Consultar a versão PDF

Transcrição

Consultar a versão PDF
www.revistaoutdoor.pt
nº12 out/nov/dez 2013
outdoor
Revista
Torna-te fã
AVENTURAS PROFUNDAS
Dupla In Silence
Entrevista
com Tiago Costa
os mitos
da Sobrevivência
O pioneiro do alpinismo
Rui Gomes da Silva
MONTANHA
Kazbek por Luísa Tomé
descobrir
16 Caminhadas em Portugal
Diretrizes
EDITORIAL
05
GRANDE REPORTAGEM
In silence - aventuras profundas
06
em família
Passeio no Caramulo
12
Curso de escalada em Família
16
aventura
Publi-Reportagem - Garmin vib
nº12 Outubro a Dezembro
2013
06
20
MONTANHA - Kazbek com Luísa Tomé
22
DESAFIO — Viver a Lenda do Tour
30
entrevista
Tiago Costa — Ser guia de trekking
36
POR TERRA
16 Caminhadas em Portugal
40
INDOOR - Preparação Indoor para Trekking
48
INDOOR - Crossfit
54
INDOOR - Entrevista Susana Henriques
56
UMA VIDA DE AVENTURA - O pioneiro do Alpinismo
60
AVENTURA - Makbut
64
ÁGUA
DESPORTO - O que é o Mergulho
68
FOTOGRAFIA
PORTFOLIO DO MÊS — Carlos Tiza
Armando Ribeiro e José Marques formam
desde 2004 a equipa In-Silence para explorar
naufrágios profundos contemporâneos na
costa portuguesa e participar em expedições
internacionais de mergulho.
72
36
SOS
SAÚDE DO VIAJANTE - Jet Leg
78
Os mitos da sobrevivência
82
DESCOBRIR
Pequenas Rotas em Nisa
86
RECEITA OUTDOOR
92
LIVRO AVENTURA — Vagabundo de Mares
94
PROJETO - Vagamundos
98
ATIVIDADES OUTDOOR
102
DESPORTO ADAPTADO
O mergulho não é para super-homens
104
Tiago Costa, é uma amante de Outddor. Explorar, viajar e conhecer são algumas das
bases da sua vida, mas ser guia de viagens é
uma das suas grandes paixões.
ESPAÇO APECATE
Turismo Subaquático
108
EQUIPAMENTO
112
a fechar
114
Os textos e imagens presentes na Revista Outdoor são da responsabilidade dos seus autores.
Não é permitido editar, reproduzir, duplicar, copiar, vender ou revender, qualquer informação
presente na revista.
82
Sentir-se completamente perdido numa
situação de sobrevivência é perigoso. Mas
ainda é mais perigoso acreditar em mitos
que se forem colocados em prática podem
trazer-lhe problemas...
Editorial Ficha técnica
cHEGOU O
NÚMERO 12!
C
hegaram os dias de Outono e com
eles a nova edição da Outdoor!
www.portalaventuras.clix.pt
Edição nº12
Com as primeiras chuvas e frio,
muitos perdem a vontade de sair
para a rua e partir à aventura. Com esta nova edição queremos desafiá-lo a sair de casa e descobrir
um imenso mundo de aventuras dentro e fora de
portas. Ficar no sofá não é a solução!
Iniciamos a nossa viagem pelas aventuras em profundidade da
dupla In Silence. Já ouviram falar da descoberta dos restos do
avião suíço que se despenhou na Ilha da Madeira em 1977? A não
perder esta e outras fascinantes descobertas na Grande Reportagem. Ainda pela água convidamo-lo a saber um pouco mais sobre
mergulho e como se iniciar na modalidade.
Deixando a água e partindo para Terra, aceitem o nosso convite e
venham caminhar no nosso país… são 16 sugestões de percursos
que não o vão deixar indiferente. Ainda a pé, estivemos à conversa com Tiago Costa e descobrimos algumas curiosidades sobre
uma das suas grandes paixões… ser guia de trekking! Lá por fora,
Luísa Tomé levou-nos até ao Kazbek, numa grande aventura na
montanha.
Estas são algumas das sugestões de leitura deste número 12, mas
há mais. São mais de 100 páginas de aventuras, descobertas e sugestões… Aproveitamos este espaço para agradecer a todos os que
continuam a colaborar connosco e a lançar um desafio aos nossos
seguidores. São fãs de atividades outdoor? Gostavam de ver a vossa aventura na Revista Outdoor? Vão ao nosso site e no formulário
contactem-nos com a vossa proposta.
Venham daí, libertem o vosso espirito aventureiro e combatam o
sedentarismo!
Até janeiro e já sabem, continuem a acompanhar as ultimas novidades do mundo outdoor no Portal Aventuras. ø
WPG – Web Portals Lda
NPC: 509630472
Capital Social: 10.000,00
Rua Melvin Jones Nº5 Bc – 2610-297 Alfragide
Telefone: 214702971
Site internet: www.revistaoutdoor.pt
E-mail: [email protected]
Registo ERC n.º 126085
Editor e Diretor
Nuno Neves | [email protected]
Marketing, Comunicação e Eventos
Isa Helena | [email protected]
Revisão
Cláudia Caetano
EVENTOS
[email protected]
Colaboraram neste número:
ana barbosa, ANA FAIAS, ALEXANDRE, ANABELA,
ARMANDO RIBEIRO, Aurélio Faria, artur pegas,
BRUNO MILITÃO, CARLOS TIZA, FILOMENA GOMES,
JOÃO RODRIGUES, JOSÉ ALBERTO, JOSÉ MARQUES,
LUÍS SÁ COUTO, luís varela, luísa tomé, PAULO
GUERREIRO, RICARDO MENDES, rui dantas, SÉRGIO
CEBOLA, SUSANA HENRIQUES, TIAGO COSTA, VANDA
PINTO
som
Isa helena
Design Editorial
Inês Rosado
Fotografia de capa
in silence
Desenvolvimento
Ângelo Santos
5
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Grande Reportagem
Fotos: In-Silence
AVENTURAS PROFUNDAS,
DUPLA IN SILENCE
MERGULHO NA II GUERRA
Na quase década já partilhada de aventuras extremas, a dupla testou os limites técnicos e humanos numa expedição a norte do Círculo Polar
Ártico. Em Narvik, no mar da Noruega, Armando
e José mergulharam em águas frias (5º C) e na
história de uma das maiores batalhas navais da
Segunda Guerra Mundial.
Em abril de 1940, a Marinha britânica lançou a
operação Wilfred, e atacou a frota nazi fundeada
nos fiordes do norte da Noruega. O alvo principal
foi o porto de embarque do minério da Lapónia
sueca, fundamental para os esforços nazis de
guerra. «A 70 m de profundidade, afundado de
lado, no seu interior ainda existem restos mortais, todas as munições no interior, há cargas
explosivas de profundidade e minas em redor
dos destroços dos navios bombardeados e afundados.»
Na expedição a Narvik, houve um mergulho
que ainda hoje traz vívidas recordações aos 2
portugueses.«O ex-libris foi termos descoberto o
símbolo do navio, - do destroyer Erich Geise -,
que é uma águia com metro e meio de envergadura, e nas garras da águia, estar uma coroa de
louros com o símbolo nazi, em bronze».
Além da profundidade, Armando recorda a escuridão: «A visibilidade máxima é de 10 a 15 metros, há sempre partículas em suspensão, a água
é leitosa e nunca totalmente clara, parece que
anda sempre uma poeira no ar, é como se estivéssemos no nevoeiro!»
OS REBREATHERS
«Tem um ambiente incrível, especialmente nos
À espera do melhor mas preparados para o pior
podia ser o lema destes mergulhadores.
Para ultrapassar a cota dos 100 metros e alcançar
profundidades atingidas por poucos mergulhadores, Armando e José utilizam “rebreathers”
e realizam um tipo de mergulho técnico com
equipamento de circuito fechado. Por oposição
ao mergulho com garrafas de ar, e tal como
num ventilador de um hospital ou num avião, o
equipamento reaproveita o gás respirado «Respiremos devagar ou depressa, o volume de consumo é sempre constante, podemos fazer um
mergulho de 10 horas. Traz grandes vantagens
para mergulhos mais profundos e mais longos;
e tem ainda outra vantagem: faz otimização de
gases que respiramos, permite-nos patamares de
descompressão mais curtos e eficientes porque
estamos a respirar mistura mais apropriada para
as profundidades a que estamos.»
O regresso à superfície desde os 100 metros de
profundidade demora normalmente mais de 2
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
7
Grande Reportagem
Aventuras Profundas
A
rmando Ribeiro e José Marques
formam desde 2004 a equipa In-Silence para explorar naufrágios profundos contemporâneos na costa portuguesa e participar em expedições
internacionais de mergulho.
Em Portugal, ficaram conhecidos pela descoberta do cargueiro grego Agios Nikolaos, afundado ao largo de Peniche e pela localização dos
destroços do avião suiço que se despenhou em
1977, na costa sul da Madeira.
Fotos: In-Silence
Grande Reportagem
horas. Registado no computador, o gráfico típico
de um mergulho destes mostra uma descida rápida, e pouco mais de 15 minutos no fundo, para
uma subida muita lenta que permita a descompressão adequada.
A única desvantagem, reconhecida por ambos,
são os custos: o preço de um “rebreather” nunca
é inferior a dez mil euros.
Em termos de mergulho, «levamos ainda camadas extra de roupa porque mergulhos são mais
longos, e podemos estar até 4 horas dentro de
água, e ficar muito tempo parados nos patamares
de descompressão». Máscaras, luvas e computadores são outras redundâncias praticadas a nível
de equipamento.«Não queremos que haja falhas,
mas vamos sempre a pensar nelas». E para o caso
de uma “dor de barriga” a grande profundidade,
os mergulhadores usam habitualmente fraldas
sob os fatos de mergulho, um truque que evitará
problemas adicionais no regresso lento à superfície.
AVIÃO A 100M
«No início da descida não parecia ser um avião,
aos 85m começámos a avistar vulto que parecia
antes uma rocha... Com a aproximação, o vulto
foi-se definindo, e aí, sim, começámos a ver a
cauda do avião, e nadámos em direção aos motores que tem 2 jatos». Só novos mergulhos ainda
não planeados podem confirmar oficialmente a
descoberta de 2011, mas na Madeira, José Marques e Armando Ribeiro podem ter encontrado os
destroços do avião suiço que se despenhou a 18
de dezembro de 1977, a sul da ilha.
O alegado destroço do Super Caravelle da já extinta companhia suiça de charters SATA foi localizado a 100 metros de profundidade, a uma milha
da costa do Porto Novo, nas imediações do aeroporto de Santa Cruz.
8
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Grande Reportagem
Aventuras Profundas
Em dois mergulhos, José e Armando não encontraram as caixas negras que podiam ainda explicar o acidente que matou 36 pessoas. Sobreviveram 21 passageiros e tripulantes, incluindo
os pilotos a quem foram atribuídas responsabilidades pela aterragem falhada.
«Há primeira sensação de bastante alegria de
encontrar destroço, depois há segunda sensação
mais estranha, quando olhamos para avião quebrado ao meio, na parte das asas... A parte das
asas ainda não encontramos... A haver corpos, já
estarão desfeitos entre os estofos...»
SILÊNCIO E ESCURIDÃO
Em termos físicos e de personalidade, Armando
e José não têm quase nada em comum, e só os
une a falta de cabelo e o gosto pelo mergulho de
expedição.
«Costumo dizer que o Zé é 80 e eu sou 8. Ele é um
pouco mais expansivo e eu sou mais reservado.
Acho que fazemos equipa fantástica!», explica o
calmo Armando.
O extrovertido José prefere antes contar as 2 razões para a escolha do nome In-Silence: «A primeira razão, é o tipo de mergulho profundo que
realizamos, e o mergulho em naufrágio, muitas
vezes é como mergulhar num túmulo. Alguns
destroços são mesmo sepulturas de guerra, nota-se ali algum silêncio sepulcral, e sentimos respeito pela História. Somado a este silêncio, a segunda razão, temos o silêncio dos rebreathers».
AGIOS NIKOLAOS
Antes do mergulho nos destroços do avião suiço,
José e Armando tinham já partilhado outras descobertas em águas portuguesas.
«A norte de Lisboa, mergulhámos já no porta-contentores Kassamba, e na zona de Peniche,
estivemos no vapor Selir (75m), e no Dago
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
9
“O
Agios Nikolaos, (66-70m)
foi descoberto por
nós em 2006 e foi um
naufrágio virgem que
ninguém sabia que
existia aqui em
Peniche». ”
Fotos: In-Silence
Grande Reportagem
(50m)...» Foi, aliás, ao largo de
Peniche que os In-Silence tiveram a sensação única de
serem os primeiros mergulhar
num naufrágio.
«O Agios Nikolaos, (66-70m) foi
descoberto por nós em 2006 e foi
um naufrágio virgem que ninguém
sabia que existia aqui em Peniche».
A localização do cargueiro grego que
transportava minério, e se afundou há mais
de quarenta anos nas imediações das ilhas Berlengas, obrigou os dois mergulhadores a muito
trabalho em terra. Testemunhas ainda vivas do
acidente e investigação histórica deram as pistas
certas para a descoberta. «Começámos por ouvir
falar, mas não saber nada do naufrágio. Pouco
a pouco, fomos conhecendo a história do cargueiro grego, e obtivemos inclusive o relato da
companhia de seguros. Há pouco tempo descobrimos que até existem fotos do naufrágio.»
ANDREA DORIA
A nível internacional, a primeira expedição de
Armando e José foi realizada no Atlântico Norte.
«Foi a primeira vez que mergulhadores portugueses estiveram no Andrea Doria», recordam
à Outdoor.
Esta foi uma aventura em que logisticamente
tudo correu mal. «O comandante americano do
barco que alugámos para nos levar ao “spot”
do mergulho tratou-nos “abaixo de cão”, nunca
10
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Grande Reportagem
Aventuras Profundas
nos deu apoio nenhum, mas desenrascámo-nos,
à boa maneira portuguesa». Em águas gélidas,
as dificuldades com o caprichoso capitão foram
compensadas pelas descidas à cota dos 90m e ao
destroço do paquete italiano Andrea Doria, naufragado, em 1956, ao largo da costa leste dos Estados Unidos.
PORQUÊ ?
Se é escuro e mais difícil que o mergulho recreativo, perguntam-lhes muitas vezes, porque é que
arriscam mergulhar tão fundo?
Responde José Marques:« Não há essa coisa dos
tesouros porque mergulhamos em naufrágios da
I e II Guerra, mas somos fundamentalmente motivados pela parte da Arqueologia». Opinião semelhante tem Armando que relembra a desconfiança com que são encarados « Quando falamos
destes mergulhos, perguntam-nos logo se vamos
à caça de tesouros... O nosso objetivo é simplesmente reviver o passado e depois divulgar essas
experiências!» Em Portugal e no estrangeiro,
a dupla tem sido chamada regularmente a dar
conferências em centros de mergulho e já participou em encontros de internacionais de mergulhadores para relatar as expedições In-silence.
VIMINALE E BENGAZI
De mergulhos a naufrágios históricos no mar
Mediterrâneo, Armando e José guardam recordações diferentes.
José Marques tem vívidas memórias do mergulho no Benghazi, um navio italiano que está
afundado a sul da Sardenha «Num dos porões
tem milhões de objetos de vidro, chamamos-lhe Naufrágio dos Cristais... É ambiente escuro
e quando entramos e apontamos os focos, tudo
brilha, desde jarros a cristais...»
Já Armando, conta o deslumbramento sentido
depois de mergulhar no Viminale, o último paquete construído pelo ditador Mussolini e afundado pela aviação Aliada, em 1943. «Foi no estreito de Messina, o Viminale, está na casa dos
115m, naufragou e ficou completamente direito
no fundo. Consegue aceder-se à casa das máquinas através de clarabóia no topo do navio.
O ambiente é sinistro porque é escuro, e com
muito lodo por causa dos motores, mas é interessante!...»
José Marques resume em poucas palavras os 9
anos de aventuras partilhadas e arriscadas da
dupla In-Silence «As pessoas perguntam-nos
sempre se compensa os riscos? E eu respondo
sempre que sim... Vemos coisas que pouca gente
consegue ver e é espetacular!» ø
Aurélio Faria
Jornalista
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
11
Em Família
 Aventura
PASSEIO NO Caramulo
A
Serra do Caramulo é uma elevação
com alinhamento montanhoso orientado de NNE para SSO. Ocupa os concelhos de Vouzela, Tondela, Oliveira
de Frades, Anadia, Águeda e Viseu.
Encontra-se a 280 km de Lisboa e a 120 km do
Porto.
O seu ponto mais alto denomina-se de Caramulinho com 1076,57, seguido do Cabeço da Neve,
estando a 995 m de altitude, segundo o marco
geodésico.
No passado a serra era conhecida como Alcoba.
De origem árabe significa Cúpula ou Zimbório.
Poderá entender-se que a toponímia está associada aos aglomerados de Rocha (Caos de Blocos)
ou às suas construções megalíticas que datam
do neolítico, como as antas, vestígios de castros
junto às nascentes dos rios, estradas medievais,
cavernas e abrigos nas rochas.
A atracão que esta Serra produz sobre turistas,
visitantes ou veraneantes está diretamente relacionada com o seu enquadramento natural, com
12
a sua envolvência ambiental, os seus megalitos e
as suas árvores frondosas.
A sua formação é o resultado de uma convulsão
geológica num passado remoto. O substrato da
montanha é constituído por granitos (rocha magmática intrusiva), paleozóicos (compreendida
entre 540 milhões e 245 milhões de anos atrás,
aproximadamente) e xistos ante-ordovícicos.
Possui ainda minérios como a galena, a volframite, a pirite de ferro, entre outros que atraíram em
tempos remotos o povo romano.
A sua cobertura vegetal é variada: O pinheiro-bravo (Pinus pinaster), carvalho negral (Quercus
Pyrenaica) e alvarinho (Quercus robur), castanheiros (Castanea Sativa), sobreiros (Quercus
Suber), loendros (Nerium oleander), teixo(Taxus
baccata) entre outras árvores, dividem o espaço
desta serra com paisagens de pradaria, que apascenta o gado bovino ainda criado pelos habitantes das aldeias e com os pequenos núcleos urbanos rústicos.
Nas espécies arbustivas predomina a urze, em-
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
Em família
Aventura no Caramulo
bora nas áreas graníticas seja substituída pelo
tojo e pela giesta. Encontramos belas plantas silvestres como abrótea-da-primavera (Asphodelus
albus), orquidea selvagem (Serapias cordigera) e
açafrão-bravo (Crocus serotinus). Relativamente
à fauna facilmente se encontra o coelho bravo
(Oryctolagus cuniculus), as aves pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula), tentilhão-comum
(Fringilla coelebs), o reptil cobra-rateira (Malpolon monspessulanus), os insetos aranha-carangueijo (Misumena vatia), gorgulho (Lixus angustatus) e a borboleta (Melanargia lachesis).
Desta montanha brotam diversos rios que pelo
seu percurso alimentam a agricultura e as florestas até chegarem ao seu destino. São eles o
rios Agadão, Alcofra, Águeda, Alfusqueiro, Criz,
Dinha, Barreiro, Castelões, Múceres, Campo de
Besteiros, Mau, Ribeira da Fraga.
Nesta serra localizam-se dois grandes mananciais
de água mineral comercializadas e conhecidas
por todo o país e além fronteiras.
São elas a Água do Caramulo,
em Varzielas, vertente que
pertence a Oliveira de
“A Serra do CaFrades e a Água Serraramulo sofreu uma
na cujas instalações
se encontram em Algrande alteração na sua
cafaz, localizadas no
paisagem, tendo esta sido
concelho de Águeda.
devastada por um incênDurante o mês de
Agosto de 2013 todos
dio de enormes propornós ouvimos falar do
ções que atingiu esta
Caramulo através da
montanha (...)”
Comunicação social e
das redes sociais pelas
piores razões.
A Serra do Caramulo sofreu uma
grande alteração na sua paisagem, tendo esta sido devastada por um incêndio de enormes proporções que atingiu esta montanha numa
grande extensão. Restam porém alguns redutos
verdes visitáveis onde é possível realizar atividades para os amantes da natureza.
A C.M. de Tondela, ao longo dos últimos anos,
sempre demonstrou grande dinâmica no que às
caminhadas do Caramulo diz respeito. Foram
homologadas 6 Pequenas Rotas sendo elas as
Rotas de Santiago, dos Moinhos, do Linho, dos
Laranjais, dos Caleiros e das Cruzes. Estas caminhadas estão sinalizadas e é possível fazê-las em
autonomia.
Por outo lado existem várias empresas que exploram a Serra com fins turísticos sendo possível
realizar outras caminhadas que não estão marcadas, onde é necessário haver um guia, pois são
visitados outros recantos escondidos onde só é
possível ir com ajuda de quem conhece. Destacamos aqui duas caminhadas interessantes são elas
13
Em Família
a Rota das Calçadas e dos Caleiros e uma Rota
infantil, comercializadas pela Aventuris, empresa
de animação turística sedeada em Mortágua.
A Rota das Calçadas e dos Caleiros é uma caminhada que se inicia no Caramulinho passando por algumas aldeias típicas do Caramulo, nomeadamente Jueus, Laceiras e Pedrógão. Por lá
podemos encontrar as calçadas medievais, os caleiros que são pequenas condutas escavadas na
pedra, por onde corre a água desde as ribeiras e
que serviam para alimentar os moinhos e a agricultura. Cruzamo-nos com alminhas, moinhos
de rodízio e de cuba de aruba, espigueiros, casas
rústicas antigas e uma vida rural visível, que perdura apesar dos novos tempos. Fora das aldeias
veremos megalitos em granito, minas de água,
pastagens, onde é possível avistar rebanhos de
vacas e cabras. Passar entre bosques verdejantes constituídos por carvalhos negrais,
castanheiros, fetos, bétulas e outros
arbustos endémicos, sempre acom“A inovadora
panhados pelo chilrear de aves e
por cursos de água.
caminhada dirigida
ao público infantil tem
apenas 5 km de extensão
onde podemos encontrar
todos os principais ícones que caracterizam o
ambiente serrano do
Caramulo”
Tem a extensão de 12 km, é
de tipologia circular, com a
duração de 4h00/4h30, de dificuldade média-alta, sendo
pré-requisitada alguma resistência física.
A inovadora caminhada dirigida
ao público infantil tem apenas 5
km de extensão onde podemos encontrar todos os principais ícones que
caracterizam o ambiente serrano do Caramulo:
Os penedos de granito, as aldeias típicas, as alminhas, os prados a vida rural e muito mais! Apropriado para crianças a partir de 4-5 anos sem idade máxima limitada! É de tipologia Circular com
a duração de 1h30/2h00 e de dificuldade baixa.
Os percursos incluem acompanhamento por guia
especializado, seguros de acidentes pessoais e de
responsabilidade civil.
Há a possibilidade de haver degustação de produtos regionais se comunicado previamente à
organização.
Para estas caminhadas são necessárias botas e
calças de caminhada e resto do vestuário adaptado à estação do ano. Levar água e lanche individual constituído entre outros por sandes, fruta ou
barras energéticas.
Porém, nem só de natureza se faz o Caramulo.
Na vila com o mesmo nome sucederam-se acon-
14
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
A estância sanatorial do Caramulo teve a sua época áurea nos anos 40 e 50 e encerrou no final dos
anos 70 aquando do aparecimento das vacinas da
BCG e dos antibióticos, provindos dos E.U.A.
Abel Lacerda, filho do Dr. Jerónimo Lacerda ini-
ciou em 1953 uma extraordinária obra de mecenato, conseguindo em 4 anos entusiasmar e congregar centenas de personalidades nacionais e
estrangeiras, que após a sua morte em 1957 criaram a fundação Abel Lacerda, proprietária hoje
do Museu do Caramulo.
O edifício planeado por Abel Lacerda, para albergar as preciosas antiguidades doadas, foi inaugurado em 1959, tendo sido o primeiro museu em
Portugal com todos os requisitos modernos da
museologia.
Numa ala desocupada João Lacerda, irmão do
fundador e continuador da sua obra, decide criar
o primeiro museu do automóvel em Portugal, expondo a sua coleção de veículos antigos, consagrando-os como objetos de arte, numa altura em
que na Europa os Museus de automóveis eram
raros.
Neste museu estão expostas coleções desde objetos pré-históricos até arte do século XX, como
quadros de Dali e Picasso.
Agora mais que nunca a Serra do Caramulo, palco de tanta história, que tanto curou e tanto deu,
necessita da nossa visita da nossa estadia da presença de todos para a ajudar a renascer. ø
Cláudia Almeida
Aventuris
www.aventuris.com.pt
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
15
Em família
Aventura no Caramulo
tecimentos importantes no âmbito da medicina,
economia, turísmo e tecnologia nos meados do
século XX que deixaram marcas ainda visíveis.
Tudo começou com Dr. Jerónimo Lacerda o criador da estância Sanatorial do Caramulo
A sua data de início foi em 1920, criou dinâmica
e aumentou o desenvolvimento social, económico e urbanístico do Caramulo e Tondela, através
da criação, na vertente oriental da serra, de mais
de 20 sanatórios para a cura da tuberculose e demais problemas do foro pulmonar. Era a estância
mais importante da Península Ibérica com uma
grande equipa de especialistas internacionais,
para onde se iam tratar pessoas da política, aristocracia e alta-finança. Foi no edifício de um desses grandes sanatórios que surgiu o atual Hotel
do Caramulo com 4 estrelas.
Paralelo ao desenvolvimento da Estância do Caramulo, o resto do país estava a viver miséria social, religiosidade primária, sociedade ultraconservadora e guerras mundiais. A vida pululava no
Caramulo, foi nesta vila que apareceu o 2º posto
de turismo de Portugal ainda nos anos 30, logo a
seguir ao do Estoril.
Em Família
 Aventura
CURSO DE ESCALADA
EM FAMÍLIA
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
17
Em família
Aventura no Caramulo
J
2 fins-de-semana sem estarem com os filhos,
quando as crianças e jovens adoram estar na natureza e, com mais de 8 anos, têm todas as capacidades, físicas e mentais, para aprenderem um
desporto.
Os cursos de escalada são uma grande aposta, Esta aposta inovadora tem dado os seus frutos,
pela nossa experiência prévia, ampla formação sendo que, dos 6 cursos de escalada que já tivemos este ano, tivemos o prazer de contar com jonessa área e pelo potencial imenso que o nosvens entre os 8 e os 13 anos em 4 deles.
so país tem para a prática da escalada
Tivemos participações de pais que
desportiva.
trouxeram os mais novos, com o
“Um
dos
nossos
intuito de passarem umas férias
Neste Curso de Iniciação à
objetivos
é
propordiferentes em família e casos
Escalada os participantes
de mães e filhos que nunca se
aprendem a escalar em
cionar a prática de
tinham imaginado a escalar,
segurança e adquirem os
desportos
de
montanha
mas que aceitaram o desaconhecimentos
técnicos
independentemente
da
idafio pelas vantagens óbvias
indispensáveis para escaque este desporto apresenta
larem em autonomia, no
de, e foi a pensar nos mais
para
ser praticado em famímenor tempo possível, senpequenos que abrirmos
lia.
A
escalada
é um desporto
do a formação estruturada
novos
cursos
dedicaacessível
a
todos,
independende forma a obter os melhores
temente
da
idade
ou prepararesultados. É utilizado um médos aos miúdos.”
ção
física.
Há
vias
para
todos e potodo em que é garantido que ao
dem
praticar
em
conjunto,
passando
2º dia o participante já está a abrir
o
dia
em
contacto
com
a
natureza.
vias, aperfeiçoando a técnica nos dias
seguintes.
A importância das crianças e jovens passarem
Um dos nossos objetivos é proporcionar a prática regularmente tempo a explorar o meio natural,
de desportos de montanha independentemente longe da televisão e outros entretenimentos eleda idade, e foi a pensar nos mais pequenos que trónicos, está descrita em vários estudos cientíabrirmos novos cursos em que os miúdos podem ficos. Da nossa experiência, a prática de escalaparticipar. Não queríamos que os pais passassem da e rapel com crianças, é muito importante…
á se imaginou a escalar com os seus filhos? Venham aprender a escalar e tenham momentos em família inesquecíveis.
Em Família
1º Testemunho:
”A sorte esteve do nosso lado quando encontramos a 7 Cumes, a formação de escalada foi dada
de forma a que todos se sentissem confortáveis e
com um ênfase na segurança que nos deixou a
todos com confiança e conhecimento para o podermos fazer em autonomia. Com um formador
que nasceu para ensinar crianças e tirar os medos aos pais, a 7 Cumes é sem dúvida a escolha
acertada para quem quer sair de casa em família
e garantir que todos vão de sorriso no rosto.” Ana
Proença, mãe do Tiago de 8 anos
2º Testemunho:
“Gostei muito desta experiência. Pensei que fosse mais assustador, mas depois de experimentar tornou-se completamente o oposto.” Matilde
Santos, 13 anos
novas datas
É notório o aumento da confiança, a auto-estima
e a capacidade de aprender e reter conhecimentos. Este é um desporto desafiante, que nos obriga a dominar os medos, que nos ajuda a ganhar
confiança em nós próprios e nos nossos conhecimentos, e também muito divertido.
Os cursos estão abertos a maiores de 8 anos em
família (seja com o pai, mãe, avô/avó, tio, primo)
que aprendem a escalar e fazer rapel em autonomia, e a dar segurança, de forma a poderem
escalar com o adulto que está a aprender com
eles. Os maiores de 14 aprendem também a abrir
vias, sendo que alguns com menos idade também
aprendem, no entanto, são casos avaliados individualmente.
A escalada para crianças e jovens não é algo
novo, sendo que noutros países é comum ver
crianças muito pequenas (3 anos) a escalarem
com confiança com os pais, e crianças de 8 anos
que escalam já em autonomia.
Aventurem-se em família! ø
O Curso de escalada é já em Novembro/Dezembro
18
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Teresa Jesus
General Manager 7Cumes.pt
www.7cumes.pt
Publi-Reportagem
A
Garmin acaba de apresentar a sua sentam um ecrã de 1,4 polegadas de baixo connova gama VIRB, uma família de câ- sumo energético, uma interface de utilização
maras de ação Full HD 1080p, pen- intuitiva e completa, uma construção robusta e
sada para os entusiastas dos des- à prova de água (IPX7) que dispensa a utilizaportos mais duros e radicais, que ção de caixas de proteção externas, oferecendo
assim ao utilizador o que de melhor exisoferece vídeo, som e fotografia de quate em termos de tecnologia ao servilidade profissional, com resoluções
ço do desporto outdoor, incluindo
vídeo de FullHD 1080p a 30fps,
“Esta nova
a possibilidade de comunicação
960p a 60fps, 720p a 60fps e
gama Garmin
sem fios através de Wi-Fi ou
WVGA a 120fps e qualidade
ANT+ (dependendo da verde imagem líder na indústria
VIRB é a solução ideal
são). A conetividade sem fios
com um sensor fotográfico de
para quem quer reviver
ANT+™ do VIRB Elite tam16 MP com um modo de dise partilhar todas as emo- bém funciona com sensores
paro contínuo de até 10fps,
externos da Garmin. Ligue-se
podendo fazer imagem em
ções fortes vividas em
ao Sensor de temperatura sem
modos contínuo, time lapse e
terra, no ar ou no
foto + vídeo.
fios tempe™, ao sensor de vemar.”
locidade/cadência para bicicleEsta nova gama Garmin VIRB é a
ta e ao monitor de ritmo cardíaco
solução ideal para quem quer reviver
premium para incluir informações do
e partilhar todas as emoções fortes vividas
sensor nos seus vídeos, como o seu ritmo
em terra, no ar ou no mar.
cardíaco durante a última corrida de bicicleta
ou quando esteve no limite de uma montanha.
Composta pelos modelos VIRB e VIRB Elite, Estas câmaras apresentam também uma autoesta gama de câmaras de alta definição, apre- nomia líder na indústria, proporcionado mais
20
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
A vasta gama de suportes que acompanham estas câmaras
permitem-lhe bloquear firmemente a câmara na posição correta, em qualquer lugar. Desde um convés ou tablier de superfície curva e plana ao guiador, capacete, ombro e correias
de pulso multiuso e muito mais. Os encaixes dos suportes
do VIRB são intercalados, o que lhes permite permanecer no
mesmo lugar, proporcionando um desempenho mais resistente e estável, sem vibrações.
Para editar os seus vídeos poderá utilizar o VIRB Edit - um
software de edição que poderá descarregar para o seu computador, para edição fácil dos seus vídeos, que tira partido
das várias vantagens da VIRB Elite como sejam os seus sensores integrados e compatibilidade com outros dispositivos
Garmin. Pode por exemplo incluir no seu vídeo de mota a
sua velocidade e ritmo cardíaco, ou a altitude no seu salto em
queda livre.
Quando tiver o vídeo que quer partilhar pode fazer o upload
do mesmo para os seus websites favoritos e partilhar com os
seus amigos.
A Garmin VIRB e VIRB Elite encontram-se no mercado por
299 euros e 399 euros, respetivamente (IVA incluído).
Poderá saber mais sobre estas câmaras no website da Garmin
em www.garmin.pt
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
21
Publi-Reportagem
Espaço APECATE
Garmin
Virb
Turismo
Bicicleta
de 3 horas de gravação a 1080p e a versão VIRB Elite incorpora ainda um GPS de alta sensibilidade, acelerómetro e altímetro.
Aventura
 Montanha de Luísa Tomé
Kazbek
Fotos:Luísa Tomé e João Garcia
Aventura
Kazbek
Fotos:Luísa Tomé e João Garcia
Aventura
“
Sobrolho franzido, olho atenta para todas
as portas que se encontram no meu raio
de visão. O bairro é feio e degradado,
arquitetura soviética. As ruas têm o alcatrão remendado. Começo a perder a esperança
de encontrar o hostel.
- Opera, opera… - o taxista repete o nome do
hostel, como que se repetir algo o pudesse guiar
até ao local. É o único ainda com esperança de o
encontrar. Nós os três já começamos a murmurar que o melhor é regressar, paciência, temos
que pensar noutro plano para encontrar botijas
de gás. Desde que chegámos perto da estação
de metro de Ghrmaghele que perguntamos
onde fica o hostel Opera, mas até ao momento ninguém nos sabe dizer. Afastamo-nos cada
vez mais da estação e, pelo aspeto do bairro,
começamos seriamente a duvidar da informação dada pelo backpacker que o João interpelou no centro de Tbilisi. Não sabemos o que nos
espera na pequena aldeia de Stepantsminda e,
uma coisa é certa, vamos ter que cozinhar no
refúgio, o que sem gás será impossível. Arriscar sair daqui sem pelo menos uma botija é algo
que nenhum de nós está com vontade de fazer.
No entanto, nunca pensamos que seria tão difícil de encontrar. Acabamos de regressar de uma
loja de artigos outdoor bastante longe do centro
e que tinha apenas uma, mas que não se ajustava ao sistema de encaixe do nosso fogão.
O taxista encontra um colega e apercebemo-nos que lhe pergunta se é do bairro. Para nossa
sorte, é mesmo, e a uns escassos metros encon24
tramos o hostel Opera. Os sorrisos regressam às
nossas caras, o nosso amigo taxista persistente
também sorri, noto um certo orgulho no seu
olhar pelo dever cumprido.
Acho que nunca tinha pensado visitar a Geórgia,
mas a vida traz-nos estas surpresas. Traz-nos
também a felicidade de encontramos pessoas
excecionais que, partilhando os mesmos gostos que nós, quase como anjos da guarda, nos
aliciam e entusiasmam para que nunca deixemos cair no esquecimento as nossas paixões.
Assim é a Inês, que, com a sua doçura, procura
montanhas onde mais ninguém o faz, e quando encontra alguma que a fascina envia-me um
email que eu abro sempre com um nervosismo
infantil, um formigueiro na barriga, uma alegria
genuína; para onde me levará a minha amiga
desta vez!
Pesquisei um pouco. Não era a minha primeira vez no Cáucaso, há uns anos tinha subido o
monte Elbrus, na Rússia, e desde o seu cume
pude apreciar aquela maravilhosa cordilheira,
admirar as montanhas da Geórgia. O Kazbek, a
montanha que nos propomos subir, é um estrato vulcão, ou seja, tem aquela típica forma de
cone, que foi ganhando após numerosas erupções, formada pelo magma libertado. É uma das
maiores montanhas do Cáucaso, atingindo os
5033 m de altitude. É a terceira montanha mais
alta da Geórgia e a sétima mais alta do Cáucaso. Foi em 1868 que uma equipa de britânicos
o escalou pela primeira vez; seguiu-se a russa
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Aventura
Kazbek
Maria Preobrazhenskaya, que, a partir de 1900,
o escalou 9 vezes.
Tbilisi, a capital, foi uma surpresa. Numa fusão
entre o antigo e o moderno, Tbilisi oferece-nos
a frescura das margens do rio Kura, a beleza da
arquitetura tradicional georgiana, as estátuas
espalhadas pela cidade, as igrejas ortodoxas e
as mesquitas, a subida e as vistas da Fortaleza Narikala, os passeios pelo centro histórico
repleto de esplanadas.
A caótica estação de camionagem encontra-se
dissimulada no meio da desordem do mercado
Didube. De mochila às costas, facilmente somos
reconhecidos e o motorista da marshrutka aproxima-se gritando: “Kazbegi, Kazbegi!”. Semelhante ao autocarro, a marshrutka leva normalmente até 12 pessoas e o que a diferencia são
as paragens aleatórias que vai fazendo sempre
que houver pessoas pelo caminho, não havendo
obrigatoriamente paragens ou locais definidos
para o fazer. O motorista direciona-nos para
o porta-bagagens, onde tentamos a
custo encafuar as nossas mochilas.
Sentamo-nos no fundo da carri“Kazbek, a
nha com as mochilas de dia ao
montanha que nos
colo, apertados e ensonados
propomos subir, é um
observamos o corrupio na
praça. Foram 4 horas duma
estrato vulcão, ou seja, tem
condução louca pela estrada
aquela típica forma de cone,
militar até chegar a Stepantsque foi ganhando após
minda, ou Kazbegi, como foi
conhecida outrora. Não
se pode dizer que a aldeia
tenha muito que visitar e
numerosas erupções, forrapidamente damos uma
volta e sentamo-nos numa
mada pelo magma
esplanada a almoçar. O temlibertado.”
po está muito nublado e ainda
não conseguimos ver as montanhas circundantes. Só ao final do
dia a belíssima silhueta da Igreja Tsminda Sameba se mostra timidamente. Estamos na
varanda do hostel familiar onde tomamos as
refeições e vamos tirando fotos à paisagem à
medida que as nuvens dançam sobre as montanhas como que num jogo.
O dia seguinte, reservado à aclimatação, está
muito chuvoso e resolvemos descansar e fazer
os preparativos para as restantes jornadas que
vamos passar na montanha. Temos que comprar outra botija de gás e comida para três dias
e levar apenas o essencial para o refúgio. A
mochila vai estar pesada e a subida é longa. Não
vale a pena carregar com o que não é estritamente necessário.
Salada de tomate e pepino, de feijão verde, pastéis de carne, pão, queijo, o nosso pequeno-almoço neste modesto hostel é ótimo! Ganhamos energia para o dia que se espera longo. A
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
25
Aventura
chuva abrandou e é com entusiasmo que iniciamos a subida para o refúgio Bethlemi, teremos
que vencer um desnível de cerca de 1900 m. As
nuvens amenizam um pouco o calor e a primeira tirada leva-nos à igreja da Santíssima Trindade - Tsminda Sameba - que fica a 2200 m de
altitude. Símbolo da determinação do povo georgiano ao realizar esta construção num local tão
inacessível e isolado, rendemo-nos à sua beleza
e percorremos o trilho observando como a sua
silhueta parece suspensa num manto de nuvens.
As flores dão cor às pastagens e o trilho serpenteia entre elas, subindo até um miradouro de
onde temos o primeiro vislumbre dos glaciares
desta zona. Devido ao degelo no Verão, a passagem do rio torna-se um desafio, o caudal está
maior e temos que procurar um local adequado
onde possamos atravessar em segurança. Com a
ajuda dos bastões, alguma concentração, equilíbrio e, principalmente, a confiança no João, que
me está a ajudar, passo saltitando pedra a pedra
para a margem oposta. Gosto destes momentos,
em que nos unimos e ajudamo-nos mutuamente
a passar obstáculos.
Fotos:Luísa Tomé e João Garcia
O dia já ia longo e a mochila, apesar de nada
de novo ter entrado nela, parecia cada vez mais
pesada. Entramos no glaciar e avistamos finalmente o refúgio ao longe. A passagem do glaciar
leva-me para um novo registo e isso agrada-me.
É com entusiasmo que atravesso aquela gigantesca massa de gelo. Um pequeno trilho leva-nos até ao refúgio, uma enorme construção de
1941 que servia simultaneamente de refúgio a
alpinistas e estação meteorológica. Cansados,
entramos no edifício e tentamos habituarmo-nos à escuridão. Tudo no seu interior é sujo e
caótico. A recepção por parte do guarda não é
das mais calorosas, mas arranja-nos três lugares
num beliche superior num quarto e três noutro.
Somos um grupo curioso, três portugueses e três
americanos. Olham-nos com espanto e não deixam de perguntar como nos conhecemos.
- Na Turquia, quando fomos subir o monte Ararat – responde a Inês sem hesitar. Para mim era
a primeira vez que os conhecia, simpatizei com
os novos amigos.
26
As cores garridas com que está pintado contrastam com o pó e lixo espalhado pelo quarto.
Trepo para o beliche e tento limpar o melhor
possível o colchão. Coloco as garrafas e sacos
de plástico num canto, limpo a generosa camada de pó instalada provavelmente no Inverno
e começo a estender saco-cama para marcar
lugar. Os nossos companheiros de quarto olham
desconfiados para nós. Têm as mochilas e todo
o material espalhado pelo chão, não nos resta
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Aventura
Kazbek
senão transportar tudo para cima. Parecem
entender pouco de inglês. Respondem-nos em russo, são ucranianos.
uma sopa de tomate ao jantar. Antes de
irmos descansar temos que esterilizar água. O Jason trouxe um
“A passagadget para esse efeito, que se
gem do glaciar
Dirigimo-nos à sala comum.
assemelha a uma caneta que
Demasiado pequena para
emite uma luz fluorescente.
leva-me para um
uma lotação de 50 pessoas,
Peço-lhe para experimennovo registo e isso agratem duas mesas e um pequetar e quase toda a gente
da-me. É com entusiasmo
no espaço para cozinhar.
na sala fica estupefacta
A prioridade agora é beber
a olhar para o cantil iluque atravesso aquela gilíquidos, conseguimos lugar
minado.
De repente ouvigantesca massa de gelo.
e sentamo-nos a apreciar
mos a Inês dizer com um
Um pequeno trilho leas bandeiras penduradas na
sotaque russo: “ It’s from
va-nos até ao refúparede. Russos, ucranianos,
America!” – Foi a risota total!
lituanos, polacos, iranianos, os
Ainda por cima porque ao fim
gio, (...) “
países de Leste estão sem duvida
do quarto cantil o aparelho emimuito bem representados neste local. O
tiu uma luz vermelha e nunca mais
apetite não é muito e ficamos satisfeitos com
funcionou.
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
27
Aventura
À noite tentamos descansar, mas o bater das portas a abrir e a fechar, gente a conversar, a entrar
e sair do quarto não nos deu muitas hipóteses.
Com expetativa saímos do refúgio no dia
seguinte, dia de aclimatação, o que quer dizer
que vamos dar tempo ao nosso organismo para
se habituar a esta altitude. O ar mais rarefeito,
a pressão atmosférica menor, uma menor percentagem de oxigénio, tudo isto faz com que
nos cansemos facilmente. Faz parte do processo de aclimatação subir um pouco e regressar à
altitude inicial. Mas o dia estava desagradável,
chuvoso, o vento forte, o que nos levou a permanecer “em casa” e descansar. O tempo passa
lento, há quem converse, leia, jogue xadrez ou
simplesmente observe o tempo através da janela da sala.
aquece lentamente. Foram assim as primeiras
horas da nossa caminhada. Ao chegarmos ao
colo a 4600m colocamos os crampons que nos
vão ajudar a progredir na neve.
As mãos e a cara arrefecem, a passada é regular. Envolvo-me na tranquilidade da paisagem.
A neve e as nuvens, com toda a sua brancura,
transmitem-me a sensação de calma e pureza, e talvez por isso siga confiante em direção
ao cimo desta maravilhosa montanha. É com
grande alegria que festejamos a nossa chegada
ao cume, a paisagem é arrebatadora! Não conseguimos ver o vizinho Elbrus devido à nebulosidade, mas deliciamo-nos com as vistas deste país onde podemos encontrar paisagens de
montanha notáveis e um povo orgulhosamente
hospitaleiro. ø
É quase impossível descansar nas horas que
antecedem o dia de cume, especialmente neste
refugio tão barulhento, e é por isso que às 3 h
da manhã estamos despertos e prontos para nos
equiparmos. A mochila ficou preparada na noite
anterior. Vestir, comer qualquer coisa, ir à casa
de banho antes de colocar o arnês. De frontal
ligado, observo a noite calma que contrasta com
a ventania do dia anterior. Adoro sair à noite,
não consigo ter a noção do que me falta percorrer, tudo me parece mais tranquilo e introspetivo. Posso ver o dia nascer, maravilhar-me com
as cores do céu e sentir o calor quando o sol nos
28
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Luísa Tomé
Papa-Léguas
RevistaObistiundicim eos aut ipsapitias as doloribus verum erit ipsapici blatur, odita quaero berum
eumquiam, nit, soluptur sequis cus, ideliquibus ped
ute volorer itatia nonsedit e
Aventura
 Desafio
Viver a lenda do Tour de
France a pedalar
30
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Aventura
Tour de France a Pedalar
Gostar de andar de bicicleta é das melhores coisas que tenho. Eleva a minha
alma e afeta positivamente tudo o que
gira em meu redor.
Ser contagiado pela paixão e quase ser
tocado pelo pelotão no Tour de France,
era – mais – um dos meus sonhos que
realizei.
Os sonhos não devem ficar na gaveta e
muito menos presos à carteira. Um dia
percebi que, vivendo assim, os pesadelos
andavam de mãos dadas comigo.
Encontro mais facilmente a felicidade
nos pedais do que dentro dos bolsos.
É por isso que pedalo e escrevo para não
esquecer e para ir buscar o meu chão
cada vez que encosto a bicicleta. É neste
momento, nestas palavras e neste local
que sou como pedalo:
Livre, autêntico e intenso. Tão natural
como as paisagens que surgem diante do
que consigo alcançar.
Como alguém disse “ A bicicleta é uma
lição permanente de humildade.”
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
31
Aventura
A primeira semana no Tour visto de carro com a bicicleta na bagageira
Já ando nesta região de França há alguns
dias e só quando observo as formas titânicas
das montanhas que me rodeiam, eu percebo:
das para ver a prova mais famosa e mediática
do mundo. De lycra, à beira da estrada eu vejo o
pelotão a passar mesmo quando é preciso estar
um dia inteiro parado para ter uns minutos de
prazer.
- Estou nos Altos Alpes e vou ter mais um desafio
à minha medida. Cada vez que saio de casa e vou
à procura de um trilho novo, a experiência que
vivo é transcendente.
- As montanhas não têm fim. Eu sempre quis o
que é meu por direito, conquistado com a bravura de um guerreiro e a humildade de um peregrino. Neste caminho, a bicicleta tem sido uma lição
permanente e é sobre ela que tenho passado alguns dos melhores anos da minha vida.
A paisagem lunar do Monte Ventoux
Foi na 16ª etapa, a caminho de Gap que vi os
ciclistas passarem. A caravana publicitária que
os antecede é enorme. É uma festa ver a forma
como os patrocinadores embelezam os carros,
passam música e lançam surpresas para quem
lhes acena. A meus pés caem diversos souvenirs.
Um grupo de fugitivos aproxima-se, vêm tão rápido que só dá tempo para tirar uma foto. Mais
atrás vem o pelotão a preencher 2 faixas de rodagem pintando-as de várias cores. Quando passam, tudo abana.
No dia anterior tinha experimentado a famosa
subida ao Monte Ventoux, cuja pendente começa nos 2.5% e aos poucos vai chegando aos 10%.
Dista apenas 21,5 quilómetros desde Bedoin, mas
não deixa de ser desafiante atingir 1500 metros
de acumulado num curto espaço de tempo.
Desde a Patagónia e a Islândia que a minha bicicleta tem o peso da saudade de olhar o mundo,
saudade que se esvanece quando toco em outro
ponto do meu planisfério pessoal.
Adoro contemplar um ponto no mapa e poder falar sobre ele, é por isso que quando avisto um
determinado local do planeta, ele diz, pedala até
mim.
Escolhi celebrar os 100 anos do Tour de France e
pedalar em autonomia nos Altos Alpes, cruzando
as lendárias subidas do Alpe d´Huez e Col Galibier.
Na etapa de contra-relógio
Novo dia e já estou em Chorges para assistir a
uma etapa de contra-relógio. As faixas de rodagem começam a amontoar-se com a pesada logística que o Tour movimenta. São camiões e camiões, carros, homens.
Joaquim Agostinho, Contador, Armstrong, muitos foram os heróis que por
Adorei estar em vários pontos da proEscolhi
aqui passaram, chegou a altura de
va de hoje, especialmente numa
celebrar os
escrever mais uma parte da micurva tão fechada, onde os atlenha história. São palavras que
tas tinham obrigatoriamente de
100 anos do Tour
abraço, que vêm no dicionário,
abrandar. Era um excelente lode France e pedalar
que têm vida porque lhes dou
cal para ter uma boa foto de alem autonomia nos Alo meu suor e me ajudam a viaguns ciclistas que admiro. Injar nos dias em que estiver em
felizmente não podia observar
tos Alpes, cruzando as
casa. Quando o fizer sem sair
a prestação de todos porque
lendárias subidas do
do sofá é porque já pedalei tudo
necessitava seguir cedo para
Alpe d´Huez e Col
o que tinha para pedalar.
mais perto do Alpe D´Huez onde
Milhões de televisões estão ligaestariam milhares de pessoas.
Galibier.
32
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Aventura
Tour de France a Pedalar
Numa das muitas subidas do Alpe d´Huez
Como imaginar a 100ª edição sem a subida a este
topo lendário? Este ano o pelotão passará aqui 2
vezes, são momentos que se guardam para sempre.
A multidão, em número parecem formigas; em
cores, representam todo o espetro. Sobem a pé e
de bicicleta para, antes das 12h00, estarem numa
curva deste mítico local e acima de tudo, para
sentirem no corpo o esforço que é necessário a
um ciclista para vencer uma montanha.
Parece um paradoxo, mas mesmo parado, não dá
para estar quieto. Quem consegue resistir a tanta
diversidade humana e material?!
A segunda semana nos Altos Alpes com a
bicicleta e o atrelado
Bourg d´Oisans - Lat. e Long. (Secret) altitude
2500 mts
Gosto de matemática simples, especialmente
quando o oxigénio já não chega com frequência
a esta zona do cérebro (as curvas da estrada subtraem-se e à altitude soma-se mais uns metros).
O resultado são 21 curvas, eu estou do avesso,
sinto os pulmões e o coração do lado de fora com
tantas voltas para atingir o topo do Alpe d´Huez.
Num instante saio desta estância de esqui para o
“outro lado”. Mais uma coletânea de curvas, não
deu para as contar, a velocidade faz voar qualquer número da minha cabeça.
Hoje não vai dar para chegar a Chalezet, a chuva quer fazer-me companhia mas eu sei que pelo
desnível do terreno que tenho pela frente, ela vai
ser muito incómoda e de certeza que me vai tocar
nos ossos.
Não quero, só necessito do que faz bem ao coração. Estar num estábulo rodeado de animais,
moscas e cheiros a condizer, não é propriamente
a melhor receita. Escrever…muda tudo.
Virei a página, o dia é o mesmo, só passaram algumas horas e a chuva parou. Decidi continuar.
A linha sinuosa do track que o ecrã do gps mostrava para os quilómetros seguintes até Chazelet
não era animadora.
Passei horas no caminho, em determinada altura,
dei comigo desviado da GR-54. Tinha entrado em
terreno privado, estava aos 2500 mts de altitude,
2 homens gritavam “privé, privé” e mandavam-me para trás.
Com uma mão no ar (outra no guiador, pés e a
cabeça a girarem), fui avançando dizendo “un
moment”, “un moment…”
A conversa fluía mas não era com o meu francês
de há 25 anos da escola. Os aperitivos que a caravana publicitária (que precede o Tour), lançou
naquelas etapas onde estive, foram quanto baste
para entrar no refúgio e começar a beber cerveja.
Quase bati o meu record em consumo de álcool.
Felizmente tinha convite para passar ali a noite,
só tinha de ir à “fiesta” com eles. De viatura, encosta abaixo durante largos quilómetros, deparei-me com outro refúgio mesmo em frente a um
glaciar. Super!!!
O Collin e o Berger curtiam a música intercalando com Pastis de Marseile, marijuana e tiro ao
alvo. Um deles bem que tentava acender o forno
a lenha com acendalhas, cavacos, gasolina mas
sempre sem sucesso.
Era uma vez um jantar e era hora de regressar ao
abrigo. Sei que eles estão habituados a este tipo
de divertimento por isso, já no Toyota, pensava “
os homens são mais perigosos que os Alpes”
Lat. e Long. (Secret) – algures em Le Vigneaux
Às 07h00 da manhã já tinha enfrentado duras
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
33
Aventura
convida-nos a descer.
São vários os raios que se unem numa roda. Parti
um, “pas de probleme”, a roda está empenada,
só preciso de andar mais devagar para chegar a
mais um pedaço de terra boa para montar a tenda, oficina e cozinha.
Foram 12h a pedalar. É verdade que tenho suado
muito e nesses momentos, alguns são doloroso e
não os repetiria, no entanto, tenho passado bons
anos da minha vida em cima de uma bicicleta.
Le Vigneaux- Châtearaux Les Alpes
As rotas de btt estão muito bem marcadas no ParAs rotas de btt estão muito bem marcadas no
Parque Nacional Les Écrin, existem muitos percursos e todos parecem exigentes.
O meu périplo cruza grande parte deles e é normal subir até vários topos (col) no mesmo dia.
Nessas alturas, o suor está para o meu corpo como o orvalho para a tenda. Ele
desprende-se da pele e cai em gotas
Hoje não vai
deixando um vasto rasto pelo cadar para chegar
minho.
descidas por single-tracks.
Deixei o corpo, deixei a bicia Chalezet, a chuva
Eram autênticos caminhos
cleta, deixei esta montanha e
quer fazer-me compade cabra, só acessíveis a pé
subi mais além. Estava cheio,
nhia mas eu sei que pelo
ou de bicicleta.
preenchido pela plenitude de
Julgo que naquele momento
desnível do terreno que
descobrir que o tamanho do
a beleza e a adrenalina supeque
sou está intimamente relatenho pela frente, ela
raram o perigo e a sensação
cionado com o tamanho do que
vai ser muito incóde estar, mais uma vez, comquero.
moda (...)
pletamente sozinho nos Alpes.
Preciso deixar os ninhos e ir até
No col du Lautaret (2058 mts), senonde habitam os homens para me
tado numa esplanada, decido que não
abastecer em Argentiere La Besse. O úniirei ao col du Galibier. A estrada de alcatrão
co problema é que cada vez que o faço, tenho de
não é o meu território, subo mais alto e vou mais descer 1000 mts em altitude.
longe em cada que caminho de terra que faço.
Um supermercado aberto passou de necessidaGrande parte da tarde limitei-me a seguir o curso de a mimo. Para trás foram ficando locais que se
do rio com água glaciar onde tentei tomar banho resumem a 3 ou 4 chalets de madeira até que,
mas os joelhos tremiam e tive de parar esta expe- comparando a curva do track no gps com o vale
riência radical.
que tinha à minha frente, cedo percebi que, exisInevitavelmente, as pequenas vilas nos Alpes es- tindo um caminho do outro lado do rio, não iria
tão assentes nos cumes como ninhos de águia. ser fácil lá chegar.
Aqui pode abastecer-se com água pura da mon- A escassos quilómetros de distância de Châteaux
tanha … É pena que o ar puro não alimente pois des Alpes, sobre um escarpado, conseguia ver a
não existe mesmo mais nada.
ponte de madeira. Nem com um passo de giganNo início desta aventura, ainda durante a etapa te lá chegava e nem o Obélix conseguia mover
do Tour, disse a um italiano que levava comida aquelas pedras que a natureza fez rolar encosta
para 4 dias.
abaixo e que aniquilavam a passagem na GR e a
Espantado, balbuciou - “they have food in Fran- minha continuação até ao destino. A única alterce, did you know it?”
nativa seria descer, continuar a descer e contorAhhhh!!! Se ele um dia pegasse numa bike de nar toda a montanha pela N94.
montanha e viesse comigo, passava muita fome Os Alpes são tão grandes que mais uma vez ar– pensei.
ranjo facilmente espaço para montar tenda e pasContinuo a rolar perto dos 2000 mts e mesmo sar a 3ª noite a ouvir os insectos e a água a correr.
assim surgem quilómetros de single-tracks, autênticos parapeitos na montanha. Ali não há rails Châtearaux Les Alpes - Chorges
de proteção, basta uma desatenção e a ravina Até agora os dias têm sido passados em quase
34
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Da tranquilidade de uma manhã de sol numa esplanada a escrever mails e a postar no facebook,
à realidade de uma chuva forte em escassos mi-
Aventura
Tour de France a Pedalar
isolamento. Excetuando as paisagens, poucos
são os lugares onde podemos gozar aquilo a que
vamos sendo habituados na vida moderna.
Ebrun é assim. Uma vila típica dos Alpes com um
centro histórico maravilhoso (a partida do contra-relógio do Tour foi aqui), onde se pode ver os
mercados de rua e a vida a passar estando simplesmente sentado numa esplanada.
Há dias assim, mais tranquilos. O que tenho pela
frente, continua lá, tenho a certeza de vir a ter
longos momentos de vento pela cara.
É bom ir escrevendo por partes. Se fosse no final
da etapa não se iria notar o contraste e o quanto
tudo pode ser completamente diferente de um
momento para o outro quando viajamos em 2 rodas.
Foi horrível sair de Ebrun. Pedra sobe pedra, caminhos íngremes para serem feitos a pé seja qual
for o sentido e muitas cascatas a cada curva do
caminho.
Precisava relaxar, saí do track e desci aos 1500
mts para ir ao lago Saint Apollinaire, uma atracão
turística inserida num cenário único de montanha. Enquanto nadava,olhei para a mancha verde de árvores bem acima de mim e compreendi
que havia ali uma dobra do terreno imprópria
para carregar uma bicicleta com atrelado.
Nos Alpes, um atalho pode significar ter que fazer
escalada. Definitivamente, a única alternativa foi
seguir a N94. Nesta estrada mantinha-se gravado
o nome dos atletas do Tour quando aqui percorreram a 17ª etapa de contra-relógio.
Os sons da trovoada já ecoavam desde a hora
em que estivera no lago, o mau tempo vinha aí
e só agora me sentia satisfeito porque,sem querer, evitei os trilhos de montanha e só tinha uma
preocupação, montar tenda rapidamente.
nutos, é simplesmente normal em cenários assim.
Chorges - Bourg d´Oisans
Com chuva ou não, as noites dentro da tenda demoram sempre muito a passar.
A etapa de hoje é brindada com sol e praticamente todo o percurso vai ser finalizado por estradas
secundárias (alguns tramos são coincidentes com
os do Tour). Este “pormenor” permitir-me-á, se
as pernas tiverem a força da intenção, percorrer
os 100 kms que me separam de Bourg d´Oisans, o
meu ponto inicial de há 5 dias atrás.
Enquanto estava a acompanhar o Tour a semana
passada e aqui passei de carro, é óbvio que me
assustei ao ver o ponteiro da temperatura a subir,
a estrada ser diminuta e a mudança engrenada
ser quase sempre a 1ª.
Conhecia bem o que se escondia entre as folhagens.Para enfrentar este Golias só tinha mesmo
um grande coração para bombear a bicicleta..ø
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
Ricardo Mendes
35
Entrevista
Fotos: Nomad
 Tiago Costa
SER GUIA DE TREKKING...
36
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
por Isa Helena
Outdoor: Como surgiu esta vontade
de
conhecer
o
Mundo?
Tiago costa: Com a curiosidade de querer saber o que ele “escondia”...
Com que idade fizeste a tua primeira viagem?
Desde muito pequeno que passava grande parte
das férias de verão a viajar com o meu pai. Mas
foi nos escuteiros que a paixão pelo ar livre se
revelou. Mais tarde o gosto pela fotografia trouxe as viagens.
Qual a viagem mais marcante da tua
vida?
Ainda adolescente realizei o Caminho Francês
de Santiago, o meu primeiro “trekking” de longa duração. Foi avassalador! A experiência, o
sacrifício e a aprendizagem que tive com esta
caminhada mudou a minha vida. Naquele momento, ainda sem saber, algo mudou dentro de
mim.
Ser guia de Trekking estava nos teus
planos de vida?
Passou a estar quando decidi trocar um curso
de engenharia por uma vida ao ar livre. Quando decidi que ia dedicar a minha vida a fazer
aquilo que mais gostava, que incluía passar o
máximo de tempo possível ao ar livre. Guiar
trekkings acabou por ser a concretização de
conseguir mostrar sítios que adoro e um estilo
de vida que me apaixona.
Quais os maiores desafios nesta profissão?
Lidar com os receios das pessoas. Em montanha as condições podem variar muito rapidamente. Um dia quente e solarengo pode ficar
escuro e tempestuoso. Por vezes temos de forçar, continuar apesar da dor, apesar do receio,
do desconforto. As dificuldades que para uns
são intransponíveis, para outros são invisíveis.
Avaliar onde está esse patamar em cada pessoa
que acompanho e ajuda-la a superar-se é um
dos maiores desafios.
Tens algum episódio que te tenha marcado particularmente enquanto guia
de trekking?
Nem por isso... Quando saio para a montanha
com os grupos da Nomad vou com um programa muito bem delineado e com opções de recurso para os imprevistos que possam ocorrer.
Claro que já fomos apanhados por alterações
repentinas da meteorologia, mas nada que se
tenha tornado numa história épica. Agora, sem
estar com grupo...
Quais são as principais tarefas de um
Guia de viagens aventura?
São bastante abrangentes. Saber a rota no terreno é apenas uma pequena parte.
Há que preparar a viagem, pensar na experiência que queremos proporcionar no terreno.
Pesquisar itinerários, fazer reconhecimento de
rotas, idealizar programas. Depois organizar a
logística: hotéis, transportes, mulas, refúgios,
iaques, acampamentos, alimentação, voos...
Depois no terreno é uma mistura entre amigo,
guia, técnico hotelaria e tudo o que seja preciso
para fazer daquela viagem um sucesso.
Entre organizar viagens e ser guia no
terreno, o que te dá mais prazer?
As duas andam par a par. Uma trata-se da antecipação, de planear a coreografia perfeita.
Depois é executa-la no terreno. Se tudo correu
como planeado, ver o resultado e a transformação das pessoas ao conhecerem uma nova
realidade.
Tens alguma preparação física específica para realizar estas viagens?
Sigo um plano semanal para estar na forma
possível e tenho atenção com a alimentação.
Muito do meu treino assenta na corrida, com
algum trabalho muscular. Depois, faço tudo
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
37
Entrevista
Tiago Costa
Tiago Costa é um amante de Outdoor. Explorar,
viajar, conhecer são algumas das bases da sua
vida, mas ser guia de viagens é uma das suas
grandes paixões!
A Outdoor esteve à conversa com Tiago Costa
e revela-lhe agora alguns segredos deste
aventureiro! Nós já nos rendemos às viagens
aventura.
Fotos: Nomad
Entrevista
por passar o maior tempo possível em montanha. Não há melhor treino que esse!
Para ti, quais os maiores benefícios de fazer viagens aventura?
Simplicidade. Conquista. Aprendizagem. Só
para nomear alguns.
Para além do trekking, tens outras paixões desportivas?
Interessam-me quase todos os desportos de
montanha. Adoro percorrer trilhos numa bicicleta ou descer rios de kayak; mas a minha
maior paixão é o alpinismo e a escalada.
Diz-nos 5 dos teus locais de eleição no
Mundo para praticar trekking.
É uma pergunta sem resposta possível, pois a lista seria interminável. Mas, aqui fica um top 5 que
tenta ser abrangente.
Picos de Europa: uma montanha perto de nós, que
por vezes passa despercebida, e que é um paraíso
para o trekking.
Parque Nacional Glaciares (Patagónia): Menos conhecido que o seu “irmão” chileno (as Torres del
Paine), mas que tem uma cultura de montanha
38
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Entrevista
Tiago Costa
única. E um dos melhores trilhos de trekking de
alta dificuldade do mundo: a travessia do campo
de gelo sul.
Alpes: Fazer o Circuito do Monte Branco é um
marco obrigatório para qualquer pessoa que goste
de montanha.
Santuário dos Annapurnas: Pela sua diversidade de
paisagens, pelo amanhecer no campo base dos Annapurnas. Este trekking é imperdível!
Yosemite: um destino icónico para quem gosta de
escalada e quer caminhar por entre paredes gigantes.
Quais os próximos destinos que pretendes
explorar?
No próximo mês de janeiro parto numa viagem
com o António Luís Campos, fotógrafo da National Geographic, e a dupla Inácio Rozeira/Helena
Pimentel, do Dar a Volta, numa viagem apoiada
pela Nomad,que nos levará a documentar uma
das regiões mais isoladas da Amazónia.
Quais são os teus projetos para o futuro?
Sem dúvida continuar a fazer da Nomad algo de
que nos orgulhamos, um ponto de encontro de
viajantes.
Há também um grande projecto do qual não
posso falar muito, mas que adianto tratar-se de
criar soluções que facilitem a vida em viagem.
E para finalizar o recém Coletivo Indus Doc –
uma media house especializada em conteúdos
de viagem, aventura e exploração.
Que conselhos dás a quem nunca realizou uma expedição aventura?
Arrisque e vá! Afinal de contas, aventura é isso
mesmo...
Quais os requisitos necessários para ser
guia de trekking? Tens alguns conselhos
para quem se pretende iniciar neste mundo de aventuras?
Acima de tudo é fundamental ser-se apaixonado
pelo estilo de vida (sim, isto é muito mais que
um trabalho). Ter jeito/gosto em lidar com pessoas e a formação adequada: primeiros socorros, metrologia, montanhismo/escalada. É também essencial estar à vontade no terreno. Ter
experiência de escalada e montanhismo é quase
obrigatório. ø
Sabe mais sobre a Tiago Costa em
Nomad
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
39
Por Terra
16 CAMINHADAS
EM PORTUGAL
Foto: Caminhos da Natureza
Por Terra
Caminhar
Por Terra
CAMINHADA NA SERRA DA ESTRELA
Venha descobrir a genuína Serra da Estrela, paraíso
natural com os seus belos bosques e paisagens de alta
Montanha. Iremos passear por alguns dos mais belos
locais da Serra e desfrutar de belas paisagens.
CARACTERÍSTICAS:
Duração: 2 dias, 2 noites
2 dias de caminhada
Tipo de Percurso: Circular
Nível de dificuldade: Moderado (12 a 16km diários)
Local: Serra da Estrela
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 351 962543289 / 98
Website: www.caminhosdanatureza.pt
Facebook
CAMINHADA NO MONTE DA LUA
Venha apreciar a variedade paisagística e de ambientes em Sintra... A caminhada que lhe propomos é de
baixa dificuldade mas garantimos que as memórias
perduram! A magia, a história e a natureza irão ser os
protagonistas desta manhã. Esperamos por si!
CARACTERÍSTICAS:
Duração: 4Horas (3H30 de marcha)
Tipo de Percurso: Circular
Nível de dificuldade: Média / Baixa
Local: Sintra
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 351 210 155 139
Website: www.equinocio.com
Facebook
Trekking no Estuário do Tejo com o EVOA O EVOA – Espaço de Visitação e Observação de Aves
encontra-se inserido na Lezíria de Vila Franca de
Xira, sendo constituído por um Centro de Interpretação e por 3 lagoas (70 ha), que proporcionam um
refúgio de maré para as aves do estuário do Tejo,
aliando a visitação à conservação da natureza.
Ao caminhar pelos percursos camuflados do EVOA,
o visitante, que poderá vir sozinho ou em grupo, encontra observatórios com vista privilegiada para as
lagoas, onde pode observar, fotografar e apreciar as
aves no seu estado selvagem, com a natureza como
companhia. Os percursos têm entre 1,6 e 12 km e são
de baixa dificuldade.
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 926458963
Website: www.evoa.pt
Facebook
42
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Percurso Pedestre S. Domingos
(PR2 ODM)
Por Terra
Caminhar
Venha conhecer o belo concelho de Odemira, num
percurso pedestre que tem início no Centro da
Aldeia de S. Luís. Deixe-se encantar pelas belas paisagens da da freguesia de S. Luís e respire natureza!
CARACTERÍSTICAS:
Duração: 2 horas
Distância: 8,1 Km
Nível de dificuldade: Médio
Principais pontos de interesse:
Arquitetura Tradicional, Serra de S. Domingos
Local: Freguesia de S. Luís, Odemira.
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 967225122/ 918189025
Website: www.kayaknatureactivities.com
Facebook
Terra de contrastes, a singularidade da localidade da
Mina de S. Domingos não deixa indiferente o olhar de
quem por aqui passa. Ao cenário idílico das águas calmas e límpidas da Tapada Grande, convite aberto a
um mergulho nos dias de calor; contrapõe-se a paisagem quase apocalíptica do antigo complexo mineiro.
O percurso segue ao longo da antiga linha férrea que
ligava as minas ao porto fluvial do Pomarão passando
por diversos pontos da antiga exploração mineira. No
caminho há ainda a possibilidade de fazer uma prova
de produtos locais e visitar o Museu do Contrabando
na aldeia de Santana de Cambas. Ao todo, são 17km
de uma paisagem verdadeiramente surpreendente e
cheia de histórias.
rota do minério
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 351 968 689 109 / 286 610 100
Website: www.visitmertola.pt
A Picota é a 2.ª montanha mais alta de Monchique e do
algarve, com 774 metros de altitude. A caminhada da
Picota com cerca de 9km, com partida da Vila de Monchique, desenvolve-se por entre sobreiros de grande
porte, eucaliptal e muita diversidade de arbustos naturais, como a rosa-albardeira, o que lhe confere uma rara
beleza e aroma característicos. A paisagem é sempre
fascinante e apesar do esforço a chegada ao cimo é compensatória. Dali avista-se a barragem do Odelouca a sul
e o algarve, enquanto os olhos alcançam em redor.
O piquenique faz-se lá acima com a merenda que fornecemos.
Duração: 4horas
Dificuldade: Moderada
caminhada da picota
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 962543217
Facebook
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
43
Por Terra
Apanha da Castanha e de Cogumelos
Silvestres em vila pouca de aguiar
No Outono, os soutos de castanheiros de Trás-os-Montes
enchem-se de gente a apanhar castanhas de diferentes
variedades. Também pelas florestas de zonas mais húmidas, caminha-se de cesta na mão em busca de cogumelos silvestres muito apreciados à mesa. Venha viver
este espírito outonal apreciando o que de melhor a natureza oferece antes do frio do Inverno. Aprecie ainda a
natureza e a beleza das montanhas quando as árvores
mudam de cor e se despem. Este programa é adequado
a famílias com crianças, grupos de amigos e gente que
goste de castanhas e de cogumelos.
Extensão: 2 km Declives: Moderados
Nível de dificuldade: Moderada Duração: 1 dia
Contactos:
Email: info@ montes-de-encanto.pt
Telefone: 259 433 146 | 916 165 984
Website: www.montes-de-encanto.pt
Facebook
pedestre noturno em sintra
Sintra, Monte da Lua, é um local mágico para fazer um
passeio pedestre noturno nos dias quentes de verão.
Venha embrenhar-se nas ruas empedradas desta vila
secular, passando por vários spots com uma vista singular: Fonte da Bica, Igreja de S. Pedro Canaferrim,
Igreja de S.Pedro de Sintra, Miradouro da Vigia, Murtas e Sta Eufémia.
Este percurso pedestre é circular e inicia-se e termina
em S. Pedro de Sintra, no Largo da Feira de Sintra.
CARACTERÍSTICAS:
Duração: 3 Horas
Extensão: 7,5Km
Nível de dificuldade: Média
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 351 211 931 636
Website: www.muitaventura.com
Facebook
pr3 vale do poio
O “Vale do Póio” é um percurso de Pequena Rota (PR),
circular, que se estende ao longo de 11,3 km (12,3 km
com a derivação).
A denominação de “Vale do Póio” não poderia encontrar-se mais adequada uma vez que este percurso
pedestre desenvolve-se ao longo do vale do rio Póio
que corre rápido e cristalino num anfiteatro natural
rodeado de lameiros, onde nasce o milho, cresce o
pasto e se alimentam os rebanhos e o gado autóctone.
CARACTERÍSTICAS:
Duração: 4h30m
Extensão: 11,3 Km (12,3 km com derivação)
Nível de dificuldade: Moderado
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 259 498 085
Website: www.penaaventura.com.pt
Facebook
44
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Percurso Pedestre - Ajuda Grande
Por Terra
Caminhar
Para além das paisagens urbanas e campestres, do
monte ou da planície, há agora um novo caminho
para descobrir…
Alie a marcha/caminhada/pedestrianismo à história
e desfrute de um percurso pedestre pela 2ª Linha
defensiva de Torres criada durante as Invasões Napoleónicas.
CARACTERÍSTICAS:
Local: Bucelas
Dificuldade: Baixo / Médio
Extensão: 11km em trilhos rurais
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 219 694 778
Website: www.sniper.pt
Facebook
Vamos caminhar pelos vales glaciares mais bonitos da
Serra da Estrela e descobrir como a geologia nos conta
a história do glaciar que os formou. Vamos descer ao
Vale do Rio Zêzere e segui-lo, descobrindo prados e lagoas, para depois subir até ao Vale da Candeeira. Esta
será uma verdadeira ascensão, culminando com a entrada pelas Portas da Candeeira para um dos locais
mais impressionantes e intocados da Estrela. Teremos
chá/café acabados de fazer e produtos regionais para
dar energia para a caminhada.
Dificuldade: Média / Difícil
Atividade aberta a qualquer pessoa maior de 12 anos.
Trekking pelos vales glaciares da
estrela
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 969415461
Website: www.7Cumes.pt
Facebook
Venha connosco conhecer o Piódão – terra do fim do
mundo. Passeio pedestre guiado ao Piódão – terra das
famosas quadrilhas como a de João Brandão. É considerada aldeia histórica devido ao enquadramento da
aldeia na paisagem, onde o xisto é o elemento predominante. Visita-se também o modo como viviam os seus
habitantes nos “tempos difíceis”, a natureza envolvente
e um museu.
Piódão: terra do fim do mundo
CARACTERÍSTICAS:
Duração: 5/6 Horas
Extensão: 12 Km
Nível de dificuldade: Baixo / Médio
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 235 778 938
Website: www.transserrano.com
Facebook
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
45
Por Terra
Ribeiro Marmitas
Este passeio leva-nos até ao Ribeiro das Marmitas que
nasce na Serra do Risco, a mais alta escarpa calcária
de Europa Continental, atravessando áreas ricas em
carvalhos centenários e flora autóctone. O Ribeiro das
marmitas tem origem numa formação geológica pouco
comum e difícil de ser observada noutros locais. Todo
o passeio desenvolve-se dentro do Parque Natural da
Arrábida.
CARACTERÍSTICAS:
Duração: 1/2 dia (manhã)
Nível de dificuldade: Médio
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 351 210848919
Website: www.vertentenatural.com
Facebook
rota tons de mármore
Convidamo-lo a ter um dia recheado de emoções fortes, onde não faltará a descida a uma pedreira subterrânea, a observação in loco de todo o processo de
transformação do mármore, a contemplação de uma
das mais fascinantes paisagens alentejanas (cimo da
Pedreira do Mouro), a aplicação do mármore nos monumentos e ,como não poderia deixar de ser, a degustação de uma refeição alentejana num dos mais requintados restaurantes da província.
CARACTERÍSTICAS:
Duração: Meio Dia
Localização: Vila Viçosa & Borba
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 351 284 475 413
Website: www.rotatonsdemarmore.com
Facebook
PASSEIO FOTOGRÁFICO
NA MATA DO BUSSACO
Este programa exclusivo e selecionado pretende levar os participantes a percorrer e fotografar os aspectos mais relevantes do património da MATA NACIONAL DO BUÇACO, desde as cambiantes do seu rico
arboreto, aos reflexos dos seus lagos, à paisagem a
partir dos seus miradouros, às flores e aos cogumelos
até mesmo aos edifícios históricos aqui existentes –
de que se destaca o Palace Hotel do Bussaco.
Sempre acompanhados por guia/fotógrafo de natureza experiente, vamos ainda desenvolver, de forma
prática, algumas técnicas e conceitos fotográficos e
dar espaço à criatividade.
Nível de dificuldade: Médio
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 231 922 386
Website: www.aventuris.com.pt
Facebook
46
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Contactos:
Email: [email protected]
Telefone: 936 077 462
Website: www.oficinadanatureza.pt
Facebook
Trilho da Peneda
Por Terra
Caminhar
Este percurso pedestre leva-nos ao coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês, em plena Serra da
Peneda, um local isolado com paisagens imponentes
e grandes maciços graníticos onde poderá observar
memórias e vestígios das formas de vida comunitária, hoje já quase desaparecidas. Descobrir todo
o enquadramento cénico em redor do santuário da
Senhora da Peneda será certamente uma experiência única a não perder.
CARACTERÍSTICAS:
Dificuldade: Moderado
Extensão: 1o Km
Por Terra
 Indoor
PREPARAÇÃO
Indoor para
TREKKING
Ana Faias
Personal Trainer e Instrutora
Fitness Hut Amoreiras
www.facebook.com/af.fittrainer
T
rekking é uma palavra de origem
sul-africana que significa seguir um
trilho, caminhar ou andar. É a forma
mais antiga que o Homem conhece
para se deslocar sendo a mais natural
do mundo. Por regra geral, diz-se que o trekking
não vai além dos 6000 metros de altitude, visto
que a partir desta altitude é necessário conhecer
algumas técnicas específicas de alpinismo.
É uma atividade auto-suficiente, exigente e com
uma duração superior a 1 dia, ou seja, implica
dormir “fora”.
Por ser uma atividade ao ar livre, o contacto com
a Natureza é permanente, sendo, normalmente,
praticada em zonas de montanha. Qualquer pessoa saudável pode praticar esta atividade, no entanto, é necessário adotar algumas precauções:
a escolha correta do vestuário e calçado, peso a
transportar e aclimatação.
1
Agachamento
Para poder usufruir do melhor que a Natureza tem para lhe oferecer e terminar com uma
sensação prazerosa, recomenda-se que comece
a treinar alguns meses antes de forma a minimizar o possível desconforto durante a atividade
e agilizar a própria recuperação. Deste modo o
seu plano de treino, deve ter uma boa componente aeróbica conjugado com trabalho de resistência muscular ao nível da musculatura dos
membros inferiores, CORE e ombros. ø
www.fitnesshut.pt
3
Afundo estático
48
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Por Terra
Indoor
2
AAgachamento variante sumo
5
4
Remada
Gémeos
6
Flexão de braços com apoio de joelhos
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
49
Por Terra
7
Step Up
8
Flexora de pernas
9
Peso morto variante romano
10
Abdutora
50
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Por Terra
Indoor
11
Pranchas: frontal e lateral
12
Abdominais Twist
Peso morto a 1 perna; Prancha no TRX com flexão de joelhos; Flexão de braços com flexão de joelho - opções avançadas
TREINO DE FORÇA EM CIRCUITO
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
51
Por Terra
52
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Por Terra
Indoor
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
53
Por Terra
 Indoor
CROSSFIT
O
Crossfit é uma metodologia de
treino bastante completa, onde
encontramos benefícios que não
são possíveis de encontrar noutra
modalidade. Leva-nos a um nível
completamente diferente daquilo que estamos
habituados, em que tudo muda: a relação com o
nosso corpo, os nossos limites, a zona de conforto, e até a dor.
O CrossFit é uma modalidade que se diferencia
de qualquer outra, já que, e de acordo com Greg
Glassman, CEO e fundador do programa , consiste na aplicação dos fundamentos da mecânica
newtoniana ao movimento humano.
É um programa de treino de força e de desenvolvimento de capacidades físicas como resistência
cardio-respiratória, resistência muscular, força,
flexibilidade, potência, velocidade, coordenação,
agilidade, precisão e equilíbrio, estando indicado para qualquer pessoa, independentemente da
idade ou da condição física.
Nos EUA, o CrossFit é um programa de treino
utilizado na preparação física de polícias, bombeiros, tropas de elite (como a SWAT) ou mesmo
no exército (em unidades especiais como os US
Marines). É ainda treino de inúmeros atletas profissionais um pouco por todo o mundo.
Mas apesar disto, o CrossFit é uma modalidade
que pode ser praticada por todos: por um atleta
profissional, um jovem, uma mulher, ou mesmo
por um idoso. A única diferença reside no nível
de execução do treino.
54
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Por Terra
Indoor
Em que consiste um treino de CrossFit?
Todos os dias há um WOD (workout of the day)
onde se registam os tempos, repetições e cargas, registos que servem não só para avaliar a
evolução pessoal como a eficiência do método
utilizado.ø
Por: Bruno Militão
Personal Trainer no Fitness Hut Amoreiras
Campeão Nacional de CrossFit – CrossFit Level 1 Trainer
Course
Licenciado em Ciências do Desporto
www.fitnesshut.pt
EXEMPLO DE TREINO DE
CROSSFIT
- Warm up
- 2 rondas de:
400 meter Row
15 Kettlebell Swing 24/16 kg
10 Hand release push ups
5 Ring Rows
- Strength:
Dedlift 5-5-3-3-1-1
- WOD:
“CINDY”
AMRAP 20’
- 5 Pull Ups
- 10 Push Ups
- 15 Air Squats
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
55
Por Terra
 Indoor - Entrevista
Susana Henriques perdeu mais de 100 kilos e
passou de uma vida sedentária a uma vida repleta
de desporto e aventura. Fomos conhecer melhor
esta lutadora que se tornou fã de crossfit e de
aventuras outdoor.
por Isa Helena
Sabemos que durante a infância e adolescência
praticavas desporto, e por motivos pessoais, deixaste de praticar e chegas-te aos 170 kilos. O que
te motivou a voltar a praticar atividade física?
Sempre tive o “bichinho” do desporto mas esteve adormecido durante anos! Quando entrei
para o programa “Peso Pesado” à medida que
fui perdendo peso, fui ganhando mais confiança
e percebi que a paixão pelo desporto tinha renascido! Acho que me está mesmo “no sangue”!
O programa em que participaste foi um incentivo?
O programa não foi um incentivo, foi “o incentivo”! Foi o “click” que eu precisava para dar o
passo em frente para mudar! Lembro-me que
logo no primeiro dia tivemos um desafio que
consistia em atravessar uma piscina de lama
para ir ao outro lado buscar a bandeira da nossa
equipa e voltar a fazer o mesmo percurso para
chegar à meta! A dupla que ficasse em último
lugar, seria eliminada do programa. Eu fiquei
56
enterrada na lama sem me conseguir mexer e
a minha dupla perdeu o desafio. Foi nesse momento que percebi que tinha mesmo que fazer
qualquer coisa por mim porque não queria, nem
podia passar o resto da minha vida enterrada na
lama.
Foi esse momento e a ajuda de toda a equipa
principalmente do treinador Rui Barros e da fisiologista Teresa Branco que me deram forças
para me superar a cada dia e tentar sempre fazer
mais e melhor sem jamais desistir. Não mudei
apenas fisicamente. A minha cabeça, a minha
forma de estar, o meu lado emocional também
tiveram de mudar para que eu conseguisse chegar onde cheguei!
Depois do programa, em alguma fase desmotivaste? O que mudou na tua vida?
Quando cheguei à final do programa tinha 117 kg
ou seja, menos 53,9 kg do que o meu peso inicial
que eram 170 kg. Não podia de forma alguma parar o caminho que tinha iniciado nem deitar fora
todo o esforço que tinha feito até então e foi por
isso que comecei a colocar objetivos e pequenas
metas a mim mesma. O primeiro objetivo foi baixar dos 100 kg o mais rápido que pudesse. O seguinte foi fazer o que muitos achavam impossível:
atingir os 100 kg perdidos em menos de um ano
a contar da data de inicio do programa e estava
tão motivada que consegui mesmo atingir esse objetivo. Mas nem tudo foram “rosas” também tive
momentos menos bons, em que me fui abaixo em
que me apeteceu desistir e por vezes ainda tenho
esses momentos. Mas quando isso acontece, faço
questão de olhar para trás, de ver vídeos, fotografias de quando pesava 170 kg e isso dá-me forças
para jamais baixar os braços!
Mudaste muito os teus hábitos alimentares?
Quais os teus principais cuidados neste campo?
Os meus hábitos alimentares tiveram que mudar
por completo. Passava muitas horas sem comer
e quando comia, comia muito e mal. Com o programa reaprendi a comer. Faço 6 a 7 refeições
diárias. Tento não ficar nunca mais de 3 horas
sem comer. E como ainda quero perder algum
peso, evito os hidratos de carbono e tenho uma
alimentação muito mas virada para o consumo
de proteína, legumes, gorduras saudáveis, frutos secos, etc.
Porque decidiste dedicar-te ao crossfit?
Quando cheguei ao ginásio onde treinava anteriormente vi um quadro com um desafio de
crossfit e experimentei fazer. Adorei a sensação
e poucos dias depois vi na internet um anúncio
de uma competição. Perguntei ao meu treinador
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Por Terra
Indoor
se ele achava que eu era capaz. Ele obrigou-me
literalmente a inscrever e surpreendi-me a mim
mesma, porque não só consegui ser apurada
para a final como consegui ficar nos 5 primeiros
lugares da mesma! Adorei a sensação de competir e de me superar, de perceber que quando
parece que não tenho mais forças, há qualquer
coisa que me faz dar mais um bocadinho e chegar ao fim sem nunca desistir.
Quais são para ti as vantagens desta modalidade?
Eu estou completamente apaixonada e viciada
no crossfit. É um treino intenso com inúmeros
benefícios físicos de permitir, aumentar a força,
a resistência, de ajudar a mudar drasticamente
o corpo de quem pratica essa modalidade mas
é muito mais do que isso. Eu adoro a sensação
de me superar e o crossfit permite-me isso. Temos sempre forma de fazer um bocadinho
melhor do que ontem. De conseguir
fazer um desafio em menos tempo, de conseguir fazer mais repetições, de conseguir fazer
“O primeiro obum determinado exercício
Agora és fã de desporto indoor
jetivo foi baixar dos
com mais carga, etc e isso
e outdoor. Quais as modalida100 kg o mais rápido que
ajuda-me a manter sempre
des outdoor que praticas atuos níveis de motivação elepudesse. O seguinte foi fazer
almente?
vados. E depois é brutal o
Costumo correr na rua de
o que muitos achavam imespírito de entreajuda que
vez
em quando. Infelizmente
possível: atingir os 100 kg
se vive no crossfit. Seja a
a corrida é o único desporto
perdidos em menos de
treinar, seja a competir ninoutdoor que vou praticando
guém deixa o outro do lado
um ano (...)”
quando posso. Já participei em
desistir. Toda a gente puxa por
varias corridas de 10, 15km e já
toda a gente e isso é absolutafiz também o meia maratona. Mas
mente formidável e emocionante e
sendo que já fui escuteira, adoro desnão se vê em muitas modalidades.
Como é o dia a dia da Susana Henriques?
Neste momento, com o aproximar de duas competições faço treinos bi-diarios no Fitness Hut.
Depois de um bom pequeno almoço lá vou para
o treino. Ou sozinha ou com um dos meus PT´s
Jorge Ortiz ou Pedro Gonçalves. Depois do treino, tomo a minha proteína e como infelizmente
estou desempregada, vou para casa, descansar
o corpinho, procurar emprego e estudar uma
vez que estou a tirar varias formações na área
do Fitness. Almoço, volto ao estudo e aos meus
afazeres e ao fim da tarde volto para o treino.
Alterno o treino entre o crossfit, algumas aulas
de grupo como RPM e Body Pump e de vez em
quando faço treino outdoor e vou correr e aproveitar os espaços brutais que Lisboa tem para
fazer treinos outdoor.
Depois do treino, hora de ir para casa descansar,
estar com os que me são queridos e recuperar
para no dia a seguir estar cheia de força para
voltar a treinar.
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
57
Por Terra
De que forma a prática de desporto te ajuda no
teu dia a dia?
Eu já não vivo sem treinar. Quando era obesa,
quando me sentia triste ou aborrecida o meu refúgio era a comida. Neste momento, quando me
sinto assim vou para o ginásio e descarrego tudo.
Saio de lá de “alma lavada” e não troco isso por
nada! Quando não treino sinto mesmo que falta
qualquer coisa. O treino faz-me sentir bem, quer
a nível físico, quer a nível emocional e é por isso
que é tão importante para mim.
És um exemplo de coragem e confiança para muita gente, gostavas de deixar alguma mensagem
especial a quem enfrenta o problema da obesidade?
Acho que o primeiro passo que devem ter é acreditar em vocês mesmos, acreditar que são capazes
de mudar. Se eu perdi 100 kg, vocês também conportos outdoor, principalmente em contacto seguem perder o peso que têm para perder. Agora,
com a natureza e tenho algumas saudades de não chega dizer que querem mudar e continuarem agarrados ao comando da TV. Levantemfazer coisas como rappel ou canoagem.
-se, ganhem coragem, peçam ajuda,
mexam-se e acima de tudo, não deO que gostarias de experimentar?
sistam à primeira dificuldade. Se
Eu adoro desafios e gostava de
“Se eu perdi 100
é difícil perder peso? É sim, mas
experimentar muita coisa.
kg, vocês também
não é muito mais difícil vocês
Uma vez que tenho uma liganão conseguirem fazer coisas
ção especial com o mar. Adoconseguem perder o peso
simples e de que tanto gostam
rava aprender a fazer Surf,
que têm para perder. Agoporque têm peso e gordura a
Wind Surf, Paddel, etc.
ra, não chega dizer que
mais? É difícil sim, mas sabem o que realmente imporQuais os teus próximos proquerem mudar e continuta? É que vai valer a pena. No
jetos e desafios ao nível do
arem agarrados ao cofim do caminho, vão se sentir,
desporto?
mando da TV. ”
mais leves, mais saudáveis e saEu quero muito crescer como
bem que mais? Mais felizes!! E não
atleta de crossfit. É mesmo uma
é isso para que todos lutamos? Para
paixão, quero a cada dia conseguir
sermos felizes??
dar mais um bocadinho de mim, superar-me todos os dias. Quero continuar a participar em competições e o sonho é um dia atingir Então levantem-se, dêem o primeiro passo e
um nível que me permita participar em compe- quando vos passar pela cabeça desistir lembremtições internacionais. Estou rodeada de gente -se de mim e dos 100 kg que eu perdi!! Se eu conligada ao crossfit e completamente apaixonados segui, qualquer um consegue! Eu acredito em vocomo eu, o meu treinador ou o Bruno Militão cês, agora cabe a vocês mesmo acreditarem e não
que foi o primeiro campeão nacional de Cross- desistirem! ø
fit. Todos eles me inspiram e fazem-me querer
sempre mais, fazendo-me acreditar que um dia
eu vou mesmo lá chegar.
Que conselhos dás a quem leva uma vida sedentária?
Levantem-se, larguem o comando da TV e lutem
pela vossa swaúde. Não se lembrem apenas disso
quando não conseguirem brincar com os vossos
filhos, netos, ou quando não conseguirem fazer
coisas simples do dia-a-dia como subir umas escadas, apertar uns atacadores etc.
58
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Por Terra
 Uma vida de aventura
O PIONEIRO DO ALPINISMO
R
ui Martírio Gomes da Silva foi uma
personagem singular, solitária e discreta que muito contribuiu para prática das atividades de montanha na
sua terra natal, a Ilha da Madeira.
Nasceu a 15 de Agosto de 1919, na freguesia de
São Pedro, no Funchal e, apesar de ser médico
de profissão, dedicou grande parte da sua vida
à escalada.
Durante a juventude praticou várias modalidades desportivas, como os saltos para a água, o
futebol e o ténis, para além das longas marchas
à montanha em família, atividades muito apreciadas pelos Gomes da Silva.
Sempre foi um aluno aplicado e terminou o ensino secundário em 1937, no Liceu do Funchal.
60
Seguiu para Lisboa, no tempo em que as viagens marítimas duravam quase uma semana,
para estudar medicina na faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Terminou a licenciatura em 1942, com 23 anos, e regressou à
Madeira para exercer a sua profissão.
Dedicou-se ao montanhismo, desbravando vias
e caminhos por toda a cordilheira central da
ilha, tornando-se um especialista em escalada
clássica em basalto e técnica artificial em “cerro”. Ainda hoje, o legado deixado pelo Dr. Rui
Silva, como era conhecido no meio, é enorme,
resultando num vasto conjunto de vias, acessos
e percursos de montanha utilizados atualmente
por montanheiros, guardas e vigilantes da natureza.
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Por Terra
Pioneiro do Alpinismo
Desenvolveu técnicas de escalada muito específicas, nomeadamente para a escalada solitária em “cerro”, e na rocha basáltica, onde apurou o seu nível técnico a um nível elevado para
a época.
Embora tenha dado os seus primeiros passos
no montanhismo em geral e na escalda em particular, ainda quando aluno do secundário, é na
faculdade que tem um contacto mais sério com
informação sobre a escalada, e descobre uma
paixão profunda pela modalidade.
Datam de 1953 alguns registos em filme das
suas práticas de montanha, onde se inclui a
escalada e o ski na neve. No Ski foi pioneiro
nas montanhas da Madeira, chegando a utilizar
com regularidade uma pista improvisada criada por ele e pelos irmãos, nas proximidades do
Pico do Arieiro.
Desde os anos 40 até finais dos anos 70 do século passado, Rui Silva explorou diversas zonas de
escalada na Ilha, com especial destaque para o
maciço central da Madeira. Abriu vias, desbravou novos acessos e caminhos, descobriu e testou novas técnicas aplicando equipamentos por
si desenhados, e adaptados à realidade da ilha,
ao seu terreno e à sua morfologia.
É importante ter em conta a noção do “tempo”.
Nesta altura tudo era distante e longínquo, não havia informação sobre a
modalidade em Portugal, não se
comercializava material, tudo
“Desde os anos
era por correspondência pos40 até finais dos
tal, ou através de portadoanos 70 do século pasres e amigos que traziam
as cordas e equipamento
sado, Rui Silva explorou
necessário à prática da
diversas zonas de escalamodalidade.
da na Ilha, com especial
destaque para o maciço
central da Madeira.
(...)”
Em 1966, numa das suas viagens, fixou-se em Zermatt
onde praticou montanhismo
num dos lugares que mais o fascinavam. Numa dessas suas saídas,
sempre em solitário, aventurou-se a
subir o Mattahorn, seguindo as pisadas de
outro grupo, acabando mais tarde por renunciar à subida por razões meteorológicas.
No ano de 1963 viu concluído um dos seus sonhos, a construção de um abrigo de montanha
no Chão do Arieiro, fornecendo a possibilidade
de desfrutar de uma apoio logístico nas proximidades de um conjunto vasto e diversificado
de diques de basalto, maciços de cerro e píncaros escarpados.
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
61
Por Terra
“Ainda hoje encontramos marcas da
sua passagem em muitos locais da Madeira,
e muitos deles fora da
cordilheira central da
ilha, (...)”
Nos anos seguintes centrou
as suas práticas nos cinco picos mais altos da Ilha, Ruivo,
Torres, Arieiro, Cidrão e Gato.
São os anos de maior produtividade, das “grandes vias”, “dos grandes
cumes”.
Ainda hoje encontramos marcas da sua passagem em muitos locais da Madeira, e muitos
deles fora da cordilheira central da ilha, como
por exemplo o Garajau, Penha d´Águia, Porto
Novo, Ribeira de Boaventura, Gaula, São Gonçalo, Fundão e Caniçal.
Manteve a atividade através de práticas regulares e semanais até ao séc. XXI, ajudando ao
desenvolvimento da modalidade, através da
partilha de momentos únicos com jovens escaladores, passados ao longo de vias, transmitindo experiências e histórias, acumuladas em
tantos e tantos anos de descobertas solitárias.
Em Janeiro de 2011, aos 92 anos, terminou a
via da sua vida, e fê-lo como sempre gostou de
62
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
fazer, em solitário.
Por Terra
Pioneiro do Alpinismo
O reconhecimento da pessoa do Dr. Rui Silva
foi imediata, tal foi a sua grandeza como pessoa e como desportista, e em 2012 mereceu um
louvor do Governo Regional e a atribuição do
seu nome ao recente Centro de Observação da
Freira da Madeira, localizado no Pico do Arieiro. Desta forma o seu nome ficou ligado à natureza, que tanto amava, e ao lugar que mais
admirou e desfrutou.ø
Rui Dantas
CENTRO FREIRA
DA MADEIRA
DR. RUI SILVA
No dia 26 de março de 2012 foi inaugurado o
Centro freira-da-madeira Dr. Rui Silva, situado
no Pico do Arieiro a 1818 metros de altitude, o
quinto pico mais alto de Portugal.
Beneficiando de fáceis acessos é um dos lugares mais visitados da ilha, pois a sua localização
permite obter uma panorâmica privilegiada de
todo o maciço central, área de excelência para
a nidificação da Freira-da-madeira.
É um posto de informação, interpretação e receção de visitantes, gerido pelo Parque Natural
da Madeira, que conta ainda com um pequeno
núcleo museológico e biográfico dedicado ao
pioneiro da escalada clássica nas montanhas
da ilha, e uma área dedicada à divulgação das
atividades do PNM e um espaço multifunções
com potencial para a realização de workshops,
reuniões, seções de trabalho e comunicações
de carácter ambiental.
O centro está aberto ao público em geral, todos
os dias das 9H às 17,30H.
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
63
Por Terra
 Aventura de Filomena Gomes
LA LEGGENDARIA CHARLY
GAUL: MAKTUB
E
stava escrito que eu iria aos Alpes
este ano… E cumpriu-se o desígnio.
Eu sou o motor. E ponho-me em marcha, faço meu o terreno e brinco com
ele. Vejo sol mesmo que chova. Travo
com os pés se for preciso, mas não travo as minhas convicções. Acredito que as montanhas foram feitas para serem pedaladas. Nelas os meus
pensamentos fluem livremente, cada obstáculo é
uma oportunidade. Ganho asas para voar. E inicio a minha viagem de autodescoberta.
Estou na Piazza del Duomo, no centro da cidade
de Trento (Itália) às 08h de 21 de julho, tomada
por uma onda de adrenalina resultante do ambiente único e singular que advém da presença
simultânea de centenas de pessoas com uma paixão em comum: a bicicleta. Homens e mulheres,
semiprofissionais ou equiparados, antigos profissionais (exemplo de Paolo Savoldelli) ou público
em geral, todos sentimos o fascínio e o apelo daquelas montanhas dos pré-Alpes a um passo das
64
Dolomites, sob uma chuva miudinha que deixa
antever cuidados extra nas descidas. Na minha
mente está bom tempo, revivo nela as sensações
da véspera ao assistir à final da duríssima e sobejamente conhecida prova de BTT por etapas
“Craft Bike Transalp”, em Riva del Garda. Revivo
o privilégio de ter assistido à chegada da única
dupla de portugueses, a felicidade que eles sentiram por nos terem na chegada e a admiração
que eu senti por eles. Hoje sou eu que estou prestes a fazer a ascensão do Monte Bondone, numa
prova com cerca de 142kms e um desnível acumulado de cerca de 4500 metros, mas que posso
considerar “fácil” face ao feito de Charly Gaul em
1956: o ciclista luxemburguês ganhou a etapa, e
consequentemente o Giro d’Italia, sob um forte
nevão, com mais de 7’44’’ de vantagem sobre o 2º
classificado. À chegada foi levado em braços para
o hotel, em estado de hipotermia. Vestia roupas
de lã emprestadas por militares, tendo muitos
adversários sido obrigado a desistir em sérias dificuldades de sobrevivência.
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
tos, e no topo temos um tapete de leitura dos
chips, o que obriga o pelotão mais para trás a
desmontar. Perco o Pedro Silva. Temos diante de
nós uma descida assustadora, face à inclinação
e ao piso molhado. Soam todos os meus alarmes
e eu desço devagar. Uma ambulância e um atleta ensanguentado numa berma impressionam e
relembram o perigo. Sou ultrapassada por imensa gente. No fim da descida, apanho um
grupo e não o largo mais. Tenho de
me manter ali para garantir que
As mulheres presentes no funil rechego ao local de separação do
servado às senhoras não aparenMedioFondo e do GranFon“Acredito que as
tam estar impressionadas. Mas
do até à hora limite, 09h30
montanhas foram
EU estou impressionada com
da manhã. Dou graças por
feitas para serem pedaa musculatura delas, nascidas
já ter andado várias vezes
naquelas montanhas, onde
ladas. Nelas os meus penem pelotão compacto, a
têm diariamente o seu campo
velocidades elevadas, e
samentos fluem livremende treino privilegiado. Mas as
bem junto a outras rodas.
te, cada obstáculo é uma
aparências não passam disso
Sou praticamente levada,
oportunidade. Ganho
mesmo, e quando soa a partida
e é notório o espírito comsomos todas e todos iguais, pupetitivo dos italianos, mas
asas para voar.”
xando dos nossos trunfos e usando
também o seu desportivismo.
as nossas capacidades.
Muito portugueses deviam vir
a eventos destes, penso… Sou sauO pelotão dispara, juntando gradualmente as
dada, “Portogallo”, devido ao jersey do
diversas levas de participantes que haviam parti- SkyRoad que envergo com orgulho, e desejamdo separadas. Surge a primeira subida. Junto-me -me sorte.
ao Pedro Silva, que tinha partido do corredor VIP.
Vamos com calma, dizemos um ao outro. A subi- Passado o primeiro corte, encaminhamo-nos
da fica mais forte, e o cenário fica mais belo. Faz para a primeira subida de causar respeito. Num
lembrar as encostas do Douro. Mas não torna a abastecimento perco as rodas que seguia e faço
ficar plano, é sempre a escalar, nesta que é só a das tripas coração para me chegar à frente. Mas
primeira subida e que ainda é a brincar.
entro na subida sozinha. Meto as mudanças toVimos há muito tempo a subir, demasiado jun- das que tenho e precisava de mais. Não há, e por
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
65
Por Terra
MAKTUB por Filomena
Comprometo-me a honrar o lugar que me estava
reservado neste fantástico evento, num cenário
de sonho, com montanhas esmagadoramente
altas e belas, capazes de impressionar os mais
aptos e audazes amantes da bicicleta. O aparato
transmite a importância da prova: é a única etapa
italiana do “UCI World Cycling Tour”, um circuito de provas para amadores, que apura para uma
grande final UCI, a ter lugar em Setembro, também em Trento.
Por Terra
“Depois do
abastecimento
intermédio, em que
não paro, a estrada coisso sigo em ritmo lento montameça a serpentear, curva e
nha acima. Os kms vão passando, são 20 no total, e eu vou-me
contracurva, numa floressentindo melhor. Começo pauta fechada de pinheiros
latinamente a ultrapassar gente,
nórdicos. É das subidas
mulheres e homens. Sinto-me
de tal forma bem, que vou em
mais belas que já
pedaleira grande nas partes mais
fiz.”
acessíveis. Depois do abastecimento
intermédio, em que não paro, a estrada começa a serpentear, curva e contracurva,
numa floresta fechada de pinheiros nórdicos. É
das subidas mais belas que já fiz! Ao km 68 avisto o jersey SkyRoad do Pedro Silva, uns 30mts à
minha frente. A estrada inclina e ele tem mais
desmultiplicações do que eu. Não chego lá e opto
por não o chamar. Por fim, chego ao topo desta
primeira grande subida, o Viote, aos 1563mts de
altitude, muito antes da hora de corte (meio-dia).
Reabasteço com tempo, estou vazia de energia e
preciso de me preparar para a descida. Quando
começo a descer, apercebo-me da magnitude
do lugar onde me encontro. Dedos nos travões
e olhos na estrada, mas sempre a apreciar a paisagem. Desço tanto que me farto. Felizmente há
muito que deixou de chover e o piso está completamente seco. A descida termina numa estrada
principal que há de conduzir ao Vale dos Lagos
(Valle dei Laghi). Tenho 90kms e aquele falso
plano custa-me mais que a subida anterior. Mas
esta sensação desaparece quando dou por mim
66
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Estou com 120kms e ainda faltam mais de
1000mts de desnível para superar! As pernas
guincham, as mudanças faltam, mas o que não
falta é o ânimo para prosseguir, custe o que custar. Montanha acima, vou pensando que esta não
é tão bela quanto a outra e é pena que a nossa
amiga Ju, na distância MedioFondo, tenha perdido a subida do Viote.
O Pedro segue mais à frente, eu não tenho mais
forças nem mudanças. Vai no meu campo de
visão, o que é animador. O grau de inclinação
acentua-se, à medida que a subida também se
torna mais bonita. Começa a sucessão de curva
e contracurva, em cotovelos apertadíssimos, e
começo-me a cruzar com inúmeros participan-
tes no sentido contrário. Optaram por regressar
a Trento de bicicleta, é sempre a descer. Pensando melhor, acho que vou passar, mesmo que o
tenhamos combinado antes da prova começar!
Agora só quero é terminar. Não se avista o topo,
só se avistam curvas. Os atletas que vêm a descer
dirigem-me imensas palavras de incentivo. O fair
play e o apreço mútuo manifestado pelos ciclistas
é algo que não irei esquecer.
Alcanço finalmente o topo e avisto a meta! Está lá
a Ju à nossa espera. O Pedro chegou uns minutos
antes. Cruzo, paro, sento-me no chão e a Ju leva-me a bicicleta. Fico ali algum tempo sentada.
Uma torrente de pensamentos e emoções invadem-me a mente. Pareceu-me uma eternidade.
Reunimo-nos, eu, o Pedro, a Ju e o António Queiroz (do SkyRoad GrandFondo da Lousã) e felicitamo-nos mutuamente, exprimindo as nossas
impressões sobre a prova.
Nenhum texto pode transmitir a emoção de ter
feito uma prova como esta, num cenário como
este, com amigos como estes, e em permanente
ambiente de alegria e diversão. A diversão não
ficou por ali… Innsbruck, as Dolomites e Veneza
estavam no roteiro.
Citando Paulo Coelho, “É justamente a possibilidade de realizar um sonho que torna a vida interessante.” – Eu realizei um sonho! Maktub…
ø
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
Filomena Gomes
67
Por Terra
MAKTUB por Filomena
junto aos lagos verde-esmeralda daquele vale. O
Lago di Garda, o maior de Itália, com cerca de
370kms2, está a um passo, mas nós vamos na
direção oposta, ladeando lagos mais pequenos,
pois há que subir o Bondone outra vez, ao topo
denominado Vason, aos 1654mts. A prova vai terminar em alto. Por enquanto pedalo em estradinhas encantadoras, passando por aldeias no sopé
das montanhas, e com o gigante mesmo ao lado.
Não paro no abastecimento dos 105kms e ao km
112 apanho o Pedro Silva! A felicidade mútua por
podermos prosseguir juntos é imensa. Vamo-nos
mentalizando para o que aí vem. Entramos por
fim na subida final, vão ser mais 20kms sempre
a subir, mas sem qualquer pequeno plano para
recuperar.
Por Água
 Atividade
mergulho
68
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
O fundo do mar sempre teve um apelo mágico
no nosso imaginário despertando o génio de inventores como Leonardo da Vinci e visionários
como Jules Verne.
No entanto só em 1945, Jacques Cousteau e
Emile Gagnan patentearam o primeiro regulador autónomo, o “GC45”, que permitia então ao
Homem deslocar-se livremente dentro de água.
Ficaram então criadas as condições para que
todos os aventureiros e audazes pudessem usufruir dos segredos do mar e desde aí o mergulho
foi gradualmente crescendo, sofrendo um aumento exponencial a partir dos anos 90.
Dados apontam para mais de 20 000 000 de
mergulhadores certificados no mundo e provavelmente cerca de 2 000 000 a mergulhar regularmente. Em Portugal certamente mais de 2000
pessoas mergulham com regularidade e esse
número está a aumentar.
O conceito de mergulhador recreativo também
mudou muito ao longo dos anos. O que antes era
uma atividade para alguns semi-loucos, aventureiros com preparação e espírito quase de “ comando” foi-se suavizando e tornando acessível
sendo agora possível uma criança a partir de
8 anos fazer mergulho em águas confinadas e
com 10 fazer mergulho em águas abertas. Portanto, dos 8 aos 80 ou mais. Há também mergulho adaptado, para pessoas com deficiências.
Assim, o mergulho está aberto a todos.
Foto: Haliotis
Mas como fazer para mergulhar?
Quem quiser simplesmente experimentar a sensação de respirar debaixo de água, pode optar
por um “batismo de mergulho”, basta procurar
uma qualquer escola de mergulho e na piscina,
depois e uma explicação de procedimentos, fará
um mergulho acompanhado por um instrutor.
Para uma aventura ainda mais aliciante deverá
procurar um centro de mergulho e aí então poderá fazer um “batismo de mergulho no mar” em
que depois e uma explicação de procedimentos
fará um mergulho acompanhado por um instrutor, em águas abrigadas, nadando livremente no
meio dos peixes e observando os fundos marinhos. Uma experiência a não esquecer. Se ficou
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
69
Por Água
Mergulho
N
unca sonhou alguma vez em passear no fundo do mar, percorrer
florestas de algas e jardins de coral,
rodeado de miríades de peixinhos
coloridos, seguir os grandes cardumes nas correntes oceânicas ou até acompanhar as migrações das baleias?
Por Água
com vontade para mais então está na hora de fazer um curso.
Como fazer um curso de mergulho?
Nada mais simples, atualmente há em Portugal
cerca de 50 centros e escolas de Mergulho das
agências PADI e SSI. Ambas apresentam programas muito semelhantes podendo um aluno fazer
um curso Open Water Diver em 4 dias. Os cursos são compostos por módulos teóricos, onde
se abordará toda a componente técnica, cuidados
a ter, procedimentos e módulos práticos onde se
executarão todo o tipo de tarefas para criar à-vontade no meio subaquático.
Os valores andarão entre os 300€ e os 400€ consoante o que for oferecido por cada escola/centro
no seu programa. Normalmente as escolas mais
conceituadas dão mais garantias, podendo no entanto apresentar preços mais altos.
Depois fica habilitado para mergulhar em
qualquer lugar do mundo, podendo
ir fazendo a progressão das suas
certificações, fazendo cursos
“Para uma avenque lhe permitirão ir mais
fundo, mergulhar em grutas
tura ainda mais aliou mesmo evoluir para um
ciante deverá procurar
profissional na carreira do
um centro de mergulho e
mergulho.
aí então poderá fazer um
“batismo de mergulho
no mar” (...)”
O EQUIPAMENTO
Para mergulhar é necessário ter máscara, barbatanas,
garrafa, regulador completo
e instrumentos de controlo, colete estabilizador e vestuário de
proteção térmica adequado às águas
em que se mergulha. Qualquer centro de
mergulho terá este equipamento para alugar de
modo que o mergulhador ocasional não terá de
se preocupar com a sua aquisição mas os mergulhadores mais ativos terão todo o interesse em ter
o seu próprio material.
Atualmente um equipamento completo de mergulho recreativo (fora a garrafa) pode encontrar-se por valores a partir dos 800€ mas também
facilmente poderá chegar aos 4000€, tudo depende da escolha. Também aqui por vezes o barato
pode sair rapidamente mais caro.
Aconselhe-se junto de profissionais do ramo, que
o poderão aconselhar com base na experiência
que já têm.
ONDE MERGULHAR
No continente há zonas distintas onde o mergu-
70
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Por Água
Mergulho
lho se faz com maior frequência, como por exemplo, mais a norte o Arquipélago das Berlengas, a
sul de Lisboa o Parque Marinho Prof.Luís Saldanha (Arrábida), a zona de Cascais e a costa sul do
Algarve.
Nas ilhas pratica-se o mergulho na Madeira e
Porto Santo e em praticamente todas as ilhas do
arquipélago dos Açores.
Experimente, não é por acaso que o mergulho se
está a tornar uma atividade de tanto sucesso, as
emoções são intensas e ao mesmo tempo relaxantes, é uma atividade de turismo de natureza
deveras gratificante. ø
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
José Alberto
www.haliotis.pt
71
Fotografia
 Foto-reportagem por Carlos Tiza
LAGUNAS DE VILLAFÁFILA
ESPAÇOS NATURAIS DE CASTILLA Y LEÓN
geossítios de arouca
72
Abril_Maio_Junho 2013 OUTDOOR
Fotografia
Foto-reportagem
OUTDOOR Abril_Maio_Junho 2013
73
Fotografia
E
m 1986 a Junta de Castilla y León
criou a Reserva Nacional de Caza
de las Lagunas de Villafáfila, que
ocupa uma superfície de 32 682
hectares.
A nível internacional a Reserva está declarada
como Zona de Proteção Especial para as Aves e
forma parte da RED NATURA 2000.
A Reserva de Las Lagunas de Villafáfila encontra-se situada na chamada Tierra de Campos,
Província de Zamora, em Espanha, onde a paisagem dominante é a estepe cerealista.
Para além desta paisagem natural, o homem
tem vindo, ao longo dos tempos, a criar um riquíssimo património arquitetónico de “Tapial
e Adobe”: a cultura do barro, com destaque
para os pombais, que se encontram por todos
os campos de cultivo. Mas a mais significativa
razão para a importância de Villafáfila são as
lagoas que dão abrigo a uma grande variedade
e quantidade de aves migratórias, que convertem este espaço protegido num dos mais importantes complexos lagoeiros da Península
Ibérica.
Na estepe cerealista habita uma das maiores
populações de Avutardas (Otis tarda) do mundo.
O complexo lagoeiro possui uma riqueza extraordinária de invertebrados aquáticos, embora, como já referido, sejam as aves que criam
um maior colorido e atrativo cenário à Reserva. Nela concentram-se quase 50% de todas as
aves aquáticas censadas em Castilla y León.
Nesta interessante e bonita zona para se desco-
74
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Fotografia
Foto-reportagem
brir existe muito mais que aves e água. A paisagem caracteriza-se por uma suave orografia
e horizontes amplos, com campos de cereal
que se perdem no horizonte.
Esta paisagem da chamada Tierra de Campos
é resultado duma intensa transformação humana ao longo dos tempos com fins agrícolas,
partindo dum território de pradarias, de lagoas
rodeadas de álamos e montes com pinheirais
que ocupavam as zonas altas.
Hoje em dia os pombais são os mais significativos elementos arquitetónicos da zona.
A arquitetura popular caracteriza-se pelo uso
da terra como matéria prima principal, misturada com água, palha e uma longa secagem ao
sol. Este processo produzirá essa pasta de barro ou “adobe”, na sua forma mais simples. Se
aplicadas em camadas com cal dentro de um
encofrado , estaremos perante o “tapial”.
A uns escassos 1,5 km de Villafáfila encontramos a Casa do Parque “EL PALOMAR”, uma
reprodução fiel de um pombal típico de Tierra
de Campos. A Casa Sede está aberta ao público
e no local são fornecidas todas as informações
necessárias para uma visita educativa e mais
agradável.
Existe também uma rede de observatórios
para permitir contemplar, identificar e estudar
as aves aquáticas nas próprias lagoas, que se
incluem no Convénio Mundial de Proteção de
Zonas Húmidas de Importância Internacional.ø
Carlos Tiza
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
75
Fotografia
76
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Fotografia
Foto-reportagem
Quem é
Carlos Tiza?
Frequentou o curso profissional de fotografia no instituto
português de fotografia.
Escreve poesia.
A fotografia passou a ser a sua forma para se expressar poeticamente, é um complemento às palavras escritas, uma
poesia mais sensorial, mais visual e direta. É um poeta do
flash, dos holofotes, da luz do crepúsculo e dos faróis! Mestre da fotografia noturna, sente-se atraído pelo lado escuro
da luz. Escreve e sente através da luz, dos sais de prata.
O seu trabalho tem uma maior incidência nas áreas do
fotojornalismo e fotografia de natureza / património natural. Pode ser encontrado à noite, no norte do país à procura
da escuridão perfeita pelos trilhos no meio de montes e
vales. Acrescenta sempre uma pitada de intervenção humana nas suas fotografias.
Filosofia de vida: fazer uma boa fotografia é tão prazível
quanto o amor…
vive…e fotografa!
Contacto: [email protected]
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
77
S.O.S.
 Saúde do Viajante
jet lag
O
jet lag é uma alteração temporária
que causa sintomas como a fadiga,
a desorientação e a insónia, após a
viagem aérea por diferentes fusos
horários. Esta condição afecta pessoas de todas as idades, apesar de ser mais comum em pessoas com mais de 60 anos e menos
frequente em crianças e bebés. As dificuldades
do corpo em se adaptar a um novo fuso horário
leva a alterações no ritmo circadiano, o relógio biológico do nosso corpo, responsável pela
regulação das funções biológicas, como a hora
de dormir e comer, provocando uma sensação
de letargia e quebrando as rotinas do dia a dia.
O ritmo circadiano para além de regular as fun78
ções corporais, regula a temperatura, a tensão
arterial, os níveis hormonais e de glucose no
sangue. Para ajudar na regulação destas funções e percecionar a hora do dia, as fibras do
nervo ótico transmitem informação sobre a luz
ou escuridão diretamente ao centro do tempo
no hipotálamo. Quando a luz por exemplo do
amanhecer ou entardecer é percecionada pelo
nervo ótico muito mais cedo ou tarde do que é
normal, o hipotálamo pode levar a atividades
que o resto do corpo não está preparado para
enfrentar, desencadeando-se o jet lag.
A hormona melatonina desempenha um papel
fundamental na regulação biológica do corpo,
uma vez que é libertada na corrente sanguínea
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
S.O.S.
Jet Lag
Fotos: EuroClinics
após o pôr do sol, promovendo o sono. Contudo,
se for percecionada luz, o hipotálamo sustem a
produção de melatonina, o que pode voltar alguns dias a voltar ao normal.
Quanto mais longa a viagem e quanto mais
fuso horários diferentes se atravessarem, mais
severo é o jet lag, podendo ser um entrave em
viagens de negócios ou arruinar umas tão merecidas férias.
tem aproximadamente 1600 Km e de acordo
com o movimento de rotação da terra, cada
fuso horário tem uma hora diferente. A hora varia com base no meridiano de Greenwich que
passa por Londres, variando uma hora por cada
15º viajados em cada direção, este ou oeste.
O que é um fuso-horário?
Para melhor perceber e tratar o jet lag, é importante conhecer o que é um fuso horário. O
mundo está dividido em 24 fuso horários diferentes, um para cada hora do dia. Cada zona
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
79
S.O.S.
Sintomas do jet lag
O Dr Bram Broms da clínica euroClinix esclarece: “Os sintomas do jet lag podem variar de
pessoa para pessoa, bem como a sua severidade aumenta à medida que uma maior distância
e mais fusos horários são atravessados.”
O sintoma mais comum é a desregulação dos
padrões de sono, sendo frequente a insónia
durante a noite e a fadiga e cansaço durante o
dia, por ser difícil estabelecer novos horários
de dormir. Outros sintomas incluem má disposição, obstipação, diarreia, náuseas, perda de
apetite, ansiedade e dores de cabeça. A duração dos sintomas pode ir até um ou dois dias,
desaparecendo estes à medida que o corpo se
adapta ao novo fuso horário. A direção do voo
também desempenha um papel importante na
severidade dos sintomas, com as pessoas que
viajam para Norte ou sul dentro do mesmo fuso
horário a sofrerem menos sintomas e os viajantes que viajam para Este a experienciarem
os sintomas mais severos, devido a estarem a
perder horas relativamente ao local de origem.
Quando a viagem é para Oeste, a adaptação
consegue ser mais fácil, o que não quer dizer
que não se desenvolvam igualmente sintomas.
Como evitar o jet lag?
ração. Antes de viajar, é possível adaptar a rotina de sono ao fuso horário de destino, alterando a hora de deitar para uma hora mais tarde,
no caso da viagem ser para Oeste ou para uma
hora mais cedo se a direção for Este. Manter a
calma e dormir o suficiente antes do voo também ajuda a que os sintomas do jet lag passem
mais despercebidos.
Durante a viagem é fundamental manter a hidratação e por isso evitar o consumo do álcool,
manter uma certa atividade, tal como esticar os
braços e as pernas e fazer pequenos períodos
de descanso durante o voo.
Descansar aquando da chegada, principalmente se esta for à noite, pode ajudar a recuperar
energias e aliviar os sintomas do jet lag.
No caso de viagens frequentes, principalmente
em pessoas que tiveram dificuldades no passado em lidar com o jet lag, pode estar recomendado o tratamento com melatonina, para
ajudar a regular o ritmo circadiano e a evitar
sintomas como a insónia. Os tratamentos disponíveis contêm melatonina sintética, que mimetiza as funções na melatonina naturalmente
produzida pelo organismo. ø
Infelizmente o jet lag não pode ser evitado,
porém, podem ser tomadas algumas medidas
preventivas que ajudam a reduzir a severidade
dos sintomas e a melhorar o tempo de recupe80
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Clínica euroClinix
www.euroclinix.com.pt
S.O.S.
os mitos da
sobrevivência
S
entir-se completamente à nora numa
situação de sobrevivência por não
ter a mínima noção do que fazer, já
é perigoso. Mas ainda mais perigoso
é acreditar em informações de fontes
dúbias, que foram repetidas ao longo dos tempos e que, aos olhos dos leigos na matéria, se
tornaram verdades absolutas. Surgem assim
uma série de mitos que se forem colocados em
prática vão causar-lhe mais problemas do que
não fazer absolutamente nada.
Neste artigo vou desmistificar os mais importantes. Não vou entrar em pormenores científicos ou técnicos, o objetivo é mesmo tirar estas
ideias da sua cabeça.
Todos estes mitos são falsos, embora exista a
ideia contrária.
82
Entramos de um momento para o outro
numa situação de sobrevivência
Esta é a visão que os programas de TV nos
transmitem: de um segundo para o outro, estamos numa situação de sobrevivência. Isto raramente acontece, o mais provável é isso acontecer depois de uma série de más decisões. O
melhor sobrevivente não é o mais forte nem o
mais preparado, é aquele que aposta na prevenção e fica longe dessas situações ou que se
prepara para não ter de improvisar.
Só se perde quem se embrenha profundamente na Natureza
Este é um mito que nos dá uma falsa segurança, que nos leva a pensar que só os aventureiros mais afoitos é que correm estes riscos. Nos
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Se a água for corrente e límpida, pode ser
bebida sem mais cuidados
Já quase toda a gente ouviu falar da necessidade de ferver a água para a purificar. Mas também existe a ideia que se nos cruzarmos com
um riacho de água cristalina em movimento,
podemos bebê-la de imediato. Ora as bactérias,
vírus e outros agentes patogénicos não são visíveis a olho nu e a montante do local pode estar, por exemplo, um animal em decomposição.
A água deve ser sempre desinfectada, seja por
fervura, seja por outro meio eficaz.
Não existem cobras venenosas em Portugal
Este é um mito muito enraizado e grande parte dos meus alunos fica bastante surpreendido quando lhes digo que realmente existem
3 tipos de cobras venenosas no nosso país: a
Cobra Rateira (que possui os colmilhos na parte posterior da boca e por isso normalmente
não consegue inocular veneno) e duas víboras
(Cornuda e Seone) cuja mordedura inocula veneno e pode ser fatal em idosos, crianças ou indivíduos com o sistema imunitário debilitado.
Se não tem conhecimentos na matéria, deixe as
cobras que encontrar em paz.
E.U.A mais de 80% das pessoas que se perdem estavam
a fazer uma simples caminhada durante um dia. Não
descure a sua segurança ao
pensar que vai apenas dar um
passeio pela serra.
Em caso de mordedura de cobra, devemos
chupar o veneno da ferida
Aparentemente um atentado ao bom senso,
muitas pessoas continuam a acreditar
que esta deve ser a forma de atuar
nestes casos. Este procedimento
não vai conseguir retirar o vene“ (...) existem 3
no e ainda pode colocar bactérias
tipos de cobras veneou outros agentes infecciosos
nosas no nosso país: a
na ferida, agravando a situação.
Existe um estudo científico que
Cobra Rateira e duas
víboras (Cornuda e
Seone) (...) “
Se me perder, a primeira coisa a fazer é procurar comida
A grande maioria das pessoas em situações em
que a sua sobrevivência está em risco morre
nas primeiras 72 horas. Mas não morrem de
fome, morrem normalmente de hipotermia.
Em média o corpo resiste 3 semanas sem comida, por isso preocupe-se mais em resguardar-se dos elementos e em achar água, porque
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
83
S.O.S.
Mitos da Sobrevivència
sem ela não sobrevivemos muito mais do que
3 dias.
S.O.S.
Este mito resulta não só de associarmos o abrigo a uma casa, mas também de alguns programas de TV, onde os intervenientes constroem
por vezes autênticas moradias. Na maior parte
das situações é preferível ter algo entre si e o
chão em vez de um teto. O objetivo será sempre
abrigá-lo dos elementos e por vezes para fazer
isso bastam alguns ramos de árvore.
conclui que, mesmo com uma bomba, apenas
0,04% do veneno é extraído do corpo. A única coisa a fazer é desinfetar a ferida, manter a
calma (para que o veneno não se espalhe ainda
mais depressa) e dirigir-se ao hospital.
Vi uns fulanos na TV a usar uma pederneira e aquilo é fogo garantido
A pederneira é realmente uma excelente ferramenta de sobrevivência. No entanto não constrói uma fogueira, apenas produz faíscas. Não
pense que apenas por ter uma vai ter fogo garantido, é preciso muito mais do que isso. Se
não foi preparado de casa, vai precisar de algo
que receba a faísca e produza uma brasa e por
sua vez algo que possa pegar fogo em contacto
com essa brasa. E mesmo assim pode não ter
sucesso, dependente das condições atmosféricas.
Se eu vir um animal a comer algo,
Aquele livro que li sobre planentão eu também o posso fazer
tas vai tornar-me um especiaExistem pássaros que comem frulista
“A pederneira
tos e bagas altamente tóxicos
A fome tolda o pensamento. O
para os humanos. É mais segumais certo é dizer que aquela
é realmente uma
ro comer o que os mamíferos
planta à sua frente é a mesexcelente ferramenta
comem e mesmo assim exisma do livro e é comestível,
de sobrevivência. No entem excepções, pois algumas
porque está com fome. Se
espécies comem cogumelos e
morrem
constantemente
tanto não constrói uma
bagas que nos matariam. Muito
pessoas que em situações
fogueira, apenas promais seguro seria alimentar-se
quotidianas
identificaram
duz faíscas. “
de animais, o problema é que, ao
mal cogumelos, imagine o que
contrário das plantas, estes fogem.
é estar cheio de fome e sob presTodos os mamíferos com pelo são cosão. O conhecimento das plantas
mestíveis, bem como os insetos de 6 patas
faz-se em campo, com cheiros, textue praticamente todos os peixes de rio e aves.
ras e outras situações que não vêm nos livros.
Um abrigo terá sempre de ter um teto
As bebidas alcoólicas ajudam a aquecer
Quem é que nunca viu num filme ou num livro um cão São Bernardo com uma miniatura
de um barril de conhaque para dar à vítima de
hipotermia? O álcool realmente dar-lhe-á uma
sensação de calor, pois aumenta a irrigação
sanguínea na zona da pele, o que se torna perigoso por duas razões: torna-se numa falsa sensação de segurança e diminui a temperatura na
zona dos órgãos vitais.
A estrela polar é a mais brilhante do céu
O que não faltam são estrelas no céu mais brilhantes que a estrela polar. Podem até nem serem estrelas o que vê a brilhar, podem ser planetas (Júpiter e Vénus costumam ser bastante
brilhantes). Se está a pensar em usar este método para determinar o Norte, provavelmente
84
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
S.O.S.
Mitos da Sobrevivència
vai seguir na direção errada. Tem de utilizar
outros métodos para localizar a estrela polar
e para isso convém saber identificar as constelações Ursa Maior, Ursa Menor e em alguns
casos Cassiopeia. Já agora, a estrela polar só é
visível no hemisfério norte. No hemisfério sul
precisa de identificar a constelação Cruzeiro do
Sul para obter precisamente a direção sul.
É possível saber para que lado é o Norte
observando onde cresce musgo
Isto até pode ser verdade em algum local do
mundo, mas pessoalmente vejo musgo a nascer
virado para todas as direções, nomeadamente
em sítios húmidos e com sombra. Não me parece ser possível haver um padrão seguro para
identificar a direção pelo local onde cresce o
musgo e eu nunca usaria esta técnica para o
fazer.
Todos os povos aborígenes ou indígenas
são especialistas em sobrevivência
Vemos com regularidade os povos indígenas a
obter água em sítios incríveis, a caçar com ferramentas rudimentares, etc. Como fazem coisas que nós aparentemente não conseguimos,
normalmente na selva ou em zonas remotas,
dizemos logo que são peritos em sobrevivência. Esquecemo-nos no entanto que eles não
conhecem outra vida, aquilo é o seu dia-dia
e foram ensinados desde pequenos a utilizar
aquele tipo de ferramentas e a colocar em prática determinadas técnicas. É por isso que as
dominam e conseguem persistir em ambientes
que nós consideramos hostis. Imagine o que
era um indígena ter de ir viver para uma cidade
sem qualquer ajuda.
Conclusão
Ao tiramos estes mitos da sua cabeça, já o colocamos mais apto a sobreviver se um dia for
necessário. No entanto isto não chega. Ter 10
facas, uma bracelete de paracord e uma pederneira a fazer faíscas e vestir roupas camufladas
não o tornam um especialista em sobrevivência. Dominar minimamente algumas técnicas
de sobrevivência implicam muito estudo, prática e trabalho de campo. Isto não se encontra
apenas em livros ou filmes do youtube, logo se
esta matéria o interessa o melhor será procurar
formação credível na área. ø
Luis Varela
Formador certificado
Instrutor de Bushcraft e Técnicas de Sobrevivência
www.luisvarela.pt
www.escoladomato.com
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
85
Descobrir
pEQUENAS ROTAS EM nISA
PR1: Trilhos das Jans
O percurso tem início e fim na freguesia de Amieira do Tejo (junto ao castelo), concelho de Nisa e
inclui uma variante pela aldeia de Vila Flor. O percurso avança em direção ao Tejo, com uma vista
previlegiada sobre Albarrol, a Ribeira de Figueiró, Gardete (Beira Baixa) e a Barragem do Fratel.
Após descida acentuada até à margem do Tejo, um
trilho de pé posto conduz até aos 3 kms de muro
de sirga até à Barca da Amieira, não sem antes
contemplar a foz do rio Ocreza. Do cais da Barca o
percurso regressa à Amieira do Tejo por caminho
que esperita o castelo e a ribeira da Maia.
características:
Distância a percorrer: 12 km
Duração média do percurso: 3h30m
Local de saída/chegada: Castelo de Amieira do Tejo
Dificuldade: Médio
Cota Mínima e Máxima: 60 - 280 m
Mais Informações: Município de Nisa
86
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
PR2: DESCOBRIR O TEJO
Descobrir
PR’S em Nisa
O percurso tem início e fim na aldeia de Chão da
Velha (junto à antiga escola primária), freguesia de
S. Matias, concelho de Nisa. O percurso percorre
as matas povoadas de eucaliptos, descendo por um
trilho de pé posto, que serpentea um caminho estreito ao longo da encosta pelas barreiras do Tejo,
avançando em direção à margem sul do rio. Do
cais e do parque de merendas obtém-se uma boa
panorâmica desta bacia hidrográfica. Inicia-se então a subida de regresso ao Chão da Velha, por um
caminho de terra batida, atravessa-se uma vereda
até chegar ao ponto mais elevado do trilho, numa
eira, acompanhando uma parede de xisto com remate deitado. Antes de chegar à aldeia, o percurso
ocorre junto a uma fonte e a lagumas construções
em xisto.
características:
Distância a percorrer: 4,250 km
Duração média do percurso: 1h30m
Local de saída/chegada: Antiga Escola primária Chão da
Velha
Dificuldade: Fácil
Cota Mínima e Máxima: 60 - 260 m
Mais Informações: Município de Nisa
PR3: Olhar Sobre a Foz
O percurso tem início e fim na Central Hidroelétrica da Velada, freguesia de S. Matias, concelho de
Nisa. A parte inicial ocorre junto à Ribeira de Nisa
com passagem por uma azenha. Mais à frente atravessa o pontão da represa e percorre o caminho de
terra batida que acompanha a margem direita da
ribeira até à Foz no rio Tejo. O ponto mais exigente
do percurso ocorre na subida até ao alto da colina,
onde se situa um miradouro provilegiado sobre a
ribeira de Nisa e o rio Tejo. Em frente, a linha de
Beira Baixa demarca a paisagem num ponto provilegiado para a observação de aves (águia-pesqueira e garça-real). Após alguns metros surge uma
descida que culmina no pontão que liga as duas
margens da ribeira de Nisa.
características:
Distância a percorrer: 5,75 km
Duração média do percurso: 2h00m
Local de saída/chegada: Central Hidroelétrica da Velada
Dificuldade: Fácil
Cota Mínima e Máxima: 60 - 175 m
Mais Informações: Município de Nisa
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
87
Descobrir
PR4: TRILHOS DO CONHAL
O percurso tem o seu início e fim no Arneiro (junto
à sede da Junta de Freguesia de Santana), freguesia de Santana, concelho de Nisa. Segue em direção à Serra de S. Miguel, com as Portas de Ródão
(monumento natural) no horizonte. Já na cumeada da serram por entre os pinheiros, é aconselhável a visita ao buraco da Faiopa (um dos pontos de
interesse deste percurso). O percurso avança em
direção ao castelo de Ródão, onde se pode contemplar o voo dos grifos, focando ao longe o Tejo, a foz
da ribeira do Vale, o Conhal e Vila Velha de Ródão.
Outro ponto de interesse é o miradouro sobre as
Portas de Ródão, o rio Tejo e Vila Velha de Ródão.
De seguida desce a serra de S. Miguel por trilho de
pé posto pela encosta até ao Conhal com os imensos montes de seixos rolados que o compõem. Antes do Conhal, existe a possibilidade de visita ao
cais do Pego das Portas, no Tejo, com uma panorâmica fantástica sobre as Portas de Ródão. De regresso ao Arneiro, poderão ser visitados os fornos
comunitários onde se cozia o pão.
características:
Distância a percorrer: 9,8 Km
Duração média do percurso: 3h30m
Local de saída/chegada: Arneiro, junto à J.F. de Santana
Dificuldade: Médio
Cota Mínima e Máxima: 75 - 300 m
Mais Informações: Município de Nisa
PR5: À Descoberta de S. Miguel
O percurso tem início e fim na aldeia do Pé da
Serra, freguesia de S.Simão, concelho de Nisa.
Inicia no Largo das Carretas e avança até à igreja
de S.Simão e depois até ao caminho que conduz à
antiga aldeia do Monte Cimeiro, já na encosta da
Serra de S. Miguel. Depois do Monte Cimeiro o caminho continua serra acima até ao seu ponto mais
alto junto ao marco geodésico de primeira ordem
a 463 metros de altitude, o ponto de maior altitude
do concelho de Nisa.
A descida faz-se por trilho que serpenteia a encosta
da serra até à aldeia da Vinagra. No regresso ao
Pé da Serra, tempo ainda para visitar as tulhas do
antigo lagar de azeite.
características:
Distância a percorrer: 9,2 Km
Duração média do percurso: 3h00m
Local de saída/chegada: Pé da Serra, no Largo das Carretas
Dificuldade: Fácil / Médio
Cota Mínima e Máxima: 180 - 463 m
Mais Informações: Município de Nisa
88
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
O percurso tem início e fim na aldeia de Salavessa, freguesia de Montalvão, concelho de Nisa.
Percorre as ruas estreitas da povoação, passando
pela igreja de S. Jacinto, deixa a Salavessa pelas
traseiras da aldeia, onde foram construídas as
primeiras habitações, surgem então os palheiros de xisto, os currais e as furdas. O percurso
segue entre muros, por caminho de terra e de
pedra, com desnível acentuado, acompanhado
por paisagem de sobro, descendo em direção ao
Tejo. Chega-se à margem do Tejo através de um
pontão à borda de água e segue um antigo caminho que termina na “Fisga” do Tejo, uma fenda
artificial que depois de atravessada conduz até
ao primeiro açude da ribeira do Fivelo. O percurso continua por esta ribeira à descoberta de
mais açudes, serpenteando as colinas, passa por
muros apiários, por noras e por um conjunto de
canais de rega outrora utilizados no aproveitamento das águas para irrigação das hortas. Deixa-se a ribeira do Fivelo numa subida de regresso à Salavessa, junto aos socalcos de oliveiras.
Descobrir
PR’S em Nisa
PR6: Rota dos Açudes
características:
Distância a percorrer: 10,6 Km
Duração média do percurso: 3h30m
Local de saída/chegada: Salavessa, no Largo da Escola
Dificuldade: Médio
Cota Mínima e Máxima: 60 - 235 m
Mais Informações: Município de Nisa
PR7: ENTRE AZENHAS
O percurso tem início e fim em Montalvão, junto à igreja Matriz. Antes de iniciar a caminhada
sugere-se uma visita ao castelo, à igreja, zona histórica e forno comunitário. O percurso segue até
às encostas do rio Sever, passando junto ao cemitério e às ruínas da Capela de Santa Margarida.
Atravessa a Eira do Ferreira, percorrendo trilhos
vincados entre eucaliptos e alguns pinheiros, outrora palmilhados por camponeses e contrabandistas. Chega-se à margem do Sever por trilho entre
denso arvoredo, numa zona de declive acentuado,
onde abundam as fontes e as nascentes. Encontra-se primeiro a Azenha do Nogueira e depois a do
Artur, sempre a contemplar a paisagem espanhola
do outro lado do Sever. Podem também contemplar-se algumas construções em xisto. O percurso
abandona a margem do rio em subida acentuada
para depois regressar a Montalvão por caminhos
de terra batida, por entre muros e ruínas em xisto.
características:
Distância a percorrer: 6,5 Km
Duração média do percurso: 2h30m
Local de saída/chegada: Montalvão, junto à Igreja Matriz
Dificuldade: Fácil / Médio
Cota Mínima e Máxima: 120 - 330 m
Mais Informações: Município de Nisa
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
89
Descobrir
PR8: Trilhos do Moinho Branco
O percurso tem início e fim em Montalvão, junto
à igreja Matriz. Antes de iniciar a caminhada sugere-se uma visita ao castelo, à igreja, zona histórica e forno comunitário. Avance pela estrada que
liga Montalvão a Póvoa e Meadas e, na saída da
povoação, vire no primeiro caminho à esquerda
que conduz até às encostas íngremes do rio Sever.
Atravessa trilhos outrora percorridos por camponeses e contrabandistas, tem como um dos pontos
de interesse o chafariz de Palos, passa pela Tapada
da Queijeira e no Alto da Pobreza obtém-se uma
vista previlegiada sobre a foz da ribeira de S.João
que divide os concelhos de Nisa e de Castelo de
Vide. Chegado à Azenha do Moinho Branco, zona
de declives acentuados, esculpida pelos cursos de
água, o percurso acompanha a margem do rio Sever, com a vizinha Espanha do outro lado, numa
zona de vegetação densa, onde abundam as fontes
e as nascentes, com algumas construções tradicionais e abrigos em xisto. Um pouco mais abaixo o
percurso abandona o rio, alcançando o pontão do
ribeiro do Lapão, construído em xisto sobre um
leito de pedra polida, com o abrigo de pescador já
bem perto. O regresso a Montalvão é feito por subida através de trilhos de pé posto, com passagem
pela Eira do Ferreira.
características:
Distância a percorrer: 14 Km
Duração média do percurso: 4h00m
Local de saída/chegada: Montalvão, junto à Igreja Matriz
Dificuldade: Médio
Cota Mínima e Máxima: 120 - 330 m
Mais Informações: Município de Nisa
90
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
O percurso tem o seu início junto à ribeira de Sor,
na confluência das freguesias de Alpalhão (concelho de Nisa) e de Vale do Peso (concelho do Crato)
e o seu fim na ponte sobre o rio Tejo, freguesia de
Santana, concelho de Nisa. Compreende a passagem do Caminho de Santiago pelo concelho de
Nisa, nomeadamente do Caminho Português do
Interior ou Caminho do Leste de Portugal, como
é também conhecido. Atravessa as freguesias de
Alpalhão, Espirito Santo, Nossa Senhora da Graça,
S. Simão e Santana. Encontra-se já sinalizado com
a sinalética convencionada para os Caminhos de
Santiago (seta amarela e a vieira). Será, numa 2ª
fase, proposta à Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, sua homologação com percurso de Grande Rota.
características:
Distância a percorrer: 34,141 km
Duração média do percurso: 9h 00 m (aconselha-se a
realizar em 2 jornadas)
Local de saída/chegada: Freguesia de Alpalhão (junto à
ribeira de Sor) e ponte sobre o rio Tejo
Dificuldade: Médio / Alto
Cota Mínima e Máxima: 75 -350 m
Mais Informações: Município de Nisa
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
91
Descobrir
PR’S em Nisa
GR: Caminho de Santiago no concelho de
Nisa
Descobrir

Receitas Outdoor
Uma rubrica destinada à partilha
de receitas e sugestões
de Cozinha Outdoor.
Partilha as tuas receitas Outdoor preferidas!
Envia-nos um email para [email protected]
e poderás ver a tua receita na próxima edição da
Revista Outdoor e no Portal Aventuras.
Fusilli Tapa Bucho
Ingredientes:
■■ Fusilli tricolore (aprox 200 gr)
■■ Cogumelos Inteiros (a mesma me-
dida)
■■ Espargos Brancos (a mesma medi-
da)
■■ Nozes (um punhado de aprox .50
grs)
■■ 2 c.sopa Azeite
■■ Metade de um Queijo mascarpone
■■ Sal, pimenta q.b
Como Preparar:
Cozer a massa até ficar al-dente e reservar parte da água da cozedura.
Saltear os cogumelos inteiros no azeite
durante 3 minutos, juntar os espargos
cortados aos pedaços e cozinhar mais 5
minutos. Adicionar a massa fusilli tricolor e mexer.
Junta-se o queijo mascarpone e envolver bem.
Adicionar a água da cozedura da massa e cozinhar por 2 minutos, misturar
as nozes inteiras e temperar com sal e
pimenta.ø
Ricardo Mendes
92
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Descobrir
Foto: José Carlos Sousa
 Livro Aventura: Vagabundo dos Mares
N
Descobrir
Livro Aventura
asci a 2 de novembro de 1971 no Funchal, capital do arquipélago da Madeira. Desde cedo,
muito por influência dos meus pais, açorianos,
o meu quintal foi mar. Foi nesse espaço que
comecei por aprender a nadar, que descobri a
biodiversidade da linha de costa da ilha e que mais tarde,
tomei contacto com o instrumento que tornaria a linha do
horizonte uma porta para o mundo: uma prancha à vela!
Creio que tudo começou por volta dos dez anos, quando
consegui ter autonomia suficiente em cima de uma prancha para poder estabelecer objetivos concretos. E a primeira
“travessia” que efetuei foi feita entre o Clube Naval do Funchal, Quinta Calaça, onde aliás aprendi a velejar, e o ilhéu
do Gorgulho, mesmo em frente ao Lido. O facto de poder
efetivamente lá ir e voltar pelos meus próprios meios, movido apenas pelo frágil equilíbrio entre eu, o equipamento e os
elementos - vento e mar - foi inacreditavelmente profundo e
mudou para sempre a minha perspetiva do que era o windsurf. Não se tratava apenas de algo que utilizava para passar
os meus tempos livres. Através deste incrível desporto, podia estabelecer metas, objetivos, que me levavam aos meus
limites, mas que de alguma forma sentia ter a capacidade
para ultrapassar. Ao contrário de todos os outros desportos
que pratiquei, onde em algum momento, os obstáculos que
naturalmente surgiam, pareciam-me intransponíveis, neste
em particular, sentia ter a capacidade para lidar com as dificuldades e para ir sempre um pouco mais longe.
Com o passar dos tempos, juntamente com os meus irmãos e
amigos, percorremos toda a costa madeirense. Depois olhámos para o horizonte. E o que víamos? Ilhas. Havia que as
ligar. A convite do Parque Natural da Madeira, por ocasião
da inauguração da casa dos vigilantes da natureza nas Desertas, efetuámos a travessia Caniçal - Desertas já em 2005.
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
95
Descobrir
Nesse mesmo ano, eu e o meu irmão mais velho,
juntamente com mais dois amigos de longa data,
efetuámos a travessia Porto Santo - Madeira. Só
nos faltavam as Selvagens. Mas para tal, sabíamos que a logística seria muito mais pesada,
pelo que ficámos a aguardar pela oportunidade.
Esta surgiu em 2011, no ano em que a reserva
natural das Selvagens celebrava quarenta
anos desde a sua criação, tal como eu,
que celebrava a entrada nos “entas” nesse ano.
tico, ao confundi-lo com comida, ou quando as
manchas de poluição, que invariavelmente surgiam no interior do porto do Funchal nos anos
oitenta, manchavam irremediavelmente a brancura das nossas velas e pranchas.
Nas ilhas Selvagens pude voltar às origens mas
também pude eventualmente ter uma visão
do futuro, queiramos nós seguir esse
rumo. Não é só o azul profundamente cristalino das águas, a frescura
“Nas ilhas Selvado vento ou a subtileza do ar. É
a comunhão do homem com a
A Selvagem Pequena ficará
gens pude voltar às
natureza, num profundo respara sempre gravada na miorigens mas também
peito e compreensão do prinha mente como a materialipude eventualmente ter
meiro pela segunda e a certezação do paraíso na terra. Pauma visão do futuro,
za de que é possível vivermos
lavras não farão jus a esta ilha
com
qualidade num ambiente
e seus baixios, mas a chegada
queiramos nós seguir
sustentável. Tudo isto tocou-me
a esta ilha de prancha, o cheesse rumo. “
fundo e veio dar um significado
gar aquela minúscula praia de
enorme à travessia Madeira Selvaareia branca, sulcada por rochegens. Não era só o facto de querer ir
dos e baixios e depois deixar todos os
mais além. Era fazê-lo por uma causa e
sentidos interiorizarem aquele momento
tão especial, foi um privilégio e senti-me como uma causa em que eu acreditava e com a qual
me identificava plenamente.
se estivesse a chegar a casa...
O meu local de trabalho diário é o mar. A qualidade desse ambiente de trabalho depende da- Voltando um pouco atrás, algures pelo caminho,
quilo que o ser humano faz em terra e no mar. surgiu o palco por excelência onde podia testar
Essa realidade ficou brutalmente plasmada na a minha evolução na prancha à vela: as regatas!
minha adolescência, quando vi pela primeira Logo na primeira que realizei, que não tive cavez uma tartaruga asfixiada por um saco plás- pacidade de terminar, apercebi-me da beleza de
96
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Descobrir
Livro Aventura
uma regata de prancha à vela, onde a complexidade inerente à multitude de variáveis que era
necessário processar a cada momento – vento e
suas oscilações, orografia da costa e sua influência no vento, correntes, nuvens, afinações do
equipamento, campo de regatas, restantes velejadores, gestão de energia, etc, coexistia com a
naturalidade de velejar ao sabor do vento. Das
competições regionais, que nos anos 80 desempenharam um papel preponderante na minha
formação como velejador, mas acima de tudo
como pessoa, passei para eventos de carácter
nacional e num ápice estava a fazer regatas com
velejadores de todo o mundo. E então, como se
de um acidente de percurso se tratasse, participei num evento que moldaria o meu futuro até
os dias de hoje: os Jogos Olímpicos.
Desde os meus dezasseis anos que a minha
vida tem sido pautada por ciclos de quatro anos.
Que culminaram sempre com uma presença no
maior evento desportivo do planeta.
Todos estes ciclos foram distintos. Nuns
descobri a improvável simbiose entre uma vida académica e um percurso desportivo, noutros velejei
“Em 2007, senti
pela sempre complexa relação
que a vida que tientre o mundo da engenharia
nha era um privilégio
e campanhas Olímpicas e,
noutros ainda, limitei-me a
demasiado bom para se
ser um vagabundo do mar.
restringir à minha pes-
soa e resolvi começar a
Em 2007, senti que a vida que
partilhar as minhas
tinha era um privilégio demasiado bom para se restringir à
vivências.“
minha pessoa e resolvi começar
a partilhar as minhas vivências. De
um pequeno parágrafo inicial, escrito
em Qingdao, na China, onde apenas referia a dimensão da marina Olímpica, surgiu um primeiro livro, “Crónicas de um velejador”.
Em 2009, quando retomei a escrita, entendi que
teria de ir mais fundo. Queria escrever algo com
alma. Afinal, como escreveu Jack Kerouac: “Se
não se escrever com alma, para quê escrever?” E
assim surgiu um segundo livro, “Vagabundo dos
Mares”.
Este livro relata, em particular, o ciclo que culminou com a minha sexta participação em Jogos Olímpicos, desta feita em Londres 2012. É
um testemunho, na primeira pessoa, do que
se passou, relatando as viagens, os treinos e
as competições. Mas é também uma partilha
de emoções, sentimentos, alegrias e tristezas.ø
João Rodrigues
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
97
Descobrir
 Projeto
VAGAMUNDOS
Nos arredores da vila tibetana de Tâgōng a 4000 metros de altitude
S
Descobrir
Aventura
Volta ao Mundo
VagaMundos
er vagamundo requer alguns ingredientes especiais: uma grande dose de
curiosidade pelo mundo, uma pitada
de loucura, misturada com um pouco
de desejo pela aventura, uma porção
de tolerância e muita busca de informação para
apurar a logística. Resultado? Uma insaciável
sede por conhecer novos lugares, novas gentes,
novas culturas.
São estes os ingredientes base que nos incitam
a procurar constantemente um novo recanto do
mundo a explorar. Observar, descobrir e fazer
parte das histórias de outros que, como nós, são
cidadãos do mundo. As viagens têm-nos possibilitado conhecer muitas e distintas realidades, abrir
os olhos para o Mundo, têm-nos ensinado a viver
com o Outro, com a mais-valia de aprendermos a
saber olhar para o Eu. Muitas vezes descobrimos
que é mais o que nos une do que o que nos separa
nesta “aldeia global”!
Rio Mekong, Laos
O blog das Crónicas de “Um” VagaMundo nasceu
da necessidade de dar expressão ao nosso gosto
pela escrita e pela fotografia, e da vontade de partilharmos as nossas experiências de viagem, ajudando potenciais viajantes e levando os nossos
leitores a viajar connosco. No fundo é um espaço
onde conciliamos as nossas três maiores paixões:
a escrita, a fotografia e as viagens.
Soubemos que as viagens vieram para ficar na
nossa vida em plena Lua de Mel! Em vez duma
Lua de Mel “convencional”, decidimos passar
um mês a calcorrear alguns países da América
Latina. Pusemos mãos à obra e montámos nós a
nossa viagem.
Maravilhámo-nos com o engenho humano em
Machu Picchu no Perú, ficámos boquiabertos
com a imensidão do Deserto do Atacama no Chile, deixámo-nos encantar pelas cores vivas das
lagunas da Bolívia, deixámos o tango de Buenos
Aires invadir a nossa alma, desembarcámos na
remota Colonia del Sacramento no Uruguay em
busca das quinas no brasão português. A viagem
foi de tal maneira marcante que apercebemo-nos
ali que o mundo é uma caixinha de surpresas a
serem descobertas e que era preciso mais do que
três vidas para o conhecer todo! Portanto, urgia
fazermo-nos à estrada!
Sonhamos frequentemente com uma volta ao
mundo por meios terrestres e marítimos para
sentirmos verdadeiramente a distância que separa os países e as culturas, sentirmos as diferenças
e as dificuldades. Até porque não é igual percorrer 1000km por terra na Europa ou em África.
O avião não nos dá esta consciência e perde-se
Aiguille du Midi, Mont Blanc, Alpes Franceses
Hackberry (Route 66), Arizona, USA
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
99
Descobrir
Machu Picchu, Peru
muito do caminho. Na nossa perspectiva, uma viagem é como uma
maratona, não uma corrida de
velocidade. E para se conhecer
estas culturas é primordial estar
no terreno. Que sonhos, medos,
ambições tem uma família em
Lagos na Nigéria, ou em Seoul na
Coreia, ou em Goa na Índia?
“Este ano está a
ser também um ano
de grandes aventuras.
Em Março e Abril percorremos a Turquia de
uma ponta à outra,
(...)”
Pensar em não viajar faz-nos morrer lentamente! Por isso, alimentamos
o sonho de um dia poder fazer das viagens o nosso modo de vida. Por enquanto são os
empregos que nos permitem e possibilitam fazer
um largo número de viagens e, inclusivamente,
deram-nos a possibilidade de viver na Dinamarca e nos Estados Unidos nos últimos quatro anos.
Contas feitas podemos dizer que, a dois, já vagamundeamos por cerca de meia centena de países em praticamente todos os Continentes (está
em falta a Oceania). Todas as nossas viagens
nos enriquecem e podemos dizer que ainda não
encontramos um país ao qual não tivéssemos
vontade de regressar.
Entre as mais marcantes está uma roadtrip de
um mês pelos Estados Unidos, entre Las Vegas
e Yellowstone, percorrendo, ao longo de 4000
milhas, alguns dos mais emblemáticos troços da
100
mítica Route 66 e fazendo trekking em lugares de uma beleza natural de tirar o fôlego,
como o Grand Canyon, as
Rocky Mountains e as Canyon Lands. Foi a cereja em
cima do bolo após uma estadia de 6 meses em Boston.
Outro destaque vai para a
nossa viagem do ano passado
pelo Sudeste Asiático, desde Singapura a Luang Prabang. Ao longo
desse mês e meio papiamos português com
os nossos ascendentes de Malaca, percorremos
a agitada e empolgante Bangkok, deixamo-nos
maravilhar pela grandiosidade do Angkor Wat no
Camboja, mergulhamos nas paradisíacas águas
de NhaTrang no Vietnam, e fomos ao banho com
os elefantes no rio Mekong no Laos.
Este ano está a ser também um ano de grandes aventuras. Em Março e Abril percorremos a
Turquia de uma ponta à outra, desde a sempre
mágica e exótica Instambul às margens do lago
Van, na fronteira com o Irão. Os dias passados no
Curdistão turco, onde convivemos com famílias
curdas em Urfa, na fronteira com a Síria, e fizemos couchsurfing com estudantes em Dyarbakir,
foram das mais intensas e inesquecíveis experiências de viagem das nossas vidas.
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Descobrir
Vagamundos
Imensamente intensos foram também os meses
de Maio e Junho, durante os quais percorremos
a pé os 800kms que separam a vila francesa de
Saint-Jean-Pied-de-Port de Santiago de Compostela. Foi uma viagem a todos os níveis diferente
de tudo o que já tínhamos feito, não só pela exigência física, mas sobretudo pela sua componente espiritual. Não sabemos quantas milhares de
palavras serão precisas para transmitir todas as
experiências e emoções que vivemos no Caminho de Santiago, mas esperamos vir a descobrir
logo que regressemos do Oriente.
É que presentemente estamos na “tibetana”
Kanding, na província chinesa de Sichuan que
faz fronteira com a Região Autónoma do Tibete. Estamos praticamente no começo da nossa
última viagem de 2013, que teve o seu início na
gigantesca Pequim, em Agosto, e cujo o término
está previsto para Dezembro na frenética Bombaim.
A viagem tem sido muito rica em aventuras mas
infelizmente, devido à great firewall chinesa que
bloqueia vários sites, entre eles o blogspot, não
temos podido partilhar no blog as nossas emoções e experiências. Mas esperamos, uma vez
chegados ao Nepal, poder voltar a partilhar os
nossos olhares e “vagamundagens” com os nossos leitores. Por isso passem pelo blog e descubram por onde andamos agora.ø
Vagamundos
www.cronicasdeumvagamundo.blogspot.com
Petra, Jordânia
Angkor Wat, Camboja
Sobre os
vagamundos
O Alexandre (35 anos) parte para a Alemanha para tirar
o mestrado em Economia Internacional. Viver em terras
germanas despertou ainda mais a sua vontade de viajar.
O gérmen já lá estava. Não foi preciso muito para o fazer
brotar. Numa altura em que reservar uma cama numa
pousada da juventude na Bélgica ou descobrir os horários de comboios na Polónia eram tarefas complicadas, o
Alexandre aproveitava todas as oportunidades para poder atravessar fronteiras. Trabalhou 6 anos na área de
Mercados Financeiros, mas o trabalho de escritório condicionava demasiado o seu espírito de viajante. Começou a candidatar-se a posições no estrangeiro e foi aí que
surgiu a oportunidade como professor/researcher numa
faculdade na Dinamarca. Isto representava viver em países estrangeiros como a Dinamarca e os EUA, bem como
muitas deslocações a outros países. Abriram-se as portas
para viver o sonho do viajante.
A Anabela (38 anos) descobriu o bichinho das viagens
com o Alexandre. Inicialmente tinha receio do desconhecido, fruto da inexperiência. Ele falava-lhe das viagens que havia feito. Ela ficava empolgadíssima. Depois
da primeira viagem juntos à histórica Roma, romântica
Veneza e inesquecível Florença... Nunca mais conseguiu
parar de sonhar com outros destinos! Depois de dez anos
a ensinar línguas, a ida para a Dinamarca foi a oportunidade ideal para se dedicar à tradução/revisão como
freelancer, o que lhe dava a liberdade de trabalhar em
qualquer ponto do mundo e permitia acompanhar o Alexandre nas suas viagens de trabalho.
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
101
Atividades Outdoor
Kayak Tour
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
Curso de Iniciação ao Alpinismo
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
OS COGUMELOS DA ECOPISTA DO DÃO
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
escalada e rappel em sintra
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
STAND UP PADDLE (SUP)
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
gruta/Labirinto
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
102
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Atividades Outdoor
RAFTING NO TÂMEGA
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
GPS PAPER EM SINTRA
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
Paintball nas termas do vimeiro
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
CANYONING COM CAUDAIS DESAFIANTES
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
BIRDWATCHING NO DOURO
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
Transalgarve
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
103
Desporto Adaptado
O MERGULHO NÃO É SÓ
PARA “SUPER HOMENS”!
L
onge vai o tempo em que o mergulho
com escafandro autónomo era considerada uma prática exclusiva para
nadadores experientes, quase uns
“super homens” com uma forma física invejável. Aos poucos foi-se “decifrando” essa
equação e, atualmente, para conhecer o mundo
subaquático e as maravilhas que esconde, basta
querer!
O Rei Neptuno abriu as suas portas a todos. Isso
mesmo, a todos sem qualquer exclusão de sexo,
raça, credo e condição física. O mergulho adaptado é uma prática inclusiva e permite que pessoas com limitações físicas ou sensoriais possam
praticar esse desporto, além de promover bem-estar e alegria, num contacto íntimo com a na104
tureza. Todos os mergulhadores afirmam que a
emoção é garantida.
O mergulho autónomo adaptado é uma prática
desportiva legalizada, representada em Portugal
pela Disabled Divers International (DDI), que foi
recentemente reconhecida pelo Governo Português. Desta forma, para conhecer de perto os
mistérios do fundo do mar, é necessário o acompanhamento de um profissional devidamente
treinado pela organização, garantindo, assim, a
segurança e o profissionalismo da atividade.
O primeiro contacto com o mergulho é através
de um batismo em piscina. É neste exato momento que a pessoa aprende algumas noções
básicas, pois para mergulhar é necessário equi-
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Desporto Adpatado
Mergulho
pamento especial que permite respirar debaixo
de água. Algumas pessoas requerem mesmo
equipamento especial adaptado à sua condição,
no entanto, cada caso é um caso.
Algumas Curiosidades
Como o próprio nome diz, o mergulho adaptado
envolve as práticas de mergulho convencionais,
com algumas adaptações de materiais e técnicas. Por exemplo, no mergulho convencional
(para a pessoa sem deficiência), os praticantes têm de mergulhar sempre em dupla. Já na
prática adaptada para tetraplégicos ou cegos e
surdos, é necessário mergulhar acompanhados
por mais pessoas dependendo da situação, a fim
de aumentar a segurança. Mas nunca em dupla
como usualmente se pratica.
Um dos atrativos do mergulho é que,
radical em que “a cadeira de rodas fica em
embora seja considerado uma
casa!” – palavras do Fundador da DDI,
prática desportiva, não existe
Fraser Bathgate.
qualquer competição entre
O mar proporcioos participantes. É uma
Mergulhar é bom e faz
na uma inclusão sem
atividade onde o lazer e
bem
igual. Não são necessárias
o bem-estar imperam. E
a vida marinha proporMergulhar não faz milacadeiras de rodas, andarilhos
ciona essa descontragres! No entanto, os efeiou muletas. Quanto muito, algução. Debaixo de água
tos terapêuticos são senmas adaptações como as luvas de
o mundo apresenta
tidos desde o primeiro
cores diferentes e os
momento. E onde comepato para quem não pode usar
animais marinhos são
ça
essa reabilitação? No
barbatanas ou uma máscara fauma verdadeira descobem-estar que se sente…
cial para que tem dificuldade
berta. Os polvos são uns
com o regulador e com a
brincalhões e os safios, há
Ana Gago foi a primeira
quem diga, são os melhores
mergulhadora em Portugal
máscara.
amigos do homem debaixo
a obter uma certificação DDI
de água, o equivalente ao nosso
OWD (Open Water Diver). A partir
cãozito.
de então mergulha sempre que pode e
O mar proporciona uma inclusão sem igual. Não
são necessárias cadeiras de rodas, andarilhos
ou muletas. Quanto muito, algumas adaptações
como as luvas de pato para quem não pode usar
barbatanas ou uma máscara facial para que tem
dificuldade com o regulador e com a máscara.
A DDI usa as máscaras da Ocean Reef, pois são
aquelas que melhor se adaptam a todos os rostos, dando a possibilidade a muitas pessoas com
paralisia cerebral e deficiência intelectual a ficarem mais confortáveis debaixo de água.
No mar a comunicação é por sinais. No caso dos
invisuais sentem-se mesmo em casa. Para os
surdos é usada uma comunicação táctil desenvolvida pela DDI e os meios audiovisuais fazem
o resto. No fundo do mar o espetáculo de luz e
cor falam por si.
O mergulho é o único desporto considerado
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
105
Desporto Adaptado
garante que “não mergulho tanto como queria”.
A mergulhar sente-se em casa e não se cansa
de dizer “mergulhar é a minha terapia”. Recentemente alcançou outro nível de mergulho
o AOWD da DDI (Advanced) que lhe permite ir
mais fundo e assim já visitou lugares que sempre pensou não estarem ao seu alcance. Vê-la
mergulhar num naufrágio como o River Gurara,
em Sesimbra, ou enfrentar o mar da Fonte da
Telha, onde saem a partir de terra, é surpreendente até para muitos mergulhadores experientes. Ana Gago, hoje, faz parte desta grande família em Portugal que são os mergulhadores. Há
melhor processo de inclusão que este?
mergulho notam-se melhorias ao nível da concentração, auto-estima e sociabilização”. Para
Bathgate “estes são os três passos essenciais
para a reabilitação de uma pessoa”.
Fraser Bathgate, presidente da DDI, confirmou
recentemente numa conferência internacional
em Vilamoura (AAATE) que “a prática regular
de mergulho melhora os níveis de auto-estima
substancialmente” e “consequentemente temos
uma pessoa mais apta a colaborar com a sua
terapia”. O trabalho de Fraser tem-se centrado
nos Estados Unidos com o apoio da Deptherapy
Foundation e da Universidade de John Hopkins.
O grupo alvo do seu estudo são jovens soldados,
vítimas de guerras. “Além das sequelas físicas
estes jovens estão revoltados e fechados para a
sociedade” referiu Fraser “no estudo que conduzimos, após uma semana de introdução ao
Onde mergulhar em Portugal?
106
Todos estes trabalhos podem, e devem, ser aplicados à sociedade civil. Paulo Guerreiro realça
que “é reconfortante ver os progressos feitos
pelas pessoas deficientes que procuram o mergulho”. Para o representante da DDI em Portugal estas pessoas são comumente chamadas de
“mergulhadores especiais” pois para ele “no
fundo do mar todos temos de nos adaptar. Não
somos peixes, ou somos?”.
Em Portugal pode encontrar vários centros de
mergulho adaptados, devidamente identificados
com o logotipo da DDI. Podem ser encontrados
no site da DDI, no seguinte link:
http://www.ddivers.org/
Para mais informações o representante da DDI é o instrutor Paulo Guerreiro. ø
Julho_Agosto_Setembro 2013 OUTDOOR
Vanda Pinto e Paulo Guerreiro
[email protected]
[email protected]
Espaço APECATE
TURISMO SUBAQUÁTICO
UM NOVO NICHO DE MERCADO A DESENVOLVER
O
mar desde sempre despertou paixões e desafios ao longo da história
do Homem. Na realidade, torna-se
difícil dissociar a evolução da espécie humana deste elemento, seja
por razões alimentares, bélicas ou de descoberta de novos horizontes. Num planeta em que os
oceanos predominam, a exploração deste meio
faz parte da nossa evolução e remete-nos para a
aventura do mundo subaquático ainda com muito por descobrir.
litares, trabalhos de construção e manutenção
subaquáticos e à investigação marinha. Os equipamentos utilizados exigiam grandes cuidados
de segurança e uma boa compleição física por
parte dos mergulhadores. Estes fatores limitavam a descoberta do fundo do mar por parte da
grande maioria das pessoas. A partir de meados
do século XX, Jacques-Yves Cousteau e Emile
Gagnan revolucionaram o equipamento de mergulho tornando-o de mais fácil utilização e mais
seguro. A evolução que o equipamento sofreu até
aos dias de hoje permitiu que, a partir de meados
O mergulho, até início do século passado, esta- do século passado, esta atividade pudesse ser deva, maioritariamente, associado a atividades mi- senvolvida por qualquer pessoa, incluindo porta108
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
A evolução do equipamento, associado à crescente oferta formativa e à paixão dos mergulhadores por descobrir novos locais e experiências,
catapultou o mergulho para um nicho de mercado de âmbito turístico com um impacto cada vez
maior na economia local. Todos os dias mergulham milhões de pessoas espalhadas pelos locais
mais remotos em todo o mundo. Estes grupos
de pessoas, vindas de todos os cantos do mundo,
deslocam-se com o propósito de mergulhar e de
descobrir novas culturas e tradições, maioritariamente em grupo e, em muitos casos, acompanhados pela família.
Foto: Augusto Salgado
Para além das empresas de mergulho as unidades hoteleiras, a restauração, o comércio local e
as empresas de animação turística vêem, neste
novo nicho de mercado, um novo fôlego económico. Portugal não é exceção à regra e tem visto
nos últimos anos um número crescente número de novos mergulhadores. Este é um nicho de
mercado vital, que pode, segundo estudo de impacto económico realizado no âmbito do Projecto
Ocean Revival, provocar a vinda de mais
de cem mil turistas subaquáticos por
ano, em cinco a dez anos de exis“Para além
tência do mesmo. O Turismo
da formação báSubaquático está muito pouco
dinamizado existindo grande
sica, como mergulhapotencial de crescimento,
dor autónomo, existem
da ordem dos dez por cendiversas especialidades que to anuais, mesmo durante
dora de deficiência, desde que
reunisse condições mínimas
a fase de crise que estamos
podem ser feitas de forma
de saúde. Assim, o mergulho
a
atravessar. Por outo lado,
a ir ao encontro da moautónomo começou a despertar
face à sua concorrência intivação de cada um
o interesse de todos os apaixonaternacional, Portugal oferece
(...)”
dos pelo mar, pela aventura e pela
grandes vantagens competitivas
descoberta de novas sensações. Radiferenciadoras, das quais se despidamente surgiram várias instituições
tacam:
que se organizaram para possibilitar a formação de novos mergulhadores ao mesmo tempo
Boas condições para o mergulho
que uma nova indústria começava a formar-se, a
Mergulho na Primavera e Outono
do Mergulho Recreativo.
Sol e bom tempo a maior parte do ano
Hospitalidade
Para além da formação básica, como mergulhaSegurança
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
109
Espaço APECATE
Turismo
TurismoSubaquático
Bicicleta
dor autónomo, existem diversas especialidades
que podem ser feitas de forma a ir ao encontro
da motivação de cada um, tais como fotografia
subaquática, mergulho profundo, mergulho em
naufrágios, mergulho noturno ou mergulho com
veículo de propulsão subaquática, entre muitos
outros. Para os que não possuem certificação, e
gostariam de experimentar a modalidade, as escolas e os centros de mergulho disponibilizam
uma atividade de descoberta da modalidade em
ambiente controlado de piscina ou mar, vulgarmente chamado Batismo de Mergulho.
“Portugal, nos últimos anos, tem vindo
a subir de nível na lista
dos destinos de eleição na
comunidade de mergulho
nacional e internacional. “
Boas acessibilidades
Muito boas infraestruturas
hoteleiras e náuticas
Excelente gastronomia e vinhos
Grande oferta turística complementar
Destino para a família
Empacotamento dos vários produtos turísticos
Preços competitivos
Portugal, nos últimos anos, tem vindo a subir de
nível na lista dos destinos de eleição na comunidade de mergulho nacional e internacional. A
extensa costa continental, o Algarve e os Arquipélagos da Madeira e Açores reúnem uma oferta
ímpar e diversificada no que respeita à biodiversidade e paisagem subaquática.
O Parque Natural Professor Luíz Saldanha em
Sesimbra, o arquipélago das Berlengas (Reserva
Mundial da Biosfera), a Costa Algarvia (de Sotavento a Barlavento incluindo o Parque Natural do
Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina), a Madeira e os Açores com as suas águas azuis repletas
de grandes pelágicos e mamíferos subaquáticos,
oferecem locais ímpares a toda a comunidade de
mergulho.
110
Foto: Fernanda Martins
Espaço APECATE
Outras estruturas subaquáticas, muito particulares da nossa costa, funcionam, também,
como polo de atração de mergulhadores internacionais, como
por exemplo, o local de mergulho
nos destroços do L’Océan na Salema
no Algarve. Trata-se verdadeiramente
de um museu subaquático, criado pela DANS e
mantido pela Subnauta, com as suas várias estações com placas que descrevem a peça que se observa, permitindo reler a história da batalha que
teve lugar em 1759 entre Franceses e Ingleses.
A diversidade de lesmas do mar, multicoloridas,
de formas e tamanhos variados, com mais de 150
espécies registadas e identificadas, fazem as delícias dos fotógrafos subaquáticos.
Outra estrutura subaquática de grande importância, fruto de uma iniciativa da Associação Musubmar, é o Parque Ocean Revival localizado a cerca
de duas milhas da costa de Portimão. Este projeto
consta do afundamento de quatro navios da Marinha Portuguesa resultando no maior recife artificial da Europa e num projeto, no género, único
no mundo. Os navios limpos e preparados de forma a garantir a segurança e a proporcionar luz
natural, em quase todas as zonas interiores, per-
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
Foto: Fernanda Martins
Foto: Bruno Freitas
Luís Sá Couto
Subnauta*
*empresa associada da APECATE
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
111
Espaço APECATE
Turismo
TurismoSubaquático
Bicicleta
de, a qual está comprometida por uma legislação obsoleta e ultrapassada, diversa e dispersa,
contraditória e confusa, sem nexo e de difícil
entendimento, tanto pelos agentes económicos
como pelos que a controlam, e que tem gerado
grandes problemas aos operadores turísticos do
setor, dificultando a prestação de serviços de
qualidade e encarecendo, de forma absurda, os
seus custos operacionais. Se nada for feito com
urgência, um nicho de mercado de poder económico médio-alto, que pode contribuir de forma
importante para o nosso desenvolvimento económico, gerando emprego e importação de euros, estará seriamente comprometido. ø
Foto: Bruno Freitas
mitem penetrações acessíveis a todos os níveis
de experiência. O recife já se encontra repleto de
vida marinha e está a tornar-se numa referência
para a comunidade nacional e internacional de
mergulho. Desde outubro de 2012 (altura dos primeiros afundamentos) até finais de setembro já
foram realizados mais de quatro mil mergulhos
o que representa um incremento substancial na
afluência de turistas subaquáticos, inclusive na
época baixa, o que contraria a sazonalidade habitual do Algarve, normalmente, entre julho e setembro.
Portugal tem todas as condições para a promoção
e desenvolvimento de um novo produto turístico,
com argumentos diferenciadores únicos, e grande potencial de crescimento. Infelizmente, não
havendo bela sem senão, existe um fator impeditivo para o normal desenvolvimento da ativida-
Equipamento
Garmin Monterra
Descrição:
O Monterra é o primeiro dispositivo GPS completo com todas as funcionalidades Wi-Fi que
combina a grande capacidade de um GPS exterior Garmin com a versatilidade do sistema
operativo Android.
O Monterra integra o sistema operativo Android num robusto e versátil dispositivo GPS
portátil repleto de funcionalidades, fiável e duradouro. Oferece aos profissionais e entusiastas do ar livre a capacidade de personalizar o
dispositivo GPS para que se adapte perfeitamente às suas necessidades pessoais e profissionais. Agora melhorado, uma vez que podem
levar as suas aplicações a todos os lugares, independentemente da exigência do ambiente.
Mais informações: Garmin
ROCKLAND SHOES
Descrição:
Sapato leve para caminhar, versátil e resistente à água.
Parte superior em malha respirável e impermeável, alta durabilidade no calcanhar e zona frontal pé.
Entressola: leve, com tecnologia cushion massage gel, permite
absorver o impacto do pé nas mais variadas atividades ao ar livre.
Sola: em borracha natural e reciclável com tecnologia rockgrip,
permite maior conforto e tração em todos os tipos de terreno, a
tecnologia rocklite torna o sapato mais leve, ideal para a prática
de desporto ao ar livre.
Mais informações: Rockland
Garmin Approach S2
Descrição:
O Approach S2 é um relógio de golfe com GPS elegante e confortável com um recetor de GPS de alta sensibilidade que apresenta
distâncias precisas para a parte da frente, de trás e meio dos greens. O S2 tem a capacidade de medir a distância das pancadas e
também inclui um odómetro de campos para medir a distância
percorrida total durante a sua ronda. É semelhante ao popular
modelo Approach S1, mas o S2 sobe a parada com distâncias para
layups, doglegs e cartão de pontuação digital.
Mais informações: Garmin
112
Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR
MERRELL Siren Breeze
Mid Waterproof
Descobrir
Equipamento
MERRELL Proterra
Mid Gore-tex
Descrição:
Botas de trekking de look minimalista Fluidos leves e ágeis, combinam o uso das tecnologias Stratafuse que lhe confere leveza e
durabilidade com a membrana impermeável
GORE-TEX e ainda com o sistema ConnectFit que o calçado se molde em torno dos pés
mantendo-os secos e confortáveis.
Descrição:
Botas de Trekking para mulheres com atitude. Têm sola Vibram resistente nos terrenos
outdoor mais agressivos, membrana impermeável WATERPROOF e tecnologia Q-form
especialmente desenhada para a passada
feminina.
Mais informações: Merrel
Mais informações: Merrel
ROCKLAND SHOES
Descrição:
Sapato leve para caminhar, versátil adequado
a atividades ao ar livre.
Parte superior em malha respirável e impermeável, alta resistência no calcanhar e zona
frontal do pé.
Entressola: leve, com tecnologia cushion massage gel, permite absorver o impacto do pé nas
mais variadas atividades ao ar livre.
Sola: em borracha natural e reciclável com
tecnologia rockgrip, permite maior conforto e
tração em todos os tipos de terreno, a tecnologia rocklite torna o sapato mais leve, ideal
para a prática de desporto ao ar livre.
Descrição:
Sapato para caminhar de primeira qualidade, leve e resistente à água.
Parte superior em pele respirável, com
acessórios metálicos, alta durabilidade no
calcanhar e zona frontal do pé.
Entressola: leve, com tecnologia cushion
massage gel, permite absorver o impacto do
pé nas mais variadas atividades ao ar livre.
Sola: em borracha natural e reciclável com
tecnologia rockgrip, permite maior conforto e tração em todos os tipos de terreno, a
tecnologia rocklite torna o sapato mais leve,
ideal para a prática de desporto ao ar livre.
Mais informações: Rockland
OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013
113
A fechar
Festival da bicicleta solidária
Este ano o Festival da Bicicleta vai ser ainda mais animado! Mais música, passeio Cycle Chic, Atividades para
crianças e muito mais!
Não vai faltar, como habitualmente, o encontro e passeio
de bicicletas antigas, passeio para todas as bicicletas, cicloficina e animação com Kumpania Algazarra.
Não vai querer perder esta festa :)
Marque já na sua agenda e não se esqueça de levar géneros alimentares para instituições de solidariedade.
Dia 24 de Novembro, Domingo, concentração pelas 10
horas no Terreiro do Paço.
Inscrições GRATUITAS (deve levar géneros alimentares
para oferecer) mas obrigatórias em:
www.fpcub.pt
el corte inglés são silvestre de lisboa
A edição de 2013, que irá decorrer no dia 28 de dezembro, conta com a prova principal de 10 km (17h30), cujo
percurso sofreu alterações mas manteve a sobejamente
conhecida subida da Avenida da Liberdade até ao Marquês de Pombal.
Para os pequenos atletas, a organização apresenta a Europcar São Silvestre da Pequenada (16h00), uma prova
sem carácter competitivo para crianças entre os 5 e os
11 anos.
Os treinos nos três sábados anteriores ao dia do evento
voltarão a decorrer no Anfiteatro Keil do Amaral - Monsanto.
O mote deste ano é “Desafie-se”, razão pela qual não
existirá a prova de 5 km. Está na altura de superar obstáculos, limites, está na altura de se surpreender! Aceita
este repto?
Sabe mais em www.saosilvestredelisboa.com
Elisabete Jacinto venceU Rali de Marrocos
A equipa OLEOBAN®/ MAN Portugal venceu, de forma
categórica, a 14ª edição do Rallye Oilibya Maroc.
A piloto Elisabete Jacinto ganhou mais uma vez esta
grande maratona africana, feito já anteriormente alcançado em 2010. Os portugueses venceram três das seis
etapas disputadas e mantiveram sempre um grande nível de competitividade face às nove formações da classe
camião, o que lhes permitiu chegar ao lugar mais alto
do pódio sua categoria.
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
114
Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR
Já conheces a agenda outdoor semanal do Portal Aventuras? Descobre a atividade à tua medida e parte à descoberta... Por Terra, Água, ou Ar, a aventura não vai faltar.
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
passatempos portal aventuras
O Portal Aventuras tem constantemente passatempos
com ofertas de atividades, equipamentos, bilhetes para
aventuras, corridas, maratonas e muitos mais!
O que esperas? Participa já nos passatempos em vigor e
habilita-te a ser um dos vencedores!
Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt
OUTDOOR Setembro_Outubro 2011
115
A Fechar
agenda outdoor

Documentos relacionados

Consultar a versão PDF

Consultar a versão PDF mando utiliza um rebreather, e realiza um tipo de mergulho técnico com equipamento de circuito fechado. Por oposição ao mergulho com garrafas de ar, e tal como num ventilador ou num avião, reaprove...

Leia mais

Consultar a versão PDF

Consultar a versão PDF os 25 melhores do mundo com currículo que dispensa apresentações: 9 vezes campeão nacional, nº15 do ranking mundial 8A.nu, 47ª posição no campeonato do mundo de escalada 2012. Aos 15

Leia mais