ON-LINE PUBLIC ACCESS CATALOGS: um estudo dos

Transcrição

ON-LINE PUBLIC ACCESS CATALOGS: um estudo dos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
DIRETÓRIO ACADÊMICO DE BIBLIOTECONOMIA
XIV Encontro Regional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da
Informação e Gestão da informação
Os novos campos da profissão da informação na contemporaneidade
16 a 22 de janeiro de 2011
ON-LINE PUBLIC ACCESS CATALOGS: um estudo dos catálogos on-line1
Rodrigo Oliveira de Paiva*
RESUMO
Catálogo on-line é um modelo de catálogo automatizado que realiza a busca
bibliográfica por intermédio de equipamentos ligados diretamente a computadores.
A pesquisa tem como principal objetivo apresentar a importância desta temática para
a realidade da catalogação contemporânea aliada aos recursos tecnológicos em
constante evolução. O percurso metodológico adotado valeu-se do uso de uma
abordagem teórico exploratória por meio de um levantamento bibliográfico
impresso e eletrônico. Como subsídios teóricos são utilizadas diversas ideias de
autores que apresentam trabalhos concentrados nesta área de estudo, tais como,
Silveira e Oliveira. Apresenta inicialmente o conceito de catálogo e seu histórico.
Analisa os On-line Public Access Catalogs (OPACs). Expões alguns exemplos de
catálogos on-line. Como conclusões mostra a relevância deste instrumento para a
recuperação da informação, haja vista que ele é abordado como eficaz na busca
informacional para o usuário.
Palavras-chave: Catálogo. Catálogo on-line. Automatização.
_____________________________
1
*
Trabalho cientifico de comunicação oral apresentado ao GT 3 – Representação da informação.
Universidade Federal do Pará (UFPA), discente de Biblioteconomia. E-mail: [email protected].
1 INTRODUÇÃO
Os serviços informacionais sofreram redefinições em nível mundial, através das
tecnologias da informação e da internet. Não obstante, essa realidade chegou a instituições
dos mais diferentes perfis, que viram a vantagem de oferecer seus serviços e produtos na web.
As bibliotecas, também, estão inseridas nesse novo espaço, na atualidade podemos notar a
grande quantidade de unidades de informação que disponibilizam serviços on- line, como por
exemplo, o acesso remoto aos seus catálogos.
A adaptação das bibliotecas as novas tecnologias, pôde ser mais bem vista nos
últimos anos. As mudanças advindas com a sociedade da informação provocaram substanciais
alterações nos hábitos de tratamento do conhecimento. Esta situação reflete-se também no
gerenciamento de acervos bibliográficos, de produtos e serviços informacionais. Vale destacar
o uso e tratamento concedido aos catálogos on-line perante a utilização do catálogo
tradicional, pois ambos não possuem o mesmo manuseio. A utilização do catalogo na web
depende de diversos fatores a cerca de seu funcionamento.
No que tange às perspectivas teóricas para o desenvolvimento deste trabalho são
utilizados como argumentos científicos os dos teóricos Mey e Silveira. Entretanto, outras
opiniões também foram utilizadas para fundamentar o presente estudo, tais como as de,
Oliveira (2008), Dias (1967), Pinheiro (2009), entre outros.
Para o desenvolvimento dessa pesquisa delinearam-se objetivos gerais e
específicos. Como objetivo geral estudar os catálogos on-line, ou seja, os On-line Public
Access Catalogs (OPACs). Como objetivos específicos examinar os catálogos bibliográficos,
enfatizando as suas importâncias, funções e evolução. E por fim abordar do ponto de vista
teórico, os recursos, a estrutura e tendências atuais dos OPACs.
A proposta metodológica está focada em uma pesquisa bibliográfica com a
finalidade de localizar trabalhos em livros, periódicos e artigos científicos já publicados sobre
o assunto como base teórica para realização do presente estudo.
O trabalho apresenta capítulos que objetivam explicar as terminologias existentes
sobre a temática abordada. Inicialmente, devolve-se um estudo a respeito da conceituação de
catálogo e catalogação. Em seguida, mostra-se de modo breve o histórico a evolução dos
catálogos e técnicas de catalogação. Por fim, abordam-se os catálogos on-line, mostrando
alguns aspectos de seu desenvolvimento, estrutura, recursos, serviços, vantagens,
desvantagens e exemplos.
2 CATÁLOGO: DEFININDO CONCEITOS
A necessidade de gerenciar e disseminar informações para a democratização do
conhecimento sempre foi uma das metas de unidades de informação e para conseguir esse
feito elas desenvolveram no transcurso histórico de suas atividades diversos instrumentos.
Mey (1995, p.1) diz que:
Como se tornaria impossível aos usuários das bibliotecas, para escolha do mais
conveniente, folhear todos os livros, ou ouvir todos os discos, ou manusear todas as
outras formas de registro disponíveis no acervo, mesmo que os itens estivessem
ampla e corretamente organizados, nós, bibliotecários, elaboramos representações
desses itens, de forma a simplificar a busca. Essas representações abrangem tanto o
aspecto físico dos itens como seu conteúdo. Com essas representações, criamos
instrumentos diversos: bibliografias, boletins de serviço de alerta, entre outros.
O catálogo é um elemento de acesso e gerenciamento bibliográfico disponível em
uma biblioteca ou grupos de bibliotecas, ele tornou-se um elemento essencial para gerenciar
informações, as suas funções podem ser notadas por meio de seus diversos pontos de acesso,
tornado-se deste modo imprescindível para recuperar dados. O catálogo tem uma função
essencial como meio de comunicação, conduzindo o usuário à informação almejada com o
menor número de falhas e a maior quantidade de possibilidades possíveis.
Por muito tempo a definição de catálogo esteve associada somente aos livros de
uma biblioteca. Dias (1967, p. 1) afirma este fato ao dizer que o “catálogo, no seu sentido
mais amplo, é uma relação de livros correspondente a uma coleção pública ou privada”.
Na atualidade, a definição de catálogo parou de estar ligada exclusivamente ao
livro para ser compreendido também como um meio de comunicação.
Mey (1995, p. 9) conceitua catálogo como:
[...] um canal de comunicação estruturado, que veicula mensagens contidas nos
itens, e sobre os itens, de um ou vários acervos, apresentando-se sob forma
codificada e organizada, agrupadas por semelhanças, aos usuários desse(s)
acervo(s).
A área que estuda os catálogos é entendida como catalogação e Mey (1995, p.
5) a define como: “[...] estudo, preparação e organização de mensagens codificadas, com base
em itens existentes ou passíveis de inclusão em um ou vários acervos, de forma a permitir
interseção entre as mensagens contidas nos itens e as mensagens internas dos usuários.”
Costa e Aguiar (2010, p. 3) dizem ainda que:
Assim, a catalogação não é simplesmente uma técnica de elaboração de catálogos ou
de listagem de itens como muitos consideravam, mas sim uma técnica de
representação de um item através de suas características e do conhecimento do
usuário. Por meio da catalogação é possível a reunião de diversos itens pelas suas
semelhanças.
De forma resumida o catálogo deve ser o instrumento que levará ao usuário
informações elaboradas pela catalogação sobre os acervos selecionados, de modo claro,
possibilitando assim a diminuição de tempo em uma pesquisa.
2.1 A evolução histórica dos catálogos
Os catálogos existem desde o surgimento das bibliotecas, fato datado
aproximadamente por volta de 600 a.C. na biblioteca de Assurbanipal. Os catálogos até o
século XIX eram vistos somente como listas de itens existentes em bibliotecas. Nesse período
não existia uma preocupação em proporcionar a sistematização de informações, fato contrário
com a realidade vista hoje.
Mey (1995, p.12) comenta sobre o surgimento dos catálogos ao dizer que:
Datam de 1300 a.c. os tabletes com as primeiras informações bibliográficas de
descrição física, encontrados em escavações hititas. Esses tabletes identificavam o
número do tablete em uma série, o título e, muitas vezes, o esciba. As informações
são encontradas outra vez nas escavações da biblioteca do rei assírio, Assurbanipal,
em Nívive, datando de 650 a.c. Encontram-se cerca de 20 mil tabletes, que
registravam o título, o número do tablete ou volume, as primeiras palavras do tablete
seguinte, o nome do possuidor original, o nome do escriba e um selo, indicando
trata-se de propriedade real. Presume-se haver, nesta época, um embrião do
catálogo. Existiu, certamente, um catálogo, inscrito nas paredes de um templo no
Egito, mas datado dos séculos III e II a.c.
A partir do surgimento da imprensa de Gutenberg, no século XV, se percebeu a
rápida explosão do material publicado, esse foi um ponto crucial para a utilização dos
catálogos. A busca por um instrumento que tivesse a capacidade de gerenciar o conhecimento
humano existente em um acervo.
O crescimento bibliográfico impulsionado por Gutenberg é demonstrado na
seguinte afirmação de Dias (1967, p. 2):
Se cada nova geração continuar produzindo papel impresso na proporção das
últimas, o problema que apresenta o excesso de livros será pavoroso. A cultura, que
havia libertado o homem da selva primígena, o arroja de novo numa selva de livros
não menos inextrincável e afogadora.
Em 1839, na Inglaterra o bibliotecário Anthony Panizzi, em um trabalho
realizado com colaboradores da Biblioteca do Museu Britânico desenvolveram noventa e uma
regras de catalogação, possibilitando desta forma um novo rumo para a organização da
informação, essa ação ficou conhecida como Batalha das Regras, foi nesta época que
discussões sobre a catalogação surgiram. Conseguinte a este fato diversos movimentos
parecidos surgiriam, com o trabalho “On the construction of catalogues of libraries and their
publication, by means of separate stereotyped titles, with rules and examples”, de Charles C.
Jewett em 1850. Em 1876 uma importante instituição para a Biblioteconomia foi fundada a
American Library Association (ALA) criada com a principal meta de desenvolver um código
de catalogação. No ano de 1908 se publica a primeira edição do código da ALA intitulada
Catalog Rules: author and title entries, contando com a participação de Charles Ammi Cutter
que em 1904, havia publicado a livro Rules for a dictionnary catalog e já atuava com o
objetivo de criar um código de catalogação (SILVEIRA, 2003).
No século XX já haviam sido desenvolvidos códigos de catalogação nacionais na
Alemanha, Áustria, Bélgica, Países Escandinavos, Espanha, França, Holanda, Itália, Suíça e
Vaticano (MEY, 1995).
A Library of Congress (LC), cria em 1901 fichas catalográficas que são a partir de
então também comercializadas. Com este fato surgem os padrões no processo de catalogação.
No ano de 1920 é publicada as Norme per il catalogo degli stampati ou código da Vaticana,
que foi criada tendo como base o código da ALA de 1908.
Dias (1967, p.5) ressalta que:
Em 1967, a ALA, após várias edições de seu código, edita novas regras em
colaboração com a Library of Congress, dos Estados Unidos, The Library
Association, da Inglaterra, e The Canadian Library Association, denominado AngloAmerican Cataloguing Rules, NorthAmerican Text que possibilitava catalogar
filmes, microfilmes, música, discos, estampas, e não somente livros como em outros
códigos, e ainda incluía novas regras em relação ao código da ALA .
Em diversos locais, normas de padronização para a catalogação são criadas, Mey
(1995, p. 23) confirma esse fato ao dizer que:
Simultaneamente, publica-se, na Alemanha, a segunda edição das Instruções
prussianas, que alcançaram grande aceitação na Europa, enquanto o código da ALA
era bem-recebido nos Estados Unidos e outros países. Buscou-se, então, uma
compatibilidade entre ambos. Mas a tão desejada padronização internacional só
chegaria muito mais tarde.
Dando complemento as tentativas de padronizar a catalogação ocorridas no século
XX a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO),
surge com diversos objetivos e entre eles se tem o de disseminar a informação por meio da
cooperação internacional, se inicia então deste modo uma procura de padrões internacionais.
Organizado pela Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA),
a UNESCO desenvolve o Controle Bibliográfico Universal (CBU), fato este que possibilitaria
à ISBD se tornar norma para a descrição bibliográfica e o UNIMARC como formato de
intercâmbio.
Para que possam ser utilizados com facilidade os catálogos devem oferecer
métodos de consulta simples e constante manutenção. Quanto ao suporte eles têm que ter as
seguintes características: flexibilidade, facilidade de manuseio, portabilidade e compacidade
como demonstrado (ver quadro-1). Um catálogo deve ser uniforme, oferecer economia em seu
modo de preparo e possíveis manutenções refletindo assim na atualização do acervo de uma
biblioteca (MEY, 1995).
CARACTÉRISTICAS DOS CATÁLOGOS
TIPO
FLEXIBILIDADE
PORTABILIDADE
COMPACIDADE
Sim
Não
Não
FACILIDADE
DE
MANUSEIO
Sim
Sim
Sim
Em fichas
Em livros
Em folhas
soltas
Em
microforma
On-line
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Quadro 1: Características dos catálogos
Fonte: Mey (1995)
Em 1994 temos a popularização da Internet, a partir deste ano bibliotecas
passaram a oferecer seus catálogos via web. Logo notaram a necessidade de criar uma
linguagem como forma de apresentação dos registros, novas meios para poder acessar o
catálogo. Na atualidade o processo de catalogação é feito a partir da retirada das informações
a cerca de um documento para dar forma as fichas catalográficas usando registros também no
formato MARC dando assim suporte na produção de um catalogo recuperador de dados.
Nesta última década as bibliotecas vêm desenvolvendo e oferecendo catálogos on-line que
mesmo tendo as mais diversas formas de apresentação buscam um novo padrão, de maior
flexibilidade, isto possibilita um relacionamento de comunicação mais eficiente com os
usuários.
A automatização dos catálogos de bibliotecas foi algo bem relevante no que tange
ao processo de acessibilidade informacional.
Em geral, automatizar significa a utilização de máquinas na execução de tarefas que
antes eram executadas pelo homem. Nas bibliotecas e centros de informação, a
automação surge para oferecer um atendimento eficaz e eficiente ao usuário, poupar
tempo, otimizar os processos, atender a demanda, auxiliar a aquisição, tornar a
organização mais precisa e principalmente atender às necessidades do usuário em
curto espaço e tempo (RODRIGUES; PRUDÊNCIO, p. 2, 2009).
Com o processo de automatização dos catálogos, novos mecanismos e serviços
foram sendo utilizados. Neste momento vale salientar o uso dos Operadores Booleanos para
restringir e facilitar as pesquisas dos usuários, haja vista que eles são vistos como os
elementos de separação entre os catálogos tradicionais e os automatizados.
Os Operadores Booleanos são mecanismos de busca no formato de termos que
comunicam ao catálogo como mesclar as palavras de uma pesquisa. São eles: AND, OR e
NOT e significam, respectivamente, E, OU e NÃO.
O AND significa "e", criando a intercessão, ou seja, disponibiliza somente
documentos que possuam todas as palavras chaves digitadas no sistema do catálogo,
restringindo os resultados de busca. Ex: Desmatamento AND Amazônia.
O NOT exclui o segundo termo da pesquisa inclui o primeiro termo. Ex:
Desmatamento NOT Amazônia. Serão mostrados documentos que contenham o termo
"Desmatamento" e que não contenham o termo "Amazônia".
O OR significa “ou", ele favorece a união de conjuntos, ou seja, catálogo
disponibiliza a lista dos documentos que possuam ao menos um dos termos, aumentando os
resultados da pesquisa. Ex: Desmatamento OR Desflorestamento.
No processo de uso desses mecanismos de busca deve-se observar que a
compreensão do sistema do catálogo é da esquerda para a direita. Por exemplo:
Desflorestamento OR Desmatamento AND Amazônia. Deste modo, serão recuperados
documentos sobre desflorestamento ou desmatamento relacionados com a Amazônia.
3 ON-LINE PUBLIC ACCESS CATALOGS
Com o desenvolvimento de tecnologias utilizadas no âmbito das unidades de
informação tivemos o inicio da informatização dos catálogos. O surgimento de tecnologias
para uso nos serviços desenvolvidos nas unidades de informação cresce de forma rápida,
principalmente, na produção dos métodos de representação descritiva processando desta
forma mais rápido os caminhos de pesquisa dos usuários e a conseguinte facilitação da
recuperação de informações presentes nos catálogos on-line.
O advento da internet propiciou o surgimento dos catálogos on-line, também
conhecidos como, On-line Public Access Catalogs (OPACs), Catálogos on-line de acesso
público ou ainda catálogo em linha. Eles são catálogos automatizados vistos como
instrumentos que realizam pesquisas bibliográficas através de materiais ligados a sistemas
computacionais e surgem com o propósito de facilitar a recuperação da informação de um
modo mais rápido e eficiente pelos usuários.
Os OPACs segundo Rowley e Farrow (2000 apud Silveira, 2003, p. 18-19):
Tem sido uma opção popular para acessar os recursos da coleção de uma biblioteca,
de um grupo de bibliotecas e outros recursos informacionais em coleções remotas.
Os OPACs são serviços de recuperação da informação, porém difere de outros
serviços em que o foco está centrado nos recursos da coleção de uma biblioteca e
uma comunidade informacional, além de ter o foco centrado nos livros, em
oposição a periódicos ou recursos disponíveis na web. Inicialmente os OPACs
proviam o acesso aos documentos de uma biblioteca individualmente, porém o
avanço da tecnologia fez com que este pudesse acessar diferentes coleções.
De acordo com Oliveira (2008, p.3):
Os catálogos on-line tornam possível a utilização de vários dos recursos, ocorrendo
grande dinamicidade no uso dos sistemas e no acesso às informações, possibilitando
o acesso de um item no mesmo momento por uma infinidade de usuários.
Funcionam como parte da biblioteca da realidade virtual e apresentam-se com
estruturas de bibliotecas físicas.
Em um primeiro momento conhecido como primeira geração dos OPACs, temos o
surgimento desses instrumentos a partir dos catálogos tradicionais possibilitando um acesso e
recuperação das informações somente através dos pontos de acesso: título, número de
classificação, assunto e palavras-chave.
Nos catálogos OPACs era esperado que a linguagem empregada pelos usuários
estivessem compatíveis com os termos utilizados no sistema, o que criava certas
dificuldades para os usuários, além de ser muito limitado quanto à busca
(SILVEIRA, 2003, p. 19).
Em um segundo momento denominado de segunda geração verificamos o inicio
do processo de correção das limitações evidenciadas na primeira geração dos OPACs.
Melhorias na busca possibilitaram o processo de busca combinada. No entanto, dois
problemas permaneceram: a navegação através dos registros era difícil e era
necessário trabalhar com diferentes menus para navegar pela base de dados
(SILVEIRA, 2003, p. 19).
Na terceira geração temos o uso de uma interface que utiliza uma linguagem
natural dando possibilidades para que ao usuário desenvolva estratégias de pesquisa, valendose do uso de palavras em linguagem natural.
Utiliza interface em linguagem natural permitindo ao usuário criar uma estratégia
de busca, utilizando uma frase em linguagem natural. Passou-se também a utilizar
interfaces baseadas em modo gráfico, Grafical User Interface (GUI). Passa a ser
comum a busca em interfaces simples apresentando resultados próximos aos
esperados na estratégia de busca (SILVEIRA, 2003, p. 19- 20).
Com relação aos catálogos on-line na atualidade Levacov salienta que:
Hoje em dia, catálogos eletrônicos on-line, conhecidos na Internet como OPACs
(On-line Public Access Catalogs) tornaram-se comuns e alguns apresentam
interfaces bastante sofisticadas. “Prateleiras virtuais” reúnem coleções
geograficamente dispersas e podem ser construídas instantaneamente por meio de
diferentes campos indexadores. O conceito de operadores lógicos booleanos, antes
restritos aos profissionais da informação, integram agora, em menos de uma década,
o vocabulário dos usuários.
A estrutura dos Catálogos em linha depende basicamente da presença de sistemas
computadorizados em unidades de informação, pois o seu funcionamento está estritamente
relacionado com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s). Nas bibliotecas que
utilizam esses instrumentos hoje notamos a presença de um servidor responsável pelo
armazenamento das informações processadas pelos bibliotecários, no momento da
classificação e catalogação, mais adiante elas são transferidas e guardadas neste aparelho para
disponibilização on-line dos registros bibliográficos do acervo de uma biblioteca. A função
posterior deste servidor então passa a ser o de um intermediador entre o catálogo e o usuário,
que poderá ter acesso as informações em casa, em qualquer lugar que tenha acesso a internet
ou mesmo na biblioteca por meio de estações de pesquisa. O uso dos softwares desses
catálogos também tem relação direta com o sistema de empréstimo e devolução
disponibilizado para atendimento dos usuários.
Conceitualmente o catálogo on-line não demonstra, na área da ciência da
informação, grandes diferenças aos catálogos manuais. Podemos destacar como uma das
grandes facilidades destes instrumentos a questão de poderem oferecer catálogos de modo
coletivo, ou seja, que permitam recuperar elementos de várias unidades de informação e o
mais importante sem o auxílio de bibliotecários de referência presentes em bibliotecas
tradicionais. (SILVEIRA, 2003).
Na contemporaneidade, a maioria dos OPACs apresenta os resultados em uma
lista de termos encontrados. Normalmente a apresentação do registro completo contém
informações relativas às obras. Em outra tela é comum ser apresentado a situação de
empréstimo do item. GUIs oferecem interfaces baseadas em cliques, ícones e menus
suspensos. Vale salientar a relevância atribuída na atualidade à grande velocidade com que se
chega à informação pode-se até mesmo tomar como norma para esse caso uma das leis de
Ranganathan, onde ele elencava que a biblioteca deve poupar o tempo do usuário.
Os recursos utilizados pelos OPACs são evidenciados nos processos de catalogação
automatizada que assim como a indexação usa diversos processos criteriosos para o uso das
informações gerenciadas. Esse processo permite ao catalogador responsável pelo catalogo on-line
de uma biblioteca selecionar as informações que iram descrever os materiais disponibilizados para
o uso dos usuários que poderão, por exemplo, recuperar de diversas formas um livro presente no
sistema computacional existente atualmente em muitas bibliotecas.
Um dos recursos hoje adotados pelos catálogos on-line é a catalogação automatizada
com a utilização dos metadados.
De uma forma mais simples, pode-se definir metadados como dados codificados e
estruturados que descrevem a característica de recurso de informação, sejam eles
produtos e serviços. Elementos como autor, título, assunto são exemplos de
metadados e podem usados para descrever tanto u livro em um catálogo de uma
biblioteca on-line ou não, quanto para descrever uma home Page, uma base de dados
ou qualquer outro recurso eletrônico em ambiente web. (ALVES; SOUZA, 2007, p.
22).
No processo da catalogação automatizada são extraídos os dados de um
documento que serão transformados em uma ficha catalográfica e também em um registro no
formato MARC para a alimentação do catálogo on-line e para conseguinte recuperação pelo
usuário.
Outro recurso utilizado no catálogo online é o formato MARC, que de acordo com
Alves e Souza (2007, p.25) tem sua importância no processo de catalogação automatizada,
pois:
Na catalogação do documento utiliza-se para definir quais são as formas das
entradas a serem descritas fisicamente; o próprio documento, os tesauros e as tabelas
de classificação auxiliam na definição de seus assuntos. Já, o formato MARC
organiza essas informações de forma a serem lidas pelo computador e possibilita a
descrição bibliográfica de diferentes tipos de documentos (monografias, arquivo de
computador, música, material cartográfico, imagens, software entre outros)
O catálogo em linha apresenta todas as características que um catálogo deve ter tal
como elenca Mey (1995, p.10):
-flexibilidade, que permite inserção de representações de novos itens; exclusão de
representações de itens descartados ou perdidos e mudanças nas representações,
quando necessário;
-facilidade de manuseio, que significa, além da facilidade para ser manuseado
propriamente, ter boa sinalização – no caso de catálogos manuais, interna e externa;
estar em local visível e acessível e apresentar instruções de uso;
-portabilidade, que permite ser consultado fora da biblioteca, ou em diferentes
locais da biblioteca;
-compacidade, que significa ocupar pouco espaço.
Apesar da presença dessas vantagens este tipo de catálogo é também o mais
sujeito a problemas externos, como por exemplo, na falta de energia elétrica não temos acesso
a ele, possíveis problemas técnicos, como no servidor podem impossibilitar até por semanas o
uso deste catálogo.
Como na web os usuários remotos não têm as mesmas orientações concedidas
pelos bibliotecários de referência para ajudá-los a usar o catálogo, têm-se como mais uma
problemática manter um tipo de comunicação eficiente entre a interface dos catálogos e os
usuários. Dar possibilidades para que eles compreendam melhor como usar os serviços desses
instrumentos e possam encontrar as soluções para as suas indagações no menor tempo
possível, são empecilhos que podem ser analisados do ponto de vista da usabilidade dos
catálogos on-line (SILVEIRA, 2003).
Do ponto de vista de que a principal utilização do OPAC seja destinada a um
usuário remoto, que, portanto, não pode aproveitar a assistência do bibliotecário,
será preciso melhorar seu funcionamento. O OPAC é diferente das bases de dados,
em conteúdo e estrutura. Muitas vezes baseia-se em programas próprios
(TAMMARO; SALARRELLI, 2008, p. 263).
As problemáticas de uso dos OPACs dividem espaço com as vantagens oferecidas,
como mencionam os autores Tammaro e Salarrelli (2008, p. 229):
O principal problema a ser enfrentado diz respeito aos novos hábitos de pesquisa por
parte dos usuários, junto com a necessidade de tornar os catálogos em linha de
acesso público (OPACs) ainda mais funcionais e fáceis de usar. A Amazon, o
Google e outros mecanismos de busca são os padrões com os quais hoje os catálogos
das bibliotecas são comparados do que resulta uma opinião em geral negativa sobre
os OPACs. O catálogo da biblioteca é um ótimo instrumento para localizar
documentos conhecidos, mas não para identificar e acessar os numerosos recursos
digitais que também são disponibilizados pela própria biblioteca, que investe
recursos de monta para permitir o acesso a eles.
Nas seções seguintes serão elencados alguns exemplos de catálogos on-line,
selecionados devido as suas relevâncias na contemporaneidade. Eles foram escolhidos para
exemplificar os OPACs a nível regional, nacional e internacional, a saber: o catálogo da rede
Pergamum utilizado na Universidade Federal do Pará (UFPA), o Catalogo Coletivo Nacional
de Publicações Seriadas do IBICT (CCN) e o Catálogo On-line da Library of Congress.
3.1 Catálogo da rede pergamum
O Catalogo da Rede Pergamum (CRP) foi um modelo desenvolvido pelas
Pontificias Universidades Católicas do Paraná e do Rio de Janeiro e atualmente é utilizado
aproximadamente por 88 instituições abrangendo mais de 2500 bibliotecas e 30 milhões de
títulos registrados.
O uso deste catálogo faz com que os usuários possam ter acesso a uma grande
infinidade de obras pertencentes aos acervos das instituições integrantes da Rede Pergamum.
Segundo Ferreira (2009, p.70) a Rede Pergamum:
É uma rede formada por instituições usuárias do software Pergamum (Sistema
Integrado de Bibliotecas). Tendo por objetivo melhorar a qualidade dos serviços
oferecidos aos usuários. Tem a incubência de promover a cooperação dos serviços
de tratamento e o compartilhamento de recursos de busca da informação.
Podemos fazer buscas neste instrumento de modo rápido (por autor, título e
assunto), da forma booleana, autoridade, multimeios, periódicos e índice.
Vale destacar esse exemplo como um de nível regional haja vista que no estado do
Pará ele é utilizado na Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Estadual do Pará
(UEPA), Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJ), Cetro de Ensino Superior e
Desenvolvimento e Arquidiocese de Belém.
3.2 Catálogo coletivo nacional
O Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas, é um produto
desenvolvido e gerenciado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(IBICT), apresenta características que o classifica como um catalogo on-line de uma rede
cooperativa utilizada por bibliotecas localizadas em território brasileiro. Tem como principal
função possibilitar o acesso às publicações periódicas cientificas, reunindo ao mesmo tempo
informações sobre diversos catálogos mantidos pelas principais unidades de informação do
país em um único catálogo coletivo e nacional de acesso público.
O acesso ao CCN é realizado por intermédio do endereço eletrônico
http://ccn.ibict.br.
3.3 Catálogo on-line da library of congress
Segundo Galo (2008 apud Ferreira, 2009, p. 89) a Biblioteca do Congresso dos
Estados Unidos:
É a maior biblioteca do mundo, e sua missão é manter um programa de intercâmbio
de informações bibliográficas integrando as facilidades de automação aos trabalhos
de representação descritiva. A referida biblioteca é considerada uma base servidora
de registros por ter um vasto banco de dados, onde outras bibliotecas aproveitam
informações, evitando retrabalho de catalogação.
O catálogo on-line da Library of Congress (LC) é um dos catálogos em linha mais
relevantes existentes na atualidade. O catálogo da LC apresenta um acervo de
aproximadamente 14 milhões de registros de livros, periódicos, arquivos de computador,
manuscritos, material cartográfico, música, gravações sonoras, visuais e materiais.
Neste OPAC é possível fazer pesquisas de forma básica e avançada Na básica por
meio de uma caixa de pesquisa contendo os seguintes campos: título do autor, assunto,
número de chamada, LCCN, ISSN ou ISBN e palavras-chave.
Na avançada utilizando formulários e também menus. Nela as pesquisas são
desenvolvidas por palavras-chave, índices específicos e combinação de palavras por meio de
operadores booleanos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tentou-se por meio deste trabalho discorrer sobre a importância dos catálogos
em linha desenvolvidos para dar suporte aos meios de recuperação de informações devido as
suas diversas utilidades sempre em manutenção para melhor prestação de serviços, levando-se
em conta os fatores que influenciaram na criação desses instrumentos e suas ligações com a
relação informação e usuário.
Observou-se a conceituação do termo catálogo como instrumento de
contato e de transporte para as informações entre indivíduo e unidade de informação. A
função dos catálogos esta ligado à informação com o intuito de recuperar e levar
conhecimento a quem necessita.
Os novos mecanismos que estão assumindo espaço no mercado de
representação da informação são os On-line Public Access Catalogs, que foram mencionados
durante o desenvolvimento deste trabalho.
Atualmente percebemos o desenvolvimento dos catálogos como
elementos de gestão informacional que tendem a ocupar cada vez mais espaço nas grandes e
pequenas unidades de informação e outras organizações. Seus investimentos são altos e
facilitam o tratamento documental. Eles terão grande espaço no futuro e servirão de
sustentáculo para os novos suportes que ainda serão criados.
ON-LINE PUBLIC ACCESS CATALOGS: a study of the catalogs on-line
ABSTRACT
On-line catalog is a catalog model that performs automated literature search through
equipment connected directly to computers. The research has as main objective to
show the importance of this issue to the reality of contemporary cataloging coupled
with constantly evolving technological resources. The methodological approach
adopted took advantage of the use of a theoretical exploration through a literature
printed and electronic. Subsidies are used as theoretical ideas of several authors who
have works in this concentrated area of study, such as Silva and Oliveira. It first
presents the concept of the book and its history. Analyzes the On-line Public Access
Catalogs (OPACs). Exposes some examples of online catalogs. In conclusion shows
the importance of this tool for information retrieval, given that he is treated as
effectively in the pursuit of information to the user.
Keywords: Catalog. Book online. Automation.
REFERÊNCIAS
ALVES, Maria das Dores Rosa; SOUZA, Márcia Izabel Fugisawa. Estudo da
correspondência de elementos Metadados: Dublin Core e MARC 21. Revista Digital de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v.4, n.2, p.20-38, jan./jun.2007.
Disponível em: <http://www.server01bc.unicamp.brt>. Acesso em: 20 nov. 2010.
COSTA, Isabel Cristina Pereira da; AGUIAR, Terezinha Pereira. A funcionalidade da
catalogação: do livro aos recursos educacionais digitais. In: ENCONTRO NACIONAL DOS
ESTUDANTES DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTÇÃO, GESTÃO E CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO, 33., 2010, João Pessoa. Anais... Disponível em:
<http://dci.ccsa.ufbb.br/enebd/índex.php/enebd/article/view/4>. Acesso em: 22 out. 2010.
DIAS, Antonio Caetano. Elementos de catalogação. Rio de Janeiro, RJ: ABB, 1967.
FERREIRA, Markene Mirella Costa. A catalogação e o processo de conversão
retrospectiva dos processo bibliográficos. 2009. 99 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação) – Universidade Federal do Pará, Faculdade de Biblioteconomia, Belém, 2009.
IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. Produtos & Serviços:
ISSN. Versão 1.0. Atualizada em: 23/09/2005. Disponível em:
<http://www.ibict.br/secao.php?cat=ISSN>. Acesso em: 11 nov. 2010.
LEVACOV, Marília. Bibliotecas virtuais: (r)evolução? Ci. Inf. v. 26 n. 2 Brasilia,
DF, Mai./Ago., 1997. Disponível em: <http: www.scielo.br/pdf/ci/v26n2/v26n2-2.pdf>.
Acesso em: 18 out. 2010.
MEY, Eliane Serrão Alves. Introdução à catalogação. Brasília, DF: Briquet de
Lemos, 1995.
OLIVEIRA, C. C. de. A interação dos usuários da UFMG com o catálogo online do
sistema Pergamum. 2008. 199 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) –
Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Ciência da Informação, Belo Horizonte,
2008. Disponível em: < http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/EARM7H2Q4E>. Acesso em: 18 out. 2010.
RODRIGUES, Anielma Maria Marques; PRUDÊNCIO, Ricardo Bastos Cavalcante.
Automação: a inserção da biblioteca na tecnologia da informação. Biblionline, João Pessoa,
v. 5, n. 1/2, 2009. Disponível em:
<http://periódicos.ufpb.br/ojos2/índex.php/biblio/article/view/3944/3109>. Acesso em: 23
out. 2010.
SILVEIRA, A. da. A usabilidade em catálogos online. 2003. 63 f. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação) – Universidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2003. Disponível
em: <http://rabci.org/rabci/sites/default/files/bi132.pdf >. Acesso em: 25 out. 2010.
TAMMARO, Anna Maria; SALARELLI, Alberto. A Biblioteca Digital. Brasília, DF:
Brinquet de Lemos/Livros, 2008.

Documentos relacionados

CATÁLOGO 2.0

CATÁLOGO 2.0 sua forma mais conhecida o Online Public Access Catalog (Catálogo On-line de Acesso Público – OPAC). Segundo Oliveira (2008, p.3): Os catálogos on-line tornam possível a utilização de vários dos re...

Leia mais