Yuri Soledade, 36
anos, é rubro-negro fiel desde que se entende por gente.
Ele mora no Havaí há quase 20 anos e ganhou notoriedade
por arriscar o pescoço em ondas de mais de 20 metros de
altura. Entre uma aventura e outra pelo mundo, Soledade
comanda um dos mais badalados restaurantes da ilha de
Maui, onde reside com a mulher e os três filhos. Nas linhas
abaixo, ele nos fala sobre sua vida, sobre a apreensão de
torcer a distância para o VITÓRIA e comenta as semelhanças
e diferenças entre o surf e o futebol, o Havaí e o Brasil
VM - Como você vê a diferença
entre o mundo da bola e das ondas? Fale sobre a paixão do povo
havaiano pelo surf e a do povo brasileiro pelo futebol.
YS - São mundos totalmente distintos.
O surf é bastante individual e o futebol
é em conjunto. No surf, dependemos
na mãe natureza e no futebol só precisamos da bola. Mas o que temos em
comum é a paixão dos admiradores
com os seus respectivos esportes.
Aqui no Havaí, tudo acontece em função do surf. Se tem onda boa é como
final de Copa do Mundo. Ninguém
aparece para trabalhar e vira feriado
para todos. As crianças almejam ser
profissionais no surf, assim como as
crianças aí do Brasil querem virar jogador profissional. Aí todo mundo sabe
quem é o Neymar e aqui todo mundo
sabe quem é o Jhon-Jhon Florence
(havaiano, que é a nova sensação do
surf mundial). Enfim, o havaiano ama o
surf e o brasileiro ama o futebol.
VM - No Havaí tem time de futebol
profissional? Como são os campeonatos aí? Você torce para algum
time local? Já foi em jogos?
YS - Não, não temos time de futebol
profissional, mas temos ligas amadoras que são bastante competitivas,
desde crianças até adultos. O futebol,
ou soccer, como é chamado por aqui,
não tem o destaque de outros esportes como o basquete, o beisebol e até
mesmo o surf, que é o esporte mais
popular e praticado entre crianças e
jovens de até 18 anos. Sempre que
posso, bato um baba com os amigos brasileiros. E acabei de inscrever
meus filhos na liga daqui do Havaí.
O Vitória tem um grupo
aguerrido com a mistura
de jogadores novos e
outros mais experientes.
Tenho total confiança e
sei que vamos voltar à
Primeira Divisão este ano”
Soledade com a mulher, Maria,
e os filhos no Havaí
VM - Fale sobre o atual time do VITÓRIA e sobre suas expectativas para o
time retornar à Primeira Divisão.
YS - Gosto muito do time. Apesar de
termos perdido o campeonato baiano, temos um grupo aguerrido com a
mistura de jogadores novos e outros
mais experientes. Tenho total confiança e sei que vamos voltar à Primeira Divisão este ano.
39
c u r ta
da base
Time que havia faturado, há dois anos,
a Copa do Brasil Sub-15 é o primeiro
baiano a vencer a competição
Time sub 17 fatura
Copa 2 de Julho
Fotos: Paulo Neves / ASCOM SUDESB
Em campanha perfeita, Leãozinho vence a Seleção Brasileira duas vezes, goleia o Cruzeiro na decisão e fecha com 100% de aproveitamento o torneio
nacional mais importante da categoria
Foi com uma sonora goleada de 5x2
sobre o Cruzeiro que o time sub 17 do
VITÓRIA coroou a excelente campanha,
com 100% de aproveitamento, na Copa
2 de Julho. A sexta edição do torneio,
encerrada no dia 12 de julho, contou
com 48 clubes de diversos países,
além das seleções brasileira, chilena
e angolana. A campanha rubro-negra
impressionou. Foram duas vitórias
sobre a seleção canarinho, goleada
no maior rival na semi e o craque da
competição, o volante Welisson.
40
Essa foi a primeira conquista de
um time baiano no torneio, que já é
considerado um dos mais importantes
do país na categoria. Além do
VITÓRIA, só o Internacional (RS), a
Seleção Brasileira (ambos com duas
conquistas) e o São Paulo fazem parte
desse seleto grupo. O Colo-Colo, do
Chile, o Nuevo Horizonte, da Bolívia,
o The Villages, dos Estados Unidos,
e grandes clubes brasileiros como
Santos, Palmeiras e São Paulo também
participaram dessa edição da copa.
O Rubro-Negro foi campeão com nove
vitórias em nove jogos e marcou 41
gols, com a incrível média de 4,55 tentos
por partida. A decisão contra o Cruzeiro
emocionou o público que lotou o Estádio
Municipal de Lauro de Freitas, na noite do
dia 12 de julho. Em uma partida de alto
nível técnico, o Leão se impôs e mostrou
que não é apenas uma das melhores
equipes que o VITÓRIA já teve com a
garotada dessa idade, mas é também
um dos melhores times do país e um dos
favoritos para a Copa São Paulo de 2013.
O sangue doado ao Hemoba é separado em
diferentes componentes (hemácias, plaquetas, plasma e outros). Assim, a mesma
doação beneficia mais de um paciente
“Não apenas ganhamos, mas
convencemos. Jogamos um grande
futebol em todas as partidas. É um
torneio desgastante, com jogos quase
diários. Preparamos essa equipe dois
meses antes de iniciar a disputa”,
comemora o diretor das divisões de
base do VITÓRIA, Epifânio Carneiro. O
dirigente destacou ainda que o principal
objetivo da base é revelar talentos para
integrar o elenco profissional do clube.
“Na divisão de base, ganhar título é bom,
mas nossa principal conquista é colocar
essa safra entre os profissionais”.
Quem também comemorou muito a
conquista rubro-negra foi o técnico da
equipe, Wesley Carvalho. “Nós chegamos
à final porque fomos merecedores. Estão
todos de parabéns com essa conquista.
O craque dessa competição é o grupo.
Todos correm por todos. Isso faz a
diferença”, vibra. Para o coordenador
das divisões de base do VITÓRIA, João
Paulo, o elenco honrou a camisa rubronegra e está de parabéns. “Sabíamos
que era um grupo forte, porque ganhou
um Brasileiro no sub-15. Eliminamos
duas vezes a Seleção Brasileira”.
O volante Welisson, eleito craque
da competição, com o diretor de
futebol Raimundo Queiroz
Campanha
1ª fase
Vitória 5x0 Camaçari
Vitória 3x2 Seleção Brasileira
Vitória 10x0 Dias D´Ávila
Vitória 6x1 Irecê
Vitória 3x2 Confiança (SE)
Oitavas de final
Vitória 4x1 Corinthians (AL)
Quartas de final
Vitória 2x0 Seleção Brasileira
Semifinais
Vitória 3x0 Bahia
Final
Vitória 5x2 Cruzeiro
Equipe que jogou a decisão
Luan, Serafim, Wellington, Vinícius
e Júnior; Welisson, Eudair, Alex e
Matheus (Teodoro); Léo e Michael.
Técnico: Wesley Carvalho.
Artilheiros do time:
Michel – 12 gols
Leonardo – 7 gols
Eudair – 6 gols
Matheus – 5 gols
Comissão técnica
Técnico - Wesley Carvalho
Preparador físico – Flávio Pereira
Cerqueira
Treinador de goleiros – Christian
Massagista – Júlio Bonfim
Mordomo – André Campos
Leãozinho faz bonito
na Taça BH Sub-20
O VITÓRIA foi o terceiro melhor time
entre os 36 que participaram da Taça Belo
Horizonte de Futebol Junior- Sub-20 -, no
mês de agosto. A equipe rubro-negra foi
barrada pelo Flamengo por 2x0, em uma
das semifinais, realizada no dia 31 de agosto, na cidade de Nova Serrana (MG). O Leão
havia despachado o maior rival, o Bahia,
nas quartas de final - pelo mesmo placar
que perdeu para o Flamengo - e foi a única
equipe a vencer o campeão, Grêmio, ainda
na fase de grupos. No jogo contra o rubro-negro carioca, o Vitória errou muitos passes e pouco criou ofensivamente. O time
jogou a última partida com Ruan; Dimas
(Alex), Josué, Clayton (Matheus) e Mauri
(Guilherme); Edson (Wellington), Gabriel
e José Welison; Marcone Alan Pinheiro e
Leonardo (Araújo). Técnico: Carlos Amadeu.
Freguesia ampliada
A vitória por 2x0 sobre o Bahia nas
quartas de final da Taça BH consolidou a
supremacia da equipe sub-20 da Toca em
cima do maior rival. O Leão aumentou a
freguesia e agora chega à marca de 16 jogos invictos. Foram 13 vitórias e três empates nas últimas partidas. E, para manter
a larga hegemonia no futebol baiano nas
outras categorias e consolidar a posição de
uma das mais bem estruturadas e eficientes divisões de base do futebol brasileiro, o
VITÓRIA disputa atualmente campeonatos
baianos em sete categorias. O Leão vem
bem em todas as disputas e a tendência
é que a maioria das nossas equipes erga
o caneco no final das competições. Assim
tem acontecido todos os anos.
41
c u r ta
pé de moleque
Luciano Fernandez
“Não é fácil, mas é a
vida que escolhi e me
sinto feliz e privilegiado
por jogar no VITÓRIA”
Joba representa o VITÓRIA na
Granja Comary, CT da Seleção
Brasileira, no estado do Rio
Líder nos gramados
Ele chegou ao VITÓRIA com 10 anos
de idade e hoje, aos 14, é uma referência no time de garotos nascidos em
1998. Embora pareça meio tímido fora
de campo, nos gramados Luciano Fernandez se transforma. Gesticula, briga
pela bola, orienta os companheiros e
faz de tudo para ajudar o treinador na
organização do time. Ele joga no meio
e é daqueles volantes que fazem a bola
rolar para tornar o jogo mais dinâmico.
Nascido em Salvador, Luciano acredita que o perfil de liderança vem da experiência acumulada no time. O garoto
já viajou para diversos lugares do Brasil
e em abril deste ano integrou a equipe
Sub-15 que venceu uma competição em
Barcelona, na Espanha. “Foi uma experiência muito boa. Uma cidade linda, um
país maravilhoso e um estilo de jogo diferente do que estamos acostumados”.
As viagens também têm contribuído
bastante para o crescimento cultural
de Luciano Fernandez. Ele destaca,
como um ponto interessante constatado nas suas andanças, as diferenças
de costumes e de comportamento das
pessoas nos diferentes lugares por
onda passa. “Em junho passado, estivemos no interior de São Paulo, num
lugar onde as pessoas são caladas e
fechadas. Muito diferente do que estamos acostumados na Bahia. Aqui, as
pessoas interagem muito mais e são
mais alegres e comunicativas”, conta.
Aluno do nono ano, Luciano diz que minho até o profissional é muito longo,
tem uma rotina puxada para conciliar mas, mesmo muito novo, já começa a
os estudos com o futebol. O garoto tem sentir algumas responsabilidades sobre
uma vida muito corrida e disciplinada, os ombros. Porém, afirma que segue
com treinos fortes, jogos, aulas e obriga- firme em busca do sonho de um dia ser
ções escolares. “Não é fácil, mas é o que campeão brasileiro pelo VITÓRIA.
escolhi e me sinto feliz e
privilegiado por jogar no
VITÓRIA”, explica o jogador. Para manter a disciplina, Luciano conta com a
ajuda do pai, que o orienta
e cobra em relação a alimentação, aos horários,
ao estudo, etc. Por falar
em família, Luciano tem
dois irmãos, mas nenhum
deles pensa em seguir
carreira no futebol.
Além dos conhecimentos e das experiências de
vida, o futebol também
transforma Luciano em
figura popular na escola.
Ele conta que muita gente
o conhece como jogador
Luciano acredita que
o perfil de líder vem
do VITÓRIA. E o sucesso
das experiências
com as meninas? Meio
vividas no VITÓRIA
tímido, ele conta que
quando voltou da Espanha, por exemplo, muitas
garotas se aproximaram
para perguntar sobre a
viagem e outras coisas.
Luciano sabe que o caFoto: Fabriciano Júnior
42
c u r ta
esportes olímpicos
O EC VITÓRIA só aguarda a liberação do
Governo do Estado da Bahia para iniciar as
obras do complexo Vitória da Cidadania,
que beneficiará 2.500 jovens
Por Mário Ferrari
Mônica Veloso é ouro na Alemanha
O VITÓRIA participou da fase classificatória da
Liga Nacional Adulta de Voleibol Masculino, chave
do Nordeste, e ficou com a segunda colocação,
perdendo o jogo final para o Unifor, de Fortaleza.
O time tem o comando técnico de Sandro Ricardo,
está classificado para as finais do campeonato
baiano 2012 e vai buscar o bicampeonato estadual. Já a equipe juvenil masculina conquistou
recentemente a Copa Cidade do Salvador, primeira etapa do campeonato baiano. O time adulto
feminino, vice-campeão estadual, está na disputa
do campeonato baiano. O calendário da Federação Baiana de Voleibol é reduzido em competições, o que tem dificultado a manutenção de um
time forte, que possa disputar em boas condições
os campeonatos regionais e nacionais.
44
Foto: Arquivo EC VITÓRIA
Futsal tem parceria
com a FSBA
Judocas rubro-negros
Marcelo Ornelas, Vivaldo
Souza e Maicon França
A baiana conquistou
quatro medalhas de
ouro em torneio que antecedeu a Paralimpíada
de Londres
Basquete do Leão está em alta
A equipe adulta do VITÓRIA Faculdade 2 de Julho é líder invicta do campeonato baiano de basquete, com sete jogos e sete vitórias. Os times
de base também estão nos primeiros lugares nas
competições, nas suas respectivas categorias. Na
Super Copa Norte e Nordeste, a equipe adulta ficou
no primeiro lugar na chave I, com quatro jogos e
quatro vitórias, e irá disputar as finais do Estado da
Bahia, para representar o estado na fase interestadual. O Vitória tenta participar da Liga Nacional de
Basquete Sub-22 e está buscando parcerias que
permitam montar uma equipe competitiva. Para
reforçar o time, o clube pretende trazer quatro jogadores que disputam o campeonato paulista. A
fase final desse campeonato tem transmissão do
Sport TV para todo o Brasil. O basquete rubro-negro possui times masculino adulto, masculino sub22,19,17, 15 , além da equipe feminina adulta.
Os judocas Marcel Melo e Vitória
Ribeiro ficaram em segundo lugar no
campeonato brasileiro na categoria
Sub 15, na cidade de Santa Cruz, no
Rio Grande do Sul. Eles se classificaram para representar a seleção brasileira no Sul-Americano, em Buenos
Aires, na Argentina. Os rubro-negros
são os únicos atletas do Norte-Nordeste a conseguir esse feito.
No final de junho, o VITÓRIA foi
campeão da IV Etapa do Circuito
Baiano e do Campeonato Baiano Sub23, que serve de seletiva para o campeonato brasileiro, em evento que
aconteceu no Sesi Simões Filho. Em
agosto, fomos campeões da V Etapa
do Circuito Baiano, realizada no Clube
Campomar. Nesse evento, os atletas
Rafael Bonfim, Mailton Reis e Maicon
França se classificaram para representar a Bahia no Campeonato Brasileiro da modalidade, que acontece
em Natal (RN), no final de setembro.
Numa parceria com a Faculdade
Social da Bahia (FSBA) os times
adulto e juvenil masculino de futsal do VITÓRIA estão se preparando para a disputa do campeonato
baiano, que terá início em setembro. O nosso ‘mando de campo’ vai
ser o ginásio de esportes da FSBA,
em Ondina. Mesclando juventude e experiência, a equipe conta com jogadores que já tiveram
passagem por grandes equipes
do cenário nacional e pela seleção
brasileira, como o goleiro Igor Costa e o pivô Lalau, além de grandes promessas do futsal baiano, a
exemplo de Felipe Abreu e Henrique Castro. O técnico das equipes
é Leonardo Tissot e o coordenador
técnico é Israel Góes, mais conhecido por Zinho. A pretensão é ter
equipes fortes para disputar os
títulos. Provavelmente, alguns jogadores das divisões de base do
Vitória participarão das equipes.
VITÓRIA é líder disparado no baiano de Remo
O VITÓRIA é decacampeão baiano de remo e
está disputando o campeonato baiano de 2012.
Houve três regatas até aqui e o Leão venceu todas. No momento, estamos com 18 pontos, contra
11 do São Salvador, que é o segundo colocado.
São cinco regatas durante o ano. O principal atleta
é Diego Mattos, de 19 anos, que já foi convocado
várias vezes pela Seleção Brasileira Juvenil. Recentemente, na Argentina, ganhou medalha de
prata em dois páreos, pela seleção brasileira, no
Campeonato Sul-Americano de Remo Junior. O
VITÓRIA participa do campeonato brasileiro Master de Clubes, em setembro, na Alemanha, e dos
campeonatos brasileiros de Juniores e de Seniores, em São Paulo. O gerente de remo é Joel Alves
(Meu Santo) e o técnico é Antônio Silva.
O Remo do VITÓRIA venceu as
três etapas do baiano e tem 19
pontos sobre o segundo colocado
Foto: Zecops
Time de vôlei fez final na
Liga Nacional
Foto: Divulgação / EC VITÓRIA
A para-atleta rubro-negra Mônica
Veloso vem enchendo a Bahia e o Brasil de orgulho com resultados expressivos em provas nacionais e internacionais. Além de uma atleta de alto nível,
com um currículo de vitórias, Mônica
é um grande exemplo de superação.
No Open Internacional em Berlim, na
Alemanha, Mônica trouxe nada menos que quatro medalhas de ouro e
duas medalhas de prata. O evento é o
maior torneio do ano antes das Paralimpíadas de Londres e contou com a
participação de 20 países e cerca de
500 atletas. A atleta rubro-negra também ganhou duas medalhas de ouro e
duas de prata no Campeonato Norte-Nordeste, disputado em Natal.
Rubro-negros participam do Sul-Americano de Judô
45
felina
Denize Almeida
Fotos: Zecops
Assistente: Alfredo Valiñas
Orgulho de representar o VITÓRIA
Denize Almeida foi escolhida a Felina desta edição. Torcedora do Leão por
influência da mãe, ela tem paixão pelo time “desde sempre” e fica ligada em
todos os jogos. Vai ao Barradão de vez em quando e tem convicção que o
time vai subir e ser campeão da Série B. A bela morena admira o futebol de
Pedro Ken, Nino Paraíba e Uelliton. Denize é de Santo Antônio de Jesus (BA)
e mora em Salvador há cinco anos. É modelo, malha muito para manter a
forma e está orgulhosa por ser uma Felina da Vitória Magazine. “Posar para
meu time do coração é um privilégio, uma satisfação muito grande”, declara.
46
Quer ser a próxima Felina? Mande fotos e informações para: [email protected]
análise
leão na rede
Cheiro de título
Fan page com novidades
Sei que ainda é cedo para afirmar,
mas posso apostar – e acredito que
esse é um sentimento de todos os
rubro-negros hoje – que o VITÓRIA não
apenas ascenderá à primeira divisão,
mas brigará pelo título desta Série B.
Essa não é uma previsão tão complexa,
já que temos estrutura, elenco e comando para que isso possa acontecer.
A diferença deste ano para o passado é a maturidade e consistência
tática de todos, sejam os titulares ou
reservas. Não havia colocado anteriormente que o técnico Paulo César
Carpegiani e o auxiliar Ricardo Silva
poderiam fazer uma bela dupla? Eles
vêm provando isso a cada semana
juntos. Essa dobradinha tem tudo
para fazer história no Leão.
Foto: Felipe Oliveira
Maurício Naiberg destaca a
consistência do time e o sucesso
da parceria entre Carpegiani e
Ricardo Silva
48
Até pensei, em determinado momento,
que haveria desmando, mas me enganei
completamente. São dois grandes profissionais, que querem o melhor desta agremiação, respeitada em todo o mundo.
A harmonia tem falado mais alto nesse
sentido, o que faz muito bem ao grupo.
Além deste detalhe à beira do campo, estamos vendo uma equipe extremamente competitiva, aplicada e
responsável. O VITÓRIA voltou a ser
temido pelos adversários, dentro ou
fora do Barradão, e isso é uma grande
vantagem. Atualmente, não tem bicho
de sete cabeças para o Rubro-Negro.
Algumas peças neste esquema tático
de Carpé são fundamentais para o bom
momento na temporada. A principal delas, sem dúvida, é o meia Pedro Ken.
Maurício Naiberg - Jornalista
Há muito tempo – talvez desde a saída
de Leandro Domingues – não tínhamos
um jogador com tanta qualidade no setor. Rápido, consistente e inteligente.
Outros fatores também favorecem
essa evolução rubro-negra e precisam ser destacados. Essa ousadia do
gaúcho em lançar garotos desde o seu
retorno a Salvador faz a diferença. Isso
estava faltando no clube e precisamos
ter paciência com essas revelações,
porque esses meninos vestem a camisa mesmo e encarnam o espírito de
guerreiro que sempre tivemos ao longo
da nossa centenária história.
Ouvi muitas pessoas reclamando
da saída de Neto Baiano. Claro que
nosso artilheiro nos fará falta, mas o
conjunto deste ano fala mais alto que
qualquer peça individual do grupo.
Esse tipo de negociação faz parte do
mundo do futebol. Temos que apoiar
quem ficará em seu lugar agora, independente de quem seja: Marcelo
Nicácio, Dinei ou o recém-contratado
William. Acredito nos três e sei que
‘brocarão’ quando acionados.
O que quero, realmente, é que nós,
rubro-negros, estejamos juntos nesta difícil e sofrida caminhada rumo à
elite. Já mostramos que nossa união
faz a diferença, principalmente nos
jogos dentro do Barradão.
Vamos acreditar nesta ótima fase
que vivemos para conquistarmos
nosso primeiro título nacional.
Voltaremos em grande estilo!
Se você é fã da página oficial do Leão
no Facebook já deve ter visto algumas novidades implantadas nos últimos dois meses. Se ainda não é fã, já passou da hora
de ser (facebook.com/ecvitorialoficial).
Novas abas foram inseridas com objetivo de ter mais integração com o site do
clube: História e Barradão. A primeira traz
um pouquinho da trajetória vitoriosa do
nosso time do coração, com drops (trechos) de informações sobre alguns dos
fatos mais importantes da história do clube, com um menu separando esses fatos
em épocas. Se você quiser se aprofundar
mais a respeito de cada época, a fan page
lhe redireciona para uma página no site,
onde há mais detalhes. Na aba do Barradão, optamos em seguir a mesma linha
do site, com fotos 360 graus, mapas de
acesso ao santuário rubro-negro e outras
fotos interessantes, que podem ser curtidas, comentadas e compartilhadas.
Outras duas abas foram implantadas.
Uma sobre o Memorial 13 de Maio, onde
tem um aplicativo para os torcedores enviarem fotos e informações de relíquias
que queiram doar para o memorial. É bem
simples, participem! A aba Vitória Magazine também é uma novidade. Lá, você
encontra drops sobre a última edição da
revista e pode compartilhar o conteúdo
com seus amigos do Facebook.
Site de cara nova
Você que é um webtorcedor já deve
ter percebido o upgrade dado no visual
do site oficial do clube. As principais mudanças foram feitas no leiaute da home,
com destaque para o novo topo, mais
impactante e destacando o escudo do
Leão, o reposicionamento da Agenda e
da Tabela dos Campeonatos, que agora
estão com mais visibilidade e pregnância
na página. Outro ajuste significativo foi
a implementação de um plugin customizado do Facebook, mostrando os internautas que curtiram a fan page oficial,
assim como um banner com link para o
perfil do twitter do Leão. Além disso, os
banners para anunciantes ficaram maiores e mais harmônicos com o design.
Essas alterações foram feitas com base
na análise de usabilidade e feedbacks de
vocês, torcedores internautas.
Por Leandro Silveira
Jornalista e diretor de conteúdo da
ADSS – Presença Digital, agência de
comunicação digital responsável pelas
redes sociais do VITÓRIA
Tem gente
ganhando prêmios
Atenção, webtorcedores: como
foi dito na edição anterior, o Departamento de Marketing do VITÓRIA e
a agência responsável pelas redes
sociais do clube estão sempre realizando promoções especiais. De lá
para cá foi realizado um concurso
cultural sobre o lançamento desta revista e o vencedor ganhou uma super
bola da Penalty (veja na seção Giro).
Além disso, em parceria com a TIM,
promoções relâmpagos da campanha
TIM – Talento Sem Fronteiras, sorteando ingressos e outro brindes bem
bacanas, estão rolando, praticamente, toda semana. Fiquem ligados!
tu tens grande história
O Leão olímpico
de todos os baianos
Há exatos 100 anos, o VITÓRIA disputou seu último campeonato pela primeira liga, a mesma liga que o clube
pioneiro do desporto baiano ajudara a
fundar para dar início ao futebol em
Salvador. Essa liga foi criada com a
presença dos pioneiros rubro-negros,
numa reunião realizada em um casarão
do Largo da Palma, na Mouraria, onde
hoje os bares servem lambretas como
tira-gosto em noites animadas.
A Liga Bahiana de Sports Terrestres foi
substituída em 1913 pela Liga Brasileira e essa mudança sinalizou a rápida e
radical alteração do panorama do futebol
praticado na capital baiana. Outros clubes
fundadores, o Bahiano de Remo, o São
Paulo-Bahia e o Internacional de Cricket
desaparecem e o VITÓRIA, firme nos esportes olímpicos, desativa seu time de futebol. Só voltaria a disputar o campeonato
de futebol da cidade em 1920.
A suspensão das atividades do futebol no VITÓRIA, o clube mais importante de Salvador, acompanha outras notícias que tornam esse 1912 um ano de
grandes manchetes. Foi o ano do naufrágio do Titanic, da transferência da
sede do governo baiano para Jequié, no
Sudoeste, e da intervenção federal que
resultou no bombardeio de Salvador,
provocando feridas jamais cicatrizadas,
como a perda quase total do acervo da
nossa Biblioteca Pública.
O ano olímpico de 1912, com a realização dos Jogos de Estocolmo, Suécia,
funciona como um sinal, coincidindo
com esse provisório, mas significativo, abandono do futebol no VITÓRIA. O
efeito desse contexto resulta, como contrapartida positiva, no fortalecimento do
VITÓRIA como o principal clube multiesportivo do estado: o nome ‘Bahia’
50
vinha aplicado à parte baixa do escudo
original, que tem referências expressas
a várias modalidades em seus símbolos.
Fundador de todas as federações,
o VITÓRIA se define como um dínamo
social. Um ponto de encontro da juventude baiana na sede náutica do Porto
da Barra, logo transformada em centro
cultural e esportivo. A sede do VITÓRIA
ficava bem localizada, no mesmo prédio onde hoje funciona o Instituto Mauá,
bem em frente a um ponto de venda de
água de coco atualmente.
É a partir dessa reunião de jovens baianos dispostos a aprender regras e praticar as modalidades mais diversas que
se constrói o perfil de determinação dos
atletas rubro-negros, com a vontade inabalável de organizar as disputas e de participar com extrema dedicação aos jogos.
Pareciam mesmo uns leões, uns leões da Barra, daí a expressão que os
baianos acostumaram-se a utilizar para
denominar os rubro-negros em ação a
partir desse período de afirmação do Vitória olímpico, muito mais que um time
de ‘foot-ball’, tanto que esse esporte é
temporariamente suspenso no clube e
os associados não dão pela falta.
Os pais ficavam orgulhosos de suas filhas quando elas conquistavam um coração de leão e tornavam-se namoradas e
noivas de um rubro-negro. Os casamentos mais valorizados da cidade começavam assim, ali no Porto da Barra, amor e
desporto de mãos dadas.
Atletismo, remo, polo aquático e natação eram os esportes preferidos, mas
havia também quem frequentasse para
jogar xadrez, desde que viesse de paletó e chapéu, pré-requisitos para uma
boa apresentação rubro-negra. O halterofilismo era também muito praticado,
Paulo Leandro
Doutor em Cultura e Sociedade e mestre
em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia, professor universitário e jornalista esportivo.
como o tênis, que começou na residência da família Costa Pinto.
É dessa época de afirmação do VITÓRIA como clube olímpico o sucesso da
guarnição de canoa a 4 remos, formada
por Renato, Lima, Flamiano, Costinha
e Alfredo. O Vitória já havia se firmado
no remo com as façanhas das barcas
Tabajara, Tupy e Afro e tornara-se uma
referência nesse esporte cada vez mais
popular entre os baianos.
Foi por influência do remo também
que, em 1901, as cores do VITÓRIA
mudaram do preto e branco original
para vermelho e preto, como o Clube
de Regatas do Flamengo, que já havia
se tornado rubro-negro, antes mesmo
de ganhar seu primeiro time de futebol,
também nesse ano de 1912.
Mudou também de nome, passando
de Club de Cricket Victoria para Sport
Club Victória, sinalizando tratar-se de
clube para todas as modalidades. Tão
forte é o remo na história do VITÓRIA
que até 1934 não se programava partida
de futebol em dia de regata em Salvador,
pois a maior parte do público, identificado com as cores rubro-negras, preferia
tomar o bonde rumo à Enseada dos Tainheiros, onde se disputavam os páreos.
Organizador da primeira corrida de rua
do Brasil, do Largo de Nazaré ao Corredor
da Vitória, em 1905, o Rubro-Negro teve
os primeiros campeões nessa modalidade: Henri Guedeville e Galvão, sempre
lembrados posteriormente pelos leões da
Barra do período pós-1912.
Já nesses anos 1910, o cineasta
Alexandre Robatto Filho e o professor universitário José Adeodato foram
atletas rubro-negros de referência
por unirem as qualidades destacadas
pelo clube desde o primeiro estatuto de 1903: dedicação, força para
vencer as adversidades e superação
constante em busca de melhorar
sempre para dar o melhor exemplo.
Sem o futebol, o período de 1912 a
1919 foi como um fertilizante para adubar a história de conquistas do VITÓRIA
em todas as modalidades que praticou.
Conhecedores da rica história de pioneirismo e conquistas do clube, os dirigentes
deram mão forte para fortalecer o VITÓRIA
como clube olímpico. As gerações de leões
da Barra se sucederam e novas modalidades foram introduzidas no clube, como o
voleibol e o basquete, que antecederam
aos mais recentes handebol e futsal.
Vidigal Guimarães, Manoel Barradas,
Antonio Diniz e Renato Teixeira estão entre esses líderes rubro-negros que compreenderam a vocação do Vitória para semear os esportes na Bahia. Mais adiante,
destaca-se Manoel Tanajura, que promoIlustração: Guri Comunicação
Os pais ficavam
orgulhosos de suas filhas
quando elas conquistavam
um coração de leão e
tornavam-se namoradas e
noivas de um rubro-negro.
Os casamentos mais
valorizados da cidade
começavam assim, ali no
Porto da Barra, amor e
desporto de mãos dadas”
veu um inédito desfile em Salvador, para
exibir as taças erguidas pelos campeões
baianos em 17 modalidades.
Este exemplo de dedicação ao desporto ajudou a firmar o caráter do jovem
baiano no sentido de defender os valores
da disciplina, da fraternidade, do respeito
às regras e aos regulamentos, enfim, de
cidadania, muito antes desse tema virar
uma necessidade de sobrevivência como
é hoje, em cenário preocupante de déficit
educacional e submissão aos interesses
de mercado da mídia massiva.
Não era raro um Leão da Barra tornar-se campeão em modalidades diversas, às vezes disputando decisões em
um só dia. Havia atletas que eram titulares
quase simultaneamente nas equipes de futebol, natação, atletismo, basquete e polo
aquático. É desta rica histórica, infelizmente
pouco divulgada e até desconhecida pelos
profissionais em atuação nos veículos de
comunicação de massa, que se nutriu
grande parte dos nossos melhores valores.
Aos valores desportivos transmitidos,
geração após geração, pelo VITÓRIA, os
adeptos de todas as agremiações devem
muito do respeito, da educação e da cidadania que formam as bases de uma civilização, a nossa peculiar civilização baiana,
com seu jeito de ser espontâneo e alegre,
mesclado ao perfil solidário e cidadão que
tornam a Bahia tão especial e admirada.
A Bahia dos leões. Leões da Barra e
de toda nossa Salvador.
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O Barradão possibilitou a urbanização
e a remoção total do aterro sanitário
Vidas transformadas e
expectativas renovadas
Foto: Fabriciano Júnior
Por Francisco Ribeiro
Antigo aterro sanitário de Salvador, o bairro de Canabrava sofreu grandes
transformações sociais e ambientais a partir da utilização do Barradão, nos
anos 90. Mais de 200 mil pessoas já foram beneficiadas com a retirada do
lixão, com a criação de novas vias de acesso e com a viabilização de infraestrutura para a chegada de empresas e de empreendimentos imobiliários. O
Rubro-Negro aguarda a autorização do Governo do Estado para dar início às
obras de um complexo esportivo, que beneficiará 2,5 mil jovens
O VITÓRIA é muito mais que um
clube de futebol, o torcedor deve se
orgulhar disso. Além da tradição em
outros esportes e de ter introduzido a
maioria das modalidades olímpicas na
Bahia, no início do século passado, o
Leão tem participação direta na transformação de uma das áreas menos
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assistidas de Salvador: o bairro de Canabrava e comunidades vizinhas.
O que já foi um imenso lixão, onde
catadores e crianças conviviam com
urubus, baratas e ratos, hoje é um
parque socioambiental sem a presença do aterro sanitário e com investimentos públicos e privados em
infraestrutura, cultura, esporte, educação, cidadania, educação ambiental e geração de bioenergia.
A luta do VITÓRIA para viabilizar o
Estádio Manoel Barradas, nos anos
90, encontrou inúmeras barreiras
em parte da imprensa esportiva e no
meio político, porque os opositores
Foto: Arquivo / Tribuna da Bahia
não imaginavam que a questão extrapolava os limites do futebol. As
batalhas burocráticas que o clube
travou para solucionar o problema
do lixo, dos acessos ao bairro e a
ausência de serviços básicos, a
exemplo de iluminação, saneamento, transporte e segurança, representaram também os anseios de
uma população que hoje conta com
cerca de 200 mil pessoas.
No ano da inauguração do Barradão, em 1986, o Jornal da Bahia
noticiava que o aterro já havia esgotado sua capacidade para receber lixo, o que continuou acontecendo por mais uma década. Com
a manchete “Canabrava já não suporta receber o lixo da cidade”, de
22 de agosto daquele ano, o jornal
dizia: “Canabrava é uma imensa
montanha de todo o tipo de dejetos
recolhidos diariamente na cidade.
São quilômetros e quilômetros de
lixo, já sendo empurrados monta-
Clube dá exemplo de cuidado
com o meio ambiente
Entre as iniciativas que contribuem para a qualidade de vida dos moradores
de Canabrava, o VITÓRIA tem mostrado um grande cuidado com a questão
ambiental. Em junho deste ano, em uma parceria com a prefeitura de Salvador, o clube plantou mais 375 mudas de árvores nativas de Mata Atlântica no
Complexo Esportivo Benedito Dourado da Luz. As espécies escolhidas foram
ipê-amarelo, ipê-branco, pau-brasil, oitizeiro e dez árvores frutíferas.
De acordo com Olney Marques Porto, chefe de gabinete da Superintendência
de Meio Ambiente do município, à medida que o clube descobrir novas áreas
para o plantio, mais mudas serão plantadas. “O esporte é uma atividade de
massa e quando uma agremiação formadora de opinião como o VITÓRIA dá um
exemplo de dedicação ao meio ambiente, imaginamos que seus torcedores vão
seguir esse exemplo e se motivar para abraçar a causa”, diz Porto.
Em 2001, a prefeitura de Salvador, o clube e a Vega – empresa então responsável pela coleta de lixo na cidade – também firmaram parceria para a
recuperação ambiental do antigo aterro. Cinco mil e quinhentas mudas de árvores foram plantadas na região, sendo 500 delas dentro da Toca do Leão.
Há dois anos, o Rubro-Negro foi pioneiro ao realizar o primeiro jogo com o
selo Carbono Zero na Bahia,
diante do Corinthians, pela
36ª rodada do Brasileirão
2010. Antes da partida,
crianças das categorias de
base de ambos os clubes
plantaram 300 mudas de
árvores nativas de Mata
Atlântica, numa área de três
hectares, no antigo lixão. A
ação teve a participação do
presidente do VITÓRIA, Alexi
Portela Júnior, e de repreO presidente Alexi Portela, em 2010, na preparação do
sentantes do governo.
primeiro jogo Carbono Zero (VITÓRIA x Corinthians)
Foto: Adenilson Nunes / AGECOM / Divulgação
Parque socioambiental
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O bairro, hoje, abriga empreendimentos
imobiliários e empresariais
Foto: Zecops
Pelo menos 30% dos funcionários do EC VITÓRIA são moradores de Canabrava ou de localidades próximas. Um deles é Antônio Lázaro dos Santos, 43,
morador de Canabrava desde 1986 e funcionário do clube há 19 anos. Casado
e pai de três filhos, Lázaro enumera as melhorias que o bairro recebeu após a
chegada do VITÓRIA. “A principal foi a saída do lixão, mas também temos os
empregos fixos e temporários, durante os jogos. O transporte também melhorou bastante, pois antigamente tínhamos apenas uma linha de ônibus”.
Já Ana Paula Barreto, 35, trabalha há apenas três meses no clube. Ela é moradora do Loteamento Bosque Real e trabalhou 12 anos como doméstica. Quando
foi morar perto do Barradão, passou a atuar no quadro móvel em dias de jogos.
“Pedi uma oportunidade ao VITÓRIA para mudar de função e hoje sou funcionária
do clube, na área de serviços gerais”, conta. Ana também faz uma comparação do
antes e depois. “Mudou muita coisa. O lixo era muito desagradável, não tínhamos
transporte nem segurança. Hoje é bem melhor e está sendo maravilhoso trabalhar
aqui, principalmente porque sou torcedora do VITÓRIA”, completa.
O gerente de Patrimônio do Rubro-Negro, Haroldo Tavares, também destaca a
prioridade que o clube dá aos comerciantes locais quando precisa adquirir produtos
e serviços. Segundo o gerente, na maioria das vezes, é na região de Canabrava
e localidades vizinhas que o VITÓRIA compra materiais de construção, elétricos e
alimentos. “Apenas quando não encontramos o serviço aqui, recorremos a outros
locais da cidade. Se investirmos o dinheiro do clube onde estamos, podemos melhorar as condições socioeconômicas de quem aqui reside e trabalha”, afirma Tavares.
Lixo nunca mais
O processo de retirada do lixo de
Canabrava teve a participação direta
do VITÓRIA e contou com a atuação
de inúmeros rubro-negros, a exemplo
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Foto:Yordan Bosco
Márcia Maria e Charles dos Santos cobram dos órgãos
municipais melhorias no campo de futebol do bairro
Antônio Lázaro e Ana Paula agradecem a oportunidade de trabalhar no EC VITÓRIA
Foto: Arquivo / Tribuna da Bahia
nha abaixo, para que o aterro possa
suportar outras descargas (...)”.
Um dos muros do Barradão foi
derrubado pela montanha de lixo por
diversas vezes. Além disso, durante a
campanha do título estadual de 1985,
os jogadores do VITÓRIA sofreram com
um surto de hepatite. Ídolo da torcida
e um dos heróis daquele campeonato,
o meia Bigu lembra as difíceis condições do bairro. “Era um local muito
ruim, cercado de doenças e perigoso. Nem podíamos sair à noite. Eu e
o volante Edilson pegamos hepatite, o
que era comum naquela área”, conta.
A última vez que ele visitou a Toca do
Leão foi em 1996, “e já não era nem
sombra daquela época. Está tudo bem
melhor”, afirma o ex-jogador.
Leão prioriza mão de obra local
Fotos: Yordan Bosco
Foto: Arquivo / Tribuna da Bahia
de Agenor Gordilho Neto, Pedro Godinho, Silvoney Sales, Paulo Carneiro,
Antonio Imbassahy, Paulo Magalhães,
José Rocha (atual presidente do Conselho Deliberativo) e Raimundo Sobreira, além do ipiranguense Galdino
Leite, que teve papel importante para
delimitar o espaço para depósitos de
lixo no uso do solo de Salvador.
A primeira grande vitória foi a criação do Aterro Metropolitano Centro,
localizado no Centro Industrial de
Aratu (CIA), que entrou em operação em 1997 e passou a receber o
lixo de Salvador, Lauro de Freitas e
Simões Filho. Mas foi no início dos
anos 2000 que o aterro enfim deixou
de receber lixo domiciliar e se transformou no Parque Socioambiental de
Canabrava. A iniciativa da prefeitura
de Salvador dotou o local de uma
estação de transbordo para materiais recicláveis e passou a realizar
projetos de inclusão social, esporte,
cultura, lazer e educação ambiental.
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Complexo esportivo beneficiará 2,5 mil jovens
Mais uma grande contribuição do clube à população de
Canabrava está prestes a virar realidade: o projeto Vitória da
Cidadania. Graças a um convênio entre o EC VITÓRIA e o governo da Bahia, assinado em 2009, um complexo esportivo
com ginásio, cinco quadras poliesportivas, três campos de
futebol com vestiários e arquibancada e um estacionamento
pavimentado para duas mil vagas serão construídos numa
área de 80 mil metros quadrados, no entorno do Barradão.
A iniciativa vai beneficiar aproximadamente 2,5 mil jovens
de Canabrava e bairros vizinhos. “O bairro mudou bastante nos
últimos anos com a chegada de serviços como transporte, saneamento e pontos comerciais. Mas Canabrava precisa muito
mesmo é de uma área de lazer”, explica a líder comunitária e
educadora Márcia Maria, 43, moradora do local há 36 anos.
O governo fará o aporte para a implantação do projeto no valor
inicial de R$ 3,5 milhões para a primeira etapa (campos, quadras
e estacionamento) e, em contrapartida, o VITÓRIA financiará todo
o apoio funcional, com profissionais capacitados, para desenvolver as atividades esportivas da comunidade ao longo de pelo
menos três anos, num custo estimado em mais de R$ 7 milhões.
O clube também vai ceder um terreno de 2 mil metros
quadrados para a construção de uma escola pública, que irá
atender a comunidade. “Vai melhorar muito nossa situação,
porque muitas das crianças que saem de nosso ensino funda-
mental precisam se matricular em escolas de outros bairros.
Como eles não têm condições para pagar transporte, acabam
abandonando os estudos”, revela Roberto dos Santos, professor da Escola Municipal Comunitária de Canabrava.
O líder comunitário local Charles dos Santos, 48, explica
que os próprios moradores se organizam para melhorar ou
ampliar a estrutura das escolas do bairro. “Só aqui nesta escola temos mais de 700 crianças que precisam desse projeto.
A comunidade é grande e só irá agradecer ao VITÓRIA e ao
governo do estado por ajudarem a tirar tantas crianças da
possibilidade de se envolver com coisas ruins”, explica.
Segundo o engenheiro Alexandro Ribeiro, conselheiro e
membro do grupo de trabalho de Patrimônio do VITÓRIA,
a licença ambiental para o projeto Vitória da Cidadania foi
concedida em fevereiro de 2011 e a revisão técnica do
projeto foi concluída no último mês de junho, com a aprovação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur).
Hildebrando Maia, diretor de Patrimônio do clube, revela
que aguarda apenas o parecer da Procuradoria Geral do
Estado para que o processo tenha sua continuidade e garanta a conformidade com os dispositivos legais.
O complexo Vitória da Cidadania terá
um ginásio, cinco quadras, três campos de futebol e uma escola estadual
O bairro mudou bastante nos últimos anos com a chegada de serviços como transporte, saneamento
e pontos comerciais. Mas Canabrava precisa muito de área de lazer”
Márcia Maria, líder comunitária e educadora
Fotos: Yordan Bosco
Hoje a oferta de atividades esportivas e educacionais não atende a
quantidade de crianças e jovens
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se saia de ‘poblema’
A conversão de um rival
Eu sempre tive um sonho na vida. Talvez, uma obsessão. Não era ganhar na
Mega-Sena, tampouco pegar a Cleo Pires, apesar de ambos estarem na minha
lista de metas até 2035. Vontade mesmo era transformar um tricolor em rubronegro. Me sentiria um padre na santa inquisição. Porém, a tarefa nunca foi
fácil, pois até pra falar de futebol é complicado com o rival. Só eles são isso,
só eles são aquilo. Preferi, então, fazer todas minhas namoradas e paqueras se
converterem em VITÓRIA. A minha meta há cinco anos era com Paty, uma antiga
presa de 2007. Ela nunca tinha ido para um jogo e não tinha um time definido.
Resolvi levá-la para o duelo de ida na final do Baianão daquele ano, um Ba-Vi
na Fonte Nova (o último). Ela foi reclamando o tempo todo que nunca mais iria
ver um jogo de futebol se o clássico terminasse sem gol. Ela nem imaginaria
que ficaria enjoada de ver tanta bola na rede...
Porém, no meio, tinha um segura-vela. E, como se poderia imaginar, ele era
Bahia. O castiçal era Ítalo, um amigo que resolveu se meter no meu encontro
romântico. Deixei ele vir conosco, pois era o único de carro na época e não iria
incomodar, pois imaginava que ele iria para a torcida rival. Me enganei. “Poxa,
não vou ficar sozinho lá. Vou testar meu nível de frieza vendo o Ba-Vi na torcida
do Vitória”, decidiu Ítalo, que estava à paisana, vestindo uma camisa rosa-bebê.
Jogo iniciado e Danilo Rios abriu o placar logo no começo para o lado de lá.
Fiquei tenso, pois Paty fez cara feia e Ítalo riu de canto de boca. Para minha
alegria, Ítalo decidiu ir para a sua torcida. O sacana ainda chamou Paty, mas
peguei na mão dela e não deixei. Foi melhor. Jackson empatou e Índio virou
o placar e eu já imaginava os beijinhos de minha paquera quando Ítalo bateu
nas minhas costas, dizendo que não conseguiu chegar na Bamor. Foi o pé-frio
chegar para o Bahia virar o jogo para 3x2. Miserável!
No meu maior estado de fúria, expulsei meu candidato a ex-amigo de
perto dos Imbatíveis, ameaçando contar para todo mundo que ele era
Bahia. Início do segundo tempo, Ítalo bem longe e Paty pertinho. Foi lindo.
Índio fez dois e Apodi outro. Um 5x3 para ganhar beijo na boca! Olho para
trás, adivinha quem eu vejo chegando... Ele mesmo, a praga. Ítalo estava lá,
dizendo que tava dando azar para seu time na torcida dele. Todos sabem o
que aconteceu: Bahia empata o clássico novamente.
Mas a noite era rubro-negra. Quando eu já me preparava para voar no
pescoço e matar meu amigo, Índio faz mais um e me deparo com uma cena
inusitada. Ítalo começou a pular, jogou seu celular no chão e começou a
gritar “negô, negô, negô...”. Meu sonho acabara de ser realizado. Ítalo, como
um pecador que enxerga a luz da salvação, se converteu a rubro-negro e se
tornou comum ver ele pulando e torcendo para o Leão nas arquibancadas do
nosso Barradão. Missão dada, missão cumprida.
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Por Moyses Suzart - Jornalista
Ilustração: Guri Comunicação