Uma análise crítica

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Uma análise crítica
A NATUREZA MÍSTICA
DO MARXISMO
Uma análise crítica
EDITORA PAZ
1
EDITORA PAZ
Copyright © 1986. Léo Villaverde
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro. SP-Brasil)
Villaverde, Léo, 1954.
Título: Marxismo & Ocultismo. O segredo revelado
Título original: A Natureza Mística do Marxismo
Publicado em 2011 pela Editora ............, que se reserva a propriedade literária
desta edição em língua portuguesa no Brasil.
ISBN 00-000-0000-0
Registrado na FBN sob nº 518.694 (L984. F122).. São Paulo-SP
Áreas de Interesse: Todas as áreas do conhecimento.
05-0000
CDD 215
Índices para catálogo sistemático:
1. Ficção, história, filosofia e religião.
Capa/criação: Léo Villaverde/2011
O primeiro número à esquerda indica a edição, ou reedição, desta obra. A primeira
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casos de breves citações em resenhas críticas, livros ou artigos de revistas.
Impresso nas oficinas gráficas da Editora............................
2
A Deus
e à humanidade
3
SUMÁRIO
Prefácio
Nota Sobre a Natureza Humana
Introdução
17
27
PARTE I: MARX. O HOMEM E O MÍSTICO / 33
Capítulo 1.
AVIDA DE KARL MARX E A
PSICOLOGIA MODERNA
 A Vida Familiar de Marx
 O Jovem Cristão Karl Marx
 A Psicologia e o Papel da Família
35
35
37
38
A ÉPOCA E O AMBIENTE
HISTÓRICO DE MARX
 Contra-Político
 Contra-Ecônomico
 Revolucionarismo
41
41
42
44
Capítulo 3.
OS AMIGOS DE MARX
 Freidich Engels
 Bakhunin
 Proudhon
 Moses Hess
49
49
54
55
56
Capítulo 4.
AS INFLUÊNCIAS IDEOLÓGICAS
61
 O Gênesis e o Mito de Prometeu
64
 Tradição X Sucessão
70
 O castigo Justificado
71
 A Origem das Ideologias Atuais
74
 Moses Hess
76
 Hegel
82
 Feurerbach
84
 O Romantismo e a Escola Histórica 86
Capítulo 2.
4



Capítulo 5.
Capítulo 6.
Os Socialistas Franceses
Os Economistas Ingleses
Os Filósofos Ingleses e Franceses
88
89
90
O LADO DESCONHECIDO
DA OBRA DE MARX
 O Contradeus
 Marx- do Cristianismo ao Ateísmo
95
95
97
MARX COMO HOMEM E
PENSADOR
105
 Marx Era um Humanista?
105
 Leis do Movimento Econômico
e a Teoria da Alienação na Sociedade
Comunista
107
 O Mito da Ciência Marxista
115
PARTE II : A MÍSTICA DO
PENSAMENTO MARXISTA
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10.
121
IDEAL E IDEOLOGIA
PROPÓSITO E FINALIDADE
IDEAL CRISTÃO E IDEAL
MARXISTA
A IDEOLOGIA CRISTÃ E A
IDEOLOGIA MARXISTA







123
127
131
135
O Deus bíblico e o deus-trabalho / 139
A Queda do Homem e a Tendência
à Propriedade Privada
139
O Pecado Original e a
Propriedade Privada
140
A História Pecaminosa e a História
da Exploração
140
A Natureza Humana Original
e a Essência-Epécie Original
141
A Natureza Decaída e a Natureza
Burguesa
141
O Remorso e a Autocrítica
142
5













Capítulo 11.
TEOLOGIA x MARXISMO









Capítulo 12.
A Consciência da Fé e a
Consciência de Classe
142
A Essência-Divina Humana
e a Essência-Trabalho Humana
144
O Valor-Divino do Homem
e o Valor-Trabalho do Homem
144
Moral e Ética Cristã x Moral
e Ética Marxista
145
A História da Salvação e a
História das Lutas de Classe
146
A Salvação Cristã e a
“Salvação” Marxista
148
Arrependimento e Rebelião
148
A Igreja Cristã e o Partido Comunista / 149
O Clero Cristão e os Membros do Partido / 150
O amor como Força, o Perdão como
Meio e a Harmonia por Fim. O Ódio
Como Força, o Ressentimento como
Meio e o Conflito por Fim
151
Os Santos Cristo e os Guerrilheiros
Marxistas
152
O Messias e Karl Marx
153
O Novo Éden, o Reino do Céu
e a Sociedade Comunista / 155
Karl Barth
Saduceísmo
O Reino de Deus na Terra
Cristianismo Horizontal
Fé Sem Religião
Cristianismo Sem Mitologia
Cristianismo Ateu
Cristianismo Marxista
O Documento Li Whei Whan
MARX E JESUS. A RELAÇÃO
AUTOR x OBRA
6
157
159
162
162
162
162
163
163
164
168
175



Os Frutos do Cristianismo
Os Frutos do Marxismo
Os Neo-bárbaros
177
180
183
PARTE III: A MISTICA DO
COMPORTAMENTO MARXISTA
187
Capítulo 13.
189
O PRINCIPIO DA INVERSÃO
 O paradoxo do Comportamento
Humano
 Antiverdade
 Contracultura
 Deus e Antideus
190
191
193
194
Capítulo 14.
O SENTIMENTO COMUNISTA
 Contramarxismo
197
200
Capítulo 15.
O COMPORTAMENTO OCULTISTA 203
 Deusista e Antideusista
204
Capítulo 16.
AS ESCRITURAS “SAGRADAS”
MARSISTAS
 O manual do Ateísta
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
209
211
A AUTODESTRUIÇÃO
INCONSCIENTE
215
 Utopia e Alienação
218
 Fama e riqueza pelo Caminho Político 219
 Revolução: do Sistema Social ou do homem?/ 221

A IGREJA MARXISTA INSTITUÍDA / 227
 Rituais Pseudo-cristão
230
 O “Pai Nosso” e o “Decálogo Comunista” 233
ACRUELDADE DESUMANA
237
 Violência e Desequilíbrio Psíquiico 237
 Praticidade
241
 Espiritualismo na União Soviética 246
 Totalitarismo
247
7



Capítulo 20.
Espionagem
Terrorismo
Psicopolítica
248
251
MITOLOGIA & MARXISMO 259
 Mito e Ritual
 A Leninolatria e o Mito do
Super-Homem Marxista
 O Mito do “Céu Marxista”
253
260
261
264
Capitulo21.
OS SÍMBOLOS DO MARXISMO
 As Cores
 A Foice e o Martelo
 A Estrela
 O Punho Fechado
267
268
270
275
278
Capítulo 22.
O MARXISMO SEGUNDO
NOSTRADAMUS
279
Capítulo 23.
MARXISMO E CRISTIANISMO
 Anticristianismo
 O Deus-Proletariado e a História
285
285
289
Capítulo 24.
O MARXISMO, A RÚSSIA E A
BÍBLIA
293
 A Mística Rússia
299
 Dan ― A Origem dos Povos Orientais301
 O Caráter Russo
307
 Rasputin ― Quem o Enviou?
309
 A Rússia na Profecia de Fátima
313
CONCLUSÃO
318
NOTAS BIOGRÁFICAS ADICIONAIS
DE MARX E ENGELS
323
BIBLIOGRAFIA
8
PREFÁCIO
O conceito de Jung sobre arquétipo deriva de sua observação reiterada de
que os mitos, as lendas, os contos da literatura universal e as religiões
encerram temas bem definidos ― que reapareceram em toda parte em todos
os tempos.Paralelamente na presente obra, o professor Villaverde, além de
propor uma nova abordagem da “realidade arquetípica” do marxismo cria
verdadeiras filigranas ontológico ao cotejar,com uma propriedade crítica
muito próximo do refinamento clássico, os “temas” que há muito refluem na
experiência social, política e epistemológica do homem. Sem deter-se em
redimensionamento doutrinários ou filosóficos, o autor nos leva às próprias
vertentes das certezas arquetipicamente efêmeras do homem, revelando-nos
e desenredando um processo história/ humanístico muito bem articulado,
que tem como ataque a propagação da desordem organizada, em um mundo
cuja defesa é a “liberdade” mais que suicida.
Essa é a situação de que se utiliza toda uma corrente de pensamento,
tendo como elos a “barbárie com face humana” ― como lembra Bernard
Henri Levy ― , cuja auto-denominação é o terror de Estado e a “autodeterminação dos povos”, atuantes não por acaso em regiões de delicado
equilíbrio. (Vejam a Indochina, a América Central, o Oriente Médio ...).
Desse modo, observamos a práxis marxista e obediência cega aos princípios
da “setelitização” serem cruelmente aplicadas. Os exemplos dessa
arquetípica realidade nos trazem à mente um “paraíso”, supostamente
pretendido como definitivo, que o comunismo internacional, em sua “ânsia
de igualdade”, desumanizou.
Por outro lado, Jung sustenta que o arquétipo em si mesmo é vazio.
Trata-se de um elemento puramente formal, sendo uma forma de
representação dada a priori. As representações arquetípicas não são
herdadas, apenas suas formas o são, como os instintos. A existência dos
arquétipos só pode ser comparada de maneira concreta, através de sua
manifestação. Pela breve explanação que acabamos de fazer, podemos agora
verificar até que ponto as ideias do professor Villaverde que confrontam
sistemas religiosos, investigam a própria essência do lado místico da
natureza humana, criticando os valores “herdados” e re-criados, e sugerem
uma novíssima apreensão “não dos erros teóricos do marxismo, mas de sue
caráter interno”, podem coadunar-se com os ideais do Cristianismo e refutar
9
o marxismo ; vislumbrando, por fim, o real estabelecimento de uma
extraordinária cosmovisão teo-científica : o Deusismo.
Seria o marxismo uma religião? Uma filosofia mística da história?
Uma nova utopia? Outra forma arquetípica de misticismo, criada por Karl
Marx? Um místico filosófico? Acreditamos que as duas últimas proposições
talvez sejam as que melhor se prestem para analisar a doutrina marxista. O
misticismo filosófico é uma doutrina que, constatando a impotência da
razão humana para resolver os problemas metafísicos essenciais, vai em
busca de recursos suplementares, que possibilitam um conhecimento
intuitivo especial. Os orientais, como por exemplo os budistas, pensam que
esta é a fonte mediante a qual o homem se liberta do mundo sensível. Tudo
se propõe a atingir uma espécie de fusão com o mundo divino, durante o
estado de êxtase. O êxtase é considerado um estado paroxístico pessoal, em
que o sujeito, rompendo toda comunicação com o ambiente, se encontra
transportado para um mundo psicológico impenetrável a qualquer outro
indivíduo. Não se transfere e nem se tem palavras para comunicar a outrema
experiência e vivência obtidas no estado de êxtase. A propósito da “palavra
comunicada”, algo semelhante foi defendido por Walter Bejamim, ao tratar
da origem da Língua, em que esta assumiria a figura da língua adâmica.
Nesse estágio, Deus e o homem possuíram uma mesma linguagem, que no
entanto foi perdida com a queda. À essa perda de “imediatidade do verbo”
Bejamim dá o nome de “sobredenominaçao” (Uberdenennung) ― espécie
de veiculação do conhecimento que jamais se completa. Assim, todas as
línguas, humanas e não-humanas , buscam a reintegração com o Verbo. Em
tal contexto, não se faria arbitrária a suposição de que, em sua tentativa de
reaproximação com Deus, fonte dos Lagos, o homem cometa muitos e
fragmentários desvios. É nesse momento que a língua torna-se signo de uma
má interpretação, o que por si mesma engendra a mentira. O marxismo é
resultado direto de uma mentira, proposta em um altar alegórico, para o
sagrado a retalhamento e êxtase da alma de seus fiéis.
Portanto, o marxismo é uma doutrina mística e dogmática. Na prática,
apresenta certas características dos dogmas religiosos, principalmente
quando se propõe a salvar a humanidade e estabelecer o paraíso na Terra.
Diferencia-se em essência das religiões, por negar a existência e a
interferência de qualquer “poder divino” na vida pessoal do homem, e na
sociedade por ele construída. Na atuação prática, o comportamento do
verdadeiro cristão é também antípoda do comportamento marxista. O crente
cristão prega e prática os princípios que se encontram nos Evangelhos ―
espacialmente no Sermão da Montanha - , com ênfase às mensagens de
amor: amor a Deus, à humanidade, á família e ao próximo. O crente
10
marxista militante prega a luta de classe, a marginalização e a eliminação
sumária daqueles que opõem à implantação do regime comunista
materialista e ateu em substituição ao regime social liberal cristão. Ele
abomina todas as religiões, por considera-las “o ópio do povo”, usado pela
burguesia para dominar e explorar a classe dos trabalhadores. Para atingir
seus objetivos, o marxismo procura levar o proletariado ― principalmente
do Terceiro Mundo ― à miséria total (quanto pior melhor), porque somente
assim tal miséria coincide com o lado oposto e extremo da contradição
capitalista, levando-o à sua destruição final.
Karl Marx e Friedrich Nietzsche, na segunda metade do século XIX,
declaravam a “morte de Deus”; Feodor Dostoievski, na fábula do Grande
Inquisidor, inserida na lenda dos Irmãos Kramazov, escrevia: “se Deus não
existe, então tudo é permitido.” Esse pensamento é o adotado pelos
marxistas ateus, e aplicado na organização de todas as formas de relações
humanas; daí levando o homem ao niilismo. Com base nesse enfoque, os
marxistas têm por meta destruir a estrutura em que se assente a sociedade
ocidental, e instar o regime comunista, idealizado e proposto por Marx: O
homem cuia personalidade foi envolvida pelo “Arquétipo do Velho Sábio”,
o dono absoluto da verdade; o homem que destronou todos os deuses de
todas as religiões, e se auto-coroou o “único deus”, capaz de misticamente
reger os destinos da humanidade. Suas ideias foram adotadas por uma legião
de seguidores de todas as nacionalidades, raças e povos do mundo. Cada um
deles tem incorporado o “arquétipo do herói” *, o salvador da pátria,
disposto a dar a própria vida para implantar, em todas as nações do mundo,
ideal do convívio social para o homem, elaborando e proposto pelo “grande
messias”; o homem que se “fez” deus, ao mesmo tempo que liquidava todos
os deuses: Karl Marx.
Caberá ao leitor desta obra tirar suas conclusões. Terá oportunidade de
constatar o seu real valor, pela honestidade e precisão das informações sobre
a natureza mística da doutrina marxista, e seu emprego na vida pessoal e
social do homem. Informações pouco conhecidas sobre a personalidade de
Karl Marx, e sua vida familiar são admiravelmente relatadas, assim como a
extraordinária influência que o marxismo, em confronto com o
Cristianismo, vem exercendo, a partir de meados do século passado, sobre a
humanidade. Essa influência continua a atuar profundamente neste final de
século.
*
Prevalecendo fundamentalmente o “arquétipo da sombra” (arquétipo da negatividade).
11
O autor deste trabalho, professor Villaverde, demonstra que o marxismo,
arquetipicamente, tomou a forma de uma pseudo-religião, um pseudocristianismo, que se propôs, conscientemente
ou não, a suplantar e substituir o verdadeiro Cristianismo. Por outro lado, o
autor destaca o papel da necessidade fundamental da religião na mudança do
indivíduo (e, automaticamente, da família, sociedade, nação e mundo),
afirmando que a verdadeira revolução do mundo jamais ocorrerá sem a
verdadeira revolução do homem.
Ao mesmo tempo, essa obra magnífica nos dá novas esperanças e nos
preenche um vigoroso entusiasmo, ao desvelar os sinais de um
“Cristianismo Universal” ― o Deusismo ― emergindo das cinzas de nossa
decadente civilização, como um fênix que iluminará o caminho para o
reencontro do Homem com Deus.
CESÁRIO MOREY HOSSRI *
*
Dr. CESÁRIO MOREY HOSSRI, 65, é membro da comissão examinadora para mestrado
e doutorado da Escola Pós-Graduada de Ciências Sociais da Fundação Escola de
Sociologia e Política de São Paulo – instituição complementar da USP; pioneiro no
estudo, pesquisa e desenvolvimento do Tratamento Autógeno no Brasil; como escritor,
publicou tratados e obras originais de caráter internacional na área de Psicologia (Editora
“Mestre Jou”); especialista em psicologia da educação, psicólogo clínico e sociólogo.
Leciona atualmente na PUCCAMP.
12
NOTA SOBRE A
NATUREZA HUMANA
Toda corrente filosófica materialista insiste em negar que o homem possua
uma natureza original. Dizem que o homem se assemelha a uma folha de
papel em branco na qual os objetos exteriores imprimem suas
características. Isso significa dizer que o homem é um a mero e total produto
do meio social. Não é consciência humana que subjetivamente cria o meio
social, que cria a sua consciência. Para fundamentar essa ideia, centenas de
textos foram escritos e espelhados por todo o mundo.
Gostaria de tecer alguns comentários sobre essa interessante questão,
não a título de debater, mas a fim de derramar novas luzes sobre ela.
O Deusismo * apresentou uma teoria antropológica que define o ser
humano como um ser divino, porém não em pleno estado de
aperfeiçoamento. Na Teoria Antropológica Deusista, o homem atual não se
encontra em seu estado original. Admitindo Teoria da Queda Humana (um
acontecimento primitivo que desligado os seres humanos de seu Criador ―
Deus), o Deusismo explica, por esse fato, a existência das guerras e das
religiões na história, cuja única finalidade é a de ocasionar o religamento do
homem com o seu Criador. Por esse ângulo, a religião é um fenômeno
histórico temporário. Ao mesmo tempo, a Teoria da Queda Humana nos
fornece a ideia de que a história não teve início de uma forma correta, razão
por que as religiões falam em “fim dos tempos” (tempos da ignorância, dos
erros e dos sofrimentos humanos).
Não se pode negar a atuação do homem sobre a natureza. Tampouco se
pode negar a influência da natureza sobre ele. Devemos, portanto, admitir
que a sociedade é uma criação humana, uma projeção intelectual e real
oriunda da essência do próprio homem. A sociedade, pois, deveria estar no
pleno agrado do ser que a criou. Entretanto, isto não ocorre. Por quê?
*
O Deusismo é uma cosmovisão fundamentada nos princípios ético-morais comuns às
grandes religiões do mundo, na filosofia idealista-teísta e na ciência do Século XX.
13
Em toda a história e em todos os lugares, os homens apresentam certas
características comuns, independentemente de fatores externos como cor,
raça ou classe, quais sejam: o ser humano busca a verdade, a beleza e a
bondade em qualquer parte em qualquer tempo, busca lei, ordem e
princípios; busca valores eternos, imutáveis e absolutos; busca a vida eterna,
a eterna juventude, a plena verdade, a plena experiência. Em todo tempo e
lugar, o homem tem buscado a perfeição das suas obras. Por outro lado ― e
é nisso que está o grande paradoxo do comportamento humano ― o homem
tem realizado obras absolutamente opostas ao seu desejo. Assim, ele foge da
morte indo ao seu encontro (vícios, drogas, etc); foge da guerra, guerreando
e aperfeiçoando a guerra (nuclear, química, bacteriológica, etc); foge da
impureza, praticando-a (a promiscuidade). Por que isso acontece?
Encontramos na Bíblia uma primeira explicação.
Certa vez o apóstolo Paulo disse:
“Deleito-me na lei de Deus no intimo de meu ser, sinto porém, nos
meus membros outra lei do meu espírito e me prende debaixo da lei do
pecado. O bem que quero, esse não faço, mas o mal que detesto, esse faço.
Ora, se faço o que não quero, não sou eu mesmo que o faço, mas alguma
“coisa” que está em mim! Assim, eu, pelo meu espírito, estou sujeito à Lei
de Deus, mas pelo meu corpo sou escravo da lei do pecado. Miserável
homem que sou, quem me livrará deste estado de morte.”
Uma segunda explicação encontramos no pensamento do psiquiatra
vienense Sigmund Freud, criador da Psicanálise. Freud apresentou uma
teoria chamada “Conflito Intrapsíquico”, na qual demonstrou a existência
de um grande conflito no interior da mente humana entre duas forças: uma
moral (superego) e uma amoral (id). Segundo Freud, é dessa luta que
brotam as neuroses humanas, quanto ao fato da existência desse conflito
inferior no ser humano, não há dúvida.
A questão que agora se põe é sua origem. Será esse estado natural dos
seres humanos, ou esse é uma anomalia originada por algum acontecimento
posterior à sua origem? Bem, se esse fosse o estado humano original, não
existiriam as religiões e nem todos os movimentos históricos (mesmo a
Psicologia e a Psicanálise) voltados para sua eliminação e para a busca do
equilíbrio interior do homem ― a paz. As religiões são um fenômeno
histórico, que se propõem a eliminar o conflito interior do homem,
devolvendo-lhe a paz, o céu, o equilíbrio, o Nirvana, etc. Também as
ciências da mente e do corpo têm proposto o mesmo ideal. Numa batalha
extraordinária, o homem tem se debatido, ao longo da história, para vencer o
mal que lhe massacra, tentando estabelecer o bem geral, mas sem muitos
14
resultados. Tão logo encontra uma solução para um problema, surge-lhe
outro, e outros maiores que o anterior. Tem sido assim há seis mil anos.
Curiosa e estranhamente apesar de ser assim, os homens têm lutado
com desespero para mudar essa situação. Não há paz dentro dos homens;
não há paz na sociedade. Entretanto, há na humanidade a esperança do
triunfo derradeiro. O homem acredita que vencerá a “força” ou seja lá o que
for que o oprime e o escraviza. A luta que se trava no interior da sua mente e
se projeta exteriormente nas suas obras (e é quando ele a pode ver), não o
agrada; está nele, mas não nasceu com ele. Por isso ele se debate par livrarse dela.
Tanto as teorias políticas que tratando da origem política do Estado,
quando as religiões, afirmam que o homem já viveu em paz, livre do
conflito interior que o atormenta. Nas teorias políticas sustentava-se que o
homem vivia na natureza, guiado pela simples lei natural, livre de quaisquer
conflitos e dores. Quando, subitamente (sem maiores explicações),
desenvolveu-se no interior do homem a tendência para a injustiça e a
agressão. Ai se teria iniciado a história da divisão , das classes, das lutas e
da miséria humana. Por outro lado, a civilização judaico-cristã apresentou à
humanidade uma outra teoria.
As narrativas bíblicas contam que há seis mil anos, quando o homem e
a mulher (o casal primário ― produto final da evolução humana) haviam
sido criados e caminhavam para a maturidade, ao fim da qual seriam unidos
por Deus e constituiriam a primeira família, dando início à história humana,
ser espiritual chamado Lúcifer interferiu no processo, separando-os do seu
criador, induzindo-os a copularem extemporaneamente, para então submetêlo ao seu domínio, educando-os a seu modo.
De que forma teria Lúcifer interferido no desenvolvimento do casal
primário? O Deusismo concorda com os escritos anteriores ao Novo
Testamento, que defenderiam que a Queda humana teria sido um ato sexual
extemporâneo. Mas acrescenta que a Queda Humana não teria ocorrido em
apenas uma etapa o homem e mulher imaturos. Mas, principalmente, deu-se
a queda antinatural entre um ser angélico e a mulher e, posteriormente a
queda imatura entre a mulher e o homem.(Gn. 8-13).
Se verdadeira essa teoria, deverá existir ainda hoje provas concretas da
sua autenticidade, vestígios reais desses tipos de relacionamento antinaturais
e imaturos, bem como fatos observáveis quanto ao conflito interior, oriundo
da Queda, no homem e na sociedade.
Nessa teoria, a mulher teria se relacionado com dois seres de espécies
distintas: um anjo e um homem. A genética contemporânea nos comprovou
que, cruzando-se duas espécies de vegetais ou animais distintos pode-se
15
perfeitamente obter uma espécie híbrida, que apresenta as características das
espécies anteriores que lhe deram origem. Exemplos desse fato são a
nectarina (cruzamento do pêssego com ameixa); o tritigal (cruzamento do
trigo com centeio); o muar (cruzamento do jumento com a égua). Com
relação ao homem, o mulato (produto do branco com o negro) é também um
elemento híbrido dentro da espécie humana. O filho é produto da fusão paimãe, sendo, em si mesmo, substancialmente constituído dessa natureza dual
(os gens masculinos fundem-se com os gens femininos, originando uma
terceira qualidade de gens híbridos).
Admitindo-se a dualidade espírito-matéria dos seres humanos, não
haveria implicações hereditárias *, também espirituais no cruzamento do
homem e a mulher? Logicamente, sim. O filho é produto integral dos pais,
tanto espirituais quanto materialmente. Ocorre, porém, que a Queda
Humana não foi apenas humana. Um terceiro personagem teve íntima
participação nela ― um anjo (ser espiritual antropomorfo). A bíblia afirma
que a mulher “provou do fruto do arcanjo Lúcifer” primeiro, e deu do fruto
ao homem depois. Se há implicações hereditárias também espirituais, seria
lógico admitir que os descendentes humanos, desse “ato-a-três”,
apresentassem os vestígios dessa herança “genética” espiritual e desse
comportamento social antinatural.
Tem sido evidente que a essência dos problemas humanos está
diretamente relacionada com a questão da sexualidade. Um estado
sociológico nesse campo pode nos fornecer dados extraordinários para a
argumentação. As teorias de Freud vêm corroborar essa tese.
Para Feud, a raiz dos problemas sociais estavam na sexualidade e no
conflito intrapsíquico existente no homem. Trata-se, pois, de um conflito
real, travando no plano no psicológico da raça humana. De outro lado , ao
observarmos o comportamento sexual do homem, podemos perceber
claramente os vestígios chocantes dos relacionamentos antinaturais e
imaturos ocorridos no ato da Queda. Vemos relacionamento entre homemhomem, mulher-mulher, homem-animal, adulto-criança, etc. mais
modernamente, tornou-se claro o relacionamento entre sexo-violência, sexo
terror e sexo-horror. Quanto aos relacionamentos imaturos, bastaria citar o
*
O hinduísmo afirma que o espírito humano é constituído de energia espiritual. Isso nos
possibilita falar em genética espiritual, e considerarmos a fusão espiritual, não apenas
como complementariedade, mas sim, como fusão real, haja vista que se dá entre corpos
constituídos de uma mesma substância amorfa e transmutável.
16
casamento indiano aos trezes anos, os casamentos interioranos aos onze ou
doze anos, o fenômeno da pederastia, a prostituição infantil, etc.
O Existencialismo é uma escola filosófica caracterizada por uma
preocupação central com a angústia e o desespero humanos. Os
existencialistas entregaram-se à busca da compreensão da natureza humana
e dos problemas humanos, bem como à busca de soluções. Entretanto, todas
as suas explicações e soluções foram parciais, porque o existencialismos não
considerou o fato da Queda Humana. Conseqüentemente, amais
compreenderam a causa real da miséria humana.
De modo semelhante, a psicologia e a psicanálise vem se debatendo na
mesma busca há décadas. Lamentavelmente, enquanto por um lado
anunciam progressos, por outro, ansiedade e angústia crescem de modo
inexorável.
É real o fato do conflito intrapsíquico humano. Há n a natureza
humana uma batalha entre duas vontades opostas (herdadas respectivamente
de Lúcifer e Adão).
Uma, revela-se nociva ao homem e atenta constantemente contra a sua
própria existência. A outra é benéfica, a luta para az sua sobrevivência.
Enquanto uma vontade o induz a destruir a natureza, a outra o induza
defendê-la. E surge a exploração devastadora e a ecologia, a paz e guerra, o
egoísmo e o altruísmo. Poderíamos nos reportar aos primórdios da história
humana (uma história que teve início de uma forma pervertida) e
encontraremos os primeiros frutos da Queda, representados,
figurativamente, por Caim e Abel. Neles veremos os inícios do choque entre
as duas naturezas humanas opostas. Veremos no Abel o lado manso e
bondoso; e no Caim, o lado agressivo e perverso. Séculos adiante, ainda na
mesma região (Mesopotâmia), veremos as raças descendentes de ambos,
representadas pelos caldeus pacíficos, e pelos assírios agressivos.
Desceremos ao longo de todo o rio da história e observaremos a extensão do
mesmo conflito. Chegaremos a Grécia com o mito dos irmãos Etéocles e
Polinise, com as cidades de Atenas e Esparta. Em Roma encontraremos o
mito dos irmãos Rômulo e Remo, e as cidades de Roma e Cartago.
Encontraremos os filósofos idealistas e os materialistas, os lógicos e os
crentes e os ateus ... Enfim, chegaremos dentro da nossa própria casa e
encontraremos em nossa família Caim e Abel lutando sem perceberem,
esgotados e à beira da mutua destruição.
Olhamos para o mundo atual e nos deparamos com Caim e Abel
representados por dois blocos do mundo ― o bloco soviético e o bloco
norte-americano ― lutando a um passo da destruição recíproca.
Completamente cegos para os verdadeiros sentidos da existência, cansados
17
fracassados, ameaçados, desmoralização, cheios de orgulho e ainda
esbravejando um contra o outro; um culpando o outro pela miséria dos dois
... Suas vozes soam fortes, mas os seus olhos se desviam da realidade de
seus mundos. Algo está errado. Tanto esforço, tantas guerras, tantas mortes
... Para nada! Enganaram-se reciprocamente, ou foram ambos enganados por
um terceiro elemento oculto? Onde estão os louros das vitórias
conquistadas? O lado Caim e Abel falaram de paz por milênios. Pela paz
guerrearam e sofreram. Ao termino da longa jornada, apenas uma tensão:
vêem apontados sobre as suas cabeças armas terríveis, que poderão destruir
tudo pelo que lutaram por toada a História.
Afinal, o que estou querendo dizer? Quero dizer simplesmente que não
elaboro este trabalho pretendendo agredir os comunistas ou os democratas
quero dizer que, ao longo da história, os homens se amaram e se mataram,
enganaram e foram enganados, prostituíram e foram prostituídos, roubaram
e foram roubados. Os fenômenos do nosso século não são novos. Os
mesmos vícios e maus costumes, o mesmo comportamento agressivo e
imoral; os mesmo anseios interiores do passado estão presentes, o assassino,
o mentiroso, o ladrão e o homossexual datam, dos primórdios da história do
homem, porque esses traços de seu comportamento são reflexos visíveis de
sua natureza pervertida pela Queda.
Os comunistas e os democratas sempre existiram, mas com outros
nomes. O que presenciamos hoje na Terra nada mais representa do que o
estágio mais avançado de uma luta que teve início há seis mil anos atrás.
Não entre os homens ― são os instrumentos e o prêmio da luta ― mas entre
duas forças ainda incompreensíveis para ao homem atual.
Uma força que se utiliza da paz de verdade e do amor, como arma
contra uma outra que se utiliza da guerra, da mentira e do ódio.
Arnold Toynbee, o grande historiador do século XX em sua
extraordinária obra Um Estudo da História ( A Study of History), que
engloba o estudo das 23 civilizações existentes nesses 6.000 anos da
história, com doze volumes escritos em quase 30 anos, viu a religião como a
mais poderosa força da história humana. Estará ele enganado?
Ambas, a mansidão e agressão são traços históricos da natureza
humana. Mas ambos não são originais, pois um deles produz apenas
devastação e dor, enquanto a natureza humana original busca apenas
construção e prazer.
O escritor José Alberto Gueiros, no seu interessante estudo intitulando
O Diabo Sem Preconceito, expôs um curioso trecho:
“Modernamente, os adeptos da teoria do Inconsciente Coletivo
entraram numa revolucionária interpretação das teses de Carl Jung.
18
Segundo Beatrice Mahler, da Universidade de Colúmbia, o cérebro humano
está preparando para receber do exterior não apenas os impulsos
sensoriais conhecidos (cheiro, cores, sons, formas, etc), mas também certos
estados especiais, como o transe hipnótico, impulsos gestálticos que
propiciam a existência de uma consciência marginal. Nestes casos o
cérebro humano será governado de fora , o córtex receberia ordens de fora
e assim, o paciente estaria agindo por “controle remoto”, manobrando por
uma entidade exterior que poderia modificar os elementos fundamentais da
sua razão e induzi-lo a praticar atos involuntários estranhos, falar línguas
estrangeiras, apresentar força sobre-humana, etc. Essa entidade exterior
que atua sobre um cérebro (mente) ou vários cérebros de uma comunidade,
em momentos especiais, à maneira de um inconsciente coletivo, poderia ser
chamada Satanás. O fenômeno das “epidemias” sociais do tipo Hitler e o
nazismo, Khomeíne e os muçulmanos do Irã; os iluministas e os
revolucionários franceses; quando um líder leva um povo inteiro a praticar
atrocidades, cegamente, estaria dentro desta tese de Beatrice Mahler.”
Não poderíamos estar observando um desses fenômenos, nos nossos
dias, nas revoluções comunistas?
A humanidade atual está atravessando um dos seus mais críticos
períodos. O sofrimento está presente a cada instante, em cada recanto da
Terra. Centenas de milhões de seres humanos no mundo comunista estão
sob intenso sofrimento material e espiritual. De igual modo, outras centenas
de milhões se encontram no mesmo estado no mundo livre. No atual estágio
da história, obrigatoriamente haveria de aparecer os representantes mundiais
de Caim e Abel. No passado eles foram chamados de assírios e caldeus,
babilônicos e judeus, romanos e cristãos, em tempos mais recentes eles
apareceram com nomes de italianos e alemães (católicos e protestantes),
franceses e ingleses (iluministas e puritanos), russos e americanos (ateus e
crentes).
Não parecem ter muita importância os apelidos como os Cains e Abéis
têm sido chamados. O que importa é o fato da sua existência real através da
história. Tal fato constitui uma lei objetiva que atua na história e que o
Deusismo chama de Lei da Separação. A teoria Deusista da história
demonstra que a história humana é a história da luta entre o Bem e o Mal, e
que a meta final da história é a vitória do Bem, porque tal é a vontade de
Deus e do Homem.
O fenômeno do comunismo apareceu na história como uma
conseqüência inevitável da natureza do homem decaído. Internamente
dividida e conflitada, a sociedade humana é um efeito-reflexo do estado da
19
luta contraditória e paradoxal, existente na mente do homem. O conflito
intrapsíquico é um fato científico. O comportamento paradoxal, antinatural
(que atenta contra a existência da própria raça humana) é real e cada homem
pode constatá-lo fora ou dentro de si mesmo. Aí está a sociedade humana
estruturada pelas mãos do homem; porém, numa forma que ele próprio
abomina.
Enfim, o fenômeno está aí no corpo da história e no corpo do homem.
Onde e quando pois, ele teve origem? Como dissemos nas primeiras linhas
desse texto, as teorias políticas apresentam o fenômeno ― o comportamento
paradoxal do homem ―, mas nada dizem sobre a sua causa ou o seu tempo
de origem.
Por outro lado, as teorias da Cosmovisão Deusista fornecem
explicações coerentes e constatáveis na antropologia, na história, na
sociologia e na psicanálise que, se não cabais, pelo menos sugestivas à
lógica e ao intelecto. Razão por que as utilizo aqui.
O comportamento comunista atual são os traços visíveis do conflito
que se tem travado na mente humana há seis mil anos. O mundo dividido e
conflitado é uma conseqüência da Queda Humana, mas indesejável pelo
homem, pois conduz à auto-destruição.
Quem, então, seriam nossos inimigos? Seriam os seres humanos os
inimigos uns dos outros, ou estamos no mesmo barco, naufragando juntos,
sob a força arrasadora de um impiedoso inimigo?
Este trabalho sobre a natureza mística do Marxismo visa derramar
alguma luz sobre essa questão fundamental, acender o questionamento e a
pesquisa. Talvez o homem não seja o seu próprio inimigo. Se assim for,
deveríamos nos abraçar, somar nossas forças, nos aproximar (uma corda de
mil fios é, praticamente, indestrutível à mão livre). Comunistas e
democratas, Caim e Abel, em união de mente e coração, guerreando lado a
lado contra o inimigo comum.
Quando Caim e Abel ― comunistas e democratas ― de mãos dadas,
reescreverem a história de Esaú e Jacó em pleno século XX, sem dúvida
essas serão as verdadeiras sementes da prosperidade e da paz mundial.
20
INTRODUÇÃO
Ao longo de toda a história caciques, reis e imperadores e faraós
sempre declararam a origem divina de seu poder e de sua posição
privilegiada, mesmo que a história das sucessões esteja quase sempre
banhada em sangue, não raro, de filho pasi contra filhos e irmãos contra
irmãos. Mas declarar a origem divina de sua posição nunca foi o suficiente
para os grandes e cruéis tiranos. E eles se autoproclaram filhos dos deuses.
E foram lém, declarando-se o próprio Deus; não, visto como o Pai de amor e
justiça, dos cristãos, mas como um dono absoluto de tudo, inclusive da vida
de seus súditos. Até a Revolução Francesa os tiranos cruéis haviam
assassinado cerca de 132 milhões de seres humanos.
Os tiranos
revolucionários esquerdistas quase dobraram etse número: assassinaram
perto de 232 milhões de seres humanos! Por que tanta violência? A
Revolução Francesa tinha como meta central descristianizar a França. Cerca
de 30 mil padres e freiras foram mortos. Que Robespierre, o líder da
Revolução Francesa, era ateísta e defendia o terror-virtude (despertar a
virtude por meio do terror) todos sabem. O que poucos sabem é que
Robespierre criou uma espécie “religião” ateísta-humanista onde ele próprio
se colocou como objeto central de culto e adoração. Chegou a realizar
espetáculos públicos nos quais, elevando-se por meio de um elevador
ruidimentar, ele emergia no allto diante das multidões. Os ideais da
Revolução Francesa morreram em 1804 com a autocoroação de Napoleão
Bonaparte (1768-1821). E Napoleão decidiu conquistar o mundo. E vieram
as guerras napoleônicas que espalharam o terror na Europa e matavam 30
muil soldados por mês, sem contar as incontáveis vítimas inocentes.
Napoleão foi um revolucionário e participou da Revoluçao Frencesa, cujo
21
ideal supremo era a derruibada da monarquia e o estabelecimento da
república democrática. Todavia, como era um ateu mentiroso, extinguiu a
democracia e se autocoroou imperador já em 1804. Napoleão costumava se
comparar ao imperador Carlos Magno, odiava os negros (matou cerca de
100 mil negros no Haiti) e decapitava os prisioneiros. Mesmo assim ainda
hoje é aplaudido como herói francês e tem mais de 100 biografias (Cf. Os
Crimes de Napoleão. Claude Ribbe. Record, 2008). Comentando os crimes
de Napoleão Ribbe escreveu:
“150 anos antes do holocausto nazista Napoleão Bonaparte utilizou
câmaras de gás embrionárias para exterminar a população civil das
Antilhas, criou campos de concentração na Córsega e em Alba, e
restabeleceu o tráfico de escravos e a tortura, provocando a morte de
100.000 (cem mil) africanos nas colônias francesas, atrocidades copiadas
por Adolph Hitler.”
Napoleão inspirou Hitler e o nazismo. Hitler e o nazismo provocaram a
II Guerra Mundial, que massacrou cerca de 50 milhões de sers humanos. As
relações entre o ocultismo e o nazismo já est bem documentadas e são
conhecidas (Cf. Reich Oculto. J.H. Brennam, Madras, 2007; Os Segredos
do Nazismo. Sérgio Pereira Couto. Universo dos Livros, 2008. A Lança
Sagrada de Hitler. Universo dos Livros, 2008). E mais uma vez o ateísmo
ocultista esteve de braços dados com a crueldade desumana e o genocídio.
E a história do democidio prosseguiu. com os revolucionários
comunistas, filhos dos revolucionários franceses.
Claude Henri de Saint-Simon (1760-1825), um dos filósofos prediletos
de Marx, defendeu a necessidade de uma nova ideologia que suplantasse os
ensinamentos escolásticos cristãos de sua época. Este novo sistema de
pensamento deveria ser científico, abrangente e completamente baseado na
razão e na objetividade. Sobre esse novo sistema ideológico levantar-se-ia
uma Nova Religião da Humanidade que mudaria a mentalidade humana,
adaptando-a aos seus novos objetivos. Saint-Simon diza que somente essa
Nova Religião poderia criar a sociedade do futuro governada por homens de
intelecto superior. Auguste Comte criou a nova “religião” desejada pelos
pensadores ateístas, concreizando-a na “igreja” positivista. Por fim veeio
Lênin e estabeleceu a a nova “religião” e a nova “igreja” ateístas. Os
resultados de 70 anos de prática da nova “religião” estão registrados na obra
O Livro Negro do Comunismo. Repressão, crimes e terror (Stéphane
Curtois, Nicolas Werth, Jean-Louis Panné, Andrzej Paczikowisk, Karel
Bartoseek e Jean-Louis Margolin. Editora Bertrand Russel, 2005. 917
páginas). Os autores resumiram as 917 páginas do livro nos seguintes
termos:
22
“Outubro de 1917: o golpe de estado bolchevique significou bem mais
do que a queda do czarismo e a subida ao poder de um grupo de políticos
idealistas. A revolução liderada por Lenin tornou-se o ícone que
representaria o começo de uma nova era para a humanidade, anunciando
uma sociedade mais justa e um homem mais consciente de sua relação com
seu semelhante. Novembro de 1989: a queda do Muro de Berlim e a
consequente abertura dos arquivos dos países comunistas apareceram para
o mundo como a derrocada final do sonho comunista. O Livro Negro do
Comunismo traz a público o salto estarrecedor de mais de sete décadas de
história de regimes comunistas: massacres em larga escala, deportações de
populações inteiras para regiões sem a mínima condição de sobrevivência,
expurgos assassinos liquidando qualquer esboço de oposição, fome e
miséria provocadas que dizimaram indistintamente milhões de pessoas,
enfim, a aniquilação de homens, mulheres, crianças, soldados, camponeses,
religiosos, presos políticos e todos aqueles que, pelas mais diversas razões,
se encontraram no caminho de implantação do que, paradoxalmente,
nascera
como promessa de redenção e esperança. Os autores,
historiadores que permanecem ou estiveram ligados à esquerda, não
hesitam em usar a palavra genocídio, pois foram cerca de 100 milhões de
mortos! Esse número assustador ultrapassa amplamente, por exemplo, o
numero de vítimas do nazismo e até mesmo o das duas guerras mundiais
somadas. Genocídio, holocausto, portanto, confirmado pelos vários relatos
de sobreviventes e, principalmente, pelas revelações dos arquivos
comunistas hoje acessíveis.
O terror — o terror vermelho — foi o principal instrumento utilizado
pelos comunistas tanto para a tomada do poder quanto para a sua
manutenção, e também por grupos de oposição e o terrorismo de Estado,
com frequência praticados contra o seu próprio povo, são as grandes
características d comunismo no século XX. Obstinados, pragmáticos e
carismáticos, os lideres comunistas que guiaram o mundo a seu destino
inelutável, têm revelada a sua face sombria: Lenin, Stalin, Mao Tse Tung,
Pol Pot, Ho Chi Minh, Fidel Castro e muitos outros tornam-se os
responsáveis diretos pelas atrocidades cometidas em nome do ideal
comunista. Sob seus olhares, os “obstáculos” — qualquer homem, cidade
ou povo — foram sendo exterminados com violência e brutalidade. O Livro
Negro Comunista não quer justificar nem encontrar causas para tais
atrocidades. Tampouco pretende ser mais um capítulo na polêmica entre
esquerda e direita, discutindo fundamentos ou teorias marxistas. Trata-se,
sobretudo, de dar nome e voz às vítimas e a seus algozes. Muitas vitimas
ocultas por demasiado tempo sob a máquina de propaganda dos Partidos
23
Comunistas espalhados pelo mundo. Algozes, muitas vezes, festejados e
recebidos com toda a pompa pelas democracias ocidentais. Todos que de
algum modo tornaram parte da aventura comunista neste século estão,
doravante, obrigados a rever as suas certezas e as suas convicções.
Encontra-se, assim, uma das principais virtudes deste livro: à luz dos fatos
aqui revelados, o terror vermelho deve estar presente na consciência dos
que ainda creem em algum futuro para o comunismo. Como um ideal de
emancipação e de fraternidade universal pode ter-se transformado, na
manhã seguinte ao Outubro de 1917, numa doutrina de onipotência do
Estado, praticando a aniquilação sistemática de grupos sociais ou
nacionais inteiros, recorrendo às deportações em massa e, com demasiada
frequência, aos massacres gigantescos? O véu da negação pode enfim ser
completamente destruído. A rejeição do comunismo pela maioria dos povos
em questão, a abertura de inúmeros arquivos que ainda ontem eram
secretos, a multiplicação de testemunhos e contatos trazem o foco para o
que amanhã será uma evidência: os países comunistas tiveram maior êxito
no cultivo de campos de concentração do que nos do trigo; eles produziram
mais cadáveres do que bens de consumo. Uma equipe de historiadores e de
universitários assumiu o empreendimento — em cada um dos continentes e
dos países envolvidos — de fazer o balanço mais completo possível dos
crimes cometidos sob a bandeira do comunismo: os locais, as datas, os
fatos, os carrascos, as vitimas contadas às dezenas de milhões na URSS e
na China, e aos milhões em pequenos países como a Coréia do Norte e o
Camboja.”
O Livro Negro do Comunismo fala de 100 milhões de vítimas do
comunismo. Masainda em 1978 a revista francesa Le Fígaro já falava
estimava o genocídio em 150 milhões de vítimas (Cf. O custo humano do
comunismo. Le Figaro. Edição de 18 de novembro de 1978). Por sua vez,
Rudolph Joseph Rummel, professor de Ciências Políticas da Universidade
do Hawaid, USA, em seu livro Statistics and Democide (Estatística e
Democídio), baseado em um munucioso estudo históricio-estatístico sobre o
democídio na história (o genocídio dos governos tiranos contra seus
próprios povos) escreveu:
“Do século II a.C., até o final do século XIX os governos tiranos
assassinaram cerca de 130 milhões de pessoas. Inspirados pela Revolução
Francesa de 1789
os governos revolucionários esquerdistas já
assassinaram cerca de 232 milhões de seres humanos. E continuam
matando.
Como explicar que por trás das promessas de paz, terra, pão,
trabalgo, justiça e liberade, dos movimentos ateístas existisse tamanha
24
mentira e cruldade? Não se pode explicar tanta maldade sem falar em
ateísmo e satanismo, assim como não se pode explicar a bondade e o amor
sacrifical de Jesus, dos mártires, dos padres e das freiras cristãos sem falar
de fé e Deusismo. O amor dos verdadeiros cristãos certamente veio de Deus,
e o ódio dos ateístas? De onde veio?
Responder a essa pergunta é o objetivo deste livro. O autor observa
que ninguém conhecerá o marxismo se não conhecer o caráter do seu
criador, Karl Marx (ou alguma força perversa por trás dele). A obra de um
autor sempre foi um reflexo de si mesmo, de sua natureza mais íntima.
Afinal, o que é o marxismo? Que tão profundo mistério carrega ele em suas
entranhas capaz de levar milhões de homens, mulheres, jovens e até crianças
a sacrificarem suas vidas, movidos por uma utopia e um ressentimento
aleatórios pelos mais ricos, poderosos e religiosos? Seriam todos os
empresários e todos os religiosos tão culpados a ponto de terem sido
julgados e sentenciados à morte sem nem ao menos saberem, ou será que a
humanidade mais uma vez, encoberta pela névoa da ignorância e da dor, no
afã de alívio, envolveu-se em mais um daqueles acontecimentos bárbaros,
em que tão triste e paradoxalmente tem estado envolvida desde o alvorecer
da sua história? Fiz essas indagações a mim mesmo, muitas vezes sem
resposta alguma. Conheci uma face do marxismo nos tempos em que
cursava a faculdade de economia na Universidade Federal de Pernambuco.
Conheci as leis da Dialética e os ideais do Marxismo; conheci a Teologia da
Libertação e a sua salvação pela violência ... Sim, conheci mas nada
compreendi. Parece-me hoje que aquelas ideias exerciam sobre mim um
estranho fascínio que me levava a buscá-las e a compreendê-las. Mas,
incrivelmente, elas pareciam fugir de mim! Creio que alguma coisa afastoume daquelas ideias. Diria mesmo que “alguma coisa” me livrou do
marxismo. Hoje compreendo-o bem. Por esse motivo dispus-me a elaborar
este trabalho.
Ao longo destas páginas, o leitor algumas vezes se surpreenderá.
Outras vezes, poderá até mesmo experimentar sentimento de medo ante a
face real do marxismo. Mais ainda se surpreenderá ao perceber o intricado
jogo de ideias e emoções que se esconde por trás das palavras do marxismo,
e que são a causa última da sua atração e expansão mundial. Duvidará que
Karl Marx tenha podido elaborar sozinho tal sistema de pensamento,
imbuído de nobres intenções e baseado apenas em sua inteligência; que o
marxismo apresenta-se como um jogo de promessas de esperança e
felicidade e, bem mais que um sistema filosófico, assemelha-se a uma
religião. Uma pseudo-religião, com a força de uma religião mais poderosa
que o Cristianismo, razão por que o tem confrontado em todo o mundo.
25
Notamos que a revolta marxista é muito mais contra a ideia da
existência de Deus, do que contra a mística propriamente dita. Haja vista
que o marxismo possui uma índole profundamente mística. O marxismo se
dispôs contra toda fé em deuses e religiões, mas particularmente, o ataque
central é desferido contra o Cristianismo. Saberemos a razão disso neste
livro. Há também um incisivo ataque à filosofia idealista alemã, em virtude,
principalmente, da filosofia de Fitche, Schelling, Kant e Hegel.
Este livro certamente não será uma leitura comum. Creio mesmo que
poderá ser uma obra pioneira em alguns aspectos do conteúdo. Durante sua
leitura, o leitor encontrará diversas menções à pequena obra do Pastor
Richard Wurmbrand Seria Karl Marx um Satanista? *
Li e considerei essa obra importante e esclarecdora, porém, um tanto
misteriosa pela visão evangélica do Pastor Wurmbrand . Convém notar aqui
que as visões teístas atuais mostraram-se historicamente impotentes e
incapazes de conter, contrapropor e derrotar o Marxismo, enquanto modo de
pensar e de viver. Creio e ressalto porém, que o Cristianismo possui em seu
bojo, em latência, as ideias-chaves capazes de verdadeiramente contrapropor
e suplantar o Marxismo.Não do modo como atualmente é interpretado e
estudado (está provado que nas formas atuais, o Cristianismo tem sido
abalado pelo Marxismo. A Teologia da Libertação é o mais gritante
exemplo desse fato). O Padre Polonês Dr. Miguel Poradowski, Doutorado
em Teologia, Sociologia e Direito em Varsóvia e Roma, professor das
Universidades de Valparaíso e Santiago, no Chile, em sua pequena obra: A
Gradual Marxistização da Teologia (edições Fortaleza ― 1975), deixa
claro o fenômeno da fraqueza da Teologia atual. Mostra o padre Miguel
como gradualmente, de forma sutil e sem esforço, os comunistas
conseguiram se infiltrar e substituir nos estudos teológicos dos seminários,
conventos e faculdades, o elemento teológico pelo elemento marxista ateu.
Essa é atualmente uma das mais estranhas e chocantes aberrações do século
XX. A TFP ― Sociedade Brasileira para a Defesa da Tradição, Família e
Propriedade ― fundada pelo professor Plínio Correia de Oliveira em 1960,
com a finalidade de combater o que ele chamou de “progresso esquerdista”,
que começava a surgir nos meios católicos ― numa volumosa e excelente
obra intitulada As Cebs... Das quais muito se fala, pouco se conhece. A TFP
as descreve como são. (Editora Vera Cruz ― 1983), da autoria do Professor
Plínio Correia de Oliveira, Gustavo Antônio e Luiz Sérgio Solimeo, analisa
*
Todas as citações à obra do Pastor Wurmbrand serão indicadas por dois asteriscos (**).
26
e denuncia em detalhes o extraordinário equívoco que alguns setores da
igreja cristã vem levando acabo, no seio das famílias, através das chamadas
“Comunidades Eclesiais de Base ― Cebs”, que através de uma doutrina
marxista vem minando a fé e a ingenuidade pueril da América Latina inteira
e, especialmente do Brasil. Esses comentários servem apenas para
evidenciar a debilidade da visão do Cristianismo atual frente ao marxismo.
Alexandre Soljenítsin afirmou que o “marxismo está condenado a jamais
derrotar o Cristianismo.” Diríamos porém, outra coisa, e de outra forma: “o
ateísmo está condenado a jamais derrotar a fé.” Por quê? Porque a fé é um
impulso espontâneo da natureza espiritual do homem. Mesmo em plena
ignorância, os selvagens cultivam atividades místicas. De igual modo,
mesmo completamente oprimida, perseguida e proibida, a natureza mística
do homem florescerá impreterivelmente. Provando essa assertiva, o
Governo Soviético divulgou, no mês de outubro de 1984, artigo sobre o
crescimento da fé entre a juventude soviética, e propôs a adoção de novas e
mais eficazes medidas no sentido de propagar o ateísmo e combater a
religião. Tal fato ocorreu, note bem, 67 anos após a religião ter sido proibida
na União Soviética. È certo que jamais a fé será derrotada, mas as religiões,
envoltas em tão grossas camadas de dogmas e mistérios, já estão derrotadas.
A menos que o mundo livre encontre uma ideologia teísta, lógica, com base
científica atual e a implante na educação geral, o marxismo não poderá ser
detido. Não poderá? Corrigimos: ele já está sendo detido. Os comunistas
dizem que o mundo ocidental não encontrará, a tempo, uma ideologia
alternativa superior ao marxismo. Por isso, todo o mundo cairá em suas
mãos como um fruto maduro. Lamentamos informar àqueles que por acaso
lerem este livro, que o mundo livre já possui esta ideologia e que, em
definitivo o marxismo está ideologicamente suplantado pelo Deusismo!
Marxistas ou não marxistas, todos os homens são seres espirituais e
possuidores de uma natureza mística original. Por esse motivo, o Deusismo
está rapidamente se expandindo pelo mundo, porque vai ao encontro da
natureza originalmente mística do homem ansioso do século XX, ofertandolhe aquilo que constitui o seu desejo fundamental: a alegria integral ― do
corpo e do espírito ― através do amor, da verdade e da paz.
Para finalizar essa breve introdução, gostaria de expressar nossas
sinceras desculpas por algum desagrado, e dizer que nossa intenção não foi
produzir um masterpiece da literatura intelectual, nem esgotar o tema, mas
simplesmente desnudar e apontar o veio real de onde brota a força
intelectual e emocional do marxismo, e trazer à luz a sua natureza mística.
Léo Villaverde
27
São Paulo, 1986
..”. Numa era sem fé, o comunismo emergiu como uma poderosa
anti-fé, a qual torna irrelevante o nosso quadro de referência
habitual. Ele não pode ser derrotado militarmente, nem seus
seguidores podem ser induzidos a abandoná-lo. O comunismo
somente pode ser derrotado por uma maneira: sendo confrontado
com uma ideia melhor....”
David Sutter
Jornalista
“Há hoje no mundo dois grandes povos: o russo e o angloamericano. O primeiro conquista pela espada, nega a liberdade e
concentra em um só homem todo o poder. O segundo conquista
pelo arado, respeita a liberdade e descentraliza o poder.
Contudo, ambos parecem ter, por desígnio da Providência, os
destinos das duas metades do mundo em suas mãos.”
28
Aléxis de Tocqueville
Historiador ― 1835
PARTE I
MARX, O HOMEM
E O MÍSTICO
29
Capítulo 1
A V IDA D E K ARL MARX
E A PISICOLOGIA MODERNA
A vida familiar de Marx
Marx nasceu no dia 5 de maio de 1818, numa província chamada Trier , na
Alemanha Renana. Foi o segundo filho de uma família judia. Seus pais
chamavam-se Heinrich Marx, advogado, e Henriette Pressburg, filha de
rabinos judeus. Naturalmente, ambos foram praticantes do judaísmo por
quase toda as vidas. Devido a uma ordem que proibia aos judeus a
participação na vida pública, o pai de Marx se converteu ao Cristianismo em
1816; em 1824, converteu ao Cristianismo seus sete filhos. Heinrich Marx
tinha nessa época 56 anos e Karl Marx, apenas 6 anos. A mãe de Marx
relutou em aceitar o Cristianismo e retornou ao judaísmo em 1825, após a
morte de Heinrich Marx.
Certa vez Freud contou uma das recordações de infância sobre um
acontecimento ocorrido com seu pai. Disse-lhe seu pai:
“Quando eu era jovem, passeava um sábado pelas ruas da minha
cidade natal, bem vestido e com um chapéu de pele novo. Veio um Cristão,
30
jogou o meu chapéu na lama e gritou: “judeu, desça da escada” ― E o que
o senhor fez? perguntou-lhe Freud. “Desci e apanhei meu chapéu.”
Esta foi a resposta.
Por que citei este acontecimento da vida de Freud? Porque ele teve?
Porque ele teve um impacto profundamente significativo na personalidade
de Freud. Para ele, seu pai era um símbolo da covardia e da vergonha. Hoje
sabemos da importância que os acontecimentos da infância têm sobre o
homem na sua vida adulta.
A professora doutora Mariana Augusto, diretora do curso de pósgraduação da Escola Superior de Medicina de São Paulo, numa palestra por
mim assistida em 1984, enfatizou que:
“É durante os três primeiros anos de vida que se formam os
elementos básicos que nortearão o caráter e a personalidade do
homem durante todo o resto de sua vida”*.
Cremos que, do mesmo modo que Freud, decepcionado com a
covardia do gesto de seu pai judeu ante um cristão, Marx também reteve em
si traços dos seus primeiros anos de vida em que seu pai, judeu recémconvertido ao Cristianismo, era rejeitado pelos judeus com um apóstata e
pelos cristãos como um judeu (para o leitor ter uma ideia de como os judeus
eram mal vistos pelos cristãos, principalmente da Alemanha, basta recordar
o ressentimento que Hitler despertou no poço alemão na época da Segunda
Guerra, Imagine o leitor como eram vistos os judeus por volta de 1830 na
Alemanha protestante). Outrossim, devemos observar que, dentro de sua
própria casa, Marx deve ter presenciado e ouvido atritos entre seu pai e sua
mãe com respeito à sua conversão interesseira ao Cristianismo. Atitude que
ela nunca aceitou. Provavelmente, em virtude de sua formação judaica e à
sua posição feminina à época desses acontecimentos, Henriette não pôde se
opor a impedir que Heinrich Marx levasse consigo para o Cristianismo
todos os seus sete filhos. Essa repulsa da mãe de Marx pelo Cristianismo é
confirmada pela sua volta imediata ao judaísmo após a morte de Heinrich.
Naturalmente ela desejava levar consigo, outra vez de volta para o
judaísmo, todos os seus filhos. Parece no entanto, não o ter conseguido, pelo
menos com Marx.
O jovem cristão Karl Marx
*
A psicologia infantil atual ratifica esse ponto de vista.
31
Quando ainda adolescente Marx foi um cristão, como podemos observar na
sua primeira obra União dos Fiéis com Cristo:
“Através do amor de Cristo, voltamos nossos corações ao mesmo
tempo para nosso irmãos que intimamente são ligados a nós e pelos quais
Ele deu-se a Si mesmo em sacrifício. A União com Cristo pode da dignidade
interior, conforto na tristeza, tranqüila confiança e um coração susceptível
ao amor humano, a tudo que é nobre e grande, não por causa da ambição e
glória, mas somente por causa de Cristo.”
(Marx e Engls, Obras Escolhidas, 1º vol.
International Publishers. New York, 1979)**.
Em seu “Exame de Admissão ao Ginásio” Marx escreveu:
“O homem, o único ser que não atingiu a sua finalidade; o único
membro de toda a criação que é indigno do que Deus criou. Mas o Criador
benigno não poderia odiar seu trabalho; Ele queria erguer o homem até
Ele, e enviou Seu Filho, através do qual proclamou: “Agora estais
purificados pela palavra que vos anunciei.. Assim quando em união com
Cristo, um sol mais belo nos apareceu, quando sentimos toda nossa
iniqüidade, mas ao mesmo tempo, sentimos regozijo por nossa redenção,
podemos pela primeira vez amar a Deus que apareceu previamente e nos
ofereceu direção e aparece agora como Pai bondoso; como um professor
gentil.”
Em sua tese doutoral escreveu Considerações de um Jovem na Escolha
de sua Carreira:
“A própria religião nos ensina que o Ideal que todos lutam para
alcançar, sacrificou a Si mesmo pela humanidade, e quem ousará
contradizer tal afirmação? Se escolhemos a posição na qual podemos
realizar o máximo por Ele, então não poderemos nunca ser esmagados
pelas responsabilidades, porque elas são apenas sacrifícios feitos em favor
de todos.”
Vemos dessa forma que Marx nos seus anos de adolescência foi um
cristão. Sua fé e seu amor por Jesus Cristo revelado nesses trechos escritos
por ele, dão-nos prova de seu apreço pelo Cristianismo e seus ensinamentos
altruístas. Podemos notar também nestes textos o fato de que Marx, ainda
jovem e cristão, já revelava uma vocação literária que mais tarde produziria
os três componentes do marxismo, que analisaremos mais adiante dentro do
enfoque que interessa a esta obra.
32
Será que Marx sentia orgulho de sua família? Será que ele recordava
do pai sem pensar na sua atitude volúvel ante a fé, e nas palavras e atitudes
da sua mãe com relação a tudo o que o seu pai era e fazia? Essas amargas
lembranças jamais abandonaram Marx, e ele as expressa claramente quando
refere-se a seus parentes como veremos mais adiante.
Marx conhecia bem o Cristianismo. Ao terminar o ginásio, como está
no “Arquivo para a história do socialismo e do movimento dos
trabalhadores da Alemanha”, algumas anotações no seu certificado ginasial
feitas pela direção da instituição de ensino “Sobre conhecimento religioso:
seu conhecimento da fé e moral cristãs é bastante claro e bem
fundamentado. Até certo ponto, conhece também a história da igreja
cristã.” Cremos já ter demonstrado que Marx antes de se tornar ateu, foi um
cristão.
A psicologia e o papel da família
Vejamos agora alguma das opiniões da psicologia e da psicanálise moderna
quanto às influências da família no comportamento. Psicólogos e
psicanalistas (tanto ortodoxos quanto aqueles que reconhecem a força das
condições culturais na formação do caráter), afirmam que todas as crenças,
ações e emoções manifestadas na vida adulta das pessoas têm suas raízes na
infância. Até mesmo os adeptos da teoria pavloviana dos reflexos
condicionados, e outros estudiosos do processo de aprendizagem e
socialização, costumam buscar explicações para o comportamento adulto
nos anos mais próximos do nascimento. Todos concordam em que, sem
dúvida, certas experiências negativas ou positivas e suas conseqüências no
mecanismo mental e emocional da criança são determinantes para a futura
formação e integração da personalidade. Este processo pode ocorrer de
modo suave e harmonioso ― que seria o natural ― ou de modo brusco,
marcado por uma forma incomum de a criança responder às exigências do
meio físico social em que vive.
Muitos fatos significativos e emoções marcantes, principalmente as
negativas, são oprimidas e obscurecidas pela criança e vão se alojar em um
ponto desconhecido da mente denominado inconsciente; posteriormente
contudo, tais acontecimentos dolorosos e reprimidos pela necessidade
psíquica (às vezes parecem cair no esquecimento total), manifestam-se
através de sofrimentos e desajustes futuros sob as formas de neurose de toda
espécie.
33
As provas dessas teorias, dizem os cientistas, são alguns hábitos,
tendências e sentimentos considerados normais e espontâneos que nos
acompanham por toda a vida, tais como comer, falar, estudar, higiene,
vestuário, etc. A aprendizagem é um processo básico, pelo qual sos
indivíduos vão adquirindo normalmente formas duradouras de
comportamentos. Assim, geralmente sob condições favoráveis, todos nós
assimilamos hábitos e modos de agir a pensar. Observou-se que há uma
tendência nos adultos de esquecerem completamente fatos que lhe causam
maior sofrimento e desamparo. Não podemos entretanto, ignorar que todo
acontecimento da nossa vida nos despertam sentimentos de gratidão ou
rancor.
Esses sentimentos podem apresentar―se na personalidade adulta sob a
forma de doação e abnegação ou sob a forma de egoísmo, ressentimento e
vingança. Algumas pessoas apresentam-se cheias de revolta com o que lhes
foi ensinado na infância, e que elas serem crianças e temerem os seus
educadores, tiveram que lhes obedecer. Tais fatos geram frustrações e
sentimentos de humilhação diante da sociedade. E as pessoas adquirem uma
postura complexada, vergonhosa e desalentada.
Dizem tais estudiosos que quando os pais se amam verdadeiramente,
transmite às crianças mais benefícios de que qualquer ensinamento formal.
Por outro lado, quando são problemáticos e conflitantes perante os seus
filhos, legam-lhes uma má impressão e uma atitude repulsiva e traumatizada
diante da família.
Durante os primeiros anos da infância, os cuidados e atenções de
carinho e amor para com as crianças são de grande importância. Por outro
lado, um ambiente familiar cheio de maus tratos e choques entre adultos
presenciados pela criança, lhe efeitos emocionais e ela tende a se afastar, se
sentir-se marginalizada de tudo o que não gosta de ver e ouvir. Crescendo
em um ambiente tempestuoso e cheio de discórdia e agressões, a criança
apresentará na vida adulta um comportamento depressivo e ansioso, aliado a
uma atitude de medo, revolta e contestação.
Outra atitude dos pais é dar aos filhos tudo o que acham que eles
necessitam e exigir deles constantemente prestação de contas por tudo o que
recebem, através de vivacidade, alegria, limpeza, saúde, obediência e
rendimento escolar. Essa atitude mantém a criança sob pressão e medo e
pode, no futuro, trazer um resultado completamente oposto ao “planejado”
pelos pais.
Citei todas assas possibilidades e argumentos para demonstrar que o
ambiente familiar de Marx foi em parte responsável por sua atitude diante
de Deus, da religião e da humanidade.
34
Conviria ainda recordar que a influência que sofremos durante os
primeiros anos da nossa existência no seio familiar e, particularmente, a
influência de nossa mãe que nos aleita e tem conosco os primeiros, os mais
íntimos e carinhosos contatos (em última análise, responsáveis pelo nosso
apego inicialmente voltado para ela), fixam-se em nossa memória e marcam
decisivamente a nossa personalidade. Aqui poderiam residir as raízes da
atitude anticristã de Marx, uma vez que sua mãe sempre se opôs ao
Cristianismo. Outrossim, devemos observar que o fato de Marx ter
permanecido no Cristianismo até a sua adolescência (foi convertido ao
Cristianismo em 1824. Após a morte do pai, sua mãe retornou ao judaísmo.
Marx entretanto, como o demonstram os textos que escreveu, permaneceu
cristão), revela um outro traço da sua personalidade onde já podemos
antever os traços da sua autoconfiança, independência e rebeldia. Por outro
lado, a teimosia de Marx em permanecer cristão também poderia significar o
grau de influência que as ideias e os ideais cristãos teriam exercido nele.
Este faro poderia ser corroborado por outro fato muito curioso relacionado
aos líderes marxistas. Trata-se de que, via de regra, os grandes líderes
marxistas, antes de se tornarem antirreligiosos e ateus, foram cristãos. Marx
e Engels, Lênin e Stálin são os maiores exemplos desse fenômeno. Por esse
motivo fomos buscar compreender as raízes de tal fenômeno nas influências
da família na personalidade humana. Eis aí um dos pontos onde o freudismo
tocou e acertou, pelo menos em parte, sem grandes aberrações.
35
Capítulo 2
A ÉPOCA E O AMBIENTE
HISTÓRICO DE MARX
Contrapolítico
No ano de 1842, Marx entrou em uma séria disputa com o congresso de
Rhein. O congresso havia reformado os estatutos para impedir que os pobres
cortassem lenha nos bosques, pretendendo evitar a devastação dos mesmos
(convém lembrar que a lenha era, nessa época, uma das principais fontes de
energia. Portanto, o corte da lenha nos bosques pelos camponeses
lenhadores, devia ser controlado e restrito a certas áreas). A lenha dos
bosques era a principal fonte de renda para os camponeses, razão por que
Marx abriu a disputa com o congresso. Por esse acontecimento, podemos
inferir todo um conjunto de fatores para uma melhor compreensão da
personalidade de Karl Marx aos 24 anos de idade. Marx era já um
intelectual não-cristão. Como vimos anteriormente, o seu sentimento cristão
para com os outros homens era bem acentuado. Assim, a disputa com o
36
congresso de Rhein revela-nos o sentimento humanista de Marx (reflexo
original da natureza humana e vestígio do Cristianismo) e, face à sua
fraqueza e impossibilidade de disputa contra o governo prussiano e vencer,
Marx deve ter ficado profundamente revoltado com o Estado; e como este
era composto da classe mais alta da sociedade prussiana, como todos os
homens ricos e poderosos da Prússia. Noutra ocasião em que Marx era o
editor do jornal Rheinische Zeitung, foi pressionado e censurado pelo
governo prussiano e obrigado a renunciar ao jornal. Aqui estava mais uma
das causas do ressentimento de Marx contra o Estado. Posteriormente, Marx
revela esse ressentimento em sua Contribuição à Crítica da Filosofia do
Direito de Hegel ― Introdução, quando declara:
“Guerra à condição germânica! Por todos os meios! Eles estão abaixo
do nível da história, abaixo de qualquer crítica, mas mesmo assim, são
objetos de crítica, como o crime, que está abaixo do nível da humanidade, é
também objeto do carrasco... (o objeto da crítica).Não é para refutar, mas
para exterminar... Seu sentimento essencial é a indignação, sua atividade
essencial, a denúncia.”
Neste trecho da sua obra, Marx revela claramente o incrível ódio que
passou a nutrir pelo governo prussiano, motivado pelo seu caráter
contestatório.
Contraeconômico
Um fator de significativa importância a cerca de personalidade de Marx
foram as circunstâncias históricas que o envolviam na época Marx nasceu
em 1818, 19 anos após a deflagração da Revolução industrial na Inglaterra
e a Revolução Francesa. Logo ele viveu e cresceu no alvorecer da sociedade
liberal, em seu período mais imperfeito e desumano . Em virtude das
reformas agrícolas, milhares de camponeses emigravam para as zonas
urbanas e se convertiam em assalariados e sub-empregados. Outros caíam
em miséria extrema. A exploração dos donos de fábricas para com os
homens empobrecidos, mulheres, jovens e crianças, pagando salários
baixíssimos (devido ao excesso de mão-de-obra disponível para o número
de fábricas) e, por outros lados, elevando o tempo de trabalho para até 16 e
18 horas diárias, onde centenas de crianças trabalhavam, gratuitamente, sob
o título de “aprendizes” até o esgotamento, a era escandaloso. A própria
região em que Marx nasceu (Renânia) era, então, uma zona altamente
industrial.
Engels, no seu livro A Situação da Classe Operária na Inglaterra,
descreveu a situação da época de Marx nos seguintes termos:
37
..”.crianças dos abrigos de menores eram empregadas em quantidade,
alugadas por número determinado de anos aos fabricantes, como
aprendizes. Elas dormiam, eram alimentadas e vestidas em comum. Eram
portanto, os escravos dos seus senhores, por quem eram tratadas com a
maior desconsideração e barbarismo... A grande mortalidade das crianças
da classe trabalhadora, é especialmente entre esses operários de fabricas, é
prova suficiente das condições insalubre nas quais eles passam seus
primeiros anos. Essas influencias ocorrem, portanto, entre as crianças que
sobrevivem, mas não tão poderosamente como entre as que morrem. O
resultado no mais favorável dos casos é uma predisposição para a
enfermidade, ou certo atraso no desenvolvimento, e conseqüentemente,
saúde e constituição física abaixo do normal.”
O Dr. Sang Hun Lee, o conhecido teórico do pensamento deusista, em
sua já citada obra Comunismo - Crítica e Contraproposta tece um pequeno
comentário sobre essa época nos seguintes termos:
.”. nesta primeira fase do sistema liberal de produção foram
inventadas muitas maquinas, mas ainda eram muito imperfeitas. Tal
equipamento não podia corresponder à procura sempre crescente dos
produtos. Daí que, para os donos das fábricas, a solução mais eficaz
parecia ser tratar os trabalhadores mais duramente, o que fizeram sem
hesitação. Contudo, os efeitos sociais desastrosos repercutiam-se por todas
as partes. Onde a miséria se manifestava de modo mais severo era na
Inglaterra. Pelos epítetos como eram chamadas as fabricas daqueles
tempos, tais como “fábricas de suor”, “Bastilha para os pobres” e “Casa
de Terror”, podemos imaginar o tratamento duro e desumano que os
trabalhadores recebiam. Os baixos salários, as longas jornadas de
trabalho, as tarefas difíceis e as condições insalubres e perigosas eram
pouco melhores do que a dos escravos.”
O historiador Harold Perkins diz:
“Em muitas cidades de grande porte da nova era, a angústia era mais
concentrada, mais visível, mais clamorosa e, conforme afetava maior
número de pessoas descontentes, era mais temida como detonador de
explosões revolucionárias do que na antiga sociedade, onde tal condição
era menos provável de gerar descontentamento político. Na primeira
metade do século XIX cada lapso maior provocava uma onda de protestos
políticos e cada crise política coincidia com um período de crise no
38
mercado...Havia crescente segregação da sociedade urbana nas ruas,
bairros e subúrbios diferentes, de acordo com a renda e status, o que
formava classes isoladas e mutuamente hostis.”
Revolucionarismo
Paralelamente a essas circunstâncias deploráveis, a Europa da juventude de
Marx estava respirando os ares da recente e vitoriosa Revolução Francesa
(naturalmente as barbaridades cometidas pelos revolucionários, durante e
após a revolução, eram praticamente desconhecidas). Estava em plena
expansão o Liberalismo Clássico. O Feudalismo e o Absolutismo, onde quer
que se mantivessem, geravam graves conflitos entre as forças conservadoras
e liberais, especialmente na Alemanha. Vemos assim que, no apogeu de sua
juventude, Marx estava envolto em uma atmosfera revolucionária por todos
os lados. Ao entrar para a universidade de Berlim em 1835, Marx,
igualmente, encontrou o mesmo clima de tensão e conflito ideológico.
Especialmente entre os seguidores de Hegel, que haviam se bipartido em
hegelianos de direita e de esquerda. Marx, por sua posição humanista e
ateísta, e por sua revolta contra o establishment, tornou-se um hegeliano de
esquerda. As transformações econômicas, políticas e sociais da primeira
metade do século XIX, engendraram uma grande desorganização social e
originaram um amplo sofrimento, especialmente para aqueles mais
empobrecidos. Recordamos que Marx foi um Cristão e, naturalmente,
deveria se questionar quanto ao papel que o Cristianismo deveria assumir,
face ao seu grande poder e às circunstâncias históricas que presenciava.
Lamentavelmente, para o desencanto e a revolta de Marx, o Cristianismo
não levantou a bandeira da justiça e da igualdade que teoricamente tanto
ensinava. Pelo contrário, os industriais e latifundiários exploradores eram
cristãos e os próprios religiosos eram os mais ricos e poderosos. O
Liberalismo Clássico foi uma reação do homem medieval contra a estrutura
político-econômica-religiosa, que se tornara um entrave ao avanço do
desenvolvimento. Em 1513 e 1517, respectivamente, dois homens tiveram
especial importância : Nicolau Maquiavel e Martinho Lutero. Em 1513,
Maquiavel escreveu O Príncipe, uma obra de índole ateísta onde separa
completamente a religião da política e propõe aos governantes da Itália, à
sua época, um método de tomada e conservação do poder sem as “tolices da
moral e dos escrúpulos da fé.” Escreveu Maquiavel:
.”.. devido à minha intenção de escrever algo útil para aqueles que o
entendam me pareceu mais apropriado ir em busca da verdade eficiente do
assunto, em vez daquilo imaginado... Porque há tal abismo entre o como se
39
vive e o como se deveria viver que, quem muda o que está feito por aquilo
que deveria fazer, se encaminha mai sà ruína do que à prosperidade;
porque o homem que deseja fazer da bondade uma vocação, encontrará sua
ruína muitos que não a praticam. Portanto, é necessário para um príncipe
que deseje manter sua posição, aprender a nãp ser bom...”
Esse trecho da obra de Maquiavel, juntamente com os seus
famosos “Os 10 Mandamentos de Maquiavel” (entre os quais o de que ‘o
fim justifica os meios’), nos revela, sem sombras, a natureza da obra
maquiavélica, como também a motivação sentimental de Maquiavel ao
escrevê-la (caberia lembrar que Maquiavel foi um italiano nacionalista e, à
sua época, hordas bárbaras europeias andavam invadindo, conquistando e
saqueando porto da Europa). A obra de Maquiavel tornou-se famosa
rapidamente e não havia governante ou político que não a possuísse entre
seus livros. Ainda hoje, O Príncipe alcança popularidade similar.
Aproximadamente na mesma época, em 1517, um outro homem
desencadeava uma das mais extraordinárias revoluções religiosas da
história: Martinho Lutero. Monge Agostino, Lutero pensou em ajudar a
igreja a se do estado deplorável em que estava imersa, escrevendo e
publicando as suas famosas 95 Teses Luterana, fixando-as na porta de uma
igreja na cidade de Wittenberg. Essa atitude de Lutero revela um outro
anseio do homem do século XV, dirigindo para a liberdade religiosa e para a
autêntica vida de fé. O Luteranismo provocou um renascimento do
pensamento e do ideal cristão originais sintetizados nos 10 Mandamentos da
Lei Mosaica. Uma nova e autêntica vida de fé desabrochou e floresceu
rapidamente em toda a Europa. Devemos, pois, concluir que essas duas
correntes de pensamento surgidas no início do século XVI representaram as
bases do liberalismo clássico, que deram seus frutos mais claramente na
Revolução Francesa (Maquiavelismo) e no Grande Despertar Germânico
(Luteranismo). Marx nasceu e cresceu nessa época da história e
precisamente em meio a essas ideias. Primeiramente foi protestante
enquanto morava na Alemanha e estudava na universidade de Berlim;
posteriormente mudou-se para Paris onde se casou com Jenny Von
Westphalem, filha de um aristocrata prussiano; conheceu Engels e sofreu a
influencia do clima intelectual parisiense. Essas são, pois, as raízes do
pensamento de Marx. Como cristão, Marx.provavelmente teria esperado
uma do Cristianismo condizente com o que se ensinava nos púlpitos das
igrejas. Tal porém, nunca aconteceu. Marx observou que os cristãos e, o que
é pior, os lideres religiosos, eram os ricos e poderosos exploradores. Pior
ainda, possuíam uma justificativa para a miserável situação em que vivia a
40
grande maioria dos homens: a Predestinação. Reafirmada por Lutero e mais
amplamente difundida e utilizada por João Calvino, a Teoria da
Predestinação justificava a miséria e a exploração vigentes. O historiador
Max Weber na sua obra A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo
lembra que a Teoria da Predestinação justificativa até mesmo a segregação
racial. Alguns homens nasceram para ser ricos e destinados ao céu (ser rico
é uma benção divina) e outros à pobreza e ao inferno. Deus é Todo
Poderoso e não cai uma folha de uma árvore sem o Seu consentimento.
Essa era a ideia vigente, os menos favorecidos deveriam conformar-se à sua
condição, haja vista que era a Vontade de Deus (dentro dessa mesma visão,
as torturas da Inquisição tinham por justificativa a imposição de castigos
físicos para purgar o pecado de alguns hereges, possibilitando-lhe uma
chance de salvação). Encontramos hoje uma ideia similar à predestinação na
camada Teoria da Reencarnação: uma pessoa é miserável em virtude do
“karma” que herdou do seu passado. Portanto, a miséria de cada um é culpa
dele mesmo. É perfeitamente justa a sua condição. Essa forma de
pensamento nega a injustiça, ignora e inocente as atitudes egoístas e
gananciosas dos homens. Necessita, portanto, de uma revisão urgente. Marx
analisou a posição do Cristianismo face ao problema social e descobriu esse
lamentável erro. Essa constatação o fortaleceu mais nas suas propensões já
anti-religiosas.
Descobriu, paralelamente, que os ideais originais do Cristianismo
estavam sendo defendidos com o risco da própria vida pelos revolucionários
franceses. É obvio que Marx sentiu atração pelas ideias do Iluminismo e
uma forte repulsa pelo Cristianismo. Numa frase, diríamos que o marxismo
nasceu como conseqüência das falhas do Cristianismo e representa tão
somente “uma acusação sistematizada contra os erros do Cristianismo e uma
contraproposta a ele”
41
Capítulo 3
OS AMIGOS DE MARX
Friedrich Engels
Marx não falou muito publicamente sobre religião. Mas poderemos
compreender o seu caráter e o seu ponto de vista sobre essa
questão,estudando e analisando os homens que seus amigos. O primeiro
deles é Engels.
Engels nasceu a 28 de setembro de 1820, filho de um próspero
fabricante de tecido de algodão. Era uma família cristã. Nos seus tempos de
juventude, Engels escreveu belíssimos poemas de índole puramente cristã,
como podemos observar no poema que se segue:
1. “Senhor Jesus Cristo, Unigênito filho de Deus,
Desça do Teu trono Celestial e salve minha alma
para mim.Desça em toda Tua bem-aventurança, luz da
42
Santidade de Teu Pai, Conceda que eu possa escolher-te.
Adorável, esplêndido, sem magoas
É a alegria com que elevamos a Ti,
Salvador, nosso louvor.
2. E quando eu der meu ultimo suspiro,
E tiver de suportar a angustia da morte,
Que eu possa estar seguro de ti;
Para que quando meus olhos de trevas se encherem
E quando meu palpitante coração dor silenciado,
Em ti eu possa morrer.
Lá nos céus irá meu espírito louvor teu nome
eternamente,
Desde que em ti permaneça seguro.
3. Oh, quisera eu que se aproximasse
aquele tempo feliz;
Quando no teu seio de ternura
Possa receber o frescor da nova vida,
E com gratidão a Ti, ó Deus,
Abraçar aqueles que me são queridos,
Sim,vivendo para sempre,
Contemplando a ti, face a face,
Numa vida nova e florescente.
4. Tu vieste para libertar a raça humana
da morte e infelicidade
para que pudesse haver bênção e ventura em toda parte
E então, na tua próxima vinda, tudo será diferente;
E a cada homem darás a sua parte.”**
Após ter lido um livro do teólogo liberal Bruno Bauer, Engels passou a
duvidar da fé cristã. Nesse tempo, escreveu vários trechos que nos dão hoje
uma clara visão do drama que se travou em seu intimo e que o conduziu
gradualmente ao ateísmo. Vejamos alguns trechos:
Trecho I
“Oro todos os dias pela verdade. Na realidade, quase o dia
inteiro. E tenho feito isso desde que comecei a duvidar, mas
ainda assim, não consigo voltar atrás. As lagrimas estão
jorrando dos meus olhos nesse momento em que escrevo.”
43
(Citando em Franz Mehring, Karl Marx, G. Allen E Unwin
Ltda. Londres, 1936).**
Trecho II
“Está escrito: ‘Pedi e dar-se-vos-á’. Eu busco a verdade onde
quer tenha esperança de encontrar menos uma sombra dela.
Entretanto, não posso reconhecer Sua verdade como a
verdade eterna. E contudo, está escrito: ‘Buscai e achareis’.
Ou dentre vos é o homem que, se porventura o filho lhe pedir
pão, lhe dará pedra? Quanto mais vosso Pai que está nos
céus. Lágrimas me vêm aos olhos enquanto escrevo.
Sou jogado de um lado para outro mas sinto que não ficarei
perdido. Eu irei a Deus, por quem toda a minha alma anseia.
Este também é um testemunho do Espírito Santo. Com isto eu
vivo, e com isto eu morro... O Espírito de Deus me dá
testemunho de que sou filho de Deus.”
(Carta a amigo)**
Trecho III “Desde a terrível Revolução Francesa, um espírito inteiramente novo
e demoníaco entrou em grande parte da humanidade, e o ateísmo
levanta sua audaciosa cabeça de um modo tão desavergonhado e
insidioso que se poderia pensar que as profecias das estão agora
cumpridas. Vejamos primeiramente o que as escrituras dizem
quanto ao ateísmo dos últimos tempos. O Senhor Jesus diz em Mt.
24:11-13: ‘Levantar-se-ão muitos falsos profetas, e enganarão a
muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará se
quase todos. Aquele porem, que perseverar até o fim, esse será
salvo... E São Paulo diz, em II Tess. 2:3: “Será revelado o homem
da iniqüidade, o filho da perdição, qual se opõe e se levanta contra
tudo o que se chama Deus, ou objeto de culto... E segundo eficácia
de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios da mentira... Não
há mais indiferença ou frieza em relação ao Senhor. Não, é uma
inimizade aberta, declarada, e no lugar de todos as seitas e
partidos, temos agora apenas dois: cristão e anticristãos... Vemos os
falsos profetas entre nós... Eles circulam pela Alemanha, e querem
introduzir-se em toda parte; divulgam seus ensinamentos satânicos
nas praças e carregam a bandeira do Diabo de uma cidade para
outra, seduzindo a pobre juventude, a fim de lançá-la no mais
profundo abismo de inferno e morte... Venho sem demora. Conserva
o que Tens, para que ninguém tome e tua coroa. Amém.”
(Marx e Engels, 1 a. edição Crítico-histórica Completa).**
44
Esses três trechos dos escritos de Engels, antes de conhecer Marx,
revelam um cristão dedicado e um exemplar conhecedor das escrituras. Por
outro lado, apresenta a árdua luta de um homem de fé para manter-se fiel às
crenças e a impossibilidade que encontrou face a “forças estranhas” e às
lógicas do teólogo liberal Bruno Bauer e o que ensinava ele? Vejamos um
trecho de seus escritos para termos uma ideia do papel que ele representou
na vida de Engels.
“Faço conferência aqui na universidade ante uma grande audiência.
Não reconheço a mim mesmo, quando pronuncio minhas blasfêmias
do púlpito. Elas são tão grandes que esta as crianças, a quem ninguém
deveria escandalizar, ficam com os cabelos em pé. Enquanto profiro
blasfêmias, lembro-me de como trabalho impiedosamente em casa,
escrevendo uma apologia das Sagradas Escrituras e do Apocalipse.
De qualquer modo,é um demônio muito cruel que se apossa de mim,
sempre que subo ao púlpito, e eu sou forcado a render-me a ele ... Meu
espírito de blasfêmia somente será saciado se estiver autorizado a
pregar abertamente como professor do sistema ateísta.”
Moses Hess, que havia convertido Marx para o comunismo, teve
também contado com Engels e, de igual modo, o influenciou. Em uma das
suas correspondências, Hess escreveu sobre Engels: “Ele separou-se de mim
como um comunista superzeloso. É assim que produzo devastação.”(Moses
Hess, Obras Selecionadas, Prublishing House Joseph Melzeer, Cologne,
1962).**
Vimos assim, como, de uma forma estranha, Marx pôde contar com a
extraordinária ajuda de Engels durante a sua vida e, como após a sua morte,
Engels encarregou-se de publicar o que Marx não havia publicado em vida.
em livros como A Dialética da Natureza, A Origem da Família, do Estado e
da Propriedade, Engels forneceu grandes contribuições ao pensamento
marxista como hoje é visto. Devemos notar também que Engels sempre
manteve uma posição de respeito e veneração por Marx; isto, em virtude do
estranho domínio que Marx parecia ter sobre ele, como podemos ler nos
trechos que se seguem. Após encontrar-se com Marx, Engels escreveu:
“A quem esta perseguindo com esforço selvagem?
Um homem negro de Trier, um monstro notável.
Não anda, nem corre, salta sobre os calcanhares
e se enfurece, cheio de ira como se quisesse
45
agarrar a tenda do céu e lançá-la sobre a Terra.
Estende os braços no ar; o punho perverso
está cerrado, ele se enfurece sem cessar, como se dez mil demônios
fossem agarra-lo pelos cabelos.”
(Marx e Engels, Obras Selecionadas, em alemão. Volume II
suplementar, p. 301)**.
“Não posso negar que antes e durante minha colaboração de quarenta
anos com Marx, tive um papel independente na exposição, e
especialmente, no desenvolvimento da teoria. Mas a maior parte de
seus princípios básicos, especialmente os econômicos e históricos, e
sobretudo sua formação penetrante, pertencem a Marx. O que eu
contribuí, com exceção desse meu trabalho em algumas matérias,
Marx facilmente poderia havê-lo feito sem mim. O que Marx
conseguiu, eu nunca poderia havê-lo conseguido”**.
Vejamos agora algumas palavras sobre a esposa de Marx. Jenny Von
Westphalem (1814-1881) filha de um aristocrata prussiano. Aqui cabe a
observação de que, apesar de defender os pobres e oprimidos e de
aparentemente demonstrar profunda e sincera preocupação e amor pelos
proletários, Marx quando decidiu casar-se não escolheu um deles. Muitos
pelo contrario, casou com a filha de um rico aristocrata prussiano.
Quanto à senhora Marx, vejamos algumas das palavras ao seu marido
datadas de agosto de 1844, numa correspondência:
“A sua última carta pastoral, sumo sacerdote e bispo das almas,
novamente transmitiu paz e tranqüilidade às suas pobres ovelhas.
(Marx e Engels, Obras Completas, Berlim Oriental ― 1967).**
Estas estranhas palavras dirigidas ao seu marido ateu, revelam algo
como uma veneração, que podemos observar em quase todos os discípulos e
amigos de Marx e também, o seu carisma que tão forte influencia sobre
todos eles.
Bakhunim
Para conhecermos um pouco da personalidade de Bakhunin, basta analisar
alguns trechos de sua obra e saber que ele é considerado o Pai do
Anarquismo ― uma corrente de pensamento que nega toda e qualquer
ordem, ideia, instituição ou sistema, e propõe o retorno da humanidade ao
46
estágio anterior a qualquer ordem. Crêem os anarquistas que as ideias
complicaram por demais a vida do homem. Portanto, é necessário abolir
todas as ideias sobre todos os assuntos e recomeçar tudo outra vez, de uma
forma completamente livre de quaisquer restrições. Sem Deus, sem família
sem Estado... Sem absolutamente nada! Noutros termos, Bakhunin propõe a
destruição da própria sociedade humana e volta do ser humano ao
barbarismo selvagem das cavernas das matas! Vejamos alguns trechos de
seu pensamento. Numa obra intitulada Deus e o Estado, citações dos
anarquistas (editada por Paul Berman, Prager Publishers. New York ―
1972), Bakhunin escreveu:
“Satã é o primeiro livre-pensador e Salvador do mundo.
Ele liberta Adão, imprimindo o selo
de humanidade e liberdade em sua fronte,
Quando o torna desobediente.”
Em outro trecho Bakhunin escreveu:
“Nesta revolução, teremos que
despertar o demônio nas pessoas,
incitar as paixões mais vis.”
(Citado em Dzerjinskii, de R. Gul, “Most” Publishing House,
New York ― em russo).**
Marx era amigo de Bakhunin e foi justamente com ele que fundou a
International, que apoiou os planos de Bakhunin para levar a efeito a
revolução comunista. Posteriormente, Bakhunin e os anarquistas foram
expulsos do movimento comunista porque negavam tudo, inclusive o
comunismo.
Posteriormente, Bakhunin definiu Marx como:
“o perverso, rixento, vaidosos, tão intolerante e aristocrático com
Jeová, o Deus de seu país, e, como ele, insanamente vingativo.”*
Proudhon
*
SOUZA, Nelson Mello , A Dialética do Irracionalismo, Ed. Nova Fronteira, SP, 1985, p.
77.
47
Vejamos agora alguns trechos de Proudhon:
“Nós alcançamos o conhecimento apesar Dele, alcançamos a
sociedade apesar Dele. cada passo à frente é uma vitória na qual
derrotamos o Divino.”
(Proudhon, Sobre a Justiça de Revolução e da Igreja).
“Deus é estupidez e covardia; Deus é hipocrisia e falsidade; Deus é
tirania e pobreza; Deus é o mal. Nos lugares em que inclina-se ante
um altar, humanidade, escreva de reis e sacerdotes, será condenada.
Eu juro. Deus, com a mão estendida para os céus. Que não és nada
mais do que o algoz da minha razão, o espectro da minha consciência
... Deus é essencialmente anticivilizado, antiliberal, anti-humano.”**
Quando mais tarde Marx se desentendeu com Proudhon e criticou sua
obra do livro Filosofia da Miséria. Marx não criticou seus pensamentos e
pontos de vista sobre Deus . sequer o mencionou uma única vez.
Este fato nos sugere que Marx compartilhava dos mesmos pontos de
vista de Proudhon, pelo menos nessa questão. Um fato que pode observar
em todos os amigos de Marx da época em questão ele se definia como
comunista, é que nenhum deles parece negar a existência de Deus. Todos
admitem Deus e a vida eterna, mas combatem-no e o ultrajam
desdenhosamente.
Com uma infância traumática, uma adolescência e juventude frustrada
no seu sonho de poeta e de professor universitário, humilhado pela origem
judia, rejeitado no meio cristão que tanto parecia amar, possuidor de uma
natureza acentuadamente humanista, perseguindo pelo governo, desiludido
pelo comportamento de clero face às injustiças que presenciava, revoltado
com os que se diziam cristãos e salvos, e com amigos como Hess, Bakhunin
e Proudhon, Marx não poderia ter tido outra direção senão a de cair na
revolta e na vingança. Por outro lado, devemos convir que havia nele
mesmo, já desde a sua adolescência, uma clara definição para a sua postura
antideus. Se tal miséria se abateu sobre ele, naturalmente, tal sucedeu por
ele apresentar alguma propensão em sua personalidade para tanto. Se Marx
tivesse tido uma familiar regular e se as circunstâncias históricas da época
fossem outras, não existindo exploração, miséria ou hipocrisia religiosa,
nem a sua alma tivesse sofrido as amargas frustrações que sofreu, talvez a
marxismo nunca tivesse vindo a existir. Se, porem, o marxismo, mais que
um movimento circunstancial, representar o aparecimento natural da facção
que se tem oposto a Deus desde o início da história humana (por exemplo, o
48
Maquiavel e o Luteranismo), ele é então uma conseqüência histórica dos
fracassos do homem em cumprir os desígnios de Deus; e pelo contrario, se
posicionando contra eles, blasfemando e ultrajando a Deus e a tudo quanto a
Ele se refere, o marxismo nada mais representa que efeito conseqüente, que
o próprio homem teria atraído sobre si, sendo por ele o único responsável.
O psicólogo austríaco Wilhelm Reich escreveu um livro chamado O
Assassinato de Cristo* (Ed. Martins Fontes ― 1984), onde desenvolveu
analisa a tese de que há a humanidade ― algo como uma epidemia ― à
rejeição e destruição de tudo que é sagrado. Nessa obra o leitor verá com
detalhes o “espírito de ateísmo desavergonhado que se levantou no mundo”,
conforme as palavras de Engels após a Revolução Francesa.
Moses Hess
Hess foi o mem mais importante na contraconversão de Marx e
especialmente, na sua iniciação no comunismo. Quem foi Moses Hess?
Pelas palavras e obras podemos conhecer alguma coisa sobre sua
personalidade. Vejamos como Hess via Marx e qual a sua opinião sobre a
religião, a política e naturalmente, sobre toda a estrutura social da Idade
Média:
“Dr. Marx ― meu ídolo, que dará o chute final na religião e na
política medievais.”**
Hess também teve contado com Engels e, após conhecê-lo escreveu as
seguintes palavras, que nos ajudam também a revelar as suas estranhas
intenções:
“Ele afastou-se de mim Como um comunista superzeloso.
É assim que eu produzo devastação”
(Moses Hess, obra Selecionadas, Publishing House, Joseph Melzer,
Cologne, 1962).**
Como podemos ver por essas palavras, há alguma coisa
verdadeiramente estranha e mística por trás de todos os pensadores,que
contractaram com Marx antes da formulação do Marxismo. Como chamar
de simples intelectuais homens com ideias tão incomuns?
*
Uma obra excepcionalmente estranha na bibliografia de Reich, sabendo-se que ele é
considerado o pai da revolução sexual, tendo escrito livros como A Função do Organismo
e a Revolução Sexual, entre outros.
49
Analisando detalhadamente as palavras dos amigos de Marx,
descobrimos as suas opiniões gerais sobre a sociedade humana, sobre Deus
e sobre a religião, naturalmente, também estenderemos essa análise para
compreendermos o tipo de caráter desses homens como suas opiniões sobre
a ética e a moralidade cristãs.
Hess disse: “é assim que eu produzo devastação.” Pode-se esperar
sentimentos de amor e bondade de um homem, que de modo tão sério e real,
pronuncia semelhante frase? Noutra frase Hess diz “meu ídolo, que dará o
chute final na religião e na política medievais.”
Daí, pode-se inferir que tais expressões de Hess são os sinais de sua
indignação ante as injustiças a corrupção do clero, da burguesia e dos
monarcas medievais. Por outro lado, isso é bem verdade. Mas a influencia
de Hess sobre Marx e Engels, tornando-os ateus, revelam-nos uma outra
face das suas intenções. Por quê? Porque a religião é a essência da unidade
da sociedade humana, e Deus já é uma realidade do século XX. Negar a
religião, semear devastação negado a ética e moralidade (e creio que Hess o
sabia muito bem), não podem ser um sincero humanista. Por outro lado,
pelos poemas de Marx, vê-se que ele não formulou o marxismo
simplesmente por amor à humanidade, Marx disse nutrir ódio e um
profundo desejo de vingança em seu coração, não apenas contra Deus, mas
também contra a humanidade! Esse é o grande paradoxo da sua obra. A
realidade dos fatos históricos contudo, revelam que os efeitos do marxismo
somente trouxeram dor e destruição para a humanidade. Lembremo-nos de
que Marx foi um aprendiz de Hess e foi através dele que conheceu o
socialismo e se tornou comunista.
A corrupção de alguns homens praticantes, ou ex-praticantes de uma
religião, não invalida os seus ensinamentos básicos. Devemos observar que
foi numa época em que a igreja estava mais corrompida (entre os séculos
XII e XVI, surgiram Francisco de Assis, Tomás de Aquino e tantos outros
exemplos cristãos).
Ainda que em sua mente Hess pensasse estar fazendo algum bem para
a humanidade, incitando o ódio a Deus e à religião, poderia estar enganado e
servia como um instrumento utilizado contra Deus e o Homem.
Cremos que o leitor poderá por si mesmo deduzir que tipo de
sentimentos motivavam os amigos de Marx, e questionar se tais sentimentos
poderiam originar as ideias que trarão a paz e a alegria mundiais.
Albert A. Harrison, professor do Departamento de Psicologia da
Universidade da Califórnia, USA, na sua obra A Psicologia como Ciência
Social (Editora Cultix/Universidade de São Paulo ― 1975), ao abordar o
tema da agressão, apresenta à página 410, o tópico “A Hipótese da
50
Frustação-Agressão.” Vejamos algumas das palavras do professor
Harrison, compiladas da sua leitura e análise dos vários pontos de vista dos
maiores autores da psicologia atual sobre o assunto.
“Grande parte do comportamento humano visa à obtenção de um
objetivo ou metas... Os obstáculos que impedem uma pessoa de
alcançar uma determinada meta, chamam-se ‘frustrações’. Segundo
Freud e numerosos psicólogos experimentais (por exemplo, Dollard,
Doob, Miller, Mowrer, Sears, 1939), a frustração é a causa da
agressão. Quanto maior a frustração, maior a agressão. É de se
esperar que a agressão seja dirigida contra a pessoa ou objeto
frustrador...”
Num outro trecho de sua obra, as páginas 412 e 413, Harrison
apresenta outro tópico chamado Aprendizagem e Agressão. Vejamos alguns
pontos a ser ponderados:
“Os atuais teóricos da aprendizagem social moderna, como
Bandura (Bandura e Walter, 1939; Bandura, 1969), sugerem que
a maior parte das agressões podem ser entendidas em termos de
aprendizagem. Assim, a agressão será encorajada quando
existem modelos agressivos a imitar e quando as respostas
agressivas são recompensadas. Através da imitação e do reforço
social (estimulo) aprendemos quando agredir e como agredir.”
Albert A. Harrison, professor do Departamento de Psicologia da
Universidade da Califórnia, USA.
A Psicologia como Ciência Social (A Hipótese da Frustação-Agressão. Pg
410) Cultix/Universidade de São Paulo, 1975.
Relacionando esses trechos da obra do professor Harrison com o
marxismo, perceberemos que Marx foi uma criatura frustrada, desde a
infância até a maioridade. Por outro lado, pela análise que realizamos a seus
amigos (Seus modelos sociais), em sua maioria materialista ateus e
revoltosos contra a nobreza, Estado, a Igreja, Marx não poderia apresentar
um comportamento social manso e amigável.
51
Capítulo 4
AS INFLUÊNCIAS IDEOLÓGICAS
Prometeu
Durante sua vida Marx sofreu profundas influências das circunstâncias
históricas dos personagens célebres e das ideias que orbitavam sua época.
Dentre elas porém, há um personagem mitológico que desempenhou um
papel decisivo no seu pensamento e caráter:Prometeu.
52
Conta a lenda* que as divindades primordiais (a primeira geração
mítica), criaram os Titãs. Estes, através de Cronos, destronaram os seus
antecessores. Posteriormente, Zeus, filho de Cronos, numa sangrenta
batalha, elimina a antiga estirpe e coloca os olímpicos no poder.
Prometeu era Titã derrotado que, fingindo-se fiel, permaneceu no
Olimpo servindo aos deuses, enquanto criava o homem: o ser que iria
destronar os deuses olímpicos e satisfazer seu desejo de vingança.
O Homem agradou aos deuses, e a deusa da sabedoria, Atena, filha de
Zeus, decide ajudar Prometeu e dá aos homens uma taça do néctar
divino.agora eles têm uma alma. São homens.
Prometeu cria a consciência dos homens ensinando-lhes tudo sobre a
natureza. Eles descobrem a ordem, as riquezas da Terra e também sobre si
mesmos. Agora os homens podem reinar; conhecem a natureza, conhecem a
si mesmos. Trovoes e pesadelos já assustam. Têm cinco sentidos. Uma
consciência. Uma vontade. Uma força poderosa
Zeus, observando a raça humana percebe que ela com sua sabedoria e
seu trabalho, constituem uma perigosa ameaça às divindades. Assim,
entendem os deuses que os homens deveriam suplicar ajuda e sacrificar
animais aos poderes celestes; caso contrário seriam destruídos. A
humanidade se submete, passando a olhar para o céu com temor,
sacrificando animais ao poderoso Olimpo, implorando perdão e graça, entre
cantos e murmúrios. Criaram pomposos rituais, cultos e vestimentas
especiais... Os deuses estão satisfeitos. (A raça humana, inteligente e
trabalhadora, aprenderá também o dom da humildade).
Prometeu, entretanto, sempre nutriu um profundo ódio pelos deuses
olímpicos que derrotaram os Titãs. Agora que os deuses julgavam ter
conquistado o respeito dos homens mortais, surge o momento da vingança:
os homens serão mais inteligentes que os deuses. E haverão de derrota-los.
Prometeu, o filho de Iápeto, havia criado os homens. Dera-lhes forma
física, consciência, conhecimentos e vontade de dominar a natureza.
Havia uma única coisa que eles ainda no possuíam: o fogo. Zeus,
temendo-os, proíbe que esse fogo lhes seja “conhecido.”
Prometeu, seguindo seu plano de vingança, decide entregar o fogo aos
homens. Quebra um ramo seco de árvore, voa até o céu o acende no calor do
Carro do Sol, acendendo a chama dos homens. Agora eles, de fato, em
muito pouco diferem dos deuses.
*
Mitologia, Abril Cultural, 1973, p. 305a 320. Vol.II
53
Zeus percebe que os homens tornam-se poderosos. Não precisam de
mais nada, além do próprio esforço. Tem fé nas próprias mãos. Na própria
luta. Já não precisam invocar a proteção dos deuses.
O orgulhoso Prometeu observa suas criaturas. Elas são inteligentes,
ricas e fortes. Constituem uma grande ameaça aos deuses olímpicos. Podem
até mesmo impor ao mundo uma nova ordem, a Ordem Humana,
sobrepujando os filhos e irmãos de Zeus.
Os deuses discutem apavorados como prevalecer sobre os homens,
tornando-os submissos e humildes. Eles não devem vencer os deuses.
Zeus chama então Vulcano, e ordena-lhe que confeccione uma imagem
feminina em bronze. Uma imagem que fosse semelhante aos homens, mas
em alguma coisa diferente deles. Ela deveria encantar e comover, atrasandolhes o trabalho e transtornando-lhes a alma.
Cada deus oferece alguma coisa àquela criatura, que já nasce para
desconcertar a vida dos mortais. Minerva lhe oferece um vestido bordado e
uma grinalda de flores para os cabelos; Mercúrio a presenteia com a língua.
Apolo lhe oferece uma voz suave. Finalmente Vênus oferece-lhe a beleza
infinita e os encantos que seriam fatais aos indefesos homens. A linda
Pandora está pronta para a sua missão destrutiva. Por último, Zeus lhe
entrega uma caixa contendo as misérias destinadas a assolarem os mortais.
Dores e pestes para enfraquecer-lhes o corpo; inveja e vingança para
desesperar-lhes a alma, antes pura e solidária.
Chegando à Terra, Pandora encontra Epimeteu e o encanta,
oferecendo-lhe a perigosa caixa, como um presente de Zeus. Epimeteu não
desconfia que todo sofrimento humano emergiria dali. E sob o
encantamento de Pandora esquece o juramento feito ao irmão Prometeu, de
jamais aceitar presente algum de Zeus. Agradece e abre a caixa. E delas
saem todas as desgraças do mundo.
Entretanto, no fundo da caixa havia um tesouro. Um sentimento
precioso que poderia reverter todo o plano cruel dos deuses: a esperança.
Mas Pandora fecha a caixa imediatamente a um só gesto de Zeus. A
esperança é negada para sempre aos homens. E o homem perde o paraíso
que Prometeu lhe havia ofertado.
Violência, fome e peste se espalham pelo mundo. Os homens adoecem
e o amor vira corrupção, agonia e brutalidade. Já não erguem o rosto com
orgulho. Tudo se transformou em um inútil festim. Os deuses estão
contentes agora. Os homens não tentam mais sobrepujá-los e toleram a
escravidão.
54
Restava ainda punir Prometeu que, além de roubar o fogo divino, havia
ridicularizado o grande Zeus, oferecendo-lhe ossos sem carne alguma,
enquanto rejubilava-se ante a cólera dos deuses.
Zeus ordena a Vulcano que agrilhoe Prometeu no cimo do monte
Cáucaso. Depois envia uma águia gigante e faminta para devorar-lhe o
fígado, agora transformando em imortal. Um suplício quase esterno, onde
durante o dia, a águia estraçalha o fígado, o qual volta a recompor-se à
noite, para ser outra vez retalhado pela águia. Foram trinta séculos de dor.
Mas Prometeu dirigiu palavras de impudência a Zeus.
Afirmava conhecer um segredo de Zeus e que somente o revelaria se
fosse libertado. Trinta séculos de curiosidade e irritação fizeram com que
Zeus, subornado, ordenasse a Hércules a liberação de Prometeu. O protetor
dos homens será salvo pelos mais forte dos homens.
Hércules flecha a águia maldita e liberta Prometeu. Então o Titã revela
o segredo: Zeus estava apaixonado por Tétis, uma nereida que estava
prometida a Peleu, mas Zeus, enciumado e violento, não queria permitir que
sua amada desposasse um homem.
Prometeu diz-lhe então que se ele desposasse Tétis, teria com ela um
filho que mais tarde o destronaria. Para conservar o poder, Zeus
amedrontado, entrega a bela nereida a Peleu.
Prometeu quer voltar ao Olimpo. Mas depois de tudo o que fizera,
tornara-se mortal. Se pudesse encontrar um imortal que aceitasse trocar de
fardo com ele, então poderia retornar ao Olimpo. O centauro Quirão aceita.
Prometeu torna-se imortal, é readmitindo no Olimpo, de onde saíra para
rebelar a humanidade contra os deuses. Volta a tomar parte das assembleias
e dos banquetes. O mundo esta em paz novamente.
O Gênesis e o mito de Promete
Bem, agora vamos analisar o mito. Fiz questão de sintetizá-lo na íntrega
para que o leitor possa perceber com maior clareza a semelhança com as
narrativas bíblicas e ao mesmo tempo, sua notável diferença quanto à visão
da divindade.
O mito de Prometeu subdivide-se em três partes:
a) a criação do ser consciente e o roubo do fogo por Prometeu,
b) a sedução dos homens pela mulher ― Pandora ― e o aparecimento das
misérias humanas;
c) a punição de Prometeu e retorno ao Olimpo.
55
Do mesmo modo, o Gênesis subdivide-se em três partes, incrivelmente
semelhantes às divisões do mito de Prometeu. Vejamos:
a) a criação do universo e do homem e roubo do fruto de Lúcifer,
b) a sedução do homem pela mulher. Eva, e o aparecimento das misérias do
homem;
c) a punição de Lúcifer e sua restauração.*
Prosseguindo com nossa analogia, traçaremos um quadro comparativo
dos elementos contidos em Gênesis e no mito de Prometeu, destacando suas
diferentes visões da divindade.
O LIVRO DE GÊNESIS
O MITO DE PROMETEU
Deus criou os anjos
As divindades primordiais criaram os
Titãs
Deus criou o universo e a vida
As divindades primordiais criaram o
Universo e a vida
Deus criou o homem e a mulher Prometeu ― o deus construtor dos
homens ― junto com outras divindades
deram vida à criatura humana
O arcanjo Lúcifer rouba o fruto Prometeu rouba o fogo proibido e o
proibido e dá ao homem
entrega ao homem
Deus pune os homens e o Os deuses punem
arcanjo Lúcifer
Prometeu
os
homens
e
O arcanjo Lúcifer é derrotado Prometeu “derrota”* os deuses e paz
por Deus e a paz volta ao volta ao mundo
mundo
*
No século III era cristã, um teólogo chamado Orígenes, defendia a teoria da Apocatástase.
Ou seja, a teoria de que o Universo seria resultado ao seu estado original, inclusive os
anjos. O Livro do Apocalipse fala da restauração de rodas as coisas.
*
Na verdade, com sua atitude de inquietação e velada rebeldia, Prometeu, ainda que
punido, consegue por fim reafirmar-se diante dos deuses, livrar-se da condenação,
resgatando a imortalidade.
56
Deus criou o homem com o Prometeu criou o homem co argila e as
barro da Terra
próprias lágrimas
Deus inspira no rosto do Atena, a filha de Zeus, traz o néctar
homem um sopro de vida e ele divino para os homens beberem. Eles
se torna um ser eterno
passam a ter uma alma.
Neste sete pontos descritos, podemos perceber algumas das
semelhanças básicas entre o Livro do Gênesis e o Mito de Prometeu, uma
das suas marcantes diferenças: Prometeu criou os corpos físicos dos homens
e derrotou os deuses! Ou seja, Prometeu ocupa lugar de Zeus (quando cria o
homem) e ainda chega a derrota-lo quando o suborna e volta ao Olimpo.
Uma característica inconteste do mito de Prometeu em relação ao
Gênesis, é que aquele denigre os deuses atribuindo-lhes uma natureza
perversa e culpando-os por todas as misérias humanas. Enquanto este
apresenta Deus como um ser de amor e bondade, que luta para trazer a paz e
felicidade entre os homens. Façamos mais uma analogia a fim de se
evidenciar este ponto.
VISÃO DA DIVINDADE
NO LIVRO DO GÊNESIS
VISAO DA DIVINDADE
NO MITO DE PROMETEU
Deus cria o Universo e oferta aos Prometeu cria os homens e os
homens para a sua felicidade
“instrui” no domínio da Terra e na
rebelião contra os deuses, libertandoos da escravidão
Deus cria a mulher para a felicidade Os deuses criam a mulher para a
humana
desgraça humana
Os homens herdam de Deus o poder Os homens devem ― pela violência
sobre o Universo
― tomar dos deuses o poder sobre o
Universo (que havia sido usurpado
pelos olímpicos)
Deus, através de seus mensageiros Os deuses, através de Pandora,
envia paz e felicidade para a enviam guerra e miséria para a
humanidade
humanidade
57
Deus é origem de todo o Bem. Os Os deuses são origem de todo o Mal.
homens tornaram-se maus.
Os homens são bons.
Deus deve ser amado e obedecido
Os deuses devem ser odiados e
desobedecidos
Deus é impoluto e incorruptível
Os deuses são corruptos e impuros
(envolvem-se em orgias e banquetes)
Deus é o Pai do amor dos homens e o Os deuses são os escravizadores dos
anjo Lúcifer é um cruel escravizador homens. O titã
Prometeu é o
amoroso protetor deles
Deus foi justo quando puniu o anjo Os deuses foram injustos quando
Lúcifer e a humanidade
puniram a humanidade e o titã
Prometeu
Deus é poderoso e vence o anjo mau Prometeu é poderoso e vence os
que escraviza os homens
deuses maus que escravizaram os
homens
Ao estudar o mito de Prometeu percebi que ele representa muito mais
que uma simples história fantasiosa da mitologia grega*. Na verdade, o mito
de Prometeu é uma narrativa da história do Universo e do homem, quase
que exatamente paralela à história do Universo e do homem descritas no
livro do Gênesis. Na Bíblia, o Livro de Gênesis é o mais importante porque
contém a narrativa da origem universal, humana, e das causas da miséria do
homem. Por isso, ele representa a espinha dorsal do corpo bíblico: a
estrutura óssea sobre a qual os nervos e os músculos distribuem-se
funcionalmente. De fato, todos os outros demais livros bíblicos não passam
de histórias biográficas paralelas ao eixo central, intima e logicamente
relacionada, que decorrem dos acontecimentos do Gênesis. Quanto à
divisão, o Gênesis está dividido em três partes: a) história da Criação (Deus
*
Ao estudar a obra de Freud um detalhe chamou-me sobremaneira a atenção: a constância
com a qual ele lançou mão da mitologia grega. Anteriormente havia observado que os
mitos gregos foram também utilizados por muitos outros pensadores ateus, entre os quais,
o próprio Marx. Este fato intrigou-me a tal ponto que resolvi empreender uma pesquisa
mais prolongada da qual resultaram as teses parcialmente aqui apresentadas, e que
poderão conduzir o estudo da mitologia a uma revisão de suas premissas e a uma nova
visão da mitologia grega e, quiçá, da mitologia universal.
58
cria o Universo e o homem); b) a Queda do Homem (o arcanjo Lúcifer
rouba o fruto proibido e dá aos homens); c) a história da Salvação ou a
história da Restauração (Deus trabalha para salvar o homem). Todos os
outros livros posteriores ao Gênesis, inclusive o Novo Testamento. São
decorrentes; estão relacionados apenas com a terceira parte do Livro do
Gênesis ― história da Restauração.
Do mesmo modo que o Gênesis, o mito de Prometeu também possui
uma tripla divisão: a) história da Criação pelas divindades primordiais que
criam os elementos da natureza e os titãs (Prometeu cria* o corpo físico do
homem e os deuses, a alma); b) a Queda do Homem (os deuses criam e
enviam a mulher para destruir a paz entre os homens). Prometeu rouba o
fogo dos deuses e o entrega aos homens para que se libertem dos deuses); c)
a história da Salvação ou a história da Restauração (Prometeu se sacrifica
para liberta os homens, suprimindo os cultos e derrotando os deuses maus).
A mitologia grega assemelha-se de tal forma à historiografia hebraica,
que possui até mesmo uma narrativa do Dilúvio Universal. Porém, mais
uma vez, os deuses são cruéis e Prometeu bondoso.
Diz o mito que os homens cometiam tantos males contra os deuses que
o próprio Zeus decidiu enviar um grande dilúvio e exterminá-los. Prometeu,
conhecendo os planos cruéis dos deuses, correu a avisar Deucalião e sua
esposa Pirra as desgraças que vieram. Ensinou-os fazer uma arca de madeira
para ele, sua esposa e os mantimentos. Foram nove dias de chuvas. A arca
encalha sobre o monte Parnaso; Deucalião e Pirra sobrevivem e dão origem
a uma nova raça humana. Nesse mito, prometeu é o herói salvador de
Deucalião e Pirra, sua esposa. Uma vez que ambos são os pais da nova
humanidade, prometeu emerge como o salvador da própria raça humana.
Prometeu tem decisiva participação não só no mito que envolve o seu nome,
mas também em outras passagens, como no coso de Deucalião e Pirra, já
citado.
*
Até mesmo os titãs foram criados pelas divindades primordiais. Prometeu é em titã
derrotado pelos deuses olímpicos (algo como um anjo ou um semideus) que criou os
homens para se vingar dos deuses. Note-se porém,que a alma dos homens foi dada pelos
deuses, a mulher foi criada por eles, como também todos os seres na natureza; ou seja, os
deuses criaram tudo (até mesmo Prometeu). Por esse prisma, a narrativa mítica de que
Prometeu criou o corpo físico do homem e lhe inspirou a consciência par que se liberta-se
dos deuses, poderia ser perfeitamente entendida da seguinte forma:Prometeu adquiriu
domínio físico sobre os homens, ensinou-lhes a leis da natureza e lhes incutiu uma
consciência rebelde e ingrata contra os deuses, transformando-os em instrumentos de sua
vingança.
59
Este fato indica que a mitologia grega pode ser vista como uma única
história ― a história da origem e da formação do povo e da cultura helênica
―, onde Prometeu, acompanhando o seu desenvolvimento, atua em diversas
passagens.
Também nesse ponto, o mito de Prometeu assemelha-se à história do
arcanjo Lúcifer que acompanha a atua ao longo de toda a história do
desenvolvimento da esfera cultural hebraica (ou juidaico-cristã).
Concluímos, cremos ter demonstrado ― a partir do que dói exposto ―
que o mito de Prometeu possui um significado oculto mais profundo que
uma mera fantasia da mente perigosa dos helênicos. Se a mitologia grega de
fato corresponder a um paralelo da historiografia, suas implicações na
história humana tornar-se-ão muito mais amplas e profundas. Do mesmo
modo, as motivações de Marx, ao se identificar com Prometeu a ponto de se
auto-retratar preso a uma máquina de imprensa sendo atacado por uma
águia, e defender Prometeu como o “primeiro santo e mártir do calendário
filosófico”, ganham uma impressionante conotação mística*.
Estudando o mito de Prometeu para escrever este capítulo, fiquei
bastante impressionado com a semelhança entre o comportamento de
Prometeu e Marx.
Ao analisar a sociedade da sua época, Marx sentiu profunda revolta
contra todos os homens poderosos; especialmente os religiosos. Estes, para
ele, eram os mentores da injustiça que presenciava. A hipocrisia e a vida
nababesca dos lideres religiosos, forneciam um quadro contrastante com a
desoladora situação das massas proletárias. Marx sentiu profunda revolta e
desprezo por aqueles falsos religiosos e generalizou sua revolta contra todas
as religiões, todos os religiosos, contra todos sos deuses ― do mesmo modo
que Prometeu, ao olhar para os homens submissos e humilhados.
Quando os deuses viram os homens se desenvolvendo, ficaram
temerosos e os ameaçaram de destruição caso não se submetessem a eles e
não lhes prestassem culto e serviços. Prometeu, vendo o estado humilhante
dos homens, decidiu roubar o fogo dos deuses e dá-lo à humanidade para
que se libertasse do julgo divino.
De modo semelhante, ao ver o estado deplorável dos proletários sob as
injustiças dos capitalistas e o jugo dos falsos religiosos, Marx decidiu
desafiar a Deus a libertar os proletários. Os sentimentos de Prometeu e de
*
Evidentemente, esta analogia está incompleta. Mas o foco central dessa obra não é a
mitologia, mas a semelhança entre o comportamento de Prometeu e Marx.
60
Marx podem ser observados hoje nas palavras e nos atos comunistas
militantes, que doam a própria vida em defesa dos proletários.
Quem estudar o mito de Prometeu de modo parcial não poderá deixar
se sentir uma certa piedade de Prometeu e revolta contra Zeus. As razões
parecem óbvias: Zeus era o Deus poderoso; prometeu, apenas um titã
derrotado. Segundo: o erro de Prometeu foi amar e preocupar-se com os
homens aponto de sacrificar a si mesmo para que eles pudessem viver bem e
em paz. Como isso pôde ser considerado um crime contra os deuses?
Terceiro: Prometeu dera aos homens algo bom de que necessitavam e que os
deuses lhe negaram.
O mito de Prometeu assemelha-se de forma muito particular à história
da serpente bíblica (o arcanjo Lúcifer). Aparentemente, tudo o que a
serpente fez foi induzir os seres humanos a comerem do fruto que
desejavam. Entretanto, isso foi a bastante par que Deus , enfurecido, a
condenasse a andar se arrastando sobre o próprio ventre e a comer pó todos
os dias de sua existência. Uma condenação severíssima.
Até aqui questionamos a aparecimento argumentos favoráveis a
Prometeu. Os deuses, vistos desse modo unilateral, emergem como cruéis
tiranos; enquanto Prometeu e os homens, como seres indefesos e bondosos
castigados pela ira olímpica.
Tradição x Sucessão
Analisaremos aqui a questão quanto ao modo como a mitologia grega e a
historiografia hebraica concebem a sucessão do poder.
Na tradição hebraica, os descendentes herdam dos antepassados suas
riquezas e posições pacificamente. Na tradição grega, os descendentes
rebelam-se e roubam suas riquezas e posições violentamente. Em outros
termos: na tradição hebraica os mais velhos legam aos mais jovens tudo o
que herdaram de seus antecessores, somado com o que conseguiram por
seus esforços pessoais. Já na tradição grega, os mais jovens roubam dos
mais velhos o que eles haviam roubado de seus antecessores.
Conta a mitologia grega que as divindades primordiais criam os titãs.
Um titã chamado Cronos provoca uma rebelião e destrona as divindades
primordiais. Zeus, filho de Cronos, ocasiona uma nova rebelião e destrona
seus predecessores. Agora os homens, como filhos de Prometeu e dos
deuses, deverão se rebelar e derrubar os olímpicos do poder. Nestes termos,
61
o mito de Prometeu apresenta a rebelião violenta como ordem natural de
sucessão*.
Por sua vez, as escrituras hebraicas dizem que com amor e sacrifício
Deus criou o Universo e o doou aos homens para que fossem felizes e, com
a felicidade dos homens, Deus sentir-se-ia feliz. Dessa forma, o casal
primário (ao qual a Bíblia chama de Adão e Eva), legaria aos descendentes
tudo o que ganharam de Deus, somado aos frutos de seus esforços, e assim
por diante. De acordo com essa tradição, os mais jovens retornariam aos
mais velhos respeitosa gratidão. Portanto, a tradição hebraica apresenta a
doação e gratidão como a ordem natural da sucessão.
Poderíamos então dizer que o Hebraísmo e o Helenismo apresentam a
questão da sucessão de modo radicalmente oposto: gratidão vs rebelião.
O castigo justificado
Procederemos agora à análise imparcial da questão Zeus ― Prometeu. Tudo
vai depender do modo como aceitamos a questão da sucessão (eis porque a
discutimos anteriormente). Se abraçarmos a visão grega, Prometeu agiu
corretamente e o castigo dos deuses foi injusto. Logo, os deuses são cruéis.
Se defendermos a visão hebraica. Prometeu foi um rebelde ingrato e
perigosamente ousado. O castigo que recebeu foi justo e os deuses não são
cruéis.
a) Prometeu pertencia à estirpe dos titãs que haviam destronado as
divindades primordiais. Se os deuses olímpicos destronaram os titãs, não
realizaram nada diferentes; fizeram o que mesmos haviam feito aos seus
antecessores. Portanto, os deuses olímpicos não são piores do que os titãs,
ambos são agressores. Sendo assim, Prometeu não é uma vítima inocente
dos deuses.
Por defender a tradição hebraica, tecerei alguns comentários sobre o
ato de Prometeu com o propósito de evidenciar o equívoco de Marx ao
adotar prometeu como modelo e ao assumir a mesma postura que ele.
b) O simples fato de ele conspirar contra os deuses não significou um
mal em si. Mas o seu ato de roubar o fogo dos deuses, este sim pôs em
perigo a sobrevivência dos deuses. A partir daí, a reação olímpica foi
conseqüência da agressão sofrida. Logo, Prometeu é o responsável único e
direto por tudo o que aconteceu aos homens e a si mesmo.
c) Se o castigo dos deuses tivesse recaído apenas sobre Prometeu,
considerando que não era melhor que os deuses olímpicos e que foi o único
*
Marx e Prometeu se assemelham-se muito.
62
responsável pelas misérias que lhes ocorreu, poderíamos admitir que seu ato
não o tornou pior que os olímpicos. Mas sabendo que ele, incutindo no
homem uma consciência rebelde, causou imenso sofrimento à humanidade
(que era inocente, e nada tinha a ver com a guerra dos deuses), podemos
seguramente afirmar que Prometeu tornou-se pior do que Zeus. Ou seja,
Zeus havia destronado os titãs que estavam no poder. Mas os titãs, incluindo
Prometeu, haviam destronado as divindades primordiais, e Prometeu havia
causado grande sofrimento contra estirpe dos titãs, Prometeu cometera duas:
quando tomou parte da agressão contra as divindades primordiais, e
provocou a miséria humana.
Conclusão: Prometeu é culpado e seu castigo foi merecido.
Aplicando essa analogia com relação aos comunistas, devemos
recordar que por mais justas que possam parecer suas acusações, seus
métodos violentos e criminosos não os fazem melhores que os capitalistas.
Do mesmo modo que Prometeu, os comunistas enganam os povos
ignorantes os conduzem para a morte, aos milhões. Logo, tornam-se piores
que aqueles a quem tanto acusam. Se os capitalistas exploram o trabalho dos
proletários, os comunistas assassinam os capitalistas os proletários
igualmente, além de explorá-los como nenhum capitalista talvez tivesse
feito.
Conclusão: os comunistas tornaram-se mais cruéis e injustos que os
capitalistas. Marx e o marxismo trouxeram sobre a humanidade uma miséria
sobejamente maior do que o capitalismo.
Poderíamos, resguardando certos limites, estender a analogia ZeusPrometeu, àquela descrita no Gênesis Deus-Lúcifer. Lúcifer, simbolizando
pela serpente, violou as normas de Deus quando colheu o fruto e o deu aos
homens. Só que, diferentemente de Zeus ― que havia destronado os titãs - o
Deus do Gênesis nada havia feito contra Lúcifer. Neste caso, lúcifer é ainda
mais culpado que Prometeu pelas misérias que se abateram sobre ele mesmo
e sobre a humanidade.
Queima os dedos aquele que sabe que o fogo é quente e mesmo assim
o toca. O fruto caíra naturalmente quando estiver maduro. Não é sinal de
bondade nem de inteligência comê-lo verde. Quem assim o fizer não gostara
de seu sabor amargo e não poderá acusar pelo seu infortúnio, uma vez que
tal lhe adveio da sua livre e consciente violação das leis da natureza.
Conclusão final: Prometeu é culpado; Lúcifer é culpado. Zeus agrediu
um agressor, Deus puniu um infrator.
Discorri longamente sobre o tema Prometeu, porque considerei-o de
relevante importância. Marx, ainda que não o soubesse, identificou-se a tal
ponto com Prometeu que, a época em que era editor da Reinische Zeitung
63
(Gazeta Renana), chegou a se auto-retratar acorrentado a uma máquina de
imprensa, com fígado sendo estraçalhado por uma imensa águia. Essa autoidentificaçao com Prometeu também foi claramente demonstrada em seus
escritos, especialmente em um trecho de sua tese doutoral, escrita em 1841.
Marx escreveu:
“A filosofia não oculta suas intenções, faz sua profissão de fé de
Prometeu: ‘Em uma só palavra, ódio a todos os deuses! Nesta expressão, a
filosofia se opõe a todos os deuses do Céu e da Terra que não reconhecem a
consciência humana como a suprema deidade. A filosofia não aceita rivais.
Mas ás tristes sereias que se rebolam em sua situação social, o filosofia,
chegando o momento, dá a mesma resposta que Prometeu deu a Hermes, o
servente dos deuses: “Podes estar certo de que jamais trocarei meu destino
miserável pelo teu; e dou mais importância em estar acorrentado a esta
rocha, que a ser o fiel criado e mensageiro de Zeus, o Pai.” No Calendário
filosófico, Prometeu ocupa a primeiro posto entre os santos e mártires.”
Karl Marx. Tese de Doutorado, 1841.
Vimos anteriormente, que Marx em sua juventude foi um cristão. O
que teria provocado a sua teria provocando a sua rebelião contra Deus e
Religião? A resposta não pode ser simplista. Destacaremos dois tipos de
razoes: as externas e as internas. Dentre a que poderíamos chamar de razão
interna inicial, está a frustração.
Marx era um poeta medíocre e um professor universitário frustrado. De
modo semelhante. Hitler foi também um pintor frustrado e Antonio Saliere,
um músico frustrado e medíocre; Goebbles e Rosemberg, um dramaturgo e
um filósofo frustrados, respectivamente.
Marx, como Prometeu era impotente diante da força de Deus. Fato este
que mais ainda o revoltava. Como uma criança, cujo pai lhe negara o doce e
a quem ela tentar atirar ao chão inutilmente e, irada, chega e perder as forças
e a voz. Quanto ás razões internas, muitos biógrafos de Marx são unânimes
em apontar, com estranheza, a rapidez como Marx passou de um jovem e
ardoroso cristão a um sádico e revoltado ateu. Argumentam que a apostasia
normal não poderia ocorrer de forma tão súbita. Entre os 16 e 17 anos, Marx
era um ardoroso cristão: aos 18 era um arrogante e agressivo ateu.
Os biógrafos sugerem que Marx pode ter sofrido uma poderosa
contraconversão, algo como um arrebatamento súbito e misterioso da fé
para o ateísmo. A história registrou diversos casos similares.
Aqui, portanto, estaria a razão interna da rebelião de Marx contra
Deus e a religião. Os sentimentos, como as lembranças da infância,
permanecem. Por vezes, uma lembrança de infância torna-se um trauma que
64
influência inconscientemente o comportamento de um adulto por toda a sua
existência.
Marx tinha, pois, motivos de sobra para sua frustração e revolta
contra Deus, as religiões, os religiosos, os governos, os capitalistas e todo
aquele que se opunha a ele.
Nos poemas de Marx Oração de um Homem Desesperado e
Orgulho Humano, a suplica suprema do homem é para sua própria
grandeza. Se o homem está condenado a perecer através da sua grandeza,
esta será uma catástrofe cósmica, mas ele morrerá como um ser divino,
pranteado por demônios.
A balada de Marx, O Violinista, registra as queixas do artista contra
um deus que nem conhece nem respeita sua arte... Ao final do poema, “O
menestrel puxa a espada e a enterra na alma do poeta.” (Trecho citado por
R. Wurmbrand)**.
Prometeu disse a Hermes:
“Jamais trocarei o meu destino miserável pelo teu; e dou mais
importância em estar acorrentando a esta rocha que ser o fiel criado e
mensageiro de Zeus, o Pai.”
Marx escreveu em seu poema Invocação de Alguém em Desespero:
“Assim um deus tirou mim tudo, na maldição e suplicio do destino,
todos os meus mundos foram-se, sem retorno! Nada me restou a não ser a
vingança!”
Tanto Marx quanto Prometeu reconheceram a sua situação e o seu
futuro miserável, e ainda o preferiam. Marx se identificou e solidarizou-se
com Prometeu, assumindo a mesma postura diante do céu e da terra. Dessa
forma vemos que a influência de Prometeu, no pensamento e no
comportamento de Marx, foi mais que decisiva: profundamente mística.
A origem das ideologias atuais
O historiador Arnold Toynbee em sua famosa obra Um Estado da História,
confirmou, com base arqueológica, a existência real da civilização minoana.
Há 4.000 anos, viveu na região da Hélade (região do Mediterrâneo), na ilha
de Creta, o rei Minos, que deu origem à civilização minoana ou helênica. A
civilização helênica caracterizou-se como uma cultura de índole humanista,
racionalista, horizontalista e temporal; que enaltece a ética social, razão e a
estética.
Por outro lado, aproximadamente no mesmo período,surgia na Ásia
Ocidental a chamada civilização hebraica, com um caldeu chamado Abraão,
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originando a esfera cultural judaico-cristã, a qual enalteceu a fé, a moral e o
coração.
O mito de Prometeu surgiu na Grécia Antiga. A postura humanista e
antideusista de Prometeu veio a conquistar-se, ao longo da história, em uma
forma de pensar e de viver tal, que originou a filosofia humanista
materialista. Essa mesma postura foi retomada e revivida em 1513 por
Maquiavel cujas ideias inspiraram o Iluminismo e Revolução Francesa.
Marx, assumindo a mesma postura com a mesma base históricoideologica, elaborou o Marxismo, ocasionando a Revolução Comunista.
Por sua vez, Abraão representa o outro lado da história do
pensamento humano. Sua postura humanista e deusista deu origem à esfera
cultural judaico-cristã, determinando uma forma específica de pensar e agir
pacifista e teísta.
O mundo atual acha-se dividido em dois blocos: o comunista e o
democrata. O comunista representa ao lado antideusista, nascido com
Prometeu (razão pela qual Marx projetou-se tão fielmente nele). O outro
bloco representa o lado deusista nascido com Abraão. Prometeu violou os
princípios de Zeus e rompeu com Ele. Abraão obedeceu aos princípios de
Deus e uniu-se a Ele. Prometeu e Abraão eram opostos.
Identificandose solidarizando-se com Prometeu, Marx assumiu a mesma postura,
violando os princípios de Deus e rompendo com Ele. Jesus obedeceu e
respeitou os princípios de Deus, unindo-se a Ele. Marx e Jesus eram
também opostos.
Richard Wurmbrand, no seu livro Cristão em Cadeias Comunistas
(ed. Voz dos Mártires. SP, 1985, pág 171), conta que um dos professores de
teologia da Universidade de Cluj (Romênia), ensina que “Deus deu três
revelação na Terra. A primeira a Moises. A segunda a Jesus. E a terceira a
Karl Marx.”
Assim sendo, vemos que os comunistas consideram Marx como
portados de uma missão messiânica; um messias ateu! Essa afirmação dá ao
marxismo, assim como ao Cristianismo, um caráter de revelação.
Moses Hess
Quem foi Moses Hess? A grande maioria dos estudiosos do marxismo,
provavelmente, desconhece quase que por completo a figura de Moses Hess.
No entanto, Hess foi homem que desempenhou o mais importante e decisivo
papel na vida de Karl Marx. Para melhor compreendermos a personalidade
de Marx, precisamos compreender, principalmente, a personalidade de
66
Moses Hess, tamanha a influência que esse homem exerceu sobre Marx e
suas . ideias.
Para termos uma ideia de antemão, Hess foi o inspirador do
movimento comunista, do sionismo racista e da Teologia de Revolução
(modernamente aperfeiçoada e conhecida como Teologia da Libertação).
O livro vermelho de Mao-Tsé-Tung nada mais representa que uma
ideia-cópia do Catecismo vermelho escrito por Hess que continha os
princípios do Partido Social Democrata Alemão, fundado também por
Moses Hess. Recordamos que Hess foi contemporâneo de Marx; portanto,
estamos na primeira metade do século XIX.
A influência de Moses Hess sobre Marx e Engels foi de tal ordem
que, antes de conhece-lo pessoalmente, Marx havia começado a escrever um
livro criticando-o, mas esse livro nunca foi terminado e desapareceu
misteriosamente. Foi Hess que levou Marx e Engels (e, provavelmente, todo
o grupo de amigos de Marx) a aceitar a ideia do socialismo. A revista
Rheinishce Zeitung dirigida por Marx, publicou as seguintes palavras sobre
o socialismo:
“As tentativas feitas pelas massas para executar ideias comunistas
podem ser respondidas por um canhão tão logo se tornem perigosas.”
Tais palavras escritas numa revista dirigida por Marx, revelam com
clareza a sua opinião sobre o comunismo em 1842. nessa mesma época a
revista Alegemeire Auburge Zeitung desafiou o conceito de Marx sobre
socialismo. Marx não soube responder e escreveu:
“Francamente admiti, numa controvérsia com a ‘Alegemeine
Zeitung’, que os meus conhecimentos prévios de economia e política não
me permitiam expressar qualquer opinião sobre as teorias francesas (uma
Contribuição à Crítica da Economia Política - Karl Marx).”
Por essa mesma época, Marx escreveu sobre “o seu desgosto de
fazer de ídolo uma teoria que ele detesta” (Marx Antes do Marxismo ―
tradução de O.Mclellan, Macmillam), e chamava os proletários de “loucos.”
Foi também Hess que transmitiu para Marx a ideia central das teorias
marxistas ― a luta de classes ― e que estabeleceu a cor vermelha como
símbolo da revolução comunista. Vejamos a seguir alguns trechos curiosos
extraídos do Catecismo Vermelho, obra que contem as principais ideias de
Hess extraídas da obra Catecismos Políticos, editados por K. M. Michael,
Insel Publishing House, Alemanha ― 1966:**
67
“O que é negro? Negro é o clero... Esses teólogos são os piores
aristocratas... O sacerdote ensina o príncipe a oprimir o povo em nome de
Deus. Em segundo lugar, ensina o povo a permitir que seja oprimido e
explorado em nome de Deus. E, principalmente, em terceiro lugar, ele
proporciona a si mesmo, com a ajuda de Deus, uma vida esplêndida sobre a
terra, enquanto as pessoas são aconselhadas a esperarem pelo céu...”
“A bandeira vermelha simboliza a revolução permanente, até a
completa vitória das classes trabalhadoras em todos os países civilizados: a
republica vermelha... A revolução socialista é a minha religião... ao
conquistarem um país, os trabalhadores devem ajudar os seus irmãos no
resto do mundo.”
“É inútil e ineficaz elevar as pessoas à verdadeira liberdade e fazêlas praticar dos bens da existência sem liberta-las da escravidão espiritual,
isto é, da religião... do absolutismo dos tiranos sobre os escravos.”
Vejamos a seguir uma coletânea de trechos extraídos de diversas
obras de Hess, coletadas pelo Richard Wurmbrand da obra Moses Hess,
Obras Selecionadas (Berchtel Publishing House, Alemanha) :
A luta de raças é principal, e a luta de classes secundária (Moses
Hess, Rosa e Jerusalém, Philosophical Library, N.Y.).
“Todo judeu tem formação de um messias em si mesmo, toda judia,
a de mãe dolorosa nela mesma.”
“Jesus é um judeu a quem os gentios deificaram como seu
Salvador.”
“O mundo cristão vê Jesus como um santo judeu que se tornou um
homem pagão.”
“Hoje ansiamos por uma salvação mais ampla do que aquela que o
Cristianismo jamais pôde oferecer.”
“A salvação vem dos judeus... Nossa religião tem como ponto de
partida o entusiasmo de uma raça que, desde o seu aparecimento no palco
da história, previu os propósitos finais da raça humana, e que teve
pressagio do tempo messiânico no qual o espírito da humanidade será
cumprido, não apenas neste ou naquele indivíduo ou parcialmente, mas nas
instituições sociais de toda a humanidade.”
“A revolução socialista é a minha religião.”
“Nosso Deus nada mais é do que a raça humana unida em amor.”
68
“O filho de Deus libertou os homens da sua própria escravidão.
Hess o libertara também da servidão política. Sou chamado a testemunhar
pela luz, como o foi João Batista.” (Diário de Moses Hess, pág 101).
A seguir, apresentaremos uma análise de alguns trechos da obra do
pastor Richard Wurmbrand nas quais ele apresenta suas conclusões sobre
Moses Hess, após estudar cuidadosamente e por longo tempo todas as suas
obras, e expô-las na magnífica e inspirada obra, já citada. O pastor
Wurmbrand apresenta uma tese fartamente apoiada em dados sobre o
pensamento e o comportamento do comunismo, demonstrando que a
intenção original de Marx ao elaborar o marxismo, não foi o seu amor ao
homem e sua preocupação com o seu sofrimento e a sua felicidade, mas sim,
motivado por estranho sentimento contra Deus e contar o homem.
Vejamos as conclusões de Wurmbrand:
“Hess foi homem que converteu Marx e Engels ao socialismo... A
revolução socialista era a religião de Hess... Quando editou o seu
Catecismo Vermelho, pela segunda vez, Hess em pregou uma linguagem
crista para credenciar-se junto aos crentes. Agora podiam ―se ler,
juntamente com a propagação da revolução, algumas bonitas palavras
sobre o Cristianismo como religião de amor e fraternidade. Porém sua
mensagem precisava ser esclarecida: o seu não deve ser sobre a Terra e
nem o seu céu no além. A sociedade será a verdadeira realização do
Cristianismo...”
“Hess fundou o socialismo moderno e também um movimento
totalmente diverso numa específica de sionismo. O Cristianismo está
dividido. Do mesmo modo, o sionismo também acha-se dividido. Há um
sionismo socialista, um sionismo judaico, um sionismo judaico-cristão um
sionismo pacifico, um sionismo agressivo e até um sionismo terrorista.
Hess, foi fundador do socialismo moderno , foi o fundador de um tipo de
sionismo racista com finalidade de destruir o sionismo religioso... Em 1862
escreveu: ‘a luta de raça é principal, a luta de classe secundária’. Hess
acendeu o fogo da luta de classe... em seguida produziu um distorção do
sionismo, um sionismo de luta de raças, um sionismo imposto pela contra os
homens que são de raça judaica... Hess reivindica Jerusalém para os
judeus... Que necessidade terão eles de Jesus? Escreveu: ‘todo judeu tem
em si a formação de um messias, toda judia, a de uma mãe dolorosa nela
mesma’. Para Hess, Jesus é o judeu a quem os gentios deificaram como seu
salvador. Nem ele nem os judeus parecem necessitar de Jesus par si mesmo.
Hess não deseja salvação e, para ele, alguém que deseja santificação é
69
indo-germânico. O objeto dos judeus é o ‘‘Estado messiânico.” Para ele,
fazer o mundo de acordo com o plano divino é provocar a revolução
socialista, usando para este propósito as lutas raciais e de classes ...
“Hess ensinou a Marx um socialismo internacionalista
... zombou do conceito de pátria dos alemães e criticava o programa do
Partido Social Democrata Alemão por seu reconhecimento irrestrito do
princípio nacionalista. Mas, contrariamente a tudo isso, Hess era um
ferrenho nacionalista judaico. Par ele o patriotismo judaico devia
permanecer. Escreveu: ‘Quem quer que negue o nacionalismo judaico é
não somente um apóstata, um renegado no sentido religioso, mas um
traidor de seu povo e de sua família. Se fosse provado que a emancipação
dos judeus é incompatível com o nacionalismo judaico, então o judeu
deveria sacrificar a emancipação...’ O judeu deve ser acima de tudo um
patriota judaico... “O patriotismo é uma virtude, se significar o esforço
para promover o bem estar econômico, político social e espiritual de todas
as nações... Entretanto, o patriotismo unilateral judaico de um ateu
revolucionário socialista, que nega o patriotismo de todas as outras nações,
é altamente sus peito. Parece-me um plano destinado a fazer todas os povos
odiarem os judeus... Hess não foi apenas a fonte que originou o socialismo
e o homem que criou o sionismo antideus e antireligioso, foi também o
precursor da ‘teologia da revolução’... Hess enaltece os judeus com um
propósito consciente de provocar uma violente reação antijudaica. Ele
disse que a sua religião é a revolução socialista e que os clérigos de todas
as outras religiões são trapaceiros. Ele escreveu: a salvação vem dos
judeus... Nossa religião tem como ponto de partida o entusiasmo de uma
raça que, desde o seu aparecimento no palco da história, previu os
propósitos finais da raça humana, e que teve o presságio do tempo do
tempo messiânico no qual o espírito da humanidade será cumprido, não
apenas neste ou naquele indivíduo ou parcialmente, mas nas instituições
sociais de toda a humanidade... Essa época que Hess chama de
“messiânica” é a época da revolução mundial socialista. A ideia de que a
religião judaica teve, como um ponto de partida, o conceito de uma
revolução socialista sem Deus é uma piada ultrajante... Hess fala
continuamente em termos religiosos, porem não crê em Deus. Escreve que
“nosso Deus nada mais é do que a raça humana unida em amor...” O
caminho para se chegar a tal união é revolução socialista na qual dezenas
de milhares de pessoas de seu tão “amado gênero humano” deverão ser
mortas! ... O primeiro livro de Hess A Santa História da Raça Humana, foi
proclamado por ele mesmo como “uma obra do santo espírito da verdade.”
70
Hess escreveu em seu diário, à folha 101: “O Filho de Deus libertou os
homens da sua pátria escravidão. Hess os libertará também da servidão
política...” Hess declarou que as religiões judaicas e cristãs estavam
mortas e que Kant havia decapitado o “o velho Pai Jeová juntamente com a
Sagrada Família” no entanto refere-se constantemente nos seus livros aos
nossos santos escritos, a santa linguagem de nossos pais, nosso culto, as
leis divinas, os caminhos da previdência, vida piedosa... Hess declarou que
“sou chamado a testemunhar pela luz, como foi João Batista” ... Como fará
Hess para suas ideias triunfem?” Usarei a espada contra todos os cidadãos
que resistirem aos esforços do proletariado”, conclui Hess.
Transcrevi essa síntese de trechos da obra de Wurmbrand, porque
considerei- a indispensável aos propósitos desses escritos. Creio mesmo que
o pastor Wurmbrand apreciaria a divulgação e comentário sobre tão
importantes trechos de sua obra que sem dúvida, ele gostaria de ver semeada
e leda por todo o mundo.
Eis.pois, um perfil do homem que causou a maior e mais profunda
influência nos fundadores teóricos do marxismo. Moses Hess foi um homem
estranhamente místico. Foi a um tempo, crente e ateu, cristão e judeu,
antinacionalista e nacionalista, judeu e antijudeu, “bom” e mau, “divino” e
satânico, amigo e inimigo, aliado e traidor, pacífico e guerreiro, falso e
verdadeiro, tudo e o nada ... Enfim, um homem sem escrúpulos, que pregou
o ódio e o amor indistintamente numa atitude incrivelmente irresponsável e
traiçoeira, provocando uma confusão generalizada em tudo o que havia de
puro e verdadeiro à sua volta. Suas ideias conduziram a humanidade ao
desespero e um estado de loucura e sofrimento sem precedentes. Suas
ideias, misteriosamente, triunfaram, e hoje, presenciamos no mundo um
profundo ódio contra a raça judaica, o massacre provocado pelas ideias
socialistas e comunistas numa luta mundial entre raças e classes, e
assistimos, estupefatos, ao aparecimento e rápida expansão da teologia da
revolução, sob o disfarce de um humanismo cínico, e baseado na violência
contra o próprio homem a quem defende e diz amar acima de tudo.
Moses Hess, para surpresa, é praticamente um desconhecido para os
marxistas! Esse fato é extraordinariamente estranho pois ele oculta as
verdadeiras origens do marxismo e envolve Karl Marx numa falsa imagem
de cientista e filósofo. Ele, o leitor concluirá, foi mais um místico
revolucionário que elaborou um plano para provocar uma revolução
mundial, do que um filósofo bem intencionado e humanista à procura da
verdade.
Hegel
71
É absolutamente impossível expor em poucas linhas o pensamento de
Hegel. Apresentaremos uma síntese de apenas algumas das ideias centrais
de seu pensamento, para dar aos leitores uma visão panorâmica de todo o
quadro de referências e fontes das ideias presentes no marxismo, e que uma
grande porção de pessoas julga serem originais de Marx. Assim, apenas com
a finalidade de completar o quadro de referência das influências ideológicas
sofridas por Marx, transcrevemos essas poucas linhas.
Numa primeira visão, gostaria de chamar a atenção do leitor para o
fato de que, ao nosso ver, Marx simplesmente tomou algumas das ideias
centrais do pensamento hegeliano e as inverteu. Ou seja, se a dialética
hegeliana foi desenvolvida para ser aplicada ao desenvolvimento da ideia,
Marx a aplicou ao desenvolvimento da matéria; se na metade e luta dos
contrários exposta por Hegel, a unidade é mais importante, visão marxista,
luta é o mais importante; se a filosofia hegeliana era originalmente idealista
e teísta, Marx a converteu em materialista e ateia. Por que Marx se
preocupou tanto co pensamento de Hegel a ponto de estudá-lo
cuidadosamente e escrever um livro inteiro criticando-o? Para entender isso,
precisamos conhecer algumas das ideias originais de Hegel.primeiramente,
Hegel afirma a existência de Deus e o considera enquanto Logos (ideias =
palavra), e explica o mundo como tendo sido formado a partir do Logos.
Hegel procurou descrever como a ideia se transformou em mundo, que não
é uma coisa criada, mas coisas em desenvolvimento a partir do Logos.
Como terá ocorrido esse processo? Hegel procurou explicá-lo através de sua
Dialética. O Logos é indeterminado e imensurável, mas é. Essa ser puro é na
verdade nada (o nada é visto como alguma coisa indefinida, mas real). Esse
Ser pode decidir (como o homem), e quando o faz, é por meio da união ou
síntese do Ser e do Nada que ele mesmo é. Nesse processo, toma uma forma
evoluída de Ser com conteúdo que é chamado devir. Hegel definiu esse
processo como Nada-Devir-Ser ou simplesmente, tese-antítese-síntese. Esse
novo ser chamado Devir não é o ser e nem o Nada, mas o ser resultante da
união (afirmação) entre o Ser e o Nada, que se negaram a si mesmo
(negação), e deram origem a um ser distinto deles mesmos (negação da
negação). A partir daí, tem início um novo processo semelhante. O novo
processo tem como ponto de partida ainda o Ser, porém na manifestação
resultante da união entre o Ser e o Nada transformando em Devir. O novo
processo dialético agora é o Ser-Essência-Noção em que a essência é o
aspecto imutável e eterno do Ser.
A Noção (ideia) é o ser concreto e auto-evolutivo resultante da
síntese do Ser e da Essência. Vemos, portanto, que a dialética hegeliana era
72
idealista e procurava explicar a origem do movimento e do desenvolvimento
a partir do Logos (Deus, visto como ideia). Marx tomou a dialética
hegeliana e engendrou uma nova interpretação distorcida, em que o
processo de negação eu em Hegel era um processo suave, e não implicava
na destruição de uma das partes, passou a ser visto como um conflito
violento que obrigatoriamente implicava na destruição de uma das partes.
Aos pares complementares sujeito-objeto em harmonia na natureza,
Marx chamou-se de contrários em constante luta entre si. Afirmou que era
dessa luta os contrários que se originava o movimento e o desenvolvimento
da natureza da sociedade.
O segundo conceito que Marx tomou da filosofia de Hegel, foi o seu
conceito da história. Para Hegel, ao longo da história a humanidade caminha
para a liberdade. Na sociedade primitiva, a liberdade era um privilégio
exclusivo de apenas uns poucos indivíduos donos dos escravos. Na
sociedade monárquica, apenas os reis podiam desfrutar da liberdade; os
senhores feudais no feudalismo, e assim sucessivamente. Não obstante, a
história conduz a humanidade para a liberdade e por isso, uma parcela cada
vez maior da humanidade começava a experimentar a liberdade. Hegel
também sustentava que tal processo é reflexo da providencia divina que,
através da história, poderia utilizar o Estado como instrumento que
trabalharia de modo a conduzir toda a humanidade ao gozo da liberdade.
Poderíamos sintetizar a teoria da história na ideia da atualização da
liberdade.
Essa ideia naturalmente foi abraçada, disfarçando-se porém seu
aspecto espiritualista, o qual Marx conservou intacto, assim como toda a sua
teoria acha-se mesclada de um idealismo místico que utiliza o anseio
emocional e intelectual do homem e promete-lhe uma sociedade utópica
sobre a Terra.
O terceiro tópico do pensamento hegeliano utilizado por Marx foi a
ideia do estabelecimento de uma sociedade ideal na final da história. Marx
também abraçou essa ideia integralmente com diferença que, em Hegel, essa
sociedade seria estabelecida por Deus através do Estado monárquico,
enquanto que para Marx, ela somente poderá ser estabelecida mediante a
derrubada de toda ordem estabelecida através da revolução proletária
violente.
Creio que, do exposto, o leitor já pode perceber a importância da
influência de Hegel no pensamento marxista. Hegel foi um dos maiores
filósofos idealistas da história e um grande estudioso e admirador de Kant.
Através da influência que sobre os círculos acadêmicos alemães,
suas ideias foram utilizadas, contudo, tanto por idealistas como
73
materialistas; cada um procurando ajustá-las à sua visão da natureza, da
sociedade e do homem. É certo que Hegel não apresentou a verdade última.
Mas é também verdade que ele não foi um materialista ateu. Foi um filósofo
autentico unicamente interessado na descoberta da verdade. A utilização de
seus princípios após a sua morte, já não lhe diz respeito diretamente. Sua
obra foi distorcida e utilizada de uma forma lamentável por Marx e os
marxistas. Do mesmo modo como outras o foram as obras de Santos
Dumont e Alfred Nobel e de tantos outros através da história.
Feuerbach
Como foi anteriormente citado, Marx, nasceu e cresceu em uma época de
transição, de significativas mudanças políticas e econômicas. O ano de 1789
marcou a um tempo o ano da maior transformação política que derrubou o
sistema monárquico ― A Revolução Francesa ―, e da maior transformação
econômica que marcava o final do sistema feudal do sistema de produção ―
A Revolução Industrial na Inglaterra. Logo, a primeira metade do século
XIX foi exatamente o período em que os reflexos dessas transformações
ecoavam por toda Europa.
Em 1835, Marx entrou para universidade de Bonn e, um ano mais
tarde, transferiu-se para a Universidade de Berlim. Nessa época as ideias
filosóficas de Hegel dominavam os círculos intelectuais da Alemanha. A
escola de pensamentos hegeliana dividiu-se em duas correntes, uma de
esquerda, que tirava conclusões ateístas e revolucionarias da filosofia
hegeliana, e uma corrente de direita, mais conservadora e teístas que
considerava o Estado como racional. Marx era filiado à corrente esquerdista,
e foi nesse período que conheceu o pensamento de Ludwig Feuerbach, um
discípulo de Hegel. Immanuel Kant deu origem à filosofia idealista alemã, e
Hegel desenvolveu-a posteriormente. A influência de Hegel foi tal modo
marcante que, mesmo após sua morte em 1813, suas ideias continuaram
influenciando os pensadores alemães. Segundo Hegel, o mundo material que
aparentemente existe, nada mais representa que um efeito secundário ―
como uma sombra ― da substancia real que é o espírito absoluto. O
desenvolvimento natural e social são o resultado do desenvolvimento do
espírito; porque se desenvolve dialeticamente por auto-contradição; este
desenvolvimento é refletido no mundo material e social. Para Hegel, Deus é
o espírito absoluto e a providência divina era o auto-desenvolvimento do
espírito absoluto.
74
Embora tivesse sido um admirador e discípulo de Hegel. Feuerbach
discordou completamente do pensamento dele, tornando-se ateu e
reacendendo o pensamento materialista a um nível sem precedentes.
Feuerbach afirmou que o mundo material não é uma sombra do
espírito, mas uma substancia objetiva que existe separada e
independentemente da consciência do homem. O espírito, por sua vez, é
derivado e produto do cérebro e não pode existir separado da matéria. A
decomposição do corpo material, automaticamente, anula todo e qualquer
vestígio de espiritualidade do homem. Não há eterna. A existência é
absolutamente reconhecida apenas pelos sentidos materiais. O pensamento
feuerbachiano atingiu o ateísmo. Feuerbach afirmou que a fé era uma
superstição e que Deus era projeção exterior da natureza humana. Não foi
Deus quem criou o homem, foi o homem que criou Deus. O homem é
simplesmente um ser antropológico e biológico.
Hegel afirmava que a liberdade total do ser humano se daria
mediante o trabalho de Deus utilizando o Estado com veículo. Marx era ateu
e não aceitava estas ideias. Por isso, andava à procura de uma solução
materialista mais convincente. Quando conheceu Feuerbach foi como se
tivesse encontrado um “Salvador.” Ludwig Feuerbach (1804-1872) havia
escrito duas obras: A Essência do Cristianismo (1841) e as Teses
Provisionais para uma Reforma do Cristianismo (1842), nas quais se opôs
radicalmente ao ponto de vista hegeliano e ao idealismo de um modo geral.
Feuerbach escreveu as seguintes palavras sobre Deus:
“Deus é a natureza humana (a razão, os sentimentos, o amor e a
vontade) purificada, liberada dos limites do homem individual, tornada
objetiva... O ser divino nada mais é que o ser humano; a projeção da
essência humana.”
Marx que começava a formular suas teorias por essa época, vibrou
com as obras de Feuerbach. Nelas, ele encontrou os fundamentos para
expressar o seu ressentimento e amargura contra Deus, religião, o clero, a
burguesia e o Estado. Marx sentiu-se aliviado e feliz. O seu entusiasmo
pode ser conhecido pelas palavras de engels escritas nessa época:
“Alguém deve experimentar o efeito libertador desse livro para se
ter uma boa ideia dele. o entusiasmo foi geral, imediatamente todos nós nos
tornamos feuerbahiano.”
Marx expressou suas impressões sobre Feuerbach no seu livro A
Sagrada Família. Foi a a partir de seu ponto de vista feuerbachiano que
Marx iniciou a elaboração de uma exaustiva crítica a Hegel. Apesar de
utilizar largamente o materialismo de Feuerbach, Marx criticou-o
severamente afirmando que ele era um materialista da cintura para baixo e
75
um idealista da cintura para cima. Feuerbach nunca defendeu a violência.
Afirmava que toda a confusão social podia ser resolvida mediante o
melhoramento das relações humanas através da exaltação das virtudes do
homem tais como o amor, a compaixão, a amizade e a razão. Os seres
humanos são diferentes das outras porque podem intelectualmente, ter
sentimentos e desejos. Dessa forma, Feuerbach via a vontade e o desejo
humano como a chave para solucionar todos os problemas da sociedade
humana e, também, a força motriz que impulsionava o desenvolvimento
histórico. Marx não podia aceita esses pontos de vistas, pois eles estavam
voltados para a harmonia social . apesar de tudo , o materialismo de
Feuerbach foi adotado como uma das bases fundamentais da teoria
materialista de Marx.
O Romantismo e a Escola Histórica
Em meados do século XVIII desenvolveu-se entre os intelectuais alemães
um movimento voltado para o sentimentalismo humano. A partir de uma
peça chamada “Sturm und Drang” (Tempestade de Ímpeto), de Friedrich M.
Klinger, os filósofos pareciam estar querendo dizer: “não somos animais ou
simples máquinas pensantes. Somos seres humanos sensíveis com emoções
e desejos infinitos.” Na verdade, começava a se firmar uma escola de
pensamento que iria influenciar decisivamente toda a geração de pensadores
subseqüentes, inclusive, Marx. Os românticos proclamaram os valores do
amor e da emotividade, de uma forma somente comparável aos antigos
socráticos. Era como se estivessem gritando: “não queremos desprezar a voz
da razão. Mas não podemos ignorar a voz do coração.”
Florescendo no coração dos intelectuais da época, o Romantismo
deu origem a um a linha de pensamento e estilo literário que se expandiram
rapidamente causando uma marcante influência em todo o mundo. Tratavase de uma alta valorização dos aspectos naturais e emocionais da natureza,
do homem e da sociedade, que engendrou uma forte tendência
conservadora. Os efeitos da onda iniciada pelo Romantismo inspiraram
uma das mais belas épocas da história ― “la belle époque” ―na qual o
romântico e o clássico davam um tom gracioso e colorido à vida.
Marx, como todos os pensadores do século XVIII e XIX, não
escapou da influência do Romantismo. Essa influência é notável nas páginas
do Manifesto Comunista e de O Capital, em que os apelos emocionais são
uma constante, em contradição com a seca visão materialista que pretendia
expressar.
76
Ao lado do Romantismo, a Escola Histórica também exerceu
significativa influência nos sistemas de pensamentos posteriores. Foi o
italiano Gianbattista Vico (1668-1744) quem mais se destacou na chamada
filosofia da história. Vico concluiu que “a ordem das ideias e
acontecimentos seguem a ordem natural das coisas.” Para ele, Deus guiava a
história de acordo com suas próprias leis. A história humana caminha no
sentido da democracia e do progresso científico. Chegará o momento em
que ― como ocorre com os seres vivos ― a sociedade amadurece e caduca,
daí resultando em fatos catastróficos que conduzem o indivíduo de volta ao
estado primitivo. Em seguida, o progresso torna a manifestar-se outra vez
até a maturação e nova desagregação, repetindo-se os ciclos de modo
indefinido.
Vê-se muito claramente o quanto essa ideia está presente na teoria
marxista da história. Vico, coma sua teoria histórica das continuas
ascensões, quedas e retornos, forneceu ao marxismo valiosíssimos
elementos.
Marx e Engels utilizaram-se fartamente das teses e críticas
desenvolvidas pelo Romantismo e pela Escola Histórica. As mesmas teses
que fundamentavam os sistemas filosóficos idealistas alemães .
A Escola Histórica criticou o capitalismo, o individualismo e toda a
ordem burguesa consagrada pelos economistas clássicos. Por sua vez, o
Romantismo criticou e desprezou a ordem social inspirada pelo capitalismo,
acusando-o de ser “o sistema econômico que havia convertido o mundo em
um mercado dominado pelo dinheiro e transformado os seres humanos em
burgueses e proletários.”
Karl Kautski, no seu livro As Três Fontes do Marxismo, diz que o
marxismo assimilou a experiência econômica inglesa, a experiência política
francesa e a experiência filosófica alemã. Entretanto, como o Cristianismo
esteve presente como pivô ou musa inspiradora dessas experiências, sua
marca acha-se registrada em praticamente todas as páginas desse período.
Desse modo, Marx foi um idealista da cintura para cima, uma vez
que forjou o marxismo fundamentando-se, em parte, no mesmo rio de ideias
e emoções dos pensadores idealistas cristãos.
O socialistas franceses
No ano de 1842, Marx mudou-se para Paris a fim de estudar as ideias do
socialismo francês, as quais ele desconhecia. Nessa época, alguns
pensadores estavam em grande evidência. Eram homens conscienciosos que
expressavam simpatia e piedade pela situação dos trabalhadores e
77
criticavam duramente a exploração e desumanidade daqueles que buscavam
apenas os lucros de uma forma injusta e imoral. Muitos desses homens
propunham a aplicação de processos mais humanos através da razão e da
moral. Acreditavam que por meio da razão e da moral era possível mudar a
mentalidade humana e, por meios pacíficos, transformar a sociedade onde
reinava a desigualdade em uma sociedade de tipo socialista. Destacaram-se
entre esses, Robert Owen (1771-1858), Claude-Henri de Saint-Simon
(1769-1835), e Charles Fourier (1772-1837). Esses pensadores
estabeleceram o centro das suas atividades em Paris e prosseguiram os seus
esforços, mas todos resultaram inúteis. Marx chegou a Paris no período
áureo das atividades desses pensadores. Ao estudá-los, Marx os criticou
severamente chamando-os Socialistas Utópicos. Apesar das criticas, Marx
aprendeu muito das suas ideias e as incorporou ao seu sistema em
elaboração. No pensamento de Saint-Simon, podemos perceber as largas
influências e contribuições desses pensadores ao pensamento de Marx.
Saint-Simon merece destaque especial. Ele acreditava que a humanidade
havia caminhado através da história por um progresso contínuo, pontuado
por períodos tumultuosos de transição chamados épocas críticas. (Marx
adotou essa ideia chamando-a revolução). A Revolução Francesa teria sido
um desses períodos que desembocaria no socialismo, em que cada homem
trabalharia e receberia de acordo com as suas capacidades e necessidades
(Marx tomou essa ideia intacta). Entretanto, para que isso acontecesse, era
necessária uma nova ideologia que superasse os ensinamentos cristãos
escolásticos vigentes. Esse novo sistema de conhecimento deveria ser
cientifico, abrangente e baseado na razão e numa objetividade máxima
possível. Sobre esse alicerce dizia Simon, levantar-se-ia uma espécie de
Nova Religião da Humanidade, que moldaria a mentalidade geral dos
homens, adaptando-a à realização dos propósitos coletivos. Dessa forma,
surgiria a Sociedade do Futuro, em que a direção da sociedade, ao invés de
obedecer a interesses pessoais, de grupos, ou de autoridades tradicionais,
seria entregue a homens de intelectualidade superior, que seriam os
governantes. Como o leitor pôde apreciar, as ideias de Saint-Simon, em
especial, foram literalmente adotadas por Marx e Engels.
Para nós contudo, uma ideia em particular nos interessa e voltaremos
a ela no capítulo II desse trabalho ― a ideia da Nova Religião da
Humanidade que teria por base a razão e a objetividade máxima. Daqui
extrairemos um valioso dado relativo à natureza mística do marxismo.
Os economistas ingleses
78
Na segunda metade do século XVIII, começaram a florescer as ideias
liberais econômicas. A nova teoria da economia, alicerçada nos postulados
do Iluminismo, tinha seu apoio central na ideia de uma mecânica universal
governada por leis inflexíveis. De igual modo, também a esfera econômica
achava-se sob leis, do mesmo modo que a física e a astronomia. Era,
portanto, um reflexo da teoria liberal da economia. O primeiro grupo de
economistas liberais chamados de fisiocratas foi composto por François
Quesnay (1694-1744), Marquês Mirabeau (1715-1789) e Dupont de
Nemours (1739-1817), como destaques mais eminentes desta corrente de
pensamento que viam a base da economia nas atividades naturais-agrícolas,
pesqueiras e minerais, como mais importantes que o comércio. Eram
antimercantilistas e afirmavam que “a natureza é a verdadeira produtora
das riquezas.” Marx utilizaria essa ideia de que o setor de distribuição ― o
comércio ― é estéril.
Numa segunda fase os fisiocratas adotaram ardentemente a ideia do
liberalismo econômico: “nunca se deveria fazer nada para embaraçar a
ação das Elis econômicas naturais.” Esse ponto de vista foi chamado de
“laissez-faire.” Os maiores expoentes desse veio de economistas ingleses,
foram David Ricardo (1772-1823) e Adam Smith (1723-1790).
Ricardo era um rico industrial, que elaborou a teoria de que eram os
trabalhadores a fonte de todo valor. Afirmou que os operários trabalhavam
algumas horas que correspondiam ao valor de sue salário e várias horas
excedentes que eram apropriadas pelos empregadores, e que estas, eram a
fonte última dos seus lucros. Nasciam as famosas teorias do valor-trabalho e
da mais-valia, abraçadas completamente por Marx e seus seguidores.
Adam Smith, por sua vez, era um prelecionador de literatura inglesa
da Universidade de Edimburgo. Posteriormente assumiu a cadeira de Lógica
do Glasgow College. Em 1759 escreveu o livro chamado Teoria
Sentimentos Morais, que o tornou famoso. Após dois anos na França, onde
conheceu as ideias fisiocratas, constatou que certas teorias fisiocratas eram
semelhantes às suas. Disse que a economia de Quesnay era “com todas as
suas imperfeições, a coisa mais próxima da verdade que já se publicou
sobre os princípios da ciência econômica.” Em 1776 publicou a sua obra
principal A Riqueza das Nações, na qual asseverou que o trabalho, mais do
que a agricultura e a generosidade da natureza, é a verdadeira fonte de
riqueza. Era partidário do Liberalismo Econômico, mas admitia que o
governo deveria intervir para prevenir a injustiça e a opressão, fazer
progredir a educação e proteger a saúde pública. Ao estudarmos as ideias de
Smith, vislumbramos perfeitamente as teorias básicas que compõe a visão
marxista da economia. Smith criou a teoria do valor-trabalho e David
79
Ricardo, a teoria da mais-valia. Marx simplesmente as usou de acordo com
seus objetivos revolucionários.
Os filósofos ingleses e franceses
O escritor e professor de história Edward MacNall Burns, da Rutgers
University, na sua excelente obra História da Civilização Ocidental ― O
Drama da Raça Humana (Vol. I), escreveu:
“Todos os grandes movimentos sociais dos tempos modernos têm
tido o seu fundamento de causas intelectuais. Para que um movimento
possa atingir as proporções de uma revolução verdadeira é necessário que
se apóie num corpo de ideias que forneçam não só um programa de ação,
mas também uma visão gloriosa da nova ordem a ser por fim instaurada.”
A revolução renascentista e a revolução iluminista são exemplos
claros deste fato. As ideias do Iluminismo por sua vez, constituíram-se na
base teórica para o surgimento do marxismo, que nada mais é que uma
ampliação do Iluminismo. As teorias que tiveram efeito decisivo na
Revolução Francesa foram as ideias liberais do filósofo John Locke (inglês)
e Voltaire (francês), e as ideias democráticas de Rousseau e Montesquieu
(franceses).
Jonh Locke é considerado o pai da teoria política liberal dos séculos
XVII e XVIII. Suas ideias centrais estão num livro chamado Segundo
Tratado. Segundo Locke, originalmente, todos os homens viviam num
estado natural de liberdade e igualdade plenas, e sem governo de qualquer
espécie. A única lei que existia eram as leis da natureza, que cada um seguia
por sua livre vontade e seu modo. Muito cedo notam que o seu modus
vivendi trazia mais desvantagem que benefícios. Porque cada um queria
impor sua vontade e proteger seus direitos à vida, à liberdade e à
propriedade. O resultado era a confusão e a insegurança. Por isso, eles
decidiram estabelecer uma sociedade civil, instalar um governo e ceder-lhe
poderes para que se encarregasse de executar a lei natural, sem absolutismo.
Dizia Locke :
“O Estado nada mais é que o poder dos seus membros cedidos ao
governante. Todos os direitos individuais que não são expressamente
cedidos ficam reservados às próprias pessoas. De tal modo, o poder do
governo não pode ser maior do que o poder que aquelas pessoas possuíam
no estado natural...”
Locke condenou o absolutismo e afirmou que a finalidade do
governo é preservar a propriedade, que compreendida a vida, a liberdade e
80
os bens materiais. Negou autoridade a qualquer governante de usurpar os
direitos naturais do indivíduo. Justificou a adoção de medidas de resistência
por parte dos indivíduos, coso seus direitos fossem violados. Locke foi um
grande defensor da liberdade individual. Suas teorias dos “direitos
naturais” , do “Governo limitado” e do “direito de resistência à tirania”,
foram e têm ainda sido as bases do liberalismo. Marx foi para França no ano
de 1842 e lá, naturalmente, entrou em contato com todas essas obras e
descobriu nelas todos os princípios de que necessitava para estruturar uma
ideologia que conduzisse a humanidade à revolução violenta.
O segundo importante pensador que influenciou decisivamente Marx
foi Voltaire (1694-1778) ― o maior expoente da teoria política liberal
francesa. Voltaire considerava o Cristianismo como “o pior inimigo da
humanidade.” Estudou o pensamento lockeno durante um período em que
esteve na Inglaterra e fora influenciado pelas ideias da Locke; especialmente
pela ideias da liberdade individual. A opinião de Voltaire sobre o governo
era a mesma de Locke. O poder do governo limitado; e sua finalmente,
executar a lei natural e os direitos naturais. Apesar de sustentar que todos os
homens eram dotados de direitos iguais, não era um democrata e apreciava a
monarquia. Tinha medo das massas, e freqüentou a igreja por um período,
com receio de que o seu ateísmo revoltasse os aldeões. Voltaire foi um forte
critico do governo despótico e dedicou sua vida à luta pela liberdade
intelectual, política e contra a religião organizada.
Montesquieu (1689-1755), foi filósofo incomum entre os filósofos
políticos do século XVIII. Admirava as instituições britânicas e as ideias de
Locke. Seu célebre livro O Espírito das Leis, acrescentou nova luz à teoria
do Estado. Estudou os sistemas políticos e discordou de Locke quanto aos
direitos naturais e a origem contratual do Estado, afirmando que a lei deve
ser procurada nos históricos. Negou uma forma perfeita de governo que
agradasse a todos os homens. Sua mais famosa ideia é a teoria dos Três
Poderes, formulada para prevenir o abuso pelo excesso de poder nas mãos
de um só homem.
Rosseau (1712-1778) é considerado o fundador da democracia e o
pai do romantismo. Distintamente do liberalismo, que defendia os direitos
individuais, a democracia defendia a instauração de um governo popular. O
ideal da democracia ressurgiu inspirado nas ideias do grego Clístenes e, na
idade moderna, nas ideias de poder de John Locke. O liberalismo e a
democracia foram as ideias fundamentais que impulsionaram a Revolução
Francesa. Por ser romântico, as ideias políticas de Rousseau possuem um
forte e colorido tom sentimental. Suas obras mais célebres foram: O
Contrato Social e O Discurso sobre a Origem da Desigualdade. Em ambas,
81
defendeu a ideia tão em voga na sua época, de que o homem viveu
originalmente no estado natural ― o qual, em contraste com Locke, ele
considerava um verdadeiro paraíso. Dentro da visão de Rousseau, os
homens viviam em paz e não era difícil manter os seus direitos e a sua
segurança. Não havia conflito até que “alguns homens decidiram demarcar
certas porções de terra e declararam: esta terra é minha!.” Foi assim que
surgiu a desigualdade e as relações humanas se degeneraram em “impostura
fraudulenta”, a “pompa insolente” e a “ambição insaciável.” Nesse ponto, o
único modo de garantir a paz e os direitos foi estabelecer foi estabelecer a
sociedade civil e ceder todos os direitos à comunidade. Isso foi feito através
de um contrato social em que cada indivíduo concordou em se submeter à
vontade da maioria. Foi assim, segundo Rosseau, que surgiu o Estado.
A concepção de Rousseau de soberania diferiu da de Locke e de
outros. Locke afirmou que apenas uma parcela do poder era cedida ao
Estado e uma outra ficava com o povo. Rousseau sustentou que a soberania
é única e indivisível. Toda a soberania passa para a comunidade dirigente
quando se estabelece a sociedade civil. Ao aceitar o contrato social, os
indivíduos cediam todos os seus direitos à comunidade dirigente que eles
próprios escolheram como seus representantes, concordando em se
submeterem à vontade de todo em detrimento de parte. Logo, a soberania do
Estado é legitima porque é a expressão da vontade geral através do voto.
Dessa forma, o que a maioria decide é justo no sentido político e torna-se
obrigatório para cada cidadão. O Estado, portanto, significa praticamente a
vontade da maioria que é o tribunal de última instância. Isto não elimina a
liberdade individual, pelo contrário, a sujeição ao Estado tem por finalidade
garantir e fortalecer a liberdade autentica de cada um e de todos. Ao
cederem os seus direitos à comunidade dirigente, os indivíduos nada mais
fazem que trocar a liberdade animal do estado da natureza, pela verdadeira
liberdade de criaturas racionais dentro da obediência à lei. Rousseau referiuse ao Estado, falava da comunidade organizada politicamente, cuja função
principal era expressar a vontade geral. A autoridade do Estado deve
expressar-se diretamente através de leis fundamentais promulgadas pelo
próprio povo. O governo é simplesmente o agente executivo e não tem
função de formular a vontade geral, mas apenas executá-la. Além disso, a
comunidade pode estabelecer ou destituir o governo sempre que o desejar.
As teorias políticas de Rousseau ecoaram por todo o mundo,
influenciando os idealistas alemães que exaltavam o Estado. A onipotência
legal do Estado e a ideia de que a verdadeira liberdade consiste na
submissão à vontade geral e coletiva, sem nenhuma dúvida, tornaram o
Estado em objeto de culto e relegaram o homem, na sua individualidade,
82
quase à nulidade. Marx lançou mão de vários dos princípios de Rousseau na
elaboração das teorias políticas, que deveriam vigorar no Estado comunista.
Convém lembrar que o marxismo refutou o anarquismo (rejeição total de
todas as instituições).
Procurei levar a efeito essa breve exposição das ideias centrais que
antecederam e foram cenário de fundo da Revolução Francesa, a qual
representou os sentimentos das populações quanto à opressão absolutista e à
exploração econômica. Marx respirou os ares de Paris e bebeu avidamente
de todas essas ideias. Extraiu delas aquilo que lhe interessava para o seu
plano de formular uma teoria para as classes trabalhadoras, e conduzi-las à
liberdade e à emancipação por meio da revolução violenta. Creio que sem
esse quadro ideológico aqui apresentado, não é possível compreender
claramente o marxismo. Como já foi dito, Marx foi um estudioso sagaz. Ele
tinha um objetivo central para os seus estudos e, dessa forma, de tudo que
leu, como o leitor pôde muito bem perceber, soube extrair aqueles
fundamentos que sustentariam sua cosmovisão. Mas estudou para elaborar
um plano de violência e destruição voltado contra Deus e contra a
humanidade. Nestes termos, poder-se-á considerar Karl Marx como um
mero filósofo? Ora, um autêntico filósofo como o foram Sócrates, Kant,
Hegel e tantos outros, são estudiosos que labutam à procura da verdade
última sobre o ser e o existir. Schapenhauer, foi um humanista amargurado e
tristonho, no entanto esse seu estado de alma não lhe fez engendrar num
plano para destruição de todas as religiões, toda ética e toda a moralidade da
sociedade humana*. Muito pelo contrário, ele propôs a apreciação do Belo
(a beleza da arte) como uma das soluções para a amargura humana, e
milhões de homens o seguiram. Marx, não; ele propôs o ódio, a violência e a
morte como soluções! Podemos chamar um homem destes de filósofo
humanista?
*
.”..para abolir todas as religiões e todos os costumes...” – (O manifesto Comunista, 1848)
83
Capítulo 5
O LADO D ESCONHECIDO
DA OBRA DE MARX
Em 1841, aos 25 anos, Marx conheceu Moses Hess. Nesse mesmo ano
doutorou-se pela universidade de Jena. A partir desse ano um novo Marx
começava a nascer. Consta que em sua juventude Marx nutria ambições
artísticas na poesia, mas por sua pequena qualidade literária, conforme
citação de Richard Wurmbrand, os poemas de Marx não foram
reconhecidos. Nota-se que a falta de sucesso na literatura e na pintura dera
origem a um Hitler; no drama, um Goebbls; na filosofia, um Rosemberg e
na música, um Saliere.
O anti-Deus
Marx era rejeitado na sociedade prussiana pela sua origem judia, desprezado
pela comunidade judia como um apóstata e não obtinha sucesso em seus
escritos. Foi também perseguido e exilado pelo governo prussiano, o que
84
frustrou o seu sonho de tornar-se professor universitário. “Nestas
circunstâncias, Marx sentiu uma profunda insatisfação e total ausência de
felicidade em sua alma e universalizou esse sentimento.” E mais... “Marx
experimentou sentimentos de solidão, alienação, inferioridade, humilhação
e derrota que o levaram à revolta e a uma atitude de repulsa e amargura
contra o mundo.”
Aliado a tudo isso, os erros e as hipocrisias dos cristãos e do clero
contribuíram para distanciá-lo da fé. O pastor Wurmbrand cita que:
“Marx nos seus primeiros anos de juventude, tinha convicções
cristãs, mas não vivia uma vida compatível com elas, o que pode ser
observado, pela sua correspondência com seu pai, sobre as somas de
dinheiro gastas em prazeres e sobre a oposição de seu pai a essa sua
atitude.”
Essa fase da vida de Marx nos vem mostrar o princípio de sua
degeneração ante o desespero e o conflito interior que travava quanto à sua
fé, que sentia enfraquecer. Conhecer Hess, que lhe introduzir ao socialismo,
e Engels que possibilitou meios materiais para a formulação de seus livros,
foram os grandes acontecimentos da vida de Marx. Um amigo, chamado
George Jung, diz em 1841 :
“Marx seguramente afugentará a Deus de seu céu, e até mesmo o
processará. Marx chama a religião cristã de uma das religiões mais
imorais.”(Conversações com Marx e Engels, Insel Publishing House,
Alemanha ― 1973)
Estranhamente os comunistas soviéticos adotaram o mesmo slogan
nos primeiros tempos da revolução, dizendo : “Vamos expulsar os
capitalistas da Terra e Deus do Céu.”
Vimos que Hess teve um importante papel na vida de Marx.
Retornemos porém ,um pouco atrás, para analisar o início da revolta de
Marx contra o mundo e contra Deus.
No ano de 1841, Marx escreveu em sua Introdução à Tese Doutoral:
“A filosofia não oculta as suas intenções, faz sua profissão de fé de
Prometeu: em uma palavra, ódio a todos os deuses! “Nesta expressão, a
filosofia se opõe a todos os deuses do céu e da terra que não reconhecem a
consciência humana como suprema deidade. A filosofia não aceita rivais.
Mas às tristes sereias que se rebolam em sua situação social, a filosofia,
chegando o momento dá a mesma resposta que Prometeu deu a Hermes, o
servente dos deuses: “Podes estar certo de que jamais trocarei meu destino
miserável pelo teu; e dou mais importância em estar acorrentado a esta
85
rocha, que a ser o fiel criado e mensageiro de Zeus, o Pai.” No calendário
filosófico, prometeu ocupa o primeiro posto entre os santos e mártires.”
Mais adiante em 1842, escrevia: “a religião é o instrumento dos que
estão no poder.” E em 1843: “A religião é o ópio do povo.” Essa afirmação
marcou o ponto final no processo de desencanto de Marx quanto à religião e
sua posição definitivamente ateia.
Passaremos agora a uma apresentação e análise de alguns dos críticos
escritos místicos e desconhecidos de Marx, produzidos em sua juventude e
durante a fase de sua vida de conflito e transição do Cristianismo ao
ateísmo.
Marx. Do Cristianismo ao Ateísmo
Marx demonstrava ser um cristão estudioso do Cristianismo e da história da
igreja cristã, como o atestam as anotações feitas em seu certificado de
conclusão ginasial. Após esse período, já aos 18 anos, Marx começa a
revelar sua profunda amargura contra Deus e contra a religião e escreve em
um poema:
“Desejo vingar-me daquele que governa lá em cima.”**
Apesar de ser antideusista, essa frase não é ateísta. Marx
admite “alguém que governa lá em cima.” Ora, Marx provinha de uma
família media e durante sua infância e juventude, não sofrera privações. De
onde, pois, procede esse desejo de vingança expresso por ele, se nessa época
não possuía motivos de vingança contra a religião? Lembra o pastor
Wurmbrand, que “numa idade em que todos os jovens normais nutrem
sonhos quanto a fazer o bem e à sua carreira futura, Marx escrevia linhas
amargas em um poema intitulado Invocação de Alguém em Desespero”:
“Assim um deus tirou de mim tudo.
Na maldição e suplicio do destino
Todos os meus mundos foram-se sem retorno!
Nada me restou a não ser a vingança!
Meu desejo é me construir um trono.
Seu topo seria frio e gigantesco
Sua fortaleza seria o medo sobre-humano
E a negra dor seria seu general
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Quem olhar par ele com olhar são voltará, mortalmente
pálido e silencioso,Arrebentando por cega e fria morte.
Possa a sua felicidade preparar-lhe o seu tumulo”
Karl Marx, Obras Escolhidas, Vol.1.
N.Y, Internation Publisher ― 1974**.
Outras duas estranhas obras esscritas por Marx nos seus tempos de
juventude, intitularam-se O Violinista e Oulanem. Vejamos:
O Violinista
“Os vapores infernais elevam-see encham o meu cérebro.
Até que eu enlouqueça e meu coração seja totalmente mudado.
Vê esta espada? O príncipe das trevas vendeu-a para mim.”
Oulanem
“Pois ele marca o compasso e dá os sinais.
Cada vez mais ousado
Eu me entrego à dança da morte.
Soando até morrer em vil rastejo.
Pare! Agora o agarrei!
Ergue da minha alma
Tão forte como os meus próprios ossos.
Contudo os meus braços são possuidores de força
Para agarrar e triturar você (Humanidade?)
Com a força de um furacão.
Enquanto para nós ambos , o abismo se abre nas trevas.
Você afundara , e eu seguirei gargalhando.
Sussurrando aos seus ouvidos: “Desça, venha comigo amigo.”
Arruinado, arruinado. Meu tempo esgotou-se
O relógio parou, a casa do pigmeu desmoronou.
Breve apertarei a humanidade a meu peito,
E breve bradarei gigantescas maldiçoes
sobre a humanidade.
Ah, eternidade, ela é a nossa eterna magoa,
Uma indescritível e imensurável morte,vil e
artificialmente concebida para nos escarnecer
Nós,próprios automatizamos, cegamente mecânicos, Feitos para
sermos o calendário louco do tempo e
do espaço, não tendo propósitos,
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a não ser de acontecer, para ser arruinados.
Se existe algo que devora, pulo para ser engolido,
Embora deixando o mundo em ruínas
Este mundo que se avoluma entre mim e o abismo,
Eu o reduzirei a pedaços
Com as minhas continuas maldiçoes.
Lançarei meus braços ao redor de sua rude realidade.
Abraçando-me, o mundo passará silenciosamente.
E então mergulhará no nada absoluto,
Morto, sem qualquer vida: isso seria realmente viver.”
As citações de Oulanem e dos poemas são da obra de Robert Paine
O desconhecido Karl Marx, New York University Press,1971.**
Convém recordar que Marx, na época em que escreveu esses poemas,
tinha apenas 18 anos! Somente após atingir esse estágio em seu modo se
pensar, ele veio a conhecer Moses Hess que apresentou o ideal socialista.
Nessa época Marx era redator do jornal Rheinische zeitung que se opunha ao
socialismo. Essas observações revelam um período e um lado da vida de
Marx, de fato, superendente. A visão obtida a partir da análise desses seus
poemas vem contradizer muito do que se escreveu sobre o marxismo, nos
mais de 40.000 títulos sobre ele em todo o mundo.
Vejamosa outros interessantes trechos das obras de Marx datadas
desse período de sua vida:
Carta de Marx para seu pai (10 de novembro de 1837):
“Desceu uma cortina. O meu Santo dos Santos Foi feito em
pedaços e novos deuses tiveram que ser instalados.”
Resposta do pai de Marx:
“Abstive-me de insistir em explicaçõessobre um assunto misterioso
Embora parecesse altamente suspeito.”
Carta para Marx de seu pai (2 de março de 1837):
“O seu progresso, a preciosa segurança
de ver o seu nome torna-se um dia muito famoso
e o seu bem-estar material, não são
os únicos desejos do meu coração,
Estas foram ilusões que alimentei por muito tempo
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Mas passo assegurar-lhe que a sua realização
não me teria tornado feliz. Somente se seu coração
permanecer puro e humano, e se nenhum demônio
for capaz de afastar seu coração dos melhores
sentimentos,
Somente então eu serei feliz.”
Sobre Hegel:
“Palavras eu ensino todas misturadas
em uma confusão demoníaca.
Assim, qualquer um pode pensar
Exatamente o que quiser pensar.”
A Donzela Pálida:
“Eu perdi o direito ao céu,Sei disso perfeitamente.
Minha alma outrora fiel a Deus,Está destinada ao inferno.”
Outro trecho de um poema de Marx, extraído da obra Marx antes do
Marxismo (tradução de D. McLellan, McMillan),** diz:
“Com desdém lançarei meu desafio em na cara do mundo e verei o
colapso desse gigante pigmeu cuja queda não extinguirá meu ardor.Então
vagarei semelhante a um deus, Vitorioso, pelas ruínas do mundo.E, dando
às minhas palavras uma força dinâmica Sentir-me-ei igual ao Criador.”
Observe a semelhança entre estas palavras de Marx e as palavras do
arcanjo Lúcifer, segundo o profeta Isaías:
“Então! Caístes do céu, ó Lúcifer, filho da aurora. Então, fostes
abatido por terra, tu que prostravas as nações. Tu dizias: ‘Eu escalarei os
céus e erigirei meu trono acima das estrelas de Deus. Assentar-me-ei no
monte da assembleia, no extremo norte. Subirei sobre as nuvens mais altas
e me tornarei igual ao Altíssimo!” (Isaías 14.12-14)
Apresentaremos, a seguir, alguns comentários sobre os estranhos
poemas de Marx produzidos em sua juventude. Levantaremos diversas
questões e as enumeraremos ordenadamente, para apresentar aos leitores
uma melhor perspectiva de análise e julgamento.
a) O Que teria originado o desejo de vingança e o ódio de Marx
contra Deus e contra a humanidade? Para dizer pouco, diremos que as
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expressões de Marx como “desejo vingar-me daquele que governa lá em
cima” e “bradarei gigantescas maldiçoes sobre a humanidade”, são
absolutamente incompreensíveis para alguém que vê e lê Marx como um
cientista e filósofo. Por que um jovem escreveria tais coisas? Geralmente
quando os jovens conhecem suas primeiras decepções com amigos queridos
e com seus primeiros romances desfeitos, costumam desabafar suas
lágrimas e suas mágoas em diários ou em livros de poesias. Escrevem
cadernos inteiros de versos românticos sobre a pessoa amada ou sobre a sua
dor, mas nunca, numa situação normal,escreveriam coisas tão terríveis
contra Deus e contra a humanidade. Os versos escritos por Marx nessa fase
de sua vida, são totalmente incompatíveis com qualquer tipo de sentimento
humanista. Mais absurdo ainda se tornam esses versos, quando se dar a
Marx o título de cientista. O que há nesses versos de cientifico? Essa
coletânea de trechos de poemas da juventude de Marx revelam uma imagem
totalmente diversa daquela que se cultiva hoje em dia. sabemos das
implicações que uma vida familiar traumática podem ter sobre a
personalidade na infância. O comportamento de Marx, enquanto estudante
também reflete as conseqüências de sua formação familiar irregular. O que
se descortina a partir da análise dessas suas obras é em Marx envolvido em
mistérios e misticismo; ressentimentos e blasfêmias, somente comparáveis
àquelas histórias medievais de bruxos e fogueiras. Esse mar, como bem
dizem os títulos das obras que o revelam (O Desconhecimento Karl Marx e
Marx antes do Marxismo, entre outros), é estranhamente desconhecido. Por
que será que as biografias de Marx publicadas pelos comunista nunca
trazem essa parte de sua obra? Que o leitor interessado descubra. Creio que
esse será um trabalho por demais curioso e... místico!
b) que relação existira entre o marxismo e o satanismo? O pastor
Wurmbrand vasculhou diversas edições sobre a vida de Marx, e toda a sua
obra e encontrou uma série de “fatos curiosos” que, segundo Wurmbrand,
são mais que suficientes para, no mínimo, demonstrar que Marx conhecia o
satanismo. Vejamos alguns desses fatos. Velamos alguns desses fatos.
É do conhecimento mundial a existência real do satanismo ou
ocultismo. Sabe-se também que o satanismo se caracteriza por um culto às
avessas do culto cristão: a chamada missa negra. Nesse culto, o horário é à
meia noite, velas são postas nos castiçais de cabeça para baixo, o sacerdote
veste-se pelo avesso e lê todas mensagens sagradas e nomes santos de trás
para frente, um crucifixo é colocado de cabeça para baixo e um corpo nu de
mulher serve como altar. Usa-se uma hóstia roubada com o nome de Satanás
escrito, uma Bíblia é queimada e todos os presentes prometem cometer
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todos os pecados e jamais fazerem bem algum. Em seguida envolvem-se em
orgia.
Nos ritos de iniciação ao satanismo, os iniciados compram uma
espada com o seu próprio sangue, que lhes trará sucesso em tudo o que
fizeram voltado para o mal. Uma outra estranha característica do satanismo
é o que chamaríamos de princípio da inversão. Todas as coisas são
invertidas antes de serem usadas no satanismo. Agora apresentaremos aos
leitores algumas estranhas curiosidades da vida de Marx e toda essa
esquisita narrativa que o leitor acabou de ler. No poema O Violinista, em
que Marx fala de um artista frustrado que se queixa de um deus que não
conhece e nem respeita a sua arte, ao final desse poema, o menestrel puxa da
espada e a enterra na alma do poeta. Nesse poema Marx diz ter comprado
uma espada do Príncipe das Trevas (?). Curiosamente, Moses Hess também
fala sobre usar “a sua espada” contra todos os seus opositores. O leitor não
acha que há alguma coisa muito estranha em tudo isso? Afinal por que Marx
utiliza tanto o princípio da inversão? Quando escreve, por exemplo, em sua
resposta à obra de Proudhon A Filosofia da Pobreza, ele elaborou A
Pobreza da Filosofia. Também escreveu “temos que usar, ao invés da arma
da crítica, a crítica das armas...” O pastor Wurmbrand descobriu em suas
pesquisas que Marx foi de tal modo influenciado por esse princípio que “ele
os empregava em quase tudo.” O título do poema Oulanem é uma inversão
de Emanuel, nome bíblico para Jesus que significa “Deus conosco.”
Em Oulanem, Marx escreve que o seu sonho é ver humanidade
entrando com ele num abismo de trevas, enquanto ele gargalha e blasfema.
Com efeito essas expressões são absolutamente anticientificas! Marx não foi
o que poderíamos chamar de um jovem normal. Suas atitudes e suas
palavras não deixam duvidas. Há muito mistério ainda por se descobrir
sobre o caráter de Marx. Este livro é simplesmente uma tentativa de tomar
mais publico esse lado de Marx e acender o debate. Certamente, depois da
queda do comunismo, ao serem abertas as muralhas do Kremlin o que será
revelado deixará o mundo estarrecido.
No seu texto O 18 Brumaire, Marx expressou estranhas palavras de
admiração à máxima de Mefistófeles em Fausto: “tudo o que existe é digno
de ser destruído.” Stalin parece ter seguido tão fielmente esse princípio, que
destruiu sua família e centenas dos seus camaradas do partido e do exército
vermelho.
O pai de Marx exprimiu um profundo receio de que alguma coisa
muito grave estava ocorrendo ao seu filho predileto. Curiosamente, essa sua
preocupação começou após ele ter recebido os estranhos poemas no seu 55º
aniversário. Ele afirmou: “se nenhum demônio for capaz de afastar seu
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coração dos melhores sentimentos....” As atitudes de Marx para com a
família, seus amigos e inimigos, mostram-no como um homem degenerado,
injusto e irresponsável que provocou a destruição de muitos de seus
parentes. Marx bebia e fumava muito às custas de Engels. As historias de
terror que costumava a seus filhos também revelam-no comum
irresponsável diante de sua família, com quem não se preocupava muito os
cabelos e as barbas de Marx são outro traço peculiar. Por que Marx teve
amigos tão vis que ultrajavam a Deus como Bakhunin, Hess e Proudhon?
Naturalmente, se o leitor conhecesse pessoas que proferissem as blasfêmias
que os amigos de Marx proferiam, os evitaria. Por que ele não os evitou? O
que se depreende desse fato? Que Marx compartilhava de tudo o que eles
eram, e concordava com o que faziam. Por que um homem, considerado
cientista por ele mesmo e pelos seus seguidores, produziria uma obra tão
vasta, cheia de misticismo e de conotação tão avessas à humanidade e a
Deus, numa idade tão juvenil? Por que o Instituto Marx-Engels de Moscou,
que recolhe, analisa e pública toda a obra de Marx, omite essa parte, quando
já foram compiladas e editadas em diversas línguas?
Para finalizar, gostaria de perguntar aos leitores: poderia um homem
com personalidade tão estranha e desequilibrada, formada em uma época tão
conturbada da história, cheio de sentimentos de amargura, ódio e desprezo
por Deus e pela Humanidade, possuir clareza intelectual e motivação
sentimental autentica para criar, sozinho, um sistema de pensamento como o
marxismo? Poderia um psicopata criar um dos mais intrincados e complexos
planos de destruição, como o leitor verá, e envolvê-lo tão perfeitamente em
uma capa de esperança e felicidade geral e eterna, capaz de provocar o
impacto mundial que o marxismo causou?
92
Capítulo 6
MARX COMO HOMEM E PENSADOR
Antes de qualquer outra coisa, é fundamental procuramos compreender os
sentimentos que ocasionaram a formação do marxismo. Geralmente, quando
nos motivamos par produzir alguma coisa, tal produto ser um reflexo da
motivação que o inspirou. Se decidimos plantar um vegetal ao pe dois
muros de nossa casa e escolhermos espinhos ao invés de jasmins, é obvio
que a intenção era machucar alguém que se atrevesse a saltar os muros. A
presença real dos espinhos é mais que suficiente para revelar nossa intenção
original, ao escolhermos aquela espécie de planta.evidentemente, não foi
motivada pelo amor aos meus semelhantes. Muito pelo contrário, tal atitude
revela o egoísmo, a desconfiança e o pouco respeito que tenho pelo
sofrimento dos outros. Não importa (estou a dizer silenciosamente neste
gesto), se os outros têm corpo ou se sentem dor. O que me interessa é
preservar os muros em pé! Adiantando um pouco nossa analogia, será que
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são boas as intenções e obras de alguém que enaltece e faz do ressentimento
e da violência as suas motivações básicas?
Marx era um humanista?
Dizem os estudiosos que Marx era muito humanista e que vivia obcecado
por uma ideia: “como aliviar o sofrimento das massas exploradas.” A
disputa com o congresso do distrito de Rhein parece indicar que Marx era
humanista; um homem realmente preocupado com o bem-estar do povo.
Mas, após analisarmos seus poemas da juventude, será que poderemos ainda
afirmar a mesma coisa? Após a breve apresentação que faremos de seu
comportamento moral, suas atitudes par com parentes e pessoas que o
cercavam, passaremos a duvidar mais ainda de suas boas intenções. No ano
de 1844, quatro anos antes da publicação do Manifesto Comunista escrito
em parceria com Engels ― documento que marca o nascimento do
movimento comunista ―, Marx escreveu diversos textos que mais tarde
foram compilados e publicados sob o título de Manuscritos Econômicos e
Filosóficos. Nesses documentos, ele parece demonstrar uma grande
preocupação com o sofrimento humano, não apenas dos trabalhadores
assalariados, mas também dos donos das fabricas. Vejamos um trecho:
“A classe capitalista e a classe do proletariado apresentam o mesmo
estado de auto-alienação, com a diferença que a primeira se sente livre e
fortificada nessa auto-alienação, pois a percebe como poder próprio, e vê
nela a aparência de um a existência humana.”(A Sagrada Família ―
Collected Works, Vol. 4, p.36)
Neste mesmo trabalho sobre a alienação, Marx chegou a demonstrar
preocupação até mesmo com a perda da natureza humana original, ou seja,
com o que chamou de Essência―espécie original. Mas, curiosamente, ao
concluir seus estudos sobre o sofrimento do homem, Marx havia divergido
de Feuerbach quanto à essência do ser humano e havia também alterado o
seu ponto de vista quanto ao modo como libertar os homens ―
particularmente os ricos ― de seu estado de alienação. Para Feuerbacha, a
essência do homem era a razão, o amor e a verdade, e era possível mudar a
situação humana por meios pacíficos e educativos. Par Marx a essência do
homem era o trabalho, e o único modo fé libertá-lo da alienação era através
da revolução violenta. Para alguém que parecia preocupado com os homens
indistintamente, essa sua conclusão final parece um tanto contraditória.
Marx declarou:
94
“Os comunistas declaram abertamente que podem alcançar sua meta
somente com a derrota pela força de todos as condições coisas existentes.”
(Manuscritos Econômicos e Filosóficos ― Collected Works, Vol 3 p.300)
Em outro texto, Marx conclui:
“Os comunistas podem, assim , resumir sua doutrina e pensamento em
uma única frase: abolição da propriedade privada.”
Ora, como é possível concretizar essa ideia? Por meio da revolução
violenta. Para Marx, não havia outro modo ele ficava profundamente
irritado quando alguém ousava contrariar suas opiniões. Revolução violenta
é o mesmo que revolução sanguinária, que é o mesmo que pregar a morte
em massa como solução para a felicidade humana! Apesar de em alguns
momentos de sua vida e em alguns textos de sua obra Marx parecer
preocupados com o bem-estar da humanidade, sua conclusão final, quanto
ao método a ser adotado para se alcançar a felicidade, conduziu exatamente
ao oposto. Os êxodos em massa dos países ocupados pelo comunismo, os
massacres em massa executados pelos comunistas, e as muralhas e entraves
postas por eles par impedir a fuga dos povos seus próprios países,
demonstram que o comunismo foi uma fraude extraordinária cometida
contra a humanidade. Veremos que as profecias de Marx, sobre o que
ocorreria no mundo capitalista, estão ocorrendo exatamente no mundo
comunista. Um exemplo claro desse fenômeno são as leis do movimento
econômico e alienação humana. Analisemos estes pontos.
As leis do movimento econômico e
a teoria da Alienação na sociedade comunista
Marx afirmou que no sistema capitalista atuam certas leis que o levará
inevitavelmente à ruína. São as suas contradições internas. Tais leis seriam:
1) Lei da Queda dos Lucros; 2)Lei do Aumento da Pobreza; 3) Lei da
Concentração do Capital. Em síntese, Marx conclui que o maquinário não
produz lucros, mas os capitalistas, competindo entre si, desejariam baixar
seus custos de produção adquirindo maquinário novo. Esta competição
generalizada provocaria uma queda geral nos lucros. O maquinário novo
significa altos custos que somente os grandes capitalistas poderiam adquirir.
A competição levaria à falência os capitalistas menores, que passariam à
condição de proletários. Por outro lado, o maquinário novo provoca a
dispensa de mão-de-obra e desemprego. Assim, surge um pequeno número
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de super-capitalistas donos de toda riqueza e, no outro extremo, uma imensa
massa de proletários miseráveis sem meios para comprar os bens
produzidos, o que levara à recessão, à revolta e, finalmente, à revolução
violenta que destruirá o capitalismo. Se observarmos detidamente,
notaremos que essas profecias de Marx estão atualmente ocorrendo na
União Soviética. A Nomenklatura, pequena parcela da população soviética
correspondente a aproximadamente 405.000 pessoas, são os verdadeiros
proprietários da União Soviética. Todo o restante da população, de quase
270 milhões de habitantes, são empregados do Estado numa situação de
miséria e revolta que, conforme o dissidente soviético Mikhail Makarenko
(Tribuna Universitária nº 8, pág. 10 ― 1983): “estão revoltados e começam
a sabotar a economia desperdiçando energia e gás, trabalhando lentamente
e embriagados quase sempre.”
Quanto à teoria marxista da alienação, Marx definiu em seus
Manuscritos Econômicos e Filosóficos, quatro tipos de alienação: 1) A
alienação do produto do trabalho; 2) A alienação do trabalho em si; 3) A
alienação da essência-espécie original e 4) A alienação dos semelhantes.
Em síntese: no sistema capitalista o produto do trabalho é tomado
pelos capitalistas, o trabalhador é obrigado a vender seu trabalho, as
relações de produção destroem e pervertem a natureza humana e,
finalmente, as relações de produção capitalista impossibilitam o homem de
manter relações humanas dignas com os seus semelhantes e familiares.
Curiosamente, mais uma vez, é na própria União Soviética que tais
fenômenos ocorrem. Todo produto do trabalho pertence ao Estado que é o
supremo patrão, tudo que os trabalhadores soviéticos possuem é a sua
capacidade de trabalhar, e são obrigados a vende-la ao único patrão-Estado
pelo preço que ele quiser pagar (de um outro modo enfrentam a penúria, ou
vão para os campos de trabalhos forçados). Os comunistas reprimem a
natureza mística e bondosa do ser humano, ensinando-lhe o ateísmo e o ódio
contra Deus e a humanidade e, finalmente, separam filhos e pais, homens e
mulheres, etc. Têm separado e dividido nações inteiras como ocorreu na
Alemanha com o muro de Berlim e na Coreia com paralelo 38. Na
Alemanha, onde o comunismo apossou-se de sua metade oriental, os
parentes e familiares separados costumam se encontrar frequentemente nos
lados opostos dos muros, e saúdam-se entre lágrimas, mostrando uns aos
outros os novos membros da família recém-nascidos. Atualmente, o governo
comunista da Alemanha Oriental tem vendido a liberdade de algumas
pessoas ao governo da Alemanha Ocidental por altas somas em dinheiro.
Naturalmente, àqueles mais interessados caberia uma análise mais profunda.
Procuramos apenas ressaltar que as ideias do marxismo estão destruindo não
96
apenas o mundo ocidental, mas também o mundo comunista. Parece ser uma
armadilha contra a sociedade humana de um modo geral. Os comunistas
estão destruindo a moralidade, a fé, e a natureza dos povos dos países
ocidentais, mas também estão destruindo esses mesmos valores, dos povos
sob o seu domínio. Certa vez, o filósofo e professor Paul Perry, numa
conferência especial promovida pela Associação Internacional Cultural, em
Canela ― RS, 1982, disse:
“O comunismo é uma teoria para a destruição, não para a construção.
É por isso que quando eles se unem para destruir produzem grandes
estragos, mas quando se reúnem para construir, os resultados são
desastrosos. Acabam destruindo-se mutuamente, ao Ives de construírem
alguma coisa boa.”
O Dr. Sang Hun Lee, comentando sobre Marx e sua obra
detalhadamente, expõe o seguinte ponto de vista no excelente trabalho
Comunismo, Crítica e Contraproposta:
“Marx era um homem de temperamento inteiramente combativo. Era
exclusivista por natureza e convencido do seu próprio virtuosismo. Era
intolerante para os que discordavam dele e desprezava todos aqueles que
duvidavam dos seus pontos de vista e que não seguiam o seu modo de
pensar.”
“Talvez porque possuía uma nova visão da vida, subestimava o tipo
de vida, interesses e valores da burguesia. Contudo, recusou-se a aplicar
princípios éticos e morais para resolver problemas e não gostava de ver
meros atos de amabilidade entre as pessoas. Abria uma exceção para a
família e colegas, mas em relação às outras pessoas, seu tratamento
baseava-se no fato de lhe serem úteis ou não na sua luta política.”
“Foi um estudioso até os últimos momentos da sua vida. Era
inexorável e implacável para com seus inimigos político. Os que não
concordavam com ele eram considerados traidores, criminosos morais ou
idiotas políticos.”
Passaremos a apresentar algumas atitudes e acontecimentos da vida
de Marx, para melhor avaliarmos suas intenções a partir de seu
comportamento social e moral.
1) Marx tornou-se antirreligioso e antideus:
“A extinção da religião, como felicidade ilusória do homem é uma
exigência para a sua felicidade real. O chamado para que ele abandone as
ilusões a respeito da sua condição é um chamado para abandonar uma
97
condição que requer ilusões. A crítica à religião é, portanto, a crítica a este
vale de lágrimas do qual a religião é a aureola. (Introdução à Crítica da
Filosofia da Lei, de Hegel).”
“A religião é o gemido da criatura oprimida; é o espírito de uma
época sem espírito, é o ópio do povo.”(Manifesto Comunista ― 1848).”
“O comunismo vai libertar as consciências do espectro religioso.”
Marx chegou a blasfemar contra Deus e contra a humanidade. Mas,
afinal, o que significa se opor à religião? O que é religião? Em essência,
uma religião nasce de homens simples como Confúcio, Jesus, Gandhi...
Moisés e Buda tiveram que abraçar uma humilde e simples para que
encontrassem o sentido de suas vidas. As religiões, em última análise,
podem ser representadas pelo seu livro básico. Tais livros surgem sempre de
uma forma incomum e espontânea. Vejamos, por exemplo, como nasceu o
Budismo: Sidharta Gautama era um príncipe indiano que ao conhecer a
miséria, a dor, a velhice e a morte, entrou em uma crise existencial e decidiu
abandonar as riquezas de seu reino para dedicar-se à procura do verdadeiro
significado da vida. Após longo cominho de ascetismo, o príncipe Gautama
recebeu uma inspiração divina e apresentou à humanidade o sistema de
pensamento budista. Poderíamos condensar o pensamento budista no
axioma:
“Assim como abelha pousa sobre as flores para delas lhes extrair o
néctar, sem danificá-las, assim seja o homem sobre a terra.”
Será que de sã consciência poderíamos dizer que tal doutrina é má?
As religiões não existiriam sem os seus livros básicos. Se formos
analisá-los imparcialmente, descobrimos que, em essência , elas nada mais
soa que códigos de éticas e moral. Em geral, todas as religiões apresentam
princípios fundamentais comuns, tais como o amor, a paz, a verdade, a
bondade, a pureza, etc.Indispor-se contra a religião é, literalmente, indisporse contra a própria sociedade humana. Por quê? Porque são os princípios
morais e éticos que constituem os elos primários para a unidade entre os
homens, e também o elemento de ligação fundamental para a associação e
duração das relações sociais, ou seja, da própria sociedade. A indisposição
do marxismo com a religião representa verdadeiramente sua indisposição
com a sociedade humana. Por tal motivo, observamos anteriormente, o
marxismo está causando imensa destruição no mundo livre e também no
mundo comunista, revelando,-se uma doutrina forjada para o aniquilamento
98
recíproco das sociedades comunistas liberais. Temos firme convicção de que
tal fenômeno de aniquilação recíproca não é do conhecimento dos
marxistas.
Creio que, até aqui, ficou claro para o leitor que o posicionamento
de Marx contra a religião não é um reflexo de seu amor pela humanidade
que, à sal época, estava sendo abandonada e até explorada pela religião (não
devemos nos esquecer, especificamente, a igreja católica que representava o
grande poder religioso na Europa da época). Mas convém recordar que
Marx e seus amigos eram antideus e anti-religiosos, e não simplesmente
ateus. A finalidade de guerra de Marx contra a religião era muito mais
motivada pelo seu desejo de conduzir os trabalhadores cristãos à luta
revolucionaria. Era necessário fazê-lo esquecer o perdão, a fé em Deus e a
esperança na vida eterna, para que se predispusessem a matar os seus
semelhantes. Naturalmente, o leitor poderá acrescentar outras razões mais
profunda e, quiçá, mais misteriosas que estas. Contudo, deixamos ao seu
critério tais deduções.
2) Marx também se opôs à Filosofia Idealista
Para o escritor Leszec Kolakowski em obra intitulada Correntes Principais
do Marxismo, Marx foi um filósofo alemão. Será que esta definição é
realmente aplicável ao caso de Karl Marx? Nestes trechos, iremos analisar
parcialmente essa questão e também a afirmação de que o marxismo possui
caráter cientifico.
Marx e Engels apresentam uma definição grosseira da filosofia
afirmando-a como “instrumento da classe dominante par proteger os seus
lucros e perpetuar seu domínio.” Marx cita alguns exemplos na filosofia de
Tomas de Aquino que “ajudou a racionalizar o poderio papal”, etc. Como
resposta a essa tosca perspectiva, gostaria de citar o ponto de vista do Dr.
Sang Hun Lee, em sua obra Comunismo ― Crítica e Contraproposta (The
Freeedom Leadership Foundation, Inc. 1973):
“Essa afirmação de Marx, não é verdadeira. Naturalmente, há casos
em que a filosofia foi utilizada pela classe dominante, mas nem todas as
filosofias mostraram um sectarismo. Também é falso dizer que todos os
poderes revolucionários tiveram sempre uma perspectiva materialista. O
Império romano, uma sociedade de orientada para a escravatura, não pela
classe oprimida. A própria filosofia não é a aprendizagem do partidarismo;
é uma ciência que busca a verdade. Filosofia veio a ser necessária com o
fim de resolver, dentro da verdade, todos os problemas da vida humana.
Mesmo que os pontos de vista dos filósofos (suas teorias) tenham sido
99
diferentes, a atitude para encontrar a verdade tem sido a mesma. De igual
modo o partidarismo tem de ser estudado, par se achar quanto de verdade
contem. A filosofia tem sido a ciência da verdade, não a ciência do
partidarismo. A princípio, todas as filosofias têm de tornar-se ciências da
verdade antes de serem ciências do partidarismo. As filosofias que vem a
ter significado duradouro não são as que cotem mais partidarismo, mas as
que cotem mais verdade.”
A finalidade central da filosofia é a descoberta da verdade última
sobre o ser e o existir. A filosofia, a nosso ver, tem sido um meio para a
descoberta dos verdadeiros que poderão trazer a Deus e à humanidade a
alegria, que constitui a finalidade de existência do Cosmos. No final da
história, a filosofia dará o seu fruto derradeiro, a sua contribuição na
estrutura de uma Ideologia Absoluta a qual, por ser totalmente verdadeira,
será aceita por todos os homens. Assim, descoberta desses princípios
verdadeiros, tem sido a finalidade essencial da filosofia através da história.
É um disparate a afirmação marxista de que a filosofia é um “mero
instrumento de opressão.”
Vejamos alguns fatos sobre o comportamento de Marx através dos
quais poderemos melhor vislumbrar seu perfil moral.
A filha de Marx, Eleonor Marx, escreveu um livro no qual conta que
Marx costumava contar historias de terror a seus filhos, quando crianças,
sobre um feiticeiro chamado Hans Rockle, que tinha feito pacto com o
antideus. (O Mouro e o General, Recordações de Marx e Engels, Eleonor
Marx, Dietz Publishing House , Berlim, 1964.** .
Pode considera-se uma atitude dessa normal? Muito menos
poderemos considerá-la cientifica.mesmo após ter se revoltado com a
religião, Marx conservou uma postura mística em todas suas atitudes até o
final da vida.
O escritor Arnold Kunzli, em seu livro Karl Marx ― Um
Psicograma (Europa ― Verlag. Zurich, 1966) relata que Marx era um
homem irresponsável par com sua família. Era egoísta e sempre viveu na
miséria por causa de sua vida econômica desorganizada.
O seu extraordinário conhecimento de línguas poderia ter-lhes
fornecido uma boa renda paralela. Diz ainda Arnold Kunzli que a vida que
Marx levava conduziu ao suicídio duas e um genro. Três de seus filhos
morreram de subnutrição. Uma das filhas casadas, chamada Laura, também
teve três de seus filhos mortos,. Ela mesma suicidou juntamente com o
marido, o socialista Laforgue. Eleonor decidiu tomar a mesma atitude,. Ela
morreu, mas o marido retrocedeu no ultimo instante.
100
Um outro escritor, chamado Rolf Bauer, Descreveu a vida financeira
de Marx em seu livro Genis end Reichtum. Diz-nos ele:
“Enquanto era um ‘filhinho de papai’ estudante da Universidade de
Berlim, Marx recebia 700 tálers (aproximadamente 900 marcos alemães)
par ‘pequenos gastos’. Era uma soma enorme porque na época. Apenas
cinco por cento da população tinha uma renda superior a 300 tálers
mensais. No decorrer de sua vida, Marx recebeu de Engels cerca de 6
milhões de francos franceses ao valor da época. (Números do Instituto
Marx-Engels).**
Marx não possuía sentimentos de delicadeza e amabilidade para com
os amigos e nem, par com os parentes. Chamava os proletários de “loucos.”
Em uma carta dirigida a Sorge, datada de 19 outubro de 1877, Marx
escreveu:
“Os trabalhadores, por si mesmos, quando deixam o trabalho e
tornam-se literatos profissionais geram sempre,“teoricamente”, o mal e
estão sempre prontos a ajuntarem-se a cabeças confusas.”
Chamou Feiligranth de “o porco”; Lassalle de “negro judeu”,
Liebknetcht de “um boi”; e Bakhunin de “um zero teórico.” Em sua
correspondência para Engels, revela-nos os seus sentimentos para com os
familiares quando escreve sobre o seu tio que agonizava: “se o cão morrer,
estarei fora de complicações.” Engels lhe respondeu: “Congratulo-me pela
doença do estorvador de uma herança, e espero que a catástrofe aconteça
agora.” Quando finalmente o tio de Marx morreu, ele voltou a comunicar a
Engels o fato em 8 de março de 1885:
“Um acontecimento muito feliz. Ontem soubemos da morte de meu
tio, de 90 anos de idade. Minha esposa receberá cerca de 100 libras; até o
velho não deixou parte do dinheiro à mulher que administrava sua casa.”**
Marx nutria por seus parentes mais próximos, como sua mãe, um
sentimento semelhante. Em dezembro de 1863, escreveu uma carta a Engels
dizendo:
“Duas horas atrás chegou um telegrama dizendo que minha mãe
esta morta. O destino precisava levar um membro da família. Ela já estava
com o pé no túmulo. Sou mais necessário do que a velha senhora. Tenho de
ir a Trier por causa da herança.”
Note-se que ele deveria ir a Trier, não pela morte da mãe, mais tão
somente por causa da herança. Também quando da morte do “velho cão”
101
(seu tio) Marx falou entusiasmado sobre a herança. O pastor Wurmbrand
cita em seu livro que:
“Marx era um intelectual de alto nível, bem como Engels.
Entretanto sua correspondência está cheia de obscenidades incomuns a esta
classe social. A linguagem suja é abundante, mas não há sequer uma carta
na qual se encontre Marx falando sobre seu sonho humanitário e
socialista.”**
Vejamos mais algumas frases “humanistas” de Marx:
Um amigo de Marx, chamado Weitling, disse: “a conversa usual de
Marx é sobre ateísmo, guilhotina e comentários sobre Hegel de fio a
pavio.” Marx morreu no dia 3 de março de 1883, aos 65 anos de idade.
Antes de sua morte escreveu a Engels dizendo: “como a vida é insípida e
vazia, mas como é desagradável.” Irônica conclusão para aquele que
também escreveu: “A violência é a parteira que tira a nova sociedade do
útero da velha sociedade.”(O Capital), e que por suas palavras,
indiretamente, destruiu a vida de mais de 150milhoes de seres humanos que
como ele, também tinha o mesmo amor pela vida.
Outro contemporâneo de Marx, chamado Mazzine, escreveu as
seguintes palavras: “Ele possui um espírito destrutivo. Seu coração está
mais repleto do ódio que amor pelos homens” (todas essas citações foram
extraída da obra de Fritz Raddatz ― Karl Marx. Hoffmann & Publishing
Housem, Alemanha, 1975).**
O mito da ciência marxista
Após a apreciação de todos essas frases e atitudes estranha de Marx (para
dizer o mínimo e deixar ao leitor a liberdade de satisfazer sua curiosidade
por si mesmo), poder-se-á garantir-lhe o título de cientista?
Pelo que se convencionou, um cientista é um estudioso e amante do
conhecimento, que dedica sua vida à descoberta dos princípios da natureza
visando ao bem estar geral da humanidade. Será que os sentimentos e as
motivações de Marx, para formular suas teorias, estavam imbuídos desse
espírito benfazejo? Serão as suas teorias verdades científicas de facto? Um
homem desequilibrado emocionalmente, imbuído de sentimentos do ódio e
revolta e possuidor de um caráter como o de Marx , conforme foi
apresentado sem eufemismo, jamais poderia ter encontrado o meio pelo qual
a humanidade encontraria a paz a felicidade eterna.
Quanto à sua “obra cientifica” analisaremos simplesmente o pilar
fundamental de sua teoria ― A Dialética ― e, se esta pedra fundamental do
102
marxismo for um sofismo, todo o resto, naturalmente ruirá (esse de fato é o
caso, como prova o Dr. Sang Hun Lee). De acordo com Marx, todos os
seres são constituídos de duas partes denominadas tese e antítese, as quais
estão em constante conflito entre si. É esse conflito que dá origem e
possibilita a existência dos seres, produz o movimento e o desenvolvimento.
É através dessa relação contraditória que brota o desenvolvimento. O
exemplo clássico citado é op exemplo do ovo. Diz-me que o ovo é a tese
que contem em si dois elementos em conflito que são o embrião e a casca,
os quais correspondem à tese e à antítese, respectivamente. Como resultado
desse conflito, nasce o pintinho que não é o ovo, nem o embrião ou a casca,
mas um novo ser superior. Convém lembrar que a dialética hegeliana foi
aplicada ao desenvolvimento das ideias , e nela, uma das partes contrárias
não era destruída. Marx aplicou a dialética hegeliana ao desenvolvimento
social e material e, na dialética marxista, uma das partes contrárias é
obrigatoriamente destruída. Analisemos melhor. Serão mesmo contrários os
elementos duais de que são constituídos os seres? Essa afirmação é um
disparate lógico! A princípio, é indiscutível que sem a casca, o pintinho
jamais poderia vir a existir. O que, de antemão, já anula a possibilidade de
serem contrários. O critério básico para se analisar a questão dos contrários
é a função dos seres. Qual a função da casca? Poderemos aplicar essa
indagação para a análise geral dessa questão. Serão contrários o próton e o
elétron, o esquerdo e o direito, o baixo e o alto, a produção e a distribuição,
o homem e a mulher? O pensamento Deusista propõe que não existem tese
ou antítese, mas sim sujeito e objeto. Afirma que todos os seres são
constituídos de pares distintos e complementares, denominados sujeitoobjeto, em constante movimento harmonioso; que a harmonia é a base da
existência dos seres duais em todo o Cosmo (na natureza e na sociedade) e
que essa dualidade é reflexo do Ser Original ― Deus ― que através dela se
projetou visivelmente. Em última análise, poderíamos dizer que nem mesmo
o fogo e a água são contrários, visto que ambos são responsáveis pelo
equilíbrio térmico da Terra. A presença do fogo impede o excesso do frio, e
a presença da água impede o excesso do calor. Assim. Ambos possuem
funções complementares indispensáveis!
O professor e escritor Heraldo Barbuy em seu livro Marxismo e
Religião, alude à suposta “ciência marxista” nos seguintes termos:
“Se o marxismo vivesse como doutrina cientifica, como viveu, por
exemplo, a teoria da geração espontânea, não poderia resistir à
contestação dos fatos e das novas perspectivas da ciência atual. Mas não;
ele vive como esperança e como uma fé.”
103
“O marxismo tornou-se, como todas as contrafacções do
Cristianismo, um credo religioso de salvação internacional. Não se trata de
um sistema cientifico, mas de uma religião que quer salvar não o homem,
como pessoa individual, mas como gênero abstrato...”
O ex-comunista e escritor religioso francês, Ignace Lepp, em seu
livro Itinerário de Marx a Cristo*, escreveu um interessante trecho chamado
“A Ciência Marxista.” Transcrevo-o aqui par a apreciação do leitor:
“Como todos os marxistas, eu confessava, naturalmente, a mais viva
admiração pela Ciência. Assim, como os crentes grafam com maiúsculas a
palavra “Deus”, nós usávamos necessariamente a maiúscula para a
palavra “Ciência.” Ao nosso ver, só podia existir verdade cientifica e, em
nossas discussões, somente os argumentos científicos tinham valor.
“Não me parece contudo, que a concepção que fazíamos da Ciência
fosse totalmente idêntica à dos sábios do século XX. Sem muito espírito
critico, havíamos adotado, em conjunto, a ideia dominante no século XIX, a
Ciência tal qual a conheceram Marx e Engels. Para eles a Ciência opunhase às explicações teológicas e metafísicas como a verdade se opõe aos mitos
e à mistificação. Os sábios de nossa época tornaram-se mais modestos. Já
não esperam atingir com seus instrumentos, apesar de tudo, mais
aperfeiçoados, a verdade total e definitiva. Deixam cair a maiúscula e, de
preferência, falam em ciências e não em Ciência.
“Professando uma concepção da Ciência pelas ciências, nos
havíamos, sem o saber, retornando exatamente àquela atitude intelectual
que, com a etiqueta de “metafísica”, Marx havia condenado.
Proclamávamos ruidosamente que também a dialética marxista era a
Ciência e que as demais ciências não poderiam ser eficientes senão em
virtude de sua subordinação à dialética materialista. A dialética de Hegel
não se interessava senão pelas ideias eternas. À dialética marxista, porém ,
atribuímos não só a virtude de proporcionar um conhecimento perfeito do
mundo material real, mas também de ser o mais eficaz instrumento de sua
transformação. Assim, ainda uma vez sem o sabermos, nos púnhamos de
pleno acordo com os escolásticos tão insultados pela filosofia póscartesianal! Também par eles existia uma Ciência suprema que nada tinha
em comum com as ciências experimentais: era a metafísica. A dialética
para nos, exatamente como a metafísica par os escolásticos, era o critério e
a garantia da verdade das demais ciências.
*
Editora Agir, quarto capítulo, às páginas 115, 116 e 117.
104
“A dialética materialista deveria, ao nosso ver, possibilitar atingir,
no domínio do conhecimento cientifico do real, resultado pelo menos tão
grandiosos como aqueles que a dialética hegeliana havia conseguido no
domínio da fenomenologia do espírito. Acaso Engels não afirmado que, já
em seu tempo, as mais importantes descobertas cientificas eram devidas à
aplicação, muitas vezes involuntária, da dialética materialista? Assim,
atribuía a esta a descoberta da célula como unidade, da conservação da
energia, da evolução por Darwin etc. eu não estava, evidentemente, em
condições de verificar a verdade de tais assertivas, mas como se
enquadravam bem na ideia que eu fazia do marxismo! Não hesitava,
portanto, e continuava a narrar esses fatos e a estender, por minha conta,
essas ideias de Engels a outros domínios.
“Sendo bom marxista, não podia atribuir somente ao gênero humano
os progressos científicos. Como todas as coisas, também esses progressos
deveriam ser determinados pelo desenvolvimento dos meios de produção.
Além do mais, não foi o sábio marxista inglês J. B. S. Haldane que, em sua
obra A Filosofia Marxista e as Ciências, adotou uma posição intermediaria
semelhante? A astrologia teria nascido da necessidade que tinham os povos
primitivos de calcular os acontecimentos importantes par obter a própria
subsistência; por exemplo, a estação em que as ovelhas dão cria ou a cheia
do Nilo. Depois, estabeleceu-se o calendário, que por sua vez, e em virtude
de outras necessidades econômicas, teria gerado a aritmética mais
complexa. A agrimensura estaria na origem da geometria ; as necessidades
da artilharia teriam levado ao estudo da balística que, por sua vez, teria
culminado na dinâmica de Newton. Não hesitávamos mesmo em atribuir à
dialética materialista a teoria dos quanta, bem como todas a física e toda a
química modernas. Acreditávamos, com efeito, descobrir, em textos
obscuros de Engels, a predição ― não profética, mas científica ― de todos
os progressos científicos ulteriores.
“Na biologia, a doutrina darwinista da evolução das espécies se
apresentava par nós como verdade primeira, que ninguém tinha o direito de
por em dúvida. Recusávamos, naturalmente, toda a separação de
“natureza” entre o biológico, de uma parte, e o químico e o mecânico,
outra. Bérgson fora condenado pelos marxistas exatamente por ter
estabelecido a irredutibilidade do vital ao mecânico. É verdade que
Bérgson havia inquietado, ao mesmo tempo e por motivos opostos, também
os católicos. Estes temiam que seu vitalismo fosse irreconciliável com um
espiritualismo autentico. Hoje, depois que o livro Deux Sources de la
Morale et de la Religion manifestou o verdadeiro espírito bergsoniano, é
necessário reconhecer que, com relação ao bergsonismo, os marxistas
105
foram, no começo, mais perspicazes que os cristãos. De fato, a filosofia de
Bérgson aluiu os fundamentos do materialismo e não do espiritualismo.
“O mais difícil foi dialetizar a psicologia. Para que o edifício marxista
do saber humano permanecesse sem fissuras, começamos por rejeitar, em
princípio, como anticientifico, todo e qualquer conhecimento do irracional.
Este não passa, o nosso ver da sobrevivência absurda mentalidade
primitiva. O homem civilizado, tal como o concebia o marxismo, não
deveria agir em função exclusiva de categorias racionais. Nesta
perspectiva, o psíquico não passaria de um grau mais evoluído do
fisiológico. Somente aceitávamos uma psicologia redutível à filosofia e
portanto, em última análise, à química e à mecânica. Embora Lênin não
possuísse nenhuma competência particular no domínio da psicologia, em
meus cursos e artigos sentia-me feliz em poder apoiar-me na seguinte frase
escrita por ele “A eliminação do dualismo espírito―corpo por meio do
materialismo consiste em professar que o espírito não tem existência
independente do corpo, pois nada mais é que um fator secundário, uma
função do cérebro, imagem do mundo exterior.”
“Em minha obstinação de tudo explicar à luz da dialética marxista,
havia sem dúvida, a necessidade de adquirir confiança em mim mesmo.
Pois, como poderia eu deixar de perceber, de quando em quando, a força e
a grandeza de certas filosofias que os estudos universitários me obrigavam
a aprofundar?”
Para concluir, gostaria de citar um trecho da obra do Prof. Plínio
Correia de Oliveira “As Cebs ― das quais muito se fala e pouco se conhece
― A TFP as descreve como são”:
“Pretender que o marxismo seja uma ciência é, em rigor de lógica, um
absurdo. Pois como provas cientificas das suas conclusões, ele
simplesmente e apresenta suas premissas teóricas. Por outro lado, os
fundamentos doutrinários do marxismo não são dedutíveis por via lógica, a
partir de pressupostos bem demonstrados, mas na mera decorrência de
afirmações gratuitas, tomadas como se fossem dados empíricos revelados.
Como a partir do absoluto (como a dialética) tudo é possível, uma vez
aceitas como validas essas afirmações, pode-se construir todo um sistema
com aparência de correção lógica, no qual umas afirmações vão servindo
de “prova” e de sustentação às outras. O padre Baldonero Ortoneda*,
*
Princípios Fundamentais do Marxismo-Leninismo, Pe. Baldonero Ortoneda, México –
Madrid, 1974).
106
jesuíta espanhol, auxiliado por uma equipe e orientado por especialistas,
deu-se ao trabalho de analisar do ponto de vista da filosofia e das ciências
naturais, os princípios básicos do marxismo-leninismo. Ao final de 700
páginas de comparação das afirmações (mais de 15 mil afirmações) de uma
amostragem de cerca de 900 autores marxistas, com os dados reais da
biologia, da química, da física, da geologia e das matemáticas, além da
filosofia, constatou a existência de nada menos que 400 erros de caráter
cientifico, 600 erros de raciocínio e 200 erros filosóficos! Tal fato
desqualifica totalmente qualquer sistema. Por conseguinte, a “análise
marxista” da realidade não é senão a adaptação da realidade aos
pressupostos apriorísticos dos marxistas. Assim, a realidade não é
investigada segundo a objetividade dos fatos, mas interpretada e adaptada
às conclusões prévias da doutrina e de acordo com a vontade premeditada
dos seus autores.”
PARTE II
A MÍSTICA DO
PENSAMENTO
MARXISTA
107
Capítulo 7
IDEAL E IDEOLOGIA
A questão do ideal e da ideologia está diretamente relacionada com o
homem. Somente o ser humano busca ideias e ideias, porque é dotado de
razão e emoção como nenhum outro ser da natureza.
Estudando os grandes movimentos históricos, notamos que todos
eles possuem uma motivação sentimental (ideal) e uma orientação
intelectual (ideologia). Constatamos que sem estas forças, as ações humanas
não possuem sentido, nem direção. Conseqüentemente, nada realizam.
Analisemos mais profundamente através de exemplos. No antigo
Egito, na época do faraó Ramsés II (contemporâneo de Moises), a
construção da cidade de Ramsés foi o ideal que movia o império Egípcio
naquele período. A ideologia do império egípcio na época eram os
conhecimentos científicos que os egípcios cultivavam, como um privilégio
108
dos sábios e sacerdotes. Foi devido a tais conhecimentos que as pirâmides e
as esfinges tornaram-se uma realidade extraordinária que, ainda hoje,
constituem uma incógnita desafiando os conhecimentos da ciência atual.
Naturalmente as pirâmides e as esfinges constituíram os ideais das dinastias
anteriores.
O ideal e a ideologia representam o que fazer ― o quê ― e o como
fazer ― o como. Semelhante ao objetivo e a estratégia e aos temas e as
técnicas dos artistas. Na época de Noé, a construção da arca foi o seu ideal,
a ideologia foram as suas palavras, para os povos injustos da época.
Nos tempos de êxodo dos judeus no deserto, sob a liderança de
Moises, o ideal foi o tabernáculo, e a ideologia, os Mandamentos. No
reinado de Salomão, a construção do templo foi o ideal; as leis mosaicas e
os ensinamentos do Pentateuco, a ideologia. O rei Nabucodonosor construiu
os jardins suspensos da Babilônia como o seu grande ideal. A sua ideologia
foi representada pelos conhecimentos que ele tanto amava e pelos quais
construiu a Grande Biblioteca da Babilônia. Na Grécia Antiga, o Helenismo
constituiu a ideologia, enquanto a beleza espelhada na arquitetura das
cidades, nas artes e os esportes foram os seus grandes ideais. Na Roma de
Nero, a construção da Nova Roma (pela qual mudou incendiar a antiga) foi
o seu grande ideal, enquanto constituiu a ideologia do império romano (o
estoicismo foi um reflexo do Helenismo na cultura e no pensamento
romano, após a Grécia ter sido conquistada pelo império romano). Jesus
trouxe para o povo judeu um novo ideal ― O Reino do Céu na Terra ― e
uma nova ideologia ― o Cristianismo ―, ainda latente nos evangelhos. Na
época do imperador Constantino, quando os cristãos sobrepujam o império
romano, sendo a religião cristã oficializada pelo imperador, havia a
necessidade de uma ideologia mais clarificada para que os cristãos unissem
os povos ao redor do seu ideal, que era a construção do Reino do Céu na
Terra. Santo agostinho foi o personagem histórico a quem coube o papel de
cristalizar a ideologia cristã. Após 14 anos de estudo e trabalho, ele
apresentou em 22 volumes sua obra prima A Cidades de Deus. Nela, Santo
Agostinho traçou com clareza o ideal e a ideologia cristã. Foi após essa obra
que o Cristianismo iniciou sua expansão mundial. O ideal e a ideologia
cristão foram as forças estimulantes da Europa até a época da Revolução
Francesa. Época em que se estruturava um novo ideal e uma nova ideologia.
O novo ideal era “A Republica Democrática” e a nova ideologia, o
Iluminismo. O cristianismo, como ideologia baseada apenas na fé, estava
suplantado por uma ideologia baseada na filosofia e na ciência dos séculos
XVIII e XIX, e o ideal cristão de separar o homem do mal, purificando-o
através de uma vida santa par encaminha-lo ao céu após a morte, estava
109
suplantado pelo ideal de construir uma sociedade liberal real sobre a Terra
no aqui e agora; de qualquer forma e pro quaisquer meios. Inclusive a
violência!
O Pietismo, o Quakerismo, o Metodismo, o Puritanismo, o
Mormonismo e o Espiritualismo (grande movimento cristão de pesquisas e
práticas espirituais, tendo como principal expoente o visionário alemão
Immanuel Swedenborg); somados todos esses movimentos surgidos nos
séculos XVIII e XIX, poderemos afirmá-los como uma nova expressão ―
mais real e concreta ― do ideal e da ideologia cristã.Paralelamente, uma
outra ideologia e um outro ideal se estruturava com base na filosofia e na
ciência dos séculos XVII e XIX; o marxismo e a sociedade comunista ateia
(o socialismo cientifico).
O marxismo, afirmado-se materialista e cientifico, tem confrontado
e batido o cristianismo, enquanto sistema de pensamento apoiado na
filosofia idealista e na teologia dogmática. Por outro lado, o ideal da
“sociedade comunista ateia”, fundamentando-se na acusação contra os
equívocos ideológicos cometidos pelo cristianismo na hipocrisia religiosa e
na falsa moral social existente na sociedade democrática cristã
(notoriamente, o egoísmo materialista), vem se sobrepondo ao ideal social
cristão, a ponto de converter pacíficos religiosos ao ateísmo e a violência.
Tal é a força da ideologia e do ideal.
Urge, pois, que surja na terra uma nova ideologia e um novo ideal
superiores à ideologia marxista e ao ideal comunista.
Essa nova ideologia e esse deverão possuir uma poderosa base
teológica, filosófica e científica, e ser capaz de despertar uma verdadeira
revolução intelectual e moral no mundo.
Afinal, o que é o ideal e a ideologia e qual a sua importância? O
ideal é um dos impulsos fundamentais dos indivíduos e dos grupos. é o ideal
que une o grupo para a sua realização. Mesmo uma coisa simples como
arrastar uma arvore caída constitui um ideal poderoso ao redor do qual os
homens se unem e, numa euforia contagiante, juntos, arrastam a árvore
machucando suas mãos e cansando os seus corpos sem sequer o notarem ou
se incomodarem consigo mesmo. Essa é a força extraordinária que um ideal
exerce sobre um indivíduo, um grupo, uma sociedade ou uma nação. O
patriotismo ― o amor, preservação e a prosperidade de nação ― é um belo
exemplo de um ideal nacional. Mesmo as Guerras Mundiais são exemplos
máximos da força do ideal de liberdade e capaz de liberdade e paz para o
lado do mundo que se defendia.
Por sua vez, ideologia possui também um imensurável valor e peso
nas ações humanas. Como anteriormente citamos, a ideologia é o plano, a
110
estratégia indispensável a uma correta tática; são as técnicas sem as quais
seriam impossíveis as artes humanas. Agir sem uma ideologia é o mesmo
que iniciar uma construção qualquer sem um projeto anterior, assim como o
projeto de uma construção estabelece todos os elementos e medidas
necessárias para a solidez e durabilidade da obra construída, a ideologia
estabelece todos os princípios (ética, moral e leis) transmateriais para a
solidez e unidade da sociedade humana. As ciências da Administração nos
ensinaram que as atividades não planejadas anteriormente, tornam-se
atividades improdutivas que devido a um alvoroço, agitação e cansaço, dão
a ilusão de produtividade. Na realidade, a falta de alternativas para as
imprevisibilidades corriqueiras acabam gastando todo o tempo útil e tornam
todos os esforços para uma maior produtividade, inúteis. O Cristianismo é o
conjunto de todas as ideias de índole teísta e pacifica que até então havia
florescido na Terra. Nos evangelhos de Jesus, podemos encontrar traços do
hinduísmo, budismo, confucionismo, judaísmo e traços do pensamento
helênico idealista. A ideologia é o próprio sentido das ações e das reações
humanas na sociedade. Para que homens se associem e cooperem entre si, é
necessário um ideal comum que ofereça benefícios, e uma ideologia ― uma
orientação ética, moral e intelectual ― para a realização do ideal desejado.
De outra forma , união e a cooperação tornam-se impossíveis. Do indivíduo
ao mundo, a existência de um ideal e de uma ideologia são as bases
elementares das suas ações. O ideal é a motivação sentimental que gera
esperança e estimulo de dedicação e abnegação, que dão sentido e
motivação para vida. A vida humana, desprovida de um ideal, não possui
sentimento. Já a ideologia é a orientação intelectual que dirige as ações
humanas por caminhos precisos para a realização do ideal.
A ideologia indica os caminhos para se atingir o ideal. O psicólogo e
psicanalista vienense, Victor Frankl, criador da Logoterapia, afirma como
postulado básico de suas teorias sobre a neurose humana. Na obra
fundamental O Deus Desconhecido, que “a falta de sentido e busca por
Deus, constituem a causa essencial da neurose.” Vejamos que Frankl
considerado o criador da terceira escola psicanalítica vienense (o primeiro
foi Freud e o segundo Adler), confirmou com fartos argumentos a
importância de um ideal para a vida dos seres humanos.
Daqui podemos inferir que, desiludido com seu individualismo de
ser artista-poeta, desiludido com a família e sua sociedade, e desiludido com
o ideal e ideologia cristã, Marx perdeu o sentido da sua existência e
expressou clara mente em seus poemas. Ao entrar em contato com a
filosofia idealista alemã, os ideais dos economistas ingleses, e os filósofos
iluministas franceses, Marx encontrou outra vez os subsídios para adquirir
111
um novo ideal e uma nova ideologia. Quando encontrou Moses Hess,
definitivamente se definiu.
Capítulo 8
PROPÓSITO E FINALIDADE
Outro aspecto de elevada importância nas ações e nas relações humanas são
o propósito e a finalidade. O ideal é a motivação sentimental para a ação;
ideologia é a orientação intelectual par a realização do ideal... Mas, por que
o homem e para quê? O ideal é “o quê”, a ideologia é “o como”, de modo
semelhante, o propósito é o “porquê” e a finalidade é o “para quê.” Vamos
analisar um pouco a questão do propósito e da finalidade. Por que o homem
busca um ideal? Por que um artista busca criar a sua obra prima? A “obra
prima” é o mais elevado ideal de todo artista. É o fruto primoroso de seu
coração que tanto buscou. Naturalmente, buscou trazer à luz sua obra prima
amá-la e mostrá-la às outras pessoas,de modo que também elas amassem
112
essa obra prima. Eis porque o homem cria. Dentro dessa visão, a grande
questão da filosofia existencialista “por que existe alguma coisa, ao invés de
não existir nada”?, Fica definitivamente resolvida. A causa da existência do
ser criado é o desejo de amar do ser criador, dessa forma, criar não foi um
mal, e a existência também não o é. Todos as ações humanas são voltadas
para a satisfação de uma necessidade ou um desejo. Isso indica que, foram
criados com um propósito definido. O propósito é o porque da ação criativa
humana. Esse propósito é o amor.
O propósito do artista ao criar foi o amor. Ele queria amar sua obra e
queria que outros a amassem também... Mas, para quê? O que ele pretendia
ou desejava ao amar sua obra? Noutras palavras: ao buscar a beleza nela
cristalizada, sem dúvida ele buscava o sentimento de alegria, que é o
sentimento, mais desejado pelos seres humanos e, em última análise, a causa
derradeira das suas ações e das relações! Assim, o artista criou sua obra
prima porque desejou amá-la para sentir alegria o amor é o “porquê” da
ação humana e o “para quê”, a alegria.
Eis assim as causas fundamentais de toda e qualquer ação humana;
isto, para pessoas normais, dentro dos padrões de normalidade que a
psicologia atual considera. Esse não parece ter sido o caso de Marx. A
motivação de Marx ao engendrar a sua “ideologia” foi muito mais o ódio e o
ressentimento contra Deus e alguns grupos de homens, do que o amor e o
seu sentimento de justiça. Que justiça queria e ensinou Marx? A violência e
destruição das religiões, da burguesia, e do estado, sem piedade, e por
quaisquer meios. Será isso justiça? Gostaria de citar um curioso trecho da
obra de Julio Verme, As 20.000 Léguas Submarinas, em que o capitão do
Náutilus, Nemo, disse: “Somente o ódio pode preencher o coração do
homem tanto quanto o amor.” Essa expressão é bem verdadeira. O ódio
para Marx era “sua” expressão de amor.
Só que, no mundo real, despojado dos delírios da loucura que o ódio
gera, amor é amor e ódio é ódio. São elementos incompatíveis, um só
existira quando não existir o outro; pois a presença de um é a ausência do
outro. Onde houver ódio, não haverá amor, e onde houver amor, não haverá
ódio. Eis mais algumas das profundas razões para duvidarmos das “boas
intenções” de Marx e seus seguidores.
O marxismo é um produto do ódio. A árvore de onde ele nasceu, era
uma árvore de ódio. Será que tal árvore nasceria um fruto de amor?
Os rastros do marxismo na Terra são os rastros da dor e do sangue.
Os povos de países governados pelos marxistas são “os escravos do século
XX.” Não precisam ser brancos, negros ou amarelos. Todos valem o
mesmo: tanto quanto um animal. O que é uma teoria? Uma teoria é um
113
conjunto de dados parta que, ao serem aplicados, se obtenha um
determinado resultado. Se ao serem aplicados os dados, os resultados forem
os esperados, isto significa que a teoria é verdadeira e é boa. Se pelo
contrário, os resultados forem opostos aos precristos na teoria, isso significa
que a teoria é falsa e ma. O comunismo é uma teoria que cotem em seu bojo
promessas de paz, amor, liberdade e felicidade. Ao ser em posta em prática,
a teoria marxista produziu devastação, dor e morte em todas as partes. O
marxismo parece ser o maior engano que a humanidade cometeu. A situação
atual da União Soviética, que é rejeitada pelos comunistas como modelo de
sociedade marxista que preconizam, sob a alegação de que as ideias de
Marx nunca foram aplicadas na União Soviética, não passa de uma desculpa
a mais. A situação da União Soviética, especificamente do povo soviético, nada representa que o resultado mais avançado da aplicação do marxismo
prático no mundo, simplesmente porque foi lá onde ele foi primeiramente
aplicado. Onde quer que o marxismo seja implantado, os resultados serão
sempre os mesmos, porque todo efeito é produto de uma causa, e não podem
nascer uvas verdes de um arbusto selvagem. O ódio de Marx destruiu sua
família e até ele mesmo. A aceitação da violência como princípio
fundamental do progresso humano e aceitação do marxismo de um modo
integral, apesar do desastre que ele é e que ele traz parace-me mais um dos
aspectos místicos do marxismo. Os marxistas ficam como que
“enfeitiçados” com as ideias e os ideais do marxismo, a tal ponto que nem
mesmo a mais chocante evidencia é capaz de libertá-los do seu estranho
“transe.”
Não precisamos experimentar veneno para nos certificar de que é
mortífero. Bastam-nos os exemplos dos muitos que já o provaram. Essa é a
atitude de um homem em perfeito domínio das suas faculdades mentais.
Experimentar o veneno ao lado dos corpos de outros que o
experimentaram antes, para ver se era mortífero, a ainda assim o
experimentar... Definitivamente, tais pessoas estão fora de si! Por incrível
que possa parecer e pro mais que me recuse a aceitar esse fato, é exatamente
assim que tem agido as sociedades ocidentais. É como se estivessem
envolvidas por uma espessa nevoa e dominados por uma força invisível que
lhes atrai a mente e o coração, de uma forma irresistível. Presenciando no
mundo os êxodos desesperados dos povos dos países comunistas, as
declarações-denuncias daqueles que conseguiram escapar e contam as
terríveis historias de dor e sofrimento que traz consigo o comunismo, e
presenciando a suspensão total dos direitos humanos nos países comunistas,
o mundo ocidental ainda lhe permite existir e ser legal dentro de seus
próprios territórios! É como trazer para dentro da sua casa ferozes
114
escorpiões e, de luzes apagadas, e pôr a caminhar entre eles. É um delírio
insensato!
Capítulo 9
IDEAL CRISTÃO E IDEAL MARXISTA
O marxismo, como demonstraremos nestes escritos, tomou a forma de um
Cristianismo às avessas, praticamente em todos os pormenores. Por esse
motivo, uma vez que os homens estavam desiludidos com o ideal cristão em
virtude das falhas do Cristianismo, também perderam a convicção em sua
ideologia. Consideraram-na uma hipocrisia e uma farsa que, ao invés de
indicar aos homens o ideal verdadeiro que os conduziria à paz e à felicidade,
era uma porção de mentiras para subjugá-los às suas ordens e exploração.
Desiludidos com o ideal cristão ― O Reino do Céu ― e com a ideologia
115
cristã ― o Cristianismo ―, estava aberto o espaço para um novo ideal e
uma nova ideologia. Marx, como um falso messias, trouxe para a
humanidade um novo “ideal” e uma nova “ideologia.” (Aspei as palavras
ideal e ideologia, porque, no caso do marxismo, são falsas.) Quais foram o
ideal e a ideologia apresentados por Marx? O ideal foi a sociedade
comunista ateia, uma sociedade sem famílias, sem estado e sem
propriedades, em que os homens viveriam sem leis, sem princípios e... sem
ordem!
Sim. Como pode haver ordem, onde não há lei e nem princípio?
Onde todos poderão fazer o que quiser, quando quiser e como quiser sem
nenhuma satisfação a dar a ninguém? É como o próprio Marx afirmou, um
retorno (ou retrocesso) ao estágio primitivo e brutal do homem (ao estado
anterior à civilização).
Quanto à ideologia, Marx propôs o marxismo ateu. Nesse sistema de
pensamento, a ética universal é a violência. A violência é fator criativo; a
causa do movimento e do desenvolvimento na natureza e na sociedade. Sem
violência não há progresso. O homem é um mero animal superior criado
pelo trabalho, cuja essência é o próprio trabalho. Matar um homem é o
mesmo que amassar um pedaço de barro. Não há direito à vida ou à
liberdade para aqueles que não aceitarem a violência como princípio básico
para a unidade e o progresso social. Convém recordar aqui que o marxismo
afirma que na sociedade comunista não haverá lutas. Isso é um disparate!
Como poderá a luta cessar se ela é a causa do movimento e do
desenvolvimento na natureza e na sociedade? Se a luta cessar, a sociedade
estagnará. Pelo menos é o que diz a ideologia marxista. Não existe vida
eterna (não sei como ficará a esperança humana de viver eternamente,
quando lhe dizem que se transformará em pó definitivamente). Deus é uma
superstição originada pelo medo e pela ignorância. Jeanne Kirkpatrick, exembaixadora dos EUA na ONU, declarou certa vez que a União Soviética é
um Estado aético, e o mundo ocidental não pode compreender as suas
atitudes. Como ficou demonstrado anteriormente, o marxismo como sistema
de pensamento lógico, está completamente ultrapassado. O objetivo desse
livro não é apresentar os erros teóricos do marxismo, mas sim apresentar o
caráter interno do marxismo: as causas essências de sua formulação e
expansão mundial e, principalmente, as causas da sua natureza
intrinsecamente perniciosa e cruel. Gostaria, não sei se o conseguirei, de
transmitir ao leitor todo o mistério que se oculta sob as camadas pseudocientificas e pseudo-humanistas do marxismo. Ainda que lance mãos de
ideias verdadeiras para conquistar as massas (de outra forma como o
conseguiria?), o marxismo é intrinsecamente mau, como declarou o Papa
116
Paulo VI. Gostaria de despertar o leitor o fato incrível da força de persuasão
do marxismo, notadamente visível no fenômeno da teologia da revolução,
onde muitos jovens que entraram para os seminários e conventos religiosos,
para aprenderem como semear o amor, o perdão e paz entre os homens,
subitamente passaram a ensinar o ódio, o ressentimento e a violência,
chegando ao cumulo de empunhar metralhadoras e facas, em nome do amor
a Deus e ao Homem! Tal é a força mística do marxismo, de onde provém
ela, se o marxismo é ateu?
Penso que apenas uma parcela dos leitores desse livro conhece as
verdadeiras praticas do comunismo. Mais ainda, muitos sequer acreditariam
se lhes fossem contadas as atrocidades inumanas que o marxismo inspirou.
A humanidade já conheceu o terror dos assírios e as crueldades dos povos
bárbaros da Europa Medieval. Mas jamais conheceu algo cruel, sob um
disfarce tão perfeito de bondade, como o marxismo *. O marxismo decepa,
arranca e destrói, até às raízes, tudo o que há de amor, perdão e bondade na
natureza humana. Alexandre Soljenitsin declarou que os povos escravizados
pelos comunistas necessitarão de pelo menos cem anos para se readaptarem
outra vez ao convívio mundial. O mais incrível em tudo isso, é que o
marxismo oferece aquilo que constitui o desejo humano mais essencial: o
fim do sofrimento. Essa, grande ironia.
O mundo atual necessita urgentemente de um novo ideal e de uma
nova ideologia que possam suplantar o ideal e a ideologia marxista. Essa
nova ideologia deve vir apoiada na ciência do século XX e deve oferecer à
humanidade a paz que ela tanto tem buscado, sendo enganada e jogada de
um lado para o outro, como um trapo imprestável. Se há Deus além da
aparência do mundo material, esse dia glorioso chegará para a humanidade.
Creio verdadeiramente que essa tão esperada e necessária ideologia já
apareceu na Terra. Chama-se Deusismo e, graças a Deus, já está semeada
em todas as partes do mundo livre. Tenho estudado o Deusismo e, há longos
anos, é meu mais firme propósito torna-lo claro e expandi-lo entre os
intelectuais e religiosos. Creio verdadeiramente que essa será a solução
verdadeira e final para a ameaça do comunismo internacional. Quanto a esse
ponto, gostaria de alertar àqueles que não acreditam na luta ideológica
contra o comunismo para o grave engano de que são vítimas. A guerra
comunista é uma guerra política. Nessa guerra as armas são os ideais e as
ideias, e o campo a conquistar são as mentes e os corações. Somente após
*
Como escreveu o filósofo francês Bernard Henri Levy: “o marxismo é uma barbárie com
face humana.”
117
essa conquista e, somente em caso de necessidade, os comunistas usarão as
armas publicamente. A subversão de todos os valores por meio da
infiltração tem sido o modo oculto e covarde de atuação dos comunistas.
Pergunto àqueles que não perceberam a força da ideologia: como foram
conquistados os elementos marxistas já infiltrados? Não foi utilizando os
ideais e as ideias do marxismo? Se a ideologia marxista é um erro, isso de
nada interessa aos comunistas. O importante para eles é que, errado ou não,
a ideologia marxista envolve Karl Marx numa capa de cientista e filósofo
absolutamente indispensável para encobrir a sua verdadeira identidade e real
intenção. Como também encobrir todos os comunistas em pele de cordeiro,
justificando seus crimes atrozes.
“O ideal cristão, por sua vez, apresenta-se perante a classe
intelectual como um absurdo irreal. Afirmam os cristãos que a consumação
da história do homem será o arrebatamento de todos os fiéis a Jesus para o
céu ― entendido como uma cidade ― onde habitarão por toda a
eternidade como anjos, e o julgamento e condenação dos infiéis ao lago de
fogo e enxofre juntamente com o diabo, os falsos profetas, bestas e outras
coisas mais, onde permanecerão gemendo por toda a eternidade. Essa
teoria da história já de há muito não convence nem mesmo aos cristãos
mais devotos. As modernas teorias da parapsicologia, como também as
experiências místicas do espiritismo, nos revelam e confirmam as ideias de
Immanuel Swedenborg, que afirmava que o mundo espiritual (o que os
cristãos entendem por céu), corresponde a uma outra dimensão do mundo
natural. Ambos estão unidos como mente e corpo (discutiremos estes
tópicos numa outra ocasião mais propícia). Creio que alguns dos leitores
desse livro são cristãos. Mas creio também que como tantos milhões de
outros, já tomaram a resolução de “viver intensamente aqui na Terra
desfrutando de sua beleza e toda sua alegria e... depois da morte... bem,
seja o que Deus quiser, pois eu não sei mesmo nada sobre isso!” O ideal
cristão é irreal. É inconcebível a existência de uma cidade encantada que
desce do espaço sideral. Enquanto o Cristianismo propunha um ideal
destes, os comunistas acusavam os cristãos de “o desejaram apenas para as
massas ignorantes, enquanto para eles mesmos preferiam o céu na terra
aqui e agora.” Com base nesses argumentos eles propunham a sociedade
comunista sem religião, sem classe, sem Estado e sem sofrimento para
sempre. É obvio que um ideal destes é quase exatamente o que a
humanidade anseia. Miseráveis e exploradas, o ideal marxista.
O ano de 1917 foi quando os comunistas puseram em prática a sua
ideologia. Hoje, passados 68 anos de praticas em 38 países conquistados
por eles, o resultado é um rastro de violência e dor como jamais a
118
humanidade conheceu. A ideologia marxista foi a causa; uma desgraça e
miséria lamentável, o efeito. O marxismo criou monstros humanos
insensíveis e cruéis como nenhum outro sistema de pensamento jamais o
fez. Será que é desejável uma tal sorte para os nossos descendentes? O
fenômeno do terrorismo internacional é apenas um dos frutos do marxismo.
O que dizer mais?
Capítulo 10
A IDEOLOGÍA C RISTA
E A IDEOLOGÍA MARXISTA
Como anteriormente destacamos, retomaremos agora uma das ideias de
Saint-Simon ― A Nova Religião da Humanidade. Citaremos também o
pensamento de Auguste Comte sobre mesma ideia (Comte foi secretário de
Saint-Simon). Simon acreditava que a humanidade necessitava de uma nova
ideologia que os ensinamentos escolásticos da época. Esse novo sistema de
119
pensamento deveria ser cientifico, abrangente e baseado completamente na
razão e na objetividade máxima possível. Sobre esse alicerce, Saint-Simon
dizia, levantar-se-ia uma “nova religião da humanidade” que mudaria a
mentalidade humana, adaptando-a aos seus novos objetivos. Somente essa
“religião” poderia criar a sociedade do futuro governada por homens de
intelecto superior. Comte, que sofreu influência de Saint-Simon, advogava
um ideal semelhante. Ele concluiu que o mundo somente poderia ser
redimido (?) por uma “Nova Religião”, cuja função seria exaltar a
humanidade fortalecendo o seu altruísmo. Essa exaltação veria a
humanidade como objeto de veneração ritual.
Comte passou sua velhice elaborando essa religião da humanidade.
Chego a criar um intricado sistema de sacerdócio, sacramentos, disciplinas e
orações e propôs um novo calendário, no qual as divindades pagãs e os
santos cristãos seriam substituídos por “heróis do progresso humano.”
Estudando para encontrar subsídios para essa obra, chegarei à conclusão
que, se estudasse mil obras de autores diferentes, em todas elas encontraria
aspectos místicos para compor o presente trabalho. Naturalmente, não
pretendo (nem poderia), reunir nessa obra todos eles. Minha intenção é
despertar o leitor para a mística que, ainda que não intencional ou
consciente, está sempre presente mesmo em escritos materialistas e ateus.
Outro interessante exemplo encontra-se no pensamento de Antonio
Gramsci.
Gramsci nasceu em Ales, Itália, a 22 de janeiro de 1891. Foi o
organizador do Partido Comunista na Itália, e o mais expressivo pensador
comunista italiano. Por todo o seu envolvimento nas greves operárias, foi
preso no governo de Mussolini e condenado a 20 anos de prisão. Morreu
doente a 27 de abril de 1937. Gramsci e considerado o pai do
Eurocomunismo.
O pensamento de Gramsci foi classificado como uma “heresia” pelos
socialistas e comunistas da Itália. Ele se opunha a violência gratuita,
defendendo uma postura moralista e culta por parte dos comunistas.
Vejamos um trecho do seu pensamento citado no livro Antonio
Gransci . Uma Vida (Brasiliense. Laurana Lajota, 1985):
“Gramsci recusa o anticlericalismo socialista o qual, rechaçando o
sentimento religioso, não avalia adequadamente o seu enraizamento do
povo... a religião, ao contrário, deve ser considerada como uma
necessidade espiritual inata ao homem, que deve ser substituída por uma
outra força moral, a qual o indivíduo possa apelar nos momentos supremos
da vida... Mesmo aquele (comunistas) que acredita ser livre de certos
preconceitos e convencionalismos burgueses sente, em certas
120
circunstâncias, um pouco de melancolia pela sua condição de olha
destacada da árvore, um pouco perdida, um pouco desiludida.”
Como vimos, Gramsci representa uma das bases teóricas do
comportamento comunista atual. Ele percebeu o papel e a força fundamental
da religião e do sentimento religioso no coração dos homens, e afirmou que
os comunistas e os proletários deveriam tornar-se homens de alta cultura e
alta moralidade e apresentar um comportamento “religioso.” Gramsci, como
Saint-Simon e Comte, propôs a substituição do Cristianismo por alguma
“outra coisa” que produzisse os mesmos efeitos morais e sentimentais.
Da exposição e da análise das ideias desses três pensadores
materialistas, podemos notar que eles pareciam aceitar e até gostar dos
efeitos da religião (e, por extensão, da religião e do próprio Deus).
Entretanto, uma vez que os cristãos andavam de braços dados com a
hipocrisia e a corrupção, passavam a criticar, desprezar e propor a
destruição das religiões, e encontrar um substituto capaz de satisfazer
teoricamente e sentimentalmente os povos (sem dúvida, foi inspirando-se
nesse ponto de vista que a União Soviética instituiu os novos rituais pseudoreligiosos, que serão apresentados a página 230 deste trabalho).
Ao perceber a influência de Saint-Simon sobre Marx, e ao estudar o
marxismo com “olhos de lince para a sua natureza mística”, pude descobrir,
que o marxismo, mesmo que Marx não o soubesse (como pelo menos em
parte, creio), assumiu todas as características de uma religião. O marxismo,
por tudo o que ele e, tomou o corpo da “Nova Religião da Humanidade”
defendida por Saint-Simon. Só que, estranhamente, ela e o Cristianismo as
avessas! Ou seja, todos os dogmas e rituais do Cristianismo estão presentes
no pensamento e na prática marxista. Ao elaborar o marxismo, será que
Marx teve essa intenção? Será que ele planejou concretizar a “Nova
Religião da Humanidade”,baseada na razão e na objetividade que SaintSimon sugeriu? Conclua por si mesmo o leitor.
Faremos a seguir uma comparação e uma análise entre o Cristianismo
e o marxismo. Creio que o leitor se surpreendera. Apresentamos em
paralelas verticais os principais componentes do Cristianismo e sua replica
dentro do marxismo. Depois teceremos alguns breves comentários, apenas
para clarificar um pouco mais essa interessante abordagem.
Conceito Cristão
Conceito Marxista
Deus
Trabalho
121
Jardim do Éden
Sociedade Comunitária Primitiva
A Queda do Homem
A Tendência à Propriedade Privada
O Pecado Original
A Propriedade Privada
História Pecaminosa
História da Exploração
A Natureza Humana Original
A Essência-espécie original
A Natureza Humana Decaída
A Natureza Burguesa
O Remorso
A Autocrítica
A Consciência da Fé
A Consciência da Classe
A Essência-Divina-Humana
A Essência-Trabalho-Humana
O Valor Divino do Homem
O Valor Trabalho do Homem
A Moral e a Ética Cristã
A Moral e a Ética Marxista
História da Salvação
História das Lutas de Classes
A Salvação é o Perdão do A Salvação é a
Pecado Original
Propriedade Privada
Destruição
da
O arrependimento é o Método A Rebelião Violenta é o Método de
de Salvação
Salvação
A Igreja Cristã
O Partido Comunista
O Clero Cristão
Os Membros do Partido
O Amor como Força
O Ódio como Força
O Perdão como Meio
O Ressentimento como Meio
A Harmonia como Fim
O Conflito como Fim
122
Os Santos Cristãos
Os Guerrilheiros-Marxistas
O Messias
Karl Marx
O Novo Éden
A Sociedade Comunista
O Deus bíblico e o deus-trabalho
Para o Cristianismo Deus é a origem do Homem. Para o marxismo, que está
apoiado nas teorias evolucionistas de Jean Baptiste Lamarck, foi o esforço
humano ― o trabalho ― que criou o homem. Lamarck dizia que as girafas
possuíam pescoços curtos e costumavam comer gramíneas rasteiras em seu
habitat natural. Com a escassez das gramíneas rasteiras, elas passaram a
esticar o pescoço para alcançar as folhas dos vegetais de pequeno porte. À
medida que se esforçavam, seu pescoço ia esticando e alongando. A esse
fenômeno ele chamou “Lei do Uso e Desuso.” Num próximo passo, os
descendentes das girafas com pescoços alongados herdavam essa
característica adquirida e nasciam com pescoços alongados. A esse outro
fenômeno, Lamarck chamou “Lei da Herança dos Caracteres Adquiridos.”
Essa teoria já foi completamente superada pela biologia atual. As ideias
darwinistas, a teoria mutacionista e as leis da genética atual, destruíram
completamente a teoria lamarckiana. No entanto, os comunistas evitam
tocar nesse assunto. Essa ideia foi apresentada por Engels no seu livro O
Papel do Trabalho na Transição do Macaco ao Homem. Citaremos um
trecho dessa obra para ilustrar o que foi dito:
“Primeiro apareceu o trabalho e em seguida se desenvolveu a
linguagem ― estes foram os estímulos de maior influência para que o
cérebro do macaco gradualmente se transformasse no cérebro do homem ...
O trabalho foi a condição primaria básica de toda a existência humana até
tal grau que, em certo sentido, temos que dizer que o trabalho criou o
próprio homem ...”
Pelo que o leitor acaba de ler, o marxismo considera o trabalho
como o criador do homem e de todas as formas vivas. Ou seja, para o
marxismo, o trabalho ... é Deus!
A Queda do homem e a tendência à propriedade privada
123
O Cristianismo diz que o aparecimento do pecado, das guerras e do
sofrimento na história humana, não foi a vontade original de Deus. Tal veio
a existir por falha do homem ao cumprir o mandamento de Deus. Esse fato é
chamado de “Queda do Homem.” Assim, a Queda do Homem foi a causa do
sofrimento humano. Apesar de nunca ter tocado no assunto “um tanto
quanto místico”, Marx apresenta em sua teoria também uma causa para o
início do mal. A Queda do Homem, segundo o marxismo, é chamada “o
aparecimento de uma tendência à propriedade privada.” No Cristianismo,
foi devido à Queda do Homem que surgiu o egoísmo e o mal. O marxismo
entretanto, ignora o fator que teria provocado “o aparecimento da tendência
à propriedade privada.” Vemos dessa forma que o marxismo também possui
em seu bojo uma teoria semelhante à teoria cristã da Queda do Homem. Mas
não a menciona, apenas o efeito é citado.
O pecado original e a propriedade privada
Pela Queda do Homem, o Cristianismo afirma que o homem passou a ser
considerado culpado perante a Deus. Essa culpa é chamada pecado original.
Essa macula tem sido herdada por todos os homens que, para se salvarem,
necessitam do perdão de Deus, por sua vez, o marxismo também apresenta
sua teoria do pecado original. A culpa que os homens passaram a ter depois
da “queda”, foi a propriedade privada.
A história pecaminosa e a história de exploração
Para o Cristianismo a história humana tem sido uma história de pecado
contra deus, contra o homem e contra a criação. O homem passou a cometer
“vícios contra o uso natural”, e todos os valores originais foram pervertidos.
Através das religiões, porém , Deus tem estado a estabelecer a ordem outra
vez, providenciando a salvação do homem. Para o marxismo, o pecado
fundamental do homem tem sido a mera exploração econômica. Assim, a
história humana é a história da exploração econômica e das lutas de classe
para acabar com essa exploração. Desse modo, não há nenhuma outra forma
de pecado a não ser a exploração econômica. A perversão da natureza
bondosa do homem e perversão do seu comportamento moral e ético é
completamente ignorado. Também aqui, o marxismo apresenta uma história
de pecado semelhante ao Cristianismo.
A natureza humana original e a essência―espécie origianal
124
Segundo o Cristianismo, antes da queda do homem possuía uma natureza
mansa e bondosa. Após a queda, sua natureza foi pervertida e somente
através das religiões ele poderá restaurar sua natureza original. De modo
idêntico, o marxismo apresenta a mesma tória. Naturalmente, sem
mencionar a queda do homem. Diz o marxismo que antes (do acontecimento
trágico que provocou a...) do aparecimento da tendência à propriedade
privada (antes do aparecimento do egoísmo e maldade no homem), os
homens eram naturalmente bons. Viviam em uma sociedade comunitária
sem lutas e sem propriedade. Após o “trágico acontecimento” (que ele
omite), a essência-espécie original do homem ― sua humanidade
propriamente dita ― foi pervertida pela propriedade privada. Assim,
somente pela destruição da propriedade privada o homem recuperará outra
vez a essência―espécie original.
A natureza decaída e a natureza burguesa
O marxismo afirma que depois do aparecimento da tendência à propriedade
privada, os homens perderam a essência-espécie original.
O
homem
primitivo, naturalmente bom, tornou-se mau e egoísta passando a explorar
os semelhantes em seu próprio beneficio. Essa natureza má do homem veio
a se tornar mais clara e aberrante no capitalismo.
A burguesia (antigos servos que a partir do comércio nos burgos ―
feiras livres medievais ― prosperaram e alcançaram o poder através da
revolução francesa), a classe dominante, possuía uma natureza
intrinsecamente má e explorava de maneira acintosa o trabalho humano sem
nenhuma preocupação com a miséria em que viviam aqueles que geravam
todo o valor, e que tão somente recebiam o indispensável à manutenção das
suas vidas, enquanto a burguesia lhes usurpava tudo o que produziam. A
essa natureza má da burguesia, o marxismo chama de natureza burguesa.
Precisamente assim, o Cristianismo apresenta a sua versão da natureza má
do ser humano. Depois da queda do homem, Deus viu desabrochar na Terra
as mais distorcidas relações entre os homens, as quais Ele jamais desejou.
Tal comportamento cruel e amoral é o fruto da queda que perverteu a
natureza original divina. O homem decaído é possuidor de uma natureza não
original, denominada “natureza decaída.” Somente pelas praticas dos
princípios morais e éticos ensinados pelas religiões os homens poderão
eliminar essa natureza decaída, herdada dos seus primeiros antepassados.
Par o marxismo, a natureza burguesa é intrinsecamente má e irrecuperável.
Dessa forma, o único meio de suprimi-la da Terra é eliminando os
125
burgueses adultos em idade irrecuperável, e educando as crianças dentro de
uma visão comunista ateia e proletária.
O remorso e a autocrítica
Dentro da vivencia cristã, quando um cristão comete um erro ocorre-lhe um
sentimento de remorso que o induz à confissão e ao arrependimento,
seguindo uma autopunição reparadora. Dentro da vivência marxista, quando
um comunista comete um erro, é estimulado a fazer uma autocrítica perante
outros camaradas, para alcançar o arrependimento. Esta autocrítica é
pública, como forma de punição a que ele se submete espontaneamente,
com a finalidade de não mais cometer o mesmo “pecado.”
Quanto a este aspecto citarei um trecho do livro Comunismo - Suas
Promessa... Suas práticas (Andrew Wilson ― The Freedon Leadership
Foundatoin, 1983):
“A meta dos lideres comunista é reeducar todas as pessoas para
uma crença inquestionável na verdade marxista... Encontros ocorrem
freqüentemente, onde ideias falas são expostas e desumanamente as vitimas
são acusadas até que admitam seus erros... jovens intelectuais são
freqüentemente mandados para colégios revolucionários para “um curso de
seis meses” intensivo sobre o comunismo. Nesses curso, o estudante é
solicitado a abrir sua alma em frente dos camaradas, confessando-se e
criticando a si mesmo até que se sinta deprimido pela culpa. Ele deve então
abraçar a liberdade do comunismo, enquanto re núncia a seu passado e a
seus pais.”
A consciência da fé e a consciência de classe
Os cristãos são constantemente educados para que compreendam sua real
condição de filhos de Deus convertidos em pecados, necessitando, portando,
da vivência religiosa que os purifica do pecado e os prepara para o encontro
co Deus. Che Guevara, em uma carta a seus pais relatou claramente esse
sentimento comunista quando escreveu:
“O marxismo enraizou-se dentro de mim e me purificou. Creio na
luta armada como única solução para aqueles que desejam libertar-se e sou
fiel às minhas crenças ...” (Che Guevara Speaks. Geórgia Lavan. New York
Path finder Press, 1980, p. 159).
Citamos esse trecho para dar ao leitor a certeza de que nossa
intenção não é levantar meras hipóteses. Mas apresentar fatos a partir das
126
ações das palavras dos próprios comunistas. A consciência de classe dentro
do pensamento marxista ocupa o mesmo papel da consciência da fé cristã. O
cristão é conscientizado para a realidade de que a realidade de que ele faz
parte da família de Deus ― a família cristã ― que peregrina na Terra. E que
essa verdade implica em responsabilidade perante Deus e seus irmãos. Esse
mesmo sentimento de responsabilidade para com a classe proletária e para a
família, é despertado nos comunistas através da consciência de classe. O
sentimento comunista da família é revelado pelas palavras de Pablo Neruda
em um poema chamado Os Comunistas, onde ele se refere
melancolicamente à “família comunista”, dizendo que “os comunistas
formam uma família unida...”
Lênin certa vez expressou esse mesmo sentimento, onde podemos
notar a incrível força do comunismo de despertar a “consciência de classe” e
induzir ao sacrifício pela mesma:
“Marchamos formando um grupo compacto ao longo de um caminho
e escarpado, firmemente presos pelas mãos. Estamos rodeados de inimigos
por todos os lados e estamos sob ataque quase constante. Temos nos unido
voluntariamente com o propósito determinado de lutar contra o inimigo e
não empreender a retirada para as regiões vizinhas, cujos habitantes, desde
o mesmo princípio, nos reprovam ter-nos separa dos em um grupo exclusivo
e termos escolhido o caminho da luta...”
Que Fazer? Lênin. São Paulo, ed Huncitec, 1979.
A essência-divina humana e a essência-trabalho humano
Como criatura de Deus, como dizia Immanuel Swedenborg em seu livro A
Divina Providência, os homens não foram feitos a partir do nada absoluto,
mas foram constituídos do “corpo” do próprio Deus. O Criador não criou a
partir do nada, mas criou a partir de Si mesmo. Os homens foram criados
como filhos de Deus à Sua imagem e semelhança. Portanto, o Cristianismo
afirma a essência Divina dos seres humanos. O marxismo admite uma
essência no ser humano também. Essa essência é o trabalho (creio que
entendido como atividade). Uma vez que para o marxismo o trabalho é
Deus, a essência do homem não poderia ser outra coisa senão o trabalho.
O valor-divino do homem e o valor-trabalho do homem
Como dissemos antes, todas as ações possuem propósito, finalidade,
motivação sentimental e orientação intelectual. Isso é assim no homem
127
porque é uma herança uma marca divina. Deus criou pelas mesmas razões
que o homem cria, afirma a Teologia, assim, Deus criou o Universo e o
homem para sentir alegria. Logo, valor homem é medido pelo grau de
alegria que ele retorna a Deus do mesmo modo que um pai estrutura uma
família: ele sacrifica-se para fazer feliz o seu filho e, a alegria deste filho, é
a sua própria alegria. Se o filho se afasta e repudia o pai, causando-lhe
tristeza, será que tal filho o mesmo valor de um outro que reconheceu o
amor do pai e correspondeu? Do mesmo modo dá-se com Deus. O valor do
homem é originado em Deus mediante o grau de amor e alegria que a ele
retorna. É obvio que a finalidade do Universo não foi a infidelidade de
Deus.
Dessa forma o homem possui um valor divino. Por sua vez, o
marxismo afirma que o valor do homem é medido pela sua capacidade
produtiva. É o trabalho o fator determinante do valor humano. Dentro da
visão de que o trabalho é Deus, o marxismo também afirma um valor para o
homem. Numa frase muito popular ― aquele que não trabalha, não come
―, o marxismo demonstra a amplitude do seu conceito de valor humano.
Moral e ética cristã x moral e ética marxista
A questão da moral e da ética humana acha-se diretamente dependente da
crença ou descrença em um Ser Superior aos homens, ao qual o homem
deve a sua existência e ao qual deverá prestar contas de suas ações, do
cumprimento ou não de seus deveres e do uso dos seus direitos. Nessa
relação de causalidade, o direito é a conseqüência do comprimento do dever.
A liberdade é um efeito; uma premiação pelo cumprimento da
responsabilidade. Assim, responsabilidade e liberdade correspondem a
dever e direito. Naturalmente, o dever virá sempre entes do direito. Que
sentido há em se premiar um corredor que ainda não começou a correr?
Somente após ganhar a corrida ele terá conquistado o direito ao prêmio.
Kant em sua excelente obra A Criatura da Razão Pura, demonstrou
filosoficamente que o homem não poderá afirmar ou negar a existência de
Deus pó meio da razão. Mas em sua outra grande obra A Criatura da Razão
Prática demonstrou que Deus pode ser afirmado por meio da “Lei Moral.”
Há na natureza humana certas normas de conduta intrínsecas que constituem
o comportamento ético e moral do homem em todo tempo e lugar. Tal
princípio é, em última análise, a causa essencial da associação e cooperação
humana. Dentro dessa visão cristã, o homem respeitará os direitos à vida, à
liberdade e ao pensamento de seu semelhante, e nada fará aos outros que
não deseja para si mesmo. Isso ocorre pó considerar uma autoridade acima
128
da sua, uma mais perfeita e justa que a Lei Humana ― A Lei de Deus. O
grande escritor e cientista intuitivo Pietro Ubaldi, escreveu linhas
maravilhosa sobre esse tema numa de suas obras intitulada A Lei de Deus.
A moral e a ética cristã são derivadas da crença em Deus e da posição
secundária o Cristianismo atribui ao homem.
Para o marxismo (ainda que Marx parecesse crer em Deus e odiálo), Deus não existe. Portanto, não há necessidade de nenhuma regra de
conduta ética ou moral. Tudo são “bobagens burguesas criadas para inibir a
reação da classe proletária.” Um fato muito curioso quando Freud publicou
os Três Ensaios sobres a Teoria da Sexualidade. Essa obra representa uma
das bases da visão freudiana do homem. Nela o homem é visto como um
impulso sexual, a sexualidade é a motivação fundamental do ser humano a
repressão sexual, portanto, constitui a raiz da neurose. Freud era ateu a
odiava a arte, religião e filosofia. Ao tomarem conhecimento da obra de
Freud, os comunistas vibraram afirmando que Freud havia destruído a moral
burguesa. Subitamente, perceberam que o ataque de Freud recaía sobre eles
também. A passaram a chamá-lo “reacionário burguês.” Os marxistas não
respeitam nenhum dos valores morais ou éticos do mundo ocidental. Em
relação a nós, são aéticos e amorais. Mas, em relação a eles mesmos, a coisa
é um pouco diferente. Eles também possuem uma “moral” e uma “ética.”
Tudo que auxilie a causa marxista é moral e ético. Não importa se a conduta
necessária é o roubo, o assassinado, a mentira, o terror, ou quaisquer que
sejam as atitudes necessárias. Isso e ético e moral, do ponto de vista
marxista. Para eles a ética da natureza é o conflito; por isso, tudo que induz
ao conflito é natural, legal e legítimo. Contrariamente ao Cristianismo, onde
tudo o que induz à paz é natural, legal e legítimo. Naturalmente nesse
“tudo” não está incluído o desrespeito à vida, à liberdade e à dignidade
humana.
Quando estudarmos o terceiro capítulo desse livro, conheceremos
um pouco mais sobre “ético e moral” praticas. Diríamos que para os
comunistas ética e moral são exatamente o oposto do que nós consideramos
como tal. Assim, a ética e a moral marxista são forjadas com base na moral
e na ética cristãs, porém às avessas. São a ética e amoral cristãs invertidas e
negadas. Por que isto é assim? Porque os comunistas negam a Deus e,
conseqüentemente, tudo o que Dele cremos provir.
Uma religião nasce de uma inspiração de homens especiais, que a
escrevem e a propagam pelo mundo, sob a forma de um livro contendo
princípios éticos e morais em essência. Assim sendo, a religião é a fonte de
toda ética e de toda ética e de toda moralidade, responsáveis pela
associação, cooperação e unidade na sociedade humana. Destruam-se as
129
religiões e se estarão destruindo os elos de ligação que matem a coesão
social e a própria sociedade. Por esse prisma, o marxismo apresenta-se
como um atentado de morte contra a humanidade, sua “ética” e
“moralidade” podem ser vistas como “todo qualquer ato contribua para tal
fim.” É a aplicação integral de um dos mais famosos princípios
maquiavélicos: “O Fim justifica os Meios.”
A história da salvação e a história das lutas de classe
Na visão cristã, a história é o trabalho de Deus através das religiões para
restaurar o homem decaído, perdoando-lhe o erro, conduzindo-o ao
arrependimento e reeducando-o em um novo padrão de ética e moralidade
divinas*.
Desse ponto de vista, religião é a base fundamental da história e da
sociedade e possui um valor indispensável para a restauração do homem. O
marxismo afirma que a história humana é uma história de exploração, e a
religião é um mero instrumento de exploração, que deverá ser totalmente
destruído. Como já foi dito, a má prática de um sistema de pensamento
religioso por um grupo de pseudo-seguidores, invalida os ensinamentos que
cotem o sistema de pensamento. Por outro lado, o número de verdadeiros
praticantes é bem maior que o número de pseudopraticantes. O Cristianismo
está correto ao afirmar a importância imprescindível da religião (como
instrumento de religação do homem, desligado de Deus). O marxismo se
revela como o maior inimigo da humanidade, pois tem como finalidade
primordial a destruição do único caminho através do qual o homem poderá
voltar a Deus e restaurar a sua natureza original. Para o marxismo, a
história é sobretudo uma história de exploração e luta de classe, somente
cessarão as lutas se não houver mais classes. Destarte, o marxismo ensina e
educa o homem para a destruição da religião e das classes sociais.
Destruir as classes sociais é algo semelhante a destruir a hierarquia e
a ordem da sociedade humana. O que caracteriza o homem é essa
capacidade de ordenar e hierarquizar tudo ao seu redor. Este fenômeno
psicológico foi apresentado pela escola de psicologia gestaltista e exposto
através de três leis chamadas: 1)Lei da Pragnância (tendência a ordenar
todas as coisas); 2) Lei do Fechamento (tendência a fechar todas as coisas
dentro de formas conhecidas); 3) Lei do Agrupamento (tendência a agrupar
todas as coisas em grupos semelhantes). Assim, vemos que a ordem e a
*
Arnold Toynbee em sua obra Um Estudo da História defende essa mesma tese.
130
hierarquia são um fenômeno natural e intrínseco à natureza humana. Além
do que o progresso social, de uma forma geral (educação, moral, etc),
depende em grande parte da responsabilidade individual. Os homens sempre
possuirão aptidões e tendências distintas, que se projetarão na sua vida
social. Alguns desejarão ser cientistas e outros camponeses. Isto dependerá
em partes da aptidão , da capacidade e do esforço de cada um. Pelo que é de
todos (usado por todos), ninguém se responsabiliza, porque o comunismo
destrói o zelo e a responsabilidade individual. Amenos que se use a força,
não há outro meio de preservar tais bens. É isso, precisamente, o que o
comunismo faz citarei para finalizar, um trecho de Rui Barbosa sobre o
tema:
“Os apetites humanos conceberam inverter a norma universal da
criação, pretendendo não dar a cada um na razão do que vale, mas atribuir
o mesmo a todos como se todos se equivalessem. Essa blasfêmia contra a
razão e a humanidade é a filosofia da miséria proclamada em nome dos
direitos do trabalho que, executada, não faria senão inaugurar, em lugar da
supremacia do trabalho, a organiza;ao da miséria.”
Se Rui Barbosa estivesse vivo, presenciaria o cumprimento profético
de suas palavras. Cremos que, no mundo familiar do futuro, não existirão
diferenças de ordem material. Porém , sempre haverá valores e aptidões
distintas. Isso nada mais representaria que a presença da hierarquia
imprescindível ao estabelecimento da ordem na família, na sociedade, na
nação e no mundo.
A salvação cristã e a “salvação” marxista
Com a queda, o homem e todos os seus descendentes tornaram-se herdeiros
dessa culpa original. Afastados de Deus, os homens adquiriram uma
natureza pervertida em virtude do erro original. Assim, o pecado original é
como uma âncora que mantém o homem submerso no mar do pecado (o
pecado é entendido como qualquer atitude antinatural que fere ou viola um
princípio divino ― da natureza); a corda que liga o homem à âncora é a sua
natureza pervertida. Salvar o homem é cortar a corda que o prende à âncora.
O perdão do Pecado Original, seguindo de uma atitude posterior centrada
em Deus, constitui a salvação do homem. Dentro da visão cristã é
Restauração.
Dentro da visão marxista, uma vez que o pecado original é a
propriedade privada, a salvação da humanidade é a abolição da mesma.
131
Como se fará possível isso? Com a resolução do proletariado através da
violência, que destruirá as classes exploradoras e o sistema capitalista.
Arrependimento e rebelião
No cristianismo o arrependimento é o passo fundamental e primário, que
conduz na trilha da salvação. Após tomar consciência do erro, o cristão se
arrepende com lágrimas sinceras e promete a Deus jamais voltar a cometer o
mesmo erro. Essa atitude requer muita humildade e autonegação.
Reconhecido o erro, o cristão estabelecerá condições propicias para evitar o
mesmo erro no futuro. No caso do comunismo, a coisa é diferente. Marx era
o orgulho e não admitia que ninguém o contestasse. Para ele, o marxismo
era a verdade última e absoluta. Todo verdadeiro comunista pensa da mesma
forma. Uma vez que se considera de posse da verdade e reconhece a práxis
violenta do marxismo como única, correta e possível, ele se rebela e
expressa essa rebelião extrema, através da revolução violenta. Os franceses
sentiriam muita alegria quando matavam os aristocratas na revolução
francesa, porque os odiavam. Lênin dizia: “para se fazer omelete é preciso
quebrar os ovos. Do mesmo modo, não há revolução sem banho de
sangue.” Assim, ao invés de ser ensinado o arrependimento para o mal que
se prática, o marxismo estimula mais ainda a arrogância e rebelião. É o
oposto do Cristianismo.
A Igreja Cristã e o Partido Comunista
Na obra A Cidade de Deus, Santo Agostinho traçou os princípios para a
construção da sociedade cristã. Dividiu o mundo em duas cidades “A
Cidade de Deus” e a “A Cidade dos Homens.” A Cidade de Deus tinha que
trazer os homens ao seu interior e reeducá-los para se tornarem filhos de
Deus. O mosteiro e o convento eram lugar onde se ensinava como tornar-se
um filho de Deus ― um homem de amor e bondade a serviço de Deus e a
humanidade. Mediante uma disciplina rigorosa e uma estrita obediência, o
cristão se educava para a sua missão. Paralelamente, o partido comunista
ocupa no marxismo a mesma posição de um mosteiro ou igreja. Marx dizia
que a revolução proletária seria efetuada pelos proletários esclarecidos.
Lênin como os proletários esclarecidos não aparecessem, propôs que se
criasse um partido de revolucionários profissionais sob uma rigorosa
disciplina e estrita obediência. O membro do partido deve renunciar à sua
vontade de bom grado. O partido forma guerrilheiros e terroristas
profissionais. Stálin enviou esses “missionários” subversivos para solapar e
132
destruir todas as bases da sociedade ocidental, convertida em “cidade do
inimigo”, enquanto o mundo comunista era considerado a “cidade sagrada”,
onde os comunistas viveriam como uma família unida. Citarei para ilustrar,
um trecho de um oficial comunista a cerca das escolas comunistas:
“Tomar simples camaradas e explorar sua avidez de aprender e
criar dentro deles a convicção de que eles estão de posse da verdade a
respeito da filosofia, história e política, é um dos mais graves crimes contra
a cultura, o partido tende a banir o processo de pensamento crítica... Os
camaradas enviados para as escolas freqüentemente acabam sofrendo um
colapso físico e nervoso, o que é aceito naturalmente como parte do
progresso de adaptação para o mecanismo mental de obediência passiva e
supressão da personalidade...”
Comunismo Suas Promessas... Suas Práticas.
Andrew Wilson. Editora Il Rung, 1983.São Paulo.
O clero cristão e os membros do partido
Em outubro de 1983 estive na Alemanha oriental, enquanto observava o
semblante e o comportamento dos comunistas alemães, pude notar que eles
(à exceção dos tristonhos) ostentavam um estranho ar de orgulho e
seriedade. Suas roupas eram simples e sérias, e nas bancas de jornal não
encontrei nem vestígios de pornografia. Compreendi, meio surpreso, que
“aquele comportamento e aquele riso desdenhoso” com que os comunistas
nos olhavam, eram o orgulho da “moralidade comunista.” O partido divulga
fotos obscenas dos “porcos ocidentais”, como nos chamam, gerando um ar
de arrogância e uma atitude desdenhosa semelhante à atitude de certos
“religiosos” que costumam olhar para os outros como “incrédulos
perdidos.” Acho que o leitor já conhece esse sentimento. Conta-se que
Stálin vestia-se de uma forma muito simples e morava em um pequeno
quarto. Os comunistas primam pela força do exemplo (aparentemente), do
mesmo modo que os cristãos modo que os franciscanos (pelo menos
primavam no passado e deveriam primar no presente). Aí está a força dos
comunistas. Os lideres cristão são deificados, como exemplos máximos de
doação, bondade e sabedoria. Eles geram nos comunistas o mesmo
sentimento de respeito e seriedade, que lhes dão orgulho de ser comunistas.
Convém notar que isso ocorre com todos eles. Por um lado, dão exemplos
de seriedade e doação; por outro lado, são os piores e mais inescrupulosos
são, para os comunistas, o mesmo que o clero cristão é os cristãos: um
exemplo vivo do caráter, responsabilidade e amor pela causa que defendem.
Os membros do partido sentem-se responsáveis pela tradição comunista que
133
pretendem estabelecer no mundo inteiro, do mesmo modo que os clérigos
sentem-se responsáveis pela tradição cristã, que deveriam estabelecer no
mundo inteiro. Eis aí o paralelo.
O amor como força, o perdão como meio e a harmonia por fim.
O ódio como força, o ressentimento como meio e o conflito por fim.
O Cristianismo utiliza-se da força do amor, defendendo-a como a maior e
mais fundamental da natureza e da sociedade. É o amor que possui a força
para o mundo profundo e injusto em um mundo santo.
Cita essa força em exemplos vivos como Jesus, Francisco de Assis,
Santa Clara e, mais atualmente, a Madre Tereza de Calcutá. O amor é a
força que transformará o mundo. Um mundo de felicidade somente virá a
existir quando os homens aprenderem a amar, perdoar e tolerarem-se uns
aos outros. Dessa forma, o que transformará o mundo é a força do amor. O
perdão será o meio. A harmonia mundial é o fim derradeiro do amor e do
perdão cristão.
Gostaria de citar aqui a obra do psicólogo Erich Fromm A Arte de
Amar. Nessa obra, Fromm analisa a força do amor com acentuado rigor
científico.
Para Fromm, amar é uma arte como pintar ou dançar. Como
todas as artes humanas, o amor deve ser estudado teoricamente e
experimentado praticamente. Caberia porem, indicar um ponto de
divergência no pensamento de Fromm. Em A Arte de Amar, ele exalta e
estimula o amor-próprio como meio ideal para a felicidade mundial. Tal
ponto de vista é completamente dissonante com o pensamento cristão que
exalta e estimula o amor sacrificial; a doação até mesmo da própria vida,
pela felicidade geral.
O marxismo propõe exatamente o oposto de tudo isso; a força
fundamental que moverá o homem em direção à sociedade comunista será o
ódio a Deus e às classes privilegiadas. É preciso conscientizar as classes
exploradora quanto às verdadeiras causas de sua miséria e ensiná-las a se
libertarem. Como? Gerando em seus corações um ressentimento mortal
contra o clero, a burguesia e o Estado. Mas ainda é preciso acender a
centelha da revolução violenta em todo o mundo, e subverter toda a ordem
mundial a qualquer custo, por qualquer meio. É uma “estúpida utopia”
desejar transformar o mundo por meios pacíficos.
O ódio é a força motriz da revolução, o ressentimento, o meio; e o
caos mundial, o fim.
Os santos cristãos e os guerrilheiros marxistas
134
O Cristianismo possui um amplo santuário, os santos são cristãos
exemplares que amaram a humanidade acima de si mesmo; acima de suas
próprias vidas. Estátuas e monumentos gigantescos são erigidos exaltandoos. Pinturas famosas são expostas retratando-os cânticos são compostos e
livres são escritos contendo as bibliografias dos grandes cristãos que se
destacaram pelo seu amor, pela sua fé em Deus. Suas esperanças e visões
inspiraram milhares de outros jovens e adolescentes a se dedicarem
integralmente ao serviço da paz e do bem para a humanidade.
O Cristianismo inspirou nesses homens um fervor e um rigor
extraordinário na sua marcha pela Terra. Hoje, centenas de destacados
cristãos compõem esse santuário. Os Santos foram homens de amor, paz,
humildade, resignação, fé e esforço a serviço de Deus e do homem. Marx
disse certa vez que Prometeu ocupava o primeiro lugar no calendário dos
mártires da filosofia.
Marx exaltou prometeu por sua ação e decisão de desprezar os deuses.
O leitor deve ter visto a figura de Che Guevara , estampada nas camisetas de
milhares de jovens, como se tratasse de um perfeito exemplo para todos os
jovens do mundo. Quem foi Che Guevara? Um guerrilheiro argentino que
ajudou Fidel Castro a implantar o comunismo em Cuba e, depois de se
desentender com Fidel, viajou para a Bolívia, onde foi morto. Quantas
pessoas Che Guevara matou? Ninguém saberá, nem mesmo ele o sabia. Che
Guevara é de fato um bom exemplo para todos os jovens da América
Latina? Che Guevara é apenas um dos “novos santos”; os “santos”
guerrilheiros marxistas ateus do novo “santuário” marxista (talvez o mesmo
“santuário” defendido por Comte). Existem livros inteiros escritos sobre
esse novo “santuário.” Por todos os países estão sendo alijados dos pedestais
os autênticos santos e, em seus lugares, são instituídos guerrilheiros
marxistas, ou simples operários e camponeses mortos inocentemente,
marxistizados e manipulados como “força bruta” nas manifestações de rua
pelos comunistas profissionais. O primeiro “santo” deste novo “santuário”
foi o próprio Marx, seguindo de Lênin, para o qual foi construído um templo
especial na Praça Vermelha de Moscou e onde todos os dias formam-se
longas filas com centenas de “fiéis”, para prestar-lhe culto e levar-lhe flores.
Curiosamente, na mesma Praça Vermelha todas igrejas foram transformada
em museus. Líderes religiosos e políticos de todo o mundo prestam
homenagem ao “santuário” Lênin sempre que visitam Moscou**.
*
O culto à personalidade é uma prática regular de todos os lideres comunistas. Um
exemplo da força dessa propaganda pode ser muito bem notada no caso de Stálin. Após
135
Outra curiosidade: o jornal O Estado de São Paulo (9 de janeiro de
1985) publicou um estranho artigo intitulado Fumaça na Praça. Eis a
íntrega:
“MOSCOU ― A partir de amanhã, dia 10, está terminantemente
proibido fumar na Praça Vermelha, onde fica o Mausoléu de Lênin coração
de Moscou. O jornal vespertino VERVHRNAYA MOSKVA publicou ontem o
decreto municipal que determina o interdição, que atende, segundo o
jornal, “aos apelos de números cidadãos moscovitas, russos e turistas do
exterior”, que dizem que a praça “é um lugar sagrado, conhecido
universalmente como o mausoléu de Lênin o monumento à revolução e a
Tumba do Saldado Desconhecido”, devendo portanto inspirar uma atitude
de respeito ‘aos visitantes.”
Dessa forma, a Praça Vermelha foi transformada numa espécie de
“lugar sagrado” ou “local de peregrinação” da “religião” marxista.
O Messias e Karl Marx
A Queda do hmem (omitida pelo marxismo) que provocou o aparecimento
da tendência ao egoísmo e à exploração, originando a propriedade privada
(“o pecado original”), desorganizou a sociedade humana. Assim, a história
passou a ser uma história de exploração e miséria para a grande maioria dos
homens. Agora porém , com o advento de Marx ― O Messias ― e a sua
“revelação” ― o marxismo ― a humanidade finalmente se libertará da
miséria e das guerras e um mundo de paz e prosperidade será estabelecido
na Terra outra vez. Os “apóstolos” e os “discípulos” serão os
revolucionários profissionais e o “povo eleito” será o proletariado (os
pobres). Marx anunciou que a revolução violenta, que derrubaria a ordem
mundial estabelecida, somente seria possível através do proletariado. Dessa
forma, o proletariado se converteu no “novo salvador” da humanidade. Mas,
enquanto o “salvador” não chegasse, Lênin resolveu forçar sua criando o
intitular o terror e assassinar milhões de cidadãos russos inocentes, quando foi anunciada
sua morte, esse mesmo povo russo chorou inconsolavelmente a morte do “Pai” e do
“Grande Camarada Stálin.” O metrô de Moscou está repleto de estátuas dos “heróis”
comunistas.
O marxismo continua inspirando os jovens em todo o mundo a sacrificarem suas vidas
pelo ideal comunistas, do mesmo modo que o o marxismo completamente. Gostaria mais
uma vez de lembrar ao leitor a existência do sistema de pensamento chamado Deusismo,
uma nova visão do Cristianismo apoiada na filosofia, na história e na ciência dói século
XX e que tem derrotado o marxismo por todas as partes onde o tem confrontado.
136
partido comunista composto de revolucionários profissionais para apressar a
“salvação.” Aqui parece haver alguma traição. Marx trouxe a “nova
revelação” que traria para a humanidade o “Céu” eterno. Sua “mensagem”
trouxe fé e esperança para o homem. Nesses termos, parece que Marx ocupa
no marxismo a verdadeira posição do “Messias Salvador.” Lênin é como o
“Pedro” do marxismo que fundaria a Igreja Marxista ― o partido ― e
expandiria a sua “mensagem de salvação” para o reto do mundo. Quando o
proletariado é apresentado como “O Salvador”, isto se parece a um blefe!
De fato a ditadura do proletariado, de que Marx falou, jamais foi
estabelecida em nenhum país invadido pelos comunistas. Sempre foi o
partido que dominou completamente. O proletário sempre foi usado como
“bucha de canhão”, apenas durante a revolução.
O Cristianismo ensina que a Queda do Homem trouxe o pecado
original (algo que se encontra na essência espiritual do homem decaído), o
qual induz e gera a natureza má. De tal modo, para salvar o homem é
preciso extirpar o pecado original e como ele possui uma origem e natureza
mística, somente poderá ser eliminado por um homem especialmente
preparado por Deus para isso. Esse homem, por sua natureza e origem
divina, é chamado de Messias ― o ungido. A arma que será usada para
eliminar o pecado original e natureza má da humanidade será a verdade de
Deus, o amor e o perdão. O Messias, portanto, será um homem divino que
virá à Terra para ajudar a humanidade, perdoando-a livrando-a do pecado
original, em nome de Deus, e utilizando-se do amor e da verdade como
instrumento de salvação. Enquanto no Cristianismo o salvador é
representado por um indivíduo cheio de amor e paz, no marxismo ele é
representado por uma massa cheia de ódio e violência! O proletariado,
porém, parece ser uma mera fachada para encobrir a verdadeira identidade
do “messias marxista” o próprio Marx!
O Novo Éden, o Reino do Céu e a Sociedade Comunista
A bíblia relata que o Jardim do Éden é um lugar onde existia terra, rios,
peixes, pássaros, flores, frutos, animais e pessoas. Esse local ficava entre
dois rios: o Tigre e o Eufrates. Ora, esse lugar fica no Oriente Médio e foi
conhecido no passado por Mesopotâmia. Concluímos que a Queda do
Homem teria ocorrido aqui na Terra. O paraíso terrestre seria estabelecido
pelos primeiros seres humanos que, devido à Queda, não o construíram. Em
seu lugar, um mundo de descrença e miséria foi estabelecido. Quando
porém, o Messias vier, ele irá restaurar o Éden perdido e estabelecerá o Céu
na Terra. De modo semelhante, o marxismo afirma que a propriedade
137
privada* desorganizou e destruiu a sociedade comunitária primitiva, criando
em um seu lugar um mundo de miséria e exploração. A história humana
passou a ser uma história de miséria e exploração. Com a derrubada pela
força da sociedade de classe, será estabelecida a sociedade comunista
científica, que nada mais representa uma volta à antiga sociedade
comunitária primitiva em um nível superior, ou seja, tanto para o marxismo
como para Cristianismo, a história humana caminha no sentido de restaurar
o “Jardim do Éden”, perdido com a Queda do hmem.
*
A Queda do homem, segundo o Cristianismo.
138
Capítulo 11
TEOLOGIA X MARXISMO
Creio que o leitor já ouviu falar ou leu algo sobre a chamada “Teologia da
Libertação.” Sendo cristão e conhecido o marxismo, o leitor sabe que a meta
final dessa ideologia é a destruição das religiões da fé na existência a meta
final dessa ideologia é a destruição das religiões e da fé na existência de
deus, como também a supressão de toda atitude derivada dessa fé. Como se
pode deduzir pelas palavras dos seus lideres do passado ao presente:
― Marx: “O comunismo vai liberar as consciências do espectro
religioso.”
― Engels: “O comunismo visa aniquilar tudo o que se conhece por
sobre humano.”
― Lênin: “O comunismo visa liberar o homem desta canga
intelectual: a religião cristã.”
― Leonid Brezhnev: “A eliminação das religiosas na Rússia é
condição essencial para a edificação do comunismo.”
Por tudo isso o leitor ficar meio perplexo diante de tal realidade. Como
é possível harmonizar ateus e crentes? O fenômeno é exatamente igual a
tentativa de harmonizar Deus e o Diabo, uni-los e fazê-los trabalhar juntos!
Como se demonstrou anteriormente, marxismo e Cristianismo são
antagônicos. Um não pode existir onde o outro. É como o Bem e o Mal.esse
é o único caso em que se aplica a teoria de teses-antíteses de Marx, porque
um dos dois é falso. Somente nesses casos faz sentido se falar de tese e
antítese. Falaremos mais sobre esse tema oportunamente. Quanto à questão
da união entre marxismo e Cristianismo, chegamos à conclusão, depois de
estudar anos detidamente, que o aparecimento desse fenômeno absurdo é
um dos mais profundos exemplos da força mística do marxismo. Cremos
139
que tal somente foi possível devido à sua “semelhança” extraordinária com
a ideologia e ideal cristão.
O homem (já está mais que demonstrado) é um ser dual, espiritual e
material, por isso, é naturalmente místico. Não é possível suprimir a mística
humana porque da índole humana é intrínseca e inata à natureza do homem.
Em toda a história e em todo lugar, o homem sempre buscou a mística. O
animismo é um dos exemplos mais rudimentares desse fato histórico.
Convém destacar aqui a diferença entre a mística ― aspecto essencial da
natureza humana ― e o mistério ― efeito puro e simples do
desconhecimento. Não se conhecendo o porquê de um fenômeno qualquer,
seja material ou espiritual, diz-se que tais são mistérios de Deus. Dessa
forma, justifica-se a ignorância e desestimula-se a busca da verdade. O
mistério, entendido como místico da natureza, homem e de Deus, é
perfeitamente aceitável. Mas entendido como explicação para o que se
desconhece, é um simples argumento medieval definitivamente suplantado
pela ciência do século XX. É impossível reprimir o impulso humano para a
mística. O homem somente substituirá sua fonte mística ― uma ideologia e
um ideal ― por uma outra que lhe forneça os mesmo elementos e satisfaçalhe a busca natural e constantemente, resulte da sua própria natureza. Assim,
uma ideologia para substituir o Cristianismo deverá possuir uma índole
necessariamente mística. Convém observar-se aqui, que também a ciência
possui aspectos místicos que satisfazem a natureza mística do homem. É
precisamente esse aspecto místico que exerce tanta atração no homem. A
Cibernética ― ciência dos aparelhos “inteligentes” e automovidos ― abriu
o debate sobre a síntese homem-máquina e, mais que todas as outras, é o
ramo da ciência que maior atração exerce sobre o homem atual. Ouvimos
falar em “seres biônicos”, “aparelhos inteligentes” e “maquinas vivas.”
Enfim, a causa essencial da atração do homem pelas ciências (da
matemática à sociologia) é essa natureza mística, hoje mais claramente
evidenciada. Quis com esses comentários, deixar claro que o homem é
místico por natureza, e em tudo, busca também a mística. Hoje vemos que o
marxismo está substituindo o Cristianismo. Fomos em busca das causas
desse fenômeno e iremos expô-las aqui à apreciação do leitor. Onde
começou tudo isso? Poderíamos nos reportar à Grécia antiga. Mas isso nos
tomaria muito espaço e alongaria demais esse trabalho. Por isso,
apresentaremos as origens da “Teologia da Libertação” a partir do teólogo
protestante Karl Barth, pois foi de fato a partir dele que a “Teologia da
Libertação” tomou corpo e definição. Creio que a grande maioria dos
estudiosos do fenômeno desconhece a figura de Karl Barth, e o seu papel
fundamental na formulação da síntese marxismo―Cristianismo.
140
Karl Barth
Barth defendia a construção de uma nova sociedade do futuro, cheia de paz
e prosperidade. Para os cristãos essa sociedade é chamada “Reino do Céu”,
para os marxistas, “Socialismo”, o ideal cristão e o ideal marxista eram o
mesmo. Portanto, os cristãos e os marxistas deveriam dar-se as mãos e
trabalharem juntos, uma vez que o marxismo e Cristianismo possuíam a
mesma finalidade.
Barth pertencia a um partido marxista-socialista e estava muito
envolvido com as atividades dos sindicatos sob influência total dos
marxistas. Quando Hitler chegou ao poder, Barth aproximou-se da
organização Freies Deutschand onde entrou em contato direto e constante
com o marxismo, e foi conquistado por ele. Um amigo de Barth chamado
Helmut Gollwitzer, outro teólogo protestante, escreveu: “Como Barth não
pôde compreender o Evangelho sem influência sobre a vida, isto é, sem
ética, do mesmo modo não podia compreendê-lo sem inclinações para o
socialismo.” Outro nome importante nessa gênese é o de Friedrich-Wilheim
Marquardt escreveu um livro chamado Teologia e Socialismo, em que
analisa a posição teológica de Barth, e diz? “Barth vai desde o socialismo
religioso, através da democracia socialista sem admiração pela revolução
russa, e através de sua crítica anarquista da autoridade, até o ‘Reino de
Deus.” Marquardt dizia que o socialismo de Barth era mais marxista que
ontologista.
Não podemos esquecer também a figura de Moses Hess e sal
influência sobre os pensadores alemães, que compartiam com ele de sua
“teologia da revolução.” Provavelmente, Barth, que veio um século depois,
sofreu também a influência de Hess. O fato é que de ser quase
desconhecido, Barth é o pai das diversas correntes “teológicas” marxistas da
atualidade. Esse fato é muito importante. Barth via na luta pela construção
da sociedade socialista o dever mais religioso e primordial do cristão. Os
seguidores de Barth acusam o Cristianismo de ter “esquecido a sua tarefa de
construir o Reino do Céu.” O marxismo nada está fazendo do que
“assumindo a responsabilidade omitida pelos cristãos.” Barth defendia o
desaparecimento do Estado e da igreja, exatamente como Marx. A essência
do pensamento de Karl Barth está na sua tentativa de identificar a
escatologia marxista ― a sociedade comunista ― com a escatologia crista
― o Reino do Céu, concluindo que ambos deveriam trabalhar unidos para
alcançarem o mesmo fim. Barth já possuía numerosos discípulos entre os
teólogos protestantes mesmo antes da Segunda Guerra Mundial.
141
Dois desses discípulos de Barth foram Josef Hronadka, que escreveu
O Evangelho para os Ateus, e Milovan Machovec, que também expôs
semelhantes ideias na obra Marxismo e Teologia Dialética. A teologia
dialética criada por Barth reaparece nesses ensaios superficiais, de tons
fortemente marxistas.
Jurgen Moltmann enfocou de uma forma nova a ideologia de Barth,
chamando-a de “Teologia da Esperança.” Logo após o Concilio Vaticano II.
Ernest Bolck, outro discípulo de Barth, apresentou uma pequena alteração
das ideias de Moltmann, chamado O Príncipe da Esperança, título de sua
obra principal.
O Padre Dr. Miguel Poradowski escreveu em seu livro A Gradual
Marxistização da Teologia:
“Na realidade, tanto Block como Moltmann, ocupam-se do mesmo
problema de que se ocupa anteriormente Barth, mas enfocam-no com outro
ponto de vista, mais atraente, o saber: levam em conta a esperança como
motor da vida humana, como um elemento dinâmico, como fonte de
otimismo e catalisador das energias humanas, dirigidas a um fim concreto,
temporal, terreno, prático ― a construção de um porvir; a esperança como
confiança. É quase certo que o homem pode, aqui na Terra, construir uma
sociedade ideal do futuro, que será uma realização tanto do conceito
cristão do “Reino de Deus na Terra”, como do conceito marxista de uma
“sociedade socialista...”
Um fato curioso para o qual gostaria de chamar a atenção do leitor é
que, estranhamente, foi do protestantismo alemão que brotou e floresceu a
teologia da revolução. Fato contraditório por se saber que o protestantismo é
bem mais ortodoxo que o catolicismo. Paradoxalmante, foram teólogos
protestantes que semearam a teologia marxista nos meios católicos.
Destacaremos um outro nome, o suíço Konrad Farner, membro do
partido comunista, dedicado a promover a aproximação entre cristãos e
marxista. Farner escreveu um capítulo em seu livro chamado Agradecimento
dos Marxistas a Karl Barth, em que evidencia a influência de Barth sobre
ele e outros pensadores. Farner escreveu: “O comunismo não é uma
alternativa em faces do Cristianismo, mas uma possibilidade e talvez, a
única possibilidade.” E também: “A teologia da esperança deveria
desenvolver-se em uma teologia do comunismo, pois o comunismo é a única
e total esperança do homem.” Estes trechos foram extraídos de sua obra
Teologia do Comunismo. O Pe. Poradowski destaca que, “lendo o trabalho
de Farner, tem-se a impressão de que a sua principal preocupação é o futuro
do comunismo, o qual o autor considera muito incerto, caso não haja uma
142
colaboração estreita e sincera entre marxistas e cristãos. Em outras palavras,
só os cristãos poderão salvar o comunismo marxista.”
Farner conclui que “sem comunismo não haverá Cristianismo
algum.” Adverte que se não for transformado. Poderá voltar à antiga
sociedade, o que somente poderá ser evitado pela colaboração sincera,
honesta e duradoura entre cristãos e marxistas.
Tudo isso porém, não passa de “belas mentiras”, nas quais grandes
números de cristãos têm acreditando, lamentavelmente.
Procederemos agora a uma visão geral da gradual marxistização do
Cristianismo, segundo a ordem descrita pelo Pe. Poradowski, em seu livro A
Gradual Marxistização da Teologia, aqui Poe nós utilizado como fonte de
preciosos dados, segundo o Pe. Poradowski, a marxistização ocorreu eficaz
de graduação psicológica, primeiramente, utilizando-se uma propaganda
sutil durante retiros espirituais e através de revistas teológicas. Procurou-se
eliminar a educação dada nos seminários e Universidades; depois, inoculouse em pequenas doses, a cosmovisão marxista e, especialmente, o conceito
marxista do Cristianismo.
Pe. Poradowski expõe o processo gradual da marxistização em 7
etapas distintas: 1)Saduceísmo do Século XX; 2) O Reino de Deus na Terra;
3) o Cristianismo Horizontal; 4) Fé sem Religião; 5) Cristianismo sem
mitologia; 6) “O Cristianismo Ateu”, e 7) “O Cristianismo Marxista.”
Faremos uma pequena síntese destas etapas a partir das palavras do
próprio texto.
Saduceísmo do século XX
Nos tempos de Jesus Cristo havia seita, entre os judeus chamada
saduceísmo. Os saduceus acreditavam em Deus, e negavam a ressurreição (o
que não implicava a negação da vida eterna), uma vez que enfatizavam
sobretudo o aspecto temporal da vida. Atualmente existe entre os cristãos
uma corrente saduceia semelhante. Reconhecem a Deus como Criador,
reconhecem a fé, os dogmas e as praticas religiosas, mas Poe-se a tônica
exclusivamente sobre o temporal , sobre a existência material. Os marxistas
introduzem essa corrente de pensamento com uma das etapas preparatórias
da marxistização do Cristianismo. Essa seria a etapa do Saduceísmo. A
etapa seguinte é chamada de O Reino de Deus na Terra.
O Reino de Deus na Terra
143
Essa corrente defende a ideia de que cristãos e marxistas têm o mesmo
objetivo: a construção de uma sociedade ideal na Terra. Os marxistas
chamam-na Comunismo, e os cristãos chamam-na Reino de Deus. Essa
corrente tem causado forte impressão pela sua força no pensamento cristão
atual. Foi Karl Barth quem primeiro defendeu essa tese. A etapa posterior é
chamada Cristianismo Horizontal.
Cristianismo Horizontal
Essa corrente de pensamento parte da premissa de que cada cristão deveria
imitar a vida de Jesus de Nazaré, um homem que sacrificou completamente
sua vida pelos demais. Nessa visão tudo se resume a “viver para os outros.”
Deus é esquecido; deixando de lado. Tudo se centraliza no homem. Dietrich
Bonhoeffer foi o mais destacado “teólogo” dessa corrente. O passo seguinte
é denominado Fé sem Religião.
Fé Sem Religião
Nessa etapa os comunistas dizem aos cristãos: “Limpai vosso Cristianismo
dos elementos de religião e sereis dignos de tomar parte da revolução
marxista e da construção de uma nova sociedade ideal do futuro.” Os
marxistas consideram a religião e a fé como uma superstição inútil e
alienante. Pretendem exterminar todo e qualquer vestígio de fé e religião na
Terra. No entanto, aqui, eles parecem dispostos a tolerar a fé pura. Essa é
uma nova tática de conquistar a colaboração preciosa dos cristãos na
revolução marxista, enfraquecido-os na reação. Afirmam que os cristãos
devem restaurar o Cristianismo primitivo e original, que foi o Cristianismo
que Jesus e seus apóstolos viveram. Era uma fé pura e areligiosa. Foi a
influência grega e as religiões pagãs que envolveram o Cristianismo em
trajes religiosos e o mesclaram com mitos, dando-lhe um caráter de religião.
“Viver a fé”, é a expressão que sintetiza essa etapa. Esquecer o culto a Deus
e a vida religiosa de devoção e sacramento. Julio Santa Ana é um dos
destaques dessa corrente. Em seu livro Cristianismo sem Religião, escreveu:
“Fé é um Cristianismo das pessoas adultas, maduras; enquanto a religião é
um Cristianismo infantil.” Tirar do Cristianismo seu caráter de religião é ―
segundo os marxistas ― a condição previa para a completa marxistização.a
próxima etapa é o Cristianismo sem Mitologia.
Cristianismo sem Mitologia
144
O Pe. Poradowski admite que alguns elementos mitológicos penetraram nas
práticas cristãs, e há uma mitologia defendido pelos marxistas nada tem a
ver com essa preocupação. Muito pelo contrário, essa nova corrente busca a
destruição da fé reduzindo todos os dogmas à categoria de mitos. Assim, os
anjos, a Trindade, a Ressurreição, a Redenção, o Pecado Original, o Paraíso,
etc, são todos mitos! Resta apenas um fato histórico: Jesus de Nazaré, o
fundador de um movimento político-social de libertação da escravidão e
exploração dos regimes opressivos da sua época. Tal como Espártaco, Jesus
também foi crucificado. Eles anunciam para breve uma “nova tradução da
Bíblia sem mitologia.” Para se ter um exemplo, a palavra “anjo” é traduzida
por “jovem”! Essa corrente encontra-se viva e crescente no Cristianismo
atual. O Jesuíta Porfírio Miranda escreveu um livro chamado Marx e a
Bíblia, expondo tal ponto de vista e empregando uma terminologia marxista
em relação à Bíblia.
Cristianismo Ateu
A penúltima etapa desse lamentável progresso é o Cristianismo Ateu. Nessa
etapa, dizem os comunistas que o Cristianismo nada tem a ver com fé ou
religião; na verdade, era um movimento laico revolucionário. Moisés e
Jesus foram grandes lideres políticos. Moisés libertou o povo judeu do
Egito, e Jesus pretendia libertar cada homem da opressão romana e
imperialista. Toda a face religiosa do Cristianismo, foram acréscimos das
pessoas que não compreenderam o carpinteiro de Nazaré.
Essa gente transformou o cristianismo em religião em fé, misturando
mitos gregos e latinos das religiões pagãs com as palavras de Jesus. Jesus
nunca foi Deus é um conceito primitivo criado pelo homem para explicar
fenômenos que não conseguia entender. Seguindo a linha de Feuerbach, não
foi Deus quem criou o homem, foi o homem quem criou Deus. A ideia de
Jesus como adorador de um Deus e fundador de uma religião, não passa de
uma lenda. Jesus foi o precursor de Marx e Lênin, como defensor dos
oprimidos. Essa ideia de um Cristianismo ateu não é nova. Somente depois
de os marxistas a terem captado e reelaborado em uma nova fase atraente, é
que começou a penetrar na teologia atual. O ex-padre Jordam Bishop
McClave, foi o destaque no livro América Latina e Revolução.
Cristianismo Marxista
Chegamos finalmente à última etapa do progresso de marxistização da
teologia cristã: o Cristianismo Marxista. Poucos cristãos poderiam aceitar o
145
conceito de “Cristianismo Marxista” da forma como foi apresentado por
Engels, sem uma preparação previa, por etapas cuidadosamente planejadas e
executadas. Vejamos as palavras do padre Poradowski sobre essas etapas:
“Hoje, leigos, padres e bispos aceitam o conceito marxista de Cristianismo
sem maiores problemas de consciência, isso se deve, talvez, à previa
preparação, ao “tratamento prévio.” Quem aceitou o saduceísmo, está
disposto, depois de algum tempo, a aceitar participar da “Construção do
Reino de Deus na Terra.” Quem assimila isto já está preparado para mais
um passo rumo ao marxismo, aceitando o “Cristianismo Horizontal”, que
por sua vez, o levará até o Cristianismo concebido como uma “Fé sem
Religião.” Seguindo esse “tratamento”, ou seja essa lavagem cerebral, pouco
a pouco aproxima-se do “Cristianismo Desmitologizado” e, através dele,
chega-se ao “Cristianismo Ateu.” Assim, por graus e etapas, sem maiores
dificuldades, atingir-se-á o “Cristianismo Marxista.”
Durante a realização do “Congresso Latino-Americano de Cristãos
para o Socialismo”, em abril de 1972, sob a direção do padre jesuíta
Gonzalo Arroy e grande secretariado de sacerdotes marxistas (em sua
maioria, professores de universidades teológicas), foi apresentado um
documento chamado A Amizade Estratégica entre Cristãos e Marxistas, em
cujo parágrafo 65 lê-se o seguinte texto de Engels, escrito na Introdução à
obra de Karl Marx A Luta de Classes na França de 1848 a 1850 ―
Londres, 6 de março de 1895:
“Há quase exatamente 1600 anos, atuava no império romano um
perigoso partido de subversão. Esse partido minava a religião e todos os
fundamentos do Estado; negava que a vontade do imperador fosse a
suprema lei; era um partido se pátria, internacional, que se estendia por
todo o território do império, desde a Gália até a Ásia e ia ainda além das
fronteiras imperiais. Vinha há muito tempo desenvolvendo um trabalho de
sapa, subterrâneo, ocultamente, mas fazia bastante tempo que se
considerava já com força para sair à luz do dia. Esse partido da revolta,
que era conhecido pelo nome de ‘os cristãos’, tinha também uma forte
representação no exercito: legiões inteiras eram cristãs. Quando eram
enviados aos sacrifícios rituais da igreja nacional pagã, para prestarem
honras, estes soldados da subversão levavam seu atrevimento ao ponto de
ostentar em seus capacetes distintivos especiais ― cruzes ― em sinal de
protesto... O Imperador Diocleciano baixou uma lei contra os cristãos. Foilhes vedado terem locais de reunião, foram proibidos seus símbolos ― as
cruzes ― como outrora na Saxônia, os lenços vermelhos. Os cristãos foram
declarados incapazes para o desempenho de cargos públicos, não podendo
sequer chegar a cabo... Diz-se até que puseram fogo no palácio do
146
imperador em Nicomédia. Estando ele dentro. Então, Diocleciano vingou-se
com a Grande Perseguição aos Cristãos no ano 303 de nossa era. Foi a
última do gênero. E deu tão bom resultado que dezesseis anos depois o
exercito estava predominantemente por cristãos, e o autocrata seguinte do
Império Romano, Constantino, a quem o clero chama O Grande, proclamou
o Cristianismo como a religião do Estado.”
Vimos aqui o conceito marxista do Cristianismo, segundo o qual até
a época do imperador Constantino, o Cristianismo teve um caráter
exclusivamente de partido político, desempenhado um papel semelhante ao
que o partido comunista desempenha hoje no mundo. Nessa conclusão,
todos os cristãos deveriam entrar para o partido comunista.
Chegando-se a essa última etapa na aceitação da teoria, inicia-se a
práxis marxista. Os padres são transformados em agitadores e criminosos
revolucionários que, levam a cruz numa mão, e na outra o fuzil. Está aí para
o leitor observar “estarrecido”, o escândalo do século (um dos grandes
escândalos desse século escandaloso). Os homens que semeavam a paz no
passado são os semeadores da guerra hoje. Tornaram-se lobos com pele de
cordeiros. Esse fenômeno, considero-o uma das maiores provas da força da
mística do marxismo. Somente essa identificação intelectual e emocional
(ideologia e ideal), tornou possível a inversão do Cristianismo teórico e
prático.
Para os mais destacados defensores do Cristianismo marxista, o
marxismo é uma verdadeira religião, e a única ideologia que trará a
verdadeira salvação.
Ao conhecer o processo gradual da marxistização do Cristianismo
empreendido pelo marxismo, e ao presenciar hoje os seus efeitos no mundo,
especialmente na América Latina, não posso deixar de “ver” por trás desse
plano sutil, super-inteligente e friamente destrutivo, traços de uma maldade
funesta. É impossível unir cristãos marxistas. Não se trata de unir (os
marxistas o sabem muito bem), trata-se de destruir completamente a fé e a
religião da Terra. Trata-se de destruir a própria natureza mística, essencial à
completa felicidade humana. Mais ainda, suprimir a religião é suprimir toda
ética e toda moralidade social; é destruir a sociedade humana
verdadeiramente!
É difícil conceber que tal plano seja obra de um mero ser humano.
Os cristãos, nesse plano diabólico, são meros instrumentos de destruição
contra eles mesmos; contra a sua família, sua sociedade, nação e mundo.
Não é possível que, se estivessem conscientemente livres e compreendessem
o significado do marxismo, ainda agissem do mesmo modo. A teologia da
147
liberação como hoje se apresenta ao mundo, é o produto final de um longo e
precioso processo de extermínio da religião cristã, considerada a maior força
reacionária anticomunista do passado recente. É uma forma de corroer de
dentro para fora, uma vez que de fora para dentro não foi possível. Esse
fenômeno lamentável é o prenúncio da queda do Cristianismo na sua forma
atual, e aprova maior da necessidade que a humanidade tem de uma nova
força religiosa, um Novo Cristianismo mais lógico e científico, mais
espiritualista e mais real. Uma nova expressão da verdade inter na que
possua força lógica e emotiva capazes de suplantar a força lógica e emotiva
do marxismo. Não veio nenhuma outra alternativa capaz de fazer frente ao
marxismo e vencê-lo.
O marxismo é um movimento místico, que engendra um fervor
emocional e religioso, semelhante ao fervor que o Cristianismo gerava no
passado. Este estudo nos leva a crer que o marxismo é uma “pseudoreligião”; um Cristianismo às avessas, forjado para derrotar o Cristianismo
verdadeiro tanto no seu ideal, quanto na sua ideologia e, convenhamos, está
conseguindo atingir sua meta, Conseguirá totalmente se os cristãos não
opuserem ao ideal e à ideologia marxista, um ideal e uma ideologia superior,
semeando-a em nível mundial com o mesmo ímpeto com que o marxismo
está sendo semeado. É sob este ponto de vista que vejo o equívoco daqueles
que não crêem na necessidade, e nem na força de uma ideologia superior
contra o comunismo. O mundo comunista foi conquistado por meio de
ideias, inicialmente, e mantido por meio das ideias e das armas. Ainda hoje,
a ideologia marxista continua sendo utilizada como arma para conquistar as
mentes e os corações dos homens por todo mundo. A menos que essas
ideias sejam definitiva e publicamente desmascaradas, e uma ideologia nova
e superior seja apresentada para seu lugar, o marxismo não poderá ser
detido. O marxismo, como o eucalipto, se não for suprimido na raiz, tenderá
sempre a reconstituir-se.
As armas poderão impedir a invasão comunista e destruir homens
“marxistizados”, mas jamais extirparão o comunismo na sua raiz. Marx
disse: “Força material somente pode ser movida por força material. Mas a
ideologia, por sal vez, se transformará em força quando penetra as
massas.” Essa é a arma primeira e dileta dos comunistas para conquistar
corações e mentes desiludidas. Do mesmo modo, deverá ser a arma primeira
dos idealistas e crentes. Outro fato curioso: os chamados idealistas não
acreditam muito na força das ideias, enquanto os comunistas, que são
chamados materialistas, utilizam-se dessa força desde os primórdios da sua
organização.
148
Os Estados Unidos têm procurado combater o avanço do comunismo
com arma e dinheiro. Seus resultados têm se mostrado inúteis. Por quê?
Porque eles não possuem uma ideologia alternativa para contrapropor e
superar a ideologia marxista. O Cristianismo já enfrentou grandes crises em
toda a sua história. De todas elas, sempre saiu-se vitorioso. Ocorre que ele
jamais foi ameaçado no plano ideológico. Hoje, porém o Cristianismo
enfrenta uma crise a mais profunda e perigosa crise de sua história e que
poderá definitivamente desintegrá-lo ― o ataque ideológico.
Sempre foi desafiado extra muros (inovações bárbaras, corrupções
morais e crises financeiras). Nunca, porém, o Cristianismo havia sido
atacado de dentro para fora, em sua ideologia. O marxismo é um corpo de
ideias que se opõem frontal e profundamente ao Cristianismo. Sua ideologia
e ideal desenvolvidas com base na filosofia e na ciência do século XVIII e
XIX, adquiriram a força necessária par derrotar o Cristianismo em sua
forma medieval, e aí está o fenômeno da “teologia da libertação” para
prová-lo. Para finalizar este tópico, gostaria de transcrever um texto datado
de 1959, escrito por Li Whei Whan, comunista chinês, em que se acha
traçado o plano de destruição do Cristianismo, que sido aplicado até os
nossos dias em todas as partes do mundo cristão.
O Documento Li Whei Whan* (Na Íntrega)
Item a) objetivo: Destruir a Igreja Católica
A Igreja Católica, com sede em Roma, é uma organização que dá origem a
atividades contra-revoluncionárias nas democracias populares. Para que
as democracias populares possam continuar seu progresso pelo caminho
para o socialismo e para o comunismo, é necessário acabar primeiro com a
influência e as atividades da Igreja Católica não é nem estéril nem
impotente. Pelo contrário, deve-se reconhecer seu poder e tomar uma série
de medidas para o enfrentar. Quando a luta política e as forças de
produção tiverem alcançado um alto nível de produção, é que se poderá
destruí-la. Este é o objetivo que lutaremos para alcançar. A linha de ação
contra a igreja é de instruir, persuadir, converter e pouco a pouco,
despertar e desenvolver plenamente a consciência política dos católicos por
meio de participação nas atividades políticas.
Item b) Substituir o Elemento Religioso pelo Marxista
149
Por meio dos ativistas, devemos empreender a luta dialética no seio da
religião. Progressivamente, substituiremos o elemento religioso pelo
elemento marxista. Gradualmente transformaremos a falsa consciência em
consciência verídica, de maneira que os católicos destruam por sua própria
conta e risco, as imagens divinas que eles mesmos têm criado. Esta é a
linha na nossa luta contra a Igreja Católica contra-revolucionária.
Item c) Exploração do Conflito Psicológico das Massas
Durante esse período, as massas sentirão um conflito psicológico, já que,
por um lado, sentirão lealdade para com a Igreja e o seu clero, e por outro,
com o patriotismo que as leva apoiar o governo popular. Convém sondar
esse conflito e estudá-lo detidamente. Uma ação precipitada, sem levar em
contra a agudez desse conflito psicológico, pode isolar o partido das
massas. Se os laços entre as massas e a Igreja são muito estreitos, importa
seguir o princípio de dois passos para frente e um para trás. Ao dar o passo
para trás o governo popular deve afirmar que está defendendo a liberdade
religiosa, e que é pela vontade das massas que estabelece comitês de
reforma das associações, para que as massas patrióticas possam expressarse mais diretamente na direção dos assuntos da igreja.
Item d) O trabalho doa Ativistas
Estar alerta. Os ativistas do partido devem dirigir os trabalhos dos comitês
de reforma. Estes devem isolar os reacionários que se encontram entre as
massas. Para um total trabalho é preciso seguir as instruções. Os ativistas
orientam as massas contra os elementos criminosos. Depois que as massas
tiverem condenado os elementos criminosos e os isolados das associações,
os criminosos devem ser castigados conforme as disposições das leis e do
governo popular. Ao mesmo tempo, as associações devem professar o
acatamento às leis e procurar descobrir outros contra-revolucionários em
seu meio.
Item e) Estimular a Fundo as Desavenças
Mesmo que os contra-revolucionários tenham sido descobertos, o conflito
psicológico continuará nas massas. É importante que as autoridades
eclesiásticas e os lideres da igreja assegurem às massas que a religião vai
fincando mais dura, por ter sido liberada de elementos criminosos e
antipatrióticos. Os ativistas membros das associações têm a importante
150
tarefa de persuadir os lideres da igreja para fazerem estas declarações. Os
ativistas também devem assegurar às massas que o governo e o partido
estão acatando a vontade das massas. Desde logo, durante esse período,
surgirão desavenças. Se atuar de uma forma arbitrária, perder-se-á o
impulso do motivo das massas. O governo deve estimular as discussões a
fundo de todas as desavenças. Durante essas discussões deve-se tratar de
descobrir os elementos contra-revolucionários que tenham passado
despercebidos. Durante este período, como no anterior, é preciso seguir
instruções patrióticas: é patriótico acatar as leis: a desobediência é
antipatriótica e criminosa.Deve-se informar também às massas sobre os
entendimentos entre o estado e a igreja e sobre o renascimento patriótico
das massas religiosas, dominando os sentimentos decadentes, imperialistas
e antipatrióticas. Com exceção de assuntos espirituais, todo indicio ou
expressão de vinculação com Cidade do Vaticano deve ser desprestigiado
por ser motivado por interesses imperialistas e por apoiar atividades
contra-revolucionárias. A experiência de nossos países-irmãos mostra que
a Igreja Católica tem ajudado as atividades contra-revolucionárias. Em
vista da extensão mundial da Igreja Católica, estas experiências constituem
provas inegáveis do seu caráter conspiratórios. Durante este período, podese esperar que da Cidade do Vaticano se ouçam protestos contra nossa
campanha. Estes protestos devem ser aproveitados como provas do caráter
conspiratório da Igreja dirigindo pela Cidade do Vaticano.
Item f) Desarticular a Igreja do Vaticano
Isso traz o seguinte ponto de ataque, que é o enlace da Igreja com a Cidade
do Vaticano. Importa saber que durante esse ataque o clero reage
violentamente, já que é o ponto do seu poderio. Deve ser lembrado que
esses protestos pelos ataques contra a sua lealdade ao Vaticano são
antipatrióticos e estão em oposição e ao governo. Igualmente, o que o clero
representa é antipatriótico. Os ativistas têm a tarefa de convencer as
massas de que o indivíduo pode ter sua religião sem que o Vaticano dirija
os assuntos da Igreja no mundo todo. Os ativistas devem explicar também o
princípio da coexistência entre o patriotismo e a religião. Assim ficam
isolados das massas os que seguem os ditames do Vaticano, e abrem o
caminho para o estabelecimento de uma Igreja Independente.
Item g) Denunciar o Clero
151
Tem que ser feita uma campanha de preparação antes de se poder
proclamar a Igreja Independente (Igreja Popular). As figuras do clero que
não podem ser persuadidas a acatar os ditames do governo popular devem
ser denunciadas diante das massas. Aproveitem-se dos seus protestos para
destruir o império que sobre as massas. A melhor tática é efetuar um
trabalho simples sem que seu autor seja identificado. Os ativistas devem
dar origem às denuncias contra eles. Na história são abundantes as provas
de que pode ser empregada uma ação legal contra os protestam contra a
separação da Igreja do Vaticano. Cumpre ter preparados, durante essa
fase, os argumentos necessários para convencer os intelectuais que
separar-se do Vaticano é um passo à frente, não para trás. As disposições
legais que protegem todas as religiões e a história do movimento
protestante servem para esse fim. Ao mesmo tempo, os ativistas têm a tarefa
de conduzir as associações num movimento conjunto para solicitar que o
governo popular autorize o estabelecimento de uma igreja independente
para livrar as associações de toda mancha antipatriótica causada por
alguns elementos que continuam mantendo seus laços com o Vaticano. O
governo dará a autorização e se organizará a Igreja Independente. Deve-se
ter presente que a ruptura da Igreja Católica com o Vaticano somente tem
importância para os teólogos. As massas têm pouca afinidade e pouca
vinculação direta com Vaticano e suas praticas religiosas.
Item h) Última Etapa: Consagrar Sacerdotes Marxistas no Seio da Igreja.
Chegamos assim à última etapa. Após a separação entre a Igreja e o
Vaticano, podem ser consagrados nossos próprios lideres da Igreja. Isso
provocará o mais vigoroso protesto do Vaticano e a excomunhão maior.
Deve-se pensar que a luta se está efetuando fora das suas fronteiras e não
entre seus associados. As associações funcionam e nas massas são
alentadas a praticar sua religião no seio da nova igreja ― A Igreja
Popular ― agindo com tato e sutilezas, não se destrói a liturgia e as
massas notam pouca diferença na nova igreja. Os protestos do Vaticano
contra as consagrações afetam a hierarquia da igreja, e o governo do povo
se responsabiliza de repetir a ação do Vaticano. Uma vez isolados, a ação
contra eles se torna cada vez mais legal, porque se sentem compelidos a
protestar e a se converterem em mártires e, em conseqüência, se
comprometem em ações antipatrióticas. Ainda que se tenha triunfado na
luta contra a Igreja Católica, deve-se empregar a persuasão com a
retaguarda do clero. As massas compreenderão que nessa atitude há uma
preocupação sincera pela liberdade de religião de todas as pessoas. Ao
152
mesmo tempo, colocam os que protestam na categoria dos que atuam
contra os sentimentos do povo do governo.
Item i) Fim: Desintegração e Destruição da Igreja
Quando chegar o momento em que os postos de responsabilidade no clero
sejam dos nossos e submetidos ao governo popular, se procederá a
erradicar paulatinamente os elementos de liturgia incompatíveis com o
governo popular. As primeiras mudanças serão as dos sacramentos e das
orações. Logo em seguida, tratar-se-á de proteger as massas contra a
coação e a pressão de freqüentar as igrejas e praticar a religião ou
organizar grupos coletivos, representando quaisquer seita religiosas.
Quando a prática da religião se converte em responsabilidade individual,
sabe-se que lentamente a religião vai sendo esquecida. As novas gerações
substituirão as antigas e a religião será um episodio do passado, digno de
ser tratado nas historias do futuro.
(O texto que o leitor acaba de ler foi publicado em 1959 pela imprensa
de idiomas estrangeiros de Pequim para uso exclusivo da Seção LatinoAmericano de Enlace do Partido Comunista da China. Seu autor chama-se
Li Whein Han. O documento trazia o título de Igreja Católica e Cuba.
Programa de Ação. Publicado no Jornal de Minas, 1984).
153
Capítulo 12
MARX E JESUS. A RELAÇÃO
AUTOR X OBRA
Chegamos ao último tópico deste capítulo. Faremos alguns breves
comentários sobre Jesus e sua obra, e sobre Marx e sua obra. Isto, ao tempo
em que viviam e nos tempos posteriores às suas mortes. Analisaremos seus
frutos através da história, partindo do princípio lógico das causas e dos
efeitos. Uma teoria é um conjunto de dados para explicar alguma coisa e
obter-se um acerto resultado. Por exemplo: enquanto teoria, um sistema
econômico é um conjunto de ideias voltadas para a finalidade de produzir
riquezas. Se ao serem praticadas, tais ideias de fato funcionarem ― i. e.,
produzirem riquezas - , significa que o sistema é bom e operante. O mesmo
se aplica a um sistema político, social, etc. o sistema de produção liberal, ao
qual Marx denominou Capitalismo, contem em seu bojo a ideia central de
que, para que se produzam riquezas, deve haver liberdade de criação,
produção e distribuição. Se tal ideia, obedecida, produzir os resultados que
enuncia, conclui-se que é verdadeira. Logo, se a teoria é boa, a prática o
demonstrará. O Sistema Liberal de Produção de fato funciona e produz
riquezas (Inglaterra, Suíça, Japão, USA, França, Suécia, Hong Kong, etc.).
Quanto à partilha e distribuição das riquezas produzidas, não
compete ao sistema econômico fazê-lo. Mas sim ao homem. Se o homem é
egoísta e injusto e não o faz, e necessário que se faça uma mudança na
mentalidade e no coração do homem, e não no sistema de produção. Essa
mudança no homem é a proposta da religião. Porém, ela deverá ser efetuada
por meio do amor da verdade e da lei. Ou seja, por um novo sistema de
educação moral e ético que desperte no homem essa mudança. Francisco de
Assis exemplifica bem essa transformação do egoísmo ao altruísmo por
meio da verdade e do amor. Marx, entretanto, ao invés de propor uma
mudança
no
homem,
propôs
a
destruição
do
sistema
154
sócio―político―econômico a partir da violência e destruição do próprio
homem. Ou seja, Marx propõe a salvação do homem por meio da sua
morte*. Será mesmo verdade tudo isto? Quando estudamos o próximo
capítulo deste livro nós o demonstraremos detalhadamente. Apenas para
adiantar um pouco e contra propor o argumento de que os comunistas
matam apenas os inimigos do povo e os contra-revolucionários, informamos
que, conforme o discurso de Nikhita Kruschev, no XX Congresso do Partido
Comunista em 1956, Stálin assassinou centenas de milhares dos próprios
camaradas que fizeram com ele revolução russa de 1917. Andrew Wilson,
no seu livro Comunismo ― Suas Promessas e Suas Praticas, escreveu:
“Dos trinta e um membros originais do Comitê Central que
organizaram a revolução russa, somente quatro tiveram morte natural,
incluindo Lênin e Stálin. Todos os outros foram acusados, torturados e
executados pelos seus próprios companheiros. Dos 28 milhões de membros
do partido em 1934, uma estimativa de 1,6 milhões foram fuzilados ou
enviados para campos de trabalho forçados. Na China durante a revolução
Cultural”, muitos lideres comunistas, homem como Liu Shao Chi, que foi
companheiro de Mao-Tsé-Tung na Grande marcha, foram humilhados e
purgados publicamente...”
Visto um pouco sobre o falso argumento marxista de que eles
somente eliminariam os “inimigos do povo” prossigamos com a nossa
análise.
Os frutos do Cristianismo
Aqueles que já estudaram com sinceridade a história das religiões, mais
especificamente, a história do Cristianismo, não poderão dizer que os frutos
do Cristianismo foram todos maus. Menos ainda se poderá afirmar que “sem
o Cristianismo, a humanidade estaria melhor.” Tal afirmação seria um
disparate. Apenas a história das missões cristãs, o amor, a dedicação e o
sacrifício dos missionários cristãos de todas as ordens religiosas, já são mais
que suficientes para revelar a natureza injusta do ataque marxista contra o
Cristianismo.
*
O marxismo conduziu ao massacre indistinto dezenas de milhões de operários,
camponeses, empresários, professores, religiosos, etc. Somente na Camboja mais de três
milhões de civis foram massacrados. Na Polônia, a perseguição dos comunistas contra os
operários é escandalosa. Enfim, em todos os países invadidos, os comunistas tornaram-se
inimigos e perseguidores das populações.
155
A força do Cristianismo que deu ao mundo homens como Francisco
de Assis, ainda hoje é a mesma que produz homens como Soljenítsin e
mulheres como a Madre Tereza de Calcutá.
No seio do Cristianismo já surgiram santos e demônios. Os santos
nasceram da prática da teoria cristã e os demônios, do abandono dela. Não
há no Cristianismo nenhum ensinamento quanto à prática da ganância, das
mentiras e da luxuria. O cristianismo, sempre que foi praticado, produziu os
frutos que suas ideias enunciam. Sempre que foi desprezado, tais frutos não
floresceram. Os erros de Inocêncio III podem ser contrapropostos pela
honestidade de Pio XII. Os erros do arcebispo Tetzel são ofuscados pelos
sentimentos de Huss, Lutero, Kant, Fichte e tantos outros grandes cristãos.
Milhões de missionários cristãos sacrificaram suas vidas no passado pelo
bem da humanidade. O Cristianismo civilizou a Europa bárbara. Os francos
foram bárbaros que, influenciados pelo Cristianismo, transformaram-se em
povos civilizados*.
O Cristianismo esteve no palco de todas as grandes lutas da história
da humanidade errando e acertado, mas sempre se fez presente.
Entre erros e acertos e entre bem e o mal, sem nenhuma dúvida, os
acertos e bem foram imensamente maiores. É um absurdo e uma grande
injustiça omitir esse lado belo da história do Cristianismo. É injusto tentar
apresentar uma imagem do Cristianismo como algo inútil e essencialmente
mau. Um simples estudo da vida ascética dos monges franciscanos, jesuítas,
dominicanos, do seu amor e bondade e das magníficas obras caritativas,
educacionais e culturais que semearam por toda a Terra, também nos
revelará o seu sincero amor e auto-sacrifício pelo estabelecimento da justiça
e da paz entre os homens. Foram incotáveis aqueles que deram suas vidas
por essa causa. Também não podemos, de forma alguma, esquecer as
grandes perseguições que o Cristianismo sofreu pelo mundo. Desde o seu
nascimento e expansão no império romano, até o renascimento sob a forma
do protestantismo. Milhões de cristãos sacrificaram suas vidas em defesa do
Cristianismo, outros foram enviados para religiões hostis e inóspitas para
civilizar bárbaros e selvagens, muitos doaram as vidas por suas missões. A
história do Cristianismo registrou todos os seus acertos e todos os seus
erros*.
*
E que não se cometa a “barbaridade” de negar a civilização, e ainda se falar em socialismo
cientifico! Como procedeu Engels, estupidamente, no seu livro “A Origem da Família, da
Propriedade Privada e da Estado.”
*
Por que houve acertos e por que houve erros, será tema de um trabalho posterior que
pretendemos elaborar.
156
Somente alguém, verdadeiramente mal intencionado, poderia
procurar omitir as boas obras do Cristianismo e o seu coração de amor e
sacrifício por Deus e pelo homem. Semelhantes ao percurso histórico do
Cristianismo, foram os percursos de todas as outras esferas religiosas
centrais, tais como o budismo, o confucionismo, o islamismo, o hinduísmo e
o orientalismo (os movimentos religiosos orientais nativos).
Em todas as épocas e em todos os lugares, as religiões enfrentaram
grandes perseguições e dificuldades; cometeram grandes erros e realizaram
grandes obras na moral, na ética, na educação e na cultura.
Lamentavelmente, os cristãos meio adormecidos e impotentes para gritar e
mostrar ao mundo o lado bom da sua história; os rastros de amor, bondade e
educação que semearam na Terra. É como se “alguma força poderosa e
misteriosa estivesse gelando e imobilizando suas mentes, os seus corpos e
enterrando-os vivos.” Foram muitos erros do Cristianismo, mas foram bem
maiores e em maior quantidade os seus acertos. Enquanto o Cristianismo se
opunha a Galileu e Darwin, enviava milhares de missionários para as
religiões mais inóspitas do mundo. Enquanto alguns líderes cristãos
compartilhavam da omissão e da exploração dos empobrecidos, milhares de
outros doavam as vidas, a cuidar de leprosos e doentes de todo o tipo.
Outros saíam pelo mundo em peregrinação ensinando aos homens o valor
do amor, da paz e da bondade. O mesmo diremos dos diversos grupos
religiosos. Jamais, em tempo algum, uma religião original, que caracteriza
pela auto-doação sacrifical e pelo ensinamentos éticos e prático do amor, da
verdade e da bondade entre os homens, foi criada por interesses políticos ou
econômicos. (A Igreja Anglicana foi mera distorção do Cristianismo).
Moises e Buda são exemplos claros dessa afirmação *. O homem é um ser
místico e espiritual. As religiões prestam-lhe a assistência e fornecem-lhe os
elementos transmateriais para satisfazer a sua natureza mística espiritual.
Assim, milhões de homens por todo o mundo fizeram grandes doações
matérias às religiões. Que construíram belíssimas catedrais, templos,
conventos, seminários e igreja. São inúmeros casos em que uma pequena
igreja, construída em um certo lugar, deu origem a uma grande cidade.
Esses locais, destinados à vida mística, tornaram-se fontes de alegria e
realização para milhões de seres humanos em todos os lugares no passado e
no presente. As religiões nascem de pessoas simples e crescem com apoio
de populações inteiras. A afirmação marxista de que as religiões são
engendradas pela classe dominante para oprimir e explorar a população, é
um ataque infundado à verdade. É uma afirmação tão infeliz e perniciosa
*
Ambos renunciaram ao luxo, riquezas e posição, pelo caminho do ascetismo.
157
que somente poderia ser concebida por uma mente e um coração
pervertidos. Os verdadeiros religiosos não são criminosos ou parasitas
inúteis, são homens que dedicaram suas vidas ao serviço de Deus e à
dimensão espiritual da humanidade. Em diversos lugares, as religiões
tomaram corpo de acordo com os costumes e as tradições dos povos. Mas,
em essência, os seus ensinamentos são sempre os mesmos: fé, moral e ética.
Quem poderá negar tal afirmação. Simplesmente apontando os erros
daqueles que não tiveram nem dignidade para viver a religião?
Já abordamos anteriormente a questão relativa às causas e efeitos e
aos autores e suas obras. Vimos que nada há no efeito que seja proveniente
as causa. Essa lei da Causalidade é um dos princípios mais difundidos e
utilizados pela ciência atual*. A psicologia é o estudo do comportamento
humano e animal, i. e., o estudo do efeito, do comportamento, para se
conhecer a causa ― a mente. Analogamente, pelas obras de um homem (seu
comportamento e atitudes) pode-se compreender sua personalidade e sua
mente. As obras dos grandes líderes religiosos, dos grandes filósofos e dos
grandes cientista, deixam os frutos de seus estudos na Terra. O somatório e
complementariedade de tais frutos, deram origem à alta tecnologia e ao alto
grau de conforto e comodidade de que dispõe a humanidade hoje. Mais uma
vez, quero lembrar que a expansão desse grau de conforto para toda a
humanidade não depende das descobertas cientificas ou da própria
tecnologia em si. Mas do homem. Razão por que faz-se necessária uma
revolução no homem; um novo sistema de educação e novas ideias que
possuam a força para conduzi-lo do egoísmo ao altruísmo. Sem dúvida, o
marxismo não é esse sistema de ideias, nem de educação. O marxismo
aplicado engendra homens cruéis, em proporções ao tempo de prática. É
obvio que não se pode criar homens pacíficos e bondosos ensinando-lhes o
ódio e a violência.
Os frutos do Marxismo
Quais os frutos das religiões na Terra? Especificamente, quais os frutos de
Jesus na Terra? Todos nos sabemos e podemos ver ainda hoje que o
Cristianismo deu origem à toda uma rede de instituições de educação moral,
ética e cultura por toda a Terra; bem como a uma rede de ordens religiosas
femininas e masculinas voltada para o serviço assistencial no plano material
e, de modo específico, no plano espiritual. Deu origem aos mais elevados
*
O marxismo, ao afirmar que o Universo surgiu por mero acaso, nega o princípio
fundamental da ciência – a lei da causalidade – caindo em flagrante anticientificamente.
158
ideais através das missões e aos mais elevados valores morais e éticos
(como a honestidade, pureza, fidelidade, obediência, respeito, caridade, etc),
e ainda, aos mais belos sistemas de ideias como o Agostiniano, Tomista,
Kantiano, Hegeliano, etc. Semeou tais valores por rodo o mundo bárbaro e
selvagem, por meio de homens bondosos e dedicados, que ofereceram toda
sua existência à moralização e aculturação dos povos; que enfrentou as
maiores e mais cruéis perseguições nas quais milhares de cristãos foram
massacrados, das arenas romanas a cidade de São Bartolomeu. Mesmo
assim, eles prosseguiram sua marcha em direção ao que consideravam o seu
grande ideal: a preparação de homens de amor e verdade para viverem ao
serviço de outros aqui na Terra, alegrando a Deus ao mundo espiritual. O
Cristianismo inspirou e produziu milhares de livros em todas as línguas do
mundo, nos quais (pelo menos naqueles escritos por cristãos anteriores ao
escândalo da “teologia” da revolução ― ou libertação) jamais se
encontraram ensinamentos voltados para a destruição da vida humana ou da
ordem da sociedade. Assim, a humanidade viu surgir figuras como São
Paulo, Agostinho, Tomas de Aquino, Kant Hegel, Wiclyjj, Lutero, Wesley,
Luther King e tantos outros grandes pensadores e benfeitores da
humanidade... Estes foram os frutos das ideias de Jesus. Todos aqueles que
praticaram suas ideias, seguindo o seu exemplo de vida, tornaram-se
grandes exemplos de sabedoria e bondade e foram considerados Santos de
Deus. No seio no Cristianismo também surgiram homens injustos e até
cruéis. Mas será que poderemos dizer que esses homens comportaram-se
segundo o exemplo e as ideias de Jesus? Evidentemente que não. Os
grandes mentirosos e malfeitores do Cristianismo tornaram-se assim,
exatamente porque desprezaram as ideias e o ideal prático do Cristianismo.
Por outro lado, com quem Clara e Francisco de Assis aprenderam a se
comportar? Naturalmente, não foi alguns falsos religiosos de seu tempo,
mas com o próprio Jesus. A figura de Francisco de Assis e da jovem Clara
representam a voz-imagem do ideal cristão do homem. Ainda hoje, pode-se
encontrar vestígios da forma de viver que caracterizou o Cristianismo na
maioria dos anos de sua existência. Eis os frutos de Jesus na Terra. O
Cristianismo acha-se hoje enfraquecido e agredido. Seus dogmas antigos e
medievais foram solados pelas descobertas cientificas modernas, e
completamente distorcidas pelas ideias sofisticadas do marxismo, que
atualmente colhe os louros da vitória ideológica contra o Cristianismo, em
sua forma atualmente conhecida. Ocorre, porém, que já existe na Terra um
Novo Cristianismo. A teoria cristã foi repensada e apoiada na filosofia
idealista-teísta e nas descobertas da ciência do século XX. Essa nova visão
do Cristianismo tem sido chamada Deusismo. Trata-se de nova expressão do
159
pensamento teísta e já está semeada em todo o mundo, e o marxismo se
encontra agora na defensiva ideológica. Pela primeira vez na história do
marxismo, ele tem sido confrontado e derrotado por uma outra ideologia.
Queria Deus que os governos do mundo livre, muito rapidamente, se dêem
conta da existência dessa nova esperança; dessa nova “arma ideológica” que
definitivamente desmascarará e derrotará o marxismo onde quer que o que
confrontar.
Vejamos agora os frutos de Marx. Quais os frutos do marxismo na
Terra?*
Primeiramente, sintetizaremos alguns das suas ideias essências e alguns
dos seus frutos mais aberrantes. O marxismo afirma que não existe Deus.
Conseqüentemente, o Universo é a origem criativa de si mesmo (essa
afirmação nos dias atuais é um disparate!); Afirma que o homem é um mero
animal e que não possui corpo espiritual (outro disparate!); que a base
existência do Universo é a luta e o conflito entre elementos contrários
intrínsecos a todos os seres (imagine-se o próton e o elétron em luta?!
Existiria alguma coisa?) ; afirma que a causa do progresso humano em geral
nasce da luta violenta; da guerra em todos as suas formas e
independentemente da vontade do homem ― tal afirmação equivalente a
dizer que as grandes invenções tecnológicas “inventaram-se a si mesmas”,
ou ainda dizer que “a associação e a cooperação nada valem” (gostaria de
*
Os frutos do marxismo-comunismo-socialismo foram amplamente pesquisados e
publicados na obra O Livro Negro do Comunismo . Crimes, Terror e Repressão.(Editora
Bertrand Brasil, 2005) da autoria de Stephane Courtois, Nicolas Werth, Jean-Louis
Panné,Andrsej Paccz kowiski, Carel Bartosek e Jean-Louis Margolin. O Livro Negro do
Comunismo é uma obra histórica com fotografias e 917 páginas que narram a história de
crimes e terrorismo dos marxistas-comunistas-socialistas nos 35 países que invadiram. O
Livro Negro do Comunismo prova documentalmente que os crimes do comunismo foram 5
vezes piores do que os crimes do nazismo. Quando o domunismo implodiu na União
Soviética em 1990 deveria ter sido instaurado o Tribunal de Moscou, uma corte
internacional para julgar os crimes dos comunistas contra a humanidade e punir os
culpados, assim como o Tribunal de Nurenberg julgou e opuniu os crimes dos nazistas. Por
que o Tribunal de Moscou não aconteceu, e em vez disso, a Rússia foi incluída no grupo G7
+ Rússia? Porque. Embora seu Exército Vermelho estivesse sucateado e faminto, a exUnião Soviética tinha em seu poder mais de 2000 bombas nuccleares, não hesitariam e usálas contra a humanidade. Por isso, o mundo ocidental optou por apaziguar os comunistas,
uma vez que eles já estavam falidos e desmoralizados. E em vez de instaurar o Tribunal de
Moscou incluiu a Rússia no grupo G7+Rússia. Na verdade, em vez de punir o menino
malvado, puseram um docinho em sua boca para amansá-lo. Alguim dia, com certeza, os
comunistas serãojulgados e punidos pelos horrorosos crimes que cometeram contra Deus e
contra a humanidade. Quem viver verá.
160
lembrar que a antropologia, a sociologia e a psicologia afirmam o contrário);
que a família monogâmica deu à prostituição e a infidelidade e que,
portanto, deverá ser destruída (Engels ― A origem da Família, da
Propriedade Privada e do Estado livro escrito sob a orientação das
anotações de Marx); que o Estado deverá ser destruído, pois é mero
instrumento de exploração (imagine-se ausência das lei de trânsito, das
estradas pavimentadas, das praças e parques públicos e das forças armadas
com Hítleres, Mussulines, Fidéis e Brejneves soltos por aí). Imagine-se uma
sociedade onde não haja legislação (poder legislativo) nem justiça (poder
judiciário) nem garantia dos deveres e direitos dos cidadãos (poder
executivo)? O que quer que o leitor imagine, sem um centro será certamente
a instituição das desordens do caos absoluto. O marxismo também afirma
que a fábrica e o lugar onde se aprendem as relações básicas da sociedade
humana*; que não há necessidade de Deus, nem da ética e nem de amor
entre os homens; que a violência é a lei natural mais fundamental... Enfim,
que civilizações humana não deu em nada e que, portanto, deverá retornar
ao barbarismo selvagem ateu e amoral.
Tudo isso, para um leitor “moderado”, parece conter uma certa
parcialidade. Quanto a mim, dispenso silogismo ou circunlóquios
semânticos, e prefiro chamar de azul o azul, e de vermelho o vermelho. O
que estou dizendo é que as coisas, do modo como as descrevo aqui são
ainda dóceis e incapazes de transmitir com reais e verossímeis o barbarismo,
o cinismo e a malicia intelectual do marxismo. Creio mesmo que somente
com uma visão religiosa e possível desvendar os mistérios que envolvem o
marxismo e sua expansão mundial.
Marx não apenas falou. Ele inspirou e orientou todo o movimento
comunista internacional (talvez o esteja fazendo ainda até os nossos dias).
Todos as atrocidades e barbaridades cometidas pelos comunistas na União
Soviética (e tão bem contadas por alguém é russo, viveu dezenas de anos
entre os comunistas, e foi comunista, como Soljenítsin) e no resto do
mundo, tiveram origem nas ideias e nos ideais de Karl Marx. Engels, como
ele próprio afirmou, não teve lá tanta importância. Lênin e Stálin foram
meros seguidores. Porém, seguidores ortodoxos, fiéis o seu mestre. Engels
foi o João Batista de Marx. Lênin, o seu Paulo de Tarso. Se Jesus, que
recebeu inspiração e revelação mística, deu origem ao Cristianismo em
plena consciência do que se tratava, resta saber se o falso messias, Karl
Marx, recebeu inspiração e revelação de alguém, e se sabia ou não do que se
*
Alvin Toffler em seu livro A Terceira Onda (Editora Record) demonstra que o lar será o
Centro da Sociedade do Futuro.
161
tratava. Ou seja, se antevia os efeitos de sua obra, criada, parece-me, de uma
forma perfeitamente coerente com as conclusões a priori que tirou de suas
observações e com um propósito claramente definido! O que o leitor pensa
disso? Talvez tudo não passe de mera suposição. Mas de onde estarão vindo
todas essas conclusões a que estou chegando, desde que comecei a escrever
este trabalho?
Que frutos poderemos apresentar do marxismo após seus 138 anos
de existência teórica, e seus 68 anos de existência prática? Conforme a
revista francesa Le Figaro: 150 milhões de mortos! 1.500.000.000 (um
bilhão e quinhentos milhões) de pessoas escravizada dentro de 40 países
dominados pelos comunistas, 40 mil livros escritos sobre o marxismo em
todas as línguas do mundo que, mesclados com as ideias daqueles países,
produziram uma confusão infernal em que já não se sabe mais o que é
mentira ou verdade (conforme depoimento de Mikhail Barysnikov, famoso
bailarino russo exilado nos Estados Unidos); aproximadamente duzentos
tratados internacionais quebrados sem nenhuma consideração a quaisquer
que sejam as normas internacionais que os prescreveram, grupos terroristas
internacionais que atentam contra todas as altas personalidade do mundo
atual, semeando catástrofes e terror entre os povos do mundo; terrível KGB,
uma organização de terrorismo oficial e espionagem política, econômica e
ideológica infiltrada em todos os países comunistas e não comunistas,
responsável por grandes atentados criminosos, e com uma lista mortes que
somente será desvendada depois da queda do comunismo na União
Soviética... Enfim, são tantos os crimes e jogos de corpos que deixarei para
melhor detalhá-los no próximo capítulo deste livro. Lamento muito ter quer
cansar o leitor com essas narrativas funestas, mas infelizmente, não se pode
dizer muito dos benefícios feitos pelos comunistas na Terra.
Os no-bárbaros
Eis aí alguns dos frutos do marxismo. Humanidade já conheceu no passado
muitos povos bárbaros e cruéis. Porém, nunca conheceu bárbaros cientistas,
filósofos e intelectuais empunhando armas nucleares, ideias e retórica
poderosas e usando ternos e gravatas! Esses neo-bárbaros surgiram na
história da humanidade por algum grave erro das religiões do passado e do
presente. Se o marxismo for, de fato, uma pseudo-religião, somente poderá
ser derrotado por uma verdadeira religião. Se o Cristianismo atualmente está
perdendo a guerra ideológica contra o marxismo (está aí a teologia da
libertação para prová-lo), o que fará o mundo livre para enfrentá-lo? Usará
apenas armas, numa posição defensiva? Estes instrumentos foram e têm
162
sido, utilizado ainda hoje. Não têm apresentado resultado algum. O
expansionismo comunista dá-se primeiramente por meio de ideias e
argumentos. Dessa forma, somente com ideias e argumentos poderá o
mundo cristão deter e derrotar o mundo ateu. Tudo o mais já foi tentado e o
resultado foi nulo. Resta agora descobrir, urgentemente, uma ideologia que
possa contra-atacar ofensivamente o marxismo, que seja inspirada em Deus
e que possa oferecer à humanidade mais do que tem oferecido o marxismo.
O pastor Wurmbrand afirma que Marx não era, mas sim antideus.
Procurando demonstrar essa afirmação, Wurmbrand apóia sua tese em bases
bibliográficas e biográficas de Marx.
Curioso por esse pormenor, e para melhor ilustrá-lo resolvi
transcrever um interessante texto anônimo no qual se descreve, com
impressionante realismo, aquela que seria a autentica identidade de um
antideus:
“Com uma visão natural e real do fenômeno, pode-se ver as
pegadas do antideus (anticristo) nos atos daqueles que erguem altos muros
em volta do seu Estado e metralham friamente todos aqueles que o tentarem
transpor; que aprisionam os homens de ciência (cientistas e intelectuais) e
aniquilam os homens de Deus (religiosos), classificando-os como
“parasitas inúteis” e “criminosos enganadores”, condenando-os à prisão e
à morte sem defesa; que incendeiam as casas de Deus (as igrejas,
seminários e conventos), as transformam em depósitos de inutilidades ou
em museus frios, enquanto apregoam pelo mundo “a morte de Deus”; que
negam aos homens todo e qualquer sinal de liberdade, não lhes permitindo
sequer ler coisa alguma acerca da sua esperança de vida eterna (Bíblias,
livros religiosos, etc); que fazem da mentira, sua verdade, e das armas, suas
palavras e meios para invadir e tomar países inteiros (Afeganistão) ante os
olhos perplexos e inertes do mundo; para quem matar milhões de seres
humanos representa simplesmente um ato progressista “necessário a uma
mudança de conduta social”, em prol da edificação da sociedade comunista
ateia: que semeiam pelo mundo as sementes do ódio e do ressentimento
entre os homens e fornecem as armas para os irmãos de um país mataremse mutuamente, depois de os ter postos uns contra os outros meio de um
sofisma ideológico, que afirma o progresso nasce das lutas e da destruição;
que como um urso, saltam sobre as pequenas nações destruindo-lhes a
ordens, seus valores éticos e morais, resguardados por um imenso arsenal
atômico e o maior exército do mundo; que apregoam aos jovens que o amor
é uma reação química, anulando-o separando-o da sexualidade e semeando
pela Terra a devastação da imoralidade, das drogas e da corrupção;
desonrando indivíduos e povos por interesses mesquinhos e egoístas... Esta
163
é, sem dúvida, a verdadeira face de um antideus. Tal é a face do comunismo
ateu. Um dos mais estranhos fenômenos que a história conheceu.
Criminosos organizados nacionalmente que, em 68 anos, assassinaram
aproximadamente 200 milhões de seres humanos e dominaram pela
subversão, pela força engano e pela força, um terço da humanidade em
aproximadamente 40 países e acham-se infiltrados em todos os países do
mundo e em todos os setores da sociedade com a única finalidade de
desestabilizá-lo social, política e economicamente, transformando-as em
colônias mudas e escravas sem cultura, tradição ou história, completamente
isoladas do resto do mundo e submetidas ao mais totalitário império que a
humanidade conheceu ― O Império Comunista Ateu.
Apud revista Nova Era, n°s 38-39,
maio-junho de 1981, p.18, Coimbra-Portugal.
164
Parte III
A Mística do
Comportamento
Marxista
165
Capítulo 13
O PRINCÍPIO DA INVERSÃO
Existe uma “igreja” às avessas. Uma “igreja” de adoração a um antideus*.
Convém notar que a presença de um antideus acha-se citada em todas as
religiões. Na religião persa, ele é chamado “Masda — o deus do mal”; no
Budismo, Mara — o demônio da ilusão; no hinduísmo, Siva — o destruidor;
no Cristianismo, Satanás, Diabo ou Demônio... Enfim, em todas as religiões
esse é o fato intrínseco. Não me proponho a demonstrar a existência real de
um antideus, mas sim levantar algumas questões curiosas. Inicialmente,
lembramos-nos de que a finalidade da existência humana é a alegria. Assim
sendo, toda e qualquer coisa que traga sofrimento não é uma obra livre da
natureza original humana. Ora, todas as religiões se caracterizam por ensinar
a renúncia e o sacrifício pessoal, estimulando os homens a orarem, jejuarem
e a pedirem perdão a Deus pelas suas falhas, com lágrimas de
arrependimento. Será que os homens criaram e buscariam livremente as
religiões? Outro estranho fenômeno são as guerras. As guerras trazem a
devastação, a miséria e um sofrimento extraordinário.Nunca uma guerra
deixou atrás de si construções, prosperidade e felicidade. Em toda a história,
a humanidade tem procurado se livrar das guerras sem entretanto, alcançar
tal escopo.
Hoje, mais do que nunca, se observa esse esforço, o mesmo esforço
precedeu a I e II Guerra Mundial. Atualmente, prestes a estourar a III
Guerra (Nuclear) e, literalmente, devastar a Terra, a humanidade volta a
exprimir sua natureza pacifista e suas preocupações com o futuro.
*
A Editora Três publicou um livro chamado o Livro Negro do Satanismo. Trata-se de uma
espécie de “catecismo” destinado à orientação de cultos e rituais.
166
Por todo o mundo, líderes de Estado se reúnem para “conversações de
paz” infrutíferas. Será que a guerra é uma criação humana? Ao que nos
parece, as religiões e as guerras não correspondem aos desejos originais do
homem. Não sendo, portanto, obras originalmente humanas. Podemos
também notar esse fato por meio de uma simples análise das necessidades e
dos desejos humanos originais (intrínsecos), e nas obras criadas para
satisfazê-los. Os homens fogem das religiões por um lado, e buscam-nas por
outro; fogem das guerras um lado, e buscam-nas por outro. Esse
comportamento paradoxal do homem será estudado em outra oportunidade,
aos nos atermos a considerações mais pertinentes à teologia.
O paradoxo do comportamento humano
Neste trabalho quero apenas constatar e enfatizar o fato do “paradoxo do
comportamento humano.” Quem então estaria por trás das religiões e das
guerras? Quem estaria movendo os homens nessas direções opostas, em
uma tão grande contradição com a sua vontade natural? Se acreditamos que
Deus é a origem das religiões, através das quais procura conduzir o homem
para o amor, bondade, a educação e a paz, somos constrangidos a admitir,
uma vez as guerras não são obra de Deus e nem do homem, um terceiro
personagem responsável por elas. Esse personagem deveria ser a antítese de
Deus e a finalidade da sua obra deveria ser oposta à de Deus. Se a finalidade
da obra de Deus é a paz e a felicidade, a do antideus seria a guerra, miséria,
a destruição e a infelicidade.
Gostaria de ressaltar que, na história humana, ocorrem certos fatos que
também representam grandes contradições no comportamento e na lógica
humana. O homem, em toda a história, tem buscado a verdade, a beleza e o
bem. Esses são desejos essenciais do espírito humano. Paradoxalmente a
esse fato, sempre que novos filósofos, religiosos ou cientistas apareceram
anunciando novos aspectos da verdade e novos caminhos para o bem, a
humanidade — estranhamente — os perseguiu ou os matou! Podemos citar
como exemplo Sócrates, Jesus e Giordano Bruno, Nenhum grande pensador,
que trouxe algo novo para a humanidade, foi aceito naturalmente. Todos
foram perseguidos, presos ou mortos. De Galileu a Einstein; de Jesus a
Gandhi e de Sócrates a Kant. Somente depois de suas mortes a humanidade
parece reconhecer-lhes o valor, erigindo estátuas e prestando-lhes
homenagens. Não é um paradoxo? Quantas vezes a humanidade já se
enganou (ou foi enganada?!) em seus julgamentos e sentenças? Quantos
grandes pensadores deixaram de expor suas ideias com receio da miséria
que se abateria sobre eles? Os artistas também foram perseguidos ou
167
tiveram uma vida miserável, material e espiritualmente. A surdez de
Beethoven ou a loucura Van Gogh; a neurose de Michelangelo ou a angústia
de Dante. Quase todos filósofos, religiosos e cientistas enfrentaram a
miséria material e viveram em angustia profunda. O existencialismo é o
grito angustiante de uma das vertentes da filosofia. Como pode a
humanidade que tanto ama a filosofia, a arte, a bondade e a ciência
perseguir tão barbaramente os seus grandes autores? Tudo nos leva a crer
que esta perseguição é involuntária. O homem, livremente, não envenenaria
a água que lhe sacia a sede! Nesse caso, quem os estaria induzindo a
perseguir e destruir aqueles que lhes traziam a “água do espírito?” Dentro
dessa visão, Freud, que afirma odiar a religião, a filosofia e a arte, perde
todo o seu brilho e se converte numa ameaça para a humanidade, se não é
Deus e nem o homem quem persegue e destrói os santos e sábios que
florescem sobre a Terra, quem o estará fazendo? Podemos negar esse fato
histórico?
Antiverdade
Outro curioso fato nos ocorre: a existência de uma antiverdade para cada
aspecto da verdade surgida até os nossos dias (digo “antiverdade” porque
tais afirmações são sempre o oposto da verdade). Para todo o conjunto de
filósofos idealistas, crentes na existência do ser absoluto — Deus (Platão,
Aristóteles, Tomás de Aquino, Hegel, Kant, Fichte, Schelling e outros),
surgiu todo um grupo de filósofos materialistas, descrentes na existência do
ser absoluto (Heráclito, Demócrito, Strauss, Nietzsche, Freurbach e outros).
Teístas e ateístas representam portanto, duas visões do que ambos os grupos
afirmam ser a “verdade.” Evidentemente, uma é falsa. As duas não podem
ser verdadeiras, visto que são opostas. Do mesmo modo, para todo um
grupo de cientistas crentes, surgiu um grupo de descrentes. Uns podem ser
chamados criacionistas e outros, evolucionistas (aqui entendidos como
aqueles crêem que Deus criou o Universo e aqueles que afirmam que o
Universo não foi criado, mas é um produto de um processo evolutivo
casual). Naturalmente, não vou negar o fato incontestável da evolução. O
que parece questionável aqui é a causa haja vista que ela se apresenta como
um efeito. Aqueles pois, que crêem numa causa para a evolução, denominoos criacionistas, e àqueles que não crêem , denomino-os evolucionistas. A
posição da ciência atual tende à unidade entre essas duas correntes. Conviria
lembrar aqui que a ciência se baseia na experimentação concreta e, uma vez
que Deus é espiritual e invisível, não pode ser “objeto” da ciência
materialista e experimentalista. Assim como a mente não pode ser
168
localizada ou mesurada pela psicologia. Para se chegar a compreende-la,
estuda-se o comportamento e as obras humanas — os efeitos.
Da mesma forma, para se chegar a compreensão sobre Deus,
deveríamos estudar os efeitos, ou seja, suas obras visíveis na Terra.
Concluímos, portanto, que a ciência experimentalista não pode alcançar
Deus diretamente, mas somente por meio das suas obras.
Paralelamente, as artes também apresentam essa dicotomia entre
artistas espiritualistas e materialistas. Podemos citar a pintura realista e a
surrealista ou abstracionista. Qual das duas expressões artísticas produzem
melhor sentimento no coração humano? Imagine-se, por exemplo, a pintura
realista de Michelangelo na capela Sistina, a pintura surrealista de Picasso
ou Dali e os efeitos no espírito humano. Em qual das duas expressões
artísticas o homem melhor se compraz? Ou seja, em qual delas sente-se
mais naturalmente satisfeito por encontrar maior identificação com os seus
protótipos e sentimentos originais? Mesmo que Picasso, sem dúvida um
artista de renome, retrate de maneira supra-real a condição e as vicissitudes
humanas, o “feeling” que seus quadros provocam no apreciador, realmente
destoa daquele sentido através de um Michelangelo, por exemplo.
Que me desculpem os apreciadores da chamada “arte moderna”, mas
na maioria das vezes, a apreciação desse estilo de arte é muito mais por
modismo ou propaganda. Procura-se conhecer a arte moderna “porque é
sinal de ignorância e quadradismo ignorá-la. Não que satisfaça
espiritualmente, mas é questão de atualidade.” Vejam a escultura da estátua
de Moisés ou a Pitá de Michelangelo, comparadas com as atuais esculturas
modernistas, disformes e torpes, ou as horríveis montagens de ferro-velho
em forma de figuras; na arquitetura, as belíssimas catedrais e os prédios
góticos, barrocos ou coloniais, em comparação com os modernos edifícios
“quadrados e econômicos”, da atualidade; na poesia, vejam-se as obras de
Gonçalves Dias e Castro Alves, comparada com a chamada “poesia
modernista”, na literatura, comparemos a obra de José de Alencar e
Machado de Assis no romantismo, com a literatura banal ou pornográfica da
atualidade.
Contracultura
Com essa análise, quis tão somente evidenciar ao leitor que somente o
chamado “progresso modernista” muito mais parece um retrocesso.
Modernamente é o que os comunistas chamam de contracultura (contra a
cultura ocidental tal do mundo livre, é claro!).
169
Podemos estender essa nossa análise para a música clássica e a música
moderna, bem estabilizada no heavy metal, ritmo caracterizado por ruídos
estridentes e sons roucos, semelhantes a grunhidos selvagens aliados a todo
um visual de desordem, sujeira e terror, envolvidos por um ambiente de
fumaça, fogo e destruição. Na arte da costura e na arte das jóias, podemos
também perceber essa queda extraordinária. As delicadas e trabalhosas
vestimentas da “belle époque”, transformaram-se em trajes desbotados,
alguns semelhantes a sacos e outros, semelhantes a pedaços de panos
jogados sobre o corpo. Por um lado, podemos ver também as belas vestes
sociais masculinas e femininas, com cortes impecáveis e de caimento
perfeito. Por outro, a decadência na forma de vestir das novas gerações que
culminam no estilo “punk.” Tal é o paradoxo desse século.
Outro incrível traço paradoxo está representado pelos vícios de toda
natureza. O homem busca originalmente a alegria. Para isso, ele precisa ter
saúde física. Entretanto, ainda que tenha consciência disso, o homem avança
por um caminho oposto a esse resultado. O alcoolismo e o tabagismo vêm
destruindo milhões de seres humanos há séculos; as drogas e a imoralidade,
outros milhões; a banalidade e os jogos, outros tantos...
Enfim, todo esse comportamento auto-destrutivo é outro traço do
declínio do homem para sua destruição total. Será que ele não tem
consciência de seu futuro? Creio que sim; no entanto, parece não ter forças
internas para deter essa queda.
Como acabamos de ver há um conjunto de ideias e atitudes que dão
origem a um conjunto de efeitos paradoxais. A quem devemos atribuir a
queda da cultura mundial? A Deus, ao homem ou a uma terceira
personagem oculta?
Deus e antideus
A cada dia torna-se mais patente que a única explicação plausível para a
atual estado humano é uma força má superior, que o está arrastando à
destruição total, contra sua vontade mais íntima, utilizando uma arma sutil
— a mentira e a ignorância —, aliada aos desejos mais indignos da natureza
humana (não original). E aí estaria a grande força: de uma posição invisível
aos olhos carnais do homem! Sem essa antítese de Deus — esse antideus —,
como se poderia explicar a origem de todo esse lado oposto da história da
arte. Filosofia, da religião e da ciência? Como se explicaria o
comportamento paradoxal do homem toda a história em todo lugar?
Como vimos anteriormente, o marxismo, tanto no aspecto ideológico
quanto no aspecto governamental, é o oposto do Cristianismo. Vimos em
170
detalhe que a cada ideia do marxismo corresponde uma ideia cristã. O pastor
Wurmbrand nos conta em seu livro que assim como há uma igreja de Deus,
há também uma “igreja de Satanás” — o antideus. O Cristianismo e o
Satanismo seriam opostos, com finalidades opostas.
O que caracteriza o satanismo é o que chamamos de “Princípio da
Inversão”, tudo é feito às avessas. As palavras e as cerimônias são
executadas às avessas. Naturalmente, suas finalidades também são opostas.
Nada da ética ou da moral cristã deverá ser respeitado. O que existe deverá
ser destruído. A ordem, a higiene, a verdade, a arte, a moral, a bondade,
enfim... Tudo! Tudo deverá ser invertido; posto de penas para o ar. Esse
seria o ideal supremo do antideus para a humanidade. Mesmo que não
queria, não posso deixar de ver aqui a sombra do marxismo e do seu ideal.
Quero lembrar ao leitor que o marxismo está destruindo não apenas o
mundo livre, mas também o mundo comunista. Exagero? Infelizmente não,
amigo, se assim fosse seriamos mais felizes hoje. Essa é a mais nua
realidade. Na obra O 18 Brumário, Marx revelou sua admiração pelas
palavras de Mesfistófeles no drama Fausto; “Tudo que existe é digno de ser
destruído.” Stálin destruiu todos os velhos camaradas e até a própria
família. Lênin disse certa vez em uma carta de 1921 (Lênin. Obras em
Francês — Vol.36 pág. 572): “Todos nós merecemos ser enforcados em
uma corda suja”**. Após toda uma vida de dedicação ao marxismo, foram
essas suas palavras final dos seus dias.
Esse princípio da inversão é um dos traços mais visíveis no marxismo,
também no aspecto ideológico. Exemplificamos: na natureza tudo é
dialético. Os aspectos contrários acham-se em luta no interior dos seres e é
por isso que eles existem e se movimentam.
A esse princípio conflitante o marxismo chama “Lei da Unidade e
Luta dos Contrários.” Já vimos que essa afirmação é um sofisma. Na
realidade, os elementos dos quais se compõem todos seres não são
contrários, e nem se acham em luta. São complementares e acham-se em
ação harmoniosa no interior dos seres duais. Se o próton e o elétron
estivessem em luta no interior do átomo, o que existiria? Tal princípio
harmonioso é chamado, no pensamento Deusista, “Lei da Reciprocidade.” A
“Lei” da Unidade e Luta dos Contrários” é uma inversão da verdade. O
mesmo raciocínio aplicaremos oportunamente a uma análise exclusiva do
marxismo.
171
Capítulo 14
O SENTIMENTO COMUNISTA
O poeta Pablo Neruda em seu poema Os Comunistas, fala sobre a “Família
Comunista.” Neste Poema, os comunistas são retratados como vítima de
perseguição e acusação injustas. O que mais me impressionou porém, foi o
modo carinhoso como Neruda fala dos comunistas apresentando-os como
bons membros de uma grande e fraterna família mundial, cheios de nobres
objetivos e com uma determinação intrépida diante dos obstáculos lançados
pelo mundo capitalista e imperialista contra eles. Neruda queixa-se da culpa
pelo caos internacional atribuído aos comunistas, defendendo-os como
vítimas perseguidas pela maldade do resto do mundo. Lênin escreveu:
“Marchamos formando um grupo compacto ao longo de um
caminho escarpado e difícil, firmemente presos pelas mãos. Estamos
rodeados por todos os lados e sob um ataque quase constante. Temos nos
unido voluntariamente com o propósito determinado de lutar contra o
inimigo e não empreender a retirada para as regiões vizinhas, cujos
habitantes, desde o mesmo princípio, nos reprovaram por termos nos
separados em um grupo exclusivo e termos escolhido o caminho da
luta.”(Que Fazer? Editora Hucitec, 1979. São Paulo-SP).
O escritor venezuelano Carlos Rangel no seu livro Do Bom Selvagem
ao Bom Revolucionário, descreva de uma forma precisa o sentimento
comunista. Rangel apresenta os guerreiros latino-americanos como
172
românticos libertadores, definindo-os como “um elemento à procura da
selvageria nobre” perdida com a chegada do imperialismo colonialista.
Carlos Rangel diz ainda que os guerrilheiros crêem plenamente que só por
meio da revolução armada. A nobre selvageria da América Latina será
restaurada e as culturas nativas da América retornarão ao antigo estado
místico de inocência. Vejamos outra referência:
“Quando os comunistas chineses ocuparam Pequim, após anos de
combater nas forças de Chiang Kai Chiek, começaram a aparecer histórias
sobre a atitude dos saldados de Mao. Uma se referia aos participantes da
“Longa Marcha”que não tinham nada para comer. Supostamente esses
soldados foram até Mao-Tsé-Tung e explicaram sua situação, Mao
respondeu: ‘cozinhem as solas dos seus sapatos e comam’. Foi o que
fizeram. Quando essas tropas finalmente marcharam vitoriosas em Pequim,
Mao os reuniu e lhes disse: ‘Não pesem que suas vidas agora serão fáceis.
Elas não serão mas prometo a vocês uma coisa: as vidas de seus filhos
serão mais fáceis’. (Comunismo.Promessa e Prática. The Freedam
Leadership Foundation,1975).
Como se vê, os comunistas expressam uma espécie de sentimento
familiar internacional semelhante ao sentimento familiar internacional
semelhante ao sentimento familiar do Cristianismo. Em todas as obras de
cunho marxista, os seus autores deixam transparecer esse sentimento. A
ideologia marxista possui o poder de despertar um forte sentimento de
unidade em torno do ideal que defende. Para a grande maioria dos jovens
marxistas, os comunistas são os mais leais e corajosos homens; são os mais
fiéis justiceiros e os mais ardentes e românticos defensores da paz e do bem.
Pode-se perceber esse sentimento transcrito numa frase famosa estampada
em um pôster de Che Guevara, de sua autoria: ‘Hay que endurecerse pero
sin perder la ternura jamas’. Todos o órgãos de divulgação dos partidos
comunistas esforçam-se com esmero e ‘devoção’ para despertar no povo um
patriótico sentimento familiar. Um exemplo estarrecedor dos resultados
desse sentimento está simbolizado pelo garoto Pawlick Molozov, que
denunciou seus pais às autoridades comunistas, levando —os à morte, por
sua fidelidade à causa comunista. Stálin mandou erigir uma estátua de
Pawlick, como exemplo de fidelidade e amor comunista. Os casos
semelhantes ao de Pawlick são fartos em qualquer literatura contramarxista.
Mas o que pretendo destacar aqui não é um relevo de tais casos e
frases, mas tão somente evidenciar o “sentimento comunista.” Este, mais
que qualquer outro fator, constitui o poder real do comunismo, que pinta um
guerrilheiro comunista como um Robin Hood da atualidade. Um alegre e
173
bondoso justiceiro que rouba dos ricos para distribuir aos pobres. Essa
imagem, ainda que não seja claramente definida — o que quebraria a força
de seu mistério —, acha-se amplamente difundida no pensamento e nas artes
comunistas.
O ex-líder soviético Constantin Chernenko determinou o retorno da
arte à figura do “herói comunista”, que constituiu principal fonte de
inspiração das artes nos tempos de Stálin. É esse “sentimento familiar” — se
assim o podemos chamar —, a origem da força e da aparente unidade do
comunismo.
O sentimento marxista pode perfeitamente ser comparado àquele
despertado por Hitler no coração do povo alemão. No livro Minha Luta,
Hitler deixou transparecer o ideal utópico de um império paradisíaco que
duraria mil anos. As suas palavras possuíam uma poderosa força
carismática, que conduziu o povo alemão para fora da realidade. Hitler de
modo semelhante a Jesus anunciou que o povo alemão era o povo “eleito”
para governar o reino que nascia, e cuja supremacia seria estendida ao resto
do mundo. Hoje, o novo povo “eleito” para os marxistas é o russo. O
marxismo criou o sentimento propício a essa crença, despertando a
fidelidade e a responsabilidade pela “salvação do mundo”, das guerras do
imperialismo, no coração dos russos e a certeza de que governarão o mundo
eternamente. O marxismo dá aos comunistas poderosas razões para viver ou
morrer, do mesmo modo que a crença religiosa deu aos cristãos primitivos,
aos pilotos kamikazes e aos iranianos sob o domínio do Ayatolá Khomeini.
A força mística que o marxismo exerce sobre seus seguidores em nada é
diferente daquela que o Cristianismo despertou nos cristãos primitivos, e
também na época da Reforma. Antonio Gramsci, comunista italiano,
escreveu que para suprimir a religião é necessário substituí-la por outra
coisa semelhante que possa satisfazer a natureza mística do homem.
Podemos seguramente afirmar que o marxismo possui tal poder místico. E
por quê? Porque contém em seu corpo ideológico as partes fundamentais da
religião cristã — uma teoria da Criação, uma teoria da Queda Humana e
uma teoria da restauração do estado original —, possuindo, em essência, a
força mística de uma religião. Mas, de que tipo? Uma verdadeira religião se
baseia na fé de Deus, no amor e na verdade, e os apresenta como o caminho
para a religação do homem ao seu criador. Serão estes os ideais do
marxismo? Incrivelmente, eles são exatamente opostos! O que dizer então?
Que o marxismo nada possui de místico ou que ele é uma religião às
avessas? Admitir a primeira assertiva, a esta altura da exposição, não seria lá
muito honesto. Resta, portanto, a segunda hipótese à pesquisa do leitor.
174
Contramarxismo
Uma imagem igualmente humana, bondosa e científica é atribuída a Karl
Marx. Em qualquer país comunista, Marx, Engels e Lênin são os modelos
para todos os cidadãos. Eles vêem Marx como um homem inteligente e
humanista que, por tanto amar a humanidade, dedicou e sacrificou sua vida
para libertá-la da miséria e da opressão. Pôsteres de Marx são vendidos nas
livrarias, suas obras são vistas como preciosidades, pintores o retratam e
escultores o esculpem com capricho e respeito.Enfim, é o “Pai do Homem
Comunista.” Um gênio precoce; um homem extraordinário; um escritor
prolífero e um pai de família exemplar! Estes são apenas alguns dos
valorosos títulos atribuídos a Marx pelos seus admiradores. Por outro lado,
para um contra-marxista, Marx é bem diferente. É um psicopata. Uma
criança traumatizada, um homem degenerado desde a adolescência;
revoltado pelo seu fracasso artístico, seco e insensível com relação aos seus
parentes, cheio de ódio por Deus e pela humanidade, imbuído de espírito
estranhamente místico e perverso. Escreveu poemas revelando seu estado de
alma e suas estranhas intenções destrutivas, que deram origem a um sistema
de pensamento falso e anticientífico, negando a origem divina do Universo,
denegrindo o valor do homem... Enfim, é o primeiro responsável pelo
assassinato implacável de 150 milhões de seres humanos!
Esse é o outro rosto de Marx; o lado desconhecido de sua vida e de sua
obra, que aqui procuramos expor e complementar.
Analisando os efeitos do marxismo no mundo, após seus 138 anos de
existência teórica e seus 68 anos de existência prática, qual das duas
personalidades de Marx corresponde à verdadeira? Se ele fosse o gênio
bondoso que se procura divulgar, produziria tais frutos? Marxistas ou não, o
leitor não poderá simplesmente rejeitar todos esses dados.
Rudolf Allers, notável figura da terceira escola vienense de psicologia,
afirmou que o freudismo representava “o triunfo do erro.” O marxismo,
agora ideologicamente ultrapassado e praticamente abandonado pela China,
após décadas de frustrantes tentativas, representa também o triunfo de um
erro. Um erro pelo qual a humanidade pagou um elevadíssimo preço.
Dentro de mais alguns anos, Marx será visto pelo mundo como um
outro Hitler. O que há de verdadeiro em sua obra, além das aberrantes
acusações contra os erros cristãos e as injustiças humanas, aliadas às
poderosas palavras de incitação ao ódio e à violência? Sua teoria da Criação
(o materialismo Dialético) é falsa; sua teoria da história (O Materialismo
Histórico) é falsa e a sua solução (a destruição da família, da religião, do
175
Estado, da propriedade), bem como os métodos propostos (o ódio e a
violência), também o são.
Se o marxismo corresponde a uma pseudo-religião, naturalmente, sua
revelação é uma pseudoverdade (e isto ela é). Assim sendo, posta em
prática, ao invés de construir um “céu”, construirá um “inferno” na Terra.
Seguramente, não podemos chamar as sociedades comunistas de paraísos
terrestres.
Capítulo 15
O C OMPORTAMENTO O CULTISTA
Para o Cristianismo a palavra “Luz” e a palavra “Trevas” simbolizam,
respectivamente, Verdade e Ignorância. Estar na Luz é estar em unidade
com Deus e no caminho. Para todas as religiões, o caminho de Deus é o da
verdade, do amor, da paz e do bem. Naturalmente, o caminho oposto é a o
da mentira, do ódio, da luta e do mal. Curiosamente, a Bíblia afirma que há
um antideus e que ele é o pai da mentira, do ódio, da violência e do mal
(João 8:44). Em todas as religiões o antideus possui estes mesmos atributos.
Vimos anteriormente que a possibilidade da existência real de um antideus é
tão provável quanto a de Deus, pala presença real na Terra de obras opostas,
as quais não correspondem às humanas, haja vista a sua grandeza e bondade
por um lado, e sua baixeza e maldade por outro. Vemos, entretanto, que o
homem tem sido o instrumento dessa extrema bondade — atualizada na
figura do líder comunista. As fontes de inspiração desses comportamentos
opostos são Jesus e Marx. Ou seja: a afirmação e a negação de Deus.
Deusistas e antideusistas
A história registra que quando se pretendeu praticar um ato de maldade,
procurou-se ocultá-lo da luz dos olhos de outras pessoas. Toda traição e
conspiração são planejadas ocultamente, o roubo, o crime e o adultério são
176
sempre cometidos ocultamente. A traição de Judas, de Silvério do Reis, o
assassinato de Júlio César, a invasão de Tróia, a traição de Dalila... Enfim, o
mal, ou os atos para a destruição, são sempre executados nas trevas. O
antídoto para a picada de uma cobra venenosa é preparado a partir do seu
próprio veneno. Do mesmo modo, a destruição do mal através da história,
também tem sido efetuada ocultamente; em segurança, longe dos “olhos” do
próprio mal. Assim foi a conspiração que derrubou Nero e elegeu o general
de Galba; assim foi planejada a Inconfidência Mineira, a Revolução de 31
de Março... Dentro dessa visão, tais conspirações, longe de serem atos de
maldade — uma vez que lutavam contra o mal — foram atos de bondade.
Mas convém lembrar que o bem, mesmo atuando ocultamente, não planeja o
mal, mas busca, simplesmente, proteção contra ele. Exemplo claro desse
fato foi a derrubada de Napoleão e a revolução gloriosa da Inglaterra, que
ocorreu sem violência. Bem contrária a esta foi a Revolução Francesa, que
apesar de falar em paz degenerou-se, após a vitória, em um reino de terror,
conforme Restif de la Bretone. O mesmo sucedeu à Revolução Russa e a
Chinesa. Por que isto aconteceu? Porque tais atos estavam inseridos nos
ensinamentos que os inspiravam, e os levaram a efeito.
Porque antevi um contra-argumento para essa questão é que transcrevi
algumas linhas. Mas o que distingue e separa completamente o bem e o mal
são as motivações básicas dos atos. Um ataque e uma defesa são duas
formas semelhantes de combate. Porém, uma das partes é a agressora; a
outra, está combatendo para tentar sobreviver. Aparentemente, ambas estão
guerreando. Mas de fato, uma delas está tão somente tentando sobreviver.
Por isso, embora pareça um ataque, não o é. De modo semelhante, é a
utilização do comportamento ocultista por parte do Bem e do Mal.
Como representantes mundiais do Bem e do Mal, atualmente,
podemos apontar os deusistas e os antideusistas. Ou seja, aqueles que
acreditam na existência de Deus, em Sua ética e moralidade, e os que negam
juntamente com a Sua ética e moralidade. Poderíamos ainda separar o
mundo atual em dois: o mundo Deusista e o mundo Comunista, a partir de
uma análise de comportamentos de ambos. Concluiremos, então, que o
mundo comunista é o representante do lado mal. Lênin disse:
“Um comunista deve estar preparado... para dirigir toda sorte de
estratagemas, empregar métodos ilegítimos, ocultar a verdade... para
conduzir o trabalho revolucionário...” (Lênin — Obras Escolhidas, vol. 17
— pág. 142-145).
Noutra ocasião Lênin escreveu:
177
“Em qual sentido nós repudiamos a ética e a moralidade? No sentido
em que ela foi pregada pela burguesia, que declarou que a ética e a
moralidade eram mandamentos de Deus... não acreditamos em Deus e
sabemos perfeitamente que o clero, o proprietários e os burgueses falavam
em nome de Deus para preservar seus próprios interesses de exploração.
Nós repudiamos toda e qualquer moralidade que seja tomada fora dos
conceitos de luta de classe... isso é uma decepção, uma fraude... Nós
afirmamos que nossa moralidade é inteiramente subordinada aos interesses
de classe do proletariado.”
Vimos anteriormente que o marxismo, à medida que a análise avança,
parece ser uma antítese do Cristianismo: o Cristianismo às avessas. Assim
sendo, podemos ver no comportamento ocultista do comunismo através da
infiltração, subversão, espionagem, destruição e expansão, todo o conjunto
de atividades que parecem caracterizar os atos de maldade ao longo da
história. Pelos efeitos do marxismo no mundo atual, não precisaremos nos
deter para avaliar se os seus frutos são de bondade ou de maldade. Quando o
presidente Ronald Reagan declarou certa vez — e isto com todo o
considerável montante de informação de que dispõe —, que a União
Soviética é o “Império do Mal”, apesar de ser ridicularizado por “todo o
mundo” parece estar afinal, com alguma razão.
Prosseguimos na análise do aspecto ocultista do marxismo, podemos
constatar que o satanismo, ou os chamados “cultos de magia negra”,
também são caracterizados por um comportamento ocultista, ou seja, tudo é
feito às escondidas; todas as suas motivações são más, e igualmente os seus
resultados. Nikita Khurschev disse certa vez à John Kennedey:
“Esta é uma grande nação, mas nós os destruímos com uma arma que
vocês desconhecem: as nossas ideias. Nós os enterramos debaixo da
imoralidade, das drogas e da corrupção.”
Diversos psicólogos e fisiologistas ilustram a emoção “medo” mais ou
menos como se segue:
“Medo é um estado mental episódico; uma conscientização
desagradável, perturbadora e prevalecente, conhecida em primeira mão
por seu possuidor. É despertado por certos objetos, eventos ou ideias; e é
expressado pelas diversas modificações “voluntárias” e “involuntárias” no
comportamento... Na sua forma extrema: o terror, sua expressão é
altamente dramática. Os olhos e a boca se arregalam; a pele empalidece,
178
esfria a sua, há falta de ar e o coração bate de encontro com as costelas; a
saliva pára de fluir e a boca se torna seca e pegajosa; a voz fica rouca e
indistinta, quando não se perde, as pupilas dos olhos se dilatam e os
cabelos ficam de pé na cabeça e na superfície do corpo. As funções
digestivas normais se interrompem e o controle dos intestinos e da bexiga
pode perder-se; pode haver fuga, tremores e paralisação no mesmo lugar,
como se o indivíduo estivesse petrificado.”
Como é possível alguém sentir-se bem criando situações em que os
seus semelhantes são postos em estado de tão alto pavor e humilhação *? O
leitor há de convir, em sue bom senso, que alguém que apresente tal
comportamento e se divirta com ele, é, no mínimo, psiquicamente
desequilibrado. Tal comportamento se distancia demasiadamente dos
padrões de normalidade. Marx declarou em seu desejo de derrubar a
sociedade ocidental pela violência (também revelou tais intenções em seus
poemas místicos); Lênin afirmou que nada lograriam os comunistas, a
menos que estabelecessem o terror na União Soviética após a Revolução;
Stálin criou um clima de insegurança e terror por volta de 1936, o qual
levou 20 milhões de cidadãos russos à morte; Mao-Tsé-Tung na sua
chamada “Revolução Cultural” também engendrou esse mesmo clima por
toda a China. Enfim, o medo, e a sua expressão máxima — o terror - têm
sido a tática marxista mais constante. O terrorismo internacional de hoje é o
fruto da expansão mundial do marxismo.
Procurando compreender o coração comunista, não posso deixar de me
perguntar: o que foi feito dos sentimentos desses homens? O que os deixou
tão cegos e embrutecidos e de forma tão cruel? Como é possível um ser
humano fazer da dor e da destruição de seres humanos motivos de honra e
prazer? Posso apenas responder para mim mesmo que, seguramente, não foi
a fé em Deus de amor! Teria então sido os próprios homens? Ora, eles lutam
desesperadamente para escaparem uns dos outros! Não. Também não foram
os próprios homens. Quem então os teria conduzido, conclusão de que os
próprios comunistas precisam ser libertados do cativeiro e inferno em que
estão, quase um século e meio. A batalha contra o marxismo é religiosa;
uma batalha do amor contra o ódio, da verdade contra a mentira; do perdão
contra o ressentimento... De Deus contra alguma coisa ou alguém que se
opõe a Ele e os homens.
*
Repetindo Robespierre e sua hipótese do terror-virtude (a virtude nasce do terror), Lênin
expressou: “Nada lograremos a menos que estabeleçamos o máximo terror.”
179
Capítulo 16
AS ESCRITURAS “SAGRADAS”
MARXISTAS
Todas as religiões da história possuem um Livro Sagrado, no qual se acham
registrados os princípios éticos e morais que norteiam a sua prática e
estimulam a fé em seu deus. O comunismo, como uma pseudo-religião — o
anticristianismo —, também possui um Messias e a sua revelação — su
“Escrituras Sagradas. Esta são os escritos de Marx, Engels e Lênin, os quais
representam, respectivamente, Jesus, João Batista e Paulo. Os três primeiros
são as figuras centrais “sagradas” do santuário comunista e os seus escritos,
a verdade ultima acerca da natureza, do homem e da história. Dentre as
muitas obras escritas por Marx, Engels e Lênin, gostaríamos de citar que,
pelo tema enfocado, merecem maior importância.
1. Manuscritos Econômicos e Filosóficos — Karl Marx
Neta obra, Marx afirma ter descoberto a raiz do problema humano — a
alienação engendrada pela propriedade privada — e, a única e final solução:
a destruição da propriedade privada através da revolução “proletária
violenta.”
2. O Capital (3 volumes) — Karl Marx
Nesta obra Marx procurou provar suas conclusões
miséria humana com a propriedade, apontar os
capitalistas, os religiosos e os soberanos -, bem
intelectuais e proletários da absoluta inevitabilidade
180
acerca da relação da
responsáveis — os
como convencer os
da vitória comunista.
Marx procurou demonstrar que o comunismo é o destino final da
humanidade independentemente de quaisquer outros fatores.
3. A Dialética da Natureza — F. Engels
Este livro foi escrito por Engels após a morte de Marx. Mas ele representa
tão somente uma ampliação e um aperfeiçoamento dos manuscritos
deixados pelo próprio Marx sobre o tema. Através da Dialética, Engels
procurou demonstrar a inexistência de Deus, a origem do movimento e do
desenvolvimento do Universo.
4. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado — F. Engels
Quando ainda vivia, Marx leu um livro de um antropólogo materialista
chamado Lewis H. Morgan. O livro chamava-se A Sociedade Antiga, ou
Pesquisa do Rumo, do Progresso Humano da Selvageria através do
Barbarismo para a Civilização. Morgan relacionou nesse livro a origem da
família primitiva com a origem da propriedade privada, dentro de uma
perspectiva materialista. Marx interessou-se porque encontrou nele os
fundamentos teóricos para engendrar sua teoria ateísta quanto à origem da
família.
Marx leu o livro e rabiscou-o por inteiro. Mas morreu pouco tempo
depois. Engels, de posse do livro de Morgan rabiscado por Marx, resolveu
concluir o desejo de Marx e, com base nas anotações do mesmo, escreveu A
Origem da Família, Da Propriedade Privada e do Estado, no qual
declarou:...“de certo modo, o livro é a execução de um testamento.”
Neste livro Engels nega a origem divina da família, nega os valores
morais absolutos, a espiritualidade humana e aponta a civilização como
responsável pela miséria humana, negando-a em defesa do barbarismo.
Acusa a família monogâmica de ser a causa da prostituição e do
heterismo, defendendo a sua destruição e a volta do sexo grupal da idade
primitiva. Tudo isso, sob uma grossa camada de dados aparentemente
científicos do séc. XVIII.
5. Que Fazer? — V. Lênin
Neste livro, Lênin cria o partido comunista e defende a formação de uma
vanguarda de intelectual revolucionário — o terrorismo.
6. O Estado e a Revolução. V. Lênin
Neta ocasião, Lênin defende a clandestinidade e a sabotagem. Nega toda
moralidade que não contribua com a causa comunista.
181
Este livro é uma defesa e um enaltecimento disfarçado do crime, em
todas as suas expressões.
7. Imperialismo.O Estágio mais Avançado do Capitalismo. V. Lênin
Este livro é uma defesa de Marx e suas ideias básicas, expostas em O
Capital. Marx e Engels criaram as ideias. Lênin elaborou as táticas para a
sua aplicabilidade. O Marxismo é a causa, a teoria. O Leninismo é efeito, a
prática.
Vimos até aqui uma breve citação de 7 obras comunistas que contêm
os seus princípios essenciais e que, sem dúvida, constituem as “Escrituras
Sagradas” dos comunistas, às quais eles rendem fiel obediência e dão a vida
em sua defesa. Estas 7 obras já inspiraram a prodição de mais de 40.000
(quarenta mil) novos títulos em todas as línguas da Terra. Este fatonos dá
uma ideia aproximada do alcança do poder do ocultismo. Conforme citação
do livro de Richard Wurmbrand Cristo em Cadeias Comunistas, um
professor marxista ensinava nas suas aulas, que
“Deus deu três revelações: a primeira a Moisés. A segunda a Jesus. E
a terceira a Marx.”
Tal atitude e muitas outras nos revelaram o valor “sagrado” que as
obras de Marx possuem para os marxistas. Para finalizar, gostaria de dedicar
especial atenção a uma obra publicada em Moscou no ano de 1961 — O
Manual do Ateísta — fartamente estudada e criticada por Richard
Wurmbrand, em se livro intitulado Resposta à Bíblia de Moscou,
inteiramente escrito sobre o tema.
O Manual do Ateísta
O manual do Ateísta foi editado pala Academia de Ciências de Moscou com
aproximadamente 600 páginas, em 1961 (Casa Publicadora do Estado para a
Ciência Política). O Manual contém um resumo das crenças ateístas. Foi
produzida por uma equipe de especialistas, composta pelos historiadores
Beliaiev e Belinova e pelos filósofos Tchanishev, Elshina e Emeliah. Seu
atual redator é o professor universitário S. Kovalek. Foi editado em muitas
línguas várias vezes, e distribuído em massa em todos os países comunistas.
As ideias contidas no Manual do Ateísta são propagadas nas escolas,
universidades, rádio e televisão; em filmes, comícios, etc. Até mesmo o
discurso fúnebre de um ateísta é baseado no seu manual. Diz-se à família
entristecida que:
“Os mortos estão mortos para sempre;
182
Não há conforto para os tristes;
Uma vez separados, nunca mais estarão juntos;
Não existe Deus; Não há vida eterna.”
Na mesma linha de pensamento, Feuerbach escreveu:
'É claro como o sol, e evidente como o dia, que não existe Deus.”
Para os comunistas a inexistência de Deus é algo mais que evidente.
Entretanto, quando o óbvio seria ignorá-lo, eles gastam anos e fortunas,
elaborando, publicando e distribuindo livros contra Deus — algo que, mais
que certo, não existe! Ora, essa atitude ao invés de fortalecer a negação de
Deus, afirma-o espetacularmente e desmascara a guerra serrada que os
comunistas (ou alguma coisa, através deles) travam contra Deus.
O mesmo fenômeno pode ser notado também nas palavras de
Nietzsche, o autor de O Anticristo.
“Até nós, devotos do conhecimento sem Deus e antimetafísicos,
ainda hoje recebemos também o calor de um chama que, uma fé, há
milhares de anos acendeu: essa fé cristã que foi também a fé de Platão, de
que Deus é a verdade, que essa Verdade é divina...”
Outro caso é o Barão Holbach, um renomado ateísta do século XVIII,
que considerou Deus seu inimigo pessoal. Para ele só a natureza existia e era
criadora. A exaltação que Holbach faz à natureza, é semelhante a uma fé e
uma adoração. Assim, o seu ateísmo era mais ódio e aversão do que
propriamente uma negação.
Outra estranha curiosidade é o esforço dos “especialistas” que, por
meses a fio, põem-se a estudar a origem das religiões do mundo, bem como
seus livros sagrados, especialmente a Bíblia. Em diversas citações bíblicas,
afirmam ter descoberto “falhas e contradições.”
Mais importante do que as citadas “contradições” por ele descobertas,
é fato de terem as dado ao esforço de estudar detalhadamente a Bíblia. Tais
estudos nos indagar o porquê da importância que os comunistas dispensam à
tentativa de desacreditar um livro tão antigo(?). Poderíamos avançar em tal
averiguação, e sem dúvida descobriríamos inúmeros casos semelhantes. Não
obstante, o que convém ressaltar e analisar aqui é exatamente essa atitude
obsessiva de combater e negar algo “inexistente” — Deus!
Ainda que inconscientemente, os comunistas revelam a natureza
mística do marxismo, com uma atitude obsessiva e sádica. Eles não se dão
conta de que estão combatendo o que afirmam inexistir e assim procedendo,
caem na contradição de afirmar a realidade de Deus, pela necessidade de
183
combatê-lo. Tal fato vem corroborar a tese de que o comunismo não
representa meramente um movimento humanista-ateísta. Mas sim, um
movimento equipado com ideias e armas para combater a Deus e as
religiões, sendo portanto, um movimento sob o disfarce do mero ateísmo.
Capítulo 17
A A UTODESTRUIÇÃO INCONSCIENTE
Na obra O 18 Brumário, Marx citou as seguintes palavras: “Tudo o que
existe é digno de ser destruído.” No poema Oulanem escreveu:
.”.Pulo para ser engolido, embora deixado o mundo em ruínas — este
mundo que se avoluma entre mim e o abismo —, eu o reduzirei a pedaços
com as minhas contínuas maldições...”
Estas frases sinistras encontram similaridade nas palavras de Lênin:
“Todos nós merecemos morrer enforcados em uma corda suja.”
O comportamento de Stálin revela o mesmo tipo de pensamento: ele
executou a própria família, ao seu lado, a revolução russa de 1917.
Richard Wurmbrand, em seu livro Cristo em Cadeias Comunistas,
relata uma curiosa história sobre Stálin:
“No primeiro aniversário da vitória do bolchevismo, os novos
governantes realizaram uma caçada nas florestas perto de Moscou. Lá
pelas tantas repousaram junto a uma fogueira e Lênin perguntou: Digamme, camaradas, o que é que vocês consideram o maior prazer da vida?”
“A guerra”, disse Trotsky. “Mulheres”, acudiu Zinoviev. “A oratória
— a força de manter vasta multidão presa aos nossos lábios”, disse
Kamanev por sua vez. Stálin, como sempre, ficou taciturno, mas Lênin
insistiu: “diga-me a sua opinião!” Por fim, Stálin falou: “Nenhum de vocês
184
sabe o que é um verdadeiro prazer. Vou dizer: É odiarmos uma pessoa e,
durante anos, fingir que a estimamos, até que um dia ela reclina
confiantemente a cabeça em nosso peito. Nesse ponto, cravamos-lhe um
punhal nas costas. Não há na vida maior prazer do que este!”Fez-se lóngo
silêncio.
As revelações de Kruschev após a morte de Stálin, provaram a
veracidade da história arrepiante. (Cristo em Cadeias
Comunistas. Richard Wurmbrand, página 79).
Afinal, por que os cientistas (como se auto-denominam os marxistas)
diriam coisas desse tipo e teriam tais atitudes? Os pontos básicos do ataque
marxista são contra a propriedade, a família e o Estado. Isto, de forma
declarada. De uma maneira mais discreta, porém não menos eficaz, atacam a
Deus, a religião, a sociedade, a economia e a política! Quando Stálin pôs em
prática as ideias de Engels sobre a destruição da família, rapidamente
percebeu o caos social que estava adentrando a União Soviética, e de
imediato suspendeu o ataque. Hoje a União Soviética comemora
festivamente o “Dia da Família.” Naturalmente, os ensinamentos de Engels
continuaram a ser exportados para o resto do mundo! Eles também
defendem a destruição de um poder central e o estabelecimento do poder das
massas. Essas ideias nunca saíram do papel. Nunca as massas tiveram
qualquer direito em uma sociedade comunista e o mundo nunca conheceu
centralismo e autoritarismo semelhante ao marxista.
Comparadas às outras nações do mundo, de 1917 aos nossos dias, a
União Soviética estagnou! Alain Besanson em seu livro Anatomia de um
Espectro, revela a situação real da economia soviética em contraste com os
dados oficiais divulgados. A China, depois de um logo e penoso caminho de
tentativas improdutivas e, após massacrar 60 milhões de habitantes, resolveu
deixar a arrogância de lado e abrir as fronteiras ao mundo, deixando ver
claramente que os princípios econômicos de Marx são falsos e destrutivos.
Todas as nações que os aplicaram, inclusive a União Soviética, há muito os
abandonaram (só não o declararam publicamente). Vimos que na economia
a aplicação do marxismo é um fracasso. Os economistas ensinam que a lutas
enrijece o homem, fortalecendo-o em todos os sentidos. Para Mao-TséTung, o verdadeiro homem é aquele treinado na luta. A sociedade comunista
do futuro será completamente baseada na ideologia marxista. Ora, se o
185
marxismo propõe destruir a família, a economia, a política e a religião *, em
que se baseará tal sociedade?
As guerras deixaram atrás de si grupos de inválidos, neuróticos e
feras-humanas implacáveis. Será mesmo através da guerra que surgirão os
homens mansos e bondosos do futuro? É óbvio que não. Marx o sabia muito
bem, no entanto sua intenção não era construir a sociedade em que vivia.
Era preciso destruir as bases da sociedade burguesa. Ou seja, a religião (a
base ética e moral), a economia (a base material) e a política (a base
hierárquica organizacional). É certo que havia erros e injustiças tremendas.
Mas nada havia de bom na sociedade ocidental do século XIX? Hoje, os
progressos do mundo ocidental demonstram que Marx estava equivocado.
Sem dúvida, se não fossem os ataques incessantes do comunismo em todas
as bases da sociedade ocidental, muito mais unida e próspera estaria ela
hoje. Os marxistas, com propagandas mentirosas, distorcem a verdade,
apresentando o mundo como um celeiro fétido e miserável, e o mundo
comunista como um reino da paz, prosperidade e felicidade. Os massacres e
os êxodos das populações dos países comunistas comprovam a falsidade
dessas propagandas.
Existem três pontos na teoria marxista aos quais gostaria de retornar e
analisar aqui. Trata-se da teoria da alienação, das leis do movimento
econômico e da teoria da história.
Utopia eAlienação
Em 1844, Marx escreveu alguns manuscritos sobre economia e filosofia,
nos quais, apresentava, pela primeira vez, uma análise da natureza humana e
das causas do sofrimento humano. Marx concluiu que a causa real da
miséria humana era a alienação, que por sua vez era gerada propriedade
privada. Descreveu quatro tipos de alienação: do trabalho em si, do produto
do trabalho, da essência-espécie humana e, finalmente, do semelhante
humano. Segundo ele, a sociedade capitalista burguesa arrebata ao
proletário o seu trabalho puro, aliena-o de tudo o que produz; submete-o a
situações de humilhação e desumanidade, destruindo-lhe a própria essênciaespécie humana, e ainda o separa de seus semelhantes privando-o do seu lar
e dos familiares. Enfim, o capitalismo, com sua sede gananciosa, destrói
completamente o homem. Observou ainda que a raiz do capitalismo era a
propriedade privada; a real liberdade e felicidade humana.
*
O escritor cubano José Martin escreveu: “Uma nação sem religião morrerá, porque nada
lhe alimentará a virtude.”
186
Esse é o sonho utópico dos marxistas: ver o raiar do dia em que o
mundo estará definitivamente livre da propriedade privada! Foi embalados
por esse sonho que os corações dos chineses, russos, alemães-orientais,
norte-coreanos e outros povos, arderam em chamas revolucionárias. Hoje,
após décadas de prática, foram concretizados os seus sonhos? Qualquer
mero observador notará a tristeza e a pobreza existentes nos países
comunistas! Nunca o homem esteve tão humilhado e alienado quanto nesses
países. O sonho socialista transformou-se no pesadelo do Capitalismo-deEstado e na mais cruel tirania da história. Os jovens e românticos líderes
comunistas tornaram-se bestas ferozes, que se voltam contra seus próprios
povos. O comunismo alienou o homem do seu trabalho (o Estado é o único
patrão e aquele que não o aceitar será enviado para os campos de trabalhos
forçados como escravos) e dos frutos de seu trabalho (confiscou todos os
bens e todas as colheitas). O homem, sob esse domínio, é completamente
dependente até nas necessidades mais elementares. Também alienou o
homem de sua natureza humana: o homem é um ser originalmente manso e
bom. O marxismo distorce essa natureza sentimental ensinando o
ressentimento e o ódio, distorce a mente condicionando-a à lavagem
cerebral nos campos de concentração ou nos hospitais psiquiátricos, ou
ainda, por meio de uma propaganda tendenciosamente filtrada e mentirosa.
Porém, o mais chocante desses ataques destrutivos, é a negação da natureza
divina do homem, a negação de seu corpo espiritual e de sua vida eterna. É
exatamente nesse ponto que o marxismo se revela intrinsecamente
antideusista! Finalmente, o marxismo aliena o homem dos seus semelhantes
aprisionado-os, escravizando-os, ou separando-os de seus familiares pelo
exílio ou pela morte; ainda que este não represente o aspecto mais nocivo. É
quando o marxismo nega a existência de Deus, perseguindo e destruindo as
religiões, que caracteriza a verdadeira barbárie. Esta é a verdadeira
alienação do homem. A alienação da sua alma, da esperança e do amor do
Seu criador! Como um homem deusista, não posso deixar de sentir um
amargo pesar, não só por aqueles que estão sob o jugo dos comunistas, mas
também por eles próprios. Eles também foram enganados e traídos! Hoje, os
velhos marxistas recordam-se dos anos de juventude e olham, amargamente
decepcionados, os frutos do marxismo no mundo. Foram conduzidos por
uma longa marcha a lugar nenhum. Envelhecidos e mortos em vida, em um
inferno de sofrimento espiritual abre-se diante deles.
Quanto às leis do movimento econômico, Marx predisse que na
economia capitalista a introdução de maquinário novo provocaria a
competição e uma queda nos lucros, o que levaria à falência todos os
pequenos empresários. Isto ocasionaria a concentração das riquezas nas
187
mãos de uns poucos homens ricos de um lado, e uma imensa massa
miserável de outro. Essa situação, finalmente, tornar-se-ia insuportável e os
trabalhadores, esfomeados, unir-se-iam e destruiriam o sistema capitalista
juntamente com as forças que o sustinham em pé: o Estado e o clero. São
quase quarenta o número de países sob o regime comunista hoje.
Praticamente todos tinham economias agrícolas! Os países ricos do ocidente
capitalista, ao invés de entrarem em colapso, prosperaram enormemente
atingindo alto nível tecnológico e de comodidade; deram origem média
(nunca mencionada por Marx) e a uma gradual distribuição da renda e
descentralização do capital através do sistema de ações. Sem dúvida, o
homem ocidental é injusto e egoísta e muito ainda há que se mudar para que
a prosperidade e a paz se realizem, e seja melhor equilibrado o padrão de
vida social. Há muitos ricos egoístas e muitos pobres famintos no mundo
ocidental, mas tais desníveis poderão ser amenizados por meio de uma
acentuada moralização e por leis governamentais.
A fama e a fortuna pelo caminho político
E nos países comunistas? O que aconteceu com eles em relação às leis do
movimento econômico? Aí está outro fato estranho que fortalece a tese da
natureza mística do marxismo: as leis do movimento econômico que Marx
predisse para o sistema capitalista ocorreram exatamente como previra, só
que... Nas sociedades comunistas!
Mais uma vez foram enganados e traídos por suas intrincadas e
místicas ideias. Lênin escreveu certa vez: “após meio século, nem sequer um
dos marxistas compreendeu Marx.” Ele tinha razão. Michael Voslensky, na
sua grande obra A Nomenklatura (Editora Record-1980), escreveu ao final
de 440 páginas:
“Lênin e Stálin criam uma ‘Nova Classe’, cuja base foi a organização
dos revolucionários profissionais. Depois que essa organização se
apoderou do poder, viu-se aparecer a Nomenklatura de Stálin, que se
tornou a classe dirigente da União Soviética. A Nomenklatura é uma classe
de exploradores e de privilegiados. Foi o poder que lhe permitiu ascender
à riqueza e não a riqueza que lhe permitiu ascender ao poder.”
Milovan Djilas em seu alto brado de alerta para o mundo ocidental
chamado A Nova Classe (Editora Munique-1957), escreveu:
“O comunismo moderno não é somente um partido de tipo novo ou
uma burocracia nascida da propriedade estatal ou da intervenção do
Estado em toda a economia. Mais do que qualquer outra coisa, o aspecto
188
essencial do comunismo moderno é a existência de uma nova classe de
possuidores e exploradores.”
A lei da queda dos lucros, a lei da concentração do capital e a lei do
crescimento da pobreza concretizaram-se exatamente nos países comunistas.
Apareceu uma massa miserável de operários-escravos (aos quais Sojenítsin
chamou Zeks e uma altíssima classe-proprietária de toda a economia
nacional: a Nomenklatura; o patrão-Estado). A economia comunista estagnou em todos os países. Não fosse a invasão e domínio de outros países, a
espionagem econômica, a transferência das suas riquezas até mesmo com a
desmontagem e transporte de industrias inteiras para a União Soviética,
mais a ingênua ajuda ocidental, o mundo comunista a muito teria entrado
em colapso.
Contrariamente à burguesia, que ascendeu ao poder pela riqueza, os
comunistas ascenderam à riqueza pelo poder. Nisto, os burgueses foram
mais nobres. O povo russo, o povo alemão oriental e o povo cubano, entre
outros, sonharam com o paraíso da igualdade que o marxismo lhes
prometeu.
Ao invés de verem a chegada desse paraíso, foram privados até mesmo
da liberdade de pensamento. Não há de fato nenhum exagero no 1984 de
George Orwell, quanto ao total controle dos povos pelo totalitarismo
comunista, figurativamente representado pelo Grande Irmão. A sociedade
ocidental está minada pelas drogas, pela degenerescência moral e pela
corrupção econômica. Conforme prometeu Khruschev: “Nós os
enterraremos nas drogas, na imoralidade e na corrupção.” Muitos dos
problemas das sociedades ocidentais são provocados pelos próprios
comunistas através da subversão, sabotagem e terrorismo, movidos por uma
frieza e crueldade, muito além da imaginação do homem ocidental comum.
Trata-se, portanto, de uma moderna guerra-de-conquista efetuada com alta
maestria e cerebralismo.
Revolução: Do sistema social ou do homem?
Vejamos agora a análise da teoria marxista da história. No segundo capítulo
deste livro, fizemos uma análise paralela da ideologia marxista e da
ideologia cristã. Já ali, pudemos constatar a incrível “coincidência” (se é que
assim podemos dizer), entre as duas teorias. Quero agora tecer um pequeno
comentário sobre a teoria marxista da história, propriamente dita. O
Materialismo Histórico afirma que a história humana teve início com uma
sociedade comunal primitiva onde não havia família, Estado ou propriedade
189
privada. Os homens viviam livres seguindo, naturalmente, a lei única da
natureza.
Quando surgiu a propriedade privada, o homem foi arrastado para o
caminho do egoísmo e das guerras. Assim, a história da humanidade é o
resultado do esforço humano através da luta, para recriar outra vez a
sociedade comunal primitiva. A história humana tem atravessado os
seguintes estágios: sociedade escravista, sociedade feudal, sociedade
capitalista, sociedade socialista, e está chegando outra vez à sociedade
comunitária primitiva, só que em um nível mais elevado — a sociedade
comunista científica. Nessa sociedade final não mais haverá guerras ou
opressões de espécie alguma. Será um verdadeiro paraíso na Terra. Um céu
sem leis, sem normas sociais ou morais, sem famílias monogâmicas (que,
segundo Engels na Origem da Família, da Propriedade Privada e do
Estado, foram a causa e a origem da prostituição e do heterismo!) e sem
deuses! Desde 1936, a sociedade soviética é definida como uma sociedade
sem antagonismos. O programa do Partido Comunista da União Soviética
prometeu que antes de 1980 uma sociedade sem classes teria sido edificada
na União Soviética. Onde está tal sociedade? Ela nunca apareceu e,
certamente, nunca parecerá. Perguntam os velhos comunistas (que são
extremamente idealistas e utópicos); o que houve?
Estudando sob o prisma da tese da natureza mística, percebemos um
outro detalhe que sem dúvida estarrece, e nos deixa perplexos: na realidade
a sociedade comunista, ao invés de estar marchando para frente, está
retrocedendo! Está voltando ao barbarismo primitivo. Isto é incrível!
Segundo a teoria Deusista da História, Deus tem trabalhado através das
religiões para restaurar o homem caído e, gradualmente, tem provocado a
Revolução do Homem elevando-o do estado bárbaro ao escravo; do escravo
ao servil; do servil ao liberal; do liberal ao coletivo; do coletivo ao familiar.
Na ordem: Barbarismo — Escravismo — Servilismo — Liberalismo —
Coletivismo — Familismo. É o homem que está sendo mudado; melhorado
e, como conseqüência, a sociedade está sendo transformada e elevada de
uma sociedade bárbara para uma sociedade familiar.
Por esse ângulo vemos que a sociedade comunista retrocedeu do
estado de homens livres, para o estado de semi-escravidão e, ao que tudo
indica, a direção final é o retorno ao barbarismo primitivo!Ou seja, ao
estado em que não havia leis morais ou legais de espécie alguma. Numa
palavra: a meta final do marxismo é a destruição de todos os traços da
civilização! Foi o próprio Engels que expressou esse fato, em seu livro sobre
a necessidade de destruir a família monogâmica, a propriedade e o Estado:
190
“O Estado é um organismo para a proteção dos que possuem contra
os que não possuem... Portanto, o Estado não existiu eternamente. Houve
sociedades que se organizaram sem ele, não tiveram a menor noção do
Estado ou do seu poder... a divisão da sociedade em classes tornou o
Estado uma necessidade... As classes vão desaparecer, de maneira tão
inevitável como surgiram no passado. Com o desaparecimento das classes,
desaparecerá inevitavelmente o Estado... De tudo o que dissemos, infere-se,
pois, que a civilização é o estágio da sociedade em que a divisão do
trabalho... atinge seu pleno desenvolvimento e ocasiona uma revolução em
toda sociedade anterior.”
“A escravidão atingiu seu mais alto grau de desenvolvimento sob a
civilização. Com ela veio a primeira grande sociedade com uma classe que
explorava e outra era explorada. Esta cisão manteve-se através de todo o
período civilizado... A civilização fez-se sempre acompanhar da
escravidão... A ambição mais vulgar tem sido a força motriz da civilização,
desde os seus primeiros dias até o presente; seu objetivo determinante é a
riqueza, e sempre a riqueza... Desde que a civilização se baseia na
exploração de uma classe por, todo o seu desenvolvimento se processa
numa constante contradição... Quanto mais progride a civilização, mais se
vê obrigada a encobrir os males que traz necessariamente consigo...
elabora-se uma hipocrisia convencional desconhecida pelas primitivas
formas da sociedade...”
Naturalmente, tive de efetuar uma seleção dos trechos de Engels, para
poder oferecer ao leitor uma visão geral dos seus pontos de vista sobre a
civilização. Como pode Engels elogiar e destacar a importância da ciência, e
ao mesmo tempo pregar a destruição da civilização? Ele faz isto em meio às
linhas de seu livro, como se tais pontos de vista fossem compatíveis um com
o outro. Quando a sociologia destaca a importância fundamental da família
como tijolo básico da sociedade humana, e quando a antropologia nada
possui que possa comprovar a existência da “sociedade comunitária
primitiva paradisíaca”, como é possível alguém de livre consciência
defender a destruição da família, a destruição da civilização e o retorno ao
barbarismo?!
Se o leitor é um atencioso pesquisador descobrirá, em praticamente
todas as obras marxistas originais, verdadeiros equívocos contra a lógica e o
bom senso. Compreenderá talvez o significado das estranhas palavras de
Marx:
191
“Palavras eu ensino todas misturas em uma confusão demoníaca.
Assim qualquer um pode pensar exatamente o que quiser
pensar.”(Extraídas do poema de Marx sobre Hegel)**
Quando Marx escreveu o poema Oulanem, tinha apenas dezoito anos.
Com ele, Marx parece expressar clara mente o seu desejo de triturar a
humanidade e arrastá-la com ele para o abismo, enquanto lança-lhe
maldições. O pastor Wurmbrand lembra oportunamente: como é possível
que um jovem normal tenha desejos tão estranhos numa idade tão juvenil?
Poucos foram os cristãos que já leram a Bíblia de capa-a-capa. De
igual modo, poucos foram os marxistas que já leram inteiramente O Capital
de Marx.
O Capital é um livro confuso e enfadonho. Geralmente os marxistas
preferem pequenos textos sobre o marxismo. (Eu próprio tenho tido essa
experiência nas minhas pesquisas das obras dos autores marxistas originais).
Ao se terminar a leitura de uma obra marxista, apenas uma ou duas ideias
centrais permanecem clara em nossa mente. Ao terminar a leitura do livro
de Engels sobre A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado,
notei que Engels procurou dar uma impressão altamente científica da sua
obra, baseando-a numa imensidão de dados e fontes pesquisadas (usadas
inadequadamente e conduzidas a aberrantes conclusões). Entretanto, aqui e
ali deixou cair afirmações falsas com uma certa naturalidade, e, ao mesmo
tempo, com um cinismo extraordinário; se não, notem-se as afirmações: ..”.
a família monogâmica é a origem da prostituição e do heterismo, ou “a
civilização é a origem da exploração.” Tais afirmações cínicas,
propositadamente, desprezam toda beleza do amor que é a verdadeira causa
da família monogâmica, bem como ignoram completamente os benefícios
que a família e a civilização trouxeram para os indivíduos, e para a
sociedade como um todo. Ao invés de apresentar a família monogâmica
como a mais perfeita expressão familiar, Engels a apresenta como um mal
que deve ser extirpado, enquanto defende a volta da sociedade humana à
sexualidade grupal; à promiscuidade generalizada! O cinismo e a
indiferença, mas ao mesmo tempo,a força carismática e convincente com
que Marx, Engels, Lênin, Stálin, Mão, Fidel e outros falaram, é outro traço
da natureza mística do marxismo. Concluí que eles acreditavam estar de
posse da última e mais absoluta verdade. Esta convicção atingiu um tal grau
que tudo para o marxismo era verdadeiro, legal e legítimo, desde que fosse
pró-marxista. Diria mesmo que seu ódio os cegou, do mesmo modo que o
amor parece cegar os amantes.
192
Pesquisando algumas biografias de Marx, notei que todo esse lado
incomum de sua vida e de suas obras é sumariamente omitido.
Concluo esse tópico lembrando que os marxistas provavelmente
ignoram esse seu lado místico. Com seus corpos, mentes e corações
completamente envolvidos pelo marxismo, já não são livres para sentir,
pensar ou agir. Estão, portanto, completamente dependentes do mundo livre
para a sua própria libertação. Assim, mais uma vez, será a força da fé, do
perdão e do amor — a força da religião — que, oportunamente, atuará.
Noutros termos: somente Deus, através das religiões, poderá atuar na
inteligência do homem, levando-o a suplantar a inteligência má que o está
arrastando para a total auto-destruição.
Capítulo 18
A IGREJA MARXISTA INSTITUÍDA
Nesse tópico apresentaremos ao leitor o resultado final do marxismo; o que
resultou como produto definitivo — para surpresa geral — em uma “igreja”!
Depois de ocultar-se, quase um século e meio, sob uma capa de política,
economia, filosofia e ciência, o marxismo revelou-se como uma “religião”,
porém uma religião às avessas do Cristianismo (aí estaria a causa misteriosa
por que o marxismo combateu tão frontal e especialmente o Cristianismo e
seus filósofos)
193
Iniciamos a apresentação dos argumentos para esta tese a partir de um
artigo muito estranho publicado pelo jornal O Estado de São Paulo no dia
16 de março de 1983, pág. 8. Transcrevemos o texto na íntegra para
apreciação do leitor:
Os rituais “Religiosos” dos cidadãos Comunistas
(Serge Schmemann. Publicado no New York Times)
Kies, URSS — Karl Marx disse que a religião é o ópio das massas, e
portanto, é o lógico que, na sua luta contra ela, os herdeiros de Marx
recorram a drogas sucedâneas. A Ucrânia lidera o movimento, tendo
instituído complicados “ritos socialistas” para assinalar as datas
importantes da vida de um cidadão, que vão do nascimento até o casamento
e a morte.Não são simples cerimônias cívicas. Em toda cadeia de “palácios
de acontecimentos” existentes em Kiev e no resto da Ucrânia há oficiantes
do sexo feminino, usando vestidos longos e correntes brilhantes, prontas
para oficiar os novos rituais, em mesas semelhantes a altares, tendo ao lado
o busto de Lênin. As cerimônias são acompanhadas de música executada
em um órgão, e por um coro.Há uma “tocha perene” queimando em uma
sala adjacente, na qual oficiantes acendem suas tochas cerimoniais. Uma
empresa do governo, chamada SVYATO, fornece todo o material
necessário. As Ministras do novo ritual insistem em afirmar que eles não
tiveram origem nos rituais religiosos, e não se destinam a substituí-los.
“As cerimônias religiosas estão desaparecendo por si” — comentou
Galina Menzheres, vice-prefeita de Kiev e presidente da Comissão pa a
Composição e Implementação de Novos Ritos.” O povo precisa de novas
cerimônias para assinalar as ocasiões importantes, e examinamos o
folclore e os costumes nacionais, para determinar o que foi confirmado pela
experiência. Em seguida, examinamos a vida contemporânea e escolhemos
o que o povo queria.”
Transferência de Funções
A evolução dos rituais faz parte de uma tentativa soviética de transferir
para o Estado algumas das funções simbólicas e cerimoniais da Igreja.
Porém seus novos rituais geralmente parecem pálidas imitações e mesmo
paródias das cerimônias que supostamente deveriam substituir. A cerimônia
de registro do recém-nascido, por exemplo, imita muito o batismo cristão.
Os padrinhos foram substituídos pelos “pais convidados”, velas e tochas
são acesas são na calma da tocha perene e, em lugar da cruz de batismo, a
194
criança recebe a “estrela do nome” que simboliza a Grande Revolução
Socialista de Outubro de 1917 — data que, de acordo com o Calendário
Juliano usado na época, corresponde a 25 de outubro. Ao colocar a estrela
no pescoço da criança, a oficiante dirige uma execução aos pais: “Que esta
estrela ilumine o caminho do seu filho como a Estrela de Outubro ilumina o
caminho do mundo inteiro.” O ponto alto do ritual é o momento em que a
criança, no colo de um dos “pais convidados”, recebe o nome , a oficiante
declara: “Por um ato da República Socialista da Ucrânia, o filho da família
Popov, nascido no dia 1º. de março de 1983, recebe o nome da grande
família dos povos soviéticos, como da URSS, são confirmados.” O nome
constante do parágrafo acima e a data do nascimento são fictícios. Mas o
texto foi copiado de um manual oficialmente aprovado. Na sua maioria, os
oficiantes são do sexo feminino. Seu traje cerimonial de inverno é uma capa
guarnecida de pele, um vestido comprido, com uma insígnia distintiva do
cargo e uma grossa corrente. Na medida em que decorrem suas vidas, os
cidadãos devem ir ao Palácio dos Acontecimentos Festivos, para celebrar o
primeiro e o último dia de aula; o recebimento de um passaporte interno —
ou documento de identidade — aos 16 anos; o primeiro emprego, simboliza
o “ingresso na classe trabalhadora”, o casamento; a incorporação ao
exército; as bodas de ouro, e na ocasião da morte. A cerimônia mais
popular é a de casamento. Lyudmila Panomarev, assessora da prefeitura de
Keiv para assuntos relacionados dos com festivais e cerimônias, afirmou
que virtualmente todos os casamentos da cidade são celebrados de acordo
com os novos rituais. No ano passado por ocasião do aniversário da
fundação de Kiev, foi inaugurado um novo e moderno Palácio Central de
Acontecimentos festivos, onde o grande número de casamentos segue a
última palavra em simbolismo socialista. Recentemente, havia no palácio
uma fila de casais que aguardavam a sua vez de preencher os formulários,
ouvir um conselheiro e, examinar, no salão da SVYATO, os preços do
aluguel de trajes de casamento, aluguel de automóveis ornamentados, etc.
Também há um sucedâneo para os Dez Mandamentos, no Código Moral
dos fundadores do comunismo, adotado pelo 22º Congresso do Partido
Comunista em 1961. O preceito básico é esse: “O homem deve ser, para
outro homem, um amigo, um camarada e um irmão.”
O Estado de São Paulo 16.03.83. Pág. 8.
Rituais pseudocristãos
195
Agora, vamos deter um pouco para analisar alguns pontos desse texto.
Primeiro, o estabelecimento desses novos ritos e as cerimônias vêm
comprovar a tese de que é impossível suprimir a mística humana.
Como comentamos anteriormente, os homens são seres espirituais
transcendentais. Portanto, a sua natureza mística somente se satisfaz com
atividades místicas. Nessa análise, contataremos que o estabelecimento
dessa “igreja” comunista não é uma novidade, mas tão somente a
substituição do Cristianismo original por um “pseudo-cristianismo”, sem os
fundamentos básicos da fé cristã. Ou seja, sem Deus, sem Jesus, sem a
Bíblia e sem nenhum dos pontos essenciais do Cristianismo. É o
Cristianismo às avessas e descentralizado.
Segundo, o texto fala de comemorações que vão desde o nascimento à
morte dos cidadãos. O Cristianismo instituiu cerimônias que vão desde o
batismo às cerimônias fúnebres. Faremos agora uma analogia entre os
“novos ritos” comunistas e os ritos e instituições do Cristianismo.
Instituição Marxista
Palácio
Central
Comemorações Festivas
Instituição Cristã
de Corresponde à matriz
ou catedral
Palácio de
Comemorações Festivas
Estes correspondem às igrejas cristãs
As oficiantes do
sexo feminino
Corresponde aos padres e pastores
cristãos
As cerimônias festivas
da vida
Os trajes longos e
as correntes
As cerimônias sagradas e os
sacramentos
Corresponde aos paramentos cristãos
As mesas especiais
Os altares e púlpitos religiosos
O busto de Lênin ou outros
O Cristo ressuscitado e os outros santos
As cerimônias ao som de coro
e órgão
As missas e cultos cristãos
196
A “tocha Perene”
Corresponde à luz perene das velas que
simboliza a vida eterna e o Santíssimo
A tocha cerimonial e as
velas da oficiante
As velas especiais das missas
A cerimônia de registro de Representa o batismo cristão
nascimento
Os pais convidados
Representam os padrinhos
de batismo
A “Estrela do nome” colocada Corresponde ao crucifixo
no pescoço das crianças
O manual oficial para
orientação das cerimônias
Todo
o
cerimônias
palavreado
a Corresponde ao catecismo
das Corresponde ao palavreado litúrgico do
Cristianismo
A insígnia distintiva presa a Corresponde à cruz dos ortodoxos ou
uma corrente usada pela católicos
oficiante
A cerimônia do casamento
Corresponde ao matrimônio sagrado do
Cristianismo
O preceito básico do Código
Moral dos Dez Mandamentos
Comunistas: o homem deve ser,
para outro homem, um amigo,
um camarada e o irmão
Corresponde
ao
mandamento
fundamental do Cristianismo: Amai a
Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a ti mesmo
Como o leitor pôde ver, trata-se de uma versão exata para substituir o
Cristianismo. Todas essas observações não podem ser consideradas meras
coincidências. Isto seria um cinismo defensivo. O que realmente seria
interessante saber (apesar de isto parecer evidente), é se os líderes
comunistas conhecem exatamente o significado místico desses atos, ou seja,
se os instituem com um sentido religioso consciente, ou se são levados
inconscientemente a isso. Para o pastor Wurmbrand, muitos desses atos são
197
conscientes. A revista comunista Nauka i Religiya (Ciência e Religião),
publicou:
“A Religião é incompatível com o comunismo. Ela lhe é hostil... O
Conteúdo do programa do Partido Comunista é um golpe de morte na
religião... É um programa para a criação de sociedade ateística na qual o
povo se livre, para sempre, da escravidão religiosa.”
Torturado por Amor a Cristo. R. Wurmbrand, pág.97.
Seja o que for, a instituição dessa pseudo-religião, é, no mínimo, uma
flagrante contradição. Deixo ao leitor a análise e a avaliação.
O “Pai Nosso” e o “Decálogo” Comunista
Continuaremos a expor outros interessantes pontos místicos
existentes na teoria e na prática marxista.
“O jornal soviético Sovietskaia Moladioj, de 14.05.76, descreve
como os comunistas militantes do regime czrista tumultuavam as igrejas e
zombavam de Deus e da fé cristã. Para este fim, usavam uma versão própria
da oração cristã “Pai Nosso”:
“Pai nosso, que estás em Petisburgo
Amaldiçoado seja o teu nome,
Possa o teu reino despedaçar-se
Possa a tua vontade não feita,
Sim, nem mesmo no inferno.
Dá-nos o pão que nos roubaste,
E paga nossas dívidas, assim como
Pagamos as tuas até agora,
Não nos deixe cair em tentação
— a política de Plevhe —,
E põe um fim neste maldito governo.
Mas, como tu és fraco e pobre de espírito,
Poder e autoridade,
Fora contigo por toda a eternidade.
Amem.”**
O jornal O Falcão na sua edição de 06.05.84, publicou documentos
que foi distribuído aos saldados americanos pelos comunistas alemães, em
1918, após o término da I Guerra Mundial. O documento chamava-se “O
198
Decálogo Comunista.” Trata-se de uma espécie de tábua-de-lei semelhante
aos Dez Mandamentos mosaicos. Vejamos o texto:
1. Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;
2. Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação de
massas;
3. Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a
discussões sobre assuntos sociais mesmo que não relacionados
com a causa comunista;
4. Destrua a confiança das populações nos seus líderes;
5. Fale sempre sobre a democracia e em Estado de direito, mas
assuma o poder, sem qualquer escrúpulo, tão logo se apresente a
oportunidade;
6. Colabore para o esbanjamento dos dinheiros públicos; coloque em
descrédito a imagem do país especialmente no exterior; provoque
o pânico e o desassossego nas populações através da inflação;
7. Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do país;
8. Promova distúrbios e contribua para que as autoridades
constituídas não os coíbam;
9. Contribua para a derrocada dos valores morais, a honestidade e a
crença nas promessas dos governantes; nossos parlamentares
infiltrados nos partidos diversos, especialmente nos frágeis
partidos democráticos, devem acuar os não-comunistas,
obrigando-os, sob pena de expor-lhes pechas, a votar somente o
que for de interesse da causa comunista;
10. Procure catalogar todos aqueles que possuem armas de fogo para
que as mesmas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando
impossível qualquer resistência a nossa causa.
199
Sem dúvida estes “Dez Mandamentos” sintetizam a práxis marxista do
mesmo modo como os Dez Mandamentos mosaicos sintetizam a práxis
cristã.
A intenção desse livro é apresentar dados para fortalecer uma tese: que
a força do marxismo está em sua natureza mística ainda desconhecida. Se o
leitor encontrar sentido nos dados que apresento, muito bem. Se não, deverá
encontrar em contra-argumento para cada dado que apresento aqui. De outro
modo, a não aceitação é preconceituosa, pois trata-se de uma defesa sem
defesa, o que configura muito mais uma reação inconsciente do que uma
defesa real.
Ora, por que o marxismo apresenta essa tendência geral a copiar tudo
o que o Cristianismo instituiu? Por que compor um Pai Nosso, um
Decálogo, uma Igreja, Sacramento, etc? O que me intriga aqui não é bem o
conteúdo das instituições marxistas, mas o porquê dessa luta para suplantar
e substituir a religião por uma coisa que é, em tudo, cópia e semelhança da
mesma. Não me parece um ato coerente com a posição ateísta. Se uma das
metas centrais do marxismo é eliminar todos os vestígios das religiões, por
que essa tendência mística, no seu comportamento, em querer e insistir na
preservação de todas as instituições religiosas, despojadas de sua essência?
É como preservação um objeto e sua forma externa, e substituir seu caráter
interno. Por exemplo: substituir a veneração da cruz, pela veneração da
estrela. Mesmo sendo marxista, o leitor compreenderá que não tenciona
agredi-lo. Mas revelar-lhe um lado do marxismo que desconhece. Há da
achar tudo isso, no mínimo, pouco comum e perfeitamente verossímil.
Capítulo 19
A C RUELDADE DESUMANA
Aqui foi abordado o tema da crueldade, que tem caracterizado os regimes
marxistas. Naturalmente, não será feito um minucioso relato de todas
200
atrocidades que os comunistas já cometeram no mundo. Serão analisados
apenas os sentimentos cruéis que se escondem por trás dos atos e suas
origens. Qualquer leitor interessado nos atos cruéis do comunismo basta
conhecer O Arquipélago Gulag de Alexandre Soljenítsin, prêmio Nobel de
literatura de 1970; dois enormes calhamaços somando aproximadamente
1.500 páginas de impressionantes relatos contados por um ex-comunista de
partido e capitão do exército vermelho. Enfim, um russo que está acima de
qualquer suspeita (Editora Difel-1976). Esta é apenas uma das centenas de
obras que denunciam a crueldade comunista. Todos os refugiados de
qualquer país comunista, contam suas experiências pessoais com lágrimas
nos olhos e cheios de saudade de suas pátrias que, voluntária ou
involuntariamente, foram obrigados a abandonar.
Serão apresentados também alguns dos estranhos atos místicos da
crueldade comunista — a fim de evidenciar que por trás dela parece haver
algo que extrapola os limites humanos.
Violência e dsequilíbrio psíquico
O romancista austríaco L. Sacher Masoch (1985), e o escritor conde
Donatien-Alphonse-François — mais conhecido como Marquês de Sade
(1740-1814), tiveram ambos um comportamento caracterizado pela
excentricidade. Masoch sentia prazer na dor; no próprio sofrimento. Do seu
nome originou-se a palavra masoquismo, que é definida como uma
perversão sexual em que a pessoa somente tem prazer ao se maltratada física
e moralmente. Por sua vez, o marquês de Sade sentia satisfação sexual
através da prática de atos de violência e crueldade física ou moral infligidas
ao seu parceiro sexual. Do nome de Sade originou-se sadismo. Atualmente,
como produto da conjugação desses dois comportamentos anormais, surgiu
a palavra sadomasoquismo.
O sadomasoquismo aparentemente se caracteriza por sua relação com
a sexualidade. Naturalmente, Masoch e Sade foram os primeiros casos
mundialmente conhecidos, mas são milhões (certamente), os “Sades” e
“Masochs” espalhados por todos os tempos e cantos do mundo. Apesar de
se enfatizar bem mais a relação do sadomasoquismo com a sexualidade,
convém destacar que o que essencialmente caracteriza o sadomasoquismo, é
a violência. Não necessariamente dirigida apenas à sexualidade, mas a
qualquer outro fator ou elemento. O sadomasoquismo pode ser dirigido
contra a natureza, contra os animais, os homens, a sociedade e até mesmo
contra as divindades (naturalmente, expresso verbal ou emocionalmente, ou
manifesto contra outrem na condição de objeto de vingança).
201
Sob este ângulo, todos os grandes criminosos da história foram
psicopatas sadomasoquistas. A crueldade como e de Cambises, Nero, Hitler,
Stálin, jamais poderá ser considera como aspectos normais do
comportamento humano. Todas essas observações revelam-se de alta
gravidade quando se sabe que quase 50% da população mundial,
distribuídas em aproximadamente 35 países, estavam sob o domínio dos
marxistas. Quando estudamos no primeiro capítulo deste livro sobre a
personalidade de Marx pudemos notar o que realmente se esconde por trás
de sua retórica. Ele se inspirou nas ideias e nos ideais da Revolução
Francesa e, conforme os relatos de Restif la Bretonne (As Noites
Revolucionárias) a revolução se degenerou numa brutal barbaridade.
Vejamos alguns trechos desse depoimento, publicado em 1794, em seis
volumes:
“Grupos tumultuosos contam enfurecidos os episódios do dia, bandos
armados de espadas e paus andam pelas ruas ameaçando matar — sem
saber muito bem a quem. Na rua de Roule saqueia-se um depósito de
armas: o verdadeiro povo, artesões e operários, observa-se à parte,
assustado. Na noite de 13 de julho — a terrível noite que precedeu um dia
ainda mais terrível -, a desordem atingiu o auge. Os civis formam patrulhas
armadas para defender-se, enquanto falsas patrulhas penetram nas casas,
para roubar e violentar mulheres...” (Esse trecho foi selecionado por não
conter a descrição de fatos da crueldade chocante que caracteriza a obra de
Restif).
São nestes termos que Restif inicia seus relatos contando tudo o que
viu de 1789 a 1793, época áurea do terror da Revolução Francesa. Os relatos
de Restif, conforme ele mesmo escreveu, “seriam os documentos mais
importantes sobre a revolução francesa no futuro.” E, de fato, o são. Nesses
relatos podemos compreender a desumana crueldade inspirada pelas ideias e
pelos nobres ideais dos iluministas franceses. Os ideais de Igualdade,
Liberdade e Fraternidade, transformaram-se num pesadelo em que milhares
de inocentes perderam suas vidas. Resta-nos agora perguntar: por que ideais
tão nobres e ideias tão belas, deram origem a um tal reino de terror?
Recordo-me que os assírios, quando invadiam um reino na antiguidade,
instalavam em praça pública, patíbulos onde furavam os olhos e arrancavam
a pele humana com a única finalidade de dominar pelo terror.
A Revolução Francesa se deu sob a poderosa influência das ideias de
Nicolau Maquiavel que em seu livro O Príncipe, negou o valor do perdão,
do amor e da bondade, estimulando os príncipes a usarem o terror como
meio de preservar o trono. A sua célebre frase: o fim justifica os meios,
202
ainda hoje parece estar em plena atualidade entre os comunistas.
Provavelmente, o terror estabelecido nos anos que se seguiram à Revolução
Francesa, tiveram essa finalidade. Paralelamente, logo após a Revolução
Russa (que foi inspirada nas mesmas ideias e ideais), degenerou-se desde os
seus primeiros dias em um pavoroso reino de terror. Tal reino, atingiu seu
ponto culminante nos tempos de Stálin. O saldo desse terror para a União
Soviética foi de 66 milhões de mortes. O mesmo poderemos estender para a
Revolução Cultural Chinesa nos tempos de Mao-Tsé-Tung, que produziu
um saldo de outros 60 milhões de vidas. No Cambodja, sob o governo de
Pol Pot, registraram-se 3,5 milhões de mortos, em uma população de 7
milhões. Como é possível tais sentimentos coexistirem ao lado de outros tão
opostos, como a igualdade e a fraternidade? Será que as revoluções
degeneram-se em terror por vontade daqueles que a conduziram, ou
simplesmente ela lhes escapou ao controle? Talvez as duas hipóteses sejam
verdadeiras. O próprio Lênin confirmou-as:
“O Estado não funciona como o desejamos. Como funciona? O carro
não obedece. Um homem está ao volante e parece dirigi-lo, porém o corre
na direção desejada. Ele avança conforme o desejo de uma outra força”
(Lênin. Obras em Francês,Vol. 26. Pág. 284).**
Em outro texto de sua autoria, já citado anteriormente Lênin escreveu:
“Não se pode fazer omeletes sem quebrar os ovos; não se pode fazer
revolução sem banho de sangue.”
Como podemos ver, duas hipóteses parecem ser confirmadas
inconscientemente por eles próprios. Muitos ex-marxistas contam que ao
“despertarem”, em um momento súbito, ficaram horrorizados com essas
atrocidades. Muitos se suicidam, outros erguem-se, com Soljenítsin, para
lutar contra.
O marxismo atual é o produto final que sintetiza toda uma corrente de
pensamento e ações fundamentadas no ateísmo e no materialismo,
naturalmente, aético e amoral. Tive oportunidade de conversar com um
marxista militante e constatei, meio perplexo, a fé, a convicção e a força que
o marxismo lhe dava. Com efeito, ele pareia possuir a verdade última.
Percebi que sua mente estava completamente entremeada de ideias marxista,
que pareciam exercer um total domínio e fascínio sobre ele. Seus olhos
brilham ao falar. Senti que era praticamente impossível demovê-lo por
meios intelectuais; somente por meios emocionais ou espirituais seria
possível quebrar a espécie de “encanto” que cobria sua visão e
compreensão. Para cada argumentos que lhes lançava, denunciando a
crueldade e os erros do comunismo prático, e seus equívocos ideológicos,
203
ele como se não tivesse sido tocado, ignorava e contra-argumentava a esmo
acusando o Imperialismo Americano. Quando lhe falei da Expansão
Imperialista Soviética, olhou-me com um estranho sorriso de malícia.
Compreendi que ficaria feliz ao ouvir falar do Expansionismo Soviético.
Óbvio, tal expansionismo é tido o que deseja. Talvez, sem saber ao certo o
porquê.
Praticidade
Vejamos agora alguns dos estranhos atos dos comunistas que nos revelarão
o lado místico de seu comportamento. Serão utilizadas para isto várias obras
de autores diversos, mas especialmente a obra do pastor Wurbrand, por ela
própria já conter vários textos coletados de diversas obras marxistas e nãomarxistas no exato estilo que será necessário aqui.
Burkharin, secretário geral da internacional comunista, aos doze anos
de idade, depois de ler o livro do apocalipse, passou a desejar ser o
anticristo. Uma vez que a Bíblia dizia que o anticristo deveria ser filho da
grande prostituta, Burkharin, insistia que a sua mãe confessasse ter sido uma
prostituta. (O Julgamento de Burkharin, George Katkhov, Stein  Day,
N.Y.1969)
Considerando que Burkharin ainda é considerado por muitos marxistas
como um dos grandes teóricos deste século, um comportamento desses é no
mínimo invulgar. Tal comportamento revela, mais que a fé na Bíblia, a fé no
suposto anticristo e, por extensão no próprio Cristo como a figura de amor,
paz e bondade. Burkharin portanto, almejava tornar-se oposto de tudo isto.
Burkharin escreveu sobre Stálin que “ele não é um homem, e sim um
demônio.” Posteriormente, Stálin mandou prender e executar Burkharin. Em
suas últimas palavras escritas em uma carta decorada por sua esposa, ele
diz:
“Minha vida termina. Inclino minha cabeça sob o machado do
carrasco. Sinto a minha total falta de poder ante essa máquina infernal.”
(Stalinismo. R. Medredev. Seuil França). **
Depois de toda uma vida dedicada fervorosamente à causa comunista,
Burkharin viu-se repentinamente traído e executado por um dos seus mais
antigos camaradas. Uma estranha recompensa por seus muitos serviços
prestados à causa comunista.
“Os primeiros pseudônimos sob os quais Stálin escreveu foram:
“Demonoshvili, algo como o Demoníaco, e Besoshvili, algo como
Diabólico’ (A Origem da Partocracia. A. Avtorhanov. Posev, Alemanha).**
Ora, por que um intelectual ateu utilizaria pseudônimos tão místicos? Tal
204
atitude revela dois pontos de vista opostos: a) um cinismo irônico contra a
religião, que crê e diz combater a figura do mal denominada demônio ou
diabo; e b) um estranho desejo inconsciente de assemelhar-se a tais figuras
perversas. As atitudes de Stálin nos expurgos cruéis no exército e no
partido, sua palavra cínica e mentirosa que assinou 200 tratados e quebrou
199 (o 200 o foi assinado com Hitler, que o quebrou primeiro), sua crueldade
nos campos de trabalho e extermínio deu morte a vinte milhões de russos,
sua insensibilidade a própria família, a desconfiança e a vingança incomuns
que estendeu-se para assassinar Trotsky no México, são características de
uma personalidade excepcionalmente sadomasoquista ou “demoníaca” que
tem o mérito de ser superado Nero e Hitler juntos! Se fôssemos nos deter
em enumerar as atrocidades dos grandes líderes comunistas, certamente
iríamos necessitar de muitas páginas. A Verdade última sobre o marxismo
virá à tona somente quando as muralhas do Kremlin forem derrubadas e
abertos os seus segredos. Antes disso, temos de nos contentar com os relatos
dos refugiados.
Certa vez Mao-Tsé-Tung escreveu:
“Desde a idade de oito anos eu odiava Confúcio. Em nossa vila havia
um templo confucionista. De todo o coração, eu desejava apenas uma
coisa: destruí-lo até os fundamentos.”
Afinal, o que que Confúcio ensinou ou fez de tão ruim para que uma
criança em uma fase ainda de pouca compreensão o odiasse a tal ponto?
Vejamos algumas palavras de Confúcio:
“Somente haverá paz na Terra Quando os homens amarem
Igualmente tanto a beleza quanto a virtude.”
“Com beleza no caráter, haverá paz no indivíduo
Com paz no indivíduo, haverá paz na família
Com paz na família, haverá paz na nação
Com paz na nação, haverá paz no mundo.”
Como todos estudiosos das religiões bem o sabem o Confucionismo é
um sistema de ensinamento moral e ético centralizado na família. Confúcio,
bem mais que um asceta ou profeta foi um filósofo-educador; místico e
crente por um lado, e culto e fino por outro. O Confucionismo produziu
belíssimos frutos em todo o oriente, especialmente nos seus 1500 anos na
Coreia, onde engendrou uma tradição familiar das mais belas e respeitosas.
Para Confúcio, a família era o princípio da paz e da felicidade mundial.
205
Que o marxismo condene alguns clérigos feudais corruptos e
abastados, é compreensível. Mas entre isto e uma criança odiar cegamente
um sistema de pensamento que praticamente desconhecia, há uma grande
diferença! Principalmente quando se sabe que hoje que, sem a família
monogâmica, a sociedade se desagregará. Odiar o Confucionismo equivale a
odiar a família, odiar a família é odiar a sociedade humana! Concluímos
portanto, que o ódio de Mao-Tsé-Tung contra o Confucionismo era
originado por outros fatores, muito mais místico e emocionais do que
intelectuais.
Por extensão, o ataque contra todas as religiões indiscriminadamente
revela-nos um outro aspecto místico do marxismo. Este, mais que qualquer
outro, parece-nos constituir a finalidade mais essencial do marxismo. Todo
homem de livre consciência não precisará de muitos argumentos para
reconhecer o valor, a beleza a importância dos sistemas de pensamentos
religiosos para a humanidade. Vejamos alguns outros versos:
A essência do pensamento cristão:
“Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.”
“Perdoai aos vossos inimigos e mais àqueles que nos odeiam.”
A essência do ensinamento budista:
“Assim como a abelha pousa sobre as flores para delas lhes extrair o
néctar, sem danificá-las,Assim seja o homem sobre a Terra.”
Pergunto ao leitor: o que há de mal nestes ensinamentos? Negar a sua
beleza, seu valor e sua necessidade entre os homens, não é um tanto quando
misterioso e arbitrário? No Arquipélago Gulag Alexandre Soljenítsin
escreveu que Yágoda, ministro do interior da União Soviética, tinha por
hobby atirar em imagens de Jesus e outros santos cristão. Por que essa
atitude obsessiva contra a religião se ela não ensina a violência nem a
vingança?
Talvez seja exatamente por esse motivo: ela se opõe frontalmente ao
marxismo e aos seus métodos “soteriológicos.” Mao-Tsé-Tung disse certa
vez que a religião podia admitida, o que era inadmissível era o perdão. O
perdão simplesmente anularia o marxismo. Vemos aí que a causa dessa
perseguição não é por se considerar a religião essencialmente ma, mas
porque ela é o maior obstáculo á sua expansão mundial pela violência.
206
Dar tiros em imagens religiosas é mais que um ato divertido; é um
ritual anti-religioso. Citarei agora uma coletânea de textos extraídos da obra
do pastor Wurmbrand:
“Na prisão romena de Piteshti, pastores e padres foram forçados
celebrar missas e cultos sobre excrementos e urina. Muitos cristãos foram
torturados e obrigados a tomarem comunhão com esses mesmos
elementos.”
Retorno do Inferno. I. Cirja; e Piteshti; de D. Bacu.
“Roman Braga, sacerdote da Igreja Ortodoxa Romena, teve seus
dentes arrancados um por um com uma barra de ferro, par ser obrigado a
blasfemar. Os comunistas explicaram: se nós o matarmos, vocês cristãos
serão coroados mártires... Vocês primeiros devem amaldiçoar a Deus...”
“O escritor comunista romeno Paul Goma, aprisionado por seus
próprios camaradas, descreve em seu livro “Gherla” algumas torturas
criadas pelos comunistas especialmente para os religiosos. Foçaram um
prisioneiro muito religiosos a ser “batizado” diariamente, colocando sua
cabeça em um barril onde os outros prisioneiros satisfaziam suas
necessidade, obrigando ao mesmo tempo os outros prisioneiros a cantarem
o serviço batismal. Durante as festas, principalmente na quaresma, missas
blasfêmias eram organizadas. Vestiam um prisioneiro com um roupão sujo
de excremento, tendo ao redor do pescoço, em vez da cruz, um falo
(representação do pênis, adorado pelos antigos como símbolo de
fecundidade na natureza) feito de sabão pelos antigos e DDT. Todos os
prisioneiros tinham que beijá-lo e dizer as palavras sagradas para os
ortodoxo: Cristo Ressuscitou.”
O jornal O Estado de São Paulo publicou (17 de novembro de 1984),
uma curiosa noticia sobre um grupo de padres que organizou um ato de
“protesto contra o sistema.” Eis o artigo:
“Na presença de oito mil pessoas e oito bispos, inclusive o presidente
da CNBB — Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil —, um grupo de
nove padre seguidores da teologia da libertação, acompanhado de 60
integrantes das CEBs — Comunidades Eclesiais de Bases —, apresentaram
a cruz como símbolo do “Sistema Capitalista” responsável por todas as
injustiças contra o povo. E a uma certa altura, jogaram-na no chão e, numa
estranha histeria, pisotearam-na com violência, enquanto atiravam sobre
elas enxadas, panelas e outros instrumentos que carregavam. Tal ato
ocorreu no Rio Grande do Sul. Ao explicar o que os assistentes chamaram
207
de malhação do Judas com a cruz: sacrilégios e profanação do
Cristianismo”, os padres disseram que a cruz simbolizava o sofrimento de
todas as pessoas e que era preciso retirar o sofrimento para se libertar.”
O que representa a cruz para o Cristianismo? Opressão ou salvação?
Foi de seu sacrifício na cruz que Jesus trouxe a redenção espiritual à
humanidade. Renegar o valor simbólico da cruz, é o mesmo que renegar o
valor do sacrifício de Jesus e o próprio Cristianismo.
Como o leitor pôde ler e, creio eu, também sentir, algumas das
atitudes e das palavras dos marxistas (no passado e no presente), acham-se
impregnadas de uma mística antideusista para não há nenhuma explicação
filosófica ou cientifica. Por que estudiosos intelectuais humanistas teriam
tais atitudes barbaras e misteriosas, que deixam transparecer o oposto de
tudo o que dizem e escrevem? O que obscenos e desmoralizantes contra os
rituais religiosos e os próprios crentes, tem a ver com ciência ou filosofia?
De Moses Hess a Marx e de Marx aos falsos religiosos marxistas, as
atitudes não mudaram. O ataque desmoralizante contra a religião tem para
os marxistas um significado especial que parece produzir uma certa
satisfação e prazer estritamente místico. Essa atitude de rebelião contra toda
religião e religiosidade, bem como aos seus resultados — éticas e moral —,
não possui nenhuma outra razão a não ser a da satisfação de um estranho e
misterioso prazer. Jamais os marxistas encontrarão justificativas científicas
ou filosóficas para elas. Enquanto for possível, eles sempre procurarão
ocultar esse lado misterioso de Marx, do marxismo e do comunismo prático.
Vejamos outros textos que parecem revelar que o marxismocomunismo-socilaismo possui uma relação íntima com o ocultismo:
“Nós não lutamos contra os crentes. Nem mesmo contra os ministros.
Lutamos contra Deus para arrebatar-lhes Os seus crentes.”
(Vertchernaia Moskva Jornal Cominista).**
“Himmler, o ministro do interior da Alemanha Nazista não era
materialista e descrente, estava convicto de ser a reencarnação d rei
Henry, o Caçador. Acreditava ser possível utilizar forças ocultas a
serviço do exercito comunista.”**
Espiritualismo na União Soviética
Todo o mundo ocidental já tomou conhecimento de que os países
comunistas diversos institutos de estudos parapsicológicos. As escritoras
Lyn Schereder e Sheyla Ostrander escreveram um livro chamado
Experiências Psíquicas atras da Cortina de Ferro, em que analisam as
208
descobertas e os avanços no campo oculto da União Soviética. Também nos
Estados Unidos esses estudos estão enormemente avançados. Sabemos que
a parapsicologia é uma nova ciência que procura estudar os chamados
fenômenos do espirito. Ou seja, a existência de um ouro ambiente e um
outro corpo humano, espiritual e eterno, que a cada dia mais está sendo
cientificamente comprovado. No ocidente, os resultados, dessas pesquisas
são divulgados abertamente. Por que os países comunistas não fazem o
mesmo? Se eles descobrirem a existência do espirito humano, serão
constrangidos a admitir o seu clamoroso erro e seu crime contra Deus e
contra a humanidade. Por isso, mesmo que se efetuem descobertas
extraordinárias, não as revelarão publicamente. Isso anularia o marxismo e o
sonho comunista, subitamente.
Como vimos nas palavras de Marx, no inicio da formulação da sua
ideologia, tudo parece indicar que ele não era ateu, mas sim antideus. Todos
os seus amigos compartilhavam desse modo de ser e de pensar. Ainda hoje
podemos ver nas atitudes antideusista e revoltada. É claro que não é uma
atitude ateísta. Hitler era ateu, mas expressava seu ateísmo praticamente
ignorando a existência de Deus. Ateísmo não implica necessariamente em
crueldade e obscenidade contra os crentes. Conhecemos muitos ateus não
marxistas e sua atitude é de indiferença e humanismo. O ateísmo marxista
possui características muito especiais. Ele é agressivamente contra Deus, a
religião e os religiosos. Para o marxismo, ser religioso é crime de morte.
Apesar das propagandas e disfarces que atualmente tem utilizado, a sua
essência ainda é a mesma. Sabemos perfeitamente que o comunismo está
chegando ao fim. Sua ideologia está esfacelada, a economia arrasada, e a
unidade quebrada. Mas a desilusão marxista ainda se restringe à Europa, à
América do Norte e parte da Ásia. Toda a África, América central e
América do Sul, ainda se encontram sob o ataque comunista.
Totalistarismo
O totalitarismo é outra característica dos selvagens e dos bárbaros d
antiguidade. O chefe ou cacique da tribo era o senhor absoluto da vida e da
morte de todo o restante da tribo. Do mesmo modo, o e reis bárbaros eram
senhores absolutos sobre todos os seus súditos e guerreiros.
Esse espirito totalitário alcançou seu ponto mais absurdo sobre com os
imperadores romanos que, provavelmente por influência da mitologia grecoromana, declaram-se deuses, mandaram erigir estátuas suas e exigiram que
as massas lhes prestassem cultos tais homens eram, via de regra, elementos
degenerados e criminosos; sem fé, ética ou moral alguma. Entretanto, se
209
auto-proclamavam imperadores-deuses. Muitos homens de fé e justo foram
assassinados por não reconhecerem tal “divindade”, especialmente, judeus e
cristãos. Este fenômeno sobreviveu ao longo de toda a idade antiga e da
idade média. Nesta última, um outro fator veio acrescentar novas cores ao
quadro: a Igreja católica entrava em cena. Os papas governavam lado a lado
com o e reis e os grandes senhores feudais toda a igreja era vista como
sagrada e com poder sobre a vida e a morte dos fiéis. A igreja podia
excomungar, prender, torturar e matar livre e absoluta. Por outro lado, os
reis absolutos também passaram a ver-se como santos e a proclamaram que
o seu poder provinha da Deus. Mesmo depois de Reforma Protestante e da
Renascença, o absolutismo continuou em pleno vigor.
A Revolução Francesa representou a queda do absolutismo na França
e o estabelecimento da República. Os pensadores e revolucionários
franceses, proclamando-se democratas humanistas em luta contra o
totalitarismo, ao chegarem ao poder, estabeleceram um totalitarismo
terrorista e sanguinário, cem vezes pior que o reinado de Luis XVI. A
esperança de igualdade, fraternidade e liberdade do povo francês
transformou-se no Tétrico pavor das guilhotinas. Posteriormente, Napoleão
se auto-coroando imperador, daria prosseguimento à Segunda etapa do
totalitarismo — o imperialismo. Com o nazismo a historia uma repetição
paralela. Hitler era a esperança e o senhor absoluto da Alemanha Nazista. O
“Rei do III Reich”, o “mentor e o pai do reino milenar.”
Gostaria de chamar a atenção do leitor para outra estranha tendência
dos tiranos totalitários. Todos eles, uma vez em posição de comando
supremo, apresentaram um a tendência à auto-divinização. Uma espécie de
narcisismo místico ou uma tendência a “tomar o lugar de Deus”, a ser o
único e central objeto de culto e adoração. Dos selvagens primitivos aso
bárbaros assírios, dos faróis egípcios aos imperadores romanos; dos reis
medievais aos revolucionários franceses, dos chefes-presidentes das
pequenas nações africanas aos lideres marxistas. De todo esses tiranos
totalitários que a historia registrou, os comunistas são os mais bárbaros e
cruéis*.
Os lideres comunistas, domesmo modo que os tiranos do passado,
como demonstra a tese central deste tópico, apresentam a mesma “tendência
à auto-divinização”, a “tomar o lugar de Deus” e a se transformarem em
“objeto central de culto e adoração.”
*
É incrível ver como são débeis as reações do mundo livre contra o imperialismo
comunista. Talvez por comodismo, covardia, ignorância, ou pelo efeito da psico-político. O
fato é que, se não despertarem a tempo. Serão reduzidos a escravos.
210
Certamente o leitor não havia observado esse lado do totalitarismo. Eis o
seu lado místico, e a mística oculta por trás do totalitarismo comunista.
Espionagem
A espionagem é um fato histórico bem antigo. O Rei Dario I, em virtude da
extensão do seu império, foi orientado pelos conselhos a criar uma rede de
informantes de sua confiança que o ,mantivesse a par d tudo o que se passa
no império, e par a que pudesse conservar o seu domínio. Dario chamou à
sua rede de espiões de “os olhos e ouvidos do rei.” A espionagem foi um
fato real em todos os impérios do passado. É uma tática de guerra. Ainda
que atue com a informação, não é uma tática inofensiva. Pelo contrário. É
altamente destrutiva e eficaz, especialmente pela discrição e sutileza de sua
atuação. O que nos interessa destacar na espionagem é sobretudo sua relação
direta com a questão da confiança. Do medo, da traição, e do domínio. A
analise da relação destes elementos com espionagem evidenciará o aspecto
místico que interessa a essa obra.
Por que os reis e soberanos desconfiam de seus súditos? Porque os
temem. É por que os temem? Porque duas razoes; ou os súditos devem ao
rei, ou o rei deve aos súditos. Noutros termos: um ou outro tem algo a
temer. Há um ditado que diz: “quem não deve, não teme.” Por que Dario
temia os seus súditos? Porque os havia dominado e usurpado suas terras e
riquezas. Em praticamente todos os casos da história, os reis-tiranos temiam
e espionavam os súditos. De um mofo geral, as massas sempre confiaram
em seus lideres, quase nunca desconfiaram dele ou os temeram e
perseguiram. Lamentavelmente, quase sempre os lideres se corromperam,
traíram e passaram a temer e a perseguir as massas. Esse fato escandaloso
tornou-se o mais poderoso argumento dos comunistas que, geralmente
injustamente, jogam as populações contra os lideres de todos os setores das
sociedades ocidentais. É também apoiado-se sobre a traição dos lideres
contra as populações, que o marxismo fundamente suas teorias quanto à
abolição do domínio por um líder — monarquia, presidencialismo, etc —, e
defende o domínio pelas massas — a ditadura do proletariado.
O pseudo-praternalismo dos lideres, contribuiu para denegrir até
mesmo o sentido original do sincero e sacrificial paternalismo. Entretanto,
apesar de falar sobre o “proletariado no poder”, em nenhum dos países
invadidos pelo comunismo os proletários chegaram ao poder. Em todos os
comunista, estabeleceu-se um ditador absoluto (Lênin, Stálin, Mao, Kim II
211
Sung, Fidel, etc), cercado por uma super-elite — a Nomenklatura* — que ,
juntos se tornaram os novos proletários das terras, das industrias e do
comercio. Por outro lado, todo o restante da população converteu-se em
escravos — operários, sem direitos ou garantias, dependentes por completo
do Estado-padrão, que por sua vez detém nas mãos todo o poder da vida ou
morte das populações “confinadas” dentro das próprias fronteiras.
Reduzidos à condição de escravos-operários (em parte, por sua livre
vontade e por suas próprias mãos, haja vista que ajudaram afazer a
revolução), as populações insatisfeitas representam um constante perigo
para os tiranos comunistas que os mantêm cativos. Dessa forma, baseado em
sua teoria do poder**, os tiranos comunistas criariam verdadeiros exércitos
invisíveis de espiões para delatar qualquer indivíduo insatisfeito com a
ditadura e o ditador. Os espiões podem ser crianças ou adultos, esposo ou
esposa, pais ou filhos, professores ou alunos... Em todos os países
comunistas, conforme os milhões de refugiados e dissidentes, existe um
constante clima de desconfiança e medo, inclusive dentro das famílias.
Mas o aparato de espionagem par a auto-defesa dos tiranos não pára
por aqui. A Psicopolítica é largamente utilizada para domesticar as
populações através das comunicações e dos hospitais psiquiátricos (para os
mais “rebeldes”).
O Império comunista assumiu funções muito peculiares, a espionagem
ali não se restringiu apenas à auto-defesa do tirano e à manutenção de seus
domínios, ela foi e tem sido ampla e internacionalmente utilizada par roubar
toda a tecnologia bélica e industrial dos países democratas (ou como eles
dominaram: sociedade estúpidas e decadentes). Assim, com a nossa
convivência (por estupidez), o império comunista expandiu-se e fortaleceu.
O marxismo criou tiranos, ladrões se criminosos da história*.
Conseqüentemente, teve que criar o maior e mais traiçoeiro sistema de
espionagem.
O jornalista e escritor Patrick Meney, em seu livro Kleptocracia. A
Corrupção na União Soviética (Record, 1982) e o jornalista Michael S.
Voslenky, em seu livro Nomenklatura, Como vivem as classes
oprivilegiadas na União Soviética (Record, 1980) revelam a escandalosa
corrupção e decadência moral do governo e do povo russo. Voslenski revela
*
Tal estrutura — ditador + nomeklatura -, em tudo se assemelha a um rei e a sua corte.
A teoria do poder comunista vê ¾ da população como maus, logo, para se conquistar e
conservar o poder, tem-se que subjugar os maus, que são apenas subjugados através da
força e da violência.
*
Qualquer tentativa de mudança por parte das populações é coibida com violência, como
ocorreu na Hungria, Tchecoslováquia e Polônia.
**
212
a corrupção dos líderes das elites soviéticas. Estes dois livros retratam o
quadro terrível a que foi reduzido a União Soviética sob o marxismo. Tal
estado generalizado de degradação é, pura e simplesmente, o efeito natural
da visão ateísta e anti-religiosa do marxismo, que desmarca o ressurgimento
de um novo tipo de império bárbaro, o “barbarismo pseudo-científico.” Eis
a que foi reduzido o ideal do comunismo cientifico; eis para onde conduzem
os passos dos homens, quando ousam prescindir de Deus e de Sua educação
ético-moral.
Terrorismo
O terrorismo foi um das marcas registradas dos povos bárbaros. As tortura
aplicadas pelas tribos primitivas (ainda hoje) aos prisioneiros adversários
eram as mais cruéis. Os assírios entraram para a historia como os “bárbaros
terroristas.” Terror era uma característica principal dos assírios. A crueldade
do nazismo contra os judeus é um outro marcante exemplo de terrorismo.
Os povos primitivos, os bárbaros e algumas tribos selvagens africanas
e ameríndias eram até canibais, mas eram bárbaros do passado! Aí está a
grande diferença entre o terrorismo dos antigos bárbaros e o terrorismo dos
neobárbaros marxistas-comunistas-socialistas: os neobárbaros se se dizem
civilizados e científicos! Como então explicar o terrorismo bárbaro que
praticamente no mundo inteiro? Como então é sabido, os comunistas são
contra a civilização ocidental e tudo fazem para destruí-la e tudo o que dela
se originou, ou seja, todos os sistemas políticos, econômicos, ideológicos e
instruções sociais. Na teoria, dizem que o homem deve retornar ao estado de
pureza primitivo e retornar ao nível da espécie. A aplicação mais radical
dessa teoria aconteceu no Cambodja, quando Pol Pot obrigou toda a
população a abandonar as cidades, assassinou 3.500.000 (três milhões e
quinhentas mil pessoas — 50% da população) e transformou todos os
demais em agricultores primitivos de arroz. Literalmente destruiu todos os
traços da civilização cambodjana. Tudo isto, note-se bem, em nome
científico! Mas a coisa não para por aí. Em todos os países dominados pelos
comunistas a história se repediu: na Rússia, na China, na Coreia do Norte,
em Cuba... Enfim, todos os países o terror e o massacre constitui uma norma
geral.
O jornal O Estado de São Paulo (01de outubro de 1985) publicou o
seguinte artigo:
URSS acusada de treinar terrorista
213
WASHINGTON — O diretor da Agência Central de Inteligência,
Willian Casey, acusou ontem a União Soviética de treinar cerca de
600 terroristas por ano e de atuar “em uníssono “com o terrorismo
internacional. Segundo o responsável pela CIA, a URSS e seus
aliados permitem a grupos terroristas manter refúgios na Europa do
Leste e viajar livremente por seus territórios, para ir praticar ações
em outras áreas. As acusações foram publicadas ontem pelo jornal
The Washington Times.
Segundo Caey, Moscou “importa” anualmente cerca de 600
jovens de diversas regiões do mundo para doutriná-los e dar-lhes
treinamentos para ações de terrorismo e para operações
paramilitares. “Há instalações de treinamentos não somente na
União Soviética, como na Bulgária, Tchecoslováquia, Alemanha
Oriental, Iêmen do Sul, Cuba e, cada vez mais na Nicarágua, assim
como nos países árabes de linha radical, Síria, Líbia e Irã.” Cassey
disse que a “rede terrorista internacional” declarou uma “guerra
psicológica” para criar na opinião publica mundial a impressão de
que “os terroristas são onipotentes e o publico é impotente.” O
diretor da CIA também fez um apelo aos meios de informações
ocidentais para que dêem cobertura” de forma mais discreta” às
ações do terrorismo internacional”, e pediu “editoriais mais fortes a
fim desacreditar essas ações.”
Cabe-nos agora perguntar: qual a diferença entre os bárbaros
selvagens, os bárbaros da antigüidade e os comunistas? Pelo modo como
agem, não há nenhuma diferença entre os três tipos de barbarismo. Os seus
sentimentos têm o mesmo nível. As teorias marxistas são um rol de
equívocos teóricos. Poderíamos, entretanto, observar alguma diferença entre
os antigos bárbaros e os neo-bárbaros comunistas; os antigos bárbaros
andavam nus ou vestidos de pele e usavam armas primitivas; os neobárbaros vestem ternos e gravatas, utilizam-se de armas nucleares e das
comunicações, e ainda possuem um justificativa teórica par o terrorismo e o
crime; a filosofia marxista.
De resto, apenas trocaram as vestes e as armas; seus corpos, seus
sentimentos, suas ideais e os seus ideais são os mesmo de cinco ou seis mil
anos atrás; dos tempos em que não existia ética ou moral, porque não havia
religiões par lhes dar consciência de Deus.
Psicopolítica
214
A revista Visão (no 49, de 11de novembro de 1985, páginas 42, 43 e 44),
publicou um artigo intitulado: Excepcionais: A Grande Luta. Recursos.
Nesse artigo o diretor da Sociedade Pestalozzi de São Paulo, o psicólogo
Jairo Vieira de Souza, que há mais de dez anos trabalha com crianças e
adolescentes com deficiência psíquica, diz que “segundo a Organização
mundial de Saúde, 7% da população brasileira — 8 a 10 milhoes de
habitantes — sofre de distúrbios mentais, e que as autoridades deveriam
preocupar-se mais em prevenir essa deficiência, do que em implantar
unidades de internamento especifico.”
Diz ainda o artigo que noanode1984, cada deficiente mental custou à
Sociedade Pestalozzi 250 mil cruzeiros mensais. Para se ter uma ideia da
gravidade desse problema num futuro próximo, calcule-se o potencial desses
10 milhões de brasileiros em termos de despesas, produtividade e defesa
nacional. Avaliemos a questão apenas quanto às despesas. Adotado a média
da Sociedade Pestalozzi — 250 mil cruzeiros por deficiente —, esses 10
milhões de doentes mentais custam ao Brasil 300 bilhões de cruzeiros
anuais. Isso, note-se bem, apenas em despesas. Imagine-se esses valores
somados com as perdas em produtividade ou em relação à defesa nacional
futura, e calcule-se os custos totais em 10anos ! É um escândalo assustador.
Esse quadro tétrico se amplia ainda quando o estendemos aos demais
países do mundo livre*. É como se estivéssemos sendo transformados em
uma raça de vivos-mortos, complemente dependente e indefesos! Este é um
fato gravíssimo. Onde estaria a causa dessa calamidade mundial? Estaria
relacionada com as viagens especiais, ou com o ritmo da vida
contemporânea? Com a má ou sub-alimentaçao, ou com a má ou automedicação? Pensando nesta séria questão, cheguei à conclusão de que o
fenômeno da raça sub-humana, formada por excepcionais, tem um pouco a
ver com todas estas causas. Mas, há uma forte razão para desconfiarmos de
tais causas como primordiais ou preponderantes: a Psicopolítica.
Tomei conhecimento da Psicopolítica através de um pequeno livro
chamado Psicopolítica: Ciência e Arte Fundamental do Comunismo
(Editorial Nova Ordem, 1966, Buenos Ares. 3a ed.). O livreto, segundo as
palavras do prefaciador, era Manual Comunistas de Adestramento para a
Guerra Psicológica.
Era a primeira vez que estava lendo alguma cisa sobre a Psicopolítica.
Por mais cruel que fosse os relatos dos dissidentes e dos refugiados
*
Tomando-se por base a taxa percentual do Brasil — 7% — e aplicando-a no calculo
estimativo da população mundial — 4,5 bilhões —, teremos um contigente de 315 milhões
de excepcionais. Quinze vezes a população da América Central!
215
comunistas russos, ucranianos, lituano, chineses, cambojnos, nicaragüenses,
norte-coreanos, etc, a psicopolítica superou minha própria imaginação, as
mentes elaboraram tamanha crueldade contra a humanidade não deviam ser
humanas.
O que é Psicopolítica? Segundo as palavras dos próprios comunistas:
“a ciências da domesticação dos povos.” Conforme o escritor Fred Schwarz,
em seu livro Você Pode Confiar nos Comunista! (no sentido de que eles não
fazem o que dizem em público, mas o que está esscrito em seus livros), o
Comunismo Internacional declarou abertamente seus planos de conquista
mundial. Certa ocasião, Laurenti Béria, poderoso policial russo, disse:
“A burguesia é estúpida e pensa que a guerra é sempre a utilização
de metralhadoras, tanques e bomba. Mas a verdadeira guerra é a guerra
psicopolítica. Conquistaremos nossos inimigo dentro de suas próprias
fronteiras.”
Segundo uma definição citada no livro:
“A Psicopolítica é a arte e a ciência de obter e manter o domínio
sobre o pensamento e as convicções dos homens, dos funcionários, dos
organismos e das massas de conquistar as reações inimigas por meio do
tratamento mental.”
Esta definição coincide plenamente com as palavras do General Sun
Tzu (500 a.C), em seu livro A Arte da Guerra:
“A mais alta arte da guerra é não chegar a lutar, mas subverter os
valores do inimigo até que sua percepção da realidade se deteriore a tal
ponto que ele não mais perceba o invasor como inimigo. Este é o propósito
final da guerra subversiva.”
Pelo que se pode entender no pequeno livro a Psicopolítica é a arma
fundamental com a qual o comunismo espera dominar o mundo. Baseandose nas teorias dos reflexos condicionados de Ivan Pavlov e nas teorias de
Freud (especialmente, a teoria do inconsciente), os comunistas elaboraram
uma técnica para debilitar a capacidade mental do ocidente.
Utilizando Viena como base, infiltraram-se na psicologia, psiquiatria e
psicanálise e deflagraram uma campanha internacional de “saúde mental.”
Criaram o eletrochoque e a lobotomia (psicocirurgia), não para curar os
desequilibrados mentais, mas para criá-los e inutilizá-los definitivamente.
Abriram clinicas especializadas em todas as partes do mundo e decidiram
desmoralizar todas as instituições religiosas de saúde mental (porque estas,
216
segundo eles, curam de fato), para que todo e qualquer tratamento mental
ficasse por contada medicina alopática, nesse caso, pseudo-medicina.
Os ex-comunistas Kenneth Goff disse que foi adestrado em vários
tipos de lutas, psicológicas e físicas para aniquilar o mundo ocidental, e
também estudou a Psicopolítica. Depois que abandonou o comunismo,
observou horrorizado uma imensa campanha pró-saúde mental nos Estado
Unido, e o rápido crescimento da guerra psicopolítica contra o povo
americano. O livro cita o nome de um deputado americano — John Schmitz,
que por volta de 1960, havia denunciado a existência e nefasta atuação da
Psicopolítica em milhares de crianças hiperativas, com o pretexto de
“normalizá-las.”
Mas a aplicação da Psicopolítica não restringe apenas aos hospitais
psiquiátricos, mas aos meios de comunicações, às instituições de ensino e a
outros setores da sociedade, segundo o tal livro, a verdadeira arma da guerra
comunista contra a civilização crista é a Psicopolítica. De acordo com o
pensamento comunista é melhor subjugar uma nação pela debilitação
mental, do que jogar bombas sobre ela (as bombas reduziriam o país a ser
conquistado em ruínas de um cemitério). Os comunistas diziam que, se a
Psicopolítica falhar, o comunismo também cairá. Por isso, onde quer que
aparecesse qualquer livro ou comentário sobre a Psicopolítica este deveria
ser desacredita do imediatamente.
Quando conheci a Psicopolítica fiquei muito preocupado com o futuro
da humanidade e do Brasil, e me senti responsável. E procurei livros sobre
psicopolítica. As pessoas que me atendiam sequer conheciam a palavra. Não
existiam livros sobre o assunto. Nas diversas partes do Brasil que visitei,
procurei por estes livros, mas jamais os encontrei. Os únicos escritos que
conheci sobre o assunto estavam naquele pequeno livro.
Talvez observando o caos psicológico do mundo atual, o vazio
existencial da juventude mundial e a desagregação das instituições
possamos encontrar as provas da realidade da Psicopolítica. Tal é a mais
terrível arma que os comunistas desenvolveram e a mais cruel e traiçoeira
guerra que a humanidade já enfrentou. Recentemente, em um programa de
televisão de grande audiência foi apresentado um quadro que se referia à
Guerra da Mente, mostrando como os Estados Unidos e a União Soviética
estão desenvolvendo e aperfeiçoando técnicas parapsicológicas com
finalidade bélica.
No já citado livro Experiências Psíquicas atrás da Cortina de Ferro,
as escritoras Lyn Shreder e Sheyla Ostrander, revelam o grau de
desenvolvimento dessas pesquisas na União Soviética. Considerando o grau
217
de desenvolvimento das pesquisas psíquicas, que nível terá atingido a
Psicopolítica nos dias atuais?
É do conhecimento da opinião publica mundial o processo de
lavagem cerebral aplicado nos soldados americanos aprisionados na Coreia
do Norte. Também são famosos os “hospitais psiquiátricos” para dissidentes
políticos*. Relacionando esses fatos — técnicas de lavagem cerebral
comunista e os hospitais psiquiátricos —, com o fenômeno da ‘raça subhumana” de excepcionais, podemos afirmar, quase com certeza, a terrível
realidade da Psicopolítica.
Para completar este tópico, transcreverei um trecho de uma carta do
professor de matemática Vasile Ivanovitch, prisioneiro do hospital
psiquiátrico de Leningrado (citado no livro):
“Não tenho medo da morte e prefiro que me fuzilem! É repugnante e
terrível pensar que mancharam e esmagaram minha alma!... o homem aqui
perde a sua individualidade, seu espírito se dilui, suas faculdades emotivas
se destroem, sua memória desaparece. Mas o mais terrível do ‘tratamento’
é que ele faz desaparecer tudo o que construi o caracter pessoal próprio. É
a morte da criatividade. Os que estão submetidos à ação da aminazina não
podem nem ler depois assimilá-la; convertem-se intelectualmente em seres
nulos e primitivos.”
Tal é a mística e a desumana crueldade que o marxismo inspirou no
coração do homem.
Para finalizar este tópico, gostaria de dizer uma última palavra sobre
o ser humano. Quando observamos o comportamento da natureza, em sua
bondade em nos ofertar naturalmente o ar, as águas frescas, as flores e os
frutos, bem como os cereais, os animais e toda a beleza ao deleite dos
sentidos e do nosso espirito; quando observamos os animais e vemos neles o
seu amor sacrificial pelos seus filhotes, as abelhas que produzem e nos
ofertam os frutos do seu trabalho, ou os pássaros que nos alegram com um
suave canto; quando observamos a Terra a girar trazendo os dias e as noites,
desvelando o encanto e a beleza das estações, não podemos deixar de
pensar, com certa amargura, em nós mesmos — os seres Humanos. Por que
somos os criadores das artes, das filosofias, das religiões e das ciências? Por
que temos o maior grau de emotividade, racionalidade e liberdade e,
paralelamente a tudo isso, produzimos tanto mal? Por que deixamos atrás de
nós um rastro de violência e devastação. Como nem, mesmo o mais feroz
dos animais o faz? Por que não conseguimos deter esse impulso violento e
sanguinário que habilita em nossa natureza e, contra a nossa vontade, nos
*
“GUIAS DA URSS. Avraham Shifrin — Publicações Europa-América, 1985.
218
conduz à destruição recíproca? Onde está a nossa liberdade? O que há de
errado conosco, que nos torna tão diferentes e inferiores aos animais mais
ferozes da natureza, quando deveríamos ser os mais bondosos? A violência
não é um traço original da personalidade humana. É por isso que lutamos
contra ela. E não descansaremos enquanto não a derrotarmos.
Capítulo 20
MITOLOGIA & MARXISMO
O escritor Raphael Patai em seu livro O Mito e o Homem Moderno (Editora
Cultrix), analisa a influencia dos mitos nas sociedades contemporâneas,
especialmente as industrializadas. Patai define o mito de duas formas:
a) “O mito... é um instrumento religioso tradicional, que opera
validando leis, costumes ritos, instituições e crenças ou
explicando situações socioculturais e crenças, ou explicando
situações socioculturais ou fenômenos naturais, que assumem a
forma de historias, que se acreditam verdadeiras, acerca de
seres divinos e heróis.”
b) “Os mitos são histórias dramáticas que constituem um
instrumento sagrado, quer autorizado a continuação de
instituições, costumes ritos e crenças antigas na área em que são
comuns, quer aprovando alterações.”
Destacaremos na obra de Patai o aspecto que se presta ao enfoque
geral dessa obra-o lados místico.
O mito, nos dias atuais e em certo sentido, é um instrumento de
pressão intelectual e emotiva que é geralmente utilizado para exacerbar ou
falsear a realidade de um indivíduo ou de fato social. Isto é, um instrumento
de pressão utilizando para gerar uma opinião e manter uma determinada
situação. Vejamos um exemplo. Atualmente, milhões de pessoas de todas as
idades e raças sonham com a liberdade absoluta. Isto é um mito pois, a
liberdade é limitada pela responsabilidade imprescindível à convivência
social. Embalados por esse mito, jovens dos anos 60 e 70 abandonaram a
vida social e mergulharam no submundo das drogas e da promiscuidade.
219
Milhões deles se auto-destruiram. Um outro exemplo atual é O Mito da
Sociedade Comunista. Este será o objeto de estudo desse capítulo.
Diversos são os fatores que influenciam nossas vidas. O primeiro deles
é fator crença. Para que os mitos influenciem as pessoas, elas precisam crer
na “verdade” que eles afirmam. Para tanto, a “verdade” do mito requer
repetição até a interiorização e auto-identificação com ela. Ao ser absorvida,
a “verdade” do mito assume novas funções. Produz a satisfação sob forma:
diminuição da ansiedade, satisfação de sentir aumentada a autoconfiança,
eliminadas as dúvidas e incertezas, por sentir-se na posse da verdade
suprema ou, ainda, pela experiência de algo divino. O mito da sociedade
comunista tem engendrado todos esses fatores no homem contemporâneo,
razão por que ele tem se entregado — como em um transe louco — ao
sacrifício maior de doar a própria vida pelo sonho comunista.
Mito e Ritual
Wilhelm Wundt, em sua obra Volkerpsychologie, (publicada em 1908),
escreveu um capítulo intitulado Mythus und Kultus (Mitos e ritual), em que
defende a tese de que o mito é correlativo do rito, por ele representado.
Wundt escreveu:
“Os atos (ritos), que decorrem de motivos mitológicos... são
expressões da inusitada intensidade das emoções pertencente ao
terreno do mito e da religião. Os atos atinentes a esse terreno são
denominados Cultus, nome dado pelos romanos ao seu sistema de
festas e sacrifício religiosos... o Cultus compreende os atos que a
comunidade acredita terem sido criados para assegurar-lhe a
proteção e a ajuda dos deuses... Praticamente, o valor do ritual
reside na confiança que se tem na força protetora e favorecedora
dos deuses, ou na suspensão de algum castigo que os deuses
desejem lançar sobre a comunidade... Um testemunho dessa forma
de crença, intensificada, reside nos próprios atos rituais... e que,
amiúde, constituem na entrega dos bens mais preciosos e até da
própria vida...”
Noutros termos: ao serem influenciados ou amedrontados por um mito,
os povos criam rituais correspondem àquele mito, com a finalidade de
preservá-lo — quando enaltece e envaidece —, ou protege-se, quando
ameaça e amedronta. Inferimos daí as raízes místicas da “tendência à
220
mitologização dos líderes em mitos, aquietar, amedrontar os povos e
preservar a sobrevivência do regime.
A Leninolatria e o Mito do Super-homem Marxista
Quando discorremos sobre a questão do totalitarismo, demonstramos
que todos os tiranos imperialista apresentavam uma tendência à
autodivinização e o desejo de “tomarem o lugar de Deus e tornarem-se
objeto central de culto e adoração.” A relação do mito com ritual revela o
porquê do comportamento comunista quanto ao culto da personalidade, e
quanto à tendência à mitologização do líder. Raphael Patai, no capítulo
cinco de seu livro, abordou esse tema. Vejamos algumas das suas
considerações:
“Além do mito marxista da sociedade do futuro, o mundo marxista
ministra... uma necessidade irreprimível de possuir seus próprios
mitos. O exemplo que tenho na mente é a proliferação irresistível do
mito de Lênin e sua utilização, muito além do ponto de saturação,
em conexão com as comemorações mamúticas e maratônicas das
Rússia Soviética do centenário de Lênin em 1970. A dimensão
mística das celebrações não escapou às observações ocidentais. Na
revista Times, Neal Ascherson, compara Lênin a Maomé e Moscou
ao Califado... e dá às observâncias propriamente ditas o nome de
Leninolatria.”
“Lênin tem sido uma figura ancestral mística par a Rússia desde a
sua morte, 1924... A não aceitação — ou negação — da sua morte
na forma do sempre repetido encantamento ‘Lênin Vive!’ tornou-se
parte da “religião” soviética, equiparando-se em grau notável à
negação crista da morte de Jesus: ‘Jesus Vive!’... Assim como
sucedeu a inúmeros heróis míticos verdadeiros, quanto mais tempo
se passou desde a morte de Lênin, maior se tornou ele, mais
sacrossantos os seus ensinamentos, mais ‘divina’ a sua imagem...
Fosse quem fosse o homem chamado Lênin, está esquecido há muito
tempo, porque o Lênin que ‘vive’ não é a lembrança de um ser
humano, mas imagem sobre-humana mística e divinizada...”
O caso de Stálin foi também um caso excepcional. Enquanto vivo,
Stálin foi transformado (talvez, por ele mesmo), num dos mais
extraordinários mitos soviéticos. O geneticista Lysenko, disse em uma
221
conferência sobre Genética, Ciência e Seleção, realizada em Moscou em
1939:
“A ciência biológica progressista deve aos gênios da humanidade,
Lênin e Stálin, a adição dos ensinamentos de I.V. Michurin ao
tesouro dos nossos conhecimentos. Gloria ao grande amigo e
protagonista da ciência, nosso líder e mestre, camarada Stálin!”
A publicação soviética Questões de Economia trazia, em seu sétimo
numero, um artigo de InnoKentii Pisarev, que incluía as seguintes
afirmações:
“Criada por Lênin e Stálin, a estatística soviética assinala uma
mudança radical na tradição da metodologia cientifica, na
organização, na prática, no conteúdo e nas tarefas da estatística...
Lênin e Stálin resolveram os problemas nodais da ciência
estatística.”
Vemos por essas citações que Stálin foi uma lenda enquanto vivia.
Curiosamente, apesar de possuir todos os elementos necessários para ser
transformado num grande mito, após sua morte, foi complemente destruído
e relegado ao esquecimento.
O guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara é um outro típico
exemplo da mitologização comunista. Daniel James em sua biografia de
Che Guevara Morte de um Revolucionário, Nascimento de um Mito,
descreveu a incredulidade de milhares de jovens ante a morte de Che
Guevara, apesar de todos as provas fornecidas pelas autoridades bolivianas.
Queriam continuar crendo que “Che está Vivo!.” O governo cubano de Fidel
Castro, tão logo as notícias de sua morte chegaram a Cuba, empenhou-se em
uma campanha orgíaca par imortalizar o “guerrilheiro heróico.” Num ato
extravagante Fidel proclamou Che como “o novo homem que a mocidade,
dali em diante, deveria imolar” e instalou-o no panteão dos comunistas
imortais ao lado de Marx e Lênin. A Accion Revolucionaria Peronista
proclamou solenemente que “jamais a causa das libertações humana pago
um preço tão alto: a imolação do Cristo da nossa era.” Che Guevara foi
considerado em muitas outras partes do mundo “o Cristo rebelde
crucificado.” Os tolos jovens esquerdistas do mundo ocidental proclamaram
o “Che Vive!.” Estranhamente, apenas o bloco soviético, a quem Che
Guevara serviu como uma avestruz sorridente, ignorou-o e também a sua
morte por completo. Luís J. Gonzalez e Gustavo A. Sanchez Salazar,
concluem a narrativa da morte de Che Guevara com estas palavras:
222
“Che Guevara já não era, passara da lenda para o mito... Che
Guevara era uma combinação de guerreiro e apóstolo, de
aventureiro e profeta... Em Valle Grande, onde Che Guevara, onde
morreu, já se formou uma espécie de lenda em torno dos milagres
de São Che Guevara, cujo retrato pode ser freqüentemente
encontrado em choças compensas, entre imagens católicas...”
Geoffrey Gossell, escrevendo no Christian Science Monitor, diz:
“O Santo padroeiro do movimento revolucionário estudantil na
Europa Ocidental é Che Guevara.”
Daniel James no último capítulo de seu livro, escreveu:
“Que é que os estudantes radicais da Nova Esquerda vêem ou
procuram em Che? Qual a origem da sua influência? Por que
adoram alguém que, afinal de contas, foi quase um perfeito
fracasso?”
Seja qual for a posição do leitor quanto o marxismo, isso não quer
dizer muito ante análise fiel dos fatos.
O professor Adolph Norow, em seu trabalho O Sociopata (ainda em
edição preliminar), expôs de modo claro e cientifico, que os violentos
revolucionários e tantos outros tipos sociais, aparentemente normais, são
sociopatas. Homens doentes que desconhecem o seu estado patológico.
Marx, Lenin, Stálin, Che, Mao e Ortega não são diferentes. Todos esses
sociopatas foram mitologizados e transformados em modelos sociais. Esse
fenômeno, considerado seu efeito destrutivos sobre as camadas mais jovens
das sociedades, evidencia sua face desumana e nela, um outro aspecto da
natureza mística do marxismo.
O Mitro do “Céu” Marxista
Outro importante tema a ser abordado, refere-se à visão marxista da
sociedade do futuro. Também aqui o livro de Raphael Patai fornece alguns
interessantes dados.
Em primeiro plano, convém destacar que o marxismo, como um
“Cristianismo às avessas”, também possui uma teoria escatológica. Quando
para o Cristianismo a redenção da humanidade e a construção de Céu
223
caberão a Deus, para o marxismo, caberão à Dialética *. Sobre esse ponto
Patai escreveu:
“No entender de Edmundo Wilson, a dialética de Hegel com a sua
tríade tese-antítese-síntese, assumiu a forma da antiga trindade da teologia
cristã... Sem duvida, a tríade dialética exerceu sobre os marxistas um efeito
tão irresistível, que seria impossível justificá-lo por meio da razão.”
.”.. O que Marx e Engels fizeram foi apropriar-se do principio
hegeliano da interpretação da história e projetá-lo no futuro. Ao fazê-lo,
criam o grande mito em que se notam, indisfarçáveis, reverberações dos
antigos mitos escatológicos judaico-cristão quanto ao futuro... A tese era a
sociedade burguesa. A antítese, o proletariado. Quando à síntese, encontrase toda no futuro. Nela se unem o apocalipse e a escatologia, pois Marx
revela o que “aconteceria” no fim dos tempos: a unificação dos
trabalhadores, o conflito global com os proprietários (ecos da guerra prémessiânica de Gog e Magog), e o domínio final pela classe trabalhadora.
Como em todas as verdadeiras escatologias, não se perde tempo pensando
no futuro do lado derrotado, pois é tácita a presunção de que a demolição
precederá a ereção da nova estrutura. Isto faz parte da doutrina marxista
original e ainda é fielmente repetido, sem a menor discordância, pelos mais
jovens e modernos discípulos de Marx, que pregam o que hoje constitui a
Religião Marxista Ortodoxa do Revolucionismo...”
“Além da ortodoxia teológica que transparece nos pronunciamentos
marxistas, há também uma rígida ortodoxia estilística e terminológica.”
“A parte final do mito marxista que descreve a nova ordem social
ideal também apresenta a mesma terminologia escatológica, familiar desde
os tempos bíblicos... A imprecisão desse quadro generalizado de bemaventurança social torna-se mais evidente quando lhe reconhecemos a
similaridade com o quadro idealizado do futuro desenvolvimento da
‘noosfera’ pressuposto por Teilhard de Chardin; para surpresa de todos
(...), as utopias projetadas por Marx, o pensador católico radical, e por
Teilhard de Chardin, o padre e pensador católico profundamente religioso,
se assemelham tanto que as suas características principais são quase
intercambiáveis... No século que se passou desde que Marx criou a sua
*
Do mesmo modo que o Cristianismo explica a origem do Universo e a redenção do
homem pelo dogma da Santíssima Trindade, o marxismo o faz pelo dogma da tríade
dialética (tese-antítese-síntese).
224
visão do futuro, praticamente não se acrescentou nenhum detalhe concreto
a essa visão. A mesma imprecisão, mítica e paradisíaca, que caracterizou o
pensamento do próprio Marx nesse ponto, ainda envolve as celebrações
marxistas...”
Raphael Patai cita o escritor português Mircea Eliade, que descreveu a
a influência do mito escatológico judaico-cristão sobre Marx
“Com efeito, a sociedade sem classe de Marx e o conseqüente
desaparecimento de tensões históricas encontrarmos seus precedentes mais
próximo no mito da Idade De Ouro, que muitas tradições colocam no
princípio e no fim da história. Marx enriqueceu esse mito venerável com
uma completa ideologia messiânica judaico-cristã: de um lado , papel
profético e a função soteriológica que ele atribui ao proletariado; de outro,
a batalha final entre o Bem e Mal, facilmente comparável à batalha
apocalíptica entre o Cristo e o Anticristo...”
Concluindo, podemos perceber que o marxismo sofreu uma acentuada
influencia do Cristianismo em praticamente todos os seus fundamentos.
Cabe ainda uma observação final referente ao “céu marxista.” Ele é um
mito. Em teoria, ele era definido como o fruto que brotaria do conflito
proletário-burguês nas nações super-industrializadas. Após quase sete
décadas de aplicabilidade da teoria marxista, ela demonstrou-se falsa e,
ruindo, arrastou consigo o mito social que engendrou *.
*
Quanto ao “céu cristão”, conforme abordamos no capítulo 10, página XXX, ele
corresponde ao Jardim do Éden (Jardim das Delicias = Terra). Ou seja, é uma
representação do ideal social e humano universal, que deverá ser estabelecido
concretamente na Terra. Por outro lado, a expressão “céu”, refere-se também à
dimensão espiritual do cosmos.
225
Capítulo 21
OS SÍMBOLOS DO MARXISMO
Este será um dos mais curiosos tópicos abordados nessa crítica. Carl Jung,
em seu famoso livro O Homem e os Seus Símbolos, destacou a imensa
importância dos símbolos para o homem. Em tudo o que se faz, ele usa
símbolos. Desde o alvorecer da civilização, os símbolos vêm despenhando
um papel fundamental no progresso humano. Das letras às cores; dos
números às figuras, eles marcam, caracterizam e perpetuam os personagens
e os fatos históricos, não pretendemos fazer uma exposição ou uma analise
exaustiva dos símbolos e seus significados, mas somente dos símbolos
utilizados pelo marxismo, e o que supostamente significam. Veremos assim
que, como uma autentica religião adota místicos dirigidos à natureza mística
dos seus seguidores, para que possam sentir orgulho e estimulo de
perseverem a coesão grupal, o marxismo também o faz. O símbolo é um
distintivo de identidade características, indispensável à identificação dos
grupos sociais. Ele é um fenômeno natural resultante da tendência
associativa humana. Por exemplo: os cristãos primitivos na época das
perseguições adotaram a figura de um peixe e da cruz suástica (apontando
para a direita) como símbolos da cristandade. Porque seus grandes líderes
foram pescadores-adotaram o peixe; porque a cruz os identificava,
revolveram alterá-la para melhor se protegerem. Depois da primeira Guerra
Mundial, a Alemanha estava arrasada política-econômica, social e
moralmente. Hitler, com a criação do Partido Nacional Socialista (abreviado
226
para Nazista), engendrou um místico fervor “religioso” no povo alemão,
com um ideal utópico de Reino milenar e feliz, através da sua personalidade
e carisma místicos Curiosamente, Hitler adotou para o nazismo, o mesmo
símbolo dos cristãos primitivos, quando um estímulo místico era
imprescindível ao espírito de sacrifício e esperança de época: a cruz
suástica. Só que voltada para a esquerda.
Passaremos agora analisar os símbolos adotados pelo marxismo e
seus significados místicos. Do mesmo modo que o hitlerismo, que combatia
a injustiça, defendia os empobrecidos com ardor místico e messiânico e
adotou cores e símbolos, assim fez também o marxismo.
Ao procurar identificar e estudar os símbolos do marxismo senti-me
profundamente impressionado; vi neles, de imediato, mais um, se não o
mais impressionante dos aspectos místicos do marxismo. São eles.
A — As Cores
B — A Estrela
C — A Foice e o Martelo
D — O Punho Fechado
As cores
O escritor C. W. Leadbeater, em seus livros O Homem Visível e Invisível e
Formas de Pensamento (Editora Pensamentos — São Paulo), analisa as
cores e o seu significado. Diz-nos Leadbeater que a cor preta significa ódio
e maldade, o amarelo razão e intelectualidade, e o vermelho indica cólera e
atividade física. O preto é uma cor sinistra que luto e tristeza; na física ela
significa a ausência de cor, em que toda a luz é absorvida; o que simboliza o
máximo egoísmo. O preto inspira o medo e o terror, sendo uma cor
comumente utiliza pela magia negra nas vestimentas e na cor das aves por
eles utilizadas, como por exemplo, o corvo (uma ave uma ave traiçoeira que
bica os olhos dos animais presos em quaisquer lugares). Na Umbanda e na
Quimbanda, que são expressões da magia africana, utilizam-se também
animais e aves pretas. A cor preta possui um significado místico direta
mente associado com o mal. Por outro lado, a cor preta é também simples e
discreta e significa nobreza, requinte, sabedoria e justiça. A nobreza dos
carros pretos; os requintes das veste de gala; a sabedoria representada pelos
trajes de formatura e a justiça, pelas togas dos juízes. Poderíamos dizer que
a cor preta, originalmente, não teria um significado voltado mais para o Bem
ou mais para o Mal. Estranhamente, porém, a história a mostra mais dirigida
e muito utilizada como símbolo do mal, do sofrimento e da tristeza.
227
Quanto ao amarelo, é uma cor indica exteriormente. É uma cor
imprecisa, que estimula, vacila e confunde. Também é quente. É largamente
utilizada como meio de chamar a atenção. Por ser quente, o amarelo irrita e
inquieta. O amarelo indica divagação, vulgaridade e irresponsabilidade. O
amarelo escuro indica inteligência voltada para par o egoísmo e o inferior.
Também na Umbanda o amarelo é abundante. O amarelo é a cor da
exibição, do boçalismo soberbo. Por outro lado, a cor amarela indica
intelectualidade, luz, calor sol, e fogo. É uma cor para as ocasiões alegres
das tardes. Assim como o preto, e todas as outras cores, o amarelo apresenta
também essa significação dúbia.
Por fim analisaremos a cor vermelha. O vermelho em toda a sua
escala, segundo Leadbeater, indica a cólera e a brutalidade. Significa ódio,
violência e morte. É uma cor ultradominante, atrativa, estimulante e
motivadora que indica calor e energia; acentua as formas e se impõe pelo
impacto visual e emocional. O infravermelho significa perversidade; o
vermelho-escarlate opaco significa sensualidade; o vermelho-terra significa
avareza; o vermelho-carmesin significa o amor; e o vermelho-escuro
terroso, nobreza e dignidade. O vermelho escuro indica paixão e
animalidade. Também indica perigo nos semáforos e cuidado, na cruz
vermelha das ambulâncias; é a cor do sangue, indicando vida ou morte; é a
cor nobre dos mantos das misses e dos mantos cruéis dos toureiros. Muitos
estranhamente, o vermelho tem sido utilizado para simbolizar a cor da figura
simbólica do diabo, dos sacis, e dos exus (representantes do mal na
Umbanda). Por ser uma cor quente, irritante e inquietante, a psicologia
recomenda o seu uso mínimo, e restrito a lugares e ocasiões especiais. Tal
conclusão coincide perfeitamente com a distribuição das cores na própria
natureza, onde a cor predominante é o verde em variados tons, pois é uma
cor repousante e tranqüilizante, enquanto o vermelho aparece em proporção
mínima “apenas para embelezar e alegrar a face da Terra.”
Em contraste com essa lei da natureza; o marxismo impõe o vermelho
de uma forma berrante e exagerada como “apenas para irritar e despertar
cólera.” Hans Holzer, um dos seguidores da conhecida feiticeira inglesa
Sybil Leek, escreveu um livro chamado A Verdade sobre a Bruxaria
(Editora Record), em que escreveu:
“A comunidade feiticeira também usa quatro raminhos amarrados
juntos com uma fita vermelha e colocados ao lado morte do altar...Os
bruxos sempre estiveram dentro de círculos vermelhos desenhados ao chão.
Achavam que assim se protegiam dos espíritos que invocavam...”
Cf. O Diabo sem Preconceito. José Alberto de Queiros.
Editora Monterry, 1974).
228
Ao analisarmos essas três cores e conhecermos a sua significação à luz
da Psicologia, podemos compreender por que o marxismo as adotou: por um
lado, o aspecto lógico, para a violência, que é a sua meta, e para estimular e
manter acesa a chama da revolução. Por outro lado, o aspecto místico, a
utilização dessas cores significam uma pomposa oferta de vida, amor,
alegria dignidade, fama, riqueza e todos os outros desejos que cores
despertam, consciente ou inconscientemente na mente e no coração dos
seres humanos. Nesse ponto estaria o aspecto místico das cores adotadas
pelo marxismo: tocar os sentimentos humanos por oferta indireta da
realização de todos os seus desejos externos. Quanto aos desejos internos,
de vida eterna, eterna juventude, plena saúde, pleno conhecimento e plena
experiência no Universo — os desejos reais do espírito —, são
completamente desprezados, como sequer existissem. Aqui estaria a maior
traição do marxismo contra a humanidade que, neste século, teve a sua
natureza espiritual definitivamente comprovada.
Para finalizar a análise das cores como símbolo místico do marxismo,
queremos recordar ao leitor a existência de um réptil cuja cor se compõe das
três anteriormente analisada: a cerasta. A cerasta é uma serpente rubra que
possui duas protuberâncias na cabeça e costuma morder os pés dos cavalos
para derrubar os cavaleiros por trás, para mordê-los também. Esta serpente
parece ter sido citada na Bíblia, quando Jacó referiu-se a Dan, seu 7° filho:
“Dan será serpente junto ao caminho; uma cerasta junto à vereda,
que morde os calcanhares do cavalo, e faz o seu cavalheiro cair por detrás.
A tua salvação espero, ó Senhor!” (Gênesis 49)
Por essa atitude a cerasta é considerada o símbolo da astúcia e da
traição. Dessa forma, as cores utilizadas pelo marxismo parecem possuir
uma finalidade semelhante: atrair os desatentos para uma armadilha mortal.
A foice e o martelo
Aparentemente, a foice e o martelo são meros instrumentos de trabalho e
nada têm a ver com qualquer misticismo. Mas analisando-os sob o prisma
dessa obra, eles apresentam completamente revestidos por uma capa mística
surpreendente. O profeta Jeremias, nos capítulo 50-23 e 26, diz:
“Como foi partido e quebrado o martelo de toda a Terra!”
O salmo 7 de Davi, diz:
229
“Os três inimigos, braman no meio das tuas sinagogas; põem pelas as
suas insígnias por sinais; quebram com machucados e martelos toda a obra
entalhada; queimaram todas as sinagogas de Deus na Terra.”
No século V da era cristã Atila (o huno), que veio do norte da Ásia,
pelas terras da Rússia, e quis arrasar toda a Europa cristã, foi cognominado
“O Martelo do Universo.” O martelo, por outro lado, é um mero instrumento
de trabalho. Mas por outro — pelo lado místico —, é um instrumento
contundente utilizado pelo ferreiro para moldar o ferro, um metal resistente,
por meio de golpes fortes e contínuos. O martelo é um instrumento para
bater e quebrar, para demolir e destruir pela força. No sentido em que foi
usado por Jeremias a palavra martelo significa “aquele que agredia e
arrasava com toda a Terra.” Ou seja, Lúcifer, o rebelde satanás. Átila foi um
guerreiro invasor e cruel; um bárbaro que liderando os humos, seu povo,
espalhou a devastação e o terror por onde passou. Assim sendo, o martelo é
um símbolo de agressão e de destruição. Na mitologia grega, o martelo
aparece como uma arma de luta. Por outro lado, ele é utilizado pelo juiz para
estabelecer a ordem e silêncio nos tribunais de justiça. Parece haver também
aqui aquele curioso significado dúbio observado. Tudo isso, porém, não
modifica a finalidade básica do martelo: bater e forçar a mudança. Mesmo
quando nas mãos do juiz, o martelo impõe; nas mãos do ferreiro, molda e
impõe à força; nas mãos do marceneiro, pressiona, racha e abre um caminho
forçado.
Por sua vez, ao nos voltarmos à analise da foice, encontramos no livro
do profeta Joel 3:13, a seguinte expressão: “Lançai a foice ao trigo, por que
já está madura a seara.” Do mesmo modo, encontramos em diversos outros
trechos da Bíblia a palavra foice empregada no sentido de ceifar e cortar o
trigo. Jesus disse: “Eu sou o pão da vida.” Nesse sentido, o trigo é a vida.
Cortar o trigo, portanto, simbolicamente representa cortar a vida, matar.
Ora, todos nós conhecemos a figura sinistra de “uma caveira envolta em
uma túnica e um capuz preto, trazendo na mão uma foice...” Tal figura
representa a morte! Marques da Cruz, na página 246 do seu livro (já citado)
escreve “a foice simboliza a morte.” Pela análise que fizemos até aqui o
leitor deve ter chegado à mesma conclusão. Mas a analogia não termina por
aí. A foice é um instrumento utilizado para decepar. É um instrumento
cortante semelhante à espada (símbolo da guerra; símbolo do satanismo
mencionado por Moses Hess e por Marx como instrumento de vingança) e o
machado (símbolo da morte nas mãos do carrasco, guilhotina manual
anterior à época da revolução francesa). Portanto, a foice e o martelo
possuem aspectos místicos associados a eles desde os tempos remotos.
230
Unindo-se os dois em que resultará? O leitor se surpreenderá: no símbolo do
marxismo! E não haveria algo de místico em um símbolo formado pela
união de dois outros objetos tão místicos quanto a foice e o martelo? É de se
esperar, logicamente, que sim vemos, por exemplo, que a bandeira indiana
ostenta o símbolo da revolução pacífica de Gandhi: a roda da roca de fiar.
Era através da fiação manual que Gandhi esperava desenvolver a Índia de
então. Por esse motivo, a roda da roca de fiar, figurando na bandeira da
Índia. Independente, simboliza a Revolução Indiana, a identidade e a própria
dignidade dos indianos.
Na bandeira comunista vemos, além das cores, o símbolo da foice do
martelo cruzado e também uma estrela (analisaremos a estrela a seguir).
Vimos que a foice e o martelo simbolizam, separadamente, destruição (o
martelo) e morte (a foice). Juntos, eles compõem a figura de um tridente (?).
Antes de dizer qualquer coisa, sugiro ao leitor que faça um desenho do
símbolo do marxismo ao lado de uma tridente, suprima o cabo da foice a
cabeça do martelo e os observe. Quer queira ver ou não, lá estará traçado o
desenho de um “garfo” com três pontas exatamente. O símbolo maior do
satanás bíblico. Será isso mera coincidência? Talvez sim. Mas observe-se
que existe uma vasta simbologia mística associada ao tridente. Vejamos
alguns exemplos:
a)
Na Bíblia (Apoc.19:15), a palavra “mar”, simboliza um mundo de
homens impuros. Na mitologia grega existe a figura de Netuno, o deus
do mar. Como anteriormente expusemos, há uma íntima similaridade
entre a historiografia bíblica e a mitologia grega. Naturalmente, essa
similaridade se estende às suas simbologias. Desse modo, o tridente
está associado a um deus de homens impuros. Portanto, um falso deus.
b)
Um outro interessante dado refere-se a uma figura folclórica e mística,
vestindo vermelho e preto, com dois cornos na cabeça, uma cauda-deflecha e um tridente na mão: o diabo. Nas mãos dessa figura (também
chamada Satanás), o tridente representa um cetro. Obviamente, o cetro
de um “rei do mal”, ao qual Jesus se referiu como “o príncipe das
trevas” e dizendo que “o deus desse mundo cegou a inteligência dos
incrédulos.” Lembramo-nos de que os comunistas são incrédulos
ateus.
Vemos pois, que o tridente, de alguma forma, acha-se associado ao
‘deus do mal”, ao ateísmo e o símbolo do comunismo.
231
c)
O tridente está também direta e claramente relacionado com a
umbanda e a magia negra. É um dos objetos mais utilizados nos rituais
e representa sempre as forças do mal. É comum observar-se o tridente
nas mãos dos exus, os espíritos do mal. Por outro lado, os dentes-deanzol do tridente compõem um objeto perfurante altamente destrutivo:
uma vez introduzido no corpo da presa, torna-se praticamente
impossível a sua retirada. Por esse motivo é empregado nas flechas,
anzóis e arpões. Ao analisarmos o comportamento cruel dos
comunistas e conhecendo o fato de que nenhuma nação invadida por
eles jamais se libertou (com exceção da ilha de Granada que foi
libertada pelos estados Unidos), não poderemos ignorar uma provável
associação do tridente com a foice e o martelo do símbolo comunista.
Quando estive na Inglaterra, visitando o Palácio de Buckinghan, fiquei
muito interessado em duas estátuas de uma praça localizada em frete ao
palácio; as estátuas de um ferreiro com um martelo, e de uma camponesa
com uma foice nas mãos. Pensando naquelas estátuas e tentando encontrar
nelas alguma relação com os símbolos marxistas da foice e do martelo,
percebi que o martelo está relacionado com o masculino; e a foice, com o
feminino.
Lembrei-me também que a Rússia é simbolizada por uma imensa
estátua feminina à qual os russos chamam “Mãe Rússia.”
Na psicologia freudiana caracterizada por um forte simbolismo, todos
os objetos curvos simbolizam a vulva, e todos os objetos retilíneos, o falo
(ainda que não corresponde à verdade. Há aí uma comparação coerente). A
foice possui uma forma convexa, o que indica feminilidade. O martelo é
retilíneo, o que denota a sua relação com a masculinidade. Há, inclusive, um
dito popular “bater o martelo”, que significa copular. O que vem fortalecer
essa análise. Recordemos que ao analisarmos a foice e o martelo
separadamente, ficou demonstrado que representam o masculino e o
feminino.
Relacionando o que foi dito, com símbolo marxista da foice e do
martelo, podemos deduzir que ele também significa (misteriosamente), um
ato sexual! O retilíneo e o curvo interpenetrados. Se tal analogia for
verossímil, o símbolo da foice e o martelo revelariam um ser masculino e
uma figura feminina em um ato sexual centralizados no deus do tridente!
A Bíblia fala, no livro do Apocalipse, de uma mulher vestida de
vermelho e sentada sobre muitas águas, que são povos, nações e reis.
Marques da Cruz em seu livro (já citado), afirma que a Europa tem a forma
de uma mulher assenta sobre uma massa tosca — a Rússia, que é
232
simbolizada por uma imensa estátua feminina com uma espada na mão; o
povo russo costuma chamá-la de “Mãe Rússia.” Arnold Toynbee, em seu
livro Humanidade e a Mãe Terra, clarifica a figuração de que a Terra é
nossa mãe. Esse mesmo modo de pensar é encontrado em vários sistemas de
pensamento orientais. Enfim, de tudo o que foi dito podemos perceber que a
palavra “mãe” está associada à Terra, e concluímos que os russos
consideram a terra russa como a sua terra-mãe; o lado feminino.
Por outro lado, sabemos que a palavra “martelo” simboliza o lado
masculino. Jeremias disse que o “o martelo que arrasava a Terra foi
quebrado.” O martelo aqui representa um personagem masculino que
dominava e massacrava a Terra. Em outro trecho, a Bíblia diz que “foi
precipitado o grande dragão, a antiga serpente que dominava a Terra.”
Parece-nos que o martelo e a serpente são símbolos de um mesmo
personagem masculino. O apocalipse cap. 12 nos diz que a serpente recebe o
nome de Satanás. O livro de Jó, cap. I, nos informa que o Satanás é um
personagem mau que causa dor e devastação na Terra. Logo, martelo =
masculino = serpente = Satanás! Deixo o questionamento ao critério do
leitor.
Temos então: foice = feminina = Rússia = mãe; e martelo = masculino
= satanás = pai! A macrobiótica e outros sistemas de pensamento orientais
costumam afirmar que Deus é nosso Pai. O Cristianismo também possui o
mesmo ensinamento. Em conclusão, se para o Cristianismo a Terra
simboliza a Nossa Mãe Verdadeira, e Deus o Nosso Pai Verdadeiro, para o
marxismo, a Rússia simboliza a mãe, e satanás, o pai. Sei parece absurdo,
mas pelos frutos se conhecem as árvores. As obras do comunismo nos 70
anos em que vigorou como sistema social na Terra massacraram mais de
150 milhões de pessoas inocentes, criando um rio de suor, lágrimas e sangue
como jamais se viu na história humana. Tais atos podem ser classificados
como o leitor quiser, mas jamais poderão ser classificados como humanos
ou divinos.
A estrela
O leitor já deve ter notado que a estrela á um outro importante símbolo do
marxismo. Curiosamente, este símbolo é deixado um pouco na sombra;
numa posição meio discreta, como se não significasse muita coisa.
Acontece, porem, que a historia não é bem assim. A estrela é um dos mais
importantes símbolos místicos do marxismo. O leitor já viu nas boinas dos
guerreiros, nas bandeiras dos paises comunistas (especialmente da União
Soviética), nas torres do Cremilin e, conforme o artigo Os Novos Ritos dos
233
cidadãos Soviéticos, nos pescoços das crianças russas. Naturalmente, para
que essa estrela apareça tanto no comportamento comunista, deve haver
algum motivo sub-reptício envolvido com ele.” Vamos ver. A estrela
também aparece na umbanda, nas chamadas “guias’. Rudolfh Koch (editora
Renes-Rio), no Livro dos Símbolos, define o significado de várias estrelas.
Vejamos alguns dos trechos do seu livro:
“Algumas estrelas desconhecem-se o seu significado. A estrela de
oito pontas feitas com dois quadrados é o seu símbolo da destruição e
desordem, onde toda concórdia desaparece e confusão toma o lugar da
harmonia...”
“A estrela de cinco pontas pertence aos tempos mais primitivos da
humanidade. É mais antigo que os caracteres escritos. Os sacerdotes celtas,
chamavam-na ‘O Pé da Feiticeira’; na Idade Media era conhecida como
‘Selo de Salomão’ (rei judeu que teve 1.000 mulheres); entre druidas, era ‘o
sinal da divindade’; era considerado entre os babilônicos como talismã...”
Hans Holzer em seu livro A Verdade sobre a Bruxaria (Editora
Record), dá as fórmulas para a cerimônias de iniciação, o que ele chama de
“velha religião”:
“O primeiro passo é a arrumação do altar. Neste caso é simplesmente
uma pequena mesa coberta de tecido preto, com os lados maiores
apontando o norte e sul... Em seguida um pentagrama, uma estrela de cinco
pontas, é desenhado no interior de um circulo de uns 30 centímetros de
diâmetro e colocado no centro do altar. O pentagrama — a estrela de cinco
pontas —, há muito tempo, é o símbolo da feitiçaria. São muitos os
atributos simbólicos e as explicações referentes a esta estrela. É, antes de
mais nada, o ideograma, como dizem os orientais, da Antiga Religião, da
mesma maneira que a cruz o é para o Cristianismo... Existe uma maneira
particular de desenhá-lo, apontando para leste esquerda), com uma
abertura deixada na porção inferior esquerda do símbolo... Põe-se uma
espada no lado oeste do altar e uma segunda vela acesa no centro da
estrela...”
“ O uso de pedras, amuletos e talismãs, os chamados “objetos de
poder”, sempre foi utilizado pela tradição mágica de todas as civilizações...
Representam o elo concreto entre o ser humano e as forças sobrenaturais...
o lado mais íntimo da constituição psíquica do homem reage à música e à
poesia, mas sua manifestação inconsciente se faz através de imagens e
símbolos. Os ocultistas acham que as imagens dos objetos têm poder em si
234
mesmo... A estrela de cinco pontas — pentagrama —, é um dos mais
carismáticos. Pitágoras lhe atribuía uma série de propriedades místicas e
míticas. Na Idade Média ela já aparecia nos anéis dos magos e era
considerada o símbolo fundamental para a inovação de espírito...”
Como se pode ser, a estrela é um símbolo remoto que traz em si um
profundo mistério. Representa ao mesmo tempo uma “divindade” e um
símbolo satânico. Em alguns casos representa destruição e discórdia.
Remontando à Bíblia como um livro místico da antiguidade,
encontramos referencias às estrelas e ao sol. O livro de Malaquias 4,5, diz:
“Mas para que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça e salvação
trará debaixo de suas asas...”
Neste e em vários outros trechos bíblicos a palavra sol indica
alguém; um salvador. O livro de Miqueias 5, 1 diz que esse salvador
nasceria em Belém. Logo, o “Sol da Justiça” simboliza um ser humano. No
livro de Isaías 14, 12-15, está escrito:
“Como caíste do céu, estrela da manhã, filha da alva! Como foste
lançada por terra, tu que debilitava as nações! E tu dizias no teu coração:
eu subirei ao céu, acima das estrela de Deus, exaltarei o meu trono e
acenar-me-ei no alto da congregação, da banda dos lados do norte. Subirei
acima das nuvens mais altas e serei semelhantes ao Altíssimo. Contudo,
levado serás ao abismo. Os que te virem te contemplarão, e dirão: é este o
varão que fazia estremecer a Terra, e que fazia tremer os reinos? É este o
varão que punha o mundo como um deserto,e assolava as suas cidades sob
o seu cativeiro? Eis que és lançado por terra como um renovo abominável;
como as vestes dos mortos atravessados à espada...”
Neste texto bíblico vê-se claramente que a expressão “estrela da
manhã” refere-se a um varão, a um ser masculino que dominava a Terra e
humanidade; que aspirou subir acima das “estrelas de Deus” (os homens);
sentar-se no alto norte e torna-se igual ao Altíssimo (Deus); torna-se um
deus. Retomando alguns dos trechos anteriores, vimos que a estrela de cinco
pontas entre os druidas era símbolo da divindade. O novo rito soviético de
trocar a cruz pela estrela no pescoço das crianças e dizer-lhes “que esta
estrela guie todos os seus passos...” é realmente intrigante. Quando a estrela
aparece sendo venerada sendo na umbanda, em que diversos ritos incluem
velas e animais pretos, imagens de seres com chifres, vestidos de vermelho e
preto e portando tridentes es espadas (os exus), onde o tabagismo e o
alcoolismo são bem vistos; quando a estrela aparece como talismã entre os
babilônicos (povos depravado, invasor e idólatra, símbolo da perseguição
religiosa); quando ela aparece como símbolo da desordem, da desarmonia e
da destruição, tudo que se relaciona com a estrela simbólica do marxismo,
235
que tanta desordem e destruição tem na Terra, torna-se por demais
importante para ser ignorada. Se vista como um deus, a estrela representa,
sem dúvidas, um deus do mal; um antideus. Voltando à Bíblia, devemos
esclarecer que a “estrela da manhã” que caiu do céu (desceu do bem para o
mal) é um varão, um ser masculino.
Vimos anteriormente que a astuta “serpente” também simboliza um ser
masculino que, conforme o livro do Gênesis, cap. 3, enganou a mulher
fazendo-a provar de um certo fruto, corrompendo-a e afastando-a de Deus,
da alegria e da paz. Vimos já que a serpente é satanás. Logo, serpente =
Satanás = estrela. Dessa forma a estrela aparece como símbolo da falsa
divindade. Ou seja, de um antideus (Jesus disse: “O deus desse mundo
cegou a inteligência doa ateus — incrédulos”).
Bastará ao leitor uma simples pesquisa quanto aos ensinamentos
práticos e frutos do marxismo na Terra, e essa conclusão não parecerá tão
distante da realidade contemporânea.
O punho fechado
Sobre esse tópico não serão necessárias muitas palavras. Ele, por si só, é
evidente. O punho fechado simboliza força, luta, agressão e violência. Para
Marx e os principais lideres marxistas, a violência era a única forma de
transformar a sociedade. Por outro lado, o martelo é uma imagem-cópia do
próprio punho humano fechados. Os imperadores romanos possuíam uma
forma especial de cumprimento, no qual os seus súditos estendiam a braços
para frente na altura dos ombros e, de mão aberta, diziam: “Ave César!”,
trazendo em seguida a mão fechada até o peio esquerdo acima do coração.
Este gesto simbolizava respeito e amor. Os imperadores romanos
consideravam-se divinos até a época do imperador Constantino.
Curiosamente, Hitler instituiu um cumprimento semelhante, no qual os seus
subalternos estendiam o braço para frente, à altura da cabeça, com a mão
estirada e rija e gritavam: “Hei, Hitler!.” Em seguida, desciam as mãos para
a posição de sentido.
O punho fechado é um gesto de impaciência e irritação, de
desobediência e rebelião. Por vezes chega a tomar um sentido obsceno ou de
atrevimento. Seja como for, o punho fechado é um gesto negativo.
Punho fechado é o mesmo que mão fechada, o que significa egoísmo,
avareza, opressão, aprisionamento e brutalidade. É um gesto feio, negativo,
indelicado e desagradável, que parece simbolizar todos os valores antihumanos. Naturalmente, não é um gesto muito apreciado que venha inspirar
coisas para a paz e a felicidade humanas, nem tampouco poderá ser
236
defendido pelo marxismo como um gesto simbólico para a confiança, o
estímulo e a vitória, pois com os seres humanos, o que os impulsiona é
basicamente a emoção. O punho fechado simboliza mais característica a
força, a agressão e a violência. Atitudes que, para serem tomados, requerem
a fúria e o ódio como forças antecedentes e propulsoras. Isto, nós já
pudemos comprovar, o marxismo é capaz de gerar.
Capítulo 22
O MARXISMO SEGUNDO N OSTRADAMUS
Faremos agora uma demonstração de alguns trechos das profecias de
Nostradamus, comentadas por seu mais importante e famoso intérprete, o
francês Jean Charles de Fontbrune, em sua grande obra Nostradamus —
Historiador e Profeta (Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro — 1980).
Muitos estudiosos contempo-râneos, ao tomarem conhecimento das palavras
de Nostradamus, ficaram impressionados com a precisão com que se vêm
cumprindo ao logo dos séculos. Eu próprio empreendi esse estudo e
pesquisa, orientado pela busca dos aspectos místicos das profecias sobre os
destinos da humanidade e, especialmente, pelas palavras sobre o marxismo,
escritas por volta do ano 1550, quando contava 44anos. Michel de
Nostradame, nasceu a 14 de dezembro de 1503, em Saint-Rémy de
Provence, uma pequena cidade entre Avignon e Arles, no sudeste da França.
237
Foi um cristão. Obteve seu bacharelado de medicina e doutourou-se na
Universidade de Montpelier.
Creio que as maiores autoridades do mundo que o estudaram,
respeitam-no como um místico extraordinário. Provavelmente, ele possuía
alta capacidade de comunicação metafísica que lhe permitiu prever com
precisão cientifica a história da humanidade a partir do século XVI. A
importância de Nostradamus aparece na medida em que foi capaz de prever
com detalhes o aparecimento e comportamento do marxismo. Por tratar da
relação marxismo e ocultismo, e por Nostradamus ter citado o marxismocomunismo-sopcialismo desde a segunda metade do século XVI, é que o
incluímos nessa obra. Estudemos às centúrias de Nostradamus sobre o
marxismo.
“Eis o mês notável pelas desgraças que trará. Todos aqueles da
bandeira vermelha trarão a morte, a doença, a fome e a guerra civil. Os
seus oponentes serão condenados ao exílio e não será possível controlar a
morte dos grandes que permanecerá secreta.”(Presságio 89)
Dessa forma Nostradamus, traduzindo por Fontbrune, previu a
revolução russa em outubro de 1917. Houve de fato morte, doença, fome e
guerra civil. Os oponentes de Lênin tiveram que se exilar, e até hoje não se
sabe com certeza o que aconteceu com a família imperial russa.
“O poder será mudado na Hungria pela vida e pela morte. A lei será
mais impiedosa que os costumes. A Grande Cidade ficará cheia de gemidos
e gritos. Os irmãos serão inimigos no teatro da luta.” (quadra 90, segunda
centúria)
A 23 de outubro de 1956, em Budapeste, capital da Hungria, estoura
uma revolução contra o poder ditatorial da União Soviética. O governo
húngaro decide se desligar do Pacto de Varsóvia e pede è Organização das
Nações Unidas que reconheça a Hungria como um estado Neutro. Três dias
depois, os tanques soviéticos cercaram Budapeste, 25mil pessoas morreram
na Hungria e foi instalado um governo fiel a Moscou.
“No ano de 1999, sete meses (julho), virá pelos ares um grande
chefe apavorante — que fará reviver o grande conquistador Angolmois —,
antes e depois da guerra reinará a felicidade.” (quadra 72, décima centúria)
O grande conquistador de Angolmois foi Átila, o huno; fato que que
mais uma vez confirmaria a tese de que o anticristo seria um líder político
militar e não-cristão. Outra curiosidade relacionada a essa quadra: desde a
Bíblia, sabe-se que o numero da chamada besta do apocalipse é 666, número
que foi usado por Aleister Crowlev como seu próprio símbolo. O número
238
1999 e 666 são algarismo, no mínimo, parecido. Cabe lembrar aqui o
filosofo ateu Nietszche, e sua obra principal O Anticristo, na qual anuncia a
morte de Deus e defende que, para surgir o Super-Homem, cada homem
deverá se tornar um anticristo. Nierszche é um dos filósofos prediletos dos
marxistas.
“O movimento das forças russas — os ventos do norte: o império do
norte — fará o papa deixa Roma. Lançará por Terra, reduzindo-os a cinzas,
os muros de gessos, cal e poeira. Mas a revolução que virá em seguida será
para eles uma armadilha. Um último socorro irá ao seu encontro, em suas
fronteiras.” (quadra 99, nona centúria)
Para Fontbrune a seqüência do fim do papado está diretamente
relacionada com os comunistas. João Paulo II fugirá para a França e surgirá
um cometa que será o sinal (Halley?). O Vaticano será destruído, suas
riquezas roubadas e o papa assassinado pelos comunistas.
“Papa romano, não te aproximes da cidade que é banhada por dois
rios (Lyon — França). Teu sangue e dos teus correrá perto desse lugar,
quando a esquerda subir ao poder.” (quadra 97, segunda centúria)
“Quando o socialismo estiver no poder no meio dos burgueses, o sangue do
povo correrá por causa de novos atos. Para dizer a verdade, a liberdade de
expressão desaparecerá.” (quadra 96, quinta centúria)
Fontbrune interpretou a quadra acima significando que a subida do
comunismo ao poder traria guerra à Europa.
“No ano em que estiverem preste a se afastar do engano, as duas
maiores potencias da Ásia — URSS e países árabes — chegarão até o
Danúbio. Haverá então, gritos e choro em Malta e no golfo de Gênova.”
(quadra 68, quarta centúria)
Nesta quadra Nostradamus, segundo Fontbrune, previu uma invasão
russo-mulçumana na Europa. Todos esses fatos deverão ocorrer durante o
reinado do papa atual e serão o início da III Guerra.
“O choro, os gritos, as lamentações, os clamores de terror se farão
ouvir por causa de um personagem desumano, cruel, odioso e terrível; na
Suíça, nas ilhas britânicas e entre os dirigentes da Itália. Onde ele fará
correr sangue. Trará frio e fome ele não terá misericórdia de
ninguém.”(quadra 81, sexta centúria)
Esse líder terrível, frio e desumano que sugira para destruir a
civilização que deu origem ao ocidente e à Europa, Nostradamus não
239
esclarece quem será. O certo é que virá para tentar destruir tudo o que
representa o mundo ocidental. Provavelmente, trata-se de um líder
comunista.
“A Grande Cidade será devastada. Nenhum dos seus habitantes
permanecerá. Os edifícios, as igrejas, serão destruídos, as mulheres e as
moças serão violadas pelo ferro da guerra, o fogo, a doença, a artilharia, o
povo da Grande Cidade morrerá.” (quadra 84, terceira centúria)
Para Fontbrune, a “Grande Cidade” é Paris. Todos os outros
intérpretes discordam dele. Sabe-se porem que as ideias inglesas
conduziram à fundação da América e Washingtom — A Nova Londres. Do
mesmo modo, as ideias francesas inspiraram a revolução comunista russa.
Assim, a “grande Cidade” poderá ser Moscou — a Nova Paris.
Nostradamus foi um fiel e ardoroso cristão que viu o amanha com
séculos de antecedência. Em suas visões ele viu o marxismo-comunismosocialismo como um fenômeno místico relacionado com a negação de Deus,
da religião e caracterizado pela crueldade. Sem duvida, as centúrias de
Nostradamus fornecem mais um impressionante dado sobre a face mística
do marxismo. Nsotradamus previu com precisão extraordinária o
aparecimento e as características do comunismo 440 anos atrás! Este fato
vem nos confirmar que o aparecimento do marxismo é daqueles fenômenos
aos quais as religiões se referem e que ocorrerão nos últimos dias — no
tempo do julgamento da humanidade, segundo os cristãos.
Capítulo 23
MARXISMO & CRISTIANISMO
Conforme abordado na Introdução, retomamos agora o tema marxismo vs
Cristianismo. Iremos utilizar para tanto a excelente obra Marxismo e
Religião do professor Heraldo Barbuy, porque julgamos que tão preciosa
abordagem deveria ser mais lida e amplamente conhecida do grande público
brasileiro. Sem contar o seu significativo valor no combate à “fé marxista.”
Anticristianismo
O marxismo adquiriu força e expansão devido à sua pretensão de ser a
última e a única explicação do Cosmos e da história humana. Ocorre,
240
porém, que longe de ser uma nova visão, o marxismo é uma cópia ateia do
Cristianismo. É aí que entra em cena o ponto de interesse que pretendemos
destacar nesse capítulo: por que um anticristianismo? Por que não um
antibudismo, um anticonfucionismo ou um antibramanismo? Por que não
um somatório desses três últimos, haja vista que os três possuem visões
mais propícias à identificação com o materialismo? A saber: o Budismo
enfatiza a autoperfeição; o Confucionismo, a ética familiar; enquanto o
Bramanismo retém elementos do animismo materialista primitivo.
Marx conhecia muito bem as religiões. Ele foi um estudioso sagaz.
Queria uma religião que possuísse uma visão universalista, pois queria
atingir a sociedade e o homem por inteiro. O Cristianismo, com a visão da
Origem. Do Universo, Queda Humana e da Historia da Restauração, era o
modelo apropriado para a construção da pseudo-religião que pretendia criar.
Sabia que um simples sistema filosófico não poderia resolver o problema.
Teria que utilizar a poderosa força das religiões. Assim como Augusto
Comte que, concordando com as ideias de Saint-Simom quanto à criação de
uma Nova Religião da Humanidade, procurou conscientemente criar a tal
religião. Marx, também materialista e ateísta, foi um estudioso e admirador
de Sainr-Simom, e provavelmente procurou fazer o mesmo. A filosofia é o
pensamento voltado par aa busca da verdade. As mensagens religiosas são o
pensamento voltado para a vida prática. E era exatamente isto que Marx
desejava: não apenas pensar o mundo, mas transformá-lo.
Por esses motivos, não cremos que o fato de o marxismo tomar uma
forma tão similar ao Cristianismo tenha sido produto de mera casualidade, e
independente da vontade de Marx. Do modo como não foi com SaintSimom, Augusto Comte e Antonio Gramsci, entre outros. O professor
Barbuy escreveu:
“O marxismo se revela, desde o primeiro exame, como heresia típica
do Cristianismo. É, no seu conjunto, a versão herética mais recente dos
dogmas básicos do Cristianismo, a partir do dogma cristão da existência da
Humanidade e da concepção do homem... No marxismo, tanto as
proposições inverificáveis, quanto as que foram refutadas pela prática,
funcionam como um sistema religioso. As críticas racionais e a contestação
do marxismo pelos fatos, têm sido completamente inúteis em face da
eficiência que o sistema tira dói seu caráter religioso. Não se dá com o
marxismo o que se dá com os sistemas científicos, que perderam a vigência
desde que não mais coincidiram com realidade. Os grandes credos
coletivos não vivem pela força de suas supostas verdades ou erros
científicos, e sim pela fé que despertam. O marxismo é uma religião
modernizada — isto é — que se apresenta como cientifico — e o seu
241
principal autor é uma espécie de profeta bíblico, que retorna certos temas
do Antigo e do Novo Testamento: tem suas noções próprias da catástrofe
purificadora, do Juízo Final e da Redenção da Humanidade. É uma religião
que, ao contrario das demais (que se fundam em elementos divinos e
transcendentais), está centrada exclusivamente no Homem e cuja finalidade
é a ação revolucionária redentora. Suas mensagens consistem em pregar a
revolução total, que deve expurgar do mundo todas as alienações que o
infelicitam. Para tanto, esse novo credo deve fornecer ao adepto e ao
iniciado um método seguro de ação, apoiado numa visão “científica” da
natureza, da história e da sociedade.”
Citando Vilfredo Pareto, na obra Lês Systèmes Socialista, o professor
Barbuy escreveu:
“Pareto, depois de mostrar as contradições e as inanidades de O
Capital, argumento que o marxismo prospera, não como filosofia da
historia, nem como sociologia, nem como teoria econômica, e sim
como uma forma de religião.”
A seguir transcreveremos alguns trechos da obra do professor
Babuy, a fim de evidenciar sua opinião quanto à semelhança marxismoCristianismo. Para ele, assim como para nós esse fato foi mera casualidade.
Foi antes um plano articulado. Se consciente ou inconsciente, se por Marx
ou por alguém através dele, são questões subjetivas que competem aos
leitores. Vamos aos trechos.
“Essa nova religião, denominada’ socialismo científico’ tem, nas
obras de Marx e Engels, com suas omissões sobre pontos importantes da
doutrina, e com suas obscuridades emocionantes, a sua Escritura Santa, a
sua nova revelação, cujo centro é O Capital.” Sertillanges, entre outros (Lê
Christianisme et lês Philophes, Aubier, 2a. ed., vol. II, pág. 218 a 224),
estabelece alguma correlação entre o marxismo e o Cristianismo. E tudo
leva a crer que o marxismo, efetivamente, não é apenas uma nova religião ,
em sentido genérico, e sim uma heresia típica de certos dados fundamentais
do Cristianismo.”
“Quando justamente a Igreja (o Cristianismo) na soube cooptar as
massas operarias recém-constituídas, o marxismo pôde vingar como
sucedâneo e como heresia da mesma religião cujos pressupostos explora”
(pág. 48).
242
“O marxismo não quer ser uma religião que engane as massas... no
fundo, quer ser uma correção dos erros praticados pelo Cristianismo.
Condenando o Cristianismo como religião que aliena o homem, o marxismo
quer ocupar o seu lugar” (pág. 49).
“O Cristianismo deu às noções de Homo e Humanistas os seus
caracteres essenciais, que são intrínsecos à visão cristã. A noção de
Humanidade era provavelmente estranha aos povos, raças e grupos
humanos primitivos. Quando dizemos que o marxismo é a última versão
herética da religião cristã, queremos dizer que ele desenvolve ideias
tipicamente cristãs; que seu poder de sedução não vem do seu caráter
cientifico, e sim de que está decalcado sobre as imagens do subconsciente
cristão.” (págs. 81 e 82)
“Nas religiões pré-cristãs, os homens se faziam deuses; no
Cristianismo é Deus que se faz homem e redime a espécie inteira... O
Cristianismo é realmente, de todas as religiões que vieram a dominar o
mundo, a primeira e única religião que se dirige a todos os homens, acima
das raças, culturas, classes e cestas.”
“O marxismo não somente foi o único progressismo do século XIX
que sobreviveu, como ainda encampou todas os ideais utópicos da
filantropia, do socialismo e do comunismo que existiram antes dele, dandolhes uma direção única. Conseguiu ser a religião de todos aqueles que se
debruçavam sobre as misérias do mundo, e de todos aqueles que negam a
existência de Deus, pondo a Humanidade no Seu lugar..”. (pág. 85).
Ao longo das páginas deste livro, fundamentado em uma farta
bibliografia de mais de 100 obras e centenas de artigos, creio haver
demonstrado que o marxismo verdadeiramente assumiu a forma da “Nova
Religião da Humanidade” tão ardorosamente desejada expressamente por
Saint-Simon, Comte e tantos outros pensadores materialista ateus. Como
religião da humanidade, o marxismo não poderia ser a religião dos
indivíduos. No Cristianismo a ideias de Humanidade sempre foi
considerado um conceito abstrato. Uma representação coletiva dos seus
humanos como indivíduos, que são a única e verdadeira realidade. A crença
na individualidade humana como ser dual espírito-matéria. Com valores
absolutos acima do social, econômico e político, como imagem individual
visível e finita do Criador, provem dos mais íntimos fundamentos da
concepção cristã do Universo. Essa esplendorosa realidade do ser humano
243
como filho de Deus, feito à imagem e semelhança do Seu Pai, é
completamente desprezada pela pseudo-religião marxista. Esta, cultuando a
humanidade — um coletivo irreal —, investe contra o homem e contra
Deus, propondo a substituição do Culto a Deus como criador e pai dos
homens, pelo Culto à Humanidade. Este
detalhe
pode
parecer
insignificante se olharmos de passagem, mas se nos detivermos para analisar
as suas implicações, desceremos mais uma das cortinas que encobrem a
natureza mística do marxismo. Se não vejamos.
O deus-proletariado e a história
Para o marxismo-comunismo-socialismo o proletariado ocupa a posição de
um messias puro, ingênuo e libertador. No marxismo o proletário é o único
agente socialcapaz de redimir a humanidade porque nunca fez parte da
burguesia capitalista corrompida. Obviamente, o marxismo mente, pois a
chamada burguesia capitalista se originou precisamente das atibvidades
mercantilistas dos servos nos burgos (feiras-livres) medievais. Todavia, isto
não parece importar aos marxistas, pois sua meta é o poder políticoeconômico absoluto.
O Cristianismo concebe a história humana como o caminhar do
homem apartado de Deus. Sem a orientação divina, o homem não construiu
sua verdadeira história. Em seu lugar, construiu uma história de sofrimentos,
violências e ateísmo. Portanto, o vivemos ate o presente é ainda uma fase
pré-histórica. A verdadeira história humana começará quando o homem for
religado a Deus; o que ocorrerá, especialmente, através do Cristianismo com
sua visão messiânica e apocalíptica.
A entrada de Deus na história, um elemento totalmente novo,
modificará radicalmente todos os comportamentos e instituições humanas.
Assim, a história que vai surgir a partir desse acontecimento, será uma
história de fé, amor e verdade. Em união com Deus, os homens construirão
o céu onde hoje ergue-se o inferno. Paralelamente, o marxismo faz essa
mesma afirmação com relação ao proletariado. Marx vê o proletariado como
um elemento puro e incorruptível. Ele é uma classe completamente nova
que jamais pertenceu à burguesia, ao clero ou à nobreza; estando portanto,
livre das suas impurezas. O proletariado é o homem quase ao nível de
espécie. Vejamos algumas palavras do professor Heraldo Barbuy sobre o
tema:
“Porque o proletariado, de acordo com o Manifesto Comunista, não
é uma classe como as demais, que lutam pela sua predominância da
244
história, é a negação de tudo, a negação total... o proletariado não é
apenas a antítese ou contradição da burguesia. É também a classe que pela
sua falta de caráter e inserção, instaurará uma ordem de coisas em que não
mais haverá história, pelo menos no sentido em que habitualmente falamos
de história. Marx disse mais de uma vez que o que nós chamamos de
história não passa de pré-história... E o que ele chama de história, será
tudo menos a nossa história: a sua história, não há de ser uma história de
lutas de classes, nem de batalhas, nem de impérios que vão e vêm, nem de
Estados, nem de heróis. Há de estar, certamente, fora do que nós chamamos
tempo e temporalidade. Essa história marxista há de ser uma história
extratemporal, posta num reino místico, fabuloso, fora de todos os tempos
conhecidos e cognoscíveis... E o proletariado, classe messiânica, negação
de tudo quanto existiu até hoje, há de instaurar esse reino edênico..”.
Vemos assim que, do mesmo modo como o Cristianismo concebe a
entrada de Deus na história seguida de uma transformação radical na ordem
mundial, o marxismo apresenta uma concepção semelhante com relação à
entrada do proletariado na história. Podando, podemos concluir que para o
marxismo, o proletariado é uma outra manifestação de Deus (a outra é o
trabalho).
Poderíamos ainda, a partir dessa conclusão, extrair uma inferência
bem mais importante: a de que, uma vez que o proletariado é Deus, a
democracia — o governo do povo, do proletariado — é uma forma
substituta menos em partes, as razoes místicas pela quais os comunistas
ateus utilizam tanto a palavra povo (ela é como a palavra Deus para os
cristãos)
Todas essas conclusões nos levam a recordar as revoluções de
caráter puramente humanista (Revolução Francesa, Revolução Comunista,
Revolução Nazista, etc), resultaram sempre em totalitarismo e terrorismo
anti-religioso (antideusista) e anti-humano. Foram, portanto, falsas
revoluções.
Por outro lado, as revoluções de caráter teísta-humanista (Reforma
Protestante, Revolução gloriosa, Revolução Puritana, Revolução
Americana, etc), sempre produziram resultados positivos. Por quê? Talvez
pudéssemos dizer que sem amor e sem verdade — sem Deus —, não há
verdadeira revolução, porque não há revolução no homem.
Assim, como o leitor pôde ver, a substituição do culto ao Deus
bíblico pelo culto à humanidade revela mais uma das faces da relação
marxismo versus ocultismo.
245
Capítulo 24
O MARXISMO, A R ÚSSIA E A B ÍBLIA
Até aqui ficou demonstrada a incrível semelhança e “coincidência” entre o
Cristianismo e o marxismo. Dando segmento à nossa análise, iremos tentar
encontrar alguma relação entre o marxismo e alguns trechos especiais da
Bíblia.
246
Iniciaremos analisando o livro do Gênesis. No capítulo III, o Gênesis
fala acerca de uma serpente traiçoeira, que trazia induzido a mulher a
desobedecer a e a trair o Seu Criador. Vejamos o trecho:
“Ora a serpente era mais astuta que todas os seres que o Senhor Deus
havia criado. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis
de toda arvores do jardim? E disse a mulher à serpente: Não, do fruto das
arvores do jardim comeremos; mas do fruto da arvore que está nomeio do
jardim, disse Deus: Não comerei dele, nem tocarei para que não morrais.
Então disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus
sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos e sereis
como Deus, sabendo o Bem o Mal.” (Gen. 3, 1-5).
Vamos analisar mais detidamente essa estranha narrativa. Afinal
sabemos que serpentes não são racionais, nem dotadas de tão alto grau de
emotividade a ponto de falar e expressar vontades. Isto pressupõe a presença
de inteligência e motivação sentimental semelhante aos seres humanos.
Portanto, a serpente é uma figura de linguagem que representa um ser
dotado de inteligência, emoção e vontade. Mais ainda, superior à
inteligência humana, haja vista que conseguiu enganar a mulher.
Esclarecido esse ponto, analisemos as palavras e a motivação sentimental da
tal “serpente.” Um primeiro detalhe pode ser observado nas suas palavras “é
assim que Deus disse: “Não comereis de toda a árvore do jardim?” Ao
analisar o modo como a mulher lhe respondeu: Não! Apenas de uma
árvore” notamos que a tal “serpente” exagerou em sua acusação.
Destacaremos esse detalhe: a acusação exagerada. Esta foi a primeira
atitude estranha da tal “serpente.” Numa segunda etapa a “serpente” disse
novamente à mulher: “Certamente não morrereis.” O que ele quis dizer
com essa frase? Simplesmente que Deus era um mentiroso e estava tentava
enganá-lo! Ora, com essa frase a “serpente” fez nascer a desconfiança no
coração da mulher contra Deus. Destaquemos mais um detalhe: despertar a
desconfiança. Essa foi a segunda atitude da ‘serpente.” Ela continuou e
disse à mulher:
“Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os
vossos olhos, e sereis como Deus, conhecedores do Bem e do Mal.”
A essência dessas palavras esconde um significado profundamente
místico. Com elas a “serpente” conseguiu despertar um poderoso sentimento
de revolta no coração da mulher e levá-la à desobediência e rebelião contra
Deus, o Ser que havia criado ofertado tudo que a rodeava. Nessas palavras a
“serpente” insinuou que Deus era esperto, egoísta e queria as boas coisas
247
apenas para ele, enquanto que para a mulher ficava apenas a ignorância e a
proibição. Deus estava ocultando a verdade por algum motivo mesquinho,
inclusive lhe tirando a liberdade. Portanto, só lhe restava o caminho da
revolta, da força e da violência!
“Que Deus permita ou não, violarei o Seu mandamento. Comerei do
fruto, desobedecerei e não me importam as conseqüências! Não quero ser
enganada e escravizada. Quero liberdade e direito!”
A essa altura o leitor deve estar se perguntando: o que tal narrativa
tem a ver com o marxismo? Escrevo para crentes ou não. Assim sendo,
ainda que o leitor não aceite a Bíblia como um documento histórico, mas
como um livro lendário, épico ou mitológico, não haverá problema algum.
Eu próprio poderia criar uma historieta semelhante à narrativa bíblica da
Queda Humana, para ilustrar e exemplificar o que pretendo expor. Ocorre
porém, que a Bíblia é um livro incomum que alterou decisivamente a
história da humanidade. Um livro com 3.600 anos de idade que deve ser
visto com o devido senso de ponderação e valor. Não se trata, portanto, de
uma mera historieta inventada por individuo qualquer.
O que me levou a descrever e a analisar a narrativa bíblica anterior foi
a estranha coincidência e semelhança no comportamento da “serpente”
bíblica e o comportamento comunista. Nessa semelhança está um dos
aspectos místicos do marxismo. Se não, vejamos: ao que parece, todas as
palavras de “serpente” dirigidas à mulher tinham a finalidade de separá-la
de Deus. Nos três detalhes destacamos: a Acusação Exagerada, o Semeio da
Desconfiança e o Semeio da Revolta. O resultado foi a desconfiança e a
rebelião. Ao analisarmos o comportamento de um marxista militante, vemolo comportar-se de modo similar ao comportamento da “serpente.” Ao
infiltrar-se em uma fábrica qualquer, a finalidade desse comunista
profissional é semear a desconfiança, provocar separação criando grupos
antagônicos e induzindo-os à rebelião contra os proprietários da fábrica. E
como criam essa situação? Acusação exageradamente os proprietários das
fábricas de serem injustos, despertando a total desconfiança dos
trabalhadores por seus empregadores, levando-os à errônea ideia de que
estão sendo enganados por parasitas egoístas e, finalmente, incitando-os à
rebelião e à greve geral! O mesmo processo se aplica em relação a um país.
Aos olhos dos trabalhadores, os comunistas são indivíduos justos e
humanistas interessados unicamente no bem estar dos fracos e oprimidos.
Na verdade, porém, os trabalhadores, para os comunistas, não passam de
“inocentes úteis” na realização de seus propósitos subversivos voltados para
a desestabilização e conquista do mundo ocidental cristão. Na narrativa
248
bíblica, a “serpente”, para a mulher, era boa e estava lutando pela sua
felicidade e libertação do “jugo de Deus.” Todavia, a “serpente” na
realidade a conduzia para a autodestruição. Tarde demais os camponeses e
operários russos chineses e tantos outros, acordaram para a traiçoeira
armadilha a que foram conduzidos por suas próprias mãos. Conforme as
palavras de Lênin: “os ocidentais trabalharão arduamente pelo seu próprio
suicídio.” Exatamente assim lhes sucedeu.
Por que essa incrível coincidência entre o comportamento pernicioso e
traiçoeiro da antiga “serpente”, citada no livro do Gênesis e o
comportamento dos comunistas modernos? Estaria vendo coisas onde nada
existe? Pode ser. Mas o fato está exposto à analise da razão Que cada um
colha a sua conclusão pessoal. Prossigamos com nossa análise. O pastor
Wurmbrand citou em seu trabalho uma estranha narrativa bíblica, e uma não
menos estranha conclusão:
“A Bíblia menciona alguma coisa muito misteriosa sobre uma certa
igreja de Pérgamo. No apocalipse 2.13, há a seguinte narrativa: ‘conheço
as tuas obras, e o lugar onde habitas, que é onde está o trono do Satanás...’
O mundialmente famoso Guia Turístico de Berlim, o livro Baedeker, dizia
até 1944 que o museu Island possuía o altar de Pérgamo. Ele havia sido
escavado por arqueólogos alemães e estivera no centro da capital nazista
durante o Reich de Hitler. O jornal Svenska Dagbladet, de 27 de janeiro de
1948, conta que o exército vermelho soviético, após a conquista de Berlim,
transportou o altar de Pérgamo para Moscou, e que o arquiteto Stjusev, que
construiu o Maudoléu de Lênin, conheceu o altar em Berlim em 1924 e o
tomou como modelo para a construção do sepulcro de Lênin.
Surpreendentemente, esse altar não tem sido exibido em nenhum museu
soviético... Ora, peças de tão alto valor arqueológico geralmente não
desaparecem misteriosamente, mas são um orgulho para os museus que as
exibem!”
Lançamos um desafio aos leitores: com que finalidade o altar de
Pérgamo foi transportado para a União Soviética? (Pois parece não possuir
grande valor econômico); onde está atualmente e qual a relação existente
entre a narrativa bíblica que fala sobre o altar de pérgamo e aquele do museu
Island, que está escondido em algum lugar da sombria União Soviética? Os
fatos aí estão para mais uma apreciação do leitor. Como já disse, as
conclusões são pessoais.
O livro Isaías 14:12-4 contém as seguintes palavras:
“Então, caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste
lançada por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração:
249
Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no
monte da congregação me assentarei, da banda dos lados nortes. Subirei
acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo
levado serás ao inferno, ao mais profundo abismo.”
No seu já citado poema Invocação de Alguém em Desespero, Marx
cita algumas estranhas palavras como :”desejo construir-me um trono...”
Em um outro poema chamado Oulanem, escreveu coisas mais curiosas
ainda:
“Enquanto para nós ambos, o abismo se abre nas trevas... Arruinado,
arruinado. Meu tempo esgotou-se... Este mundo que se avoluma entre mim e
o abismo, eu o reduzirei a pedaços.. Você afundará, e eu seguirei
gargalhando, sussurrando aos seus ouvidos: Desça, venha comigo amigo...
E então mergulhará no nada absoluto...”
Num trecho de Invocação de Alguém em Desespero, Marx escreveu:
“Assim um deus tirou de mim tud. Na maldição e suplício do destino.
Todos os meus mundos foram-se sem retorno! Nada me restou a não ser a
vingança”**
No poema A Donzela Pálida:
“Assim, eu perdi o direito ao céu,sei disso perfeitamente. Minha
alma,outrora fiel a Deus, Está destinada ao inferno.”**
No poema citado no livro Marx antes do Marxismo:
“Com desdém lançarei meu desafio bem na face do mundo,E verei o
colapso deste gigante pigmeu cuja queda não extinguirá meu ardor. Então
vagarei semelhante a um Deus, vitorioso, pelas ruínas do mundo. E, dando
às minhas palavras uma força dinâmica, sentir-me-ei igual ao Criador.”**
Todas essas palavras de Marx foram escritas no período mais confuso
da sua vida; o período em que perdia a fé em Deus.
Como é possível os trechos dos poemas marxista serem tão
incrivelmente semelhante aos trechos Bíblicos anteriormente citados? O
capítulo 14 do livro de Isaías fala de um personagem que perdera o direito
ao céu e cheio de revolta, ódio e vingança, sentia prazer e alegria causando
sofrimentos imensos à humanidade (Jó 1:3). Este alguém que perdeu o
direito ao céu no mais profundo abismo, sonhava com um trono celeste
acima das estrelas de Deus e que desejava tornar-se igual ao Altíssimo,
250
parece estar falando através dos poemas de Marx durante a sua grande crise
de fé e revolta.
No trecho do livro de Isaías, o personagem chamado pelo pseudônimo
de “estrela da manhã” fala sobre “as bandas do lado norte.” Curiosamente,
os comunistas conquistaram o lado norte de várias nações: o Vietnam do
Norte, a Coreia do Norte... A União Soviética fica situada no alto norte da
Europa Oriental. Outro fator notável é o cognome de “esquerdistas” dado
aos comunistas. O lado oriental do mundo fica localizado do hemisfério
esquerdo. O lado oriental da Alemanha foi invadido pelo comunismo. Na
Bíblia constam diversos trechos que se refere ao lado esquerdo como o lado
negativo e do mal. No capítulo 48 do Gêneses, Jacó abençoa os filhos de
José, Efraim e Manasses, invertendo as mãos e pousando a sua mão direita
sobre a cabaça do filho mais novo e mão esquerda sobre o filho mais velho.
Esta história bíblica parece indicar que o lado direito (o mais novo) acha-se
mais próximo de Deus. Em toda a Bíblia, os grandes personagens possuem
dois filhos especiais. Caim e Abel, Sem e Cam, Ismael e Isaque, Esaú e
Jacó, Efraim e Manassés, etc. Em todos esses pares, o irmão mais agressivo.
Em todos esses detalhes não podemos deixar de entrever aspectos
místicos do marxismo. Por que o marxismo de declara esquerdista? A Bíblia
apresenta esse lado como violento e agressivo; a agressão e a violência são
traços essenciais do marxismo? Serão meras coincidências esses fatos?
A mística Rússia
Analisaremos agora alguma coisa sobre a Bíblia e a Rússia, primeiro país
comunista da história. O escritor Marques da Cruz, no seu livro Profecias de
Nostradamus (Editora Pensamento, São Paulo), ainda algumas profecias
bíblicas que falam de ascensão e queda do comunismo na Rússia. Velamos
alguns interessantes trechos:
“A Bíblia diz que haverá muitos anticristos, os perseguidores da
religião; mas destaca ‘o que se assentará como Deus no templo de Deus,
querendo parecer Deus’, o que é singular, o Anticristo, o pior, o fim. Essa
besta que subiu do mar parece ser um símbolo de todos imperialismo
anticristão dos séculos XIX e XX, surgidos na Europa, que está cercada de
muitos mares...”
Diz o capítulo 13 do Apocalipse:
“E vi subir no mar um besta que tinha sobre as suas cabeças um nome
de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e seus pés como
de urso e sua boca como de leão (o leopardo é astucioso e cruel; o urso tem
251
garras enormes para bater e agarrar; o leão ruge altivamente), e o dragão
(a antiga serpente-Satanás, segundo a exegese bíblica) deu-lhe o seu poder,
o seu trono e grande poderio... E adoraram o dragão que deu à besta seu
poder; e adoraram a besta... E deu-lhe boca para falar grandes coisas e
blasfêmias... E abriu sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar
do seu nome, e do seu templo e dos que habitam no céu. E deu-se-lhe poder
sobre toda a tribo, língua e nação...”
“E vi subir da terra outra besta (semelhante ao cordeiro — com face
de bondade) e falava como o dragão... “Esta segunda besta que subiu da
Terra, parece ser o símbolo do principal Anticristo, o filho do Pecado, o
chefe Gog de que fala a Bíblia e que irá à frente de um numerosíssimo
exército que, “subindo das bandas do norte, cairá sobre o povo eleito...
Para a batalha final do Armagedon, virão muitos povos, mas o grande é o
terrível Gog. Ezequiell no capítulo 38, fala contra Gog, “chefe dos povos do
norte...Armagedom é uma palavra derivada de monte de Magedo, Cidade
da Síria antiga, onde foi derrotado o exército de Jabin, opressor de Israel
(Israel = crentes)...Nesta batalha haverá a derrota dos grandes exércitos de
Gog que oprimiam os eleitos...; que essa guerra será travada contra a ideia
de Deus no mundo (não apenas contra a religião especifica).”
Marques da Cruz continua: “Reparemos na descrição da queda da
‘nova Babilônia’ europeia, feita por João nos capítulos 17, 18 e 19 do
Apocalipse.”
“Vem mostrar-te-ei a dura condenação da grande prostituta que
está assentada sobre muitas águias; com a qual fornicaram e os reis da
Terra.. E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada
sobre uma besta de cor escarlate... que estava cheia de nomes de
blasfêmias.. E a mulher estava vestida de púrpura e escarlate... e na sua
testa o nome: Mistério: A grande Babilônia, a mãe das fornicações e
abominações da Terra. E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos
santos.. E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da
Terra.”
“A Europa Ocidental tem a forma, um tanto imperfeita, de uma
mulher (cujo coração é Paris), assentada sobre uma massa tosca —A
Rússia.” (o poeta Fernando Pessoa no seu livro “Mensagens.” Já em 1934,
definiu a Europa como uma figura de mulher em um dos seus poemas).”
“A Rússia representa a besta, em que a prostituta está assentada (as
linhas fronteiriças da Europa traçam a figura de um a mulher assentada
252
sobre a Rússia). A Rússia intitulou-se URSS — União das Repúblicas
Socialista Soviéticas. URSS é uma palavra latina — urso. A Rússia é
chamada de urso moscovita. As setes cabeças da besta, parecem
representar os setes montes principais que a Europa possui.” (de acordo
com E. Ruir. Citado por Marques da Cruz).
O livro de Marques da Cruz apresenta, à página 242, um capítulo de
grande interesse para o enfoque dessa obra. O capítulo chama-se Gog e a
Batalha do Armagedom. Procurarei transcrever o máximo possível desse
capítulo, por ter encontrado nele excelentes traços quando à origem místicas
do marxismo e da Rússia, em relação à Bíblia.
Dan. A origem dos povos orientais
No capítulo 49 do livro do Gênesis, Jacó abençoa seus doze filhos, diz-lhes:
“Anunciar-vos-ei o que vos há de acontecer nos derradeiros dias.” Ao
chegar o Dan, (o 7o. filho), disse: “Dan julgará o seu povo; Dan será
serpente junto ao caminho; uma cerasta junto à vereda, que morde os
calcanhares do cavalo, e faz o seu cavalheiro por detrás. A tua salvação
espero, ó Senhor!”
A cerasta é ruiva, isto é, tem uma cor que representa o conjunto de três
cores do movimento comunista: vermelho, amarelo e preto. É vermelha
como os germanos, a suástica de Hitler e o marxismo, amarelo como os
povos orientais, a fome e o desespero; e preta como os africanos, o luto, o
tom sombrio e a cor da tristeza. A cerasta é o símbolo da astúcia, porque
morde o calcanhar do cavalo para derrubar o cavaleiro e mordê-lo. Muitos
vêem nesta víbora um símbolo da besta de dois cornos que representa o
anticristo no Apocalipse; ou um símbolo do lado norte da Europa onde há
muitos povos ruivos, devido à mistura violenta da raça morena hebraica de
Dan, e a morena eslava com a raça ariana.
Ezequiel no capítulo 48, ao marcar as regiões onde se estabeleceriam
as doze tribos, diz que “Dan teria uma porção, desde o fim do norte ao
termo de Damasco; teria a banda do oriente e do ocidente.” Foi daí que eles
emigraram para o oriente e o norte da Europa.
Como se sabe, a civilização vai do oriente par ao ocidente; os povos
arianos asiáticos emigram par aa Europa, formando as grandes civilizações
gregas, romana e oriental; a tribo de Dan se estabeleceu em todo o norte e
oriente da Europa; conquistou a Dinamarca (Danemark = a marca de Dan), a
força,e outros terras do norte, batizando rios e regiões com o nome de Dan.
253
Quando a Palestina foi dividida em dois reinos (Israel e Judá), a tribo
de Dan ficou no reino de Israel, o reino dos rebeldes, cuja capital foi
Samaria (dos Samaritanos). A tribo de Dan foi a primeira que caiu na
idolatria, revoltando-se contra a lei de Deus e de Moisés.
A tribo de Dan sempre foi violenta e rebelde. João, no apocalipse 7: 48, ao analisar os israelitas fieis, que são servos de Deus,cita apenas onze
tribos, mas não cita a tribo de Dan, está é rejeitada como infiel.
Amós, no capítulo 8, ao falar de fim dos tempos, diz que haverá
muitas desgraças para “os que juram pelo delito de Samaria (capital do reino
rebelde de Israel), e dizem: Viva o teu deus ó Dan! (Esse deus era um
bezerro d ouro, ao qual se prestava culto numa religião ocupada pela tribo
de Dan, de mesmo nome).
A raiz Dan está em palavras de varias línguas, quase sempre com um
sentido negativo ou pejorativo:
-Em latim: Dannum — dano; prejuízo.
-Em português: dano, daninho, danoso, etc.
-Em espanhol: daño.
-Em italiano: danno.
-Em francês antigo: dam.
-Em francês atual: danger (Danton, foi um dos chefes
-do terror da revolução francesa).
-Em inglês: há o verbo to danm = Deus te destrua.
-Há ainda danger = perigo; dangerous = perigoso.
- O rei Danm chamadao o “magnífico”, filho de Dag, construiu
a muralha de Danewirk contra seus inimigos; deu nome à
Dinamarca: Danemark.
- Dantzig, cidade livre, foi uma das causas da II Guerra Mundial.
- Danúbio — grande rio, junto do qual Hitler nasceu.
- Dnavitza — rio da Romênia.
- Duna, Duina ou Dvina; Doneetz; Dnieper ou Daniester —
são nomes de vários rios da Rússia, onde a raiz original
da palavra foi alterada.
- Dan I, Dan II, Dan III, reis da Romênia.
- Danilov — classe da Rússia. Danilov é o nome comum na Rússia.
- Danischemed — nome de duas dinastias orientais.
- Dannerjold Sonsoe — família nobre da Dinamarca.
(Sansão foi um juiz danita que acabou destruído por sua deslealdade e
Deus — Livro dos Juízes).
(todas essas citações são do livro As 4 Babilônias. Marius Coeli;
citado por Marques da Cruz).
254
Há uma estranha curiosidade: Dan apresenta-se como fonte de
maldade e de bondade a um tempo. Por exemplo, os povos anglo-saxões que
saíram da Dinamarca, invadiram a Bretanha (Inglaterra) e fundaram o reino
inglês, em 827, d.C. A América do Norte foi fundada por ingleses e
constituiu-se no berço mundial da liberdade religiosa; e isto foi bom.
Segundo o dicionário Bíblico de John Davis, a palavra Dan significa
juiz. “Dan julgará o seu povo”, predisse Jacó. A palavra Jutlândia
(Dinamarca), vem de Land = terra em alemão , e de judex icis =,juiz em
latim Logo, Denamark = Terra do Juiz.
No oriente da Europa. Miguel Cerulário, patriarca de Constantinopla,
numa questão com o papa Leão IX, foi excomungado em 1054, formando a
religião cismática ortodoxa (iniciada já em 867 pelo patriarca Fócio),
separando-se assim da Igreja Católica romana e dos povos do oriente
europeus. Devemos com justiça reconhecer que a Igreja Ortodoxa mantevese mais estritamente fiel ao Cristianismo original.
No início do século XVI, as nações do noroeste da Europa, guiadas
por Lutero, Calvino, Henrique III, Zwinglio, João Knox e outros, rebelaramse contra a Igreja Católica e deram origem ao Protestantismo, um
movimento de reforma ao Cristianismo original.
Como vimos, os povos descendentes da Dan tornaram-se fontes de
Bem e do Mal, como se tivessem sido providencialmente divididos.
Cabe pequenos comentário sobre esse ponto porque existe uma
observação muitíssimo importante a ser feita sobre Dan. Note-se que Jacó
disse que Dan julgaria o seu povo disse: “O Pai não julga ninguém, mas
entregou todo julgamento ao filho. O Apocalipse ao falar do Messias, diz
que “da sua boca sairá um a espada para julgar as nações pagãs.” Ora, para
se ser juiz é preciso que se possua alguma características para tal. Jesus é
chamado “O Leão da tribo de Judá.” Dan também é chamando por Moisés
de “O Leãozinho (Deut. 33,22); Jesus é simbolizado pela serpente celeste
que Moisés levantou no deserto. Dan também é simbolizado por uma
serpente. O profeta Ezequiel 48 diz que dan possuiria uma porção de terra
do oriente e do ocidente. Isto indica que Dan parece estar posição dúbia,
entre o Bem e o Mal, (exatamente como o sentimento de Caim antes de se
dirigir para o Bem ou para o Mal, quando finalmente foi contra seu irmão
Abel — Gen. 4:6-7).
Assim sendo, é justo notar-se que as rebeliões dos povos do norte do
oriente, que através do patriarca Miguel Cerulário originaram a Igreja
Ortodoxa, bem com as nações cristãs do noroeste da Europa, que através do
monge Martinho Lutero originaram a Igreja Evangélica, não podem ser
255
vistas como rebeliões injustas. Na época da origem da Igreja Ortodoxa, os
papas e os reis se batiam pelo poder total. É o chamado período do
Cesaropapismo. Do mesmo modo, à época da Reforma Protestante, a
anarquia e os desmandos imperavam na Igreja católica. Desse ponto de
vista, ambas as rebeliões representaram a busca por uma maior fidelidade a
Deus e aos seus mandamentos.
O reino inglês foi fundado pelos anglo-saxões dinamar- queses. Da
Inglaterra originou-se a América do Norte, e nela, a liberdade religiosa; os
alemães são descendentes diretos dos francos, povo bárbaro europeu, que
primeiro se uniu ao Cristianismo.
As I e II Guerras Mundiais foram iniciadas pelos alemães (ou
germanos). Por outro lado, A Grande Reforma do Cristianismo em 1517,
bem como os maiores filósofos idealistas teístas, foram alemães.
Do que foi dito, talvez possamos concluir que os russos sãos
descendentes de Dan, e que os povos orientais apresentam uma certa
propensão para o Bem e para o Mal com igual intensidade.
Os orientais do norte uma maior propensão para o Mal; os orientais do
sul, pra o Bem. O profeta Ezequiel, capítulo 38 diz:
“Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: filho do homem, dirige teu
rosto contra Gog, Terra de Magog, príncipe de Ross e de Tubal e Profetiza
contra ele dizendo: Assim diz o Senhor Deus: Eis que estou contra ti, ó
Gog, e te farei voltar... E todo o teu exército... manejando todas as espadas
e todas as tuas tropas, à casa de Thogarma, a banda do norte..”
O profeta Jeremias 6:22, diz
“Vem da Terra do norte um povo; uma nação grande se levantará dos
últimos confins da Terra (do norte e do oriente asiáticos).”
Vejamos os significados dos nomes próprios do Texto de Ezequiel,
conforme os escritos de Marques da Cruz, extraídos de Fillion, grande
comentador da Bíblia, e Driscoll, The Catholic Encyclopedia, que dão
opiniões sobre a origem desses nomes.
Gog — Designação geral dos inimigos dos judeus e cristãos. Também
pode ser um título de dignidade real (como rei ou presidente).
Magog — Alguns identificam Gog como o rei lídio, chamado Gyges
pelos gregos e que aparece nas inscrições assírias como Gutgu. Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século, diz
que Magog era a Cítia, na Ásia Menor. Na antiguidade,
256
Magog designava vagamente qualquer população nórdica.
Fillion diz que Magog é a região entre o Mar Cáspio e o Mar
Negro; a região dos citas, povos brutal, que no século VII,
antes de Cristo, invadiu a Ásia ocidental, e fico na memória
dos povos segundo Heródoto, como “símbolo de pânico e de
terror.” Magog é pois, o sul da Rússia.
Príncipe de Rosh — Esta expressão encontra-se na edição original da
Bíblia em hebraico. A Vulgata (tradução latina de São
Jerônimo), a omitiu, Rosh, segundo Fillion, parece designar
um povoado dos Citas, que habitavam os arredores de Tauro.
Outros, guiados pela filosofia, afirmam que Rosh quer dizer
Rússia: que este nome passou a designar a região ao norte do
Mar Negro e Cápio sendo, portanto, a Rússia. Baedeker diz
que os normandos fundaram o império russo e fundiram-se
com os eslavos. Russos derivam do finês ruotsem =
remadores, pois vieram da Suécia por mar.
Chefe de Mossoque e Tubal — Diz o Gêneses, cap. 10, que os filhos
de Jafé (filho de Noé) foram Gomer, Magot, Tubal,
Mossoque e outros. Ezequiel fala desses quatros nomes. Noé
teve três filhos: Jafé, Sem e Cam. Jafé deu origem à raça
jafética, ariana ou indo-europeia — que emigrou da Ásia
Central para o Ocidente, a Europa. Por isso Hitler dizia os
louros germanos (de Gomer) eram arianos puros, raça
superior: os super-homens, segundo Nietzsche, que deveriam
guiar a humanidade.
Mossoque — Fillion diz: região ao Norte do Rio Tigre. O escritor
Caio de Cicco, em seu livro A Dinâmica da História, revela
que ao norte da Mesopotâmia — ao norte do Rio Tigre —,
floresceu a civilização assíria; cruel e invasora, que combatia
a civilização caldeia, do lado sul, mansa e pacífica. Guiados
pela filosofia, dizem alguns que os imigrantes de Mossoque
batizaram côo seu nome e sua nova região. Mossoque =
Moscou.
Tubal — Fillon diz: região ao sul do mar Negro. Talvez desta região
emigrasse alguma colônia para o norte, a Rússia, fundando,
alguma terra com nome, pois Tubal ou tobol é o rio na
257
Sibéria que banha a cidade de Tobbolak, junto aos montes
Urais. A Sibéria é russa.
Gomer — Esta palavra indica a raiz da palavra germânica. Os
germanos (ou alemães) são um povo das bandas do norte,
descendentes dos francos bárbaros.
Como o leitor pôde acompanhar há uma imensa gama de dedos que
dão uma clara indicação da origem racial dos russos. Note-se — e isso é o
mais importante aqui —, que a etnia do povo russo é misteriosamente
bíblica. O fato de ser descendente de Dan não significa que o povo russo
deva ser classificado como “lado mau.” Já demonstramos fartamente que
dos descendentes de Dan poderiam brotar “bons ou maus frutos.”
Estou buscando apresentar dados e argumentos que demonstrem a
origem e caráter místico da Rússia, por ser o primeiro país dominado pelo
comunismo, onde primeiramente foi implantado o marxismo, e tem sido sua
base de expansão mundial. Já nas origens, a Rússia apresenta as condições
propícias por seu caráter rebelde e em suas raízes éticas; bem como parece
estar indicada nas profecias bíblicas, nos estudos sobre sua origem e nas
palavras de outros místicos do passado, como a “Terra Predestinada” para a
reunião, organização e expansão da rebelião. Os russos são descendentes
dos bárbaros do noroeste europeu. O que caracterizou esse povo no passado
foi a guerra-de-conquista. Não podemos negar que o fato da presença russa
no Afeganistão e em outras regiões do mundo inteiro, contra a vontade das
populações nativas, configura claramente uma guerra-de-conquista. Não
tivessem as tropas norte-coreanas invadido a Coreia do Sul (com o apoio da
China e da Rússia) e claramente revelado suas intenções de guerra-deconquista, através dos vários túneis escavados sob o paralelo 38 para invadir
o lado sul, provavelmente as tropas da ONU não estariam estacionadas na
Coreia do Sul; não fosse a agressividade da Rússia, desde 1917, através de
espionagem, sabotagem, ataques morais através das drogas, imoralidade e
da corrupção e a propaganda anti-americana estimulada e financiada por
todo o mundo pela Rússia e outros países comunistas, os Estados Unidos
são estariam defesa anti-aérea chamado “Alta Fronteira” *, para interceptar
os mísseis russos.
Fica bem claro que a Rússia no passado foi uma nação agressiva, e
que, de 1917 até nossos dias, por força da ideologia marxista violenta, aliada
ao seu caráter rebelde e agressivo, tornou-se mais agressiva ainda. Na antiga
*
Mais comumente conhecido como “Guerra nas Estrelas.”
258
Mesopotâmia, habitavam os assírios, lado norte; e os caldeus, do lado sul.
Não fossem os ataques constantes dos assírios para conquistar toda a
Mesopotâmia, não haveria guerras da historia daquela região. Não fosse
Hitler, provavelmente a II Guerra Mundial não teria acontecido. Podemos
concluir que há dois lados distintos no mundo: um lado agressivo e um
outro defensivo, e que essa luta remonta aos primórdios da história.
O caráter russo
Vejamos mais alguns aspectos místicos da Rússia.
– Vê-se na literatura e na música russa (o que melhor retratam o
caráter de um povo), que eles são, ao mesmo tempo, um povo alegre e triste,
apresentando um sentimento alternado entre uma grande emoção e uma
grande fúria.
– O povo russo é ao mesmo tempo irrequieto (temperamento que
caracteriza os rebeldes), perquiridor de coisas novas além de ser também
muito místico.
– A Rússia foi a nação que mais intensamente viveu a época do fervor
místico medieval (possui o maior contingente da ortodoxia cristã).
– O povo russo é altamente emotivo. Explode em riso ou choro muito
facilmente.
– A raça eslava ama profundamente a música, a mais sublime das
artes. Veja-se por exemplo, a nacionalidade dos grandes compositores
clássicos.
– Os russos chamavam O Czar de “paizinho”, também chamaram
Stalin de “paizinho”, e costumavam chamar a Rússia de “Mãe Rússia” (há
uma estátua feminina imensa, representando-a).
– O escritor russo Gogol, em seu livro Almas Mortas, diz que “o russo
nos instantes críticos, resolve quase sem se refletir.” Ou seja, movido mais
pela emoção.
– Karl Marx disse que a Rússia, devido ao seu atraso e caráter, seria o
primeiro país comunista (citado no livro de Marques da Cruz). Notemos
que, do czarismo absolutista, somente mudou-se a cor. Há um ditado nas
Rússia que diz ‘o russo ama o absolutismo feérico, porque só assim
obedece.” Portanto, um reflexo da sua inquieta rebeldia.
– Quando em 1453 os trucos tomaram Constantinopla, Ivan III, o grão
duque de Moscou, disse que seria o sucessor de Constantino XII (o Protetor
da Igreja Ortodoxo), e que Moscou serias a Terceira Roma (a Igreja
Ortodoxa predomina em toda Rússia).
259
Ivan II casou-se com a sobrinha de Constantino XII, o que revela a
sinceridade de suas palavras de apoio ao Cristianismo ortodoxo. Ainda hoje,
há uma crença mística, bastante popular na Rússia, de que “Moscou é a
Terceira Roma” — o foco de onde sairá a luz que iluminará os outros povos.
Gostaria de lembrar que os revolucionários franceses pensavam da
mesma forma: estabeleceram o terror na França e exportaram a semente da
rebelião e do ateísmo por todo o mundo. A Rússia fez exatamente a mesma
coisa.
― Moscou é chamada pelos russos de “A Cidade Santa.”
― Vishinsky, embaixador russo na ONU, disse: “Ataquem e ocupem a
Rússia, se forem capazes.”
― Todo os que a atacaram desde Ciro da Pérsia, 500 anos antes de
Cristo, foram vencidos: Ciro, os Humes, Carlos XII (da Suécia), Napoleão,
Hitler...
―Disse Bismatk: “Quem se deita na cama da Rússia acorda com
percevejos.”
― Disse Napoleão: Grattez le russe; vous trouverez le tartare
(Arranhai o russo, acharei o tártaro).
(Tópicosextraídos da obra de Marques da Cruz, já citada).
Rasputin. Quem o enviou?
É óbvio que não poderíamos deixar de abordar nesse capítulo sobre a
Rússia, a intrigante figura de Gregori Efimivich Rasputin (1870-1916). Não
apenas por ele ter se tornado uma personalidade dominante na Rússia nos
anos que antecederam a revolução comunista, ou pelo modo célere como
emergiu, influenciou e dominou a corte do czar Nicolau II, bem como toda a
Rússia. Mas principalmente, pelo seu caráter místico.
Rasputin nasceu em Pokrovskoe (Sibéria Ocidental), filho de
camponeses siberianos. Era um simples carroceiro. Casou-se aos 19 anos
com uma mulher quatro anos mais velha, que deu uma filha — Maria. Era
um degenerado: bebia muito, brigava e envolvia-se acintosamente com
outras mulheres. Conta-se que certa ocasião ao transportar um jovem ao
mosteiro onde este cumpria o noviciado, Rasputin, impressionado, entrou no
mosteiro e só saiu quatro messes depois com seu pensamento e sua vida
modificados. Dizia ter visto a Virgem acenando para ele. A partir de então
tornou-se um místico fanático.
Após uma peregrinação ao mosteiro do Monte Atos, na Grécia,
construiu uma espécie de oratório no fundo do quintal de sua casa, onde
constantemente realizava um misterioso ritual. Algum tempo depois aderia à
260
seita Khysty (“os manipuladores de serpentes”). A partir dessa época
Rasputin adquiriu um poderoso “magnetismo pessoal.” Exercia um
extraordinário fascínio sobre as pessoas e dizia-se capaz de realizar
milagres. Costumava assegurar, especialmente para as mulheres, que o seu
contato físico era benéfico, levando as pessoas a acreditarem que nele
tocassem recuperariam a saúde. Na verdade, isso tudo não passava de uma
tática para satisfazer seu grande apetite sexual. A Igreja Católica Ortodoxa o
acusou de heresia e iniciou um longo processo contra ele. Todavia, por
razoes não esclarecidas, o processo foi sumariamente abandonado e jamais
se tornou conhecimento do seu paradeiro.
O misticismo era o principal modismo na Rússia do início do século.
Aos 30 anos de idade, sempre interpretando o papel de santo, Rasputin foi a
São Petersburgo (atual Leningrado) e estabeleceu amizade com prelados da
alta hierarquia, penetrando na roda da alta sociedade russa. Entrou em
contato com czar Nicolau II e a czarina Alexandra em 1905. a czarina,
impressionada com tudo o que ouvira falar do “mago”, pediu-lhe que
tratasse de seu filho Alexei. O herdeiro do trono sofria de hemofilia. A
czarina sentia que “Deus enviaria Rasputin para salvar a dinastia russa.”
O escritor inglês Colin Wilson, cinta em seu livro Mysterious Powrs,
que certa vez o pequeno Alexei sofreu uma grave hemorragia interna, em
virtude de uma queda. Com uma febre assustadora, os médicos da corte já
haviam desistido de salvar-lhe a vida. Rasputin foi então chamado às
pressas. Tão logo olhou o menino, disse: “não amolem o menino. Ele vai
ficar bom.” Sentou-se ao lado da cama, pôs-se a falar com a voz branda com
a mão sobre a cabeça de Alexei. Em seguida ajoelhou-se e rezou.
Em poucos minutos Alexei adormeceu. A crise estava vencida. Em
duas outras ocasiões, Rasputin conseguiu controlar as fortes crises de
Alexei, com resultados positivos. Com estes feitos, sua posição e o seu
prestígio aumentaram enormemente perante toda a corte e, especialmente
diante do czar e da czarina Alexandre. Para ela, Rasputin era um enviado do
céu. Na corte, o comportamento de Rasputin era exemplar, como compete a
um homem santo, mas fora dali levava uma vida devassa. Gabava-se da
posição que ocupava na corte, e da intimidade e influencia sobre a família
imperial. Como o misticismo estava na moda em toda a Rússia, tornou-se o
alvo preferido das atenções femininas sobre quem exercia extraordinária
atração.
Qualquer jornal que o criticasse era imediatamente confiscado.
Quando alguns membros do clero acusaram-no de charlatão e impostor,
foram punidos rapidamente. Um monge chamado Illiador, ex-amigo de
261
Rasputin, tornou-se o seu maior inimigo. Rasputin o acusou de ser
homossexual, e a pudica czarina repudiou o sacerdote.
Illiador acusou Rasputin de devassidão, embriaguez e perversão
sexual, o que o obrigou a justificar-se perante o bispo Hermogem, de
Saratova. Rasputin queixou-se ao czar e este degredou o monge Illiador e o
bispo Hermogem imediatamente. Foi um escândalo tão intenso que
Rasputin chegou a ser enviado de volta à cidade natal (onde sofreu um
atentado do qual curou-se a si mesmo). Em 1914, retornou a São
Petersburgo a chamado da corte, sendo recebido com honras e festas.
Quando estourou a I Guerra Mundial em Agosto de 1914, o czar
entrou ao lado dos aliados assumindo o comando geral, ficando a czarina e
Rasputin na direção total dos assuntos internos do país. Entretanto, a czarina
não era popular e muitos consideravam-na traidora pró-alemã. Desse modo,
Rasputin passou a dirigir, absoluto, toda a Rússia. Aproveitando-se da sua
grande influencia, o “monge” nomeou e promoveu seus amigos a elevados
postos dentro da corte. Como seus amigos em geral eram pessoas corruptas
e inescrupulosas, houve muita insatisfação. O que foi completamente
ignorando por Rasputin. Com um governo desse tipo, a Rússia conheceu um
período de profunda anarquia e degeneração moral.
O historiador inglês Sir Bernard Pares descreve Rasputin como um
conspirador diabólico. O estranho fascínio e atração que Rasputin exercia,
aliados à sua capacidade de hipnotizar as pessoas, dizem, alguns, eram
utilizados apenas para curar. Entretanto, Rasputin jamais curou o pequeno
Alexei da hemofilia. Há um ponto indiscutível com respeito a Rasputin: ele
exercia uma poderosa influência em todos que dele se aproximavam.
Fascinados por sua personalidade, alguns o adoravam e outros o odiavam.
O escritor Colin Wilson diz que Rasputin pressentiu que morreria
antes do dia 1o. de janeiro de 1917, e acertou: foi assassinado no dia 29 de
dezembro de 1916. Antes de morrer, em uma carta entregue à czarina,
Rasputin diz que se fosse morto pelo campesinato russo, o país conservaria
sua próspera monarquia durante centenas de anos. Mas se fosse assassinado
pela aristocracia, não sobraria nobre algum na Rússia. Previu também a
morte do czar e da czarina num prazo de dois anos.
Rasputin foi assassinado por um grupo de aristocratas russos — o
príncipe Felix Yussupov, o grão-duque Dimitri, o deputado Pourichkevitch
e o medico Lazoverta, em 29 de dezembro de 1916, à noite, no apartamento
do príncipe Yussupov, envenenado com cianureto, rasputin chegou depois
das 23 horas e sentando-se à mesa, comeu bolo e bebeu vinho envenenado e
nada sentiu. Era 2h 30 da manhã e o veneno não surtira efeito. Rasputin
queria até sair para divertirem-se em outro lugar. Desesperado, o príncipe
262
começou a fixar um crucifixo e, pedindo forças a Deus, sacou seu revólver e
disparou varias vezes sobre Rasputin. Enquanto os outros membros do
grupo saíram disfarçados com a manta e o capuz do morto, fingindo estarem
acompanhado Rasputin para casa, o príncipe voltou à sala e abaixou-se
sacudindo o corpo, para verificar se Rasputin estava mesmo morto.
Subitamente Rasputin abriu o olho esquerdo, depois o direito e saltou sobre
o príncipe. Só com muito esforço este conseguiu desvencilhar-se dele e
correr à procura do grão-duque. Quando ambos estavam voltando, viram
Rasputin sair correndo. O grão-duque então disparou quatro tiros e matou
Rasputin.
Bem, agora que finalizaremos essa biografia de Rasputin, iremos
proceder à análise desse curioso personagem.
Pela simples narrativa biografia, o leitor deve ter observado o lado
místico do mago Rasputin. Naturalmente, deve também ter observado que
ele, por seu caráter degenerado, não era nenhum santo. Vamos analisá-lo a
partir da sua origem.É muito estranho que um personagem destes aparecesse
na Rússia e alcançasse o poder de forma tão rápida e fácil. Uma outra
observação é quanto à época. Nos primeiros anos do século XX, a Rússia
estava imersa em uma onda de misticismo muito propício à influência de
um homem como Rasputin. Os comunistas já atuavam, e havia uma forte
indiferença religiosa.
O sexualismo encoberto por uma capa de falsa moral era estimulado,
até mesmo pelo clima russo. Poderíamos dizer, com relativa segurança, que
a Rússia dormia e que havia um espaço vazio para grandes acontecimentos.
Este poderia ser um “despertar religioso”, segundo de uma volta aos valores
éticos, morais e religiosos, ou um “abandono total da religião”, segundo por
uma profunda degeneração moral. Tudo parecia de pender da influência da
Igreja e da Posição do czar Nicolau II. Talvez o seu grande erro tenha sido
apoiar Rasputin e perseguir a Igreja.
Na juventude, Rasputin foi um degenerado. Bebia, brigava e vivia
rodeado por muitas mulheres, segundo suas palavras, foi nessa época que
permaneceu quatro messes em um mosteiro onde disse ter visto a Virgem
acenando para ele. Logo, em seguida, tornou-se místico fanático. Em todos
os casos da história da religião crista, sempre que a Virgem apareceu
dirigiu-se a pessoas muito puras como, por exemplo, aos irmãos Lucia,
Jacinta e Francisco, em Fátima; ou Bernadete Soubirous, em Londres. Por
que agora iria aparecer acenando para um individuo degenerado como
Rasputin? Por que um monge cristão (afinal, ele ficou quatro meses em um
mosteiro cristão!) se filaria a uma seita de “manipuladores de serpentes” e
realizaria estranhos rituais à noite, no fundo do quintal da própria casa, ao
263
invés de ir às igrejas iluminadas? Rasputin ficou famoso por seu apetite
sexual e costumava viver cercado de mulheres, as quais convencia de que se
tocassem em seu corpo ficariam puras e saudáveis. Ele, na verdade, nada fez
de tão extraordinário a ponto de ser protegido pelo czar e pela czarina que,
em sua defesa, puniu e condenou até mesmo bispos e monges ortodoxos.
Rasputin sequer curou o pequeno Alexei. Entretanto, a czarina o considerou
“um homem enviado por Deus para salvar a dinastia russa.” Ironicamente,
ele profetizou a destruição do czar, da czarina e de toda a nobreza russa. E
foi profetizou a destruição do czar, da czarina e de toda nobreza russa. E foi
exatamente o que aconteceu. Rasputin tinha um comportamento falso diante
do czar e da czarina. Longe deles, era um outro homem. Levava uma vida
indecente. Seus amigos eram pessoas corruptas que ele trouxe para dentro
da corte e os fez poderoso. Esses homens, liderados por Rasputin (uma vez
que a czarina era dominada e o obedecia pelo seu carisma), que tipo de
orientação deram à Rússia? Afinal qual o papel que coube a Rasputin na
história da Rússia e na queda desta para o comunismo? De onde o poder,
místico que o Rasputin possuía, e que foi utilizado por ele como trampolim
para sua ascensão à alta sociedade e ao poder, na corte do czar Nicolau II?
De Deus ou da “serpente” que Rasputin cultuava? Quem o enviou para levar
a Rússia à anarquia, ao caos e a à imoralidade no momento em que os
comunistas buscavam criar exatamente essa situação?
As circunstancias misteriosas de sua morte, precedida por uma série de
profecias sobre o seu próprio futuro, sobre o futuro da dinastia e da
aristocracia russa, são fatos, no mínimo, altamente suspeito haja vista que
ele jamais mencionava a palavra deus ou Jesus Cristo, e pertencia à seita dos
“manipuladores de serpentes.”
Rasputin, com efeito, era qualquer, coisa menos um homem de Deus.
Somente o tempo nos trará as respostas sobre esse estranho personagem
russo que, de certa forma, como um falso João Batista, “preparou a Rússia
para o comunismo.”
A Rússia na profecia de Fátima
Além dos diversos dados apresentados para demonstrar a natureza mística
do marxismo e da Rússia, ainda um riquíssimo veio a explorar: as palavras
proféticas de santos e videntes cristãos sobre o futuro da humanidade e
sobre o papel do comunismo. Selecionei dentre eles o mais expressivo e que
melhor tratou a questão: as revelações de Fátima de 1917.
264
“Em 13 de maio de 1917 (mesmo ano em que o comunismo invadiu
a Rússia), no alto da serra D’Aire, no distrito de Leiria, num planalto
chamado Cova da Ìria (Fátima), andavam duas meninas e um menino a
pastorear ovelhas. Era meio dia em ponto começaram a ver relâmpagos em
céu claro. Prepararam-se para retornar à sua casa numa aldeia ali perto,
quando tiveram uma visão:
Viram sobre um arbusto a figura de uma senhora que lhes disse:
“Não tenham medo; não lhes faço mal!” Disse-lhes que fossem ali todo dia
13 de cada mês ao meio dia em ponto e contou-lhe um segredo que não
deveriam contar a ninguém. Disse as aparições durariam seis meses, e no
dia 13 de outubro, faria um grande milagre e ninguém duvidaria da sua
missão divina.
O dia 13 de outubro amanheceu em temporal. Milhares de pessoas
dirigiram-se a Fátima. Aproximadamente 70.000 pessoas, de todos os
lugares, raças e níveis. Jornalistas dos grandes diários de Lisboa e
cientistas, também presentes. A chuva caía. Ao meio dia em ponto, Lúcia a
irmã mais velha, de 10 anos, que estivera conversando com a senhora,
levanta-se e diz:
— “Fechem os guarda chuvas, e olhem para o céu!”
A chuva parou de repente e o céu ficou azul. O sol apareceu como
uma leve nuvem branca. Não feria a vista. O povo espantado olhava. De
súbito, o sol começou a girar, vertiginosamente, com todas as cores do
arco-íris, como uma roda de fogo. Foi um deslumbramento! O sol como que
balanceia e parece aproximar-se da terra. O fenômeno durou 15 minutos. O
povo percebeu que suas roupas estavam secas.”
Os grandes jornais portugueses dos dias 14 e 15 de outubro de 1917
relataram, todos estes fenômenos expostos acima, com fotografia. Portanto,
trata-se de um fato histórico. Por que foi narrado isto ao leitor? Porque
analisando as origens e os aspectos místicos da Rússia, deparemos com um
bem claro: nas palavras que a senhora disse às três crianças. Duas partes
foram divulgadas em 1941. A terceira foi lacrada e deveria ser aberta em
1960. E foi. No segundo texto Lúcia escreveu as seguintes palavras:
“Se os homens não pararem de ofender a Deus, outra guerra
começará (A II Guerra)... Mas se eles se arrependerem a Rússia se
converterá e haverá paz; se não, a Rússia espalhará seus grandes erros
pelo mundo, suscitando guerras e perseguições religio-sas...”
265
(Dias depois, 25 de outubro de 1917, Lênin libertou a tomada da
Rússia pelo marxismo, e iniciou a exortação da revolução comunista par
todo o mundo, tendo a Rússia como plataforma e base de apoio total).
Em 1963, seis meses antes da sua morte, o Papa João XXIII foi
interrogado sobre a convivência de divulgar a terceira parte da Mensagem
de Fátima. Ele respondeu:
“Continuará segredo de Estado. Não é possível dar-lhe publicidade,
porque seu texto autêntico causará imenso pânico no mundo inteiro.”
O Papa Paulo VI, sucessor de João XXIII, leu a carta de Lúcia e,
profundamente impressionado com o seu conteúdo, procurou uma solução
parcial para pó problema. Assim, resolveu formular uma Redação
Diplomática da Terceira Parte da Mensagem de Fátima. Este resumo
diplomático foi enviado em cópias para o Preseidente Jonh Kennedy, o
Primeiro Ministro da Inglaterra. MacMilan e para o líder comunista Nikita
Kruschev. Faremos agora um breve resumo do conteúdo do referido
documento diplomático do Vaticano.
“Em lugar nenhum há ordem. Mesmo nos mais elevados postos, o
antideus reina e determina o desenrolar dos acontecimentos. Ele saberá
penetrar até nos mais elevados postos da Igreja. Cardeais se oporão e
cardeais; bispos a bispos. O antideus penetrará em suas fileiras... Ele
conseguirá deslumbrar a inteligência dos grandes cientistas, fazendo-os
descobrir armas capazes de destruir, em poucos minutos, metade da
humanidade. Ele dominará os poderes da terra fazendo-os produzir tais
armas em grandes quantidades... Terrível miséria cairá sobre a
humanidade na Segunda Metade do Século XX... A realmente Grande
Guerra se sucederá na segunda metade do século XX... De uma hora para
outra, milhões de pessoas morrerão... Perecerão tanto os grandes, quando
os pequenos... Em todas as partes reinará o antideus, levando ao triunfo
por homens insanos, seus escravos, será o único “Senhor da Terra..”.
Chegará o momento que ninguém mais espera, mas pela Vontade do Pai,
para que haja justiça.. Os que resistirem a tudo, chamarão novamente por
Deus e lhe servirão como outrora quando o mundo não estava tão
perdido.”
Este estranho acontecimento historicamente documentado e
envolvendo as mais altas autoridades mundiais, os documentos escritos e o
seu nome conteúdo autêntico, que retratou, em 1917, os fatos da história e
da ciência contemporânea (bombas nucleares e o marxismo católico),
revestem-se de um caráter altamente valioso par o enfoque desta obra, uma
266
vez que envolve diretamente a Rússia e o comunismo, e a América e o
Cristianismo. Este é, convenhamos, mais um aspecto da mística que envolve
o marxismo.
Do que foi exposto, se não comprova cabalmente o caráter e a origem
mística da Rússia, pelo menos fornece algumas informações curiosas que,
temos quase certeza, os leitores não estão acostumados a encontrar.
Para concluir, transcreveremos um trecho do livro Da Democracia na
América, dos grandes historiador e político Alexis de Tocqueville, escrito
em 1835:
“Atualmente existem duas grandes nações no mundo, as quais,
começando de diferentes pontos, parecem estar avançando em direção ao
mesmo objetivo: os russos e os americanos.
Ambos crescem na obscuridade e, enquanto a atenção do mundo
estava voltada em outra direção, eles rapidamente tomaram seu lugar entre
as nações lideres, fazendo o mundo tomar conhecimento de seus
nascimentos de suas grandes quase a um tempo. Todos os outros povos
parecem ter alcançado seus limites naturais e de nada precisam, senão
preserva-los; mas esses dois estão crescendo. Todos os demais avançaram
através de grandes sacrifícios. Eles marcharam sozinhos e rapidamente
entraram num caminho, cujo fim, ninguém ainda poderá prever.
As lutas americanas dirigiram-se contra os obstáculos naturais; as
lutas russas, dirigiram-se contra os seres humanos, os primeiros
combaterem a selvageria e o barbarismo; o último, a civilização. As
conquistas americanas são feitas com a ajuda do arado; as russas, com a
ajuda da espada.
Para atingir seus objetivos, os americanos contam com o interesse
pessoal, a livre iniciativa e o senso comum dos indivíduos. Os russos cotam
com a concentração de poder e a negação do interesse individual.
O primeiro, tem a liberdade como principal objetivo da ação o
segundo, o servilismo.Seus pontos de partilha são diferentes e seus
caminhos diversos, entretanto, cada um deles parece chamado por algum
desígnio secreto da província a deter em suas mãos os destinos das duas
metades do mundo.
Alexis de Tocqueville. A Democracia na América,1835
267
268
POSFÁCIO
Qual foi minha intenção original ao realizar esse trabalho? Naturalmente,
ele foi inspirado por uma posição de claro contramarxismo. Note bem, não
anti-humana ou anti-comunista. O marxismo é um dos mais estranhos
fenômenos que a história registrou. Sua força mística conquistou milhões de
seres humanos, despertando neles sentimentos altruístas e sacrificiais de
uma forma somente comparável a uma religião. O comunismo rapidamente
espalhou-se como um rastilho de pólvora por todo o mundo e,
aparentemente, coisa alguma foi capaz de detê-lo. Diplomacia, boicotes,
ameaças, confrontos... Nada. O marxismo parece invencível. Todos os
marxistas acreditam, com suposta base cientifica, que o futuro da
humanidade será a comunicação global.
O comunismo se propôs a destruir a sociedade cristã ocidental, acabar
com todas as religiões, com toda propriedade e com todo o sistema liberal
de produção, prometendo paz, liberdade, trabalho e pão. Falhou em todas as
suas promessas e instituiu o supremo totalitarismo. Seus líderes tornaram-se
neo-bárbaros que massacraram as populações que confiam neles, de uma
forma semelhante aos bárbaros assírios da antiguidade. A Humanidade
percebeu que tinha sido traída. Mas, como deter o avanço da “fera”?
Nenhuma arma ou meio utilizado mostraram-se eficazes. Somente a força os
conteve, mas nos arrefeceu o seu ímpeto, nem impediu seu avanço. Os
escândalos se espalharam pelo mundo causando pânico e preocupação. Mas,
onde estaria o calcanhar-de-Aquiles do comunismo? Este trabalho sugere
uma tática de combate pouco convencional: o combate religioso. A
Natureza Mística do Marxismo é seu calcanhar-de-Aquiles e seu cabelo-deSansão. É em sua capacidade de atrair o coração e a mente humana, que
reside o poder real do marxismo. Se o marxismo é uma pseudo-religião,
somente poderá ser detido por uma religião verdadeira. Se ele possui,
intrinsecamente em suas teorias e praticas, os elementos capazes de destruir
o mundo o religioso, uma verdadeira e poderosa religião é uma necessidade
urgentíssima para fortalecer os valores absolutos que sustêm a sociedade
ocidental. O comunismo é uma ideia e um ideal. Portanto, somente poderá
ser detido por uma arma semelhante. O ataque incessante do marxismo
contra as religiões vem comprovar o fato de que os valores absolutos,
herdados do pensamento religioso, são os pilares do mundo ocidental.
269
Destruí-los é destruir a nossa sociedade. Preservá-los, é igualmente,
preservar essa sociedade.
Presenciamos hoje os sinais avançados do abandono do marxismo e da
queda final do regime comunista. A China, na Ásia; Moçambique, na
África; a Hungria, na Europa Oriental, seguem na dianteira dos países semi
ou ex-comunistas. Pouco a pouco resolveram assumir o fato: o marxismo é
uma relíquia do passado com quase 150 anos de idade, superado pela
ciência atual, pelos fatos sociais e completamente obsoleta para resolver os
problemas do século XX. Os regimes comunistas utópicos, que ele inspirou,
jamais existiram. Em seu lugar instalaram-se a tirania absoluta e a mais
escandalosa sociedade de classes da história. Um Estado-proprietário
superpoderoso, ema massa humana semi-escravizada, sem identidade e sem
direitos. Soljenítsin declara que o comunismo está morto. Como se pôde ler
nestas linhas, o marxismo está verdadeiramente em decadência. Ele começa
a morrer de forma mais acelerada, do mesmo modo e no mesmo lugar onde
nasceu — França*.
O comunismo nasceu e expandir-se com base na ideologia marxista.
Morto o marxismo, a queda das sociedades comunistas, bem como o
esfriamento generalizado em sua expansão, serão automáticos. É apenas
uma questão de tempo. Mas e daí? Devemos sentar, cruzar os braços e
esperar sua queda? Na Europa há um ditado que diz: Melhor vermelho que
morto. Esquecem-se tais povos de que a vitória do comunismo é o triunfo da
mentira e da crueldade, e que o tal ditado deveria sofrer uma pequena
alteração: Uma vez vermelho, definitivamente escravizado e morto.
O marxismo é uma falsa visão do Cosmo. Sua pratica gera a miséria, o
ódio e a destruição. É precisamente por isto que ele deve ser denunciado, e
sua natureza intrinsecamente má, desmascarada.
O marxismo se disfarçou de filosofia, política e ciência. Apoiou-se na
velha e ultrapassada ciência do século XVIII. O século XX — O Século das
Luzes — trouxe os elementos científicos capazes de suplantar
definitivamente o ateísmo e o materialismo do comunismo. O comunismo
está morrendo. Mas o mundo ocidental acha-se em total colapso moral e
ético. O sistema liberal em todos os sentidos foi executado e
responsabilidade social, praticamente destruída. A religião passou a ser vista
como uma mera traição perfeitamente dispensável e, quiçá, inútil e
dispendiosa. Paralelamente a tudo isso — a essa queda geral das sociedades
e o avanço do comunismo e do ateísmo — notamos o desprezo às religiões e
*
O marxismo inspirou-se nas .”ideias e nos ideais liberais dos iluministas e da Revolução
Francesa.
270
aos seus princípios éticos e morais. Para elaborar esse trabalho, inspirei-me
nas ideias do Deusismo, uma expressão filosófica e cientifica atualizada do
pensamento cristão, que propõe A Revolução do Homem, a mudança geral
nas prioridades dos valores, como meio de deter pacificamente o
comunismo e construir o Familismo, a sociedade ideal na qual todos os
homens sonham estar com a esposa, filhos e parentes. Sendo o homem um
ser divino e possuidor de uma natureza dual — espírito e matéria —, a
sociedade atual deverá sofrer uma radical transformação, Ana qual o
materialismo da sociedade industrial (brilhantemente analisa e criticada pelo
escritor Alvin Toffer em seu “best-seller” A terceira Onda, que fez da
matéria um fim e do homem uma mera peça), venha a tornar-se um simples
meio para a realização da alegria material da humanidade; sendo o seu
supremo fim, a vida espiritual eterna em unidade com Deus, o Nosso Pai.
O Deusismo* propõe uma grandiosa e pacifica revolução. Os
instrumentos dessa revolução são Deus, o amor e a verdade. Provavelmente,
os mais estranhos instrumentos já utilizados em uma revolução. Mas por
certo, os únicos capazes de verdadeiramente nos revolucionar.
*
Deusismo — Teoria Geral. A Arma Ideológica do Mundo Ocidental.
Editora Il Rung, São Paulo, 1986, 195p.
271
NOTAS B IOGRÁFICAS A DICIONAIS
DE MARX E ENGELS
KARL MARX
1. “Marx é um homem extremamente desorganizado: não tem hora para
levantar nem para se deitar. Freqüentemente, passa as noites em claro.
Depois, ao meio dia, deita-se num sofá e dorme ate o anoitecer, sem se
preocupar com as pessoas que estão sempre entrando em sua casa. Sua
esposa é uma mulher culta e simpática, que se acostumou à miséria e a essa
vida boêmia. Tem duas filhas e um filho, menino muito bonito. Quando as
pessoas entram na sua casa, são envolvidos por uma nuvem de fumaça e se
vêem obrigadas a caminhar cautelosamente como se estivessem numa
caverna. Nada disso o constrange, nem à sua mulher; os dois recebem os
visitantes com amabilidade, trazendo-lhes fumo e alguma coisa para beber.
Uma conversa inteligente e amável sua falta de conforto.” (Relatório escrito
por um agente policial que freqüentou a casa de Marx em Londres, em
1852. Ele termina dizendo que a descrição é “um quadro fiel da vida
familiar do comunista Karl Marx”).
2. Marx foi o segundo filho de uma família burguesa bem situada
financeiramente. Entretanto, quatro de seus irmãos morreram tuberculosos
ainda jovens.
3. O governo absolutista de Frederico Guilherme III perseguia os judeus.
Por isso, seu pai Heinrich Marx, converteu-se ao protestantismo. Marx
recebeu batismo evangélico e se tornou antijudeu. Alegava que o sistema
bancário era o monopólio judaico circunciso tem o culto ao dinheiro.
4. Marx quase nascia francês. Três anos antes de seu nascimento, Trier era
de Sarre. Seu pai, portanto, era um judeus-francês do século XVIII que sabia
de cor Rouseau e Voltaire. Por isso Marx era visceralmente prussiano, não
obstante dizer-se internacionalista desde a mocidade. Durante a guerra de
1870 Marx escreveu: “os franceses precisam ser castigados.” Marx tinha um
certo ressentimento dos franceses. Para ele o socialismo cientifico era o
socialismo alemão, a fim de enfrentar o socialismo utópico dos franceses.
272
Por esse motivo, seu pensamento e seu estilo possuem características
alemãs.
5. Iniciou seus estudos elementares no Liceu de Trier. Estudou direito,
mitologia, história, arte e literatura na universidade de Bonn. Levava uma
vida desregrada contra a vontade de seu pai, que o transferiu para a
universidade de Berlim onde estudou antropologia, direito penal, metafísica
e filosofia.
6. Marx era muito calado. Um de seus poucos amigos era Edgar Von
Westphalen. Freqüentando a sua casa, conheceu sua irmã Jenny com quem
casou-se em 1843, em Bad Kreuznach, após sete anos de noivado, embora
toda a família dela fosse contraria ao casamento. Jenny foi sua amiga de
infância. Quatro anos mais velha que ele, a bela baronesa Jenny Von
Westphalen era conhecida nos meios sociais de Trier como “a princesa
encantada.” Era filha de um conselheiro da regência prussiana e descendente
de uma grande família escocesa, os Argyll-Campbell. O pai de Jenny
chamava-se Ludwing Von Westphalen, foi sub-prefeito do departamento
francês de Elba. Jenny teve um irmão (Ferdinand) que foi ministro do
interior do reino da Prússia.
7. Marx afastou-se do meio aristocrático e burguês que freqüentava. Talvez
por não ser aceito ao seu orgulho, par evitar a submissão e a vergonha da
dependência.
8. Teve uma vida miserável. A doença e a fome o atormentava e a toda sua
família. Numa carta a Engels de 1852, escreveu: “minha mulher esta doente.
Minha filha Jenny esta doente. Heleninha (a fiel criada de sua mulher) está
com uma espécie de febre nervosa. Não pude e não posso chamar o medico,
por falta de dinheiro. Há oito dias sustento minha família com pão e batata,
mas pergunto a mim mesmo se poderei comprar pão e batata amanhã.”
Noutra ocasião contraiu empréstimos para comprar o berço de uma filha, o
ataúde para a mesma filha. Oficiais de justiça penhoraram os móveis de sua
casa. Marx vendeu a baixela de prata de sua esposa e chegou a empenhar até
mesmo o seu sobretudo para fugir da fome. Leuchen, a governanta, jamais
recebeu um centavo pelos serviços.
9. Na época em que residia em Londres, morava em sua casa uma jovem
alemã chamada Helena Demuth (Heleninha). Helena é nove anos mais nova
que Jenny e cinco mais nova de Marx. Posteriormente, descobriu-se que
273
Helena e Marx apaixonaram-se tiveram um filho que veio a chamar-se Fritz
Demuth.
10. Marx chegou a pedir a nacionalidade inglesa. Os ingleses negaram e o
tratavam como prussiano.
11. A 21 de janeiro de 1858, Marx escreveu a Engels sua opinião sobre o
casamento com uma certa ironia: “Levo a vida mais triste que se possa
imaginar. Muito pior! Não há tolice maior para quem tem aspirações sociais,
do que casar-se e vender-se às pequenas misérias da vida domestica.”
12. Aos trinta e três anos defende a sua tese doutoral A Filosofia em
Demócrito e Epicuro e a dedica a seu sogro Ludwing Von Westphalen. Na
tese pronuncia-se a favor de Epicuro, “campeão da liberdade de consciência
contra o determinismo de Demócrito.” Escreve muito nessa época.
13. Desejava conseguir um lugar catedrático e lecionar filosofia. Defende
sua tese brilhante, mas não é nomeado por motivos políticos: as
universidades não admitiam mestres que seguissem as ideias de Hegel.
14. Começa a dedicar-se ao jornalismo. Escreve artigos para os Anais
Alemães dirigidos por um amigo seu chamado Arnold Ruge. A censura
impede a publicação da matéria. Colabora com Reinisch Zeitung da cidade
de Colônia. Torna-se diretor do jornal em 1842, mas devido a um violento
artigo seu contra absolutismo russo, o governo fecha o jornal.
15. Muda-se para Paris, une-se outra vez a Arnold Ruge e funda a revista
Anais Franco-Alemães. A revista não passa do primeiro número no qual
aparecem dois artigos de Engels, também prussiano e hegeliano de esquerda
dois anos mais novo que Marx. Esse foi o primeiro contato entre ambos.
16. Em fins de 1844, escreve para a revista Vorwaerts em Paris, as opiniões
da revista irritam o governo de Frederico Guilherme IV, imperador da
Prússia. Pressionado, o governo francês expulsa os principais colaboradores
da revista. Marx e Engels são expulsos da França em 1845. seguem para
Bélgica; em Bruxelas, Marx instala-se com a família.
17. Em Bruxelas fundaram a Sociedade dos Trabalhadores Alemãs.
Adquirem um seminário. Entram para Liga dos Justos, sociedade secreta de
operários alemães, com filiais por toda a Europa. Em 1847, no II Congresso
274
da Liga, recebem a incumbência de redigir o Manifesto Comunista.
Baseando-se num Trabalho de Engels chamado Os Princípios do
Comunismo, Marx escreve o Manifesto e o envia par Londres em 1848.
18. Pouco tempo depois Marx e Jenny são presos e expulsos da Bélgica. Em
maio de 1848, viajam para Colômbia de onde são novamente expulsos em
1849. Marx, Jenny e três filhos viajam para Londres na mais negra miséria.
19.Sobrevivem colaborando com jornais. Inclusive, o New York Tibrune.
Nesse período morrem três de seus filhos: Guido, Francisco e Edgar.
Escreve: “só agora sei que é mesmo uma verdadeira desgraça.” Candidatase a uma vaga de escriturário na Companhia de Estrada de Ferro
(lembremos que Marx era um intelectual doutorado), mas a vaga lhe foi
negada devido à sua péssima letra.
20. Apesar da crise consegue publicar, com a ajuda de Engels, o primeiro
volume de O Capital.
21. Em 1864, funda a Associação Internacional dos Trabalhadores (A I
Internacional). As dissidências internas e o seu terrível gênio a dissolvem
em 1876.
22. No final de sua vida escreve o seu gênero Paul Lamargue: “Eu não sou
marxista.”
23. Diminuem suas atividades. Morre Jenny, sua esposa em 1881. Em 1883,
morre a outra Jenny, sua Filha. Seu estado de saúde de agrava. Marx
escreve: “Como a vida é insípida e vazia. Mas como é desejável...” um
edema pulmonar o consome. Uma inflamação na garganta o impede de falar
e de se alimentar. Morre a 14 de março de 1883, aos 65 anos em Londres,
em extrema miséria.
FRIEDRICH ENGELS
1. Engels era um burguês refinado. Seu pai, um grande industrial de tecidos
de Ruhr. Era Lutero e desejava que Engels se tornasse um homem de
negócios. Sob a influência do romantismo, engels percebeu o espetáculo da
miséria operaria em Ruhr. Seu pai o envia para Manchester, Inglaterra, a fim
de administrar uma de suas manufaturas de algodão. Entretanto, sendo um
burguês, nada faz.
275
2. Em sua mocidade Engels entrou para a Universidade de Berlim, mas
nunca de diplomou.
3. Conheceu Marx em Colônia. Nessa época, engels já era comunista.
4. Casa-se com Mary Burns, uma operaria militante. Escreve artigos no
Vorwaerts, os quais reúne no seu livro A Situação da Classe Operaria na
Inglaterra.
5. Encontrou-se pela segunda vez com Marx em 1844, em Paris, onde Marx
morava à rua Vaneau. Nessa época, tinha vinte e quatro anos e Marx, vinte e
seis.
6. Começa a ajudar Marx financeiramente. Marx escreve nessa época:
“Graça a ti, somente tenho podido fazer tudo isso.” Estabeleceram algum
pacto desconhecido. Marx escreve: “A única ideia que me encoraja nesta
situação, é que nós somos sócios no mesmo negócio.” Elaboram vários
panfletos juntos. Viajam juntos para estudar o capitalismo na Inglaterra.
Fundam um centro de propaganda comunista. Vive entre Paris e Bruxelas de
1845 a 1846, trabalha intensamente. Participa do I Congresso da Liga dos
Justos de tendência Babeufista (de Babeuf).
7. m 1848 publica o New Reinisch Zeitung. Após o malogro das revoluções
alemães, refugiou-se na Suíça.
8. m 1850 assume a gerencia da industria paterna em Manchester. Até 1870
vive essa dupla atividade. Torna-se o principal acionista da firma “Ermen e
Engels.” Paralelamente, com sua mulher Mary Burns e alguns militares
ingleses, atuam em prol da emancipação operária. Continua a
correspondência e ajuda financeira a Marx.
9. Mary Burns morre em 1869. Engels abandona a sociedade “Ermen e
Engels” e vai juntar-se a Marx em Londres, tornando-se seu vizinho. É aí
que suas ideias e seus trabalhos se completam.
10. Quando Marx morreu, Engels abandonou muito dos seus próprios
trabalhos para dedicar-se quase exclusivamente à publicação de O Capital.
11. Em 1883 escreve sobre Marx: “Essa cabeça genial parou de pensar.”
12. Engels morre em 1895.
276
AGRADECIMENTOS
Nenhuma obra humana é produto de um só homem. Esse fato é maravilhoso
porque nos proporciona a alegria de agradecer. Eis porque fiz questão de
externar meus agradecimentos:
– Ao amigo e irmão Daniel Consulino, por suas valiosas críticas e
sugestões durante os trabalhos de revisão dos originais deste texto;
– Ao professor Cesário Morey Hossri, por sua gentil atenção ao aceitar
prefaciar o trabalho de um aprendiz, bem como por suas agradáveis e
estimulantes palavras;
– À equipe da CAUDA International e da CAUSA Brasil, pela
concessão para utilização de seus textos exclusivos e inéditos sobre o
Deusismo, como também tenho sido convidado como conferencistas ou
como assistente.
Não posso, ainda que o deseje, agradecer nominalmente a todos
quantos trabalharam comigo neste livro, especialmente os escritores da
bibliografia, cujas obras fortalecem-lhe os fundamentos. Assim, sendo,
meus sinceros agradecimentos a todos, e que este livro venha a representar
um degrau a mais, conquistado na nossa luta pela paz de Deus e da
Humanidade.
Muito obrigado.
Léo Villaverde
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