"compost barn" para confinamento de vacas leiteiras
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"compost barn" para confinamento de vacas leiteiras
ALEXANDRE VALISE SIQUEIRA PROJETO ORIENTADO INSTALAÇÃO DO TIPO "COMPOST BARN" PARA CONFINAMENTO DE VACAS LEITEIRAS Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Colegiado do Curso de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras como parte das exigências do curso de Zootecnia, para a obtenção do título de Zootecnista. Orientador Prof. Marcos Neves Pereira LAVRAS MINAS GERAIS – BRASIL 2013 ALEXANDRE VALISE SIQUEIRA PROJETO ORIENTADO INSTALAÇÃO DO TIPO "COMPOST BARN" PARA CONFINAMENTO DE VACAS LEITEIRAS Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Colegiado do Curso de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras como parte das exigências do curso de Zootecnia, para a obtenção do título de Zootecnista. Antônio Carlos Bernardes Silva Gerente Nacional da empresa Agillity Gustavo Augusto de Andrade Professor IFET - Machado Prof. Marcos Neves Pereira UFLA (Orientador) LAVRAS MINAS GERAIS ii A minha mãe Rosemary, a minhas irmãs Ana Rosa e Patrcia e ao meu pai Paulo César (in memorian) e minha avó Anna Maria (in memorian) DEDICO iii AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter me encaminhado e sempre me acompanhado em toda esta trajetória. Agradeço minha mãe Rosemary, que não mediu esforços para que eu tivesse boa educação e estudo, os quais me ajudaram a atingir minhas metas Agradeço minhas irmãs, Patricia e Ana Rosa, pela torcida e apoio. minhas avós Anna Maria (in memorian) e Maria da Conceição, por sempre me incentivarem ao grupo do leite, pelos dias de aprendizado e companheirismo, troca de informações pela confiança a todos os meus amigos em especial o Paulinho pela amizade e momentos de diversão aos companheiros de republica da primeira casa "Kurral": Gonzo, Kuala, Tonho, Nil, Ursso, Tixa, Miagi, Normal, Bocão e Costinha pelos aprendizado de calouro aos amigos da segunda casa "Gospe Grosso" Marcelo, Tiago (Catatau), Junio, Sancho(velho Alf), Luan, Augustu (Forgadu), Leandro(Xurek), Indalécio (Baiano), Ivan(Rato Branco, Ivonete), Gil (big tits, funil de rola, rodela de tomate, Maruin), Gustavo(Urumaco, Cabeça, Nego vadio, Nego drama, Leiloeiro), Igor(Canela grossa, Bunda, Waleska popozuda), Ramon( turtle sem casco) e a Marcia Helena pela paciência e pelos momentos de descontração companheirismo e amizade e convivência ena maior parte da minha formação A Priscila(larica) pelos incentivo companheirismo e compreensão Ao professor e Orientador Marcos Neves Pereira pelos ensinamentos passados e por tudo que aprendi direta e indiretamente Aos funcionários da Fazenda São Francisco, Carlinhos, Cesinha, Daniel Aos colegas de sala pelos momentos de estudo e troca de informações A todos os profissionais que me ajudaram e confiaram no meu trabalho E a todas as pessoas que de alguma forma me incentivaram para que eu alcançasse meus objetivos. Muito Obrigado!!! iv LISTAS DE ILUSTRAÇÕES Fotografia 01 – Compost Barn dos Portner, Minnesota .............................. 03 Fotografia 02 – Free-stall ............................................................................. 04 Fotografia 03 – Compost Barn ..................................................................... 04 Fotografia 04 – Bebedouros de concreto voltado para o corredor ............... 05 Fotografia 05 – Bebedouros dentro das camas ............................................. 06 Fotografia 06 – Telhado com lanternim coberto .......................................... 07 Fotografia07 Ventiladores nas camas e no corredor de alimentação ........... 08 Fotografia 08 – Revolvimento da cama de compostagem ........................... 10 Fotografia 09 – Verificação da temperatura das camas ................................. 13 Fotografita 10 - Vacas deitadas em sistema de Compost Barn....................... 19 Fotografia 11 - Detecção de cio em sistema de Compost Barn....................... 21 Fotografia 12 - Simental leiteiro em sistema de Compost Barn no Brasil...... 25 Figura 01 - Esboço com medidas sem escala do Compost Barn..................... 09 Quadro 01 - Comparação entre Compost Barn e Free-Stall........................... 23 Quadro 01 - Tabela de custo de construção do Compost Barn....................... 25 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 01 1.1 OBJETIVO............................................................................................. 02 2 HISTÓRIA................................................................................................. 02 3 iNSTALAÇÃO .......................................................................................... 04 3.1 MANEJO DAS CAMAS......................................................................... 09 3.1.1 TEMPERATURA ................................................................................ 11 3.1.2 UMIDADE ........................................................................................... 13 3.1.3 pH.......................................................................................................... 14 4 QUALIDADE DO LEITE........................................................................... 19 5 COMPORTAMENTO................................................................................. 16 6 TIPOS DE CAMAS..................................................................................... 18 7 SISTEMA LOCOMOTOR.......................................................................... 20 8 REPRODUÇÃO........................................................................................... 20 9 THI ............................................................................................................ 22 10 VALOR ECONOMICO ............................................................................ 22 11 COMPOST BARN NO BRASIL .............................................................. 24 12 CONCLUSÃO........................................................................................... 26 REFERENCIAS.............................................................................................. 28 6 1 1 INTRODUÇÃO Para bovinos leiteiros as instalações são de grande importância por estabelecerem o microclima adequado para a criação de vacas leiteiras e para facilitar o manejo dos animais, influenciando diretamente na sua produtividade e na sua saúde. Uma instalação adequada permite que pequenas propriedades possam alojar maior número de animais, intensificando o manejo e utilizando a maior área de terra para plantio. Isto implicará em quantidade maior de produção de leite por área trabalhada. A escolha das instalações utilizadas para alojamento das vacas deve ser realizada levando-se em consideração diversos fatores, dentre os quais se destacam: nível de intensificação desejado, potencial genético do rebanho, disponibilidade de capital, disponibilidade e capacidade de produção de alimentos e custo da terra. Todos estes fatores devem ser avaliados, pois podem afetar diretamente a produtividade e sanidade do rebanho, a qualidade do leite, o bem-estar animal e a rentabilidade da fazenda. Atualmente, os desafios dos sistemas de produção são o manejo de dejetos e o controle de gases, estes responsáveis pelo efeito estufa (Bickert 2003 ; Randall et.al, 2006). O uso eficiente das instalações possibilita resolver o problema dos dejetos, proporcionar conforto animal, melhorar a qualidade do leite e diminuir o custo com mão de obra. Sendo assim, o Compost Barn é uma alternativa sustentável de manejo de dejetos, diminuindo construções de armazenamento, odores, quantidade de gases liberados ao ar livre e mão de obra. Este tipo de instalaçõa melhora melhora na qualidade do leite e no conforto e bem-estar animal, do artigo técnico redigido por (Camila Silano 2013). O Compost Barn foi implantado ao final de 2001, pelos irmãos Tom e Mark Portner de Sleepy Eye, em Minnesota, nos Estados Unidos. Atualmente existe mais de trinta fazenda com o mesmo sistema em Minnesota e em doze basearam-se os estudos realizados com a instalação. O Compost Barn pode ser definido como uma instalação para vacas, que possui somente uma pista de alimentação, feita com corredor de concreto, ampla cama, para vários animais, com 30 cm de altura inicial por cabeça e uma cobertura ventilada. O tamanho é definido de acordo com a quantidade de animais instalados. A cama é composta, normalmente, de serragem ou maravalha, mas para ajudar no processo de 2 compostagem outros produtos podem ser agregados, tais como palhas, sabugo de milho triturado, casca de arroz, casca de soja, polpa de citros, dentre outros coprodutos. Estes materiais devem ser aerados com grades ou inchadas rotativas, na profundidade máxima de 30 cm, no mínimo 2 vezes ao dia, a fim de promover a incorporação das fezes e urina. Dessa forma, os dejetos são incorporados ao material utilizado como cama, proporcionando um aumento de temperatura que se dá através da deterioração da matéria orgânica. Este manejo é importante para dar condição de umidade, temperatura, pH, manter a cama seca e controlar a flora bacteriana. A utilização do resíduo das camas, após a retirada das instalações, torna-o mais interessante e sustentável, pois o processo de compostagem pode ser terminado após a retirada das camas, e o produto ser distribuído na área de lavoura ou vendido para produtores de flores como adubo, diminuindo, assim, o risco de contaminação de lençóis freáticos. Nos últimos dois anos, houve crescente interesse de produtores de leite, em Minnesota, EUA e alguns países estrangeiros na construção desses tipos de estábulos, sendo, o Brasil, um deles. 1.1 OBJETIVOS A revisão bibliográfica visa reunir informações, com base científica, do Compost Barn e avaliar sua instalação como opção viável a ser utilizada em confinamentos de vacas leiteiras no Brasil. Avaliar alternativas de baixo custo, com variedades de camas, de acordo com a disponibilidade de co-produtos para compostagem com custo baixo que podem ser possivelmente utilizadas nas instalações. Além disso, reunir informações físicas e químicas do composto, visando controlar a mastite, a umidade, o pH e a temperatura. 1.2 HISTÓRIA Tom e Mark Portner, de Sleepy Eye, Minnesota, em 1990, começaram a produção de leite em sistema tie-stall, o qual era composto de poucas vacas mantidas dentro do estábulo. Com o desenvolvimento desta atividade na propriedade e o aumento do número de animais, os Portners, com o objetivo de 3 ampliar ainda mais a produção de leite, construíram o free-stall, embora continuassem a ordenhar no tie-stall, aproveitando a antiga estrutura montada. Posteriormente, fez-se necessária a construção de uma nova sala de ordenha, pois a antiga não suportava mais o grande número de animais. No ano 2000, a produtividade aumentou ainda mais e suas instalações não suportaram as 125 vacas que possuíam. Então, eles resolveram construir mais um galpão, mas não queriam reproduzir nenhum dos dois sistemas utilizados anteriormente, pois além de priorizar baixo custo de instalação/vaca, também visavam o bem-estar dos animais. Assim, buscaram a opção que melhor atendia o sistema proposto construindo o primeiro Compost Barn, em 2001. . Figura1: Compost Barn dos Portner, Minnesota A escolha tinha como o objetivo melhorar o conforto, a saúde e a longevidade das vacas, e também, facilitar a execução e finalização das tarefas diárias (Barberg et al., 2007). Alguns produtores também escolheram este tipo de sistema de abrigo por causa da redução de investimento inicial, devido ao menor custo com concreto utilizado com o piso em sistemas do tipo free-stall (Barberg et al., 2007). 4 Hoje, estima-se que haja mais de 30 sistemas de Compost Barn no estado de Minnesota (Janni,et al.,2007). Embora a instalação possa ter menor investimento inicial em comparação a outros sistemas, o custo anual do material da cama precisa ser considerado. 3. INSTALAÇÃO O Compost Barn não se difere muito do principal sistema de confinamento, o Free-stall. Assim como este, possui pista de trato, corredor de concreto para alimentação e bebedouros. A principal diferença entre eles é a cama, sendo no free-stall individual e no Compost Barn coletiva. Figura 2: Free-stall Figura 3: Compost Barn j É preconizado, para boa distribuição e conforto dos animais, 7,5m2 a 20,0m2 por vaca para que todas possam se deitar ao mesmo tempo e ainda ter espaço para se movimentar em direção ao cocho e ao bebedouro, podendo ser menor dependendo da raça. Ainda deve haver duas saídas para a pista de alimentação de 4,0 m de comprimento, uma divisória de 1,2 m de altura entre a cama e a área do cocho. Bebedouros devem ficar contra a parede de concreto que separa a área do corredor de compostagem da do corredor de alimentação, e 5 são acessados a partir do corredor de alimentação (Janni et al., 2006). Figura 4: Bebedouros de concreto voltado para o corredor. Bebedouros não devem se localizar em área de cama para evitar molhar a mesma, e, ainda, porque a altura precisaria ser ajustada conforme a profundidade das camas, o que implicaria em mais gastos com obras. Alguns produtores estão usando bebedouros com drenos e tubo de drenagem para facilitar o manejo. 6 . Figura 5: Bebedouros dentro das camas A área de alimentação é da mesma largura de Freestall, 4 a 4,5 m de largura de concreto, e têm dimensões semelhantes à pista de trato. O telhado deve ser de material que não retenha muito calor. Sua inclinação não deve possuir menos do que 30%, para não dificultar a circulação de ar dentro do galpão e ajudar na dissipação do calor gerado pelas vacas e pela cama no processo de compostagem, e ainda deve conter lanternim coberto para que não chova dentro da instalação molhando a cama. 7 . Figura 6: Telhado com lanternim coberto Ventiladores devem ser instalados sobre a cama para mantê-la seca, melhorando a circulação de gases da compostagem, controlando a temperatura do galpão e proporcionando conforto térmico às vacas. Além disso, há melhorias na saúde geral das vacas, pois elimina poeira e pequenas partículas, que podem ocasionar futuros problemas respiratórios. A ventilação deve ser homogênea para evitar aglomeração de animais em algumas localidades do galpão, implicando em excesso de fezes e urina em locais específicos. Aspersores na pista de alimentação auxiliam também no arrefecimento e melhoram o conforto térmico das vacas, aumentando o consumo de matéria seca. 8 . Figura 7: Ventiladores nas camas e no corredor de alimentação O pé direito precisa ser alto, acima de 4,2 metros de altura, pois a cama sobreposta pode atingir até 1,2 metros e o telhado precisa de calha para escoar a água, evitando molhar a cama quando houver chuva forte e vento. A base das camas pode ser de terra compactada, argila ou concreto para evitar a infiltração de água no solo podendo atingir e contaminar lençóis freáticos. O terreno da construção precisa ser levemente inclinado para que não ocorra escoamento de água para dentro da cama e em local mais elevado, devido ao canal de drenagem, minimizando a entrada de água de chuva. A escolha do local deve levar em consideração a distância de outras construções, barrancos, silos, para que seja garantida a ventilação e renovação de ar. Há de se considerar também a orientação do galpão em relação ao sol, a qual deve ser leste-oeste para diminuir a incidência dos raios solares dentro da instalação. A figura 1 abaixo demonstra o típico modelo de instalação (sem escala) para 75 vacas (Janni et al., 2007). 9 46 m 4m 12,4m 18 m 16m 38 m 4m Área restrita de compostagem Área restrita de compostagem 12,4m 75 vacas a 7,4 m²/ vaca Parede de concreto com 39 m de comprimento e 1,2 m de altura 4m 2m Bebedouro Bebedouro Corredor de alimentação 3,6 m x 46 m Se o galpão for muito longo ou tiver grande número de animais é preciso fornecer mais acessos a pista de trato, isto evitará trafego intensivo de animais o que incorreria no desenvolvimento de uma área mais úmida e suja. 3.1 MANEJO DAS CAMAS Inicialmente é colocado 30 a 45 cm de altura de cama, isto permite revolvimento ótimo para a incorporação de fezes e urina e aeração de 18 a 25 cm de profundidade para começar a compostagem. Este revolvimento serve para manter a superfície sempre seca e limpa e homogeneizar as fezes e a urina em toda área de descanço. Isso deve ser feito no mínimo 2 vezes ao dia, durante o período em que as vacas estão na ordenha; dessa forma, evitará que o pó gerado pelo revolvimento do material prejudique o sistema respiratório das vacas. Ele ainda pode ser feito por implementos acoplados ao trator, como por exemplo, 10 subsolador, enchadas rotativas, grades ou qualquer outro, que atinjam a profundidade mínima de 18 cm e incorpore os dejetos na cama de compostagem. Os movimentos devem ser longitudinais e transversais. Isto é importante porque a compactação do material colabora com a reação anaeróbica e com o aumento da umidade, apresentando menores temperaturas, em consequência, há uma redução da morte dos patógenos que ocasiona aumento dos problemas de odores (Gay, 2006; Janni et al, 2005). . Figura 8: Revolvimento da cama de compostagem Logo, a aeração é essencial para reação aeróbica ocasionada pelos microorganismos, que consomem oxigênio e produzem dióxido de carbono, umidade e calor. Esterco e urina fornecem os nutrientes nescessários, principalmente carbono e nitrogênio, além de umidade, que os microorganismos utilizam para realizar a compostagem. A eficácia do processo depende das condições ambientais presentes nas camas, incluindo oxigênio, umidade, temperatura, matéria orgânica e atividade das populações microbianas. Se faltar qualquer um destes elementos, ou, se não estiverem na proporção adequada, a atividade microbiana é prejudicada e o composto não gerará calor suficiente. 11 As camas geralmente são de maravalha ou serragem, mas podem ser de outros co-produtos orgânicos, como por exemplo casca de soja, casca de amendoin, casca de aveia, polpa cítrica, palha de arroz, palha de trigo, feno moído fino, dentre outros. As temperaturas de todos eles foram medidas e consideradas altas o suficiente para a atividade microbiana e produzir calor (Shane et.al, 2010). Para manter as condições adequadas, é reposta uma fina camada de 5 a 10 cm, variando de 1 a 5 semanas, de acordo com o espaçamento definido por vaca no barracão (Barberg et.al 2007). Quanto maior a taxa de lotação mais frequente será a recarga de cama. O período, a estação do ano, a umidade, as chuvas e a temperatura também interfererirão nesta reposição. Como o fornecimento de carbono para o processo vem do material da cama e do esterco não se deve optar por camas inorgânicas do tipo areia e raspas de borracha. Os ventiladores tem função essencial na troca dos gases, principalmente CO2 e O2. Outra função é ajudar a secar e a baixar a temperatura da superfície após o revolvimento do material, retardando o crescimento bacteriano (Shane et.al, 2010) e evitando que o material possa aderir aos tetos e pernas das vacas. O material é sobreposto de 6 meses a 1 ano, dependendo do manejo feito. A tendência é conciliar a retirada do material com a época de plantio, aproveitando o resíduo na lavoura. O solo do Brasil, em geral, é muito pobre em matéria orgânica, e, procedendo dessa forma, haveria maior incorporação da matéria orgânica no solo, além de nutrientes de alto valor como nitrogênio e fósforo (Barberg et al, 2007b; Gay, 2006; Janniet al, 2007; Janni et al, 2005). Algumas propriedades deixam uma camada do material já utilizado de cerca de 6 cm para auxiliar o início da nova compostagem. 3.1.1 TEMPERATURA A variação da temperatura da cama está relacionado com vários fatores, dentre os quais estão estes: materiais ricos em proteínas, baixa relação Carbono/Nitrogênio e umidade. A relação Carbono/Nitogêino é de difícil mensuração no manejo diário da propriedade leiteira, sendo limitante para a 12 avaliação adequada e o manejo correto da cama para a obtenção da temperatura ideal. O processo aeróbio é caracterizado pela alta temperatura desenvolvida no composto, pelo menor tempo de degradação da matéria orgânica e pelas reações de oxidação e oxigenação que ocorrem no processo, fazendo com que o substrato tenha pH próximo de 7,0. Atingir temperaturas elevadas nas camadas inferiores é importante para controlar agentes patogênicos e manter a superfície seca. Temperaturas entre 55 0C e 65 0C, durante 3 a 4 dias, ajudam no controle de ervas daninhas e larvas de moscas, e evitam a disseminação de sementes. De acordo com Kiehl (1998), no processo de compostagem, a atividade microbiológica atinge alta intensidade, provocando a elevação da temperatura no interior das leiras, chegando a atingir valores de 65ºC, ou até superiores, em decorrência do calor gerado pelo metabolismo microbiano de oxidação da matéria orgânica. Portanto, o equilíbrio dos nutrientes é primordial para a manutenção da temperatura, sendo que, em camas menos compactadas ocorreram maiores temperaturas (Barberg et al, 2007a), já que as atividades microbianas são diretamente proporcionais ao nível de oxigênio disponível para a reação. A compactação é um dos maiores causadores da queda de temperatura, pois faz com que diminua muito o oxigênio, promovendo o início de reações anaeróbicas que podem liberar odores desagradáveis. Com a queda da temperatura, outros fatores agravantes para a produção ocorrem, como por exemplo, o aumento dos patógenos causadores de mastite. Para evitar variações bruscas, os materiais moídos e peneirados utilizados na produção das camas devem ter granulometria fina e maior homogeneidade, pois há melhor distribuição de temperatura e menor perda de calor. 13 . Figura 9: Verificação da temperatura das camas 3.1.2 UMIDADE Segundo Pereira Neto (1996) a umidade ideal em toda a massa é em torno de 40% a 60%, pois esta quantidade de água maximiza a atividade microbiana, mas este teor de umidade ainda está fora dos padrões de capacidade normais de compostagem comum feito de fezes e urina, que gira em torno de 72%. A maneira prática de observar se a umidade não está acima do desejado é pegar uma amostra de cama e apertá-la com a mão, se formar um aglomerado ou escorrer líquido entre os dedos é hora de colocar uma nova camada de material, para haver um controle da umidade. A disperção em que as vacas urinam e defecam dentro da cama dificulta da homogenização e o controle da umidade. Pode-se também diminuir a taxa de lotação no galpão, pois o aumento no número de vacas sujas no rebanho eleva os riscos de mastite. Isto explica um dos motivos pelos quais os bebedouros não podem estar localizados dentro do espaço da cama, já que fatalmente haveria derramamento de água ao redor deles e a umidade passaria do teor desejável. 14 Quando a umidade é excessiva, ocorre aglutinação de partículas, restringindo, sobremaneira, a difusão de oxigênio (Poincelot, 1975 e Willson et al., 1976). Este fato reduz a temperatura média para faixa de 20 °C a 40 °C e a concentração de oxigênio para valores menores que 5% (Poincelot, 1975 e Willson et al., 1976). Nesta situação, a velocidade de degradação da matéria orgânica diminuiu, e condições anaeróbicas se instalarão na massa de compostagem, promovendo conseqüências indesejáveis, tais como: odores, atração de vetores, chorume, e outros. (Pereira Neto 1987, 1996; Poincelot, 1975 e Willson et al., 1976). Por outro lado, teores de umidade menores do que 40% inibem a atividade microbiológica, diminuindo a taxa de estabilização (Pereira Neto, 1987). Neste caso, pode-se adicionar água uniformemente sobre o material em compostagem, já em caso de excesso de umidade, materiais absorventes podem ser misturados, como palhas, camas e serragens ou maravalhas (Marriel et al., 1987), o importante é que ela se mantenha na faixa adequada no teor de água nas camas. 3.1.3 pH Um dos produtos gerados na decomposição anaeróbica da matéria orgânica são ácidos que se acumulam e diminuem o pH do meio. Esta alteração favorece o crescimento de fungos e a decomposição da celulose e da lignina. Posteriormente estes ácidos são decompostos até serem completamente oxidados. No entanto, se existir escassez de oxigênio, o pH poderá atingir valores inferiores a 4,5, e, consequentemente limitar a atividade microbiana, retardando o processo de compostagem. Nestes casos, deve-se remexer a cama para o pH voltar a subir, chegando a valores de 5,5 a 7,8 que está dentro do aceitável, limitando a perda de nitrogênio (Tiquia et al, 2002). QUALIDADE DO LEITE Segundo Barberg et al. (2007b), houve um aumento na produção de leite de vacas, que mudaram de outros sistemas para o Compost Barn. Este aumento foi em média 955 kg/vaca/ano, indo de 395 para 1331 kg/vaca/ano em um rebanho com média de lactação encerrada de 10.457 kg, variando de 8.321 a 15 12.411 kg, e houve queda na contagem de células somáticas (CCS), que se estabeleceram em 325.000 células/ml (intervalo de 88.000 a 658.000). Barberg et al. (2007b) detectaram que 67% das fazendas estudadas, que utilizam o Compost Barn, tiveram redução nas taxas de mastite. Em geral, foram detectados baixos níveis de patógenos contagiosos nas amostras de leite de tanque, sendo 8,3% Streptococcus agalactiae e Staphylococcus aureus. No entanto, apenas 43% das leiterias obtiveram significativa redução da CCS no tanque, e 42% das propriedades tiveram altos níveis de coliformes, isto é, E. coli, Klebsiella, e Enterobacter no leite. É interessante notar que a saúde do úbere e a qualidade do leite não eram, necessariamente, comprometidas quando vacas foram alojadas neste sistema, especialmente quando a contagem bacteriana total (CBT) no material de cama foi de 9.122.700 ufc/mL. Sugere-se, então, que a cama deva ter menos de 1 milhão de ufc/mL, a fim de reduzir o risco de mastite. Portanto, procedimentos de ordenha e a integridade do esfincter são essenciais em um sistema como este. Poucos estudos nos mostram porque ocorreu a redução de mastite nos rebanhos, mas se analisarmos os principais microrganismos causadores de mastite, observamos que o manejo adequado da temperatura das camas, entre 55 0 C e 65 0C, pode estar ajudando no controle das unidades formadoras de colônias. Isto pode ser afirmado baseado nas temperaturas ótimas de crescimento deles, como os Staphylococcus aureus que gira em torno de 30 °C a 37 °C, Escherichia coli, Klebsiella, Enterobacter e Serratia, entre 25 °C e 30 °C, Streptococcus agalactiae, em torno de -10 °C a 45 °C, e com o diferencial de não morrerem a altas temperaturas o que pode explicar sua incidência nos rebanhos; e o Estaphylococcus sp. entre 7 °C e 47,8º C, podendo produzir enterotoxinas termorresistentes a temperaturas entre 10 e 46º C, com temperatura ótima entre 40°C e 45º C. O calor excessivo pode eliminar as células dos microrganismos quando submetidas a uma temperatura letal, a qual varia de acordo com a espécie e com a forma em que se encontra, se for como células vegetativas geralmente são destruídas em temperaturas da ordem de 60°C; se for como esporos são inativados em temperaturas superiores, podendo chegar acima de 100°C. Essa inativação pode se dar de duas formas, seja pelo calor úmido em que ocorre a 16 desnaturação de proteínas, incapacitando sua multiplicação, seja pelo calor seco, o qual age oxidando os componentes celulares. A resistência de um microrganismo ao calor pode ser determinada, com mais precisão, através do valor D. Este é definido com o tempo (em minutos) e uma dada temperatura necessários para reduzir 90% de sua população (ou reduzir o ciclo log na curva de sobrevivência térmica). A curva de sobrevivência térmica demonstra essa relação entre tempo e temperatura. Outro fator que pode ter ajudado na diminuição da mastite é o maior conforto proporcionado pela instalação e a redução do estresse com o aumento do espaço e a diminuição da competição ao deitarem. A mastite foi utilizada como fator indireto na avaliação de bem-estar dos animais por Barberg et al. (2007b), entretanto constatou também a prevalência de infecção semelhante (27,7%) nas instalações estudadas. Por isso, o manejo inadequado do sistema pode causar vários fatores indesejáveis além do aumento de casos clínicos de mastite, como vacas mais sujas e aumento de células somáticas no rebanho, reforçando assim que o revolvimento da cama pelo menos duas vezes por dia é indispensável para que a superfície fique sempre bem limpa e seca para os animais. 5 COMPORTAMENTO O comportamento das vacas é um dos indicadores de seu bem-estar. Ele pode ser avaliado pela respiração, pela locomoção e pelos escores do jarrete, os quais variam conforme o grau de conforto que se encontram. Segundo Fregonesi ; Leaver (2001), vacas alojadas em locais abertos mostraram maior agressividade e maior deslocamento em relação a vacas em free-stall, pois não possuiam barreiras que as impedissem de dar cabeçadas, empurrões e realizarem preseguições umas com as outras. Já em relação ao Compost Barn não há estudos formalizados a esse respeito, contudo, observações da preferência quase uniforme dos animais em estar em camas abertas, sugeriram que essas interações sociais negativas não foram problema. Deduz-se que isso se deva ao grande espaçamento entre as vacas que propiciaram a não intensificação dessas interações, além da hierarquia que era estabelecida após um período de adaptação. 17 Essa hierarquia compõe a estrutura social do gado leiteiro, que pode ser descrito como uma série de relações de dominância e de interações sociais, caracterizados por interações agonísticas (agressivas) e positivas. De acordo com Menke et al., (1999), condições diversas contribuem para o comportamento social de um rebanho leiteiro, incluindo o tipo de instalação, o número de vacas, e o espaço disponível por vaca. A lambida é uma interação social positiva que provoca efeito calmante entre vacas, reduzindo a quantidade de tensões sociais entre elas e estabilizando suas relações hierárquicas. Interações agonísticas entre o gado são compostas de ameaças, cabeçadas, perseguições e fugas. A maioria dos deslocamentos que culminam em cabeçadas são resultados da competição por recursos, como alimentos ou água, logo, aumento do espaço no cocho de alimentação ou do espaço de descanso repelem este tipo de comportamento.Este último também é um indicativo bastante importante e que pode ser medido pelo tempo em que permanecem deitadas durante o dia (Fregonesi ; Leaver, 2001). O movimento de deitar-se e levantar-se observados em sistemas como tie-stall e free-stall possuem limitações físicas principalmente em relação ao tamanho e ao formato da cama. Isto influencia diretamente no conforto, pois diminuem o tempo em que descansam durante o dia. O tempo que a vaca permanece deitada pode ser indicativo do conforto da superfície que se encontra no alojamento. Vacas alojadas em barracões de camas de areia tiveram uma proporção significativamente maior de longos períodos deitadas (> 60min) do que as vacas com camas de colchão (Cook et al., 2004). Existe quatro posições comuns que o gado costuma se deitar: decúbito lateral, cabeça para trás, cabeça no chão e cabeça para cima que é a posição mais comum (Krohn ; Munksgaard, 1993). Tipos de instalações podem permitir ou impedir o comportamento natural, influenciando na posição que a vaca assume. Maior número de vacas foram observadas deitadas com a cabeça descansando no chão ou para trás no pasto do que no tie-stall, independentemente do material de cama (Haley et al ., 2001). Isso nos indica que algumas instalações interferem, de fato, no comportamento natural, podendo causar algum tipo de estresse, o qual irá comprometer a produção total dos animais. 6 TIPO DE CAMAS 18 Confinamentos têm um impacto substancial sobre a saúde geral e longevidade do gado leiteiro. A cada dia, aumenta o número de animais criados em free-stalls, com camas de areia ou colchão ao invés da palha, e em tie-stalls, com, na maioria das vezes, camas de serragem. O Compost Barn teve a intenção de melhorar o conforto e maximizar o tempo que as vacas permanecem deitadas, pois em outros sistemas, como freestalls e tie-stalls, alguns fatores limitantes na instalação, tais como o tipo, o tamanho, a largura das camas e a umidade excessiva conforme o material utilizado, podem diminuí-lo. Foi constatado que bovinos leiteiros confinados gastam aproximadamente 8 a 16 h/d deitados (Dechamps et al, 1989;. Tucker e Cansado, 2004). Tucker e Cansado (2004), vacas passaram, aproximadamente, 1,5 h/d deitadas a mais em baias com maior quantidade de material para cama do que aquelas com pouco ou nenhum material de cama. De acordo com Haley et al. (2001), otimizar o tempo de repouso de gado leiteiro assegura o bem-estar e evita o comprometimento da produtividade. As vacas, quando são privadas de se deitar ou passam muito tempo em pé, por fatores diversos, se privam de suas nescessidades fisiológicas (comer e beber) para se deitar, o que se agrava gradativamente do início ao fim de lactação. Se isso ocorre diversas vezes, o hábito diurno de se deitar pode ser afetado, ocorrendo, assim, mudanças fisiológicas que resultam em comportamentos anormais e frustração, segundo Munksgaard et al. (2005). Haley et al. (2001) relataram que vacas em pisos mais macios se deitam mais vezes com períodos mais curtos durante o dia inteiro, no entanto, a duração média deitada foi maior quando as vacas se encontravam alojadas em concreto. Os autores sugerem que as vacas são mais relutantes em levantar-se e deitar-se sobre superfícies duras, como concreto, por causa do desconforto sentido nesses movimentos. Nisso, o Compost Barn leva vantagem sobre as outras instalações pois possui menor área de superfície dura. 19 . Figura 10: Vacas deitadas em sistema de Compost Barn Vacas alojadas em galpões do tipo Compost Barn tiveram padrão cíclico de comportamento para descansar, semelhante ao que foi observado em outros sistemas de confinamento. As vacas passaram uma quantidade maior de tempo deitadas à noite (20hs às 8hs) do que de dia (8hs às 20hs), cerca de 56,8% (34min) de cada hora durante a noite, num total de 6,8hs, em comparação a 23,1% (14min) de cada hora durante o dia, num total de 2,8hs. A maior porcentagem de tempo gasto deitadas foi observado às 03hs, com 76,5% ± 28,1min em relação ao tempo anterior 45,9% ± 16,7min. Picos de descanso foram observados entre 20hs e 4hs. Da mesma forma, Singh et al. (1994) observaram que o número máximo de vacas deitadas ocorreu entre a 0h e 5hs. Overton et al. (2002) notaram uma diminuição no tempo deitado durante o meiodia, ao final da tarde e no início da noite. Eles observaram que maior proporção de vacas deitavam às 6hs (85%) e a segunda maior porporção às 22hs (81%), ambas coincidindo com 2hs após a ordenha. A menor proporção de vacas deitadas estava em torno das 21hs. 20 7 SISTEMA LOCOMOTOR Instalações para gado leiteiro têm grande influência sobre a saúde de pernas e pés das vacas. Problemas locomotores geram impactos econômicos na pecuária leiteira e são uns dos maiores desafios encontrados dentro das propriedades, já que ocasionam descartes de animais (Esslemont e Kossaibati, 1996) e perda na produção de leite e dificuldade na detecção de cio, (Vermunt, 2005). Cook et al, (2004) relatam que sistemas de alojamento, com piso de concreto e freestalls desconfortáveis aumentaram a incidência de lesões de cascos e jarretes. Em sistemas de Compost Barn ainda não há dados disponíveis sobre a prevalência de claudicação, lesões de jarrete ou desempenho reprodutivo e descarte. Entretanto, segundo Lobeck et al (2011), camas de freestalls geralmente possuem materiais mais abrasivos do que a serragem, a qual é comumente utilizada em camas de Compost Barn, fazendo com que animais dessas instalações possuam mais lesões de jarrete. Foi constatado também que vacas multiparas, devido ao maior tempo de contato com estes tipos de camas, possuiam maior número de lesão nos jarretes, desde leves, em que só ocorre a perda de pêlos, até mais graves, em que ocorrem inflamações e ferimentos, quando comparadas com vacas primíparas. Vacas passaram mais tempo deitadas em camas coletivas do que em camas individuais (freestall ou tiestall). Quando fornecido o acesso à área aberta, as vacas passaram menos tempo do lado de fora da área de repouso e empoleiraram-se com os dois cascos da frente na área de repouso, sendo que ambos são comportamentos associados ao aumento dos problemas de casco. 8 REPRODUÇÃO As vacas foram capazes de mover-se livremente sobre a cama. Lobeck et al (2011) fizeram várias observações de vacas no cio. Um total de 96 observações horárias contínuas de interações sociais foram registradas. 21 . Figura 11: Detecção de cio em sistema de Compost Barn A média de 0,94 a ± 1,5 ocorrências do não aceite de monta foram registadas (intervalo de 0-8 observações) durante uma hora e empurra-la ocorreu de 0,94 a ± 1,8 vezes/h (intervalo de 0-11 observações). A terceira interação agonística registrada foi a de cabeçadas, com 1,4 a ± 1,6 incidências/h (intervalo de 0-9 observações). Já a interação social positiva de lamber foi registrada 2,3 a ± 2,9 vezes / h (intervalo de 0 a 13 observações). Miller e Wood-Gush (1991) relataram que o número de comportamentos agonísticos de vacas dentro de freestall foi maior (9,5 vezes/h) do que aqueles de vacas à pasto (1,1 vezes/h). Embora esses autores tenham também incluído outros tipos de interações agonísticas em seu estudo, o número deste tipo de comportamento observado na pastagem foi semelhante ao número observado no compost barn. Ao gravarem as interações sociais em free-stall, Miller e Wood-Gush (1991) observaram vacas no corredor de alimentação, onde 67% das interações agonísticas ocorreram, enquanto observou-se o comportamento das vacas apenas nas camas coletivas. Krohn (1994) observou 5 a 6 vezes menos interações agressivas entre vacas no pasto do que entre vacas alojadas em free-stall, pátios de concreto, ou camas sobreposta (7m2/vaca). No entanto, Fregonesi e Leaver (2001) 22 observaram que as vacas tinham número similar de interações agressivas tanto em free-stall quanto no pasto quando foi disponibilizado espaços idênticos. As interações sociais de vacas no Compost Barn não diferem substancialmente daquelas relatadas anteriormente sobre seus comportamentos em outros tipos de instalações, portanto conclui-se que esta nova instalação pode ser um sistema adequado para vacas em lactação. 9 THI Um dos maiores problemas encontrados no Compost Barn é o calor liberado pela compostagem, que atinge altas temperaturas (até 65ºC) abaixo da superfície da cama. Quando esta é revolvida, ele se dissipa em forma de vapor, aumentando o calor interno do galpão e, consequentemente, a temperatura do ambiente. Assim, o uso de ventiladores faz-se essencial para este tipo de sistema, pois, além de ajudar a controlar a temperatura, fazendo com que o vapor circule e saia do galpão; é necessário para que seque a superfície até as vacas voltarem da sala de ordenha. Se deve levar em consideração também o clima de cada região que irá ser implantado o sistema pois as maiores informações vieram de Minnesota que possui climas extremos de -40 oC a 40 oC o que poderia estar ajudando no controle de temperatura pois boa parte do ano o clima se mantém frio. 10 VALOR ECONÔMICO O valor das construções podem variar, pois existe uma flutuação de preços da matéria prima (ferro, madeira, concreto e material de cama) utilizada para elas. Em tese, o custo do Compost Barn pode ser mais barato quando comparado a outras instalações de vacas, porém pode se tornar mais caro nos quesitos disponibilidade e preço da serragem, variando de região para região. Neste caso, deve-se buscar produtos similares mais baratos que efetuem a mesma função. 23 A longo prazo o Compost Barn pode se tornar mais caro que instalações do tipo free-stall pois o custo de manutenção e mão de obra podem aumentar devido ao tempo gasto com o manejo da cama e a depreciação dos implementos gasto no processo de revolvimento do material da cama para o inicio da compostagem. Quadro 1: Comparação entre Compost Barn e Free-Stall Instalações/ Implementos Compost Barn Free-Stall 2 linhas de camas Free-Stall 3 linhas de camas Área de telhado/vaca 11,0 a 23,0 m² 8,0 a 9,5 m² 7,0 m² Área de coxo/vaca 60 cm 45 a 60 cm 45 cm Área de concreto 828 a 1.725 m² 600 a 712 m² 525 m² Altura pé direito 4,5 m 3,5 m 3,5 m Aspersores 33 a 37 37 a 40 35 a 40 10 15 Ventiladores 18 Scraper 1 2 2 Trator 1 Zero Zero Serragem/vaca/ano 13 m3 Zero Zero Coxo de água 3 3 3 Mão de Obra 1 0 0 Considerando área construída para o mesmo número de animais e o tamanho mínimo por vaca preconizado no Compost Barn o custo da construção não diminui se a área de cama for concretada e o custo de telhado pode ser maior por ter maior área por animal em relação ao free-stall. 24 Em relação à ambiência o Compost Barn também leva desvantagem nos custos de ventiladores pela nescessidade de duas linhas de ventiladores sobres as camas para o controle do calor gerado pela reação aeróbica e pela poeira gerada pelo material da cama, considerando 8 metros de distância entre ventiladores e linha de ventiladores sobre a área de alimentação e linha de camas, sendo que nos free-stalls com duas e tres linhas de camas foi utilizado somente uma linha de ventiladores para duas linhas de camas com vacas face a face. Outros dois custos extras em instalações do tipo Composto Barn são mão de obra para o manejo da cama e a serragem de reposição que não exite nos sistemas de free-stalls se considerado camas de borracha ou lona e scrape para limpeza dos corredores de alimentação e de acesso as camas onde no Compost Barn só poderia ser utilizado no corredor de alimentação. O investimento mais alto no Compost Barn pode ser justificado pelo maior conforto e bem-estar animal que pode resultar em maior longevidade e maior produção. Nos Estados Unidos, o custo por vaca no Compost Barn pode variar de US$ 625,00 a US$ 2.489,00 por vaca instalada. Na construção, o custo pode variar de acordo com as tecnologias utilizadas, com a localidade e também com o tempo de mão de obra utilizada para a construção (Barberg et al. 2007a). Esta despesa diminui quando o galpão é feito para maior número de animais, quando o espaçamento entre elas é menor, quando o material utilizado é mais barato e quando a localidade escolhida não é tão valorizada. Um levantamento de um estudo de caso realizado pela cooperativa de extensão e colaboradores da Universidade de Cornell para a construção de dois galpões de Compost Barn com números diferentes de vacas e variação nos espaçamentos nos mostrou em média valores por vaca instalada. 25 Quadro 1: Custo em dólares da implantação do Compost barn CUSTOS DE PRODUÇÃO DO SISTEMA COMPOST BARN CUSTO POR VACA Custo total 294 vacas 100 ft²/vaca 327 vacas 90 ft²/vaca Construção geral com paredes laterais $ 460,000 $ 1,565 $ 1,407 368 vacas 80 ft²/vaca $ 1,250 Escavação e drenagem $ 65,000 $ 221 $ 119 $ 177 Revestimento de argila $ 15,000 $ 51 $ 46 $ 41 Concreto $ 138,500 $ 471 $ 424 $ 376 Elétrica e hidráulica $ 35,000 $ 119 $ 107 $ 95 Portas basculantes $ 18,200 $ 62 $ 56 $ 49 Total $ 731,700 $ 2,489 $ 2,239 $ 1,988 Endres (2009) mensurou o preço de compra de material de US$ 0,35 a US$ 0.85/vaca/dia. O custo total por caso de claudicação foi estimado em US $ 404 (C. Guarda, Cornell University, Ithaca, NY; comunicação pessoal). Pressupõe-se que o ganho de leite mensal obtido pelo menor índice de problemas de casco juntamente com a provável melhora na qualidade do leite alcançada quando as vacas mudarem de sistema, pagariam a manutenção nescessária. O baixo manejo de dejetos, como transporte e distribuição do material na lavoura, e a possibilidade de venda do material após a retirada do galpão são pontos a favor. Outro fator a ser considerado é a baixa utilização de água gasta em outros sistemas no manejo das chorumeiras. A retirada do material pode ser a maior dificuldade encontrada na fazenda. O acúmulo de meses de serragem compactada e a nescessidade da retirada rápida do material para o retorno dos animais ao galpão nescessita de mão de obra e maquinário especializado para que o processo não se torne inviável. Portanto, antes de construir a instalação precisa ser ponderado os custos de manutenção de camas, implementos e mão de obra que serão 26 utilizados, bem como os benefícios e as desvantagens que podem ser atingidas com a implantação do Compost Barn e só então avaliar sua viabiliade na propriedade. 11 COMPOST BARN NO BRASIL O Compost Barn é uma alternativa de baixo custo e de fácil manejo para vários países do mundo, não tendo restrições com as variações climáticas encontradas em várias localizações do globo terrestre. Hoje o sistema é encontrado em diferentes países com climas distintos como Israel (clima quente e seco), Vietnã (quente e úmido), algumas regiões da Alemanha (frio e úmido) e algumas regiões dos Estados Unidos (frio e seco), então a implantação do sistema pode ser em qualquer lugar do Brasil e do mundo. Por ser um novo conceito em confinamentos de vacas, ainda não existem muitos implantados no Brasil. A pioneira foi a Santa Andréa Agropecuária, em março de 2012. Ela possui um criatório da raça Simental leiteiro, com 40 anos de seleção da linhagem Simental Fleckvieh, originária da Alemanha. Atualmente possui 220 vacas em lactação com média de 27 kg/vaca/dia. A idéia original foi apresentada por veterinários da fazenda, que, em conjunto com os proprietários, decidiram apostar nessa inovação. Iniciaram um barracão teste para 50 vacas e, devido ao sucesso da empreitada, foi ampliado para mais 50 animais. Também foi construído um galpão especialmente para 25 vacas no pré-parto iniciado em setembro de 2012. 27 . Figura 12: Simental leiteiro em sistema de Compost Barn no Brasil Com os resultados positivos, desenvolveram um próximo projeto para instalação de 100 vacas. O projeto final é para 1000 vacas em lactação até o ano de 2015, em que seria incluído todo o rebanho. O manejo adotado é bem próximo do requerido, porém com algumas adaptações para ajuste de manejo da fazenda. A área utilizada por vaca na fazenda é de 10 m², o que para vacas da raça Simental é considerado mínimo. Já foram testadas 3 alturas iniciais de cama, uma com base de areia de 10 cm mais 40 cm de serragem, outra com apenas 30 cm de serragem direto sobre o solo compactado e a última com apenas 20 cm de cama de serragem direto sobre o solo escavado. A tendência da fazenda é trabalhar com a cama inicial mais rasa com reposição de fina camada de serragem a cada 15 dias. O revolvimento delas é feito 3 vezes ao dia, sendo que duas delas ocorrem quando as vacas estão na ordenha. Entretanto, algumas vezes, o revolvimento foi feito com as vacas dentro galpão do devido a sobrecarga de trabalho da fazenda, o que para os animais não é o ideal, pois poderá machucá-los. A troca de cama foi feita após 7 meses do início do uso da mesma, mas estudos mostram que com manejo correto, este tempo pode atingir um ano de 28 uso com os seguintes procedimentos: reposição de uma fina camada a cada 15 dias para adicionar Carbono, uso contínuo de ventiladores para diminuir a umidade e revolvimento adequado pelo menos duas vezes por dia. A Santa Andréa Agropecuária possui uma parceria com uma empresa florestal que proporciona desconto significativo no custo da serragem, mas a busca por outros materiais alternativos pode gerar maior economia e evita a dependência de um único fornecedor. Na construção de alguns dos barracões foram utilizadas toras de eucalipto que barateou o custo em um valor aproximado de R$ 2.000,00 / vaca instalada. Além disso, a fazenda ainda se beneficia do composto formado pelas camas fornecendo-o como adubo para empresas de viveiros de plantas e mudas, adquirindo renda adicional, mesmo este sendo considerado de excelente qualidade para utilização própria. Futuramente, será feita experiência com casca de arroz adicionando-a sobre a cama de serragem, visando facilitar a aeração, pois o pó de serra utilizado tem ficado excessivamente compactado, exigindo um sub-solador uma vez por semana para a descompactação do material. Já no manejo diário a opção utilizada é a enxada rotativa, embora haja vários outros equipamentos. Outra fazenda, em Lins, no estado de São Paulo, já idealiza o sistema de Compost Barn para animais da raça Holandesa. A média de produção foi elevada para 34 ou mais litros por vaca/dia, a média de CCS do rebanho é de 65.000/ml, e nenhum problema de casco foi identificado.Nesta propriedade optou-se por camas de casca de amendoim, outra opção para o início do sistema. Em Porangaba-SP já está em construção um barracão que atenderá até 80 vacas holandesas, e em Iacanga-SP está sendo estudada sua implementação para o ano de 2013, com obras já previstas. 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para que o Compost Barn seja eficaz dentro do sistema de produção, deve-se haver disponibilidade dos materias e implementos para o manejo adequado do composto. Parcerias, contratos com fornecedores de matéria prima ou a disponibilidade delas na região durante todo o ano também são essenciais para seu funcionamento. 29 Parâmetros a serem atingidos, tais como teor de umidade, capacidade física da estrutura, uniformidade do tamanho de partícula, distribuição do teor de oxigênio e pH do meio preconizam esse sucesso. Longevidade e produtividade são dois fatores que influenciam na lucratividade e a eficiência da propriedade. Quando comparamos o Compost Barn a outros sistemas observamos melhorias significativas nos problemas de casco, lesões de pernas e pés, detecção de cio e provável aumento na produção de leite com mais qualidade. Considerando as maiores causas de descarte em propriedades leiteiras, que são: leite, reprodução, úbere e pernas e pés; o Compost Barn leva vantagem em todas, com excessão do úbere por ser pouco afetado pelo ambiente. Outra vantagem é não precisar ter o gado com tamanho uniforme ou apenas de uma raça no plantel, como as camas são abertas, tamanho, peso e raça não são fatores limitantes para sua instalação. A principal desvantagem é a necessidade do trator e dos implementos para revolver a cama, pois se mal manejada, pode agravar os problemas da fazenda em relação a mastite, limpeza do gado, aumento da umidade das camas e o funcionamento inadequado da compostagem, incorrendo em prejuízos. Outros impecilhos seriam a disponibilidade da matéria prima fornecida para as camas e a taxa de lotação. Aquele porque a fina camada de serragem a cada 15 dias é imprescindível para a compostagem, pois esta camada é fonte de carbono e possui lignina que dificulta a deteriozação rápida executada pelas bactérias, e este porque o aumento excessivo de animais no galpão aumenta problemas hierárquicos dentro dos lotes, além da quantidade de fezes e urina passarem do ideal, provocando níveis indesejados de umidade, temperatura e pH. O Compost Barn é mais uma opção para a pecuária leiteira, que apesar de poucos estudos realizados a respeito, já se mostra apto a ser utilizado em diversos países. Como todo sistema, há vantagens e desvantagens, e a escolha dependerá de fatores econômicos e preferenciais. Espera-se que o estudo apresentado colabore com o bem-estar das vacas leiteiras, melhorando longevidade e produtividade, pois o Compost Barn preconiza maior conforto aos animais estabulados, sendo alternativa sustentável ao meio ambiente devido ao manejo de dejetos mais simples em menos agressivos a ele. 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBERG, A.E., M.I. ENDRES, J.A. SALFER, AND J. K. RENEAU. Performance, health and well-being of dairy cows in an alternative housing system in Minnesota. J. Dairy Sci. 90:1575-1583, 2007. BARBERG, A.E., M.I. ENDRES, AND K.A. JANNI. Dairy compost barns in Minnesota: a descriptive study. Appl. Eng. Agric. 23:231-238, 2007. COOK, N. B. Prevalence of lameness among dairy cattle in Wisconsin as a function of housing type and stall surface. J. Am. Vet. Med. Assoc. 223:1324-1328, 2003 COOK, E.R., WOODHOUSE, C.A., EAKIN, C.M., MEKO, D.M., AND STAHLE, D.W. "Long-Term Aridity Changes in the Western United States". 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