capítulo 1 - IEPA

Transcrição

capítulo 1 - IEPA
DIAGNÓSTICO DAS RESSACAS DO ESTADO DO AMAPÁ: BACIAS DO IGARAPÉ DA FORTALEZA E RIO CURIAÚ
Souto, R.N.P. Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas do Curralinho e da Lagoa dos Índios. In:
Takiyama, L.R. ; Silva, A.Q. da (orgs.). Diagnóstico das Ressacas do Estado do Amapá: Bacias do Igarapé da Fortaleza e
Rio Curiaú, Macapá-AP, CPAQ/IEPA e DGEO/SEMA, 2003, p.63-72.
CAPÍTULO 4
Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas
do Curralinho e da Lagoa dos Índios
Raimundo Nonato Picanço Souto
Resumo
Pesquisas sobre inventários de populações silvestres de mosquitos vetores potenciais de arboviroses
e malária, embora escassas, fornecem subsídios para a compreensão de relevantes aspectos
epidemiológicos. Esses estudos facilitam a identificação, o acompanhamento e o controle desses
mosquitos em relação às alterações ambientais aplicadas pelo homem, que poderão ou não culminar
em grandes epidemias. Foram realizadas coletas mensais de mosquitos adultos e imaturos em áreas
de mata de galeria no entorno das ressacas do Curralinho e da Lagoa dos Índios em três diferentes
períodos do dia, de fevereiro a julho de 2002. Os mosquitos adultos foram coletados utilizando-se
armadilha luminosa do tipo CDC e isca humana, enquanto que os imaturos foram amostrados
utilizando-se a técnica de conchadas sistemáticas ao longo das margens dos criadouros. Na ressaca
do Curralinho foram observadas a maior abundância e riqueza de espécies de mosquitos adultos e
imaturos, perfazendo um total de 4066 adultos, distribuídos em 13 gêneros e 35 espécies e 153
imaturos incluídas em 5 gêneros e 12 espécies. Na ressaca da Lagoa dos Índios foram amostradas
1331 espécimens adultos, pertencentes a 11 gêneros e 17 espécies e 95 imaturos incluídos em 3
gêneros e 7 espécies. As dez espécies mais abundantes da ressaca do Curralinho foram Aedes
(Och.) scapularis 603 (14,8%), Coquillettidia (Rhy) venezuelensis 514 (12,64%) Aedes (Och.) serratus
494 ( 12,5%), Mansonia (Man) tittillans 442 (10,86%), Psorophora (Gra.) ferox 381 (9,37%)
Anopheles (Nys.) marajoara 368 (9,05%), Ma (Man) humeralis 312 (7,67%), Coquillettidia (Rhy) linchi
143 (3,52%), Cx. (Mel.) portesi 75 (1,84%), Cx. (Mel.) declarator 72 ( 1,77% ). As dez espécies
coletadas com maior freqüência no ambiente de ressaca da Lagoa dos Índios foram: An.(Nys)
marajoara 227 (17,05%), Aedes (Och.) scapularis 227 (17,05%), Cq. (Rhy) venezuelensis 189
(14,20%), Aedes (Och) serratus 188 (14,12%), Ps. (Gra.) ferox 124 (9,32%), Culex (Cx) corninger 89
(6,6%), Mansonia (Ma.) tittillans 68 (5,11%), Cx. (Cx.) coronator 52 (3,91%), Cx. (Cx.) declarator 43
(3,23%) e Ma. (Man) humeralis 41 (3,08%). Os achados constituem-se em contribuição na
determinação da faunística e da distribuição geográfica das espécies de culicídeos de interesse
médico, principalmente as transmissoras potências de arboviroses e malária. Faz-se necessário a
realização de estudos futuros, dando ênfase ao monitoramento entomológico das principais espécies
vetoras.
64
CAPÍTULO 4
4.1. Introdução
Os mosquitos são insetos dípteros, pertencentes à família Culicidae, conhecidos também
como pernilongos, muriçocas ou carapanãs. Os adultos são alados, possuem pernas e
antenas longas e na grande maioria são hematófagos, enquanto as fases imaturas são
aquáticas. Seu ciclo biológico compreende as seguintes fases: ovo, quatro estádios larvais,
pupa e adulto.
Estão disseminados por todas as regiões do globo, inclusive no círculo polar do Norte,
porém, existem determinadas espécies que habitam preferencialmente os territórios
tropicais e subtropicais.
Atualmente reconhece-se a existência de cerca de 3600 espécies de mosquitos (Crosskey,
1988). Acham-se distribuídas por aproximadamente 40 gêneros, sendo a área Neotropical a
que detém o maior nível de endemicidade, uma vez que 27% desses grupos são restritos a
essa região biogeográfica (Ward, 1982). A fauna culicidiana do Estado do Amapá, pouco foi
estudada, sendo assinaladas 93 espécies, distribuídas em 18 gêneros (Cerqueira, 1961;
Souto, prelo).
Os culicídeos recebem atenção especial devido ao seu hábito hematófago, através do qual
tornam-se importantes vetores de doenças, sendo este fato, uma séria realidade na
Amazônia.
Pesquisas sobre inventários de populações silvestres de mosquitos vetores potenciais de
arboviroses e malária, embora escassas fornecem subsídios para a compreensão de
relevantes aspectos epidemiológicos. Esses estudos facilitam a identificação, o
acompanhamento e o controle desses mosquitos em relação às alterações ambientais
aplicadas pelo homem, que poderão ou não culminar em grandes epidemias.
Além desses aspectos, o conhecimento das populações de mosquitos em ecossistemas
silvestres fornece informações sobre sua biodiversidade e base de dados para futuros
envolvimentos na incidência de doenças.
4.2. Metodologia
4.2.1. Coleta de Mosquitos
No período de fevereiro a julho de 2002 (estação chuvosa), com freqüência mensal, foram
realizadas coletas de mosquitos adultos e imaturos em áreas de mata de galeria no entorno
das ressacas do Curralinho (00°08 14,3N e 051°06 56,7W) e da Lagoa dos Índios (00°02
51N e 051° 06 48,8 W).
4.2.1.1. Mosquitos Adultos
Os mosquitos adultos foram coletados utilizando-se armadilha luminosa do tipo CDC (Sudia
e Chamberlaim, 1962) (Figura 4.1) e isca humana (aparelho de sucção oral) baseada no
principio descrito por Buxton (1968) (Figura 4.2 e Figura 4.3).
Foram selecionados 4 pontos de amostragens: A e B na ressaca do Curralinho e C e D na
Lagoa dos Índios, utilizando-se as modalidades estrato solo - isca humana (10 às 13h e
16 às 18 h) e isca luminosa (18 às 6 h) e estrato copa - isca humana (10 às 13h e 16 às
18 h) e isca luminosa (18 às 6 h). A técnica, o local e o horário de coleta foram
compatíveis com os hábitos e a biologia dos insetos procurados (Service,1976; Forattini,
1962; 1965).
Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas do Curralinho e da Lagoa dos
Índios
65
Figura 4.1. Coleta de mosquitos adultos com a utilização Armadilha luminosa do tipo CDC
em ambiente de mata de galeria. Foto: Raimundo Nonato Picanço Souto.
Figura 4.2. Coleta de mosquitos adultos com o uso de Isca Humana no ambiente de mata
de galeria, estrato solo. Foto: Raimundo Nonato Picanço Souto.
Os mosquitos assim coletados foram acondicionados em copos coletores e em seguida
inseridos em tubos de vidro devidamente rotulados. No laboratório foram identificados,
seguindo as chaves entomológicas de Faran & Linthicum (1981) e Forattini (1965). A
nomenclatura seguida foi a de Knight & Stone (1977) e com abreviaturas dos nomes
genéricos e subgenéricos proposta por Reinert (1975). Alguns exemplares do gênero Culex
foram enviados para especialista para a comprovação da identificação.
66
CAPÍTULO 4
Após a identificação parte do material foi acondicionado na coleção cientifica da divisão de
Zoologia do IEPA.
.
Figura 4.3. Coleta de mosquitos adultos com o uso de isca humana em ambiente de mata
de galeria, estrato copa (Plataforma a 10m de altura). Foto: Raimundo Nonato Picanço
Souto.
4.2.1.2. Mosquitos Imaturos
Foram selecionados quatro criadouros, sendo C1 (00o 07’55,0” 051o 06’48,7”) e C2 (00o
07’44,9” 051o 06’50,3”) localizados na ressaca do Curralinho e C3 (00o 02’38,0” 051o
06’18,7”) e C4 (00o 02’45,1” 051o 06’15,6”) na Lagoa dos Índios. As coletas de imaturos
foram realizadas com freqüência mensal, utilizando-se a técnica de conchadas sistemáticas
ao longo das margens dos criadouros (Foratinni, 1961). Determinou-se, ao longo da
margem, um transecto de dez metros, subdivididos em seis pontos a cada dois metros. Com
a utilização de uma concha de água de volume de 650 ml, presa a um cabo de madeira,
iniciou-se o primeiro ponto de coleta, repetindo-se, de maneira semelhante, nos pontos
seguintes. Em cada criadouro, no dia da coleta, foram realizadas dez rodadas iguais,
respeitando-se o intervalo de dois a três minutos entre conchada e outra, em um mesmo
ponto, totalizando 60 conchadas (Figura 4.4).
As larvas de culicídeos do primeiro ao quarto estádio e as pupas foram separadas e
acondicionadas em frascos plásticos de 200 ml, com água do próprio criadouro, e
transportadas vivas para o laboratório. A partir de uma amostra, procedeu-se a identificação.
Os exemplares que apresentaram problemas quanto a identificação foram colocados em
bacias plásticas até emergirem e em seguida identificados seguindo a chave de Faran &
Linthicum, 1981.
Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas do Curralinho e da Lagoa dos
Índios
67
Figura 4.4. Coleta de mosquitos imaturos (larvas) em ambiente de ressaca. Foto: Raimundo
Nonato Picanço Souto.
4.3. Resultados e Discussão
Na ressaca do Curralinho foram observadas maior abundância e riqueza de espécies de
mosquitos adultos e imaturos, perfazendo um total de 4066 adultos, distribuídos em 13
gêneros e 35 espécies (Tabela 4.1) e 153 imaturos (larvas de 3º. e 4º estádios) incluídas em
5 gêneros e 12 espécies (Tabela 4.2). Na ressaca da Lagoa dos Índios foram amostrados
1331 espécimens adultos, pertencentes a 11 gêneros e 17 espécies (Tabela 4.3) e 95
imaturos (larvas de 3º e 4º estádios) incluídos em 3 gêneros e 7 espécies (Tabela 4.4).
Tabela 4.1. Composição, freqüência e percentual de mosquitos adultos coletados em mata
de galeria no entorno da ressaca do Curralinho, Macapá, AP nos estratos solo e copa com o
uso de isca humana e isca luminosa do tipo CDC.
Taxa
Anopheles (Nyssorhynchus) braziliensis
An.(Nys.) marajoara
An. (Nys.) nuneztovari
An.(Nys.) triannulatus
Aedes (Ochlerotatus) fulvus
Aedes (Och.) serratus
Aedes (Och.) scapularis
Haemagogus (Haemagogus) janthinomys
Psorophora (Grabhamia) cingulata
Ps. (Gra.) ferox
Coquillettidia (Rhynchotaenia) linchi
Cq. (Rhy) venezuelensis
Cq. (Rhy) arribalzagni
Culex (Culex) corninger
Cx. (Cx.) declarator
Cx. (Cx.) coronator
Cx. (Melanoconion) ocellatus
Cx. (Mel.) portesi
Solo
Hum
2
360
34
29
3
476
582
4
14
378
15
389
6
0
26
19
11
29
Copa
Hum
4
8
0
1
0
18
21
16
0
3
0
8
0
0
13
6
0
1
Solo
CDC
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
128
125
12
45
25
32
29
43
Copa
CDC
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
9
21
8
7
3
2
Total
7
368
34
30
3
494
603
20
14
381
143
514
27
66
72
64
43
75
%
0.17
9.05
0.84
0.74
0.07
12.15
14.83
0.49
0.34
9.37
3.52
12.64
11.89
1.62
1.77
1.57
1.06
1.84
68
CAPÍTULO 4
Taxa
Cx. (Mel.) spissipes
Mansonia (Mansonia) tittillans
Ma. (Man) humeralis
Ma. (Man) pseudotittillans
Orthopodomia fascipes
Limatus durhami
Limatus pseudometistico
Limatus flavisetasus
Sabethes (Sabethe) belisariori
Sabethes (Sab.) cyaneus
Sabethes (Sabethoides) chloropterus
Sabethes (Sab.) quasicyaneus
Sabethes (Sab.) tarsopus
Trichoprosopon (Trichoprosopon)
digitatum
Johnbelkinia longipes
Uranotaenia (Uranotaeni) colosomata
Uranotaenia (Ura.) hystera
TOTAL
Solo
Hum
19
284
179
11
16
12
5
3
2
1
0
1
0
Copa
Hum
0
12
9
0
9
5
1
0
28
13
3
8
4
Solo
CDC
33
127
115
9
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Copa
CDC
5
19
9
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Total
57
442
312
20
25
17
6
3
30
14
3
9
4
1.40
10.87
7.67
0.49
0.61
0.42
0.15
0.07
0.74
0.34
0.07
0.22
0.10
19
2
0
0
21
0.52
29
11
16
2985
6
3
0
202
0
31
41
796
0
8
0
91
35
53
57
4066
0.86
1.30
1.40
%
Tabela 4.2. Composição, freqüência e percentual de mosquitos adultos coletados em mata
de galeria no entorno da ressaca da Lagoa dos Índios, Macapá, AP nos estratos solo e copa
com o uso de isca humana e isca luminosa do tipo CDC.
Taxa
An.( Nyssorhynchus) marajoara
An. (Nys.) nuneztovari
An.(Nys.) triannulatus
Aedes (Ochlerotatus) serratus
Aedes (Och.) scapularis
Ps. (Grabhamia.) ferox
Cq. (Rhy) venezuelensis
Culex (Culex) corninger
Cx. (Cx.) declarator
Cx. (Cx.) coronator
Mansonia (Mansonia) tittillans
Ma. (Man) humeralis
Limatus durhami
Sabethes (Sabethes) cyaneus
Trichoprosopon (Trichoprosopon)
digitatum
Johnbelkinia longipes
Uranotaenia (Ura.) hystera
TOTAL
Solo
Hum
221
25
11
178
209
121
155
54
34
25
47
19
6
0
Copa
Hum
0
0
0
10
18
3
11
0
0
3
0
1
1
6
Solo
CDC
6
0
2
0
0
0
18
35
9
19
18
21
0
0
Copa
CDC
0
0
0
0
0
0
5
0
0
5
3
0
0
0
Total
227
25
13
188
227
124
189
89
43
52
68
41
7
6
17.05
1.88
0.98
14.12
17.05
9.32
14.20
6.69
3.23
3.91
5.11
3.08
0.53
0.45
12
0
0
0
12
0.90
3
9
1129
0
0
0
8
0
0
3
17
1331
0.23
1.28
53
136
13
%
Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas do Curralinho e da Lagoa dos
Índios
69
Tabela 4.3. Composição, freqüência e percentual de culicídeos imaturos em criadouros na
ressaca do Curralinho, Macapá, AP.
Taxa
Anopheles (Nyssorhynchus)
braziliensis
An. (Nys.) marajoara
An. (Nys.) nuneztovari
An. (Nys.) triannulatus
Coquillettidia (Rhynchotaenia) linchi
Cq. (Rhy.) venezuelensis
Culex (Melanoconium) ocellatus
Cx. (Mel.) portesi
Cx. (Mel.) spissipes
Mansonia (Masonia) tittillans
Ma. (Man.) humeralis
Uranotaenia (Ura) hystera
TOTAL
Criadouro Criadouro
Total
1
2
%
2
1
3
1.96
42
12
5
3
1
4
1
1
8
5
2
86
35
4
6
2
2
2
2
3
5
4
1
67
77
16
11
5
3
6
3
4
13
9
3
153
50.33
10.46
7.19
3.27
1.96
3.92
1.96
2.61
8.50
5.88
1.96
Tabela 4.4. Composição, freqüência e percentual de culicídeos imaturos em criadouros nas
ressacas da Lagoa dos Índios, Macapá, AP.
Taxa
Anopheles (Nyssorhynchus)
braziliensis
An. (Nys.) marajoara
An. (Nys.) nuneztovari
An. (Nys.) triannulatus
Culex (Melanoconium) ocellatus
Cx. (Mel.) portesi
Cx. (Mel.) spissipes
Mansonia (Masonia) tittillans
Ma. (Man.) humeralis
Uranotaenia (Ura.) hystera
TOTAL
Criadour Criadouro
3
4
Total
%
4
5
9
9.47
27
2
4
1
5
0
4
2
1
50
21
4
2
1
2
1
5
1
3
45
48
6
6
2
7
1
9
3
4
95
50.53
6.32
6.32
2.11
7.37
1.05
9.47
3.16
4.21
As dez espécies mais abundantes da ressaca do Lagoa do Curralinho foram Aedes (Och.)
scapularis 603 (14,8%), Coquillettidia (Rhy) venezuelensis 514 (12,64%) Aedes (Och.)
serratus 494 ( 12,5%), Mansonia (Mansonia) tittillans 442 (10,86%), Psorophora (Gra.) ferox
381 (9,37%) Anopheles (Nys.) marajoara 368 (9,05%), Ma (Man) humeralis 312 (7,67%),
Coquillettidia (Rhynchotaenia) linchi 143 (3,52%), Cx. (Mel.) portesi 75 (1,84%), Cx. (Mel.)
declarator 72 ( 1,77% ) (Figura 4.5).
As dez espécies coletadas com maior freqüência no ambiente de ressaca da Lagoa dos
Índios foram: An.( Nyssorhynchus) marajoara 227 (17,05%), Aedes (Och.) scapularis 227
(17,05%), Cq. (Rhy) venezuelensis 189 (14,20%), Aedes (Ochlerotatus) serratus 188
(14,12%), Ps. (Grabhamia.) ferox 124 (9,32%), Culex (Culex) corninger 89 (6,6%), Mansonia
(Mansonia) tittillans 68 (5,11%), Cx. (Cx.) coronator 52 (3,91%), Cx. (Cx.) declarator 43
(3,23%) e Ma. (Man) humeralis 41 (3,08%) (Figura 4.6).
As espécies An.(Nys.) marajoara, An. (Nys.) nuneztovari, An.(Nys.) triannulatus, Aedes
(Ochlerotatus) fulvus, Aedes (Och.) serratus, Aedes (Och.) scapularis, Haemagogus
(Haemagogus) janthinomys, Psorophora (Grabhamia) cingulata, Ps. (Gra.) ferox,
Orthopodomia fascipes, Limatus durhami, Limatus pseudometistico, Limatus flavisetasus,
Sabethes (Sabethe) belisariori, Sabethes (Sab.) cyaneus, Sabethes (Sabethoides)
chloropterus, Sabethes (Sab.) quasicyaneus, Sabethes (Sab.) tarsopus, Trichoprosopon
70
CAPÍTULO 4
(Trichoprosopon) digitatu e Johnbelkinia longipes foram coletadas exclusivas com o uso de
isca humana.
A espécie Cx. Corninger foi coletada somente com o uso de isca luminosa.
As espécies An. nuneztovari, Ae. fulvus, Ps. cingulata, Cq. linchi, Ma. pseudotittillans, Li.
flavisetasus, e Ur. hystera foram coletadas exclusivamente no ambiente floresta solo.
As espécies Sa tarsopus e Sa chloropterus foram coletadas somente no ambiente floresta
copa.
O utras
C x . (M el.) dec larator
Espécies
C x . (M el.) portes i
C oquillettidia
(R hy nc hotaenia) linc hi
M a. (M an) hum eralis
1
A nopheles (N y s .)
m arajoara
P s orophora (G ra.) ferox
M ans onia (M ans onia)
tittillans
A edes (O c h.) s erratus
0
200
400
600
C oquillettidia (R hy )
v enez uelens is
A edes (O c h.) s c apularis
800
N úm ero de individ uo s
Figura 4.5. Dez espécies coletadas em maior freqüência na ressaca do Curralinho, Macapá,
AP.
Outras
Ma. (Man) humeralis
Cx . (Cx .) dec larator
Es p é cie s
Cx . (Cx .) c oronator
Mans onia (Mans onia)
tittillans
Culex (Culex ) c orninger
1
Ps . (Grabhamia.) f erox
A edes (Oc hlerotatus )
s erratus
Cq. (Rhy ) v enez uelens is
0
50
100
150
No . d e in d ivid u o s
200
250
A edes (Oc h.) s c apularis
A n.( Ny s s orhy nc hus )
marajoara
Figura 4.6. Dez espécies coletadas em maior freqüência na ressaca da Lagoa dos Índios,
Macapá, AP.
Inventário da Fauna Culicidiana (Diptera:Culicidae) nas Ressacas do Curralinho e da Lagoa dos
Índios
71
4.4. Considerações Finais
No estado do Amapá poucos foram os estudos, relacionados a distribuição da fauna de
culicídeos. Cerqueira (1961), em excursão temporária em sete localidades deste estado,
realizou levantamento de culicídeos, detectando a presença de 13 gêneros e 60 espécies.
Em estudos recentes em áreas de floresta e de cerrado foi registrada a presença de 13
gêneros comuns aos já citados e 41 espécies, destas 21 ainda não tinham sido assinaladas
para o estado (Souto,1994). Em inventário realizado na Reserva Extrativista do alto Cajari
foram identificados 16 gêneros e 40 espécies, sendo que 5 gêneros e 12 espécies ainda não
tinham sido notificados no Estado (Souto, 1996, prelo). Com isso o número de gêneros e de
espécies de culicídeos assinalados no Estado do Amapá elevou-se para 18 e 93
respectivamente. Todos os gêneros e espécies capturados nas áreas de ressaca são
comuns aos já registrados para o estado.
Ao longo dos últimos vinte anos, as áreas de ressacas foram alvo de alterações ambientais.
O processo de ocupação desordenada vem contribuindo para o estabelecimento de casos
de malária urbana na cidade de Macapá, sendo An marajoara a principal espécie
responsável por esta transmissão (Segura, 1998).
O comportamento epidemiológico dessa transmissão é atribuído principalmente a
urbanização das áreas de ressacas acompanhada de alta taxa de migração (Faye e Souto,
pesquisa em andamento).
As áreas naturais de ressacas apresentam características bióticas e abióticas propícias a
formação de criadouros de várias espécies de culicídeos (Foratinni, 1962). Constatou-se
esse fato mediante as amostras provenientes das coletas de mosquitos imaturos, onde se
observou um número significativo de espécies pertencentes aos gêneros Anopheles,
Coquillettidia, Culex e Mansonia.
As espécies do gênero Anopheles, criam-se preferencialmente em coleções de águas doces
límpidas, ensolaradas e vegetação emergente (Forrattini,1962). Ambiente similar foi
encontrado nos pontos de coleta nas ressacas. As espécies deste gênero são zoofílicas
com tendência a primatofília e de hábito crepuscular vespertino (Consoli & Lourenço-deOliveira, 1994).
A espécie Cq. venezuelensis, têm hábitos semelhantes aos de Ma. titillans e Ma. humeralis.
Seus criadouros são representados, de maneira predominante, por coleções líquidas médias
ou grandes, como lagoas, charcos, pântanos e remansos de rios. Seus ovos são
depositados, aglutinados, em conjuntos colocados em folhas aquáticas (Forattini, 1962).
Pode-se constatar esse comportamento através das coletas de larvas dessas espécies em
todos os criadouros. A luz artificial parece exercer poderosa atração sobre os adultos.
Constatação similar foi comentada por Giglioli (1948), Horsfall (1955), Forattini (1965) e
Degallier et al. (1978).
Dentre as áreas estudadas, a do Curralinho apresentou uma maior riqueza e abundância de
espécies. Atribui-se esse comportamento ao bom estado de conservação desse ambiente.
As espécies do gênero Sabethes mostraram uma acentuada acrodendrófilia. São espécies
que se alimentam de animais (primatas) que habitam preferencialmente a copa das árvores.
A espécie Sa chloropterus é incriminada como vetora potencial da febre amarela silvestre.
Ainda não foi encontrado naturalmente infectado pelo vírus amarílico no Brasil, mas o foi na
América Central (Consoli & Lourenço-de-Oliveira, 1994).
Os resultados deste trabalho constituem-se na contribuição da determinação da faunística e
da distribuição geográfica das espécies de culicídeos de interesse médico, principalmente
as transmissoras potências de arboviroses e malária.
Faz-se necessário a realização de estudos futuros, dando ênfase ao monitoramento
entomológico das principais espécies vetoras.
72
CAPÍTULO 4
Referências
CERQUEIRA, N.L. Distribuição geográfica dos mosquitos da Amazônia. (Diptera, Culicidea,
Culicinae). Rev. Brasil. Ent., São Paulo, v.10, p.111-168. 1961.
CONSOLI, R.A.Z.B. ; OLIVEIRA, L. de. Principais mosquitos de importância sanitária no
Brasil. Rio de Janeiro: Fio Cruz, 1994. 228p.
COSTA LIMA, A. Sobre algumas espécies de Mansonia encontradas no Brasil. Mem. Inst.
Oswaldo Cruz, v.12, p.297-300. 1929.
CROSSKEY, R.W. Old tools and new taxonomic problems in bloodsucking insects. In:
SERVICE, M.W. (Ed.) Biosystematics of haematophagous insects. Oxford: Clarendon
Press, 1988. p.1-18.
DÉGALLIER, N. et al. Aedes aegypti (L.): importance de sa bioécologie dans la transmission
de la dengue et des Autres Arbovírus. Bull. Soc. Path. Exot., Paris, v.81, n.1, p.97-110.
1988.
FARAN, M.E. ; LINTHICUM, K. J. A handbook of the Amazonian species of Anopheles
(Nyssorhynchus) (Diptera:Culicidae). Mosquito Syst. v.13, n.1, p.1-81. 1981.
FORATTINI, O.P. Entomologia médica, São Paulo, parte geral, Diptera, Anophelini. São
Paulo: Faculdade Higiene Saúde Pública. Departamento de Parasitologia, 1962. 662p. v. 1
_______________. Entomologia médica, Culicini: Culex, Aedes e Psorophora.
Universidade de São Paulo: São Paulo, 1965. 506p. v.2.
GIGLIOLI, G. The Transmission of Wuchereria brancrofti by Anopheles darlingi in the
American Tropics. Amer. Journ. Trop. Med. v. 28, p. 71-85. 1948.
HORSFALL, W.R. Mosquitoes: Their binomics and relation to disease. London: Constable
and Co. Ltd., 1955.
KNIGHT, K.L. ; STONE, A. A catalog of the mosquitoes of the world (Diptera: Culicidae).
Ed. The Thomas Say Foundation, 1977. 611p. v.6.
REINERT, J. F. Mosquito generic and subgeneric abbreviations (Diptera:Culicidae).
Mosquito Syst. v.7, p.105-110. 1975.
SEGURA, M.N.O. Estudo do Anopheles (Nys.) darlingi Root, 1926 e Anopheles (Nys)
albitarsis Arribalzága, 1878 (Diptera: Culicídae) como vetores de malária numa mesma
área de transmissão, e caracterização de espécies do complexo Albitarsis. 1998. 124f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas ) – Universidade Federal do Pará, Belém,
1998.
SERVICE, M.N. Mosquito ecology field sampling methods. London: Applied Science
Publishers ltd., 1976. 583p. v.12.
SOUTO, R.N.P. Sazonalidade de Culicídeos (Diptera:Cilicidae) e tentativas de
isolamento de arbovírus em floresta e savana no Estado do Amapá, Brasil. 1994.
90f.Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará/Museu Paraense Emílio Goeldi/
Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias. Belém, 1994.
TADEI, W.P. ; MASCARENHAS, B.M. ; POSETA, M. G. Biologia de Anofelinos Amazônicos.
VIII- Conhecimento sobre a Distribuição de Espécies de Anopheles na Região de TucuruíMarabá (Pará). Acta Amazônica, Manaus, v.13, p.103-140. 1983.
WARD, R.A. Second Supplement to A Catalog of the mosquitoes of the world (Diptera:
Culicidae). Mosquito Syst., v.16, n.3. 1982.

Documentos relacionados

Diptera:Culicidae - IEPA

Diptera:Culicidae - IEPA família Culicidae, conhecidos também como mosquitos, pernilongos, muriçocas ou carapanãs. Os adultos são alados, possuem pernas e antenas longas e na grande maioria são hematófagos, enquanto as fas...

Leia mais