Capa / Cover - Serviço Técnico de Caracterização de Combustíveis

Transcrição

Capa / Cover - Serviço Técnico de Caracterização de Combustíveis
1
2
Sumário/Summary
Capa / Cover
O carbono rumo
às profundezas
Carbon towards
the depths
Páginas 6 a 13
Pages 14 to 21
Capa/Cover: Cristiane Martins Carratu
Fotos/Photos: iStockphoto/Dreamstime
Editorial ...................................................... 4/5
Entrevista/Interview
João Marcelo Ketzer fala do potencial brasileiro para
emplacar o sequestro de carbono no País ..........22
João Marcelo Ketzer speaks of the Brazilian
potential to topple the carbon sequestration in the
Country ...........................................................31
Empresas Modernas/Modern Companies
Laboratório da Butamax trabalha na pesquisa do
biobutanol, que pode ser uma opção energética
econômica e menos poluente ...........................40
Butamax Laboratory works on the research into the
biobutanol, which may be an economic and less
polluting energy alternative ..............................44
Gladstone Campos/RealPhotos
Meio Ambiente/The Environment
São Paulo terá ônibus movidos a etanol.............27
São Paulo will have ethanol-fueled buses ..........29
Divulgação
Artigo/Article
Cancun: esperanças renovadas .........................48
Cancun: renewed hopes ...................................51
Projetos do Cenbio/Cenbio Projects
Redução de carbono pela eficiência ...................36
Carbon emission reduction through efficiency ....38
Agenda
Programe-se para os próximos eventos .............54
Include the next events in your Schedule ...........54
3
Editorial
O futuro
ao nosso alcance
A
questão das mudanças climáticas é, sem dúvida, uma das mais discutidas nos últimos tempos, principalmente após a assinatura e ratificação do Protocolo de Quioto, que entrou em vigor em 2005. O Cenbio
acompanha de perto não apenas a evolução nas negociações e resultados obtidos, como também desenvolve
pesquisas visando à redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), em particular através do uso da bioenergia
em substituição aos combustíveis fósseis.
De todas as medidas, o sequestro de carbono, conhecido pela sigla CCS, parece ser uma das mais promissoras. O
conceito de capturar e estocar dióxido de carbono no subsolo e lacrá-lo para que não vaze para a atmosfera vem se
consolidando como uma ideia que, embora polêmica, pode contribuir para a redução dos GEE.
O Cenbio sempre será a favor do reflorestamento e da bioenergia, mas também é a favor do CCS por dois motivos.
O primeiro é lógico: com o passar do tempo, a população mundial aumentará. Com ela, crescerá a atividade industrial
como um todo e passaremos a emitir cada vez mais carbono (numa previsão pessimista). O CCS seria a solução para
lutar contra esse aumento de emissões sem depender das energias renováveis, pois mesmo o desenvolvimento destas
provavelmente não daria conta de mitigar todo o carbono emitido na atmosfera.
O segundo motivo é a valorização do etanol brasileiro. Conforme discutimos em nossa matéria de capa, o CCS
possui um potencial gigantesco para tornar nosso etanol ainda mais competitivo. Isso porque a produção do etanol já é
praticamente neutra em relação às emissões de carbono. Capturando e estocando o CO2 que sai praticamente puro das
dornas (uma vantagem que outras indústrias não têm), iremos tornar menor que zero o rastro de carbono das usinas
de etanol. Isso pode significar a geração e venda de créditos de carbono, que, por si, implica uma arrecadação extra
às usinas. Convertendo esse valor arrecadado em investimentos em tecnologia e pesquisa, podemos ter o etanol mais
forte do mundo a médio prazo.
É uma estimativa otimista, sim, mas sempre somos otimistas. Mais que isso, estamos constantemente acompanhando as novidades nessa área. Caso do biobutanol, um combustível mais caro que o etanol, mas também eficiente
tanto no rendimento em uso veicular como na redução de emissões de carbono. Um laboratório dedicado a esse
biocombustível foi recentemente inaugurado em Paulínia, no interior de São Paulo, cujos detalhes trazemos nesta
edição.
Falando em tecnologia e investimentos, também trazemos matérias sobre a inclusão de cinquenta ônibus movidos
a etanol na frota paulistana, em substituição a outros coletivos mais antigos, movidos a diesel; e sobre um projeto
desenvolvido pelo Cenbio em conjunto com a AES Eletropaulo, que visa a monitorar a utilização de energia elétrica
em comunidades de baixa renda no Estado de São Paulo e melhorar a eficiência de seu uso.
Como se pode ver, é uma edição de olho no futuro, trazendo soluções que começam agora para fazer diferença
amanhã. Ainda paramos para recordar a Conferência de Cancun em artigo do professor José Roberto Moreira, que
comenta os resultados do encontro, em que as discussões sobre o clima finalmente caminharam. Nós, brasileiros,
ganhamos pelo menos uma grande notícia: a decisão de que se poderão obter créditos de carbono a partir do CCS,
assunto principal desta edição.
Olhando adiante e prestando atenção ao passado, prosseguimos nossos trabalhos. O futuro está nas próximas páginas. Você está colaborando para torná-lo melhor?
Boa leitura!
Suani Teixeira Coelho
Editora
Coordenadora do Centro Nacional
de Referência em Biomassa (Cenbio)
Instituto de Eletrotécnica e Energia
Universidade de São Paulo
4
Fevereiro /February 2011
Editorial
The future
at our reach
T
he climate change issue has undoubtedly been one of the most discussed lately, mainly after the signature
and ratification of the Kyoto Protocol, which was enforced in 2005. Cenbio closely follows not only the
evolution in negotiations and results obtained, but also develops researches aiming at the reduction of greenhouse gases (GHG) emissions, particularly through the use of bioenergy to replace fossil fuels.
Of all the measures, carbon sequestration (and storage), known by the abbreviation CCS, seems to be one of the
most promising ones. The concept of capturing and storing carbon dioxide underground and of sealing it so that it does
not leak into the atmosphere has been consolidating itself as an idea that, albeit polemical, can contribute to reduce
GHG.
Cenbio will always advocate reforesting and bioenergy, but it is also in favor of CCS for two reasons. The first
one is logical: over time, the world population will increase. With that, the industrial activity as a whole will grow and
we will start to emit more and more carbon (in a pessimistic forecast). CCS would be a solution to fight against this
increase in emissions without depending solely on renewable energy, as even its development would probably not be
enough to mitigate all the carbon emitted into the atmosphere.
The second reason is the valorization of the Brazilian ethanol. As discussed in our cover article, CCS has a huge
potential to make Brazilian ethanol even more competitive. This occurs because the ethanol production is already
practically neutral in relation to carbon emissions. By capturing and storing the CO2 that comes out practically pure
from the vats (an advantage other industries do not count on), the carbon vestiges of the ethanol plants will be made
smaller than zero. This could mean the generation and sale of carbon credits, which, by itself, implies an extra income
for the plants. By converting the sum earned from investments in technology and research, we can have the strongest
ethanol in the world in the medium term.
It is an optimistic forecast, indeed, but we are always optimistic. More than that, we are constantly following what
is new in the area. In the case of biobutanol, it is a more expensive fuel than ethanol, but also more efficient both in
yield in vehicular use and in reducing carbon emissions. A laboratory dedicated to this biofuel was recently inaugurated in Paulínia, in the State of São Paulo, and the details are presented in this issue.
Speaking of technology and investments, we also present articles on the inclusion of fifty ethanol-fueled buses in
the São Paulo city fleet, to replace other older, diesel-fueled ones; and on a project jointly developed by Cenbio and
AES Eletropaulo, which aims to monitor the use of electric power in low-income communities in the State of São
Paulo and to improve the efficiency of its use.
As can be seen, this is an issue with an eye on the future, presenting solutions that start now to make a difference
ahead. We also take a break to discuss the Cancun Conference in an article by Professor José Roberto Moreira, who
comments on the results of the meeting, in which the discussions on the climate finally advanced. We, Brazilian people, have at least one piece of good news: the decision that carbon credits can be obtained from CCS, the highlight
in this issue.
Looking ahead and paying attention to the past, we proceed with our works. The future lies in the next pages. Are
you cooperating to make it better?
Enjoy your reading!
Suani Teixeira Coelho
Editor
Coordinator of the Brazilian
Reference Center on Biomass (Cenbio)
Institute of Electrotechnics and Energy
Universidade de São Paulo
5
Capa
iStockphoto/Dreamstime
O carbono rumo
às profundezas
Estocar CO2 é a
nova arma dos
cientistas para
lutar contra o
aquecimento global
N
ão restam dúvidas de que o reflorestamento é um dos
mais importantes recursos contra o aquecimento global. Uma floresta desenvolvida, como a Amazônica,
captura cerca de 2 t de carbono por ha ao ano. Isso significa,
em todo o globo, algo entre 400 milhões e 800 milhões de t de
carbono em um ano, o que corresponde a até 10% das emissões
globais de carbono no mesmo período. Já uma floresta em desenvolvimento possui índices muito mais animadores: ela é capaz de
absorver de 150 a 200 t de carbono por ha ao ano.
O problema é que manter florestas não é fácil. Existem questões políticas, financeiras, culturais e sociais que impedem que
princípios de conservação e reflorestamento sejam criados e executados com a velocidade necessária. Tanto é que nós, brasileiros, temos de comemorar o fato de o desmatamento na Amazônia
estar diminuindo.
Devido a essa realidade preocupante, governos de todo o
mundo têm se voltado para uma nova solução, a captura geológica de carbono, ou CCS, sigla em inglês para “carbon capture
and storage”. Em suma, ela consiste em criar sistemas físicos de
captura do CO2 em suas origens (termelétricas, petroquímicas,
indústrias em geral) e transportá-lo com o uso de compressores
até o subsolo terrestre ou marítimo.
“A ideia é armazenar o CO2 geologicamente de tal forma que
se evite sua liberação para a atmosfera e se mantenha o CO2 no
reservatório geológico”, resume José Miguez, coordenador-geral de Mudanças Globais de Clima do Ministério da Ciência e
Tecnologia. “Nesse sentido, as grandes fontes estacionárias de
CO2 deixariam de existir e haveria uma redução significativa das
emissões mundiais. Trata-se de um processo diferente da absor-
6
Fevereiro /February 2011
Capa
Dreamstime
ção de CO2 pela vegetação, apesar de que esta
continuaria, acarretando uma redução adicional dos níveis de CO2 da atmosfera”, explica.
Como é o processo
Um estudo do Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2005
aponta que as principais emissoras mundiais
de CO2 são (em t por ano): usinas produtoras
de energia (10.539 milhões), fábricas de cimento (932 milhões), refinarias (798 milhões),
indústrias de ferro e aço (646 milhões), indústria petroquímica (379 milhões) e processadoras de petróleo e gás natural (50 milhões). Os
processos de captura geológica de carbono são
voltados a esses segmentos industriais.
Para succionar o gás, seriam usadas redes
de tubulação (mais conhecidas como pipelines, do inglês), somadas a compressores que
liquefazem o CO2. Essa é considerada uma solução porque já existe tecnologia madura para
tal: só nos Estados Unidos operam hoje 2,5
mil km de pipelines transportando mais de 40
milhões de t de CO2 todo ano. Outras opções
de transporte incluem navios, trens de carga e
caminhões-tanque, embora todas se apliquem
apenas a produções de pequena escala. Qualquer que seja o transporte, o gás é enviado a
uma central de captura para dali ser repassado
aos bolsões subterrâneos.
Com a tecnologia
da CCS, grandes
usinas poluidoras,
como as
termelétricas,
deixarão de
jogar o CO2 na
atmosfera e,
em vez disso,
irão injetá-lo no
subsolo
A separação industrial do CO2, antes que
ele seja enviado às pipelines, pode ser feita de
três maneiras. A primeira é o sistema de póscombustão, mais adequada para as termelétricas: nele, o gás é removido após a queima do
combustível fóssil, quando passa pela chaminé industrial. A segunda é o sistema de précombustão, no qual, antes de queimar, o combustível fóssil é gaseificado para que oxide e
libere uma mistura gasosa de CO e H2O. Essa
mistura, depois, é manipulada para a formação
de H2, que pode ser usado como combustível,
e CO2.
A terceira maneira é a mais delicada. Chamada de sistema de combustão oxifuel, ela
consiste em realizar a queima do combustível
fóssil com O2 como comburente, em vez de
ar. Isso resulta em uma corrente de gás com
praticamente CO2 puro, que pode ser diretamente encaminhado para as pipelines. Ou seja,
diferente das outras tecnologias, que retiram o
CO2 da fumaça, o sistema de combustão oxifuel faz com que a própria fumaça seja o CO2.
Já existe tecnologia madura tanto para os processos de pré como para os de pós-combustão,
mas o de combustão oxifuel ainda está em estudos. O IPCC prevê que ele será mais caro, mas
afirma também que, por fornecer um CO2 quase
puro, que necessita de pouco ou nenhum trabalho
de separação, ele seja uma opção viável.
7
Capa
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas/Reprodução
Gás para
consumo
doméstico
Biomassa Carvão
Cimento, aço,
refinarias, etc.
Gás
Gás natural +
captura de CO2
Petróleo
Geração de eletricidade
+ captura de CO2
Carbonatação
mineral
Os sistemas CCS
funcionarão com
uma central que
receberá CO2 das
fontes emissoras e o
retransmitirá para os
sistemas de injeção,
em terra ou em mar
Armazenamento
geológico
Uso industrial
Armazenamento
geológico
Com a tecnologia que existe hoje, o IPCC
estima que seja possível capturar entre 85%
e 90% do CO2 processado em uma central de
captura. Uma usina equipada com um sistema
CCS precisaria de até 40% mais energia para
operar do que uma sem, mas poderia reduzir
suas emissões de CO2 para a atmosfera entre
80% e 90%, na mesma comparação.
Onde o CO2 vai parar
Os reservatórios se dividem em dois tipos:
geológicos e oceânicos. Os geológicos são o
foco das atenções dos cientistas no momento, pois apresentam mais facilidade de exploração. Eles se dividem em quatro subtipos:
campos de gás natural ou petróleo, campos
antigos de petróleo (por meio de recuperação
aprimorada), aquíferos salinos e reservas não
mineráveis de carvão mineral (por meio de recuperação aprimorada de metano).
Os campos de gás natural ou petróleo são
poços maduros em que não há mais extração
dos combustíveis. O armazenamento nesses
campos consistiria em injetar o CO2 de forma gasosa no subsolo e mantê-lo lá. Devido à
profundidade e a mecanismos naturais de vedação, o gás seria espontaneamente mantido
nesses bolsões, sem risco de escapar.
A recuperação aprimorada de petróleo
8
Plantas
petroquímicas
Uso
futuro
de H2
Armazenamento oceânico
(navio ou duto)
consiste em injetar CO2 de forma gasosa em
campos antigos (mas ativos) para melhorar a
extração. Conhecida como EOR (de “enhanced oil recovery”), essa técnica é madura, popular e muito usada atualmente para melhorar
a extração de petróleo. A pressão extra fornecida pelo gás ajuda a impulsionar o petróleo
para cima, além de torná-lo menos viscoso, o
que facilita a extração. O CO2 é perfeito para
a atividade, já que o uso de ar faria com que
o petróleo pegasse fogo. O gás volta parcialmente para a superfície junto com o petróleo e
é reutilizado na injeção. Entre 30 e 50 milhões
de t de CO2 são injetados anualmente em campos nos EUA apenas para esse fim.
“As maiores dificuldades estão associadas
a encontrar um contexto geológico que permita o aprisionamento do carbono e seja economicamente viável”, afirma Ricardo Hirata, geólogo e professor do Instituto de Geociências
da Universidade de São Paulo (USP). Ele lista
três requisitos principais para que o poço ofereça essa condição: ser isolado da superfície e
de sistemas abertos para não haver retorno do
carbono à atmosfera; ter condições de pressão
e temperatura para níveis de saturação do carbono no meio; e ser suficientemente permeável para permitir introdução de um fluido.
Aquíferos salinos são camadas de rochas
Fevereiro /February 2011
Capa
porosas e água em salmoura localizadas muito
abaixo da superfície terrestre e sem conexão
com os lençóis de água doce. Embora não tenham potencial de uso para os humanos, essas
formações são abundantes e poderiam abrigar
uma grande quantidade de CO2. O relatório do
IPCC estima que até 10 mil Gt do gás poderiam ser armazenadas nesses aquíferos, o que
os torna um dos destinos mais cotados para
receber o CO2. Uma desvantagem é que, por
serem muito profundos, não se possuem informações detalhadas sobre cada um deles, o que
pode ser um problema.
A recuperação aprimorada de metano de
reservas não mineráveis de carvão é chamada,
em inglês, de ECBM (de “enhanced coal bed
methane recovery”). Como as reservas não podem ser mineradas, o carvão mineral não pode
ser retirado, tornando o bolsão virtualmente
inútil. A recuperação aprimorada gera uma
forma de aproveitamento dessa área: o CO2 é
injetado na mina, que adere ao carvão poroso
pelo processo de adsorção. Esse metano pode
ser capturado e vendido para termelétricas,
que, se equipadas com um sistema CCS, não
permitirão o vazamento do CO2 emitido pela
sua queima. Caso fosse liberado na atmosfera,
o metano anularia os benefícios da captura de
carbono, pois seu efeito como gás de efeito estufa é 21 vezes maior do que o do CO2.
Injeção oceânica
O armazenamento oceânico aconteceria
por injeção direta, com duas variações. Na
primeira, por dissolução, o CO2 seria injetado diretamente na coluna d’água, a cerca de
mil m de profundidade, por meio de uma tubulação vinda ou do continente ou de um navio cargueiro. Na segunda, por formação de
lago, a tubulação vinda do continente ou de
uma plataforma marítima depositaria o CO2 a
profundidades maiores do que 3 mil m, onde a
substância é mais densa que a água e, portanto, formaria um “lago” e demoraria mais para
se dissolver nas águas ao redor. Em ambos os
casos, o CO2 depositado estaria em estado líquido.
Há problemas com essa forma de armazenamento. O mais grave é o ambiental: o IPCC
estima que, ao ser injetado no mar, parte do
CO2 reagirá com a água e formará ácido carbônico (H2CO3), o que aumentaria a acidez da
água e traria consequências em cadeia mesmo
para formas de vida distantes da área de injeção. O outro problema é que, com o tempo, o
CO2 se integraria ao ciclo de carbono na atmosfera novamente, o que faz com que essa
técnica de armazenamento seja apenas temporária.
Há ainda outra maneira de armazenar CO2
relacionada à água: a carbonação mineral. Esse
é um processo químico que consistiria basicamente em reagir o CO2 com óxidos de metais
como cálcio e magnésio (CaO e MgO, respectivamente), encontrados de forma residual
nos rejeitos industriais de refinarias e outras
usinas. A reação forma carbonatos minerais,
como o CaCO3 e o MgCO3, que são estáveis
Dreamstime
Dutos como esses,
que já existem em
abundância em países
como os EUA, para
transmissão de petróleo,
serão usados para o
transporte de CO2
9
Capa
As várias
profundidades em
que o CO2 pode
ser enterrado:
mesmo no oceano, a
injeção ocorrerá em
depósitos geológicos
abaixo do leito
marítimo
10
no formato sólido, o que manteria o carbono
aprisionado por anos. Esse é um fenômeno
que ocorre sozinho na natureza, porém de forma muito lenta. Para industrializar o processo como uma forma de sistema de captura de
carbono, seria preciso pré-tratar os óxidos – e
isso exigiria um consumo maior de energia
por parte da fábrica.
De todas as opções apresentadas, apenas
a recuperação aprimorada de petróleo possui
um mercado maduro. Outras ainda dependem
de condições específicas para serem viáveis
(campos de gás natural ou petróleo, aquíferos
salinos), estão em fase de testes (recuperação
aprimorada de metano de reservas não mineráveis de carvão) ou em fase de pesquisa (as demais). Mas, uma vez que as técnicas estejam
dominadas, é provável que a captura de carbono se torne uma opção interessante: segundo o estudo do IPCC, a maioria das áreas do
planeta com grande concentração de emissões
de CO2 está a cerca de 300 km de potenciais
reservatórios para armazenamento geológico.
Só nos EUA, cientistas mapearam, em 2009,
uma área total de 16 mil km2 de formações rochosas que poderiam ser usadas para armazenar CO2 pelos próximos quinhentos anos.
Pontos controversos
A tecnologia de captura geológica de carbono ainda não é unanimidade. Parte da comunidade científica defende a técnica como
uma alternativa viável para o problema das
emissões de carbono, enquanto ambientalistas
e outros profissionais envolvidos afirmam que
o sistema não seria eficaz.
Um relatório do Greenpeace criticando a
técnica foi publicado em 2008: Falsa esperança – Por que a captura e o armazenamento
de carbono não irão salvar o clima. Um dos
principais argumentos é de que a tecnologia
gasta muita energia: segundo o relatório, uma
termelétrica gasta até 40% a mais de energia
elétrica para custear a CCS. “A adoção em
grande escala da CCS deve acabar com os ganhos de eficiência dos últimos cinquenta anos
e aumentar o consumo em um terço”, afirma
o relatório.
O custo, de fato, é geralmente apontado
como o maior problema. O próprio IPCC admite que uma termelétrica poderia encarecer
em até 50% o preço do kWh com a simples
adoção do sistema. Todo esse aumento se deve
à dificuldade em separar o carbono dos outros
gases e resíduos misturados à fumaça indus-
Fevereiro /February 2011
Capa
Fonte: Cepac
Os envolvidos com a CCS afirmam que a
tecnologia não se anuncia como a única solução e que não resolverá nada sozinha. “Hoje
em dia, a emissão de CO2 é muito maior do
que a capacidade de absorção vegetal, o que
torna necessário o desenvolvimento de métodos complementares que contribuam para o
combate ao aquecimento global”, argumenta
Corrêa do Lago.
A ideia de que os depósitos geológicos
não são seguros também não é certa. Apesar
de não existir risco zero, a pesquisa do IPCC
indica que as rochas dos depósitos formam um
lacre efetivo contra vazamentos e que o escape
mais provável do gás seria o próprio canal por
onde ele foi injetado, o qual estaria sob controle humano. “É difícil encontrar alguma técnica
ou atividade desenvolvida pelo homem, sobretudo em seu estágio de consolidação, que não
envolva algum tipo de risco”, afirma Corrêa
do Lago. “Embora não haja registros de vazamentos nos projetos-piloto executados em
dezenas de países, não parece razoável afastar,
absolutamente, a possibilidade de risco. Como
a utilização da CCS leva ao armazenamento de
carbono por longo período, o aperfeiçoamento
de mecanismos para vigilância constante de
falhas de segurança é fundamental para a aplicação bem-sucedida da tecnologia em escala
comercial.”
Para Hirata, a CCS é uma iniciativa cara
e que requer condições ideais em várias áreas, como logística, tecnologias de injeção,
geologia e avaliação de impactos ambientais.
“A injeção de qualquer coisa sob a superfície
necessita de autorização governamental, pois
pode alterar as condições físicas e químicas
das águas e aquíferos e do próprio subsolo”,
lembra o geólogo. Ele afirma, porém, que esse
Bases marítimas,
similares às
plataformas
de extração de
petróleo, serão
usadas para injetar
o CO2 em depósitos
abaixo do mar
iStockPhoto
trial. “O custo de utilização da tecnologia de
CCS pode variar muito, de acordo com fatores
que envolvem a magnitude do projeto, o custo
de transporte, condições de armazenamento e
de aproveitamento do dióxido de carbono”,
afirma o ministro André Aranha Corrêa do
Lago, diretor do Departamento de Energia do
Ministério das Relações Exteriores. “O principal entrave [para a adoção em larga escala da
CCS] reside no alto custo para sua utilização,
ao mesmo tempo em que ainda não foi estabelecido mecanismo que ofereça contrapartidas
econômicas para a empresa que decida investir em CCS”, completa o ministro, defendendo que os governos federais têm papel crucial
nessa questão.
Outro argumento do Greenpeace contra a
tecnologia é de que o sistema não é eficaz a curto prazo – ele calcula que, para evitar os piores
efeitos do aquecimento global, as emissões de
CO2 devem começar a cair a partir de 2015, e
a CCS, segundo as projeções mais otimistas,
só conseguiria funcionar com capacidade total
por volta de 2030. A ONG afirma ainda que
a CCS poderia ser usada como desculpa para
construir novas termelétricas à base de carvão,
o que seria “inaceitável e irresponsável”.
11
Capa
risco não é tão grave quanto se pensa: devese lembrar que, embora existam, os riscos de
degradação de aquíferos são menores, pois o
carbono não apresenta toxicidade. “Adicionalmente, como essas técnicas de injeção de
carbono são novas e as experiências, poucas,
há necessidade de uma atenção e monitoramento maior para acompanhar potenciais problemas.”
“A tecnologia da CCS se soma ao leque
de opções de mitigação que serão necessárias
para combater o aquecimento global”, acredita
José Miguez. “As estimativas do IPCC são de
que a CCS poderia contribuir com entre 15%
e 55% do esforço cumulativo de mitigação até
2100, dependendo do cenário e da emissão
de referência prevista em cada cenário, o que
significa que será uma medida importante de
mitigação no futuro”, aponta.
O CCS pelo mundo
Dreamstime
Criar nas usinas sistemas
que separem o CO2 dos
outros gases residuais é
o processo mais difícil e
custoso do CCS
12
Em todo o mundo, a tecnologia de captura geológica de carbono ainda é incipiente. O
primeiro projeto a operar foi o do campo de
gás natural de Sleipner, na Noruega, em 1996.
Marítimo, o campo extrai gás com 9% de dióxido de carbono em sua composição. Como
o mercado exige que essa porcentagem não
passe de 2,5%, a usina realiza a separação do
CO2 para enterrá-lo posteriormente. Desde
que o sistema de CCS foi instalado, mais de
10 milhões de t de CO2 foram enterradas em
um depósito geológico a cerca de mil m abaixo do nível do mar. Até hoje, não foi reportado
nenhum vazamento.
Segundo a StatoilHydro, administradora
do campo de Sleipner, o custo para emitir 1 t de
CO2 na atmosfera, na Noruega, é de US$ 50, incluindo impostos e compensações pelos créditos de carbono. Por isso, deixar de emitir o gás
tornou-se uma operação com custo-benefício
favorável.
Atualmente, o maior programa de CCS do
mundo é o Projeto de Dióxido de Carbono de
Weyburn-Midale, no Canadá. Através de um
duto de 320 km, o CO2 é transportado desde
a cidade de Beulah, nos EUA, até a cidade de
Weyburn, no Canadá, onde é usado pelo projeto em um processo de recuperação aprimorada
de petróleo. Aproximadamente 6.500 t de CO2
são injetadas diariamente no campo de Weyburn, que deve ganhar uma sobrevida de até
25 anos por causa da recuperação aprimorada.
Além de ser bem-sucedido em termos operacionais, o programa também é visto como
um exemplo de cooperação bilateral contra o
aquecimento global.
Além desses projetos, existem outros em
menor escala em todo o mundo, a maioria em
fase de negociações e aprovação de recursos.
No Brasil, ainda não existem programas ativos
de CCS, a não ser em pequenas escalas, a caráter de teste. “Temos uma experiência pequena
de injeção de 40 mil t de CO2 por ano em um
poço terrestre na Bahia desde 1987, pela Petrobras, com o objetivo de recuperação aprimorada de petróleo”, lembra José Miguez.
Para tentar levar o País adiante na questão,
a Petrobras e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) fundaram,
em 2006, o Centro de Excelência em Pesquisa
em Armazenamento de CO2 (Cepac) – veja entrevista na página 22. O centro tem por objetivo realizar pesquisas na área de sequestro de
carbono e ajudar a criar estudos e parâmetros
que deem base para a exploração comercial
da tecnologia no Brasil. Além disso, projetos
como o RCCS (veja quadro) pretendem explorar a facilidade gerada pela indústria do
etanol de fornecer o CO2 em estado praticamente puro.
Fevereiro /February 2011
Capa
Projeto governamental pretende fazer
CCS andar no Brasil
No Brasil, o sequestro de carbono possui um grande potencial na indústria de etanol.
Isso porque, nas dornas de fermentação das usinas, o gás obtido como produto secundário
é quase CO2 puro. Essa pureza é o grande trunfo, pois, em termelétricas e indústrias de
outros segmentos, há grande dificuldade no processo de separação do CO2 de outros gases
e envolve custos elevados.
O governo federal sabe desse potencial e já iniciou um projeto para estudar e prospectar o aproveitamento do CO2. A iniciativa tem o nome oficial de “Projeto RCCS – Captura
e Armazenamento do CO2 proveniente do processo de fermentação do açúcar em etanol
no Estado de São Paulo”. Esse Estado foi escolhido para a execução do projeto, pioneiro
no Brasil e no mundo, porque concentra 2/3 da produção de etanol brasileiro.
A elaboração do projeto baseia-se no potencial poder de redução das emissões de CO2
pelo setor sucroalcooleiro, incluindo a captura do CO2 no processo de fermentação do
açúcar em etanol, sua compressão e seu armazenamento em um aquífero salino. O Global
Environmental Facility (GEF), do Banco Mundial, financia 30% do projeto e há necessidade de co-financiamento a partir de recursos financeiros e não financeiros de parceiros
interessados em participar, que estão sendo procurados.
Entre os parceiros do projeto estão a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
(Cetesb), a Petrobras, a Shell, a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), que, junto com a Universidade de São Paulo – por meio do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio)
e do Instituto de Geociências – estão preparando documentação detalhada para começar
as atividades do projeto ainda em 2011.
A Cetesb participa do projeto com as orientações ambientais adequadas, pois não há
legislação no Brasil para o licenciamento ambiental de CCS e, portanto, fica sob a responsabilidade do grupo estudar as condições e avaliar os riscos do projeto. Como o piloto
será instalado no Estado de São Paulo, há a preocupação com a integridade do aquífero
Guarani, importante reserva estratégica para o abastecimento de água da população.
Uma das características mais elogiadas da captura de carbono a partir do etanol é, por
esse já ser um recurso renovável, permitir que as emissões ultrapassem a neutralização
(emissão zero), tornando-se negativas. Basicamente, isso significaria que todo o CO2 capturado em usinas de etanol de cana-de-açúcar estaria compensando emissões de outras
fontes, pois as emissões desse processo já estariam neutralizadas. Esse carbono extra
poderia gerar arrecadação por meio da venda de créditos de carbono, por exemplo.
“Nós estamos em uma fase burocrática, a de escrever documentos”, relata José Roberto
Moreira, professor do Programa de Pós-graduação em Energia do Instituto de Eletrotécnica
e Energia da USP e coordenador do projeto RCCS. “Estamos documentando onde é mais
favorável enterrar, quem pode explorar, quem tem competência para administrar, etc.”.
Moreira coordena esse trabalho com quinze colaboradores. O grande objetivo, destaca
o professor, “é valorizar o etanol brasileiro, mostrar para o mundo que o nosso etanol não
só não emite CO2 como absorve”. O projeto brasileiro prevê que seja possível armazenar
1 t de CO2 com um custo de até US$ 20. “Em um projeto desses para outras indústrias,
seriam US$ 100, devido à necessidade de separar o CO2 e, no caso deste projeto, o CO2 é
praticamente puro”, afirma Moreira, ressaltando a economia gerada pelo CO2 do etanol.
A meta inicial do projeto é que, ao longo dos primeiros dez anos de atividade, o RCCS
capture e armazene 1 milhão de t de CO2. “Estimamos que, para chegar a esse índice,
precisaríamos de US$ 30 milhões”, afirma Moreira. “Estamos na fase de revisão: vamos
manter essa meta e captar mais dinheiro ou vamos reduzir a meta?”
13
Cover
Carbon towards
the depths
Stocking CO2 is
the new scientists’
weapon to fight
global warming
R
eforestation is undoubtedly one of the most important
resources against global warming. A grown forest, such
as the Amazon, captures about 2 t of carbon per ha a year.
This means, all over the world, something between 400 million
and 800 million t of carbon in a year, which corresponds to up to
10% of the global carbon emissions in the same period. In turn,
a developing forest has far more stimulating indexes: it is able to
absorb from 150 to 200 t of carbon per ha a year.
The problem is that keeping forests is not easy. There are political,
financial, cultural and social issues that prevent conservation and
reforestation principles from being created and executed with the
necessary speed. Therefore, we, Brazilian people, have to celebrate
the fact that the Amazon deforestation has been decreasing.
Due to this disturbing scenario, governments all over the
world have been investing in a new solution, carbon capture and
storage, or CCS. In sum, it consists in creating physical systems for
capturing CO2 in its sources (thermopower plants, petrochemical
plants, industries in general) and moving it underground or under
the sea by using compressors.
“The idea is to store the CO2 geologically so as to avoid its
emission into the atmosphere and to keep CO2 in the geological
reservoir”, summarizes José Miguez, general coordinator of Global
Climate Change of the Ministry of Science and Technology. “In this
sense, the large CO2 stationary sources would cease to exist and
there would be a significant reduction in the world emissions. This
process differs from CO2 absorption by the vegetation, although
this one would also continue, causing an additional reduction in the
CO2 levels in the atmosphere”, he explains.
14
Fevereiro /February 2009
2011
Cover
Stock.XCHNG
How the process works
A 2005 study by the Intergovernmental
Panel on Climate Change (IPCC) points out
that the major world CO2 emitters are (in t per
year): power plants (10,539 million), cement
plants (932 million), refineries (798 million),
iron and steel industries (646 million), petrochemical industries (379 million) and oil and
natural gas processors (50 million). Geological carbon capture processes are directed to
these industrial segments.
To draw out the gas, pipelines would be
used, added to compressors that liquefy CO2.
This is considered a solution as there is already a mature technology for that: in the United
States alone, 2.5 thousand km of pipelines are
operating, conveying over 40 million t of CO2
every year. Other transportation options include vessels, cargo trains and tankers, although
these ones apply only to small-scale productions. Whatever the transportation mode, the
gas is sent to a capture center, and from there,
it is resubmitted to underground reservoirs.
The CO2 industrial separation, before it
is sent to the pipelines, can be conducted in
three ways. The first one is the post-combustion system, more adequate to thermopower
plants: in it, the gas is removed after the fossil
fuel is burned, while it goes through the industrial chimney. The second one is the precombustion system, in which, before burning,
the fossil fuel is gasified so that it oxidizes and
emits a gaseous mixture of CO and H2O. This
mixture is then manipulated to form H2, which
can be used as fuel, and CO2.
The third way is more delicate. Called oxifuel combustion system, it consists in performing the fossil fuel burning with O2 as combustive agent, instead of air. This results in
a gas flow with practically pure CO2, which
can be sent directly to the pipelines. That is,
differently from the other technologies, which remove CO2 from the smoke, the oxifuel
combustion system makes the smoke itself be
CO2.
There is already mature technology both
for the pre and for the post-combustion processes, but that of oxifuel combustion is still
being studied. The IPCC foresees that it will
be more expensive, but also states that, for
With CCS technology,
big emitters such as
thermopower plants
will be able to stop
disposing CO2 into
the atmosphere and,
instead, to inject it in
the underground
15
Cover
Intergovernmental Panel on Climate Change/Reproduction
CCS systems will work
with a central plant
that will receive the
CO2 from the emitting
sources and redirect it
to the injection plants,
in land or sea
Gas to
domestic
supply
Biomass
Ciment, steel,
refineries, etc.
Gas
Natural gas +
CO2 capture
Coal
Petróleo
Petrochemical
plants
+ CO2 capture
Future
H2 use
Electricity generation
Mineral
carbonation
CO2 geological
storage
Industrial uses
CO2 geological
storage
supplying a practically pure CO2, it needs little or no separation work, and is thus a viable
option.
With the existing technology today, the IPCC
estimates that it will be possible to capture between 85% and 90% of the CO2 processed in a
capture center. A plant equipped with a CCS system would need up to 40% more power to operate than one without it, but it could reduce its CO2
emissions into the atmosphere by between 80%
and 90%, in the same comparison.
Where CO2 heads to
Reservoirs are divided into two types: geological and oceanic. The geological ones are
currently the scientists’ focus of attention, since they are easier to explore. They are divided
into four subtypes: natural gas or oil fields, old
oil fields (by means of improved recovery), saline aquifers and non-exploitable coal reserves
(by methane improved recovery).
Natural gas or oil fields are mature wells in
which fuels are no longer extracted. The storage in these fields would consist in injecting
CO2 in its gaseous form underground and keeping it there. Due to their depth and to natural
sealing mechanisms, the gas would be spontaneously kept in the reservoirs, with no risk
of escaping.
16
Ocean storage
(Ship or pipeline)
Oil improved recovery consists in injecting
gaseous CO2 into old (yet operating) fields to
improve extraction. Known as EOR (enhanced oil recovery), today this is a mature, popular and widely used technique to improve
oil extraction. The extra pressure supplied by
the gas helps to impel the oil upwards, besides
making it less viscous, which facilitates the
extraction. CO2 is perfect for the activity, since
the use of air would set the oil on fire. The gas
partially returns to the surface with the oil and
is reused in the injection. Between 30 and 50
million t of CO2 are injected yearly in fields in
the USA solely for this end.
“The greatest difficulties are associated to
finding a geological context that allows arresting carbon and making it economically viable”, affirms Ricardo Hirata, a geologist and a
professor at the Institute of Geosciences of the
University of São Paulo (USP). He lists three
major requirements for the well to present this
condition: being isolated from the surface and
from open systems so as to prevent the carbon
from returning to the atmosphere; having pressure and temperature conditions for carbon saturation levels in the environment; and being
permeable enough to allow the introduction of
a fluid.
Saline aquifers are layers of porous rocks
Fevereiro /February 2011
Cover
and brine located far below the Earth surface
and with no connections to groundwater. Despite having no potential for human use, these
formations are abundant and could store a large amount of CO2. The IPCC report estimates
that about 10 thousand Gt of the gas could be
stored in these aquifers, which makes them one
of the most valued destinations for the CO2. A
disadvantage is that, for being very deep, there
is no detailed information about each of them,
which may come to be a problem.
The improved methane recovery from
non-exploitable coal reserves is called ECBM
(enhanced coal bed methane recovery). Since the reserves cannot be exploited, the coal
cannot be extracted, which makes the bed
practically useless. Improved recovery generates a way for making the area useful: CO2
is injected into the mine, which adheres to the
porous coal by the adsorption process. This
methane can be captured and sold to thermopower plants, which, if equipped with a CCS
system, will not allow the leakage of the CO2
emitted by its burning. In case it were emitted
into the atmosphere, the methane would annul
the carbon capture benefits, as its effect as a
greenhouse gas is 21 times stronger than that
of CO2.
Oceanic injection
Oceanic storage would occur by direct injection, with two variations. In the first one,
by dissolution, CO2 would be directly injected
into the water column, at a depth of about a
thousand m, by means of a pipeline coming
either from the coast or from a freight vessel.
In the second, by forming pools, the pipeline
coming from the land or from a maritime platform would deposit the CO2 at depths deeper
than 3 thousand m, where the matter is denser than water and would, therefore, form a
“pool” and would take longer to dissolve in
the surrounding water. In both cases, the CO2
deposited would be in the liquid state.
This kind of storage presents some problems. The most serious is the environmental one:
the IPCC estimates that, when injected into the
sea, part of the CO2 will react with the water
and will form carbonic acid (H2CO3), which
would increase the acidity of water and would
cause a chain of consequences for different
forms of life even far from the injection area.
Another problem is that, over time, the CO2
would be reintegrated to the carbon cycle in
the atmosphere, which would make this type
of storage technique be only temporary.
There is still another way of storing CO2
related to water: mineral carbonation. This is
a chemical process that would basically consist in making the CO2 react with metal oxides such as calcium and magnesium (CaO and
MgO, respectively), found in residual form in
industrial waste from refineries and from other
plants. The reaction forms mineral carbonates,
such as CaCO3 and MgCO3, which are stable
in the solid state, which would keep the carbon arrested for years. This is a phenomenon
that occurs by itself in nature, yet very slowly.
So as to industrialize the process as a form of
carbon capture system, it would be necessary
to pre-treat the oxides – and this would require
greater power consumption by the factory.
Stock.XCHNG
Pipeline systems
like this, which
already exist in
large quantities
in countries like
the USA for oil
transmission,
will be used to
transport the CO2
17
Cover
Of all the options presented, only the improved oil recovery has a mature market. The
others still depend on specific conditions to be
made viable (natural gas or oil fields, saline
aquifers), are in test stage (improved methane
recovery from non-exploitable coal reserves)
or in research stage (the other ones). But, once
the techniques are mastered, carbon capture is
likely to turn into an interesting alternative:
according to the IPCC study, most of the areas in the planet with a great concentration of
CO2 emissions are about 300 km away from
potential reservoirs for geological storage. In
the USA alone, in 2009, scientists mapped an
area totaling 16 thousand km2 of rocky formations that could be used to store CO2 for the
next five hundred years.
Controversial points
The different
depths at which
CO2 can be stored:
even in the ocean,
the injection will
occur in geological
reservoirs below
the ocean floor
ECBM
Enhanced coal bed
methane recovery
18
The geological carbon capture technology
is not yet unanimity. Part of the scientific community advocates the technique as a viable
alternative for the carbon emission problem,
whereas environmentalists and other professionals involved state that the system would
not be effective.
A Greenpeace report criticizing the technique was published in 2008: False Hope: Why
Storage in
depleted oil and
gas reservoirs
Storage in deep
saline formations
Carbon Capture and Storage Won’t Save the
Climate. One of the main arguments is that the
technology uses too much energy: according
to the report, a thermopower plant uses up to
40% more power to defray CCS. “Wide-scale
adoption of CCS is expected to zero the efficiency gains of the last 50 years, and to increase resource consumption by one third”, states
the report.
Indeed, the cost is usually pointed out as
the greatest problem. IPCC itself admits that a
thermopower plant could have the price of the
kWh increased by up to 50% with the mere
adoption of the system. All this increase is due
to the difficulty in separating carbon from the
other gases and residues mixed to industrial
smoke. “The cost of using the CCS technology may vary widely, according to factors involving the size of the project, transportation
costs, storage conditions and of carbon dioxide use”, states minister André Aranha Corrêa
do Lago, director of the Department of Energy
of the Ministry of Foreign Affairs. “The main
hindrance [for the large-scale CCS adoption]
lies in the high cost for its utilization; concurrently, a mechanism providing economic
counterparts for the company that decides to
invest in CCS has not been established yet”,
EOR
Enhanced oil
recovery
Fevereiro /February 2011
Cover
completes the minister, claiming that federal
governments play a crucial role in this issue.
Another argument from Greenpeace against
the technology is that the system is not effective in the short term – it estimates that, to prevent the worst effects of global warming, CO2
emissions should start to fall as from 2015, and
CCS, according to the most optimistic projections, would only be able to work with full capacity near 2030. The NGO also affirms that
CCS could be used as an excuse to build new
coal thermoelectric power plants, which would
be “unacceptable and irresponsible”.
Those involved with CCS claim that the
technology does not mean to be the only solution and that it will solve nothing by itself.
“Nowadays, CO2 emission is much larger than
the vegetation absorption capacity, which requires the development of complementary methods that contribute to fight global warming”,
argues Corrêa do Lago.
The idea that the geological deposits are
not safe is not right, either. Although there is
no zero risk, the IPCC research indicates that
the deposit rocks form an effective seal against
leakage and that the most likely gas escape
would be the very canal through which it was
injected, which would be under human control.
“It is difficult to find a technique or activity
developed by man, especially in its consolidation stage, which fails to involve some type of
risk”, states Corrêa do Lago. “Although there is no leakage reported in the pilot projects
carried out in dozens of countries, it does not
seem reasonable to absolutely disconsider the
possibility of risks. As the use of CCS leads
to long-term carbon storage, the improvement
of mechanisms for constantly watching safety
failures is fundamental for a successful application of the technology in commercial scale.”
For Hirata, CCS is an expensive initiative
and requires ideal conditions in several areas,
such as logistics, injection technologies, geology and environmental impacts assessment.
“The injection of anything underground requires governmental permission, as this may
alter the physical and chemical conditions of
the water and aquifers and of the underground
layer itself”, the geologist remarks. He states,
though, that this risk is not as serious as one
may think: it should be considered that, despite existing, the risks of aquifer degradation
are smaller, as carbon does not present toxicity. “Additionally, as these carbon injection
techniques are new and experiments are few,
Oil and gas
Injected CO2
Stored CO2
Stock.XCHNG
Source: Cepac
Sea platforms,
similar to the oilextraction ones,
will be used to
inject the CO2 in
reservoirs below
the ocean floor
Storage in deep
saline formations
19
Cover
greater attention and stricter monitoring are
required to follow up potential problems.”
“The CCS technology is one more in the
range of mitigation alternatives that will be
necessary to fight global warming”, believes
José Miguez. “The IPCC estimations are that
CCS could contribute with between 15% and
55% of the cumulative mitigation effort until
2100, depending on the scenario and on the
reference emission foreseen in each scenario,
which means it will be an important mitigation
measure in the future”, he says.
Dreamstime
To create in the plants
systems that separate
CO2 from the other
residual gases is the
most difficult and
expensive process in
CCS systems
20
CCS in the world
In the world, the geological carbon capture
technology is still incipient. The first project
to operate was the Sleipner natural gas field, in
Norway, in 1996. The maritime field extracts
gas with 9% of carbon dioxide in its composition. As the market requires this percentage
not to exceed 2.5%, the plant conducts CO2
separation to bury it later. Since the CCS system was installed, over 10 million t of CO2
were buried in a geological deposit at about
one thousand m below the sea level. So far, no
leaking has been reported.
According to StatoilHydro, Sleipner field
managing company, the cost to emit 1 t of CO2
in the atmosphere, in Norway, is US$ 50, including taxes and compensations for the carbon
credits. Hence, not emitting the gas has provided the operation a favorable cost-benefit ratio.
Today, the largest world CCS program is
the Weyburn-Midale Carbon Dioxide Project,
in Canada. Through a 320 km pipeline, CO2 is
conveyed from the city of Beulah, in the USA,
up to the city of Weyburn, in Canada, where it
is used by the project in an improved oil recovery process. Approximately 6,500 t of CO2
are daily injected in the Weyburn field, which
shall earn an extended life of up to 25 years
due to the improved recovery. Besides being
successful in operational terms, the program is
also seen as an example of bilateral cooperation against global warming.
Besides these projects, there are others in
smaller scale all over the world, most undergoing
stages of negotiations and approval of resources.
In Brazil, there are no active CCS programs yet,
but some small-scale ones, in test character. “We
have a small experiment of injecting 40 thousand t of CO2 per year in an inland well in Bahia,
since 1987, by Petrobras, aiming at improved oil
recovery”, remarks José Miguez.
To try and move the country forward in this
issue, in 2006, Petrobras and the Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul (PUCRS) established the Brazilian Carbon Storage
Research Center (Cepac) – see interview on
page 31. The center aims to conduct researches in the carbon sequestration area and to
help to create studies and parameters that serve as a basis for the commercial exploration of
the technology in Brazil. Moreover, projects
such as the RCCS (see Box) intend to explore
the facility generated by the ethanol industry,
of supplying CO2 in practically pure state.
Fevereiro /February 2011
Cover
Government project intends to push
CCS forward in Brazil
In Brazil, carbon sequestration has great potential in the ethanol industry. This occurs
because, in the fermentation vats of the plants, the gas obtained as a secondary product is
practically pure CO2. This purity is a great advantage, as, in thermopower plants and in
industries from other segments, there is great difficulty in the process of separating CO2
from other gases and this involves high costs.
The federal government knows about this potential and has already started a project to
study and to prospect the use of CO2. The initiative is officially named “RCCS Project –
Capture and Storage of CO2 deriving from the fermentation process of sugar into ethanol
in the State of São Paulo”. This State was chosen for conducting the project, a pioneer in
Brazil and in the world, because it concentrates 2/3 of the Brazilian ethanol production.
The project elaboration is based on the potential power of reducing CO2 emissions
by the sugar-ethanol sector, including CO2 capture in the fermentation process of sugar
into ethanol, its compression and its storage in saline aquifer. The World Bank’s Global
Environmental Facility (GEF) is funding 30% of the project and there is the need of cofunding with financial and non-financial resources from partners interested in participating, and which are being sought.
Among the project partners are the State of São Paulo Environmental Sanitation Technology Company (Cetesb), Petrobras, Shell, the Brazilian Sugar Cane Industry Association (Unica) and the Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul (PUC-RS),
which, together with the University of São Paulo – by means of the Brazilian Reference
Center on Biomass (Cenbio) and of the Institute of Geosciences – are preparing thorough
documentation to start the activities for the project in 2011.
Cetesb participates in the project with the adequate environmental guidance, as there
is no legislation in Brazil for CCS environmental licensing and, therefore, it is the team’s
responsibility to study the conditions and assess the project risks. As the pilot will be installed in the State of São Paulo, there is concern with the integrity of the Guarani aquifer,
an important strategic reserve for water supply to the population.
One of the mostly praised characteristics of carbon capture from ethanol, once it is
already a renewable resource, is to allow emissions to surpass neutralization (zero emission), making them negative. Basically, this would mean that all the CO2 captured in
sugar cane ethanol plants would compensate emissions from other sources, as the emissions from this process would already be neutralized. This extra carbon could generate
income by the sale of carbon credits, for example.
“We are in a bureaucratic stage, that of producing documents”, reports José Roberto
Moreira, professor of the Energy Graduate Program of the Institute of Electrotechnics and
Energy of USP and coordinator of the RCCS project. “We are documenting the best place
to bury it, who can exploit it, who has competence to manage it, etc.”
Moreira coordinates this work with fifteen collaborators. The great goal, highlights the
professor, “is to value the Brazilian ethanol, to show the world that our ethanol not only
emits no CO2 but also absorbs it”. The Brazilian project estimates that it is possible to store
1 t of CO2 with costs of up to US$ 20. “In such a project for other industries, it would cost
US$ 100, due to the need of separating CO2, and in this project case, CO2 is practically
pure”, says Moreira, pointing out the economy generated by the CO2 from ethanol.
The initial goal of the project is that, throughout the first ten years of activity, RCCS
captures and stores 1 million t of CO2. “We estimate that, to reach this rate, we would
need US$ 30 millions”, states Moreira. “We are in the revision phase: shall we keep this
goal and earn more money or shall we reduce the goal?”
21
Entrevista
Empenhado no futuro
João Marcelo Ketzer coordena o centro de pesquisas que trabalha
para emplacar o sequestro de carbono no Brasil
Fotos: Divulgação
“
Sempre
utilizamos
os modelos
matemáticos
junto com os
experimentais
para ver se
os resultados
estão
similares
“
22
G
eólogo e professor do curso de
Geografia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (PUC-RS), João Marcelo Ketzer é coordenador do Centro de Excelência em Pesquisa
sobre Armazenamento de Carbono (Cepac),
instituição inaugurada em 2007, fruto de parceria entre a faculdade gaúcha e a Petrobras.
Com a missão de desenvolver e implementar projetos-piloto para estudar a adoção em
larga escala de tecnologias de sequestro de
carbono, o Cepac está plenamente sintonizado com esse novo método de mitigação. Uma
rápida visita ao site do centro (www.pucrs.br/
cepac) permite conhecer mais de dez projetos
que incluem desde a análise de possíveis reservatórios geológicos no Brasil até o monitoramento de vazamentos de CO2 armazenado
em campos de petróleo e aquíferos. Um dos
mais importantes é o atlas brasileiro de captura, transporte e armazenamento geológico de
CO2, projeto que visa a mapear as principais
fontes emissoras de CO2 em território nacional
e identificar os reservatórios geológicos em
que o gás poderá ser armazenado.
Nesta entrevista para a Revista Brasileira
de Bioenergia (RBB), Ketzer falou do potencial brasileiro no tema, da importância de políticas públicas de incentivo e das críticas à tecnologia, além de projetar como o sequestro de
carbono se desenvolverá nos próximos anos.
RBB – Quais projetos o Cepac desenvolve atualmente?
João Marcelo Ketzer – Nós temos projetos
em diferentes escalas de trabalho, todos na
linha de pesquisa e desenvolvimento. Temos
projetos com a Petrobras para aquíferos salinos e campos de petróleo, sobre como eles
reagem com a injeção de CO2. Esses são
projetos na escala de bancada. Depois, há os
projetos na escala-piloto. Temos um em Porto Batista (RS) em que nós perfuramos dois
poços de 400 m de profundidade cada um, a
20 m um do outro, e a ideia é injetar CO2 em
um poço e monitorar esse CO2 pelo outro, por
isso a proximidade. É um projeto grande, que
tem resultados muito mais próximos da realidade. Além desses trabalhos de campo que
desenvolvemos nesse projeto-piloto, fazemos
toda a linha de pesquisa de modelagem numérica. Todos os fenômenos físicos e químicos
que acontecem com a rocha ou o reservatório
são modelados numericamente. Sempre utilizamos os modelos matemáticos junto com os
experimentais para ver se os resultados estão
similares e então usamos os matemáticos para
prever, a longo prazo, o que vai acontecer com
aquela rocha que está com o CO2 lá embaixo. Isso seria um experimento impossível de
fazer.
RBB – E quanto ao projeto do atlas?
Ketzer – É um mapeamento das fontes emissoras do Brasil e dos reservatórios adequados
para guardar o CO2 por milhões de anos. É um
projeto de infraestrutura. Em São Paulo, por
exemplo, a maior parte das fontes emissoras é
fixa, como grandes indústrias e usinas termelétricas. Como sabemos onde elas estão, pode-
Fevereiro /February 2011
Entrevista
RBB – Em depósito geológico, não existe risco
de vazamento?
Ketzer – Nunca podemos dizer que o risco é
zero. O que temos de dizer é o seguinte: de
todos os sistemas, nenhum é completamente perfeito, sempre vai ter algum vazamento.
Uma das técnicas para encontrar campos de
petróleo e de gás na superfície é procurar vazamentos. É impossível não ter. No caso do
CO2, primeiro, temos de ver se esse vazamento
é significativo ou não – essa é a primeira pergunta a ser feita. Vamos imaginar uma piscina
olímpica de água: se, a cada mil anos, eu tirar
uma gota da piscina olímpica, tenho ali um
vazamento insignificante. O painel de mudanças climáticas define como 1% o volume que
pode vazar em cem anos. É um índice tolerável. Se eu escolher um reservatório muito bem
e fizer todos os testes que devem ser feitos,
o CO2 vai ficar milhões de anos lá embaixo.
Existem campos do pré-sal, por exemplo, em
que o óleo fica preso por dezenas de milhões
de anos, alguns por centenas. Os campos de
gás são a melhor evidência de que as rochas
são muito eficientes para armazenar gases e
líquidos por milhões de anos. Vaza? Vaza, mas
é uma quantidade mínima.
RBB – E em caso de um terremoto?
Ketzer – Os terremotos não são um risco. O
exemplo de terremoto que sempre dou nas
minhas aulas é o de dezembro de 2004, que
causou o tsunami que atingiu a ilha de Sumatra. Aquele foi o segundo mais intenso terremoto medido pela humanidade, mais de nove
pontos na escala Richter. Ele alterou a rotação
da Terra, gerou aquele tsunami intenso. E nenhum campo de gás de que se tenha notícia
vazou, mesmo com um terremoto de proporções gigantescas. A Califórnia, uma das zonas
com mais terremotos do mundo, está cheia de
reservatórios de gases. Se terremotos fizessem
vazar gás natural de campo, não haveria mais
nenhum campo de gás na Califórnia. Aquele
gás está armazenado por milhões de anos. O
terremoto não tem impacto suficiente para refazer o campo de petróleo.
RBB – O fato de o Brasil ter muito menos termelétricas que os Estados Unidos e muito menos exploração de campos de carvão mineral
pode desestimular a captura geológica do carbono (CCS) por aqui?
Ketzer – O sequestro de carbono no Brasil
nunca vai se comparar, em escala, ao dos Estados Unidos. Mas isso não significa que não
exista interesse aqui. Além da geração de energia, temos outras fontes emissoras. O sequestro geológico pode representar uma oportunidade interessante para o Brasil com relação ao
biocombustível, por exemplo. Quando faço o
sequestro de carbono em uma termelétrica de
carvão e injeto esse CO2 no reservatório, estou
neutralizando todas as emissões de carbono
dessa planta ao injetar todo o gás. Se eu injetar no solo o CO2 produzido por uma usina de
álcool, que beneficia matéria orgânica da superfície, em vez de ter uma emissão zero vou
ter uma emissão negativa. Ou seja, aquela usina de álcool, em vez de estar só neutralizando
suas emissões, está negativando, compensando emissões dos outros. Como o Brasil produz
biocombustível como ninguém no mundo, isso
é uma grande oportunidade para o País.
“
Nunca
podemos dizer
que o risco é
zero. O que
temos de dizer
é o seguinte:
de todos os
sistemas,
nenhum é
completamente
perfeito,
sempre vai
ter algum
vazamento
“
mos, a partir desse mapa, ver quais reservatórios estão mais perto dessas fontes emissoras.
Às vezes, eles estão a quilômetros de distância
da fonte emissora e você precisa pensar em
como vai ser esse transporte, se por dutos ou
por caminhões.
RBB – A CCS pode ajudar a amenizar o impacto do petróleo extraído da camada do pré-sal?
Ketzer – Sim. Os reservatórios de petróleo
sempre têm um pouco de CO2. Alguns cam-
23
Entrevista
puro das dornas da etapa de fermentação. Só
é preciso separar o vapor de água. É um custo
muito mais baixo.
RBB – O sequestro de carbono é vantajoso
para outras indústrias, além das de energia?
Ketzer – Depende de muitos fatores. Dentre
eles, as políticas de incentivo e a legislação
que regulamenta os fatores ambientais. O sequestro de carbono não é algo que precisaria
ser feito se não fosse a questão mundial de
redução de emissão de CO2. Cada processo
colocado a mais na indústria gera custos. E o
sequestro de carbono, também. A questão de
ser vantajoso ou não depende, no atual estágio
da tecnologia, de incentivos e de políticas públicas. Assim, vale a pena apenas se for obrigação.
“
A questão de
ser vantajoso
ou não
depende, no
atual estágio
da tecnologia,
de incentivos
e de políticas
públicas
“
24
pos têm 2%, outros, 3%. Os campos do pré-sal
chegam a 20%, uma quantidade muito grande
de CO2 que existe naturalmente lá embaixo e
que virá junto com o óleo que for extraído. O
que a Petrobras vai fazer, para evitar jogar esse
CO2 na atmosfera, é reinjetá-lo no reservatório
do pré-sal. Dessa forma, eles não neutralizarão as emissões do uso do petróleo extraído do
pré-sal e neutralizarão o CO2 que está sendo
retirado do pré-sal junto com o petróleo.
RBB – Separar o CO2 do gás natural produzido
no pré-sal é mais barato do que separar o CO2
de uma termelétrica a carvão?
Ketzer – Muito. A porcentagem de CO2 no
petróleo é maior. O gás está sob uma pressão
mais elevada do que a pressão atmosférica
quando ele sobe no poço. Ali não se gasta a
energia para fazê-lo atingir essa pressão, o
que seria necessário para a separação. Na termelétrica, quando a fumaça sai da chaminé, a
pressão do gás é a ambiente. Quando os gases
estão sob pressão, o custo energético é muito
melhor, pois a energia acumulada facilita a separação. Nas usinas de álcool, o CO2 sai quase
RBB – Em sua opinião, sem a iniciativa privada, o CCS vai chegar a algum lugar?
Ketzer – Acho que, sem o governo, a gente
não vai chegar a lugar nenhum. A iniciativa
privada precisaria de incentivo para fazer isso.
Mas acho fundamental a participação da iniciativa privada, até porque muitas das emissões estão associadas a ela. Agora, não dá para
esperar que a iniciativa privada, sem incentivo
do governo, vá partir para isso simplesmente
por uma questão ambiental, sem um ganho notório para a empresa. Para isso é que se precisa
de políticas públicas. Precisamos de incentivo,
financiamento ou criação de um mecanismo
de mercado para dar valor ao CO2 e para que
a empresa tenha alguma compensação. Numa
termelétrica, seria produzido um quarto a menos de energia elétrica para que essa energia
fosse limpa, sem nenhuma outra vantagem
em relação a isso. A iniciativa privada é fundamental para o processo porque as emissões
estão com ela. Ao governo cabe criar políticas
públicas, senão nenhum país vai avançar no
sequestro de carbono.
Fevereiro /February 2011
Entrevista
regulamentação do tema?
Ketzer – A legislação precisa ser bem estabelecida para que daqui a vinte, trinta, cem anos,
saiba-se de quem é a propriedade desse CO2,
de quem é a responsabilidade. Talvez, em
dez anos, inventem um uso mais nobre para
o CO2 em grande escala. E aí vão usar aquele
CO2 que foi injetado no solo. Quem é que vai
ter a propriedade disso? Ou quem é que vai
se responsabilizar pela guarda desse CO2 por
cem anos? É a iniciativa privada? É o Estado?
Isso é uma questão legal que ainda não existe.
Ninguém vai fazer um investimento grande de
sequestro de carbono a longo prazo sem ter a
garantia legal disso ou algo que sustente o investimento.
viável. O que é melhor do que o sequestro de
carbono? Não fazer nada? A China coloca para
funcionar uma termelétrica de carvão por mês.
Nós temos de usar todas as soluções possíveis
e o sequestro geológico de carbono pode diminuir em 20% as emissões do planeta. A solução
de ficar de braços cruzados é uma, abandonar
os combustíveis fósseis e voltar para a idade
da pedra é outra. Ou, então, colocar em prática
todas as outras soluções, e não só o sequestro
de carbono, o mais rápido possível. Sequestro
de carbono não é uma tecnologia de tradição,
mas pode permitir a redução substancial nas
emissões em um mundo que é dependente de
combustíveis fósseis. Não tem como negar
isso.
RBB – O sequestro de carbono não poderá ser
RBB – Os Estados Unidos possuem uma rede
usado como uma desculpa para diminuir políti-
muito grande de ‘pipelines’ que seria aproveita-
cas de reflorestamento ou para negligenciá-las?
da para transportar o CO2. Seria preciso imple-
Ketzer – Não, porque a quantidade de carbono a ser capturada é muito grande. Eu sou a
favor de plantar árvores e do sequestro de carbono pela biomassa. Mas ele não é suficiente,
está longe de ser. Imagine neutralizar todas as
emissões de combustíveis fósseis plantando
árvores. Uma vez, foi feito um cálculo, não
me lembro por quem, de que, só para neutralizar as emissões dos veículos da cidade de São
Paulo, teríamos de plantar centenas de árvores
por segundo. O planeta consome hoje mil barris de petróleo por segundo. Esses mil barris
colocam tanto CO2 na atmosfera que não tem
como compensar isso com biomassa, porque o
carbono que surge não está vindo da superfície
da Terra, ele está vindo lá de baixo e sendo
adicionado ao sistema a cada dia. Então, eu
não posso dizer que vou fazer sequestro geológico e não vou fazer biomassa. Eu tenho que
fazer de tudo.
mentar isso também no Brasil?
Ketzer – Nós não vamos ter uma rede de distribuição tão gigantesca como a dos Estados
Unidos. Até porque, primeiro, as nossas emissões são muito mais centralizadas e, segundo,
as emissões brasileiras de energia elétrica são
muito menores em termos de área. Como as
usinas estão muito concentradas no Sul e no
Sudeste, a escala com que isso [a instalação
de pipelines] vai acontecer no Brasil é muito
menor do que nos Estados Unidos. Deverá haver um sistema de distribuição – e não existe
um sistema de distribuição muito mais eficiente que esse.
RBB – O Greenpeace publicou em 2008 um
documento criticando o sequestro de carbono e
afirmando que ele é inseguro e incapaz de gerar
resultados nos prazos necessários. Qual é sua
“
Ninguém
vai fazer um
investimento
grande de
sequestro de
carbono a
longo prazo
sem ter a
garantia legal
disso ou algo
que sustente o
investimento
“
RBB – Quais itens seriam importantes numa
opinião a respeito?
Ketzer – Eu critico um pouco o Greenpeace
por ir contra e não apresentar uma alternativa
RBB – Mas reflorestar não é menos arriscado?
Ketzer – Não, porque quem é que me garante
25
Entrevista
que a árvore que eu estou plantando agora vai
ficar mil anos em pé? Se eu não consigo manter em pé nem a Amazônia, que é uma floresta
nativa, como vou garantir a árvore de reflorestamento? Se você desmata a floresta, o carbono volta para a atmosfera, e desmatar é muito
fácil. Eu tenho de garantir que aquele carbono
estará armazenado daqui a mil anos, ou seja,
eu tenho que garantir que aquela floresta vai
ficar mil anos em pé.
RBB – É possível fazer uma projeção, a curto
ou médio prazo, de como será a adesão ao CCS
no futuro?
“
O Brasil
não pode
perder essa
oportunidade
de estar à
frente, junto a
esse conjunto
de países que
irão colocar
o sequestro
de carbono
isoladamente
em algumas
usinas
“
26
Ketzer – A curto prazo, nós teremos alguns
países começando a desenvolver isso, e eu
acho que o Brasil não pode perder essa oportunidade de estar à frente, junto a esse conjunto de países que irão colocar o sequestro
de carbono isoladamente em algumas usinas.
A médio prazo, eu acho que o sequestro vai ser
bem importante e vai chegar a ser responsável
por capturar de 5% a 10% das emissões, talvez
em 2020 ou 2030. Num cenário otimista, em
que existam políticas públicas e uma mobilização internacional, como foi a do Protocolo de
Quioto, o que vai acontecer é que nós vamos
reduzir as emissões e chegar em um patamar
de 2oC de aumento na temperatura até o final
do século.
as pessoas precisarão se capacitar. Um novo
ramo industrial será criado, e oportunidades
de emprego, também.
RBB – Teremos resultados nessa área, em breve?
Ketzer – Os atuais projetos são relativamente
curtos em relação a prazos. Em dois ou três
anos, teremos de apresentar resultados. O
projeto de captura e armazenamento do CO2
proveniente do processo de fermentação do
açúcar em etanol no Estado de São Paulo,
chamado de RCCS, desenvolvido em parceria
com o Cenbio, Petrobras e outros, traz muita
visibilidade para o Brasil, pois o País já tem
uma reputação enorme em relação aos biocombustíveis [veja detalhes na página 13] E
se os biocombustíveis brasileiros começarem
a não só neutralizar, mas também a negativar
as emissões, acho que vai ter um impacto muito positivo. Primeiro porque nós, como economia emergente, estaremos dominando algo
tecnologicamente complexo. Hoje, quem faz
sequestro de carbono é a Noruega, a Austrália e o Canadá, países de primeiro mundo. A
China também está avançando e é emergente.
Não podemos ficar atrás deles, não é? Negativar emissões significa o seguinte: quanto mais
eu usar o meu carro a álcool, mais eu contribuo para reduzir as emissões. Isso vai dar uma
visibilidade muito boa para o País.
RBB – Isso vai ter impacto na economia?
Ketzer – Eu acho que vai se criar no mundo
uma indústria de armazenamento de CO2 tão
grande quanto é a da exploração de gás natural
hoje. Vejo isso como uma indústria em franco
crescimento nos próximos vinte anos. É uma
indústria que vai gerar empregos, tecnologia
e uma série de avanços. Isso em um cenário
positivo, em que existam políticas públicas
e interesse da indústria. O principal ganho
social é que haverá desenvolvimento tecnológico: bolsas de estudo serão geradas, pois
Fevereiro /February 2011
Meio Ambiente
São Paulo terá ônibus
movidos a etanol
Embasado nos testes do Projeto Best, prefeito assina protocolo
de intenções para a compra de cinquenta veículos
João Luiz/Cecom7
Protocolo
assinado:
medida vai ao
encontro da Lei
de mudanças
climáticas da
Cidade
E
m novembro de 2010, o prefeito de
São Paulo, Gilberto Kassab, assinou
um protocolo de intenções para a
compra de cinquenta ônibus movidos a etanol
aditivado que serão integrados à rede de transporte público da cidade. A compra dá início
à troca, prevista para ser concluída até 2018,
de todos os ônibus do transporte público do
município movidos a diesel por veículos abastecidos com combustíveis renováveis – etanol,
biodiesel – ou energia elétrica.
Essa ação vai ao encontro da Lei de mudanças climáticas da Cidade de São Paulo (Lei
Nº 14.933/2009), de 5 de junho de 2009 que
tem como uma das metas diminuir em 30%,
até 2012, a emissão dos gases causadores do
efeito estufa.
O protocolo foi assinado pelas secretarias
municipais de Transportes e do Verde e Meio
Ambiente, juntamente com as empresas Scania, Cosan, Viação Metropolitana e União da
Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), parceiras da iniciativa, e a Universidade de São Paulo (USP), na condição de testemunha. Os cinquenta ônibus, fabricados pela Scania, foram
adquiridos pela Viação Metropolitana – que
atua na Zona Sul da capital paulista – e devem
começar a circular em maio deste ano. A Cosan fornecerá o combustível e a Unica contribuirá cobrando um preço fixo pelo etanol.
Esse é mais um fruto dos estudos do Projeto Best – BioEtanol para o Transporte Sustentável, que, além de São Paulo, esteve presente em Madri, País Basco (Espanha), Roterdã
27
Meio Ambiente
Divulgação
Primeiro teste: em
2007, ônibus foi
testado em linha
que liga os bairros
do Jabaquara a
São Matheus
(Holanda), La Spezia (Itália), Somerset (Reino Unido), Dublin (Irlanda), Nanyang (China)
e Estocolmo (Suécia). A Suécia, pioneira no
uso do etanol no transporte público, utiliza o
biocombustível desde 1985 e, atualmente, tem
setecentos ônibus circulando movidos a etanol
importado do Brasil. A prefeitura de Estocolmo, vencedora da licitação junto à União Europeia coordenou as atividades do projeto no
mundo.
Desenvolvimento do projeto
No Brasil, o projeto foi coordenado pelo
professor José Roberto Moreira e desenvolvido pelo Centro Nacional de Referência em
Biomassa (Cenbio), do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP. A meta no País
era a formulação de políticas públicas de incentivo à substituição do diesel pelo etanol,
a partir da realização de testes comparativos
entre um ônibus movido a diesel e outro a etanol aditivado com um produto fabricado pela
Baff/Sekab e importado pela Petrobras.
O primeiro teste foi realizado em 2007, em
uma linha que liga os bairros do Jabaquara,
na Zona Sul, a São Matheus, na Zona Leste
paulistana. O segundo foi realizado em 2009,
quando a Viação Gato Preto incorporou à sua
frota outro veículo movido a etanol aditivado.
Os resultados atestaram a eficiência do biocombustível, atendendo às especificações europeias e nacionais.
28
Mesmo assim, os envolvidos no projeto
se surpreenderam com a ação da prefeitura de
São Paulo, como relata a engenheira química,
pesquisadora do Cenbio, Sílvia Maria Stortini González Velázquez, integrante da equipe
executora do Projeto Best no Brasil. “A decisão da prefeitura representa muito mais do
que almejávamos, pois esperávamos apenas
despertar interesse no governo e na iniciativa
privada para a criação de políticas públicas de
incentivo à substituição do diesel pelo etanol
no transporte público urbano.”
Saúde e economia
Com a troca da frota, a prefeitura também espera alcançar bons resultados na saúde pública.
Um estudo de Paulo Saldiva, chefe do Laboratório de Poluição da Faculdade de Medicina da
USP, aponta que se toda a frota a diesel de São
Paulo for substituída por etanol, mais de 4 mil internações hospitalares serão evitadas e 745 vidas
serão salvas todos os anos. E todo esse benefício
não custará caro à cidade, como explica Sílvia.
“O preço do ônibus foi fixado pela fabricante e
aceito pela empresa compradora. A Secretaria
Municipal de Transportes está realizando um estudo de viabilidade técnica e econômica de operação desses ônibus. Já o etanol aditivado utilizado será fornecido por um preço equivalente ao
do diesel, com garantias da Unica. Como haverá
melhoria na poluição local, também devemos ter
gastos menores na saúde pública.”
Fevereiro /February 2011
The Environment
São Paulo will have
ethanol-fueled buses
Based on the BEST Project essays, the São Paulo Mayor signs
a protocol of intentions for purchasing fifty vehicles
João Luiz/Cecom7
Protocol signed:
action abides
by the Climate
Change Law in
the Municipality
I
n November 2010, the São Paulo
Mayor, Gilberto Kassab, signed a protocol of intentions for purchasing fifty
additived-ethanol-fueled vehicles, which will
be integrated to the city public transportation
network. The purchase sets out the replacement, expected to be concluded by 2018, of
all the diesel-fueled buses in the municipality
public transportation with vehicles fueled with
renewables – ethanol, biodiesel – or electric
power.
This action abides by the Climate Change
Law in the Municipality of São Paulo (Law
N. 14.933/2009), of June 5, 2009, one of the
goals of which is to reduce greenhouse gases
emissions by 30%, by 2012.
The protocol was signed by the Municipal Secretariats of Transportation and of the
Environment, alongside with the companies:
Scania, Cosan, Viação Metropolitana and the
Brazilian Sugar Cane Industry Association
(Unica), partners in the initiative, and the University of São Paulo (USP), as a witness. The
fifty buses, manufactured by Scania, were purchased by Viação Metropolitana – which acts
in the South Region of São Paulo City – and
are to start running in the coming May. Cosan
will supply the fuel and Unica will contribute
by charging a fair fixed price for the ethanol.
This is one more development of the BEST
Project – BioEthanol for Sustainable Transportation that, besides São Paulo, has been
acting in Madrid, Basque Country (Spain),
Rotterdam (Netherlands), La Spezia (Italy),
Somerset (United Kingdom), Dublin (Ireland),
Nanyang (China) and Stockholm (Sweden).
29
The Environment
Dissemination
First test: in
2007, a bus was
tested on bus line
that connects
the districts of
Jabaquara to São
Matheus
Sweden, pioneer in the use of ethanol for public transportation, has used the biofuel since
1985 and currently has seven hundred buses
running on ethanol imported from Brazil. The
Stockholm City Hall, winner of a bidding in
the European Union, coordinated the activities
of the project around the world.
Project Development
In Brazil, the project was coordinated by
Professor José Roberto Moreira and developed by the Brazilian Reference Center on
Biomass (Cenbio), from the Institute of Electrotechnics and Energy (IEE) from USP. The
Brazilian goal was the formulation of public
policies to stimulate the replacement of diesel
with ethanol, as from the performance of comparative tests between a diesel-fueled bus and
an ethanol-fueled one additived with a product
manufactured by Baff/Sekab and imported by
Petrobras.
The first test was performed in 2007, connecting the Jabaquara district, in the South
Region, to São Matheus, in the East Region
of São Paulo City. The second one was performed in 2009, when Viação Gato Preto incorporated another admixture-ethanol-fueled
vehicle to its fleet. The results proved the efficiency of the biofuel, meeting both European
and Brazilian specifications.
Even so, those involved in the project
were surprised with the São Paulo municipal government’s action, as reports chemical
30
engineer and Cenbio researcher Sílvia Maria
Stortini González Velázquez, a member of the
executive team of the BEST Project in Brazil.
“The municipal government’s decision represents much more than we hoped for, as we
only expected to raise the government’s and
the private sector’s interest for creating public
policies to stimulate the replacement of diesel
with ethanol in the urban public transportation.”
Health and economy
With the replacement in the fleet, the municipal government also expects to attain good
results in public health. A study by Paulo
Saldiva, head of the Experimental Air Pollution Laboratory of the USP Faculty of Medical Sciences, points out that if the whole of
the São Paulo diesel fleet is replaced with an
ethanol one, over 4 thousand hospitalizations
will be avoided and 745 lives will be saved
every year. All this benefit will not cost much
to the municipality, as Sílvia explains. “The
bus price was established by the manufacturer and accepted by the purchasing company.
The Municipal Secretariat of Transportation is
conducting a technical and economic viability study for the operation of these buses. In
turn, the admixture ethanol used will be provided for a price equivalent to that of diesel,
with guarantees from Unica. As there will be a
reduction in local pollution, public health expenditures are also expected to decrease.”
Fevereiro /February 2011
Interview
Committed with the future
João Marcelo Ketzer coordinates the research
center that works to introduce carbon
sequestration in Brazil
Geography course with the Pontifical Catholic University of Rio
Grande do Sul (PUC-RS), João Marcelo Ketzer is the coordinator of the Brazilian Carbon
Storage Research Center (Cepac), institution
inaugurated in 2007, from a partnership between the university and Petrobras.
Having as a mission to develop and to implement pilot projects to study the large-scale
adoption of carbon sequestration technologies, Cepac is deeply tuned in with this new
mitigation method. A brief visit to the Center’s
site (www.pucrs.br/cepac) allows getting acquainted with over ten projects including from
the analysis of possible geological reservoirs
in Brazil to monitoring leaks of CO2 stored
in oil fields and aquifers. One of the most important ones is the Brazilian Atlas of CO2 capture, transportation and geological storage, a
project aiming to map the major CO2 emitting
sources in the Brazilian territory and to identify the geological reservoirs in which the gas
can be stored.
In this interview to the Revista Brasileira
de Bioenergia (RBB), Ketzer discussed the
Brazilian potential in the theme, the importance of public policies to stimulate it and the
criticism to the technology, besides projecting
how carbon sequestration will develop in the
coming years.
Photos: dissemination
RBB – What projects is Cepac currently developing?
João Marcelo Ketzer – We have projects at
different work levels, all in the research and
development line. We have projects with Petrobras for saline aquifers and oil fields, about
how they react with CO2 injection. These are
projects at workbench level. There are also
projects at pilot level. There is one in Porto
Batista (RS) in which we drilled two 400-m
deep wells, 20 m away from one another, and
the idea is to inject CO2 into a well and monitor this CO2 through the other one; that is
why they are so close. It is a large project, the
results of which are much closer to reality. Besides these field works developed in this pilot project, we conduct the whole numerical
modeling research line. All of the physical and
chemical phenomena that occur with the rock
or with the reservoir are numerically modeled.
We always use mathematical models together
with experimental ones to see if the results are
similar and then we use the mathematical ones
to foresee, in the long run, what will happen
to the rock holding the CO2 underground. This
would be an impossible experiment to perform.
RBB – And what about the atlas project?
Ketzer – It is a mapping of the Brazilian emission sources and of the reservoirs adequate to
“
We always use
mathematical
models
together with
experimental
ones to see if
the results are
similar
“
A
geologist and a professor of the
31
Interview
“
store CO2 for millions of years. It is an infras-
ple of earthquake I always use in my lectures
tructure project. In São Paulo, for example,
is that of December 2004, which caused the
most of the emission sources are stationary,
tsunami that hit the Sumatra Island. It was
such as large industries and thermopower
the second most intense earthquake measured
plants. As we know where they are, as from
by humanity, over nine points in the Richter
this map, we can detect which reservoirs are
magnitude scale. It altered the Earth’s rotation,
closer to these emission sources. Sometimes,
generated that intense tsunami. And no known
they are kilometers away from the emission
gas field leaked, not even with such a gigan-
source and one has to think how the transpor-
tic-scale earthquake. California, one of the
tation will be carried out, if by pipelines or by
areas with the largest number of earthquakes
trucks.
in the world, has plenty of gas reservoirs. If
earthquakes made natural gas fields leak, the-
We can never
say the risk
is zero. What
we can say
is: no system
is absolutely
perfect, there
is always some
leakage
RBB – In a geological deposit, isn’t there a
re would be no more gas fields in California.
leakage risk?
That gas has been stored for millions of years.
Ketzer – We can never say the risk is zero.
An earthquake does not have a strong enough
What we can say is: no system is absolutely
impact to reshape an oil field.
perfect, there is always some leakage. One of
the techniques for finding oil and gas fields on
RBB – May the fact that Brazil has a much
the surface is to search for leaks. It is impossi-
smaller number of thermopower plants than the
ble not to have one. In the case of CO2, we first
USA and less coal field exploration stifle geo-
have to see whether this leakage is significant
logical carbon capture (CCS) here?
or not – this is the first question to be asked.
Ketzer – Carbon sequestration in Brazil will
Let us imagine an Olympic swimming pool:
never be compared, in scale, to that of the
if, every thousand years, I remove one drop
United States. Yet this does not mean that
from the Olympic swimming pool, I have an
there is no interest in Brazil. Besides power
insignificant leakage. The Intergovernmental
generation, we have other emission sources.
Panel on Climate Change defines 1% as the
Geological sequestration may represent an
volume that can leak in a hundred years. It is
interesting opportunity for Brazil concerning
a tolerable rate. If I carefully choose a reser-
biofuel, for example. When I perform carbon
voir and perform all the necessary tests, CO2
sequestration in a coal-powered plant and in-
will be kept underground for millions of ye-
ject this CO2 into a reservoir, I am neutralizing
ars. There are pre-salt fields, for example, in
all the carbon emissions of that plant by injec-
which the oil is arrested for millions, some for
ting all the gas. If I inject in the soil the CO2
hundreds, of years. Gas fields are the best evi-
produced by an ethanol plant, which improves
dence that rocks are very efficient to store ga-
the organic matter of the surface, instead of
ses and liquids for millions of years. Do they
having a zero emission, I will have a negative
leak? They do, but the amount is negligible.
emission. That is, that ethanol plant, instead
“
of neutralizing only its own emissions, will be
32
RBB – And in case of earthquake?
making them negative, compensating others’
Ketzer – Earthquakes are not a risk. An exam-
emissions. Since Brazil produces more biofuel
Fevereiro /February 2011
Interview
than any other country in the world, this is a
great opportunity for the country.
RBB – Can CCS help reduce the impact of the
oil extracted from the pre-salt layer?
Ketzer – Yes. Oil reservoirs always have a little CO2. Some fields have 2%, others, 3%. The
pre-salt fields reach 20%, a very large amount
of CO2 existing naturally underground and
that will come up with the oil being extracted. What Petrobras will do to avoid emitting
this CO2 into the atmosphere, is to re-inject it
into the pre-salt reservoir. Thus, they will not
neutralize the emissions from the use of oil
extracted from the pre-salt and will neutralize
the CO2 that is removed from the pre-salt tothe legislation regulating environmental factors. Carbon sequestration would not have to
RBB – Is separating CO2 from the natural gas
be conducted if it were not for the world CO2
produced in the pre-salt cheaper than separat-
emission reduction issue. Each new process
ing the CO2 from a coal-powered plant?
introduced in the industry generates costs.
Ketzer – Much cheaper. The CO2 percenta-
And so does carbon sequestration. At the pre-
ge of oil is higher. The gas is under a higher
sent stage of technology, the issue of being or
pressure than the atmospheric one when it
not being advantageous depends on incentives
goes up in the well. No energy is spent there
and on public policies. Therefore, it is only
to make it attain this pressure, which would be
worth it in case it is compulsory.
necessary for separation. In the thermopower
plant, when the smoke leaves the chimney, gas
RBB – In your opinion, will CCS get anywhere
has ambient pressure. When gases are under
without the private sector?
pressure, the energy cost is far better, as the
Ketzer – I think that, without the government,
energy accumulated facilitates the separation.
we won’t get anywhere. The private sector
In the ethanol plants, the CO2 leaving the vats
would need some incentive to do that. But I
at the fermentation stage is practically pure.
think the private sector participation is fun-
Only the water steam has to be separated. It is
damental, specially because many emissions
a much lower cost.
are associated to it. Yet, without governmental
incentives, the private sector cannot be expec-
RBB – Is carbon sequestration an advantage to
ted to do it simply for environmental reasons,
industries other than energy ones?
with no notorious gain for the company. This
Ketzer – This depends on many factors -
is why public policies are necessary. We need
among them, financial benefit policies and
incentive, financing or the creation of a market
“
At the present
stage of
technology, the
issue of being
or not being
advantageous
depends on
incentives
and on public
policies
“
gether with the oil.
33
Interview
mechanism to value CO2 and so that the com-
ted States. There will have to be a distribution
pany has some compensation. In a thermopo-
system – and there is not a much more effi-
wer plant, 25% less power would be produced
cient distribution system than that.
to make it clean, with no other advantage in
“
RBB – In 2008, Greenpeace published a docu-
for the process because it is the one that causes
ment criticizing carbon sequestration and stat-
the emissions. Governments have to introduce
ing that it is unsafe and not capable of yielding
public policies, otherwise no country will go
results in the necessary time span. What is your
forward with carbon sequestration.
opinion about it?
Ketzer – I criticize Greenpeace a little for
Nobody will
make a longterm large
investment
in carbon
sequestration
without having
legal support
for it or
something that
supports the
investment
“
34
relation to it. The private sector is fundamental
RBB – What items would be important for reg-
going against it and for not presenting a viable
ulating the theme?
alternative. What is better than carbon seques-
Ketzer – A legislation has to be well establi-
tration? Doing nothing? China starts operating
shed so that in twenty, thirty, a hundred years,
one coal-powered plant per month. We have
it can be known who owns this CO2, who is to
to use all the possible solutions and the geolo-
account for it. In ten years, a nobler large-scale
gical sequestration of carbon may reduce the
use of CO2 may be invented. And then the CO2
planet emissions by 20%. One solution is to
injected underground will be used. Who will
keep your arms crossed, the other is to give up
own that? Or who is going to account for sto-
on fossil fuels and go back to the Stone Age.
ring that CO2 for a hundred years? The private
Or else, put all the other solutions into practi-
sector? The State? This is still a non-existing
ce, and not only carbon sequestration, as fast as
legal issue. Nobody will make a long-term lar-
possible. Carbon sequestration is not a techno-
ge investment in carbon sequestration without
logy with a tradition, yet it can allow a substan-
having legal support for it or something that
tial reduction in emissions in a world dependent
supports the investment.
on fossil fuels. There is no denying it.
RBB – The United States count on a very large
RBB – Can’t carbon sequestration be used as
pipeline network that could be used to carry
an excuse to reduce reforesting policies or to
CO2. Would this also have to be implemented
neglect them?
in Brazil?
Ketzer – No, since the amount of carbon to be
Ketzer – We are not going to have such a
captured is very large. I am in favor of plan-
gigantic distribution network as that of the
ting trees and have carbon sequestration by
United States. This is because, firstly, our
biomass. Only, it is not and is far from being
emissions are much more centralized and,
enough. Imagine neutralizing all the fossil fuel
secondly, the Brazilian emissions from elec-
emissions by planting trees. Once a calcula-
tric power are much smaller in terms of area.
tion was made, I cannot remember by whom,
Since the plants are largely concentrated in the
resulting in that to neutralize the vehicle emis-
South and in the Southeast, the magnitude in
sions of the city of São Paulo alone, we would
which this [pipelines installation] will occur
have to plant hundreds of trees per second.
in Brazil is much smaller than that of the Uni-
Today the planet consumes a thousand barrels
Fevereiro /February 2011
Interview
of oil per second. These thousand barrels emit
RBB – Will this impact the economy?
so much CO2 into the atmosphere that it is
Ketzer – I think a CO2 storage industry will be
impossible to compensate this with biomass,
created in the world and it will be as large as
once the carbon emitted does not come from
the current natural gas exploration. I see it as
the surface of the Earth, it comes from the un-
a steadily growing industry in the next twenty
derground and is added to the system day by
years. It is an industry that will generate jobs,
day. Thus, I cannot say that I am going to carry
technology and a series of advances. All of this
out geological sequestration and not biomass.
in a positive scenario, in which there are pu-
I have to do everything.
blic policies and interest by the industry. The
major social gain is that there will be techno-
RBB – Isn’t reforesting less risky?
logical development: grants will be generated,
Ketzer – No, because who can guarantee
as people will have to build capacities. A new
that the tree now being planted will stand for
industrial segment will be created, along with
a thousand years? If I cannot even keep the
job opportunities.
Amazon rainforest, which is a native forest,
RBB – Will results soon be yielded in this area?
pull down the forest, the carbon returns into
Ketzer – The current projects are relatively
the atmosphere, and deforesting is much ea-
short concerning time span. In two or three
sier. I have to guarantee that carbon will be
years, we will have to present results. The pro-
stored in a thousand years, that is, I have to
ject for capturing and storing the CO2 deriving
guarantee that the forest will stand for a thou-
from the ethanol sugar fermentation process
sand years.
in the State of São Paulo, called RCCS, developed in a partnership with Cenbio, Petrobras
RBB – Is it possible to make a projection, for
and others, gives Brazil great visibility, as the
the short and medium term, of what will the ad-
country already has a huge reputation in rela-
herence to CCS be in the future?
tion to biofuels [see details on page 21] and if
Ketzer – In the short term, some countries
the Brazilian biofuels begin not only to neu-
will begin to develop it, and I think Brazil
tralize, but also to make emissions negative,
cannot miss this opportunity of being ahead,
I think we will have a very positive impact.
with this group of countries that will place car-
Firstly because, as an emerging economy, it
bon sequestration isolatedly in some plants. In
will dominate something technologically very
the medium term, I think sequestration will be
complex. Today, those practicing carbon se-
very important and will come to account for
questration are Norway, Australia and Canada,
capturing from 5% to 10% of emissions, may-
first-world countries. China is also advancing
be in 2020 or 2030. In an optimistic scenario,
and is an emerging country. We can no longer
in which there are public policies and an inter-
lag behind them, can we? Making emissions
national mobilization, such as the Kyoto Pro-
negative means that the more we use our etha-
tocol, what will happen is that we will reduce
nol-fueled car, the more we contribute to re-
emissions and reach a 2oC level of increase in
ducing emissions. This will give Brazil a very
temperature by the end of the century.
good visibility.
“
Brazil cannot
miss this
opportunity of
being ahead,
with this group
of countries
that will
place carbon
sequestration
isolatedly in
some plants
“
how can I guarantee a reforesting tree? If you
35
Projetos do Cenbio
Redução de carbono
pela eficiência
Projeto financiado pela AES Eletropaulo e desenvolvido pelo Cenbio busca
promover a inclusão de trabalhos de eficiência energética em comunidades de baixa
renda no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
Fotos: AES Eletropaulo
Estudo do Cenbio
busca permitir
introdução de
procedimentos de
eficiência energética
no MDL
36
A
busca por uma matriz energética
mais limpa não envolve apenas o
uso de fontes alternativas e menos
poluentes, mas também o aproveitamento mais
eficiente da energia gerada. Tendo isso em vista,
a AES Eletropaulo vem financiando um projeto
de P&D – Pesquisa e Desenvolvimento – dentro
de programa compulsório da Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel). Desenvolvido pelo
Centro Nacional de Referência em Biomassa
(Cenbio) em parceria com a Tevec Engenharia
e a DCT Energia, ele visa a elaborar um protocolo de monitoramento e verificação (PMV)
dos trabalhos da distribuidora de energia elétrica que atua no Estado de São Paulo.
Com um título extenso e descritivo, o projeto Metodologia de Monitoramento e Verificação (M&V) e PMV para Projetos de Eficiência
Energética em Comunidades de Baixa Renda,
Visando ao Atendimento ao Protocolo Internacional para Medição e Verificação de Performance (PIMVP) e à Obtenção de Créditos de
Carbono no Âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) vem sendo trabalhado pelo Cenbio desde 2010. Envolve uma série
de atividades que buscam ganhos em diversas
esferas, da redução de emissões resultantes da
geração de energia à inclusão social.
“O objetivo primordial é o PMV desses
trabalhos [da AES], que inclua as vertentes
social e ambiental de sustentabilidade”, destaca a bióloga Beatriz Lora, pesquisadora do
Cenbio. “Ou seja, com o PMV elaborado pelo
projeto será possível medir itens que antes não
eram monitorados ou medidos – tais como a
inclusão social pela regularização das residências a partir do cadastramento e recebimento
de conta de luz.”
Por meio do protocolo, busca-se o desenvolvimento de um modelo mais abrangente de
M&V para projetos de eficiência energética em
comunidades de baixa renda, que contemple as
medições quantitativas de desempenho atendendo o PIMVP. O modelo também deve contemplar a avaliação de outras variáveis igualmente importantes para determinar o sucesso e
a sustentabilidade de projetos dessa natureza,
com diretrizes claras para sua aplicação.
Eficiência Energética
e Inclusão Social
Embora o foco do Cenbio seja a pesquisa
de geração de energia a partir de biomassa, Beatriz mostra que há outras atividades desenvol-
Fevereiro /February 2011
Projetos do Cenbio
vidas no centro de referência. “O Cenbio também atua em estudos para utilização eficiente
de energia e sustentabilidade”, explica. “Nesse
caso, as atividades de eficiência energética nas
comunidades de baixa renda da AES Eletropaulo contemplam a substituição de lâmpadas
incandescentes por lâmpadas fluorescentes
compactas, substituição de refrigeradores ineficientes por refrigeradores eficientes, além de
outras ações que levam à redução do consumo
de energia elétrica nessas comunidades e a regularização das residências.”
O diferencial do trabalho, de acordo com
Beatriz, encontra-se na abordagem técnica e
abrangente do real desempenho de projetos
de eficiência energética, medindo os aspectos
de M&V que atendam o disposto pela Aneel e
acrescentando a análise numérica aos aspectos
tomados até hoje como qualitativos. “O sucesso do projeto é determinado, portanto, tanto
pela medição e verificação quantitativa da redução do consumo de energia elétrica como
pela gestão dos indicadores de manutenção de
hábitos de uso racional e seguro de energia,
valorização da cidadania e capacidade de pagamento, dentre outros.”
O projeto é uma iniciativa do Programa de
Eficiência Energética Voltado para as Comunidades de Baixa Renda da AES Eletropaulo.
Algumas das comunidades atendidas, dentro
das metas da Eletropaulo, serão objetos de estudo de caso aplicando a metodologia de M&V
gerada, por meio de uma ferramenta computacional, que embarca a metodologia desenvolvida e permite o acompanhamento da medição
e verificação, assim como a gestão dos indicadores de sustentabilidade do projeto.
tegrante de um pré-projeto de Project Design
Document (PDD) de MDL produzido pela
AES Eletropaulo, de acordo com uma metodologia de linha de base e de monitoramento
do MDL selecionada. Ao final da execução
da segunda etapa de trabalho, o modelo com
os procedimentos para inclusão dos projetos
de redução de consumo de energia elétrica no
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo será
entregue para aprovação pela equipe da AES
Eletropaulo.
Por meio do estudo desenvolvido, será
possível permitir que a introdução dos procedimentos no MDL leve a empresa à redução
de emissões de gases de efeito estufa comprovados, trazendo ganhos nas esferas social, ambiental e econômica.
Com o protocolo
elaborado, será
possível medir
itens como a
inclusão social pela
regularização das
residências
Segunda etapa
Dentro das suas atividades, o Cenbio tem
trabalhado na elaboração de um pré-projeto
que permita à Eletropaulo enquadrar seu programa para as comunidades de baixa renda nas
regras do MDL. Por isso, ao longo de 2010,
pesquisou o mercado mundial de créditos de
carbono a fim de indicar os métodos, recursos, procedimentos e recomendações técnicas
e de natureza administrativas para o monitoramento e verificação dos ganhos energéticos
necessários para a obtenção dos créditos de
carbono.
Em 2011, com as informações levantadas,
o Cenbio será responsável pela elaboração de
um modelo de PMV que deverá ser parte in-
37
Cenbio Projects
Carbon emission reduction
through efficiency
Project financed by AES Eletropaulo and developed by Cenbio seeks to promote
the inclusion of works on energy efficiency in low-income communities in the Clean
Development Mechanism
Photos: AES Eletropaulo
Cenbio’s study aims to
allow the introduction
of energy efficiency
procedures in the CDM
38
T
he search for a cleaner energy matrix
involves not only the use of alternative and less polluting sources, but
a more efficient use of the power generated,
too. Having this in mind, AES Eletropaulo has
been funding a R&D – Research and Development – project within an ANEEL (Brazilian
Electricity Regulatory Agency) compulsory
program. Developed by the Brazilian Reference Center on Biomass (Cenbio) in a partnership with Tevec Engenharia and DCT Energia,
it aims to prepare a monitoring and verification protocol (MVP) for the works developed
by the power distribution company acting in
the State of São Paulo.
With an extensive and descriptive title, the
project of Monitoring and Verification (M&V)
Methodology and MVP for Energy Efficiency
Projects in Low-Income Communities, Aiming
to Meet the International Performance Measurement and Verification Protocol (IPMVP)
and to Obtain Carbon Credits in the Ambit of
the Clean Development Mechanism (CDM)
has been developed by Cenbio since 2010. It
involves a series of activities seeking gains at
different levels, from reducing emissions resulting from power generation to social inclusion.
“The major goal is the MVP of these works
[by AES], to include the social and environmental aspects of sustainability”, points out
the biologist Beatriz Lora, Cenbio researcher.
“That is, with the MVP prepared by the project, it will be possible to measure items which did not use to be monitored or measured
– such as social inclusion through the regularization of households through their registration
and energy bill delivery.”
By means of the protocol, the development of a more comprehensive M&V model
for energy efficiency projects in low-income
communities is sought, which makes use of the
quantitative performance measurements and
satisfies the IPMVP. The model should also
contemplate the assessment of other equally
important variables to determine the success
and the sustainability of projects of this nature,
with clear directives for its application.
Energy Efficiency
and Social Inclusion
Although Cenbio focuses in the research
into power generation from biomass, Beatriz
shows that there are other activities developed
Fevereiro /February 2011
Cenbio Projects
at the reference center. “Cenbio also acts on
studies towards the efficient use of power and
sustainability”, she explains. “In this case, the
AES Eletropaulo energy efficiency activities in
the low-income communities aim at replacing
incandescent bulbs with compact fluorescent
ones, substituting inefficient refrigerators with
efficient refrigerators, besides other actions
that lead to a reduction in power consumption
in these communities, along with the regularization of households.”
The work differential, as states Beatriz,
lies in the technical and comprehensive approach of the real performance of energy efficiency projects, measuring M&V aspects that
satisfy the ANEEL provisions besides adding
a numerical analysis of the aspects so far taken
as qualitative. “The project success is thus determined by the measurement and quantitative
verification of power consumption reduction
as well as by the management of the indicators
such as keeping habits of rational and safe use
of power, citizenship valorization and payment capacity, among others.”
The project is an initiative of the AES
Eletropaulo’s Energy Efficiency Program Directed to the Low-Income Communities. Some
of the communities served, within the Eletropaulo goals, will be the object of a case study
that applies the M&V methodology generated,
by means of a computational tool, which uses
the developed methodology and allows following up measurement and verification, along
with the management of project sustainability
indicators.
of the second work stage, the model with the
procedures for including power consumption
reduction projects in the Clean Development
Mechanism will be submitted to the approval
of the AES Eletropaulo team.
By means of the study developed, it will
be possible to allow the introduction of the
procedures in the CDM to make the company
reduce its proved greenhouse gases emissions,
providing improvements at social, environmental and economic levels.
With the elaborated
protocol, it will be
possible to measure
items like the social
inclusion through
the regularization of
households
Second stage
Among its activities, Cenbio has worked
in the preparation of a pre-project that allows
Eletropaulo to fit its program for the low-income communities into the CDM rules. Thus,
in 2010, it researched the carbon credit world
market to determine the methods, resources,
procedures and technical and administrative
nature recommendations for monitoring and
verifying the necessary energy gains for obtaining the carbon credits.
In 2011, with the information collected,
Cenbio will be responsible for preparing a
MVP model that will be an integral part of
a pre-project of CDM Project Design Document (PDD) produced by AES Eletropaulo,
according to a selected baseline and CDM
monitoring methodology. At the completion
39
Empresas modernas
O potencial do biobutanol
Laboratório da Butamax em Paulínia (SP) trabalha na pesquisa da molécula
combustível que pode ser uma opção energética econômica e menos poluente
Fotos: Gladstone Campos/RealPhotos
Laboratório da
Butamax, em
Paulínia, desenvolve
e estuda o biobutanol
obtido a partir da
cana-de-açúcar
40
N
o dia 3 de novembro de 2010, foi
inaugurado na cidade de Paulínia,
em São Paulo, o primeiro laboratório brasileiro dedicado à pesquisa e desenvolvimento do biobutanol. A iniciativa foi realizada pela Butamax Advanced Biofuels, formada em 2009 com sede nos Estados Unidos
para atuar na área de tecnologia e marketing
do novo biocombustível.
“Este é o primeiro laboratório dedicado a
pesquisas com o isobutanol produzido a partir
de cana-de-açúcar no País e a sua localização
foi cuidadosamente selecionada, uma vez que
a cidade de Paulínia está próxima de universidades e outros centros de pesquisa, assim como
de fontes de matéria-prima [cana-de-açúcar]
para testes”, comenta Regina Monteiro, gerente de Desenvolvimento Comercial da Butamax. O laboratório, informa a gerente, fará o
desenvolvimento e a otimização da tecnologia
do biobutanol a partir de cana e permitirá a realização de estudos e análise de impactos das
características específicas do produto.
O biobutanol é uma molécula com pro-
Fevereiro /February 2011
Empresas modernas
priedades combustíveis, obtida a partir da
fermentação de açúcares por meio de um processo economicamente viável. “As etapas de
produção do biobutanol de cana de açúcar são:
processo de fermentação protegido por patente cujo micro-organismo utilizado é uma levedura geneticamente modificada; ao final da
fermentação de cada batelada, ocorre a centrifugação para recuperação da levedura e, posteriormente, a destilação para recuperação do
biobutanol”, explica Wilson Araújo, gerente
de Tecnologia e Operações da Butamax.
Resultado de uma joint venture entre as
empresas BP e DuPont, a Butamax declarou,
na inauguração do laboratório, seu compromisso de promover desenvolvimento tecnológico para o avanço da economia nacional,
bem como sua meta de estabelecer o biobutanol como agregador de valor na cadeia de
produção de biocombustíveis.
Vindo para agregar,
não competir
Embora diversas fontes de biomassa possam ser usadas como matéria-prima na sua
produção, entre as quais o milho, trigo e sorgo,
a cana-de-açúcar é considerada pelos representantes da Butamax como a matéria-prima mais
vantajosa economicamente no Brasil para tal
produção. “A cana-de-açúcar é a mais eficiente
e sustentável para a produção de biocombustíveis atualmente, por isso a sua escolha pela
companhia como principal fonte de produção
de biobutanol no Brasil”, explica Regina.
O biobutanol é um combustível com custos
de produção mais caros do que os do etanol.
Porém, ele traz uma série de vantagens ambientais. Suas propriedades químicas permitem que
ele seja misturado à gasolina em concentrações
maiores segundo os regulamentos internacionais
(16% por volume nos EUA, contra 10% do etanol por volume de gasolina). Dessa forma, a mistura de biobutanol ao combustível tem potencial
maior para reduzir as emissões de gases de efeito
estufa (GEE). Além disso, o biobutanol tem um
conteúdo de energia mais próximo ao da gasolina (80%, contra 65% do etanol), permitindo um
rendimento maior no número de quilômetros rodados por litro. Também não aumenta a pressão
de vapor quando adicionado à gasolina, ajudando a reduzir as emissões de compostos orgânicos
voláteis (COVs) na atmosfera.
Mas o objetivo da Butamax não é colocar
o biobutanol e o etanol em relação de concorrência, e sim de complementaridade. Para
Regina, a produção do novo biocombustível
agrega valor à cadeia do etanol. “O biobutanol
vem acrescentar diversificação à indústria e é
complementar ao etanol, pois, além de representar mais um passo para ampliar o uso da
cana-de-açúcar, permite acesso de produtores
brasileiros a mercados globais de biocombustíveis em volumes significativamente maiores
do que os atuais devido às distintas caracte-
Butamax estima
que a produção do
biobutanol no Brasil
estará pronta para
exportação entre
2013 e 2014
41
Empresas modernas
rísticas técnicas das duas moléculas de álcool
[etanol e butanol]”, aponta.
O biobutanol não precisa de uma cadeia
logística própria, nem tem necessidade de
adaptações para ser misturado à gasolina nas
refinarias. Pode-se enfatizar também a possibilidade de expansão das usinas de cana-deaçúcar para produção simultânea de açúcar,
etanol para o mercado doméstico (onde o biobutanol ainda não se mostra economicamente
viável) e biobutanol para exportação. Desse
modo, haveria maior retorno financeiro para o
produtor de cana.
De acordo com declarações do CEO da Butamax, Tim Potter, na coletiva de imprensa para
inauguração do laboratório de Paulínia, a participação esperada do biobutanol na matriz energética nacional, mesmo pequena, permitiria ainda
uma redução de 20% da importação de petróleo,
possibilitando assim mais um ganho ambiental.
Regina Monteiro: “O biobutanol vem acrescentar diversificação à
indústria e é complementar ao etanol”
42
Próximos passos
Segundo Araújo, os pesquisadores brasileiros do laboratório de Paulínia estão em constante contato com um time científico multidisciplinar internacional. No exterior, a Butamax
vem conduzindo pesquisas para lançamento
comercial em outros países. “Nosso plano de
negócios está fundamentado na oportunidade
de exportação do biobutanol para mercados
internacionais em franca expansão, como Estados Unidos, Europa e Ásia”, afirma. “Desde
o início, a pesquisa do biobutanol tem sido
conduzida e sustentada na diversidade, com
a participação de cientistas e engenheiros de
diferentes nacionalidades.”
No Brasil, outras matérias-primas serão
pesquisadas. O próximo passo da Butamax inclui o estudo de matérias-primas alternativas
como microalgas e fontes celulósicas.
Estima-se que a produção de biobutanol
no Brasil estará pronta para exportação entre
2013 e 2014. Até lá, é esperado que os mandatos nos Estados Unidos, estipulando um
aumento no uso de biocombustíveis no país,
ampliem a concentração de biobutanol por volume de gasolina para 24%.
“A demanda global por combustíveis é
muito grande e não será satisfeita por apenas
uma ou duas alternativas”, explica Regina.
“Tanto o biobutanol como o etanol terão uma
contribuição importante, assim como outros
biocombustíveis.”
Fevereiro /February 2011
43
Modern Companies
The biobutanol potential
Butamax Laboratory in Paulínia (SP) works on the research into the fuel molecule,
which may be an economic and less polluting energy alternative
Photos: Gladstone Campos/RealPhotos
Butamax’s lab, in
Paulínia, develops
and studies the
biobutanol obtained
from sugar cane
44
O
n November 3, 2010, in the city of
Paulínia, in São Paulo, the first Brazilian laboratory dedicated to biobutanol research and development was inaugurated.
The initiative was taken by Butamax Advanced
Biofuels, formed in 2009, headquartered in the
United States to act in the technology and marketing area of the new biofuel.
“This is the first laboratory dedicated to
researches with the isobutanol produced from
sugar cane in Brazil, and its location was carefully selected, since the city of Paulínia is clo-
se to universities and other research centers, as
well as to feedstock sources [sugar cane] for
tests”, comments Regina Monteiro, Butamax
Commercial Development Manager. The laboratory, the manager informs, will conduct the
development and optimization of the biobutanol technology as from sugar cane and will
allow conducting studies and impact analysis
of the product’s specific characteristics.
Biobutanol is a molecule with fuel properties, obtained from the fermentation of sugars
by means of an economically viable process.
Fevereiro /February 2011
Modern Companies
Butamax expects
that the biobutanol
production in Brazil
will be ready to be
exported between
2013 and 2014
“The sugar cane biobutanol production stages
are: fermentation process protected by patent,
whose micro-organism is a genetically modified yeast; at the end of each batch fermentation, centrifugation occurs for recovering the
yeast and, after that, distillation for recovering
biobutanol”, explains Wilson Araújo, Butamax Technology and Operations Manager.
A result of a joint venture between the BP
and DuPont companies, Butamax declared, at
the laboratory inauguration, it committed to
promoting technological development for the
advance of Brazilian economy, along with its
goal of establishing biobutanol as a value-adder in the biofuels production chain.
Coming to add,
not to compete
Although several biomass sources can be
used as feedstock for its production, among
which corn, wheat and sorghum, Butamax representatives consider sugar cane as the most
economically advantageous feedstock in Brazil for this kind of production. “Sugar cane is
currently the most efficient and sustainable
one for biofuel production; this was the reason for it being chosen by the company as the
main biobutanol production source in Brazil”,
explains Regina.
The production costs of biobutanol as fuel
are higher than those of ethanol. However,
it provides a series of environmental advantages. Its chemical properties allow it to be
blended with gasoline in greater concentrations according to international regulations
(16% per volume in the USA, against 10% of
ethanol per gasoline volume). Hence, blending
biobutanol with fuel has a greater potential to
reduce greenhouse gases (GHG) emissions.
Also, biobutanol has an energy content closer
to that of gasoline (80%, against 65% of ethanol), allowing a greater yield in the number
of kilometers run per liter. Moreover, it does
not increase the steam pressure when added to
gasoline, helping reduce the emissions of volatile organic compounds (VOCs) into the air.
Butamax does not mean to make biobutanol and ethanol compete, though, but making
them complementary. For Regina, the new
biofuel production adds value to the ethanol
chain. “Biobutanol comes to provide diversity
to the industry and is complementary to ethanol, as, besides representing one more step
towards expanding the use of sugar cane, it
45
Modern Companies
Regina Monteiro: “Biobutanol comes to provide diversity to the
industry and is complementary to ethanol”
allows the access of Brazilian producers to global biofuels markets in volumes significantly
higher than the current ones due to the distinct
technical characteristics of the two alcohol molecules [ethanol and butanol]”, she points out.
Biobutanol needs neither a logistic chain of
its own, nor adapting to be blended with gasoline in the refineries. Also to be emphasized is
the possibility to expand the sugar cane plants
for simultaneously producing sugar, ethanol
for the domestic market (in which biobutanol
is not yet economically viable) besides biobutanol for exports. There would thus be more
financial return for sugar cane producers.
Butamax CEO, Tim Potter, at the press
conference when the Paulínia laboratory started operating, stated that the expected biobutanol participation in the Brazilian energy
matrix, even if small, would still allow a 20%
reduction in oil imports, hence allowing one
more environmental gain.
Next steps
According to Araújo, Brazilian researchers
of the Paulínia laboratory are in constant contact
with a multidisciplinary international scientific
team. Out of Brazil, Butamax has been conducting researches for commercial launching in
other countries. “Our business plan is founded
on the opportunity of exporting biobutanol to
international markets in great expansion, such
as the United States, Europe and Asia”, he states. “From the beginning, biobutanol research
has been conducted and sustained with diversity, with the participation of scientists and engineers of different nationalities.”
In Brazil, other feedstocks will be researched. Butamax’s next step includes the study
of alternative feedstocks such as microalgae
and pulp sources.
The Brazilian biobutanol production is
estimated to be ready to be exported between 2013 and 2014. Until then, mandates in the
United States stipulating an increase in the use
of biofuels in the country are expected to increase biobutanol concentration per volume of
gasoline to 24%.
“The global demand for fuels is intense
and will not be met by one or two alternatives
alone”, explains Regina. “Both biobutanol and
ethanol will represent an important contribution, as will other biofuels.”
46
Fevereiro /February 2011
47
Artigo
Cancun:
esperanças renovadas
Convenção do Clima forneceu resultados acima do esperado e
reacendeu a ideia de que um esforço global para mitigar e se adaptar
às mudanças climáticas ainda é possível
José R. Moreira
O ano de 2010 foi decisivo para as negociações sobre mudanças climáticas. Após o fracasso ocorrido na Conferência
das Partes COP/MOP de Copenhague em 2009, muitos concordavam que, sem um resultado positivo e balanceado da
COP de Cancun, em 2010, haveria poucas chances de se obter
ações significativas em âmbito mundial com relação às mudanças climáticas e que restaurassem a confiança na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(UNFCCC) e o Protocolo de Quioto. Quando os Acordos de
Cancun foram adotados na manhã do último dia da conferência, havia uma significante sensação de alívio. Os acordos refletiram cinco anos de trabalho, deixando muitos detalhes em
aberto, mas obtiveram suporte de todos os 194 participantes
da convenção – estes, em sua maioria, são países, porém há
outros poucos como, por exemplo, a União Europeia.
Uma análise do ocorrido deve começar descrevendo a dinâmica política e o processo de negociação que levaram aos
Acordos de Cancun. A seguir, vamos analisar os resultados obtidos e concluir com uma avaliação do que isso significa para
a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, a ocorrer no final deste ano.
Copenhague
A conferência ocorrida em Copenhague teve uma influência importante no processo de negociação e nas expectativas
para Cancun. As negociações que ocorreram em Copenhague
foram caracterizadas por falta de confiança, confusão e discussões paralelas por especialistas, chefes de Estado e governos.
Por meio de um processo extraordinário, um pequeno grupo de
representantes de alto nível das principais economias do mundo e os principais grupos negociadores da UNFCCC redigiram
48
o Acordo de Copenhague. O texto foi apresentado ao plenário
para adoção após o presidente dos Estados Unidos, Barack
Hussein Obama, já tê-lo anunciado à imprensa como representando as conclusões de Copenhague. Uma reação imediata
ocorreu no plenário e, como resultado, o acordo nunca foi formalmente adotado, pois os participantes apenas concordaram
com os termos e não os aceitaram como ações devidas.
Assim, para muitos, os processos da UNFCCC pareciam
pouco transparentes e não democráticos já que o texto do acordo tinha surgido sem a participação de muitos dos presentes.
Outros também se mostraram preocupados com a regra de
consenso da UNFCCC, que permite que alguns poucos países
tenham o poder de impedir que o acordo se torne parte do processo legal, cobrindo todos os participantes.
Cancun
Em Cancun, desde o começo, o ambiente foi diferente do
de Copenhague, pois havia menos presidentes de países, menos pressão da mídia e ausência de celebridades. Com isso,
não havia expectativa de se obter ali uma solução definitiva do
assunto “mudanças climáticas”. Tudo que se esperava era a definição de um passo na direção correta para um acordo futuro.
A visão de muitos era a de que, se não houvesse algum acordo,
não haveria motivo para que pudéssemos esperar acordos no
futuro. Porém, outros viam que os riscos reais e concretos ao
processo da UNFCCC aumentavam a vontade dos participantes em obter alguns compromissos em Cancun.
Uma ação importante para o sucesso parcial obtido em
Cancun deveu-se à habilidade do governo do México em
mudar a atitude de Copenhague em Cancun. Procurou-se ser
transparente e inclusivo, o que foi a tônica durante o período
Fevereiro /February 2011
Artigo
do encontro. Dessa forma, nenhum texto preparado por alguns
poucos foi trazido a plenário. Ao contrário, o processo incluiu
os grupos de trabalho específicos sobre o Protocolo de Quioto
(AWG-KP) e sobre Análises de Ciclo de Vida (AWG-LCA),
grupos de trabalho criados pelos participantes presentes e encontros ministeriáveis informais. Em cada um desses, houve
oportunidades para se trazer a visão e entendimento de muitos
dos participantes e, assim, nos dias finais, formular um texto
de compromisso cobrindo os aspectos delicados da mitigação,
monitoramento, mensuração e verificação e, principalmente, a
definição do segundo período de responsabilidades debaixo do
Protocolo de Quioto.
Além da habilidade da presidência do México, questões
de bom procedimento foram importantes durante as sessões
plenárias. Apesar da sensação dos participantes de que poderia
haver aceitação dos Acordos de Cancun, houve dificuldades de
último minuto levantadas por alguns poucos dos presentes. Assim, a dificuldade que o princípio de consenso trouxe acabou
sendo ultrapassada novamente por interferência da presidência
do México, que reiterou que um único país não pode obstar a
vontade dos 193 outros participantes.
‘Texto balanceado’
Para obter um resultado bom, o termo “texto balanceado”
foi o aspecto mais relevante. Assim, procurou-se em Cancun
um razoável balanço dos interesses definidos pela UNFCCC e
pelo Plano de Ação de Bali, discutido já há alguns anos.
Assim o texto final apoia os interesses da mitigação defendida pelos países desenvolvidos e em desenvolvimento,
combinado com trabalhos técnicos que permitem a melhor
compreensão desses interesses.
Os principais resultados dos Acordos de Cancun são:
1. Estabelecimento de consenso global de que o aumento da
temperatura do planeta, a longo prazo, não pode ultrapassar 2oC e de que há necessidade de revisar esse objetivo em
2015, baseado nas últimas descobertas científicas.
2. Promessas financeiras foram feitas, devidamente ancoradas em quantidades definidas de recursos provenientes
dos países ricos, para fornecer assistência aos países em
desenvolvimento com o propósito de redução das suas
emissões e adaptação aos impactos já existentes devido
às mudanças climáticas. Cerca de US$ 30 bilhões por
ano serão disponibilizados a curto prazo para o período
2010-2012 e serão aumentados para US$ 100 bilhões
por ano até 2020.
3. Estabeleceu-se um registro para os países em desenvolvimento colocarem oficialmente suas Ações Mitigadoras
Nacionalmente Apropriadas (Namas) e aumentaram-se
os procedimentos de medição e verificação de seus resultados. As Namas são propostas voluntárias de países em
desenvolvimento estabelecendo metas e medidas de redução dos gases de efeito estufa para 2020 e que desviam
dos resultados esperados caso se mantenha a política atual
do país referente ao seu desenvolvimento. Dessa forma,
as obrigações voluntárias de mais de cem países, geradas como consequência da Conferencia de Copenhague,
estão agora formalmente reconhecidas e serão objeto de
procedimentos rigorosos para comunicação, mensuração
e verificação.
4. Decisões sobre o assunto “redução de emissões de desmatamento e degradação de florestas” em países em
desenvolvimento. Um novo mecanismo tecnológico foi
criado por meio de um comitê executivo de tecnologia e
de um centro de tecnologia do clima.
5. Definição da existência dos mercados de carbono no
futuro. Trata-se da área de maior preocupação do setor
privado. Os Acordos de Cancun confirmaram que os mecanismos de mercado hoje existentes dentro do Protocolo
de Quioto (tais como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, a Implementação Conjunta e o comércio das
emissões) continuarão a existir como maneiras de reduzir
as emissões globais. Isso foi um importante sinal para renovar a confiança dos investidores. Por outro lado, pouco
progresso ocorreu na determinação da forma dos novos
mecanismos de mercado válidos sob a UNFCCC. Apenas
acordou-se que o trabalho continuará em 2011 para manter os atuais mecanismos e, ao mesmo tempo, atender os
pedidos e propostas dos participantes e observadores da
UNFCCC referentes à definição da nova formatação dos
mecanismos mais recentes.
6. Finalmente, outro resultado importante dos acordos,
pelo menos para o setor sucroalcooleiro no Brasil, foi a
aprovação condicional da inclusão de projetos de captura e armazenagem de carbono (CCS) como candidatos à obtenção de créditos de carbono, via o programa
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) da UNFCCC. O interesse do setor sucroalcooleiro está vinculado ao desenvolvimento de um projeto brasileiro que
49
Artigo
se proponha a armazenar CO2 da fermentação do açúcar
em álcool. Tal projeto, proposto pelo Centro Nacional
de Referência em Biomassa (Cenbio) ao Ministério da
Ciência e Tecnologia, já recebeu aprovação inicial do
Banco Mundial e pretende demonstrar que é possível
produzir e usar etanol da cana-de-açúcar com emissão
negativa de CO2. Isso significa que, ao se produzir e
usar etanol como combustível de automóvel, pode-se
remover CO2 da atmosfera desde que, na fermentação
do açúcar, tenha-se capturado grande parte do CO2 formado. A aprovação dessa tecnologia como candidata a
receber créditos, ocorrida em Cancun, ainda está condicionada a alguns avanços tecnológicos e gerenciais.
Entretanto, considerando o interesse que existe com relação ao CCS em âmbito mundial, principalmente pela
indústria do carvão, as barreiras existentes poderão facilmente ser vencidas.
Portanto, os resultados obtidos em Cancun, talvez ainda
modestos, parecem suficientemente grandes para que a UN-
FCCC e os compromissos assumidos pelos países ricos por
meio do seu Protocolo de Quioto sejam totalmente definidos
na próxima Convenção do Clima e, dessa forma, os esforços
mundiais para se controlar o efeito estufa e suas consequências
continuem a ser realidade no futuro.
Nota do autor: o artigo acima foi adaptado das seguintes fontes:
1) Earth Negotiation Bulletin COP16#1. IISD Reporting Services.
IISD (International Institute for Sustainable Development).
2) Post-Cancun-What it means?. KPMG International Cooperative.
3) Was Cancun a success? Dr. Osterkorn discusses the COP
16 outcome. REEEP (Renewable Energy & Energy Efficiency
Partnership).
José R. Moreira
Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio)
Instituto de Eletrotécnica e Energia
Universidade de São Paulo
Anúncio
50
Fevereiro /February 2011
Article
Cancun:
renewed hopes
The Climate Convention provided results above those expected and rekindled the
idea that a global effort to mitigate and adapt to climate changes is still possible
José R. Moreira
2010 was decisive for climate change negotiations. After
the failure that occurred at the Conference of the Parties COP/
MOP in Copenhagen in 2009, many agreed that, without a positive and balanced result at the Cancun COP in 2010, there
would be few chances of obtaining significant global actions
concerning climate change and that restored confidence in the
United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) and in the Kyoto Protocol. When the Cancun
Agreements were adopted in the morning of the last day of the
conference, there was a significant feeling of relief. The agreements reflected five years of work, leaving many unsolved
details, but were supported by all of the 194 participants in the
convention – which are mostly countries; yet there are a few
others such as, for example, the European Union.
An analysis of what occurred should begin by describing
the political dynamics and the negotiation process that led to
the Cancun Agreements. Next, the results obtained will be
analyzed and the conclusion will present an assessment of
what that means for the next United Nations Climate Change
Conference, to be held at the end of this year.
Copenhagen
The conference held in Copenhagen had a relevant influence on the negotiation process and on the expectations for Cancun. The negotiations that occurred in Copenhagen were characterized by lack of trust, confusion and parallel discussions
by experts, Heads of State and governments. By means of an
extraordinary process, a small group of high level representatives of the major world economies and the main UNFCCC negotiating groups wrote the Copenhagen Agreement. The text
was presented to the plenary for adoption after the President
of the United States, Barack Hussein Obama, had already announced it to the press as representing the Copenhagen conclusions. An immediate reaction occurred in the plenary and,
as a result, the agreement was never formally adopted, as the
participants merely agreed with the terms and did not accept
them as due actions.
Thus, for many, the UNFCCC processes did not seem very
transparent or democratic, since the agreement text had been
written without the participation of many of those present.
Others also showed to be concerned about the UNFCCC consensus rule, which allows some few countries to have the power to prevent the agreement from becoming part of the legal
process covering all the participants.
Cancun
In Cancun, from the very beginning, the atmosphere was
different from that in Copenhagen, as there were less country presidents, less pressure from the media and absence of
celebrities. With this, there was no expectation of obtaining
a final solution to the “climate change” issue there. All that
was expected was the definition of a step in the right direction
towards a future agreement. Many thought that, if there were
no agreement, there would be no reason for us to expect agreements in the future. However, others saw that the real and concrete risks to the UNFCCC process increased the participants’
will to obtain some commitments in Cancun.
An important action for the partial success obtained in
Cancun was owed to the Mexican government’s ability to
change the Copenhagen attitude in Cancun. The aim was to be
51
51
Article
transparent and inclusive, which was the highlight during the
meeting period. Hence, no text prepared by a few was brought
to the plenary. On the contrary, the process included ad hoc
working groups on the Kyoto Protocol (AWG-KP) and on Life
Cycle Assessment (AWG-LCA), working groups established
by the participants present there and informal ministry meetings. In each of them, there were opportunities for presenting the
view and understanding of many of the participants and thus,
in the last days, formulating a commitment text covering the
delicate aspects of mitigation, monitoring, measurement and
verification and, mainly, the definition of the second period of
responsibilities under the Kyoto Protocol.
Besides the ability of the Mexican Presidential Office, good
procedure issues were important during the plenary sessions.
Although the participants felt that the Cancun Agreements
could be accepted, there were last minute difficulties raised by
a few of those present. Therefore, the difficulty that the beginning of a consensus brought was eventually overcome again
by the interference of the Mexican Presidential Office, which
reiterated that a country alone could not prevent the will of the
other 193 participants.
‘Balanced text’
So as to obtain a good result, the term “balanced text” was
the most relevant aspect. Thus, in Cancun, a reasonable balance of the interests defined by the UNFCCC and by the Bali
Plan of Action, discussed some years ago, was sought.
Hence, the final text supports the mitigation interests advocated by the industrialized and developing countries, combined with technical works that allow a better understanding
of these interests.
The major results of the Cancun Agreements are:
1. Establishment of global consensus that the planet’s
increase in temperature, in the long run, cannot exceed 2oC and that there is the need to revise this goal in
2015, based on the latest scientific discoveries.
2. Financial promises were made, duly anchored in defined numbers of resources coming from wealthy countries, to provide assistance to developing countries with
the purpose of reducing their emissions and of adapting
to the already existing climate-change derived impacts.
About US$ 30 billions a year will be made available
52
52
in the short term for the 2010-2012 period and will be
increased to US$ 100 billions a year by 2020.
3. A record was established for the developing countries
to officially present their Nationally Appropriate Mitigating Actions (NAMAs) and the measurement and
verification procedures of their results were increased.
The NAMAs are volunteer proposals by developing
countries establishing goals and measures for reducing
the emission of greenhouse gases by 2020 and that divert the expected results in case the present policy of
the country concerning its development is maintained.
Thus, the voluntary obligations of over a hundred countries, generated as a consequence of the Copenhagen
Conference, are now formally acknowledged and will
be the object of strict procedures for communication,
measurement and verification.
4. Decisions on the issue “deforestation and forest degradation emission reduction” in developing countries. A
new technological mechanism was created by means
of an executive technology committee and of a climate
technology center.
5. Definition of the existence of carbon markets in the
future. It is the area causing the greatest concern on
the part of the private sector. The Cancun Agreements
confirmed that the market mechanisms now existing
under the Kyoto Protocol (such as the Clean Development Mechanism, the Joint Implementation and
emission trade) will keep existing as ways of reducing
global emissions. This was an important sign to renew
investors’ trust. Conversely, little progress was made
towards determining the format of the new market mechanisms valid under the UNFCCC. It was only agreed
that the work will continue in 2011 to keep the present
mechanisms and, concurrently, to satisfy the requests
and proposals by the participants and UNFCCC observers concerning the definition of the new format of
more recent mechanisms.
6. Lastly, another important result of the agreements, at
least for the Brazilian sugar-ethanol sector, was the
conditional approval of the inclusion of carbon capture
and storage (CCS) projects as candidates for obtaining
carbon credits, via the UNFCCC Clean Development
Mechanism (CDM) programme. The interest by the
sugar-ethanol sector is bound to the development of a
Fevereiro /February 2011
Article
Brazilian project that proposes to store the CO2 from
sugar fermentation into ethanol. The project, proposed
by the Brazilian Reference Center on Biomass (Cenbio)
to the Brazilian Ministry of Science and Technology,
has already received initial approval by the World Bank
and intends to demonstrate that it is possible to produce
and to use sugar cane ethanol with CO2 negative emission. This means that, when producing and using ethanol as fuel, CO2 can be removed from the atmosphere
provided that, in the sugar fermentation, a large portion
of the CO2 formed has been captured. The approval of
this technology as a candidate to earn credits, which
occurred in Cancun, is still conditioned to some technological and managerial advances. However, considering the existing interest concerning the CCS in world
ambit, mainly by the coal industry, the existing barriers
can be easily overcome.
Therefore, the results obtained in Cancun, maybe still
modest, seem great enough for the UNFCCC and the com-
mitments made by the wealthy countries by means of their
Kyoto Protocol to be fully defined in the next Climate Convention and, hence, the world efforts to control the greenhouse effect and their consequences keep being a reality
in the future.
Author’s note: the article above was adapted from the following
sources:
1) Earth Negotiation Bulletin COP16#1. IISD Reporting Services.
IISD (International Institute for Sustainable Development).
2) Post-Cancun-What it means?. KPMG International Cooperative.
3) Was Cancun a success? Dr. Osterkorn discusses the COP 16 outcome. REEEP (Renewable Energy & Energy Efficiency Partnership).
José R. Moreira
Brazilian Reference Center on Biomass (Cenbio)
Institute of Electrotechnics and Energy
University of São Paulo
Anúncio
53
Agenda
54
Fórum Brasileiro de Gestão de
Resíduos Sólidos
Periodo: 5 a 7 de outubro de 2011
Local: Expotrade Convention Center, Pinhais, PR, Brasil
Informação: [email protected]
Brazilian Forum on Solid
Waste Management
Period: October 5th to 7th, 2011
Venue: Expotrade Convention Center, Pinhais, PR, Brazil
Information: [email protected]
1ª Conferência Internacional sobre Energia de
Resíduos e Reciclagem de Biomassa
Período: 23 a 25 de março de 2011
Local: Marina Park Hotel, Fortaleza, CE, Brasil
Informações: [email protected]
* Participação da coordenadora do Cenbio, Suani Coelho,
realizando as palestras Background information about local conditions
and actual situation in Brazil (dia 23/3, às 10h) e Opportunities and
threats for “waste to energy” in Brazil (23/3, às 10h30)
1st Workshop on Waste to Energy in Fortaleza
Period: March 23rd to 25th, 2011
Venue: Marina Park Hotel, Fortaleza, CE, Brazil
Information: [email protected]
* Participation of Cenbio’s coordinator, Suani Coelho,
presenting the lectures Background information about local
conditions and actual situation in Brazil (March 23rd, 10 AM)
and Opportunities and threats for “waste to energy” in Brazil
(March 23rd, 10:30 AM)
BIT’s 1st Annual World Congress of Bioenergy
Período: 25 a 29 de abril de 2011
Local: World Expo Center - Dalian, China
Informações: www.bitliofesciences.com/wcbe2011/
BIT’s 1st Annual World Congress of Bioenergy
Period: April 25th to 29th, 2011
Venue: World Expo Center - Dalian, China
Information: www.bitliofesciences.com/wcbe2011/
Fórum e Exposição Energias Renováveis e
Alternativas no Cone Sul (Eracs)
Período: 11 a 13 de maio de 2011
Local: Centro de Eventos da PUC-RS, Porto Alegre, RS, Brasil
Informações: www.eracs.org.br/
Renewable and Alternative Energies in the
Southern Cone – ERACS Forum and Exposition
Period: May 11th to 13th, 2011
Venue: PUCRS Events Center, Porto Alegre, RS, Brazil
Information: www.eracs.org.br/?lang=en-us
Seminário Internacional sobre Sustentabilidade
em Estações de Tratamento de Esgotos
Período: 1 a 3 de junho de 2011
Local: JW Hotel Marriot, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Informações: [email protected]
* Participação da coordenadora do Cenbio, Suani Coelho,
realizando a palestra Projeto Energ-Biog “Geração de Energia
Elétrica a partir do Biogás do Tratamento de Esgoto da Estação de
Barueri, São Paulo” (dia 2/6, às 9h40)
International Seminar on Sustainability in
Sewage Treatment Stations
Period: June 1st to 3rd, 2011
Venue: JW Marriot Hotel – Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Information: [email protected]
* Participation of Cenbio’s coordinator, Suani Coelho,
presenting the lecture Energ-Biog Project “Electric Power
Generation from Sewage Treatment Biogas from the Station in
Barueri, São Paulo” (June 2nd, 9:40 AM)
19th European Biomass Conference and Exhibition
Período: 6 a 10 de junho de 2011
Local: International Congress Center Berlin, Berlim, Alemanha
Informações: www.conference-biomass.com/
19th European Biomass Conference and Exhibition
Period: June 6th to 10th, 2011
Venue: International Congress Center Berlin, Berlin, Germany
Information: www.conference-biomass.com/
2011 International Energy Workshop
Período: 6 a 8 de julho de 2011
Local: Stanford University, Stanford, CA, Estados Unidos
Informações: www.internationalenergyworkshop.org/
workshop_2011.html
2011 International Energy Workshop
Period: July 6th to 8th, 2011
Venue: Stanford University, Stanford, CA, United States
Information: www.internationalenergyworkshop.org/
workshop_2011.htmal
6º Congresso Internacional de Bioenergia / 4ª
BIOTech Fair – Feira Internacional de Tecnologia
em Bioenergia e Biocombustíveis
Período: 16 a 19 de agosto de 2011
Local: Centro de Eventos Sistema FIEP, Curitiba, PR, Brasil
Informações: http://www.bioenergia.net.br/congresso/br/index.
php / www.bionergia.net.br/congresso/br/index.php / www.
eventobioernergia.com.br/feira/br/index.php
6th International Bioenergy Congress / 4th
BIOTech Fair – International Fair on Bioenergy
and Biofuels Technology
Period: August 16th to 19th, 2011
Venue: FIEP System Events Center – Curitiba, PR, Brazil
Information: www.bioenergia.net.br/congresso/en/index.php /
eventobioenergia.com.br/feira/en/index.php
10ª Conferência de Produção Mais Limpa e
Mudanças Climáticas da Cidade de São Paulo
Período: 24 de agosto de 2011
Local: Memorial da América Latina, São Paulo, SP, Brasil
Informações: [email protected]
10th Conference for Cleaner Production and
Climate Change of the São Paulo City
Period: August 24th, 2011
Venue: Memorial da América Latina, São Paulo, SP, Brazil
Information: [email protected]
3º Seminário Bioenergia: Desafios e
Oportunidades de Negócios
Período: Novembro de 2011 (dias a serem confirmados)
Local: São Paulo, SP, Brasil
Informações: http://cenbio.iee.usp.br
3rd Bioenergy Seminar: Challenges and
Business Opportunities
Period: November 2011 (days to be confirmed)
Venue: São Paulo, SP, Brazil
Information: http://cenbio.iee.usp.br/indexen.asp
Fevereiro /February 2011
55
56

Documentos relacionados