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www.revistaoutdoor.pt nº12 out/nov/dez 2013 outdoor Revista Torna-te fã AVENTURAS PROFUNDAS Dupla In Silence Entrevista com Tiago Costa os mitos da Sobrevivência O pioneiro do alpinismo Rui Gomes da Silva MONTANHA Kazbek por Luísa Tomé descobrir 16 Caminhadas em Portugal Diretrizes EDITORIAL 05 GRANDE REPORTAGEM In silence - aventuras profundas 06 em família Passeio no Caramulo 12 Curso de escalada em Família 16 aventura Publi-Reportagem - Garmin vib nº12 Outubro a Dezembro 2013 06 20 MONTANHA - Kazbek com Luísa Tomé 22 DESAFIO — Viver a Lenda do Tour 30 entrevista Tiago Costa — Ser guia de trekking 36 POR TERRA 16 Caminhadas em Portugal 40 INDOOR - Preparação Indoor para Trekking 48 INDOOR - Crossfit 54 INDOOR - Entrevista Susana Henriques 56 UMA VIDA DE AVENTURA - O pioneiro do Alpinismo 60 AVENTURA - Makbut 64 ÁGUA DESPORTO - O que é o Mergulho 68 FOTOGRAFIA PORTFOLIO DO MÊS — Carlos Tiza Armando Ribeiro e José Marques formam desde 2004 a equipa In-Silence para explorar naufrágios profundos contemporâneos na costa portuguesa e participar em expedições internacionais de mergulho. 72 36 SOS SAÚDE DO VIAJANTE - Jet Leg 78 Os mitos da sobrevivência 82 DESCOBRIR Pequenas Rotas em Nisa 86 RECEITA OUTDOOR 92 LIVRO AVENTURA — Vagabundo de Mares 94 PROJETO - Vagamundos 98 ATIVIDADES OUTDOOR 102 DESPORTO ADAPTADO O mergulho não é para super-homens 104 Tiago Costa, é uma amante de Outddor. Explorar, viajar e conhecer são algumas das bases da sua vida, mas ser guia de viagens é uma das suas grandes paixões. ESPAÇO APECATE Turismo Subaquático 108 EQUIPAMENTO 112 a fechar 114 Os textos e imagens presentes na Revista Outdoor são da responsabilidade dos seus autores. Não é permitido editar, reproduzir, duplicar, copiar, vender ou revender, qualquer informação presente na revista. 82 Sentir-se completamente perdido numa situação de sobrevivência é perigoso. Mas ainda é mais perigoso acreditar em mitos que se forem colocados em prática podem trazer-lhe problemas... Editorial Ficha técnica cHEGOU O NÚMERO 12! C hegaram os dias de Outono e com eles a nova edição da Outdoor! www.portalaventuras.clix.pt Edição nº12 Com as primeiras chuvas e frio, muitos perdem a vontade de sair para a rua e partir à aventura. Com esta nova edição queremos desafiá-lo a sair de casa e descobrir um imenso mundo de aventuras dentro e fora de portas. Ficar no sofá não é a solução! Iniciamos a nossa viagem pelas aventuras em profundidade da dupla In Silence. Já ouviram falar da descoberta dos restos do avião suíço que se despenhou na Ilha da Madeira em 1977? A não perder esta e outras fascinantes descobertas na Grande Reportagem. Ainda pela água convidamo-lo a saber um pouco mais sobre mergulho e como se iniciar na modalidade. Deixando a água e partindo para Terra, aceitem o nosso convite e venham caminhar no nosso país… são 16 sugestões de percursos que não o vão deixar indiferente. Ainda a pé, estivemos à conversa com Tiago Costa e descobrimos algumas curiosidades sobre uma das suas grandes paixões… ser guia de trekking! Lá por fora, Luísa Tomé levou-nos até ao Kazbek, numa grande aventura na montanha. Estas são algumas das sugestões de leitura deste número 12, mas há mais. São mais de 100 páginas de aventuras, descobertas e sugestões… Aproveitamos este espaço para agradecer a todos os que continuam a colaborar connosco e a lançar um desafio aos nossos seguidores. São fãs de atividades outdoor? Gostavam de ver a vossa aventura na Revista Outdoor? Vão ao nosso site e no formulário contactem-nos com a vossa proposta. Venham daí, libertem o vosso espirito aventureiro e combatam o sedentarismo! Até janeiro e já sabem, continuem a acompanhar as ultimas novidades do mundo outdoor no Portal Aventuras. ø WPG – Web Portals Lda NPC: 509630472 Capital Social: 10.000,00 Rua Melvin Jones Nº5 Bc – 2610-297 Alfragide Telefone: 214702971 Site internet: www.revistaoutdoor.pt E-mail: [email protected] Registo ERC n.º 126085 Editor e Diretor Nuno Neves | [email protected] Marketing, Comunicação e Eventos Isa Helena | [email protected] Revisão Cláudia Caetano EVENTOS [email protected] Colaboraram neste número: ana barbosa, ANA FAIAS, ALEXANDRE, ANABELA, ARMANDO RIBEIRO, Aurélio Faria, artur pegas, BRUNO MILITÃO, CARLOS TIZA, FILOMENA GOMES, JOÃO RODRIGUES, JOSÉ ALBERTO, JOSÉ MARQUES, LUÍS SÁ COUTO, luís varela, luísa tomé, PAULO GUERREIRO, RICARDO MENDES, rui dantas, SÉRGIO CEBOLA, SUSANA HENRIQUES, TIAGO COSTA, VANDA PINTO som Isa helena Design Editorial Inês Rosado Fotografia de capa in silence Desenvolvimento Ângelo Santos 5 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Grande Reportagem Fotos: In-Silence AVENTURAS PROFUNDAS, DUPLA IN SILENCE MERGULHO NA II GUERRA Na quase década já partilhada de aventuras extremas, a dupla testou os limites técnicos e humanos numa expedição a norte do Círculo Polar Ártico. Em Narvik, no mar da Noruega, Armando e José mergulharam em águas frias (5º C) e na história de uma das maiores batalhas navais da Segunda Guerra Mundial. Em abril de 1940, a Marinha britânica lançou a operação Wilfred, e atacou a frota nazi fundeada nos fiordes do norte da Noruega. O alvo principal foi o porto de embarque do minério da Lapónia sueca, fundamental para os esforços nazis de guerra. «A 70 m de profundidade, afundado de lado, no seu interior ainda existem restos mortais, todas as munições no interior, há cargas explosivas de profundidade e minas em redor dos destroços dos navios bombardeados e afundados.» Na expedição a Narvik, houve um mergulho que ainda hoje traz vívidas recordações aos 2 portugueses.«O ex-libris foi termos descoberto o símbolo do navio, - do destroyer Erich Geise -, que é uma águia com metro e meio de envergadura, e nas garras da águia, estar uma coroa de louros com o símbolo nazi, em bronze». Além da profundidade, Armando recorda a escuridão: «A visibilidade máxima é de 10 a 15 metros, há sempre partículas em suspensão, a água é leitosa e nunca totalmente clara, parece que anda sempre uma poeira no ar, é como se estivéssemos no nevoeiro!» OS REBREATHERS «Tem um ambiente incrível, especialmente nos À espera do melhor mas preparados para o pior podia ser o lema destes mergulhadores. Para ultrapassar a cota dos 100 metros e alcançar profundidades atingidas por poucos mergulhadores, Armando e José utilizam “rebreathers” e realizam um tipo de mergulho técnico com equipamento de circuito fechado. Por oposição ao mergulho com garrafas de ar, e tal como num ventilador de um hospital ou num avião, o equipamento reaproveita o gás respirado «Respiremos devagar ou depressa, o volume de consumo é sempre constante, podemos fazer um mergulho de 10 horas. Traz grandes vantagens para mergulhos mais profundos e mais longos; e tem ainda outra vantagem: faz otimização de gases que respiramos, permite-nos patamares de descompressão mais curtos e eficientes porque estamos a respirar mistura mais apropriada para as profundidades a que estamos.» O regresso à superfície desde os 100 metros de profundidade demora normalmente mais de 2 OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 7 Grande Reportagem Aventuras Profundas A rmando Ribeiro e José Marques formam desde 2004 a equipa In-Silence para explorar naufrágios profundos contemporâneos na costa portuguesa e participar em expedições internacionais de mergulho. Em Portugal, ficaram conhecidos pela descoberta do cargueiro grego Agios Nikolaos, afundado ao largo de Peniche e pela localização dos destroços do avião suiço que se despenhou em 1977, na costa sul da Madeira. Fotos: In-Silence Grande Reportagem horas. Registado no computador, o gráfico típico de um mergulho destes mostra uma descida rápida, e pouco mais de 15 minutos no fundo, para uma subida muita lenta que permita a descompressão adequada. A única desvantagem, reconhecida por ambos, são os custos: o preço de um “rebreather” nunca é inferior a dez mil euros. Em termos de mergulho, «levamos ainda camadas extra de roupa porque mergulhos são mais longos, e podemos estar até 4 horas dentro de água, e ficar muito tempo parados nos patamares de descompressão». Máscaras, luvas e computadores são outras redundâncias praticadas a nível de equipamento.«Não queremos que haja falhas, mas vamos sempre a pensar nelas». E para o caso de uma “dor de barriga” a grande profundidade, os mergulhadores usam habitualmente fraldas sob os fatos de mergulho, um truque que evitará problemas adicionais no regresso lento à superfície. AVIÃO A 100M «No início da descida não parecia ser um avião, aos 85m começámos a avistar vulto que parecia antes uma rocha... Com a aproximação, o vulto foi-se definindo, e aí, sim, começámos a ver a cauda do avião, e nadámos em direção aos motores que tem 2 jatos». Só novos mergulhos ainda não planeados podem confirmar oficialmente a descoberta de 2011, mas na Madeira, José Marques e Armando Ribeiro podem ter encontrado os destroços do avião suiço que se despenhou a 18 de dezembro de 1977, a sul da ilha. O alegado destroço do Super Caravelle da já extinta companhia suiça de charters SATA foi localizado a 100 metros de profundidade, a uma milha da costa do Porto Novo, nas imediações do aeroporto de Santa Cruz. 8 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Grande Reportagem Aventuras Profundas Em dois mergulhos, José e Armando não encontraram as caixas negras que podiam ainda explicar o acidente que matou 36 pessoas. Sobreviveram 21 passageiros e tripulantes, incluindo os pilotos a quem foram atribuídas responsabilidades pela aterragem falhada. «Há primeira sensação de bastante alegria de encontrar destroço, depois há segunda sensação mais estranha, quando olhamos para avião quebrado ao meio, na parte das asas... A parte das asas ainda não encontramos... A haver corpos, já estarão desfeitos entre os estofos...» SILÊNCIO E ESCURIDÃO Em termos físicos e de personalidade, Armando e José não têm quase nada em comum, e só os une a falta de cabelo e o gosto pelo mergulho de expedição. «Costumo dizer que o Zé é 80 e eu sou 8. Ele é um pouco mais expansivo e eu sou mais reservado. Acho que fazemos equipa fantástica!», explica o calmo Armando. O extrovertido José prefere antes contar as 2 razões para a escolha do nome In-Silence: «A primeira razão, é o tipo de mergulho profundo que realizamos, e o mergulho em naufrágio, muitas vezes é como mergulhar num túmulo. Alguns destroços são mesmo sepulturas de guerra, nota-se ali algum silêncio sepulcral, e sentimos respeito pela História. Somado a este silêncio, a segunda razão, temos o silêncio dos rebreathers». AGIOS NIKOLAOS Antes do mergulho nos destroços do avião suiço, José e Armando tinham já partilhado outras descobertas em águas portuguesas. «A norte de Lisboa, mergulhámos já no porta-contentores Kassamba, e na zona de Peniche, estivemos no vapor Selir (75m), e no Dago OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 9 “O Agios Nikolaos, (66-70m) foi descoberto por nós em 2006 e foi um naufrágio virgem que ninguém sabia que existia aqui em Peniche». ” Fotos: In-Silence Grande Reportagem (50m)...» Foi, aliás, ao largo de Peniche que os In-Silence tiveram a sensação única de serem os primeiros mergulhar num naufrágio. «O Agios Nikolaos, (66-70m) foi descoberto por nós em 2006 e foi um naufrágio virgem que ninguém sabia que existia aqui em Peniche». A localização do cargueiro grego que transportava minério, e se afundou há mais de quarenta anos nas imediações das ilhas Berlengas, obrigou os dois mergulhadores a muito trabalho em terra. Testemunhas ainda vivas do acidente e investigação histórica deram as pistas certas para a descoberta. «Começámos por ouvir falar, mas não saber nada do naufrágio. Pouco a pouco, fomos conhecendo a história do cargueiro grego, e obtivemos inclusive o relato da companhia de seguros. Há pouco tempo descobrimos que até existem fotos do naufrágio.» ANDREA DORIA A nível internacional, a primeira expedição de Armando e José foi realizada no Atlântico Norte. «Foi a primeira vez que mergulhadores portugueses estiveram no Andrea Doria», recordam à Outdoor. Esta foi uma aventura em que logisticamente tudo correu mal. «O comandante americano do barco que alugámos para nos levar ao “spot” do mergulho tratou-nos “abaixo de cão”, nunca 10 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Grande Reportagem Aventuras Profundas nos deu apoio nenhum, mas desenrascámo-nos, à boa maneira portuguesa». Em águas gélidas, as dificuldades com o caprichoso capitão foram compensadas pelas descidas à cota dos 90m e ao destroço do paquete italiano Andrea Doria, naufragado, em 1956, ao largo da costa leste dos Estados Unidos. PORQUÊ ? Se é escuro e mais difícil que o mergulho recreativo, perguntam-lhes muitas vezes, porque é que arriscam mergulhar tão fundo? Responde José Marques:« Não há essa coisa dos tesouros porque mergulhamos em naufrágios da I e II Guerra, mas somos fundamentalmente motivados pela parte da Arqueologia». Opinião semelhante tem Armando que relembra a desconfiança com que são encarados « Quando falamos destes mergulhos, perguntam-nos logo se vamos à caça de tesouros... O nosso objetivo é simplesmente reviver o passado e depois divulgar essas experiências!» Em Portugal e no estrangeiro, a dupla tem sido chamada regularmente a dar conferências em centros de mergulho e já participou em encontros de internacionais de mergulhadores para relatar as expedições In-silence. VIMINALE E BENGAZI De mergulhos a naufrágios históricos no mar Mediterrâneo, Armando e José guardam recordações diferentes. José Marques tem vívidas memórias do mergulho no Benghazi, um navio italiano que está afundado a sul da Sardenha «Num dos porões tem milhões de objetos de vidro, chamamos-lhe Naufrágio dos Cristais... É ambiente escuro e quando entramos e apontamos os focos, tudo brilha, desde jarros a cristais...» Já Armando, conta o deslumbramento sentido depois de mergulhar no Viminale, o último paquete construído pelo ditador Mussolini e afundado pela aviação Aliada, em 1943. «Foi no estreito de Messina, o Viminale, está na casa dos 115m, naufragou e ficou completamente direito no fundo. Consegue aceder-se à casa das máquinas através de clarabóia no topo do navio. O ambiente é sinistro porque é escuro, e com muito lodo por causa dos motores, mas é interessante!...» José Marques resume em poucas palavras os 9 anos de aventuras partilhadas e arriscadas da dupla In-Silence «As pessoas perguntam-nos sempre se compensa os riscos? E eu respondo sempre que sim... Vemos coisas que pouca gente consegue ver e é espetacular!» ø Aurélio Faria Jornalista OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 11 Em Família Aventura PASSEIO NO Caramulo A Serra do Caramulo é uma elevação com alinhamento montanhoso orientado de NNE para SSO. Ocupa os concelhos de Vouzela, Tondela, Oliveira de Frades, Anadia, Águeda e Viseu. Encontra-se a 280 km de Lisboa e a 120 km do Porto. O seu ponto mais alto denomina-se de Caramulinho com 1076,57, seguido do Cabeço da Neve, estando a 995 m de altitude, segundo o marco geodésico. No passado a serra era conhecida como Alcoba. De origem árabe significa Cúpula ou Zimbório. Poderá entender-se que a toponímia está associada aos aglomerados de Rocha (Caos de Blocos) ou às suas construções megalíticas que datam do neolítico, como as antas, vestígios de castros junto às nascentes dos rios, estradas medievais, cavernas e abrigos nas rochas. A atracão que esta Serra produz sobre turistas, visitantes ou veraneantes está diretamente relacionada com o seu enquadramento natural, com 12 a sua envolvência ambiental, os seus megalitos e as suas árvores frondosas. A sua formação é o resultado de uma convulsão geológica num passado remoto. O substrato da montanha é constituído por granitos (rocha magmática intrusiva), paleozóicos (compreendida entre 540 milhões e 245 milhões de anos atrás, aproximadamente) e xistos ante-ordovícicos. Possui ainda minérios como a galena, a volframite, a pirite de ferro, entre outros que atraíram em tempos remotos o povo romano. A sua cobertura vegetal é variada: O pinheiro-bravo (Pinus pinaster), carvalho negral (Quercus Pyrenaica) e alvarinho (Quercus robur), castanheiros (Castanea Sativa), sobreiros (Quercus Suber), loendros (Nerium oleander), teixo(Taxus baccata) entre outras árvores, dividem o espaço desta serra com paisagens de pradaria, que apascenta o gado bovino ainda criado pelos habitantes das aldeias e com os pequenos núcleos urbanos rústicos. Nas espécies arbustivas predomina a urze, em- Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 Em família Aventura no Caramulo bora nas áreas graníticas seja substituída pelo tojo e pela giesta. Encontramos belas plantas silvestres como abrótea-da-primavera (Asphodelus albus), orquidea selvagem (Serapias cordigera) e açafrão-bravo (Crocus serotinus). Relativamente à fauna facilmente se encontra o coelho bravo (Oryctolagus cuniculus), as aves pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula), tentilhão-comum (Fringilla coelebs), o reptil cobra-rateira (Malpolon monspessulanus), os insetos aranha-carangueijo (Misumena vatia), gorgulho (Lixus angustatus) e a borboleta (Melanargia lachesis). Desta montanha brotam diversos rios que pelo seu percurso alimentam a agricultura e as florestas até chegarem ao seu destino. São eles o rios Agadão, Alcofra, Águeda, Alfusqueiro, Criz, Dinha, Barreiro, Castelões, Múceres, Campo de Besteiros, Mau, Ribeira da Fraga. Nesta serra localizam-se dois grandes mananciais de água mineral comercializadas e conhecidas por todo o país e além fronteiras. São elas a Água do Caramulo, em Varzielas, vertente que pertence a Oliveira de “A Serra do CaFrades e a Água Serraramulo sofreu uma na cujas instalações se encontram em Algrande alteração na sua cafaz, localizadas no paisagem, tendo esta sido concelho de Águeda. devastada por um incênDurante o mês de Agosto de 2013 todos dio de enormes propornós ouvimos falar do ções que atingiu esta Caramulo através da montanha (...)” Comunicação social e das redes sociais pelas piores razões. A Serra do Caramulo sofreu uma grande alteração na sua paisagem, tendo esta sido devastada por um incêndio de enormes proporções que atingiu esta montanha numa grande extensão. Restam porém alguns redutos verdes visitáveis onde é possível realizar atividades para os amantes da natureza. A C.M. de Tondela, ao longo dos últimos anos, sempre demonstrou grande dinâmica no que às caminhadas do Caramulo diz respeito. Foram homologadas 6 Pequenas Rotas sendo elas as Rotas de Santiago, dos Moinhos, do Linho, dos Laranjais, dos Caleiros e das Cruzes. Estas caminhadas estão sinalizadas e é possível fazê-las em autonomia. Por outo lado existem várias empresas que exploram a Serra com fins turísticos sendo possível realizar outras caminhadas que não estão marcadas, onde é necessário haver um guia, pois são visitados outros recantos escondidos onde só é possível ir com ajuda de quem conhece. Destacamos aqui duas caminhadas interessantes são elas 13 Em Família a Rota das Calçadas e dos Caleiros e uma Rota infantil, comercializadas pela Aventuris, empresa de animação turística sedeada em Mortágua. A Rota das Calçadas e dos Caleiros é uma caminhada que se inicia no Caramulinho passando por algumas aldeias típicas do Caramulo, nomeadamente Jueus, Laceiras e Pedrógão. Por lá podemos encontrar as calçadas medievais, os caleiros que são pequenas condutas escavadas na pedra, por onde corre a água desde as ribeiras e que serviam para alimentar os moinhos e a agricultura. Cruzamo-nos com alminhas, moinhos de rodízio e de cuba de aruba, espigueiros, casas rústicas antigas e uma vida rural visível, que perdura apesar dos novos tempos. Fora das aldeias veremos megalitos em granito, minas de água, pastagens, onde é possível avistar rebanhos de vacas e cabras. Passar entre bosques verdejantes constituídos por carvalhos negrais, castanheiros, fetos, bétulas e outros arbustos endémicos, sempre acom“A inovadora panhados pelo chilrear de aves e por cursos de água. caminhada dirigida ao público infantil tem apenas 5 km de extensão onde podemos encontrar todos os principais ícones que caracterizam o ambiente serrano do Caramulo” Tem a extensão de 12 km, é de tipologia circular, com a duração de 4h00/4h30, de dificuldade média-alta, sendo pré-requisitada alguma resistência física. A inovadora caminhada dirigida ao público infantil tem apenas 5 km de extensão onde podemos encontrar todos os principais ícones que caracterizam o ambiente serrano do Caramulo: Os penedos de granito, as aldeias típicas, as alminhas, os prados a vida rural e muito mais! Apropriado para crianças a partir de 4-5 anos sem idade máxima limitada! É de tipologia Circular com a duração de 1h30/2h00 e de dificuldade baixa. Os percursos incluem acompanhamento por guia especializado, seguros de acidentes pessoais e de responsabilidade civil. Há a possibilidade de haver degustação de produtos regionais se comunicado previamente à organização. Para estas caminhadas são necessárias botas e calças de caminhada e resto do vestuário adaptado à estação do ano. Levar água e lanche individual constituído entre outros por sandes, fruta ou barras energéticas. Porém, nem só de natureza se faz o Caramulo. Na vila com o mesmo nome sucederam-se acon- 14 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR A estância sanatorial do Caramulo teve a sua época áurea nos anos 40 e 50 e encerrou no final dos anos 70 aquando do aparecimento das vacinas da BCG e dos antibióticos, provindos dos E.U.A. Abel Lacerda, filho do Dr. Jerónimo Lacerda ini- ciou em 1953 uma extraordinária obra de mecenato, conseguindo em 4 anos entusiasmar e congregar centenas de personalidades nacionais e estrangeiras, que após a sua morte em 1957 criaram a fundação Abel Lacerda, proprietária hoje do Museu do Caramulo. O edifício planeado por Abel Lacerda, para albergar as preciosas antiguidades doadas, foi inaugurado em 1959, tendo sido o primeiro museu em Portugal com todos os requisitos modernos da museologia. Numa ala desocupada João Lacerda, irmão do fundador e continuador da sua obra, decide criar o primeiro museu do automóvel em Portugal, expondo a sua coleção de veículos antigos, consagrando-os como objetos de arte, numa altura em que na Europa os Museus de automóveis eram raros. Neste museu estão expostas coleções desde objetos pré-históricos até arte do século XX, como quadros de Dali e Picasso. Agora mais que nunca a Serra do Caramulo, palco de tanta história, que tanto curou e tanto deu, necessita da nossa visita da nossa estadia da presença de todos para a ajudar a renascer. ø Cláudia Almeida Aventuris www.aventuris.com.pt OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 15 Em família Aventura no Caramulo tecimentos importantes no âmbito da medicina, economia, turísmo e tecnologia nos meados do século XX que deixaram marcas ainda visíveis. Tudo começou com Dr. Jerónimo Lacerda o criador da estância Sanatorial do Caramulo A sua data de início foi em 1920, criou dinâmica e aumentou o desenvolvimento social, económico e urbanístico do Caramulo e Tondela, através da criação, na vertente oriental da serra, de mais de 20 sanatórios para a cura da tuberculose e demais problemas do foro pulmonar. Era a estância mais importante da Península Ibérica com uma grande equipa de especialistas internacionais, para onde se iam tratar pessoas da política, aristocracia e alta-finança. Foi no edifício de um desses grandes sanatórios que surgiu o atual Hotel do Caramulo com 4 estrelas. Paralelo ao desenvolvimento da Estância do Caramulo, o resto do país estava a viver miséria social, religiosidade primária, sociedade ultraconservadora e guerras mundiais. A vida pululava no Caramulo, foi nesta vila que apareceu o 2º posto de turismo de Portugal ainda nos anos 30, logo a seguir ao do Estoril. Em Família Aventura CURSO DE ESCALADA EM FAMÍLIA OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 17 Em família Aventura no Caramulo J 2 fins-de-semana sem estarem com os filhos, quando as crianças e jovens adoram estar na natureza e, com mais de 8 anos, têm todas as capacidades, físicas e mentais, para aprenderem um desporto. Os cursos de escalada são uma grande aposta, Esta aposta inovadora tem dado os seus frutos, pela nossa experiência prévia, ampla formação sendo que, dos 6 cursos de escalada que já tivemos este ano, tivemos o prazer de contar com jonessa área e pelo potencial imenso que o nosvens entre os 8 e os 13 anos em 4 deles. so país tem para a prática da escalada Tivemos participações de pais que desportiva. trouxeram os mais novos, com o “Um dos nossos intuito de passarem umas férias Neste Curso de Iniciação à objetivos é propordiferentes em família e casos Escalada os participantes de mães e filhos que nunca se aprendem a escalar em cionar a prática de tinham imaginado a escalar, segurança e adquirem os desportos de montanha mas que aceitaram o desaconhecimentos técnicos independentemente da idafio pelas vantagens óbvias indispensáveis para escaque este desporto apresenta larem em autonomia, no de, e foi a pensar nos mais para ser praticado em famímenor tempo possível, senpequenos que abrirmos lia. A escalada é um desporto do a formação estruturada novos cursos dedicaacessível a todos, independende forma a obter os melhores temente da idade ou prepararesultados. É utilizado um médos aos miúdos.” ção física. Há vias para todos e potodo em que é garantido que ao dem praticar em conjunto, passando 2º dia o participante já está a abrir o dia em contacto com a natureza. vias, aperfeiçoando a técnica nos dias seguintes. A importância das crianças e jovens passarem Um dos nossos objetivos é proporcionar a prática regularmente tempo a explorar o meio natural, de desportos de montanha independentemente longe da televisão e outros entretenimentos eleda idade, e foi a pensar nos mais pequenos que trónicos, está descrita em vários estudos cientíabrirmos novos cursos em que os miúdos podem ficos. Da nossa experiência, a prática de escalaparticipar. Não queríamos que os pais passassem da e rapel com crianças, é muito importante… á se imaginou a escalar com os seus filhos? Venham aprender a escalar e tenham momentos em família inesquecíveis. Em Família 1º Testemunho: ”A sorte esteve do nosso lado quando encontramos a 7 Cumes, a formação de escalada foi dada de forma a que todos se sentissem confortáveis e com um ênfase na segurança que nos deixou a todos com confiança e conhecimento para o podermos fazer em autonomia. Com um formador que nasceu para ensinar crianças e tirar os medos aos pais, a 7 Cumes é sem dúvida a escolha acertada para quem quer sair de casa em família e garantir que todos vão de sorriso no rosto.” Ana Proença, mãe do Tiago de 8 anos 2º Testemunho: “Gostei muito desta experiência. Pensei que fosse mais assustador, mas depois de experimentar tornou-se completamente o oposto.” Matilde Santos, 13 anos novas datas É notório o aumento da confiança, a auto-estima e a capacidade de aprender e reter conhecimentos. Este é um desporto desafiante, que nos obriga a dominar os medos, que nos ajuda a ganhar confiança em nós próprios e nos nossos conhecimentos, e também muito divertido. Os cursos estão abertos a maiores de 8 anos em família (seja com o pai, mãe, avô/avó, tio, primo) que aprendem a escalar e fazer rapel em autonomia, e a dar segurança, de forma a poderem escalar com o adulto que está a aprender com eles. Os maiores de 14 aprendem também a abrir vias, sendo que alguns com menos idade também aprendem, no entanto, são casos avaliados individualmente. A escalada para crianças e jovens não é algo novo, sendo que noutros países é comum ver crianças muito pequenas (3 anos) a escalarem com confiança com os pais, e crianças de 8 anos que escalam já em autonomia. Aventurem-se em família! ø O Curso de escalada é já em Novembro/Dezembro 18 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Teresa Jesus General Manager 7Cumes.pt www.7cumes.pt Publi-Reportagem A Garmin acaba de apresentar a sua sentam um ecrã de 1,4 polegadas de baixo connova gama VIRB, uma família de câ- sumo energético, uma interface de utilização maras de ação Full HD 1080p, pen- intuitiva e completa, uma construção robusta e sada para os entusiastas dos des- à prova de água (IPX7) que dispensa a utilizaportos mais duros e radicais, que ção de caixas de proteção externas, oferecendo assim ao utilizador o que de melhor exisoferece vídeo, som e fotografia de quate em termos de tecnologia ao servilidade profissional, com resoluções ço do desporto outdoor, incluindo vídeo de FullHD 1080p a 30fps, “Esta nova a possibilidade de comunicação 960p a 60fps, 720p a 60fps e gama Garmin sem fios através de Wi-Fi ou WVGA a 120fps e qualidade ANT+ (dependendo da verde imagem líder na indústria VIRB é a solução ideal são). A conetividade sem fios com um sensor fotográfico de para quem quer reviver ANT+™ do VIRB Elite tam16 MP com um modo de dise partilhar todas as emo- bém funciona com sensores paro contínuo de até 10fps, externos da Garmin. Ligue-se podendo fazer imagem em ções fortes vividas em ao Sensor de temperatura sem modos contínuo, time lapse e terra, no ar ou no foto + vídeo. fios tempe™, ao sensor de vemar.” locidade/cadência para bicicleEsta nova gama Garmin VIRB é a ta e ao monitor de ritmo cardíaco solução ideal para quem quer reviver premium para incluir informações do e partilhar todas as emoções fortes vividas sensor nos seus vídeos, como o seu ritmo em terra, no ar ou no mar. cardíaco durante a última corrida de bicicleta ou quando esteve no limite de uma montanha. Composta pelos modelos VIRB e VIRB Elite, Estas câmaras apresentam também uma autoesta gama de câmaras de alta definição, apre- nomia líder na indústria, proporcionado mais 20 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR A vasta gama de suportes que acompanham estas câmaras permitem-lhe bloquear firmemente a câmara na posição correta, em qualquer lugar. Desde um convés ou tablier de superfície curva e plana ao guiador, capacete, ombro e correias de pulso multiuso e muito mais. Os encaixes dos suportes do VIRB são intercalados, o que lhes permite permanecer no mesmo lugar, proporcionando um desempenho mais resistente e estável, sem vibrações. Para editar os seus vídeos poderá utilizar o VIRB Edit - um software de edição que poderá descarregar para o seu computador, para edição fácil dos seus vídeos, que tira partido das várias vantagens da VIRB Elite como sejam os seus sensores integrados e compatibilidade com outros dispositivos Garmin. Pode por exemplo incluir no seu vídeo de mota a sua velocidade e ritmo cardíaco, ou a altitude no seu salto em queda livre. Quando tiver o vídeo que quer partilhar pode fazer o upload do mesmo para os seus websites favoritos e partilhar com os seus amigos. A Garmin VIRB e VIRB Elite encontram-se no mercado por 299 euros e 399 euros, respetivamente (IVA incluído). Poderá saber mais sobre estas câmaras no website da Garmin em www.garmin.pt OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 21 Publi-Reportagem Espaço APECATE Garmin Virb Turismo Bicicleta de 3 horas de gravação a 1080p e a versão VIRB Elite incorpora ainda um GPS de alta sensibilidade, acelerómetro e altímetro. Aventura Montanha de Luísa Tomé Kazbek Fotos:Luísa Tomé e João Garcia Aventura Kazbek Fotos:Luísa Tomé e João Garcia Aventura “ Sobrolho franzido, olho atenta para todas as portas que se encontram no meu raio de visão. O bairro é feio e degradado, arquitetura soviética. As ruas têm o alcatrão remendado. Começo a perder a esperança de encontrar o hostel. - Opera, opera… - o taxista repete o nome do hostel, como que se repetir algo o pudesse guiar até ao local. É o único ainda com esperança de o encontrar. Nós os três já começamos a murmurar que o melhor é regressar, paciência, temos que pensar noutro plano para encontrar botijas de gás. Desde que chegámos perto da estação de metro de Ghrmaghele que perguntamos onde fica o hostel Opera, mas até ao momento ninguém nos sabe dizer. Afastamo-nos cada vez mais da estação e, pelo aspeto do bairro, começamos seriamente a duvidar da informação dada pelo backpacker que o João interpelou no centro de Tbilisi. Não sabemos o que nos espera na pequena aldeia de Stepantsminda e, uma coisa é certa, vamos ter que cozinhar no refúgio, o que sem gás será impossível. Arriscar sair daqui sem pelo menos uma botija é algo que nenhum de nós está com vontade de fazer. No entanto, nunca pensamos que seria tão difícil de encontrar. Acabamos de regressar de uma loja de artigos outdoor bastante longe do centro e que tinha apenas uma, mas que não se ajustava ao sistema de encaixe do nosso fogão. O taxista encontra um colega e apercebemo-nos que lhe pergunta se é do bairro. Para nossa sorte, é mesmo, e a uns escassos metros encon24 tramos o hostel Opera. Os sorrisos regressam às nossas caras, o nosso amigo taxista persistente também sorri, noto um certo orgulho no seu olhar pelo dever cumprido. Acho que nunca tinha pensado visitar a Geórgia, mas a vida traz-nos estas surpresas. Traz-nos também a felicidade de encontramos pessoas excecionais que, partilhando os mesmos gostos que nós, quase como anjos da guarda, nos aliciam e entusiasmam para que nunca deixemos cair no esquecimento as nossas paixões. Assim é a Inês, que, com a sua doçura, procura montanhas onde mais ninguém o faz, e quando encontra alguma que a fascina envia-me um email que eu abro sempre com um nervosismo infantil, um formigueiro na barriga, uma alegria genuína; para onde me levará a minha amiga desta vez! Pesquisei um pouco. Não era a minha primeira vez no Cáucaso, há uns anos tinha subido o monte Elbrus, na Rússia, e desde o seu cume pude apreciar aquela maravilhosa cordilheira, admirar as montanhas da Geórgia. O Kazbek, a montanha que nos propomos subir, é um estrato vulcão, ou seja, tem aquela típica forma de cone, que foi ganhando após numerosas erupções, formada pelo magma libertado. É uma das maiores montanhas do Cáucaso, atingindo os 5033 m de altitude. É a terceira montanha mais alta da Geórgia e a sétima mais alta do Cáucaso. Foi em 1868 que uma equipa de britânicos o escalou pela primeira vez; seguiu-se a russa Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Aventura Kazbek Maria Preobrazhenskaya, que, a partir de 1900, o escalou 9 vezes. Tbilisi, a capital, foi uma surpresa. Numa fusão entre o antigo e o moderno, Tbilisi oferece-nos a frescura das margens do rio Kura, a beleza da arquitetura tradicional georgiana, as estátuas espalhadas pela cidade, as igrejas ortodoxas e as mesquitas, a subida e as vistas da Fortaleza Narikala, os passeios pelo centro histórico repleto de esplanadas. A caótica estação de camionagem encontra-se dissimulada no meio da desordem do mercado Didube. De mochila às costas, facilmente somos reconhecidos e o motorista da marshrutka aproxima-se gritando: “Kazbegi, Kazbegi!”. Semelhante ao autocarro, a marshrutka leva normalmente até 12 pessoas e o que a diferencia são as paragens aleatórias que vai fazendo sempre que houver pessoas pelo caminho, não havendo obrigatoriamente paragens ou locais definidos para o fazer. O motorista direciona-nos para o porta-bagagens, onde tentamos a custo encafuar as nossas mochilas. Sentamo-nos no fundo da carri“Kazbek, a nha com as mochilas de dia ao montanha que nos colo, apertados e ensonados propomos subir, é um observamos o corrupio na praça. Foram 4 horas duma estrato vulcão, ou seja, tem condução louca pela estrada aquela típica forma de cone, militar até chegar a Stepantsque foi ganhando após minda, ou Kazbegi, como foi conhecida outrora. Não se pode dizer que a aldeia tenha muito que visitar e numerosas erupções, forrapidamente damos uma volta e sentamo-nos numa mada pelo magma esplanada a almoçar. O temlibertado.” po está muito nublado e ainda não conseguimos ver as montanhas circundantes. Só ao final do dia a belíssima silhueta da Igreja Tsminda Sameba se mostra timidamente. Estamos na varanda do hostel familiar onde tomamos as refeições e vamos tirando fotos à paisagem à medida que as nuvens dançam sobre as montanhas como que num jogo. O dia seguinte, reservado à aclimatação, está muito chuvoso e resolvemos descansar e fazer os preparativos para as restantes jornadas que vamos passar na montanha. Temos que comprar outra botija de gás e comida para três dias e levar apenas o essencial para o refúgio. A mochila vai estar pesada e a subida é longa. Não vale a pena carregar com o que não é estritamente necessário. Salada de tomate e pepino, de feijão verde, pastéis de carne, pão, queijo, o nosso pequeno-almoço neste modesto hostel é ótimo! Ganhamos energia para o dia que se espera longo. A OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 25 Aventura chuva abrandou e é com entusiasmo que iniciamos a subida para o refúgio Bethlemi, teremos que vencer um desnível de cerca de 1900 m. As nuvens amenizam um pouco o calor e a primeira tirada leva-nos à igreja da Santíssima Trindade - Tsminda Sameba - que fica a 2200 m de altitude. Símbolo da determinação do povo georgiano ao realizar esta construção num local tão inacessível e isolado, rendemo-nos à sua beleza e percorremos o trilho observando como a sua silhueta parece suspensa num manto de nuvens. As flores dão cor às pastagens e o trilho serpenteia entre elas, subindo até um miradouro de onde temos o primeiro vislumbre dos glaciares desta zona. Devido ao degelo no Verão, a passagem do rio torna-se um desafio, o caudal está maior e temos que procurar um local adequado onde possamos atravessar em segurança. Com a ajuda dos bastões, alguma concentração, equilíbrio e, principalmente, a confiança no João, que me está a ajudar, passo saltitando pedra a pedra para a margem oposta. Gosto destes momentos, em que nos unimos e ajudamo-nos mutuamente a passar obstáculos. Fotos:Luísa Tomé e João Garcia O dia já ia longo e a mochila, apesar de nada de novo ter entrado nela, parecia cada vez mais pesada. Entramos no glaciar e avistamos finalmente o refúgio ao longe. A passagem do glaciar leva-me para um novo registo e isso agrada-me. É com entusiasmo que atravesso aquela gigantesca massa de gelo. Um pequeno trilho leva-nos até ao refúgio, uma enorme construção de 1941 que servia simultaneamente de refúgio a alpinistas e estação meteorológica. Cansados, entramos no edifício e tentamos habituarmo-nos à escuridão. Tudo no seu interior é sujo e caótico. A recepção por parte do guarda não é das mais calorosas, mas arranja-nos três lugares num beliche superior num quarto e três noutro. Somos um grupo curioso, três portugueses e três americanos. Olham-nos com espanto e não deixam de perguntar como nos conhecemos. - Na Turquia, quando fomos subir o monte Ararat – responde a Inês sem hesitar. Para mim era a primeira vez que os conhecia, simpatizei com os novos amigos. 26 As cores garridas com que está pintado contrastam com o pó e lixo espalhado pelo quarto. Trepo para o beliche e tento limpar o melhor possível o colchão. Coloco as garrafas e sacos de plástico num canto, limpo a generosa camada de pó instalada provavelmente no Inverno e começo a estender saco-cama para marcar lugar. Os nossos companheiros de quarto olham desconfiados para nós. Têm as mochilas e todo o material espalhado pelo chão, não nos resta Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Aventura Kazbek senão transportar tudo para cima. Parecem entender pouco de inglês. Respondem-nos em russo, são ucranianos. uma sopa de tomate ao jantar. Antes de irmos descansar temos que esterilizar água. O Jason trouxe um “A passagadget para esse efeito, que se gem do glaciar Dirigimo-nos à sala comum. assemelha a uma caneta que Demasiado pequena para emite uma luz fluorescente. leva-me para um uma lotação de 50 pessoas, Peço-lhe para experimennovo registo e isso agratem duas mesas e um pequetar e quase toda a gente da-me. É com entusiasmo no espaço para cozinhar. na sala fica estupefacta A prioridade agora é beber a olhar para o cantil iluque atravesso aquela gilíquidos, conseguimos lugar minado. De repente ouvigantesca massa de gelo. e sentamo-nos a apreciar mos a Inês dizer com um Um pequeno trilho leas bandeiras penduradas na sotaque russo: “ It’s from va-nos até ao refúparede. Russos, ucranianos, America!” – Foi a risota total! lituanos, polacos, iranianos, os Ainda por cima porque ao fim gio, (...) “ países de Leste estão sem duvida do quarto cantil o aparelho emimuito bem representados neste local. O tiu uma luz vermelha e nunca mais apetite não é muito e ficamos satisfeitos com funcionou. OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 27 Aventura À noite tentamos descansar, mas o bater das portas a abrir e a fechar, gente a conversar, a entrar e sair do quarto não nos deu muitas hipóteses. Com expetativa saímos do refúgio no dia seguinte, dia de aclimatação, o que quer dizer que vamos dar tempo ao nosso organismo para se habituar a esta altitude. O ar mais rarefeito, a pressão atmosférica menor, uma menor percentagem de oxigénio, tudo isto faz com que nos cansemos facilmente. Faz parte do processo de aclimatação subir um pouco e regressar à altitude inicial. Mas o dia estava desagradável, chuvoso, o vento forte, o que nos levou a permanecer “em casa” e descansar. O tempo passa lento, há quem converse, leia, jogue xadrez ou simplesmente observe o tempo através da janela da sala. aquece lentamente. Foram assim as primeiras horas da nossa caminhada. Ao chegarmos ao colo a 4600m colocamos os crampons que nos vão ajudar a progredir na neve. As mãos e a cara arrefecem, a passada é regular. Envolvo-me na tranquilidade da paisagem. A neve e as nuvens, com toda a sua brancura, transmitem-me a sensação de calma e pureza, e talvez por isso siga confiante em direção ao cimo desta maravilhosa montanha. É com grande alegria que festejamos a nossa chegada ao cume, a paisagem é arrebatadora! Não conseguimos ver o vizinho Elbrus devido à nebulosidade, mas deliciamo-nos com as vistas deste país onde podemos encontrar paisagens de montanha notáveis e um povo orgulhosamente hospitaleiro. ø É quase impossível descansar nas horas que antecedem o dia de cume, especialmente neste refugio tão barulhento, e é por isso que às 3 h da manhã estamos despertos e prontos para nos equiparmos. A mochila ficou preparada na noite anterior. Vestir, comer qualquer coisa, ir à casa de banho antes de colocar o arnês. De frontal ligado, observo a noite calma que contrasta com a ventania do dia anterior. Adoro sair à noite, não consigo ter a noção do que me falta percorrer, tudo me parece mais tranquilo e introspetivo. Posso ver o dia nascer, maravilhar-me com as cores do céu e sentir o calor quando o sol nos 28 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Luísa Tomé Papa-Léguas RevistaObistiundicim eos aut ipsapitias as doloribus verum erit ipsapici blatur, odita quaero berum eumquiam, nit, soluptur sequis cus, ideliquibus ped ute volorer itatia nonsedit e Aventura Desafio Viver a lenda do Tour de France a pedalar 30 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Aventura Tour de France a Pedalar Gostar de andar de bicicleta é das melhores coisas que tenho. Eleva a minha alma e afeta positivamente tudo o que gira em meu redor. Ser contagiado pela paixão e quase ser tocado pelo pelotão no Tour de France, era – mais – um dos meus sonhos que realizei. Os sonhos não devem ficar na gaveta e muito menos presos à carteira. Um dia percebi que, vivendo assim, os pesadelos andavam de mãos dadas comigo. Encontro mais facilmente a felicidade nos pedais do que dentro dos bolsos. É por isso que pedalo e escrevo para não esquecer e para ir buscar o meu chão cada vez que encosto a bicicleta. É neste momento, nestas palavras e neste local que sou como pedalo: Livre, autêntico e intenso. Tão natural como as paisagens que surgem diante do que consigo alcançar. Como alguém disse “ A bicicleta é uma lição permanente de humildade.” OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 31 Aventura A primeira semana no Tour visto de carro com a bicicleta na bagageira Já ando nesta região de França há alguns dias e só quando observo as formas titânicas das montanhas que me rodeiam, eu percebo: das para ver a prova mais famosa e mediática do mundo. De lycra, à beira da estrada eu vejo o pelotão a passar mesmo quando é preciso estar um dia inteiro parado para ter uns minutos de prazer. - Estou nos Altos Alpes e vou ter mais um desafio à minha medida. Cada vez que saio de casa e vou à procura de um trilho novo, a experiência que vivo é transcendente. - As montanhas não têm fim. Eu sempre quis o que é meu por direito, conquistado com a bravura de um guerreiro e a humildade de um peregrino. Neste caminho, a bicicleta tem sido uma lição permanente e é sobre ela que tenho passado alguns dos melhores anos da minha vida. A paisagem lunar do Monte Ventoux Foi na 16ª etapa, a caminho de Gap que vi os ciclistas passarem. A caravana publicitária que os antecede é enorme. É uma festa ver a forma como os patrocinadores embelezam os carros, passam música e lançam surpresas para quem lhes acena. A meus pés caem diversos souvenirs. Um grupo de fugitivos aproxima-se, vêm tão rápido que só dá tempo para tirar uma foto. Mais atrás vem o pelotão a preencher 2 faixas de rodagem pintando-as de várias cores. Quando passam, tudo abana. No dia anterior tinha experimentado a famosa subida ao Monte Ventoux, cuja pendente começa nos 2.5% e aos poucos vai chegando aos 10%. Dista apenas 21,5 quilómetros desde Bedoin, mas não deixa de ser desafiante atingir 1500 metros de acumulado num curto espaço de tempo. Desde a Patagónia e a Islândia que a minha bicicleta tem o peso da saudade de olhar o mundo, saudade que se esvanece quando toco em outro ponto do meu planisfério pessoal. Adoro contemplar um ponto no mapa e poder falar sobre ele, é por isso que quando avisto um determinado local do planeta, ele diz, pedala até mim. Escolhi celebrar os 100 anos do Tour de France e pedalar em autonomia nos Altos Alpes, cruzando as lendárias subidas do Alpe d´Huez e Col Galibier. Na etapa de contra-relógio Novo dia e já estou em Chorges para assistir a uma etapa de contra-relógio. As faixas de rodagem começam a amontoar-se com a pesada logística que o Tour movimenta. São camiões e camiões, carros, homens. Joaquim Agostinho, Contador, Armstrong, muitos foram os heróis que por Adorei estar em vários pontos da proEscolhi aqui passaram, chegou a altura de va de hoje, especialmente numa celebrar os escrever mais uma parte da micurva tão fechada, onde os atlenha história. São palavras que tas tinham obrigatoriamente de 100 anos do Tour abraço, que vêm no dicionário, abrandar. Era um excelente lode France e pedalar que têm vida porque lhes dou cal para ter uma boa foto de alem autonomia nos Alo meu suor e me ajudam a viaguns ciclistas que admiro. Injar nos dias em que estiver em felizmente não podia observar tos Alpes, cruzando as casa. Quando o fizer sem sair a prestação de todos porque lendárias subidas do do sofá é porque já pedalei tudo necessitava seguir cedo para Alpe d´Huez e Col o que tinha para pedalar. mais perto do Alpe D´Huez onde Milhões de televisões estão ligaestariam milhares de pessoas. Galibier. 32 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Aventura Tour de France a Pedalar Numa das muitas subidas do Alpe d´Huez Como imaginar a 100ª edição sem a subida a este topo lendário? Este ano o pelotão passará aqui 2 vezes, são momentos que se guardam para sempre. A multidão, em número parecem formigas; em cores, representam todo o espetro. Sobem a pé e de bicicleta para, antes das 12h00, estarem numa curva deste mítico local e acima de tudo, para sentirem no corpo o esforço que é necessário a um ciclista para vencer uma montanha. Parece um paradoxo, mas mesmo parado, não dá para estar quieto. Quem consegue resistir a tanta diversidade humana e material?! A segunda semana nos Altos Alpes com a bicicleta e o atrelado Bourg d´Oisans - Lat. e Long. (Secret) altitude 2500 mts Gosto de matemática simples, especialmente quando o oxigénio já não chega com frequência a esta zona do cérebro (as curvas da estrada subtraem-se e à altitude soma-se mais uns metros). O resultado são 21 curvas, eu estou do avesso, sinto os pulmões e o coração do lado de fora com tantas voltas para atingir o topo do Alpe d´Huez. Num instante saio desta estância de esqui para o “outro lado”. Mais uma coletânea de curvas, não deu para as contar, a velocidade faz voar qualquer número da minha cabeça. Hoje não vai dar para chegar a Chalezet, a chuva quer fazer-me companhia mas eu sei que pelo desnível do terreno que tenho pela frente, ela vai ser muito incómoda e de certeza que me vai tocar nos ossos. Não quero, só necessito do que faz bem ao coração. Estar num estábulo rodeado de animais, moscas e cheiros a condizer, não é propriamente a melhor receita. Escrever…muda tudo. Virei a página, o dia é o mesmo, só passaram algumas horas e a chuva parou. Decidi continuar. A linha sinuosa do track que o ecrã do gps mostrava para os quilómetros seguintes até Chazelet não era animadora. Passei horas no caminho, em determinada altura, dei comigo desviado da GR-54. Tinha entrado em terreno privado, estava aos 2500 mts de altitude, 2 homens gritavam “privé, privé” e mandavam-me para trás. Com uma mão no ar (outra no guiador, pés e a cabeça a girarem), fui avançando dizendo “un moment”, “un moment…” A conversa fluía mas não era com o meu francês de há 25 anos da escola. Os aperitivos que a caravana publicitária (que precede o Tour), lançou naquelas etapas onde estive, foram quanto baste para entrar no refúgio e começar a beber cerveja. Quase bati o meu record em consumo de álcool. Felizmente tinha convite para passar ali a noite, só tinha de ir à “fiesta” com eles. De viatura, encosta abaixo durante largos quilómetros, deparei-me com outro refúgio mesmo em frente a um glaciar. Super!!! O Collin e o Berger curtiam a música intercalando com Pastis de Marseile, marijuana e tiro ao alvo. Um deles bem que tentava acender o forno a lenha com acendalhas, cavacos, gasolina mas sempre sem sucesso. Era uma vez um jantar e era hora de regressar ao abrigo. Sei que eles estão habituados a este tipo de divertimento por isso, já no Toyota, pensava “ os homens são mais perigosos que os Alpes” Lat. e Long. (Secret) – algures em Le Vigneaux Às 07h00 da manhã já tinha enfrentado duras OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 33 Aventura convida-nos a descer. São vários os raios que se unem numa roda. Parti um, “pas de probleme”, a roda está empenada, só preciso de andar mais devagar para chegar a mais um pedaço de terra boa para montar a tenda, oficina e cozinha. Foram 12h a pedalar. É verdade que tenho suado muito e nesses momentos, alguns são doloroso e não os repetiria, no entanto, tenho passado bons anos da minha vida em cima de uma bicicleta. Le Vigneaux- Châtearaux Les Alpes As rotas de btt estão muito bem marcadas no ParAs rotas de btt estão muito bem marcadas no Parque Nacional Les Écrin, existem muitos percursos e todos parecem exigentes. O meu périplo cruza grande parte deles e é normal subir até vários topos (col) no mesmo dia. Nessas alturas, o suor está para o meu corpo como o orvalho para a tenda. Ele desprende-se da pele e cai em gotas Hoje não vai deixando um vasto rasto pelo cadar para chegar minho. descidas por single-tracks. Deixei o corpo, deixei a bicia Chalezet, a chuva Eram autênticos caminhos cleta, deixei esta montanha e quer fazer-me compade cabra, só acessíveis a pé subi mais além. Estava cheio, nhia mas eu sei que pelo ou de bicicleta. preenchido pela plenitude de Julgo que naquele momento desnível do terreno que descobrir que o tamanho do a beleza e a adrenalina supeque sou está intimamente relatenho pela frente, ela raram o perigo e a sensação cionado com o tamanho do que vai ser muito incóde estar, mais uma vez, comquero. moda (...) pletamente sozinho nos Alpes. Preciso deixar os ninhos e ir até No col du Lautaret (2058 mts), senonde habitam os homens para me tado numa esplanada, decido que não abastecer em Argentiere La Besse. O úniirei ao col du Galibier. A estrada de alcatrão co problema é que cada vez que o faço, tenho de não é o meu território, subo mais alto e vou mais descer 1000 mts em altitude. longe em cada que caminho de terra que faço. Um supermercado aberto passou de necessidaGrande parte da tarde limitei-me a seguir o curso de a mimo. Para trás foram ficando locais que se do rio com água glaciar onde tentei tomar banho resumem a 3 ou 4 chalets de madeira até que, mas os joelhos tremiam e tive de parar esta expe- comparando a curva do track no gps com o vale riência radical. que tinha à minha frente, cedo percebi que, exisInevitavelmente, as pequenas vilas nos Alpes es- tindo um caminho do outro lado do rio, não iria tão assentes nos cumes como ninhos de águia. ser fácil lá chegar. Aqui pode abastecer-se com água pura da mon- A escassos quilómetros de distância de Châteaux tanha … É pena que o ar puro não alimente pois des Alpes, sobre um escarpado, conseguia ver a não existe mesmo mais nada. ponte de madeira. Nem com um passo de giganNo início desta aventura, ainda durante a etapa te lá chegava e nem o Obélix conseguia mover do Tour, disse a um italiano que levava comida aquelas pedras que a natureza fez rolar encosta para 4 dias. abaixo e que aniquilavam a passagem na GR e a Espantado, balbuciou - “they have food in Fran- minha continuação até ao destino. A única alterce, did you know it?” nativa seria descer, continuar a descer e contorAhhhh!!! Se ele um dia pegasse numa bike de nar toda a montanha pela N94. montanha e viesse comigo, passava muita fome Os Alpes são tão grandes que mais uma vez ar– pensei. ranjo facilmente espaço para montar tenda e pasContinuo a rolar perto dos 2000 mts e mesmo sar a 3ª noite a ouvir os insectos e a água a correr. assim surgem quilómetros de single-tracks, autênticos parapeitos na montanha. Ali não há rails Châtearaux Les Alpes - Chorges de proteção, basta uma desatenção e a ravina Até agora os dias têm sido passados em quase 34 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Da tranquilidade de uma manhã de sol numa esplanada a escrever mails e a postar no facebook, à realidade de uma chuva forte em escassos mi- Aventura Tour de France a Pedalar isolamento. Excetuando as paisagens, poucos são os lugares onde podemos gozar aquilo a que vamos sendo habituados na vida moderna. Ebrun é assim. Uma vila típica dos Alpes com um centro histórico maravilhoso (a partida do contra-relógio do Tour foi aqui), onde se pode ver os mercados de rua e a vida a passar estando simplesmente sentado numa esplanada. Há dias assim, mais tranquilos. O que tenho pela frente, continua lá, tenho a certeza de vir a ter longos momentos de vento pela cara. É bom ir escrevendo por partes. Se fosse no final da etapa não se iria notar o contraste e o quanto tudo pode ser completamente diferente de um momento para o outro quando viajamos em 2 rodas. Foi horrível sair de Ebrun. Pedra sobe pedra, caminhos íngremes para serem feitos a pé seja qual for o sentido e muitas cascatas a cada curva do caminho. Precisava relaxar, saí do track e desci aos 1500 mts para ir ao lago Saint Apollinaire, uma atracão turística inserida num cenário único de montanha. Enquanto nadava,olhei para a mancha verde de árvores bem acima de mim e compreendi que havia ali uma dobra do terreno imprópria para carregar uma bicicleta com atrelado. Nos Alpes, um atalho pode significar ter que fazer escalada. Definitivamente, a única alternativa foi seguir a N94. Nesta estrada mantinha-se gravado o nome dos atletas do Tour quando aqui percorreram a 17ª etapa de contra-relógio. Os sons da trovoada já ecoavam desde a hora em que estivera no lago, o mau tempo vinha aí e só agora me sentia satisfeito porque,sem querer, evitei os trilhos de montanha e só tinha uma preocupação, montar tenda rapidamente. nutos, é simplesmente normal em cenários assim. Chorges - Bourg d´Oisans Com chuva ou não, as noites dentro da tenda demoram sempre muito a passar. A etapa de hoje é brindada com sol e praticamente todo o percurso vai ser finalizado por estradas secundárias (alguns tramos são coincidentes com os do Tour). Este “pormenor” permitir-me-á, se as pernas tiverem a força da intenção, percorrer os 100 kms que me separam de Bourg d´Oisans, o meu ponto inicial de há 5 dias atrás. Enquanto estava a acompanhar o Tour a semana passada e aqui passei de carro, é óbvio que me assustei ao ver o ponteiro da temperatura a subir, a estrada ser diminuta e a mudança engrenada ser quase sempre a 1ª. Conhecia bem o que se escondia entre as folhagens.Para enfrentar este Golias só tinha mesmo um grande coração para bombear a bicicleta..ø OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 Ricardo Mendes 35 Entrevista Fotos: Nomad Tiago Costa SER GUIA DE TREKKING... 36 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR por Isa Helena Outdoor: Como surgiu esta vontade de conhecer o Mundo? Tiago costa: Com a curiosidade de querer saber o que ele “escondia”... Com que idade fizeste a tua primeira viagem? Desde muito pequeno que passava grande parte das férias de verão a viajar com o meu pai. Mas foi nos escuteiros que a paixão pelo ar livre se revelou. Mais tarde o gosto pela fotografia trouxe as viagens. Qual a viagem mais marcante da tua vida? Ainda adolescente realizei o Caminho Francês de Santiago, o meu primeiro “trekking” de longa duração. Foi avassalador! A experiência, o sacrifício e a aprendizagem que tive com esta caminhada mudou a minha vida. Naquele momento, ainda sem saber, algo mudou dentro de mim. Ser guia de Trekking estava nos teus planos de vida? Passou a estar quando decidi trocar um curso de engenharia por uma vida ao ar livre. Quando decidi que ia dedicar a minha vida a fazer aquilo que mais gostava, que incluía passar o máximo de tempo possível ao ar livre. Guiar trekkings acabou por ser a concretização de conseguir mostrar sítios que adoro e um estilo de vida que me apaixona. Quais os maiores desafios nesta profissão? Lidar com os receios das pessoas. Em montanha as condições podem variar muito rapidamente. Um dia quente e solarengo pode ficar escuro e tempestuoso. Por vezes temos de forçar, continuar apesar da dor, apesar do receio, do desconforto. As dificuldades que para uns são intransponíveis, para outros são invisíveis. Avaliar onde está esse patamar em cada pessoa que acompanho e ajuda-la a superar-se é um dos maiores desafios. Tens algum episódio que te tenha marcado particularmente enquanto guia de trekking? Nem por isso... Quando saio para a montanha com os grupos da Nomad vou com um programa muito bem delineado e com opções de recurso para os imprevistos que possam ocorrer. Claro que já fomos apanhados por alterações repentinas da meteorologia, mas nada que se tenha tornado numa história épica. Agora, sem estar com grupo... Quais são as principais tarefas de um Guia de viagens aventura? São bastante abrangentes. Saber a rota no terreno é apenas uma pequena parte. Há que preparar a viagem, pensar na experiência que queremos proporcionar no terreno. Pesquisar itinerários, fazer reconhecimento de rotas, idealizar programas. Depois organizar a logística: hotéis, transportes, mulas, refúgios, iaques, acampamentos, alimentação, voos... Depois no terreno é uma mistura entre amigo, guia, técnico hotelaria e tudo o que seja preciso para fazer daquela viagem um sucesso. Entre organizar viagens e ser guia no terreno, o que te dá mais prazer? As duas andam par a par. Uma trata-se da antecipação, de planear a coreografia perfeita. Depois é executa-la no terreno. Se tudo correu como planeado, ver o resultado e a transformação das pessoas ao conhecerem uma nova realidade. Tens alguma preparação física específica para realizar estas viagens? Sigo um plano semanal para estar na forma possível e tenho atenção com a alimentação. Muito do meu treino assenta na corrida, com algum trabalho muscular. Depois, faço tudo OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 37 Entrevista Tiago Costa Tiago Costa é um amante de Outdoor. Explorar, viajar, conhecer são algumas das bases da sua vida, mas ser guia de viagens é uma das suas grandes paixões! A Outdoor esteve à conversa com Tiago Costa e revela-lhe agora alguns segredos deste aventureiro! Nós já nos rendemos às viagens aventura. Fotos: Nomad Entrevista por passar o maior tempo possível em montanha. Não há melhor treino que esse! Para ti, quais os maiores benefícios de fazer viagens aventura? Simplicidade. Conquista. Aprendizagem. Só para nomear alguns. Para além do trekking, tens outras paixões desportivas? Interessam-me quase todos os desportos de montanha. Adoro percorrer trilhos numa bicicleta ou descer rios de kayak; mas a minha maior paixão é o alpinismo e a escalada. Diz-nos 5 dos teus locais de eleição no Mundo para praticar trekking. É uma pergunta sem resposta possível, pois a lista seria interminável. Mas, aqui fica um top 5 que tenta ser abrangente. Picos de Europa: uma montanha perto de nós, que por vezes passa despercebida, e que é um paraíso para o trekking. Parque Nacional Glaciares (Patagónia): Menos conhecido que o seu “irmão” chileno (as Torres del Paine), mas que tem uma cultura de montanha 38 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Entrevista Tiago Costa única. E um dos melhores trilhos de trekking de alta dificuldade do mundo: a travessia do campo de gelo sul. Alpes: Fazer o Circuito do Monte Branco é um marco obrigatório para qualquer pessoa que goste de montanha. Santuário dos Annapurnas: Pela sua diversidade de paisagens, pelo amanhecer no campo base dos Annapurnas. Este trekking é imperdível! Yosemite: um destino icónico para quem gosta de escalada e quer caminhar por entre paredes gigantes. Quais os próximos destinos que pretendes explorar? No próximo mês de janeiro parto numa viagem com o António Luís Campos, fotógrafo da National Geographic, e a dupla Inácio Rozeira/Helena Pimentel, do Dar a Volta, numa viagem apoiada pela Nomad,que nos levará a documentar uma das regiões mais isoladas da Amazónia. Quais são os teus projetos para o futuro? Sem dúvida continuar a fazer da Nomad algo de que nos orgulhamos, um ponto de encontro de viajantes. Há também um grande projecto do qual não posso falar muito, mas que adianto tratar-se de criar soluções que facilitem a vida em viagem. E para finalizar o recém Coletivo Indus Doc – uma media house especializada em conteúdos de viagem, aventura e exploração. Que conselhos dás a quem nunca realizou uma expedição aventura? Arrisque e vá! Afinal de contas, aventura é isso mesmo... Quais os requisitos necessários para ser guia de trekking? Tens alguns conselhos para quem se pretende iniciar neste mundo de aventuras? Acima de tudo é fundamental ser-se apaixonado pelo estilo de vida (sim, isto é muito mais que um trabalho). Ter jeito/gosto em lidar com pessoas e a formação adequada: primeiros socorros, metrologia, montanhismo/escalada. É também essencial estar à vontade no terreno. Ter experiência de escalada e montanhismo é quase obrigatório. ø Sabe mais sobre a Tiago Costa em Nomad OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 39 Por Terra 16 CAMINHADAS EM PORTUGAL Foto: Caminhos da Natureza Por Terra Caminhar Por Terra CAMINHADA NA SERRA DA ESTRELA Venha descobrir a genuína Serra da Estrela, paraíso natural com os seus belos bosques e paisagens de alta Montanha. Iremos passear por alguns dos mais belos locais da Serra e desfrutar de belas paisagens. CARACTERÍSTICAS: Duração: 2 dias, 2 noites 2 dias de caminhada Tipo de Percurso: Circular Nível de dificuldade: Moderado (12 a 16km diários) Local: Serra da Estrela Contactos: Email: [email protected] Telefone: 351 962543289 / 98 Website: www.caminhosdanatureza.pt Facebook CAMINHADA NO MONTE DA LUA Venha apreciar a variedade paisagística e de ambientes em Sintra... A caminhada que lhe propomos é de baixa dificuldade mas garantimos que as memórias perduram! A magia, a história e a natureza irão ser os protagonistas desta manhã. Esperamos por si! CARACTERÍSTICAS: Duração: 4Horas (3H30 de marcha) Tipo de Percurso: Circular Nível de dificuldade: Média / Baixa Local: Sintra Contactos: Email: [email protected] Telefone: 351 210 155 139 Website: www.equinocio.com Facebook Trekking no Estuário do Tejo com o EVOA O EVOA – Espaço de Visitação e Observação de Aves encontra-se inserido na Lezíria de Vila Franca de Xira, sendo constituído por um Centro de Interpretação e por 3 lagoas (70 ha), que proporcionam um refúgio de maré para as aves do estuário do Tejo, aliando a visitação à conservação da natureza. Ao caminhar pelos percursos camuflados do EVOA, o visitante, que poderá vir sozinho ou em grupo, encontra observatórios com vista privilegiada para as lagoas, onde pode observar, fotografar e apreciar as aves no seu estado selvagem, com a natureza como companhia. Os percursos têm entre 1,6 e 12 km e são de baixa dificuldade. Contactos: Email: [email protected] Telefone: 926458963 Website: www.evoa.pt Facebook 42 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Percurso Pedestre S. Domingos (PR2 ODM) Por Terra Caminhar Venha conhecer o belo concelho de Odemira, num percurso pedestre que tem início no Centro da Aldeia de S. Luís. Deixe-se encantar pelas belas paisagens da da freguesia de S. Luís e respire natureza! CARACTERÍSTICAS: Duração: 2 horas Distância: 8,1 Km Nível de dificuldade: Médio Principais pontos de interesse: Arquitetura Tradicional, Serra de S. Domingos Local: Freguesia de S. Luís, Odemira. Contactos: Email: [email protected] Telefone: 967225122/ 918189025 Website: www.kayaknatureactivities.com Facebook Terra de contrastes, a singularidade da localidade da Mina de S. Domingos não deixa indiferente o olhar de quem por aqui passa. Ao cenário idílico das águas calmas e límpidas da Tapada Grande, convite aberto a um mergulho nos dias de calor; contrapõe-se a paisagem quase apocalíptica do antigo complexo mineiro. O percurso segue ao longo da antiga linha férrea que ligava as minas ao porto fluvial do Pomarão passando por diversos pontos da antiga exploração mineira. No caminho há ainda a possibilidade de fazer uma prova de produtos locais e visitar o Museu do Contrabando na aldeia de Santana de Cambas. Ao todo, são 17km de uma paisagem verdadeiramente surpreendente e cheia de histórias. rota do minério Contactos: Email: [email protected] Telefone: 351 968 689 109 / 286 610 100 Website: www.visitmertola.pt A Picota é a 2.ª montanha mais alta de Monchique e do algarve, com 774 metros de altitude. A caminhada da Picota com cerca de 9km, com partida da Vila de Monchique, desenvolve-se por entre sobreiros de grande porte, eucaliptal e muita diversidade de arbustos naturais, como a rosa-albardeira, o que lhe confere uma rara beleza e aroma característicos. A paisagem é sempre fascinante e apesar do esforço a chegada ao cimo é compensatória. Dali avista-se a barragem do Odelouca a sul e o algarve, enquanto os olhos alcançam em redor. O piquenique faz-se lá acima com a merenda que fornecemos. Duração: 4horas Dificuldade: Moderada caminhada da picota Contactos: Email: [email protected] Telefone: 962543217 Facebook OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 43 Por Terra Apanha da Castanha e de Cogumelos Silvestres em vila pouca de aguiar No Outono, os soutos de castanheiros de Trás-os-Montes enchem-se de gente a apanhar castanhas de diferentes variedades. Também pelas florestas de zonas mais húmidas, caminha-se de cesta na mão em busca de cogumelos silvestres muito apreciados à mesa. Venha viver este espírito outonal apreciando o que de melhor a natureza oferece antes do frio do Inverno. Aprecie ainda a natureza e a beleza das montanhas quando as árvores mudam de cor e se despem. Este programa é adequado a famílias com crianças, grupos de amigos e gente que goste de castanhas e de cogumelos. Extensão: 2 km Declives: Moderados Nível de dificuldade: Moderada Duração: 1 dia Contactos: Email: info@ montes-de-encanto.pt Telefone: 259 433 146 | 916 165 984 Website: www.montes-de-encanto.pt Facebook pedestre noturno em sintra Sintra, Monte da Lua, é um local mágico para fazer um passeio pedestre noturno nos dias quentes de verão. Venha embrenhar-se nas ruas empedradas desta vila secular, passando por vários spots com uma vista singular: Fonte da Bica, Igreja de S. Pedro Canaferrim, Igreja de S.Pedro de Sintra, Miradouro da Vigia, Murtas e Sta Eufémia. Este percurso pedestre é circular e inicia-se e termina em S. Pedro de Sintra, no Largo da Feira de Sintra. CARACTERÍSTICAS: Duração: 3 Horas Extensão: 7,5Km Nível de dificuldade: Média Contactos: Email: [email protected] Telefone: 351 211 931 636 Website: www.muitaventura.com Facebook pr3 vale do poio O “Vale do Póio” é um percurso de Pequena Rota (PR), circular, que se estende ao longo de 11,3 km (12,3 km com a derivação). A denominação de “Vale do Póio” não poderia encontrar-se mais adequada uma vez que este percurso pedestre desenvolve-se ao longo do vale do rio Póio que corre rápido e cristalino num anfiteatro natural rodeado de lameiros, onde nasce o milho, cresce o pasto e se alimentam os rebanhos e o gado autóctone. CARACTERÍSTICAS: Duração: 4h30m Extensão: 11,3 Km (12,3 km com derivação) Nível de dificuldade: Moderado Contactos: Email: [email protected] Telefone: 259 498 085 Website: www.penaaventura.com.pt Facebook 44 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Percurso Pedestre - Ajuda Grande Por Terra Caminhar Para além das paisagens urbanas e campestres, do monte ou da planície, há agora um novo caminho para descobrir… Alie a marcha/caminhada/pedestrianismo à história e desfrute de um percurso pedestre pela 2ª Linha defensiva de Torres criada durante as Invasões Napoleónicas. CARACTERÍSTICAS: Local: Bucelas Dificuldade: Baixo / Médio Extensão: 11km em trilhos rurais Contactos: Email: [email protected] Telefone: 219 694 778 Website: www.sniper.pt Facebook Vamos caminhar pelos vales glaciares mais bonitos da Serra da Estrela e descobrir como a geologia nos conta a história do glaciar que os formou. Vamos descer ao Vale do Rio Zêzere e segui-lo, descobrindo prados e lagoas, para depois subir até ao Vale da Candeeira. Esta será uma verdadeira ascensão, culminando com a entrada pelas Portas da Candeeira para um dos locais mais impressionantes e intocados da Estrela. Teremos chá/café acabados de fazer e produtos regionais para dar energia para a caminhada. Dificuldade: Média / Difícil Atividade aberta a qualquer pessoa maior de 12 anos. Trekking pelos vales glaciares da estrela Contactos: Email: [email protected] Telefone: 969415461 Website: www.7Cumes.pt Facebook Venha connosco conhecer o Piódão – terra do fim do mundo. Passeio pedestre guiado ao Piódão – terra das famosas quadrilhas como a de João Brandão. É considerada aldeia histórica devido ao enquadramento da aldeia na paisagem, onde o xisto é o elemento predominante. Visita-se também o modo como viviam os seus habitantes nos “tempos difíceis”, a natureza envolvente e um museu. Piódão: terra do fim do mundo CARACTERÍSTICAS: Duração: 5/6 Horas Extensão: 12 Km Nível de dificuldade: Baixo / Médio Contactos: Email: [email protected] Telefone: 235 778 938 Website: www.transserrano.com Facebook OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 45 Por Terra Ribeiro Marmitas Este passeio leva-nos até ao Ribeiro das Marmitas que nasce na Serra do Risco, a mais alta escarpa calcária de Europa Continental, atravessando áreas ricas em carvalhos centenários e flora autóctone. O Ribeiro das marmitas tem origem numa formação geológica pouco comum e difícil de ser observada noutros locais. Todo o passeio desenvolve-se dentro do Parque Natural da Arrábida. CARACTERÍSTICAS: Duração: 1/2 dia (manhã) Nível de dificuldade: Médio Contactos: Email: [email protected] Telefone: 351 210848919 Website: www.vertentenatural.com Facebook rota tons de mármore Convidamo-lo a ter um dia recheado de emoções fortes, onde não faltará a descida a uma pedreira subterrânea, a observação in loco de todo o processo de transformação do mármore, a contemplação de uma das mais fascinantes paisagens alentejanas (cimo da Pedreira do Mouro), a aplicação do mármore nos monumentos e ,como não poderia deixar de ser, a degustação de uma refeição alentejana num dos mais requintados restaurantes da província. CARACTERÍSTICAS: Duração: Meio Dia Localização: Vila Viçosa & Borba Contactos: Email: [email protected] Telefone: 351 284 475 413 Website: www.rotatonsdemarmore.com Facebook PASSEIO FOTOGRÁFICO NA MATA DO BUSSACO Este programa exclusivo e selecionado pretende levar os participantes a percorrer e fotografar os aspectos mais relevantes do património da MATA NACIONAL DO BUÇACO, desde as cambiantes do seu rico arboreto, aos reflexos dos seus lagos, à paisagem a partir dos seus miradouros, às flores e aos cogumelos até mesmo aos edifícios históricos aqui existentes – de que se destaca o Palace Hotel do Bussaco. Sempre acompanhados por guia/fotógrafo de natureza experiente, vamos ainda desenvolver, de forma prática, algumas técnicas e conceitos fotográficos e dar espaço à criatividade. Nível de dificuldade: Médio Contactos: Email: [email protected] Telefone: 231 922 386 Website: www.aventuris.com.pt Facebook 46 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Contactos: Email: [email protected] Telefone: 936 077 462 Website: www.oficinadanatureza.pt Facebook Trilho da Peneda Por Terra Caminhar Este percurso pedestre leva-nos ao coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês, em plena Serra da Peneda, um local isolado com paisagens imponentes e grandes maciços graníticos onde poderá observar memórias e vestígios das formas de vida comunitária, hoje já quase desaparecidas. Descobrir todo o enquadramento cénico em redor do santuário da Senhora da Peneda será certamente uma experiência única a não perder. CARACTERÍSTICAS: Dificuldade: Moderado Extensão: 1o Km Por Terra Indoor PREPARAÇÃO Indoor para TREKKING Ana Faias Personal Trainer e Instrutora Fitness Hut Amoreiras www.facebook.com/af.fittrainer T rekking é uma palavra de origem sul-africana que significa seguir um trilho, caminhar ou andar. É a forma mais antiga que o Homem conhece para se deslocar sendo a mais natural do mundo. Por regra geral, diz-se que o trekking não vai além dos 6000 metros de altitude, visto que a partir desta altitude é necessário conhecer algumas técnicas específicas de alpinismo. É uma atividade auto-suficiente, exigente e com uma duração superior a 1 dia, ou seja, implica dormir “fora”. Por ser uma atividade ao ar livre, o contacto com a Natureza é permanente, sendo, normalmente, praticada em zonas de montanha. Qualquer pessoa saudável pode praticar esta atividade, no entanto, é necessário adotar algumas precauções: a escolha correta do vestuário e calçado, peso a transportar e aclimatação. 1 Agachamento Para poder usufruir do melhor que a Natureza tem para lhe oferecer e terminar com uma sensação prazerosa, recomenda-se que comece a treinar alguns meses antes de forma a minimizar o possível desconforto durante a atividade e agilizar a própria recuperação. Deste modo o seu plano de treino, deve ter uma boa componente aeróbica conjugado com trabalho de resistência muscular ao nível da musculatura dos membros inferiores, CORE e ombros. ø www.fitnesshut.pt 3 Afundo estático 48 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Por Terra Indoor 2 AAgachamento variante sumo 5 4 Remada Gémeos 6 Flexão de braços com apoio de joelhos OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 49 Por Terra 7 Step Up 8 Flexora de pernas 9 Peso morto variante romano 10 Abdutora 50 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Por Terra Indoor 11 Pranchas: frontal e lateral 12 Abdominais Twist Peso morto a 1 perna; Prancha no TRX com flexão de joelhos; Flexão de braços com flexão de joelho - opções avançadas TREINO DE FORÇA EM CIRCUITO OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 51 Por Terra 52 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Por Terra Indoor OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 53 Por Terra Indoor CROSSFIT O Crossfit é uma metodologia de treino bastante completa, onde encontramos benefícios que não são possíveis de encontrar noutra modalidade. Leva-nos a um nível completamente diferente daquilo que estamos habituados, em que tudo muda: a relação com o nosso corpo, os nossos limites, a zona de conforto, e até a dor. O CrossFit é uma modalidade que se diferencia de qualquer outra, já que, e de acordo com Greg Glassman, CEO e fundador do programa , consiste na aplicação dos fundamentos da mecânica newtoniana ao movimento humano. É um programa de treino de força e de desenvolvimento de capacidades físicas como resistência cardio-respiratória, resistência muscular, força, flexibilidade, potência, velocidade, coordenação, agilidade, precisão e equilíbrio, estando indicado para qualquer pessoa, independentemente da idade ou da condição física. Nos EUA, o CrossFit é um programa de treino utilizado na preparação física de polícias, bombeiros, tropas de elite (como a SWAT) ou mesmo no exército (em unidades especiais como os US Marines). É ainda treino de inúmeros atletas profissionais um pouco por todo o mundo. Mas apesar disto, o CrossFit é uma modalidade que pode ser praticada por todos: por um atleta profissional, um jovem, uma mulher, ou mesmo por um idoso. A única diferença reside no nível de execução do treino. 54 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Por Terra Indoor Em que consiste um treino de CrossFit? Todos os dias há um WOD (workout of the day) onde se registam os tempos, repetições e cargas, registos que servem não só para avaliar a evolução pessoal como a eficiência do método utilizado.ø Por: Bruno Militão Personal Trainer no Fitness Hut Amoreiras Campeão Nacional de CrossFit – CrossFit Level 1 Trainer Course Licenciado em Ciências do Desporto www.fitnesshut.pt EXEMPLO DE TREINO DE CROSSFIT - Warm up - 2 rondas de: 400 meter Row 15 Kettlebell Swing 24/16 kg 10 Hand release push ups 5 Ring Rows - Strength: Dedlift 5-5-3-3-1-1 - WOD: “CINDY” AMRAP 20’ - 5 Pull Ups - 10 Push Ups - 15 Air Squats OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 55 Por Terra Indoor - Entrevista Susana Henriques perdeu mais de 100 kilos e passou de uma vida sedentária a uma vida repleta de desporto e aventura. Fomos conhecer melhor esta lutadora que se tornou fã de crossfit e de aventuras outdoor. por Isa Helena Sabemos que durante a infância e adolescência praticavas desporto, e por motivos pessoais, deixaste de praticar e chegas-te aos 170 kilos. O que te motivou a voltar a praticar atividade física? Sempre tive o “bichinho” do desporto mas esteve adormecido durante anos! Quando entrei para o programa “Peso Pesado” à medida que fui perdendo peso, fui ganhando mais confiança e percebi que a paixão pelo desporto tinha renascido! Acho que me está mesmo “no sangue”! O programa em que participaste foi um incentivo? O programa não foi um incentivo, foi “o incentivo”! Foi o “click” que eu precisava para dar o passo em frente para mudar! Lembro-me que logo no primeiro dia tivemos um desafio que consistia em atravessar uma piscina de lama para ir ao outro lado buscar a bandeira da nossa equipa e voltar a fazer o mesmo percurso para chegar à meta! A dupla que ficasse em último lugar, seria eliminada do programa. Eu fiquei 56 enterrada na lama sem me conseguir mexer e a minha dupla perdeu o desafio. Foi nesse momento que percebi que tinha mesmo que fazer qualquer coisa por mim porque não queria, nem podia passar o resto da minha vida enterrada na lama. Foi esse momento e a ajuda de toda a equipa principalmente do treinador Rui Barros e da fisiologista Teresa Branco que me deram forças para me superar a cada dia e tentar sempre fazer mais e melhor sem jamais desistir. Não mudei apenas fisicamente. A minha cabeça, a minha forma de estar, o meu lado emocional também tiveram de mudar para que eu conseguisse chegar onde cheguei! Depois do programa, em alguma fase desmotivaste? O que mudou na tua vida? Quando cheguei à final do programa tinha 117 kg ou seja, menos 53,9 kg do que o meu peso inicial que eram 170 kg. Não podia de forma alguma parar o caminho que tinha iniciado nem deitar fora todo o esforço que tinha feito até então e foi por isso que comecei a colocar objetivos e pequenas metas a mim mesma. O primeiro objetivo foi baixar dos 100 kg o mais rápido que pudesse. O seguinte foi fazer o que muitos achavam impossível: atingir os 100 kg perdidos em menos de um ano a contar da data de inicio do programa e estava tão motivada que consegui mesmo atingir esse objetivo. Mas nem tudo foram “rosas” também tive momentos menos bons, em que me fui abaixo em que me apeteceu desistir e por vezes ainda tenho esses momentos. Mas quando isso acontece, faço questão de olhar para trás, de ver vídeos, fotografias de quando pesava 170 kg e isso dá-me forças para jamais baixar os braços! Mudaste muito os teus hábitos alimentares? Quais os teus principais cuidados neste campo? Os meus hábitos alimentares tiveram que mudar por completo. Passava muitas horas sem comer e quando comia, comia muito e mal. Com o programa reaprendi a comer. Faço 6 a 7 refeições diárias. Tento não ficar nunca mais de 3 horas sem comer. E como ainda quero perder algum peso, evito os hidratos de carbono e tenho uma alimentação muito mas virada para o consumo de proteína, legumes, gorduras saudáveis, frutos secos, etc. Porque decidiste dedicar-te ao crossfit? Quando cheguei ao ginásio onde treinava anteriormente vi um quadro com um desafio de crossfit e experimentei fazer. Adorei a sensação e poucos dias depois vi na internet um anúncio de uma competição. Perguntei ao meu treinador Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Por Terra Indoor se ele achava que eu era capaz. Ele obrigou-me literalmente a inscrever e surpreendi-me a mim mesma, porque não só consegui ser apurada para a final como consegui ficar nos 5 primeiros lugares da mesma! Adorei a sensação de competir e de me superar, de perceber que quando parece que não tenho mais forças, há qualquer coisa que me faz dar mais um bocadinho e chegar ao fim sem nunca desistir. Quais são para ti as vantagens desta modalidade? Eu estou completamente apaixonada e viciada no crossfit. É um treino intenso com inúmeros benefícios físicos de permitir, aumentar a força, a resistência, de ajudar a mudar drasticamente o corpo de quem pratica essa modalidade mas é muito mais do que isso. Eu adoro a sensação de me superar e o crossfit permite-me isso. Temos sempre forma de fazer um bocadinho melhor do que ontem. De conseguir fazer um desafio em menos tempo, de conseguir fazer mais repetições, de conseguir fazer “O primeiro obum determinado exercício Agora és fã de desporto indoor jetivo foi baixar dos com mais carga, etc e isso e outdoor. Quais as modalida100 kg o mais rápido que ajuda-me a manter sempre des outdoor que praticas atuos níveis de motivação elepudesse. O seguinte foi fazer almente? vados. E depois é brutal o Costumo correr na rua de o que muitos achavam imespírito de entreajuda que vez em quando. Infelizmente possível: atingir os 100 kg se vive no crossfit. Seja a a corrida é o único desporto perdidos em menos de treinar, seja a competir ninoutdoor que vou praticando guém deixa o outro do lado um ano (...)” quando posso. Já participei em desistir. Toda a gente puxa por varias corridas de 10, 15km e já toda a gente e isso é absolutafiz também o meia maratona. Mas mente formidável e emocionante e sendo que já fui escuteira, adoro desnão se vê em muitas modalidades. Como é o dia a dia da Susana Henriques? Neste momento, com o aproximar de duas competições faço treinos bi-diarios no Fitness Hut. Depois de um bom pequeno almoço lá vou para o treino. Ou sozinha ou com um dos meus PT´s Jorge Ortiz ou Pedro Gonçalves. Depois do treino, tomo a minha proteína e como infelizmente estou desempregada, vou para casa, descansar o corpinho, procurar emprego e estudar uma vez que estou a tirar varias formações na área do Fitness. Almoço, volto ao estudo e aos meus afazeres e ao fim da tarde volto para o treino. Alterno o treino entre o crossfit, algumas aulas de grupo como RPM e Body Pump e de vez em quando faço treino outdoor e vou correr e aproveitar os espaços brutais que Lisboa tem para fazer treinos outdoor. Depois do treino, hora de ir para casa descansar, estar com os que me são queridos e recuperar para no dia a seguir estar cheia de força para voltar a treinar. OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 57 Por Terra De que forma a prática de desporto te ajuda no teu dia a dia? Eu já não vivo sem treinar. Quando era obesa, quando me sentia triste ou aborrecida o meu refúgio era a comida. Neste momento, quando me sinto assim vou para o ginásio e descarrego tudo. Saio de lá de “alma lavada” e não troco isso por nada! Quando não treino sinto mesmo que falta qualquer coisa. O treino faz-me sentir bem, quer a nível físico, quer a nível emocional e é por isso que é tão importante para mim. És um exemplo de coragem e confiança para muita gente, gostavas de deixar alguma mensagem especial a quem enfrenta o problema da obesidade? Acho que o primeiro passo que devem ter é acreditar em vocês mesmos, acreditar que são capazes de mudar. Se eu perdi 100 kg, vocês também conportos outdoor, principalmente em contacto seguem perder o peso que têm para perder. Agora, com a natureza e tenho algumas saudades de não chega dizer que querem mudar e continuarem agarrados ao comando da TV. Levantemfazer coisas como rappel ou canoagem. -se, ganhem coragem, peçam ajuda, mexam-se e acima de tudo, não deO que gostarias de experimentar? sistam à primeira dificuldade. Se Eu adoro desafios e gostava de “Se eu perdi 100 é difícil perder peso? É sim, mas experimentar muita coisa. kg, vocês também não é muito mais difícil vocês Uma vez que tenho uma liganão conseguirem fazer coisas ção especial com o mar. Adoconseguem perder o peso simples e de que tanto gostam rava aprender a fazer Surf, que têm para perder. Agoporque têm peso e gordura a Wind Surf, Paddel, etc. ra, não chega dizer que mais? É difícil sim, mas sabem o que realmente imporQuais os teus próximos proquerem mudar e continuta? É que vai valer a pena. No jetos e desafios ao nível do arem agarrados ao cofim do caminho, vão se sentir, desporto? mando da TV. ” mais leves, mais saudáveis e saEu quero muito crescer como bem que mais? Mais felizes!! E não atleta de crossfit. É mesmo uma é isso para que todos lutamos? Para paixão, quero a cada dia conseguir sermos felizes?? dar mais um bocadinho de mim, superar-me todos os dias. Quero continuar a participar em competições e o sonho é um dia atingir Então levantem-se, dêem o primeiro passo e um nível que me permita participar em compe- quando vos passar pela cabeça desistir lembremtições internacionais. Estou rodeada de gente -se de mim e dos 100 kg que eu perdi!! Se eu conligada ao crossfit e completamente apaixonados segui, qualquer um consegue! Eu acredito em vocomo eu, o meu treinador ou o Bruno Militão cês, agora cabe a vocês mesmo acreditarem e não que foi o primeiro campeão nacional de Cross- desistirem! ø fit. Todos eles me inspiram e fazem-me querer sempre mais, fazendo-me acreditar que um dia eu vou mesmo lá chegar. Que conselhos dás a quem leva uma vida sedentária? Levantem-se, larguem o comando da TV e lutem pela vossa swaúde. Não se lembrem apenas disso quando não conseguirem brincar com os vossos filhos, netos, ou quando não conseguirem fazer coisas simples do dia-a-dia como subir umas escadas, apertar uns atacadores etc. 58 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Por Terra Uma vida de aventura O PIONEIRO DO ALPINISMO R ui Martírio Gomes da Silva foi uma personagem singular, solitária e discreta que muito contribuiu para prática das atividades de montanha na sua terra natal, a Ilha da Madeira. Nasceu a 15 de Agosto de 1919, na freguesia de São Pedro, no Funchal e, apesar de ser médico de profissão, dedicou grande parte da sua vida à escalada. Durante a juventude praticou várias modalidades desportivas, como os saltos para a água, o futebol e o ténis, para além das longas marchas à montanha em família, atividades muito apreciadas pelos Gomes da Silva. Sempre foi um aluno aplicado e terminou o ensino secundário em 1937, no Liceu do Funchal. 60 Seguiu para Lisboa, no tempo em que as viagens marítimas duravam quase uma semana, para estudar medicina na faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Terminou a licenciatura em 1942, com 23 anos, e regressou à Madeira para exercer a sua profissão. Dedicou-se ao montanhismo, desbravando vias e caminhos por toda a cordilheira central da ilha, tornando-se um especialista em escalada clássica em basalto e técnica artificial em “cerro”. Ainda hoje, o legado deixado pelo Dr. Rui Silva, como era conhecido no meio, é enorme, resultando num vasto conjunto de vias, acessos e percursos de montanha utilizados atualmente por montanheiros, guardas e vigilantes da natureza. Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Por Terra Pioneiro do Alpinismo Desenvolveu técnicas de escalada muito específicas, nomeadamente para a escalada solitária em “cerro”, e na rocha basáltica, onde apurou o seu nível técnico a um nível elevado para a época. Embora tenha dado os seus primeiros passos no montanhismo em geral e na escalda em particular, ainda quando aluno do secundário, é na faculdade que tem um contacto mais sério com informação sobre a escalada, e descobre uma paixão profunda pela modalidade. Datam de 1953 alguns registos em filme das suas práticas de montanha, onde se inclui a escalada e o ski na neve. No Ski foi pioneiro nas montanhas da Madeira, chegando a utilizar com regularidade uma pista improvisada criada por ele e pelos irmãos, nas proximidades do Pico do Arieiro. Desde os anos 40 até finais dos anos 70 do século passado, Rui Silva explorou diversas zonas de escalada na Ilha, com especial destaque para o maciço central da Madeira. Abriu vias, desbravou novos acessos e caminhos, descobriu e testou novas técnicas aplicando equipamentos por si desenhados, e adaptados à realidade da ilha, ao seu terreno e à sua morfologia. É importante ter em conta a noção do “tempo”. Nesta altura tudo era distante e longínquo, não havia informação sobre a modalidade em Portugal, não se comercializava material, tudo “Desde os anos era por correspondência pos40 até finais dos tal, ou através de portadoanos 70 do século pasres e amigos que traziam as cordas e equipamento sado, Rui Silva explorou necessário à prática da diversas zonas de escalamodalidade. da na Ilha, com especial destaque para o maciço central da Madeira. (...)” Em 1966, numa das suas viagens, fixou-se em Zermatt onde praticou montanhismo num dos lugares que mais o fascinavam. Numa dessas suas saídas, sempre em solitário, aventurou-se a subir o Mattahorn, seguindo as pisadas de outro grupo, acabando mais tarde por renunciar à subida por razões meteorológicas. No ano de 1963 viu concluído um dos seus sonhos, a construção de um abrigo de montanha no Chão do Arieiro, fornecendo a possibilidade de desfrutar de uma apoio logístico nas proximidades de um conjunto vasto e diversificado de diques de basalto, maciços de cerro e píncaros escarpados. OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 61 Por Terra “Ainda hoje encontramos marcas da sua passagem em muitos locais da Madeira, e muitos deles fora da cordilheira central da ilha, (...)” Nos anos seguintes centrou as suas práticas nos cinco picos mais altos da Ilha, Ruivo, Torres, Arieiro, Cidrão e Gato. São os anos de maior produtividade, das “grandes vias”, “dos grandes cumes”. Ainda hoje encontramos marcas da sua passagem em muitos locais da Madeira, e muitos deles fora da cordilheira central da ilha, como por exemplo o Garajau, Penha d´Águia, Porto Novo, Ribeira de Boaventura, Gaula, São Gonçalo, Fundão e Caniçal. Manteve a atividade através de práticas regulares e semanais até ao séc. XXI, ajudando ao desenvolvimento da modalidade, através da partilha de momentos únicos com jovens escaladores, passados ao longo de vias, transmitindo experiências e histórias, acumuladas em tantos e tantos anos de descobertas solitárias. Em Janeiro de 2011, aos 92 anos, terminou a via da sua vida, e fê-lo como sempre gostou de 62 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR fazer, em solitário. Por Terra Pioneiro do Alpinismo O reconhecimento da pessoa do Dr. Rui Silva foi imediata, tal foi a sua grandeza como pessoa e como desportista, e em 2012 mereceu um louvor do Governo Regional e a atribuição do seu nome ao recente Centro de Observação da Freira da Madeira, localizado no Pico do Arieiro. Desta forma o seu nome ficou ligado à natureza, que tanto amava, e ao lugar que mais admirou e desfrutou.ø Rui Dantas CENTRO FREIRA DA MADEIRA DR. RUI SILVA No dia 26 de março de 2012 foi inaugurado o Centro freira-da-madeira Dr. Rui Silva, situado no Pico do Arieiro a 1818 metros de altitude, o quinto pico mais alto de Portugal. Beneficiando de fáceis acessos é um dos lugares mais visitados da ilha, pois a sua localização permite obter uma panorâmica privilegiada de todo o maciço central, área de excelência para a nidificação da Freira-da-madeira. É um posto de informação, interpretação e receção de visitantes, gerido pelo Parque Natural da Madeira, que conta ainda com um pequeno núcleo museológico e biográfico dedicado ao pioneiro da escalada clássica nas montanhas da ilha, e uma área dedicada à divulgação das atividades do PNM e um espaço multifunções com potencial para a realização de workshops, reuniões, seções de trabalho e comunicações de carácter ambiental. O centro está aberto ao público em geral, todos os dias das 9H às 17,30H. OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 63 Por Terra Aventura de Filomena Gomes LA LEGGENDARIA CHARLY GAUL: MAKTUB E stava escrito que eu iria aos Alpes este ano… E cumpriu-se o desígnio. Eu sou o motor. E ponho-me em marcha, faço meu o terreno e brinco com ele. Vejo sol mesmo que chova. Travo com os pés se for preciso, mas não travo as minhas convicções. Acredito que as montanhas foram feitas para serem pedaladas. Nelas os meus pensamentos fluem livremente, cada obstáculo é uma oportunidade. Ganho asas para voar. E inicio a minha viagem de autodescoberta. Estou na Piazza del Duomo, no centro da cidade de Trento (Itália) às 08h de 21 de julho, tomada por uma onda de adrenalina resultante do ambiente único e singular que advém da presença simultânea de centenas de pessoas com uma paixão em comum: a bicicleta. Homens e mulheres, semiprofissionais ou equiparados, antigos profissionais (exemplo de Paolo Savoldelli) ou público em geral, todos sentimos o fascínio e o apelo daquelas montanhas dos pré-Alpes a um passo das 64 Dolomites, sob uma chuva miudinha que deixa antever cuidados extra nas descidas. Na minha mente está bom tempo, revivo nela as sensações da véspera ao assistir à final da duríssima e sobejamente conhecida prova de BTT por etapas “Craft Bike Transalp”, em Riva del Garda. Revivo o privilégio de ter assistido à chegada da única dupla de portugueses, a felicidade que eles sentiram por nos terem na chegada e a admiração que eu senti por eles. Hoje sou eu que estou prestes a fazer a ascensão do Monte Bondone, numa prova com cerca de 142kms e um desnível acumulado de cerca de 4500 metros, mas que posso considerar “fácil” face ao feito de Charly Gaul em 1956: o ciclista luxemburguês ganhou a etapa, e consequentemente o Giro d’Italia, sob um forte nevão, com mais de 7’44’’ de vantagem sobre o 2º classificado. À chegada foi levado em braços para o hotel, em estado de hipotermia. Vestia roupas de lã emprestadas por militares, tendo muitos adversários sido obrigado a desistir em sérias dificuldades de sobrevivência. Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR tos, e no topo temos um tapete de leitura dos chips, o que obriga o pelotão mais para trás a desmontar. Perco o Pedro Silva. Temos diante de nós uma descida assustadora, face à inclinação e ao piso molhado. Soam todos os meus alarmes e eu desço devagar. Uma ambulância e um atleta ensanguentado numa berma impressionam e relembram o perigo. Sou ultrapassada por imensa gente. No fim da descida, apanho um grupo e não o largo mais. Tenho de me manter ali para garantir que As mulheres presentes no funil rechego ao local de separação do servado às senhoras não aparenMedioFondo e do GranFon“Acredito que as tam estar impressionadas. Mas do até à hora limite, 09h30 montanhas foram EU estou impressionada com da manhã. Dou graças por feitas para serem pedaa musculatura delas, nascidas já ter andado várias vezes naquelas montanhas, onde ladas. Nelas os meus penem pelotão compacto, a têm diariamente o seu campo velocidades elevadas, e samentos fluem livremende treino privilegiado. Mas as bem junto a outras rodas. te, cada obstáculo é uma aparências não passam disso Sou praticamente levada, oportunidade. Ganho mesmo, e quando soa a partida e é notório o espírito comsomos todas e todos iguais, pupetitivo dos italianos, mas asas para voar.” xando dos nossos trunfos e usando também o seu desportivismo. as nossas capacidades. Muito portugueses deviam vir a eventos destes, penso… Sou sauO pelotão dispara, juntando gradualmente as dada, “Portogallo”, devido ao jersey do diversas levas de participantes que haviam parti- SkyRoad que envergo com orgulho, e desejamdo separadas. Surge a primeira subida. Junto-me -me sorte. ao Pedro Silva, que tinha partido do corredor VIP. Vamos com calma, dizemos um ao outro. A subi- Passado o primeiro corte, encaminhamo-nos da fica mais forte, e o cenário fica mais belo. Faz para a primeira subida de causar respeito. Num lembrar as encostas do Douro. Mas não torna a abastecimento perco as rodas que seguia e faço ficar plano, é sempre a escalar, nesta que é só a das tripas coração para me chegar à frente. Mas primeira subida e que ainda é a brincar. entro na subida sozinha. Meto as mudanças toVimos há muito tempo a subir, demasiado jun- das que tenho e precisava de mais. Não há, e por OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 65 Por Terra MAKTUB por Filomena Comprometo-me a honrar o lugar que me estava reservado neste fantástico evento, num cenário de sonho, com montanhas esmagadoramente altas e belas, capazes de impressionar os mais aptos e audazes amantes da bicicleta. O aparato transmite a importância da prova: é a única etapa italiana do “UCI World Cycling Tour”, um circuito de provas para amadores, que apura para uma grande final UCI, a ter lugar em Setembro, também em Trento. Por Terra “Depois do abastecimento intermédio, em que não paro, a estrada coisso sigo em ritmo lento montameça a serpentear, curva e nha acima. Os kms vão passando, são 20 no total, e eu vou-me contracurva, numa floressentindo melhor. Começo pauta fechada de pinheiros latinamente a ultrapassar gente, nórdicos. É das subidas mulheres e homens. Sinto-me de tal forma bem, que vou em mais belas que já pedaleira grande nas partes mais fiz.” acessíveis. Depois do abastecimento intermédio, em que não paro, a estrada começa a serpentear, curva e contracurva, numa floresta fechada de pinheiros nórdicos. É das subidas mais belas que já fiz! Ao km 68 avisto o jersey SkyRoad do Pedro Silva, uns 30mts à minha frente. A estrada inclina e ele tem mais desmultiplicações do que eu. Não chego lá e opto por não o chamar. Por fim, chego ao topo desta primeira grande subida, o Viote, aos 1563mts de altitude, muito antes da hora de corte (meio-dia). Reabasteço com tempo, estou vazia de energia e preciso de me preparar para a descida. Quando começo a descer, apercebo-me da magnitude do lugar onde me encontro. Dedos nos travões e olhos na estrada, mas sempre a apreciar a paisagem. Desço tanto que me farto. Felizmente há muito que deixou de chover e o piso está completamente seco. A descida termina numa estrada principal que há de conduzir ao Vale dos Lagos (Valle dei Laghi). Tenho 90kms e aquele falso plano custa-me mais que a subida anterior. Mas esta sensação desaparece quando dou por mim 66 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Estou com 120kms e ainda faltam mais de 1000mts de desnível para superar! As pernas guincham, as mudanças faltam, mas o que não falta é o ânimo para prosseguir, custe o que custar. Montanha acima, vou pensando que esta não é tão bela quanto a outra e é pena que a nossa amiga Ju, na distância MedioFondo, tenha perdido a subida do Viote. O Pedro segue mais à frente, eu não tenho mais forças nem mudanças. Vai no meu campo de visão, o que é animador. O grau de inclinação acentua-se, à medida que a subida também se torna mais bonita. Começa a sucessão de curva e contracurva, em cotovelos apertadíssimos, e começo-me a cruzar com inúmeros participan- tes no sentido contrário. Optaram por regressar a Trento de bicicleta, é sempre a descer. Pensando melhor, acho que vou passar, mesmo que o tenhamos combinado antes da prova começar! Agora só quero é terminar. Não se avista o topo, só se avistam curvas. Os atletas que vêm a descer dirigem-me imensas palavras de incentivo. O fair play e o apreço mútuo manifestado pelos ciclistas é algo que não irei esquecer. Alcanço finalmente o topo e avisto a meta! Está lá a Ju à nossa espera. O Pedro chegou uns minutos antes. Cruzo, paro, sento-me no chão e a Ju leva-me a bicicleta. Fico ali algum tempo sentada. Uma torrente de pensamentos e emoções invadem-me a mente. Pareceu-me uma eternidade. Reunimo-nos, eu, o Pedro, a Ju e o António Queiroz (do SkyRoad GrandFondo da Lousã) e felicitamo-nos mutuamente, exprimindo as nossas impressões sobre a prova. Nenhum texto pode transmitir a emoção de ter feito uma prova como esta, num cenário como este, com amigos como estes, e em permanente ambiente de alegria e diversão. A diversão não ficou por ali… Innsbruck, as Dolomites e Veneza estavam no roteiro. Citando Paulo Coelho, “É justamente a possibilidade de realizar um sonho que torna a vida interessante.” – Eu realizei um sonho! Maktub… ø OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 Filomena Gomes 67 Por Terra MAKTUB por Filomena junto aos lagos verde-esmeralda daquele vale. O Lago di Garda, o maior de Itália, com cerca de 370kms2, está a um passo, mas nós vamos na direção oposta, ladeando lagos mais pequenos, pois há que subir o Bondone outra vez, ao topo denominado Vason, aos 1654mts. A prova vai terminar em alto. Por enquanto pedalo em estradinhas encantadoras, passando por aldeias no sopé das montanhas, e com o gigante mesmo ao lado. Não paro no abastecimento dos 105kms e ao km 112 apanho o Pedro Silva! A felicidade mútua por podermos prosseguir juntos é imensa. Vamo-nos mentalizando para o que aí vem. Entramos por fim na subida final, vão ser mais 20kms sempre a subir, mas sem qualquer pequeno plano para recuperar. Por Água Atividade mergulho 68 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR O fundo do mar sempre teve um apelo mágico no nosso imaginário despertando o génio de inventores como Leonardo da Vinci e visionários como Jules Verne. No entanto só em 1945, Jacques Cousteau e Emile Gagnan patentearam o primeiro regulador autónomo, o “GC45”, que permitia então ao Homem deslocar-se livremente dentro de água. Ficaram então criadas as condições para que todos os aventureiros e audazes pudessem usufruir dos segredos do mar e desde aí o mergulho foi gradualmente crescendo, sofrendo um aumento exponencial a partir dos anos 90. Dados apontam para mais de 20 000 000 de mergulhadores certificados no mundo e provavelmente cerca de 2 000 000 a mergulhar regularmente. Em Portugal certamente mais de 2000 pessoas mergulham com regularidade e esse número está a aumentar. O conceito de mergulhador recreativo também mudou muito ao longo dos anos. O que antes era uma atividade para alguns semi-loucos, aventureiros com preparação e espírito quase de “ comando” foi-se suavizando e tornando acessível sendo agora possível uma criança a partir de 8 anos fazer mergulho em águas confinadas e com 10 fazer mergulho em águas abertas. Portanto, dos 8 aos 80 ou mais. Há também mergulho adaptado, para pessoas com deficiências. Assim, o mergulho está aberto a todos. Foto: Haliotis Mas como fazer para mergulhar? Quem quiser simplesmente experimentar a sensação de respirar debaixo de água, pode optar por um “batismo de mergulho”, basta procurar uma qualquer escola de mergulho e na piscina, depois e uma explicação de procedimentos, fará um mergulho acompanhado por um instrutor. Para uma aventura ainda mais aliciante deverá procurar um centro de mergulho e aí então poderá fazer um “batismo de mergulho no mar” em que depois e uma explicação de procedimentos fará um mergulho acompanhado por um instrutor, em águas abrigadas, nadando livremente no meio dos peixes e observando os fundos marinhos. Uma experiência a não esquecer. Se ficou OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 69 Por Água Mergulho N unca sonhou alguma vez em passear no fundo do mar, percorrer florestas de algas e jardins de coral, rodeado de miríades de peixinhos coloridos, seguir os grandes cardumes nas correntes oceânicas ou até acompanhar as migrações das baleias? Por Água com vontade para mais então está na hora de fazer um curso. Como fazer um curso de mergulho? Nada mais simples, atualmente há em Portugal cerca de 50 centros e escolas de Mergulho das agências PADI e SSI. Ambas apresentam programas muito semelhantes podendo um aluno fazer um curso Open Water Diver em 4 dias. Os cursos são compostos por módulos teóricos, onde se abordará toda a componente técnica, cuidados a ter, procedimentos e módulos práticos onde se executarão todo o tipo de tarefas para criar à-vontade no meio subaquático. Os valores andarão entre os 300€ e os 400€ consoante o que for oferecido por cada escola/centro no seu programa. Normalmente as escolas mais conceituadas dão mais garantias, podendo no entanto apresentar preços mais altos. Depois fica habilitado para mergulhar em qualquer lugar do mundo, podendo ir fazendo a progressão das suas certificações, fazendo cursos “Para uma avenque lhe permitirão ir mais fundo, mergulhar em grutas tura ainda mais aliou mesmo evoluir para um ciante deverá procurar profissional na carreira do um centro de mergulho e mergulho. aí então poderá fazer um “batismo de mergulho no mar” (...)” O EQUIPAMENTO Para mergulhar é necessário ter máscara, barbatanas, garrafa, regulador completo e instrumentos de controlo, colete estabilizador e vestuário de proteção térmica adequado às águas em que se mergulha. Qualquer centro de mergulho terá este equipamento para alugar de modo que o mergulhador ocasional não terá de se preocupar com a sua aquisição mas os mergulhadores mais ativos terão todo o interesse em ter o seu próprio material. Atualmente um equipamento completo de mergulho recreativo (fora a garrafa) pode encontrar-se por valores a partir dos 800€ mas também facilmente poderá chegar aos 4000€, tudo depende da escolha. Também aqui por vezes o barato pode sair rapidamente mais caro. Aconselhe-se junto de profissionais do ramo, que o poderão aconselhar com base na experiência que já têm. ONDE MERGULHAR No continente há zonas distintas onde o mergu- 70 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Por Água Mergulho lho se faz com maior frequência, como por exemplo, mais a norte o Arquipélago das Berlengas, a sul de Lisboa o Parque Marinho Prof.Luís Saldanha (Arrábida), a zona de Cascais e a costa sul do Algarve. Nas ilhas pratica-se o mergulho na Madeira e Porto Santo e em praticamente todas as ilhas do arquipélago dos Açores. Experimente, não é por acaso que o mergulho se está a tornar uma atividade de tanto sucesso, as emoções são intensas e ao mesmo tempo relaxantes, é uma atividade de turismo de natureza deveras gratificante. ø OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 José Alberto www.haliotis.pt 71 Fotografia Foto-reportagem por Carlos Tiza LAGUNAS DE VILLAFÁFILA ESPAÇOS NATURAIS DE CASTILLA Y LEÓN geossítios de arouca 72 Abril_Maio_Junho 2013 OUTDOOR Fotografia Foto-reportagem OUTDOOR Abril_Maio_Junho 2013 73 Fotografia E m 1986 a Junta de Castilla y León criou a Reserva Nacional de Caza de las Lagunas de Villafáfila, que ocupa uma superfície de 32 682 hectares. A nível internacional a Reserva está declarada como Zona de Proteção Especial para as Aves e forma parte da RED NATURA 2000. A Reserva de Las Lagunas de Villafáfila encontra-se situada na chamada Tierra de Campos, Província de Zamora, em Espanha, onde a paisagem dominante é a estepe cerealista. Para além desta paisagem natural, o homem tem vindo, ao longo dos tempos, a criar um riquíssimo património arquitetónico de “Tapial e Adobe”: a cultura do barro, com destaque para os pombais, que se encontram por todos os campos de cultivo. Mas a mais significativa razão para a importância de Villafáfila são as lagoas que dão abrigo a uma grande variedade e quantidade de aves migratórias, que convertem este espaço protegido num dos mais importantes complexos lagoeiros da Península Ibérica. Na estepe cerealista habita uma das maiores populações de Avutardas (Otis tarda) do mundo. O complexo lagoeiro possui uma riqueza extraordinária de invertebrados aquáticos, embora, como já referido, sejam as aves que criam um maior colorido e atrativo cenário à Reserva. Nela concentram-se quase 50% de todas as aves aquáticas censadas em Castilla y León. Nesta interessante e bonita zona para se desco- 74 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Fotografia Foto-reportagem brir existe muito mais que aves e água. A paisagem caracteriza-se por uma suave orografia e horizontes amplos, com campos de cereal que se perdem no horizonte. Esta paisagem da chamada Tierra de Campos é resultado duma intensa transformação humana ao longo dos tempos com fins agrícolas, partindo dum território de pradarias, de lagoas rodeadas de álamos e montes com pinheirais que ocupavam as zonas altas. Hoje em dia os pombais são os mais significativos elementos arquitetónicos da zona. A arquitetura popular caracteriza-se pelo uso da terra como matéria prima principal, misturada com água, palha e uma longa secagem ao sol. Este processo produzirá essa pasta de barro ou “adobe”, na sua forma mais simples. Se aplicadas em camadas com cal dentro de um encofrado , estaremos perante o “tapial”. A uns escassos 1,5 km de Villafáfila encontramos a Casa do Parque “EL PALOMAR”, uma reprodução fiel de um pombal típico de Tierra de Campos. A Casa Sede está aberta ao público e no local são fornecidas todas as informações necessárias para uma visita educativa e mais agradável. Existe também uma rede de observatórios para permitir contemplar, identificar e estudar as aves aquáticas nas próprias lagoas, que se incluem no Convénio Mundial de Proteção de Zonas Húmidas de Importância Internacional.ø Carlos Tiza OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 75 Fotografia 76 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Fotografia Foto-reportagem Quem é Carlos Tiza? Frequentou o curso profissional de fotografia no instituto português de fotografia. Escreve poesia. A fotografia passou a ser a sua forma para se expressar poeticamente, é um complemento às palavras escritas, uma poesia mais sensorial, mais visual e direta. É um poeta do flash, dos holofotes, da luz do crepúsculo e dos faróis! Mestre da fotografia noturna, sente-se atraído pelo lado escuro da luz. Escreve e sente através da luz, dos sais de prata. O seu trabalho tem uma maior incidência nas áreas do fotojornalismo e fotografia de natureza / património natural. Pode ser encontrado à noite, no norte do país à procura da escuridão perfeita pelos trilhos no meio de montes e vales. Acrescenta sempre uma pitada de intervenção humana nas suas fotografias. Filosofia de vida: fazer uma boa fotografia é tão prazível quanto o amor… vive…e fotografa! Contacto: [email protected] OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 77 S.O.S. Saúde do Viajante jet lag O jet lag é uma alteração temporária que causa sintomas como a fadiga, a desorientação e a insónia, após a viagem aérea por diferentes fusos horários. Esta condição afecta pessoas de todas as idades, apesar de ser mais comum em pessoas com mais de 60 anos e menos frequente em crianças e bebés. As dificuldades do corpo em se adaptar a um novo fuso horário leva a alterações no ritmo circadiano, o relógio biológico do nosso corpo, responsável pela regulação das funções biológicas, como a hora de dormir e comer, provocando uma sensação de letargia e quebrando as rotinas do dia a dia. O ritmo circadiano para além de regular as fun78 ções corporais, regula a temperatura, a tensão arterial, os níveis hormonais e de glucose no sangue. Para ajudar na regulação destas funções e percecionar a hora do dia, as fibras do nervo ótico transmitem informação sobre a luz ou escuridão diretamente ao centro do tempo no hipotálamo. Quando a luz por exemplo do amanhecer ou entardecer é percecionada pelo nervo ótico muito mais cedo ou tarde do que é normal, o hipotálamo pode levar a atividades que o resto do corpo não está preparado para enfrentar, desencadeando-se o jet lag. A hormona melatonina desempenha um papel fundamental na regulação biológica do corpo, uma vez que é libertada na corrente sanguínea Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR S.O.S. Jet Lag Fotos: EuroClinics após o pôr do sol, promovendo o sono. Contudo, se for percecionada luz, o hipotálamo sustem a produção de melatonina, o que pode voltar alguns dias a voltar ao normal. Quanto mais longa a viagem e quanto mais fuso horários diferentes se atravessarem, mais severo é o jet lag, podendo ser um entrave em viagens de negócios ou arruinar umas tão merecidas férias. tem aproximadamente 1600 Km e de acordo com o movimento de rotação da terra, cada fuso horário tem uma hora diferente. A hora varia com base no meridiano de Greenwich que passa por Londres, variando uma hora por cada 15º viajados em cada direção, este ou oeste. O que é um fuso-horário? Para melhor perceber e tratar o jet lag, é importante conhecer o que é um fuso horário. O mundo está dividido em 24 fuso horários diferentes, um para cada hora do dia. Cada zona OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 79 S.O.S. Sintomas do jet lag O Dr Bram Broms da clínica euroClinix esclarece: “Os sintomas do jet lag podem variar de pessoa para pessoa, bem como a sua severidade aumenta à medida que uma maior distância e mais fusos horários são atravessados.” O sintoma mais comum é a desregulação dos padrões de sono, sendo frequente a insónia durante a noite e a fadiga e cansaço durante o dia, por ser difícil estabelecer novos horários de dormir. Outros sintomas incluem má disposição, obstipação, diarreia, náuseas, perda de apetite, ansiedade e dores de cabeça. A duração dos sintomas pode ir até um ou dois dias, desaparecendo estes à medida que o corpo se adapta ao novo fuso horário. A direção do voo também desempenha um papel importante na severidade dos sintomas, com as pessoas que viajam para Norte ou sul dentro do mesmo fuso horário a sofrerem menos sintomas e os viajantes que viajam para Este a experienciarem os sintomas mais severos, devido a estarem a perder horas relativamente ao local de origem. Quando a viagem é para Oeste, a adaptação consegue ser mais fácil, o que não quer dizer que não se desenvolvam igualmente sintomas. Como evitar o jet lag? ração. Antes de viajar, é possível adaptar a rotina de sono ao fuso horário de destino, alterando a hora de deitar para uma hora mais tarde, no caso da viagem ser para Oeste ou para uma hora mais cedo se a direção for Este. Manter a calma e dormir o suficiente antes do voo também ajuda a que os sintomas do jet lag passem mais despercebidos. Durante a viagem é fundamental manter a hidratação e por isso evitar o consumo do álcool, manter uma certa atividade, tal como esticar os braços e as pernas e fazer pequenos períodos de descanso durante o voo. Descansar aquando da chegada, principalmente se esta for à noite, pode ajudar a recuperar energias e aliviar os sintomas do jet lag. No caso de viagens frequentes, principalmente em pessoas que tiveram dificuldades no passado em lidar com o jet lag, pode estar recomendado o tratamento com melatonina, para ajudar a regular o ritmo circadiano e a evitar sintomas como a insónia. Os tratamentos disponíveis contêm melatonina sintética, que mimetiza as funções na melatonina naturalmente produzida pelo organismo. ø Infelizmente o jet lag não pode ser evitado, porém, podem ser tomadas algumas medidas preventivas que ajudam a reduzir a severidade dos sintomas e a melhorar o tempo de recupe80 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Clínica euroClinix www.euroclinix.com.pt S.O.S. os mitos da sobrevivência S entir-se completamente à nora numa situação de sobrevivência por não ter a mínima noção do que fazer, já é perigoso. Mas ainda mais perigoso é acreditar em informações de fontes dúbias, que foram repetidas ao longo dos tempos e que, aos olhos dos leigos na matéria, se tornaram verdades absolutas. Surgem assim uma série de mitos que se forem colocados em prática vão causar-lhe mais problemas do que não fazer absolutamente nada. Neste artigo vou desmistificar os mais importantes. Não vou entrar em pormenores científicos ou técnicos, o objetivo é mesmo tirar estas ideias da sua cabeça. Todos estes mitos são falsos, embora exista a ideia contrária. 82 Entramos de um momento para o outro numa situação de sobrevivência Esta é a visão que os programas de TV nos transmitem: de um segundo para o outro, estamos numa situação de sobrevivência. Isto raramente acontece, o mais provável é isso acontecer depois de uma série de más decisões. O melhor sobrevivente não é o mais forte nem o mais preparado, é aquele que aposta na prevenção e fica longe dessas situações ou que se prepara para não ter de improvisar. Só se perde quem se embrenha profundamente na Natureza Este é um mito que nos dá uma falsa segurança, que nos leva a pensar que só os aventureiros mais afoitos é que correm estes riscos. Nos Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Se a água for corrente e límpida, pode ser bebida sem mais cuidados Já quase toda a gente ouviu falar da necessidade de ferver a água para a purificar. Mas também existe a ideia que se nos cruzarmos com um riacho de água cristalina em movimento, podemos bebê-la de imediato. Ora as bactérias, vírus e outros agentes patogénicos não são visíveis a olho nu e a montante do local pode estar, por exemplo, um animal em decomposição. A água deve ser sempre desinfectada, seja por fervura, seja por outro meio eficaz. Não existem cobras venenosas em Portugal Este é um mito muito enraizado e grande parte dos meus alunos fica bastante surpreendido quando lhes digo que realmente existem 3 tipos de cobras venenosas no nosso país: a Cobra Rateira (que possui os colmilhos na parte posterior da boca e por isso normalmente não consegue inocular veneno) e duas víboras (Cornuda e Seone) cuja mordedura inocula veneno e pode ser fatal em idosos, crianças ou indivíduos com o sistema imunitário debilitado. Se não tem conhecimentos na matéria, deixe as cobras que encontrar em paz. E.U.A mais de 80% das pessoas que se perdem estavam a fazer uma simples caminhada durante um dia. Não descure a sua segurança ao pensar que vai apenas dar um passeio pela serra. Em caso de mordedura de cobra, devemos chupar o veneno da ferida Aparentemente um atentado ao bom senso, muitas pessoas continuam a acreditar que esta deve ser a forma de atuar nestes casos. Este procedimento não vai conseguir retirar o vene“ (...) existem 3 no e ainda pode colocar bactérias tipos de cobras veneou outros agentes infecciosos nosas no nosso país: a na ferida, agravando a situação. Existe um estudo científico que Cobra Rateira e duas víboras (Cornuda e Seone) (...) “ Se me perder, a primeira coisa a fazer é procurar comida A grande maioria das pessoas em situações em que a sua sobrevivência está em risco morre nas primeiras 72 horas. Mas não morrem de fome, morrem normalmente de hipotermia. Em média o corpo resiste 3 semanas sem comida, por isso preocupe-se mais em resguardar-se dos elementos e em achar água, porque OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 83 S.O.S. Mitos da Sobrevivència sem ela não sobrevivemos muito mais do que 3 dias. S.O.S. Este mito resulta não só de associarmos o abrigo a uma casa, mas também de alguns programas de TV, onde os intervenientes constroem por vezes autênticas moradias. Na maior parte das situações é preferível ter algo entre si e o chão em vez de um teto. O objetivo será sempre abrigá-lo dos elementos e por vezes para fazer isso bastam alguns ramos de árvore. conclui que, mesmo com uma bomba, apenas 0,04% do veneno é extraído do corpo. A única coisa a fazer é desinfetar a ferida, manter a calma (para que o veneno não se espalhe ainda mais depressa) e dirigir-se ao hospital. Vi uns fulanos na TV a usar uma pederneira e aquilo é fogo garantido A pederneira é realmente uma excelente ferramenta de sobrevivência. No entanto não constrói uma fogueira, apenas produz faíscas. Não pense que apenas por ter uma vai ter fogo garantido, é preciso muito mais do que isso. Se não foi preparado de casa, vai precisar de algo que receba a faísca e produza uma brasa e por sua vez algo que possa pegar fogo em contacto com essa brasa. E mesmo assim pode não ter sucesso, dependente das condições atmosféricas. Se eu vir um animal a comer algo, Aquele livro que li sobre planentão eu também o posso fazer tas vai tornar-me um especiaExistem pássaros que comem frulista “A pederneira tos e bagas altamente tóxicos A fome tolda o pensamento. O para os humanos. É mais segumais certo é dizer que aquela é realmente uma ro comer o que os mamíferos planta à sua frente é a mesexcelente ferramenta comem e mesmo assim exisma do livro e é comestível, de sobrevivência. No entem excepções, pois algumas porque está com fome. Se espécies comem cogumelos e morrem constantemente tanto não constrói uma bagas que nos matariam. Muito pessoas que em situações fogueira, apenas promais seguro seria alimentar-se quotidianas identificaram duz faíscas. “ de animais, o problema é que, ao mal cogumelos, imagine o que contrário das plantas, estes fogem. é estar cheio de fome e sob presTodos os mamíferos com pelo são cosão. O conhecimento das plantas mestíveis, bem como os insetos de 6 patas faz-se em campo, com cheiros, textue praticamente todos os peixes de rio e aves. ras e outras situações que não vêm nos livros. Um abrigo terá sempre de ter um teto As bebidas alcoólicas ajudam a aquecer Quem é que nunca viu num filme ou num livro um cão São Bernardo com uma miniatura de um barril de conhaque para dar à vítima de hipotermia? O álcool realmente dar-lhe-á uma sensação de calor, pois aumenta a irrigação sanguínea na zona da pele, o que se torna perigoso por duas razões: torna-se numa falsa sensação de segurança e diminui a temperatura na zona dos órgãos vitais. A estrela polar é a mais brilhante do céu O que não faltam são estrelas no céu mais brilhantes que a estrela polar. Podem até nem serem estrelas o que vê a brilhar, podem ser planetas (Júpiter e Vénus costumam ser bastante brilhantes). Se está a pensar em usar este método para determinar o Norte, provavelmente 84 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR S.O.S. Mitos da Sobrevivència vai seguir na direção errada. Tem de utilizar outros métodos para localizar a estrela polar e para isso convém saber identificar as constelações Ursa Maior, Ursa Menor e em alguns casos Cassiopeia. Já agora, a estrela polar só é visível no hemisfério norte. No hemisfério sul precisa de identificar a constelação Cruzeiro do Sul para obter precisamente a direção sul. É possível saber para que lado é o Norte observando onde cresce musgo Isto até pode ser verdade em algum local do mundo, mas pessoalmente vejo musgo a nascer virado para todas as direções, nomeadamente em sítios húmidos e com sombra. Não me parece ser possível haver um padrão seguro para identificar a direção pelo local onde cresce o musgo e eu nunca usaria esta técnica para o fazer. Todos os povos aborígenes ou indígenas são especialistas em sobrevivência Vemos com regularidade os povos indígenas a obter água em sítios incríveis, a caçar com ferramentas rudimentares, etc. Como fazem coisas que nós aparentemente não conseguimos, normalmente na selva ou em zonas remotas, dizemos logo que são peritos em sobrevivência. Esquecemo-nos no entanto que eles não conhecem outra vida, aquilo é o seu dia-dia e foram ensinados desde pequenos a utilizar aquele tipo de ferramentas e a colocar em prática determinadas técnicas. É por isso que as dominam e conseguem persistir em ambientes que nós consideramos hostis. Imagine o que era um indígena ter de ir viver para uma cidade sem qualquer ajuda. Conclusão Ao tiramos estes mitos da sua cabeça, já o colocamos mais apto a sobreviver se um dia for necessário. No entanto isto não chega. Ter 10 facas, uma bracelete de paracord e uma pederneira a fazer faíscas e vestir roupas camufladas não o tornam um especialista em sobrevivência. Dominar minimamente algumas técnicas de sobrevivência implicam muito estudo, prática e trabalho de campo. Isto não se encontra apenas em livros ou filmes do youtube, logo se esta matéria o interessa o melhor será procurar formação credível na área. ø Luis Varela Formador certificado Instrutor de Bushcraft e Técnicas de Sobrevivência www.luisvarela.pt www.escoladomato.com OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 85 Descobrir pEQUENAS ROTAS EM nISA PR1: Trilhos das Jans O percurso tem início e fim na freguesia de Amieira do Tejo (junto ao castelo), concelho de Nisa e inclui uma variante pela aldeia de Vila Flor. O percurso avança em direção ao Tejo, com uma vista previlegiada sobre Albarrol, a Ribeira de Figueiró, Gardete (Beira Baixa) e a Barragem do Fratel. Após descida acentuada até à margem do Tejo, um trilho de pé posto conduz até aos 3 kms de muro de sirga até à Barca da Amieira, não sem antes contemplar a foz do rio Ocreza. Do cais da Barca o percurso regressa à Amieira do Tejo por caminho que esperita o castelo e a ribeira da Maia. características: Distância a percorrer: 12 km Duração média do percurso: 3h30m Local de saída/chegada: Castelo de Amieira do Tejo Dificuldade: Médio Cota Mínima e Máxima: 60 - 280 m Mais Informações: Município de Nisa 86 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR PR2: DESCOBRIR O TEJO Descobrir PR’S em Nisa O percurso tem início e fim na aldeia de Chão da Velha (junto à antiga escola primária), freguesia de S. Matias, concelho de Nisa. O percurso percorre as matas povoadas de eucaliptos, descendo por um trilho de pé posto, que serpentea um caminho estreito ao longo da encosta pelas barreiras do Tejo, avançando em direção à margem sul do rio. Do cais e do parque de merendas obtém-se uma boa panorâmica desta bacia hidrográfica. Inicia-se então a subida de regresso ao Chão da Velha, por um caminho de terra batida, atravessa-se uma vereda até chegar ao ponto mais elevado do trilho, numa eira, acompanhando uma parede de xisto com remate deitado. Antes de chegar à aldeia, o percurso ocorre junto a uma fonte e a lagumas construções em xisto. características: Distância a percorrer: 4,250 km Duração média do percurso: 1h30m Local de saída/chegada: Antiga Escola primária Chão da Velha Dificuldade: Fácil Cota Mínima e Máxima: 60 - 260 m Mais Informações: Município de Nisa PR3: Olhar Sobre a Foz O percurso tem início e fim na Central Hidroelétrica da Velada, freguesia de S. Matias, concelho de Nisa. A parte inicial ocorre junto à Ribeira de Nisa com passagem por uma azenha. Mais à frente atravessa o pontão da represa e percorre o caminho de terra batida que acompanha a margem direita da ribeira até à Foz no rio Tejo. O ponto mais exigente do percurso ocorre na subida até ao alto da colina, onde se situa um miradouro provilegiado sobre a ribeira de Nisa e o rio Tejo. Em frente, a linha de Beira Baixa demarca a paisagem num ponto provilegiado para a observação de aves (águia-pesqueira e garça-real). Após alguns metros surge uma descida que culmina no pontão que liga as duas margens da ribeira de Nisa. características: Distância a percorrer: 5,75 km Duração média do percurso: 2h00m Local de saída/chegada: Central Hidroelétrica da Velada Dificuldade: Fácil Cota Mínima e Máxima: 60 - 175 m Mais Informações: Município de Nisa OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 87 Descobrir PR4: TRILHOS DO CONHAL O percurso tem o seu início e fim no Arneiro (junto à sede da Junta de Freguesia de Santana), freguesia de Santana, concelho de Nisa. Segue em direção à Serra de S. Miguel, com as Portas de Ródão (monumento natural) no horizonte. Já na cumeada da serram por entre os pinheiros, é aconselhável a visita ao buraco da Faiopa (um dos pontos de interesse deste percurso). O percurso avança em direção ao castelo de Ródão, onde se pode contemplar o voo dos grifos, focando ao longe o Tejo, a foz da ribeira do Vale, o Conhal e Vila Velha de Ródão. Outro ponto de interesse é o miradouro sobre as Portas de Ródão, o rio Tejo e Vila Velha de Ródão. De seguida desce a serra de S. Miguel por trilho de pé posto pela encosta até ao Conhal com os imensos montes de seixos rolados que o compõem. Antes do Conhal, existe a possibilidade de visita ao cais do Pego das Portas, no Tejo, com uma panorâmica fantástica sobre as Portas de Ródão. De regresso ao Arneiro, poderão ser visitados os fornos comunitários onde se cozia o pão. características: Distância a percorrer: 9,8 Km Duração média do percurso: 3h30m Local de saída/chegada: Arneiro, junto à J.F. de Santana Dificuldade: Médio Cota Mínima e Máxima: 75 - 300 m Mais Informações: Município de Nisa PR5: À Descoberta de S. Miguel O percurso tem início e fim na aldeia do Pé da Serra, freguesia de S.Simão, concelho de Nisa. Inicia no Largo das Carretas e avança até à igreja de S.Simão e depois até ao caminho que conduz à antiga aldeia do Monte Cimeiro, já na encosta da Serra de S. Miguel. Depois do Monte Cimeiro o caminho continua serra acima até ao seu ponto mais alto junto ao marco geodésico de primeira ordem a 463 metros de altitude, o ponto de maior altitude do concelho de Nisa. A descida faz-se por trilho que serpenteia a encosta da serra até à aldeia da Vinagra. No regresso ao Pé da Serra, tempo ainda para visitar as tulhas do antigo lagar de azeite. características: Distância a percorrer: 9,2 Km Duração média do percurso: 3h00m Local de saída/chegada: Pé da Serra, no Largo das Carretas Dificuldade: Fácil / Médio Cota Mínima e Máxima: 180 - 463 m Mais Informações: Município de Nisa 88 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR O percurso tem início e fim na aldeia de Salavessa, freguesia de Montalvão, concelho de Nisa. Percorre as ruas estreitas da povoação, passando pela igreja de S. Jacinto, deixa a Salavessa pelas traseiras da aldeia, onde foram construídas as primeiras habitações, surgem então os palheiros de xisto, os currais e as furdas. O percurso segue entre muros, por caminho de terra e de pedra, com desnível acentuado, acompanhado por paisagem de sobro, descendo em direção ao Tejo. Chega-se à margem do Tejo através de um pontão à borda de água e segue um antigo caminho que termina na “Fisga” do Tejo, uma fenda artificial que depois de atravessada conduz até ao primeiro açude da ribeira do Fivelo. O percurso continua por esta ribeira à descoberta de mais açudes, serpenteando as colinas, passa por muros apiários, por noras e por um conjunto de canais de rega outrora utilizados no aproveitamento das águas para irrigação das hortas. Deixa-se a ribeira do Fivelo numa subida de regresso à Salavessa, junto aos socalcos de oliveiras. Descobrir PR’S em Nisa PR6: Rota dos Açudes características: Distância a percorrer: 10,6 Km Duração média do percurso: 3h30m Local de saída/chegada: Salavessa, no Largo da Escola Dificuldade: Médio Cota Mínima e Máxima: 60 - 235 m Mais Informações: Município de Nisa PR7: ENTRE AZENHAS O percurso tem início e fim em Montalvão, junto à igreja Matriz. Antes de iniciar a caminhada sugere-se uma visita ao castelo, à igreja, zona histórica e forno comunitário. O percurso segue até às encostas do rio Sever, passando junto ao cemitério e às ruínas da Capela de Santa Margarida. Atravessa a Eira do Ferreira, percorrendo trilhos vincados entre eucaliptos e alguns pinheiros, outrora palmilhados por camponeses e contrabandistas. Chega-se à margem do Sever por trilho entre denso arvoredo, numa zona de declive acentuado, onde abundam as fontes e as nascentes. Encontra-se primeiro a Azenha do Nogueira e depois a do Artur, sempre a contemplar a paisagem espanhola do outro lado do Sever. Podem também contemplar-se algumas construções em xisto. O percurso abandona a margem do rio em subida acentuada para depois regressar a Montalvão por caminhos de terra batida, por entre muros e ruínas em xisto. características: Distância a percorrer: 6,5 Km Duração média do percurso: 2h30m Local de saída/chegada: Montalvão, junto à Igreja Matriz Dificuldade: Fácil / Médio Cota Mínima e Máxima: 120 - 330 m Mais Informações: Município de Nisa OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 89 Descobrir PR8: Trilhos do Moinho Branco O percurso tem início e fim em Montalvão, junto à igreja Matriz. Antes de iniciar a caminhada sugere-se uma visita ao castelo, à igreja, zona histórica e forno comunitário. Avance pela estrada que liga Montalvão a Póvoa e Meadas e, na saída da povoação, vire no primeiro caminho à esquerda que conduz até às encostas íngremes do rio Sever. Atravessa trilhos outrora percorridos por camponeses e contrabandistas, tem como um dos pontos de interesse o chafariz de Palos, passa pela Tapada da Queijeira e no Alto da Pobreza obtém-se uma vista previlegiada sobre a foz da ribeira de S.João que divide os concelhos de Nisa e de Castelo de Vide. Chegado à Azenha do Moinho Branco, zona de declives acentuados, esculpida pelos cursos de água, o percurso acompanha a margem do rio Sever, com a vizinha Espanha do outro lado, numa zona de vegetação densa, onde abundam as fontes e as nascentes, com algumas construções tradicionais e abrigos em xisto. Um pouco mais abaixo o percurso abandona o rio, alcançando o pontão do ribeiro do Lapão, construído em xisto sobre um leito de pedra polida, com o abrigo de pescador já bem perto. O regresso a Montalvão é feito por subida através de trilhos de pé posto, com passagem pela Eira do Ferreira. características: Distância a percorrer: 14 Km Duração média do percurso: 4h00m Local de saída/chegada: Montalvão, junto à Igreja Matriz Dificuldade: Médio Cota Mínima e Máxima: 120 - 330 m Mais Informações: Município de Nisa 90 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR O percurso tem o seu início junto à ribeira de Sor, na confluência das freguesias de Alpalhão (concelho de Nisa) e de Vale do Peso (concelho do Crato) e o seu fim na ponte sobre o rio Tejo, freguesia de Santana, concelho de Nisa. Compreende a passagem do Caminho de Santiago pelo concelho de Nisa, nomeadamente do Caminho Português do Interior ou Caminho do Leste de Portugal, como é também conhecido. Atravessa as freguesias de Alpalhão, Espirito Santo, Nossa Senhora da Graça, S. Simão e Santana. Encontra-se já sinalizado com a sinalética convencionada para os Caminhos de Santiago (seta amarela e a vieira). Será, numa 2ª fase, proposta à Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, sua homologação com percurso de Grande Rota. características: Distância a percorrer: 34,141 km Duração média do percurso: 9h 00 m (aconselha-se a realizar em 2 jornadas) Local de saída/chegada: Freguesia de Alpalhão (junto à ribeira de Sor) e ponte sobre o rio Tejo Dificuldade: Médio / Alto Cota Mínima e Máxima: 75 -350 m Mais Informações: Município de Nisa OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 91 Descobrir PR’S em Nisa GR: Caminho de Santiago no concelho de Nisa Descobrir Receitas Outdoor Uma rubrica destinada à partilha de receitas e sugestões de Cozinha Outdoor. Partilha as tuas receitas Outdoor preferidas! Envia-nos um email para [email protected] e poderás ver a tua receita na próxima edição da Revista Outdoor e no Portal Aventuras. Fusilli Tapa Bucho Ingredientes: ■■ Fusilli tricolore (aprox 200 gr) ■■ Cogumelos Inteiros (a mesma me- dida) ■■ Espargos Brancos (a mesma medi- da) ■■ Nozes (um punhado de aprox .50 grs) ■■ 2 c.sopa Azeite ■■ Metade de um Queijo mascarpone ■■ Sal, pimenta q.b Como Preparar: Cozer a massa até ficar al-dente e reservar parte da água da cozedura. Saltear os cogumelos inteiros no azeite durante 3 minutos, juntar os espargos cortados aos pedaços e cozinhar mais 5 minutos. Adicionar a massa fusilli tricolor e mexer. Junta-se o queijo mascarpone e envolver bem. Adicionar a água da cozedura da massa e cozinhar por 2 minutos, misturar as nozes inteiras e temperar com sal e pimenta.ø Ricardo Mendes 92 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Descobrir Foto: José Carlos Sousa Livro Aventura: Vagabundo dos Mares N Descobrir Livro Aventura asci a 2 de novembro de 1971 no Funchal, capital do arquipélago da Madeira. Desde cedo, muito por influência dos meus pais, açorianos, o meu quintal foi mar. Foi nesse espaço que comecei por aprender a nadar, que descobri a biodiversidade da linha de costa da ilha e que mais tarde, tomei contacto com o instrumento que tornaria a linha do horizonte uma porta para o mundo: uma prancha à vela! Creio que tudo começou por volta dos dez anos, quando consegui ter autonomia suficiente em cima de uma prancha para poder estabelecer objetivos concretos. E a primeira “travessia” que efetuei foi feita entre o Clube Naval do Funchal, Quinta Calaça, onde aliás aprendi a velejar, e o ilhéu do Gorgulho, mesmo em frente ao Lido. O facto de poder efetivamente lá ir e voltar pelos meus próprios meios, movido apenas pelo frágil equilíbrio entre eu, o equipamento e os elementos - vento e mar - foi inacreditavelmente profundo e mudou para sempre a minha perspetiva do que era o windsurf. Não se tratava apenas de algo que utilizava para passar os meus tempos livres. Através deste incrível desporto, podia estabelecer metas, objetivos, que me levavam aos meus limites, mas que de alguma forma sentia ter a capacidade para ultrapassar. Ao contrário de todos os outros desportos que pratiquei, onde em algum momento, os obstáculos que naturalmente surgiam, pareciam-me intransponíveis, neste em particular, sentia ter a capacidade para lidar com as dificuldades e para ir sempre um pouco mais longe. Com o passar dos tempos, juntamente com os meus irmãos e amigos, percorremos toda a costa madeirense. Depois olhámos para o horizonte. E o que víamos? Ilhas. Havia que as ligar. A convite do Parque Natural da Madeira, por ocasião da inauguração da casa dos vigilantes da natureza nas Desertas, efetuámos a travessia Caniçal - Desertas já em 2005. OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 95 Descobrir Nesse mesmo ano, eu e o meu irmão mais velho, juntamente com mais dois amigos de longa data, efetuámos a travessia Porto Santo - Madeira. Só nos faltavam as Selvagens. Mas para tal, sabíamos que a logística seria muito mais pesada, pelo que ficámos a aguardar pela oportunidade. Esta surgiu em 2011, no ano em que a reserva natural das Selvagens celebrava quarenta anos desde a sua criação, tal como eu, que celebrava a entrada nos “entas” nesse ano. tico, ao confundi-lo com comida, ou quando as manchas de poluição, que invariavelmente surgiam no interior do porto do Funchal nos anos oitenta, manchavam irremediavelmente a brancura das nossas velas e pranchas. Nas ilhas Selvagens pude voltar às origens mas também pude eventualmente ter uma visão do futuro, queiramos nós seguir esse rumo. Não é só o azul profundamente cristalino das águas, a frescura “Nas ilhas Selvado vento ou a subtileza do ar. É a comunhão do homem com a A Selvagem Pequena ficará gens pude voltar às natureza, num profundo respara sempre gravada na miorigens mas também peito e compreensão do prinha mente como a materialipude eventualmente ter meiro pela segunda e a certezação do paraíso na terra. Pauma visão do futuro, za de que é possível vivermos lavras não farão jus a esta ilha com qualidade num ambiente e seus baixios, mas a chegada queiramos nós seguir sustentável. Tudo isto tocou-me a esta ilha de prancha, o cheesse rumo. “ fundo e veio dar um significado gar aquela minúscula praia de enorme à travessia Madeira Selvaareia branca, sulcada por rochegens. Não era só o facto de querer ir dos e baixios e depois deixar todos os mais além. Era fazê-lo por uma causa e sentidos interiorizarem aquele momento tão especial, foi um privilégio e senti-me como uma causa em que eu acreditava e com a qual me identificava plenamente. se estivesse a chegar a casa... O meu local de trabalho diário é o mar. A qualidade desse ambiente de trabalho depende da- Voltando um pouco atrás, algures pelo caminho, quilo que o ser humano faz em terra e no mar. surgiu o palco por excelência onde podia testar Essa realidade ficou brutalmente plasmada na a minha evolução na prancha à vela: as regatas! minha adolescência, quando vi pela primeira Logo na primeira que realizei, que não tive cavez uma tartaruga asfixiada por um saco plás- pacidade de terminar, apercebi-me da beleza de 96 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Descobrir Livro Aventura uma regata de prancha à vela, onde a complexidade inerente à multitude de variáveis que era necessário processar a cada momento – vento e suas oscilações, orografia da costa e sua influência no vento, correntes, nuvens, afinações do equipamento, campo de regatas, restantes velejadores, gestão de energia, etc, coexistia com a naturalidade de velejar ao sabor do vento. Das competições regionais, que nos anos 80 desempenharam um papel preponderante na minha formação como velejador, mas acima de tudo como pessoa, passei para eventos de carácter nacional e num ápice estava a fazer regatas com velejadores de todo o mundo. E então, como se de um acidente de percurso se tratasse, participei num evento que moldaria o meu futuro até os dias de hoje: os Jogos Olímpicos. Desde os meus dezasseis anos que a minha vida tem sido pautada por ciclos de quatro anos. Que culminaram sempre com uma presença no maior evento desportivo do planeta. Todos estes ciclos foram distintos. Nuns descobri a improvável simbiose entre uma vida académica e um percurso desportivo, noutros velejei “Em 2007, senti pela sempre complexa relação que a vida que tientre o mundo da engenharia nha era um privilégio e campanhas Olímpicas e, noutros ainda, limitei-me a demasiado bom para se ser um vagabundo do mar. restringir à minha pes- soa e resolvi começar a Em 2007, senti que a vida que partilhar as minhas tinha era um privilégio demasiado bom para se restringir à vivências.“ minha pessoa e resolvi começar a partilhar as minhas vivências. De um pequeno parágrafo inicial, escrito em Qingdao, na China, onde apenas referia a dimensão da marina Olímpica, surgiu um primeiro livro, “Crónicas de um velejador”. Em 2009, quando retomei a escrita, entendi que teria de ir mais fundo. Queria escrever algo com alma. Afinal, como escreveu Jack Kerouac: “Se não se escrever com alma, para quê escrever?” E assim surgiu um segundo livro, “Vagabundo dos Mares”. Este livro relata, em particular, o ciclo que culminou com a minha sexta participação em Jogos Olímpicos, desta feita em Londres 2012. É um testemunho, na primeira pessoa, do que se passou, relatando as viagens, os treinos e as competições. Mas é também uma partilha de emoções, sentimentos, alegrias e tristezas.ø João Rodrigues OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 97 Descobrir Projeto VAGAMUNDOS Nos arredores da vila tibetana de Tâgōng a 4000 metros de altitude S Descobrir Aventura Volta ao Mundo VagaMundos er vagamundo requer alguns ingredientes especiais: uma grande dose de curiosidade pelo mundo, uma pitada de loucura, misturada com um pouco de desejo pela aventura, uma porção de tolerância e muita busca de informação para apurar a logística. Resultado? Uma insaciável sede por conhecer novos lugares, novas gentes, novas culturas. São estes os ingredientes base que nos incitam a procurar constantemente um novo recanto do mundo a explorar. Observar, descobrir e fazer parte das histórias de outros que, como nós, são cidadãos do mundo. As viagens têm-nos possibilitado conhecer muitas e distintas realidades, abrir os olhos para o Mundo, têm-nos ensinado a viver com o Outro, com a mais-valia de aprendermos a saber olhar para o Eu. Muitas vezes descobrimos que é mais o que nos une do que o que nos separa nesta “aldeia global”! Rio Mekong, Laos O blog das Crónicas de “Um” VagaMundo nasceu da necessidade de dar expressão ao nosso gosto pela escrita e pela fotografia, e da vontade de partilharmos as nossas experiências de viagem, ajudando potenciais viajantes e levando os nossos leitores a viajar connosco. No fundo é um espaço onde conciliamos as nossas três maiores paixões: a escrita, a fotografia e as viagens. Soubemos que as viagens vieram para ficar na nossa vida em plena Lua de Mel! Em vez duma Lua de Mel “convencional”, decidimos passar um mês a calcorrear alguns países da América Latina. Pusemos mãos à obra e montámos nós a nossa viagem. Maravilhámo-nos com o engenho humano em Machu Picchu no Perú, ficámos boquiabertos com a imensidão do Deserto do Atacama no Chile, deixámo-nos encantar pelas cores vivas das lagunas da Bolívia, deixámos o tango de Buenos Aires invadir a nossa alma, desembarcámos na remota Colonia del Sacramento no Uruguay em busca das quinas no brasão português. A viagem foi de tal maneira marcante que apercebemo-nos ali que o mundo é uma caixinha de surpresas a serem descobertas e que era preciso mais do que três vidas para o conhecer todo! Portanto, urgia fazermo-nos à estrada! Sonhamos frequentemente com uma volta ao mundo por meios terrestres e marítimos para sentirmos verdadeiramente a distância que separa os países e as culturas, sentirmos as diferenças e as dificuldades. Até porque não é igual percorrer 1000km por terra na Europa ou em África. O avião não nos dá esta consciência e perde-se Aiguille du Midi, Mont Blanc, Alpes Franceses Hackberry (Route 66), Arizona, USA OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 99 Descobrir Machu Picchu, Peru muito do caminho. Na nossa perspectiva, uma viagem é como uma maratona, não uma corrida de velocidade. E para se conhecer estas culturas é primordial estar no terreno. Que sonhos, medos, ambições tem uma família em Lagos na Nigéria, ou em Seoul na Coreia, ou em Goa na Índia? “Este ano está a ser também um ano de grandes aventuras. Em Março e Abril percorremos a Turquia de uma ponta à outra, (...)” Pensar em não viajar faz-nos morrer lentamente! Por isso, alimentamos o sonho de um dia poder fazer das viagens o nosso modo de vida. Por enquanto são os empregos que nos permitem e possibilitam fazer um largo número de viagens e, inclusivamente, deram-nos a possibilidade de viver na Dinamarca e nos Estados Unidos nos últimos quatro anos. Contas feitas podemos dizer que, a dois, já vagamundeamos por cerca de meia centena de países em praticamente todos os Continentes (está em falta a Oceania). Todas as nossas viagens nos enriquecem e podemos dizer que ainda não encontramos um país ao qual não tivéssemos vontade de regressar. Entre as mais marcantes está uma roadtrip de um mês pelos Estados Unidos, entre Las Vegas e Yellowstone, percorrendo, ao longo de 4000 milhas, alguns dos mais emblemáticos troços da 100 mítica Route 66 e fazendo trekking em lugares de uma beleza natural de tirar o fôlego, como o Grand Canyon, as Rocky Mountains e as Canyon Lands. Foi a cereja em cima do bolo após uma estadia de 6 meses em Boston. Outro destaque vai para a nossa viagem do ano passado pelo Sudeste Asiático, desde Singapura a Luang Prabang. Ao longo desse mês e meio papiamos português com os nossos ascendentes de Malaca, percorremos a agitada e empolgante Bangkok, deixamo-nos maravilhar pela grandiosidade do Angkor Wat no Camboja, mergulhamos nas paradisíacas águas de NhaTrang no Vietnam, e fomos ao banho com os elefantes no rio Mekong no Laos. Este ano está a ser também um ano de grandes aventuras. Em Março e Abril percorremos a Turquia de uma ponta à outra, desde a sempre mágica e exótica Instambul às margens do lago Van, na fronteira com o Irão. Os dias passados no Curdistão turco, onde convivemos com famílias curdas em Urfa, na fronteira com a Síria, e fizemos couchsurfing com estudantes em Dyarbakir, foram das mais intensas e inesquecíveis experiências de viagem das nossas vidas. Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Descobrir Vagamundos Imensamente intensos foram também os meses de Maio e Junho, durante os quais percorremos a pé os 800kms que separam a vila francesa de Saint-Jean-Pied-de-Port de Santiago de Compostela. Foi uma viagem a todos os níveis diferente de tudo o que já tínhamos feito, não só pela exigência física, mas sobretudo pela sua componente espiritual. Não sabemos quantas milhares de palavras serão precisas para transmitir todas as experiências e emoções que vivemos no Caminho de Santiago, mas esperamos vir a descobrir logo que regressemos do Oriente. É que presentemente estamos na “tibetana” Kanding, na província chinesa de Sichuan que faz fronteira com a Região Autónoma do Tibete. Estamos praticamente no começo da nossa última viagem de 2013, que teve o seu início na gigantesca Pequim, em Agosto, e cujo o término está previsto para Dezembro na frenética Bombaim. A viagem tem sido muito rica em aventuras mas infelizmente, devido à great firewall chinesa que bloqueia vários sites, entre eles o blogspot, não temos podido partilhar no blog as nossas emoções e experiências. Mas esperamos, uma vez chegados ao Nepal, poder voltar a partilhar os nossos olhares e “vagamundagens” com os nossos leitores. Por isso passem pelo blog e descubram por onde andamos agora.ø Vagamundos www.cronicasdeumvagamundo.blogspot.com Petra, Jordânia Angkor Wat, Camboja Sobre os vagamundos O Alexandre (35 anos) parte para a Alemanha para tirar o mestrado em Economia Internacional. Viver em terras germanas despertou ainda mais a sua vontade de viajar. O gérmen já lá estava. Não foi preciso muito para o fazer brotar. Numa altura em que reservar uma cama numa pousada da juventude na Bélgica ou descobrir os horários de comboios na Polónia eram tarefas complicadas, o Alexandre aproveitava todas as oportunidades para poder atravessar fronteiras. Trabalhou 6 anos na área de Mercados Financeiros, mas o trabalho de escritório condicionava demasiado o seu espírito de viajante. Começou a candidatar-se a posições no estrangeiro e foi aí que surgiu a oportunidade como professor/researcher numa faculdade na Dinamarca. Isto representava viver em países estrangeiros como a Dinamarca e os EUA, bem como muitas deslocações a outros países. Abriram-se as portas para viver o sonho do viajante. A Anabela (38 anos) descobriu o bichinho das viagens com o Alexandre. Inicialmente tinha receio do desconhecido, fruto da inexperiência. Ele falava-lhe das viagens que havia feito. Ela ficava empolgadíssima. Depois da primeira viagem juntos à histórica Roma, romântica Veneza e inesquecível Florença... Nunca mais conseguiu parar de sonhar com outros destinos! Depois de dez anos a ensinar línguas, a ida para a Dinamarca foi a oportunidade ideal para se dedicar à tradução/revisão como freelancer, o que lhe dava a liberdade de trabalhar em qualquer ponto do mundo e permitia acompanhar o Alexandre nas suas viagens de trabalho. OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 101 Atividades Outdoor Kayak Tour Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt Curso de Iniciação ao Alpinismo Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt OS COGUMELOS DA ECOPISTA DO DÃO Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt escalada e rappel em sintra Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt STAND UP PADDLE (SUP) Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt gruta/Labirinto Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt 102 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Atividades Outdoor RAFTING NO TÂMEGA Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt GPS PAPER EM SINTRA Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt Paintball nas termas do vimeiro Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt CANYONING COM CAUDAIS DESAFIANTES Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt BIRDWATCHING NO DOURO Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt Transalgarve Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 103 Desporto Adaptado O MERGULHO NÃO É SÓ PARA “SUPER HOMENS”! L onge vai o tempo em que o mergulho com escafandro autónomo era considerada uma prática exclusiva para nadadores experientes, quase uns “super homens” com uma forma física invejável. Aos poucos foi-se “decifrando” essa equação e, atualmente, para conhecer o mundo subaquático e as maravilhas que esconde, basta querer! O Rei Neptuno abriu as suas portas a todos. Isso mesmo, a todos sem qualquer exclusão de sexo, raça, credo e condição física. O mergulho adaptado é uma prática inclusiva e permite que pessoas com limitações físicas ou sensoriais possam praticar esse desporto, além de promover bem-estar e alegria, num contacto íntimo com a na104 tureza. Todos os mergulhadores afirmam que a emoção é garantida. O mergulho autónomo adaptado é uma prática desportiva legalizada, representada em Portugal pela Disabled Divers International (DDI), que foi recentemente reconhecida pelo Governo Português. Desta forma, para conhecer de perto os mistérios do fundo do mar, é necessário o acompanhamento de um profissional devidamente treinado pela organização, garantindo, assim, a segurança e o profissionalismo da atividade. O primeiro contacto com o mergulho é através de um batismo em piscina. É neste exato momento que a pessoa aprende algumas noções básicas, pois para mergulhar é necessário equi- Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Desporto Adpatado Mergulho pamento especial que permite respirar debaixo de água. Algumas pessoas requerem mesmo equipamento especial adaptado à sua condição, no entanto, cada caso é um caso. Algumas Curiosidades Como o próprio nome diz, o mergulho adaptado envolve as práticas de mergulho convencionais, com algumas adaptações de materiais e técnicas. Por exemplo, no mergulho convencional (para a pessoa sem deficiência), os praticantes têm de mergulhar sempre em dupla. Já na prática adaptada para tetraplégicos ou cegos e surdos, é necessário mergulhar acompanhados por mais pessoas dependendo da situação, a fim de aumentar a segurança. Mas nunca em dupla como usualmente se pratica. Um dos atrativos do mergulho é que, radical em que “a cadeira de rodas fica em embora seja considerado uma casa!” – palavras do Fundador da DDI, prática desportiva, não existe Fraser Bathgate. qualquer competição entre O mar proporcioos participantes. É uma Mergulhar é bom e faz na uma inclusão sem atividade onde o lazer e bem igual. Não são necessárias o bem-estar imperam. E a vida marinha proporMergulhar não faz milacadeiras de rodas, andarilhos ciona essa descontragres! No entanto, os efeiou muletas. Quanto muito, algução. Debaixo de água tos terapêuticos são senmas adaptações como as luvas de o mundo apresenta tidos desde o primeiro cores diferentes e os momento. E onde comepato para quem não pode usar animais marinhos são ça essa reabilitação? No barbatanas ou uma máscara fauma verdadeira descobem-estar que se sente… cial para que tem dificuldade berta. Os polvos são uns com o regulador e com a brincalhões e os safios, há Ana Gago foi a primeira quem diga, são os melhores mergulhadora em Portugal máscara. amigos do homem debaixo a obter uma certificação DDI de água, o equivalente ao nosso OWD (Open Water Diver). A partir cãozito. de então mergulha sempre que pode e O mar proporciona uma inclusão sem igual. Não são necessárias cadeiras de rodas, andarilhos ou muletas. Quanto muito, algumas adaptações como as luvas de pato para quem não pode usar barbatanas ou uma máscara facial para que tem dificuldade com o regulador e com a máscara. A DDI usa as máscaras da Ocean Reef, pois são aquelas que melhor se adaptam a todos os rostos, dando a possibilidade a muitas pessoas com paralisia cerebral e deficiência intelectual a ficarem mais confortáveis debaixo de água. No mar a comunicação é por sinais. No caso dos invisuais sentem-se mesmo em casa. Para os surdos é usada uma comunicação táctil desenvolvida pela DDI e os meios audiovisuais fazem o resto. No fundo do mar o espetáculo de luz e cor falam por si. O mergulho é o único desporto considerado OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 105 Desporto Adaptado garante que “não mergulho tanto como queria”. A mergulhar sente-se em casa e não se cansa de dizer “mergulhar é a minha terapia”. Recentemente alcançou outro nível de mergulho o AOWD da DDI (Advanced) que lhe permite ir mais fundo e assim já visitou lugares que sempre pensou não estarem ao seu alcance. Vê-la mergulhar num naufrágio como o River Gurara, em Sesimbra, ou enfrentar o mar da Fonte da Telha, onde saem a partir de terra, é surpreendente até para muitos mergulhadores experientes. Ana Gago, hoje, faz parte desta grande família em Portugal que são os mergulhadores. Há melhor processo de inclusão que este? mergulho notam-se melhorias ao nível da concentração, auto-estima e sociabilização”. Para Bathgate “estes são os três passos essenciais para a reabilitação de uma pessoa”. Fraser Bathgate, presidente da DDI, confirmou recentemente numa conferência internacional em Vilamoura (AAATE) que “a prática regular de mergulho melhora os níveis de auto-estima substancialmente” e “consequentemente temos uma pessoa mais apta a colaborar com a sua terapia”. O trabalho de Fraser tem-se centrado nos Estados Unidos com o apoio da Deptherapy Foundation e da Universidade de John Hopkins. O grupo alvo do seu estudo são jovens soldados, vítimas de guerras. “Além das sequelas físicas estes jovens estão revoltados e fechados para a sociedade” referiu Fraser “no estudo que conduzimos, após uma semana de introdução ao Onde mergulhar em Portugal? 106 Todos estes trabalhos podem, e devem, ser aplicados à sociedade civil. Paulo Guerreiro realça que “é reconfortante ver os progressos feitos pelas pessoas deficientes que procuram o mergulho”. Para o representante da DDI em Portugal estas pessoas são comumente chamadas de “mergulhadores especiais” pois para ele “no fundo do mar todos temos de nos adaptar. Não somos peixes, ou somos?”. Em Portugal pode encontrar vários centros de mergulho adaptados, devidamente identificados com o logotipo da DDI. Podem ser encontrados no site da DDI, no seguinte link: http://www.ddivers.org/ Para mais informações o representante da DDI é o instrutor Paulo Guerreiro. ø Julho_Agosto_Setembro 2013 OUTDOOR Vanda Pinto e Paulo Guerreiro [email protected] [email protected] Espaço APECATE TURISMO SUBAQUÁTICO UM NOVO NICHO DE MERCADO A DESENVOLVER O mar desde sempre despertou paixões e desafios ao longo da história do Homem. Na realidade, torna-se difícil dissociar a evolução da espécie humana deste elemento, seja por razões alimentares, bélicas ou de descoberta de novos horizontes. Num planeta em que os oceanos predominam, a exploração deste meio faz parte da nossa evolução e remete-nos para a aventura do mundo subaquático ainda com muito por descobrir. litares, trabalhos de construção e manutenção subaquáticos e à investigação marinha. Os equipamentos utilizados exigiam grandes cuidados de segurança e uma boa compleição física por parte dos mergulhadores. Estes fatores limitavam a descoberta do fundo do mar por parte da grande maioria das pessoas. A partir de meados do século XX, Jacques-Yves Cousteau e Emile Gagnan revolucionaram o equipamento de mergulho tornando-o de mais fácil utilização e mais seguro. A evolução que o equipamento sofreu até aos dias de hoje permitiu que, a partir de meados O mergulho, até início do século passado, esta- do século passado, esta atividade pudesse ser deva, maioritariamente, associado a atividades mi- senvolvida por qualquer pessoa, incluindo porta108 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR A evolução do equipamento, associado à crescente oferta formativa e à paixão dos mergulhadores por descobrir novos locais e experiências, catapultou o mergulho para um nicho de mercado de âmbito turístico com um impacto cada vez maior na economia local. Todos os dias mergulham milhões de pessoas espalhadas pelos locais mais remotos em todo o mundo. Estes grupos de pessoas, vindas de todos os cantos do mundo, deslocam-se com o propósito de mergulhar e de descobrir novas culturas e tradições, maioritariamente em grupo e, em muitos casos, acompanhados pela família. Foto: Augusto Salgado Para além das empresas de mergulho as unidades hoteleiras, a restauração, o comércio local e as empresas de animação turística vêem, neste novo nicho de mercado, um novo fôlego económico. Portugal não é exceção à regra e tem visto nos últimos anos um número crescente número de novos mergulhadores. Este é um nicho de mercado vital, que pode, segundo estudo de impacto económico realizado no âmbito do Projecto Ocean Revival, provocar a vinda de mais de cem mil turistas subaquáticos por ano, em cinco a dez anos de exis“Para além tência do mesmo. O Turismo da formação báSubaquático está muito pouco dinamizado existindo grande sica, como mergulhapotencial de crescimento, dor autónomo, existem da ordem dos dez por cendiversas especialidades que to anuais, mesmo durante dora de deficiência, desde que reunisse condições mínimas a fase de crise que estamos podem ser feitas de forma de saúde. Assim, o mergulho a atravessar. Por outo lado, a ir ao encontro da moautónomo começou a despertar face à sua concorrência intivação de cada um o interesse de todos os apaixonaternacional, Portugal oferece (...)” dos pelo mar, pela aventura e pela grandes vantagens competitivas descoberta de novas sensações. Radiferenciadoras, das quais se despidamente surgiram várias instituições tacam: que se organizaram para possibilitar a formação de novos mergulhadores ao mesmo tempo Boas condições para o mergulho que uma nova indústria começava a formar-se, a Mergulho na Primavera e Outono do Mergulho Recreativo. Sol e bom tempo a maior parte do ano Hospitalidade Para além da formação básica, como mergulhaSegurança OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 109 Espaço APECATE Turismo TurismoSubaquático Bicicleta dor autónomo, existem diversas especialidades que podem ser feitas de forma a ir ao encontro da motivação de cada um, tais como fotografia subaquática, mergulho profundo, mergulho em naufrágios, mergulho noturno ou mergulho com veículo de propulsão subaquática, entre muitos outros. Para os que não possuem certificação, e gostariam de experimentar a modalidade, as escolas e os centros de mergulho disponibilizam uma atividade de descoberta da modalidade em ambiente controlado de piscina ou mar, vulgarmente chamado Batismo de Mergulho. “Portugal, nos últimos anos, tem vindo a subir de nível na lista dos destinos de eleição na comunidade de mergulho nacional e internacional. “ Boas acessibilidades Muito boas infraestruturas hoteleiras e náuticas Excelente gastronomia e vinhos Grande oferta turística complementar Destino para a família Empacotamento dos vários produtos turísticos Preços competitivos Portugal, nos últimos anos, tem vindo a subir de nível na lista dos destinos de eleição na comunidade de mergulho nacional e internacional. A extensa costa continental, o Algarve e os Arquipélagos da Madeira e Açores reúnem uma oferta ímpar e diversificada no que respeita à biodiversidade e paisagem subaquática. O Parque Natural Professor Luíz Saldanha em Sesimbra, o arquipélago das Berlengas (Reserva Mundial da Biosfera), a Costa Algarvia (de Sotavento a Barlavento incluindo o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina), a Madeira e os Açores com as suas águas azuis repletas de grandes pelágicos e mamíferos subaquáticos, oferecem locais ímpares a toda a comunidade de mergulho. 110 Foto: Fernanda Martins Espaço APECATE Outras estruturas subaquáticas, muito particulares da nossa costa, funcionam, também, como polo de atração de mergulhadores internacionais, como por exemplo, o local de mergulho nos destroços do L’Océan na Salema no Algarve. Trata-se verdadeiramente de um museu subaquático, criado pela DANS e mantido pela Subnauta, com as suas várias estações com placas que descrevem a peça que se observa, permitindo reler a história da batalha que teve lugar em 1759 entre Franceses e Ingleses. A diversidade de lesmas do mar, multicoloridas, de formas e tamanhos variados, com mais de 150 espécies registadas e identificadas, fazem as delícias dos fotógrafos subaquáticos. Outra estrutura subaquática de grande importância, fruto de uma iniciativa da Associação Musubmar, é o Parque Ocean Revival localizado a cerca de duas milhas da costa de Portimão. Este projeto consta do afundamento de quatro navios da Marinha Portuguesa resultando no maior recife artificial da Europa e num projeto, no género, único no mundo. Os navios limpos e preparados de forma a garantir a segurança e a proporcionar luz natural, em quase todas as zonas interiores, per- Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR Foto: Fernanda Martins Foto: Bruno Freitas Luís Sá Couto Subnauta* *empresa associada da APECATE OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 111 Espaço APECATE Turismo TurismoSubaquático Bicicleta de, a qual está comprometida por uma legislação obsoleta e ultrapassada, diversa e dispersa, contraditória e confusa, sem nexo e de difícil entendimento, tanto pelos agentes económicos como pelos que a controlam, e que tem gerado grandes problemas aos operadores turísticos do setor, dificultando a prestação de serviços de qualidade e encarecendo, de forma absurda, os seus custos operacionais. Se nada for feito com urgência, um nicho de mercado de poder económico médio-alto, que pode contribuir de forma importante para o nosso desenvolvimento económico, gerando emprego e importação de euros, estará seriamente comprometido. ø Foto: Bruno Freitas mitem penetrações acessíveis a todos os níveis de experiência. O recife já se encontra repleto de vida marinha e está a tornar-se numa referência para a comunidade nacional e internacional de mergulho. Desde outubro de 2012 (altura dos primeiros afundamentos) até finais de setembro já foram realizados mais de quatro mil mergulhos o que representa um incremento substancial na afluência de turistas subaquáticos, inclusive na época baixa, o que contraria a sazonalidade habitual do Algarve, normalmente, entre julho e setembro. Portugal tem todas as condições para a promoção e desenvolvimento de um novo produto turístico, com argumentos diferenciadores únicos, e grande potencial de crescimento. Infelizmente, não havendo bela sem senão, existe um fator impeditivo para o normal desenvolvimento da ativida- Equipamento Garmin Monterra Descrição: O Monterra é o primeiro dispositivo GPS completo com todas as funcionalidades Wi-Fi que combina a grande capacidade de um GPS exterior Garmin com a versatilidade do sistema operativo Android. O Monterra integra o sistema operativo Android num robusto e versátil dispositivo GPS portátil repleto de funcionalidades, fiável e duradouro. Oferece aos profissionais e entusiastas do ar livre a capacidade de personalizar o dispositivo GPS para que se adapte perfeitamente às suas necessidades pessoais e profissionais. Agora melhorado, uma vez que podem levar as suas aplicações a todos os lugares, independentemente da exigência do ambiente. Mais informações: Garmin ROCKLAND SHOES Descrição: Sapato leve para caminhar, versátil e resistente à água. Parte superior em malha respirável e impermeável, alta durabilidade no calcanhar e zona frontal pé. Entressola: leve, com tecnologia cushion massage gel, permite absorver o impacto do pé nas mais variadas atividades ao ar livre. Sola: em borracha natural e reciclável com tecnologia rockgrip, permite maior conforto e tração em todos os tipos de terreno, a tecnologia rocklite torna o sapato mais leve, ideal para a prática de desporto ao ar livre. Mais informações: Rockland Garmin Approach S2 Descrição: O Approach S2 é um relógio de golfe com GPS elegante e confortável com um recetor de GPS de alta sensibilidade que apresenta distâncias precisas para a parte da frente, de trás e meio dos greens. O S2 tem a capacidade de medir a distância das pancadas e também inclui um odómetro de campos para medir a distância percorrida total durante a sua ronda. É semelhante ao popular modelo Approach S1, mas o S2 sobe a parada com distâncias para layups, doglegs e cartão de pontuação digital. Mais informações: Garmin 112 Outubro_Novembro_Dezembro 2013 OUTDOOR MERRELL Siren Breeze Mid Waterproof Descobrir Equipamento MERRELL Proterra Mid Gore-tex Descrição: Botas de trekking de look minimalista Fluidos leves e ágeis, combinam o uso das tecnologias Stratafuse que lhe confere leveza e durabilidade com a membrana impermeável GORE-TEX e ainda com o sistema ConnectFit que o calçado se molde em torno dos pés mantendo-os secos e confortáveis. Descrição: Botas de Trekking para mulheres com atitude. Têm sola Vibram resistente nos terrenos outdoor mais agressivos, membrana impermeável WATERPROOF e tecnologia Q-form especialmente desenhada para a passada feminina. Mais informações: Merrel Mais informações: Merrel ROCKLAND SHOES Descrição: Sapato leve para caminhar, versátil adequado a atividades ao ar livre. Parte superior em malha respirável e impermeável, alta resistência no calcanhar e zona frontal do pé. Entressola: leve, com tecnologia cushion massage gel, permite absorver o impacto do pé nas mais variadas atividades ao ar livre. Sola: em borracha natural e reciclável com tecnologia rockgrip, permite maior conforto e tração em todos os tipos de terreno, a tecnologia rocklite torna o sapato mais leve, ideal para a prática de desporto ao ar livre. Descrição: Sapato para caminhar de primeira qualidade, leve e resistente à água. Parte superior em pele respirável, com acessórios metálicos, alta durabilidade no calcanhar e zona frontal do pé. Entressola: leve, com tecnologia cushion massage gel, permite absorver o impacto do pé nas mais variadas atividades ao ar livre. Sola: em borracha natural e reciclável com tecnologia rockgrip, permite maior conforto e tração em todos os tipos de terreno, a tecnologia rocklite torna o sapato mais leve, ideal para a prática de desporto ao ar livre. Mais informações: Rockland OUTDOOR Outubro_Novembro_Dezembro 2013 113 A fechar Festival da bicicleta solidária Este ano o Festival da Bicicleta vai ser ainda mais animado! Mais música, passeio Cycle Chic, Atividades para crianças e muito mais! Não vai faltar, como habitualmente, o encontro e passeio de bicicletas antigas, passeio para todas as bicicletas, cicloficina e animação com Kumpania Algazarra. Não vai querer perder esta festa :) Marque já na sua agenda e não se esqueça de levar géneros alimentares para instituições de solidariedade. Dia 24 de Novembro, Domingo, concentração pelas 10 horas no Terreiro do Paço. Inscrições GRATUITAS (deve levar géneros alimentares para oferecer) mas obrigatórias em: www.fpcub.pt el corte inglés são silvestre de lisboa A edição de 2013, que irá decorrer no dia 28 de dezembro, conta com a prova principal de 10 km (17h30), cujo percurso sofreu alterações mas manteve a sobejamente conhecida subida da Avenida da Liberdade até ao Marquês de Pombal. Para os pequenos atletas, a organização apresenta a Europcar São Silvestre da Pequenada (16h00), uma prova sem carácter competitivo para crianças entre os 5 e os 11 anos. Os treinos nos três sábados anteriores ao dia do evento voltarão a decorrer no Anfiteatro Keil do Amaral - Monsanto. O mote deste ano é “Desafie-se”, razão pela qual não existirá a prova de 5 km. Está na altura de superar obstáculos, limites, está na altura de se surpreender! Aceita este repto? Sabe mais em www.saosilvestredelisboa.com Elisabete Jacinto venceU Rali de Marrocos A equipa OLEOBAN®/ MAN Portugal venceu, de forma categórica, a 14ª edição do Rallye Oilibya Maroc. A piloto Elisabete Jacinto ganhou mais uma vez esta grande maratona africana, feito já anteriormente alcançado em 2010. Os portugueses venceram três das seis etapas disputadas e mantiveram sempre um grande nível de competitividade face às nove formações da classe camião, o que lhes permitiu chegar ao lugar mais alto do pódio sua categoria. Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt 114 Setembro_Outubro 2011 OUTDOOR Já conheces a agenda outdoor semanal do Portal Aventuras? Descobre a atividade à tua medida e parte à descoberta... Por Terra, Água, ou Ar, a aventura não vai faltar. Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt passatempos portal aventuras O Portal Aventuras tem constantemente passatempos com ofertas de atividades, equipamentos, bilhetes para aventuras, corridas, maratonas e muitos mais! O que esperas? Participa já nos passatempos em vigor e habilita-te a ser um dos vencedores! Sabe mais em www.portalaventuras.clix.pt OUTDOOR Setembro_Outubro 2011 115 A Fechar agenda outdoor
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