TR - Conscritos _01OUT 2014_Consulta Pública
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TR - Conscritos _01OUT 2014_Consulta Pública
1 Termo de Referência para contratação de consultoria técnica especializada para executar estudo epidemiológico sobre a prevalência da infecção de sífilis, do HIV, das hepatites “B” e “C” e, fatores comportamentais associados em conscritos das forças armadas, 8ª edição. Acordo de cooperação técnica do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais - Secretaria de Vigilância em Saúde - Ministério da Saúde - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) PROJETO 914BRZ1138 2 Sumário 1. DESCRIÇÃO DO ESTUDO E ENQUADRAMENTO NO PROJETO 914BRZ1138 .............................. 3 2. ANTECEDENTES E CONTEXTO ..................................................................................................... 3 3. OBJETO ....................................................................................................................................... 5 3.1. OBJETIVO GERAL ................................................................................................................................... 5 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................................................... 5 4. METODOLOGIA ........................................................................................................................................ 5 4.1. Desenho do estudo ............................................................................................................................... 5 4.2. População do estudo ............................................................................................................................ 6 4.2.1. Critérios de exclusão.......................................................................................................................... 6 4.2.2. Planejamento da amostra ................................................................................................................. 7 4.2.3. Questionário .................................................................................................................................... 13 4.2.4. Material biológico ............................................................................................................................ 13 4.2.5. TESTES SOROLÓGICOS ..................................................................................................................... 14 4.2.5.1. Teste de sífilis ............................................................................................................................... 14 4.2.5.2. Teste de HIV .................................................................................................................................. 14 4.2.5.3. Hepatite B ..................................................................................................................................... 15 4.2.5.4. Hepatite C ..................................................................................................................................... 15 4. 3. FASE PREPARATÓRIA ......................................................................................................................... 16 4.3.1. SELEÇÃO E TREINAMENTO DA EQUIPE DE CAMPO ........................................................................ 16 4.3.2. DISTRIBUIÇÃO DE INSUMOS ........................................................................................................... 16 4.4. FASE DE EXECUÇÃO............................................................................................................................. 16 4.4.2. APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO E GARANTIA DE SIGILO ............................................................... 16 4.4.3. EDUCAÇÃO EM SAÚDE .................................................................................................................... 17 5. ASPECTOS ÉTICOS .................................................................................................................................. 18 6. ANÁLISES EPIDEMIOLÓGICAS ................................................................................................................ 18 7. PRAZO DE EXECUÇÃO PRODUTOS ESPERADOS................................................................................19 8. ESPECIFICAÇÃO DA EQUIPE ................................................................................................................... 21 9. INSUMOS DISPONÍVEIS .......................................................................................................................... 22 10. GESTÃO DA CONSULTORIA .................................................................................................................. 23 11. NECESSIDADE DE TREINAMENTO ........................................................................................................ 23 12. PROPRIEDADE INTELECTUAL ............................................................................................................... 23 13. SIGILO ..................................................................................................................................................24 14. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 25 15. ANEXOS .................................................................................................................................................... 3 1. DESCRIÇÃO DO ESTUDO E ENQUADRAMENTO NO PROJETO 914BRZ1138 O Ministério da Saúde (MS), por meio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DDAHV) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), no âmbito do Projeto AIDS-SUS e do Projeto para “Contribuir para a implementação da gestão por resultados e da governança da resposta nacional às DST/aids/HV nas populações vulneráveis com foco no acesso e qualidade da Educação e Saúde” – 914BRZ1138, tornam público o presente Termo de Referência (TR) para contratação de consultoria técnica especializada que deverá executar “Estudo com Conscritos das Forças Armadas – prevalência da Sífilis, do HIV, das Hepatites Virais e Fatores comportamentais associados”. As atividades de pesquisa propostas no presente Termo de Referência estão em consonância com a aplicação do Projeto 914BRZ1138, conforme preconizado no Componente 1 do referido documento, a saber: “Melhoria da vigilância, prevenção e controle das DST/aids nas populações vulneráveis”. 2. ANTECEDENTES E CONTEXTO O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais - DDAHV do Ministério da Saúde - MS e o Ministério da Defesa – MD, por intermédio das Forças Armadas, constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, vêm trabalhando em cooperação técnica desde o ano de 1996 no sentido de investigar e monitorar a magnitude do Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST, identificando fatores de risco associados a essas infecções, como comportamento sexual, conhecimento sobre formas de transmissão, uso de preservativos e uso de drogas, entre os conscritos das Forças Armadas do Brasil. Os estudos realizados com a população de conscritos das Forças Armadas, jovens do sexo masculino de 17 a 21 anos, que se apresentam obrigatoriamente às Juntas de Serviço Militar – JSM têm focalizado os diferentes fatores envolvidos no comportamento sexual de risco dos adolescentes, bem como as suas inter-relações, visando à ampliação do conhecimento sobre as práticas comportamentais dos jovens brasileiros. O alistamento militar, por abranger a população de jovens, é bastante oportuno para realização de estudos que visam monitorar a prevalência do HIV, das hepatites virais e de DST, bem como conhecimentos, atitudes e práticas. 4 O alistamento militar é obrigatório para todo cidadão brasileiro do sexo masculino e, atinge cerca de 1.700.000 jovens em todo o Brasil. Destes 600.000 são encaminhados às Comissões de Seleção – CS a cada ano. No ano de 1996, primeiro ano em que se realizou um estudo de âmbito nacional com conscritos, a investigação foi dedicada a examinar o conhecimento da transmissão da infecção pelo HIV e os meios de acesso à informação por parte do jovem brasileiro. Em 1997, foram repetidas questões sobre conhecimento e introduzidas perguntas sobre o uso de preservativos. O ano de 1998 foi marcado por um instrumento de pesquisa bem mais abrangente, envolvendo várias questões sobre práticas sexuais, problemas relacionados às doenças sexualmente transmissíveis, e outros fatores relacionados à transmissão da infecção pelo HIV, como o uso de drogas injetáveis. Pela primeira vez também, foram coletadas amostras de sangue para o teste de infecção pelo HIV, cujos resultados puderam ser vinculados à pesquisa comportamental. O estudo de 1999 enfocou as relações entre o comportamento sexual de risco e o uso de bebidas alcoólicas e de drogas ilícitas. No ano de 2000, decidiu-se repetir blocos de perguntas dos estudos anteriores, para a avaliação temporal do conhecimento sobre a transmissão do HIV e a frequência de uso de preservativo por tipo de parceria entre os jovens brasileiros. O enfoque dirigiu-se a estabelecer associações entre a condição social do conscrito, comportamento sexual de risco e problemas relacionados às infecções sexualmente transmissíveis. Em 2002, o estudo abordou, além de questões sobre práticas sexuais e uso de drogas, um módulo sobre conhecimento de doenças sexualmente transmissíveis, HIV/aids, sífilis, gonorreia e hepatite. Adicionalmente, estimou-se a prevalência da infecção pelo HIV, possibilitando estabelecer os principais fatores de risco de jovens do sexo masculino. Em 2007, o estudo investigou as práticas sexuais, o uso de drogas e o conhecimento de doenças sexualmente transmissíveis, além de ter estimado a prevalência das infecções pelo HIV, pelo HTLV e pela sífilis. Os resultados dos estudos anteriores mostraram que no ano de 2002 a prevalência de sífilis em conscritos das forças armadas do Brasil foi 0,85 % e em 2007 foi de 0,53%. Para a infecção pelo HIV a prevalência no ano de 2002 foi de 0,08% e em 2007 de 0,12%. Nesta oitava (8ª) edição, o estudo conserva as mesmas características epidemiológicas investigativas, mantendo-se os blocos de perguntas dos questionários dos estudos anteriores para avaliação temporal do conhecimento sobre a transmissão do HIV e de outras DST, bem 5 como a frequência de uso de preservativo por tipo de parceria sexual entre os jovens conscritos, além de incluir questões relacionadas às hepatites virais. O monitoramento da prevalência do HIV, de outras DST e das hepatites virais, bem como o comportamento sexual de risco de adolescentes e o nível de conhecimento acerca das formas de transmissão e prevenção é uma importante ferramenta para subsidiar a formulação de políticas de prevenção e controle desses agravos. 3. OBJETO Contratação de consultoria técnica especializada para executar estudo epidemiológico sobre a prevalência da infecção por sífilis, HIV, hepatites virais B e C e fatores comportamentais associados em conscritos das Forças Armadas. 3.1. OBJETIVO GERAL Contribuir para o conhecimento em nível nacional da situação epidemiológica, socioeconômica e biológica da sífilis, do HIV e das Hepatites Virais, entre jovens do sexo masculino, de 17 a 21 anos de idade, para orientar as ações programáticas necessárias ao controle desses agravos. 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 3.2.1. Estimar a soroprevalência de sífilis, do HIV, e das hepatites virais B e C, por macrorregião geográfica do País, avaliando variáveis socioeconômicas e epidemiológicas; 3.2.2. Avaliar o nível de conhecimento dos conscritos sobre a transmissão do HIV, das hepatites virais e de outras DST; 3.2.3. Avaliar o comportamento dos conscritos em relação ao risco de transmissão da sífilis, do HIV e das hepatites virais; 3.2.4. Subsidiar o planejamento das ações de prevenção e controle para a população jovem. 4. METODOLOGIA 4.1. DESENHO DO ESTUDO 6 Trata-se de um estudo soroepidemiológico de corte transversal, também designado de seccional. 4.2. POPULAÇÃO DO ESTUDO Constituída de jovens do sexo masculino de 17 a 21 anos de idade que se apresentarão às Comissões de Seleção do Serviço Militar Obrigatório entre os meses de julho a setembro. 4.2.1. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Serão excluídos do estudo os conscritos nas seguintes condições: 4.2.1.1. Analfabetos; 4.2.1.2. Idade inferior a 17 anos; 4.2.1.3. Idade superior a 22 anos; 7 4.2.2. PLANEJAMENTO DA AMOSTRA Um dos maiores problemas enfrentados em estudos epidemiológicos de grande efetivo populacional é a dificuldade de se investigar todos os casos possíveis, uma vez que a coleta de dados envolve milhares de pessoas, tornando sua execução demorada e custosa. Para minimizar esse obstáculo, optou-se por realizar o estudo por meio de uma amostragem probabilística, que permite realizar inferências sobre a população-fonte, dado que todos os indivíduos desta população têm probabilidade conhecida e diferente de zero de participar da amostra (MEDRONHO, 2009). Para o cálculo do tamanho da amostra, necessária ao atendimento dos objetivos do estudo, utilizou-se como parâmetro a prevalência da infecção pelo HIV, estimada em 0,12% (SZWARCWALD et al., 2011), considerando-se uma confiança de 95% e erro bicaudal de 0,04%. Considerando-se um efeito de desenho de 1,25 e uma perda de 10%, o tamanho mínimo de amostra foi calculado em 39.568 indivíduos, sendo o tamanho de amostra estabelecido em 40.000. Foi feita uma amostragem por conglomerados, em dois estágios. No primeiro estágio foram selecionadas as Comissões de Seleção, com probabilidade proporcional ao efetivo esperado em 2014. Foram selecionadas 90 Comissões de Seleção. No segundo estágio, o número de conscritos que serão selecionados dentro de cada comissão será proporcional ao efetivo do ano anterior. 8 A amostra selecionada está descrita quanto a sua distribuição e quantitativo na tabela abaixo. Região Norte Nordeste Unidade da Federação OM vinculação Nome do município(s) Número de conscritos amostrados AC CFAC/ 4º BIS Brasileia, Rio Branco, Assis Brasil, Plácido de Castro 880 AM 12ª RM Manaus, Manacapuru 859 AM TG 12-018 Carauari 886 AP CFAP/34ºBIS Macapá, Santana 607 PA 23ª Bda Inf Sl Marabá 615 PA 8ª RM/8ª DE Belém, Marituba, Benevides, Ananindeua, Belém Nazaré, Santa Barbara, Belém Icoaraci, Belém Mosqueiro, Belém Entroncamento, Santa Isabel do Pará 638 PA TG 08-003 Abaetetuba 644 RO Cmdo 17ª Bda Inf Sl Porto Velho 866 RR Cmdo 1ª Bda Inf Sl Bonfim, Boa Vista, Normanda 871 TO 22º B I Araguaina 830 AL 59º BI Mtz Maceió, Rio Claro 532 AL SSMR/7ª RM Palmeira dos Índios 596 BA Cmdo 6ª RM Salvador 509 BA 18ª CSM Ilhéus 516 BA TG 06-006 Vitoria da Conquista 524 CE 23º BC Fortaleza 708 CE TG 10-005 Juazeiro do Norte 733 MA 24º BC São Luis, São Luis (Cohab) 730 9 MA TG 10-003 Codó 741 MA/PI 2º BE Cnst Timon(MA), Teresina (Centro, Mucambinho, Parque Piauí, Dirceu Arcoverde) 717 PB 15ºBI Mtz Bayeux, Cabedelo, Santa Rita, João Pessoa 575 PB SSMR/7ª RM Alagoa Grande 604 PE 7º D Sup Recife Afogados, Recife Madalena, Recife Boa Vista, Recife Casa Amarela 548 PE 7º GAC Olinda, Paudalho, Paulista, Aracoiaba, Camaragibe 557 PE 14ºBI Mtz Cabo, São Lourenço da Mata, Jaboatão dos Guararapes, Jaboatão dos Guararapes Prazeres 564 PI 3º BE Cnst Picos, Bocaina, Sussuapara, Aroeiras do Itaim, Dom Expedito Lopes 709 RN 16º BI Mtz Parnamirim, Natal Centro, Natal Zona Norte 589 SE 28º BC Aracaju 519 ES TG 01-012 Cachoeiro do Itapemirim 110 MG A ser definido pelo Cmdo 4ª RM Belo Horizonte/Contagem/Caeté 359 MG 11º BI Mth São João Del Rei/Barroso/Oliveira/Tiradentes 363 MG A ser definido pelo Cmdo 4ª Bda Inf Mtz Juiz de Fora/Lima Duarte/Mar de Espanha/Matias Barbosa/Leopoldina 372 MG 14º GAC Caldas, Cambui, Andradas, Ouro Fino, Pouso Alegre, Borda da Mata 379 MG 11ª CSM Divinópolis 387 MG 12ª CSM Governador Valadares 395 MG 13ª CSM Passos 403 MG 36º BI Mtz Uberlândia 808 Sudeste 10 RJ 1º D Sup Rio de Janeiro (Ramos/Centro/Leblon/Tijuca/Inhaúma/Ilha do Governador/Vila Isabel/Engenho Novo/São Cristovão) 24 RJ 57º BI Mtz (Es) Mesquita/Nilópolis/Nova Iguaçu/Duque de Caxias/São João do Meriti/Rio de Janeiro (Pavuna) 47 RJ 15º RC Mec (Es) Rio de Janeiro (Bangu/Anchieta/Madureira/Jacarepaguá)/Queimados/Belford Roxo 70 RJ BEsE Rio de Janeiro (Campo Grande) 81 RJ AMAN Barra Mansa 90 RJ 56º BI Campos dos Goytacazes 98 RJ TG 01-002 Santo Antônio de Pádua 105 RJ BCSv/AMAN Volta Redonda 115 SP BA Adm Ap São Paulo (Se/Mooca/Penha/Tatuapé/Ipiranga/Itaquera/São Mateus/Campo Limpo/Boi Mirim/Santo Amparo/São Miguel/Vila Mariana/Diadema 128 SP 21° D Sup São Paulo (Lapa/Santana/Pirituba/Vila Maria/Freguesia do O/Jacana/Tremembé) 135 SP 2° BPE São Paulo (Butantã) 139 SP 4° BIL Cotia/Osasco/Barueri/Itapevi/Jandira/Carapicuiba/Taboão da Serra/Santana de Parnaíba) 153 SP 5° BIL Lorena/Potim/Piquete/Aparecida/Guaratinguetá/Cachoeira Paulista 164 SP 2° BEC Pindamonhangaba/Tremembé/Campos do Jordão 170 SP 12° GAC Jundiaí/Várzea Paulista/Campo Limpo Paulista 180 SP 28º BIL Campinas/ Campinas Ouro Verde 188 11 Sul SP 37º BIL Lins/Marília 194 SP Base Aérea São Paulo Guarulhos/ 204 SP TG 02-051 Jacareí 209 SP TG 02-006 Bebedouro 218 SP TG 02-083 Fernandópolis 226 SP TG 02-064 Presidente Venceslau 234 SP TG 02-028 Piracicaba 243 SP TG 02-019 Jaú 251 PR 20º BIB Curitiba 415 PR 5º GAC AP Curitiba 420 PR 5ª B Log Curitiba 427 PR 30 BI Mtz Apucarana, Arapongas, Jandaia do Sul 437 PR 15º B Log Toledo, Cascavel, Corbelia 446 PR 34º BI Mtz Santa Helena, Foz do Iguaçu, São Miguel do Iguaçu, Santa Terezinha do Itaipu 452 PR 32ª Del SM/15ª CSM Umuarama 460 RS Cmdo 3ª R M Porto Alegre 269 RS 3º G A A Aé Caxias do Sul 275 RS 19º B I Mtz Sapiranga 282 RS Cmdo 8ª Bda Inf Mtz Pelotas 292 RS V COMAR e 3º B Sup Canoas 301 RS 9º RCB Lajeado, Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul 306 RS Cmdo 3ª D E Santa Maria 314 12 Centro-Oeste RS 7º BIB Sinimbu, Herveiras, Vera Cruz, Vale do Sol, Venancio Aires 323 RS Cmdo 1ª Bda C Mec Santiago 330 RS 4º RCC Rosário do sul 338 SC 63º BI São Jorge, Florianópolis 470 SC 23º BI Gaspar, Indaial, Blumenau 477 SC/PR 5º BE Cmb Bld Ireneópolis, Matos Costa, Porto União, Cruz Machado, Paula Freitas, Paulo Frontin, Porto Vitoria, General Carneiro, União da Vitoria 484 DF Cmdo 11ª RM Novo Gama, Brasília (Gama), Brasília (Guará), Brasília (Paranoá), Brasília (Brazlândia) Brasília (Ceilândia), Brasília (Samambaia), Brasília (Planaltina), Brasília (Sobradinho), Brasília (Taguatinga), Brasília (Bandeirante), Brasília (Santa Maria), Brasília (Plano Piloto), Brasília (Riacho Fundo), Brasília (São Sebastião), Brasília (Recanto das Emas) 783 GO Cmdo Bda Op Esp Goiânia Centro, Goiânia Campinas 798 GO 6º GLMF/CIF Formosa, Planaltina 814 GO BAAN Anápolis 822 MS Cmdo 9ª RM Campo Grande, Ribas do Rio Pardo 658 MS 18ª Bda Inf Fron Corumbá, Ladario 670 MS 17º R C Mec Amambai, Navirai, Eldorado, Iguatemi, Itaquirai, Mundo Novo 678 MS 4ª Bda C Mec Dourados 685 MT 13ª Bda Inf Mtz Cuiabá, Várzea Grande 667 13 4.2.3. QUESTIONÁRIO O questionário será sigiloso, autoaplicável, tendo em vista tratar-se de um método que garante ao entrevistado a liberdade de expressão para perguntas de foro íntimo (Anexo II). Composto de questões fechadas, constando de cinco partes, abordando as seguintes variáveis: a. Condições socioeconômicas; b. Práticas sexuais; c. Uso de preservativo; d. Conhecimento sobre transmissão da sífilis, do HIV, das hepatites virais e outras DST; e. Experiência com drogas; e, f. Correlação entre aids e outras DST. Será formatado e impresso de modo a permitir sua posterior digitalização com vistas à formação do banco de dados. As imagens serão armazenadas para possível conferência. 4.2.4. MATERIAL BIOLÓGICO O estudo compreende a coleta de amostras de sangue total. As coletas serão realizadas por profissionais, previamente treinados, pela Instituição contratada com supervisão do Ministério da Saúde, seguindo o Protocolo do Estudo (Anexo III) e todos os procedimentos de biossegurança. A coleta do material biológico será feita por meio de punção venosa e individualmente registrada, conforme identificação numérica preestabelecida e fornecida nos kits produzidos para o estudo, segundo Manual de Campo (Anexo IV). Todo material biológico será analisado por um único laboratório de referência, segundo a ABNT NBR NM ISO 15189 – Acreditação de Laboratórios Clínicos, ou ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005, tendo em vista a necessidade de padronização e qualidade dos procedimentos, a ser selecionado pela contratada. Os reagentes necessários para a realização dos testes de diagnóstico de HIV, sífilis e hepatites virais B e C serão adquiridos pela instituição contratada. A amostra coletada deverá ser enviada para um laboratório de apoio próximo ao local da Comissão de Seleção, a ser selecionado, igualmente, pela instituição contratada, onde será processada. Após processada e congelada a amostra deverá ser enviada para o Laboratório de 14 Referência do Estudo, que será responsável pela realização das titulações séricas dos anticorpos anti-HIV, sífilis e hepatites virais B e C. O transporte das amostras da comissão de seleção até os laboratórios de apoios e destes ao laboratório de referência será de responsabilidade da instituição contratada. A metodologia utilizada é anônima vinculada - não há registro nominal do conscrito, apenas utilização de códigos - coletando-se amostra de sangue total, por punção venosa, para testes sorológicos de sífilis, HIV e hepatites B e C. Da mesma forma que o questionário o material biológico não permitirá a identificação do indivíduo. Este será identificado por uma etiqueta com um número não vinculado a nenhuma forma de identificação do indivíduo (nome, identidade, endereço) que será o mesmo do questionário autoaplicável do cartão de protocolo para a busca de resultados em unidade de saúde próxima a ser definida. A amostra de sangue total será coletada por meio de punção venosa, e será realizada numa sala adequada para a coleta de material biológico, disponibilizada dentro das dependências da comissão de seleção de forma a garantir a preservação da identidade do individuo e atenderá todas as normas de biossegurança. 4.2.5. TESTES SOROLÓGICOS 4.2.5.1. Teste de sífilis Para a determinação da prevalência de sífilis será utilizada metodologia Elisa – Ensaio Imunoenzimático (sorologia treponêmica). Para as amostras com resultado reagente será realizado o VDRL - Venereal Disease Research Laboratory (sorologia não treponêmica). Para as amostras que apresentarem resultados discordantes entre o primeiro e o segundo teste será realizado o FTA-Abs - Fluorescent Treponema Antibody Absorvent Test (sorologia treponêmica), conforme determinação do Algoritmo vigente do Ministério da Saúde (Anexo V – Portaria SVS/MS Nº 3.242, de 30 de dezembro de 2011). 4.2.5.2. Teste de HIV Para determinação da prevalência do HIV será utilizada metodologia Elisa – Ensaio Imunoenzimático, para detecção de anticorpos anti-HIV 1 e 2. Nas amostras com resultados reagentes será utilizado o teste Imunoblot, conforme estabelece a Portaria SVS/MS nº 29, de 17 de dezembro de 2013 (Anexo VI). Caso haja discordância, ou resultado indeterminado entre as duas amostras, deverá ser realizado teste molecular confirmatório. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 15 4.2.5.3. Hepatite B Para a determinação da prevalência da hepatite B será utilizada metodologia Elisa – Ensaio Imunoenzimático, para pesquisa do antígeno de superfície do vírus da Hepatite B (HbsAg). 4.2.5.4. Hepatite C Para a determinação da prevalência de exposição à hepatite C, todas as amostras serão testadas para o anticorpo contra o vírus da hepatite C (anti- HCV), utilizando a metodologia Elisa – Ensaio Imunoenzimático. 4.2.5.5. RESUMO DE ENSAIOS BIOLÓGICOS Infecção Método Especificação Sífilis Ensaio imunoenzimático – ELISA Teste treponêmico – utiliza antigêno específico VDRL Teste não treponêmico – utiliza a cardiolipina como antígeno FTA-Abs Teste treponêmico – utiliza antigêno específico (Imunofluorescência indireta) HIV Hepatite B Ensaio imunoenzimático ELISA Pesquisa de anticorpos específicos para HIV 1, HIV 2 incuindo grupo O Imunoblot Pesquisa de proteinas do Virus HIV Teste molecular Pesquisa de RNA viral Enzimaimunoensaio Pesquisa do antígeno de superfície da Hepatite B - HBsAg (ELISA) Hepatite C Enzimaimunoensaio (ELISA) Pesquisa do anticorpo contra o vírus da Hepatite C - Anti-HCV Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 16 4. 3. FASE PREPARATÓRIA 4.3.1. SELEÇÃO E TREINAMENTO DA EQUIPE DE CAMPO A equipe de campo será treinada pela instituição contratada sob supervisão técnica do Ministério da Saúde para atuar segundo o Protocolo do Estudo (Anexo III) e, seus membros serão selecionados em função de sua experiência em trabalhos de campo. 4.3.2. DISTRIBUIÇÃO DE INSUMOS Todos os insumos necessários à execução do estudo serão adquiridos e distribuídos pela instituição contratada, de acordo com o planejamento do número de amostras a serem coletadas, bem como a quantidade de insumos necessários para o treinamento dos profissionais responsáveis pelas coletas. 4.4. FASE DE EXECUÇÃO 4.4.1. IDENTIFICAÇÃO E SELEÇÃO DOS CONSCRITOS Os conscritos serão convidados a participarem do estudo. A participação dos mesmos será voluntária. 4.4.2. APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO E GARANTIA DE SIGILO O questionário autoaplicável (Anexo II) foi desenhado de forma a não permitir a identificação do conscrito voluntário. Deverá ser preenchido em local específico para tal fim, de forma a garantir o sigilo absoluto das informações prestadas. Não deverá haver, portanto, interferência do aplicador do questionário, ou de qualquer outra pessoa no preenchimento das informações solicitadas. Após o preenchimento do questionário, os conscritos serão encaminhados para coleta do material biológico. O questionário, assim como o tubo de coleta de sangue e o cartão de protocolo para a busca de resultados, serão identificados por uma etiqueta com a mesma numeração para cada indivíduo. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 17 4.4.3. EDUCAÇÃO EM SAÚDE Serão divulgadas para os participantes voluntários do estudo, informações sobre DST, HIV e hepatites virais. Também serão distribuídos preservativos. O material educativo e de prevenção serão fornecidos pela Contratante. 4.4.4. DEVOLUÇÃO DE RESULTADOS LABORATORIAIS Após a coleta de sangue, os conscritos voluntários receberão um cartão contendo um número que identifica sua amostra biológica, além de nome e endereço local de Unidade de Saúde mais próximo de sua residência, onde terão à disposição, os resultados dos testes e, se necessário, assistência adequada. A entrega dos resultados será feita por membros da equipe de saúde dentro das normas estabelecidas. O tratamento e aconselhamento serão realizados de acordo com as normas técnicas e procedimentos operacionais em vigor e definidos pelo Ministério da Saúde. Os recursos necessários ao tratamento e ao acompanhamento dos conscritos voluntários que apresentarem sorologia positiva para os testes realizados serão aqueles que já se encontram disponíveis no Sistema Único de Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 18 5. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS A participação no estudo é de caráter voluntário. Os conscritos voluntários serão informados do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Anexo I) Resolução Nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde - MS, 2012-, podendo decidir, ou não, participar do Estudo. Se estiverem de acordo, deverão assinar as duas vias do TCLE: uma via ficará de posse do pesquisador e a outra do conscrito voluntário. Em seguida, deverão ser encaminhados para o preenchimento do questionário. Caso o conscrito decida não participar do estudo, ou desejar se retirar do mesmo, após assinatura do TCLE, ele poderá fazê-lo a qualquer momento sem sofrer nenhum tipo de represália. Não obstante, a não participação no estudo não trará nenhuma consequência, ou influência no processo de seleção do conscrito para ingresso no serviço militar. Os métodos e técnicas utilizados nesse estudo não trarão prejuízos aos conscritos voluntários. Contudo, vale ressaltar que, nos casos de positividade para algum dos agravos estudados, um dos benefícios do estudo será o de proporcionar aos participantes diagnóstico precoce e tratamentos específicos, de acordo com os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde. Reitera-se que o questionário é autoaplicado e anônimo vinculado, de forma a proteger os conscritos voluntários de qualquer tipo de identificação pessoal, e, por conseguinte, de qualquer tipo de discriminação decorrente das respostas fornecidas ao estudo. Como garantia de sigilo, o questionário preenchido e identificado pela etiqueta numerada, será depositado pelo próprio conscrito em uma urna que será lacrada e encaminhada diretamente ao Laboratório de Referência do Estudo. A amostra de sangue coletada será, igualmente, anônima-vinculada, identificada apenas pelo número da etiqueta, sem o nome do conscrito voluntário, ou por qualquer informação pessoal. 6. ANÁLISES EPIDEMIOLÓGICAS As análises dos dados soroepidemiológicos e comportamentais serão realizadas pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais/MS. Para tal fim,deverá ser gerado um banco de dados com as informações soroepidemiológicas de cada conscrito voluntário. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 19 O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais/MS divulgará os resultados do estudo por intermédio de publicações específicas, disponibilizadas à comunidade científica e aos profissionais e gestores do Sistema Único de Saúde. 7. PRAZO DE EXECUÇÃO E PRODUTOS ESPERADOS Os serviços técnicos especializados deverão ser concluídos em doze meses, a partir da data da assinatura do contrato. Reitera-se que a execução do trabalho de campo, como a coleta dos dados soroepidemiológicos ocorrerá necessariamente no período de julho a setembro, de acordo com cronograma total anexo (Anexo VIII). O contrato é regido pelas regras de financiamento via organismo internacional do governo brasileiro (manual de convergência), associadas às regras da instituição contratante. PRODUTO % DE DESEMBOLSO ATIVIDADES PRODUTO 1: • Documento técnico contendo planejamento e organização da logística • Planejar a execução do Estudo Planejar a Equipe de Campo; Planejar capacitação das equipes que participarão do Estudo. 10 % • Criar e implantar o Sistema Informatizado de Gerenciamento do Estudo 20% PRODUTO 3: • 20% Relatório técnico contendo a descrição e comprovação do processo de aquisição e distribuição de insumos laboratoriais para coleta das amostras biológicas e capacitação da equipe de campo • Seleção e capacitação da equipe de campo; Aquisição dos insumos para coleta dos dados biológicos e comportamentais. Montar os kits de coleta e documentação; Distribuir os insumos às Comissões de Seleção Aquisição dos testes 30% • PRODUTO 2: Documento técnico contendo estrutura do banco de dados, em extensão DBF • • PRODUTO 4: • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 20 Relatório técnico parcial contendo dados soroepidemiológicos coletados e aquisição dos testes sorológicos • • • • • PRODUTO 5: • Relatório técnico parcial contendo dados soroepidemiológicos coletados e alimentação do banco de dados • • PRODUTO 6: Relatório final da pesquisa, disponibilização dos resultados sorológicos com entrega do banco de dados completo do estudo • sorológicos; Coletar dados comportamentais; Coletar amostras biológicas; Enviar os dados comportamentais para a instituição contratada Enviar as amostras biológicas para ao Laboratório de Referência. Supervisionar e realizar controle de qualidade dos dados Enviar os dados comportamentais para a instituição contratada e amostras biológicas ao Laboratório de Referência. Alimentação do banco de dados Supervisionar e realizar controle de qualidade dos dados Entrega do banco de dados completo, em extensão dbf contendo: 20% 10% 1. Totalidade dos resultados dos testes sorológicos realizados durante o estudo 2. Totalidade dos dados comportamentais e epidemiológicos coletados durante o estudo 3. Entrega do banco de dados compilado Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 21 OBS: O repasse do recurso financeiro fica condicionado à aprovação do protocolo de pesquisa pelo Sistema CEP/CONEP. Em caso de não cumprimento dos prazos estipulados no cronograma estabelecido entre a UNESCO e o DDAHV, devido à análise da Conep, ahá interesse por parte da unidade técnica em estender o contrato para execução no ano subsequente. O primeiro produto só será pago após a apresentação do Parecer Consubstanciado favorável da Conep. 8. ESPECIFICAÇÃO DA EQUIPE Será criada uma Coordenação Geral do Projeto, que se reunirá sempre que necessário e será composta pelos responsáveis pelo estudo por parte do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais e da Instituição Contratada, sendo essa composta por uma Coordenação Geral e cinco Coordenadores Regionais. Os serviços especializados serão executados nas dependências das Comissões de Seleção e nas dependências da Contratada, durante o período de vigência do Termo de Referência, atendendo ao Cronograma do Estudo. O conjunto dos profissionais que comporá a Equipe da Instituição Contratada deverá ter experiência na execução de suas atividades e tarefas exigidas e, deverá contar com a seguinte composição mínima: 8.1. Equipe Chave Um pesquisador principal – Coordenador do estudo O pesquisador principal terá como atribuições a responsabilidade de coordenar a execução do estudo e, possuir no mínimo título de doutor na área de saúde e comprovar o exercício de atividades científicas de, pelo menos, cinco anos na área objeto do estudo. Cinco coordenadores regionais do estudo Os assistentes de coordenação terão como atribuição principal a responsabilidade de supervisionar a execução do estudo nas cinco regiões do país e, possuir, no mínimo, título de mestrado na área de saúde e comprovar o exercício de atividades científicas de, pelo menos, cinco anos em áreas afins ao objeto do estudo. Três especialistas em análises laboratoriais O profissional responsável pelas análises laboratoriais deve possuir nível superior completo na área da saúde com, no mínimo, título de especialista na área afim desse estudo e comprovar, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 22 pelo menos, cinco anos de experiência em análises laboratoriais. Terá como principal atribuição a supervisão de todas as análises laboratoriais processadas no âmbito desse estudo. Um Especialista em análise de banco de dados e estatística Dois digitadores 8.2. Equipe de Campo Técnicos de laboratório – 180 profissionais Os profissionais responsáveis pelas coletas das amostras de sangue periférico devem possuir, no mínimo, nível médio com treinamento especializado em técnicas laboratoriais e comprovar experiência de, no mínimo, dois anos em coleta de sangue por punção venosa. Aplicador de questionário Os profissionais responsáveis pela aplicação do questionário anônimo-vinculado, devem ser Militares do Exército, Marinha ou Aeronáutica e serem lotados nas Comissões de Seleção amostradas. Presidente da Comissão de Seleção de Conscritos Militares do Exército, Marinha ou Aeronáutica que presidem as Comissões de Seleção Militares no município, cujas principais atribuições constam do Manual de Campo (Anexo IV) desse Termo de Referência. 9. INSUMOS DISPONÍVEIS Serão disponibilizados à Instituição Contratada os seguintes insumos: a. Relação de comissões de seleção; b. Plano amostral; c. Questionário definido pelo Ministério da Saúde (a ser reproduzido pela instituição contratada); d. Protocolo do estudo; e. Instruções normativas do Ministério da Saúde; f. Material educativo sobre DST, HIV e hepatites virais; g. Preservativos; h. Manual de Campo. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 23 10. GESTÃO DA CONSULTORIA Os produtos gerados serão submetidos à análise e avaliação do DDAHV para sua aprovação, sendo o prazo de análise de cinco dias úteis. Produtos devolvidos com críticas, uma vez revisados e, novamente submetidos, estarão sujeitos à nova análise e novo prazo de cinco dias úteis. Sempre que necessário a Instituição Contratada manterá contato com DDAHV, por escrito, mediante correio eletrônico endereçado à Coordenação Geral de Informações Estratégicas - CIE: [email protected] . Os produtos e relatórios serão encaminhados para Coordenação de Informações Estratégicas, no endereço abaixo: COORDENAÇÃO DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS DEPARTAMENTO DE DST, AIDS E HEPATITES VIRAIS SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE MINISTÉRIO DA SAÚDE SAF Sul, Trecho 02, Bloco F, Torre 1, Edifício Premium, Auditório, VIP CEP: 70070-600 - Brasília/DF. 11. TREINAMENTO DAS EQUIPES DE CAMPO A equipe de campo passará por treinamento pela instituição contratada com a supervisão do Ministério da Saúde. Este treinamento tem por objetivo principal a padronização de procedimentos para a coleta das informações e material biológico. No treinamento, a equipe de campo receberá instruções detalhadas sobre os procedimentos, inclusive por escrito, contidas no Protocolo do Estudo (Anexo III) e Manual de Campo (Anexo IV) . 12. PROPRIEDADE INTELECTUAL A Instituição Contratada cederá o direito autoral patrimonial (artigos 28 a 45 da Lei 9610/98) e a propriedade intelectual dos produtos. Esta cessão será em caráter definitivo ao Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e a Agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e inclui os produtos desenvolvidos e os resultados produzidos em consequência dessa contratação, entendendo-se por resultados quaisquer estudos, relatórios, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 24 especificações, descrições técnicas, dados, em qualquer mídia, páginas na Intranet e na Internet, manuais e documentação didática em papel ou em mídia eletrônica. A Instituição Contratada ficará proibida de veicular e comercializar os produtos gerados relativos ao objeto dos serviços contratados, salvo se houver a prévia autorização por ato do Ministério da Saúde e da UNESCO. 13. SIGILO A Instituição Contratada será expressamente responsabilizada pela manutenção de sigilo absoluto sobre todos os dados e informações, contidos em quaisquer documentos e em quaisquer mídias, não podendo, sob qualquer pretexto, divulgar, reproduzir ou utilizar, sob as penas da lei, independentemente da classificação de sigilo conferida pelo Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 25 14. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Marco teórico e referencial: saúde sexual e saúde reprodutiva de adolescentes e jovens (Versão Preliminar) / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. _______. (2006a) Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Pesquisa entre Conscritos do Exército Brasileiro 1996-2002: Retratos do comportamento de risco do jovem brasileiro à infecção pelo HIV / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. Brasília: Ministério da Saúde. LANDRY DJ Singh S & Darroch JE (2000). Sexuality Education in FifthandSixthGradesinU.S.PublicSchools, 1999. Family Planning Perspectives, 32(5):212-219. SZWARCWALD CL et al. Temporal trends of HIV-related risk behavior among brazilian military conscripts, 1997 - 2002. Clinics 2005; 60(5):367-74. SZWARCWALD, Célia Landmann et al. HIV-related risky practices among Brazilian young men, 2007. Cad. Saúde Pública [online]. 2011, vol.27, suppl.1, pp. s19-s26. ISSN 0102-311X. PEREIRA M.G. Estrutura, Vantagens e Limitações dos Principais Métodos. In: Epidemiologia Teoria e Prática. 3. ed., Guanabara, Rio de Janeiro, 289-306 p., 2000. MEDRONHO, et al. Epidemiologia I, 2. ed., São Paulo : Editora Atheneu, 2009. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 26 ANEXO I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE Você está sendo convidado para participar de um estudo do Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Defesa, que tem a finalidade de conhecer o que os jovens sabem sobre determinadas doenças sexualmente transmissíveis, e como se comportam nas situações que envolvem risco de infecção. Esse estudo pretende, também, obter informações sobre o número de pessoas infectadas pelo HIV, sífilis e hepatites B e C na população jovem masculina brasileira. Se você decidir participar, você responderá a um questionário de forma anônima (sem escrever o seu nome) com informações sobre condições socioeconômicas, práticas sexuais, uso de preservativo, conhecimento sobre transmissão da sífilis, do HIV, das hepatites virais e outras DST e, experiência com drogas. Será coletada uma amostra do seu sangue para teste de HIV, sífilis e hepatites B e C com material descartável, seguindo todos os procedimentos de biossegurança. Você poderá sentir um leve desconforto com a coleta de sangue. Em caso de haver qualquer complicação pós-coleta de sangue, você receberá assistência integral gratuita pela equipe médica da unidade de saúde mais próxima. Os benefícios pela sua participação no estudo é a realização do teste de HIV, sífilis e hepatites virais B e C e, em caso de resultado positivo você receberá orientações, tratamento e acompanhamento necessários nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Você receberá os resultados dos testes em um serviço de saúde próximo de sua residência através do Cartão de Protocolo no qual consta seu número de identificação. Toda informação obtida no estudo é confidencial. A participação neste estudo é de caráter voluntário. Você poderá desistir de participar do estudo em qualquer momento e isso não trará nenhum tipo de prejuízo no processo de seleção para ingresso no serviço militar. Você poderá receber qualquer informação adicional sobre sua participação nesse estudo junto à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), em horário comercial, que Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 27 tem a função de garantir e resguardar a integridade e os direitos dos voluntários participantes nas pesquisas no Brasil. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP Unidade II do Ministério da Saúde SEPN 510 Norte – Bloco:”A” – 3º andar CEP: 70750-521 – Brasília/DF Se você tiver alguma dúvida adicional entre em contato com o pesquisador responsável através do endereço abaixo. Contatos do pesquisador responsável: (preencher com os dados pesquisador principal) Sua assinatura neste documento indica que você leu as informações acima e concordou em participar do estudo. Mesmo após a assinatura desse documento você poderá sair do estudo, caso decida deixar de participar. Você guardará uma cópia assinada deste termo de consentimento livre e esclarecido. Após ter lido e compreendido esse termo de consentimento (TCLE), concordo em participar do estudo. Assinatura: __________________________________________________ Data: ___/___/_____ Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 28 ANEXO II - Questionário Conscritos das Forças Armadas do Brasil – Ano 2015 APRESENTAÇÃO Este questionário é anônimo e sigiloso. Portanto, não coloque seu nome. Ninguém ficará sabendo a sua opinião e o que respondeu para cada uma das perguntas. As suas respostas darão ao Ministério da Saúde mais conhecimento e segurança para enfrentar os problemas detectados protegendo a saúde da população, especialmente dos jovens. A sua colaboração e o seu compromisso com a verdade são muito importantes para que se conheça o comportamento do jovem brasileiro frente às doenças transmitidas pelo sexo. Contamos com a sua cooperação! Obrigado. IMPORTANTE Após o seu preenchimento, este questionário deverá ser depositado na urna inviolável que somente será aberta por técnicos do Ministério da Saúde, responsáveis pela análise das informações nela contidas. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 29 ESTUDO COMPORTAMENTAL COM CONSCRITOS DAS FORÇAS ARMADAS DO BRASIL – 8 ª EDIÇÃO. PARTE A 1. Qual é a sua idade? _____ anos 2. Onde você mora? Município (Cidade): ________________________________ Estado: _____ 3. Qual é o seu estado conjugal? [ ] [1] Casado [2] Divorciado [3] Solteiro [4] Desquitado ou Separado Judicialmente [5] Viúvo 4. Você mora quem? [ ] [1] Sozinho [2] Com pais e/ou parentes [3] Com cônjuge ou companheira(o) [4] Com cônjuge ou companheira(o), pais e parentes [5] Dividindo casa (república, pensão) [6] Outro: _____________________________________________________ 5. Quantas pessoas moram na sua casa contando com você: _____ pessoas. 6. Qual é a sua raça/cor? [ ] [1] Branca [2] Preta [3] Amarela [4] Parda [5] Indígena 7. Qual é o seu grau de escolaridade? [ ] [1] 1ª a 4ª série do ensino fundamental (1º grau) [2] 5ª a 7ª série do ensino fundamental (1º grau) Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 30 [3] 8ª série do ensino fundamental incompleta (1° grau) [4] Ensino fundamental completo (1º grau) [5] Ensino médio (2º grau) e/ou técnico incompleto [6] Ensino médio (2º grau) e/ou técnico completo [7] Superior incompleto [8] Superior completo 8. Você ainda está estudando? [ ] [1] Sim [2] Não 9. Na casa onde você mora tem quais objetos? Você pode selecionar mais de uma alternativa. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) Rádio (inclusive integrado a outro tipo de aparelho)? ) Televisão? ) Máquina de lavar roupa? (Não considerar tanquinho) ) Geladeira? ) Telefone celular? ) Telefone fixo? ) Microcomputador? ) Microcomputador com acesso à internet? ) Motocicleta para uso particular? ) Automóvel para uso particular? 10. Qual é o grau de escolaridade da sua mãe? [ ] [0] Nunca foi à escola [1] 1ª a 4ª série do ensino fundamental (1º grau) [2] 5ª a 7ª série do ensino fundamental (1º grau) [3] 8ª série do ensino fundamental incompleta (1° grau) [4] Ensino fundamental completo (1º grau) [5] Ensino médio (2º grau) e/ou técnico incompleto [6] Ensino médio (2º grau) e/ou técnico completo [7] Superior incompleto [8] Superior completo 11. Qual é o grau de escolaridade do seu pai? [ ] [0] Nunca foi à escola [1] 1ª a 4ª série do ensino fundamental (1º grau) [2] 5ª a 7ª série do ensino fundamental (1º grau) [3] 8ª série do ensino fundamental incompleta (1° grau) [4] Ensino fundamental completo (1º grau) [5] Ensino médio (2º grau) e/ou técnico incompleto Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 31 [6] Ensino médio (2º grau) e/ou técnico completo [7] Superior incompleto [8] Superior completo PARTE B 12. Você já transou (relação sexual com penetração) alguma vez na vida? [ ] [1] Sim [2] Não [3] Não sei ATENÇÃO Se você nunca transou com penetração vá para a pergunta número 30 13. Quantos anos você tinha quando transou pela primeira vez? _____ anos 14. Você usou camisinha na primeira vez que transou? [ ] [1] Sim [2] Não [3] Não lembro 15. Com quantas pessoas você já transou na vida? [ ] [1] 1 [2] 2 a 5 [3] 6 a 10 [4] 11 a 15 [5] 16 a 20 [6] mais de 20 16. Na maioria das vezes você usou camisinha? [ ] [1] Sim [2] Não [3] Não lembro 17. Você transa: [ ] [1] Só com mulher [2] Só com homem [3] Com homens e mulheres Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 32 18. Você transou nos últimos 12 meses com parceiras(os) fixas(os)? [ ] [1] Sim [2] Não 19. Caso tenha transado nos últimos 12 meses, transou com _____ pessoas. 20. Com as pessoas que você transou: [ ] [1] Nunca usou camisinha [2] Usou camisinha em menos da metade das vezes [3] Usou camisinha em mais da metade das vezes [4] Usou camisinha em todas as vezes 21. Você transou nos últimos 12 meses com parceiras(os) eventuais? [ ] [1] Sim [2] Não 22. Caso tenha transado nos últimos 12 meses, transou com _____ pessoas. 23. Com as pessoas que você transou: [ ] [1] Nunca usou camisinha [2] Usou camisinha em menos da metade das vezes [3] Usou camisinha em mais da metade das vezes [4] Usou camisinha em todas as vezes 24. Você pagou para transar nos últimos 12 meses? [ ] [1] Sim [2] Não [3] Não lembro 25. Caso tenha pago: [ ] [1] Nunca usou camisinha [2] Usou camisinha em menos da metade das vezes [3] Usou camisinha em mais da metade das vezes [4] Usou camisinha em todas as vezes 26. Você recebeu presentes, drogas ou outra coisa para transar nos últimos 12 meses? [ ] [1] Sim Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 33 [2] Não [3] Não lembro 27. Caso tenha recebido: [ ] [1] Nunca usou camisinha [2] Usou camisinha em menos da metade das vezes [3] Usou camisinha em mais da metade das vezes [4] Usou camisinha em todas as vezes 28. Com quantas pessoas diferentes você transou no último mês? [ ] [1] Ninguém [2] 1 [3] 2 a 5 [4] 6 a 10 [5] 11 a 15 [6] 16 a 20 [7] mais de 20 29. Você usou camisinha na última vez que transou? [ ] [1] Sim [2] Não [3] Não lembro 30. Neste momento você tem camisinha com você? [ ] [1] Tenho [2] Não tenho 31. Como você consegue camisinha? Você pode selecionar mais de uma alternativa. ( ( ( ( ( ) Posto de Saúde ) Escola ) Compra ) Pais e familiares ) Outros: ___________________________ PARTE C 32. O risco de transmissão sexual do vírus da aids pode ser reduzido se uma pessoa tiver relações sexuais somente com parceiro fiel e não infectado. [ ] Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 34 [1] Concordo [2] Discordo [3] Não sei 33. O risco da transmissão do vírus da aids pode ser reduzido usando preservativos. [ ] [1] Concordo [2] Discordo [3] Não sei 34. Uma pessoa com aparência saudável pode estar infectada pelo vírus da aids. [ ] [1] Concordo [2] Discordo [3] Não sei 35. Uma pessoa pode se infectar com o vírus da aids compartilhando talheres, copos, ou refeições. [ ] [1] Concordo [2] Discordo [3] Não sei 36. A picada de um inseto, como por exemplo um mosquito ou pernilongo, pode transmitir o vírus da aids. [ ] [1] Concordo [2] Discordo [3] Não sei 37. Uma pessoa pode pegar o vírus aids beijando? [ ] [1] Concordo [2] Discordo [3] Não sei 38. Uma pessoa pode pegar o vírus aids fazendo sexo oral? [ ] [1] Concordo [2] Discordo [3] Não sei 39. Como se pode pegar uma doença sexualmente transmissível? Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 35 a) Comendo alimentos contaminados b) Usando as mesmas agulhas e seringas que outras pessoas usaram c) Tomando banho em rios ou praias d) Por picada de mosquito e) Transando sem camisinha f) Em banheiros públicos g) De mãe para filho(a), durante a gravidez, parto e amamentação h) Beijando i) Sexo oral Concordo [ ] Concordo [ ] Discordo [ ] Discordo [ ] Não sei [ ] Não sei [ ] Concordo [ Concordo [ Concordo [ Concordo [ Concordo [ Discordo [ Discordo [ Discordo [ Discordo [ Discordo [ Não sei [ Não sei [ Não sei [ Não sei [ Não sei [ ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] Concordo [ ] Concordo [ ] Discordo [ ] Discordo [ ] Não sei [ ] Não sei [ ] Concordo [ ] Concordo [ ] Discordo [ ] Discordo [ ] Não sei [ ] Não sei [ ] Concordo [ ] Discordo [ ] Não sei [ ] Concordo [ ] Discordo [ ] Não sei [ ] Concordo [ ] Concordo [ ] Discordo [ ] Discordo [ ] Não sei [ ] Não sei [ ] Concordo [ Concordo [ Concordo [ Concordo [ Concordo [ Discordo [ Discordo [ Discordo [ Discordo [ Discordo [ Não sei [ Não sei [ Não sei [ Não sei [ Não sei [ 40. Como se pode pegar hepatites? a) Nas relações sexuais sem preservativo b) Compartilhando os instrumentos de manicure/pedicure (alicate de unha, lixa, espátula, etc) c) Compartilhando instrumentos para o uso de drogas (cachimbo, latinha, canudo, seringa e agulha) d) Fazendo tratamento dentário, endoscopia ou hemodiálise e) Por meio de alimentos contaminados f) Compartilhando talheres, copos ou refeições g) Por meio de água contaminada h) Em transfusão de sangue i) Em banheiros públicos j) Compartilhando escova de dente k) Compartilhando lâminas de barbear e depilar l) Fazendo tatuagem ou colocando piercing m) Da mãe para o bebê no parto n) Ao realizar cirurgias ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] ] Concordo [ ] Discordo [ ] Não sei [ ] Concordo [ ] Concordo [ ] Discordo [ ] Discordo [ ] Não sei [ ] Não sei [ ] 41. Uma pessoa que tem uma doença sexualmente transmissível tem mais chance de pegar HIV/aids? [ ] [1] Sim [2] Não [3] Não sei 42. Caso fosse constatado que você tem uma doença sexualmente transmissível, como você ficaria? [ ] Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 36 [1] Tranquilo [2] Preocupado [3] Desesperado 43. Para você, uma mulher que tem uma doença sexualmente transmissível pode apresentar. Você pode selecionar mais de uma alternativa. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) Nada, mesmo estando doente ) Verruga (berruga) na vagina ) Bolhas na vagina ) Ferida na vagina ) Corrimento na vagina ) Coceira na vagina ) Esquentamento na vagina ) Mal cheiro na vagina ) Não sei 44. Se uma mulher grávida estiver com alguma doença sexualmente transmissível qual(ais) doença(s) você acha que pode(m) passar para o bebê? Você pode selecionar mais de uma alternativa. ( ( ( ( ( ( ( ( ) Gonorréia (esquentamento, corrimento amarelo) ) Sífilis (cancro duro, cavalo) ) HPV (condiloma, crista de galo) ) Herpes genital ) HIV/Aids ) Hepatites ) Todas as doenças acima ) Nenhuma das doenças acima 45. Onde você gostaria de obter informações sobre doenças sexualmente transmissíveis? Você pode selecionar mais de uma alternativa. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) Cartazes, panfletos, folders ) Televisão ) Rádio ) Internet ) Jornais ) Escola ) Trabalho ) Instituição religiosa ) Serviço de saúde pública ) Serviço de saúde particular ) Atividades educativas em eventos (festas, shows, etc.) ) Família ) Amigos Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 37 ( ) Outros lugares. Dê sugestões:________________________________ 46. Caso fosse constatado que você tem HIV/aids, como você ficaria? [ ] [1] Tranquilo [2] Preocupado [3] Desesperado 47. O que um homem apresenta quando tem Doença Sexualmente Transmissível? Você pode selecionar mais de uma alternativa. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) nada, mesmo estando doente ) verruga no pênis (pinto) ) verruga (berruga) na boca ) verruga na bunda ) bolhas no pênis (pinto) ) ferida no pênis (pinto) ) ferida na boca ) ferida na bunda ) corrimento (pus) no canal da urina ) ardor no canal da urina ) não sei 48. As DST tem tratamento [ ] [1] Concordo [2] Discordo [3] Não sei 49. As DST tem cura [ ] [1] Concordo [2] Discordo [3] Não sei 50. As hepatites tem tratamento [ ] [1] Concordo [2] Discordo [3] Não sei 51. As hepatites tem cura [ ] [1] Concordo [2] Discordo [3] Não sei Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 38 52. Você já se vacinou para hepatite B [ ] [1] Sim [2] Não [3] Não sei 53. Se você já se vacinou para hepatite B, quantas doses tomou? [ ] [1] Uma dose [2] Duas doses [3] Três doses [4] Não sei 54. Você sabe de algum serviço de saúde onde os testes de hepatites são feitos gratuitamente? [1] Sim [2] Não PARTE D 55. Qual(is) desse(s) problemas você já teve em seu pênis (pinto), boca e anus (bunda)? Você pode selecionar mais de uma alternativa. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) verruga (berruga)no pênis (pinto) ) verruga na boca ) verruga na bunda ) bolhas no pênis (pinto) ) ferida no pênis (pinto) ) ferida na boca ) ferida na bunda ) corrimento (pus) no canal da urina ) ardor no canal da urina 56. Na última vez que você teve algum desses problemas, para quem você contou? Você pode selecionar mais de uma alternativa. ( ) para alguém da família ( ) para parceira(o) fixo: namorada(o), noiva(o), esposa(o) ou companheira (o) ( ) para parceira (o) casual: paqueras, rolos ( ) para meu(s) amigo(s) Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 39 ( ( ( ) para alguém de uma instituição religiosa ) outros. Quem?_______________________________________________ ) não contei para ninguém 57. Na última vez que você teve algum desses problemas, onde você procurou ajuda? Você pode selecionar mais de uma alternativa. ( ( ( ( ( ( ( ( ) com serviço público de saúde ) com um médico particular ) com o balconista de farmácia ) com a família ) com amigos ) não procurei ajuda ) o problema desapareceu sem precisar fazer tratamento ) outro(s). Onde?_____________________________________________ 58. Na última vez que você teve algum desses problemas, você tomou remédio? [ ] [1] Sim [2] Não [3] Não lembro 59. Caso você tenha tomado algum remédio na última vez que você teve algum desses problemas, como conseguiu o remédio? Você pode selecionar mais de uma alternativa. ( ( ( ( ) recebi no serviço público de saúde ) recebi com médico particular ) comprei em farmácia ) consegui de outro modo. Qual?__________________________________ 60. Se você pegou alguma doença por relação sexual, qual(is) o(s) nome(s) da(s) doença(s) que você teve? a) Gonorréia (esquentamento, corrimento amarelado) b) Sífilis (cancro curo, cavalo) c) Herpes d) HPV (condiloma, crista de galo) e) Clamídia (corrimento claro) Não [ ] Sim [ ] Não [ Não [ Não [ Não [ Sim [ Sim [ Sim [ Sim [ ] ] ] ] ] ] ] ] 61. Quais exames foram solicitados na última vez que você teve algum desses problemas? Você pode selecionar mais de uma alternativa. ( ( ( ) HIV/aids ) Sífilis ) Hepatite Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 40 ( ( ) Nenhum ) Não lembro PARTE E 62. Bebida alcoólica [ [ [ [ [ ] nunca usei ] só experimentei ] já usei, não uso mais ] uso de vez em quando ] uso todo dia, ou quase todo dia 63. Maconha (baseado) [ [ [ [ [ ] nunca usei ] só experimentei ] já usei, não uso mais ] uso de vez em quando ] uso todo dia, ou quase todo dia 64. Crack / merla / pedra / oxi [ [ [ [ [ ] nunca usei ] só experimentei ] já usei, não uso mais ] uso de vez em quando ] uso todo dia, ou quase todo dia 65. Heroína [ ] nunca usei [ ] só experimentei [ ] já usei, não uso mais [ ] uso de vez em quando [ ] uso todo dia, ou quase todo dia 66. Ecstasy (bala) [ [ [ [ ] nunca usei ] só experimentei ] já usei, não uso mais ] uso de vez em quando Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 41 [ ] uso todo dia, ou quase todo dia 67. LSD (ácido) [ [ [ [ [ ] nunca usei ] só experimentei ] já usei, não uso mais ] uso de vez em quando ] uso todo dia, ou quase todo dia 68. Cocaína cheirada [ [ [ [ [ ] nunca usei ] só experimentei ] já usei, não uso mais ] uso de vez em quando ] uso todo dia, ou quase todo dia 69. Cocaína injetada [ [ [ [ [ ] nunca usei ] só experimentei ] já usei, não uso mais ] uso de vez em quando ] uso todo dia, ou quase todo dia 70. Se você já usou drogas injetáveis alguma vez você compartilhou a mesma agulha ou seringa (aparelho, arpão) com outras pessoas? [ [ [ [ ] nunca usei drogas injetáveis ] nunca compartilhei ] já compartilhei, não compartilho mais ] compartilho atualmente 71. Com quantas pessoas você compartilhou seringa (aparelho, arpão) ou agulha na última semana? [ ] nunca usei drogas injetáveis [ ] eu não compartilhei [ ] eu compartilhei com _______(em números) pessoas na última semana. 72. Atualmente as pessoas com quem você compartilha seringas (aparelho, arpão) ou agulhas: [ ] nunca usei drogas injetáveis [ ] não compartilho Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 42 [ ] são sempre as mesmas pessoas [ ] são pessoas diferentes a cada vez que compartilho OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO POR TER RESPONDIDO ESTE QUESTIONÁRIO Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 43 ANEXO III – PROTOCOLO DO ESTUDO Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais ESTUDO COM CONSCRITOS DAS FORÇAS ARMADAS: PREVALÊNCIA DA SÍFILIS, DO HIV, DAS HEPATITES “B” E “C” E, FATORES COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS 8ª Edição Brasília Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 44 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 46 2 - JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................ 47 3 – OBJETIVO GERAL .......................................................................................................................... 50 3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................... 50 4 - METODOLOGIA ................................................................................................................................ 51 4.1 - Método epidemiológico.................................................................................................................. 51 4.2 - População-fonte.............................................................................................................................. 51 4.3 - Critérios de exclusão ...................................................................................................................... 51 4.4 – Planejamento e seleção da amostra................................................................................................ 51 4.5 - Coleta de dados .............................................................................................................................. 60 4.5.1 - Questionário ............................................................................................................................ 60 4.5.2 - Material biológico ................................................................................................................... 60 4.5.2.1 – Sífilis ................................................................................................................................... 60 4.5.2.2 – HIV ...................................................................................................................................... 61 4.5.2.3 – Hepatite B ............................................................................................................................ 61 4.5.2.4 – Hepatite C ............................................................................................................................ 61 4.6 - Trabalho do Campo ........................................................................................................................ 62 4.6.1 - Fase preparatória ..................................................................................................................... 62 4.6.1.1 - Seleção e treinamento da equipe de campo .......................................................................... 62 4.6.1.2 – Distribuição de insumos ...................................................................................................... 63 4.6.2 – Fase de execução .................................................................................................................... 63 4.6.2.1 - Identificação e seleção dos conscritos .................................................................................. 63 4.6.2.2 - Aplicação do Questionário ................................................................................................... 63 4.6.2.3 - Coleta de material biológico................................................................................................. 64 4.6.2.4 – Educação em saúde .............................................................................................................. 64 4.7 – Análises Epidemiológicas.............................................................................................................. 64 4.8 - Devolução de Resultados Laboratoriais ......................................................................................... 64 4.9 - Aspectos éticos ............................................................................................................................... 65 5 - CRONOGRAMA DO ESTUDO........................................................................................................ 67 6 - FINANCIAMENTO ............................................................................................................................. 68 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 69 ANEXO I - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ANEXO II – QUESTIONÁRIO ANEXO IV – MANUAL DE CAMPO Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 45 ESTUDO COM CONSCRITOS DAS FORÇAS ARMADAS: PREVALÊNCIA DA SÍFILIS, DO HIV, DAS HEPATITES “B” E “C” E, FATORES COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS, 8 ª EDIÇÃO. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 46 1 - INTRODUÇÃO O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais - D-DST/AIDS/HV do Ministério da Saúde - MS e o Ministério da Defesa – MD, por intermédio das Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, vêm trabalhando em cooperação técnica desde o ano de 1996 no sentido de investigar e monitorar a magnitude do Vírus da Imunodeficiência Humana - HIV e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST, identificando fatores de risco associados a essas infecções, como comportamento sexual, conhecimento sobre formas de transmissão, uso de preservativos e uso de drogas, entre os conscritos das Forças Armadas do Brasil. Os estudos realizados com a população de conscritos das Forças Armadas, jovens do sexo masculino de 17 a 21 anos, que se apresentam obrigatoriamente às Juntas de Serviço Militar – JSM, têm focalizado os diferentes fatores envolvidos no comportamento sexual de risco dos adolescentes, bem como as suas inter-relações, visando à ampliação do conhecimento sobre as práticas comportamentais dos jovens brasileiros. O presente estudo visa subsidiar o estabelecimento de estratégias de promoção e prevenção à saúde, dirigidas ao segmento jovem masculino da população brasileira, bem como monitorar a soroprevalência da sífilis e do HIV nessa população, além do estabelecimento de linha de base para monitoramento da soroprevalência das hepatites virais B e C. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 47 2 - JUSTIFICATIVA Em várias situações, os dados obtidos regularmente através das fontes mais comuns não são suficientes para gerar as informações necessárias à compreensão do processo endêmico-epidêmico e subsidiar estratégias de intervenção. Nesses casos, há necessidade de se lançar mão de estudos epidemiológicos, especialmente elaborados, para fornecer informações complementares. A adolescência é marcada por definições de práticas e atitudes sexuais que terão grande importância para a vida adulta. É durante essa fase que o jovem torna-se sexualmente ativo e adota comportamentos influenciados por aspectos psicossociais (LANDRY ET AL., 2000). As atividades de prevenção apresentam pequeno impacto nessas populações devido a fatores psicológicos e sociais relacionados a essa fase, fato este que pode ser comprovado pelo número de gravidezes indesejadas, pela frequência do uso de drogas e, pela incidência de doenças sexualmente transmissíveis (BRASIL, 2006). O alistamento militar, por abranger a população de jovens, é bastante oportuno para realização de estudos que visam monitorar a prevalência do HIV, das hepatites virais e de DST, bem como conhecimentos, atitudes e práticas. O alistamento militar é obrigatório para todo cidadão brasileiro do sexo masculino e, atinge cerca de 1.700.000 jovens em todo o Brasil. Destes 600.000 são encaminhados às Comissões de Seleção – CS. No ano de 1996, primeiro ano em que se realizou um estudo de âmbito nacional com conscritos, a investigação foi dedicada a examinar o conhecimento da transmissão da infecção pelo HIV e os meios de acesso à informação por parte do jovem brasileiro. Em 1997, foram repetidas questões sobre conhecimento, abordadas, porém, de forma diferente. Foram introduzidas ainda perguntas sobre o uso de preservativo (BRASIL, 2006a). O ano de 1998 foi marcado por um instrumento de pesquisa bem mais abrangente, envolvendo várias questões sobre práticas sexuais, problemas relacionados às doenças sexualmente transmissíveis, e outros fatores relacionados à transmissão da infecção pelo HIV, como o uso de drogas Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 48 injetáveis. Pela primeira vez também, foram coletadas amostras de sangue para o teste de infecção pelo HIV, cujos resultados puderam ser vinculados à pesquisa comportamental (BRASIL, 2006a). O estudo de 1999 enfocou as relações entre o comportamento sexual de risco e o uso de bebidas alcoólicas e de drogas ilícitas (BRASIL, 2006a). No ano de 2000, decidiu-se repetir blocos de perguntas dos estudos anteriores, para a avaliação temporal do conhecimento sobre a transmissão do HIV e a frequência de uso de preservativo por tipo de parceria entre os jovens brasileiros. O enfoque dirigiu-se a estabelecer associações entre a condição social do conscrito, comportamento sexual de risco e problemas relacionados às infecções sexualmente transmissíveis (BRASIL, 2006a). Em 2002, a pesquisa abordou, além de questões sobre práticas sexuais e uso de drogas, um módulo sobre conhecimento de doenças sexualmente transmissíveis, como aids, sífilis, gonorréia e hepatite. Adicionalmente, neste ano, estimou-se a prevalência da infecção pelo HIV, possibilitando estabelecer os principais fatores de risco à infecção pelo HIV na população brasileira de jovens do sexo masculino tendo como objetivo apresentar os resultados da análise dos dados; incluindo, além disto, uma comparação dos resultados sobre comportamento de risco relacionado à infecção pelo HIV com os obtidos em anos anteriores, para avaliação dos programas de prevenção e controle (BRASIL, 2006a). Em 2007, a pesquisa buscou examinar as práticas sexuais, uso de drogas e o conhecimento de doenças sexualmente transmissíveis, além de estimar a prevalência das infecções pelo HIV, pelo HTLV e pela sífilis. No que se refere à comparação dos resultados do último estudo, 2007, com os obtidos em edições anteriores, são observadas algumas mudanças. A prevalência da infecção pelo HIV passou de 0,09% em 2002 para 0,12% em 2007. Destaca-se a tendência de diminuição da proporção de uso de drogas injetáveis, o aumento na proporção de uso de preservativo na última relação sexual e, a diminuição de ocorrência de problemas relacionados às DST, com redução na taxa de prevalência de sífilis de 0,85% em 2002 para 0,53% em 2007, inclusive (SZWARCWALD, Célia Landmann et al., 2011). Chama atenção que entre os homossexuais e bissexuais masculinos há uma piora nos indicadores de comportamento, com aumento significativo no Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 49 índice de comportamento sexual de risco entre 2002 e 2007, com percentual significativamente menor do uso regular de preservativo quando comparado ao grupo de heterossexuais (SZWARCWALD, Célia Landmann et al., 2011). Mudanças relevantes como as já identificadas, no comportamento do jovem brasileiro, apontam para a necessidade de dirigir esforços específicos aos jovens Homens que fazem Sexo com Homens - HSH, com campanhas de prevenção e estratégias que levem em consideração o risco acrescido deste grupo populacional (SZWARCWALD, Célia Landmann et al., 2011). Na oitava edição, o estudo conserva as mesmas características epidemiológicas investigativas, mantendo os blocos de perguntas dos questionários dos estudos anteriores, para a avaliação temporal do conhecimento sobre a transmissão do HIV e de outras DST, bem como a frequência de uso de preservativo por tipo de parceria sexual entre os jovens conscritos, além de incluir questões relacionadas às hepatites virais. O monitoramento da prevalência do HIV, de outras DST e das hepatites virais, bem como o comportamento sexual de risco de adolescentes e o nível de conhecimento acerca das formas de transmissão e prevenção é uma importante ferramenta para subsidiar a formulação de políticas de prevenção e controle desses agravos. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 50 3 – OBJETIVO GERAL Contribuir para o conhecimento em nível nacional da situação epidemiológica, socioeconômica e biológica da sífilis, do HIV e das Hepatites B e C, entre jovens do sexo masculino, de 17 a 21 anos de idade, para orientar as ações programáticas necessárias ao controle desses agravos. 3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS I. Estimar a soroprevalência de sífilis, do HIV, e das hepatites B e C, por macrorregião geográfica do País, avaliando variáveis socioeconômicas e epidemiológicas; II. Avaliar o nível de conhecimento dos conscritos sobre a transmissão do HIV, das hepatites virais e de outras DST; III. Avaliar o comportamento dos conscritos em relação ao risco de transmissão da sífilis, do HIV e das hepatites virais; IV. Subsidiar o planejamento das ações de prevenção e controle para a população jovem. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 51 4 - METODOLOGIA • 4.1 - Método epidemiológico Trata-se de um estudo soroepidemiológico transversal, também designado de seccional. Este modelo representa a maneira mais simples de pesquisa populacional, sendo o mais indicado para detectar frequências das doenças e fatores de risco associados (PEREIRA, 2000). • 4.2 - População-fonte Constituída de jovens do sexo masculino de 17 a 21 anos de idade que se apresentarão às Comissões de Seleção do Serviço Militar Obrigatório. • 4.3 - Critérios de exclusão Excluem-se do estudo os conscritos: a) analfabetos; b) com idade inferior a 17 anos; c) com idade superior a 22 anos. • 4.4 – Planejamento e seleção da amostra Um dos maiores problemas enfrentados em estudos epidemiológicos de grande efetivo populacional é a dificuldade de se investigar todos os casos possíveis, uma vez que a coleta de dados envolve milhares de pessoas, tornando sua execução demorada e custosa. Para minimizar esse obstáculo, optou-se por realizar o estudo por meio de uma amostragem probabilística, que permite realizar inferências sobre a população-fonte, dado que todos os indivíduos desta população têm probabilidade conhecida e diferente de zero de participar da amostra (MEDRONHO, 2009). Para o cálculo do tamanho da amostra, necessária ao atendimento dos objetivos do estudo, utilizou-se como parâmetro a prevalência da infecção pelo HIV, estimada em 0,12% (SZWARCWALD et al., 2011), considerando-se uma confiança de 95% e erro bicaudal de 0,04%. Considerando-se um efeito de desenho de 1,25 e uma perda de 10%, o tamanho mínimo de amostra foi calculado em 39.568 indivíduos, sendo o tamanho de amostra estabelecido em 40.000. Foi feita uma amostragem por conglomerados, em dois estágios. No primeiro estágio foram selecionadas as Comissões de Seleção, com Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 52 probabilidade proporcional ao efetivo esperado no ano anterior. Foram selecionadas 90 Comissões de Seleção. No segundo estágio, o número de conscritos que serão selecionados dentro de cada comissão será proporcional ao efetivo do ano anterior à exeução do estudo. A amostra selecionada está descrita quanto a sua distribuição e quantitativo a seguir (Quadro 01). Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 53 Quadro 01: Conscritos amostrados segundo região, Unidade Federada e município de apresentação às CS. Brasil. Região Unidade da Federação OM vinculação NORTE AC CFAC/ 4º BIS AM 12ª RM AM TG 12-018 AP NORDESTE Nome do município Número de conscritos amostrados Brasileia, Rio Branco, Assis Brasil, Placido de Castro 401 Manaus, Manacapuru 1945 Carauari 28 CFAP/34ºBIS Macapá, Santana 231 PA 23ª Bda Inf Sl Marabá 293 PA 8ª RM/8ª DE 1596 PA TG 08-003 Belém, Marituba, Benevides, Ananindeua, Belem Nazaré, Santa Barbara, Belém Icoaraci, Belém Mosqueiro, Belém Entroncamento, Santa Isabel do Para Abaetetuba RO Cmdo 17ª Bda Inf Sl Porto Velho 490 RR Cmdo 1ª Bda Inf Sl 393 TO 22º B I Bonfim, Boa Vista, Normanda Araguaina AL 59º BI Mtz Maceió, Ria Claro 291 AL SSMR/7ª RM Palmeira dos Indios 35 BA Cmdo 6ª RM Salvador BA 18ª CSM Ilhéus 90 110 1572 30 54 SUDESTE BA TG 06-006 CE 23º BC CE TG 10-005 MA 24º BC MA Vitoria da Conquista Fortaleza 51 1244 Juazeiro do Norte 95 São Luis, São Luis (Cohab) 852 TG 10-003 Codó 76 MA/PI 2º BE Cnst 540 PB 15ºBI Mtz PB SSMR/7ª RM Timon(MA), Teresina (Centro, Mucambinho,Parque Piaui, Dirceu Arcoverde) Bayeux, Cabedelo, Santa Rita, João Pessoa Alagoa Grande PE 7º D Sup 1094 PE 7º GAC Recife Afogados, Recife Madalena, Recife Boa Vista, Recife Casa Amarela Olinda, Paudalho, Paulista, Aracoiaba, Camaragibe PE 14ºBI Mtz 553 PI 3º BE Cnst RN 16º BI Mtz SE 28º BC Cabo, São Lourenço da Mata, Jaboatão dos Guararapes, Jaboatão dos Guararapes Prazeres Picos, Bocaina, Sussuapara, Aroeiras do Itaim, Dom Expedito Lopes Parnamirim, Natal Centro, Natal Zona Norte Aracaju ES TG 01-012 Cachoeiro do Itapemirim 114 545 11 637 93 805 224 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 55 MG MG A ser definido pelo Cmdo 4ª Bda Inf Mtz MG 14º GAC MG 11ª CSM Belo Horizonte/Contagem/Caeté São João Del Rei/Barroso/Oliveira/Tiraden tes Juiz de Fora/Lima Duarte/Mar de Espanha/Matias Barbosa/Leopoldina Caldas, Cambui, Andradas, Ouro Fino, Pouso Alegre, Borda da Mata Divinopolis MG 12ª CSM Governador Valadares 136 MG 13ª CSM Passos 64 MG 36º BI Mtz Uberlândia 511 RJ 1º D Sup 1703 RJ 57º BI Mtz (Es) RJ 15º RC Mec (Es) Rio de Janeiro (Ramos/Centro/Leblon/Tijuc a/Inhaúma/Ilha do Governador/Vila Isabel/Engenho Novo/São Cristovão) Mesquita/Nilópolis/Nova Iguaçu/Duque de Caxias/São João do Merirti/Rio de Janeiro (Pavuna) Rio de Janeiro (Bangu/Anchieta/Madureira/ Jacarepaguá)/Queimados/Be MG A ser definido pelo Cmdo 4ª RM 11º BI Mth 1050 93 465 152 123 1679 1577 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 56 lford Roxo RJ BEsE 808 AMAN Rio de Janeiro (Campo Grande) Barra Mansa RJ RJ 56º BI Campos dos Goytacazes 188 RJ TG 01-002 Santo Antônio de Pádua 18 RJ BCSv/AMAN Volta Redonda 233 SP BA Adm Ap 604 SP 21° D Sup SP 2° BPE São Paulo (Se/Mooca/Penha/Tatuapé/I piranga/Itaquera/São Mateus/Campo Limpo/Boi Mirim/Santo Amparo/São Miguel/Vila Mariana/Diadema São Paulo (Lapa/Santana/Pirituba/Vila Maria/Freguesia do O/Jacana/Tremembé) São Paulo (Butantã) SP 4° BIL 1024 SP 5° BIL Cotia/Osasco/Barueri/Itapevi /Jandira/Carapicuiba/Taboão da Serra/Santana de Parnaíba) Lorena/Potim/Piquete/Apare cida/Guaratinguetá/Cachoeir a Paulista 114 448 294 209 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 57 SUL SP 2° BEC Pindamonhangaba/Tremem bé/Campos do Jordão 183 SP 12° GAC Jundiaí/Várzea Paulista/Campo Limpo Paulista Campinas/ Campinas Ouro Verde Lins/Marília 221 SP 28º BIL SP 37º BIL SP Base Aérea São Paulo Garulhos/ 352 SP TG 02-051 Jacareí 40 SP TG 02-006 Bebedouro 42 SP TG 02-083 Fernandópolis 40 SP TG 02-064 Presidente Venceslau 27 SP TG 02-028 Piracicaba 106 SP TG 02-019 Jaú 76 PR 20º BIB Curitiba 580 PR 5º GAC AP Curitiba 399 PR 5ª B Log Curitiba 506 PR 30 BI Mtz 184 PR 15º B Log Apucarana, Arapongas, Jandaia do Sul Toledo, Cascavel, Corbelia PR 34º BI Mtz 324 PR 32ª Del SM/15ª CSM Santa Helena, Foz do Iguaçu, São Miguel do Iguaçu, Santa Terezinha do Itaipu Umuarama RS Cmdo 3ª R M Porto Alegre 1220 468 159 338 49 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 58 CENTRO-OESTE RS 3º G A A Aé Caxias do Sul 377 RS 19º B I Mtz Sapiranga 80 RS Cmdo 8ª Bda Inf Mtz Pelotas 287 RS V COMAR e 3º B Sup Canoas 295 RS 9º RCB 87 RS Cmdo 3ª D E Lajeado, Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul Santa Maria RS 7º BIB RS Cmdo 1ª Bda C Mec RS 247 Sinimbu, Herveiras, Vera Cruz, Vale do Sol, Venancio Aires Santiago 97 4º RCC Rosario do sul 35 SC 63º BI São Jorge, Florianópolis 514 SC 23º BI Gaspar, Indaial, Blumenau 286 SC/PR 5º BE Cmb Bld 138 DF Cmdo 11ª RM Irineopolis, Matos Costa, Porto União, Cruz Machado, Paula Freitas, Paulo Frontin, Porto Vitoria, General Carneiro, União da Vitoria Novo Gama, Brasília (Gama), Brasília (Guará), Brasília (Paranoá), Brasília ( Brazlandia) Brasília (Ceilândia), Brasília (Samambaia), Brasília (Planaltina), Brasília (Sobradinho), Brasília (Taguatinga), Brasília 53 2929 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 59 (Bandeirante), Brasília (Santa Maria), Brasília (Plano Piloto), Brasília (Riacho Fundo), Brasília (São Sebastião), Brasília (Recanto das Emas) Total GO Cmdo Bda Op Esp GO 6º GLMF/CIF GO BAAN MS Cmdo 9ª RM MS 18ª Bda Inf Fron MS 17º R C Mec MS 4ª Bda C Mec MT 13ª Bda Inf Mtz Goiânia Centro, Goiânia Campinas Formosa, Planaltina 1055 Anápolis 307 Campo Grande, Ribas do Rio Pardo Corumbá, Ladario 754 Amambai, Navirai, Eldorado, Iguatemi, Itaquirai, Mundo Novo Dourados 124 Cuiabá, Varzea Grande 649 147 126 167 40000 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 60 • 4.5 – Coleta de dados • 4.5.1 – Questionário O questionário será sigiloso, autoaplicável, tendo em vista tratarse de um método que garante ao entrevistado a liberdade de expressão para perguntas de foro íntimo. Composto de questões fechadas, contando de cinco partes, abordando as seguintes variáveis: condições socioeconômicas; práticas sexuais; uso de preservativo; conhecimento sobre transmissão da sífilis, do HIV, das hepatites virais e outras DST; experiência com drogas; e, correlação entre aids e outras DST (Anexo II). • 4.5.2 – Material biológico O estudo compreende a coleta de amostras de sangue total. As coletas serão realizadas por profissionais, previamente treinados, seguindo o protocolo do estudo e todos os procedimentos de biossegurança (Anexo IV). A coleta do material biológico será por meio de punção venosa e individualmente registrada, conforme identificação numérica preestabelecida e fornecida nos kits produzidos para o estudo, segundo Manual de Campo (Anexo IV). Todo material biológico será processado por um único laboratório de excelência, tendo em vista a necessidade de padronização e qualidade dos procedimentos. Toda amostra coletada será enviada ao laboratório de apoio, para ser processada, congelada e posteriormente enviada ao Laboratório de Referência do Estudo, responsável pelas análises para HIV, Sífilis e Hepatite B e C. • 4.5.2.1 – Sífilis Para a determinação da prevalência de sífilis, será utilizada metodologia Elisa – Ensaio Imunoenzimático (treponêmico). Para as 61 amostras com resultado reagente será realizado o VDRL – Venereal Disease Research Laboratory (quantitativo, não treponêmico). Para as amostras que apresentarem resultados discordantes entre o primeiro e o segundo teste será realizado o FTA-Abs – Fluorescent Treponema Antibody Absorvent Test (treponêmico), conforme determinação da Portaria 3242 de 30 de dezembro de 2011. • 4.5.2.2 – HIV Para determinação da prevalência do HIV, será utilizada metodologia Elisa – Ensaio Imunoenzimático, para detecção de anticorpos anti-HIV 1 e 2. Nas amostras com resultados reagentes será utilizado o teste Western Blot. Caso haja discordância, ou resultado indeterminado entre as duas amostras, deverá ser realizado teste molecular confirmatório, conforme estabelece a Portaria SVS/MS nº 151, de 14 de outubro de 2009. • 4.5.2.3 – Hepatite B Para a determinação da prevalência da hepatite B, será utilizada metodologia Elisa – Ensaio Imunoenzimático, para pesquisa do antígeno de superfície do vírus da Hepatite B – HbsAg. • 4.5.2.4 – Hepatite C Para a determinação da prevalência de exposição à hepatite C, todas as amostras serão testadas para o anticorpo contra o vírus da hepatite C (anti-HCV), utilizando a metodologia Elisa – Ensaio Imunoenzimático. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 62 Quadro resumo de ensaios biológicos Infecção Método Especificação Sífilis Ensaio imunoenzimático – ELISA Teste treponêmico – utiliza antigêno específico VDRL Teste não treponêmico – utiliza a cardiolipina como antígeno FTA-Abs Teste treponêmico – utiliza antigêno específico (Imunofluorescência indireta) Ensaio imunoenzimático – ELISA Pesquisa de anticorpos específicos para HIV 1, HIV 2 incuindo grupo O Imunoblot Pesquisa de proteinas do Virus HIV Teste molecular Pesquisa de RNA viral Hepatite B Enzimaimunoensaio Pesquisa do antígeno de superfície da Hepatite B – HbsAg Hepatite C Enzimaimunoensaio (ELISA) Pesquisa do anticorpo contra o vírus da Hepatite C – Anti-HCV • 4.6 – Trabalho do Campo HIV • 4.6.1 – Fase preparatória • 4.6.1.1 – Seleção e treinamento da equipe de campo A equipe de campo, composta pelo Presidente de Comissão de Seleção, Aplicador de Questionário, Técnico de Laboratório e Ponto Focal da Coordenação Estadual de DST e Aids. Esta equipe será treinada para atuar segundo o protocolo do estudo. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 63 O treinamento da equipe de campo tem por objetivo principal a padronização de procedimentos para a coleta das informações e material biológico. No treinamento, a equipe de campo receberá instruções detalhadas sobre os procedimentos, inclusive por escrito (Anexo IV). Na abordagem inicial dos conscritos, serão fornecidas as informações básicas sobre o estudo, sem, entretanto, revelar detalhes sobre eventuais hipóteses que serão avaliadas nas análises epidemiológicas, para evitar respostas influenciadas. • 4.6.1.2 – Distribuição de insumos Todos os insumos necessários à execução do estudo serão distribuídos pelo Laboratório de Referência, de acordo com o planejamento da amostra. • 4.6.2 – Fase de execução • 4.6.2.1 – Identificação e seleção dos conscritos Os conscritos serão convidados a participarem do estudo pelo presidente da Comissão de Seleção ou pelo aplicador de questionário, os quais estão responsáveis pela apresentação do estudo. Os conscritos voluntários serão informados do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, podendo decidir participar do estudo. Se estiverem de acordo, deverão assinar as duas vias do TCLE sendo encaminhados para o preenchimento do questionário (Anexo I). • 4.6.2.2 – Aplicação do Questionário O questionário é anônimo, sigiloso e auto-aplicável, formatado e impressos de modo a permitir sua posterior digitalização com vistas à formação do banco de dados. As imagens serão armazenadas para possível conferência (Anexo II). Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 64 Após a aplicação do questionário, os conscritos serão encaminhados para coleta do material biológico. • 4.6.2.3 – Coleta de material biológico A metodologia utilizada é anônima vinculada – não há registro nominal do conscrito, apenas utilização de códigos – coletando-se amostra de sangue total, por punção venosa, para testes sorológicos de sífilis, HIV e hepatites B e C. • 4.6.2.4 – Educação em saúde Serão divulgadas para os participantes voluntários do estudo, informações sobre DST, HIV e hepatites virais. E, distribuídos preservativos. • 4.7 – Análises Epidemiológicas As análises serão realizadas pela equipe de especialistas em epidemiologia da Coordenação de Informações Estratégicas – CIE do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. • 4.8 – Devolução de Resultados Laboratoriais Após a coleta de sangue, os conscritos receberão um cartão contendo um número que identifica sua amostra biológica, além de nome e endereço da unidade de saúde de referência mais próxima ao local de sua residência, onde terão à disposição, os resultados dos testes e, se necessário, assistência adequada. O tratamento e aconselhamento serão realizados de acordo com as normas técnicas e procedimentos operacionais em vigor e definidos pelo Ministério da Saúde. Os recursos necessários ao tratamento e acompanhamento dos conscritos que apresentarem sorologia positiva para os testes realizados serão os que já existem disponíveis na rede de saúde, repassados Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 65 rotineiramente às unidades do Sistema Único de Saúde – SUS que atendem pacientes portadores do HIV e outras DST. Para acesso aos resultados o conscrito participante do estudo utilizará o seu número individual de protocolo entregue quando de seu consentimento em participar do estudo. • 4.9 – Aspectos éticos A participação neste estudo é de caráter voluntário e, caso o conscrito decida não participar do estudo, ou se retirar a qualquer momento, ele não sofrerá nenhum tipo de represália. Dessa forma, a não-participação no estudo não acarretará nenhuma influência no processo de seleção do conscrito para ingresso no serviço militar, nem acarretará nenhum outro tipo de consequência. Os riscos relacionados à participação neste estudo são mínimos. O questionário é anônimo vinculado e auto-aplicado, protegendo o voluntário de qualquer tipo de discriminação em consequência das respostas fornecidas. Depois de preenchido o questionário, esse será depositado pelo próprio conscrito em uma urna que será lacrada e encaminhada diretamente ao Laboratório de Referência do Estudo. A amostra de sangue coletada também será anônima vinculada identificada apenas por números, nunca pelo nome do conscrito ou por outra informação pessoal. Após ser bem esclarecido nesse sentido, o conscrito deverá, caso queira se voluntariar a participar do estudo, ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Anexo I), segundo a Resolução Nº 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde (MS, 1996). O TCLE, elaborado em duas vias, ficará uma cópia de posse do pesquisador e a outra com o sujeito da pesquisa. Após o processamento das amostras biológicas, e consolidação das informações contidas nos questionários, todos os resultados serão Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 66 enviados ao Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, para análise dos dados. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 67 5 – CRONOGRAMA DO ESTUDO ANO 1 ANO 2 09 10 11 12 FASE I - Planejamento X X X X Elaboração do projeto de pesquisa Preparação dos instrumentos de coleta de dados ETAPAS DA CONTRATADA X X X X X X X X 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 X X X X X X X X X X X X X X X 11 12 X X X X X X X X ETAPAS MS FASE II- EXECUÇÃO Submissão à Comissão Nacional de ética em Pesquisa Planejamento e Organização da logística Desenvolvimento do Sistema Informatizado Seleção e treinamento da equipe de campo e aquisição e distribuição de insumos Coleta de dados soroepidemiológicos Realização dos testes sorológicos e liberação dos resultados Supervisão/Controle de qualidade Alimentação do banco de dados Entrega do banco de dados soroepidemiológico com análise descritiva dos dados ETAPAS MS FASE III – ANÁLISE DOS DADOS E DIVULGAÇÃO DO ESTUDO Análise exploratória dos dados soroepidemiológicos Elaboração de relatório final Divulgação dos resultados X X X X X X X Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 68 6 - FINANCIAMENTO As fontes de financiamento utilizadas para elaboração, execução e análise do estudo serão do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 69 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Marco teórico e referencial: saúde sexual e saúde reprodutiva de adolescentes e jovens (Versão Preliminar) / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2006. (2006a) Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Pesquisa entre Conscritos do Exército Brasileiro 1996-2002: Retratos do comportamento de risco do jovem brasileiro à infecção pelo HIV / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. Brasília: Ministério da Saúde. _______. LANDRY DJ Singh S & Darroch JE (2000). Sexuality Education in FifthandSixthGradesinU.S.PublicSchools, 1999. Family Planning Perspectives, 32(5):212-219. SZWARCWALD CL et al. Temporal trends of HIV-related risk behavior among brazilian military conscripts, 1997 - 2002. Clinics 2005; 60(5):367-74. SZWARCWALD, Célia Landmann et al. HIV-related risky practices among Brazilian young men, 2007. Cad. Saúde Pública [online]. 2011, vol.27, suppl.1, pp. s19-s26. ISSN 0102-311X. PEREIRA M.G. Estrutura, Vantagens e Limitações dos Principais Métodos. In: Epidemiologia Teoria e Prática. 3. ed., Guanabara, Rio de Janeiro, 289-306 p., 2000. MEDRONHO, et al. Epidemiologia I, 2. ed., São Paulo : Editora Atheneu, 2009. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 70 ANEXO IV - Manual de Campo MANUAL DO PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SELEÇÃO Objetivo O estudo com os conscritos das Forças Armadas do Brasil tem como objetivo contribuir para o conhecimento em nível nacional da situação epidemiológica, socioeconômica e biológica da sífilis, do HIV e das Hepatites B e C, entre jovens do sexo masculino, de 17 a 21 anos de idade, para orientar as ações programáticas necessárias ao controle desses agravos. Período de Estudo De julho a setembro, durante todo o período de funcionamento das Comissões de Seleção (CS) será executado o trabalho de campo. Cálculo da Amostra Para o cálculo do tamanho da amostra, necessária ao atendimento dos objetivos do estudo, utilizou-se como parâmetro a prevalência da infecção pelo HIV, estimada em 0,12%, considerando-se uma confiança de 95% e erro bicaudal de 0,04% (SZWARCWALD et al., 2011), totalizando uma amostra final de 40.000 conscritos distribuídos em 90 Comissões de Seleção, que abrangem todas as Unidades Federadas. Cronograma de Trabalho Cada CS terá uma quantidade específica de conscritos que deverão fazer parte da pesquisa. Por isso, é necessário que se estabeleça um cronograma de trabalho que contemple os dias de execução do estudo em cada CS, bem como o quantitativo de conscritos a serem amostrados em cada um desses dias. Esse cronograma é denominado Plano de Execução, e é confeccionado para cada CS, durante os treinamentos, pelos próprios membros que atuarão em cada Comissão de Seleção. Principais Atribuições do Presidente da Comissão de Seleção: I. Receber e distribuir aos membros da equipe os insumos a serem utilizados na Comissão de Seleção para a realização do estudo; II. Definir previamente o espaço físico para aplicação do questionário e para a coleta de sangue; III. Sinalizar a área física para orientar o conscrito voluntário em seu deslocamento do local de preenchimento do questionário à sala de coleta de sangue; IV. Informar toda a equipe que atuará na Comissão de Seleção sobre os locais de aplicação do questionário e de coleta do sangue; V. Convidar voluntários para participar do estudo, por ordem de chegada, dentro do quantitativo previsto no Plano de Execução do Estudo para cada CS; VI. Solicitar ao aplicador que acompanhe os conscritos voluntários à área de preenchimento do questionário; VII. Após o preenchimento do questionário e coleta de sangue, encaminhar os conscritos voluntários ao PA para assistirem ao vídeo educativo e organizar a distribuição do material de prevenção. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 71 Informações importantes - As urnas deverão ser lacradas quando tiverem alcançado sua capacidade máxima (300 questionários) ou assim que for completado o número total de conscritos amostrados para a CS. - Guardar as urnas lacradas em local seguro até que seu transporte, juntamente com os Termos de Consentimento Livre e Esclarecidos assinados, seja efetuado; - Verificar se os procedimentos realizados pelo aplicador de questionário estão de acordo com o preconizado; - Verificar se os procedimentos executados pelo coletador relativos à coleta de sangue, identificação dos tubos, questionários e cartões de protocolo (etiquetagem) e preparação das amostras para transporte aos laboratórios de apoio estão de acordo com o preconizado. ATIVIDADES EDUCATIVAS Distribuição de material informativo e apresentação de vídeo educativo O Ministério da Saúde, por intermédio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, juntamente com o Ministério da Defesa consideram o momento de apresentação dos conscritos às Comissões de Seleção bastante oportuno para se desenvolverem ações educativas referentes ao HIV/Aids e às outras DST e hepatites virais. Dentre vários motivos, podemos enumerar: O alistamento militar abrange jovens sem distinção de raça, escolaridade, classe social, etc; As doenças sexualmente transmissíveis, notadamente a aids, têm se apresentado cada vez mais em indivíduos jovens; Há necessidade de reforçar o nível de conhecimento desse grupo sobre as doenças sexualmente transmissíveis. Dessa forma, é muito importante que se faça uma abordagem educativa voltada a todos os conscritos que comparecerem às CS amostradas. Neste sentido, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais enviará os seguintes materiais a todas as CS envolvidas no estudo com os conscritos: - Material impresso de prevenção; - Preservativos; - Vídeo educativo. Obs.: à cada conscrito deverá ser entregue um exemplar de cada material impresso e três preservativos. O vídeo educativo deve ser apresentado a todos os conscritos. MANUAL DE CAMPO APLICADOR DE QUESTIONÁRIO Execução do Estudo Conscritos – 8ª Edição. O aplicador é o responsável pela entrega do questionário da pesquisa ao conscrito voluntário. Abaixo, seguem algumas informações que facilitarão o trabalho do aplicador. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 72 - Questionário O questionário é auto-aplicável. Isso significa que o conscrito voluntário responderá o questionário sozinho, sem auxílio de nenhuma outra pessoa. - Aplicação do questionário: I. O Presidente realizará sensibilização do grupo total de conscritos que se apresentar à Comissão de Seleção, antes mesmo de levantar possíveis voluntários ao estudo; II. O presidente decidirá o número de conscritos que responderão o questionário por dia, de acordo com o “Plano de Execução do Estudo”, elaborado nos treinamentos; III. Os voluntários deverão ser todos alfabetizados, por isso o aplicador deverá perguntar, individualmente (e de forma discreta), a cada um, se sabe ler e escrever; IV. Encaminhar os conscritos voluntários para a sala onde será aplicado o questionário (os demais conscritos – não amostrados para a realização do estudo – permanecerão no Posto de Atendimento, assistindo ao vídeo educativo e realizando os procedimentos normais de encaminhamento da Comissão de Seleção); V. Distribuir, ler e pedir aos conscritos que, se estiverem de acordo, assinem, antes de distribuir o questionário, as duas vias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (uma via deverá ser entregue ao conscrito e a outra deverá ser arquivada para posterior envio ao Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais, juntamente com as urnas); VI. Orientar aos conscritos voluntários que o questionário foi elaborado pelo Ministério da Saúde; VII. Orientar aos conscritos voluntários que o questionário não deverá ter identificação (ninguém deverá colocar o nome); VIII. Distribuir o questionário e uma caneta aos conscritos voluntários, orientando que o tempo para o preenchimento é livre, e que, após a identificação do questionário por uma etiqueta numerada a ser feita pelo coletador, o próprio conscrito depositará o questionário em uma urna; IX. Assim que todos os conscritos estiverem com o questionário em mãos, o aplicador informará o número da Região Militar (RM) e o número da Comissão de Seleção (CS) para que os conscritos possam preencher a capa do questionário; X. O conscrito voluntário deverá responder ao questionário sozinho, isto é, sem ajuda do aplicador; XI. Evitar proximidade entre os conscritos, visando garantir privacidade durante o preenchimento do questionário; XII. Após a aplicação dos questionários, encaminhar os conscritos voluntários ao local onde será realizada a coleta de sangue. O conscrito deverá levar consigo o questionário para a sala de coleta e depositar, ele mesmo, na urna. MANUAL DE LABORATÓRIO Material a ser Coletado Será realizada coleta de sangue a vácuo. O volume de sangue a ser coletado é em torno de 8,5 ml, correspondente à coleta por venopunção em um tubo de ensaio específico, contendo gel separador de amostra. Estrutura necessária para a Coleta Para uma coleta de sangue adequada, você necessita dos seguintes materiais: Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 73 Sala garrote curativos luvas descartáveis óculos de proteção caixas térmicas cubos de algodão embebecidos em álcool 70% tubo descartável a vácuo, com gel separador de amostras agulha descartável para coleta a vácuo etiquetas numeradas para identificação da amostra recipiente rígido para descarte de material pérfuro-cortante cadeira reta com braçadeira regulável pia canhão avental estantes para tubos gelo reciclável etiquetas para identificação da unidade de saúde que o conscrito irá buscar o resultado de seus exames formulário de não-conformidade Procedimentos para Coleta de Sangue Preparação para coleta de sangue O responsável pela coleta de sangue terá em suas mãos os seguintes materiais: insumos para coleta: garrote, tubos para coleta, material para assepsia, etc.; etiquetas com numeração sequenciada em triplicata (cada número é repetido em três etiquetas diferentes). Na etapa da coleta, que ocorrerá na Comissão de Seleção, serão utilizadas três etiquetas, com a mesma numeração por conscrito; uma para o cartão de protocolo, uma para o questionário e uma para o tubo mãe (ver esquema de identificação para coleta de sangue). Ao chegar à sala de coleta, o conscrito depositará o questionário da urna e entregará o protocolo de retirada de resultado ao profissional de coleta. Antes da coleta do sangue propriamente dita, o profissional de coleta deve obrigatoriamente seguir os procedimentos abaixo: a) Identificar o questionário com uma etiqueta numerada. b) Identificar o tubo que será utilizado para coleta com outra etiqueta de mesma numeração utilizada para identificar o questionário do conscrito. c) Devolver o questionário ao conscrito e solicitar que esse seja depositado em urna própria. d) Identificar o protocolo de entrega de resultado com a etiqueta de mesma numeração utilizada para identificar o questionário e o tubo. e) No verso do cartão de protocolo, colar a etiqueta informando a Unidade de Saúde que o conscrito buscará o resultado de seus exames. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 74 f) Devolver o protocolo de entrega de resultado ao conscrito, informando que para obtenção do resultado será necessária a apresentação do mesmo na unidade de saúde. Esquema de Identificação para Coleta de Sangue 8ª EDIÇÃO 8ª EDIÇÃO 2015 8ª Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 75 8ª EDIÇÃO Instruções para Coleta de Sangue Para a coleta com sistema a vácuo, siga as seguintes instruções: a) Faça a anti-sepsia da região com algodão umedecido em álcool a 70%; b) Não toque mais no local desinfetado; c) Rompa a embalagem e rosqueie a agulha ao canhão (não remova o protetor de plástico da agulha); d) Ajuste o garrote e escolha a veia; e) Introduza o tubo no suporte; f) Remova o protetor de plástico da agulha; g) Faça a punção e, com a agulha no interior da veia, pressione o tubo até perfurar a borracha da tampa do tubo; h) Solte o garrote assim que o sangue começar a fluir; i) Terminada a coleta, descarte a agulha em recipiente específico para material pérfuro-cortante; j) Oriente o conscrito a pressionar com algodão a parte puncionada mantendo o braço estendido; k) Aplique o curativo no local pressionado; l) Ao final de todo procedimento, feche corretamente o descarte de material pérfuro-cortante. ATENÇÂO Caso o conscrito, após o preenchimento do questionário, desista de realizar a coleta de sangue, etiquetar apenas seu questionário e descartar as demais etiquetas (as mesmas não deverão ser utilizadas para nenhum outro conscrito); Peça ao conscrito que deposite o questionário na urna; Não entregue o cartão de protocolo ao conscrito; Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 76 Anote no formulário de não-conformidade o motivo pelo qual a amostra não foi colhida. Acondicionamento do Sangue para Transporte Os tubos contendo as amostras de sangue, devidamente identificados com as etiquetas pré-numeradas, devem ser acondicionados em estantes dentro das caixas térmicas, contendo gelo reciclável, e encaminhadas ao laboratório de apoio vinculado à sua Comissão de Seleção. Laboratório de apoio Separação do Soro Chegando ao laboratório de apoio, os tubos deverão ser centrifugados por 10 minutos a 1.500 rpm. Após a centrifugação, se faz necessário observar se o gel está separando totalmente a papa de células do soro. Caso contrário, devem-se centrifugar novamente os tubos. Aliquotagem (fracionamento) do soro Após a centrifugação, etiquetar os tubos de armazenamento e o criotubo com as etiquetas de mesma numeração do tubo de coleta. Utilizando a pipeta Pasteur (transferência) proceda à aliquotagem (fracionamento) de 1,5 ml de soro para o criotubo e o restante do soro para o tubo de armazenamento. Deve-se descartar a pipeta para cada amostra aliquotada (fracionada). Obs.: As amostras hemolisadas devem ser descartadas. Armazenamento das amostras Acondicionar os tubos e criotubos nas estantes, que devem ser armazenadas em freezer a -20º C até o momento de envio para ao Laboratório de Referência. Procedimentos de Biossegurança Todo cuidado é pouco, na manipulação de materiais biológicos como sangue, soro, etc. Procure redobrar as suas precauções, pois esses materiais são potencialmente infectantes. Use sempre avental ou jaleco longo e de mangas compridas, luvas descartáveis e óculos de proteção. Jamais re-encape agulhas. Esse procedimento é uma das principais causas de contaminação dos profissionais de saúde. Após a coleta você deve descartar a agulha em recipiente com paredes rígidas, específico para descarte de material perfurocortante. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 77 ANEXO V - Portaria Nº 3.242, de 30 de dezembro de 2011 Dispõe sobre o Fluxograma Laboratorial da Sífilis e a utilização de testes rápidos para triagem da sífilis em situações especiais e apresenta outras recomendações. O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição; e Considerando a Portaria No- 699/GM/MS, de 30 de março de 2006, que regulamenta as Diretrizes Operacionais dos Pactos pela Vida e de Gestão; Considerando a Portaria No- 399/GM/MS, de 22 de fevereiro de 2006, que divulga o Pacto pela Saúde 2006 - Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do referido Pacto; Considerando o Plano Operacional para a Redução da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis no Brasil; Considerando a meta de eliminação da sífilis congênita até 2015 (<0,5/1.000 nascidos vivos) de acordo com os objetivos do milênio; Considerando as recomendações do Manual de Controle das DST, do Ministério da Saúde, referentes ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento da sífilis, suas alterações ou outro documento que venha a substituí-lo; Considerando as recomendações do Manual de Teste Rápido para Sífilis e HIV do Ministério da Saúde, referentes à utilização dos testes rápidos e seguimento do paciente, suas alterações ou outro documento que venha a substituí-lo; Considerando a sífilis como uma doença milenar, que apresenta métodos de diagnósticos simples e tratamento eficaz; Considerando que a definição do diagnóstico da sífilis, assim como o seu tratamento oportuno, é fundamental na redução da transmissão vertical e da morbimortalidade; Considerando a necessidade de se criarem alternativas para ampliar o acesso ao diagnóstico da sífilis e melhorar a qualidade deste, em atendimento aos princípios da equidade e da integralidade da assistência, bem como da universalidade de acesso aos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS; Considerando a rotina estabelecida no Brasil para a definição do diagnóstico laboratorial da sífilis, a necessidade de normatização eas situações especiais que justificam a utilização de testes rápidos para sífilis; Considerando que a pesquisa sorológica da sífilis deve ser realizada em indivíduos com idade acima de 18 meses, com ressalva para a investigação de sífilis congênita, resolve: Art. 1° Ficam determinado que as instituições de saúde públicas e privadas utilizem o "Fluxograma Laboratorial da Sífilis em Indivíduos com Idade acima de 18 Meses" e cumpram a sequência de etapas, conforme disposto no anexo I a esta Portaria. Art. 2° Ficam determinado o uso do teste rápido treponêmico para sífilis em situações especiais, conforme disposto no anexo II a esta Portaria. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 78 Art. 3° As Considerações e Recomendações dispostas no anexo III a esta Portaria devem observadas para pesquisa de Sífilis. Art. 4° As amostras podem ser de soro, plasma, sangue total, líquido cefalorraquidiano ou amostras colhidas em papel-filtro e devem ser coletadas em conformidade com o que é preconizado pelo fabricante de cada conjunto diagnóstico (kit), não sendo permitidas adaptações de metodologias diagnósticas. Parágrafo Único. Fica vedada a mistura de amostras (pool) para a utilização em qualquer teste laboratorial, com o objetivo de diagnosticar sífilis. Art. 5° Todos os reagentes utilizados para o diagnóstico da sífilis devem ter registros vigentes na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), de acordo com o disposto na Resolução RDC No- 302, de 13 de outubro de 2005, suas alterações ou outro instrumento legal que venha a substituí-la. Art. 6° O Ministério da Saúde, por intermédio do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais, da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), Ministério da Saúde (MS), definirá as diretrizes para os programas de capacitação (formação) profissional visando à realização dos testes rápidos para sífilis. Art. 7° Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. 1.1 ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA PESQUISA LABORATORIAL DA SÍFILIS 1 - Das metodologias para detecção de sífilis As metodologias devem ser utilizadas seguindo-se as orientações dos fabricantes Os laboratórios devem realizar os controles de qualidade de acordo com os protocolos, assim como as normas de boas práticas laboratoriais, para garantir a confiabilidade e a qualidade dos resultados diagnósticos. 1.1 - Metodologias não treponêmicas: a) VDRL; b) RPR; c) USR; d) TRUST; e e) Novas metodologias registradas na Anvisa. 1.2 - Metodologias treponêmicas: a) Ensaio imunoenzimático - ELISA/EIA; b) Ensaio imunológico com revelação quimioluminescente e suas derivações - EQL; c) Imunofluorescência indireta - FTA-Abs; d) Aglutinação e hemaglutinação (TPPA, TPHA, MHATP); Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 79 e) Imunocromatografia - teste rápido; f) Western blot - WB; e g) Novas metodologias registradas na Anvisa. 2 - Das amostras para detecção de sífilis As amostras podem ser de soro, plasma, sangue total, líquido cefalorraquidiano ou colhidas em papelfiltro e devem ser coletadas em conformidade com o que é preconizado pelo fabricante de cada conjunto diagnóstico (kit), não sendo permitidas adaptações de metodologias diagnósticas. 2.1 - Da amostra coletada em papel-filtro Deverá ser utilizado kit diagnóstico treponêmico específico para testar amostra coletada em papel-filtro, com registro vigente na Anvisa. A amostra deverá ser coletada somente no papel-filtro indicado pelo fabricante ou que componha o kit. Utilizando-se amostra coletada em papel-filtro e obtendo-se o resultado Reagente no teste treponêmico, deverá ser solicitada a coleta de uma amostra por punção venosa e submetê-la ao teste de metodologia não treponêmica quantitativa, seguindo-se o Fluxo Laboratorial da Sífilis. Até a publicação do presente, não há kit registrado na Anvisa para teste não treponêmico para amostra coletada em papel-filtro. Não é permitida a emissão de laudo de amostra reagente contendo apenas resultado dos testes realizados com amostra coletada em papel-filtro, pois há a necessidade de coletar outra amostra porpunção venosa e submetê-la ao Teste 2 de metodologia não treponêmica quantitativa, seguindo-se o Fluxograma Laboratorial da Sífilis. 3 - Do Fluxograma Laboratorial da Sífilis O Fluxograma Laboratorial da Sífilis é composto pelas Etapas I (Teste 1 - T1), II (Teste 2 - T2) e III (Teste 3 T3), conforme anexos I-A e I-B a esta Portaria. O T1 pode ser de metodologia treponêmica OU não treponêmica, sendo definido de acordo com a demanda laboratorial e/ou definição do gestor local. Após escolha da metodologia que será utilizada como T1, deve-se seguir os Fluxogramas dispostos no anexo I-A ou anexo IB. O T1 e o T2 devem ser realizados preferencialmente na mesma amostra, para agilizar o diagnóstico e o tratamento, quando necessário. Os testes não treponêmicos, utilizados no fluxograma, devem ser realizados em amostra não diluída e na amostra diluída 1/8 para evitar eventual resultado falso-negativo, decorrente de fenômeno "prozona". Se a amostra não diluída ou a diluição 1/8 apresentar reatividade, realizar outras diluições da amostra para determinar seu título, utilizando o mesmo teste não treponêmico quantitativo. Se na determinação do título, a amostra apresentar resultado discordante entre os resultados já obtidos no soro puro e na diluição1/ 8, o profissional deverá verificar todos os procedimentos e reagentes que compõem o kit, certificando-se que o resultado seja concluído de forma correta. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 80 Amostra reativa em teste não treponêmico e não reativa em teste treponêmico exclui o diagnóstico de sífilis. Recomenda-se a investigação de gravidez, doenças autoimunes como lúpus eritematoso, infecções bacterianas, doenças virais e infecções por protozoários, entre outros. Para o acompanhamento do tratamento, recomenda-se a utilização da mesma metodologia não treponêmica inicial e, preferencialmente, a realização do teste no mesmo laboratório. Quando da solicitação de testes para acompanhamento do tratamento, a informação "seguimento do tratamento" deve constar da requisição. Neste caso, o laboratório somente fará o teste não treponêmico quantitativo. Os resultados dos testes treponêmicos e não treponêmicos deverão ser reportados no laudo. A interpretação clínica dos resultados obtidos nos testes realizados e a definição de conduta terapêutica ficarão a cargo do profissional solicitante ou de outro que esteja acompanhando o paciente. Os resultados da amostra serão expressos em laudo laboratorial, assim como a descrição das metodologias utilizadas, seguindo o estabelecido no Fluxograma do anexo I-A ou I-B. Os resultados deverão ser reportados de acordo com a Resolução RDC No- 302/Anvisa, de 13 de outubro de 2005, suas alterações, ou outro instrumento legal que venha a substituí-la. Não é permitida a liberação do laudo laboratorial para sífilis com resultado reagente obtido somente em uma metodologia diagnóstica, excetuando-se o caso de seguimento de tratamento. 3.1 - Do Fluxograma Laboratorial da Sífilis - TESTE 1 NÃO TREPONÊMICO (anexo I-A) 3.1.1 - Da realização da Etapa I A amostra deverá ser submetida ao T1 não treponêmico, não diluída e na diluição 1/8, para evitar eventual resultado falso-negativo, decorrente do fenômeno de "prozona". Para a amostra com resultado Não Reagente no T1 não treponêmico, reportar no laudo o resultado obtido. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". A amostra com resultado Reagente na amostra não diluida ou na diluição 1/8, no T1 não treponêmico, deverá ter seu título definido utilizando-se teste não treponêmico quantitativo. A amostra deverá ser submetida à Etapa II do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do anexo I-A. 3.1.2 - Da realização da Etapa II Para essa etapa deve ser utilizado o T2 treponêmico. Para a amostra com resultado Reagente no T2 treponêmico, reportar no laudo os resultados obtidos na Etapa I e Etapa II do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do Anexo I-A. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 81 A amostra com resultado Não Reagente no T2 treponêmico deverá ser submetida à Etapa III do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do anexo I-A. A amostra com resultado Indeterminado no T2 treponêmico deverá ser submetida à Etapa III do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do anexo I-A. 3.1.3 - Da realização da Etapa III Para essa etapa, deve ser utilizado o T3 treponêmico com metodologia diferente da utilizada no Teste treponêmico (T2) da Etapa II. Para a amostra com resultado Reagente no T3 treponêmico, reportar no laudo os resultados obtidos nas Etapas I, II e III do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do Anexo I-A. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". Para a amostra com resultado Não Reagente no T3 treponêmico, reportar no laudo os resultados obtidos nas Etapas I, II e III do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do anexo I-A. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". Para a amostra com resultado Indeterminado no T3 treponêmico, reportar no laudo os resultados obtidos nas Etapas I, II e III do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do anexo I-A. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". 3.2 - Do Fluxograma Laboratorial da Sífilis - TESTE 1 TREPONÊMICO(anexo I-B) 3.2.1 - Da realização da Etapa I A amostra será submetida ao T1 treponêmico seguindo-se as recomendações do fabricante do kit diagnóstico. A amostra com resultado Não Reagente no T1 treponêmico deverá ter seu resultado expresso no laudo laboratorial. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". Para a amostra com resultado Indeterminado no T1 treponêmico, deverá ser realizado outro teste treponêmico diferente do já utilizado no T1. Persistindo resultado indeterminado, deverá ser colhida uma nova amostra após 30 dias e esta amostra deverá ser submetida ao Fluxograma Laboratorial da Sífilis. A amostra com resultado Reagente no T1 treponêmico deverá ser submetida à Etapa II do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do anexo I-B. 3.2.2 - Da realização da Etapa II Para essa etapa, deve ser utilizado o T2 não treponêmico. Realizar T2 não treponêmico com as diluições da amostra para definição do título. Para a amostra com resultado Reagente no T2 não treponêmico, reportar no laudo o resultado e o título da amostra. O laudo deve incluir também o resultado obtido na Etapa I. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 82 Caso a amostra tenha resultado Não Reagente no T2 não treponêmico, deverá ser realizada a Etapa III do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do anexo I-B. 3.2.3 - Da realização da Etapa III Para essa etapa, deve ser utilizado o T3 treponêmico com metodologia diferente da utilizada no Teste treponêmico (T1) da Etapa I. Para a amostra com resultado Reagente no T3 treponêmico, reportar no laudo os resultados obtidos nas Etapas I, II e III do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do anexo I-B. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". Para amostra com resultado Não Reagente no T3 treponêmico, reportar no laudo os resultados obtidos nas Etapas I, II e III do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do anexo I-B. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". Para a amostra com resultado Indeterminado no T3 treponêmico, reportar no laudo os resultados obtidos nas Etapas I, II e III do Fluxograma Laboratorial da Sífilis do anexo I-B. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". 4 - Do laudo Deverá estar de acordo com o disposto na Resolução RDC No- 302/Anvisa, de 13 de outubro de 2005, suas alterações ou outro instrumento legal que venha a substituí-la. Deverá ser legível, sem rasuras na sua transcrição, escrito em língua portuguesa, datado e assinado por profissional de nível superior legalmente habilitado. Deverão constar no laudo a descrição de todas as metodologias utilizadas, os resultados encontrados e os títulos quando definidos. Deverão ser expressos: o nome do teste, o tipo de metodologia utilizada, o resultado da amostra, a densidade ótica, o ponto de corte (cut-off) e outras informações importantes para a interpretação do laudo. Os resultados dos testes não treponêmicos deverão ser expressos como Reagente ou Não Reagente. Para resultado reagente, o título da amostra também deverá ser descrito no laudo. Deverá ser reportado o resultado de todas as bandas reagentes encontradas nos testes Western blot, caso este seja um dos testes de escolha. UTILIZAÇÃO DE TESTE RÁPIDO TREPONÊMICOPARA SÍFILIS EM SITUAÇÕES ESPECIAIS 1 - Da utilização de teste rápido treponêmico A detecção da sífilis utilizando teste rápido treponêmico em situações especiais é feita exclusivamente com testes rápidos com registro vigente na Anvisa. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 83 O teste rápido treponêmico somente poderá ser realizado por profissionais capacitados e certificados para a execução, leitura e interpretação dos resultados. A capacitação é de responsabilidade das instituições.A detecção da sífilis com teste rápido treponêmico deverá ser realizada nas seguintes situações especiais: a) Localidades e serviços de saúde sem infraestrutura laboratorial ou regiões de difícil acesso; b) CTA - Centro de Testagem e Aconselhamento; c) Segmentos populacionais mais vulneráveis às DST, de acordo com situação epidemiológica local; d) População indígena; e) Gestantes e seus parceiros em unidades básicas de saúde, particularmente no âmbito da Rede Cegonha; e f) Outras situações especiais definidas pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais/SVS/MS para ampliação do diagnóstico da sífilis. A amostra deverá ser submetida ao teste rápido treponêmico seguindo instruções do fabricante para a execução, leitura e interpretação do resultado. Os testes rápidos devem ser realizados imediatamente após a coleta da amostra, orientando o indivíduo a aguardar o resultado no local. 2 - Da realização, leitura e interpretação do teste rápido treponêmico (anexo II-A) Todo teste deve ter uma região para leitura do resultado da amostra e outra para o controle do teste. O teste será considerado válido sempre que aparecer reatividade na região controle. Caso não apareça reatividade na região controle, o teste não é considerado válido e recomenda-se a realização de outro teste rápido treponêmico do mesmo lote ou, se disponível, com número de lote diferente. Persistindo teste não válido, coletar amostra por punção venosa e encaminhá-la para realização do Fluxograma Laboratorial da Sífilis. Amostra será reagente quando houver reatividade na região para leitura do resultado da amostra e também na região para controle do teste. Amostra será não reagente quando houver reatividade somente na região para controle do teste. Para a amostra com resultado Não Reagente no teste rápido treponêmico, reportar no laudo o resultado obtido. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". Para a amostra com resultado Reagente no teste rápido treponêmico, reportar no laudo o resultado obtido. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 84 O laudo deverá incluir as seguintes ressalvas: "Uma amostra por punção venosa deverá ser colhida imediatamente para a realização do Fluxograma Laboratorial da Sífilis." "O resultado laboratorial indica o estado sorológico do indivíduo e deve ser associado à sua história clínica e/ou epidemiológica". 3 - Do laudo Os resultados dos testes rápidos treponêmicos deverão ser expressos como Reagente ou Não Reagente. O laudo deverá estar de acordo com o disposto na Resolução RDC No- 302/Anvisa, de 13 de outubro de 2005, suas alterações ou outro instrumento legal que venha a substituí-la. Deverão constar no laudo o nome do teste, a metodologia utilizada, as informações sobre lote e validade e o resultado da amostra. As ressalvas devem estar presentes nos laudos de acordo com os resultados encontrados na amostra analisada. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 85 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES A interpretação clínica dos resultados obtidos nos testes realizados e a definição de conduta terapêutica ficarão a cargo do profissional solicitante ou de outro que esteja acompanhando o paciente. Não existem testes laboratoriais que apresentem 100% de sensibilidade e 100% de especificidade. Em decorrência disso, resultados falso-negativos, falso-positivos, indeterminados ou discrepantes entre os testes distintos podem ocorrer. A detecção de anticorpos para sífilis, em crianças com idade inferior a 18 meses, não caracteriza infecção, em virtude da transferência dos anticorpos maternos ao feto, sendo necessária a realização de outros testes complementares para a confirmação do diagnóstico. A utilização de teste de metodologia não treponêmica em indivíduos menores de 18 meses é indicada na investigação de sífilis congênita para fins de comparação com a titulação do teste não treponêmico materno. Para a pesquisa laboratorial da sífilis congênita, deve-se seguir as orientações do manual "Diretrizes para o controle da Sífilis Congênita" do Ministério da Saúde, suas alterações ou documentos que venham a substituí-lo. Para a pesquisa laboratorial da neurossífilis é recomendada a utilização de testes não treponêmicos com registro vigente na Anvisa e indicação do fabricante para utilização em amostra de líquido cefalorraquidiano/ líquor. É permitida também a utilização de FTA-Abs para a pesquisa de neurossífilis, como metodologia treponêmica. É obrigatória a solicitação de um documento oficial de identificação, com foto, do indivíduo que será submetido à coleta de amostra. Esse documento deve ser conferido no momento do registro no serviço de saúde, bem como no momento da coleta da amostra e na entrega do laudo. Observação: Essa exigência não se aplica aos serviços que realizam testagem anônima. Nesse caso, devese comunicar ao indivíduo que não lhe será entregue cópia do laudo por escrito. Quando da solicitação de testes para acompanhamento do tratamento, a informação "seguimento do tratamento" deve constar da requisição. Neste caso, o laboratório só fará o teste não treponêmico quantitativo. Resultados reagentes no teste não treponêmico com títulos baixos podem representar doença muito recente ou muito antiga, tratada ou não, devendo ser investigada concomitantemente à situação clínica e/ou epidemiológica do paciente. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 86 ANEXO VI - Portaria Nº 29, de 17 de dezembro de 2013 Aprova o Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças e dá outras providências. O SECRETÁRIO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, no uso das atribuições que lhe confere o art. 55, do Anexo ao Decreto nº. 8.065, de 7 de agosto de 2013, e Considerando a necessidade de se criar alternativas para a ampliação do acesso ao diagnóstico da infecção pelo HIV, em atendimento aos princípios da equidade e da integralidade da assistência, bem como da universalidade de acesso aos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS); Considerando que a identificação dos indivíduos infectados pelo HIV é importante porque permite o tratamento, o acompanhamento precoce nos serviços de saúde e a melhora na qualidade de vida; Considerando que a definição do estado sorológico de um indivíduo infectado pelo HIV é fundamental para sua proteção, controle da infecção e da disseminação do vírus; Considerando que não existem testes laboratoriais que apresentem 100% (cem por cento) de sensibilidade e de especificidade, e que resultados falso-negativos, falso-positivos, indeterminados ou discrepantes podem ocorrer na prática diária entre os distintos testes; Considerando que existem vários fluxogramas estabelecidos de acordo com o avanço científico e com a experiência mundial consolidada, que permitem o diagnóstico correto da infecção pelo HIV, por meio da combinação dos diferentes testes disponíveis no mercado; e Considerando que para o diagnóstico da infecção pelo HIV faz-se necessária a avaliação conjunta da história clínica e do risco de exposição do indivíduo à infecção concomitantemente ao resultado laboratorial, que irá orientar as decisões e a conclusão diagnóstica. E ainda, que a ocorrência de resultados indeterminados ou falso-positivos é maior particularmente em gestantes e/ou portadores de algumas enfermidades autoimunes, resolve: Art. 1º Aprovar o Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças, disponível no endereço eletrônico www.aids.gov.br, que contém os fluxogramas recomendados para diferentes cenários e situações que se adequem à pluralidade de condições e à diversidade de serviços de saúde públicos e privados. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 87 Parágrafo único. O Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças será revisto semestralmente e atualizado à luz dos avanços científicos por um comitê composto por profissionais de notório saber. Art. 2º Fica definido que as amostras podem ser de soro, plasma, sangue total, sangue seco em papel filtro, fluido oral ou de outros fluidos que tenham eficácia diagnóstica cientificamente comprovada. § 1º Todas as amostras devem ser coletadas e testadas em conformidade com o que é preconizado pelo fabricante do conjunto diagnóstico a ser utilizado. § 2º É vedada a mistura de amostras (pool) para a utilização em qualquer teste laboratorial que tenha o objetivo de diagnosticar a infecção pelo HIV. Art. 3º Todos os produtos para diagnóstico de uso in vitro, reagentes e insumos utilizados para o diagnóstico da infecção pelo HIV devem possuir registros vigentes na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), de acordo com o disposto na Resolução RDC nº 302/ANVISA, de 13 de outubro de 2005, suas alterações, ou outro instrumento legal que venha a substituí-la. Art. 4º Deve ser exigida a apresentação de um documento oficial do indivíduo submetido à coleta de amostra, que deverá ser conferido, tanto no momento do registro no serviço de saúde, quanto no momento da coleta da amostra. Parágrafo único. Fica assegurada a testagem anônima, entretanto o indivíduo deverá ser informado no momento da coleta que não será fornecido resultado por escrito. Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Art. 6º Fica revogada a Portaria/SVS/MS nº 151, de 14 de outubro de 2009, publicada no Diário Oficial da União nº. 198, de 16 de outubro de 2009, Seção 1, págs. 40-44. JARBAS BARBOSA DA SILVA JÚNIOR Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 88 ANEXO VII – Manual Técnico MANUAL TÉCNICO PARA O DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 90 Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais MANUAL TÉCNICO PARA O DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 91 Brasília, dezembro de 2013 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 92 © 2013 Ministério da Saúde. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica do Departamento de Aids, DST e Hepatites Virais. Informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais SAF Sul Trecho 2, Bloco F, Torre 1, Edifício Premium CEP: 70070-600, Brasília – DF E-mail: [email protected] Home Page: www.aids.gov.br Ministro da Saúde Alexandre Rocha Santos Padilha Secretário de Vigilância em Saúde Jarbas Barbosa da Silva Júnior Diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Fábio Mesquita Diretora-Adjunta Adele Schwartz Benzaken Coordenadora de Laboratório - CLAB Miriam Franchini Projeto gráfico e diagramação Ana Cristina e Silva Aguiar Fernanda Dias Almeida Mizael Autores Elaine Sanae Sumikawa Wersom Leonardo Rapone da Motta Maria Luiza Bazzo Miriam Franchini Orlando da Costa Ferreira Junior Revisão Ana Flávia Nacif P. Coelho Pires Ester Cerdeira Sabino Maria Inês de Moura Pardini Maria Tereza Magalhães Morais Mariza Gonçalves Morgado Roberta Barbosa Lopes Francisco Rodrigo Ribeiro Rodrigues Colaboradores Andréa Cristina Vanni Elvira Lúcia Soares Mariana Villares Regina Aparecida Comparini Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 93 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 5 APRESENTAÇÃO O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde tem trabalhado constantemente na busca de uma resposta sustentável à epidemia de HIV/aids. Nossas ações e propostas são pautadas em evidências científicas, na evolução tecnológica e no diálogo com todos os atores envolvidos na luta contra a epidemia. Nesse sentido, novas políticas têm sido adotadas com o objetivo de ampliar o diagnóstico, introduzir novas metodologias e fluxos que permitam o diagnóstico precoce da infecção pelo HIV, impactando na transmissão do vírus e no surgimento de novos casos. Dentre as inovações propostas, está a política do Tratamento como Prevenção (TasP, da sigla em inglês Treatment as Prevention), que oferece a todos os pacientes a possibilidade de iniciar o tratamento logo após a confirmação do diagnóstico. Essa medida melhora a qualidade de vida das pessoas diagnosticadas e reduz a probabilidade de transmissão do vírus. Com o intuito de ampliar as possibilidades de diagnóstico, além de orientar e subsidiar, especialmente, os(as) profissionais de saúde na realização do diagnóstico da infecção do HIV, foi elaborado este Manual Técnico. Estão apresentados cinco fluxogramas que permitem o diagnóstico seguro da infecção em indivíduos de todas as idades. Essa proposta viabiliza a realização do diagnóstico em diferentes situações e localidades nas quais a infraestrutura laboratorial esteja ou não disponível, na capacidade necessária ao atendimento de todos os cidadãos que buscam esse diagnóstico. Esperamos que os profissionais e serviços façam as escolhas adequadas à sua realidade local, de modo a viabilizar o acesso de todos os indivíduos que desejam conhecer seu estado sorológico. Ao construir essas propostas, consideramos também a agilidade da resposta ao indivíduos, seu encaminhamento para assistência médica e a relação custo-efetividade da testagem. Desejamos a todos sucesso no seu trabalho e nos colocamos à disposição para esclarecer qualquer dúvida por meio do seguinte endereço de e.mail: [email protected] Jarbas Barbosa da Silva Júnior Fábio Mesquita Secretário de Vigilância em Saúde Diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 95 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 7 Sumário Glossário ........................................................................................................................................9 Lista de abreviaturas .............................................................................................................11 1. Introdução...............................................................................................................................14 2. A estrutura do HIV ..............................................................................................................15 2.1. Classificação filogenética do HIV ............................................................................ 17 2.2. Subtipos do HIV-1 .......................................................................................................... 17 3. Infecção e resposta imune contra o HIV ...............................................................19 4. Diagnóstico da infecção pelo HIV .............................................................................20 4.1. Imunoensaio de triagem .............................................................................................. 21 4.1.1. Primeira Geração ..........................................................................................................22 4.1.2. Segunda Geração .........................................................................................................23 4.1.3. Terceira Geração ......................................................................................................... 23 4.1.4. Quarta Geração ............................................................................................................ 24 4.2. Testes Rápidos (TR) ..................................................................................................... 25 4.2.1. Situações e locais nas quais o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais recomenda a utilização de Testes Rápidos .....................................................................................................................................................26 4.3. Ensaios complementares ............................................................................................ 27 4.4. Diagnóstico por Detecção Direta do HIV ............................................................. 30 4.5. Diagnóstico utilizando amostras de sangue seco em papel filtro ............. 30 5. Sistema de estagiamento laboratorial da infecção recente pelo HIV: Classificação de Fiebig 31 5.1. Estágios da infecção recente .................................................................................... 31 5.2. Limitações do modelo de Fiebig .............................................................................. 32 6. Falhas e erros no diagnóstico da infecção pelo HIV......................................34 7. Tecnovigilância....................................................................................................................35 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 96 8. Fluxogramas de testagem para HIV .........................................................................36 8.1. Estratégias para o diagnóstico da infecção pelo HIV empregando Testes Rápidos . 36 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 97 8 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Fluxograma 1 ...................................................................................................................38 Fluxograma 2 ...................................................................................................................40 8.2. Propostas de estratégias de testagem em laboratórios ...............................41 Fluxograma 3 ...................................................................................................................42 Fluxograma 4 ...................................................................................................................45 Fluxograma 5 ...................................................................................................................48 9. Estratégias para identificação precoce da infecção pelo HIV em de crianças menores de 18 meses ........................................................................................................... 50 10. Situações Especiais do Diagnóstico da Infecção pelo HIV..................... 51 10.1. Recomendação para diagnóstico de infecção aguda pelo HIV-1 ...........51 10.2. Recomendações para diagnóstico da infecção pelo HIV-2 .......................51 Referências ................................................................................................................................. 54 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 98 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV Glossário 9 G Amostra do Paciente ou Amostra Biológica: é uma porção de fluido corporal, células ou tecido retirado para exame, estudo ou análise. Anticorpo: é uma proteína (imunoglobulina) que se liga especificamente a uma substância ao organismo estranha. Anticorpos são produzidos por linfócitos B em resposta a uma infecção ou imunização. Antígeno: qualquer substância ou material estranho que possa estimular a produção de anticorpos em um organismo e que seja reconhecido especificamente por estes. Controladores de Elite: (do inglês, elite controllers) são indíviduos que têm a infecção pelo HIV, apresentam resultados reagentes nos testes sorológicos que detectam anticorpos e não estão em tratamento antirretroviral, porém apresentam consistentemente (por pelo menos 1 ano) Carga Viral inferior ao limite de detecção dos ensaios rotineiramente utilizados. Estima-se que menos de 1% dos pacientes HIV-1 soropositivos pertença a esse grupo. Especificidade clínica ou especificidade diagnóstica: refere-se à capacidade de um ensaio apresentar resultado negativo ou não reagente quando os indivíduos não apresentam uma desordem clínica ou doença. Falso-negativo: é um resultado negativo em um teste para uma doença ou condição quando a doença ou condição de interesse está presente. Falso-positivo: é um resultado positivo em um teste para uma doença ou condição quando a doença ou condição de interesse está ausente. Fase Eclipse: é o intervalo de tempo entre a infecção pelo HIV e a primeira detecção por meio de um ensaio virológico ultrassensível. Imunidade Inata: mecanismo de defesa inicial contra infecções. Inclui células fagocíticas, células NK (do inglês natural killer), células dendríticas, complemento, citocinas e quimiocinas. Imunidade Mediada por Células: reação imunológica específica mediada por linfócitos T. Imunoensaio: é um método que detecta a presença de um complexo antígeno-anticorpo em uma amostra biológica. Imunosilenciosos: (do inglês, immunosilents) são indivíduos que possuem níveis baixos ou mesmo ausência de anticorpos específicos e, dessa forma, não são detectados nos testes sorológicos. Infecção Aguda pelo HIV: é a primeira fase da infecção até o estabelecimento do set point de Carga Viral, que dura em torno de três (3) meses. Durante a infecção aguda existe uma fase de detecção viral que antecede a detecção de anticorpos contra o vírus. Infecção Crônica: é a fase da infecção após a completa maturação da resposta dos anticorpos. Geralmente ocorre entre 6 e 12 meses após a soroconversão e se estende até a definição de aids. Infecção Recente: é a fase entre o surgimento de anticorpos em quantidade detectável por um teste sorológico até a completa maturação da resposta dos anticorpos. Janela Clínica ou Janela Aguda ou Período de Incubação: são termos relacionados que definem o período entre o momento da infecção e o aparecimento dos sintomas e/ou sinais clínicos. Janela de Soroconversão ou Janela Imunológica ou Janela Sorológica: é a duração do período entre a infecção pelo HIV até a primeira detecção de anticorpos anti-HIV, a qual inclui a fase aguda e a fase eclipse (aguda + eclipse). Janela Diagnóstica: é um conceito mais amplo do que o de janela imunológica ou sorológica. O período de janela diagnóstica é o tempo decorrido entre a infecção e o aparecimento ou detecção de um marcador da infecção, seja ele RNA viral, DNA proviral, antígeno p24 ou anticorpo. A duração desse período depende do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 99 tipo do teste, da sensibilidade do teste e do método utilizado para detectar o marcador. Limite de Detecção: é a menor concentração ou quantidade que um método pode detectar com certeza para um dado procedimento analítico. Ele depende da amplitude da leitura do branco e da precisão dessa medida. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 100 10 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Padrão-Ouro: é uma referência padrão que se utiliza para comparar um material ou processo, visando a melhor aproximação da verdade ou valor verdadeiro. Prevalência: número total de casos existentes de uma doença ou condição clínica (novos e antigos) de uma população em um determinado local e período de tempo. Relação DO/CO: nos testes imunoenzimáticos, o valor da reação DO/CO é o resultado da divisão da densidade ótica (obtida com a amostra teste) pelo ponto de corte do teste (determinado pelo fabricante). Outros testes para HIV como, por exemplo, metodologias ELFA e quimioluminescência têm leitura em sistemas diferentes de densidade; nesses casos, utiliza-se a expressão S/CO (S = amostra, do inglês sample). Resposta Imune Humoral: refere-se à resposta imune envolvendo a produção de anticorpos em resposta a um estímulo do antígeno. Resposta Primária: resposta imune resultante do primeiro encontro com o antígeno, que se caracteriza pela produção de IgM. Sensibilidade Clínica ou Sensibilidade Diagnóstica: refere-se à capacidade de um ensaio apresentar resultado positivo ou reagente quando o indivíduo apresenta uma desordem clínica ou doença. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids): síndrome clínica caracterizada por profunda imunodepressão decorrente da infecção pelo HIV. A definição clínica de início da aids é o aparecimento de infecções oportunistas e/ou + neoplasias. Desde 1993, a aids também pode ser definida por critério laboratorial da contagem de linfócitos T CD4 . Teste de Triagem ou Teste Inicial: é o primeiro teste realizado para identificar possíveis indivíduos infectados pelo HIV. Teste Molecular Qualitativo para o HIV: é um método de diagnóstico do HIV que detecta a presença ou ausência do vírus (RNA ou DNA-proviral) na amostra analisada. Teste Molecular Quantitativo para o HIV: é um método que permite quantificar a Carga Viral do HIV em determinada amostra. Teste Rápido: é um dispositivo de teste de uso único, que não depende de infraestrutura laboratorial e que produz resultado em tempo igual ou inferior a 30 minutos. Testes Complementares: são testes utilizados após a realização de outro teste que apresentar resultado reagente. Os dois testes devem possuir natureza antigênica e/ou princípios metodológicos diferentes. Testes Confirmatórios: são testes ou conjuntos de testes que podem definir o diagnóstico de uma amostra, após um resultado inicial reagente. Valor Preditivo Negativo: é a proporção de indivíduos com um resultado negativo e que não apresentam a doença ou condição de interesse. Esse valor, normalmente, é apresentado em porcentagem. Valor Preditivo Positivo: é a proporção de indivíduos com um resultado positivo e que apresentam a doença ou condição de interesse. Esse valor, normalmente, é apresentado em porcentagem. Vírion: é a partícula viral completa que está estruturalmente intacta e é infecciosa. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 101 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 11 Lista de Abreviaturas Ac: Anticorpo AEQ: Avaliação Externa de Qualidade Ag: Antígeno Aids: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (do inglês Acquired Immunodeficiency Syndrome) ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária ARV: Antirretroviral C: Controle CO: ponto de corte (do inglês, cut-off) CRF: forma Recombinante Circulante (do inglês, Circulating Recombinant Form) CTA: Centro de Testagem e Aconselhamento CV: Carga Viral D: Detectável DBS: Sangue seco em papel de filtro (do inglês, Dried Blood Spots) DDAHV: Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais DNA: Ácido Desoxirribonucleico DO: Densidade Ótica DPP: Plataforma de Migração Dupla/Imunocromatografia de Dupla Migração DST: Doença Sexualmente Transmissível EA: Eventos Adversos Env: Envelope FO: Fluido Oral Gag: Grupo antigênico (do inglês, groupspecific antigen) Gp: Glicoproteína GPGR: Variante brasileira do HIV (P = Prolina) GWGR: Variante brasileira do HIV (W = Triptofano) HIV: Vírus da Imunodeficiência Humana (do inglês Human Immunodeficiency Virus) IB: Imunoblot IBR: Imunoblot Rápido IE: Imunoensaio IFI: Imunofluorescência Indireta Ig: Imunoglobulina Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 102 JD: Janela Diagnóstica kd: kilodalton LIA: Imunoensaio em linha (do inglês, Line Immuno Assay) Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 103 12 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais LTR: Extremidades em repetições longas (do inglês, Long Terminal Repeat) MS: Ministério da Saúde NAT: Tecnologia de Amplificação de Ácidos Nucleicos (do inglês, Nucleic Acid Amplification Techonology) ND: Não Detectável Nef: Fator Negativo nm: nanômetro NR: Não Reagente P: Proteína Pol: Polimerase QT: Queixas Técnicas R: Reagente Rev: Regulador da transcrição do gene viral (do inglês, Regulator of Expression of Virion Proteins) RF: Formas Recombinantes (do inglês, Recombinant Forms) RNA: Ácido Ribonucleico ST: Sangue Total T: Teste TasP: Tratamento como prevenção (do inglês, Treatment as Prevention) Tat: Proteína transativadora TM: Teste Molecular TR: Teste Rápido URF: Forma Recombinante Única (do inglês, Unique Recombinant Form) US: Unidade de Saúde Vif: Fator de infecciosidade viral VPP: Valor Preditivo Positivo Vpr: Proteína viral “R” Vpu: Proteina viral “U” WB: Western Blot Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 104 MANUAL TÉCNICO PARA O DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 105 14 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais 1. INTRODUÇÃO São vários os desafios associados à implementação de novos fluxogramas que visam caracterizar com acurácia e G precisão uma amostra biológica submetida a testes para o diagnóstico da infecção pelo HIV. Esses desafios abrangem a reestruturação ou planejamento de políticas públicas e incluem desde questões estruturais (políticas, legais, custoefetividade, etc.) e também às operacionais (formação de pessoal, validação dos testes e boas práticas de laboratório). Alguns desafios permanecem constantes: a evolução tecnológica que introduz periodicamente novas metodologias no mercado de testes, sua aprovação pelas agências reguladoras e ainda sua aceitação para uso na rotina diária do diagnóstico em diferentes situações e instalações. G G Resultados indeterminados ou inconclusivos, falso-positivos ou falso-negativos , podem ser obtidos com a utilização de qualquer teste ou metodologia, independentemente do fluxograma utilizado, seja devido à limitação da própria metodologia e do que ela é capaz de detectar na amostra analisada, seja pela característica singular com que a infecção pode progredir em diferentes indivíduos. G A reatividade cruzada de anticorpos que podem estar presentes na amostra em virtude de várias doenças autoimunes, ou mesmo na gravidez, dentre outras situações, pode produzir resultados falso-positivos ou indeterminados em qualquer ensaio sorológico. Em amostras que apresentam resultados indeterminados em testes como o Western Blot, Imunoblot ou Imunoblot Rápido, os Testes Moleculares (TM) podem ser muito úteis para confirmar a presença da infecção pelo HIV. Porém, existe um período entre a exposição do indivíduo e a detecção do vírus, no qual nenhum teste atualmente disponível pode definir o resultado da amostra. Por fim, é essencial descrever de forma clara e consistente o significado dos resultados obtidos a partir da utilização de um fluxograma, esclarecendo suas vantagens, desvantagens e limitações. Os fluxogramas também indicam quais caminhos devem ser seguidos para solucionar casos excepcionais que requerem testes adicionais, até a correta caracterização da amostra submetida aos testes propostos no fluxograma escolhido em um determinado serviço. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 106 15 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 2. A ESTRUTURA DO HIV O HIV é uma partícula esférica, que mede de 100 a 120 nm de diâmetro, pertencente ao gênero Lentivirinae e família Retroviridae, apresentando em seu núcleo duas cópias de RNA de cadeia simples, encapsuladas por uma camada proteica ou núcleo-capsídeo, capsídeo e um envelope externo composto por uma bicamada fosfolipídica. O genoma do HIV inclui três principais genes que codificam as proteínas estruturais e enzimas virais: gag, env e pol. A nomenclatura das proteínas virais utiliza a abreviação “gp” para glicoproteína ou “p” para proteína, seguida de um número que indica o peso molecular em kilodaltons (kd). O gene gag codifica a p55, a partir da qual quatro proteínas estruturais do capsídeo são formadas: p6, p9, p17 e p24. O capsídeo que circunda o ácido nucleico viral contém p24, p6 e p9, enquanto a p17 se encontra em uma camada entre o núcleo proteico e o invólucro, denominada matriz proteica, a qual reveste a superfície interna da membrana viral. Figura 1 - O genoma do HIV-1. As localizações relativas dos principais genes no genoma do HIV-1 são indicadas, assim como as principais proteínas que cada gene codifica (adaptado de Miller, L. E., 2010). nef* vif* vpu* env 3’LTR 5’LTR pol gag Codifica para nucleocapsídeo e proteínas do core p55 precursor Codifica para enzimas virais p66 p51 p31 p10 vpr* Codifica para proteínas do envelope viral gp160 precursor gp120 gp 41 p6 p9 p17 p24 *Genes regulatórios O gene env codifica as glicoproteínas gp160, gp120, e gp41, que são encontradas no envelope viral. A gp160 é uma proteína precursora, que é clivada para formar a gp120 e gp41. A gp120 se projeta na superfície viral na forma trimérica, enquanto a gp41 é uma glicoproteína transmembrana e se associa à gp120. Ambas gp120 e gp41 estão envolvidas na fusão e ligação aos receptores de HIV nas células do hospedeiro. O terceiro gene estrutural, pol, codifica as enzimas p66 e p51, que compõem a enzima transcriptase reversa (RT), necessária à replicação do HIV. Essas proteínas são subunidades da transcriptase reversa p31, ou integrase, a qual medeia a integração do DNA viral no genoma das células do hospedeiro, e a p10, uma protease que cliva precursores proteicos em unidades ativas menores. A proteína p66 também está envolvida na degradação do RNA original do HIV. Essas proteínas estão localizadas no núcleo, sendo associadas ao RNA do HIV. Vários outros genes no genoma do HIV codificam produtos com função reguladora ou acessória. Embora esses produtos não sejam Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 107 parte integrante da estrutura viral, eles atuam no controle da replicação viral e infectividade. O gene tat (transativador) codifica a p14, uma proteína reguladora que ativa a transcrição de genes provirais do HIV. O gene rev (que regula a expressão das proteínas do vírion) codifica a p19, uma proteína que transporta o RNA viral para a tradução no citoplasma. O gene nef codifica a p27, a qual apresenta múltiplas funções, incluindo a modificação da célula hospedeira para aumentar a replicação viral e torná-la menos suscetível a ser destruída pelo sistema imune do hospedeiro. O gene vpu (proteína viral “U”) codifica a p16, uma proteína com múltiplos papéis, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 108 16 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais incluindo a montagem de forma eficiente e brotamento dos vírions para fora das células hospedeiras infectadas e a promoção da morte da célula hospedeira. O gene vpr (proteína viral “R”) codifica a p15, que auxilia na integração do DNA do HIV no núcleo da célula hospedeira. O gene vif codifica a p23, que atua como um fator de infecciosidade viral, estabilizando o DNA HIV recém-sintetizado e facilitando o seu transporte para o núcleo. O HIV-2 também apresenta os genes gag, env, pol e genes regulatórios e acessórios com funções semelhantes às observadas no HIV-1. A homologia entre os genomas dos dois vírus é de aproximadamente 50%. As regiões gag e pol do genoma viral apresentam maior homologia entre os diferentes tipos virais, ao contrário da região env, que apresenta diferenças significativas no HIV-1 e HIV-2. As proteínas do HIV-2 têm funções equivalentes às do HIV-1; entretanto, apresentam diferenças na composição de aminoácidos e no peso molecular, conforme a tabela 1: Tabela 1 – Principais Proteínas do HIV com Importância Diagnóstica Genes do HIV Env Pol Gag Produtos do HIV Precursor Glicoproteína externa Glicoproteína transmembranar Transcriptase Reversa Transcriptase Reversa Integrase Precursor Cerne Matriz Peso Molecular das Proteínas e Glicoproteínas Virais HIV-1 HIV-2 gp160 gp140 gp120 gp105/125 gp41 gp36 p66 p68 p51 p53 p31 p31/34 p55 p56 p24 p26 p17 p16 Adaptado de: CLSI. Criteria for Laboratory Testing and Diagnosis of HIV Infection; Approved Guideline. CLSI document M53-A. Wayne, PA: Clinical and Laboratory Standards Institute; 2011 Os principais componentes virais com utilidade diagnóstica incluem as proteínas do envelope viral (gp160, gp120 e gp41), as proteínas codificadas pelo gene gag (p55, p24 e p17) e as proteínas codificadas pelo gene pol (p66, p51, p31). A figura 2 apresenta a localização das principais proteínas na partícula viral de HIV-1. Figura 2 - A estrutura do HIV-1. PROTEÍNA DO ENVELOPE gp120 PROTEÍNAS MATRIZ p17 PROTEÍNA DO ENVELOPE gp41 MEMBRANA LIPÍDICA RNA TRANSCRIPTASE REVERSA Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 109 CAPSÍDEO P24 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 110 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 17 2.1. Classificação filogenética do HIV A classificação do HIV é feita por meio da análise filogenética de sequências nucleotídicas dos vírus. A classificação atual é hierárquica e consiste em tipos, grupos, subtipos, sub-subtipos e formas recombinantes (Figura 3). O HIV-1 e o HIV-2 são tipos distintos do vírus, mais distantes filogeneticamente. O HIV-1 é subdividido em 4 grupos: grupo M (do inglês, major ou majoritário), grupo N (do inglês, new ou non-M, non-O, ou novo, não-M, não-O), grupo O (do inglês, outlier) o mais divergente dentre os grupos, e ainda o grupo P. A maioria das infecções ocorre com HIV-1 do grupo M, o qual é diferenciado em subtipos (A, B, C, D, F, G, H, J e K). Os subtipos A e F, por sua vez, são subdivididos em A1, A2, A3, A4 e A5, e em F1 e F2, respectivamente. Quando um indivíduo é portador de uma infecção mista, composta por dois ou mais vírus de linhagens (subtipos) diferentes, pode ocorrer a transferência de material genético entre eles, dando origem às formas recombinantes (RF, do inglês recombinant forms). Caso a transmissão de uma forma recombinante tenha sido documentada em mais de três indivíduos, passa a ser denominada como CRF (forma recombinante circulante, do inglês, circulating recombinant form). Formas recombinantes que foram identificadas, mas cujas transmissões são desconhecidas ou não relatadas, são definidas como URF (forma recombinante única ou, do inglês, unique recombinant form). A variação genética do HIV tem implicações tanto na biologia do vírus e sua transmissão, quanto na reatividade e reação cruzada em testes G diagnósticos que detectem a presença de anticorpos específicos para os antígenos virais. Figura 3 - Representação esquemática da classificação do HIV. HIV HIV-1 M A B C D F G N H J O P K CRF/URF Tipo HIV-2 Grupo A, B, C, D, E, F, G e H Subtipos/RF F1 F2 Sub-Subtipos A1 A2 A3 A4 A5 2.2. Subtipos do HIV-1 A epidemia HIV/aids no Brasil é complexa quanto à distribuição e prevalência dos diferentes subtipos de HIV-1, se comparada aos outros países da América do Sul. O subtipo B do HIV-1 tem sido descrito como o mais prevalente no Brasil, seguido pelo F1 e formas recombinantes únicas B/F1 nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, enquanto que na região Sul observa-se uma alta prevalência do subtipo C, com valores que variam de um estado a outro, e do CRF31_BC. Além desses, já foram relatados alguns casos de infecções pelos subtipos A, D, CRF02_AG e genomas mosaicos em potencial, envolvendo recombinação ou infecção dupla entre Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 111 B/F1, B/C e F1/D e pelo menos 5 CRFs_BF1 (28, 29, 39, 40 e 46) e o CRF31_BC. Em adição à diversidade inter-subtipo, diferenças genéticas e antigênicas também foram descritas entre linhagens do subtipo B circulantes no Brasil, com a identificação de uma variante denominada B’’. Esta difere do subtipo B clássico pela presença do motivo GWGR no topo da alça V3 de gp120 do envelope, no lugar de GPGR. Em algumas áreas do Brasil, a variante B’’ mostrou-se altamente prevalente, correspondendo a 57% dos subtipos B detectados em Ribeirão Preto (SP) e 37% dos do Rio de Janeiro (RJ). Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 112 18 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Ao longo do tempo, tem-se verificado um aumento na complexidade da composição de subtipos virais e formas recombinantes nas diferentes regiões brasileiras. No Norte do país, foi descrita a presença do subtipo B em 38,7% das amostras analisadas de Manaus, seguida por uma alta porcentagem de recombinantes B/F (35,5%) e do subtipo F (16%). Já em um trabalho mais recente, analisando amostras de Belém e de Macapá, verificou-se um predomínio do subtipo B (88,3% e 97,1%), seguido de F1 (9,3% e 2,8%), com identificação do subtipo D e do CRF02_AG. No Nordeste, diversos trabalhos apontam para uma predominância do subtipo B, registrando uma prevalência de, aproximadamente, 80%, seguido de recombinantes BF1 na Bahia e do subtipo F1 nos demais estados. No CentroOeste, verificou-se uma alta prevalência de subtipo B no Distrito Federal (96%), seguido pelo subtipo F1 e recombinantes BF1. Em um estudo incluindo amostras de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, verificou-se uma prevalência de 69,9% do subtipo B, 1,7% do F1, 1% do C e 14,5% de formas recombinantes envolvendo os subtipos B, C, D e F. Estudos mais recentes apontam para um incremento na prevalência do subtipo C em mulheres dessa região. Inúmeros trabalhos têm procurado avaliar a distribuição dos subtipos de HIV-1 na região Sudeste. De modo geral, todos apontam para um predomínio do subtipo B, seguido do subtipo F1 e URF_BF1 (10%-15%), além de casos isolados do subtipo C, verificados no Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Formas recombinantes circulantes CRF28_BF1, CRF29_BF1 e CRF46_BF já foram identificadas em São Paulo e CRF39_BF1 e CRF40_BF1 no Rio de Janeiro, além da identificação de infecções por CRF02_AG no Rio de Janeiro. Estudo recente aponta para um incremento da presença do subtipo C em São Paulo. Os primeiros estudos de subtipagem de amostras de HIV-1 provenientes da região Sul evidenciaram perfil diferenciado, com alta prevalência do subtipo C. Desde então, inúmeros trabalhos têm sido realizados nessa região, apontando para grande proporção de infecções pelo subtipo C do HIV-1 nos estados do Paraná (30%), Santa Catarina (49-64%) e Rio Grande do Sul (27%-40%), seguidos pelos subtipos B, F1, recombinantes BF, BC, além do CRF31_BC, descrito em Porto Alegre e Rio Grande (RS). Figura 4 - Distribuição geográfica dos subtipos e formas recombinantes do HIV-1 identificados no Brasil (atualizado a partir de Morgado et al., 2002). B, B”, F1, BF1 B, B”, F1, BF1, C B, B”, F1, BF1, C B, B”, F1, BF1, C CRF_28, 29, 39, 40, 46BF, CRF02_AG Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 113 C, B, B”, BC, CRF_31BC Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 114 19 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 3. INFECÇÃO E RESPOSTA IMUNE CONTRA O HIV A maioria das infecções pelo HIV-1 ocorre através das mucosas do trato genital ou retal durante a relação sexual. Nas primeiras horas após a infecção pela via sexual, o HIV e células infectadas atravessam a barreira da mucosa, permitindo que o vírus se estabeleça + + no local de entrada e continue infectando linfócitos T CD4 (T CD4 ), além de macrófagos e células dendríticas. G Após a transmissão do vírus, há um período de aproximadamente 10 dias, denominado de fase eclipse (do inglês, eclipse phase), antes que o RNA viral seja detectável no plasma. Estudos que utilizaram técnicas avançadas de sequenciamento genético das primeiras partículas virais detectadas no plasma permitiram demonstrar que aproximadamente 80% das infecções sexuais pelo HIV-1 dos subtipos B e C são iniciadas por um único vírus. A homogeneidade do vírus, dito fundador, indica que o estabelecimento da infecção é resultado + de um único foco de linfócitos T CD4 infectados da mucosa. A replicação viral nesse local é auxiliada, em parte, pela resposta imunológica inata que encaminha uma quantidade adicional de células T suscetíveis ao foco da infecção. A partir dessa pequena população de células infectadas, o vírus é disseminado inicialmente para os linfonodos locais e depois sistemicamente e em número suficiente para estabelecer e manter a produção de vírus nos tecidos linfoides, além + de estabelecer um reservatório viral latente, principalmente em linfócitos T CD4 de memória. A replicação viral ativa e a livre circulação do vírus na corrente sanguínea causam a formação de um pico de viremia por volta de 21 a 28 dias após a + exposição ao HIV. Essa viremia está associada a um declínio acentuado no número de linfócitos T CD4 . Na fase de expansão e disseminação sistêmica, há a indução da resposta imunológica, mas esta é tardia e insuficiente em magnitude para erradicar a infecção. A ativação imune, por outro lado, produz uma quantidade + adicional de linfócitos T CD4 ativados que servem de alvo para novas infecções. Ao mesmo tempo, o número + + crescente de linfócitos T CD8 (T CD8 ) exerce um controle parcial da infecção, mas não suficiente para impedir, + em ausência de terapia, a lenta e progressiva depleção de linfócitos T CD4 e a eventual progressão para aids. + + A ativação de linfócitos T citotóxicos CD8 específicos (TC CD8 ) contra o HIV ocorre normalmente antes da soroconversão. O aparecimento de uma resposta imune celular HIV-específica e a subsequente síntese de anticorpos anti-HIV levam a uma queda da Carga Viral plasmática (viremia) - até um nível (set point) que é específico de cada indivíduo - e à cronicidade da infecção pelo HIV. A G resposta imune mediada por células é mais importante do que a resposta imune humoral no controle da replicação viral durante a G infecção aguda , mas os anticorpos têm um papel relevante na redução da disseminação do HIV na fase crônica da infecção. A resposta imunológica humoral contra vários antígenos viral é vigorosa. A maioria das proteínas do HIV é imunogênica, mas uma resposta de anticorpos precoce e preferencial é induzida contra glicoproteínas do envelope, gp120 e gp41, e contra a proteína do core/ capsídeo viral, a p24. G Como em qualquer outra infecção viral, a primeira classe de anticorpo produzida durante uma resposta primária é a imunoglobulina M (IgM). Devido à persistência do HIV, nosso organismo é continuamente exposto aos mesmos antígenos e a produção inicial de IgM é substituída pela produção de imunoglobulina G (IgG). Entretanto, ao contrário de outras doenças G G infecciosas, a presença da IgM não permite diferenciar uma infecção recente de uma infecção crônica , tendo em vista que a IgM pode reaparecer em outros momentos durante o curso da infecção. A IgG anti-HIV atinge níveis séricos elevados e persiste por anos, enquanto os níveis séricos de IgM tendem a desaparecer com o tempo ou apresentar padrão de intermitência. É observado um aumento da afinidade do anticorpo pelo antígeno, ou seja, os anticorpos de baixa afinidade que são produzidos no início da resposta humoral são pouco a pouco substituídos por anticorpos de alta afinidade. Este é um fenômeno devido à ocorrência de mutações somáticas em determinadas regiões (hot spots) dos genes que codificam a imunoglobulina (Ig). Essas mutações ocorrem ao acaso e o aparecimento de clones de linfócitos B com maior especificidade antigênica é o resultado de um processo de seleção positiva decorrente dessas mutações. Essa característica de aumento de afinidade (ou avidez), juntamente com o aumento da concentração sérica de anticorpos específicos anti-HIV durante a fase inicial da resposta imune Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 115 humoral, é a base racional para o desenvolvimento de testes laboratoriais que classificam a infecção em recente ou crônica. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 116 20 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais 4. DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV As estratégias de testagem em laboratório têm o objetivo de melhorar a qualidade do diagnóstico da infecção recente pelo HIV e, ao mesmo tempo, fornecer uma base racional para assegurar que o diagnóstico seja seguro e concluído em tempo hábil. Para construir a base lógica desses fluxogramas, empregamos como referência a classificação de Fiebig, ou seja, um sistema de estagiamento laboratorial da infecção recente pelo HIV. Os ensaios de terceira geração permitiram a detecção de IgM e IgG e representaram um avanço no diagnóstico da infecção recente pelo HIV; porém, novas tecnologias foram desenvolvidas, como por exemplo os testes de quarta geração que possibilitam a detecção combinada de antígeno e anticorpo, permitindo diminuir ainda mais o período de janela diagnóstica do HIV. Os testes de 3ª e 4ª geração são mais sensíveis do que os testes confirmatórios convencionais (Western blot - WB, Imunoblot - IB, ou Imunoblot Rápido - IBR), tornando fluxogramas com essa composição de ensaios inadequados para a detecção de infecções recentes e de baixo custo-efetividade. Por essa razão, testes moleculares empregados como testes confirmatórios são mais adequados para o diagnóstico de infecções agudas e/ou recentes. Por outro lado, existem indivíduos, chamados de controladores de elite, que mantêm a viremia em um nível que pode ser indetectável em testes moleculares. Nesses casos, o diagnóstico só pode ser realizado mediante a utilização dos testes confirmatórios WB, IB e IBR citados. G A estimativa do número de indivíduos considerados controladores de elite depende de dois parâmetros: o valor da Carga Viral e o tempo em que o indivíduo permanece com a Carga Viral abaixo (ou igual) a esse valor. Estudos recentes em indivíduos infectados e em doadores de sangue sugerem que a ocorrência de controladores de elite não é superior a 1% dos indivíduos diagnosticados. É importante observar que,em fluxogramas que utilizam testes moleculares para confirmação, indivíduos controladores de elite e indivíduos não infectados, porém com resultado falso-positivo no teste de triagem, terão resultado igualmente negativo no teste molecular. A distinção entre essas duas situações se dará por meio da realização de testes como o WB ou IB ou IBR. Diante dessa diversidade de cenários, não é possível a utilização de apenas um fluxograma para cobrir todas as situações que se apresentam para o diagnóstico da infecção pelo HIV. Assim, casos de infecção recente são melhor identificados com a utilização de um teste de 4ª geração como teste de triagem e um teste molecular como teste confirmatório, enquanto que os controladores de elite são facilmente identificados com IE de 3ª ou 4ª geração e um WB como teste confirmatório. Indivíduos na fase crônica da infecção são identificados com sucesso com qualquer combinação de testes de triagem (3ª ou 4ª geração), seguido por um teste confirmatório (WB ou teste molecular). Na realidade, esses indivíduos constituem a maioria (>95%) dos casos diagnosticados. marcadores no plasma Concentração dos Figura 5 - Marcadores da infecção pelo HIV na corrente sanguínea de acordo com o período que surgem após a infecção, seu desaparecimento ou manutenção ao longo do tempo. RNA P24 IgM IgG Total Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 117 1 2 3 4 Semanas de infecção 5 6 12 16 (Fonte: BUTTÒ, S.; SULIGOI, B.; FANALES-BELASIO, E.; RAIMONDO, M. Laboratory diagnostics for HIV infection. Ann. Ist. Super. Sanità, [S.l.], v. 46, n. 1, p. 24-33, 2010. Adaptado de: HIV - Estratégias para Diagnóstico no Brasil Telelab/MS). Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 118 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 21 A estimativa dos casos de infecção recente ou aguda que se apresentam para o diagnóstico depende da incidência da infecção. Por exemplo, em populações em que a incidência é baixa, o número de casos com infecção recente ou aguda é muito pequeno. O inverso ocorre em populações de risco acrescido, em que a incidência é alta e a probabilidade de casos com infecção recente ou aguda é significativa. Portanto, a escolha do fluxograma deve levar em consideração a população-alvo da testagem, a fim de maximizar as chances de diagnosticar infecções recentes e/ou agudas. Os testes para detecção da infecção pelo HIV são principalmente empregados em três situações: para triagem sorológica do sangue doado e garantia da segurança do sangue, hemoderivados e órgãos para transplante; para os estudos de vigilância epidemiológica; e para realizar o diagnóstico da infecção pelo HIV. A seguir, comentamos sobre os principais testes utilizados no diagnóstico da infecção pelo HIV. 4.1. Imunoensaio de triagem G Logo após a descoberta do HIV, foram desenvolvidos imunoensaios (IE) para o diagnóstico da infecção. Nas últimas décadas, quatro gerações de IE foram desenvolvidas. Essas gerações foram definidas de acordo com a evolução das metodologias empregadas, a partir do primeiro ensaio disponível comercialmente, no ano de 1985. As principais características das quatro gerações de IE estão descritas a seguir. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 119 22 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais 4.1.1. Primeira Geração O ensaio de primeira geração tem o formato indireto (figura 6), ou seja, a presença de anticorpos específicos é detectada por um conjugado constituído por um anticorpo anti-IgG humana. Na fase sólida, os antígenos são originados de um lisado viral de HIV. Os antígenos do lisado viral são obtidos a partir de cultura do HIV em linhagens celulares humanas. O vírus é obtido do sobrenadante da cultura, concentrado por centrifugação e lisado para expor as proteínas virais. Essas proteínas são posteriormente purificadas; entretanto, as diferentes proteínas virais não são obtidas com a mesma eficiência e algumas sofrem G degradação, alterando as proporções estequiométricas das proteínas presentes no vírion . Além disso, proteínas de origem celular e outras impurezas, provenientes do meio de cultura, também podem estar presentes na preparação antigênica final. Dessa forma, o “caldo” constituído por proteínas virais (em proporções distintas daquelas encontradas no vírion), proteínas de células humanas e do meio de cultura, são utilizadas como antígenos na fase sólida do ensaio de primeira geração. Essas características tornam o ensaio pouco específico e, pelo fato de detectarem apenas IgG, também são menos G sensíveis do que os ensaios de gerações posteriores. Em média, a janela de soroconversão dos ensaios de primeira geração é de 6 a 8 semanas. Atualmente, esses ensaios deixaram de ser utilizados na rotina diagnóstica dos laboratórios. Figura 6 - Ensaio imunoenzimático indireto do tipo ELISA (do Inglês, Enzyme-Linked Immunosorbent Assay). Incubação Lavagem Incubação Lavagem Degradação do substrato Reação de cor: presença de anticorpos Legenda Fase sólida Poço de uma placa de 96 poços Antígeno de HIV (Ag) Ligado à fase sólida - poço da placa Anticorpo Substrato (S) IgG Anti-HIV (Ac) Cromógeno + H2O2 Conjugado (Conj) Anti-IgG Humana+ Enzima Fonte: Adaptado de HIV Estratégias para Diagnóstico no Brasil - Telelab/MS Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 120 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 23 4.1.2. Segunda Geração O ensaio de segunda geração também tem formato indireto; porém, utiliza antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados de proteínas do HIV. A possibilidade de utilizar antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos no diagnóstico da infecção pelo HIV decorre do conhecimento de que existem regiões antigênicas em determinadas proteínas do HIV - epítopos imunodominantes – que são alvos preferênciais da resposta imune humoral. Quanto maior a quantidade de epítopos imunodominantes no ensaio, mais sensível esse ensaio se torna. Proteínas fracamente imunodominantes, ou aquelas em que o aparecimento do anticorpo se dá mais tardiamente, não contribuem para melhorar o desempenho do ensaio e ainda podem ser fonte de reatividade inespecífica. Em comparação com os ensaios de primeira geração, os de segunda geração são mais sensíveis e específicos, por conter uma maior concentração de proteínas (epítopos imunodominantes) relevantes. Em média, a janela de soroconversão dos ensaios de segunda geração é de 28 a 30 dias. 4.1.3. Terceira Geração O ensaio de terceira geração tem o formato “sanduíche” (ou imunométrico). A característica desse ensaio é utilizar antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos tanto na fase sólida quanto sob a forma de conjugado. Esse formato permite a detecção simultânea de anticorpos anti-HIV IgM e IgG. Como a IgG é bivalente, ou seja, possui dois sítios de ligação ao antígeno (chamados de região Fab da imunoglobulina) e a IgM é pentavalente, um desses sítios liga-se ao antígeno adsorvido à fase sólida e o(s) outro(s) Fab fica(m) livre(s) para posteriormente ligar-se aos mesmos antígenos solúveis, sob a forma de conjugado. Dessa forma, o anticorpo fica “entre dois” antígenos e, por essa característica, qualquer classe de imunoglobulina anti-HIV (IgG, IgM, IgA ou IgE) será detectada por esse tipo de metodologia. A possibilidade de detectar anticorpos da classe IgM torna esse ensaio mais sensível do que os de gerações anteriores. Ao mesmo tempo, há aumento da especificidade, pois o conjugado (antígenos) liga-se apenas à valência livre do anticorpo que está no complexo imune (antígenos na fase sólida do ensaio e anticorpos da amostra). Em média, a janela de soroconversão dos ensaios de terceira geração é de 22 a 25 dias. A figura 7 mostra uma representação esquemática de um ensaio de terceira geração. Figura 7 - Ensaio imunoenzimático “sanduíche” ou imunométrico de terceira geração do tipo ELISA (do inglês, Enzyme-Linked Immunosorbent Assay). Incubação Lavagem Incubação Lavagem Degradação do substrato Reação de cor: presença de anticorpos Legenda Fase sólida Poço de uma placa de 96 poços Antígeno de HIV (Ag) Ligado à fase sólida - poço da placa Anticorpo IgG Anti-HIV (Ac) Anticorpo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 121 IgM Anti-HIV (Ac) Conjugado (Conj) Antígeno + Enzima Substrato (S) Cromógeno + H2O2 Fonte: Adaptado de HIV Estratégias para Diagnóstico no Brasil - Telelab/MS Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 122 24 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais 4.1.4. Quarta Geração O ensaio de quarta geração detecta simultaneamente o antígeno p24 e anticorpos específicos anti-HIV. O componente de detecção de anticorpo tem o formato de “sanduíche”; portanto, detecta todas as classes de imunoglobulinas contra proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados das glicoproteínas gp41 e gp120/160. O componente de detecção de antígeno p24 é constituído por um anticorpo monoclonal na fase sólida (para capturar o antígeno p24 presente no soro) e de um conjugado constituído por um antissoro (anticorpo) poliespecífico contra a proteína p24. Em média, a janela diagnóstica dos ensaios de quarta geração é de aproximadamente 15 dias, dependendo do ensaio utilizado. A figura 8 mostra uma representação esquemática de um teste de quarta geração. Figura 8 - Ensaio imunoenzimático sanduíche ou imunométrico de quarta geração do tipo ELISA (do inglês, Enzyme-Linked Immunosorbent Assay). Incubação Lavagem Incubação Lavagem Reação colorida indica a presença do antígeno ou do anticorpo Legenda Fase sólida Poço de uma placa de 96 poços Anticorpo Anti-P24 Ligado à fase sólida – poço da placa Antígeno de HIV (Ag) Ligado à fase sólida - poço da placa Anticorpo IgG Anti-HIV (AC) Presente na amostra do indivíduo Proteína P24 do HIV Presente na amostra do indivíduo Anticorpo IgM Anti-HIV (AC) Presente na amostra do indivíduo Conjugado (Conj) Antígeno + enzima Conjugado (Conj) Anticorpo Anti-P24 + enzima Substrato (S) Cromógeno + H2O2 G Neste manual, as gerações de imunoensaios estão representadas como testes imunoenzimáticos do tipo ELISA (do inglês Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) porque os primeiros testes que surgiram no mercado, de primeira geração, usavam essa metodologia. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 123 Atualmente, outras metodologias estão disponíveis. Para conhecê-las ou revisá-las, faça o curso “HIV-Estratégias para Diagnóstico no Brasil”, da Série Telelab do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, disponível em www. telelab.aids.gov.br Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 124 25 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 4.2. Testes Rápidos (TR) Os Testes Rápidos (TR) são imunoensaios (IE) simples, que podem ser realizados em até 30 minutos. Por essas características, serão tratados neste Manual pela denominação de Testes Rápidos. Como consequência do desenvolvimento e da disponibilidade de testes rápidos, o diagnóstico do HIV atualmente pode ser realizado em ambientes laboratoriais e não laboratoriais, permitindo ampliar o acesso ao diagnóstico. Existem vários formatos de TR, e os mais frequentemente utilizados são: dispositivos (ou tiras) de Imunocromatografia (ou fluxo lateral), Imunocromatografia de dupla migração (DPP), dispositivos de imunoconcentração e fase sólida (figuras 9, 10 e 11). Figura 9 - Exemplos de Testes Rápidos (TR) para HIV, (A) imunocromatografia ou fluxo lateral, (B) imunocromatografia de dupla migração – DPP, (C) imunoconcentração, (D) fase sólida. Área 3 A Área 2 TC T TC C CONTROLE A HIV 2 Área 1 HIV 1 C B D (Adaptado de: HIV - Estratégias para Diagnóstico no Brasil - Telelab/MS) Figura 10 - Exemplos de Testes Rápidos Reagentes (TR) para HIV. Observa-se presença de linha ou ponto na área T (Teste) e na área C (Controle), (A) imunocromatografia ou fluxo lateral, (B) imunocromatografia de dupla migração – DPP, (C) imunoconcentração, (D) fase sólida. Área 3 A T Área 2 C T C T C CONTROLE A HIV 2 Área 1 B C HIV 1 D (Adaptado de: HIV - Estratégias para Diagnóstico no Brasil - Telelab/MS) Figura 11 - Exemplos de Testes Rápidos Não Reagentes (TR) para HIV. Observa-se presença de linha ou ponto apenas na área C (Controle), (A) imunocromatografia ou fluxo lateral, (B) imunocromatografia de dupla migração – DPP, (C) imunoconcentração, (D) fase sólida. Área 3 A T C Área 2 T B C A Área 1 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 125 C T C HIV 1 D CONTROLE HIV 2 (Adaptado de: HIV - Estratégias para Diagnóstico no Brasil - Telelab/MS) Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 126 26 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Tendo em vista que os TR são desenvolvidos para detectar anticorpos anti-HIV em até 30 minutos, em comparação com o IE, que pode levar até 4 horas, os dispositivos são otimizados para acelerar a interação antígeno/anticorpo. Isso requer a utilização de uma maior concentração de antígeno e da detecção de complexo antígeno/anticorpo com reagentes sensíveis à cor, como, por exemplo, o ouro coloidal. Os testes rápidos são ideais para fornecer resultados no mesmo dia em uma variedade de situações e locais descritos no item 4.2.1. 4.2.1. Situações e locais nas quais o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais recomenda a utilização de Testes Rápidos: a) Rede de serviços de saúde sem infraestrutura laboratorial ou localizada em regiões de difícil acesso; b) Programas do Ministério da Saúde, tais como Rede Cegonha, Programa de Saúde da Família, Consultório na Rua, Quero Fazer, dentre outros programas; c)Centro de Testagem e Aconselhamento – CTA e Unidade de Testagem Móvel; d) Segmentos populacionais flutuantes; e) Segmentos populacionais mais vulneráveis; f) Parcerias de pessoas vivendo com HIV/aids; g) Acidentes biológicos ocupacionais; h) Gestantes no pré-natal e que não tenham sido testadas durante o pré-natal ou cuja idade gestacional não assegure o recebimento do resultado do teste antes do parto; i)Parturientes e puérperas que não tenham sido testadas no pré-natal ou quando não é conhecido o resultado do teste no momento do parto; j)Abortamento espontâneo, independentemente da idade gestacional; k) Laboratórios que realizam pequenas rotinas (rotinas com até 5 amostras diárias para diagnóstico da infecção pelo HIV); l)Pessoas em situação de violência sexual como prevenção das DST/aids; m) Pacientes atendidos em pronto-socorros; n) Outras situações especiais definidas pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DDAHV) para ações de G Vigilância, Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida . Testes rápidos são primariamente recomendados para testagens presenciais. Podem ser realizados com fluido oral, soro, plasma ou sangue total (o que permite o uso de amostras obtidas por punção digital). Os testes rápidos são simples de executar e podem ser utilizados fora do ambiente de laboratório por pessoal capacitado. Com o objetivo de ampliar o acesso ao diagnóstico do HIV no Brasil e habilitar o maior número de profissionais de saúde para realizar esses testes, o DDAHV oferece modelos de treinamento presencial ou à distância (Sistema TELELAB, disponível em www.telelab.aids.gov.br), que aborda vários aspectos relativos à qualidade, segurança e execução do TR. Diversos TR estão disponíveis comercialmente; porém, nem todos possuem as características de desempenho, de sensibilidade e de especificidade estabelecidas pelo DDAHV neste Manual. Para evitar o emprego de TR com desempenho sub-ótimos, o DDAHV tem um programa para avaliação da qualidade dos Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 127 TR (Tabelas 2 e 3). Os resultados dessas avaliações são publicados periodicamente no site www.aids.gov.br. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 128 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 27 Tabela 2 – Características de desempenho de sensibilidade e especificidade dos Testes Rápidos para HIV estabelecidas pelo DDAHV a partir de 2013. Parâmetro Critério Especificidade Clínica > 99,0% Sensibilidade Clínica > 99,5% Desempenho operacional do ensaio (DOE) Desempenho “satisfatório” (4 pontos de 5 possíveis) Tabela 3 – Parâmetros de desempenho e critérios de pontuação dos Testes Rápidos para HIV estabelecidos pelo DDAHV. Parâmetro do DOE o N de reagentes necessários Desempenho desejado Pontuação = 1 Desempenho não desejado Pontuação = 0 Apenas 1 reagente Mais de 1 reagente Temperatura de armazenamento dos Inclui temp. ambiente reagentes 2 C a 8 C requeridos Total de etapas Máximo de 4 Mais do que 4 Tempo total de realização Máximo de 30 minutos Mais de 30 minutos Habilidades técnicas Sem conhecimento requeridas laboratorial o o Experiência laboratorial requerida Outros testes rápidos foram desenvolvidos utilizando o fluido oral (FO) como amostra, coletada por meio de um dispositivo específico. O FO contém uma menor quantidade de IgG do que amostras de sangue, mas, em quantidade ainda suficiente para permitir o diagnóstico seguro da infecção pelo HIV. Os anticorpos presentes no FO são transferidos passivamente do sangue circulante para o fluido gengival (chamado de fluido crevicular). Por essa razão, os anticorpos da classe IgG presentes no FO possuem toda gama de especificidades dos anticorpos presentes no soro. O emprego do FO pode simplificar ainda mais a testagem de HIV, tornando-a mais acessível, além de reduzir o risco biológico associado aos testes baseados em sangue. Entretanto, a sensibilidade e a especificidade dos ensaios que utilizam o fluido oral são inferiores aos ensaios que utilizam amostras de sangue, soro ou plasma. É importante ressaltar que a janela de soroconversão dos testes rápidos que utilizam o fluido oral pode chegar até a três (3) meses, dependendo do conjunto diagnóstico utilizado. 4.3. Ensaios Complementares Embora os testes rápidos e os IE sejam sensíveis e específicos, resultados falso-positivos podem ocorrer; por essa razão, os testes G complementares foram desenvolvidos. Os testes complementares utilizam diferentes formatos e princípios. Estão incluídos nessa categoria: Western blot (WB), Imunoblot (IB) ou imunoensaios em linha (LIA, do inglês Line Immuno Assay), incluindo o Imunoblot Rápido (IBR) e imunofluorescência indireta (IFI). A IFI foi muito utilizada como teste complementar durante a primeira década da epidemia de HIV, mas atualmente foi substituída pelo WB e Imunoblot. O WB e o Imunoblot envolvem o uso de tiras de membrana com proteínas nativas do HIV que são separadas por eletroforese (WB), ou por proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos impregnados Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 129 diretamente nessas membranas (Imunoblot). Essas tiras são incubadas com amostras de soro ou plasma. Os anticorpos presentes na amostra se ligam especificamente às proteínas das tiras de WB ou IB e esses anticorpos anti-HIV específicos ligados às proteínas são detectados por anticorpos secundários, conjugados com uma enzima, seguido por um substrato que gera um produto colorido. O WB e o Imunoblot são de custo elevado e requerem interpretação subjetiva para estabelecer um diagnóstico com base em um padrão de Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 130 28 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais reatividade definido pelo fabricante do conjunto diagnóstico. O DDAHV define o padrão mínimo aceitável de interpretação do WB como reagente (presença de bandas), em pelo menos duas das seguintes proteínas: p24; gp41; gp120/gp160. O IBR é semelhante ao IB, porém utiliza a metodologia DPP (Plataforma de Migração Dupla). Na fase sólida estão presentes os antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos dos vírus HIV-1 (p24, gp41, gp120 e gp160), incluindo o grupo O, e também a proteína do HIV-2 (gp36). Ao contrário do WB e IB, o IBR permite a detecção de anticorpos em menos de 30 minutos. A maioria desses ensaios detectam apenas IgG e por isso não são recomendados para confirmar a presença de anticorpos IgM HIV específicos (ensaios de terceira ou quarta geração) ou a presença do antígeno p24 (ensaios de quarta geração). O DDAHV define o padrão mínimo aceitável de interpretação do WB como reagente quando é detectada a presença de pelo menos duas das seguintes proteínas: p24; gp41; gp120/gp160. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 131 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 29 Figura 12 - Reação de Western blot. gp 160 gp 160 gp 120 gp 120 p 66 p 66 p 55 p 55 gp 41 gp 41 Incubação p 31 p 31 P 24 P 24 p 17 p 17 Lavagem gp 160 gp 160 gp 120 gp 120 p 66 p 66 p 55 p 55 gp 41 gp 41 Incubação Lavagem p 31 p 31 P 24 P 24 p 17 p 17 gp 160 gp 120 gp 160 p 66 gp 120 p 66 p 55 p 55 gp 41 Presença de reatividade p 31 proteínas do HIV. Neste caso estão presentes anticorpos anti-gp160, anti-gp120, anti-gp41 e anti-p24. gp 41 p 31 P 24 P 24 p 17 bandas representa dos anticorpos às p 17 Legenda gp 160 gp 120 p 66 Anticorpo IgG Anti-HIV Ac Presente na amostra do indivíduo p 55 p 51 p 31 P 24 Conjugado (Conj) Substrato (S) Cromógeno + H2O2 Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 132 p 17 Anticorpo IgG humana + enzima Membrana de nitrocelulose com proteínas do HIV Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 133 30 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais 4.4. Diagnóstico por detecção direta do HIV A infecção pelo HIV pode ser diagnosticada por meio da detecção direta de componentes do vírus (antígeno p24, RNA ou DNA pró-viral). A detecção do antígeno p24 do HIV-1 ou de RNA ou DNA desempenha um papel importante quando a detecção de anticorpos não é possível. São especialmente úteis para o diagnóstico em crianças com idade inferior a 18 meses e na infecção aguda em adultos. A detecção molecular de ácido nucleico é mais sensível do que a detecção de p24. Dependendo da fase da infecção, o HIV pode ser encontrado principalmente como DNA pró-viral em células infectadas ou como RNA no sangue (como componente da partícula viral livre ou RNA intracelular). Existem testes comerciais que detectam o DNA (qualitativo) e/ ou RNA, quer qualitativamente ou quantitativamente. A detecção de infecção aguda por testes de amplificação de ácidos nucleicos (NAT) é principalmente utilizada na triagem de doadores de sangue, com o objetivo de aumentar a segurança do sangue e de hemoderivados. É importante registrar que a maioria dos indivíduos com infecção aguda apresentam Carga Viral elevada e, consequentemente, têm maior risco de transmitir a infecção aos seus parceiros. Outra aplicação importante para os testes moleculares é o diagnóstico precoce da infecção pelo HIV em crianças com exposição perinatal. Crianças nascidas de mães soropositivas adquirem anticorpos anti-HIV passivamente, e dessa forma ensaios baseados em anticorpos não podem ser utilizados para confirmar ou descartar a infecção pelo HIV (ver capítulo 9). 4.5. Diagnóstico utilizando amostras de sangue seco em papel filtro As amostras de sangue seco em papel filtro (do inglês, dried blood spots, DBS) oferecem uma alternativa simples e fácil como amostra para sorologia e testes moleculares para HIV. Existem IE e WB que foram otimizados para utilizar DBS como amostra. O armazenamento e o transporte do DBS devem ser realizados conforme instruções de uso do conjunto diagnóstico. As amostras coletadas em papel filtro devem ser testadas apenas com conjuntos diagnósticos que possuem registros válidos na ANVISA para utilização nesse tipo de amostra. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 134 31 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 5. SISTEMA DE ESTAGIAMENTO LABORATORIAL DA INFECÇÃO RECENTE PELO HIV: CLASSIFICAÇÃO DE FIEBIG 5.1. Estágios da infecção recente Uma compreensão detalhada do tempo de curso da viremia e da soroconversão durante a infecção primária pelo HIV é pré-requisito importante para entender e aperfeiçoar fluxogramas diagnósticos. Nesse sentido, Fiebig e colaboradores (2003) propuseram um sistema de estagiamento laboratorial da infecção recente pelo HIV-1 que inclui também projeções da duração de cada estágio, com base no padrão de reatividade de diferentes ensaios – RNA viral, antígeno p24, IE de terceira geração e Western blot. Uma primeira observação importante é a de que a reatividade dos diferentes tipos de ensaios para a detecção da infecção pelo HIV progride sequencialmente e permite que a cada aparecimento de um marcador na circulação, seja atribuído um estágio à infecção. Assim, cada um dos seis estágios é definido por um padrão único de reatividade a um ou mais ensaios. Esse sistema classifica em detalhes as fases iniciais da infecção e facilita o entendimento de qual teste ou fluxograma é mais indicado para fazer o diagnóstico da infecção pelo HIV em diferentes situações. Segue a descrição de cada um destes estágios ( Tabela 4): Tabela 4 – Classificação de Fiebig para Estagiamento Laboratorial da Infecção pelo HIV. Estágio 0 I II III IV V VI RNA + + + + + + Marcador p24 Ag IE (3aG) WB + + + +/+ Ind +/+ +(-p31c) +/+ +(+p31) Duração em dias (IC 95%) Individual Cumulativo 10 (7-21) 10 7 (5-10) 17 5 (4-4) 22 3(2-5) 25 6 (4-8) 31 70 (40-122) 101 Sem limite de duração Sem limite de duração Cohen et al. J. Infect. Dis. 2010, 202 (S2): S270-S277 • Estágio 0 (ou período de eclipse): é caracterizado pela ausência de marcadores virais em amostras de sangue. Esse período tem uma duração média de 10 dias, a partir da infecção até a primeira detecção de RNA viral; • Estágio I: o RNA viral é consistentemente detectável em amostras de sangue e nenhum outro ensaio laboratorial é positivo. A duração média desse estágio é de 5 dias; • Estágio II: os testes para RNA viral e antígeno p24 são positivos, mas os anticorpos estão ausentes (não reagente) no IE. A duração média desse estágio é de 5,3 dias; • Estágio III: RNA, antígeno p24 e IE de terceira geração (sensíveis à detecção de IgM anti-HIV) são reagentes, mas o Western blot não mostra bandas específicas do HIV-1. Esse estágio é o mais curto e tem duração média de 3,2 dias; • Estágio IV: como o estágio III, mas com padrão indeterminado no Western blot, ou seja, a presença de bandas específicas de HIV-1, mas que não preenchem os critérios de interpretação de WB positivo, que é definido pela presença de duas de três bandas seguintes: p24, gp41 ou gp120/160. A duração média é de 5,6 dias; Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 135 • Estágio V: como o estágio IV, mas com padrão positivo de Western blot, exceto pela ausência de reatividade da proteína p31 (pol). Esse estágio é mais longo e o tempo médio até o aparecimento da p31 é de 69,5 dias; • Estágio VI: como o estágio V, mas com o padrão de reatividade do Western blot completo, incluindo a banda p31. A duração desse estágio não é definida; no entanto, ele pode ser subdividido em dois períodos de infecção: recente e crônica. Essa subdivisão é Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 136 32 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais baseada em testes laboratoriais que exploram certas características dos anticorpos anti-HIV, como quantidade (concentração), avidez e proporção. Dependendo do teste utilizado, a infecção recente tem duração de 120 a 180 dias após a infecção. Os testes de quarta geração e os TR não foram incluídos na classificação de Fiebig, mas estudos posteriores demonstraram que os testes de quarta geração podem detectar amostras do estágio II ou III, dependendo do fabricante do teste. Da mesma forma, os TR de terceira geração podem detectar amostras no estágio II, III ou IV, dependendo do fabricante do TR. Para os TR que utilizam fluido oral, não é possível determinar em que estágio da classificação de Fiebig eles se encaixam, pois não existem painéis com amostras de FO de indivíduos em soroconversão para esse tipo de avaliação. Figura 13 - Estágios da infecção recente pelo HIV-1. A análise de amostras de indivíduos recentemente infectados pelo HIV-1 revelou que as primeiras semanas após a infecção podem ser divididas em estágios com base no padrão de reatividade de diferentes ensaios laboratoriais. Fase Eclipse I II Estágios de Fiebig V III IV VI RNA positivo (Teste Molecular) RNA viral no plasma (cópias por mL) Antígeno p24 positivo (IE) Anticorpo presente: IE de terceira geração positivo e WB negativo 10 6 10 5 10 4 10 3 10 2 10 1 Anticorpo presente: WB Indeterminado Anticorpo presente: WB positivo, sem a presença da p31 Anticorpo presente: WB positivo, com a presença da p31 10 20 30 40 50 100 Seguimento em dias da transmissão do HIV (Modificado de: MCMICHAEL, A.; BORROW, P.; TOMARAS, G. D. et al. The imune response during acute HIV-1 infection: clues for vaccine development. Nat. Rev., [S.l.], v. 10, p. 11-23, 2010). 5.2. Limitações do modelo de Fiebig Esse modelo fornece estimativas para períodos de janelas diagnósticas tendo como referência testes habitualmente utilizados no diagnóstico do HIV-1. Esse sistema de estagiamento tem aplicação direta para fins de diagnóstico, especialmente na construção de fluxogramas para o diagnóstico da infecção pelo HIV nas fases aguda, recente e crônica; porém, apresenta limitações. A primeira limitação, inerente à proposta de estagiamento laboratorial da infecção pelo HIV, é a dependência da atribuição de um determinado estágio à sensibilidade do ensaio. Como a sensibilidade de qualquer categoria de ensaio depende do fabricante, é possível que os resultados de determinados ensaios classifiquem a infecção em estágios diferentes. A segunda limitação é que os pacientes geralmente se apresentam para o diagnóstico após a soroconversão e a curta duração dos estágios I a IV limita seu Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 137 uso. A terceira é que, embora raros, existem indivíduos nos quais a soroconversão tem curso prolongado, que pode durar entre três e seis meses. Quarta; os dados desse modelo foram derivados de doadores de plasma que continuaram a se apresentar para a doação, e consequentemente podem representar um grupo de indivíduos infectados sem sintomas agudos ou com sintomas mais brandos. Portanto, pacientes que apresentam sintomatologia mais pronunciada da síndrome retroviral podem ter níveis mais elevados de viremia e diferente ritmo de progressão da soroconversão, em comparação com os doadores de plasma. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 138 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 33 Finalmente, uma limitação dessa classificação deve-se à utilização, no estudo, de ensaios sorológicos desenvolvidos unicamente com proteínas do subtipo B do HIV-1. Devido às variações de sequências entre os diferentes subtipos do HIV-1, é possível que o reconhecimento de proteínas do subtipo B por anticorpos de indivíduos infectados por outro subtipo resulte em um estagiamento diferente. Com essas ressalvas, o sistema de estagiamento laboratorial proposto fornece um quadro de referência para saber quanto tempo esperar até que os marcadores virais tornem-se positivos durante a infecção recente pelo HIV. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 139 34 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais 6. FALHAS E ERROS NO DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV O diagnóstico da infecção pelo HIV é suscetível de falhas e erros. Com exceção do período de janela diagnóstica, anteriormente discutido neste Manual, existem outras causas de falhas que podem excepcionalmente ocorrer quando se realiza o diagnóstico da infecção pelo HIV. A primeira é a ocorrência de infecções causadas por cepas virais com variações genéticas que não são detectadas pelos testes em uso corrente. Citamos, como exemplo, as modificações que foram feitas ao longo dos anos em testes sorológicos para incluir antígenos do HIV-2 e do HIV-1 do grupo “O” (do inglês, outlier), que anteriormente não eram detectados pelos testes disponíveis no mercado. O pronto reconhecimento dessas cepas pela comunidade científica e a rápida resposta dos fabricantes no desenvolvimento de novos testes mais sensíveis e específicos são decisivos nesses momentos. A segunda causa é a existência de indivíduos “imunosilenciosos” G (do inglês, immunosilents) que possuem níveis baixos ou mesmo ausência de anticorpos específicos e, dessa forma, não são detectados nos testes sorológicos. Excetuando-se indivíduos com outras causas de imunodeficiência, a ocorrência desses casos é muito rara, tornando esse tipo de falha desprezível no contexto de saúde coletiva. Outra exceção são os indivíduos que cursam a infecção sem viremia, ou com viremia muito baixa, denominados de Controladores de Elite (do inglês, elite controllers) e, devido a isso, podem não ser detectados pelos testes moleculares. Esses indivíduos, no entanto, possuem resposta imune humoral intacta e não oferecem risco de não serem detectados quando submetidos a testes sorológicos. Já os erros que ocorrem durante o processo de execução dos testes laboratoriais e suas causas são de origem humana ou operacional. Estima-se que seja na fase pré-analítica que ocorram aproximadamente 60-70% dos erros laboratoriais. Assim sendo, a adoção de boas práticas laboratoriais contribui para minimizar tais erros, melhorando a qualidade da amostra a ser testada. Esses erros incluem a falta de calibração ou de manutenção dos equipamentos, a troca de amostras e a utilização de volumes (de amostra ou de reagentes) distintos do preconizado pelo fabricante do conjunto diagnóstico. No ato da coleta, a utilização de etiquetas com código de barras para a identificação das amostras, o uso dos tubos primários na testagem, a automação dos testes, a adoção de um programa de qualidade e/ou de boas práticas de laboratório, assim como a participação sistemática em programas de Avaliação Externa da Qualidade - AEQ, são fatores importantes na redução do erro no processo de testagem. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 140 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 35 7. TECNOVIGILÂNCIA A Tecnovigilância, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, do Ministério da Saúde – MS, tem por objetivo monitorar a segurança sanitária de produtos para saúde pós-comercialização (equipamentos, materiais, artigos médico-hospitalares, implantes e produtos para diagnóstico de uso “in-vitro”). Consiste em um sistema de vigilância de eventos adversos (EA) e queixas técnicas (QT) de produtos para a saúde na fase de pós-comercialização, e recomenda a adoção de medidas que garantam a proteção e a promoção da saúde da população. Considera-se EA aquele evento que causou dano à saúde de um usuário. Se, até o momento da notificação, o problema observado no produto ainda não tiver causado nenhum dano à saúde, este deverá ser notificado como queixa técnica (QT). O objetivo principal da Tecnovigilância é monitorar e, quando apropriado, verificar a segurança e o desempenho de produtos para a saúde no período de pós-comercialização, com vistas a identificar eventos e desvios da qualidade que produzem ou potencialmente podem produzir resultados inesperados ou indesejáveis, que afetam a segurança do paciente. Outro objetivo importante é a coordenação nacional dessas atividades. As diversas competências dessa área da ANVISA/MS estão descritas pela Portaria nº 593, de 25 de agosto de 2000, atualizada pela Portaria nº 406, de 14 de outubro de 2005. Os EA e as QT de produtos para a saúde, na fase de pós-comercialização, podem ser notificados à Tecnovigilância/ANVISA/MS pelo NOTIVISA. Trata-se de um sistema informatizado na plataforma web, previsto pela Portaria n° 1.660, de 22 de julho de 2009, do Ministério da Saúde. Podem utilizar o NOTIVISA os profissionais de serviços de saúde, ANVISA, Vigilâncias Sanitárias Estaduais e Municipais, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, Laboratórios de Saúde Pública, Universidades/Centros de Pesquisa, além dos profissionais que atuam em drogarias e farmácias e em empresas detentoras de registro de produtos sob vigilância sanitária (fabricantes, importadores e distribuidores) e os profissionais de saúde liberais. Para acessar o Sistema, é preciso se cadastrar de acordo com a categoria do notificante. Por exemplo, profissional liberal deve se cadastrar como Profissional de Saúde, mas se for um profissional vinculado a alguma instituição/empresa, deve ser providenciado o cadastro institucional. Os cidadãos poderão notificar EA e QT por meio dos formulários próprios de notificação. O sistema tecnovigilância da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA está disponível em: http://www.anvisa.gov.br/ hotsite/notivisa/apresenta.htm e a notificação avulsa em: http://www.anvisa.gov.br/sistec/notificacaoavulsa/notificacaoavulsa1.asp Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 141 36 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais 8. FLUXOGRAMAS DE TESTAGEM PARA HIV Desde o início da epidemia do HIV, o diagnóstico sorológico da infecção é realizado com pelo menos dois testes, um para triagem e um segundo, mais específico, para confirmar o resultado da triagem. A combinação mais utilizada, habitualmente denominada de G padrão- ouro , era realizada por meio de um IE de triagem seguido pelo Western blot (WB), como teste confirmatório. Dois ou mais testes combinados, formando um fluxograma, têm o objetivo de aumentar o valor preditivo G G positivo (VPP) de um resultado reagente no teste inicial . Na maioria das situações, o fluxograma mais comumente utilizado inclui o emprego de testes em série ou sequenciais (fluxograma em série). O resultado não reagente é liberado com base em um único teste - entretanto, caso persista a suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta da primeira amostra. O resultado reagente sempre é confirmado com um segundo teste diferente. Com base na especificidade dos testes de triagem, dois resultados reagentes são utilizados para o diagnóstico da infecção. É importante ressaltar que todos os indivíduos recém-diagnosticados devem realizar o exame de quantificação da Carga Viral - CV que, na realidade, compõe um terceiro teste e cujo resultado ratifica a presença da infecção no indivíduo. O fluxograma em série é lógico e custo-efetivo. O primeiro teste deve ser sempre o mais sensível, seguido por um segundo teste mais específico, a fim de eliminar resultados falso-positivos. No caso de resultados discordantes, os testes devem ser repetidos e, permanecendo a discordância, o indivíduo deve ser testado em uma data posterior - para confirmar ou descartar a soroconversão recente. Finalmente, é importante selecionar a correta combinação de testes para garantir o diagnóstico preciso. O constante aperfeiçoamento dos ensaios de laboratório e a consequente elevação da sensibilidade dos testes de triagem fez com G que os testes confirmatórios anteriormente utilizados não sejam mais adequados para confirmar a infecção em um indivíduo com infecção recente pelo HIV. Ainda cabe destacar o surgimento de ensaios que permitem a utilização de outros fluidos corporais, como, por exemplo, o fluido oral, e que oferecem importante alternativa para a ampliação do diagnóstico da infecção pelo HIV. Por outro lado, ao definirmos o fluxograma como “um método para resolver um problema utilizando um número definido de etapas”, fica claro que mais de um fluxograma será necessário para cobrir todas as necessidades de triagem e confirmação da infecção pelo HIV nas diferentes configurações de testes e perfis de pacientes que esse diagnóstico requer. Apresentamos a seguir cinco (5) fluxogramas de testagem para HIV, considerando diversas situações nas quais se faz necessária a realização do diagnóstico da infecção, e fornecemos explicações para fundamentá-los. Os fluxogramas de números 1, 2 e 3 são os preferenciais por combinarem os testes mais modernos, os quais permitem agilizar o diagnóstico da infecção, sendo também os que apresentam melhor custo-efetividade. Por esses motivos, o DDAHV os indica como sendo os de primeira escolha nas situações em que está recomendada sua aplicação. 8.1. Estratégias para o diagnóstico da infecção pelo HIV empregando Testes Rápidos G Em termos gerais, o teste rápido (TR) refere-se ao teste de HIV realizado em local que permite fornecer o resultado durante o período da visita do indivíduo (consulta médica, atendimento em Centro de Testagem e Aconselhamento - CTA, atendimento em domicílo, atendimento em unidade de testagem móvel, organização não governamental etc.). Uma vez Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 142 diagnosticado como portador da infecção pelo HIV, o indivíduo deve ser encaminhado prontamente para atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do SUS ou para um Serviço de Assistência Especializada (SAE). É importante ressaltar que a sensibilidade de um determinado fluxograma para o diagnóstico da infecção pelo HIV é igual à sensibilidade do primeiro ensaio utilizado no fluxograma. Por isso, deve-se observar que nenhum dos fluxogramas que emprega TR melhora a sensibilidade do diagnóstico da infecção pelo HIV, em comparação com os fluxogramas que utilizam testes convencionais Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 143 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 37 equivalentes nas etapas Fiebig, e que cada estratégia terá a sensibilidade do primeiro teste utilizado no fluxograma. O emprego de fluxogramas com TR amplia o acesso ao diagnóstico e permite a antecipação do início do tratamento, preservando, dessa forma, o sistema imunológico do indivíduo infectado e reduzindo a transmissão, em concordância com a estratégia TasP (do inglês, Treatment as Prevention), adotada como política nacional para o enfrentamento da epidemia pelo DDAHV. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 144 38 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Fluxograma 1 Dois testes rápidos (TR1 e TR2) realizados em sequência com amostras de sangue. Dois testes rápidos diferentes são usados sequencialmente, com amostras de sangue, com o objetivo de melhorar o valor preditivo positivo do fluxograma de testagem. A amostra de sangue pode ser obtida por punção da polpa digital ou por punção venosa em tubo contendo anticoagulante. Esse fluxograma é indicado para ser aplicado nas situações definidas no item 4.2.1 - Situações e locais nas quais o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais recomenda a utilização de Testes Rápidos. Além de sangue total, a maioria dos TR permite a utilização de soro ou plasma como amostra para a realização do teste. Leia atentamente as bulas/instruções/ guia de uso do produto, que acompanham todos os conjuntos diagnósticos, antes de selecionar a amostra a ser testada. Figura 14 - Fluxograma 1: TR1 + TR2: sequencial. TR-1 e TR-2 de fabricantes diferentes. Amostra (sangue) Realizar Teste Rápido 1 (TR1) Válido? sim não Repetir Teste Rápido 1 (TR1)¹ Válido? não Resultado Reagente? sim sim Realizar Teste Rápido 2 (TR2) Válido? sim Resultado Reagente? não não não Amostra Não Reagente para HIV³ Repetir Teste Rápido 2 (TR2)¹ Primeira discordância? Coletar uma amostra por punção venosa e encaminhá-la para ser testada com um dos fluxogramas definidos para laboratório. não Válido? sim sim Amostra Reagente para HIV² sim não ¹ Utilizar um conjunto diagnóstico do mesmo fabricante, preferencialmente de lote de fabricação diferente. ² Encaminhar o paciente para realizar o teste de Quantificação de Carga Viral (RNA HIV-1). ³ Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra. Legenda: Processo predefinido. Processo. Exige uma tomada de decisão. Finalizador. Este fluxograma é indicado para ser utilizado nas situações descritas no item 4.2.1. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 145 Fundamentação No Fluxograma 1, dois testes rápidos são utilizados sequencialmente, ambos com amostras de sangue, com o objetivo de melhorar o valor preditivo positivo desse fluxograma. É importante que o primeiro TR (TR1) tenha sensibilidade equivalente ou superior ao segundo teste (TR2). O objetivo dessa estratégia é diferenciar os indivíduos que estão infectados (ambos TR1 e TR2 G reagentes) daqueles que provavelmente tiveram um resultado falso-reagente no teste de triagem (TR1). Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 146 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 39 Procedimento A amostra com resultado não reagente no teste rápido 1 (TR1) será definida como: “Amostra Não Reagente para HIV”. Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta dessa amostra. A amostra com resultado reagente no TR1 deverá ser submetida ao teste rápido 2 (TR2). A amostra com resultados reagentes no TR1 e no TR2 terá seu resultado definido como: “Amostra Reagente para HIV”. A amostra com resultados discordantes entre TR1 e TR2 não terá seu resultado definido. Nesse caso, devem-se repetir os dois testes; persistindo a discordância dos resultados, uma amostra deverá ser coletada por punção venosa e encaminhada para ser testada com um dos fluxogramas definidos para laboratório. Um teste rápido só pode ter seu resultado interpretado se for considerado um teste válido. Para o teste ser considerado válido, é necessária a presença visual de uma linha ou ponto na região controle (C) do teste. Caso o resultado do TR1 ou do TR2 seja inválido, deve-se repetir o teste com o mesmo conjunto diagnóstico, se possível com um lote distinto do que foi utilizado inicialmente. Persistindo o resultado inválido, uma amostra deverá ser coletada por punção venosa e encaminhada para ser testada com um dos fluxogramas definidos para laboratório. Desdobramentos do Fluxograma 1 O Fluxograma 1, com a utilização de dois TR, permite um rápido diagnóstico e imediato encaminhamento do indivíduo para atendimento médico, em uma única visita ao serviço de saúde. Nessa ocasião, deverá ser solicitado o teste de quantificação da Carga Viral do HIV (HIV-RNA). A Carga Viral, quando igual ou superior a 5.000 cópias/mL, confirma a infecção pelo HIV. Na eventualidade da Carga Viral ser inferior a 5.000 cópias/mL, deve-se considerar a ocorrência de um duplo resultado falso-positivo (TR1 e TR2) e a não infecção do indivíduo pelo HIV. Nessa situação, recomenda-se a realização de um ensaio sorológico complementar, como o Western blot, Imunoblot ou Imunoblot Rápido para esclarecer se se trata, de fato, de um resultado falso-positivo ou de um indivíduo controlador de elite. Os TR realizados presencialmente não requerem a coleta de uma segunda amostra, ou seja, não é necessária a coleta de uma nova amostra para confirmar o resultado. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 147 40 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Fluxograma 2 Um teste rápido utilizando fluido oral (TR-FO) seguido por um teste rápido utilizando sangue (TR). Neste fluxograma, dois testes rápidos de fabricantes diferentes são utlilizados sequencialmente, o primeiro com amostra de fluido oral e o segundo com amostra de sangue, que pode ser obtida por punção da polpa digital ou por punção venosa, em tubo contendo anticoagulante. Este fluxograma deve ser preferencialmente utilizado fora de unidades de saúde, em campanhas de testagem e em populações de alta vulnerabilidade. As amostras de FO oferecem baixo risco biológico. Figura 15 - Fluxograma 2: TR-FO + TR. Amostra (Fluido Oral - FO) Realizar Teste Rápido 1 (TR1) Válido? sim não Repetir Teste Rápido 1 (TR1)¹ Resultado Reagente? sim Amostra (Sangue) Realizar Teste Rápido 2 (TR2) não sim Válido? Válido? Resultado Reagente? sim sim Amostra Reagente para HIV² não não Amostra Não Reagente Repetir Teste Primeira para HIV³ Rápido 2 (TR2)¹ discordância? sim não não Coletar uma amostra por punção venosa e encaminhá-la para ser testada com um dos fluxogramas definidos para laboratório. sim não Válido? ¹ Utilizar um conjunto diagnóstico do mesmo fabricante, preferencialmente de lote de fabricação diferente. ² Encaminhar o paciente para realizar o teste de Quantificação de Carga Viral (RNA HIV-1). ³ Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra. Legenda: Processo predefinido. Processo. Exige uma tomada de decisão. Finalizador. Fundamentação O Fluxograma 2 é uma variação do Fluxograma 1 que permite a utilização de uma amostra obtida de forma não invasiva, no qual o primeiro TR é realizado em amostra de fluido oral e o segundo TR com uma amostra de sangue. Esse fluxograma foi idealizado para melhorar o valor preditivo positivo do TR que utiliza uma amostra de fluido oral. O objetivo dessa estratégia é diferenciar os indivíduos que estão infectados (ambos TR-FO e TR reagentes) daqueles que provavelmente tiveram um resultado falso-positivo no teste de triagem (TR-FO). Deve-se considerar que, dependendo do fabricante do TR-FO, a janela de soroconversão do teste pode chegar a três Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 148 (3) meses após a infecção. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 149 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 41 Procedimento A conduta para a coleta da amostra de fluido oral deve seguir rigorosamente as recomendações do fabricante. A amostra com resultado não reagente no teste rápido utilizando fluido oral (TR-FO) será definida como: “Amostra Não Reagente para HIV”. Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta dessa amostra. A amostra com resultado reagente no TR-FO deverá ser submetida ao teste rápido utilizando sangue (TR). A amostra com resultados reagentes no TR-FO e no TR terá seu resultado definido como: “Amostra Reagente para HIV”. Um teste rápido só pode ter seu resultado interpretado se for considerado um teste válido. Para o teste ser considerado válido é necessária a presença de uma linha ou ponto na região controle (C). Caso o resultado do TR1 ou do TR2 seja inválido, deve-se repetir o teste com o mesmo conjunto diagnóstico, se possível com um lote distinto do que foi utilizado inicialmente. Persistindo o resultado inválido, uma amostra deverá ser coletada por punção venosa e encaminhada para ser testada com um dos fluxogramas definidos para laboratório. A amostra com resultados discordantes entre TR-FO e TR não terá seu resultado definido. Ambos os testes deverão ser repetidos. Persistindo a discordância, uma amostra deverá ser coletada por punção venosa e encaminhada para ser testada com um dos fluxogramas definidos para laboratório. Desdobramentos do Fluxograma 2 O Fluxograma 2, com a utilização de dois TR, permite um rápido diagnóstico e imediato encaminhamento do indivíduo para atendimento médico. Nessa ocasião, é solicitada a quantificação da Carga Viral do HIV (HIV-RNA). A Carga Viral igual ou superior a 5.000 cópias/mL confirma a infecção pelo HIV. Na eventualidade de a Carga Viral ser inferior a 5.000 cópias/mL, devese considerar a ocorrência de um duplo resultado falso-positivo (TR-FO e TR) e a não infecção do indivíduo pelo HIV. Nessa situação, recomenda-se a realização de um ensaio sorológico complementar, como o Western Blot, Imunoblot ou Imunoblot Rápido para esclarecer se se trata, de fato, de um resultado falso-positivo ou de um indivíduo controlador de elite. Os TR realizados presencialmente não requerem a coleta de uma segunda amostra, ou seja, não é necessária a coleta de uma nova amostra para confirmar o resultado. 8.2. Propostas de estratégias de testagem em laboratórios A testagem laboratorial é utilizada para triagem e confirmação de amostras, assim como para a confirmação de amostras encaminhadas após teste de triagem reagente ou com resultados discordantes nos Fluxogramas 1 e 2. Cada vez mais, os imunoensaios (IE) empregados estritamente em laboratório (e alguns TR) detectam qualquer classe de anticorpos anti-HIV, incluindo IgM, o que melhora a sensibilidade analítica. Como discutido no item 5 - Sistema de estagiamento laboratorial da infecção recente pelo HIV: Classificação de Fiebig, na fase inicial da infecção estes IE apresentam maior sensibilidade do que os testes complementares do tipo Western Blot (WB), Imunoblot (IB) e Imunoblot Rápido (IBR). Além disso, os IE de quarta geração, que detectam simultaneamente antígeno e anticorpo, e os testes moleculares, de amplificação de ácidos nucleicos (NAT), oferecem alternativas para a detecção cada vez mais precoce da infecção pelo HIV. Os fluxogramas propostos com testes utilizados em laboratório incorporaram essas considerações, e oferecem opções que podem ser selecionadas dependendo da capacidade do laboratório e contexto clínico. Todos os IE utilizados devem possuir antígenos do HIV-1, incluindo o grupo “O”, e do HIV-2. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 150 42 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Fluxograma 3 Triagem com Imunoensaio de 4ª Geração e Teste Molecular como Teste Complementar/Confirmatório. G O Fluxograma 3 utiliza um imunoensaio de 4ª geração (IE4ªG) como teste de triagem, e um teste molecular como teste complementar para amostras reagentes na triagem. O IE deve possuir, além de antígenos do HIV-1, também antígenos do HIV-1 grupo “O” e do HIV-2. O IE de triagem, apesar de ser de 4ª geração, é menos sensível do que o teste molecular confirmatório. Portanto, amostras reagentes no teste de triagem e positivas no teste molecular representam infecção pelo HIV. No entanto, uma amostra reagente no IE de triagem, mas negativa no teste molecular, pode representar infecção pelo HIV-2 ou indicar infecção G em um indivíduo com Carga Viral abaixo do limite de detecção . Esta última situação pode ocorrer também em indivíduos em tratamento com antirretrovirais (ARV) ou em indivíduos denominados controladores de elite. O diagnóstico desses indivíduos pode ser realizado com um teste sorológico confirmatório (WB/IB/IBR). O Fluxograma 3 é o que permite o diagnóstico mais precoce da infecção pelo HIV. a Figura 16 - Fluxograma 3: IE4 G + Teste Molecular. Amostra (soro ou plasma) Realizar IE 4ªG (T1) Resultado Reagente? não Amostra Não Reagente para HIV¹ sim Realizar Teste Molecular (T2) Resultado ≥ 5.000 não cópias/ml? Realizar Teste WB ou IB ou IBR (T3) sim Amostra Reagente Resultado para HIV² Reagente? não Resultado Não Reagente? não Resultado Indeterminado¹ sim Amostra Não Reagente para HIV¹ sim ¹ Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 151 desta amostra. ² Coletar uma segunda amostra para repetir IE 4ªG para concluir o resultado. Legenda: Processo predefinido. Processo. Exige uma tomada de decisão. Finalizador. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 152 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV Fluxograma 3 a IE4 G Triagem Confirmatório TM 0 xxx I II III IV V 43 VI xxx Legenda: Estágio Fiebig em que o ensaio é positivo Estágio Fiebig em que o ensaio não apresenta reatividade xxx Amostras que não serão submetidas aos testes complementares/confirmatórios Fundamentação O Fluxograma 3 utiliza um IE4ªG como teste de triagem e um teste molecular como teste complementar para amostras reagentes na triagem e, a exemplo do Fluxograma 4 a seguir, aumenta a chance de podermos realizar um diagnóstico de infecção recente pelo HIV. O emprego de um IE de triagem seguido por um teste molecular evita o uso de testes complementares do tipo WB, IB e IBR e elimina resultados negativos ou indeterminados desses testes. A principal limitação do teste molecular é a possibilidade de ocorrerem resultados falso-positivos, quando utilizados para fins diagnósticos, tendo em vista que a especificidade varia de acordo com o conjunto diagnóstico utilizado. Em sua maioria, resultados falso-positivos tendem a apresentar resultados muito próximos ao limite de detecção do ensaio. Esse perfil requer a repetição do teste para afastar a possibilidade de ocorrência de resultados falso-positivos. O DDAHV sugere cautela para essas situações e recomenda que, para fins diagnósticos, os testes moleculares quantitativos que apresentarem número de cópias inferior a 5.000 cp/mL, uma nova amostra seja coletada para repetição do ensaio. Uma situação que merece especial atenção é aquela em que ocorre um resultado falso-positivo no IE de triagem, tendo como consequência natural um teste molecular negativo. Trata-se de um padrão de resultados semelhante ao que pode ocorrer com G indivíduos controladores de elite. Resultados falso-positivos no IE tendem a apresentar uma relação DO/CO baixa, enquanto que indivíduos controladores de elite apresentam uma resposta imune humoral normal e uma relação DO/CO alta. Procedimento A amostra com resultado não reagente no IE de 4ª geração (IE4ªG) será definida como: “Amostra Não Reagente para HIV”. O laudo deverá ser liberado com a seguinte ressalva: “Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra”. A amostra com resultado reagente no IE4ªG deverá ser submetida ao teste molecular. A amostra com resultados reagente no IE4ªG e detectável (no caso da utilização de ensaio qualitativo) ou com número de cópias igual ou superior a 5.000 cópias/mL (para fins diagnósticos no caso da utilização de ensaio quantitativo) terá seu resultado definido como: “Amostra Reagente para HIV”. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: “Para comprovação do diagnóstico laboratorial, uma segunda amostra deverá ser coletada e submetida ao primeiro teste do Fluxograma 3 para o Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos com Idade acima de 18 meses”. Esta segunda amostra deverá ser colhida o mais rapidamente possível e deverá ser testada preferencialmente no mesmo local em que se realizaram os testes com a primeira amostra. É responsabilidade do profissional de saúde que atender o indivíduo solicitar e identificar o pedido do exame como segunda amostra, e do laboratório ou do serviço de saúde registrá-la como tal para a finalização do diagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV em indivíduos com idade acima de 18 meses. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 153 Quando o resultado do teste com a segunda amostra for reagente, o resultado deverá ser liberado como: “Amostra Reagente para o HIV”. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: “Resultado definido o com a segunda amostra, conforme estabelecido pela Portaria n 29 de 17 de dezembro de 2013”. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 154 44 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais A amostra com resultado inferior a 5.000 cópias/mL ou indetectável no ensaio molecular não terá o seu resultado definido. Em caso de suspeita de infecção pelo HIV-1, a amostra deverá ser submetida ao ensaio de Western Blot, Imunoblot ou Imunoblot Rápido. A amostra com resultado reagente no Western Blot, Imunoblot ou Imunoblot Rápido terá seu resultado definido como “Amostra Reagente para HIV”. O laudo laboratorial deverá reportar o resultado de todas as bandas reativas encontradas nos testes Western Blot, Imunoblot e Imunoblot Rápido e incluir a seguinte ressalva: “Para comprovação do diagnóstico laboratorial, uma segunda amostra deverá ser coletada e submetida ao primeiro teste do Fluxograma 3 para o Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos com Idade acima de 18 meses”. Esta segunda amostra deverá ser colhida o mais rapidamente possível e deverá ser testada preferencialmente no mesmo local em que se realizaram os testes com a primeira amostra. É responsabilidade do profissional de saúde que atender o indivíduo solicitar e identificar o pedido do exame como segunda amostra, e do laboratório ou do serviço de saúde registrá-la como tal para a finalização do diagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV em indivíduos com idade acima de 18 meses. Quando o resultado do teste com a segunda amostra for reagente, o resultado deverá ser liberado como: “Amostra Reagente para o HIV”. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: “Resultado definido o com a segunda amostra, conforme estabelecido pela Portaria n 29 de 17 de dezembro de 2013 ”. A amostra com resultado negativo ou indeterminado no Western Blot ou Imunoblot ou Imunoblot Rápido terá seu resultado definido como “Amostra Indeterminada para HIV”. É obrigatória a liberação desse resultado e o laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: “Persistindo a suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra”. A nova amostra deverá ser colhida e submetida novamente ao fluxograma, preferencialmente no mesmo local em que se realizou o teste com a primeira amostra. Caso o resultado com a nova amostra permaneça indeterminado, devese considerar a possibilidade de infecção pelo HIV-2. Nesse caso, o DDAHV deverá ser contatado para orientar quanto aos procedimentos para o envio da amostra ao Laboratório de Referência Nacional para HIV-2, com vistas à confirmação da infecção. Laudos Além das informações citadas anteriormente, os laudos devem conter os resultados de todos os testes realizados e deverão ser expressos o resultado numérico da amostra, o ponto de corte (cut-off) e a unidade de medição do método utilizado, quando os resultados forem reagentes ou indeterminados, excetuando-se os resultados obtidos por testes cuja leitura é visual. Os testes moleculares quantitativos devem conter o número de cópias/mL e a escala logarítmica em base 10. Considerações para a utilização do Fluxograma 3 Existem três situações nas quais esse fluxograma necessita que testes adicionais sejam realizados para a definição do diagnóstico: o 1 Em indivíduos controladores de elite que desenvolvem anticorpos normalmente, mas podem apresentar Carga Viral inferior a 5.000 cópias/mL, levando a um resultado falso-negativo; o 2 Embora os IE4ªG detectem anticorpos anti-HIV-2, alguns testes moleculares não são desenvolvidos para detectar o ácido nucleico do HIV2. Portanto, havendo suspeita de infecção pelo HIV-2, o DDAHV deverá ser contatado para encaminhar a resolução do diagnóstico; o 3 Em amostras que apresentarem resultado falso positivo no teste 1 - teste de triagem. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 155 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 45 Fluxograma 4 Triagem com Imunoensaio de 3ª Geração e Teste Molecular como Teste Complementar/Confirmatório. O Fluxograma 4 utiliza um imunoensaio de 3ª geração (IE3ªG) como teste de triagem e oferece a opção de utilizar um teste molecular como teste complementar/confirmatório para amostras reagentes na triagem. Os Fluxogramas 3 e 4 diferem na geração do IE utilizado na etapa inicial. O IE deve possuir além de antígenos do HIV-1, também antígenos do HIV-1 grupo “O” e do HIV-2. Nesse fluxograma, o IE de triagem é menos sensível do que o teste molecular. Portanto, amostras reagentes no teste de triagem e detectáveis (qualitativo) ou com contagem igual ou superior a 5.000 cópias/mL (quantitativo) no teste molecular, representam infecção pelo HIV. No entanto, uma amostra reagente no IE de triagem, mas negativa no teste molecular, pode representar infecção pelo HIV-2 ou indicar infecção em um indivíduo com Carga Viral abaixo do limite de detecção. Esta última situação pode ocorrer em indivíduos em tratamento com ARV ou em indivíduos denominados controladores de elite. a Figura 17 - Fluxograma 4: IE3 G + Teste Molecular. Amostra (soro ou plasma) Realizar IE 3ªG (T1) Resultado Reagente? não Amostra Não Reagente para HIV¹ sim Realizar Teste Molecular (T2) Resultado ≥ 5.000 não cópias/ml Realizar Teste WB ou IB ou IBR (T3) sim Amostra Reagente para HIV² Resultado Reagente? não Resultado Não Reagente? não Resultado Indeterminado¹ sim Amostra Não Reagente para HIV¹ sim ¹ Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 156 coleta desta amostra. ² Coletar segunda amostra e repetir o IE de 3ªG para concluir o resultado. Legenda: Processo predefinido. Processo. Exige uma tomada de decisão. Finalizador. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 157 46 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Fluxograma 4 0 a Triagem IE3 G Confirmatório TM xxx I II xxx xxx III IV V VI Legenda: Estágio Fiebig em que o ensaio é positivo Estágio Fiebig em que o ensaio não apresenta reatividade xxx Amostras que não serão submetidas aos testes complementares/confirmatórios Fundamentação Esse fluxograma apresenta a opção de utilizar um teste molecular como teste complementar/confirmatório, e também um ensaio de triagem, que detecta anticorpos das classes IgM e IgG e inclui antígenos do HIV-2 e HIV-1 grupo “O”. Esse fluxograma representa um avanço para os laboratórios que realizam em sua rotina testes moleculares qualitativos ou quantitativos para a detecção/monitoramento da infecção pelo HIV. A principal vantagem do teste molecular nesse fluxograma, em relação ao Fluxograma 5 a seguir, é o potencial de eliminar resultados negativos ou indeterminados de testes complementares do tipo WB, IB e IBR. A principal limitação do teste molecular é a possibilidade de ocorrência de resultados falso-positivos, quando utilizados para fins diagnósticos, tendo em vista que a especificidade varia de acordo com o conjunto diagnóstico utilizado. Em sua maioria, os resultados falso-positivos tendem a apresentar resultados muito próximos ao limite de detecção do ensaio. Esse perfil requer a repetição do teste para afastar a possibilidade de resultado falso-positivo. O DDAHV sugere cautela para essas situações e recomenda que, para fins diagnósticos, com a utilização de testes moleculares quantitativos com número de cópias inferior a 5.000 cp/mL uma nova amostra seja coletada para repetição do ensaio. Uma situação que merece especial atenção é aquela em que ocorre um resultado falso-positivo no IE de triagem, tendo como consequência natural um teste molecular negativo. Trata-se de um padrão de resultados semelhantes ao que pode ocorrer com indivíduos controladores de elite. Resultados falso-positivos no IE tendem a apresentar uma relação DO/CO baixa, enquanto que indivíduos controladores de elite apresentam uma resposta imune humoral normal e uma relação DO/CO alta. Procedimento A amostra com resultado não reagente no IE de 3ª geração (IE3ªG) será definida como: “Amostra Não Reagente para HIV”. O laudo deverá ser liberado com a seguinte ressalva: “Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra”. A amostra com resultado reagente no IE3ªG deverá ser submetida ao Teste Molecular. A amostra com resultado reagente no IE3ªG e detectável (no caso da utilização de ensaio qualitativo) ou com número de cópias igual ou superior a 5.000 cópias/mL (para fins diagnósticos no caso da utilização de ensaio quantitativo) terá seu resultado definido como: “Amostra Reagente para HIV”. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: “Para comprovação do diagnóstico laboratorial, uma segunda amostra deverá ser coletada e submetida ao primeiro teste do Fluxograma 4 para o Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos com Idade acima de 18 meses”. Esta segunda amostra deverá ser colhida o mais rapidamente possível e deverá ser testada preferencialmente no mesmo local em que se realizaram os testes com a primeira amostra. É responsabilidade do profissional de saúde que atender o indivíduo solicitar e identificar o pedido do exame como segunda amostra, e do laboratório ou do serviço de saúde registrá-la como tal para a Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 158 finalização do diagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV em indivíduos com idade acima de 18 meses. Quando o resultado do teste com a segunda amostra for reagente, o resultado deverá ser liberado como: “Amostra Reagente para o HIV”. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: “Resultado definido o com a segunda amostra, conforme estabelecido pela Portaria n 29 de 17 de dezembro de 2013”. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 159 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 47 A amostra com resultado inferior a 5.000 cópias/mL ou indetectável no ensaio molecular não terá o seu resultado definido. Em caso de suspeita de infecção pelo HIV-1, a amostra deverá ser submetida ao ensaio de Western Blot, Imunoblot ou Imunoblot Rápido. A amostra com resultado reagente no Western Blot, Imunoblot ou Imunoblot Rápido terá seu resultado definido como “Amostra Reagente para HIV”. O laudo laboratorial deverá reportar o resultado de todas as bandas reativas encontradas nos testes Western Blot, Imunoblot e Imunoblot Rápido e incluir a seguinte ressalva: “Para comprovação do diagnóstico laboratorial, uma segunda amostra deverá ser coletada e submetida ao primeiro teste do Fluxograma 4 para o Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos com Idade acima de 18 meses”. Esta segunda amostra deverá ser colhida o mais rapidamente possível, e deverá ser testada, preferencialmente no mesmo local em que se realizaram os testes com a primeira amostra. É responsabilidade do profissional de saúde que atender o indivíduo solicitar e identificar o pedido do exame como segunda amostra, e do laboratório ou do serviço de saúde registrá-la como tal para a finalização do diagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV em indivíduos com idade acima de 18 meses. Quando o resultado do teste com a segunda amostra for reagente, o resultado deverá ser liberado como: “Amostra Reagente para o HIV”. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: “Resultado definido o com a segunda amostra, conforme estabelecido pela Portaria n 29 de 17 de dezembro de 2013”. A amostra com resultado negativo ou indeterminado no Western blot ou Imunoblot ou Imunoblot Rápido terá seu resultado definido como “Amostra Indeterminada para HIV”. É obrigatória a liberação desse resultado e o laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: “Persistindo a suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada, 30 dias após a data da coleta desta amostra”. A nova amostra deverá ser colhida e submetida novamente ao fluxograma, preferencialmente no mesmo local em que se realizou o teste com a primeira amostra. Caso o resultado com a nova amostra permaneça indeterminado, devese considerar a possibilidade de infecção pelo HIV-2. Nesse caso, o DDAHV deverá ser contatado para orientar quanto aos procedimentos para o envio da amostra ao Laboratório de Referência Nacional para HIV-2, com vistas à confirmação da infecção. Laudos Além das informações citadas anteriormente, os laudos devem conter os resultados de todos os testes realizados e deverão ser expressos o resultado numérico da amostra, o ponto de corte (cut-off) e a unidade de medição do método utilizado, quando os resultados forem reagentes ou indeterminados, excetuando-se os resultados obtidos por testes cuja leitura é visual. Os testes moleculares quantitativos devem conter o número de cópias/mL e a escala logarítmica em base 10. Considerações para a utilização do Fluxograma 4 Existem três situações nas quais esse fluxograma necessita que testes adicionais sejam realizados para a definição do diagnóstico: o 1 Em indivíduos controladores de elite que desenvolvem anticorpos normalmente, mas podem apresentar Carga Viral indetectável ou muito baixa, levando a um resultado falso-negativo; o 2 Embora o IE3ªG detecte anticorpos anti-HIV-2, alguns testes moleculares não são desenvolvidos para detectar o ácido nucleico do HIV-2. Portanto, havendo suspeita de infecção pelo HIV-2, o DDAHV deverá ser contatado para encaminhar a resolução do diagnóstico; o 3 Em amostras que apresentarem resultado falso positivo no teste 1 - teste de triagem. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 160 48 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Fluxograma 5 Triagem com Imunoensaio de 3ª Geração e Western blot, Imunoblot ou Imunoblot Rápido como Teste Complementar/Confirmatório. O Fluxograma 5 é a representação do fluxograma convencional e atualmente não representa um avanço no esforço de tornar o diagnóstico do HIV mais precoce, preciso e com custo mais acessível. O único avanço oferecido é a indicação de que, quando possível, seja realizado um teste molecular nas amostras que apresentarem resultado indeterminado ou discordante entre os testes. Esse fluxograma oferece a opção de utilizar um imunoensaio de 3ª geração como teste de triagem e um teste sorológico complementar/confirmatório do tipo WB/IB/IBR para amostras reativas na triagem. Cabe ressaltar que o IE de triagem é mais sensível do que os testes complementares (WB/IB/IBR). a Figura 18 - Fluxograma 5: IE3 G + WB/IB/IBR. Amostra (soro ou plasma) Realizar IE 3ªG (T1) Resultado Reagente? não Amostra Não Reagente para HIV¹ não Realizar Teste Molecular? sim Realizar Teste WB ou IB ou IBR (T2) Resultado Reagente? sim sim Amostra Reagente Resultado para HIV³ ≥ 5.000 cópias/ml? não Amostra Indeterminada para HIV² Amostra não Indeterminada para HIV¹ sim ¹ Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra. ² Emitir resultado indeterminado e coletar nova amostra após 30 dias da data da coleta. ³ Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 161 Coletar segunda amostra e repetir o IE de 3ªG para concluir o resultado. Legenda: Processo predefinido. Processo. Exige uma tomada de decisão. Finalizador. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 162 49 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV Fluxograma 5 Triagem Complementar Complementar Teste a IE 3 G WB TM 0 I II xxx xxx xxx xxx xxx xxx III IV V VI xxx xxx Legenda: Estágio Fiebig em que o ensaio é positivo Estágio Fiebig equivalente a WB indetermindado Estágio Fiebig em que o ensaio não apresenta reatividade xxx Amostras que não serão submetidas aos testes complementares/confirmatórios Fundamentação Diante dos avanços tecnológicos, esse fluxograma apresenta limitações, apesar de ter tido uma ampla utilização. No entanto, se acrescido de um teste molecular para amostras negativas ou indeterminadas, torna o diagnóstico mais precoce e preciso; porem, é mais oneroso do que os fluxogramas anteriormente apresentados. Procedimento a A amostra com resultado não reagente no IE de 3ª geração (IE3 G) será definida como: “Amostra Não Reagente para HIV”. O laudo deverá ser liberado com a seguinte ressalva: “Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra”. a A amostra com resultado reagente no IE3 G deverá ser submetida ao Western Blot ou Imunoblot ou Imunoblot Rápido. a A amostra com resultados reagentes no IE3 G e no WB/IB/IBR terá seu resultado definido como: “Amostra Reagente para HIV”. O laudo laboratorial deverá reportar o resultado de todas as bandas reativas encontradas nos testes Western Blot, Imunoblot e Imunoblot Rápido e incluir a seguinte ressalva: “Para comprovação do diagnóstico laboratorial, uma segunda amostra deverá ser coletada e submetida ao primeiro teste do Fluxograma 5 para o Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos com Idade acima de 18 meses”. Esta segunda amostra deverá ser colhida o mais rapidamente possível, e deverá ser testada, preferencialmente no mesmo local em que se realizaram os testes com a primeira amostra. Quando o resultado do teste com a segunda amostra for reagente, o resultado deverá ser liberado como: “Amostra Reagente para o HIV”. O laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: “Resultado definido o com a segunda amostra, conforme estabelecido pela Portaria n 29 de 17 de dezembro de 2013”. a G No caso de ocorrer resultado indeterminado no IE3 G, deve-se solicitar uma nova amostra do paciente e reiniciar o fluxograma. Persistindo o resultado indeterminado com a nova amostra, deve-se considerar a possibilidade da utilização de um fluxograma que inclua a realização de testes moleculares (RNA e/ou DNA), para auxiliar na definição do diagnóstico. a Amostra com resultado reagente no IE3 G e resultado indeterminado ou não reagente no WB/IB/IBR terá seu resultado definido como “Amostra Indeterminada para HIV”. Deve-se considerar a possibilidade da utilização de um fluxograma que inclua a realização de testes moleculares (RNA e/ou DNA), para auxiliar na definição desse diagnóstico. Caso o teste molecular não possa ser realizado, deve-se liberar o resultado e o laudo laboratorial deverá incluir a seguinte ressalva: “Persistindo a suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada, 30 dias após a data da coleta desta amostra”. O IBR é um teste rápido, e como todo teste rápido somente pode ter seu resultado interpretado se for válido. Isso significa presença de linha na janela de leitura do controle (C). Caso se opte pela utilização desse teste e ocorrer resultado inválido, devese repetir o teste com o mesmo conjunto diagnóstico, se possível com um lote distinto do que foi utilizado inicialmente. Persistindo o resultado inválido, uma nova amostra deverá ser coletada para esclarecer o diagnóstico. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 163 Laudos Além das informações citadas anteriormente, os laudos devem conter os resultados de todos os testes realizados e deverão ser expressos o resultado numérico da amostra, o ponto de corte (cut-off) e a unidade de medição do método utilizado, quando os resultados forem reagentes ou indeterminados, excetuando-se os resultados obtidos por testes cuja leitura é visual. Os testes moleculares quantitativos devem conter o número de cópias/mL e a escala logarítmica em base 10. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 164 50 Ministério da Saúde • Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais 9. Estratégias para identificação precoce da infecção pelo HIV em crianças menores de 18 meses A identificação precoce da criança infectada verticalmente é essencial para o início da terapia antirretroviral, para a profilaxia das infecções oportunistas e para o manejo das intercorrências infecciosas e dos distúrbios nutricionais. A passagem transplacentária de anticorpos maternos do tipo IgG anti-HIV, principalmente no terceiro trimestre de gestação, interfere no diagnóstico sorológico da infecção vertical. Os anticorpos maternos podem persistir até os 18 meses de idade. Portanto, métodos que realizam a detecção de anticorpos não são recomendados para o diagnóstico em crianças menores de 18 meses de idade, sendo necessária a realização de testes moleculares, como a quantificação do RNA viral (Carga Viral), disponibilizada pela DDAHV do Ministério da Saúde. A Carga Viral, para fins diagnósticos em crianças com idade inferior a 18 meses deve ser realizada considerando as indicações a seguir relacionadas: 1. A primeira Carga Viral deve ser colhida com quatro (4) semanas de vida ou preferencialmente seis (6) semanas, se a criança tiver recebido profilaxia antirretroviral; 2. Em recém-nascidos sintomáticos, a Carga Viral pode ser colhida em qualquer momento; 3. Deve-se realizar, imediatamente, a primeira Carga Viral em crianças que foram amamentadas; 4. Em crianças cuja primeira amostra tenha sido colhida em idade superior a quatro meses, a segunda coleta pode ser realizada com intervalo mínimo de um mês; 5. Caso a Carga Viral tenha um resultado detectável, esta deve ser repetida com nova amostra assim que possível. Se a segunda Carga Viral também for detectável, considera-se a criança como infectada pelo HIV; 6. Caso a primeira Carga Viral tenha um resultado indetectável, esta deverá ser repetida após o 4° mês de vida. Se a segunda Carga Viral também for indetectável, considera-se a criança não infectada; 7. Resultados positivos com Carga Viral abaixo de 5.000 cópias/mL devem ser cuidadosamente analisados, devido à possibilidade de um resultado falso-positivo; 8. A documentação da sororeversão da criança não infectada pelo HIV deve ser realizada com uma sorologia para HIV não reagente após 18 meses. A proporção de crianças que sororevertem em até 12 meses de idade é de 95%, ficando a critério médico a solicitação de sorologia nessa idade; 9. Em raras situações, crianças não infectadas pelo HIV podem apresentar anticorpos maternos residuais até 24 meses de vida (sororevertores tardios). Essas crianças geralmente apresentam o IE reagente, mas o teste confirmatório (WB, IB ou IBR) indeterminado. Nessas situações, deve-se repetir a sorologia até a obtenção de resultado não reagente. Para o manejo clínico de crianças confirmadamente infectadas e esclarecimento de outras dúvidas quanto ao diagnóstico infantil, deve-se consultar o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Pediatria, disponível em www.aids.gov.br Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 165 51 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 10. SITUAÇÕES ESPECIAIS DO DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV 10.1. Recomendação para Diagnóstico de Infecção Aguda pelo HIV-1 Essa recomendação está indicada para os casos nos quais o médico suspeita de infecção aguda pelo HIV. Nessas situações, a detecção da infecção pelo HIV, imediatamente após o período de eclipse, pode fornecer informação importante por permitir a imediata instituição da terapia antirretroviral e, potencialmente, evitar a disseminação do HIV. a Havendo suspeita clínica de infecção aguda pelo HIV, a amostra deve ser submetida a um IE de 4 geração. Em caso de resultado reagente no IE4ªG, a amostra deve ser submetida ao Fluxograma 3. Em caso de amostra não reagente no IE4ªG, a amostra deve ser submetida a um teste molecular. Os seguintes resultados podem ocorrer: a) Em caso de resultado igual ou superior a 5.000 cópias/mL (ensaio quantitativo) ou detectável (ensaio qualitativo), o resultado deverá ser confirmado em uma nova amostra, a ser obtida 30 dias após a data da coleta da primeira amostra. A nova amostra deve ser testada com um ensaio capaz de detectar anticorpos (IE, WB, IB ou IBR), seguindo-se as recomendações dos Fluxogramas 3, 4 ou 5. É importante o acompanhamento do paciente até que ocorra a soroconversão para concluir o diagnóstico. b) Em caso de resultado inferior a 5.000 cópias/mL (ensaio quantitativo) ou indetectável (ensaio qualitativo), a amostra será definida como: “Amostra Não Reagente para HIV”. O laudo deverá ser liberado com a seguinte ressalva: “Em caso de suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra”. 10.2. Recomendações para Diagnóstico da Infecção pelo HIV-2 A testagem para HIV-2 deve ser considerada sempre nos casos em que um indivíduo apresente suspeita epidemiológica de risco pelo HIV-2, como: a)Parcerias sexuais de países onde o HIV-2 é endêmico; b) Parcerias sexuais sabidamente infectadas pelo HIV-2; c)Transfusão de sangue ou injeções com agulhas não estéreis em países onde o HIV-2 é endêmico; d)Compartilhamento de agulhas com indivíduos de um país onde o HIV-2 é endêmico ou com uma pessoa conhecida por estar infectada com HIV-2; e)Filhos de mulheres que têm fatores de risco para o HIV-2. Também se deve suspeitar de infecção pelo HIV-2 nos seguintes casos: a) Suspeita clínica de aids, na ausência de um teste positivo para anticorpos anti-HIV-1, ou um WB para HIV-1 com os padrões indeterminados incomuns, tais como gag p55, p24 ou p17, mais bandas da polimerase p66, p51 (transcriptase reversa) ou p31 (integrase); + b) Pacientes com Carga Viral indetectável com sintomatologia ou contagem de linfócitos T CD4 decrescente; c)Teste sorológico de triagem positivo e WB ou teste molecular negativo, sempre que houver um elo epidemiológico com países endêmicos para HIV-2; d)Testes sorológicos que indiquem reatividade para a proteína gp36 ou gp105 do HIV-2. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 166 Em qualquer um desses casos de suspeita de infecção pelo HIV-2, o DDAHV deverá ser contatado para encaminhar a resolução do diagnóstico. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Vigilância, Informação e Pesquisa 168 Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV 53 REFERÊNCIAS ABNT NBR NM ISO 15189:2007. Laboratórios de análises clínicas: Requisitos especiais de qualidade e competência. BENJAMINI, E.; COICO, R.; SUNSHINE, G. Imunologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 4 ed. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. HIV: Estratégias para Diagnóstico no Brasil. Brasília, 2010. 82 p. Série Telelab. BRIGIDO, L. F.; NUNES, C. C.; OLIVEIRA, C. M.; KNOLL, R. K.; FERREIRA, J. L.; FREITAS, C. A.; ALVES, M. A.; DIAS, C.; RODRIGUES, R.; Research Capacity Program. HIV type 1 Subtype C and CB Pol Recombinants prevail at the cities with the highest Aids prevalence rate in Brazil. Aids Research and Human Retroviruses, [S.l.], v. 23, n. 12, p.1579-86, 2007. BUTTÒ, S.; SULIGOI, B.; FANALES-BELASIO, E.; RAIMONDO, M. Laboratory diagnostics for HIV infection. 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