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A INFLUÊNCIA DA HIDROGINÁSTICA NA ESTIMULAÇÃO DAS HABILIDADES
COGNITIVAS DOS PARTICIPANTES DO ATIVE-SE/UNATI-UNICRUZ
A INFLUÊNCIA DA HIDROGINÁSTICA NA ESTIMULAÇÃO DAS
HABILIDADES COGNITIVAS DOS PARTICIPANTES DO ATIVESE/UNATI-UNICRUZ
ROSSATO, Vania Mari1; ROSA, Bruna Pires da2; SANTOS, Pablo Vieira dos3;
BRUNELLI, Ângela Vieira4.
RESUMO
O objetivo do estudo foi verificar se a utilização de metodologias diversificadas nas
aulas de hidroginástica realizadas com o grupo de envelhecimento humano do
programa de atividade física, promoção da saúde e qualidade de vida, Ativese/Unati, da universidade de Cruz Alta-UNICRUZ contribuem para a estimulação de
habilidades cognitivas. O estudo quase experimental avaliou no pré e pós teste um
grupo de 24 mulheres e 1 homem, que participaram de aulas de hidroginástica
praticadas duas vezes na semana. Foi aplicado um instrumento de avaliação do
Estado Mental (MEEM), para avaliação das habilidades cognitivas e a aplicação de
um programa de hidroginástica duas vezes na semana completando 40 sessões.
Os resultados mostraram que nas variáveis do MEEM, relacionadas à organização
espacial e temporal os idosos apresentaram diferença de 33% para 67% para 8
acertos; na memória houve um acréscimo de 38% para quem fez 6 acertos; na
atenção e linguagem também houve mudanças positivas na pontuação no pós teste.
Dessa forma, conclui-se que os idosos tendem a ter melhor estado mental, pela
influência da prática de atividades físicas, mas também pela possibilidade de estar
engajado em um grupo social que lhe dá estímulo e motivação.
PALAVRAS-CHAVE: Cognição. Atividade física. Hidroginástica
ABSTRACT
1
Mestre em Ciências do Movimento Humano pela UDESC- Universidade do Estado de Santa
Catarina, Professora do Curso de Educação Física, Coordenadora do programa de atividade Física e
saúde Ative-se/UNICRUZ- pesquisadora do GIEEH.
2
Acadêmica do Curso de Educação Física /UNICRUZ, Bolsista PIBEX- Programa Ative-se.
3
Acadêmico do Curso de Educação Física/UNICRUZ, Bolsista PIBEX- Programa Ative-se
4
Professora da UNICRUZ, Coordenadora do projeto UNATI e pesquisadora do GIEEH.
CATAVENTOS ISSN: 2176-4867 – ANO 7, N. 01, 2015.
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The objective of this study was to verify if the application of diversified methodologies
at aqua aerobics classes performed with the human aging group of the physical
activity, healthy promotion and life quality, program of Cruz Alta University-UNICRUZ,
Ative-se/Unati, contributes to the stimulation of cognitive abilities. The almost
experimental study has evaluated on the pre and post-test, a group of 24 women
and 1 man, who participated of the aqua aerobics classes practiced twice a week. It
was applicate an evaluation instrument of the Mental State (MEEM) for the
evaluation of cognitive abilities and the application of an aqua aerobics program
twice a week accomplishing 40 sessions. The results showed a 33% difference to
67% for 8 hits; in memory there was an increase of 38% for those who did 6 hits; in
attention and language there were also positive changes in scores on the post-test.
Thus, it is concluded that the elderlies tend to have better mental state by the
influence of physical activity, but also by the possibility of being involved in a social
group that gives them stimulus and motivation.
KEYWORDS: Congnition. Physical activity. Aqua aerobic
INTRODUÇÃO
A população mundial acima dos 60 anos apresenta crescimento expressivo.
A Organização das Nações Unidas considera o período de 1975 a 2025 como a Era
do Envelhecimento. Este fator de transição demográfica se caracteriza pela baixa
mortalidade e, gradualmente, baixa fecundidade. O mundo está envelhecendo
rapidamente, principalmente nos países em desenvolvimento, onde vive a maioria
dos idosos em números absolutos.
No Brasil, segundo o (IBGE, 2010) o número de idosos deve passar de 14.9
milhões (7,4% do total), em 2013, para 58,4 milhões 926,7% do total) em 2060. No
período a expectativa média de vida do brasileiro deve aumentar dos atuais 75 anos
para 81 anos. As mulheres continuarão vivendo mais do que os homens. Em 2060, a
expectativa de vida delas será de 84,4 anos, contra 78,03 dos homens. Hoje, elas
vivem, em média, até os 78,5 anos, enquanto eles, até os 71,5 anos
O aumento significativo da expectativa de vida verificado ao longo do tempo,
com a população idosa representando o segmento que mais tem crescido e com
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projeções de aumentos mais acelerados do que qualquer outra faixa etária durante
as próximas décadas, exige uma demanda de trabalho clínico e de pesquisas, as
quais muitas universidades já estão dando essa resposta formando profissionais
para o trabalho com essa faixa de idade, criando disciplinas voltadas para estudos
específicos do envelhecimento, criando espaços e programas de convivência do
idoso no meio acadêmico e também grupos interdisciplinares de estudos sobre o
envelhecimento e publicações na área (PARENTE et al. 2006).
Com base nesta realidade este estudo possui como objetivo verificar se a
utilização de metodologias diversificadas nas aulas de hidroginástica, influenciam as
habilidades cognitivas do grupo de envelhecimento humano do programa de
atividade física, promoção da saúde e qualidade de vida, Ative-se/Unati, da
Universidade de Cruz Alta-UNICRUZ.
Atualmente muitas pesquisas são desenvolvidas relacionando vida saudável à
prática de exercícios físicos, a alimentação adequada e menos estresse, como
ações preventivas. Nesse sentido, cresce o esforço do poder público e de
organizações da sociedade civil para inserir os idosos de forma qualificada, como
cidadão que necessita de um justo reconhecimento de seu status nessa nova
realidade. Isto faz com que a associação entre envelhecimento e qualidade de vida
seja um tema fundamental na agenda política e social brasileira (FARINATI, 2008).
Neste contexto, programas com vistas à saúde do idoso, são extremamente
necessários a fim de contribuir para melhoraria da sua qualidade de vida. Os
programas que incluem o idoso nessa prática contribuem para a capacidade
funcional refletindo na sua autonomia e consequentemente na realização das
atividades do cotidiano, permitindo seu trânsito em ambientes diversificados
demonstrando segurança nas suas ações.
A funcionalidade se refere à capacidade da pessoa, desempenhar
determinadas atividades ou funções, utilizando-se de habilidades diversas que a
possibilitam interagir com outras pessoas, em suas atividades de lazer e em outras
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atividades requeridas em seu dia-a-dia. De modo geral, representa uma maneira de
medir se uma pessoa é ou não capaz de desempenhar as atividades necessárias
para cuidar de si mesma de forma independente (DUARTE, ANDRADE, LEBRÃO,
2007).
Essa independência precisa ser preservada mesmo na ocorrência de
modificações nas estruturas perceptivas a partir das alterações no organismo,
verificadas no sistema nervoso como consequência do envelhecimento. Também
são verificadas perdas de neurônios que são substituídos por tecido glial, diminuição
do débito sanguíneo com a consequente diminuição de extração da glicose e do
transporte de oxigênio e a diminuição de neuromediadores que condicionam a
lentidão dos processos mentais e as alterações da memória e da atenção
(FARINATI, 2008).
A capacidade funcional e a autonomia dependem do bom funcionamento das
estruturas perceptivas na interpretação de informações do meio externo para à
orientação no espaço e consequentemente na tomada de decisões, e podem ser
estimuladas no envelhecimento através da prática de atividades físicas de modo
orientado.
O idoso supera tanto a diminuição mental quanto física, se elas não forem
agravadas por doenças ou por agressões ambientais e sociais. A atividade
intelectual unida a o exercício físico permite ao idoso minimizar barreiras e restrições
naturais do seu processo de envelhecimento. Entre as barreiras está à interpretação
das informações contidas no ambiente e que cada vez mais aumentam sua
complexidade, interpretar essas informações se faz necessário para dar respostas
motoras adequadas. O processamento da informação consiste em captar as
informações do meio externo através do sistema sensorial, interpretá-las e conduzilas ao sistema efetor, todo esse processo envolve mecanismos elétricos do cérebro,
para isso nosso sistema perceptivo necessita estar apto para essas demandas
(SCHIMIDT, 2010).
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Para a OMS a participação em atividades físicas leves e moderadas pode
retardar os declínios funcionais. Assim, uma vida ativa melhora a saúde mental e
contribui na gerência de desordens como a depressão e a demência. Existe
evidência de que idosos fisicamente ativos apresentam menor prevalência de
doenças mentais do que os não-ativos.
Estas modificações que ocorrem no organismo como fator do envelhecimento,
se estabelecem através das alterações das capacidades físicas, anatômicas,
fisiológicas,
psicossociais
e
cognitivas
de
modo
comum
e
evoluem
progressivamente. No entanto podem ser retardadas e eliminadas com a prática de
atividade física como a hidroginástica, que favorece a execução dos exercícios
devido às características do meio aquático, o qual facilita a movimentação corporal
de modo que o idoso se sinta seguro e capaz de realizar os exercícios. Todos esses
fatores refletem positivamente na auto-estima do idoso (NOVAES, 2004).
Tais afirmações também são encontradas em estudos de (MAZZO et al.
2013), no qual ressaltam que a capacidade de autonomia do idoso e sua resistência
as doenças crônicas degenerativas estão relacionadas com a satisfação à vida, fator
que motiva idosos longevos participarem de programas de hidroginástica,
percebendo sua vida de forma positiva.
Programas de atividade física que enfatizam a prevenção ou o retardamento
do aparecimento das doenças crônicas que acometem a população idosa, numa
tentativa de aumentar a expectativa de vida ativa através do bem-estar funcional
estão cada vez mais sendo desenvolvidos. Uma possibilidade desta prática se dá
através da hidroginástica que é um programa de atividade física bem aceita pelos
idosos devido aos benefícios que o meio líquido oferece ao seu organismo e
também pela facilidade na execução dos exercícios devido a ação nula da gravidade
que faz com que o praticante não tenha a sobrecarga do peso do corpo em suas
articulações, favoreça o retorno venoso pela pressão hidrostática (MAZZO et al.
2013).
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A hidroginástica é uma das modalidades de atividade física que se destaca
por contribuir para um envelhecimento mais saudável, devido ao fato de que é um
exercício realizado na água, cujas propriedades auxiliam na execução dos
movimentos, diminuindo o impacto sobre as articulações. (PINHO et al. 2006).
Essa diminuição do impacto que se dá pela possibilidade de um corpo flutuar
é importante na maioria das atividades aquáticas, fazendo com que o indivíduo
diminua o seu peso devido a ação nula da gravidade e consequentemente, as forças
compressivas que atuam nas articulações, principalmente nas de membros
inferiores, reduzindo assim o estresse e provavelmente as lesões articulares
(BONACHELA, 2001).
Por isso que atividades físicas efetuadas na água favorecem à prática de
pessoas com mais de 60 anos. A razão para isso é que dentro da água se torna
mais seguro para as articulações do que fora, porque as forças exercidas sobre o
corpo se tornam mais reduzidas, permitindo ao idoso movimentar-se mais rápido na
água e executar exercícios aeróbicos, como corridas, saltitamentos e até saltos,
atividades que talvez fossem impossíveis de serem realizadas em terra.
O estudo objetivou verificar se a utilização de metodologias diversificadas nas
aulas de hidroginástica realizadas com o grupo de envelhecimento humano do
programa Ative-se/Unati, da universidade de Cruz Alta-UNICRUZ contribuem para a
estimulação de habilidades cognitivas.
METODOLOGIA
O estudo quase experimental avaliou um grupo de 24 mulheres e 1 homem,
que participam de aulas de hidroginástica duas vezes na semana.
Para a avaliação das habilidades cognitivas dos praticantes foi utilizado o,
Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), adaptado para a população brasileira por
(BERTOLUCCi et al. 1994). O (MEEM), é um importante instrumento no rastreio do
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comprometimento
cognitivo.
Este
questionário
é
composto
por
questões
relacionadas à memória imediata, raciocínio lógico, evocação, nomeação e repetição
de palavras, orientação temporal e espacial, cálculo, comando de uma ação, leitura,
elaboração de uma frase e cópia de um desenho. O teste não é controlado pelo
tempo de duração, mas pelo desempenho, no qual o escore máximo é de 30 pontos,
sendo pontuadas as respostas corretas. Nesse caso, a incapacidade de responder a
um item é considerada como erro e, não sendo pontuada. As notas de corte
dependem do grau de escolaridade e, nesse estudo, seguiu-se a classificação
proposta por Lourenço e Veras (2006), que apresenta pontos de corte para idosos
analfabetos de 18/19 pontos (ausência/presença de comprometimento cognitivo) e
para
indivíduos
escolarizados
de
24/25
pontos
(ausência/presença
de
comprometimento cognitivo).
A aplicação do teste (MEEM) foi efetuada individualmente por pesquisadores
previamente treinados sendo aplicado antes e depois dos idosos realizarem um
programa de 40 sessões de hidroginástica. Os resultados do pré e pós teste foram
analisados e comparados com valores referencias para o grupo aqui investigado.
As aulas de hidroginástica foram ministradas por um professor de educação
física que integra a equipe de profissionais que atuam no programa de atividade
física, promoção da saúde e qualidade de vida do “Ative-se/Unati”. O programa
contou com duas sessões de exercícios por semana totalizando 40 aulas de
hidroginástica (30min exercícios aeróbicos, 20min exercícios localizados).
A pesquisa foi dividida em três etapas, nas quais a primeira consistiu na
aplicação do pré-teste de avaliação cognitiva (MEEM) e classificado o domínio
cognitivo dos participantes; na segunda parte aplicou-se a prática de duas aulas de
hidroginástica por semana durante cinco meses consecutivos. No programa das
aulas constou de uma fase inicial de aquecimento e alongamento com duração de
10 minutos, passando para a fase aeróbica e principal da aula com duração de 30
minutos com a aplicação de metodologias que tiveram como base a estimulação das
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habilidades cognitivas como atenção, através da interpretação das informações;
memorização das sequências e tipos de exercícios; organização espacial e temporal
com constantes mudanças de trajetórias e uma fase de exercícios localizados e
relaxamento. Na terceira e última etapa da pesquisa ocorreu reaplicação da
avaliação cognitiva (MEEM), comparando-se os resultados obtidos antes e após a
aplicação do programa de exercícios através das aulas de hidroginástica.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na avaliação das habilidades cognitivas no pré e pós-teste observou-se que
os 100% dos idosos participantes do programa apresentaram escores acima de 25
acertos, não ocorrendo nenhum indício de demência.
Quadro 1. Avaliação das habilidades cognitivas dos participantes do Ative-se/UnatiUNICRUZ, no pré e pós teste.
Habilidades
Pré-teste
Pontos
Pós-teste
Pontos
Orientação espacial
33%
8
67%
8
e temporal
46%
7
33%
7
Valor 10
21%
6
-
-
Memória
29%
6
67%
6
Valor 6
71%
5
33%
5
Atenção
29%
3
9%
4
Valor 5
54%
2
67%
3
17%
1
24%
2
17%
9
58%
9
Linguagem
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Valor 9
83%
7
42%
7
As questões referentes à orientação espacial e temporal, valor 10 pontos (préteste, 33% - 8 pontos, 46%- 7 pontos e 21% - 6 pontos) todos os respondentes
demonstraram bom domínio, apresentando dificuldade somente para indicar o dia do
mês. No (pós-teste 67% - 8 pontos e 33% - 7 pontos) houve um aumento de 50%
para os participantes com 8 pontos. No item que se referia a memória com valor total
de 6 pontos (pré-teste 71% - 5 pontos e 29 - 6 pontos) nas questões relacionadas à
evocação de objetos todos conseguiram nomeá-los, porém quando foi perguntado
novamente o nome dos objetos nomeados, os idosos demonstraram dificuldades em
lembrar todos, indicando deficiência na memória de evocação. O domínio de
algumas habilidades cognitivas, sofrem modificações com o envelhecimento, como
memória episódica e a memória operacional. Fatores que são importantes para a
manutenção da funcionalidade do idoso (SILVA et al, 2011). No pós teste da
memória (pós-teste 67% - 6 pontos e 33% - 5 pontos) houve acréscimo de 38% para
os 6 pontos. A memória no envelhecimento se apresenta vulnerável, ou seja, o idoso
encontra mais dificuldades para recordar nomes de objetos e de adquirir novos
aprendizados, sendo mais afetada a memória de curta duração (TAUSSIK e
WAGNER, 2006).
Em relação à atenção valor total de 5 pontos (pré-teste apresentou 54% - 2
pontos, 29% - 3 pontos e 17% - 1 ponto. No (pós-teste 67% - 3 pontos, 9% - 4 pts e
24% - 2 pts) houve aumento de 38% nos 3 pontos e 9% nos 4 pontos. Referindo-se
a atenção (PARENTE, 2006, p.75), “salienta que esta, unida a percepção são
necessárias no momento da aprendizagem, além de serem determinantes para a
seleção das informações que poderão ou não ser armazenadas na memória”.
Analisando os resultados da linguagem com valor total de 9 pontos (pré-teste
83% 7 pts e 17% - 9 pts), o item relativo ao comando de ações para a execução da
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tarefa precisou ser repetido pelo menos duas vezes para 30% dos executantes para
poderem entender o que era solicitado, já na repetição de palavras e formação de
uma frase todos cumpriram adequadamente e na última questão referente à
reprodução de uma figura todos executaram, mas com
10% dos idosos não a
representando na sua integridade (pós-teste 42% - 7pts e 58% - 9 pts).
Em estudo realizado por (BENEDETTI et al. 2008), avaliando as condições
de saúde mental de idosos relacionando-a com os níveis de atividade física,
verificou-se que o índice de ausência de demência para os idosos não sedentários,
aqueles que praticam alguma forma de atividade física é de 54%, já para os
sedentários o nível cai para 32,2%. Porém não se pode afirmar que a atividade física
evita a demência, mas pode-se constatar que os idosos com demência perdem o
interesse pela participação em programas de atividades físicas, o que com o passar
dos anos os torna mais sedentários e dependentes. Já os idosos não sedentários
apresentam menos indicadores de demência, talvez pela participação nas diferentes
atividades, que podem ser de ordem doméstica, lazer, transporte ou trabalho.
Em estudo realizado por (DASCAL et al. 2013), comparando a relação entre
diferentes práticas de atividade física e o desempenho cognitivo de idosos, no qual
participaram 54 indivíduos idosos sadios, com 70,7 (± 6,6) anos, subdivididos em 3
grupos: 18 idosos praticantes de caratê, 18 idosos praticantes de caminhadas sem
supervisão de profissional e 18 não praticantes de atividade física regularmente Foi
aplicado o questionário Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), associando-o com o
nível de escolaridade e o envolvimento na prática de exercícios físicos. Os
resultados mostraram que nas variáveis do MEEM, os idosos caratecas
apresentaram desempenho significativamente melhor que os idosos que praticavam
caminhadas e também sobre os idosos não treinados. Sugerindo-se que o
engajamento em atividades físicas organizadas e sistematizadas, além do nível de
escolaridade podem contribuir para a manutenção de operações mentais.
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CONCLUSÃO
O estudo mostrou que a prática da hidroginástica regular e de forma orientada
influenciou positivamente na estimulação das habilidades cognitivas avaliadas pelo
(MEEN), referente a (relação espacial e temporal, memória, atenção e linguagem),
mostrando diferenças consideráveis entre o pré e o pós-teste. Os resultados
demonstraram que a participação dos idosos em programas de exercícios físicos
como o “Ative-se/Unati” favoreceu na estimulação de suas habilidades cognitivas. Na
avaliação da orientação espacial e temporal houve aumento de 50% entre o pré e
pós-teste para quem fez 8 acertos. Já para as questões referentes à memória de
evocação, atenção e cálculo, comando de estágios e reprodução de uma figura, os
idosos demonstraram dificuldades errando pelo menos um ponto por respondente.
Os fatores mais acentuados estão relacionados à memória tanto no momento
executar uma sequência de tarefas, quanto de lembrar tarefas executadas cinco
minutos antes, fator esse evidenciado no pós-teste, que mesmo havendo aumento
de 38% para 6 pontos, observou-se que as maiores dificuldades estão relacionadas
a memória de trabalho que é a memória imediata, necessária para as atividades do
cotidiano. No que se a atenção e a linguagem, mesmo apresentando resultados
favoráveis, são áreas que necessitam ser bem estimuladas já que está relacionada a
novas aprendizagens.
O estudo concluiu que os idosos tendem a ter melhor estado mental, pela
influência da prática de atividades físicas de forma orientada e regular, mas também
pela possibilidade de estar engajado em um grupo social que lhe dê estímulo e
motivação. Por isso a importância da hidroginástica para os participantes do Ativese/Unati-UNICRUZ, como forma de incentivo à participação em atividades que lhe
sejam prazerosas, que instiguem seu organismo a dar respostas mantendo seu
cérebro ativo e aberto a novas aprendizagens.
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