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ISSN 1517-8595 volume 6, número 2, julho - dezembro, 2004 Universidade Federal de Campina Grande Centro de Tecnologia r Recursos Naturais Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Brazilian Journal Agro-industrial Products UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE Reitor: Thompson Fernandes Mariz Vice-Reitor: José Edilson de Amorim ISSN 1517-8595 Campina Grande, PB v.6, n.2, p.101-190, 2004 PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Pró-Reitor: Michel François Fossy EDITOR Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS Diretor: João Batista Queiroz de Carvalho EDITOR ASSISTENTE Maria Elita Martins Duarte CORPO EDITORIAL Alexandre José de Melo Queiroz - DEAg/UFCG/Paraíba Carlos Alberto Gasparetto - FEA/UNICAMP/São Paulo Evandro de Castro Melo - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Santos e Silva - DEAg/UFCG/Paraíba José Helvécio Martins - DEA/UFV/Minas Gerais Jose Manuel Pita Villamil - DB/UPM/Espanha Josivanda Palmeira G. de Gouveia - DEAg/UFCG/Paraíba Leda Rita D'antonino Faroni - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Cardoso Almeida - DEAg/UFCG/Paraíba INFORMAÇÕES GERAIS A Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais é publicada semestralmente, podendo editar números especiais caso exista essa necessidade. A Revista tem por objetivo divulgar trabalhos técnicos científicos, técnicos, notas prévias e textos didáticos, originais e inéditos, escritos em português, espanhol e inglês, nas áreas do conhecimento em: Propriedades Físicas dos Materiais Biológicos; Armazenamento e Secagem de Produtos Agrícolas; Automação e Controle de Processos Agroindustriais; Processamento de Produtos Agropecuários; Embalagens; Qualidade e Higienização de Alimentos; Refrigeração e Congelamento de Produtos Agrícolas e Processados, além do Desenvolvimento de Novos Equipamentos e de Produtos Alimentícios. Os artigos publicados na Revista estão indexados no AGRIS AGROBASE e no CAB ABSTRACT. INFORMACIONES GENERALES Lincoln de Camargo Neves Filho - FEA/UNICAMP/São Paulo Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - EMBRAPA/Paraíba Rogério dos Santos Serôdio - CEPLAC/Bahia Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Sandra Maria Couto - DEA/UFV/Minas Gerais Satoshi Tobinaga - FEA/UNICAMP/São Paulo Silvio Luis Honório - FEAGRI/UNICAMP/São Paulo Tetuo Hara - CENTREINAR/Minas Gerais Vicente de Paula Queiroga - EMBRAPA/Paraíba Vivaldo Silveira Junior - FEA/UNICAMP/São Paulo REVISÃO DE TEXTOS Português: Marli de Lima Assis José Salgado de Assis Inglês: Ápio Cláudio de Lima Assis REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Renato Fonseca Aragão Os assuntos, dados e conceitos emitidos por esta Revista, são da exclusiva responsabilidade dos respectivos autores. A eventual citação de produtos marcas comerciais não significa recomendação de utilização por parte da Revista. REVISTA BRASILEIRA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS PUBLICAÇÃO SEMESTRAL Av Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 La Revista Brasileña de Productos Agroindustriales tiene una edición semestral, pudiendo editar números especiales caso exista esta necesidad. La Revista tiene por objetivo hacer una divulgación de los trabajos científicos, técnicos, notas previas y textos didácticos, originales e inéditos, escritos en portugués, español o ingles, en las áreas de conocimiento en: Propiedades Físicas de los Materiales Biológicos; Almacenamiento y Secado de Productos Agrícolas; Automación y Control de los Procesos Agroindustriales; Procesamiento de los Productos Agro-pecuarios; Embalajes; Calidad y Higienización de los Alimentos; Refrigeración y Congelamiento de los Productos Agrícolas y Procesados, así como también el Desarrollo de nuevos Equipos y de nuevos Productos Alimentares. Los artículos publicados en la Revista están indexados en AGRIS AGROBASE y en el CAB ABSTRACT. GENERAL INFORMATION The Brazilian Journal of Agro-industrial Products will have a has a semestral edition, but it can have special numbers if this is necessary. The purpose of the Journal is to spread Scientific and technical works, previous notes and didactic, original and unpublished works, written in Portuguese, Spanish and English about Physical Proprieties of Biological Materials; Storage and Drying of Agricultural Products; Automation and Control of Agro-industrial Processes; Processing of Vegetal and Animal Products; Packing; Quality and Healthily of Foods; Refrigeration and Freezing of Agricultural Products already processed besides the Development of New Equipment FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais/ Brazilian Journal Agro-Insustrial Products v.6, n.2, (2004). Campina Grande: Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e Tecnologia, 2004. Campina Grande, Volume 6, Número 2, Julho-Dezembro, 2003. Semestral ISSN 1517-8595 ISSN 1517-8595 Tiragem 500 exemplares. CAPA: manga, mangueira Site da RBPA http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa. 1. Engenharia Agroindustrial-Períodicos. 2. Agroindústria. 3. Produtos Agroindustriais. 4. Engenharia de Alimentos. 5. Engenharia Agrícola. CDD 631.116 ISSN 1517-8595 Volume 6, Número 2, Julho-Dezembro, 2004 SUMÁRIO/ CONTENTS Artigos Científicos Página PROPRIEDADES FÍSICAS E SECAGEM DE CASULOS DO BICHO-DA-SEDA EM LEITO FIXO: UMA INVESTIGAÇÃO TEÓRICA E EXPERIMENTAL (Physics properties and drying cocoons in fixed bed: A theoretical and experimental investigation) Pedro Ronaldo Herculano de Holanda, Sandoval Farias da Mata, Antônio Gilson Barbosa de Lima ......................... 101 OSMOTIC DEHYDRATION OF MAPARÁ CATFISH (Hypophthalmus edentatus) FILLETS EFFECT OF TERNARY SOLUTION (Desidratação osmótica de filés de mapará (Hypophthalmus edentatus) : Efeito de soluções ternárias) Suezilde da Conceição Amaral Ribeiro, Satoshi Tobinoga ...................................................................... 115 SECAGEM E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CABEÇA DE CAMARÃO ( Litopenaeus vannamei Boone) A DIFERENTES TEMPERATURAS ( Drying and chemical composition of the shrimp head ( Litopenaeus vannamei Boone) at different temperatures) Alessandra Almeida Castro, German Dario Pagani ............................................................................ 123 OTIMIZAÇÃO DE EXTRAÇÃO DE INULINA DE RAÍZES DE CHICÓRIA ( Optimization of inulin extraction from chicory roots) Rafael Augustus de Oliveira, Kil Jin Park, Marcos Choratto, Kil Jin Brandini Park, Regina Isabel Nogueira ................ 131 INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DE SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS NO SINAL FOTOCÚSTICO DE POLPA DE MANGA (Influence of the total soluble concentration in the photoacoustic sign of mango pulp) Waldemir Soares da Costa, Jose Suassuna Filho, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Alexandre José de Melo Queiroz ........................................................................................................................... 141 ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE UMIDADE DE FARINHAS DE MANDIOCA TEMPERADAS (Moisture adsorption isotherms of spiced cassava flour) Francislei Santa Anna Santos, Rossana Maria Feitosa de Figueiredo, Alexandre José de Melo Queiroz . ................. RELAÇÃO ENTRE PERÍODO DE PÓS-COLHEITA VIDA E PRATELEIRA RÚCULA (Relation the post harvest time and the shelf the refrigeration of rocket) 149 NO RESFRIAMENTO DE Lineu L. Pataro, Vivaldo Silveira Júnior ...................................................................................... 157 ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DA UNIDADE PILOTO DE REFRIGERAÇÃO NO ARMAZENAMENTO DE CEBOLA (Technical and economic analysis of the refrigeration pilot unit in the storage of onion ) Mabel Ribeiro Sousa, Joás Oliveira de Meneses, Jorge Wellington Menezes Martins, Marcos Fábio de Jesus, Marcelo A. Gutierrez Carnelossi, Gabriel Francisco da Silva ........................................................................... 165 CALOR ISOSTÉRICO DA POLPA DE BANANA VARIEDADES MAÇÃ E NANICA (Isoteric heat of the apple and tiny varieties banana pulp) José Cleidimário Araújo Leite, Manasses Mesquita da Silva, Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Juarez Paz Pedroza ......................................................................................... 171 TEOR DE ÁGUA LIMITE PARA CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE ALGODÃO ARBÓREO VARIEDADE 6M ( Limit water text to cryoconservation of the arboreal cotton seeds 6M - Mocó white variety) Mário Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria do Socorro Rocha, Maria Elita Martins Duarte .............................. 179 FARIAS, Raimundo Pereira de; SANTIAGO, Deivton Costa; HOLANDA, Pedro Ronaldo Herculano de; LIMA, Antonio Gilson Barbosa de. Drying of grains in cross flow conveyor dryer: A numerical solution using finite-volume method Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.1, p.1-14, 2004. LESCANO, César Augusto Agurto; TOBINAGA, Satoshi. Modelo codificado e real para a difusividade efetiva da secagem do resíduo do extrato hidrossolúvel de soja. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.1, p.15-23, 2004. CORRÊA, Paulo César; PÉREZ, Jose Luis de La Plaza; RIBEIRO, Deise Menezes; FURTADO, Bruno Fernandino. Post harvest maturity of avocados evaluated by nondestructive tests. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.1, p.25-31, 2004. GOUVEIA, Josivanda Palmeira Gomes de; ALMEIDA, Francisco de Assis Cardoso; MEDEIROS, Bartolomeu Garcia de Souza; RIBEIRO, Carmelita de F. A.; DUARTE, Simone Mirtes Araújo. Determinação de características físico-químicas da goiaba: Goiabeiras adubadas no semi-árido da Paraíba. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.1, p.33-36, 2004. CORRÊA, Paulo César; ANDRADE, Ednilton Tavares de; AFONSO JÚNIOR, Paulo César. Propriedades térmicas da massa granular de milheto, alpiste e painço: Determinação e modelagem. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.1, p.37-43, 2004. MEDEIROS, Bartolomeu Garcia de Souza; GOUVEIA, Josivanda Palmeira Gomes de; ALMEIDA, Francisco de Assis Cardoso; RIBEIRO, Carmelita de F. A.; DUARTE, Simone Mirtes Araújo. Características físicas da goiaba (Psidium guajava l.): Efeito da adubação nitrogenada. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.1, p.45-52, 2004. LUCENA, Eliseu Marlônio Pereira de; SILVA JÚNIOR, Antenor; SILVA, Ana Maria Chaves da; CAMPELO, Izabel Karine Monteiro; SOUSA, Jonas dos Santos; COSTA, Ticiana Leite; MARQUES, Luciana Façanha; PAIXÃO, Francisco Jardel Rodrigues da. Uso de etileno exógeno na maturação da banana variedade prata-anã. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.1, p.53-58, 2004. OLIVEIRA, José Rildo de; CAVALCANTI MATA, Mário Eduardo R.M.; DUARTE, Maria Elita Martins. Isotermas de dessorção de grãos de feijão macassar verde (Vigna unguiculata (L.) Walpers), variedade sempre-verde. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.1, p.59-68, 2004. PARK, Kil Jin; TUBONI, Christiane Tanigawa; OLIVEIRA, Rafael Augustus de; PARK, Kil Jin Brandini. Estudo da secagem de caqui giombo com e sem encolhimento. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.1, p.69-84, 2004. FREITAS, Jean Carlos de Oliveira; QUEIROZ, Alexandre José de Melo; FIGUEIRÊDO, Rossana Maria Feitosa de; RODRIGUES, Adriana Evangelista. Combinações de mel e acerola em pó: Avaliação reológica. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.1, p.85-93, 2004. DRYING OF GRAINS IN CROSS FLOW CONVEYOR DRYER: A NUMERICAL SOLUTION USING FINITE-VOLUME METHOD (Secagem de grãos em secador de esteira e fluxos cruzados: uma solução numérica usando o método dos volumes finitos) Raimundo Pereira de Farias, Deivton Costa Santiago, Pedro Ronaldo Herculano de Holanda, Antonio Gilson Barbosa de Lima MODELO CODIFICADO E REAL PARA A DIFUSIVIDADE EFETIVA DA SECAGEM DO RESÍDUO DO EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA (The real and codified mathematical models of the effective diffusivity of soy hydrosoluble extract residue) César Augusto Agurto Lescano, Satoshi Tobinaga POST HARVEST MATURITY OF AVOCADOS EVALUATED BY NON-DESTRUCTIVE TESTS (Estágio de maturação na póscolheita de abacates avaliado por processos não destrutivos) Paulo Cesar Corrêa, Jose Luis de la Plaza Pérez, Deise Menezes Ribeiro, Bruno Fernandino Furtado DETERMINAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DA GOIABA: GOIABEIRAS ADUBADAS NO SEMI-ÁRIDO DA PARAÍBA (Physical and chemical characteristics determination of the guava: fertilized guava tree in the semi-arid region of the Paraíba) Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Bartolomeu Garcia de Souza Medeiros, Carmelita de F. A. Ribeiro, Simone Mirtes Araújo Duarte PROPRIEDADES TÉRMICAS DA MASSA GRANULAR DE MILHETO, ALPISTE E PAINÇO: DETERMINAÇÃO E MODELAGEM (Thermal properties of the granular mass of millet, canary-seed and pearl millet: determination and modeling) Paulo Cesar Corrêa, Ednilton Tavares de Andrade, Paulo Cesar Afonso Júnior CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA GOIABA (Psidium guajava L.): EFEITO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA (Physical characteristics of the guava (Psidium guajava l.): effect of the manuring nitrogen) Bartolomeu Garcia de Souza Medeiros, Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Carmelita de F. A. Ribeiro, Simone Mirtes Araújo Duarte USO DE ETILENO EXÓGENO NA MATURAÇÃO DA BANANA VARIEDADE PRATA-ANÃ.. (Use of exogene ethilene in the banana variedade prata-anã maturation) Eliseu Marlônio Pereira de Lucena, Antenor Silva Júnior, Ana Maria Chaves da Silva, Izabel Karine Monteiro Campelo, Jonas dos Santos Sousa, Ticiana Leite Costa, Luciana Façanha Marques, Francisco Jardel Rodrigues da Paixão ISOTERMAS DE DESSORÇÃO DE GRÃOS DE FEIJÃO MACASSAR VERDE (VIGNA UNGUICULATA (L.) WALPERS), VARIEDADE SEMPRE-VERDE. (Equilibrium moisture content of cowpea (vigna unguiculata (l.) walpers), always-green variety) José Rildo de Oliveira, Mário Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte ESTUDO DA SECAGEM DE CAQUI GIOMBO COM E SEM ENCOLHIMENTO (Drying study of persimmons with and without shrinkage) Kil Jin Park, Christiane Tanigawa Tuboni, Rafael Augustus de Oliveira, Kil Jin Brandini Park COMBINAÇÕES DE MEL E ACEROLA EM PÓ: AVALIAÇÃO REOLÓGICA (Mixture of honey with acerola powder: Rheological evaluation)) Jean Carlos de Oliveira Freitas, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Adriana Evangelista Rodrigues Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 ISSN 1517-8595 101 PROPRIEDADES FÍSICAS E SECAGEM DE CASULOS DO BICHO-DA-SEDA EM LEITO FIXO: UMA INVESTIGAÇÃO TEÓRICA E EXPERIMENTAL Pedro Ronaldo Herculano de Holanda1, Sandoval Farias da Mata2, Antonio Gilson Barbosa de Lima3 RESUMO A Sericicultura (criação do bicho-da-seda) é uma atividade que se encontra atualmente em fase de desenvolvimento no mundo inteiro, gerando emprego, renda agrícola e intercâmbio comercial. O casulo produzido pelo Bombix mori L. é constituído de casca, crisálida e espólio, sendo a casca, constituída basicamente de sericina e fibroina. Devido ao alto teor de umidade (68 a 70%, em base úmida) e o curto ciclo de vida da crisálida (4 a 5 dias, após a colheita), o casulo precisa ser submetido ao processo de secagem, a fim de ser armazenado com baixo teor de umidade, e posteriormente ser utilizado na indústria de fiação, gerando desta forma produtos de alto valor comercial. O objetivo deste trabalho é estudar o casulo do bicho-da-seda, com particular referência as dimensões, densidade, porosidade e secagem em leito fixo. Foram realizados experimentos de secagem em leito fixo nas temperaturas de 90, 83 e 70 C, e fluxo de ar de 2,318, 1,325 e 0,552 m3/(s m2), para a espessura do leito de 2,0, 4,0 e 5,5 cm. Fez-se regressão não-linear utilizando o modelo exponencial e estudou-se o comportamento do teor de umidade do produto como uma função do tempo. Concluiu-se que: a porosidade média do casulo é de 0,147; a densidade média é de 158,64kg/m3, a massa média de um casulo é de 1,52g; o teor de umidade do produto depende fortemente da temperatura do ar de secagem, levemente da espessura da camada de casulos e, praticamente independe da velocidade do ar de secagem; apresenta um período de secagem à velocidade constante e outro à velocidade decrescente, e o modelo exponencial proposto se ajusta bem aos dados experimentais, apresentando um alto coeficiente de determinação (0,99). Palavras-chave: secagem, casulo, bicho-da-seda, experimento, simulação PHYSICAL PROPERTIES AND DRYING OF SILKWORM COCOONS IN FIXED BED: A THEORETICAL AND EXPERIMENTAL INVESTIGATION ABSTRACT The Sericiculture (breeding of the silkworm) is an activity in development in all the world-, generating job, agricultural financial support and commercial exchange. Shell, chrysalis and booty constitute the cocoon produced by Bombix mori L. The shell is composed of fibroin and sericin. The cocoon has high initial moisture content (68-70% w.b.) and a low life cycle of the chrysalis (4-5 days after harvested). Then, it needs to be submitted to the drying process and be stored at low moisture content and after it needs to be marketed to produce silk yarns, which are used on the manufacturing of high cost products. The purpose of this work is to study the silkworm cocoon, mainly the dimensions, density, porosity and drying kinetic in fixed bed dryer. Drying experiments were carried out in air temperatures of 90, 83 and 70C, airflow rates 2.318, 1.325 and 0.552 m3/(s m2), and layer thickness 2.0, 4.0 and 5.5 cm. Non-linear regression trough utilizing the exponential model was done and the humidity content behavior of the product was studied as been a time function. It was ended that: the average porosity is 0.147; density is 158.64 kg/m3; mass of one cocoon is 1.52g; the humidity content depends on the air temperature; it is almost not affected by air flow rate, and it is affected slightly by the cocoon layer thickness. The exponential model agrees well to the experimental data with a high correlation coefficient (>0.99). Keywords: drying, cocoon, silkworm, experimental, simulation __________________________________________ Protocolo 570 de 30 /09 / 2004 1 Doutorando em Engenharia de Processos, CCT, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande-PB, Brasil. 2 3 Pesquisador Sênior Doutor, SICTCT, Governo do Estado da Paraíba Professor Doutor do Departamento de Engenharia Mecânica, CCT, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), CEP 58109-970, Cx. Postal 10069, Campina Grande-PB, Brasil. Fone (083) 310-1317, e-mail: [email protected] 102 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... INTRODUÇÃO Holanda et al. Características físicas, químicas e tecnológicas do casulo e fio de seda Espécies e ciclo vital do bicho-da-seda A sericicultura (criação do bicho-daseda) é uma atividade multimilenar. Pouco a pouco, a sericicultura, vinda do Oriente, e, com o avanço das pesquisas científicas e da extensão tecnológica, está se firmando em todo o mundo, tornando-se uma atividade, relativamente, econômica com a produção mundial de casulos verdes, bastante significativa. No Brasil, a produção deste produto está concentrada nos estados de São Paulo e Paraná. No mundo, são conhecidas oito espécies de bicho-da-seda, criados com a finalidade de produzir fios de seda. Atualmente, são produzidas quatro espécies de sedas naturais de origem animal: a seda produzida pelo Bombix mori L., animal que se alimenta da folha da amoreira, que é a mais importante e contribui com 95% do total da produção mundial; e as produzidas pelas Mouga, Eri e Tasar, responsáveis pelos 5% restantes. A Mouga, a Eri e a Tasar são considerados bichos-da-seda selvagens e alimentam-se de diversas outras espécies de plantas, tais como carvalho, mamoneira, etc. O Bombix mori L., durante sua vida, passa por quatro estágios: ovo, larva, pupa (crisálida) e imago (mariposa). A larva, nascida de um ovo, com menos de 0,5 mg de peso, alimentando-se com folhas de amoreira, dentro de mais ou menos quatro semanas, cresce mais de 10 mil vezes em relação ao seu peso inicial (Fonseca & Fonseca, 1988). Durante esse período, o bicho-da-seda normal exuvia (troca de pele) quatro vezes; e ao final começa a fiar a seda, pelo orifício de sua fiandeira, a uma razão de 10 a 15 cm/min (Olney, 1947), e tece o casulo (invólucro de seda, em que se abriga a larva, para, no seu interior, se proteger dos agentes externos). O comprimento dos fios de seda nos casulos varia normalmente de 800 a 1500 metros, com espessura de 0,002 mm (Hanada & Watanabe, 1986). A larva, dentro do casulo, através da metamorfose, transforma-se em pupa (ninfa ou crisálida) e esta, em mariposa, que, com auxílio de um suco alcalino secretado do estômago, umedece a casca do casulo, amolecendo-a e facilitando, assim, o rompimento para sua saída (Figuras 1). O casulo verde produzido pelo Bombix mori L. é composto de três partes: a casca, a pupa (crisálida) e a exúvia (despojos). A massa do casulo varia de 1,5 à 2,5 g (Fonseca e Fonseca, 1988). Conforme a raça do bicho-daseda (Chinesa, Japonesa ou Indiana) podem ser diferentes, a cor e o tipo ou conformação do casulo. A cor dos casulos pode apresentar diversas tonalidades das seguintes cores: branco, rosado, amarelo (cor de ouro) ou esverdeada. Figura 1 - Casulo do bicho da seda, incluindo a casca, a crisálida e o espólio. Em relação à forma geométrica, pode ser, esférica, oval ou elipsoidal, cintada, e ocasionalmente, pode ser também pontiaguda ou fusiforme (Figura 2). A casca do casulo é composta de 17 ~ 24% em massa, enquanto que a crisálida de 76 ~ 83%, sendo que nos casulos verdes, o teor de umidade inicial na casca é de cerca de 11 a 14% (b.u.) e para a crisálida este teor varia entre 74 à 78% (b.u.) (Shiruo, 1986). Desta forma, a secagem de casulos, em que pese o alto preço de mercado da seda natural, bem como sua elevada aceitabilidade dos mercados nacional e internacional, passa a ter relevante importância na medida em que, para fins de comercialização, este produto precisa ser armazenado, em local bem seco, (baixa umidade), de forma que possa evitar, tanto a sua deterioração, como também a produção de fungos e da ação de outros microorganismos, que contribuem, significativamente, para sua decomposição com conseqüente perda. Posteriormente, este produto é utilizado como matéria-prima de fábricas de fiar seda, para produção contínua de certos produtos de alto valor comercial. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... Figura 2 – Formas de casulos do bicho-da-seda O comportamento dos casulos verdes, durante o processo de secagem tem sido estudado (Lima, 1995; Tsukada, 1978; Takahashi, 1987; Marsh, 1948; Bansal e Garg, 1987; Haper, 1921; Olney, 1947; Molnar et al., 1962; Lima e Mata, 1995; Lima e Mata, 1996; Lima e Mata, 1997; Lima et al., 1997; Shiruo, 1986; Shi-ruo et al., 1992; Thangavel et al., 1996). De acordo com Shiruo (1986), o casulo verde, produzido pelo bicho-da-seda, Bombix mori L., tem um comportamento especial na secagem, apresentando dois períodos, o período de secagem com velocidade constante e o de velocidade decrescente, sendo este último menos percebido. A quantidade de água removida, dependendo da temperatura de secagem, pode alcançar os 65% em peso, para uma temperatura de 80C (Bansal e Garg, 1987), o que acarreta uma modificação relativa embora pequena, no volume dos casulos, mas muito acentuada, na crisálida. Então, durante a secagem, o volume do leito de casulos permanece, praticamente, constante e quase nenhum encolhimento é verificado. Para Tsukada (1978), a seda bruta, quando submetida a temperatura acima de 80C e por tempo prolongado, perde em peso, pela volatilização endotérmica da sericina, e, também, sofre variação na sua cor. As variações são de branco para amarelo luminoso, amarelo profundo, marrom luminoso e preto ( 190 C). De acordo com Takahashi (1987), a operação de secagem deve ser feita no ponto ideal, isto é, na temperatura certa para matar a crisálida, deixar os casulos em condições ideais de armazenamento e possibilitar a transformação física da sericina, com conseqüente retirada do fio de primeira qualidade. Segundo Harper (1921) e Olney (1947), os casulos podem ser postos para secar em Holanda et al. 103 temperatura na faixa de 70 a 80C, com vapor ou ar quente. Quando são secados com vapor, os casulos se mantêm úmidos por um certo período de tempo (10 a 15 min), e a seguir são postos em locais apropriados até que fiquem secos. De acordo com Marsh (1948), o procedimento é aquecer o casulo por 10 min em vapor ou em um forno à temperatura na faixa de 60 a 70 oC por 3 horas, tal resultado está em concordância com os valores apresentados por Silva citado por Lima et al. (1998), que reporta um período de 3 horas, para secagem à 75 C. Bansal e Garg (1987), reportam que o teor de umidade inicial dos casulos variam de 68 a 70% (b.u.), e o teor de umidade final varia de 10 a 12% (b.u.), quando são submetidos a secagem à 80 C. Verifica-se então uma redução de 58% da umidade do produto ao final do processo de secagem. Molnár et al. (1962) citam experimentos controlados com métodos radioativos, os quais indicam que, em comparação com o tratamento de aquecimento usual de 90 ~ 96C, a utilização de ondas eletromagnéticas do tipo radiação (Gama) como fonte de energia para o aquecimento dos casulos, resulta numa alta taxa de mortalidade das crisálidas do bicho-da-seda Bombix mori L. Shi-Ruo et al. (1992), realizando estudos preliminares de secagem de casulos, em leito fixo, em dois estágios e em estágio simples, com vapor superaquecido, concluíram que a taxa de secagem deste produto é mais rápida se comparada com a obtida com ar quente, nas mesmas condições termodinâmicas. Segundo os autores, esta nova técnica oferece uma alternativa viável para secagem do produto, mas com a ressalva de que ela precisa ainda ser estudada com maior ênfase. Thangavel et al. (1996), estudando o processo de secagem e sufocamento de casulos para longa armazenagem, concluíram que: a) usando ar quente a 80 e 90oC, a crisálida poderá ser sufocados por 12 e 10 minutos, respectivamente, que o teor de umidade de equilíbrio do casulo será atingido dentro de duas horas e que os casulos poderão ser armazenados por duas semanas, sem problema; b) usando vapor a 90 oC, os casulos (crisálida) deverão ser sufocados por um período de 20 min. Do exposto, a secagem de casulos, tem por objetivos: a) interromper o processo da metamorfose da crisálida, matando-a. Isto evita a sua saída dos casulos, como mariposa, o que Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 104 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... provoca a perda do casulo pelo rompimento do fio, não sendo possível, para este o processamento visando à produção de linha, servindo apenas para a produção de materiais semelhantes ao algodão; b) eliminar a umidade excessiva deles. A partir da literatura consultada, verificou-se a não existência de resultados das propriedades físicas de casulos do bicho-daseda (densidade, difusividade térmica, condutividade térmica, calor específico, entre outras). Neste sentido, as propostas deste trabalho, são: a) determinar as dimensões, densidades real e aparente, e porosidade destes produtos; b) apresentar um modelo de secagem em camada fina para descrever a perda de água do produto, durante o processo, e c) estudar a cinética de secagem de casulos do bicho-daseda em leito fixo; MATERIAIS E MÉTODOS Os experimentos de secagem em leito fixo e as determinações da porosidade foram realizados no Laboratório de Processos Químicos, do Departamento de Engenharia Química, da Universidade Federal de Campina Grande - Campus I, Campina Grande – PB. Para a realização dos experimentos foram utilizadas amostras de casulos do bicho-daseda, em fase inicial da metamorfose da crisálida, provenientes da Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas do Maringá, localizada no município de Maringá-PR. Determinação das dimensões do casulo Para determinação das dimensões do casulo, foi utilizado o método de amostragem das divisões sucessivas (Foust et al., 1982). Esta técnica consiste em selecionar uma amostra, aleatoriamente, em um grupo de casulos, misturá-la, e dividi-la em quatro partes, aproximadamente, iguais. Em seguida, seleciona-se uma dessas sub-amostras e repetese o processo. Da sub-amostra selecionada na segunda etapa, retirou-se, aleatoriamente, uma amostra de 25 casulos que foi usada para obterse as dimensões do casulo. Este processo foi realizado em triplicata, que, ao final, Holanda et al. totalizaram três amostras de 25 casulos cada uma. Com o uso de um paquímetro foram determinadas, então, as dimensões de cada um dos casulos em três direções, para cada uma das amostras. Em seguida, calculou-se a media amostral e o desvio padrão amostral como segue (Borges et al., 1993): n xi x i 1 n (1a) n 2 xi x s i 1 n 1 (1b) onde x representa a dimensão do casulo e n é o número de elementos em cada amostra. De posse destes dados, calculou-se a média aritmética das médias amostrais e do desvio padrão das médias amostrais. Determinação da Porosidade A porosidade é definida pela razão do volume de espaços vazios ao volume do leito. Conforme a definição, a porosidade se relaciona com a densidade do material por (Gustafson e Hall, citados por Mariz, 1986): a p p 1 (2) onde é a porosidade (decimal); ap é densidade aparente (kg/m3) e p é densidade real do produto (kg/m3). A densidade aparente é definida como a massa de sólido dividida pelo volume do leito, e a densidade real definida pela massa do sólido dividida pelo volume do sólido. Para a determinação da porosidade da massa granular, utilizou-se um picnômetro de comparação a ar, mostrado, esquematicamente, na Figura 3. O princípio do método baseia-se na suposição de assumir o ar como gás perfeito e condições isotérmicas, durante o experimento. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... Holanda et al. 105 Figura 3 – Esquema de um picnômeto de comparação a ar Inicialmente, todo o sistema se encontra à pressão atmosférica. Com o cilindro 2 repleto do produto até o nível máximo, fecha-se a válvula de conexão e injeta-se ar no cilindro 1, por meio de um compressor de ar. Nesse instante, a pressão do ar no cilindro 1, será: Pa1Va1 ma RaTabs (3) onde Pa2 é a pressão no cilindro 2 (Pa); Va2 é o volume de ar no cilindro 2 (m3); ma1 é a massa de ar no cilindro 1 (kg) e ma2 é a massa de ar no cilindro 2 (kg). Todas as pressões são obtidas a partir de um manômetro diferencial, que contém mercúrio como fluido. Pela conservação da massa, tem-se: ma ma1 ma 2 onde Pa1 é a pressão no cilindro 1 (Pa); Va1 é o volume de ar no cilindro 1 (m3); ma é a massa de ar nos cilindros (kg); Ra é a constante particular do gás (J/kgK); Tabs é a temperatura absoluta (K). Quando abre-se a válvula de admissão de ar do cilindro 1 para o cilindro 2, tem-se no cilindro 1: Pa1 Va1 Pa 2V a1 Pa 2 V a 2 Ra Tabs Ra Tabs Ra Tabs Pa 2Va1 ma1RaTabs (4a) e no cilindro 2 : Pa 2Va 2 ma 2 RaTabs (4b) (5) Então: (6) Simplificando a equação (6) obtém-se: Va 2 Pa1 Pa 2 Va1 Pa 2 (7) A densidade aparente foi obtida dividindo a massa de casulo contida no cilindro 2 pelo volume do cilindro. Conhecidas a porosidade e a densidade aparente, a densidade do sólido se obtém a partir da equação (1). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 106 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... Secagem em Leito Fixo A determinação experimental do teor de umidade do produto em função do tempo de secagem foi realizada no equipamento esquemático da Figura 4, conforme o procedimento: a) Escolhe-se a vazão de ar de trabalho mediante a válvula reguladora (a qual é lida, a partir de um rotâmetro, colocado na tubulação) e a temperatura de operação, mediante o uso de um controlador de temperatura; b) São acionados o compressor e o sistema de aquecimento de ar; c) Uma vez atingidas as condições de regime permanente no ar que entra na câmara de secagem, coloca-se nela uma massa de quantidade conhecida, da amostra, contida em suportes que variam de acordo com a altura do leito; d) A amostra (junto com o suporte) é retirada da câmara de secagem, em intervalos regulares de cinco minutos, durante todo o experimento, registrandose a sua massa, as temperaturas de bulbo seco de entrada e saída do ar no leito, bem como as temperaturas e umidade Holanda et al. relativa do ar ambiente nas vizinhanças do secador. As pesagens foram realizadas em uma balança Mettler PC 440, com precisão de leitura de 0,001g. Para retirar o suporte com a amostra, pesá-lo e recolocá-lo na câmara de secagem, transcorria, em média, 10 seg. As temperaturas de bulbo seco de entrada e saída de ar, no leito, foram medidas com termopares e lidas em um voltímetro, enquanto que as temperaturas e umidade relativa do ar ambiente, foram medidas e lidas num medidor LUTRON HT-3003. A pressão atmosférica foi obtida, utilizando um barômetro que usa o Mercúrio como fluido de trabalho. Uma vez que as temperaturas de bulbo seco do ar nas entrada e saída da câmara de secagem foram obtidas em unidades de tensão elétrica, utilizou-se um fator de conversão de 0,0527mV/°C, referente ao termopar de Ferroconstantan usado. A umidade relativa do ar de secagem, foi obtida, indiretamente, a partir do conhecimento das pressões de vapor saturado, parcial do vapor e atmosférica ( Rossi, 1987). A pressão do vapor de saturação foi determinada através da seguinte equação: 2 3 4 d d T 1 2 abs d 3Tabs d 4 Tabs d 5Tabs Pvs 22105649 ,25 Exp d 6 Tabs d7 Tabs 2 (8) Figura 4 - Esquema do secador utilizado na secagem em leito fixo Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... onde d1 = -27405,526; d2 = 97,5413; d3=-0,146244; d4 = 0,12558x10 -3; d5 = -0,48502x10–7; d6 = 4,34903; d7 = 0,39381x10 –2; Tabs é a temperatura de bulbo seco do ar (K) e Pvs é a pressão do vapor saturado (N/m2). A pressão do vapor d’água no ar ambiente, foi determinada, a partir do conhecimento da pressão do vapor saturado e da umidade relativa do ar, através da equação: P UR v Pvs (9) Sendo conhecida a Pv , obteve-se a umidade absoluta do ar nas condições ambiente pela relação: Holanda et al. Pv x 0 ,622 Patm Pv 107 (10) onde Patm é a pressão ambiente (Pa) Durante o processo de aquecimento, a umidade absoluta do ar não se modifica, enquanto que suas temperatura e entalpia sofrem modificações com acréscimos. Assim sendo, com a temperatura de bulbo seco do ar após ser aquecido, determinou-se a nova Pvs pela equação (8), e com o uso da equação (9), obteve-se a umidade relativa do ar, na entrada da câmara de secagem. A Tabela 1 apresenta as várias condições experimentais nas quais o produto foi posto para secar. Nesta tabela, Q é a vazão específica de ar, E é a espessura do leito, T é a temperatura do ar, UR é a umidade relativa do ar e m0 é a massa inicial da amostra de casulo. Tabela 1 - Condições de operação dos experimentos Teste Q (m /s m2) 2,318 2,318 2,318 2,318 2,318 1,325 0,552 E (m) 0,055 0,040 0,020 0,020 0,020 0,020 0,020 3 01 02 03 04 05 06 07 MODELAGEM MATEMÁTICA A equação geral do teor de umidade do produto em função do tempo proposta por Newman, citado por Verma e Noomhorm (1986), pode ser expressa por: a D t A e a 2 D t A e a3 D t .... (11) M A e 1 1 2 T (C) 90 90 90 70 83 83 83 UR (%) 3,67 3,89 4,29 6,50 4,08 4,01 4,89 U Ue a D t A1e 1 M U0 U e m0 (kg) 0,15506 0,09775 0,05235 0,05321 0,05723 0,05533 0,05713 (12) onde U0, Ue são os teores de umidade inicial e de equilíbrio do produto, respectivamente. 3 onde D é a difusividade de massa; Ai; ai são constantes características do produto (i = 1, 2, 3, ...) e M é a razão de umidade. Segundo os autores, a série converge rapidamente, portanto, pode ser representada apenas pelo primeiro termo. Assumindo que a resistência ao fluxo de umidade está concentrada na superfície do material, o autor reporta a seguinte equação: Supondo que, para o casulo, o teor de umidade inicial e em qualquer outro instante, são muito elevados em comparação com o seu teor de umidade de equilíbrio, em quase todo o processo de secagem, pode-se admitir que: M U/U0 com boa exatidão. Assim a equação (12) resume-se a: a D t U A1 e 1 U0 (13) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... 108 ou ainda: U U0 Holanda et al. RESULTADOS E DISCUSSÕES Aek t (14) onde U é o teor de umidade (b. s.); A=A1 é o parâmetro da equação; k = a1D é o parâmetro da equação (min-1) e t é o tempo de secagem (min). Supõe-se ainda que o teor de umidade inicial do produto tenha uma distribuição uniforme no início do processo de secagem, que o parâmetro k seja independente do teor de umidade, e condição do ar de secagem e que nenhum encolhimento ocorreu durante o processo. Dimensões do casulo do bicho-da-seda O casulo, de acordo com as Figuras 1 e 2, tem uma forma elipsoidal. Diante disso, a Tabela 2 apresenta as médias e os desvios-padrão que foram obtidos durante os experimentos, para cada uma das amostras de casulo do bicho-daseda seco e nas condições ambientais. Nesta tabela, a ; b e c são as dimensões dos eixos maior, médio e menor do elipsóide. Vale salientar que os casulos verdes e secos possuem, praticamente, as mesmas dimensões, haja vista que toda a água está concentrada na crisálida e que se encontra no interior deles. Tabela 2 - Dimensões do casulo em cada uma das direções coordenadas Ensaio a (cm) b (cm) c (cm) s a (cm2) sb (cm2) s c (cm2) 01 02 03 Média 2,91 2,89 2,90 2,90 1,67 1,64 1,66 1,66 1,62 1,58 1,60 1,60 0,19 0,19 0,17 0,18 0,12 0,10 0,10 0,11 0,11 0,10 0,09 0,10 Porosidade e densidade dos casulos Para a determinação da porosidade e densidade dos casulos do bicho-da-seda, foram feitos 7 experimentos, com teor de umidade de 68% (b.u.). Uma porosidade média de 0,147, densidade do produto igual a 158,64kg/m3 e a densidade aparente de 135,32kg/m3 foram obtidas. A densidade aparente foi obtida, dividindo-se a massa média de casulos, contida no cilindro 2 (0,25575 kg), pelo volume dele (1,890 litros). Além disso, obteve-se uma massa média dos casulos de 1,52g, resultado este em concordância com o apresentado por Fonseca e Fonseca (1988). Verificou-se que a massa da casca do casulo é de 0,22g e a quantidade de água presente nela é de 0,07g. Com isto, obteve-se uma massa de 0,26g para a crisálida seca e uma massa de água contida nela, quando úmida, de 0,97g representando 93% da água contida no casulo verde. A Tabela 3 apresenta os dados experimentais obtidos durante os experimentos para determinar a porosidade. Tabela 3 - Porosidade do casulo, nas condições iniciais de secagem, com teor de umidade em base úmida de 68% e temperatura ambiente de 27C Ensaio 01 02 03 04 05 06 07 Média Massa da amostra (g) 262,74 253,73 255,23 251,36 262,71 251,21 253,30 255,75 Pa1 (kPa) 137,9 131,9 131,9 130,8 129,7 131,5 131,9 132,2 Pa2 (kPa) 118,7 115,7 115,1 114,5 113,3 114,3 115,6 115,3 N. de casulos 172 166 170 163 172 169 165 Média Massa por casulo (g) 1,53 1,53 1,50 1,54 1,53 1,48 1,53 1,52 Porosidade () 0,163 0,141 0,146 0,143 0,145 0,151 0,142 0,147 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... Secagem em leito fixo Nas Figuras 5-7, ilustram-se a cinética de secagem de casulos nas várias condições experimentais. Observa-se que o teor de umidade dos casulos decresce com o tempo, apresentando um período com velocidade constante (taxa de secagem) e outro de velocidade decrescente, comportamento este, coincidente com as afirmativas de Shiruo (1986). Verifica-se que houve, nas diferentes condições operacionais, apesar de o teor de umidade do produto ser elevado, existência de curto período de velocidade de secagem constante, em torno de 40min, decrescendo a partir dai, para todo o restante do experimento. Pode-se supor que este fato está associado a quantidade de água presente na casca ( 30% da sua massa), já que a crisálida contém a maior quantidade de água dele, como também da localização desta última (crisálida), no interior do casulo. A existência destes dois períodos é relacionado com os mecanismos de transporte de calor e massa no leito e nas partículas individualmente. a) Influência da espessura do leito Para efeito de análise da influência da espessura da camada de casulos, no comportamento da cinética de secagem, foram selecionados três experimentos, fixando-se as temperatura e vazão de ar, variando-se a espessura da camada de casulo em 2,0, 4,0 e Holanda et al. 109 5,5cm. Os resultados do teor de umidade obtidos com os testes 1, 2 e 3, estão plotados na Figura 5. Analisando os resultados, observa-se que a camada de casulos, praticamente não influencia a velocidade de secagem, haja vista que as curvas estão quase que sobrepostas, para um período de aproximadamente 1,3h de secagem. Percebe-se também que, para tempos longos (tempos superiores a 1,3 h) há uma ligeira tendência de camadas mais espessas, apresentarem uma velocidade de secagem menos acentuada. Sendo assim, pode-se afirmar que a velocidade de secagem diminui com o aumento da altura do leito, para tempos longos. Sendo assim, para camadas mais espessas, o teor de umidade dos casulos apresente variações ao longo da camada, sofrendo uma secagem mais acentuada nas camadas mais próximas da entrada de ar quente, pelo fato de nesta posição, o ar possuir uma umidade absoluta mínima, elevando-se, a partir daí, à medida que ele atravessa a massa de casulos. Este aumento provoca uma redução na taxa de evaporação da água do produto, gerando um gradiente do teor de umidade. Durante todo o experimento, a curva de secagem para uma espessura de 4,0cm apresentou um teor de umidade menor do que a curva de secagem com espessura de 2,0cm. Este fenômeno pode ter ocorrido por influência da umidade inicial da amostra, bem como, pelo decréscimo da umidade relativa do ar, neste experimento. 1.00 U/Uo (decimal) 0.80 0.60 0.40 T=90 oC; Q=2,318 m3/(s m2) E=4,0 cm; UR= 3,89% E=5,5 cm; UR=3,67% E=2,0 cm; UR=4,29% 0.20 0.00 0.00 40.00 80.00 120.00 t (min) Figura 5 - Efeito da espessura do leito durante a secagem de casulos do bicho-da-seda para a temperatura de 90C e vazão de ar de 2,318 m3/(s m2). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... 110 b) Influência da temperatura do ar de secagem O efeito da temperatura na cinética de secagem de casulos do bicho-da-seda foi observado, fixando-se a vazão de ar e espessura do leito, variando-se a temperatura. Para isto, utilizou-se as temperaturas de 90, 83 e 70C, na vazão específica de ar de 2,318 m3/(s m2) e a espessura do leito de 2,0cm. A Figura 6 mostra os resultados do teor de umidade em função do tempo de secagem obtidos com os experimentos 3, 4 e 5. Pode-se constatar que, a temperatura tem uma forte influência na cinética de secagem, principalmente, para tempos longos, onde a diferença do teor de umidade, em todo tempo de secagem é considerável. Desta forma, podese afirmar que a taxa de secagem aumenta com a elevação da temperatura. Verifica-se assim, que quanto maior a temperatura maior a taxa de evaporação da água, conseqüentemente, menor o tempo de secagem para se atingir um certo teor de umidade preestabelecido. Sendo assim, a duração da secagem diminui, quando a temperatura do ar quente aumenta, entretanto Holanda et al. não ocorre a mesma proporcionalidade na inversão destes parâmetros. Tomando-se por base a secagem realizada a 70 °C, um aumento de 70 para 90°C, ou seja, de 28,6%, a temperatura do ar de secagem conduz a uma diminuição na duração da secagem de aproximadamente 164,9% até se atingir o teor de umidade de 12% (b. s.), quando a vazão de ar é de 2,318 m3/(s m2) e a espessura do leito de 2,0cm. O tempo de final de secagem, para os experimentos 3 e 4, foram obtidos, utilizandose os valores dos parâmetros da equação (14), contidos na Tabela 4, fornecida adiante, e do teor de umidade final desejado, o que possibilitou a determinação da percentagem da diminuição na duração da secagem. No que diz respeito a qualidade, verificou-se durante os experimentos com vazão de 2,318 m3/(s m2) e temperatura de 90 C, que a casca do casulo foi afetada, caracterizado pela cor amarelada na superfície da mesma, provocada pela volatilização excessiva da sericina. Este resultado concorda com as conclusões apresentadas por Tsukada (1978). 1.00 U/Uo (decimal) 0.80 0.60 0.40 Q=2,318 m3/(s m2); E=2,0 cm T=90 oC; UR= 4,29% T=83 oC; UR=4,08% T=70 oC; UR=6,50% 0.20 0.00 0.00 40.00 80.00 t (min) 120.00 160.00 Figura 6 - Efeito da temperatura do ar durante a secagem de casulos do bicho-da-seda para vazão de ar de 2,318 m3/(s m2).e espessura do leito de 2,0cm. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... c) Influência da vazão do ar de secagem Com o objetivo de verificar a influência da vazão de ar, durante o processo de secagem de casulos, fixou-se as temperatura e altura do leito, durante o processo, variando-se a vazão do ar, observando assim o efeito desta variável no experimento. A altura escolhida, para a espessura do leito, foi a de 2,0cm. A Figura 7 ilustra os resultados do teor de umidade obtidos com os experimentos 5, 6 e 7. Pode-se observar uma elevada taxa de secagem, em quaisquer das três vazões utilizadas, com uma significativa taxa de evaporação da água do produto. No início da secagem, há sempre um trecho irregular. Durante este período, a distribuição de temperatura e umidade da amostra, deve-se adaptar as condições de secagem, produzindo desta forma pequenas distorções nos resultados obtidos. É o período em regime não permanente, durante o qual a temperatura do produto atinge o seu valor de regime permanente. Para o tempo superior a trinta minutos, os pontos representativos para o teor de umidade, praticamente, se sobrepõem, caracterizando que a cinética de secagem independe da vazão do ar de secagem. Quando a taxa de evaporação da água é sensível a vazão do ar de secagem, indica que a resistência externa ao transporte de massa é predominante, e, portanto existe um período à taxa constante. Isto se dá, em virtude de as condições do ar de secagem permanecerem constantes neste intervalo de tempo. Como nos casos estudados, a transferência de massa independe das condições Holanda et al. 111 externas, pode-se afirmar que a resistência externa é praticamente desprezível, portanto o controle da difusão mássica é difusional interno, indicando a existência de um período à taxa decrescente. Constata-se que a duração da secagem não é inversamente proporcional ao fluxo de ar. Quando o fluxo de ar foi multiplicado por 4, o tempo de secagem praticamente não mudou. Sendo diretamente proporcional ao fluxo de ar, o gasto de energia resulta em que a secagem é de melhor rendimento em regime de velocidade reduzida. Isto é, se gasta menor energia para obter o mesmo resultado que se conseguiria com uma alta vazão de ar de secagem. Vale salientar que, a vazão que melhor apresentou resultados, quanto à qualidade do fio de seda, não influenciando as propriedades físico-químicas da casca, foi a de 0,552 m3/(s m2), na temperatura de 83C. De forma geral, durante o fenômeno de secagem dos casulos, as suas propriedades tecnológicas, podem ser alteradas, significativamente, isto deve ser, tanto quanto possível, evitado. Geralmente, no processo de secagem destes produtos, faz-se necessário proteger a sericina de excessiva modificação para possibilitar a obtenção de boas características tecnológicas, alta percentagem de elasticidade (recuperação elástica) e alta percentagem de seda bruta dos casulos. Levando-se em consideração as diferentes combinações de temperatura e umidade do fluido de trabalho, conduz-se a casulos de qualidades diferentes. 1.00 U/Uo (decimal) 0.80 0.60 0.40 T=83 oC; E=2,0 cm Q=2,318 m3/(s m2); UR= 4.08% Q=1,325 m3/(s m2); UR=4,01% Q=0,552 m3/(s m2); UR=4,89% 0.20 0.00 0.00 40.00 80.00 t (min) 120.00 160.00 Figura 7 - Efeito da vazão de ar durante a secagem de casulos do bicho-da-seda para a temperatura de 83C e espessura do leito de 2,0cm. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 112 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... d) Análise estatística de parâmetros De acordo com a forma da curva obtida, experimentalmente, e com o objetivo de propor equações empíricas, para descrever, teoricamente, a cinética de secagem de casulos do bicho-da-seda, a partir dos resultados experimentais, fez-se regressão não linear dos parâmetros da equação (14). Na Tabela 4, encontram-se os valores dos parâmetros obtidos mediante ajuste dos dados preditos à curva experimental correspondente. Verifica-se, a partir da análise desta tabela, que os ajustes são satisfatórios, uma vez que se obteve um coeficiente de determinação mínimo de 0,99, Holanda et al. caracterizando que os pontos preditos, praticamente, coincidem, com os das curvas preditas. Exceto para o início da secagem, a equação proposta fornece valores do teor de umidade, praticamente, igual aos obtidos experimentalmente. Uma possível explicação para o início da secagem é a existência do período de preaquecimento do produto, até atingir sua temperatura de regime permanente e que a equação não considera. Uma melhora em termos de predição das curvas de secagem, poderia ter sido obtida se o parâmetro k fosse considerado dependente do teor de umidade. Tabela 4 - Valores dos parâmetros após ajuste aos dados experimentais Teste A 01 1,00255 02 1,01074 03 1,01067 04 0,96305 05 0,99379 06 1,00409 07 1,00830 Coeficiente de determinação CONCLUSÕES A partir das informações obtidas nesta pesquisa pode-se concluir que: O teor de umidade dos casulos, durante o processo de secagem, decresce com o aumento do tempo, segundo uma função exponencial, e a curva de secagem apresenta no início um pequeno período a taxa constante, com todo o restante, dando-se a uma velocidade decrescente. A secagem de casulos do bichoda-seda, independe da vazão do ar em toda a secagem e depende fracamente da espessura da camada de casulos, para pequenas espessuras e tempos curtos. A velocidade de secagem diminui com o aumento da altura do leito, para tempos longos de secagem. A velocidade de secagem de casulos aumenta sensivelmente com o acréscimo de temperatura, caracteri- k 0,00728042 0,00857250 0,00800481 0,00303746 0,00598556 0,00620714 0,00633304 R2* 0,992260 0,996928 0,997735 0,993865 0,997034 0,997260 0,997697 zando a forte dependência desta variável com ela. A evolução do teor de umidade do produto com o tempo é bem representado por uma equação exponencial de um termo, apresentando coeficiente de determinação maior que 0,99 para todos os experimentos realizados. AGRADECIMENTOS Os autores expressam seus agradecimentos a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo suporte financeiro concedido a esta pesquisa, e aos pesquisadores referenciados cujas pesquisas ajudaram no melhoramento deste trabalho. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.101-114, 2004 Propriedades físicas e secagem de casulos do bicho-da-seda em leito fixo......... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bansal, N. K.; Garg, H. P. Solar crop drying in: Advances in drying. New York: Hemisphere Publishing Corporation, v. 4, 1987, p. 293-294. Borges, B. L. M. Simplificando a estatística. Campina Grande: Gráfica União Ltda., 1993. 208p. Bicho-da-seda tecendo fios de dólares. Globo Rural Especial: Como Criar. n.101, p.5363, 1994. Fonseca, A. S.; Fonseca, T. C. Cultura da amoreira e criação do bicho-da-seda: sericicultura. 2.ed. São Paulo: Ed. Nobel, 1988. 246p. Foust, A. S.; Wenzel, L. A.; Clump, C. W.; Maus, L.; Andersen, L. B. Principios das operações unitárias. 2.ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Dois, 1982. p. 617-631. Hanada, Y.; Watanabe, J. K. Manual de criação do bicho-da-seda. Curitiba: COCAMAR, 1986. 224p. Harper, H. Introduction to textile chemistry. 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The effects of the salt (12 to 14%) and sugar (30 to 40%) concentrations, temperature (30 to 50C) and immersion time (6 to 12h) for both water loss (WL) and solids gain (SG) were evaluated. Through the obtained results, it was verified which type of solution resulted in greater water loss and smaller solids gain. In the design using sucrose and salt, only the sugar concentration wasn’t significant for water loss and solids gain. All the effects were significant. In the design using corn syrup and salt. Keywords: osmotic dehydration, fish, ternary solutions DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE FILÉS DE MAPARÁ (Hypophthalmus edentatus): EFEITO DE SOLUÇÕES TERNÁRIAS RESUMO A combinação de salga seca e secagem solar é uma das mais antigas e mais importantes técnicas de conservação de peixe no Brasil; o peixe salgado e seco, preparado a partir deste método, pode ser facilmente encontrado nos estados do Norte e Nordeste do país. O grande problema é a falta de controle de processo que pode levar a produtos com baixo nível nutricional e microbiológico. Filés de mapará foram osmoticamente desidratados de acordo com um planejamento fatorial fracionário 24-1, para cada solução hipertônica (sal-sacarose e sal-xarope de milho). Foram avaliados os efeitos da concentração de sal (12 to 14%) e açúcar (30 to 40%), temperatura (30 to 50C) e tempo de imersão (6 to 12h) na perda de água (PA) e ganho de sólidos (SG) e a partir da avaliação dos resultados de cada planejamento, verificar que tipo de solução apresenta uma maior perda de água e um menor ganho de sólidos. No planejamento utilizando sal-sacarose, somente a concentração de açúcar não foi significativa para a perda de água e ganho de sólidos. No planejamento utilizando sal-xarope de milho todos os efeitos foram significativos. Palavras-chave: desidratação osmótica, peixe, soluções ternária Protocolo 573 de 02 /10 / 2004 1 Laboratório de Medidas Físicas, DEA/FEA/UNICAMP, Caixa Postal: 6121 Campinas, SP ([email protected]) 2 Laboratório de Medidas Físicas, DEA/FEA/UNICAMP, Caixa Postal: 6121 Campinas, SP ([email protected]) 116 Osmotic dehydration of mapará catfish fillets: Effect of ternary solutions. Ribeiro e Satoshi. The objective of this work was to determine the effect of ternary solutions on the osmotic dehydration of (Hypophthalmus edentatus) fillets, according to a 24-1 fractional factorial design for each hypertonic solution (salt + sucrose and salt + corn syrup), and after verify, which type of solution resulted in the greatest water loss and solids gain from the results of each design. INTRODUCTION A preliminary osmotic dehydration is often used with the objective of improving the quality of the dry food and it is not aimed a massive water removal. This pre-treatment has a protective effect on the structure of the dried material. The amount and rate of moisture removal during the osmotic process depend on some processing variables and parameters such as: type of solute and its concentration in the osmotic solution, time of immersion, temperature, etc. In aqueous ternary solutions which contain salt and sugar, the antagonistic highly effects to solute gain for processed products have been reported. Salt uptake is especially limited by the presence of sugar. This barrier effect of sugar on salt penetration was demonstrated for fruit and vegetable products (Bolin et al.,1983; Lenart & Flink, 1984) and animal products (Favetto et al., 1981; Collignan & Raoult-Wack, 1994; Bohuon et al., 1998). This phenomenon is due to the formation of a highly concentrated sugar coating on the food product (Collignan et al., 2001). Many researchers have studied differents aspects of the osmotic dehydration, such as kind and concentration of the employable solute, time and temperature of the process, combination of the osmotic process with other unitary operations, quality of the final product, etc. (Raoult-Wack et al., 1992; Medina, 1998; Araújo, 2000; El-Aouar, 2001). Then, the removal rate of water strongly depends on the parameters and variables in the process. Generally, the mass transference is as high as the solute concentration, contact time, agitation and temperature. The water outcome is more benefited through the use of high temperatures than the solute insertion (Poting et al., 1966; Lerici et al., 1985). Fish weighing MATERIALS AND METHODS It was used mapará catfish species (Hypophthamus edentatus) from EDIFRIGO localized in Santarém city in Pará state. The native animals from rivers of Pará state were transported to Campinas city previously rinsed (with chlorinated water), eviscerated, packaged and frozen at -18C to be transported to Campinas city. Osmotic Dehydration Filets were cut, in the frozen state, in flat slab geometry (0.5cm thick and 5cm length). After cut the samples were thawed under refrigeration at 10C for 10 hours, according Beraquet and Mori (1984). Each sample was individually weighted (7g) and placed in beaker with dehydration solution with the same process temperature. The ratio product / solution, equal to 1/5, were chosen in order to avoid significant dilution of the solution during the osmotic treatment. The whole beakersample was placed in a shaker (Tecnal, model 421), with agitation and temperature controls. The slabs were taken out after predetermined times, quickly rinsed and superficially blotted in absorbing paper and weighed Moisture content was determined in a vacuum oven at 70C for 24 hours. 1:5 sample/solution drying weighing Shaker wash Figure 1 - Osmotic dehydration process Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.115-122, 2004 Osmotic dehydration of mapará catfish fillets: Effect of ternary solutions. Ribeiro e Satoshi. 117 The water loss and solid gain, where calculated through the Equations (1) and (2), respectively (Hawkes and Flink, 1978). Water Loss WL(%) MAO ( M t MS t ) 100 MA0 MS 0 Solid Gain MS t MS O SG (%) 100 MAO MS O (1) (2) Notation: MAo= initial water mass (g); MSo = initial solid mass (g); Mt = sample mass at time t (g); MSt = solid mass at time t (g). Experimental Design The effect of different processing conditions was determined. A 24-1 fractional factorial design was used for each hypertonic solution (salt-sucrose and salt-corn syrup) in order to maximize water loss and minimize solid gain. It was carried out a design with 11 points, where the influence of dehydration on the temperature, salt and sugar concentrations, and immersion time were studied. The obtained responses were water loss (WL) and solid gain (SG). Table 1 shows the levels of studied variables. The Statistica 5.0 (Statsoft, 1997) package was used. In order to obtain the magnitude the independent variables effects. Table 1 - Levels of studied variables in experimental design Factors Temperature (C) Salt concentration (%) Sugar concentration (%) Immersion time (h) RESULTS AND DISCUSSION Table 2 shows the values for water loss and solids gain obtained experimentally in osmotic dehydration of mapará fillet using different ternary solutions of NaCl + sucrose and NaCl + corn syrup, according to data from -1 30 12 30 6 0 40 13 35 9 +1 50 14 40 12 the table of the 24-1 fractional factorial experimental plan, with three central points. The experimental data were obtained through 11 combinations between the following independent variables: temperature, NaCl concentration, sugar concentration, and immersion time. Table 2 - Results of weight loss, water loss and solids gain obtained experimentally through osmotic dehydration of mapará fillet 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 T (C) -1 +1 -1 +1 -1 +1 -1 +1 0 0 0 Codified plan NaCl Sugar (%) (%) -1 -1 -1 -1 +1 -1 +1 -1 -1 +1 -1 +1 +1 +1 +1 +1 0 0 0 0 0 0 t (h) -1 +1 +1 -1 +1 -1 -1 +1 0 0 0 WL (%) Sucrose 12,9917 35,6687 22,7791 31,7322 20,8249 26,4068 25,7329 39,6568 29,4467 31,8039 30,9992 Responses SG (%) WL Sucrose (%)Syrup 15,2146 5,5414 9,9684 28,823 27,997 26,0258 10,3341 25,2804 26,9406 22,9870 6,4903 26,0286 21,4836 21,4718 12,7794 41,3967 11,7303 29,2194 12,1283 30,4286 12,7393 30,3291 SG (%) Syrup 10,5569 7,988 19,7563 7,6572 21,6292 9,3848 19,2026 10,1615 17,4368 17,0638 17,1331 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.115-122, 2004 Osmotic dehydration of mapará catfish fillets: Effect of ternary solutions. Ribeiro e Satoshi. 118 Water Loss Tables 3 and 4 presents the magnitude of the independent variables effects on water loss, both with NaCl –sucrose solution and NaCl-syrup corn solution. The results can be more clearly visualized through the bars chart (Figure 1). Table 3 - Estimate effect, pure error, t coefficient and static significance, for each factor, using NaCl+sucrose solution for water loss Factors Estimate effect Temperature NaCl (%) Sucrose (%) Time (h) 12,7840 6,0022 2,3624 5,5165 Pure error 0,8473 0,8473 0,8473 0,8473 t(2) Static significance (p) 15,0887 7,0843 2,7883 6,5109 0,0043 0,0193 0,1082 0,0228 Table 4 - Estimate effect, pure error, t coefficient, and static significance, for each factor, using de NaCl + corn syrup solution, for water loss Factors Estimate effect Temperature NaCl (%) Syrup (%) Tempo (h) 11,3757 7,6987 6,5534 10,2276 Pure error 0,4746 0,4746 0,4746 0,4746 The aim of the fractional factorial is to verify the intensity of the effects and its significance instead of the model validation, by this reason there was no necessity of evaluate the effects through residual error. It’s necessary to observe the magnitude and signals of the effects to interpretate tables 3 and 4. The influence on the on the studied sample is as high as the effect value. The signal shows the proportionality of the variation of the effect related to the answer. For example, a positive sign shows that the existence relation between the independent variable and the response is proportionally straight, that is, the passage from an inferior level to a superior one of the independent variable results in an increased value of the response. For a negative sign, the relation is proportionally inverse. The t value shows how great the variable is about to its deviation. Then the probability for the variable to be statistically t(2) Static significance (p) 23,9665 16,2197 13,8068 21,5477 0,0017 0,0038 0,0052 0,0021 significant is as high as the value of the coefficient t. The confidence interval is chosen at a value of 95%. One can say that the variable is considered statistically significant for values of p inferior to 5% and for superior values of p the variable isn’t considered statistically significant. For the water loss answer, it can be said that the factors which are significant at 95% (whatever is for the NaCl + sucrose solution or the NaCl + corn syrup) are: temperature, NaCl concentration, and time. It is observed that for a fractional factorial using a NaCl + sucrose solution, the sugar concentration at a p>0.05, which signs that its effect is not significant. The same does not happen when a NaCl + corn syrup solution is used, where sugar concentration is significant at 95% of trust (p0.05). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.115-122, 2004 Osmotic dehydration of mapará catfish fillets: Effect of ternary solutions. Ribeiro e Satoshi. 119 Sucrose Corn Syrup 12 10 Effects 8 6 4 2 0 Temperature Salt Sugar Time Figure 2 - Estimation of the significant and not significant effects for the water loss during osmotic dehydration of mapará fillets. Through the chart at Figure 2, it is verified that the temperature is the parameter which has the biggest influence on water loss, when it is used the NaCl + sucrose solution, following the NaCl concentration and time. When it is used NaCl + corn syrup solution, it is the temperature which exerts more influence, followed by the time, NaCl concentration, and corn syrup concentration. All the significant effects of both fractional factorials which were studied have positive effect on the response, that is, the water loss is increased with the increase of any significant parameter. Another important factor at Figure 1, is to verity that the temperature effect on water loss is bigger in the experiments made with NaCl + sucrose; and it is observed that, for equal conditions of NaCl concentration, sugar concentration, and immersion time, the highest values for the response were obtained for the dehydrated fillets in ternary solution of NaCl + corn syrup, that is, its values for water loss were higher than those found at the NaCl + sucrose plan. Solids gain The magnitude of the independent variables effects on solids gain, for NaCl + sucrose solution and for NaCl + corn syrup solution, is shown at tables 5 and 6. The Result can be more clearly visualized through the bars chart (Figure 2). Table 5 - Estimated effect, pure error, coefficient t and statistic significance, for each factor, using NaCl + sucrose for solids gain Factors Temperature NaCl (%) Sucrose (%) Time (h) Estimate effect -13,0159 3,4951 1,0450 6,0407 Pure error 0,3594 0,3594 0,3594 0,3594 t(2) -36,2181 9,7254 2,9077 16,8089 Statistic significance (p) 0,0007 0,0104 0,1007 0,0035 Table 6 - Estimate effect, pure error, coefficient t and statistic significance, for each factor, using NaCl + corn syrup for solids gain Factors Temperature NaCl (%) Syrup (%) Time (h) Estimate effect -8,9884 1,8047 3,6049 3,1834 Pure error 0,1403 0,1403 0,1403 0,1403 t(2) -64,0713 12,8642 25,6968 22,6919 Statistic significance (p) 0,0002 0,0060 0,0015 0,0019 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.115-122, 2004 120 Osmotic dehydration of mapará catfish fillets: Effect of ternary solutions. Ribeiro e Satoshi. Through tables 5 and 6, it is observed that the factors which are significant for the solids gain and answer at 95% of trust (whatever is for NaCl + sucrose solution or for NaCl + corn syrup solution) are the temperature and NaCl concentration. The parameters which have a p>0.05, are not significant at 95% of trust, in this case, the sucrose concentration for the plan using this sugar does not have any effect on the solids gain answer. Sucrose Corn syrup 5 0 Effects Temperature Salt Sugar Time -5 -10 Figure 3 - Estimated of the significant and not significant effects for solids gain during the osmotic dehydration of mapará fillets, using ternary solutions. At Figure 3, where there is a bars chart of the variables effects, it is observed that the plan which uses NaCl + sucrose solution presents the temperature as the parameter that has more influence on the solids gain, following time and NaCl concentration. Now when NaCl + corn syrup solution is used the temperature is the one whish has more influence, following corn syrup concentration, time, and NaCl concentration. The temperature for the two essays have negative effect on the answer, that is, with the increase of temperature there is a decrease in the solids gain. All others parameters have positive effect on the response when one pass from a minimum value, to a maximum value, the solids increase. For the same conditions of temperature, NaCl concentration, sugar concentration, and time; of both the plans, it can be said that the biggest effects values are in the plan that uses sucrose in the ternary solution, even for temperature that has a negative effect. The exception is in the sucrose concentration which does not have the same significant effect on the answer. In agreement with Contreras and Smyrl (1981), the kind of sugar used in the solution affects the kinetics of the process. The use of solutes that has high molecular weight favors water loss and the decrease in the solids gain (migration is limited by the high molecular weight), promoting higher loss of weight in the material. Sugar with low molecular weight (glucose, frutose), favor incorporation of solids, due to the high velocity of penetration of the molecules. In agreement with the results of water loss and solids gain from the plan using NaCl + sucrose, it was verified that the sucrose concentration, could stay constant in its low level (30%), which does not affect the responses, searching to reduce the cost of the process. The concentration and composition of the solution are variables which influence the water loss and solids gain; Raoult - Wack et al. (1991) studied the influence of concentration and molecular weight of the solute in the water loss and solids gain and they observed that in low concentrations, the solute gain is higher than the water loss, but this effect reaches a maximum. Value for high concentrations, the solids gain is much less than the water loss (dehydration effect). The same authors verified that the water loss increases and the solids gain decreases with the increase of the molecular weight of the solute. Emam-Djomech et al. (2001) studied the interaction of the solutes in the solution and the effect of aqueous multicompound solutions, with salt and sugar, in the osmotic dehydration Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.115-122, 2004 Osmotic dehydration of mapará catfish fillets: Effect of ternary solutions. Ribeiro e Satoshi. of an agar gel, and found that the coefficient of apparent diffusion, when a ternary solution was used, diminished when it’s compared with binary solutions. In agreement with Contreras e Smyrl (1981), the use of corn syrup in the osmotic process in an apple, following for a dry up, when compared with the sucrose, its use is advantageous. As the diffuseness coefficient of water depends on the dissolved solids content (the diffuseness decreases with the increase of solids), the minor incorporation of solids in the osmosis with corn syrup favors the fast exit of water from the fruit. CONCLUSIONS The effect of temperature in the water loss is bigger in the experiments with NaCl + Sucrose; it is observed that, for the same conditions of NaCl and sugar concentration, and immersion time, for the higher values of the response were obtained for the dehydrated fillets in ternary solution of NaCl + corn syrup, that is, its values of water loss were greater than the ones found in the NaCl + sucrose. For the same conditions of temperature, NaCl concentration, sugar concentration, and time, of both plans, it is verified that the higher values for solids gain were in the plan which use sucrose in the ternary solution. In agreement with the water loss and solids gain obtained when NaCl + sucrose solution was used, it was verified that the sucrose concentration was not significant at a level of 95% of confidence ACKNOWLEDGMENT The authors gratefully financial support to CNPq acknowledge the 121 Bohuon, P.; Collignan, A.; Rios, G. M.; RaoultWack, A. L. Soaking process in ternary liquids: experimental study of mass transport under natural and forced convection. Journal of Food Engineering, v.37, p.451469, 1998. Bolin, H. R.; Huxsoll, C. C.; Jackson, R.; Ng, K. C. Effect of osmotic agents and concentration on fruit quality. Journal of Food Science, v.48, p. 202-205, 1983. Collignan, A.; Raoult-Wack, A. L. Dewatering and salting of cod by emmersion in concentred sugar/salt solutions. Lebensmittel-Wissenschaft and Technologie, v.27, p.259-264, 1994. Collignan, A.; Bohuon, P.; Deumier, F.; Poligné, I. Osmotic treatment of fish and meat products. Journal of Food Engineering, v.49, p. 153 – 162, 2001. 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Nas fazendas de camarão, as cabeças não são aproveitadas, tornando-se verdadeiros lixos orgânicos. Este trabalho tem como objetivo estudar a cinética de secagem das cabeças de camarão e determinar sua composiçao química. A pesquisa consistiu na utilização de amostras provenientes da Fazenda Aquamaris S.A, situada na cidade de João Pessoa-PB. As amostras com teores de umidade inicial de 77.5% base úmida (b.u.), foram secas as temperaturas de 50, 60 e 70°C em estufa com circulaçao de ar, obtendo-se teores de umidades finais de 9, 6 e 5% (b.u), respectivamente. Após a secagem, as cabeças de camarão foram trituradas em moinho elétrico, com a finalidade de se obter um produto uniforme para determinação de sua composição quimica. Foram determinados os teores de proteína, gordura e cinza, seguindo-se as Normas Analíticas do Institulo Aldolfo Lutz (1985) tendo sido realizadas em triplicatas Os dados experimentais, das curvas de secagem, foram ajustados às equações propostas por Page, Thompson e Cavalcanti Mata. Verificou-se, neste experimento, uma varição do teor de proteína, gordura e de cinzas em função da temperatura de secagem e a equação que melhor representou os dados experimentais foi a equação proposta por Cavalcanti Mata e por Page, com um coeficiente de determinação (R2) variando entre 0,994 e 0,998. Palavras-chaves: cabeças de camarão, secagem, cinetica DRYING AND CHEMICAL COMPOSITION OF THE SHRIMP HEAD (Litopenaeus vannamei Boone) AT DIFFERENT TEMPERATURES ABSTRACT The shrimp creation in nurseries is an activity that is growing in Brazil, mainly in the northeast, which has 95% of the national production of shrimp. In the shrimp farms, the heads are not used to advantage and they become true organic garbages. This work has as objective to study, experimentally, the dry kinetics of the shrimp heads and to obtain chemistry composition. The research consisted of the use of coming samples from Aquamaris Farm S.A, placed in João Pessoa-PB. The samples with initial humidity content of 77.5%, were dried at temperatures of 50, 60 and 70 in stove with air circulation. They obtained final humidity contents were 9, 6 and 5% (b.u), respectively. After the drying, the shrimp heads were triturated in electric mill, to obtain an uniform product to the determination of their physical-chemitry composition. The experimental data, of the drying curves, were adjusted to the equations proposed by Page, Thompson and Cavalcanti Mata. It was observed that the adjusted coefficients for each temperature correspond to the regression coefficients (R2), between 97,65% and 99,45%. However, all the equations can be used as model of adjustment. The determination of the centesimal composition (humidity, ash, protein and fat) was accomplished in triplicatas according to the Analytic Norms of Institulo Aldolfo Lutz (1985). At the end of the experiment the presence of important nutricionals component were verified, being verified the presence of a high protein text and a low fat text keywords: shrimp heads; drying; kinetics _____________________ Protocolo 576 de 15 / 10 / 2004 1 Professor Doutor do Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal de Sergipe e-mail: [email protected] 2 Bacharel em Ciências Náuticas e-mail [email protected]. 124 Cinética de secagem e composição físico-química da cabeça de camarão a diferentes temperaturas INTRODUÇÃO O camarão (Litopenaeus vannamei Boone) é um ser vivo do grupo dos Artrópodes de corpo segmentado: cefalotórax mais abdômen; recoberto por um exoesqueleto de quitina; apresentam apêndices (patas, antenas) articulados. Têm simetria bilateral: triblásticos, celomados, protostômios (Valenti, 1998). Os crustáceos diferenciam-se dos demais Artrópodes por apresentarem um exoesqueleto mais espesso e rígido, (crusta: carapaça dura). Os crustáceos contam com, aproximadamente, 38.000 espécies, ocorrendo nos ecossistemas terrestre e aquático (dulcícola, marinho e salobro), das quais cerca de 8.500 são integrantes da Ordem Decápoda (deca: dez + podos: pé), (Bowman e Abele, 1982). Os crustáceos mais, popularmente, conhecidos são os camarões, lagostas e caranguejos. O camarão está se tornando o principal produto marinho do Nordeste e do País, no entanto o Litopenaeus vannamei Boone não é nativo desta região, mas originário do Oceano Pacífico, sendo, na verdade, criado em viveiros em fazendas litorâneas. A criação de camarão em viveiros tem a denominação de carcinicultura e é praticada em mais de 50 países (Rosemberry, 1994). Essa atividade tem favorecido sobremaneira, as regiões que a produzem, pois além de se destacar como importante segmento sócioeconômico, tem se apresentado como uma alternativa viável para o incremento do nível da oferta mundial de camarões, face à estabilização e provável decréscimo das produções de captura. O cultivo de camarões marinhos é uma atividade recente, da década de 60, tendo alcançado um bom nível tecnológico, e hoje em dia, é um dos ramos da maricultura que mais se desenvolve. Entre os maiores produtores se encontram a China, Tailândia, Equador, Indonésia e Índia (Façanha, 2001). O camarão branco, Litopenaeus vannamei Boone, é o mais cultivado no Brasil, respondendo por mais de 95% da produção nacional, tendo sido introduzido no Brasil na década de oitenta. A causa dessa grande procura é a sua acelerada taxa de crescimento em altas densidades, conversões alimentares excelentes e, grande capacidade para se adaptar às diferentes condições climáticas. Não restam dúvidas que as regiões Norte e Nordeste concentram as melhores condições ambientais para o pleno desenvolvimento da atividade, permitindo aos produtores, em alguns casos, obter até 3,2 safras anuais de camarões Castro e Pagani com peso médio de 12 gramas. O Rio Grande do Norte se transformou em um dos maiores produtores e exportadores de camarão do Brasil, com 300 fazendas de criação de camarão almejando uma produção de 50.000 toneladas de crustáceos, onde a metade é exportada pra EUA e Europa e a outra metade é consumida a nível nacional. (Rocha, 2001). O Nordeste tem sido escolhido para sediar projetos dessa natureza, pois possui faixa litorânea extensa e de águas quentes, ideais para o desenvolvimento do camarão. Além disso, os estados da região têm estimulado a implantação de criatórios através da redução de tributos. No plano externo, a carcinicultura vem sendo favorecida pela conjugação entre qualidade e oportunidade. Qualidade, porque o país domina, e com distinção, as técnicas de criação e processamento do camarão do Pacífico além de ser o camarão que mais se adapta ao cativeiro e, também, por ser o mais procurado internacionalmente. O camarão processado, por exigência do consumidor é, geralmente, vendido sem cabeça. Esta exigência do consumidor faz com que exista, nas unidades de processamento uma quantidade enorme de sub-produto que são as cabeças de camarão, tornando-se, para essas empresas um verdadeiro lixo orgânico. Essa quantidade de matéria orgânica, no entanto não pode ser desprezada, pois a cabeça de camarão tem massa equivalente a 50% de sua massa total com alto teor de proteína. Como em determinadas regiões do País, especialmente, no Nordeste, existem, ainda, deficiências nutricionais da população e como a cabeça de camarão, nas fazendas produtoras, é considerada um resíduo, procurou-se, neste trabalho, secar a cabeça de camarão às o temperaturas de 50, 60 e 70 C de modo a dar, a este produto, uma maior estabilidade para posterior processamento, além de determinar alguns de seus componentes químicos e nutricionais, como teor de proteína, gordura, cinzas e teor de água, visando a obter um produto que se possa aproveitar na alimentação humana. MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no Laboratório de Análise Química de Alimentos do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG em Campina Grande - PB. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.123-129, 2004 Cinética de secagem e composição físico-química da cabeça de camarão a diferentes temperaturas As amostras de cabeças de camarão utilizadas neste experimento foram provenientes dos viveiros da Indústria Aquamaris S.A, localizada na cidade de João Pessoa – PB. Secagem das cabeças de camarão O material adquirido (cabeça de camarão) foi levado ao laboratório para se determinar o teor de água inicial do produto. Essa determinação foi feita pelo método gravimétrico de volatilização, usando-se a estufa a 105 °C 3 C até peso constante; seguindo-se as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985). A percentagem de água existente na amostra foi calculada pela Equação 1. Castro e Pagani 125 utilizando-se o programa Statistica 6.0 pelo método de Quase Newton para obtenção dos coeficientes das equações propostas para representar a secagem da cabeça de camarão. As equações utilizadas foram as propostas por Page (1949), Thompson et al. (1968) e Cavalcanti Mata (2001) para representar o processo de secagem Page RA exp( k t N ) (2) Thompson t A. ln( RA) B. (ln( RA)) 2 (3) Cavalcanti Mata (M cu - M cs ) H 2O x 100 (M cu - M c ) (1) RA A1 exp( k t A2 ) A3 exp( k t A4 ) A5 (4) em que, em que, Mc – Massa da cápsula de porcelana Mcu – Massa da cápsula de porcelana + amostra úmida Mcs – Massa da cápsula de porcelana + amostra seca As secagens da cabeça de camarão foram realizadas nas temperaturas de 50, 60 e 70°C, utilizando-se uma estufa com circulação forçada de ar de 30m/min., até peso constante, ou seja, até o ponto em que não houvesse mais variação de massa. Para cada secagem, foram utilizadas 300g de cabeça de camarão e, durante o processo de secagem, a perda de peso das amostras foram acompanhadas por meio de uma balança semianalítica Metlher PC-440, e as leituras eram feitas a cada 1 hora. Após atingir o peso constante, foi determinado o teor de água final pelo mesmo método gravimétrico de volatilização, anteriormente, descrito, determinando-se, desta forma o teor de água de equilíbrio dinâmico da cabeça de camarão. Equações de secagem RA TA TAe TAi TAe RA = razão de água, adimensional; TA = teor de água no momento t, %base úmida; TAe = teor de água de equilíbrio, %base úmida; TAi = teor de água inicial, %base úmida; t = tempo, horas; k, N, A, B, A1, A2, A3, A4, A5 = são constantes que dependem do produto. Determinação de alguns componentes químicos da cabeça do camarão Depois da secagem da cabeça de camarão, foi feita uma moagem, deste produto, em moinho elétrico, com a finalidade de obter um material uniforme para se determinar os percentuais de proteína, gordura e cinzas, sendo que cada determinação foi realizada em triplicatas, seguindo-se as Normas Analiticas do Instituto Adolfo Lutz (1985). A proteina foi determinada pelo método Kjedahl; as gorduras pelo método de extração Soxhlet e as cinzas pelo metodo de incineração da massa em uma mufla a 550°C. Com os dados experimentais, foram realizadas analises de regressão não linear, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.123-129, 2004 126 Cinética de secagem e composição físico-química da cabeça de camarão a diferentes temperaturas Castro e Pagani a temperatura é uma variável que tem influência no processo. Observa-se, também, nessas figuras que tanto a equação proposta por Page (1949), como a equação proposta por Cavalcanti Mata (2001), representam, satisfatoriamente, os dados experimentais, pois seus coeficientes de determinação estão na ordem de 0,99, existindo diferenças, entre as duas equações, somente na terceira casa decimal. A equação proposta por Thompson não representa bem os dados experimentais, principalmente, na secagem da cabeça de camarão a 50°C, onde se constata um coeficiente de determinação (R2) igual a 0,848. Para as temperaturas de 60 e 70°C, esses coeficientes foram, respectivamente, de 0,968 e 0,927, valores esses que estão também abaixo dos coeficientes de determinação das equações propostas por Page e Cavalcanti Mata. RESULTADOS E DISCUSSÃO Secagem da cabeça de camarão Nas Figuras 1, 2 e 3, encontram-se as curvas de secagem experimentais e calculadas pelas equações de Page, Thompson et al. e Cavalcanti Mata, respectivamente, que expressam a perda de água da cabeça de camarão às temperaturas de 50, 60 e 70°C. Analisando-se as curvas de secagem nessas figuras, observa-se que a secagem feita a temperatura de 70°C, reduz, significativamente, o tempo necessário para secar o produto. Nessas figuras, nota-se que a razão de água atinge o final do processo de secagem em. Aproximadamente, 11 horas e para a temperatura de 50°C, esse tempo é de 19 horas, indicando que Equação de Page o 50 C RA = exp(-0,0083 t 1,0 2,119 ) R = 0,994 2 1,594 ) R = 0,994 2,09 ) R = 0,997 o Razão de Água 60 C RA = exp(-0,0387 t 0,8 2 o 70 C RA = exp(-0,0297 t 2 0,6 0,4 0,2 0,0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Tempo (horas) Figura 1 - Curvas experimentais e calculadas pela equação de Page, da secagem das cabeças de camarão às temperaturas de 50, 60 e 70 °C. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.123-129, 2004 Cinética de secagem e composição físico-química da cabeça de camarão a diferentes temperaturas Castro e Pagani 127 Equação de Thompson o 50 C 1,0 t = -8,024 log(RA) - 0,822 [log(RA)] 2 2 R = 0,848 o 60 C t = -8,142 log(RA)- 0,959 [log(RA)] 0,8 2 2 R = 0,968 Razão de Água o 70 C t = -4,03 log(RA) - 0,307 [log(RA)] 0,6 2 2 R = 0,927 0,4 0,2 0,0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Tempo (horas) Figura 2 - Curvas experimentais e calculadas pela equação de Thompson, da secagem das cabeças de camarão às temperaturas de 50, 60 e 70 °C Equação de Cavalcanti Mata o 50 C RA = 3,472 exp(-0,0086 t 1,864 ) - 2,78 exp(-0,0086 t 1,719 ) +0,273 2 R = 0,997 o 60 C 1,0 RA = 1,04 exp(-0,046 t -3 1,497 ) - 0,181 exp(-0,046 t 0,596.10 2 ) + 0,1514 R = 0,994 o 70 C -5 RA = 2,024 exp(-0,021 t 0,3.10 ) + 0,957 exp(-0,021 t 2,241 ) - 1,984 2 R = 0,998 Razão de Água 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Tempo (horas) Figura 3 - Curvas experimentais e calculadas pela equação de Cavalcanti Mata, da secagem das cabeças de camarão às temperaturas de 50, 60 e 70 °C Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.123-129, 2004 128 Cinética de secagem e composição físico-química da cabeça de camarão a diferentes temperaturas Componentes químicos da cabeça do camarão Na Tabela 1, encontram-se os valores da proteina, gordura, cinzas e teor de agua final da cabeça do camarão seca as temperaturas de 50, 60 e 70 °C, podendo-se constatar que a cabeça de camarão tem um alto teor protéico e um baixo teor de gordura. Como se pode observar na Tabela 1, a cabeça de camarão teve seu percentual de proteína alterado, significativamente, em nível de 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey, em função da temperatura de secagem, onde se Castro e Pagani observa uma variação de 39,7 % de proteina à 50°C para 35,9% à 70°C. Como pode ser observado nessa tabela, a cabeça de camarao tem um alto valor proteico que pode ser aproveitado no enriquecimento de varios alimentos processados, mesmo porque a proteína é um elemento fundamental na nossa alimentação, pois forma a maior parte dos nossos músculos, órgão internos, tecidos cartilaginosos e também dos tecidos externos, como a pele e os pêlos, dando assim, para os nossos tecidos, tenacidade e elasticidade (Muniz et al., 2000). Tabela 1 – Principais componentes químicos da cabeça do camarão (Litopenaeus vannamei Boone) depois de secos as temperaturas de 50, 60 e 70 °C Componentes Químicos 50 Temperaturas 60 70 Teor de água final 39,7 A 0,92 A 14,5 A 9,0 37,0 B 0,71 B 13,8 A 6,0 35,9 C 0,66 B 12,2 B 5,0 Teor de água inicial 77,5 77,5 77,5 Proteína Bruta Gordura Cinzas As medias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas linhas não diferem estatisticamente entre si em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey Na Tabela 1, as amostras de cabeça de camarão apresentaram um baixo teor de gordura e uma pequena variação, quando estas foram secas a diferentes temperaturas. Furtado et al., (1998), trabalhando com exoesqueleto do camarão encontrou valores de gordura de 0,9%, estando este valor próximo aos encontrados, neste trabalho, quando as cabeças de camarao foram secas a 50 °C. Com relação ao teor de cinzas, observase um alto teor deste componente indicado de acordo com Muniz et al. (2000), uma certa riqueza de componentes minerais existentes nas amostras. Após o processo de secagem das cabeças de camarão de sua trituração em moinho elétrico para obtenção de um material uniforme, para as determinações dos componentes químicos, observou-se que este material tinha um aspecto de farinha, com um cheiro característico do camarão e uma cor marrom alaranjado, podendo ser incorporado a diversos produtos que teriam sabor de camarão. CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que: 1 – A secagem da cabeça de camarão pode ser feita à temperatura de 50, 60 e 70 °C e que a equação proposta por Page e Cavalcanti Mata representam, satisfatoriamente, o processo de secagem a essas temperaturas; 2 - A cabeça de camarão seca às temperaturas de 50, 60 e 70 °C; tem um grande quantitativo de proteína e cinzas, variando entre 39,7% a 35,9% e de 14,5% a 12,2%, respectivamente; 3 – A cabeça de camarão tem um baixo teor de gordura variando de 0,92% a 0,66%, dependendo da temperatura de secagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bowman, T.E. e Abele, L.G. Classification of the Recent Custacea. In: ABELE L.G. (Editor). The Biology of Crustacea: Systematics, the fossil record, and Biogeography. New York: Academic Press, v.1, p.1-27, 1982. Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Simulação de secagem de feijão macassar: Novos modelos. 2001, 172p. 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Castro e Pagani West Lafayette, Department Agricultural Engineering. University 1949. 129 of the Purdue Rocha, I. P. Interesses contrariados estão “motivando” a campanha contra o crescimento do camarão cultivado no Brasil, Associação Brasileira de Criadores de camarão (ABCC). 2001, 17p. Rosemberry, B. World Shrimp Farming, Anual Report. Aquaculture Digest, San Diego, USA, 1994. 68p. Thompson, T.L.; Peart, R.M.; Foster, G.H. Mathematical simulation of corn drying a new model. Transaction of the ASAE. St. Joseph, Michigan, v.11, n.4, p.582-586, 1968. Valenti, W. C. Carcinicultura de água doce:. Tecnologia para produção de camarão. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. 1998. 386p. Page, C. Factors influencing the maximum rates of drying shelled corn in layer. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.123-129, 2004 130 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA Centro de Ciências e Tecnologia PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA CAMPINA GRANDE – PB MESTRADO Reconhecido pela CAPES – Conceito 5 ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO IRRIGAÇÃO E DRENAGEM Linhas de Pesquisa Manejo de Solo, Água, Planta Salinidade Engenharia de Irrigação e Drenagem Sensoriamento Remoto Planejamento de Áreas Irrigadas PROCESSAMENTO E ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS Linhas de Pesquisa Armazenagem de Produtos Agrícolas Processamento de Produtos Agrícolas Crioconservação de Produtos Agrícolas Propriedades Físicas de Materiais Biológicos Tecnologia Pós-Colheita CONSTRUÇÕES RURAIS E AMBIÊNCIA Linhas de Pesquisa Construções de Silos Materiais Convencionais e Não-convencionais em Construções Rurais Madeira e Estrutura de Madeira Conforto Térmico de Instalações para Animais e Vegetais INSCRIÇÕES Documentos exigidos: Formulário de inscrição fornecido pela COPEAG, acompanhado de 2 fotos 3x4 Currículum Vitae, com cópia dos documentos comprobatórios Cópia autenticada do diploma de graduação ou documento equivalente Histórico escolar da graduação Documento militar, cédula de identidade e título de eleitor 2 cartas de recomendação (modelo fornecido pela COPEAG) Declaração da IES de origem, atestando a inclusão do candidato no Programa Institucional de Capacitação Docente e Técnico (PICDT-CAPES), se for o caso Declaração da empresa ou órgão público de origem, atestando a liberação do candidato por tempo integral, com ou sem recebimento de remuneração, se for o caso Períodos de Inscrição: Setembro para início do Curso em Março Endereço: COPEAG – Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola Av. Aprígio Veloso, 882, Bloco CM, 1o. Andar, C.P. 10087, Bodocongó CEP 58.109-970, Campina Grande, PB Fone: (0xx83) 310.1055, Fax: (0xx83) 310.1185 http://www.deag.ufpb.br/~copeag, Email: [email protected] Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.130, 2004 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.131-140, 2004 ISSN 1517-8595 131 OTIMIZAÇÃO DE EXTRAÇÃO DE INULINA DE RAÍZES DE CHICÓRIA Rafael Augustus de Oliveira1, Kil Jin Park2, Marcos Chiorato3, Kil Jin Brandini Park4, Regina Isabel Nogueira5 RESUMO Chicória (Cichorium intybus L.) é a planta de raiz tuberosa mais importante na produção industrial de inulina. A inulina é um carboidrato de reserva que pode ser encontrado em mais de 30.000 vegetais. É um frutooligossacarídeo que não é digestível, mas seletivamente utilizado pelas bifidobactérias, ou seja, possui baixo poder calórico e fator “bífido”. Recentemente, foi identificada como substituto da gordura e/ou do açúcar. Esse trabalho objetivou a determinação das melhores condições e parâmetros de extração de inulina da raiz de chicória através do processo por difusão em água quente. A metodologia consistiu na escolha de níveis para temperatura da água, para relação água:raiz (massa/massa seca) e sua combinação, através do planejamento experimental para executá-lo. Um planejamento composto central com cinco níveis de variação foi utilizado para se determinar as influências dos fatores (temperatura e relação água:raiz) na resposta (concentração de inulina). Utilizando o programa Statistica versão 5.0, foi efetuada a análise de variância para verificar os parâmetros estatisticamente significativos. Um modelo polinomial de segunda ordem com a sua superfície de resposta e contorno foi gerado, permitindo a escolha da condição da temperatura e relação água:-raiz que forneceu a mais alta concentração de inulina. Palavras-chave: difusão, superfície de resposta, modelo polinomial. OPTIMIZATION OF INULIN EXTRACTION FROM CHICORY ROOTS ABSTRACT Chicory root is the most important tuberous root for industrial production of inulin, which has high fructose content. Inulin is a stored carbohydrate, which can be found in more than 30,000 vegetable products. It is a fructooligosaccharide that is not digestible but it is selectively utilized by bifid bacteria in the large intestine, making inulin-type fructans the prebiotic prototype. Recently, inulin was identified as an ingredient that substitutes fat or sugar. In this work, inulin samples were extracted from chicory roots by a hot water diffusion process. The methodology consisted of the election of two levels of bath temperature, to the water: root ratio (water mass/root dry mass) and their combinations in a experimental design to execute the experiment. The analysis of variance (ANOVA) was done through the statistical 5.0 software. A second order polynomial model, with the response surface and contour plot was generated and it allowed the choice of temperature and water: root ratio that gives the highest inulin concentration. Keywords: diffusion, response surface, polynomial model. _____________________ Protocolo 579 de 16 / 10 / 2004 1 Engenheiro Agrícola, Mestrando em Tecnologia Pós-Colheita, FEAGRI/UNICAMP, e-mail: [email protected]. 2 Professor Titular, Faculdade de Engenharia Agrícola, UNICAMP, Caixa Postal 6011, Campinas – SP, CEP: 13083-875. Tel/fax: (19) 3788-1076, e-mail: [email protected]. 3 Graduando em Engenharia Agrícola, FEAGRI/UNICAMP, e-mail: [email protected]. 4 Engenheiro de Computação, Doutorando em Engenharia Agrícola, FEAGRI/UNICAMP, e-mail: [email protected]. 5 Pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, CTAA/EMBRAPA. 132 Otimização de extração de inulina de raízes de chicória INTRODUÇÃO A inulina é um carboidrato de reserva presente em diversos produtos vegetais, formado por uma cadeia de moléculas de frutose e uma molécula de glicose terminal. Dentre os vegetais que produzem a inulina, destacam-se as raízes de chicória (Cichorium intybus L.) e de alcachofra de Jerusalém (Helianthus tuberosus L.). Em países europeus, como Bélgica, França e Holanda, a chicória tem sido mais utilizada para a produção industrial de inulina, principalmente, devido à sua estabilidade na produção de cadeias longas de glicose e frutose e produção constante, mesmo em condições de clima moderado. A aplicação da inulina na indústria alimentícia, a princípio, resumia-se à produção de bebidas similares ao café, devido ao seu sabor amargo. Entretanto, recentemente, descobriu-se que a inulina pode atuar como substituto do açúcar ou da gordura, com a vantagem de não resultar em incremento calórico. Além de atuar como substituto do açúcar ou da gordura, a inulina apresenta, também, algumas propriedades funcionais. Ela atua no organismo de maneira similar às fibras dietéticas, contribuindo para melhorar as condições do sistema gastrointestinal. No Brasil, ainda, não existem muitos estudos a respeito da exploração comercial da chicória para a extração de inulina, nem dos processos envolvidos. Em geral, esses estudos, ainda, são restritos à área agronômica, na seleção dos cultivares mais adequados ao nosso clima. Chicória e suas aplicações Alzugaray & Alzugaray (1983) descrevem a chicória; também, conhecida por almeirão, chicória amarga ou escarola; como uma planta vivaz e de altura média. Suas folhas são lanceoladas e dentadas, seus talos pubescentes e suas flores apresentam uma cor azul viva. As folhas, assim como as raízes, apresentam um sabor amargo. A chicória é uma planta que cresce, espontaneamente, por toda a Europa e Ásia, em lugares secos, às margens dos caminhos e em terrenos baldios (Alzugaray & Alzugaray, 1983). Talvez por esse motivo, alguns autores considerem, em alguns trabalhos científicos, a Cichorium intybus L. como uma espécie invasora. Oliveira et al. De acordo com Galvão (1995), a chicória é uma planta nativa da Europa, que pode ser cultivada em, praticamente, todo o mundo. As variedades cultiváveis de chicória se adaptam bem ao clima temperado ou frio. Em nossa região, podem ser plantadas, durante o ano todo, porém desenvolvem-se melhor no inverno. As plantas são colhidas no outono e na primavera (Alzugaray & Alzugaray, 1983; Galvão, 1995). Figueira (2000) realizou um estudo agrotecnológico da espécie Cichorium intybus L., e verificou que, no Brasil, a chicória pode ser cultivada, tanto na primavera, quanto no outono. Entretanto, a produtividade (kg/m2) se mostrou maior no ciclo do outono, quando o período de cultivo é maior. Van Loo et al. (1995) relatam que a chicória tem sido utilizada como alimento por humanos, desde os primórdios. Os egípcios antigos (4000 a.C.), os gregos (450 a.C.) e os romanos utilizavam a chicória como alimento, sendo consumida crua, cozida ou torrada. Também era considerada como remédio contra diversos males. As folhas de chicória podem ser consumidas como hortaliças de folhas verdes ou ainda como hortaliças mais finas, produzidas a partir dos seus brotos (endívia) (Figueira, 2000). Na medicina caseira, as folhas de chicória são aplicadas como estimulantes da secreção gástrica e como redutores da taxa de glicose do sangue (Galvão, 1995). O látex da raiz seca de chicória é conhecido por apresentar propriedades tônicas, depurativas, diuréticas e laxantes (Galvão, 1995). As raízes de chicória apresentam sabor, particularmente, amargo, provocado pela presença de um carboidrato de reserva chamado inulina. Devido a esse sabor amargo, as raízes de chicória costumavam ser torradas e utilizadas por holandeses e egípcios para a produção de bebidas com propriedades similares ao café. Desde o final do século XVIII, o “café chicória” tem sido preparado em escala industrial, sendo bastante consumido na Europa até os dias de hoje (Van Loo et al., 1995). Mais recentemente, a inulina foi identificada como um ingrediente capaz de substituir a gordura ou o açúcar, com baixa contribuição calórica (Roberfroid et al., 1993; Applied Technology, 1993), passando a ser empregada como ingrediente na produção de alimentos conhecidos no mercado como light, no fat ou low fat. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.140, 2004 Otimização de extração de inulina de raízes de chicória Por atuar junto ao organismo de maneira similar às fibras dietéticas, a inulina, presente nas raízes de chicória, pode ainda ser utilizada na produção de alimentos funcionais. Inulina A inulina é um carboidrato pertencente ao grupo de polissacarídeos chamados frutanas, composto por uma cadeia principal de unidades de frutose, unidas por ligações -(2,1)frutofuranosídicas, com uma unidade de glicose terminal. Sua fórmula pode ser descrita como GFn, onde G representa a molécula de glicose, F a molécula de frutose e n o número de unidades de frutose (Silva, 1996; Van Loo et al., 1995; Robinson, 1995). Os fruto-oligossacarídeos (FOS) são definidos como polímeros de D-frutose, terminando com uma molécula de glicose, de Oliveira et al. 133 forma que a inulina pode ser classificada como um fruto-oligossacarídeo (Silva, 1996). Laurenzo et al. (1999) e Silva (1996) definem a inulina como um FOS composto por uma mistura de oligômeros de diferentes graus de polimerização (GP) que ocorre, naturalmente, em produtos vegetais tais como cebola, alho, alcachofra de Jerusalém, dahlia e raízes de chicória. O teor de inulina nas raízes de chicória, bem como o grau de polimerização deles, é variável com uma série de fatores, tais como: época de plantio, época de colheita, espaçamento entre plantas, período de armazenagem, dentre outros. A inulina (Figura 1) extraída de raízes de chicória é uma mistura de oligômeros com diferentes graus de polimerização, com um comprimento médio de cadeia de aproximadamente 9. Fonte: Roberfroid, 1993. Figura 1 - Estrutura química da inulina A maioria dos substitutos de gordura não contribuem nas propriedades texturizantes de forma similar à gordura. A maior crítica a produtos “low fat” ou “no fat” se refere à sensação causada no consumo pelo decréscimo de textura, “flavor” e "mouthfeel" (sensação tátil bucal). Para Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.140, 2004 134 Otimização de extração de inulina de raízes de chicória substituir ou reduzir gordura com sucesso, o substituto deve, não apenas resultar em produto com baixo valor calórico, mas, simultaneamente, suprir as propriedades funcionais, como estabilidade ao calor, emulsificação, espalhamento, textura e “mouthfeel” (Silva, 1996). A inulina é um modificador reológico e pode ser utilizado para otimizar a textura em sistemas de alimentos. Quando dissolvida em água, forma um creme semelhante ao produzido por uma gordura. As propriedades de um gel podem ser aumentadas e otimizadas através de outros ingredientes como gomas e surfactantes (Cândido & Campos, 1995; Silva, 1996). Mais, especificamente, a inulina pode ser utilizada em produtos de panificação e produtos de cereais, no sentido de: a) controle de umidade, baseado na capacidade de ligação de água da inulina, aumentando a vida de prateleira do produto; b) controle da viscosidade em bolos e pudins, particularmente, em massas com baixos teores de gordura. A dose diária aceitável (ADI) para inulina é estabelecida em 40 gramas. Entretanto, não existem evidências de toxicidade ou distúrbios gastrointestinais associados ao consumo de inulina. A média diária de consumo per capita varia de 1 a 10 gramas em populações da parte ocidental dos EUA e da Europa (Van Loo et al., 1995). A inulina pode ser considerada como um ingrediente funcional, com baixa contribuição calórica, devido às seguintes propriedades nutricionais: Após a ingestão, a inulina não é quebrada no sistema digestivo humano, devido à resistência à hidrólise oferecida pelas ligações -(2,1) entre as molécula de frutose (Robinson, 1995). Por esse motivo, não resulta em contribuição calórica nesse processo. Apenas no cólon, ocorre a degradação de inulina por fermentação de bactérias e, conseqüentemente, vai ocorrer uma baixa contribuição calórica indireta (Roberfroid et al., 1993; Ranhotra, et al., 1993); A inulina afeta os parâmetros fisiológicos do sistema digestivo, como esvaziamento gástrico, tempo de trânsito, pH, e massa fecal de forma similar às fibras dietéticas (Roberfroid et al., 1993). Pelo efeito benéfico no sistema digestivo, a inulina é considerada um “alimento funcional”; A ingestão de inulina resulta em um significante incremento dos benefícios das bifidobactérias. A flora Bifidus estimula o Oliveira et al. sistema imunológico, a absorção de minerais e inibe o crescimento de bactérias nocivas ao organismo (Hewitt, 1994); Muitos outros efeitos benéficos à saúde relacionados a diabetes, metabolismo de lipídios e redução de risco de câncer tem sido reportados (Roberfroid, 1993; Flamm et al., 2001). Processos de obtenção de inulina De acordo com Laurenzo et al. (1999), os métodos, convencionalmente, utilizados para extrair inulina de produtos vegetais, tais como alcachofra de Jerusalém ou raízes de chicória, incluem as seguintes etapas: lavagem dos tubérculos; fatiamento ou moagem dos tubérculos; extração de inulina com água; tratamento do extrato com dióxido de carbono e cal; filtragem e recuperação da inulina por precipitação ou evaporação. Hoehn et al. (1983) descrevem um processo para obtenção de xarope de frutose a partir da inulina extraída de alcachofras de Jerusalém. O processo para a obtenção de inulina inclui a extração em água quente para solubilização da inulina. Os autores relatam a importância de se utilizar temperaturas elevadas (entre 80 e 90ºC), uma vez que aumentam a solubilização da inulina e produzem um extrato mais puro, pela redução da remoção de compostos nitrogenados. Van Loo et al. (1995), em estudo sobre a presença de inulina em produtos vegetais que fazem parte da dieta do oeste europeu, utilizaram a extração por difusão em água quente. Com a finalidade de prevenir contra a hidrólise por enzimas vegetais liberadas, durante o processo de extração, água destilada fervente foi adicionada a uma amostra de produto vegetal macerada, na proporção mínima de 1:5 (amostra:água). A extração foi realizada em banho-maria a 75ºC, durante 1 hora, sob agitação constante. Park et al. (2000) propõem um processo para obtenção de um concentrado de inulina, utilizando a técnica de abaixamento de temperatura e posterior separação física. No processo, as raízes de chicória são lavadas, descascadas e picadas. Em seguida, as raízes sofrem o processo de extração. O extrato obtido é, então, filtrado e, posteriormente, concentrado. O extrato concentrado é levado a uma câmara de congelamento (temperaturas entre –8 e –50ºC), onde ocorre decantação dos frutooligossacarídeos de inulina pelo abaixamento de temperatura. Após Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.140, 2004 Otimização de extração de inulina de raízes de chicória descongelamento dos extratos, é feita a separação física entre as fases sobrenadante (líquida) e precipitada (semelhante a um creme), obtidas pelo abaixamento de temperatura do extrato. Park et al. (2003) propõem um processo de obtenção de inulina e seus subprodutos a partir de tubérculos, permitindo prever todas as técnicas envolvidas, desde a colheita da matéria-prima até a obtenção da inulina em pó e seus subprodutos. O processo proposto apresenta as etapas de pré-processamento, separação das folhas sãs, secagem, tratamento das raízes, moagem e peneiramento, extração da inulina das raízes secas, filtração da suspensão obtida, filtração com adoção de filtro de manta, obtenção dos sólidos, ultrafiltração ou separação por membranas, submissão das suspensões a um processo de concentração, secagem ou cristalização do concentrado, submissão do sólido grosso proveniente da etapa da filtração aos processos de obtenção do pó da raiz seca pobre em inulina. Descreve, ainda, as etapas que fornecem concentrado de inulina da raiz, etapa correspondente que obtém pó de inulina de 40 a 98% de concentração com 2 a 8% de umidade final. E ainda prevê os processos biotecnológicos (processos de fermentação), como por exemplo, um componente em meio de fermentação semi-sólida na indução do crescimento de microrganismos (fungos) produtores de enzimas inulinases. Planejamento experimental A metodologia de superfície de resposta (RSM) é uma técnica que tem sido aplicada com sucesso na otimização de processos alimentícios, e consiste em um grupo de procedimentos matemáticos e estatísticos que são usados para estudar a relação entre uma ou mais respostas (variáveis dependentes) e um número de fatores (variáveis independentes). Esta metodologia gera um modelo matemático que descreve o processo em estudo de acordo com Barros Neto et al. (2002) e Diniz & Martin (1996). O planejamento experimental fatorial associado à técnica de RSM dá informações seguras do processo, reduzindo soluções empíricas que envolvem técnicas de tentativa e erro, Box et al. (1978). Usando esta técnica para realizar os ensaios experimentais, é possível estimar os efeitos principais das variáveis na Oliveira et al. 135 resposta ou variável dependente. A tabela de análise de variância dá informações sobre o quanto o ajuste foi adequado, sendo possível propor o modelo probabilístico que correlaciona a resposta em função das variáveis estudadas, construindo a superfície de resposta para determinar a faixa ótima de operação. Esta metodologia tem sido aplicada em muitos trabalhos científicos na análise e otimização de processos. O objetivo deste trabalho foi determinar as melhores condições e parâmetros de extração de inulina da raiz de chicória através do processo por difusão em água quente. MATERIAL E MÉTODOS Matéria-prima Chicórias foram cultivadas no Campo Experimental da Faculdade de Engenharia Agrícola, Campinas, SP. As raízes foram colhidas e imediatamente lavadas e cortadas em pedaços menores. Foram, então, armazenadas à temperatura de aproximadamente -10°C. As raízes permaneceram armazenadas por cerca de 9 meses, quando então foram utilizadas nos experimentos. Determinação da umidade Para determinação da umidade inicial do produto, foram retiradas amostras e inseridas em estufa com circulação de ar forçado a 105 °C por 24 horas, conforme metodologia descrita pela AOAC (1990). Extração O processo de difusão por água quente foi o método empregado na extração de inulina de raízes de chicória. A fim de aplicar a metodologia de superfície de resposta, um teste preliminar foi conduzido e o ponto central para o planejamento experimental foi definido (70°C e 8,5 kgH2O/kgMS). Este planejamento consistiu na decisão de dois níveis para as variáveis, temperatura do banho e relação água:massa seca de raiz (AR), a construção de um planejamento experimental central composto com suas possíveis combinações e a execução dos ensaios experimentais. O planejamento central composto com as respostas obtidas são mostrados na Tabela 1. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.140, 2004 Otimização de extração de inulina de raízes de chicória 136 Oliveira et al. Tabela 1 - Planejamento experimental central composto com duas variáveis Variáveis codificadas Variáveis reais Ensaio Pontos fatoriais Pontos centrais Pontos axiais X1 X2 T [°C] AR [kgH2O/kgMS] 1 -1 -1 50 6,0 2 -1 +1 50 11,0 3 +1 -1 90 6,0 4 +1 +1 90 11,0 5 0 0 70 8,5 6 0 0 70 8,5 7 0 0 70 8,5 8 -1,41 0 42 8,5 9 +1,41 0 98 8,5 10 0 -1,41 70 5,0 11 0 +1,41 70 12,0 Para cada ensaio realizado, amostras eram coletadas e trituradas em um processador de alimentos doméstico. Subsequentemente, uma parte destas raízes trituradas era pesada de acordo com a relação água:massa seca de raiz do planejamento experimental. Esta porção de raiz era, então, imersa em água previamente pesada em um becker (250 ml) e colocada em banho com temperatura pré-fixada. Foi definido o tempo de 1 hora para cada extração. A quantidade de sólidos solúveis do extrato final foi medida, usando-se um refratômetro de bancada. RESULTADOS E DISCUSSÃO A umidade média inicial das amostras foi de 2,389 0,1299 kgH2O/kgMS para as raízes congeladas. A influência das condições de extração na quantidade de inulina extraída foi avaliada pela construção de uma superfície de resposta, usando o módulo “Esperimental Design” do programa estatístico Statistica 5.0. O modelo avaliado teve como parâmetro de resposta a quantidade de sólidos solúveis (SS) extraída em função das variáveis independentes (fatores): temperatura do banho (T) e relação água:raiz (AR) usada no experimento. O modelo que melhor representou a quantidade de sólidos solúveis extraída é dada Resposta Sólidos solúveis extraídos [%] 0,54 0,53 0,78 0,84 0,79 0,79 0,80 0,62 0,91 0,70 0,79 pela Equação 1 e é mostrada na Figura 2, no qual o nível de significância utilizado para avaliar os efeitos dos parâmetros foi de 5%. O modelo polinomial de segunda ordem obtida foi: SS 0,795 0,240T 0,068T 2 0,045AR 0,093AR 2 0,040T AR (1) A tendência obtida de aumento da quantidade de sólidos solúveis extraída na medida em que há aumento na temperatura do banho é coerente com os dados encontrados na literatura científica, na qual a difusividade aumenta com a temperatura, auxiliada pelo aumento da solubilização da inulina com o aumento da temperatura. Com a superfície de resposta e seu respectivo gráfico, é possível determinar a região de valores (Figura 3) para a temperatura do banho e relação água:raiz que corresponde à maior quantidade de inulina extraída. O modelo foi avaliado pela análise de variância (ANOVA) e o resultado é mostrado na Tabela 2. O coeficiente de determinação alcançado foi de 0,886, que significa que 88,6% das variações nos resultados obtidos podem ser explicados pelo modelo empírico. O módulo do desvio relativo médio, critério utilizado para estimar a qualidade do Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.140, 2004 Otimização de extração de inulina de raízes de chicória ajuste do modelo aos resultados experimentais, Oliveira et al. 137 atingiu um valor de aproximadamente 4,95%. Figura 2 - Superfície de resposta para extração de inulina 13 Relação Água:MS [gH2O/gMS] 12 11 10 9 8 7 6 5 4 30 40 50 60 70 80 90 100 110 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 Temperatura do Banho [°C] Figura 3 - Região de ótimo e pontos experimentais indicados Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.140, 2004 Otimização de extração de inulina de raízes de chicória 138 Oliveira et al. Tabela 2 - Análise de variância (ANOVA) para extração de inulina Fonte de variação T (linear) 1 1 0,0041 A:R (quadrático) Interação T x A:R Falta de ajuste 1 0,0066 A:R (linear) Total Graus de liberdade 0,1154 T (quadrático) Erro puro Soma quadrática 1 0,0122 1 0,0016 3 0,0174 2 0,0002 Média quadrática Teste F p 0,1154 1337,806 0,0007 0,0066 76,878 0,0128 0,0041 47,340 0,0205 0,0122 141,775 0,0070 0,0016 18,695 0,0495 0,0058 67,057 0,0147 R2 0,886 8,63E-05 10 0,1535 CONCLUSÕES A extração da inulina da raiz de chicória por difusão em água quente pode ser avaliada pelo método de superfície de resposta. A extração de inulina aumenta numa dependência linear com o aumento da temperatura do banho, da relação água:raiz e da interação temperatura/relação água:raiz. A extração de inulina de raízes de chicória diminui numa dependência quadrática com o aumento da temperatura do banho e da relação água:raiz. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nìvel Superior (CAPES) e à Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alzugaray, D.; Alzugaray, C. Chicória amarga. Plantas que curam – A natureza a serviço da saúde. v.40, n.11, p.153-154, 1983. Applied Technology. Converting chicory - not just a cup of coffee. Dairy Foods. Chicago. v.94, n.11, p.112, 1993. Association of Official Analytical Chemists. Official Methods of Analysis of A.O.A.C. International. 16. ed. Arlington: A.O.A.C., Inc., 1990. Barros Neto, B.; Scarminio, I. S.; Bruns, R. E. Como fazer experimentos: pesquisa e desenvolvimento na ciência e na indústria. 2.ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 2002. 401p. Box, G.E.P.; Hunter, W.G.; Hunter, J.S. Statistics for experimenters: an introduction to design, data analysis and model building. ed. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.140, 2004 140 EDITAL DE SELEÇÃO DE CANDIDATOS Doutorado em Engenharia de Processos O curso de Doutorado em Engenharia de Processos foi criado por Resolução 01/99 do CONSUNI da UFPB, hoje UFCG. Foi credenciado pela CAPES em março/2002. As inscrições para o Processo de Seleção para ingresso no Doutorado de Engenharia de Processos são abertas anualmente para inicio a partir de março de cada ano, sendo o período de inscrição realizado entre outubro e novembro do ano anterior. DOCUMENTOS EXIGIDOS: Formulário de Inscrição devidamente preenchido Duas cartas de Recomendação (formulário específico) 2 fotos de 3x4 recentes Cópia do diploma de Mestre ou documento equivalente Curriculum Vitae do candidato (com comprovantes) Históricos Escolares da graduação e do Mestrado Plano preliminar de Tese aceito por um orientador credenciado pelo Curso Cópia autenticada da carteira de identidade. Prova de estar em dia com as obrigações militares e eleitorais A seleção dos candidatos será realizada com base na análise do Curriculum Vitae,(peso 4) Histórico Escolar (peso 4) e Plano de Tese aceito por Professor cadastrado no Curso.(peso 2) O Plano de Tese , com um máximo de 6 páginas, deverá incluir introdução, justificativa, objetivos e metodologia. Apresentação Oral do Plano de Tese: 02 e 03 de dezembro de 2002 Vagas: 20 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS LINHAS DE PESQUISA : PROCESSOS TÉRMICOS E DE SEPARAÇÃO DESENVOLVIMENTO E TECNOLOGIA DE MATERIAIS OBJETIVOS: O Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Campina Grande tem uma ampla e reconhecida tradição nos cursos de pós-graduação em diversas áreas de engenharia. Modernamente, tendo em vista os recentes progressos no ensino de engenharia, ações que privilegiem atuações multidisciplinares entre áreas afins, são fortemente recomendadas. O Curso de Doutorado em Engenharia de Processos, de natureza interdisciplinar, aglutina docentes dos Departamentos de Engenharia Química, de Materiais, Mecânica e Agrícola em torno de tópicos relativos à Engenharia de Processos, principalmente, através da abordagem de problemas regionais. O objetivo primário do Doutorado em Engenharia de Processos é a pesquisa, treinamento e formação de pessoal altamente capacitado, utilizando os princípios fundamentais da Ciência da Engenharia aplicados ao estudo dos fenômenos das transformações, operações e processos envolvidos nas industrias de diversos setores, tais como: químico, cerâmico, plásticos, bioquímico, farmacêutico, metalúrgico, agroalimentar, etc. Alunos do Curso tem atualmente bolsas da CAPES, CTHIDRO e ANP. Cada uma das duas linhas de pesquisa oferecidas pelo programa inclui grandes temas de pesquisa de natureza multidisciplinar que contemplam o desenvolvimento de uma série de projetos específicos voltados para a área de Desenvolvimento de processos. Maiores informações consultar http://www.cct.ufcg.edu.br/ Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.140, 2004 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.141-147, 2004 ISSN 1517-8595 141 INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DE SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS NO SINAL FOTOACÚSTICO DE POLPA DE MANGA Waldemir Soares da Costa1, Jose Suassuna Filho2, Mário Eduardo R. M. Cavalacnti Mata3, Alexandre José de Melo Queiroz3 RESUMO No presente trabalho realizado a técnica fotoacústica foi utilizada para analisar polpa de manga a diferentes concentrações (polpa in natura: 13,40Brix, 16,80Brix, 19,60Brix, 230Brix, 25,40Brix, 27,40Brix e 30,40Brix). Foram também obtidos os sinais fotoacústicos de soluções açucaradas, 130Brix, 230Brix e 330Brix, que tiveram uma grande importância comparativa. Os espectros da polpa de manga em função da freqüência de modulação e da concentração mostraram-se compatíveis com os da solução açucarada. Palavras-Chave: fotoacústica, polpa de manga, sólidos solúveis totais INFLUENCE OF THE TOTAL SOLUBLE SOLIDS CONCENTRATION IN THE PHOTOACOUSTIC SIGN OF MANGO PULP ABSTRACT The photoacoustics technique was used in this work to analyze the mango pulp in different concentrations (pulp in natura:13,40Brix, 16,80Brix, 19,60Brix, 230Brix, 25,40Brix, 27,40Brix and 30,40Brix ). The photoacoustic signs of sugary solutions were also obtained, 13 0Brix, 230Brix e 330Brix, that had a great comparative importance. The spectra of the mango pulp, in function of the modulation frequency and of the concentration presented thenselves compatible with the ones of the sugary solution. Keywords: photoacoustic, fruit, sugar _____________________ Protocolo 580 20/ 10 / 2004 1 Mestre em Engenharia Agrícola, Departamento de Física - UFCG Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, 58109-970, Campina Grande, PB, Brasil, E-mail [email protected] 2 Professor Doutor, Departamento de Física - UFCG Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, 58109- 970, Campina Grande, PB, Brasil, E-mail [email protected] 3 Professor Doutor, Departamento de Engenharia Agrícola - UFCG Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, 58109- 970, Campina Grande, PB, Brasil, E-mail: [email protected], [email protected] 142 Influência da concentração de sólidos solúveis totais no sinal fotoacústico de polpa de manga Costa e Suassuna Filho INTRODUÇÃO Dentre os diversos componentes da fruta, os sólidos solúveis totais (oBrix) desempenham um papel primordial para a sua qualidade, devido a influência nas propriedades termofísicas, químicas e biológicas da fruta. Na industria, a análise do oBrix tem grande importância, no controle dos ingredientes a serem adicionados ao produto e na qualidade final. A determinação do oBrix é utilizada nas industrias de doces, sucos, néctar, polpas, leite condensado, álcool, açúcar, sorvetes, licores e bebidas em geral. (Araújo, 2001; Simões, 1997). O teor dos sólidos solúveis (oBrix) nos frutos é muito importante pois quanto maior a quantidade de sólidos solúveis existentes, menor será a quantidade de açúcar a ser adicionada aos frutos, quando processados pela indústria diminuindo, assim, o custo de produção e aumentando a qualidade do produto (Araújo, 2001; Silva, 2000; Silva, 1997 e Vieira 1995). Esses aspectos são muito importantes, considerando a necessidade de utilizar-se técnicas mais recentes para análises da influência do teor de oBrix, que caracteriza o objetivo deste trabalho. A espectroscopia fotoacústica, vem sendo utilizada de forma crescente na investigação de propriedades ópticas e térmicas de materiais biológicos ( Yang & Irundayaraj, 2000; Pão, 1997 e Zerbetto, 1993), como as frutas (Costa, 2003). As características mais importantes da técnica fotoacústica são: não destrutiva, medidas sem contato, preparação simples de amostra, alto limite de saturação do sinal, sensibilidade e capacidade de perfil de profundidade. A amostra é colocada na célula fotoacústica e fechada, mantendo contato com a camada de gás, o ar (Figura 1). A radiação modulada é direcionada na superfície da amostra, causando uma expansão térmica através do processo de desexcitação não radioativa, dominante no interior da amostra. Tais ondas térmicas, ao se difundirem para a superfície, induzem ondas de pressão na interface amostra-gás situada no interior de uma célula fotoacústica. Essas ondas se propagam ao longo de coluna de gás, podendo ser detectadas por um microfone de alta sensibilidade. Vale notar que apenas a porção da luz que é absorvida, responde pela geração das ondas térmicas de tal modo que o sinal fotoacústico resultante depende, exclusivamente, da quantidade de luz absorvida. Em sua propagação do interior da amostra para a superfície as ondas térmicas são atenuadas no processo de difusão térmica, conforme Figura 1. Segundo Rosencwaig e Gersho (1976), apenas ondas térmicas geradas até uma profundidade da ordem de 2s, onde s é o comprimento de difusão térmica da amostra definida como: s = (D / f)1/2 (1) onde D é a difusividade térmica da amostra, f é a freqüência de modulação da radiação, contribuem para o sinal fotoacústico. Figura 1 - Diagrama simplificado de uma célula fotoacústica Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.141-147, 2004 Influência da concentração de sólidos solúveis totais no sinal fotoacústico de polpa de manga Costa e Suassuna Filho MATERIAIS E MÉTODOS Para medir o sinal fotoacústico da polpa de manga e da solução açucarada à varias concentrações de sólidos solúveis totais(oBrix) em função da freqüência de modulação, utilizou-se uma lâmpada de arco de xenônio modelo 6269 Oriel Corp. de 1000W de potência, um modulador ótico modelo OC4000 PTI, um monocromador ótico de varredura modelo 272, 0.2, f/2 com grade de difração holográfica modelo 1710 da Mcpherson, um amplificador lock-in SR-850 e uma célula fotoacústica modelo 200 da Mtec Photoacoustic. 143 O monocromador foi ajustado para o comprimento de onda, = 475nm, referente a luz azul. Em seguida, ajustou-se o feixe de luz para incidir na amostra num formato cilíndrico, com 10mm de diâmetro e comprimento de 3mm, colocada na célula fotoacústica. O amplificador lock-in fez os registros dos aquecimentos periódicos das amostras detectados por um microfone de alta sensibilidade (50mV/Pa) acoplado à célula. Os dados fornecidos pelo lock-in foram processados por um software, Grams386, e ajustados através do software Origin 6.0. A montagem experimental usada nas medidas de amplitude do sinal fotoacústico deste trabalho é apresentada na Figura 2. Figura 2 - Diagrama de bloco do espectrômetro fotoacústico Detecção em amplitude do sinal fotoacústico O método utilizado, neste trabalho, foi baseado na teoria de Rosencwaig & Gersho(1) (17) , em que a expressão para o sinal fotoacústico em função da freqüência de modulação, quando a amostra é, termicamente, grossa s << s, onde s é a espessura da amostra e s = ( s/f)1/2 é o comprimento de difusão térmica da amostra com s e f sendo a difusividade térmica da amostra e a freqüência de modulação, respectivamente, pode ser escrita como (Hernández-Guerra et al., 2000). Vd = (S0/1+jRC).(cosh(ss)/senh(ss)).(1-cosh(gg)-senh(gg)).(ej) onde Vd é o sinal do microfone, = 2f é a frequência angular de modulação, g é a espessura da câmara de gás(ar), s = (1+j)as é o coeficiente de difusão térmica complexo da (2) amostra, S0 é a constante que depende da geometria da célula fotoacústica, R e C são a resistência e a capacitância do microfone. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.141-147, 2004 144 Influência da concentração de sólidos solúveis totais no sinal fotoacústico de polpa de manga Costa e Suassuna Filho RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Figuras 3 e 4, encontram-se os sinais fotoacústicos em função da freqüência de modulação das amostras de polpa de manga e da solução açucarada à varias concentrações de sólidos solúveis, com comprimento de onda, = 475nm, obtidos do ajuste da amplitude do sinal fotoacústico da Equação 2. Figura 3 - Espectro Fotoacústico de polpa de manga em varias concentrações (oBrix) no domínio de freqüência com comprimento de onda , = 475nm Figura 4 - Espectro fotoacústico de solução açucarada no domínio de freqüência para as concentrações de 130Brix e 330Brix com comprimento de onda, = 475nm Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.141-147, 2004 Influência da concentração de sólidos solúveis totais no sinal fotoacústico de polpa de manga Costa e Suassuna Filho Os resultados parciais mostram que existem diferenças entre os espectros de absorção da polpa de manga e da solução açucarada. Pode-se observar que, na freqüência de modulação, f = 12,24Hz1/2, a solução açucarada produz um espectro de absorção de maior intensidade para a concentração de 130Brix e 230Brix é, aproximadamente, igual à concentração de 330Brix que o espectro da polpa de manga. Observou-se também, que o sinal fotoacústico das amostras de polpa de manga em função da freqüência de modulação apresenta-se igual para as concentrações, 13,40Brix < C < 30,40Brix na faixa de freqüência, 13,7Hz1/2 < f < 14,3Hz1/2. A variação da intensidade do sinal fotoacústico da polpa de manga em função da concentração para uma freqüência de modulação, f = 12,24Hz1/2, está representada na Figura 3. Observou-se que a intensidade do sinal fotoacústico aumenta com a concentração da polpa, segundo uma relação cúbica do tipo: SF = -4,526.10-4 + 0,00168C – 1,02577E-4C2 + 1,8098E-6C3 (3) O valor do coeficiente de determinação (R2 = 0,9604) indica que a equação polinomial de terceiro grau descreve bem o comportamento dos dados observados. Figura 5 - Sinal Fotoacústico da polpa de manga em função da concentração (oBrix) comprimento de onda, = 475nm. Na Figura 6, é mostrado o comportamento da variação da intensidade do sinal fotoacústico da solução açucarada em função da concentração para uma freqüência de modulação, f = 12,24Hz1/2. Observou-se que a solução açucarada se apresentou com o mesmo comportamento da polpa de manga, em que a intensidade do sinal fotoacústico 145 com aumenta com a concentração da solução, segundo uma relação cúbica do tipo: SF = 0,0,01615 – 2,78.10-4 C (4) O valor do coeficiente de determinação (R2 = 0,8764) indica que a equação polinomial de terceiro grau descreve bem o comportamento dos dados observados. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.141-147, 2004 146 Influência da concentração de sólidos solúveis totais no sinal fotoacústico de polpa de manga Costa e Suassuna Filho Figura 6 - Sinal Fotoacústico da solução açucarada em função da concentração ( oBrix) comprimento de onda, = 475nm. com CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A análise dos espectros da polpa de manga nas concentrações utilizadas neste trabalho permite concluir que: Araújo, J. L. Propriedades termofísicas da polpa do cupuaçu. 2001. 85f. Campina Grande, Universidade Federal da Paraíba, (Mestrado em Engenharia Agrícola). A intensidade do sinal fotoacústico diminui com o aumento da concentração da polpa para uma freqüência de modulação, f = 12,24Hz1/2, segundo uma relação cúbica; Para a faixa de freqüência de modulação, 13,7Hz1/2 < f < 14,3Hz1/2, a intensidade do sinal fotoacústico da polpa não mostrou variações significativas em função da concentração e, portanto, foi considerada constante; A intensidade do sinal fotoacústico diminui com o aumento da concentração da solução açucarada para uma freqüência de modulação, f = 12,24Hz1/2, segundo uma relação linear; Costa, W. S. Espectroscopia fotoacústica aplicada à determinação da efusividade térmica de polpas de frutas. 2003. 72p. Campina Grande, Universidade Federal da Paraíba, (Mestrado em Engenharia Agrícola). Hernandez Guevara, A.; Cruz Orea, A.; Sánchez Sinencio, F. Application of the photoacoustic technique in the optical and thermal characterization of a ternary compoud embedded in a zeolite host. Superfícies y Vacio, v. 10, p. 51-55, 2000. Pao, Y.H. Solid state photoacoustic spectroscopy. In: Rosencwaig, A. ( 1 a ed.). Optoacoustic spectroscopy and detection. New York: Academic Press, INC., 1997. cap. 8, p. 193. Rosencwaig, A; A. Gersho. Theory of the photoacoustic effect with solids. Journal Applied Physics, v. 47, p. 64-69, 1976. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.141-147, 2004 Influência da concentração de sólidos solúveis totais no sinal fotoacústico de polpa de manga Costa e Suassuna Filho 147 Silva, S. B Propriedades termofísicas da polpa do abacaxi. 1997. 93p. Campinas - SP, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos. (Mestrado cm Engenharia de Alimentos). Simões, R. M. Propriedades termofísicas da polpa de manga. 1997. 73p. Campinas SP, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos. (Mestrado cm Engenharia de Alimentos). Silva, L. D.; Costa, R. C.; Suassuna Filho, J.; Carvalho. L, H. Espectroscopia fotoacústica de alguns polímeros na região do espectro. Encontro Nacional de Física da matéria Condensada, 26, 2003, Caxambu, Resumo... UFMG/ENFMC, 2003. v.1, p. 243. Vieira, J A. G. Propriedades termofísicas e convecção no escoamento laminar de suco de laranja em tubos. 1996. 87p. Campinas SP, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos. (Doutorado cm Engenharia de Alimentos). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.141-147, 2004 148 ÁREA DE ARMAZENAMENTO PROCESSAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS A Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande mantém 5 Laboratórios dentre eles o Laboratório de Análises Químicas, atendendo diversas linhas de pesquisas dentre as quais as de: Alterações dos constituintes químicos de grãos e sementes armazenadas em unidades convencionais e sob atmosfera controlada; Alterações das características físico-químicas e dos constituintes químicos dos frutos sob condições ambientais, a temperaturas de refrigeração e de congelamento; Alterações químicas e físico-químicas de diferentes tipos de carne Estudo de novas técnicas de medição dos constituintes químicos LABORATÓRIO DE ANÁLISES QUÍMICAS O Laboratório de Análises Químicas atende principalmente os Cursos de Graduação e PósGraduação em Engenharia Agrícola e o Doutorado em Engenharia de Processos da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 – Caixa Postal 10.087 Fones (083)310-1287; 310-1194 FAX 310-1185 Email- [email protected] Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.148, 2004 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.149-155, 2004 ISSN 1517-8595 149 ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE UMIDADE DE FARINHAS DE MANDIOCA TEMPERADAS Francislei Santa Anna Santos1, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo2, Alexandre José de Melo Queiroz2 RESUMO Foi realizado o levantamento das isotermas de adsorção de umidade, nas temperaturas de 20oC, 30oC e 40oC de duas formulações de farinhas de mandioca, compostas por mistura e homogeneização de farinha de mandioca e diferentes proporções de tempero, elaborado com corante natural à base de urucum, sal de cozinha, cebola desidratada, coentro desidratado e gordura vegetal. As amostras foram caracterizadas físico-químicamente quanto ao teor de umidade, cinzas, pH e acidez alcoólica. Foram utilizados os modelos de GAB e Oswin para ajuste dos dados experimentais da umidade de equilíbrio em função da atividade de água das amostras. As isotermas apresentaram forma sigmóide, sendo classificadas como tipo II. Os dados de umidade de equilíbrio versus atividade de água foram bem ajustados pelas equações de GAB e Oswin, podendo-se utilizar estas equações para representar as isotermas de adsorção de umidade das farinhas de mandioca temperadas. Palavras-chave: Manihot esculenta Crantz, farinha, isoterma. MOISTURE ADSORPTION ISOTHERMS OF SPICED CASSAVA FLOUR ABSTRACT It was done the analyses of the moisture adsorption isotherms at the temperatures of 20, 30 and 40oC of two cassava flour formulations, composed by mixture of cassava flour and different proportions of spice, prepared with natural pigment, done with annatto, salt, dried onion, dried coriander and vegetable fat. The samples were characterized according to the moisture, ashes, pH and alcoholic acidity. Gab’s and Oswin’s models were used for the adjustment of experimental moisture versus water activity data of the samples. The isotherms presented sigmoid form and they were classified as isotherms of the type II. GAB’s and OSWIN’s equations fitted themselves will to the equilibrium moisture content versus water activity data. These equations can be used to represent the moisture adsorption isotherms of the spiced cassava flour. Keywords: Manihot esculenta Crantz, flour, isotherm. INTRODUÇÃO A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é um produto agrícola originário do continente americano, conhecido e utilizado pelos nativos desde antes da colonização das Américas. É cultivada em todo o território nacional e em muitos países tropicais. O Brasil está entre os maiores produtores mundiais, embora não figure entre os maiores exportadores, o que se deve ao fato de que sua produção é direcionada principalmente ao mercado interno. _________________________ Protocolo 582 23 / 10 / 2004 1 Graduando em Engenharia Agrícola 2 Prof. Adjunto, Doutor, UFCG, Av. Aprígio Veloso, 882 Campina Grande – PB, 58109-970, [email protected], (83)310-1194. Isotermas de adsorção de umidade de farinhas de mandioca temperadas Santos et al. 150 De acordo com a FAO (2000), a produção global de raízes de mandioca situavase em torno de 160 milhões de toneladas anuais, com perspectivas de atingir 210 milhões de toneladas em 2005. Já a produção nacional varia de 22 a 25 milhões de toneladas anuais (Agrianual, 1999). As maiores áreas plantadas encontram-se, no Nordeste, sendo esta região a maior consumidora. Existem muitas variedades, divididas em mandiocas bravas e mansas, podendo-se consumir as variedades mansas na forma in natura. A mandioca é uma das principais fontes alimentícias da população nordestina, consumida em forma de farinha, de amido, ou em derivados destes, como o beiju e outros. É, também, utilizada na alimentação animal, como forragem em raspa, etc. Os derivados em raspas e pellets são utilizados nas indústrias de farinha, amido e outros, com uma parcela da produção destinada à exportação. O mercado interno consome, praticamente, toda a produção de raízes de mandioca, na forma tradicional de farinha de mesa. Trata-se de um produto com baixo grau de beneficiamento diante das alternativas de incorporação de ingredientes flavorizantes, objetivando a elaboração de farinhas diferenciadas e de maior valor agregado, com possibilidades de ampliar e conquistar novos espaços no mercado. A adição destes ingredientes, no entanto, modifica as características físicas e químicas das farinhas, principalmente, em relação à higroscopicidade, podendo influir, na sua armazenabilidade, conservação e vida de prateleira e trazendo questões, inclusive, relacionadas ao tipo de embalagem mais adequado ao seu acondicionamento. Este trabalho foi realizado com o objetivo de se determinar as isotermas de adsorção de umidade de duas formulações de farinhas de mandioca temperadas. MATERIAL E MÉTODOS A farinha de mandioca utilizada para a composição das amostras temperadas foi adquirida em supermercado da cidade de Campina Grande, PB, classificada, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Agricultura (Brasil, 1995), como pertencente ao grupo - seca; subgrupo - fina beneficiada; classe – branca e tipo - 1. Foram elaboradas duas formulações, por mistura e homogeneização, da farinha de mandioca com corante natural à base de urucum (composto por: fubá, extrato oleoso de urucum e sal), sal de cozinha, cebola desidratada, coentro desidratado e gordura vegetal, nas concentrações apresentadas na Tabela 1. Tabela 1 - Formulações das farinhas de mandioca temperadas Concentração (%) Formulação (no) 1 2 Corante Cebola Coentro Sal Gordura vegetal 10 15 2 3 2 3 1 1 3 3 Caracterização físico-química Foi realizada a caracterização físicoquímica das farinhas de mandioca temperadas, avaliando-se a umidade, cinzas ou conteúdo mineral e pH, seguindo as metodologias do Instituto Adolfo Lutz (1985). Determinou-se, ainda, a acidez alcoólica, utilizando-se a técnica de titulação com solução de NaOH padronizada (AOAC, 1997). A precisão das análises foi determinada, calculando-se a média, o desvio padrão (Eq.1) e o coeficiente de variação (Eq. 2). σ x x 2 n 1 σ CV (%) x100 x (1) (2) em que, - desvio padrão x - média CV – coeficiente de variação Isotermas de adsorção Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.149-155, 2004 Isotermas de adsorção de umidade de farinhas de mandioca temperadas Santos et al. As isotermas de adsorção de água das farinhas de mandioca temperadas foram determinadas através do método gravimétrico estático, utilizando-se soluções saturadas dos sais MgCl2.6H2O, K2CO3, NaNO2, KI, NaCl, (NH4)2SO4, KCl e NaOH, nas temperaturas de 20°C, 30°C e 40°C. As soluções de sais foram colocadas em recipientes de vidro herméticos, onde foram colocados três cadinhos que continham cerca de 1 grama de amostra em cada recipiente. As amostras permaneceram nesses ambientes até atingirem o equilíbrio, ou seja, até que as variações de massa entre pesagens se tornassem insignificantes, detectadas através de pesagem em balança analítica. O processo foi acompanhado por pesagens das amostras a cada 24 horas. Os valores das umidades de equilíbrio (UE) foram calculados em base seca (% B.S), utilizando-se a Equação 3: magua 100 UE m seca (3) A massa seca foi determinada em estufa à 105 C até peso constante. A massa de água foi obtida pela diferença entre a massa da amostra no equilíbrio e a massa seca. Os cálculos dos valores da umidade de equilíbrio foram feitos para cada cadinho e por último obteve-se a média aritmética das três repetições para cada sal. O ajuste matemático das isotermas de adsorção foi efetuado, utilizando-se os modelos de GAB (Eq. 4) e Oswin (Eq. 5), que foram resolvidas pelo processador matemático Statistica, versão 5.0, através de regressão nãolinear estimados pelo método Quasi-Newton e critério de convergência de 0,0001. o GAB Xm C k a w (4) [(1 k a w )(1 k a w C k a w )] Oswin em que: O critério utilizado para avaliar o ajuste de cada equação aos dados experimentais foi o coeficiente de determinação (R2) e o desvio percentual médio (P), calculado pela Equação 6. P 100 n x(experime ntal) x(teórico ) (6) n i 1 x(experime ntal) em que, n - número de observações x - umidade do material Caracterização físico-química mseca - massa seca a X Xm w 1 aw X - umidade de equilíbrio do material (% base seca) aw - atividade de água Xm - umidade na monocamada do material adsorvente (% base seca) C - constante de Guggenheim k - constante de correção das propriedades das moléculas na multicamada com relação ao volume do líquido RESULTADOS E DISCUSSÃO em que, magua - massa de água X 151 k (5) Os resultados obtidos das análises de umidade, cinzas, pH das Formulações 1 e 2 estão apresentados na Tabelas 2. Os coeficientes de variação (CV) foram menores que 10% o que, de acordo com Ferreira (1991), significa que os dados experimentais foram obtidos com boa precisão. Observando-se os resultados médios da umidade inicial das amostras, verifica-se que a Formulação 2 apresentou uma umidade inferior cerca de 9% em relação à Formulação 1, resultante da adição em maior quantidade de temperos secos. Constata-se, ainda, que as umidades nas farinhas temperadas são muito menores do que a umidade recomendada para a farinha seca que é de cerca de 13% de acordo com o Ministério da Agricultura (Brasil, 1995). Com relação aos resultados médios do teor de cinzas das formulações estudadas, observa-se um valor maior das cinzas para a Formulação 2, indicando a contribuição da adição em maior quantidade dos temperos secos sobre o conteúdo mineral da amostra. Esses valores são superiores aos determinados por Ferreira Neto et al. (2003) ao avaliarem farinhas de mandioca temperadas com corante, sal, cebola em pó e manteiga, que variaram de 2,6 a 3,2%. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.149-155, 2004 Isotermas de adsorção de umidade de farinhas de mandioca temperadas Santos et al. 152 Constata-se que a média geral do pH das amostras foi de 5,38 unidades, possibilitando classificar as amostras como alimentos pouco ácidos de acordo com Baruffaldi & Oliveira (1998), pois possuem pH acima de 4,5. Tabela 2 - Umidade, cinzas e pH das farinhas de mandioca temperadas Amostra Formulação 1 Formulação 2 Umidade (% base úmida) CV (%) Média DP 0,58 7,4595 0,0435 1,91 6,7458 0,1290 Cinzas (%) pH CV (%) Média DP CV (%) Média DP 2,75 0,21 3,7082 0,1021 5,42 0,01 2,97 0,19 4,1327 0,1229 5,34 0,01 Estão apresentados, na Tabela 3, os resultados médios da acidez alcoólica, em percentagem, das farinhas de mandioca temperadas. Verifica-se, na Formulação 2, uma acidez alcoólica média superior à da Formulação 1 em cerca de 26%. O menor percentual de acidez alcoólica observado na Formulação 1 era esperado, posto que esta amostra contém menor quantidade dos aditivos (corante, cebola e coentro), os quais possuem uma acidez natural na sua composição. Schunemann et al. (2004) obtiveram valores variando de 0,19 a 0,27% ao avaliarem a acidez de diferentes cultivares de cebola. Tabela 3 - Acidez alcoólica das farinhas de mandioca temperadas Acidez alcoólica (%) Amostra Formulação 1 Formulação 2 Média DP CV (%) 3,4555 0,0551 4,3752 0,0956 1,5949 2,1840 Isotermas de adsorção Oswin obtidos para os dados experimentais das isotermas de adsorção da Formulação 1, nas temperaturas de 20, 30 e 40oC encontram-se, na Tabela 4. Verifica-se que os valores dos desvios percentuais médios (P) para o modelo de GAB são menores que 5%, o que, de acordo com Lomauro et al. (1985) indica bons ajustes. Os coeficientes de determinação (R2) apresentaram valores acima de 0,99 para ambos os modelos, possibilitando se afirmar que as equações ajustaram, adequadamente, os resultados experimentais para a amostra. Analisando-se os parâmetros da equação de GAB, expostos na Tabela 4, constata-se que os valores do parâmetro C, representando a energia livre parcial molar, não apresentam tendência bem definida sob o aumento de temperatura, uma vez que, embora sejam crescentes entre 20 e 40oC, a 30ºC, tem-se o maior valor, superando o obtido para 40oC. Com relação ao parâmetro K, observa-se que este aumentou com o aumento da temperatura, mas o aumento entre 20 e 30oC foi de apenas 0,1%. Os valores do parâmetro Xm, ao contrário de C e K, sofreram reduções com o aumento de temperatura, o que também foi observado por Aviara & Ajibola (2002) para mandioca. Os parâmetros dos modelos de GAB e Tabela 4 - Parâmetros de ajuste dos modelos para as isotermas de adsorção da Formulação 1 nas temperaturas de 20ºC, 30ºC e 40ºC, coeficientes de determinação (R2) e desvios percentuais médios (P) Modelos GAB Oswin Temperatura (ºC) 20 30 40 Temperatura (ºC) 20 30 40 Parâmetros Xm 5,7159 5,2302 4,5990 C 42,6638 63,3598 46,3386 K 0,9374 0,9385 0,9610 R2 P (%) 0,9997 0,9997 0,9995 0,8335 0,8229 1,5435 Xm K R2 P (%) 11,0411 10,3340 9,2550 0,5225 0,5051 0,5392 0,9948 0,9926 0,9925 7,4295 8,1706 9,6582 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.149-155, 2004 Isotermas de adsorção de umidade de farinhas de mandioca temperadas Santos et al. Na Figura 1, têm-se os resultados experimentais das umidades de equilíbrio em função da atividade de água nas temperaturas de 20ºC, 30ºC e 40ºC para a Formulação 1, com ajustes pela equação de GAB. As isotermas de adsorção de umidade evidenciaram curvas com comportamento sigmoidal, do tipo II, de acordo com a classificação de Brunauer et al. citado por Rizvi (1986). Kumar (1974) também encontrou forma sigmoidal para as isotermas de farinha de milho. Esse pesquisador afirma que a 153 forma da isoterma revela a maneira como a água está ligada. Observam-se, na Figura. 1, decréscimos da umidade de equilíbrio com o aumento da temperatura. Ferreira & Pena (2003) justificaram esse comportamento com base no aumento da pressão de vapor da água no ar e na superfície do produto. Este aumento é maior na superfície do produto, pois a mesma apresenta maior número de moléculas de água que o ar. Maior pressão de vapor implica maior perda de água, para que se atinja o equilíbrio. 30 Umidade de equilíbrio (% base seca) 25 20 20 30 40 15 10 5 0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Atividade de água (a 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 w) Figura 1 - Isotermas de adsorção da Formulação 1 ajustadas pelo modelo de GAB para as temperaturas de 20ºC, 30ºC e 40ºC. Na Tabela 5, têm-se os parâmetros obtidos no ajuste das equações de GAB e Oswin aos dados experimentais de adsorção da Formulação 2, nas temperaturas de 20ºC, 30ºC e 40ºC. Observa-se que os coeficientes de determinação (R2) apresentam valores próximos de 1 e os desvios percentuais médios (P) resultaram inferiores a 5%, configurando ajustes satisfatórios para as isotermas de adsorção de umidade da formulação. Para a equação de GAB, em relação ao parâmetro C, observa-se que há uma diminuição da energia livre parcial molar com o aumento da temperatura, mas entre 30 e 40oC essa redução é mínima, em torno de 0,1%. Com relação ao parâmetro K observa-se, comportamento idêntico ao parâmetro C, diminuição com o aumento da temperatura, mas com diferença máxima em torno de 1% entre 20 e 40oC. Resio et al. (1999), ao estudarem o amido de amaranto, determinaram valores para o parâmetro K de 0,81 e 0,76 nas temperaturas de 25ºC e 35ºC, respectivamente. Esses valores são inferiores aos valores determinados para o parâmetro K para a Formulação 2 nas temperaturas estudadas. O parâmetro Xm (GAB), representando a umidade na monocamada do material adsorvente, não demonstrou sofrer uma influência consistente da temperatura. Esse parâmetro é importante, pois pode ser relacionado com o início de uma série de reações químicas de deterioração dos alimentos (Ferreira & Pena, 2003). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.149-155, 2004 Isotermas de adsorção de umidade de farinhas de mandioca temperadas Santos et al. 154 Tabela 5 - Parâmetros de ajuste dos modelos de ajuste para as isotermas de adsorção da Formulação 2 nas temperaturas de 20ºC, 30ºC e 40ºC, coeficientes de determinação (R2) e desvios percentuais médios (P) Parâmetros Temperatura Modelos R2 P (%) (ºC) Xm C K 20 5,2743 38,9742 0,9458 0,9994 1,6946 30 5,5022 23,9138 0,9379 0,9993 1,7702 GAB 40 5,4506 23,8802 0,9355 0,9982 3,2086 Temperatura Xm K R2 P (%) (ºC) 20 10,2500 0,5382 0,9942 8,6170 Oswin 30 10,2966 0,5382 0,9966 7,3487 40 10,1910 0,5293 0,9962 7,2019 Na Figura 2 são apresentadas as isotermas de adsorção de umidade com ajustes pela equação de GAB nas temperaturas de 20ºC, 30ºC e 40ºC para a Formulação 2, onde se evidenciam curvas de forma sigmóide, classificadas como isotermas do tipo II, de acordo com Brunauer et al. citado por Rizvi (1986). Essa forma também foi verificada para sementes de coentro em pó (Selot et al., 1991). Observa-se que o aumento de temperatura teve pouca influência sobre o comportamento das isotermas, não sendo possível distinguir diferenças entre as razões de umidade de equilíbrio e atividade de água da Formulação 2. 30 Umidade equilíbrio (% base seca) 25 20 20 30 40 15 10 5 0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Atividade de água (a 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 w) Figura 2 - Isotermas de adsorção de umidade da Formulação 2 com ajustes pelo modelo de GAB para as temperaturas de 20ºC, 30ºC e 40ºC. CONCLUSÕES As isotermas de adsorção de umidade das farinhas de mandioca temperadas apresentaramse como isotermas do tipo II, de forma sigmóide. Os ajustes dos dados de umidade de equilíbrio versus atividade de água foram bem ajustados pela equação de Oswin e melhor ainda pela equação de GAB, em todas as temperaturas, podendo ser utilizadas para Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.149-155, 2004 Isotermas de adsorção de umidade de farinhas de mandioca temperadas Santos et al. representar as isotermas de adsorção de umidade das farinhas de mandioca temperadas. AGRADECIMENTO Ao CNPq pela concessão da bolsa de iniciação científica (PIBIC/CNPq/UFCG). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agrianual. Anuário da Agricultura Brasileira. São Paulo: Argos Comunicação, 1998. 268p. A.O.A.C. - Associaton of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis. 16.ed. Maryland: AOAC, 1997. 1141p. Aviara, N.A.; Ojibola, O.O. Thermodynamics of moisture sorption in melon seed and cassava. Journal of Food Engineering, n.4, Baruffaldi, R.; Oliveira, M.N. Fatores que condicionama estabilidade de alimentos. 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Pataro1, Vivaldo Silveira Júnior2 RESUMO O resfriamento e estocagem de produtos perecíveis são métodos que proporcionam o prolongamento da vida útil, minimizando as perdas das características sensoriais e nutricionais, relativas ao produto fresco. O parâmetro degree-time (DT), que representa a energia recebida e gerada pelo produto após a colheita durante um determinado tempo, é calculado como a integral da temperatura do produto em função do tempo pós-colheita, até um tempo de referência. Este trabalho consiste na determinação de uma metodologia para cálculo do DT de hortaliças através do monitoramento, após a colheita, da temperatura do alimento submetido a dois diferentes métodos de resfriamento: rápido (com ar forçado) e lento (em câmara frigorífica), e posterior estocagem. Os ensaios permitiram avaliar a influência dos tempos de espera (de 0 a 8 h), métodos de resfriamento e temperaturas de estocagem (de 0 a 10oC), definindo a relação do indicador DT com a vida de prateleira do produto. Palavras-Chave: resfriamento, vida de prateleira, tempo de espera, rúcula. RELATION BETWEEN THE POST HARVEST TIME AND THE SHELF LIFE THE REFRIGERATION OF ROCKET ABSTRACT The refrigeration and post harvest storage of perishable products are processes that can increase the life time of the perishable products, minimizing the loss of the sensorial and nutritional characteristics, when it’s compared to the fresh-cut product. The degree-time parameter (DT), which represents the energy received and generated by the post harvest product during a certain period of time, is calculated by the integral of the product temperature in function of the post harvest time. This work consists on the determination of a methodology to calculate the DT of vegetables, by monitoring the product temperature, after harvest, submitted to two different refrigeration processes: fast (with forced air) and slow (inside a refrigeration chamber), and subsequent storage. The proposed experimental plan allowed us to evaluate the influence of the delay time (from 0 to 8 h), refrigeration methods and storage temperatures (from 0 to 10oC), describing the connection between the DT indicator and the product shelf life time. Keywords: refrigeration, shelf life, degree-time _____________________ Protocolo 587 25/10 / 2004 1 Departamento de Engenharia de Alimentos – Faculdade de Engenharia de Alimentos - Universidade Estadual de Campinas– UNICAMP. Caixa Postal 6121 - CEP: 13083-862 – Campinas/SP – Brasil. Telefone: (0-xx-19)3788-4086 E-mail: [email protected], 2 Professor do Departamento de Engenharia de Alimentos –UNICAMP. Caixa Postal 6121 - CEP: 13083-862 – Campinas/SP – Brasil. E-mail: [email protected] 158 Relação entre o período de pós-colheita e a vida de prateleira no resfriamento de rúcula Pataro e Silveira Júnior (DT), determinando sua relação com a vida de prateleira da rúcula. INTRODUÇÃO Segundo Salgado (2001), o Brasil é o país das perdas. Só no ano de 2000, bilhões de dólares foram perdidos. Na agricultura, cerca de 30% de tudo o que é produzido não chega na mesa do consumidor. As perdas de alimentos ocorrem na colheita, transporte, comercialização, estocagem e preparo do alimento. Além do aspecto das perdas perante a população não alimentada, há o prejuízo dos próprios produtores de alimentos. Segundo Anon (2001), o Brasil é um dos países que mais produzem frutas tropicais e hortaliças, mas as grandes perdas têm contribuído para reduzir a rentabilidade do setor. Nos últimos anos, porém, a conscientização de produtores, processadores e distribuidores, tem aumentado sobre a necessidade de suporte tecnológico, visando ao melhor aproveitamento de vegetais que não alcançam padrão para mesa. Segundo Turk & Celik (1999), o fator que mais afeta a vida pós-colheita de hortaliças é a temperatura. Tanabe & Cortez (1998) citam a importância da “Cadeia do Frio”, isto é, o resfriamento e conservação à baixa temperatura de frutas e hortaliças desde a colheita até o consumo final. A comercialização de frutas e hortaliças não refrigeradas nos pontos de venda acarreta uma diminuição, na vida útil do alimento, modificando as características físicas, visuais e até nutricionais. Normalmente, vista como uma encarecedora do custo de alimentos, a utilização desta técnica deve ser repensada e avaliada como uma alternativa efetiva contra as perdas, a favor do aumento da vida de prateleira dos alimentos e, conseqüente, satisfação do consumidor, atualmente mais exigente. De acordo com Fournier & Vandiovet (1983), quanto maior o tempo de espera para a aplicação do método de resfriamento, menor será a vida de prateleira do alimento. Este fato é claramente constatado no caso de hortaliças e frutas mais sensíveis ao calor. Além disso, quanto maior este tempo de espera, mais será requerido do sistema de refrigeração para retirar o calor do produto. Neste caso, o parâmetro degree-time (DT), que representa a energia recebida e gerada pelo produto, após a colheita em função do tempo, pode ser utilizado como um indicador quantitativo. O objetivo deste trabalho consiste no desenvolvimento de uma metodologia que possibilite calcular o parâmetro degree-time MATERIAL E MÉTODOS Procedimento com o Produto Os maços de rúcula foram colhidos por volta das 7 horas da manhã, provenientes de um mesmo campo de produção, a fim de se obter a maior homogeneidade possível das amostras. As rúculas foram produzidas em estufas, cultivadas em canteiros e sem sistema de irrigação. Os pés foram colhidos e dispostos em caixas plásticas entre 40 e 45 dias de desenvolvimento. A embalagem utilizada para o acondicionamento dos maços foi um saco plástico sem fundo com pequenos orifícios, deixando as raízes e as extremidades das folhas expostas. Imediatamente após a chegada dos maços de rúcula ao laboratório, estes eram dispostos na câmara acondicionadora, onde permaneciam a 17 – 20oC e 65 – 75% de umidade relativa, durante o tempo de espera pré-determinado para cada ensaio. Transcorrido este período, o produto era transferido para a câmara frigorífica; ou no Túnel Californiano, para o resfriamento rápido, ou diretamente em uma estante, para a estocagem frigorificada. Planejamento dos Experimentos Foram efetuados planejamentos experimentais fatoriais completos e análise por superfície de resposta, com a finalidade de analisar e quantificar as influências de cada variável sobre o processo. Como os métodos de resfriamento (estocagem em câmara e ar forçado) são variáveis discretas, foram realizados dois planejamentos experimentais completos com pontos centrais para cada método. A faixa da temperatura de estocagem foi entre 0 e 10oC, de acordo com a literatura (Hardenburg et al., 1986; Thompson et al., 1986) e, observando que alguns produtores não dispõem de diversas câmaras frigoríficas, devese considerar a possibilidade de estocar a rúcula juntamente com outros produtos que exigem temperaturas mais elevadas de conservação. O tempo de espera, que é o tempo desde a colheita até a aplicação do método de resfriamento, variou de 0 a 8 horas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.157-164, 2004 Relação entre o período de pós-colheita e a vida de prateleira no resfriamento de rúcula Uma vez que a temperatura do produto foi monitorada pela aquisição de dados, desde o acondicionamento até o final de sua vida útil, o histórico da temperatura do produto auxiliou nas avaliações das variáveis dependentes. Estas variáveis respostas do PFCC são, especificamente, o DT/DTtest (degreetime/degree-time da testemunha) e o tempo de vida de prateleira. Determinação das variáveis dependentes A vida de prateleira é determinada a partir da colheita até a perda da qualidade comercial do produto. Desta forma, a vida de prateleira foi determinada por meio da análise sensorial, quanto aos parâmetros: aparência geral e aceitação de compra. Aplicando o conceito para a área de fisiologia pós-colheita, o DT pode ser calculado a partir do comportamento da diferença da temperatura do produto em relação à temperatura de referência em função do tempo (Equação 1). Porém, a fim de tornar esta variável dependente um índice (adimensional) e comparável à testemunha, foi considerado apenas o histórico de temperatura relativo ao tempo de vida de prateleira da testemunha (24 h) (Equação 2). tf DT T p Tref dt (1) 0 tf DT DTtest T p 0 tf T test 159 provadores (Stone & Sidel, 1985) não-treinados avaliou a aparência geral e opinou sobre a possibilidade de compra do produto (aceitação do consumidor). No momento da análise sensorial, as amostras, codificadas com três dígitos aleatórios, eram dispostas sobre uma superfície branca e em ambiente com boa iluminação do tipo fluorescente (luz do dia). O provador atribuía notas de 1 a 9 para aparência geral (Peryam & Girardot, 1952) e indicava a possibilidade de compra (5 opções). A perda de qualidade do produto para a venda ocorria no momento em que a média das notas de aparência geral fosse inferior a 5, ou a maioria dos provadores declarasse que, possivelmente, ou, certamente, não compraria o produto. RESULTADOS E DISCUSSÕES Experimentos com rúcula Foi verificado, durante o experimento, que a temperatura das folhas das rúculas foi sempre ligeiramente menor que a do caule (de 0,5 a 1oC). Desta forma, decidiu-se adotar como valores de temperatura de estocagem, a temperatura das folhas. Esse critério foi adotado como segurança, a fim de evitar danos causados pelo frio aos maços de rúcula, decorrentes dos ensaios realizados a baixas temperaturas. Resfriamento por estocagem em câmara frigorífica Tref dt Tref dt Pataro e Silveira Júnior (2) 0 Análise sensorial A análise sensorial foi necessária para a determinação da vida de prateleira do produto resfriado. Era amostrado, aleatoriamente, um maço de rúcula por ensaio para ser submetido à análise sensorial, que era realizada sempre às 13:30 h, com duração de 30 minutos, a fim de determinar o período exato de 24 h (1 dia) entre as análises e aproveitar a maior disponibilidade dos provadores (após o almoço e antes do expediente vespertino). Uma equipe de 20 Os resultados do planejamento proposto estão dispostos na Tabela 1. A temperatura inicial dos maços de rúcula foi de 17 a 20oC, obtida com a utilização da câmara acondicionadora. Na Tabela 2, encontram-se os modelos lineares e quadráticos, para as duas variáveisresposta. Para as duas variáveis-resposta, os modelos quadráticos apresentaram valores de correlação maiores que os lineares. Os valores dos testes F foram maiores nos modelos quadráticos, porém, haja vista que o valor de F calculado deve ser 4 vezes maior do que o tabelado para se obter uma boa predição dos resultados, o modelo linear, também, se apresentou adequado para as duas variáveis dependentes. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.157-164, 2004 160 Relação entre o período de pós-colheita e a vida de prateleira no resfriamento de rúcula Tabela 1 - Resultados dos ensaios com resfriamento por estocagem em câmara fria x x Ensaio Variáveis independentes No te (h) Te (oC) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 6,83 1,17 6,83 1,17 4 4 4 8 0 4 4 8 8 2 2 5 5 5 5 5 10 0 Variáveis dependentes VP DT/DTtes (dias) t 3 0,605 4 0,458 8 0,229 9 0,173 5 0,402 5 0,402 5 0,402 4 0,521 6 0,288 3 0,618 11 0,130 te é o tempo de espera, Te é a temperatura de estocagem, VP é a vida de prateleira e DT/DTtest é o degreetime/degree-time da testemunha. Através da Figura 1, pode-se observar que a vida de prateleira sofreu maior influência da temperatura de estocagem, verificando-se que, quanto menores os valores desta variável independente, maiores foram as vidas de Pataro e Silveira Júnior Tabela 2 - Modelos empíricos das variáveisresposta dos ensaios com resfriamento por estocagem em câmara frigorífica x Modelos Vida de Prateleira (dias) Linear: VP = 10,44481 – 0,17668te – 0,88883Te Quadrático: VP = 12,16369 – 0,27721te + 0,00799te2 – 1,64744Te + 0,08335Te2 DT/DTtest Linear: DT/DTtest = 0,034423 + 0,017933te + 0,055083Te Quadrático: DT/DTtest = 0,0557 + 0,015021te – 0,000612te2 + 0,055131Te – 0,001442Te2 + 0,00268teTe x te é o tempo de espera para o resfriamento, Te é a temperatura de estocagem, VP é a vida de prateleira e DT/DTtest é o degree-time/degree-time da testemunha. Fcalc é o valor de F calculado e o Ftab indica o valor de F tabelado a 95% de confiança. prateleira do produto. O tempo de espera para o resfriamento, também, influenciou a vida de prateleira, porém em menor escala, quando comparado com a influência da temperatura de estocagem. Figura 1 - Superfície-Resposta para a Vida de Prateleira, em função do tempo de espera e temperatura de estocagem, do modelo empírico quadrático dos ensaios com resfriamento por estocagem em câmara frigorífica Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.157-164, 2004 Relação entre o período de pós-colheita e a vida de prateleira no resfriamento de rúcula Através da Figura 2, pode-se observar que o DT/DTtest sofreu influência da temperatura de estocagem, verificando-se que quanto maiores os valores desta variável independente, maiores foram os valores de Pataro e Silveira Júnior 161 DT/DTtest do produto. O tempo de espera para o resfriamento também influenciou direta e proporcionalmente os valores de DT/DTtest, porém em menor proporção quando comparado com a influência da temperatura de estocagem. Figura 2 - Superfície-Resposta para o Degree-Time/Degree-Time da Testemunha, em função do tempo de espera e temperatura de estocagem, do modelo empírico quadrático dos ensaios com resfriamento por estocagem em câmara frigorífica Resfriamento rápido por ar forçado (Túnel Californiano) Os resultados do planejamento proposto estão dispostos na Tabela 3. A temperatura inicial dos maços de rúcula foi de 17 a 20oC, obtida com a utilização da câmara acondicionadora. Tabela 3 - Resultados dos ensaios com resfriamento rápido por ar forçado x Variáveis Variáveis Ensaio independentes dependentes VP DT/DTtes No te (h) Te (oC) (dias) t 6,83 8 3 0,593 1 1,17 8 4 0,456 2 6,83 2 8 0,225 3 1,17 2 9 0,153 4 4 5 5 0,389 5 4 5 5 0,387 6 4 5 5 0,387 7 8 5 4 0,510 8 0 5 6 0,276 9 4 10 3 0,613 10 4 0 11 0,124 11 x te é o tempo de espera, Te é a temperatura de estocagem, VP é a vida de prateleira e DT/DTtest é o degreetime/degree-time da testemunha. A Tabela 4 mostra os modelos lineares e quadráticos, para as duas variáveis-resposta. Tabela 4 - Modelos empíricos das variáveisresposta dos ensaios com resfriamento rápido por ar forçado x Modelos Vida de Prateleira (dias) Linear: VP = 10,44481 – 0,17668te – 0,88883Te Quadrático: VP = 12,16369 – 0,27721te + 0,00799te2 – 1,64744Te + 0,08335Te2 DT/DTtest Linear: DT/DTtest = 0,016565 + 0,018463te + 0,055917Te Quadrático: DT/DTtest = 0,03458 + 0,017706te – 0,000428te2 + 0,055039Te – 0,001086Te2 + 0,001914teTe x te é o tempo de espera para o resfriamento, Te é a temperatura de estocagem, VP é a vida de prateleira e DT/DTtest é o degree-time/degree-time da testemunha. Fcalc é o valor de F calculado e o Ftab indica o valor de F tabelado a 95% de confiança. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.157-164, 2004 162 Relação entre o período de pós-colheita e a vida de prateleira no resfriamento de rúcula Para as duas variáveis-resposta, os modelos quadráticos apresentaram valores de correlação maiores que os lineares. Os valores dos testes F foram maiores nos modelos quadráticos, porém, considerando que o valor de F calculado deve ser 4 vezes maior do que o tabelado para se obter uma boa predição dos resultados, o modelo linear, também, se apresentou adequado para as duas variáveis dependentes. Pataro e Silveira Júnior Através da Figura 3, pode-se observar que a vida de prateleira sofreu maior influência da temperatura de estocagem, verificando-se que, quanto menores os valores desta variável, independente, maiores foram as vidas de prateleira do produto. O tempo de espera para o resfriamento, também, influenciou a vida de prateleira, porém em menor proporção, quando comparado com a influência da temperatura de estocagem. Figura 3 - Superfície-Resposta para a Vida de Prateleira, em função do tempo de espera e temperatura de estocagem, do modelo empírico quadrático dos ensaios com resfriamento rápido por ar forçado Através da Figura 4, pode-se observar que o DT/DTtest sofreu maior influência da temperatura de estocagem, verificando-se que, quanto maiores os valores desta variável independente, maiores foram os valores de DT/DTtest do produto. O tempo de espera para o resfriamento, também, influenciou direta e proporcionalmente os valores de DT/DTtest, porém em menor proporção quando comparado com a influência da temperatura de estocagem. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.157-164, 2004 Relação entre o período de pós-colheita e a vida de prateleira no resfriamento de rúcula Pataro e Silveira Júnior 163 Figura 4 - Superfície-Resposta para o Degree-Time/Degree-Time da Testemunha, em função do tempo de espera e temperatura de estocagem, do modelo empírico quadrático dos ensaios com resfriamento rápido por ar forçado Resfriamento Rápido (Túnel Californiano) versus Estocagem Frigorificada O resfriamento dos maços de rúcula foi monitorado por termopares tipo T. Com esses dados, foi gerada uma curva real do comportamento térmico da hortaliça (folhas internas a um maço aleatoriamente amostrado em cada caixa) durante todo o período de estocagem (vida de prateleira). Na Figura 5 verifica-se a diferença, nos ensaios 1 e 12, entre a curva de resfriamento por estocagem em câmara frigorífica e a curva de resfriamento rápido por ar forçado, apenas durante o período de resfriamento até atingirem a temperatura de 7/8 da diferença entre a temperatura inicial e a final do produto. É possível notar diferença significativa entre o tempo de 7/8 de resfriamento em relação aos dois métodos de resfriamento (no ensaio 1 é de 12 min, enquanto que no ensaio 12 este tempo é de 46 min), quando a temperatura do ar é de 8oC. 20 Ensaio 1- Estocagem (te = 6:50h e Te = 8ºC) 18 Ensaio 12 - Ar Forçado (te = 6:50h e Te = 8ºC) 14 Temperatura ( o C) 16 12 10 8 6 4 2 0 0 t 7 20 t 40 Tempo (min) 60 80 7 Figura 5 - Diferença, nos ensaios 1 e 12, entre a curva de resfriamento por estocagem em câmara frigorífica e a curva de resfriamento rápido por ar forçado, apenas durante o período de resfriamento até atingirem a temperatura de 7/8 da diferença entre a temperatura inicial e a final do produto Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.157-164, 2004 164 Relação entre o período de pós-colheita e a vida de prateleira no resfriamento de rúcula Porém, observando-se os históricos de temperatura dos ensaios 1 (estocagem em câmara com te igual a 6:50h e Te igual a 8oC) e 12 (resfriamento rápido por ar forçado com te igual a 6:50h e Te igual a 8oC) (Figura 6), podese notar que não há grande diferença entre os dois métodos de resfriamento. Pataro e Silveira Júnior Esta semelhança entre os dois métodos é refletida na mesma vida de prateleira e DT/DTtest, aproximadamente, iguais para emsaios com o mesmo tempo de espera para o resfriamento e temperatura de estocagem. 20 Testemunha 18 Ensaio 1- Estocagem (te = 6:50h e Te = 8ºC) Ensaio 12 - Ar Forçado (te = 6:50h e Te = 8ºC) Temperatura ( oC) 16 14 12 10 8 6 4 2 0 0 20 40 Tem po (h) 60 80 Figura 6 - Históricos de temperatura, referentes aos ensaios 1 e 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anon. Produtor tem equipamentos e tecnologia à disposição. O Estado de São Paulo, 29 ago. 2001. Suplemento Agrícola. Fournier, P. E.; Vandiovet, A.C. La préréfrigération rapide le vide à la convergence des tests aéronautiques et de l'agroalimentaire. Industries Alimentaires Agricoles, v.10, n.100, p.691-696, 1983. Hardenburg, R. E.; Watada, A. E.; Wang, C. Y. The Commercial Storage of Fruits, Vegetables, and Florist and Nurseys Stocks: Agriculture Handbook Number 66. Washington: Thermo King Corporation, 1986. 130p. Peryam, D. R.; Girardot, N. Advanced taste-tes method. Food Engineering, v.24, n.7, p. 58-61, 194, 1952. Salgado, J. Nutrição. O Estado de São Paulo, São Paulo, 19 jul. 2001. Maga.zine. Stone, H.; Sidel, J. L. Sensory Evaluation Practices. Florida: Academic Press, 1985. 348p. Tanabe, S.; Cortez, L. A. B. Perspectivas da cadeia do frio para frutas e hortaliças no Brasil. Revista do Frio, 1998. Thompson, J. F.; Chen, Y. L.; Rumsey, T. R. Energy use in vacuum coolers for fresh market vegetables. ASAE. American Society of Agricultural Engineers, v.866010, 1986. Turk, R. e Celik, E. The effect of vacuum precooling on the half cooling period and quality characteristic of Iceberg Letuce. Acta Horticulturae, n.343, p.321-324, jun., 1999. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.157-164, 2004 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.165-170, 2004 ISSN 1517-8595 165 ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DA UNIDADE PILOTO DE REFRIGERAÇÃO NO ARMAZENAMENTO DE CEBOLA Mabel Ribeiro Sousa1, Joás Oliveira de Meneses2, Jorge Wellington Menezes Martins3, Marcos Fábio de Jesus4, Marcelo A. Gutierrez Carnelossi5, Gabriel Francisco da Silva5 RESUMO O presente trabalho teve por objetivo estudar a viabilidade técnica e econômica da unidade piloto de refrigeração. A unidade piloto é composta por um sistema de compressão a energia elétrica e por um sistema de absorção água/amônia que utiliza gás natural como fonte de energia. A análise técnica e econômica foi feita individualmente para cada sistema utilizando como produto armazenado a cebola. O consumo de energia elétrica e gás natural foram estimados a partir da carga térmica total calculada através do programa computacional denominado CAAL1.0. As planilhas de fluxo de caixa contendo as despesas e as receitas dos projetos foram montadas para determinar os indicadores econômicos de rentabilidade e liquidez dos projetos, o valor presente líquido (VPL), a taxa interna de retorno (TRI) e o tempo de retorno do investimento. Os resultados obtidos foram comparados para indicar a viabilidade dos sistemas e determinar a tecnologia mais rentável. Os dois sistemas de refrigeração são técnica e economicamente viáveis. Entretanto, o sistema de refrigeração por compressão apresentou uma ligeira vantagem em relação ao sistema de refrigeração por absorção de acordo com a metodologia proposta neste estudo. Palavras-chave: gás natural, energia elétrica, carga térmica. TECHNICAL AND ECONOMIC ANALYSIS OF THE PILOT REFRIGERATION UNIT IN THE STORAGE OF ONION ABSTRACT The present work consist in the study of the technical and economic viability of the pilot system of refrigeration, that’s composed by a compressor system through electric energy and by an absorption water/ammonia system using natural gas as source of energy. The technical and economic analysis was made individually for each system using the onion as stored product. The consumption of electric energy and natural gas had been esteem through the total thermal load of each system that was calculated through the CAAL1.0 software. The box flow worksheets that contain the expenses and the revenues of the projects were mounted to determine the economic indicators of profitability and liquidity, the liquid present value (VPL), the intern rate of return (TRI) and the investment return time. The obtained results were compared to indicate the viability of the systems and to determine which technology is considered more profitable. The two systems of refrigeration are technical and economically viable. However, the system of refrigeration for compressor presented advantage in relation to the system of refrigeration by absorption, according to the proposed methodology in this study. Keywords: natural gas, electric energy, thermal load _____________________________ Protocolo 596 20/11/2004 1 Química Industrial, Bolsista DTI/CNPq, DEQ/UFS, Tel: (79) 212-6556, e-mail: [email protected] 2 Engenheiro Químico, PETROBRAS/FAFEN/SE, Tel: (79) 280-6034, e-mail: [email protected] 3 Químico Industrial, Tel: (79) 217-2461, e-mail: [email protected] 4 Engenheiro Químico, Mestrando de Engenharia Química/UFBA, e-mail: [email protected] 5 Professor do Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal de Sergipe, Cidade Universitária, Jd. Rosa Elze, São Cristóvão SE Tel: (79) 212-6686, Fax: (79)212-6679, e-mail: [email protected] 166 Análise técnica e econômica da unidade piloto de refrigeração no armazenamento de cebola INTRODUÇÃO Segundo Chitarra & Chitarra (1990), a refrigeração é o processo mais econômico para armazenamento de frutas e hortaliças frescas. A qualidade comestível em muitos produtos perecíveis, aumenta após a colheita e depois recai rapidamente, se não for utilizado o processo de armazenamento a frio. Sem este, as deteriorações são mais rápidas, devido à produção de calor vital e a liberação do CO2 decorrentes da respiração. A refrigeração é recomendada, pois retarda a ação de fatores como o amadurecimento, conduzindo a mudanças na textura e na cor; mudanças metabólicas indesejáveis e produção de calor vital pela respiração; perda de umidade e murchamento, deterioração devida a bactérias e fungos, crescimento indesejável (brotamento, elongação de caules, etc.). O processo de refrigeração difere dos demais processos de frio, pelos graus de temperatura utilizados, que estão compreendidos entre -1ºC e 10ºC (Evangelista, 2001), portanto, o objetivo da refrigeração é manter a qualidade do alimento até o ato de sua ingestão, transporte, transformação industrial, ou submissão a outros processos de conservação. Existem variados métodos de refrigeração dos alimentos e, de acordo com Evangelista (2001), a diversificação desses métodos ocorre, justamente, em razão das características de cada alimento e sua destinação. A corrida crescente pela adoção e desenvolvimento de novas tecnologias no armazenamento e conservação dos alimentos, objetiva não somente minimizar os custos, mas também melhorar a segurança operacional das instalações, viabilizar a utilização de “formas limpas de energia”, manter a qualidade e o nível de segurança dos alimentos estocados, atendendo as exigências de mercado e às leis ambientais e trabalhistas. Para isto, faz-se necessário buscar fontes energéticas que possam ser utilizadas com baixo custo e segurança. Em comparação com outros combustíveis fósseis utilizados em larga escala o gás natural apresenta menor grau de poluentes e, em futuro próximo, esse combustível poderá se constituir Sousa et al. em uma importante fonte energética, ambientalmente adequada e competitiva. Suas vantagens são percebidas ainda no aumento da vida útil dos equipamentos e uma significativa melhoria dos produtos fabricados, o que lhe confere maior competitividade a diversos segmentos industriais e comerciais. O gás natural corresponde a, aproximadamente, 7,5% da matriz energética brasileira e suas aplicações o tornam uma alternativa viável para o país. Com o intuito de contribuir para o aumento da participação do gás natural na matriz energética e, especificamente, no segmento de armazenamento e conservação de alimentos. O presente trabalho teve como objetivo estudar o armazenamento de cebolas em câmara frigorífica com gás natural como fonte energética para produção de frio, sistema por absorção água/amônia, e em câmara com o sistema convencional por compressão a energia elétrica. MATERIAL E MÉTODOS Foi utilizada neste trabalho, uma unidade piloto de refrigeração instalada na Universidade Federal de Sergipe no Departamento de Engenharia Química. A unidade consiste em um sistema de refrigeração por absorção água/amônia constituído de três câmaras frigoríficas com paredes de isopainéis de poliuretano, dimensões 2mx3mx2m com capacidade máxima de estocagem de 2.000 kg cada uma; um chiller de absorção água/amônia com queima direta de gás natural, consumo máximo de 2,7m3/h e capacidade de 5 TR’s; painel de controle e um sistema de abastecimento de gás natural comprimido com duas carretas que contêm em cada uma três cilindros com capacidade de 23,8 m3 totalizando 71,4 m3 por carreta, válvulas reguladoras, de bloqueio e medidor de vazão de gás; e um sistema de compressão acoplado a uma câmara frigorífica com as mesmas características. Na Figura 1, está representado o Layout da Unidade Piloto de Refrigeração instalada para fins de teste com armazenamento de alimentos usando gás natural como fonte de energia. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.165-171, 2004 Análise técnica e econômica da unidade piloto de refrigeração no armazenamento de cebola Sousa et al. 167 Figura 1 - Unidade piloto de refrigeração Onde I, II, III são as Câmaras 1, 2 e 3 em painéis de poliuretano conjugadas de dimensões 2mx3mx2m cada; IV é a sala de controle disponível para os equipamentos de controle; V é o chiller Robur por absorção água/amônia para uso do gás natural em queima direta e VI é a câmara frigorífica 4, com sistema por compressão em painéis de poliuretano de dimensões 2mx3mx2m. O estudo da viabilidade do projeto foi determinado, mediante uma análise técnica e econômica realizada de forma simplificada e baseada, principalmente, no consumo de gás natural e energia elétrica para os sistemas de absorção água/amônia e compressão, respectivamente. Os parâmetros relativos aos custos operacionais usados no estudo, consumo de gás natural e energia elétrica foram estimados a partir do cálculo da carga térmica total fornecida pelo programa computacional CAAL1.0. Com os valores da carga térmica total calculada pelo programa e dados de calor específico, calor de respiração, temperatura de entrada e de armazenamento do produto foi feita a estimativa do custo de armazenamento do produto, seguindo a metodologia de Jesus & Silva (2003). A estimativa da rentabilidade do projeto foi calculada através do fluxo de caixa do empreendimento, a partir de resultados obtidos dos investimentos iniciais, do fluxo das receitas e despesas, durante um período pré-fixado para o projeto e avaliado mediante o cálculo de seus indicadores de rentabilidade e liquidez (Sousa, 2004). O produto armazenado para estimar a carga térmica dos sistemas foi a cebola. A análise financeira teve como base de cálculo, a capacidade total de estocagem das câmaras frigoríficas, 6.000 kg, e a temperatura de armazenamento 10ºC, de acordo com a Tabela 1. As câmaras 1, 2 e 3 estão acopladas ao sistema por absorção. Para efeito comparativo, foi estipulado um fator multiplicador de 3, para os dados técnicos, referente à câmara acoplada ao sistema por compressão. Tabela 1 - Condições operacionais de armazenamento para a análise financeira Câmara Capac. Temp. Produto (no) (kg) (ºC) 1 2.000 10 cebola 2 2.000 10 cebola 3 2.000 10 cebola 4 2.000 10 cebola Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.165-170, 2004 168 Análise técnica e econômica da unidade piloto de refrigeração no armazenamento de cebola Através dos fluxos de caixa realizados para cada um dos sistemas de refrigeração foram obtidos os resultados relativos aos respectivos indicadores econômicos, o VPL (valor presente líquido) e a TRI (taxa interna de retorno) para discussão, em torno da rentabilidade dos projetos. O VPL é encarado como o lucro líquido do projeto, constituindo um critério de decisão, sendo este positivo indica que o projeto é viável, tornando-se tanto mais atrativo, quanto maior for. A taxa interna de retorno é uma medida para ser comparada com um indicador, neste caso a TMA (taxa mínima de atratividade) cujo valor estimado é de 15%, como critério de decisão caso a TRI seja maior que a TMA o projeto é considerado aceitável. Outro critério de avaliação utilizado neste trabalho foi à determinação de um outro índice, o tempo de retorno, que determina a liquidez do projeto. A estimativa foi feita para ambos os sistemas de refrigeração. Os valores encontrados para o sistema de refrigeração por absorção foram comparados com os valores referentes ao sistema de refrigeração por compressão. A partir dos resultados obtidos, determinou-se a viabilidade dos sistemas, indicando-se o projeto de maior rentabilidade, ou seja, o projeto que apresenta o maior valor para o VPL e uma TRI superior a taxa mínima de atratividade. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise técnica permitiu verificar que os equipamentos estão dimensionados, de acordo com a capacidade requerida pelos sistemas. Na Tabela 2, são apresentados os dados estimados pelo CAAL 1.0 e os dados nominais, fornecidos pelo fabricante, para o consumo de energia elétrica e gás natural dos referidos sistemas. Tabela 2 - Consumo teórico e o experimental para a energia elétrica e gás natural Forma Energia Gás Sistema do elétrica natural consumo (kWh/dia) (m3/dia) Normal 155,52 Compressão Estimado 90,28 Normal 66,37 Absorção Estimado 56,91 Para cada sistema, foram realizadas duas análises, quanto ao tipo de investimento, com 100% recurso próprio ou através de um financiamento. De acordo com o critério de investimento utilizado, foram encontrados Sousa et al. distintos valores para os indicadores VPL (valor presente líquido), TRI (taxa interna de retorno) e o tempo de retorno do investimento. As Tabelas 3, 4 e 5 demonstram o comportamento deles para cada situação referente ao sistemas por compressão e absorção. Tabela 3 - Valores dos indicadores econômicos de acordo com o tipo de investimento para o sistema por compressão 100% Debit/Equity Indicador Recurso próprio Ratio 30/70 VPL (R$) 206.730,09 216.126,65 TRI (%) 56 72 Tabela 4 - Valores dos indicadores econômicos de acordo com o tipo de investimento para o sistema por absorção 100% Indicado Debit/Equity Recurso r Ratio 30/70 próprio VPL (R$) 194.993,44 204.994,40 TRI (%) 51 66 Tabela 5 - Tempo de retorno para o armazenamento de cebola Investimento Sistema de 100% Debit/Equity refrigeração Recurso Ratio 30/70 próprio Absorção 1 a 3 anos 1 a 2 anos Compressão 1 a 3 anos 1 a 2 anos Comparando-se os resultados obtidos nas Tabelas 2 e 3 para os dois sistemas de refrigeração, referente ao indicador econômico VPL, constata-se que, tanto para 100% de recurso próprio ou Debit/Equity Ratio igual à 30/70 o sistema de refrigeração por compressão atingiu um valor maior em relação ao sistema de refrigeração por absorção. Com relação ao indicador econômico, TRI, obteve-se o mesmo comportamento, o sistema de refrigeração por compressão obteve uma TRI de maior valor para os dois tipos de investimento em relação ao sistema de refrigeração por absorção. Fazendo-se um comparativo com relação à questão do tipo de investimento inicial observa-se que ocorreu uma alavancagem financeira, quando se utiliza uma Debt/Equity Ratio igual à 30/70 para os dois sistemas de refrigeração, ou seja, há um aumento nos valores para VPL e TRI em relação ao Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.165-170, 2004 Análise técnica e econômica da unidade piloto de refrigeração no armazenamento de cebola Valor Atual de Investimento x R$ 1000,00 investimento inicial com 100% de recurso próprio. De acordo com a Tabela 5, os projetos apresentam uma liquidez expressiva, verifica-se que, para cada sistema, o tempo de retorno é menor, quando se utiliza financiamento. Os valores variaram de 1 a 3 anos para o 225 200 175 150 125 100 75 50 25 0 -25 0 -50 -75 -100 Sousa et al. 169 investimento com recurso próprio e de 1 a 2 anos a partir de uma Debt/Equity Ratio 30/70. As Figuras 2 e 3 representam, graficamente, o período necessário para retornar o investimento empregado nos projetos tanto para um investimento com 100% de recurso próprio quanto para um financiamento. 100% Recurso próprio Debt/equity ratio 30/70 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Período(Anos) Valor Atual de Investimento x R$ 1000,00 Figura 2 - Tempo de retorno em função do valor atual do investimento para o sistema por compressão 225 200 175 150 125 100 75 50 25 0 -25 0 -50 -75 -100 100% Recurso próprio Debt/equity ratio 30/70 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Período(Anos) Figura 3 - Tempo de retorno em função do valor atual do investimento para o sistema por absorção água/amônia O sistema de refrigeração por compressão apresenta uma ligeira vantagem na rentabilidade, entretanto, percebe-se uma igualdade na liquidez dos projetos. Observando-se os resultados, existe uma equivalência no comportamento para ambos os tipos de investimentos iniciais, ou seja, 100% de recurso próprio e com financiamento. O projeto aponta para uma liquidez expressiva para ambos os investimentos, inferior ao Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.165-170, 2004 170 Análise técnica e econômica da unidade piloto de refrigeração no armazenamento de cebola período de três anos. Ocorre uma ligeira vantagem, quando se utiliza um financiamento no início do projeto, com o tempo de retorno do investimento menor. Segundo Sousa (2004), os dois sistemas são considerados viáveis para as condições estabelecidas e previamente citadas nesta análise técnica e econômica. Sendo assim, o sistema de refrigeração por compressão, de acordo com os resultados obtidos apresentou o indicador econômico VPL com valor superior ao obtido pelo projeto do sistema de refrigeração por absorção e, portanto, considerado mais rentável. Apesar de possuir um custo total maior, o fator que diferenciou e influenciou a maior rentabilidade do projeto para o sistema de compressão foi o menor gasto com investimento inicial em equipamentos. Sousa et al. largamente utilizadas na conservação e armazenamento refrigerado de alimentos in natura. Mesmo a análise, apontando uma maior rentabilidade para o sistema de refrigeração por compressão, o estudo demonstrou condições em que a opção pelo gás natural é viável. Contudo, é necessário, que sejam identificados os melhores parâmetros operacionais e econômicos compatíveis com o projeto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Chitarra, M.I.F.; Chitarra, A.B. Pós-colheita de frutas e hortaliças. Lavras: Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão, 1990. 256p. Evangelista, J. Tecnologia de alimentos. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2001. 652p. CONCLUSÕES A tecnologia de utilização do gás natural como fonte de energia no armazenamento refrigerado de alimentos in natura é, economicamente, viável. Entretanto, para se obter maior rentabilidade no projeto do sistema de refrigeração por absorção água/amônia, é necessário otimizar as condições operacionais, usando o máximo de sua capacidade de estocagem ou por outro lado agregar valor ao produto estocado. O gás natural se constitui em uma importante fonte energética, podendo substituir formas convencionais de energia que são Jesus, M.F.; Silva, G.F. Custo no armazenamento de alimentos: CAAL. Versão 1.0. Universidade Federal de Sergipe, 2003. CD-Rom. Sousa, M.R. Estudo da viabilidade técnica e econômica da unidade piloto de refrigeração no armazenamento de cebola. São Cristóvão: UFS, 2004. 83p. (Monografia de Especialização). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.165-170, 2004 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.171-178, 2004 ISSN 1517-8595 171 CALOR ISOSTÉRICO DA POLPA DE BANANA VARIEDADES MAÇÃ E NANICA José Cleidimário Araújo Leite1, Manassés Mesquita da Silva1, Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia2, Francisco de Assis Cardoso Almeida2, Juarez Paz Pedroza2 RESUMO A banana é uma das frutas mais produzidas no mundo, sendo destaque na produção nacional. O Brasil, um dos maiores produtores mundiais de frutas e hortaliças, apresenta grandes problemas no que se refere ao aproveitamento adequado de seus produtos. Entretanto, para minimizar as perdas pós-colheita e aproveitar de maneira correta a produção, deve-se reduzir o conteúdo de água dos produtos por meio de processos como a secagem, bem como avaliar a energia requerida nestes processos, tornando viável a sua implantação. Neste trabalho fez-se um estudo da quantidade de calor necessária na secagem da banana, variedades maçã e nanica, utilizando os modelos matemáticos de GAB, BET e Oswin na obtenção das isotermas de equilíbrio, em que o modelo mais representativo foi usado na determinação do calor isostérico da fruta. De acordo com os resultados, verificou-se que o calor isostérico aumentou com a diminuição do conteúdo de água de equilíbrio para as duas variedades, e que a quantidade de energia requerida na secagem da polpa de banana variedade maçã é maior que na variedade nanica. Palavras-chave: secagem, modelos matemáticos, conteúdo de água ISOSTERIC HEAT OF THE APPLE AND TINY VARIETIES BANANA PULP ABSTRACT Banana is a tropical fruit and it’s one of the most produced in the world. It’s prominence in the national production. Brazil one of the biggest producing of fruits in the world, presents big problems in the adequate use of its products. However, the moisture content of the products must be reduced through processes as the drying, and energy requested in this processes should be evaluated to minimize the post harvest looses and to take advantage of the production, in a correct way, making viable its implantation. The necessary amount of heat in the drying of the banana, apple and tiny varieties, was studied in this work. The mathematical models of GAB, BET and Oswin were used to obtain the equilibrium isotherms. The most representative model was used in the determination of the isosteric heat of the fruit. According to the results, , it was verified that the isosteric heat increased with the decrease of the equilibrium water content for the two varieties, and that the amount of energy requested in the drying of the apple variety banana pulp is larger than in the tiny variety. Keywords: drying, mathematics models, water content ______________________ Protocolo 599 27/11/2004 Engenheiro Agrícola, UFCG/CCT. Campina Grande, PB. E-mail: [email protected]; [email protected] 2 Professor Dr. UFCG/CCT/DEAg. Campina Grande, PB. E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected] 172 Calor isostérico da polpa de banana variedades maçã e nanica INTRODUÇÃO As frutas desempenham um papel de grande importância na dieta humana, não somente como valor alimentício, mas como fonte de sais minerais indispensáveis à formação do nosso corpo. Um dos frutos de maior demanda em todo o mundo é a banana, devido, principalmente, a seus atributos de qualidade e sabor. Apesar da grande procura do fruto in natura, existem produtos processados e comercializados, na forma de sucos, geléias e outros. No entanto, para a fabricação desses produtos, é indispensável o conhecimento das suas propriedades físicas e químicas, visto que essas propriedades têm um papel fundamental nos projetos de equipamentos e processos de transporte, evaporação, secagem, resfriamento e armazenamento. A quantidade de água de um alimento pode influenciar muitos aspectos de sua qualidade. A atividade de água permite formar uma idéia de quais os alimentos apresentam maior tendência de se conservarem e quais têm maior facilidade de se estragarem devido à presença de microorganismos que, como células vivas, necessitam de água para seu crescimento. Essa necessidade está associada mais com a atividade de água do que com o conteúdo de água. Segundo Corrêa et al. (2001), a quantidade de água em um produto pode ser medida de diferentes formas, mas nem todos os métodos indicam a disponibilidade da água para os microorganismos, uma vez que nem toda água do produto está igualmente disponível. A disponibilidade da água em materiais higroscópicos, tais como frutos e derivados, é mais bem indicada pela atividade de água ou pelo conteúdo de água de equilíbrio com a umidade relativa do ar ambiente. Quando se estabelece o equilíbrio, a umidade relativa e a atividade de água são numericamente iguais. O fruto da banana possui um alto conteúdo de água (cerca de 70%). O conhecimento da atividade de água de frutos com um alto conteúdo de água é indispensável no estudo dos processos de secagem, armazenamento e embalagem, uma vez que, quanto maior a atividade de água de um produto, mais susceptível ele está ao ataque de microorganismos. A bananicultura se apresenta como uma cultura de interesse cada vez maior para os pesquisadores em todo mundo, em virtude do Leite et al. seu grande potencial. No entanto, os conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis sobre essa cultura são ainda relativamente pequenos e, além disso, existem muitos problemas básicos que impedem o seu desenvolvimento e aproveitamento em maior escala (Alves, 1999). Segundo Yoshida (1997), o calor isostérico de sorção é, geralmente, obtido a partir de dados de sorção e é definido como a diferença entre a entalpia da água na fase de vapor e a entalpia da água líquida adsorvida, no sólido a uma dada concentração, isto é, ele representa a quantidade de energia necessária para evaporar a água adsorvida, na fase sólida. Seu valor é determinado pela Equação de Clausius-Clapeyron, que relaciona a mudança da atividade de água com a temperatura. Silva et al. (2002), ao estudarem a polpa de manga, observaram que o modelo de GAB foi o que melhor se ajustou às isotermas de equilíbrio e que o calor isostérico diminui com o aumento do conteúdo de água de equilíbrio. O calor de sorção é um bom parâmetro para estimar a quantidade mínima de calor requerido para remover uma dada quantidade de água e permite algumas deduções sobre a microestrutura do alimento e as mudanças físicas que acontecem em sua superfície (Dural & Hines, 1993). De acordo com diversos autores (Wang & Brennan, 1991; Sopade & Ajiserigi, 1994; Silva et al., 2002) o conhecimento do calor de sorção, em função do conteúdo de água, é essencial nos estudos de secagem e armazenagem de produtos agrícolas servindo para estimar as necessidades energéticas do processo de secagem. Para a determinação do calor isostérico, diversos autores consideraram a temperatura dependente do calor de sorção de umidade. Isto é uma consideração conveniente que permite um cálculo facilitado do calor isostérico das isotermas de sorção (Aguerre et al., 1988; Silva et al., 2002). Do exposto, objetivou-se, com o presente estudo, determinar o calor isostérico da banana, variedades maçã e nanica, por meio da Equação de Clausius-Clapeyron, a partir de dados de conteúdo de água de equilíbrio e atividade de água do produto (isotermas) às temperaturas de 20, 30 40 e 50 ºC, utilizando os modelos de GAB, BET e Oswin, bem como ajustar uma equação matemática que expresse a energia gasta em função do conteúdo de água de equilíbrio para as variedades estudadas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.171-178, 2004 Calor isostérico da polpa de banana variedades maçã e nanica MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola em conjunto com o Laboratório de Secagem e Processos Químicos da Unidade Acadêmica de Engenharia Química, ambos da Universidade Federal de Campina Grande. A banana variedade nanica foi adquirida em feira livre, procedente do Sítio Geraldo, localizado no município de Alagoa Nova, estado da Paraíba, e a banana variedade maçã foi adquirida no mercado local de Campina Grande. A atividade de água para cada temperatura foi obtida por meio do Thermoconstanter Novasina TH 200, um equipamento de alta precisão e sensibilidade. Leite et al. 173 As amostras, com aproximadamente 10,0 g, foram pesadas e acondicionadas em recipientes especiais (células de plástico). A Figura 1 ilustra o processo, e o roteiro descreve as fases de determinação das curvas de equilíbrio higroscópico. Depois de ajustado para dada temperatura, o aparelho recebe as amostras e, através de uma câmara climática que contém um sensor eletrônico, registra as respectivas atividades de água para cada temperatura. Após a leitura final da atividade de água, as amostras, já quase secas, seguem para estufa a 100 ºC, onde permanecem durante 3,0 h, obtendo-se, deste modo, a respectiva massa seca. O conteúdo de água de equilíbrio (base seca) foi, então, calculado pela diferença entre a massa da amostra no equilíbrio e respectiva massa seca. Este procedimento foi repetido quatro vezes para obtenção das isotermas (20, 30, 40 e 50 º C). A. As amostras de polpa foram pesadas e levadas à estufa a 100º C B. As amostras foram retiradas da estufa em intervalos de tempo distintos e colocadas em um dessecador contendo sílica gel C. As amostras foram novamente pesadas e levadas ao Novasina para determinação da atividade de água D. Nesta fase, as amostras retornaram para a estufa para determinação da massa seca Figura 1. Esquema experimental para obtenção das curvas de equilíbrio higroscópico O calor isostérico foi determinado através de regressões lineares dos dados do logaritmo neperiano da atividade de água versus o recíproco da temperatura para diferentes valores do conteúdo de água de equilíbrio (Eq. 1). A energia requerida é o resultado numérico da multiplicação entre a inclinação das retas obtidas (para cada conteúdo de água de equilíbrio) e a constante universal dos gases. Os critérios para definição do grau de ajuste dos modelos matemáticos aos dados experimentais foram o coeficiente de determinação (R2) e o erro relativo médio (P) que é a média da percentagem da diferença relativa entre os valores experimentais e preditos, juntamente com a análise da distribuição residual. dln a w Qst R d( 1 ) T (1) em que: Qst calor isostérico de sorção, kJ kg-1 a w atividade de água, decimal T temperatura, K R constante universal dos gases R = 8,314 kJ(kmol K)-1 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.171-178, 2004 Calor isostérico da polpa de banana variedades maçã e nanica 174 Na Equação 1, o termo: RESULTADOS E DISCUSSÃO d (ln( a w )) representa d( 1 ) T a inclinação de uma reta. Esta reta foi obtida, utilizando-se os dados experimentais de atividade de água e conteúdo de água de equilíbrio, e os parâmetros referentes ao modelo que melhor representou as isotermas da fruta. Leite et al. Os dados experimentais da atividade de água e conteúdo de água de equilíbrio, obtidos às temperaturas de 20, 30, 40 e 50 C para as variedades maçã e nanica, estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Dados de atividade de água e conteúdo de água de equilíbrio para as variedades maçã e nanica. Variedade maçã Temperatura (ºC) 20 30 40 50 aw Ueq aw Ueq aw Ueq aw Ueq 0,7 0,72 0,7 0,78 0,81 0,74 0,82 0,74 0,61 0,53 0,58 0,51 0,71 0,47 0,7 0,37 0,53 0,39 0,49 0,37 0,64 0,33 0,57 0,20 0,48 0,28 0,43 0,27 0,5 0,22 0,47 0,15 0,45 0,20 0,37 0,18 0,43 0,17 0,4 0,13 0,39 0,07 0,33 0,13 0,32 0,13 0,33 0,11 * * * * * * 0,23 0,08 Variedade nanica 0,76 0,94 0,82 0,95 0,83 0,93 0,83 0,83 0,72 0,70 0,71 0,52 0,72 0,49 0,7 0,42 0,61 0,45 0,57 0,30 0,58 0,27 0,59 0,27 0,5 0,30 0,46 0,20 0,5 0,22 0,49 0,20 0,43 0,23 0,38 0,17 0,38 0,15 0,42 0,17 0,38 0,16 0,36 0,15 0,24 0,11 0,33 0,13 aw - atividade de água; Ueq - conteúdo de água de equilíbrio Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.171-178, 2004 Calor isostérico da polpa de banana variedades maçã e nanica Na Figura 1, estão apresentadas as curvas ajustadas do logaritmo neperiano das atividades de água versus o inverso das temperaturas estudadas para uma faixa de Leite et al. 175 conteúdo de água de equilíbrio entre 0,30 e 0,90, para as variedades maçã e nanica, respectivamente. 1/T 0,00305 0,0031 0,00315 0,0032 0,00325 0,0033 0,00335 0,0034 0,00345 0 ln(aw) = -465,45(1/T) + 1,2742 R2 = 0,74 -0,1 Maçã ln(aw) = -545,27(1/T) + 1,5055 R2 = 0,76 -0,2 ln(aw) -0,3 ln(aw) = -635,32(1/T) + 1,7637 2 R = 0,77 -0,4 ln(aw) = -737,32(1/T) + 2,0516 R2 = 0,78 -0,5 ln(aw) = -852,47(1/T) + 2,3684 R2 = 0,78 -0,6 ln(aw) = -979,18(1/T) + 2,7000 2 R = 0,79 -0,7 ln(aw) = -1103,6(1/T) + 2,9824 R2 = 0,79 -0,8 -0,9 0,00305 0,0031 0,00315 0,0032 0,00325 0,0033 0,00335 0,0034 0,00345 0 -0,1 ln(aw) ln(aw) = -317,23(1/T) + 0,8175 R2 = 0,88 ln(aw) = -341,75(1/T) + 0,8757 R2 = 0,89 Nanica -0,2 ln(aw) = -371,59(1/T) + 0,9451 R2 = 0,90 -0,3 ln(aw) = -408,29(1/T) + 1,0275 R2 = 0,92 -0,4 ln(aw) = -453,48(1/T) + 1,1227 R2 = 0,93 -0,5 ln(aw) = -507,14(1/T) + 1,2198 R2 = 0,94 -0,6 ln(aw) = -558,28(1/T) + 1,2583 R2 = 0,94 -0,7 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 Valores do conteúdo de água de equilíbrio Figura 1. Curvas de ln (aw) versus 1/T para a banana variedade maçã e nanica, respectivamente. Os valores do calor isostérico, determinados pela Equação de ClausiusClapeyron, utilizando os coeficientes de inclinação das retas (Figura 1) e a constante universal dos gases - R = 0,461kJ (kgK)-1, na faixa de conteúdo de água de equilíbrio analisada, para as variedades maçã e nanica, respectivamente, estão apresentados na Tabela 2. Para a determinação dos dados de atividade de água em função dos conteúdos de água de equilíbrio, em cada temperatura, utilizaram-se os dados experimentais obtidos em laboratório e os parâmetros referentes ao modelo de GAB, uma vez que melhor representou as isotermas da fruta nas duas variedades estudadas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.171-178, 2004 Calor isostérico da polpa de banana variedades maçã e nanica 176 Leite et al. Tabela 2. Calor isostérico da banana maçã e nanica, respectivamente. Ueq Maçã Nanica 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 Qst 508,76 451,40 392,99 339,90 292,88 251,37 214,57 Qst 257,37 233,79 209,05 188,22 171,30 157,55 146,24 Ueq - conteúdo de água de equilíbrio, decimal; Qst - calor isostérico, kJ kg-1 . Comparando-se os valores da Tabela 1, nota-se que o calor isostérico para a variedade maçã foi maior que para a variedade nanica (Figura 2), o que permite afirmar, dentro das condições deste trabalho, que a variedade maçã possui uma maior resistência para perder água e, conseqüentemente, torna-se necessário mais energia para a secagem desta variedade, durante um processo de secagem. Este resultado já era esperado, visto que, Leite et al. (2003), estudando propriedades físicas de banana maçã e nanica, observaram que o calor específico encontrado para a variedade maçã (3,75 kJ (kgK)-1) foi maior que o da variedade nanica (3,30 kJ (kgK)-1), e como essa é a energia necessária para variar em 1,0 C a temperatura de 1,0 g do produto, a variedade maçã requer mais calor para aumentar sua temperatura e, conseqüentemente, para perder água. As curvas do calor isostérico versus a umidade de equilíbrio para as variedades maçã e nanica, respectivamente, estão apresentadas na Figura 2. O melhor ajuste das curvas foi obtido para uma função logarítmica. 700,00 Qst (kJ kg-1) 600,00 Maçã 500,00 Nanica 400,00 Qst = -272,2ln(Ueq) + 194,39 R2 = 0,9932 300,00 (Maçã) 200,00 Qst = -103,9ln(Ueq) + 135,28 R2 = 0,9975 100,00 (Nanica) 0,00 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 U eq b.s (decimal) Figura 2. Curvas do calor isostérico versus o conteúdo de água de equilíbrio para as variedades maçã e nanica. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.171-178, 2004 Calor isostérico da polpa de banana variedades maçã e nanica Na Figura 2, observa-se que o calor isostérico aumenta com a redução do conteúdo de água para ambas as variedades, ou seja, à medida que o produto perde água, necessário se faz uma maior quantidade de calor para se retirar mais água deste. Isto ocorre porque, durante a secagem, a temperatura do produto é maior na parte externa que na interna e, devido a isso, forma-se uma camada ressecada na sua superfície, o que dificulta a transferência de calor do ar de secagem para o seu interior à medida que o tempo de secagem aumenta, concentrando toda a umidade restante na sua parte central, sendo necessário uma maior quantidade de calor para que seja retirada mais água e, conseqüentemente, um prolongamento no tempo de secagem, o que acarreta um maior custo na operação de secagem. Vale salientar que nem todos os produtos possuem esta característica, no entanto, para os que a possui, é mais conveniente a “secagem intermitente” que consiste em secar o produto em um período de tempo alternado, deixando um espaço de tempo durante a secagem para que a umidade concentrada no interior do produto se redistribua nele, facilitando a evaporação da água quando o processo for reiniciado. Gouveia et al. (1999) encontraram resultados semelhantes ao dessa pesquisa para o calor de sorção do gengibre sem casca, sendo que, neste caso, o calor de sorção do gengibre diminuiu negativamente. Yoshida (1997) trabalhando com secagem do milho superdoce também observou um comportamento semelhante para o calor de sorção de tal produto. Leite et al. 177 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aguerre, R.J.; Suarez, C.; Viollaz, P.E. The temperature dependent of isosteric heat of sorption of some cereal grains. International Journal of Food Science and Technology, v.23, p.141-145, 1988. Almeida, F.A.C.; Gouveia, J.P.G.; Araújo, M.E.R.; Silva, F.L.H.; Almeida, S.A. Comparação de modelos matemáticos do calor isostérico de dessorção em polpa de goiaba. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v.29, n.1, p.2834, 2004. Alves, E.J. A cultura da banana: aspectos técnicos, socioeconômicos e agroindustriais. 585 p. 2. Ed. Brasília, DF, 1999. Côrrea, P.C.; Afonso Júnior, P.C.; Andrade, E.T. Modelagem matemática da atividade de água em polpa cítrica peletizada. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.5, n.2, p.283-287, 2001. Dural, N.H.; Hines, A.L.A. New theoretical isotherm equation for water vapor-food systems: multilayer adsorption on heterogeneous surfaces. Journal of Food Engineering, v.20, n.1; p.75-96, 1993. De acordo com a discussão dos resultados, conclui-se que: Gouveia, J.P.G.; Almeida, F.A.C.; Fernadez, F.R.; Murr, F.E.X. Estudo das isotermas de sorção e calor isostérico do gengibre sem casca. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 28, Pelotas, RS. Anais... 1999. CD Rom. 4p. 1. O calor isostérico aumenta com a diminuição do conteúdo de água de equilíbrio para as duas variedades, o que permite observar que se faz necessário uma maior quantidade de energia para se retirar água do produto, à medida que seu conteúdo de água diminui; Leite, J.C.A.; Silva, M. M. ; Ribeiro, C.F.A.; Gouveia, J.P.G.; Almeida, F.A.C. Propriedades físicas e químicas da banana nanica. In: III Encontro e Pós-Graduação da Universidade do Vale do Paraíba, 2003, São José dos Campos SP, Anais... 2003. CD Rom. 5p. 2. A banana variedade maçã requer maior quantidade de energia no processo de secagem. Silva, M.M.; Gouveia, J.P.G.; Almeida, F.A.C. Dessorção e calor isostérico em polpa de manga. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.6, n.1, p.123-127, 2002. CONCLUSÕES Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.171-178, 2004 178 Calor isostérico da polpa de banana variedades maçã e nanica Sopade, P.A.; Ajisegiri, E.S. Moisture sorption study on nigerian foods: maize and sorghum. Journal of Food Process Engineering, v.17, n.1, p.33-56, 1994. Leite et al. Wang, N. Brennan, J.G. Thermal conductivity of potato as a function of moisture contents. Journal of Food Engineering, v.17, n.2, p.153-160, 1991. Yoshida, C.M.P. Cinética de secagem do milho superdoce. Campinas: UNICAMP, 1997. 149p. (Dissertação de Mestrado). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.171-178, 2004 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.179-189, 2004 ISSN 1517-8595 179 TEOR DE ÁGUA LIMITE PARA CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE ALGODÃO ARBÓREO VARIEDADE 6M Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata1, Maria do Socorro Rocha2, Maria Elita Martins Duarte3 RESUMO O objetivo deste trabalho foi determinar o teor de água ideal para crioconservar a sementes de algodão arbóreo, cultivar 6M- Mocó-Branco em nitrogênio liquido a temperatura de - 196 °C. Para essa determinação as sementes de algodão com teor de água de 4, 6, 8, 10, 12 e 14% base úmida foram crioconservadas (- 196 °C) por um período de 5 dias e submetidas, logo após esse período aos testes de germinação e vigor. Para efeito de analise comparativa utilizou-se a armazenagem das sementes a 23°C e 75% de umidade relativa por igual período de armazenagem (5 dias). Concluiu-se nesta pesquisa que o teor de água limite para crioconservar às sementes de algodão arbóreo, cultivar 6M- Mocó-Branco foi de 6% base úmida, e que, a equação de segundo grau representa satisfatoriamente os dados experimentais da germinação e vigor (l ª contagem do teste de germinação) em função do seu teor de água. Palavras-Chave: criogenia, germinação, vigor LIMIT WATER TEXT TO CRYOCONSERVATION OF THE ARBOREAL COTTON SEEDS 6M- MOCÓ WHITE VARIETY ABSTRACT The objective of this work was to determine the ideal water text for the for the cryoconservation of arboreal cotton seeds to cultivate 6M – Mocó-white in liquid nitrogen at the temperature of 196 °C. For this determination, the cotton seeds that had moisture content of 4, 6, 8, 10, 12 and 14% wet base were cryoconservated (- 196 °C) for a period of 5 days and submitted to the germination tests and vigor, soon after this period. The storage was done at 23°C and 75% of relative humidity for the same storage period (5 days) to a comparative analysis. It was concluded in this research, that the limits water text was 6% wet base to cryoconserve the arboreal cotton seeds to cultivate 6M - Mocó-white and that, the second degree equation represents the experimental data of the germination and vigor satisfactorily (1st count of the germination test) in function of its moisture content. Keywords: cryogenic, germination, vigor ____________________ Protocolo 601 de 08 / 08/2004 1 Professor Dr. do Departamento de Engenharia Agrícola, UFCG. Av. Aprígio Veloso 882, Bodocongó, CEP 58109-970, Campina Grande – PB E-mail: [email protected] 2 Bióloga, M.Sc., Rua Oegário Maciel , 943, Monte Santo. CEP 58102-000, Campina Grande, PB, Fone: (83) 322-5432. E.mail: [email protected] 3 Professora Dra. do Departamento de Engenharia Agrícola, UFCG. Av. Aprígio Veloso 882, Bodocongó, CEP 58109- 970, Campina Grande – PB E-mail: [email protected] 180 Teor de água limite para crioconservação de sementes de algodão arbóreo variedade 6m Cavalcanti Mata et al. INTRODUÇÃO O algodoeiro é uma das plantas mais cultivadas pelo homem sendo sua fibra a mais comercializada no mundo. Os subprodutos do algodão são o óleo, a farinha, a torta, o línter e a casca, que são extraídos da semente ou caroço. A cultura do algodão tem importância sócio-econômica relevante para o Nordeste brasileiro, especialmente, para a região semiárida e, de maneira particular, para o estado da Paraíba. Um dos fatores mais significativos para o êxito de seu cultivo é, sem dúvida, a utilização de sementes de algodão com elevada qualidade física e genética. O emprego das sementes melhoradas contribui, expressivamente, para o aumento do rendimento do algodoeiro e para a melhoria das características tecnológicas da fibra (Godoy, 1972). Décadas atrás o algodão de fibra longa era o mais desejado no mercado, tendo perdido espaço para o algodão herbáceo, em virtude de sua produtividade e lucratividade. No entanto, as pesquisas com sementes melhoradas não podem deixar de ser um objetivo constante dos pesquisadores e, neste sentido, os bancos genéticos são imprescindíveis para os pesquisadores e para o País, uma vez que, hoje, o banco de germoplasma é considerado o quarto recurso natural, depois do solo, água e ar (Fitzgerald e Cooke, 1989). Para este desenvolvimento genético, torna-se necessário lançar mão de um banco de germoplasma no qual sementes com determinadas características genéticas serão fixadas nas plantas, dando origem de outras cultivares com deferentes características. Portanto, para conservar sementes em um banco genético faz-se necessário que determinadas condições de temperatura e umidade relativa do ar sejam mantidas, sob pena de as sementes perderem sua viabilidade em pouco tempo (Veira e Carvalho, 2000). No Brasil, as sementes de algodão em bancos de germoplasma, são rotineiramente submetidas ao armazenamento na temperatura de 10 ºC e umidade relativa do ar de 40%, durante vários meses, sendo este banco de germoplasma renovado, consecutivamente, à medida que as sementes baixam sua qualidade fisiológica para níveis não aceitáveis (Nascimento, 1994). Este processo, segundo Cavalcanti Mata (2001), embora tenda a preservar as espécies que estão sendo conservadas no banco de germoplasma, não evita, porém, a erosão genética das espécies. Com finalidade de evitar a erosão genética das espécies e de conservar as sementes por períodos considerados indefinidos, tem-se empregado, a tecnologia criogênica, que consiste em submeter as sementes a temperaturas muito baixas, ou seja, ao nitrogênio líquido a –196 ºC ou no vapor do nitrogênio a –170 ºC. Contudo, antes de se crioconservar uma semente, é necessária conhecer o teor de água ideal que as sementes devem ser armazenadas a temperatura criogênica, pois se este teor de água ideal não for determinado, as sementes podem perder sua viabilidade, durante o armazenamento criogênico, inviabilizando o uso dessa técnica. Assim, o objetivo deste trabalho foi determinar o teor de água limite para crioconservação (TALC), da semente de algodão arbóreo cultivar 6M-Mocó-Branco. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no Setor de Criogenia do Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, em Campina Grande, PB, em conjunto com o Laboratório de Sementes do Centro Nacional de Pesquisa do Algodão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (CNPA/Embrapa). Utilizaram-se sementes deslintadas da cultivar 6M-Mocó-Branco. As sementes de algodão foram deslintadas quimicamente, utilizando-se 7 kg de semente por litro de ácido sulfúrico, durante 5 minutos, seguido de uma lavagem em água corrente, neutralização com soda cáustica a 3% e secagem natural, de acordo com Patriota (1996). Determinação do teor de água limite para crioconservação (TALC) Para determinação do teor de água das sementes, utilizou-se o método padrão da estufa a 105 ± 3ºC, por 24 horas com quatro repetições de 50g de sementes por tratamento, segundo as regras para análise de sementes (BRASIL, 1992). O teor de umidade foi estabelecido como sendo a media aritméticas das 4 repetições. Para obtenção de sementes com diferentes teores de água (4, 6, 8, 10, 12 e 14%b.u), essas foram submetidas ao processo Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.179-189, 2004 Teor de água limite para crioconservação de sementes de algodão arbóreo variedade 6m Cavalcanti Mata et al. 181 de hidratação ou secagem, até se alcançar os teores de água desejados. A perda ou ganho de água pelas sementes foi determinado por meio da fórmula recomendada pelas regras para análise de sementes (Brasil, 1992). Pf= Pi x 100- TAi 100-TAf em que: Pf = peso final da mostra (grama) Pi = peso inicial da amostra (grama) TAi = teor de água inicial das sementes (%b.u.) TAf = Teor de água desejada das sementes (%b.u) Figura 2. Recipiente hermético utilizado para umedecimento das sementes de algodão. Secagem das sementes Criocongelamento das sementes Para a secagem das sementes, as amostras foram colocadas em um secador que continha o agente dessecante, sílica gel, e pesadas a cada 2 horas, até que atingissem os pesos referentes aos teores de água desejados. Para este fim, utilizou-se uma balança semianalítica, modelo Methler PC 440, com precisão de 0,001g. As sementes com os teores de água de 4, 6, 8, 10, 12 e 14%b.u foram colocados em botijões criogênicos (Figura 3) isolados com vácuo parcial o que confere, ao botijão, a capacidade de manter o nitrogênio no estado líquido (-196ºC), com baixas perdas por evaporação viabilizando-se assim, a estocagem e o transporte de material biológico vivo, por longos períodos de tempo. recipiente de alumínio 5 placa de porcelana 1 Abertura 2 luva 3 tampa 6 sílica gel 7 4 corpo do dessecador Figura 1. Dessecador utilizado na secagem das sementes de algodão (a) (b) Figura 3 - Botijão criogênico utilizado em processo (a); Botijão com canister padrão, Umedecimento das sementes Para umedecimento das sementes, as amostras foram colocadas em pequenas cestas de arame, suspensas por um anel de PVC, no interior de recipientes de vidro, hermeticamente fechados, que contém água destilada. Os recipientes foram colocados em uma câmara regulada a 10ºC. Essas cestas com as amostras foram pesadas a cada 2 horas, utilizando-se uma balança semi-analítica modelo Mettler PC 440, com precisão de 0,001g. Após 5 dias de crioconservadas, as sementes foram submetidas ao descongelamento, a temperatura ambiente de 23 ºC, durante 12 horas; logo em seguida, realizaramse os testes de germinação e vigor, utilizando-se as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.179-189, 2004 182 Teor de água limite para crioconservação de sementes de algodão arbóreo variedade 6m Cavalcanti Mata et al. Teste de germinação Após crioconservadas e descongeladas, as sementes de algodoeiro arbóreo foram submetidas ao teste de germinação com quatro repetições de 50 sementes por tratamento. No teste de germinação, as sementes foram distribuídas sobre duas folhas de papel germitest e cobertas por uma terceira folha, ambas umedecidas com volume de água, na proporção de duas vezes e meia o peso do papel. Os rolos foram acondicionados em germinador, marca De Leo, regulado para manter a temperatura de 23ºC, durante todo o teste, e as avaliações efetuadas diariamente, a partir do quarto dia, até o décimo segundo dia após a semeadura. O percentual de germinação foi determinado conforme prescrito nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992). Teste de vigor Os testes de vigor foram realizados através da primeira contagem do teste padrão de germinação (4º dia), comprimento de plântula e de peso de matéria seca. Para determinação do comprimento de plântula, foi utilizado um paquímetro mitutoyo com precisão de 0,01mm e para determinação do peso da matéria seca, as plântulas consideradas normal de cada repetição foram retiradas do substrato e colocadas em sacos de papel que, separadas por tratamento e repetições, foram postas para secar em estufa a 80±3ºC, por 24 horas; depois deste período, foram retiradas da estufa e colocadas para resfriar em dessecador, durante 15 minutos e, logo após, pesadas em balança eletrônica com precisão de 0,01g. O peso da matéria seca foi calculado por meio da fórmula proposta por Vieira e Carvalho (1994). Feitas as avaliações com esses testes, determinou-se o melhor teor de água em que as sementes poderiam ser crioconservadas, ou seja, o teor de água limite para crioconservação (TALC). Como testemunha, utilizou-se semente de algodão conservada a temperatura ambiente a 23°C e umidade relativa média de 74%. Análise estatística Para a determinação do teor de água limite para crioconservação (TALC) o delineamento estatístico empregado foi o inteiramente casualisado, com arranjo fatorial de duas temperaturas (23 e -196°C) e seis teores de água (4, 6, 8, 10, 12 e 14%b.u), empregandose quatro repetições por tratamento. A análise de variância e comparação das médias dos tratamentos foi realizada pelo teste de Tukey. Para identificação do comportamento da variação da germinação e do vigor da semente de algodão arbóreo variedade 6M-Mocó Branco, foi feito por regressão linear polinomial, determinando-se os coeficientes por meio do programa computacional Statistica 5.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, encontram-se os resultados da germinação e vigor da semente de algodão arbóreo variedade 6M – Mocó Branco para os teores de água de 4, 6, 8, 10, 12 e 14%b.u, quando submetidas à temperatura ambiente a 23ºC e à temperatura criogênica a -196ºC, durante 5 dias, com a finalidade de determinar o teor de água limite para sua crioconservação (TALC). TABELA 1. Valores de germinação e vigor do algodão arbóreo variedade 3M Mocó Branco para 6 teores de água depois de crioconservadas a – 196 oC por 5 dias Algodão arbóreo variedade 6M-Mocó-Branco Teor de Água 4 6 8 10 12 14 Germinação (%) 2ª contagem 23ºC 93,00 95,50 92,75 86,75 71,25 50,75 -196ºC 95,25 98,75 91,75 81,00 65,25 42,25 1ª Contagem da Germinação 23ºC -196ºC 93,00 95,00 95,25 98,25 92,25 91,25 86,50 80,75 71,00 64,75 50,25 42,50 Vigor comprimento de plântulas (cm) 23ºC -196ºC 20,25 20,50 19,00 20,77 11,22 13,72 10,85 11,55 9,90 5,42 3,57 3,32 peso da matéria seca (g) 23ºC -196ºC 12,45 10,25 13,72 13,72 12,00 9,25 13,22 10,25 10,65 10,62 10,05 5,75 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.179-189, 2004 Teor de água limite para crioconservação de sementes de algodão arbóreo variedade 6m Cavalcanti Mata et al. Observa-se, na Tabela 2, que a germinação das sementes de algodão arbóreo não diferiram, significativamente, entre si, quando estas foram crioconservadas com teor de água entre 4 e 8% b.u., e sementes com esses teores de água, também, não diferem, significativamente, entre si, quando armazenadas a 23ºC ou -196ºC, por cinco dias. Verificou-se, neste trabalho, que sementes com teor de água de 12 ou 14% b.u., quando armazenadas a temperaturas de 23ºC iniciam o processo de aumento da taxa de respiração das sementes que provoca diminuição de sua germinação. Para os teores de água de 10, 12 e 14%, as sementes crioconservadas a -196ºC sofrem ações negativas, provocando perdas significativas de sua germinação e, em alguns 183 casos, essa perda é superior à das sementes armazenadas a 23ºC, indicando haver uma ação negativa do frio a essa temperatura. Comportamento semelhante, também, foi observado por e Almeida et al. (2000) que trabalharam com a crioconservação de 10 espécies de leguminosas. Vários autores entre eles Crochemore e Piza (1994); Felismino (1998); Cortett (1999); Carvalho e Nakagaowa (2000); Bruno et al. (2000) e Batista et al. (2000) já constataram a relevante importância do teor de água na preservação da germinação e do vigor das sementes destinada a uma conservação prolongada, fato que está diretamente relacionado com as condições de armazenamento. TABELA 2. Valores médios de germinação das sementes de algodão arbóreo, 6M-Mocó-Branca, para a interação teor de água e temperaturas de conservação, após 5 dias de armazenagem as temperaturas de 23 e -196°C Teor de Água 4 Germinação (%) 6M-Mocó-Branca 23ºC 93,00 a A 95,25 -196ºC a A 6 95,50 a A 98,75 a A 8 92,75 a A 91,75 A 10 86,75 a A 81,00 b A 12 71,25 b A 65,25 c A 14 50,75 cA 42,25 dB DMScolunas=10,6 a DMSlinhas=7,2 Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Com relação ao vigor das sementes do algodão arbóreo, obtido pela lª contagem de plântulas sadias do método de germinação, Tabela 3, constata-se que as comparações entre médias obedecem ao mesmo comportamento da germinação, indicando que o teor de água ideal, para crioconservação, encontra-se entre 4 e 8% base úmida Nessa mesma tabela, observa-se que o vigor das sementes de algodão arbóreo expresso em comprimento de plântula não difere, significativamente, entre si, em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey, quando elas são crioconservadas a 4 e a 6% b.u. Nessa tabela, também é possível observar que, quando o vigor das sementes é determinado pelo peso da matéria seca, o teor de água ideal para crioconservação a -196°CS é de 6% b.u.s diferindo, significativamente, dos demais teores de água estudados a esta temperatura. Portanto, como na crioconservação das sementes de algodão arbóreo a -196°C, somente para teor de água de 6 %b.u. existe uma convergência dos testes de germinação e vigor, conclui-se que este teor de água é o que permite que as sementes tenham a maior qualidade fisiológica, e, deste modo, deve ser considerado o teor de água limite para crioconservação e, como conseqüência, o ideal para ser usado em bancos criogênicos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.179-189, 2004 Teor de água limite para crioconservação de sementes de algodão arbóreo variedade 6m Cavalcanti Mata et al. 184 TABELA 3. Comparação entre médias dos valores médios do vigor das sementes de algodão arbóreo, cultivar 6M-Mocó-Branco, armazenadas por 5 dias com seis diferentes teores de água e duas temperaturas Algodão arbóreo variedade 6M-Mocó-Branco Teor de Água 4 6 8 10 12 14 Vigor 1ª Contagem da comprimento de Germinação plântulas (cm) 23ºC -196ºC 23ºC -196ºC 93,00 a A 95,00a A 20,25 a A 20,50a A 95,25a A 98,25a A 19,00 a A 20,77a A 92,25a A 91,25a A 11,22 b B 13,72 b A 86,50a A 80,75 b A 10,85 b A 11,55 b A 71,00 b A 64,75 c A 9,90 b A 5,42 c B 50,25 c A 42,50 d B 3,57 c A 3,32 c A 23ºC 12,45 a A 13,72 a A 12,00 a A 13,22 a A 10,65 b A 10,05 b A -196ºC 10,25 b B 13,72a A 9,25 b B 10,25 b B 10,62 b A 5,75 c B DMScolunas = 10,5 DMSlinhas = 7,2 DMScolunas = 2,9 DMScolunas = 2,9 DMScolunas = 2,0 DMSlinhas = 2,0 peso da matéria seca (g) Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Na Figura 4, encontram-se as equações que representam as variações dos percentuais de germinação e vigor (lª contagem do teste de germinação) das sementes de algodão arbóreo cultivar 6M-Mocó-Branco, para os diferentes teores de água, quando as sementes são armazenadas as temperaturas de 23°C e -196°C por 5 dias. Nessa figura, observa-se que, tanto a germinação, quanto o vigor podem ser expressos por uma mesma equação, pois os valores de germinação e vigor são muito semelhantes tanto para as sementes armazenadas a 23°C, quanto às sementes armazenadas -196°C por 5 dias. Verifica-se, nesta figura, que os coeficientes de determinação são de 0,99 o que significa dizer que estes coeficientes representam, satisfatoriamente, os dados experimentais. Neste trabalho, fica evidente que ao se analisar a curva de variação da germinação e do vigor com o teor de umidade, a temperatura de 1% °C, o teor de água de 6% base úmida atinge o máximo de inflexão da curva, indicando, a "priore", que este teor de água deve ser o indicado para se crioconservar essa cultivar de algodão. Na Figura 5, embora o vigor, expresso pelo comprimento de plântulas, não atinja a sua inflexão máxima no teor de água de 6% b.u, para a temperatura de armazenamento de -196°C, observa-se que o máximo de vigor é obtido com esse teor de água. No entanto, na Figura 6, quando o vigor foi expresso pelo peso da matéria seca, contata-se que no teor de água de 6%b.u., foi obtido o máximo de vigor das sementes que coincide com a inflexão máxima da curva. Nas Figuras 4, 5 e 6, observa-se que, a partir do teor de água de 6 % b.u., a germinação e o vigor das sementes de algodão tendem a diminuir, quando armazenadas a temperatura de -196°C, evidenciando-se que, a partir deste teor de água, quanto maior for o teor de água nas sementes, menor será a sua germinação e o seu vigor, para essa temperatura criogênica. Os resultados obtidos, neste trabalho, vêm reforçar, a exemplo de outros experimentos, que menores teores de água garantem a manutenção da qualidade das sementes, durante o armazenamento em nitrogênio líquido (Freitas et ai., 1992; Tripathy et ai., 1996; Germano, 1992). Na literatura, existem diversos trabalhos com diferentes produtos onde se observa que é necessário identificar o teor de água ideal das sementes para crioconservacão. Este fato foi observado por Roos e Stanwood (1981) que chegaram à conclusão de que a semente de alface sofria dano em sua qualidade fisiológica, quando eram crioconservadas com teores de água acima de 18% base úmida. De acordo com Stanwood (1987), igual ocorrência, também, se passou com a crioconservação de sementes de Sesamum indicum para teores de água acima de 12% b.u. Esse autor, também, verificou que para uma taxa de congelamento de 200°C min-1, a dano nas sementes de Sesamum se registra a Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.179-189, 2004 Teor de água limite para crioconservação de sementes de algodão arbóreo variedade 6m Cavalcanti Mata et al. um teor de água inferior a 6% b.u, concluindo, portanto que a taxa de resfriamento pode interagir com o teor de água da semente, afetando a sua sobrevivência. Chandel et al., citado por Cavalcanti Mata (2001) crioconservando sementes 185 recalcitrantes de chá (Camellia sinensis (L.) Kuntze) e jaca (Artocarpus heterophyllus Lamk.) notaram que o melhor teor de água para a crioconservação foi de 14% b.u. e que, acima desse valor, as sementes perdem sua capacidade germinativa. Temperatura de - 196ºC Germinação (%) 100 80 60 40 20 G 6M MOCÓ = 74,671-0,7634Ta + 8,3411 Ta2 R2= 0,99 0 4 6 8 10 12 14 Teor de água (b.u%) Temperatura de ambiente 23ºC Germinação(%) 100 80 60 40 G 6M MOCÓ = 63,671 - 0,817Ta + 10,448 Ta2 R2=0,99 20 0 4 6 8 10 12 14 Teor de água (b.u%) FIGURA 4. Equações que representam a germinação e o vigor (1ª contagem do teste de germinação) da semente de algodão arbóreo 6M-Mocó- Branco em função do teor de água, quando armazenadas às temperaturas de 23ºC e –196ºC, por 5 dias Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.179-189, 2004 Teor de água limite para crioconservação de sementes de algodão arbóreo variedade 6m Cavalcanti Mata et al. 186 Nas Figuras 5 e 6, onde o vigor das sementes de algodão arbóreo é expresso pelo comprimento de plântula e pelo peso da matéria seca em função do teor de água, respectivamente, constata-se que a equação quadrática, já não tem um comportamento tão satisfatório quanto ao da germinação, pois para essas equações, os coeficientes de determinação passam a variar entre 0,91 a 0,6, indicando uma maior dispersão dos valores. No entanto permite fazer uma analise do comportamento dos dados e a curva que o representam de modo a recomendar que o melhor teor de água para crioconservar as sementes de algodão arbóreo cultivar 6M-Mocó Branco é 6% base úmida. Comprimento de plântula (cm) Temperatura ambiente 23ºC 24 20 16 12 8 2 4 CP 6M-MOCÓ = 28,449 - 0,0177Ta + 1,9464 Ta 2 R = 0,91 0 4 6 8 10 12 14 Comprimento de plântula (cm) Teor de água (b.u%) Temperatura de - 196ºC 24 20 16 12 8 4 2 CP 6M-MOCÓ = 27,26 - 0,0365Ta + 1,2595 Ta 2 R =0,96 0 4 6 8 10 Teor de água (b.u%) 12 14 FIGURA 6. Equações que representam a variação do vigor (comprimento de plântula) da semente de algodão arbóreo, cultivar 6M-Mocó-Branco, em função do teor de água, quando submetida a armazenagem de 23ºC e –196ºC, por 5 dias. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.6, n.2, p.179-189, 2004 Teor de água limite para crioconservação de sementes de algodão arbóreo variedade 6m Cavalcanti Mata et al. 187 Peso da matéria seco (g) Temperatura ambiente 23ºC 16 12 8 2 4 2 PMS 6M-MOCÓ = 10,655 - 0,0568Ta + 0,7353 Ta R = 0,74 0 Peso da matéria seca (g) 4 6 8 10 12 Teor de água (b.u%) 14 Temperatura de - 196ºC 16 12 8 4 PMS 6M - MOCÓ = 6,4357 - 0,1085Ta + 1,5191Ta 2 2 R = 0,60 0 4 6 8 10 12 14 Teor de água (b.u%) FIGURA 6. Equações que representam a variação do vigor (peso da matéria seca) da semente de algodão arbóreo, cultivar 6M-Mocó-Branco, em função do teor de água, quando submetida à armazenagem de 23ºC e -196ºC, por 5 dias CONCLUSÃO Diante dos estudos feitos, pode-se concluir que o teor de água limite para crioconservação de sementes de algodão arbóreo cultivar 6M-Mocó-Branco, é 6% base úmida REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA Aguiar, I.B.; Pina-Rodrigues, F.C.M.; Figliolia, M.B. 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(1997).... ou (Almeida et al., 1997). A referência deverá conter os nomes de todos os autores. Los textos deberán ser encaminados al editor de la Revista en disquete y 2 vías impresas, o por e-mail [email protected]. Artículos Científicos: deberán tener la siguiente secuencia: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en ingles, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Artículos Técnicos: Deben ser escritos en lenguaje técnica de fácil comprensión, en asuntos de interés de la comunidad que demuestren una contribución significativa en el asunto. Los artículos deben contener: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en inglés, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Texto: La composición del texto deberá ser echa en el Editor de texto - Word para Windows versión 6.0 o superior, utilizando la fuente Time New Roman, tamaño 11, excepto para la notas de rodapié y titulo, que deberán tener tamaño 8 y 12 respectivamente. El formato del texto deberá tener la siguiente disposición – Tamaño carta, orientación de retrato en dos columnas, márgenes suprior y inferior, derecha y izquierda de 2,5 cm, enumeradas, espacio simples y en el máximo de 20 laudas. Todos los ítems deberán estar en letra mayúscula, negrito, itálico y centralizadas, excepto las Palabras-claves, Keywords y subítems que deberán ser alineadas por la izquierda en letras minúsculas y con la primera letra en mayúsculo. Los nombres de los autores deben estar dos espacios simples abajo del Título, escrito por extenso y en negrito, separados por vírgula. Los nombres de los autores serán enumerados con algaritmo árabe que tendrán a cada numero una llamada de rodapié donde se hará constar la función, titulación, institución, dirección postal y electrónica (e-mail), teléfono y fax. El texto deberá ser alineado por los dos lados y con la tabulación de 1 cm para el inicio de cada parágrafo. Figuras, Tablas y Fotos – deberán ser colocadas luego abajo del parágrafo donde fuera citada pela primera vez. En las legendas, las palabras Figuras, Tabla y Foto deben estar en negrito y tener la letra inicial mayúscula y en su enunciado deberá ser alineada por la izquierda con la primera letra después de la palabra Figura. Las unidades deben ser expresas en el sistema internacional Ejemplos de citaciones bibliográficas cuando la citación tiene un solo autor: ...Almeida (1997), o ...(Almeida, 1997); cuando la citación tiene dos autores: .... Almeida & Gouveia (1997), o ....(Almeida & Gouveia, 1997); cuando la citación tiene mas de dos autores: ....Almeida et al. (1997).... o (Almeida et al., 1997). Las referencias deberán contener los nombres de todos los autores. The texts should be sending to the Editor of the Journal in diskette and 2 printed sheets, or by e-mail [email protected]. Scientific articles: they should have the following sequence: Title, Author (s’), Abstract, Keywords, Title, Abstract and Key words in Portuguese, Introduction, Materials and Methods, Results and Discussion, Conclusions, Acknowledgements (optional) and Bibliographic References. Technical articles: They should be written in technical language of easy understanding, on subjects of the community's interest that demonstrate a significant contribution on the subject. The goods should contain: I title, Author (s’), Abstract, Keyword, Title in Portuguese, Abstract, Key words, Introduction, Description of the Subject, Conclusions and Bibliographic References. Text: The composition of the texts should be made in the text Editor - Word for Windows version 6.0 or superior, using source Times New Roman, size 11, except for the baseboard notes and title, that should present size 8 and 12, respectively. The format of the text should have the following disposition - size letter, orientation of arranged picture in two columns, margins superior and inferior, right and left of 2,5 cm, numbered, simple space and up to a maximum of 20 pages. All main items should be in capital letter, bold type, italic and centralized, except for Keywords and sub-items that should be aligned to the left in lower letter and with the first letter in capital letter. The authors' name should be two simple spaces below the title, written for complete name and in boldface, separated by comma. The authors' names will be numbered with Arabic ciphers that they will have to each number a baseboard call where it will make to consist its function, title, institution, postal and electronic address (email), telephone and fax. The text should be aligned in the two sides and with the tabulation of 1cm to the beginning each paragraph. Figures, Tables and Photos - they should be inserted soon below the paragraph where they were mentioned for the first time. In the legend, the words illustration, Controls and Photo should be in boldface and have the initial letter capital one and its statement should be aligned to the left below the first letter after the word it represents. The units should be expressed in the international system. Examples of bibliographical citations when the citation just possesses an author: ....Almeida (1997), or ....(Almeida, 1997); when the citation possesses two authors: .... Almeida & Gouveia (1997), or ....(Almeida & Gouveia, 1997); when the citation possesses more than two authors: ....Almeida et al. (1997).... or (Almeida et al., 1997). The reference should contain all the authors' names. Exemplos de referências bibliográficas: Ejemplos de referencias bibliográficas: Example of the bibliographic references: As referências bibliográficas deverão estar Las referencias bibliográficas deben ir en orden The list of bibliographic references must be in dispostas, em ordem alfabética, pelo sobrenome alfabética considerando el apellido del primer alphabetic order according to surname of first do primeiro autor. autor. author. a) Livro Martins, J.H.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Introdução a teoria e simulação matemática de secagem de grãos. 1.ed. Campina Grande : Núcleo de Tecnologia em Armazenagem, 1984. 101p. b)Capítulo de Livros Almeida, F. de A.C.; Matos, V.P.; Castro, J. de; Dutra, A.S. Avaliação da quantidade e conservação de sementes a nível de produtor. In: Almeida, F. de A.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. (ed.). Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Campina Grande: UFPB/SBEA, 1997. cap. 3, p.133-188. c) Revistas Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D.; Figueiredo, R.M.F.; Queiroz, A.J. de M. Perda da qualidade fisiológica de sementes de arroz (Oryza sativa L.) armazenadas sob condições controladas. Revista Brasileira de Armazenamento. Univ. Federal de Viçosa, Viçosa-MG. v.24, n.1, p.10-25, 1999. d) Dissertações e teses Queiroz, A.J. de M. Estudo do comportamento reológico dos sucos de abacaxi e manga. Campinas: UNICAMP/FEA, 1998. 170p. (Tese de Doutorado). e) Trabalhos apresentados em Congressos (Anais, Resumos, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Figueirêdo, R.M.F. de; Martucci, E.T. Influência da viscosidade das suspensões na morfologia do particulado de suco de acerola microencapsulado. In: Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 25, 1998, São Carlos, Anais... São Carlos: UFSC, 1998. v.2, p.729-733. ou (CD Rom). No caso de disquetes ou CD Rom, o título da publicação continuará sendo Anais, Resumos ou Proceedings, mas o número de páginas será substituído pelas palavras Disquete ou CD Rom. f) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. a) Libro Cox, P.M. Ultracongelación de alimentos. 1.ed. Zaragoza : Editorial Acribia, 1987. 459p. b)Capítulo de Libro Moreno, F. Alteraciones fisicoquímicas en alimentos durante su congelamiento y subsecuente almacenaje. In: Parada, A.; Valeri, J. (ed.). Biología de los alimentos a baja temperatura. Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Caracas: UCV, 1997. cap. 2, p.218-237. c) Revistas Diniz, P.S.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D. Determinación del contenido de humedad máxima para crioconservación de semillas recalcitrantes de maíz. Ingeniería Rural y Mecanización Agraria en el ámbito Latinoamericano. La Plata, Argentina, v.1, p.373-377, 1998. d) Disertaciones y Tesis Zanetta, J. Transferência de calor em congelación de alimentos. Valparaíso : Universidad Católica de Valparaíso, 1984. 95p. (Tesis de Maestría). e) Trabajos presentados en Congresos (Anales, Resúmenes, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Cavalcanti Mata, M.E.R.M; Braga, M.E.D.; Figueirêdo. R.M.F; Queiroz, A.J.M. Influencia de los daños mecánicos superficiales en la germinación de semillas de maíz en función de su grado de humedad y de la velocidad de rotación de la desgranadora mecánica. In: I Congreso Ibero-Americano de Ingenieria de Alimentos, Anales... Valencia, España, Tomo II, Capítulo III, p. 385-397, dez. 1996 o (CD Rom). a) Book Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. New York, The AVI Van Nostrand Reinhold, 1992, 450p. b) Chapter in a book Schaetzel, D.E. Bulk storage of flour In: Christensen C.M. (2aed.). Storage of cereal grains and their products. St. Paul, Minnesota : American Association of Cereal Chemist, 1974. cap. 9, p.361-382. c) Journals Biswal, R.N., Bozokgmehk, K. Mass transfer in mixed solute osmotic dehydration of apple rings. Trans. of ASAE, v.35, n.1, p.257-265, 1992. d) Dissertation and Thesis Fortes, M. A non-equilibrium thermodynamics approach to transport phenomena in capillary-porous media with special reference to drying of grains and foods. Purdue University, 1978, 226 p. (Thesis Ph.D.). e) Papers presented in congress (Annals, Abstracts, Proceedings, Diskettes, CD Roms)) Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Menegalli, F.C. Bean seeds drying simulation. In: InterAmerican drying Conference, 1, 1997, Itu Proceedings… Campinas-SP, Brazil : UNICAMP, July, 1997. v. B, p.508-515. or (CD Rom). In case of diskettes or CD Rom, the title of the publication still will be Annals, Abstract or Proceedings, but the page number should be substituted by words Diskettes or CD Rom. h) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuEn caso de disquetes o CD Rom, el título de la seum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.htm1# publicación continuará siendo Anales, sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. Resúmenes o Proceedings, mas el número de las páginas serán substituido por la palabra Disquete o CD Rom. g) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. ENDEREÇO ADDRESS DIRECCIÔN Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Caixa Postal 10.078 CEP. 58109-970 - Campina Grande, PB, BRASIL Fone: (083)2101-1288 Telefax: (083)2101-1185 E-mail: [email protected] ou [email protected] Home Page: http//www.lappa.deag.ufpb.rbpa LABORATÓRIO DE CRIOGENIA O Laboratório de Criogenia da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, desenvolve trabalhos de ponta a ultrabaixas temperaturas de modo a atender o desenvolvimento tecnológico do País. As pesquisas com criogenia concentram-se em: Crioconservação de sementes Sementes de espécies florestais Sementes de interesse econômico das regiões do País Sementes de plantas medicinais Sementes de espécies ameaçadas de extinção Congelamento a ultrabaixas temperaturas de alimentos Congelamento de carnes (bovinos, caprinos, suínos) Congelamento de moluscos e crustáceos Congelamento de pescados Esterilização de materiais biológicos Limites de termo-resistência de fungos e bactérias Sistemas de agregação de partículas de sujidade Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 - Fones: (83) 2101-1288; 2101-1551 - Fax: (83) 2101-1185 E-mail: [email protected] TRANSPORTE DE CALOR E MASSA EM SÓLIDOS HETEROGÊNEOS: UM ESTUDO TEÓRICO VIA ANÁLISE CONCENTRADA and mass in heterogeneous solids:DO A theoretical study by lumped PROPRIEDADES (Heat FÍSICAS E transfer SECAGEM DE CASULOS BICHO-DA-SEDA EManalysis) LEITO FIXO: UMA Genival da Silva Almeida, Fabrício José Nóbrega Cavalcante, Gilson Barbosa de Lima INVESTIGAÇÃO TEÓRICA E EXPERIMENTAL (PhysicsAntonio properties and drying cocoons in fixed bed: a theoretical and experimental investigation) Pedro Ronaldo Herculano de Holanda, Sandoval Farias da Mata, Antônio Gilson Barbosa de Lima ATIVIDADE DE ÁGUA, CRESCIMENTO MICROBIOLOGICO E PERDA DE MATÉRIA SECA DOS GRÃOS DE CAFÉ (Coffea arabica L.) EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Water activity, microbiological increase and dry matter loss of the coffee OF grains (CoffeaCATFISH arabica L.)(Hypophthalmus in different storage conditions) OSMOTIC DEHYDRATION MAPARÁ edentatus) FILLETS EFFECT OF TERNARY Paulo César Afonso Júnior, Paulo Césarde Corrêa, Fabrício Schwanz da Silva, Deise Menezes Ribeiro SOLUTION (Desidratação osmótica filés de mapará (Hypophthalmus edentatus) : Efeito de soluções ternárias) Suezilde da Conceição Amaral Ribeiro, Satoshi Tobinoga AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FARINHAS DE MANDIOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO (Physicochemical evaluation of the cassava flour during the storage) SECAGEM E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CABEÇA DE CAMARÃO (Litopenaeus vannamei Boone) A DIFERENCândido José Ferreira Neto, Rossana Feitosa de Figueirêdo, Alexandre de(Melo Queiroz vannamei Boone) at TES TEMPERATURAS ( Drying andMaria chemical composition of the shrimpJosé head Litopenaeus different temperatures) Alessandra Almeida Castro, German Dario Pagani EFEITO DO BENEFICIAMENTO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS GRÃOS DE ARROZ DE DISTINTAS VARIEDADES (Effect of the beneficiation in the mechanical and physical properties of the rice grains of different varieties) OTIMIZAÇÃO DE EXTRAÇÃO DE INULINA DE RAÍZES DE CHICÓRIA ( Optimization of inulin extraction from Fabrício Schwanz da Silva, Paulo César Corrêa, André Luís Duarte Goneli, Rodrigo Martins Ribeiro, Paulo César Afonso chicory roots) Júnior Rafael Augustus de Oliveira, Kil Jin Park, Marcos Choratto, Kil Jin Brandini Park, Regina Isabel Nogueira INFLUÊNCIA DAQUÍMICOS CONCENTRAÇÃO DEDA SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS EM NO VAGENS SINAL FOTOCÚSTICO POLPA COMPONENTES E ESTUDO UMIDADE DE EQUILÍBRIO DE ALGAROBADE (Chemical DE MANGAand (Influence of equilibrium the total soluble concentration in the photoacoustic sign of mango pulp) components study of the moisture content in mesquite beans) Waldemir Soares daCardoso Costa, Jose Suassuna Mario Eduardo Moreira Mata, Palmeira AlexandreGomes José de Francisco de Assis Almeida, JoséFilho, Euflávio da Silva, MariaRangel Elessandra R. Cavalcanti Araújo, Josivanda Melo Queiroz Gouveia, Silvana A. de Almeida ISOTERMASDO DEMELHOR ADSORÇÃO DE UMIDADE DE FARINHAS DE MANDIOCA OBTENÇÃO PROCESSO DE EXTRAÇÃO E FERMENTAÇÃO DO CALDOTEMPERADAS DE ALGAROBA(Moisture (Prosopis adsorption isotherms of spiced cassava DE flour) juliflora (Sw.) DC) PARA OBTENÇÃO AGUARDENTE (The best process determination of extraction and fermentation Francislei Santa(Prosopis Anna Santos, Rossana Feitosa de Figueiredo, of the mesquite juliflora (SW.)Maria DC) broth to obtain liquor) Alexandre José de Melo Queiroz Clóvis Gouveia Silva, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Duarte Braga, Vital de Sousa Queiroz RELAÇÃO ENTRE PERÍODO DE PÓS-COLHEITA VIDA E PRATELEIRA NO RESFRIAMENTO DE RÚCULA (Relation DA the SOLUBILIDADE post harvest time DAS and PROTEÍNAS the shelf the refrigeration rocket) ESTUDO PRESENTESofNO SORO DE LEITE E NA CLARA DE OVO (Analysis Lineu L.and Pataro, Vivaldo Silveira Júnior of whey egg white proteins solubility) Daniela Helena Pelegrine, Carlos Alberto Gasparetto ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DA UNIDADE PILOTO DE REFRIGERAÇÃO NO ARMAZENAMENTO DE CEBOLADO (Technical and ENERGÉTICO economic analysis of the refrigeration pilot unit DE in the storage of onion ANÁLISES CONSUMO E SENSORIAL EM SECAGEM MANJERICÃO SOB) DIFERENTES Mabel Ribeiro Sousa, Oliveira de consumption Meneses, Jorge Wellington Marcosunder Fábio de Jesus,kinds Marcelo A. TRATAMENTOS DE Joás AR (Energetic and sensorial Menezes analysis Martins, of basil drying several of air Gutierrez Carnelossi, Gabriel Francisco da Silva treatment) Anamaria Caldo Tonzar, Vivaldo Silveira Júnior. CALOR ISOSTÉRICO DA POLPA DE BANANA VARIEDADES MAÇÃ E NANICA (Isosteric heat of the apple and tiny varieties banana PRODUÇÃO DEpulp) PASSAS DE ACEROLA EM SECADOR DE BANDEJA (Production of acerola raisins in tray dryer) José Cleidimário Araújo Leite, Manasses Vahideh MesquitaR.da PalmeiradaGomes Marcos F. de Jesus, Viviane L. Scaranto, R. Silva, Jalali,Josivanda Gabriel Franciso Silva de Gouveia, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Juarez Paz Pedroza AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DA POLPA DE UMBU EM PÓ (Evaluation of the stability of the umbu pulp TEOR DE ÁGUA LIMITE PARA CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE ALGODÃO ARBÓREO VARIEDADE powder) 6M ( Limit water Galdino, text to cryoconservation the arboreal cottonMaria seeds Feitosa 6M - Mocó white variety) Pablícia Oliveira Alexandre José deofM. Queiroz, Rossana de Figueirêdo, Ranilda Neves G. da Silva Mário Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria do Socorro Rocha, Maria Elita Martins Duarte ESTUDO DAS ALTERAÇÕES DO HIDROXIMETILFURFURAL E DA ATIVIDADE DIASTÁSICA EM MÉIS DE ABELHA EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Study of the hidroximetilfurfural alterations and the diastase activity in honey of bee in different condition of storage) Zilmar Fernandes Nóbrega Melo, Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata