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revista oficial do esporte clube vitória outubro / novembro 2012 | R$ 5,99 Sangue rubro-negro Campanha do Vitória aumenta doações de sangue em 47% e sensibiliza o Brasil Uma nova Canabrava Veja como o Leão transformou o bairro em parque socioambiental e melhorou a vida da população Victor Ramos Xerifão da zaga rubro-negra fala sobre a vida e declara estar em seu melhor momento #2 Foto: Fabriciano Júnior Foto: Zecops c u r ta galeria No primeiro jogo da campanha O Meu Sangue É Rubro-Negro, o VITÓRIA entrou em campo com listras brancas no lugar das vermelhas. Nos quatro jogos seguintes, o vermelho foi tomando seu lugar Foto: Felipe Oliveira Garra de Uelliton e Victor Ramos. Esse é o espírito do acesso do Leão Marra rubro-negra. Isso que é garoto esperto Foto: Fabriciano Júnior Para não se perder A ‘Delegata’ Patrícia Nuno foi prestigiar o Leão, com sua Vitória Magazine 06 c u r ta galeria Foto: Zecops Foto: Fabriciano Júnior Nonono no nononono nononon no nononono nono nononono Estar bem alimentado, pesar mais de 50 quilos e ter entre 16 e 67 anos de idade são pré-requisitos para ser um doador de sangue Foto: Felipe Oliveira Nino Paraíba, inspirado, no controle da ‘pelota’ Atenção, muita atenção... Foto: Felipe Oliveira Sou eu, sou eu, sou eu Imbatíveis sou eu... Alegria, alegria. Menino feliz é menino rubro-negro 09 c u r ta índice “Essa foi uma atitude admirável, pois o clube abriu mão momentaneamente da tradição de seu uniforme, pensando somente na ação” Carlos Saraiva, Gerente de Relações Esportivas da Penalty, sobre a campanha Foto: Zecops Foto: Fabriciano Júnior Editorial ..... 12 Palavra do presidente ..... 14 Fera rubro-negra Xerifão da zaga do Leão, Victor Ramos fala sobre as experiências internacionais e revela estar muito feliz por jogar no time que o revelou 26 Brado da galera ..... 16 Giro ..... 18 Paixão no Barradão ..... 20 Foto: Yordan Bosco Copa do Nordeste ..... 24 Sou Mais Vitória ..... 25 Entrevita - Acelino Popó ..... 36 Ilustre Torcedor ..... 38 Parque socioambiental Veja como o VITÓRIA colaborou para levar melhorias sociais, ambientais, econômicas e urbanísticas ao bairro de Canabrava 52 Da base ..... 40 Pé de moleque ..... 42 Esportes Olímpicos ..... 44 Felina ..... 46 Análise ..... 48 Leão na rede ..... 49 Tu tens grande história ..... 50 Se saia de ‘poblema’ ..... 58 Meu sangue é rubro-negro Campanha de incentivo à doação de sangue teve repercussão internacional e foi responsável pelo aumento de 47% no estoque da Fundação Hemoba. Zagueirão Gabriel fez a sua parte 30 Foto de capa: Pedro Ken dá sangue pelo VITÓRIA e nação rubro-negra doa sangue para salvar vidas (Foto: Felipe Oliveira) 11 c u r ta editorial Quem teve diagnóstico de hepatite após 11 anos de idade, grávidas e lactantes e quem apresentar sintomas de gripe ou febre não pode doar sangue expediente Yordan Bosco - Editor [email protected] VITÓRIA faz a diferença O momento não poderia ser melhor. O Leão disparado na disputa da Série B, rumo ao acesso e ao título, que, pelo andar da carruagem, tudo indica virão antecipados. O time tá sobrando, jogando muito e batendo em todos que aparecem pela frente. Seja no Barradão ou em qualquer outro campo. Esta segunda edição da Vitória Magazine celebra, junto com a nação rubro-negra, este momento mágico que o time vem passando. Em uma campanha à altura da grandeza rubro-negra, temos superado, em percentual, todas as outras equipes que disputaram e ganharam a Série B na história dos pontos corridos. Nem Corinthians, nem Vasco, nem Coritiba e nem Atlético Mineiro fizeram o que estamos fazendo até aqui. Isso é motivo de orgulho para todos os torcedores. Não temos dúvida. Porém, orgulho maior ainda foi ver o Leão surpreender o país e ser notícia internacional com uma inédita campanha de doação de sangue. ‘O Vitória sempre deu o sangue por você. É hora de retribuir. Doe.’ é um dos slogans da campanha que teve início no jogo VITÓRIA 2x0 Avaí, no dia 30 de junho, e foi finalizada no dia 14 de agosto, na partida VITÓRIA 2x0 Guaratinguetá. 12 Durante esse período, as doações de sangue na Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba) aumentaram em 47%, segundo dados da instituição. Sem falar nas mobilizações em outros estados do país. Idealizada pela Penalty, pela agência Leo Burnett e pelo Departamento de Marketing do Rubro-Negro, a ação foi notícia até na TV inglesa BBC. Para sensibilizar as pessoas, o time do VITÓRIA iniciou jogando com listras brancas no uniforme, em substituição às vermelhas. Nas quatro partidas seguintes, no Barradão, o vermelho foi tomando o lugar do branco, à medida que as doações foram aumentando. A campanha, que também contou com a parceria da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), não foi abraçada apenas pela nação rubro-negra, mas por todos os baianos, inclusive pelos torcedores rivais. E por isso superou todas as expectativas. Além de incrementar o estoque da instituição que fornece hemocomponentes (hemácias, plaquetas e plasma) para todas as unidades hospitalares assistenciais da Bahia, tocou o coração das pessoas para a importância da doação, tornando-se um marco na saúde pública do estado. É por atitudes como essa que o EC VITÓRIA comprova ser uma agremiação esportiva diferenciada. É uma instituição atuante em causas de cunho social, de cidadania, ambiental, entre outras. É uma entidade que, de forma eficiente e inteligente, usa sua grande influência entre os torcedores para fazer a diferença na sociedade. É um time que orgulha sua nação, não apenas pelos resultados em campo e pelas conquistas esportivas, mas por sua grande importância social. A revista VITÓRIA MAGAZINE é uma publicação bimestral do Esporte Clube Vitória e tem tiragem de 10 mil exemplares. A revista é produzida pela empresa Quatro Linhas Soluções em Comunicação. Presidente do Conselho Deliberativo: José Rocha Vice-presidente do Conselho Deliberativo: Silvoney Sales Presidente do EC VITÓRIA: Alexi Portela Jr. Vice-presidente do EC VITÓRIA: Carlos Falcão Edição e produção: Yordan Bosco (DRT–BA 2992) Projeto gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Alexandre Karr Direção executiva: Francisco Fidalgo Marco Trinchão Revisão: Socorro Araújo Contato comercial: [email protected] [email protected] Telefone: (71) 3414-9834 Colunistas: Leando Silveira, Mário Ferraz, Maurício Naiberg, Moysés Suzart e Paulo Leandro. Colaboraram nesta edição: (textos) Francisco Ribeiro e Roque Mendes; (fotos) Fabriciano Júnior, Felipe Oliveira, Francisco Aguiar, Jade Matarazzo, Mário Ferraz, Tracy Kraft Leboe e Zecops. Ilustrações: Guri Comunicação Impressão: Vox Editora Os textos assinados reproduzem as opiniões dos seus autores e não necessariamente do veículo e do clube. Contatos por e-mail: [email protected] Correspondências: Rua Frederico Simões, 98, Edf. Advanced Trade Center - sala 702 - Caminho das Árvores - Salvador – BA CEP 41.820-744 palavra do presidente Alexi Portela Jr. Presidente do VITÓRIA Momento mágico É com imenso prazer que falo à nação rubro-negra, mais uma vez, através desta coluna da Vitória Magazine. E se o simples exercício de comunicar com o torcedor é sempre uma grande alegria para mim, celebrar grandes feitos do VITÓRIA, então, é motivo de satisfação plena. É como vibrar com um gol decisivo, em uma final de campeonato. Da edição inicial da nossa revista oficial para este segundo número, muitas coisas boas ocorreram. Neste curto espaço de tempo alcançamos a liderança da Série B e já sentimos o acesso à Série A cada vez mais próximo. Tivemos ainda importantes resultados nas Divisões de Base, nos esportes olímpicos e apresentamos um completo e ousado planejamento estratégico para os anos 20122017, que vai promover um grande salto na nossa gestão e, com certeza, importantes conquistas dentro de campo. Fui aclamado novo presidente da Liga do Nordeste, por ocasião do lançamento oficial da edição 2013 do Campeonato do Nordeste, trazendo de volta uma importante competição, que vai representar uma receita extra, mais visibilidade aos clubes da região, além de instigar a volta da rivalidade sadia. 14 Vale ressaltar que entre os meses de junho e agosto promovemos uma das mais criativas e eficientes campanhas de doação de sangue que este país já viu. Quando a diretoria da Penalty e sua agência de propaganda, Leo Burnett, nos apresentaram a ideia de uma campanha para sensibilizar os torcedores e toda a sociedade sobre a importância de doar sangue para salvar vidas, nos interessamos de imediato. Afinal, o exercício da cidadania e a responsabilidade social estão entre as principais marcas da nossa gestão e têm feito do EC VITÓRIA uma instituição de futebol diferenciada. Tirar temporariamente o vermelho da nossa camisa foi de uma ousadia muito grande. O aumento de quase 50% nas doações de sangue no principal hemocentro da Bahia (Hemoba), a repercussão em todo o país, além dos destaques na imprensa internacional, mostraram que marcamos mais um golaço. O VITÓRIA e sua torcida são sempre surpreendentes. Criatividade, garra, sensibilidade e talento estão em nosso DNA. Mostramos, mais uma vez, que somos diferentes e que temos uma forma peculiar para tudo. Para comemorar, para sofrer, para exigir melhorias no time, para gozar os rivais e para ajudar ao próximo. Por isso, agradecemos e dividimos o sucesso da campanha Meu Sangue É Rubro-Negro com todos os torcedores do VITÓRIA, o povo baiano, a Penalty, a Leo Burnett, o Governo do Estado da Bahia, a OAS Empreendimentos, a TIM e o Jornal A Tarde. Saudações rubro-negras Foto: Zecops brado da galera Foto na revista Lucas Deda, com a tia Eliane Viana, a pedido da mamãe, Juliana Foto: Arquivo Pessoal Minha família é fanática pelo VITÓRIA, especialmente meu filho Lucas, de 11 anos. O sonho dele é ver uma foto sua na revista do VITÓRIA. Será que isso é possível??? Obrigada pela atenção, Juliana Deda [email protected] Resposta: Juliana, está aí a foto do seu bambino. Verdadeiro vencedor Na página 37 da primeira edição da Vitória Magazine aparece uma foto minha. Fui ganhador da promoção, porém vocês erraram o nome. Sou Lucas Brandão e não ‘Marcelo Aragão’. Lucas Correa Brandão Resposta: Desculpa nossa falha, Lucas. Segue agora a foto com o nome correto. ‘Erros grosseiros’ Li a primeira edição da revista Vitória Magazine e na matéria Rumo à Série A, escrita por Yordan Bosco, existem alguns erros grosseiros. Primeiro o Barcelona de Guayaquil, que na matéria é citado como um clube colombiano, na verdade é o Barcelona Sporting Club, tradicional equipe de futebol equatoriana. Segundo, o Atlético Paranaense foi campeão brasileiro da Série A em 2001, contra o São Caetano, e não em 2004, como na matéria. Em 2004, o campeão brasileiro foi o Santos Futebol Clube. Att. Luiz Valente Neto • [email protected] Resposta: Nobre Luiz, muito obrigado pelas correções e pela gentileza de apontar nossos “erros grosseiros”. Estamos trabalhando para minimizá-los já nesta segunda edição. Só não podemos prometer zerá-los, pois é difícil. Valeu a colaboração e grande abraço! Recursos inexcedíveis Olá, amigos da revista Vitória Magazine. Com vivo interesse li todas as páginas do primeiro exemplar da revista oficial do Esporte Clube Vitória - Vitória Magazine - e a que ora me reporto para assinalar minha fecunda alegria tanto pelo que se escreveu, assim como pelo projeto gráfico e de tratamento de imagens. O editorial Estamos na Área foi um convite que me foi dirigido a de uma só vez afundar, página a página, todo o consistente conteúdo com recursos pictóricos rubro-negros inexcedíveis. Sinceros parabéns! Minha expectativa é muito grande para a chegada da próxima edição. Cordiais saudações Iraci de Souza Spínola • [email protected] Lucas Brandão, vencedor da promoção Bote Fé no Leão 16 Resposta: Ora, pois, Iraci, ficamos lisonjeados com tamanho reconhecimento. É de um regozijo incomensurável saber que temos leitores como você. c u r ta Uelliton recebe homenagem de aniversário Memorial ganha faixa de campeão de 1963 Foto: Felipe Oliveira O volante se emocionou ao ter seu nome cantado pela torcida No dia que completou 25 anos, o volante Uelliton voltou a ter seu nome chamado pela torcida, que cantou parabéns e atendeu ao pedido de perdão do jogador. Feliz, o capitão foi homenageado no vestiário com um bolo de chocolate. “Não teve presente melhor que a torcida gritar meu nome, além da vitória”, disse Uelliton. “Estou imensamente feliz com o perdão da torcida”. O capitão fez aniversário no dia 28 de agosto, quando O delegado e jornalista Antônio Matos, 64 anos, deu um grande presente ao VITÓRIA. Ele entregou ao vice-presidente do clube, Carlos Sérgio Falcão, a faixa de bicampeão juvenil invicto, que recebeu em 1963 – ao conquistar o título, como lateral-esquerdo titular –, para integrar o acervo do Memorial 13 de Maio. “Tínhamos como destaques daquele time Domingos, no gol, Márcio Mont’Alegre (ex-presidente do clube), meu amigo-irmão, no meio da zaga, e os gêmeos Paulo e Roberto Adami de Sá, além de Wellington Sampaio, no meio de campo, e Santa Rosa – que depois se transformou num excepcional quarto-zagueiro – no ataque”, disse um saudoso Matos, na época chamado de Nininho, um adolescente de 16 anos. o Rubro-Negro venceu o Barueri por 1x0. Quem também foi homenageado no Barradão, só que no dia 12 de junho, na vitória contra o Guarani, foi o atacante Marquinhos. Ele completou 100 jogos como profissional com a camisa rubro-negra. O vice-presidente Carlos Sergio Falcão, acompanhado do gestor de futebol Raimundo Queiroz, entregou uma placa de prata ao jogador, que entrou em campo com a camisa número 100. Leão homenageia Tácio Caldas ganha supervisor Mário Silva bola da Penalty Aniversariante do dia 30 de agosto, o supervisor Mário Silva foi homenageado antes do jogo VITÓRIA x Criciúma (4 de setembro), quando o presidente Alexi Portela Júnior entregou-lhe uma camisa com o número 43, referência aos anos de trabalho do funcionário. Mário, que chegou ao clube como office boy e foi posteriormente efetivado na função de supervisor, é o funcionário mais antigo do clube. Surpreso com a homenagem, ele ficou bastante emocionado e agradeceu aos companheiros. 18 Barradão é elogiado por diretor da CBF Foto: Yordan Bosco Foto: Divulgação EC VITÓRIA O estudante de Direito Tácio Caldas é o grande vencedor da promoção Gol do Leão, da revista Vitória Magazine. Graças à emocionante descrição de um gol do Rubro-Negro sobre o Grêmio, do Brasileirão de 2009, ele ganhou uma bola oficial da Penalty. Torcedor venceu promoção Gol do Leão com declaração emocionante O diretor de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Virgilio Elísio da Costa Neto, destacou que o Estádio Manoel Barradas está entre os 10 maiores do Brasil, ao participar do seminário sobre Operações de Estádios, em Fortaleza. Os projetos baianos para a Copa do Mundo de 2014 também foram destacados no seminário. A Arena Fonte Nova foi observada como o primeiro estádio para a Copa do Mundo de 2014 que já está desenvolvendo o processo de operação. Planejamento estratégico do Leão tem metas ousadas até 2020 Uma das principais referências de administração entre os grandes do futebol do Brasil, o EC VITÓRIA deu mais um passo importante para a consolidação profissional da sua gestão e do futebol. No início de setembro, a diretoria do Leão e o Instituto de Gestão, Educação, Política e Estratégia (Ingepe) apresentaram o planejamento estratégico do clube para o período entre 2012 e 2017. Intitulado Vitória: um Presente para o Futuro, o programa consiste em uma série de ações e estratégias administrativas que têm como principal meta colocar o Rubro-Negro entre as dez maiores instituições do futebol brasileiro até 2020. O VITÓRIA sempre foi vanguarda no futebol nordestino e agora o alvo é colocar o Rubro-Negro conhecido nacional e internacionalmente pela qualidade da gestão, pelas conquistas no futebol profissional, pela presença nos esportes olímpicos e pela excelência nas categorias de base. “O planejamento estratégico é que vai balizar todas as metas e é importante saber para onde vamos como agremiação esportiva. Não há vento favorável a quem não sabe para que porto quer navegar”, comentou o vice-presidente do clube, Carlos Falcão, que destacou ainda a qualificação profissional de todos. funcionários, torcedores e representantes da imprensa especializada. Todo o processo foi dividido em quatro fases: diagnóstico completo, delineamento da política de recursos humanos, construção do planejamento estratégico 2012-2017 e relatório final. “O planejamento tem o objetivo de aprender com o passado para pautar nossas ações do presente e construirmos um amanhã de muitas outras vitórias”, explicou o presidente Alexi Portela Júnior. “É chegada a hora de nós, rubro-negros, de posse dos valiosos instrumentos que foram construídos até aqui, arregaçarmos as mangas e fazermos o que for necessário para que o nosso amado clube possa cumprir sua missão, concretizar sua visão e alcançar todos os seus objetivos, sempre pautados nos valores que nos fazem ser muito mais que um time de futebol”, destaca Portela. De acordo com o presidente do Ingepe, Rodrigo Santos, nenhum outro time teve a coragem de fazer um autorretrato como o VITÓRIA fez. “Para buscar oportunidades, tem que mostrar suas falhas. Por isso foi feita uma radiografia completa em todas as áreas estratégicas da instituição. Da gestão, do futebol, da comunicação, da base, entre outros setores”, explica. “Entendemos que tudo que vai acontecer a partir de agora vai ser fundamental para o sucesso do planejamento. Hoje o VITÓRIA tem um planejamento estratégico que não deve nada a nenhum outro clube do Brasil”, complementa Rodrigo Santos. Foto: Yordan Bosco giro Para poder doar sangue, as pessoas com 16 e 17 anos de idade só podem fazê-lo com autorização formal e a presença de um responsável no local da doação Diagnóstico Foram seis meses de levantamento de diagnósticos e oficinas com os mais diversos segmentos do clube para planejar o futuro da instituição a partir do pensamento, das vozes e das propostas de conselheiros, diretores, O presidente do Ingepe, Rodrigo Santos, passa o planejamento às mãos Silvoney Sales, observados por Alexi Portela 19 paixão no Barradão A peregrinação de Marcus Lyrio acompanhando o VITÓRIA começou nas últimas rodadas da Série A de 2010 Fotos: Arquivo pessoal Sempre viajei para ver, em média, uns dez jogos por ano fora de Salvador. Decidi continuar a viajar para ajudar o VITÓRIA no retorno à Série A, e depois de 80 jogos me planejei para seguir até os 113 em homenagem ao aniversário do clube” 113 jogos seguidos no 113º aniversário do Leão ajudar o VITÓRIA no retorno à Série A, e depois de 80 jogos me planejei para seguir até os 113, em homenagem ao aniversário do clube”, conta. Por Francisco Ribeiro O engenheiro e empresário Marcus André Lyrio completou a simbólica marca no jogo ABC 0x1 VITÓRIA, em Natal (RN). Em pouco menos de dois anos ele percorreu 112 mil quilômetros e foi a 29 cidades Você toparia o desafio de assistir a mais de 100 jogos consecutivos do VITÓRIA, dentro e fora de Salvador? Num período de quase dois anos, você deveria gastar mais de R$ 30 mil em viagens, hospedagens e ingressos, percorreria 112 mil quilômetros e 29 cidades de quatro regiões do país. Enfrentaria a fúria de algumas torcidas organizadas de outros estados e constantemente se veria longe da família. Complicado, não? Pois o engenheiro químico e empresário Marcus André Lyrio, 36 anos, alcançou a façanha de acompanhar o Leão em 113 jogos se- 20 guidos, justamente no ano em que o clube completa 113 anos. Tudo começou em 2010. O ano tinha iniciado bem com a conquista de mais um tetra estadual e a participação na final da Copa do Brasil, mas terminava de maneira inesperada. Em 7 de novembro daquele ano (na véspera do aniversário de Marcus), o VITÓRIA perdeu por 1x0 para o Cruzeiro, no Barradão. Restavam quatro jogos para o fim do campeonato e o Rubro-Negro seguia ameaçado na tabela. Foi ali que ele decidiu seguir o time em todos os jogos restantes, dentro e fora de casa, para ajudar na corrente contra o rebaixamento. Não deu. O VITÓRIA amargou a vaga que restava no Z4, perdendo para o Atlético-GO apenas no número de vitórias. Mas a tragédia rubro-negra não abalou Lyrio, que prometeu continuar fazendo valer a máxima de que “estamos contigo em qualquer lugar”, presente em um dos versos do hino antigo. “Fui um dos fundadores da torcida Os Imbatíveis e sempre viajei para ver, em média, uns dez jogos por ano fora de Salvador. Decidi continuar a viajar para Presentão Exatamente um ano e dez meses depois, percorridos 112.673 mil quilômetros, em viagens aéreas e pelas estradas do Brasil, enfim ele assistiu ao 113º jogo consecutivo, justamente na vitória heroica, nos últimos segundos, por 1x0 sobre o ABC, em Natal. “Não poderia ter sido melhor! Mas confesso que já estou ficando coroa e esse tipo de jogo é muito complicado para o coração”, brinca. O desfecho eletrizante da partida foi um verdadeiro presente ao final da louca empreitada. Final? “Eu já havia comprado passagens para quase todos os jogos até o final do primeiro turno do Brasileiro e estou garantido em mais algumas viagens até o final do ano”, revela Marcus Lyrio. Mas, mesmo com presença certa em mais alguns jogos, Marcus, que é pai de três filhos, promete diminuir o ritmo após 2012. “Fica um pouco maçante por causa da família”, explica. Mas a esposa, a professora Tânia Mara, 37, Homenagem às andanças pelo Brasil, em nome do amor ao Rubro-Negro Marcus com família no Frasqueirão (RN) em 2011, um ano antes de atingir a marca dos 113 jogos seguidos desconfia. “Acho que ele não vai conseguir parar. Já se acostumou com tudo isso e vai acabar viajando para ver mais jogos”, diz Tânia, que também é rubro-negra e de início achou tudo uma loucura. “Depois, fui vendo a empolgação dele e acabei me acostumando. Até fui assistir a um jogo junto com nossos filhos, em Natal, no ano passado”, lembra. João Vitor (9), Pedro Lucas (8) e Maria Vitória (7) formam o time de pequenos rubro-negros da casa. O início da família também é ligado ao VITÓRIA, pois Marcus e Tânia se conheceram nos anos 90, justamente no Barradão. “Eu fazia parte da antiga Torcida Jovem e ela cursava Educação Física na Universidade Católica (Ucsal). Dois amigos meus de torcida, Rubinho e Flávio, também estudavam lá e a gente se via sempre”, lembra Marcus. O trabalho de Lyrio também é ligado ao EC Vitória. Ele é dono da loja Leão da Barra do Shopping Paseo Itaigara, em Salvador. Além disso, uma das quatro tatuagens que possui mostra o mapa do Brasil, o escudo do Leão e os dizeres que comprovam a fidelidade do torcedor rubro-negro: “Estamos contigo em qualquer lugar”. Ilustração: Guri Comunicação 21 Fotos: Zecops Torcedor ilustre Gabriel Araújo, lateral esquerdo do Vitória Quem estava nas cadeiras do Barradão, assistindo ao jogo Vitória 2x0 Avaí, foi o lateral esquerdo, então recentemente contratado, Gabriel Araújo. Torcedor do Leão desde criança, o jogador, de 21 anos, destacou a emoção de ver pela primeira vez um jogo na condição de atleta do VITÓRIA: “Fiquei meio nervoso, porque queria tá lá embaixo, ajudando os companheiros. Mas, como não deu, fiquei na torcida. Emoção total”. Confiança entre amigas Paixão em família Batom, maquiagem, cabelos arrumados, camisa do time e muita confiança. É assim que as amigas Nelma França, Luana Tavares e Tainá Moraes adoram ir, juntas, ao Barradão. Vizinhas e parceiras de arquibancada, todas são apaixonadas pelo VITÓRIA. Junto com elas estão sempre o maridão e os filhos de Nelma, que concorreu para ser musa do time em 2007. Tainá e Luana são filhas de rubro-negros. “Essa parceria é de sucesso. Sempre trazemos sorte ao nosso time”, afirma Tainá. O Industriário Lázaro Soares pode se orgulhar da família quando o assunto é torcer para o Leão. Sempre que pode, vai ao Barradão levar vibrações positivas para o time, com a mulher, Lusimeire, e as filhas, Larissa, 13, e Luana, 6. “Nos conhecemos rubro-negros e as meninas já nasceram VITÓRIA”, conta Lázaro. “Toda vez que estamos juntos aqui, o Leão sempre vence”, diz Larissa. c u r ta paixão no Barradão A Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba) fornece hemocomponentes (hemácias, plaquetas e plasma) para todas as unidades hospitalares assistenciais do estado da Bahia Estreia em grande estilo Estreante no Barradão, o pequeno João Miguel Soares, de 2 anos, estava muito à vontade. Pulava, corria, brincava, mas sempre olhando para o campo. Filho de rubro-negros, João foi levado pelo tio, o administrador de empresas Bruno Palmeira. De acordo com Palmeira, o moleque é apaixonado por bola e só quer ficar vestido com o manto rubro-negro. Presença certa Faça chuva, sol ou ventania, a bancária Lícia Magalhães Oliveira e o marido, José Oliveira, são presenças certas nos jogos do VITÓRIA, nas cadeiras do Barradão. Pura confiança, a torcedora afirma que o Leão vai subir para a Série A e destaca a alavancada do time nos 13 primeiros jogos. Momentos inesquecíveis? O casal Oliveira destaca duas partidas de 2010: a decisão do Baianão e a final da Copa do Brasil, contra o Santos. Lícia e José Oliveira, de boa Tal pai, tal filho Os garotos Pedro e Luigi estão no mesmo caminho do pai, o empresário Manoel Mute. E que caminho bom. O trio está sempre no santuário rubro-negro, torcendo pelo Leão. Os garotos adoram o programa e sempre levam sorte para o time. “Eles nasceram rubro-negros”, conta o pai, coruja e confiante pelo acesso do time este ano. Lusimeire, Larissa, Lázaro e Luana Manoel Mute e os filhos Luigi e Pedro Nelma, Luana e Tainá 22 O pequeno João Miguel aprontou na sua primeira ida ao Barradão 23 Copa do Nordeste Foto: Divulgação Para se associar ao programa de sócio-torcedor do VITÓRIA, ligue para (71) 3014-1899 Pentacampeão da competição, o VITÓRIA briga pelo bicampeonato consecutivo, já que foi vencedor da última versão, em 2010 Nordestão volta com força em 2013 Competição contará com 16 clubes, acontece entre os dias 19 de janeiro e 17 de março e será transmitida pela Rede Globo e pelo canal Esporte Interativo 24 A Copa do Nordeste 2013 terá transmissões das emissoras da Rede Globo e do canal Esporte Interativo. A Globo transmitirá um jogo por semana para a região Nordeste, enquanto o Esporte Interativo exibirá duas partidas para todo o Brasil a cada semana. A competição voltará com toda força, pois estimulará a rivalidade regional e promoverá as equipes nacionalmente. Vale destacar ainda a expectativa de estádios cheios durante os jogos. “Além de reacender a rivalidade entre os clubes da região dentro do campo, o Nordestão vai voltar a representar uma receita extra, que vai nos ajudar a montar equipes mais competitivas para entrarmos fortalecidos nas competições nacionais”, acredita o presidente Alexi Portela Júnior, que sempre foi um dos principais defensores da competição. “O campeonato trará mais visibilidade. Não apenas para o VITÓRIA, mas também para os demais clubes da região”, complementa o presidente, que esteve em Fortaleza acompanhado do vice, Carlos Falcão, e do diretor Nilton Almeida. O presidente da CBF, José Maria Marin, também destacou a oportunidade de reeditar a competição. “O torcedor do Nordeste, apaixonado pelos seus clubes, capaz de quebrar recordes de comparecimento de público, terá agora, em boa hora, mais uma oportunidade de demonstrar a força do futebol na região. A Copa do Nordeste volta para ficar, é uma realidade no nosso calendário”, explica Marin. O vice-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e o diretor de Competições, Virgílio Elísio, também estiveram presentes, assim como o presidente da Federação Baiana de Futebol (FBF), Ednaldo Rodrigues, e os demais representantes das federações dos demais estados da região. Grupos da 1ª fase Grupo A: Bahia, Ceará, ABC e Itabaiana Grupo B: Sport, Fortaleza, Confiança e Sousa Grupo C: VITÓRIA, América/RN, Asa e Salgueiro Grupo D: Santa Cruz, CRB, Campinense e Feirense Fotos: Zecops Em solenidade realizada no Hotel Marina Park, em Fortaleza (CE), foi lançada oficialmente, no dia 13 de setembro, a 10ª versão da Copa do Nordeste. A competição, promovida pela Liga do Nordeste e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), terá 16 clubes e acontece entre os dias 19 de janeiro e 17 de março. Durante o lançamento, que contou com a presença do presidente da CBF, José Maria Marin, o presidente rubro-negro, Alexi Portela Júnior, foi aclamado, pela assembleia, como o novo presidente da Liga do Nordeste. A prova será dividida em uma primeira fase de grupos, seguida de mata-mata, a partir das quartas de final. O sistema de sorteio tem como inspiração a Liga dos Campeões da Europa. Pentacampeão da competição e vencedor da última versão, realizada em 2010, o VITÓRIA inicia na Copa do Nordeste 2013 no dia 20 de janeiro e será o cabeça de chave do Grupo C, composto ainda por América (RN), Asa (AL) e Salgueiro (PE). O critério de seleção dos 16 participantes é baseado nas colocações nos campeonatos estaduais. 25 “Estou no meu melhor momento” Por Yordan Bosco De bem com a vida e muito feliz por estar de volta ao VITÓRIA e a Salvador, depois de três temporadas na Bélgica, o zagueirão Victor Ramos é uma das principais peças rubro-negras na brilhante campanha do time para retornar à Série A. Inquieto, irreverente e franco, ele comemora a atual fase nos gramados - que considera a melhor de sua carreira - e destaca que as experiências adquiridas na Europa o fizeram amadurecer muito. Ramos fala também sobre sua paixão pela vida e confessa não estar nem aí para as especulações da mídia sobre sua vida pessoal desde que começou um namoro com a modelo e ex-paniquete Nicole Bahls 26 O Estou em casa outra vez. Precisava muito disso. Amo este clube, esta torcida, este ambiente daqui, onde tudo começou. É maravilhoso estar na minha cidade, nas minhas origens” Foto: Fabriciano Júnior Victor Ramos c u r ta fera rubro-negra Ramos chegou à Base do VITÓRIA com 10 anos de idade e, aos 19, no primeiro ano como profissional, foi vendido para o Standard de Liége, da Bélgica ambiente é de total tranquilidade. O silêncio e a paz da Concentração Vidigal Guimarães permitem ouvir a sinfonia de pássaros, ecoada das diversas árvores espalhadas pelo hotel rubro-negro. Por volta das 16h, na véspera do jogo contra o CRB (que o Leão venceu por 1x0), alguns jogadores, a exemplo de Nino Paraíba, Leílson, Michel e Neto Baiano, saem direto do cochilo da tarde para o quiosque que abriga um salão de jogos, um refeitório e uma sala de cinema. Eis que surge o xerifão da zaga rubro-negra, no alto dos seus 1,92 metro. Ele chega meio sonolento, mas, logo, logo, o sorriso e a empolgação aparecem e a cara de maresia vai embora. À beira da piscina, o papo começa a desenrolar. Victor Ramos Fonseca tem os traços característicos de um jovem vencedor de 23 anos. Inquieto, direto e determinado, ele não foge às perguntas, diz tudo na lata. Mas coloca sempre a emoção à frente. Emoção, por sinal, é o que não falta quando o assunto é sua relação com o Leão. Ele não esconde a felicidade e o orgulho de estar de volta depois de três anos na Bélgica. Principalmente por fazer parte de um grupo especial, formado por diversos amigos de Base. Um dos artilheiros do VITÓRIA na Série B, com cinco gols até a 25ª rodada, Victor Ramos é um zagueiro veloz, pegador, seguro e de bom passe. Ele tem sido decisivo, tanto na defesa quanto no ataque, na excelente campanha do time para retornar à elite do futebol brazuca. O cara tem dado sangue e o reconhecimento da torcida é recíproco. A cada jogo no Barradão seu nome é aclamado e isso tem incentivado o jogador, que passa, segundo o próprio, pelo melhor momento da carreira. Ares europeus Ramos chegou à Base do VITÓRIA com 10 anos de idade e, aos 19, no primeiro ano como profissional, foi vendido para o Standard de Liége, da Bél- gica. Na Europa, evoluiu tecnicamente e viveu novas experiências de vida que o ajudaram a amadurecer muito. “Fui muito novo, sofri, mas me habituei. Conheci outros países e aprendi a me virar no francês. Fui com contrato de quatro anos, mas na terceira temporada pedi aos dirigentes para voltar para o Brasil”, explica o zagueiro, que no ano da transferência, em 2009, chegou a ser convocado pela Seleção Canarinho para disputar o Mundial Sub-20 do Egito. Mas, como não era obrigatório, a CBF o liberou, a pedido do clube belga. Victor Ramos arriou as malas em Liége com moral e logo assumiu a vaga de titular. Disputou a Champions League e a Copa da Uefa e sagrou-se campeão da Supercopa da Bélgica - no ano que chegou - e da Copa da Bélgica - na temporada 2010 /11. “Vivi momentos bons e ruins na Europa, o que é normal. Fui com uma namorada na época. É complicado morar sozinho fora do país, principalmente quando se é muito novo. São outros costumes, outra língua. Minha mãe ia sempre, minha irmã também, e cheguei a morar com um amigo”. “Amadureci como profissional, como pessoa e, graças a Deus, foi um momento muito bom e uma oportunidade única. Cheguei a jogar com 15 graus negativos. Treinava e jogava com várias camisas por baixo, agasalhos, luvas e gorro. O frio às vezes desanimava, mas mesmo assim aprendi muito, fui ídolo da torcida e ganhei títulos”, detalha. “Lá, o futebol é mais duro. Os juízes não marcam qualquer falta. Do pescoço pra baixo é canela”, brinca. Sangue rubro-negro Antes de retornar à Toca, no início deste ano, Victor Ramos teve uma passagem pelo Vasco da Gama no segundo semestre de 2011, mas não se firmou no time carioca devido a uma série de contusões. Melhor para a torcida rubro-negra, que o recebeu de braços abertos. Disputou o baiano, foi 27 um dos que mais atuaram nesta temporada e revela que está muito feliz no Leão. “Estou em casa outra vez. Precisava muito disso. Amo este clube, esta torcida, este ambiente daqui, onde tudo começou. É maravilhoso estar na minha cidade, nas minhas origens. É bom ir à praia, dá uma saidinha nos dias de folga e estar perto da família”, comemora. Em relação ao time, Ramos explica que está encaixando, tudo está dando certo e o grupo tá fechado e unido. “Estamos em um só pensamento, em uma só maré. Tá todo mundo remando junto e todos focados em um principal objetivo, que é subir com o VITÓRIA para a Série A”. Ele ressalta ainda que o fato de ter muitos jogadores formados na base proporciona uma identificação do elenco com o clube. “Já joguei com muita gente do time. Com Vovô - Uelliton - Dankler, Gabriel, Léo, Marquinhos, entre outros. Acho que isso faz a diferença e contagia os outros jogadores”, acredita. “É natural que um cara da Base tenha um carinho especial pelo clube, pelos funcionários e pelos colegas, pois só a gente sabe o que passou aqui dentro”. Desafio da Série B No Brasil, Victor Ramos havia disputado uma Série A pelo Rubro-Negro em 2009 e outra pelo Vasco no ano passado. Com a quarta participação do VITÓRIA na Série B, o zagueiro experimenta uma nova experiência na carreira e tem se adaptado fácil à nova rotina de viagens e a um estilo de jogo muito diferente. “Os campos, os estádios e as viagens têm outras características. Temos vivido verdadeiras aventuras. Na Série A você tem mais espaço pra jogar, enquanto na série B é mais pegado, corrido, bola lá e bola cá. Muito desgaste, mas vim pra cá sabendo que seria assim e estou feliz. Quero botar o Vitória no caminho certo da Série A”, promete. Como exemplo das aventuras da competição, Ramos destaca a 28 ida para Varginha, em Minas Gerais, para jogar contra o Boa Esporte. Depois de uma viagem de avião até Belo Horizonte, o grupo teve que ir de ônibus por mais seis horas. Tu tá comentado Desde quando começou a namorar a modelo e ex-paniquete Nicole Bahls, Victor Ramos passou a virar assunto nacional em sites de fofoca e de celebridades. Na volta ao Brasil, a vida pessoal começou a ser exposta, com constantes especulações sobre a vida do casal. A rotina foi novidade na vida do jovem jogador, já acostumado à frieza e à imparcialidade belga quando o assunto é a vida alheia. Mas quem pensa que ele se abala com o assédio da mídia está muito enganado. Não está nem aí. “É normal você virar notícia por namorar uma pessoa famosa. Você termina caindo no foco da também. Mas não estou nem aí, isso não preocupa, não me abala”, minimiza. E, no momento de felicidade que Victor Ramos vive profissionalmente, pouca coisa lhe abala mesmo. “Estar de novo em Salvador, com minha família e meus amigos, é muito bom”. Ele conta que tem trabalhado duro, está muito focado no time, mas, assim como todo jovem da sua idade, tem curtido a vida bastante. “Mas com moderação, é claro”, destaca. “Gosto de ir à praia, de pegar uma ‘nightzinha’ e dar uma voltinha. Não vou mentir que gosto de uma balada. Tem jogador que mente, dizendo que não gosta, mas comigo não tem isso não. Não mascaro. Umas duas vezes na semana gosto de dar um ‘rolezinho’, até para pegar um gás novo (risos)”, confessa. “Faço coisas que não prejudicam minha atividade profissional. Também saio muito para almoçar e jantar com minha família, principalmente com minha avó”. Ramos conta ainda que sempre vai à praia tomar um banho de mar e relaxar. “Olhar a galera (mais risos)”. Foto: Felipe Oliveira fera rubro-negra Ramos é um dos artilheiros do VITÓRIA no Brasileirão da Série B, com 5 gols Sangue rubro-negro salva vidas Por Yordan Bosco Foto: Felipe Oliveira “O VITÓRIA sempre deu sangue por você. É hora de retribuir. Doe.” foi um dos slogans da campanha O Leão iniciou a campanha em 30 de junho, quando entrou em campo sem as listras vermelhas da camisa Foto: Zecops O ano de 2012 não vai ficar marcado na história do EC VITÓRIA apenas pela brilhante campanha na Série B e pelo provável acesso com o título. Esta temporada será lembrada pela ousadia do Leão em tirar temporariamente o vermelho da camisa para salvar vidas. A campanha Meu Sangue É Rubro-Negro - idealizada pela agência de propaganda da Penalty, a Leo Burnett, e realizada em parceria com o Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) - repercutiu em todo o país e até na imprensa internacional. 30 A ação, que mobilizou torcida, jogadores, patrocinadores, autoridades, artistas, órgãos públicos, imprensa e a população, foi responsável pelo aumento de 47% no volume de doação de sangue do principal hemocentro da Bahia, a Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba), durante 46 dias. A iniciativa de tirar todas as quatro listras vermelhas da camisa rubro-negra e ir recolocando-as à medida que o volume de doações fosse aumentando foi ousada e desafiadora. Porém, os resultados do time em campo, a nobreza da causa em si e um eficiente planejamento de mídia, arquitetado pelo Departamento de Marketing do VITÓRIA, de imediato contagiaram os corações dos baianos, rubro-negros ou não, e alertaram todo o país para um dos problemas que mais preocupam as autoridades mundiais de saúde, que é a manutenção de um nível necessário dos estoques de bolsas de sangue para doação. A campanha iniciou quando o Rubro-Negro entrou em campo no dia 30 de junho, na vitória de 2x0 contra o Avaí, com listras pretas e brancas no uniforme. Na quarta partida se- guinte no Manoel Barradas, no triunfo também de 2x0 sobre o Guaratinguetá, em 14 de agosto, finalmente o manto sagrado do Leão teve todo o seu vermelho de volta. O sucesso da campanha superou todas as expectativas. Inicialmente, a estimativa de aumento nas doações era em torno de 25%, mas o estoque de bolsas de sangue da Fundação Hemoba teve um aumento quase duas vezes maior que esta projeção. “O VITÓRIA é um clube que não pensa só no futebol, pensamos muito no lado social também. Isso foi uma sacada muito grande que, graças a Deus, deu certo e mostra que com um detalhezinho a gente consegue reverter um problema social que é a falta de doadores de sangue na maioria dos hospitais”, analisa o presidente do Leão, Alexi Portela Júnior. “Se cada um fizer sua parte, nós vamos conseguir dar um pouquinho mais de qualidade de vida para as pessoas que precisam”. De acordo com o gerente de Marketing do clube, Adilson Baptista, quando a ideia foi apresentada, em dezembro do ano passado, de imediato a diretoria gostou e concordou em participar da campanha que, naquela época, ainda não tinha nome, parceiros nem slogan. “Desde abril, começamos a conversar com todos os parceiros da campanha. A Secretaria da Saúde do Estado, a Fundação Hemoba, a OAS Empreendimentos, o Jornal A Tarde, além da Penalty e da agência Leo Burnett. Todas as peças da campanha (anúncios, VTs, outdoors, folheteria, entre outros) ficaram prontas no final de maio, e foram Ilustração: Guri Comunicação Entre os meses de junho e agosto, o VITÓRIA realizou uma campanha de doação de sangue inédita entre os clubes de futebol do Brasil, intitulada Meu Sangue É Rubro-Negro. O Leão abriu mão temporariamente do vermelho na camisa - começou com listras pretas e brancas e foi recolocando a cor à medida que as doações foram aumentando. A ação teve repercussão internacional, sensibilizou o país inteiro para a dificuldade dos bancos de sangue equilibrarem seus estoques e aumentou em 47% a quantidade de doadores na Fundação Hemoba, que é o maior hemocentro da Bahia 31 Ilustração: Guri Comunicação Foto: Zecops produzidas as primeiras camisas para o dia 30 de junho”. Para reforçar o apelo, rubro-negros ilustres convocaram a torcida através de depoimentos em vídeos institucionais, produzidos para a campanha.. Em um deles, o ator Wagner Moura, o Capitão Nascimento do filme Tropa de Elite, narra um texto emocionante, em que o sangue rubro-negro faz um apelo aos torcedores e depois vem o slogan: ‘O VITÓRIA está jogando sem o vermelho em sua camisa, e só com a sua doação de sangue a cor vai voltar ao normal’. Outros VTs trazem depoimentos pesso- Torcedor Ilberto Santos foi fazer sua doação e encontrou os ídolos Gabriel Paulista e Pedro Ken ais do próprio Wagner Moura, de Durval Lellys, do jogador Pedro Ken, do presidente Alexi Portela Júnior, do radialista Renato Lavigne, entre outros. Além de idealizar a campanha para o VITÓRIA, a Penalty também mergulhou fundo para fazer dela um sucesso. “Nos sentimos muito orgulhosos em participar de uma ação tão importante como essa. Foi muito bem aceita pelos torcedores”, declara o gerente de Relações Esportivas da empresa, Carlos Augusto Saraiva. “Esta foi uma atitude admirável, pois o clube abriu mão momentaneamente da tradição de seu uniforme, pensando somente na campanha, que, por fim, foi bem aceita por todos os rubro-negros e também pela sociedade”, complementa Saraiva. Robinson Almeida “O sangue rubro-negro é a paixão do torcedor” O Secretário de Comunicação do Estado da Bahia, Robinson Almeida, fez uma avaliação sobre os resultados da campanha, louvou a atitude do EC VITÓRIA e comentou a participação do poder público estadual no projeto. 32 e atender à sociedade. Foi muito convergente e criativa a campanha, porque trabalhou com elementos simbólicos da emoção do futebol, do trocadilho do sangue, que é o suor pela camisa, com o sangue real que salvou várias vidas a partir desta iniciativa. VM - Fale sobre o esforço do clube de tirar momentaneamente a cor de maior identificação do uniforme, por uma questão tão nobre: RA - Eu achei de uma grande ousadia, porque a camisa é chamada de manto sagrado. São coisas difíceis de mexer, que dão identidade ao time, que é rubro-negro por conta do vermelho na camisa. Deu certo esta ousadia, com a adesão da torcida de uma forma muito intensa e que combinou também com um momento muito positivo da campanha na série B do campeonato brasileiro, e isto criou uma sinergia mobilizadora para doação. Foto: Divulgação / Secom Vitória Magazine - Fale sobre a participação do Governo, através da Fundação Hemoba, nessa campanha: Robinson Almeida - Para o Governo da Bahia, esta parceria com o VITÓRIA foi super válida, porque resultou no aumento do estoque nos bancos de sangue e das doações, em mais de 40%. A equipe de Marketing do VITÓRIA, junto com a Sesab, conseguiu fazer uma ampla mobilização da sociedade e quem ganhou foi o povo baiano, pois teve o banco de sangue com a sua capacidade aumentada e muitas vidas foram salvas a partir da campanha. VM - Qual o efeito do apelo de um clube de futebol, sobretudo da maneira criativa como foi feito, para doação de sangue? RA - Primeiro, a forma inédita de um clube de futebol estar associado à campanha de doação de sangue, pelo menos aqui na Bahia, e fazer com que a paixão pelo clube fosse o capital mobilizado das pessoas para doar o seu sangue. Metaforicamente, o sangue rubro-negro, que é a paixão do torcedor, virou o sangue vermelho nas bolsas da Fundação Hemoba para abastecer o seu banco Estrelas dão sangue Durante quase dois meses, a Fundação Hemoba teve uma movimentação intensa de doadores, motivados pelo incentivo do Leão. Todos os setores do clube compareceram. No dia em que atendeu o apelo do time do coração e foi fazer sua doação, o promotor de vendas Ilberto Souza Santos, 32 anos, deu a sorte de encontrar os ídolos Pedro Ken e Gabriel Paulista. O torcedor estava feliz e orgulhoso por contribuir para uma causa tão nobre e poder bater um papo com os ídolos. “É uma iniciativa muito boa. No início, achei um pouco estranho ver meu time jogar sem o vermelho na camisa. Mas quando você começa a ver os resultados, as pessoas doando e o estoque de sangue subindo, aí é que vemos a importância da campanha”, comenta Ilberto Santos. “Espero que outros clubes se sensibilizem e ajudem nesta causa. O VITÓRIA sai na frente mais uma vez”, comemora o torcedor. Ao lado de Ilberto, o meia Pedro Ken reforçou a importância da iniciativa rubro-negra. “É muito louvável o VITÓRIA usar o poder de influência entre os torcedores para ajudar a salvar vidas. Poderia ser no Brasil inteiro”, sugere uma das principais estrelas do time na campanha do acesso à Série A. O zagueiro Gabriel Paulista também fez coro para elogiar a iniciativa do VITÓRIA. “É gratificante, a cada jogo, a gente ver o vermelho voltando à camisa e saber que os torcedores estão doando sangue”. Déficit de doadores A campanha Meu Sangue É Rubro Negro é mais uma ação pioneira e inovadora do VITÓRIA, que tradicionalmente promove a cidadania. A campanha fez os rubro-negros chamarem a atenção de todo o país para um problema recorrente de saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde, para atender a demanda de sangue é preciso que 3% das pessoas sejam doadoras. Na Bahia, apenas 1% da população se enquadra nesse perfil. Já a média brasileira de doadores é de 2,5%. O secretário da Saúde da Bahia, Jorge Solla, celebra o sucesso da campanha e aponta as dificuldades da rede pública para atender a demanda de pacientes que necessitam de doação de sangue. “Com a ampliação da rede hospitalar na Bahia, foram 1.300 novos leitos e cinco novos hospitais. Aumentou muito a capacidade de atender a população. E essa é uma matéria-prima essencial, que a gente não compra na farmácia, que depende da solidariedade e da decisão de cada um de fazer a sua parte nesse processo”, alerta Solla. Existe uma mobilização constante da Secretaria da Saúde da Bahia e da Fundação Hemoba para captar doadores 33 Foto: Divulgação / EC VITÓRIA Robinson Almeida com Alexi Portela e Carlos Falcão, no lançamento da campanha de sangue. São trabalhos permanentes, nas unidades hospitalares e na mídia, para conscientizar sobre a doação voluntária. A instituição criou projetos importantes, a exemplo do Doador do Futuro e do Hemoba Solidário. O primeiro orienta os jovens e adolescentes, que serão os futuros doadores. Já o segundo estimula a doação entre os funcionários da própria fundação. “A média de comparecimento ao hemocentro é de 150 pessoas por dia, com aproximadamente 110 doações efetivadas. Muitos candidatos que comparecem estão impossibilitados de fazer a doação ao final da entrevista, por algum motivo clínico. O ideal é que tivéssemos uma média de coleta diária de 200 a 250 bolsas de sangue”, explica o diretor de Hemoterapia da Fundação Hemoba, Marinho Marques. “É importante que se diga que não existe um estoque de sangue em litros, trabalhamos com bolsas de sangue”, destaca. Todo o sangue coletado em um dia pela instituição é enviado para as diferentes unidades hospitalares da rede de assistência pública do estado. Há um pequeno estoque estratégico, com algumas bolsas dos diferentes tipos de sangue, para o atendimento de alguma situação emergencial. Foto: Divulgação / Hemoba Galera da torcida Os Imbatíveis dá exemplo de cidadania e amor ao próximo Atletas olímpicos fazem sua parte Representantes das torcidas organizadas, jogadores, funcionários e atletas dos esportes olímpicos aderiram à campanha Meu Sangue É Rubro-Negro e foram doar sangue. Sob a coordenação do diretor de Esportes Olímpicos Mário Ferrari, atletas e comissões técnicas das equipes de judô, basquete, voleibol, remo, futebol feminino, boliche e a nadadora Mônica Veloso compareceram ao banco de sangue da Fundação Hemoba durante o mês de julho e deram exemplo de solidariedade e amor ao próximo. Foram mais de cem pessoas que se engajaram na campanha. 38 34 Foto: Divulgação / EC Vitória Mais de 100 atletas dos esportes olímpicos do VITÓRIA foram doar sangue Olhos de c u r ta entrevista Acelino Popó Freitas Popó comemora com o filho Popozinho, 6 anos, a vitória sobre o paulista Michael Oliveira, em junho Leão Por Yordan Bosco “Me considero um ‘Imbatível’ e acredito que todos que têm uma história de muita luta e superação, como a minha, e que torcem para o nosso time devem receber esse título” VITÓRIA MAGAZINE - Popó, é verdade que sua volta ao ringue foi motivada por um pedido de um dos seus filhos? Fale como se deu isso. Popó - Popozinho nunca me viu lutar. Há tempos ele me pede para que eu faça uma última luta para ele acompanhar. E, quando apareceu a oportunidade de fazer a minha luta de despedida, eu pensei nele. Ele é o meu filho caçula, fruto do meu relacionamento de 10 anos com Eliana. Tem o meu nome - Acelino Popó Guimarães Freitas Jones. Uma criança linda que tem 6 anos de idade e gosta de esportes, como o pai. Ele treina judô. VM - Depois da vitória contra Michael Oliveira, você vai fazer outras lutas? P - Recentemente, Michael Oliveira me fez um novo desafio. Ele quer uma revanche. Eu aceitei e vou bater nele de novo. Fotos: Jade Matarazzo Cinco anos após ‘pendurar as luvas’, o tetracampeão mundial ‘peso pena’ de boxe Acelino Popó Freitas aceitou o desafio de enfrentar a nova promessa do boxe brasileiro, o paulista Michael Oliveira, 22, no mês de junho passado. Aos 36 anos, o rubro-negro fez uma preparação especial e nocauteou o adversário. A vitória de Popó foi motivo de orgulho para todos os baianos, sobretudo para o pequeno Popozinho, 6 anos, filho do pugilista. O garoto sonhava em ver o pai lutar e botou pilha para ele voltar ao campo de batalha. Este foi apenas mais um capítulo da história de conquistas do guerreiro Popó, que hoje defende o esporte e os assuntos de interesse do povo em Brasília, como deputado federal. Em um papo com a Vitória Magazine, ele fala sobre a volta aos ringues, sobre seu amor pelo VITÓRIA, sobre política, entre outros assuntos 36 VM - Já passou por sua cabeça disputar mais um cinturão? P - Sim, mas acho que todo atleta tem a sua fase e a minha já passou. Acho que o esporte do momento é o MMA e os novos ídolos do Brasil e da Bahia já conquistaram o mundo. Torço para que os nossos boxeadores e campeões olímpicos possam trazer o boxe à tona novamente. VM - Como foi a entrega na preparação para enfrentar um adversário bem mais novo, considerado uma revelação, depois de cinco anos sem lutar? P - Bem tranquila. Com Ulysses Pereira, meu treinador há 10 anos, ao lado do meu irmão Luiz Cláudio, que é pugilista e o responsável pela minha entrada no mundo do boxe, e de Alejarra, meu grande amigo e preparador físico, treinei em curtos espaços de tempo, tentando conciliar a preparação para a luta com a atividade parlamentar. Quanto à idade, acredito que a experiência conta muito nessa hora. VM - Essa garra é de rubro-negro? O time tem uma história de luta e superação muito grande também. Fale de sua identificação com o Leão e com a torcida. P - Sou VITÓRIA desde que Bebeto jogou no time. Ele me ajudou muito no início da minha carreira. A partir daí, passei a admirar o time e me identificar com a torcida. Sou fã dessa torcida e gosto da bandeira Os Imbatíveis. VM - Fale sobre momentos inesquecíveis como torcedor do VITÓRIA: P - Foram vários momentos, porém, inesquecível pra mim foram as várias manifestações de carinho dos torcedores do VITÓRIA, dias antes da minha luta. Eles se movimentaram nas redes sociais e ‘bombardearam’ meu twitter com mensagens positivas, desejando boa sorte e demonstrando a confiança que tinham na minha vitória. Isso sim foi inesquecível. VM - Hoje você é um deputado federal, mas construiu sua história por representar valores diferentes do que a maioria dos brasileiros atribui aos ‘homens de Brasília’. Fale sobre essa vida nova e como você lida com isso. P - Eu não me considero um político. Sou um esportista na politica com o intuito de ajudar a melhorar a vida das pessoas, principalmente as do meu estado. Achei que as coisas por aqui fossem mais fáceis, mas é muito difícil e burocrático. Tenho minhas revoltas quanto à apreciação de projetos que já deveriam ter sido votados e que não acontecem. A PEC dos policiais, a jornada de trabalho dos Detentor de quatro cinturões mundiais, Popó calou a boca do desafiante , 14 anos mais novo, com um nocaute enfermeiros, várias questões relacionadas aos aposentados que têm que contribuir até hoje com a Previdência. VM – O que é mais difícil, lutar contra a burocracia ou derrubar os adversários no ringue? P - São muitas proposições importantes que deveriam ser votadas em regime de urgência, mas tudo depende de um colegiado. Costumo dizer que a vida de lutador é bem mais fácil do que a de deputado federal, pois quando eu subia no ringue a vitória dependia só da minha atuação. Aqui não, todo projeto que criamos para beneficiar e atender a população brasileira precisa passar por várias análises e aguardar aprovação de 513 deputados. VM - Seus filhos são rubro-negros? Vai ao Barradão com eles? P - Tenho seis filhos. Cinco são Imbatíveis e um apenas torce pelo Bahia. VM - E Os Imbatíveis, fale sobre sua relação com essa torcida e o carinho que eles têm com você. Você é um Imbatível? P - Como falei anteriormente, é a bandeira que mais aprecio. Me considero um ‘Imbatível’ e acredito que todos que têm uma história de muita luta e superação, como a minha, e que torcem para o nosso time devem receber esse título. Gostaria de agradecer à torcida do VITÓRIA pelas manifestações de carinho e dizer que somos imbatíveis porque representamos um estado maravilhoso. Nossa cultura é viva, nosso povo abençoado e nossos esportistas são figuras marcadas porque se tornaram grandes ídolos. ilustre torcedor Yuri Soledade Hoje, Yuri Soledade acompanha os jogos do VITÓRIA pela internet, mas antes tinha que ligar para saber os resultados Rubro-negro das ondas grandes O rubro-negro tomou gosto pelas ondas grandes no Brasil, mas aperfeiçoou as técnicas no Havaí Por Yordan Bosco VM - Você tem acompanhado os jogos? YS - Sempre. Agora acompanho todos os jogos pela internet, mas logo que mudei aqui para o Havaí ligava para o Brasil só para saber os resultados dos jogos. Sinto falta de ir aos estádios, mas, fora isso, tô sempre acompanhando e sei de tudo que acontece por aí. VM - Qual o jogo mais inesquecível pra você? YS - Foram tantos, mas lembro de um jogo pelo campeonato baiano de 2007, no qual Índio marcou quatro gols e o VITÓRIA venceu o Bahia por 6x5. Foi o jogo mais emocionante que já vi. 38 paixão pelo futebol falta de técnica e de talento natural (risos). VM - E o jogador que você mais gostou de ver jogar? YS - Foram vários, principalmente quando ia aos jogos na década de 90. Alex Alves, Paulo Isidoro e Roberto Cavalo foram sensacionais naquele ano da final contra o Palmeiras, em 93. Ultimamente, gosto do Neto, pois ele vai lá e faz os gols. Gostei do Petkovic na sua passagem por aqui também. VM - Você é celebridade do mundo das ondas grandes. Mas já pensou algum dia em ser jogador de futebol? Como você acha que seria a sua vida se fosse jogador? YS - Quando criança, antes de conhecer o surf, queria ser artilheiro, mas acho que teria mais sorte como volante, pois é a posição que jogo nos babas por aqui. Sempre na marcação e ali pelo meio do campo. Se fosse profissional, provavelmente ia morrer de fome, pois o que tenho de Fotos: Arquivo Pessoal VITÓRIA MAGAZINE - Como começou a torcer pelo VITÓRIA? Yuri Soledade - Desde que me entendo por gente, aos 5 ou 6 anos de idade, me identifiquei com o nome e virei um torcedor fanático. Foto: Tracy Kraft Leboe / Divulgação Mahalo Um dos surfistas mais respeitados do planeta quando o assunto é onda gigante, o baiano de Ilhéus Yuri Soledade, 36 anos, é rubro-negro fiel desde que se entende por gente. Ele mora no Havaí há quase 20 anos e ganhou notoriedade por arriscar o pescoço em ondas de mais de 20 metros de altura. Entre uma aventura e outra pelo mundo, Soledade comanda um dos mais badalados restaurantes da ilha de Maui, onde reside com a mulher e os três filhos. Nas linhas abaixo, ele nos fala sobre sua vida, sobre a apreensão de torcer a distância para o VITÓRIA e comenta as semelhanças e diferenças entre o surf e o futebol, o Havaí e o Brasil VM - Como você vê a diferença entre o mundo da bola e das ondas? Fale sobre a paixão do povo havaiano pelo surf e a do povo brasileiro pelo futebol. YS - São mundos totalmente distintos. O surf é bastante individual e o futebol é em conjunto. No surf, dependemos na mãe natureza e no futebol só precisamos da bola. Mas o que temos em comum é a paixão dos admiradores com os seus respectivos esportes. Aqui no Havaí, tudo acontece em função do surf. Se tem onda boa é como final de Copa do Mundo. Ninguém aparece para trabalhar e vira feriado para todos. As crianças almejam ser profissionais no surf, assim como as crianças aí do Brasil querem virar jogador profissional. Aí todo mundo sabe quem é o Neymar e aqui todo mundo sabe quem é o Jhon-Jhon Florence (havaiano, que é a nova sensação do surf mundial). Enfim, o havaiano ama o surf e o brasileiro ama o futebol. VM - No Havaí tem time de futebol profissional? Como são os campeonatos aí? Você torce para algum time local? Já foi em jogos? YS - Não, não temos time de futebol profissional, mas temos ligas amadoras que são bastante competitivas, desde crianças até adultos. O futebol, ou soccer, como é chamado por aqui, não tem o destaque de outros esportes como o basquete, o beisebol e até mesmo o surf, que é o esporte mais popular e praticado entre crianças e jovens de até 18 anos. Sempre que posso, bato um baba com os amigos brasileiros. E acabei de inscrever meus filhos na liga daqui do Havaí. O Vitória tem um grupo aguerrido com a mistura de jogadores novos e outros mais experientes. Tenho total confiança e sei que vamos voltar à Primeira Divisão este ano” Soledade com a mulher, Maria, e os filhos no Havaí VM - Fale sobre o atual time do VITÓRIA e sobre suas expectativas para o time retornar à Primeira Divisão. YS - Gosto muito do time. Apesar de termos perdido o campeonato baiano, temos um grupo aguerrido com a mistura de jogadores novos e outros mais experientes. Tenho total confiança e sei que vamos voltar à Primeira Divisão este ano. 39 c u r ta da base Time que havia faturado, há dois anos, a Copa do Brasil Sub-15 é o primeiro baiano a vencer a competição Time sub 17 fatura Copa 2 de Julho Fotos: Paulo Neves / ASCOM SUDESB Em campanha perfeita, Leãozinho vence a Seleção Brasileira duas vezes, goleia o Cruzeiro na decisão e fecha com 100% de aproveitamento o torneio nacional mais importante da categoria Foi com uma sonora goleada de 5x2 sobre o Cruzeiro que o time sub 17 do VITÓRIA coroou a excelente campanha, com 100% de aproveitamento, na Copa 2 de Julho. A sexta edição do torneio, encerrada no dia 12 de julho, contou com 48 clubes de diversos países, além das seleções brasileira, chilena e angolana. A campanha rubro-negra impressionou. Foram duas vitórias sobre a seleção canarinho, goleada no maior rival na semi e o craque da competição, o volante Welisson. 40 Essa foi a primeira conquista de um time baiano no torneio, que já é considerado um dos mais importantes do país na categoria. Além do VITÓRIA, só o Internacional (RS), a Seleção Brasileira (ambos com duas conquistas) e o São Paulo fazem parte desse seleto grupo. O Colo-Colo, do Chile, o Nuevo Horizonte, da Bolívia, o The Villages, dos Estados Unidos, e grandes clubes brasileiros como Santos, Palmeiras e São Paulo também participaram dessa edição da copa. O Rubro-Negro foi campeão com nove vitórias em nove jogos e marcou 41 gols, com a incrível média de 4,55 tentos por partida. A decisão contra o Cruzeiro emocionou o público que lotou o Estádio Municipal de Lauro de Freitas, na noite do dia 12 de julho. Em uma partida de alto nível técnico, o Leão se impôs e mostrou que não é apenas uma das melhores equipes que o VITÓRIA já teve com a garotada dessa idade, mas é também um dos melhores times do país e um dos favoritos para a Copa São Paulo de 2013. O sangue doado ao Hemoba é separado em diferentes componentes (hemácias, plaquetas, plasma e outros). Assim, a mesma doação beneficia mais de um paciente “Não apenas ganhamos, mas convencemos. Jogamos um grande futebol em todas as partidas. É um torneio desgastante, com jogos quase diários. Preparamos essa equipe dois meses antes de iniciar a disputa”, comemora o diretor das divisões de base do VITÓRIA, Epifânio Carneiro. O dirigente destacou ainda que o principal objetivo da base é revelar talentos para integrar o elenco profissional do clube. “Na divisão de base, ganhar título é bom, mas nossa principal conquista é colocar essa safra entre os profissionais”. Quem também comemorou muito a conquista rubro-negra foi o técnico da equipe, Wesley Carvalho. “Nós chegamos à final porque fomos merecedores. Estão todos de parabéns com essa conquista. O craque dessa competição é o grupo. Todos correm por todos. Isso faz a diferença”, vibra. Para o coordenador das divisões de base do VITÓRIA, João Paulo, o elenco honrou a camisa rubronegra e está de parabéns. “Sabíamos que era um grupo forte, porque ganhou um Brasileiro no sub-15. Eliminamos duas vezes a Seleção Brasileira”. O volante Welisson, eleito craque da competição, com o diretor de futebol Raimundo Queiroz Campanha 1ª fase Vitória 5x0 Camaçari Vitória 3x2 Seleção Brasileira Vitória 10x0 Dias D´Ávila Vitória 6x1 Irecê Vitória 3x2 Confiança (SE) Oitavas de final Vitória 4x1 Corinthians (AL) Quartas de final Vitória 2x0 Seleção Brasileira Semifinais Vitória 3x0 Bahia Final Vitória 5x2 Cruzeiro Equipe que jogou a decisão Luan, Serafim, Wellington, Vinícius e Júnior; Welisson, Eudair, Alex e Matheus (Teodoro); Léo e Michael. Técnico: Wesley Carvalho. Artilheiros do time: Michel – 12 gols Leonardo – 7 gols Eudair – 6 gols Matheus – 5 gols Comissão técnica Técnico - Wesley Carvalho Preparador físico – Flávio Pereira Cerqueira Treinador de goleiros – Christian Massagista – Júlio Bonfim Mordomo – André Campos Leãozinho faz bonito na Taça BH Sub-20 O VITÓRIA foi o terceiro melhor time entre os 36 que participaram da Taça Belo Horizonte de Futebol Junior- Sub-20 -, no mês de agosto. A equipe rubro-negra foi barrada pelo Flamengo por 2x0, em uma das semifinais, realizada no dia 31 de agosto, na cidade de Nova Serrana (MG). O Leão havia despachado o maior rival, o Bahia, nas quartas de final - pelo mesmo placar que perdeu para o Flamengo - e foi a única equipe a vencer o campeão, Grêmio, ainda na fase de grupos. No jogo contra o rubro-negro carioca, o Vitória errou muitos passes e pouco criou ofensivamente. O time jogou a última partida com Ruan; Dimas (Alex), Josué, Clayton (Matheus) e Mauri (Guilherme); Edson (Wellington), Gabriel e José Welison; Marcone Alan Pinheiro e Leonardo (Araújo). Técnico: Carlos Amadeu. Freguesia ampliada A vitória por 2x0 sobre o Bahia nas quartas de final da Taça BH consolidou a supremacia da equipe sub-20 da Toca em cima do maior rival. O Leão aumentou a freguesia e agora chega à marca de 16 jogos invictos. Foram 13 vitórias e três empates nas últimas partidas. E, para manter a larga hegemonia no futebol baiano nas outras categorias e consolidar a posição de uma das mais bem estruturadas e eficientes divisões de base do futebol brasileiro, o VITÓRIA disputa atualmente campeonatos baianos em sete categorias. O Leão vem bem em todas as disputas e a tendência é que a maioria das nossas equipes erga o caneco no final das competições. Assim tem acontecido todos os anos. 41 c u r ta pé de moleque Luciano Fernandez “Não é fácil, mas é a vida que escolhi e me sinto feliz e privilegiado por jogar no VITÓRIA” Joba representa o VITÓRIA na Granja Comary, CT da Seleção Brasileira, no estado do Rio Líder nos gramados Ele chegou ao VITÓRIA com 10 anos de idade e hoje, aos 14, é uma referência no time de garotos nascidos em 1998. Embora pareça meio tímido fora de campo, nos gramados Luciano Fernandez se transforma. Gesticula, briga pela bola, orienta os companheiros e faz de tudo para ajudar o treinador na organização do time. Ele joga no meio e é daqueles volantes que fazem a bola rolar para tornar o jogo mais dinâmico. Nascido em Salvador, Luciano acredita que o perfil de liderança vem da experiência acumulada no time. O garoto já viajou para diversos lugares do Brasil e em abril deste ano integrou a equipe Sub-15 que venceu uma competição em Barcelona, na Espanha. “Foi uma experiência muito boa. Uma cidade linda, um país maravilhoso e um estilo de jogo diferente do que estamos acostumados”. As viagens também têm contribuído bastante para o crescimento cultural de Luciano Fernandez. Ele destaca, como um ponto interessante constatado nas suas andanças, as diferenças de costumes e de comportamento das pessoas nos diferentes lugares por onda passa. “Em junho passado, estivemos no interior de São Paulo, num lugar onde as pessoas são caladas e fechadas. Muito diferente do que estamos acostumados na Bahia. Aqui, as pessoas interagem muito mais e são mais alegres e comunicativas”, conta. Aluno do nono ano, Luciano diz que minho até o profissional é muito longo, tem uma rotina puxada para conciliar mas, mesmo muito novo, já começa a os estudos com o futebol. O garoto tem sentir algumas responsabilidades sobre uma vida muito corrida e disciplinada, os ombros. Porém, afirma que segue com treinos fortes, jogos, aulas e obriga- firme em busca do sonho de um dia ser ções escolares. “Não é fácil, mas é o que campeão brasileiro pelo VITÓRIA. escolhi e me sinto feliz e privilegiado por jogar no VITÓRIA”, explica o jogador. Para manter a disciplina, Luciano conta com a ajuda do pai, que o orienta e cobra em relação a alimentação, aos horários, ao estudo, etc. Por falar em família, Luciano tem dois irmãos, mas nenhum deles pensa em seguir carreira no futebol. Além dos conhecimentos e das experiências de vida, o futebol também transforma Luciano em figura popular na escola. Ele conta que muita gente o conhece como jogador Luciano acredita que o perfil de líder vem do VITÓRIA. E o sucesso das experiências com as meninas? Meio vividas no VITÓRIA tímido, ele conta que quando voltou da Espanha, por exemplo, muitas garotas se aproximaram para perguntar sobre a viagem e outras coisas. Luciano sabe que o caFoto: Fabriciano Júnior 42 c u r ta esportes olímpicos O EC VITÓRIA só aguarda a liberação do Governo do Estado da Bahia para iniciar as obras do complexo Vitória da Cidadania, que beneficiará 2.500 jovens Por Mário Ferrari Mônica Veloso é ouro na Alemanha O VITÓRIA participou da fase classificatória da Liga Nacional Adulta de Voleibol Masculino, chave do Nordeste, e ficou com a segunda colocação, perdendo o jogo final para o Unifor, de Fortaleza. O time tem o comando técnico de Sandro Ricardo, está classificado para as finais do campeonato baiano 2012 e vai buscar o bicampeonato estadual. Já a equipe juvenil masculina conquistou recentemente a Copa Cidade do Salvador, primeira etapa do campeonato baiano. O time adulto feminino, vice-campeão estadual, está na disputa do campeonato baiano. O calendário da Federação Baiana de Voleibol é reduzido em competições, o que tem dificultado a manutenção de um time forte, que possa disputar em boas condições os campeonatos regionais e nacionais. 44 Foto: Arquivo EC VITÓRIA Futsal tem parceria com a FSBA Judocas rubro-negros Marcelo Ornelas, Vivaldo Souza e Maicon França A baiana conquistou quatro medalhas de ouro em torneio que antecedeu a Paralimpíada de Londres Basquete do Leão está em alta A equipe adulta do VITÓRIA Faculdade 2 de Julho é líder invicta do campeonato baiano de basquete, com sete jogos e sete vitórias. Os times de base também estão nos primeiros lugares nas competições, nas suas respectivas categorias. Na Super Copa Norte e Nordeste, a equipe adulta ficou no primeiro lugar na chave I, com quatro jogos e quatro vitórias, e irá disputar as finais do Estado da Bahia, para representar o estado na fase interestadual. O Vitória tenta participar da Liga Nacional de Basquete Sub-22 e está buscando parcerias que permitam montar uma equipe competitiva. Para reforçar o time, o clube pretende trazer quatro jogadores que disputam o campeonato paulista. A fase final desse campeonato tem transmissão do Sport TV para todo o Brasil. O basquete rubro-negro possui times masculino adulto, masculino sub22,19,17, 15 , além da equipe feminina adulta. Os judocas Marcel Melo e Vitória Ribeiro ficaram em segundo lugar no campeonato brasileiro na categoria Sub 15, na cidade de Santa Cruz, no Rio Grande do Sul. Eles se classificaram para representar a seleção brasileira no Sul-Americano, em Buenos Aires, na Argentina. Os rubro-negros são os únicos atletas do Norte-Nordeste a conseguir esse feito. No final de junho, o VITÓRIA foi campeão da IV Etapa do Circuito Baiano e do Campeonato Baiano Sub23, que serve de seletiva para o campeonato brasileiro, em evento que aconteceu no Sesi Simões Filho. Em agosto, fomos campeões da V Etapa do Circuito Baiano, realizada no Clube Campomar. Nesse evento, os atletas Rafael Bonfim, Mailton Reis e Maicon França se classificaram para representar a Bahia no Campeonato Brasileiro da modalidade, que acontece em Natal (RN), no final de setembro. Numa parceria com a Faculdade Social da Bahia (FSBA) os times adulto e juvenil masculino de futsal do VITÓRIA estão se preparando para a disputa do campeonato baiano, que terá início em setembro. O nosso ‘mando de campo’ vai ser o ginásio de esportes da FSBA, em Ondina. Mesclando juventude e experiência, a equipe conta com jogadores que já tiveram passagem por grandes equipes do cenário nacional e pela seleção brasileira, como o goleiro Igor Costa e o pivô Lalau, além de grandes promessas do futsal baiano, a exemplo de Felipe Abreu e Henrique Castro. O técnico das equipes é Leonardo Tissot e o coordenador técnico é Israel Góes, mais conhecido por Zinho. A pretensão é ter equipes fortes para disputar os títulos. Provavelmente, alguns jogadores das divisões de base do Vitória participarão das equipes. VITÓRIA é líder disparado no baiano de Remo O VITÓRIA é decacampeão baiano de remo e está disputando o campeonato baiano de 2012. Houve três regatas até aqui e o Leão venceu todas. No momento, estamos com 18 pontos, contra 11 do São Salvador, que é o segundo colocado. São cinco regatas durante o ano. O principal atleta é Diego Mattos, de 19 anos, que já foi convocado várias vezes pela Seleção Brasileira Juvenil. Recentemente, na Argentina, ganhou medalha de prata em dois páreos, pela seleção brasileira, no Campeonato Sul-Americano de Remo Junior. O VITÓRIA participa do campeonato brasileiro Master de Clubes, em setembro, na Alemanha, e dos campeonatos brasileiros de Juniores e de Seniores, em São Paulo. O gerente de remo é Joel Alves (Meu Santo) e o técnico é Antônio Silva. O Remo do VITÓRIA venceu as três etapas do baiano e tem 19 pontos sobre o segundo colocado Foto: Zecops Time de vôlei fez final na Liga Nacional Foto: Divulgação / EC VITÓRIA A para-atleta rubro-negra Mônica Veloso vem enchendo a Bahia e o Brasil de orgulho com resultados expressivos em provas nacionais e internacionais. Além de uma atleta de alto nível, com um currículo de vitórias, Mônica é um grande exemplo de superação. No Open Internacional em Berlim, na Alemanha, Mônica trouxe nada menos que quatro medalhas de ouro e duas medalhas de prata. O evento é o maior torneio do ano antes das Paralimpíadas de Londres e contou com a participação de 20 países e cerca de 500 atletas. A atleta rubro-negra também ganhou duas medalhas de ouro e duas de prata no Campeonato Norte-Nordeste, disputado em Natal. Rubro-negros participam do Sul-Americano de Judô 45 felina Denize Almeida Fotos: Zecops Assistente: Alfredo Valiñas Orgulho de representar o VITÓRIA Denize Almeida foi escolhida a Felina desta edição. Torcedora do Leão por influência da mãe, ela tem paixão pelo time “desde sempre” e fica ligada em todos os jogos. Vai ao Barradão de vez em quando e tem convicção que o time vai subir e ser campeão da Série B. A bela morena admira o futebol de Pedro Ken, Nino Paraíba e Uelliton. Denize é de Santo Antônio de Jesus (BA) e mora em Salvador há cinco anos. É modelo, malha muito para manter a forma e está orgulhosa por ser uma Felina da Vitória Magazine. “Posar para meu time do coração é um privilégio, uma satisfação muito grande”, declara. 46 Quer ser a próxima Felina? Mande fotos e informações para: [email protected] análise leão na rede Cheiro de título Fan page com novidades Sei que ainda é cedo para afirmar, mas posso apostar – e acredito que esse é um sentimento de todos os rubro-negros hoje – que o VITÓRIA não apenas ascenderá à primeira divisão, mas brigará pelo título desta Série B. Essa não é uma previsão tão complexa, já que temos estrutura, elenco e comando para que isso possa acontecer. A diferença deste ano para o passado é a maturidade e consistência tática de todos, sejam os titulares ou reservas. Não havia colocado anteriormente que o técnico Paulo César Carpegiani e o auxiliar Ricardo Silva poderiam fazer uma bela dupla? Eles vêm provando isso a cada semana juntos. Essa dobradinha tem tudo para fazer história no Leão. Foto: Felipe Oliveira Maurício Naiberg destaca a consistência do time e o sucesso da parceria entre Carpegiani e Ricardo Silva 48 Até pensei, em determinado momento, que haveria desmando, mas me enganei completamente. São dois grandes profissionais, que querem o melhor desta agremiação, respeitada em todo o mundo. A harmonia tem falado mais alto nesse sentido, o que faz muito bem ao grupo. Além deste detalhe à beira do campo, estamos vendo uma equipe extremamente competitiva, aplicada e responsável. O VITÓRIA voltou a ser temido pelos adversários, dentro ou fora do Barradão, e isso é uma grande vantagem. Atualmente, não tem bicho de sete cabeças para o Rubro-Negro. Algumas peças neste esquema tático de Carpé são fundamentais para o bom momento na temporada. A principal delas, sem dúvida, é o meia Pedro Ken. Maurício Naiberg - Jornalista Há muito tempo – talvez desde a saída de Leandro Domingues – não tínhamos um jogador com tanta qualidade no setor. Rápido, consistente e inteligente. Outros fatores também favorecem essa evolução rubro-negra e precisam ser destacados. Essa ousadia do gaúcho em lançar garotos desde o seu retorno a Salvador faz a diferença. Isso estava faltando no clube e precisamos ter paciência com essas revelações, porque esses meninos vestem a camisa mesmo e encarnam o espírito de guerreiro que sempre tivemos ao longo da nossa centenária história. Ouvi muitas pessoas reclamando da saída de Neto Baiano. Claro que nosso artilheiro nos fará falta, mas o conjunto deste ano fala mais alto que qualquer peça individual do grupo. Esse tipo de negociação faz parte do mundo do futebol. Temos que apoiar quem ficará em seu lugar agora, independente de quem seja: Marcelo Nicácio, Dinei ou o recém-contratado William. Acredito nos três e sei que ‘brocarão’ quando acionados. O que quero, realmente, é que nós, rubro-negros, estejamos juntos nesta difícil e sofrida caminhada rumo à elite. Já mostramos que nossa união faz a diferença, principalmente nos jogos dentro do Barradão. Vamos acreditar nesta ótima fase que vivemos para conquistarmos nosso primeiro título nacional. Voltaremos em grande estilo! Se você é fã da página oficial do Leão no Facebook já deve ter visto algumas novidades implantadas nos últimos dois meses. Se ainda não é fã, já passou da hora de ser (facebook.com/ecvitorialoficial). Novas abas foram inseridas com objetivo de ter mais integração com o site do clube: História e Barradão. A primeira traz um pouquinho da trajetória vitoriosa do nosso time do coração, com drops (trechos) de informações sobre alguns dos fatos mais importantes da história do clube, com um menu separando esses fatos em épocas. Se você quiser se aprofundar mais a respeito de cada época, a fan page lhe redireciona para uma página no site, onde há mais detalhes. Na aba do Barradão, optamos em seguir a mesma linha do site, com fotos 360 graus, mapas de acesso ao santuário rubro-negro e outras fotos interessantes, que podem ser curtidas, comentadas e compartilhadas. Outras duas abas foram implantadas. Uma sobre o Memorial 13 de Maio, onde tem um aplicativo para os torcedores enviarem fotos e informações de relíquias que queiram doar para o memorial. É bem simples, participem! A aba Vitória Magazine também é uma novidade. Lá, você encontra drops sobre a última edição da revista e pode compartilhar o conteúdo com seus amigos do Facebook. Site de cara nova Você que é um webtorcedor já deve ter percebido o upgrade dado no visual do site oficial do clube. As principais mudanças foram feitas no leiaute da home, com destaque para o novo topo, mais impactante e destacando o escudo do Leão, o reposicionamento da Agenda e da Tabela dos Campeonatos, que agora estão com mais visibilidade e pregnância na página. Outro ajuste significativo foi a implementação de um plugin customizado do Facebook, mostrando os internautas que curtiram a fan page oficial, assim como um banner com link para o perfil do twitter do Leão. Além disso, os banners para anunciantes ficaram maiores e mais harmônicos com o design. Essas alterações foram feitas com base na análise de usabilidade e feedbacks de vocês, torcedores internautas. Por Leandro Silveira Jornalista e diretor de conteúdo da ADSS – Presença Digital, agência de comunicação digital responsável pelas redes sociais do VITÓRIA Tem gente ganhando prêmios Atenção, webtorcedores: como foi dito na edição anterior, o Departamento de Marketing do VITÓRIA e a agência responsável pelas redes sociais do clube estão sempre realizando promoções especiais. De lá para cá foi realizado um concurso cultural sobre o lançamento desta revista e o vencedor ganhou uma super bola da Penalty (veja na seção Giro). Além disso, em parceria com a TIM, promoções relâmpagos da campanha TIM – Talento Sem Fronteiras, sorteando ingressos e outro brindes bem bacanas, estão rolando, praticamente, toda semana. Fiquem ligados! tu tens grande história O Leão olímpico de todos os baianos Há exatos 100 anos, o VITÓRIA disputou seu último campeonato pela primeira liga, a mesma liga que o clube pioneiro do desporto baiano ajudara a fundar para dar início ao futebol em Salvador. Essa liga foi criada com a presença dos pioneiros rubro-negros, numa reunião realizada em um casarão do Largo da Palma, na Mouraria, onde hoje os bares servem lambretas como tira-gosto em noites animadas. A Liga Bahiana de Sports Terrestres foi substituída em 1913 pela Liga Brasileira e essa mudança sinalizou a rápida e radical alteração do panorama do futebol praticado na capital baiana. Outros clubes fundadores, o Bahiano de Remo, o São Paulo-Bahia e o Internacional de Cricket desaparecem e o VITÓRIA, firme nos esportes olímpicos, desativa seu time de futebol. Só voltaria a disputar o campeonato de futebol da cidade em 1920. A suspensão das atividades do futebol no VITÓRIA, o clube mais importante de Salvador, acompanha outras notícias que tornam esse 1912 um ano de grandes manchetes. Foi o ano do naufrágio do Titanic, da transferência da sede do governo baiano para Jequié, no Sudoeste, e da intervenção federal que resultou no bombardeio de Salvador, provocando feridas jamais cicatrizadas, como a perda quase total do acervo da nossa Biblioteca Pública. O ano olímpico de 1912, com a realização dos Jogos de Estocolmo, Suécia, funciona como um sinal, coincidindo com esse provisório, mas significativo, abandono do futebol no VITÓRIA. O efeito desse contexto resulta, como contrapartida positiva, no fortalecimento do VITÓRIA como o principal clube multiesportivo do estado: o nome ‘Bahia’ 50 vinha aplicado à parte baixa do escudo original, que tem referências expressas a várias modalidades em seus símbolos. Fundador de todas as federações, o VITÓRIA se define como um dínamo social. Um ponto de encontro da juventude baiana na sede náutica do Porto da Barra, logo transformada em centro cultural e esportivo. A sede do VITÓRIA ficava bem localizada, no mesmo prédio onde hoje funciona o Instituto Mauá, bem em frente a um ponto de venda de água de coco atualmente. É a partir dessa reunião de jovens baianos dispostos a aprender regras e praticar as modalidades mais diversas que se constrói o perfil de determinação dos atletas rubro-negros, com a vontade inabalável de organizar as disputas e de participar com extrema dedicação aos jogos. Pareciam mesmo uns leões, uns leões da Barra, daí a expressão que os baianos acostumaram-se a utilizar para denominar os rubro-negros em ação a partir desse período de afirmação do Vitória olímpico, muito mais que um time de ‘foot-ball’, tanto que esse esporte é temporariamente suspenso no clube e os associados não dão pela falta. Os pais ficavam orgulhosos de suas filhas quando elas conquistavam um coração de leão e tornavam-se namoradas e noivas de um rubro-negro. Os casamentos mais valorizados da cidade começavam assim, ali no Porto da Barra, amor e desporto de mãos dadas. Atletismo, remo, polo aquático e natação eram os esportes preferidos, mas havia também quem frequentasse para jogar xadrez, desde que viesse de paletó e chapéu, pré-requisitos para uma boa apresentação rubro-negra. O halterofilismo era também muito praticado, Paulo Leandro Doutor em Cultura e Sociedade e mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia, professor universitário e jornalista esportivo. como o tênis, que começou na residência da família Costa Pinto. É dessa época de afirmação do VITÓRIA como clube olímpico o sucesso da guarnição de canoa a 4 remos, formada por Renato, Lima, Flamiano, Costinha e Alfredo. O Vitória já havia se firmado no remo com as façanhas das barcas Tabajara, Tupy e Afro e tornara-se uma referência nesse esporte cada vez mais popular entre os baianos. Foi por influência do remo também que, em 1901, as cores do VITÓRIA mudaram do preto e branco original para vermelho e preto, como o Clube de Regatas do Flamengo, que já havia se tornado rubro-negro, antes mesmo de ganhar seu primeiro time de futebol, também nesse ano de 1912. Mudou também de nome, passando de Club de Cricket Victoria para Sport Club Victória, sinalizando tratar-se de clube para todas as modalidades. Tão forte é o remo na história do VITÓRIA que até 1934 não se programava partida de futebol em dia de regata em Salvador, pois a maior parte do público, identificado com as cores rubro-negras, preferia tomar o bonde rumo à Enseada dos Tainheiros, onde se disputavam os páreos. Organizador da primeira corrida de rua do Brasil, do Largo de Nazaré ao Corredor da Vitória, em 1905, o Rubro-Negro teve os primeiros campeões nessa modalidade: Henri Guedeville e Galvão, sempre lembrados posteriormente pelos leões da Barra do período pós-1912. Já nesses anos 1910, o cineasta Alexandre Robatto Filho e o professor universitário José Adeodato foram atletas rubro-negros de referência por unirem as qualidades destacadas pelo clube desde o primeiro estatuto de 1903: dedicação, força para vencer as adversidades e superação constante em busca de melhorar sempre para dar o melhor exemplo. Sem o futebol, o período de 1912 a 1919 foi como um fertilizante para adubar a história de conquistas do VITÓRIA em todas as modalidades que praticou. Conhecedores da rica história de pioneirismo e conquistas do clube, os dirigentes deram mão forte para fortalecer o VITÓRIA como clube olímpico. As gerações de leões da Barra se sucederam e novas modalidades foram introduzidas no clube, como o voleibol e o basquete, que antecederam aos mais recentes handebol e futsal. Vidigal Guimarães, Manoel Barradas, Antonio Diniz e Renato Teixeira estão entre esses líderes rubro-negros que compreenderam a vocação do Vitória para semear os esportes na Bahia. Mais adiante, destaca-se Manoel Tanajura, que promoIlustração: Guri Comunicação Os pais ficavam orgulhosos de suas filhas quando elas conquistavam um coração de leão e tornavam-se namoradas e noivas de um rubro-negro. Os casamentos mais valorizados da cidade começavam assim, ali no Porto da Barra, amor e desporto de mãos dadas” veu um inédito desfile em Salvador, para exibir as taças erguidas pelos campeões baianos em 17 modalidades. Este exemplo de dedicação ao desporto ajudou a firmar o caráter do jovem baiano no sentido de defender os valores da disciplina, da fraternidade, do respeito às regras e aos regulamentos, enfim, de cidadania, muito antes desse tema virar uma necessidade de sobrevivência como é hoje, em cenário preocupante de déficit educacional e submissão aos interesses de mercado da mídia massiva. Não era raro um Leão da Barra tornar-se campeão em modalidades diversas, às vezes disputando decisões em um só dia. Havia atletas que eram titulares quase simultaneamente nas equipes de futebol, natação, atletismo, basquete e polo aquático. É desta rica histórica, infelizmente pouco divulgada e até desconhecida pelos profissionais em atuação nos veículos de comunicação de massa, que se nutriu grande parte dos nossos melhores valores. Aos valores desportivos transmitidos, geração após geração, pelo VITÓRIA, os adeptos de todas as agremiações devem muito do respeito, da educação e da cidadania que formam as bases de uma civilização, a nossa peculiar civilização baiana, com seu jeito de ser espontâneo e alegre, mesclado ao perfil solidário e cidadão que tornam a Bahia tão especial e admirada. A Bahia dos leões. Leões da Barra e de toda nossa Salvador. 51 O Barradão possibilitou a urbanização e a remoção total do aterro sanitário Vidas transformadas e expectativas renovadas Foto: Fabriciano Júnior Por Francisco Ribeiro Antigo aterro sanitário de Salvador, o bairro de Canabrava sofreu grandes transformações sociais e ambientais a partir da utilização do Barradão, nos anos 90. Mais de 200 mil pessoas já foram beneficiadas com a retirada do lixão, com a criação de novas vias de acesso e com a viabilização de infraestrutura para a chegada de empresas e de empreendimentos imobiliários. O Rubro-Negro aguarda a autorização do Governo do Estado para dar início às obras de um complexo esportivo, que beneficiará 2,5 mil jovens O VITÓRIA é muito mais que um clube de futebol, o torcedor deve se orgulhar disso. Além da tradição em outros esportes e de ter introduzido a maioria das modalidades olímpicas na Bahia, no início do século passado, o Leão tem participação direta na transformação de uma das áreas menos 52 assistidas de Salvador: o bairro de Canabrava e comunidades vizinhas. O que já foi um imenso lixão, onde catadores e crianças conviviam com urubus, baratas e ratos, hoje é um parque socioambiental sem a presença do aterro sanitário e com investimentos públicos e privados em infraestrutura, cultura, esporte, educação, cidadania, educação ambiental e geração de bioenergia. A luta do VITÓRIA para viabilizar o Estádio Manoel Barradas, nos anos 90, encontrou inúmeras barreiras em parte da imprensa esportiva e no meio político, porque os opositores Foto: Arquivo / Tribuna da Bahia não imaginavam que a questão extrapolava os limites do futebol. As batalhas burocráticas que o clube travou para solucionar o problema do lixo, dos acessos ao bairro e a ausência de serviços básicos, a exemplo de iluminação, saneamento, transporte e segurança, representaram também os anseios de uma população que hoje conta com cerca de 200 mil pessoas. No ano da inauguração do Barradão, em 1986, o Jornal da Bahia noticiava que o aterro já havia esgotado sua capacidade para receber lixo, o que continuou acontecendo por mais uma década. Com a manchete “Canabrava já não suporta receber o lixo da cidade”, de 22 de agosto daquele ano, o jornal dizia: “Canabrava é uma imensa montanha de todo o tipo de dejetos recolhidos diariamente na cidade. São quilômetros e quilômetros de lixo, já sendo empurrados monta- Clube dá exemplo de cuidado com o meio ambiente Entre as iniciativas que contribuem para a qualidade de vida dos moradores de Canabrava, o VITÓRIA tem mostrado um grande cuidado com a questão ambiental. Em junho deste ano, em uma parceria com a prefeitura de Salvador, o clube plantou mais 375 mudas de árvores nativas de Mata Atlântica no Complexo Esportivo Benedito Dourado da Luz. As espécies escolhidas foram ipê-amarelo, ipê-branco, pau-brasil, oitizeiro e dez árvores frutíferas. De acordo com Olney Marques Porto, chefe de gabinete da Superintendência de Meio Ambiente do município, à medida que o clube descobrir novas áreas para o plantio, mais mudas serão plantadas. “O esporte é uma atividade de massa e quando uma agremiação formadora de opinião como o VITÓRIA dá um exemplo de dedicação ao meio ambiente, imaginamos que seus torcedores vão seguir esse exemplo e se motivar para abraçar a causa”, diz Porto. Em 2001, a prefeitura de Salvador, o clube e a Vega – empresa então responsável pela coleta de lixo na cidade – também firmaram parceria para a recuperação ambiental do antigo aterro. Cinco mil e quinhentas mudas de árvores foram plantadas na região, sendo 500 delas dentro da Toca do Leão. Há dois anos, o Rubro-Negro foi pioneiro ao realizar o primeiro jogo com o selo Carbono Zero na Bahia, diante do Corinthians, pela 36ª rodada do Brasileirão 2010. Antes da partida, crianças das categorias de base de ambos os clubes plantaram 300 mudas de árvores nativas de Mata Atlântica, numa área de três hectares, no antigo lixão. A ação teve a participação do presidente do VITÓRIA, Alexi Portela Júnior, e de repreO presidente Alexi Portela, em 2010, na preparação do sentantes do governo. primeiro jogo Carbono Zero (VITÓRIA x Corinthians) Foto: Adenilson Nunes / AGECOM / Divulgação Parque socioambiental 53 O bairro, hoje, abriga empreendimentos imobiliários e empresariais Foto: Zecops Pelo menos 30% dos funcionários do EC VITÓRIA são moradores de Canabrava ou de localidades próximas. Um deles é Antônio Lázaro dos Santos, 43, morador de Canabrava desde 1986 e funcionário do clube há 19 anos. Casado e pai de três filhos, Lázaro enumera as melhorias que o bairro recebeu após a chegada do VITÓRIA. “A principal foi a saída do lixão, mas também temos os empregos fixos e temporários, durante os jogos. O transporte também melhorou bastante, pois antigamente tínhamos apenas uma linha de ônibus”. Já Ana Paula Barreto, 35, trabalha há apenas três meses no clube. Ela é moradora do Loteamento Bosque Real e trabalhou 12 anos como doméstica. Quando foi morar perto do Barradão, passou a atuar no quadro móvel em dias de jogos. “Pedi uma oportunidade ao VITÓRIA para mudar de função e hoje sou funcionária do clube, na área de serviços gerais”, conta. Ana também faz uma comparação do antes e depois. “Mudou muita coisa. O lixo era muito desagradável, não tínhamos transporte nem segurança. Hoje é bem melhor e está sendo maravilhoso trabalhar aqui, principalmente porque sou torcedora do VITÓRIA”, completa. O gerente de Patrimônio do Rubro-Negro, Haroldo Tavares, também destaca a prioridade que o clube dá aos comerciantes locais quando precisa adquirir produtos e serviços. Segundo o gerente, na maioria das vezes, é na região de Canabrava e localidades vizinhas que o VITÓRIA compra materiais de construção, elétricos e alimentos. “Apenas quando não encontramos o serviço aqui, recorremos a outros locais da cidade. Se investirmos o dinheiro do clube onde estamos, podemos melhorar as condições socioeconômicas de quem aqui reside e trabalha”, afirma Tavares. Lixo nunca mais O processo de retirada do lixo de Canabrava teve a participação direta do VITÓRIA e contou com a atuação de inúmeros rubro-negros, a exemplo 54 Foto:Yordan Bosco Márcia Maria e Charles dos Santos cobram dos órgãos municipais melhorias no campo de futebol do bairro Antônio Lázaro e Ana Paula agradecem a oportunidade de trabalhar no EC VITÓRIA Foto: Arquivo / Tribuna da Bahia nha abaixo, para que o aterro possa suportar outras descargas (...)”. Um dos muros do Barradão foi derrubado pela montanha de lixo por diversas vezes. Além disso, durante a campanha do título estadual de 1985, os jogadores do VITÓRIA sofreram com um surto de hepatite. Ídolo da torcida e um dos heróis daquele campeonato, o meia Bigu lembra as difíceis condições do bairro. “Era um local muito ruim, cercado de doenças e perigoso. Nem podíamos sair à noite. Eu e o volante Edilson pegamos hepatite, o que era comum naquela área”, conta. A última vez que ele visitou a Toca do Leão foi em 1996, “e já não era nem sombra daquela época. Está tudo bem melhor”, afirma o ex-jogador. Leão prioriza mão de obra local Fotos: Yordan Bosco Foto: Arquivo / Tribuna da Bahia de Agenor Gordilho Neto, Pedro Godinho, Silvoney Sales, Paulo Carneiro, Antonio Imbassahy, Paulo Magalhães, José Rocha (atual presidente do Conselho Deliberativo) e Raimundo Sobreira, além do ipiranguense Galdino Leite, que teve papel importante para delimitar o espaço para depósitos de lixo no uso do solo de Salvador. A primeira grande vitória foi a criação do Aterro Metropolitano Centro, localizado no Centro Industrial de Aratu (CIA), que entrou em operação em 1997 e passou a receber o lixo de Salvador, Lauro de Freitas e Simões Filho. Mas foi no início dos anos 2000 que o aterro enfim deixou de receber lixo domiciliar e se transformou no Parque Socioambiental de Canabrava. A iniciativa da prefeitura de Salvador dotou o local de uma estação de transbordo para materiais recicláveis e passou a realizar projetos de inclusão social, esporte, cultura, lazer e educação ambiental. 55 Complexo esportivo beneficiará 2,5 mil jovens Mais uma grande contribuição do clube à população de Canabrava está prestes a virar realidade: o projeto Vitória da Cidadania. Graças a um convênio entre o EC VITÓRIA e o governo da Bahia, assinado em 2009, um complexo esportivo com ginásio, cinco quadras poliesportivas, três campos de futebol com vestiários e arquibancada e um estacionamento pavimentado para duas mil vagas serão construídos numa área de 80 mil metros quadrados, no entorno do Barradão. A iniciativa vai beneficiar aproximadamente 2,5 mil jovens de Canabrava e bairros vizinhos. “O bairro mudou bastante nos últimos anos com a chegada de serviços como transporte, saneamento e pontos comerciais. Mas Canabrava precisa muito mesmo é de uma área de lazer”, explica a líder comunitária e educadora Márcia Maria, 43, moradora do local há 36 anos. O governo fará o aporte para a implantação do projeto no valor inicial de R$ 3,5 milhões para a primeira etapa (campos, quadras e estacionamento) e, em contrapartida, o VITÓRIA financiará todo o apoio funcional, com profissionais capacitados, para desenvolver as atividades esportivas da comunidade ao longo de pelo menos três anos, num custo estimado em mais de R$ 7 milhões. O clube também vai ceder um terreno de 2 mil metros quadrados para a construção de uma escola pública, que irá atender a comunidade. “Vai melhorar muito nossa situação, porque muitas das crianças que saem de nosso ensino funda- mental precisam se matricular em escolas de outros bairros. Como eles não têm condições para pagar transporte, acabam abandonando os estudos”, revela Roberto dos Santos, professor da Escola Municipal Comunitária de Canabrava. O líder comunitário local Charles dos Santos, 48, explica que os próprios moradores se organizam para melhorar ou ampliar a estrutura das escolas do bairro. “Só aqui nesta escola temos mais de 700 crianças que precisam desse projeto. A comunidade é grande e só irá agradecer ao VITÓRIA e ao governo do estado por ajudarem a tirar tantas crianças da possibilidade de se envolver com coisas ruins”, explica. Segundo o engenheiro Alexandro Ribeiro, conselheiro e membro do grupo de trabalho de Patrimônio do VITÓRIA, a licença ambiental para o projeto Vitória da Cidadania foi concedida em fevereiro de 2011 e a revisão técnica do projeto foi concluída no último mês de junho, com a aprovação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur). Hildebrando Maia, diretor de Patrimônio do clube, revela que aguarda apenas o parecer da Procuradoria Geral do Estado para que o processo tenha sua continuidade e garanta a conformidade com os dispositivos legais. O complexo Vitória da Cidadania terá um ginásio, cinco quadras, três campos de futebol e uma escola estadual O bairro mudou bastante nos últimos anos com a chegada de serviços como transporte, saneamento e pontos comerciais. Mas Canabrava precisa muito de área de lazer” Márcia Maria, líder comunitária e educadora Fotos: Yordan Bosco Hoje a oferta de atividades esportivas e educacionais não atende a quantidade de crianças e jovens 56 se saia de ‘poblema’ A conversão de um rival Eu sempre tive um sonho na vida. Talvez, uma obsessão. Não era ganhar na Mega-Sena, tampouco pegar a Cleo Pires, apesar de ambos estarem na minha lista de metas até 2035. Vontade mesmo era transformar um tricolor em rubronegro. Me sentiria um padre na santa inquisição. Porém, a tarefa nunca foi fácil, pois até pra falar de futebol é complicado com o rival. Só eles são isso, só eles são aquilo. Preferi, então, fazer todas minhas namoradas e paqueras se converterem em VITÓRIA. A minha meta há cinco anos era com Paty, uma antiga presa de 2007. Ela nunca tinha ido para um jogo e não tinha um time definido. Resolvi levá-la para o duelo de ida na final do Baianão daquele ano, um Ba-Vi na Fonte Nova (o último). Ela foi reclamando o tempo todo que nunca mais iria ver um jogo de futebol se o clássico terminasse sem gol. Ela nem imaginaria que ficaria enjoada de ver tanta bola na rede... Porém, no meio, tinha um segura-vela. E, como se poderia imaginar, ele era Bahia. O castiçal era Ítalo, um amigo que resolveu se meter no meu encontro romântico. Deixei ele vir conosco, pois era o único de carro na época e não iria incomodar, pois imaginava que ele iria para a torcida rival. Me enganei. “Poxa, não vou ficar sozinho lá. Vou testar meu nível de frieza vendo o Ba-Vi na torcida do Vitória”, decidiu Ítalo, que estava à paisana, vestindo uma camisa rosa-bebê. Jogo iniciado e Danilo Rios abriu o placar logo no começo para o lado de lá. Fiquei tenso, pois Paty fez cara feia e Ítalo riu de canto de boca. Para minha alegria, Ítalo decidiu ir para a sua torcida. O sacana ainda chamou Paty, mas peguei na mão dela e não deixei. Foi melhor. Jackson empatou e Índio virou o placar e eu já imaginava os beijinhos de minha paquera quando Ítalo bateu nas minhas costas, dizendo que não conseguiu chegar na Bamor. Foi o pé-frio chegar para o Bahia virar o jogo para 3x2. Miserável! No meu maior estado de fúria, expulsei meu candidato a ex-amigo de perto dos Imbatíveis, ameaçando contar para todo mundo que ele era Bahia. Início do segundo tempo, Ítalo bem longe e Paty pertinho. Foi lindo. Índio fez dois e Apodi outro. Um 5x3 para ganhar beijo na boca! Olho para trás, adivinha quem eu vejo chegando... Ele mesmo, a praga. Ítalo estava lá, dizendo que tava dando azar para seu time na torcida dele. Todos sabem o que aconteceu: Bahia empata o clássico novamente. Mas a noite era rubro-negra. Quando eu já me preparava para voar no pescoço e matar meu amigo, Índio faz mais um e me deparo com uma cena inusitada. Ítalo começou a pular, jogou seu celular no chão e começou a gritar “negô, negô, negô...”. Meu sonho acabara de ser realizado. Ítalo, como um pecador que enxerga a luz da salvação, se converteu a rubro-negro e se tornou comum ver ele pulando e torcendo para o Leão nas arquibancadas do nosso Barradão. Missão dada, missão cumprida. 58 Por Moyses Suzart - Jornalista Ilustração: Guri Comunicação