Mal de Byne (pdf 5mb)

Transcrição

Mal de Byne (pdf 5mb)
FENÔMENO FÍSICO-QUÍMICO PERMANENTE
QUE AFETA MATERIAIS CALCÁRIOS
ARMAZENADOS
REAÇÃO QUÍMICA SIMPLES:
Forma-se uma
crosta de sais
sobre os
espécimes,
lembrando
infestações de
fungos.
Primeiro relato:
1883
“A Conchologist Text-Book”
Por Sir Thomas Brown
Primeira descrição:
1899
Imagem
meramente
ilustrativa (!)
Loftus St. George Byne
A convite da Conchological Society of Great Britain and Ireland
".... Eu tenho visto com muita freqüência nas
gavetas quase hermeticamente seladas do
British Museum, um embotamento primeiro
permeando o exterior de determinadas espécies lisas
de forma mais acentuada, por exemplo, Conus,
Cypraea, e especialmente Naticidae. Então uma
eflorescência, com gosto e cheiro forte de vinagre
cobre toda a superfície como um pó, subindo, sem
dúvida, a partir do interior, e as amostras são logo
quase irremediavelmente arruinadas. “
- Byne
Origem bacteriana;
(ácido butírico, oriundo de restos em
decomposição)
Loftus St. George Byne
Transmissível;
(de concha a concha, de gaveta em gaveta)
1. Compostos de ácido butírico estão presentes.
2. Ácido butírico não existe na atmosfera: deve ter outra origem.
3. O ácido deve vir de decomposição fermentativa do animal.
4. Ambas as bactérias aeróbias e anaeróbias "podem fermentar
carboidratos, produzindo ácidos butírico e acético “.
5. Muitas vezes, uma porção do animal sobra no ápice da concha.
6. Este resto pode sofrer fermentação numa gaveta fechada.
7. Ácido butírico foi encontrado.
8. As conchas nos compartimentos superiores expostos à luz não
são afetadas, e a luz é "mortal" para as bactérias.
9. Portanto, o processo de deterioração é causado por bactérias.
- Byne
1934
J. R. Nicholls, químico do governo
britânico, investiga a relação entre
traços de ácido acético presente em
madeiras e a deterioração de objetos
em museus: desmente causa
bacteriana da “Doença” de Byne.
“O mecanismo da deterioração, por conseguinte,
parece ser o seguinte: A madeira de carvalho das gavetas
continuamente emite vestígios de ácido acético e estes
vapores se acumulam nas gavetas fechadas.
Conchas marinhas retém água do mar que, por
evaporação, deixa um resíduo pequeno de sais. Este
resíduo pode estar espalhado sobre a concha ou em seu
interior. O resíduo, sendo higroscópico, absorve os
vapores de ácido acético, que reagem com o carbonato
de cálcio da concha formando a incrustação.”
- Nicholls
O estudo de J. R. Nicholls foi amplamente ignorado pela
comunidade malacológica!
1985
Tennent & Baird
Publicam um amplo estudo sobre o
assunto, utilizando técnicas como:
Difratômetro!
Como resultado das análises, Tennent & Baird puderam
concluir que:
A) A substância branca que recobre os espécimes é na
verdade um conglomerado de sais de cálcio.
B) O aparecimento dos sais ocorre pela reação entre
carbonato de cálcio das conchas e os ácidos voláteis no
ambiente.
Os autores também desvendaram todas as reações
envolvidas.
Todas as madeiras, sem exceção, geram naturalmente compostos
orgânicos voláteis através da quebra química de seus
componentes.
Hidrólise
Oxidação
Isso é verdadeiro para
derivado de madeira, como:
-PAPEL COMUM
-CORTIÇA
-COMPENSADOS, MDF
qualquer
As conchas de moluscos são
majoritariamente compostas por
Carbonato de Cálcio.
(Na forma de aragonita, calcita e muito raramente vaterita)
CaCO3
Reação entre os ácidos voláteis e o
carbonato de cálcio das conchas gera
sais.
CaCO3 + 2CH3COOH → Ca(CH3COO)2 + H2O + CO2
Carbonato Ácido acético
Acetato de Cálcio (Sal)
CaCO3 + 2CH2O2 → Ca(HCOO)2 + H2O + CO2
Carbonato Ácido fórmico
Formiato de Cálcio (Sal)
ESSAS REAÇÕES DEPENDEM DE
ALGUMAS CONDIÇÕES!
AMBIENTE FECHADO
Não permite ventilação (eliminação dos ácidos)
TEMPERATURA
Altas temperaturas aceleram reações químicas
UMIDADE RELATIVA DO AR
Sem um meio aquoso essas reações não ocorrem
Os danos causados são PERMANENTES!
Os danos causados são PERMANENTES!
2 semanas
Os danos causados são PERMANENTES!
4 semanas
Os danos causados são PERMANENTES!
6 semanas
Os danos causados são PERMANENTES!
8 semanas
Os danos causados são PERMANENTES!
Os danos causados são PERMANENTES!
VENTILAÇÃO PERIÓDICA DA COLEÇÃO
Ajuda a dispersar os ácidos voláteis.
Em uma gaveta de madeira fechada, a
concentração de ácido acético chega a ser
30000
De 30 a
vezes maior
do que ao ar livre!
MANTER TEMPERATURA E UMIDADE SOB
CONTROLE
Impede que as reações ocorram!
Valor ideal de umidade 45 - 50%
Temperatura 16 - 21° C
Isso pode ser obtido com um aparelho de ar
condicionado ligado constantemente
MANTER TEMPERATURA E UMIDADE SOB
CONTROLE
Alternativas a isso podem ser:
- Uso de Sílica Gel (tem que ser substituído)
- Uso de anti-mofo comum
USO DE MATERIAIS SEGUROS
Material Ruim
→
Substituído por
USO DE MATERIAIS SEGUROS
Material Ruim
→
Substituído por
USO DE MATERIAIS SEGUROS
Material Ruim
→
Substituído por
USO DE MATERIAIS SEGUROS
Material Ruim
→
Substituído por
LIDAR COM CONCHAS AFETADAS
Conchas afetadas devem ser lavadas com água
doce corrente e secas com muito cuidado.
Os sais que recobrem as conchas afetadas são
higroscópicos (atraem umidade). Portanto,
podem piorar o problema!
PAPEL FILTRO IMPREGNADO
Utilizar papel filtro (filtro comum de café),
impregnado com uma solução de Hidróxido de
Potássio ou Hidróxido de Sódio a 1% dentro das
gavetas
10 gramas de base, em 1 litro de água
Substituir papel periodicamente.
CARVÃO ATIVADO
Empregar 3 kg de carvão ativado por metro cúbico
do recipiente (armário, gaveteiro)
Diminui entre 50-70% os efeitos dos ácidos voláteis.
AL-HOSNEY, A. H. et al. (2005). Heterogeneous uptake and reactivity of formic acid on calcium carbonate particles: a Knudsen cell reactor, FTIR and SEM study. Physical
Chemistry Chemical Physics. v. 7, pp. 3587-3595.
BALTRUSAITIS, J; USHER, C; GRASSIAN, V. (2006). Reactivity of Formic Acid on Calcium Carbonate Single Particle and Crystal Surfaces: Effect of Adsorbed Water. Microscopy
and Microanalysis, v. 12(Suppl 2), pp. 796-797.
BERNDT, H. (1987). Assessing the Detrimental Effects of Wood and Wood Products on the Environment Inside Display Cases. AIC preprints, 15th Annual Meeting, American
Institute for Conservation, Vancouver, British Columbia. pp. 22–33.
BRADLEY, S. (2005). Preventive Conservation Research and Practice at the British Museum. Journal of The American Institute of Conservation, v. 44, n. 3, pp. 159-173.
BROKERHOF, A. (1998). Application of Sorbents to Protect Calcareous Materials Against Acetic Acid Vapours. In: IAP meeting. The University of Strathclyde, Glasgow,
Scotland.
BYNE, L. St G. (1899). The corrosion of shells in cabinets. Journal of conchology v. 9, p. 72–178.
CALLOMON, P. (2002). Byne’s Disease – Questions and Answers. Conchologists of America.
CASIDAY, R; FREY, R. (1998). Acid Rain: Inorganic Reactions Experiment. Saint Louis, MO, USA: Department of Chemistry, Washington University.
CRUZ, J. S. et al. (2008). Comparison of adsorbent materials for acetic acid removal in showcases. Journal of Cultural Heritage. v. 9, pp. 244-252.
KONTOZOVA, V. et al. (2002). Characterisation of air pollutants in museum showcases. In: R. Van Grieken, K. Janssens, L. Van ’t dack, G. Meersman (Eds.), Proceedings of
art 2002 - the 7th International Conference on Non-destructive Testing and Microanalysis for the Diagnostics and Conservation of the Cultural and Environmental
Heritage. Antuérpia, Universidade da Antuérpia, 2002.
MENEZES, R. R. et al. (2006). Sais solúveis e eflorescência em blocos cerâmicos e outros materiais de construção. Cerâmica. v. 52, n. 321, pp. 37-49.
SHELTON, S. Y. (1996). The Shell Game: Mollusks Shell Deterioration in Collections and its Prevention. The Festivus, v. 28, n. 7, pp. 74-80.
SHELTON, S. Y. (2008). Byne's "Disease;" How to recognize, Handle and Store Affected Shells and Related Collections. Conserve O Gram. NPS Park Museum Management
Program Washington, D. C. v. 15, n. 11.
STURM, C. F. (2006). Archival and curatorial methods. In: STURM, C. F.; PEARCE, T. A.; A. VALDÉS (Eds). The Mollusks: A Guide to their Study, Collection, and Preservation.
Boca Raton, Florida, USA: American Malacological Society, Universal Publishers. pp. 45-57.
STURM, C. F; MAYHEW, R; BALES, B. R. (2006). Field and Laboratory Methods in Malacology. In: STURM, C. F.; PEARCE, T. A.; A. VALDÉS (Eds). The Mollusks: A Guide to
their Study, Collection, and Preservation. Boca Raton, Florida, USA: American Malacological Society, Universal Publishers. pp. 9-31
RYHL-SVENDSEN, M. (2001). Bynes efflorescence on an egg shell. Indoor Air Quality in Museums and Archives.
RYHL-SVENDSEN, M. & GLASTRUP, J. (2002). Acetic acid and formic acid concentrations in museum environment measured by SPME-GC/MS. Atmospheric Environment, v.
36, pp. 3909-3916.
TENNENT, N.H; BAIRD, T. (1985). The Deterioration of Mollusca Collections: Identification of Shell Efflorescence. Studies in Conservation, v. 30, pp. 73-85.
TÉTRAULT, J; STAMATOPOULOU, E. (1997). Determination of Concentrations of Acetic Acid Emitted from Wood Coatings in Enclosures. Studies in Conservation, v. 42, n. 3,
pp. 141-156.
TÉTRAULT, J. et al. (2003). Corrosion of Copper and Lead by Formaldehyde, Formic and Acetic Acid Vapours. Studies in Conservation, v. 48, n. 4, pp. 237-250
Eu ainda acho
que tem
bactérias aí!